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Cálculo 2- Exemplos e Exercı́cios

Instituto de Matemática - Universidad Federal do Rio de Janeiro

Os seguintes exemplos e exercı́cios complementam o capı́tulo 11 do livro “Stewart, J. Calculo,


Vol II.” Usaremos “log” para denotar o logaritmo natural (outros usam “ln” ou “loge ”).

Exemplos de Limite. Capı́tulo 11.1


Os exemplos de limite abaixo serão assumidos sem demonstração e apareceram constante-
mente ao longo do capı́tulo de séries:
1
Exemplo 1. (i) lim p = 0 para qualquer p > 0.
n→∞ n
( )
1 n
(ii) lim 1 + = e.
n→∞
√ n
(iii) lim n n = 1.
n→∞ √
(iv) lim n a = 1, para qualquer a > 0.
n→∞
(v) 
 0 se |r| < 1;
n
lim r = 1 se r = 1;
n→∞ 
Não existe se |r| > 1 ou r = −1.

Exemplo 2. Calcule
log(n)
lim .
n→∞ n
Resolução. Fazemos f (x) = log(x)/x e usamos a regra de L’Hopital. Assim temos

log(x) L’Hop (log(x))′ 1/x 1


lim = lim = lim = lim = 0.
x→∞ x x→∞ (x)′ x→∞ 1 x→∞ x

Portanto,
log(n)
lim = 0. ■
n→∞ n
Exemplo 3. Calcular os seguintes limites:

(a) limn→∞ sen( n1 ).


Reolução. Aqui usamos a continuidade da função seno, pois nesse caso, o limite pode entrar
no argumento. Assim
 0
( )
1  1 
lim sen = sen  lim   = sen(0) = 0.
n→∞ n n→∞ n 

1
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(b) limn→∞ n · sen( n1 ).


Resolução. Aqui usamos o fato que limu→0 sen(u)
u = 1, fazendo u = 1/n. Temos então
( )
1 sen( n1 ) sen(u)
lim n · sen = lim = lim = 1.
n→∞ n n→∞ 1/n u→0 u
2
(c) limn→∞ log(n n
)
.
log(n)
Resolução. Nós sabemos que limn→∞ n = 0 (pela regra de L’Hopital). Logo
log(n2 ) 2 log(n) log(n)
lim = lim = 2 lim = 2 · 0 = 0.
n→∞ n n→∞ n n→∞ n
n
(d) limn→∞ log( n+1 ).
Resolução. O logaritmo é uma função contı́nua, portanto podemos passar o limite no argu-
mento. Temos assim
 
( ) ( )
n n 1/n  1 
lim log = log lim = log  0 = log(1) = 0.
n→∞ n+1 n→∞ n + 1 1/n
1

1+ n

3n
(e) limn→∞ n2 −2n+1 .
Resolução. Calculamos diretamente, “dividindo” todo por n2 ,
0
3n 1/n2 >


3/n 0
lim 2 = lim  = = 0. ■
n→∞ n − 2n + 1 1/n2 n→∞ 
>
0

* 0 1
1− 
2/n +  
1/n2

Exemplos de soma e convergência de séries. Capı́tulo 11.2


∑∞
Exemplo 4 (Série Geométrica). Se |r| < 1, e r ̸= 0, então a série n=0 r
n é convergente e
sua soma é
∑∞
1
rn = . (1)
1−r
n=0

Resolução. Calculamos primeiro suas somas parciais. Como r ̸= 0, a0 = r0 = 1 indepen-


dente do valor de r, logo
S0 = 1
S1 = 1 + r
S2 = 1 + r + r2
S3 = 1 + r + r2 + r3
.. ..
. .
Sn = 1 + r + r2 + r3 · · · rn−1 + rn .

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Multiplicando essa última soma parcial por r, obtemos rSn = r + r2 + r3 · · · rn + rn+1 . Logo

r
Sn − rSn = (1 + r + r2 + · · · n
r
) − (r + r2 + · · · n
+ rn+1 )
(1 − r)Sn = 1 − rn+1
1 − rn+1
Sn = .
1−r
Pelo Exemplo ??(v),
 0
*
1 −
rn+1 1
lim Sn = lim = .
n→∞ n→∞ 1 − r 1−r

Como o limite das somas parciais existe e vale 1/(1−r) concluı́mos que a série ∞ n
n=0 r converge
e
∑∞
1
rn = .
1−r
n=0
∑∞ n
• Observe que se r = 0, então n=1 r = 0 + 0 + 0 + · · · = 0.
• Por
∑∞ outro lado, pelo Exemplo ??(v) limn→∞ rn ̸= 0 se |r| ≥ 1 e pelo Teste da Divergência,
a série n=0 rn diverge nesse caso. ■


Observação 1. Se a série geométrica começar no termo k-ésimo; isto é, rn então
n=k


∑ 1 rk
rn = rk + rk+1 + rk+2 + rk+3 + · · · = rk · (1 + r + r2 + r3 + · · · ) = rk · = .
1−r 1−r
n=k

Em particular,

∑ r
rn = . (2)
1−r
n=1

Exemplo 5. Decida se a série



∑ 2n + 7 · 3n
6n
n=1

é convergente. Em caso afirmativo, encontrar sua soma.

Solução. Podemos escrever o termo (2n + 7 · 3n )/6n como

2n + 7 · 3n 2n 3n 1 1
n
= n
+ 7 · n
= n + 7 · n.
6 6 6 3 2

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∑ ∑∞ 1
Como ∞ 1
n=1 3n e n=1 2n são séries geométricas com raio r = 1/3 < 1 e r = 1/2 < 1, re-
spectivamente, elas são convergentes. Como soma de séries convergentes é também convergente.
Assim, temos que
∑∞
2n + 7 · 3n
6n
n=1
é também convergente.
Agora, pela fórmula (??),

∑ ∞

1 1/3 1 1 1/2
= = e = =1
3 n 1 − 1/3 2 2 n 1 − 1/2
n=1 n=1

Portanto

∑ ∑∞ ∑∞
2n + 7 · 3n 1 1 1 15
n
= n
+7· n
= +7·1= . ■
6 3 2 2 2
n=1 n=1 n=1
∑ ( )
Exemplo 6. Calcule a soma da série ∞ n=0 (−3)n − 3n .
4 3

Resolução. A série dada pode ser re-escrita como


∑∞ ( ) ∞ (
∑ ) ∞ ( )n

4 3 −1 n 1
− = 4 · − 3 ·
(−3)n 3n 3 3
n=0 n=0 n=0

Como as duas séries da parcela direita são geométricas com razão r = −1/3 e r = 1/3, respec-
tivamente. Ambas satisfazendo |r| < 1.
Aplicando a fórmula (??), obtemos que
∑∞ ( ) ∞ (
∑ ) ∑∞ ( )n
4 3 −1 n 1
n
− n = 4· −3·
(−3) 3 3 3
n=0 n=0 n=0
1 1
= 4· −3·
1 − (−1/3) 1 − (1/3)
3 3
= 4· −3·
4 2
3
= − . ■
2
Exemplo 7 (Série Harmônica). A série

∑ 1
(3)
n
n=1

diverge.

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Resolução. Vamos a determinar algumas de suas somas parciais para saber a que valor
estão-se aproximando.

S1 = 1≥ 12
1 + 21 ≥ 22
S2 = |{z}
≥ 12
1 1 1
S4 = 1 + + + ≥ 32
2
| {z } 3 4
| {z }
≥ 22 ≥ 14 + 14 = 12
1 1 1 1 1 1 1
S8 = 1 + + + + + + + ≥ 42
| 2 {z 3 4} |5 6 {z 7 8}
≥ 23 ≥ 18 + 81 + 18 + 18 = 12

Do cálculo feito acima podemos deduzir que somas parciais da forma S2n satisfazem
n+1
S2n ≥
2

∑∞ 1limn→∞ 2 = ∞, concluı́mos que limn→∞ S2 = ∞. Em particular, a série harmônica


n+1
Como n

n=1 n diverge. ■

Exemplo 8. Analisar a convergência ou divergência da série



∑ 5
1 .
n=1 2 +9
n

Resolução. Note que, pelo Exemplo ??(iii),


5 5 5 1
lim 1 = lim √
n
= = ̸= 0.
n→∞ 2 +9
n n→∞ 2+9 1+9 2
Pelo Teste da Divergência, a série diverge. ■

Exemplo 9. Calcule a soma da série ∞ n=1
1
n2 +n
.
Resolução. Usando frações parciais, vemos que 1
n2 +n
= 1
n(n+1) = 1
n − 1
n+1 . Portanto,
1
S1 = a1 = 1−
2
1
S2 = a1 + a2 = (1 −  + (1/2

1/2)  − 1/3) = 1−
3
.. .. ..
. . .
1
Sn = a1 + a2 + ... + an = (1 −  + (1/2
  + (1/n

1/2)  − 1/3) + ... + (1/(n − 1) − 
1/n)  − 1/(n + 1)) = 1−
n+1

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Portanto,

∑ ( )
1 1
= lim Sn = lim 1 − = 1. ■
n2 + n n→∞ n→∞ n+1
n=1
Exemplo 10. Resolva a equação

2
1 − x + x − x + ... =
2 3
.
2
Resolução. A equação pode ser re-escrita como
∞ √
∑ 2
n
(−x) =
2
n=0

√ representa uma série geométrica com razão r = −x. Como ela convege
onde o lado esquerdo
(pois sua soma é 2/2) vemos que |x| < 1. Usando a equação (??), obtemos que
√ ∞
2 ∑ 1
= (−x)n =
2 1+x
n=0
Então
2
1+x = √
2
2 √
x = √ − 1 = 2 − 1. ■
2
Exemplo 11. Resolver a equação
√ √ √ √
2x · 2x · 2x · 2x · 2x · · · = 0, 25.
4 8 16


n n
Resolução. Escrevemos 2 2x = 2x/2 e então temos
2 3 4
2x · 2x/2 · 2x/2 · 2x/2 · 2x/2 · · · = 1/4. Aplicando logaritmo, obtemos
x x x x
x log(2) + log(2) + 2 log(2) + 3 log(2) + 4 log(2) · · · = log(2−2 )
2 2 ( 2 2 )
1 1 1 1
x log(2) 1 + + 2 + 3 + 4 = −2 log(2)
2 2 2 2
∑∞ ( )n
1
x log(2) = −2 log(2) ·1/ log(2)
2
n=0
∑∞ ( )n
1
x = −2 Por (??)
2
n=0
1
x = −2
1 − 1/2
x · 2 = −2
x = −1. ■

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Exemplos de critérios de comparação. Capı́tulo 11.4


Exemplo 12. Estude a convergência ou divergência da série
∑∞ √
1
2
.
n +π
n=1

Reolução. Observe que a série dada só tem termos positivos. Assim, considerando a série


harmônica 1/n, que sabemos divergente, temos que
n=1
√ √
1/(n2 + π) n2
lim = lim
n→∞ 1/n n→∞ n2 + π

n2
= lim
n→∞ n2 + π

1
= lim
n→∞ 1 + π/n2

1
=
π
:0
1 +lim 
n→∞ n2

= 1
= 1.
∞ √
∑ 1
Como o limite acima é maior do que 0, segue que a série diverge, pelo critério de
n2 +π
n=1
comparação no limite. ■
Exemplo 13. Estude a convergência ou divergência da série
∑∞
1
√ .
n=1
n

Reolução. Não é difı́cil notar que n ≤ n para todo n ≥ 1, logo n1 ≤ √1n para todo
∑ ∑∞ 1
n ≥ 1. Como a série harmônica ∞ 1
n=1 n diverge, a série

n=1 n tambén diverge pelo critério
de comparação. ■

Exemplo 14. Analisar a convergência ou divergência da série



∑ √ √
( n + 1 − n).
n=1

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Reolução. METODO 1: As somas parciais da série vêm dadas por


√ √ √ √ √ √ √ √  √ √ √ √
Sn = (2 − 1) + ( 3 − 2) + ( 4 − 3) + ... + ( n − 1) + ( n + 1 − 
n −  n) = n + 1 − 1

Logo,
√  : ∞√
lim Sn = lim (
n + 1 − 1) = ∞
n→∞ n→∞

Portanto a série diverge.


√ √
METODO 2: Re-escrevemos a expressão n + 1 − n como
√ √
√ √ √ √ n+1+ n n+1−n 1
n + 1 − n = ( n + 1 − n) · √ √ =√ √ =√ √
n+1+ n n+1+ n n+1+ n
∑∞
Comparando com a série divergente √1
n=1 2 n+1 (esta série é divergente por que podemos
∑∞ 1
compará-la com n=1 √n , que diverge como vimos antes) vemos que

1 1
√ ≤√ √
2 n+1 n+1+ n
∑ √ √
o que mostra que a série ∞
n=1 ( n + 1 − n) é também divergente. ■

∑∞ √
Exemplo 15. Converge ou diverge a série n=1 (
n
2 − 1)?

Resolução. Usamos o critério de comparação no limite, comparando a série dada com a


série harmônica. Temos assim
1/n 1/x L′ Hop −1/x2 1
lim √ = lim 1/x = lim −1 = >0
n→∞ n
2 − 1 x→∞ 2 − 1 x→∞ 21/x · 2 log 2
x
log 2
∑∞ √
Portanto, visto que a série harmônica diverge, a série n=1 (
n
2−1) é divergente também. ■

EXERCICIOS
Exercı́cio 1. Usando a regra de L’Hopital, prove que

lim n n = 1.
n→∞

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Exercı́cio 2.√Estude a convergência √ ou divergência das seguintes séries:


∑ ∞ ∑∞ ∑∞
1 1 + n2 n2
(a) 2
. (f) 4
. (k) 3
.
n +π 1+n n +1
n=1
∑∞
n=1
∑ ∞ ( ) ∑
n=1

n n+1 n
(b) √ . (g) log . (l) .
4 + 3n 4 n (4n − 3)(4n − 1)
n=1 n=1 n=1
∑∞ ∑∞ ∑∞
log2 (n) 2n | cos(3n)| 2
(c) . (h) . (m) .
n 3n n + 3n cos2 (n)
n=1
∑∞ √ ∑
n=1
∞ ∑
n=1

sin(1/ n) 2 + (−1)n 1
(d) √ . (i) . (n) se 0 ≤ α ≤ 1.
n 2n nα
n=1 √

n=1
∞ ∑∞ √ ∑
n=1

1 n+1− n 1
(e) log(n)
. (j) √ . (o) 1 .
2 2
n +n 1+
n=1 n=1 n=1 n n

Exercı́cio 3. Asuma que a n-ésima soma parcial de uma série é dada por Sn = 2 − 1
3n .
(a) A série converge?
(b) Se assim for, qual é o valor da soma?
(c) Qual é a fórmula para o n-ésimo termo da série?

Exercı́cio 4. Determine se as seguintes séries convergem ou divergem:


∑∞
n
(a) 2
.
n +1
n=1
∑∞
1
(b) .
log n
n=2
∑∞
1
(c) .
n2n
n=1


∑ 1
Exercı́cio 5. Determine se a série é convergente ou divergente. Se for
(n + 1)(n + 2)
n=0
convergênte encontre sua soma.

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Exercı́cio 6. Analisar a convergência ou divergência da série



∑ n3
.
2n3 + 1
n=1

Exercı́cio 7. Resolva a equação


1 1
1+ + + · · · = 3 + x.
3 + x (3 + x)2

Exercı́cio 8. Resolva

1 + sin2 (x) + sin4 (x) + sin6 (x) + · · · = 2 tan(x).

Soluções Ex. 2.
(a) Diverge. (f) Diverge. (k) Diverge.
(b) Diverge. (g) Diverge. (l) Diverge.
(c) Diverge. (h) Converge. (m) Diverge.
(d) Diverge. (i) Converge. (n) Diverge.
(e) Diverge. (j) Converge. (o) Diverge.
Ex. 3. (a) Sim. (b) 2. (c) an = 32n .
Ex. 4. (a) Não. (b) Não. (c) Sim.
Ex. 5. Converge com soma S = 1.
Ex. 6. Diverge.
Ex. 7. x = −1.
Ex. 8. x = π4 + kπ, k ∈ Z.

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