2 Funções Complexas. 23
2.1 Função de uma variável complexa. . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2 Translações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3 Rotações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.4 Homotetias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.5 Transformações lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6 Função potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.7 Função inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.8 Função recíproca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.9 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3 Funções Analíticas 41
3.1 Limite e continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.2 Derivação complexa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.3 Equações de Cauchy-Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.4 Funções Harmônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4 Funções Elementares 69
4.1 Função exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.2 Função logarítmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.3 Potenciação complexa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.4 Funções trigonométricas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3
4 SUMÁRIO
5 Integrais 87
5.1 Função de valores reais a valores complexos . . . . . . . . . . . 87
5.2 Integral de contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
5.3 Teorema de Cauchy-Goursat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.4 Teoremas sobre integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
5.5 Fórmula Integral de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
5.6 Morera, Liouville e outros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
5.7 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
Capítulo 1
y z
5
6 CAPÍTULO 1. CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS.
z3 2
1 z1
−1 z4
−3 1 3
z5 −1
z2 −2
z1 + z2 = (x1 + x2 , y1 + y2 )
z1 z2 = (x1 x2 − y1 y2 , x1 y2 + x2 y1 )
Observe que as operações definidas por meio das equações acima resul-
tam nas operações usuais da adição e da multiplicação quando restritas aos
números reais.
Exemplo 1.2. Mostre que o número complexo z = (x, y) pode ser escrito
na forma z = (x, 0) + (y, 0)(0, 1).
Solução. Usando a multiplicação e depois a adição, obtemos
Fazendo i = (0, 1), segue do Exemplo 1.2 que o número complexo pode
ser escrito como
z = x + yi. (1.1)
Esta é a forma algébrica de um número complexo e.
1.1. DEFINIÇÕES E TERMINOLOGIAS. 7
C = {z = x + yi | x, y ∈ R}.
i0 = 1, i1 = i,
i2 = −1, i3 = −i.
z1 + z2 = (x1 + x2 ) + (y1 + y2 )i
z1 z2 = (x1 x2 − y1 y2 ) + (x1 y2 + x2 y1 )i
z1 z1 z̄2 x1 + y 1 i x2 − y 2 i x1 x2 + y1 y2 x2 y1 − x1 y2
= · = · = + · i.
z2 z2 z̄2 x2 + y 2 i x2 − y 2 i x22 + y22 x22 + y22
Solução.
a) Posicione os números e efetue as contas.
z1 1 + 2i 3 − i 3 − i + 6i − 2i2 1 1
= · = = + i.
z2 3+i 3−i 3 −i
2 2 2 2
z1 2 + 2i i 2i + 2i2
= · = = 1 − i.
z2 2i i 2i2
Exemplo 1.4. Determine o número complexo z tal que iz = z − 1 + 5i.
Solução.
√ √ q √
|z1 | = 12 + 22 = 5, |z2 | = 32 + (−1)2 = 10,
q √ √ √
|z3 | = (−2)2 + (−2)2 = 2 2, |z4 | = 02 + 22 = 2.
|x + yi − i| = 1
|x + (y − 1)i| = 1
1
x2 + (y − 1)2 = 1
z1 + z2
z2 z
z1 x
z
Figura 1.1: A soma dos z1 +z2 cor- Figura 1.2: O conjugado de z é si-
responde à diagonal maior do pa- métrico à z em relação ao eixo real.
ralelogramo cujos lados são os ve-
tores construídos à partir de z1 e
z2 .
i) z = z.
ii) z ∈ R e, se somente, se z = z.
v) z1 + z2 = z1 + z2 e z1 · z2 = z1 · z2 .
y z
|z |
θ
x
e
π
arg w = − + 2kπ, k ∈ Z .
2
Notemos que
arg(z −1 ) = − arg(z) e arg(zw) = arg z + arg w. (1.3)
A igualdades acima são entre conjuntos e não necessariamente são váli-
das se escolhermos os argumentos principais dos números envolvidos. Basta
considerar, por exemplo, z = w = −i no primeiro caso e z = −1 no segundo
(Verifique!).
Teorema 1.11. Sejam os números complexos z = |z|(cos θ1 + i sen θ1 ) e
w = |w|(cos θ2 + i sen θ2 ). Então
i) zw = |zw| [cos(θ1 + θ2 ) + i sen (θ1 + θ2 )].
ii) z −1 = |z|−1 [cos(−θ1 ) + i sen (−θ1 )].
Demonstração.
i)
zw = |z|(cos θ1 + i sen θ1 )|w|(cos θ2 + i sen θ2 )
= |zw|[cos θ1 cos θ2 + i cos θ1 sen θ2 + i sen θ1 cos θ2 + i2 sen θ1 sen θ2 ]
= |zw|[cos θ1 cos θ2 − sen θ1 sen θ2 + i(cos θ1 sen θ2 + sen θ1 cos θ2 )],
z1 z2
z2
θ1 + θ2
z1
θ2
θ1
z
θ
−θ 1
z
z −1
Figura 1.4: Se |z| < 1 (respectivamente >), então |z| < 1 (respectivamente
>) e |z| > 1 (respectivamente <).
Note que, como m é positivo, foi possível usar o que tínhamos provado antes.
√
Exemplo 1.13. Calcular as potências (−1 + i)7 e (1 + i 3)−3 .
√
Solução. Façamos z = −1 + i e w = 1 + i 3. Então,
q √ 1 1 3π
|z| = (−1)2 + 12 = 2, cos θ = − √ , sen θ = √ ⇒ θ= .
2 2 4
daí
√ 3π 3π √ 1 1
!
z = ( 2)7 cos 7
7
+ i sen 7 = 8 2 − √ − √ i = −8 − 8i.
4 4 2 2
Além disso,
√
q √ 1 3 π
|w| = 12 + ( 3)2 = 2, cos θ = , sen θ = ⇒ θ=
2 2 3
e
−3π −3π 1 1
w−3 = 2−3 cos + i sen = (−1) = − .
3 3 8 8
16 CAPÍTULO 1. CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS.
√ 0 + 2 · 0π 0 + 2 · 0π
z0 = 16 cos + i sen = 2,
4
4 4
√ 0 + 2 · 1π 0 + 2 · 1π
z1 = 16 cos + i sen = 2i,
4
4 4
√ 0 + 2 · 2π 0 + 2 · 2π
z2 = 16 cos + i sen = −2,
4
4 4
√ 0 + 2 · 3π 0 + 2 · 3π
z3 = 16 cos + i sen = −2i.
4
4 4
z1
z2 z0
z3
onde θ = Arg z.
√
Exemplo 1.17. Calcular (− 3 − i)60 .
√
Solução. Resolveremos com a forma exponencial. Seja z = − 3 − i.
Então
√
√ 2 3 1 5π
r
|z| = − 3 + (−1)2 = 2, cos θ = − , sen θ = − , θ = − .
2 2 6
Portanto,
5π
60
z 60 = 2e−i 6 = 260 e−50iπ = 260 [(eiπ )−1 ]50 = 260 ,
onde usamos o Exemplo 1.16(a) na passagem do último sinal de igualdade.
1.5. NOÇÕES TOPOLÓGICAS 19
z0
z
Exemplo 1.18. Prove que todo disco aberto D (z0 ) é um conjunto aberto.
z1
z2
z3
1.6 Exercícios
1. Efetue as seguintes operações
a) i131 .
b) i−10 .
2022
c) ik .
X
k=1
3 + 5i
d) .
1 + 2i
e) (4 + 2i)3 .
√ √
f) (1 + i 3)(1 − i 3).
1 + 2i
g) Re .
3 − 4i
2. Determinar o número complexo z de modo que
a) z = −3zi.
√
b) z 2 = 1 − i 3.
z z−1 1 7
c) + = − + i.
1−i 1+i 2 2
3. Complete a demonstração do
a) Teorema 1.7.
b) Teorema 1.8.
c) Teorema 1.9.
d) z1 z2 + z1 z2 é um número real.
e) |z1 − z2 |2 = |z1 |2 − Re(z1 z2 ) + |z2 |2 .
f) |z1 + z2 |2 + |z1 − z2 |2 = 2(|z1 |2 + |z2 |)2 (Identidade do paralelo-
gramo).
7. Faça z = cos θ+i sen θ na Equação (1.4) e encontre fórmulas para cos 3θ
e sen 3θ.
9. Calcular
√
a) as raízes quartas de −8 + 8i 3.
b) as raízes cúbicas de −8.
Funções Complexas.
23
24 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES COMPLEXAS.
onde u(x, y) = Re f (z) e v(x, y) = Im f (z) são funções duas variáveis reais
a valores reais.
Uma função complexa pode, ainda, ser expressa na forma polar, isto é, do
módulo e do argumento da variável independente. Veremos que em muitas
situações esta forma pode ser útil.
2.2 Translações
Seja b uma constante complexa. Uma função é denominada translação
quando pode ser reduzida à forma
T (z) = z + b. (2.1)
26 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES COMPLEXAS.
T (z) = x + x0 + (y + y0 )i,
T (z)
2.3 Rotações
Seja a uma constante complexa. Uma função é denominada rotação quando
pode ser reduzida à forma
R(z) = az. (2.2)
Exemplo 2.6. Considere a função R(z) = iz. Mostre que R transforma a
reta y = x + 1 na reta v = −u − 1.
Solução. Sejam z = x + yi e w = u + vi tais que R(z) = w. Temos que
C C
B D B D
T (z)
C0
A A
B0 D0
A0
1 R(z)
−1 −1
−1
R(z)
z
α
θ
z1 z2 z1 z2
z2 z2
R(z)
θ1 + θ2
θ1 + θ2
z1 z1
θ2 θ2
θ1 θ1
2.4 Homotetias
Seja k uma constante real não nula. Uma função é denominada homotetia
quando pode ser reduzida à forma
H(z) = kz. (2.3)
2.5. TRANSFORMAÇÕES LINEARES 29
H(z) = kx + kyi,
H(z) = k|z|eiθ ,
CH BH CT BT
CR BR
C
D
A AR B
DH AH DT AT
u + vi = (x + yi) + i = −y + (x + 1)i ⇒ u = −y e v = x + 1.
ρ = rn e φ = nθ.
32 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES COMPLEXAS.
u + vi = (1 + yi)2 = 1 − y 2 + 2yi.
Então
u = 1 − y2 e v = 2y.
Dessas equações decorre que
v2
u=1− ,
4
que representa uma parábola (Figura 2.9).
f (z) = z 2
1 1
−2
Estes dois lados são segmentos de reta sobre o eixo imaginário. Finalmente,
pelo item anterior, o lado BC é transformado em um arco de parábola (Figura
2.10).
C0
C
f (z) = z 2
A A0 1
B
B0
z = reiθ ⇒ w = z 3 = r3 e3iθ .
w = z3
2 8
f (z) = z n
π/n
−π/n
√
Figura 2.12: As funções f (z) = z n e g(w) = n
w.
z1 z1
z2
α
−α 1 1
z2
z 1
Figura 2.13: A inversão Z = e a recíproca w = .
|z|2 z
Exemplo 2.19. Mostre que a imagem do semiplano Re(z) > 1/2 pela função
recíproca é o disco aberto D1 (1).
1
f (z) =
z
1/2 2
2.9 Exercícios
1. Expresse as funções a seguir na forma f (z) = u(x, y) + iv(x, y).
a) f (z) = z 2 − 5z.
2.9. EXERCÍCIOS 39
1
w=
z
z
b) f (z) = .
z
c) f (z) = Re(iz) + Im(z 2 ).
d) f (z) = e2z+i .
a) f (z) = z 3 .
b) f (z) = e2z .
c) f (z) = |z|.
d) f (z) = z.
a) w = z 3 .
40 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES COMPLEXAS.
b) w = z 4 .
c) w = z 6 .
7. Mostre que
Funções Analíticas
b) lim Re z = Re z0 .
z→z0
Para isso vamos desenvolver a desigualdade que envolve de modo que te-
nhamos ao que envolva z − (1 + i).
1 + 3i
|(2 + i)z − (1 + 3i)| < |2 + i| z
⇒ − < ,
2+i
41
42 CAPÍTULO 3. FUNÇÕES ANALÍTICAS
ou ainda,
|z − (1 + i)| < √ .
5
√
Assim podemos escolher δ = / 5 de modo que
|Re z − Re z0 | ≤ |z − z0 |
|Re z − Re z0 | ≤ |z − z0 | < δ = .
Logo,
0 < |z − z0 | < δ ⇒ |w1 − w2 | < 2
|w1 − w2 |
Se tomarmos = , obtemos
2
|w1 − w2 |
|w1 − w2 | < 2 = 2 = |w1 − w2 |.
2
O que é uma contradição, pois como w1 e w2 são distintos, o módulo da
diferença não pode ser menor que ele próprio. Portanto, w1 = w2 e o limite
de f é único.
Este teorema pode ser usado para provar quando o limite de uma função
não existe. No caso das funções de uma variável real x só existem duas
formas de x se aproximar de um certo x0 : pela direita ou pela direita (limites
laterais). Já para funções de uma variável complexa z temos uma infinidade
de formas de z se aproximar de um certo z0 .
Exemplo 3.3. Mostre que os limites abaixo não existem.
z
a) lim .
z→0 z
Re z
b) lim .
z→0 Im z
z = yi
z=x
De forma análoga, você pode deduzir o outro limite das Equações (3.2).
Reciprocamente, suponha que esses limites sejam válidos. Por definição,
para qualquer > 0, existem δ1 , δ2 > 0, de modo que
0 < |z − z0 | < δ1 ⇒ |u(x, y) − u0 | < /2.
0 < |z − z0 | < δ2 ⇒ |v(x, y) − v0 | < /2.
Seja δ = min{δ1 , δ2 }, novamente entrando com a desigualdade triangular,
vem
|f (z) − w0 | = |u(x, y) + v(x, y)i − (u0 + v0 i)|
= |u(x, y) − u0 + (v(x, y) − v0 )i|
≤ |u(x, y) − u0 | + |v(x, y) − v0 | < + = .
2 2
3.1. LIMITE E CONTINUIDADE 45
e
v(x, y) = 2xy + 4y ⇒ lim v(x, y) = 2 · 1 · 1 + 4 · 1 = 6.
(x,y)→(1,1)
Portanto,
lim (z 2 + 4z + 2) = 6 + 6i.
z→1+i
Teorema 3.6. Sejam f e g duas funções complexas tais que lim f (z) = w1
z→z0
e lim g(z) = w2 . Então:
z→z0
iii) z→z
lim [f (z)g(z)] = w1 w2 .
0
f (z) w1
iv) z→z
lim = , onde w2 6= 0.
0 g(z) w2
z 2 − 2i
Exemplo 3.7. Calcular lim .
z→1+i z 2 − 2z + 2
46 CAPÍTULO 3. FUNÇÕES ANALÍTICAS
onde µ → 0 quando z → z0 .
f (z) − f (z0 )
µ(z) = − f 0 (z0 )
z − z0
e observar que como f é analítica em z0 , então
f (z) − f (z0 )
" #
lim µ(z) = lim − f 0 (z0 ) = f 0 (z0 ) − f 0 (z0 ) = 0.
z→z0 z→z0 z − z0
f (z) f 0 (z0 )
lim = 0 .
z→z 0 g(z) g (z0 )
com
lim µ1 (z) = lim µ2 (z) = 0
z→z0 z→z0
3.2. DERIVAÇÃO COMPLEXA 47
a) Existe f (z0 ).
No caso de pelo uma das condições da definição acima não for satisfeita,
diremos que z0 é um ponto de descontinuidade de f . Se f for contínua
em todos os pontos do seu domínio, f é denominada função contínua.
No teorema seguinte, listamos as propriedades das funções contínuas. A
demonstração é deixada como exercício.
f (z) − f (z0 )
f 0 (z0 ) = lim , (3.3)
z→z0 z − z0
48 CAPÍTULO 3. FUNÇÕES ANALÍTICAS
e, por outro lado, se ∆z tende a zero ao longo de uma reta paralela ao eixo
imaginário (veja a Figura 3.2(b)), então
3i∆y
f 0 (z) = lim = 3. (3.6)
∆z→0 i∆y
z0
y0 y0 + ∆y
y0 z0
x0 x0 + ∆x x0
(a) ∆y = 0 e ∆z = ∆x (b) ∆x = 0 e ∆z = i∆y
n=1 10 n
50 CAPÍTULO 3. FUNÇÕES ANALÍTICAS
Fechamos essa seção, com uma poderosa ferramenta para cálculo de limi-
tes que também é valida para funções complexas, a Regra de L’Hospital.
Teorema 3.18. Sejam f e g analíticas em z0 , tais que f (z0 ) = g(z0 ) = 0 e
g 0 (z0 ) 6= 0. Então
f (z) f 0 (z0 )
lim
z→z0 g(z)
= lim
z→z0 g 0 (z )
.
0
z 2 − iz − 1 − i
Exemplo 3.19. Calcular lim .
z→1+i z 2 − 2z + 2
u(x, y) = x e v(x, y) = −y
e isso nos dá
ux = 1, uy = 0, vx = 0, e vy = −1.
Portanto, f não é diferenciável.
x3 + 3x · 02
u(x, 0) − u(0, 0)
= lim x + 0
∂u 2 2
(0, 0) = lim = 1,
∂x x→0 x−0 x→0 x
y 3 + 3 · 02 y
∂v v(0, y) − v(0, 0) 02 + y 2
(0, 0) = lim = lim = 1.
∂y y→0 y−0 y→0 y
Fica a seu cargo provar a validade da outra equação. Para ver que f não é
diferenciável em z = 0, usaremos a Equação (3.3). Temos que
z2
−0 2
z
f 0 (0) = lim z = lim .
z→0 z − 0 z→0 z
Reiteramos que o Teorema 3.20 nos dá uma condição necessária para que
f seja diferenciável no ponto z0 , vejamos agora que uma condição que garante
a diferenciabilidade de f .
∂u ∂u ∂v ∂v
em que as derivadas parciais , , e existem em todo ponto de A.
∂x ∂y ∂x ∂y
Se cada uma dessas derivadas parciais é contínua em um ponto z0 ∈ A e se u
e v satisfazem as equações de Cauchy-Riemann em z0 , então é diferenciável
em z0 .
3.3. EQUAÇÕES DE CAUCHY-RIEMANN 55
vVideoaula
ou ainda,
∆w 1 ∆x 3 ∆y 2 ∆x 4 ∆y
!
∂u ∂v
= + i+ + + + i (3.21)
∆z ∂x ∂x ∆z ∆z ∆z ∆z
∆w ∂u ∂v
f 0 (z0 ) = lim = (x0 , y0 ) + i (x0 , y0 ),
∆z→0 ∆z ∂x ∂x
o que mostra que f é diferenciável.
Calcule a derivada de f .
3.3. EQUAÇÕES DE CAUCHY-RIEMANN 57
ou
1
" #
∂V ∂U
f (z0 ) = − e−iθ0
0
(r0 , θ0 ) + i (r0 , θ0 ) (3.24)
r0 ∂θ ∂θ
vVideoaula
∂u sen θ ∂v sen θ
!
∂u ∂v
f (z) =
0
cos θ − + cos θ − i,
∂r ∂θ r ∂r ∂θ r
1 1 1
" # " #
θ θ θ θ
f (z) = e
0 −iθ
√ cos + i √ sen = √ e−iθ cos + i sen
2 r 2 2 r 2 2 r 2 2
1 1 1 1
= √ e−iθ eiθ/2 = √ e−iθ/2 = √ iθ/2 = √ .
2 r 2 r 2 re 2 z
(u2 + v 2 )ux = 0 ⇒ ux = 0,
u · 0 − vuy = 0 ⇒ uy = 0.
é constante.
ii) Pelo Teorema 3.20, a derivada de f é dada por
f 0 (z) = ux + vx i = vy − uy i.
Mas, por hipótese, essa derivada é zero, assim todas as derivadas parciais
devem ser zero também. Pelo que vimos no item anterior, essas condições
implicam em u e v constantes. Logo, f também é constante.
∂ 2φ ∂ 2φ
(x, y) + (x, y) = 0
∂x2 ∂y 2
é denominada Equação de Laplace.
Se a função φ tem as derivadas parciais de primeira ordem, de segunda
ordem e mistas todas contínuas contínuas e se φ verifica a Equação de La-
place, denominaremos φ de função harmônica. As funções harmônicas são
utilizadas, por exemplo em eletrostática e dinâmica de fluidos, assumindo
grande importância na Física e na Engenharia. Nesta seção, estudaremos os
mais aspectos mais básicos dessas funções. Começamos com a relação entre
uma função analítica e uma função harmônica.
Teorema 3.30. Se f (z) = u(x, y) + iv(x, y) é analítica em um domínio A,
então as funções u(x, y) e v(x, y) são harmônicas em A.
Demonstração. Provaremos no Capítulo 5 que se f é uma função analítica,
então todas as derivadas parciais de u e v são contínuas. Além disso, as
funções u e v verificam as Equações de Cauchy-Riemann. Derivando essas
equações em relação à x, obtemos
∂ 2u ∂ 2v ∂ 2u ∂ 2v
(x, y) = (x, y) e (x, y) = − 2 (x, y)
∂ 2x ∂x∂y ∂x∂y ∂ x
e derivando em relação à y, obtemos
∂ 2u ∂ 2v ∂ 2u ∂ 2v
(x, y) = − 2 (x, y) e (x, y) = − (x, y)
∂y∂x ∂ y ∂ 2y ∂y∂x
Lembre-se do Cálculo de Funções de Várias Variáveis que a ordem das deri-
vadas parciais mistas pode ser invertida, ou seja,
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2v ∂ 2v
(x, y) = (x, y) e (x, y) = (x, y).
∂x∂y ∂y∂x ∂x∂y ∂y∂x
Segue das equações acima que
∂ 2u ∂ 2v ∂ 2v ∂ 2u
(x, y) = (x, y) = (x, y) = − (x, y)
∂ 2x ∂x∂y ∂y∂x ∂ 2y
Logo,
∂ 2u ∂ 2u
(x, y) + (x, y) = 0.
∂ 2x ∂ 2y
62 CAPÍTULO 3. FUNÇÕES ANALÍTICAS
é analítica.
∂v ∂ Z ∂u
= (x, y) dy + h0 (x)
∂x ∂x ∂x
3.4. FUNÇÕES HARMÔNICAS 63
seja analítica.
Solução. Começamos verificando que v é harmônica. Calculamos as de-
rivadas parciais
∂v ∂v
(x, y) = ey cos x e (x, y) = ey sen x. (3.36)
∂x ∂y
Usando a Equação de Laplace,
∂ 2v ∂ 2v
2
(x, y) + 2 (x, y) = −ey sen x + ey sen x = 0,
∂x ∂y
Então v é harmônica. Pelas Equações de Cauchy-Riemann e pela segunda
das Equações (3.36), temos
Z
∂u Z
∂v
u(x, y) = (x, y) dx + h(y) = (x, y) dx + h(y) = −ey cos x + h(y)
∂x ∂y
e da outra Equação de Cauchy-Riemann junto com o resultado acima temos,
∂u ∂v
(x, y) = − (x, y) ⇒ −ey cos x + h0 (y) = −ey cos x ⇒ h(y) = k.
∂y ∂x
Portanto, u(x, y) = −ey cos x + k.
onde
∂u ∂p ∂u ∂p ∂v ∂q ∂v ∂q
= , = , =− e =−
∂x ∂x ∂y ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y
3.5. EXERCÍCIOS 65
em todo ponto (x, y). Vamos mostrar que f verifica as Equações de Cauchy-
Riemann. De fato, usando as Equações (3.37), temos
∂u ∂p ∂q ∂v
(x, y) = (x, y) = − (x, y) = (x, y)
∂x ∂x ∂y ∂y
e
∂u ∂p ∂q ∂v
(x, y) = (x, y) = (x, y) = − (x, y).
∂y ∂y ∂x ∂x
Supondo que as funções p e q tenham derivadas parciais contínuas, segue do
Teorema 3.24 que f é analítica e o campo F é o conjugado de uma função
analítica, isto é,
F(x, y) = f (z).
Será provado no Capítulo 5 que toda função analítica possui uma primi-
tiva que também é analítica. Por ora, vamos admitir esse resultado. Seja
3.5 Exercícios
1. Use a definição de limites para mostrar que
iz i
a) lim = .
z→1 2 2
b) lim z = z0 .
z→z0
66 CAPÍTULO 3. FUNÇÕES ANALÍTICAS
c) lim Im z = Im z0 .
z→z0
a) lim (z 4 − 2z + 4).
z→2i
z 3 + iz + 1 + i
b) lim .
z→−i z 4 + (2 − 2i)z 3 − (1 + 2i)z 2
z 2 + (−1 + 5i)z − 6 − 3i
c) lim .
z→1−2i z 2 + (3 + 2i)z − 4 + 8i
z 2
d) lim .
z→0 z
|z|2
e) lim .
z→0 z
x2
f) lim .
z→0 z
2y 2 x2 − y 2
3. Seja f (z) = − i.
x2 y2
a) Calcule o limite de f quando z se aproxima de zero ao longo da
reta y = −x.
b) Calcule o limite de f quando z se aproxima de zero ao longo da
reta y = 2x.
c) Existe o limite de f quando z se aproxima de zero? Por quê?
4. Considere a função
Re z
, se z =
6 0
f (z) = |z| .
1, se z = 0
z 3 − 4z
a) f (z) = .
5z − 2i
b) f (z) = (5z 2 − 3)2 .
c) f (z) = (4z 3 − 5z 2 + 3)(z 2 + 2z − 6).
a) f (z) = Re z.
b) f (z) = Im z.
9. Complete a demonstração do
a) Teorema 3.4.
b) Teorema 3.27.
68 CAPÍTULO 3. FUNÇÕES ANALÍTICAS
Capítulo 4
Funções Elementares
f (z) = ez ,
que também se denota por exp(z) e pode ser escrita como na Equação (1.6).
69
70 CAPÍTULO 4. FUNÇÕES ELEMENTARES
e
cos y + i sen y = cos ψ + i sen ψ.
Logo, ψ = y + 2kπ, com k ∈ Z.
ii) Escrevendo w como u + vi, diferente de z, então
ex+yi = eu+vi ⇒ ex (cos y + i sen y) = eu (cos v + i sen v).
Disso resulta que x = u e y = v + 2kπ e obtemos
z = x + yi = u + (v + 2kπ)i = u + vi + 2kπi = w + 2kπi.
A recíproca fica como exercício.
iii) Veja o Exemplo 3.25.
π
4
f (z) = ez
−1 1 1 e
e
− π3
loge x = y ⇐⇒ ey = x
e verifica-se que tal função é bijetora: cada número real tem apenas um, e
somente um, logaritmo na base e. O objetivo desta seção é determinar um
número w tal que
ew = z,
o qual denominaremos logaritmo de z 6= 0. Se tentarmos imitar essa defi-
nição para um número complexo z, devemos ter em conta o Teorema 4.1(ii).
Por este resultado cada número complexo terá infinitos logaritmos. De fato,
seja w = u + vi o logaritmo de z = reiθ . Temos que
eu evi = reiθ
ou seja,
u = ln r e v = θ + 2kπ, k ∈ Z.
Observe que cada valor de k dá um valor diferente para o logaritmo de
z, conforme já havíamos dito. Assim, definiremos a função logarítmica
complexa, que é multivariada, pela lei
Log z = ln r + iArg z.
a) log(−5).
b) log(−ei).
c) log(1 + i).
Então
log(−5) = {ln 5 + i(π + 2kπ), k ∈ Z},
cujo logaritmo principal é Log (−5) = ln 5 + iπ.
b) Para este caso, temos z = 0 − ei. Fazendo as contas,
q π
r= 02 + (−e)2 = e, cos θ = 0, sen θ = −1 e θ = −
2
e assim
π
log(−ei) = 1 + i − + 2kπ , k ∈ Z ,
2
sendo 1 − iπ/2 o seu logaritmo principal.
c) Fazendo z = 1 + i, vem
√ √
√ √ 2 2 π
r = 1 + 1 = 2, cos θ =
2 2 , sen θ = e θ=
2 2 4
e assim √
π
log(1 + i) = ln 2 + i + 2kπ , k ∈ Z .
4
√
O seu logaritmo principal é ln 2 + iπ/4.
4.2. FUNÇÃO LOGARÍTMICA 73
f (z) = logα z R
α
z c = ec log z . (4.4)
z c = ec Log z (4.5)
e se a potência dada na Equação (4.4) for a lei de uma função complexa, tal
função é denominada função potência, cujo ramo principal será a função
definida pela potência da Equação (4.5).
a) ii .
b) (1 + i)2−i .
1 1 θ + 2kπ √ θ + 2kπ
(" #) ( !)
z 1/n = exp log z = exp ln r + i = n r exp i
n n n n
√ θ + 2kπ θ + 2kπ
" ! !#
= n
r cos + i sen ,
n n
f 0 (z) = cz c−1 .
No próximo teorema veremos quais são os zeros das funções seno e cos-
seno.
80 CAPÍTULO 4. FUNÇÕES ELEMENTARES
Teorema 4.15. Os zeros das funções seno e cosseno para números complexos
são os mesmos do caso real. Isto é
sen z = 0 ⇐⇒ z = kπ
π
cos z = 0 ⇐⇒ z = + kπ,
2
com k ∈ Z.
Demonstração. Dado z = x + yi, temos que
Observe que o cosseno hiperbólico é sempre positivo. Assim, para que o seno
de z se anule devemos impor
f (z) = sen z
1
Exemplo 4.17. Resolver a equação cosh z = .
2
Solução. Por definição,
√
ex + e−x 1 1±i 3
= ⇒ (e ) − e + 1 = 0
z 2 z
⇒ e = z
.
2 2 2
Temos, então, que √
1 1± 3
cosh z = ⇐⇒ e = z
.
2 2
Analisemos um dos valores de ez . Pelo Teorema 4.1(i),
v
√ !2
u 1 3
u 2
eRe(z)
= |e | =
z t
+ = 1 = e0 ⇒ Re(z) = 0.
2 2
Solução.
ezi + e−zi
= 4 ⇒ e2zi − 8ezi + 1 = 0,
2
que é uma√equação polinomial de grau 2 na incógnita ezi , resolvendo obtemos
ezi = 4 ± 15. Passando o logaritmo, concluímos que
√ √
zi = ln 4 ± 15 ⇒ z = −i ln 4 ± 15 .
1
Exemplo 4.22. Resolver a equação cosh z = .
2
π
z1 = + 2kπ i.
3
Analogamente,
π
z2 = − + 2kπ i
3
é a outra raiz (verifique!).
π
ii) cosh z = 0 se, e somente se, z = + kπ i.
2
86 CAPÍTULO 4. FUNÇÕES ELEMENTARES
4.6 Exercícios
1. Efetue
a) log(1 + i)3 .
b) log(e3 i).
c) log 8.
d) (1 + i)πi .
e) (−1)1/πi .
f) i2/3 .
2. Resolver as seguintes equações
a) e−1/z = −1.
b) e2z + ez + 1 = 0.
c) Log z = 1 − iπ/4.
d) Log (z − 1) = iπ/2.
e) cos z = 2.
f) senh z = i/2.
3. Complete a demonstração do
a) Teorema 4.1.
b) Teorema 4.6.
c) Teorema 4.11.
d) Teorema 4.15.
e) Teorema 4.20.
4. Prove as seguintes identidades.
a) (cos z)0 = − sen z.
b) | cosh z|2 = cos2 x + senh2 y.
c) cosh2 z − senh2 z = 1.
d) As Equações (4.11) - (4.14).
5. Prove que
a) A função f (z) = sen z não é analítica em ponto algum.
b) A função f (z) = cosh z não é analítica em ponto algum.
c) A função f (z) = cosh z não é analítica em ponto algum.
Capítulo 5
Integrais
87
88 CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
em a ≤ t ≤ b. Segue que
Z b
w(t) dt = [U (t)]ba + i [V (t)]ba = U (b) − U (a) + [V (b) − V (a)]i,
a
ou ainda,
Z b
w(t) dt = W (b) − W (a) = W (t)|ba
a
Z 1
Exemplo 5.2. Calcular (3t − i)2 dt.
0
Solução. Pelo método descrito acima, temos que u(t) = 3t2 + 1 e v(t) =
−6ti. Logo,
Z 1 Z 1 Z 1
(3t − i) dt =
2
(3t + 1) dt − i
2
6t dt = [t3 + t]10 − i · 3t|10 = 2 − 3i.
0 0 0
Z π
2
Exemplo 5.3. Calcular e(1+i)t dt.
0
onde as integrais do segundo membro são calculadas por partes (duas vezes
cada!). Vejamos a primeira.
Z π π Z π
2 2
et cos t dt = et sen t 2 − et sen t dt
0 0 0
Z π
π 2
= e 2 − et (− cos t) − (− cos tet ) dt
0
Z π
π 2
= e2 − 1 − et cos t dt.
0
Z b Z a
ii) f (t) dt = − f (t) dt.
a b
Z b Z c Z b
iii) f (t) dt = f (t) dt + f (t) dt.
a a c
seja igual ao número complexo não-nulo r0 e−iθ , onde θ = Arg( ab f (t) dt).
Segue que
Z
b q
f (t) dt = |r0 eiθ | = r0 (cos θ)2 + (sen θ)2 = r0 . (5.3)
a
Isso fornece,
π
Z (1+i) π
du 1 u (1+i) 2 1 − i h (1+i) π
i
2 u
e = e = e 2 − e
0
0 1+i 1+i 0 2
1−i π 1 π i π
= (e 2 − 1) = (e 2 − 1) + (e 2 + 1).
2 2 2
Vimos ao longo desta seção que vários resultados do Cálculo de funções
de variável real podem ser estendidos para o caso complexo. Entretanto, o
teorema do valor médio para integrais não é necessariamente verdadeiro, isto
é, dada uma função f : [a, b] → C contínua, nem sempre existe c ∈ ]a, b[ de
modo que Z b
f (t) dt = f (c)(b − a).
a
fazendo as substituições
u = ti, ⇒ du = i dt
t=0 ⇒ u=0 .
t = 2π ⇒ u = 2πi
Assim, Z 2π Z 2πi
e dt =
ti
−ieu du = −ieu |2πi
0 = 0.
0 0
onde as funções reais x e y são contínuas no intervalo [a, b]. Uma curva
simples é aquela que não possui auto-interseções, ou seja, se z(t1 ) 6= z(t2 ),
sempre que t1 6= t2 , exceto possivelmente quando t1 = a e t2 = b, em cujo
caso diremos que a curva é fechada simples.
Como parâmetro t aumenta de a para b, diremos que o ponto z(a) é o
ponto inicial e que z(b) é o ponto final. Se C é uma curva simples, então
z(t) se move de z(a) até z(b) de forma contínua, segundo uma orientação,
que é o sentido do percurso. Nas figuras deixaremos claro qual é a orientação
da curva por meio de setas. Quando se tratar de uma curva fechada, conven-
cionaremos neste livro que a orientação é aquela em que a região interna
da curva fica sempre à esquerda quando percorremos a curva. A orientação
contrária será denominada negativa.
A função definida pela lei z(t) = x(t) + iy(t) no intervalo [a, b] é deno-
minada diferenciável se as funções x e y também o forem diferenciável e
escreveremos
z 0 (t) = x0 (t) + iy 0 (t), a ≤ t ≤ b.
Diremos ainda que a curva C definida pela Equação (5.4) é suave se
a função z 0 é contínua e não-nula em [a, b]. Neste caso, C tem um vetor
tangente não-nulo em cada ponto z(t) e dado pelo vetor z 0 (t). Se em um
ponto t0 tivermos x0 (t0 ) = 0, então o vetor z 0 (t0 ) = iy 0 (t0 ) é vertical. Se
x0 (t0 ) 6= 0, então a inclinação dy/dx ta reta tangente à curva C no ponto
z(t0 ) = 0 é dado por x0 (t0 )/y 0 (t0 ). Portanto, para uma curva suave o ângulo
de inclinação θ(t) do seu vetor tangente z 0 (t) é definido em todos valores
de t ∈ [a, b] e é contínua. Assim, uma curva suave não tem quebras e nem
pontas.
A curva oposta à curva C dada pela Equação (5.4) é aquela que tem
os mesmo pontos de C mas é traçada segundo a orientação reversa à C. Tal
curva é denotada por −C e é parametrizada por
Note que C é uma curva fechada simples pois z(0) = z(2π) e z(a) = z(b),
para a, b ∈ ]0, 2π[.
C = C1 + C2 + · · · + Cn .
C1
2
C2
−1 2 3
−1
k=1
ou ainda,
Z Z Z
f (z) dz = u dx − v dy + i v dx + u dy. (5.8)
C C C
96 CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
x = x(t) ⇒ dx = x0 (t) dt
.
y = y(t) ⇒ dy = y 0 (t) dt
Logo,
Z Z b Z b
f (z) dz = [u(x, y)x − v(x, y)y ]dt + i
0 0
[v(x, y)x0 + u(x, y)y 0 ]dt
C a a
Portanto, Z Z b
f (z) dz = f (z(t))z 0 (t) dt.
C a
b) um segmento de reta.
Segue que
Z Z 1 Z 1
z dz = (4 + 2i)t (4 + 2i) dt = 20t dt = 10.
C 0 0
Z
Exemplo 5.14. Calcule z 2 dz do ponto 0 ao ponto 1 + i, onde C é para-
C
metrizada por:
a) z(t) = t + ti.
b) z(t) = t + t3 i.
onde C1 e C2 são curvas suaves tais que o ponto final de C1 coincide com o
ponto inicial de C2 .
Z
Exemplo 5.16. Calcule z dz, onde C é o contorno indicado na Figura
C
5.2.
C2
C1 1 C3
−1 1
z1 (t) = −1 + ti, 0 ≤ t ≤ 1,
z2 (t) = t + i, −1 ≤ t ≤ 1,
z3 (t) = 1 + (1 − t)i, 0 ≤ t ≤ 1.
Isso nos dá
1 1
|f (z)| = ≤ √ = M.
|z − i||z + i| 2 5
Por outro lado, temos que o comprimento de C é L = 1 e, usando a Desi-
gualdade ML, concluímos que
1 1 1
Z
≤ ML = √ · 1 = √
dz
C z +1
2
2 5 2 5
2
1
|z − i| C
z
|z + i| 2
√
5
−1
Outro resultado que será útil nesta seção é atribuído ao alemão George
Cantor (1845 – 1918).
Teorema 5.21. (Cantor) Sejam K1 , K2 . . . , Kn , . . . conjuntos fechados e
limitados não-vazios tais que Ki ⊃ Kj para i < j. A interseção
∞
K=
\
Kλ
λ=1
e, além disso,
1 1 2
L(C(2) ) = L(C(1) ) = L(C).
2 2
Após n etapas, teremos uma região triangular delimitada pelo contorno C(n)
contida na região delimitada pelo contorno C(1) e a desigualdade
Z Z
f (z) dz ≤4 n
f (z) dz (5.10)
C C(n)
104 CAPÍTULO 5. INTEGRAIS
e
1
n
L(C(n) ) =
L(C).
2
Pelo Teorema de Cantor, existe um ponto z0 comum a todas as regiões tri-
angulares. Pois bem, como D é simplesmente conexo e z0 ∈ D, então f é
analítica em z0 . Pelo Teorema 3.8, existe uma função µ tal que
2 1
Z Z n+1
≤ 4n |µ(z)(z − z0 )| dz < 4n L(C) dz,
C(n) C(n) [L(C)]2 2
5.3. TEOREMA DE CAUCHY-GOURSAT 105
ou ainda,
2 1
Z Z n+1
f (z) dz < 4n
dz
C C(n) L(C) 2
e, aplicando Desigualdade M L, onde L é o comprimento do contorno C(n)
2 1 1
Z n+1 n
f (z) dz <4 n
L(C) = .
C L(C) 2 2
vVideoaula (Parte 2)
k=1
ou seja,
Z z1 Z zn
Sn = [f (z1 ) − f (z)] dz + · · · + [f (zn ) − f (z)] dz. (5.14)
z0 zn−1
|Sn | < [|z1 − z0 | + · · · + |zn − zn−1 |] = . (5.16)
2L 2
Finalmente, observando que
Z Z
f (z) dz = f (z) dz − Sn + Sn ,
C C
δ
C1
z0
C3 z
C2 C4
A1
A2
An C
zn−1
A3
A4 An−1 zn = z0 z2
z1
Solução. Como funções acima são todas inteiras, basta aplicar o Teorema
de Cauchy-Goursat.
C1
C2
K1 = C1∗ + L1 + C2∗ + L2
K2 = C2∗∗ − L1 + C1∗∗ − L2
C1∗
D1
C2∗
L1 L2
−L1 −L2
C2∗∗
D2
C1∗∗
Teorema de Cauchy-Goursat,
Z Z
f (z) dz = f (z) dz = 0.
K1 K2
Tomando as integrais,
Z Z Z Z
f (z) dz + f (z) dz = f (z) dz − f (z) dz
K1 K2 C1 C2
e, portanto, Z Z
f (z) dz = f (z) dz.
C1 C2
O próximo exemplo, além de ser uma consequência do teorema prece-
dente, será útil também no cálculo de integrais.
Para n 6= 1, obtemos
Z
dz Z 2π
ireiθ Z 2π
= dθ = ir 1−n
ei(1−n)θ dθ
C (z − z0 )n 0 re inθ 0
2π
r1−n i(1−n)θ
= e =0
1−n
0
e para n = 1,
Z
dz Z
dz Z 2π
ireiθ Z 2π
= = dθ = i dθ = 2πi
C z − z0 Cr z − z0 0 reiθ 0
1 Z
Z
= (z ∗
) ∗
f (z) dz ∗
f dz −
|∆z| γ
γ
1 Z
≤ |f (z ∗ ) − f (z)| dz ∗
|∆z| γ
F (z + ∆z) − F (z)
lim = f (z) ⇒ F 0 (z) = f (z).
∆z→0 ∆z
onde F é a primitiva de f em D.
G(z) = F (z) + c.
pontos i e 1 + i.
5.4. TEOREMAS SOBRE INTEGRAÇÃO 113
√
Exemplo 5.29. Seja z o ramo principal da função raiz quadrada. Calcular
Z
1
√ dz,
C 2 z
1 f (z) − (z0 )
Z
= dz
2π z − z0
C0
1 Z |f (z) − (z0 )|
= dz.
2π C0 |z − z0 |
Entrando com as Desigualdades (5.21) e a Desigualdade M L,
1 Z f (z)
δ
dz − f (z0 ) < δ · 2π · = ,
2πi C z − z0 2π 2 2
1 Z f (z) Z
f (z)
e2 = dz ⇒ dz = 2πe2 i.
2πi C z − z0 C z − z0
Z
cos πz
Exemplo 5.33. Calcule , onde C é o retângulo com vértices nos
C z2 − 1
pontos ±i e 2 ± i.
n! Z f (w)
f (n)
(z) = dw,
2πi C (w − z)n+1
Vamos escolher h suficientemente pequeno tal que |h| < 2δ . Das propriedades
de módulo,
r r
|w − (h + z)| ≥ |w − z| − |h| > r − = .
2 2
Além disso, como f é analítica, a sua continuidade garante a existência de
uma constante positiva K tal que |f (w)| ≤ K. Segue das propriedades de
integral e da Desigualdade M L que
1 Z hf (w) dw 2|h| · K
|h| · K
< r · 2πr = ,
2πi γ [(w − (z + h)](w − z)2 2πr · 2
2 r2
∂ 2u ∂ 2v ∂ 2v ∂ 2v
f 00 (z) = + i = − i,
∂x2 ∂x2 ∂y∂x ∂y∂x
com a segunda igualdade como consequência das Equações de Cauchy-Riemann
e ainda
∂ 2v ∂ 2y
f 00 (z) = 2 − 2 i.
∂y ∂y
Por fim, combinamos novamente os Teoremas 3.30 e 3.32 para concluir que
as derivadas de segunda ordem de u também são harmônicas no mesmo
disco.
1 Z 2π f (z0 + reiθ ) iθ 1 Z 2π
f (z0 ) = ire dθ = f (z0 + reiθ ) dθ.
2πi 0 reiθ 2π 0
Vejamos mais um importante resultado.
Teorema 5.37. (Módulo máximo) Seja f analítica e não constante em
um domínio simplesmente conexo D. Então |f (z)| não atinge valor máximo
em nenhum ponto z0 ∈ D. Dito de outro modo, não existe z0 ∈ D tal que
|f (z)| ≤ |f (z0 )|.
Demonstração. Vamos argumentar pela contrapositiva. Assim provare-
mos que se existe z0 ∈ D tal que
ou seja,
1 Z 2π h i
|f (z0 )| − |f (z0 + reiθ )| dθ = 0, 0 ≤ r ≤ R. (5.30)
2π 0
No cálculo de funções de uma variável real, aprendemos que se a integral
de uma função contínua e não-negativa sobre um intervalo é zero, então essa
função é identicamente nula. A desigualdade (5.27) garante que o integrando
da Equação (5.30) cumpre com essa condição, logo
f (z) = f (z0 ),
Dk = {z ∈ C; |z − zk | ≤ d}, k = 0, 1, . . . , n.
e, por indução,
z0
zn
z1
z2 zn−1
Teorema 5.39. (Liouville) Se f é inteira e limitada em todo o plano com-
plexo, então f é constante.
Demonstração. Por hipótese, existe uma contate real positiva M tal que
|f (z0 )| ≤ M , para todo z0 ∈ C. Seja C a circunferência parametrizada pela
Equação (5.26) e façamos n = 1 na Desigualdade de Cauchy. Então
M M
|f 0 (z0 )| ≤ ⇒ lim |f 0 (z0 )| ≤ lim = 0.
r r→∞ r→∞ r
Solução. Pelo Teorema 4.19, a função seno é inteira e pelo teorema pre-
cedente se o seno fosse limitado, então obrigatoriamente seria também cons-
tante, o que não é o caso. Portanto, o seno é ilimitada.
1 1
|f (z)| = =
|P (z)| |an z + an−1 z
n n−1 + · · · + a1 + a0 |
1 1
= · .
|z | a + n−1 + · · · + a1 + a0
n a
n
z z n−1 z n
Ponhamos, agora,
an−1 a1 a0
w= + · · · + n−1 + n . (5.31)
z z z
Então
an−1 a1 a0
P (z) = an + + · · · + n−1 + n z n = (an + w)z n (5.32)
z z z
Multiplicando a Equação (5.31) por z n e usando as propriedades de módulo,
temos
ou ainda,
|an−1 | |a1 | |a0 |
|w| ≤ + · · · + n−1 + n (5.33)
|z| |z | |z |
5.6. MORERA, LIOUVILLE E OUTROS 123
5.7 Exercícios
1. Suponha w a função definida pela Equação (5.1) é diferenciável. Prove
que
a) [aw(t) + b]0 = aw0 (t), onde a e b são constantes complexas.
b) w0 (−t) = −w0 (t).
c) [ew(t) ]0 = ew(t) .
2. Calcular as seguintes integrais.
a) (2t + i)2 dt.
R1
0
π
b) senh(ti) dt.
R 4
0
π
c) teti dt.
R 2
0
4. Calcular
a) ez dz, onde C é parametrizada por z(t) = t+t3 i, onde 0 ≤ t ≤ 1.
R
C
b) C (2z − z) dz, onde C é o segmento de reta com extremidades em
R
0 e 1 + 2i.
c) z 2 dz, onde C é a curva z(t) = t2 + i/t, onde 1 ≤ t ≤ 2.
R
C
a) C (y − xi) dz.
R
b) C (x + 2i) dz.
R
c) C (x − 3yi) dz.
R
Índice Remissivo
caminho, 93 imaginário, 5
comprimento da curva, 99 real, 5
conjunto equação
aberto, 19 de Laplace, 61
conexo, 20 equações de Cauchy-Riemann, 52, 57
fechado, 20 exponencial, 18
ilimitado, 21
imagem, 23 fórmula(s)
contorno, 93 de Euler, 18
contração, 29 de Moivre, 13
corpo, 10 integral de Cauchy, 114, 115
curva, 92 forma
diferenciável, 92 algébrica, 6
fechada simples, 92 exponencial, 18
oposta, 92 polar, 12
simples, 92 fronteira, 20
suave, 92 função
curvas equipotenciais, 65 analítica, 50
bijetora, 25
derivada, 48, 87
complexa, 23
desigualdade
contínua, 47
M L, 99
cossecante, 79
de Cauchy, 121
cosseno, 79
triangular, 11
cosseno hiperbólico, 84
dilatação, 29
cotangente, 79
disco
de classe C 1 , 102
aberto, 19
de valores reais a valores comple-
fechado, 19
xos, 87
perfurado, 19
de Van Der Waerden, 49
domínio, 20, 23
multiplamente conexo., 101 diferenciável, 47
simplesmente conexo, 101 do fluxo, 65
exponencial de base b, 78
eixo harmônica, 61
126
ÍNDICE REMISSIVO 127
vizinhança, 19