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ESA

TEORIA E
EXERCÍCIOS

ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS

Curso de
Formação de
Sargentos
CONTEÚDO
Matemática
Português
ON-LINE
História e Geografia do Brasil
Inglês 10 horas de
Videoaulas
De acordo com o Edital nº 3/SCA,
de 23 de março de 2021
Escola de Sargentos das Armas

ESA
Curso de Formação e Graduação de
Sargentos

NV-001AB-21
Cód.: 7908428800352
Obra Produção Editorial

ESA - Escola de Sargentos das


Carolina Gomes
Josiane Inácio

Armas Karolaine Assis

Organização

Curso de Formação e Graduação de Roberth Kairo


Saula Isabela Diniz
Sargentos
Revisão de Conteúdo

Ana Cláudia Prado


Autores
Fernanda Silva
MATEMÁTICA • Kairton Batista (Prof.º Kaká) e Sérgio Jaíne Martins
Mendes Maciel Rigoni
Nataly Ternero
PORTUGUÊS • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli
Neves, Gabriela Coelho, Rebecca Soares e Nelson
Sartori Análise de Conteúdo

Ana Beatriz Mamede


HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL • Jean Talvani, Otávio
Arthur de Carvalho
Massaro e Zé Soares
João Augusto Borges
INGLÊS • Rebecca Soares
Diagramação

Dayverson Ramon
Higor Moreira
Lucas Gomes
Willian Lopes

Capa

Joel Ferreira dos Santos

Projeto Gráfico

Daniela Jardim & Rene Bueno

Edição:

Abril/2021

Todos os direitos autorais dessa obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total, por
qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito pela
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de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
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APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento de seus estudos é determinante para
sua preparação de sucesso na busca pela tão almejada apro-
vação em um cargo público. Por isso, pensando no máximo
aproveitamento de seus estudos, esse livro foi organizado de
acordo com os itens do Edital Nº 3/SCA de 05/04/2021 da Escola
de Sargento das Armas (ESA). Os assuntos foram didaticamente
reunidos em um sumário planejado para otimizar o seu tempo
e o seu aprendizado.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobra-
dos nas provas, além de Questões Comentadas das principais
bancas para complementar seus estudos. E para treinar seus
conhecimentos, a seção Hora de Praticar, trazendo exercícios
gabaritados da banca organizadora do último certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensando
no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Agora é
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à Matemática - Função Linear, Função Afim e Função Quadrática,
Trigonometria e Geometria Plana
à Português - Leitura, Interpretação e Análise de Textos e Regência Norminal e
Verbal
à História do Brasil - Primeiro Reinado (1822-1831), Período Regêncial (1831-
1840) e Segundo Reinado (1840-1889)
à Geografia do Brasil - Floresta Amazônica e A Formação Territorial do Brasil e
sua Relação com a Natureza
à Inglês - Vocabulário - Phrasal Verbs e Artigo de Website - Research in English

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

MATEMÁTICA.......................................................................................................................15
TEORIA DOS CONJUNTOS E CONJUNTOS NUMÉRICOS................................................................ 15

REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS, SUBCONJUNTOS, OPERAÇÕES...........................................................15

União, Interseção, Diferença e Complementar. Conjunto Universo e Conjunto Vazio................................. 15

CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS E INTEIROS......................................................................................20

Operações Fundamentais, Número de Divisores, Máximo Divisor Comum e Mínimo Múltiplo Comum ... 20

CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS.........................................................................................................25

Operações Fundamentais................................................................................................................................ 25
Representação Fracionária e Decimal............................................................................................................. 25

CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS..................................................................................................................26

Razões e Proporções, Grandezas Diretamente e Indiretamente Proporcionais e Porcentagem................ 26

NÚMEROS COMPLEXOS...................................................................................................................................31

Operações, Módulo, Conjugado de um Número Complexo, Representações Algébrica e


Trigonométrica. Representação no Plano de Argand - Gauss, Potencialização e Radiciação.
Extração de Raízes. Fórmulas de Moivre. Resolução de Equações Binomiais e Trinomiais....................... 31

FUNÇÕES............................................................................................................................................. 39

DEFINIÇÃO, DOMÍNIO, IMAGEM, CONTRADOMÍNIO, FUNÇÕES INJETORAS, SOBREJETORAS E


BIJETORAS, FUNÇÕES PARES E ÍMPARES, FUNÇÕES PERIÓDICAS, FUNÇÕES COMPOSTAS
E RELAÇÕES.......................................................................................................................................................39

RAIZ DE UMA FUNÇÃO......................................................................................................................................42

FUNÇÃO CONSTANTE, FUNÇÃO CRESCENTE, FUNÇÃO DECRESCENTE......................................................42

FUNÇÃO DEFINIDA POR MAIS DE UMA SENTENÇA.......................................................................................43

FUNÇÃO INVERSA E SEU GRÁFICO..................................................................................................................43

FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO AFIM E FUNÇÃO QUADRÁTICA........................................................... 44

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM, CARACTERÍSTICAS.....................................................................................44

VARIAÇÕES DE SINAL.......................................................................................................................................47

INEQUAÇÃO PRODUTO E INEQUAÇÃO QUOCIENTE.......................................................................................48

MÁXIMOS E MÍNIMOS.......................................................................................................................................49

FUNÇÃO MODULAR............................................................................................................................ 49

DEFINIÇÃO, GRÁFICO, DOMÍNIO E IMAGEM DA FUNÇÃO MODULAR............................................................49


EQUAÇÕES MODULARES..................................................................................................................................50

INEQUAÇÕES MODULARES..............................................................................................................................50

FUNÇÃO EXPONENCIAL..................................................................................................................... 51

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM, CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO EXPONENCIAL E LOGARITMOS


DECIMAIS...........................................................................................................................................................51

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES EXPONENCIAIS...................................................................................................51

FUNÇÃO LOGARÍTMICA..................................................................................................................... 52

DEFINIÇÃO DE LOGARITMO E PROPRIEDADES OPERATÓRIAS....................................................................52

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA....................................52

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES LOGARÍTMICAS..................................................................................................53

TRIGONOMETRIA ............................................................................................................................... 56

TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO (SENO, COSSENO E TANGENTE)......................................56

ARCOS NOTÁVEIS..............................................................................................................................................57

IDENTIDADES TRIGONOMÉTRICAS FUNDAMENTAIS....................................................................................59

MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS.....................................................................................................................61

UNIDADES DE MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS: O GRAU E O RADIANO.....................................................61

Medida de um Arco em Graus......................................................................................................................... 61


Medida de um Arco em Radianos.................................................................................................................... 61

REDUÇÃO...........................................................................................................................................................62

Redução ao 1º Quadrante................................................................................................................................ 62

FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS........................................................................................................................64

RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS EM UM TRIÂNGULO QUALQUER ...............................................................69

TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS, ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE ARCOS .........................................71

FÓRMULAS DO ARCO DUPLO...........................................................................................................................71

FÓRMULAS DO ARCO METADE........................................................................................................................72

TRANSFORMAÇÃO EM PRODUTO...................................................................................................................73

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES..............................................................................................................................73

CONTAGEM E ANÁLISE COMBINATÓRIA ........................................................................................ 77

FATORIAL...........................................................................................................................................................78

Definição e Operações...................................................................................................................................... 78

PRINCÍPIOS MULTIPLICATIVOS E ADITIVO DA CONTAGEM.........................................................................78


ARRANJOS, COMBINAÇÕES E PERMUTAÇÕES..............................................................................................79

BINÔMIO DE NEWTON: DESENVOLVIMENTO, COEFICIENTES BINOMIAIS E TERMO GERAL......................81

PROBABILIDADE................................................................................................................................. 83

EXPERIMENTO ALEATÓRIO, EXPERIMENTO AMOSTRAL, ESPAÇO AMOSTRAL E EVENTO.......................83

PROBABILIDADE EM ESPAÇOS AMOSTRAIS EQUIPROVÁVEIS....................................................................84

PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS.............................................................................................84

PROPRIEDADES DAS PROBABILIDADES.........................................................................................................85

PROBABILIDADE CONDICIONAL......................................................................................................................86

PROBABILIDADE DE DOIS EVENTOS SUCESSIVOS E EXPERIMENTOS BINOMIAIS....................................86

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES.................................................................. 91

OPERAÇÕES COM MATRIZES (ADIÇÃO, MULTIPLICAÇÃO POR ESCALAR,TRANSPOSIÇÃO


E PRODUTO).......................................................................................................................................................91

MATRIZ INVERSA..............................................................................................................................................94

DETERMINANTE DE UMA MATRIZ: DEFINIÇÃO E PROPRIEDADE ...............................................................94

SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES .............................................................................................................97

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E PROGRESSÕES................................................................................102

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS.............................................................................................................................102

Números Primos............................................................................................................................................. 102

PROGRESSÕES ARITMÉTICAS: TERMO GERAL, SOMA DOS TERMOS E PROPRIEDADES........................102

PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS (FINITAS E INFINITAS): TERMO GERAL, SOMA DOS TERMOS E


PROPRIEDADES ..............................................................................................................................................104

GEOMETRIA ESPACIAL DE POSIÇÃO .............................................................................................106

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DUAS RETAS................................................................................................106

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DOIS PLANOS...............................................................................................106

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E PLANO.............................................................................................107

PERPENDICULARIDADE ENTRE DUAS RETAS, ENTRE DOIS PLANOS E ENTRE RETA E PLANO..............107

PROJEÇÃO ORTOGONAL ...............................................................................................................................107

GEOMETRIA ESPACIAL MÉTRICA ..................................................................................................108

PRISMAS..........................................................................................................................................................108

Conceito, Elementos, Classificação, Áreas, Volumes e Troncos.................................................................108


PIRÂMIDE.........................................................................................................................................................109

Conceito, Elementos, Classificação, Áreas, Volumes e Troncos.................................................................109

CILINDRO..........................................................................................................................................................111

Conceito, Elementos, Classificação, Áreas, Volumes e Troncos.................................................................111

CONE.................................................................................................................................................................112

Conceito, Elementos, Classificação, Áreas, Volumes e Troncos.................................................................112

ESFERA.............................................................................................................................................................114

Elementos, Seção da Esfera, Área, Volumes e Partes da Esfera.................................................................114

INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO DE SÓLIDOS ...............................................................................................114

GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA ...................................................................................................................116

PONTO..............................................................................................................................................................116

O Plano Cartesiano, Distância entre dois Pontos, Ponto Médio de um Segmento e Condição de
Alinhamento de três Pontos........................................................................................................................... 116

RETA.................................................................................................................................................................117

Equações Geral e Reduzida............................................................................................................................ 117


Interseção de Retas........................................................................................................................................ 118
Paralelismo e Perpendicularidade................................................................................................................. 118
Ângulo entre Duas Retas................................................................................................................................ 118
Distância entre Ponto e Reta e Distância entre duas Retas......................................................................... 119
Bissetrizes do Ângulo entre duas Retas........................................................................................................ 119
Área de um Triângulo e Inequações do Primeiro Grau com duas Variáveis...............................................119

CIRCUNFERÊNCIA...........................................................................................................................................120

Equações Geral e Reduzida............................................................................................................................ 120


Posições Relativas entre Ponto e Circunferência ....................................................................................... 121
Reta e Circunferência e duas Circunferências.............................................................................................. 121
Problemas de Tangência................................................................................................................................ 122
Equações e Inequações do Segundo Grau com Duas Variáveis.................................................................123

ELIPSE .............................................................................................................................................................125

Definição.......................................................................................................................................................... 125
Equações......................................................................................................................................................... 125
Posições Relativas entre Ponto e Elipse....................................................................................................... 125
Posições Relativas entre Reta e Elipse.......................................................................................................... 125

HIPÉRBOLE......................................................................................................................................................127

Definição.......................................................................................................................................................... 127
Equações da Hipérbole ................................................................................................................................. 127
Posições Relativas entre Ponto e Hipérbole................................................................................................. 127
Posições Relativas entre Reta e Hipérbole................................................................................................... 127
Equações das Assíntotas da Hipérbole........................................................................................................ 128

PARÁBOLA.......................................................................................................................................................129

Definição.......................................................................................................................................................... 129
Equações......................................................................................................................................................... 129
Posições Relativas entre Ponto e Parábola.................................................................................................. 129
Posições Relativas entre Reta e Parábola .................................................................................................... 130

RECONHECIMENTO DE CÔNICAS A PARTIR DE SUA EQUAÇÃO GERAL.....................................................130

GEOMETRIA PLANA .........................................................................................................................133

ÂNGULO............................................................................................................................................................133

Definição, Elementos e Propriedades............................................................................................................ 133

ÂNGULOS NA CIRCUNFERÊNCIA ..................................................................................................................135

PARALELISMO E PERPENDICULARIDADE ....................................................................................................137

SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS ...................................................................................................................138

PONTOS NOTÁVEIS DO TRIÂNGULO..............................................................................................................140

TRIÂNGULOS RETÂNGULOS, TEOREMA DE PITÁGORAS.............................................................................141

RELAÇÕES MÉTRICAS NOS TRIÂNGULOS (RETÂNGULOS E QUAISQUER)................................................141

FEIXE DE RETAS PARALELAS E TRANSVERSAIS, TEOREMA DE TALES.....................................................142

TEOREMA DAS BISSETRIZES INTERNAS E EXTERNAS DE UM TRIÂNGULO ............................................143

POLÍGONOS, POLÍGONOS REGULARES, CIRCUNFERÊNCIAS, CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS..............143

PERÍMETRO E ÁREA DE POLÍGONOS, POLÍGONOS REGULARES, CIRCUNFERÊNCIAS,


CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS.....................................................................................................................145

QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS..........................................................................................................................146

FÓRMULA DE HERON (HIERÃO).....................................................................................................................149

CONGRUÊNCIA DE FIGURAS PLANAS...........................................................................................................150

RAZÃO ENTRE ÁREAS.....................................................................................................................................151

INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO.....................................................................................................................151

POLINÔMIOS ....................................................................................................................................154

FUNÇÃO POLINOMIAL....................................................................................................................................154

Grau de um Polinômio.................................................................................................................................... 154


Valor Numérico de um Polinômio (Raiz) ...................................................................................................... 154
Polinômios Idênticos...................................................................................................................................... 155
Polinômio Nulo ............................................................................................................................................... 155

OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS ...................................................................................................................155

Divisão de Polinômios.................................................................................................................................... 156


Teorema do Resto........................................................................................................................................... 156
Teorema de D’Alembert.................................................................................................................................. 156
Dispositivo Prático de Briot-Ruffini................................................................................................................ 156

EQUAÇÕES POLINOMIAIS TEOREMA FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA, RAÍZES RACIONAIS,


TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO E RAÍZES RACIONAIS................................................................................157

Equações Polinomiais.................................................................................................................................... 157


Raiz ou Zero de uma Equação Polinomial (Raízes Reais) – Raízes Racionais...........................................157
TFA: Teorema Fundamental da Álgebra (ou Teorema da Decomposição) – Fatoração de um
Polinômio........................................................................................................................................................ 157
Produtos Notáveis – Fatoração de um Polinômio....................................................................................... 158

RELAÇÕES DE GIRARD, RELAÇÃO ENTRE COEFICIENTES E RAÍZES, FATORAÇÃO,


MULTIPLICIDADE DE RAÍZES E PRODUTOS NOTÁVEIS.....................................................................................158

RAÍZES IMAGINÁRIAS E TEOREMA DE BOLZANO ...........................................................................................160

LÍNGUA PORTUGUESA................................................................................................. 165


LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE TEXTOS; LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE
DOS SIGNIFICADOS PRESENTES EM UM TEXTO E O RESPECTIVO RELACIONAMENTO COM
O UNIVERSO EM QUE O TEXTO FOI PRODUZIDO...........................................................................165

CORRETA ESCRITA DAS PALAVRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA.................................................168

FONÉTICA........................................................................................................................................................168

PARTIÇÃO SILÁBICA.......................................................................................................................................169

ORTOGRAFIA...................................................................................................................................................169

ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................................170

PONTUAÇÃO....................................................................................................................................................171

MORFOLOGIA ...................................................................................................................................174

ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS E CLASSES DE PALAVRAS...................................................174

MORFOSSINTAXE.............................................................................................................................178

FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO...........................................................................................................................178

TERMOS DA ORAÇÃO E ORAÇÕES DO PERÍODO (DESENVOLVIDAS E REDUZIDAS).................................179

FUNÇÕES SINTÁTICAS DO PRONOME RELATIVO........................................................................................190


SINTAXE DE REGÊNCIA (VERBAL E NOMINAL).............................................................................................200

SINTAXE DE CONCORDÂNCIA (VERBAL E NOMINAL)..................................................................................192

SINTAXE DE COLOCAÇÃO...............................................................................................................................198

NOÇÕES DE VERSIFICAÇÃO ...........................................................................................................198

ESTRUTURA DO VERSO, TIPOS DE VERSO, RIMA, ESTROFAÇÃO E POEMAS DE FORMA FIXA................198

TEORIA DA LINGUAGEM E SEMÂNTICA.........................................................................................200

HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA............................................................................................................200

LINGUAGEM, LÍNGUA, DISCURSO E ESTILO..................................................................................................200

NÍVEIS DE LINGUAGEM E FUNÇÕES DA LINGUAGEM..................................................................................201

FIGURAS DE LINGUAGEM E SIGNIFICADO DAS PALAVRAS........................................................................204

INTRODUÇÃO À LITERATURA.........................................................................................................211

A ARTE LITERÁRIA, OS GÊNEROS LITERÁRIOS E A EVOLUÇÃO DA ARTE LITERÁRIA, EM PORTUGAL


E NO BRASIL....................................................................................................................................................211

LITERATURA BRASILEIRA................................................................................................................215

CONTEXTO HISTÓRICO, CARACTERÍSTICAS, PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS DO QUINHENTISMO.....215

BARROCO.........................................................................................................................................................216

ARCADISMO.....................................................................................................................................................217

ROMANTISMO.................................................................................................................................................217

REALISMO........................................................................................................................................................218

NATURALISMO................................................................................................................................................219

IMPRESSIONISMO...........................................................................................................................................219

PARNASIANISMO............................................................................................................................................220

SIMBOLISMO...................................................................................................................................................220

PRÉ-MODERNISMO E MODERNISMO............................................................................................................221

REDAÇÃO, GÊNERO TEXTUAL, TEXTUALIDADE E ESTILO............................................................225

TEXTO E CONTEXTO.......................................................................................................................................250

O TEXTO NARRATIVO......................................................................................................................................251

O Enredo, o Tempo, o Espaço e o Narrador.................................................................................................. 251


A Técnica da Descrição.................................................................................................................................. 252
O Texto Argumentativo................................................................................................................................... 254
O Tema e a Impessoalidade........................................................................................................................... 253
A CARTA ARGUMENTATIVA...........................................................................................................................257

A CRÔNICA ARGUMENTATIVA.......................................................................................................................257

A ARGUMENTAÇÃO E A PERSUASÃO............................................................................................................258

O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO................................................................................................258

A CONSISTÊNCIA DOS ARGUMENTOS E A CONTRA-ARGUMENTAÇÃO....................................................258

O PARÁGRAFO.................................................................................................................................................259

A INFORMATIVIDADE E O SENSO COMUM....................................................................................................259

FORMAS DE DESENVOLVIMENTO DO TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO, A


INTRODUÇÃO E A CONCLUSÃO......................................................................................................259

ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA PELO


ACORDO ORTOGRÁFICO..................................................................................................................259

HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL...................................................................... 271


A EXPANSÃO ULTRAMARINA EUROPEIA DOS SÉCULOS XV E XVI.............................................271

O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA......................................................................271

ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA, SOCIOECONÔMICA, INVASÕES ESTRANGEIRAS................271

EXPANSÃO TERRITORIAL: INTERIORIZAÇÃO E FORMAÇÃO DAS FRONTEIRAS, AS REFORMAS


POMBALINAS E AS REBELIÕES COLONIAIS.................................................................................................274

MOVIMENTOS E TENTATIVAS EMANCIPACIONISTAS.................................................................................275

A PRESENÇA BRITÂNICA NO BRASIL............................................................................................................277

MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL..................................................278

O PERÍODO JOANINO E A INDEPENDÊNCIA..................................................................................279

A TRANSFERÊNCIA DA CORTE, OS TRATADOS, AS PRINCIPAIS MEDIDAS DE D. JOÃO VI NO BRASIL,


A POLÍTICA JOANINA.....................................................................................................................................279

BRASIL IMPERIAL.............................................................................................................................281

PRIMEIRO REINADO E PERÍODO REGENCIAL: ASPECTOS ADMINISTRATIVOS, MILITARES,


CULTURAIS, ECONÔMICOS, SOCIAIS E TERRITORIAIS................................................................................281

OS PARTIDOS POLÍTICOS................................................................................................................282

SEGUNDO REINADO: ASPECTOS ADMINISTRATIVOS, MILITARES, ECONÔMICOS, SOCIAIS E


TERRITORIAIS..................................................................................................................................................283

CRISE DA MONARQUIA E PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA........................................................................283

BRASIL REPÚBLICA..........................................................................................................................283
ASPECTOS ADMINISTRATIVOS, CULTURAIS, ECONÔMICOS, SOCIAIS E TERRITORIAIS, REVOLTAS,
CRISES E CONFLITOS......................................................................................................................................283

A PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL..............................................................303

O TERRITÓRIO NACIONAL...............................................................................................................304

A CONSTRUÇÃO DO ESTADO E DA NAÇÃO, A OBRA DE FRONTEIRAS, FUSOS HORÁRIOS E A


FEDERAÇÃO BRASILEIRA...............................................................................................................................304

O ESPAÇO BRASILEIRO: RELEVO, CLIMAS, VEGETAÇÃO, HIDROGRAFIA E SOLOS...................................318

POLÍTICAS TERRITORIAIS: MEIO AMBIENTE...............................................................................................323

MODELO ECONÔMICO BRASILEIRO: O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO, O ESPAÇO INDUSTRIAL,


A ENERGIA E O MEIO AMBIENTE, OS COMPLEXOS AGROINDUSTRIAIS E OS EIXOS DE CIRCULAÇÃO
E OS CUSTOS DE DESLOCAMENTO...............................................................................................................326

A POPULAÇÃO BRASILEIRA: A SOCIEDADE NACIONAL, A NOVA DINÂMICA DEMOGRÁFICA, OS


TRABALHADORES E O MERCADO DE TRABALHO, A QUESTÃO AGRÁRIA, POBREZA E EXCLUSÃO
SOCIAL E O ESPAÇO DAS CIDADES...............................................................................................................335

POLÍTICAS TERRITORIAIS E REGIONAIS: A AMAZÔNIA, O NORDESTE, O MERCOSUL E A


AMÉRICA DO SUL..............................................................................................................................339

INGLÊS................................................................................................................................. 347
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES ..................................................................................................347

COMPREENDER A UTILIZAÇÃO DE MECANISMOS DE COESÃO E COERÊNCIA NA


PRODUÇÃO ESCRITA........................................................................................................................347

COMPREENDER DE QUE FORMA DETERMINADA EXPRESSÃO PODE SER INTERPRETADA


EM RAZÃO DE ASPECTOS SOCIAIS E/OU CULTURAIS.................................................................347

ANALISAR OS RECURSOS EXPRESSIVOS DA LINGUAGEM VERBAL, RELACIONANDO


TEXTOS E CONTEXTOS MEDIANTE A NATUREZA, FUNÇÃO, ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA,
DE ACORDO COM AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO.......................................................................348

CONTEÚDOS LINGUÍSTICOS TEXTUAIS.........................................................................................349

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO...........................................................................................................352

SINONÍMIA E ANTONÍMIA...............................................................................................................354

CORRELAÇÃO MORFOLÓGICA, SINTÁTICA E/OU SEMÂNTICA...................................................356

PRONOMES E SUAS REFERÊNCIAS................................................................................................357

ARTIGOS (DEFINIDOS E INDEFINIDOS)...........................................................................................360

SINGULAR E PLURAL........................................................................................................................361

VERBOS NO TEMPO PRESENTE, PARA EXPRESSAR HÁBITOS E ROTINAS, EM SUAS


FORMAS AFIRMATIVA, INTERROGATIVA OU NEGATIVA.............................................................363
VERBOS NO PRESENTE CONTÍNUO, PARA EXPRESSAR ATIVIDADES MOMENTÂNEAS E
FUTURO, EM SUAS FORMAS AFIRMATIVA, INTERROGATIVA OU NEGATIVA............................363

COMPARATIVO E SUPERLATIVO.....................................................................................................364

ADJETIVOS E ADVÉRBIOS E SUAS POSIÇÕES NAS FRASES.......................................................365

QUANTIFICADORES (MANY, MUCH, FEW, LITTLE, A LOT OF).......................................................368


REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS

Existem 3 maneiras distintas de se presentar Conjuntos:

z Analítica,
MATEMÁTICA z Sintética;
z Diagrama de Euler-Venn (ou simplesmente Diagrama).

Na representação Analítica destaca-se cada um


dos elementos que pertencem a um determinado con-
TEORIA DOS CONJUNTOS E junto. Nos exemplos que foram mencionados acima
CONJUNTOS NUMÉRICOS (conjuntos M, P e N), todos eles foram representados
desta maneira.
A Teoria de Conjuntos deve ser vista como Na representação Sintética devemos destacar uma
um dos tópicos mais importantes da Matemática característica que seja comum a todos os elementos
Contemporânea. pertencentes a um conjunto qualquer. Nos exemplos
É ela que dá sustentação lógica a outros tópicos que mencionamos acima, esta representação ficaria
inerentes à Matemática, como por exemplo: Funções, da seguinte maneira (abaixo Lê-se x/x como “x é tal
Probabilidade, Análise Combinatória, Polinômios, que x tem a propriedade”:
Progressões (Aritméticas e Geométricas) etc.
Acreditar nos alicerces estabelecidos por esta Teo- z M = {x / x é mês do ano com 31 dias};
ria é ter a garantia de que o rigor matemático, a coe-
z P = {x / x é número primo};
são e a elegância na exposição do conteúdo terão seu
z N = {x / x é país da América do Norte}.
lugar de destaque garantidos.
Na representação por Diagramas devemos definir
REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS,
uma região (normalmente um círculo) onde devem
SUBCONJUNTOS, OPERAÇÕES
ser representados todos os elementos pertencentes
ao conjunto. Importante não esquecer de nomear o
União, interseção, diferença e complementar.
conjunto.
Conjunto universo e conjunto vazio
Observe as situações abaixo (já apresentados ante-
No contexto da Teoria de Conjuntos, três noções riormente) que são exemplos desta representação:
primitivas são aceitas sem definição e, portanto, não
necessitam de demonstração. São elas: P
z Conjunto,
2 17
z Elemento;
z Pertinência entre Conjunto e Elemento. 3
11 5
Os Conjuntos (ou coleções) devem ser representa-
dos por letras latinas Maiúsculas: A, B, C etc.
7
Alguns exemplos de Conjuntos:
13
z M = {janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro, 19
dezembro} é o conjunto dos meses do ano que pos-
suem 31 dias;
z P = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19} é o conjunto dos núme-
ros primos até 19; N
z N = {Estados Unidos, Canadá, México} é o conjunto
dos países da América do Norte.
Estados Unidos
Os Elementos referem-se aos objetos inerentes
aos Conjuntos. Nos exemplos acima, cada um dos
componentes dos Conjuntos apresentados são ele- México
mentos destes (por exemplo: no conjunto dos núme-
ros primos, cada número ali destacado representa um
elemento deste conjunto). Canadá
A Relação de Pertinência entre Conjunto e Ele-
mento estabelece a identificação entre estes. Para
tanto utilizamos os símbolos ∈ (pertence) ou ∉ (não
pertence).
MATEMÁTICA

Nos exemplos acima temos algumas situações para


Figura 1. Representação de conjuntos por diagramas
destacar esta relação:

z O mês de abril não pertence ao conjunto M, ou sim- CONJUNTO UNITÁRIO


bolicamente, Abril ∉ M;
z O número 11 pertence ao conjunto P, ou simboli- Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
camente, 11 ∈ P; junto Unitário quando ele apresentar exatamente
z O Haiti não pertence ao conjunto N, ou simbolica- um único elemento (ou objeto).
mente, Haiti ∉ N. São exemplos de Conjuntos Unitários: 15
z H = {1986} é o conjunto formado pelo ano do Sécu- CONJUNTOS IGUAIS
lo XX em que o Cometa Halley pôde ser visto por
quem estava na Terra. Observe que este conjunto Dois conjuntos A e B são iguais quando todo ele-
apresenta somente um único elemento, ou seja, mento de A pertence a B, e vice-versa.
1986; A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
z F = {Michael Phelps} é o conjunto formado pelo utilizada neste contexto é a seguinte: A = B ⟺ (∀x)(x
esportista que mais ganhou medalhas olímpicas. ∈ A ⟺ x ∈ B) (Lê-se: A é igual a B, se, e somente se,
Observe que este conjunto apresenta somente um qualquer que seja x, x pertence a A se, e somente se, x
único elemento, ou seja, ele é composto pelo meda- pertence a B).
lhista Norte-Americano Michael Phelps (ganhador Duas observações são bastante importantes e
de 28 medalhas olímpicas, em um total de 4 Olím- impactam diretamente na compreensão de outros
piadas que participou); conteúdos que dependem de Teoria de Conjuntos:
z Conjunto dos números primos pares. Neste caso, a
este conjunto pertence somente o número 2. z A ordem na Teoria de Conjuntos não importa (não
interfere)! Observe o conjunto A = {1, 2, 3, 4}. Se
CONJUNTO VAZIO trocarmos a ordem dos elementos deste conjun-
to, como por exemplo {3, 1, 4, 2}, este conjunto
Um determinado conjunto recebe o nome de Con- continua recebendo o nome de A, pois apresenta
junto Vazio quando ele não apresentar elemento (ou os mesmos elementos (mesmo estando estes em
objeto) algum. A notação utilizada para representar ordem distinta daquela apresentada inicialmen-
um Conjunto Vazio é: {} ou ∅ te). Portanto, variações do conjunto A (outras pos-
síveis são: {1, 3, 4, 2}, {4, 3, 1, 2}, {2, 3, 4, 1} etc.) no
que tange a ordem dos elementos não interferem
Importante! em sua nomeação.
z A repetição na Teoria de Conjuntos não importa
É muito comum as pessoas representarem o (não interfere)! Observe o mesmo conjunto A = {1,
Conjunto Vazio da seguinte maneira: {∅} 2, 3, 4]. Se repetirmos os elementos deste conjunto,
Na verdade, o que se tem aí é um conjunto que como por exemplo {2, 2, 3, 4, 4, 1, 1, 1}, este conjun-
possui um único elemento que é o conjunto to continua recebendo o nome de A, pois apresenta
vazio. os mesmos elementos (mesmo estando estes repe-
Complicado? tidos). Cabe destacar que neste caso a quantidade
O importante é não cometer este erro de forma de elementos continua sendo a mesma, ou seja,
4 elementos pertencem ao conjunto A. Portanto,
alguma: utilize {} ou ∅, e nunca as duas represen-
variações do conjunto A (outras possíveis são: {1,
tações ao mesmo tempo!
2, 2, 3, 3, 3, 4, 4, 4, 4}, {1, 2, 3, 3, 3, 4}, {4, 4, 2, 2, 3, 1,
4} etc.) no que tange a repetição dos elementos não
São exemplos de Conjuntos Vazios: interferem em sua nomeação.

z Conjunto dos meses que apresentam 32 dias; SUBCONJUNTO


z Países que fazem parte da América do Norte e que
começam com a letra W; Um conjunto A é Subconjunto de um conjunto B se,
e somente se, todo elemento de A pertence também a B.
z Número primo irracional;
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
z Seleção de Futebol que tenha conquistado 10
utilizada neste contexto é a seguinte: A ⊂ B ⟺ (∀x)(x ∈
Copas do Mundo.
A ⇒ x ∈ B) (Lê-se: A está contido em B, se, e somente se,
qualquer que seja x, x pertence a A, então x pertence a B).
CONJUNTO UNIVERSO
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
ção da seguinte maneira:
Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
junto Universo quando a ele pertencem todos os
elementos.
B
No exemplo abaixo o conjunto universo conside-
rado poderia ser os seguintes:

z Se fossemos escolher um aluno qualquer do 1º ano A


B do Ensino Médio de uma Escola que apresen-
tasse uma determinada característica (como por
exemplo o uso de óculos de grau), nosso Conjunto
Universo poderia ser representado pela Turma ao
qual o aluno pertence (no caso o 1º ano B), ou ainda
a Escola onde ele estuda. Percebam que neste caso
dá para escolher mais de um conjunto Universo.

Você poderá escolher o Conjunto Universo ao Figura 2. Subconjunto A do conjunto B


qual pertencem todos os elementos que são de seu
interesse. Perceba que todo elemento pertencente ao conjun-
Dentre estes, você selecionará aqueles que apre- to A (no interior da região verde), automaticamente,
16 sentam a característica procurada (ou de interesse). pertence também a B.
É desta maneira que representamos por Diagra- Por intermédio do Conjunto das Partes de um
mas a relação de inclusão A ⊂ B. Concluímos que A é determinando conjunto dado (A por exemplo), pode-
subconjunto de B. mos reforçar aquilo que talvez você já tenha perce-
Diferentemente do que acontece quando relaciona- bido intuitivamente, ou seja, um conjunto pode ser
mos elementos com conjuntos (ali vigoram as relações elemento de outro conjunto.
de pertinência, ou seja, somente utilizamos ∈ (pertence) Antes de apresentarmos um exemplo que possa
ou ∉ (não pertence)), quando tratamos da relação entre ilustrar esta situação, uma propriedade importante
conjuntos, utilizamos os símbolos abaixo: deve ser destacada: o número de elementos de P (A) é
dado por 2n, ou seja, 2 elevado ao número de elemen-
z ⊂ (está contido) ou;
tos do conjunto A.
z ⊄ (não está contido) ou;
z ⊃ (contém) ou;
Exemplo 1: Determine o conjunto das partes de B
z ⊅ (não contém).
= {1, 2, 3, 4}.
Dá-se o nome de Subconjunto Impróprio de B à Resposta:
seguinte situação:
P(B) = {{1}, {2}, {3}, {4}, {1, 1}, {1, 3}, {1, 4}, {2, 3},
A=B {2, 4}, {3, 4}, {1, 2, 3}, {1, 2, 4}, {1, 3, 4}, {2, 3, 4}, {1, 2,
3, 4}, ∅}

Observe que temos acima representados, todos


os subconjuntos do conjunto B, ou seja, P(B). Atenção
especial deve ser dada aos elementos (que aqui são
conjuntos) {1, 2, 3, 4} (perceba que é o próprio conjun-
to B, pois todo conjunto está contido nele mesmo) e ∅
(o conjunto vazio está contido em qualquer conjunto).
Observe também que a quantidade de elementos é
dada por 2n = 24 = 16 subconjuntos!

Exemplo 2: Determine o conjunto das partes de C


Figura 3. Subconjunto Impróprio de B
= {1, 2, 3}.
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos) Resposta:
utilizada neste contexto é a seguinte: A = B ⟺ (A ⊂ B
e B ⊂ A) (Lê-se: A é igual a B, se, e somente se, A está P(C) = {{1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, {1, 2, 3}, ∅}
contido em B e B está contido em A).
Duas propriedades são bastante importantes e Observe que temos acima representados, todos
impactam diretamente na compreensão de outros os subconjuntos do conjunto C, ou seja, P(C). Atenção
conteúdos que dependem de Teoria de Conjuntos:
especial deve ser dada aos elementos (que aqui são
conjuntos) {1, 2, 3} (perceba que é o próprio conjunto
z O conjunto vazio está contido em qualquer con-
junto! Representamos esta situação da seguinte C, pois todo conjunto está contido nele mesmo) e ∅ (o
maneira: Ø ⊂ A. Apesar de parecer insignificante conjunto vazio está contido em qualquer conjunto).
em um primeiro momento (aquelas observações Observe também que a quantidade de elementos é
que passam desapercebidas quando estudo um dada por 2n = 23 = 8 subconjuntos!
determinado assunto), esta propriedade é extre- Vamos utilizar de diagramas para entender melhor
mamente importante para a simplificação de
demonstrações de Teoremas. Sem ela, diversas a importância da Partição do conjunto C:
situações envolvendo conjuntos teriam suas “com-
provações” apresentadas de uma maneira muito C
mais extenuante (cansativa)!
z Todo conjunto está contido em si mesmo! Repre-
1
sentamos esta situação da seguinte maneira: A ⊂ A.
Também aparentemente insignificante, esta pro-
priedade tem seu “lugar de destaque” no contexto
da Teoria de Conjuntos e é extremamente útil no
que se refere a simplificação de demonstrações de
Teoremas. Ela também recebe o nome de Proprie- 2 3
dade Reflexiva.
MATEMÁTICA

CONJUNTO DAS PARTES OU PARTIÇÃO

Dado um conjunto A, chama-se Conjunto das Par-


tes (ou Partição) de A (representado por P(A)), aquele Figura 4. Partição do conjunto C, com elementos tomados 1 a 1
que é formado por todos os subconjuntos de A.
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: P(A) = {X / X ⊂ A}, Situação que apresenta cada um dos elementos de
onde X é subconjunto de A (Lê-se: X é tal que, X está C tomados 1 a 1, ou seja, 3 subconjuntos aparecem cla-
contido em A). ramente separados: {1}, {2} e {3}. 17
C Situação que apresenta o próprio conjunto C toma-
do 3 a 3, ou seja, 1 subconjunto aparece claramente:
1 {1, 2, 3}. Perceba que aqui vale a observação referente
ao fato de que todo conjunto está contido nele mesmo.
Por fim tente “dar um up” em sua abstração e per-
ceber que o conjunto vazio é complementar (veremos
adiante o que isto signifique! Depois de ter acesso a este
2 3 conteúdo não se esqueça de voltar aqui!) do conjunto C.
De certa maneira, podemos dizer que ele está represen-
tado acima (onde aparece o próprio conjunto C).

UNIÃO OU REUNIÃO DE CONJUNTOS


C
Dados dois conjuntos A e B, chama-se União de A e
1 B o conjunto formado pelos elementos que pertencem
a A ou a B (disjunção lógica).
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: A ∪ B = {x / x ∈
A ou x ∈ B} (Lê-se: os elementos do conjunto A união
2 3 com B são representados por x, tal que x pertence a A
ou x pertence a B).
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
ção da seguinte maneira:

C A B
1

2 3

Figura 5. Partições do conjunto C, com elementos tomados 2 a 2


Figura 7. União dos conjuntos A e B

Situação que apresenta cada um dos elementos de


Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-
C tomados 2 a 2, ou seja, 3 subconjuntos aparecem cla-
ramente separados: {1, 3}, {1, 2}, {2, 3}. Perceba que to A ∪ B (A união com B) são aqueles que pertencem
aqui vale a observação referente a repetição de ele- exclusivamente a A, unidos com aqueles que perten-
mentos na Teoria de Conjuntos, ou seja, os elementos cem exclusivamente a B, unidos com aqueles que per-
{1}, {2} e {3} aqui aparecem repetidos, mas já foram tencem a intersecção (como veremos em seguida!).
tomados na primeira situação abordada neste exem-
É desta maneira que representamos por Diagra-
plo. Portanto, você não irá tomá-los novamente!
mas a relação de disjunção lógica A ∪ B.
C
INTERSECÇÃO DE CONJUNTOS

1
Dados dois conjuntos A e B, chama-se Intersecção
de A e B o conjunto formado pelos elementos que per-
tencem a A e a B (conjunção lógica).
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
2 3 utilizada neste contexto é a seguinte: A ∩ B = {x / x ∈ A
e x ∈ B} (Lê-se: os elementos do conjunto A intersecção
com B são representados por x, tal que x pertence a A e
x pertence a B).
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
18 Figura 6. Partição do conjunto C, com elementos tomados 3 a 3 ção da seguinte maneira:
A B A B

Figura 10. Intersecção em relação ao Princípio da Inclusão-Exclusão


Figura 8. Intersecção dos conjuntos A e B
Observe acima que ao representarmos na figura (à
Perceba que os elementos pertencentes ao conjun- esquerda) o conjunto A, automaticamente a intersec-
to A ∩ B (A intersecção com B) são aqueles que perten- ção de A com B (A ∩ B) foi adicionada, pois ela está
cem a A e B simultaneamente. contida em A ((A ∩ B) ⊂ A). O mesmo ocorre em rela-
É desta maneira que representamos por Diagra- ção ao conjunto B: automaticamente a intersecção de
mas a relação de conjunção lógica A ∩ B. A com B (A ∩ B) foi adicionada (figura à direita), pois
ela está contida em B ((A ∩ B) ⊂ B). Portanto temos
que eliminar a intersecção uma vez (corresponden-
Dica
te ao termo n(A ∩ B) no Princípio da Inclusão-Exclu-
Existe uma diferença entre Conjuntos Disjuntos são), para que esta contagem não seja excedida.
(intersecção vazia) e Conjuntos Intersecantes
(intersecção não vazia). DIFERENÇA DE CONJUNTOS
Acima, por diagramas, representamos dois con-
juntos A e B Intersecantes. Veja na figura abaixo Dados dois conjuntos A e B, chama-se Diferença
como devemos representar Conjuntos Disjuntos. entre A e B o conjunto formado pelos elementos de A
que não pertencem a B.
A B A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: A – B = {x / x ∈
A e x ∉ B} (Lê-se: os elementos do conjunto A diferença
com B são representados por x, tal que x pertence a A e
x não pertence a B).
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
ção da seguinte maneira:

A B

Figura 9. Conjuntos A e B disjuntos

Apresentadas as operações de União e Intersecção


entre dois ou mais conjuntos (isso mesmo, você poderia
expandir o que aprendemos nestes dois últimos tópicos
para 3 ou 4 conjuntos por exemplo) um princípio é de
extrema importância para não contabilizarmos a mais a
quantidade de elementos de um conjunto qualquer.
Trata-se do Princípio da Inclusão-Exclusão cuja Figura 11. Conjunto A diferença com B
notação (mais rigorosa e carregada de símbolos) é a
seguinte: n(A ∪ B) = n(A) + n(B) – n(A ∩ B) (Lê-se: o Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-
número de elementos do conjunto A união com B é dado to A – B (A diferença com B) são aqueles que perten-
pelo número de elementos de A, somado com o número
cem exclusivamente ao conjunto A.
de elementos de B, menos o número de elementos de A
Da mesma maneira podemos definir o conjunto
intersecção com B).
B – A (B diferença com A) são aqueles que pertencem
Observe as seguintes passagens abaixo para cons-
exclusivamente ao conjunto B (veja figura abaixo).
tatar a veracidade do Princípio:

A B A B
MATEMÁTICA

Figura 12. Conjunto B diferença com A 19


DIFERENÇA SIMÉTRICA DE CONJUNTOS CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS E INTEIROS

Dados dois conjuntos A e B, chama-se Diferença Operações fundamentais, número de divisores,


Simétrica de A com B o conjunto formado pelos ele- máximo divisor comum e mínimo múltiplo comum
mentos que pertencem exclusivamente a A ou a B.
A notação (mais rigorosa e carregada de símbo- Operações e Propriedades
los) utilizada neste contexto é a seguinte: A Δ B = (A ∪
B) – (A ∩ B) = (A – B) ∪ (B – A) (Lê-se: os elementos do
Os números construídos com os algarismos de 0 a
conjunto A diferença simétrica com B são representa-
dos pela diferença entre o conjunto A união com B e A 9 são chamados de naturais. O símbolo desse conjun-
intersecção com B, ou ainda, este mesmo conjunto pode to é a letra N, e podemos escrever os seus elementos
ser representado pela união entre a diferença de A com entre chaves:
B e de B com A). N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16,
Por diagramas poderíamos representar esta situa- 17, …}
ção da seguinte maneira: Os três pontos “as reticências” indicam que este
conjunto tem infinitos números naturais.
A B O zero não é um número natural propriamente
dito, pois não é um número de “contagem natural”.
Por isso, utiliza-se o símbolo N* para designar os
números naturais positivos, isto é, excluindo o zero.
Vejam: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7…}

Dica
O símbolo do conjunto dos números naturais é
a letra N e podemos ter ainda, o símbolo N*, que
representa os números naturais positivos, isto é,
excluindo o zero.

Conceitos básicos relacionados aos números


Figura 13. Conjunto Diferença Simétrica de A com B
naturais:
COMPLEMENTAR DE B EM RELAÇÃO A A
z Sucessor: é o próximo número natural.
Dados dois conjuntos A e B, tais que B ⊂ A, cha-
Exemplo: o sucessor de 4 é 5, e o sucessor de 51 é
ma-se Complementar de B em relação a A o conjunto
52. E o sucessor do número “n” é o número “n+1”.
A – B, isto é, o conjunto dos elementos de A que não
pertencem a B.
z Antecessor: é o número natural anterior.
A notação (mais rigorosa e carregada de símbo-
los) utilizada neste contexto é a seguinte: CBA = A – B
(Lê-se: complementar de B em relação a A, equivale à A Exemplo: o antecessor de 8 é 7, e o antecessor de 77
diferença com B). é 76. E o antecessor do número “n” é o número “n-1”.
O complementar de B em relação a A também pode
c
ser representado por: B ou B . z Números consecutivos: são números em sequência.
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
ção da seguinte maneira: Exemplo: 5, 6, 7 são números consecutivos, porém
10, 9, 11 não são. Assim, (n-1, n e n+1) são números
A consecutivos.

z Números naturais pares: é aquele que, ao ser divi-


dido por 2, não deixa resto. Por isso o zero também
é par. Logo, todos os números que terminam em 0,
2, 4, 6 ou 8 são pares.
B z Números naturais ímpares: ao serem divididos por
2, deixam resto 1. Todos os números que terminam
em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares.

A soma ou subtração de dois números pares tem


resultado par.
Ex.: 12 + 8 = 20; 12 – 8 = 4.
A soma ou subtração de dois números ímpares tem
Figura 14. Conjunto Complementar de B em relação a A resultado par.
Ex.: 13 + 7 = 20; 13 – 7 = 6.
A soma ou subtração de um número par com outro
Importante! ímpar tem resultado ímpar.
c
O conjunto CBA = B = B só será diferente do con- Ex.: 14 + 5 = 19; 14 – 5 = 9.
junto vazio (Ø) se for respeitada a restrição de A multiplicação de números pares tem resultado
que B ⊂ A. par.
20 Ex.: 8 x 6 = 48.
A multiplicação de números ímpares tem resulta- Propriedade associativa: quando é feita a adição
do ímpar: de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles, pri-
Ex.: 3 x 7 = 21. meiramente, e a depois somar o outro, em qualquer
A multiplicação de um número par por um núme- ordem, que vamos obter o mesmo resultado.
ro ímpar tem resultado par: Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10
Ex.: 4 x 5 = 20.
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
Números inteiros
adição, pois qualquer número somado a zero é
Os números inteiros são os números naturais e igual a ele mesmo.
seus respectivos opostos (negativos). Veja:
Z = {..., -7, -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...} Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55.
O símbolo desse conjunto é a letra Z. Uma coisa
importante é saber que todos os números naturais z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme-
são inteiros, mas nem todos os números inteiros são ros inteiros sempre gera outro número inteiro.
naturais. Logo, podemos representar através de dia-
gramas e afirmar que o conjunto de números naturais Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o
está contido no conjunto de números inteiros ou ain- número inteiro 10 (8 + 2 = 10).
da que N é um subconjunto de Z. Observe:
� Subtração: subtrair dois números é o mesmo que
diminuir, de um deles, o valor do outro. Ou seja,
subtrair 7 de 20 significa retirar 7 de 20, restando
13: 20 – 7 = 13.

Z N Veja mais alguns exemplos:


Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20

As principais propriedades da operação de


subtração:
Podemos destacar alguns subconjuntos de núme-
ros. Veja: z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-
ros altera o resultado, a subtração de números não
z Números Inteiros não negativos = {4,5,6...}. Veja possui a propriedade comutativa.
que são os números naturais.
z Números Inteiros não positivos = {… -3, -2, -1, 0}. Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130.
Veja que o zero também faz parte deste conjunto,
pois ele não é positivo nem negativo. z Propriedade associativa: não há essa propriedade
z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero na subtração.
não faz parte. z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen-
subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer
te, o zero não faz parte.
número, este número permanecerá inalterado.
Operações com números inteiros
Ex.: 13 – 0 = 13.
Há quatro operações básicas que podemos efetuar
com estes números são: adição, subtração, multiplica- z Propriedade do fechamento: a subtração de dois
ção e divisão. números inteiros sempre gera outro número
inteiro.
z Adição: é dada pela soma de dois números. Ou
seja, a adição de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25 Ex.: 33 – 10 = 23.

Veja mais alguns exemplos: Multiplicação: a multiplicação funciona como se


MATEMÁTICA

Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18 fosse uma repetição de adições. Veja:


Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85
A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20
Principais propriedades da operação de adição:
três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte
z Propriedade comutativa: a ordem dos números vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
não altera a soma. Algo que é muito importante e você deve lembrar
sempre, são as regras de sinais na multiplicação de
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115. números. 21
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO SINAIS NA DIVISÃO

Operações Resultados Operações Resultados

+ + + + + +

- - + - - +

+ - - + - -

- + - - + -

z A multiplicação de números de mesmo sinal tem z A divisão de números de mesmo sinal tem resulta-
resultado positivo. do positivo.
Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3
Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99
z A divisão de números de sinais diferentes tem
z A multiplicação de números de sinais diferentes resultado negativo.
tem resultado negativo. Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24

Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75 Esquematizando:

As principais propriedades da operação de Dividendo


multiplicação. Divisor

30 5
z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou
0 6
seja, a ordem não altera o resultado.
Resto Quociente
Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40.
Dividendo = Divisor × Quociente + Resto
z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B)
30 = 5 · 6 + 0
x A, que é igual a (A x C) x B.
As principais propriedades da operação de divisão.
Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24.
Propriedade comutativa: a divisão não possui essa
propriedade.
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por
z Propriedade associativa: a divisão não possui essa
qualquer número, este número permanecerá
propriedade.
inalterado.
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
Ex.: 15 x 1 = 15. tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
por 1, o resultado será o próprio número.
z Propriedade do fechamento: a multiplicação de
números inteiros sempre gera um número inteiro. Ex.: 15 / 1 = 15.

Ex.: 9 x 5 = 45 z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em


uma diferença enorme dentro das operações de
z Propriedade distributiva: essa propriedade é números inteiros, pois a divisão não possui essa
exclusiva da multiplicação. Veja como fica: Ax(B+C) propriedade. Uma vez que ao dividir números
= (AxB) + (AxC) inteiros podemos obter resultados fracionários ou
decimais.
Ex.: 3x(5+7) = 3x(12) = 36
Usando a propriedade: Ex.: 2 / 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos
3x(5+7) = 3x5 + 3x7 = 15+21 = 36 números inteiros).

z Divisão: quando dividimos A por B, queremos Diretamente proporcional


repartir a quantidade A em partes de mesmo
valor, sendo um total de B partes. Um dos tópicos mais comuns em questões de pro-
va é “dividir uma determinada quantia em partes
Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50 proporcionais a determinados números. Vejamos um
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere- exemplo para entendermos melhor como esse assun-
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10 to é cobrado:
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes Exemplo:
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50. A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
Algo que é muito importante e você deve lembrar partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
22 sempre, são as regras de sinais na divisão de números. dessas partes corresponde a:
Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro- Logo, as partes dividas inversamente proporcio-
porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X nais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300K,
é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor- 240K e 200K.
cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de Os múltiplos de um número X são aqueles núme-
razão. Veja: ros que podem ser obtidos multiplicando X por outro
número natural. Agora observe o seguinte os múlti-
X Y Z plos dos números 4 e 6:
= = = constante de proporcionalidade.
4 5 6 M(4) = 4,8,12,16,20,24,28,32,36,...
M(6) = 6,12,18,24,30,36,42,...
Usando uma das propriedades da proporção,
Quais são os múltiplos iguais (comuns) entre os
somas externas, temos:
números? São eles: 12,24,36. E qual o menor deles? É
o número 12.
X+Y+Z 900.000
= 60.000 Sendo assim, o número 12 é o menor múltiplo
4+5+6 15
comum entre 4 e 6, ou seja, o MMC entre 4 e 6 é igual
A menor dessas partes é aquela que é proporcional a 12.
a 4, logo:
X
= 60.000
4
X = 60.000 x 4 EXERCÍCIOS COMENTADOS
X = 240.000
1. (VUNESP – 2015) Dividindo-se um determinado núme-
Inversamente proporcional ro por 18, obtém-se quociente n e resto 15. Dividindo-
-se o mesmo número por 17, obtém-se quociente (n +
2) e resto 1. Desse modo, é correto afirmar que n(n +
É um tipo de questão menos recorrente, mas não
2) é igual a
menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
a) 440.
quinhão inversamente proporcional a três números. b) 420.
Vejamos um exemplo: c) 400.
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes d) 380.
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6. e) 340.
Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis-
tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res- Dividendo = 18 x n + 15
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao Dividendo = 17 x (n+2) + 1
total que dever ser distribuído para facilitar o nosso 18 x n + 15 = 17 x (n+2) + 1
cálculo, veja: 18n + 15 = 17n + 34 + 1
18n – 17n = 35 – 15
X X X n = 20
+ + = 740.000 Logo, n.(n+2) = 20.(20+2) = 20.22 = 440. Resposta:
4 5 6
Letra A.
Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl-
tiplo comum) entre os denominadores para resolver- 2. (FGV – 2019) O resultado da operação 2+3×4−1 é
mos a fração.
a) 13.
4–5–6|2 b) 15.
2–5–3|2 c) 19.
1–5–3|3 d) 22.
1–5–1|5 e) 23.
1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60
Primeiro vamos fazer a multiplicação e depois as
Assim, dividindo o M. M. C. pelo denominador e demais operações:
multiplicando o resultado pelo numerador temos: 2 + 3 × 4 − 1 = 2 + 12 − 1 = 13
Resposta: Letra A
15x 12x 10x
+ + = 740.000
60 60 60 3. (INSTITUTO AOCP – 2018) O total de números que
37x estão entre o dobro de 140 e o triplo de 100 é igual a
= 740.000
60
a) 17.
X = 1.200.000 b) 19.
c) 21.
d) 23.
MATEMÁTICA

Agora basta substituir o valor de X nas razões para


achar cada parte da divisão inversa. e) 25.

x 1.200.000 Dobro de 140 = 280


= = 300.000 Triplo de 100 = 300
4 4
x 1.200.000 Total de números entre 280 e 300:
= =240.000 281 até 291 = 10 números
5 5
x 1.200.000 291 até 299 = 9 números
= = 200.000 10 + 9 = 19 números.
6 6
Resposta: Letra B. 23
5. (INSTITUTO CONSULPLAN – 2019) Os símbolos das Na linha de montagem de uma fábrica, há duas
operações que deverão ser inseridos nos quadrados luzes de sinalização, sendo que uma delas pisca a cada
para que o cálculo seja verdadeiro são, respectivamen- 20 minutos e a outra pisca a cada 35 minutos. Se às
te: 4_3_2_1 = 10
8 horas da manhã as duas luzes piscaram ao mesmo
tempo, isso irá ocorrer novamente às?
a) + / x / +
Resolução:
b) x / – / ÷
Observe “a cada 20 minutos” e “a cada 35 minu-
c) + / ÷ / –
tos”. Aqui temos uma ideia de repetição, pois se por
d) x / + / +
exemplo se a luz que pisca a cada 20 minutos picar às
4 * 3 – 2/1= 15h, ela irá piscar novamente depois de 20 minutos,
4 * 3 = 12 ou seja, 15h20. Depois às 15h40, 16h, etc.
–2/1= –2 = Logo, esse é um tipo clássico de questão sobre
12 – 2 = 10 MMC.
Resposta: Letra B.
Dica
Cálculo do MMC por fatoração simultânea
Atente-se para as palavras “a cada”, “em”, “ou”
Podemos calcular o MMC entre 2 ou mais números, nos enunciados que elas indicam uma ideia de
de maneira mais rápida, fazendo a fatoração simultâ- repetição, ciclo e periodicidade.
nea dos dois números. Veja:
Ex.: Calcule o MMC entre 6 e 8.

6 – 8 2 (aqui devemos colocar o menor número primo)


EXERCÍCIOS COMENTADOS
3 – 4 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido pelo 2) 1. (FCC – 2015) Para um evento promovido por uma
3–2 2 determinada empresa, uma equipe de funcionários
3–1 3
preparou uma apresentação de slides que deveria
transcorrer durante um momento de confraternização.
1 – 1 MMC = 2×2×2×3 = 24. Tal apresentação é composta por 63 slides e cada um
será projetado num telão por exatos 10 segundos. Foi
Logo, o MMC (6 e 8) = 24. ainda escolhida uma música de fundo, com duração de
Com esse método é possível calcular o MMC entre 4min40s para acompanhar a apresentação dos slides.
vários números. Vamos exercitar, dessa vez com mais Eles planejam que a música e a apresentação dos sli-
números. Ex.: Calcule o MMC entre os números 10, 12, 20. des comecem simultaneamente e “rodem” ciclicamen-
te, sem intervalos, até que ambas finalizem juntas. A
10 – 12 – 20 2 (aqui devemos colocar o menor número primo) fim de estudar a viabilidade desse plano, eles calcula-
ram que a quantidade de vezes que a música teria de
5 – 6 – 10 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido por 2)
tocar até que seu final coincidisse, pela primeira vez
5–3–5 3 depois do início, com final da apresentação seria
5–1–5 5
a) 5.
1–1–1 MMC = 2×2×3×5 = 60.
b) 42.
c) 12.
Logo, o MMC (10, 12 e 20) = 60. d) 35.
e) 9.
Dica
Slide = 630 segundos (63×10s)
Passos para calcular o MMC (fatoração Música = 280 segundos (4x60s+40s)
simultânea): MMC
1 – Montar uma coluna para os fatores primos e
colunas para cada um dos números; 630 280 2
2 – Começar a divisão dos números pelo menor
fator primo (2) e só ir aumentando quando 315 140 2
nenhum dos números puder ser dividido;
315 70 2
z Se algum dos números não puder ser dividido, bas- 315 35 5
ta copiá-lo para a próxima linha;
z O objetivo é fazer com que todos os números che- 63 7 7
guem ao valor 1; 9 1 3
z O MMC será a multiplicação dos fatores primos
utilizados. 3 1 3
1 1 2×2×2×5×7×3×3 = 2520
Pensando um pouco além e olhando para os tipos
de questões que aparecem nas provas, devemos ter
em mente que o enunciado relacionado a MMC sem- Logo, após 2520 segundos a música e o slide irão
pre trará uma ideia de periodicidade, repetição, ciclo terminar ao mesmo tempo.
de acontecimentos. Slide: 2520/630 = 4 voltas
24 Veja um exemplo: Música: 2520/280 = 9 voltas. Resposta: Letra E.
2. (VUNESP – 2017) Um comerciante possui uma caixa z Números decimais.
com várias canetas e irá colocá-las em pacotinhos,
cada um deles com o mesmo número de canetas. É Ex.: 1,75
possível colocar, em cada pacotinho, ou 6 canetas, ou
8 canetas ou 9 canetas e, em qualquer dessas opções,
z Dízimas periódicas.
não restará caneta alguma na caixa.
Desse modo, o menor número de canetas que pode
haver nessa caixa é Ex.: 0,33333...

a) 70. Operações e propriedades dos números racionais


b) 66.
c) 64. z Adição de números decimais: segue a mesma lógi-
d) 72. ca da adição comum.
e) 68.
Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4
MMC (6,8,9):
6–8–9 2 z Subtração de números decimais: segue a mesma
lógica da subtração comum.
3–4–9 2
Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18
3–2–9 2
3–1–9 3 z Multiplicação de números decimais: aplicamos o
mesmo procedimento da multiplicação comum.
1–1–3 3
Ex.: 4,6 × 1,75 = 8,05
1–1–1 2×2×2×3×3 = 72 canetas. Resposta: Letra D.
z Divisão de números decimais: devemos multipli-
CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS
car ambos os números (divisor e dividendo) por
uma potência de 10 (10, 100, 1000, 10000 etc.) de
Operações fundamentais modo a retirar todas as casas decimais presentes.
Após isso, é só efetuar a operação normalmente.
São aqueles que podem ser escritos na forma da
divisão (fração) de dois números inteiros. Ou seja,
Ex.: 5,7 ÷ 1,3
escritos na forma A/B (A dividido por B), onde A e B
5,7 × 100 = 570
são números inteiros.
1,3 × 100 = 130
Exemplos: 7/4 e -15/9 são racionais. Veja, também,
que os números 87, 321 e 1221 são racionais, pois são 570 ÷ 130 = 4,38
divididos pelo número 1.

Dica EXERCÍCIOS COMENTADOS


Qualquer número natural é também inteiro e todo 1. (FGV– 2010) Julgue as afirmativas a seguir:
número inteiro é também racional.
a) 0,555... é um número racional.
O símbolo desse conjunto é a letra Q e podemos
representar por meio de diagramas a relação entre os ( ) CERTO ( ) ERRADO
conjuntos naturais, inteiros e racionais, veja:
Repare que o número 0,555... é uma dízima periódi-
ca. Vimos na teoria que as dízimas periódicas são
Q um tipo de número RACIONAL. Resposta: Certo.

b) Todo número inteiro tem antecessor.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Z N
Qualquer número inteiro é possível obter o seu ante-
cessor. Basta subtrair 1 unidade. Veja: o antecessor
de 35 é o 34. O antecessor de 0 é -1. E o antecessor de
-299 é o -300. Resposta: Certo.

2. (FCC – 2018) Os canos de PVC são classificados de


MATEMÁTICA

acordo com a medida de seu diâmetro em polegadas.


Representação fracionária e decimal
Dentre as alternativas, aquela que indica o cano de
maior diâmetro é
Há 3 tipos de números no conjunto dos Números
Racionais:
a) 1/2.
b) 1 ¼.
z Frações:
c) 3/4.
d) 1 ½.
8 3 7
Ex.: 3 , 5 , 11 etc. e) 5/8. 25
Vamos deixar todos na forma decimal. Ou seja,
vamos dividir o numerador pelo denominador da
fração. Veja:
5/8 = 0,625
½ = 0,5
1 ¼ = 1 + 0,25 = 1,25 ℕ ℤ 𝕀
¾ = 0,75
1 ½ = 1 + 0,5 = 1,5 ℚ
Logo, o maior diâmetro será 1 ½ polegadas, que
corresponde a 1,5 polegadas. Resposta: Letra D. ℜ
3. (FCC – 2017) Sabendo que o número decimal F é
0,8666 . . . , que o número decimal G é 0,7111 . . . e que ℕ= Naturais
o número decimal H é 0,4222 . . . , então, o triplo da ℤ= Inteiros
soma desses três números decimais, F, G e H, é igual a ℜ =Reais
ℚ=Racionais
a) 6,111 . . . 𝕀 = Irracionais
b) 5,888 . . .
c) 6 Quando relacionamos elementos e conjuntos usamos
d) 3 os símbolos ∈(pertence) ou ∉ (não pertence) e quando
e) 5,98 relacionamos conjunto com conjunto usamos os símbo-
los ⊂ (está contido) ou ⊄ (não está contido).
Podemos resolver de forma aproximada, somando:
0,8666 + 0,7111 + 0,4222 = 1,9999 (aproximadamente 2) N⊂ℤ
A soma é aproximadamente 3×2 = 6. Resposta: Letra C. I⊄ℚ

4. (FGV – 2016) Durante três dias, o capitão de um navio Razões e proporções, grandezas diretamente e
atracado em um porto anotou a altura das marés alta indiretamente proporcionais e porcentagem
(A) e baixa (B), formando a tabela a seguir.
A razão entre duas grandezas é igual a divisão
A B A B A B A B A B A entre elas, veja:
1,0 0,3 1,1 0,2 1,3 0,4 1,4 0,5 1,2 0,4 1,0
2
5
A maior diferença entre as alturas de duas marés con-
secutivas foi Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se “2 está
para 5”).
a) 1,0. Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
b) 1,1.
c) 1,2. 2 4
d) 1,3. =
3 6
e) 1,4.
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se “2
Vamos calcular as diferenças entre os valores da está para 3 assim como 4 está para 6”).
tabela. Veja: Os problemas mais comuns que envolvem razão
0,3 – 1 = -0,7 e proporção é quando se aplica uma “variável” qual-
1,1 – 0,3 = 0,8 quer dentro da proporcionalidade e se deseja saber o
0,2 – 1,1 = -0,9 valor dela. Veja o exemplo:
1,3 – 0,2 = 1,1
0,4 – 1,3 = -0,9 2 x ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
=
1,4 – 0,4 = 1 3 6
0,5 – 1,4 = -0,9
Para resolvermos esse tipo de problema devemos
1,2 – 0,5 = 0,7
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
0,4 – 1,2 = -0,8
ção: “produto dos meios pelos extremos”.
1,0 – 0,4 = 0,6
Note que a maior diferença é 1,1. Resposta: Letra D. Meio: 3 e x
Extremos: 2 e 6
CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
numa igualdade. Observe:
O conjunto dos números reais contém os números
racionais (naturais, inteiros e fracionários) e os números 3·X=2.6
irracionais, e é representado pela letra ℜ . Pode-se ilus- 3X = 12
trar a relação entre todos os conjuntos com o seguinte X = 12/3
26 diagrama: X=4
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol- Vejamos um exemplo:
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro-
priedade fundamental. Porém, algumas questões x
=
2
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser 14 - x 5
útil conhecer algumas propriedades para facilitar. x + 14 - x = 2 + 5
Vamos a elas. x 2
14 7
Propriedade das Proporções =
x 2
z Somas Externas 7 . x = 2 · 14

a c a+c x = 14 · 2 = 4
= =
b d b+d 7
Vamos entender um pouco melhor resolvendo um Portanto, encontramos que x = 4.
questão-exemplo: Observação: vale lembrar que essa propriedade
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê- também serve para subtrações internas.
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro- Soma com Produto por Escalar:
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos na a c a + 2b = c + 2d
= =
fábrica. Quanto cada um vai receber? b d b d
Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000
Diego vai receber, temos: proporcionalmente ao número de anos trabalhados.
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na
C D empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos.
= Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B o
3 2
prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa, temos:
Utilizando a propriedade das somas externas: A B
=
2 3
C D C+D
= = Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
3 2 3+2
funcionários na categoria B, podemos escrever que a
Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas), soma total dos prêmios é igual a R$13.000.
então podemos substituir na proporção:
2A + 3B = 13.000
C D C + D = 10.000 = 2.000
= =
3 2 3+2 5 Agora multiplicando em cima e embaixo de um
lado por 2 e do outro lado por 3, temos:
Aqui cabe uma observação importante!
Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de 2A 3B
Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das =
4 9
partes dentro da proporção. Veja:
Aplicando a propriedade das somas externas,
C = 2.000 podemos escrever o seguinte:
3
2A 3B = 2A + 3B
C = 2000 x 3 =
4 9 4+9
C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
D = 2.000 Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro-
2 porção, temos:
D = 2.000 x 2
2A 3B = 2A + 3B = 13.000 = 1.000
D = 4.000 (esse é o valor de Diego) =
4 9 4+9 13
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
ber R$4.000. Logo,

z Somas Internas 2A = 1.000


4
MATEMÁTICA

a c a+b = c+d 2A = 4 x 1.000


= = 2A = 4.000
b d b d
A = 2.000
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno- Fazendo a mesma resolução em B:
minador ao efetuar essa soma interna, desde que
3B = 1.000
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
9
proporção.
3B = 9 x 1.000
3B = 9.000
a c a+b = c+d
= = B = 3.000 27
b d a c
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa 4–5–6|2
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3 2–5–3|2
anos de casa receberão R$3.000 de bônus. 1–5–3|3
O total pago pela empresa será: 1–5–1|5
Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000 1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60
Agora vamos estudar um tipo de problema que
aparece frequentemente em provas de concursos Assim, dividindo o M. M. C. pelo denominador e
envolvendo razão e proporção. multiplicando o resultado pelo numerador temos:

15x 12x + 10x


REGRA DA SOCIEDADE + = 740.000
60 60 60
1. Diretamente proporcional 37x = 740.000
60
Um dos tópicos mais comuns em questões de pro-
X = 1.200.000
va é “dividir uma determinada quantia em partes
proporcionais a determinados números. Vejamos um
Agora basta substituir o valor de X nas razões para
exemplo para entendermos melhor como esse assun-
achar cada parte da divisão inversa.
to é cobrado:
Exemplo:
x 1.200.000 = 300.000
A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em =
4 4
partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor x 1.200.000 = 240.000
dessas partes corresponde a: =
5 5
Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro- x 1.200.000 = 200.000
porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X =
6 6
é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor-
Logo, as partes dividas inversamente proporcio-
cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de
nais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300K,
razão. Veja:
240K e 200K.
X Y Z = constante de proporcionalidade.
= =
4 5 6
Usando uma das propriedades da proporção, EXERCÍCIOS COMENTADOS
somas externas, temos:
1. (FAEPESUL - 2016) Em uma turma de graduação em
X+Y+Z 900.000 = 60.000 Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos que
4+5+6 15 a razão entre o número de mulheres e o número total
A menor dessas partes é aquela que é proporcional de alunos é de 5/8. Determine a quantidade de homens
desta sala, sabendo que esta turma tem 120 alunos.
a 4, logo:

X = 60.000 a) 43 homens
4 b) 45 homens
X = 60.000 x 4 c) 44 homens
X = 240.000 d) 46 homens
e) 47 homens
Inversamente proporcional
A razão entre o número de mulheres e o número
total de alunos é de 5/8:
É um tipo de questão menos recorrente, mas não
menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
M 5
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um T
=
8
quinhão inversamente proporcional a três números.
Vejamos um exemplo: A turma tem 120 alunos, então: T = 120
Exemplo: Fazendo os cálculos:
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6. M
=
5
Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis- T 8
tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res- M 5
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao =
120 8
total que dever ser distribuído para facilitar o nosso 8 x M = 5 x 120
cálculo, veja: 8M = 600

X + X + X = 740.000 M = 600
4 5 6 8
Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl- M = 75
tiplo comum) entre os denominadores para resolver- A quantidade de homens da sala:
28 mos a fração. 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
2. (VUNESP – 2020) Em um grupo com somente pessoas W= 267-44
com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número W= 223
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com Logo, os valores em ordem crescente que Wander-
21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes- son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente,
soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00. Resposta: Letra D.
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a
ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é 4. (CESPE - 2018) A respeito de razões, proporções e ine-
quações, julgue o item seguinte.
a) 30. Situação hipotética: Vanda, Sandra e Maura receberam
b) 29. R$ 7.900 do gerente do departamento onde trabalham,
c) 28. para ser divido entre elas, de forma inversamente propor-
d) 27. cional a 1/6, 2/9 e 3/8, respectivamente. Assertiva: Nes-
e) 26. sa situação, Sandra deverá receber menos de R$ 2.500.

A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o ( ) CERTO ( ) ERRADO


número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5.
6x 9x 8x = 7.900
120 4x total de 9x 1
+ 2
+ 3
=
121 5x
Tirando o MMC entre 1, 2 e 3 vamos achar 6. Temos:
No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão
aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e 36x
+
27x + 16x = 7.900
a razão em questão passará a ser de 5/8. 6 6 6

= 5 79x = 7.900
120 4x - 2
= 6
121 +
5x 2 1 - 8
x = 600
4x - 2 5 Sendo assim, Sandra está inversamente proporcio-
=
5x + 1 8 nal a:
8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
32x – 16 = 25x + 5 9x
7x = 21 2
x=3 Basta substituirmos o valor de X na proporção.
Para sabermos o total de pessoas, basta substituir o
valor de X na primeira equação: 9x 9 x 600 = 2.700
9x = 9 x 3 = 27 é o número total de pessoas nesse 2
=
2
grupo. Resposta: letra D.
(valor que Sandra irá receber é MAIOR que 2.500).
3. (IBADE - 2018) Três agentes penitenciários de um Resposta: Errado.
país qualquer, Darlan, Arley e Wanderson, recebem
juntos, por dia, R$ 721,00. Arley recebe R$ 36,00 mais 5. (IESES - 2019) Uma escola possui 396 alunos matricu-
que o Darlan, Wanderson recebe R$ 44,00 menos que lados. Se a razão entre meninos e meninas foi de 5/7,
o Arley. Assinale a alternativa que representa a diária determine o número de meninos matriculados.
de cada um, em ordem crescente de valores.
a) 183
a) R$ 249,00, R$ 213,00 e R$ 169,00. b) 225
b) R$ 169,00, R$ 213,00 e R$ 249,00. c) 165
c) R$ 145,00, R$ 228,00 e R$ 348,00. d) 154
d) R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00
e) R$ 267,00, R$ 231,00 e R$ 223,00. Total de alunos = 396
Meninos = H
Meninas = M
D + A + W = 721
A = D + 36 Razão: H 5x
W = A - 44 +
M 7x
Substituímos Arley em Wanderson:
W= A - 44 Agora vamos somar 5x com 7x = 12x
W= 36+D-44 12x é igual ao total que é 396
W= D-8 12x = 396
Substituímos na fórmula principal: x = 33
D + A + W = 721 Portanto o número de meninos será:
D + 36 + D + D – 8 = 721 Meninos = 5X = 5 x 33 = 165. Resposta: Letra C.
MATEMÁTICA

3D + 28 = 721 eses= 2.080,00 lucros.


3D = 721 - 28 Resposta: Letra C.
D = 693/3
D = 231 PORCENTAGEM
Substituímos o valor de D nas outras:
A = D + 36 A porcentagem é uma medida de razão com base
A= 231+36= 267 100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi-
W = A - 44 nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar
como podemos representar um número porcentual. 29
30% = 30 (forma de fração) Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula.
100 Porém, com a publicação do edital, a escola precisou
30% = 30 = 0,3 (forma decimal) aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de
100 horas-aula do curso ao final?
Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total
30% = 30 = 3 (forma de fração simplificada) de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o
100 10 aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% +
15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total
Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de
de horas-aula do curso será:
várias maneiras: (1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula
30% = 30 = 0,3 = 3
100 10 Dica
Também é possível fazer a conversão inversa, isto A avaliação do crescimento ou da redução per-
é, transformar um número qualquer em porcentual. centual deve ser feita sempre em relação ao
Para isso, basta multiplicar por 100. Veja: valor inicial da grandeza.
-
Variação percentual = Final Inicial
Inicial
25 x 100 = 2500%
0,35 x 100 = 35% Veja mais um exemplo para podermos fixar melhor.
0,586 x 100 = 58,6% Exemplo 2:
Juliano percebeu que ele ainda não assistiu a 200
Número Relativo aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de
aulas não assistidas a 180. É correto afirmar que, se
A porcentagem traz uma relação entre uma parte e Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o número terá
um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres- caído 20%?
ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo A variação percentual de uma grandeza corres-
que estamos especificando. Para descobrir a quanto ponde ao índice:
isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000.
Variação percentual = Final - Inicial = 180 - 200 =
10% de 1000 = 10 x 1000 = 100 Inicial 200
100 – 20 = - 0,10
Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é a 200
parte que corresponde a 10% de 1000. Como o resultado foi negativo, podemos afirmar
que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
Dica ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.
Quando o todo varias, a porcentagem também
varia!

Veja um exemplo:
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Em determinada loja,
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas
uma bicicleta é vendida por R$ 1.720 à vista ou em
por Roberto?
duas vezes, com uma entrada de R$ 920 e uma par-
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual,
cela de R$ 920 com vencimento para o mês seguinte.
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração.
Caso queira antecipar o crédito correspondente ao
valor da parcela, a lojista paga para a financeira uma
2 1
= taxa de antecipação correspondente a 5% do valor da
8 4
parcela.
Precisamos transformar em porcentagem, ou seja, Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
vamos multiplicar a fração por 100: Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan-
ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês.
1 x 100 = 25%
4 ( ) CERTO ( ) ERRADO

Soma e Subtração de Porcentagem Valor da bicicleta =1720,00


Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela)
As operações de soma e subtração de porcentagem Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00
são as mais comuns. É o que acontece quando se diz (entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00)
que um número excede, reduziu, é inferior ou é supe- No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja
rior ao outro em tantos por cento. A grandeza inicial 800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00
corresponderá sempre a 100%. Então, basta somar ou (juros) e dividir por 800,00 resultado:
subtrair o percentual fornecido dos 100% e multipli- 120,00/800,00 = 0,15% ao mês.
car pelo valor da grandeza. A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja,
30 Exemplo 1: está errada. Resposta: Errado.
2. (CESPE-CEBRASPE - 2019) Na assembleia legislati- Vamos dispor as informações em forma de conjun-
va de um estado da Federação, há 50 parlamentares, tos para facilitar nossa resolução:
entre homens e mulheres. Em determinada sessão
plenária estavam presentes somente 20% das deputa-
Graviola Açai
das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7
parlamentares presentes à sessão.
Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
bleia legislativa, havia
60% – 15% = 15% 50% – 15% =
a) 10 deputadas.
45% 35%
b) 14 deputadas.
c) 15 deputadas.
Nenhum = X
d) 20 deputadas.
e) 25 deputadas.
Vamos somar todos os valores e igualar ao total que
50 parlamentares é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100%
Deputadas = X 95% + X = 100%
Deputados = 50-X X = 5%. Resposta: Letra E.
Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7
parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de 5. (FUNCAB - 2015) Adriana e Leonardo investiram R$
cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o 20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação
valor de X. que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez
20% x + 10% (50-x) = 7 meses. O restante foi investido em uma aplicação,
20/100 . x + 10/100 . (50-x) = 7 que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante
2/10 . x + 1/10 . (50-x) = 7 o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas
2x/10 + 50 - x/10 = 7 (faz o MMC)
no sistema de juros simples.
2x + 50 - x = 70
Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles
2x - x = 70 - 50
tiveram:
x = 20 deputadas fazem parte da Assembleia Legis-
lativa. Resposta: Letra D.
a) prejuízo de R$2.800,00.
3. (VUNESP - 2016) Um concurso recebeu 1500 ins- b) lucro de R$3.200,00.
crições, porém 12% dos inscritos faltaram no dia da c) lucro de R$2.800,00.
prova. Dos candidatos que fizeram a prova, 45% eram d) prejuízo de R$6.000,00
mulheres. Em relação ao número total de inscritos, o e) lucro de R$5.000,00.
número de homens que fizeram a prova corresponde a
uma porcentagem de 3/5 de 20.000,00 = 12.000,00
12.000,00 · 4% = 480,00
a) 45,2%. 480 · 10 (meses) = 4.800 (juros)
b) 46,5%. O que sobrou 20.000,00 - 12.000,00 = 8.000,00. Apli-
c) 47,8%. cação que foi investida e gerou prejuízo de 5% ao
d) 48,4%. mês, durante 10 meses:
e) 49,3%.
8.000,00 · 5% = 400,00
400 · 10 meses= 4.000
Veja que se 12% faltaram, então 88% fizeram a
Portanto 20.000,00 + 4.800(juros) = 24,800,00 -
prova.
Pessoas presentes (88%) e dessas 45% eram mulhe- 4.000= 20.800,00 /10 meses= 2.080,00 lucros.
res e 55% eram homens. Portanto, basta multiplicar Resposta: Letra C.
o percentual dos homens pelo total:
55% de 88% das pessoas que fizeram a prova; ou NÚMEROS COMPLEXOS
0,55 x 0,88 = 0,484.
Transformando em porcentagem Números complexos: operações, módulo, conjugado
0,484 x 100 = 48,4%. Resposta: Letra D. de um número complexo, representações algébrica
e trigonométrica. Representação no plano de Argand
4. (FCC - 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevistados Gauss, Potencialização e radiciação. Extração de
preferem suco de graviola e 50% suco de açaí. Se 15% raízes. Fórmulas de Moivre. Resolução de equações
MATEMÁTICA

dos entrevistados gostam dos dois sabores, então,


binomiais e trinomiais
a porcentagem de entrevistados que não gostam de
nenhum dos dois é de
Denominamos conjunto dos Números Comple-
a) 80%. xos, representados por ℂ, o conjunto dos pares orde-
b) 61%. nados de números reais, que podem ser escritos na
c) 20%. forma:
d) 10%.
e) 5%. z = a + bi 31
Com: A potência in
A potência in é igual a ir, onde r é o resto da divisão
a∈R de n por 4
a∈R
i=√–1
Ex.: Encontre o valor de i75
Onde:
Fazendo a divisão do expoente de i pelo método da
a = Re(z): parte real de z chave, temos:

b = Im(z): parte imaginária de z


75 4
3 18
Partindo da definição, temos as seguintes
consequências:
Veja que o resto da divisão é igual a 3, como in = ir,
Se b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado número logo teremos: i75 = i3 = – i
imaginário.
Igualdade de Números Complexos
Se a = 0 e b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado
número imaginário puro.
Dois números complexos serão Iguais se, e somen-
Se b = 0, o número z = a + bi, é denominado número te se, suas partes reais e imaginárias também forem
real. iguais, ou seja:

{
Exs.: z1 = a1 + b1i e z2 = a2 + b2i

z1 = z2 ⟺ a1 = a2 e b1 = b2
a) z = 4 – 6i, Re(z) = 4 e Im(z) = – 6 (número imaginário).
2i 2
b) z = , Re(z) = 0 e Im(z) = (número imaginário Ex.: Se z1 = a + bi e z2 = – 9 + 4i, determine o valor
5 5
puro). de a e b, sabendo que z1 = z2
c) z = 12, Re(z) = 12 e Im(z) = 0 (número real).
Como z1 = z2, temos:
Potências de i
a + bi = – 9 + 4i
Sendo i = √– 1, podemos construir as seguintes
relações para as Potências de i: Portanto:

i0 = 1 a=–9eb=4

i =i
1
Conjugado de um Número Complexo
i = (√– 1) = –1
2 2
Dado um número complexo z = a + bi, chamamos
i3 = i2 ‧ i = (– 1) ‧ i = – i de Conjugado de z, o complexo z, tal que:

i4 = i2 ‧ i2 = (– 1) ‧ (– 1) = 1 z = a – bi
i5 = i4 ‧ i = 1 ‧ i = i
Observe que o conjugado tem apenas o sinal da
i6 = i5 ‧ i = i ‧ i = i2 = – 1 parte imaginária trocado e é representado por z.
i7 = i6 ‧ i = (– 1) ‧ i = – i Exs.:

z = 5 – 2i ⇒ z = 5 + 2i
Importante! z=i⇒z=–i
z=7⇒z=7
Observe que a cada quatro potências os resul-
tados se repetem, ou seja, as potências de i são
Observação: Veja que quando o complexo z tem
cíclicas somente a parte real o conjugado de z (z) será igual a
z. Essa é uma das propriedades do conjugado de um
Como consequência dessa repetição, podemos con- número complexo, que veremos a seguir.
cluir que só existem quatro valores possíveis para as
potências de i: Propriedades do Conjugado de um Número
Complexo

i0 = 1 i1 = i i2 = – 1 i3 = – i Para todo z ∈ C, temos:

Assim sendo, para encontrar qualquer valor de P1) z + z = 2 ‧ Re(z)


uma potência de i, basta dividir o expoente da potên- P2) z – z = 2 ‧ Im(z) ‧ i
32 cia e analisar o resto da divisão, ou seja: P3) z = z ⟺ z ∈ R
Conjugado da Soma e do Produto Frente à equação acima, é importante que você
não se esqueça que i2 = – 1
Se z1 e z2 são números complexos quaisquer, temos
que: Divisão de Números Complexos

1) z1 + z2 = z1 + z2
Para efetuar a Divisão entre dois números com-
plexos é necessário reescrever a divisão como uma
2) z1 ‧ z2 = z1 ‧ z2
fração e racionalizar o denominador dessa fração.
Para fazer a racionalização da fração, multiplicamos
Adição de Números Complexos
o denominador da mesma pelo seu conjugado. Esta é
Sejam dois números complexos z1 = a1 + b1i e z2 = a regra prática para dividir dois números complexos.
a2 + b2i, a Soma z1 + z2 é o número complexo cujo a z1 z1 z2
parte real é a soma das partes reais de z1 e z2 e a parte = ‧
imaginária é a soma das partes imaginárias de z1 e z2. z2 z2 z2

z1
Ex.: Dados z1 = – 6 + 2i e z2 = 4 + 7i, determine z1 + z2 Ex.: Dados z1 = – 1 + i e z2 = 4 – 2i, determine
z2
z1 + z2 = (– 6 + 2i) + (4 + 7i) z1 (– 1 + i) (4 + 2i) (– 1 ‧ 4 – 1 ‧ 2i + 4 ‧ i + 2 ‧ i2)
= ‧ = =
z1 + z2 = – 6 + 2i + 4 + 7i z2 (4 – 2i) (4 + 2i) 42 – (2i)2
z1 + z2 = – 6 + 4 + 2i + 7i
z1 + z2 = – 2 + 9i [– 4 – 2i + 4i + 2 ‧ (– 1)] (– 4 + 2i – 2) – 6 + 2i
= = =
16 – 4i 2
16 – 4 ‧ (– 1) 16 + 4
Subtração de Números Complexos
– 6 + 2i 6 2i 3 i 3 i
Dados dois números complexos z1 = a1 + b1i e z2 = a2 =– + =– + =– + i
+ b2i, definimos a Subtração z1 – z2 como: 20 20 20 10 10 10 10
REPRESENTAÇÃO (FORMA) TRIGONOMÉTRICA DE
z1 – z2 = z1 + (– z2) = (a1 + b1i) + (–a2 – b2i) = (a1 – a2) + UM NÚMERO COMPLEXO
(b1 – b2) ‧ i
Norma e Módulo
Apesar do raciocínio ser análogo à adição, ou seja,
fazemos a operação entre parte real e parte real; e Denominamos Norma de um número complexo z
entre parte imaginária e parte imaginária, na sub- = a + bi ao número real não negativo N (z) = a2 + b2.
tração é importante se atentar a ordem em que os
números complexos são apresentados. Denominamos Módulo ou Valor Absoluto de um
Para um melhor entendimento da Dica acima, número complexo z = a + bi ao número real não nega-
segue um exemplo. tivo |z| = √N(z) = √a2 + b2 . O módulo de um número
complexo também pode ser representado da seguinte
Ex.: Dados z1 = 3 + i e z2 = – 5 – 2i, determine z1 – z2 maneira: ⍴ ou r.

z1 – z2 = (3 + i) – (5 – 2i) Ex.:
z1 – z2 = 3 + i – 5 + 2i
z1 – z2 = 3 – 5 + i + 2i z = 3 + 2i ⇒ N(z) = 32 + 22 = 9 + 4 = 13 e |z| = √13
z1 – z2 =– 2 + 3i z = – 6i ⇒ N(z) = 3 = 02 + (– 6)2 = 0 + 36 = 36 e |z| = √36 = 6
z = 2 ⇒ N(z) = 22 + 02 = 4 + 0 = 4 e |z| = √4 = 2
Multiplicação de Números Complexos z = √21 – i ⇒ N(z) = (√21)2 + (– 1)2 = 21 + 1 = 22 e |z| = √22

A Multiplicação entre os números complexos z1 = Módulo do Produto, do Quociente e da Soma de


a1 + b1i e z2 = a2 + b2i é o complexo z1 ‧ z2, cuja parte Números Complexos
real é o produto das partes reais menos o produto das
partes imaginárias, e a parte imaginária é a soma dos Sejam z1 e z2 números complexos quaisquer, então
produtos da parte real de um deles pela parte imagi- temos que:
nária do outro.
1) |z1 ‧ z2| = |z1|‧|z2|
z1 ‧ z2 = (a1 + b1i) ‧ (a2 + b2i) = (a1 ‧ a2 – b1 ‧ b2) + (a1 ‧
z1 |z1|
MATEMÁTICA

b2 + b1 ‧ a2) ‧ i 2) = , (z2 ≠ 0)
z2 |z2|
Ex.: Dados z1 = 2 + i e z2 = 5 + 3i, determine z1 ‧ z2 3) |z1 + z2| ≤ |z1| + |z2|

z1 ‧ z2 = (2 + i) ‧ (5 + 3i) Plano de Argand-Gauss


z1 ‧ z2 = 2 ‧ 5 + 2 ‧ 3i + 5 ‧ i + 3i2
z1 ‧ z2 = 10 + 6i + 5i + 3 ‧ (– 1) Dado um número complexo z = a + bi, a sua repre-
z1 ‧ z2 = 10 – 3 + 11i sentação no Plano de Argand-Gauss é através de um
z1 ‧ z2 = 7 + 11i ponto, da seguinte maneira: 33
lm Multiplicação de Complexos na Forma
Trigonométrica

b z=a+bi Para efetuar a Multiplicação entre dois números


complexos em sua forma trigonométrica, basta mul-
tiplicar os módulos e somar os argumentos (se for o
|z|=p caso, tomar a menor determinação positiva da soma),
ou seja:

z1 = ⍴1 ‧ (cos θ1 + i ‧ sen θ1)


θ
a Re z2 = ⍴2 ‧ (cos θ2 + i ‧ sen θ2)
0
z1 ‧ z2 = ⍴1 ‧ ⍴2 ‧ [cos (θ1 + θ2) + i ‧ sen (θ1 + θ2)]
Onde:

|z|= ⍴ é o módulo de um número complexo Ex.: Dados z1 = 2 ‧ ( cos


π
5
+ i ‧ sen
π
5 ) e z2 = 3 ‧

θ é o argumento de um número complexo


( cos

5
+ i ‧ sen

5 )
, calcular z1 ‧ z2

Utilizando o Teorema de Pitágoras, no triângulo z1 ‧ z2 = ⍴1 ‧ ⍴2 ‧ [cos (θ1 + θ2) + i ‧ sen (θ1 + θ2)]
retângulo, obtido no plano Argand-Gauss, temos que:

⍴ = √a2 + b2 [ (
z1 ‧ z2 = 2 ‧ 3 ‧ cos
π
5
+

5 ) + i ‧ sen ( π
5
+

5 )]
Consideremos nesse triângulo retângulo as seguin-
tes relações: z1 ‧ z2 = 6 ‧ cos [ ( ) 4π
5
+ i ‧ sen ( )]4π
5
a
cos θ = ⍴ ⇒ a = ⍴ ‧ cos θ Divisão de Complexos na Forma Trigonométrica
b
sen θ = ⍴ ⇒ b = ⍴ ‧ sen θ
Para efetuar a Divisão entre dois números com-
plexos em sua forma trigonométrica, basta dividir os
Sendo θ = arc tg (b/a) módulos e subtrair os argumentos, ou seja:

Como z = a + bi, temos: z1 = ⍴1 ‧ (cos θ1 + i ‧ sen θ1)

z = ⍴ ‧ cos θ + ( ⍴ ‧ sen θ)i ⇒ z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) z2 = ⍴2 ‧ (cos θ2 + i ‧ sen θ2)


z1 ⍴1
Esta é a Forma Trigonométrica do complexo z. z2 = ⍴2 ‧ [cos (θ1 – θ2) + i ‧ sen (θ1 – θ2)]

Ex.: Vamos colocar z = 1 + i na Forma Trigonométrica Observação: O inverso de um número complexo é


escrito na forma trigonométrica por:
Se z = 1 + i, logo a = 1 e b = 1
z– 1 = ⍴– 1 ‧ [cos (– θ) + i ‧ sen (– θ)]
Calculando o módulo de z, temos:

⍴ = √a2 + b2 = √12 + 12 = √1 + 1 = √2
Ex.: Dados z1 = 8 ‧ cos

3 (
+ i ‧ sen

3 ) e z2 = 4 ‧

( )
2π 2π z1
Calculando o argumento de z, temos: cos + i ‧ sen , calcular z
3 3

}
2

a 1 1 √2 √2 z1 ⍴1
cos θ = ⍴ = = ‧ = θ = 45º (porque o ponto = ⍴ ‧ [cos (θ1 – θ2) + i ‧ sen (θ1 – θ2)]
√2 √2 √2 2 z2
⇒ P(1,1) pertence ao 2
b 1 1 √2 √2

[ ( ) ( )]
sen θ = ⍴ = √2 = √2 ‧ √2 = 2 primeiro quadrante) z1 8 5π 2π 5π 2π
cos – –
z2 = 4 ‧ 3 3
+ i ‧ sen
3 3

[ ( ) ( )]
Logo: z1 3π 3π
cos + i ‧ sen
z2 = 2 ‧ 3 3
z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ)
z = √2 ‧ (cos 45º + i ‧ sen 45º) z1
O valor de θ, pode ser representado em graus ou = 2 ‧ (cos π + i ‧ sen π)
z2
radianos, por se tratar da medida de um ângulo. Em
muitos casos é mais simples trabalhar com graus ao Potenciação de Números Complexos
invés de radianos, levando em conta os valores do
seno e cosseno dos ângulos notáveis (30º, 45° e 60°). A forma trigonométrica se torna muito útil para
Neste contexto, uma outra resposta possível para o o cálculo de Potência de um número complexo. Para
exemplo acima seria: elevar um complexo a um expoente, basta elevar o

34
z = √2 ‧ ( cos
π
4
+ i ‧ sen
π
4 ) módulo a esse expoente e multiplicar o argumento
pelo mesmo expoente, ou seja:
zn = ⍴n ‧ [cos (n ‧ θ) + i ‧ sen (n ‧ θ)] Calculando o módulo de z, temos:

A fórmula acima é conhecida como a Primeira ⍴ = √a² + b² = √0² +(–8)² = √0 + 64 = √64 = 8


Fórmula de Moivre.
Calculando o argumento de z, temos:
Ex.: Calcule (2 + 2i)5

}
a 0
cos θ = ⍴ = 8 =0
Primeiramente vamos passar 2 + 2i para a forma ⇒ θ = 270°
b –8
trigonométrica: sen θ = ⍴ = 8 =–1

{b = 2
a=2 Então:
2 + 2i ⇒

z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) = 8 ‧ (cos 270° + i ‧ sen 270°)


Calculando o módulo de z, temos:
Logo, temos que:
⍴ = √a2 + b2 = √22 + 22 = √4 + 4 = √8 = 2 ‧ √2
{n = 3, ⍴ = 8, θ = 270° e k = (0,1,2)}
Calculando o argumento de z, temos:
Como:

}
a 2 1 √2 √2 θ = 45° (porque

( )
cos θ = = = ‧ = θ + 2 ‧ kπ θ + 2 ‧ kπ
⇒ o ponto P(2, 2)
⍴ 2 ‧ √2 √2 √2 2
n
√z = n√⍴ ‧ cos + i ‧ sen
b 2 1 √2 √2 pertence ao primeiro n n
sen θ = ⍴ = 2 ‧ √2 = √2 ‧ √2 = 2 quadrante)
Teremos:
Então:

z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) = 2 ‧ √2 ‧ (cos 45° + i ‧ sen 45°)


n
√z = n√⍴ ‧ ( cos
2kπ + 270°
3
+ i ‧ sen
2kπ + 270°
3 )
Logo, temos que: Fazendo k = 0, k = 1 e k = 2, teremos portanto:

(2 + 2i)5 = [2 ‧ √2 ‧ (cos 45° + i ‧ sen 45°)]5 Para k = 0,


(2 + 2i)5 = (2 ‧ √2)5 ‧ (cos 5 ‧ 45° + i ‧ sen 5 ‧ 45°)
(2 + 2i)5 = 32 ‧ 4 ‧ √2 ‧ (cos 225° + i ‧ sen 225°)
(2 + 2i)5 = 128 √2 ‧ – (√2 √2
– i
)
∛– 8i = ∛8 ‧ ( 2 ‧ 0 ‧ π + 270°
cos
3
+ i ‧ sen
2 ‧ 0 ‧ π + 270°
3 )
(2 + 2i)5 =
2 2
– 128 ‧ √2 ‧ √2 128 ‧ √2 ‧ √2
– i
∛– 8i = 2 ‧ cos
3(
270°
+ i ‧ sen
270°
3 )
2 2 ∛– 8i = 2 ‧ (cos 90° + i ‧ sen 90°)
– 128 ‧ 2 128 ‧ 2 ∛– 8i = 2 ‧ (0 + i ‧ 1)
(2 + 2i)5 = – i
2 2 ∛– 8i = 2i
(2 + 2i)5 = – 128 – 128i
Para k = 1,
Radiciação de Números Complexos – Extração de
Raízes
∛– 8i = ∛8 ‧ (
2 ‧ 1 ‧ π + 270°
cos
3
+ i ‧ sen
2 ‧ 1 ‧ π + 270°
3 )
Para Extrair as Raízes de um número complexo,
basta extrair a raiz do módulo ⍴ e dividir o argumento
∛– 8i = 2 ‧ cos ( 2 ‧ 180° + 270°
3
+ i ‧ sen
2 ‧ 180° + 270°
3 )
θ + 2 ‧ kπ pelo índice n. Fazendo isso uma vez para
cada raiz (n vezes) em cada vez substituindo sucessi-
∛– 8i = 2 ‧ cos (
360° + 270°
3
+ i ‧ sen
360° + 270°
3 )
vamente o valor de k por 0, 1, 2, 3, ... , ou seja: ∛– 8i = 2 ‧ cos
630°
3 (
+ i ‧ sen
630°
3 )
n
√z = n√⍴ ‧ ( cos
θ + 2 ‧ kπ
n
+ i ‧ sen
θ + 2 ‧ kπ
n
i
) , (k ∈
∛– 8i = 2 ‧ (cos 210° + i ‧ sen 210°)
∛– 8i = 2 ‧ –
√3 1
2
– i
2 ( )
N/ 0 ≤ k ≤ n – 1)
2 ‧ √3 2 ‧ 1
∛– 8i = – – i
A fórmula acima é conhecida como a Segunda 2 2
Fórmula de Moivre. ∛– 8i = – √3 – i
MATEMÁTICA

Ex.: Calcule ∛– 8i Para k = 2,

Primeiramente vamos passar – 8i para a forma ∛– 8i = ∛8 ‧ (


2 ‧ 2 ‧ π + 270°
cos
3
+ i ‧ sen
2 ‧ 2 ‧ π + 270°
3 )
( )
trigonométrica:
4 ‧ 180° + 270° 4 ‧ 180° + 270°
cos + i ‧ sen

{
∛– 8i = 2 ‧
3 3
a=0
– 8i ⇒
b=–8
∛– 8i = 2 ‧ cos (
720° + 270°
3
+ i ‧ sen
720° + 270°
3 ) 35
∛– 8i = 2 ‧ ( 990°
cos
3
+ i ‧ sen
990°
3 ) (
zk = 6√64 ‧
π + 2kπ
cos
6
+ i ‧ sen
π + 2kπ
6 )
∛– 8i = 2 ‧ (cos 330° + i ‧ sen 330°)
∛– 8i = 2 ‧ –
√3 1
(
– i
) [ (
zk = 2 ‧ cos
π
6
+k‧
π
3 )
+ i ‧ sen
π
6
+k‧
π
3( )]
2 2
2 ‧ √3 2‧1 Fazendo k = 0, 1, 2, 3, 4 e 5, teremos:
∛– 8i = – i
2 2
∛– 8i = √3 – i Para k = 0,

Portanto:
[ (
z0 = 2 ‧ cos
π
6
+0‧
π
3 )
+ i ‧ sen
π
6
+0‧
π
3( )]
∛– 8i = {2i, – √3 – i, √3 – i} z0 = 2 ‧ [
cos
π
6
+ i ‧ sen
π
6
= 2 ‧
2]
√3
+ 2 ‧
1
2
i

z0 = √3 + i
Forma Exponencial de um Número Complexo
Para k = 1,
Um número complexo escrito na forma trigono-

[ ( ) ( )]
métrica z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ), pode ser escrito na π π π π
Forma Exponencial como: z1 = 2 ‧ cos +1‧ + i ‧ sen +1‧
6 3 6 3
z = ⍴ ‧ eθi z1 = 2 ‧[cos
π
2
+ i ‧ sen
π
2
= 2 ‧ 0
]+ 2 ‧ 1i

z1 = 2i
Exemplo: Escreva na forma exponencial o com-

(
plexo: z = 2 ‧ cos
π
4
+ i ‧ sen
π
4 ) Para k = 2,

Se z = ⍴ ‧ eθi, [ (
z2 = 2 ‧ cos
π
6
+2‧
π
3 ) + i ‧ sen
( π
6
+2‧
π
3 )]
Logo: z = 2 ‧ e
π
4
i
[
z2 = 2 ‧ cos

6
+ i ‧ sen
6

=2‧
] ( ) –
√3
2
+2‧ i
1
2
z2 = – √3 + i
Forma Polar de um Número Complexo
Para k = 3,
Um número complexo na forma trigonométrica z
= ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ), pode ser indicado, de modo sim-
plificado, na Forma Polar: [ (
z3 = 2 ‧ cos
π
6
+3‧
π
3 ) (
+ i ‧ sen
)]π
6
+3‧
π
3

z=⍴θ [
z3 = 2 ‧ cos

6
+ i ‧ sen

6 ] ( ) ( )
=2‧ –
√3
2
1
+2‧ – i
2
z3 = – √3 – i
Ex.: Escreva na forma polar o complexo z = 4 ‧ (cos
45° + i ‧ sen 45°) Para k = 4,

Se z = ⍴ θ [ (
z4 = 2 ‧ cos
π
6
+4‧
π
3 )
+ i ‧ sen
π
6
+4‧
( π
3 )]
[ ]
Logo: z = 4 45° 3π 3π
z4 = 2 ‧ cos + i ‧ sen = 2 ‧ 0 + 2 ‧ (– 1)i
2 2
Equações Binomiais z4 = – 2i

Denominamos Equação Binomial, toda equação Para k = 5,


que pode ser escrita irredutivelmente como a seguir:

axn + b = 0 [ (
z5 = 2 ‧ cos
π
6
+5‧
π
3 ) π π
+ i ‧ sen
6
+5‧
3 ( )]
Sendo a, b ∈ C, a ≠ 0 e n ∈ N [
z5 = 2 ‧ cos
11π
6
+ i ‧ sen
11π
6
=2‧
√3
2 ] ( ) ( )
1
+2‧ – i
2
z5 = √3 – i
Podemos resolver qualquer equação binomial, iso-
lando xn e aplicando a definição de radiciação em C. Portanto o conjunto solução da equação x6 + 64 =
0 é:
Para um melhor entendimento, vamos ver um
exemplo a seguir. S = {√3 + i, 2i, – √3 + i, – √3 – i, – 2i, √3 – i}
Ex.: Vamos calcular as raízes da equação: x6 + 64
=0 Equações Trinomiais

x6 + 64 = ⇒ x6 = – 64 ⇒ x= 6√–64 Denominamos Equação Trinomial, toda equação


que pode ser escrita irredutivelmente como a seguir:
Fazendo z = – 64, temos: ⍴ = |z| = 64 e θ = π .
ax2n + bxn + c = 0
36 Logo:
Sendo a, b, c ∈ C, a ≠ 0, b ≠ 0 e n ∈ N Fazendo k = 0, 1 e 2, teremos:

Podemos resolver qualquer equação trinomial Para k = 0,


fazendo o seguinte:

z Dizemos que xn = y;
z0 = 2 ‧ ( cos
π+2‧0‧π
3
+ i ‧ sen
π+2‧0‧π
3 )
z Encontramos as raízes da equação ay2 + by + c = 0;
z Logo após fazemos a substituição em xn = y1 e xn =
y2, encontrando assim as raízes.
(
z0 = 2 ‧ cos
π
3
+ i ‧ sen
π
3)
z0 = 1 + i √3

Ex.: Vamos calcular as raízes da equação: x6 + 7x3 Para k = 1,


–8=0

Fazendo x3 = y, temos: y2 + 7y – 8 = 0, z1 = 2 ‧ ( π+2‧1‧π


cos
3
+ i ‧ sen
π+2‧1‧π
3 )
z1 = 2 ‧ (cos π + i ‧ sen π) = 2 ‧ (– 1 + 0)
Resolvendo a equação do segundo grau na variá- z1 = – 2
vel y, temos: y1 = 1 e y2 = – 8
Para k = 2,
Vamos resolver a equação binomial:

xn = y1 ⇒ x3 = 1 ⇒ x = ∛1 z2 = 2 ‧ ( cos
π+2‧2‧π
3
+ i ‧ sen
π+2‧2‧π
3 )
Como z = 1, o valor do seu módulo é 1 e o argumen-
to é zero.
z2 = 2 ‧ ( cos

3
+ i ‧ sen
) (

3
=2‧
1
2
–i
2)
√3

z2 = 1 – i√3
Logo teremos:
Logo o conjunto solução da equação x6 + 7x3 – 8 =

( )
2kπ 2kπ 0, será:
zk 1 ‧ cos + i ‧ sen

{ }
3 3
1 √3 1 √3
S= 1, – +i ,– –i , 1 + i√3, –2, 1 – i√3
Fazendo k = 0, 1 e 2, teremos: 2 2 2 2

Para k = 0,

EXERCÍCIOS COMENTADOS
z0 = 1 ‧ ( 2‧0‧π
cos
3
+ i ‧ sen
2‧0‧π
3 )
z0 = 1 ‧ (cos 0 + i ‧ sen 0) = 1 + 0 1. (CESGRANRIO – 2010) Sejam w = 3 - 2i e y = m + pi
z0 = 1 dois números complexos, tais que m e p são números
reais e i, a unidade imaginária. Se w + y = -1 + 3i, con-
Para k = 1, clui-se que m e p são, respectivamente, iguais a:

z1 = 1 ‧ ( 2‧1‧π
cos
3
+ i ‧ sen
2‧1‧π
3 ) a)
b)
–4e1
–4e5
z1 = 1 ‧ cos
( 2π
3
1
+ i ‧
√3
sen

3 ) c)
d)
2e1
2e5
z1 = – – i e) 4e–1
2 2
Partindo da igualdade inicial e substituindo os valo-
Para k = 2, res de w e y, fornecidos no enunciado, temos:

( )
W+y= -1+ 3i
2‧2‧π 2‧2‧π
z2 = 1 ‧ cos + i ‧ sen (3 – 2i) + (m + pi) = -1 + 3i
3 3

( )
4π 4π 3+m – 2i + pi = -1 + 3i
z2 = 1 ‧ cos + i ‧ (3 +m) + (-2 + pi) = -1 + 3i
3 3
1 √3 (3+m) + (-2 + p)i = -1 = 3i
z2 = – – i Fazendo a comparação por meio da igualdade,
2 2
temos que:
MATEMÁTICA

Agora, vamos resolver a equação binomial: xn = 3+m = -1


y2 ⇒ x3 = – 8 ⇒ x = ∛– 8 m = -1 – 3
Como z = – 8, o valor do seu módulo é 8 e o argu- m = -4
mento é igual a π. e
-2 + p = 3
Logo teremos: p = 3+2
p=5
zk = 2 ‧ ( cos
π + 2kπ
3
+ i ‧ sen
π + 2kπ
3 ) Portanto m = -4 e p = -5
Resposta: Letra B. 37
2. (CESGRANRIO – 2011) Sendo i a unidade imaginária Fazendo o argumento de z2 menos o argumento de
(3 + i)2 z1, temos:
e escrevendo o complexo z = na forma z= a+bi,
1+i
tem-se que a+b é igual a:
α–θ=

4 – ( π4 ) = 5π4– π = 4π4 = π
a) -1
b) 1 Resposta: letra C.
c) 2
d) 6 4. (QUADRIX – 2014) Observe o número complexo a
e) 8 seguir, representado graficamente por meio de um
Plano de Argand-Gauss.
O primeiro passo é desenvolver o quadrado da soma
no numerador da fração, fazendo isso temos: Y

(3 + i)2 (32 + 2 ‧ 3 ‧ i + i2) (9 + 6 ‧ i + (– 1)) 8 + 6i


z= = = =
1+i 1+i 1+i 1+i
1
Veja que agora temos uma divisão simples entre
dois números complexos, multiplicando o denomi-
nador pelo seu conjugado, teremos:

8 + 6i (8 + 6i) (1 – i) 8 – 8i +6i – 6i2


= ‧ = =
1+i (1 + i) (1 – i) 12 – i2 θ

8 – 2i – 6 ‧ (– 1) 14 – 2i 14 2i 0 √3
= = = =7–i X
1 – (– i) 2 2 2
Logo o número z = a + bi é igual a z = 7 – i, onde a =
7 e b = – 1, Portanto a + b = 7 + (– 1) = 7 – 1 = 6Res-
posta: Letra D.
Assinale a alternativa que contém o valor do módulo
3. (UFMT – 2013) Considere os números complexos z1 desse número complexo.
= 1 + i e z2 = i2 ‧ z1, em que i é a unidade imaginária.
Subtraindo-se o argumento de z2 do argumento de z1, a) √3
obtém-se: b) 1
c) 0
5π d) 2
a)
4 e) 4
π
b)
4 Pelo plano de Argand-Gauss, temos o seguinte ponto
c) π P= (√3, 1), como a coordenada x do ponto é a parte
d) 2π real do número complexo e a coordenada y é a parte
imaginária, teremos o seguinte número complexo: z
Primeiramente vamos encontrar o valor de z2: = √3 + i, onde a = √3 e b = 1.
Calculando o módulo de z, teremos:
z2 = i2 ‧ z1
z2 = (– 1) ‧ (1 + i) ⍴ = √a2 + b2 = √(√3)² + 1² = √3 + 1 = √4 = 2
z2 = – 1 – i
Resposta: Letra D.
Agora vamos encontrar os argumentos de z1 e z2,
encontrando primeiro o valor do módulo de cada 5. (QUADRIX – 2018) O número complexo:
um deles:
( √32 + 12 i )
12

é igual a:
|z1| = √a² + b² = √(1)² + (1)² = √1 + 1 = √2
a) √3 + 1 i
|z2| = √a² + b² = √(– 1)² + (– 1)² = √1 + 1 = √2 2 2
b) 1 √3
Argumento de z1: 2 + 2 i

}
a 1 √2 c) √3 + i
cos θ = = = 2 π
|z1| √2
⇒θ= 4 d) i
b 1 √2
sen θ = = = 2 e) 1
|z1| √2

Argumento de z2: Vamos resolver este exercício utilizando a primeira

}
a –1 √2
fórmula de Moivre.
cos α = = =– 2 5π √3 1
|z1| √2
⇒α = Primeiramente vamos passar + i para a for-
4 2 2
b –1 √2
38 sen α =
|z1|
=
√2
=– 2 ma trigonométrica:
√3
2
+
1 i⇒
2 { a=
√3
2
eb= 1
2
DISTÂNCIA PERCORRIDA
(KM)
10 15 20 25

Calculando o módulo de z, temos: VALOR PAGO (R$) 25 35 45 55

√ ( √32 ) + (12) = √34 + 14 = √44 = √1 = 1


2 2
⍴ = √a2 + b2 = Para toda distância percorrida nesta tabela, existe
um único correspondente de valor pago por corrida.
Calculando o argumento de z, temos: Um matemático diria que o valor pago na corrida de

}
√3 taxi está em função da distância percorrida. Se cha-
a 2 √3
cos θ = = = 2 marmos D de distância e VP de valor pago, pode-se
⍴ 1
⇒ θ = 30°
1 escrever então a fórmula que represente essa função:
b 2 1
sen θ = = 1 = 2 VP = 2D + 5, onde as duas letras na fórmula são as

variáveis, tendo VP variando de acordo com a varia-
Então
ção de D, isto é, VP está em função de D. A fórmula da
z = p . (cos 0 + i . sem 0) = 1 . (cos 30° + i . sem 30°) função permite escrever a sua correspondente Tabe-
la, bastando substituir os valores D e obter seus res-
Logo, temos que:
pectivos VP. Podemos dizer ainda, que o valor fixo na

( ) fórmula (cinco) seria o valor da bandeira.


12
√3 1
+ i = [1 . (cos 30° + i ‧ sen 30°)]12
2 2 Definição: Uma relação 𝑓 de um conjunto A em
( )
12
√3 1
+ i = [1 . (cos 12 ‧ 30° + i ‧ sen 12 ‧ 30°)]
12
um conjunto B, ou uma função 𝑓 de A em B, que é
2 2

( ) denotado por 𝑓: A → B, e apresenta a seguinte pro-


12
√3 1
+ i = (cos 12 ‧ 30° + i ‧ sen 12 ‧ 30°)
2 2 priedade: ⩝x ϵ A, existe um único y ϵ B tal que (x,
( )
12
√3 1
+ i = (cos 360° + i ‧ sen 360°) y) ϵ 𝑓.
2 2

( )
12
√3 1 Na figura abaixo, observa-se que as relações 𝑓 e g
+ i = (1 + 0)
2 2 não são funções, pois para 𝑓 nem todo elemento de A
( )
12
√3 1
+ i =1 tem um respectivo em B. Já para a relação g, não se
2 2
tem todo elemento de A com um único respectivo em
Resposta: Letra E. B. A relação h: esta sim é uma função, visto que para
todo elemento de A existe um único respectivo em B,

FUNÇÕES
DEFINIÇÃO, DOMÍNIO, IMAGEM, CONTRADOMÍNIO,
FUNÇÕES INJETORAS, SOBREJETORAS E
BIJETORAS, FUNÇÕES PARES E ÍMPARES,
FUNÇÕES PERIÓDICAS, FUNÇÕES COMPOSTAS
INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES

O conceito de função é um dos mais importantes


em toda a matemática. Essa teoria aparece em mui-
tos momentos do nosso cotidiano e seu uso pode ser
encontrado em diversos assuntos, como por exemplo,
qual seria o preço a ser pago numa conta de luz que
depende da quantidade de energia consumida? Ou
será que a temperatura influencia o aumento de ven-
das de sorvete? E assim, o seu estudo se torna apro-
priado para que sua aplicação ajude na resolução de
problemas.
MATEMÁTICA

Toda vez que temos dois conjuntos e algum tipo


de associação entre eles, que faça corresponder a todo
elemento do primeiro conjunto um único elemento
do segundo, ocorre uma função, ou dizemos, que um
está em função do outro. Podemos representar uma
função de duas maneiras, tabela ou fórmula. Abaixo
segue uma tabela que relaciona dois conjuntos, dis-
tância percorrida e valor pago em uma corrida de
taxi: 39
√x – 2
𝑓(x) =
√3 – x

Assim, o domínio são todos valores possíveis para


x tal que y = 𝑓(x) exista nos reais. Tem-se duas restri-
ções na função, a primeira que não existe raiz quadra-
da negativa e que o denominador não seja nulo. Para
isso faremos:
x – 2 ≥ 0 → x ≥ 2 e 3 – x > 0 → x < 3, note que a
desigualdade do denominador exclui o zero. Assim, a
As imagens correspondem ao diagrama de Venn para relações: 𝑓, g
e h, entre dois conjuntos A e B. intersecção dessas duas condições é 2 ≤ x < 3. Logo, o
domínio é D = {x ϵ R| 2 ≤ x < 3}.
Geralmente existe uma expressão y = 𝑓 (x) que
expressa todos os elementos da relação, assim, para
representar uma função 𝑓, de A em B, segundo uma
lei de formação, tem-se:

𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 𝑓 (x)} ou
𝑓: A → B
x ↦ 𝑓(x)

Por exemplo, a função 𝑓, que associa a cada núme-


ro real x ao número 2x é expressa da seguinte forma:

𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 2x} ou
𝑓: A → B
x ↦ 2x

Domínio, Contra Domínio e Imagem da função

Diagrama A e B, em relação ao domínio (D), contra domínio (CD) e


O domínio (D) de uma função é sempre o próprio
conjunto de partida, ou seja, é formado por todos os imagem (Im).
possíveis elementos do conjunto A (D=A) e nos gráficos
são os valores que a abscissa (eixo x) pode assumir. O Funções Injetoras, Sobrejetoras e Bijetoras
contra domínio (CD=B) é o conjunto de chegada, for-
mado por todos os elementos do conjunto B e são for- As funções Injetoras são funções tais que os dis-
mados por todos os valores que as ordenadas (eixo y)
podem assumir. A imagem (Im) é formada por todos os tintos elementos do domínio se relacionam com dis-
elementos do contra domínio que se relacionam com tintos elementos da imagem, ou seja, dois elementos
algum elemento do domínio. Assim, quando todo ele- do domínio não podem ter a mesma imagem (Figura
mento x ϵ A está associado a um elemento y ϵ B, dize-
5a). Uma função 𝑓: ℝ → ℝ dada por 𝑓(x) = 4x é injetora,
mos que y é a imagem de x, e denotamos por y = 𝑓(x).
Seja uma função 𝑓: ℕ → ℕ, ou seja, com domínio visto que para x1 ≠ x2tem-se 4x1 ≠ 4x2, logo, 𝑓 (x1) ≠ 𝑓
e contra domínio nos naturais, definida por y = 𝑓(x) (x2).
= x + 2. Seu conjunto imagem é formado por meio da
substituição dos valores de x = {0, 1, 2, 3, 4, ...}, perten-
cente aos ℕ, em y = 𝑓(x), então para x = 1 → y = 𝑓(1) = 1
+ 2 = 3, e assim sucessivamente, de modo geral, a Im(
𝑓) = x + 2.

Importante!
Se tivermos um elemento do conjunto de parti-
da (A) do qual não tem seu respectivo valor em
relação ao conjunto (B), então essa relação não
é função.

O domínio é um subconjunto dos ℝ no qual todas


as operações indicadas em y = 𝑓(x) são possíveis. Para
40 a função abaixo qual seria seu domínio?
Diagramas para funções par (a) e ímpar (b).

Funções de x (𝑓(x) = xn), definidas em 𝑓 : ℝ → ℝ,


com potências pares são funções pares e com potên-
cias ímpares são funções ímpares, por exemplo, 𝑓(x)
= x2 ou 𝑓(x) = x4 são pares e 𝑓(x) = x3 ou 𝑓(x) = x5 são
ímpares, visto que, 𝑓(x) = x2 = (–x)2 = 𝑓(–x) e 𝑓(–x) = (–x)3
= –x3 = –𝑓(x).
Observando o gráfico de uma função par notamos
que ela é simétrica em relação ao eixo das ordenadas
(eixo y).
Já a função ímpar é simétrica em relação a origem
((x, y) = (0, 0))

Funções Periódicas e Compostas


Diagramas para funções injetora (a), sobrejetora (b) e bijetora (c).
Funções periódicas a grosso modo são funções
especiais de fácil identificação visual ou gráfica, onde
As funções Sobrejetoras são funções nas quais
se observa uma característica de repetição do decor-
o seu conjunto imagem (Im) é igual ao contra domí- rer da curva em intervalos subsequentes.
nio (CD), isto é, Im=CD=B (Figura 5b). Em funções que Uma função 𝑓 : ℝ → ℝ é dita periódica de tempo T,
se existe uma constante positiva T tal que 𝑓(x) = 𝑓(x +
aconteçam as duas situações ao mesmo tempo, ou
T) para todo x ϵ ℝ. Assim, se 𝑓 é periódica de período
seja, a função é Injetora e Sobrejetora, então dizemos T, então, 𝑓 também é periódica de período nT, onde
que ela é uma função Bijetora (Figura 5c). n ϵ ℕ, 𝑓(x) = 𝑓(x + T) = 𝑓(x + 2T) = ... = 𝑓(x + nT). Por
exemplo, funções trigonométricas 𝑓(x) =sen(x) e g(x) =
cos(x), são funções periódicas de período T =2π.
Funções Pares e Ímpares
Para que uma função composta 𝑓 com g exista,
cada uma delas 𝑓 e g devem ser funções dentro do
Uma função é dita par se, e somente se, 𝑓(x) = domínio e contra domínio definido, ou seja, 𝑓: A → B
𝑓(–x), para todo x ∊ D, ou seja, valores simétricos de x e g: B → C, então para todo x ϵ A temos um único y ϵ
devem ter a mesma imagem em y. Por outro lado, se a B tal que y = 𝑓(x) e para todo y ϵ B tem-se um único z
ϵ C tal que z = 𝑓(y), logo, existe uma função h: A → C,
função for definida por 𝑓(–x) = – 𝑓(x), então dizemos a
definida por h(x) = z. Pode-se ainda indicá-la como 𝑓οg
função é ímpar. Seja 𝑓:A→B, os diagramas para fun- ou h(x) = 𝑓[g(x)].
ções par e ímpar seguem na Figura 6. Assim, sejam as funções 𝑓(x) = x2 + 2 e g(x) = 3x. A
composta de 𝑓οg é dada por 𝑓[g(x)] = 𝑓[3x] = (3x)2 + 2
= 9x2 +2.
Já a composta de gο𝑓 seria: g[𝑓 (x) ] = g[(x2 +2)] =
3(x2 + 2) = 3x2 + 2.
Podemos ainda, conhecendo a composta gο𝑓, vol-
MATEMÁTICA

tar para as funções individuais, 𝑓 e g. Supondo 𝑓(x) =


2x e 𝑓[g(x)] = x + 3, qual será a função g(x)?
Se 𝑓(x) = 2x então, 𝑓[g(x)] = 2g(x), como temos tam-
bém que 𝑓[g(x)] = x + 3, logo:

x+3
𝑓[g(x)] = 2g(x) = x + 3 → g(x) =
2 41
RELAÇÕES ENTRE FUNÇÕES RAIZ DE UMA FUNÇÃO

A igualdade entre duas funções, é uma relação Raiz, ou raízes de uma função, são também conhe-
cidas como zero da função, ou seja, é quando o valor de
entre funções, e é definida da seguinte forma: seja x tenha imagem, y em zero ou nula, isto é, y = 𝑓(x) = 0.
as funções 𝑓: A → B e g: C → D, são funções iguais se, e Assim, para determinar a raiz da função y = 2x – 1,
somente se, A = C e B = D e 𝑓(x) = g(x) para todo x ∊ A. basta igualar tal função a zero e isolar o valor de x, logo:
Assim, sendo A = {1, 2, 3} e B = {–2, –1, 0, 1, 2} e as
funções de A em B definidas por: 1
y = 2x – 1 = 0 → 2x = 1 → x =
2
x2 – 1
𝑓(x) = x – 1 e g(x) =
É raiz da função y = 2x – 1 e o ponto no plano car-
x+1
tesiano será:
Assim, para o domínio A = {1, 2, 3} tem-se:
1
𝑓(1) = 1 – 1 = 0 (x, y) = ,0
𝑓(2) = 2 – 1 = 1 2
𝑓(3) = 3 – 1 = 2
FUNÇÃO CONSTANTE, FUNÇÃO CRESCENTE,
e FUNÇÃO DECRESCENTE

Uma relação 𝑓: ℝ → ℝ recebe a denominação de


12 – 1 função constante quando a cada elemento de x ∊ ℝ
g(1) = =0 associa-se sempre o mesmo elemento c ∊ ℝ, ou seja,
1+1 y = 𝑓(x) = c. O gráfico da função constante é uma reta
paralela ao eixo das abcissas (eixo x) passando pelo
22 – 1 ponto (x, y) = (0, c), figura a seguir, assim o conjunto
g(2) = =1 Imagem (Im) de 𝑓 é Im = {c}.
2+1

32 – 1
g(3) = =2
3+1

Como 𝑓(1) = g(1); 𝑓(2) = g(2); 𝑓(3) = g(3) para todo x


∊ A, temos que as funções são iguais. Função constante 𝑓(x) = c.
Podemos ter outras relações entre funções, como
a soma de duas funções 𝑓 e g definida por: Assim, temos exemplos de funções constantes
(𝑓 + g) (x) = 𝑓 (x) + g(x). como mostra a figura a seguir.
A diferença entre funções, definida por:
(𝑓 – g) (x) = 𝑓 (x) – g(x).
O produto entre funções:
(𝑓 · g) (x) = 𝑓 (x) · g(x).
E o quociente entre funções:
(𝑓 / g) (x) = 𝑓 (x) / g(x), g(x) ≠ 0.
Em cada uma das operações anteriores o domínio
da função resultante consiste naqueles valores de x
que estão no domínio de cada uma das funções 𝑓 e g, y=4 y=–2
sendo que quando tivermos o quociente existe a neces-
sidade do denominador ser não nulo e algumas outras
funções também podem ter restrições específicas, Exemplos de funções constante.

como por exemplo, a função raiz quadrada que precisa


Uma função 𝑓: A → B definida por y = 𝑓(x) é dita fun-
ser positiva. Logo, o domínio do resultado delas deve
ção crescente em um intervalo, se para dois valores
satisfazer as duas funções ao mesmo tempo.
quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao intervalo, se x1 <
Supondo duas funções 𝑓(x) = √x + 1 e g(x) = √x – 4 , os x2então 𝑓(x1) < 𝑓(x2). Ou seja, aumentando os valores de
domínios delas são D𝑓 = [–1, +∞[ e Dg = [4, +∞[, notem x os valores de y também aumentam (Figura 9a).
que raiz quadrada pode assumir somente valores Uma função y = 𝑓(x) = 3x é uma função crescente
positivos incluindo o zero. nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → 3x1 < 3x2 para
Se fizermos o quociente delas, teremos: todo {x1, x2} ∊ ℝ.
Uma função 𝑓: A → B definida por y = 𝑓(x) é dita
função decrescente em um intervalo, se para dois
√x + 1 valores quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao interva-
(𝑓/g)(x) = lo, se x1 < x2 então 𝑓(x1) > 𝑓(x2). Ou seja, aumentando
√x – 4
os valores de x os valores de y diminuem (Figura 9b).
Uma função y = 𝑓(x) = –3x é uma função decres-
O domínio da função quociente é D𝑓/g = ]4, +∞[, pois cente nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → –3x1 >
42 nesse caso o denominador não pode ser nulo. –3x2 para todo {x1, x2} ∊ ℝ.
FUNÇÃO INVERSA E SEU GRÁFICO

Uma função 𝑓: A → B, bijetora de A em B, ou seja,


distintos elementos do domínio (A) se relacionam com
distintos elementos da imagem (Im) e a Im=CD=B, a
b) relação inversa de 𝑓 é uma função de 𝑓: B → A, que
a)
denominamos de função inversa e denotada por 𝑓 -1.
Seja uma função 𝑓:A→B, com A = {1, 2, 3, 4} e B = {1,
Figura 9. Exemplos de funções crescente (a) e decrescente (b).
3, 5, 7}, definida por 𝑓(x) = 2x – 1, 𝑓 = {(1, 1), (2, 3), (3,
5), (4, 7)}. Temos que 𝑓 é bijetora visto que D𝑓 = A e a
FUNÇÃO DEFINIDA POR MAIS DE UMA SENTENÇA
Im𝑓 = B. A função inversa de 𝑓 também é uma função
Funções definidas por mais de uma sentença bijetora, visto que para todo y ∊ B existe um único x ∊
são funções em que cada subdomínio tem uma função A tal que 𝑓–1 = {(y, x) | (x, y) ∊ 𝑓}, onde 𝑓–1 = {(1, 1) | (3,
associada a ela e a união desses subdomínios forma 2), (5, 3), (7, 4)} D𝑓–1 = B e Im𝑓–1 = A. Logo, a sentença da
o domínio da função original 𝑓(x). Com isso, conse- função inversa de 𝑓 é definida por:
guimos construir o gráfico das funções 𝑓(x) em cada
subdomínio, Figura 10, dois exemplos de funções com

{
y+1
mais de uma sentença e diferentes subdomínios. 𝑓(x) = y = 2x – 1 → 2x = y + 1 → x =
2

a) 𝑓(x) =
{ –x + 1, se x < –2
x2 – 1, se – 2 ≤ x ≤ 1
–x + 1, se x > 1
Logo, se 𝑓 = {(x, y) ∊ A × B | y = 2x – 1}, então:

𝑓–1 = { (y, x) ∊ B × A | x =
y+1
2
(Figura 10a);
O domínio da f é A que é a imagem de f , já o
–1

b) 𝑓(x) = { –x + 1, se x < 1
2

(x – 2)2 – 1, se x ≥ 1
domínio de f é B que é a imagem da f.
–1

Na Figura 11, vemos os gráficos das funções 𝑓 e 𝑓 -1


acima, percebemos pela Figura 11c que eles são simé-
tricos em relação a bissetriz nos quadrantes ímpares
(Figura 10b).
do plano cartesiano. Para construir o gráfico basta
plotar os pontos (x, y) ou (y, x) das duas funções no
plano cartesiano e traçar uma reta.

(Figura 10a)
MATEMÁTICA

(Figura 10b) 43
Importante!
Uma função afim, 𝑓(x) = ax + b, quando b = 0 ,
transforma-se na função linear, 𝑓(x) = ax, assim,
dizemos que uma função linear é um caso parti-
cular da função afim.

Figura 11. Funções (a) 𝑓(x) = 2x – 1, (b) 𝑓–1(x) = (x + 1)/2 e (c) as


duas funções mais a bissetriz em pontilhado.

FUNÇÃO LINEAR, FUNÇÃO AFIM E


FUNÇÃO QUADRÁTICA Figura 13. Gráfico da Função Afim 𝑓(x) = 2x + 1 e o ponto (x, y) = (1, 3).

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM, CARACTERÍSTICAS Uma Função Afim é crescente sempre que o coe-
ficiente angular for positivo e decrescente quando o
Função Linear e Afim mesmo for negativo.

A Função Linear é uma aplicação de ℝ → ℝ quan- Sinal da Função Afim


do cada elemento x ∊ ℝ associa o elemento ax ∊ ℝ com
O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B definida
a ≠ 0 e constante real, ou seja, 𝑓(x) = ax. a ≠ 0. por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos
O gráfico da função linear é uma reta que passa 𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, com x ∊ D𝑓 .
pela origem e liga os pontos (x, y) = (x, ax) no plano Inicialmente, identificamos onde a função é igual
cartesiano (Figura 12). a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x).
Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0, para função afim temos
a raiz sendo:

b
𝑓(x) = ax + b = 0 → x = –
a

Agora, teremos dois casos para estudo do sinal da


função afim, um quando o coeficiente angular é posi-
tivo (a > 0) outro quando é negativo (a < 0):
1º caso: a > 0 (crescente):

 b b
 f ( x==
𝑓(x) ) axax →0x →
+ b+>b0 > > – x > −; ;
Figura 12. Gráfico da Função Linear 𝑓(x) = 2x e o ponto (x, y) = (2, 4).  a a

 f ( x= b b
A aplicação de ℝ → ℝ, quando cada x ∊ ℝ estiver
𝑓(x) =) axax →0x →
+ b+<b0 < < – x < −; ;
 a a
associado ao elemento (ax + b) ∊ ℝ com a ≠ 0, a e b
constante real, recebe o nome de Função Afim, ou
seja, 𝑓(x) = ax + b; a ≠ 0, onde a é conhecido como coe-
ficiente angular e b como coeficiente linear.
O gráfico para a função afim, 𝑓(x) = ax + b, também
é uma reta, onde o coeficiente angular indica a incli-
nação da reta e o coeficiente linear indica o local em
que a reta corta o eixo das ordenadas (eixo y). Seja a
função afim, 𝑓(x) = 2x + 1, (x, y) = (0, 1) é o ponto onde a
reta corta o eixo y, com mais um ponto pode-se traçar Assim colocando esses resultados sobre o eixo x, e
a reta que representa a função 𝑓(x). Assim, para x = 1 adicionado os sinais vemos em quais intervalos estão
→ y = 3, ou seja, o ponto (x, y) = (1, 3), seu gráfico segue os sinais positivos e negativos da função.
44 na Figura 13. 2º caso: a < 0 (decrescente):
Tomemos como exemplo a inequação produto (x +
 𝑓(x) = ax + b > 0 → x < – b b;
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ; 2) (3x – 1) > 0, ou seja, 𝑓(x) · g(x) > 0 → 𝑓(x) = x + 2 e g(x)
a a = 3x – 1, seguindo os dois passos acima temos:

b b
 f𝑓(x)
( x=
)= axax+ +b <b 0<→0 x→> –x < − ; ;
 a a  x+2>0→x>–2 b
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
a
 1
 3x b
f ( –x=
)1 > 0ax→+xb> < 0 → x < − ;
 3 a

Seja a função 𝑓(x) = 2x + 1, sua raiz é dada por:


Logo, a solução para esse primeiro caso é:
1
2x + 1 = 0 → x = –

{
2
S1 ⌒ S2= x∊ℜ|x>
1
{
3
Como o coeficiente angular é positivo (a = 2 > 0),
então o estudo de sinal de 𝑓(x) será:
 x+2<0→x<–2 b
 x > – 1 → 𝑓(x) > 0 b  f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
 a
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
2 a 
 f3x(–x1=
1 b
 )< 0 →ax
x <+ b < 0 → x < − ;
 fx <( x– = 1 b 
 3 a
) ax + b< <0 0 → x < − ;
→ 𝑓(x)
 2 a

Logo, a solução para esse segundo caso é S3 ⌒ S4 =


{x ∊ ℜ | x < – 2}. Assim, o conjunto solução para inequa-
ção produto (x + 2) (3x – 1) > 0 é:
Inequações produto e quociente para Função Afim

{
Sejam as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações produ- S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} = x ∊ ℜ | x < –2 ou x >
1
{
to delas são dadas por: 3
𝑓(x) · g(x) > 0 ou 𝑓(x) · g(x) < 0 ou 𝑓(x) · g(x) ≥ 0 ou
𝑓(x) · g(x) ≤ 0 Seja as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações quocien-
De acordo com a regra de sinais do produto de tes delas são dadas por:
números reais, temos que (+ × + = +); (– × – = +); (+ × –
= –), assim, um conjunto solução (S) para uma dessas
𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x)
inequações pode ser encontrado da seguinte forma, > 0 ou < 0 ou ≥ 0 ou ≤0
seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o produto g(x) g(x) g(x) g(x)
ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou
𝑓(x) < 0 e g(x) < 0. De acordo com a regra de sinais do quociente de
Assim, para 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 encontramos a solu- números reais, temos que (+ ÷ + = +); (– ÷ – = +); (+
MATEMÁTICA

ção S1 para a 𝑓(x) > 0 e a solução S2 para a g(x) > 0, ÷ – = –) e lembrando que o denominador da fração
chegando na solução geral S1 ⌒ S2. não pode ser nulo, assim, um conjunto solução (S)
Depois para 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0 encontramos a solu- para uma dessas inequações pode ser encontrado da
ção S3 para a 𝑓(x) < 0 e a solução S4 para a g(x) < 0, seguinte forma, seja a inequação quociente:
chegando na solução geral S3 ⌒ S4 .
Por fim, a solução para a inequação produto, 𝑓(x) ·
g(x) > 0, é dada pela união das soluções anteriores,S = 𝑓(x)
{S1 ⌒ S2} ◡ { S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras ≥0
inequações produto. g(x) 45
Para o produto ser positivo temos duas situações:
 – 2x + 3 ≤ 0 → x – ≥ 3 b
𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0.
 f ( x=) ax + b > 0 →2x > − a ;
Assim, para 𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 encontramos a solu- 
 f (3x 1 b
ção S1 para a 𝑓(x) ≥ 0 e a solução S2 para a g(x) > 0,
x=)– 1ax
< 0+→bx<< 0 → x < − ;
chegando na solução geral S1 ⌒ S2.  3 a
Depois para 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0 encontramos a solu-
ção S3 para a 𝑓(x) ≤ 0 e a solução S4 para a g(x) < 0,
chegando na solução geral S3 ⌒ S4 .
Por fim, a solução para a inequação quociente:

𝑓(x) Logo, a solução para esse segundo caso é {S3 ⌒


≥0
g(x) S4} = {∅}. Assim, o conjunto solução para inequação
quociente:

É dada pela união das soluções anteriores, S = {S1


(x + 2)
⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras ≥1
(3x – 1)
inequações quocientes.
Tomemos como exemplo a inequação quociente:
é:

{
(x + 2)
≥1 S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} =
x∊ 1
<x≤
3
{
(3X – 1) ℜ| 3 2

Ou seja, Quando se está trabalhando algebricamente com


uma inequação e no momento que se tem a necessida-
de de multiplicar por -1 ambos os lados para isolar x,
(x + 2) (x + 2) (–2x + 3 (–1) · – x ≤ – 3/2 · (–1) , não esqueça de também inver-
≥1→ –1≥0→ ≥0 ter o sinal da inequação, ficando nesse caso, x ≥ 3/2 .
(3x – 1) 3x – 1 (3x – 1

Funções Quadráticas
Assim temos:
A Função Quadrática ou do 2º grau é uma apli-
cação de ℝ → ℝ quando cada elemento x ∊ ℝ associa
𝑓(x) o elemento (ax2 + bx + c) ∊ ℝ com a ≠ 0, ou seja, 𝑓(x) =
> 0 → 𝑓(x) = – 2x + 3 e g(x) = 3x – 1 ax2 + bx + c; a ≠ 0 e a, b, c ∊ ℜ. Um exemplo de função
g(x)
quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2; a = 1, b = –3, c = 2.
O gráfico para a função quadrática, 𝑓(x) = ax2 +
Seguindo os dois passos acima temos: bx + c, é uma parábola, assim para sua construção é
necessário mais que dois pontos, diferente do visto
anterior na construção da reta. Inicialmente encon-
 – 2x + 3 ≥ 0 → x – ≤ 3 b tra-se os zeros ou raízes da função, o vértice e o pon-
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
 2 a to de encontro com o eixo y. São três coeficientes na
 função quadrática, a, b e c. O primeiro (a) indica se a
 f3x( –x1= 1 b
) > 0 ax > b<0→ x<−
→ x+ ; concavidade da parábola está voltada para cima (a >

 3 a 0) ou para baixo (a < 0), já o terceiro (c) indica onde a
parábola corta o eixo das ordenadas (eixo y), ou seja,
quando x = 0 ou y = c. Seja a função quadrática, 𝑓(x)
= x2 – 3x + 2, (x, y) = (0, 2) é o ponto onde a parábola
corta o eixo y, com mais alguns pontos pode-se traçar
a parábola que representa a função 𝑓(x). Assim, as raí-
zes da função são y = 0 → x1 = 1; x2 = 2, ou seja, o ponto
(x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0) e o vértice dado pelo ponto:
Logo, a solução para esse primeiro caso é:
3 1
(xv, yv) = ,–

{
S1 ⌒ S2= x∊ℜ|
1
<x≤
3
{ 2 4

46 3 2 Logo seu gráfico segue na Figura 14.


VARIAÇÕES DE SINAL

Sinal da Função Quadrática

O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B definida


por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos
𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, x ∊ D𝑓 com.
Inicialmente, identificamos onde a função é igual
a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x).
Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0, para função quadrática
vimos que as raízes são:

– b ± √∆
x=
2a

Com ∆ = b2 – 4ac.
Agora, teremos os casos para estudo do sinal da
Figura 14. Gráfico da Função Quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2 com
(x v, y v = ^ 2 , – h e raízes (x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).
3 1 função quadrática, quando o coeficiente a é positivo
vértice: 4 (a > 0) outro quando é negativo (a <0) e ainda quando
As raízes ou zeros da função quadrática são os valores de x tal que a ∆ > 0; ∆ < 0 e ∆ = 0
𝑓(x) = ax2 + bx + c = 0.
Para ∆ < 0 temos:

Pela forma canônica tem-se que a função 𝑓(x) = ax2


a > 0 → 𝑓(x) >0, ⩝x ∊ ℜ
+ bx + c pode ser escrita da seguinte forma:
a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ

[ ]
No gráfico da função quadrática com ∆ < 0, como
2
b ∆ não existe raiz real, logo a parábola não corta o eixo
𝑓(x) = a x+ – x (abscissa).
2a 4a2

Sendo ∆ = b2 – 4ac, o discriminante, igualando essa


função canônica a zero chegamos nos valores das
raízes:

– b ± √∆ Para ∆ = 0 temos:
x=
2a
a > 0 → 𝑓(x) > 0, ⩝x ∊ ℜ
a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ
Usando essa fórmula chegamos nas raízes da fun-
ção quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2:
No gráfico da função quadrática com ∆ = 0, as raí-
zes são iguais (raiz unitária), logo a parábola corta o
∆ = b2 – 4ac = (–3)2 – 4 · 1 · 2 = 9 – 8 = 1,
eixo x (abscissa) em apenas um ponto, nesse ponto a
𝑓(x) = 0.
– (–3) – √1 3–1
x1 = = =2
2·1 2

– (–3) + √1 3+1
x2 = = =2
2·1 2

Assim, as raízes para a função quadrática são: (x1, Para ∆ > 0 temos:
y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).
 b
 f ( x>=
𝑓(x) ) 0, {x
ax∊+ℜb|>x 0< x→
1 x > −2 ;
ou x > x }
Importante!  a
a>0→ 
MATEMÁTICA

Quando o valor de delta é negativo (∆ < 0) não 𝑓(x) b


f ( x<=
) 0, {x
ax∊+ℜb|<x0 <→x <x x<2}− ;
temos raízes reais, pois raiz quadrada de um 

1
a
número negativo é um número complexo. Quan-
do o delta é igual a zero (∆ = 0) as duas raízes  b
 f ( x>=
𝑓(x) ) 0, {x
ax∊+ℜb|>x0 < x < x2} − ;
1 → x >
são iguais, ou seja, teremos uma função quadrá-  a
tica de raiz unitária. Já para delta positivo (∆ > 0) a<0→ 
𝑓(x) b
teremos então a situação de duas raízes reais. f ( x<=
) 0, {x
ax∊+ℜb|<x <0 x→ oux x<>−x2} ;


1
a 47
No gráfico da função quadrática com ∆ > 0, exis-  b
f ( x=
) ax +b > 0 → x > − ;
 ∆𝑓 = (–1) – 4(1)(–6) = 1 + 24 = 25
2
 a
te as duas raízes reais, logo a parábola corta o eixo x ∆ = b – 4ac →
2 
b
 f ( x=
) 2 ax + b < 0 → x < − ;
(abscissa) em dois pontos, nesses pontos a 𝑓(x) = 0.  ∆g = (2) – 4(–1)(–1) = 4 – 4 = 0 a

 –(–1) – √25 b
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x
–2 > − ;
1
2·1 a
𝑓(x) = 0 
 fx( x==) –(–1) + √25 b
ax + b < 0 →= 3x < − ;
 2
2·1 a
Logo no estudo do sinal da função quadrática 𝑓(x) 
f ( x=
) ax +–(2)
b >±0 → x > −
b
;
= x2 – 3x + 2, temos que a = 1 > 0 e calculamos o valor 
 √0 a
g(x) = 0  x =x = = 1 b
do delta, ∆ = 1 > 0, e das raízes, x1 1 = e x2 = 2. Assim, 

1
 f ( x=
) 2 ax + b < 0 → x < −
2 · (–1) a
;
concluímos para o estudo de sinal:
Para 𝑓(x) = x2 – x – 6, com ∆ > 0 e a > 0:
 b
 f ( x>=
𝑓(x) ) 0, {x
ax∊+ℜb|>x0< →
1 oux x>>−2} ;
 a 
f ( x=
) ax + b > 0 → x > −
b
;
a>0→   𝑓(x) > 0, {x ∊ ℜ | x < –2 ou x > 3} a

𝑓(x) b 
 f ( x= b
f ( x<=
) 0, {x
ax∊+ℜb|<10< →
x <x2}< − ; ) ax + b < 0 → x < −
 𝑓(x) < 0, {x ∊ ℜ | –2 < x <3}
 a
;

 a
Para g(x) = –x2 +2x – 1, com ∆ = 0 e a < 0:
INEQUAÇÃO PRODUTO E INEQUAÇÃO QUOCIENTE g(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ.
Assim, para a inequação produto ser positiva, 𝑓(x)
Inequações para Função Quadrática · g(x) = (x2 – x – 6) · (–x2 + 2x – 1) > 0, sabendo que g(x) <
0, então a 𝑓 também deve ser negativa, 𝑓(x) < 0. Assim,
Seja a ≠ 0 as inequações quadráticas são: ax2 + bx a solução será S = {x ∊ ℜ |–2 < x < 3}.
+ c > 0, ax2 + bx + c < 0, ax2 + bx + c ≥ 0 ou ax2 + bx + c ≤ 0. No caso de inequação quociente faz-se o estudo
Resolver a inequação 𝑓(x) = ax2 + bx + c > 0 signifi- de sinal de cada uma das funções quadráticas e defi-
ne-se como solução de acordo com a regra de sinais
ca encontrar valores de x tal que 𝑓(x) seja positiva. O
do quociente de números reais, temos que (+ ÷ + =
resultado para resolver essa inequação é encontrado
+);(– ÷ – = +);(+ ÷ – = –), assim, um conjunto solução (S)
no estudo de sinal da função 𝑓(x) . Assim dependendo para uma dessas inequações pode ser encontrada da
dos valores de a e de delta temos algumas combina- seguinte forma, seja a inequação quociente 𝑓(x) / g(x)
ções de resultados para solução da 𝑓(x) > 0: > 0, para o quociente ser positivo temos duas situa-
ções: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0.
Então seja a inequação quociente (2x2 + x – 1)/(–x2 +
2x) < 0, para achar o conjunto solução primeiro encon-
tra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = 2x2 + x – 1 e g(x)
= – x2 + 2x:
 b
f ( x )
= ax + b > 0
 ∆ = (1) – 4(2)(–1) = 1 + 8 = 9 → x > − ;
2
a
 ∆ = (2) – 4(–1)(0) = 4 – 0 = 4
𝑓
∆ = b2 – 4ac →

 f ( x=
2
b
) –(1) ax b 0 x ;
g

+ < → < −
 fx( x==) ax +–b√9> 0 → x>− ;
= –1
b a
  1
2·2 a
𝑓(x) = 0 
1 b
) –(1)
 f ( x= ax ++b√9< 0 →
= x<− ;
 x2 =
 2·2 2 a

 x = –(2) – √4 = 2 b
 f (1 x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 2 · (–1) a
g(x) = 0 
No caso de inequação produto faz-se o estudo de  f ( x= –(2) + √4 b
sinal de cada uma das funções quadráticas e define-se  x2 =) ax + b < 0 → = 0x < − ;
 2 · (–1) a
como solução de acordo com a regra de sinais do pro-
duto de números reais, temos que (+ × + = +); (– × – =
+); (+ × – = –), assim, um conjunto solução (S) para uma Para 𝑓(x) = 2x2 + x – 1, com ∆ > 0 e a > 0:
dessas inequações pode ser encontrada da seguinte
forma, seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o b   b
b 1 
; ( x=
− > xf → )0 >ax
b+ ba> 0
+x =)x
→ ( fx > − ;
produto ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e  𝑓(x) a 
  a

g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0.  f ( x; =


)b> 0,
−ax

<x b
+xf →
∊ℜ )00<→
( x>
| xax
b+ x xb
< –1 ou
> ; ( fx
−x0=>)→
a< x < − b ;
 a 

= +
a 2   a
Então seja a inequação produto (x2 – x – 6) · (– x2  b
+ 2x – 1) > 0, para achar o conjunto solução primeiro  f; (ax−=  b  b
) > ax + b < 0 → x < − 1 ; 
x
→ f (0x>
) b ax
= + x+ab = ) x0
> (→f x > − ;
 a
encontra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = x2 – x – 6 e 
 𝑓(x)
;
b < 0,  x ∊ ℜ | –1 < x <
− < x →

f (0x<
) b ax
= + x+ab = a( →
) x0
<

f x < −
b
;
48 g(x) = –x2 + 2x – 1:
a 
 2 
 a
Para g(x) = – x2 + 2x, com ∆ > 0 e a < 0: Sendo a = 1 > 0, então a concavidade da parábola
está voltada para cima e o vértice será ponto de míni-
 b mo da função.

 g(x) > 0,ax
f ( x=
) {x +
∊ℜ | 00<→
b > x <x2}
>
a
; −
O vértice de uma função quadrática será ponto de

b
 f ( x=


) ax + b < 0 → x < −
a
;
g(x) < 0, {x ∊ ℜ | x < 0 ou x > 2} máximo da função quando a < 0 e ponto de mínimo
da função quando a > 0.
Assim, para a inequação quociente ser negativa,
𝑓(x)/g(x) = (2x2 + x – 1) / (–x2 + 2x) < 0, temos duas situa-
ções, a primeira com 𝑓(x) > 0 e g(x) < 0. Assim, a solu-
ção será: FUNÇÃO MODULAR

b   b DEFINIÇÃO, GRÁFICO, DOMÍNIO E IMAGEM DA


; − > ( x0
x f→ ) > ax
= b ++xba >=0 (1f
) x→ x > − ;
a  
 a FUNÇÃO MODULAR
b 1  x ∊ ℜ | x < – 1 ou x >
S =   ⌒ {x ∊ ℜ | x < 0 ou x >2}
b
; ( x0
− < x f→ ) < ax
= b ++xba <=0 (2f
) x→ < −
x ;
a 
 
 a
Uma função 𝑓: ℝ → ℝ definida pela associação de
= {x ∊ ℜ | x < –1 ou x > 2 cada x ∊ ℝ a 𝑓(x) = |x| ∊ ℝ é denominada Função
Modular.
Considerando a definição de módulo de um núme-
A segunda para 𝑓(x) < 0 e g(x) > 0. Assim, a solução
ro real, em que para um número x tem-se |x| = x, se x
será:
≥ 0 ou |x| = –x, se x < 0, podemos descrever a função
modular também da seguinte forma:
b   b
; − > x →
 f0( x>
) b+
= axxa
+ b=> (1f
) x0 →  x > − ;
a   a
b S2 =  x ∊ ℜ | – 1 < x < ⌒ { x ∊ ℜ | 0 < x < 2}
 
 x < − b  b
 x, se x ≥ 0
; − < x → f 0
( x<
) b+
axxa
+ b=) x0
( → ;
a 

= <
2f 
 a  f ( x=
) ax + b > 0 → x > −
a
;
𝑓(x) = 
 f ( x= b
) ax + b < 0 → x < − ;
;
b
− > x →

0 ( xb
f > )+x
= ax (1f
) x>
a +=
b 0

→ x > −
b
;  – x, se x < 0
 a
a 
  a
b =  x∊ℜ|0<x<


 b
; − < x → 0 ( xb
f < )+x
ax ) x<
a +=
b ( 0 ;
a 

=
2f 
→ x < −
 a O gráfico para a função modular 𝑓(x) = |x| é defi-
nido pela junção dos dois gráficos da função de duas
Logo, a solução das inequações quociente (2x2 + x sentenças (x e –x) e resultará em duas semi-retas de
– 1)/(–x2 + 2x) < 0 é: origem na raiz da função, (x, y) = (0,0), ou seja, essas
retas são bissetrizes dos primeiro e segundo quadran-
 b b  tes do plano (Figura 15).
 f ( x=
) ; ax >b
− + x>→ 00→ >xb>+1x−a ;= )x ( f 
 a a  O domínio da função modular é o conjunto dos
S1 ◡ S2 =  x ∊ ℜ | x < –1 ou 0 < x <
b ou
b x>2

 f ( x=


) ; ax
a
−+<bx<→ 00→ <xb<
2 −aa ;=) x ( f
+x 


reais, ou seja, para todo x ∊ ℝ, existe um único y ∊
Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somen-
te valores positivos (reais não negativos (ℝ+)). Logo,
MÁXIMOS E MÍNIMOS Im(𝑓) = ℜ+. Note, que no gráfico da função as retas
ficam acima do eixo x, onde todos valores para y são
Máximo e Mínimo para Função Quadrática
positivos (Figura 15).
Dizemos que o número yM ∊ Im(𝑓) é o valor máxi-
mo ou mínimo da função y = 𝑓(x) se, somente se, yM ≥
y ou yM ≤ y, respectivamente. Ao valor xM ∊ D𝑓 tal que
yM = 𝑓(xM) chamamos de ponto máximo ou mínimo da
função. Esse ponto também conhecido como vértice
da função quadrática ou da parábola. Denotamos o
vértice como:

 ∆
−–b b −∆
− b–∆
− 
(= yM ,)y
xM , (x )V==( )
v ,v,yyvv) = V
Vx(x V  ,,  V = ) vy , vx ( V =
) My , Mx (
M M
 a22a
4a a44a2a 

Para a função quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2, o vértice Figura 15. Gráfico da Função Modular 𝑓(x) = |x|.
é dado por:
Para funções modulares com potência quadrática
−b b−∆
 ∆−–b − 
–∆ como 𝑓(x) = |x2 + 4x|, primeiro divida a função modu-
(=
xM , yM ) (V(x
V= xv ,v ,yyv v)) = VV  ,,  V = ) vy , vx ( V )
My em
=
lar (
, Mxfunções definidas por duas sentenças:
MATEMÁTICA

 a22a
4a a44a
2a 
 b
f 2( x=) ax + b > 0 → x > − ;
−∆ –((–3) –∆4−· 1 b· −2)
−–b( –3)  x + 4x
( xv , yv ) =VV  , ,   ,  V =
2  a
(=
xM , yM ) V= ) vy , vx ( V =
) My , Mx ( 𝑓(x) = 
 f ( x2 =
)
 –(x + 4x)
ax + b < 0 → x < −
b
;
 2a2 · 14a  4 a· 14 a2   a


−3− b−
b −∆1
( xv , yv ) =VV  , ,– 4  V =
A essas duas funções encontramos as suas raízes:
(=
xM , yM ) V= ) vy , vx ( V =
) My , Mx (
 a224a a42a  ∆ = b2 – 4ac = 42 – 4 · 1 · 0 = 16 49
 –(4) – √16 b  3 b
 fx( x==) ax2 ·+1b > 0=→
1
–4 x > − ;
a  f3x( x+=)2 =ax
x –+1 b→>x 0
= –→ x > − ;
2 a
 |3x + 2| = |x – 1| ⇔ 
 fx( x==) –(4) + √16 b  f3x( x+=)2 =ax 1 b
ax + b < 0 =→0 x < − ; –x + < x0=→– x < − ;
+ 1b →

2
2·1 a  4 a
b   b
; − > x → 0 > b+fx(a ) =
3x= )x (1f+b > 0 → x > −
ax ;
As raízes são –4 e 0, como para a primeira sentença a   a
b S = – ,– 
b
o valor de a > 0, então a concavidade é voltada para ; − < x → 0 < b+fx(a

) =
2x= )x (4f+b < 0 → x < −
ax

;
a   a
cima, e na segunda sentença o valor de a < 0, ou seja,
concavidade voltada para baixo. Logo, a solução posi-
E na situação de uma função modular, como a
tiva para a função nas duas sentenças segue o interva-
lo de x abaixo: equação |3x + 2| = 2x – 3, a solução é válida para valo-
res de x tal que 2x – ≥ 0 → x ≥ 3/2. A solução da equa-
 2 b ção é dada por:
 x + 4x, x ≤ –4 e x ≥ 0
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
a
𝑓(x) = 
 f (2x= b
) ax + b < 0 → x < − ;
 –x – 4x, –4 < x < 0
 a  3x + 2 = 2x – 3 → x = –5 b
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
 a
Dessa forma construímos o gráfico para x2 + 4x no |3x + 2| = 2x – 3 ⇔  1
 f3x( x+= b
intervalo abaixo de –4 e acima de 0 e para –x2 – 4x no )2 =ax
–2x++b3<→0x→
= x<− ;

 5 a
intervalo entre –4 e 0 (Figura 16).
As raízes das sentenças definidas pela função
modular podem também ser chamadas de ponto (s) Como a solução só é válida para valores de x ≥ 3/2,
de inflexão da curva (funções quadráticas) ou da reta então a solução para |3x + 2| = 2x – 3 é S = {∅}.
(funções lineares ou Afim). Inflexão é um ponto sobre
uma curva na qual a curvatura troca o sinal, nesse INEQUAÇÕES MODULARES
caso indo para o lado positivo do eixo y, pois, Im(𝑓)
= 𝔑+. Uma das propriedades de módulo para números
reais, em que para um número k > 0 tem-se |x| < k ⇔
–k < x < k e |x| > k ⇔ x < – k ou x > k. Com essa proprie-
dade podemos resolver inequações modulares como
|3x – 2| < 4 e sua solução é:

2
|3x – 2| < 4 ⇔ –4 < 3x – 2 < 4 → –2 < 3x < 6 → – <x<2
3
b   b
; − > x→f (0
x=)> bax
+2x
+ab >
=)0
x (→
f x > − ;
a   a
b S=  x∊ℜ|– <x<2
 
b
; − < x →f (x
0=)< bax
+3x
+ab <
=)0 f x < −
x (→ ;
a 
 
 a

Mas se a inequação for |5x + 4| ≥ 4, a solução é:

Figura 16. Gráfico da Função Modular 𝑓(x) = | x2 + 4x|.


|5x + 4| ≥ 4 ⇔ 5x + 4 ≤ –4 ou 5x + 4 ≥ 4 ⇔ 5x ≤ –8
EQUAÇÕES MODULARES
ou
Equações Modulares
8
Lembrando da definição de módulo de um núme- 5x ≥ 0 ⇔ x ≤ – ou x ≥ 0
ro real, em que para um número k > 0 tem-se |x| = k 5
⇔ x = k ou x = –k. Então a solução da equação modu- b   b
; − > ) 0
f (xx→
= ax bb
>+ +
8> 0→
xa ) xx( >
= f− ;
lar |x + 2| = 3 é: a 
  a
S=b
 x∊ℜ|x≤– ou x ≥ 0  b
< f
;
a



f (xx=
) 0
→ ax bb
<+ 5<
+ 0→
xa ) xx( <
= −

 a
;
 b
 x+2=3→x=1
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
a
|x + 2| = 3 ⇔ 
b
 f ( x=
) ax + b < 0 → x < − ; Para a inequação |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 temos:
 x + 2 = –3 → x = –5
 a

|x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 → |x + 1| ≥ 7 – 2x
S = {–5, 1}
 b
Caso tenhamos duas funções modulares, como a f ( x=
) ax + b > 0 → x > −
 x + 1, se x ≥ – 1
 a
;
equação |3x + 2| = |x – 1|, a solução é dada da seguin- |x + 1| = 
b
 f ( x=
 –x – 1, se x < –1
) ax + b < 0 → x < − ;
50 te forma:  a
Para x ≥ –1 temos x + 1 ≥ 7 – 2x ⇔ ≥ 2, com solução:

S1 = {x ∊ ℜ | x ≥ – 1} ⌒ { x ∊ ℜ | x ≥ 2} = {x ∊ ℜ | x ≥ 2}

Já para x < –1 temos –x –1 ≥ 7 – 2x ⇔ x ≥ 8, com


solução:

S2 = {x ∊ ℜ| x < –1} ⌒ {x ∊ ℜ| x ≥ 8} = {∅}

Assim, a solução de |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 é dada por:

S1 ◡ S2 = {x ∊ ℜ| x ≥ 2} ◡ ∅ = {x ∊ ℜ| x ≥ 2}

FUNÇÃO EXPONENCIAL
GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM, CARACTERÍSTICAS
DA FUNÇÃO EXPONENCIAL E LOGARITMOS
DECIMAIS

Seja a um número real, tal que seja maior que zero


e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊ ℜ*+ –{1}), a função 𝑓:
ℝ → ℝ que associa a cada x ∊ ℝ o número 𝑓(x) = ax,
é conhecida como Função Exponencial. Assim fun-
ções como: 2x, (√2)x e 10x são exemplos de funções
exponenciais.
Da definição de função exponencial, a partir de
algumas características, pode-se notar:

z x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1;
z 𝑓(x) = ax é crescente para a > 1, ou seja, x1 < x2 →
𝑓(x1) < 𝑓(x2); Figura 17. Gráfico da Função Exponencial, (a) crescente (𝑓(x) = 2x) e
z 𝑓(x) = ax é decrescente para 0 < a < 1, ou seja, x1 < (b) decrescente (𝑓(x) = (0, 5)x ).
x2 → 𝑓(x1) > 𝑓(x2);
z n ∊ ℤ e a > 1, então 𝑓(n) = an > 1 se, e somente se, n EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES EXPONENCIAIS
> 0;
z a ∊ ℝ, a > 1 e r ∊ ℚ, então 𝑓(r) = ar > 1 se, e somente Equações Exponenciais
se, r > 0;
z a ∊ ℝ, a > 1 e r, s ∊ ℚ, então as > ar se, e somente se, Equações exponenciais são aquelas equações onde
s > r; a incógnita x está no expoente, como: 2x = 32 e 2x – 4x
= 2.
z a ∊ ℝ, a > 1 e α ∊ {ℝ –ℚ}, então aα > 1 se, e somente
A forma de solucionar a equação exponencial é
se, α > 0;
deixando todas as potências com a mesma base, como
z a ∊ ℝ, a > 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente se, b
a 𝑓(x) = ax é injetora, podemos dizer que potências
> 0; iguais e de mesma base têm expoentes iguais, ou seja,
z a ∊ ℝ, a > 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somente ax = ay ⇔ x = y, (a ∊ ℜ*+ –{1})
se, x1 > x2; Seja a equação exponencial 2x = 128, temos a solu-
z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente ção o valor de x igual a:
se, b < 0;
z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somen- 2x = 128 → 2x = 27→ x = 7
te se, x1 < x2. S = {7}
2+3x–2
O domínio da função exponencial é o conjunto Agora para a equação exponencial 52x = 1
dos reais, ou seja, para todo x ∊ ℝ, existe um único y ∊ temos x igual a:
Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somente
MATEMÁTICA

valores positivos não nulos (reais não negativos e não 52x2+3x–2 = 1 → 52x2+3x–2 = 50 → 2x2 + 3x – 2 = 0
nulo (ℝ*+)). Logo, Im(𝑓) = ℜ*+. Note, que no gráfico da ∆ = b2 – 4ac = 32 – 4 · 2 · (–2) = 9 + 16 = 25
função a curva de 𝑓(x) = ax está toda acima do eixo x,  –b – √∆ –3 – √25b
pois 𝑓(x) = ax > 0, ⩝ x ∊ ℜ. Além disso, temos que o pon-  f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x > − ; = –2
2 · 2a
1
to de encontro da curva com o eixo y, é no ponto (x, y) 2a

= (0, 1), x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1. Assim, o gráfico para duas –b + √∆
 fx( x==) ax –3 +√25b 1
funções exponenciais, crescente (a > 1) e decrescente +b < 0 →= x<− ; =
(0 < a < 1), segue como na Figura 17.  2
2a 2 · 2a 2 51
b   b
; − > x → 0 > b + x )xx=
a f (= )(1f ax
 +b > 0 → x > − ; Em que, a é base do logaritmo; b é o logaritmando
a   a
b S =  – 2,  e x é o logaritmo. Assim, por exemplo, o logaritmo log2
; − < x → 0 < b + x
a f (= )(2f
)xx=  +b < 0 → x < − b;
ax
a 
 
 a 8 = 3 pois 23 = 8.
Logo, dessa definição decorrem algumas proprie-
Inequações Exponenciais dades, seja (a ∊ ℜ*+ –{1}) e b > 0:

Inequações exponenciais são aquelas inequações z loga 1 = 0;


onde a incógnita x está no expoente, como: 2x > 32 e
2x – 4x < 2. z loga a = 1;
A forma de solucionar a equação exponencial é
deixando todas as potências com a mesma base, como z aloga b = b;
a 𝑓(x) = ax é crescente com base (a > 1) e decrescente
com base (0 < a < 1), podemos dizer então que a desi-
gualdade se mantém para as potências quando a fun- z loga b = loga c ⇔ b = c;
ção é crescente e inverte quando é decrescente, ou seja:
z b > 0 e c > 0 → loga (b · c) = loga b + loga c, que pode
a > 1 → ax > ay ⇔ x > y; ser generalizada para:
0 < a < 1 → ax > ay ⇔ x < y x x
 1n 1  n
52a1≥Πbi ≥125
log = Σ log b , n ≥ 2;
Seja a inequação exponencial 2x < 32 (crescente),  5i =1 5  i = 1 a i
temos a solução igual a: x x
 1b1 
2x < 32 → 2x < 25 → x < 5 z b>0ec>05 →2log
1 ≥a     ≥ 125a b – loga c, então loga
= log
S = {x ∊ ℜ | x < 5} x x  5c5 
 111 
521 ≥     ≥ = –125loga c;
E na inequação exponencial (decrescente):  5c5 
z α ∊ ℝ → loga bα = α · (loga b);
x x
11x
521 ≥ 1  ≥≥ 125
125 1
555 z n ∊ ℕ → loga √b = loga(b) =
*
loga b ;
n
Temos duas formas: z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1:

x x x x
 11   11 
x x
logc b
≥→   ≥≥5 125
1125
521 ≥   5≥2≥125 → (5 ) 3 –1 x
≥5 →5 ≥5
3 –x 3
loga b =
logc a
, mudança de base com quociente;

 55   55  z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1: loga b = logc b · log a c,


5–x ≥ 53 → – x ≥ 3 → x ≤ –3 mudança de base com produto;
S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3}
x x x x x x x x
 111 x  111 x  111 x  111 –3 1
521 ≥     ≥≥125 z a ≠ 1, b ≠ 1 loga b = ;
125 →     ≥ 5 →     ≥     ≥ 125
5 2 1 ≥ ≥ 125
5 2
3 1≥ 5 2
≥ 1
125

 555   555   555   555  loga a
1
x ≤ –3 z β ∊ ℝ* logaβ b = loga b ;
S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3} β

GRÁFICOS, DOMÍNIO, IMAGEM E


CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA
FUNÇÃO LOGARÍTMICA
Seja a um número real, tal que seja maior que zero
DEFINIÇÃO DE LOGARITMO E PROPRIEDADES e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊ ℜ*+ –{1}), a função 𝑓: ℝ*+
OPERATÓRIAS → ℝ que associa a cada x ∊ ℝ*+ o número 𝑓(x) = loga x, é
conhecida como Função Logarítmica. Assim funções
Logaritmo como: log2 x, log½ x e log x são exemplos de funções
logarítmicas.
Antes de definir a Função Logarítmica, temos que Da definição de função logarítmica algumas carac-
ter uma noção básica de Logaritmo. A ideia de Loga- terísticas quando a ∊ ℜ*+ –{1}, pode-se notar:
ritmo surgiu para solucionar problemas de equações
exponenciais do tipo 2x = 3, ou seja, exponenciais que z 𝑓: ℝ*+ → ℝ e g: ℝ → ℝ*+: 𝑓(x) = loga x → 𝑓–1 (x) = g(x) =
não são possíveis deixar os dois membros com a mes-
ax , relação inversa;
ma base, assim define-se o conceito de logaritmo, seja
dois números reais positivos a e b, com a ≠ 1, chama-se z 𝑓(x) = loga x é crescente para a > 1;
x o logaritmo de b na base a, onde o expoente que se z 𝑓(x) = loga x é decrescente para 0 < a < 1;
deve dar à base a de modo que a potência obtida seja z a > 1; 0 < x < 1 → loga x < 0;
igual a b, ou seja: z a > 1; x > 1 → loga x > 0;
z 0 < a < 1; 0 < x < 1 → loga x > 0;
52 loga b = x ⇔ ax = b z 0 < a < 1; x > 1 → loga x < 0;
O domínio da função logarítmica é o conjunto dos log4 (3x + 2) = log4 (2x + 5) → (3x + 2) = (2x + 5) → x = 3
reais positivos não nulos, ou seja, para todo x ∊ ℝ*+, S = {3}
existe um único y ∊ Im(𝑓), como a função 𝑓: ℝ*+ → ℝ,
𝑓(x) = loga x, admite a inversa g: ℝ → ℝ*+, g(x) = ax, assim Agora para a equação logarítmica log4 (2x2 + 5x + 4)
𝑓 é bijetora e portanto a imagem da função assume = 2 temos x igual a:
qualquer valor real. Logo, Im (𝑓) = ℜ. Note, que no grá-
2x2 + 5x + 4 > 0
fico da função 𝑓(x) = loga x, a curva está toda a direita
∆ = b2 – 4ac = 25 – 32 = –7
do eixo y, pois x > 0. Além disso, temos que o ponto de logo, 𝑓(x) > 0, ⩝ x ∊ ℜ
encontro da curva com o eixo x, é no ponto (x, y) = (1,
0), x = 1 → 𝑓(1) = loga 1 = 0. Assim, o gráfico para duas log4 (2x2 + 5x + 4) = 2 → 2x2 + 5x + 4 = 42 →2x2 + 5x + 4
funções logarítmicas, crescente (a > 1) e decrescente (0 = 16 → 2x2 + 5x – 12 = 0
< a < 1), segue como na Figura 18.
∆ = b2 – 4ac = 52 – 4 · 2 · (–12) = 25 + 96 = 121

 – b – √∆ b
– 5 – √121
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x > − ; = –4
2 ·a
1
2a 2

– b + √∆
 fx( x==) ax b
– 5 +√121 3
+b < 0 → = x<− ; =
2
2a 2 ·a2 2

b   b
; − > x → 0 > b + x
a f (=
)xx=
)(3f ax
 +b > 0 → x > − ;
a   a
b S =  – 4, 
; − < x → 0 < b + x
a f (= )(2f
)xx=  +b < 0 → x < − b;
ax
a 
 
 a

Inequações Logarítmicas

Inequações logarítmicas são aquelas inequações


do tipo: loga 𝑓(x) >loga g(x) e loga 𝑓(x) > α, α ∊ ℝ e com
(a ∊ ℜ*+ –{1}).
A forma de solucionar a inequação logarítmica é
deixando os logaritmos com as mesma base, e aplican-
do as desigualdades em casos de bases maiores que
um ou entre zero e um, lembrando que as 𝑓(x) = g(x)
> 0 ou aplicando propriedade inversa e transforman-
do em equação exponencial, loga 𝑓(x) = α → 𝑓(x) = aα.
Esquematizando temos:

 b
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 𝑓(x) > g(x) se a > 1
 a
loga 𝑓(x) > loga g(x) ⇔ 
b
 f ( x=
 0 < 𝑓(x) < g(x) se 0 < a < 1
) ax + b < 0 → x < − ;
 a

ou

 b
Figura 18. Gráfico da Função Logarítmica, (a) crescente (𝑓(x) = log2 f ( x=
) kax + b > 0 → x > − ;
 𝑓(x) > a se a > 1
 a
x) e (b) decrescente (𝑓(x) = log½ x). loga 𝑓(x) > k ⇔ 
 f ( x= b
 0 < 𝑓(x) < a se 0 < a < 1
) ax k+ b < 0 → x < − ;
 a
EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES LOGARÍTMICAS  b
 0 < 𝑓(x) < a se a > 1
 f ( x=
) ax k+ b > 0 → x > − ;
a
Equações logarítmicas são aquelas equações do loga 𝑓(x) > k ⇔ 
 f ( x= b
) kax + b < 0 → x < − ;
 𝑓(x) > a se 0 < a < 1
 a
tipo: loga 𝑓(x) = loga g(x) ou loga 𝑓(x) = α, α ∊ ℝ e com
(a ∊ ℜ*+ –{1}).
A forma de solucionar a equação logarítmica é Seja a inequação logarítmica log2 (2x2 – 5x) ≤ log23,
deixando os logaritmos com a mesma base, e igualan- para acharmos a solução primeiro fazemos o estudo
do sina de 𝑓(x) = 2x2 – 5x:
do as função 𝑓(x) = g(x) > 0 ou aplicando propriedade
inversa e transformando em equação exponencial,
MATEMÁTICA

2x2 – 5x > 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · 0 = 25


loga 𝑓(x) = α → 𝑓(x) = aα
Seja a equação logarítmica log4 (3x + 2) = log4 (2x +
5), temos a solução o valor de x = 3, pois foi maior que  – (–5) – √25 b
x > –2/3 e x > –5/2:  f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x >
0 − ;
1
2·2 a


f ( x=
)
< ax 0→
0 →+xb>>–2/3
b
;
x > −
 fx( x==) –(–5) + √25 5 b
 3x + 2


a ax + b < 0 →= x < − ;
 f ( x=
)
 2x + 5 > ax 0→ x < −
0 →+xb><–5/2
b
;  1
2·2 2 a
 a 53
Como para a 𝑓(x) = 2x2 – 5x temos a > 0 e ∆ > 0, notação: log10 𝑓(x) = log 𝑓(x), onde não há a necessida-
então a solução para 𝑓(x) > 0 é: de de escrever o valor 10 na base. Todas as caracte-
rísticas e propriedades de logaritmos também valem
;
b 
− >xf → )0 >ax
( x= b++xba> 0
=)→

x (5fx> −
b
;
para os logaritmos decimais.
a   a Segue algumas propriedades:
S
b1 =  x ∊ ℜ | x < 0 ou x > 
b
; − <xf →
( x=
)0 <ax
b++xba< 0
=)→x (2fx< − ;
a 
 
 a
z 10c ≤ x < 10c+1 ⇔ log 10c ≤ log x < log 10c+1 → c ≤ log x
< c + 1, x > 0 e c ∊ ℤ;
Agora o estudo da inequação logarítmica começa z log x = c + m, onde c ∊ ℤ é característica e 0 ≤ m < 1
na relação entre os logaritmos de mesma base, como é a mantissa;
a base é 2 então a função é crescente: z x > 1 → c ≥ 0; 0 < x < 1 → c < 0;
z A mantissa (m) é um valor tabelado;
a = 2 > 1 → log2 (2x2 – 5x) ≤ log2 3 → 2x2 – 5x ≤ 3 → 2x2 z A mantissa do decimal de x não se altera quando
– 5x – 3 ≤ 0 multiplica-se x por potência de 10 com expoente
inteiro, ou seja a mantissa (m) de log x não muda
2x2 – 5x – 3 ≤ 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · (–3) = 25 + 24 = 49 quando temos log10p x, p ∊ ℤ.

1b
Valores da característica (c) são dados da seguinte
 – (–5) – √49
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x –> − ; forma:
2a
1
2·2
  log 2,3 → c = 0 b
 fx( x==) – ax
(–5) + √49 b

+ b < 0 →= x 3< − ;  flog( x31,421
=) ax + b > 0 → x > − ;
a
a
1
2·2 →c=1
x>1 
 flog( x204 →c=2 b
Como para a g(x) = 2x2 – 5x – 3 temos a > 0 e ∆ > 0, =) ax + b < 0 → x < − ;
então a solução para g(x) ≤ 0 é:  log 6542,3 → c = 3 a
 log 0,2 → c = –1 b
;
b
− >

x
 f (x
→ 0=)> b
ax 1ab >=)0x (→
++
x

x > −
f
b
; f ( x =) ax + b
 log 0,035 → c = –2 > 0 → x > − ;
a
b S2 =

 x∊ℜ|– ≤x≤3 
 a
a
0<x<1 
b
; − < →
x 0=
f (x )< b
ax 2ab <=)0x (→
x
++ f
x< − ;
a 
 
 a
 flog( x0,00405 → c = –3 b
=) ax + b < 0 → x < − ;
Assim, a solução da inequação logarítmica log2  log 0,00053 → c = –4 a
(2x2 – 5x) ≤ log2 3 é dada pela intersecção das soluções
acima: Ou seja, o c é a quantidade de algarismos da parte
inteira menos 1 em caso de x > 1 e para 0 < x < 1 é o
 b b  oposto (negativo) da quantidade de zeros (inclusive o
 f ( x;=
) − ax1+xb→
> >0> →bx 5a− a=);x ( f
x
+> 
 a 
S = S1 ⌒ S2 = x ∊ ℜ | – ≤ x < 0 ou <bx ≤ 3  zero antes da vírgula!) que precede o primeiro alga-
 f ( x= b 


)
;
a
ax
− 2+xb→
< <0< →bx+<2a
x − =
a
); x ( f


rismo significativo.
Sendo a mantissa tabelada para N = 234 (m =
0,3692), Tabela 1, c = 1, assim o valor do log 23,4 = c +
E na inequação logarítmica log2 (3x + 5) > 3, temos:
m = 1 + 0,3692 = 1,3692.
a > 1 → log2 (3x + 5) > 3 → 3x + 5 > 23 → 3x + 5 > 8 → x > 1
Mantissas
Mas, a função 𝑓(x) = 3x + 5 > 0, então: N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

10 0000 0043 0086 0128 0170 0212 0253 0294 0334 0374
5
𝑓(x) = 3x + 5 > 0 → x > – 11 0414 0453 0492 0531 0569 0607 0645 0682 0719 0755
3 12 0792 0828 0864 0899 0934 0969 1004 1038 1072 1106
13 1139 1173 1206 1239 1271 1303 1335 1367 1399 1430
Como a solução x > 1 é também maior que: 14 1461 1492 1523 1553 1584 1614 1644 1673 1703 1732

15 1761 1790 1818 1847 1875 1903 1931 1959 1987 2014
5
x>– 16 2041 2068 2095 2122 2148 2175 2201 2227 2253 2279
3 17 2304 2330 2355 2380 2405 2430 2455 2480 2504 2529
18 2553 2577 2601 2625 2648 2672 2695 2718 2742 2765
Logo temos o intervalo de solução para x sendo: 19 2788 2810 2833 2856 2878 2900 2923 2945 2967 2989

S = {x ∊ ℜ | x > 1} 20 3010 3032 3054 3075 3096 3118 3139 3160 3181 3201
21 3222 3243 3263 3284 3304 3324 3345 3365 3385 3404
Logaritmos Decimais 22 3424 3444 3464 3483 3502 3522 3541 3560 3579 3598
23 3617 3636 3655 3674 3692 3711 3729 3747 3766 3784
São funções logarítmicas onde a base a = 10, ou
pode ser escrita como potência de base 10, como: 24 3802 3820 3838 3856 3874 3892 3909 3927 3945 3962

54 log10 𝑓(x) ou log10α 𝑓(x), α ∊ ℝ*. Pode-se ter também a


Mantissas Assim, a menor imagem para a função K é -20, já a
N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 maior imagem para a função J, como o coeficiente
a< 0, a concavidade está voltada para baixo e o seu
25 3979 3997 4014 4031 4048 4065 4082 4099 4116 4133 ponto de máximo será o:
26 4150 4166 4183 4200 4216 4232 4249 4265 4281 4298 ∆ 64
27 4314 4330 4346 4362 4378 4393 4409 4425 4440 4456 yvértice = – =– = 16
4a 4 · (–1)
28 4472 4487 4502 4518 4533 4548 4564 4579 4594 4609
29 4624 4639 4654 4669 4683 4698 4713 4728 4742 4757
Fazendo a diferença na ordem mencionada temos:
16 – (–20) = 16 + 20 = 36. Resposta: Letra C.
30 4771 4786 4800 4814 4829 4843 4857 4871 4886 4900
2. (FCC – 2019) Em uma negociação salarial, o sindicato
31 4914 4928 4942 4955 4969 4983 4997 5011 5024 5038
representativo dos trabalhadores de uma empresa de
32 5051 5065 5079 5092 5105 5119 5132 5145 5159 5172
alta tecnologia em manufatura de peças para compu-
33 5185 5198 5211 5224 5237 5250 5263 5276 5289 5302 tadores pediu 31,25 reais por hora de trabalho mais
34 5315 5328 5340 5353 5366 5378 5391 5403 5416 5428 uma taxa adicional por empreitada de 7,05 reais por
unidade inteira fabricada em cada hora. A empresa por
35 5441 5453 5465 5478 5490 5502 5514 5527 5539 5551 sua vez ofereceu 12,03 reais por hora trabalhada mais
36 5563 5575 5587 5599 5611 5623 5635 5647 5658 5670 12,03 reais por taxa de empreitada por unidade intei-
37 5882 5694 5705 5717 5729 5740 5752 5763 5775 5786 ra produzida por hora. Na audiência de negociação,
foram estabelecidas equações para o salário por hora
38 5798 5809 5821 5832 5843 5855 5866 5877 5888 5899
de cada uma das propostas em termos de n, o número
39 5911 5922 5933 5944 5955 5966 5977 5988 5999 6010
inteiro de peças produzidas por hora. O valor por hora
trabalhada mais a taxa de empreitada que a empresa
40 6021 6031 6042 6053 6064 6075 6085 6096 6107 6117
ofereceu só é maior que o valor solicitado pelo sindi-
41 6128 6138 6149 6160 6170 6180 6191 6201 6212 6222 cato quando:
42 6232 6243 6253 6263 6274 6284 6294 6304 6314 6325
43 6335 6345 6355 6365 6375 6385 6395 6405 6415 6425 a) n<2.
44 6435 6444 6454 6464 6474 6484 6493 6503 6513 6522 b) n=2.
c) n=3.
45 6532 6542 6551 6561 6571 6580 6590 6599 6609 6618 d) n<3.
46 6628 6637 6646 6656 6665 6675 6684 6693 6702 6712 e) n>3.
47 6721 6730 6739 6749 6758 6767 6776 6785 6794 6803
Inicialmente temos as seguintes funções para sindi-
48 6812 6821 6830 6839 6848 6857 6866 6875 6884 6893
cato e empresa, respectivamente:
49 6902 6911 6920 6928 6937 6946 6955 6964 6972 6981 yS = 31,25t + 7,05n
yE = 12,03t + 12,03n
50 6990 6998 7007 7016 7024 7033 7042 7050 7059 7067 Para a empresa ser maior que a do sindicato temos:
51 7075 7084 7093 7101 7110 7118 7126 7135 7143 7152 yE > ys → 12,03t + 12,03n > 31,25t + 7,05n
52 7160 7168 7177 7185 7193 7202 7210 7218 7226 7235 Deixando em função de número de peças produzi-
53 7243 7251 7259 7267 7275 7284 7292 7300 7308 7316 das por hora temos:
12,03n – 7,05n > 31,25t – 12,03t → 4,98n > 19,22t →
54 7324 7332 7340 7348 7356 7464 7372 7380 7388 7396
n > 3,86t
Logo, para o valor da empresa ser maior que a do
Tabela 1. Exemplo de tabela de Mantissas para valores de 100 a 549
sindicato os funcionários terão que produzir mais
(IEZZI; MURAKAMI, 1977).
que três peças por hora trabalhada, ou seja, n>3.
Resposta: Letra E.

EXERCÍCIOS COMENTADOS 3. (FCC – 2016) O valor da expressão log2 16 + log4 8 +


log8 4 é igual a:
1. (FCC – 2018) Inicialmente o domínio da função y = –
x² + 2x + 15 é o conjunto dos números reais e essa a) 5.
função será chamada de função J. Uma outra função, b) 23/2.
K, também dada por y = −x² + 2x + 15, tem como domí- c) 37/6.
nio o conjunto {−4,−3,−2,3,4,5,6,7}. A diferença entre a d) 5/4.
maior imagem da função J e a menor imagem da fun- e) 41/8.
ção K, nessa ordem, é igual a:
Resolvendo deixando todos log na mesma base:
MATEMÁTICA

a) 18. log2 16 + log4 8 + log8 4 = log2 24 + log 22 23 + log23 22


b) 41. 3 2
c) 36. = 4log2 2 + log2 2 + log2 2
d) 4. 2 3
e) 15. Como log2 2 = 1 então temos:
Para saber temos que a função J: ℝ → ℝ, ou seja, D = 3 2 3 2
Im= ℝ, a função K: A → B, D = A e Im = B, logo se A = = 4log2 2 + log2 2 + log2 2 = 4 + +
{−4, −3, −2, 3, 4, 5, 6, 7} então B = {–20, –9, 0 ,7, 12}. 2 3 2 3 55
24 + 9 + 4 37 Como ∆ > 0 e a > 0 a parábola tem duas raízes e
= = a concavidade voltada para cima assim para que a
6 6 função quadrática seja negativa a solução é em S3
Resposta: Letra C. = {x ∊ ℜ | – 5 < x < 3} mas também deve satisfazer
a solução S4 = {x ∊ ℜ | x > –2}, assim, S3 ⌒ S4 = {x ∊
4. (VUNESP – 2014) Uma população P cresce em fun- ℜ | –2 < x ≤ 3}.
ção do tempo t (em anos), segundo a sentença P = A solução final é dada pela união das parciais:
2000.50,1t. Hoje, no instante t = 0, a população é de
(S1 ⌒ S2) ◡ (S3 ⌒ S4) = {x ∊ ℜ | x ≤ – 5 ou –2 < x ≤ 3} =
2000 indivíduos. A população será de 50000 indiví-
(– ∞, –5] ◡ (–2, 3]. Resposta: Letra B.
duos daqui a:

a) 20 anos.
b) 25 anos.
c) 50 anos. TRIGONOMETRIA
d) 15 anos.
e) 10 anos. TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO
(SENO, COSSENO E TANGENTE)
Resolvendo deixando todos log na mesma base:
P = 2000 · 50,1t → 50000 = 2000 · 50,1t → 50,1t
Consideremos um triângulo retângulo ABC, reto
50000 50 em A. Os outros dois ângulos B e C são agudos e com-
= = = 25 plementares, isto é, B + C = 90º.
2000 2
50,1t = 25 = 52 → 0,1t = 2 → Para ângulos agudos, temos por definição:
2 2 10
t= = =2· = 20 anos C
0,1 1 1
10
Resposta: Letra A.
b
5. (FAFIPA – 2016) Os valores de x que satisfazem a ine- a
quação (x2 + 2x -15 / x + 2 )≤ 0 pertencem a:

a) (-∞-5]U[-2,3].
b) (-∞-5]U(-2,3].
A c B
c) (-∞-5]U(-2,3).
d) (-∞-5)U[-2,3].
Figura 1. Triângulo Retângulo ABC

Para a razão ser negativa existem dois conjuntos de


soluções possíveis: b
cateto oposto a B
1º) x2 + 2x – 15 ≥ 0 e x + 2 < 0: sen B = =
x < –2 hipotenusa a
x2 + 2x – 15 ≥ 0
∆ = b2 – 4ac = 4 – 4 · 1 · (–15) = 4 + 60 = 64
–2–8 b
c
 – b – √∆ cateto oposto a C
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0
= → x > − =;–5 sen C = =
1
2a 2 a hipotenusa a

–2 + 8 b
 fx( x==) – ax
b + √∆
+ b < 0= → x < − =; 3 c
cateto adjacente a B
 2
2a 2 a cos B = =
Como ∆ > 0 e a > 0 a parábola tem duas raízes e a con- hipotenusa a
cavidade voltada para cima assim para que a função
quadrática seja positiva a solução é em S1 = {x ∊ ℜ | –
5 ≤ x ou x ≥ 3} mas também deve satisfazer a solução cateto adjacente a C b
S2 = {x ∊ ℜ | x < –2}, assim, S1 ⌒ S2 = {x ∊ ℜ | x ≤ –5}. cos C = =
2º) x2 + 2x – 15 ≤ 0 e x + 2 > 0: hipotenusa a
x > –2
x2 + 2x – 15 ≤ 0
∆ = b2 – 4ac = 4 – 4 · 1 · (–15) = 4 + 60 = 64 cateto oposto a B b
tg B = =
 – b – √∆ –2–8 b cateto adjacente a B c
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0
= → x > − =;–5
1
2a 2 a

–2 + 8 b cateto oposto a C c
 fx( x==) – ax
b + √∆
+ b < 0= → x < − =; 3 tg C = =
56  2
2a 2 a cateto adjacente a C b
Observações: 4
cateto oposto a C
� sen C = =
z Os senos e cossenos de ângulos agudos são núme- hipotenusa 5
ros compreendidos entre 0 e 1, pois a medida
do cateto é sempre menor do que a medida da
hipotenusa; cateto adjacente a c 3
z O seno de um ângulo é igual ao cosseno do seu � cos C = =
complemento e reciprocamente: hipotenusa 5

sen x = cos (90º – x) e cosx = sen (90º – x)


cateto oposto a C 4
� tg C = =
z No triângulo retângulo vale o Teorema de Pitágo- 3
cateto adjacente a C
ras: a2 = b2 + c2

Exemplo: No triângulo retângulo abaixo, determine: ARCOS NOTÁVEIS

C Seno, cosseno e tangente de 45º

45°
3
L L√2

A 4 B 45°

Figura 2. Triângulo Retângulo ABC, com catetos 3 e 4 A L B


Figura 3. Triângulo Retângulo ABC, com catetos L e hipotenusa L√2
a) A hipotenusa BC
b) Sen B Em um triângulo retângulo isósceles qualquer, se
c) Cos B for a medida de cada cateto, então, L √2 será a medida
d) Tg B da hipotenusa, pois:
e) Sen C
f) Cos C (BC)2 = l2 + l2
g) Tg C (BC)2 = l2 . l2

Para encontrar a hipotenusa, vamos aplicar o Teo- BC = l √2


rema de Pitágoras:
Neste contexto:
z a2 = b2 + c2
a2 = 32 + 42 AC l 1
a2 = 9 + 16 sen B̂ = → sen 45° = → sen 45° = →
a2 = 25 BC l√2 √2

a = ± 25 √2
a=±5 →sen 45° =
a=5 2

√2
Descartamos o valor negativo, pois estamos tratan-
Portanto: sen 45º =
do de medida e não existe medida negativa. 2

cateto oposto a B 3
� sen B = = AB l 1
5 cos B̂ = → cos 45° = → cos 45° = →
hipotenusa BC l√2 √2
MATEMÁTICA

cateto adjacente a B 3 √2
� cos B = = → cos 45° =
hipotenusa 5 2

cateto oposto a B 3 √2
� tg B = = Portanto: cos 45º =
cateto adjacente a B 4 2
57
AC l √3
tg B̂ = → tg 45° = → tg 45° = 1
AB l → sen 60° =
2
Portanto: tg 45º = 1
√3
Portanto: sen 60º =
Seno, cosseno e tangente de 60º 2

C
AM l l 1
.
cos  = → cos 60° = 2 → cos 60° = →
AC l 2 l

1
L L → cos 60° =
2
(L√3)/2 1
Portanto: cos 60º =
2
l 3
MC 2 l√3 2
60° 60° tg  = → tg 60° = l → tg 60° = . →
AM 2 2 l
L/2 M L/2
A B
→ tg 60° =√3

C Portanto: tg 60º = √3

Seno, cosseno e tangente de 30º


30°
No triângulo retângulo AMC do item anterior,
L temos:
(L√3)/2

AM l l 1
.
sen Ĉ = → sen 30° = 2 → sen 30° = →
60° AC l 2 l

M L/2 A 1
→ sen 30° =
Figura 4. Triângulo Equilátero ABC, com lados L 2
1
Portanto: sen 30º =
2
Em um triângulo equilátero qualquer, se l for a
l 3 l 3
medida de cada um dos lados, então, será a MC l√3 1
2 → cos 30° = . →
medida da altura, pois: cos Ĉ = → cos 30° = 2
AC l 2 l

(AC)² = (AM)² + (MC)² √3

l² = b l
2 → cos 30° =
l
2
+ (MC)² 2
2
l
(MC)² = l² - 3
4 Portanto: cos 30º =
2
4 2 l 2
(MC)² = l -
4 4 l
3 2 AM 2 l 2
(MC)² = l
3 → tg 30° =
tg Ĉ = → tg 30° = l →
4
MC 2 l√3
2
l 3
MC = 1 √3
2
→ tg 30° = → tg 30° =
Desta maneira, temos: √3 3

3
Portanto: tg 30º =
MC l 3 l√3 1 3
→ sen 60° = . →
sen  = → sen 60° = 2
58 AC l 2 1 Observações: Note que:
sen 30º = cos 60º = , cos 30º = sen 60º = , sen 45º = Exemplo: Determinar o valor de x, na figura abaixo:
2
cos 45º = D
2
Podemos construir a seguinte tabela:
x

ARCO 30º 45º 60º C

45°
Seno 1 2 3 30°
2 2 2 A 60 B

1 Figura 6. Triângulo Retângulo BAD


Cosseno 3 2
2 2 2
Pelo triângulo ABC, temos:

Tangente 3 1 3
3 CB √3 CB 60· √3
tg 30° = = = = CB → CB = 20 · √3
60 3 60 3
Exemplo: Na figura abaixo, uma árvore é vista sob
um ângulo de 30°, a uma distância de 30m de sua base. Logo, podemos concluir que a medida de:
Considerando , a altura da árvore, em metros, é igual a:
BD = 20· 3 +x
a) 35
Pelo triângulo ABD, temos:
b) 17
c) 14
d) 28 BD ^ 20· 3 + xh
e) 30 tg 45° = =1= → 20 · 3 + x = 60 →
60 60

→ x = 60 - 20 · √3 →x = 20 · (3 - 3)
Portanto, x = 20 · (3 - 3)

IDENTIDADES TRIGONOMÉTRICAS FUNDAMENTAIS

Teorema Fundamental da Trigonometria

sen2 x + cos2 x = 1
30°
Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo-
30m
tenusa a temos, de acordo com o teorema de Pitágo-
ras: a2 = b2 + c2.

Figura 5. Triângulo Retângulo formado com a árvore C

Pelo triângulo retângulo formado na figura, pode-


mos perceber facilmente que a altura da árvore seria
o cateto oposto ao ângulo de 30º formado no solo.
Como a distância no solo é de 30m, temos duas infor-
mações importantes, o cateto oposto ao ângulo de 30º a
que podemos chamar de h (altura da árvore) e o cate- b
to adjacente ao ângulo de 30º (distância no solo), para
encontrar a altura usaremos a tangente de 30º:
MATEMÁTICA

cateto oposto h √3
tg 30° = → tg 30°= → = A
cateto adjacente 30 3
B c

h 30. √3 Figura 7. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a


= →h = 10 √3 = 10.1,7
30 3 Assim sendo, se x for a medida do ângulo agudo
Resposta: Letra B. B, então: 59
bbl +b l =
2 2 1
(sen x)² + (cos x)² = sen²x + cos²x =
c z Relação Fundamental: cossec (x) = senx
a a
b 2 c 2 b 2 + c2 a 2 A cossecante de um ângulo agudo x é, por defini-
= 2 + aa = = 2 =1
a a2 a ção, o inverso do seno. É representada com o símbolo
Portanto: sen2 x + cos2 x = 1 cossec (x).
1
Portanto: cossec (x) = senx
Observações: z Relação Fundamental: sec2 x = 1 + tg2 x

z sen2 x = (sem x)2 Dividindo ambos os membros do Teorema Funda-


z sen2 x = 1 – cos2 x mental da Trigonometria (sen2 x + cos2 x = 1), por cos2
z cos2 x = (cosx)2 x, temos:
z cos2 x = 1 – sen2 x
sen²x + cos² = 1
Vejamos agora as relações fundamentais da trigonometria:
sen2 x + cos2 x 1
=
sen x
z Relação Fundamental: tg x = cos x cos2 x cos2 x
sen2 x cos2 x
+
Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo- cos2 x cos2 x
tenusa a, se x for a medida do ângulo agudo B, então: tg² x +1 = sec²x

C sec²x = tg²x = 1

Portanto: sec2 x = 1 + tg2 x

z Relação Fundamental: cossec2 x = 1 + cotg2 x

Dividindo ambos os membros do Teorema Funda-


a
mental da Trigonometria (sen2 x + cos2 x = 1), por sen2
b
x, temos:

sen²x = cos²x = 1

sen2 x + cos2 x 1
A = =
sen2 x sen2 x
B c
sen2 x cos2 x 1
+ =
sen2 x sen2 x sen2 x
Figura 8. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a
1 + cotg²x = cossec²x
b
b
tgx = c = a
senx cossec²x = 1 + cotg²x
c = cos x,
a
Portanto: cossec2 x = 1 + cotg2 x
sen x Logo, podemos construir a seguinte tabela:
Portanto: tg x = cos x
sen x
z Relação Fundamental: cotg (x) = cos x
RELAÇÕES FUNDAMENTAIS
A cotangente de um ângulo agudo x é, por defini-
ção, o inverso da tangente. É representada com o sím-
bolo: cotg (x). Assim sendo, temos: sen2 x + cos2 x = 1

sen x
tg x = cos x
cotg (x) = 1
tg (x)
= sen x = 1 · sen x = sen x
1 cos x cos x
cos x
cos x cotg(x) = sen x

1
sec x = cos x

Portanto: cotg (x) = sen


cos x
x
1
cossec(x)= senx
1 sec2 x = 1 + tg2 x
z Relação Fundamental: sec x = cos x

cossec2 x = 1 + cotg2 x
A secante de um ângulo agudo x é, por definição,
o inverso do cosseno. É representada com o símbolo
secx. Exemplo: Se 0º < x < 90º, então, a expressão
1
Portanto: sec x = cos x sen2 x + cos2 x
60 cos x é igual a:
sen2 x + cos2 x 1 UNIDADES DE MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS: O
= cos x = sec x
cos x GRAU E O RADIANO
Exemplo: Simplificando a expressão (tg x) · (cos x) ·
(cossec x), para 0º < x < 90º, obtém-se: Medida de um arco em Graus

sen x 1
(tg x) · (cos x) · (cossec x) = cos x · cos x· sen x = O arco de uma volta mede 360º e o arco nulo mede
0º. Assim sendo, o arco de 1 grau (representado pelo
sen x· cos x 1
= cos x · sen x = 1 símbolo 1º) é um arco igual a 360 do arco de uma vol-
ta. Os submúltiplos do grau são o minuto e o segundo.
3 O arco de um minuto (representado pelo símbolo l´) é
Exemplo: Sabendo que sen = 5 0º < x < 90º, calcu-
le as demais funções circulares de x. 1
um arco igual a 60 do arco de um grau.
3
Se sen x = 5 , temos que: Simbolicamente: 1º = 60´

3 2
sen²x + cos²x = 1 → b 5 l + cos2 x = 1 → O arco de um segundo (representado pelo símbolo
9
25 + cos x = 1
2

1
l´´) é um arco igual a 60 do arco de um minuto.
cos²x = 1 - 9 16
25 → cos²x = 25 → cos x= !
16
25 Simbolicamente: 1´= 60´´
4
cos x = ! 5 , como 0º < x < 90º, o cosseno assumirá
o valor positivo. Medida de um arco em Radianos

4
Portanto: cos x = 5 A medida de um arco, em radianos, é a razão entre
o comprimento do arco e o raio da circunferência
3 4 sobre a qual este arco está determinado. Assim, temos:
Se sen x = 5 e cos x = 5' , temos que:
3
senx 3 5 3
tgx= cos x " 54 = 5·4 = 4
5
3 B A
Se tg x = 4 temos que:
1 1 4 4
cotg x= tgx " 3 = 1· 3 = 3
4
4
Se cos x = 5 temos que:
1 1 5 5 Figura 10. Arco circular AB em uma circunferência de raio r
sec x = cos x " 4 = 1 · 4 = 4
5 AB
3 α = r , onde AB é o comprimento do arco
Se sen x = 5 temos que:
1 1 5 5 Observações:
cossec x = senx " 3 = 1 · 3 = 3
5 z O arco AB mede 1 radiano (1 rad), se o seu compri-
mento for igual ao raio da circunferência.
MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS z A medida de um arco, em radianos, é um número
real “puro” e, portanto, é costume omitir o símbolo
Arcos na Circunferência
rad. Ao dizer ou escrever que um certo arco mede
Seja uma circunferência, na qual são tomados dois 3, por exemplo, fica subentendido que sua medi-
pontos A e B. A circunferência ficará dividida em duas da é de 3 radianos, ou seja, que o comprimento do
partes chamadas Arcos. Os pontos A e B são as extremi- arco é o triplo da medida d do raio.
dades desses arcos. Quando A e B coincidem, um desses z O arco de uma volta, cuja medida é 360º, tem com-
arcos é chamado arco nulo e o outro, arco de uma volta. primento igual a 2 · π · r e sua medida em radianos

AB 2 · π ·r 2 π , 6, 28
será, portanto, 2 π pois α = r = r
B
r
Transformação de Graus em Radianos
α
MATEMÁTICA

As transformações de unidades de Graus em


r Radianos e vice-versa são feitas através de uma regra
A de três simples, a partir da seguinte correspondência:
180º = π rad
(Lê-se: 180 graus equivalem a π radianos)
Exemplo: Transforme os seguintes arcos de graus
para radianos e vice-versa, lembrando que 180º = π
Figura 9. Setor circular em uma circunferência de raio r rad:
a) 120º 61
b) 135º
c) 150º

c)
3

d) rad
6
4π 4·180c
= 3 = 4·60º = 240º
3

e) rad CICLO TRIGONOMÉTRICO
4
Chamamos de Ciclo Trigonométrico a uma cir-
4π cunferência de raio unitário na qual fixamos um
e) rad ponto como origem dos arcos e adotamos o sentido
3 anti-horário como sendo o positivo.

Para transformar graus em radianos, sem usar a Arco Trigonométrico


regra de três, basta multiplicar o valor em grau por
Chamamos de Arco Trigonométrico AP ao con-
π
: junto dos “infinitos” arcos de origem A e extremida-
de P. Esses arcos são obtidos partindo da origem A e
180
girando em qualquer sentido (positivo ou negativo)
até a extremidade P, seja na primeira passagem ou
a) 120º após várias voltas completas no ciclo trigonométrico.
Analogamente, chamamos de ângulo trigonométrico
AÔP ao conjunto dos “infinitos” ângulos de lado inicial
e lado terminal .
π 2π
·π= 2 ·π=
120c
120º · =
180 180c 3 3

b) 135º P
(II) (I) α
O r A (Origem) O A
π 3π
135c 3
135º · = 180c · π = 4 · π = (III) (IV)
180
4

c) 150º

Figura 11. Quadrantes e orientação em uma circunferência de raio r

π 5π REDUÇÃO
150c 5
150º· 180 = 180c · π = 6 · π =
6
Redução ao 1º quadrante
Para transformar radianos em graus, sem usar a
Vamos deduzir fórmulas para calcular funções tri-
regra de três, basta substituir π por 180º:
gonométricas de x, com x não pertencente ao 1º qua-
drante, relacionando x com algum elemento do 1º
quadrante (por isso o nome Redução ao 1º quadran-
te). A meta é conhecer sen x, cos x e tg x a partir de uma
7π tabela que dê as funções circulares dos reais entre 0 e
a) π .
6 2

7π 7·180c Redução do 2º para o 1º quadrante


= 6 = 7·30c = 210º sen x = sen (π – x)
6
cos x = - cos (π – x)

5π Redução do 3º para o 1º quadrante


b)
4
sen x = - sen (x - π)
cos x = - cos (x - π)
5π 5·180c
= 4 = 7·45c = 315º Redução do 4º para o 1º quadrante
4

62 sen x = - sen (2π – x)


sen x = - sen (2π – x) TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O
1º QUADRANTE
Podemos criar a seguinte tabela:
ARCO SENO COSSENO TANGENTE
TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O
1º QUADRANTE 5π
(300º) -
3 1 - 3
ARCO SENO COSSENO TANGENTE 2 2
3

0 0 1 0

(315º) 2 2 -1
π -
2 2
(30º) 1 3 3 4
6
2 2 3

11π
(330º) -1 3 3
π 2 2
-
3
(45º) 2 2 1 6
4 2 2
2 π (360º) 0 1 0

π Exemplo: Reduza para o 1º quadrante (consultar a


(60º) 3 1 3
2 2 tabela resumo acima):
3
z sen 120º
z sen 135º
π
(90º) z sen 150º
1 0 Não existe
z sen 210º
2
z sen 225º
z sen 240º
z sen 300º

(120º) z sen 315º
3 -1 - 3
2 2 z sen 330º
3
z cos 120º
z cos 135º
z cos 150º

(135º) 2 2 -1 z cos 210º
- z cos 225º
4 2 2
z cos 240º
z cos 300º
z cos 315º
5π z cos 330º
(150º) 1
-
3
-
3
2 2 3
6
Utilizando a tabela acima, temos:

π 180º 0 -1 0 3
z sen 120º =
2
7π 2
(210º) -1 3 3 z sen 135º =
- 2
6
2 2 3
1
z sen 150º = 2

5π 1
z sen 210º = - 2
(225º) -
2
-
2 1
4 2 2
2
z sen 225º = -
2
MATEMÁTICA

4π 3
(240º) z sen 240º = -
-
3 -1 3 2
2 2
3
3
z sen 300º = -
2
3π 2
(270º) -1 0 Não existe z sen 315º = -
2
2
1
z sen 330º = - 2 63
1
z cos 120º = - 2 sen (AP) = medida do segmento ON

A cada número real x corresponde a um único


2
z cos 135º = - ponto P, extremidade do arco AP de medida x. A cada
2
ponto P, por sua vez, corresponde uma única ordena-
3 da chamada seno de x. A função de em que a cada
z cos 150º = - número real associa a ordenada do ponto é, por defi-
2
nição, a função seno.
3
z cos 210º = - Simbolicamente:
2

2
z cos 225º = -
2 f :→ 
x  sen x
1
z cos 240º = - 2
Tal que f(x)=sen x=ON . A definição é coerente com
1 aquela apresentada no triângulo retângulo.
z cos 300º = 2

2
z cos 315º = N
2
X
3
z cos 330º = senx
2 O
A
FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

Função Seno

Consideremos, no ciclo trigonométrico de origem


A, um sistema cartesiano ortogonal xOy, conforme
P
mostra a figura. N

y A
O x
B M

(II) (I)
C O r A (Origem)
x
(III) (IV) Figura 14. Circunferência de raio r com eixo dos senos, arcos e
triângulos retângulos
D
De fato, se:

Figura 12. Circunferência de raio r em um sistema cartesiano xOy


π
Os pontos A = (1,0), B = (0,1), C = (-1,0) e D = (0, -1) 0<x< 2
dividem o ciclo trigonométrico em quatro quadrantes. Então, P pertence ao primeiro quadrante e, além
Quando dizemos que um arco AP pertence ao disso, OP = 1 (raio) e MP = ON. Assim sendo, no triân-
segundo quadrante, por exemplo, queremos dizer gulo OMP retângulo em M, temos:
que a extremidade P pertence ao segundo quadrante.
O seno de um arco trigonométrico AP, de extremidade cateto oposto MP ON
P, é a ordenada do ponto P. sen x = = = ON
hipotenusa OP 1
Eixos dos senos Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no
sentido anti-horário, o número real varia x de 0º a
P 360º e o seno de varia de -1 a 1. Observe, na tabela
N
abaixo, as várias situações possíveis:

O A

64 Figura 13. Circunferência de raio r com eixo dos senos


x=0 x = 180°

O=N O=N
A=P P A

senx = 0
senx = 0

0° < x < 90° 180° < x < 270°

P
N

A O A
O

N
P
0 < sen x < 1
0 < sen x < 1

x = 90° x = 270°
N=P

A O A
O

P=N
senx = 1(máximo)
senx = -1(mínimo)

90° < x < 180° 270° < x < 360°

P N
MATEMÁTICA

O A
O A

N P

0 < sen x < 1 -1 < sen x < 0 65


x = 360° Simbolicamente:

f :→ 
x  cos x
O=N
A=P
Tal que f (x) = cos x = OM. A definição é coerente
com aquela apresentada no triângulo retângulo.

senx = 0

Notando que sen x = sen (x ± 2 π), pois x e x ± 2 π X


são as medidas de arcos de mesma extremidade, e de cosx
acordo com a tabela do item anterior, concluímos que O
o gráfico da função f: R → R tal que f (x) = sen x é: M A

y = senx

- π 3π
2 2
-2π -π 0 π π 2π
- 3π P
2 2

-1
X
O
M A
Figura 15. Função Seno

E o conjunto imagem é {y ∈ R/-1 ≤ y ≤ 1}.

Podemos concluir que a função seno é:


Figura 17. Circunferência de raio r com eixo dos cossenos, arcos e
z Positiva no primeiro e segundo quadrantes;
triângulos retângulos
z Negativa no terceiro e quarto quadrantes;
z Crescente no primeiro e quarto quadrantes;
z Decrescente no segundo e terceiro quadrantes; De fato, se:
z Ímpar, pois sen (-x) = - sen x; π
z Periódica de período 2 π. 0<x<
2
Função Cosseno Então, P pertence ao primeiro quadrante e além
disso OP=1 (raio). Assim sendo, no triângulo OMP
O cosseno de um arco trigonométrico AP, de extre-
retângulo em M, temos:
midade P, é a abscissa do ponto P.

P cateto adjacente OM OM
cos x = = = = OM
hipotenusa OP 1

O Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no


M A Eixo dos cossenos sentido anti-horário, o número real x varia de 0º a
360º e o cosseno de x varia de -1 a 1. Observe, na tabe-
la abaixo, as várias situações possíveis:

Figura 16. Circunferência de raio r com eixo dos cossenos x=0

cos (AP) = medida do segmento OM


A=P
A cada número real x corresponde um único ponto O
P, extremidade do arco AP de medida x. A cada ponto M
P, por sua vez, corresponde a uma única abcissa cha-
mada cosseno de x. A função de R em R que a cada
número real x associa a abcissa do ponto P é, por defi-
66 nição, a função cosseno. cos x = 1 (máximo)
0° < x < 90° x = 270°

P
A
O
M O M A

0 < cos x < 1

P
cos x = 0
x = 90°
P 270° < x < 360°

A
M A
O=M O

P
cos x = 0

0 < cos x < 1

90° < x < 180° x = 360°

A A=P
O
O
M M

cos x = 1 (máximo)
-1 < cos x < 0
Notando que cos x = cos (x ± 2 π), pois x e x ± 2 π
são as medidas de arcos de mesma extremidade, e de
x = 180° acordo com a tabela do item anterior, concluímos que
o gráfico da função f: R→R tal que f (x) = cos x é:

y = cosx
A
O 1
π 3π
M=P - 3π - π
2 -π 2 2 π 2 x
-2π 0 2π

cos x = -1 (mínimo) -1

Figura 18. Função Cosseno


180° < x < 270°

E o conjunto imagem é {y ∈ R/-1 ≤ y ≤1}.


MATEMÁTICA

Podemos concluir que a função cosseno é:


M A
O z Positiva no primeiro e quarto quadrantes;
z Negativa no segundo e terceiro quadrantes;
z Crescente no terceiro e quarto quadrantes;
P z Decrescente no primeiro e segundo quadrantes;
z Par, pois cos (- x) = cos x;
-1 < sen x < 0 z Periódica de período 2 . 67
Função Tangente De fato, se:

Consideremos, no ciclo trigonométrico de origem A, π


o eixo t perpendicular ao eixo x e de origem A, chamado 0<x<
2
eixo
* das tangentes. Seja, ainda, T a intersecção da reta
OP
com o eixo t. A tangente do arco trigonométrico AP, Então, P pertence ao primeiro quadrante e além
de extremidade P, é a medida algébrica do segmento AT. disso AO = 1 (raio). Assim sendo, no triângulo OAT
Representa-se:
retângulo em A, temos:

Eixo das tangentes


cateto oposto AT AT
B T tg x = = = = AT
P
cateto adjacente OA 1

C Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no


O A
sentido anti-horário, o número real x varia de 0º a
360º e a tangente de x varia de -∞ a ∞. Observe, na
D tabela abaixo, as várias situações possíveis:
Figura 19. Circunferência de raio r com eixo das tangentes
x=0
tg (AP) = medida do segmento AT

A cada número real x corresponde a um único


ponto P, extremidade do arco AP de medida x. A cada A P T
ponto P, por sua vez, corresponde a uma única medi- O
da algébrica AT, chamada tangente de x. A função de
R em R que a cada número real x associa a medida
algébrica AT é, por definição, a função tangente.
Simbolicamente:
tg x = 0

f :D→  0° < x < 90°


x  tg x
,
P T
Onde:
π
D = R-{ +kπ,com k∈Z} O
2 A
Tal que f(x) = tg x = AT. A definição é coerente com
aquela apresentada no triângulo retângulo.

tg x > 0

T
x = 90°
tgx P
x

O
A
O A

∄ tg x
T
P 90° < x <180°

x P
O
A
O A

T
Figura 20. Circunferência de raio r com eixo das tangentes, arcos e
68 triângulos retângulos tg x < 0
x = 180° Tal que f(x) = tg x é:

y = tgx

P O A T π 3π
2 2 2π x
-π 0
- 3π
-2π π π
-
2 2

tg x = 0

Figura 21. Função Tangente


180° < x <270°

T E o conjunto imagem é R.

Podemos concluir que a função tangente é:

O A z Positiva no primeiro e terceiro quadrantes;


z Negativa no segundo e quarto quadrantes;
z Crescente em todos os quadrantes;
P z Ímpar, pois tg (-x) = - tg x;
z Periódica de período π.
tg x > 0
RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO
x = 270°

O A

P
∄ tg x Figura 22. Triângulo Retângulo ABC

Em relação ao triangulo retângulo acima, temos:


270° < x < 360°
z BC é a hipotenusa;

z AB e AC são os catetos;
O A
z AH é a altura relativa à hipotenusa;

z BH e CH são, respectivamente, as projeções dos


P T catetos AB e AC sobre a hipotenusa BC .
tg x < 0
No triângulo retângulo ABC da figura, sendo BC =
x = 360° a, AC = b, AB = c, AH = h, BH = m e CH = n, então, valem
as seguintes relações:

b2 = a · n
A P T c2 = a · m
O a2 = b2 + c2
h2 = m · n
b·c=a·h
MATEMÁTICA

RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS EM UM
tg x = 0 TRIÂNGULO QUALQUER

Notando que tg x = tg (x ± π), pois x e x ± π são as A trigonometria permite determinar elemen-


medidas de arcos de mesma extremidade, e de acordo tos (lados ou ângulos) não dados de um triângulo. A
obtenção desses elementos, em um triângulo qual-
com a tabela do item anterior, concluímos que o grá-
quer, fundamenta-se em relações existentes entre os
fico da função elementos (lados e ângulos) do triângulo. As relações
π mais importantes são conhecidas como Lei dos Senos
f: R- { +kπ ,com k ∈ Z} → R e Lei dos Cossenos, que veremos a seguir. 69
2
LEI DOS SENOS E LEI DOS COSSENOS Como temos dois ângulos conhecidos, vamos utili-
zar a Lei dos Senos:
Lei dos Senos

“Em todo triângulo, as medidas dos lados são pro- x 100 x 100 2 2

= = →x· = 100 ·
porcionais aos senos dos ângulos opostos e a razão de sen 120° sen 45°
2
proporcionalidade é a medida do diâmetro da circun- 3 2 3
ferência circunscrita ao triângulo”. 2 2
Consideremos o triângulo ABC, inscrito na circun-
→ x = 100 · 3
ferência de raio R. Verifica-se que:
a b c 2
= = =2·R
sen A sen B sen C
100 · 3· 2 100 · 6
x= →x → x = 50 · 6 metros
2· 2 2

Exemplo: Dois lados de um terreno de forma


triangular medem 15 m e 10 m, formando um ângulo
de 60°, conforme a figura abaixo:

Figura 23. Triângulo ABC inscrito em uma circunferência de raio R

Lei dos Cossenos

“Em todo triângulo, o quadrado da medida de um


lado é igual à soma dos quadrados das medidas dos
outros lados, menos o dobro do produto dessas medi-
das pelo cosseno do ângulo que eles formam.”
Seja o triângulo ABC, da figura. Verifica-se que:

a2 = b2 + c2 – 2 · b · c · cos A
b2 = a2 + c2 – 2 · a · c · cos B
c2 = a2 + b2 – 2 · a · b · cos C Figura 26. Triângulo com ângulo de 60º e lados 10 e 15 metros

A Qual é o comprimento do muro necessário para


cercar o terreno (em metros)?
c
b Como temos apenas um ângulo conhecido, vamos
utilizar a lei dos cossenos:

C Chamando de x o lado oposto ao ângulo de 60º,


B a
temos:
Figura 24. Triângulo ABC
x² = 10² + 15² - 2 · 10 · 15 · cos60º
Exemplo: Determine o valor de x no triângulo a seguir: 1
x² = 100 + 225 - 2 · 10 · 15 · 2
x²= 325 - 150
A x² = 175
x = ± 175
x = ±5 7
120° x=5 7

Observe que acima só nos interessa o valor positi-


100m vo, visto que estamos de posse de medida geométrica
(que tem sempre que ser positiva!).
Como o exercício pede o comprimento necessário
do muro para cercar o terreno, logo vamos calcular o
45° perímetro do triângulo, que será dado por:
C
x 2p = 10 + 15 + 5 · 7
B
2p = 25 + 5 · 7
70 Figura 25. Triângulo ABC com ângulos CÂB=120° e CB̂A = 45° 2p = 5 · (5 + 7 )
Portanto, o comprimento necessário de muro é Exemplo: Utilizando as fórmulas de adição e sub-
dado por: 5 · (5 + 7 ) metros. tração de arcos, calcule cos15º.

TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS, ADIÇÃO cos15º = cos(60º-45º) = cos(60º) · cos(45º) + sen(60º) · sen(45º)


E SUBTRAÇÃO DE ARCOS
1 2 3 2 2 6 2+ 6
cos15º = ·
Adição e Subtração de Arcos 2· 2 + 2 2 = 4 + 4 = 4

Exemplo: Utilizando as fórmulas de adição e sub-


Se a e b são as determinações de dois arcos, veri-
tração de arcos, calcule sen105º.
fica-se que:
sen105º = sen(60º + 45º) = sen(60º) · cos(45º)+sen(45º) · cos(60º)
z Cosseno de (a + b)
3 2 2 1 6 2 6+ 2
cos (a + b) = cos (a) · cos(b) – sen(a) · sen(b) sen105º = · =
2 · 2 + 2 2 = 4 + 4 4
z Cosseno de (a – b) Exemplo: Utilizando as fórmulas de adição e sub-
tração de arcos, calcule tg75º.
cos(a – b) = cos (a) · cos(b) + sen(a) · sen(b)
tg (45c) - tg (30c)
tg75° = tg(45° + 30°) =
z Seno de (a + b) 1 - tg (45c) · tg (30c)

sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a) 3


1+ 3
tg75° = =
3
z Seno de (a – b) 1 - 1· 3

sen(a – b) = sen(a) · cos(b) – sen(b) · cos(a) 3 3 3


1+ 3 3+ 3 =
= =
z Tangente de (a + b) 1- 3
3 3- 3
3 3
tg (a) + tg (b)
tg (a + b) = 3+ 3
1 - tg (a) ·tg (b) 3
= =
z Tangente de (a – b) 3
3- 3

tg (a) - tg (b)
=c m·d n=
tg (a - b) = 3+ 3 3
1 + tg (a) ·tg (b) 3 3- 3
A partir dessas relações podemos construir a 3+ 3
seguinte Tabela Resumo: tg75° =
3- 3

ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE ARCOS FÓRMULAS DO ARCO DUPLO

A partir das fórmulas de adição de arcos, temos:


cos (a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b)
cos(a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b) sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a)

tg (a) + tg (b)
tg (a + b) =
1 - tg (a) ·tg (b)
cos(a – b) = cos(a) · cos(b) + sen(a) · sen(b)
Desta maneira, podemos obter as fórmulas do arco
duplo.
Fórmulas de arco duplo são as expressões das fun-
sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a) ções trigonométricas de arcos da forma 2a. É um caso
particular de adição de arcos. Para tanto, basta fazer b
= a nas fórmulas acima.
Vejamos abaixo como ficarão estas fórmulas:
sen(a – b) = sen(a) · cos(b) – sen(b) · cos(a)
z Cosseno de (2a)
MATEMÁTICA

cos(a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b)


tg (a) + tg (b)
tg (a+b) = -
1 tg (a) ·tg (b) Fazendo , temos:

cos(a + a) = cos(a) · cos(a) – sen(a) · sen(a)


tg (a) - tg (b) cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a)
tg (a - b) =
1 + tg (a) ·tg (b)
Portanto: cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a) 71
Observação: Esta fórmula do cosseno do arco duplo 3
Se tg x = l
apresenta duas outras variações, conforme utilizamos 4
o Teorema Fundamental da Trigonometria (sen2 a +
cos2 a = 1). Vejamos de que maneira isto acontece: 3 sen x
Logo: 4 = cos x → cos x =
4·sen x
( I)
3
a) Substituindo sen2 a = 1 – cos2 a, temos:
Vamos substituir o valor do cos x em: sen2 x + cos2 x = 1
cos(2a) = cos (a) – sen (a)
2 2

cos(2a) = cos2 (a) – [ 1 – cos2 (a)] sen²x + cos²x = 1⇒ sen²x = 1- cos²x ⇒ sen²x = 1- b 3 l
4·senx 2
cos(2a) = cos2 (a) -1 + cos2 (a)
cos(2a) = 2 · cos2 (a) -1
Portanto, temos a 1ª variação: cos(2a) = 2 · cos2 (a) -1
16·se2 x
sen²x = 1 - 9 " 9 · sen²x = 9 -16 · sen²x → 9 · sen²x +
b) Substituindo cos2 a = 1 – sen2 a, temos:
16 · sen²x = 9
cos (2a) = cos2 (a) – sen2 (a)
cos (2a) = [1 – sen2 (a)] – sen2 (a) 9 9 3
cos (2a) = 1 – sen2 (a) – sen2 (a) 25 · sen²x = 9 → sen²x = 25 → senx ± 25 → senx = ± 5
cos (2a) =1 – 2 · sen2 (a)

Portanto, temos a 2ª variação: cos(2a) = 1 – 2 · sen2 (a)



Como π < x < , x ∈ 3ºQ, logo o sen x é negativo.
z Seno de (2a) 2

sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a) 3


Portanto, sen x = - 5 (II)

Fazendo b = a, temos:
De I e II, vem que:
sen(a + a) = sen(a) · cos(a) + sen(a) · cos(a)
→ cosx 3 · senx → cosx 3 · b - 5 l → cosx= - 5
sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a) 4·senx 4 4 3 4
cosx = 3
Portanto: sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a)
Com os valores de senx e cos x, vamos encontrar
z Tangente de (2a)
sen(2x):
tg (a) + tg (b)
tg (a + b) = -
1 tg (a) ·tg (b)
sen(2x) = 2 · sen(x) · cos(x)
Fazendo b = a, temos:
sen(2x) = 2 · b - 5 l · b - 5 l
3 4
tg (a) + tg (a)
tg (a + a) =
sen(2x) = 2 · b 25 l
1 - tg (a) ·tg (a) 12
2·tg (a)
tg (2a) =
1 - tg2 (a) 24
sen(2x) = 25
2·tg (a)
Portanto: tg (2a) =
1 - tg2 (a) FÓRMULAS DO ARCO METADE
Logo, temos as seguintes fórmulas para arcos
duplos:
A partir das fórmulas anteriores podemos obter

FÓRMULAS DE ARCO DUPLO mais três fórmulas importantes.

cos(2a) = cos2(a) – sen2(a)


z Seno do Arco Metade
cos(2a) = 2 · cos2(a) - 1

Vamos fazer o cálculo de b 2 l :


cos(2a) = 1 – 2 · sen2(a) x

sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a)


cos2a = cos²a - sen²a
2·tg (a)
tg(2a) = cos2a = 1 - sen²a - sen²a
1 - tg2 (a)
cos2a = 1 - 2sen²a
3 3π 2sen²a = 1 - cos2a
Exemplo: Sendo tg x = 4 e π < x < , calcule sen(2x):
2
1 - cos 2a
sen²a =
Sabemos que: 2

sen x x
72 tg x = cos x Fazendo 2a = x, temos a = 2 .
Logo: Essas fórmulas são conhecidas como Fórmulas de
Werner.
sen² b 2 l =
x 1 - cos x Vejamos cada uma delas.
2

sen² b 2 l = ± cos p + cos q = 2 · cos c m · cos c m


x 1 - cos x p+q p-q
2 2 2

cos p - cos q = -2 · sen c m·c m


z Cosseno do Arco Metade p+q p-q
2 2

Vamos fazer o cálculo de cos b 2 l :


x
sen p + sen q = 2 · sen c m · cos c m
p+q p-q
2 2
cos2a = cos²a - sen²a
sen p - sen q = 2 · sen c m ·cos c m
p-q p+q
cos2a = cos²a - (1 - cos²a) 2 2
cos2a = cos²a - 1 + cos²a
cos2a = 2cos²a - 1 tg p + tg q =
sen (p + q)
2cos²a = 1 + cos2a (cos p) · (cos q)
1 + cos 2a
cos²a = sen (p - q)
2 tg p - tg q =
(cos p) · (cos q)
x
Fazendo 2a = x, temos a = 2 .
Exemplos:

cos8x + cos2x = 2 · cos b l· cos b 8x 2x l= cos5x · cos3x


Logo: 8x + 2x -
2 2
cos² b 2 l =
x 1 + cos x
cos6x - cos4x = -2 · sen b l·b l= - 2 · sen5x · senx
2 6 x + 4 x 6x - 4x
cos b 2 l = !
x 1 + cos x 2 2

en3x + senx = 2 · sen b 2 l· cosb 2 l=2 · sen2x · cosx


2 3x + x 3x - x
z Tangente do Arco Metade s

Vamos fazer o cálculo de tg b 2 l :


x
sen18x - sen 4x = 2 · senb
18x - 4x l
· cosb l= 2 · →
18x + 4x
2 2
sen b 2 l 1 - cos x → · sen7x · cos11x
x
tg b 2 l = b l
x x 2
x → tg 2 =
cos b 2 l 1 + cos x sen (3x + 2x) sen (5x)
tg3x + tg2x = =
2 cos 3x · cos 2x cos 3x · cos 2x

1 - cos x sen (5x - x) sen (4x)


tg b x l = 2 → tg b 2 l =
x 1 - cos x tg5x - tgx = cos 5x · cos x = cos 5x · cos x
2 1 + cos x 1 + cos x
2
EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES

tg b 2 l = !
x 1 - cos x x π
, (Para 2 ≠ +kπ, k ∈ ℤ)
1 + cos x l 2 Equações Trigonométricas

Logo, temos as seguintes fórmulas para Arcos Consideremos f (x) e g (x) duas funções trigonomé-
Metade: tricas na variável x, com seus respectivos domínios.
Resolvemos uma equação trigonométrica f (x) = g (x)
FÓRMULAS DE ARCO METADE encontrando os números f (r) = g (r) que tornam a sen-
tença verdadeira. Vale ressaltar que r precisa perten-
cer aos respectivos domínios das funções.
sen b 2 l = !
x 1 - cos x Todas equações trigonométricas podem ser redu-
2 zidas em três equações fundamentais:

z sen α = sen β
cos b 2 l = !
x 1 + cos x z cos α = cos β
2
z tg α = tg β

Resolução de uma equação sen α = sen β


tg b 2 l = !
x 1 - cos x
1 + cos x
Para resolver a equação sen α = sen β, utilizamos a
MATEMÁTICA

seguinte relação:
TRANSFORMAÇÃO EM PRODUTO
α = β + 2kπ
As somas e subtrações trigonométricas podem ser ou
sen α = sen β →
transformadas em produtos, facilitando assim a reso- α = (π - β) + 2kπ
lução de muitos exercícios.
Para utilizar esse recurso, fazemos a aplicação de
fórmulas. Exemplos: Vamos resolver as seguintes equações: 73
α = β + 2kπ
π ou → α = ± β + 2kπ
z sen α = sen β = sen cos α = cos β →
5 α = -β + 2kπ

π Exemplos: Vamos resolver as seguintes equações:


x= + 2kπ
5

π ou 2
sen x = sen → z cos x =
5 2

π 4π
x = (π - ) + 2kπ = + 2kπ 2 π π
5 5 cos x = → cos x = cos →x=
2 3 3

π
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = ± + 2kπ}
π 4π 3
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = = 2kπ}
5 5 z cos²x + cosx = 0
1
z sen²x = cos²x + cos x = 0 → cos x · (cos x + 1) = 0
4

1 1 1
sen²x =
4
→ senx = !
4
→ senx = ! →
2 cos x = 0 → cos x = cos ( π2 + 2kπ )
ou
1 π π
sen x = → sen x = sen →x=
2 6 6 cos x +1 = 0 → cos x = -1 → cos x = cos (π + 2kπ)
ou

π
sen x = -
1
2
→ sen x = sen π - (
π
6
)→ x = 5π
6
Logo: S = {x ∈ ℝ/x =
2
+ 2kπ ou x = π + 2kπ}

Resolução de uma equação tg α = tg β

π Para resolver a equação tg α = tg β, utilizamos a


x= + 2kπ
6 seguinte relação:

π ou
sen x = sen → α = β + 2kπ
6 ou → α = β + kπ
tg α = tg β →
α = (β + π) + 2kπ
x= π-(π
6
) + 2kπ =

6
+ 2kπ

Exemplos: Vamos resolver as seguintes equações:

7π z tg x = - 3
x= + 2kπ
6

sen x = sen → ou
6
2π 2π
tg x = - 3 → tgx = tg →x=
3 3
x= π-( 7π
6
) + 2kπ = - π6 + 2kπ


Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + kπ}
3
z tg x + cotg x = 2
π 5π
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = + 2kπ ou x=
6 6 1
tg x + cotg x = 2 → tg x + tg x = 2
7π π
= + 2kπ ou x = - + 2kπ}
6 6 tg²x + 1 = 2tg x → tg² x - 2tg x + 1 = 0

Resolução de uma equação cos α = cos β


-(-2) ± √(-2)² - · 4 · 1 ·1 2 ± √4 - 4 2±0
tg x = = = =1
Para resolver a equação cos α = cos β, utilizamos a
2·1 2 2
seguinte relação:
74
π 1
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + kπ} cos x < -
4 2
Inequações Trigonométricas
2π 4π
Consideremos f (x) e g (x) duas funções trigonomé- + 2kπ < x < + 2kπ
3 3
tricas na variável x, com seus respectivos domínios.
Resolvemos uma inequação trigonométrica f (x) < g (x) 2π 4π
S = {x ∈ ℝ/ + 2kπ < x < + 2kπ}
obtendo o conjunto solução, ou conjunto verdade, dos 3 3
números reais r para os quais f (r) < g (r).
Todas inequações trigonométricas podem ser redu-
zidas em seis equações fundamentais: Exemplo: Vamos resolver a inequação tg x > 1

z sen x > m tg x > 1


z sen x < m
z cos x > m π π 5π 3π
z cos x < m + 2kπ < x < + 2kπ ou 2kπ < x < + 2kπ
4 2 4 2
z tg x > m
z tg x < m

Vejamos um exemplo para cada uma das seis situa- π π


+ kπ < x < + kπ
ções destacadas acima: 4 2
2
Exemplo: Vamos resolver a inequação sen x ≥ -
2 π π
S = {x ∈ ℝ/ + kπ < x < + kπ}
4 2
2
sen x ≥ -
2 Exemplo: Vamos resolver a inequação
5π 7π
0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ tg x < 3
4 4

π
5π 7π 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ
S = {x ∈ ℝ/ 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ} 3
4 4
ou

1 π 4π
Exemplo: Vamos resolver a inequação sen x < + 2kπ < x < + 2kπ
2 2 3
ou
1
sen x <
2 3π
+ 2kπ < x < 2π + 2kπ
2
π 5π
0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ
6 6 π
S = {x ∈ ℝ/ 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ
π 5π 3
S = {x ∈ ℝ/0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ}
6 6 ou

3
Exemplo: Vamos resolver a inequação cos x > π 4π
2 + 2kπ < x < + 2kπ
2 3
3
cos x > ou
2

π 11π 3π
2kπ ≤ x < + 2π ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ + 2kπ < x < 2π + 2kπ}
MATEMÁTICA

6 6 2

S= {x ∈ ℝ/2kπ ≤ x <
π
+ 2π ou
11π
+ 2kπ < x < 2π + 2kπ} EXERCÍCIOS COMENTADOS
6 6
1. (IMA – 2015) O valor da expressão dada por:

1 tg30c + cotg30c
Exemplo: Vamos resolver a inequação cos x < - f(x) = 75
2 cossec 30c
2
é um número: 9
cos² β =
25
a) Irracional
b) Racional Negativo 9 3
cos² β = ! = ! , como β ∈ 1ºQ o cosseno é
c) Inteiro Positivo 25 5
positivo,
d) Inteiro Negativo 3
Logo, cos β = 5 = 0, 6
Partindo da expressão inicial e utilizando as rela- Vamos aplicar o mesmo conceito para encontrar o
ções fundamentais da trigonometria, temos: sen (θ)
tg30c + cotg30c
f(x) = 2 sen² θ + cos² θ = 1
cossec 30c
sen² θ = 1 - cos² θ
2 sen² θ = 1 - (0,5)²
1 tg 30c + 1 1
tg30c +
tg30c tg30c
2
tg 30c + 1 sen2 30c sen² θ = 1 -
4
f(x) = = = · 3
1 1 tg30c 1
2 2 sen² θ = 4
sen 30c sen 30c

2 3 3
c m
3 3 12 sen² θ = ! 4 = ! 2 , como θ ∈ 1ºQ o seno é
+1
·b l=
3 1
2
9
+1
1 9 1 positivo,
f(x) = · = · =
3 2 3 4 3 4
3 3 3 3 1, 7
Logo, sen θ = = = 0, 85
2 2
12 3 1 1 3
= · · = = Voltando a expressão inicial temos:
9 3 4 3 3

sen 2 β 2 · sen 2 (β) · cos (β) 0,8 · cos (β) 0,8 · 0,6
Como temos um número irracional sendo dividido = = =
sen 2 θ 2 · sen 2 (θ) · cos (θ) 0,5 · cos (θ) 0,5 · 0,85
por um racional, logo f (x) é irracional. Resposta:
Letra A. 0,48
= 0,425
≅ 1,13
2. (CESGRANRIO – 2018) Considere que sen β = 0,8 e
cos β = 0,5, θ, β ∈ [0, π ]. Considerando-se 1,7 como Resposta: Letra D.
2
aproximação para√3, o valor mais próximo do valor da
expressão: 3. (CRESCER CONSULTORIAS – 2018) Se as mediadas x
e y são os lados do triângulo isósceles abaixo, é corre-
to afirmar que o valor da expressão numérica x − y é:

sen 2 β
sen 2 ϴ y

é igual a:
x
a) 0,60 50 cm
b) 0,85
c) 0,97
d) 1,13
e) 1,32
a) Um número múltiplo de dois e diferente de zero
Vamos utilizar o conceito de arco duplo, lembrando b) Um número múltiplo de três e diferente de zero
que: c) Um número nulo
d) Um número irracional
sen (2a) = 2 · sen (a) · cos (a), logo:
Temos um triângulo retângulo isósceles, logo os
catetos possuem a mesma medida, portanto:
sen 2 β 2 · sen 2 (β) · cos (β) 0,8 · cos (β) x=y
= =
sen 2 θ 2 · sen 2 (θ) · cos (θ) 0,5 · cos (θ) Substituindo x por y e fazendo x – y, temos:
Precisamos encontrar agora cos (β) e sen (θ), usan- x–y=y–y=0
do o teorema fundamental da trigonometria, temos: Logo a diferença x – y é um número nulo.
Resposta: Letra C.
sen² β + cos² β = 1
cos² β = 1 - sen² β 4. (CPCON – 2017) Dados:
cos² β = 1 - (0,8)²
16 A cos y - cos x
76 cos² β = 1 - = ,x+y = 150° e x - y = 90°
25 2 1- 3
Encontramos A igual a: Um fotógrafo que ficará no canto A da plateia deseja
fotografar o palco inteiro e, para isso, deve conhecer
a) -1 o ângulo da figura para escolher a lente de abertura
b) – 2 + √3 adequada.
c) 2 - √3 O cosseno do ângulo da figura acima é:
d) - 2 - √3
a) 0,5
Primeiramente, vamos encontrar o valor de x e y b) 0,6
através de um sistema linear 2x2. c) 0,75
d) 0,8
e) 1,33
x + y = 150°
x - y = 90° Pela figura temos que o triângulo ABC é retângulo
em B. Podemos aplicar razão trigonométrica no
triângulo retângulo, porém antes precisamos do
Fazendo a soma das linhas temos: valor da hipotenusa (seguimento AC), calculando a
hipotenusa, temos:
2x = 240º AB = 15 e BC = 20, logo, temos:
240c AC2 = AB2 + BC2
x=
2 AC2 = 152 + 202
x = 120° AC2 = 225 + 400
AC2 = 625
Se x=120º, temos que: AC = ±√625
AC = ± 25, por se tratar de medida, consideraremos
x + y=150º somente o valor positivo.
y = 150º - x Portanto, AC = 25
y = 150º - 120º Aplicando razão trigonométrica no triângulo ABC,
y = 30º temos:

Substituindo x e y na expressão inicial, temos:


cateto adjacente AB 15 3
cos α = = = = = 0,6
hipotenusa AC 5 5
A cos y - cos x 2 · (cos 30° - cos 120°)
= →A = →A = 0,6 metros. Resposta: Letra B.
2 1 - 3 1- 3

2· c - b - 1 lm 2· c m
3 3 1
+
2 2 2 2 3 +1
= →A =
1- 3
→A =
1-
CONTAGEM E ANÁLISE
1- 3 3
COMBINATÓRIA
^ 3 + 1h ^1 + 3h 3 +3+1+ 3 =4 + 2 · 3 = Um método muito utilizado na resolução de pro-
^1 + 3h ^ 3h
A= · =
1- 3 2
1-3
blemas matemáticos e probabilísticos é a teoria de
1² -
contagem e análise combinatória. Nela, desenvolvem-
-se técnicas de contagens de agrupamentos formados
3 = 4 + 2· 3 sob condições pré-estabelecidas.
=4 + 2 · = - 2- 3 À primeira vista pode parecer desnecessário o uso
-2 -2 -2
de técnicas de contagem de números ou elementos,
Resposta: Letra E. mas nem sempre a quantidade de elementos encon-
trada é pequena e nem trivial de enumerar, então a
5. (FGV – 2014) A plateia de um teatro, vista de cima aplicação de métodos de contagem se faz necessário.
para baixo, ocupa o retângulo ABCD da figura a seguir, Suponha que se queira contar a quantidade de ele-
e o palco é adjacente ao lado BC. As medidas do retân- mentos de um conjunto A, sendo ele um conjunto fini-
gulo são AB = 15m e BC = 20m. to de números de dois algarismos distintos, formados
a partir dos dígitos 1, 2 e 3. Nesse caso, o número de
elementos do conjunto A é de fácil enumeração, bas-
D C tando formar todos os elementos e depois fazer a con-
Teatro tagem. Logo, A={12,13,21,23,31,32} e assim o número
MATEMÁTICA

de elementos de A é n(A)=6. O mesmo não ocorre para


o número de elementos do conjunto B com a lei de
Palco formação, sendo este um conjunto finito de números
de três algarismos distintos, formado pelos dígitos
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, pois enumerar todos elementos
de B, n(B)=?, agora não é trivial B={123, 124, 125, ...,
876}. Por ser muito grande esse conjunto é necessário
α
utilizar uma técnica de contagem, onde veremos que
A B n(B)=336. 77
FATORIAL

Definição e operações

O fatorial é uma operação matemática utilizada


para simplificar a notação de algumas técnicas de
contagem, como permutação, arranjo e combinatória.
Sua definição é bem simples: dado um número inteiro
e não negativo, ou seja, n ∈ ℕ, define-se o fatorial de n,
com notação de n!:

n! = n ∙ (n – 1) ∙ (n – 2) ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1, para n ≥ 2.

Sendo que, para n=0 ou n=1, temos que os fatoriais (a1, b1), ⋯ ,(a1, bn) → n pares
são, respectivamente, 1! = 1 e 0! = 1. (a2, b1), ⋯ ,(a2, bn) → n pares
O cálculo do fatorial de n=5 é 5! ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 120,
mas quando esse n tende a ser grande o cálculo do ∙
m linhas ∙
fatorial torna-se mais trabalhoso como para n=12, 12! ∙
= 12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 479001600. Nesses casos
podemos simplificar e usar em algumas operações (am, b1), ⋯ ,(am, bn)
n pares
essa simplificação para facilitar o cálculo. Assim, →
temos o fatorial para n=12, 12! = 12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... 3 ∙ 2 ∙ 1 n+n+⋯+n=m∙n
= 12 ∙ 11!, generalizando temos:

(n + 1) != (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙3 ∙ 2 ∙ 1 = (n +1) ∙ n! Suponha que em três cidades, Brasília, Belo Hori-


zonte e Rio de Janeiro, existam quatro rodovias que
ligam Brasília a Belo Horizonte e outras cinco rodo-
(n + 1)!
Nesse sentido, a razão simplificada fica: vias que ligam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro.
(n – 1)! Usando o princípio multiplicativo podemos saber de
quantas formas diferentes podemos chegar ao Rio de
(n + 1)! (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1)! Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo Hori-
= = (n + 1) ∙ n = n² +n
(n – 1)! (n – 1)! zonte. Usando a ideia dos conjuntos A e B anteriores
temos o conjunto A ligando Brasília a Belo Horizonte e
Com n ∈ ℕ temos que aplicando essa ideia na razão o conjunto B ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro:
13!
temos:
11!
A = {a₁, a₂, a₃, a₄} e B = {b₁, b₂, b₃, b₄, b₅}
(a1, b1), ⋯ ,(a1, b5) → 5 pares
13! 13 ∙ 12 ∙ 11!
= = 13 ∙ 12 = 156 (a2, b1), ⋯ ,(a2, b5) → 5 pares
11! 11!
4 linhas ∙
PRINCÍPIOS MULTIPLICATIVOS E ADITIVO DA ∙

CONTAGEM

(a4, b1), ⋯ ,(a4, b5) → 5 pares


O princípio multiplicativo, também conhecido
como o princípio fundamental da contagem, é defi- 5 + 5 + ⋯ + 5 = 4 ∙ 5 = 20
nido em duas situações diferentes, sendo a primeira
quando se deseja fazer a contagem da combinação Assim, são 20 formas diferentes de chegar ao Rio
de Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo
de elementos entre dois ou mais conjuntos, ou seja,
Horizonte.
cruzamento todos com todos. A segunda é quando se
Generalizando o princípio multiplicativo para
quer contar elementos dessas combinações, mas res-
qualquer quantidade de conjuntos temos:
tringindo elementos a serem combinados.
Na primeira situação podemos inicialmente traba-
lhar com dois conjuntos A e B, sendo, A = {a₁,a₂, ⋯, am} A = {a₁, a₂, ⋯, an₁} n(A) = n₁
com m elementos e B = {b1, b2, ⋯, bn}com n elementos. B = {b₁, b₂, ⋯, bn₂} n(B) = n₂
Com isso, podemos formar da combinação de A com B
uma quantidade m ∙ n (princípio multiplicativo) de ∙

pares ordenados (ai, bj) com ai ∈ A e bj ∈ B. Podemos ∙
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
Z = {z₁, z₂, ⋯, zn } n(Z) = nr
78 forma de diagrama de árvore: r
Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r Assim, são 336 números distintos formados por
elementos, do tipo (ai, bj, ⋯, zp), onde ai ∈ A, bj ∈ B, ..., zp, três algarismos distintos com os dígitos de 1 a 8.
∈ Z é n1 ∙ n2 ∙ ... ∙ nr (princípio multiplicativo). Generalizando então o princípio multiplicativo,
Agora para a segunda situação podemos inicial- com restrição para elementos distintos, para qualquer
mente trabalhar com um conjunto A, A = {a1, a2, ⋯, am} quantidade de elementos temos:
com m elementos. Com isso, podemos formar da com-
binação de A com A tais que, ai ∈ A e aj ∈ A, sendo ai ≠ Se A = {a₁, a₂, ⋯, am}, n(A) = m
aj (i ≠j) a quantidade m ∙ (m – 1) (princípio multiplica-
tivo, com restrição de elementos no par ordenado) com sequências do tipo: (ai,al, ⋯,aj, ⋯,ak)
de pares ordenados (ai, aj) com ai ∈ A e aj ∈ A. Podemos r elementos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
forma de diagrama de árvore:

a quantidade de sequência é: m ∙ (m – 1) ∙ (m – 2) ∙ ... ∙


[m – (r –1)]

Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r


elementos, formados com elementos distintos dois a
dois, é m ∙ (m – 1) ∙ ... ∙ [m – (r – 1)] (princípio multipli-
cativo), onde a1 ∈ A ∀i ∈ {1, 2, ⋯, m} e a1 ≠ ap para i ≠ p.
Até o momento vimos técnicas de contagem envol-
vendo o princípio multiplicativo, já o princípio adi-
tivo é empregado em situações em que se deseja a
união entre conjuntos de resultados possíveis, onde
em cada um deles a contagem será feita utilizando o
princípio da multiplicação e pôr fim a soma deles dará
o resultado final do número de elementos da união
(a1, a2), ⋯ ,(a1, am) → m – 1 pares desses conjuntos de interesse. Por exemplo, qual a
quantidade de números inteiros positivos abaixo de
(a2, a1), ⋯ ,(a2, am) → m – 1 pares 1000, formado pelos dígitos {1, 2, 3}. Note que não foi
informada a quantidade de algarismos que devem ter

m linhas ∙ esses números inteiros, assim eles podem ser conjun-
∙ to de números de 1 algarismo ou números de 2 alga-
rismos ou ainda número de 3 algarismos. Não entram
(am, a1), ⋯ ,(am, am–1) → m – 1 pares números de 4 algarismos pois eles devem estar abaixo
de 1000. Para resolver esse problema, iremos utili-
(m – 1)+(m – 1)+ ⋯ +(m – 1) = m ∙ (m – 1)
zar primeiro o princípio multiplicativo e logo após o
princípio da adição, onde somaremos os resultados de
cada um dos possíveis conjuntos de números em rela-
Voltando ao exemplo do início da seção temos ção ao seus algarismos. Onde temos OU entenda como
o conjunto B, com a lei de formação sendo, um con- SOMA (princípio aditivo), assim temos:
junto finito de números de três algarismos distintos
formado pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Para nume-
rar todos elementos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 1algarismo: três possíveis: 1,2,3;
876}, por ser muito grande esse conjunto é necessário 2algarismo: 3 ∙ 3 =9 possíveis (princípio multiplicativo);
utilizar uma técnica de contagem. Aqui podemos usar
3algarismos: 3 ∙ 3 ∙ 3=27 possíveis(princípio multiplicativo);
o princípio da multiplicação, com o caso de restrição,
onde para serem elementos distintos, o que aparecer A união:3+9+27=39 casos (princípio aditivo)
no primeiro algarismo não pode aparecer no segundo,
nem no terceiro, ou seja, o número 111 não é elemen- ARRANJOS, COMBINAÇÕES E PERMUTAÇÕES
to de B:
Da definição do princípio fundamental da conta-
gem (multiplicativo) podemos deduzir algumas fór-
A = {a₁, a₂, a₃, a₄, a₅, a₆, a₇, a₈} = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} mulas de agrupamentos, simplificando com notação
→ B = {123, 124, 125, ⋯, 876} de fatorial e definindo alguns casos particulares.

(a1, a2, a3), ⋯ ,(a1, a7, a8) → 7 ∙ 6pares (prin- Arranjos


cípio multiplicativo)
MATEMÁTICA

(a2, a1, a3), ⋯ ,(a2, a7, a8) → 7 ∙ 6pares Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an},
chamamos de arranjo dos n elementos tomados r a r
8 linhas ∙ (1 ≤ r ≤ n) a qualquer sequência de r elementos ou
∙ toda r-upla formada com elementos de N todos distin-

tos. Denotado por:
(a8, a1, a2), ⋯ ,(a8, a7, a6) → 7 ∙ 6pares
An, r =n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙[n – (r – 1)]
7 ∙ 6+7 ∙ 6+ ⋯ +7 ∙ 6=8 ∙ 7 ∙ 6 = 336 r fatores 79
Com simplificação fatorial temos: Em situações que envolvam condições de con-
tagem, como em anagramas de palavras, em que o
conjunto N = {a1, a2, ⋯, an} de n elementos, irão existir
n!
An, r alguns elementos iguais, ai = ajcom i ≠ j. Neste caso, uti-
(n – r)! liza-se a técnica de permutação com elementos repeti-
dos, de forma geral temos:
Na mesma definição de arranjo, se as r-upla orde-
nadas são formadas por elementos de N não necessa-
riamente distintos, temos a definição de arranjo com n!
Pnn₁, n₂, ⋯, nr =
repetição: n1!n2! ⋯ nr!

ARn, r =n ∙ n ∙ ... ∙ n = nr Suponha que se deseja saber quantos anagramas


r fatores podem ser construídos com a palavra ARARAQUARA?
Então, usando a definição de permutação com repe-
Então, no exemplo do início da seção em que o tição, da palavra temos 10 letras e duas delas com
conjunto B, com a lei de formação é um conjunto fini- repetição:
to de números de três algarismos distintos, formado
pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, enumerando todos n = 10
os elementos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, A à n1 = 5
feito com princípio multiplicativo, temos o resultado R à n2 = 3
n(B)=336; agora usando a definição de arranjo sem
repetição temos:
n! 10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
Pnn₁, n₂ = à P105,3 = = =
n1!n2! 5!3! 5!3!
n! 8! 8! 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
An,r = à A8,3 = = = =
(n – r)! (8 – 3)! 5! 5! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6
= 5040
3∙2∙1
8 ∙ 7 ∙ 6 = 336
Combinações
Note que a solução usando o princípio fundamen-
tal da contagem (multiplicativo) foi exatamente o
mesmo que usando a definição de arranjo, veja ainda Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯,an},
que a fórmula do arranjo no final caiu no princípio chamamos de combinações dos n elementos tomados
multiplicativo. r a r, os subconjuntos de N constituídos de r elemen-
Para exemplificar o arranjo com repetição pode- tos. Denotado por:
mos usar o problema de sorteio com urnas, onde o
número sorteado é reposto na urna e pode ser sor- n!
teado novamente, ou seja, com reposição (repetição). Cn, r = ,r≤n;∀n,r ∈ N
Seja nesse contexto uma urna com os números 1, 2 r!(n – r)!
e 3, e em seguida um número é sorteado, reposto na
Como define-se combinação sendo subconjuntos, a
urna, e o segundo número é sorteado. Quantas for-
ordem dos elementos não interfere. Assim, os subcon-
mas possíveis de sequências de números podem ser
juntos {a,b} e {b,a}são iguais.
observadas? Assim, usando a definição de arranjo
O exemplo clássico de combinações são os pro-
com repetição temos:
blemas envolvendo membros de comissões. Suponha
ARn, r = nr à AR3, 2 = 32 = 9 que uma empresa tenha 15 funcionários no setor
administrativo, e se queira formar uma comissão com
Logo, temos nove pares possíveis de números 3 desses funcionários. De quantas formas possíveis
sorteados. pode-se formar essa comissão? Assim, essas comis-
sões são subconjuntos com elementos funcionários e
Permutação a ordem dos elementos dentro dela não interfere, ou
seja, esses subconjuntos de mesmos elementos, mas
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an}, de ordem distintas, são iguais. Logo, essa contagem
chamamos de permutação dos n elementos a todo pode ser feita a partir da combinação:
arranjo onde r=n. Denotado por:
n! 15! 15!
Cn, r = à C15,3 = = =
n! n! n!
An, n = = = = n! = Pn r! (n – r)! 3!(15 – 3)! 3!12!
(n – n)! 0! 1
15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12! 15 ∙ 14 ∙ 13
= = 455 .
Dica 3!12! 3∙2∙1
A permutação é um caso particular do arranjo, Caso usássemos no exemplo anterior a ideia de
em que se queira combinar todos elementos. arranjo teríamos um número bem maior de elemen-
tos, visto que a ordem importa no arranjo. Sendo
Assim, a permutação de um conjunto N = {1, 2, 3}, assim, o arranjo contaria como diferentes aqueles
são todos os arranjos constituídos dos 3 elementos, ou subconjuntos que a combinação define como iguais.
seja, {123,132,213,231,312,321}. Calculado o número de Logo, a escolha correta da técnica (arranjo ou combi-
80 permutações temos então Pn = n! à P3 = 3! = 3 ∙ 2 ∙ 1=6 . nação) para a condição definida é essencial!
n! 15! 15!
An, r = à A15,3 = = =
(n – r)! (15 – 3)! 12!

15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12!
= 15 ∙ 14 ∙ 13 = 2730 .
12!

BINÔMIO DE NEWTON: DESENVOLVIMENTO,


COEFICIENTES BINOMIAIS E TERMO GERAL

Desenvolvimento, coeficientes binomiais e termo


geral

Usamos as técnicas de contagem como o diagra-


ma de árvore e o princípio fundamental da contagem
para obter o desenvolvimento do binômio (x + a)n com
n ∈ N e x, a ∈ ℝ. Assim a soma de todos os produtos é: x ∙ x ∙ x+x ∙ x ∙ a+x ∙
a ∙ x+x ∙ a ∙ a+a ∙ x ∙ x+a ∙ x ∙ a+a ∙ a ∙ x+a ∙ a ∙ a=x3+3x2a+3xa2+a3
Alguns casos particulares já são conhecidos:
Usando o binômio cúbico e reescrevendo ele em
z (x + a)0 = 1; forma de combinações temos o seguinte: do binômio
z (x + a)1 = x + a; (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), se escolhermos um ter-
mo de cada fator, obteremos três termos (um em cada
z (x + a)2 = x2 + 2xa + a2;
fator), que são multiplicados entre si: x3, x2a, xa2 e a3,
z (x + a)3 = x3 + 3x2a + 3xa2 + a3 . ou seja, o diagrama de árvore está na coluna “Produ-
to”. Assim, o primeiro deles x3 só pode ser obtido de
Mas para todo n inteiro, positivo, quanto maior o n uma única forma que é com a escolha de x para os três
mais trabalhoso fica: fatores. Logo, o coeficiente de x3 no desenvolvimento
do binômio é 1 ou C3,0.
Para o termo x2a, a quantidade de produtos do tipo
(x + a)n =(x + a) ∙ (x + a) ∙ ... ∙ (x + a) x a no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas
2

r fatores são iguais a x e uma igual a a, da permutação com


repetição temos:
Seguindo essa ideia de distributiva da multiplica-
ção em relação aos termos (x+a), a cada fator (x+a), 3!
selecionamos exatamente um termo, podendo ser x P32,1 = = C3,1, logo, o coeficiente de x2a é C3,1.
2!1!
ou a, e multiplicamos em seguida. Continua-se o pro-
cesso até esgotar todas as seleções possíveis de um ter- Para o termo xa2, a quantidade de produtos do tipo
mo de cada fator. Toma-se todos os produtos obtidos xa2 no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas
e calcula-se sua soma (reduzindo os termos semelhan- são iguais a a e uma igual a x, da permutação com
tes). Por fim, a soma obtida é o desenvolvimento do repetição temos:
binômio (x+a)n.
Para (x+a)2 = (x+a) ∙ (x+a), usando o diagrama de 3!
p31,2 = = C3,2, logo, o coeficiente de xa2 é C3,2.
árvore para seleção dos termos, e esgotando as possí- 1!2!
veis seleções para cada termo do fator, temos:
Por fim, para o termo a3 só pode ser obtido de uma
única forma que é com a escolha de a para os três fato-
res. Logo, o coeficiente de a3 no desenvolvimento do
binômio é 1 ou C3,3.
Finalmente temos o desenvolvimento do binômio
cúbico:

(x+a)3 = C3,0x3+C3,1x2a+C3,2xa2+C3,3a3.

Desse exemplo, podemos definir então o Teorema


Binomial. Seja o binômio (x+a)n com n ∈ ℕ e x, a ∈ ℝ, o
MATEMÁTICA

desenvolvimento do binômio é dado por:

(x+a)n = Cn,0 xn+Cn,1 xn – 1a1+Cn,2 xn – 2a2+ ... +Cn, p xn – p ap+ ... +


Cn, n an
Assim, a soma de todos os produtos é: x ∙ x+x ∙ a+a
onde Cn,0, Cn,1, Cn,2, ..., Cn,p, ..., Cn,n são chamados de
∙ x+a ∙ a=x2+2xa+a2. coeficientes binomiais.
Para (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), o mesmo Por fim, o termo geral a partir do desenvolvimen-
raciocínio: to do Teorema Binomial é: 81
(x+a)n = Cn, p xn – p ap 7! 7! 7!
C7,3 + C7,4 + C7,5 + C7,6 + C7,7 = + + +
No desenvolvimento do binômio (1 – 2x2)5, qual o 4!3! 3!4! 2!5!
coeficiente de x8? O termo geral do binômio é: 7! 7!
+ = 35+35+21+7+1=99
1!6! 0!7!
C5, p (–2x ) 1 = C5,p (–2) x
2 5–p p 5–p
= C5,p
2(5 – p)
Assim, o resultado de maneiras distintas que esse
(-2)5 – p x10 – 2p grupo pode se reunir é 99. Resposta: Letra B.
10 – 2p = 8 → p = 1
C5,1 (–2)5 – 1 x10 – 2∙1 = C5,1 (–2)4 x8 = C5,1 16x8 = 5 3. (VUNESP – 2016) Em um município, há dois novos
∙16x8 = 80x8 polos industriais, A e B, com 72 e 54 empresas, res-
pectivamente. Para efeito de fiscalização, essas
Logo, o coeficiente do termo x8 é 80. empresas deverão ser totalmente divididas em gru-
pos. Todos os grupos deverão ter o mesmo número
de empresas, sendo esse número o maior possível, de
modo que cada grupo tenha empresas de um só polo
EXERCÍCIOS COMENTADOS e que não reste nenhuma fora de um grupo. Nessas
condições, o número de grupos formados será:
1. (IBADE – 2018) O termo independente de x no desen-

( )
9
1 a) 3.
volvimento do binômio de Newton x + é:
x 2 b) 5.
c) 6.
a) 72.
d) 7.
b) 78.
e) 9.
c) 80.
d) 84.
e) 92. Seja o número de elementos dos conjuntos de empre-
sas dos polos A e B, respectivamente, n(A) = 72 e n(B)
= 54, se devemos ter o mesmo número de empresas

( )
9
1 em cada grupo e esse número seja o maior possível,
No desenvolvimento do binômio , o x+
x2 então a diferença entre o número de empresas do
termo independente é aquele cuja a potência é nula, polo A em relação a B é de 18. Retirando esses 18 do
assim o termo geral do binômio é: polo B temos os dois polos com a mesma quantidade

()
p de empresas, 54 tanto para A quanto para B. Desses
1
C9,p x9 – p = C9,p x9 – p (x –2)p = C9,p x9 – p x –2p = 54 podemos distribuir grupos de 18 empresas para
x2 cada polo, ficando então 3 grupos de 18 empresas
C9,p x9 – p –2p = C9,p x9 –3p para o polo A e B, sobrando mais um grupo de 18
empresas só do polo B, assim, o polo A ficou com 3
9 – 3p = 0 → p = 3 grupos de 18 empresas e o polo B com 4 grupos de
C9,3 x9 – 3∙3 = C9,3x0 = C9,3∙ 1 = 84 18 empresas.
Logo, número de grupos formados por 18 empresas
Logo, o coeficiente do termo independente, x0, é 84.
desses polos foi de 7. Resposta: Letra D.
Resposta: Letra D.
4. (QUADRIX – 2017) Um anagrama de determinada
2. (COMPERVE – 2017) Sete amigos montaram um gru-
po com o objetivo de estudar para um concurso públi- palavra é uma “palavra” — que pode ou não ter signifi-
co, mas estabeleceram a seguinte ressalva: o estudo cado — formada pelas mesmas letras da palavra dada
só aconteceria se pelo menos três deles estivessem inicialmente. Assim, a quantidade de anagramas que
presentes. O número de maneiras distintas que esse se pode formar com a palavra TERRACAP, de modo
grupo pode se reunir e estudar é: que as quatro primeiras letras sejam os anagramas de
RRAA — as letras repetidas da palavra dada — é:
a) 121.
b) 99. a) Inferior a 150.
c) 75. b) Superior a 150 e inferior a 160.
d) 63. c) Superior a 160 e inferior a 170.
d) Superior a 170 e inferior a 180.
Para solução do problema usaremos o princípio e) Superior a 180.
multiplicativo (formado de combinatório) e aditivo
da teoria de contagem. Seja o conjunto de amigos Fixando as letras repetidas no anagrama da pala-
A= {a1, a2, a3, a4, a5, a6, a7} , sendo cada elemento um
vra TERRACAP, n=8 letras, como as quatro primei-
amigo, sabendo-se que a reunião do grupo acontece
ras letras, então temos duas situações de contagem,
com pelo menos 3 amigos, assim o conjunto solução
será a união de cinco situações possíveis, são elas: e após isso o uso do princípio multiplicativo entre
3 amigos entre os 7, 4 amigos entre os 7, 5 amigos eles, devido a interseção dos resultados pedidos.
entre os 7, 6 amigos entre os 7 e por fim com parti- Então fixando RRAA para as quatro primeiras pode-
cipação de todos os 7 amigos. Cada situação é con- mos usar a permutação com repetição para ver de
siderada uma combinação, visto que a permuta de quantas formas possíveis podemos permutar essas
posição entre os amigos no conjunto não interfere letras nas quatro primeiras do anagrama:
82 no resultado. Logo temos: n = 4; n1 = 2; n2 = 2
n! 4! 4 ∙ 3 ∙ 2! 4 ∙3 As probabilidades são úteis no desenvolvimento de
Pnn1,n2 = à P42,2 = = = =6 estratégias, como por exemplo, se as chances de lucro
n1!n2! 2!2! 2 ∙ 1 ∙ 2! 2 ∙1
são boas, os investidores sentem-se mais inclinados
Assim, temos 6 resultados possíveis para as 4 pri- a aplicar seu dinheiro, uma empresa pode negociar
meiras letras do anagrama. Para as outras 4 letras seriamente com um sindicato quando há forte amea-
que faltam, temos ainda a permutação das letras ça de greve ou pode investir em um novo equipamen-
TECP, Pn = n! à P4 = 4! = 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 24. Logo, pelo to, se há boa chance de recuperar o dinheiro.
princípio multiplicativo temos 6x24=144, que é infe- As probabilidades são utilizadas para exprimir a
rior a 150. Resposta: Letra A. chance de ocorrência de determinado evento e assim
modelando o acaso.
5. (FPS – 2017) Para a realização de certa cirurgia são
necessários 2 cirurgiões, 1 anestesista e 3 enfermei- EXPERIMENTO ALEATÓRIO, EXPERIMENTO
ros. Dentre os profissionais de um hospital aptos para AMOSTRAL, ESPAÇO AMOSTRAL E EVENTO
realizar a cirurgia, estão 5 cirurgiões, 4 anestesistas e
10 enfermeiros. De quantas maneiras pode ser consti-
Para iniciarmos a teoria de probabilidade e termos
tuída a equipe que fará a cirurgia?
condições de entender como calcular a probabilidade
de evento de interesse é importante sabermos alguns
a) 4700.
conceitos básicos.
b) 4800.
O primeiro deles é o conceito de experimento
c) 4900.
aleatório. Este representa a realização de uma expe-
d) 5000.
e) 5100. riência ou experimento que gera resultados incertos.
Assim, denominamos de experimento aleatório todo
Nesse caso, temos que para realização da cirurgia fenômeno ou ação que geralmente pode ser repetido
são necessários 6 profissionais, dentre eles 2 cirur- indefinidamente sob mesmas condições e cujo resul-
giões, 1 anestesista e 3 enfermeiros. Dispomos de tado é aleatório ou incerto. Por exemplo, quando lan-
um total de 19 profissionais, sendo 5 cirurgiões, 4 çamos uma moeda, uma única vez, estamos gerando
anestesistas e 10 enfermeiros, logo esses últimos um experimento aleatório, cujos possíveis resultados
são nossos n, nc = 5; nanest = 4; nenf = 10,, já os neces- são conhecidos, cara ou coroa, mas até que a moeda
sários na cirurgias nossos r, rc = 2; ranest = 1; renf = 3. pare de girar o seu resultado final ainda é incerto.
Para contar a quantidade de combinações possíveis Outro conceito importante é o de espaço amos-
em cada grupo de profissionais usaremos a técnica tral. Em um experimento aleatório gerado, sabemos
de combinatório, visto que a troca de posição ou de quais resultados possíveis de acontecer, e a todos
ordem dos profissionais não interfere, ou seja, são esses resultados de um experimento aleatório damos
subconjuntos semelhantes ou iguais. E por fim, apli- o nome de espaço amostral e denotamos ele com uma
camos o princípio multiplicativo para obter todos letra grega (Ω). Assim, no lançamento de um dado de
resultados possíveis: seis faces, o espaço amostral é Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Já
Cir e Cir e Anest e Enf e Enf e Enf no lançamento de uma moeda, o espaço amostral é
C5,2 C4,1 C10,3 definido como sendo Ω = {cara, coroa}. Na linha de
produção de uma indústria faz-se a inspeção dos equi-
C5,2 ⨉ C4,1 ⨉ C10,3 = 10 ⨉ 4 ⨉ 120 = 4800 Resposta:
pamentos construídos, contando o número de defei-
Letra B.
tos, seu espaço amostral é Ω = {0, 1, 2, 3, ...}.
Aos subconjuntos do espaço amostral temos possí-
veis combinações de interesse em cálculos de probabi-
lidade. Essas possíveis combinações ou subconjuntos
PROBABILIDADE do espaço amostral no qual interessamos saber suas
probabilidades, damos o nome de evento. Logo, obter
As origens da probabilidade remetem ao século
um número par na face superior de um dado de seis
XVI e suas aplicações se limitavam a jogos de azar.
faces, A = {2, 4, 6}, é um evento de interesse dentro
Hoje, a utilização das probabilidades ultrapassou o
do espaço amostral Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, encontrado
âmbito dos jogos. O governo e as empresas incorpo-
a partir da realização de um experimento aleatório,
raram a teoria das probabilidades em seus processos
que foi o lançamento do dado. Neste mesmo contexto,
diários de deliberações.
por exemplo, se temos interesse em obter um número
O estudo das probabilidades indica que existe um
elemento de acaso, ou de incerteza, quanto à ocor- menor que 7, tem-se então o evento B = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
rência ou não de um evento futuro. Assim, em muitos que é igual ao espaço amostral Ω. A este tipo de even-
casos é impossível afirmar por antecipação o que irá to damos o nome de evento certo. Já quando quere-
MATEMÁTICA

ocorrer, mas por meio de dados históricos e da expe- mos obter um número negativo no lançamento de um
riência, é possível dizer o quão provável é a ocorrên- dado de seis faces, temos que esse evento não contém
cia de um determinado evento. Alguns exemplos de elementos, C={ }, ou seja, evento vazio Φ, a este tipo
aplicação nos negócios ou no governo são a previsão de evento damos o nome de evento impossível.
da procura de um novo produto, o cálculo dos custos Sendo dois eventos A e B, se a ocorrência de um
de produção, a compra de apólices de seguro, o prepa- deles, implicar necessariamente na não ocorrência
ro de um orçamento, a avaliação do impacto da redu- do outro, ou seja, se esses eventos (conjuntos) forem
ção de impostos sobre a inflação. Tudo isso contém disjuntos (sem intersecção, (A ⌒ B = ∅), dizemos que
algum elemento de acaso. esses eventos A e B são mutuamente exclusivos. 83
Já na definição clássica, definido o processo alea-
Importante!
tório e seu espaço amostral, temos a relação entre o
Experimento aleatório ou processo aleatório é número de eventos favoráveis e o número de resul-
qualquer fenômeno que gere resultados incertos tados possíveis. Assim, a probabilidade do evento de
ou casuais, podendo ser repetido indefinidamen-
interesse é definida como o número de eventos (pon-
te sob as mesmas condições. Inicialmente não
se conhece seus resultados, mas pode-se des- tos ou elementos) favoráveis divididos pelo número
crever todos possíveis. de elementos do espaço amostral:

PROBABILIDADE EM ESPAÇOS AMOSTRAIS n(A)


EQUIPROVÁVEIS P(A) =
n(Ω)
Seja um processo aleatório, com um espaço amos-
tral definido e conhecido todos seus eventos ou resul- Em que n(A) é o número de eventos ou resultados
tados possíveis, podemos definir a probabilidade de favoráveis, e n(Ω) é o número de eventos ou resulta-
um evento de interesse de duas formas: definição fre-
dos do espaço amostral.
quentista e definição clássica.
De acordo com a definição frequentista, se um Assim, qual seria a probabilidade de se retirar
evento de probabilidade p for observado repetidamen- uma carta de ouros de um baralho honesto? Fazemos
te ao longo de realizações independentes, a relação da isso usando a definição clássica de probabilidade, se
frequência observada desse evento ao número total
das repetições converge para p enquanto o número das um baralho honesto tem 13 cartas do naipe ouros
repetições se torna arbitrariamente grande. Dizendo (evento A) e o total de cartas do baralho é 52 (espaço
com outras palavras e colocando no contexto da cons- amostral), então a chance de uma carta de ouros ser
trução de histogramas, pode-se entender que quando n tirada ao acaso é:
→ ∞, as frequências das classes tendem a se estabilizar.
Para exemplificar essa definição frequentista, se
tomarmos uma moeda honesta e realizarmos o experi-
n(A) 13 1
mento de lançar essa moeda, qual seria a probabilida- P(A) = = = ou 25%
de de sair cara? Todos irão responder intuitivamente n(Ω) 52 4
que é 50%. Isto é intuitivo devido à lei dos grandes
números. Mas, pela definição frequentista faríamos o
lançamento dessa moeda, por exemplo, 1000 vezes, e PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS
plotaríamos em um gráfico o número de lançamen-
tos versus a frequência relativa de caras (número de A operação com eventos é semelhante a operações
caras/números de lançamentos). com conjuntos. A seguir apresentaremos o Diagrama
Note que (Figura 1), quanto maior o n (número de
de Venn para ilustrarmos algumas propriedades:
lançamentos) mais a frequência relativa tende a se
estabilizar em 50%, que seria a resposta da probabi-
lidade de sair cara, feita anteriormente e respondida
intuitivamente. Ou seja, a probabilidade do evento A
ocorrer na definição frequentista é:

m
P(A) = lim 𝑓rA = lim
n→∞ n→∞ n

Sendo m o número de eventos favoráveis e n o


número de resultados possíveis. Figura 2. Diagrama de Venn.

1) União (∪): A ∪ B = B ∪ A.

P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B)

Caso os eventos A e B sejam mutuamente exclusi-


vos então a probabilidade de A união com B é:
Figura 1. Simulação do lançamento de uma moeda honesta 1000
84 vezes em relação a suas respectivas frequências relativas. P(A ∪ B) = P(A) + P(B)
2) Intersecção (∩): A ∩ B = B ∩ A Teoremas

Teorema 1: A probabilidade de um evento impos-


sível ocorrer é P(Փ) = 0.

Demonstração:

Seja Ω o espaço amostral de um processo aleatório.


Sabe-se que Ω = Ω + Փ, então aplicando a função pro-
babilidade de ambos os lados se têm:

Ω=Ω+Փ
Se os eventos A e B são independentes então a
P(Ω) = P(Ω) + P(Փ)
probabilidade da intersecção entre A e B é:
1 = 1 + P(Փ)
P(Փ) = 0
P(A ∩ B) = P(A) · P(B)
Outra forma de prova:
3) Complementar: AC = Ω – A (lê-se: complementar Prova: A ⊆ Ω e A ∩ ∅ = ∅ e A ∪ ∅ = A
de A ou não A).
P(A) = P(A ∪ ∅) = P(A) + P(∅)
P(∅) = P(A) – P(A) = 0

Teorema 2 (Probabilidade do complemento):


Seja Ω o espaço amostral. Então, a probabilidade de
um evento A não ocorrer é:

P(AC) = 1 – P(A)

Demonstração:
Assim, a probabilidade do complementar é dado por: Sabe-se que AC = Ω – A, então aplicando a função
probabilidade de ambos os lados se têm:
P(AC) = 1 – P(A)
AC = Ω – A
Observação Importante: Se A e B são conjuntos P(AC) = P(Ω) – P(A)
P(AC) = 1 – P(A)
mutuamente exclusivos (disjuntos) então, A ∩ B = Փ,
assim a probabilidade de A intersecção com B é P(A
Outra forma de prova:
∩ B).
Se A ∩ AC = ∅ e A ∪ AC = Ω: P(AC) = 1 – P(A):

R·Ad ii
P(A ∪ AC) = P(A) + P(AC) = P(Ω) = 1
P(AC) = 1 – P(A)

Teorema 3 (Teorema da soma): Se A e B são dois


eventos do espaço amostral Ω a probabilidade que
ocorra A ou B é:

P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B)


PROPRIEDADES DAS PROBABILIDADES
Prova: (A ∪ B) = (A – B) ∪ B e (A – B) ∩ B = ∅
Axiomas de Probabilidade
R . Ad. 4

Axioma 1: A probabilidade de um certo evento P(A ∪ B) = P[(A – B) ∪ B] = P(A – B) + P(B) =


4
ocorrer corresponde a um número não negativo. = P(A) – P(A∩B) + P(B) = P(A) + P(B) – P(A∩B)

P(A) ≥ 0 Corolário: Se dois eventos A e B são mutuamente


MATEMÁTICA

exclusivos (disjuntos), isto é, A ∩ B = Փ, assim P(A ∩ B)


Axioma 2: A probabilidade de ocorrer todo o espa- = 0, então: P(A ∪ B) = P(A) + P(B).
ço amostral é igual a um. Teorema 4: Se A e B são dois eventos do espaço
amostral Ω e se A ⊆ B, então a probabilidade P(A) ≤ P(B).
P(Ω) = 1 Prova: B = A ∪ (B – A) e A ∩ (B – A) = ∅

Baseado no Axioma 1 e no Axioma 2 segue-se que P(B) = P(A ∪ (B – A)) = P(A) + P(B – A)
0 ≤P(A) ≤ 1. P(B) ≥ P(A) 85
Teorema 5: Se A e B são dois eventos do espaço amos- Agora, vamos determinar P(A), P(B) e P(A ∩ B):
tral Ω, então a probabilidade P(A – B) = P(A) – P(A ∩ B).
Prova: A = (A – B) ∪ (A ∩ B) e (A – B) ∩ (A ∩ B) = ∅ n ( n(A)
A) 3 1 3 
1
( A)==
P P(A) = = 
R . Ad . n (Ω ) 6 = 26
n(Ω)
=
2 
P(A) = P[(A – B)∪(A ∩ B)] = P(A – B) + P(A ∩ B)
P(A – B) = P(A) – P(A ∩ B) n(B ) = 3 = 13
n(B)

1  P ( A ∩ B)
( B ) ==
P P(B) = = ⇒ P ( |BA)
⇒ P(B | A=) =
n (Ω ) 6 26
n(Ω) 2  P ( A)
Para eventos independentes alguns desses teore-
mas, axiomas ou corolário anteriores viram a regra A ∩ B )2 2 11 
n(A n∩(B)
do “E” e regra do “OU”. Na regra do “e” a probabili- P∩
P(A ( AB)∩= B ) = = == = 
dade de ocorrência entre dois eventos A e B simulta- n(Ω)n ( Ω ) 6 6 33 
neamente é P(A e B) = P(A) × P(B) = P(A ∩ B) . E a regra
do “ou” a probabilidade de ocorrer o evento A ou o P(A ∩ B) 1/3 1 2 2
= = · =
evento B é P(A ou B) = P(A) + P(B) = P(A ∪ B), assim “e” P(A) 1/2 3 1 3
→ × e “ou” → +.
Portanto, a probabilidade de que a face superior
PROBABILIDADE CONDICIONAL do dado seja maior ou igual a 4 sabendo que ela é par
é de 2/3.
Nem sempre estamos falando de espaço amostral
em que os eventos são independentes, logo para tra- PROBABILIDADE DE DOIS EVENTOS SUCESSIVOS E
balharmos em situações em que um evento interfe- EXPERIMENTOS BINOMIAIS
re na probabilidade de ocorrência de outro evento,
usamos a teoria de probabilidade condicional. Assim, Probabilidade de dois eventos sucessivos
pelo teorema da probabilidade condicional temos que
a probabilidade do evento A em relação ao evento B Além da possibilidade de cálculo de probabilidade
é dada por:
em eventos únicos ou que ocorrem em apenas uma
realização, pode-se ter também algumas situações em
P(A ∩ B) que os eventos de interesse vão ser realizados de for-
P(A | B) = , P(B) > 0 mas sucessivas ou repetidas em duas ou mais vezes.
P(B)
Um exemplo seria um experimento aleatório reali-
Caso esteja-se interessado na probabilidade con- zado com seu respectivo espaço amostral, mas o inte-
dicional do evento B em relação ao evento A então resse será buscar nesse espaço amostral um evento em
tem-se: determinado momento e outro logo posterior, poden-
do essa busca ser realizada em forma de amostragem
com ou sem reposição. Assim, para realizar esse tipo
P(A ∩ B) de cálculo de probabilidade para eventos sucessivos
P(B | A) = , P(A) > 0
P(A) precisamos levar em conta a relação de independên-
cia entre esses eventos e aplicar os teoremas e axio-
Se os eventos são independentes, então a probabi- mas vistos anteriormente.
lidade do evento A acontecer, sabendo que o evento B Por exemplo, se temos um experimento aleatório
já ocorreu, não altera e tem-se então: P(A | B) = P(A). formado pelo espaço amostral de moedas dentro de
Daí, temos que a independência entre dois eventos uma bolsa feminina, sendo que dentro dessa bolsa
pode ser verificada a partir da igualdade: P(A ∩ B) = existam duas moedas de 1centavo, três moedas de
P(A) × P(B). A prova é feita simplesmente substituindo 10centavos e quatro moedas de 1real. Se duas moe-
P(A) no teorema da probabilidade condicional. das são retiradas aleatoriamente dessa bolsa, qual
Supondo um experimento aleatório de um lança- seria, por exemplo, a probabilidade de ambas moedas
mento de um dado de seis faces, qual seria a probabi- serem de 1centavo, fazendo as retiradas com reposi-
lidade da face superior do dado ser maior ou igual a 4 ção? O espaço amostral de cada retirada é dado por Ω
sabendo que ela é par? No lançamento de um dado, o = {1c, 1c, 10c, 10c, 10c, 1R, 1R, 1R, 1R}, assim em cada
espaço amostral é Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, vamos definir o retirada temos que o espaço amostral tem 9 resulta-
evento A como sendo face superior par, e o evento B dos possíveis. Para retirar moedas com reposição,
face superior maior ou igual a 4. Então, A = {2, 4, 6) e B fazemos retirada da primeira moeda, calculando-se a
= {4, 5, 6}, qual a P(B | A) = ? probabilidade de ocorrência de interesse e após isso,
ela retorna à bolsa para poder participar da segunda
retirada, assim da primeira retirada para a segunda o
P(A ∩ B)
P(B | A) = , P(A) > 0 espaço amostral não se altera.
P(A) Logo, para calcular a probabilidade de duas moe-
das retiradas e as duas serem simultaneamente de
1centavo (1c), temos que lembrar do conceito de even-
tos independentes, em que a primeira retirada não
interfere no resultado da segunda, assim podemos
usar a regra do “e”, em que ocorrendo as duas retira-
das sucessivamente seria o mesmo que a intersecção
entre os eventos na primeira e na segunda retirada,
86 logo temos:
2 21 11 122 221 11 12 2
P (2 A) = 6⋅P⋅(2
⋅ ⋅A⋅) ⋅=⋅ 6⋅⋅ ⋅=⋅ )⋅A⋅2⋅ (⋅P6⋅ = )A 2( P
3 3 3 33 333 333 33 3 3 3
2 2 22 2 22 2 2 2
2 2 4 2 −4 2 2 −4 2 2   111  2 2  121   2  2 2 4− 2 4 –22
P(1ce1c) = P(1c ∩ 1c) = × = ) q(. ) p ( P
) qC
= (2(.A))p==
2 , 4P(2A)(626P (2
⋅ A) =
·,4⋅C
= ⋅⋅6·⋅⋅ )A=
2C(⋅⋅P
= 6=(Cp4,))A
4,2 =.(2Cq( P
(p) ( p ) .(q ) 4− 2
)· (q)
4,2
9 9 81  3   333  3 3  333   3  2

P (2 A) = 29, P (2 %6226
A )=
% ,9229, =% 62
)A262,(9P2 = )A 2( P
%
Aonde em cada retirada o numerador é a quanti- P(2A) = 29,62%
dade de resultados favoráveis para o evento moeda
de 1centavo e o denominador é a quantidade de resul-
Com probabilidade de A ganhar sendo p e probabi-
tados possíveis ou espaço amostral. Em cada retirada,
perceba que da primeira para segunda retirada os lidade de A perder sendo q.
valores não mudaram, pois como o cálculo está sendo Uma grande quantidade de problemas que envol-
feito para amostragem com reposição, significa que a vem cálculo de probabilidades pode apresentar exa-
primeira retirada volta para a bolsa e o espaço amos- tamente as mesmas características do problema
tral para a segunda retirada continua o mesmo, ou descrito, o que leva à construção de um modelo esta-
seja, não se altera.
tístico teórico, conhecido também como distribuição
Agora se pensarmos nesse mesmo experimento
aleatório e no mesmo cálculo de probabilidade, mas Binomial.
agora com uma amostragem sem reposição, ou seja, Esse tipo de problema então pode ser resolvido
retira-se a primeira moeda, calcula-se a probabilida- diretamente pelo experimento Binomial ou distri-
de da primeira retirada, e esta não retorna à bolsa, buição Binomial, onde determina-se a probabilidade
logo, o espaço amostral irá alterar, sendo menor que o de se obterem k sucessos em n tentativas. Para isso,
inicial. Assim, para a probabilidade de ambas moedas
serem de 1centavo temos: temos a função de probabilidade dada por:

P(X = k) = Ckn· pk · qn – k,
2 1 4
P(1ce1c) = P(1c ∩ 1c) = × =
9 8 36 Em que P(X = k) é a probabilidade de que o evento
aconteça k vezes em n tentativas, p é a probabilidade
Observe agora, que o número de eventos favorá- de um sucesso, q é a probabilidade de fracasso (q=1 –
veis e o número de eventos possíveis para a segunda p) e a combinação de resultados possíveis no espaço
retirada foi menor pois a primeira moeda retirada não amostral igual a:
voltou para participar da segunda. Então, se a primei-
ra moeda retirada foi de 1centavo, e tínhamos duas
na bolsa, ela não é mais provável na segunda retirada. n!
Assim, tanto o espaço amostral ficou com uma moe- Cn, k =
k! (n – k)!
da a menos como também o segundo evento, pois já
havia saído no primeiro.
MÉDIA, MEDIANA E MODA
Experimentos Binomiais
As medidas de posição ou de tendência central
Quando iniciamos o estudo de probabilidade, constituem uma forma mais sintética de apresentar
resolvemos problemas do tipo, dois times de futebol, os resultados contidos nos dados observados, pois
A e B, jogam entre si 4 vezes. Se a probabilidade do representam um valor central, em torno dos quais
time A ganhar um jogo é de 1/3, qual seria a probabi- os dados se concentram, ou seja, o termo medida de
lidade de o time A ganhar 2 jogos? Então a probabili- posição é usado para indicar, ao longo da escala de
dade do time A não ganhar um jogo é 2/3, ou seja, a medidas, onde a amostra ou a população está locada.
probabilidade do time B ganhar. Se os times jogam 4
As medidas de posição mais empregadas são a média,
vezes e o time A ganha 2 delas, colocando as possibili-
a mediana e a moda. Esses parâmetros são úteis, pois
dades de ordem nesses resultados, sendo A indicando
time A ganhador e B time B ganhador temos: A, A, B, B descrevem propriedades da população, ou seja, carac-
ou A, B, B, A ou A, B, A, B ou B, B, A, A. Logo, calculando terizam a população. A média aritmética é a medida
as probabilidades usando as regras do “e” e do “ou”, a de posição mais conhecida e aplicada. No entanto,
probabilidade de A ganhar 2 jogos é: nem sempre é a mais adequada.

P(2A) = P(A ∩ A ∩ B ∩ B) + P(A ∩ B ∩ B ∩ A) + P(A ∩ B Média Aritmética


∩ A ∩ B) + P(B ∩ B ∩ A ∩ A)
A mais usada das três medidas de posição mencio-
1 1 2 2 1 2 2 1 1 2 1 2 nadas, por ser a mais comum e compreensível delas,
P(2A) = · · · + · · · + · · · + bem como pela relativa simplicidade do seu cálculo,
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
MATEMÁTICA

além de prestar-se bem ao tratamento algébrico.


A média aritmética ou simplesmente média de um
2 2 1 1 2 1 2 1 2 1 1 2
· · · + · · · + · · · conjunto de n observações, é definida como:
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
n
Ʃxi
i=1
1 1 2 2 x=
P(2A) = 6 · · · ·
3 3 3 3 n 87
Onde n é o número de valores observados ou tama- n 30
nho amostral e: Ʃxi
i=1
Ʃxi
i=1
5 + ... + 2
x= = = = 2, 2 irmãos .

n n 30 30
Ʃxi = x1 + x2 + ⋯ + xn (soma dos valores observados).
i=1 O valor encontrado (x = 2,2 irmãos) não é um resul-
tado possível (nesse caso poderiam ser 2 irmãos, 3
Usa-se para denotar uma medida de média amos- irmãos, mas não 2,2 irmãos). No entanto, esse valor
tral o x, que também é conhecido como um estimador representa a média geral ou o todo, e permite inter-
da média. Já a notação para média populacional é a pretar que a tendência geral foi de pouco mais de dois
letra grega, que representa o parâmetro média popu- irmãos por aluno.
lacional. Então, percebam que falando de amostras
dizemos estimativas e para população são parâme- Mediana
tros. Para a população teríamos:
A mediana é uma medida típica de tendência cen-
tral, sendo definida em um conjunto de dados ordena-
n
dos como o valor central, ou seja, para um conjunto
Ʃxi
µ= i=1 =
x1 + x2 + ... + xN
de dados ordenados (Rol) a mediana é o valor que é
precedido e seguido pelo mesmo número de dados
(observações), isto é, 50% dos dados são superiores à
N N
mediana e 50% são inferiores. A mediana amostral é o
melhor estimador da mediana populacional (FERREI-
Em que µ é a média populacional, Ʃxi é a soma de RA, 2005).
todos os elementos da população e N é o número de Cálculo da mediana:
elementos na população.
1. Quando o número de dados (n) for ímpar, a media-
na é dada por:
Para os dados da Tabela 1 e 2 podemos calcular a
média das variáveis altura e número de irmãos:
Md== x n1++1n x = dM
Md n + 1
 
Tabela 1. Rol das alturas dos alunos da disciplina  222 

de Estatística e Probabilidade do curso de Matemática


da Universidade Federal de Uberlândia no semestre Onde:
01 do ano de 2002.
Md = x nn+1+1+1n x = dM
1,51 1,53 1,56 1,62 1,63 1,64 1,65   2 
1,67 1,67 1,67 1,68 1,70 1,70 1,72
 22 
1,72 1,73 1,73 1,75 1,75 1,75 1,76 É o índice ou posição da variável (X).
1,78 1,78 1,78 1,80 1,83 1,87 1,87
2. Quando o número de dados (n) for par, a mediana
1,88 1,88 é dada por:

Tabela 2. Rol do número de irmãos dos alunos da Md =Mdx n=++x1 x= nn 1d+++1M x = dM
 1+ n n2

disciplina de Estatística e Probabilidade do curso de      
 2 2 2    222  
Matemática da Universidade Federal de Uberlândia Md =
no semestre 01 do ano de 2002. 2

0 0 0 1 1 1 1 Onde:

1 1 1 1 1 1 1 x 1+nnn+=1x x= nnd+1+1M+2n x = dM


Md =Md
   e  2 2 
1 2 2 2 2 2 2  222  2

3 3 3 4 5 5 6 São índices ou posição da variável (X).


Seja a variável X1 = [0, 1, 2, 3, 4] ordenada, sabe-se
6 6 que o n = 5, ou seja, n é ímpar logo a mediana é dada
por:

n 30 Md xMd
Md== x ==x xx= 5n d
 1+++1n1 
n
M=x x=3 =d2.
M
Ʃxi
i=1
Ʃxi
i=1
1,87 + ... + 1,78 n
 
  222  
1+++1n1 
 
  222  
x= = = = 1,720m ;

n 30 30 Já para a variável X2 = [0, 1, 2, 3] ordenada, sabe-se


88 que o n = 4, ou seja, n é par logo a mediana é dada por:
Md =Mdx n=++x1 x= nn 1d+++1M
 1+ n n2

x = =Md
Md x1+ n4=++x1 x= 4n 1d+++1M
dM n2 
x = dM Para as Tabelas 1 e 2, Rol das alturas e número de
           
 2 2 2    222    2 2 2    222   irmãos, tem-se, respectivamente, as modas, Mo = 1,67,
Md = = =
2 2 1,75 e 1,78 metros (polimodal) e Mo = 1.

x(2) + x(3) 1+2


= = 1,5. Posição relativa da média, mediana e moda
2 2
Segundo Crespo (1999), quando uma distribuição
Fazendo o mesmo para os dados da Tabela 1 e 2,
Rol das alturas e número de irmãos, respectivamente, é simétrica, as três medidas se coincidem. Porém, a
tem-se que n = 30, ou seja, n é par logo as medianas assimetria as torna diferentes de modo que quanto
são:
maior a assimetria, maior será essa diferença entre

1,51 1,53 1,56 1,62 1,63 1,64 1,65 as três medidas. Assim, em distribuições simétricas e
assimétricas, temos:
1,67 1,67 1,67 1,68 1,70 1,70 1,72

1,72 1,73 1,73 1,75 1,75 1,75 1,76 a) x = Md = Mo, no caso de distribuição simétrica;
b) x > Md > Mo, no caso de distribuição assimétrica
1,78 1,78 1,78 1,80 1,83 1,87 1,87
positiva (assimétrica à direita);
1,88 1,88
c) x < Md < Mo, no caso de distribuição assimétrica
negativa (assimétrica à esquerda);
Md =Mdx n=++x1 x= nn 1d+++1M
 1+ n n2

= d=Md
xMd Mx 1+30=+xx=n+d
nn+1  30
Mx = dM
11++n2 
           
 2 2 2    222    222   222 
Mdalturas = = =
2 2

x(15) + x(16) 1,72 + 1,73


= = 1,725m
2 2

0 0 0 1 1 1 1

1 1 1 1 1 1 1

1 2 2 2 2 2 2

3 3 3 4 5 5 6

6 6

Como as duas variáveis têm o mesmo tamanho de a)


amostra, perceba que as posições da mediana para as
duas variáveis são as mesmas, posição 15 e 16, mos-
trando então que a mediana depende do tamanho da
amostra (n).

Moda

A moda é o valor que ocorre com maior frequên-


cia (que mais se repete) em uma série de dados. Uma
melhor definição poderia ser dada por aquele valor
da variável em que há a mais densa concentração
de valores na sua proximidade (FERREIRA, 2005). A
MATEMÁTICA

moda amostral (Mo) é o melhor estimador da moda


populacional (µ0). A moda não é afetada pelos extre-
mos e também é uma medida muito utilizada na eco-
nomia e quando desejamos obter uma medida rápida
e aproximada de posição ou quando a medida de posi-
ção deve ser o valor mais típico da distribuição. Para
um conjunto de dados a moda pode não ser única,
b)
bem como pode não existir. 89
2. (VUNESP – 2019) Em um pote há 20 balas de moran-
go com recheio de chocolate, 15 balas de café com
recheio de chocolate e 10 balas de leite sem recheio.
Retirando-se aleatoriamente uma bala desse pote, a
probabilidade de ela ter recheio de chocolate é:

a) 5/9.
b) 2/3.
c) 7/9.
d) 4/9.
e) 1/3.

Considerando os eventos de interesse A, bala de


morango com recheio de chocolate, B, bala de café
com recheio de chocolate, e evento C, bala de leite
sem recheio. Sabendo que o espaço amostral tem 45
balas, e que se tem interesse em balas com recheio
de chocolate, a probabilidade é dada por:
P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B), sabendo que os
c)
eventos A e B são mutuamente exclusivos temos que
Figura 2: Relação das medidas de posição para diferentes P(A ∩ B) = 0, assim a probabilidade de ter recheio é:
distribuições: (a) distribuição simétrica, (b) distribuição assimétrica
à direita e (c) distribuição assimétrica à esquerda. 20 15 35 7
P(A ∪ B) = P(A) + P(B) = + = =
45 45 45 9
Resposta: Letra C.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
3. (FCC – 2020) Em determinado setor de um órgão públi-
1. (VUNESP – 2016) A tabela mostra o número de litros co foi realizado um levantamento com relação aos
de leite das marcas A, B e C, comprados por uma cargos de nível superior. A tabela abaixo apresenta a
pessoa. distribuição dos respectivos funcionários segundo o
cargo e sexo.

MARCAS N° DE LITROS CARGO HOMENS MULHERES TOTAL


A 5 Economista 30 20 50
B 3
Administrador 40 40 80
C 2
Contador 70 50 120
Considerando-se o total de litros apresentados na
Total 140 110 250
tabela, na média, o litro saiu por R$ 3,30, porém, se
essa pessoa tivesse comprado apenas os leites das
marcas A e B, na média, o litro sairia por R$ 2,95. O Um funcionário é escolhido aleatoriamente neste
valor do litro de leite da marca C é: setor para realizar uma tarefa. Seja E o evento indican-
do que o funcionário escolhido é economista e seja
a) R$4,70. H o evento indicando que o funcionário escolhido é
b) R$4,80. homem. Considerando, então, os eventos E e H, a pro-
c) R$4,90. babilidade de que pelo menos um destes dois eventos
d) R$5,00. ocorra é igual a:
e) R$5,10.
a) 64%.
Sabe-se que a média aritmética é a soma dos valores b) 76%.
dividida pelo número de observações, então temos c) 56%.
que as médias dadas foram: d) 80%.
e) 48%.
Ʃxi 5A + 3B + 2C
xA, B, C = = = 3, 3
n 10 Se o interesse é que ocorra pelo menos um dos dois
eventos, logo, pode ocorrer somente o evento E ou
Ʃxi 5A + 3B pode ocorrer somente o evento H ou ainda os dois
xA, B = = = 2,95 → 5A + 3B = 23,6 eventos E e H. Assim, das operações com eventos
n 8 temos que isso quer dizer união entre E e H:
Assim, substituindo o valor de uma equação na P(E ∪ H) = P(E) + P(H) – P(E ∩ H), assim a probabi-
outra temos: lidade é:

5A +3B + 2C = 33 → 23,6 + 2C = 33 → 2C = 9,4 → C = 4,7.


50 140 30
Logo, o valor do litro de leite da marca C é R$4,70. P(E ∪ H) = P(E) + P(H) – P(E ∩ H) = + – =
90 Resposta: Letra A. 250 250 250
50 + 140 – 30 160 16 2 3 4 5 6 7 8
= = = 0,64 = 64%
250 250 25 3 4 5 6 7 8 9
4 5 6 7 8 9 10
Resposta: Letra A.
5 6 7 8 9 10 11
4. (FUNRIO – 2009) Um equipamento possui 5 motores.
Para que esse equipamento opere com sucesso ele 6 7 8 9 10 11 12
precisa que, pelo menos, 2 dos seus motores estejam
funcionando. Considerando que a probabilidade de Podemos ver então que o espaço amostral é consti-
falhar de cada um desses motores é igual a 1/2, inde- tuído de 36 elementos ou eventos possíveis. Sabendo
pendentemente um do outro, determine a probabilida- que a probabilidade que se quer calcular depende
de de o equipamento operar com sucesso. de um evento que já ocorreu, soma (X) ser igual
a 10, então aplicar o conceito de probabilidade
a) 1/32. condicional:
b) 13/16. 1
c) 15/16.
d) 1/5. P({Y = 6} ∩ {X = 10}) 36 1 ,
P(Y = 6|X = 10) = = =
e) 3/5.
P({X = 10}) 3 3
O experimento aleatório consiste de um experi- 36
mento Binomial, visto que se tem uma quantidade Sendo que a probabilidade da intersecção entre os
de sucesso em n tentativas de funcionamento de eventos Y = 6 e X = 10 é um em 36 possíveis e a pro-
motores, em que cada tentativa ou cada motor tem babilidade do evento que já ocorreu X = 10 é três em
uma probabilidade constante p (1/2) de funcionar e 36 possíveis, visto que no espaço amostral aparece-
para cada um ocorre somente dois resultados pos- ram 3 números 10. Resposta: Letra D.
síveis, sucesso ou fracasso. Assim, tem-se interesse
em saber das 5 tentativas (n) de funcionamento que
pelo menos 2 motores estejam funcionando ou ope-
rando com sucesso (X sucessos), ou seja pode ser 2
motores ou mais. Logo, a probabilidade usando o MATRIZES, DETERMINANTES E
conceito de distribuição Binomial e de probabilida- SISTEMAS LINEARES
de complementar, temos:
OPERAÇÕES COM MATRIZES (ADIÇÃO,
])1= PXP((](XP)XP(X
1
=
≥]+≥)P1=
2)
)≥X
0=
(2)X
2)
=X1≥
(−P2)
X
= 1+−
(P
= P[( X
(–)P0P(X
+
=
(=
)X
−01=1
=

<X2)
2)
X=)2)
<<(P
P
(2(1X
[=P

<
–1
= [<1[P(X
1= X−
− [1=
2) ()P2P
[= (−()0)
=<
1
X2X
1
=+[=
−X<
= 0)
)X2((X
P
P(X
( P0)−
≥P=
+ P=
=+1
X
−(1
1)]
0)
(XP2+=
=
P ()X
)2P
≥= X] (] P MULTIPLICAÇÃO
1)1)
(≥XX= 1) ]
(P POR ESCALAR, TRANSPOSIÇÃO E

 1   4111  1 11 11 11 050011


14 1 5 05
11110000 0011010111505501511 11111  1 111PRODUTO) 41   
4 4

− 1 ⋅
   2  P(X
 P −P (
1 X
(−
⋅X⋅ 1
5 C
≥ P

≥ 2)
⋅ (
+ X= 1≥ −
⋅ 2) C− = 1
C 1
+ ⋅
−⋅ C − ⋅⋅⋅1 C1 ⋅

=51 –5C555· 225·51 2
2) ⋅
= 1
C − +
 C ⋅ − 1 ⋅ 1 −⋅
–25
− 1 = 1
C ⋅−

+ )C
+2
 −C ≥C =X−⋅ 1
+
⋅(=P C)
≥ 2
⋅ ⋅
X≥1 −X
P
− ( P
⋅ 1 −
+5 5 25   2    
1 ) 2 (
1 
22)
≥= )2P XX
5 2
≥((XP2≥
2)
] )1=]+=
)P
1
2)
)10=
= X
(− =P ((−2X
X1≥
X (2P
P2) [)X−2)
+<(=
= X (P [ − 1
X ( P + )0
1
01= =
−P
< 1X)(2−
2)
= )2 < X ( P − 1
2(X
=[<P
P
= )2 ≥ X ( P
1[2
<− X[1
(2)
X (P
= (−)1
= 21
0)
X =2
− <=[2P0)
2
2+ X2(((X
)P X
+≥P
P 2
X
=
−=(1
0)
(X
=1) 22]+
2P = ]
1)(≥ = 1)]2   2 2 Matrizes
( P  2   

 111  11 1 10  1


01 11
5 0 11 11110 01111 1  1 1 1 1   1    Matrizes podem ser definidas da seguinte manei-
1 5 05 0 1 0 50 0 5 4 5 1 1 4 1 4 4
10 011
≥(X2)
⋅ ⋅51C
− ≥=2)
1
P
⋅ (
+−X=
⋅  1 ≥
C C

⋅2)C

+−⋅=C
1 1
+ ⋅
− ⋅ ⋅− C1 −⋅⋅⋅1 1
C ⋅
−  −+
⋅⋅ 1=
C1C
⋅−+
)C
2⋅−C ≥= X
−⋅ 1
+(
=⋅P 1
C
≥)−2
⋅X⋅≥1 X

P ( P

   5 5  C55 ·25 ·512– 5 5 5    5     
1 1 ) 2 ( ⋅ 1 −
   ra: sejam dois números naturais m e n diferentes de
 2 
1  2  2
  
 2
  
 2
 2
2 2
  2
 
 2
 2   2  2
   2  2 2 2    2  ] zero, denominamos matriz de ordem m por n (indi-
= X  ( P+ )0P = (X X≥(P2) 2
[−= 1=1 − )P2(< X 2
 X<(2) P− =1=1−)[2P(≥XX= (P0) +  P (X = 1)
ca-se 4m x n) qualquer tabela M formada por núme-
  11 00 51   6 1   3  13  
0 5 1
1 1   1
1 5 0
1  1   ros1 pertencentes ao conjunto dos reais, sendo estes
+ (X
⋅   ⋅ 5C  P P(X ≥≥2) = 1⋅1–− 
2)1=
− C⋅ 5+5C ⋅– 1)−
⋅  =−11= 2 =≥1X–(P+ =C5 ⋅   ⋅  1 −   
2    2   2 
32 32 2   2     2   2
números
  distribuídos em m linhas e n colunas.
  32 16  16  
Exemplos:
Resposta: Letra B.
> H
-2 1 0
5. (FGV – 2014) Dois dados serão lançados. Se X repre- A= é uma matriz de ordem 2x3,
2 4 3
senta a soma dos dois números e Y é o resultado do
= G é uma matriz de ordem 2x2,
primeiro dado, então a probabilidade condicional de Y 0 -1
ser igual a 6 dado que X é igual a 10 é: B=
3 5

a) 1/6.
JK 9 1 NO
KK 3 OO
b) 1/5. C= KK- 8 7 OO é uma matriz de ordem 3x2.
c) 1/4. K 4 0 O
d) 1/3. L P
MATEMÁTICA

e) 2/5. Toda matriz m x n tem os seus elementos repre-


sentados por (aij) onde i representa a linha e j a colu-
Para o experimento aleatório temos o espaço amos- na em que o elemento está localizado:
tral sendo igual a: Exemplo:
Ω ={ (X = Z + Y)} Y
e o
a11 a12
Z 1 2 3 4 5 6 A=
a21 a22
1 2 3 4 5 6 7 91
{
(lê – se a um um) elemento que está na 1ª linha RS VW
a11 SS - 7 4 2 WW
e 1ª coluna. SS 2
B= 9 0W WW é uma matriz quadrada de
3
(lê – se a um dois) elemento que está na 1ª linha SS 2
a12
e 2ª coluna. S-5 - 1 22 W W ordem 3x3.
(lê – se a um um) elemento que está na 2ª linha T X
a21
e 1ª coluna.
(lê – se a um um) elemento que está na 2ª linha
a22 Observação: Para toda matriz quadrada, no lugar
e 2ª coluna.
de mencionarmos que sua ordem é n ⨉ m, dizemos
apenas que ela é uma matriz de ordem n. Por exem-
Observação: Uma matriz M de ordem m ⨉ n tam-
bém pode ser indicada por M = (aij) ou M = (aij) m ⨉ n. plo, ao nos referirmos a uma matriz quadrada de
ordem 3, estamos dizendo que esta matriz possui três
TIPOS DE MATRIZES linhas e três colunas.

Matriz Linha Diagonal Principal

É toda matriz do tipo 1 ⨉ n, ou seja, é uma matriz Chamamos de diagonal principal de uma matriz
que possui apenas uma linha. quadrada de ordem n, o conjunto dos elementos que
Exemplo: possui índices iguais.
Exemplo:
C = [–3 4 1] é uma matriz linha de ordem 1x3
M = (–9 7 0 –√15) é uma matriz linha de ordem 1x4
e o é uma matriz quadrada de ordem 2,
2 -8
A=
Matriz Coluna 7 0

É toda matriz do tipo m ⨉ 1, ou seja, é uma matriz cuja diagonal principal é uma matriz composta
que possui apenas uma coluna. pelos elementos a11 = 2, e a22 = 0
Exemplo:
Diagonal Secundária
RS VW
SS - 2 WW
SS 1 WW Chamamos de diagonal secundária de uma matriz
A= SS 7 WW é uma matriz coluna de ordem 4x1 quadrada de ordem n, o conjunto dos elementos que
SS 0 WW possui soma dos índices igual a n + 1.
SS- 17WW Exemplo:
T X
e o
2 -8
A = é uma matriz quadrada de ordem 2,

e o é uma matriz coluna de ordem 2x1


-6 7 0
B=
1 cuja diagonal secundária é composta pelos elemen-
tos a12 = - 8, e a21 = 7
Matriz Nula
Matriz Diagonal
É matriz que possui todos os elementos iguais a
zero. É a matriz em que todos os elementos que não per-
Exemplo: tencem à diagonal principal são iguais a zero.
Exemplo:

= G
0 0 0 0
E= é uma matriz nula de ordem 2x4
0 0 0 0 –15 0 0

B= 0 1 0

e o
0 0 0 0 – √7
N= é a matriz nula de ordem 2x2
0 0
Matriz Identidade de Ordem n
Matriz Quadrada de Ordem n
É toda matriz quadrada em que os elementos da
É toda matriz do tipo n ⨉ n, ou seja, em uma matriz diagonal principal são iguais a 1. A matriz identidade
quadrada de ordem n o número de linhas e colunas é representada pela letra maiúscula I, seguida da sua
são iguais.
ordem, ou seja, In.
Exemplo:
Exemplos:

e o é uma matriz quadrada de ordem 2x2


2 -8
= G
A= 1 0
7 0 I2 = é uma matriz identidade de ordem 2
0 1
92
JK1 0 0N
O � Propriedades do produto de um número por uma
KK OO matriz
I3 = K0 1 0O é uma matriz identidade de ordem 3
KK OO
0 0 1 O produto de um número por uma matriz admite
L P as seguintes propriedades:
RS V
SS1 0 0 0W
W W P1) a . (b . A) = (a . b) . A
SS0 1 0 0W
WW é uma matriz identidade de ordem 4. P2) a . (A + B) = a . A + a . B
I4 = S SS0 0 1 0WWW P3) (a + b) . A = a . A + b . A
SS P4) 1 . A = A
S0 0 0 1W W
T X
IGUALDADE DE MATRIZES PRODUTO DE MATRIZES

Dadas duas matrizes A = (aij)m ⨉ n e B = (bij)n ⨉ p , deno-


Duas matrizes A = (aij)m ⨉ n e B = (bij)m ⨉ n serão iguais
minamos o produto AB a matriz C = (cik)m ⨉ p tal que cik =
quando aij = bij para todo i ∈ {1,2, ∙∙∙ , m } e todo j ∈ {1,2,
ai1 . b1k + ai2 . b2k + ai3 . b3k + . . . + ain . bnk = ƩnJ=1 aij . bjk para
∙∙∙ , n }. Portanto para que duas matrizes sejam iguais, todo i ∈ {1,2, ... ,m} e k ∈ {1,2, ... ,p}.
elas devem ser do mesmo tipo e apresentar todos os
elementos correspondentes iguais.
Observações: A definição dada garante a existên-
Exemplo: cia do produto AB somente se o número de colunas de
[ ] [
Seja A = X 2 e B = 7 2 , a matriz A será igual
9 –6 z y ] A for igual ao número de linhas de B, pois A é do tipo
m ⨉ n e B é do tipo n ⨉ p.
à matriz B, se, e somente se, x = 7, y = – 6 e z = 9. A definição dada afirma que o produto AB é uma
matriz que tem o número de linhas de A e o número
ADIÇÃO DE MATRIZES de colunas de B, pois AB é do tipo m ⨉ p.
Exemplos:
Dadas duas matrizes A = (aij)m ⨉ n e B = (bij)m ⨉ n , cha-

[ ] [ ]
mamos soma de A + B a matriz C = (cij)m ⨉ n tal que cij = 2 4 2 1 –2
aij + bij, para todo i e todo j. Isto significa que a soma ∙ 0 5
–1 –3 5 4 0
de duas matrizes A e B do tipo m ⨉ n é uma matriz C 2x3 2x3

do mesmo tipo, em que cada elemento é a soma dos


elementos correspondentes em A e B.
Exemplo:
[ (– 1)2 ∙∙ 11 ++ 4(–∙ 3)0 +∙ 02 +∙ 45 ∙ 4 (– 1)2∙(–(–2)2)++4(–∙ 53)+∙ 25 ∙+05 ∙ 0 ]
[ 1 0 7
] [ + ] [
3 –1 0 = 1+3 0–1 7+0
] [ 1019 16
– 13 ]
2x2
–4 9 2 –1 0 5 –4–1 9+0 2+5

[ ]
[ ]
= 4 – 1 7 1
–5 9 7 –2 ∙ [ 3 –5 4 0 ]
1x4
12
3x1
� Propriedades da adição de matrizes
1∙3 1 ∙ (– 5) 1∙4 1∙0
A adição de matrizes do tipo admite as seguintes
propriedades: [ (– 2) ∙ 3 (– 2) ∙ (– 5)
12 ∙ 3 12 ∙ (– 5)
(– 2) ∙ 4
12 ∙ 4
(– 2)
∙0
12 ∙ 0 ]
[ ]
3 –5 4 0
P1) Associativa: (A + B) + C = A + (B + C) – 6 10 – 8 0
P2) Comutativa: A + B = B + A 36 –60 48 0
3x4
P3) Elemento Neutro: A + 0 = A, em que 0 é a matriz
nula
P4) Elemento simétrico: A + (- A) = 0, em que -A é a
matriz oposta de A.
[ 05 –33 –12 ] 3x2

[ ]
1
–1
10 3x1

PRODUTO DE NÚMERO POR MATRIZ [ 05 ∙∙ 11 ++ (–3 ∙3)(–∙1)(–+1)(–+2)1 ∙∙ 1010 ] = [ –1823 ] 1x2

Dado um número k e uma matriz A = (aij)m ⨉ n, cha- � Propriedades do produto de matrizes


ma-se produto kA a matriz B = (bij)m ⨉ n tal que bij = kaij,
MATEMÁTICA

para todo i e todo j. Isto significa que multiplicar uma O produto de matrizes admite as seguintes
matriz A por um número k é construir uma matriz B propriedades:
formada por todos os elementos de A multiplicados
por k. P1) Associativa: (A . B) . C = A . (B . C)
P2) Distributiva à direita em relação à adição: (A + B) .

[ ][ ][ ]
4 –1 2 ∙ 4 2 ∙ (– 1) 8 –2 C=A.C+B.C
2. 0 5 = 2 ∙ 0 2 ∙ 5 = 0 10 P3) Distributiva à esquerda: C . (A + B) = C . A + C . B
3 √2 2 ∙ 3 2 ∙ √2 6 2 ∙ √2 P4) (k . A) . B = A . (k . B) = k . (A . B) 93
Observações: É muito importante notar que, em
geral, a multiplicação de matrizes não é comutativa,
Se D = [ –04 04 ], sua transposta é D = [ 04 t –4 .
0 ]
ou seja, para duas matrizes quaisquer A e B, temos AB
Portanto, a matriz D é antissimétrica, pois Dt = -D.
≠ BA.
Quando A e B são tais que AB = BA, dizemos que A
MATRIZ INVERSA
e B comutam. Notemos que uma condição necessária
para A e B comutarem é que sejam matrizes quadra-
Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Dizemos
das e de mesma ordem.
que A é uma matriz invertível se existir uma matriz
É importante observar também que a implicação
A-1 tal que A . A-1 = A-1 . A = In, onde In é a matriz identi-
AB = 0 → A = 0 ou B = 0 não é válida para matrizes,
dade de ordem n.
ou seja, é possível encontrar duas matrizes não nulas
Observações: Se A não é invertível, dizemos que A
cujo produto é a matriz nula.
é uma matriz singular.
Exemplo: Se A é invertível, então é única a matriz A-1.
Exemplos:
[ 01 00 ] ∙ [ 00 01 ] = [ 00 00 ] [
A matriz A = 1 3 é inversível e A– 1 = 7 – 3
2 7 ] –2 1 [ ]
, pois
MATRIZ TRANSPOSTA

Dada a matriz A = (aij)m ⨉ n, chamamos transposta


A ∙ A– 1 = [ 21 73 ] ∙ [ –72 –13 ]
de A a matriz At = (a´ji)n ⨉m tal que aji’ = aij para todo i
e todo j. Isto significa que as colunas de At são ordena-
[ 21 ∙∙ 77 ++ 37 ∙∙ (–(– 2)2) 1 ∙ (– 3) + 3 ∙ 1
2 ∙ (– 3) + 7 ∙ 1 ] = [ 01 0
1 ] =I
2

damente iguais às linhas de A.


Exemplos: A ∙ A– 1 = [ –72 –3
1 ]∙[ ]1
2
3
7

Se A = >
4 2
2H
-1
, sua transposta é
[ 7 ∙ 1 + (–3) ∙ 2
–2∙1+1∙2 –2∙3+1∙7 ] [ 0
7 ∙ 3 + (– 3) ∙ 7
=
1 0
1 ] =I 2

5 7
[ 02 ]?
5 2x3
Qual é a inversa da matriz A = 1
RS V 3
SS 4 5 W
WW
At = SS2
SS
S-1
7W
2 W
W
W
5 W3x2
Fazendo A-1 = [ ac bd ], temos:
A ∙A= [
c d ] [ 0 3 ] [ 0 1 ]
T X a b ∙ 2 1 1 0
Se B = [– 1 0 ⁵√19 – 6]1x4, sua transposta é
–1
=

RS
SS - 1 WWW
SS 0 WW
V
[ ac ∙∙ 22 ++ db ∙∙ 00 ac ∙∙ 11 ++ db ∙∙ 33 ] = [ 01 01 ]
Bt = SS5 WW
{ a +2a3b= 1= 0
1 1
SS 19WW ⇒a= eb=–
SS - 6 WW 2 6
4x1
T X

{ c +2c3d= 0= 1
� Propriedades de uma matriz transposta 1
⇒c=0ed=
3
A matriz transposta admite as seguintes
propriedades:

> H
1
2
- 16
P1) (A ) = A
t t
Portanto, A = -1
1
P2) (A + B)t = At + Bt 0 3
P3) (k . A)t = k . At
P4) (A . B)t = Bt . At � Propriedades de uma matriz inversa

MATRIZ SIMÉTRICA A matriz inversa admite as seguintes propriedades:

Denominamos matriz simétrica toda matriz qua- P1) (A-1)-1 = A


drada A, de ordem n, tal que At = A. P2) (A . B)-1 = B-1 . A-1
Exemplo: P3) (At)-1 = (A-1)t
Se C = [2 –1
–1 3 ]
, sua transposta é Ct =
2 –1
–1 3
. [ ] DETERMINANTE DE UMA MATRIZ: DEFINIÇÃO E
Portanto, a matriz C é simétrica, pois Ct = C. PROPRIEDADE

MATRIZ ANTISSIMÉTRICA Determinantes

Denominamos matriz antissimétrica toda matriz Determinantes podem ser definidos do seguinte
94 quadrada A, de ordem n, tal que At = - A. modo: considere o conjunto das matrizes quadradas
de elementos reais. Seja M uma matriz de ordem determinante da matriz que se obtém suprimindo a
n desse conjunto. Denominamos determinante da linha i e a coluna j de M.
matriz M (e indicamos por det M) o número que asso- Exemplo:
ciamos a matriz M, operando seus elementos confor- RS V
me a ordem desta matriz. SS1 2 1W
W
SS5 W
- 2W
Seja M = 3 WW , então:
Determinante de matriz quadrada de ordem 1 SS
2 4 - 1W
Se M é de ordem 1, então o det M é o único elemen- T X
to de M. D11 = – 1 5 = - 18, note que suprimimos a primeira
Exemplo: 4 –2

[ ]
Se M = [4], então o det M = 4 1 –2 3
linha e a primeira coluna da matriz M, 1 –1 5 ,
Determinante de matriz quadrada de ordem 2 2 4 –2
calculando assim o determinante dos elementos
Se M é de ordem 2, então o det M é o produto dos restantes.
elementos da diagonal principal de M, menos o produ-
O raciocínio é análogo para os demais termos, por-
to dos elementos da diagonal secundária de M.
tanto teremos:
Exemplo:
Se M =
[ 26 5 ]
– 1 , então:
D12 = 1
2
5 = – 12, D =
–2 13
1
2
– 1 = 6,
4
det M = 2 ∙ 5 – [6 ∙ (– 1)] = 10 – (– 6) = 10 + 6 = 16 D21 = – 2 3 = – 8, D22 = 1 3 = – 8,
4 –2 2 –2
Determinante de matriz quadrada de ordem 3 1 – 2 = 8, D = – 2 3
D23 = = – 7,
2 4 31
–1 5
Se M é de ordem 3, então o det M é dado por:
D32 = 1 3 = 2, D33 = 1 – 2 = 1.
det M = a11 ∙ a22 ∙ a33 + a12 ∙ a23 ∙ a31 + a13 ∙ a21 ∙ a32 – a13 1 5 1 –1
∙ a22 ∙ a31 – a11 ∙ a23 ∙ a32 – a12 ∙ a21 ∙ a33
COMPLEMENTO ALGÉBRICO (COFATOR)
Podemos memorizar esta definição da seguinte
maneira: Consideremos uma matriz M de ordem n ≥ 2. Seja
aij um elemento de M. Definimos complemento algé-
z Repetimos ao lado da matriz, as duas primeiras
colunas; brico do elemento aij, e indicamos por Aij, como sendo
z Os termos precedidos pelo sinal + são obtidos o número ( - 1)i + j . Dij
multiplicando-se os elementos segundo as flechas Exemplo:
situadas na direção da diagonal principal; RS VW
SS1 -2 3W
z Os termos precedidos pelo sinal – são obtidos
S WW
multiplicando-se os elementos segundo as flechas Seja M = S1
SS
-1 5W WW, então:
situadas na direção da diagonal secundária. - 2W
S2 4
Este dispositivo apresentado a cima é conhecido T X
como Regra de Sarrus, e é utilizado para o cálculo de A11 = (– 1)1+1 ∙ D11 = (– 1)2 ∙ – 1 5 = 1 ∙ (– 18) = – 18
determinantes de ordem 3. 4 –2
Vejamos agora um exemplo numérico: 1 5 = (– 1) ∙ (– 12) = 12
A12 = (– 1)1+2 ∙ D12 = (– 1)3 ∙
2 –2
RS V
SS1 2 1WWW 1 5 = 1 ∙ (6) = 6
A13 = (– 1)1+3 ∙ D13 = (– 1)4 ∙
Seja M = SS5 3 - 2WWW , calcule o seu determinante 2 –2
SS
2 4 - 1W A21 = (– 1)2+1 ∙ D21 = (– 1)3 ∙ – 2 3 = (– 1) ∙ (– 8) = 8
T X 4 –2
Utilizando a regra de Sarrus, temos que:
A22 = (– 1)2+2 ∙ D22 = (– 1)4 ∙ 1 3 = 1 ∙ (– 8) = – 8
2 –2
1 2 1 1 2
det M = 5 3 – 2 5 3 = 1 ∙ 3 ∙ (1) + 2 ∙ (– 2) ∙ 1 – 2 = (– 1) ∙ (8) = – 8
A23 = (– 1)2+3 ∙ D23 = (– 1)5 ∙
2 4 –1 2 4 2 4
2 + 1 ∙ 5 ∙ 4 – (1 ∙ 3 ∙ 2 + 1 ∙ (– 2) ∙ 4 + 2 ∙ 5 ∙ (– 1))
A31 = (– 1)3+1 ∙ D31 = (– 1)4 ∙ – 2 3 = 1 ∙ (– 7) = – 7
–1 5
1 2 1 1 2
det M = 5 3 – 2 5 3 = – 3 – 8 + 20 – (6 – 8 1 3
A32 = (– 1)3+2 ∙ D32 = (– 1)5 ∙ = (– 1) ∙ (2) = – 2
MATEMÁTICA

2 4 –1 2 4 1 5
– 10) = 9 – (– 12) = 9 + 12 = 21, portanto, o det de M
A33 = (– 1)3+3 ∙ D33 = (– 1)6 ∙ 1 – 2 = 1 ∙ (1) = 1
= 21 1 –1

MENOR COMPLEMENTAR TEOREMA FUNDAMENTAL DE LAPLACE

Considere uma matriz M de ordem n ≥ 2. Seja aij O determinante de uma matriz de ordem n ≥ 2, é
um elemento de M. Definimos menor complementar a soma dos produtos dos elementos de uma fila qual-
do elemento aij, e indicamos por Dij, como sendo o quer (linha ou coluna) pelos respectivos cofatores. 95
RS V
SS1 3 4W
W Se multiplicarmos a primeira linha da matriz por
SS5 W
- 3W 2, teremos:
Seja M = 2 WW , então: RS V
SS
1 4 2W SS4 - 1 6WWW
T X M’ = S SS4 5 0WWW , o det de M’ = – 56, ou seja, det M’ = 2 .
1 3 4 SS2 - 1 1WW
det M = 5 2 – 3 = a11 ∙ A11 + a12 ∙ A12 + a13 ∙ A13
1 4 2 T X
det M, o det de M’ = – 56, ou seja, caso fosse multiplicada
a primeira coluna da matriz M por 2, o determinante
= 1 ∙ (– 1)1+1 ∙ D11 + 3 ∙ (– 1)1+2 ∙ D12 + 4 ∙ (– 1)1+3 ∙ D13 = 1 ∙ (– 1)2 ∙
da nova matriz M’ também seria o dobro do det M.
RS VW
2 – 3 + 3 ∙ (– 1)3 ∙ 5 – 3 + 4 ∙ (– 1)4 ∙ 5 2 SS4 -1 3W
=1
S WW
4 2 1 2 1 4 M’ = S8 0W
SS 5 WW , o det M’ = - 56
S4 -1 1W
∙ 1 ∙ (4 + 12) + 3 ∙ (– 1) ∙ (10 + 3) + 4 ∙ 1 ∙ (20 – 2) = 16 – 39 T X
+ 72 = 49
P4) Multiplicação da matriz por uma constante
Observações: podemos utilizar Sarrus ou Laplace
no cálculo do determinante de uma matriz qualquer, Se A é uma matriz de ordem n, então det (ɑ . A) =
os resultados obtidos serão os mesmos. Na utilização ɑn . det A
de Laplace qualquer fila (linha ou coluna) escolhida Exemplo:
produzirá o mesmo valor de determinante. De prefe-
e o , o det A = 14
rência, escolha sempre a fila com a maior quantidade 4 -1
Se A =
de elementos iguais a zero. Este procedimento facilita 2 3
os cálculos do determinante.
Se quiséssemos descobrir o determinante de 3 . A,
PROPRIEDADES DOS DETERMINANTES faríamos:
det 3 . A = (3)2 . det A = 9 . 14 = 126
A definição de determinante e o teorema de Lapla-
ce nos permitem fazer o cálculo de qualquer deter- P5) Troca de filas paralelas
minante, no entanto, é possível simplificar o cálculo
com a aplicação de certas propriedades. Vejamos estas Seja M uma matriz de ordem n ≥ 2 Se trocarmos
propriedades:
de posição duas filas paralelas obteremos uma nova
P1) Matriz transposta matriz M’ tal que det M’ = - det M
Exemplo:
Se M é a matriz de ordem n e Mt sua transposta,
RS W V
SS 1 - 1 2W
WW
então det Mt = det M SS 0
Exemplo: Seja M = 3 4W , o det M = 13
RS V SS WW
S- 1 2 0 WW
S W
S- 3 5 1W
T X
Seja a Matriz M = S SS 3 4 - 6WWW , o det M = – 10 Se trocarmos de posição a primeira coluna com a
SS 2 1 - 2WW segunda coluna, teremos:
RS T V X
SS- 1 3 2 WWW RS
1 2W
V
SS- 1 W
logo a Mt = S SS 2 4 1 WWW , e o det Mt = – 10 SS 3 W
SS 0 - 6 - 2WW M’ = 0 4W
WW o det M’ = - 13
SS W
T X S5 -3 1W
P2) Fila nula T X
Portanto a conclusão que chegamos é que: det M’
Se os elementos de uma fila (linha ou coluna) qual- = - det M
quer de uma matriz M de ordem n forem todos nulos, O raciocínio é análogo, caso fosse feita a troca de
então det M = 0
RS V linhas paralelas.
S 3 - 1 4WW
SS W
Seja M = SS 0 0 0W
W , o det de M = 0 P6) Filas paralelas iguais
SS- 3 WW
5 2W
T X Se uma matriz M de ordem n ≥ 2 tem duas filas
P3) Multiplicação de uma fila por uma constante paralelas formadas por elementos respectivamente
iguais, então det M = 0.
Se multiplicarmos uma fila qualquer de uma
Exemplo:
matriz M de ordem n por um número k, o determi-
nante da nova matriz M’ obtida será o produto de k RS V
pelo determinante de M, isto é det M’ = k . det M SS- 1 W
0 2W
Exemplo: SS 4 W
RS V Seja M = 7W
WW , o det de M = 0, pois a 1ª e 3ª
S2 - 1 3WW
5
SS W
S W S- 1 2W
Seja M = S
S4 5 0WW , o det M = – 28
0
SS WW T X
96 S2 linha, são iguais.
-1 1W
T X
P7) Filas paralelas proporcionais RS V
SS- 3 0 0W
W
SS 1 W
Se uma matriz de ordem n ≥ 2 tem duas filas para- Seja A = 2 0WWW , como temos uma matriz
SS
lelas formadas por elementos respectivamente pro- S4 -5 - 1WW
porcionais, então det M = 0. T X
triangular superior, ou seja, todos os elementos acima
Exemplo:
da diagonal principal são nulos, logo o determinante
RS V
SS 1 2 6W
W de A será dado pelo produto dos elementos da diago-
SS 3 W
- 3W
nal principal da matriz A.
Seja M = -1 WW , o det M = 0, pois a 3ª linha Portanto: det A = ( - 3) . 2 . ( - 1) = 6
SS
-2 4 12W
T X RS V
SS1 -2 7 W
W
é a 2ª linha multiplicada por 3.
SS0 W
Seja B = 4 2WWW ,como temos uma matriz
SS
P8) Combinação linear de filas paralelas S0 0 - 3WW
T X
Se uma matriz quadrada M, de ordem n, tem uma triangular inferior, ou seja, todos os elementos acima
linha (ou coluna) que é combinação linear de outras da diagonal principal são nulos, logo o determinante
linhas (ou colunas), então det M = 0 de B será dado pelo produto dos elementos da diago-
nal principal da matriz B.
Exemplos:
Portanto: det B = 1 . 4 . ( - 3) = - 12
JK 1 - 2 - 1N
OO
KK SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES
KK 3 O
Seja M = 4 7OOO , o det M = 0, pois a 3ª coluna
KK- - 3O
Equação linear
5 2
L P
Denominamos equação linear, toda equação do
é a soma da 1ª coluna com a 2 ª coluna.
tipo:
JK2 -3 NO
KK 5 OO a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c, onde:
Seja N = KK1 4 0O OO , o det N = 0, pois a 3ª linha é
KK a1, a2, a3, . . . , xn : são coeficientes reais, não todos
3 - 10 10 O nulos.
L P
x1, x2, x3, . . . , xn : são as incógnitas.
o dobro da 2ª linha menos a 1ª linha.
c : é o termo independente.

P9) Teorema de Binet Quando o termo independente é nulo, dizemos


que a equação linear é homogênea.
Se A e B são matrizes quadradas de ordem n, então Exemplos:
det (AB) = det A . det B
Exemplo: a) 4x + 3y – z = – 1
b) 2x – y = 3
Seja A = e o , o det A = 5 e B = e o , o det
3 2 -2 -7
c) – 2x – y + 5z = 0 (Equação linear homogênea)
-1 1 1 2
B = 3,
Não são equações lineares as equações abaixo:
Logo, pelo Teorema de Binet, o det (A . B) = det A .
det B = 5 . 3 = 15
a) x2 + y – z3 = 3
Observação: decorre a seguinte relação do Teore- b) xy – 5z = –7
ma de Binet: c) x – 2y + √z = 3

1 � Sistema linear:
det A–1 =
det A
Denominamos sistema linear, o conjunto de duas
Exemplo: ou mais equações lineares com n incógnitas.
RS V
SS0 3 - 1W
W Exemplos:

{
SS2 W
Seja A = -4 3WWW , o det A = 19 , logo o det A–1 = 4x – y = 2
SS
1 1 S1 2 - 3WW x + 7y = 1
=
T X
MATEMÁTICA

det A 19
Neste caso temos um sistema linear de duas incóg-
P10) Matriz triangular nitas, sendo elas x e y. O 2 e o 1 são os termos indepen-
dentes desse sistema.

{
O determinante de uma matriz triangular (aquela
cujos elementos acima ou abaixo da diagonal princi- – 3x + 2y – z = – 1
pal são todos iguais a zero) é dado pelo produto dos
x + y – 5z = 3
elementos da diagonal principal.
Exemplos: 2x – 5y + 2z = 4 97
{ {
Neste caso temos um sistema linear de três incóg- (1) +2 (– 2) – 2 (1) = – 5 1–4–2=–5
nitas, sendo elas x, y e z. O -1, e o 4 são os termos inde- 2+6+1=9
2(1) – 3 (– 2) + (1) = 9 ⇒
pendentes desse sistema.
3+2+3=8
Um sistema linear de m equações com n incógni- 3(1) – (– 2) + 3(1) = 8
tas, indicado por m x n (lemos “m por n”), pode ser
{ –5=–5
9 = 9 .todas as sentenças são verdadeiras.

{
representado por um conjunto de equações do tipo:
8=8

a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c1 SISTEMA LINEAR HOMOGÊNEO


a21x1 + a22x2 + a23x3 + . . . + a2nxn = c2
S Chamamos de sistema linear homogêneo, aquele
a31x1 + a32x2 + a33x3 + . . . + a3nxn = c3
possui todos os termos independentes nulos, ou seja,
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ iguais a zero.
am1x1 + am2x2 + am3x3 + . . . + amnxn = cm Exemplo:

{
Note que pela definição do produto de matrizes, o x + y + 2z = 0
sistema linear genérico acima, pode ser escrito na for- 3x + 4y – z = 0
ma matricial da seguinte maneira:

[ ][ ] [ ]
2x + 3y – 3z = 0

a11 a12 a13 ... a1n x1 c1


Todo sistema linear homogêneo admite a solução
a21 a22 a23 ... a2n x2 c2 nula (0, 0, ..., 0), chamada de solução trivial. Além da
a31 a32 a33 ... a3n x3 = c3 solução trivial um sistema linear homogêneo pode ter
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ ∙ ∙ outras soluções.

am1 am2 am3 ... amn xn cn MÉTODOS PRÁTICOS PARA A RESOLUÇÃO DE UM


SISTEMA
Exemplos:
Escrevendo na forma matricial os dois exemplos Regra de Cramer
anteriores, temos:
Inicialmente consideremos o seguinte sistema
linear:

{ x4x+–7yy == 21 ⇒ [ 1 ] ∙ [ y ] = [1 ]
4 –1 x 2
7
{ aa xx ++ bb yy == cc

[ ][][ ]
1 1 1

{
2 2 2

– 3x + 2y – z = – 1 –3 2 –1 x –1

[a ]
a1 b1
x + y – 5z = 3 ⇒ 1 1 –5 ∙ y = 3
2
b2 é a matriz incompleta do sistema c1 e c2,
2x – 5y + 2z = 4 2 –5 2 z 4
são os termos independentes do sistema.
SOLUÇÃO DE UM SISTEMA LINEAR a1 b1
D= , é o determinante da matriz incompleta
a2 b2
Seja uma sequência ou n-upla ordenada de núme- do sistema.
ros reais (a1, a2, a3, . . . , an), a mesma será solução de c1 b1
um sistema linear S, se for a solução de todas as equa- Dx = , é o determinante da matriz obtida
ções lineares de S, ou seja: c2 b2
por meio da troca dos coeficientes de x, pelos termos
independentes, na matriz incompleta.
a11a1 + a12a2 + a13a3 + . . . + a1nan = c1 (setença verdadeira)
a1 c1
a21a1 + a22a2 + a23a3 + . . . + a2nan = c2 (setença verdadeira) Dy = , é o determinante da matriz obtida
a2 c2
a31a1 + a32a2 + a33a3 + . . . + a3nan = c3 (setença verdadeira) por meio da troca dos coeficientes de y, pelos termos
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ independentes, na matriz incompleta.
am1a1 + am2a2 + am3a3 + . . . + amnan = cm (setença verdadeira)
O exemplo acima é análogo para qualquer sistema
Exemplo: linear n x n, portanto a regra de Cramer pode ser apli-
cada para resolver qualquer sistema linear n x n, onde

{
D ≠ 0. A solução será dada pelas seguintes razões:
x + 2y – 2z = – 5
2x – 3y + z = 9
3x – y + 3z = 8 ( X1 =
D1
D
,X2 =
D2
D
,X3 =
D3
D
, . . . , xn =
Dn
D )
O sistema acima admite como solução a tripla Exemplos:
ordenada (1,-2,1), pois substituindo estas coordenadas Vamos resolver os seguintes sistemas pela Regra
98 em cada uma das equações lineares, temos: de Cramer:
a) { 3x2x– +4yy == –45 Vamos classificar cada um dos sistemas lineares
abaixo:

D = 3 – 4 = 11, Dx = – 5 – 4 = 11, D =
2 1 4 1
3
2
– 5 = 22
4
a) {4x2x –+ y3y==15
Dx 11 Dy 22 D = 4 – 1 = 14 Como D ≠ 0, o sistema é SPD
portanto: x = = = 1, y = = = 22 2 3

{
D 11 D 11
x + 2y – z = 1
b) 2x – 3y + 4z = 2
3x – y + 3z = 3
Logo a solução do sistema é o par ordenado (1, 2)
1 2 –1

{ x – 2y + z = 0 D = 2 – 3 4 = 0, como D = 0, o sistema não é SPD,


b) 2x + y – 3z = – 5 3 –1 3
4x – y – z = – 1
vamos verificar se é SPI ou SI.
1 –2 1 0 –2 1
D = 2 1 – 3 = 10, Dx = – 5 1 – 3 = 10 1 2 –1 1 1 –1 1 2 1
Dx = 2 – 3 4 = 0, Dy = 2 2 4 = 0, Dz = 2 – 3 2 = 0
4 –1 –1 –1 –1 –1
3 –1 3 33 3 3 –1 3
1 0 1 1 –2 0
Dy = 2 – 5 – 3 = 20, Dz = 2 1 – 5 = 30 Como D = 0, Dx = 0, Dy = 0 e Dz = 0, o sistema é SPI.

{
4 –1 –1 4 –1 –1
– 2x + y – 3z = 0
c) x – y – 5z = 2
Dx 10 Dy 20 3x – 2y + 2z = – 3
portanto: x = = = 1, y = = =2
D 10 D 10 –2 1 –3
Dz 30 D = 1 – 1 – 5 = 0, como D = 0, o sistema não é SPD,
z= = =3 3 –2 –2
D 10
vamos verificar se é SPI ou SI.
Logo a solução do sistema é a tripla ordenada (1, 2, 3).
0 1 –3
Dx = 2 – 1 – 5 = 40 , Como D ≠ 0, o sistema é SI.
CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS LINEARES –3 –2 –2
x

Os sistemas lineares podem ser classificados con- Não é necessário analisar o determinante das incóg-
forme o esquema abaixo: nitas y e z, uma vez que um deles já apresenta resulta-
do diferente de zero.
determinado
ESCALONAMENTO DE SISTEMAS LINEARES
possível
indeterminado Nem sempre a Regra de Cramer é um instrumento
Sistema
prático para a resolução de sistemas lineares. Para a
resolução de sistemas de três ou mais equações pode-
impossível mos fazer a solução de uma forma escalonada, ou seja,
vamos fazer o escalonamento do sistema. Um sistema
Sistema Possível e Determinado estará escalonado quando de equação para equação,
no sentido de cima para baixo, houver aumento dos
Um sistema será possível e determinado (SPD), coeficientes nulos situados antes dos coeficientes
quando o determinante D da matriz incompleta for não-nulos.
diferente de zero, ou seja, D ≠ 0. Exemplos:

Sistema Possível e Indeterminado

Um sistema será possível e indeterminado (SPI),


S1
{ x+y+z=3
0x + y + z = 2 , S2
0x + 0y + z = 1 { x+y+z–t=6
0x – y – 4z + 3t = – 13
0x + 0y + 12z – 6t = 20
quando o determinante D da matriz incompleta for
Vejamos um exemplo prático de como resolver um
MATEMÁTICA

igual a zero (D = 0) e os determinantes das incógnitas


sistema linear por escalonamento:
também: (D1 = D2 = D3 = ... = Dn = 0)

Sistema Impossível

Um sistema será impossível (SI), quando o deter-


{ 2x – 3y + z = 9
x + 2y – 2z = – 5
3x – y + 3z = 8

minante D da matriz incompleta for igual a zero (D = Primeiramente vamos trocar de posição a linha 2
0) e pelo menos um dos determinantes das incógnitas com a linha 1, para que a incógnita x que possui o coe-
for diferente de zero. ficiente 1 fique na primeira linha. 99
{ x + 2y – 2z = – 5
2x – 3y + z = 9
3x – y + 3z = 8
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (ESAF – 2009) O determinante da matriz:
Substituiremos a segunda linha por uma nova,

[ ]
fazendo a seguinte operação: 2 1 0
B= a b c é:
4+a 2+b c
z Vamos multiplicar a 1ª equação por (- 2) e adicio-
nar o resultado à 2ª equação. a) 0
b) 2b - c
c) a+b+c
Substituiremos a terceira linha por uma nova,
d) 6+a+b+c
fazendo a seguinte operação:
e) 2bc + c - a
z Vamos multiplicar a 1ª equação por (- 3) e adicio- A matriz B é uma matriz quadrada de ordem 3, para
nar o resultado à 3ª equação. calcular os seus determinantes, vamos utilizar a

{
Regra de Sarrus:
x + 2y – 2z = – 5
– 7y + 5z = 19 2 1 0 2 1
a b c a b ,
– 7y + 9z = 23
4+a 2+b c 4+a 2+b
Substituiremos a terceira linha por uma nova,
Vamos fazer o produto das diagonais principais,
fazendo a seguinte operação:
menos o produto das diagonais secundárias.
z Vamos multiplicar a 2ª equação por (- 1) e adicio- 2 ∙ b ∙ c + 1 ∙ c ∙ (4 + a) + 0 ∙ a ∙ (2 + b) – [0 ∙ b ∙ (4 + a) +
nar o resultado à 3ª equação. 2 ∙ c ∙ (2 + b) + 1 ∙ a ∙ c] = 2bc +4c + ac – [4c + 2bc + ac]
= 2bc + 4c + ac – 4c – 2bc – ac = 0 Resposta: Letra A.

{ x + 2y – 2z = – 5
– 7y + 5z = 19
4z = 4
2. (ESAF – 2012) Dada as matrizes:

Com o sistema escalonado, podemos determinar


A= (21 33) e B = (21 43)
os valores das incógnitas da seguinte forma:
Calcule o determinante do produto AB:
Obtendo z na 3ª equação:
a) 8
4z = 4
b) 12
4 c) 9
z=
d) 15
4
e) 6
z=1
Pelo Teorema de Binet, temos que: o det (A ∙ B) = det
Obtendo y na 2ª equação: A ∙ det B
Como z = 1, vamos substituir o seu valor na 2ª Calculando separadamente cada um dos determi-
equação e encontrar o y: nantes, teremos:
2 3
– 7y + 5z = 19 Det A = = 2 ∙ 3 – (3 ∙ 1) = 6 – 3 = 3
– 7y + 5(1) = 19 1 3
2 4
– 7y + 5 = 19 Det B = =2∙3–4∙1=6–4=2
– 7y = 19 – 5 1 3
– 7y = 14 Portanto o det (A ∙ B) = detA ∙ detB = 3 ∙ 2 = 6 Respos-
14 ta: Letra E.
y=
–7 3. (CESGRANRIO – 2011) Considere a equação matricial
y=–2 AX = B,

Obtendo x na 1º equação:
Como y = - 2 e z = 1, vamos substituir os seus valo-
Se A = ( –11 2
–1 ) e B = (31 –42 ) , então a matriz X é:
res na 1ª equação e encontrar o x:

x + 2y – 2z = – 5
a)
( 22 –54 )
x + 2 (– 2) – 2(1) = – 5
x–4–2=–5
b)
( –45 –26 )
c) (
– 1 – 4)
x–6=–5 3 –1
x=–5+6
x=1
d) (
2 )
–5 –8
Logo a solução do sistema é a tripla ordenada (1, -2, 1). 3

e) (
0 3)
4 0
100
Para encontrar a matriz X, vamos escreve-la como
uma matriz genérica, e substituir na equação indi-
4. (UNIRIO – 2009) Se o sistema: {3x2x ++ my
y = 18
=k
possui

cada no enunciado: infinitas soluções, o produto k ∙ m, vale:

X= ( 40 03 ) a)
b)
8
12
Substituindo as três matrizes conhecidas na equa- c) 15
d) 18
ção inicial, temos:
e) 20
A∙X=B
Se o sistema possui infinitas soluções, ele é um siste-
( 1 2
–1 –1

a b
c d) ( ) ( =
3 –2
1 4 ) ma possível indeterminado (SPI). Pela regra de Cra-
mer um sistema linear 2x2 será SPI, se e somente se,
D = 0, Dx = 0 e Dy = 0.
Fazendo o produto entre as matrizes no primeiro
Para encontrar o valor de m vamos calcular o deter-
membro, temos:
minante da matriz incompleta, igualando o mesmo

( (– 1)1 ∙∙ aa ++ (–2 ∙1)c ∙ c 1∙b+2∙d


) (
(– 1) ∙ b + (– 1) ∙ d
=
3 –2
1 4 ) a zero, teremos, portanto:
3 1
=0
2 m
(–a a+ –2cc b + 2d
–b–d ) = (31 –42 ) 3∙m–2∙1=0
3m – 2 = 0
3m = 2
Pela igualdade de matrizes geraremos o seguinte 2
sistema linear: m=
3

{
Para encontrar o valor de k, basta calcular o determi-
a + 2c = 3 nante em relação a uma das duas incógnitas, já que
b + 2d = – 2 descobrimos o valor de m, porém para facilitar os
cálculos vamos calcular o determinante em relação
–a–c=1
a y, igualando o mesmo a zero, teremos o seguinte:
–b–d=4
3 18
=0
Trocando de posição a linha 2 com a linha 3, temos: 2 k
3 ∙ k – 2 ∙ 18 = 0

{
3k – 36 = 0
a + 2c = 3 3k = 36
36
–a–c=1 k=
3
b + 2d = – 2
k = 12
–b–d=4
Não se esqueça que o exercício não pede os valores
de m e k, mas sim o produto entre eles. Fazendo o
Vamos encontrar primeiramente os valores de a e produto entre m e k, teremos:
c, fazendo a soma da linha 1 com a linha 2, temos:
c=4 2 24
m∙k= ∙ 12 = =8
3 3
Substituindo c por 4 na primeira linha, temos:
Resposta: Letra A.
a + 2c = 3
a + 2 ∙ (4) = 3 5. (CESGRANRIO – 2011) Considere o sistema a seguir:
a+8=3

{
a=3–8 x + 5y + z = 0
a=–5 4x + y – 2z = 1
7x + 3y – 4z = – 1
Para encontrar os valores de b e d, faremos a soma
da linha 3 com a linha 4, obtendo: Nesse sistema o valor de x é:
d=2 a) 3
Substituindo d por 2 na linha 4, temos: b) 2
c) 1
MATEMÁTICA

–b–d=4
d) 0
– b – (2) = 4
e) -1
–b–2=4
–b=4+2 O exercício pede somente o valor da incógnita
–b=6 x, portanto podemos utilizar a regra de Cramer,
b=–6 para encontrar o seu valor. Pela regra de Cramer,
D
Portanto a matriz X será igual a:
Resposta: Letra B.
–5 –6
4 2 ( ) sabemos que: x = x . Calculando os respectivos
D
determinantes pela regra de Sarrus, teremos: 101
1 5 1 15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encontra-
D= 4 1 –2 do deve ser capaz de explicar TODA a sequência! Nes-
7 3 –4 te caso, estamos diante dos números primos!
1 5 1 1 5
D = 4 1 – 2 4 1 = 1 ∙ 1 ∙ (– 4) + 5 ∙ (– 2) ∙ 7 + 1 ∙ 4 Números primos
7 3 –4 7 3
∙ 3 – [1 ∙ 1 ∙ 7 + 1 ∙ (– 2) ∙ 3 + 5 ∙ 4 ∙ (– 4)] Sim, aqueles números que só podem ser divididos
por eles mesmos ou então pelo número 1. No caso, o
D = – 4 – 7 + 12 – (7 – 6 – 80) = – 62 – (– 79) = – 62 + próximo seria o 17, e não o 15. A propósito, os próxi-
79 = 17 mos números primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
Logo D = 17
Fazendo Dx, temos: SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS
0 5 1
É bem comum aparecem questões que envolvem
Dx = 1 1 –2
–1 3 –4 uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
0 5 1 0 5 te exemplo:
Dx = 1 1 – 2 1 1 = 0 ∙ 1 ∙ (– 4) + 5 ∙ (– 2) ∙ (– 1)
–1 3 –4–1 3 2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
+ 1 ∙ 1 ∙ 3 – [1 ∙ 1 ∙ (– 1) + 0 ∙ (– 2) ∙ 3 + 5 ∙ 1 ∙ (– 4)]
Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
Dx = 10 + 3 – (– 1 – 20) = 13 – (– 21) = 13 + 21 = 34
dizer que temos uma sequência que, de um número
Logo Dx = 34 para outro, devemos somar 2 unidades e também
Fazendo: podemos notar que temos a sequência que, de um
Dx 34 número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
x= = = 2, portanto x = 2. Resposta: Letra B. estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
D 17
1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,...
2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E PROGRESSÕES ARITMÉTICAS: TERMO GERAL,


PROGRESSÕES SOMA DOS TERMOS E PROPRIEDADES

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS Uma progressão aritmética é aquela em que os


termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
Esse tema é cobrado de uma maneira que ao mes- tante, normalmente representada pela letra r.
mo tempo que pode parecer fácil, pode ser bem com- Termo inicial: valor do primeiro número que
plicado. Descobrir a lei de formação ou padrão da compõe a sequência;
sequência é o seu principal objetivo, pois nas ques- Razão: regra que permite, a partir de um termo,
tões sobre sequências/raciocínio sequencial, você obter o seguinte.
será apresentado a um conjunto de dados dispostos Observe o exemplo abaixo:
de acordo com alguma “regra” implícita, alguma lógi-
ca de formação. O desafio é exatamente descobrir {1,3,5,7,9,11,13, ...}
essa “regra” para, com isso, encontrar outros termos
daquela mesma sequência. Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9, e assim suces-
Veja o exemplo abaixo: sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres-
são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
2, 4, 6, 8,...
termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro-
A primeira pergunta que podemos fazer para gressões aritméticas, é importante você saber obter o
achar a lei de formação é: os números estão aumen- termo geral e a soma dos termos, conforme veremos
tando ou diminuindo? a seguir.
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
operações de soma ou multiplicação entre os termos. Termo geral da PA
Veja o nosso exemplo que fora postado: 2, 4, 6, 8,.. Do
primeiro termo para o segundo, somamos o número Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei-
dois e depois repetimos isso. ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer
2+2=4 outro termo. Temos a seguinte fórmula:
4+2=6
6+2=8 an = a1 + (n-1)r
Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
pois 8+2 = 10. Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o
Caso os números estejam diminuindo, você pode “n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões a posição do termo na PA.
entre os termos. Usando o nosso exemplo acima, vamos descobri
Agora, observe esta outra sequência: o termo de posição 10. Já temos as informações que
teremos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}
2, 3, 5, 7, 11, 13, ...
z o termo que buscamos é o da décima posição, isto
Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem é, a10;
a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per- z a razão da PA é 2, portanto r = 2;
cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên- z o termo inicial é 1, logo a1 = 1;
102 cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número
10: n = 10 EXERCÍCIOS COMENTADOS
Logo, 1. (IBFC – 2015) O total de múltiplos de 4 existentes
entre os números 23 e 125 é:
an = a1 + (n-1)r
a10 = 1 + (10-1)2 a) 25
a10 = 1 + 2x9 b) 26
a10 = 1 + 18 c) 27
a10 = 19 d) 28
e) 24
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na
O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o últi-
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula,
mo é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da
PA de razão igual a 4. Então, temos as seguintes
posição 200 é:
informações:
an = a1 + (n-1)r a1 = 24
an = 124
a200 = 1 + (200-1)2
r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para
a200 = 1 + 2x199
obter os múltiplos).
a200 = 1 + 198 Substituindo na fórmula do termo geral, vamos
a200 = 199 encontrar a quantidade de elementos (múltiplos):
an = a1 + (n-1)r
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PA 124 = 24 + (n – 1)4
124 = 24 + 4n – 4
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos
124 – 24 + 4 = 4n
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: 104 = 4n
n = 26
n # (a1 + an) Resposta: Letra B.
Sn =
2

Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu- 2. (FCC – 2018) Rodrigo planejou fazer uma viagem em
4 dias. A quantidade de quilômetros que ele percorrerá
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
em cada dia será diferente e formará uma progressão
que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
aritmética de razão igual a − 24. A média de quilôme-
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, neste tros que Rodrigo percorrerá por dia é igual a 310 km.
caso, o termo a7, que observando na sequência é o núme- Desse modo, é correto concluir que o número de quilô-
ro 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula, temos: metros que Rodrigo percorrerá em seu quarto e último
dia de viagem será igual a
n # (a1 + an)
Sn =
2 a) 334.
b) 280.
7 # (1 + 13)
S7 = c) 322.
2 d) 274.
7 # 14 e) 310.
S7 =
2
Primeiro devemos achar o a1, para depois acharmos
S7 =
98
= 49 o a4. Devemos colocar tudo em função de a1, para
2 podermos substituir na média. Usando a fórmula
do termo geral:
Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser:
r = -24
PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem an= a1 + (n-1).r
crescente. Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3 Achando a1:
PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem a1 = a1 + (1-1).r
decrescente. Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1 a1 = a1
PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão Colocando a2 em função de a1:
iguais. Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0. a2= a1+ (2-1)r
a2 = a1 + r
Colocando a3 em função de a1:
Dica a3= a1+ (3-1)r
PA crescente: se r > 0; a3 = a1 + 2r
Colocando a4 em função de a1:
MATEMÁTICA

PA decrescente: se r < 0;
a4 = a1 + (4-1)r
PA constante: se r = 0.
a4 = a1 + 3r
Substituindo na fórmula da média aritmética:
Em uma progressão aritmética de 3 termos, o (a1 + a2 + a3 + a4 )/4 = 310
segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé- (a1+ a1 + r + a1 + 2r + a1 + 3r) / 4 = 310
tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja: 4 a1 + 6r = 310 . 4
4 a1 + 6. (-24) = 1240
PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2 4 a1 - 144 = 1240
PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4 a1 = 346 103
Encontrando a4: 374 = a1 + (65-1)5
a4= 346 + (4-1).r 374 = a1 + 64 x 5
a4= 346 + 3r 374 = a1 + 320
a4= 346 + 3. (-24) a1 = 54 gotas.
a4 = 274
Resposta: Letra E.
Resposta: Letra D.

3. (CESPE – 2017) Em cada item a seguir é apresentada 5. (CESPE – 2014) Em determinado colégio, todos os 215
uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a alunos estiveram presentes no primeiro dia de aula; no
ser julgada, a respeito de modelos lineares, modelos segundo dia letivo, 2 alunos faltaram; no terceiro dia,
periódicos e geometria dos sólidos. 4 alunos faltaram; no quarto dia, 6 alunos faltaram, e
Manoel, candidato ao cargo de soldado combatente, assim sucessivamente.
considerado apto na avaliação médica das condições Com base nessas informações, julgue os próximos
de saúde física e mental, foi convocado para o teste
itens, sabendo que o número de alunos presentes às
de aptidão física, em que uma das provas consiste em
uma corrida de 2.000 metros em até 11 minutos. Como aulas não pode ser negativo.
Manoel não é atleta profissional, ele planeja completar No vigésimo quinto dia de aula, faltaram 50 alunos.
o percurso no tempo máximo exato, aumentando de
uma quantidade constante, a cada minuto, a distância ( ) CERTO ( ) ERRADO
percorrida no minuto anterior.
Nesse caso, se Manoel, seguindo seu plano, correr 125 P.A. (215, 213, 211, 209,..., a25)
metros no primeiro minuto e aumentar de 11 metros a Termo Geral da P.A.
distância percorrida em cada minuto anterior, ele com- an= a1 + (n-1).r
pletará o percurso no tempo regulamentar.
a25 = 215 + (25-1) · (-2)
a25 = 215 + (24· -2)
( ) CERTO ( ) ERRADO
a25 = 215 - 48
Veja que no primeiro minuto ele percorre 125 a25 = 167 alunos
metros, no segundo 125 + 11 = 136 metros, no ter- Logo, 215 - 167 = 48 alunos ausentes.
ceiro 125 + 2×11 = 147 metros, e assim por diante. Resposta: Errado.
Estamos diante de uma progressão aritmética (PA)
de termo inicial a1 = 125 e razão r = 11. O décimo PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS (FINITAS E
primeiro termo (correspondente ao 11º minuto) é: INFINITAS): TERMO GERAL, SOMA DOS TERMOS E
an= a1 + (n-1).r PROPRIEDADES
a11 = 125 + (11 – 1).11
a11 = 125 + 110 = 235 metros Observe a sequência abaixo:
A soma das distâncias percorridas nos 11 primeiros
minutos é dada pela fórmula da soma dos termos
{2, 4, 8, 16, 32...}
da PA:

n # (a1 + an) Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.


Sn = Este é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
2
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
11 # (125 + 235) do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
S11 =
2 mo número, o que chamamos de razão da progressão
11 # 360 geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
S11 =
2 No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
S11 = 180 · 11 a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
S11 = 1.980 PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
A distância total percorrida é menor do que 2.000 e a soma dos termos.
metros. Logo, Manoel não completará o percurso
no tempo regulamentar de 11 minutos. Resposta: Termo geral da PG
Errado.
A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
4. (FCC – 2017) Em um experimento, uma planta recebe termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
a cada dia 5 gotas a mais de água do que havia recebi- primeiro termo (a1) e da razão (q):
do no dia anterior. Se no 65° dia ela recebeu 374 gotas
de água, no 1° dia do experimento ela recebeu an = a1 × qn-1

a) 64 gotas.
No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
b) 49 gotas.
ser encontrado assim:
c) 59 gotas.
d) 44 gotas.
e) 54 gotas. {2, 4, 8, 16, 32...}
a5 = 2 × 25-1
Já sabemos que a razão é r = 5 e que o a65 = 374, a5 = 2 × 24
então, o a1 é dado por: a5 = 2 × 16
104 a65= a1 + (n-1).r a5 = 32
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PG 192/6 = q5
32 = q5
A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n” 5
q= 32
primeiros termos da progressão geométrica:
q=2
n Resposta: Letra A.
a1 # (q - 1)
Sn = 2. (IBFC – 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G.
q-1
(progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo
Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a 12 é igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a:
soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8,
16, 32...} a) 324
4 b) 36
2 # (2 - 1) c) 108
S4 =
2-1 d) 216
2 # (16 - 1)
S4 = 1 Temos que a2 = 12 e q = 3. Para calcularmos o quarto
2 # 15 termos, devemos usar a fórmula do termo geral da
S4 = 1 PG. Veja:
a4 = a2 × q4-2
S4 = 30 a4 = 12 × 32
a4 = 12 × 9
Soma dos infinitos termos de uma progressão a4 = 108
geométrica Resposta: letra C.

Suponha que você corra 1000 metros, depois, 3. (IDECAN – 2014) Observe a progressão geométrica
você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros (P.G.) e assinale o valor de y.
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você
correu anteriormente. Quanto você correrá no total? P.G. = (y + 30; y; y – 60)
Observe que o que temos é exatamente uma progres-
são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente. a) +30.
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q < b) +60.
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto c) –30.
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por- d) –60.
tanto, substituindo, teremos: e) -90.

a1 # (0 - 1) Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-


S∞ = mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
q-1 y² = (y + 30) × (y - 60)
a1 y² = y² -60y +30y -1800
S∞ = y² - y² +60y -30y = -1800
q-1
30y = -1800
Dica y = -1800/30
y = -60
Em uma progressão geométrica, o quadrado do Resposta: Letra D.
termo do meio é igual ao produto dos extremos.
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3 4. (FUNDATEC – 2019) A sequência (x-120; x; x+600) for-
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} ma uma progressão geométrica. O valor de x é:
82 = 4 × 16
64 = 64. a) 40.
b) 120.
c) 150.
d) 200.
EXERCÍCIOS COMENTADOS e) 250.

Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-


1. (FUMARC – 2018) Se a sequência numérica repre- mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
sentada por (6, a2, a3, a4, a5,192) é uma Progressão x2 = (x-120) × (x+600)
Geométrica crescente de razão igual a q, então, é COR- x2 = x2 + 600x – 120x -72000
RETO afirmar que o valor de q é igual a: x2 - x2 = 480x – 72000
480x = 72000
a) 2 x = 72000/480
MATEMÁTICA

b) 3 x = 150
c) 4 Resposta: Letra C.
d) 8
5. (IESES – 2019) Em uma progressão geométrica de
Vamos substituir os valores que já temos na fórmu- razão r = 3 a soma dos 5 primeiros termos é igual a 968.
la geral da PG para acharmos a razão: Então, o primeiro termo dessa progressão é:
an = a1 × qn-1
a6 = a1 × q6-1 a) Maior que 18.
192 = 6 × q5 b) Maior que 15 e menor que 18. 105
c) Maior que 12 e menor que 15. z Retas paralelas: duas retas são paralelas se, e
d) Maior que 9 e menor que 12. somente se, ou são coincidentes ou são coplanares
e) Menor que 9. e não tem ponto comum.
z O plano pode ser determinado por três pontos
Vamos usar a fórmula da soma da PG:
não colineares, por uma reta e um ponto, por duas
n retas concorrentes ou por duas retas paralelas
a1 # (q - 1) distintas.
Sn =
q-1
n POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DUAS RETAS
a1 # (3 - 1)
968 =
3-1
Para falar de posições relativas entre duas retas,
a1 # (243 - 1) primeiramente definiremos retas reversas, assim
968 = 2 sejam duas retas, estas são chamadas de retas rever-
sas quando não existe um plano que as contenha.
1936 = 242a1
Agora podemos definir as posições relativas entre
a1 = 1936 / 242
a1 = 8 duas retas, então, sejam duas retas r e s distintas,
Resposta: Letra E. em relação a posição relativas entre essas duas retas,
temos que ou elas são concorrentes, ou paralelas ou
reversas. Assim podemos ter o seguinte esquema:

GEOMETRIA ESPACIAL DE POSIÇÃO   rr ees com


srcom ponto
eponto
s com em→comum
ponto
em comum em comum→ r→ e srconcorrent
r e s concorrentes e s concor
r e srrcoplanares
ees coplanares
s coplanares
 
As primeiras noções ou conceitos primitivos da
  rr eessem
srsem ponto
eponto
s sem em →comum
ponto
em comum em
r e scomum → r→
paralelas e srparalelas
e s paralel
 rr ees reversas
s reversas
geometria são as de ponto, reta e plano. Assim, o espa-  r e s reversas
ço é o conjunto de todos os pontos, e nesse conjunto
desenvolvemos a Geometria espacial.
r e s com ponto comum→r ree ss concorrentes
com ponto em comum → r e s conc
 r e s coplanares 
  rrreeess coplanares
ssem
componto
ponto s em
→ r eem comum→→r er es paral
comum
paralelas s con
rreresesem
s coplanares
ponto comum 
  s reversas rrees não
s sem ponto
coplanares → rem comum → r e s para
e s reversas
r e s reversas
POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DOIS PLANOS

Alguns postulados ou teoremas em relação aos pla-


nos devem ser enunciados:

z Teorema da interseção de planos: se dois planos


distintos têm um ponto em comum, então a inter-
seção desses planos é uma única reta que passa
por aquele ponto.
z Planos secantes: dois planos distintos que se cortam
(ou interceptam) são chamados de planos secantes
ou concorrentes, nesse caso a reta que está nos dois
planos ao mesmo tempo é chamada de traço.
z Paralelismo entre planos: dois planos são parale-
los se, e somente se, eles não têm ponto em comum
Figura 22. Exemplo de ponto (A), reta (r) e plano (α). ou são coincidentes, ou seja, se um plano contém
duas retas concorrentes, ambas paralelas a um
Temos ainda algumas proposições ou postulados outro plano, então esses dois planos são paralelos.
relacionando ponto, reta e plano:

z Postulado da existência: existe reta e numa reta


infinitos pontos; existe plano e num plano há infi-
nitos pontos.
z Postulado da determinação: dois pontos distintos
determinam uma única reta que passa por eles;
três pontos não colineares determinam um único
plano que passa por eles.
z Postulado da inclusão: se uma reta tem dois pon-
tos distintos num plano, então ela está contida no
plano.
z Retas concorrentes: duas retas são concorren-
tes se, e somente se, elas têm um único ponto em
106 comum. Figura 23. Exemplo de planos secantes e traço.
POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E PLANO

Uma reta é paralela a um plano se, e somente se,


eles não têm ponto em comum. Se uma reta não está
contida num plano e é paralela a uma reta do plano,
então a reta também é paralela ao plano, ou seja, para
que uma reta não contida num plano seja paralela a
esse plano ela deve ser paralela a uma reta do plano. (b)
Temos ainda que uma reta e um plano podem
ainda apresentar em comum: dois pontos distintos,
fazendo, assim, com que a reta esteja contida no pla-
no; um único ponto, daí a reta e o plano são concor-
rentes ou são secantes; nenhum ponto em comum,
assim a reta e o plano são paralelos.

(c)

Figura 25. Exemplo reta e plano perpendiculares (a); retas


perpendiculares (b) e planos perpendiculares (c).

PROJEÇÃO ORTOGONAL

Chama-se projeção ortogonal de um ponto sobre


Figura 24. Exemplo reta paralela ao plano. o plano, o pé da perpendicular ao plano, conduzida
pelo ponto. O plano é dito plano de projeção e a reta
é a reta projetante do ponto. Chama-se projeção orto-
PERPENDICULARIDADE ENTRE DUAS RETAS, gonal de uma figura sobre um plano, ao conjunto das
ENTRE DOIS PLANOS E ENTRE RETA E PLANO projeções ortogonais dos pontos dessa figura sobre
o plano. Com base nessas definições temos também
Uma reta e um plano são perpendiculares se, e que: se a reta é perpendicular ao plano, sua projeção
somente se, eles têm um único ponto em comum e a ortogonal sobre o plano é traço da reta no plano; se a
reta r não é perpendicular ao plano α, então a proje-
reta seja perpendicular a todas as retas do plano que
ção ortogonal dessa reta ao plano α é feita pela proje-
passam por esse ponto comum, como pode ser obser- ção do plano β em que a reta r está contida. Chama-se
vado na Figura 25a. Caso a reta seja concorrente a projeção ortogonal sobre um plano α de um segmento
todos as retas do plano, dizemos então que a reta é de reta AB contida numa reta não perpendicular a α,
ao segmento A’ B’ onde A’ é projeção do ponto A ao
oblíqua ao plano. Se uma reta é perpendicular a um
plano α e B’ da projeção do ponto B.
plano, então ela forma ângulo reto com qualquer reta
do plano. Assim, podemos dizer que se uma reta é per-
pendicular a duas retas concorrentes do plano, então
ela é perpendicular ao plano. Duas retas são perpen-
diculares, quando as retas são reversas e formam um
ângulo reto, são chamadas ainda de retas ortogonais,
como vemos na Figura 25b. Um plano α é perpendicu-
lar a um plano β se, e somente se, α contém uma reta
perpendicular ao plano β (Figura 25c), ou seja, o plano
β contém uma reta r que é perpendicular a uma reta
s do plano α. (a)
MATEMÁTICA

(a) (b)
107
O prisma possui alguns elementos: duas bases con-
gruentes (nos planos paralelos), com n faces laterais (n
+ 2 no total, somando-se as bases) e n arestas laterais;
3n arestas totais; 3n diedros; 2n vértices e 2n triedros;
e também, altura (h) que é a distância entre os planos
das bases.
Os prismas são classificados em: prisma reto, pris-
ma oblíquo e prisma regular. O prisma reto é aquele
cujas arestas laterais são perpendiculares aos planos
das bases. Já o prisma oblíquo é aquele cujas arestas
(c)
são oblíquas aos planos das bases. Por fim, o prisma
regular é aquele cujas bases são polígonos regulares.

Base Base

(d) Base
Base

(a)

(e)

Figura 26. Exemplo de projeções ortogonais: ponto (a); figura (b);


reta (c); reta não perpendicular (d) e segmento de reta (e).

GEOMETRIA ESPACIAL MÉTRICA


(b)
PRISMAS
Figura 47. Exemplos de Prismas: (a) reto e oblíquo e (b) regular.

Conceito, elementos, classificação, áreas e volumes


A área do prisma é dividida entre as áreas laterais
e troncos
e as áreas das bases. Assim, a área lateral de um pris-
ma é dada pela soma das áreas laterais de cada para-
Considerando um polígono convexo de n lados em
lelogramo formado pelas arestas das bases. Já a área
um plano e um segmento de reta entre dois planos
total é a soma da área lateral com as áreas das bases.
paralelos, chamamos de prisma a reunião de todos
segmentos congruentes e paralelos ao segmento de
reta e que passam pelos n pontos da região poligonal
Importante!
conhecida, como podemos observar na Figura 46.
Para calcular a área da base de um prisma deve-
-se levar em conta o formato que cada prisma
vai ter. Por exemplo: se for prisma triangular, cal-
cula-se a área da base com a área do triângulo.

Para um prisma reto, as bases podem ser, por


exemplo, um triângulo ou um quadrado (parale-
logramo), ou seja, a área da base será a área de um
triângulo, que é a metade da base x altura, ou de um
paralelogramo, cuja área é base x altura. Então, seja
Figura 46. Exemplos de Prismas, respectivamente: triangular, base (b) e altura da base (m), o cálculo da área da base,
108 quadrangular e pentagonal. área lateral e área total, sendo h a altura do prisma, é:
 b · m → triângulo b cos(α) = cos(30º) h √3
 2f ( x )
= ax + b > 0 → x > − ; = 5
→ h = 5 · cos(30º) = 5 ·
2
cm
a
AB = → paralelogramo (retângulo, quadrado)
b·m
 f ( x=) outros b AB = b · m = 3 · 3 = 9cm2
ax + b < 0 → x < − ;
 a AL = n · b · h = 4 5√3
= 30√3cm2
AL = n · b · h → n paralelogramos ·3· 2
AT = AL + 2AB
AT = AL + 2AB = 30√3 + 18 = 6 · (3 + 5√3)cm2
No caso de um prisma regular de base de n lados,
temos então que a área da base é formada por n triân-
gulos de aresta base (b) e altura da base (m), e os para- V = a · AB · cos(30º) = 5 √3 45√3
lelogramos laterais tem base (b) e altura (h), então a = cm3
·9· 2 2
área da base será:

b·m (n · b) m
AB = n · =
2 2
AL = n · b · h → n paralelogramos
(n · b) m
AT = AL + 2AB = n · b · h + 2 = (n · b) (h + m)
2

Conhecendo os cálculos das áreas do prisma, para


achar o volume do prisma reto ou regular, basta fazer
o produto da área da base pela altura (h) do prisma: O tronco do prisma é um sólido formado pelo corte
ou uma secção transversal no plano paralelo à base do
V = AB · h prisma. Esse conjunto de pontos que fica entre a secção
transversal e a base do prisma é o tronco do prisma.
Para o prisma oblíquo o volume vai depender tam-
bém do ângulo (α) entre a aresta lateral (a) e a altura Dica
(h):
Como o prisma tem base e topo com o mesmo
V = a · AB · cos α polígono então a secção transversal vai definir o
tamanho do corte nas arestas ou faces laterais,
Seja então um prisma oblíquo com base quadrada, assim as áreas e volumes serão menores, mas
com aresta da base igual a 3 e aresta lateral igual a 5, com as mesmas fórmulas de cálculos.
sabe-se que o ângulo exterior formado entre a aresta
lateral e a aresta da base é de 60 graus, como podemos PIRÂMIDE:
observar na Figura 48. Quais são a área total e o volu-
Conceito, elementos, classificação, áreas e volumes
me desse prisma?
e troncos

Seja um polígono convexo em um plano α e um


ponto V fora desse plano, chamamos de pirâmide a
reunião dos segmentos com uma extremidade em V e
a outra nos pontos do polígono (Figura 49).

Figura 48. Prisma oblíquo com arestas 3 e 5 e ângulo de 60 graus.

Ex.: Sejam seus elementos: aresta lateral (a) 5 cm,


MATEMÁTICA

aresta da base (b) 3 cm, altura da base (m) também 3 Figura 49. Exemplos de Pirâmides, respectivamente, triangular,
cm pois a base é um quadrado, e altura do prisma (h): quadrangular, pentagonal e hexagonal.

a = 5cm; b = 3cm; m = 3cm; h = ? Uma pirâmide possui uma base formada por um
polígono de n lados e n faces laterais (formadas por
Do prisma, tiramos o triângulo retângulo entre a triângulos). Ao todo então são n+1 faces, n arestas late-
altura e a aresta lateral, onde a soma dos ângulos é: rais, 2n arestas, 2n diedros, n+1 vértices, n+1 ângulos
poliédricos e n triedros. A altura (h) da pirâmide é a
α + 60º + 90º = 180º → α = 30º distância entre o vértice e o plano da base. 109
As pirâmides são classificadas em: regulares ou oblí-
quas. A regular tem a projeção do vértice no centro da
base, já a oblíqua a projeção não fica no centro. Na pirâ-
mide regular, temos ainda que as arestas laterais são
congruentes e as faces laterais são triângulos isósceles
congruentes. À altura da face lateral de uma pirâmide
regular, dá-se o nome de apótema. O apótema da base
é a distância entre a projeção do vértice e o centro da
base, até o apótema.
A área lateral de uma pirâmide regular é a soma
Figura 50. Tronco de pirâmide.
das áreas das faces laterais. A área total é a soma da
área da base com a área lateral. Para uma pirâmide A área do tronco da pirâmide é encontrada soman-
regular, as bases podem ser por exemplo um triângu- do a área da base maior, área da base menor e a área
lo, um quadrado, ou seja, a área da base será a área lateral. O volume é feito subtraindo do volume total
da pirâmide o volume da pirâmide menor que foi for-
de um triângulo que é a metade da base x altura e
mada pela secção transversal, ou seja, o volume da
nos paralelogramos a área é base x altura. Então seja pirâmide de base maior menos o volume da pirâmide
a aresta da base (b), o apótema da pirâmide (m) e o de base menor, sendo AB, área da base maior e Ab área
apótema da base (m’) os cálculos da área da base, área da base menor:
lateral e área total são:

V=V =Vmaior
Vmaior−–VVmenor= (H– −h)h
(H )
 b·A⋅ +AABbA+ ⋅ AA ⋅ +A A+
)h − H ( =
A⋅b 
  B + √A · A + Ab  3
AB = b · m' (n · b) m' =menor
33
B B B b bB r

=
n· 2 2
Da relação de semelhança de triângulos podem-se
n·b·m fazer algumas relações:
AL = → n triângulos
2
H B A
= =
AT = AL + n·b·m (n · b) m' (n · b) (m + m') h b a
+ =
AB = 2 2 2
m2 = h2 + m’2
ABmaior ALmaior ATmaior B2 H2 A2
= = = = =
ABmenor ALmenor ATmenor b2 h2 a2

A∆maior B3 H3 A3
= = =
A∆menor b3 h3 a3

Ex.: Seja uma pirâmide quadrangular de bases nos


planos ABCD e EFGH paralelas. Se os segmentos VF=3
e VB=5 e a área de EFGH igual a 18, qual seria a área
da base ABCD?

AEFGH = 18; VF = 3; VB = 5;

ABmaior A2 AABCD VB2


= → =
Conhecendo os cálculos das áreas da pirâmide, ABmenor a2 AEFGH VF2
para achar o volume da pirâmide regular, basta fazer
o produto de um terço da área da base pela altura (h)
da pirâmide: AABCD 52 AABCD 25 25 · 18
= → = → AABCD =
18 32 18 9 9
1 n · b · m' · h
V= · AB · h =
3 6 450
AABCD = = 50
9
O tronco da pirâmide é um sólido formado pelo
corte ou uma secção transversal no plano paralelo à
base da pirâmide. Esse conjunto de pontos que fica
entre a secção transversal e a base da pirâmide é o
110 tronco da pirâmide.
Secção meridiana de um cilindro é a interseção do
cilindro com um plano que contém as bases. Assim a
secção meridiana de um cilindro reto é um retângulo,
de altura h e base 2r, e a de um cilindro oblíquo é um
paralelogramo. Quando essa secção meridiana é um
quadrado, dizemos que o cilindro é equilátero (h = 2r
ou geratriz = 2r).
Como a superfície lateral de um cilindro reto é
equivalente a um retângulo de altura h e base sendo
o comprimento da circunferência 2πr. A área total é a
soma da área lateral com as áreas das duas bases, sen-
CILINDRO do área da base igual à área da circunferência (πr2):

Conceito, elementos, classificação, áreas e volumes AB = π · r2


e troncos AL = 2 · π · r · h
AT = AL + 2AB = 2 · π · r · h + 2 · π · r2 = 2 · π · r(h+r)
Seja um círculo de centro O e raio r em um plano α
O volume do cilindro é o produto da área da base
e um segmento de reta não paralelo e não contido no
pela medida da altura:
plano α, chamamos de cilindro a reunião dos segmen-
tos congruentes e paralelos ao segmento de reta com V = AB · h = π · r2 · h
uma extremidade nos pontos do círculo e a outra na
sua secção circular paralela e distinta, como pode ser O tronco do cilindro é formado pelo plano que
verificado na Figura 50. intersecta o cilindro obliquamente em todas as gera-
trizes, ou seja, um corte oblíquo, formando assim
um tronco de cilindro com duas geratrizes, maior e
menor, o eixo e uma elipse na região do corte.

a
b

h g1
E g2
E

r
Figura 50. Exemplo de Cilindro.

Um cilindro possui duas bases formadas por uma E


circunferência de raio r em planos paralelos e geratri-
g1
zes formadas por segmentos com uma extremidade em
um ponto da circunferência de centro O e raio r, e a r
Secção
outra extremidade no ponto da circunferência no pla- Circular
no paralelo acima da base, também de raio r. A altura Reta
do cilindro é a distância h entre os planos das bases. E
O cilindro é classificado em cilindro oblíquo e g 2

cilindro reto. No primeiro, as geratrizes são oblíquas


aos planos das bases, já no segundo, as geratrizes são
MATEMÁTICA

perpendiculares aos planos das bases.

Importante! Figura 51. Tronco de cilindro reto e oblíquo.

O cilindro reto também é chamado de cilindro de


g1 + g2
revolução, pois ele é gerado a partir da rotação E= , cilindro reto
de um retângulo em torno de um eixo que con- 2
tém um dos seus lados. AL = 2 · π · r · E 111
2
AL = 2 ⋅ π ⋅ r ⋅ E
π ⋅ r 2 ⋅ ( g1 + gUm
2 ) cone possui uma base formada por uma circun-
Vtronco= =ππ⋅·rr ⋅· E
Vtronco 22 cilindro
E → VVtronco = reto
cilindro reto
ferência de raio r, geratrizes (g) formadas por segmen-
tronco
2 tos com uma extremidade em um ponto V e a outra nos
π · r · (g1 + g2)
2
= pontos da circunferência da base. A altura do cone é a
2 distância h entre o vértice e o plano da base.
O cone é classificado em: cone oblíquo e cone reto.
No primeiro, a reta VO é oblíqua ao plano da base, já
Dica no segundo, a reta VO é perpendicular ao plano da
Um corte transversal paralelo à base do cilindro, base. A geratriz de um cone reto também é chamada
não forma um tronco de cilindro, pois o novo de apótema do cone.
sólido continua sendo um cilindro com altura ou
geratriz menor. Importante!
g1 + g 2
E= , cilindro reto
2 O volume do cilindro oblíquo de raio g/2 e geratriz O cone reto também é chamado de cone de revo-
g, Figura 52, é dado por: lução, pois ele é gerado a partir da rotação de
AL = 2 ⋅ π ⋅ r ⋅ E um triângulo retângulo em torno de um eixo que
h 2 h
Figura 52
 → sen ( 60º ) = π ⋅ hr ⋅ ( g1 + g 2 ) = ) º06 ( nes → 25 arugiF
contém
 um dos seus catetos.
Figura 52
Vtronco= π ⋅ r ⋅ E →Vsen
2 cilindro reto g
= = g
(60º)
tronco
g
2
3 3 Secção meridiana de um cone é a interseção do cone
h= h =g g⋅ sen
· sen( 60º )=
(60º) =gg ⋅·
√3 = ⋅ g ) º06com(=
nesum
⋅ g plano
h que contém a reta VO, assim, a secção
22 2 meridiana de um cone reto é um triângulo isósceles,
2 22 de altura h, com os lados iguais à geratriz e a base 2r.
3  g  3√3
Vcilindro= =AAb b⋅ ·hh==ππ ⋅·rr ⋅· hh ⋅=gπ
π⋅ ·⋅ ⋅ π ⋅ ·gg=⋅·h ⋅ 2 r ⋅ π = h ⋅Quando
22
Vcilindro bA = ordnilicV
essa secção meridiana é um triângulo equiláte-
2  22  22 ro dizemos que o cone é equilátero (h = r√3 ou g = 2r).
Como a superfície lateral de um cone reto é equi-
g 2 g2 3 √3 3 33 √3 3 33 2
g valente a um setor circular de raio g e comprimento
Vcilindro==ππ⋅· ⋅ g ⋅ · g ·=
Vcilindro ⋅πg⋅= ⋅gπ⋅ ·=g · π⋅ g ⋅ do ⋅ πarco nilicVa área total é a soma da área lateral com
= ord2πr,
4 4 2 82 88 2 4 a área da base, sendo a área da base igual à área da
circunferência (πr2):

AB = π · r2
AL = π · r · g
AT = AL + AB = π · r · g + π · r2 = π · r (g+r)

O volume do cone é um terço do produto da área


da base pela medida da altura:

1 · AB · 1 · π · r2
Figura 52. Cilindro raio g/2 e geratriz g. V=
3 h= 3 ·h
CONE
O tronco do cone é um sólido formado pelo corte
Conceito, elementos, classificação, áreas e volumes ou uma secção transversal no plano paralelo à base do
e troncos cone. Esse conjunto de pontos que fica entre a secção
transversal e a base do cone é o tronco do cone.
Seja um círculo de centro O e raio r em um plano
α e um ponto V fora do plano α, chamamos de cone a
reunião dos segmentos de reta com uma extremidade
em V e a outra nos pontos do círculo, como veremos
na Figura 53.

112 Figura 53. Exemplo de Cone.


V Ex.: Num tronco de cone, os perímetros das bases são
16π cm e 8π cm e a geratriz G = 5cm, Figura 55, os valores
da altura, da área lateral e do volume do tronco são:

g PB = 16π = 2π R → R = 8cm;
Pb = 8π = 2πr → r = 4cm;
h B G = 5cm;
R H 8 H
= → = → H = 2h;
r h 4 h
k = (H – h) = 2h – h = h;
A¹ r B¹ H
∆ABC
O¹ h2 + r2 = G2 → h2 = 25 – 16
=9
h = 3cm;
A¹ r B¹ H = 2h = 6cm;
O¹ AL = π(R+r) G = π(8 + 4) 5 = 60πcm2;
π · (H – h)
VTronco = · [R2 + R · r + r2]
3
G
H-h π · (3)
= · [82 + 8 · 4 + 42] = 112πcm3
3

R=4
R B
A
O A
O1

Figura 54. Tronco de cone.


G=5
(H-h=k)
A área do tronco do cone é encontrada somando
a área da base maior, área da base menor e a área
lateral. O volume é feito subtraindo do volume total
do cone e o volume do cone menor que foi formado
pela secção transversal, ou seja, o volume do cone de C
base maior menos o volume do cone de base menor: O

VTronco = Vmaior – Vmenor = π · (H – h) · [R2 + R · r + r2]


3
R=8
Sendo AB, área da base maior e Ab área da base (a)
menor, R o raio da base maior, r o raio da base menor
e G a geratriz do tronco do cone, temos: O1 r=4 A

AL = π · (R + r) · G
AT = AL + AB + Ab = π · [R · (G + R) + r · (G + r)]

Da semelhança entre o cone original (cone maior)


k=(H-h)=h G=5
com o cone da secção transversal (cone menor) temos
as mesmas relações que já tínhamos notado para o
h
caso da pirâmide:

R H R-r=4
r=4
MATEMÁTICA

=
r h C
O B
ABmaior ALmaior ATmaior R2 H2
= = = =
r2 h2
R=8
ABmenor ALmenor ATmenor
(b)
A∆maior R3 H3 Figura 55. Tronco do Cone de geratriz G = 5, R = 8, r = 4 e h = 3 (a) e
= = triângulos retângulos formados dentro do tronco a partir da altura do
A∆menor r3 h3 tronco, raios e geratriz (b). 113
ESFERA 2 · r3
VCunha = ·α
Elementos, seção da esfera, área, volumes e partes
da esfera 3

Considerando-se um ponto O e um segmento de Ex.: Seja uma superfície esférica com o compri-
medida r, chama-se esfera de centro O e raio r o con- mento da circunferência do círculo máximo igual a
junto dos pontos P do espaço, tais que a distância do 26π cm, qual seria a área dessa superfície e qual o
segmento OP seja menor ou igual a r. volume?
A esfera possui alguns elementos: o eixo, uma reta O comprimento do círculo é: 2πr = 26π → r = 13cm;
que passa pelo centro da esfera; os polos que são as
interseções da superfície da esfera com o eixo; equa- AEsfera = 4πr2 = 4π(13)2 = 676πcm2;
dor, uma secção perpendicular ao eixo passando pelo VEsfera = πr3 = π(13)3 = 2197πcm3;
centro da superfície; paralelo, uma seção perpendi-
cular ao eixo e paralela ao equador e o meridiano, INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO DE SÓLIDOS
uma seção cujo plano passa pelo eixo, como pode ser
observado na Figura 56. Distância polar é a distância Existe uma gama de situações em que podemos ter
de um ponto do paralelo ao polo. alguns sólidos inscritos ou circunscritos e termos o
interesse de encontrar alguns de seus elementos nes-
sa junção. Aqui vamos mostrar alguns exemplos.
No caso de inscrito, temos o sólido de interesse no
interior. Podemos ter, por exemplo, uma esfera de
raio r inscrita em um cubo de aresta a e querer saber
o valor do raio dessa esfera, como vemos na Figura 58.
Sabemos que o diâmetro da esfera é igual à aresta do
cubo, assim, 2r = a o que implica em r = a/2.

Figura 56. Esfera e seus elementos, polo, equador, paralelo e


meridiano.
Figura 58. Esfera de raio r inscrita em um cubo de aresta a.
A área da superfície da esfera de raio r é igual a
4πr e o volume é quatro terços de πr3. O fuso esférico Na esfera de raio r inscrita em um octaedro regu-
é a interseção da superfície da esfera com um setor lar de aresta a, que podemos observar na Figura 59,
diedral cuja aresta contém um diâmetro dessa super- usando a relação métrica de triângulos retângulos, em
fície esférica, como podemos observar na Figura 57. A que a hipotenusa multiplicada pela altura é igual ao
área do fuso é 2r2α. Já a cunha esférica é dada por esta produto dos catetos, temos o valor da métrica do raio
mesma região do fuso esférico e vai até a região do dada por:
centro da esfera, ou seja, até o raio no eixo, formando
um volume que pode ser calculado com 2r3α/3.0
a√3 a√2 a a√6
·r= · →r=
2 2 2 6

Figura 57. Exemplo de Fuso e Cunha esférica, respectivamente, da


esquerda para direita.

Assim, resumindo, temos as seguintes fórmulas


para esferas:

AEsfera = 4 · π · r2;
VEsfera = π · r3;
114 AFuso = 2 · r2 · α; Figura 59. Esfera de raio r inscrita em um octaedro de aresta a.
Nos casos circunscritos, temos o sólido de interesse a) 24 dias.
no exterior. Assim, se tivermos uma esfera circunscri- b) 23 dias.
ta ao cubo, teremos o interesse de calcular o valor do c) 22 dias.
raio da esfera em função da aresta do cubo, como na
Figura 60. Sabemos que o diâmetro da esfera é igual d) 21 dias.
à diagonal do cubo, assim, 2r=a√3, o que implica em e) 20 dias.
r=a√3/2.
Na figura temos um prisma regular de base quadra-
da, então a área da base é a área do quadrado e o
volume é dado por:
A C
R Ab = a · a = 2 · 2 = 4m2;
a V = Ab · h = 4 · 4,5 = 18m3;
R
Se:
E G
a√2 1000l → 1m3
750l → xm3 → x = 0,75m3
Então:
Figura 60. Esfera de raio r circunscrita em um cubo de aresta a. 1dia → 0,75m3
ydias → 18m3 → y = 24dias Resposta: Letra A.
No caso da esfera circunscrita ao octaedro regular
de aresta a, o diâmetro da esfera é igual à diagonal do
2. (VUNESP – 2019) Considere um cilindro A e um cone
octaedro, ou seja, diagonal do quadrado, como pode-
mos observar na Figura 61. Assim, temos que 2r=a√2 o B, de mesma altura e mesma base. A relação entre os
que implica em r = a√2/2. volumes VA e VB, do cilindro e do cone, respectivamen-
te, é:

a) VB=6VA.
b) VA=6VB.
c) VB=3VA.
d) VA=3VB.
e) VB=2VA.

Como os sólidos têm a mesma altura (h) e a mesma


base de raio (r) então:

VA V
= πr=
2
h;π r 2 h; ;h 2 r π = AV
Figura 61. Esfera de raio r circunscrita em um octaedro regular de A
aresta a.
1 2 1
V =1 ππrr2h;
VB = B
h; ;h 2 r π = BV
3 3 3
Razão : : oãzaR
EXERCÍCIOS COMENTADOS
V = π r 2 h; Razão:
A
V3 = 2AV V = 3V
1 2 um reserva-
1. (VUNESP - 2016) Uma empresa possui VAVA π B
πrr2h;h   33  2  hA2 r π B AV
tório de água no formato deVum π r reto
h; de base ==
AV 2 2 =π
=→
2
3h·⋅  2 2  =
πrr2h; π =
⋅ h3r→ V
B =prisma VBVB π rh;BhV
πr=  πhπrr2rh;hπ  r π A BV
VhB2 =
3 altura, conforme
quadrada com 2 m de lado e 4,5 m de 3  
 3
mostra a figura. Razão : 33 3

3VB
VVA == 3V
VA π r 2 h  3   A B

== π r h ⋅ 2  =
2
=3
3→→  VAV
VB 4,5 πmr 2 h πr h  VVB == 3 3 B
A

3
Resposta: Letra D.
MATEMÁTICA

2m 3. (COTEC – 2020) Um silo foi construído em forma de


2m tronco de pirâmide, conforme a figura abaixo. Sua
altura é de 9 metros e suas bases são quadrados de
Esse reservatório está completamente cheio e essa
lados iguais a 4 metros e 3 metros, respectivamente.
empresa gasta 750 litros de água por dia. Assim, essa
empresa poderá ser abastecida apenas com a água Com base nessas informações, pode-se concluir que
contida nesse reservatório durante: a capacidade total desse silo é: 115
AL = 2 ⋅ π ⋅ r ⋅ E
cilindro reto
π ⋅ r 2 ⋅ ( g1 + g 2 )
Vtronco= =ππ⋅·rr22 ⋅· E
Vtronco
cilindro reto
E → Vtronco=
Vtronco 2
π · r2 · (g1 + g2)
=
2

π · 42 · (20 +
16) = 8π · 36 =
Vtronco =
288πcm3
2
Resposta: Letra B.

5. (CESGRANRIO - 2018) Uma esfera maciça e homogê-


a) 48m3. nea é composta de um único material, e tem massa
b) 64m3. igual a 400 g. Outra esfera, também maciça e homogê-
c) 108m3. nea, e de mesmo material, tem raio 50% maior do que
d) 111m3. o da primeira esfera. Assim, o valor mais próximo da
e) 144m3. massa da esfera maior, em quilogramas, é igual a:

Seja o tronco de pirâmide com altura (H – h) = 9m, a) 0,6.


aresta da base menor igual a 3 e aresta da base b) 1,0.
c) 1,3.
maior igual a 4, temos que o volume do tronco da
d) 1,5.
pirâmide é:
e) 1,7.
(H – h)
Vtronco = [AB + √ABAb + Ab]
3 Conhecendo as geratrizes maior e menor e raio que
é metade do diâmetro temos o volume do tronco
(9) sendo:
Vtronco = [4 · 4 + √16 · 9 + 3 · 3] = 3[16 + √144 + 9]
3 Raio 50% representa bna regra de três:
Vtronco = 3[16 + 12 + 9] = 3 · 37 = 111m3 Resposta: 100% → r
Letra D. 150% → R → R = 1,5r
VEsfemenor = πr3
4. (CESPE/CEBRASPE - 2018) Um cilindro circular reto, VEsfmaior = πR3 = π(1,5r)3 ≅ 3,3πr3
cuja base tem diâmetro de 8 cm, foi cortado por um Como a diferença em volume da esfera menor para
plano inclinado em relação à base, dando origem ao maior é 3,3, então:
400g = 0,4kg → 3,3 · 0,4 ≅ 1,3kg Resposta: Letra C.
tronco de cone apresentado. A altura maior do tronco
de cone mede 20 cm e a menor, 16 cm. Nesse caso, o
volume do tronco de cone é igual a:

GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA


PONTO

O plano cartesiano, distância entre dois pontos,


ponto médio de um segmento e condição de
alinhamento de três pontos

Plano cartesiano

Sejam dois eixos (retas) x e y perpendiculares em


relação ao ponto O, os quais determinam um plano
α. Chamamos esse plano α de plano cartesiano, sendo
a) 256π cm3. o ponto O (0,0) a origem do sistema de coordenadas,
b) 288π cm3. sendo o eixo x (Ox) chamado de abscissa, o eixo y (Oy)
c) 320π cm3. de ordenada e para o ponto P pertencente ao plano α,
d) 576π cm3. ou seja, pertencente ao plano cartesiano, suas coorde-
e) 1152π cm3. nadas são dadas pelos valores em x e y da projeção do
ponto aos eixos. Os eixos x e y ainda dividem o plano
Conhecendo as geratrizes maior e menor e raio que cartesiano em quatro regiões, chamadas quadrantes.
é metade do diâmetro temos o volume do tronco Um ponto pertencente ao eixo x quando o y é nulo,
sendo: e vice-versa, quando os valores de x=y ou x=-y, esse
ponto pertence à bissetriz dos quadrantes, ou seja, os
E g1 + g2 20 + 16 36 pontos (2,2) e (-2,-2) são bissetrizes dos quadrantes
= = = 18 ímpares, e os pontos (-2,2) e (2,-2) são bissetrizes dos
= 2 2 2
116 quadrantes pares.
RETA

Equações geral e reduzida

Sejam três pontos, A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x,y), colinea-


res em uma reta (r), onde os pontos A e B são pontos
fixos em r, ou seja, conhecidos no plano cartesiano e o
ponto C, um ponto qualquer que pode percorrer a reta
r. A equação geral da reta é dada por:

a = y1 – y2, b = x2 – x1 e c = x1y2 – x2y1


ax + by + c = 0
Figura 27. Plano cartesiano (x,y) de origem O e ponto P.

Distância entre dois pontos

Dados dois pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), calculamos a


distância entre eles da seguinte forma:

d = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2

Sejam os pontos A(3,5) e B(1-3) no plano cartesia-


no, qual seria a distância entre A e B?

dAB = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2 = √(1 – 3)2 + (–3 – 5)2 =


= √(–2)2 + (–8)2 = √4+64 = √68 = 2√17

Ponto médio de um segmento e condições de


alinhamento de três pontos Figura 28. Plano cartesiano (x,y) de origem O e reta r.

Dados os pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), o ponto médio A equação geral ainda pode ser reescrita na forma
de AB é dado por: reduzida:

( ) ( )
x1 + x2 y1 + y2
xPM = e a c
2 2 b≠0→y= – x+ –
b b

Assim, o ponto médio do segmento AB, A(3,5) e B(1- a c


→ y = mx + q; m = – eq=–
3), anterior é: b b

3+1 4 5–3 2 Ex.: Sejam os pontos A(7/2,5/2) e B(-5/2,-7/2),a equa-


xPM = e = 2 e yPM = = =1
2 2 2 2 ção da reta definida por eles é:

( )
PM = (2,1)
5 7 5 7
Sejam três pontos A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x3 ,y2), dize- a = y1 – y2 = – – = + =6
2 2 2 2
mos que são colineares quando o determinante deles
é nulo: 5 7
b = x2 – x1 = – – = –6
2 2

( )( )
x1 y1 1
7 7 5 5
x2 y2 1 = 0. c = x1y2 – x2y1 = ∙ – – – ∙ =
2 2 2 2
x3 y3 1
49 25 24
Ex.: Assim, mostre que os pontos A(1,3), B(2,5) e =– + =–
= –6
4 4 4
MATEMÁTICA

C(49,100) não são colineares!


ax + by + c = 0 → 6x – 6x – 6 = 0 ⟺ x – y – 1 = 0

x1 y1 1 1 3 1 Na forma reduzida temos:


x2 y2 1 =0→ 2 5 1 =0
x3 y3 1 49 100 1 a 6 c –6
b≠ 0 → m = – =– = 1;q = – =– = –1
1 ∙ 5 ∙ 1+3 ∙ 1 ∙ 49+1 ∙ 2 ∙ 100 –1 ∙ 5 ∙ 49 – 3 ∙ 2 ∙ 1–1 ∙ 1 ∙ 100 = b –6 b –6
= 5+147+200 – 245 – 6 – 100=352 – 351=1≠0 y = mx + q → y = x – 1 117
Temos ainda a equação da reta passando por um Duas retas r e s são ditas perpendiculares, se e
ponto P(x0,y0): somente se elas formarem entre si um ângulo reto,
mas pode-se também determinar essa perpendicula-
(y – y0) = m(x – x0) ridade relacionando o coeficiente angular das retas.
Assim, se as equações das retas são dadas por:
Interseção de retas

Um ponto P(x0,y0) de interseção de duas retas (r e


s) deve satisfazer as equações de ambas. Assim, resol-
vendo o sistema de equações (S) das retas encontra-se
{ r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2

o ponto comum às retas. Então a relação dos coeficientes angulares das


equações das retas para que elas sejam perpendicu-

{
lares é:
r : a1x+b1y+c1 = 0
S
s : a2x+b2y+c2 = 0 r ⟘ s ⟺m1 ∙ m2 = –1

Ex.: Sejam duas retas: Se a reta r:y=x+2 é perpendicular à reta s, e saben-


do que a reta s passa pelo ponto (3,2), qual seria a
r : x+2y – 3 = 0 e s: 2x+3y – 5 = 0 equação da reta s?

{
Então o ponto P(x0,y0) de interseção entre elas é:
r : y = x+2 → m1=1

{
s : y = m2x+q2
r : x+2y – 3=0
S
s : 2x+3y – 5=0 E para serem perpendiculares precisamos satisfa-
zer a equação:
r : x= – 2y+3 [I]
r ⟘ s ⟺ m1 ∙ m2 = –1 → 1 ∙ m2 = –1 → m2 = –1
[I]
s : 2x + 3y – 5= 0 → 2( – 2y + 3) + 3y – 5 = 0 → – 4y + 6
+ 3 y – 5 = 0 → -y + 1 = 0 → y = 1 [II] Da equação da reta quando se conhece um ponto
temos:
[II]
x= – 2y + 3y →x = – 2(1) + 3 → x = – 2 + 3 → x = 1
(y – y0) = m2(x – x0)
P(x0,y0)=(1,1)
(y – 2) = –1(x – 3)
Paralelismo e perpendicularidade y – 2= – x+3

Sejam duas retas (r e s), para que elas sejam para- x+y – 5=0
lelas e distintas elas não devem ter nenhum ponto em
comum, ou seja, a solução do sistema (S) não tem solu-
ção. Para isso temos que a relação entre os coeficien- Importante!
tes das equações são: Quando duas retas são paralelas os coeficientes
angulares das retas são iguais, ou seja, se r e s

S
{ r : a1x+b1y+c1 = 0
s : a2x+b2y+c2 = 0
a1 b1 c1
são paralelas então r // s ⟺ m1 = m2.

Ângulo entre duas retas


r∩s=Ø→ = ≠
a2 b2 c2 Chamamos de coeficiente angular ou declive de
uma reta r, não perpendicular ao eixo das abscissas
Por exemplo, as retas r e s são paralelas: (eixo x), o número real m dado por:

S
{ r : x+2y+3=0
s : 3x+6y+1 = 0
m = tgα

A(x1, y1); B(x2, y2) → m =


y2 – y1
a1 b1 c1 1 2 3 x2 – x1
= ≠ → = ≠
a2 b2 c2 3 6 1
a
r : ax + by + c = 0 → m= –
Para a reta r:x+2y+3=0 podemos encontrar a equa- b
ção das retas paralelas a r, bastando que os coeficien-
tes a e b das retas paralelas sejam proporcionais a 1 e Sendo α o ângulo da reta r com o eixo x, na leitura
a b anti-horário.
2, ou seja, = . Se o ângulo é agudo (0º<α<90º) então m é positi-
1 2 vo, se é obtuso (90º<α<180º) então m é negativo, se for
Assim, a reta t:2x+4y+2=0 também é uma reta nulo então m também é nulo e se for reto então não
118 paralela a r. se define m.
Quando duas retas r e s são concorrentes, pode-
mos determinar o ângulo formado entre elas:
{ r : a1x+b1y+c1 = 0
s : a2x+b2y+c2 = 0

{ r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2
a1x+b1y+c1
√a1 +b
2
1
2
±
a2x+b2y+c2
√a22+b22
=0

m2 – m1
tgθ =
1 + m1 ∙ m2 Ex.: Sejam as retas r:3x+3y-1=0 e s:2x-2y+1=0 as

equações das retas bissetrizes t1 e t2 são:


Dadas duas retas r e s, o ângulo formado por elas é:

{
a1 3 3x+3y –1 2x – 2y+1 3x+3y –1 2x – 2y+1
r : 3x – y + 5 = 0 → m1 = – =– =3 ± =0→ ± =0
b1 –1 √32+32 √22+(–2)2 √18 √8

a2 2
s : 2x + y + 3 = 0 → m2 = – =– = –2 3x+3y –1 2x – 2y+1
b2 1 → ± =0
3√2 2√2
m2 – m1 3 – (–2)
tgθ = → tgθ = →tgθ=
1+m1 ∙ m2 1 + (–2) ∙ 3 3x+3y –1 2x – 2y+1
5 π – =0→
= =1⇒θ= 3√2 2√2
–5 4 t1 :
(6x+6y – 2) – (6x – 6y+3)
= 0 → 12y – 5 = 0
Distância entre ponto e reta e distância entre duas 6√2
retas 3x+3y – 1 2x – 2y+1
+ =0→
Seja uma reta r:ax+by+c=0 e um ponto P(x0,y0) no 3√2 2√2
t2 :
plano cartesiano, a distância entre a reta r e o ponto (6x+6y – 2) + (6x – 6y+3)
P é: = 0 → 12x+1 = 0
6√2

ax0+by0+c
dP,r =
√a2+b2 Área de um triangulo e inequações do primeiro grau

com duas variáveis


Ex.: Seja o ponto P(-3,-1) e a reta r:3x-4y+8, a distân-
cia entre o ponto e a reta é:
Seja um triangulo cujos vértices são A(x1,y1), B(x2,y2)
ax0+by0+c
dP,r = e C(x3,y3) como a área do triângulo é base vezes altura
√a2+b2
divido por 2, então para nosso triângulo no plano car-
3 ∙ (–3) – 4 ∙ (–1)+8 –9+4+8 3 3 3
→ dP,r= = = = = tesiano temos:
√(3)2+(– 4)2 √9+16 √25 5 5

Sejam as retas paralelas r e s no plano cartesiano, a 1


Aδ = ∙ BC ∙ AH
distância entre as retas é a mesma que a distância da 2
reta r a um ponto da reta s. Então seja P(x0,y0) perten-
cente a reta s, a distância de P(x0,y0) até r é:
BC = √(x2 – x3)2 + (y2 – y3)2

{ r : ax+by+c1 = 0
s : ax+by+c2 = 0
P(x0,y0)∈s
→ ax0+by0= –c2
x1 y1 1
x2 y2 1
ax0+by0 – c2 c1 – c2 x3 y3 1
MATEMÁTICA

dr,s= = AH = dA,BC =
√a2+b2 √a2+b2 √(x2 – x3)2+(y2 – y3)2

Bissetrizes do ângulo entre duas retas

Sejam as retas r e s no plano cartesiano, tais que 1 x1 y1 1


essas retas determinem dois ângulos opostos pelo vér- Aδ = ∙ x y 1
tice, assim, as bissetrizes que dividem esses ângulos 2 2 2

são dada por: x3 y3 1 119


Ex.: Seja a inequação x-y+1>0, a solução dela está
em qual plano?

{
a 1
1) E=0 → r: x – y+1=0 → m = – =– =1
b –1
2) E(0) = c=1>0 →E>0 em rα
3) E< 0 em r β

Como coeficiente angular m>0 reta crescente, pas-


sando pelos pontos (0,1) e (-1,0).

Ex.: Seja o triângulo no plano cartesiano formado


pelos pontos A(a,a+3), B(a-1,a) e C(a+1,a+1), a área
desse triângulo é:

x1 y1 1 a a+3 1
1 1
Aδ = ∙ x2 y2 1 = ∙ a – 1 a 1
2 2
x3 y3 1 a+1 a+1 1

1
Aδ = ∙ a2+(a+3)(a+1)+(a – 1)(a+1) – a(a+1) – a(a+1)
2
CIRCUNFERÊNCIA

– (a – 1)(a+3) Equações geral e reduzida

Seja uma circunferência (λ) de centro C(a,b) e raio


1
Aδ = ∙ a2+a2+a+3a+3+a2+a – a – 1 – a2 – a – a2 – a (r) e um ponto P(x,y) pertencente a ela tem-se a equa-
2 ção reduzida da circunferência dada por:

(x – a)2+(y – b)2=r2
– a2 – 3a+a+3
Se, dados três pontos do tipo P(x0,y0) na circunferên-
1 1 5 cia, podemos encontrar a equação reduzida dela resol-
Aδ = ∙ 3 – 1+3 = ∙5= vendo o sistema de três equações e três incógnitas, a
2 2 2 partir da substituição dos pontos na equação abaixo:

(a–x0)2+(b – y0)2=r2
O estudo do sinal de uma função do primeiro grau
é usado para definir a região no gráfico que admite
Desenvolvendo essa equação reduzida chegamos
solução para inequações do primeiro grau a duas
incógnitas, pois só admite solução gráfica. Logo a na equação geral da circunferência:
regra para estudo do sinal e definição da região de
solução da inequação é a seguinte, dado a função de x2+y2 – 2ax – 2by+(a2+b2 – r2)=0
duas variáveis E(x,y)=ax+by+c:
Ex.: Na equação da circunferência abaixo, encon-
z Primeiro definimos os pontos que anulam o trinômio tre o centro e o raio:
E(x,y), ou seja, pontos da equação da reta ax+by+c=0;
z Segundo definimos o sinal de E na origem O(0,0), 2x2+2y2 – 4x –6y – 3=0
ou seja, E(0)=a∙0+b∙0+c=c, assim concluímos que o
sinal de E é o mesmo de c; Dividindo por 2 teremos os termos quadrados
z Terceiro atribuímos a E nos pontos do semiplano
iguais a unidade:
opostos ao sinal anterior, ou seja, contrário de c;
z Se a reta contiver a origem O, significa que o c=0,
então os passos 2 e 3 não são válidos, daí o passo 3
2 deve ser um ponto P qualquer fora da reta e a X2+y2 – 2x – 3y – =0
120 assim, atribuir o sinal dos planos. 2
{
z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon-
– 2a = – 2 → a = 1; tos de solução, assim a reta é secante à circunfe-

– 2b = – 3 → b =
3
;
→C
( )
1,
3
2
rência, ou ainda, quando a distância do centro à
reta é menor que o raio;
z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
2
co ponto, assim a reta é tangente à circunferência,

()
2
ou ainda, quando a distância do centro à reta é
3 3 3 igual ao raio;
(a2+b2 – r2) = – → 12 + – r2 = –
2 2 2 z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, a solução não
tem ponto comum entre reta e circunferência,
9 3 19 √19 assim a reta é exterior à circunferência, ou ainda,
1+ – r2 = – → r2 = →r= quando a distância do centro à reta é maior que
4 2 4 2
ao raio.
Posições relativas entre ponto e circunferência

Seja um ponto P(x0,y0) e uma circunferência de cen-


tro C(a,b) e raio (r) dada pela equação λ: (x-a)2+(y-b)2=-
r2, a posição de P depende de três situações, são elas:
ponto P exterior à circunferência, ponto P na circun-
ferência e ponto P interior à circunferência. Assim
temos, respectivamente, o seguinte:

{
PC > r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 > 0
PC = r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 = 0
PC < r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 < 0

Seja a circunferência λ: x2 + y2 + 2x + 2y - 2 = 0, o
ponto P(-4, -5) está em qual posição em relação à
circunferência?
Primeiro determinamos o centro e o raio da
circunferência:
Figura 29. Circunferência de centro C raio (r) com exemplos de
x + y + 2x + 2y – 2 = 0
2 2 retas: secante (r), tangente (s) e exterior (t).

{ –2a = 2 → a = –1;
–2b = 2 → b = –1;
→ C (–1, –1)
Ex.: Sendo a reta dada por r:3x+2y+17=0 e a circun-
ferência λ:x2+y2+6x+8y+12=0, qual a posição relativa
entre elas e suas interseção?
a2+b2 – r2 = –2 → 1+1 – r2 = –2 → r2 = 4 →r = 2

Depois substituímos o ponto na equação da circun-


ferência e vemos a posição relativa: S
{ r : 3x+2y+17 = 0
λ : x2+y2+6x+8y+12 = 0
P(–4, –5) → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r²
Isolando x na equação da reta e substituindo na

{
→ (–4 – 1) + (–5 – 1)2 – 22 = 25+36 – 4 = 57>0
equação da circunferência temos:
Logo, o ponto é exterior à circunferência pois a dis-
tância do ponto ao centro é PC>r. 17 2
r : 3x+2y+17 = 0 → x = – – y(I)
3 3
Reta e circunferência e duas circunferências

( )
2
Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma circunferên- S (I)
17 2
λ : x2+y2+6x+8y+12 = 0 → – – y +y2+6
cia de centro C(a,b) e raio (r) dada pela equação λ: 3 3

( )
(x-a)2+(y-b)2=r2, a interseção da reta com a circunfe-
rência é o P(x,y) que pertença ao mesmo tempo a reta 17 2
– – y +8y+12=0
r e à circunferência. Logo para achar essa interseção 3 3
basta ver as soluções do sistema:
MATEMÁTICA

13y2+104y+91=0 → Δ=(104)2 – 4(13)(91)=6084 → Δ>0

S
{ r : Ax + By + C = 0
λ : (x – a)2 + (y – b)2 = r2
Como Δ>0, então temos duas raízes reais, ou seja,
dois pontos de solução, assim a reta é secante à cir-
Sendo que, a solução desse sistema resulta em uma cunferência. Para determinar os pontos de interseção
equação do segundo grau, então para diferentes valo- basta achar as raízes:
res possíveis de Δ determinamos as posições relativas
da reta à circunferência: 13y2 + 104y + 91 = 0 → Δ = 6084 121
– b – √Δ –104 – 78
y1= = = –7
2a 2 ∙ 13
– b + √Δ –104 + 78
y2= = = –1
2a 2 ∙ 13

Com os valores do eixo y para o ponto P de interse-


ção encontramos os respectivos valores para o eixo x:

17 2 (c) (d)
y1 = –7 → x1 = – – ∙ (–7) = –1
3 3

17 2
y2 = –1 → x2 = – – ∙ (–1) = –5
3 3

Logo, os pontos de interseção da reta secante com


a circunferência são:

P1(–1, –7) (e) (f)


P2(–5, –1)
Figura 30. Posições relativas entre duas circunferências de centro C1
e C2, (a) exteriores; (b) tangentes exteriores; (c) tangente interiores;
Da mesma forma podemos encontrar a interseção
(d) secantes; (e) interior com menor raio e (f) concêntricas.
entre duas circunferências, bastando encontrar o
ponto P(x,y) que pertença ao mesmo tempo às duas Ex.: Dada duas circunferências, qual a posição
circunferências, ou seja, a solução do sistema: relativa entre elas?

S
{ λ1 : (x – a1)2+(y – b1)2 = r12
λ2 : (x – a2)2+(y – b2)2 = r22
S
{ λ1 : x2 + y2 = 36
λ2 : x2 + y2 – 6x – 8y+21=0

Primeiro definimos o centro e o raio de cada uma


E a partir da comparação entre a distância entre os
delas:
centros das circunferências e a soma dos raios pode-
mos ter seis posições relativas entre elas. Então seja a λ1 : x2 + y2 – 36 = 0

{
distância entre os centros C1 e C2:
–2a1 = 0 → a1 = 0;
λ1 → C1(0, 0)
d = C1C2 = √(a1 – a2) + (b1 – b2)2 2 –2b1 = 0 → b1 = 0;
a12+b12 – r12 = –36 → 0+0 – r12 = –36 → r1 = 6
z Circunferências exteriores, a distância entre os
centros é maior que a soma dos raios, d>r1+r2; λ2 : x2 + y2 –6x – 8y + 21 = 0
z Circunferências tangentes exteriormente, a dis-
tância entre os centros é igual à soma dos raios,
d=r1+r2;
λ2
{ –2a2 = –6 → a2 = 3;
–2b2 = –8 → b2 = 4;
→ C2(3, 4)

z Circunferências tangentes interiores, a distância a22+b22 – r22 = 21 → 9+16 – r22 = 21 → r2 = 2


entre os centros é igual ao módulo da diferença Agora calculamos a distância entre os centros e
dos raios, d=|r1 – r2|; comparamos com a soma ou diferença entre os raios:
z Circunferências secantes, a distância entre os cen-
tros está entre o módulo da diferença dos raios e a d = C1C2 = √(a1 – a2)2 + (b1 – b2)2 = √(0 – 3)2 + (0 – 4)2
soma dos raios, |r1 – r2|<d<r1+r2; = √9+16 = √25 = 5;
z Circunferências de menor raio e interior à outra, r1 + r2 = 6 + 2 =8;
a distância entre os centros está entre zero e o |r1 – r2| = |6 – 2| = 4;
módulo da diferença dos raios, 0≤d<|r1 – r2|;
4 < 5 < 8 → |r1 – r2| < d < r1+r2 → secantes.
z Circunferências concêntricas, a distância entre os
centros é zero, d = 0. Logo, as circunferências são secantes, com dois
pontos de intersecção.

Problemas de tangência

Quando o intuito é encontrar as equações das retas


tangentes à circunferência, usamos a definição de reta
tangente, que diz que existe um único ponto de interseção
entre a reta e a circunferência, e a distância entre o cen-
tro da circunferência a esse ponto da reta é exatamente o
valor do raio. Outro conceito que irá nos ajudar é o de fei-
(a) (b) xes de retas paralelas, em que a cada equação de reta dada
122 por Ax+By+C=0, para que as retas sejam paralelas entre si,
os valores de A e B para todas as retas são iguais ou propor- dcp= √(a – x0)2+(b – y0)2 = √(2 – (–1))2+(0 – 7)2
cionais, e o valor de C irá mudar em cada reta, ou seja, para
cada valor de C nos números reais, temos novas retas que = √9+49 = √58;
serão paralelas à reta original.
Assim, conhecendo uma reta paralela às retas tan- Se a distância do centro ao ponto é maior que o
gentes, o centro e o raio da circunferência, podemos raio, temos que o ponto está fora da circunferência.
determinar as equações das retas tangentes. Para isso,
igualamos a distância do centro à reta paralela ao
valor do raio e, assim, definimos quais os valores do ma – b +(y0 – mx0)
=r
coeficiente C para cada uma delas. √m2+1
Ex.: Então, seja uma reta r:5x+2y+7=0 a circunfe-
rência λ:x2+y2+4x-10y+4=0, quais são as equações das
m ∙ 2 – 0 +(7 – m ∙ (–1))
retas tangentes (t) a circunferência e que sejam para- =3
lelas a reta r? √m2+1
Primeiro definimos qual o centro e o raio da
circunferência: 3m +7
=3
λ : x2+y2+4x – 10y+4=0 √m2+1

λ
{ –2a = 4 → a = –2;
–2b = –10 → b = 5;
→ C(–2, 5)
m=–
20
21
a2+b2 – r2 =4 → (–2)2+52 – r2 = 4 → r=5
y – y0 = mi (x – x0)
Agora igualamos ao raio a distância do centro C à
reta t paralela à reta r dada: 20
y–7=– (x – (–1))
ti || s: Ax+By+C=0 → 5x+2y+C=0 21
Ax+By+C 5(–2)+2(5)+C
dCt = r → =5→ =5 20
√A +B
2 2
√(5)2+(2)2 y–7=– (x+1)
21
–10+10+C t1: 20x+21y – 127 = 0
→ =5
√25+4
Assim, além dessa reta tangente podemos cons-
C truir o gráfico com a circunferência, os pontos e as
=5 → |C|=5√29 → C1 = 5√29 e C2 = –5√29 retas tangentes para visualizarmos mais facilmente
√29
qual seria a segunda reta tangente, visto que da solu-
t1 : 5x+2y+5√29 = 0 e t2 : 5x+2y – 5√29 = 0 ção de m tivemos apenas um valor, e pelo ponto P ser
externo sabemos que existe mais uma reta tangente
Nos casos em que não se conhece a reta paralela à
reta tangente, mas se conhece um ponto P(x0,y0) que além da encontrada. Logo, a outra reta tangente é a t2:
é a interseção entre a reta tangente e a circunferên- x = –1 ou x+1 = 0.
cia de centro C(a,b), podemos achar a equação da reta
tangente por: P
7
t2 t1
6
z Quando o ponto é interior à circunferência não
5
existe reta tangente;
4
z Quando o ponto pertence à circunferência: 3
a – x0 2 c
y – y0 = (x – x0) 1
y0 – b ; c
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
-1
z Quando o ponto está externo à circunferência: -2
-3
ma – b+(y0 – mx0) -4
= r, y – y0 = mi(x – x0);
√m2 + 1 -5
-6
-7
Ex.: Seja a circunferência λ:x2+y2-4x-5=0 e com pon-
to P(-1,7) de interseção da reta tangente e a circunfe- Figura 31. Circunferência de centro C(2,0) e raio 3, com ponto P(-1,7)
rência, a equação da reta tangente é dada por: exterior a circunferência com suas retas tangentes t1 e t2.
Primeiro definimos o centro e o raio da circunfe-
MATEMÁTICA

rência λ: Equações e inequações do segundo grau com duas


variáveis
λ : x2+y2 – 4x – 5=0

{ –2a = –4 → a = 2; Uma inequação envolvendo uma circunferência


λ → C(2, 0) admitem infinitas soluções que podem ser represen-
–2b = 0 → b = 0;
tadas num sistema de eixos coordenados por uma
a + b2 – r2 = –5 → (2)2 + 02 – r2 = –5 → r = 3
2
região limitada pela circunferência. Alguns exemplos
A distância entre o centro e o ponto é: de regiões soluções: 123
{
Região que contém os pontos A(x,y) fora da circun- –2a = 0 → a = 0
ferência, incluindo a circunferência: (x – a)2+(y – b)2 → C (0, 0)
– r2≥0 ou excluindo a circunferência (x – a)2+(y – b)2 – –2b = 0 → b = 0
r2>0. Figura 32 a, quando for sinal sem igualdade usar a2 + b2 – r2 = –25 → 0+0 – r2 = –25 → r = 5
o contorno da circunferência pontilhada;
Região que contém os pontos A(x,y) dentro da circun- Então para a primeira circunferência temos o cen-
ferência, incluindo a circunferência: (x – a)2+(y – b)2 – r2
tro na origem e o raio igual a cinco, Figura 33:
≤ 0 ou excluindo a circunferência (x – a)2+(y – b)2 – r2<0.
(x – a)2 + (y – b)2 – r2 ≤ 0 → (x – 0)2+(y – 0)2 – 52 ≤ 0 → x2
+ y2 – 25≤0

20 10
A
15
5
C
10
Raio C
-10 -5 0 5 10
5

-5
-1 0 5 10 15

-10
(a)
Figura 33. Inequações com circunferência de centro C(0,0) e raio 5,
com solução interior à circunferência.

λ1 : x2+y2 ≥ 4
20

15
A
{ –2a = 0 → a = 0
–2b = 0 → b = 0
→ C (0, 0)

a2+b2 – r2 = –4 → 0+0 – r2 = –4 → r = 2
C
10 Então para segunda circunferência temos o centro
Raio na origem e o raio igual a dois, Figura 34:
(x – a)2 + (y – b)2 – r2 ≤ 0 → (x – 0)2 + (y – 0)2 – 22 ≥ 0 →
5
x2 + y2 – 4 ≥ 0

-1 0 5 10 15 3

1
(b) C
Figura 32. Inequações com circunferência de centro C e raio r, -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
com ponto A(x,y), (a) região exterior e (b) região interior, inclusos a
circunferência.
-1

-2
Ex.: Seja o sistema de inequações circulares:
-3

S
{ λ1 : x2 + y2 ≤ 25
λ2 : x2 + y2 ≥ 4 Figura 34. Inequações com circunferência de centro C(0,0) e raio 2,
com solução exterior à circunferência.
A solução desse sistema pode ser dada via solução
gráfica como mostrado anteriormente. Assim, para
Assim o conjunto solução para que ocorra as duas
cada uma das inequações temos:
inequações simultaneamente é o sistema circular for-
124 λ1 : x2 + y2 ≤ 25 mando uma coroa, com segue na Figura 35.
Já uma elipse de centro na origem e eixo maior na
6 ordenada tem equação reduzida dada por:

4 y2 x2
+ =1
a2 b2
2
Uma elipse de centro em um ponto C(x0,y0), e eixo
C maior paralelo à abscissa temos a equação:
-6 -4 -2 0 2 4 6
(x – x0)2 (y – y0)2
-2 + =1
a2
b2

-4 Uma elipse de centro em um ponto C(x0,y0), e eixo


maior paralelo à ordenada temos a equação:

-6
(y – y0)2 (x – x0)2
+ =1
a2 b2
Figura 35. Solução simultânea das inequações com circunferência
de mesmo centro C(0,0) e raio 5 e 2, com solução na coroa entre as Assim, uma elipse que tenha centro C(7,8) e eixo
(A1A2) maior (2a) igual a 10 e o menor (2b) igual a 8,

{
circunferências.
podemos ter as seguintes equações:
ELIPSE
A1A2//x : (x – x0)2 (y – y0)2 (x – 7)2 (y – 8)2
Definição + =1 → + =1
a2 b2 52 42
Dados dois pontos (F1 e F2) pertencentes a um pla-
no e seja 2c a distância entre F1 e F2, a elipse é o con- (x – 7)2 (y – 8)2
→ + =1
junto dos pontos do plano cuja soma das distâncias 25 16
aos pontos (F1 e F2) é uma constante (2a), sendo 2a>2c.
A1A2//y : (y – y0)2 (x – x0)2 (y – 8)2 (x – 7)2
+ =1 → + =1
a2 b2 52 42

(y – 8)2 (x – 7)2
→ + =1
25 16

Posições relativas entre ponto e elipse

Seja um ponto P(x,y) e uma elipse de centro C(x0,y0)


e semieixos maiores e menores, a e b, respectivamente
(x – x0)2 (y – y0)2
dada pela equação +
= 1 , a posição de
a2 b2
P em relação a elipse pode ser: ponto P exterior a
elipse, ponto P na elipse e ponto P interior da elipse.
Assim temos, respectivamente, as inequações (idem
quando o eixo maior é paralelo à ordenada):

{
(x – x0)2 (y – y0)2
+ – 1>0
a2 b2

(x – x0)2 (y – y0)2
+ – 1=0
Figura 36. Elipse de focos F1 e F2, centro C, e as distâncias a2 b2
A1A2=2a, B1B2=2b e F1 F2=2c e c/a é a excentricidade, onde
a2=b2+c2. (x – x0)2 (y – y0)2
MATEMÁTICA

+ – 1<0
Equações a2 b2

Posições relativas entre reta e elipse


Uma elipse de centro na origem e eixo maior na
abscissa tem equação reduzida dada por:
Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma elipse de centro
C(x0,y0) e semieixos maiores e menores, a e b, respecti-
x2 y2 (x – x0)2 (y – y0)2
+ =1 vamente dada pela equação + =1 ,
a2
b 2
a2 b2 125
{
a interseção da reta com a elipse é o P(x,y) que perten- r : – 12,73x+6,4y – 15,62=0
ça ao mesmo tempo a reta r e à elipse. Logo para achar S (y+2)2 (x – 4)2
essa interseção basta ver as soluções do sistema: δ: + =1
100 64

{
r : Ax+By+C=0 Isolando x na equação da reta e substituindo na
equação da elipse temos:

{
S (x – x0)2 (y – y0)2
δ: + =1
a 2
b2 r : – 12,73x+6,4y – 15,62=0 → x = –1,23+0,5y(I)

Sendo que, da solução desse sistema resulta uma δ : (y+2)2 (x – 4)2


+ =1
S 100 64
equação do segundo grau, então para diferentes valo-
res possíveis de Δ determinamos as posições relativas (I) (y+2)2 (–1,23+0,5y – 4)2
→ + =1
100 64
da reta à elipse:
y2 –3y – 38,3 = 0 → Δ = (3)2 – 4(1) (38,3) = 162,2 → Δ > 0
z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon-
Como Δ>0, então temos duas raízes reais, ou seja,
tos de solução, assim a reta é secante à elipse;
dois pontos de solução, assim a reta é secante à elipse.
z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni- Para determinar os pontos de interseção basta achar
co ponto, assim a reta é tangente à elipse; as raízes:

z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não


y2 – 3y – 38,3 = 0 → Δ=162,2
tem ponto comum entre reta e elipse, assim a reta
é exterior à elipse. –b – √Δ 3 – 12,74
y1 = = = – 4,87
2a 2∙1

–b+√Δ 3+12,74
y2 = = = 7,87
2a 2∙1

Com os valores do eixo y para o ponto P de interse-


ção encontramos os respectivos valores para o eixo x:

y1 = – 4,87 → x1 = –1,23 + 0,5 (–4,87) = –3,66

y2 = 7,87 → x2 = –1,23 + 0,5 (7,87) = 2,70

Logo, os pontos de interseção da reta secante com a


elipse é o que podemos ver na Figura 38. Esses pontos
são também solução para as duas equações, reta e elipse:

P1(2,7; 7,87)
P2(– 3,66; – 4,87)

Na equação da elipse:

Figura 37. Elipse de centro C, semieixos (a e b) com exemplos de (y+2)2 (x – 4)2


δ: + =1
retas: secante (r), tangente (s) e exterior (t). 100 64 ,

Ex.: Sendo a reta dada por r:-12,73x+6,4y-15,62=0 e a eixo maior está paralelo à ordenada (eixo y), pois
a variável y tem como denominador o quadrado
(y+2)2 (x – 4)2
elipse δ : + =1 , qual a posição relativa da medida do semieixo maior, já a variável x tem o
100 64
semieixo menor. Logo, o eixo do denominador é para-
126 entre elas e suas interseção? lelo ao eixo ordenado do numerador.
y2 x2
– =1
a2 b2

Uma hipérbole de centro em um ponto C(x0,y0), e


foco paralelo à abscissa temos a equação:

(x – x0)2 (y – y0)2
– =1
a2 b2

Uma hipérbole de centro em um ponto C(x0,y0), e


foco paralelo à ordenada temos a equação:

(y – y0)2 (x – x0)2
– =1
a2
b2

Ex.: Assim, uma hipérbole que tenha centro C(7,8)

{
e eixo (A1A2) real (2a) igual a 8 e o imaginário (2b)
igual a 6, podemos ter as seguintes equações:
Figura 38. Elipse de centro C(-4,-2), semieixos (a=10 e b=8) e
distância focal (c=12) com interseção com reta secante (r) nos foco // x: (x – x0)2 (y – y0)2 (x – 7)2 (y – 8)2
pontos P1 e P2. – =1→ – =1
a2 b2 42 32
HIPÉRBOLE (x – 7)2 (y – 8)2
→ – =1
16 9
Definição

Dados dois pontos (F1 e F2) pertencentes a um pla- foco // y: (y – y0)2 (x – x0)2 (y – 8)2 (x – 7)2
– =1→ – =1
no e seja 2c a distância entre F1 e F2, a hipérbole é o a2
b 2
42 32
conjunto dos pontos do plano cujo módulo da diferen-
(y – 8)2 (x – 7)2
ça das distâncias aos pontos (F1 e F2) é uma constante → – =1
(2a), sendo 0<2a<2c. 16 9

Posições relativas entre ponto e hipérbole

Seja um ponto P(x,y) e uma hipérbole de centro


C(x0,y0) e semieixos real e imaginário, a e b, respecti-
(x – x0)2 (y – y0)2
vamente dada pela equação = 1, a –
a2 b2
posição de P em relação a elipse pode ser: ponto P
exterior a elipse, ponto P na elipse e ponto P interior
da elipse. Assim temos, respectivamente, as inequa-

{
ções (idem quando o foco é paralelo à ordenada):

(x – x0)2 (y – y0)2
– – 1>0
a2 b2

(x – x0)2 (y – y0)2
Figura 39. Hipérbole de focos F1 e F2, centro C, e as distâncias – – 1=0
A1A2=2a (eixo real), B1B2=2b (eixo imaginário) e F1 F2=2c (focal), c/a é a2 b2
a excentricidade, onde c2=a2+b2.

(x – x0)2 (y – y0)2
Equações da hipérbole – – 1<0
a2 b2
MATEMÁTICA

Uma hipérbole de centro na origem e foco na abs-


cissa tem equação reduzida dada por: Posições relativas entre reta e hipérbole

Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma hipérbole de cen-


x2 y2
– =1 tro C(x0,y0) e semieixos real e imaginário, a e b, respecti-
a2 b2
(x – x0)2 (y – y0)2
vamente, dada pela equação = 1, a –
Já uma hipérbole de centro na origem e foco na a2 b2
ordenada tem equação reduzida dada por: interseção da reta com a hipérbole é o P(x,y) que 127

pertença ao mesmo tempo à reta r e à hipérbole. Logo 1 4
para achar essa interseção basta ver as soluções do x2+4 x+ =0

{
sistema: 3 3

(√) ()
2
1 4 16 16
r : Ax+By+C=0 →Δ= 4 – 4(1) = – =0
3 3 3 3
S (x – x0)2 →Δ=0
(y – y0)2
r: + =1
a2 b2 Como Δ=0, então temos uma única raiz real, ou
seja, um ponto de solução. Assim, a reta é tangente à
Sendo que, da solução desse sistema resulta em hipérbole. Para determinar o ponto de interseção bas-
uma equação do segundo grau, então para diferentes ta achar a raiz:
valores possíveis de Δ determinamos as posições rela-
tivas da reta à hipérbole:


1 4
x2+4 x+ =0→Δ=0
z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon- 3 3
tos de solução, assim a reta é secante à hipérbole;


–b ± √Δ –b ± 0 –b 1
z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni- x1 = x2 = = = =–2
co ponto, assim a reta é tangente à hipérbole; 2a 2a 2a 3
z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não
tem ponto comum entre reta e hipérbole, assim a
Com os valores do eixo x para o ponto P de interse-
reta é exterior à hipérbole.
ção encontramos os respectivos valores para o eixo y:

x=–2

1
3
→ y = √3+2x=√3+2
( √)
–2
1
3


1
→ y = √3 – 4
3

Logo, o ponto de interseção da reta tangente com


a hipérbole é o que podemos constatar na Figura 41,
sendo esse ponto solução para as duas equações, reta
e hipérbole:

P
( √ –2
1
3 ;√3 – 4
√)
1
3

Figura 40. Hipérbole com exemplos de retas: secante (r), tangente


(s) e exterior (t).

Ex.: Sendo a reta dada por r:-2x+y-√3=0 e a hipér-


bole r: x2 – y2 =1, qual a posição relativa entre elas e
suas interseções?

{
Figura 41. Hipérbole de centro C(0,0), semieixos (a=1 e b=1) e
distância focal (c=2√2) com interseção com reta tangente (r) no
r : –2x+y – √3=0
S ponto P.
γ : x2 – y2 = 1
Equações das assíntotas da hipérbole
Isolando y na equação da reta e substituindo na
equação da hipérbole temos: As duas retas, r1 e r2, que tangenciam os dois
ramos da curva de uma hipérbole de centro C(0,0) e

{
semieixos, real e imaginário, a e b, respectivamente,
r : –2x+y – √3=0 → y = 2x+ √3(I) é chamada de assíntotas da hipérbole. Assim, uma
S (I) hipérbole de centro na origem do plano cartesiano
128 γ : x2 – y2 = 1 →x2 – (2x+ √3)2 – 1=0 tem suas assíntotas dadas por:
{
b
r1 : y = x
a

b
r2 : y = – x
a

Ex.: Assim, seja a hipérbole dada por:

x2 y2
γ: – =1
9 16

As retas, r1 e r2, assíntotas à hipérbole estão


demonstradas na Figura 42:

{
a2 = 9 → a = 3
x2 y2
Figura 43. Parábola de foco F, diretriz d, parâmetro p e vértice V,
r: – =1→ b2 = 16 → b =4
9 16 sendo a reta VF o eixo de simetria (VF=p/2).

{
c2 = a2 +b2 = 9+16 = 25 → c = 5

b 4
r1 : y = x→y= x Equações
a 3
Uma parábola de vértice na origem e foco na abs-
b 4 cissa tem equação reduzida dada por:
r2 : y = – x→y=– x
a 3
y2 = 2px

Já uma parábola de vértice na origem e foco na


ordenada tem equação reduzida dada por:

x2 = 2py

Uma parábola de vértice em um ponto V(x0,y0), e


foco (VF) paralelo à abscissa temos a equação:

(y – y0)2 = 2p (x – x0)

Uma parábola de vértice em um ponto V(x0,y0), e


foco (VF) paralelo à ordenada temos a equação:

(x – x0)2 = 2p (y – y0)

Ex.: Assim, uma parábola que tenha vértice em


V(7,8) e parâmetro (p) igual a 4, podemos ter as seguin-
tes equações:

Figura 42. Hipérbole de centro C(0,0), semieixos (a=3 e b=4) e


distância focal (2c=10) com as assíntotas, r1 e r2. { foco(VF) // x : (y – y0)2 = 2p (x – x0) → (y – 8)2 = 8(x – 7)

foco(VF) // y : (x – x0)2 = 2p (y – y0) → (x – 7)2 = 8(y – 8)

Posições relativas entre ponto e parábola


MATEMÁTICA

PARÁBOLA

Seja um ponto P(x,y) e uma parábola de vértice


Definição
V(x0,y0) e parâmetro (p), dada pela equação (y – y0)2 =
2p (x – x0), a posição de P em relação a parábola pode
Dados um ponto (F) e uma reta d pertencentes a
ser: ponto P exterior a parábola, ponto P na parábola
um plano com F não pertencente a d, seja p a distância e ponto P interior da parábola. Assim temos, respec-
entre F e a reta d, a parábola é o conjunto dos pontos tivamente, as inequações (idem quando o foco (VF) é
do plano que estão na mesma distância de F e d. paralelo a ordenada): 129
{
(y – y0)2 – 2p (x – x0)>0 x2 – 2,55x + 1,62 = 0 → Δ=(–2,55)2 – 4(1)(1,62) = 6,5 –
6,5 = 0 → Δ = 0
(y – y0)2 – 2p (x – x0)=0 Como Δ=0, então temos uma única raiz real, ou
seja, um ponto de solução, assim a reta é tangente à
(y – y0)2 – 2p (x – x0)<0
parábola. Para determinar o ponto de interseção bas-
ta achar a raiz:
Posições relativas entre reta e parábola
x2 – 2,55x +1,62 = 0 → Δ = 0
Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma parábola de
vértice V(x0,y0) e parâmetro (p) dado pela equação (y –b±√Δ –b±0 –b 2,55
x1 = x2 = = = = = 1,275
– y0)2 – 2p (x – x0), a interseção da reta com a parábola 2a 2a 2a 2
é o P(x,y) que pertença ao mesmo tempo a reta r e à
parábola. Logo para achar essa interseção basta ver as Com os valores do eixo x para o ponto P de interse-
soluções do sistema: ção encontramos os respectivos valores para o eixo y:

{
x = 1,275 → y = 1+2,72x = 1+3,47 → y = 4,47
r : Ax+By+C = 0
S
x : (y – y0)2 = 2p(x – x0) Logo, o ponto de interseção da reta tangente com a
parábola é o que podemos ver na Figura 41, sendo esse
Sendo que, da solução desse sistema resulta em ponto solução para as duas equações, reta e hipérbole:
uma equação do segundo grau, então para diferentes
valores possíveis de Δ determinamos as posições rela- P(1,275;4,47)
tivas da reta à parábola:

z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon-


tos de solução, assim a reta é secante à parábola;
z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
co ponto, assim a reta é tangente à parábola;
z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não
tem ponto comum entre reta e parábola, assim a
reta é exterior à parábola.

Figura 45. Parábola de vértice V(1,3), parâmetro (p=4) com


interseção com reta tangente (r) no ponto P.

RECONHECIMENTO DE CÔNICAS A PARTIR DE SUA


EQUAÇÃO GERAL

Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e


y representa uma elipse, se a sua equação geral for
redutível à forma:

(x – x0)2 (y – y0)2
Figura 44. Parábola com exemplos de retas: secante (r), tangente (s) + =1
e exterior (t). k1 k2

Ex.: Sendo a reta dada por r:-3,46x+1,27y-1,27=0 e k1 > k2 → k1 = a2 e k2 = b2 → eixo maior horizontal
a parábola χ: (y – 3)2 = 8 (x – 1), qual a posição relativa
entre elas e suas interseções? k1 < k2 → k1 = b2 e k2 = a2 → eixo maior vertical

{
(x0 ,y0) → centro
r : –3,46x + 1,27y – 1,27 = 0
S
χ : (y – 3)2 = 8(x – 1) Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e y
representa uma hipérbole, se a sua equação geral for
Isolando y na equação da reta e substituindo na redutível à forma:
equação da parábola temos:
(x – x0)2 (y – y0)2

{
+ =1
r : –3,46x + 1,27y – 1,27 = 0 → y = 1 + 2,72x(I) k1 k2
S (I)
130 χ : (y – 3)2 = 8(x – 1) → ((1+2,72x) –3)2 –8(x – 1) = 0 k1 > 0 e k2 > 0 → k1 = a2 e k2 = –b2 → eixo real horizontal
k1 < 0 e k2 > 0 → k1 = –b2 e k2 = a2 → eixo real vertical
x1 y1 1 x1 y1 1
1
(x0 ,y0) → centro 2x AΔ= 2x ∙ x2 y2 1 = x2 y2 1
2
x3 y3 1 x3 y3 1
Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e y
representam uma parábola, se a sua equação geral for
4 5 1
redutível à forma:
1 1 1 =|4+5+4 – 1 – 4 – 20| = |–12| =12

{ x = ay2 +by+c (a ≠ 0)
y = ax2 +bx+c (a ≠ 0)
4 1
Resposta: Letra D.
1

2. (FCC - 2017) A equação de uma elipse em um sistema


1 y0 y02 +2px0 cartesiano é dada por 9x² + 25y² = 1. A distância entre
a= ,b=– ,c= → eixo horizontal
2p p 2p os focos desta elipse é igual a:
a) 8/15.
1 x0 x02 +2py0 b) 1/2.
a= ,b=– ,c= → eixo vertical c) 8.
2p p 2p
d) 4/15.
(x0, y0) → vértice e) 2√34.

Para acharmos o valor da distância do foco da elip-


EXERCÍCIOS COMENTADOS se, precisamos inicialmente achar os valores dos
semieixos maior e menor e depois achar o semi-fo-
1. (FCC - 2018) Em um plano cartesiano de eixos ortogo- co a partir da relação quadrática entre eles, assim
nais, os pontos de coordenadas (1, 1) e (4, 5) são as temos:
extremidades da diagonal de um retângulo de lados x2 y2 x2 y2

() ()
paralelos aos eixos x e y. Em tais condições, a área 9x2 + 25y2 = 1 → + =1→ 2
+
2 =1
1 1 1 1
desse retângulo, em unidades de área do plano carte-
siano, é igual a: 9 25 3 5

a) 8. 1 1
a= ; b= ; Centro(0,0)
b) 6. 3 5
c) 20.
Assim, o eixo maior está na abscissa e da relação
d) 12.
entre os valores dos semieixos e foco temos:
e) 10.
1 1 16 4
A diagonal do retângulo divide ao meio a figura a2 = b2+c2 → c2 = – = →c=
9 25 225 15
geométrica, cada área é exatamente a área de um
triângulo retângulo. A área do triângulo no plano
Como a distância focal é 2c, assim temos o valor de
cartesiano é dada por metade do determinante das
coordenadas dos 3 pontos desse triângulo, assim 8/15. Resposta: Letra A.
marcamos os pontos dados no plano e pela projeção
de cada um deles encontramos os demais pontos do 3. (FCC - 2016) Uma reta cruza o eixo das abscissas em
retângulo: x=3 e é tangente à circunferência x2+y2=4 no ponto T,
de coordenadas positivas. Nas condições dadas, a
ordenada y do ponto T é igual a:

a) 1/3.
b) 2√5/3.
c) 1.
d) 3√5/4.
e) 4/3.

Inicialmente precisamos definir a equação da reta


MATEMÁTICA

tangente à circunferência e também construir o grá-


fico para saber quais das retas tangentes está no
ponto com as coordenadas positivas. Sendo a cir-
cunferência λ e a reta r:
x1 y1 1

{
1
A2 = ∙ x2 y2 1 λ : x2+y2 = 4 → r = 2; Centro(0, 0)
2
x3 y3 1 r : (y – y0) = m(x – x0) → P(x0, y0) = P(3, 0) 131
9x2 – 24x+16 = 0; Δ = 0
– b ± √Δ b (–24) 24 4
x1 = x2 = =– =– = =
2a 2a 2∙9 18 3

Substituindo o valor de x na equação da reta r


temos:

2 6
r:y=– x+
√5 √5

x=
4
3
→y=–
2
√5

( ) 4
3
+
√5
6
=
3√5
10
=
1
3 √
102
5


1 100 1 1 2√5
= √20 = √22 ∙ 5
3 5 3 3 3

Resposta: Letra B.

Conhecendo o raio e o centro da circunferência 4. (FCC - 2010) Sabe-se que, num sistema cartesiano
podemos ver que por ela e passando pelo ponto P
ortogonal xOy, o ponto P (8, 4√3) pertence a uma pará-
podemos ter duas retas tangentes, mas somente
uma delas contempla o ponto T tangente, com eixo bola com vértice na origem do sistema. O foco dessa
x e y positivos. Note, que pela figura conseguimos parábola pode ser igual a:
definir qual é essa reta, a reta decrescente, ou seja, o
coeficiente angular é negativo (m<0). Assim, defini- a) (0,√3/2).
mos em função de m a equação da reta r. b) (4/3,0).
c) (0,√3).
r : (y – y0) = m(x – x0) → P(x0, y0) = P(3, 0)
r : (y – 0) = m(x – 3) → y = mx –3m d) (3/2,0).
r : y – mx+3m = 0 e) (0,2√3).

Dessa equação da reta r, passando pelo ponto P(3,0), Pode-se ter a parábola com o foco no eixo x ou no
temos que os coeficientes da reta são a=-m, b=1 e eixo y, sabendo que o vértice está na origem, que
c=3m, assim, a distância da origem da circunferên-
VF=p/2, as equações da parábola são:
cia até a reta r é:

dOr = r →
by0+ax0+c
=r→
y0 – mx0+3m
=2 { foco em x: y2 = 2px P(8,4√3)

{ (4√3)2 = 2p(8)

{
√a2+b2 √m2+1 foco em y: x2 = 2py 82 = 2p (4√3)

( )
{
3

{
→ 0 – m0+3m
O(0, 0)
=2 F1 ,0
16 ∙ 3 = 16p p=3 2

( )
√m2+1 à à à
64 = 8√3p 8 4
3m p= F2 0,
= 2 → 3m = 2√m +1 2
√3 √3
√m2+1
2
→ 9m2 = 4(m2+1) → 5m2 = 4 → m = ±
√5

2
Como sabemos que nosso m<0 então m = – .
Logo, a equação da reta é: √5

2 6
r:y=– x+
√5 √5
Para achar o ponto T, que é a interseção da reta r à
circunferência λ, isolamos o y na equação da reta e
substituímos na equação da circunferência:

( )
2 6 2
x2 + – x+ =4 → 9x2 –24x+16 = 0
√5 √5
Δ = (–24)2 – 4 ∙ 9 ∙ 16 = 576 – 576 = 0

Como o Δ=0 então confirmamos que a reta r é tan-


gente a λ, pois só existe uma raiz real. Logo a coor-
132 denado do ponto T no eixo x é: Resposta: Letra D.
5. (CESGRANRIO – 2010) Os vértices imaginários da
(X – 1)2 A
hipérbole de equação – (y – 1)2 = 1 são:
4
a) (2,1) e (2,3).
b) (2,0) e (2,2).
c) (2,0) e (1,2). O
d) (1,1) e (1,2).
e) (1,0) e (1,2).
B
A hipérbole dada tem centro C(1,1), o eixo real é
A1A2=2a e o imaginário é B1B2=2b: Figura 1. Definição de Ângulo

a2 = 4 → a = 2;
Observação 1: O é chamado de Vértice do ângulo
b2 = 1 → b = 1;
e OA e OB são chamados de lados.
c2 = a2 +b2 → c2 = 4+1 = 5 → c = √5 Observação 2: Na figura acima o ângulo é indica-
do por AOB ou BOA.

z Ponto Interior de um Ângulo

Seja um ângulo e um ponto P qualquer, dizemos


que P será um Ponto Interior ao Ângulo, quando
uma reta qualquer que passa por P intercepta os lados
do ângulo em dois pontos distintos A e B, de modo que
o ponto P seja obrigatoriamente um ponto entre A e B.

Logo, a distância do centro aos pontos do eixo ima-


ginário é a unidade, e o semieixo que os contempla P
também tem o centro da hipérbole. Então o valor O
coordenado do eixo x para os pontos imaginários
são o 1 e o valor no eixo y vai variar de 1 para cima
e 1 para baixo, ficando assim B1(1,2) e B2(1,0). Res- B
posta: Letra E.

Figura 2. Representação de um Ponto no Interior de um Ângulo

GEOMETRIA PLANA Observação: Na figura acima, o ponto P é um pon-


to interior ao AOB
A Geometria Plana (ou Geometria Euclidiana) deve
z Setor Angular
ser vista como um dos principais ramos da Matemática.
Sua origem remonta a Euclides de Alexan-
Denominamos Setor Angular a reunião dos pontos
dria (360 a.C. – 295 a.C.), que foi um matemático da pertencentes ao ângulo e dos seus pontos interiores.
antiguidade.
Vamos estudar de agora em diante todos os tópicos
relacionados à Geometria Plana!
A
Boa leitura e bons estudos!

ÂNGULO
MATEMÁTICA

O
Definição, elementos e propriedades

B
z Vamos relembrar o conceito visto anteriormente
sobre Ângulo:
Figura 3. Setor Angular
Definimos ângulo como a união de duas semirre-
tas de mesma origem e não colineares (que não per- Observação: A figura acima mostra o Setor Angu-
tencem a uma mesma reta). Veja a figura adiante: lar do AOB 133
z Classificação dos Ângulos Observação: o par de ângulos FÔG e HÔI são opos-
tos pelo vértice.
Vejamos de que maneira os ângulos podem ser
classificados. „ Ângulo Reto: um ângulo será chamado de Reto
quando sua medida for igual a 90º.
„ Ângulos Consecutivos: dois ângulos serão
chamados de Consecutivos quando tiverem o
mesmo vértice e um lado em comum.

A
A

C O B
Figura 4. Dois Ângulos Consecutivos
Figura 7. Ângulo Reto

Observação: os pares de ângulos AÔB e BÔC; AÔC


e AÔB; AÔC e BÔC são consecutivos. Observação: AÔB é um ângulo reto.

„ Ângulos adjacentes: dois ângulos serão cha- „ Ângulo Agudo: um ângulo será chamado de
mados de Adjacentes quando forem consecu- Agudo quando sua medida for menor que 90º.
tivos e não tiverem pontos internos em comum.

B O
O B

Figura 8. Ângulo Agudo

Observação: AÔB é um ângulo agudo.


C

Figura 5. Ângulos Adjacentes „ Ângulo Obtuso: um ângulo será chamado de


Obtuso quando sua medida for maior que 90º
Observação: os ângulos AÔB e BÔC são adjacentes. e, ao mesmo tempo, menor que 180°.

„ Ângulos Opostos pelo Vértice: dois ângu-


los serão chamados de Opostos pelo Vértice
quando os lados de um deles forem semirretas
opostas aos lados do outro. A

H O B

Figura 9. Ângulo Obtuso

O
Observação: AÔB é um ângulo obtuso.
I G
„ Ângulos Complementares: dois ângulos serão
complementares quando a soma de suas
medidas for igual a 90°. Dizemos que um ângu-
134 Figura 6. Ângulos Opostos pelo Vértice lo é o complemento do outro.
ÂNGULOS NA CIRCUNFERÊNCIA

Vejamos abaixo as definições importantes acerca


de ângulos na circunferência.
I M
z Circunferência: definimos circunferência como
o conjunto de todos os pontos de um plano, de
modo que a distância a um ponto fixo é uma cons-
tante positiva. A figura a seguir representa uma
circunferência λ, em que C é o centro (ponto fixo),
PC é um raio, com PC = r (constante positiva).
O H

P
Figura 10. Ângulos Complementares
r
C
Observação: os ângulos IÔM e MÔH são
complementares.

„ Ângulos Suplementares: dois ângulos serão


suplementares quando a soma de suas medi-
das for igual a 180°. Dizemos que um ângulo é o
suplemento do outro. Figura 13. Circunferência λ

A z Círculo: definimos círculo como o conjunto de todos


os pontos de um plano cuja distância a um ponto fixo
é menor ou igual a uma constante positiva.

P
C O B
r
Figura 11. Ângulos Suplementares
C
Observação: os ângulos AÔC e AÔB são
suplementares.

Bissetriz de um Ângulo

Sejam os ângulos AÔB e BÔC, de vértice comum e


Figura 14. Círculo
lado OB, também comum, conforme a figura abaixo.
A semirreta OC divide o ângulo AÔB em duas partes
z Elementos de uma Circunferência: na figura abai-
congruentes, ou seja, iguais. Essa semirreta é denomi-
xo temos uma circunferência de centro C e raio r.
nada bissetriz do ângulo AÔB.
Portanto, a Bissetriz de um Ângulo é uma semir- N
reta que tem origem no vértice e divide o ângulo em
duas partes iguais.
B
A
r

r C
MATEMÁTICA

C
Bissetriz
O A

D E

B M

Figura 12. Bissetriz de um Ângulo Figura 15. Elementos de uma Circunferência 135
AC = raio A Medida de um Ângulo é a medida do menor

AB = diâmetro arco determinado pelo ângulo em uma circunferência

DME = arco com o centro em seu vértice.

ANB = semicircunferência
AC = r e AB = 2r
A

z Posições de um Ponto em Relação a uma Circun-


ferência: sejam um ponto P e uma circunferência
de centro C e raio r, sendo d a distância de P ao
centro C, temos: O

„ O ponto P é interno à circunferência: d < r


„ O ponto P é externo à circunferência: d > r B
„ O ponto P pertence à circunferência: d = r

Figura 18. Ângulo em uma Circunferência

A medida do ângulo AOB é a medida do arco AB assi-


r nalado na figura acima. Indicamos esta situação por:
A

m (AOB) = AÔB
C
z Ângulo Central: definimos um ângulo central
D como sendo aquele cujo vértice coincide com o
centro da circunferência. O arco de uma circunfe-
rência com pontos internos ao ângulo é o seu Arco
Correspondente.
Figura 16. Posições de alguns pontos em relação à Circunferência λ

Observação: na figura acima, F é um ponto exter- Veja a figura:


no à circunferência; A é um ponto que pertence à cir-
cunferência; e D é um ponto interno à circunferência.

z Medidas de um Ângulo pela Circunferência: A


para medir o Arco (uma espécie de “pedaço” da
circunferência), primeiramente a dividimos em
360 “partes” e denominamos 1 Grau ( º ) a cada
“parte” obtida.
P
O
Fazer a medição do arco em graus é determinar a
quantidade de partes compreendida neste arco. Veja
a figura adiante:
B

Figura 19. Ângulo Central em uma Circunferência

S
O Observação 1: O ângulo AÔB (α) é o Ângulo
Central.
Observação 2: APB é o arco correspondente do
B
ângulo AÔB.
A medida de um ângulo central é igual à medida de
seu arco correspondente AÔB = m (AB) = α.
136 Figura 17. Arco S representado em uma Circunferência Veja a representação desta igualdade a seguir:
Observação 1: APB é de vértice externo.
Observação 2: ANB e CMD são os arcos correspon-
A ^ .
dentes do ângulo APB

PARALELISMO E PERPENDICULARIDADE

O Retas Paralelas

Duas retas serão chamadas de paralelas se, e


B somente se, elas forem coincidentes (iguais) ou se
forem coplanares (pertencerem ao mesmo plano e
não possuírem nenhum ponto em comum).

r s
Figura 20. Ângulo e Arco Correspondente em uma Circunferência
r
z Ângulo Inscrito: chamamos de ângulo inscrito s
aquele que tem vértice na circunferência e lados
secantes à mesma. O arco da circunferência com pon-
tos internos ao ângulo é o seu arco correspondente.
Figura 23. Retas Paralelas r e s
Veja a figura abaixo:
Observação 1: β é um plano que contém as retas
r e s.
A
Observação 2: r ⸦ β, s ⸦ β e r ∩ s = ø
Dadas duas retas r e s paralelas (ou não paralelas)
e uma reta t concorrente com r e s, temos:

Q
O t
P

a
B
b

d r
Figura 21. Ângulo Inscrito em uma Circunferência
c
Observação 1: O ângulo AP̂B é inscrito na
e
circunferência. f
Observação 2: AQB é o arco correspondente do
ângulo AP̂B.
s
h
z Ângulo de Vértice Externo: denominamos de ângu-
g
lo de vértice externo, ao ângulo que tem o vértice no
exterior da circunferência e seus lados secantes a ela.

Vejamos abaixo:

A Figura 24. Retas Paralelas r e s cortadas pela Transversal t

Observação 1: A reta t será chamada de transver-


sal de r e s
D
MATEMÁTICA

N Observação 2: Os ângulos formados pela figura


M O acima são denominados de:
P
C
B Alternos: â e ĝ, b̂ e ĥ, ĉ e ê, d̂ e f ̂

Correspondentes: â e ê, b̂ e f,̂ ĉ e ĝ, d̂ e ĥ

Colaterais: â e ĥ, b̂ e ĝ, ĉ e f,̂ d̂ e ê


Figura 22. Ângulo de Vértice Externo em relação à Circunferência 137
Existência da Paralela Mediatriz de um segmento

Se duas retas distintas e coplanares e uma trans- Denominamos Mediatriz de um segmento a reta
versal determinarem ângulos alternos, ou ângulos perpendicular (m) ao segmento (AB) que passa pelo
correspondentes congruentes, podemos concluir seu ponto médio (M), ou seja, a mediatriz divide o seg-
então que essas duas retas são paralelas.
mento em duas partes iguais.

m
t

r
A B
M

Figura 27. Mediatriz de um segmento AB qualquer

SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS
Figura 25. Existência da Paralela
Ângulo Externo
Observação: Se α = β, então r//s
Em todo triângulo, qualquer um de seus ângulos
Postulado de Euclides externos é igual à soma dos dois ângulos internos não
adjacentes a ele. Na figura abaixo, representamos um
O postulado de Euclides afirma o seguinte: destes ângulos externos:

z Por um ponto passa uma única reta paralela a A


uma reta dada;
z Se duas retas paralelas distintas interceptam uma
transversal, então os ângulos alternos, ou ângulos
correspondentes, são congruentes.
e
PERPENDICULARIDADE
B
Retas Perpendiculares C

Duas retas serão chamadas de Perpendiculares Figura 28. Ângulo Externo a um Triângulo ABC
se, e somente se, forem concorrentes e formarem dois
ângulos retos suplementares, ou seja, cada um dos Observação: conforme mencionado acima, o
ângulos medindo 90°. ângulo externo a um triângulo é dado pela soma dos
ângulos internos ao triângulo e que não são adjacen-
r tes a e (Teorema do Ângulo Externo). Neste caso,
temos:

e
O s B
C

Figura 29. Ângulo Externo e soma de ângulos internos do Triângulo


138 Figura 26. Retas r e s perpendiculares entre si ABC
Observação: No caso acima, temos ê = Â + B̂ A’

Soma dos Ângulos Internos de um Triângulo

Em virtude do Teorema do Ângulo Externo, pode-


mos demonstrar facilmente que a soma dos ângulos
internos de qualquer triângulo será igual a 180°. C’ B’
A
Figura 32. Dois Triângulos Semelhantes

 = Â’ , B̂ = B̂ ’ , Ĉ = Ĉ ’ e
AB AC BC ⇔ ΔABC ~ ΔA’ B’ C’
= = =k
A’ B’ A’ C’ B’ C’

B C
Observação: a constante k é chamada de Razão
Figura 30. Soma dos ângulos internos de um Triângulo ABC de Semelhança.

Observação: a Soma dos Ângulos Internos de um Casos de Semelhança


triângulo é dada por: Â + B̂ + Ĉ = 180°.
Abaixo apresentamos cada um dos casos de seme-
Altura de um Triângulo lhança entre triângulos:

A altura de um triângulo é dada pelo segmento de


z Caso AA (Ângulo-Ângulo): Se dois triângulos pos-
reta perpendicular à reta suporte de um dos lados do
triângulo (no caso abaixo, a reta suporte é dada pelo suem dois ângulos ordenadamente congruentes,
segmento BC), com extremidade nessa reta e no vér- então eles são semelhantes.
tice oposto (na figura é dada pelo vértice A) ao lado
considerado. A

C B

A’
B C
H

Figura 31. Altura de um Triângulo ABC

Observação: No triângulo acima, a altura é dada


pelo segmento AH
C’ B’
SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS
Figura 33. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso AA

Dois triângulos serão denominados de semelhan-


tes se, e somente se, for possível estabelecer uma cor- z Caso LAL (Lado-Ângulo-Lado): Se dois triângulos
respondência entre seus vértices de modo que: possuem dois pares de lados proporcionais e os
ângulos compreendidos entre eles são congruen-
z Os ângulos correspondentes sejam congruentes. tes, então esses dois triângulos são semelhantes.
z Os lados homólogos sejam proporcionais.
A
A
MATEMÁTICA

C B
C B 139
A’ Observação 1: medianas do triângulo ABC: AE, BF
e CD
Observação 2: pontos médios dos lados do triân-
gulo ABC: D, E e F
Observação 3: Baricentro do ΔABC : G

z Incentro: para definir o incentro de um triângu-


lo, vamos relembrar o conceito de bissetriz de um
C’ B’ ângulo. A bissetriz de um ângulo é a semirreta
com pontos internos ao ângulo e que determina
Figura 34. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso com seus lados dois ângulos adjacentes congruen-
LAL tes. A bissetriz interna de um triângulo é o seg-
mento da bissetriz de um ângulo interno que tem
z Caso LLL (Lado-Lado-Lado): se dois triângulos extremidades no vértice desse ângulo e no ponto
têm os três lados correspondentes proporcionais, de encontro com o lado oposto. Logo, o incentro é
então esses dois triângulos são semelhantes. o ponto de encontro das bissetrizes internas deste
triângulo.
A
A

D
F
I

C B

A’
C B
E

Figura 37. Bissetrizes Internas e Incentro de um Triângulo ABC

Observação 1: Bissetrizes Internas do triângulo


ABC: AE, BF e CD
Observação 2: Incentro do ΔABC: I
C’ B’
Observação 3: uma observação importante é que
o incentro de um triângulo é o centro da circunferên-
Figura 35. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso LLL cia nele inscrita.

PONTOS NOTÁVEIS DO TRIÂNGULO z Circuncentro: para definir o circuncentro de um


triângulo, precisamos entender a definição de
Apresentamos abaixo os pontos notáveis (B.I.C.O.) mediatriz primeiramente. A mediatriz de um seg-
de um triângulo: mento de reta é a reta perpendicular a esse seg-
mento pelo seu ponto médio. Logo, o circuncentro
z Baricentro: para definir o baricentro de um triân- de um triângulo é o ponto de encontro das três
gulo temos que definir primeiro o que é a mediana mediatrizes deste triângulo.
de um triângulo. A mediana é o segmento que une
um vértice ao ponto médio do lado oposto. Logo,
A
o baricentro será o ponto de encontro das três m1
medianas do triângulo.
m2
A
m3 D
F

F D C
G
C B
E

Figura 38. Mediatrizes e Circuncentro de um Triângulo ABC


C B
E
Observação 1: mediatrizes do triângulo ABC: m1,
140 Figura 36. Medianas e Baricentro de um Triângulo ABC m2 e m3
Observação 2: pontos médios dos lados do triân- TRIÂNGULOS RETÂNGULOS, TEOREMA DE
PITÁGORAS
gulo ABC: D, E e F
Observação 3: circuncentro do ΔABC : C Triângulos Retângulos
Observação 4: uma observação importante é que
Um triângulo recebe o nome de triângulo retân-
o circuncentro de um triângulo é o centro da circunfe-
gulo se possuir um dos seus ângulos internos iguais a
rência nele circunscrita. 90°. Observe na figura abaixo:

z Ortocentro: Para definir ortocentro precisamos B


primeiro entender que a altura de um triângulo é
o segmento da perpendicular traçada de um vérti-
ce à reta suporte do lado oposto e que possui extre-
midades nesse vértice e no ponto de encontro com
essa reta suporte. Logo, o ortocentro é o ponto de
encontro das retas suportes das três alturas de um
triângulo.

A
F D
A C

O Figura 40. Triângulo ABC Retângulo no Vértice A

TEOREMA DE PITÁGORAS

O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu-


lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos.
C B
E
B

Figura 39. Alturas e Ortocentro de um Triângulo ABC

Observação 1: alturas do triângulo ABC: AE, BF e


CD a
Observação 2: ortocentro do ΔABC : O c

TRIÂNGULOS RETÂNGULOS

Um triângulo recebe o nome de triângulo retân-


gulo se possuir um dos seus ângulos internos iguais a A C
b
90°. Observe na figura abaixo:
Figura 41. Triângulo Retângulo ABC
B
Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são
dados respectivamente por a, b e c.
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa
e os lados b e c de catetos.
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân-
gulo: a2 = b2 + c2
MATEMÁTICA

RELAÇÕES MÉTRICAS NOS TRIÂNGULOS


(RETÂNGULOS E QUAISQUER)

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


A C
Considere um Triângulo Retângulo ABC, com hipo-
Figura 40. Triângulo ABC Retângulo no Vértice A tenusa BC e altura AH. 141
A Verifica-se pela Lei dos Senos que:

a b c
= = = 2R
b c sen A sen B sen C
h
z Lei dos Cossenos: em todo triângulo, o quadrado
da medida de um lado é igual à soma dos quadra-
dos das medidas dos outros lados, menos o dobro
n m do produto dessas medidas pelo cosseno do ângulo
CB que eles formam.
H
A
a

Figura 42. Triângulo Retângulo ABC com Hipotenusa BC e Altura


AH
b c
Em relação ao triangulo retângulo acima, temos:

z BC é a hipotenusa;
z AB e AC são os catetos;
z AH é a altura relativa à hipotenusa; C B
z BH e CH são, respectivamente, as projeções dos a
catetos AB e AC sobre a hipotenusa BC Figura 44. Triângulo ABC qualquer

No triângulo retângulo ABC da figura, sendo BC = Seja um triângulo qualquer ABC, conforme a figu-
a, AC = b, AB = c, AH = h, BH = m e CH = n, então valem ra 44.
as seguintes relações: Neste caso, verifica-se que:

b2 = a · n a2 = b2 + c2 – 2 · b · c · cos Â
c2 = a · m
a2 = b2 + c2 b2 = a2 + c2 – 2 · a · c · cos B̂
h2 = m · n
b·c=a·h c2 = a2 + b2 – 2 · a · b · cos Ĉ

RELAÇÕES MÉTRICAS EM UM TRIÂNGULO FEIXE DE RETAS PARALELAS E TRANSVERSAIS,


QUALQUER TEOREMA DE TALES

z Lei dos Senos: em todo triângulo, as medidas dos A transversal de um conjunto de retas todas para-
lados são proporcionais aos senos dos ângulos lelas é uma reta do plano das paralelas que é concor-
opostos e a razão de proporcionalidade é a medi- rente com todas as retas deste conjunto.
da do diâmetro da circunferência circunscrita ao Os pontos correspondentes de duas transversais
triângulo. são pontos destas transversais que estão numa mes-
ma reta do conjunto de paralelas.
Consideremos o triângulo ABC, inscrito na circun- Os segmentos correspondentes de duas transver-
ferência de raio R: sais são segmentos que possuem por extremidades os
pontos correspondentes.

A
t1 t2

b
A A’

C B B’
c

R C C’

D D’

142 Figura 43. Triângulo ABC inscrito em uma Circunferência de Raio R Figura 45. Feixe de Retas Paralelas cortadas por Transversais
Observação 1: as transversais são indicadas por Pelo Teorema da Bissetriz Interna, temos a seguin-
t1 e t2 te igualdade:
Observação 2: os pontos correspondentes são
indicados por A e A’, B e B’, C e C’, D e D’.
Observação 3: os segmentos correspondentes são AC AB
indicados por AB e A’ B’, BD e B’ D’. =
CD BD
TEOREMA DE TALES
Observação 1: AD é a bissetriz do ângulo BÂC
O Teorema de Tales diz que se duas retas são no triângulo ABC, ou seja, divide o ângulo  em dois
transversais de um conjunto de retas paralelas, então, ângulos congruentes.
a razão entre dois segmentos quaisquer de uma Observação 2: utilizando as medidas dos lados da
delas é igual à razão entre os segmentos corres- figura 51, temos:
pondentes da outra.

b c
=
t1 t2 n m

O teorema da bissetriz externa de um triângu-


lo nos diz que em qualquer triângulo, uma bissetriz
A A’ externa, ou seja, bissetriz de um ângulo externo ao
triângulo, intercepta a reta que contém o lado oposto
B B’ externamente em segmentos proporcionais aos lados
adjacentes.
Seja AD a bissetriz do ângulo externo ao triângulo
ABC no vértice A, com AB = c, AC = b e BD = x e DC = y
C C’

D D’

Figura 46. Feixe de Retas Paralelas, Transversais e Teorema de Tales C


a B x
Pelo Teorema de Tales, temos as seguintes
igualdades: y

Figura 48. Teorema da Bissetriz Externa


AB AC AD BC BD CD
= = = = =
A’B’ A’C’ A’D’ B’C’ B’D’ C’D’ Pelo teorema da bissetriz externa, temos a seguin-
te igualdade:
TEOREMA DAS BISSETRIZES INTERNAS E
EXTERNAS DE UM TRIÂNGULO
AC AB
O teorema da bissetriz interna de um triângu- =
CD BD
lo nos diz que em qualquer triângulo, uma bissetriz
interna, ou seja, bissetriz de um ângulo interno ao Observação 1: AD é a bissetriz do ângulo exter-
triângulo, sempre divide o lado oposto em segmentos
no ao triângulo ABC no vértice A, ou seja, divide este
proporcionais aos lados adjacentes.
Seja AD a bissetriz do ângulo BAC no triângulo ângulo externo em dois ângulos congruentes.
ABC, com AB = c, AC = b e BD = m e DC = n Observação 2: utilizando as medidas dos lados da
figura 52, temos:
A

b c
=
y x
MATEMÁTICA

POLÍGONOS, POLÍGONOS REGULARES,


CIRCUNFERÊNCIAS, CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS

Polígonos e seus elementos

C B Vamos considerar n · (n ≥ 3) pontos ordenados A1,


A2, ..., An. Consideremos também os n segmentos con-
Figura 47. Teorema da Bissetriz Interna secutivos determinados por estes pontos (A1A2, A2A3, 143
..., AnA1), de modo que não existam dois segmentos Polígono Côncavo e Polígono Convexo
consecutivos colineares. Definimos Polígono como a
Um polígono é convexo se, e somente se, qualquer
reunião dos pontos dos n segmentos considerados. reta suporte, de um lado do polígono, deixar todos os
Vejamos alguns exemplos: outros lados em um mesmo semi-plano dos dois que
ela determina.
A

C
B
A
K

I C

E
E
G
D
F

L M
Figura 51. Polígono Convexo
Q O
Observação: em um polígono convexo, a região
poligonal é convexa.
Por definição, um polígono que não é convexo é
R P N côncavo

Figura 49. Polígonos

G
Região Poligonal
I
A região poligonal é a reunião do polígono com o
seu interior. H
F
G

A
F

H
J

D B Figura 52. Polígono Côncavo


E
Observação 2: em um polígono côncavo, a região
poligonal é côncava.

Nomenclatura dos polígonos


C
Nomeamos os Polígonos de acordo com o número
144 Figura 50. Região Poligonal n de lados:
z 1° caso: 3� n � 9 POLÍGONOS REGULARES
n = 3 – Triângulo
n = 4 – Quadrilátero Um Polígono é denominado de regular quando pos-
n = 5 – Pentágono
n = 6 – Hexágono sui todos os seus lados e ângulos internos congruentes.
n = 7 – Heptágono
Seguem alguns exemplos de Polígonos Regulares:
n = 8 – Octógono
n = 9 – Eneágono
A B
z 2º caso: n é múltiplo de 10
n = 10 – Decágono
n = 20 – Icoságono
n = 30 – Tricágono
n = 40 – Quadricágono C
n = 50 – Pentacágono
n = 60 – Hexacágono

z 3° caso: n > 10 e n não é múltiplo de 10


n = 11 – Unodecágono
n = 17 – Heptdecágono
n = 26 – Hexaicoságono
n = 35 – Pentatricágono

Número de Diagonais de um Polígono Convexo

L
O Número de Diagonais em um Polígono Convexo K
é dado pela expressão:

n (n – 3)
d= H
J
2

Ângulos Internos de um Polígono Convexo


I

A soma dos ângulos internos de um polígono con-


vexo é dada pela expressão: Q
P
Si = (n – 2) · 180º
R
Ângulos Externos de um Polígono Convexo
O
A soma dos ângulos externos de um polígono con-
vexo é dada pela expressão:
M
N
Se = 360º

PERÍMETRO E ÁREA DE POLÍGONOS, POLÍGONOS A1


B1
REGULARES, CIRCUNFERÊNCIAS, CÍRCULOS E z
SEUS ELEMENTOS C1
MATEMÁTICA

W
Perímetro de Polígonos
D1
V
Quando nos referimos ao Perímetro de um Polí-
gono, estamos na prática indicando que nosso interes- S
T U
se diz respeito à soma dos lados deste. Portanto, para
calcular o Perímetro de um Polígono qualquer, basta
somar os lados. Figura 53. Polígonos Regulares 145
QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS z Trapézio Retângulo: quando existem dois ângu-
los internos retos.
Trapézio: um quadrilátero é um Trapézio se, e

somente se, tiver dois lados paralelos.

Figura 57. Trapézio Retângulo

Paralelogramo: um quadrilátero é Paralelogra-


Figura 54. Trapézio com vértices ABCD
mo se, e somente se, possuir os lados opostos paralelos.

Observação 1: o lado AB é chamado de base maior. D C


Observação 2: o lado CD é chamado de base menor.

Classificação dos Trapézios

z Trapézio Isósceles: os lados não paralelos são

congruentes. A B

Figura 58. Paralelogramo

Observação: AB // CD e AD // BC

Propriedades dos Paralelogramos

z Em todo Paralelogramo os ângulos opostos são


congruentes;
z Todo Quadrilátero convexo que possui ângulos
opostos congruentes é Paralelogramo.
Figura 55. Trapézio Isósceles
z Todo Retângulo é Paralelogramo;

z Trapézio Escaleno: os lados não paralelos não são z Em todo Paralelogramo os lados opostos são
congruentes;
congruentes.
z Todo Quadrilátero convexo que possui os lados

D C opostos congruentes é Paralelogramo;


z Todo Losango é Paralelogramo;
z Em todo Paralelogramo as diagonais se intercep-
tam nos respectivos pontos médios;

Todo Quadrilátero convexo em que as diago-


nais se interceptam nos respectivos pontos médios é
Paralelogramo.
A B
Losango: um quadrilátero é um Losango se, e
146 Figura 56. Trapézio Escaleno somente se, possuir os quatro lados congruentes.
B Propriedades dos Retângulos

z Todo Retângulo tem as diagonais congruentes;


z Todo Paralelogramo que tem diagonais congruen-
tes é um Retângulo.

Quadrado: um quadrilátero é um Quadrado se, e


somente se, possuir os quatro ângulos internos con-
gruentes e os quatro lados congruentes.

B
A C

D Figura 61. Quadrado

Figura 59. Losango Observação 1: AB = BC = CD = AD


Observação 2: Â = B̂ = Ĉ = D̂ = 90°
Observação: AB = BC = CD = DA
Propriedades dos Quadrados
Propriedades dos Losangos
z Todo Quadrado é Retângulo;
z Todo Losango tem as diagonais perpendiculares; z Todo Quadrado é Losango.
z Todo Paralelogramo que tem as diagonais perpen-
ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
diculares é Losango;
z Todo Losango tem as diagonais nas bissetrizes Área de um Quadrado
dos ângulos internos;
z Todo Paralelogramo que tem as diagonais nas bis- A área de um Quadrado é dada pelo lado (L) ao
setrizes dos ângulos internos é Losango. quadrado.

B L C
Retângulo: um quadrilátero é um Retângulo
se, e somente se, possuir os quatro ângulos internos
congruentes.

B
L

L D

Figura 62. Área de um Quadrado


MATEMÁTICA

Observação: A área é dada por A = L2


D
Área de um Retângulo
Figura 60. Retângulo
A área de um Retângulo é dada pelo produto das
Observação 1: AB = CD e BC = AD suas dimensões, comprimento vezes largura, ou seja,
Observação 2: Â = B̂ = Ĉ = D̂ = 90° base vezes a altura. 147
B C A área de um Triângulo Retângulo também é
dada pelo produto da base pela altura, dividido por
dois.

h
b D

Figura 63. Área de um Retângulo

Observação: A área é dada por A = b · h


b
Área de um Paralelogramo
Figura 66. Área de um Triângulo Retângulo
Á área de um Paralelogramo é dada pelo produto
de uma base, ou seja, um lado, pela altura relativa. Observação: A área é dada por:

D b·h
A= 2
Área de um Losango

Á área de um Losango é dada pelo semiproduto


h
das diagonais.

B
B

b
Figura 64. Área de um Paralelogramo

Observação: A área é dada por A = b · h

Área de um Triângulo
D
Temos duas situações no caso do cálculo da área
do Triângulo.
A área de um Triângulo qualquer é dada pelo pro-
duto da base pela altura, dividido por dois.

h D

Figura 67. Área de um Losango


B
H

b
Observação 1: D é a diagonal maior e d é a diago-
Figura 65. Área de um Triângulo nal menor.
Observação 2: a área é dada por:
Observação: A área é dada por:
D·d
A= 2
b·h
A= 2
148
Área de um Trapézio

Temos duas situações no caso do cálculo da área


do Trapézio. P

A área de um Trapézio Isósceles é dada pela soma


r
das bases (maior e menor) multiplicada pela altura,
dividido por dois:

D
Figura 70. Área de um Círculo

Observação: A área é dada por A = π · r2


h
Área do Setor Circular

Á área do Círculo é dada pelo produto do raio r


B pelo arco L.

B
A
Figura 68. Área de um Trapézio Isósceles

Observação: A área é dada por: L


O

(b + B) · h r
A= 2
B
A área de um Trapézio Retângulo também é dada
pela soma das bases (maior e menor) multiplicada
pela altura, dividido por dois: Figura 71. Área de um Setor Circular

D Observação: A área é dada por A = L · r

FÓRMULA DE HERON (HIERÃO)

A área um triângulo de lados com medidas a, b e c


h e semiperímetro p será dada por:

A = √ p · (p – a) · (p – b) · (p – c)
B
b

Figura 69. Área de um Trapézio Retângulo

Observação: A área é dada por: c


MATEMÁTICA

(b + B) · h
A= 2
B
a
Área do Círculo
Figura 72. Triângulo ABC

Á área do Círculo é dada pelo produto de π pelo


Observação: o Semiperímetro é dado por p = a +
raio ao quadrado. b+c 149
CONGRUÊNCIA DE FIGURAS PLANAS J
η = 98.82 l = 4.6°
K
Ao considerarmos a congruência entre figuras λ = 30.55°
planas, dois elementos devem ser observados: os
lados e os ângulos correspondentes. Casos estes dois k = 3.03°
elementos apresentem mesma medida, constataremos
que as respectivas figuras planas são congruentes. j = 5.88
Vejamos algumas figuras planas relacionadas
abaixo (observe a igualdade existente entre lados e μ = 50.63°
ângulos): L

A Figura 74. Congruência entre duas figuras planas (Triângulos)


e=1
E
Q
α = 121.86°
2.29
Ϛ = 118.08°

d = 3,16 a = 6.66 2.29 v = 120° P


σ = 120°

R u = 120°
D ɛ = 136.09°
2.29
Υ = 69,17° B

2.29 p = 120° O
c = 4.17
δ = 94.8° b = 5.98 ξ = 120°
M o = 120° 2.29
C
2.29
N
C'

Q1
b' = 5.98 α1 = 121.86°
2.29
c' = 4.17
2.29
v1 = 120° P1
σ1 = 120°
B' Υ1 = 69,17°
D' R1
ɛ1 = 136.09° u1 = 120° 2.29

d' = 3,16
2.29 p1 = 120° O1
a' = 6.66 Ϛ1 = 118.08°

β1 = 94.8° ξ1 = 120°
E' M1 o1 = 120°
e' = 2 2.29
A'
2.29
N1
Figura 73. Congruência entre duas figuras planas (Pentágonos)

Figura 75. Congruência entre duas figuras planas (Hexágonos)

F
S
v = 1.67
g = 3.03
Ɵ = 98.82°
ϕ = 114.29°
h = 4.6 V
K = 50.63° η1 = 80.03°
H
s = 3.11
l = 30.55°
f = 5.88
u = 1,95
G
ω = 119.21°
Ψ = 46.47°
T
U t = 2.77

150
S' C’

v' = 1.67
θ1 = 114.29°
s' = 3.11

μ1 = 80.03° V'

B’
T' K1 = 46.47° C’
λ1 = 119.21°
u' = 1,95

t' = 2.77
U'
Figura 76. Congruência entre duas figuras planas (Quadriláteros)
C’
RAZÃO ENTRE ÁREAS A’

Razão entre áreas de dois Triângulos semelhantes Figura 78. Dois Polígonos Semelhantes

A razão entre as áreas de dois triângulos seme- Observação 1: Área do Polígono ABCDE: A1
lhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança. Observação 2: Área do Polígono A’ B’ C’ D’ E’: A2
Observação 3: Razão de Semelhança: k
Observação 4: Razão entre as áreas dos Polígonos
ABCDE e A’ B’ C’ D’ E’:

A1
A2
= k2
INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO

B Polígonos Inscritos (Inscrição) e Circunscritos


(Circunscrição)
A’

Abaixo seguem representados vários Polígonos


inscritos em uma circunferência.

C’ B’
Figura 77. Dois Triângulos Semelhantes

Observação 1: área do Triângulo ABC: A1


Observação 2: área do Triângulo A’ B’ C’: A2
Observação 3: razão de Semelhança: k
Observação 4: razão entre as áreas dos Triângulos
ABC e A’ B’ C’:

A1
A2
= k2
Razão entre Áreas de dois Polígonos Semelhantes B

A Razão entre as Áreas de dois Polígonos seme- Figura 79. Triângulo Equilátero inscrito em uma Circunferência
lhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança.
G

E
F
MATEMÁTICA

D
B

E
Figura 80. Quadrado inscrito em uma Circunferência 151
K G
L

J
H

D
I

Figura 81. Pentágono inscrito em uma Circunferência E


Figura 84. Quadrado circunscrito em uma Circunferência
Q

P
K
L
R

M J
H
N

Figura 82. Hexágono inscrito em uma Circunferência

Abaixo seguem representados vários Polígonos


I
circunscritos em uma Circunferência.
Figura 85. Pentágono circunscrito em uma Circunferência
C

A P

B M

Figura 83. Triângulo Equilátero circunscrito em uma Circunferência


N
Figura 86. Hexágono circunscrito em uma Circunferência

152
EXERCÍCIOS COMENTADOS Teorema de Pitágoras
a2 = b2 + c

1. (VUNESP – 2011) Meia pizza foi dividida em 3 fatias,


cada uma delas com um ângulo diferente, conforme Representação Varal
3m
vista de cima a
mostra a figura. b

c
4m
2x
Murilo utilizou o teorema de Pitágoras para descobrir
x – 20º o comprimento de corda de varal que ele terá disponí-
vel para colocar suas roupas. Sabendo-se que Murilo
Se a pizza inteira tivesse sido dividida em fatias iguais, colocará o varal bem esticado, se calcular corretamen-
todas com ângulo de x – 20°, então, o número de fatias te, descobrirá que terá de varal, em metros, o total de:
dessa pizza seria:
a) 5,0
a) 9 b) 5,5
b) 10 c) 6,0
c) 11 d) 6,5
d) 12 e) 7,0
e) 13
Perceba que o comprimento do varal é a hipotenu-
Note que meia pizza é uma semicircunferência. sa do triângulo retângulo formado na figura. Nesse
caso, temos catetos iguais a 3m e 4m. Pela definição
Logo, a soma dos três ângulos será igual a 180º.
de triângulo retângulo Pitagórico, a hipotenusa des-
Fazendo a soma dos ângulos e igualando a 180º,
se triângulo será igual a 5m. Veja que conhecendo
encontramos o valor de x.
a definição não é necessário fazer cálculo algum.
Desta maneira, temos:
Para fins didáticos, vamos resolver a questão utili-
x + 2x + x – 20º = 180º
zando o Teorema de Pitágoras:
4x – 20º = 180º
a2 = b2 + c2
4x = 200º
a2 = 32 + 42
x = 50º
a2 = 9 + 16
Uma pizza inteira representa uma circunferência.
a2 = 25
Sabemos que a circunferência possui 360º. Se a piz-
a = ±√25
za toda deve ser dividida em x – 20°, as fatias devem
a = ±5
possuir 50° – 20° = 30°
Como estamos tratando de medida, desconsidera-
Fazendo 360° = 12, concluímos que o número de mos o valor negativo.
30° Logo: a = 5
fatias dessa pizza seria igual a 12. Resposta: Letra
Resposta: Letra A.
D.
4. (VUNESP – 2015) As figuras, fora de escala, mos-
2. (ITAME – 2015) Sabendo-se que 8x, 6x e 4x são ângu-
tram as dimensões de dois terrenos, A e B, ambos
los de um triângulo, qual o valor do menor ângulo?
retangulares.
a) 10º
b) 20º
c) 30º X A B X + 7,5 m

d) 40º
50 m 40 m
A soma dos ângulos internos de um triângulo é
igual a 180°. Portanto, basta somar os ângulos for- Sabendo-se que os dois terrenos têm a mesma área e
necidos e igualar a 180°. Fazendo isso, encontrare- que, no terreno A, será construído um galpão cuja área
mos o valor de x. terá 1/6 da área dos dois terrenos juntos, então a área
4x + 6x + 8x = 180º do galpão, em metros quadrados, será:
18x = 180º
x = 10º a) 450
Pelo enunciado, sabemos que o menor ângulo deste b) 500
MATEMÁTICA

triângulo é igual a 4x. Se x = 10°, então: c) 360


4x = 4 · 10° = 40° d) 420
Resposta: Letra D. e) 480

3. (VUNESP – 2020) Murilo vai colocar um varal em Os dois terrenos possuem a mesma área. Logo, a
seu quintal. Ele já colocou os ganchos em duas pare- ÁreaA=ÁreaB. Sabemos que a área de um retângulo
des perpendiculares, conforme indicado pelas setas é dada por b · h (medida da base multiplicada pela
da imagem a seguir, de acordo com as distâncias medida da altura).
marcadas. Deste modo, teremos: 153
ÁreaA = ÁreaB an, an – 1, an – 2, ... ,a1, a0 : são números complexos
50x = 40 ⋅ (x+7,5) e coeficientes do polinômio
50x = 40x + 300
50x – 40x = 300 anxn, an – 1xn – 1, an – 2xn – 2, ... ,a1x, a0 : são os termos
10x = 300 do polinômio
x = 30 a0 é o termo independente
Sendo x = 30, e as duas áreas tendo a mesma medi-
da, ao descobrirmos a área de um terreno, teremos n∈N
a área do outro.
x∈C
ÁreaA = ÁreaB = 50 · x = 50 · 30 = 1500m2
1
Pelo o enunciado, a área do galpão terá 6 da soma Ex.:
das duas áreas.
Neste contexto, teremos:
1 1 p(x) = – 7x4 + 2x3 – x2 + 11x + 2, onde: a0 = 2,
ÁreaGalpão = (ÁreaA + ÁreaB) = · (1500 + 1500) = a1 = 11, a2 = –1, a3 = 2, a4 = –7
6 6
3000
= 500m 2 f(x) = 9x3 + 1, onde: a0 = 1, a1 = 0, a2 = 0, a3 = 9
6
Grau de um Polinômio
Resposta: Letra B.
Identificamos o Grau de um Polinômio P(x) ana-
5. (INSTITUTO EXCELÊNCIA – 2019) Observando o polí-
lisando o maior expoente da variável x que possui
gono abaixo, o valor de x será: coeficiente não-nulo, ou seja, diferente de zero. Repre-
sentamos o grau do polinômio por gr (P).
2x
Ex.:

11x + 25° 9x – 8° p(x) = 2x5 – 4x3 – x2 – 3 é um polinômio de grau 5:


gr(p) = 5

f(x) = – 2x4 + x é um polinômio de grau 4:


3x + 46° gr(f) = 4
15x – 3°
g(x) = x3 + x2 + x + 1 é um polinômio de grau 3:
gr(g) = 3
a) 11
b) 16
h(x) = – x2 é um polinômio de grau 2: gr(h) = 2
c) 12
d) Nenhuma das Alternativas t(x) = x – 3 é um polinômio de grau 1: gr(t) = 1

A soma dos ângulos internos de um polígono é dada q(x) = 7 é um polinômio constante, pois possui
por Si = 180° · (n – 2), onde n é o número de lados do apenas o termo independente. Logo seu grau é
polígono. Como temos um Pentágono, ou seja, um zero: gr(q) = 0
polígono de 5 lados, chegamos em:
Si = 180º ⋅ (n – 2) Valor Numérico de um Polinômio (Raiz)
15x – 3º + 3x + 46º + 11x + 25º + 2x + 9x – 8º = 180º
⋅ (5 – 2) Para obter o Valor Numérico de um Polinômio
40x + 60º = 180º ⋅ 3 P(x) basta substituir a variável x por um número k
40x = 540º – 60º qualquer e efetuar as operações indicadas. Simbolica-
40x = 480º mente esse valor numérico é representado por P(k), se
x = 12º P(k) for igual a zero, ou seja, P(k) = 0, dizemos que k é
Resposta: Letra C. uma Raiz do polinômio.

Ex.:

POLINÔMIOS Dado o polinômio 3x3 + 5x2 – x + 2, temos:

FUNÇÃO POLINOMIAL P(-2) = 3(-2)3 + 5(-2)2 – (-2) + 2


P(-2) = 3( -8) + 5(4) + 2 + 2
P (-2)= -24 + 20 + 4
Denominamos Polinômio (ou Função Polinomial) P(-2) = -24 = 24
em uma variável x e indicamos por P(x) toda expres- P(-2) = 0
são do tipo: Logo: -2 é raiz de P(x)

anxn + an-1xn-1 + an-2xn-2 + ⋯ + a1x + a0 Fazendo por exemplo P(1), temos:

154 Onde: P(1) = 3(1)3 + 5(1)2 – (1) + 2


P(1) = 3(1) + 5(1) – 1 + 2 P(x) + Q(x) = (9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1) +
P(1) = 3 + 5 1 (x5 + 2x3 – 7x2 – 12 )
P(1) = 9
Logo: 1 não é raiz de P (x) P(x) + Q(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 + x5 +2x3
– 7x2 – 12
Polinômios Idênticos
P(x) + Q(x) = (9x5 + x5) – 3x4 + (x3 + 2x3) + (-2x2 – 7x2)
Considere dois polinômios P(x) e Q(x), dizemos + 4x + (-1 – 12)
que esses dois Polinômios são Idênticos, se e somente
se, os coeficientes dos termos correspondentes forem P(x) + Q(x) = 10x5 – 3x4 + 3x3 – 9x2 + 4x – 13
iguais, ou seja:
Também podemos efetuar a soma da seguinte
P(x) = a0 + a1x + a2x2 + ⋯ + anxn maneira:
, temos:
Q(x) = b0 + b1x + b2x2 + ⋯ +bnxn
P(x): 9x5 -3x4 +1x3 -2x2 +4x -1
P(x) = Q(x) Q(x): 1x5 +0x4 +2x3 +7x3 +0x -12
-----------------------------------------------------------------------------------
⇕ P(x) + Q(x): 10x5 -3x4 +3x3 -9x2 +4x -13
a0 = b0, a1 = b1, a2 = b2, ⋯ , an = bn
Subtração de Polinômios
Sendo dois Polinômios idênticos, para qualquer
valor de x eles assumem o mesmo valor numérico.
Para a Subtração de Polinômios temos que reali-
zar a diferença dos coeficientes dos termos que apre-
Ex.:
sentam o mesmo grau.
Dados os polinômios:
Ex.:
 P ( x ) = ax 3
− 4x + 2 e Q3( x ) = 7 x 3 − 4 x + b
 P(x) = ax – 4x + 2 e Q(x) = 7x – 4x + b Dados: P(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 e Q(x) = x5
3

 + x5 + 2x3 – 7x2 - 12
 os mesmos serão iguais se, e somente se:
 os mesmos serão iguais se, e somente se:

a P(x) – Q(x) = (9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1) –
 a = 77=
= eeb b= 2 2
(x5 + 2x3 – 7x2 – 12 )
Polinômio Nulo
P(x) – Q(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 – x5 – 2x3
+ 7x2 + 12
Um polinômio P(x) será Nulo, se e somente se,
todos os seus coeficientes forem nulos. Representa-
P(x) – Q(x) = (9x5 – x5) – 3x4 + (x3 – 2x3) + (-2x2 + 7x2)
mos um polinômio nulo da seguinte maneira: P(x) =
0. É importante ressaltar que para um polinômio nulo + 4x + (-1 + 12)
não se define grau.
P(x) – Q(x) = 8x5 – 3x4 + x3 + 5x2 + 4x + 11
Ex.:
Também podemos efetuar a subtração da seguinte
maneira:
Dado o polinômio P (x) = (a – 3) x + (b + 5)x + c,
3 2

determine os valores de a, b e c, para que P (x) seja


nulo. P(x): 9x5 -3x4 +1x3 -2x2 +4x -1

Q(x): -1x5 +0x4 -2x3 +7x3 -0x +12


a–3=0⇒a=3 -----------------------------------------------------------------------------------
P(x) + Q(x): 8x5 -3x4 -x3 +5x2 +4x +11
P(x) = 0, se e somente se: b + 5 = 0 ⇒ b = -5

c=0 Multiplicação de Polinômios

Para a Multiplicação entre Polinômios basta mul-


OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS E
tiplicar todos os termos de um polinômio por todos
os termos do outro polinômio e fazer a soma destes
Adição de Polinômios termos no final.
MATEMÁTICA

Para a Adição de Polinômios temos que realizar a Ex.:


soma dos coeficientes dos termos que apresentam o
mesmo grau. Dados: P(x) = 5x3 – x2 e Q(x) = 2x7 = -4x5 -2x +9

Ex.: (5x3 – x2) . (2x7 – 4x5 – 2x +9) =

P(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 e Q (x) = x5 + 2x3 5x3 . (2x7) + 5x3 . (-4x5) + 5x3 . (-2x) + 5x3 . (9) -x2 . (2x7) –
– 7x2 – 12 x2 . (-4x5) -x2 . (-2x) – x2 . (9) = 155
(5 . 2 . x7 . x3) + [ 5 . (-4) x5 . x3] + [5 . (-2) x3 . x] x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 x2 + x – 1
+ (5 . 9 . X3) + (-2 . x2 . x7) + [ -1 . (-4) . x2 . x5]
+ [ -1 . (-2) . x2 . x ] + (9x2) = – x4 – x3 + x2 x2 + 3x + 2
3x3 + 5x2 + 0x
10x10 – 20x8 – 10x4 + 45x3 – 2x9 + 4x7 + 2x3 – 9x2 =
– 3x3 – 3x2 + 3x
10x10 – 2x9 – 20x8 = 4x7 – 10x4 + 45x3 + 2x3 – 9x2 =
2x2 + 3x + 9
10x10 – 2x9 – 20x8 + 4x7 – 10x4 + 47x3 – 9x2
– 2x2 – 2x + 2
x + 11
Divisão de Polinômios
Logo obtemos: quociente Q(x) = x2 + 3x + 2 e resto
Sejam A(x) e B(x) dois polinômios, sendo B(x) um R(x) = x + 11
polinômio não nulo. Ao fazermos a Divisão de A(x)
por B(x) encontraremos os polinômios Q(x) e R(x), tal Teorema do Resto
que:
O Teorema do Resto nos garante o seguinte:
quociente resto O resto da divisão de um polinômio P (x) por um
↑ ↑ binômio (x – a) é o próprio valor numérico do polinô-
A(x) = Q(x) ‧ B(x) + R(x) mio para x = a, que indicamos por P(a).
↓ ↓
dividendo divisor De acordo com a definição da divisão, temos:

Indicando no Método da Chave, temos: P(x) = (x – a) . Q (x) + R (x),


onde R (x) = k (constante), pois gr (x – a) = 1
A(x) B(X)
P(a) = (a – a) . Q (a) + k → P(a) = k
R(x) Q(x)
Logo R(x) = P(a)
Observações:
Ex.:
z O grau de Q(x) é igual a diferença dos graus de A(x)
e B(x). O resto da divisão do polinômio P(x) = 2x3 + 2x2,
z O grau de R(x) pra R(x) não nulo será sempre pelo binômio (x – 2) é dado pelo valor numérico do
menor que o grau do divisor B(x). polinômio P(x) para x=2, ou seja, para x igual a raiz
z Se a divisão é exata, o resto R(x) é nulo, ou seja, o do binômio.
polinômio A(x) é divisível pelo polinômio B(x).
Logo teremos:
Divisão pelo Método da Chave
P(2) = (2) ‧ P(2) = 2 ‧ (2)3 + 2 ‧ (2)2 = 2 ‧ 8 + 2 ‧ 4 = 16 + 8 = 24
Vamos dividir o polinômio A(x) = x4 + 4x3 + 4x2 + 9
pelo polinômio B(x) = x2 + x - 1 Logo, o resto R(x) = 24.
Para tanto façamos uso do Método da Chave:
Teorema de D’Alembert
z Passo 1: Escrevemos os polinômios na ordem
O Teorema de D’Alembert diz que a divisão de
decrescente de seus expoentes (nesse caso já um polinômio P(x) por um binômio (x – a) será exata
estão), e completemos o polinômio com termos de se, e somente se, P(a) = 0.
coeficiente zero:
Ex.:
A(x)= x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 e B(x) = x2 + x -1
A divisão do polinômio P(x) = x3 + x2 – 11x, pelo
z Passo 2: Dividimos o termo de maior grau do divi- binômio (x – 2) é exata, pois:
dendo pelo termo de maior grau do divisor. Assim
nós obtemos o primeiro termo do quociente, a P(2) = (2)3 + (2)2 – 11 ‧ 2 + 10 = 8 + 4 – 22 + 10 = 22 – 22 = 0
seguir multiplicamos o termo obtido pelo divisor,
e subtraímos esse produto do dividendo: Dispositivo Prático de Briot-Ruffini

Pelo dispositivo prático de Briot-Ruffini podemos


x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 x2 + x – 1 encontrar o quociente e o resto da divisão de um poli-
– x4 – x3 + x2 x2 nômio P(x) de grau n (n ≥ 1) por um binômio (x – a),
sendo (n – 1) o grau do quociente.
3x3 + 5x2
Ex.:
z Passo 3: Caso a diferença obtida tenha grau maior
ou igual ao do divisor, ela passa a ser um novo Vamos efetuar a seguinte divisão:
dividendo. Repetimos então o processo a partir do
156 segundo passo: (3x3 – 8x2 + 5x +6) : (x – 2)
z Passo 1: Determinamos a raiz do binômio (x – 2), Q(x) = 3x2 – 2x + 1 e R(x) = 8
que é o número 2. Colocamos a raiz do lado esquer-
do do dispositivo e, do lado direito, os coeficien- É importante entender que o grau do quociente sem-
tes de todos os termos do dividendo, em ordem pre será uma unidade inferior ao grau do dividendo.
decrescente de expoente:
EQUAÇÕES POLINOMIAIS TEOREMA
FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA, TEOREMA DA
raiz do binômio coenficientes do dividendo DECOMPOSIÇÃO E RAÍZES RACIONAIS
2 3 –8 5 6
Equações Polinomiais

z Passo 2: Abaixamos o primeiro coeficiente do divi- Denominamos Equação Polinomial toda equação
dendo e em seguida multiplicamos esse coeficiente reduzida a forma:
pela raiz e somamos o produto ao segundo coefi-
ciente do dividendo, escrevendo o resultado obti- anxn + an – 1xn – 1 + ... + a1x + a0 = 0
do abaixo desse:

Com an ≠ 0, sendo an, an – 1, ... , a1, a0 e x números


2 3 –856
complexos, n ∈ N* e sendo n o grau da equação.

3
Raiz ou Zero de uma Equação Polinomial (Raízes
Fazendo o produto do coeficiente e a raiz e soman- Reais) – Raízes Racionais
do com o segundo coeficiente, teremos:
A Raiz ou o Zero de uma equação polinomial é o
3 ‧ 2 + (– 8) = 6 – 8 = – 2 valor de x que a verifica, ou seja, que torna a igualda-
de válida.
O resultado obtido é colocado em baixo do segun-
do coeficiente, no caso o -8. Ex.:

2 3 –856 Na equação x2 – 5x + 6 = 0, 2 é uma raiz da equação,


3 –2 pois:

z Passo 3: Pegamos o resultado obtido, no caso o -2, (2)2 – 5 ‧ (2) + 6 = 4 – 10 + 6 = 10 – 10 = 0


multiplicamos pela raiz e somamos com o coefi-
ciente da terceira coluna, logo teremos: Entratanto, 1 não é raiz da equação, pois:

(– 2) ‧ 2 + 5 = – 4 + 5 = 1 (1)2 – 5 ‧ (1) + 6 = 1 – 5 + 6 = 7 – 5 = 2

O resultado obtido é colocado em baixo do terceiro Resolver uma equação polinomial é determinar
coeficiente, no caso o 5. todas as suas raízes, formando assim o conjunto solu-
ção ou conjunto verdade dessa equação.
2 3 –856
3 –21 TFA: Teorema Fundamental da Álgebra (ou Teorema
da Decomposição) – Fatoração de um Polinômio
z Passo 4: Pegamos o resultado obtido, no caso o 1,
multiplicamos pela raiz e somamos com o coefi- O Teorema Fundamental da Álgebra diz que
ciente da quarta coluna, logo teremos: toda equação polinomial P(x) = 0 de grau n ≥ 1 admite,
pelo menos, uma raiz complexa.
1‧2+6=2+6=8 Utilizando o Teorema Fundamental da Álgebra,
podemos demonstrar que um polinômio de grau n ≥
1 pode ser decomposto em um produto de fatores do
O resultado obtido é colocado em baixo do quarto
1º grau.
coeficiente, no caso o 6.
Ex.:
2 3 –856
3 –218 Seja a equação polinomial de grau n ≥ 1:

Fazendo o processo para o último coeficiente a P(x) = anxn + xn – 1xn – 1 + ... + a2x2 + a1x + a0 = 0
MATEMÁTICA

divisão está encerrada. Os três primeiro números


obtidos são os coeficientes do quociente e o último
Pelo TFA, existe um número x1 tal que P(x1) = 0.
número é o resto da divisão, para uma melhor visuali-
Assim, temos:
zação podemos separar da seguinte forma:
P(x) = (x – x1) ‧ Q1(x) = 0 (I)
2 3 –85 6
3 –21 8 Podemos concluir que x – x1 = 0 ou Q1(x) = 0, sendo
Logo, teremos: n > 1; Q1(x) não é um polinômio constante. 157
Logo, ele admite uma raiz x2, tal que: Ex.:

4a2 + 20a + 25 = (2a)2 + 2 ‧ (2a) ‧ (5) + (5)2 = (2a + 5)2


Q1(x) = (x – x2) ‧ Q2(x) (II)
= (2a + 5) ‧ (2a + 5)
Substituindo (I) em (II), temos: z Quadrado da Diferença

P(x) = (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ Q2(x) = 0 a2 – 2ab + b2 = (a – b)2 = (a – b) ‧ (a – b)

Procedendo do mesmo modo, podemos escrever: Ex.:

9x4 – 24x2 + 16 = (3x2)2 – 2 ‧ (3x2) ‧ (4) + (4)2 = (3x2 – 4)2 =


P(x) = (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ (x – x3) ‧ ... ‧ Qn(x)
(3x2 – 4) ‧ (3x2 – 4)

Sendo Qn uma constante e an o coeficiente de xn, z Cubo da Soma


pela identidade de polinômios temos: Qn = an .
(a + b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 + b3
Portanto:
Ex.:
P(x) = an ‧ (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ (x – x3) ‧ ... ‧ (x – xn)
27x3 + 54x2y + 36xy2 + 8y3 = (3x)3 + 3 ‧ (3x)2 ‧ (2y) + 3
Ex.: ‧ (3x) ‧ (2y)2 + (2y)3 = (3x + 2y)3 = (3x + 2y) ‧ (3x + 2y) ‧
(3x + 2y)
Considere o polinômio P(x) = 2x3 – 8x2 – 2x + 8, cujas
z Cubo da Diferença
raízes são:
(a – b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3
x1 = – 1, x2 = 1 e x3 = 4
Ex.:
Colocando P(x) na forma fatorada, temos:
27x3 – 54x2y + 36xy2 – 8y3 = (3x)3 – 3 ‧ (3x)2 ‧ (2y) + 3
‧ (3x) ‧ (2y)2 – (2y)3 = (3x – 2y)3 = (3x – 2y) ‧ (3x – 2y) ‧
P(x) = 2 ‧ [x – (– 1)] ‧ (x – 1) ‧ (x – 4) (3x – 2y)

P(x) = 2 ‧ (x + 1) ‧ (x – 1) ‧ (x – 4) z Soma de Cubos

a3 + b3 = (a + b) ‧ (a2 – ab + b2)
Produtos Notáveis – Fatoração de um Polinômio
Ex.:
z Fatoração
8x3 + 27 = (2x)3 + 33 = (2x + 3) ‧ [(2x)2 – (2x) ‧ 3 + 32] =
Consiste na transformação de uma soma (ou sub- (2x + 3) ‧ (4x2 – 6x + 9)
tração) de dois termos em um produto.
z Diferença de Cubos
z Fator Comum
a3 – b3 = (a – b) ‧ (a2 + ab + b2)
ax + ay = a ‧ (x + y) Ex.:

Exemplo: 5x + 5y = 5 ‧ (x + y) 8x3 – 27 = (2x)3 – 33 = (2x – 3) ‧ [(2x)2 + (2x) ‧ 3 + 32] =


(2x – 3) ‧ (4x2 + 6x + 9)
z Agrupamento
RELAÇÕES DE GIRARD, RELAÇÃO ENTRE
ax + ay + bx + by = a ‧ (x + y) + b ‧ (x + y) = (x + y) ‧ (a + b) COEFICIENTES E RAÍZES, FATORAÇÃO,
MULTIPLICIDADE DE RAÍZES E PRODUTOS
Ex.: NOTÁVEIS

3x + 3y + 7x + 7y = 3 ‧ (x + y) + 7 ‧ (x +y) = (x + y) ‧ (3 + 7) Relações de Girard (relação entre Coeficientes e


Raízes)
z Diferença de Quadrados
As Relações de Girard estabelecem relações entre
a2 – b2 = (a + b) ‧ (a – b) os coeficientes e as raízes de uma equação. As relações
de Girard são importantíssimas no estudo das equa-
Ex. 1: 4x2 – 25y2 = (2x)2 – (5y)2 = (2x – 5y) ‧ (2x + 5y) ções polinomiais, vejamos quais são essas relações:
Ex. 2: 23152 – 23142 = (2315 + 2314) ‧ (2315 – 2314) =
4629 ‧ 1 = 4629 1º caso:

z Quadrado da Soma Seja a equação do segundo grau: ax2 + bx + c = 0,


onde a ≠ 0, x1 e x2 são as raízes. Decompondo em fato-
158 a2 + 2ab + b2 = (a + b)2 = (a + b) ‧ (a + b) res do primeiro grau temos:
ax2 + bx + c = a ‧ (x – x1) ‧ (x – x2)

ax2 + bx + c = a ‧ (x2 – x ‧ x2 – x ‧ x1 + x1 ‧ x2)

ax2 + bx + c = a ‧ [x2 – (x1 + x2) ‧ x + x1 ‧ x2]

Dividindo ambos os membros por a, temos:

ax2 + bx + c a ‧ [x2 – (x1 + x2) ‧ x + x1 ‧ x2]


=
a a
b c
x2 + x+ = x2 – (x1 + x2) ‧ x + x1 ‧ x2
a a

Pela identidade de polinômios, temos:

b b b
= – (x1 + x2) ⇒ (x1 + x2) = – , a soma das raízes é –
a a a
c c c
= x1 ‧ x2 ⇒ x1 ‧ x2 = , o produto das raízes é
a a a

2º caso:

Seja a equação do terceiro grau: ax3 + bx2 + cx + d = 0, onde a ≠ 0, x1, x2 e x3 são as raízes. Decompondo em
fatores do primeiro grau temos:

ax3 + bx2 + cx + d = a ‧ (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ (x – x3)

ax3 + bx2 + cx + d = a ‧ [(x3 – (x1 + x2 + x3)x2 +


(x1x2 + x1x3 + x2 ‧ x3) x – x1 ‧ x2 ‧ x3)]

Dividindo ambos os membros por a, temos:

ax3 + bx2 + cx + d a ‧ [(x3 – (x1 + x2 + x3)x2 + (x1x2 + x1x3 + x2x3)x – x1 ‧ x2 ‧ x3)]


=
a a
b c d
x3 + x2 + x+ = x3 – (x1 + x2 + x3)x2 + (x1x2 + x1x3 + x2 ‧ x3)x – x1 ‧ x2 ‧ x3
a a a

Pela identidade de polinômios, temos:

b b
= – (x1 + x2 + x3) ⇒ (x1 + x2 + x3) = – ,
a a
c c
= x1x2 + x1x3 + x2x3 ⇒ x1x2 + x1x3 + x2x3 = ,
a a
d d
= – (x1 ‧ x2 ‧ x3) ⇒ x1 ‧ x2 ‧ x3 = –
a a
MATEMÁTICA

Ex.:

Vamos utilizar as relações de Girard para as seguintes equações:

a) x2 – 5x + 6 = 0

As raízes são x1 e x2, os coeficientes são a = 1, b = – 5 e c = 6. Pelas relações de Girard, temos: 159
b (– 5)
x1 + x2 = – ⇒ x1 + x2 = – = – (– 5) = 5 P(a + bi) = 0 + p(a + bi) + q = 0
a 1
pa + q + pbi = 0
c 6
x1 ‧ x2 = ⇒ x1 ‧ x2 = =6
a 1 pa + q = 0 (I)

b) 2x3 – 7x2 + x – 2 = 0 pbi = 0 (II)

Em (II) p = 0, substituindo em (I), temos q = 0.


As raízes são x1, x2 e x3, os coeficientes são a = 2,
b = –7, c = 1 e d = –2. Pelas relações de Girard, temos: Logo R(x) = 0, portanto P(x) é divisível por (x – a –
bi) e por (x – a + bi), de onde concluimos que: a – bi é
b (– 7) – (– 7) 7 raiz da equação P(x) = 0.
x1 + x2 + x3 = – ⇒ x1 + x2 + x3 = – = =
a 2 2 2
Ex.:
c 1
x1x2 + x1x3 + x2x3 ⇒ x1x2 + x1x3 + x2x3 =
a 2
As raízes da equação x2 – 4x + 5 = 0, são dois núme-
d (– 2) – (– 2) 2 ros complexos conjugados:
x1 ‧ x2 ‧ x3 = – ⇒ x1 ‧ x2 ‧ x3 = – = = =1
a 2 2 2
– (– 4) ± √(– 4)2 – 4 ‧ 1 ‧ 5 4 ± √16 – 20
x= = =
Multiplicidade de uma raiz (ou de raízes) 2‧1 2
4 ± √– 4 4 ± √4 ‧ (– 1) 4 ± √4 ‧ √– 1 4 ± 2i
Um polinômio P(x), na forma fatorada, pode apre- = = =
2 2 2 2
sentar fatores repetidos. A quantidade de fatores que
se encontrarão repetidos na forma fatorada, define a 4 + 2i 2(2 + i)
x1 = = =2+i
Multiplicidade de uma Raiz. 2 2
Ex.: 4 – 2i 2(2 – i)
x2 = = =2–i
2
2 2
a) Seja P(x) = x – 10x + 25

P(x) na forma fatorada é (x – 5) ‧ (x – 5), dizemos Portanto x1 = 2 + i e x2 = 2 – i


então que 5 é raiz dupla, ou seja, de multiplicidade 2.
Consequências:
3 2
b) Seja P(x) = x – 5x + 3x + 9
z Sendo o complexo z = a + bi (b ≠ 0), com multíplici-
P(x) na forma fatorada é (x – 3) ‧ (x – 3) ‧ (x + 1), obser- dade m raiz de uma equação polinomial de coefi-
ve que existem dois fatores iguais a (x – 3) e um fator (x + cientes reais, então o conjugado z = a – bi, também
1). Dizemos então que 3 é raiz dupla, ou de multiplicida- é raiz dessa equação com a mesma multiplicidade.
de 2 e – 1 é raiz simples, ou de multiplicidade 1. z Uma equação polinomial de coeficientes reais pos-
sui um número par de raízes complexas.
RAÍZES IMAGINÁRIAS E TEOREMA DE BOLZANO z Uma equação polinomial de grau ímpar admite
pelo menos uma raiz real.
Raízes Complexas (ou Raízes Imaginárias)
Teorema de Bolzano
Seja z = a + bi (a, b ∈ R e b ≠ 0) raiz da equação P(x)
= 0 de coefícientes reais, temos que z = a – bi, também Seja P(x) = 0 uma equação polinomial com os seus
é raiz dessa equação. coeficientes reais em um intervalo (a,b) real e aberto.

Desta forma, podemos dizer que as Raízes Comple- z Se P(a) e P(b) tiverem o mesmo sinal, existirá um
xas “aparecem sempre em dupla”: se um complexo (z número par de raízes reais ou não existem raízes
= a + bi) é raiz de um Polinômio, seu conjugado (z = da equação nesse intervalo.
a – bi) também será. z Se P(a) e P(b) tiverem sinais contrários, existirá
um número ímpar de raízes reais nesse intervalo.
Vejamos:
Ex.:
P(x) = (x – a – bi) ‧ (x – a + bi) ‧ Q(x) + px + q

P(x) = (x2 – 2ax + a2 + b2) ‧ Q(x) + px + q a) Quantas raízes reais a equação 3x3 – 13x2 + 19x – 5
= 0 pode apresentar no intervalo ]0,1[. Aplicando o
160 Portanto: Teorema de Bolzano, temos:
p(0) = 3 ‧ (0)3 – 13 ‧ (0)2 + 19 ‧ (0) – 5 = – 5 P(3) = 4(3)4 + 3(3)3 – 2(3)2 + (3) – 4
P(3) = 4 ‧ 81 + 3 ‧ 27 – 2 ‧ 9 – 1
p(1) = 3 ‧ (1)3 – 13 ‧ (1)2 + 19 ‧ (1) – 5 = 3 – 13 + 19 – 5 P(3) = 324 + 81 – 18 – 1
= 22 – 18 = 4 P(3) = 405 – 19
P(3) = 386
Como p(0) e p(1) possuem sinais contrários, a equa-
ção pode ter uma ou três raízes reais no intervalo dado Resposta: Letra A.

b) Quantas raízes reais a equação x2 – 4x + 5 = 0 pode 3. (CETRO – 2014) Dados os polinômios A(x) = 2x3 – (b
apresentar no intervalo ]–1,3[. Aplicando o Teore- – 1)x + 2 e B(x) = ax3 + 2x + 2, e sabendo que A(x) –
ma de Bolzano, temos: B(x) é um polinômio identicamente nulo, o valor de (a
+ b) é igual a:
p(– 1) = (– 1)2 – 4 ‧ (– 1) + 5 = 1 + 4 + 5 = 10
a) 1
p(3) = (3)2 – 4 ‧ (3) + 5 = 9 – 12 + 5 = 14 – 12 = 2 b) 2
c) 3
Como p(– 1) e p(3) possuem sinais iguais, a equação d) 4
pode ter duas ou nenhuma raiz real no intervalo dado. e) 5

Se A(x) – B(x) é um polinômio identicamente nulo,


podemos concluir que A(x) = B(x). Pela igualdade de
EXERCÍCIOS COMENTADOS polinômios temos:

1. (VUNESP – 2013) O resto da divisão do polinômio P(x) 2x3 – (b – 1)x + 2 = ax3 + 2x – 2


= x4 + 2x3 + mx2 – 2 pelo binômio (x + 1) é igual a 8,
sendo m uma constante real, então m vale: Como os polinômios são iguais, podemos comparar
os coeficientes das variáveis.
a) 8 Logo, temos que:
b) 10
c) 11
2=a⇒a=2
d) 7
– (b – 1) = 2 ⇒ – b + 1 = 2 ⇒ b = – 1
e) 9

Pelo Teorema do Resto, temos que o resto da divisão Portanto (a + b) = 2 + (– 1) = 2 – 1 = 1 Resposta: Letra
de um polinômio P(x) de grau maior e igual a 1, pelo A.
binômio do primeiro grau b ‧ (x – a), com b diferente
de zero, é o valor numérico de P(x) para x igual a 4. (FUNDEP – 2014) Dividindo-se o polinômio P(x) por (x
raiz do divisor. Se (x + 1) divide P(x), logo temos que – 1), obtêm-se como quociente x2 + 3x + 3 e resto 4. O
-1 é uma raiz de P(x). Fazendo P(– 1) = 8, temos: polinômio P(x) é:

P(– 1) = 8 a) x3 + 2x2 + 1
x4 + 2x3 + mx2 – 2 = 8 b) x3 + 2x2 – 3
(– 1)4 + 2(– 1)3 + m(– 1)2 – 2 = 8 c) x2 + 4x + 6
1–2+m–2=8 d) x2 + 2x
m–3=8
m = 11
Pelo enunciado, temos:
Resposta: Letra C
D(x) = x – 1
Q(x) = x2 + 3x + 3
2. (MS CONCURSOS – 2011) Considere o polinômio P(x)
R(x) = 4
– 4x4 + 3x3 – 2x2 + x + k. Sabendo que P(1) = 2, então
o valor de P(3) é:
Utilizando o algoritmo da divisão temos que:
a) 386
b) 405 P(x) = D(x) ‧ Q(x) + R(x)
c) 324
d) 81 Logo, teremos:
e) 368

Fazendo primeiro P(1) = 2, temos: P(x) = (x – 1) ‧ (x2 + 3x + 3) + 4


MATEMÁTICA

4(1)4 + 3(1)3 – 2(1)2 + (1) + k = 2 P(x) = x ‧ x2 + 3x ‧ + 3 ‧ x – x2 – 3x – 3 + 4


4+3–2+1+k=2
k+6=2
k=–4 P(x) = x3 + 3x2 + 3x – x2 – 3x – 3 + 4

Se k = 4, temos que P(x) = 4x4 + 3x3 – 2x2 + x – 4. P(x) = x3 + 2x2 + 1


Fazendo P(3), teremos:
Resposta: Letra A. 161
5. (MS CONCURSOS – 2011) Através do dispositivo de d) 31.
Briot-Ruffini é possível obtermos o quociente Q(x) e o e) 36.
resto R(x) da divisão de um polinômio P(x) por um poli-
nômio D(x), como na figura. 4. (DECEX — 2019) O número irracional p = √7 – √24
pode ser escrito sob a forma de radicais simples.
–1 1 0 –3 2 0 4 Considerando a afirmativa acima, avalie as asserções
e a relação proposta entre elas.
1 –1 –2 4 –4 8
I. O valor de “p” na forma de radicais simples é √6 – 1
a) O polinômio P(x) possui grau 4
b) A raiz do polinômio D(x) é igual a 2
c) O resto R(x) da divisão de P(x) por D(x) é igual a 8 PORQUE
d) O quociente Q(x) é um polinômio de grau 2
II. Em algumas expressões com radicais duplos, a fato-
Vamos analisar cada uma das afirmações: ração pode ser desenvolvida por meio de uma equiva-
lência com a expressão (x – y)3 = x3 – 3 ‧ x2 ‧ y + 3 ‧ x ‧
a) (F) Pela figura podemos perceber que o polinômio
y2 – y3
possui seis coeficientes, são eles: 1, 0, -3, 2, 0, 4, logo
se trata de um polinômio de grau 6.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa
b) (F) Pelo dispositivo prático de Brioti-Ruffini sabe- correta.
mos que a raiz é o primeiro número que aparece da
esquerda para a direita, na primeira linha, nesse a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II
caso o -1. Logo a raiz do polinômio é -1. é uma justificativa da I.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a
c) (V) O resto da divisão pelo dispositivo prático II não é uma justificativa da I.
de Brioti-Ruffini, sempre será o último número da c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma
segunda linha, abaixo do último coeficiente do poli- proposição falsa.
nômio. Nesse caso o resto da divisão realmente é 8. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma pro-
posição verdadeira.
d) (F) O coeficientes do quociente de uma divisão
e) As asserções I e II são proposições falsas.
pelo dispositivo prático de Brioti-Ruffini, sempre
aparecerão na segunda linha, os coeficientes são os
valores que estão entre as duas barras, são eles: 1, 5. (DECEX — 2016) Sendo n um número natural, n! equi-
-1, -2, 4 e -4, como aparecem cinco coeficientes, logo vale a n.(n – 1).(n – 2). ... .2.1 e ainda 0! = 1 e 1! = 1,
o grau do coeficiente é 5. Resposta: Letra C. então identifique a afirmativa verdadeira.

a) 5! = 120.
b) 4! = 10.
HORA DE PRATICAR! c) 3! = 7.
d) 2! = 3.
1. (DECEX — 2019) Com base nas definições de opera- e) 6! = 600.
ções com conjuntos, assinale a alternativa que repre-
sente uma igualdade verdadeira. 6. (DECEX — 2019) Suponha um funcionário que trabalha
220 horas por mês, receba R$ 3.000,00 mensalmente
a) A ∪ (AC ∩ B) = A ∪ B e que a convenção coletiva da categoria estipule para
b) A ∪ (AC ∩ B) = A ∩ B as duas primeiras horas extras a remuneração de 50%
c) A ∪ (A ∩ B) = B sobre o valor da hora normal e 100% para as seguin-
d) (A ∩ U) ∩ (AC ∩ Ø) = A tes. Nesse cenário, qual será o valor da segunda hora
e) (A ∩ U) ∩ (BC ∩ A) = Ø extra de trabalho?
2. (DECEX — 2019) Seja p = a003b um número de 5 alga-
a) R$ 6,82.
rismos. Sabendo que p é um número divisível por 3, é
b) R$ 13,60.
correto afirmar que a soma a + 3 + b é divisível por
c) R$ 20,45.
d) R$ 24,80.
a) 2.
e) R$ 27,27.
b) 3.
c) 5.
d) 7. 7. (DECEX — 2019) Uma empresa que possui uma capaci-
e) 8. dade de produção de 2.000 unidades por mês, mas atual-
mente opera com 60% dessa capacidade e possui custo
3. (DECEX — 2019) Seja o conjunto dos números natu- fixo total de R$ 18.000 por mês, conseguiria reduzir em
rais dado por N = {0, 1, 2, 3...} e sejam α, β, θ ∈ N, o quanto o preço do seu produto, por unidade, caso ope-
número 240 pode ser decomposto em fatores primos rasse com 80% da sua capacidade total de produção?
da seguinte forma: 240 = 2α . 3β . 5θ . Assim, é correto
afirmar que ( α + β + θ )2 é igual a a) R$ 15,00
b) R$ 11,25
a) 19. c) R$ 6,00
b) 21. d) R$ 5,50
162 c) 25. e) R$ 3,75
8. (DECEX — 2019) Em um complexo sistema de lava- 13. (DECEX — 2016) Sejam as funções reais dadas por f(x)
gem de carro, cinco funcionários empregam cinco = 5x + 1 e g(x) = 3x – 2. Sem = f(n), então g(m) vale:
mangueiras concomitantemente para a lavagem com-
pleta de um veículo, porém com vazões distintas. O a) 15n + 1
primeiro gasta 30 minutos para lavar todo o carro; o b) 14n – 1
c) 3n – 2
segundo, 45 minutos; o terceiro, 60 minutos; o quarto,
d) 15n – 15
75 minutos; e o quinto, 90 minutos.
e) 14n – 2
Estando um veículo completamente sujo, os cinco fun-
cionários ligam as mangueiras simultaneamente. Hou-
14. (DECEX — 2016) Funções bijetoras possuem função
ve um problema, e os três últimos funcionários citados inversa porque elas são invertíveis, mas devemos
precisaram se ausentar após 5 minutos e fecharam as tomar cuidado com o domínio da nova função obtida.
três últimas mangueiras. Assinale a alternativa que Identifique a alternativa que apresenta a função inver-
indique corretamente o tempo necessário para que os sa de f(x) = x + 3.
outros funcionários terminem a lavagem.
a) f(x)–1 = x – 3.
a) exatos 9 minutos b) f(x)–1 = x + 3.
b) 9 minutos e 20 segundos c) f(x)–1 = –x – 3.
c) 9 minutos e 10 segundos d) f(x)–1 = –x + 3.
d) 8 minutos e 42 segundos e) f(x)–1 = 3x
e) exatos 8 minutos
15. (DECEX — 2019) Sejam as matrizes A = 3 [
2 0 ]
1 eB=

9. (DECEX — 2019) A tropa “Alfa”, formada por 9 sol-


dados e 1 cabo em uma atividade de campo, possui
[3 4 ]
1 0 , assinale a alternativa que indique corretamente

suprimento de alimentação para sobreviver durante os o valor de A2 + 2AB + B2.


40 dias de treinamento da quarentena. Após os primei-
ros 4 dias, outros dois companheiros que estavam na
patrulha “Charle” se perdem e se juntam à tropa “Alfa”.
a) [24
25 18]
11

Se o consumo diário por pessoa se mantiver o mesmo,


a alimentação será suficiente para alimentar todos por
b) [ 312 72 ]
a) 2 dias.
c) [ 23
22 0 ]
21

b)
c)
5 dias.
10 dias.
d) [ 79 -50 ]
d)
e)
16 dias.
30 dias.
e) [ 273 11
20 ]

[ ]
10. (DECEX — 2016) Uma herança de R$ 193.800,00 será 1 0 0 0
0 -5 0 0 .
repartida integralmente entre três herdeiros em partes 16. (DECEX — 2019) Seja a matriz A = 3 -2 2 0
diretamente proporcionais às suas respectivas idades: 7 8 -3 4
30 anos, 35 anos e 37 anos. O herdeiro mais velho X + 1, assinale a alternativa
Sendo p = det(A) e f(x) = 10
receberá:
que indique corretamente o valor de f(p).
a) R$ 70.500,00
b) R$ 70.300,00 a) –1
c) R$ 57.000,00 b) –2
c) –3
d) R$ 66.500,00
d) –4
e) R$ 90.300,00
e) –5
11. (DECEX — 2016) Utilizando os valores aproximados
17. (DECEX — 2019) Sendo z1 e z2 dois números comple-
log2 = 0,30 e log3 = 0,48, encontramos para log∛12 o
xos, dados por z1 = 3 + 4i e z2 = 2 – 3i , é correto afirmar
valor de:
que |z1 ‧ z2| é igual a:
a) 0,33
b) 0,36 a) 5√3
c) 0,35 b) 7√13
c) 9√2
d) 0,31
d) 5√13
e) 0,32
e) 7√7
MATEMÁTICA

12. (DECEX — 2016 Em uma progressão aritmética cujo


primeiro termo é 1,87 e a razão é 0,004, temos que a 18. (DECEX — 2016) O conjunto solução da equação x3 –
soma dos seus dez primeiros é igual a: 2x2 – 5x + 6 =0 é:

a) 18,88 a) S={–3; –1; 2 }


b) 9,5644 b) S={–0,5; –3; 4 }
c) 9,5674 c) S={–3; 1; 2 }
d) 18,9 d) S={–2; 1; 3}
e) 18,99 e) S={0,5 ; 3; 4 } 163
19. (DECEX — 2016) Duas esferas de raios 3 cm e ²√51 cm
fundem-se para formar uma esfera maior. Qual é o raio
da nova esfera?

a) ²√78
b) ²√36
c) ²√68
d) ²√104
e) ²√26

20. (DECEX — 2019) Sejam A, B ∈ R3 dois pontos dados


por A = (4, -2, 1) e B = (3, 5, 2) e →
v = (2, -2, 0), o produto
→ →
escalar dado por v AB será

a) −12.
b) −13.
c) −14.
d) −15.
e) −16.

9 GABARITO

1 A

2 B

3 E

4 B

5 A

6 C

7 E

8 B

9 E

10 B

11 B

12 A

13 A

14 A

15 A

16 C

17 D

18 B

19 A

20 E

ANOTAÇÕES

164
No que se refere aos estudos que focam na com-
preensão e semântica, os principais tópicos são: semân-
tica dos sentidos e suas relações; coerência e coesão;
gêneros textuais (mais abordados em provas de concur-
sos); tipos textuais e, ainda, as variações linguísticas e
LÍNGUA PORTUGUESA suas consequências para o sentido.
Todos esses assuntos completam o estudo basilar
de semântica com foco em provas e concursos, sempre
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a
estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de pra-
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
ticar seus conhecimentos realizando os exercícios de
ANÁLISE DE TEXTOS; LEITURA, cada tópico, bem como, a seleção de exercícios finais,
INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE selecionados especialmente para que este material
cumpra o propósito de alcançar sua aprovação.
DOS SIGNIFICADOS PRESENTES
EM UM TEXTO E O RESPECTIVO INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO
RELACIONAMENTO COM O UNIVERSO
A inferência é uma relação de sentido conhecida
EM QUE O TEXTO FOI PRODUZIDO
desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
interpretação de texto.
INTRODUÇÃO

A interpretação e a compreensão textual são aspec- Dica


tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- Como já mencionamos, interpretar é buscar ideias,
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos
pistas do autor do texto, nas linhas apresentadas.
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer
Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse
subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e
A primeira e mais importante delas é identificar a
a aprovação. Além disso, seja a compreensão textual,
orientação do pensamento do autor do texto, que fica
seja a interpretação textual, ambas guardam uma rela-
perceptível quando identificamos como o raciocínio
ção de proximidade com um assunto pouco explorado
dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
pelos cursos de português: a semântica, que incide suas
da análise de dados, informações com fontes confiáveis
relações de estudo sobre as relações de sentido que a
ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
forma linguística pode assumir.
das consequências, a fim de se identificar as causas.
Portanto, neste material você encontrará recursos
Por isso, é preciso compreender como podemos
para solidificar seus conhecimentos em interpreta-
ção e compreensão textual, associando a essas temá- interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que, que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
precisa ser reconhecido por quem o lê. ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma A partir disso, selecionamos estratégias de leitura
breve diferença entre os termos compreensão e inter- que foquem nas formas de inferência sobre um texto.
pretação textual. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo o processo de inferência, que se dá por dedução ou
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
material, ainda que existam relações de sinonímia
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor O marido da minha chefe parou de beber.
por um termo ao invés de outro reflete um sentido
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a Observe que é possível inferir várias informações.
interpretação realiza ligações com o texto a partir A primeira é que a chefe do enunciador é casada (infor-
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. mação comprovada pela expressão “marido”), a segun-
LÍNGUA PORTUGUESA

Já a compreensão busca a análise de algo exposto no da é que o enunciador está trabalhando (informação
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma comprovada pela expressão “minha chefe”) e a terceira
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- é que o marido da chefe do enunciador bebia (expres-
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos são comprovada pela expressão “parou de beber”).
essencialmente relacionados à significação das palavras Note que há pistas contextuais do próprio texto que
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica. induzem o leitor a interpretar essas informações.
Sabendo disso, é importante separarmos os con- Tratando-se de interpretação textual, os processos
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou com- de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
preensivo. Neste material, você encontrará um forte tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
conteúdo que relaciona semântica e interpretação, con- interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
tendo questões sobre os assuntos: inferência; figuras texto junto da articulação com as informações acessa-
de linguagem; vícios de linguagem; e intertextualidade. das pelo leitor do texto. 165
A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
A propriedade vocabular leva o cére-
senta como ocorre a relação desses processos: PROCURE bro a aproximar as palavras que têm
SINÔNIMOS maior associação com o tema do
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
texto.
Os conectivos (conjunções, prepo-
INFERÊNCIA
ATENÇÃO AOS sições, pronomes) são marcadores
INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA CONECTIVOS claros de opiniões, espaços físicos e
localizadores textuais.
A partir desse esquema exclusivo, conseguimos visua-
A DEDUÇÃO
lizar melhor como o processo de interpretação ocorre.
Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo as A leitura de um texto envolve a análise de diversos
estratégias que compõem cada maneira de inferir infor- aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
mações de um texto. maneira implícita no enunciado.
Por isso, vamos apresentar nos tópicos seguintes
como usar estratégias de cunho dedutivo, indutivo e, Dica
ainda, como articular a isso o nosso conhecimento de
Em questões de concurso, as bancas costumam
mundo na interpretação de textos.
procurar nos enunciados implícitos do texto aspec-
tos para abordar em suas provas.
A INDUÇÃO
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
As estratégias de interpretação que observam
conhecimentos prévios a partir de uma informação
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- forme, Kleiman (2016, p. 47):
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no
texto e que variam conforme o tipo textual. Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
identificar uma organização cronológica e espacial no tema; ele estará também postulando uma possí-
vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo,
vando seu conhecimento prévio, e na testagem
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação conhecimento.
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu-
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado Fique atento a essa informação, pois é uma das
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
ideia/ponto de vista. pretação textual: formular hipóteses, a partir da
No processo interpretativo indutivo, as ideias são macroestrutura textual, ou seja, antes da leitura ini-
cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
organizadas a partir de uma especificação para uma
ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
generalização. Vejamos um exemplo:
entre outras informações que podem vir como “aces-
sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa
leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
espécie de animal. O que observei neles, no tempo
tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
te para não os amar, nem os imitar. São em geral um objetivo mais definido.
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de O processo de interpretação por estratégias de dedu-
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
detalhados e impotentes para generalizar, cur-
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, z Conhecimento Linguístico;
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia- z Conhecimento Textual;
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo z Conhecimento de Mundo.
critério de beleza.
(BARRETO, 2010, p.21) O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
O trecho em destaque na citação do escritor Lima Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
Conhecimento Linguístico
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
indutivo compõe a interpretação e decodificação de Esse é o conhecimento basilar para compreensão
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté- e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
166 ção cronológica de um texto. nhecimento das regras de uma língua.
É importante salientar que as regras de reconhe- Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
cimento sobre o funcionamento da língua não são, conhecimento de mundo que é relevante para a com-
necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras preensão textual é ativado, por isso, é natural ao nosso
que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por- cérebro associar informações, a fim de compreender
tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a, o novo texto que está em processo de interpretação.
que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver- A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-
bo-objeto (SVO) etc. cício para atestarmos a importância da ativação do
Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento conhecimento de mundo em um processo de interpre-
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede:
sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15). fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
Um exemplo em que a interpretação textual é preju- tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir: nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).

Agora tente responder as seguintes perguntas


sobre o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao vol-
Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acessado em: 22/09/2020. tar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo
do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- prévio que é essencial na interpretação de questões.
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar
e entender o que está escrito, assim, o conhecimento
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas EXERCÍCIOS COMENTADOS
são algumas estratégias de interpretação em que
podemos usar métodos dedutivos. 1. (FGV – 2019) “Quando se julga por indução e sem o
necessário conhecimento dos fatos, às vezes chega-
Conhecimento Textual -se a ser injusto até mesmo com os malfeitores”. Indu-
ção é um processo lógico que parte do particular para
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conhecimen- o geral, como ocorre no seguinte raciocínio:
to linguístico e se desenvolve pela experiência leitora.
Quanto maior exposição a diferentes tipos de textos, a) Todos os dias o metrô está cheio; hoje deve estar
melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhecimento, também;
o leitor desenvolve sua habilidade porque prepara sua b) Após as chuvas, as ruas ficam alagadas; hoje deve ter
leitura de acordo com o tipo de texto que está lendo. Não chovido durante toda a noite;
se lê uma bula de remédio como se lê uma receita de c) A torcida do Corinthians está presente em todos os
bolo ou um romance. jogos; domingo não deve ser diferente;
Não se lê uma reportagem como se lê um poema. Em d) O estacionamento do restaurante está cheio de carros;
LÍNGUA PORTUGUESA

outras palavras, esse conhecimento relaciona-se com a o lucro desse restaurante deve ser alto;
habilidade de reconhecer diferentes tipos de discursos, e) Os carros brasileiros ainda mostram deficiências; o
estruturas, tipos e gêneros textuais. meu automóvel enguiçou ontem.

Conhecimento de Mundo Indução é um processo lógico que parte do particu-


lar para o geral. Se houver alguma dúvida na reso-
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental lução, é só ir por exclusão das alternativas
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre a) Todos os dias.../ hoje...
importante que o candidato a cargos públicos reserve b) as ruas/ toda a noite
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes c) em todos os jogos/ domingo...
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- d) Resposta certa
tar seu conhecimento de mundo. e) Os carros.../ meu automóvel...Resposta: Letra D. 167
2. ((CESPE-CEBRASPE – 2014) Julgue o item, relativo
à dedução e indução. Importante!
A conclusão de um argumento dedutivo é uma con-
sequência necessária da verdade da conjunção das Nem sempre há correspondência entre o núme-
premissas, o que significa que, sendo verdadeiras ro de fonemas e de letras. Ex.: a palavra carro-
as premissas, é impossível a conclusão ser falsa. ça tem 7 letras, porém só apresenta 6 fonemas
[karosa].
( ) CERTO ( ) ERRADO

Pois o pensamento dedutivo parte do conheci- Conhecer o alfabeto fonético internacional e as


mento geral, visando ao conhecimento particular, regras de transcrição fonética são passos importan-
assim, para a lógica dedutiva as premissas verda- tes para compreender outros processos da ortografia,
deiras não podem gerar enunciados falsos. Respos- bem como da divisão silábica.
ta: Certo.
VOGAL, SEMIVOGAL E CONSOANTE
3. (UFPE – 2018 - Adaptada) Na temática da Lógica,
leia o texto a seguir sobre os tipos de inferência: A vogal é o núcleo da sílaba em língua portuguesa.
A dedução e a indução são conhecidas com o nome Não há sílaba sem vogal; o som das vogais é puro, ou
de inferência, isto é, concluir alguma coisa a partir
seja, sem obstáculos sonoros. As vogais são: a, e, i, o, u.
de outra já conhecida. Sobre a indução e a dedu-
A semivogal é um som de vogal que perdeu a força
ção, entende-se como inferências mediatas.
sonora da vogal, juntam-se a uma vogal e são pronun-
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1996, p. 68.)
Adaptado. ciadas com menos força. São semivogais clássicas: /i/
e /u/.
A autora acima enfatiza a singularidade dos tipos de Consoantes são os sons emitidos com obstáculos;
inferência no âmbito da razão discursiva. Sobre isso, em nossa língua há 21 consoantes: b, c, d, f, g, h, j, k, l,
observe a seguinte inferência: m, n, p, q, r, t, v, x, y, z, w.
Sócrates é homem e mortal O encontro na mesma sílaba de duas consoantes,
Platão é homem e mortal como RR, LH, PR etc. configura um encontro conso-
Aristóteles é homem e mortal nantal. Dentre os encontros consonantais, destaca-se
Logo, todos os homens são mortais. os dígrafos, que são o encontro de duas consoantes
que representam um único som, como: CH, NH, LH,
A inferência expressa o raciocínio: SC, SÇ, XC, XS, RR, SS, QU, GU.
Já o encontro de duas vogais origina um encontro
a) Dialético.
vocálico, que pode ser:
b) Disjuntivo.
c) Indutivo.
z Tritongo: três sons vocálicos na mesma sílaba. Ex.:
d) Conjuntivo.
e) Argumentativo. Pa-ra-guai, I-guais, Sa-guão.
� Ditongo: dois sons vocálicos na mesma sílaba. Ex.:
Porque parte de premissas particulares para outras Pei-xe, Trou-xa, A-mei-xa.
mais genéricas. Resposta: Letra C. z Hiato: sons vocálicos em sílabas diferentes. Ex.:
Pa-ís, Ci-ú-me, Pi-a-da.

A diferença entre ditongo, tritongo e hiato é a pre-


sença de vogal e de semivogais nos dois primeiros,
CORRETA ESCRITA DAS PALAVRAS DA
enquanto o hiato apresenta duas vogais e, por isso,
LÍNGUA PORTUGUESA precisa designar uma sílaba para cada uma, tendo em
vista que, na língua portuguesa, não há espaço para
FONÉTICA duas vogais em uma mesma sílaba.
Atente-se à diferença entre vogal e semivogal:
Conceitos Básicos de Fonologia
a vogal sempre apresentará um som mais forte,
enquanto a semivogal designa um som mais fraco.
A fonologia é a área do saber que se dedica aos
Além disso, a vogal é o núcleo da sílaba, por isso, serve
estudos dos sons e de sua organização dentro de uma
língua natural. O objeto de estudo da fonologia é o de apoio às semivogais.
fonema, que se trata da menor unidade significativa
diferençável na língua. Ex.: p/a/t/o ≠ b/a/t/o.
Dessa forma, podemos afirmar que o fonema é
uma unidade distintiva, ou seja, reconhecemos um EXERCÍCIOS COMENTADOS
fonema distinguindo-o de outro a partir dos significa-
dos diferentes que esses sons ensejam nas palavras, 1. (CONSESP – 2018) Marque a alternativa em que todas
como no exemplo: pato ≠ bato, pois, trocando um des- as palavras estão corretamente separadas em sílabas:
ses sons, o significado sofrerá alterações.
Logo, um som pode alterar completamente o senti- a) MO-Í-DO/ DU-E-LO.
do de uma palavra; esse som deve ser denominado de b) SÉ-RI-E/ PO-E-TA.
fonema. Ele representa os sons emitidos pelos falan- c) VIÚ-VA/CAA-TIN-GA.
168 tes; é, portanto, a representação gráfica das letras. d) OCCI-PI-TAL/ O-BCE-CA-DO.
A questão requer conhecimentos sobre separação Monossílabas Átonas
silábica, por isso é importante saber que, não pode-
mos separar ditongos e tritongos, apenas hiatos, Os monossílabos átonos são designados assim, pois
como os hiatos presentes nas palavras “moído” e não apresentam autonomia fonética, sendo, portanto,
“duelo”. Resposta: Letra A. pronunciados de forma fraca em seus contextos de uso.
Ex.: Essa chance nos foi dada.
2. (INSTITUTO APRENDER – 2019) A divisão silábica
Monossílabas Tônicas
está incorreta em:
Os monossílabos tônicos apresentam autonomia
a) car-ro-ça.
fonética e, por isso, são proferidos fortemente nos
b) as-cen-der. contextos de uso em que aparecem. É importante fri-
c) ma-chis-mo. sar que nem todo monossílabo tônico será acentuado,
d) ca-rro. Ex.: “Essa chance foi dada a nós”.

Para responder corretamente essa questão, deve- Oxítonas


mos nos lembrar da lista de dígrafos inseparáveis
(RR, CH, LH, NH, QU, GU); além disso, também é São chamadas assim as palavras que apresentam
importante recordar os encontros consonantais dis- tonicidade na última sílaba, sendo esta, portanto, a
juntos (RC, DV, ST). Resposta: Letra D. sílaba mais forte.
Ex.: mo-co-tó, pa-ra-béns, vo-cê.
PARTIÇÃO SILÁBICA
Paroxítonas
Antes de compreendermos os processos norteado-
São chamadas assim as palavras que apresentam a
res da divisão silábica, é importante identificar uma
sílaba tônica na penúltima sílaba.
sílaba. Sílaba é um grupo de palavras que se pronun-
Ex.: a-çú-car.
cia em apenas uma emissão de voz, como a palavra
“pá”, por exemplo. Proparoxítonas
Para compreender o processo de formação silábi-
ca e, consequentemente, reconhecer os números de São chamadas assim as palavras que apresentam a
sílabas em uma palavra, é fundamental saber como sílaba tônica na antepenúltima sílaba.
dividir a palavra em sílabas. Ex.: rá-pi-do.
Esse processo é chamado de divisão silábica e
constitui a identificação e delimitação das sílabas de Notações Léxicas
cada palavra. As palavras classificam-se em monossí-
labas (se apresentam apenas uma sílaba) ou polissíla- São notações léxicas todos os sinais e símbolos
bas (mais de uma sílaba). acessórios que servem para auxiliar a pronúncia das
Veja alguns exemplos: palavras. Vejamos alguns exemplos:
Separam-se:
z Acento agudo (´): sinal com um traço oblíquo para
direita que indica sílaba tônica em palavras que
z Hiatos: sa-í-da; va-zi-o.
precisam ser sinalizadas;
z Dígrafos (RR, SS, SC, SÇ, XC): car-ro; ces-são; cons- z Acento circunflexo (^): sinal que indica vogal
-ci-ên-cia; cres-ça; ex-ce-ção. tônica e fechada em palavras que precisam ser
z Vogais iguais / grupo consonantal CC (Ç): Co-or-de- sinalizadas;
-nar; ca-a-tin-ga/fic-ção; con-fec-cionar. z Acento grave (`): sinal com traço oblíquo para
z Encontros consonantais disjuntos (pt, dv, gn, bs, esquerda que representa a junção de duas vogais
tm, ft, ct, ls): Ap-ti-dão; ad-vo-ga-do; dig-no; ab-sol- A em funções sintáticas diferentes, fenômeno cha-
-ver; rit-mo; as-pec-to; con-vul-são. mado de crase;
z Diacrítico til (~): indica nasalização em som vocá-
Não se separam: lico, não é considerado um sinal.

z Ditongos e Tritongos: Gló-ria/ U-ru-guai. ORTOGRAFIA


LÍNGUA PORTUGUESA

z Dígrafos (CH, LH, NH, GU, QU): cha-ve; ga-lho;


ni-nho; lin-gui-ça; quei-jo. As regras de ortografia são muitas e, na maioria
z Encontros consonantais em sílaba inicial: psi-có- dos casos, contraproducentes, tendo em vista que a
lógica da grafia e da acentuação das palavras, muitas
-lo-go; pneu.
vezes, é derivada de processos históricos de evolução
da língua.
TONICIDADE SILÁBICA
Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno cra-
que em ortografia: leia sempre! Somente a prática de
Quanto à tonicidade, as sílabas são divididas em leitura irá lhe garantir segurança no processo de gra-
monossílabas (átonas e tônicas), oxítonas, paroxítonas fia das palavras.
e proparoxítonas. Para reconhecermos a sílaba tônica Em relação à acentuação, por outro lado, a maior
(forte) de uma palavra basta pronunciarmos o vocábu- parte das regras não são efêmeras, porém, são em
lo e notar qual sílaba é pronunciada com mais força. grande número. 169
Neste material, iremos apresentar uma forma con- Regras de Acentuação
densada e prática de nunca mais esquecer os acentos
e os motivos pelos quais as palavras são acentuadas. z Palavras monossílabas: Acentuam-se os monossí-
labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá,
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu-
chá; pé, fé, mês; nó, pó, só.
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras
z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua-
à escrita correta. Veja: raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns.
z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto-
z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos. nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.:
Ex.: ameixa, frouxo, trouxe. bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus;
abdômen, hímen.
USAMOS X: USAMOS CH:

� Depois da sílaba em, se � Depois da sílaba em, se Importante!


a palavra não for derivada a palavra for derivada de Acentuam-se as paroxítonas terminadas em
de palavras iniciadas por palavras iniciadas por CH: ditongo.
CH: enxerido, enxada encher, encharcar
Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília,
� Depois de ditongo: cai- � Em palavras derivadas
rádio etc.
xa, faixa de vocábulos que são gra-
� Depois da sílaba ini- fados com CH: recauchu-
cial me se a palavra não tar, fechadura z Palavras proparoxítonas: A regra mais simples e
for derivada de vocábulo fácil de lembrar: todas as proparoxítonas devem
iniciado por CH: mexer, ser acentuadas!
mexilhão
Porém, esse grupo de palavras divide uma polê-
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10/10/2020. mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
z É com G ou com J? Usamos G em substantivos termi- tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona
nados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: viagem, ferrugem; ou proparoxítona.
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio, São as chamadas proparoxítonas aparentes.
-úgio. Ex.: sacrilégio, pedágio; Essas palavras apresentam um ditongo crescente no
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: proteger, fugir; final de suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou pode ser considerado hiato. É o que ocorre com as
-jer. Ex.: viajar, lisonjear; palavras:
Termos derivados do latim escritos com j.
HIS-TÓ-RIA/ HIS-TÓ-RI-A
z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente,
VÁ-CUO/ VA-CU-O
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando PÁ-TIO/ PÁ-TI-O
houver som de Z. Ex.: eleição; Neusa; coisa. Antes de concluir, é importante mencionar o uso
z É com S ou com Z? palavras que designam nacio- do acento nas formas verbais TER e VIR:
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; Ele tem / Eles têm
inglês; marquesa; duquesa. Ele vem / Eles vêm
Palavras que designam qualidade, cuja termina-
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z: Percebam que, no plural, essas formas admitem o
uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân-
Embriaguez; lucidez; acidez.
cia verbal quando usar esses verbos.
Essas regras para correção ortográfica das pala-
vras, em geral, apresentam muitas exceções; por isso é
importante ficar atento e manter uma rotina de leitu- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática.
Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da 1. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir em relação à con-
leitura e da escrita de textos, por isso, recomendamos formidade com a norma-padrão da língua: “As opera-
que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de ções de saída com destino a empresas do comercio
informação, pois além de contribuir para seu conhe- varejista e insumos agropecuários dispõem de isen-
cimento geral, sua habilidade em língua portuguesa ção fiscal e redução de base de cálculo, conforme já
prevê em lei, desde que observados os requisitos exi-
também aumentará.
gidos para cada caso.”

ACENTUAÇÃO GRÁFICA ( ) CERTO ( ) ERRADO

Muitas são as regras de acentuação das palavras Ainda que tenha sido respeitadas quase todas as
da língua portuguesa; para compreender essas regras, regras gramaticais, faltou o acento da palavra
faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e “comércio”, que deve ser acentuada, pois é uma paro-
170 respeitar a divisão das sílabas. xítona terminada em ditongo. Resposta: Errado.
2. (FCC – 2019) “Um juramento expõe a beleza da von- Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono
tade humana, como afirmação nossa, mas sua quebra durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso,
mostra também nossos limites”. ficou com sono durante a aula.
Numa nova e igualmente correta redação da frase Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia
acima, iniciada agora pelo segmento “A quebra de um amanhã, se não chover.
juramento mostra nossos limites”, pode-se seguir esta
coerente complementação: “não fosse a beleza que NÃO se usa vírgula nas seguintes situações
também têm na quebra mesma da nossa vontade”.
� Entre o sujeito e o verbo
( ) CERTO ( ) ERRADO Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
ram a explicação. (errado)
A forma verbal ter admite a marcação de plural Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
com o uso do acento diferencial ^, porém na recons- sertaram minha visão. (errado)
trução da frase mencionada o sujeito está no singu-
lar, não sendo necessário o uso do plural do verbo � Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
dicativo do sujeito:
citado. Resposta: Errado.
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
ção. (errado)
PONTUAÇÃO
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
dem. (errado)
Outro tópico de dúvida trata da pontuação. Vere-
Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
mos a seguir as regras sobre seus usos, para sanar (errado)
mais essas dúvidas.
� Entre um substantivo e seu complemento nominal
Uso De Vírgula ou adjunto adnominal.
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três pelos alunos. (errado)
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da � Entre locução verbal de voz passiva e agente da
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e passiva:
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
qualquer ambiguidade. professor para a feira. (errado)
Quando se trata de separar termos de uma mesma
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos: � Entre o objeto e o predicativo do objeto:
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
� Para separar os termos de mesma função Considero interessantes, as suas aulas. (errado)
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.

Usa-se a vírgula para separar os elementos de


enumeração. EXERCÍCIO COMENTADO
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
arrastado pelo tsunami. 1. (TJ-SC – 2011) Indique o período que NÃO apresenta
erro de pontuação:
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra
que já apareceu na frase) do verbo a) Morte de florestas; chuvas ácidas, e animais marinhos
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. cobertos por petróleo, são questões ambientais que
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, teriam suficiente relevância para alarmar a população,
filmes de terror. e automaticamente, motivar encontros e discussões.
b) Ao final, conclui o autor, que todos esses elementos
� Para separar palavras ou locuções explicativas, apontados são faces de uma nova abordagem meto-
retificativas dológica para a proteção do meio ambiente.
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 c) Não é justo e razoável que o servidor tenha que des-
anos. pender recursos financeiros com o recolhimento das
� Para separar datas e nomes de lugar custas judiciais – que serão destinadas ao seu deve-
dor – para obter o que lhe é devido e, depois, reclamar
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
a restituição, se julgada procedente a sua pretensão.
LÍNGUA PORTUGUESA

� Para separar as conjunções coordenativas, exceto d) Outra providência muito recomendada, é evitar polari-
e, nem, ou. zação entre os setores de planejamento e produção,
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. privilegiando o trabalho em equipe, realizado de forma
coordenada.
A vírgula também é facultativa quando a expres- e) Segundo Meirelles o ato administrativo – vinculado ou
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão, discricionário –, há que ser praticado com a observân-
mas uma palavra só. Exemplos: cia formal e ideológica da lei.
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço No trecho “o que lhe é devido e, depois, reclamar a
em casa. restituição, se julgada procedente a sua pretensão”,
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / Ontem, as duas primeiras vírgulas isolam o advérbio de
choveu o esperado para o mês todo. tempo “depois”, que está deslocado; a última vírgula 171
se justifica pela condicional “se julgada procedente � Serve também para colocar em relevo certas
a sua pretensão”. Resposta: Letra C expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
colchetes:
Uso de Ponto e Vírgula
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
ca ― vão fazer videoaulas.
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
aposto explicativo
e vírgula (;): Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
vamos jantar.
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas oração intercalada
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu, � Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
ficou triste. na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
Parênteses
Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
to, exausto.
Têm função semelhante à dos travessões e das
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma) vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o mos, expressões ou orações.
ouvinte. Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai, vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
sorvete.
jantar. (oração intercalada)
� Em enumerações, portarias, sequências
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal: Ponto-final
o Procurador-Geral da República;
o Colégio de Procuradores da República; É o sinal que denota maior pausa.
o Conselho Superior do Ministério Público Federal. Usa-se:

Dois-pontos � Para indicar o fim de oração absoluta ou de


período.
Marcam uma supressão de voz em frase que ainda Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Carlos Drummond de Andrade
não foi concluída.
Servem para: � Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento
� Introduzir uma citação (discurso direto): sec. = secretário
Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um a.C. = antes de Cristo
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
respostas”. Dica
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo, Símbolos do sistema métrico decimal e elemen-
distributivo ou uma oração subordinada substan- tos químicos não vêm com ponto final:
tiva apositiva Exemplos: km, m, cm, He, K, C
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
sores, jornalistas, médicos. Ponto de Interrogação

� Introduzir uma explicação ou enumeração após Marca uma entonação ascendente (elevação da
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a voz) em tom questionador.
saber, como. Usa-se:
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Filosofia, Ciências... • Marcar uma pausa entre � Em frase interrogativa direta:
orações coordenadas (relação semântica de oposi- Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?
ção, explicação/causa ou consequência) � Entre parênteses para indicar incerteza:
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
homem culto. que havia palavra melhor no contexto.
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar
cautela.
surpresa:
� Marcar invocação em correspondências Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?)
Ex.: Prezados senhores:
� E interrogações retóricas:
Comunico, por meio deste, que... Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
que não jogaremos comida fora à toa”).
Travessão
Ponto de Exclamação
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de
discurso de interlocutor: Ex.: � É empregado para marcar o fim de uma frase com
― Que gente é aquela, Alberto? entonação exclamativa:
172 ― São japoneses. Ex.: Que linda mulher!
Coitada dessa criança! Usam-se nos seguintes casos:
� Aparece após uma interjeição:
� Para incluir num texto uma observação de nature-
Ex.: Nossa! Isso é fantástico.
za elucidativa:
� Usado para substituir vírgulas em vocativos
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
enfáticos:
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer
marcar uma ênfase: a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 que pareça, o texto original é assim mesmo:
metros em 20 segundos!!! Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
do.” (Machado de Assis)
Reticências � Para indicar os sons da fala, quando se estuda
Fonologia:
São usadas para: Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy]
� Para suprimir parte de um texto (assim como
� Assinalar interrupção do pensamento:
Ex.: ― Estou ciente de que... parênteses)
― Pode dizer... Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
desceu as escadas apressadamente. ou
� Indicar partes suprimidas de um texto: Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
desceu as escadas apressadamente. (Também pode vel segundo as normas da ABNT)
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
depois desceu as escadas apressadamente.) Asterisco
� Para sugerir prolongamento da fala:
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias? � É colocado à direita e no canto superior de uma
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar... palavra do trecho para se fazer uma citação ou
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
� Para indicar hesitação: de rodapé:
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
vergonha. triste acrescido do sufixo -eza*.
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal- *-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
mente com outras intenções: vo, o que origina um novo substantivo.
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...! � Quando repetido três vezes, indica uma omissão
ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
Uso das Aspas tuição a um substantivo próprio:
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
São usadas em citações ou em algum termo que nhado aos responsáveis.
precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído
por itálico ou negrito, que têm a mesma função de � Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
destaque. senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
Usam-se nos seguintes casos: é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
Ex.: Parecer, do latim *parescere.
� Antes e depois de citações: � Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
afirma Dad Squarisi, 64. da gramática.
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís- * Edifício elaborou projeto o engenheiro.
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas: Uso da barra
Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
que desejava. A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
Não gosto de “pavonismos”.
Dê um “up” no seu visual. � Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
substituída pela conjunção ou:
LÍNGUA PORTUGUESA

� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,


Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
às vezes com ironia ou malícia
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta.
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” � Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
sonoro. ção das conjunções e/ou.
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
� Para citar nomes de mídias, livros etc.
e/ou escritos.
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
Colchetes ção entre si.
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
Representam uma variante dos parênteses, porém (plural/singular).
tem uso mais restrito. O carro atingiu os 220 km/h. 173
� Para separar os versos de poesias, quando escritos são conhecidos da nossa competência linguística, pois
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas como falantes da língua, ainda que não saibamos o
barras para indicar a separação das estrofes. significado de antever, podemos inferir que esse ter-
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que mo tem relação com o ato de ver antecipadamente,
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon- dado o uso do prefixo diante do verbo ver.
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- Reconhecer os processos que auxiliam na forma-
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles ção de novas palavras é essencial para o estudante da
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra língua. Esse assunto, como dissemos, já é reconhecido
não foi escrita na sua totalidade: pelo nosso cérebro, que identifica os prefixos, sufixos
Ex.: a/c = aos cuidados de; e palavras novas que podem ser criadas a partir da
s/ = sem estrutura da língua; não é à toa que, muitas vezes,
� Para separar o numerador do denominador nos somos surpreendidos com o uso inédito de algum
números fracionários, substituindo a barra da termo.
fração: Porém, precisamos ter consciência de que nem
Ex.: 1/3 = um terço todo contexto é apropriado para o uso de novas estru-
turas vocabulares; por isso, neste capítulo, iremos
� Nas datas: estudar os processos de formação de palavras e as
Ex.: 31/03/1983 consequências dessas novas constituições, focando
� Nos números de telefone: nesse conteúdo; sempre cobrado pelas bancas mais
Ex.: 225 03 50/51/52 exigentes.

� Nos endereços: ESTRUTURA DAS PALAVRAS


Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232
� Na indicação de dois anos consecutivos: Radical e Morfema Lexical
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
As palavras são formadas por estruturas que, uni-
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: das, podem se modificar e criar novos sentidos em
Ex.: /s/ contextos diversos. Os morfemas são as menores uni-
dades gramaticais com sentido da língua. Para iden-
Embora não existam regras muito definidas sobre tificá-los é preciso notar que uma palavra é formada
a existência de espaços antes e depois da barra oblí- por pequenas estruturas. Para isso, podemos imaginar
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- que uma palavra é uma peça de um quebra-cabeça
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo. no qual podemos juntar outra peça para formar uma
estrutura maior; porém, se você já montou um que-
Identificação e Função do Parágrafo bra-cabeça, deve se lembrar que não podemos unir as
peças arbitrariamente, é preciso buscar aquelas que
Um parágrafo é o conjunto de um ou mais períodos se encaixam.
cujas orações se prendem pelo mesmo grupo de ideias Assim, como falantes da língua, reconhecemos
e centro de interesse. Assim, um parágrafo é uma uni- essas estruturas morfológicas e os seus sentidos, pois,
dade de sentido, inserida num todo textual coeso. a todo momento estamos aptos a criar novas pala-
Como identificar um parágrafo? A primeira linha vras a partir das regras que o sistema linguístico nos
do parágrafo é iniciada um pouco à frente da margem oferece.
esquerda da folha, ponto onde se iniciam as restantes Tornou-se comum, sobretudo nas redes sociais, o
linhas do parágrafo. surgimento de novos vocábulos a partir de “peças”
Exemplos de parágrafos: existentes na língua, algumas misturando termos de
Meu dia começou como habitualmente. Acor- outras línguas com morfemas da língua portuguesa
dei, troquei de roupa, tomei o café da manhã e fui para a formação de novas palavras, como: bloguei-
trabalhar. ro (blogger), deletar (delete); já algumas palavras
Chegando ao trabalho, algo inesperado aconteceu: ganham novos morfemas e, consequentemente, novas
o escritório estava alagado. Todos os funcionários acepções nas redes socias como, por exemplo, biscoi-
foram dispensados, porque não havia condições para teiro, termo usado para se referir a pessoas que bus-
que fizéssemos nosso trabalho. cam receber elogios nesse ambiente.
As peças do quebra-cabeças que formam as pala-
vras da língua portuguesa possuem os seguintes
nomes:
MORFOLOGIA
Radical, desinência, vogal temática, afixos,
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS E consoantes e vogais de ligação.
CLASSES DE PALAVRAS
O radical, também chamado de semantema, é o
Introdução núcleo da palavra, pois é o detentor do sentido ao qual
se anexam os demais morfemas, criando as palavras
No dia a dia, usamos unidades comunicativas derivadas. Devido a essa importante característica, o
para estabelecer diálogos e contatos, formando enun- radical é também conhecido como morfema lexical,
ciados. Essas unidades comunicativas chamamos de pois se trata da significação própria dos vocábulos,
palavras. Elas surgem da necessidade de comunica- designando a sua natureza lexical, ou seja, o seu senti-
174 ção e os processos de formação para sua construção do propriamente dito.
Alguns exemplos de radicais: Desinências ou Morfemas Flexionais

Ex.: pastel – pastelaria – pasteleiro; Os morfemas flexionais, mais conhecidos como


pedra – pedreiro - pedregulho; desinências, são os mais estudados na língua portu-
Terra – aterrado – enterrado - terreiro. guesa, pois são esses os morfemas que organizam as
estruturas no singular e no plural, os verbos em tem-
pos e conjugações e as relações de gênero em femini-
Importante! no e masculino.
Para facilitar a compreensão, podemos dividir os
Palavras da mesma família etimológica, ou seja, morfemas flexionais em:
que apresentam o mesmo radical e guardam o
mesmo valor semântico no radical, são conheci- z Aditivos: Adiciona-se ao morfema lexical. Ex.: pro-
das como cognatas. fessor/professora; livro/livros.
� Subtrativos: Elimina-se um elemento do morfema
Afixos ou Morfemas Derivacionais lexical. Ex.: Irmão/irmã; Órfão/órfã.
z Nulos: Quando a ausência de uma letra indica
A partir dos morfemas lexicais, a língua ganha uma flexão. Ex.: o singular dos substantivos é mar-
outras formas e sentidos pelos morfemas derivacio- cado por essa ausência, como em: mesa (0)1 /mesas
nais, que são assim chamados pois auxiliam no pro-
cesso de criação de palavras a partir da derivação, ou Não confunda:
seja, a inclusão de prefixos e sufixos no radical dos Morfema derivacional: afixos (prefixos e sufixos);
vocábulos. Morfema flexional: aditivos, subtrativos, nulos;
Vale notar que algumas bancas denominam os afi- Morfema lexical: radical.
xos de infixos. Morfema gramatical: significado interno à estrutu-
São morfemas derivacionais os afixos, estruturas ra gramatical, como artigos, preposições, conjunções
morfológicas que se anexam ao radical das palavras e etc.
auxiliam o processo de formação de novos vocábulos.
Os afixos da língua portuguesa são de duas categorias: Vogais temáticas

z Prefixos: afixos que são anexados na parte ante- A vogal temática liga o radical a uma desinência,
rior do radical. que estabelece o modo e o tempo da conjugação ver-
bal, no caso de verbos, e, nos substantivos, junta-se ao
Exs.: radical para a união de outras desinências.
In: infeliz.
Anti: antipatia Ex.: Amar e Amor.
Pós: posterior
Bi: bisavô Nos verbos, a vogal temática marca ainda a conju-
Contra: contradizer gação verbal, indicando se o verbo pertence à 1º, 2º ou
3º conjugação:
z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste-
rior do radical. Exs.:
Amar – 1º conjugação;
Exs.: Comer – 2º conjugação;
mente: Felizmente. Partir – 3º conjugação.
dada: Lealdade
eiro: Blogueiro É importante não se confundir: a vogal temática
ista: Dentista não existe em palavras que apresentam flexão de
gudo: Narigudo gênero. Logo, as palavras gato/gato possuem uma
desinência e não uma vogal temática!
É importante destacar que essa pequena amostra, Caso a dúvida persista, faça esse exercício: Igreja
listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue- (essa palavra existe); “Igrejo” (essa palavra não exis-
sa, é meramente ilustrativa e serve apenas para que te), então o -a de igreja é uma vogal temática que irá
você tenha consciência do quão rico é o processo de ligar o vocábulo a desinências, como -inha, -s.
LÍNGUA PORTUGUESA

formação de palavras por afixos. Note que as palavras terminadas em vogais tônicas
Além disso, não é interessante que você decore esses não apresentam vogais temática: Ex.: cajá, Pelé, bobó.
morfemas derivacionais, mas que você compreenda
o valor semântico que cada um deles estabelece na Tema
língua, como os sufixos -eiro e -ista que são usados,
comumente, para criar uma relação com o ambiente O tema é a união do radical com a vogal temática.
profissional de alguma área, como: padeiro, costureiro, A partir do exposto no tópico sobre vogal temática,
blogueiro, dentista, escafandrista, equilibrista etc. esperamos ter deixado claro que nem toda palavra irá
Os sufixos costumam mudar mais a classes das apresentar vogal temática; dessa forma, as palavras
palavras. Já os prefixos modificam mais o sentido dos que não apresentem vogal temática também não irão
vocábulos. possuir tema.
1 O morfema flexional nulo é mais conhecido como morfema zero nas gramáticas; sua marcação é feita com a presença do numeral 0 (zero). 175
Exs.: A seguir, iremos estudar a diferença entre cada
Vendesse – tema: vende; uma dessas classes e identificar as peculiaridades de
Mares – tema: mare. cada uma.

Vogais e Consoantes de Ligação Derivação Prefixal

As consoantes e vogais de ligação têm uma função Como o próprio nome indica, as palavras forma-
eufônica, ou seja, servem para facilitar a pronúncia de das por derivação prefixal são formadas pelo acrésci-
palavras. Essa é a principal diferença entre as vogais mo de um prefixo à estrutura primitiva, como:
de ligação e as vogais temáticas, estas unem desinên- Pré-vestibular; disposição; deslealdade; super-ho-
cias, aquelas facilitam a pronúncia. mem; infeliz; refazer.
Pré-vestibular: prefixo pré-;
Exs.: Disposição: prefixo dis-;
Gas - ô - metro; Deslealdade: prefixo des-;
Alv - i - negro; Super-homem: prefixo super;
Tecn - o - cracia; Infeliz: prefixo in-;
Pe - z - inho; Refazer: prefixo re-.
Cafe - t- eira;
Pau - l - ada; Derivação Sufixal
Cha - l - eira;
Inset - i - cida; De maneira comparativa, podemos afirmar que
Pobre - t- ão; a formação de palavras por derivação sufixal refere-
Paris - i - ense; -se ao acréscimo de um sufixo à estrutura primitiva,
Gira - s - sol; como em:
Legal - i - dade. Lealdade; francesa; belíssimo; inquietude; sofri-
mento; harmonizar; gentileza; lotação; assessoria.
PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Lealdade: sufixo -dade;
Francesa: sufixo -esa;
A partir do conhecimento dos morfemas que auxi- Belíssimo: sufixo -íssimo;
liam o processo de ampliação das palavras da língua, Inquietude: sufixo -tude;
podemos iniciar o estudo sobre os processos de for- Sofrimento: sufixo -mento;
mação de palavras. Harmonizar: sufixo -izar;
As palavras na língua portuguesa são criadas a Gentileza: sufixo -eza;
partir de dois processos básicos que apresentam clas- Lotação: sufixo -ção;
ses específicas. O quadro a seguir organiza bem os Assessoria: sufixo -ria.
processos de formação de palavras:
Derivação Prefixal e Sufixal

FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Nesse caso, juntam-se à palavra primitiva tanto
DERIVAÇÃO COMPOSIÇÃO um sufixo quanto um prefixo; vejamos alguns casos:
� Prefixal � Justaposição Inquietude (prefiro in- com sufixo -tude); infeliz-
� sufixal � Aglutinação mente (prefixo in- com sufixo -mente); ultrapassagem
� Prefixal e sufixal (prefixo ultra- com sufixo -agem); reconsideração
� Parassintética (prefixo -re com sufixo -ção).
� Regressiva
� Imprópria ou conversão Derivação Parassintética

Como é possível notar, os dois processos de forma- Na derivação parassintética, um acréscimo simul-
ção de palavras são a derivação e a composição. As tâneo de afixos, prefixos e sufixos é realizado a uma
palavras formadas por processos derivativos apresen- estrutura primitiva. É importante não confundir, con-
tam mais classes a serem estudas. Vamos conhecê-las tudo, com o processo de derivação por sufixação e
agora! prefixação. Veja:
Se, ao retirar os afixos, a palavra perder o senti-
PROCESSOS DE DERIVAÇÃO do, como em “emagrecer” (sem um dos afixos: “ema-
gro-” não existe), basta fazer o seguinte exercício para
As palavras formadas por processos de derivação estabelecer por qual processo a palavra foi formada:
são classificadas a partir de seis categorias: retirar o prefixo ou o sufixo da palavra em que paira
dúvida. Caso a palavra que restou exista, estaremos
z Prefixal ou prefixação; diante de um processo por derivação sufixal e prefi-
z Sufixal ou sufixação; xal; caso contrário, a palavra terá sido formada por
z Prefixal e sufixal; derivação parassintética.
z Parassintética ou parassíntese;
z Regressiva; Ex.: Entristecer, desalmado, espairecer, desgelar,
176 z Imprópria ou conversão. entediar etc.
Derivação Regressiva
RADICAIS E PREFIXOS GREGOS
Já na derivação regressiva, a nova palavra será RADICAL/
formada pela subtração de um elemento da estrutura SENTIDO EXEMPLO
PREFIXO
primitiva da palavra. Vejamos alguns exemplos:
Almoço (almoçar); Caco Mau cacofonia
Ataque (atacar);
Amasso (amassar). Cali Belo Caligrafia
A derivação regressiva, geralmente, forma subs-
tantivos abstratos derivados de verbos. É possível Dromo Local Autódromo
que alguns autores reconheçam esse processo como
redução. Além dos radicais e prefixos gregos, as palavras da
língua portuguesa também se aglutinam a radicais e
Derivação Imprópria
prefixos latinos.
A derivação imprópria, a partir de seu processo de
formação de palavras, provoca a conversão de uma RADICAIS E PREFIXO LATINOS
classe gramatical, que pode passar de verbo a subs-
tantivo, por exemplo. RADICAL/PREFIXO SENTIDO EXEMPLO
A seguir, apresentamos alguns processos de con-
Arbori Árvore Arborizar
versão das palavras por derivação imprópria:
Beli Guerra Belicoso
z Particípio do verbo - substantivo: Teria passado
- O passado; Cida Que mata Homicida
z Verbos - substantivos: Almoçar - O almoço;
z Substantivos - adjetivos: o gato - mulher gato; Des- dis Separação Discordar
z Substantivos comuns - substantivos próprios: Equi Igual Equivalente
leão - Nara Leão;
z Substantivos próprios - comuns: Gillete - gilete; Ex- Para fora Exonerar
Judas - ele é o judas do programa.
Fide Fé Fidelidade
Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos Mater Mãe Materno
são mais comuns no processo de formação de deter-
minadas classes gramaticais, vejamos:
Processos de Composição
z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti-
vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço. As palavras formadas por processos de composi-
z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer, ção podem ser classificadas em duas categorias: justa-
-izar, -ar. posição e aglutinação.
z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.: As palavras formadas por qualquer um desses pro-
-mente. cessos estabelecem um sentido novo na língua, uma
vez que nesse processo há a junção de duas palavras
LISTA DE RADICAIS E PREFIXOS que já existem para a formação de um novo termo,
com um novo sentido.
Apresentamos alguns radicais e prefixos na lista a
seguir que podem auxiliar na compreensão do proces- z Composição por justaposição: nesse processo,
so de formação de palavras. Novamente, alertamos que
as palavras envolvidas conservam sua autonomia
essa lista não deve ser encarada como uma “tabuada” a
morfológica, permanecendo a tonicidade original
ser decorada, mas como um método para apreender o
sentido de alguns desses radicais e prefixos. de cada palavra. Ex.: pé de moleque, dia a dia, faz
de conta, navio-escola, malmequer.

RADICAIS E PREFIXOS GREGOS z Composição por aglutinação: na formação de


palavras por aglutinação, há mudanças na toni-
RADICAL/ cidade dos termos envolvidos, que passam a ser
SENTIDO EXEMPLO
PREFIXO
LÍNGUA PORTUGUESA

subordinados a uma única tonicidade. Ex.: petró-


leo (petra + óleo); aguardente (água + ardente);
Acro Alto Acrofobia/acrobata
vinagre (vinho + agre); você (vossa + mercê).
Agro Campo Agropecuária
Palavras Compostas e Derivadas
Algia Dor Nevralgia
Agora que já conhecemos os processos de forma-
Bio Vida Biologia ção de palavras, precisamos identificar as palavras
que são compostas e as palavras que são derivadas.
Biblio Livro Biblioteca

Crono Tempo Cronologia z São compostas: planalto, couve-flor, aguardente etc.


z São derivadas: pedreiro, floricultura, pedal etc. 177
Palavras derivadas são aquelas formadas a partir Dica
de palavras primitivas, ou seja, a partir de palavras A reforma ortográfica de 2009 eliminou o hífen
que detêm a raiz com sentido lexical independente. das palavras compostas por justaposição com
São palavras primitivas: porta, livro, pedra etc. um termo de ligação. Assim, palavras como Pé
A partir das palavras primitivas, o falante pode de moleque, que antes contavam com o hífen,
anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala- agora já não utilizam mais. Porém, não foram
vras derivadas, assim chamadas pois derivam de um todas as palavras justapostas que foram atin-
dos seis processos derivacionais. gidas pela reforma; palavras justapostas que
Já as palavras compostas guardam a independên- designam plantas ou bichos ainda são escritas
cia semântica e ortográfica, unindo-se a outras pala- com hífen. Ex.: Cana-de-açúcar; pimenta-do-rei-
vras para a formação de um novo sentido. no; castanha-do-Pará; João-de-barro; bem-te-vi;
porco-da-Índia.
USO DO HÍFEN CONFORME O NOVO ACORDO
ORTOGRÁFICO

O hífen é um sinal diacrítico cujo uso foi reformu- EXERCÍCIO COMENTADO


lado com a reforma ortográfica da língua que entrou
em vigor em 2009 no Brasil. 1. (COSEAC – 2019) Sob o ponto de vista da morfologia,
A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos a palavra formada pelo mesmo processo de formação
contextos, o que podemos ver como uma facilitação do termo “tratamento” é:
do aprendizado de quando usá-lo ou não.
A regra básica para o aprendizado do uso do hífen, a) ajuda.
conforme o novo acordo ortográfico, é esta: b) cerebral.
c) hipertenso.
z Palavras com final em vogais iguais: Usa-se hífen. d) autoestima.
Ex.: micro-ondas, anti-inflamatório. e) estresse.

Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa A palavra tratamento é formada pelo processo de
regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exem- “derivação sufixal”, mesmo processo para a forma-
plos para organizar o uso desse diacrítico e facilitar ção da palavra cerebral. Resposta: Letra B.
seu aprendizado.

z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão


unidos por hífen quando o segundo termo apre- MORFOSSINTAXE
sentar vogal, seja igual seja diferente. Ex.: coo-
rientador, coautor, preenchimento, reeleição, FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
reeducação, preestabelecer.
z Nos prefixos Sub, Hiper, Inter, Super, o hífen Conceitos Básicos da Sintaxe
deve permanecer caso a palavra seguinte seja ini-
ciada pelas consoantes H ou R. Ex.: sub-hepático, Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
hiper-requintado, inter-racial, super-racional. os grandes grupos de palavras existentes na língua,
como verbos, os substantivos ou adjetivos. Esses são
z Hífen com os dígrafos RR e SS: o hífen não é mais grupos morfológicos. Ao combinar as palavras em fra-
utilizado em palavras formadas de prefixo termi- ses, nós construímos um painel morfológicos.
nado em vogal seguido de palavra iniciada por R As palavras normalmente recebem uma dupla
ou S. Ex.: antessala, autorretrato, contrarregra, classificação: a morfológica, que está relacionada à
antirrugas etc. classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela-
z É importante esclarecer que em prefixos termina- cionada à função específica que assumem em deter-
dos em vogais, aplicados a palavras cuja primei- minada frase.
ra letra seja H, o hífen permanece. Ex.: anti-herói;
anti-higiênico; extra-humano; semi-herbáceo. Frase

z Já os prefixos Pré, Pró, Pós (quando acentuados), Frase é todo enunciado com sentido completo.
Ex, Vice, Soto, Além, Aquem, Recém, Sem devem Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um
ser empregados sempre com hífen. Ex.: pré-natal; conjunto de palavras.
pró-democrata; pós-graduação; ex-prefeito; vice- Ex.: Fogo!
-governador; soto-mestre; além-mar; aquém-ocea- Silêncio!
no; recém-nascido; sem-teto. “A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano
Ramos)
z Palavras formadas por Circum e Pan, adicionadas
a palavras iniciadas por vogal, H, M ou N, usam
Oração
hífen. Ex.: circum-navegação; pan-americano.
z Também devemos empregar hífen em palavras Oração é o enunciado que se estrutura em torno de
formadas pelos sufixos de origem tupi-guara- um verbo (explícito, implícito ou subentendido) ou de
ni, como Açu, Guaçu, Mirim. Ex.: amoré-guaçu; uma locução verbal. Quanto ao sentido, a oração pode
178 capim-açu. apresentá-lo completo ou incompleto.
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a poluição. Núcleo do sujeito
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque)
O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
Período porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
Período é o enunciado constituído de uma ou mais do determinada função sintática, que atua ou sofre
orações. a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
Classifica-se em:
pronome.
� Simples: quando possui apenas uma oração.
z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Ex.: O sol surgiu radiante.
Ex.: O povo pediu providências ao governador.
Ninguém viu o acidente.
Sujeito: O povo
� Composto: quando possui duas ou mais orações.
Núcleo do sujeito: povo
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
(Chico Buarque) z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído
� Chegou em casa e tomou banho. de dois ou mais termos.
As luzes e as cores são bem visíveis.
TERMOS DA ORAÇÃO E ORAÇÕES DO PERÍODO Sujeito: As luzes e as cores
(DESENVOLVIDAS E REDUZIDAS) Núcleo do sujeito: luzes/cores

Período Simples - Os Termos da Oração Dica


Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
Os termos que formam o período simples são dis-
as expressões interrogativas quem? ou o quê?
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte-
Antes do verbo.
grantes (complemento verbal, complemento nominal
Ex.: A população pediu uma providência ao
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal,
governador.
adjunto adverbial e aposto).
quem pediu uma providência ao governador?
Termos Essenciais da Oração Resposta: A população (sujeito).
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o
São aqueles indispensáveis para a estrutura básica outro.
da oração. Costuma-se associar esses termos a situa- o que iria de um lado para o outro?
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi- Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por
exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a Tipos de sujeito
seguir cada um deles.
Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:
SUJEITO
Simples
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada
pelo verbo. DETERMINADO Composto
O sujeito pode ser: Elíptico

� o termo sobre o qual o restante da oração diz algo; Com verbos flexionados na 3ª
pessoa do singular
� o elemento que pratica ou recebe a ação expressa
pelo verbo; INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
� o termo que pode ser substituído por um pronome se (índice de indeterminação do
do caso reto; sujeito)

� o termo com o qual o verbo concorda. Usado para fenômenos da


Ex.: A população implorou pela compra da vacina INEXISTENTE natureza ou com verbos
da COVID-19. impessoais.
LÍNGUA PORTUGUESA

No exemplo anterior a população é: z Determinado: quando se identifica a pessoa, o


lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:
z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
rou pela compra da vacina); „ Simples: quando há apenas um núcleo.
Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
z O elemento que pratica a ação de implorar;
Núcleo: aluguel
z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo Sujeito simples: O aluguel da casa
implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais.
z O termo que pode ser substituído por um pronome Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
do caso reto. Núcleos: sons, cores.
(Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.) Sujeito composto: Os sons e as cores 179
„ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não “Partícula” corresponde ao termo central do sujei-
aparece na oração, mas é possível de ser identifi- to “uma partícula extremamente quente e pesada”.
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere. Portanto tem função de núcleo do sujeito. Resposta:
Letra C
Vi o noticiário hoje de manhã.
Sujeito: (Eu) Classificação do sujeito quanto à voz

z Indeterminado: quando não é possível identificar z Voz ativa (sujeito agente)


o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
do por um índice de indeterminação do sujeito, a
ce a ação na frase.
partícula “se”.
Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, não
z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
se referindo a nenhuma palavra determinada no
Ex.: Corta-se cabelo.
contexto.
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
Entende-se que alguém passou cedo. “cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do
Colocando-se verbos sem complemento direto item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação) na 3ª oração.
pessoa do singular acompanhados do pronome se,
que atua como índice de indeterminação do sujeito. Importante notar que não há preposição entre
Ex.: Não se vê com a neblina. o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo,
Entende-se que ninguém consegue ver nessa condição. “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal.
Precisa-se de cabelo.
EXERCÍCIO COMENTADO Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal,
e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina-
1. (CONSESP - 2018) Assinale a alternativa em que
temos sujeito indeterminado. ção “-se”.

a) Levaram-me para uma casa velha. z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
b) Era uma tarde maravilhosa. Ex.: A minha saia azul está rasgada.
c) Vendem-se espetos de carne aqui. O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
d) Alguns assistiram ao filme até o final. ça da partícula -se.

A construção verbal “Levaram-me”, da alternativa


A, indica que o sujeito está na 3ª pessoa do plural
e é indeterminado porque não se sabe quem levou. EXERCÍCIO COMENTADO
Resposta: Letra A.
1. (FURB – 2019) Assinale a alternativa que contém
Sujeito inexistente ou oração sem sujeito a classificação correta do sujeito da oração “Neste
primeiro momento, foram entregues 30 aparelhos
Quando uma oração ocorre sem o sujeito de for- auditivos”.
ma que ela tenha sentido completo. Os verbos são
impessoais e normalmente representam fenômenos a) Sujeito composto.
da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer ou b) Oração sem sujeito.
haver no sentido de existir. c) Sujeito oculto (desinencial).
d) Sujeito indeterminado.
Geia no Paraná. e) Sujeito simples.
Fazia um mês que tinha sumido.
Basta de confusão.
Há dois anos esse restaurante abriu. O sujeito da oração é “30 aparelhos auditivos”. Na
ordem direta, a sentença fica: “30 aparelhos audi-
tivos foram entregues neste primeiro momento”.
EXERCÍCIO COMENTADO Como o sujeito é formado por apenas um núcleo,
logo o sujeito é simples. Resposta: Letra E
1. (FEPESE - 2016) Na oração “Uma partícula extrema-
mente quente e pesada começou a se ‘contorcer’”, o PREDICADO
núcleo do sujeito é a palavra:
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
a) quente. o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
b) pesada. mos essenciais na oração, há casos em que a oração
c) partícula. não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
d) contorcer torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
180 e) extremamente. impossível existir uma oração sem sujeito.
O predicado pode ser: O verbo “são” é de ligação, o que confere uma
característica do sujeito com os termos posteriores
z Aquilo que se declara a respeito do sujeito. “diferentes uma da outra”, que são o predicativo do
Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” sujeito. Portanto, A alternativa correta é a A, consi-
(José de Alencar) derando que o predicado da oração é nominal. Res-
Predicado: seguem sua marcha posta: Letra A.
z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
to (oração sem sujeito): Predicado verbal
Ex.: Chove pouco nesta época do ano.
Predicado: Chove pouco nesta época do ano. Ocorre quando há dois núcleos significativos: um
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
Para determinar o predicado, basta separar o cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica- objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os
do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo demais termos do predicado.
é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita: O verbo do predicado pode ser classificado em
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi-
Dias) tivo direto e indireto ou verbo intransitivo.
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias) z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi-
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores. ge um complemento não preposicionado, o objeto
direto.
Classificação do Predicado Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
Noel Rosa
A classificação do predicado depende do significa- Verbo Transitivo Direto: Fazer.
do e do tipo de verbo que apresenta. Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
Verbo Transitivo Direto: trouxe.
z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig- Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transi-
nificativo se concentra em um nome (corresponde tivo indireto tem como necessidade o complemento
a um predicativo do sujeito). acompanhado de uma preposição para fazer sentido.
O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação. Ex.: Nós acreditamos em você.
O predicado nominal tem por núcleo um nome Verbo transitivo indireto: acreditamos
(substantivo, adjetivo ou pronome). Preposição: em
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo Ex.: Frida obedeceu aos seus pais.
Mendes) Verbo transitivo indireto: obedeceu
Preposição: a (a + os)
Predicado: são mais bonitas.
Ex.: Os professores concordaram com isso.
Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
Verbo transitivo indireto: concordaram
Bilac)
Preposição: com
Predicado: estão cheias de calafrios.
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o
É importante não confundir: verbo de sentindo incompleto que exige dois com-
plementos: objeto direto (sem preposição) objeto
z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação, indireto (com preposição).
mas um estado momentâneo ou permanente que Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou-
relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é tras.” (Machado de Assis)
o predicativo do sujeito. Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
z Predicativo do sujeito, função exercida por subs- Objeto direto 1: anedotas
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri- Objeto indireto 1: lhe
buem uma condição ou qualidade ao sujeito. Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
Ex.: O garoto está bastante feliz. Objeto direto 2: outras
Verbo de ligação: está. Objeto indireto 2: lhe.
Predicativo do sujeito: bastante feliz. z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons-
Ex.: Seu batom é muito forte. truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
Verbo de ligação: é. plementos verbais, sem prejudicar o sentido da
Predicativo do sujeito: muito forte. oração.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam.


Verbo intransitivo: adormeciam.
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (AMEOSC - 2019) “Elas são diferentes uma da outra, EXERCÍCIO COMENTADO
[...]”. Na oração, os termos destacados exercem fun-
ção sintática de: 1. (CRESCER CONSULTORIAS – 2019) Ocorre predicado
verbal em:
a) Predicado nominal.
b) Predicado verbal. a) “O rapaz foi condenado a dez anos de liberdade vigia-
c) Predicado verbo-nominal. da e terapia”.
d) Predicativo do sujeito. b) “Mesmo se formos todos bem intencionados”. 181
c) “crianças ricas são mais vulneráveis a problemas de
abuso de substâncias”. EXERCÍCIOS COMENTADOS
d) “filhos de pais ricos não estão necessariamente livres
de problemas de adequação”. 1. (SERCTAM - 2016) Na oração “Este homem parece
uma criança”, o termo destacado é:
O predicado “foi condenado a dez anos de liberdade
vigiada e terapia” contém um verbo intransitivo dire- a) sujeito.
to (“foi”), e consequentemente um complemento de b) predicado verbal.
c) predicativo do objeto.
mesmo valor sintático. Portanto. Resposta: Letra A
d) predicado nominal.
e) predicado verbo-nominal.
Predicado verbo-nominal
O verbo “parece” é transitivo direto, e “uma crian-
Ocorre quando há dois núcleos significativos: ça” tanto complementa o sentido do verbo como
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um caracteriza o sujeito “Este homem”. Portanto, o tre-
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo cho “parece uma criança” corresponde a um predi-
transitivo, predicativo do objeto). cado nominal. Resposta: Letra D

Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) 2. (FUMARC - 2012) Há oração sem sujeito em:
Verbo intransitivo: parou
Predicativo do sujeito: atento a) “Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.”
b) “Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade [...]”
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” c) “Com certeza, já haviam tomado café da manhã em
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é casa [...]”
considerado predicativo do sujeito. d) “É muito grave esse processo de abstração da lingua-
gem, de sentimentos [...]”
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)
Verbo intransitivo: marchou Oração sem sujeito acontece quando não há um ele-
Predicativo do sujeito: desorientado mento ao qual se atribui o predicado. Ocorre, por
exemplo quando temos o verbo “haver” no sentido
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi- de existir, acontecer, pois o mesmo não tem sujeito.
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei- Na alternativa B temos o verbo falar na 3º pessoa do
singular + SE, indicando indeterminação do sujeito.
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
Na alternativa C temos o verbo haver, mas no sen-
tido de ter, por isso o mesmo encontra-se no plural,
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Ma-
temos, portanto, Sujeito indeterminado. E na letra
chado de Assis) D temos como sujeito esse processo de abstração da
Verbo transitivo direto: achou linguagem, de sentimentos. Resposta: Letra A
Objeto direto: o raciocínio
Predicativo do objeto: exato 3. (INSTITUTO CONSULPLAN - 2020) Os predicados
das orações “uma força-tarefa do Ministério do Traba-
No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza lho em conjunto com o Ministério Público do Trabalho,
um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”, Defensoria Pública da União e Polícia Rodoviária Fede-
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos ral resgatou 18 trabalhadores em condições análogas
concluir que temos um caso de predicativo do obje- à escravidão (...)” (7º§) e “Fiscalizações do tipo, infe-
to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é lizmente, são raras.” (7º§) são classificados, respecti-
o sujeito. vamente, como:

O que é o predicativo do objeto? a) Verbal e nominal.


b) Nominal e verbal.
É o termo que confere uma característica, uma c) Verbal e verbo-nominal.
qualidade ao termo a que se refere. d) Nominal e verbo-nominal.
A formação do predicativo do objeto se dá por um
adjetivo ou por um substantivo. O predicado “resgatou 18 trabalhadores em condi-
ções análogas à escravidão” é verbal, com um verbo
Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
transitivo direto, e o predicado “são raras” confe-
Predicativo do objeto: proveitoso
re uma característica ao sujeito “Fiscalizações do
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
tipo”. Portanto a alternativa que corresponde a essa
Predicativo do objeto: vitoriosa classificação é a A. Resposta: Letra A
Para facilitar a identificação do predicativo do
objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres- 4. (UEPB - 2020) Os fragmentos de textos abaixo foram
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí- publicados no Jornal Correio da Paraíba, no dia 9 de
fica é relacionar o predicativo ao nome. fevereiro de 2020. Analise quanto à estrutura sintática
O filme foi proveitoso. os termos destacados em (1) e (2), e responda ao que
Ela era vitoriosa. se pede:
Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de 1. “São alarmantes entre americanos níveis de senti-
182 ligação (foi e era, respectivamente). mento de solidão”.
2. O Brasil ocupa o 2º lugar em número de casos de han- requerem o uso da preposição para não perder o sen-
seníase no mundo. tido de “alvo” do sujeito.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
Assinale a alternativa que apresenta, na sequência, a facultativos.
classificação CORRETA para os termos destacados.
Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição:
a) Sujeito simples posposto ao verbo e sujeito simples
anteposto ao verbo.
Não entendo nem a ele nem a ti.
b) Sujeito composto posposto ao verbo e sujeito simples
Respeitava-se aos mais antigos.
anteposto ao verbo.
c) Predicado verbal e sujeito simples. Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
d) Predicado nominal e predicado verbal. Amavam-se um ao outro.
e) Sujeito indeterminado e sujeito simples. “Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
feita.” (Ciro dos Anjos)
A oração 1 está na ordem indireta. Se a colocarmos
na ordem direta, verificaremos que “níveis de senti- Exemplos com ocorrência facultativa de preposição:
mento de solidão” é sujeito simples, veja: “Níveis de
sentimento de solidão são alarmantes entre ameri- Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque-
canos”. Na oração 2, o termo “O Brasil” já está na le templo.
posição da ordem direta, isto é, anteposto ao verbo A escultura atrai a todos os visitantes.
“ocupa”. Resposta: Letra A Não admito que coloquem a Sua Excelência num
pedestal.
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO Ao povo ninguém engana.
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles.
São vocábulos que se agregam a determinadas No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des-
estruturas para torná-las completas. De acordo com sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
a gramática de língua portuguesa, esses termos são sente para indicar parte de um todo, quando assim
divididos em: for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa
bebeu uma porção da água, e não ela toda.
Complementos Verbais
z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência
São termos que completam o sentido de verbos
dessa função sintática na mesma oração, a fim de
transitivos diretos e transitivos indiretos.
enfatizar um único significado.
z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de
panhado de preposição.
Ex.: Examinei o relógio de pulso. Andrade)
Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
O técnico convocou somente os do Brasil. (os = z Objeto direto interno: Representado por palavra
aqueles) que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
mesmo significado.
Pronomes e sua relação com o objeto direto
Ex.: Riu um riso aterrador.
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas Dormiu o sono dos justos.
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), quase sempre exer- Como diferenciar objeto direto de sujeito
cem função de objeto direto os pronomes oblíquos Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
me, te, se, nos, vos também podem exercer essa fun- Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
ção sintática. O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram va analítica e se transforma em sujeito.
quem? A minha pessoa”) Os jogos da seleção foram ignorados.
Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
(= “Nunca tomeis quem? Vós”) z Objeto indireto: É complemento verbal regido de
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= preposição obrigatória, que se liga diretamente a
“Convidaram quem? Ela”)
verbos transitivos indiretos e diretos. Representa
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
Receberam quem? Nós)
LÍNGUA PORTUGUESA

Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem


Por favor, entregue a carta ao proprietário da
ser objetos diretos. Normalmente aparecem antes do
pronome relativo que. casa 260.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: Gosto de ti, meu nobre.
esse algo é o objeto direto) Não troque o certo pelo duvidoso.
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome Vamos insistir em promover o novo romance de
feminino definido) ficção.
Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais
z Objeto direto preposicionado Pode ser representado pelos seguintes pronomes
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
preposição no seu complemento, algumas palavras Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor. 183
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim, O novo regulamento originou a revolta dos
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto funcionários.
indireto, já que sempre ocorrem com preposição. O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto
z Objeto indireto pleonástico adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes
exercem essa função sintática quando assumem
Ocorrência repetida dessa função sintática com o valor de pronomes possessivos.
objetivo de enfatizar uma mensagem. Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo).
Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
COMPLEMENTO NOMINAL plemento nominal

Completa o sentido de substantivos, adjetivos e Quando o adjunto adnominal for representado


advérbios. É uma função sintática regida de preposi- por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido
ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga
presença de um complemento nominal nos contextos a dica:
de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
do do nome. „ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado. qual se liga for concreto.
Estou longe de casa e tão perto do paraíso. Ex.: A casa da idosa desapareceu.
Para melhor identificar um complemento nomi- Se indicar posse ou o agente daquilo que
nal, siga a instrução: expressa o substantivo abstrato.
Nome + preposição + QUEM ou QUÊ Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada.
Como diferenciar complemento nominal de com- „ Será complemento nominal: se indicar o alvo
plemento verbal? daquilo que expressa o substantivo.
Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração. Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não
(complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se foi respeitada.
diretamente ao verbo “obedecia”) Notava-se o amor pelo seu trabalho.
Naquela época, a obediência ao meu coração pre- Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio:
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora- Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).

Agente da passiva
EXERCÍCIO COMENTADO
É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais 1. (NOVA CONCURSOS - 2021) Identifique os adjuntos
raramente, da preposição de. adnominais das orações abaixo.
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
ser, estar, viver, andar, ficar. a) Os inscritos atrasados não puderam entrar.
b) As consequências serão graves.
Termos Acessórios Da Oração c) Os alunos calados estiveram atentos.
d) Os funcionários da recepção continuaram calados.
Há termos que apesar de dispensável na estrutu- e) O romance da jovem escritora foi publicado.
ra básica da oração são importantes para compreen-
são do enunciado porque trazem informações novas. a) “atrasados”, qualificando o termo “inscritos”
Esses termos são chamados acessórios da oração. b) “As”, artigo relacionado do termo “consequências”
d) “calados”, qualificando o termo “alunos”
Adjunto Adnominal d) “da recepção”, indicando quais são os funcionários
e) “da jovem escritora”, indicando de quem é o
São termos que acompanham o substantivo, romance. Resposta.
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
especificar o elemento representado pelo substantivo. Adjunto Adverbial
Categorias morfológicas que podem funcionar
como adjunto adnominal: Termo representado por advérbios, locuções
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
z Artigos na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas
z Adjetivos circunstâncias.
z Numerais
z Pronomes z Tempo: Quero que ele venha logo.
z Locuções adjetivas z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida.
z Modo: O dia começou alegremente.
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo
z Intensidade: Almoçou pouco.
ficaram esquecidos no quarto.
Iam cheios de si. z Causa: Ela tremia de frio.
184 Estava conquistando o respeito dos seus. z Companhia: Venha jantar comigo.
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
roupas. preconceito, antipatia e arrogância.
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo. z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
z Finalidade: Vivia para o trabalho. para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
malmente, por um pronome indefinido.
z Meio: Viajou de avião devido à rapidez.
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
z Assunto: Falávamos sobre o aluguel. estavam empolgados com a feira.
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui. Irei a Macau, Cabo Verde, Angola e Timor-Leste,
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã. países africanos onde se fala português.
z Origem: Descendia de nobres. � Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem
Não confunda! rumo.
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio- � Circunstancial: Exprime uma característica
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que circunstancial.
o sentido seja parecido. Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui apropriadas.
é um adjunto adnominal) � Especificativo: É o aposto que aparece junto a um
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
adjunto adverbial)
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por
substantivos próprios.
Exs.: O mês de abril.
EXERCÍCIO COMENTADO O rio Amazonas.
Meu primo José.
1. (NOVA CONCURSOS - 2021) O termo grifado em: z Aposto da oração: É um comentário sobre o
“Watson estava numa sala ao lado” exerce a função fato expresso pela oração, ou uma palavra que
sintática de: condensa.
Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
a) Adjunto adnominal preocupação.
b) Objeto direto O noticiário disse que amanhã farpa muito calor -
c) Predicativo ideia que não me agrada.
d) Complemento Nominal
e) Adjunto Adverbial z Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
O verbo “estava” é seguido de um adjunto adverbial para as perguntas.
de lugar, neste caso temos um adjunto adverbial. Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.
Resposta: Letra E
Dica
Aposto
O aposto pode aparecer antes do termo a que se
São estruturas relacionadas a substantivos, prono- refere, normalmente antes do sujeito.
mes ou orações. O aposto tem como propósito expli- Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
car, identificar, esclarecer, especificar, comentar ou na marcou uma geração.
apontar algo, alguém ou um fato. Segundo Cegalla, quando o aposto se refere a
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma um termo preposicionado, pode ele vir igualmen-
bicicleta. te preposicionado.
Aposto: filha de D. Raimunda
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
des obras. tudo ele tinha medo.
Aposto: Machado de Assis. O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial.
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas.
Classifica-se nas seguintes categorias: (adjetivos, apostos do predicativo do sujeito)
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa-
LÍNGUA PORTUGUESA

z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial
Separa-se do substantivo a que se refere por uma de modo)
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
ou dois-pontos. z Diferença de aposto especificativo e adjunto
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram adnominal: Normalmente, é possível retirar a
ontem, acabaram de voltar de férias. preposição que precede o aposto. Caso seja um
Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos. adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
� Enumerativo: é usado para desenvolver ideias que fica prejudicada.
foram resumidas ou abreviadas em um termo ante- Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo. (aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e O clima de Fortaleza é quente.
riachos. (adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?) 185
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo
adjetivo. O povo levantou-se cedo
Era dia de eleição
para evitar aglomeração.
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad- Os que estão em negrito são os verbos.
jetivo)
Homem desesperado, João sempre perde o con- Para não esquecer: Período simples é aquele for-
trole. mado por uma só oração
Período composto é aquele formado por duas ou
(aposto; núcleo: homem – substantivo)
mais orações.

EXERCÍCIO COMENTADO Classifica-se nas seguintes categorias:

z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;


1. ((CESPE-CEBRASPE - 2014) No trecho, as vírgulas
isolam segmento – “Sua vocação eminentemente
„ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-
hídrica impõe, ao longo dos séculos, a necessidade do sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
deslocamento...” com função de aposto explicativo.
z Por subordinação:
( ) CERTO ( ) ERRADO
„ Orações subordinadas substantivas: subjeti-
O trecho “ao longo dos séculos” não é um aposto e vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
não sugere explicação. Na verdade, ele é um adjunto pletivas nominais, predicativas, apositivas.
adverbial de tempo deslocado na frase, intercalado „ Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
por vírgulas. Se trouxesse esse trecho para o início explicativas.
do período, ficaria: “Ao longo dos séculos, sua voca- „ Orações subordinadas adverbiais: causais,
ção eminentemente hídrica impõe a necessidade do comparativas, concessivas, condicionais, con-
formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
deslocamento.” Resposta: Errado
temporais.
Vocativo
z Por coordenação e subordinação: orações for-
madas por períodos mistos.
O vocativo é um termo que não mantém relação z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para Período Composto por Coordenação
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
ja se comunicar. É um termo independente, pois As orações são sintaticamente independentes. Isso
não faz parte da estrutura da oração. significa que uma não possui relação sintática com
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
consulta. período.
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
(Fernando Pessoa)
z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati- Oração coordenada 1: Deus quer
Oração coordenada 2: o homem sonha
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
Oração coordenada 3: a obra nasce.
outro termo da oração.
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças. sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
O aposto se relaciona sintaticamente com outro Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
termo da oração. Oração coordenada assindética: colei o ouvido à
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável. porta da sala de Damasceno
Sujeito: a cozinha de lufe. Oração coordenada sindética: mas nada ouvi.
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao Conjunção adversativa: mas nada
sujeito).
Orações Coordenadas Sindéticas
PERÍODO COMPOSTO
As orações coordenadas podem aparecer ligadas
Observe os exemplos a seguir: às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome
A apostila de Português está completa.
sindética. Veremos agora cada uma delas:
Um verbo: Uma oração = período simples
Português e Matemática são disciplinas essen-
z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou
ciais para ser aprovado em concursos. simultaneidade.
Dois verbos: duas orações = período composto Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam-
O período composto é formado por duas ou mais bém, mas ainda, bem como, como também, se-
orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado não também, que (= e).
186 períodos simples e período compostos. Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
Os convidados não compareceram nem explica- z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
ram o motivo. não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
no infinitivo.
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con- Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
traste ou ressalva em relação ao fato anterior.
z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, exercem a função de sujeito. O verbo da oração
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs- principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. rir a nenhum termo na oração.
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
morte.” (Laurindo Rabelo) Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
cional) (or. sub. subst. subje.)
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou
se excluem. z Orações subordinadas substantivas objetivas
Conjunções constitutivas: [ou], [ou ... ou], [ora ... diretas: exercem a função de objeto direto de um
ora], [que ... quer], [seja ... seja], [já ... já], [talvez verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
... talvez]. reto da oração principal.
Ex.: Ora responde, ora fica calado. Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
Você quer suco de laranja ou refrigerante? Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
subst. obj. dir.)
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica
sobre um raciocínio. z Orações subordinadas substantivas completi-
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- vas nominais: exercem a função de complemento
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
de frase). da oração principal.
Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima
mento nominal)
semana.
Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo
plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
Mendes Campos)
pl. nom.)
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem
z Orações subordinadas substantivas predicati-
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, vas: funcionam como predicativos do sujeito da
porquanto, pois. oração principal. Sempre figuram após o verbo de
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale ligação ser.
a “pois”) Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos sujeito)
com fome. Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.)
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
z Orações subordinadas substantivas apositivas:
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
Formado por orações sintaticamente dependentes,
de dois-pontos ou entre vírgulas.
considerando a função sintática em relação a um ver-
Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
bo, nome ou pronome de outra oração.
Só quero uma coisa: que você volte imediata-
Tipos de orações subordinadas: mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.)

z Substantivas; z Orações subordinadas adjetivas: desempenham


z Adjetivas; função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais
z Adverbiais. raramente, aposto explicativo). São introduzidas
por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os
Orações Subordinadas Substantivas quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As
orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
explicativas e restritivas.
São classificadas nas seguintes categorias:
z Orações subordinadas adjetivas explicativas:
z Orações subordinadas substantivas conectivas: não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
são introduzidas pelas conjunções subordinativas tam uma explicação sobre o termo antecedente.
LÍNGUA PORTUGUESA

integrantes que e se. São consideradas termo acessório no período,


Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
impostos. das por vírgulas.
Não sei se poderei sair hoje à noite. Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
cria trinta gatos.
z Orações subordinadas substantivas justapos-
tas: são introduzidas por advérbios ou pronomes z Orações subordinadas adjetivas restritivas:
interrogativos (onde, como, quando, quanto, especificam ou limitam a significação do termo
quem etc.) antecedente, acrescentando-lhe um elemento
indispensável ao sentido. Não são isoladas por
z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias vírgulas.
roubadas. Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é
Não sei quem lhe disse tamanha mentira. incurável. 187
Dica � Orações subordinadas adverbiais temporais:
são introduzidas por quando, enquanto, logo
Como diferenciar as Orações subordinadas adje-
que, depois que, assim que, sempre que, cada
tivas restritivas das Orações subordinadas adje- vez que, agora que etc.
tivas explicativas? Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
Ele visitará o irmão que mora em Recife.
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai Para separar as orações de um período composto, é
visitar apenas o que mora em Recife) necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
mora em Recife) esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem ções verbais. Exs.:
uma circunstância relativa a um fato expresso em [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
outra oração. Têm função de adjunto adverbial. [para fixar outros] – 2ª oração
São introduzidas por conjunções subordinativas [que os rodeiam] – 3ª oração
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin- [e se deleitem com a imaginação deles]. (M. de As-
tes grupos: sis) – 4ª oração

� Orações subordinadas adverbiais causais: são Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por- basta, pertencente à 1ª (oração principal).
que, visto que etc. A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
que ficamos sem gasolina.
� Orações subordinadas adverbiais comparati- Orações Reduzidas
vas: são introduzidas por como, assim como, tal
qual, como, mais etc. z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas
nominais (gerúndio, particípio e infinitivo).
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do)
que a importada. z As que são substantivas e adverbiais: nunca são
iniciadas por conjunções.
� Orações subordinadas adverbiais concessivas:
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São por pronomes relativos.
introduzidas por embora, ainda que, mesmo que, z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
por mais que, se bem que etc. conectivos.
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã.
z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
� Orações subordinadas adverbiais condicionais: prepositiva.
são introduzidas por se, caso, desde que, salvo se, Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
contanto que, a menos que etc. O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal. conjunção
Quando terminou a prova, fomos ao restaurante.
� Orações subordinadas adverbiais conforma-
(desenvolvida)
tivas: são introduzidas por como, conforme,
O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção
segundo, consoante.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos. Orações reduzidas de infinitivo
� Orações subordinadas adverbiais consecutivas:
são introduzidas por que (precedido na oração Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
anterior de termos intensivos como tão, tanto, Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de for-
ma que, sem que. z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou. S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
direta reduzida de infinitivo)
fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles)
A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
� Orações subordinadas adverbiais finais: indi- predicativa reduzida de infinitivo)
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
por para que, a fim de que, porque e que (= para completiva nominal reduzida de infinitivo)
que). Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos substantiva apositiva reduzida de infinitivo)
tivessem bom estudo. z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
� Orações subordinadas adverbiais proporcio- pelas mãos.
nais: são introduzidas por à medida que, à pro- O meu manual para fazer bolos certamente vai
agradar a todos.
porção que, quanto mais, quanto menos etc.
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado,
188 aprecio. continua jogando bola.
Sem estudar, não passarão. z Orações subordinadas substantivas coordena-
Ele passou mal, de tanto comer doces. das entre si
Orações reduzidas de gerúndio Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe
meus pais, nem que culpe meus parentes.
Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo- Oração principal: Espero
sitivas, adjetivas, adverbiais. Oração coordenada 1: que você não me culpe
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais
z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando Oração coordenada 3: nem que culpe meus
livre dos juros. parentes.

z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo


ajudando um ao outro. (subjetiva) Importante!
Agora ouvimos artistas cantando no shopping.
(objetiva direta) O segredo para classificar as orações é per-
ceber os conectivos (conjunções e pronomes
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o relativos).
coração.
z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não
� Orações subordinadas adjetivas coordenadas
contou a verdade.
entre si
Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
Orações Reduzidas de Particípio
cautelosa, não faz tudo sozinha.
Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
Podem ser adjetivas ou adverbiais.
Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
cautelosa
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
Nosso planeta, ameaçado constantemente por � Orações subordinadas adverbiais coordenadas
nós mesmos, ainda resiste. entre si
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have- Ex.: Não só quando estou presente, mas também
ria problemas. (condicional) quando não estou, sou discriminado.
Dada a notícia da herança, as brigas começaram. Oração subordinada adverbial 1: quando estou
(causal/temporal) presente
Comprada a casa, a família se mudou logo. Oração subordinada adverbial 2: quando não
(temporal) estou
� Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
O particípio concorda em gênero e número com os mo período
termos referentes. Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre- seu papel, no entanto a realidade não é assim.
quentes em provas de concurso. Oração principal: Presume-se
Oração subordinada subjetiva da principal: as
Períodos Mistos penitenciárias cumpram seu papel
Oração coordenada sindética adversativa da ante-
São períodos que apresentam estruturas oracio- rior: no entanto a realidade não é assim.
nais de coordenação e subordinação.
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas
dentro de um conjunto de orações que são subordina-
das a uma oração principal. EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (UEPA - 2013) No trecho: “Até hoje, os prédios resi-
1ª oração 2ª oração 3ª oração denciais no Brasil têm dois elevadores: o social, para
os patrões e aqueles no topo da hierarquia social, e
O homem entrou na sala e pediu que todos calassem. o elevador de serviço, apropriado para empregados
e pobres”. A repetição do conectivo “e” tem efeito de
verbo verbo verbo
LÍNGUA PORTUGUESA

marcar uma:

1ª oração: oração coordenada assindética. a) descontinuidade de fatos.


2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em b) sequência cronológica dos fatos.
relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração. c) coordenação entre as ideias principais.
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta d) implicação natural de consequência dos dois últimos
em relação à 2ª oração. fatos em relação ao primeiro.
e) subordinação entre a sequência dos fatos.
Resumindo: período composto por coordenação e
subordinação O conectivo “e” junta duas ideias coordenadas “o
As orações subordinadas são coordenadas entre si, [elevador] social” e “o elevador de serviço”. Respos-
ligadas ou não por conjunção. ta: Letra C. 189
2. (CEPERJ - 2013) “É razoável que as pessoas tenham advérbio) exige complemento preposicionado, esse
medo de assaltos”. Abaixo estão cinco (5) formas de nome é um termo regente, e seu complemento é um
reescrever-se essa primeira frase do texto. Assinale a termo regido, pois há uma relação de dependência
única forma errada.
entre o nome e seu complemento.
O nome exige um complemento nominal sempre ini-
a) É razoável as pessoas temerem assaltos.
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em
b) É razoável que as pessoas temessem assaltos.
forma de pronome oblíquo átono.
c) É razoável que as pessoas tenham medo de ser assaltadas.
d) É razoável que assaltos causem medo às pessoas. Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe
e) É razoável que assaltos sejam temidos pelas pessoas. foram leais.
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo do sujei-
A forma “que as pessoas temessem” está também to (desprovido de preposição)
no subjuntivo, mas pertence a tempo verbal diferen- Pronome oblíquo átono: lhe
te da frase original, alterando o sentido. Resposta: Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do
Letra B. sujeito (desprovido de preposição).

3. (TJ-SC - 2010) Assinale a alternativa que NÃO apre- Regência Verbal


senta orações coordenadas:
Relação de dependência entre um verbo e seu
a) Como queria ser juiz, dedicou-se para valer aos estudos. complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
b) O partido conservador perdeu, pois obteve 20 votos retas, isto é, com ou sem preposição.
aquém do necessário para a maioria absoluta.
c) Varri chão, lavei banheiro, pagava pra trabalhar. Há verbos que admitem mais de uma regência
d) Com a diminuição dos recursos, os projetos se fragili- sem que o sentido seja alterado.
zam e as ações se tornam provisórias e descontinuadas.
e) O Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe muitos Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
avanços, mas ainda se buscam melhorias.
V. T. D: esquecia
Objeto direto: os favores recebidos.
O trecho “dedicou-se para valer aos estudos” é
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
subordinado à oração principal “Como queria ser
V. T. I.: se esquecia
juiz”, numa relação de condição. Resposta: Letra A
Objeto indireto: dos favores recebidos.
4. (TJ-SC - 2010) Indique a alternativa que apresenta
análise errada da oração em grifo: No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos
que, mudando-se a regência, mudam de sentido,
a) A concretização dos negócios seria garantida se o alterando seu significado.
Brasil participasse de acordos internacionais de inves-
timento. [subordinada adverbial condicional] Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
b) A conta de comércio melhorou em 2009, com a reces- (aspiramos = sorvemos)
são, mas o investimento direto diminuiu. [coordenada V. T. D.: aspiramos
adversativa] Objeto direto: ar poluídos.
c) Pode ser chamado de gratuito o horário eleitoral que Os funcionários aspiram a um mês de férias.
custa R$ 851 milhões ao Estado? [subordinada adjeti- (aspiram = almejam)
va restritiva] V. T. I.: aspiram
d) O estudo realizado em 1993 na Amazônia tem pouca Objeto indireto: a um mês de férias
abrangência por ter sido feito com apenas 30 pessoas.
[subordinada adverbial causal reduzida de infinitivo] A seguir, uma lista dos principais verbos que
e) Alegou não terem ocorrido os pressupostos da one-
geram dúvidas quanto à regência:
rosidade excessiva uma vez que a avença foi firma-
da numa época de estabilidade do real. [subordinada
� Abraçar: transitivo direto
adverbial comparativa]
Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
A oração “uma vez que a avença foi firmada numa
época de estabilidade do real” é subordinada adver- � Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
bial explicativa. Resposta: Letra E Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
to com sentido de “acariciar”)
FUNÇÕES SINTÁTICAS DO PRONOME RELATIVO A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
no sentido de “ser agradável a”)
O referido conteúdo já foi abordado em “Morfo-
logia - Estrutura e formação das palavras e classes � Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
de palavras”. transitivo direto e indireto
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
SINTAXE DE REGÊNCIA (VERBAL E NOMINAL) personificado)
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se personificado)
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
190 posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou reto: refere-se a coisas e pessoas)
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da (transitivo direto com sentido de “acarretar”)
preposição a, rege indiferentemente objeto direto Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
e objeto indireto. (transitivo indireto com sentido de “mostrar má
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto) disposição”)
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
indireto) direto e indireto com sentido de envolver-se”)
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
� Informar: transitivo direto e indireto
rege apenas objeto direto:
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
Ajudaram o ladrão a fugir.
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
direto: sobre
Ajudei-o muito à noite. Informaram o réu de sua condenação.
Informaram o réu sobre sua condenação.
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
sa: objeto indireto, com a preposição a
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
Informaram a condenação ao réu.
sitivo direto com sentido de “angustiar”)
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com � Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe” reto, com as preposições em e por
como complemento) Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto � Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti- tivo direto e indireto
vo direto com sentido de “respirar”) Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo sitivo com sentido de “cortejar”)
indireto no sentido de “desejar”) Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto indireto com sentido de “desejar muito”)
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de “Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
“prestar assistência” ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
O médico assistia os acidentados. “encantar-se”)
O médico assistia aos acidentados. � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar” Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não assisti ao final da série. Não desobedeçam à sinalização de trânsito.

O verbo assistir não pode ser empregado no � Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
particípio. tivo direto e indireto
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
milhares de pessoas.” Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
indireto)
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
direto e indireto direto e indireto)
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo) � Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;
A jovem não queria casar com ninguém. (transiti- transitivo direto e indireto
vo indireto) Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire- A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
to e indireto) Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de indireto)
predicativo do objeto � Suceder; intransitivo; transitivo direto
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire- Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
to com sentido de “convocar”) sentido de “ocorrer”)
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre- A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
dicativo do objeto com sentido de “denominar, de “vir depois”)
qualificar”)
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi- Regência Nominal
reto; intransitivo
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
indireto com sentido de “ser difícil”) bios) exigem complementos preposicionados, exceto
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo) Advérbios terminados em “mente”
� Esquecer: admite três possibilidades
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
Ex.: Esqueci os acontecimentos.
regência dos adjetivos:
Esqueci-me dos acontecimentos.
Esqueceram-me os acontecimentos.
análoga / analogicamente a
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; contrária / contrariamente a
transitivo direto e indireto compatível / compativelmente com 191
diferente / diferentemente de IV. Esperamos que cheguem logo a nossas mãos os
favorável / favoravelmente a documentos visando a instruir o processo.
paralela / paralelamente a
próxima / proximamente a/de a) Estão corretas somente as proposições II, III e IV.
relativa / relativamente a b) Estão corretas somente as proposições I, II e III.
c) Estão corretas somente as proposições I, III e IV.
Preposições prefixos verbais d) Estão corretas somente as proposições I, II e IV.
e) Todas as proposições estão corretas.
Alguns nomes regem preposições semelhantes a
seus “prefixos”: A forma correta de I seria: “Comunique aos candida-
tos que as provas serão realizadas em outro local”.
dependente, dependência de
O verbo “comunicar” é transitivo direto e indireto,
inclusão, inserção em
e no contexto o objeto direto é a oração subordina-
inerente em/a
descrente de/em da substantiva “que as provas serão realizadas em
desiludido de/com outro local”. Resposta: Letra A
desesperançado de
desapego de/a 3. (TJ-SC – 2010) Indique em que frase a regência verbal
convívio com não se conforma às normas gramaticais:
convivência com
demissão, demitido de a) Os presidenciáveis responderam às perguntas dos
encerrado em telespectadores.
enfiado em b) Assistimos aos jogos de futebol pela tevê aberta
imersão, imergido, imerso em c) O não pagamento implica a devolução do produto.
instalação, instalado em d) Procedeu-se ao inquérito.
interessado, interesse em
e) Obedeça a sinalização.
intercalação, intercalado entre
supremacia sobre
O correto seria “Obedeça à sinalização”, entendendo a
regência do verbo: “obedeça a algo”. Resposta: Letra E

EXERCÍCIOS COMENTADOS 4. (TJ-SC – 2010) Assinale a frase correta em termos de


concordância nominal:
1. (CEPERJ - 2013) “...não passa de uma manifestação
de racismo, do qual, aliás, o brasileiro gosta de decla- a) Por essa razão se faz necessária a agilização de pro-
rar-se isento”; nesse segmento do texto, o emprego da cedimentos como a apuração da base de cálculos.
forma “do qual” está ligado à presença do termo “isen- b) Julgo procedente em parte os pedidos promovidos
to”, que solicita a presença da preposição de. A frase por Maria e José.
criada apresenta desvio da norma culta nesse mesmo c) As duplicatas apenas não foram resgatadas.
tipo de estrutura em: d) O veículo estará à sua disposição no local e hora
aprazado.
a) Os assaltos dos quais falam são cotidianos na cidade
e) Embora meia tonta, a moça conseguiu dizer “muito
de São Paulo.
obrigado”.
b) Os crimes contra os quais lutam os policiais oferecem
perigo à sociedade.
c) A pesquisa da qual foram submetidos revelou infor- No trecho “se faz necessária a agilização”, o termo
mações novas. “necessária” concorda com o artigo feminino singu-
d) As objeções contra as quais se levantaram não tinham lar definido que vem logo após. Resposta: Letra A
qualquer fundamento.
e) As leis às quais se referem foram julgadas pela pesquisa. SINTAXE DE CONCORDÂNCIA (VERBAL E NOMINAL)

O correto é “A pesquisa à qual foram submetidos”, Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se


para respeitar a regência do nome “submetidos”. umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
Faz-se a pergunta: “Submetidos a quem ou a quê?”. cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
Resposta: Letra C Observe o exemplo:

2. (TJ-SC – 201) Analise as proposições sob o aspecto A pequena garota andava sozinha pela cidade.
da regência verbal:
A: Artigo, feminino, singular;
Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
I. Comunique aos candidatos de que as provas serão
Garota: Substantivo, feminino, singular.
realizadas em outro local.
II. Fundação, pilares, lajes, vigas, caixas-d’água, escadas
em concreto armado devem obedecer às normas da Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
ABNT. adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
III. Essa mudança de percepção dos riscos ambientais número (singular) do substantivo.
implica maior influência da participação popular nos Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
192 projetos industriais. cia: verbal e nominal.
Concordância Verbal Estados Unidos continua uma potência.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
É a adaptação em número – singular ou plural e de de Santos fica em São Paulo.”)
pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
sujeito.
“De todos os povos mais plurais culturalmente, o Importante!
Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra- Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros, verbo fica no singular ou no plural.
pois houve influências de todos os povos aqui: euro- Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
peus, asiáticos e africanos.”
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor- z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
singular. obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
Destrinchando o período, temos que os termos Mais de um aluno compareceu à aula.
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas Mais de cinco alunos compareceram à aula.
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
cado verbal. A expressão mais de um tem particularidades:
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo: se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo
Ex.: Prefiro natação a futebol. recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
Verbo bitransitivo: Prefiro a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:
Objeto direto: natação Mais de um irmão se abraçaram.
Objeto indireto: a futebol
Popularmente usa-se “do que” no lugar de “a”, Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
o que tornaria a oração da seguinte forma: “Prefiro
Mais de um aluno, mais de um professor esta-
natação do que futebol”. Porém, segundo a norma-pa-
vam presentes.
drão, a forma correta é como consta na imagem.
z Quando o sujeito é formado de um número per-
Concordância Verbal com o Sujeito Simples
centual ou fracionário, o verbo concorda com o
numerado ou com o número inteiro, mas pode
Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
concordar com o especificador dele. Se o numeral
sujeito.
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário vier precedido de um determinante, o verbo con-
exorbitante. cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.
Diferentes situações:
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de viver bem.
sentido coletivo o verbo fica no singular. Ex.: A Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
multidão gritou entusiasmada. Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
bo posterior ao pronome relativo concorda com o
antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do EXERCÍCIO COMENTADO
Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o 1. (FGV - 2008) “... mostram que um terço dos pagamen-
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós tos realizados por intermédio de instituições financei-
quem resolveu a questão. ras foi tributado apenas por aquela contribuição...”
(L.67-70)
Por questão de ênfase, o verbo pode também con- Assinale a alternativa em que, ao se alterar o termo
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos “um terço”, não se tenha mantido a concordância em
nós quem resolvemos a questão. conformidade com a norma culta. Desconsidere a
possibilidade de concordância atrativa.
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
LÍNGUA PORTUGUESA

demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / a) mostram que 0,27% dos pagamentos realizados por
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no intermédio de instituições financeiras foi tributado
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol- apenas por aquela contribuição.
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos b) mostram que menos de 2% dos pagamentos realiza-
essa questão. dos por intermédio de instituições financeiras foram
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- tributados apenas por aquela contribuição.
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, c) mostram que grande parte dos pagamentos realiza-
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- dos por intermédio de instituições financeiras foi tribu-
ver artigo definido antes de uma palavra plura- tado apenas por aquela contribuição.
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse d) mostram que três quartos dos pagamentos realizados
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados por intermédio de instituições financeiras foram tribu-
Unidos continuam uma potência. tados apenas por aquela contribuição. 193
e) mostram que 1,6 milhão dos pagamentos realizados � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
por intermédio de instituições financeiras foi tributado como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
apenas por aquela contribuição. bem como, assim como, tanto quanto
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
Em “grande parte dos pagamentos realizados...
final.
foi tributado”, não houve concordância adequada,
deveria ser “foi tributada”, para concordar com o z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
núcleo do sujeito, “parte”. Resposta: Letra C aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
como; não só... mas também etc.)
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a popularidade em alta.
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
chegou. (Duas horas deram...) z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu) co núcleo, o verbo fica no singular concordando
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez com o núcleo único. Mas, se houver determinante
badaladas soaram) após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio sujeito passa a ser composto.
da escola soou dez badaladas) Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven- combustíveis aumentaram.
dem-se casas de veraneio aqui.
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão Concordância verbal do Ser
interessada.
� Concorda com o sujeito
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Ex.: Nós somos unha e carne.
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
Majestade está preocupada? � Concorda com o sujeito (pessoa)
Suas Excelências precisam de algo? Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou � Em predicados nominais, quando o sujeito for
exclamativas. Ex.: Vivam os campeões! representado por um dos pronomes tudo, nada,
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor-
Concordância Verbal com o Sujeito Composto dará com o predicativo (preferencialmente) ou
com o sujeito.
� Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
Ex.: No início, tudo é/são flores.
ticais diferentes
Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos. � Concorda com o predicativo quando o sujeito for
que ou quem
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
Ex.: Quem foram os classificados?
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
garam ontem. � Em indicações de horas, datas, tempo, distância
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada (predicativo), o verbo concorda com o predicativo
ou nenhum Ex.: São nove horas.
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man- É frio aqui.
ter o espírito esportivo. Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?

� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no � O verbo fica no singular quando precede termos
singular como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju- menos etc. junto a especificações de preço, peso,
davam. (preferencialmente no singular) quantidade, distância. E também quando seguido
� Gradação entre os núcleos do sujeito do pronome o.
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
me acalmar. (preferencialmente no singular) Divertimentos é o que não lhe falta.
Dez reais é nada diante do que foi gasto.
� Núcleos do sujeito no infinitivo
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde. � Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o
mitivo (nada, tudo, ninguém)
verbo concordará com o termo não preposiciona-
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu.
do entre eles.
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro, Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
nem um nem outro São eles que sempre chegam cedo.
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui. É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem trução adequada)
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
194 meu foco nos estudos. (construção inadequada)
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL Casos mais frequentes em provas

Concordância do infinitivo Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos:
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- � Sujeito posposto distanciado
to esclarecido) Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito brasileira seres estranhos.
implícito “nós”)
� Verbos impessoais (haver e fazer)
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site.
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
(dois pronomes implícitos: eu, nós)
Havia problemas no setor.
Até me encontrarem, vocês terão de procurar
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
muito. (preposição no início da oração)
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
(verbos pronominais) � Verbo na voz passiva sintética
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta.
indicando tempo)
� Verbo concordando com o antecedente correto
Estudo para me considerarem capaz de aprova-
do pronome relativo ao qual se liga
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
tinham experiência.
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no � Sujeito coletivo com especificador plural
particípio) Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram.
z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal: � Sujeito oracional
Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu- Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
ção verbal) singular)
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
sendo sujeito do infinitivo)
to ou complemento no plural
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
atrito. (verbo no singular)
no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
Casos Facultativos
Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o
com valor genérico)
estádio.
São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
dido de preposição de ou para) z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo) fizeram rir.
z Fui eu quem faltou/faltei à aula.
� Concordância do verbo parecer
Flexiona-se ou não o infinitivo. z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta- brasileira.
vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
de acordo com o sujeito, no plural) ciência. (1,5% corresponde ao singular)
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
z Chegaram/Chegou João e Maria.
logo o infinitivo será impessoal)
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
� Concordância dos verbos impessoais aqui.
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
sempre na 3ª pessoa do singular.
brasileira.
Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
Fazia quinze anos que ele havia se formado. z O problema do sistema é/são os impostos.
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo z Hoje é/são 22 de agosto.
LÍNGUA PORTUGUESA

auxiliar fica no singular) z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos


Trata-se de problemas psicológicos. a aprovação.
Geou muitas horas no sul.
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
� Concordância com sujeito oracional
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o Silepse de Número e de Pessoa
verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
singular. Conhecida também como “concordância irregular,
Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos. ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
Ficou combinado que sairíamos à tarde. z Silepse de número: usa-se um termo discordando
Urge que você estude. do número da palavra referente, para concordar
Era preciso encontrar a verdade. com o sentido semântico que ela tem. 195
z Ex.: Flor tem vida muito curta, logo murcham. z Com função de predicativo do objeto
(ideia de pluralidade: todas as flores)
Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu- tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de dância com o termo mais próximo.
diversas etnias, somos multiculturais. Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
Concordância Nominal seus subordinados.

Define-se como a adaptação em gênero e número Algumas convenções


que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, � Obrigado / próprio / mesmo
adjetivos, numerais). Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em A própria enfermeira virá para o debate.
gênero e número com o nome a que se referem. Elas mesmas conversaram conosco.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
Muro alto. / Muros altos. Dica
Casos com adjetivos O termo mesmo no sentido de “realmente” será
invariável.
z Com função de adjunto adnominal: quando o Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
ver após os substantivos, poderá concordar com z Só / sós
as somas desses ou com o elemento mais próximo. Variáveis quando significarem “sozinho” /
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / “sozinhos”.
Encontrei colégios e faculdades ótimos. Invariáveis quando significarem “apenas,
somente”.
Há casos em que o adjetivo concordará apenas Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
com o nome mais próximo, quando a qualidade per- apenas queriam ficar sozinhas.)
tencer somente a este. A locução “a sós” é invariável.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira. Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho ficar a sós.

Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno- � Quite / anexo / incluso


minal e estiver antes dos substantivos, poderá con- Concordam com os elementos a que se referem.
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Ex.: Estamos quites com o banco.
Existem complicadas regras e conceitos. Seguem anexas as certidões negativas.
Quando houver apenas um substantivo qualifica- Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
� Meio
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa, Quando significar “metade”: concordará com o
francesa e alemã. elemento referente.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo Quando significar “um pouco”: será invariável.
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
língua inglesa, a francesa e a alemã. � Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
z Com função de predicativo do sujeito do significar unidade de medida, é masculino.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará “A grama do vizinho sempre é mais verde.”
com a soma dos elementos.
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. � É proibido entrada / É proibida a entrada
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- Se o sujeito vier determinado, a concordância do
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
quanto com o nome mais próximo. rão com o determinante.
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta- Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
vam abandonados a casa e o quintal. nhada está boa.
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun- É proibido entrada de crianças. / É proibida a
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os entrada de crianças.
substantivos por um pronome: Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
(substitui-se por “eles”) � Menos / pseudo
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles São invariáveis.
existem complicados”. Ex.: Havia menos violência antigamente.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição, Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
196 então é um adjunto adnominal. to é pseudo-objetivo.
� Muito / bastante 2. (TJ-SC – 2010) Assinale a frase correta em termos de
Quando modificam o substantivo: concordam com concordância nominal:
ele.
Quando modificam o verbo: invariáveis. a) Por essa razão se faz necessária a agilização de pro-
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito cedimentos como a apuração da base de cálculos.
b) Julgo procedente em parte os pedidos promovidos
irritados.
por Maria e José.
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
c) As duplicatas apenso não foram resgatadas.
tante irritados.
d) O veículo estará à sua disposição no local e hora
Se ambos os termos puderem ser substituídos por
aprazado.
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
e) Embora meia tonta, a moça conseguiu dizer “muito
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
obrigado”.
� Tal qual
Tal concorda com o substantivo anterior; qual, O trecho “[...] se faz necessária a agilização” está
com o substantivo posterior. correto porque o termo “necessária” concorda com
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os o artigo definido feminino singular “a”. Resposta:
pais. Letra A
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
quais os pais. 3. (TJ-SC – 2010) “Ao meio-dia e ____ , encontrando a
Silepse (também chamada concordância porta da lancheria _____ aberta, Joana entrou e pediu
figurada) ____ grama de sal e _____ porção de sanduíche.” O tex-
to fica gramaticalmente correto com a inserção de:
É a que se opera não com o termo expresso, mas o
que está subentendido.
a) meia – meio – meia – meia
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
b) meio – meia – meio – meia
linda!)
c) meia – meia – meia – meia
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
d) meia – meio – meio – meia
com o estabelecimento aberto no final de semana.)
e) meio – meio – meio – meio
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
leiros, estamos esperançosos.) Ao meio-dia e [meia hora], [...] a porta da lancheria
� Possível [meio = um pouco] aberta, [...] pediu [meio = meta-
Concordará com o artigo, em gênero e número, em de do termo masculino grama] grama de sal e meia
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. porção [...]. Resposta: Letra D
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
Conheci crianças as mais belas possíveis. PLURAL DE COMPOSTOS

Substantivos

EXERCÍCIOS COMENTADOS O adjetivo concorda com o substantivo referen-


te em gênero e número. Se o termo que funciona
1. (FAFIPA – 2020) Para que haja concordância, todos os como adjetivo for originalmente um substantivo fica
elementos que compõem a oração precisam estar em invariável.
harmonia. A partir disso, assinale a alternativa em que Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
NÃO há erro de concordância nominal: também é um substantivo; mantém-se no singular)
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
um substantivo; mantém-se no singular)
a) Sempre educada e prestativa, a menina olhou para
todos os convidados e disse: “Muito obrigado!”
Adjetivos
b) As taxas inclusa no pacote de viagem são muito altas.
c) Os diretores mesmo realizaram a campanha na escola.
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
d) Bebi meia garrafa de vinho e fiquei meia tonta.
mo elemento concordará com o substantivo referente.
e) Gosto muito de ler Clarice Lispector. Na biblioteca há
Os demais ficarão na forma masculina singular.
bastantes livros de sua autoria.
Se um dos elementos for originalmente um subs-
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
LÍNGUA PORTUGUESA

Na alternativa A, a frase enunciada pela menina Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
deveria flexionar no feminino o adjetivo “obrigada”, No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
portanto está incorreta. Na alternativa B, o adjeti- plural, pois ambos são adjetivos.
vo “inclusa” deve concordar em gênero e número, No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
havendo a necessidade do plural, o mesmo ocorre singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
em C, portanto mais duas alternativas incorretas. Nesse caso, o termo composto não concorda com o
Na alternativa D a palavra “meia” é um advérbio, plural do substantivo referente, “folhas”.
pois modifica o adjetivo tonta, sendo, portanto, Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
invariável, acarretando o erro dessa alternativa. Já O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
na alternativa E termos “bastantes” corretamente bém pode ser um substantivo.
empregado, pois assume valor de “muitos”. Respos- O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
ta: Letra E. lógica de “musgo” do exemplo anterior. 197
Dica � Nos substantivos compostos formados com
grão, grã e bel:
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
grão-duque – grão-duques;
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
grã-fino – grã-finos;
sempre invariáveis.
bel-prazer – bel-prazeres.
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele-
mentos flexionados no plural (peles-vermelhas). Não flexão dos elementos
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos
Lista de Flexão dos dois elementos formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
re em frases substantivadas e em substantivos
� Nos substantivos compostos formados por palavras
compostos por um tema verbal e uma palavra
variáveis, especialmente substantivos e adjetivos:
segunda-feira – segundas-feiras; invariável ou outro tema verbal oposto:
matéria-prima – matérias-primas; o disse me disse – os disse me disse;
couve-flor – couves-flores; o leva e traz – os leva e traz;
guarda-noturno – guardas-noturnos; o cola-tudo – os cola-tudo.
primeira-dama – primeiras-damas.
� Nos substantivos compostos formados por SINTAXE DE COLOCAÇÃO
temas verbais repetidos:
corre-corre – corres-corres; O referido conteúdo já foi abordado em “Morfo-
pisca-pisca – piscas-piscas; logia - Estrutura e formação das palavras e classes
pula-pula – pulas-pulas. de palavras”.
Nestes substantivos também é possível a flexão
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
-piscas, pula-pulas.

Flexão apenas do primeiro elemento NOÇÕES DE VERSIFICAÇÃO

z Nos substantivos compostos formados por subs- ESTRUTURA DO VERSO, TIPOS DE VERSO, RIMA,
tantivo + substantivo em que o segundo termo ESTROFAÇÃO E POEMAS DE FORMA FIXA
limita o sentido do primeiro termo:
decreto-lei – decretos-lei; Veremos, agora, noções básicas, referentes ao estu-
cidade-satélite – cidades-satélite; do de poemas. Assim, ficará mais fácil compreendê-los
público-alvo – públicos-alvo; e gabaritar as questões que abordam essa temática.
elemento-chave – elementos-chave.
Nestes substantivos também é possível a flexão
Prosa
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
públicos-alvos, elementos-chaves.
Chamamos de prosa os textos escritos de forma
z Nos substantivos compostos preposicionados: corrida, organizados em parágrafos, cuja intenção é
cana-de-açúcar – canas-de-açúcar; expor uma ideia, um fato ou uma história. São comuns
pôr do sol – pores do sol;
em gêneros, como redações de concurso, gêneros opi-
fim de semana – fins de semana;
nativos, narrativos e descritivos em geral.
pé de moleque – pés de moleque.

Flexão apenas do segundo elemento Verso

� Nos substantivos compostos formados por tema Verso é cada linha de um texto poético, que, geral-
verbal ou palavra invariável + substantivo ou mente, organiza-se em estrofes ritmadas, a partir de
adjetivo: figuras de linguagem, baseadas na sonoridade, a fim de
bate-papo – bate-papos; criar um efeito de sentido conhecido como rima.
quebra-cabeça – quebra-cabeças;
arranha-céu – arranha-céus; VERSIFICAÇÃO
ex-namorado – ex-namorados;
vice-presidente – vice-presidentes.
Não cobre amor,
� Nos substantivos compostos em que há repeti- que amor não é cobre. Verso
ção do primeiro elemento: É ouro.
zum-zum – zum-zuns;
tico-tico – tico-ticos; Não peça amor,
lufa-lufa – lufa-lufas; que amor não é peça.
Estrofe
reco-reco – reco-recos. É todo.
� Nos substantivos compostos grafados ligada-
Mas chama, chama amor,
mente, sem hífen:
que amor é chama.
girassol – girassóis;
É fogo!
pontapé – pontapés;
mandachuva – mandachuvas; (C. Lemos)
198 fidalgo – fidalgos.
z Tipos de Rimas Dica
Como contar as sílabas? Conta-se até a última
Vagueio campos noturnos (A) sílaba tônica da última palavra do verso.
Muros soturnos (A)
Ex.: pa la vras não e ram di tas. Última sílaba
paredes de solidão (B) Emparelhadas
AABB tônica (para a rima).
sufocam minha canção (B)
(Ferreira Gullar) No interior do verso, a sílaba terminada em vogal
une-se à sílaba seguinte se ela também começar
Tu és um beijo materno! (A) por vogal.
Tu és um riso infantil, (B) Ex.: Um/ cor/po a/ber/to/ co/mo os/ a/ni/mais
Sol entre as flores de inverno, (A) Emparelhadas 10 sílabas métricas
Rosa entre as flores de abril! (B) ABAB � Elisão: junção da vogal final de uma palavra
com a vogal inicial da palavra seguinte.
(J. de Deus)
PRINCIPAIS TIPOS DE RIMAS

z Rimas Emparelhadas: rimas que ocorrem em encon- ESQUEMA RIMÁTICO CLASSIFICAÇÃO


tros, sucedendo uma à outra. Sua estrutura é AABB. AABB Emparelhada
z Rimas Alternadas: rimas cujo efeito sonoro
encontra sonoridade com os versos ímpares, como, ABAB Cruzada
por exemplo, quando o primeiro verso rima com o
ABBA ou ABCA Interpolada ou intercalada
terceiro. Sua estrutura é ABAB.
ABCD Versos soltos ou brancos
Saudade! Olhar de minha mãe rezando (A)
E o pranto lento deslizando em fio... (B)
Opostas As rimas podem ser:
Saudade! Amor dminha terra... O rio (B) ABBA
Cantigas de águas claras soluçando. (A) I - Rima pobre
II - Rima rica
(Da Costa e Silva)
POBRE RICA
Ouve ó Glaura, o som da lira
Que suspira lagrimosa. Rimas entre palavras da Rimas entre palavras de
Amorosa, em noite escura, Encadeadas mesma classe grama- classes gramaticais dife-
Sem ventura, nem prazer. tical. Ex.: “Já vi sua fo- rentes. Ex.: “Onde estiver,
tografia, tenho saudade vai me ouvir dizer: não
(Silva Alvarenga) noite e dia” vivo sem você”

z Rimas Opostas ou Intercaladas: essas rimas POEMAS DE FORMAS FIXAS


encontram sonoridade com os seguintes versos: o
primeiro rima com o quarto e o segundo rima com Há poesias que apresentam uma forma fixa a
o terceiro, montando a seguinte estrutura: ABBA. seguir. A tradição desses poemas remonta escolas lite-
z Rimas Encadeadas: essas rimas não apresentam rárias apegadas à forma e à classificação linguística. A
uma estrutura fixa como as demais, pois as palavras seguir, veremos alguns exemplos:
das rimas se situam no fim de um verso e início de
outro, como demonstrado no exemplo anterior. z Soneto: Composto por 14 versos, dos quais, dois são
quartetos, ou seja, conjunto de quatro versos; os
ESTRUTURA ESTRÓFICA outros versos são tercetos, ou seja, conjunto de três
versos.
NÚMERO DE
CLASSIFICAÇÃO DAS ESTROFES Soneto da Separação
VERSOS
2 Dístico (Vinícius de Moraes)

3 Terceto
De repente do riso fez-se o pranto
LÍNGUA PORTUGUESA

4 Quadra ou Quarteto Silencioso e branco como bruma


E das bocas unidas fez-se a espuma
5 Quintilha ou Quinteto
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
6 Sextilha De repente da calma fez-se o vento
7 Sétima
Que dos olhos desfez a última chama
8 Oitava E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
9 Nona
10 Décima De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
Mais de 10 Irregular – Não há classificação
E de sozinho o que se fez contente. 199
Fez-se do amigo próximo o distante Principais aspectos dos estudos sobre a história da
Fez-se da vida uma aventura errante língua portuguesa
De repente, não mais que de repente.
z Século: IV a.C.
z Fatos: O gramático hindu Panini se propõe a des-
z Trova: também chamadas de quadrinhas, as tro-
crever minunciosamente o ramo da língua Sâns-
vas são pequenos poemas de apenas uma estrofe. crito, braço de inúmeras línguas; entre elas, estava
o latim, que, mais tarde, originou o português.
“O amor que a teu lado levas z Século: IV/V a.C. Pré-românico
a que lugar te conduz, z Fatos: As preocupações dos gregos com a arbitra-
que entras coberto de trevas riedade da linguagem deram origem a um dos pri-
e sais coberto de luz?” meiros tratados sobre linguagem que orientaram
os estudos linguísticos por muito tempo. Os prin-
(Olavo Bilac) cipais filósofos que contribuíram para isso foram
Crátilo e Platão.
z Balada: formada por três oitavas e uma quadra,
geralmente de versos octossílabos. A balada é uma Nesse período, que antecedeu as conquistas roma-
forma de poesia cultuada pelos franceses no sécu- nas, o latim já era uma língua que ganhava espaço
lo XVIII, porém, aqui no Brasil, os Parnasianos entre os povos conquistados. Assim, surgiu o latim
reviveram esse modelo de poesia. Exemplo: vulgar, língua que deu origem a todas as demais lín-
guas latinas, incluindo o português. Ressaltamos que
o latim culto, língua ainda falada no Vaticano, não era
Vi-te pequena: ias rezando
a variante usada pelo povo; por isso, as mudanças que
Para a primeira comunhão: ocasionaram novos idiomas derivam do latim vulgar.
Toda de branco, murmurando,
Na fronte o véu, rosas na mão. z Século: Românico
Não ias só: grande era o bando... z Fatos: fortalecendo o latim vulgar e levando ao
Mas entre todas te escolhi: surgimento de outras línguas, como o galego. Além
Minha alma foi-te acompanhando, desse, idiomas estabelecidos hoje, como o Espa-
A vez primeira em que te vi. nhol, o Italiano e o Português, são remanescentes
……………………............................. desse período.
Tão branca e moça! o olhar tão brando! z Século: Galego-português
Tão inocente o coração! z Fatos: Remonta aos idos de 1170/1220. O testamen-
Toda de branco, fulgurando, to de Afonso II, rei de Portugal, é um dos documen-
tos mais antigos escritos nessa língua, que marca
Mulher em flor! flor em botão!
um território na península Ibérica. Esse idioma
Inda, ao lembrá-lo, a mágoa abrando.
marca não apenas aspectos históricos da língua
Esqueço o mal que vem em ti, portuguesa, mas aspectos sociais e políticos, tendo
E, o meu rancor estrangulando, em vista que é o atual idioma da Galiza, na Espa-
Bendigo o dia em que te vi. nha. Foi falado até o século XIV.
z Século: Português arcaico
(Olavo Bilac) z Fatos: A mistura de povos da península Ibérica
realmente enriqueceu o sistema linguístico euro-
Além desses, são poemas de formas fixas o Rondó peu, fazendo emergir não apenas o galego, como
e a Sextilhas. também o nosso português. A presença de árabes,
O Rondó refere-se a um poema de forma fixa, com- muçulmanos e romanos fortaleceu o surgimen-
posto em versos de oito ou dez sílabas, em duas rimas, to do português, marcado nos textos literários do
com a seguinte estrutura: uma quintilha (rimas aab- Trovadorismo.
ba); um terceto (rimas aab), ao qual se ajusta, à guisa z Século: Português moderno
z Fatos: Língua oficial de 6 países, além do Brasil:
de refrão, a primeira ou primeiras palavras da peça;
Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau,
uma segunda quintilha (rimas aabba), também segui-
Cabo Verde, Angola e Portugal. Além disso, é um
da do mesmo refrão. dos idiomas reconhecidos oficialmente na Orga-
Já as sextilhas correspondem às estrofes de seis nização das Nações Unidas (ONU) e nestes territó-
versos. rios: Macau e Goa.

LINGUAGEM, LÍNGUA, DISCURSO E ESTILO

A linguagem é um processo que relaciona cinco


TEORIA DA LINGUAGEM E SEMÂNTICA
fatores. Acompanhe a seguir:
HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
z Enunciador: É que fala e, assim, desempenha um
papel na sociedade;
A complexidade do fenômeno linguístico desa- z Interlocutor(es): Para quem se fala; é importante
fia a compreensão do homem em diferentes locais e saber o grau de intimidade que se tem com quem
épocas. Vamos traçar, brevemente, a história da cons- está falando;
trução desse saber metalinguístico, enfatizando o sig- z Discurso: O que é dito (o enunciado). Tem marca-
200 nificado, que é o objeto dos estudos semânticos. ções ideológicas;
z Situação imediata: O que se apresenta quando a Norma Padrão
fala é enunciada; pode ser material (lugar, fato) ou
imaterial (tempo, espaço); A norma padrão diz respeito às regras organizadas
nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras
z Contexto mais amplo: Reúne configurações sociais,
e preceitos que devem ser respeitados na utilização
ideológicas e históricas que permeiam a fala.
da língua. A norma padrão apresenta um caráter mais
abstrato, tendo em vista que também considera fato-
Observando esses cinco aspectos, pode-se perce- res sociais, como a norma culta.
ber que a linguagem transcende o que é dito – para ela,
também importam fatores como a intimidade entre os Língua Formal
sujeitos, a situação na qual estão inseridos e o contexto
sócio-histórico no qual o enunciado é elaborado. Importa, A língua formal não está, diretamente, associada
ainda, o conhecimento que o indivíduo tem do mundo a a padrões sociais, embora saibamos que a influência
sua volta e suas relações com sua própria língua e cultura. social exerce grande poder na língua, a língua formal
Assim, pode-se dizer que o sentido do enunciado busca formalizar em regras e padrões as normas de
não está pronto no ato da fala (ou escrita), mas que uma língua, a fim de estabelecer um preceito mais
deve ser construído entre os sujeitos nela envolvidos. concreto sobre a linguagem.
Para finalizar, podemos afirmar que a língua é a
parte operacional da linguagem, por meio da qual PADRÃO INFORMAL
esta se realiza.
Coloquialismo
Já o discurso envolve elementos enunciativos que
englobam agentes localizados no tempo, no local e na
Diz respeito a qualquer traço de linguagem (foné-
língua durante o ato de fala. Por fim, o estilo traz a tico, lexical, morfológico, sintático ou semântico) que
marca pessoal do indivíduo que fala. apresenta formas informais no falar e/ou escrever.

RESUMINDO Oralidade

Processo de interação entre participantes A oralidade marca as maneiras informais de se


Linguagem
da enunciação. comunicar. Tais formas não são reconhecidas pela
norma formal, e, por isso, são chamadas de registros
Língua Sistema pelo qual a linguagem opera. orais ou coloquiais, embora nem sempre sejam reali-
zados apenas pela linguagem oral.
Marcas deixada pela língua em práticas
Discurso de determinada classe social. Linguagem coloquial
Exemplo: Discurso político.

Efeito da linguagem que pertence a uma A linguagem coloquial marca formas fora do
Estilo pessoa, marcando suas idiossincrasias na padrão estabelecido pela gramática. Como sabemos,
fala. existem alguns tipos de variação linguística, dentre
elas, as mais comuns em provas de concurso são:

NÍVEIS DE LINGUAGEM E FUNÇÕES DA LINGUAGEM z Variação diatópica ou geográfica

A língua não é uma, ou seja, não é indivisível; A variação diatópica pode ocorrer com sons dife-
ela pode ser considerada um conjunto de dialetos. rentes. Quando isso acontecer, dizemos que ocorreu
Alguém já disse que em país algum se fala uma língua uma variação diatópica fonética, já que fonética sig-
só, há várias línguas dentro da língua oficial. E no Bra- nifica aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos
sil não é diferente: pode-se até afirmar que cada cida- também, por exemplo, que, em Curitiba, PR, os jovens
dão tem a sua. A essa característica da Língua damos chamam de penal o estojo escolar para guardar canetas
o nome de variação linguística. De forma sintética, e lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro
podemos dividir de duas formas a língua “brasileira”: para representar um carinho feito em alguém; o que
padrão formal e padrão informal, cada um desses em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira,
tipos apresenta suas peculiaridades e espécies deriva- no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa
variação denominamos de variação diatópica lexical,
das. Vejamos:
já que lexical significa relativo a vocabulário.
LÍNGUA PORTUGUESA

PADRÃO FORMAL
z Variação diastrática ou sociocultural
Norma Culta
A variação diastrática, como também ocorre com
a diatópica, pode ser fonética, lexical e sintática,
A norma culta da língua portuguesa é estabelecida dependendo do que seja modificado pelo falar do indi-
pelos padrões definidos conforme a classe social mais víduo: falar adevogado, pineu, bicicreta, são exemplos
abastada, detentora de poder político e cultural. As de variações diastráticas fonéticas. Usar presunto
pessoas cujo padrão social lhe permite gozar de pri- no lugar de corpo de pessoa assassinada é variação
vilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive, diastrática lexical. E falar “Houveram menas per-
as regras da língua; direcionando o que é considerado cas” no lugar de “Houve menos perdas” é variação
permitido e aquilo que não é. diastrática sintática. 201
z Variação diafásica ou estilística c) Playboy, coitado, repleto.
d) Memorabilia, ganhara, patrão.
A variação diafásica, como ocorreu com a dia- e) Estripulias, beleléu, diacho.
tópica e com a diastrática, pode ser também fonéti-
ca, lexical e sintática, dependendo da liberdade de A língua é intrínseca a cada falante, algumas dessas
que o indivíduo tenha se apossado. Dizer “veio”, com palavras são próprias de variações linguísticas tem-
o e aberto, não porque more em determinado lugar porais, sociais ou regionais, classificando-as como
nem porque todos de sua camada social usem, é usar palavras de uso informal da língua. Resposta: Letra E.
a variação diafásica fonética. Um padre, em um
momento de descontração, brincando com alguém, 3. (FUMARC – 2018) Há marcas de oralidade, EXCETO
dizer “presunto” para representar o “corpo de pes- em:
soa assassinada”, usa a variação diafásica lexical.
E, finalmente, um advogado dizer “Encontrei ele”,
a) “Ei, Dani. Tira esse dedo do nariz. Isso.”
também num momento de descontração, no lugar de
b) “[...] então abraça esse coelhinho e vamos dormir bem
“Encontrei-o” é usar a variação diafásica sintática.
gostoso até amanhã, tá?”
c) “Quando a gente fala que tem que emprestar as coisas
VARIAÇÃO DIAFÁSICA pros outros, por exemplo.”
d) “Se todos falassem a verdade, teríamos que admitir,
Mudança no som, como veio
por exemplo, que 1 bilhão de pessoas têm todos os
[pronúncia com E aberto} e more
brinquedos [...]”.
Diafásica fonética [pronúncia com E fechado, asse-
melhando-se quase a pronúncia
de i]. A única opção que não apresenta marcas de oralida-
de é a letra D, nas demais há elementos que partici-
Ocorre em contextos de informa- pam da interlocução oral, como “ei”, “tá”. Resposta:
lidade, em que há mais liberdade Letra D.
Diafásica lexical
para usar gírias e expressões lexi-
cais diferentes. FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Ocorre com a alteração dos ele-
Diafásica Função Emotiva ou Expressiva
mentos sintáticos, ocasionando
sintática
erros.
Tem como objetivo transmitir sentimentos, emo-
ções e objetividades do emissor. O uso de verbos na
z Variação diacrônica
primeira pessoa do singular evidencia seu mundo
interior, também é comum o uso de interjeições, reti-
Diz respeito a mudança de forma e/ou sentido cências, ponto de exclamação e interrogação para
estabelecido em algumas palavras ao longo dos anos. reforçar a expressividade do emissor. Essa função é
Podemos citar alguns exemplos comuns, como as comum em poemas, diários, conversas cotidianas e
palavras Pharmácia – Farmácia; Vossa Mercê – Você. narrativas de teor romântico ou dramático.
Além dessas, a variação diacrônica também marca a
presença de gírias comuns em determinadas épocas, FUNÇÃO APELATIVA OU CONATIVA
como broto, chocante, carango etc.
Tem como objetivo convencer e influenciar o
comportamento do receptor da mensagem. Essa fun-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ção caracteriza-se pela presença das formas tu, você,
vocês (explicitas ou subtendidas no texto), de vocati-
1. (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO-RJ – 2020) Há vos e de formas verbais no imperativo que expressam
uma construção típica do registro informal, que não ordem, sugestão, apelo etc. Essa função é predomi-
seria adequada à redação oficial, no seguinte trecho: nante em textos publicitários, propagandas, horósco-
pos, manuais de advertências, tutoriais etc.
a) “Vale lembrar que tem amizades que são tóxicas...”
b) “Desde então, outras quatro Blue Zones surgiram...” FUNÇÃO REFERENCIAL
c) “...é importante observar a qualidade dos
relacionamentos.” Tem como objetivo informar, referenciar algo. O
d) “...as amizades são capazes de transformar a saúde foco é o próprio assunto, o que faz dela uma função
mental das pessoas.” predominante nos noticiários, nos jornais, nos arti-
gos, nas revistas, nos livros instrucionais, nos con-
A frase do item A consta registro do nível informal: tratos etc. A linguagem, nesse caso, transmite uma
há noção de existência na frase e utilizou-se o verbo mensagem direta, objetiva e impessoal, que pode ser
“ter” no lugar do “haver”. Tal prática ainda não é entendida pelo leitor em um sentindo específico.
agasalhada pelo nível culto da língua, a despeito de
possuir largo uso. Resposta: Letra A. FUNÇÃO FÁTICA

2. (AOCP – 2020) Assinale a alternativa em que todas as Essa função serve para estabelecer ou interromper a
palavras fazem parte de um uso informal da língua. comunicação com o interlocutor. Pode ser encontrada em
expressões de cumprimento, saudações, discursos etc.
a) Beleléu, rolê, incalculável.
202 b) Socialite, martelinho, memorabilia. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA OU METALINGUAGEM
Quando a linguagem é usada para explicar a
própria linguagem. Dessa maneira, o emissor expli-
ca o código utilizando o próprio código. Na catego-
ria de textos, merecem destaque as gramáticas e os
dicionários.

FUNÇÃO POÉTICA

Preocupa-se com a maneira como a mensagem


será transmitida. Essa função, embora seja comum
em poesias, também pode ser encontrada em slogans
publicitários, piadas, músicas, conversas cotidianas
etc. O uso de figuras de linguagem para explorar o
ritmo, a sonoridade, a forma das palavras realçam o
sentido da mensagem que se quer passar ao receptor
que a interpreta de maneira subjetiva.

Importante!
O Predomínio de uma função
Observe que, quando se trata de identificar uma
determinada função em um texto, dizemos que
ela predomina naquele texto (ou em grande parte
dele). Isso porque dificilmente uma função ocorre
isoladamente: o mais comum é que em um texto
a) I e II, mas não em III.
se combinem duas ou mais funções de linguagem.
b) Em II e III, mas não em I.
c) Apenas em II.
d) Apenas em III.

EXERCÍCIOS COMENTADOS O quadrinho I não usa a função fática, quadrinho


estabelece um diálogo tranquilo. O quadrinho II
1. (FUNDESP – 2016) O silêncio que sai do som da chu- está correto, a função fática é estabelecida num diá-
logo por meio de perguntas o que caracteriza um
va espalha-se, num crescendo de monotonia cinzenta,
início de um assunto. Logo, a função da linguagem
pela rua estreita que fito. Estou dormindo desperto, de
é fática. O quadrinho III está correto, novamente
pé contra a vidraça, a que me encosto como a tudo. o caminho do diálogo é estabelecido por meio de
Procuro em mim que sensações são as que tenho interrogações, tendo a necessidade que o outro res-
perante esse cair de água sombriamente luminosa, ponda para o canal ser completado. Logo, temos
que se destaca das fachadas sujas e, ainda mais, das uma função fática. Após a análise, concluímos que
janelas abertas. E não sei o que sinto, não sei o que o quadrinho II e III há função fática e o quadrinho I
quero sentir, não sei o que penso nem o que sou. não. Resposta: Letra B.

PESSOA, Fernando. Livro do desassossego. São Paulo: Companhia 3. (FAU – 2017) A função de linguagem predominante no
das Letras, 2011. período abaixo é:
“Confirmada a morte do Rio Doce, o governo federal
Ao analisar o texto, deduz-se que o autor utilizou ainda não apresentou um plano de recuperação efeti-
vo para a área (apenas uma carta de intenções)”.
a) a função emotiva da linguagem.
b) a função referencial da linguagem. a) conativa.
c) estrutura narrativa não confessional. b) referencial.
d) elementos característicos do gênero descritivo-midiático. c) fática.
e) uma estrutura semântica de caráter objetivo e d) poética.
impessoal. e) metalinguística.
LÍNGUA PORTUGUESA

Emotiva ou Expressiva – Emissor em destaque, texto Função referencial, visa a informar. Resposta: Letra B.
subjetivo e em primeira pessoa. Resposta: Letra A.
4. (COCON – 2016)
2. (GUALIMP – 2020) A relação estabelecida em diálo-
gos, estritamente, atrelados à situação comunicati- Motivo
va, com a finalidade de verificar se a mensagem que Eu canto porque o instante existe e a minha vida está
está sendo transmitida é, de fato, assimilada pelo completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
enunciatário do discurso representa a função fáti- Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tor-
ca da linguagem. Essa função pode ser identificada mento. Atravesso noites e dias no vento. [...]
em qual dos diálogos e situações de comunicação MEIRELES, Cecília. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova
representadas nas tirinhas em quadrinhos abaixo? Fronteira, 2001. 203
Nos versos de Cecília Meireles, predomina a função da Polissíndeto
linguagem:
É uma figura que consiste no uso excessivo e repe-
a) Fática, utilizada para expressar as ideias de forma eva- titivo de conjunções.
siva, pois o objetivo é chamar a atenção do interlocutor. Ex.: “Suspira, e chora, e geme, e sofre, e sua...” (Ola-
b) Metalinguística, com extrema valorização da subjetivi- vo Bilac)
dade no jogo da vida de Cecília Meireles. “Mãe gentil, mas cruel, mas traiçoeira.” (Alberto
c) Apelativa, num jogo de sentido pelo qual o poeta trans- Oliveira)
mite apenas uma forma idealizada de vida.
d) Referencial, privilegiando-se a expressão de forma Assíndeto
racional.
e) Emotiva, marcada pela não contenção dos sentimen- É a figura que consiste na omissão reiterada de
tos, dando vazão ao subjetivismo. conjunções. Geralmente a conjunção omitida é a coor-
denativa. Essa estratégia torna a leitura do texto mais
Função emotiva, marcada pela não contenção dos senti- clara e dinâmica.
mentos, dando vazão ao subjetivismo. Resposta: Letra E. Ex.: “Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se
esqueça”. (Pitty)
FIGURAS DE LINGUAGEM E SIGNIFICADO DAS
“Vim, vi, venci”. (Júlio César)
PALAVRAS

Figuras de Sintaxe Anáfora

Consiste em uma modificação da estrutura da ora- Consiste na repetição de palavra ou expressões no


ção (ou parte dela) por meio da omissão, inversão ou início da oração. Esse tipo de recurso é muito comum
repetição de termos. Nesse caso, essas alterações ocor- em textos estruturados em versos consecutivos (poe-
rem para conferir mais expressividade ao enunciado. mas, músicas, entre outros). O propósito é valorizar a
mensagem por meio da ênfase ao elemento repetido.
Elipse Ex.: “É o pau, é a pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
Utilizada para omitir termos numa oração que não É um caco de vidro, é a vida, é o sol
foram mencionados anteriormente e que podem ser
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol.” (Tom
facilmente identificados pelo interlocutor. Essa omis-
são pode ser percebida por indícios gramaticais ou Jobim)
dentro do próprio contexto. “Quando não tinha nada eu quis
Ex.: Ana Rita arrumou-se para o trabalho. Estava Quando tudo era ausência, esperei
atrasada. (“elipse sujeito -ela”) Quando tive frio, tremi
Os alunos e as alunas, mãos erguidas contra os polí- Quando tive coragem, liguei”. (Daniela Mercury)
ticos, caminhavam pelas ruas. (elipse da preposição –
“de mãos erguidas”) Aliteração
Zeugma
É um recurso sonoro que consiste na repetição de
sons consonantais para intensificar a rima e o ritmo.
Considerada um caso particular de elipse, o
zeugma consiste na omissão de palavras expressas Ex.: “Chove chuva choverando” (Oswald de
anteriormente. Andrade)
Ex.: Eu sou professora; minha amiga, advogada. “Se desmorono ou se edifico,
Desembrulhe essa caixa enquanto eu desembru- se permaneço ou me desfaço,
lho a outra. — não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo. (Cecília Meireles)
Pleonasmo
Assonância
Consiste na repetição de termos ou ideias com o
objetivo de realçá-las, tornando-as mais expressivas.
Ex.: “É rir meu riso e derramar meu pranto”. (Viní- Figura de linguagem que aborda o uso de som em
cius de Moraes) harmonia. Caracterizada pela repetição de vogais.
“Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se Ex.: “A pálida lágrima de Flávia” – repetição da
a si mesma.” (Machado de Assis). vogal a.
“Amo muito tudo isso” – repetição do som da vogal u.
Dica
Onomatopeia
Existe o pleonasmo literário, que é um recurso
estilístico aceitável e muito explorado na litera-
tura e na música. O problema é quando o pleo- É um recurso sonoro que procura representar os
nasmo se torna vicioso. Expressões como “fatos sons específicos de objetos, animais ou pessoas a par-
reais”, “subir para cima”, “ganhar de graça”, “cego tir de uma percepção aproximada da realidade.
dos olhos” e outros constituem um vício de lin- Ex.: “O tic tac do relógio me deixava mais angus-
guagem. A repetição da ideia torna-se, portanto, tiado na prova”.
desnecessária, pois não traz nenhum reforço à “Psiiiiiu! – Falou o professor no momento da
204 ideia apresentada. reunião”.
Hipérbato ou inversão Comparação

Caracteriza-se pela inversão proposital da ordem Analogia explícita entre dois termos, a principal
direta dos termos da oração. Essa inversão confere diferença entre a comparação e a metáfora, que é
maior efeito estilístico na construção do enunciado. outro tipo de relação de semelhança, é que a compa-
Ex.: “Os bons vi sempre passar / no mundo graves ração se estabelece com o uso de conectivos.
tormentos” (Luiz Vaz de Camões) Ex.: Minha boca é como um túmulo.
Na ordem direta seria: Eu sempre vi passar os A menina é como um doce.
bons no mundo de graves tormentos. Seu sorriso é tal qual um raio de sol numa manhã
nublada.
Anástrofe
Metáfora
Diferentemente do hipérbato, a anástrofe consiste
na inversão mais sutil dos termos da oração, não pre- Consiste em usar uma palavra ou expressão em lu-
gar da outra em razão de algumas semelhanças (ana-
judicando o entendimento do enunciado.
logia) conceituais. É recurso que está associado ao em-
Ex.:
prego da palavra fora do seu sentido normal.
“Sabes também quanto é passageira essa desavença
Ex.: O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais.
Não destrates o amor”. (Jacob do Bandolim)
(Carlos Drummond de Andrade)
Utilizando a figura de linguagem teríamos: “Sabes Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernan-
também quanto essa desavença é passageira”. do Pessoa)
Observe:
Silepse
Metáfora: relação de semelhança não explícita.
Consiste na concordância com o termo que está
subtendido na oração e não com o termo expresso na
oração. (Concordância ideológica). Existem três tipos
de silepse:
Silepse de Gênero – Há uma discordância entre os
gêneros dos artigos, substantivos, pronomes e adjeti-
vos. Notamos na oração a presença do contraste entre
os gêneros masculino e feminino.
Ex.: Vossa Excelência é falso. - O pronome de trata-
mento certamente se refere a alguma autoridade do
sexo masculino (deputado, prefeito, vereador etc.)
Silepse de Número – Há uma discordância entre o
verbo e o sujeito da oração quando ele expressa uma
ideia de coletividade. Nesse caso, o verbo concorda
com a ideia que nele está contida.
Ex.: A turma era barulhenta, falavam alto. (fala- Comparação: relação de semelhança estabele-
vam concorda com alunos) cida por conectivos.
Silepse de Pessoa – Há uma discordância entre
o verbo e a pessoa do discurso expressa pelo sujeito
da oração. Geralmente o emissor se inclui no sujeito
expresso em 3ª pessoa do plural, realizando a flexão
verbal na primeira pessoa.
Ex.: Dizem que os brasileiros somos amantes do
futebol.
(brasileiros //3ª p. plural) (somos// 1ª p. plural)

Anacoluto

Consiste na quebra ou interrupção da estrutura


normal. Um dos termos da oração fica desvinculado
do restante da sentença e não estabelece nenhuma
ligação sintática com os demais. Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 16/10/2020.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Meu vizinho, ouvi dizer que está muito doente.


Metonímia
FIGURAS DE PALAVRAS
Consiste na substituição de um termo pelo outro
As figuras de palavras estão associadas ao signifi- em virtude de uma relação de proximidade ou conti-
cado das palavras. Elas caracterizam-se por apresen- nuidade. Essa relação é QUALITATIVA e pode ser rea-
tar uma substituição ou transposição do sentido real lizada dos seguintes modos:
da palavra para assumir um sentido figurado cons-
truído dentro de um contexto. A substituição de uma � A parte pelo todo:
palavra por outra pode acontecer por uma relação Ex.: O brasileiro trabalha muito para garantir o
muito próxima (contiguidade) ou por uma compara- pão aos filhos (O brasileiro trabalha muito para
ção/analogia (similaridade). garantir alimento aos filhos). 205
� O autor pela obra: Qualquer dúvida consulte o pai dos burros.
Ex.: Os leitores de Machado de Assis são cultos (Os (dicionário)
leitores da obra de Machado de Assis são cultos).
� O continente pelo conteúdo: Sinestesia
Ex.: A menina bebeu a jarra de suco inteira (A
menina bebeu todo o suco da jarra).
Consiste no recurso que engloba um conjunto de
� A marca pelo produto:
percepções e sensações interligadas aos processos
Ex.: Minha filha pediu uma Melissa de aniversário
(Minha filha pediu uma sandália de aniversário). sensoriais provenientes de diferentes sentidos (visão,
� Singular pelo plural: audição, olfato, paladar e tato). Na sinestesia, a per-
Ex.: O cidadão deve cumprir seus deveres legais cepção ou sensação de um sentido é atribuído a outro.
(Os cidadãos devem cumprir seus deveres legais). Ex.: “As falas sentidas, que os olhos falavam. (Casi-
� O concreto pelo abstrato: miro de Abreu)
Ex.: A juventude está cada vez mais ansiosa (Os “E o pão preserve aquele branco sabor de alvora-
jovens estão cada vez mais ansiosos). da”. (Ferreira Gullar)
� A causa pelo efeito:
Ex.: Comprei a casa com o meu suor (Comprei a FIGURAS DE PENSAMENTO
casa com o meu trabalho).
� O instrumento pelo agente: Constitui um processo expressivo que enfatizam o
Ex.: O carro atropelou o cachorro (O motorista do aspecto semântico da linguagem. As figuras de pensa-
veículo atropelou o cachorro). mento introduzem uma ideia diferente daquela que a
� A coisa pela sua representação: palavra em seu sentido real exprime.
Ex.: O sonho de muitos candidatos é chegar ao
Palácio do Planalto (O sonho de muitos candida- Antítese
tos é chegar à Presidência da República).
� O inventor pelo invento:
Consiste no emprego de conceitos que se opõem
Ex.: Diego comprou um Picasso no museu (Diego
e que podem ocorrer de maneira simultânea numa
comprou uma obra de Picasso no museu).
mesma oração. Na antítese, os conceitos antônimos
� A matéria pelo objeto:
Ex.: Custou-me apenas algumas pratas aque- não se contradizem e estão relacionados a referentes
la mobília. (Custou-me apenas algumas moedas distintos.
aquela mobília.) Ex.: “Tristeza não tem fim, felicidade sim!” (Viní-
� O proprietário pela propriedade cius de Moraes)
Ex.: Vou ao médico buscar meus exames (Vou ao “O mito não é nada que é tudo”. (Fernando Pessoa)
consultório médico buscar meus exames).
Personificação ou prosopopeia
Sinédoque
Consiste em atribuir características, sentimentos e
Atualmente as gramáticas não realizam a distin- comportamentos próprios de seres humanos a seres
ção entre metonímia e sinédoque, todavia a diferença irracionais ou inanimados. É uma figura muito usada
entre essas figuras é tênue. Na sinédoque, a relação em textos literários, como fábulas e apólogos.
que se estabelece entre os termos é quantitativa, Ex.: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma
ou seja, quando se amplia ou se reduz a significação sacada...” (cantiga popular).
das palavras. Estas relações entre os termos são basi- “As pedras andam vagarosamente”.
camente as seguintes: parte pelo todo, singular pelo
plural, gênero pela espécie, particular pelo geral (ou Paradoxo
vice-versa).
Ex.: O homem é um ser mortal (os homens). Consiste no emprego de conceitos opostos e contra-
É preciso pensar na criança (nas crianças). ditórios na representação de uma ideia. No paradoxo,
embora os termos pareçam ilógicos, são perfeitamen-
Antonomásia ou perífrase te aceitáveis no campo da literatura, o que confere ao
autor uma licença poética.
A antonomásia é uma figura que consiste na subs- Ex.: “Se lembra quando a gente chegou um dia a
tituição de um nome próprio (de pessoa) por uma ex-
acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o
pressão que lhe confere alguma característica ou atri-
pra sempre sempre acaba” (Cássia Eller).
buto que o distingue (epíteto). É a substituição de um
“Dor, tu és um prazer!” (Castro Alves).
nome por outro, o que pode configurar uma espécie
de apelido para o ser designado.
Ex.: O poeta dos escravos é autor do célebre poema Eufemismo
“O navio negreiro”. (Castro Alves)
Este aeroporto tem o nome do pai da aviação. (San- Consiste no emprego de uma palavra ou expressão
tos Dumont) que serve para amenizar/ suavizar uma informação
Observação: A antonomásia é uma espécie de desagradável ou fatídica. É um recurso essencial para
perífrase. A diferença é que esta designa um ser (coi- validar a polidez nas relações sociais.
sas, animais ou lugares) por meio de características, Ex.: “Suzanna é uma mulher desprovida de beleza.
atributos ou um fato que o celebrizou. [feia]
Ex.: Fomos ao zoológico ver o rei da selva. (leão) “Aquele pobre homem entregou a alma a Deus”
206 Adoraria conhecer a cidade luz. (Paris) [morreu]
Hipérbole a) “Amigo, você é o mais certo das horas incertas” –
Roberto Carlos
Consiste no uso de expressões intencionalmente b) “Você meu amigo de fé, meu irmão, camarada” –
exageradas para dar maior ênfase à mensagem ex- Roberto Carlos
pressa pelo emissor. c) “Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que
Ex.: “Amor da minha vida, daqui até a eternidade precisar” – Roberto Carlos
Nossos destinos foram traçados na maternidade”. d) “Eu quero ter um milhão de amigos / E bem mais forte
(Cazuza) poder cantar” – Roberto Carlos.
“Vou caçar mais um milhão de vagalumes por aí”.
(Pollo) A única opção em que encontramos um exagero no
uso da linguagem, caracterizado pelo uso de hipér-
Ironia bole, é a letra D. Resposta: Letra D.

Consiste em expressar ideias, pensamentos e julga- 3. (INAZ DO PARÁ – 2019) Em “a capa verde da mata se
mentos com o sentido contrário do que se diz. A ironia espreguiçava ao longo das praias” ocorre uma figura
tem como objetivo satirizar uma situação desagradá- de linguagem denominada:
vel ou depreciar alguém pelo seu comportamento.
Ex.: “Marcela amou-me durante quinze meses e a) Metáfora.
onze contos de réis...” (Machado de Assis) b) Prosopopeia.
“Parece um anjinho, briga com todos”. c) Gradação.
d) Antítese.
Gradação
A frase destacada pelo enunciado apresenta carac-
Consiste na apresentação de ideias sinônimas (ou terísticas de seres animados em seres inanimados,
não) numa escala progressiva de maior ou menor in- marcando o uso da prosopopeia. Resposta: Letra B.
tensidade à expressão. Os termos da oração são frutos
de uma hierarquia e podem ser de ordem crescente
4. (CONSESP – 2018) Assinale a alternativa que apresen-
ou decrescente.
ta uma figura de linguagem denominada de: Aliteração.
Ex.: “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bi-
lião, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.”
a) “...e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre.” (Clarice
(Machado de Assis)
Lispector)
“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Montei-
b) Suas lágrimas são como cristais.
ro Lobato)
c) “E rir meu riso e derramar meu pranto...” (Vinícius de
Moraes)
Apóstrofe
d) “Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...
Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito.” (Gui-
Consiste na invocação de alguém ou alguma coisa
marães Rosa)
personificada. Essa figura de linguagem realiza-se por
meio de um vocativo. A apóstrofe é um recurso estilís-
tico muito utilizado na linguagem informal (cotidia- É a única em que encontramos aliteração, repetição
na), nos textos religiosos, políticos e poéticos. de fonema vocálico (em relação a vogais) ou conso-
Ex.: “Liberdade, Liberdade! É isso que pretende- nântico (em relação a consoantes) igual ou pareci-
mos nessa luta”. do, para descrever ou sugerir acusticamente o que
“Senhor, tende piedade de nós”. temos em mente, quer por meio de uma só palavra,
quer por unidades mais extensas. Resposta: Letra D.

5. (INAZ DO PARÁ – 2019) No trecho “Os pais partici-


EXERCÍCIOS COMENTADOS pam de contação de histórias na escola”, a palavra
destacada pode ser entendida, segundo as concep-
1. (CONSESP – 2018) Assinale a alternativa que apre- ções de língua, como:
senta a figura de linguagem denominada METÁFORA.
a) Um hibridismo.
a) Vossa excelência é pouco conhecido. b) Uma onomatopeia.
b) Meu pensamento é um rio subterrâneo. c) Uma redução.
c) O pé da mesa estava quebrado. d) Um neologismo.
d) Um doce abraço ele recebeu da irmã.
LÍNGUA PORTUGUESA

O neologismo é a formação de novas palavras a par-


O item que apresenta uma relação de semelhança sem tir de termos lexicais presentes na língua, como o
apresentar elementos conectivos, caracterizando o termo contação, criado a partir do verbo contar e
uso da metáfora é a letra B. Na letra A, há uma silepse do sufixo -ção. Resposta: Letra D.
de gênero; na letra C, o uso de catacrese e na letra D,
encontramos o uso de sinestesia. Resposta: Letra B. SEMÂNTICA

2. (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO – RJ – 2020) A ami- Denotação


zade é tema recorrente na música popular, e as letras
das canções fazem uso, muitas vezes, de recursos da O sentido denotativo da linguagem compreende
linguagem poética. Há uma hipérbole nos seguintes o significado literal da palavra independente do seu
versos de uma canção: contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais 207
objetivo e literal associado ao significado que aparece Antonímia
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
ênfase à informação que se quer passar para o recep- São palavras ou expressões que, empregadas em
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por um determinado contexto, têm significados opostos.
isso, é muito utilizada em textos informativos, como As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá- gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
ticos, entre outros. dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
chamas)
O coração é um músculo que bombeia sangue para
o corpo. (coração: parte do corpo)

Conotação

O sentido conotativo compreende o significado


figurado e depende do contexto em que está inserido.
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
à expressividade da mensagem de maneira que ela
possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
publicitários e outros. Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
Você mora no meu coração. A relação de sentido estabelecida na tirinha é
construída a partir dos sentidos opostos das palavras
O Significado das Palavras “prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
se contexto.
Quando escolhemos determinadas palavras ou
expressões dentro de um conjunto de possibilidades Homonímia
de uso, estamos levando em conta o contexto que
influencia e permite o estabelecimento de diferentes Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
relações de sentido. Essas relações podem se dar por núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-
meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní- rentes. É importante estar atento a essas palavras e a
mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia. seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô-
nimos importantes:

Importante! acender (colocar fogo) ascender (subir)


acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
sões de um idioma. acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
que cada falante seleciona do léxico para se bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
comunicar. bucho (estômago) buxo (arbusto)
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
Sinonímia cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
sela (forma do verbo selar;
São palavras ou expressões que, empregados em cela (pequeno quarto)
arreio)
um determinado contexto, têm significados seme-
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
lhantes. É importante entender que a identidade dos
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra, cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
o que pode não acontecer em outras situações. O cerrar (fechar) serrar (cortar)
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
cervo (veado) servo (criado)
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
de suas significações é diferente. xeque (lance no jogo de
cheque (ordem de pagamento)
O emprego dos sinônimos é um importante recur- xadrez)
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia círio (vela) sírio (natural da Síria)
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a cito (forma do verbo citar) sito (situado)
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi- concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
concerto (sessão musical) conserto (reparo)
208 do texto.
coser (costurar) cozer (cozinhar) Dirigente/diligente
exotérico (que se expõe em
esotérico (secreto) z O dirigente da empresa não quis prestar decla-
público)
rações sobre o funcionamento da mesma. (pessoa
espectador (aquele que expectador (aquele que tem
que dirige, gere)
assiste) esperança, que espera)
z Minha funcionária é diligente na realização de
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) suas funções. (expedito, aplicado)
espiar (observar) expiar (pagar pena)
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) Discriminar/descriminar
estático (imóvel) extático (admirado)
z Ela se sentiu discriminada por não poder entrar
esterno (osso do peito) externo (exterior)
naquele clube. (diferenciar, segregar)
extrato (o que se extrai de z Em muitos países se discute sobre descrimi-
estrato (camada)
algo) nar o uso de algumas drogas. (descriminalizar,
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) inocentar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
REFERÊNCIA

laço (nó) lasso (frouxo)


Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) -par onimas/. Acessado em 17/10/2020.
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) POLISSEMIA (PLURISSIGNIFICAÇÃO)

Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6. Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-


php. Acessado em: 17/10/2020. mas palavras, dependendo do contexto. As palavras
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
PARÔNIMOS si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-
semia é encontrada no exemplo a seguir:
Parônimos são palavras que apresentam sentido
diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:

Absorver/absolver

z Tentaremos absorver toda esta água com espon-


jas. (sorver)
z Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis de Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.
seus pecados. (inocentar)
HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO
Aferir/auferir
Relação estabelecida entre termos que guardam
z Realizaremos uma prova para aferir seus conheci- relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra-
mentos. (avaliar, cotejar) dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimo –
z O empresário consegue sempre auferir lucros em carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus...
seus investimentos. (obter)
EFEITOS DE SENTIDO DECORRENTES DO USO DE
Cavaleiro/cavalheiro RECURSOS VERBAIS E NÃO VERBAIS EM GÊNEROS
DIFERENTES: GRÁFICOS E INFOGRÁFICOS
z Todos os cavaleiros que integravam a cavalaria
do rei participaram na batalha. (homem que anda
A representação de sentido por meio de tabelas
de cavalo)
z Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre e gráficos está sempre presente em nosso cotidiano,
sempre as portas para eu passar. (homem educado principalmente nos meios de comunicação, ainda
e cortês) mais com as redes sociais. Isso está ligado a facilidade
com que podemos analisar e interpretar as informa-
LÍNGUA PORTUGUESA

Cumprimento/comprimento ções que estão organizadas de forma clara e objetiva


e, além disso, não exigir o uso de cálculos complexos
z O comprimento do tecido que eu comprei é de para a sua análise. A análise de gráficos auxilia na
3,50 metros. (tamanho, grandeza) resolução de questões não apenas de português, por
z Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação) isso, requer atenção.

Delatar/dilatar Gráfico: componentes de um gráfico


Título: na maioria dos casos possuem um título
z Um dos alunos da turma delatou o colega que chu- que indica a que informação ele se refere.
tou a porta e partiu o vidro. (denunciar) Fonte: a maioria dos gráficos contém uma fonte,
z Comendo tanto assim, você vai acabar dilatando ou seja, de onde as informações foram, com o ano de
seu estômago. (alargar, estender) publicação. 209
Números: o mais importante, pois é deles que precisamos para comparar as informações dadas pelos gráficos.
Usados para representar quantidade ou tempo (mês, ano, período).
Legendas: ajuda na leitura das informações apresentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores destaca dife-
rentes informações.

CIDADES MAIS POPULOSAS DO BRASIL

NÚMEROS DE HABITANTES
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Franceses Alemães Inglêses Espanhóis Outros Total
CIDADES

Fonte: googleimages.com. Acesso em: 10/01/2021.

Infográficos

Os infográficos são uma forma moderna de apresentar o sentido.


Essa palavra une os termos info (informação) e gráfico (desenho, imagem, representação visual), ou seja, um
desenho ou imagem que, com o apoio de um texto, informa sobre um assunto que não seria muito bem compreen-
dido somente com um texto, auxiliando a compreensão do leitor.
Para interpretar os dados informativos em um infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção aos
detalhes. As representações neste formato aliam ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao leitor ser
extremamente observador. Ter atenção ao título, ao tema e a fonte das informações é vital para uma boa análise
e interpretação.

Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm

210
Para se compreender a mensagem, é preciso reconhe-
EXERCÍCIOS COMENTADOS cer que a placa retratada combina de maneira curiosa:

1. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa na qual não a) denotação e conotação.


haja o emprego de linguagem figurada: b) norma culta e norma popular.
c) língua padrão e língua viciosa.
a) “ela estava por dentro de tudo”. d) sinonímia e antonímia.
b) “logo se viu nadando em oportunidades”. e) homonímia e polissemia.
c) “a fez embarcar ‘numa viagem bonita e misteriosa’”.
d) “ganhava uma quantia realmente impressionante de A placa alerta aos fumantes sobre o risco de incên-
dinheiro”. dio, provocado por bitucas de cigarro, ou seja,
e) “O mercado ficou saturado”. utiliza-se do sentido denotativo e conotativo da
expressão “segure as pontas”, causando o efeito
A linguagem figurada é também chamada lingua- “curioso” na placa. Resposta: Letra A.
gem conotativa, e a única alternativa em que encon-
tramos o oposto, ou seja, linguagem denotativa, é REFERÊNCIAS
na alternativa D. Resposta: Letra D.
ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e
2. (FUMARC – 2018) As palavras estão utilizadas em coerência. São Paulo: parábola, 2005.
sentido conotativo em:
CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Os sentidos do
a) “Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.” texto. São Paulo: contexto, 2013.
b) “Parecia pronto para morrer, já que sempre estivera
pronto para amar.” KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cogniti-
c) “Se eu fosse rei ou prefeito teria mandado erguer-lhe vos da leitura. 16.ed. Campinas: Pontes, 2016.
uma estátua.”
KOCH , Ingedore Grunfed Villaça; EL IAS, Vanda
d) “Sim, porque sobre o amor há várias frases inquietan-
Maria . Ler e compreender: os sentidos do texto.
tes por aí...”
3. ed . São Paulo: Contexto, 2015.
“Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.”
SACCONI, L.A. Nossa Gramática Completa Sac-
- temos um sentido figurado, “faca no peito” dá sen- coni – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo: Nova
tido de cobrança. Resposta: Letra A. Geração, 2010.

3. (PREFEITURA DE FORTALEZA-CE – 2016) Conside- SCHLITTLER, J.M.M. Recursos de Estilo em Reda-


rando-se o conteúdo semântico dos trechos “o dia ção Profissional. Campinas/SP: Servanda, 2008.
nasce da noite escura” (linha 02) e “a esperança de
encontrar as saídas e soluções fáceis” (linha 05), as
palavras destacadas em cada trecho estabelecem,
respectivamente, entre si a relação de:
INTRODUÇÃO À LITERATURA
a) sinonímia e antonímia.
A ARTE LITERÁRIA, OS GÊNEROS LITERÁRIOS E A
b) sinonímia e paronímia.
EVOLUÇÃO DA ARTE LITERÁRIA, EM PORTUGAL E
c) antonímia e sinonímia. NO BRASIL
d) antonímia e paronímia.
A Literatura está ligada à escrita, sua origem per-
As palavras “dia”, “noite”, “saídas” e “soluções” de-se nos tempos. Não há um único marco histórico do
apresentam, respectivamente, uma relação de opo- surgimento da escrita, tendo em vista que os desenhos
sição (antonímia) e uma relação de semelhança das cavernas são considerados escritos antigos.
(sinonímia). Resposta: Letra C. A Literatura é a arte de compor escritos artísticos,
em prosa ou em verso, de acordo com princípios teóri-
4. (FUNRIO – 2014) cos e práticos, o exercício dessa arte ou da eloquência
e poesia.
Sabe-se que a “Literatura” vem do latim “litteris”,
LÍNGUA PORTUGUESA

em tradução “Letras”, e possivelmente uma tradução


do grego “grammatikee”. Na Roma antiga, literatura
significava uma instrução ou um conjunto de saberes
ou habilidades de escrever e ler bem. O escrever e o
ler bem, por sua vez, relaciona-se com as artes da gra-
mática, da retórica e da poética. Por extensão, refe-
re-se especificamente à arte ou ofício de escrever de
forma artística. Nos dias atuais, o termo “Literatura”
também é utilizado como referência a um corpo ou
um conjunto escolhido de textos como, por exemplo,
a literatura inglesa, a literatura médica, a literatura
portuguesa, literatura japonesa etc. 211
Mais profícuo do que tentar definir a Literatura é A Linguagem Literária e a não literária
encontrar um caminho para decidir o que torna um
texto, em sentido lato, literário. A literatura está geral- Antes de mais nada é preciso saber que existe a
mente associada à ideia de estética, ou melhor, a ideia linguagem literária e a linguagem não literária, e elas
de ocorrência de algum procedimento que seja estéti- são bem diferentes. Vamos ao conceito: a linguagem
co. Segundo Aristóteles, um texto é literário, portanto, literária é emotiva e sentimental, e abarca as figuras
quando consegue produzir um efeito estético no leitor de linguagem e o sentido conotativo das palavras.
e quando provoca catarse no receptor. Uma estraté- Apresenta o fantástico que precisa ser descoberto
gia para entender o fenômeno literário é a oposição. através de uma leitura atenta. Já a linguagem não
Vamos opor o texto científico ao texto artístico, por literária é aquela própria para a transmissão de sabe-
exemplo: enquanto o texto científico emprega as pala- res, da informação, no âmbito das necessidades da
vras sem preocupação com a beleza, o texto artístico, comunicação social. Você pode encontra-la na ciência,
ao contrário, terá essa preocupação. Outra compara- na técnica, no jornalismo e na conversação entre os
ção é em relação ao emprego e o sentido das palavras. falantes.
Sabe-se que no texto científico emprega-se as palavras Podemos estabelecer o seguinte confronto entre as
no seu sentido dicionarizado, denotativo, enquanto duas formas:
que no texto artístico busca-se empregar as palavras
com mais autonomia, preferindo o seu sentido cono- LINGUAGEM NÃO
LINGUAGEM LITERÁRIA
tativo, figurado. LITERÁRIA

Intralinguística Extralinguística
PROSA E POESIA
Ambígua Clara/exata
Os textos literários se dividem em duas partes: pro-
sa e poesia, nesse tópico encontraremos a definição de Conotação Denotação
cada uma dessas. Comecemos pela poesia: a poesia é Sugestão Precisão
a linguagem subjetiva, metafísica, vaga com o mundo
interior do poeta. Quanto a sua forma, é um texto cur- Transfiguração da realidade Realidade
to com orações e períodos curtos, em que sobressaem
Subjetiva Objetiva
a estética, a harmonia e o ritmo. Trata-se da mais
antiga composição do mundo. Antes da existência Ordem inversa Ordem direta
do papel já existia os textos literários. Com os livros
de argila e o uso de poemas, seria possível transmi- Gêneros Literários
tir muita coisa com pouco material. A Prosa, por sua
vez, é a linguagem objetiva, usual, veículo natural do Na teoria literária, o estudo dos gêneros literários
pensamento humano. A prosa possui diversas formas, ocupa-se em agrupar as diversas modalidades de
chamadas de subgêneros literários, como: romances, expressão literária pelas suas características de forma
crítica, novela, conto, etc. Vejamos as diferenças entre e conteúdo. Cada gênero possui uma técnica, um esti-
um texto em forma de poesia e outro em forma de lo e uma função. Vale destacar que a distinção entre
prosa: os gêneros é bem flexível, sendo possível às vezes a
mistura deles. Para classificar uma obra, então, é
Poema necessário verificar a predominância de um gênero. A
classificação básica dos gêneros compreende: o lírico,
z Frases curtas. o épico e o dramático.
z Destaque para a beleza dos versos.
z De rimas: Porta/importa, minha/vizinha. z Gênero Lírico – A poesia lírica surgiu na Grécia
z Uso de métrica - contagem de sílabas poéticas. Antiga, sendo originalmente declamada ao som da
z escrito em forma de versos. lira, daí a origem da palavra lírico. A lira, pela tra-
dição literária, passou a simbolizar a poesia.
Prosa
No gênero lírico predomina o sentimento, a emo-
z Frases longas, em só período. ção, a subjetividade, a expressão do “eu”. Trata-se da
z Não há beleza no texto, somente a informação. manifestação do mundo interior através de uma visão
z Texto objetivo: transmitir uma mensagem. pessoal do mundo.
z Não há métrica, nem rima, nem ritmo. Quanto à temática, o tema lírico por excelência é o
z Texto escrito em forma de parágrafos. amor, sendo que os demais lhe são correlatos: a soli-
dão, a angústia, a saudade, a tristeza.
Dica A linguagem lírica mostra-se densamente metafó-
rica, sendo predominante a exploração da sonoridade
Embora os nomes sejam parecidos, você deve se e o arranjo das palavras.
atentar para o fato de que poema e poesia não Aqui estamos falando especificamente do lirismo
são a mesma coisa. Poema é um texto literário na Literatura, mas o lirismo identifica-se com outras
composto de versos, estrofes e, às vezes, rima. formas de arte, podendo ser encontrado na própria
Já a poesia é a própria manifestação artística, poesia, em um romance, em um filme ou quadro e em
212 baseada na linguagem subjetiva e estética. outras formas de arte.
Observe neste poema as características do gênero z Farsa: surgida por volta do século XIV, a farsa
lírico, o espírito subjetivo, que aparece embalado por caracteriza-se pela crítica social. É um texto cur-
emoções e sentimentos. to, formado por diálogos simples e representado
por personagens caricaturais em ações corriquei-
Eu cantarei de amor tão docemente, ras, cômicas, burlescas. Como exemplo famoso na
Por uns termos em si tão concertados, língua portuguesa, podemos citar “A farsa de Inês
Que dois mil acidentes namorados Pereira”, de Gil Vicente.
Faça sentir ao peito que não sente. z Auto: surgido na Idade Média, os autos são tex-
tos curtos, de linguagem simples, com elementos
Farei que amor a todos avivente, cômicos e intenção moralizadora. Suas persona-
Pintando mil segredos delicados, gens simbolizam as virtudes, os pecados, ou repre-
Brandas iras, suspiros magoados,
sentam anjos, demônios e santos. Um dos autos
Temerosa ousadia e pena ausente.
mais famosos na língua portuguesa é o “Monólogo
do Vaqueiro ou Auto da Visitação”, de Gil Vicente.
Também, Senhora, do desprezo honesto
Modernamente, encontramos textos notáveis que
De vossa vista branda e rigorosa,
revelam certa influência medieval, como é o caso
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.
do “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna.
Porém, pera cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa c) Gênero Épico ou Narrativo - O gênero narrativo
Aqui falta saber, engenho e arte. estrutura-se pela narração, sendo característico a
Luís de Camões narração das ações dos personagens em determi-
nado tempo e espaço.

Importante! A forma narrativa consagrada na antiguidade era


a épica em que se faziam relatos de versos sobre as
Para a compreensão dos gêneros literários, pre- origens das nacionalidades, os acontecimentos histó-
cisamos saber que o lirismo, a subjetividade, não ricos que mudaram o curso da humanidade. Os heróis
são exclusividade do gênero lírico, podendo apa- das epopeias eram personagens históricas ou semi-
recer nos demais. Também é preciso saber sepa- deuses, isto é, pessoas que se destacaram por excep-
rar a participação do “eu-lírico”, ou seja, a própria cionais façanhas. Cumpre ressaltar as mais célebres
voz que fala no poema do artista (o poeta). epopeias: a “Ilíada” e a “Odisseia”, de Homero; a “Enei-
da”, de Vergílio; “Os Lusíadas”, de Camões.
Modernamente, as formas narrativas resultam da
z Gênero Dramático – Do grego, a palavra “drama” evolução do gênero épico, a saber: o romance, o conto, a
significa “ação”. Trata-se de um modo específico novela e a crônica. O romance e a novela possuem uma
de textos, baseado na performance, sendo assim, estrutura de múltiplos conflitos, em que se caracteriza
o gênero dramático abrange os textos em forma de a pluralidade de ações. De modo contrário, o conto gira
diálogo destinados à encenação. em torno de um único conflito, decorre disso a unidade
de ações. A crônica, por sua vez, que nasceu das colunas
No gênero dramático, não há a narração de fatos, dos jornais, explora fatos da atualidade.
como existe no romance, tendo em vista que os per-
sonagens assumem seus papéis diante de um público
que assim é envolvido com os acontecimentos.
Vale destacar que uma peça é uma obra literária, EXERCÍCIOS COMENTADOS
enquanto texto destinado à leitura. Por outro lado,
como espetáculo teatral, depende dos meios técnicos 1. (ENEM – 2009) Gênero dramático é aquele em que o artista
empregados na apresentação, como: maquilagem, ilu- usa como intermediária entre si e o público a representa-
minação, imposição de voz, cenário e figurino. ção. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação.
A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada
Exemplos de Textos Dramáticos à apresentação por atores em um palco, atuando e dialo-
gando entre si. O texto dramático é complementado pela
z Tragédia: acontecimentos trágicos, temas deri- atuação dos atores no espetáculo teatral e possui uma
vados das paixões humanas do qual fazem parte estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de
personagens nobres e heroicas, sejam deuses ou personagens que devem estar ligados com lógica uns aos
LÍNGUA PORTUGUESA

semideuses. Os finais são sempre nefastos. Como outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo), que
exemplo, podemos citar “Édipo Rei”, de Sófocles; é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir
“Romeu e Julieta”, de Shakespeare. das personagens encadeadas à unidade do efeito e segun-
z Comédia: textos humorísticos de caráter crítico, do uma ordem composta de exposição, conflito, complica-
irônico, jocoso e satírico, podendo ser até mes- ção, clímax e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que
mo obsceno, cuja temática são ações cotidianas é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais
das quais fazem parte personagens humanos e em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o
estereotipados, geralmente o povo e a nobreza. O autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real
objetivo era fazer sátiras políticas, críticas sociais, por meio da representação.
fazer paródias com o intuito de causar o riso.
z Tragicomédia: textos que trazem a junção de ele- COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização
mentos trágicos e cômicos na representação teatral. Brasileira, 1973 (adaptado). 213
Considerando o texto e analisando os elementos que E esse alheamento do que na vida é porosidade e
constituem um espetáculo teatral, conclui-se que: comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
a) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulhe-
fenômeno de ordem individual, pois não é possível sua res e sem horizontes.
concepção de forma coletiva. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
b) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebi- é doce herança itabirana.
do e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
independente do tema da peça e do trabalho interpre- esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
tativo dos atores. este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados este couro de anta, estendido no sofá da sala de
gêneros textuais, como contos, lendas, romances, visitas;
poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos tex- este orgulho, esta cabeça baixa…
tuais, entre outros. Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na Hoje sou funcionário público.
comunicação teatral, visto que o mais importante é Itabira é apenas uma fotografia na parede.
a expressão verbal, base da comunicação cênica em Mas como dói!
toda a trajetória do teatro até os dias atuais.
e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico inde- ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
pendem do processo de produção/recepção do espe- 2003.
táculo teatral, já que se trata de linguagens artísticas
diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral. Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do
movimento modernista brasileiro. Com seus poemas,
A criação de um espetáculo acontece de forma cole- penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poetica-
tiva, em cenário que corresponda ao tema da peça e mente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poe-
ao trabalho interpretativo dos atores, que assumem sia é feita de uma relação tensa entre o universal e o
a importância central da peça, seguidos dos efeitos particular, como se percebe claramente na construção
de luz e som. Essa afirmação invalida as alternati- do poema Confidência do Itabirano. Tendo em vista os
vas a, b, d e e. Além disso, há vários textos cênicos procedimentos de construção do texto literário e as
que se originaram de contos, lendas, romances, poe- concepções artísticas modernistas, conclui-se que o
sias e crônicas, entre outros. Resposta: Letra C. poema acima:

2. (ENEM – 2009) Assinale a alternativa que que melhor des- a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao
creve este trecho de Juca Pirama, de Gonçalves Dias. tom contestatório e à utilização de expressões e usos
linguísticos típicos da oralidade.
“IV b) apresenta uma característica importante do gênero
Meu canto de morte, lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados
Guerreiros, ouvi: históricos.
Sou filho das selvas,
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua
Nas selvas cresci;
comunidade, por intermédio de imagens que represen-
Guerreiros, descendo
tam a forma como a sociedade e o mundo colaboram
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
para a constituição do indivíduo.
Que agora anda errante d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de
Por fado inconstante, inutilidade do poeta e da poesia em comparação com
Guerreiros, nasci; as prendas resgatadas de Itabira.
Sou bravo, sou forte, e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da
Sou filho do Norte; individualidade, da saudade da infância e do amor pela
Meu canto de morte, terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.
Guerreiros, ouvi.”
O gênero lírico é caracterizado pela subjetividade,
a) Possui características do gênero lírico e do épico. pela emoção e pelo sentimento do eu-lírico. Suas
b) Possui características do gênero épico e dramático. experiências em Itabira, de acordo com o texto, o
c) Possui características do gênero lírico e do dramático fizeram triste, orgulhoso e habituado ao sofrimento
d) Possui características apenas do épico. e à dor. Resposta: Letra C.

Embora seja um poema narrativo, com uma musi- A EVOLUÇÃO DA ARTE LITERÁRIA, EM PORTUGAL
calidade que alterna versos contos e rimas que E NO BRASIL
ajudam a dar o ritmo da aventura de um herói, o
lirismo também é um ponto forte no poema. Respos- Antes de mais nada, importante salientar que toda
ta: Letra A. a produção literária no Ocidente foi dividida didatica-
mente em “Eras ou Épocas”, as quais compreendere-
3. (ENEM – 2009) mos melhor mais adiante.
A Literatura Portuguesa, obviamente, foi a pri-
Confidência do Itabirano meira e maior influência da Literatura Brasileira.
Alguns anos vivi em Itabira. Considerando que a maioria dos movimentos literá-
Principalmente nasci em Itabira. rios surgiram na Europa, sobretudo, França, sabemos
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. que a Literatura Portuguesa se alimentou de fontes
Noventa por cento de ferro nas calçadas. principalmente francesas e inglesas, o que, de certa
214 Oitenta por cento de ferro nas almas. forma, caracteriza a Literatura Brasileira também,
especialmente até o Realismo. Afinal, até o período que chamamos de Realismo, a maioria dos escritores renoma-
dos da literatura brasileira nasceram, cresceram ou estudaram na Europa.
Na Literatura de Portugal, as Eras são classificadas em: Medieval, Clássica e Moderna, sendo que dentro de
cada uma há um conjunto de movimentos literários. Portanto, os movimentos literários do Trovadorismo (1189)
e do Humanismo (1418) estão agrupados na Era Medieval.
Na Era Clássica deparamos com o Classicismo (1527), Barroco (1580) e o Arcadismo (1756).
Por fim, na Era Moderna, também denominada Era Romântica, estão os movimentos: Romantismo (1825),
Realismo-Naturalismo (1865), Simbolismo (1890) e Modernismo (1915).
No entanto, de forma geral, os movimentos literários no Brasil sempre afloraram com uma ou duas décadas de
defasagem em relação a Portugal, como você pode conferir nesta linha do tempo:
Linha do tempo dos Movimentos Literários no Brasil e em Portugal

ERA MEDIEVAL

MOVIMENTOS LITERÁRIOS Trovadorismo Humanismo

PORTUGAL 1198-1418 1418-1527

BRASIL - -

Note que na Era Medieval não há datas respectivas aos movimentos literários no Brasil, isso porque o Brasil
ainda não possuía uma produção literária respectiva aos estilos desta era.

ERA CLÁSSICA

Literatura de Informação sobre o Brasil e


MOVIMENTOS LITERÁRIOS Classicismo Barroco Arcadismo
Literatura dos Jesuítas

PORTUGAL 1527-1580 - 1580-1756 1756-1825

BRASIL - 1500-1601 1601-1768 1768-1836

O primeiro movimento que o Brasil participa é a Literatura de Informação e Literatura dos Jesuítas, tendo
início em 1500.

ERA MODERNA

MOVIMENTOS Realismo / Modernismo Modernismo


Romantismo Simbolismo Pós-modernismo
LITERÁRIOS Naturalismo (1º fase) (2º fase)

PORTUGAL 1825-1865 1865-1890 1890-1915 1915-1927 1927-1940 A partir de 1939

BRASIL 1836-1881 1881-1893 1893-1902 1922-1930 1930-1945 A partir de 45

LITERATURA BRASILEIRA
CONTEXTO HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS, PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS DO QUINHENTISMO

Contexto Histórico

O marco inicial da Literatura Brasileira coincide com o período histórico chamado Renascimento. Em Por-
tugal, especialmente, este período coincide com o esplendor das conquistas ultramarinas, grandes navegações,
continentes recém descobertos e a fase de colonização de povos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Após o duro golpe da Reforma Protestante de Martinho Lutero, no fim do século XV, Portugal recuperava o
prestígio com a descoberta por Vasco da Gama de um novo caminho para as Índias. Esse espírito de ufania geraria
a maior epopeia da Língua Portuguesa: Os Lusíadas, escrita por Luís Vaz de Camões, compreendida como a mais
alta expressão de amor à pátria.
Enquanto isso, no Brasil de 1500, as primeiras produções possuíam mais caráter documental do que literário. Des-
de então, a forma como foi escrita a história de nosso país tem refletido até hoje nas produções artísticas e, consequen-
temente, literárias. Se observarmos, desde o período Colonial (do Descobrimento a chegada da Família Real ao Brasil),
passando pelo Período Imperial, além de diversas revoltas internas em prol da Independência e da abolição da escra-
vatura, Período Regencial, a Proclamação da República, em 1889, o Período Republicano, marcado pelos governos
militares, ditaduras e a reconquista da democracia, todos esses acontecimentos permeiam a nossa Literatura.
Mais recentemente, diversas transformações de âmbito político e social decorreram das duas Grandes Guer-
ras, que refletiram no mundo e, consequentemente no Brasil, ideológica e politicamente. Políticas mundiais 215
de combate ao comunismo influenciaram líderes e BARROCO
momentos, a liberdade de expressão foi cerceada e
um período sombrio foi instaurado em nossa história No período entre (1601-1768), enquanto o mundo
Ocidental vivia uma atormentada crise entre homem
até 1985, quando o direito à democracia foi restabe-
e igreja, percebemos uma intenção na arte de recon-
lecido, além da globalização, a internet e as mídias
ciliar o homem com a fé, porém de uma forma mais
sociais, tudo isso reflete no pensamento, no sentimen- subjetiva e conflituosa. Para diversos pesquisadores, o
to e na expressão artística, como poderemos acompa- Barroco constitui não apenas um estilo artístico, mas
nhar nas Escolas Literárias. todo um período histórico e um movimento sociocul-
tural em que se formularam novos modos de enten-
CARACTERÍSTICAS, PRINCIPAIS AUTORES E der o mundo, o homem e Deus.
OBRAS DO QUINHENTISMO

O Quinhentismo corresponde às manifestações


literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI,
momento de descobrimento, exploração e colonização.
Durante esse período, uma literatura genuinamen-
te brasileira, a qual mostra visão do homem brasileiro,
ainda não era possível. O que temos é um ponto de vista
do viajante colonizador acerca do Novo Mundo, além
de uma preocupação em documentar e descrever a
viagem para o Rei de Portugal, cujas pretensões eram
mercantilistas: novas terras e riquezas para Portugal.

Contexto histórico

z Os portugueses chegam ao Brasil. A arte barroca é então caracterizada pelos deta-


z A chegada dos primeiros jesuítas ao Brasil. lhes, pelo exagero e pelo rebuscamento. É comum
encontrar o uso de imagens contrastantes como o cre-
púsculo (dia/noite) e a aurora (noite/dia), além de tex-
Características
tos repletos de antíteses e inversões sintáticas.
Na literatura, o marco inicial do barroco é a publi-
z Textos informativos e descritivos; cação da obra “Prosopopeia” (1601) de Bento Teixeira
z Utilização de adjetivos; e terminou em 1768 com a publicação de “Obras Poé-
z Linguagem simples; ticas”, de Cláudio Manuel da Costa.
z Crônicas de viagens; Na escultura e arquitetura, Aleijadinho foi sem
z Destaque para a conquista material e espiritual. dúvida um dos maiores artistas barrocos brasileiros.

Autores e Obras Contexto histórico

z Pero Vaz de Caminha (1450–1500) z O Barroco surgiu pelas oposições e pelos conflitos
religiosos. Esse contexto histórico acabou influen-
ciando na produção artística, gerando o fenômeno
Conhecido como autor da famosa “Carta de Pero Vaz
do Barroco. As obras são marcadas pela angústia
de Caminha”, ao rei D. Manuel I, considerada o primeiro e pela oposição entre o mundo material e o espi-
documento escrito sobre o Brasil, que relata o descobri- ritual. Quanto às características do estilo, pode-se
mento das terras do país. Ficou conhecida como sendo o encontrar metáforas, antíteses e hipérboles.
marco inicial da literatura de informação do Brasil. z As invasões holandesas no Brasil.
z Os bandeirantes.
z Padre José de Anchieta (1534-1597)
Características na arte
Um dos primeiros autores da literatura brasileira
z Contrastes: luz/sombra, bem/mal, divino/humano.
escreveu “Na festa de São Lourenço” (1583) e “Arte de
z Riqueza de detalhes, preferência pelas curvas e
Gramática da Língua mais usada na Costa do Brasil” contornos e ausência de simetrias.
(1595). z Temas religiosos.
É também conhecido como o Apóstolo do Brasil – z Personagens retratadas com expressões dramáti-
embora seja espanhol – por ter sido um dos respon- cas, cenas conflituosas.
sáveis por trazer o Cristianismo no país, sendo z Conceptismo (Quevedo): jogo de ideias, pesquisa e
também um dos fundadores da cidade de São Paulo. essência íntima.
z Frequência das antíteses e paradoxos, fugacidade
do tempo e incerteza da vida.
z Padre Manuel de Nóbrega (1517-1570)
Características na Literatura
Suas obras são consideradas documentos históricos
sobre a colônia e a ação jesuítica no Brasil do século XVI. z Rebuscamento, virtuosismo, ornamentação exa-
Entre elas, podemos destacar “Cartas do Brasil” (1886) e gerada, jogo sutil de palavras e ideias, ousadia de
216 um “Diálogo sobre a Conversão dos Gentios” (1557). metáforas e associações.
z Cultismo ou Gongorismo: abuso de metáforas, Características na arte e na literatura
hipérboles e antíteses. Obsessão pela linguagem
culta, jogo de palavras. z Rompimento com a estética barroca, opondo-se
aos exageros e rebuscamentos.
Autores e Obras z Influência do movimento iluminista.
z Equilíbrio e busca pela perfeição na tentativa de
z Padre Antônio Vieira (1608-1697) resgatar as tradições clássicas, a estética greco-ro-
mana e as figuras mitológicas.
z Preferência por sonetos;
Foi um religioso, filósofo, escritor e maior orador
z Racionalismo: A razão era constantemente valorizada.
sacro da Língua Portuguesa. As suas principais obras
z Bucolismo e pastoralismo em que retrata uma
são “Sermão da Sexagésima”, que retrata sobre a arte
natureza tranquila e serena, um refúgio calmo do
de pregar, além do “Sermão de Santo Antônio”, que
campo, os costumes rurais, que se contrastava com
tem como tema a escravidão indígena.
os centros urbanos monárquicos.
z Idealização da mulher amada, assim como a valo-
z Bento Teixeira (1561-1600) rização da pureza e ingenuidade humana;
z Uso de pseudônimos, geralmente nomes de pastores;
Foi um poeta luso-brasileiro cuja principal obra z Expressões em latim como inutilia truncat (“tirar
é “Prosopopeia”, considerada o marco inicial do Bar- o inútil” da poesia, entendendo-se esse inútil como
roco na Literatura Brasileira. Trata-se de um poema sendo o excesso de rebuscamento formal), fugere
escrito à semelhança de “Os Lusíadas”, sobre os feitos urbem (“fuga da urbanidade” e preferência pela
dos heróis portugueses em terras brasileiras e africa- vida campestre), locus amoenus (preceito de que
nas, com o objetivo de louvar o donatário da capitania o campo, o ambiente bucólico, é o ideal para o
de Pernambuco, Jorge de Alburqueque Coelho. homem), carpe diem (“aproveitar o presente” para
contemplar a realidade, sem preocupar-se com o
z Gregório de Matos (1636-1696) futuro) e aurea mediocritas (o “homem mediano”
é aquele que alcança a felicidade, não se devendo,
Conhecido como “Boca do Inferno”, foi um advo- assim, procurar riquezas e posses em vida).
gado e poeta do Brasil colônia, sendo considerado um
dos maiores poetas do barroco em Portugal e no Bra- Autores e Obras
sil. Produziu diversas sátiras desumanas, além de poe-
sias religiosas, líricas e satíricas. z Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)

ARCADISMO Poeta, advogado e jurista brasileiro, é considerado


o precursor do Arcadismo no Brasil e destacou-se por
No período entre 1768 e 1836, o Arcadismo coincide sua obra literária, mais precisamente a poesia. O poe-
com a expulsão dos jesuítas do Brasil, a vinda da corte ta mineiro em seus textos aborda elementos locais,
portuguesa, a descoberta de ouro em Minas Gerais e a descrevendo paisagens, temática pastoril e expressan-
Proclamação da Independência. Artisticamente, é um do um forte sentimento nacionalista.
período marcado pela recuperação da cultura greco-la-
tina e apreciação da natureza e da simplicidade. z José de Santa Rita Durão (1722-1784)

Autor do poema épico Caramuru (1781), Freire


Santa Rita Durão foi poeta e orador, considerado um
dos precursores do indianismo no Brasil.

z José Basílio da Gama (1741-1795)

Poeta mineiro e autor do poema épico “O Uraguai”


(1769), um marco na literatura brasileira, no qual abor-
da as disputas entre os europeus, os jesuítas e os índios.

z Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)

“O Senhor e a Senhora Andrews”, de Thomas Gainsborough Um dos grandes poetas árcades de pseudônimo Dir-
ceu. Sua obra que merece destaque é Marília de Dirceu
LÍNGUA PORTUGUESA

O marco inicial do Arcadismo no Brasil foi a publi- (1792) carregada de lirismo e baseada no seu romance
com a brasileira Maria Doroteia Joaquina de Seixas.
cação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa
em 1768 e, ademais, a fundação da “Arcádia Ultrama-
ROMANTISMO
rina”, em Vila Rica. Vale lembrar que o nome dessa
escola literária provém das Arcádias, ou seja, das
O Romantismo corresponde ao período aproxima-
sociedades literárias da época. do entre 1774 e 1849 – embora influencie a arte até
hoje – na Era das Revoluções, quando diversas trans-
Contexto histórico formações políticas, sociais e econômicas ocorreram
no Ocidente, como a Revolução Industrial e a Revo-
z A Inconfidência Mineira. lução Francesa. Os artistas românticos, movidos por
z A Revolução Farroupilha. esse ideal de mudanças, começaram a mudar a teo-
z A vinda da Família Real para o Brasil. ria e a prática de suas artes. Além do campo artístico, 217
observamos uma visão transformadora também na e emocionalismo. As menções ao tédio e desejo de morte
filosofia e em toda a cultura ocidental, que passou a são frequentes.
aceitar a emoção e os sentidos como uma forma váli-
da de experimentar a vida. z Terceira Geração - Romântica
O idealismo e rebeldia, somados ao escapismo e o
subjetivismo, foram marcantes nas obras produzidas Há a quebra das regras da literatura. Os poemas
no período. Na Europa, obras com temáticas medie- começaram a ser escritos de maneira diferente e, na
vais eram bastante comuns, já que esse era o passado prosa, começam a aparecer palavras que antes não
histórico europeu. eram da literatura, ou seja, palavras mais usadas pelo
No Brasil, o Romantismo predominou entre 1835 a povo. Nessa geração os autores também começaram a
1880, período da consolidação da independência. Seu falar de questões sociais. Foi o primeiro passo para o
marco inicial foi a publicação do livro “Suspiros poéti- realismo, próximo movimento literário.
cos e saudades”, de Gonçalves de Magalhães, em 1836.
Porém, o Romantismo brasileiro buscava resgatar Autores e obras
os nossos ancestrais que já viviam aqui: os índios.
A literatura desse período também retratava as z Primeira Geração
lutas políticas e sociais existentes em nosso país,
como o movimento abolicionista. Também não Poesia
podemos nos esquecer que, devido à época, começa-
vam a surgir problemas urbanos relacionados à rela- „ Gonçalves Dias: “Segundos Cantos” (1848),
ção delicada entre indústrias e operários, assim como “Últimos Cantos” (1851), “Os Timbiras” (1857),
a corrupção e o materialismo. “Cantos” (1857).
„ Casimiro de Abreu: Primaveras, poesias (1859)
Contexto histórico
Prosa
z A Imprensa no Brasil.
z A crise do 2º reinado. „ José de Alencar: “O guarani” (1857), “Iracema”
z A abolição da escravidão. (1865).

Características z Segunda Geração

z Liberdade de expressão e de criação, retrato e „ Álvares de Azevedo: “Lira dos vinte anos”;
valorização do “eu”. “Noite na Taverna” e “Macário”.
z Rebeldia e idealismo, preocupação em retratar o „ Fagundes Varela: “Noturnas”; Cantos e Fanta-
mundo não como ele é, mas como ele poderia ser, sias e Anchieta ou O Evangelho nas Selvas.
uma vez que a realidade para esses autores era „ Casimiro de Abreu: As Primaveras (1859), Sau-
considerada desesperadora, repleta de limitações dades (1856) e Suspiros (1856).
ao crescimento pessoal, político e artístico. „ Junqueira Freire: “Inspirações do Claustro” e
z Exaltação da pátria, da mulher e do amor. “Contradições poéticas”.
z Indianismo e culto à nossa fauna e flora. Tam-
bém está presente o nacionalismo, o regionalismo z Terceira Geração
ou o sertanismo.
z Individualismo e sentimentalismo, considerando que „ Castro Alves: “Espumas Flutuantes”, 1870, “Os
seus desejos, paixões e frustrações pessoais são mais Escravos” (O Navio Negreiro), 1883.
importantes do que os acontecimentos externos.
z A natureza como força incontrolável e transcenden- Modalidades do Romantismo:
tal, uma personagem que reflete o “eu”, assumin-
do emoções, como tristeza, e esbanja exuberância z Romance de folhetim - Teixeira e Sousa, “O filho
diante da alegria e das conquistas do indivíduo. do pescador”.
z Pessimismo da realidade e escapismo, expressões z Romance urbano - Joaquim Manuel de Macedo,
de angústia, frustração, desespero, tristeza, entre “A Moreninha”.
outras emoções que acabam caracterizando esse z Romance regionalista: Bernardo Guimarães, “O
estado de espírito como o “mal do século”. ermitão de Muquém”, “Escrava Isaura”.
z Temas como morte, suicídio, fuga para a natureza z Romance indianista e histórico - José de Alencar,
ou a pátria são os escapes possíveis para esse mal. “O Guarani”.

z Primeira Geração - Nacionalista REALISMO

As obras desse período abordam a natureza, o país O Realismo é um movimento cultural e literário que
e idealizam tudo maravilhoso. Em Portugal, os temas surgiu em oposição ao Romantismo no século XIX. Sua
mais frequentes eram o nacionalismo, o romance temática principal foca nos problemas sociais da épo-
histórico e o medievalismo. No Brasil, esse apego ao ca, usando de linguagem clara e objetiva. A Revolução
passado era visto no indianismo. Francesa e Revolução Industrial trouxe o crescimento
do poder da burguesia na sociedade, portanto, as pes-
z Segunda Geração - Ultrarromântica soas nas cidades em busca de melhores condições de
vida por meio do trabalho nas fábricas e comércios e
O mal do século tem papel de destaque e as obras aca- a vida burguesa passaram a estar mais presentes nas
218 bam sendo caracterizadas pelo exagero no subjetivismo narrativas.
Em certas obras, percebe-se um forte tom de ironia Os escritores naturalistas do Brasil se ocuparam,
e crítica social. Os integrantes desse movimento repu- principalmente, com os temas mais obscuros da alma
diavam a artificialidade do Arcadismo e do Romantis- humana e, por isso, outros fatos importantes da histó-
mo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os ria do país acabaram sendo deixados de lado, como a
problemas e costumes das classes média e baixa sem Abolição da Escravatura e a proclamação da República.
haver a necessidade de se inspirar em modelos do pas-
sado. O movimento manifestou-se também na escultu- Características
ra, na pintura e em alguns aspectos sociais.
O marco do Realismo foi a publicação do romance z Desdobramento do Realismo.
“Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, em 1857. No z Escritores naturalistas retratam pessoas margina-
Brasil, foi a publicação do livro “Memórias Póstumas lizadas pela sociedade.
de Brás Cubas”, de Machado de Assis. z As personagens são comparadas aos animais
(zoomorfismo).
Contexto histórico: z Análise biológica e patológica das personagens.
z Abordagem de temas polêmicos como miséria,
z A Proclamação da República. adultério, crimes e sexualidade desvelada.
z A Primeira República. z Forte influência Darwinista, na qual o homem não
possui livre arbítrio, sendo guiado pela heredita-
riedade e pelo meio social em que vive.
Características
z Cientificismo exagerado, apontando para as rela-
ções e fenômenos sociais como se observasse uma
z Objetividade como forma de opor ao excesso de sub- experiência científica.
jetividade e idealizações existentes no Romantismo. z A realidade é abordada a partir do pensamento
z Correção e clareza de linguagem para manter o científico, sob influência do positivismo.
ideal de representar a realidade verdadeiramente. z Linguagem simples e objetiva.
z Contenção das emoções, focando-se em análises z Os pintores recriavam paisagens naturais, ou seja,
mais objetivas. pintavam aquilo que observavam.
z Análise psicológica dos personagens. z Grande desejo de reformar a sociedade nas obras.
z Narrativa lenta, buscavam construir análises –
muitas vezes, inclusive, utilizando métodos cientí- Autores e obras
ficos – da sociedade contada nas histórias.
z Impessoalidade do Narrador, em terceira pessoa, z Aluísio de Azevedo (1857-1913): “O Mulato”
sugerindo-se certo grau de impessoalidade. (1881), “Casa de Pensão” (1884) e “O Cortiço” (1890).
z A filosofia positivista de Auguste Comte, olhar cientí- z Adolfo Caminha (1867-1897): “A Normalista”
fico para analisar comportamentos sociais, o Cientifi- (1893) e “Bom Criolo” (1895)
cismo, o Darwinismo, o Empirismo, o Determinismo. z Raul Pompeia - Obra: “O Ateneu”.
z Literatura de combate social, crítica à burguesia,
ao adultério e ao clero. IMPRESSIONISMO

Autores e obras O Impressionismo não chegou a configurar, na


Literatura, uma escola, corrente ou movimento artís-
z Machado de Assis (1839-1908): Ressurreição (1872), tico, mas a teorização da atitude artística impressio-
A mão e a luva (1874), Helena (1876), Iaiá Garcia nista deve muito à pintura (Monet, Degas, Cézanne,
(1878), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Pissaro, Sisley, Renoir) e à música (Debussy e Ravel).
Quincas Borba (1886), Dom Casmurro (1899), Esaú e
Jacó (1904), Memorial de Aires (1908).
z Raul d’Ávila Pompeia (1863-1895): “O Ateneu”.

NATURALISMO

Surgido no século XIX, é considerado uma ramifica-


ção do Realismo, pois traçam o mesmo objetivo: retra-
tar a realidade como ela é, porém, usando de métodos
um pouco distintos. Uma das grandes preocupações das
obras naturalistas é a relação entre o homem e as “forças
da natureza”, voltando-se às descobertas relacionadas
LÍNGUA PORTUGUESA

à biologia e a sociologia, especialmente considerando


comportamentos patológicos, os desejos e as taras, com
destaque para as tendências animalescas dos homens.
Isso ocorre devido ao fato de que esse movimento ter Pierre-Auguste Renoir (1881) Le Déjeuner des canotiers
grande influência da Teoria da Evolução de Charles Dar-
win e de outras correntes de pensamento científico que Aos impressionistas não interessa a fixação “fotográ-
predominavam na Europa na época. fica” das formas e das imagens. Valorizando a cor e os
O Naturalismo surgiu na França, tendo como prin- efeitos tonais, pretendem reproduzir a “percepção visual
cipal representante o escritor francês Émile Zola, que do instante”, as “impressões” provocadas pelo objeto no
ficou famoso com a publicação de “Germinal”, em 1881, sujeito. O romance psicológico de tipo moderno, de estru-
e marcou o início deste movimento artístico na Europa, tura não-linear, em que a história é narrada do ponto
sobre as péssimas condições de vida dos trabalhadores de vista do herói-autor, ou do ponto de vista plurifocal,
das minas de carvão no interior da França no século XIX. a partir da perspectiva de várias personagens, surge no 219
bojo do Impressionismo, com Henry James (Os Embaixa- Os únicos países em que ele floresceu de forma
dores – 1903); Joseph Conrad (LordJim- 1900); ítalo Sve- expressiva foram na França e no Brasil. Na França,
vo (A Consciência do Zeno – 1923) e Marcel Proust (Em o movimento surgiu em 1866, com a publicação da
Busca do Tempo Perdido 1913-1927). No Brasil, é perfeita- revista Le Parnasse Contemporain, que congregava
mente identificável em autores como Machado de Assis, poetas defensores de uma poesia antirromântica, des-
Raul Pompeia e Coelho Neto, entre os brasileiros, e Eça de critivista, mimética e formalista. Entre esses poetas,
Queirós e Cesário Verde entre os portugueses. As obras destacaram-se Théophile Gautier e Leconte de Lisle.
buscam grafar a aparência vivida da realidade humana, No Brasil, o movimento por uma poesia de reação
com exatidão e esmero científico, mas voltados para a contrária ao Romantismo teve lugar no início da déca-
pintura refinada das impressões subjetivas, dos estados da de 1880, com a publicação do livro Fanfarras (1882),
d’alma das personagens. de Teófilo Dias, obra inaugural da estética no país. Três
grandes autores destacam-se: Olavo Bilac (“o príncipe
Características dos poetas”), Raimundo Correia e Alberto de Oliveira.

z Descrição de impressões e aspectos psicológicos Características


das personagens com detalhes para constituir as
impressões sensoriais de um incidente ou cena. z Estilo majoritariamente poético, não produzindo
z Caráter “hermético” (= difícil), exigindo leitores grandes manifestações em prosa.
intelectualmente sofisticados. z A “arte pela arte” como um movimento para rebater o
z Pesquisas sobre óptica e seus efeitos, a presen- excesso de sentimentalismo trazido pelo Romantismo.
ça dos contrastes e de transparências luminosas, z Aproximação entre a literatura e as artes plásticas;
auxiliam no desvanecimento da forma, percebida tinha apreço pelas métricas, geralmente caracteriza-
agora sem contornos. das por versos decassílabos; apresentava cunho des-
z União entre o concreto e o abstrato. critivo, temas clássicos, objetividade, impessoalidade
z A percepção do tempo e o fluxo da memória, a lem- e temas universais, como poesia, vaidade e beleza.
brança crítica e a compreensão do sentido da expe- z O racionalismo da poesia como fruto do trabalho
riência passada e a “procura do tempo perdido”. do poeta – um trabalho árduo, difícil, que depen-
z A fixação do instante, momentos cotidianos fugazes, dia de fatores como o conhecimento técnico, apli-
as impressões da realidade em detrimento da razão cado com esmero na produção poética.
e da emoção. z Rigidez formal no tocante ao vocabulário (refina-
do e erudito), à sintaxe, à rima e à métrica utiliza-
Autores e obras dos pelo poeta.

z Graça Aranha (1868-1931): Espírito Moderno, 1925 Autores e obras


z Raul Pompeia (1863-1985): “O Ateneu”.
z Olavo Bilac: “Via Láctea”.
PARNASIANISMO z Raimundo Correia: “Sinfonias” (1883).

O Parnasianismo localiza-se entre o final do sécu- SIMBOLISMO


lo XIX e o início do século XX, foi contemporâneo do
Realismo e do Naturalismo. O nome Parnasianismo Apesar de ter sido uma reação ao Parnasianismo
remonta à denominação de um monte da Grécia Anti- em alguns aspectos, o Simbolismo dividiu com aquele
ga (Monte Parnaso), onde, segundo a mitologia, os estilo o espaço cultural europeu entre o final do século
poetas se isolavam do mundo para maior integração XIX e o início do século XX.
com os deuses, por meio de sua poesia, considerada
por eles a mais alta expressão artística humana.

Contexto histórico

z Contemporâneo do Realismo – Naturalismo;


z Estilo especificamente poético, desenvolveu-se
junto com o Realismo – Naturalismo;
z A maior preocupação dos poetas parnasianos é
com o fazer poético.

A Noite Estrelada – Van Gogh

Se, no Brasil, foi superado pela escola parnasiana,


que dominou a cena artística do período, na Europa
representou considerável avanço em direção à arte
moderna que dominaria o século XX.
220 O espelho de Vênus
Contexto histórico a linguagem pomposa parnasiana; a exposição da rea-
lidade social brasileira; o regionalismo; a marginali-
z Fundação da Academia Brasileira de Letras. dade exposta nas personagens e associação aos fatos
z Origem: a poesia de Baudelaire. políticos, econômicos e sociais.
z Características: desmistificação da poesia, sines- Caracteriza-se pelas produções desde o início do
tesia, musicalidade, preferência pela cor branca,
século XX até a Semana de Arte Moderna, em 1922. Foi
sensualismo, dor e revolta.
um período de intensa movimentação literária que
marcou a transição entre o Simbolismo e o Modernis-
Características
mo. Apesar disso, para muitos estudiosos deve ser con-
siderado uma escola literária, uma vez que apresenta
z Formação das bases intelectuais de filósofos como
Henri Bergson, Arthur Schopenhauer e Soren inúmeras produções artísticas e literárias distintas.
Kierkegaard. Em outras palavras, ele reúne um sincretismo
z Decadentismo, marcado pela agonia, pela melan- estético, com presença de características neorrealis-
colia e pelo pessimismo, descrença nos atributos tas, neoparnasianas e neossimbolistas.
racionais e a saturação das conquistas científi-
cas conduziram à crença em uma decadência da Vanguardas europeias
civilização.
z A arte da sugestão. Tendo início nas duas primeiras décadas do Sécu-
z A sinestesia e a musicalidade. lo XX, as vanguardas europeias foram manifestações
artístico-literárias surgidas na Europa e vieram pro-
Autores e obras vocar uma ruptura da arte moderna com a tradição
cultural do século anterior.
z Cruz e Souza (poeta representante) - Obra: “Mis- Em relação ao contexto histórico, houve o advento
sal” e “Broquéis”. da tecnologia, as consequências da Revolução Indus-
trial, a Primeira Guerra Mundial e atmosfera política
PRÉ-MODERNISMO E MODERNISMO que resultou destes grandes acontecimentos, surgiu um
sentimento nacionalista, um progresso espantoso das
Pré-Modernismo grandes potências mundiais e uma disputa pelo poder.
Nesse cenário, várias correntes ideológicas foram cria-
É o período de transição entre as tendências do das, como o nazismo, o fascismo e o comunismo. Outros
final do Simbolismo ou Parnasianismo, século XIX, e o movimentos surgiram com a mesma terminação “ismo”,
Modernismo. O Pré-Modernismo acontece anos antes os movimentos artísticos que chamamos de vanguar-
da Semana da Arte Moderna, em 1922.
das. É importante conhecer alguns dos objetivos das
Alguns anos após a abolição da escravatura, muitos
vanguardas: o questionamento, a quebra dos padrões, o
imigrantes – a maioria italianos – vêm ao Brasil com
protesto contra a arte conservadora, a criação de novos
o intuito de substituir a mão de obra rural e escrava.
Enquanto os ex-escravizados são marginalizados padrões estéticos que fossem mais coerentes com a rea-
nos centros urbanos, a urbanização de São Paulo faz lidade histórica e social do século que surgia.
surgir uma nova classe social: a operária. Estas manifestações se destacaram por sua radica-
Há algumas mudanças nos estados brasileiros, lidade, que influenciou a arte em todo o mundo.
como a ascensão do café no Sul e Sudeste e o declí- Os movimentos e as tendências artísticas, tais
nio da cana-de-açúcar no Nordeste. Em termos de como o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o
regência administrativa, o governo republicano não Futurismo, o Abstracionismo, o Dadaísmo, o Surrea-
promovia as esperadas mudanças sociais – a socieda- lismo, a Op art e a Pop art expressam a perplexidade
de se encontrava dividida entre a elite detentora de do homem contemporâneo.
dinheiro, respeito e poder das oligarquias rurais e a Como uma reação ao Impressionismo, o Expressio-
classe trabalhadora rural, bem como dos marginaliza- nismo surge. Subjaz ao Expressionismo a preocupação
dos nos centros urbanos. em expressar as emoções humanas, transparecendo
Eclodiram diversos movimentos sociais pelo Brasil em linhas e cores vibrantes os sentimentos e angústias
em virtude da desigualdade social – como a Revolta de do homem moderno. No Impressionismo, o enfoque
Canudos, ocorrida no final do século XIX no sertão da se resumia na busca pela sensação de luz e sombra.
Bahia, sob liderança de Antônio Conselheiro. Além desse, Sobre o Fauvismo, trata-se de um movimento que
surgiram os movimentos protestantes no meio urbano, teve basicamente dois princípios: a simplificação das
como a Revolta da Chibata, em 1910 – contra o maltrato
figuras e o emprego das cores puras, sem mistura. As figu-
da Marinha à corporação – e as greves de operários.
LÍNGUA PORTUGUESA

ras não são representadas tal qual a forma real, ao passo


No começo do século XX aparecem os primeiros
que as cores são usadas de maneira organiza, como saem
indícios da crise cafeeira com a superprodução de
do tubo de tinta. O nome deriva de “fauves” (feras, no
café, a chamada crise da “República Café-com-Leite”.
É em meio a este quadro na sociedade brasileira francês), devido à agressividade no emprego das cores.
que começa no Brasil uma nova produção literária, No Cubismo também não há a preocupação de
intitulada de Pré-Modernismo pelo crítico literário representar realisticamente as formas de um objeto,
Tristão de Ataíde. Destacam-se neste período as obras porém a intenção do movimento artístico era represen-
Os sertões (Euclides da Cunha) e Canaã (Graça Ara- tá-lo de vários ângulos, em um único plano. O Cubis-
nha). Contudo, o Pré-Modernismo não é tido como mo, com passar do tempo, evoluiu em duas grandes
uma “escola literária”, pois apresenta características tendências: Cubismo Analítico e Cubismo Sintético. O
individuais muito marcantes. No entanto, há caracte- movimento teve o seu melhor momento entre 1907 e
rísticas comuns às obras desse período: a ruptura com 1914, e mudou para sempre a forma de ver a realidade. 221
Foi um movimento que se desenvolveu em todas
as artes e exerceu influência sobre vários artistas.
O Futurismo abrange sua criação em expressar o
real, assinalando a velocidade exposta pelas figuras
em movimento no espaço. Posteriormente, criaram
outros movimentos de arte moderna. Repercutiu prin-
cipalmente na França e na Itália.
O movimento Abstracionista surgiu em oposição à
arte figurativa ou objetiva. São formas de arte que não
são regidas pela exata cópia dos objetos do mundo.
O Dadaísmo é um movimento que abrange a arte O termo Pop Art (abreviação das palavras em
em todos os seus campos, pois não foi apenas uma cor- inglês Popular Art) foi utilizado pela primeira vez
rente artística, mas um verdadeiro movimento literá- em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para
rio, musical, filosófico e até mesmo político. A palavra denominar a arte popular que estava sendo criada
dada em francês significa cavalo de madeira, mas sua em publicidade, no desenho industrial, nos cartazes
utilização marca o nonsense ou falta de sentido que e nas revistas ilustradas. Representava os componen-
pode ter a linguagem (como na fala de um bebê). À tes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa
princípio, o movimento não envolveu uma estética influência na vida cotidiana na segunda metade do
específica, mas provavelmente as principais expres- século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposi-
sões do Dadaísmo tenham sido o poema aleatório e o ção ao expressionismo abstrato que dominava a cena
ready made. O intuito deste movimento era protestar estética desde o final da Segunda Guerra Mundial. Sua
contra os estragos trazidos da guerra, denunciando de iconografia era a da televisão, da fotografia, dos qua-
forma irônica toda aquela loucura que estava acon- drinhos, do cinema e da publicidade.
tecendo. Como negação total da cultura, o Dadaísmo A Pop Art proporcionou a transformação do que
defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. era considerado vulgar em refinado, e aproximou a
Sobre o Surrealismo, trata-se de um movimen-
arte das massas, desmitificando-a, pois se utilizava de
to artístico e literário surgido em Paris por volta dos
objetos próprios e populares. Com o objetivo da crítica
anos 20, inserido no contexto das vanguardas que
irônica do bombardeamento da sociedade pelos obje-
viriam a definir o modernismo no período entre as
tos de consumo, operava com signos estéticos massifi-
duas Grandes Guerras Mundiais.
cados da publicidade, quadrinhos, ilustrações. Muito
A expressão Op Art deriva do inglês Optical Art,
do que era considerado brega, virou moda.
significando Arte Óptica. A Op Art passou por um
Suas principais características são:
desenvolvimento relativamente lento, apesar de ter
ganhado força na metade da década de 1950. Trata-se
z Linguagem figurativa e realista, referindo-se aos cos-
de um movimento excessivamente cerebral e sistemá-
tumes, ideias e aparências do mundo contemporâneo;
tica, mais próxima das ciências do que das humanida-
z Temática extraída do ambiente urbano das gran-
des, e não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da
des cidades, de seus aspectos sociais e culturais:
Pop Art. Por outro lado, suas possibilidades parecem
história em quadrinhos, revistas, jornais sensa-
ser tão ilimitadas quanto às da ciência e da tecnologia.
cionalistas, fotografias, anúncios publicitários,
A razão da Op Art é a representação do movimento
cinema, rádio, televisão, música, espetáculos
através da pintura apenas com a utilização de elemen-
populares, elementos da sociedade de consumo e
tos gráficos. Outro fator fundamental para a criação
da Op Art foi a evolução da ciência, que está presen- de conveniências (alimentos enlatados, geladeiras,
te em praticamente todos os trabalhos, baseando-se carros, estradas, postos de gasolina, etc.);
principalmente nos estudos psicológicos sobre a vida z Ausência de planejamento crítico: os temas são
moderna e da Física sobre a Óptica. A alteração das concebidos como simples motivos que justificam a
cidades modernas e o sofrimento do homem com a realização da pintura;
alteração constante em seus ritmos de vida. z Representação de caráter inexpressivo, preferen-
As principais características da Op Art são: cialmente frontal e repetitiva;
z Combinação da pintura com objetos reais integra-
z Explorar a falibilidade do olho pelo uso de ilusões dos na composição da obra como flores de plástico,
de óticas; garrafas, etc., como uma nova forma dadaísta em
z Defender para arte “menos expressão e mais consonância aos novos tempos;
visualização”; z Formas e figuras em escala natural e ampliada;
z Quando as obras são observadas, dão a impressão z Preferência por referências ao status social, fama,
de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes violência e desastres, a sensualidade e o erotismo,
parecem inchar ou deformar-se; aos símbolos da tecnologia industrial e a sociedade
z Oposição de estruturas idênticas que interagem de consumo;
umas com as outras, produzindo o efeito ótico; z Uso de matérias como tinta acrílica, poliéster e látex,
z Observador participante; produzindo cores puras, brilhantes e fosforescentes
z Busca nos efeitos ópticos sua constante alteração; inspiradas na indústria e nos objetos de consumo;
z As cores têm a finalidade de passar ilusões ópticas z Reprodução de objetos do cotidiano em tamanho
222 ao observador. maior, transformando o real em hiper-real.
Segunda Fase do Modernismo (1930-1945): “Fase
de Consolidação”

As temáticas nacionalistas e regionalistas com pre-


domínio da prosa de ficção caracterizam esse momen-
to de amadurecimento. Na década de 30, a poesia
brasileira se consolida, o que significa o maior êxito
para os modernistas.

Terceira fase do Modernismo (1945-1980):


Pós-modernista”

Muitos estudiosos afirmam que essa fase termina


em 1960, enquanto outros, definem o fim dessa fase
nos anos 80. Há ainda os que ponderam que a tercei-
ra fase modernista prolonga-se até os dias atuais, não
havendo, pois, um consenso.
Nesse momento, tem-se um predomínio e diversi-
Características dade da prosa, com a prosa urbana, a prosa intimista
e a prosa regionalista. Além disso, surge um grupo de
escritores denominado “Geração de 45”, muitas vezes
z Ruptura com o academicismo.
chamados de neoparnasianos, pois eles buscavam
z Ruptura com o passado e a linguagem parnasiana.
uma poesia mais equilibrada.
z Linguagem coloquial, simples.
z Exposição da realidade social brasileira.
Características
z Regionalismo e nacionalismo.
z Marginalidade das personagens: o sertanejo, o cai-
z Libertação estética;
pira e o mulato. z Ruptura com o tradicionalismo;
z Temas: fatos históricos, políticos, econômicos e z Experimentações artísticas;
sociais. z Liberdade formal (versos livres, abandono das for-
mas fixas, ausência de pontuação);
Autores e obras z Linguagem com humor;
z Valorização do cotidiano.
z Euclides da Cunha (1866-1909): “Os Sertões: Cam-
panha de Canudos”. Alguns autores e principais obras
z Aranha (1868-1931): “Canaã”
z Monteiro Lobato (1882-1948): série de livros do z Oswald de Andrade (1890-1954): Memórias Sen-
Sítio do Pica-Pau Amarelo. timentais de João Miramar, Serafim Ponte Grande,
Marco Zero I - A Revolução Melancólica, Marco
MODERNISMO Zero II – Chão.
z Mário de Andrade (1893-1945): Amar, verbo
O Modernismo é o principal movimento literário intransitivo (1927) e Macunaíma (1928).
do século XX. Fortemente influenciado pelos movi- z Bandeira (1886-1968): Libertinagem (1930), Estre-
mentos de vanguarda que ocorreram na Europa no la da Manhã, 1936.
início dos anos 1900, esse estilo literário foi revolucio- z Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): A
nário em diversos níveis. Rosa do Povo (1945).
No Brasil, o marco inicial do Modernismo foi a z de Queiroz (1902-2003): O quinze (1930).
Semana de Arte Moderna de 1922, momento marcado z Ramos (1892-1953): Angústia (1936), Vidas Secas
pela fervura de novas ideias e modelos. O Modernismo (1938), Memórias do Cárcere 1953; (obra póstuma).
surge em um momento de insatisfação política no Bra- z João Cabral de Melo Neto (1920-1999): Morte e
vida Severina.
sil, causada também em decorrência da Primeira Guer-
z Lispector (1920-1977): A Hora da Estrela, A Paixão
ra Mundial (1914-1918), que trouxe reflexos para a
segundo G.H., Laços de Família e Perto do Coração
sociedade brasileira. Assim, numa tentativa de reestru-
Selvagem.
turar o país politicamente, também no campo das artes
z Rosa (1908-1967): Corpo de Baile: Noites do Sertão
LÍNGUA PORTUGUESA

– estimulado pelas Vanguardas Europeias – encontra- (1956), Grande Sertão: Veredas (1956), Primeiras
-se a motivação para romper com o tradicionalismo. Estórias (1962) e Campo Geral (1964).

Primeira Fase do Modernismo (1922-1930): “Fase


Heroica”
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Os artistas buscam a renovação estética inspira-
da nas vanguardas europeias (Cubismo, Futurismo, 1. (UERGS) Sobre o primeiro momento do Modernismo
Surrealismo). no Brasil, é correto afirmar que:
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), Manifesto
Antropófago (1928), Manifesto Regionalista (1926) e a) O caráter regionalista dos romances deste período deve-
Manifesto Nhenguaçu Verde-Amarelo (1929). -se à reprodução fiel do linguajar típico de cada região. 223
b) As ideias da Semana de Arte Moderna foram assimila- 5. (MACKENZIE-SP) Com referência ao Barroco, todas as
das de imediato e receberam a adesão da população e alternativas são corretas, exceto:
da crítica.
c) Os assuntos relacionados à Europa foram o tema cen- a) O homem centra suas preocupações em seu próprio
tral deste período literário, demonstrando o repúdio ao ser, tendo em mira seu aprimoramento, com base na
nacionalismo pátrio. cultura greco-latina.
d) A presença de Villa-Lobos numa apresentação da b) O Barroco apresenta, como característica marcante,
Semana de Arte Moderna demonstra a importância da o espírito de tensão, conflito entre tendências opos-
cultura europeia para os brasileiros da época. tas: de um lado, o teocentrismo medieval e, de outro, o
e) A expressão das emoções, a realidade do país e os antropocentrismo renascentista.
aspectos do dia-a-dia foram os temas preferenciais c) O Barroco estabelece contradições entre espírito e
dos autores desse momento literário, bem como o carne, alma e corpo, morte e vida.
rompimento com as fórmulas do passado. d) A arte barroca é vinculada à Contra-Reforma.
e) O barroco caracteriza-se pela sintaxe obscura, uso de
Um movimento contrário ao Romantismo, que bus- hipérbole e de metáforas.
cava idealizar os acontecimentos, pessoas e lugares,
exaltar o cotidiano e a realidade, tornou-se o foco Embora possa eventualmente usar de metáforas e
dos modernistas. Resposta: Letra E. hipérboles, o Barroco caracteriza-se pelas inver-
sões, contrastes, temas conflituosos e riqueza de
2. (UERGS) O uso de pseudônimos tornou-se necessário detalhes. Resposta: Letra B.
em função do envolvimento político dos autores na luta
pela libertação do Brasil do jugo da coroa portuguesa. O 6. (UFSCAR)
bucolismo e o pastoralismo também foram característi-
cas deste período. O texto acima refere-se ao: Texto 1

a) Romantismo. Eu quero uma casa no campo


b) Barroco. do tamanho ideal
c) Modernismo. pau-a-pique e sapê
d) Arcadismo. Onde eu possa plantar meus amigos
e) Realismo. meus discos
meus livros
No Arcadismo, o uso de pseudônimos, geralmente e nada mais
o nome de um pastor, além da exaltação da vida (Zé Rodrix e Tavito)
no campo caracterizaram as expressões artísticas.
Resposta: Letra D. Texto 2

3. (UPF-RS) Sobre a personagem Iracema, protagonista Se o bem desta choupana pode tanto,
do romance homônimo de José de Alencar, apenas é Que chega a ter mais preço, e mais valia,
incorreto afirmar que: Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
a) Segue um modelo de comportamento típico das heroí- E o que té agora se tornava em pranto,
nas românticas.]b) Representa a contribuição indíge- Se converta em afetos de alegria.
na na formação da nacionalidade brasileira. (Cláudio Manuel da Costa)
c) Simboliza a terra americana, vista como mãe fecunda,
daí seu nome ser um anagrama de América. Embora muito distantes entre si na linha do tempo, os
d) Possui características físicas e morais genuinamente textos aproximam-se, pois o ideal que defendem é:
indígenas.
e) É retratada em íntima conexão com a natureza. a) o uso da emoção em detrimento da razão, pois esta
retira do homem seus melhores sentimentos.
As características da personagem, sua beleza, seus b) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as
aspectos psicológicos, assim como a natureza, eram riquezas naturais.
extremamente idealizadas. Resposta: Letra D. c) a dedicação à produção poética junto à natureza, fon-
te de inspiração dos poetas.
4. (ITA) Qual a alternativa que apresenta uma associa- d) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, pois
ção errada? o tempo passa rapidamente.
e) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante
a) Arcadismo/Iluminismo. dos centros urbanos.
b) Arcadismo/Racionalismo.
c) Arcadismo/Anti-Classicismo. O poema de Cláudio Manuel da Costa traz as carac-
d) Barroco/Contra-Reforma. terísticas do Arcadismo, que, assim como na canção
e) Romantismo/Revolução Industrial. de Zé Rodrix e Tavito, tem como aspecto o raciona-
lismo e a harmonização de ideias. Embora utilize
O Racionalismo não caracteriza o Arcadismo, que, a natureza como cenário de muitos poemas, junto
assim como o Romantismo, é marcado pela exal- ao sentimento pastoril, os textos não se aproximam
tação de valores ideais na natureza, pelo lirismo e nesse quesito, tampouco fazem referência ao lema
224 pelo sonho da vida campestre. Resposta: Letra B. árcade carpe diem. Resposta: Letra E.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: estrutura, apresentam-se as partes que o compõem.
Depois disso, inicia-se a identificação dessas partes e
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Litera- de como elaborá-las separadamente: como se constrói
tura, Produção de Texto & Gramática – Volume um parágrafo; quais são as fases de sua elaboração;
quais são os diferentes tipos de parágrafos. Também é
único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
mostrado como podem ser os parágrafos que introdu-
Souza. – 3.ª edição – São Paulo: Saraiva, 2002. zem, desenvolvem e concluem um texto dissertativo.
E só depois de exercitar esses primeiros procedimen-
tos é que se passa à produção de um trabalho comple-
to, buscando a eficiência do todo por intermédio do
REDAÇÃO, GÊNERO TEXTUAL, agrupamento de cada uma das partes estudadas até a
TEXTUALIDADE E ESTILO formação de um bloco contínuo e completo.

REDAÇÃO DISCURSIVA
Importante!
Alunos, vamos trabalhar nesse material a reda- O truncamento desse trabalho ocorrerá certa-
ção discursiva. Apresentaremos a vocês um projeto mente se o aprendiz não se dispuser a praticar
de redação dissertativa, denominado Redação arro- esses conceitos. É aí que começa a frustração
z-com-feijão e Teoria das máscaras. Você irá estu- dos potenciais autores, pois muitas vezes só vão
dar algumas características inovadoras no conceito tentar praticar a escritura da sua redação após
de produção de textos para quem quer atingir um terem terminado o estudo do livro didático e
melhor resultado em provas que exijam do candidato
sentem muita dificuldade no momento do agru-
a habilidade de produzir um texto.
pamento, isto é, de fazer virar o todo, aquilo que
Neste material serão apresentados os aspectos
aprendeu a fazer por partes. Se o resultado não
gerais da redação discursiva em sua estrutura textual,
for satisfatório, eles simplesmente assumirão a
bem como todos os passos para a sua produção com
eficiência. Porém, é importante dar atenção às dúvi- dificuldade como uma inabilidade pessoal.
das que geralmente são apresentadas pelos alunos
para que se possa dar solução aos principais proble- Como proposta de solução para essa dificulda-
mas que eles relatam. de, vamos partir de um princípio inverso em que se
começa da materialização do texto eficiente, satisfa-
Por que é tão difícil produzir um texto eficiente? zendo os anseios dos nossos alunos: começamos pelo
todo para depois estudarmos as partes. Esse trabalho
Sempre se ouvem os temores de alunos quanto consiste na elaboração de máscaras de redação, o que
às provas que cobram dos candidatos habilidades na proporciona a você um ponto de partida concreto na
produção de questões discursivas. Alguns dizem se produção de redações eficientes a partir de modelos
sentirem tão despreparados que terminam por desis- prontos e que poderão ser reproduzidos e adaptados
tir dos concursos que trazem a redação como critério para qualquer tema proposto pela banca organizado-
de classificação. ra do concurso, respeitando ainda o caráter da origi-
Tem de se reconhecer que o hábito de escrever não nalidade e da criatividade de cada autor.
está na prática do cotidiano da maioria das pessoas e As máscaras de redação garantem a eficácia sobre
que, hoje em dia, quando se dispõem a fazê-lo, exerci- os principais quesitos exigidos pelas bancas organiza-
tam essa habilidade normalmente em ambientes vir- doras dos critérios de correção dos textos, tais como
tuais como sites de comunicação e na elaboração de progressão textual e sequencialização, coesão e conse-
e-mail. Nesses expedientes ocorre o que chamam de quentemente coerência, além de atender naturalmen-
“pacto da mediocridade”, sem intenção ofensiva, que te à estrutura própria dos textos dissertativos. Outro
caracteriza a postura displicente de como se escre- ponto importante é o de permitir ao candidato uma
ve e a aceitação mútua de erros e desvios da norma projeção bem aproximada da extensão do seu texto
culta escrita: “ele escreve tudo errado, mas eu aceito em número de linhas.
para não ser cobrado por ele da mesma forma quando Outra finalidade dessa proposta é também a de
errar”. Usam-se imagens, símbolos gráficos, abrevia- desenvolver uma maior agilidade na projeção e na
ções que mais se assemelham a códigos criptografa- construção da redação, otimizando o tempo de sua
dos do que à própria língua portuguesa. elaboração durante a prova. Então vamos lá1
O maior problema é que isso gera um reforço nega-
tivo: treina-se uma escrita que não promove a prática DÚVIDAS FREQUENTES QUANTO À REDAÇÃO PARA
LÍNGUA PORTUGUESA

ideal da comunicação verbal normatizada. O resul- CONCURSOS PÚBLICOS


tado é que, quando ocorre a exigência da produção
escrita, a prática que se tem não promove a eficiência Selecionamos dúvidas que frequentemente apare-
nessa categoria de comunicação. cem sobre as redações para concursos públicos e que
certamente pode ser a sua dúvida. Vejamos:
Como, em pouco tempo, desenvolver a habilidade da
escrita em quem tem dificuldade de passar para o Qual o peso ou a importância da redação em um
papel o que tem na sua cabeça? concurso público?

Inicialmente, em um procedimento tradicional O peso da redação é muito grande, por isso, ela
de produção de textos, começa-se pela apresentação faz a diferença na aprovação. Nos concursos atuais,
de exemplos de textos bem escritos, mostra-se sua a redação se tornou o passaporte para o ingresso em 225
grande parte das carreiras públicas, pois de nada vale É preciso usar letra cursiva ou pode ser de forma?
um resultado positivo na prova objetiva se não obti-
ver sucesso em sua redação. Como já dissemos, a letra cursiva (letra de mão)
Os candidatos costumam dedicar seu tempo de só será necessária se for uma exigência do edital. De
estudos à prova objetiva e deixar a redação por últi- uma maneira geral, o que se pede é a legibilidade.
mo. Na maioria das vezes, passam naquela e repro- Nesse caso você pode até misturar tudo:
vam nesta. Não dá para subestimar a redação, é Caligrafia / Caligrafia / CALIGRAFIA / CaliGrAfia
preciso exercitar sempre. É importante sempre se lembrar de respeitar as
regras de caixa alta e caixa baixa, ou seja, maiúscula e
O que conta mais para um bom resultado: ter bons minúscula devem ser diferenciadas:
conhecimentos sobre o assunto apresentado na Caixa alta <CALIGRAFIA>, caixa baixa <caligrafia>.
proposta ou ter bons conhecimentos em língua
portuguesa?
O que é texto em prosa?
Em verdade, os dois aspectos são equivalentes em
Como já dissemos, mas vale a pena repetir, texto
importância. No que diz respeito aos conhecimentos
de língua portuguesa, estamos nos referindo à estru- em prosa é aquele que naturalmente usamos para
tura e à linguagem do texto dissertativo. Subentende- escrever um bilhete, uma carta, nos comunicarmos
-se que quem domina estes dois aspectos não tenha em “e-mail” etc. Ele se constrói em estrutura linear
dificuldades com a ortografia e outros aspectos gra- (linha cheia) por meio de parágrafos. É a forma
maticais que, em prova, inclusive, pouco peso tem. comum de escrever. É contrária ao verso, que exige
uma elaboração estrutural e demonstra preocupação
Qual é a diferença entre tema e título? com rimas e arranjos vocabulares alheios à sintaxe.
Veja um exemplo de texto em verso:
Tema é o assunto proposto pela instituição. Tem
caráter geral e abrangente, e propõe questões que A rosa de Hiroxima
devem ser abordadas obrigatoriamente com objeti- Pensem nas crianças
vidade pelo candidato. Essa objetividade é um fator Mudas telepáticas
determinante para que sua composição fique delimita- Pensem nas meninas
da àquilo que é possível desenvolver em sua redação. Cegas inexatas
E o que é a delimitação do tema? É simples. É a Pensem nas mulheres
elaboração de sua tese que, por sua vez, é seu posi- Rotas alteradas
cionamento sobre esse tema. Na maioria das vezes, o Pensem nas feridas
número de linhas que é proposto para se desenvolver Como rosas cálidas
o tema é limitado. Geralmente não passa de 30 linhas, Mas oh não se esqueçam
por isso é preciso ser claro e direto no desenvolvimen- Da rosa da rosa
to da argumentação. Da rosa de Hiroxima
Título é o nome que você dá à sua redação. Ele tem A rosa hereditária
a função de apresentar e chamar a atenção sobre o A rosa radioativa
assunto desenvolvido. Porém, é importante lembrar Estúpida e inválida
que são poucas as instituições que solicitam que o A rosa com cirrose
candidato dê um título ao texto. Se ele não for pedido, A anti-rosa atômica
não é para colocá-lo. Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Se tiver de pôr título, qual palavra dele deve-se pôr
em maiúscula? (http://www.revista.agulha.nom.br/vm.html/rosa)

Há duas possibilidades: Agora um exemplo de texto em prosa:

z A primeira forma convencionada diz que só a pri- “Hiroshima ou Hiroxima (em japonês: 広島市) é
meira palavra do título deve ser iniciada por letra uma cidade japonesa localizada na província de
maiúscula, como em: Hiroshima. Fica no rio Ota (Otagawa), cujos seis
canais dividem a cidade em ilhas. Cresceu em tor-
É bom fazer redação com o Nélson! no de um castelo feudal do século XVI. Recebeu o
estatuto de cidade em 1589. Serviu de quartel-gene-
z A segunda forma permite que você coloque todas ral durante a guerra sino-japonesa (1894-95). Em 6
as palavras com iniciais maiúsculas, com exceção de agosto de 1945 foi a primeira cidade do mundo
dos vocábulos monossilábicos e átonos (sem senti- arrasada por uma bomba atômica: 250 mil pessoas
do próprio), como preposições e artigos: foram mortas ou feridas.”

É bom fazer Redação com o Nélson!


Importante!
„ Nomes próprios são sempre com iniciais
maiúsculas. Não se esqueça! Redação para concurso é em
„ Use pontuação significativa se for necessário, prosa.
como interrogação e exclamação. O ponto final
226 é dispensável. (http://pt.ikipedia.org/wiki/Hiroshima/28cidade/29
O que eu faço se errar uma palavra quando estiver z O líquido é grosso;
passando a limpo minha redação? z As mãos eram calejadas;
z Os calos foram cultivados.
Erro é erro, não dá para voltar no tempo. Porém,
muitas instituições orientam os candidatos a passar um
Por causa desses elementos descritivos, somos
traço simples sobre a palavra e continuar escrevendo
levados a imaginar o cenário estático.
como se nada houvesse acontecido. Geralmente, nesses
Observem que o todo do texto compõe uma ima-
casos, o erro não é considerado. Sendo assim, não perca
gem que nós, leitores, conseguimos criar em nosso
tempo sofrendo e faça como no exemplo a seguir:
raciocínio, como se fosse uma foto. Notem ainda que
Vamos começar nossa dedação redação agora.
isso ocorre porque não há passagem do tempo, isto é,
Entendeu?
não houve sucessão de fatos, tanto que o cenário é úni-
co e nada se altera, nada muda do começo ao fim, logo
TIPOLOGIA TEXTUAL
é um texto que não apresenta progressão temporal.
Por isso, o que predomina na leitura desse texto real-
Em geral os textos são classificados em três modali-
mente é a imagem; trata-se, então, de uma descrição.
dades distintas quanto à tipologia textual. Dessa forma,
o texto pode ser descritivo, narrativo ou dissertativo. É
Narração
comum que um texto se apresente com tipos mistos de
modalidades (...), mas a intencionalidade estrutural do
Vamos agora à narração. Assim como fizemos com
texto deve ser preservada para garantir uma tipologia
a descrição, podemos também ilustrar como um fil-
predominante, isto é, o que importa é qual a intenção
me a elaboração do texto narrativo, pois aqui ocorre
do autor que predomina no todo do texto.
a passagem do tempo registrando a ação apresentada
Podemos, então, pensar o seguinte:
no texto, por isso sempre apresentará progressão tem-
Se na leitura do texto predomina a imagem de
poral, pois sempre haverá uma mudança, uma trans-
alguém ou de algo, assim como acontece quando
formação do fato apresentado inicialmente.
olhamos uma foto, é porque o texto é descritivo; se
A progressão temporal, como já vimos, trata-se
predomina a revelação de um fato, o autor conta uma
de uma sucessão de fatos e é essa sucessão que nos
história, como uma fofoca, por exemplo, é porque esse
revela o fato principal, ao que damos o nome de ação.
texto é narrativo; se, na leitura, predomina o desen-
Por essa razão é que dissemos, também, que a narra-
volvimento de uma ideia, principalmente se autor
ção apresenta a revelação de um fato, nesse caso, o
quiser convencer-nos de algo, como uma propaganda,
fato principal, que para acontecer depende de fatos
o texto é dissertativo.
de menor importância que ele. Na narração as infor-
Para simplificar:
mações importantes, portanto, estão associadas aos
Descrição  imagem;
verbos sempre submissos a palavras substantivas.
Narração  fato;
É bom lembrar ainda que a narração apresenta
Dissertação  ideia.
também elementos que a diferenciam dos demais
Vamos aprofundar o reconhecimento de cada
tipos de texto. Esses elementos são:
tipo. Para isso, vamos ver quais são as caracterís-
ticas de cada modalidade para que vocês saibam
diferenciá-los. z Personagem ou personagens: com quem aconte-
ce algo, um fato;
z Narrador: aquele que conta o que aconteceu, nar-
Descrição
ra o fato;
z Tempo: quando aconteceu o fato;
Podemos ilustrar essa modalidade como uma
z Lugar: cenário, onde o fato aconteceu; e
espécie de fotografia textual, em que o observador
z Ação: o que aconteceu.
absorve as informações por intermédio dos sentidos.
Esse desenho feito com as palavras representa o que
o observador vê paralisado no tempo, por isso nada
muda no desenvolvimento do texto. Dessa forma, não
Importante!
ocorre na representação do cenário (ou objeto) pro- Nem todos aparecem obrigatoriamente em um
gressão temporal (sucessão de fatos), portanto não há único texto, mas o que nunca falta à narração é
passagem do tempo. o personagem.
Na descrição, as principais informações são pas-
sadas por intermédio de palavras adjetivas sempre
submissas a palavras substantivas. Ex.: Um jovem leiteiro foi confundido com um
Ex.: Na mistura do sangue com o leite das garra- assaltante e morto nesta madrugada com um tiro no
LÍNGUA PORTUGUESA

fas quebradas, viam-se os fios castanhos do cabelo do coração. Um morador de nossa cidade, assustado com
jovem embebidos naquele grosso líquido. Não devia o barulho feito pelo trabalhador da madrugada, eli-
ter mais de 20 anos, mas mostrava nas mãos calos que minou o suposto marginal em nome da segurança dos
foram cultivados parece que há muito mais tempo. que dormiam inocentes.
O que vemos nesse texto? Vejamos como fica nosso esquema narrativo:
Observe:
z Um jovem leiteiro foi confundido com um
z Sangue e leite estão misturados; assaltante;
z As garrafas estão quebradas; z Um jovem leiteiro foi morto com um tiro no
z Os cabelos são castanhos; coração;
z O jovem tem aproximadamente 20 anos; z Um morador eliminou o suposto marginal;
z Os cabelos estão embebidos; z Os inocentes dormiam. 227
Os verbos garantem o dinamismo do texto, regis- o autor a ter um posicionamento, uma ideia, uma tese
trando o agente da ocorrência. Assim, entendemos sobre o assunto.
bem a diferença entre a descrição, que não apresenta Ex.: Não se pode mais tratar a vida humana como
movimento, pois nela não há sucessão de fatos, e, por um simples exemplo de existência biológica. Já está na
isso, o tempo não passa: sem progressão temporal; e a hora de se entender que é preciso ter respeito à vida
narração, que apresenta sucessão de fatos: com pro- como uma atitude existencial que deve ser encarada
gressão temporal. como essência de nossa natureza, o que vai além das
Importante é perceber que o traço de diferença próprias leis de um país.
marcante entre os dois tipos de texto é a progressão do Atente para o que se pode destacar agora:
tempo. Para confirmar a progressão nesse texto, basta
percebermos a mudança apresentada no contexto: o z A verdade geral defendida, o nome do assunto =
leiteiro estava vivo, trabalhando, e agora está morto. vida, especificamente a humana;
E, para completar a análise desse texto, a partir do z Argumentos que sustentam essa verdade: respei-
levantamento das características da narração, vamos to e essência;
reconhecer seus elementos:
O substantivo vida representa a palavra-chave
z Personagens: o leiteiro e o morador da cidade; quanto à verdade defendida na tese do autor de que
z Narrador: aquele que nos conta o fato; “Não se pode mais tratar a vida humana como um sim-
z Tempo: nesta madrugada; ples exemplo de existência biológica”. Essa verdade é
z Lugar: nossa cidade; sustentada por dois argumentos positivos na defesa
z Ação: assassinato. dessa tese: o respeito à vida e a vida como essência
de nossa natureza.
Observem que, nesse texto, não há progressão tem-
poral, pois não há mudança alguma, já que não exis-
Importante! te uma sequência de fatos; não há também a criação
Pessoal, de qualquer maneira, o que realmente de uma imagem de alguém ou de algo; mas há uma
diferencia a narração dos outros tipos de texto é evolução, um desenvolvimento da ideia apresentada
a progressão temporal, não se esqueçam disso! no início do texto em relação à vida humana, ao que
chamamos de progressão dissertativa, afinal, a ideia
“progrediu”, a ideia inicial foi ficando sólida à medida
Dissertação que o texto se desenrolou.
O que caracteriza definitivamente o texto disserta-
A dissertação é o tipo de texto mais comum de ser tivo, então, é a existência de uma ideia base apresen-
cobrado em provas de concurso, tanto na argumenta- tada, a tese e o seu desenvolvimento, culminando
ção geral sobre temas diversos, quanto na exposição em seu fortalecimento por meio dos argumentos.
de seus conhecimentos em questões discursivas. Esse fortalecimento chama-se fundamentação. E, no
Na dissertação propõe-se uma tese sobre uma texto bem elaborado, a tese é tida como verdade pela
suposta verdade. Tal verdade deve ter existência fundamentação, portanto podemos reconhecer nele a
substancial, por isso é representada por uma pala- progressão discursiva.
vra substantiva. A sustentação dessa verdade, por sua Por ora, vamos retomar o esquema anterior e
aprofundá-lo para que vocês não se esqueçam de
vez, pode ser ilustrada por outras palavras substanti-
como diferenciar os três tipos de texto:
vas. Veja o texto abaixo:
Descrição  imagem – não há progressão temporal;
Narração  fato – há progressão temporal;
Dissertação é um trabalho baseado em estudo
Dissertação  ideia – progressão discursiva.
teórico de natureza reflexiva, que consiste na
Vamos pôr isso tudo em prática? Apresentamos a
ordenação de ideias sobre um determinado tema.
A característica básica da dissertação é o cunho
seguir um exercício comentado de reconhecimento da
reflexivo-teórico. Dissertar é debater, discutir, ques- tipologia textual.
tionar, expressar ponto de vista, qualquer que seja.
É desenvolver um raciocínio, desenvolver argu-
mentos que fundamentem posições. É polemizar, EXERCÍCIOS COMENTADOS
inclusive, com opiniões e com argumentos contrá-
rios aos nossos. É estabelecer relações de causa e 1. Classifique os textos quanto à sua tipologia:
consequência, é dar exemplos, é tirar conclusões,
é apresentar um texto com organização lógica das (1) Descrição, (2) Narração, (3) Dissertação.
ideias. Basicamente um texto em que o autor mos-
tra as suas ideias. a) Era uma noite muito bonita: parecia com o mundo. O
espaço escuro estava todo estrelado, o céu em eterna
Assim, podemos entender a dissertação, diferen- e muda vigília. E a terra embaixo com suas montanhas
ciando-a dos dois tipos anteriores, como um texto que e seus mares. ( )
apresenta a análise do autor sobre algo, revelando um b) No esforço de se ajustarem ao novo perfil de mulher
entendimento lógico sobre o assunto que ele analisou. que emerge da ruptura de sua antiga identidade, as
Por isso dissemos inicialmente que é um texto que mulheres se vêem obrigadas a compatibilizar dois
apresenta uma ideia, ao que chamamos de tese, isto é, estilos de vida, dois registros intelectuais e afetivos,
esse tipo de texto revela a ideia que o autor desenvol- dois modelos de conduta cotidiana. ( )
veu sobre um determinado assunto. c) “Após a reunião, o Presidente da República dirigiu-se
Além disso, todas as informações que forem apre- para a Esplanada dos Ministérios. No percurso, parou
sentadas sobre o assunto analisado serão os argu- para cumprimentar algumas pessoas que lhe acena-
mentos que representarão a análise feita pelo autor. vam. Neste momento, escorregou e foi auxiliado por
228 Notem que os argumentos são os motivos que levaram alguns seguranças da comitiva. “ ( )
d) Vejam-se as roupas dos velhinhos interioranos: aquele Como todos sabem, a dissertação é um tipo de tex-
chapéu de feltro manchado, aquelas largas calças de to que se caracteriza pela exposição e defesa de uma
brim cáqui, incontavelmente lavadas, aquele puído dos ideia que será analisada e discutida a partir de um
punhos de camisas já sem cor tudo combina admira- ponto de vista. Para tal defesa o autor do texto dis-
velmente com a enorme jaqueira do quintal, com a sertativo trabalha com argumentos, com fatos, com
generosa figueira da praça, com as teias do campaná- dados, os quais utiliza para reforçar ou justificar o
rio da igreja. ( )
desenvolvimento de suas ideias.
e) E um belo dia vai seguindo com o chefe pela Rua
Para atender a esse propósito, a dissertação deve
México. Já distraído de seus passados tropeços, mas,
apresentar uma organização estrutural que conduza
tropeçando obstinadamente no inglês com que se as informações ao leitor de forma a seduzi-lo quanto
entendiam - quando vê do outro lado da rua um preto ao reconhecimento da verdade proposta como tese.
agitar a mão para ele. Era o sambista seu amigo. ( ) Compreende-se como estrutura básica de uma disser-
f) “Na medida que (sic) a caça é proibida no Brasil, não se tação a divisão da exposição da argumentação em três
pode admitir a existência de uma Associação Brasileira partes distintas: a introdução, o desenvolvimento e a
de Caça nem de lojas de caça e pesca. Um novo capítulo conclusão:
da Constituição Brasileira proíbe essas atividades”. ( ) A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:

a) 1- descrição Introdução
Nesse fragmento não há progressão temporal,
notem que, ao final da leitura do texto, temos a for- A introdução do texto dissertativo é a apresenta-
mação da imagem da paisagem. ção de seu projeto. Ela deve conter a tese de sua dis-
b) 3 – dissertação sertação, ou seja, deve apresentar seu posicionamento
Nesse fragmento não há progressão temporal, tanto sobre o tema proposto pela banca. Esse momento
que não há fatos que se sucedem, tampouco a elabo- é muito importante para o leitor, pois é aí que será
ração de uma imagem, o que percebemos pela leitu- mostrada a identificação de suas ideias com o tema. É
ra é a análise do comportamento da mulher diante um bom momento para apresentá-lo aos argumentos
de um novo perfil seu “que emerge da ruptura de sua sequencialmente ordenados de acordo com a progres-
antiga identidade”. são que você dará a sua redação (progressão textual).
c) 2 – narração A introdução deve ser clara e chamar a atenção
A leitura desse trecho revela uma sucessão de fatos para dois itens básicos: os objetivos do texto e o pla-
do Presidente da República. Pessoal, essa não dava no do desenvolvimento. Sem ter medo de apresentar
para errar, lembram-se de quando falamos que a nar- alguma previsibilidade de seu projeto, você, autor,
ração é uma fofoca, esse fragmento mostra bem isso. deve expor os caminhos por que percorrerá em sua
d) 1 – descrição explanação. Lembre-se de que o leitor, corretor de seu
Sem progressão discursiva ou temporal, o trecho trabalho, é um professor experiente e é a organização
revela a criação da imagem das roupas dos velhinhos que mais o impressionará nesse momento. Por isso,
interioranos, notem como os adjetivos se destacam. não tenha medo de ser objetivo e previamente ilustra-
e) 2 – narração tivo quanto aos seus propósitos de trabalho.
Novamente, temos um trecho que mostra uma suces- Ex.: Parágrafo de introdução
são de fatos que nada mais são do que as ações de Todos sabem o quanto a tecnologia vem imple-
um homem que caminha pela rua com seu chefe e vê mentando novos valores à vida do homem moder-
um amigo seu do outro lado da rua, “uma fofoca”. no principalmente no que diz respeito a sua vida
f) 3 – dissertação em sociedade (1). É notório o desenvolvimento da
Encontramos outra vez um exemplo de fragmento disser- tecnologia em campos como o da educação (2) e o
tativo, pois apresenta progressão discursiva em relação dos serviços sociais (3). Essas inovações vão ainda
à proibição da caça no Brasil. Notem que o argumento muito além disso, atingindo vários outros espaços
que se destaca nessa passagem para o fortalecimento da do cotidiano (4) da maioria das pessoas.
ideia é a citação da Constituição Brasileira. (1) A tese: a tecnologia vem implementando novos
Muito bem, minha gente! Nosso próximo passo é valores à vida do homem moderno principalmente no
trabalhar com a estrutura do texto para redação em que diz respeito a sua vida em sociedade;
concursos públicos. O foco será dado, logicamente, (2), (3), (4) Os argumentos são levantados a fim
à modalidade da dissertação, já que, como comen- de sustentar a tese: o desenvolvimento da tecnologia
tamos anteriormente, esta é a principal forma de em campos como o da educação (2) / o dos serviços
elaboração cobrada pelas instituições. sociais (3) / inovações atingindo vários outros espaços
Veremos a seguir como construir um texto coeren- do cotidiano (4).
te e coeso, que tenha progressão argumentativa e,
LÍNGUA PORTUGUESA

principalmente, apresentaremos a vocês o trabalho Desenvolvimento


com as máscaras de redação. Vocês irão descobrir
por que muitos a denominaram “projeto arroz-com- O desenvolvimento é a parte em que você deve
-feijão”. Resposta: 1-3-2-1-2-3 expor os elementos que vão fundamentar sua tese que
pode vir especificada por intermédio de argumentos,
ESTRUTURA DISSERTATIVA – COESÃO, de pormenores, de exemplos, de citações, de dados
PARALELISMO E PROGRESSÃO DISCURSIVA estatísticos, de explicações, de definições, de confron-
tos de ideias e contra argumentações. Você poderá
Neste assunto trabalharemos alguns elemen- usar tantos parágrafos quanto achar necessário para
tos importantes para iniciarmos nossa produção desenvolver suas teorias, porém em redações de cur-
de textos. Começaremos com a estrutura do texto ta extensão o ideal é que cada parágrafo apresente
dissertativo. objetivamente apenas um dos argumentos a serem 229
desenvolvidos, ou ainda, que esses argumentos sejam ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS
agrupados caso vários deles devam ser apresentados
para sustentar sua tese. Coesão
Ex.: apresentação do primeiro argumento sobre “o
desenvolvimento da tecnologia em campos como o Coesão pode ser considerada a “costura” textual,
da educação” a “amarração” na estrutura das frases, dos períodos
Alguns argumentam que é importante reconhecer e dos parágrafos que fazemos com palavras. Para
o papel das redes mundiais de informação para garantir uma boa coesão no seu texto, você deve pres-
o favorecimento da construção do conhecimento. tar atenção a alguns mecanismos. Abaixo, em negrito,
Hoje é possível visitar um museu, consultar uma biblio- há exemplos de períodos que podem ser melhorados
teca e até mesmo estudar sem sair de casa. Por meio da utilizando os mecanismos de coesão:
internet, muito da sabedoria mundial pode ser alcança-
da por qualquer pessoa que a deseje. Basta estar diante z Elementos Anafóricos: Esse, essa, isso, aquilo,
de um computador, ou de posse de um desses modernos isso, ele...
aparelhos celulares para se ligar a qualquer momento
ao universo virtual. Hoje é possível ler qualquer livro a São palavras referentes a outras que apareceram
qualquer momento em um desses dispositivos. no texto, a fim de retomá-las.
Ex.: apresentação do segundo argumento sobre “o
desenvolvimento da tecnologia em campos como o
dos serviços sociais” Ela = Dolores seu = Ela
Outro aspecto que merece destaque especial é quan-
to ao atendimento oferecido ao cidadão pelos Ex.: Dolores e ra beleza única. Ela sabia do seu
órgãos do serviço público. Já é possível registrar poder de seduzir e o usava
um boletim de ocorrências via computador ou ainda
agendar a emissão de passaportes junto às agencias da
Policia Federal em qualquer lugar do Brasil. Consultas
médicas podem ser marcadas em hospitais públicos ou o = poder
privados e os exames realizados podem ser consultados
diretamente do banco de dados dessas entidades. z Elementos Catafóricos: Este, esta, isto, tal como,
Ex.: apresentação do terceiro argumento sobre “as a saber...
inovações em vários outros espaços do cotidiano”
E isso não para por aí. Ainda convém lembrar que São palavras referentes a outras que irão aparecer
de muitas outras formas a tecnologia interfere no texto:
positivamente em nossas vidas. As relações sócias
se intensificaram depois do surgimento das várias
redes de relacionamento tendo início com o Orkut e o
Facebook, permitindo que as pessoas se reencontrem Ex.: Este novo produto a deixará maravilhosa, é o
em ambientes virtuais, o que antigamente exigiria mui- xampu Ela. Use-o e você não vai se arrepender!
to esforço coletivo para tais eventos. Programas como
o Zoom e o Google Meet possibilitam que as pessoas O pronome demonstrativo este apresenta um ele-
conversem e interajam em diferentes partes do mundo mento do qual ainda não se falou = o xampu.
sem nenhum custo além dos já dispensados com seus
provedores residenciais. Uma mãe que mora longe dos z Coesão lexical: são palavras ou expressões
filhos já pode vê-los ou aos netos, pela tela de um note- equivalentes.
book ou celular, sempre que sentir saudade.
A repetição de palavras compromete a qualidade
Conclusão
do texto, mostrando falta de vocabulário do redator.
Assim, é aconselhável a utilização de sinônimos:
A conclusão é a retomada da ideia principal, que
Ex.: Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase -
agora deve aparecer de forma muito mais convin-
êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha
cente, uma vez que já foi fundamentada durante o
vida por umas poucas horas dessa alegria.
desenvolvimento da dissertação. Deve, pois, conter
de forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a Nesse caso a palavra alegria aparece como sinôni-
confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da argu- mo semântico da palavra amor, representando-a.
mentação básica empregada no desenvolvimento.
Ex.: considerações finais z Coesão por elipse ou zeugma (omissão): é a
Tendo em vista esses aspectos observados sobre omissão de um termo facilmente identificável.
esse admirável mundo de facilidades técnicas, só nos
resta comentar que não foi só o computador que Podemos ocultar o sujeito da frase e fazer o leitor
tornou a vida do cidadão mais simples e confor- procurar no contexto quem é o agente, fazendo corre-
tável, mas outros campos da tecnologia também lações entre as partes:
contribuíram para isso. Os aparelhos de GPS, que Ex.: O marechal marchava rumo ao leste. Não
nos orientam a qualquer direção, ou ainda diver- tinha medo, (?) sabia que ao seu lado a sorte também
sos dispositivos médicos portáteis, garantem a galopava.
melhora da qualidade de vida de todos os homens A interrogação representa a omissão do sujeito
230 do nosso tempo. marechal que fica subentendido na oração.
z Conectivos principais: preposições e suas locu- z Pronome demonstrativo: indicam posição dos
ções: em, para, de, por, sem, com... seres em relação às pessoas do discurso, situando-
-o no tempo e/ou no espaço (função dêitica destes
Conjunções e suas locuções: e, que, quando, para pronomes). Podem também ser empregados fazen-
que, mas... do referência aos elementos do texto (função ana-
Pronomes relativos, demonstrativos, possessivos, fórica ou catafórica). São eles:
pessoais: onde, que, cujo, seu, este, esse, ele...
Ex.: Os programas de TV, em que nós podemos ver ESTE (A/S), ESSE (A/S), Têm função de pronome
muitas mulheres nuas, são imorais. Desde seu iní- AQUELE (A/S) adjetivo.
cio, a televisão foi usada para facilitar o domínio da
sociedade. Como exemplo, podemos citar a chegada ISSO, ISTO, AQUILO, O Têm função de pronome
do homem à Lua, onde os EUA conseguiram com sua (A/S) substantivo.
propaganda capitalista frente a uma Guerra Fria, a
simpatia de grande parte da população do planeta. MESMO, PRÓPRIO, Quando são demons-
SEMELHANTE, TAL (E trativos, são pronomes
FLEXÕES). adjetivos.
Coerência

Coerência textual é uma relação harmônica que se Empregos do pronome demonstrativo


estabelece entre as partes de um texto, em um contex-
to específico, e que é responsável pela percepção de z Indicando localização no espaço:
uma unidade de sentido. Sendo assim, os principais
aspectos envolvidos nessa questão são: Este (aqui): pronome de 1ª pessoa: o falante o
emprega para referir-se ao ser que está junto dele.
z Coerência semântica Ex.: Este é meu casaco! – a moça avisou, enquanto o
segurava.
Refere-se à relação entre significados dos elemen- Esse (aí): pronome de 2ª pessoa: o falante o empre-
tos da frase (local) ou entre os elementos do texto ga para referir-se ao ser que está junto do seu ouvinte.
como um todo: Ex.: Passe-me essa jarra de suco, por favor. – pediu ela
Ex.: Paulo e Maria queria chegar ao centro da ao rapaz que sentara à sua frente.
questão. - Não caberia aqui pensar em centro como Aquele (lá): pronome de 3ª pessoa: a referência
bairro de uma cidade. será ao ser que está distante do falante e do ouvin-
É nesse caso que entra o estudo da coesão por meio te: As duas no portão não aguentavam de curiosidade,
do vocabulário. quem seria aquele moço na esquina?

z Coerência sintática: refere-se aos meios sintáti- z Indicando localização temporal:


cos que o autor utiliza para expressar a coerência
semântica: “A felicidade, para cuja obtenção não Este (presente): Neste ano haverá Copa do Mundo.
existem técnicas científicas, faz-se de pequenos Esse (passado próximo: Nesse ano que passou, não
fragmentos...” - como leitor do texto, você deve tivemos Copa do Mundo.
entender que o pronome cuja foi empregado para Esse (passado futuro): A próxima copa será em
estabelecer posse entre obtenção e felicidade. 2014. Nesse ano poderemos ver todos os jogos aconte-
cerem aqui em nosso país.
É nesse caso que entra o estudo da coesão com o Aquele (passado distante ou bastante vago):
emprego dos conectivos. Naquela época, não havia iluminação elétrica.

z Coerência estilística: refere-se ao estilo do autor, z Fazendo referências contextuais (funções anafó-
à linguagem que ele emprega para redigir. O lei- rica e catafórica):
tor atento a isso consegue facilmente entender a
estrutura do texto e relacionar bem as informa- Este: refere-se a um elemento sobre o qual ainda
ções textuais. Além disso, percebendo se a lin- se vai falar no texto (referência catafórica). Ex.: Este
guagem do texto é figurada ou não, seu raciocínio é o problema: estou dura. Pode também fazer uma
interpretativo deverá funcionar de uma determi- referência de especificação a um elemento já expres-
nada maneira, como podemos ver neste texto de so (ref. anafórica). Ex.: Ana e Bia saíram, esta foi ao
Fernando Pessoa: cinema.
Esse: refere-se a um elemento já mencionado no
LÍNGUA PORTUGUESA

Já sobre a fronte vã se me acinzenta


texto (referência anafórica). Ex.: Comprei aspirina.
O cabelo do jovem que perdi.
Esse remédio é ótimo.
Meus olhos brilham menos.
Já não tem jus a beijos minha boca. Este: refere-se à última informação antecedente a
Se me ainda amas por amor, não ames: ele no texto;
Trairias-me comigo. Aquele: refere-se à informação mais distante dele
no texto. Ex.: Ana, João e Cris são irmãos; esta é quie-
(Ricardo Reis/Fernando Pessoa) ta, esse fala pouco e aquela fala muito.

z Elementos importantes de coesão e coerência: Período composto


para continuarmos o estudo de coesão e coerência,
devemos relembrar alguns elementos gramaticais z Que, o/a (s) qual (s): referem-se à coisa ou pessoa.
importantes: Ex.: O livro que li é ótimo. / O livro o qual li é ótimo. 231
z Quem – refere-se à pessoa, sempre preposiciona- z Alternância: ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...
do. Ex.: Esta é a aluna de quem falei. seja. Ex.: Ou estude, ou aguente a reprova.
z Cujo (parecido com o possessivo): estabelece pos- z Conclusão: logo, portanto, pois (depois de verbo),
se. Ex.: Este é o autor com cujas ideias concordo.
por isso, então. Ex.: Bebida alcoólica pode causar
z Onde (= em que): refere-se a lugar. Ex.: A rua onde
(em que) moro é movimentada. vício, portanto sua venda deve ser considerada
ilícita.
Atenção: z Explicação: que, porque, pois (antes do verbo),
Observar a palavra a que se refere o pronome porquanto. Ex.: Não se preocupe, que eu arruma-
relativo para evitar erros de concordância verbal. Ex.: rei toda esta bagunça.
Lemos os livros que foram indicados pelo professor
(que = os quais → livros) Conjunções subordinativas adverbiais
Respeitar a regência do verbo ou do nome, usando
a preposição exigida quando necessário. Ex.: Este é o
z Causa: porque, como (somente no início do perío-
livro a que me refiro.
O verbo referir-se pede a preposição a; por isso, ela do), que, já que, visto que, por (+ infinitivo), graças
aparece antes do que. Ex.: Esta á a obra por que tenho a, na medida em que, em virtude de (+ infinitivo),
admiração. A preposição por foi exigida pelo substan- em face de, desde que, uma vez que. Ex.: Como
tivo admiração. estava muito doente, foi ao médico.
Os pronomes como, quando e quanto também z Comparação: mais... que, menos... que, tão/tanto...
podem ser relativos.
como, assim como, como. Ex.: Ele sempre se posi-
Os relativos compõem as orações subordinadas
adjetivas cionou como um líder.
As orações adjetivas podem ser explicativas z Concessão: embora, conquanto, ainda que, mes-
– cujo conteúdo é explicativo, genérico, uma infor- mo que, se bem que, apesar de (+ infinitivo), em
mação a mais - ou restritivas – cujo conteúdo é de que pese a (+ infinitivo), posto que, malgrado. Ex.:
restrição, especificação, informação importante no Embora não esteja me sentindo bem, assistirei à
contexto. aula até o final.
z Condição: se (às vezes prevalece a ideia de causa,
As Orações Subordinadas Adjetivas e a Semântica
outras vezes de tempo, ou ainda de oposição), caso,
As orações adjetivas são iniciadas sempre por pro- desde que, a não ser que, a menos que (a ideia
nomes relativos e podem ser de dois tipos: pode ser desdobrada em de concessão), contanto
que, uma vez que. Ex.: Eles não conseguirão vaga
z Explicativa: O homem, que é racional, mata.  A para esse ano letivo, a menos que haja alguma
oração adjetiva deste caso não tem sentido restriti- desistência.
vo, pois todos os homens são racionais.
z Conformidade: conforme, como, segundo, con-
z Restritiva: O homem que fuma morre mais cedo.
 A or. adj. deste caso reporta-se apenas ao homem soante. Ex.: Tudo aconteceu como eles imaginaram.
fumante. z Consequência: (tão/tanto...) que, de modo que, de
maneira que, de sorte que. Ex.: Tanto lutou, que
Emprego do cujo e do onde progrediu muito na vida.
z Finalidade: a fim de que, a fim de (+ infinitivo),
Este é o prédio que, porque, para que, para (+ infinitivo). Ex.:
ONDE Lugares. onde fica o 1º Faça bem a sua parte do projeto para que não haja
cartório. reclamações.
Concorda com z Proporcionalidade: à proporção que, à medi-
Esta é a jovem de da que, na medida em que, quanto mais, quanto
o substantivo cujo pai eu lhe falei.
posterior e indica menos, conforme. Ex.: À medida que o progresso
SUBS . CUJO SUBS. que esse subs- avança, o romantismo diminui.
tantivo pertence z Tempo: quando (a ideia pode ser desdobrada em
Este é o pai de cuja
POSSE a outro termo jovem eu lhe falei. ideia de condição), enquanto, mal, logo que, assim
substantivo an-
terior ao cujo. que, sempre que, desde que, conforme. Ex.: Mal ele
chegou, todas o rodearam.
Conjunções coordenativas, locuções conjuntivas,
preposições e locuções prepositivas Paralelismo

z Adição: e, nem, (não só...) mas também, mas ain- Paralelismo pode ser entendido como equilíbrio da
da, tampouco, (não só...) como também. Ex.: A água organização textual, promovendo no texto coerência
cristalina brota da terra e busca seu caminho por em sua elaboração e, portanto, em seu sentido. Esse
entre as pedras.
mesmo equilíbrio deve assim ser entendido nos perío-
z Adversidade/oposição: mas, porém, contudo,
todavia, entretanto, no entanto, não obstante. dos, pois sua redação também deve apresentar uma
Ex.: Este candidato não estudou muito, mas foi sequência lógica para que ele tenha sentido claro e
232 aprovado. realmente dê a informação pretendida pelo seu autor.
Veja, como exemplo, o que diz o Professor Othon blá) são a base do desenvolvimento desse problema. As
Marques Garcia em seu livro Comunicação em Prosa consequências imediatas de (blá, blá, bla´) só pode-
Moderna: rão ser avaliadas quando (blá, blá, blá).
O primeiro passo a se tomar é o de (blá, blá, blá).
“Se coordenação é, como vimos, um processo de Além de (blá, blá, blá), também se pode especular
encadeamento de valores sintáticos idênticos, é que (blá, blá, blá).
justo presumir que quaisquer elementos da frase Ainda convém chamar a atenção para mais um
– sejam orações, sejam termos dela–, coordenados ponto determinante sobre (blá, blá, blá) que é (blá,
entre si, devam – em princípio, pelo menos – apre- blá, blá).
sentar estrutura gramatical idêntica, pois –como, O resultado de todo esse esforço é (blá, blá, blá) e
aliás, ensina a gramática de Chomsky – não se é em busca de (blá, blá, blá) que se deve (blá, blá, blá).
podem coordenar frases que não comportem cons- Sendo assim (blá, blá, blá).
tituintes do mesmo tipo. Em outras palavras: as
Você pode perceber que, mesmo não abordando
ideias similares devem corresponder forma verbal
assunto algum, há um encadeamento lógico da estru-
similar. Isso é o que se costuma chamar paralelis-
mo ou simetria de construção”.
tura do texto que conduz a uma eficiência argumen-
tativa que admite a idealização uma vasta margem de
desenvolvimentos sobre variados temas.
Vejamos agora alguns exemplos de construções
que apresentam erros de paralelismo:
TEORIA DAS MÁSCARAS
z Paralelismo semântico: Em sua última via-
gem pela América Latina como representante do Depois de observar as dificuldades que as pessoas
governo brasileiro, o presidente visitou Havana, a têm de se expressarem por meio da escrita, colocamos
República Dominicana, Washington e o Presidente aqui soluções para esses problemas, sem a pretensão
Barack Obama. de criar fórmulas mágicas, mas sim de criar um refe-
rencial mais concreto e imediato.
O método aqui utilizado refere-se ao método Teo-
Observem que nesse caso o verbo “visitou” está
ria das Máscaras
sendo empregado de maneira a sugerir que se pode
visitar uma cidade da mesma forma como se visita
uma pessoa, ou seja, está empregado de forma errada, Leia inicialmente o texto piloto desse projeto:
já que ocorre um duplo sentido a esse verbo com essa
construção. Projeto de dissertação: Exemplos arroz com
Uma forma correta de representar a ideia preten- feijão.
dida pelo texto é: Em sua última viagem pela Améri- Tema: A alimentação do brasileiro.
ca Latina como representante do governo brasileiro, Tese: A comida dos brasileiros é muito saudável
o presidente visitou Havana, a República Dominicana, e tem tudo de que ele necessita para seu longo dia de
Washington e nesta última cidade foi ver o Presidente trabalho.
Barack Obama. Argumentos: carboidratos no arroz com feijão;
proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do
z Paralelismo sintático: Nosso time se esforçou bas- cafezinho preto com açúcar.
tante em todos os jogos, mas conseguiram se tornar
os campeões este ano. 1° Parágrafo

Veja como a conjunção adversativa “mas” foi inde- Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida
vidamente empregada dando uma ideia de que ser é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi-
campeão é oposto ao fato de se esforçar para vencer. tam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que
O correto nesse caso seria empregar uma conjunção os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no
que conduzisse logicamente a primeira oração à ideia bife com salada além da glicose no cafezinho preto
da vitória apresentada na segunda oração, como em: com açúcar fornecem um completo abastecimento de
Nosso time se esforçou bastante em todos os jogos, por energia somada ao prazer.
isso (e, dessa forma, logo, consequentemente...) conse-
guiu se tornar o campeão este ano. 2° Parágrafo

Progressão textual É de fundamental importância o consumo de


alimentos ricos no fornecimento de energia para a
A progressão textual é o processo pelo qual o texto movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar,
LÍNGUA PORTUGUESA

se constrói a partir de elementos semânticos e grama- por exemplo, o arroz com feijão que diariamente
ticais. Novas informações devem ser somadas e liga- abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em
das às informações anteriores e não apenas repetidas. carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe
Deve haver a continuidade e a evolução dos concei- da energia própria consumida durante o dia.
tos já apresentados que podem ser conquistadas por
intermédio dos elementos de coesão. 3° Parágrafo
Veja uma simulação do projeto de máscaras de
redação e observe na prática como a progressão tex- Além disso, as proteínas da carne no bife que
tual ocorre: comemos servem para repor a massa muscular per-
Muito se tem discutido ultimamente sobre (blá, blá, dida durante o trabalho. E somando-se a isso, há as
blá) por causa de (blá, blá, blá). Sabe-se que alguns fibras das verduras e folhas que ajudam no processa-
fatores como (blá, blá, blá), (blá, blá, blá) e (blá, blá, mento dos alimentos pelos órgãos digestivos. 233
Daí a possibilidade de reafirmarmos o valor nutri- Compare agora com o parágrafo preenchido com
cional do conjunto de alimentos de nosso prato mais a tese e com os argumentos e veja a amarração que
tradicional e de justificarmos os hábitos desenvolvi- conseguimos:
dos em nossa cultura culinária. Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida é
saudável e tem tudo de que os brasileiros necessitam para
4° Parágrafo o seu longo dia de trabalho. Verifica-se que os carboidra-
tos no arroz com feijão, as proteínas no bife com salada
além da glicose no cafezinho preto com açúcar fornecem
Ainda convém lembrarmos outro hábito que
um completo abastecimento de energia somada ao prazer.
contribui para o sucesso do nosso bem elaborado
A partir daí, fizemos o mesmo para os parágrafos
cardápio (que é): o de tomarmos um cafezinho após
seguintes, impondo a eles estruturas programadas
as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar com relação lógica de coerência e coesão. Você perce-
reabastece nosso cérebro de energia desviada para os berá que a continuidade e a progressão textual foram
órgãos processadores da digestão no momento em que sendo procuradas e construídas para dar evolução ao
comemos. Essas substâncias reprimem a sonolência texto e aos argumentos.
típica da hora do almoço nos mantendo despertos. No segundo parágrafo, iniciamos com uma frase de
apresentação que valoriza o primeiro argumento, depois
5° Parágrafo fomos completando os espaços em branco que ligavam
os argumentos entre si com relações preestabelecidas
Levando-se em consideração esses aspectos de: finalidade ― com a conjunção “para” ―; explicação
práticos do prato do brasileiro somos levados a acre- ― com o “que” ― causa ― com a locução “por causa de”.
ditar que não é apenas por prazer que somos sedu- Veja que, para manter a continuidade textual recupe-
zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o rando sempre a ideia central do parágrafo, nos preocu-
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde. pamos em acrescentar o pronome demonstrativo “Esse”
Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredien- fechando com uma conclusão sobre esse argumento.
tes nos causará debilidade além de insatisfação.
Observe o texto e a estrutura. Imaginemos que o
É de fundamental importância o_________________
tema proposto a nós fosse “A alimentação do brasileiro” _______________ para_____________________________________.
e que a partir desse tema tivéssemos que produzir uma Podemos mencionar, por exemplo, ______________que_____
dissertação sobre ele. A primeira coisa a fazer seria a _____________________________, por causa de _____________
delimitação do tema, ou seja, deveríamos buscar com ___________________________. Esse ________________________
objetividade uma tese, dentro desse tema, sobre a qual _________________________________________________________.
fôssemos capazes de argumentar, como essa:
“A comida dos brasileiros é muito saudável e tem
Observe como ficou a sequência completa do
tudo de que ele necessita para seu longo dia de trabalho”. segundo parágrafo:
O próximo passo seria o de levantar alguns argumen- É de fundamental importância o consumo de ali-
tos que sustentassem a tese proposta com valor de ver- mentos ricos no fornecimento de energia para a movi-
dade. Veja como fizemos. Já que estávamos falando da mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por
alimentação dos brasileiros, nada melhor do que falar- exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece
mos sobre seus pontos positivos, pontos estes reconhe- a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra-
cidos até por especialistas em alimentação mundial. O tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia
valor nutricional que compõe o nosso prato mais popu- própria consumida durante o dia.
lar. Isso mesmo, o “pf”, o “prato feito” que encontramos
em bares, pequenos restaurantes e, principalmente, na Veja agora uma coletânea de frases que podem
maioria das mesas do povo brasileiro: o arroz com fei- auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais:
jão, bife e salada, finalizado com um cafezinho preto.
É de conhecimento geral que ... Todos sabem que,
Decompomos esse prato e identificamos seus prin- em nosso país, há tempos, observa- se...
cipais ingredientes, aqueles merecedores de destaque Cogita-se, com muita frequência, que...
como boa argumentação a favor de nossa tese. Marcamos Muito se tem discutido, recentemente, acerca de...
o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão, como nosso É de fundamental importância o (a)....
primeiro ponto positivo. Depois foi a vez das “proteínas” Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco-
presentes no bife com salada e chegamos, finalmente, à brir as causas de....
Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual...
“cafeína” e ao “açúcar” presentes no cafezinho. Pronto, já
temos a primeira parte de nosso projeto organizado.
Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o
O próximo passo é juntar tudo no primeiro parágra- quarto também seguiram o mesmo princípio quanto
fo, de maneira organizada, de forma que as ideias sejam às relações de coesão. As conjunções foram posicio-
apresentadas em uma sequência que deixe claro ao leitor nadas para dar coerência a quase qualquer tipo de
sobre o que será falado e também qual será a sequência argumentação. Veja os parágrafos seguindo suas res-
de argumentos que será apresentado para dar credibili- pectivas estruturas vazias:
dade a nossa tese. Veja o modelo do primeiro parágrafo:
3o Parágrafo:

Todos sabem o quanto, em nosso país, _____________


____________________. Verifica-se que____________________(,) Além disso, ______________________________. E soman-
___________________ além de _____________________ forne- do-se a isso,_________________________ que _____________.
cem (ou - resultam, culminam, têm como consequência...) Daí__________________________________________________e
_________________________________________________________. de______________________________________________________.
234
Teremos, após preencher o modelo: Teremos, após preencher o modelo:

Além disso, as proteínas da carne no bife que come- Levando-se em consideração esses aspectos
mos servem para repor a massa muscular perdida práticos do prato do brasileiro somos levados a acre-
durante o trabalho. E somando-se a isso, há as fibras ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
das verduras e folhas que ajudam no processamento dos zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o
alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredien-
reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen-
tes nos causará debilidade além de insatisfação.
tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os Os aspectos conclusivos presentes nesse último
hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária. parágrafo garantem ao leitor a clareza de que se che-
gou ao final do desenvolvimento da tese inicial. As
4o Parágrafo: frases em destaque dão força conclusiva ao parágrafo,
conduzindo a sequência textual a uma possível solu-
ção para os problemas propostos, ou ainda, podem
Ainda convém lembrarmos_________________________ gerar simples constatações das verdades idealizadas.
(que é): ________________________________________________ Você também pode contar com uma pequena lista de
___________. Esse _________________________________ para frases que podem auxiliá-lo nessa tarefa.
______________________________. Essa (s) _________________
_________________________________________________________.
z Em virtude dos fatos mencionados;
z Por isso tudo;
z Levando-se em consideração esses aspectos;
Teremos, após preencher o modelo: z Dessa forma;
z Em vista dos argumentos apresentados;
Ainda convém lembrarmos outro hábito que con- z Dado o exposto;
tribui para o sucesso do nosso bem elaborado cardápio z Por todos esses aspectos;
que é o de tomarmos um cafezinho após as refeições. z Pela observação dos aspectos analisados; Portanto;
Esse conjunto da cafeína mais o açúcar reabastece logo; então.
nosso cérebro de energia desviada para os órgãos pro-
Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão
cessadores da digestão no momento em que comemos. com as seguintes frases:
Essas substâncias reprimem a sonolência típica da
hora do almoço nos mantendo despertos. z somos levados a acreditar que;
Para os parágrafos de desenvolvimento, também z é-se levado a acreditar que;
podemos relacionar frases que você poderá escolher z entendemos que;
para dar originalidade ao seu texto: z entende-se que;
z concluímos que;
z conclui-se que;
z Ao se examinarem alguns; verifica-se que; z é necessário que;
z Pode-se mencionar, por exemplo, z faz-se necessário que.
z Em consequência disso; vê-se; a todo instante;
z Alguns argumentam que; Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e
z Além disso; como se deu a criação da primeira máscara:
z Outro fator existente;
z Outra preocupação constante; MÁSCARA 01
z Ainda convém lembrar;
z Por outro lado; 1o Parágrafo
z Porém; mas; contudo; todavia; no entanto;
Todos sabem o quanto, em nosso país,_______________
entretanto. ______________Verifica-se que____________________________(,)
__________________________ além de_____________________
Lembramos que esses exemplos são apenas suges- _________ fornecem (ou - resultam, culminam, têm como
tões e que você poderá desenvolver construções que consequência)_________________________________________.
atendam sua necessidade a partir de quando você
2o Parágrafo
for adquirindo experiência com a produção de textos.
Tanto quanto podemos criar padrões para a introdu- É de fundamental importância o_________________
LÍNGUA PORTUGUESA

ção e para o desenvolvimento de nossas redações, também _____________________ para ______________________________.


podemos criá-los para a conclusão de nossa dissertação. Podemos mencionar, por exemplo,_______________________
Acompanhe a organização de nosso último que_________________________, por causa de________________
_______________. Esse______________________________________.
parágrafo.
3o Parágrafo

Levando-se em consideração esses aspectos __________ Além disso,________________________________________. E


________________________ somos levados a acreditar que___ somando-se a isso,________________________________que_____
_________________________________________________________ _____________________________. Daí_________________________
_______________________, mas também____________________. ____e de__________________________________________________.
Sendo assim ____________________________________________
_________________________________________________________.
235
Sugerimos a você que faça suas primeiras redações
4o Parágrafo
baseadas em uma das máscaras prontas, e conforme
Ainda convém lembrarmos__________________ (que é):______ forem avançando as aulas, você poderá construir a
_______________________. Esse______________________________ suas próprias máscaras personalizadas.
_______________________para_______________________. Essa(s) Por fim, preparamos uma máscara de organização
__________________________________________________________. sequencial para seu projeto de redação. Use-a para se
organizar.
5o Parágrafo

Levando-se em consideração esses aspectos____________ PROJETO DE TEXTO (monte sua dissertação)


somos levados a acreditar que___________________________,
mas também_______________________________________ Sendo
1° Tema: _______________________________________
assim_____________________________________________________.
____________________________________________________

2° Tese: ________________________________________
Muito bem, agora que vimos o processo de criação
das máscaras, você poderá começar também seu traba- a) ___________________________
lho de produção. Antes, porém, vamos apresentar mais 3°Argumentos
dois outros modelos de máscaras de redação que você b)____________________________
poderá usar como base para suas próprias criações. c) ____________________________
Vá observando como as máscaras garantem o
encadeamento das ideias, a coesão entre as orações 4° (1º parágrafo) tese + argumentos
_________________________________________________
e a coerência com as várias possibilidades argumen-
____________________________________________________
tativas. A seguir temos mais um exemplo de máscara ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________.
MÁSCARA 02
5° (2º parágrafo) justificativas (por que isso
1o Parágrafo ocorre?): argumento “a)” + provas e exemplos
(mostre casos conhecidos ou dê exemplos seme-
Entre os aspectos referentes a _______________. lhantes ao seu argumento).
______________________ três pontos merecem desta-
que especial. O primeiro é __________________________; 6° Construa o parágrafo unindo as informa-
o segundo ________________ e por fim________________
ções anteriores ao argumento “a)”
_________________________________________________
2o Parágrafo ____________________________________________________
____________________________________________________
Alguns argumentam que_______________________ ____________________________________________________
_______________________ para________________________. ____________________________________________________.
Isso porque _______________________________. Dessa
forma______________________________________________.
7° Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágra-
fos para os argumentos “b)” e “c)”
3o Parágrafo
_________________________________________________
Outra preocupação constante é _______________
____________________________________________________
___________________________________, pois____________
____________________________________________________
________________________. Como se isso não bastasse,
____________________________________________________
________________________ que _______________________
____________________________________________________.
____________ Daí _______________________________ que
_________________________________________________
____________e que__________________________________.
____________________________________________________
____________________________________________________
4o Parágrafo
____________________________________________________.
Também merece destaque ______________________
8° Elabore sua conclusão: (confirme sua tese
o (a) qual __________________________________________
dizendo que, se algum dos argumentos não for
. Diante disso ________________________para que ____
____________________________________________________. considerado, a ideia inicial não poderá ser sus-
tentada, ou que os resultados propostos não serão
atingidos).
5o Parágrafo
_________________________________________________
Tendo em vista os aspectos observados __________
______________________ só nos resta esperar que ___ ____________________________________________________
______________________________, ou quem saiba ______ ____________________________________________________
____________________________________________________. ___________________________________________________
Consequentemente_________________________________. ___________________________________________________.
236
APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO Uma definição é um enunciado que descreve um
PARÁGRAFO DISSERTATIVO conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos
associados.
Vamos agora aprofundar o nosso trabalho com Vejam como em nosso parágrafo de exemplo explo-
a estrutura dos textos dissertativos. Para isso traba- ramos o conceito global e generalizado sobre o assunto.
lharemos as várias modalidades de parágrafos que Vocês perceberão como o modelo vazio que segue
podem ser utilizados para a elaboração de uma boa este exemplo traz a indução do assunto a ser defini-
dissertação. Mostraremos aqui a continuidade de nos- do. Vale lembrar que, como se trata de uma definição,
so projeto de máscaras e os vários arranjos que são a base dessa informação deve sustentar-se em uma
possíveis ao construí-las. verdade consagrada, diferentemente do que vimos
no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode
z Parágrafo de introdução basear-se em uma posição pessoal a ser defendida.

O parágrafo de introdução tem como uma de suas


funções mais importantes, a de apresentar a tese que Modelo nº 2
será defendida no decorrer da redação. É também ______________________________ é a denominação
dada a ________________________. Essa ____________
possível e bastante didático que vocês façam uma pré-
___________________, mas a hipótese mais aceita é
via dos argumentos que serão trabalhados na susten-
a de que __________________________________________
tação dessa tese. Assim, o leitor poderá ser orientado, ______. Outra versão afirma que esse ____________
logo de saída, a acompanhar o ritmo do pensamento ____________, que tem origem ____________. O que se
de vocês e a sequência das suas argumentações. sabe é que _______________________________________.

z Tipos diferentes de parágrafos de introdução:


Preenchendo o modelo, teremos:
„ Declaração inicial: na declaração afirma-se ou
nega-se algo de início para em seguida justifi- Arroz com feijão é a denominação dada a um pra-
car-se e comprovar-se a assertiva com exem- to típico da América Latina. Essa receita não tem uma
plos, comparações, testemunhos de autores etc. origem certa, mas a hipótese mais aceita é a de que
Vejamos um exemplo desse tipo de parágrafo seria fruto de uma combinação do arroz (de origem
aplicado à nossa proposta básica que é o proje- oriental) trazido pelos portugueses ao Brasil com o fei-
to arroz-com-feijão. Mais uma vez colocamos a jão, que já seria consumido no Brasil pelos índios. Outra
estrutura já construída e em seguida a disposi- versão afirma que esse prato foi a união do arroz com
a feijoada, que tem origem africana ou portuguesa. O
ção vazia do parágrafo que poderá ser utilizada
que se sabe é que, ao longo dos séculos, esse prato foi se
por vocês sempre que desejarem.
popularizando por todo o país, passando a ser uma par-
te quase que indispensável da refeição dos brasileiros.
Modelo nº 1 „ Divisão: o parágrafo de divisão, processo também
quase que exclusivamente didático, por causa das
É fato notório que _____________________________ suas características de objetividade e clareza, que
___________________________________________________ consiste em apresentar o tópico frasal (frase que
______________. Sabe-se que _______________________ introduz o parágrafo) sob a forma de divisão ou
________________________, além da _________________ discriminação das ideias a serem desenvolvidas
__________________________________________________.
(normalmente a divisão vem precedida por uma
definição, ambas no mesmo parágrafo ou em
parágrafos distintos). Usamos aqui como represen-
Preenchendo o modelo, teremos:
tação desse modelo o conceito de silogismo (Um
silogismo é um termo filosófico com o qual Aris-
É fato notório que a alimentação do brasileiro é boa
tóteles designou a argumentação lógica perfeita,
e tem tudo de que necessitamos para suprir os desgastes
constituída de três proposições declarativas que se
de um dia de trabalho. Sabe-se que os carboidratos do conectam de tal modo que a partir das primeiras
arroz e do feijão, as proteínas do bife e da salada, além duas, chamadas premissas, é possível deduzir uma
da glicose do cafezinho preto com açúcar fornecem um conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por
completo abastecimento de energia somada ao prazer. Aristóteles em sua obra Analíticos Anteriores.
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Definição: o parágrafo por definição é enten-


dido como um método preferencialmente Modelo nº 3
didático, pois busca, por intermédio de uma _____________ pode ser representado de duas
explicação clara e breve, a exposição do signifi- maneiras diferentes: ___________ que é ___________
____________ e ___________, que é __________________
cado de uma ideia, palavra ou de uma expres-
_______________. Enquanto a primeira ___________se
são. É a forma de exposição dos diversos lados
apresenta __________________. Esta, por sua vez, rea-
pelos quais se pode encarar um assunto. Pode liza-se por intermédio de _________________________
apresentar tanto o significado que o termo car- ____________________________________________________.
rega no uso geral quanto aquele que o falante
pretende determinar para o propósito do seu
discurso. 237
Preenchendo o modelo, teremos: Preenchendo o modelo, teremos:

O silogismo pode ser representado de duas manei- Será possível determinar qual é a melhor combi-
ras diferentes: silogismo simples que é formado por um nação de alimentos para atender às necessidades diá-
único núcleo argumentativo e silogismo composto que é rias de nossa população? Qualquer nutricionista dirá
formado por diversos núcleos argumentativos de elabo- que sim, pois alimentos ricos em carboidratos e pro-
ração complexa. Enquanto a primeira teoria se apre- teínas devem compor essa alimentação e não há quase
senta pela estrutura filosófica básica consagrada pela nada mais apropriado do que nosso tradicional prato
antiguidade. Esta, por sua vez, realiza-se por inter- de todos os dias. O arroz com feijão tem as proporções
médio de vários silogismos desenvolvidos para atender perfeitas para satisfazer essa necessidade que todos
às novas perspectivas de sedução e convencimento. têm de recomposição de força e de energia.

„ Alusão histórica: a elaboração de um parágra- z Parágrafos de desenvolvimento


fo por alusão histórica é um recurso que desperta
sempre a curiosidade do leitor por meio de fatos Após o primeiro parágrafo que, como já vimos,
históricos, lendas, tradições, crendices, anedotas ou pode apresentar a tese e também os argumentos prin-
a acontecimentos de que o autor tenha sido parti- cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor-
cipante ou testemunha (desenvolve-se geralmente dar os elementos que sustentarão essas afirmações
por meio da comparação com o presente ou retor- iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os
no a ele). A vantagem desse método é o de poder- recursos argumentativos que articularão o convenci-
mos mostrar o desenvolvimento cronológico de mento do leitor quanto à tese apresentada.
um assunto, expondo sua evolução no tempo. Lem-
brem-se de que, ao se servirem de um fato histórico „ Tipos diferentes de parágrafos de desenvol-
para sustentar uma tese, a História é a ciência que vimento: as possibilidades de ordenação do
estuda o homem e sua ação no tempo e no espaço, parágrafo são várias: exploração de aspectos
concomitante à análise de processos e eventos ocor- espaciais e temporais, enumeração de porme-
ridos no passado - e como ela é uma ciência, tem, por nores, apresentação de analogia, ou contraste,
conseguinte, um grande valor argumentativo. citação de exemplos, apresentação de causas e
consequências.
Observem como isso é simples:
„ Desenvolvimento por exploração espacial: ao
argumentar, vocês podem se servir da exposição
Modelo nº 4 de informações relativas ao lugar em que os fatos
Desde a época da ________________ sabe-se que ocorreram.
___________________________________________________
para ____________________________________. Principal-
mente hoje em dia, reconhece-se que ____________ Modelo nº 1
_____________________________________________, além A cidade (ou região) em destaque é _____________,
de________________________________________________ que fica localizada em ____________, região nobre de
____________________________________________________. ________ É aí onde se localiza ______________________
_____________ dessa região. Cercada por uma densa
floresta ___________________, foi bem no centro desse
Preenchendo o modelo, teremos: ____________________________________________________.

Desde a época da escravidão no Brasil sabia-se


Preenchendo o modelo, teremos:
que a alimentação dada a esses novos brasileiros era
boa e tinha tudo de que eles necessitavam para suprir
A cidade (ou região) em destaque é Pindaíba da
os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em dia
Serra, que fica localizada em Monte Mole, região
principalmente, já se reconhece que os carboidratos nobre de Pindorama. É aí onde se localiza uma das
do arroz e do feijão, as proteínas da carne e das verduras mais belas reservas naturais de paioca-rija, um cipó
fornecem um completo abastecimento de energia soma- medicinal e afrodisíaco muito cobiçado pelos morado-
da ao prazer, justificando os hábitos do passado como res dessa região. Cercada por uma densa floresta
responsáveis pelo tradição alimentar que preservamos. de mambutis gigantes, foi bem no centro desse san-
„ Interrogação: A ideia núcleo do parágrafo por tuário tropical que a próspera cidadezinha se tornou
interrogação é colocada por intermédio de uma uma espécie de centro cultural da região por preservar
pergunta a qual serve mais como recurso retó- até hoje um dos mais tradicionais rituais de nossa his-
tória: a sagração da taioba-plus, entidade sagrada e
rico, uma vez que a questão levantada deve ser
reverenciada pelos devotos naobilicos.
respondida pelo próprio autor. Seu desenvolvi-
mento é feito por intermédio da confecção de
„ Desenvolvimento por exploração temporal:
uma resposta à pergunta.
nesse modelo o leitor é informado do momen-
to em que os fatos ocorreram com a indicação
Modelo nº 5 de datas e outros aspectos temporais. Pode-se
Será possível determinar qual é ______________ recorrer nesse momento aos artifícios empre-
para_____________________________? (Resposta) ______ gados no próprio parágrafo de alusão histórica,
____________________________________________________. já que este também se serve de referências cro-
238 nológicas como em:
Ao preenchermos o modelo, teremos:
Modelo nº 1
A cidade (ou região) em destaque é ____________,
Muitos acreditam que o cafezinho preto com açú-
que fica localizada em ____________, região nobre de
car pode causar excitação e ansiedade quando consu-
_________. É aí onde se localiza ____________________
mido em excesso, por causa da cafeína e da glicose
__________________ dessa região. Cercada por uma
presentes nele. Por outro lado, sabe-se também que
densa floresta ____________________, foi bem no cen-
essas substâncias fornecem uma carga suplementar
tro desse ___________________________________________
de energia nos deixando despertos logo após o almo-
____________________________________________________.
ço, quando muitas vezes somos acometidos por uma
sonolência indesejada.
Desenvolvimento por exploração de ideias ana-
Preenchendo o modelo, teremos:
lógicas e comparação: para organização das ideias,
nossos redatores valem-se de expressões que indicam
No passado, quando pensávamos em alimenta-
confronto valendo-se do artifício de contrapor ideias,
ção, notávamos que sua relação com a sobrevivência seres, coisas, fatos ou fenômenos. Tal confronto tanto
era muito maior comparada à que vemos nos nos- pode ser de contrastes como de semelhanças. Analo-
sos atuais. Hoje, por outro lado, a qualidade desses gia e comparação são também espécies de confronto:
alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcio- “A analogia é uma semelhança parcial que sugere
nam tornaram-se o foco desse pensamento. O resul- uma semelhança oculta, mais completa. Na compara-
ção, as semelhanças são reais, sensíveis numa forma
tado disso é que comer, na atualidade, tornou-se
verbal própria, em que entram normalmente os cha-
um ritual de bem viver. mados conectivos de comparação (quanto, como, do
que, tal qual)”. – Comunicação em prosa Moderna –
„ Desenvolvimento por exploração de porme- Othon M. Garcia. Por exemplo:
nores ou de enumerações: nesse modelo de
parágrafo, vocês têm por objetivo enumerar
características, relacionar aspectos importan- Modelo nº 5
tes sobre algum assunto. A apresentação das No caso das _______________________, porque cada
ideias pode ser ou não ordenada segundo uma qual tem seus próprios valores __________________.
Enquanto a __________________________________, as
ordem de importância. A ordem depende do
________, por sua vez, _____________________________.
que vocês pretendem enfatizar.

Ao preenchermos o modelo, teremos:


Modelo nº 3
Entre os aspectos referentes a__________________
No caso das proteínas do bife e da salada que
_______________________ três pontos merecem desta-
comemos, seria melhor não generalizar, porque cada
que especial. O primeiro é _________________________
qual tem seus próprios valores para a alimentação.
__________; o segundo________________ e por fim ____
Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem as
____________________________________________________.
perdas musculares pelo desgaste do dia-a-dia, as verdu-
ras, por sua vez, oferecem as fibras que nos auxiliam
no processamento dos alimentos pelo nosso organismo
Ao preenchermos o modelo, teremos:
ajudando na absorção dos nutrientes.
Entre os aspectos referentes à alimentação dos
„ Desenvolvimento por exploração de causa
brasileiros, três pontos merecem destaque especial. O
e consequência: Dentro de uma perspectiva
primeiro é quanto aos carboidratos presentes no arroz lógica e simples devemos compreender causa
com feijão; o segundo diz respeito às proteínas pre- como um fator como gerador de problemas e
sentes no bife com salada e por fim a glicose somada à consequência como os problemas gerados pela
cafeína no cafezinho preto com açúcar que fornecem um causa. Trabalhar com causas e consequências é
completo abastecimento de energia somada ao prazer. apresentar os aspectos que levaram ao proble-
ma discutido e as suas decorrências.
„ Desenvolvimento por exploração de contras-
te de ideias: na ordenação do parágrafo por
exposição de contrastes entre si, vocês pode se Modelo nº 6
LÍNGUA PORTUGUESA

servir de comparações, ideias paralelas, ideias É de fundamental importância o ___________


diferentes e ideias opostas. ___________________________________________________
__________ para___________________. Podemos men-
cionar, por exemplo, ____________________________
Modelo nº 4 que____________________, por causa ________________.
Muitos acreditam que __________________________
________________________________________________, por
causa da _____________________________. Por outro Ao preenchermos o modelo, teremos:
lado, sabe-se também que _________________________
____________________________________________________ É de fundamental importância o consumo de ali-
________________, quando muitas vezes _____________ mentos ricos no fornecimento de energia para a movi-
____________________________________________________. mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por
exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece 239
a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra-
tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia Modelo Nº 2
própria consumida durante o dia. O que mais há para ser tomado como _________
_________________________(?) _______________________
acreditar que ____________________________________
z Parágrafo de conclusão
_______________, mas também ____________________
_______________________________(?) Certamente que
A conclusão de uma dissertação é o momento de sim, pois _________________________________________.
se mostrar que o objetivo proposto na introdução foi
atingido.
É de fundamental importância que não ocorra con- Preenchendo o modelo, teremos:
tradição com a tese proposta no início de sua redação,
o que descaracterizaria toda a argumentação. Vocês, O que mais há para ser tomado como positivo
e prático no prato dos brasileiros? O que sabemos nos
nesse momento, devem fazer uma síntese geral; ou
leva a acreditar que não é apenas por prazer que
retomar a ideia inicial, reforçando os pontos de par-
somos seduzidos pela nossa culinária, mas tam-
tida do raciocínio. bém por tudo o que ela nos oferece para a manutenção
Podem também demonstrar que uma solução a de nossa saúde.
um problema foi encontrada ou que uma proposta de E a falta desses ingredientes mudará a saúde de
solução pode ser alcançada, ou ainda que uma respos- nossa população? Certamente que sim, pois a carên-
ta a uma pergunta foi encontrada. cia de tais ingredientes nos causará debilidade além de
Esse momento pode também gerar um questio- insatisfação.
namento final, desde que não concorra com suas
exposições anteriores. A satisfação do leitor deve ser „ Conclusão por resposta, solução ou proposta:
vocês levantam uma (ou mais) hipóteses ou suges-
contemplada na conclusão para que ele não se sinta
tões do que se deve fazer para transformar a histó-
frustrado pela expectativa criada quanto ao tema. ria mostrada durante o desenrolar do texto.
Essa volta ao início do texto que a conclusão faz é algo
que chamamos de circularidade. Esse caráter finaliza-
dor da conclusão também colabora para a progressão Modelo nº 3
e continuidade textual. Tendo em vista os aspectos observados sobre
_________________, só nos resta esperar que
„ Tipos diferentes de parágrafos de conclusão: ____________________________. Ou quem saiba ainda
podemos enumerar alguns exemplos de con- que ____________________________________ para que
clusões satisfatórias que todos poderão usar ______________________ Consequentemente ________
em seus textos dissertativos. __________________________________________________.
„ Conclusão por síntese ou resumo: o primei-
ro recurso com que trabalharemos será o do Preenchendo o modelo, teremos:
resumo ou síntese geral. Nesse caso vocês reto-
mam, resumidamente, aquilo que exploraram Tendo em vista os aspectos observados sobre
durante o texto: nossa alimentação, só nos resta esperar que se
garanta a todo brasileiro o acesso a esse rico cardápio.
Ou quem saiba ainda que se divulgue o sucesso de
Modelo nº 1 nossa combinação alimentar para que o mundo saiba
Levando-se em consideração esses aspectos que no Brasil se come bem. Consequentemente será
__________________ somos levados a acreditar que possível a qualquer um balancear com eficiência e bai-
não é apenas por ____________________________, mas xo custo do que se põe na mesa de sua casa.
também _________________________________. Sendo
assim_____________________________________________. Agora, pessoal, é começar a criar seus próprios
arranjos e utilizar essas técnicas para compor reda-
ções eficientes que garantam seu sucesso em qualquer
Ao preenchermos o modelo, teremos: tipo de concurso que peça a vocês um posicionamento
específico sobre qualquer tema.
Levando-se em consideração esses aspectos
Construindo as Máscaras de Redação
práticos do prato do brasileiro, somos levados a acre-
ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
Vamos agora montar nosso quebra-cabeças? Veja
zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o como arranjamos os modelos de maneiras diferentes.
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
Sendo assim, a falta de qualquer um desses ingredien- z Modelo n° 1: Introdução (declaração inicial)
tes nos causará debilidade além de insatisfação.

„ Conclusão por questionamento: nesse mode- É fato notório que ____________________________


lo vocês partem de um questionamento para __________________________________________. Sabe-se
encerrar seu raciocínio. Mas não se esqueçam que _____________________________________________,
de que vocês não devem colocar em dúvida os além da __________________________________________.
240 argumentos desenvolvidos em sua redação.
z Modelo n° 2: desenvolvimento (pormenores ou a declaração foi a melhor alternativa, já que não se
de enumerações) compromete com a obrigatoriedade de recorrência a
uma fonte de conhecimento referencial.
Em seguida, arranjamos os parágrafos de desen-
Entre os aspectos referentes a ___________________ volvimento mesclando os vários modelos apresen-
três pontos merecem destaque especial. O primei- tados anteriormente. Ao mesmo tempo em que eles
ro é ___________________________________; o segundo nos ofereciam diversas alternativas para a estrutura-
_________________ e por fim ________________________. ção de nosso projeto, também nos orientavam dando
Modelo nº 2: desenvolvimento (temporal) caminhos a seguir na argumentação. É como se mon-
tássemos realmente um quebra-cabeça.
No passado, quando pensávamos em _______,
notávamos que ___________________. era ____________ Escolhemos três modelos diferentes de parágrafos
comparada à que vemos recentemente . Hoje, por de desenvolvimento para esse projeto. Por enume-
outro lado, _______________________________ torna- rações, o temporal e o por contraste. Forçamos um
ram-se _____________. O resultado disso é que ______, pouco a barra, primeiro criando a máscara para, só
na atualidade, tornou-se _________________________. depois, completar nossa redação. Afinal de contas,
essa é a vantagem do projeto de máscaras.
z Modelo n° 3: desenvolvimento (contraste de Vejam como ficou:
ideias)

É fato notório que a comida dos brasileiros é mui-


Muitos acreditam que ________________________ to boa e tem tudo de que eles necessitam para o seu
_________________________________________, por cau- longo dia de trabalho. Sabe-se que o arroz-com-feijão
sa da ____________________________. Por outro lado, nos fornece um completo abastecimento de energia
sabe-se também que______________________________ somado ao prazer.
_______________, quando muitas vezes _____________. Entre os aspectos referentes a esse par con-
siderado completo que é o arroz com feijão, três
pontos merecem destaque especial. O primeiro
z Modelo n° 4: conclusão (síntese ou resumo) está na riqueza de carboidratos presentes nele e que
nos reabastece repondo a energia consumida duran-
te o dia; o segundo nos reporta ao sabor exótico e
Levando-se em consideração esses aspectos marcante que o alimento oferece, tornando-o sem-
pre uma escolha positiva quanto ao prazer e por fim
______________ somos levados a acreditar que não é
deve-se levar em conta a vantagem do baixo custo
apenas por _________________________________, mas
dessa combinação se comparado a outros alimen-
também____________. Sendo assim________________.
tos também computados como importantes para a
composição de uma alimentação rica.
Nova máscara No passado, quando pensávamos em alimen-
tação, notávamos que sua relação com sobrevi-
É fato notório que ____________________________ vência era muito maior comparada à que vemos
_________. Sabe-se que ___________________________, recentemente. Hoje, por outro lado, a qualidade
além da ____________________. Entre os aspectos desses alimentos e a qualidade da saúde que eles pro-
referentes a ______________________________ três porcionam tornaram-se o foco desse pensamento.
pontos merecem destaque especial. O primeiro é O resultado disso é que comer, na atualidade,
___________________; o segundo_____________________ tornou-se um ritual de bem viver.
e por fim ____________________________________. Muitos acreditam que a comida presente em
No passado, quando pensávamos em __________, nossas mesas é uma das mais saudáveis do mun-
notávamos que ___________________________ era do, por causa da sua variedade e equilíbrio. Por
____________ comparada à que vemos recentemen- outro lado, sabe-se também que poderá engor-
te. Hoje, por outro lado, _________________________ dar, quando muitas vezes for consumida sem
tornaram-se _________________. O resultado medida, com inspiração apenas no sabor e no pra-
disso é que ______, na atualidade, tornou-se zer que oferece.
__________________________. Muitos acreditam que Levando-se em consideração esses aspectos
________________________________, por causa da práticos do prato do brasileiro somos levados a
__________________________. Por outro lado, sabe- acreditar que não é apenas por prazer que somos
-se também que _________________, quando muitas seduzidos pela nossa culinária, mas também por
LÍNGUA PORTUGUESA

vezes _______________. Levando-se em considera- tudo o que ela nos oferece para a manutenção de
nossa saúde. Sendo assim, concluímos que a falta
ção esses aspectos _________________ somos levados
desse ingrediente em nossa mesa nos causará debili-
a acreditar que não é apenas por _________________
dade além de insatisfação.
______________, mas também _____________________.
Sendo assim _____________________________________.

Com esses modelos apresentados, desejamos mos-


trar como é possível programar e treinar nossos tra-
Observe que fizemos a opção por abrir nossa reda-
balhos de redação se exercitarmos essas habilidades.
ção com uma declaração inicial. Como abordamos um
tema geral, sem uma relevância científica notória e Porém, é de fundamental importância que você bus-
que representa na verdade um conhecimento cultural que ou crie um modelo de máscara com o qual você
somado às observações de médicos e nutricionistas, mais se identifique. 241
Isso para que, no momento de produção de sua
redação, principalmente se ocorrer durante uma pro- Importante!
va de concurso, você já esteja organizado. Com isso, Por determinação apresentada geralmente nos
espera-se que vocês tenham a vantagem de partir editais, os rascunhos não serão lidos
direto para a elaboração de seu texto sem ter de ficar
parados buscando inspiração em um momento em
que todo segundo é importante. Dessa forma, os candidatos perdem a oportunidade
de disputar a vaga para esse concurso, pois são desclas-
sificados como se não houvessem feito sua redação.
PROJETO DE TEXTO – ANÁLISE DE PROPOSTAS E Como falam sobre um lugar apropriado para a
RESPECTIVOS PROJETOS POSSÍVEIS transcrição do texto e declaram que não considera-
rão fragmentos de textos escritos em lugar indevido,
Neste assunto trabalharemos com a análise de os candidatos deverão ficar atentos às margens e ao
algumas propostas de variadas instituições para mos- número de linhas disponibilizado. Ou seja, se ultrapas-
trar as diferenças entre elas. Veremos também como sadas as trinta linhas da folha, certamente a conclusão
vêm sendo apresentados os temas e como agir dian- ficará fragmentada. Se a margem for ultrapassada,
aquela parte da palavra não será lida. O resultado des-
te das diferentes exigências feitas nas últimas pro-
sas desatenções prejudicará toda a coerência do texto,
vas de concursos. Depois passaremos ao trabalho de
além de comprometer a estrutura dissertativa.
orientação de como evitar erros comuns e como bus- Por fim, vêm as orientações quanto ao erro de gra-
car soluções para alguns problemas que venhamos fia: que nem sempre aparecem nesse quadro inicial,
a enfrentar quando estivermos escrevendo a nossa mas que sempre servem como referência para todas as
redação durante a prova. Faremos nosso trabalho provas. Lembrem-se sempre de que o corretor não é
com uma proposta da banca CESPE. um perito do serviço de inteligência nacional, que bus-
Vejamos então a proposta feita pelo CESPE em ca meios científicos e investigativos para decodificar
2018. Observe que, antes de iniciar a apresentação do informações relevantes de uma mensagem secreta. Por
tema, há orientações claras da instituição aos candi- isso, se seu texto tiver problemas quanto à legibilidade,
datos para que não incorram em erros que possam mais pontos serão perdidos, ou pior, serão desclassifi-
desclassificá-los ou que ainda não percam pontuações cados caso não se possa ler o que foi escrito.
Vejam como o CESPE trabalha com o possível
significativas na avaliação de seu texto.
erro na transcrição de uma palavra. Você deve ape-
Veja a proposta abaixo:
nas passar um traço sobre a palavra, a frase, o trecho
ou o sinal gráfico e escrever em seguida o respectivo
Prova Discursiva substituto.
Exemplo:
z Nesta prova, faça o que se pede, usando, caso deseje,
os espaço para rascunho indicado no presente cader- Depois de hoje, iremos para nossas cag casas muito
no.Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE felizes.
TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no
ERROU? CORRIGIU!
local apropriado, pois não será avaliado fragmento
de texto escrito em local indevido.
z Qualquer fragmento de texto além da extensão máxi-
ma de linhas disponibilizadas será desconsiderado.
z Na Folha de Texto Definitivo, a presença de qual- Como última informação eles alertam para que
não se usem parênteses com essa finalidade. Os
quer marca identificadora no espaço destinado à
parênteses são elementos gramaticais de pontuação e
transição do texo definitivo acarretará a anulação
como tal devem ser usados em sua indicação correta,
da sua prova discursiva. isolando termos pertinentes ao texto e é dessa forma
z Ao domínio do conteúdo serão atribuídos até 13,00 que será avaliado seu uso.
pontos, dos quais até 0,60 ponto será atribuido Observe agora os textos motivadores para essa pro-
ao quesito apresentação (legibilidade, respeito às posta e o tema que deve ser abordado obrigatoriamente:
margens e indicação de parágrafos) e estrutura tex-
tual (organização das ideias em texto estruturado). Direito à saúde

Inicialmente o candidato é orientado a usar a O direito à saúde é parte do conjunto de direitos


folha de rascunho e depois transcrevê-la para a folha chamados de direitos sociais, que têm como inspira-
definitiva. ção o valor da igualdade entre as pessoas. No Brasil,
Por quê? Porque muitos candidatos deixam para esse direito apenas foi reconhecido na CF; antes disso,
o Estado apenas oferecia atendimento à saúde para
fazer suas redações ao término da prova objetiva,
trabalhadores com carteira assinada e suas famílias; as
quando a prova discursiva ocorre concomitante-
outras pessoas tinham acesso a esses serviços como um
mente à esta, e acabam administrando mal o tempo.
favor e não como um direito.
Quando isso ocorre, acabam fazendo suas redações Na Constituinte de 1988, as responsabilidades do
diretamente na folha definitiva e têm de assumir os Estado foram repensadas, e promover a saúde de todos
riscos de cometer erros que não podem ser revertidos. passou a ser seu dever: “A saúde é direito de todos e
Ou ainda, não conseguem passar o texto “a limpo” e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
242 esperam que seja corrigido assim mesmo. econômicas que visem à redução do risco de doença e
de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às Veja uma possibilidade:
ações e serviços para a promoção, proteção e recupe-
ração” (CF, art. 196). z Como humanizar os serviços públicos de saúde?
A saúde é um direito de todos porque sem ela
não há condições de uma vida digna, e é um dever Vamos agora produzir algumas possíveis respostas
do Estado porque é financiada pelos impostos que são com as palavras que destacamos no texto:
pagos pela população. Dessa forma, para que o direi-
to à saúde seja uma realidade, é preciso que o Estado „ Cobrar dos governantes condições dignas de
crie condições de atendimento em postos de saúde, atendimento por se tratar de um dever do esta-
do reverter em benefícios à população os valo-
hospitais, programas de prevenção, medicamentos
res arrecadados em impostos;
etc., e, além disso, é preciso que esse atendimento seja
„ Responsabilizar o governo pela proteção e
universal (atingindo a todos os que precisam) e inte- recuperação da saúde de todos; ou
gral (garantindo tudo de que a pessoa precise).
A criação do SUS está diretamente relacionada à z Por que é necessário humanizar os serviços
tomada de responsabilidade por parte do Estado. públicos?
Organizado com o objetivo de proteger, o SUS
deve promover e recuperar a saúde de todos os bra- „ Para garantir a todos o direito à saúde, já que se
sileiros, independentemente de onde morem, de tra- trata de uma determinação de nossa constituição,
balharem ou não e de quais sintomas apresentem. prestando serviços de atendimento ao público;
Infelizmente, esse sistema ainda não está completa- „ Para destacar que a humanização dos serviços
mente organizado e ainda existem muitas falhas, no públicos não é apenas uma aspiração de perfeição
entanto seus direitos estão garantidos e devem ser moral, mas, antes de tudo, um programa de melho-
cobrados para que sejam cumpridos. Internet: <nev. ria nas relações de convívio com os agentes de
incubadora.fapesp.br> (com adaptações). saúde, promovendo o desenvolvimento de novos
A humanização é um movimento com crescente e procedimentos de atendimento aos pacientes;
disseminada presença, assumindo diferentes sentidos „ Para poder denunciar as especulações e a mer-
segundo a proposta de intervenção eleita. Aparece, à cantilização dos serviços médicos e criticar a
primeira vista, como a busca de um ideal, pois, sur- instituição em sua totalidade e rejeitar proposi-
ções que não atendam às aspirações populares.
gindo em distintas frentes de atividades e com signi-
ficados variados, segundo os seus proponentes, tem
Agora vamos criar uma tese que se encaixe com
representado uma síntese de aspirações genéricas
essas respostas, como por exemplo:
por uma perfeição moral das ações e relações entre
Já passou da hora de reconhecer no povo brasileiro
os sujeitos humanos envolvidos. Cada uma dessas
o valor de homem vivente e não apenas de ver esse povo
frentes arrola e classifica um conjunto de questões
como se fosse um coletivo impessoal; como se não res-
práticas, teóricas, comportamentais e afetivas que
pirassem, nem pensassem; como se fossem um número
teriam uma resultante humanizadora.
em um gráfico de estatística e não existissem.
Nos serviços de saúde, essa intenção humanizado-
Agora vamos buscar, nas respostas que elabora-
ra se traduz em diferentes proposições: melhorar a
mos, ações que promovam essa proposta de humani-
relação médico-paciente; organizar atividades de
zação, como, por exemplo:
convívio, amenizadas e lúdicas, como as brinquedo-
tecas e outras ligadas às artes plásticas, à música e ao
„ Treinar os profissionais de saúde para que
teatro; garantir acompanhante na internação da crian-
recepcionam os pacientes com um atendimen-
ça; implementar novos procedimentos na atenção
to mais atencioso nesse momento carência;
psiquiátrica, na realização do parto — parto humani- „ Unificar as informações sobre o oferecimen-
zado — e na atenção ao recém-nascido de baixo peso to de serviços apropriados aos pacientes, bem
— programa da mãe-canguru —; amenizar as condi- como oferecer meios de locomoção contínua
ções do atendimento aos pacientes em regime de aos que necessitam de buscar outras unidades
terapia intensiva; denunciar a “mercantilização” da que possam atendê-los;
medicina; criticar a “instituição total” e tantas outras „ Fiscalizar e avaliar continuamente a qua-
proposições. Internet: <www.scielo.br> lidade dos serviços oferecidos expondo os
resultados à população, além de apresentar
A NECESSIDADE DE HUMANIZAÇÃO DOS cronogramas dos projetos de evolução de
SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE desenvolvimento científico e tecnológico a
serem implementados em prol da saúde.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Compreendendo a proposta
Feito isso, vamos usar o processo inverso com as
O primeiro passo, ao analisar os textos propostos, é palavras-chave e organizar nosso projeto de texto.
buscar os principais pontos de maior destaque por eles Observe:
abordados. Destacamos para vocês as palavras-chave Já passou da hora de reconhecer no povo brasileiro
de cada parágrafo para construir uma síntese sobre as o valor de homem vivente e não apenas de ver esse povo
principais ideias. Essa é uma atitude que também pode como se fosse um coletivo impessoal; como se não res-
ser tomada durante a análise das propostas, pois é assim pirassem, nem pensassem; como se fossem um núme-
que poderá se construir a tese em sintonia com o tema. ro em um gráfico de estatística e não existissem. Para
O próximo passo é organizar essas informações, que o homem prevaleça com sua dignidade, deve-se
relacionando-as ao tema, como se elas pudessem res- procurar treinar melhor os profissionais de saúde,
ponder a uma pergunta feita a partir do tema. unificar as informações sobre o oferecimento de 243
serviços, além de fiscalizar e avaliar continuamen-
te a qualidade dos serviços oferecidos. 2 cm
Daqui para frente vocês já sabem... é o Arroz-com- Parágrafo
-Feijão, ou seja, os modelos que apresentamos exten-
samente ao longo do material. Margens
Demonstramos aqui algumas formas diferentes de
análise de propostas, mas que compreendem pratica-
mente a forma básica de trabalho com todas as dife-
rentes instituições e diferentes propostas, assim como
dissemos que faríamos. Vamos passar agora para o aca- O último item desse quesito trata da paragrafação,
bamento de nossa redação, pois alguns aspectos devem ou seja, disposição dos parágrafos dentro da redação.
O candidato deverá deixar bem clara a distância em
ser observados antes que fechemos a nossa redação.
que se iniciará a escritura do parágrafo para que se
faça a diferença com a escrita iniciada junto à mar-
20 DICAS COM SÍNTESE DE ALGUNS ASPECTOS DE gem. Um afastamento de aproximadamente 2 cm já
GRANDE RELEVÂNCIA é suficiente, ou ainda recorra à velha dica da escola,
pulando dois dedos.
Reunimos aqui algumas informações importantes
para a organização e revisão de seu trabalho. Algumas z 2° O erro: apenas uma linha sobre as palavras
até já foram trabalhadas anteriormente, mas as retoma- erradas;
remos para criar um procedimento de observação geral. Já falamos sobre isso, mas vou trazer esse item de
volta:
z 1° Estética: grafia / alinhamento / paragrafação Você deve apenas passar um traço sobre a palavra,
/ respeito às margens; Essa serve para qualquer a frase, o trecho ou o sinal gráfico e escrever em segui-
da o respectivo substituto.
prova de concurso. Já falamos a respeito disso,
Exemplo: Depois de hoje, iremos para nossas cag
mas é importante reforçar.
casas muito felizes.
A maioria das bancas exige que os candidatos apre-
sentem uma escrita que permita a leitura clara do tex- z 3° Faça períodos curtos: + ou - 3 períodos por
to sem a preocupação com o tipo de letra, respeitando parágrafo.
apenas questões de caixa alta (letra grande marcan-
do o início de frases e nomes próprios) e caixa baixa Com os modelos que lhes apresentamos, vocês
(letra pequena compondo o restante da palavra). puderam observar que, para cada parágrafo de apro-
A segunda parte desse item aborda o respeito às ximadamente 5 linhas, usamos pelo menos 3 perío-
margens. É de fundamental importância a disposição dos. Com isso conseguimos algumas vantagens como
do texto na folha definitiva. O texto deverá respeitar a de ser mais objetivos e diretos ao abordar uma ideia
e também a de isolar um possível erro dentro de um
os limites impostos pelas margens direita e esquerda,
período sem projetá-lo para o resto do parágrafo.
nunca ultrapassando seus limites nem se distancian-
do demasiadamente delas:
(1)É de fundamental importância o _____________
______________________________________________________
____ para__________________________________/(2) Pode-
mos mencionar, por exemplo, ______________________
Margens ______________que____________________________________
___, por causa _______________________________________
_______/ (3) Esse_______________do que________________

Na margem esquerda da folha definitiva de reda- z 4° A ordem direta facilita na correta pontuação;
ção, deve-se iniciar a escrita imediatamente ao lado
da linha, sem deixar folga alguma entre a primeira Uma das importantes regras de pontuação que
letra e a demarcação da margem; determina o correto emprego da vírgula orienta que,
se a oração estiver em ordem direta (sujeito + verbo +
complementos), não se deve usar vírgula para sepa-
rar termos que se complementam sintaticamente. Ou
seja, se estiverem com alguma dúvida quanto ao uso
de vírgula, reorganize a oração para ver se fica mais
fácil a compreensão da estrutura.
Exemplo:

Ordem com termo deslocado:


Na margem direita, a preocupação do candidato
aumenta, pois além de se preocupar com as questões
Termo deslocado Sujeito Verbo
de divisão silábica e o correto emprego do hífen para
essa função, ele também deverá se preocupar em não
Hoje pela manhã, eu comprei um belo carro novo.
244 ultrapassar a linha demarcatória da margem;
Ordem direta: z 14° O rascunho é importante: é a sua garantia de
poder fazer uma revisão eliminando erros, além
Eu comprei um belo carro novo hoje pela manhã.
disso, o acabamento bem feito garante a você até
10 % da nota da redação se a estética for um dos
z 5° Colocação pronominal: qualquer palavra atrai
critérios de pontuação. Vale sempre a pena capri-
o pronome oblíquo, por isso não inicie orações e
char. Lembre-se de que é função de quem escreve
períodos com verbo.
seduzir o leitor e o estímulo visual contribui para
que haja uma boa impressão;
Caso você esteja com qualquer dúvida em relação
à colocação pronominal, coloque uma palavra antes z 15° Atente para as expressões vagas ou de signifi-
do verbo e o pronome será atraído para trás do verbo. cado amplo e sua adequada contextualização. Ex.:
Assim a colocação pronominal sempre ficará correta. conceitos como “certo”, “errado”, “democracia”,
“justiça”, “liberdade”, “felicidade” etc.
Falaria-se muito sobre este assunto naquele dia. z 16° Evite expressões como “belo”, “bom’, “mau”,
(errado) “incrível”, “péssimo”, “triste”, “pobre”, “rico” etc;
são juízos de valor sem carga informativa, impre-
Falar-se-ia muito sobre este assunto naquele dia. cisos e subjetivos.
(certo) z 17° Fuja do lugar-comum, frases feitas e expres-
Ou sões cristalizadas: “a pureza das crianças”, “a sabe-
Muito se falaria sobre este assunto naquele dia. doria dos velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios
(sempre certo) da linguagem oral devem ser evitados, bem como
o uso de “etc” e as abreviações.
z 6° Impessoalidade: as verdades gerais sempre
z 18° Não se usam entre aspas palavras estrangei-
têm maior valor.
ras sem correspondência na língua portuguesa:
hippie, status, dark, punk, chips etc.
As opiniões pessoais pouco contribuem para a
sustentação de uma ideia. Por isso as afirmações z 19° Observe se não há repetição de ideias, falta de
apresentadas terão melhor aceitação se trouxerem clareza, construções sem nexo (conjunções mal
representações gerais de valor coletivo: empregadas), falta de concatenação (coesão) de
Acredita-se em vez de Acredito ideias nas frases e nos parágrafos entre si, divaga-
Sabe-se em vez de Sei ção ou fuga ao tema proposto.
Ou outras expressões generalizantes como: z 20° Caso você tenha feito uma pergunta na tese
É de conhecimento geral... / Muitos entendem ou no corpo do texto, verifique se a argumenta-
que... / Muito se tem discutido sobre... ção responde à pergunta. Se você eventualmente
encerrar o texto com uma interrogação, esta pode
z 7° A tese: é aí que você apresenta o seu ponto de estar corretamente empregada desde que a argu-
vista, o seu posicionamento diante do tema; mentação responda à questão. Se o texto for vago,
z 8° Os argumentos: é comum a cobrança de temas a interrogação será retórica e vazia.
próprios às funções dos cargos disputados, por isso
preste sempre atenção nos assuntos recorrentes TEMAS GERAIS DE REDAÇÃO CESPE
dos textos da prova; TEMA 1: PROVA DISCURSIVA – PRF – 2019
z 9° Não se põe título nas redações para concursos: a
menos que isso seja uma exigência do edital. A Lei n.º 11.705/2008, conhecida como Lei Seca,
por reduzir a tolerância com motoristas que diri-
z 10° Evite a repetição das palavras: use sinôni-
gem embriagados, colocou o Brasil entre os países
mos e outros termos de recuperação.
com legislação mais severa sobre o tema. No entan-
to, a atitude dos motoristas pouco mudou nesses dez
que = o qual / a qual;
anos. Um levantamento, por meio da Lei de Acesso
onde = em que , no qual / na qual;
à Informação, indicou mais de 1,7 milhão de autua-
ções, com crescimento contínuo desde 2008. O avanço
z 11° Vocabulário: procure sempre a clareza na
das infrações nos últimos cinco anos ficou acima do
apropriação vocabular. A linguagem simples torna
aumento da frota de veículos e de pessoas habilitadas:
o texto mais fluente: pense em explicar seus argu-
o número de motoristas flagrados bêbados continua
mentos como se falasse a uma criança de 10 anos.
crescendo, em vez de diminuir com o endurecimento
LÍNGUA PORTUGUESA

Não use erudições do tipo “hodiernamente”; diga:


das punições ao longo desses anos. Internet: <g1.glo-
atualmente ou hoje em dia
bo.com> (com adaptações).
z 12° Interferência positiva: se possível apresen- Nas estradas federais que cortam o estado de Per-
te propostas que deem solução aos problemas nambuco, durante o feriadão de Natal, a PRF registrou
levantados na redação. Não fique apenas fazendo cento e três acidentes de trânsito, com cinquenta e
constatações óbvias. “Se é para falar bobagem, o dois feridos e sete mortos. Segundo a corporação, seis
melhor é ficar quieto.” motoristas foram presos por dirigir bêbados e houve
z 13° Não faça críticas ao governo: essa postura é oitenta e sete autuações pela Lei Seca. Os números
pobre e pouco criativa – é o que se chama de lugar são parte da Operação Integrada Rodovia, deflagrada
comum. É como se vocês fossem pedir emprego pela PRF. Em 2017, foram registrados noventa aciden-
em uma empresa e criticassem o patrão durante a tes. No ano passado, a ação da polícia teve um dia a
entrevista. Isso é ser muito ingênuo. menos. Internet: <g1.globo.com> (com adaptações). 245
Considerando que os fragmentos de texto acima 2. cite contribuições da Polícia Federal relevantes
têm caráter unicamente motivador, redija um texto para a manutenção do Estado democrático de direi-
dissertativo acerca do seguinte tema. to, especialmente relacionadas aos direitos huma-
nos; [valor: 4,00 pontos]
O COMBATE ÀS INFRAÇÕES DE TRÂNSITO NAS 3. apresente sugestões de implantação de ações e(ou)
RODOVIAS FEDERAIS BRASILEIRAS projetos que possam contribuir futuramente para
o aprimoramento da democracia brasileira. [valor:
Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos: 4,40 pontos]

1. Medidas adotadas pela PRF no combate às infra- TEMA 3: PF – PAPILOSCOPISTA – 2018


ções; [valor: 7,00 pontos]
2. Ações da sociedade que auxiliem no combate às Sem abrigos, grupos de imigrantes venezuelanos
infrações; [valor: 6,00 pontos] voltaram a acampar na rodoviária e a ficar nas ruas de
3. Atitudes individuais para a diminuição das infra- Manaus. A crise política, econômica e social na Vene-
ções. [valor: 6,00 pontos] zuela, que desencadeou um fluxo migratório para o
Brasil, continua atraindo milhares de imigrantes para o
TEMA 2: PF – AGENTE – 2018 país. Em busca de sobrevivência, indígenas venezuela-
nos da etnia Warao começaram a migrar para Manaus
Preâmbulo da Constituição Federal de 1988 (CF) dis- desde o início de 2017. Adultos, idosos e crianças se
põe que o Estado democrático se destina a assegurar o abrigaram na rodoviária de Manaus e debaixo de um
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, viaduto na Zona Centro-Sul. Enquanto o maior abrigo
a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igual- foi desativado no Amazonas, a chegada dos venezue-
dade e a justiça como valores supremos de uma socie- lanos não indígenas só aumentou. As condições pre-
dade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada cárias de vida em solo brasileiro podem favorecer a
na harmonia social e comprometida, na ordem interna ocorrência de situações degradantes. Órgãos federais e
e internacional, com a solução pacífica das controvér- entidades religiosas anunciaram medidas para cobrar
sias. A missão das forças policiais é garantir ao cidadão ações concretas da prefeitura da cidade e dos governos
o exercício dos direitos e das garantias fundamentais federal e estadual. Internet: (com adaptações).
previstos na CF e nos instrumentos internacionais
subscritos pelo Brasil (art. 5.º, § 2.º, da CF). Lei n.º 13.445/2017 Art. 3.º
O cumprimento dessa missão exige preparo dos
integrantes das corporações policiais, que devem per- A política migratória brasileira rege-se pelos
seguir incansavelmente a verdade dos fatos sem se seguintes princípios e diretrizes:
afastar da estrita observância ao ordenamento jurí- I – universalidade, indivisibilidade e interdependên-
dico vigente, que deve ser observado por todos, em cia dos direitos humanos;
respeito ao Estado democrático de direito. Wlamir II – repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a
Leandro Motta Campos. Polícia Federal e o Estado quaisquer formas de discriminação;
democrático. Internet: (com adaptações). O Brasil se III – não criminalização da migração; […]
efetivou como um país. VI – acolhida humanitária; […]
IX – igualdade de tratamento e de oportunidade ao
O estado democrático de direito após a promulga-
migrante e a seus familiares;
ção da CF — também chamada de Constituição Cida-
X – inclusão social, laboral e produtiva do migrante
dã, por contar com garantias e direitos fundamentais
por meio de políticas públicas;
que reforçam a ideia de um país livre e pautado na XI – acesso igualitário e livre do migrante a serviços,
valorização do ser humano. Com a ruptura do anti- programas e benefícios sociais, bens públicos, educa-
go sistema ditatorial, o Estado tinha a necessidade de ção, assistência jurídica integral pública, trabalho,
resgatar a importância dos direitos humanos, negli- moradia, serviço bancário e seguridade social;
genciados até então, porquanto, desde 1948, havia-se XII – promoção e difusão de direitos, liberdades,
erigido a Declaração Internacional dos Direitos Huma- garantias e obrigações do migrante;
nos no mundo. Já no art. 1.º da CF, afirma-se a condi- XVII – proteção integral e atenção ao superior inte-
ção de Estado democrático de direito fundamentado resse da criança e do adolescente migrante;
em cidadania e dignidade da pessoa humana. O Brasil,
por ser signatário de tratados internacionais de direi- (Internet – www.planalto.gov.br)
tos humanos, tem como princípio, em suas relações
internacionais, a prevalência dos direitos humanos. TEMA 4: ABIN – AGENTE DE INTELIGÊNCIA – 2017
Yara Gonçalves Emerik Borges. A atividade policial
e os direitos humanos. Internet: (com adaptações). Denominamos “cooperação descentralizada” as
A partir das ideias dos textos precedentes, que têm iniciativas de cooperação protagonizadas pelas admi-
caráter unicamente motivador, redija um texto dis- nistrações locais e regionais, especialmente governos
sertativo acerca do seguinte tema. municipais e estaduais. Essa cooperação descentra-
lizada expressa o surgimento, na América, de uma
O PAPEL DA POLÍCIA FEDERAL NO APRIMORA- nova forma de cooperação, a partir do envolvimento
MENTO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA da sociedade fronteiriça e de atores políticos locais.
Nesse tipo de cooperação, vê-se alto nível de articu-
Em seu texto,
lação da comunidade fronteiriça em detrimento do
governo central.
1. discorra sobre o papel constitucional e social da
Polícia Federal e sua relação com os direitos huma- Renata Furtado. 35 anos da lei da faixa de fronteira: avanços e
desafios à integração sul-americana. In: Revista Brasileira de
nos; [valor: 4,00 pontos]
246 Inteligência, n.º 9. ABIN, 2015 (com adaptações).
Tendo o fragmento de texto apresentado como judicialmente medida de busca e apreensão de bens
referência inicial, redija um texto dissertativo a res- e documentos, a ser realizada em endereço determi-
peito do papel dos governos municipal, estadual e nado, conforme descrito no competente mandado.
federal nas relações políticas e sociais nas áreas de De posse do mandado, os agentes de polícia, acompa-
fronteira do Brasil. nhados da autoridade policial, chegaram ao sobredito
Em seu texto, aborde os seguintes tópicos. imóvel somente no período noturno, devido a vários
contratempos havidos no decorrer das diligências.
1. A fronteira como espaço geopolítico e espaço de Confirmado o endereço, constatou-se a presença de
relações sociais. [valor: 10,00 pontos] várias pessoas no interior do imóvel, entre elas, o pro-
2. Distintas relações do Brasil com os países vizinhos prietário da casa, indiciado no inquérito policial que
e principais problemas presentes nas regiões fron- originou o mandado de busca e apreensão. Adicional-
teiriças. [valor: 18,00pontos] mente, constatou-se a existência de três veículos na
3. Papel da área de inteligência na análise das ques- garagem do imóvel.
tões relacionadas às fronteiras. [valor: 10,00 pontos] Considerando a situação hipotética acima apresen-
tada, redija um texto dissertativo acerca do instituto da
Considerando que os fragmentos de texto apresen- busca e apreensão no processo penal. Ao elaborar seu
tados têm caráter unicamente motivador, redija um texto, aborde, fundamentadamente, os seguintes tópicos
texto dissertativo acerca da entrada de imigrantes no
Brasil, discutindo estratégias para a prevenção de cri- z 1 Natureza jurídica da busca e apreensão, seus
mes e de violências envolvendo imigrantes no país, objetivos e suas características e normas gerais.
tanto na condição de agentes quanto na de vítimas. [valor: 7,00 pontos]
z 2 Requisitos para o cumprimento da busca e
TEMA 5: ANVISA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO apreensão em suas modalidades domiciliar e pes-
– 2016 soal. [valor: 6,00 pontos]

Historicamente, instruir os que não sabem, alimen- z 3 Relativamente à situação hipotética apresenta-
tar os famintos e cuidar dos doentes têm sido algumas da: possibilidade jurídica de realização da diligên-
das missões diárias indicadas aos devotos de dife- cia no horário noturno. [valor: 3,00 pontos]
rentes religiões. Em tempos modernos, a essas mis- z 4 Relativamente à situação hipotética apresenta-
sões foi acrescentado um novo item: zelar pelo meio da: possibilidade jurídica de realização de busca
ambiente, como revela, por exemplo, uma mensagem pessoal nas pessoas encontradas no interior do
escrita pelo Papa Francisco, exortando as sociedades, imóvel, bem como no interior dos veículos estacio-
independentemente de suas crenças, a tomar medidas nados na garagem. [valor: 3,00 pontos]
urgentes para frear as mudanças climáticas. Para o
representante máximo do catolicismo, “o cuidado da TEMA 7: POLÍCIA CIVIL GOIÁS – ESCRIVÃO – 2016
casa comum requer simples gestos cotidianos, pelos
quais quebramos a lógica da violência, da exploração,
João foi indiciado em inquérito policial (IP), e, no
do egoísmo, e manifestamos o amor em todas as ações
curso deste, o juiz competente, de ofício, decretou a pri-
que procuram construir um mundo melhor”.
são temporária do dito indiciado. Para defender seus
interesses, João constituiu um advogado que, na pri-
O Globo, 2/9/2016, p. 29 (com adaptações).
meira oportunidade, requereu ao delegado de polícia
responsável acesso a todos os elementos de prova no
Considerando que o fragmento de texto acima tem
caráter unicamente motivador, redija um texto dis- curso do IP, para permitir a ampla defesa de seu cliente,
sertativo acerca do seguinte tema: de modo a se garantir, assim, o devido processo legal.
Acerca da situação hipotética acima apresentada
PRESERVAÇÃO DO ECOSSISTEMA: e do IP, redija um texto dissertativo que atenda, de
RESPONSABILIDADE DO ESTADO, DA SOCIEDADE E modo fundamentado, às determinações e aos questio-
DE CADA CIDADÃO namentos seguintes.

Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos: z 1 Apresente o conceito e a finalidade do IP. [valor:
2,00 pontos]
z Relação entre os cuidados com o meio ambiente z 2 Descreva as características do IP. [valor: 4,00
e a preservação das condições sanitárias; [valor: pontos]
12,00 pontos] z 3 Comente sobre o valor probatório do IP. [valor:
LÍNGUA PORTUGUESA

z Atitudes individuais que podem reduzir os efei- 2,00 pontos]


tos da ação humana sobre o planeta; [valor: 13,00 z 4 A instauração de IP é indispensável? [valor: 2,00
pontos] pontos]
z Formas de atuação da sociedade para que os z 5 Na situação considerada, a prisão temporária de
governos cumpram compromissos relacionados à João, nos moldes em que foi decretada — de ofício
preservação ambiental. [valor: 13,00 pontos] — foi legal? [valor: 4,00 pontos]
z 6 Na situação considerada, há fundamento legal
TEMA 6: POLÍCIA CIVIL GOIÁS – AGENTE – 2016 para o direito de acesso do defensor de João aos
elementos de prova no curso do IP? Em sua respos-
No curso de uma investigação policial, atendendo ta, destaque o entendimento do Supremo Tribunal
a representação da autoridade policial, foi autorizada Federal a respeito. [valor: 5,00 pontos] 247
TEMA 8: POLÍCIA CIVIL DO MARANHÃO – ESCRIVÃO com uma correção detalhada, que vai ajudar você a
– 2017 identificar os seus pontos fortes e fracos, para saná-los.
Que tal começar a treinar? Qual concurso está
Discorra sobre os princípios penais da reserva focado (a)? Envie o seu comentário e compartilhe os
legal; da anterioridade da lei penal e da intranscen- temas de redação Cespe/Unb nas suas mídias sociais.
dência da pena, abordando o conceito de cada um, sua Bons estudos!
natureza jurídica e seus objetivos
TEMA 10: TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
TEMA 9: SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – 8ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2018 ADMINISTRATIVA – 2016

Declaração Universal dos Direitos Humanos (…) Art. Um tribunal regional eleitoral elaborou o seu pla-
19 Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião no estratégico junto à cúpula de juízes. Do ponto de
e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem inter- vista administrativo, o plano foi bem elaborado,
ferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir no entanto a estratégia não está sendo alcançada. A
informações e ideias por quaisquer meios e indepen- maioria dos servidores não tem conhecimento da mis-
dentemente de fronteiras. são, da visão de futuro, dos valores, nem sabe associar
ao plano estratégico as atividades que executa no dia
Internet <www.unicef.org> a dia do órgão. O mapa estratégico passou a ser um
mero cartaz sem significado nas paredes do tribunal.
Código Civil (…) Art. 187 Também comete ato ilí- Considerando que o princípio constitucional da
cito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede eficiência vem ganhando cada vez mais destaque
manifestamente os limites impostos pelo seu fim eco- nos processos de gestão judiciária e administrativa
nômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. das cortes judiciais brasileiras; e considerando ainda
que, para o alcance da eficiência, é necessário que os
Internet: .<www.planalto.gov.br> órgãos do Poder Judiciário revisem suas estruturas,
sua forma de funcionamento e, sobretudo, dispo-
“Não podemos confundir liberdade de expressão nham de um plano bem estruturado para executar
nas redes sociais com irresponsabilidade, senão o adequadamente a estratégia e garantir a qualidade
exercício dessa liberdade torna-se abuso de direito”, dos serviços prestados à população, redija um texto
alerta a advogada Patrícia Peck Pinheiro, especialista dissertativo a respeito do plano estratégico do tribu-
em direito digital. “O que mais prejudica a liberdade nal do caso hipotético descrito. Ao elaborar seu texto,
de todos é o abuso de alguns, a ofensa covarde e anô- faça o que se pede a seguir:
nima, isso não é democracia”. Os chamados crimes
contra a honra na Internet — que envolvem ameaça, z 1. Discorra sobre planejamento estratégico e sua
calúnia, difamação, injúria e falsa identidade — têm finalidade. [valor: 10,00 pontos]
gerado cada vez mais processos judiciais. Um levan- z 2. Defina missão, visão e valores organizacionais.
tamento divulgado pelo Superior Tribunal de Justi- [valor: 10,00 pontos]
ça lista sessenta e cinco julgamentos recentes que z 3. Explique o que são objetivos estratégicos. [valor:
resultaram em pagamento de indenizações, retirada 8,00 pontos]
de páginas do ar, responsabilização de agressores e z 4. Aponte as possíveis falhas na execução da estra-
outras condenações em favor das vítimas. Na opinião tégia e as possíveis ações a serem adotadas para que
de Patrícia Peck, a falta de educação e a impunidade a estratégia seja alcançada. [valor: 10,00 pontos]
contribuem para os excessos na Internet. Segundo
ela, “Sem educação em ética e leis, corremos o risco TEMA 11: TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
de a liberdade de expressão e o anonimato digital se 8ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA
converterem em verdadeiros entraves à evolução da ADMINISTRATIVA – 2016
sociedade digital, pois tornarão o ambiente da Inter-
net selvagem e inseguro”. Considerando a integração da gestão da qualidade
no cotidiano das organizações, redija um texto disser-
Internet< www.cartacapital.com.br> (com adaptações) tativo acerca do seguinte tema.
CICLO PDCA
Considerando as ideias precedentes nos fragmen- Ao elaborar seu texto, faça o que se pede a seguir.
tos textuais apresentados anteriormente, redija um
texto dissertativo a respeito do seguinte tema z 1.Conceitue o ciclo PDCA. [valor: 10,00 pontos]
z 2. Cite e defina as quatro fases do ciclo PDCA.
O ANONIMATO DIGITAL E O ABUSO DO DIREITO À [valor: 15,00 pontos]
LIBERDADE DE EXPRESSÃO z 3. Apresente o detalhamento das etapas da primei-
ra fase do ciclo PDCA. [valor: 13,00 pontos]
Ao construir seu texto, apresente um exemplo de
situação em que emissão de opinião no meio digital TEMA 12: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO
pode significar abuso de direito e discuta maneiras de FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS (TJDF) – ANALISTA
prevenir ou coibir esse tipo de comportamento. JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA – 2015
Para ajudar na sua preparação, invista no curso
on-line Oficina de Redação com a professora Flávia Toda conduta dolosa ou culposa pressupõe uma fina-
Rita. Nas aulas, a professora trabalha a abordagem de lidade. A diferença entre elas reside no fato de que, em
248 vários temas cobrados pela organizadora e você conta se tratando de conduta dolosa, como regra, existe uma
finalidade ilícita, ao passo que, tratando-se de conduta z 2. Propósito de cada um desses modelos; [valor:
culposa, a finalidade é quase sempre lícita. Nesse caso, os 9,00 pontos]3. Princípios e práticas norteadores
meios escolhidos e empregados pelo agente para atingir a (apresente, ao menos, três para cada modelo).
finalidade lícita é que são inadequados ou mal utilizados. [valor: 20,00 pontos]
Rogério Greco. Curso de direito penal – parte geral. p.
196 (com adaptações). TEMA 15: STM- ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
Considerando que o fragmento de texto acima tem JUDICIÁRIA
caráter unicamente motivador, redija um texto dis-
sertativo acerca dos crimes culposos. O comandante de determinado quartel instaurou
Seu texto deve conter, necessariamente, inquérito policial militar para apurar desvios de mate-
riais na seção do almoxarifado. No curso do procedimen-
to, o encarregado indiciou um tenente, um sargento, um
z 1. Os elementos do crime culposo e a descrição de pelo
cabo e um soldado, imputando-lhes a autoria dos fatos.
menos dois desses elementos; [valor: 12,00 pontos]
No indiciamento, os quatro constituíram o mesmo advo-
z 2. Os conceitos de culpa inconsciente, culpa consciente
gado para defende-los, o qual, de imediato, solicitou ao
e dolo eventual e suas diferenças; [valor: 12,00 pontos]
encarregado o acesso a todos os procedimentos realiza-
z 3. Os conceitos de culpa imprópria e tentativa. dos, tenham sido eles documentados ou não, para possi-
[valor: 14,00 pontos] bilitar a ampla defesa e o contraditório.
A respeito das informações descritas na situação
TEMA 13: TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO hipotética acima e com base no entendimento do
GRANDE DO SUL – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA Supremo Tribunal Federal e na legislação e doutrina
ADMINISTRATIVA pertinentes, redija um texto dissertativo acerca do
pedido do advogado.
A foto de Aylan Kurdi, o menino sírio de três anos Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os
de idade morto em uma praia da Turquia quando seguintes aspectos:
sua família tentava imigrar para a Europa, comoveu
o mundo todo. E serviu para vários países europeus z 1. Características do inquérito policial militar;
ampliarem sua quota de refugiados — não todos, [valor: 14,00 pontos]
naturalmente — e para a opinião pública internacio- z 2. Finalidade do inquérito policial militar e o cabi-
nal se conscientizar da magnitude do problema repre- mento de alegações de nulidades nesse procedi-
sentado pelas centenas de milhares, talvez milhões, mento; [valor: 12,00 pontos]
de famílias que fogem da África e do Oriente Médio z 3. Possibilidade de deferimento do pedido do advo-
para o mundo ocidental, onde, acreditam, encontra- gado. [valor: 12,00 pontos]
rão trabalho, segurança e uma vida digna e decente
que seus países não lhe oferecem. TEMA 16: TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL PIAUÍ
Considerando que o fragmento de texto acima tem – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA
caráter unicamente motivador, redija um texto dis- – 2016
sertativo acerca do seguinte tema.
Nas últimas décadas, a administração pública bra-
AS ATUAIS CORRENTES MIGRATÓRIAS: O sileira vem passando por algumas reformas, com vis-
DRAMA HUMANO QUE AFRONTA A CONSCIÊNCIA tas ao aprimoramento do serviço público prestado e à
UNIVERSAL modernização da gestão. Entre essas reformas, destaca-
-se o Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado
Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os (PDRAE), implantado no ano de 1995, sob a supervisão
seguintes aspectos: do então Ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, como
forma de aproximar a administração pública brasileira
z 1.Os fatores que levam milhares de pessoas a da chamada administração gerencial.
enfrentar a perigosa travessia do Mediterrâneo; A partir dessas informações, redija um texto dis-
[valor: 3,50 pontos] sertativo, atendendo ao que se pede a seguir.

z 2. O dilema moral vivido pela Europa entre rece- z 1. Discorra sobre os aspectos da administração
ber ou rejeitar os imigrantes; [valor: 3,00 pontos] pública e da prestação dos serviços públicos que
z 3. O papel da opinião pública internacional na culminaram na implantação do PDRAE. [valor:
sociedade contemporânea. [valor: 3,00 pontos] 2,50 pontos]
LÍNGUA PORTUGUESA

z 2. Aponte, no mínimo, três objetivos do PDRAE


TEMA 14: STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA enquanto reforma de estado. [valor: 3,00 pontos]
ADMINISTRATIVA z 3. Apresente, no mínimo, quatro características
da administração pública gerencial. [valor: 4,00
Na trajetória da administração pública brasileira, pontos]
destacam-se o modelo burocrático, associado ao poder
racional-legal, e o modelo gerencialista, representado TEMA 17: TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL PIAUÍ –
pela nova administração pública. Discorra sobre os ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA – 2016
seguintes tópicos, relacionados a esses dois modelos:
No Brasil, a legislação sobre compras públicas foi
z 1. Contextos em que esses modelos surgiram; inovada com a introdução da Lei n.º 12.462/2011, conhe-
[valor: 9,00 pontos] cida como Lei do Regime Diferenciado de Contratações 249
Públicas (RDC), que foi regulamentada pelo Decreto n.º
7.581/2011.
Considerando essas informações, redija um texto Sinais Gestos Sons Palavra Escrita
dissertativo sobre a introdução do RDC no ordena-
mento jurídico brasileiro, abordando, fundamentada-
mente, os seguintes aspectos: Cores Desenhos Palavra Falada

z 1. A motivação para sua criação; [valor: 2,00 pontos]


z 2. Exigências aplicáveis ao objeto da licitação;
[valor: 2,00 pontos]
Emissor Receptor
z 3. Objetivos expressos na Lei do RDC; [valor: 2,50 Canal (interlocutor,
(locutor,
pontos] Código leitor, ouvinte,
escritor, falan-
Mensagem etc.).
z 4. Diretrizes relativas às licitações e aos contratos te, etc.).
administrativos. [valor: 3,00 pontos]
Para entender melhor a relação da comunicação
TEMA 18: TJDF – 2015 com os signos linguísticos, pense nisso da seguinte
forma: alguém que não está familiarizado com o man-
Quando não havia um Estado organizado, a solução darim provavelmente não conseguiria ler um texto
dos conflitos se dava pela atuação dos próprios interes- escrito neste idioma, mas a partir do momento que o
sados: a força vencia a disputa. No entanto, com a con- leitor é capaz de reconhecer as letras deste alfabeto
solidação do Estado, atribuiu-se ao Poder Judiciário, e formar palavras, combinando cada um dos signos,
imparcial, a função de aplicar a lei na busca da paci- de modo a dar sentido à mensagem escrita, só então a
ficação social. Assim, a jurisdição garantiu ao Estado a comunicação é efetiva. O propósito de todo e qualquer
legitimidade para agir em nome do interesse público e, texto é expressar, por meio de símbolos linguísticos,
ao jurisdicionado, a segurança jurídica para prosperar. uma mensagem que será interpretada pelo leitor.
Redija um texto dissertativo acerca do clean code.
A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO
Seu texto deverá abordar, necessariamente,
A decodificação dos símbolos e signos, no entan-
z 1. A escolha de nomenclatura de variáveis, méto- to, não é o único fator responsável pela compreensão
dos e classes; [valor: 14,00 pontos] do texto. Além do fator linguístico, é necessário que o
z 2. A abrangência e parametrização de funções; interlocutor utilize seus conhecimentos históricos, cul-
[valor: 12,00 pontos] turais e sociais no momento da leitura. Estes fatores
também se aplicam para a produção textual. Chama-
z 3. A necessidade e tipos de comentários. [valor:
mos isso de contexto: o ambiente físico ou situacional
12,00 pontos] que envolve a mensagem e torna o texto um objeto de
recorte da realidade de quem escreve para quem lê.
TEXTO E CONTEXTO Para exemplificar a ideia do contexto como fator
chave para a interpretação textual, pode-se pensar
Um fator essencial para estudar os fundamentos da numa anedota, uma piada escrita. Mesmo que a pia-
Língua Portuguesa é entender a construção da comuni- da em questão seja escrita no seu idioma nativo, se
cação e a maneira como ela se manifesta em sociedade. o contexto envolve humor sobre algo regional do sul
A relação entre locutor (autor) e interlocutor de Minas ou do interior do Ceará, é provável que um
(leitor) em cada mensagem é o objeto principal de leitor que mora Rio de Janeiro ou em São Paulo não
estudo da comunicação, seja ela verbal ou não-verbal, compreenda a informação ali posta. Sendo assim, o
contexto é uma das ferramentas mais importantes
seja ela escrita, oral ou gestual.
para a totalidade da compreensão de um texto.
A comunicação escrita, por sua vez, é a forma docu-
mental da comunicação verbal. Dentro dela, algumas
terminologias devem ser bem definidas para o estudo
Dica
da língua, bem como os conceitos de texto e contexto. Questões que envolvem reflexões sobre texto e
contexto costumam estar “escondidas” em sim-
O QUE É O TEXTO ples questões de interpretação de texto.

Texto pode ser designado como uma manifestação


linguística de sentido, elaborado a partir de um conjun-
to de signos linguísticos de um determinado idioma que, EXERCÍCIO COMENTADO
quando combinados, expressam ideias e argumentos do
1. (FGR — 2019) Leia o texto a seguir: “Nascemos em
autor. Ou seja, uma junção de palavras que dão sentido
meio a um mundo de linguagem, aprendemos a lín-
à mensagem que o locutor pretende passar. gua em contato com as pessoas que nos cercam e já
É a partir da decodificação dos signos presentes estavam inseridas nessa linguagem. [...] Produzimos
no texto que o leitor consegue interpretar qualquer e lemos textos orais e escritos, nos comunicamos por
informação lá presente. Observe o esquema a seguir gestos, lemos imagens, interpretamos sons. [...] Para
250 sobre como funciona o fluxo da comunicação: evitar que cada falante use a língua à sua maneira, em
todo o mundo existem especialistas que registram,
TIPO TEXTUAL
estudam e sistematizam o que é a língua de um povo
em certo momento, o que dá origem à norma-padrão, Classifica-se conforme as marcas linguísticas apre-
uma espécie de lei que orienta o uso social da língua.” sentadas no texto. Também é chamado de sequência
textual.
(CEREJA, W. & MAGALHÃES, T. C. Gramática Reflexiva:
texto, semântica e interação. São Paulo: Atual, 2013, p. 29). GÊNERO TEXTUAL

Classifica-se conforme a função do texto, atribuída


Com base no que apontam os dois teóricos, é CORRE- socialmente.
TO afirmar que a linguagem formal deve ser necessa-
riamente empregada:
Uma última informação muito importante sobre
tipos textuais que devemos considerar é que nenhum
a) No WhatsApp do grupo da família.
texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor-
b) No bilhete para o colega de trabalho. re é a existência de predominância de algumas sequên-
c) No e-mail para os amigos. cias em detrimento de outras, de acordo com o texto.
d) No editorial de um jornal. Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a
diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo
No editorial de um jornal, um meio formal, empre- suas principais características e marcas linguísticas.
ga-se uma linguagem igualmente formal, seguindo
a norma-padrão da língua portuguesa. As demais CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
alternativas citam meios informais em que a lingua- PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
gem a ser usada é coloquial, ou seja, o contexto é
o cotidiano em que a norma culta da língua não é Narrativo
uma obrigatoriedade. Resposta: Letra D.
Os textos compostos predominantemente por se-
quências narrativas cumprem o objetivo de contar
O TEXTO NARRATIVO
uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão
O Enredo, o Tempo, o Espaço e o Narrador
de algumas estratégias, como a organização dos fatos
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão
Tipos ou sequências textuais são unidades que de um momento de tensão, chamado de clímax, e um
estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVAL- desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
CANTE, 2013), “são unidades estruturais, relativamente Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais vo pode ser caracterizado por sete aspectos, são eles:
marcam uma forma de organização da estrutura do
texto que se molda a depender do gênero discursivo e z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equi-
da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêne- líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
ros que apresentam a predominância de narrações – z Complicação: desenvolvimento da tensão apre-
contos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc sentada inicialmente;
z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que
–, outros predominam a argumentação – redação do
ampliam a tensão;
ENEM, teses, dissertações, artigo de opinião etc.
z Resolução: Momento de solução da tensão;
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, z Situação final: Retorno da situação equilibrada;
inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre
essa figura que demonstra como podemos identificar a resolução;
os tipos textuais e suas principais características, tendo z Moral: Apresentação de valores morais que a histó-
em vista que, cada sequência textual apresenta carac- ria possa ter apresentado.
terísticas próprias que, conforme mencionamos, pouco
ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu- Esses sete passos podem ser encontrados no seguin-
ra linguística quase rígida que nos permite classificar te exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...”
os tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descriti- Vamos ler e identificar essas características, bem
vo; Expositivo; Instrucional; Argumentativo). como aprender a identificar outros pontos do tipo tex-
tual narrativo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Gênero Textual
Era um garoto que como eu
1. Situação inicial:
Amava os Beatles e os Rolling Stones
predomínio de
Girava o mundo sempre a cantar
equilíbrio;
As coisas lindas da América
Frases Tipo Textual Texto Não era belo, mas mesmo assim
Havia uma garota afim
Cantava Help and Ticket to Ride
A partir desse esquema, podemos identificar que a Oh Lady Jane, Yesterday
2. Complicação:
Cantava viva à liberdade
orientação gramatical mantida pelas frases apresen- início da tensão
Mas uma carta sem esperar
tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual Da sua guitarra, o separou
predominante que o texto deve manter, organizado Fora chamado na América
pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence. Stop! Com Rolling Stones 251
Stop! Com Beatles songs z Narrador onisciente: Os fatos podem ser conta-
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax; dos em 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece
Lutar com vietcongs
os fatos e não participa das ações, porém o flu-
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução; xo de consciência do narrador pode ser exposto,
Girava o mundo, mas acabou levando o texto para a 1ª pessoa.
Fazendo a guerra no Vietnã
Cabelos longos não usa mais Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
Não toca a sua guitarra e sim predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
Um instrumento que sempre dá
6. Situação final; rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir-
A mesma nota,
7. Avaliação; mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas narrativos, não significa que não possam apresentar
Só gente morta caindo ao chão
outras sequências em sua composição.
Ao seu país não voltará
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
Pois está morto no Vietnã
Stop! Com Rolling Stones classificação correta, é sempre essencial prestar aten-
Stop! Com Beatles songs ção nas marcas que predominam no texto.
8. Moral.
Stop! Com Beatles songs Após demarcarmos as principais características do
No peito, um coração não há
Mas duas medalhas sim
tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
cas mais importantes da sequência textual classifica-
Fonte: google.com/letrasdemusica. Acessado em: 05/09/2020.
da como descritiva.

Essas sete marcas que definem o tipo textual nar-


A Técnica da Descrição
rativo podem ser resumidas em marcas de organiza-
ção linguística que são caracterizadas por: Presença O tipo textual descritivo é marcado pelas formas
de marcadores temporais e espaciais; verbos, pre-
nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
dominantemente, utilizados no passado; presença
zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequên-
de narrador e personagens.
cia descritiva como suporte para um propósito maior.
São exemplos de textos cujo tipo textual predominan-
te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
Importante! classificados, lista de compras etc. Veja um trecho da
Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
Os gêneros textuais que são, predominantemen-
sões a respeito de alguns aspectos do território que
te, narrativos, apresentam outras tipologias tex- viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.
tuais em sua composição, tendo em vista que
nenhum texto é composto exclusivamente por Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e
uma sequência textual. Por isso, devemos sem- quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
pre identificar as marcas linguísticas que são pre- que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
dominantes em um texto, a fim de classificá-lo. entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que
assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava
uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a náde-
Para sua compreensão, também é preciso saber o ga, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto
que são marcadores temporais e espaciais. da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos
São formas linguísticas como advérbios, prono- com as curvas assim tintas, e também os colos dos
mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocên-
físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais nar- cia assim descobertas, que não havia nisso desver-
rativos, esses elementos são essenciais para marcar o gonha nenhuma.
equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem
a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais (https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha)
e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento,
aqui, ali, então... Note que apesar da presença pontual da sequência
Um outro indicador do texto narrativo é a pre- narrativa, há predominância da descrição do cenário
sença do narrador da história. Por isso, é importante e dos personagens, evidenciada pela presença de adje-
aprendermos a identificar os principais tipos de nar- tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco-
rador de um texto: bertas etc). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie
de relato descritivo para manter a comunicação entre
z Narrador: também conhecido como foco narrati- a Corte Portuguesa e os navegadores. Todavia, con-
vo é o responsável por contar os fatos que com- siderando as emergências comunicativas do mundo
põem o texto. moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e,
z Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª aos poucos, substituído por outros gêneros como, por
pessoa. O narrador participa dos fatos. exemplo, o e-mail.
z Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª A sequência descritiva também pode se apresentar
pessoa. O narrador tem propriedade dos fatos con- de forma esquemática em alguns gêneros, como pode-
252 tados, porém não participa das ações. mos ver no cardápio abaixo:
Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-
pai-a-vender-na-web.ghtml

Note que há presença de muitos adjetivos, locuções e substantivos que buscam levar o leitor a imaginar o
objeto descrito. O gênero acima apresenta a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne etc) com uso de
adjetivos ou locuções adjetivas (de queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele está organizado de forma
esquematizada em seções (salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira que facilita a leitura (o pedido, no
caso) do cliente.
Organização do texto descritivo:
LÍNGUA PORTUGUESA

253
O Texto Argumentativo

O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais


complexo e, por vezes, pode apresentar um maior grau
de dificuldade na identificação, bem como em sua aná-
lise. O texto argumentativo tem por objetivo a defe-
sa de um ponto de vista, portanto, envolve a defesa
de uma tese e a apresentação de argumentos que
visam sustentar essa tese.
Um exemplo típico desse tipo de texto argumen-
tativo são as redações do ENEM. Nesse tipo de texto,
a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser
defendido pelo autor de maneira contextualizada. No
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto
de vista, como dados estatísticos, definições, exempli-
ficações, alusões históricas e filosóficas, referências
a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o
autor conclui ratificando seu ponto de vista e apresen-
ta possíveis soluções para o problema em questão.
Outro aspecto importante dos textos argumentati-
vos é que eles são compostos por estruturas linguísti-
cas conhecidas como operadores argumentativos, que
organizam as orações subordinadas, estruturas mais
comuns nesse tipo textual.
A seguir, apresentamos um quadro sintético com
algumas estruturas linguísticas que funcionam como
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-
operadores argumentativos e que facilitam a escrita e mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua/2016
a leitura de textos argumentativos:
O infográfico acima apresenta as informações per-
OPERADORES ARGUMENTATIVOS tinentes sobre o panorama mundial da situação da
É incontestável que... água no ano de 2016. O gênero foi construído com o
Tal atitude é louvável, repudiável, notável... objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
É mister, é fundamental, é essencial... tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
gir esse objetivo.
Essas estruturas utilizadas adequadamente no Assim como os tipos textuais apresentados ante-
texto argumentativo expõem a opinião do autor, aju- riormente, os textos expositivos também apresentam
dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a uma estrutura que mistura elementos tipológicos de
estrutura argumentativa desse tipo textual. outras sequências textuais, tendo em vista que, para
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
Importante! podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
argumentativos, uma vez que existem textos argu-
O tipo textual argumentativo não pode ser
mentativos que são classificados como expositivos,
confundido com o gênero textual dissertativo- pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
-argumentativo. Esse gênero é composto por argumentação.
sequências argumentativas, mas também há Outra importante diferença entre a sequência
a apresentação, dissertação de ideias, a fim de expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
alcançar a persuasão do ouvinte/leitor. O Exame opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
Nacional do Ensino Médio – ENEM é um certame para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
que cobra esse gênero em sua prova de redação.
sobre uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
O Tema e a Impessoalidade rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:
A impessoalidade é uma característica do texto
z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-
expositivo, o qual visa apresentar fatos e ideias a fim
sença de verbos de estado;
de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
textual, é muito comum a presença de dados, informa- organizam a informação;
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
para embasar o assunto do qual o texto trata. Para lus- z Presença de figuras de linguagem como Metáfora
254 trar essa explicação, veja o exemplo a seguir: e Comparação;
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao serem cumpridos para a realização correta da tare-
final do texto. fa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais
didática.
Os textos expositivos são comuns em gêneros cien- É importante lembrar que a principal marca
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi- linguística dessa tipologia é a presença de verbos
dade nos leitores, como o exemplo a seguir: conjugados no modo imperativo e em sua forma infi-
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar
VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO- persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio-
NARAM O MUNDO nadas pelo gênero.
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43 Agora que já conhecemos os cinco principais tipos
textuais, vamos exercitar nossos conhecimentos com
Hedy Lamarr - conexão wireless as seguintes questões de concurso:

Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy”


(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia EXERCÍCIOS COMENTADOS
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên- 1. (COMPERVE – 2017) A questão refere-se ao texto
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini- abaixo.
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde,
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o Há vida fora da Terra?
Wi-Fi e o Bluetooth.
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.
1º Em 15 de agosto de 1977, um radiotelescópio do
Instituto Seti (“Busca por Inteligência Extraterrestre”,
na sigla em inglês), nos EUA, captou uma mensagem
Instrucional ou Injuntivo
estranha. Foi um sinal de rádio que durou apenas 72
segundos, só que muito mais intenso que os ruídos
O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-
comuns vindos do Cosmo. Ao analisar as impressões
zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
em papel feitas pelo aparelho, o cientista Jerry Ehman
CANTE, 2013, p.73) que busca convencer o leitor a
tomou um susto. O sistema captara um sinal 30 vezes
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante
mais forte que o normal. Seria alguma civilização ten-
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na inter-
tando fazer contato? Ehman ficou tão impressionado
net, horóscopos e também nos manuais de instrução.
que circulou os dados do computador e escreveu ao
A principal marca linguística dessa tipologia é a
lado: “Wow!”. O caso ficou conhecido como Wow sig-
presença de verbos conjugados no modo imperati-
nal (sinal “uau”!), e até hoje é o episódio mais mar-
vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve
cante na busca por inteligência extraterrestre. O Seti
ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e
e outras instituições tentaram detectar o sinal várias
levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
vezes depois, mas ele nunca foi encontrado.
Para que possamos identificar corretamente essa
2º Mesmo assim, hoje, muitos cientistas acreditam
tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne- que o contato com extraterrestres é mera questão
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o de tempo. “Numa escala de 1 (pouco provável) a 10
exemplo a seguir: (muito provável), eu diria que nossa chance de fazer
contato com ETs em meados deste século é 8”, acre-
Como faço para criar uma conta do Instagram? dita o físico Michio Kaku, da City College de Nova York.
Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo: Esse otimismo tem justificativa. “Pelo menos 25% das
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone) estrelas têm planetas. E, dessas estrelas, pelo menos
ou Google Play Store (Android). a metade tem planetas semelhantes à Terra”, explica
2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone o físico Marcelo Gleiser. Isso significa que, na nossa
para abri-lo. galáxia, podem existir até 10 bilhões de planetas pare-
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de cidos com o nosso. Uma quantidade imensa. Ou seja:
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira pela lei das probabilidades, é muito possível que haja
seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi- civilizações alienígenas. O satélite Kepler, da Nasa, já
rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam- catalogou 2740 planetas parecidos com a Terra, onde
bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se água líquida e vida talvez possam existir. Um dos mais
cadastrar com sua conta do Facebook. “próximos” é o Kepler 42d, a 126 anos -luz do Sol (um
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te- ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros).
LÍNGUA PORTUGUESA

lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha 3º Kaku acredita que, para civilizações muito avan-
as informações do perfil e toque em Avançar. Se você çadas, essa distância não seria um problema – pois
se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na elas poderiam manipular o espaço-tempo e utilizar
conta do Facebook, caso tenha saído dela. portais no Cosmos, como nos filmes de ficção cientí-
Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em: fica. Ok, mas então por que até hoje esse pessoal não
07/09/2020. veio aqui? “Se são mesmo tão avançados, talvez não
estejam interessados em nós”, opina Kaku. “É como a
No exemplo acima, podemos destacar a presença gente ir a um formigueiro e dizer às formigas: ‘Levem-
de verbos conjugados no modo imperativo, como: bai- -nos a seu líder!’.” Para outros cientistas, contudo, a
xe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, existência de civilizações avançadas é mera especula-
como: instalar, cadastrar, avançar. Outra característi- ção. E explicar por que elas não colonizaram a Terra já
ca dos textos injuntivos é a enumeração de passos a é querer dar uma de psicólogo de aliens. 255
4º Tudo bem que existem bilhões de terras por aí. E 2. (FUNDEP – 2019)
que a probabilidade de existir vida lá fora é muito gran-
de. Mas não significa que seja vida inteligente. “Você Circuito Fechado
pode ter um planeta cheio de vida, mas formada por Ricardo Ramos
amebas e outros seres unicelulares”, acredita Glei-
ser. Afinal, com a Terra foi assim. A vida aqui existe Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Esco-
há cerca de 3,5 bilhões de anos. Mas durante quase va, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pin-
todo esse tempo (3 bilhões de anos), só havia seres cel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria,
unicelulares: as cianobactérias, também chamadas de água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca,
algas verdes e azuis. camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata,
paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves,
5º Além disso, não basta o tempo passar para que as
lenço. Relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos, jor-
formas de vida se tornem complexas e inteligentes. A nal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres,
função essencial da vida é se adaptar bem ao ambiente guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo.
onde ela está. A vida só muda – na esteira de alguma Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone,
mutação genética – se uma mudança ambiental exigir agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas,
que ela mude. Assim, se o ambiente não mudar e a vida espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso
estiver bem adaptada, as mutações genéticas que, em com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bande-
geral, aparecem ao longo de gerações não vão fazer ja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone,
diferença. Tudo depende da história de cada planeta. Se relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos,
o asteroide que matou os dinossauros há 65 milhões de bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cin-
zeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro,
anos não tivesse caído aqui na Terra, e os dinossauros
fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes,
não tivessem sido extintos, não estaríamos aqui.
xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadronegro, giz,
6º “Não temos nenhuma prova ou argumento forte papel. Mictório, pia. Água. Táxi, mesa, toalha, cadeiras,
sobre a existência de vida inteligente fora da Terra”, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara.
diz Gleiser. “Existe vida? Certamente. Mas como não Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de den-
entendemos bem como a evolução varia de planeta tes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone,
para planeta, é muito difícil prever ou responder se revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone inter-
existe ou não vida inteligente fora daqui”, completa. no, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel,
“Se existe, a vida inteligente fora da Terra é muito rara.” relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta,
Decepcionante. telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xíca-
7º Mas antes de lamentar a solidão da humanidade ra, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço
de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Pol-
no Cosmos, saiba que ela pode ser uma boa notícia.
trona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos,
Porque, se aliens inteligentes realmente existirem, não
talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fós-
serão necessariamente bondosos. “Se eles algum dia foro. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltro-
nos visitarem, acho que o resultado será o mesmo que na. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos,
quando Cristóvão Colombo chegou à América. Não foi meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos.
bom para os índios nativos”, afirmou, certa vez, o físi- Coberta, cama, travesseiro.
co Stephen Hawking.
Disponível em: <https://tinyurl.com/y4e7n4u7>. Acesso em: 17 jul.
Disponível em:> http://super.abril.com.br/ciencia/ha-vida-fora-da- 2019.
terra-2/>. Acesso em: 7 jul. 2017. [Adaptado]
A respeito da tipologia desse texto, é correto afirmar
No primeiro e no segundo parágrafos, predominam, que ele é:
respectivamente:
a) dissertativo-argumentativo.
b) dissertativo-expositivo.
a) Narração e descrição.
c) descritivo.
b) Narração e explicação. d) narrativo.
c) Explicação e descrição.
d) Explicação e injunção. O texto descritivo é caracterizado pela forte presen-
ça de adjetivos, conforme o texto em debate. Respos-
No primeiro parágrafo, há a narração de uma his- ta: Letra C.
tória sobre um contato de possíveis extraterrestres
com a Terra, para contar essa história, o autor 3. (UFPR – 2017) O texto a seguir é referência para a
utilizou muitos verbos no passado, predominando questão.
trechos como este: “o cientista Jerry Ehman tomou Desmarcar o encontro com o contatinho, cancelar
um susto”. Já o segundo parágrafo, apresenta a pre- uma reunião de negócios ou sair mais cedo de um ani-
versário: suspender compromissos leva a sensação
dominância de informações que visam a explicar o
de liberdade.
fenômeno narrado anteriormente, o que fica claro
Amy Banks, neurobiologista, terapeuta especializada
por trechos assim: “Esse otimismo tem justificati- em relacionamentos e autora do livro Wired to Con-
va. ‘Pelo menos 25% das estrelas têm planetas. E, nect (sem edição no Brasil), afirma que a explicação
dessas estrelas, pelo menos a metade tem planetas para isso é simples. Algumas pessoas possuem a pro-
semelhantes à Terra’, explica o físico Marcelo Glei- gramação tão cheia que eliminar uma atividade é uma
256 ser”. Resposta: Letra B. forma de conseguir uma folga para si.
A pesquisadora afirma que as pessoas subestimam Confira o modelo a seguir:
o quanto conseguem dar conta das coisas. Por isso,
cancelar um compromisso é prazeroso, já que o tem-
po livre é realmente necessário. Brasília, 30 de julho de 2009.
Além disso, a satisfação pode estar relacionada com o
Excelentíssimo Senhor Presidente José Sarney,
que você pensa da outra pessoa. As relações em que
não existem sentimentos mútuos e encontrar essas Com as minhas considerações, venho tratar de
pessoas pode ser estressante. Então, sentimos alívio um assunto bastante recorrente na mídia nos últi-
ao cancelar o compromisso. mos meses, o qual envolve diretamente V. Exa., como
Presidente do Senado Federal, Casa pela qual tenho
(Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/
o maior respeito. Trata-se de denúncias de favoreci-
noticia/2017/11/voce-se-sente-bem-ao-cancelar-um-compromisso-
mento a vários senadores, por via de Atos Secretos,
ciencia-explica.html>.Acesso em: 08/09/2020.
inclusive o Senhor, fato que envergonha a todos nós,
brasileiros.
Sobre o texto acima, considere as seguintes afirmativas: A minha visão é de que o Senhor Presidente deve-
ria pedir afastamento do cargo.
1. Trata-se de um texto narrativo, porque conta como se Sem querer fazer um julgamento precipitado,
desenvolveu determinada pesquisa. mesmo porque todos são inocentes até que se pro-
2. Os termos usados para se referir a Amy Banks durante ve o contrário, o fato é que as denúncias existem e
não são simples. São muitos os indícios de beneficia-
todo o texto foram: neurobiologista, terapeuta, pesqui-
mento ilícito, como casos de nepotismo e aumento
sadora e autora. de verba indenizatória, sem publicação nos devidos
3. Segundo a autora da pesquisa, as pessoas acham órgãos de imprensa oficiais. Vossa Excelência apare-
que não têm capacidade de cumprir todos os seus ce ligado a diversos desses Atos e, por isso, acho que
compromissos, razão pela qual se sentem bem ao sair, pelo menos temporariamente, seria uma prova
de que pretende colaborar com as investigações.
cancelá-los.
Tais investigações constituem um elemento
4. Os parênteses foram utilizados para inserir opinião do decisivo para a transparência pública, uma vez
autor. que a sociedade precisa ter conhecimento de como
o dinheiro de seus impostos e tributos estão sendo
a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. aplicados. Num país em que a educação e saúde, só
b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. para citarmos duas áreas, costumeiramente vão de
mal a pior, é inadmissível aceitarmos que ocorrên-
c) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
cias dessa natureza sejam consideradas normais.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. Por esse motivo, entendo que o Excelentíssimo Sena-
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. dor deve pedir licença, visando sempre ao interesse
público.
Afirmação 1- falsa, o texto não apresenta elementos Como cidadão brasileiro, consciente de minhas
linguísticos que fundamentam a tipologia narrativa. obrigações e direitos, é este o meu posicionamen-
to. Se quem não deve não teme, dê-se a chance de
Afirmação 2 – verdadeira, durante o texto, o autor
esclarecer o que o Senhor mesmo chama de denún-
utilizou recursos de sinonímia para manter a coe- cias infundadas, e isso só pode ser feito a partir do
são e o tópico frasal do texto, diversificando o voca- momento em que não mais ocupar a Presidência
bulário sem deixar o texto repetitivo. dessa Egrégia Casa, pois a sua imagem estará des-
Afirmação 3 – verdadeira, realmente o texto afirma que vinculada de toda e qualquer “manobra” que por-
ventura exista para não prolongar o caso.
as pessoas sentem prazer em desmarcar compromissos.
Afirmação 4 – falsa, os parênteses foram utilizados
Com os meus respeitos.
fora do texto para identificar a referência de onde o
texto foi retirado. Resposta: Letra B. Povo Consciente.

A CARTA ARGUMENTATIVA Disponível em: <http://centraldasletras.blogspot.com/2009/08/


modelo-de-carta-argumentativa.html>. Acesso em 28 jan. 2021.

As cartas argumentativas são textos que preten-


LÍNGUA PORTUGUESA

dem advogar pelo ponto de vista de quem escreve A CRÔNICA ARGUMENTATIVA


e convencer quem está lendo. São formadas pelas
Características
seguintes partes: data, vocativo, corpo do texto, des-
pedida e assinatura.
A partir da observação dos fatos do dia a dia, o escri-
O corpo do texto possui três elementos: a ideia
tor formula o texto que, geralmente, é curto, crítico e/
principal do escritor, o desenvolvimento dos argu-
mentos e a conclusão da ideia. ou bem-humorado. Os canais de comunicação utili-
A linguagem utilizada deve ser objetiva, com cla- zam-na em abundância, em especial, revistas e jornais.
reza e formalidade. Usualmente, aparecem verbos no Juntando-se aspectos dos textos argumentativos
presente do indicativo (as vezes, no imperativo), pre- e das crônicas, tem-se a crônica argumentativa, que
dominantemente na 1ª ou 3ª pessoa. pode ser narrativa, dissertativa ou descritiva. 257
Observe, a seguir, alguns pontos principais sobre „ Escolha de expressão ou palavra que não confi-
essa categoria de texto: ra duplo sentido ao texto.

z Pressupõe um título; O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO


z Traz temas do dia a dia, escritos em primeira pes-
soa, com criatividade e subjetividade; Neste tipo dissertativo, as ideias são organiza-
z A linguagem é dinâmica e concisa, por isso, os tex- das no sentido de convencer o leitor. Os argumentos
tos tendem a serem curtos e coloquiais, com tom (enunciados) atribuem ao objeto ou fenômeno de que
contemporâneo; se fala, qualidades, informações, depoimentos, cita-
z Como une o jornalismo e a literatura, possui argu- ções, fatos, evidências e dados estatístico, entre outros
mentação e convencimento e também narração; recursos, procurando defender o ponto de vista do
z O espaço e o tempo são limitados, assim como o autor. Veja um exemplo de um trecho de texto disser-
número de personagens. tativo-argumentativo, retirado da obra Textos Disser-
tativo-Argumentativos, do Inep:
A ARGUMENTAÇÃO E A PERSUASÃO
Impossível desconhecer que Nelson Rodrigues é o
maior dramaturgo brasileiro de todos os tempos. Foi
Na Argumentação de uma tese, a persuasão preci-
revolucionário, renovador e ousado em relação ao
sa vir acompanhada de clareza e precisão. teatro tradicional. Suas dezessete peças são sucessiva-
mente reeditadas. Sua obra é frequentemente encena-
Clareza da na atualidade. Seus textos são os mais estudados
nos cursos de Letras.
A clareza deve ser a qualidade básica de todo tex-
to oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que Observe que agora, o autor busca formar a opinião
possibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se do leitor, buscando convencê-lo.
concebe que um documento oficial ou um ato nor-
mativo de qualquer natureza seja redigido de forma
obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreen- Importante!
são. A transparência é requisito do próprio Estado
Existem dois tipos de textos dissertativos: o
de Direito: é inaceitável que um texto oficial ou um
expositivo e o argumentativo. No texto dissertati-
ato normativo não seja entendido pelos cidadãos. O
vo-expositivo, o autor apresenta as informações
princípio constitucional da publicidade não se esgota
sem a necessidade de convencer o leitor de algo
na mera publicação do texto, estendendo-se, ainda, à
necessidade de que o texto seja claro.
(ou seja, faz uma exposição e não um debate).
Para a obtenção de clareza, sugere-se: Já no tipo dissertativo-argumentativo, o escritor
faz uma reflexão sobre determinado tema para
„ Utilizar palavras e expressões simples, em seu defender o seu ponto de vista e, portanto, busca
sentido comum, salvo quando o texto versar convencer o leitor
sobre assunto técnico, hipótese em que se utili-
zará nomenclatura própria da área; A CONSISTÊNCIA DOS ARGUMENTOS E A
„ Usar frases curtas, bem estruturadas; apresen- CONTRA-ARGUMENTAÇÃO
tar as orações na ordem direta e evitar inter-
calações excessivas. Em certas ocasiões, para Os parágrafos intermediários de um texto disser-
evitar ambiguidade, sugere-se a adoção da tativo-argumentativo devem ser destinados à defesa
ordem inversa da oração; da tese mediante argumentos (provas ou fundamen-
„ Buscar a uniformidade do tempo verbal em tos que confirmam o ponto de vista do autor).
todo o texto; São nesses parágrafos que o autor vai argumen-
„ Não utilizar regionalismos e neologismos; tar, ou seja, apresentar ideias, razões, provas que
„ Pontuar adequadamente o texto; sejam relevantes ao ponto de conseguir convencer o
„ Explicitar o significado da sigla na primeira leitor sobre um ponto de vista.
referência a ela; e O principal aqui é apresentar uma ideia e,
„ Utilizar palavras e expressões em outro idioma em seguida, apresentar um raciocínio capaz de
apenas quando indispensáveis, em razão de comprová-la.
serem designações ou expressões de uso já con- A argumentação deve ser feita com argumentos
sagrado ou de não terem exata tradução. fortes, tais como:

z Provas concretas: argumentos baseados em dados


Precisão
ou fatos sobre o tema;
z Fatos similares ou relacionados ao tema: argumen-
O atributo da precisão complementa a clareza e tos baseados em exemplos;
caracteriza-se por: z Citação de especialistas no tema: argumento de
autoridade; e
„ Articulação da linguagem comum ou técnica z Lógicos: causa e consequência, por exemplo.
para a perfeita compreensão da ideia veiculada
no texto; Por outro lado, devem ser evitados argumentos
„ Manifestação do pensamento ou da ideia com as fracos, tais como os argumentos de senso comum,
mesmas palavras, evitando o emprego de sinoní- os quais, embora válidos, são rasos e, portanto, facil-
258 mia com propósito meramente estilístico; e mente refutáveis. O uso de argumentos gerais (que
qualquer um conhece) evidencia pouco conhecimen-
to do tema, falta de opinião própria e baixo poder de HORA DE PRATICAR!
argumentação.
Além disso, a fim de dar força ao discurso persua- 1. (DECEX — 2018) Assinale a alternativa correta em que
sivo, devem ser utilizados os chamados operadores todas as palavras estejam escritas de acordo com as
e conectivos argumentativos (também chamados de regras ortográficas estabelecidas.
marcadores de discurso). Os operadores argumenta-
tivos tem a função de introduzir argumentos que a) A privação de sono causa rearranjos no circuito neural,
convençam, ou seja, orientam o leitor a determinada o que toma as pessoas mais sujeitas a perturbações
conclusão. Dominar a técnica e saber o momento de mentais.
usar esses elementos é um requisito imprescindível b) Não a dúvida de que as pessoas precisam dormi
no momento de fazer valer pontos de vista e opiniões c) A qualidade do descanso estar assossiada a várias
e para defender teses e articular argumentos. disfunções físicas e pisíquicas, desde problemas no
sistema imunológico, déficits cognitivos, até o des-
O PARÁGRAFO controle do peso.
d) As primeiras imagens eram fotos de sextas de vime
Esse Assunto já foi abordado anteriormente, no vazias sobre uma mesa; depois, de uma tarãntula sobre
tópico “Teoria das Máscaras” o ombro de uma pessoa e, finalmente, fotos de vítimas
de queimaduras e outros acidentes traumatizantes.
A INFORMATIVIDADE E O SENSO COMUM e) A conecção inibidora piora quando as pessoas sofrem
privação de sono.
Os textos podem ser entendidos como eventos
nos quais elementos sociocomunicativos, históricos 2. (DECEX — 2019)
e culturais trabalham para construir sentidos. Assim,
segundo Costa Val (1991), a linguagem é um lugar de Quando o cérebro começa a falhar
interação humana, por meio da qual o falante produz
ações significantes. O cérebro humano é fascinante. Ele nos permite pen-
Nesse sentido, um dos critérios atribuídos ao texto sar, imaginar, agir, falar, coordenar nossos movimen-
é a informatividade, que é a capacidade de um texto tos, armazenar informações e muito mais. Assim,
transmitir informações novas e relevantes para quem doenças que atinjam o cérebro podem limitar conside-
está lendo. Ela é prejudicada quando a informação ravelmente a capacidade de manifestarmos a nossa
repassada pelo texto recaí no senso comum, ou seja, no forma humana.
conhecimento notório de qualquer agente social. Nesse
As chamadas doenças neurodegenerativas constituem
caso, o texto torna-se um amontoado de informações
um grupo de enfermidades que, em sua maioria, sur-
óbvias que só servem para “enrolar” o interlocutor.
gem com o envelhecimento. Geralmente, são associa-
Exemplos de informações de senso comum que
das à demência, cujo exemplo mais comum é a doença
devem ser evitadas no texto:
de Alzheimer. Com o aumento da expectativa de vida
“O homem depende do ambiente para viver”.
das pessoas, é natural e necessário que a ciência se
“A mulher de hoje ocupa papel social diferente da
preocupe em entender como essas doenças se desen-
mulher do século XIX”.
volvem e identificar potenciais formas de tratá-las.
Essas informações são fatos já comprovados histo-
ricamente que não apresentam grau de informativi- Você certamente conhece alguém ou alguma história
dade forte. de uma pessoa acometida por uma doença neurode-
generativa. Deve ter conhecimento também sobre o
sofrimento causado aos pacientes e seus familiares.
Existem dezenas dessas doenças, que têm em comum
FORMAS DE DESENVOLVIMENTO DO uma progressiva degeneração das funções cerebrais,
TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO, que invariavelmente levam a inabilidades físicas(c),
A INTRODUÇÃO E A CONCLUSÃO demência(c) e, na maioria dos casos, à morte.
Mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo
O referido assunto já foi abordado em “Redação sofrem com a doença de Alzheimer (DA), a principal
Gênero Textual, Textualidade e Estilo” forma de demência conhecida. Esse número(c) tende
a crescer à medida que a longevidade da população
mundial aumenta e que hábitos(d) de vida nada sau-
dáveis(d) são adotados. Apesar disso, a DA ainda não
ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS dispõe de nenhuma forma de diagnóstico precoce — o
LÍNGUA PORTUGUESA

NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA que prejudica o início(d) do acompanhamento médico


PORTUGUESA PELO ACORDO e de possíveis intervenções experimentais — e, infe-
lizmente, ainda não tem cura. Isso não quer dizer, no
ORTOGRÁFICO entanto, que a ciência nesse campo esteja parada.
Muito se descobriu nas últimas três décadas.
Todos os conteúdos referentes à Língua Portuguesa
Uma pergunta frequente que muitos se fazem ao
foram elaborados respeitando as alterações introduzi-
envelhecer é se estariam desenvolvendo DA e ainda
das pelo Novo Acordo Ortográfico. Elas são facilmente
não sabem. Por isso, vários grupos de pesquisa têm
identificadas nos assuntos anteriores, sobretudo nos
buscado sinais capazes de prever o Alzheimer muito
tópicos de Morfologia, que dizem respeito à “Estrutu-
antes que a doença se estabeleça. Mas não há moti-
ra e Formação das Palavras” e “Classes Gramaticais”.
vo de preocupação se você é jovem ainda: o apareci-
mento da DA só é comum a partir dos 65 anos, e o 259
esquecimento ocasional de algo pode ser apenas cir- Contudo, vários resultados também sugerem que
cunstancial. Porém, se os problemas de memória afe- estamos progredindo em entender e tratar melhor as
tam a sua qualidade de vida, aí sim é o momento de se doenças neurodegenerativas. Por exemplo, um novo
consultar com um neurologista. composto se mostrou eficaz em reduzir os níveis de
As causas específicas da DA ainda não são totalmen- um marcador da doença de Huntington. No caso de
te estabelecidas. Uma explicação bem aceita para o pacientes com Parkinson, terapias ainda em avalia-
desenvolvimento da DA consiste no acúmulo substan- ção sugerem que a estimulação elétrica controlada de
cial do peptídeo(a) beta-amiloide (Aβ) no cérebro(a) algumas regiões do cérebro dos pacientes pode dimi-
de pacientes, o que prejudica o funcionamento dos nuir os sintomas de tremores e de falta de coordena-
neurônios e de outras células cerebrais, danificando ção motora.
a memória. A ação do Aβ também pode gerar outros Ainda não dispomos de uma medicação que inter-
eventos tóxicos(a) para o cérebro que levam a outros rompa ou reverta o quadro neurodegenerativo de
sintomas da doença, como ansiedade, depressão e pacientes com DA ou outras formas de demência.
apatia. Além disso, a progressão do Alzheimer leva a Isso certamente causa uma aflição nos familiares dos
novos sintomas, como distúrbios de sono, agitação e pacientes ao verem aquele quadro evoluir sem que
dificuldades motoras. muito possa ser feito. No entanto, é bastante impor-
Como não existe detecção da DA antes do surgimen- tante que a qualidade de vida dos pacientes seja pre-
to dos sintomas, os níveis(b) aumentados de Aβ só servada na medida do possível.
haviam sido observados em pacientes que já apre- Uma informação interessante é que a musicoterapia
sentavam perda de memória(b). Avanços importantes – exposição controlada e estímulo dos pacientes a
têm sido alcançados recentemente com o desenvolvi- músicas que lhe são prazerosas – tem claros efeitos
mento de técnicas(b) que permitem detectar peque- positivos em sintomas de agitação, confusão mental
nas variações nos níveis de Aβ no líquor(e) (fluido e bem-estar geral. A música ativa circuitos cerebrais
que banha nosso cérebro e nossa medula espinhal) e bastante complexos relacionados às emoções e pode,
no sangue em pacientes com risco de desenvolver a
de fato, fazer bem.
doença. Esses testes ainda não estão disponíveis em
hospitais, mas a perspectiva é que eles estejam aces- Por fim, há de se ressaltar o cuidado que se deve ter
síveis dentro de uma década. com falsas promessas de reversão ou cura da DA ou
de outras condições neurodegenerativas. Terapias
Essas observações também indicam que marcadores
milagrosas com pílulas ou cirurgias, mesmo que apli-
cerebrais e bioquímicos da DA poderiam ser identifi-
cadas por médicos, ainda não têm validade clínica e
cados décadas antes do aparecimento dos sintomas
não há comprovação científica alguma de que funcio-
clínicos. Isso gera a perspectiva de que potenciais
nam. A comprovação científica é realmente necessá-
intervenções profiláticas(e) e/ou terapêuticas(e) pos-
ria para mostrar que os medicamentos têm a ação
sam ser empregadas em pacientes que apresentam
esperada e que não prejudicam mais ainda o já debili-
indicativos bioquímicos ou moleculares de DA antes
do estabelecimento clínico da doença. A identificação tado paciente.
sistemática desses marcadores poderá contribuir não Ainda há muitos mares a serem navegados na com-
apenas para o entendimento da progressão, mas tam- preensão das doenças neurodegenerativas, mas o
bém para o desenvolvimento de terapias eficientes no público em geral pode nos ajudar dando seu suporte e
futuro. apoiando, sempre que possível, iniciativas de pesqui-
A DA é uma doença progressiva que afeta primaria- sa nessa área.
mente algumas regiões do cérebro, como o hipocam-
(Mychael V. Lourenço. Instituto de Bioquímica Médica, Universidade
po. O hipocampo é fortemente associado à formação
Federal do Rio de Janeiro. Matéria publicada em 10/6/19. Disponível
e manutenção de memórias no cérebro, e seu funcio- em: cienciahoje.org.br)
namento alterado parece, portanto, levar à perda de
memórias em pacientes com Alzheimer. No entanto, Assinale a alternativa em que o conjunto das palavras
há um rápido acometimento de outras regiões do cére- seja acentuado seguindo a mesma regra.
bro, incluindo os córtices pré-frontal e temporal, o que
ajuda a explicar os sintomas clínicos da doença.
a) peptídeo – cérebro – tóxicos
(...) b) níveis – memória – técnicas
Muitos testes clínicos têm sido feitos em pacientes de c) físicas – demência – número
diferentes condições neurodegenerativas. Esses estu- d) hábitos – saudáveis – início
dos têm se concentrado em duas estratégias: o desen- e) líquor – profiláticas – terapêuticas
volvimento de novas drogas com alvos específicos e
o emprego de medicamentos já aprovados para tratar 3. (DECEX — 2019)
outras doenças. Infelizmente, muitos dos fármacos
testados em pacientes têm apresentado resultados Os primeiros passos
negativos, mas há boas razões para se animar e ter
esperança. Aconteceu como vou contar. Parece fato pequeno, não é.
No caso da DA, muito esforço tem sido feito em Meio-dia, eu de pé na esquina da praça esperando a
desenvolver anticorpos que bloqueiem a ação do pep- mudança de sinal. A mesma praça de Ipanema de que
tídeo Aβ. O insucesso clínico dessa abordagem possi- falei na semana passada. Hoje também dia de feira
velmente se deve ao fato de que o tratamento comece (não é um dado pessoal, faz parte). Vinha do lado
tarde demais, apenas quando o quadro de mau funcio- oposto um grupo de jovens, seis, talvez, uma moça
namento cerebral já está estabelecido e os pacientes com eles. Teriam cerca de 15 ou 16 anos. Jeito de
260 já apresentam sintomas clínicos. quem vem da praia ou para a praia vai, bermudão lá
embaixo, peito nu, descalços. Atravessaram antes “O ladrãozinho me olha mal encarado, mas está mais
mesmo que o sinal abrisse. Um deles, na retaguarda. interessado no exame daquilo que conseguiu.”
Ponhamos agora na cena uma bicicleta velha, presa A respeito do trecho acima, analise as afirmativas a
com corrente no poste. E no quidom da bicicleta, um seguir:
pano escuro torcido e amarrado.
Eu ainda estou em pé ali ao lado. O garoto passa, vê o I. O termo sublinhado pode ser entendido com fun-
pano, talvez pense ser uma camiseta. Diminui a passa- ção sintática de predicativo do sujeito ou de adjunto
da o quanto basta para conferir, apalpa o pano, saco- adverbial.
de. Não é camiseta. O jovem desiste, dá dois passos à II. Há falta de hífen separando mal e encarado.
frente. III. Caso a palavra após mal não começasse por vogal,
Não é camiseta, mas está disponível. O garotão volta. haveria junção de mal à palavra seguinte, sem hífen.
Examina o produto. E começa a desamarrá-lo.
– Isso tem dono! – digo alto para ele. – Não é seu! Assinale:
O jovem gatuno mal me olha.
– Para com isso! – insisto. a) se apenas a afirmativa I estiver correta.
As pessoas passam indiferentes. Dia de feira, a esqui- b) se apenas a afirmativa II estiver correta.
na tem muito movimento. c) se apenas a afirmativa III estiver correta.
O gatuno conseguiu desfazer o nó, que estava d) se nenhuma afirmativa estiver correta.
apertado. e) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
– Isso é roubo! – exclamo. E repito: – É roubo!
O ladrãozinho me olha mal encarado, mas está mais 4. (DECEX — 2018) Analise as afirmativas propostas e,
interessado no exame daquilo que conseguiu. É uma em seguida, escolha a alternativa correta:
canga.
Ele me dirige algum insulto que intuo mas não ouço, I. As palavras mãe, ontem, chão e bem apresentam
os colegas o estão chamando, ele sai correndo agitan- ditongos nasais.
do o seu troféu. II. As palavras baixo,jeito, chapéu e tesouro apresentam
A cena, que aqui parece lenta, durou poucos minutos. ditongos orais crescentes.
Reparo que havia uma jovem mulher ao meu lado, tam- III. Os vocábulos área, dieta, mágoa e série possuem
bém esperando para atravessar a rua. ditongos orais decrescentes.
– Também, o cara deu mole! – comenta agora em tom
superior. – Larga a canga assim, solta na bicicleta... a) Apenas I está correta.
Esse tom, vindo de quem tudo viu e nada disse, me b) Apenas II está correta.
toca os nervos. c) Apenas I e II estão corretas.
– Quer dizer que as pessoas têm que se comportar d) Apenas l e III estão corretas.
como se todo cidadão fosse ladrão?! – respondo – e) Apenas II e III estão corretas.
Sinto muito, não concordo.
– A senhora ainda foi se meter... tava se arriscando. 5. (DECEX — 2019)
– Prefiro me arriscar, que assistir calada. De tanta gen-
te que passou, ninguém fez nada. Os anabolizantes e o cérebro
O sinal abriu, avançamos ainda próximas rumo ao
outro lado. Ela aponta para a cabine da polícia.
Entre as diversas substâncias utilizadas para ganho
– E bem na cara da polícia – diz, já se afastando.
de massa muscular e aumento do desempenho espor-
Um fato de nada, que não é de nada e que me trava a
tivo, poucas são tão populares quanto os esteroides
garganta.
androgênicos anabolizantes. Seus riscos ao sistema
Homens não usam canga. O ladrãozinho roubou, por-
cardiovascular, endócrino e hepático são muito conhe-
tanto, um objeto que não pode usar. Certamente não
cidos, mas pouco se fala das alterações no compor-
espera vender uma canga velha, escura e usada. Rou-
tamento que também podem provocar. Depressão,
bou, pois, uma coisa que não lhe dará dinheiro. Então,
ansiedade, aumento da agressividade e insônia são as
roubou por quê? Porque roubar tornou-se um hábito
mais comuns.
nacional. Porque a canga “estava dando mole”, como
Antes de detalhar os efeitos psiquiátricos, é preciso
disse a mulher. Porque era alguma coisa – não impor-
saber que os esteroides são compostos orgânicos
ta o quê – desassistida, sem proteção de vigilante ou
da mesma família do cortisol, hormônio relacionado
de arame farpado, sem cerca eletrificada, sem cão de
à regulação do estresse. Por serem androgênicos,
guarda feroz, sem alarme. Alguma coisa que se podia
esses esteroides estimulam o desenvolvimento de
tomar de alguém, sem risco. O jovem ladrão testou
características sexuais masculinas. E são anabo-
antes. Tocou a canga na passagem, pronto a correr
lizantes porque estimulam a biossíntese (reações
LÍNGUA PORTUGUESA

se fosse necessário. Ainda deu dois passos, nenhuma


químicas que produzem proteínas, por exemplo) e o
voz de dono fez-se ouvir, ele voltou. Só o dono reagiria,
crescimento dos tecidos do corpo. Para simplificar,
e por impulso irrefreável. Os outros estão sendo diaria-
chamaremos os derivados sintéticos do hormônio
mente doutrinados para não ver e não ouvir, para não
masculino testosterona de anabolizantes ou, simples-
correr riscos, porque o risco é inútil.
mente, esteroides.
Em dia de semana, aquele rapaz não estava trabalhan-
Apesar dos muitos relatos de “surtos de fúria” sofri-
do, não estava estudando. Estava dando os primeiros
dos por usuários de anabolizantes, esse não é um
passos na sua futura profissão.
quadro comum. Trata-se, na verdade, de um sintoma
controverso, pois é difícil imputarmos sua causa uni-
(Marina Colasanti)
camente aos anabolizantes. É comum o uso conco-
mitante de outras substâncias, como estimulantes,
hormônios tireoidianos, opioides e até drogas ilícitas, 261
como cocaína e maconha. Além disso, não sabemos A síndrome de dependência dos anabolizantes é uma
se algumas das pessoas que cometeram atos de vio- entidade clínica estudada pelos professores e psiquia-
lência quando usavam anabolizantes já apresentavam tras Harrison Pope e Gen Kanayama, da Universidade
um histórico de desequilíbrio emocional. de Harvard. Grosso modo, essa síndrome se caracteri-
O aumento da agressividade relatado pelos usuários, za por sintomas de tolerância (usos de doses cada vez
contudo, é bastante comum. Não são raros os relatos maiores – ou a combinação de novos anabolizantes
de homens e mulheres sem histórico de violência que – para obter os efeitos desejados), abstinência (dis-
agrediram seus companheiros depois que começaram túrbios do sono e alimentares, perda de libido), uso
a utilizar anabolizantes. Muitos usuários relatam que em quantidades ou períodos de tempo maiores que
ficam mais impacientes, com menos tolerância à frus- o previsto, tempo excessivo gasto em atividades rela-
tração e com maior tendência a reagir fisicamente a cionadas ao uso de anabolizantes (treinamento físico,
uma situação de estresse. grupos de discussão on-line, uso de suplementos),
O aumento da agressividade é considerado, por alguns redução importante das atividades sociais e laborais
autores, como uma das explicações para o risco de devido a uma preocupação excessiva com o uso de
suicídio observado entre usuários de anabolizantes. anabolizantes e, por fim, uso dos esteroides a despeito
da ocorrência de problemas clínicos ou psiquiátricos.
Em um determinado momento, o comportamento
É importante notarmos o cuidado que esses pesqui-
impulsivo e agressivo pode se voltar contra a própria
sadores tiveram em diferenciar o uso nocivo dos ana-
pessoa, levando-a a atos irresponsáveis, comporta-
bolizantes de outras substâncias de abuso. Muitas
mento sexual de risco e mesmo à tentativa de suicídio.
vezes, o tempo excessivo gasto nas academias é visto
É difícil sabermos a quantidade exata de pessoas que
como uma atividade saudável, e os ganhos sociais
usam anabolizantes no mundo. Estudos epidemioló-
de um corpo considerado mais atraente podem fazer
gicos no Brasil revelaram incidências que variam de com que o usuário de anabolizantes e suas famílias
3% a 25%, dependendo da população e da região do não vejam essas drogas como um problema, até que
país observadas. Devido em parte à nossa cultura de efeitos graves aconteçam.
valorização de um corpo “sarado”, não é de se espan- Deixar de lado os anabolizantes também não é fácil. É
tar que os brasileiros sejam grandes consumidores de comum os usuários relatarem sintomas depressivos,
anabolizantes e de outras drogas de controle da ima- ainda que seus níveis de testosterona estejam muito
gem corporal. mais altos do que o normal. Aparentemente, a simples
Mas não só no Brasil. Muitos autores consideram que variação do nível de testosterona é capaz de provocar
os anabolizantes se tornaram um importante elemen- grande desequilíbrio emocional. Muitos sentem falta
to de toda a cultura ocidental, influenciando a percep- daquela disposição “a mais” provocada pelos anabo-
ção de como um corpo masculino saudável deveria lizantes e têm dificuldade em se adaptar a um nível
parecer. A mudança pode ser constatada na mídia, normal de funcionamento físico e mental.
na publicidade e até mesmo nos brinquedos a partir (...)
da década de 1980, quando surgiram filmes estrela-
dos por atores extremamente musculosos, e quando (Julio Xerfan. Médico e mestre em Psiquiatria, Instituto de
Psiquiatria da UFRJ.In: Ciência Hoje, agosto de 2019)
ocorreu a disseminação do consumo das chamadas
“bombas” pela população em geral, muito além das
fronteiras do esporte de elite. Em anabolizantes, há ocorrência de uma estrutura
Esse fenômeno levou à disseminação do uso das subs- com sentido próprio: ana-.
Assinale a alternativa em que a palavra não conte-
tâncias por atletas amadores e por pessoas que ape-
nha estrutura com o mesmo leque de sentidos que o
nas desejam parecer mais saudáveis e atraentes. Sem
empregado na palavra anabolizantes.
as preocupações dos atletas com os testes antidoping,
mas às vezes sem qualquer acompanhamento médico,
a) análise
homens e mulheres em todo o mundo se expõem aos
b) anagrama
riscos provocados pelos anabolizantes, diariamente.
c) anádromo
A insônia é outro sintoma comum. Apesar de aparente-
d) anemia
mente não ser grave, é uma queixa que, muitas vezes, e) anacrônico
leva o usuário à automedicação ou ao uso abusivo de
álcool e sedativos para dormir. Como já falamos, o uso 6. (DECEX — 2019) Texto para a questão abaixo.
de anabolizantes é um importante fator de risco para o
consumo de outras drogas. Durante entrevistas realiza- Religião e Bondade
das por nossa equipe em uma clínica psiquiátrica espe-
cializada em dependência química, um usuário relatou Quantas maldades as religiões fizeram e ainda fazem
que entrava em depressão quando interrompia os ana- em nome da bondade? Da inquisição na Idade Média,
bolizantes, o que o levava a recaídas no uso da cocaína. passando pela escravidão, pelo apartheid, pelos fun-
Em alguns usuários de anabolizantes, foi identificado damentalismos contemporâneos e também pela
um distúrbio psiquiátrico chamado dismorfia muscu- intolerância religiosa no Brasil, resulta uma análise his-
lar. Quem sofre desse transtorno tende a se perceber tórico-filosófica da relação entre religião e bondade.
insuficientemente grande e forte, a despeito da hiper- No seu(a) leito de morte, o filósofo francês judeu Henri
trofia muscular conquistada. Não se pode considerar, Bergson (1859-1941) disse a um amigo, também filó-
entretanto, que os anabolizantes sejam a causa desse sofo, que na ocasião o visitava: “Passei a vida inteira
tipo de transtorno dismórfico corporal. O uso dessas procurando a verdade; deveria ter passado procurando
substâncias, porém, pode agravar as consequências ser bom”. Anos antes, esse grande e conhecido pensa-
de um distúrbio latente, e levar o indivíduo a desenvol- dor quis se converter ao catolicismo, mas não o fez.
262 ver dependência. Abriu mão da conversão, para ser solidário com seus
irmãos e irmãs judeus, que foram dizimados durante a contou com teorias religiosas abomináveis, como
Segunda Guerra Mundial. Em outras palavras, negou a aquela segundo a qual a pessoa negra não tinha alma
religião à qual gostaria de aderir, para ser bom. Exata- humana, salvo se fosse batizada na fé cristã.
mente ao abandonar a adesão à religião de que tanto Isso transformou senhores de engenho no Brasil em
gostava, ele tornou-se bom. Isso, contudo, não quer benfeitores, uma vez que eles seriam responsáveis por
dizer que somente abandonando a religião alguém “humanizarem” os escravos e as escravas, ao levá-los
consegue ser bom. para as águas do batismo. A cruz descia goela abaixo,
Pensemos em São Francisco de Assis (1182-1226), enquanto a chibata cortava corpos negros na América
conhecido como “pobrezinho de Assis”. Antes de sua como um todo.
conversão radical à fé cristã, sentia nojo dos “lepro- Também vale a pena lembrar da intolerância religio-
sos”, mal olhava para os pobres e não tinha qualquer(b) sa no Brasil. Cristãos falam que Deus é amor, porém
vínculo afetivo profundo com a natureza. Após querer alguns deles invadem terreiros de candomblé e de
ser um cruzado, sonho comum a muitos jovens de seu umbanda, destroem seus espaços e acreditam que
tempo, Francisco conheceu uma tradução da Bíblia, estão promovendo a vontade de Deus. E a homofo-
quando estivera preso por causa de sua participação bia cristã? E a inferiorização da mulher em diversas
em um combate em Perúgia, na Itália. Acometido por religiões, sobretudo nas conhecidas religiões mono-
algumas doenças, depois de um ano no cárcere, Fran- teístas – judaísmo, cristianismo e islamismo? Quem
cisco retorna ao lar transfigurado. Decidira abandonar consegue enxergar bondade em práticas e teorias reli-
tudo e seguir os passos de Cristo. Rapidamente, “con- giosas que promovem exclusão e diminuição do outro,
verteu-se” aos pobres, aos leprosos e à natureza como ainda quando assim o fazem em nome do amor?
um todo, passando a amá-los e protegê-los até a sua Isso tudo serve para mostrar que bondade e religião
morte. Foi na religião que Francisco potencializou sua não são a mesma coisa. Como mostrado acima, a reli-
bondade universal. gião pode incentivar a maldade, a crueldade justamen-
Esses dois exemplos já nos deixam perceber a com- te em nome da bondade. Talvez seja esse o sentido
plexidade da relação entre religião e bondade. Pode- do famoso ditado popular: “De boa intenção o inferno
mos abandonar uma religião para exercer a bondade e está cheio”. Os inquisidores medievais, por exemplo,
podemos aderir a uma religião e, assim, fortalecer nossa não deveriam inquirir um “herege” querendo destruí-lo,
capacidade de ser bondoso(c). Por outro(d) lado, muitos mas só poderiam abordá-lo com misericórdia no cora-
exemplos históricos já nos fazem duvidar de que o sim- ção. Aliás, deve-se lembrar que o tribunal da inquisi-
ples fato de alguém ser religioso o leva a ser bom. Às ção católica (também existiu inquisição protestante)
vezes, como sabido, o que ocorre é o contrário(e). era conhecido como “tribunal da misericórdia”. Quan-
O casamento entre altar religioso e poder político, na do o corpo de um herege queimava nas chamas por
Idade Média, e também em outros momentos da his- ordem do “braço secular”, que efetivamente enviava
tória, nos mostra quando e como a religião, em nome para o fogo aqueles e aquelas que a Igreja anterior-
da bondade, produz assassinatos, perseguições e mente havia julgado e condenado, os padres que par-
outros diversos males. Quem lê o manual medieval ticipavam do processo deveriam ter o coração repleto
de caça às bruxas, chamado O martelo das feiticei- de amor, pois estavam orando pela misericórdia divina
ras, de Heinrich Kraemer e James Sprenger, publicado e pela salvação de suas almas.
originalmente em 1486, fica perplexo com a relação De fato, religião e bondade não são a mesma coisa. Mas,
entre religião e maldade. Mulheres as mais diversas por que é assim? Por que discursos tão cheios de reve-
eram facilmente consideradas bruxas e deveriam ser rência ao sagrado, ao ser humano e à natureza muitas
perseguidas, silenciadas e mortas pelo fato de serem vezes produzem genocídio, ódio à diferença, ressenti-
dotadas de “poderes demoníacos”. mento e práticas de exclusão? Qual a diferença da reli-
Quantas mulheres foram assassinadas por não corres- gião na vida de São Francisco de Assis para a religião (a
ponderem aos ideais morais e religiosos da Igreja cristã? mesma, diga-se de passagem) na vida dos inquisidores?
Em uma parte extremamente preconceituosa do referido Todas essas questões dependem diretamente do que
livro, seus autores dizem que toda mulher é naturalmente chamamos de bondade. É a bondade que nos permite
torta, porque segue a primeira mulher, Eva, que nasceu entender por que ora a religião condiciona práticas de
da costela de Adão e a costela é torta. Por isso, toda destruição, ora a mesma religião pode possibilitar a bon-
mulher deveria ser corrigida, retificada, regulada, quando dade profunda das pessoas. Por isso, devemos pergun-
não presa e morta, caso não fosse corrigida. tar: quando exercemos a bondade?
A inquisição medieval não é a palavra final da maldade O que entendemos por bondade não possui qualquer
religiosa. Que se pense, agora, nos fundamentalismos traço individualista. É claro que muitas vezes falamos
religiosos contemporâneos. Homens-bomba, mulheres- que alguém é bom individualmente, quando, por exem-
-bomba islâmicos, mas também Ku Klux Klan, movimen- plo, possui um bom desempenho em um esporte cole-
to que se legitimava pela fé cristã, são sinais de que a tivo ou mesmo individual. Falamos que alguém é um
LÍNGUA PORTUGUESA

maldade religiosa não morreu com o fim da Idade Média. bom corredor e assim o dizemos pensando no indiví-
O apartheid, por exemplo, foi institucionalizado pelo polí- duo, que compete com os outros e os vence em uma
tico e pastor protestante sul-africano Daniel François competição. Portanto, é possível falar que alguém é
Malan (1874-1959), em 1948. Essa política segregacio- bom justamente porque derrota os outros. Mas há
nista, que vinha se construindo por meio de medidas uma outra bondade que não se refere à competitivida-
legais desde o início do século 20, produzindo a exclusão de e nem pode gerar qualquer perspectiva individualis-
dos negros e a violência generalizada na África do Sul, ta. Trata-se da bondade que se expressa nas relações
durou até 1994. E isso ainda é pouco. de cooperação e solidariedade com os outros. Nessa
A escravidão de africanos e seus descendentes, que bondade, o indivíduo é tanto melhor, quanto mais con-
alimentou o desejo europeu de expansão econômica segue fortalecer o outro. Por isso, nesse sentido, a
pela via da colonização, não somente foi legitimada bondade só existe quando o indivíduo se coloca como
pelas Igrejas católica e protestante, como também fonte de favorecimento da vida do outro. Em outras 263
palavras, alteridade e bondade são termos que se d) outro
interpenetram de ponta a ponta. e) contrário
Toda a questão recai em saber o que significa a alte-
ridade, o outro, que é o alvo da minha bondade. Ser 7. (DECEX — 2019)
outro não é ser alguém que eu não sou. Ser outro é ser
irredutível a mim, é ser o radicalmente diferente, o que Psicologia de um vencido
jamais pode ser assimilado ao meu modo de pensar,
sentir e querer. Por isso, quando me relaciono com o Eu, filho do carbono e do amoníaco,
outro, me relaciono com o inadequado, com o indizível, Monstro de escuridão e rutilância,
com aquele ou aquela que jamais pode ser enquadra- Sofro, desde a epigênese da infância,
do nos limites do meu conhecimento ou mesmo dos A influência má dos signos do zodíaco.
meus sentimentos. Relacionar-se com o outro é abrir Profundissimamente hipocondríaco,
mão de formas narcisistas de viver. Em outros termos, Este ambiente me causa repugnância...
só nos relacionamos com o outro quando nos abrimos Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
àquele ou àquela que jamais se identifica comigo por Que se escapa da boca de um cardíaco.
inteiro. Isso é extremamente difícil. Já o verme – este operário das ruínas –
Quase sempre não nos relacionamos com o outro, Que o sangue podre das carnificinas
mas com o que o outro pensa, com a cor da pele do Come, e à vida em geral declara guerra,
outro, com a profissão que desempenha, com o time Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
de futebol de alguém, com as crenças religiosas que E há-de deixar-me apenas os cabelos,
ele ou ela tem. Quando rotulamos alguém, quando Na frialdade inorgânica da terra!
o enquadramos nos referenciais de nossa religião,
(Augusto dos Anjos)
quando o reduzimos à nossa moralidade, então, não
mais nos relacionamos com o outro, mas com um
A palavra produndissimamente é advérbio derivado da
objeto que pode ser usado, manipulado e, por vezes,
forma adjetiva profundíssima. Tal forma se encontra
descartado. Por isso, onde usamos e funcionaliza-
flexionada no grau superlativo
mos alguém, matamos sua alteridade, destruímos seu
modo de ser outro. Onde o outro aparece, relações
gratuitas se estabelecem. (...) a) absoluto analítico.
Por vezes, a religião é um espaço de potencialização b) relativo analítico.
da bondade; outras vezes, é o contrário que acontece. c) absoluto sintético.
Isso, talvez, nos possibilite pensar em um termômetro d) relativo sintético.
para a religiosidade humana: quanto mais uma religião e) absoluto de superioridade.
me favorece a me abrir ao outro para fortalecer o seu
caminho, melhor ela é. Quanto mais ela me fecha em 8. (DECEX — 2019)
mim mesmo, promovendo a ditadura do individualismo
e do egocentrismo, por mais que fale de Deus, de amor A Tempestade
ou de qualquer outra realidade sagrada, pior ela é.
Em outras palavras, a qualidade da experiência reli- Menino, vem para dentro,
giosa pode ser medida pela sua capacidade de pro- olha a chuva lá na serra,
mover a bondade humana. Foi exatamente isso que olha como vem o vento!
Dalai Lama falou para o teólogo brasileiro Leonardo Ah! como a chuva é bonita
Boff, no intervalo de um encontro promovido pela e como o vento é valente!
ONU, após ser perguntado por este qual seria a melhor Não sejas doido, menino,
religião. Sua resposta foi: “Aquela que te faz melhor”. esse vento te carrega,
Para explicar sua resposta, continuou: “Aquela que te essa chuva te derrete!
faz mais compassivo é a melhor religião”. Não seria –
o mesmo que afirmar que a melhor religião é aquela Eu não sou feito de açúcar
que faz alguém mais bondoso? Se for assim, então, para derreter na chuva.
todos os ritos, mitos, dogmas, conceitos de Deus etc. Eu tenho força nas pernas
só têm sentido se tornam o ser humano mais capaz para lutar contra o vento!
de fortalecer outros humanos (sem contar a natureza E enquanto o vento soprava
como um todo). Por isso, quando a religião fortalece e enquanto a chuva caía,
a maldade humana, melhor é abandoná-la para ficar que nem um pinto molhado,
com a bondade humana, pois é esta que nos permite teimoso como ele só.
entender a grandeza de qualquer divindade: ser capaz Gosto de chuva com vento,
de tornar os seres humanos mais humanizados. gosto de vento com chuva!
(Alexandre Marques Cabral. Departamento de Filosofia, (Henriqueta Lisboa)
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ciência Hoje, texto
publicado em 12/9/2019. Disponível em cienciahoje.org.br)
Assinale a alternativa em que o verso destacado tenha
Assinale a alternativa em que o termo indicado exerça, sido corretamente transposto para a forma afirmativa.
no texto, função substantiva.
a) Sejas doido, menino
a) seu b) Seja doido, menino
b) qualquer c) Sedes doido, menino
c) bondoso d) Sede doido, menino
264 e) Sê doido, menino
9. (DECEX — 2019) ocorreu a disseminação do consumo das chamadas
“bombas” pela população em geral, muito além das
Os anabolizantes e o cérebro fronteiras do esporte de elite.
Esse fenômeno levou à disseminação do uso das
Entre as diversas substâncias utilizadas para ganho substâncias por atletas amadores e por pessoas que
de massa muscular e aumento do desempenho espor- apenas desejam parecer mais saudáveis e atraentes.
tivo, poucas são tão populares quanto os esteroides Sem as preocupações dos atletas com os testes anti-
androgênicos anabolizantes. Seus riscos ao sistema doping, mas às vezes sem qualquer acompanhamen-
cardiovascular, endócrino e hepático são muito conhe- to médico, homens e mulheres em todo o mundo se
cidos, mas pouco se fala das alterações no compor- expõem aos riscos provocados pelos anabolizantes,
tamento que também podem provocar. Depressão, diariamente.
ansiedade, aumento da agressividade e insônia são as A insônia é outro sintoma comum. Apesar de aparente-
mais comuns. mente não ser grave, é uma queixa que, muitas vezes,
Antes de detalhar os efeitos psiquiátricos, é preciso leva o usuário à automedicação ou ao uso abusivo de
saber que os esteroides são compostos orgânicos álcool e sedativos para dormir. Como já falamos, o uso
da mesma família do cortisol, hormônio relacionado de anabolizantes é um importante fator de risco para o
à regulação do estresse. Por serem androgênicos, consumo de outras drogas. Durante entrevistas realiza-
esses esteroides estimulam o desenvolvimento de das por nossa equipe em uma clínica psiquiátrica espe-
características sexuais masculinas. E são anabo- cializada em dependência química, um usuário relatou
lizantes porque estimulam a biossíntese (reações que entrava em depressão quando interrompia os ana-
químicas que produzem proteínas, por exemplo) e o bolizantes, o que o levava a recaídas no uso da cocaína.
crescimento dos tecidos do corpo. Para simplificar, Em alguns usuários de anabolizantes, foi identificado
chamaremos os derivados sintéticos do hormônio um distúrbio psiquiátrico chamado dismorfia muscu-
masculino testosterona de anabolizantes ou, simples- lar. Quem sofre desse transtorno tende a se perceber
mente, esteroides. insuficientemente grande e forte, a despeito da hiper-
Apesar dos muitos relatos de “surtos de fúria” sofridos trofia muscular conquistada. Não se pode considerar,
por usuários de anabolizantes, esse não é um quadro entretanto, que os anabolizantes sejam a causa desse
comum. Trata-se, na verdade, de um sintoma contro- tipo de transtorno dismórfico corporal. O uso dessas
verso, pois é difícil imputarmos sua causa unicamente substâncias, porém, pode agravar as consequências
aos anabolizantes. É comum o uso concomitante de de um distúrbio latente, e levar o indivíduo a desenvol-
outras substâncias, como estimulantes, hormônios ver dependência.
tireoidianos, opioides e até drogas ilícitas, como cocaí- A síndrome de dependência dos anabolizantes é uma
na e maconha. Além disso, não sabemos se algumas entidade clínica estudada pelos professores e psiquia-
das pessoas que cometeram atos de violência quando tras Harrison Pope e Gen Kanayama, da Universidade
usavam anabolizantes já apresentavam um histórico de Harvard. Grosso modo, essa síndrome se caracteri-
de desequilíbrio emocional. za por sintomas de tolerância (usos de doses cada vez
O aumento da agressividade relatado pelos usuários, maiores – ou a combinação de novos anabolizantes
contudo, é bastante comum. Não são raros os relatos – para obter os efeitos desejados), abstinência (dis-
de homens e mulheres sem histórico de violência que túrbios do sono e alimentares, perda de libido), uso
agrediram seus companheiros depois que começaram em quantidades ou períodos de tempo maiores que
a utilizar anabolizantes. Muitos usuários relatam que o previsto, tempo excessivo gasto em atividades rela-
ficam mais impacientes, com menos tolerância à frus- cionadas ao uso de anabolizantes (treinamento físico,
tração e com maior tendência a reagir fisicamente a grupos de discussão on-line, uso de suplementos),
uma situação de estresse. redução importante das atividades sociais e laborais
O aumento da agressividade é considerado, por alguns devido a uma preocupação excessiva com o uso de
autores, como uma das explicações para o risco de sui- anabolizantes e, por fim, uso dos esteroides a despeito
cídio observado entre usuários de anabolizantes. Em um da ocorrência de problemas clínicos ou psiquiátricos.
determinado momento, o comportamento impulsivo e É importante notarmos o cuidado que esses pesqui-
agressivo pode se voltar contra a própria pessoa, levan- sadores tiveram em diferenciar o uso nocivo dos ana-
do-a a atos irresponsáveis, comportamento sexual de bolizantes de outras substâncias de abuso. Muitas
risco e mesmo à tentativa de suicídio. vezes, o tempo excessivo gasto nas academias é visto
É difícil sabermos a quantidade exata de pessoas que como uma atividade saudável, e os ganhos sociais
usam anabolizantes no mundo. Estudos epidemioló- de um corpo considerado mais atraente podem fazer
gicos no Brasil revelaram incidências que variam de com que o usuário de anabolizantes e suas famílias
3% a 25%, dependendo da população e da região do não vejam essas drogas como um problema, até que
país observadas. Devido em parte à nossa cultura de efeitos graves aconteçam.
LÍNGUA PORTUGUESA

valorização de um corpo “sarado”, não é de se espan- Deixar de lado os anabolizantes também não é fácil. É
tar que os brasileiros sejam grandes consumidores de comum os usuários relatarem sintomas depressivos,
anabolizantes e de outras drogas de controle da ima- ainda que seus níveis de testosterona estejam muito
gem corporal. mais altos do que o normal. Aparentemente, a simples
Mas não só no Brasil. Muitos autores consideram que variação do nível de testosterona é capaz de provocar
os anabolizantes se tornaram um importante elemen- grande desequilíbrio emocional. Muitos sentem falta
to de toda a cultura ocidental, influenciando a percep- daquela disposição “a mais” provocada pelos anabo-
ção de como um corpo masculino saudável deveria lizantes e têm dificuldade em se adaptar a um nível
parecer. A mudança pode ser constatada na mídia, normal de funcionamento físico e mental.
na publicidade e até mesmo nos brinquedos a partir (...)
da década de 1980, quando surgiram filmes estrela-
(Julio Xerfan. Médico e mestre em Psiquiatria, Instituto de
dos por atores extremamente musculosos, e quando
Psiquiatria da UFRJ. In: Ciência Hoje, agosto de 2019) 265
“Em um determinado momento, o comportamento No trecho “O que valida a existência da moeda é uma
impulsivo e agressivo pode se voltar contra a própria gigantesca planilha que detém o conjunto de todas as
pessoa, levando-a a atos irresponsáveis, comportamen- operações já feitas, constantemente atualizada por milha-
to sexual de risco e mesmo à tentativa de suicídio.” res de servidores anônimos ao redor do mundo.”, há:
No trecho acima, há
I. Somente uma preposição essencial.
a) quatro artigos e cinco preposições. II. Somente uma locução prepositiva.
b) cinco artigos e cinco preposições. III. Duas preposições acidentais.
c) cinco artigos e seis preposições.
d) cinco artigos e quatro preposições. a) Apenas I está correta.
e) quatro artigos e seis preposições. b) Apenas II está correta.
c) Apenas l e II estão corretas.
10. (DECEX — 2018) O texto abaixo se refere a questão. d) Apenas I e III estão corretas.
e) Apenas II e III estão corretas.
MAS O QUE SÃO, AFINAL, “CRIPTOMOEDAS”?
11. (DECEX — 2019)
Renato Bazan
A Tempestade
O Bitcoin é uma “criptomoeda” inventada por um inter-
nauta (ou grupo) cujo pseudônimo era Satoshi Naka- Menino, vem para dentro,
moto. A figura misteriosa lançou o conceito em 2008, olha a chuva lá na serra,
ajudou a implementá-lo, e desapareceu da Internet em olha como vem o vento!
2011. Sua proposta originou a primeira entre 1.358 Ah! como a chuva é bonita
unidades monetárias digitais, todas unidas pelo mes- e como o vento é valente!
mo objetivo: o de usar a Internet para desviar de qual- Não sejas doido, menino,
quer tipo de controle monetário governamental. Há esse vento te carrega,
duas características fundamentais que garantem esse essa chuva te derrete!
objetivo: primeiro, a não existência de manifestação –
tisica dessas moedas; segundo, a natureza criptográfi- Eu não sou feito de açúcar
ca de todas as transações. para derreter na chuva.
O que valida a existência da moeda é uma gigantesca Eu tenho força nas pernas
planilha que detém o conjunto de todas as operações para lutar contra o vento!
já feitas, constantemente atualizada por milhares de E enquanto o vento soprava
servidores anônimos ao redor do mundo. Cada transa- e enquanto a chuva caía,
ção só se toma válida depois que cada um desses ser- que nem um pinto molhado,
vidores a autoriza em seu próprio bloco de operações, teimoso como ele só.
e o “bloco” é ligado à “corrente” com as informações –
anteriores. Esse desenho estrutural distribuído confe- Gosto de chuva com vento,
re ao blockchain um poderosíssimo freio contra frau- gosto de vento com chuva!
des, que vem sendo adotado de forma positiva para
outros propósitos, como controlar estoques em gran- (Henriqueta Lisboa)
des supermercados, analisar o tráfego e pelo próprio
sistema bancário norte-americano. “Eu não sou feito de açúcar para derreter na chuva.”
Do lado do usuário, a segurança contra fraudes se dá
pela atribuição de uma chave digital exclusiva, tão Assinale a alternativa em que não se tenha mantido
complexa que exigiria de supercomputadores sema- relação semântica correta entre as duas orações dos
nas de processamento para desvendar. Nesse ponto versos acima.
mora, simultaneamente, a maior virtude e o maior
vício das criptomoedas: se por um lado esse sistema a) Já que não sou feito de açúcar, não vou derreter na chuva.
evita que o dinheiro virtual seja duplicado, por outro b) Posto que não seja feito de açúcar, não vou derreter na
remove qualquer tipo de controle humano sobre o que chuva.
está acontecendo na planilha É um terreno fértil para o c) Como não sou feito de açúcar, não vou derreter na chuva.
banditismo. d) Não vou derreter na chuva porque não sou feito de açúcar.
A automação implacável abrange inclusive a própria e) Não vou derreter na chuva pois não sou feito de açúcar.
geração de novas moedas. Para que novos Bitcoins
sejam emitidos, é necessário que um servidor feche 12. (DECEX — 2019) Texto para a questão abaixo.
um bloco e acrescente-o à corrente. Isso acontece
a cada 10 minutos, 24 horas por dia, e garante 12,5 Religião e Bondade
novas moedas à máquina que fechar a operação mais
rapidamente. Esse ritmo diminui pela metade a cada 4 Quantas(a) maldades as religiões fizeram e ainda
anos “para que a moeda possa valorizar’’. Aos derrota- fazem em nome da bondade? Da inquisição na Ida-
dos, o sistema confere pequenas taxas de verificação de Média, passando pela escravidão, pelo apartheid,
por validar os blocos. pelos fundamentalismos contemporâneos e tam-
bém pela intolerância religiosa no Brasil, resulta uma
(Texto adaptado. Disponível em: https://www.
diariodocentrodomundo.com.br/em-1-ano-bitcoin-foi-de-brincadeira-
análise histórico-filosófica da relação entre religião e
de-cassino-para-maior ameaca-economica-atual-por-renato-bazan bondade.
(28/04/2018) No seu leito de morte, o filósofo francês judeu(b) Hen-
266 ri Bergson (1859-1941) disse a um amigo, também
filósofo, que na ocasião o visitava: “Passei a vida intei- dos negros e a violência generalizada na África do Sul,
ra procurando a verdade; deveria ter passado procu- durou até 1994. E isso ainda é pouco.
rando ser bom”. Anos antes, esse grande e conhecido A escravidão de africanos e seus descendentes, que
pensador quis se converter ao catolicismo, mas não o alimentou o desejo europeu de expansão econômica
fez. Abriu mão da conversão, para ser solidário com pela via da colonização, não somente foi legitimada
seus irmãos e irmãs judeus, que foram dizimados pelas Igrejas católica e protestante, como também
durante a Segunda Guerra Mundial. Em outras pala- contou com teorias religiosas abomináveis, como
vras, negou a religião à qual gostaria de aderir, para ser aquela segundo a qual a pessoa negra não tinha alma
bom. Exatamente ao abandonar a adesão à religião de humana, salvo se fosse batizada na fé cristã.
que tanto gostava, ele tornou-se bom. Isso, contudo, Isso transformou senhores de engenho no Brasil em
não quer dizer que somente abandonando a religião benfeitores, uma vez que eles seriam responsáveis por
alguém consegue ser bom. “humanizarem” os escravos e as escravas, ao levá-los
Pensemos em São Francisco de Assis (1182-1226), para as águas do batismo. A cruz descia goela abaixo,
conhecido como “pobrezinho de Assis”. Antes de sua enquanto a chibata cortava corpos negros na América
conversão radical à fé cristã, sentia nojo dos “lepro- como um todo.
sos”, mal olhava para os pobres e não tinha qualquer Também vale a pena lembrar da intolerância religio-
vínculo afetivo profundo com a natureza. Após querer sa no Brasil. Cristãos falam que Deus é amor, porém
ser um cruzado, sonho comum a muitos jovens de seu alguns deles invadem terreiros de candomblé e de
tempo, Francisco conheceu uma tradução da Bíblia, umbanda, destroem seus espaços e acreditam que
quando estivera preso por causa de sua participação estão promovendo a vontade de Deus. E a homofo-
em um combate em Perúgia, na Itália. Acometido por bia cristã? E a inferiorização da mulher em diversas
algumas doenças, depois de um ano no cárcere, Fran- religiões, sobretudo nas conhecidas religiões mono-
cisco retorna ao lar transfigurado. Decidira abandonar teístas – judaísmo, cristianismo e islamismo? Quem
tudo e seguir os passos de Cristo. Rapidamente, “con- consegue enxergar bondade em práticas e teorias reli-
verteu-se” aos pobres, aos leprosos e à natureza como giosas que promovem exclusão e diminuição do outro,
um todo, passando a amá-los e protegê-los até a sua ainda quando assim o fazem em nome do amor?
morte. Foi na religião que Francisco potencializou sua Isso tudo serve para mostrar que bondade e religião
bondade universal. não são a mesma coisa. Como mostrado acima, a reli-
Esses dois exemplos já nos deixam perceber a com- gião pode incentivar a maldade, a crueldade justamen-
plexidade da relação entre religião e bondade. Pode- te em nome da bondade. Talvez seja esse o sentido
mos abandonar uma religião para exercer a bondade do famoso ditado popular: “De boa intenção o inferno
e podemos aderir a uma religião e, assim, fortalecer está cheio”. Os inquisidores medievais, por exemplo,
nossa capacidade de ser bondoso. Por outro lado, mui- não deveriam inquirir um “herege” querendo destruí-lo,
tos exemplos históricos já nos fazem duvidar de que o mas só poderiam abordá-lo com misericórdia no cora-
simples fato de alguém ser religioso o leva a ser bom. ção. Aliás, deve-se lembrar que o tribunal da inquisi-
Às vezes, como sabido, o que ocorre é o contrário. ção católica (também existiu inquisição protestante)
O casamento entre altar religioso e poder político, na era conhecido como “tribunal da misericórdia”. Quan-
Idade Média, e também em outros momentos da his- do o corpo de um herege queimava nas chamas por
tória, nos mostra quando e como a religião, em nome ordem do “braço secular”, que efetivamente enviava
da bondade, produz assassinatos, perseguições e para o fogo aqueles e aquelas que a Igreja anterior-
outros diversos males. Quem lê o manual medieval mente havia julgado e condenado, os padres que par-
de caça às bruxas, chamado O martelo das feiticei- ticipavam do processo deveriam ter o coração repleto
ras, de Heinrich Kraemer e James Sprenger, publicado de amor, pois estavam orando pela misericórdia divina
originalmente em 1486, fica perplexo com a relação e pela salvação de suas almas.
entre religião e maldade. Mulheres as mais diversas De fato, religião e bondade não são a mesma coisa.
eram facilmente consideradas bruxas e deveriam ser Mas, por que é assim? Por que discursos tão cheios
perseguidas, silenciadas e mortas pelo fato de serem de reverência ao sagrado, ao ser humano e à natureza
dotadas de “poderes demoníacos”. muitas vezes produzem genocídio, ódio à diferença,
Quantas mulheres foram assassinadas por não cor- ressentimento e práticas de exclusão? Qual(d) a dife-
responderem aos ideais morais e religiosos da Igreja rença da religião na vida de São Francisco de Assis
cristã? Em uma parte extremamente preconceituosa para a religião (a mesma(e), diga-se de passagem) na
do referido livro, seus autores dizem que toda mulher vida dos inquisidores? Todas essas questões depen-
é naturalmente torta, porque segue a primeira mulher, dem diretamente do que chamamos de bondade. É
Eva, que nasceu da costela de Adão e a costela é torta. a bondade que nos permite entender por que ora a
Por isso, toda mulher deveria ser corrigida, retificada, religião condiciona práticas de destruição, ora a mes-
regulada, quando não presa(c) e morta, caso não fosse ma religião pode possibilitar a bondade profunda das
LÍNGUA PORTUGUESA

corrigida. pessoas. Por isso, devemos perguntar: quando exerce-


A inquisição medieval não é a palavra final da maldade mos a bondade?
religiosa. Que se pense, agora, nos fundamentalismos O que entendemos por bondade não possui qualquer
religiosos contemporâneos. Homens-bomba, mulheres- traço individualista. É claro que muitas vezes fala-
-bomba islâmicos, mas também Ku Klux Klan, movimen- mos que alguém é bom individualmente, quando, por
to que se legitimava pela fé cristã, são sinais de que a exemplo, possui um bom desempenho em um esporte
maldade religiosa não morreu com o fim da Idade Média. coletivo ou mesmo individual. Falamos que alguém
O apartheid, por exemplo, foi institucionalizado pelo polí- é um bom corredor e assim o dizemos pensando no
tico e pastor protestante sul-africano Daniel François indivíduo, que compete com os outros e os vence
Malan (1874-1959), em 1948. Essa política segregacio- em uma competição. Portanto, é possível falar que
nista, que vinha se construindo por meio de medidas alguém é bom justamente porque derrota os outros.
legais desde o início do século 20, produzindo a exclusão Mas há uma outra bondade que não se refere à com-
petitividade e nem pode gerar qualquer perspectiva 267
individualista. Trata-se da bondade que se expressa Assinale a alternativa que indique corretamente a clas-
nas relações de cooperação e solidariedade com os sificação gramatical do termo apresentado, conforme
outros. Nessa bondade, o indivíduo é tanto melhor, seu papel no texto.
quanto mais consegue fortalecer o outro. Por isso,
nesse sentido, a bondade só existe quando o indiví- a) Quantas – advérbio
duo se coloca como fonte de favorecimento da vida do b) judeu– substantivo
outro. Em outras palavras, alteridade e bondade são c) presa – adjetivo
termos que se interpenetram de ponta a ponta. d) Qual – pronome relativo
Toda a questão recai em saber o que significa a alte- e) mesma – pronome demonstrativo
ridade, o outro, que é o alvo da minha bondade. Ser
outro não é ser alguém que eu não sou. Ser outro é ser 13. (DECEX — 2018) O texto abaixo se refere a questão.
irredutível a mim, é ser o radicalmente diferente, o que
jamais pode ser assimilado ao meu modo de pensar, Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem
sentir e querer. Por isso, quando me relaciono com o horror a ser notado, quanto mais a ser notório. Se ficou
outro, me relaciono com o inadequado, com o indizível, notório por ser tímido, então tem que se explicar. Afinal,
com aquele ou aquela que jamais pode ser enquadra- que retumbante timidez é essa, que atra tanta atenção?
do nos limites do meu conhecimento ou mesmo dos Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse
meus sentimentos. Relacionar-se com o outro é abrir se enganando junto com os outros e sua timidez seja
mão de formas narcisistas de viver. Em outros termos, apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto
só nos relacionamos com o outro quando nos abrimos que nem ele sabe. E como no paradoxo psicanalítico, só
àquele ou àquela que jamais se identifica comigo por alguém que se acha muito superior procura o analista
inteiro. Isso é extremamente difícil. para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele
Quase sempre não nos relacionamos com o outro, acha que se sentir inferior é doença.
mas com o que o outro pensa, com a cor da pele do Todo mundo é tímido, os que parecem mais tímidos
outro, com a profissão que desempenha, com o time são apenas os mais salientes. Defendo a tese de que
de futebol de alguém, com as crenças religiosas que ninguém é mais tímido do que o extrovertido. O extro-
ele ou ela tem. Quando rotulamos alguém, quando vertido faz questão de chamar atenção para sua extro-
o enquadramos nos referenciais de nossa religião, versão, assim ninguém descobre sua timidez. Já no
quando o reduzimos à nossa moralidade, então, não notoriamente tímido, a timidez que usa para disfarçar
mais nos relacionamos com o outro, mas com um sua extroversão tem o tamanho de um carro alegóri-
objeto que pode ser usado, manipulado e, por vezes, co. Daqueles que sempre quebram na concentração.
descartado. Por isso, onde usamos e funcionaliza- Segundo minha tese, dentro de cada Elke Maravi-
mos alguém, matamos sua alteridade, destruímos seu lha existe um tímido tentando se esconder e dentro
modo de ser outro. Onde o outro aparece, relações de cada tímido existe um exibido gritando “Não me
gratuitas se estabelecem. (...) olhem! Não me olhem!” só para chamar a atenção.
O tímido nunca tem a menor dúvida de que, quando
Por vezes, a religião é um espaço de potencialização da
entra numa sala, todas as atenções se voltam para ele
bondade; outras vezes, é o contrário que acontece. Isso,
e para sua timidez espetacular. Se cochicham, é sobre
talvez, nos possibilite pensar em um termômetro para
ele. Se riem, é dele. Mentalmente, o tímido nunca entra
a religiosidade humana: quanto mais uma religião me
num lugar. Explode no lugar, mesmo que chegue com
favorece a me abrir ao outro para fortalecer o seu cami-
a maciez estudada de uma noviça. Para o tímido, não
nho, melhor ela é. Quanto mais ela me fecha em mim
apenas todo mundo, mas o próprio destino não pensa
mesmo, promovendo a ditadura do individualismo e do
em outra coisa a não ser nele e no que pode fazer para
egocentrismo, por mais que fale de Deus, de amor ou de
embaraçá-lo.
qualquer outra realidade sagrada, pior ela é.
O tímido vive acossado pela catástrofe possível. Vai
Em outras palavras, a qualidade da experiência reli-
tropeçar e cair e levar junto a anfitriã. Vai ser acusado
giosa pode ser medida pela sua capacidade de pro- do que não fez, vai descobrir que estava com a bragui-
mover a bondade humana. Foi exatamente isso que lha aberta o tempo todo. E tem certeza de que cedo ou
Dalai Lama falou para o teólogo brasileiro Leonardo tarde vai acontecer o que o tímido mais teme, o que
Boff, no intervalo de um encontro promovido pela tira o seu sono e apavora os seus dias: alguém vai lhe
ONU, após ser perguntado por este qual seria a melhor passar a palavra.
religião. Sua resposta foi: “Aquela que te faz melhor”.
Para explicar sua resposta, continuou: “Aquela que te (Fonte. VERISSIMO, L F. Comédias para se ler na escola. Rio de
faz mais compassivo é a melhor religião”. Não seria Janeiro: Objetiva, 2001.)
o mesmo que afirmar que a melhor religião é aquela
que faz alguém mais bondoso? Se for assim, então, Em “O tímido vive acossado pela catástrofe possível,
todos os ritos, mitos, dogmas, conceitos de Deus etc. assinale a alternativa correta na qual o termo em des-
só têm sentido se tornam o ser humano mais capaz taque poderia ser substituído, sem prejuízo de valor.
de fortalecer outros humanos (sem contar a natureza
como um todo). Por isso, quando a religião fortalece I. Atormentado
a maldade humana, melhor é abandoná-la para ficar II. Aflito
com a bondade humana, pois é esta que nos permite III. Absorto
entender a grandeza de qualquer divindade: ser capaz
de tornar os seres humanos mais humanizados. a) Somente I está correto.
b) Somente II está correto.
(Alexandre Marques Cabral. Departamento de Filosofia, c) Somente III está correto.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ciência Hoje, texto d) Somente I e II estão corretos.
268 publicado em 12/9/2019. Disponível em cienciahoje.org.br) e) Somente II e III estão corretos.
14. (DECEX — 2018) Assinale a alternativa que completa A ideia traduzida no poema por “que nem um pinto
adequadamente a lacuna abaixo. molhado” é de que o menino

“A é um dos fatores linguísticos, de ordem semântica, a) estava bastante feliz com a brincadeira.
que se revela potencialmente causadora da ambigui- b) era um poço de teimosia.
dade nos discursos e interações sociocomunicativas.” c) se encontrava completamente encharcado.
d) estava todo desalinhado, roupa e cabelo.
e) estava fisicamente contraído, trêmulo de frio.
a) antonímia
b) hiperonímia 17. (DECEX — 2018) O texto abaixo se refere à questão.
c) metáfora
d) polissemia MAS O QUE SÃO, AFINAL, “CRIPTOMOEDAS”?
e) sinonímia
Renato Bazan
15. (DECEX — 2018) Ordene os fragmentos de modo que
constituam um parágrafo coerente e coeso e, em segui- O Bitcoin é uma “criptomoeda” inventada por um inter-
da, assinale a alternativa que apresenta a sequência nauta (ou grupo) cujo pseudônimo era Satoshi Naka-
correta: moto. A figura misteriosa lançou o conceito em 2008,
ajudou a implementá-lo, e desapareceu da Internet em
2011. Sua proposta originou a primeira entre 1.358
( ) Os participantes tiveram mais facilidade em se lem-
unidades monetárias digitais, todas unidas pelo mes-
brar de um objeto quando se deparavam com ele mo objetivo: o de usar a Internet para desviar de qual-
enquanto inspiravam do que quando expiravam. quer tipo de controle monetário governamental. Há
( ) A forma como respiramos influi em nossas emoções e duas características fundamentais que garantem esse
até na maneira como pensamos. objetivo: primeiro, a não-existência de manifestação
( ) Esses efeitos se alteram se a pessoa está inspirando tisica dessas moedas; segundo, a natureza criptográfi-
ou expirando-e se ela respira pelo nariz ou pela boca. ca de todas as transações.
( ) O efeito desaparecia se eles estivessem respirando O que valida a existência da moeda é uma gigantesca
pela boca. planilha que detém o conjunto de todas as operações
( ) No estudo, desenvolvido na Faculdade de Medicina já feitas, constantemente atualizada por milhares de
servidores anônimos ao redor do mundo. Cada transa-
da Universidade de Northwestern, voluntários foram
ção só se toma válida depois que cada um desses ser-
capazes de identificar uma expressão amedrontada vidores a autoriza em seu próprio bloco de operações,
mais rapidamente quando deparavam com o rosto e o “bloco” é ligado à “corrente” com as informações
enquanto inalavam do que quando exalavam. anteriores. Esse desenho estrutural distribuído confe-
( ) Cientistas comprovaram, pela primeira vez, que o ritmo re ao blockchain um poderosíssimo freio contra frau-
da entrada e saída de ar no corpo cria uma atividade des, que vem sendo adotado de forma positiva para
elétrica no cérebro humano que acentua os julgamen- outros propósitos, como controlar estoques em gran-
tos emocionais e até lembranças desconfortáveis. des supermercados, analisar o tráfego e pelo próprio
sistema bancário norte-americano.
a) 5 - 1 - 3 - 6 - 4 - 2. Do lado do usuário, a segurança contra fraudes se dá
b) 2- 3 - 1 - 5 - 6 - 4. pela atribuição de uma chave digital exclusiva, tão com-
c) 4 - 2 - 5 - 3 - 1 - 6. plexa que exigiria de supercomputadores semanas de
processamento para desvendar. Nesse ponto mora,
d) 6 - 4 - 2 - 1 - 3 - 5.
simultaneamente, a maior virtude e o maior vício das
e) 3 - 6 - 4 - 2 - 5 - 1. criptomoedas: se por um lado esse sistema evita que
o dinheiro virtual seja duplicado, por outro remove qual-
16. (DECEX — 2019) quer tipo de controle humano sobre o que está aconte-
cendo na planilha É um terreno fértil para o banditismo.
A Tempestade A automação implacável abrange inclusive a própria
geração de novas moedas. Para que novos Bitcoins
Menino, vem para dentro, sejam emitidos, é necessário que um servidor feche
olha a chuva lá na serra, um bloco e acrescente-o à corrente. Isso acontece
olha como vem o vento! a cada 10 minutos, 24 horas por dia, e garante 12,5
Ah! como a chuva é bonita novas moedas à máquina que fechar a operação mais
e como o vento é valente! rapidamente. Esse ritmo diminui pela metade a cada 4
Não sejas doido, menino, anos “para que a moeda possa valorizar’’. Aos derrota-
esse vento te carrega, dos, o sistema confere pequenas taxas de verificação
LÍNGUA PORTUGUESA

essa chuva te derrete! por validar os blocos.


– Eu não sou feito de açúcar
Textoadaptado.Disponívelem: https://www. diariodocentrodomundo.
para derreter na chuva. com.br/em-1-ano-bitcoin-foi-de-brincadeira-de-cassino-para-maior
Eu tenho força nas pernas ameaca-economica-atual-por-renato-bazan (28/04/2018)
para lutar contra o vento!
E enquanto o vento soprava No trecho “[ ... ] se por um lado esse sistema evita que
e enquanto a chuva caía, o dinheiro virtual seja duplicado, por outro remove qual-
que nem um pinto molhado, quer tipo de controle humano sobre o que está aconte-
teimoso como ele só. cendo na planilha.”, há uma:
– Gosto de chuva com vento,
gosto de vento com chuva! a) Elipse.
b) Gradação.
c) Hiperonímia.
(Henriqueta Lisboa) 269
d) Hiponímia.
e) Sinonímia. 7 C

8 E
18. (DECEX — 2018) Ao se dizer algo visando produzir algum
efeito, como o convencimento, a surpresa ou a persua- 9 E
são, por exemplo, sobre o interlocutor de determinado
contexto discursivo, pode-se identificar aí um ato: 10 B

a) Ilocucionário. 11 B
b) De implicitação.
c) Locucionário. 12 E
d) De pressuposição. 13 D
e) Perlocucionário.
14 D
19. (DECEX — 2018) No trecho, “As novas gerações dei-
xam evidente que os valores culturais de hoje são 15 A
consideravelmente diferentes dos de ontem.”, há ele-
mentos linguísticos que materializam a: 16 C

a) Dêixis Discursiva. 17 A
b) Dêixis Espacial.
18 E
c) Dêixis Social.
d) Dêixis Temporal. 19 D
e) Dêixis Textual.
20 D
20. (DECEX — 2019)

ARME E
EFETUE.
ANOTAÇÕES

FOI IDEIA SUA.


SOFRESSORI

Fonte: Rose Araújo. Disponível em Rose Araújo.com)

No terceiro quadrinho, grafou-se corretamente a pala-


vra ideia, de acordo com as mudanças trazidas pelo
Acordo Ortográfico.
Assinale a alternativa em que isso não tenha acontecido.

a) Enjoo
b) Creem
c) Colmeia
d) Heroi
e) Espermatozoide

9 GABARITO

1 A

2 A

3 A

4 A

5 D

6 E
270
Em 1492, foi a vez dos espanhóis buscarem essas
novas rotas. Sob o patrocínio dos reis Fernando e Isa-
bel, Cristóvão Colombo partiu em busca de uma rota
alternativa às Índias, tendo a ideia de contornar o glo-
bo terrestre e chegar pelo extremo Oriente. No entan-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA to, encontrou terras, que morreu sem saber que eram
novas!, que viriam a ser chamadas de América.
DO BRASIL Para regular o processo da conquista de novas
terras, Portugal e Espanha recorreram ao papa Ale-
xandre VI, que promulgou a bula Inter Coetera. No
entanto, a discordância do rei português João II levou
ao Tratado de Tordesilhas em 1494, em que à oeste
A EXPANSÃO ULTRAMARINA da linha imaginária eram terras espanholas e à leste
EUROPEIA DOS SÉCULOS XV E XVI eram terras portuguesas.

Os meios tradicionais de comércio realizados pelos


europeus foram sendo colocados em xeque por algu-
mas mudanças sociopolíticas importantes, como o O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA
domínio do entreposto de Constantinopla pelos turco-
-otomanos em 1453, o que dificultava o percurso via AMÉRICA
Mar Mediterrâneo. Isso forçou a busca de novas rotas
comerciais pelo Oceano Atlântico. ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA,
Alguns fatores foram importantes para o sucesso SOCIOECONÔMICA E INVASÕES ESTRANGEIRAS
de portugueses e espanhóis no início da expansão
marítima: O que foi, afinal, a “descoberta” de um Novo Mundo
para a Europa, no século XV? O que tal “descoberta”
z Uso da bússola (de origem chinesa); implicava, para os “descobridores” e os “descobertos”?
z Uso do astrolábio (de origem árabe); Esse “Novo Mundo” era assim considerado porque
z Uso da caravela, tipo de embarcação mais rápida antes essas terras não constavam nos mapas do mun-
do que suas predecessoras. do ocidental, tampouco se conhecia sua fauna, flora e,
sobretudo, sua população, que se mostrava radicalmen-
Além do fato de Constantinopla estar nas mãos dos te diferente da humanidade conhecida pelo Ocidente.
turco-otomanos, e das técnicas de navegação, alguns Tratava-se, afinal, de homens e mulheres que pratica-
outros motivos explicam o pioneirismo dos reinos vam a poligamia, não trajavam roupas, viviam em cons-
ibéricos: tantes guerras e, para horror dos europeus, comiam
carne humana. Muito pouco espaço se deu, na chama-
z Conquista de Ceuta dos mouros pelos portugueses da descoberta, para efetivo conhecimento e aproxima-
no norte da África em 1415, que possibilitou o con- ção da população nativa das Américas. Tinha-se muita
trole de um estratégico centro comercial; curiosidade, exotismo e uma grande imaginação em
z Conquista de Granada dos mouros pelos espanhóis relação aos povos nativos.
em 1492, sendo um marco na retomada da Penín- Em 1492, Cristóvão Colombo, comandando uma
sula Ibérica; frota espanhola que procurava um caminho alterna-
z Procura por metais preciosos, em especial, o ouro tivo para as Índias, sob ordens dos reis católicos Fer-
e a prata, já que nos séculos XV e XVI esses metais nando e Isabel, defrontou-se com o que chamariam
eram usados como forma de acumular riqueza, de continente americano e seria um dos primeiros a
cunhar moedas e em trocas comerciais; usar o termo “canibal” para qualificar os nativos.
z O ideal de evangelização para levar a fé cristã às A Europa mantinha contato com os países do Orien-
populações que não a conheciam era um projeto te desde 1415, e os portugueses já haviam contornado
muito importante para os reinos católicos de por- uma parte considerável da costa africana no século XV.
tugueses e espanhóis. Ao final desse mesmo século, a questão era encontrar HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
uma rota para as Índias que tornasse possível continuar
Após a conquista de Ceuta, Portugal conseguiu com o comércio de especiarias, metais preciosos, joias e
uma série de outros feitos, como a chegada à Ilha da sedas, uma vez que a rota oriental estava sob o domínio
Madeira (1419) e à Ilha de Açores (1439). Ainda em turco islâmico, ou seja, interditada para os cristãos.
1434, Gil Eanes atravessou o Cabo do Bojador na Costa Os europeus, sobretudo espanhóis e portugueses,
Africana e, a partir daí, Portugal estabeleceu entre- esperavam receber algum ressarcimento imediato pelas
postos e fortalezas ao longo da costa atlântica de todo suas viagens desbravadoras e, de início, não percebe-
o continente africano. Quando, em 1487, Bartolomeu ram grande potencial de exploração econômica para a
Dias atravessou o Cabo das Tormentas (da Boa Espe- área “descoberta”. Continuaram as incursões ao Novo
rança, posteriormente), Portugal encontrou uma rota Mundo até serem descobertas, pelos espanhóis, reservas
marítima para as Índias, formalizada com a viagem de metais preciosos no território que lhe cabia, deixan-
de Vasco da Gama em 1498. do os portugueses ansiosos por descobrir na sua parte
Dois anos depois, Pedro Álvares Cabral deu iní- da América também grande quantidade de ouro e prata.
cio à viagem que chegaria ao que hoje é o Brasil. Ao Sabe-se que desde o século XV os portugueses já
contrário do que muitos imaginam, isso não foi aci- haviam se lançado em espaços africanos. Esse movi-
dental, mas sim previsível, já que os portugueses mento de aproximação se deu com o objetivo de expul-
tinham noção da existência de outras terras a oeste sar os mouros da Península Ibérica, mas a manutenção
do Atlântico. do contato com o continente africano permitiu que 271
construíssem ali feitorias, promovendo, por fim, sua portuguesa alcançou Calicute, na Índia, e, em 1500,
colonização. Seria apenas em 1500 que, dando sequência Cabral chegou ao Brasil. Esses eventos receberam
ao seu desbravamento marítimo, Portugal se depararia diferentes nomes (descobrimentos, navegações etc.)
com o Brasil, embora já em 1494 lusitanos e espanhóis e permitiram que os europeus conhecessem povos e
tivessem assinado o chamado Tratado de Tordesilhas, culturas diferentes, bem como estabelecessem siste-
que dividia o Novo Mundo entre os dois Estados. mas de trocas com eles.
Inicialmente, Portugal não teve interesse imedia- A respeito dos descobrimentos e de aspectos relacio-
to em desbravar suas “novas” terras, uma vez que o nados a esses eventos, julgue o item a seguir:
comércio oriental lhe era mais rentoso. Os primei- A escravização de indígenas na região açucareira do
ros contatos permitiram a criação de um imaginário Brasil, onde hoje também se situa Alagoas, foi relativa-
sobre o ambiente da América Portuguesa, assim como mente comum no século XVI.
da população que lá habitava: o lugar era um paraíso
na terra, no qual residiam todo tipo de monstros — ( ) CERTO ( ) ERRADO
de alguma forma, “os indígenas canibais” eram vistos,
também, como uma espécie monstruosa. Embora tenha-se construído um mito de que os
Nos primeiros trinta anos após a chegada de Por- indígenas não teriam sido escravizados em detri-
tugal à América Portuguesa, a exploração econômica mento aos escravizados africanos, as duas formas
se deu pela exportação da madeira do pau-brasil, que de escravização ocorreram, sendo mais comum,
era recolhido e movimentado por trabalho indígena. inclusive, a escravização de indígenas, no início da
colonização. Resposta: Certo.
A exploração do pau-brasil
Capitanias Hereditárias e Governo Geral
Para a exploração do pau-brasil, a primeira fase
da chegada portuguesa é caracterizada pela institui- O território da América Portuguesa frequentemen-
ção das feitorias após a chegada da esquadra de Ca- te sofria invasões de corsários de variadas nacionali-
bral em 22 de abril de 1500, até a instituição das capi- dades, ficando evidente para a Coroa a necessidade
tanias hereditárias. Essas feitorias eram fortificações de apossar-se efetivamente do território, uma vez que
militares que visavam garantir o domínio sobre uma apenas o tratado de Tordesilhas não frearia as incur-
área e explorá-la. Foram construídas em Porto Seguro, sões e estabelecimentos não autorizados. Nesse sentido,
Cabo Frio e Iguaçu, fazendo a extração não apenas de foram criadas frentes colonizadoras independentes,
pau-brasil, mas também do jacarandá, que possuíam que apresentavam pouca comunicação entre si, rela-
valor para a fabricação de embarcações, móveis, além cionando-se imediatamente apenas com a metrópole.
da tinta do pau-brasil para tecidos. A mão-de-obra O sistema administrativo pelo qual se optou foram as
empregada foi a indígena, que trocava produtos euro- chamadas capitanias hereditárias, forma de adminis-
peus em força de trabalho e permissão no uso da ma- tração realizada em outros domínios lusitanos. A Coroa
deira; essa relação ficou conhecida como escambo. não tinha os recursos necessários para realizar a explo-
ração de tão amplos domínios, por isso, doou lotes de
terras a particulares que, com seus recursos econômi-
cos e humanos, deveriam primar pelo desenvolvimen-
EXERCÍCIOS COMENTADOS to dos espaços. Esses lotes de terra eram hereditários.
O território da América Portuguesa foi dividido
1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) A principal autoridade em quinze lotes, sendo quatorze capitanias que, por
em todos os domínios coloniais portugueses era o rei, sua vez, eram administradas por doze donatários. O
que, na administração desses domínios, contava com donatário era o responsável com poder proeminente e,
o auxílio do Conselho Ultramarino e da Mesa de Cons- além do uso da terra, também administrava o trabalho
ciência e Ordens. Tendo em vista que, apesar do auxí- indígena. As capitanias não se relacionavam entre si e
lio dessas instituições, a organização administrativa o distanciamento era evidente e preocupante, de modo
do Brasil colonial funcionava de modo precário, julgue que em 1572 a Coroa Portuguesa fragmentou a admi-
o seguinte item, relativo à causa dessa precariedade: nistração em dois governos-gerais: o Governo do Nor-
Embora fosse consensual e geograficamente constatável, te, que tinha como capital a cidade de Salvador e era
a unidade territorial brasileira aparecia oficialmente visível composto da Capitania da Baía até a capitania do Mara-
apenas nos títulos do vice rei e do príncipe do Brasil. nhão, e o Governo do Sul, sediado no Rio de Janeiro, e
composto pela região de Ilhéus até o Sul. Reuniam-se
( ) CERTO ( ) ERRADO regiões, ainda, que não pareciam compreender perten-
cerem ao mesmo espaço administrativo e político.
De fato, a América Portuguesa não apresentava uma
unidade territorial e política. O contato era maior A Era Açucareira
entre metrópole/capitania do que entre as próprias
capitanias, tanto pela questão da grande área geo- O açúcar não foi, nos primeiros anos de coloniza-
gráfica quanto pela ausência de uma estrutura de ção, apenas um produto produzido na colônia; ele era
comunicação que viabilizasse o contato entre seus responsável pelo surgimento de códigos, costumes e
administradores. Resposta: Certo. hábitos. Foi apenas no século XVI que se desenvolveu
o hábito, na Europa, do consumo do açúcar feito da
2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) No século XV, navegado- cana, que passou de produto de requinte para um uso
res europeus rumaram ao sul do Estreito de Gibraltar frequente no cotidiano das pessoas.
e alcançaram diferentes pontos da costa africana. Em Como já foi exposto, depois dos primeiros trinta anos,
1492, a expedição de Colombo atravessou o Atlânti- reconheceu-se a necessidade de povoar, ao menos, a faixa
272 co e desembarcou no Caribe. Em 1498, uma esquadra litorânea de terra da nova colônia, para assim evitar as
invasões estrangeiras que começavam a crescer. Contu- c) A exploração de mão de obra indígena havia sido
do, já não se pretendia apenas povoar a colônia; passa- extinta por pressão jesuítica.
va-se, também, a uma forma de colonização que visava d) O caráter predatório da ocupação inviabilizou a diver-
outro objetivo: o ganho monetário. O projeto colonial sificação do mercado interno.
tomava contornos de empresa colonial, exigindo maior e) Os lavradores das minas investiam parte do seu capital
investimento para a produção de produtos que deveriam na abertura de vias comerciais com a região da Prata.
ser exportados para o mercado europeu. A produção era,
portanto, direcionada para fora da colônia. De fato, no século XVII, os senhores de engenho com-
Formaram-se grandes centros produtivos, os cha-
punham o segmento mais abastado nas regiões açu-
mados latifúndios, que se dedicavam à produção de
careiras. O trabalho forçado de indígenas ocorreu
apenas um produto em grande escala. Esse produto
durante todo o período colonial e a escolha pelo mono-
seria, de início, a cana-de-açúcar. A partir de então, o
empreendimento do açúcar se estabeleceria no Nor- pólio do açúcar foi uma decisão deliberada da Coroa
deste da América Portuguesa. portuguesa, mas não foi a única atividade econômica
Alguns pontos tornaram o empreendimento açuca- desempenhada na colônia. Os mineiros, por fim, não
reiro mais feliz na região nordeste: a proximidade com investiram parte do seu capital na abertura de cami-
a metrópole e o clima e a hidrografia eram fundamen- nhos para a região da Prata. Resposta: Letra B.
tais para o transporte do produto internamente. Nesse
momento, Portugal concentrou sua atenção no Brasil 2. (VUNESP — 2018) Leia o texto de Frei Vicente de Sal-
e no empreendimento açucareiro, estabelecendo um vador, citado por Eduardo França Paiva (2001), em
monopólio. Contudo, mesmo que a Coroa tenha tentado Inaugurando a história e construindo a nação:
controlar todo o processo de produção e mercantilização “E deste mesmo modo se hão os povoadores, os
de açúcar, isso não ocorreu, uma vez que os holandeses quais, por mais arraigados que na terra estejam e mais
eram responsáveis pela comercialização, no exterior, do ricos que sejam, tudo pretendem levar a Portugal e, se
produto produzido na colônia portuguesa. as fazendas e bens que possuem souberam falar, tam-
O tabaco também foi um produto importante para bém lhes houveram de ensinar a dizer como aos papa-
o sistema econômico colonial, visto que era um pro- gaios, aos quais a primeira que ensinam é: papagaio
duto importante a ser trocado por africanos a serem real pera Portugal, porque tudo querem para lá”.
escravizados, assim como a cachaça; não havia, entre-
Segundo o texto, o autor:
tanto, possibilidade de tais produtos disputarem com o
monopólio do açúcar.
A partir do século XVI, toda a empresa colonial seria a) Critica a política colonizadora lusa na América de
sustentada pelo empreendimento do açúcar: a forma- exploração de riquezas.
ção de cidades e vilas, a divisão do território e a relação b) Apoia a decisão dos povoadores de não permanece-
entre os grupos sociais. Até 1763, quando a capital pas- rem no território colonial.
sou para o Rio de Janeiro, era em Salvador que se desen- c) Desacredita da política europeia de colonizar as
volviam as atividades administrativas. Ainda assim, nos América.
primeiros anos da colonização, o poder efetivo estava d) Recrimina os colonos lusos por enviarem para Portu-
localizado na casa-grande e no engenho. Daí os senhores gal também papagaios.
de engenhos terem se tornado o grupo social mais des- e) Valoriza as atitudes dos colonos portugueses de fixa-
tacado, embora sua posição não adviesse de um arranjo ção nas terras da América.
hereditário, como era o caso da nobreza europeia.
No contexto colonial, no qual a economia era susten- O que se promove é uma crítica à exploração decor-
tada pelo trabalho forçado, ser branco e não desempe- rente da colonização portuguesa na América e à
nhar trabalho braçal já indicava alguma ascensão social, transferência de todas as riquezas para Portugal.
pelo menos para o “povo”. Havia trabalhos que eram Resposta: Letra A.
desempenhados apenas por cativos, fossem eles indíge-
nas ou africanos, por isso, nessa sociedade marcada pelo
Pecuária nos Sertões
escravismo, a cor se tornou logo um indicador social.
Ademais, se a díade senhores e escravizados era
central nessa sociedade constituída sob o empreendi- Com o estabelecimento do governo-geral, foi ado-
mento açucareiro, havia também, ao redor, os agre- tada a prática de doar sesmarias (grandes porções
gados do senhor, pessoas que, embora não tivessem de terra) destinadas à pecuária em áreas do interior. HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
relevância econômica, eram importantes para o Houve pecuária em vários locais onde se estabele-
desempenho político e social dos senhores de enge- ceram colonos. No Nordeste, essa atividade ocupou
nho. Eram, sobretudo, parentes destituídos de terra, uma vasta área do interior desde a Bahia até Piauí e
comerciantes e homens livres que não possuíam auto- Goiás. São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul também
nomia social e que viviam sob a proteção do senhor e eram núcleos importantes. Com o declínio do Ciclo do
lhe davam influência política. Ouro em Minas Gerais, a pecuária acabou sendo uma
importante atividade no atual sul do estado.

Invasões Estrangeiras — União Ibérica e Período


EXERCÍCIOS COMENTADOS Holandês

1. (FGV — 2019) Sobre a colonização portuguesa na Desde o início da chegada dos portugueses à Amé-
América, no século XVII, assinale a alternativa correta. rica, a costa da colônia foi alvo de inúmeras invasões
estrangeiras, de povos franceses, ingleses, holande-
a) A mão de obra comum a todo o território colonial era ses, entre outros. Contudo, o inconveniente não vinha
composta por africanos colonizados. apenas dos piratas, pois a França já havia tentado
b) Os senhores de engenho compunham o segmento quebrar o Tratado de Tordesilhas por duas vezes e os
mais abastado das regiões açucareiras. holandeses também não ficaram para trás. 273
A primeira tentativa da França de colonização da Embora Nassau tenha feito uma administração
América Portuguesa ficou conhecida como França popular na região, acabou retornando à Europa em
Antártica e foi empreendida por Nicolas Durand de 1644, por conta das sucessivas pressões dos seus com-
Villegagnon, que desembarcou no Rio de Janeiro em patriotas. A partir daí, deu-se um declínio do chamado
1555 e permaneceu lá por três anos: um período cur- Brasil holandês, e as “guerras brasílicas”, que visavam
to, mas que trouxe muitas repercussões no imaginário à retomada do território pelos portugueses, prologa-
em relação aos grupos indígenas. Em 1612, a França ram-se até 1654, quando as tropas portuguesas final-
realizou a segunda invasão, dessa vez em São Luís, no mente retomaram o espaço invadido.
Maranhão. Ali, tentaram instalar a França Equinocial,
começando por instituir uma feitoria na ilha de São
Luís e se relacionando com as sociedades indígenas
que habitavam a região.
A França Equinocial tinha apoio da Coroa francesa
EXERCÍCIOS COMENTADOS
e se instituiu sob a autoridade de Daniel de la Tou-
che, fundador do povoado de Saint Louis, que seria 1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) A principal autoridade
apenas o território inicial de uma vasta extensão ocu- em todos os domínios coloniais portugueses era o rei,
pada pelos franceses: desde o litoral maranhense até que, na administração desses domínios, contava com
o espaço do que hoje é o atual Tocantins. Em 1615, os o auxílio do Conselho Ultramarino e da Mesa de Cons-
franceses foram expulsos pelas tropas lusitanas e o ciência e Ordens. Tendo em vista que, apesar do auxílio
território, ocupado por colonos portugueses que inse- dessas instituições, a organização administrativa do
riram a cultura de açúcar na região. Em 1626, os fran- Brasil colonial funcionava de modo precário, julgue o
ceses tomaram o território da contemporânea Guiana seguinte item, relativo às causas dessa precariedade.
Francesa, e apenas aí tiveram êxito. As distâncias, a consequente lentidão das comunicações
Se a França falhou na fundação de uma colônia e a falta de aparato humano burocrático dificultavam o
duradoura na América Portuguesa, a Holanda teve controle da população e a observância restrita das leis.
mais êxito em sua tentativa. A relação entre Holanda e
Portugal nem sempre foi tranquila, e quando da crise ( ) CERTO ( ) ERRADO
de sucessão da monarquia portuguesa, que entregava
o trono português à Coroa espanhola (ato conhecido O imenso território implicava dificuldade de comu-
como União Ibérica), Portugal assumiu, consequente- nicação, o que, naturalmente, tornava a adminis-
mente, os inimigos da Coroa Espanhola, e entre eles tração da colônia difícil. É preciso considerar que
estavam os holandeses. Com as duas Coroas unidas, os a longa distância dos colonos para com a autori-
domínios coloniais também foram fundidos, ficando dade real implicava, também, quebra da fidelidade
sob o comando da Casa Real espanhola, na dinastia à coroa, gerando contrabandos, novas identidades
conhecida como “filipina”. configuradas e uma autonomia administrativa local
Em 1604, os holandeses atacaram Salvador, ima- muito grande. Resposta: Certo.
ginando que os portugueses não conseguiriam, pelo
tamanho da costa, impedir a ação. Essa primeira ten- 2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Tendo em vista que,
tativa falhou. Seria criada, então, a Companhia Holan- como colônia de Portugal, o Brasil fazia parte do mer-
desa das Índias Ocidentais, em 1621, formada por cantilismo da Idade Moderna, que tinha no sistema
capital do Estado e investidores privados, cujos objeti- colonial um dos fatores fundamentais do processo
vos eram a tomada das áreas açucareiras e o controle de acumulação primitiva da Europa nos séculos XVI,
do mercado de escravos na África. XVII e XVIII, julgue o item a seguir, acerca das carac-
Finalmente, em 1624, a capital foi ocupada por um terísticas básicas da produção brasileira no período
dia, mas retomada em seguida em ação coordenada colonial.
por Matias de Albuquerque (governador português Exercida sob o modelo de latifúndio autossuficiente,
vigente), evitando, assim, que as fazendas de cana e a produção gerava excedentes que propiciavam um
os engenhos fossem tomados. Novo ataque aconteceu vigoroso comércio entre as capitanias.
em 1627, mas o objetivo parecia ser apenas a pilha-
gem e não a ocupação da área.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Como não conseguiam ocupar a capitania da Bahia,
os holandeses se voltaram para Pernambuco, que tam-
O modelo de produção colonial foi de latifúndio
bém era importante centro produtor de açúcar. Organi-
com produção voltada para o exterior, o que oca-
zados, 7280 homens, em 65 embarcações, iniciaram o
sionou falta de abastecimento interno em diversos
ataque em 1630, e Olinda foi ocupada pelos holandeses.
Estes, por sua vez, investiram na colônia que acabavam períodos. Mesmo que existisse algum excedente, era
de conquistar: Maurício de Nassau foi feito governador- destinado ao mercado externo, sobretudo para os
-geral do Brasil holandês e transformou substancial- territórios hispânicos vizinhos, como forma de con-
mente a área. Nassau reestabeleceu os engenhos que trabando. Resposta: Errado.
haviam sido abandonados pelos colonos portugueses,
recompôs o tráfico de escravizados, forneceu crédito e EXPANSÃO TERRITORIAL: INTERIORIZAÇÃO E
obrigou o plantio para subsistência da capitania. Além FORMAÇÃO DAS FRONTEIRAS, AS REFORMAS
disso, Nassau se mostrou tolerante na questão religiosa. POMBALINAS E AS REBELIÕES COLONIAIS
A administração do Brasil holandês por Nassau trou-
xe bons feitos para a região, como a criação da Cidade Intensificação Metropolitana — Entradas, Bandeiras
Maurícia, melhorando a situação da população da região, e Missões
que antes se via em péssimas habitações e sem acesso às
devidas condições de higiene. Foi também sob sua super- Uma questão fundamental na colonização portu-
visão que se construiu as três primeiras pontes de gran- guesa diz respeito ao trato dos indígenas pelos colonos,
de proporção no território colonial, e criou-se um espaço pois enquanto estes queriam escravizar as populações
274 que recolhia espécies variadas de fauna e flora. nativas, as missões jesuíticas procuravam protegê-los
do trabalho forçado e encaminhá-los à catequese. A MOVIMENTOS E TENTATIVAS
concepção de trabalho das sociedades indígenas era EMANCIPACIONISTAS
um tanto diferente da concepção europeia, já que não
havia nessas sociedades interesse imediato por exce- AS REVOLTAS NO BRASIL COLONIAL
dentes e sua produção se caracterizava por uma con-
cepção coletiva de fabrico e consumo. Palmares
Muitos indígenas, ao terem contato com os colo-
nizadores, foram se retirando para o interior, procu- A resistência coletiva dos escravos originou os
rando escapar do trabalho compulsório. Uma questão chamados quilombos (em Angola, um tipo de acam-
se mostrou central nesse contexto: a necessidade cris- pamento militarizado) ou mocambos (que significava
tã de catequização das populações indígenas. Para esconderijo). Na América Portuguesa, os quilombos
a Igreja, esses indivíduos eram importantes “novos foram agrupamentos de escravizados fugidos, que
fiéis” que precisavam ser encaminhados. tentavam escapar do violento sistema. Esses escra-
Muito embora se tenha encorpado o discurso que vizados se mantinham à margem da sociedade, em
diz respeito à substituição do trabalho indígena pelo lugares de acesso difícil, sem, contudo, perderem as
trabalho, também compulsório, dos africanos, o que relações de proximidade com vilarejos e comunida-
de fato se percebe nas pesquisas historiográficas é que des das proximidades.
uma ação não anulou a outra, pois ambas as popula- Palmares, surgida em 1597, foi a maior comunida-
ções foram utilizadas como mão de obra forçada. de de escravos fugidos que se tem conhecimento na
Um exemplo notável do processo de escravização história da América Portuguesa, e ficava na Zona da
indígena pode ser apontado pelas atividades dos bandei- Mata, onde hoje está o estado de Alagoas. O ambien-
rantes, da região de São Paulo. Os bandeirantes adentra- te favoreceu o abrigo da população do quilombo e as
vam o interior — os sertões — procurando por indígenas palmeiras possibilitaram-lhes sustento e possibilidade
e assaltando as missões jesuítas que transportavam os de confeccionarem armadilhas, roupas e cobertas. A
indígenas, onde eram criadas vilas em que trabalhavam partir de algum momento, Palmares passou a nomear
e eram catequisados. Assim, as duas categorias, colonos uma confederação de comunidades com diversos
e jesuítas, se viam em constante litígio. tamanhos, que se vinculavam por acordos. Era tam-
Há que se dizer que a posição de defesa da Igreja, bém por acordo que escolhiam seus líderes, além de
em relação aos indígenas, freou, em alguma medida, contar com administração pública, leis e forma de
as ações bandeirantes, fazendo a atenção voltar-se governo própria, disposição militar e concepções reli-
para o tráfico atlântico, que causava menos incômo- giosas e culturais típicas que colaboravam para a coe-
do moral que o trabalho compulsório indígena que, é são do grupo.
preciso reiterar, continuou a existir. Obviamente, as autoridades metropolitanas per-
cebiam um grande risco em Palmares: além da rela-
A ação missionária e a educação jesuítica ção ativa com vilas que mediavam a região, poderia
incentivar o imaginário dos escravizados, acenando
para a fuga e resistência. Em 1612, deu-se a primeira
A Companhia de Jesus foi criada por Inácio de
ação contra Palmares, e a última, em 1694. Durante
Loyola em 1534, como resposta para a Reforma Pro-
1644 e 1645, período da ocupação holandesa, Palma-
testante que acontecia na Europa. Seu objetivo era
res foi crescendo, aproveitando o contexto social e
espalhar a fé católica pelo mundo. Os primeiros repre-
político tumultuado para se favorecer.
sentantes chegaram ao Brasil com o padre Manuel da
As autoridades coloniais direcionavam frequente-
Nóbrega em 1549. Após desembarcarem na Bahia,
mente à confederação missões de reconhecimento e
ajudaram na fundação da cidade de Salvador. expedições para ataque, além das tentativas incessan-
Uma das estratégias adotadas por Manuel da Nóbre- tes de desfazer ligações comerciais dos quilombolas
ga na conversão dos gentios (catequese) foi a construção com as comunidades próximas. Embora as ações das
de aldeias de catequização (aldeamentos), que se situa- autoridades portuguesas sempre acabassem fracas-
vam próximas das vilas e cidades portuguesas. Essas sadas, puderam ser finalmente favorecidas com as
aldeias eram habitadas pelos padres jesuítas e pelos divisões internas que surgiam dentro de Palmares,
índios a serem convertidos. No ano de 1553, José de ocasionando sua derrocada. Nesse contexto, em 1678,
Anchieta chegou ao Brasil. À frente do Colégio na vila de HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
Ganga Zumba e Zumbi se indispuseram, criando uma
São Paulo, fez contato intenso com os grupos indígenas fissura em Palmares e dando início a anos violentos.
locais, o que auxiliou na elaboração de um guia de gra- Ganga Zumba foi morto por considerar fazer um acor-
mática e um dicionário; criou inclusive o teatro jesuítico, do com as autoridades coloniais e, por mais quinze
entendido por especialistas como o primeiro empreen- anos, Zumbi conseguiu manter a liberdade e autono-
dimento educacional da história do Brasil. mia dos quilombolas. Contudo, o estado de sítio fei-
A partir da década de 1580, a missão realizava-se por to pelas tropas coloniais, em 1694, ao Cerco Real do
meio de visitas esporádicas aos grupos localizados nas Macaco, levou à derrota da comunidade e ao assas-
matas, e os padres não permaneciam muito tempo entre sinato de Zumbi. Embora tenha tido um final trágico,
os grupos. Na segunda metade do século XVIII, a presen- Palmares permaneceu no imaginário da população
ça dos jesuítas no Brasil sofreu um duro golpe. Nessa cativa, representando um ideal de resistência.
época, o influente ministro Marquês de Pombal decidiu
que os jesuítas deveriam ser expulsos do Brasil por con- Revolta de Beckman
ta da grande autonomia política e econômica que con-
seguiam com a catequese. A justificativa para tal ação O descontentamento com o governador Francisco
veio da ocorrência das Guerras Guaraníticas, a qual os de Sá Meneses era grande: havia sua aparente apatia
padres das missões do sul armaram os índios contra as pela situação de miséria no Maranhão e, ponto funda-
autoridades portuguesas em uma sangrenta guerra. mental, havia a legislação a respeito da escravização 275
indígena, questão que se relacionava com a ação Revolta dos Mascates
jesuítica. No dia 25 de fevereiro de 1684, liderados
pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, os insurgen- A revolta dos Mascates data de 1710 e faz parte de um
tes tomaram a cidade de São Luís e instituíram uma conjunto de eventos que se caracterizam pela ruptura
junta de governo com representantes dos latifundiá- com a ordem colonial. O início do conflito se deu quando
rios, do clero e do povo. os comerciantes de Recife, apelidados pejorativamente
Depois de conquistada a cidade, o movimento de mascates, clamaram pela autonomia do povoado que
foi perdendo a adesão popular e terminou em 1685, era, até então, compreendido como porto de Olinda, cida-
com a chegada do novo governador Gomes Freira de de já em decadência. A elite açucareira de Olinda reagiu
Andrade e das tropas lusas, quando foi decretada a violentamente ao pedido de autonomia de Recife, convo-
prisão dos principais líderes, pondo fim à revolta. cando a população pobre e criando milícias.
Embora descontentes com as autoridades coloniais, os A revolta durou menos de um ano. O grupo, forma-
revoltosos não pretendiam, nesse movimento, romper do majoritariamente pela população pobre e pela elite
com a Coroa portuguesa, não ainda. açucareira, marchou contra Recife, forçando o gover-
nador da capitania a fugir para a Bahia, o que deu aos
Ciclo do Ouro revoltosos controle de boa parte da região por um
tempo. O grupo de revoltosos, mais especificamente a
elite de Olinda, incorporou à sua pauta o propósito de
Os bandeirantes encontraram ouro na região de
Minas Gerais por volta de 1698, o que levou a um gran- tornar Pernambuco independente, vislumbrando um
de fluxo migratório, em que milhares de portugueses regime republicano. Como plano alternativo, caso o
se deslocaram para as minas, assim como se intensi- plano de independência falhasse, concebeu-se a cria-
ficou o tráfico de escravizados da África (a população ção de um protetorado francês, o que nunca ocorreu,
da região chegou a 300 mil habitantes, em que 50% posto que a conjuntura delicada da França não torna-
era de escravos). A vinda de forasteiros causou tensão va viável esse tipo de apoio.
entre os bandeirantes paulistas e os “emboabas” por- Um ano depois, os comerciantes de Recife retoma-
tugueses sobre o direito de exploração do ouro, assim, ram o controle da capitania após combaterem no inte-
eclodiu entre 1707 e 1709 a Guerra dos Emboabas. rior com os revoltosos e receberem reforços de Lisboa.
Derrotados e expulsos, os bandeirantes se deslocaram Ao final, os mascates saíram vitoriosos: a elite de Olin-
para oeste do território, onde encontram ouro em da foi derrotada, o controle da capitania recobrado,
Cuiabá (1717) e em Goiás Velho (1721). Recife foi transformada em vila, convertendo-se em
Após o episódio, a Coroa Portuguesa reforçou o seu sede da capitania de Pernambuco. Apesar do fracasso
domínio com a tributação (a quinta sobre a onça de da revolta, pela primeira vez falou-se em autogoverno
ouro extraída), o impedimento de que vilas se tornas- ou declarou-se a preferência pela forma republicana
sem cidades (exigindo mais autonomia), a construção de governo, o que constituiu um marco importante.
da Estrada Real (primeiro, entre Parati e Ouro Preto, e
depois, entre Rio de Janeiro e Diamantina) e a mudan- Revolta de Vila Rica
ça da sede do governo-geral para o Rio de Janeiro
(1763). O mercado interno tornou-se mais integrado A motivação para a Revolta de Vila Rica, de 1720, é
para o abastecimento da Capitania das Minas. Com o encontrada nas práticas fiscais aplicadas pela Fazen-
declínio do ciclo do ouro por volta de 1770, a popula- da Real. Os revoltosos intentavam obrigar a Coroa a
ção se espalhou, principalmente para o sul de Minas suspender o estabelecimento das Casas de Fundição,
e para a Zona da Mata. Outra consequência foi a cul- locais onde o ouro era transforado em barras e nos
tural, com o florescimento das artes, em especial na quais retirava-se a parte referente ao pagamento das
arquitetura, com Aleijadinho. taxações da Coroa. O conflito se deu entre as autorida-
des metropolitanas e a elite socioeconômica da região.
Guerra dos Emboabas Os revoltosos faziam ações de pilhagem na região,
gritando frases que expressavam descontentamento
A Guerra dos Embobas está inserida dentro daquilo com a administração. O governador da capitania rea-
que os historiadores chamam de “revoltas nativistas”, giu com intensidade: fechou os caminhos de entrada
que implicam certo amor à pátria e desacordo com a de Vila Rica e prendeu os protagonistas do levante,
metrópole. No início do século XVIII, o ouro foi desco- enviando-os ao Rio de Janeiro. Felipe dos Santos foi
berto na região das Minas e teve-se início o conflito entre executado por conta de sua oratória, que apoiava os
bandeirantes paulistas e emboabas (termo que designa- revoltosos, tornando-o vítima do suplício público.
va forasteiros), pela administração do território aurífero.
A Guerra dos Emboabas foi, sobretudo, uma con- Inconfidência Mineira
tenda entre práticas e concepções políticas diversas:
de um lado os paulistas e, de outro, os forasteiros. Formada por um grupo eclético e aliada à elite eco-
Não se pode reduzir o conflito apenas aos desejos de nômica de Minas, homens e mulheres contestaram as
obtenção de terra e riqueza, existindo, ainda, ques- relações coloniais, planejando um levante armado que
tões sociais e políticas mais profundas. declararia Minas uma República. No grupo, havia cône-
Os descobridores do ouro, bandeirantes paulistas, gos eruditos, poetas, professores, inúmeros homens de
acreditavam que mereciam tratamento especial, ou as letras e membros da elite econômica. As pessoas envol-
chamadas mercês, pelos serviços prestados à Coroa, vidas na Inconfidência apontavam para a diversidade
como o desbravamento do território e, consequente, a das atividades desenvolvidas em Minas e, portanto, para
descoberta de metais preciosos; isso não ocorreu, o que a possibilidade de autossuficiência da capitania.
gerou ressentimento por parte dos paulistas. A guerra O que levou esse grupo a de fato considerar a rebe-
terminou em 1709, após a Coroa apoiar os emboabas lião foi a articulação de fatores político-administrati-
276 com o intuito de sufocar os revoltosos paulistas. vos, econômicos e culturais. A política metropolitana
continuava a taxar a capitania e seus habitantes, sem a) reafirmação da prática econômica mercantilista e de
considerar que a produção aurífera havia decaído, instauração na metrópole portuguesa do absolutismo
insistindo na imposição da “derrama” (cobrança de monárquico.
impostos atrasados). Além disso, a administração fica- b) avanço dos movimentos socialistas de contestação
va quase inteiramente fora das mãos da elite local, o social e de difusão da concepção de igualdade natural
dos homens.
que causava desagrado.
c) consolidação das independências políticas latino-a-
Supõe-se que a Conjuração começou a tomar for-
mericanas e de retração das riquezas proporcionadas
ma na década de 1780, sendo que o projeto de autono-
pelas exportações agrícolas brasileiras.
mia das Minas foi formalmente debatido em reuniões
d) crítica ao Antigo Regime europeu e de aumento do peso da
locais apenas em 1788. Na metade da década de 1780,
exploração colonial com o declínio da produção aurífera.
falava-se de uma “República Florente” e evidenciava-
e) disputas econômicas entre metrópoles coloniais e de
-se a capacidade de Minas de se tornar soberana. guerras permanentes entre economias industrializa-
Tiradentes foi o mais ativo propagandista das ideias das europeias.
da Conjuração: eloquente orador, fez ideias de autono-
mia circularem por redes que aglutinavam diferentes Como vimos, um dos grandes incômodos da socie-
segmentos sociais, e esse é um fator essencial para a com- dade mineira era a cobrança de imposto na zona
preensão da punição severa que esse personagem sofreu. aurífera pela Coroa; além disso, os inconfidentes
A Conjuração teria início com um motim, que eram contra a prática mercantilista e o absolutismo
deveria ocorrer no mês de fevereiro, em Vila Rica, no monárquico. Resposta: Letra D.
momento de imposição da derrama. Se saíssem vito-
riosos, os conjurados irromperiam a rebelião por toda 2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Em novembro de 1807,
a capitania, declarando a independência de Minas e a temendo ser aprisionado pelas tropas de Napoleão
implementação de uma República. Bonaparte, o príncipe regente de Portugal, D. João
Os conjurados observavam atentamente a Revo- VI, deixou Lisboa acompanhado de sua família e de
lução Americana e procuravam aprender com a boa parte da nobreza da Corte, em direção ao Brasil,
movimentação que acontecia no norte do continente, onde se estabeleceu até 1821, ano em que regressou
entrevendo as possibilidades de uma República Confe- à metrópole já como rei. Com relação às diversas con-
derada. Pretendia-se exaurir a Corte e fazê-la negociar; sequências, para a colônia, da permanência de D. João
contudo, Minas se viu sozinha, tanto na colônia, como VI no Brasil, julgue o item seguinte.
no cenário internacional. A Conjuração foi denuncia- A noção de brasilidade, ou seja, a consciência de ser bra-
da por Joaquim Silvério dos Reis, ativo participante da sileiro, esteve presente desde cedo na cultura política e
conjuração, que delatou a ação para receber o perdão na identidade da sociedade brasileira, tendo-se manifes-
das muitas dívidas que tinha com a Coroa. tado nas sedições nativistas da Inconfidência Mineira e
Feita a delação, ocorreram seis denúncias, a der- da Conjuração Baiana, ambas de cunho emancipacionis-
rama foi suspensa, os conspiradores foram presos e tas, e, em fins do período colonial, terminado por ser a
abriu-se a “devassa”, busca por provas que iriam cons- base da luta pela independência do Brasil.
tituir os autos do processo da Conjuração Mineira. Ao
final de três longos anos, os conjurados considerados ( ) CERTO ( ) ERRADO
culpados foram degradados para a África, houve o
sequestro de seus bens e alguns foram condenados à Embora fossem movimentos nativistas, a Conju-
ração Mineira e Conjuração Baiana eram funda-
forca. Quanto a Tiradentes, sua pena foi aplicada pela
mentalmente regionalistas e não remetiam a uma
Coroa de modo a ser exemplar e espetacular, ficando
“noção de brasilidade”. A ideia de uma nação só
por muito tempo na memória dos colonos: foi enfor- poderá ser formada a partir da segunda década do
cado no Rio de Janeiro, seu corpo foi esquartejado e século XIX e, com maior força, após a independên-
salgado e os pedaços ficaram em exibição em pon- cia. Resposta: Errado.
tos estratégicos do Caminho Novo, sendo sua cabeça
exposta no centro de Vila Rica. A PRESENÇA BRITÂNICA NO BRASIL
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
A presença britânica no Brasil já remonta ao perío-
do colonial, quando o Tratado de Methuen, assinado
EXERCÍCIOS COMENTADOS em 1703, reforçou a tendência de dependência com
relação à Inglaterra no sentido de permitir que as
1. (VUNESP — 2019) A ênfase fortemente regionalis- manufaturas inglesas chegassem ao mercado portu-
ta dos inconfidentes inclinava-se, às vezes, para o guês, enquanto os produtos portugueses menos valo-
nacionalismo econômico. Isso era mais explícito nos rizados, como vinho, chegavam ao mercado europeu.
pronunciamentos do alferes Tiradentes, embora ele Logo em sua chegada no Brasil, D. João VI abriu os
não estivesse isolado em tal posição. Silva elogiava portos para a Inglaterra. Com isso os produtos indus-
a beleza de Minas e apontava seus recursos naturais. trializados chegaram ao Brasil, enquanto o Brasil
passou a vender produtos agrícolas para o mercado
Livre, republicano, industrializado, continuava o propa-
inglês. Em 1810, os Tratados de Aliança e Amizade e
gandista, o Brasil não teria necessidade de importar de Comércio e Navegação abriram ótimas oportunida-
mercadorias estrangeiras. des para a instalação de empreendimentos britânicos
(Kenneth R. Maxwell. A devassa da devassa: a Incon- por meio de facilidades jurídicas e tarifárias.
fidência Mineira, Brasil — Portugal, 1750-1808, 1978. Vale destacar ainda que a Inglaterra apoiou o
Adaptado). Brasil para que sua independência tivesse reconhe-
Os projetos defendidos pelos inconfidentes podem ser cimento da comunidade internacional. O papel da
explicados pela conjuntura histórica de: Inglaterra também se deu no sentido de forçar o Brasil 277
a abolir o tráfico de escravizados. O Brasil burlou por
algum tempo essa pressão, mas desde que a Lei Bill EXERCÍCIOS COMENTADOS
Aberdeen (1845) permitiu que a esquadra britânica
afundasse qualquer navio negreiro, o Parlamento se 1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) No que diz respeito à
viu na necessidade de por fim ao sistema. Assim, em história do Maranhão nos períodos colonial e imperial,
julgue o item subsequente:
1850, a Lei Eusébio de Queirós extinguiu o tráfico de
A adesão da Província do Maranhão à independência
escravizados para o Brasil.
do Brasil resultou da derrota militar de parte da elite
maranhense que defendeu, por meio das armas, a
MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS E A
manutenção dos laços com Portugal, a despeito das
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL estreitas relações existentes entre o Maranhão e a
Corte no Rio de Janeiro. As tropas portuguesas, mes-
D. José I, em 1750, colocou em prática as reformas mo tendo vencido a Batalha de Jenipapo, foram derro-
de Estado de seu ministro, Marquês de Pombal. Desta- tadas por Thomas Cochrane em São Luís:
cam-se: criação do Erário Régio (controlar os gastos da
Coroa), extinção das Capitanias Hereditárias (1759), ( ) CERTO ( ) ERRADO
expulsão dos jesuítas e a instituição da derrama (para
evitar as fraudes causadas com a cobrança do quinto, As elites agrícolas e pecuaristas da província do
passou a exigir que os mineradores da colônia pagas- Maranhão possuíam vínculos estreitos com a
sem um valor fixo de 1500 quilos de ouro por ano). metrópole e travaram uma intensa guerra contrá-
Com a instituição da derrama e das imposições cen- ria à independência. A capital, São Luís, foi bloquea-
tralizadoras da Coroa, movimentos revoltosos e levan- da pelo mar e sofreu ameaças de bombardeio pela
tes se convertem em uma categoria mais organizada, esquadra de Thomas Cochrane; assim, o reduto por-
robusta e de cunho separatista que buscava autonomia tuguês foi obrigado a se render e acabou aderindo
de regiões coloniais. Exemplos são a Conjuração Minei- à independência em julho de 1823. Resposta: Certo.
ra (1788-89), que sob os ideais do iluminismo buscava
a independência de Minas Gerais e fundação de uma 2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Em novembro de 1807,
república; e a Conjuração Baiana (1798), com ideais e temendo ser aprisionado pelas tropas de Napoleão
propostas semelhantes à mineira, além da luta pela Bonaparte, o príncipe regente de Portugal, D. João
abolição da escravidão. As guerras de independência VI, deixou Lisboa acompanhado de sua família e de
dos Estados Unidos (1776) e do Haiti (1790) também boa parte da nobreza da Corte, em direção ao Brasil,
surgiam como símbolos de emancipação da colônia. onde se estabeleceu até 1821, ano em que regressou
Com a invasão napoleônica à Espanha e a prisão à metrópole já como rei. Com relação às diversas con-
do rei em 1807, D. João viu a possibilidade de o Impé- sequências, para a colônia, da permanência de D. João
rio Português entrar em colapso, como começava a VI no Brasil, julgue o item seguinte:
ocorrer com o Império Espanhol. Sendo assim, em Elevou-se o status colonial do Brasil em relação a Por-
um acordo com a Inglaterra, “escondido” da França, tugal com a revogação dos atos que proibiam o esta-
D. João partiu com a Família Real para o Brasil (1808), belecimento de indústrias e manufaturas na América
Portuguesa e com a criação de tribunais semelhantes
onde pretendia manter a unidade de seu império e
aos sediados em Lisboa.
fugir da prisão pelo exército napoleônico.
Em terras brasileiras, o então príncipe regente deu
( ) CERTO ( ) ERRADO
fim ao Pacto Colonial (abrindo os portos para a Inglater-
ra), criou a Imprensa Nacional, a Biblioteca Nacional, o Em 1815 o a colônia brasileira foi elevada à condição
Banco do Brasil, além de outros órgãos administrativos, de reino, assumindo a designação oficial de Reino
como a junta de Comércio e o Conselho da Fazenda. Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Não é demais
Em 1815, o Brasil foi elevado a Reino Unido de lembrar que a transferência da corte portuguesa ao
Portugal, Brasil e Algarves. Dois anos depois, nasceu Brasil, em 1808, também incluía boa parte do quadro
em Pernambuco o primeiro grande movimento pela burocrático do Império Português. Resposta: Certo.
independência do Brasil: a Revolução Pernambuca-
na, que reunia oficiais, negociantes liberais e padres. Tratados de Limites
Em Portugal, eclodiu, em 1820, a Revolução Libe-
ral do Porto, que exigia uma nova constituição e o A configuração dos limites territoriais alterou-se
retorno de D. João VI à Europa. Em meio à formação bastante após o Tratado de Tordesilhas de 1494. Duran-
das Juntas Constitucionais (nas quais o Brasil também te a União Ibérica, quando as possessões de Espanha
possuía representantes), D. João deixa seu filho, D. e Portugal foram fundidas, o respeito aos limites do
Pedro, como príncipe-regente, e volta para Portugal. território deixou de ser levado a sério. Porém, a ativi-
Durante 1822, houve diversos movimentos de opo- dade bandeirante e a atividade pecuária aumentavam
o espaço ocupado por colonos ligados a Portugal.
sição a Portugal, principalmente no Grão-Pará e na
O Tratado de Utrecht, de 1713, teve como objeti-
Bahia. Entre diversas tendências, venceu aquela que
vo resolver esses problemas. Definiu que a Colônia
defendeu a construção de um Estado independen-
de Sacramento, atual Uruguai, era posse portuguesa.
te, que mantivesse a escravidão e o poder das elites O Tratado de Madri, de 1750, devolveu a Colônia de
econômicas. Assim, a liderança de D. Pedro em 7 de Sacramento aos espanhóis, enquanto estabelecia a
setembro de 1822 era a garantia mais próxima da uni- região dos Sete Povos das Missões (atual Rio Grande
dade em uma imensa porção de terra marcada por do Sul), do atual Centro-Oeste e boa parte da Amazô-
regionalismos e profundas diferenças sociais. As eli- nia como posses portuguesas. Essa decisão seria tam-
tes temiam que uma agitação social incluísse pobres e bém confirmada com o Tratado de Santo Il defonso,
278 escravizados, que eram 80% da população. em 1750, e com o Tratado de Badajós, em 1801.
nos grandes comerciantes do Brasil que, por sua vez,
O PERÍODO JOANINO E A já estavam acomodados sob os privilégios concedidos
INDEPENDÊNCIA pela presença da corte na colônia.
O que sucede é que a presença da corte no Brasil
A TRANSFERÊNCIA DA CORTE E OS TRATADOS, AS (1808-1820) foi moldando as consciências dos colonos a
PRINCIPAIS MEDIDAS DE D. JOÃO VI NO BRASIL E A respeito da possibilidade de se constituir um governo real
POLÍTICA JOANINA que permanecesse no Brasil. Assim, a ideia de indepen-
dência começou a ganhar força, por volta de 1821, como
Quando a corte portuguesa embarca, fugindo uma reação à Regeneração de 1820, uma vez que esta era
estrategicamente de Lisboa em novembro de 1807, entendida como uma revolução contrária ao Brasil.
o faz porque tinha consciência dos acontecimen- Latente o conflito de interesses, os colonos que
tos recentes na Europa, em um momento em que o ganharam com a presença da corte reivindicavam um
expansionismo de Napoleão Bonaparte parecia impa- governo no Brasil que, por sua vez, evoluiu a percep-
rável. Uma experiência ainda mais próxima acendeu ção da necessidade de um Estado Nacional brasileiro, a
o sinal vermelho e mostrou que os prognósticos eram grande novidade revolucionária. É nessa configuração
corretos: o rei espanhol, Fernando VII, foi deposto do que entra a figura do príncipe regente, futuro D. Pedro I.
trono por Napoleão, em maio de 1808. A fuga da corte Outra determinação polêmica das Cortes era que as
portuguesa foi um sucesso em curto prazo; contudo, províncias do Brasil se transformassem em províncias
a longo prazo, ocasionou uma quebra de legitimida- portuguesas, o que gerou, segundo comenta D. Pedro em
de do Império português em um momento em que os carta a seu pai, “um choque mui grande nos brasileiros”.
ares eram revolucionários. O que o príncipe regente precisava fazer era se
A presença da corte no Brasil, ademais, causava equilibrar em um cenário instável, no qual havia a
incômodo em algumas parcelas da população, sendo necessidade de se cumprir os decretos das Cortes ao
o exemplo mais evidente a Revolução Pernambucana, mesmo tempo em que tinha que corresponder os inte-
que estourou na província de Pernambuco, em 1817. resses do povo do território em que ele se encontrava.
Antes da chegada da corte em 1808, essa província Assim, as Cortes foram convocadas com a finalidade
ligava seu comércio diretamente a Portugal, posto que de reorganizar o Império Português dentro da dinâ-
as dificuldades logísticas, como rotas terrestres ou flu- mica colonial e os colonos se agrupavam cada vez
viais, impediam o estabelecimento de relações com mais em torno da ideia de separação.
o Rio de Janeiro. Somava-se ao fim desses benefícios Já em 1822, o príncipe regente também recebia
concedidos ao comércio pernambucano um período pressões a fim de que retornasse a Portugal, o que
de graves secas e crises de abastecimento. gerou um episódio bastante curioso no dia 9 de janei-
O movimento revolucionário pautava a necessidade ro de 1822: o “Dia do Fico”. Nesse dia, D. Pedro recebeu
de se combater a crise e recuperar os benefícios comer-
um requerimento que continha 8 mil assinaturas soli-
ciais, assim como a possibilidade de se romper com
citando-o que ficasse no Brasil. Não sabemos ao certo
a monarquia. Em partes, e por um curto período, os
quais foram as verdadeiras palavras proferidas pelo
revoltosos (homens livres, escravizados, ricos e pobres)
jovem príncipe regente, contudo, consagrou-se na
saíram vitoriosos, uma vez que conseguiram destituir
o governo de Pernambuco e instalar brevemente uma memória social a perspectiva de que ele ficaria a fim
república; contudo, foram violentamente reprimidos, de preservar os interesses da população brasileira.
com prisões e condenações em praça pública. Um governo foi organizado por D. Pedro logo após
Na Europa, cessada a agitação política entre portu- esse evento, tendo figuras proeminentes como José
gueses e franceses, a soberania lusa conseguiu, enfim, Bonifácio de Andrada e Silva, um moderado que fazia
gozar de certa estabilidade, e um forte movimento de campanhas por maior autonomia da colônia, mas não
pressões pôde ecoar a fim de que D. João retornasse reivindicava uma separação radical. Foram convoca-
a Portugal. A relutância do rei em retornar causava dos representantes de todas as províncias e, mais tar-
indignação na população lusa, em um momento em de, uma assembleia legislativa e constituinte.
que a metrópole passava por uma grave crise de pro- Já a politização da sociedade colonial com a che-
dução agrícola e desvalorização do papel moeda. gada da corte em 1808 se deu em conteúdos bastante
Essa agitação culminou na chamada Revolução Libe- inovadores. Aspectos da recente Revolução Francesa
ral do Porto, também conhecida como Regeneração de (1779) estavam em alta, sobretudo na crítica ao mode-
1820. lo estamental de sociedade, abrangendo novas for- HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
O prolongamento da ausência régia na metrópole mas de se organizar a sociedade, também na crítica
evidenciou que o “exercício da exclusiva vontade do rei” aos privilégios da nobreza e dos corpos sociais mais
não era mais cabível. Assim, profissionais liberais, advo- altos. Depois da revolução de independência do Haiti
gados, médicos e comerciantes reuniram-se na cida- (1804), esses conteúdos se tornaram inescapáveis. Era
de do Porto a fim de redigirem uma Constituição que, preciso apropriar-se de alguns elementos e fazer uma
embora conservadora, propunha a limitação do poder revolução menos radical que a francesa e bem menos
do monarca e sua submissão à carta constitucional. radical que a de São Domingos, segundo a perspectiva
A Regeneração também inovava ao propor a trans- das elites coloniais brasileiras.
ferência da soberania, antes circunscrita ao rei, às A escravidão foi um elemento importante neste caso:
chamadas Cortes. As pressões exercidas pelas Cortes a dimensão do escravismo na América Portuguesa era
constituídas fizeram com que D. João retornasse com tão grande que foi capaz de influenciar todos os outros
sua família a Portugal em abril de 1821, mas deixando aspectos da vida social, como valores, formas de pensar,
no Brasil seu filho, D. Pedro de Alcântara. de comportamento, práticas políticas. A independência,
A promulgação da Constituição proposta pela nesse sentido, mudou a forma de compreender essa
assembleia constituinte de 1820 teria validade para sociedade: não era mais uma sociedade estamental legi-
todos os portugueses, o que incluía os habitantes das timada por Deus, embora o rico ainda fosse rico, mas
colônias portuguesas, inclusive na América. Algumas havia agora um parlamento, e a escravidão tornou-se
medidas, no entanto, causaram profundo desconforto
uma escravidão nacional, e não mais portuguesa. 279
A chegada da corte também dinamiza fluxos ligava seu comércio diretamente a Portugal, posto que
econômicos internos, dado a necessidade de abaste- as dificuldades logísticas, como rotas terrestres ou flu-
cimento. Em verdade, essa dinâmica e a diversifica- viais impediam o estabelecimento de relações com
ção da produção é anterior à chegada da corte, mas o Rio de Janeiro. Somava-se ao fim desses benefícios
se intensifica a partir de 1808. O Rio de Janeiro é um concedidos ao comércio pernambucano um período
epicentro que conecta São Paulo, Minas Gerais, Rio de graves secas e crises de abastecimento.
Grande de São Pedro (atualmente Rio Grande do Sul), O movimento revolucionário pautava a necessi-
tanto é, que foram as primeiras regiões a encampa- dade de se combater a crise e recuperar os benefícios
rem o projeto de independência centrada na Figura comerciais, assim como a possibilidade de se romper
de Pedro I, justamente por esses auspícios econômi- com a monarquia. Em partes, e por um curto período os
cos, mas também políticos. revoltosos, homens livres, escravizados, ricos e pobres,
Durante 1822 ocorreram diversos movimentos de
saíram vitoriosos, uma vez que conseguiram destituir
oposição a Portugal, principalmente no Grão-Pará e
o governo de Pernambuco e instalar brevemente uma
na Bahia. Entre diversas tendências, venceu aquela
que defendeu a construção de um Estado indepen- república, contudo, foram violentamente reprimidos,
dente, que mantivesse a escravidão e o poder das com prisões e condenações em praça pública.
elites econômicas. Assim, a liderança de D. Pedro em Na Europa, cessada a agitação política entre portu-
7 de setembro de 1822 era a garantia mais próxima gueses e franceses, a soberania lusa conseguiu, enfim,
da unidade em uma imensa porção de terra marca- gozar de certa estabilidade, e um forte movimento de
da por regionalismos e profundas diferenças sociais, pressões pôde ecoar a fim de que D. João retornasse
uma vez que as elites temiam que uma agitação social a Portugal. A relutância do rei em retornar causava
incluísse pobres e escravizados (80% da população). indignação na população lusa, num momento em que
a metrópole passava por uma grave crise de produ-
ção agrícola e desvalorização do papel moeda. Essa
agitação culminou na chamada Revolução Liberal do
EXERCÍCIO COMENTADO Porto, também conhecida como Regeneração de 1820.
O prolongamento da ausência régia na metrópole evi-
1. (VUNESP — 2018) Acerca da economia brasileira no denciou que o “exercício da exclusiva vontade do rei”
século XIX, é correto afirmar que: não era mais cabível. Assim, profissionais liberais,
advogados, médicos e comerciantes reuniram-se na
a) com a Abertura dos Portos, em 1808, houve um rápido cidade do Porto a fim de redigirem uma Constituição
e progressivo desenvolvimento da produção industrial que, embora conservadora, propunha a limitação do
brasileira. poder do monarca e sua submissão à carta constitu-
b) as mais importantes atividades econômicas foram a cional. A Regeneração também inovava ao propor a
produção de tabaco em São Paulo e a de algodão em transferência da soberania, antes circunscrita ao rei,
Minas Gerais. às chamadas Cortes. As pressões exercidas pelas Cor-
c) a abolição da escravatura na primeira metade do sécu- tes constituídas fizeram com que D. João retornasse
lo XIX gerou uma grande crise na agricultura de expor- com sua família a Portugal em abril de 1821, mas dei-
tação do país. xou no Brasil seu filho, D. Pedro de Alcântara.
d) durante todo o século, a mais importante atividade A promulgação da Constituição proposta pela
econômica foi a exportação de borracha para os Esta- assembleia constituinte de 1820 teria validade para
dos Unidos. todos os portugueses, o que incluía os habitantes das
e) o Brasil continuava a ser essencialmente agrícola, colônias portuguesas, inclusive na América. Algumas
com um destaque especial para a produção cafeeira. medidas, no entanto, causaram profundo desconforto
nos grandes comerciantes do Brasil que, por sua vez,
Durante todo século XIX e meados do século XX a já estavam acomodados sob os privilégios concedidos
economia brasileira foi eminentemente agrícola, pela presença da corte na colônia.
com destaque na produção do café, açúcar e algo- O que sucede é que a presença da corte no Brasil
dão, embora houvesse já o desenvolvimento de algu- (1808-1820) foi moldando as consciências dos colonos
mas manufaturas inexpressivas. Resposta: Letra E. a respeito da possibilidade de se constituir um gover-
no real que permanecesse no Brasil. Assim, a ideia de
Quando a corte portuguesa embarca, fugindo independência começa a ganhar força por volta de
estrategicamente de Lisboa em novembro de 1807, 1821, como uma reação à Regeneração de 1820, uma
o faz porque tinha consciência dos acontecimen- vez que esta era entendida como uma revolução con-
tos recentes na Europa, em um momento em que o trária ao Brasil. Latente o conflito de interesses, os
expansionismo de Napoleão Bonaparte parecia impa- colonos que ganharam com a presença da corte rei-
rável. Uma experiência ainda mais próxima acendeu vindicavam um governo no Brasil que, por sua vez,
o sinal vermelho e mostrara que os prognósticos eram evoluiu à percepção da necessidade de um Estado
corretos: o rei espanhol, Fernando VII, foi deposto do Nacional brasileiro, a grande novidade revolucioná-
trono por Napoleão, em maio de 1808. A fuga da corte ria. É nesta configuração que entra a figura do prínci-
portuguesa foi um sucesso a curto prazo, contudo, a pe regente, futuro D. Pedro I.
longo prazo ocasionou uma quebra de legitimidade Outra determinação polêmica das Cortes era que
do Império português num momento em que os ares as províncias do Brasil se transformassem em provín-
eram revolucionários. cias portuguesas, o que gerou, segundo comenta D.
A presença da corte no Brasil, ademais, causava Pedro em carta a seu pai, “um choque mui grande nos
incômodo em algumas parcelas da população, sendo o brasileiros”. O que o príncipe regente precisava fazer
exemplo mais evidente a Revolução Pernambucana, era se equilibrar num cenário instável no qual havia
que estourou na província de Pernambuco, em 1817. a necessidade de se cumprir os decretos das Cortes
280 Antes da chegada da corte em 1808, essa província ao mesmo tempo em que tinha que corresponder os
interesses do povo do território onde ele se encontra- a limitação dos poderes de D. Pedro I. Durante a Noite
va. Ao passo que as Cortes foram convocadas com a da Agonia, o imperador cassou os deputados oposito-
finalidade de reorganizar o Império Português dentro res, impugnou as proposições constitucionais e outor-
da dinâmica colonial, os colonos se agrupavam cada gou a Primeira Constituição Brasileira, em 1824. Ela
vez mais em torno da ideia de separação. estabelecia, entre outras coisas:
Já em 1822, o príncipe regente também recebia
pressões a fim de que retornasse a Portugal, o que z Existência do poder moderador, que poderia sus-
gerou um episódio bastante curioso no dia 9 de janei- pender o poder legislativo, executivo e judiciário;
ro de 1822, o “Dia do Fico”, quando D. Pedro recebeu z Poder hereditário;
um requerimento que continha 8 mil assinaturas soli- z Voto censitário, calculado pela renda.
citando-o que ficasse no Brasil. Não sabemos ao certo
quais foram as verdadeiras palavras proferidas pelo Em reação ao autoritarismo, eclodiu, em Pernambu-
jovem príncipe regente, contudo, consagrou-se na co, a Confederação do Equador, exigindo uma república
memória social a perspectiva de que ele ficaria a fim liberal, a abolição da escravidão e a ampliação de direi-
de preservar os interesses da população brasileira. tos sociais. Esse movimento teve como principal líder
Um governo foi organizado por D. Pedro logo após
Frei Caneca, mas acabou sendo reprimida com sucesso.
esse evento, tendo entre as figuras proeminentes José
Entre 1825 e 1828, ocorreu a Guerra da Cisplatina
Bonifácio de Andrada e Silva, um moderado que fazia
campanhas por maior autonomia da colônia, mas não entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio
reivindicava uma separação radical. Foram convoca- da Prata. Após um desgastante e custoso conflito (o Ban-
dos representantes de todas as províncias e, mais tar- co do Brasil chegou a falir), a independência do Uruguai
de, uma assembleia legislativa e constituinte. foi reconhecida. A instabilidade política também podia
Já a politização da sociedade colonial com a che- ser verificada em episódios como a Noite das Garrafa-
gada da corte em 1808 se deu em conteúdos bastante das, demonstrando a grande divergência entre brasilei-
inovadores. Aspectos da recente Revolução Francesa ros e portugueses, juntava-se a isso a crise econômica e
(1779) estavam em alta, sobretudo na crítica ao mode- a disputa pela sucessão do trono em Portugal, levando
lo estamental de sociedade, abrangendo novas for- D. Pedro I à abdicação do trono em 7 de abril de 1831.
mas de se organizar a sociedade, também na crítica
aos privilégios da nobreza e dos corpos sociais mais
altos. Depois da revolução de independência do Haiti
(1804), esses conteúdos se tornaram inescapáveis. Era
preciso apropriar-se de alguns elementos e fazer uma
EXERCÍCIOS COMENTADOS
revolução menos radical que a francesa e bem menos
1. (FCC — 2018) Leia os artigos 98 e 99 da Constituição
radical que a de São Domingos, segundo a perspectiva
do Império do Brasil, outorgada em 1824:
das elites coloniais brasileiras.
A escravidão foi um elemento importante neste caso: Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a orga-
a dimensão do escravismo na América Portuguesa era nização Política, e é delegado privativamente ao Impe-
tão grande que foi capaz de influenciar todos os outros rador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro
aspectos da vida social, como valores, formas de pensar, Representante, para que incessantemente vele sobre a
de comportamento e práticas políticas. A independên- manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia
cia, nesse sentido, muda a forma de compreender essa dos mais Poderes Políticos.
sociedade: não era mais uma sociedade estamental legi- Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolável, e Sagrada:
timada por Deus, embora o rico ainda fosse rico, mas Ele não está sujeito a responsabilidade alguma.
agora havia um parlamento e a escravidão tornou-se
uma escravidão nacional, não mais portuguesa. (Grafia original extraída de: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
A chegada da corte também dinamiza fluxos constituicao/constituicao24.htm)
econômicos internos, dado a necessidade de abaste-
cimento. Em verdade, essa dinâmica e a diversifica- Conforme os artigos acima, o Poder Moderador era:
ção da produção é anterior à chegada da corte, mas
se intensifica a partir de 1808. O Rio de Janeiro é um a) equivalente aos outros Poderes políticos, embora fos-
epicentro que conecta São Paulo, Minas Gerais, Rio se delegado ao Imperador, que estava sujeito ao con-
Grande de São Pedro (atualmente Rio Grande do Sul), trole da Assembleia.
tanto é, que foram as primeiras regiões a encampa- b) uma forma de tutela política sobre os outros poderes,
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
rem o projeto de independência centrada na Figura
exclusiva ao Imperador, que não poderia ser submeti-
de Pedro I, justamente por esses auspícios econômi-
do a nenhum controle constitucional ou jurídico.
cos, mas também políticos.
c) superior aos Poderes Políticos, mas exclusivo ao
Poder Executivo, devendo ser utilizado para resolver
conflitos no seio do Império.
d) um modelo de organização política que viabilizava a Inde-
BRASIL IMPERIAL pendência, considerada sagrada pela Constituição, e que
tinha como função prática substituir o Poder Judiciário.
PRIMEIRO REINADO: ASPECTOS e) presidido pelo Imperador, que estava acima da cons-
ADMINISTRATIVOS, MILITARES, CULTURAIS, tituição, e exercido de forma colegiada com os outros
ECONÔMICOS, SOCIAIS E TERRITORIAIS Poderes Políticos, visando a harmonia da organização
política nacional.
Primeiro Reinado
O poder moderador era de uso exclusivo e arbitrá-
Entre 1822 e 1831, tem-se a primeira fase adminis- rio do Imperador, embora tenha sido criado apenas
trativa do Império, conhecida como Primeiro Reina- para mediar conflitos e fiscalizar os demais poderes.
do. A Assembleia Constituinte eleita em 1823 desejava Resposta: Letra D. 281
2. (CESPE-CEBRASPE - 2018) As disputas entre D. Pedro A consolidação do Império foi feita a partir de uma
I e a Câmara dos Deputados marcaram o Primeiro Rei- manobra que envolvia o principal órgão na constitui-
nado e resultaram na abdicação do imperador. Acerca ção da monarquia parlamentar em 1847, a Chefia de
do Primeiro Reinado e do período da Regência, julgue Gabinete.
(C ou E) o item subsequente. Embora a escolha viesse no parlamento entre o Parti-
A Constituição de 1824 foi elaborada com base no do Conservador (saquaremas) e Partido Liberal (luzias),
projeto votado pela Assembleia Constituinte e Legis- D. Pedro II possuía o poder de dissolver a chefia de
lativa, fechada por D. Pedro I no ano anterior. Seu texto gabinete e impor outro escolhido, mecanismo que ficou
foi enviado para as câmaras municipais das principais conhecido como parlamentarismo às avessas. Todavia,
cidades do Império, as quais juraram cumpri-la sem como ambos concordavam com o poder centralizado na
contestações. Monarquia e com a economia embasada na escravidão,
não havia muita diferença entre eles.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Muitas províncias se rebelaram em função do cará-


ter autoritário e centralizador proposta pela Cons- EXERCÍCIOS COMENTADOS
tituição, dando início a um processo de críticas e
disputas que levaram à abdicação do Imperador em 1. (FCC — 2020) Considere o trecho a seguir:
1931. Resposta: Errado. “[...] décadas após a independência, as comunicações
entre a sede do Império do Brasil e províncias como o Pará
e o Maranhão eram rarefeitas e difíceis. Também após a
independência, no Parlamento, há queixas constantes em
OS PARTIDOS POLÍTICOS relação ao tempo para obter respostas de autoridades do
extremo norte, que poderiam levar quase um ano.”
Os partidos políticos foram formados no Brasil no
decorrer da formação do Império durante o século XIX. (MACHADO, André Roberto de A. Para além das fronteiras do
Grão-Pará: o peso das relações entre as províncias no xadrez da
Quando D. Pedro I abdicou, seu filho, Pedro de Alcânta-
independência (1822-1825). Outros Tempos, v. 12, n. 20, 2015. p. 6.
ra, ainda tinha apenas 5 anos de idade. A decisão foi de
que o país fosse governado por regentes até que Pedro
completasse 21 anos, porém, um golpe o levou ao poder Um dado importante na história da Região Norte, res-
aos 14. Os grupos políticos dividiam-se entre: saltado no trecho acima, é:

z Restauradores: favoráveis ao retorno de D. Pedro a) o isolamento político da região em relação ao governo


I e, posteriormente, à coroação de D. Pedro II; imperial, o que contribuía para diversas tensões, como
z Liberais moderados: favoráveis às restrições aos se deu no processo de independência.
poderes monárquicos; b) a marginalização econômica, uma vez que a difícil
z Liberais exaltados: que defendiam o federalismo, interação com o Nordeste, e a então capital brasileira,
com maior autonomia das províncias em relação Salvador, dificultava as exportações e transações eco-
ao poder central. nômicas da região.
c) a ausência de meios de transporte e comunicação
Durante o período foram criados: o Código de Pro- ágeis que a interligassem às demais regiões do país,
cesso Criminal, a Guarda Nacional, o Ato Adicional fator que dificultou a compreensão do que consistia a
(dando poder às assembleias regionais) e a Lei Feijó independência do Brasil, quando esta ocorreu.
(que abolia o tráfico no papel, fazendo, entretanto,
d) a disputa entre Maranhão e Pará pelo poder político na
“vista grossa” para que ele ainda existisse na prática).
região, uma vez que não havia a presença ou a gover-
A instabilidade política acentuou-se com a eclosão
nança do poder imperial.
de diversos movimentos separatistas nas províncias
e) a deliberada postura do governo imperial em negligen-
do país. Dentre eles, destacam-se:
ciar a Região Norte uma vez que os governadores das
províncias defendiam projetos republicanos.
z Cabanada (1832-34, Pernambuco): Lutava pela
restauração da monarquia sob D. Pedro I e pelo
A extrema centralização proposta pelo pacto consti-
fim da escravidão;
z Cabanagem (1835-40, Grão-Pará): Lutava por tucional vigorou durante todo o período do Império,
melhores condições de vida para a população da somando-se a isso a precária representação dessas
região e vitimou cerca de 30 mil pessoas; províncias no centro de decisões. Resposta: Letra A.
z Revolução Farroupilha (1835-45, Rio Grande do
Sul): Lutavam pela independência do estado e por 2. (CESPE-CEBRASPE — 2008) Durante a Regência (1831-
melhores condições para os criadores de gado; 1840), o Brasil passou por reformas institucionais que
z Sabinada (1837-38, na Bahia): Lutava pela inde- consolidaram o Estado Nacional, cuja política exterior
pendência da Bahia e pelo fim da escravidão; tomou rumos distintos das orientações da época da Inde-
z Balaiada (1838-41, Maranhão): Lutava contra a pendência. Acerca da Regência e da nova política exterior
desigualdade social e contra as injustiças cometi- no início do Segundo Reinado, julgue o item seguinte.
das pelas elites. O pensamento político e os dirigentes dividiam-se
entre liberais e conservadores, sendo os primeiros
Na preocupação de garantir a unidade do territó- defensores da centralização do poder e os segundos,
rio, liberais e conservadores (antigos restauradores) do federalismo.
fizeram uma manobra constitucional e aclamaram D.
282 Pedro II por meio do golpe da maioridade (1840). ( ) CERTO ( ) ERRADO
Embora possuíssem muitas similitudes, conser- centralização monárquica. O movimento abolicionista
vadores e liberais possuíam algumas diferenças ganhava cada vez maior repercussão em busca da apro-
importantes. O Partido Liberal seria composto, vação de leis que dessem fim à escravidão.
majoritariamente, por profissionais liberais urba- Ademais, houve uma quebra no elo com os conser-
nos, com fortes vínculos com o mercado interno e vadores, quando o Império passou a recusar as inter-
a agricultura, enquanto o Partido Conservador pos- venções do Vaticano sobre a Igreja no Brasil, episódio
suía membros vinculados do grande comércio, da conhecido como Questão Religiosa.
grande lavoura e da burocracia. Mesmo que essas O rompimento definitivo viria com o fim da escra-
vidão. A partir da Lei do Ventre Livre, em 1871, e da
diferenças estejam postas, é possível afirmar que as
Lei dos Sexagenários, em 1883, a abolição parecia
proximidades eram suficientemente maiores e que
inevitável. No entanto, os escravocratas radicalizaram
ambos os partidos possuíam uma plataforma mui- sua oposição aos abolicionistas a partir de 1885, proi-
to parecida, sendo as diferenças marcadas mais no bindo seus eventos e organizando ataques.
plano retórico. Resposta: Errado. Diante da iminência de uma guerra civil, o Império
decidiu mediar o fim da escravidão com a Lei Áurea,
SEGUNDO REINADO: ASPECTOS em 13 de maio de 1888, perdendo o apoio dos cafei-
ADMINISTRATIVOS, MILITARES, ECONÔMICOS, cultores do Vale do Paraíba, que ficaram conhecidos
SOCIAIS E TERRITORIAIS como republicanos de última hora. Por fim, um golpe
militar com o apoio de setores civis realizou a Procla-
Com o golpe da maioridade, teve início o período mação da República, em 1889.
conhecido como Segundo Reinado, que se estendeu até
1889. Por meio de uma manobra conhecida como “par-
lamentarismo às avessas”, D. Pedro II exercia poder
sobre a Chefia de Gabinete e sobre o Parlamento. Embo- EXERCÍCIO COMENTADO
ra o legislativo fosse dividido entre Partido Conservador
(saquaremas) e Partido Liberal (luzias), ambos tinham 1. (VUNESP — 2018) Acerca da economia brasileira no
posições semelhantes, como a manutenção da escravi- século XIX, é correto afirmar que:
dão e a centralização de poder pelo imperador.
O Segundo Reinado foi marcado também por uma a) com a Abertura dos Portos, em 1808, houve um rápido
fase de desenvolvimento econômico. O sucesso do ciclo e progressivo desenvolvimento da produção industrial
do café (1830-1950) foi possível pelo fortalecimento da brasileira.
Inglaterra e dos Estados Unidos como mercados consu- b) as mais importantes atividades econômicas foram a
midores, além de algumas condições internas: produção de tabaco em São Paulo e a de algodão em
Minas Gerais.
c) a abolição da escravatura na primeira metade do sécu-
z A abertura de caminhos que ligavam o litoral ao lo XIX gerou uma grande crise na agricultura de expor-
interior passando pelo Vale do Paraíba; tação do país.
z A disponibilidade de terras herdadas da política de d) durante todo o século, a mais importante atividade
vigilância na época do ouro; econômica foi a exportação de borracha para os Esta-
z O sistema de transporte que foi modernizado com dos Unidos.
a instalação das ferrovias a partir de 1860. e) o Brasil continuava a ser essencialmente agrícola,
com um destaque especial para a produção cafeeira.
O Império começou a sofrer com legislação interna-
cional inglesa para a proibição do tráfico, o que o levou Durante todo século XIX e meados do século XX a
a aprovar duas medidas: a Lei Eusébio de Queirós, economia brasileira foi eminentemente agrícola,
que extinguia o tráfico atlântico de escravos, e a Lei de com destaque na produção do café, açúcar e algo-
Terras, colocando que a terra só poderia ser adquirida dão, embora houvesse já o desenvolvimento de algu-
por meio de compra, excluindo futuros escravizados mas manufaturas inexpressivas. Resposta: Letra E.
libertos e os imigrantes europeus que começaram a vir.
Em 1864, teve início a Guerra do Paraguai, inicia-
da a partir da intervenção brasileira sobre os gover-
nos do Uruguai e da Argentina, desagradando os BRASIL REPÚBLICA HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
interesses paraguaios na Bacia Platina; em resposta,
os paraguaios invadiram o atual Mato Grosso do Sul. ASPECTOS ADMINISTRATIVOS, CULTURAIS,
A guerra opôs os paraguaios, liderados pelo ditador ECONÔMICOS, SOCIAIS, TERRITORIAIS, REVOLTAS,
Solano Lopez, e a Tríplice Aliança, formada por Brasil, CRISES E CONFLITOS
Argentina e Uruguai. No entanto, o Brasil acabou indo
bem mais além que os outros dois, arrastando a guerra Primeira República da Espada
até o assassinato de Lopez em 1870. Mesmo vitorioso, o
Brasil passou a enfrentar um processo de crise. Em 1889, a campanha republicana ganhou força
no Brasil; nesse contexto, foi criada a “Guarda Negra”,
CRISE DA MONARQUIA E PROCLAMAÇÃO DA espécie de força paralela ao Exército composta por
REPÚBLICA negros libertos, que procurava proteger a monarquia.
A situação dos libertos ainda era delicada e, na época,
Crise e queda do Império acreditava-se que apenas a monarquia tornaria pos-
sível a abolição, advindo daí a lealdade da guarda à
O conflito levou ao surgimento da Questão Militar, família imperial, pois receavam que sua condição de
envolvendo os direitos sociais e políticos dos militares. libertos pudesse ser revertida.
Com o surgimento do Partido Republicano em 1873, uma Em 15 de junho de 1889, na saída do Teatro
ala mais radical do Partido Liberal passou a contestar a Sant’Ana, o imperador Dom Pedro II sofreu um 283
atentado que, embora não tenha causado nenhuma
gravidade, tornou-se um evento notório quando lhe EXERCÍCIOS COMENTADOS
foram atribuídos significados maiores: apontava a
fragilidade do regime e a demonstração manifesta de 1. (FCC — 2018) A constituição de 1891 excluiu as seguin-
descontentamentos. As autoridades tentavam censu- tes categorias do corpo eleitoral: mendigos, analfabetos,
rar as manifestações de insatisfação e clamados pela
República, mas era inútil dissimular normalidade. A a) militares de baixa patente e membros do clero regular.
monarquia não se sustentava mais. O Exército, por b) mulheres e soldados do exército republicano.
sua vez, se manifestava exigindo maior representação c) cidadãos que não comprovassem renda de 100 mil
política, como vimos, e era dele que viriam os princi- réis anuais, e escravos.
pais defensores da República. d) religiosos vinculados às diferentes crenças, e
Marechal Deodoro obrigou o visconde de Ouro estrangeiros.
Preto a se demitir — aquele que havia formado um e) imigrantes não naturalizados, e libertos.
gabinete disposto a fazer reformas e demonstrar que
a monarquia podia se renovar. Entre a demissão de Militares de baixa patente, como muitos outros per-
Ouro Preto e a proclamação da República, houve sonagens, foram excluídos do processo democrático.
um espaço de tempo; o anúncio foi feito na Câmara Os militares, porque os legisladores esperavam impar-
Municipal do Rio de Janeiro, por José do Patrocínio e, cialidade para que pudessem cumprir suas determina-
ções profissionais, e os clérigos, porque estavam em
no dia seguinte, já se falava nos jornais do Governo
número superior, tanto formal quanto informalmente,
Provisório. No dia 16 de novembro, o Governo Pro-
o que os fazia potenciais “influenciadores” e “promo-
visório anunciou o banimento da família real, dando
tores de distúrbios”. Resposta: Letra A.
um prazo de 24 horas para que ela deixasse o Brasil.
Se a monarquia teve seus dias expirados, o projeto
2. (ENEM — 2018) Código Penal dos Estados Unidos do
republicano não se tornou por isso mais consolida-
Brasil, 1890.
do. Era notável que mudanças aconteciam no âmbito
Dos crimes contra a saúde pública:
político e social: o romantismo deu lugar ao mate- Art. 156 Exercer a medicina em qualquer dos seus
rialismo e ao positivismo; passava-se a almejar o ramos, a arte dentária ou a farmácia; praticar a homeo-
progresso e a modernidade, que eram associados à patia, a dosimetria, o hipnotismo ou magnetismo animal,
república. Porém, apesar das ideias progressistas e sem estar habilitado segundo as leis e regulamentos.
modernas, ainda havia dúvidas sobre o projeto repu- Art. 158 Ministrar, ou simplesmente prescrever, como
blicano e seu futuro. meio curativo para uso interno ou externo, e sob qual-
Até 1894, o país experimentou a tutela militar. Os dois quer forma preparada, substância de qualquer dos rei-
primeiros governos foram encabeçados pelo marechal nos da natureza, fazendo, ou exercendo assim, o ofício
Deodoro da Fonseca, líder do golpe de Estado de 15 de denominado curandeiro.
novembro, e foram sucedidos por Floriano Peixoto. No início da Primeira República, a legislação penal
Durante o governo de Deodoro, em 1891, eclodiu a vigente evidenciava o(a)
primeira Revolta Armada, que também ficou conhe-
cida como Revolta da Esquadra, liderada por mem- a) negligência das religiões cristãs sobre as moléstias.
bros da Marinha Brasileira. Seu estopim se deu por b) desconhecimento das origens das crenças tradicionais.
conta do autoritarismo de Deodoro, que havia, inclu- c) preferência da população pelos tratamentos alopáticos.
sive, fechado o Congresso (em clara violação da Cons- d) abandono pela comunidade das práticas terapêuticas
tituição), demonstrando sua inabilidade em lidar com de magia.
a oposição. Com a Primeira República, veio também e) condenação pela ciência dos conhecimentos popula-
uma crise econômica e de descontentamento. Por fim, res de cura.
em 23 de novembro de 1891, Deodoro renunciou, ten-
do em vista a possível guerra civil caso insistisse em Com o projeto republicano, deu-se lugar ao positivismo
manter-se no poder. e ao materialismo, tal como a um senso de progresso e
Floriano Peixoto, seu vice, assumiu a presidência modernidade que já não comportava os conhecimentos
e se manteve no cargo, embora devesse ter convocado populares e não científicos. Resposta: Letra E.
novas eleições. Foi no governo de Floriano que surgiu
o que ficou conhecido como “florianismo”, movimen- República Oligárquica
to que aconteceu entre 1893 e 1897, no Rio de Janeiro,
com expressiva participação popular. O líder conse- Em uma tentativa de consolidar o projeto republi-
guira, de fato, entusiasmar setores expressivos das cano, procurou-se alterar rapidamente nomes e sím-
camadas médias urbanas e da população em geral, bolos, evidenciando a mudança de regime. O largo do
mas o autoritarismo permaneceu. Paço passou a se chamar 15 de novembro e a Estra-
Ainda assim, a Marinha não recuou e, em setem- da de Ferro Pedro II passou a ser a Central do Brasil.
bro de 1893, um grupo de oficiais exigiu a convocação Mudou-se, também, o impresso no papel-moeda, dei-
de novas eleições presidenciais, visto que se sentiam xando de lado imagens da monarquia, substituindo-as
particularmente negligenciados pelo poder republica- por símbolos da República.
no. Esse grupo estava crente de que era preciso rebe- Ainda assim, a população não se acostumou tão
lar a Armada contra Floriano para que assim pudesse rapidamente com as mudanças, por vezes se referin-
recuperar seu antigo prestígio. do os nomes e símbolos advindos do tempo da monar-
Floriano Peixoto, por sua vez, reprimiu a armada e quia. Procurou-se, ainda, construir novos heróis e
o principal deles foi Tiradentes, transformado, no
decretou estado de sítio, recebendo a alcunha de Mare-
período, em mártir da República.
chal de Ferro. Em 1894, finalmente, novas eleições foram
A Constituição de 1891 estabeleceu as bases do novo
convocadas, transferindo o governo a civis e inauguran-
regime: presidencialista e federalista. Para além dis-
do um novo modo de se fazer política, em um período
so, a Igreja separou-se do Estado e instituiu-se o regime
284 que ficou conhecido como República Oligárquica.
civil para casamentos, nascimentos e mortes. O fede- A Política dos Governadores, acordo que consistia no
ralismo organizava o novo regime em bases descen- apoio do governo federal a grupos poderosos locais
tralizadas, de modo que as antigas províncias, agora em troca do apoio desses grupos às proposições do
estados, obtivessem maior autonomia, derrubando a governo no Poder Legislativo Federal, garantiu a gover-
concepção de centralismo que vigorava na monarquia. nabilidade do Brasil durante a Primeira República, ten-
Como se sabe, houve um consenso a respeito da do se estendido aos níveis estadual e municipal.
importância do exército para a efetivação do golpe
de 1889 e para a implantação da República, o que lhe ( ) CERTO ( ) ERRADO
conferiu enorme prestígio; mas também incentivou a
ambição política desse grupo, o que não foi visto com A Política dos Governadores foi um dos principais
pilares de sustentação da Primeira República. Res-
bons olhos. Havia desunião e desacordo entre as elites
posta: Certo.
civis a respeito do papel que deveria ser desempenhan-
do pelo Exército na nova sociedade e no novo regime.
2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Apesar dos conflitos polí-
Em 1894, depois de anos em que o governo da
ticos e sociais que sacudiam a República desde a sua
República havia ficado nas mãos de militares, novas
implantação, as várias facções oligárquicas, a partir
eleições foram convocadas, e Prudente de Morais, do de suas bases políticas estaduais, mantinham o con-
Partido Republicano Paulista, venceu a disputa. Era a trole do Estado brasileiro. Os partidos regionais mais
vitória da corrente moderada do PRP, que pretendia fortes, por elas controlados, eram o eixo do poder polí-
uma política de pacificação do país e a garantia dos tico da Primeira República. Entretanto, desde a década
interesses das elites cafeicultoras de São Paulo. de 10 do século XX, sobretudo entre militares, inte-
A partir de 1898, foi criada a Política dos Gover- lectuais e membros das classes médias das capitais,
nadores ou Política dos Estados, que reconhecia a crescia a insatisfação com esse modelo de política.
autonomia das elites regionais, o que significava, por
vezes, ignorar os excessos dessa elite. O controle do NAPOLITANO, Marcos. História do Brasil República: da
governo federal, a partir desse período, se revezava queda da Monarquia ao fim do Estado Novo. São Paulo: Contexto,
2016, p. 71-2 (com adaptações).
entre Minas Gerais e São Paulo, posto serem essas as
unidades da federação reconhecidas como as mais
Tendo o fragmento de texto precedente como referên-
importantes, já que seus eleitorados eram grandes e
cia inicial e considerando a História do Brasil republi-
implicavam em significativa presença parlamentar.
cano, julgue o item seguinte.
A estabilidade política da República era garantia por
O caráter essencialmente oligárquico da Primeira
meio de três procedimentos: a conservação, pelos gover-
República, também denominada República Velha,
nadores, dos conflitos à esfera regional; o reconheci-
deve-se ao domínio político das elites regionais.
mento, pelo governo federal, da autonomia dos estados
frente à política interna, e, por fim, a manutenção de um
( ) CERTO ( ) ERRADO
processo eleitoral em que as fraudes eram frequentes.
Alguns dos processos de fraudes presentes no regi-
Toda estrutura política da Primeira Velha estava
me podem ser exemplificados pela chamada “degola”,
voltada para a manutenção do poder das elites, dos
que consistia no não reconhecimento do eleito pela coronéis que controlavam os votantes, aos depu-
Comissão de Verificação da Câmara dos Deputados, e tados eleitos que representavam os interesses dos
pelo “voto de cabresto”, prática muito comum que poderosos regionais. Resposta: Certo.
dizia respeito à lealdade dos votantes ao chefe local.
Havia, ainda, o chamado “curral eleitoral”, que aludia MOVIMENTOS SOCIAIS E CONFLITOS DA
ao barracão no qual os votantes eram mantidos e vigia- REPÚBLICA VELHA
dos, liberados do local apenas na hora de depositar o
voto, que já estava marcado em um envelope fechado. Revolta da Vacina
O voto era uma espécie de moeda de troca, já que
as relações de poder se desenvolviam a partir do muni- A República estava ainda em processo de conso-
cípio, o que deu origem ao que os historiadores cha- lidação após a independência e, no início, muitos se
mam de coronelismo. Esse fenômeno dava vistas a um empolgaram e aderiram ao projeto republicano. Mas, HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
complexo sistema de negociação entre chefes locais e com o passar dos anos, o descontentamento e desa-
governadores de estados, e destes com o presidente. pontamento apareceram, e com eles, as revoltas.
O coronel foi um elemento fundamental na estrutu- Em 1904, ocorreu no Rio de Janeiro uma revolta
ra oligárquica, que se baseou nos poderes personaliza- popular contra as medidas que pretendiam erradi-
dos, concentrados nas grandes fazendas e latifúndios. car a febre amarela, chamada de Revolta da Vacina.
Ele apoiava o governo estadual com seus votos e, em Nela, a população pobre, que havia sido expulsa dos
troca, o governo garantia o poder do coronel sobre seus centros das grandes cidades e se fixado em seus arre-
dependentes e oponentes, por meio da cessão de cargos dores, reagia à vacinação obrigatória contra a varíola,
públicos. A República se suportava, dessa forma, por cuja iniciativa foi do sanitarista Oswaldo Cruz.
via de favoritismo, negociações e repressão. Mesmo que a movimentação tenha sido resultado
da desinformação a respeito da vacina, não podemos
limitá-la somente a isso, pois haviam mais elementos no
movimento: a população pobre se revoltava pela forma
EXERCÍCIOS COMENTADOS como vinha sendo tratada pelo governo republicano.
A população reagiu com violência, quebrou trans-
1. (CESPE-CEBRASPE — 2017) A respeito da formação portes públicos, depredou edifícios e atacou agentes
do Brasil contemporâneo, da República Velha e da Era higienistas. O governo, por sua vez, também revidou
Vargas, julgue o item seguinte. com violência: decretou estado de sítio, suspendeu 285
direitos constitucionais, prendeu os líderes e os depor- As revoltas sertanejas
tou para o Acre. Embora a revolta tenha sido controla-
da pelo governo e a varíola contida, o número de óbitos A reação a tantas novidades advindas pela mudan-
foi grande, sendo trinta mortos e mais de cem feridos. ça de regime e pelo boom das cidades não se mante-
ve contida apenas nas grandes cidades. Em distintas
Revolta da Chibata regiões do país, foram deflagrados movimentos sociais
que combinavam questões agrárias e a luta pela pos-
No Brasil, como em outras partes do Ocidente, se de terra, muito amparados por traços religiosos.
teorias como o darwinismo cultural ganharam for- Exemplos desses movimentos são: Contestado, Juazei-
ça, o que significa dizer que a compreensão de raça ro, Caldeirão, Pau-de-Colher e Canudos, o que indica o
se fazia a partir de dados essenciais e fixos, e que a lugar entre a mística popular e a revolta, um produto
humanidade, por sua vez, se dividia a partir de hierar- inesperado do processo de modernização e da negli-
quias consideradas naturais. gência do Estado com essa população.
A conclusão era de que os brancos caucasianos, Em 1896, teve início um conflito de grande visi-
“mais evoluídos”, estariam no topo dessa hierarquia, bilidade nos anos iniciais da República: Canudos. A
e que os negros se encontravam na base dessa pirâmi- rebelião opunha a população de Canudos, um arraial
de social, passíveis de toda “degeneração hereditária”. que cresceu no interior na Bahia, ao recém-criado
A mestiçagem, por sua vez, era compreendida como regime republicano. O movimento sociorreligioso foi
liderado por Antônio Conselheiro e durou de 1896 a
um grande mal e decadência social.
1897; essa população se rebelava contra o aumento do
Assim, Oswaldo Cruz iniciou movimentos que preten-
imposto republicano.
diam melhorar a saúde no interior, pois os sertões fervi-
Antes de se estabelecerem na fazenda de Canudos, o
lhavam de doenças. Os grandes alvos das doenças eram grupo, sob liderança de Conselheiro, peregrinava pelo
os sertanejos, caipiras, populações do interior e ex-escra- sertão, e chegou a reunir cerca de 24 mil habitantes
vos, ou seja, tratava-se de uma questão social também. após a fundação de um arraial, batizado de Belo Monte.
Nesse contexto, os marinheiros, entre 22 e 27 de O que gerou tanto incômodo no governo republi-
novembro de 1910, protagonizaram, na baía de Gua- cano e nos grandes proprietários de terra a respeito
nabara, a Revolta da Chibata. Os marujos eram majo- do movimento de Canudos foi que ele traduzia uma
ritariamente negros e mestiços, e a ordem na Marinha nova maneira de viver no sertão, à parte do sistema.
era mantida com a aplicação de castigos físicos, como Era uma experiência social e política muito distinta
no uso do chicote, o que deu nome à rebelião. daquela do governo central, pois as pessoas de Canu-
Embora o uso da chibata na manutenção da ordem dos viviam do uso coletivo da terra, além da distri-
tenha sido uma herança da Marinha portuguesa, no buição equitativa daquilo que nela se produzia. Além
Brasil ela tomou novas conotações, dado que era asso- disso, Canudos não estava submetido nem aos pro-
ciada à escravidão; e, mesmo que a escravidão tenha prietários de terra nem aos chefes políticos da região.
sido abolida em 1888, continuavam, na Marinha, as O Governo enviou a Canudos quatro expedições
práticas de castigo físico típicas do período e, ainda formadas por tropas do Exército, mas só obteve suces-
so no quarto e último atentado. Prometeram que se
por cima, amparadas pela legislação.
a população se rendesse, sobreviveria, mas o acordo
A revolta se deu na ocasião das eleições entre Her-
não foi mantido e a comunidade foi dizimada. A Repú-
mes da Fonseca e Rui Barbosa. Enquanto a candidatura blica queria transformar Canudos em um exemplo:
de Hermes da Fonseca representava a volta do Exército era isso que se recebia por não fazer parte do sistema.
ao poder, a de Rui Barbosa indicava o funcionamento
regular das instituições e a permanência das lideran- As Revoltas Operárias
ças civis no exercício do governo. Hermes da Fonseca
ganhou as eleições e, enquanto em terra se celebrava A partir de 1910, outro setor se agitaria: os operá-
sua vitória, nos navios de guerra a situação era tensa. rios do novo parque industrial, resultado imediato da
O castigo de 250 chibatadas infligido a Marcelino chegada dos imigrantes europeus. De fato, os imigran-
Rodrigues Menezes foi o estopim, em um cenário que tes não foram os únicos nem os mais importantes nos
prenunciava revolta há bastante tempo. Os marinheiros, movimentos grevistas e operários, mas foram funda-
em 16 de novembro, ocuparam navios e direcionaram mentais para a construção desses movimentos. Foi
seus canhões para a cidade, mandando uma advertên- com eles que o anarquismo ganhou mais visibilidade,
cia ao governo: ou os castigos corporais na Marinha do a começar pela década de 1890; corrente que mais
Brasil eram suspensos, ou a capital seria bombardeada. mobilizou e estruturou o movimento político operário
O governo cedeu, os revoltosos receberam anis- pelas próximas três décadas.
tia e os navios foram devolvidos. Contudo, em 24 A indústria brasileira teve início por volta de 1840,
de dezembro, 22 marujos foram presos na ilha das e esses novos empreendimentos demandavam mão-
Cobras, acusados de conspiração; um deles havia sido -de-obra operária. É a partir de 1860, com as tecela-
gens de algodão, que a indústria foi se concentrando
o principal líder da revolta, João Cândido. Desses 22
cada vez mais na região Centro-Sul e, de 1880 em
homens, apenas dois sobreviveram após as torturas.
diante, houve grande aceleramento industrial acom-
João Cândido recebeu a alcunha de Almirante Negro
panhado pela grande demanda de mão-de-obra.
pela imprensa e se tornou um herói popular. A base desses operários era proveniente de migra-
Após a Revolta da Chibata, a Marinha recuou até ções inter-regionais, mas a partir dos anos 1860, prin-
o fim da Primeira República, mas o movimento fazia cipalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, começaram
parte de um contexto mais amplo de revoltas milita- a surgir imigrantes estrangeiros, sobretudo italianos.
res, como a Revolta da Escola Militar da Praia Ver- A principal forma de mobilização desses grupos
melha, a Revolta dos Sargentos e a Primavera de eram as greves, havendo ainda a divisão entre anar-
Sangue, movimentos que apontavam para a fissura co-sindicalistas, que acreditavam na associação como
286 no centro do poder republicano. tática de atuação política, e os anarcocomunistas, que
acreditavam na insurreição como caminho. A classe NAPOLITANO, Marcos. História do Brasil República:
operária reagia, sobretudo, às péssimas condições de da queda da Monarquia ao fim do Estado Novo. São
trabalho, pois não havia restrições de idade — crianças Paulo: Contexto, 2016, p. 71-2 (com adaptações).
eram captadas para trabalhar nas fábricas — nem tem- Tendo o fragmento de texto precedente como referên-
po máximo de jornada diária; também reivindicavam cia inicial e considerando a História do Brasil republi-
melhores salários e a criação de órgãos de representa- cano, julgue o item seguinte.
ção, como partidos e sindicatos. Confirmando o que o texto sugere, o movimento
A presença de mulheres e crianças nas fábricas tenentista da década de 20 do século XX contestou o
mantinha os salários baixos, e a carestia aumentava modelo político vigente no país e, pelas armas, tentou
frequentemente nos anos de guerra; nesse contexto, derrubar as estruturas políticas em vigor.
a classe operária foi ganhando protagonismo na vida
pública do Brasil. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Entre 1900 e 1920, deflagraram-se por volta de
quatrocentas greves organizadas, exigindo melhores De fato, o movimento tenentista contestava o modelo
condições de vida e trabalho. Contudo, as greves eram político desenvolvido na Primeira República e fez pro-
alvo de repressão sistemática, principalmente em um testos armados, espalhados por diversos lugares do
país afeiçoado à tradição clientelista e acostumado à Brasil, como a “coluna Prestes”, procurando demolir
pouca representatividade pública. Muitos imigrantes a estrutura política em vigor. Resposta: Certo.
foram expulsos do Brasil e os trabalhadores brasilei-
ros eram frequentemente presos e espancados. A Transição da Mão-De-Obra Escrava para o
A partir de 1920, a grande repressão policial pra- Trabalho Livre no Brasil do Século XIX
ticada contra os trabalhadores fez com que a possibi-
lidade de greves fosse reduzida. Da mesma forma, o Com o fim da escravidão, houve uma desorganização
movimento sindicalista foi se enfraquecendo. inicial no sistema de mão-de-obra e houve grande movi-
Aos poucos as lideranças adotaram um novo refe- mentação para que se atraíssem trabalhadores imigrantes
rencial teórico, o comunismo, que entrou no país europeus. A ideia inicial era embranquecer a sociedade
em 1922, por um grupo composto principalmente de brasileira, em um processo claramente eugenista.
ex-anarquistas. Há que se dizer, por fim, que as divi- Inicialmente, os imigrantes foram destinados ao
sões internas diminuíram a capacidade de mobiliza- campo, mas com o desenvolvimento das cidades e
ção dos trabalhadores e apenas na década seguinte o industrialização, muitos desses imigrantes acabaram
movimento operário se ampliaria, tornando-se mais absorvidos pela dinâmica urbana.
organizado e complexo. Como esses imigrantes eram atraídos para as ter-
ras brasileiras? Havia o mito da abundância dos tró-
picos, somado ao movimento de expulsão, na Europa,
de seu contingente populacional pobre. Além disso,
EXERCÍCIOS COMENTADOS o número da população mundial havia crescido e os
meios de transporte melhorado, o que resultou em
1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) A respeito da industriali- grandes grupos de camponeses à disposição, pois esta-
zação do Brasil e das transformações sociais e políti- vam majoritariamente desempregados.
cas que a acompanharam, julgue o item. De muitas origens, os imigrantes vinham com o
A formação de sindicatos de trabalhadores e de outras objetivo de “fazer a América”. Havia os imigrantes que
organizações operárias pôs em xeque, ainda que len- se instalaram nas grandes áreas não ocupadas no Sul do
tamente, as relações políticas tradicionais, caracteri- país formando pequenas propriedades de policulturas.
zadas pelo protagonismo dos grandes proprietários Se os núcleos eram promissores, também estavam
rurais, nos âmbitos municipal, estadual e federal. sujeitos a muitas adversidades, como ataques de indí-
genas e maus tratos da população local. No caso dos
( ) CERTO ( ) ERRADO cafezais, a imigração estrangeira era subsidiada pelo
Estado ou pelos proprietários de terra, e os imigrantes
Com a urbanização e industrialização, novas formas eram destinados a trabalhar nas fazendas. HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
de trabalho e relações foram substituindo as antigas Muitas vezes, os problemas se apresentavam para
maneiras de associação caracterizadas pelo corone- os imigrantes ainda na viagem, pois pagavam taxas
lismo e clientelismo. Contudo, é preciso lembrar que altíssimas pelas passagens e descobriam existir gru-
mais de 70% da população brasileira dessa época pos variados de pessoas que nem sempre possuíam
ainda vivia no campo, o que reduzia muito o impacto culturas conciliáveis. Os recém-chegados não eram,
destas novas configurações. Resposta: Certo. portanto, um grupo homogêneo, e precisaram adap-
tar-se ao novo país e à nova vida.
2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Apesar dos conflitos polí- Contudo, na década de 1930, a imigração transo-
ticos e sociais que sacudiam a República desde a sua ceânica sofreu uma diminuição e muitos países imple-
implantação, as várias facções oligárquicas, a partir de mentaram políticas restritivas, pois não desejavam
suas bases políticas estaduais, mantinham o controle mais um grande fluxo de imigração, argumentando
do Estado brasileiro. Os partidos regionais mais fortes, que os estrangeiros estariam tomando o espaço de
por elas controlados, eram o eixo do poder político da trabalho dos naturais. Ainda assim, já não era possí-
Primeira República. Entretanto, desde a década de 10 vel retroceder: a paisagem humana estava definiti-
do século XX, sobretudo entre militares, intelectuais e vamente alterada, os hábitos dos imigrantes foram
membros das classes médias das capitais, crescia a sendo incluídos na cultura nacional e sua presença
insatisfação com esse modelo de política. não podia ser ignorada. 287
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial em
EXERCÍCIOS COMENTADOS 1939, os países envolvidos no conflito tiveram seus
esforços econômicos direcionados para o abasteci-
1. (FCC — 2018) Nas duas primeiras décadas do século mento de seus fronts de batalha.
XX, o ingresso de levas de imigrantes no Brasil, prin- A dificuldade no comércio exterior forçou o Brasil
cipalmente de origem europeia, estimulou a urbaniza- a adotar a substituição de importações para que o país
ção, ampliou o mercado interno e contribui para: tivesse maior autossuficiência produtiva. O símbolo
dessa época foi a fundação da Companhia Siderúr-
a) estabilização do mercado. gica Nacional (CSN) em 1941, em Volta Redonda, que
b) a introdução de rodovias no país. passou a operar de forma efetiva em 1946, fornecendo
c) o controle da dívida pública do país. minério de ferro e aço.
Deposto em 1945, Vargas voltaria ao poder através
d) o desenvolvimento industrial no país.
do voto em 1951. Em 1953, foi fundada a Petrobrás,
e) a diversificação agrícola de exportação.
uma das maiores petrolíferas do mundo. De sua fun-
dação até 1998, a Petrobrás teve o monopólio sobre a
A vinda dos imigrantes trouxe muitas inovações, exploração de petróleo em território brasileiro.
visto que muitos eram especializados e traziam Após o suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto
experiências de engajamento político diferentes das de 1954, a política brasileira ficaria marcada por gran-
que existiam no Brasil, sem contar da promoção das de turbulência, até que, em 31 de janeiro de 1956, o pre-
cidades e significativo desenvolvimento industrial. sidente eleito Juscelino Kubitschek assumiu o governo.
Resposta: Letra D.
Trabalhismo e populismo
2. (CETREDE — 2018) No período conhecido como Repú-
blica Velha (1899 a 1930), em que ocorreu o processo Durante o processo de deposição de Vargas do
de industrialização do Brasil, afirma-se que: poder, em 1945, cresceu entre as camadas populares
um movimento conhecido como “queremista”. Ele
a) os direitos garantidos aos trabalhadores urbanos pela pretendia preservar as conquistas trabalhistas obtidas
Consolidação das Leis Trabalhistas justificaram o flu- sob o Estado Novo por meio da manutenção de Vargas,
xo migratório para as cidades industrializadas. desde que ele se comprometesse a conduzir a reaber-
b) dentre os trabalhadores, era significativo o número de tura democrática e a promulgação de uma nova cons-
operários imigrantes nas fábricas de São Paulo e do tituição. Essa intenção não se converteu em realidade.
Rio de Janeiro. No entanto, a resolução das questões trabalhistas por
c) com o declínio da cafeicultura, atividade econômica meio da política, com forte apelo às reformas sociais,
mais expressiva do País durante quase todo o século ganhou corpo com a fundação do Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB) que, até a sua extinção, em 1965, tinha
XIX, os centros urbanos investiram maciçamente na
em seu programa um forte apelo às classes trabalhadoras
criação de fábricas.
e à defesa de reformas sociais, como a reforma agrária.
d) a respeito da política de incentivo à industrialização,
Esse forte apelo popular de líderes de massa caris-
adotada pelo Governo, o Brasil só conseguiu um máticos ganhou o nome de populismo, prática políti-
desenvolvimento tecnológico autônomo ao final da ca na qual um governo se baseia na propaganda, na
década de 1930. adesão maciça da população ao poder de um líder e
e) a concentração de capitais e a mão de obra prove- a certas pautas reformistas. O conceito de populis-
niente dos movimentos migratórios fizeram com que mo acabou sendo usado menos de forma acadêmica
os centros urbanos do Nordeste se destacassem na e mais de forma política pelos opositores de figuras
implantação do sistema fabril. como Getúlio Vargas.

Com o fim do trabalho escravizado, apostou-se na O BRASIL DE DUTRA E VARGAS


obtenção do trabalho livre desempenhado, sobre-
tudo, por imigrantes, que foram ocupar cargos O governo Dutra
disponíveis também nas cidades, como operários.
Resposta: Letra B. Os eleitos, presidente e congressistas, tomaram pos-
se em janeiro de 1946, e logo deram início aos traba-
O BRASIL NA ERA VARGAS lhos da Assembleia Constituinte que, oito meses depois,
entregou uma nova constituição para o país, que man-
A industrialização no Brasil tinha as conquistas sociais estabelecidas anteriormen-
te, mas marcava o estabelecimento da democracia e
A crise na base agrário-exportadora levou à pro- dos direitos políticos como elementos imprescindíveis.
cura de saídas industrialistas para o país. Durante a Dutra assumiu no contexto da Guerra Fria e, des-
década de 1930, os empreendimentos industriais qua- de o início, deixou claro de que lado estava: adotou
se duplicaram de tamanho pelo país, ao passo em que uma política externa de alinhamento automático aos
Estados Unidos, rompeu relações diplomáticas com a
projetos para instalação das indústrias de base eram
União Soviética e estabeleceu os comunistas enquanto
postos em prática.
inimigos internos. Desde 1945, Vargas havia anistia-
do os comunistas, e nas eleições desse ano, o Partido
Dica Comunista ocupou 9% dos assentos do Congresso, mas
a legalidade duraria pouco.
Indústrias de base são aquelas responsáveis Não precisou de muito, já que as greves do início
pela transformação de matérias-primas em pro- de 1946 foram suficientes para o governo responder
dutos para outras indústrias, metalúrgicas, side- com forte repressão aos trabalhadores, sobretudo aos
288 rúrgicas e petrolíferas. comunistas, intervindo em mais de 140 sindicatos,
declarando ilegal a Confederação dos Trabalhadores Para piorar, a partir de 1952, o apoio ao programa
do Brasil, e regulamentando o direito à greve. Em de investimentos dos Estados Unidos no Brasil dimi-
1947, o Partido Comunista teve seu registro cassado nuiu e o Banco Mundial iniciou a cobrança da dívida
pelo Tribunal Superior Eleitoral e, em 1948, o Con- pelos empréstimos vencidos. Os sintomas foram ele-
gresso cassou todos os mandatos eleitos pela legenda. vação da inflação, aumento do gasto público e do cus-
Na economia, Dutra promoveu uma liberalização to de vida e diminuição dos salários.
aguda das importações, subsidiando-as com o câmbio As greves da primeira metade de 1953 deram
desvalorizado; diminuiu a inflação à custa das reser- um empurrão maior, sendo afrouxadas apenas com
vas internacionais alcançadas durante a Segunda a nomeação de João Goulart, hábil articulador com
Guerra, e não deu prosseguimento ao plano de indus- os sindicatos, para o Ministério do Trabalho. Um ano
trialização iniciado no governo anterior. depois, a proposta de duplicar o valor do salário míni-
Em 1948, apresentou o Plano Salte (Saúde, Alimen- mo elevou ainda mais a temperatura, agitando os
tação, Transporte e Energia), mas boa parte do plano quartéis em disposições golpistas, tornadas públicas
não saiu do papel. Desde 1946, Vargas já havia rompi- no “Manifesto dos Coronéis”, de autoria de Golbery
do com Dutra. Era preciso desassociar-se da imagem do Couto e Silva. A crise levou à demissão de Goulart,
desse governo e planejar seu retorno. assim como do Ministro da Guerra de Vargas.
Em 1949, iniciada a corrida eleitoral, Vargas des- Em 5 de agosto de 1954, iniciava-se a contagem
pontou com um programa nacionalista e industria- regressiva para o fim trágico do governo Vargas. Um
lizante e percorreu todos os estados, costurando atentado deixou o principal opositor, Carlos Lacerda,
alianças. Tocava em aspectos sensíveis, como aumen- levemente ferido, e levou à morte o major Rubens Vaz.
to do custo de vida, inflação, bem-estar social, sobera- A campanha de desmoralização do governo mobili-
nia produtiva, dentre outros, conseguindo sensibilizar zada pela imprensa foi intensificada, denunciando
empresários interessados na industrialização e operá- verdades e muitas outras calúnias, isolando cada vez
mais o presidente no Palácio do Catete.
rios saudosos do trabalhismo.
A Aeronáutica assumiu as investigações e logo
O candidato da União Democrática Nacional (UDN),
chegou-se à conclusão de que se tratava de crime de
mais uma vez, foi Eduardo Gomes, e foi novamente
mando, e o pior: o mandante foi o chefe da Guarda
derrotado por suas próprias palavras: em comício,
Presidencial, Gregório Fortunato. Embora Getúlio fos-
anunciou ser a favor da extinção do salário-mínimo e
se inocente, as pressões foram corroendo a autoridade
em benefício da liberdade contratual. O resultado das
do presidente, culminando na invasão do Catete pelos
eleições foi surpreendente, sendo 48,7% para Getúlio
oficiais da Aeronáutica para confiscar documentos.
Vargas ante 29,7% para o brigadeiro Eduardo Gomes.
Getúlio Vargas passou os últimos dias isolado no
Vargas voltava “aos braços do povo”. Catete, com a opinião pública contrária à sua perma-
nência no poder. Na madrugada do dia 24 de agosto,
Segundo Governo Vargas quando reuniu seu ministério, apenas um ministro,
Tancredo Neves, era partidário de uma resistência.
Vargas retornou ao Catete pelo voto popular, mas Contudo, Vargas sabia que sem os militares e os traba-
logo percebeu as dificuldades de governar sob um lhadores mobilizados seria inviável e, se negociasse,
regime democrático. Além disso, teria que pagar a seria desmoralizado. Assim, nas primeiras horas da
conta das diversas reivindicações que havia pactuado manhã, o presidente cometeu suicídio.
durante a campanha eleitoral. A reação foi tremenda, nunca vista nem repetida
Já no final de 1951, Getúlio enviou ao congresso em toda história do Brasil. Uma população colérica,
o projeto para criação da Petrobras, mantendo-se de amargurada, saiu às ruas depredando qualquer sím-
acordo com suas propostas de estabelecer um desen- bolo de oposição a Getúlio Vargas, como as redações
volvimento autônomo, e a dependência da importação de O Globo e da Tribuna da Imprensa e a sede da Stan-
de petróleo atrapalhava seus planos industrializantes. dard Oil. Iniciava-se uma caçada a Carlos Lacerda, que
A “Campanha do Petróleo” mobilizou e agrupou seto- primeiro se refugiou na embaixada norte-americana
res contraditórios, sendo um dos poucos episódios de e logo foi transferido de helicóptero, quando a popu-
maior consenso na história política brasileira. Outra lação ameaçou invadir o prédio. Em frente ao quar-
proposta do governo estava associada ao investimen- tel-general da 3ª Zona Aérea, a população também
to em energia elétrica; contudo, apenas em 1962 a Ele- ameaçou invadir, mas foi duramente reprimida pelos
trobrás foi finalmente viabilizada. oficiais da Aeronáutica. HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
No seu governo, também aconteceu a expansão da
indústria de base, sobretudo siderúrgica, assim como
a fabricação de automóveis, principalmente tratores
e caminhões, o que refletiu positivamente no governo EXERCÍCIOS COMENTADOS
seguinte, que conseguiu implementar a indústria de
automóveis. 1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) No que se refere ao perío-
Evidentemente, a nacionalização de áreas conside- do democrático de 1945 a 1964, julgue o item a seguir.
radas estratégicas, como energia e petróleo, e a pro- A Constituição de 1946, embora garantisse a livre
posta de diversificação do mercado interno, causaram manifestação, não tolerava a propaganda de proces-
o primeiro embate sério de propostas entre o ideário sos violentos considerados subvertedores da ordem
nacional-desenvolvimentista do governo e aqueles política e social.
que acreditavam em um desenvolvimento associado
com o capital internacional. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Havia, ainda, a pressão exercida pelos latifundiá-
rios intocáveis e de industriais que consideravam a A constituição garantiu, de fato, a livre manifesta-
legislação trabalhista onerosa demais, e a crise que se ção; contudo, a ampliação da participação políti-
abateu sob os partidos governistas. A oposição, sobre- ca e social já vinha acontecendo desde os últimos
tudo a UDN, soube utilizar essas contradições. anos da ditadura do Estado Novo, sobretudo com 289
a anistia de 1945. No contexto da Guerra Fria e A marca do seu governo estava sintetizada, contu-
do alinhamento automático do governo Dutra aos do, no seu Plano de Metas, que tinha como intenção
Estados Unidos, logo as greves foram vistas com viabilizar um crescimento de “cinquenta anos em
desconfiança, consideradas manifestações subversi- cinco”. E, de fato, Juscelino efetivou logo uma agenda
vas de comunistas, sendo definitivamente proibidas de crescimento acelerado, sobretudo na área indus-
ainda em 1946. Pela defesa da “segurança nacional” trial de bens de consumo duráveis.
também foi cassado o registro do Partido Comunis- Seu governo deu prioridade ao setor de transporte
ta Brasileiro, em 1947. Resposta: Certo. rodoviário, mas a estendeu para o setor automobilís-
tico como um todo; além disso, deu ênfase à indústria
2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) No que se refere ao perío- pesada, de alimentos, e alocou recursos para a área de
do democrático de 1945 a 1964, julgue o item a seguir. energia. Entre 1956 e 1960, expandiu de forma inédita
Na eleição presidencial de 1950, Getúlio Vargas con- a malha rodoviária, aumentando a possibilidade de
tou com o apoio do governador de São Paulo, Ademar circulação de mercadorias e de comunicação.
de Barros, e foi o candidato mais votado nesse estado. Esse período também foi rico em inovações, com
aumento expressivo da participação política, de alte-
( ) CERTO ( ) ERRADO rações nos comportamentos culturais e de maneiras
de se repensar o lugar do Brasil no mundo.
A ampla aliança costurada por Vargas em 1950 Intelectuais trabalhavam juntamente ao governo
incluía o governador de São Paulo, Ademar de Bar- em órgãos como o Instituto Superior de Estudos
ros. O acordo consistia no apoio dos partidos e polí- Brasileiros (Iseb), em teorias econômicas e sociais,
ticos paulistas a Vargas, em troca da nomeação do como a ideia de subdesenvolvimento, advindas da
vice por Barros e, posteriormente, apoio de Getúlio Comissão Econômica para a América Latina e o
à candidatura de Barros em 1955. Resposta: Certo. Caribe (Cepal), com Celso Furtado, a busca da brasili-
dade, cuja valoração estava no cotidiano das pessoas,
O BRASIL DE JUSCELINO KUBISTCHEK refletida nas peças de companhias como o Teatro de
Arena, Opinião e Oficina.
Em fevereiro de 1956, dois oficiais udenistas da Aero- O cinema também partilhou dessa busca da brasi-
náutica planejaram instalar um foco de sedição na parte lidade, com as chanchadas e a incorporação nata da
central do Brasil e iniciar uma guerra civil, dado o ódio ideia de subdesenvolvimento nos filmes do movimen-
que mantinham a respeito do resultado das eleições do to do Cinema Novo. Diametralmente oposta a essa
ano anterior, uma vitória “getulista” que havia alçado brasilidade estava a Bossa Nova, uma outra maneira
Juscelino Kubistchek à presidência da república. de exportar a modernidade em ascensão do país, mas
Rapidamente foram desmobilizados. O oportunis- também produto dessa época.
mo de Carlos Lacerda já havia se manifestado pouco Diferentemente de Vargas, que propunha um pro-
tempo antes, quando pretendeu impugnar a eleição jeto nacionalista de industrialização, Juscelino apos-
justificando que o candidato vencedor não havia tou em uma industrialização financiada pelo capital
obtido a maioria absoluta dos votos, mesmo que a externo. O projeto ousado no Plano de Metas só podia
Constituição não mencionasse esse aspecto. Certo foi ser implementado por meio do escancaramento do
país às multinacionais e à concessão de privilégios fis-
que a repercussão foi imensa, adentrando os quartéis
cais e econômicos, o que aumentou significativamen-
e fervendo o caldo golpista, recebendo simpatia,
te a dependência do país.
inclusive, do presidente em exercício, Café Filho.
Em pouco tempo, empresas estrangeiras domina-
Quando Café Filho se afastou, alegando doença,
ram setores do desenvolvimento econômico brasilei-
quem assumiu foi o vice-presidente da Câmara dos
ro, a dívida externa aumentou por conta dos gastos e
deputados, Carlos Luz, um aberto simpatizante do
a inflação foi inevitável (40% em 1959). A bomba fis-
golpismo em curso. Para que o golpe se efetivasse, era
cal foi a construção de Brasília, planejada ainda em
necessário, contudo, tirar do caminho o único militar
1956 e forçada para ser entregue ainda no governo de
legalista do governo, Henrique Teixeira Lott, que
Juscelino, servindo bem aos propósitos do presiden-
ocupava o cargo de Ministro da Guerra.
te: barganhar com poderosos interessados em lucrar
Em novembro de 1955, Luz convocou o Ministro da
com o projeto e desviar a atenção da população dos
Guerra com intenções de contrariá-lo ao ponto de for-
problemas imediatos, como a questão da concentra-
çar sua renúncia e, na madrugada do dia 11, prevendo a
ção agrária e a inflação. Além de tudo, era o melhor
movimentação golpista, convocou o presidente do Sena-
exemplo da modernidade cantada por Juscelino.
do e o líder da maioria na Câmara para anunciar seu
contragolpe, e assim colocou suas tropas leais na rua.
Em sessão extraordinária, os deputados depuse-
ram Carlos Luz que, por sua vez, foi sucedido pelo EXERCÍCIOS COMENTADOS
presidente do Senado, Nereu Ramos. Contudo, a
aventura golpista só foi finalizada quando o congresso 1. (CESPE-CEBRASPE — 2019) Julgue o item seguinte, a
interditou o vice-presidente Café Filho, que havia se respeito da trajetória da experiência política brasileira
recuperado e estava disposto a reassumir o governo. entre 1946 e 1964.
Quando Juscelino assumiu, nomeou Lott como seu A reação intransigente de Juscelino Kubitschek aos
Ministro da Guerra, anistiou os revoltosos e procurou levantes de setores da Aeronáutica contra seu gover-
cooptar os militares com seus projetos de governo, no, seja no levante de Jacareacanga, seja no de Ara-
como a modernização do exército, a efetivação de garças, recusando-se a anistiar os revoltosos, fugia
uma indústria bélica, a compra de um moderno avião dos padrões de tolerância que caracterizavam o pre-
Viscount para a Aeronáutica e de um porta-aviões da sidente, mas foi entendido como aviso a qualquer
marinha britânica, rebatizado de Minas Gerais, sem aventureiro que pretendesse se insurgir contra as ins-
falar na distribuição de cargos para militares. A estra- tituições e a ordem democrática.
tégia funcionou em curto prazo, mas a ausência de
290 punição aos insubmissos cobraria logo um caro preço. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Juscelino anistiou os revoltosos assim que assumiu Findada a ditadura de Vargas, a carta de 1946
a presidência, em seguida, para mantê-los sob con- preservaria as conquistas sociais obtidas no período
trole, buscou cooptá-los por meio da distribuição anterior e realocaria a democracia enquanto aspec-
de cargos e compras de itens que modernizavam as to fundamental da vida pública. Estabelecia eleições
Forças Armadas. Resposta: Errado. diretas para o executivo e para o legislativo em todos
os âmbitos da federação, a liberdade de imprensa e
2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Considerando o contex- opinião, e incorporava os eleitores alfabetizados aci-
to histórico do regime liberal-conservador brasileiro, ma de 18 anos. O texto constitucional também regulou
vigente entre 1946 e 1964, julgue o item a seguir. o fortalecimento dos partidos políticos, assim como a
O desfecho trágico da crise de agosto de 1954 teve independência dos sindicatos.
profunda repercussão política, embora seus efeitos Os limites, contudo, ficavam evidentes na res-
tenham-se diluído nos meses seguintes. Com o suicí- trição do direito de greve, na não incorporação dos
dio do presidente Vargas, desarticularam-se as forças trabalhadores rurais à legislação social, assim como
políticas trabalhistas, fator decisivo para o resultado não regulava a intromissão cada vez mais acentuada
alcançado nas eleições presidenciais do ano seguinte. dos militares na vida pública. Essa Constituição vigo-
rou por quase vinte anos, marcando um período de
( ) CERTO ( ) ERRADO aumento significativo da participação política, cessa-
da com o golpe civil-militar de 1964 e formalmente
O resultado das eleições de 1955 demonstrou a substituída em 1967.
força das manobras de Getúlio Vargas na agenda A Constituição da Ditadura Militar tinha o pro-
eleitoral, consolidando a aliança entre o Partido pósito de institucionalizar o novo regime, e seu
Social Democrático (PSD), capitaneado por Jusce- texto basicamente era a reunião dos diversos Atos
lino Kubistchek, e o Partido Trabalhista Brasileiro Institucionais estabelecidos até 1967. De modo geral,
(PTB), de João Goulart. Ambos da mesma chapa, concedia amplos poderes às Forças Armadas, como
foram eleitos presidente e vice-presidente com um suspender direitos políticos, cassar mandatos legisla-
programa político-econômico muito próximo ao de tivos, interferir nos estados da federação, determinar
Getúlio Vargas, recebendo amplo apoio das forças eleições indiretas para governadores e prefeitos e ins-
trabalhadoras e sindicais, sobretudo pela figura de tituir o bipartidarismo.
Jango. Resposta: Errado. Em outubro de 1969, estando o Congresso fechado
desde a implementação do Ato Institucional nº 5 (AI-
CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 5), a Junta Militar impôs uma emenda constitucional
reformando o texto de 1967; dentre as alterações, cons-
A primeira Constituição brasileira foi a de 1824 tavam a implementação da pena de morte, o banimen-
e, para os padrões da época, foi considerada bastan- to, a ampliação do estado de sítio de 60 para 180 dias
te “liberal”. A carta estabelecia que todos os homens ou tempo indeterminado, assim como a determinação
acima de 25 anos, com renda mínima anual de 100 de novas limitações ao exercício dos direitos políticos,
mil-réis, podiam votar, mas esse critério de renda não liberdade de cátedra e expressão artística.
era grande barreira, pois a maioria dos trabalhadores A Constituição de 1988, que é a vigente em nossos
ganhava mais que essa quantia. dias, é conhecida como Constituição Cidadã. O texto
Analfabetos também possuíam direito a voto, e restabeleceu eleições diretas para presidente e demais
os libertos podiam votar nas eleições primárias. Essa cargos executivos, reduziu o mandato para quatro
constituição, que foi mantida até o final do Império, anos, fortaleceu o Ministério Público, deu direito de
não mexeu na questão da escravidão nem na estru- voto aos analfabetos, assim como a pessoas a partir
tura da terra, sendo alguns aspectos alterados em dos 16 anos, diminuiu a jornada de trabalho para 44
meados do século XIX, assim como impôs uma grande horas semanais, criou o abono de férias e o seguro-
centralização dos poderes na mão do Imperador. -desemprego, o décimo terceiro salário para aposen-
A Constituição republicana de 1891 definiu as tados, definiu como crimes inafiançáveis o racismo e
bases do novo regime nos termos do presidencialismo, a tortura, proibiu a censura, garantiu a liberdade de
do federalismo e do sistema bicameral. Na questão do expressão e aumentou significativamente os mecanis-
voto, foram mantidas as reformas restritivas imple- mos de participação popular direta.
mentadas no fim do Império, excluindo os analfabe-
tos. Esse é um aspecto fundamental, pois a maioria O BRASIL DE JANIO QUADROS E JOÃO GOULART HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
esmagadora da população era analfabeta e, portanto,
deveria ficar fora das eleições. A constituição introdu- O governo de Jânio Quadros
ziu o registro civil de nascimentos, casamentos e mor-
te, assim como separou o Estado da Igreja. Embora Juscelino Kubistchek tenha chegado ao
A Constituição seguinte foi promulgada em 1934. final do seu mandato com popularidade considerá-
Nesse novo texto, o Executivo deveria ser submetido vel, eram visíveis os problemas enfrentados pelo país,
à fiscalização do Legislativo, eliminava a maneira de sobretudo por conta da grave situação financeira. O
governar baseada em decretos, garantia a indepen- próximo governante teria pela frente bastante traba-
dência do Tribunal de Contas, limitava o mandato lho porque, para controlar a inflação, seria preciso
presidencial em quatro anos e impedia a reeleição. fazer ajustes nada populares, como diminuição dos
A estrutura do Estado pouco se alterou, mas hou- salários, créditos e gastos públicos.
ve a manutenção da estrutura da terra, a exclusão Em uma campanha bastante inusitada, a estrela
dos analfabetos do processo eleitoral, e o trabalha- foi Jânio Quadros, que possuía uma carreira políti-
dor rural não foi incorporado à agenda de proteção ca meteórica, sendo eleito vereador, deputado esta-
social. Essa Constituição durou apenas três anos, uma dual, prefeito e governador de São Paulo em um curto
vez que o golpe de 1937 interrompeu completamen- espaço de cinco anos. Quadros tinha fama de mora-
te qualquer garantia constitucional, embora também lista, mas também de administrador honesto; não se
possuísse seu próprio texto. considerava getulista, tampouco inimigo destes. 291
Assim, logo chamou a atenção da UDN que, em Machado Lopes, comandando o III Exército, aderiu-
uma coalisão com pequenos partidos paulistas, decidiu -se à resistência. O número de resistentes no Sul era
apoiá-lo à presidência. Seu jeito espalhafatoso foi certei- alto, contando com mais de 80 mil pessoas.
ro, propondo medidas austeras de combate à inflação, Em seguida, o governador de Goiás, Mauro Bor-
de limpeza moral da administração pública, e dizendo ges, declarou seu apoio e, no restante do país, greves
que, com sua “vassoura”, varreria a corrupção do país. estouravam por todo lado exigindo respeito à Consti-
Do outro lado, as opções eram curtas, e o PSD tuição. O país estava à beira de uma guerra civil quan-
resolveu lançar a candidatura do marechal Lott, que do o Congresso interviu na crise, propondo a adoção
gozava de prestígio entre políticos e militares, e não do parlamentarismo; assim, Goulart poderia assumir,
possuía menor carisma eleitoral. O vice trazia a forte mas com os poderes limitados.
presença de João Goulart, novamente, pelo PTB. Embora houvesse incerteza quanto a isso e, do Sul,
Elegeu-se, finalmente, Jânio Quadros para presidente, Brizola insistisse para que João Goulart marchasse
com mais cinco milhões e meio de votos, e João Goulart com o III Exército para Brasília e assumisse o poder
para vice, com mais de quatro milhões e meio de votos. integralmente, Jango acabou aceitando, provavelmen-
Isso aconteceu porque a legislação da época previa vota- te temoroso dos resultados de uma guerra civil.
ção independente no pleito para presidente e vice.
Quadros estabeleceu uma política externa inde- O governo de João Goulart
pendente, restabeleceu relações diplomáticas e/ou
comerciais com a União Soviética e demais países Jango tomou posse no dia 7 de setembro de 1961,
socialistas, conseguiu renegociar a dívida externa em regime de emergência, com a inflação ascendente
e propôs um completo programa para estabilizar a e com elevada dívida externa a ser paga logo no início
inflação. Por outro lado, entrava em choque constan- de 1962. O golpismo escancarado havia regredido por
temente com o congresso, a imprensa e com o vice- conta da elevada tensão política, mas as conspirações
-presidente; rompeu com a UDN por conta de sua não cessaram. Logo ficaria claro que, da esquerda à
política externa; baixou inúmeros decretos de caráter direita, não havia disposição de facilitar a governança
moralista; propôs uma caçada aos corruptos e conde- de João Goulart, levando-o ao ocaso mediante um
nava e achincalhava mesmo sem provas. golpe civil-militar das direitas.
Seu isolamento na presidência era quase intranspo- O parlamentarismo foi um fracasso desde o início,
e logo foi completamente desacreditado por lideran-
nível, mas ele tinha um plano para se livrar das “amar-
ças civis e militares, tendo o PSD e a UDN retirado o
ras constitucionais”. Em julho de 1961, enviou João
apoio ao modelo ainda no começo de 1962.
Goulart em missão econômica à República Popular da
O Primeiro Ministério, cujo lema era “unidade
China e em agosto concedeu a Grã-Cruz da Ordem do
nacional”, tinha Tancredo Neves como primeiro-mi-
Cruzeiro do Sul a Ernesto Che Guevara, o que foi inad-
nistro, e sua ideia era consolidar um governo com
missível para Carlos Lacerda, denunciando seu gover-
uma agenda reformista, “gradual e moderada”, mas
no em cadeia nacional de rádio e televisão.
que não estabelecia prazos nem caminhos.
No dia 25 de agosto, Jânio Quadros, tentando burlar As esquerdas radicalizavam ante o dinamismo
todos esses entraves, entregou uma carta de renúncia enxuto do governo, propondo reformas mais radicais,
a seus ministros militares para que fosse entregue ao a caminhar para a “Revolução Brasileira”. Em novem-
Congresso às quinze horas. Com isso, Jânio pretendia bro de 1961, o discurso de Francisco Julião, líder das
causar uma comoção nacional que o reconduzisse ao Ligas Camponesas, deixava claro a tônica política do
governo com plenos poderes. momento: “a reforma agrária será feita na lei ou na
Além disso, contava com a desconfiança que os marra, com flores ou com sangue”.
militares possuíam de seu vice que, por sua vez, esta- Desmoralizado por todos os lados, o gabinete Tan-
va longe, na China comunista, o que inviabilizaria credo renunciou em julho de 1962, e os dois ministé-
qualquer tentativa de Goulart assumir o governo. rios sucessores, de Francisco de Paula Brochado da
A manobra foi um fracasso. O Congresso aceitou a Rocha e de Hermes de Lima, buscaram formas de
renúncia, o povo não se mobilizou nem os governa- retomar o presidencialismo.
dores se manifestaram. O presidente da Câmara dos As eleições de 1962 para os governos estaduais e para
Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu interinamente, o legislativo consolidaram a ascensão do PTB de Jango e,
e uma nova crise de sucessão estava armada. desse modo, o plebiscito que visava escolher entre presi-
Os ministros militares haviam deixado claro que dencialismo e parlamentarismo foi adiantado para janei-
João Goulart não assumiria a presidência e que, se ro de 1963, dando vitória inconteste ao presidencialismo.
voltasse ao Brasil, seria preso. Mais uma vez, o mare- Esse momento inaugurou nova fase do governo de
chal Lott, no Rio de Janeiro, marcou a divisão nas Jango, cuja percepção entre trabalhistas, socialistas e
Forças Armadas e lançou um manifesto em apoio à comunistas era de desentrave para o andamento das
legalidade; contudo, foi preso e isolado em uma ilha reformas de base (reforma agrária, bancária, eleitoral,
na entrada da baía de Guanabara. tributária e revisão da remessa de lucros das multi-
No Rio Grande do Sul, o governador Leonel Bri- nacionais). Contudo, a mobilização não-parlamentar
zola propôs outras formas de resistência: mobilizou de esquerdas, Frente de Mobilização Popular, ainda
a Brigada Militar gaúcha, instalou a Rádio Guaíba no acusava Jango de ser “conciliatório”, por manter as pro-
subsolo do Palácio Piratini e de lá lançou a Rádio da postas reformistas dentro de um Congresso majorita-
Legalidade, sublevando a população e convocando o riamente conservador e dominado por elites regionais.
país inteiro a garantir a ordem institucional. No ano de 1963, o presidente teve que lidar com
Os militares golpistas ordenaram o bombardea- dois temas que mobilizavam ou implicavam a popula-
mento do Palácio Piratini, mas militares legalistas da ção de alguma forma: a reforma agrária, carro-chefe
base sabotaram a decolagem, esvaziando os pneus e da sua agenda reformista, disputada no âmbito insti-
desarmando os aviões que seriam utilizados. Nesse tucional, e os graves problemas econômicos, buscan-
292 mesmo tempo, outro militar legalista, o general José do controlar a inflação e retomar o crescimento.
Para a parte econômica, o governo apresentou o da República por acaso e por sorte, após a surpreen-
Plano Trienal, elaborado por Celso Furtado. Plane- dente renúncia de Jânio Quadros e contra a vontade
jado para dois momentos, em princípio propunha um dos ministros militares, que só admitiram sua posse
modelo ortodoxo, aos moldes do Fundo Monetário depois de tratativas políticas que o enquadraram.
Internacional, visando controlar as finanças públicas; FICO, Carlos. Além do golpe: a tomada do poder em 31
posteriormente, previa o andamento das reformas de março de 1964 e a ditadura militar. Rio de Janeiro:
estruturais, prevendo gastos menores, impostos mais Record, 2004, p. 16 (com adaptações).
progressivos e integrados, agricultura mais produtiva Tendo o texto precedente como referência inicial, jul-
e revisão das condições de crédito, incidindo direta- gue o item subsequente, relacionado à crise final do
mente em dois problemas graves: os custos de alimen- regime da Constituição de 1946.
tação e moradia. Ao falar em “tratativas políticas” que enquadrariam
O plano fracassou em diversas frentes, sobretudo João Goulart para que ele fosse empossado, o texto
pela indisposição dos setores mais amplos em acei- indica a complexa negociação política que possibilitou
tar os acordos necessários. Sindicatos não aceitaram a aprovação da emenda parlamentarista, o que, para
as medidas restritivas de salários, os empresários muitos apoiadores do vice-presidente, não passou de
e associações do mercado não aceitaram o controle autêntico golpe branco, por abolir funções próprias do
dos preços, e os industriais abandonaram em 1963 o presidencialismo historicamente vigente na República.
consenso que haviam oferecido inicialmente. No final
desse ano, o governo cedeu às pressões, aumentando
os salários dos funcionários públicos e liberando cré- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dito. O Plano Trienal havia sido derrotado.
Entre setembro e outubro de 1963, a crise foi turbi- Após diversas idas e vindas, e com o país perto de
nada por conta da decisão do Supremo Tribunal Fede- uma guerra civil, o congresso conseguiu estabelecer o
ral de não permitir a posse dos militares eleitos (entre consenso da implantação do parlamentarismo como
vereadores e deputados) nas eleições do ano anterior; forma de assegurar a posse constitucional de Jango
essa situação ocasionou uma rebelião de sargentos e e, ao mesmo tempo, pacificar os militares golpistas
cabos, sobretudo da Marinha e Aeronáutica, que ter- com a redução dos poderes deste. O governador do
minou com a condescendência do presidente dian- Rio Grande do Sul foi o principal denunciante dessa
te da insubordinação militar, embora os revoltosos manobra como um “golpe branco”. Resposta: Certo.
tivessem sido presos.
Nesse mesmo ano, Carlos Lacerda clamou ao 2. (CESPE-CEBRASPE — 2019) Julgue o item subsequen-
governo dos Estados Unidos que interviesse de modo te, relacionado à crise final do regime da Constituição de
a preservar a “democracia” no continente e frear o 1946.
“golpe” comunista planejado por João Goulart. A inca- Tendo tomado posse em 31 de janeiro de 1961, Jânio
pacidade do presidente em lidar com esse evento — Quadros renunciou em 25 de agosto do mesmo ano.
entre declarar Estado de Sítio ou não — é considerado
Temendo as consequências do gesto considerado
o início da ruína do seu governo.
perigoso e injustificável, o Poder Legislativo, sob a pre-
A partir do final de 1963, a grande imprensa foi
sidência do senador Auro Moura Andrade, esforçou-se
fundamental para repercutir uma tese que dizia que
as reformas de base insistidas pelo governo eram mero por demover o presidente de seu intento, tendo pos-
pretexto para um golpe que levaria o país ao comunis- tergado ao máximo a leitura do texto da renúncia no
mo. A imprensa fazia coro aos interesses dos empre- plenário do Congresso Nacional.
sários e executivos a serviço do capital estrangeiro e
ressoava nas classes médias, temerosas de uma “pro- ( ) CERTO ( ) ERRADO
letarização” do país. Organizações financiadas pela
Central Intelligence Agency (CIA), como o Instituto de Após a entrega do texto-renúncia ao Congresso, os
Pesquisa e Estudos Sociais (Ipes) e o Instituto Brasileiro parlamentares debateram por duas horas e chega-
de Ação Democrática (Ibad), também se engajaram na ram à conclusão do aceite da renúncia, por consi-
produção de propaganda e articulação golpista. derá-la um ato unilateral injustificável. Pesavam
A virada fundamental ocorreu no início de 1964: o na decisão, ademais, os oitos meses de constantes
comício da Central do Brasil, no dia 13 de março, no ataques moralistas, as aberturas de sindicâncias e
qual João Goulart defendeu enfaticamente as reformas a publicização de crimes sem provas contra parla-
de base e que foi visto pela direita como o passo decisi- mentares. Resposta: Errado. HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
vo em direção ao golpe comunista. A reação das direi-
tas se deu com a inauguração da Marcha da Família
QUESTÕES SOCIAIS: MOVIMENTOS SINDICAIS NO
com Deus pela Liberdade, no dia 19 de março.
BRASIL
Em menos de duas semanas, na madrugada do dia
31 de março, o general Olímpio Mourão Filho partiu
de Minas Gerais com suas tropas, dando início ao pro- A vinda de imigrantes para o Brasil acabou influen-
cesso que culminaria no golpe civil-militar do dia 1º ciando a formação de sindicatos, em um contexto de
de abril de 1964. transição da escravatura para um regime de traba-
lho livre. Tendo em vista o conhecimento que eles já
tinham sobre o movimento sindical na Europa e dos
direitos trabalhistas que lá existiam, eles passaram a
EXERCÍCIOS COMENTADOS atuar na formação de organizações operárias.
Já na Primeira República, muitas greves eclodiram
1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) A atmosfera política em centros como São Paulo e Rio de Janeiro. Na Era
Vargas (década de 1930) houve a tentativa de cooptação
era de grande agitação não apenas entre os milita-
da atividade sindical por meio da “estatização” desses
res, políticos e empresários que queriam livrar-se do
sindicatos e sua vinculação ao imposto sindical, o que
governo. João Goulart defrontara-se, no início de 1964,
acabou submetendo as novas lideranças à vontade do
com sua própria fragilidade. Chegara à Presidência
governo, em troca da efetivação de direitos trabalhistas. 293
DITADURA MILITAR Esse arrocho salarial era visto pelo governo como
um fator para a insatisfação popular e para a conse-
Castelo Branco quente instabilidade do novo regime; assim, em 1964,
foi criado o Banco Nacional da Habitação (BNH),
Cumprindo o rito institucional, o Congresso Nacional
elegeu, no dia 9 de abril de 1964, o Marechal Humberto mais tarde incrementado pela criação do Fundo de
de Alencar Castelo Branco, com 361 votos, à presidên- Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), formando
cia da república. O discurso oficial afirmava, com apoio uma política de financiamento para a construção de
de importantes lideranças como Juscelino Kubistchek casas populares e um fundo para o trabalhador demi-
e Carlos Lacerda, que os militares permaneceriam no tido sem justa causa. Por fim, o projeto de moder-
poder apenas por um período curto, até que a corrupção nização autoritária pressupunha o controle das
fosse extinta e o crescimento econômico fosse retomado, organizações de trabalhadores urbanos e rurais pelo
gozando, assim, de grande legitimidade. Contudo, logo
Estado, assim como a perseguição de líderes sindicais.
descobriu-se que a intervenção de 1964 seria muito dife-
rente das demais intervenções militares.
No dia 9 de abril de 1964, o primeiro Ato Institucio- Costa e Silva
nal (AI-1) foi baixado, tendo sido elaborado por Fran-
cisco Campos, simpatizante do fascismo e idealizador O Marechal Artur da Costa e Silva foi o segundo
do Estado Novo, e possuía validade de 2 dois anos. militar a ocupar a presidência e, empossado em 15 de
Esse ato previa a cassação dos direitos políticos dos março de 1967, pertencia ao grupo conhecido como
cidadãos, o controle do Congresso Nacional, o decre- “linha dura”, diferentemente de seu antecessor. Além
to do estado de sítio, assim como marcava as eleições
disso, implementou uma política externa mais nacio-
presidenciais para o dia 3 de outubro de 1965, o que,
evidentemente, não aconteceu. Esse ato marcou as nalista e menos alinhada aos Estados Unidos.
primeiras dissidências dos liberais que apoiaram ini- Seu breve governo ficou marcado pela implementa-
cialmente o golpe como Lacerda e Kubistchek. ção do quinto Ato Institucional (AI-5), cujo conteúdo
A vitória da oposição liberal nas eleições de 1965 viabilizou o terrorismo de Estado. Esse ato estabele-
fez com que o governo planejasse, também, o controle cia a cassação ampla e irrestrita de políticos e cidadãos,
do sistema eleitoral. Assim, o segundo Ato Institucio- suspendia o habeas corpus de presos políticos, permitia
nal (AI-2) tinha como finalidade evitar que a oposição
a decretação de estado de sítio sem autorização prévia
ascendesse ao governo estadual de 9 estados nas elei-
ções do ano seguinte, ao mesmo tempo que almejava mediante a centralização excessiva do poder Executivo
criar uma fachada democrática. Federal e, por fim, a censura prévia sob todos os meios
A manobra foi a seguinte: o multipartidarismo foi de comunicação e sob os produtos culturais.
substituído pelo bipartidarismo, a ARENA (Aliança
Renovadora Nacional), partido governista, e o MDB Médici
(Movimento Democrático Brasileiro), partido oposi-
cionista. Esse mesmo ato estabelecia eleições indire- O terceiro presidente da ditadura foi Emílio Gar-
tas para presidente, realizadas via Colégio Eleitoral. Já
rastazu Médici, o general de maior patente entre
o terceiro Ato Institucional (AI-3) previa eleições indi-
retas para os governos estaduais. A Lei da Imprensa os pré-candidatos e que também pertencia à “linha
e a Lei de Segurança Nacional, de 1967, solaparam de dura” palaciana. Seu governo ficou conhecido como
vez a liberdade de expressão e quarto Ato Institucio- os “anos de chumbo”, dada à violação sistemática dos
nal (AI-4) foi baixado para garantir a aprovação da direitos humanos. Todo cidadão era passível de ser
nova Constituição Federal. acusado de subversivo, baseado em uma simples sus-
Na intenção de erradicar a elite política e intelec- peita, e ficando sujeito à detenção, à tortura e à morte.
tual reformista do coração do Estado, o governo de Seu governo coincidiu, ainda, com o período do
Marechal Castelo Branco apelou ao uso irrestrito de
Inquéritos Policiais Militares (IPMs), sendo mais de “milagre econômico”, cuja taxa de crescimento
700 processos tocados. Além disso, outras 3644 pessoas médio foi de 10% ao ano. A maior expansão industrial
receberam sanções políticas baseadas nos Atos Institu- ficou concentrada — e sustentada pelos juros baixos
cionais, o que correspondeu a 65% de todo o ocorrido — no setor de bens de consumo duráveis, além de um
dessa natureza nos 21 anos de ditadura, e 90% das 1230 crescimento exponencial no setor automobilístico. No
punições aos militares oposicionistas ao longo de todo campo social, contudo, a situação não era favorável,
o regime foram efetuadas sob seu mando. uma vez que o arrocho salarial e a concentração de
A economia ficou a cargo de Roberto Campos, e suas
renda não permitiram a transformação dos ganhos de
principais medidas estavam sintetizadas no Plano de
Ação Econômica do Governo (Paeg), cujas prioridades produtividade dos trabalhadores.
eram a contenção da inflação, o retorno da capacidade O endividamento externo é, também, marca des-
do Estado em investir em infraestrutura produtiva, a se período, agravado ainda mais pela primeira crise
reorganização das finanças públicas mediante um novo do petróleo, em 1971, quando os preços e os juros
sistema tributário e, por fim, a renegociação da dívida internacionais cresceram vertiginosamente. O maior
externa a fim de alcançar novos empréstimos. problema estava no financiamento das indústrias
No que se refere à nova política salarial, os salá- estatais mediante crédito de bancos privados inter-
rios eram reajustados baseados em um cálculo que
considerava não somente a inflação dos últimos doze nacionais, que, por sua vez, possuíam taxas de juros
meses, como também a previsão de inflação dos próxi- altíssimas e flutuantes. O endividamento externo sal-
mos doze meses. Assim, “como a inflação era sistema- tou de menos de 5 bilhões de dólares em 1964 para
ticamente subestimada, a nova legislação provocou mais de 90 bilhões de dólares em 1983; ao mesmo tem-
perda salarial sistemática, com perversos efeitos dis- po em que o Brasil ascendeu à condição de 10ª potên-
tributivos” (LUNA; KLEIN, 2014, p. 94). cia do mundo, os indicadores de qualidade de vida o
294 alocavam entre os últimos.
Geisel vultuosa de investimentos exteriores, é possível afirmar
que a crise econômica efetivamente havia se iniciado em
Ernesto Beckmann Geisel firmou-se como suces- seu governo, intercalada com períodos de crescimento,
sor de Médici, tornando-se o quarto presidente da que seguiriam até o início do governo Figueiredo.
ditadura. O novo presidente ficou responsável por
uma nova fase de institucionalização do regime, Figueiredo
conhecida como “lenta, gradual e segura” até transi-
ção para o um poder civil.
O último presidente da ditadura foi João Baptista
Geisel propôs quatro objetivos estratégicos: o primei-
Figueiredo, cuja promessa ao tomar posse foi a conso-
ro diz respeito ao reestabelecimento da profissionali-
zação dos quadros das Forças Armadas e à redução do lidação da abertura. O último presidente não possuía
poder dos “linha duras”; o segundo propunha a manu- a mesma expertise política de seu antecessor e não
tenção do controle da oposição de centro e de esquerda, conseguiu manter o controle do processo de abertura.
além daqueles indivíduos considerados “subversivos”; o Seu governo ficou marcado pela maior crise eco-
terceiro planejava a construção de uma democracia res- nômica vivida pelo país e pelo fim do AI-5. Uma série
trita e controlada; e o quarto previa a manutenção das de protestos e a emersão de novos movimentos sociais
elevadas taxas de crescimento, uma vez que era o princi- ocorreram sob sua governança, assim como violentos
pal mecanismo que atribuía legitimidade ao regime fren- ataques terroristas praticados pela extrema direita
te às classes médias e empresariais. militar, intencionando parar o processo de abertura.
Somava-se a isso a aproximação do governo à
grande imprensa liberal. Contudo, alguns aconteci- Reforma Agrária
mentos provam que a tendência autoritária do regime
ainda estava em voga: com a vitória do MDB nas elei- A questão agrária, que há tempos vinha se arrastan-
ções parlamentares de 1974 e com as previsões de que do no Brasil e foi fator importante na queda de Jango,
a oposição ganharia ainda mais espaço nas eleições também começou a ser rediscutida ainda no começo
de 1978, órgãos do governo passaram a disseminar a do governo militar. Assim, o ministro Roberto Cam-
tese de que o Partido Comunista havia se infiltrado no pos apresentou uma proposta do Estatuto da Terra
partido de modo a ampliar o número de votos. baseada em três aspectos: primeiro, a tributação pro-
Além disso, militares de extrema direita respon- gressiva da propriedade, levando-se em consideração
deram violentamente às medidas propostas por Gei- seu tamanho e produtividade; o segundo previa a desa-
sel, participando de diversos ataques terroristas, ao propriação mediante indenização para o caso de terras
mesmo tempo em que organizações anticomunistas improdutivas; terceiro, a colonização de terras ociosas.
tornavam a ganhar fôlego. Ainda em seu governo, Em outubro de 1964, o texto foi enviado para a apre-
39 opositores desapareceram e 42 foram mortos pela ciação do Congresso. Contudo, tratava-se de um texto
bastante diferente do que fora apresentado ao público
repressão, o Congresso foi fechado por 15 dias e a cen-
dias antes, o que refletia conflitos de interesses.
sura foi largamente utilizada até 1976.
A principal alteração estava relacionada à des-
Em outubro de 1975, o comando do II Exército, com
centralização do aspecto fiscal da reforma agrária
sede em São Paulo, noticiou que o renomado diretor
proposta pelo governo, uma vez que o mecanismo de
jornalístico da TV Cultura, Wladimir Herzog, havia
tributação progressiva ficaria a cargo dos governos
suicidado. A notícia repercutiu negativamente, uma
estaduais. Nesse sentido, o conflito mais claro era entre
vez que setores importantes da sociedade descredita- a perspectiva modernizante defendida pelos militares,
vam o comunicado oficial. Diante do ocorrido, o pre- em detrimento à perspectiva conservadora dos gran-
sidente, tido como moderado, nada fez senão advertir des proprietários e por membros da UDN. A queda de
o comandante do II Exército, Ednardo D’Ávila Melo. braço entre o governo e as elites regionais resultou na
Em 1976, outra morte tornou-se pública e como- derrota do primeiro e na impossibilidade de se imple-
veu a sociedade: o sindicalista Manoel Fiel Filho mentar o projeto de modernização do campo.
apareceu morto após ser interrogado pelas forças da
repressão. Somente após forte pressão houve a demis-
são de D’Avila Melo pelo presidente. É importante des-
tacar que embora somente esses dois casos tenham EXERCÍCIOS COMENTADOS HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
repercutido de forma mais ampla, outras centenas de
denúncias eram feitas em relação às torturas. 1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Entre 1967 e 1974, a
Já em abril de 1977, o governo, prevendo a derro- ditadura consolidou um modelo de modernização
ta do partido governista nas eleições do ano seguinte, conservadora e ditatorial, impulsionada pelo Estado.
fechou o Congresso por 15 dias e editou um conjun- Houve, em grande medida, uma retomada da tradição
to de medidas autoritárias conhecido como “Pacote nacional-estatista e da noção da importância-chave
de Abril”. Esse pacote, em síntese, previa a extensão do Estado como promotor e regulador da economia,
do mandato do presidente, de cinco para seis anos, da política e da cultura.
eleições indiretas para governadores de Estado e a REIS, Daniel Aarão. História do Brasil Nação. Rio de
nomeação de um terço do Senado pelo presidente. Janeiro: Objetiva/MAPFRE, 2014, v. 5 (1964-2010), p.
A “Lei Falcão” foi promulgada na esteira do pacote, 23-4 (com adaptações).
inviabilizando o acesso da oposição à televisão. Considerando o trecho de texto acima e o período his-
O governo Geisel, por fim, marcou um avanço na tórico nele referido, julgue o item a seguir.
industrialização pesada, sobretudo no setor elétrico, A política econômica do governo de Médici, baseada
nuclear, petroquímico e de equipamentos industriais, na firme condução pelo Estado, provocou um ciclo de
promovendo, ademais, a estatização da economia. Embo- grande crescimento econômico.
ra tenha conseguido, em 1974, manter o crescimento
econômico, dependendo cada vez mais de quantidade ( ) CERTO ( ) ERRADO 295
O “milagre econômico” foi produto de uma situação Os movimentos de oposição ao Regime Militar:
externa favorável para a aquisição de créditos subsi- luta pela anistia, “Diretas Já” e movimentos sociais
diados, embora a juros flutuantes, da intervenção do urbanos
governo brasileiro na economia com incentivos à cons-
trução de obras de infraestrutura, do arrocho salarial e Os movimentos de resistência à ditadura aconte-
da diminuição das taxas de juros. Resposta: Certo. ceram em diversas frentes, começando pelas artes
(sobretudo o teatro, a música popular e o cinema)
2. (VUNESP — 2019) Assinale a alternativa que aponta mobilizadas em vanguarda pelas classes médias enga-
corretamente um dos fatos que influenciou o endureci- jadas à esquerda. Por conta da característica heterogê-
mento do regime militar com a decretação do AI-5, em nea do golpe de Estado, e sendo as classes médias as
dezembro de 1968: principais apoiadoras dos militares, a repressão, de
início, não pôde recair sobre essa parcela contestado-
a) O comício do Presidente João Goulart na Central do ra, embora fosse considerada subversiva. Aconteceu,
Brasil. assim, uma politização da cultura concomitantemente
b) A nacionalização de empresas norte-americanas pelo ao fechamento dos canais de representação política, e
governo do Rio Grande do Sul. todos aqueles que desejavam ouvir suas reivindicações
acabavam participando das manifestações artísticas.
c) O fechamento da empresa aérea Panair do Brasil.
Assim, nesse começo, a ditadura teve de reprimir
d) A vitória da Revolução Cubana.
mais instituições e movimentos culturais, sobretudo os
e) As greves operárias nas cidades de Osasco e ligados às esquerdas e ao PCB, como o Centro Popu-
Contagem. lar de Cultura, o Movimento de Cultura Popular de
Recife e o Instituto Superior de Estudos Brasileiros.
As greves operárias em Osasco e Contagem e o A repressão somente recaiu-se sobre esses indivíduos
fracasso do governo em propor uma negociação, quando a classe média estudantil se engajou na luta
a ameaça da guerrilha, os protestos de rua e os armada. Ainda assim, é preciso dizer que a cultura enga-
reclames e denúncias por deputados oposicionis- jada foi um dos principais focos de resistência à ditadu-
tas na tribuna oferecem uma explicação para o ra, pelo menos até a primeira metade da década de 1970.
fechamento do regime, com a instalação do AI-5, Uma entidade civil suprapartidária também foi
em dezembro de 1968. Ademais, uma das principais criada, em 1966, como forma de resistência à ditadu-
motivações para esse decreto estava na insatisfação ra. A Frente Ampla era liderada por antigos simpati-
dos militares linha-dura com os Inquéritos Policiais zantes do golpe, como Juscelino Kubistchek e Carlos
Militares (IPMs). Antes desse Ato Institucional, as Lacerda, e contou até mesmo com a adesão do presi-
tentativas de punição sofriam o entrave da conces- dente deposto, João Goulart.
No que se refere às esquerdas, a radicalização do
são de habeas corpus pela Justiça, assim, os pro-
movimento estudantil era concomitante à preparação
cessos eram mais demorados e as punições não se
e organização da luta armada. A adoção, pelo Parti-
concretizavam. Resposta: Letra E. do Comunista Brasileiro, da perspectiva de se adotar
uma resistência pacífica à ditadura fez com que ocor-
3. (CESPE-CEBRASPE — 2018) A história da República ressem muitas deserções no seio do partido.
brasileira foi marcada por rupturas institucionais. Com Assim, muitas figuras importantes organizaram-se
relação às crises na República, julgue o seguinte item: em grupos guerrilheiros, sendo os mais conhecidos
A forte crise política e econômica que assolou o Brasil Carlos Marighela, com a Ação Libertadora Nacional
no início da última década de 60 resultou em ruptura (ALN), e Carlos Lamarca com o Movimento Revolu-
institucional, com a queda do governo de João Goulart cionário Oito de Outubro (MR-8). O PCdoB também
e a ascensão dos presidentes militares. A legitimidade montou uma base de guerrilha na região amazônica
destes foi construída a partir da velha fórmula ordem brasileira, ao longo do rio Araguaia. Com a guerrilha
e progresso. Dentro dos esforços de manutenção da urbana praticamente extinta já no início do governo
aparente normalidade institucional, foi outorgada Médici, a repressão pôde se concentrar totalmente no
a Constituição de 1967, que viria a ser alterada pela Araguaia, operacionalizando uma verdadeira guerra
Emenda Constitucional de 1969. Essa alteração foi que dizimou os últimos guerrilheiros do PCdoB por
bastante pontual e teve por objetivo pequenas adequa- volta de 1975 e a guerrilha na região amazônica brasi-
leira, ao longo do rio Araguaia.
ções da Carta Magna ao estabelecido pelo AI-5.
Já o movimento estudantil viu seu auge em engaja-
mento em 1968. O assassinato do secundarista Edson
( ) CERTO ( ) ERRADO Luís Lima Souto pela polícia em um protesto contra
o fechamento do restaurante Calabouço gerou uma
A constituição de 1967 foi planejada desde a instau- grande comoção na sociedade como um todo, eviden-
ração do quarto Ato Institucional, que determinava ciada pela presença massiva em seu cortejo fúnebre.
regras para a aprovação de uma constituição que Na conhecida “sexta-feira sangrenta”, no dia
fortalecesse o poder executivo. Ademais, a constitui- 21 de junho, mais um confronto violento aconteceu,
ção de 1967 reuniu todos as medidas autoritárias resultando na morte de 4 pessoas e em mais de 20
e os conteúdos dos Atos Institucionais decretados feridos à bala, aumentando a indignação da opinião
até aquele momento. A Emenda Constitucional nº 1 pública. Por fim, em 26 de junho, estudantes, trabalha-
findava a reforma da constituição e incorporava ao dores, artistas, políticos e intelectuais reuniram-se na
seu texto a pena de morte e a pena por banimento, conhecida “Passeata dos Cem Mil”.
em razão do aguçamento das atividades de oposi- A imprensa, sobretudo a alternativa, mesmo sob
ção armada ao regime, a ampliação do estado de censura prévia e com oficiais instalados dentro das
redações, também procurava meios de denunciar a
sítio de 60 para 180 dias, com a possibilidade de sua
tortura, a corrupção massiva, os erros da política eco-
prorrogação por tempo indeterminado e a limita-
nômica, o encaminhamento da guerrilha, a cassação
ção dos direitos políticos, da liberdade de cátedra e de políticos, entre outros.
de expressão artística. Resposta: Errado.
296
Ademais, os novos movimentos sociais que sur- Em relação ao PMDB, uma parte liderada por Ulys-
giram ainda durante o auge repressor do governo ses Guimarães reivindicava a organização de comí-
Médici protestavam contra a miséria da vida dos cios e a condução de uma ampla campanha em prol
trabalhadores urbanos. O melhor exemplo está nas das eleições diretas, enquanto outra parcela, liderada
Comunidades Eclesiais de Base, surgidas em 1969, por Tancredo Neves, estava disposta a negociar nos
que estavam ligadas à Igreja Católica, mas abrigavam termos dos militares.
um número diverso de militantes. As ruas, contudo, pareciam ditar o ritmo da aber-
Finalmente, desde os primeiros meses de 1978 o tura e não estavam dispostas a ceder, e foi nesse
movimento dos operários ganhava força, sobretudo momento que estourou uma das maiores e mais entu-
no ABC paulista. Em maio, milhares de metalúrgicos siasmadas campanhas políticas da história brasileira:
cruzavam os braços em sinal de protesto, ao mesmo as Diretas Já, que, entre fevereiro e março de 1984, se
tempo em que lideranças oriundas efetivamente das espalharam por todo o país.
fábricas emergiam, como Luís Inácio Lula da Silva. Na madrugada de 25 de abril de 1983, data da vota-
Em 1979, em meio à posse de Figueiredo, uma ção da emenda Diretas Já, uma parte dos deputados,
ampla e organizada greve operária no ABC paulista liderada pelo candidato do PDS, Paulo Maluf, boicotou
sinalizou ao governo e aos parlamentares que a popu- a votação, impedindo um quórum mínimo para a apro-
lação trabalhadora estava descontente com o ritmo vação da PEC. Um balde de água fria foi jogado na vigí-
das discussões a respeito da abertura política e da lia cívica que acompanhava na madrugada a votação.
agenda econômica do governo. Nesse sentido, o Tri- Nos meses seguintes à derrota, a sociedade não se
bunal Regional do Trabalho (TRT) declarou a greve desmobilizou, embora não escondesse sua frustração
ilegal; entretanto, isso não surtiu efeito na mobiliza- e agitação. Assim, um conjunto de negociatas escusas
ção dos trabalhadores. nos bastidores da política desfechou o modelo final da
O novo sindicalismo, como ficou conhecido, tinha abertura, entre articulações partidárias: uma parte do
como objetivo descolar-se do sindicalismo “pelego”, PDS debandou do governo formando a Frente Liberal.
herança da Era Vargas, procurando ter mais indepen- Esses indivíduos, junto à uma parcela significativa
dência junto aos trabalhadores. do PMDB, formaram uma chapa conservadora, a fim
Golbery do Couto Silva, escolhido por Geisel como de disputar a eleição no Colégio Eleitoral, marcada
estrategista e chefe da Casa Civil, estipulou uma agenda para 1985: Tancredo Neves encabeçava a chapa, ten-
para a transição do poder civil, incorporando diversas do como vice o até então aliado histórico da ditadu-
reformas políticas como a anistia política, a reorga- ra, José Sarney. A chapa saiu vitoriosa nas eleições
nização partidária e a eleição direta para os governos de janeiro de 1985; entretanto, por motivos de saúde,
públicos. As campanhas pela Anistia recebiam bastante Tancredo Neves não pôde assumir a presidência, sen-
atenção dos movimentos pela democracia. do empossado seu vice. Produto da saída negociada, a
Em 1979, seguindo a pauta da abertura, foi pro- transição democrática seria iniciada por Sarney, um
mulgada uma lei que prescrevia a maioria dos crimes entusiasta da ditadura.
políticos ocorridos entre 1964 e 1979, seja daqueles
considerados subversivos, seja pelas forças da repres-
são. No mesmo ano, uma nova lei extinguia o sistema
bipartidário e estabelecia condições para um regime
EXERCÍCIO COMENTADO
pluripartidário. Nesse ínterim, uma série de atenta-
1. (VUNESP — 2018) Em 1979, o Congresso Nacional
dos terroristas ocorreu por parte dos militares contrá-
aprovou a Lei Orgânica dos Partidos, incluindo o subs-
rios à agenda da abertura.
titutivo que extinguiu a Arena e o MDB, e restabeleceu
a liberdade partidária no país. Pela aprovação do subs-
titutivo, votaram 299 deputados e 41 senadores. Só
nove deputados faltaram à sessão.
(Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=
360461. Acesso em: 9 fev 2021. Adaptado).
O bipartidarismo foi estabelecido:

a) imediatamente após a queda de João Goulart.


b) com reforma constitucional de 1969.
c) com a eleição do presidente Costa e Silva em 1967.
d) por ato complementar ao Ato Institucional no 2 em HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
1965.
e) com a reforma política de 1972.

Campanha pela Anistia. Com a vitória da oposição, em 1965, o governo de


Castelo Branco editou o segundo ato institucional
Fonte: Departamento de Direito da PUC-Rio. (AI-2) de modo a controlar o sistema eleitoral como
um todo, extinguindo o multipartidarismo e criando
Em 1981, a política econômica de Delfim Neto uma oposição consentida. Resposta: Letra C.
colapsara e, em 1982, os partidos de oposição conse-
guiram eleger cinco deputados a mais que o partido O golpe civil-militar de 1964 e a doutrina de
governista (agora Partido Democrático Social), segun- segurança nacional e desenvolvimento
do a reformulação partidária, demonstrando clara-
mente aos militares que o fim do regime era iminente. O tempo de disputas institucionais e nas ruas em
Foi nesse momento que ganhou força entre os mili- torno da implementação das reformas de base pro-
tares a possibilidade de uma “saída negociada”, uma postas pelo presidente João Goulart foi findado com
vez que não estavam dispostos a se submeterem a tri- um golpe militar, apoiado por parte expressiva da
bunais de justiça que os investigassem e os punissem sociedade civil, no dia 31 de março de 1964.
pelas sucessivas violações aos direitos humanos. 297
A ditadura inaugurou 21 anos de generais na dire- Além desta articulação interna, o golpe foi apoia-
ção do Estado brasileiro, sem nenhum tipo de alter- do pelos Estados Unidos, que prepararam, inclusive,
nância partidária no poder e com um alto nível de uma operação militar — conhecida como Brother Sam
violência política. Contudo, para entendermos melhor — para caso houvesse resistência por parte de João
esse período, é preciso retornar às disputas políticas Goulart. Em sessão do Congresso Nacional, convocada
em torno da aceitação ou não do varguismo. para as 2h40 de 2 de abril de 1964, o Senador Auro de
A modernização industrial iniciada pelo nacionalista
Moura Andrade declarava vaga a presidência, muito
Getúlio Vargas, e sua proposta de uma política externa
mais autônoma em relação às grandes potências, levou embora Goulart ainda estivesse no Brasil.
a um alargamento da participação política interna; os Goulart, por sua vez, exauridas todas as possibi-
governos que o sucederam tiveram de se equilibrar lidades de resistir ao golpe, partiu para o exílio no
entre essa nova dinâmica interna, de grande politiza- Uruguai. Apesar de tudo, uma pesquisa de opinião
ção, dentro de um contexto marcado pelos fantasmas da mostrava que Jango gozava de amplo respaldo: 45%
Guerra Fria, assim como sucessivas ameaças golpistas. considerava seu governo “ótimo” ou “bom”; 49% pla-
Desde o final do governo de Juscelino Kubistchek, nejavam reelegê-lo em 1965; e apenas 16% considera-
a economia dava sinais de crise, com a diminuição va seu governo “ruim” ou “péssimo”.
da taxa de crescimento, desequilíbrio das finanças
públicas e aumento da inflação, crise essa agravada
pela renúncia de Jânio Quadros apenas oito meses
após sua posse. A tentativa fracassada de setores gol-
pistas dentro das Forças Armadas de impedir a posse
EXERCÍCIOS COMENTADOS
de Goulart, principal herdeiro do varguismo, elevou a
gravidade das sucessivas crises. 1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) O PTB beneficiou-se ini-
Empossado, Jango não foi capaz de se equilibrar e cialmente da ilegalidade do Partido Comunista Brasi-
atender às demandas dos distintos grupos, e seu gover- leiro (PCB) e recolheu muitos votos destinados antes
no foi perdendo cada vez mais apoio popular, isolan- aos comunistas, tendo sido o partido que mais cresceu
do-se em relação ao conservadorismo institucional. no período 1945-1964. O PSD e a União Democrática
O golpe militar de 1964 foi aplaudido e auxiliado por Nacional (UDN), somados, elegeram 81% dos deputa-
conspiradores ligados à UDN e aos demais setores civis dos federais em 1945, mas 51% nas eleições de 1962.
antivarguistas, tendo à frente civis como Ademar de Bar-
ros, governador de São Paulo, Carlos Lacerda, governa- FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade
dor da Guanabara, e Magalhães Pinto, governador das de São Paulo e Fundação do Desenvolvimento da Educação, 1995, p.
Minas Gerais. Foi apoiado também por militares anti- 450 (com adaptações).
comunistas radicais, pelo núcleo ligado ao Instituto de
Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), que já colhia infor- Tendo o fragmento de texto acima como referência
mações desde 1961, e pela cúpula da Igreja Católica. inicial e considerando a História brasileira entre o fim
O golpe civil-militar foi justificado pela Doutrina do Estado Novo, em 1945, e a ruptura institucional de
de Segurança Nacional, cujo conteúdo foi reitera- 1964, julgue o item subsecutivo.
damente ministrado na Escola Superior de Guerra
Adversários históricos, PSD e UDN passaram a atuar
(ESG), criada em 1949, e que contou com assistência
francesa e norte-americana. O objetivo da ESG era em convergência, no Congresso Nacional, na fase final
treinar quadros de alto nível para as tarefas de dire- do governo João Goulart, para o combate às chama-
ção e planejamento da segurança nacional. das reformas de base, opondo-se, muito especialmen-
Nesse contexto, às Forças Armadas foi atribuída te, à reforma agrária e à política externa independente.
uma nova função, desempenhar o papel de dirigente,
diferentemente do papel de interventor transitório ( ) CERTO ( ) ERRADO
ocupado em outros golpes na história recente brasi-
leira. Assim, os militares passaram a ocupar variadas O PSD, inicialmente aliado, passa à oposição por
funções políticas e administrativas, chegando a ocupar conta, dentre outros fatores, da insistência do
quase 30% de todos os cargos civis do Estado em 1979. governo em levar adiante uma reforma agrária. É
bom lembrar que o PSD era um partido conservador,
representante das grandes elites fundiárias brasilei-
ras desde a sua formação. A UDN manteve sua polí-
tica agressiva a respeito da política externa iniciada
ainda no governo de Jânio Quadros. Resposta: Certo.

2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) A partir do texto a seguir,


julgue o item que se segue, relativo à evolução históri-
ca do Brasil republicano.
A ruptura institucional de 1964 foi bem mais que mero
golpe militar. Ela representou a vitória — e a conquis-
ta do Estado — de um dos projetos para o país que
estavam em jogo, de forma ideologicamente polariza-
da, especialmente ao longo do governo João Goulart.
Impondo a derrota da difusa proposta reformista con-
duzida pelo presidente, o novo bloco de poder colocou
em marcha um processo de modernização conserva-
dora do Brasil, assentada sobre o autoritarismo político.
Tanque passando pela cidade do Rio de Janeiro em 1964.
298 Fonte: Site Outras Palavras. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O golpe-civil militar teve participação difusa, mas A partir desse momento, o país caminhou à hipe-
possuía um projeto específico. Logo após o golpe, rinflação, chegando a 83% em março de 1990. Preços
ficou claro que os militares assumiriam a tarefa de de supermercado eram reajustados todos os dias e filas
administrar o país, incorporando aos ministérios aconteciam em supermercados e postos de gasolina toda
tecnocratas prontos a adotar uma política ortodo- vez que surgia o menor indício de aumento dos preços.
xa, capaz de incorporar o Brasil ao mercado inter- Ainda em 1987, iniciou-se o importante processo
nacional capitalista. A modernização conservadora da Constituinte, transformando os próprios congres-
beneficiou grandemente os setores médios da popu- sistas eleitos em 1986 no Congresso Constituinte, com
lação, assim como acentuou a concentração de ampla maioria do PMDB. Os debates foram acalora-
renda. Entre 1967 e 1974, o regime consolidou esse dos e algumas propostas do PMDB foram considera-
modelo, retomando a tradição nacional-estatista, das radicais demais, mas, de fato, muitos avanços se
assim como a observância do Estado como impor- tornaram constitucionais.
tante promotor e regulador da política, economia e Há que se dizer, por fim, que até o final do gover-
cultura. Resposta: Certo. no Sarney, nenhuma ruptura significativa em relação
à ditadura havia acontecido (a começar pelo próprio
DA REDEMOCRATIZAÇÃO AOS DIAS ATUAIS presidente, como dissemos), e também porque nenhum
julgamento havia acontecido para punir militares envol-
Governo Sarney vidos em crimes contra a humanidade. As esperanças
se voltaram, enfim, para a primeira eleição direta que
A morte de Tancredo havia abatido enormemente escolheria um presidente da república em 21 anos.
o país, levando a uma comoção que há bastante tempo
não se via em um cortejo fúnebre: seu caixão subiu a
rampa do Planalto em um gesto bastante simbólico,
pois se tratava do primeiro presidente civil após 21
anos de ditadura.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
De todo modo, José Sarney, seu vice, assumiu a
1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) “Diversamente de 1930,
presidência no dia 15 de março de 1985, e, mesmo
que fosse um aliado histórico da ditadura, as expec- 1945 e 1955, em 1964 as Forças Armadas não entre-
tativas da população não diminuíram. Pelos próximos garam o poder a um civil. A partir do golpe, até 1985,
10 anos, diferentes governos tentariam, sem sucesso, a história republicana assistiria, pela primeira vez, a
organizar uma economia que herdava da ditadura um longo desfile de presidentes militares, cuja eleição
dívida externa e inflação monstruosas. dava-se dentro do círculo do poder militar. Em suma, a
Ainda em 1985, a equipe econômica de Sarney sociedade civil não participava do processo.”
decretou o congelamento dos preços, tentando dimi-
nuir a inflação; estabeleceu um corte de 10% do LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma
interpretação. São Paulo: SENAC, 2008, p. 806 (com adaptações).
orçamento e proibiu a contratação de funcionários
públicos. Além disso, o cálculo da correção monetária
passou a ser determinado pela inflação dos três últi- Tendo o fragmento de texto apresentado como refe-
mos meses. Essas medidas reduziram a inflação para rência inicial, julgue o item, acerca de fatos marcantes
7,2% em abril, mas diversas questões, sobretudo agrí- da segunda metade do século XX no Brasil.
colas, elevaram-na a 14% em agosto. Mesmo nos anos de relativa democracia, as práticas
Em fevereiro, o governo apresentou o Plano Cru- populistas e as relações autoritárias e violentas foram
zado, substituindo a antiga moeda, o cruzeiro, pelo marcas constantes que retardaram tanto a assunção
cruzado. A nova moeda perdeu três zeros; assim, a do conceito de cidadania quanto a prática desta no
conversão dos depósitos em bancos estabeleceu que Brasil. A cidadania substantiva no Estado brasileiro
cada mil cruzeiros equivaleriam a um cruzado. O pla- só foi estabelecida a partir de 1985, com a eleição de
no previa, ainda, o congelamento de tarifas, preços e Tancredo Neves.
serviços, além de basear o salário na média do poder
de compra dos seis meses anteriores. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O resultado foi a diminuição da inflação e um
boom consumista, que rendeu boa popularidade ao Embora os direitos civis e reivindicatórios já pos-
presidente naquele momento. Esse consumismo, con- suíssem mais fôlego no início dos anos 80, prevaleciam
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
tudo, levou a uma crise de desabastecimento, fazendo ainda práticas autoritárias, como o terrorismo de gru-
com que faltasse uma série de produtos na prateleira; pos militares e paramilitares que tentavam interrom-
mesmo que o governo tentasse importar esses gêne- per o processo de abertura. A cidadania substantiva,
ros, não conseguia, pois, a burocracia herdada da dita- assim, não foi recuperada em 1985, pois somente com
dura impossibilitava. a Constituição de 1988 puderam ser restabelecidos os
O Cruzado II foi anunciado em novembro de 1986, direitos políticos da população, assim como um pla-
e previa o descongelamento dos preços, há muito nejamento para a implementação de políticas sociais.
exigido pelos empresários, e o aumento das tarifas Resposta: Errado.
dos serviços públicos. A inflação, que estava contida,
passou de 3% nesse mês para 16% em menos de três
2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) “No ano em que ocorreu,
meses. Em 1987, o presidente foi em cadeia nacional
a campanha das Diretas Já mobilizou milhares de pes-
de televisão para anunciar a moratória da dívida
soas, mas, naquele mesmo ano, a mobilização foi logo
externa do Brasil. A crise parecia não ter fim.
frustrada, retardando-se com isso o avanço da demo-
Em 1988, o governo apresentou o Plano Verão,
cracia representativa. Em seguida, assistiu-se no país
criando a moeda “cruzado novo”, mas o plano foi
um completo fiasco, pois, àquela altura, o governo já à nova mobilização da sociedade, agora voltada para a
havia perdido toda a sustentação política e se tornara convocação de uma Assembleia Nacional Constituin-
extremamente impopular. te. Ou, melhor dizendo, de um Congresso Constituinte. 299
Aí, até a redação final e aprovação da Constituição de Ao fracasso de sua estratégia para economia,
1988, de tudo se discutiu. A Constituição resultan- somaram-se denúncias de corrupção no seu governo,
te, apesar de tudo, representou o marco de um novo sendo a mais evidente a de seu irmão, Pedro Collor,
período da história do Brasil contemporâneo.” em maio de 1992. Pedro denunciou a existência de um
amplo esquema liderado pelo tesoureiro da campa-
LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma nha de Fernando Collor, conhecido como “PC Farias”.
interpretação. São Paulo: Senac São Paulo, 2008, p. 872 (com Em seguida, o Congresso instaurou uma Comis-
adaptações).
são Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar as
denúncias, descobrindo contas bancárias associadas a
Considerando a abrangência histórica do período a que “laranjas” para o financiamento da campanha; desco-
o texto anterior se refere, julgue o item que se segue. briram-se também “contas-fantasma” que financiavam
Ao afirmar que “de tudo se discutiu” ao longo do proces- reformas na casa do presidente, mas que logo desco-
so constituinte, o texto reitera o fato de que a Carta de briu-se tratar de restos dos fundos da campanha, além
1988 — a “Constituição Cidadã”, na expressão célebre da compra de um carro para sua esposa com dinheiro
de Ulysses Guimarães — resultou de significativa par- ilegal proveniente dos esquemas de PC Farias.
ticipação da sociedade, em especial de seus setores Uma série de protestos tomou conta do país: a
organizados, o que pode lhe ter conferido, como muitos Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentou ao
críticos apontam, uma certa dimensão corporativa. Congresso um pedido de impeachment do presidente;
surgiu o Movimento pela Ética na Política, cuja orga-
( ) CERTO ( ) ERRADO nização reunia cerca de 900 entidades; os estudantes
tiveram papel importante e simbólico nos protestos:
Houve, de fato, grande mobilização popular e de por conta dos rostos pintados com as cores nacionais,
grupos mobilizados em torno da elaboração da ficaram conhecidos como “cara-pintadas”.
Constituição, o que refletiu em 122 emendas popu- Em 29 de setembro de 1992, a Câmara autorizou a
lares — algumas com mais de um milhão de assi- abertura do processo de impedimento e, no final des-
naturas — analisadas pelo Congresso Constituinte. se ano, Collor foi condenado no Senado por 76 votos
Resposta: Certo. favoráveis contra apenas 3. Antes disso, é preciso
dizer, ele havia tentado manobrar a situação tentan-
Governo Collor e Itamar Franco do renunciar; o que não deu certo. Perdeu, assim, o
mandato, e se tornou inelegível por 8 anos.
Quem assumiu em seu lugar foi o vice-presidente,
As eleições de 1989 tiveram 22 candidaturas e
Itamar Franco, e foi em seu governo que finalmente
foram vividas como a possibilidade real de mudan-
houve o controle da inflação. O Ministério da Fazen-
ças. Por parte da esquerda, Lula encabeçava a chapa da foi ocupado por Fernando Henrique Cardoso,
pelo Partido dos Trabalhadores (PT), advogando um em 1993, e logo no início anunciou cortes de despe-
programa radical, como a supressão da dívida exter- sas e privatizações de empresas estatais, além de dar
na, considerada demasiadamente onerosa à classe sequência à abertura comercial.
trabalhadora. Do outro lado, estava o governador de O ministro também criou um padrão de valor
Alagoas, Fernando Collor de Mello, até então desco- monetário, conhecido como Unidade Real de Valor
nhecido do grande público, mas que transmitia a ima- (URV), de modo a mostrar a equivalência entre uma
gem de ousado, jovem e vigoroso para cumprir sua URV — 647,50 cruzeiros em sua primeira aparição, em
fama de “caçador de marajás”. março de 1994 — e o cruzeiro real.
Ambos eram promessa de novidade, mas Lula Além disso, os salários foram estabelecidos a partir
parecia radical demais, o que fez com que a grande de uma média da inflação dos últimos quatro meses.
mídia, políticos conservadores, empresários e mili- Após sucessivos testes, acompanhados pelo valor da URV
tares, temerosos de que o petista levasse a cabo jul- que permanecia fixo, a equipe econômica finalmente
gamentos e punições, se aglutinassem em torno de apresentou a nova moeda em julho de 1994: o real, um
Collor. Durante o segundo turno, Lula receberia apoio sucesso que logo se converteu em inflação baixa.
do PDT de Leonel Brizola, do PMDB e do novato PSDB. Ainda durante o governo de Itamar, foi possível
A disputa foi dura. chegar a um arguto acordo de renegociação da dívi-
Enquanto Lula crescia nas pesquisas de opinião da, após os norte-americanos finalmente aceitarem a
e estouravam casos de corrupção em Alagoas, Collor proposta de Luiz Carlos Bresser Pereira de conceder
passou a atacar seu adversário dizendo que o petis- descontos para os montantes. Mas foi o sucesso do pla-
ta confiscaria poupanças e apartamentos da classe no real que marcou seu breve período à frente da pre-
média, além de ser incentivador do aborto. As emis- sidência, sucesso esse que impulsionou seu ministro
soras de televisão tiveram papel fundamental para o ao executivo federal.
declínio do candidato esquerdista, transmitindo com
frequência os “alarmes” de Collor, em especial a Rede
Globo, durante seu principal telejornal. Collor, assim,
foi eleito presidente pelo Partido da Reconstrução EXERCÍCIOS COMENTADOS
Nacional (PRN), mas possuía desde o início quase
nenhum apoio da estrutura partidária. 1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) No Brasil, o início dos
No dia 16 de março de 1990, foi apresentado o Pla- anos 60 do século passado foi marcado pela eleva-
no Collor, que estipulava o bloqueio de todas as apli- ção da temperatura política: o debate de ideias e de
cações em bancos e depósitos em contas correntes, projetos para o país, em marcha ascendente desde
além da abertura comercial e do congelamento dos a década anterior, alcançava dimensão muito mais
preços. Cerca de 95 bilhões de dólares foram confisca- vigorosa, provavelmente refletindo, entre outras, as
dos para bloquear a liquidez, a fim de conter a infla- repercussões da Revolução Cubana. Vivia-se a tensão
ção, fazendo exatamente aquilo que supostamente do confronto ideológico entre esquerda e direita. Em
300 seu adversário faria caso chegasse à presidência. 1964, um golpe de Estado interrompeu esse processo
e instaurou um regime de força que, por cerca de vin- Ao longo dos anos 1990, essas diretrizes começa-
te anos, conduziu o Estado brasileiro. Esgotado esse ram a se desenvolver, exigindo uma lenta descen-
modelo político, em meio a uma grave crise econômi- tralização de responsabilidades e recursos. Além da
ca, procedeu-se à transição que faria o país retornar descentralização e colaboração entre os níveis gover-
ao leito democrático. No que se refere a esse período namentais, o Plano Real foi importante ao tornar
da História brasileira, julgue o item que se segue. possível maior fluxo de recursos para a área social,
Os trabalhos de uma comissão parlamentar de inqué- o que produziu, por exemplo, a municipalização da
rito acabaram por levar ao inédito impeachment de um assistência social e da rede básica de saúde. Os acessos
presidente da República. Foi o que ocorreu com Fer- à educação e à saúde se tornaram quase universais,
nando Collor, imediatamente substituído por seu vice, e a assistência social foi consideravelmente dilatada
sem que o país mergulhasse em crise institucional. mediante programas de garantia de renda para idosos
e pessoas com deficiência.
( ) CERTO ( ) ERRADO No governo FHC, também foram criados progra-
mas que formavam uma rede de proteção social, como
Diferentemente de outros momentos da história a previdência rural, e ainda programas não-contribu-
brasileira, os trâmites para o impedimento de Col- tivos de assistência social: Bolsa-Escola, Erradicação
lor ocorreram dentro dos marcos legais, com ampla do Trabalho Infantil, Bolsa-Alimentação, Auxílio Gás,
mobilização da sociedade e sem nenhuma manifes- Agente Jovem, Programa de Saúde da Família, Pro-
tação militar golpista relevante. Mesmo o período grama de apoio à Agricultura Familiar. Nesses pro-
de grave crise engendrado pelo governo de Collor gramas, houve uma opção pela transferência direta
não desestabilizou nenhuma das instituições da da renda monetária, distanciando-se de programas
República. Resposta: Certo. como os de distribuição de cestas básicas, que muitas
vezes valiam à manipulação clientelista, tão comum
2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Julgue o item subse- na política brasileira.
quente, relativos à política internacional e à inserção O governo de FHC também foi pioneiro no enfren-
histórica do Brasil no cenário mundial. tamento de algumas heranças da ditadura, no cam-
Em que pese toda a efervescência a política, que teve po da justiça de transição. Em 1995, foi instituída
no impeachment de Collor e seus desdobramentos o a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, cuja
seu ápice, o governo Itamar Franco conseguiu levar proposta era reconhecer os mortos e desaparecidos
adiante as reformas relativas à privatização, à desregu- durante os anos repressivos, ritual bastante simbólico
lamentação, à abertura comercial e à regularização das para aqueles que perderam alguém e nunca chega-
relações com a comunidade financeira internacional. ram a ter sequer um atestado de óbito. Tempos depois,
em 2001, surgiu a Comissão da Anistia, concedendo
( ) CERTO ( ) ERRADO indenizações às vítimas da ditadura.

O país foi adotando, ao longo da década de 1990


(começando com o próprio Collor) políticas cada
vez mais liberalizantes na economia, rompendo as EXERCÍCIOS COMENTADOS
reservas de mercado nas áreas de tecnologia e no
setor automotivo, privatizando importantes empre- 1. (CESPE-CEBRASPE — 2019) A Constituição aprova-
sas estatais, criadas ainda no período de Vargas, e da em 1988 apresenta 245 artigos e 70 disposições
apertando cada vez mais os laços com a comunidade transitórias, tratando de vastíssima gama de assun-
financeira internacional. Resposta: Certo. tos. É a mais democrática Constituição da República
e a de maior preocupação com os chamados direitos
Governo FHC sociais. Sua característica mais importante, que lhe
valeu o epíteto de Constituição Cidadã, foi a incorpora-
ção de uma série de direitos civis e sociais. Ocupa-se,
Fernando Henrique Cardoso tomou posse em
ainda, com uma série de garantias trabalhistas, desde
1995; é importante comentarmos que em seu governo
muito requeridas pelos sindicatos.
foi aprovada uma emenda constitucional que permi-
tia a reeleição de prefeitos, governadores e presidente SILVA, Francisco Carlos Teixeira da.
da república. A votação foi permeada de acusações de Brasil, em direção ao século XXI. In: LINHARES, Maria Yedda (org.). HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
compra de votos, que nunca foram devidamente apu- História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1996, p. 343 (com
radas, e permitiu que FHC se reelegesse em 1998. adaptações).
A ampla mobilização popular reivindicando
melhorias nas condições de vida, desde os movimen- Com o auxílio do texto acima, julgue os itens subse-
tos organizados no final da ditadura, começou a fru- quentes, relativos à Carta de 1988, marco jurídico da
tificar nos governos de FHC. Em 1995, foi criado o redemocratização brasileira contemporânea.
programa Bolsa Escola, em Campinas, cuja proposta As dificuldades encontradas pelo governo Fernando
era a transferência de uma renda mínima a famílias Henrique Cardoso em alterar dispositivos constitucio-
pobres com a condição de manterem suas crianças nais derivam, na opinião hoje corrente no país, da frá-
frequentes nas escolas; em 2001, foi adotado pelo gil base de sustentação política com que ele conta no
governo federal, que foi capaz de estender o progra- Congresso, particularmente no Senado Federal.
ma a mais de 5 milhões de famílias. É do seu governo,
também, o Bolsa Alimentação. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Contudo, há que se dizer que as primeiras mudan-
ças no modelo de proteção social tiveram início com FHC possuía maioria no Congresso, tanto é que deu
o primeiro governo civil após a ditadura e registra- sequência ao modelo chamado de “presidencialismo
das na Constituição de 1988, que pretendia garantir o de coalisão”. O PSDB do presidente havia se aliado
acesso à saúde, à seguridade e à educação básica. aos importantes partidos PFL e PMDB, além de outros 301
partidos fisiológicos. Contudo, especialistas apontam O governo Lula teve início com dois projetos para
que o empecilho à implementação do programa de a área social: o Fome Zero, uma proposta de políti-
modernização estava justamente no custo político de ca de segurança alimentar para o Brasil; e Política
ter que negociar com esses partidos de interesses tão Econômica e Reformas Estruturais. O primeiro foi
distintos. Além disso, tem que se considerar o perfil do fruto do trabalho de 45 pesquisadores orientados por
presidente, que isolava o próprio partido na tomada José Graziano da Silva, e consistia em uma combina-
de decisões, sem contar a preponderância da área eco- ção de políticas assistenciais com ações extensivas de
nômica em seu governo, ocupada majoritariamente incentivo à agricultura familiar.
por tecnocratas. Resposta: Errado. O segundo documento, que foi preparado por eco-
nomistas de orientação liberal, focalizava a política
2. (VUNESP — 2018) Dentre as medidas adotadas pelo econômica e incluía um capítulo de propostas de polí-
Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002),
tica social. Assim, ele pretendia: recompor o equilíbrio
pode(m)-se citar:
da previdência pública, garantindo sua sobrevivência
a longo prazo; diminuir a pressão sobre os recursos,
a) o bloqueio de contas e aplicações financeiras em
permitindo o resgaste da capacidade de gastos públi-
bancos.
b) o congelamento dos preços das mercadorias e cos; e aumentar a equidade, reduzindo as distorções
serviços. nas transferências de renda realizadas pelo Estado.
c) a regulamentação do comércio exterior e a privatiza- O governo petista optou, então, por iniciativas de
ção econômica. forte impacto simbólico, no ambiente nacional e inter-
d) a criação do Bolsa Família e de programas de distribui- nacional. Nos primeiros dias da nova administração,
ção de renda. lançou-se o já mencionado programa Fome Zero e
e) o anúncio do Plano Real, estabilizando a economia. uma reforma da previdência social. Com a reforma da
previdência, procurava-se reparar privilégios vigen-
O governo FHC foi responsável por abrir a economia tes, estabelecendo o mesmo teto para as aposentado-
brasileira ao mercado externo e promover a priva- rias dos empregados do setor público e privado. Essa
tização de diversas empresas estatais, no ramo da foi uma medida bem recebida pelas agências interna-
mineração e telefonia, sobretudo. Resposta: Letra C. cionais, que esperavam que o novo governo demons-
trasse moderação política e se mantivesse dentro dos
Governo Lula parâmetros de austeridade fiscal.
No que se refere ao Fome Zero, faltava-lhe consis-
Em 1º de janeiro de 2003, Luiz Inácio Lula da Sil- tência, pois muitas ações precisavam ser realizadas, e
va, representante do Partido dos Trabalhadores (PT), se carecia de articulação de vários setores. A fragilida-
assumiu a presidência do Brasil. Sua eleição signifi- de do programa foi se evidenciando e, ainda em 2003,
cou, para muitos, a primeira grande mudança das eli- o Ministério de Segurança Alimentar, que havia sido
tes governantes desde a redemocratização, ainda que criado para mobilizar as ações necessárias para o fun-
esse novo governo se sustentasse em uma coalização, cionamento do programa, foi fundido com o Ministé-
o que significa a inclusão de partidos que já haviam rio da Assistência Social.
estado no poder nos últimos dezenove anos.
Assim, engendrou um novo programa de transfe-
As propostas de políticas sociais do Partido dos Tra-
rência de renda, o Bolsa Família, que unificou três
balhadores indicam uma reunião de continuidades e
programas criados na administração de FHC: Bolsa-Es-
mudanças da forma de gestão, continuidade na política
econômica e algumas mudanças no âmbito social. cola, Bolsa-Alimentação e Auxílio Gás. Também foram
No que se refere à transferência de renda, que foi realizadas iniciativas que priorizaram a ação gover-
a caraterística mais marcante do governo de Lula, ela namental na área da educação; além disso, propôs-se
indica uma movimentação caraterística de proteção a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvi-
social, o que se afastava das expectativas reformistas mento do Ensino Fundamental e Desenvolvimento
que pairavam sobre o Partido dos Trabalhadores. da Educação Básica (Fundeb), o que incluía o ensino
Com a redemocratização, como vimos, passou-se médio no sistema de incentivos que vinham sendo
a identificar a necessidade de redirecionar as ações realizados pela administração anterior.
de políticas sociais como descentralização, participa- Alguns autores argumentam que, embora de um
ção dos beneficiários nas tomadas de decisões, racio- ponto de vista de classe, o PT continua sendo um par-
nalização dos gastos e maior isonomia na prestação tido dos trabalhadores, principalmente no que se refe-
de serviços e benefícios. Além disso, constatou-se ser re à sua origem, pois é inegável que o PT foi criado por
necessário políticas emergenciais voltadas para a e para trabalhadores. Houve um claro rompimento
população mais vulnerável economicamente. com os interesses desse grupo; após assumir o poder,
O percurso feito até aqui indica que, quando o Par- as ideias, discursos e ações resguardadas pela direção
tido dos Trabalhadores assumiu o governo em 2003, já do partido apresentaram semelhanças embaraço-
haviam sido tomadas algumas ações visando a refor-
sas com as dos representantes da grande burguesia.
ma do sistema de proteção social herdado da ditadu-
De todo modo, as multidões continuaram indicando,
ra, além do êxito razoável na luta contra a pobreza,
em momentos cruciais, o Partido dos Trabalhadores
principalmente no que toca ao acesso à educação e
saúde; entretanto, pouco tinha sido feito para a redu- como seu representante.
ção das desigualdades notáveis entre ricos e pobres, O governo Lula reuniu em seus quadros adminis-
brancos e negros. E essa é uma questão fundamental. trativos tanto líderes sindicais e intelectuais do PT,
Durante as eleições, a campanha de Lula ignorava quanto convictos neoliberais, o que o tornou, em uma
esses avanços, condicionando a resolução desses pro- análise mais sóbria, um governo muito pouco afeito
blemas à sua vitória, e foi assim que Lula ganhou as aos interesses da classe que dizia representar. Lula
eleições, insistindo na redução da pobreza e das desi- cumpriu sua promessa de moderar as propostas mais
gualdades, embora sem propostas que embasassem radicais do programa petista antes do lançamento da
302 concretamente tal propósito. “Carta ao povo brasileiro”, de 2002.
Um evidente exemplo foi a preocupação com o ( ) A redução da instabilidade econômica se deveu, em
pagamento da dívida externa, mesmo existindo pro- parte, à preservação da política econômica do gover-
blemas sociais evidentes, como rodovias danificadas no Fernando Henrique Cardoso e à renovação do
e insuficientes, adversidades nas redes elétricas, de acordo com o FMI.
saúde, saneamento, entre outros. Essa foi uma escolha ( ) A forte valorização cambial decorrente da resolu-
impensável para o Lula do século anterior. Assim, sua ção da incerteza econômico-política e do boom das
administração deu prosseguimento à política econô- commodities.
mica de FHC, elevou o superávit, prometeu a flexibi-
lização do mercado de trabalho e a reforma sindical. As afirmativas são, respectivamente:

a) V, V e V.
Dica b) V, F e V.
Superávit é o resultado positivo de todas as c) V, F e F
receitas e despesas do governo, ou seja, é o equi- d) F, V e V.
e) F, F e F.
valente ao que o governo consegue economizar
para o pagamento de juros da dívida pública.
As medidas econômicas tomadas pela administra-
FMI é a sigla do Fundo Monetário Internacional, ção Lula foram feitas com o objetivo de mostrar
organização financeira que pode oferecer aju- comprometimento com a agenda neoliberal, eviden-
da financeira pontual e temporária aos países ciando quais seriam as prioridades do novo gover-
membros. no. A segunda afirmação também é correta, porque
de fato Lula deu prosseguimento às políticas que
As limitações das administrações de Lula são evi- já eram avistadas no governo de FHC e que preten-
dentes, embora seja difícil negligenciar os avanços no diam a estabilização da economia. Por fim, no que
campo social. Por exemplo, a reforma agrária – pauta se refere a última afirmativa, é evidente que a valo-
importante para esquerda – não foi considerada; e a rização cambial decorreu da estabilidade econômi-
reforma tributária apenas aumentou a carga tributária, ca-política que Lula concretizou e também do boom
evitando propostas como a taxação de grandes fortunas. das commodities, isto é, da supervalorização das
Outra crítica é que os programas sociais não se cons- matérias-primas no cenário internacional, produtos
tituíram enquanto direito, ou seja, não foram incorpo- esses que o Brasil mais exporta. Resposta: Letra A.
rados enquanto emendas à Constituição, o que significa
que podiam ser retirados a qualquer momento. A PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA SEGUNDA
GUERRA MUNDIAL

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial


EXERCÍCIOS COMENTADOS contra os países do Eixo foi a brecha que surgiu para o
crescimento da oposição ao governo de Vargas. Assim,
1. (CETRO — 2018) Com relação à política econômi- a batalha pela democratização do país ganhou fôlego.
ca dos dois primeiros anos do Governo Lula (2003– O governo foi forçado a indultar os presos políticos e
2004), analise as assertivas abaixo. os degredados, além de constituir eleições gerais, que
I. A taxa de juros foi reduzida. foram vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoiado
II. O superávit fiscal primário foi reduzido. pelo governo, o general Eurico Gaspar Dutra. Era o fim
III. Foram mantidos os compromissos firmados no da Era Vargas, mas não o fim de Getúlio Vargas, que
acordo estabelecido com o FMI pelo Governo anterior. em 1951 retornaria à presidência pelo voto popular.
É correto o que se afirma em:
Dica
a) I, apenas.
É comum vermos a expressão Quarta República,
b) II, apenas.
que relata fatos que aconteceram nesse período,
c) III, apenas.
então temos aqui uma síntese do que a Quarta
d) I e II, apenas.
e) I e III, apenas. República representa.
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
A afirmação I não está correta, pois as taxas de juros Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Vargas
estava enfraquecido. Um golpe comandado pelo general
foram aumentadas durante esse período para que os
Eurico Gaspar Dutra o retirou do poder. Uma nova Cons-
níveis de arrecadação pudessem se manter estáveis.
tituição foi adotada em 1946, garantindo a realização de
A afirmação II também é incorreta, porque o governo
eleições diretas para presidente da República e para os
de Lula se esforçou em manter o superávit primário
governos dos estados. O Congresso Nacional voltou a
elevado, de modo que pudesse gerar confiança nos
funcionar e houve alternância no poder.
credores internacionais. E, por fim, a afirmação III Entretanto, foi um período de forte instabilidade polí-
é correta, na medida em que a administração Lula tica. As mudanças sociais decorrentes da urbanização e
seguiu uma agenda liberal, assim como os acordos da industrialização projetavam novas forças políticas
estabelecidos com o FMI. Resposta: Letra C. que pretendiam aprofundar o processo de moderniza-
ção da sociedade e do Estado brasileiro, o que desagra-
2. (FGV — 2018) Com relação ao primeiro governo Lula va as elites conservadoras. O período foi marcado por
(2003-2006), assinale V para a afirmativa verdadeira e várias tentativas de golpe de Estado, levando inclusive
F para a falsa. ao suicídio de Getúlio Vargas, em 1954.
O governo de JK conseguiu imprimir um acelerado
( ) As medidas da equipe econômica foram definidas desenvolvimento industrial em algumas áreas, mas não
com o objetivo de mostrar comprometimento com o pôde resolver o problema da exclusão social na cidade
ajuste fiscal e a estabilidade econômica. e no campo. Essas medidas de mudança social iriam 303
compor a base das propostas do Governo de João Gou- Formação Territorial do Brasil
lart. O estado brasileiro estava caminhando para resol-
ver demandas há muito reprimidas, como a reforma Para compreendermos como se estruturou e se orga-
agrária. Frente ao perigo que representava aos seus nizou a formação e consolidação do território brasileiro,
interesses econômicos e políticos, as classes dominantes é necessário compreender e analisar os principais acor-
mais uma vez orquestraram um golpe de Estado, com a dos e tratados internacionais que foram firmados com o
deposição pelo exército de João Goulart, em 1964. objetivo de definir bases do nosso território.
A base da fronteira política de uma nação ou país
se estrutura em três importantes fases: a definição
(por meio de acordos), a delimitação (em que se tem o
reforço cartográfico das linhas de limites definidas em
O TERRITÓRIO NACIONAL um mapa) e a demarcação (quando são definidos os
marcos fronteiriços por meio de acidentes geográficos
A CONSTRUÇÃO DO ESTADO E DA NAÇÃO, A – rios, montanhas, serras etc.).
OBRA DE FRONTEIRAS, FUSOS HORÁRIOS E A Veremos agora os principais tratados que contribuí-
FEDERAÇÃO BRASILEIRA ram para a formação e a construção territorial do Brasil:
Tratado de Tordesilhas (1494) – No decorrer do
Extensão territorial e limites século XV, o processo conhecido como Expansão Marí-
tima Comercial Europeia ou Grandes Navegações con-
O Brasil está localizado na porção centro-oriental duziu duas nações da Europa – Portugal e Espanha
na América do Sul e é o maior país em extensão ter- – a uma série de disputas por territórios na América,
ritorial do subcontinente. O território é cortado pela que havia sido descoberta por Cristóvão Colombo em
Linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, tota- 1492. Dessa forma, a partir de 1494, foi assinado o Tra-
lizando uma área de 8.515.767 km2, sendo classificado tado de Tordesilhas, que estabelecia uma divisão das
como um país de dimensões continentais, e dentre os terras entre as duas potências: foi traçada uma linha
países com maiores extensões territoriais do mundo imaginária meridional, com o tamanho total distan-
está em quinto lugar, tratando-se de terras descontí- te 370 léguas de Cabo Verde (arquipélago localizado
nuas, e quarto lugar, considerando terras contínuas. no continente africano); dessa forma, as terras loca-
O país possui 23.086 km de fronteiras; destes, lizadas a Oeste desta linha pertenceriam a Espanha e
15.719 km são fronteiras terrestres, sendo que somen- as terras localizadas a leste pertenceriam a Portugal.
te dois países da América do Sul (Chile e Equador) não Porém, com o avanço das atividades conhecidas como
fazem fronteira com nosso país. A costa brasileira é Entradas, assim como também as Bandeiras, esses
banhada pelo Oceano Atlântico e constitui um total de eventos foram importantes para a ocupação do inte-
7.367 km, indo do Cabo Orange ao Arroio Chuí. rior do território por conta das atividades econômicas
que vinham se desenvolvendo e pelo fluxo de pessoas
que deslocavam-se para estas áreas ocupadas por Por-
tugal, e provocaram o processo conhecido como inte-
riorização. Assim, os portugueses violaram os termos
presentes no acordo, facilitando por exemplo a cons-
trução de vilas, que no futuro serviriam para o des-
locamento da fronteira das terras portuguesas para a
direção oeste.

Veja a tabela a seguir:

ENTRADAS BANDEIRAS
Expedições organizadas As Bandeiras foram expe-
pela Coroa Portuguesa, que dições realizadas entre os
antecederam as Bandeiras séculos XVI e XVII, finan-
e possuíam os objetivos de ciadas por particulares,
explorar o território, auxiliar com os objetivos de tam-
no mapeamento do terri- bém realizar o processo
tório brasileiro, estabele- de ocupação do interior do
cer novas áreas de currais país e capturar escravos
para a criação de gado e que haviam fugido. O prin-
novas terras para a prática cipal objetivo era buscar
da agricultura. Posterior- áreas que possuíam re-
mente, essas atividades servas de ouro, tendo em
passaram a ter objetivos vista que as primeiras ex-
variados, como, por exem- pedições com esse obje-
plo: conquistar territórios tivo foram realizadas logo
ocupados por índios, cap- após a descoberta das
turar índios para o trabalho primeiras minas de ouro
em lavouras, na mineração, em MG. Posteriormente,
a captura de escravos refu- os Bandeirantes foram
giados, dentre outros. ocupando territórios no
interior do país, para bus-
* Créditos da imagem: Deyvid Aleksandr Raffo Setti / Wikimedia
car novas reservas desse
304 Commons. mineral.
No mapa abaixo, pode-se observar os limites territoriais definidos através da assinatura do Tratado de
Tordesilhas.

Fonte: Google Imagens.

Tratado de Madrid (1750) – Visando definir novas fronteiras, portugueses e espanhóis realizaram um novo
acordo; neste acordo, entraria em vigor o princípio do Uti Possidetis (a posse da terra era garantida para aquele
que a ocupasse), critério adotado para estabelecer novos limites territoriais. No novo acordo, os portugueses
acabaram garantindo a posse das terras ocupadas além da linha de Tordesilhas e ocorreu também a troca dos ter-
ritórios de Sacramento pelos territórios de Sete Povos das Missões (territórios localizados na região sul do país).
conforme pode ser observado no mapa a seguir:

HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL

Fonte: Google Imagens.

Tratado de Petrópolis (1903) – Durante o século XIX, ocorreram várias mudanças políticas em âmbito nacional,
em especial a partir de 1822, quando o Brasil tornou-se independente de Portugal; após esse evento, houve a conso-
lidação do Império, período que ocorreu uma forte centralização política, evitando assim a fragmentação do territó-
rio nacional. No fim do século XIX, um importante ciclo econômico desenvolveu-se na região Amazônica (o Ciclo da
Borracha), que motivou a migração de milhares de pessoas para a região que vislumbravam através da exploração
do látex uma forma de fazer fortuna e ter uma vida melhor. Ao navegar pela margem direita do Rio Amazonas,
diversos grupos de seringueiros chegaram ao território boliviano e ocuparam a região. O processo de ocupação foi
conflituoso e, após diversos entraves, o governo brasileiro, na figura do Barão de Rio Branco, negociou a compra das
terras que hoje correspondem ao território do estado do Acre. 305
Foi decidido o pagamento de uma indenização de dois milhões de libras esterlinas, e a construção de uma saída
para o Oceano Atlântico — a Ferrovia Madeira-Mamoré, pois o país vizinho (Bolívia) havia perdido para os chilenos
sua única saída para o mar. A nova faixa pertencente ao território brasileiro encontrava-se — e ainda está assim —
distante dos principais centros econômicos e políticos do país. Logo após a assinatura do acordo entre brasileiros e
bolivianos, a região passou a ser considerada um território federal, subordinado à administração localizada no Rio
de Janeiro. No ano de 1962, o presidente João Goulart homologou a lei que colocava o território do Acre na condição
de estado da federação, passando assim a possuir administração própria e com seus respectivos poderes (Executivo,
Judiciário e Legislativo).

Fonte: Google Imagens.

DIVISÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA De acordo com a C.F, o conceito de federação é:

O Brasil atualmente está organizado em 27 unida- É a forma de organização do Estado adotada pelo
Brasil que se caracteriza pela coexistência de um
des federativas, possuindo:
poder soberano e diversas forças políticas autôno-
mas, unidas por uma Constituição. Os entes que
z 26 estados; compõem a federação são: a União, os Estados-
z Um Distrito Federal. -membros, o Distrito Federal e os Municípios. A CF
fala também em Territórios, divisões político-admi-
As Unidades Federativas (estados) estão organiza- nistrativa que, atualmente, não existem.
das em Municípios, e estes em Distritos. Artigo 18 da Constituição Federal.
Os estados e o Distrito Federal são chefiados por
um governador e possuem uma capital, onde estão Podemos representar a organização da seguinte
localizadas as sedes de cada governo; já os municípios maneira:
são governados pelo prefeito.
z República Federativa do Brasil
De acordo com a Constituição Federal, o Distrito
z Estados
Federal não pode ser dividido ou regionalizado em z Municípios
municípios, mas possui uma divisão administrativa e z Distritos *
é organizado em regiões administrativas.
Portanto, o Brasil é um Estado Federal, no qual
União, Distrito Federal e Municípios possuem autono-
mia homogênea e ocupam, do ponto de vista jurídico,
EXERCÍCIOS COMENTADOS
o mesmo plano hierárquico, devendo receber trata- 1. (UFSC — 2020) A colonização portuguesa não respei-
mento jurídico-formal isonômico. tou o Tratado de Tordesilhas, expandindo as fronteiras
306 Você sabe o que é uma federação? do Brasil por meio da ação de bandeirantes, jesuítas
e pecuaristas. [...] Para fixar as novas fronteiras colo- eram elementos fundamentais na formação de uma
niais na América, vários tratados internacionais foram identidade nacional (o nativo brasileiro), mas tam-
assinados entre os governos de Portugal, Espanha e bém eram vistos como um grande problema e cabia
França. ao Estado Imperial a solução deste, tanto que portu-
gueses não concederam a cidadania aos indígenas. A
COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e geral. São Paulo: Saraiva,
respeito da região das Missões no século XVIII, não
2002. p. 242.
tinha como principal atividade econômica o cultivo
e venda de erva-mate. Após a extinção das Missões,
Sobre a história da região Sul do Brasil e dos tratados
a pecuária e criação de gado bovino foram utili-
de fronteiras, apresente a somatória dos valores dos
zadas para a produção de couro, porém sem mui-
itens corretos:
ta relevância na economia. Após a descoberta das
minas de ouro, na região de Minas Gerais, o estado
01) por sua posição estratégica, a Colônia do Sacramento
do Rio Grande do Sul se tornou região fornecedo-
foi disputada por espanhóis e portugueses; o Tratado
ra de carne, animais para montaria e transporte
de Madri, de 1750, determinou que a Espanha ficasse
(mulas e cavalos). O gado capturado foi organiza-
com a Colônia do Sacramento e que Portugal ficasse
do em grandes áreas, o que se caracterizou como
com a região dos Sete Povos das Missões, todavia, a
atividade periférica da economia: a região servia
disputa territorial em torno das regiões permaneceu.
02) no século XVIII, a criação de gado era uma atividade como abastecedora da atividade econômica mais
econômica secundária da região; sua principal função lucrativa, que era a exploração de ouro, sendo que
era preparar a terra para o plantio da soja, destina- a pecuária tinha como objetivo também a utilização
da majoritariamente à exportação para os países do de couro, chifres e sebo para a produção de vesti-
Prata. mentas e utensílios. Resposta: Itens verdadeiros 01
04) a descoberta do ouro nos atuais estados de Minas + 32 = 33.
Gerais, Goiás e Mato Grosso gerou o enfraquecimento
da pecuária e o empobrecimento da região dos pam- 2. (UFRS — 2019) A respeito das disputas e tratados
pas, em função do grande volume de escravos deslo- fronteiriços celebrados ao longo da história brasileira,
cados para a área de mineração. assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes
08) disputas de portugueses contra espanhóis, bem como afirmações.
de portugueses e espanhóis contra jesuítas e índios,
foram uma realidade que gerou “fronteiras movedi- ( ) O Tratado de Madri (1750) reformulou as fronteiras
ças”; para pacificar a região Sul e definir fronteiras, o ao sul da América Portuguesa, ao reconhecer a Colô-
governo português ampliou o direito dos indígenas à nia do Sacramento como território espanhol e os Sete
cidadania, o que fez com que os nativos catequizados Povos das Missões como território português.
pudessem votar e concorrer a cargos nas câmaras ( ) O desfecho da Guerra Cisplatina, em 1828, não acar-
provinciais. retou nenhuma modificação territorial no Império
16) quando o território das Missões passou ao controle Brasileiro.
brasileiro, o extrativismo da erva-mate se constituiu ( ) O Brasil, no início do século XX, disputou extensões
como a principal atividade econômica da região; a territoriais com a França, na fronteira com a Guiana
erva-mate, transportada por tropas de mulas e comer- Francesa, e com a Inglaterra, na divisa com a Guia-
cializada na região das minas, também era artigo na, e foi vitorioso em ambas as intermediações
fundamental de exportação no conhecido “comércio diplomáticas.
triangular”. ( ) O Tratado de Petrópolis, assinado em 1903, incorpo-
32) as Missões apresentavam uma forma de dominação rou o território do atual estado do Acre ao Brasil, em
europeia diferente da utilizada na maioria dos territó- troca do pagamento de indenizações à Bolívia e ao
rios da América portuguesa porque os jesuítas eram Peru.
contrários à escravização dos indígenas e, ao adapta-
rem o catolicismo às crenças dos nativos, buscavam A sequência correta de preenchimento dos parênte-
convertê-los. ses, de cima para baixo, é:

Correção a partir das incorretas: 2, 4, 8 e 16. O a) V — F — F — V.


principal objetivo da prática da pecuária não esta- b) V — F — F — F.
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
va relacionado ao preparo da terra para o cultivo
c) V — F — V — F.
da soja, mas em desenvolver atividades paralelas à
economia açucareira (principal atividade econômi- d) F — V — F — V.
ca do período); dentre essas atividades, estavam a e) F — V — V — V.
utilização do gado como meio de transporte, como
alimentação etc. A descoberta das reservas de ouro A segunda afirmativa é falsa, porque, após a derro-
na região de Minas Gerais no final do século XVIII ta na Guerra Cisplatina, o Brasil perdeu territórios,
e século XVIII provocou um conjunto de transfor- como por exemplo a Província Cisplatina, atual
mações no Brasil, dentre as quais podemos destacar Uruguai. A terceira afirmativa é falsa, porque, ao
o crescimento populacional, a fundação de novas entrarem em um acordo sobre a disputa da região
cidades, alteração no eixo econômico, transferên- que abrange a Guiana e Roraima, brasileiros e
cia da capital, crescimento de um mercado interno, ingleses decidiram pela divisão desigual do territó-
entre outras, porém a pecuária enquanto atividade
rio, fato este que permitiu que os ingleses ficassem
econômica continuou sendo praticada. Os indíge-
com a maior parte da área em disputa. A quarta
nas eram vistos pelos portugueses e por uma elite
política e intelectual que já existia em nosso país afirmativa é falsa, porque, ao assinar o Tratado de
como elementos negativos ou positivos, como pro- Petrópolis, o Brasil não realizou nenhum tipo de
blemas e soluções. Por um momento, os indígenas indenização ao Peru, somente para a Bolívia. Res-
posta: Letra B. 307
3. (MPE-GO — 2018) A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende:

a) Somente União, Estados e Municípios.


b) Exclusivamente 26 (vinte e seis) Estados.
c) Somente Estados, Distrito Federal e Municípios.
d) União, Estados, o Distrito Federal e Municípios.
e) 27 (vinte e sete) Estados.

De acordo com a CF de 1988, a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil é com-


preendida por União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Resposta: Letra D.

A INDISSOLUBILIDADE DO PACTO FEDERATIVO

De acordo com a Constituição Federal de 1988, as entidades que formam a nossa Federação (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios) não possuem o direito de gozar de soberania, mas de autonomia.
Ainda de acordo com a Constituição Federal (Art. 1º), a federação é indissolúvel, não possibilitando a nenhum
dos entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) romper com o pacto federativo. Esta determina-
ção é conhecida como Indissolubilidade do Pacto Federativo, sendo que é uma pétrea expressa (§4º, Art. 6º da
CF), não sendo permitido modificações por meio de Emenda Constitucional.
O objetivo de manter a unidade nacional e a necessidade de uma administração descentralizadora são os
motivos para impedir que a federação seja dissolvida e o pacto federativo seja mantido e defendido (finalidades
do princípio da indissolubilidade do vínculo federativo). Por isso, o direito de secessão é vedado aos Estados e
Municípios, justamente por não poderem quebrar o vínculo federativo.
Caso ocorra uma tentativa de separação que vise o rompimento da unidade da federação brasileira, a Consti-
tuição (inc. I, Art. 34 da CF) permite que ocorra a intervenção federal com o objetivo maior de manter a integri-
dade e a unidade nacionais.

Art. 34 A União não intervirá nos Estados, nem no Distrito Federal, exceto para:
I — Manter a integridade nacional.

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

A Constituição Federal de 1988 possui um artigo específico para tratar a respeito da organização político-admi-
nistrativa do nosso país. Vamos fazer uma leitura do art. 18, como forma de reforçar o que foi dito até o momento.

Título III
Da organização do Estado
Capítulo I
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICA — ADMINISTRATIVA
Art. 18 A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Esta-
do de origem serão reguladas em lei complementar.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou forma-
rem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de
plebiscito e do Congresso Nacional por lei complementar.
§ 4º A criação, a incorporação e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período
determinado por lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma
da lei ( Redação dada pela Emenda Constitucional nº15 , de 1996).

308
Fonte: IBGE.

Os 26 Estados do Brasil e suas respectivas capitais são: HISTÓRICO SOBRE A DIVISÃO POLÍTICO-
ADMINISTRATIVA DO BRASIL
z Distrito Federal — Brasília (DF)
A República Federativa do Brasil é formada por
Acre — Rio Branco (AC) vinte e seis estados e o Distrito Federal, que possuem
Alagoas — Maceió (AL) suas competências legislativas, políticas e administra-
Amapá — Macapá (AP) tivas próprias, porém nem sempre o nosso país apre-
Amazonas — Manaus (AM) sentou esta divisão político-administrativa.
Bahia — Salvador (BA) No ano de 1889, com a Proclamação da Repúbli-
Ceará — Fortaleza (CE) ca, surgiram os estados. No Brasil Império (período
Espírito Santo — Vitória (ES) anterior a República), tínhamos a organização do ter-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
Goiás — Goiânia (GO) ritório através de províncias. Mesmo com a criação de
Maranhão — São Luís (MA)
estados, não existia a figura do governador, a função
Mato Grosso — Cuiabá (MT)
do executivo estadual era exercida pelo “presidente
Mato Grosso do Sul — Campo Grande (MS)
Minas Gerais — Belo Horizonte (MG) do estado”.
Pará — Belém (PA) Veja abaixo um breve histórico sobre a organiza-
Paraíba — João Pessoa (PB) ção político-administrativa do Brasil no decorrer do
Paraná — Curitiba (PR) século XX.
Pernambuco — Recife (PE) 1903 — O Acre foi incorporado ao Brasil após acor-
Piauí — Teresina (PI) dos com a Bolívia (veremos mais adiante, quando
Rio de Janeiro — Rio de Janeiro (RJ) estudarmos o Tratado de Petrópolis);
Rio Grande do Norte — Natal (RN) 1942 — Criação do Território de Fernando de
Rondônia — Porto Velho (RO) Noronha;
Roraima — Boa Vista (RR) 1943 — Criação de cinco territórios federais:
Santa Catarina — Florianópolis (SC)
São Paulo — São Paulo (SP) z Guaporé (Região Norte);
Sergipe — Aracaju (SE) z Rio Branco (Região Norte);
Tocantins — Palmas (TO) z Amapá (Região Norte); 309
z Ponta Porã (Região Centro-Oeste);
z Iguaçu (Região Sul).

O Governo Federal utilizou como critério e lógica para a criação destes territórios a presença do governo cen-
tral em áreas que eram pouco povoadas e que estavam em condições de vulnerabilidade às ameaças externas. O
mapa abaixo mostra a localização destes territórios.

1946 — Os territórios de Ponta Porã e Iguaçu foram assim um único estado. Para critério de curiosidade, o
extintos; estado da Guanabara estava localizado onde hoje está
1956 — O Território Federal de Guaporé passa a cidade do Rio de Janeiro;
a ser chamado de Território Federal de Rondônia, 1977 — O estado do Mato Grosso é dividido em
como forma de homenagear o Marechal Cândido duas unidades federativas, sendo que a porção sul
Rondon, um grande sertanista do Brasil, defensor passa a se chamar Mato Grosso do Sul. A lei que san-
dos indígenas, desbravador da floresta Amazôni- cionou essa divisão foi assinada no dia 11 de outubro
ca. Rondon foi o responsável por encontrar as ruí- de 1977 pelo presidente Ernesto Geisel;
nas do Real Forte Príncipe da Beira, considerada a 1981 — O território de Rondônia é elevado a con-
maior relíquia histórica de Rondônia. No entanto, dição de estado da Federação, através da lei Comple-
a homenagem foi recusada pelo Marechal quan- mentar nº 41, de 22 de dezembro de 1981; porém, o
do o território foi criado e não foi uma homenagem aniversário de instalação do estado só ocorre em
póstuma, já que o Marechal só faleceria em 1958; 1982, no dia 04 de janeiro, quando acontece a posse
1960 — Transferência da capital do Rio de Janeiro do governador o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira.
para Brasília e fundação do Distrito Federal. Onde o O aniversário de Rondônia é celebrado no dia 04 de
antigo Distrito Federal estava localizado foi criado um janeiro (data da instalação);
novo estado, que foi chamado de Guanabara, porém,
entre os anos de 1974 e 1975, ocorreu a junção dos ter-
ritórios da Guanabara e do Rio de Janeiro, formando
310
Importante!
Você sabe a diferença entre criação e instalação de um estado?
De acordo com o historiador Anísio Gorayeb, “A criação de um estado depende da aprovação no plenário da
Câmara Federal, e a instalação é quando o estado passa a funcionar administrativamente como Estado. É
quando o governador assume e assina os primeiros atos”. Como curiosidade, o Estado de Rondônia foi insta-
lado apenas com dois poderes constituídos. Com a criação do Estado, foi extinto o território, quando o então
presidente da República João Baptista Figueiredo indicou o Coronel Jorge Teixeira, que já ocupava o cargo de
governador, para continuar no cargo de maior importância no Estado, em 29 de dezembro de 1981.

1988 — Criação do estado do Tocantins, a partir da divisão do estado de Goiás. O território de Fernando de
Noronha foi extinto e passou a pertencer ao estado de Pernambuco, na condição de Distrito, sendo Fernando de
Noronha o único Distrito Estadual presente no território brasileiro.
Alterações político-administrativas estabelecidas pela Constituição Federal de 1988.

z O estado do Tocantins foi criado após o desmembramento do norte de Goiás;


z O estado de Goiás permaneceu na região Centro-Oeste, já o estado do Tocantins está na região Norte (falaremos
sobre a regionalização mais adiante);
z Os territórios de Roraima e Amapá, que estavam sob a administração do Governo Federal, passaram a ser
estados autônomos;
z O território federal de Fernando de Noronha foi incorporado à administração estadual de Pernambuco.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESGRANRIO — 2014) Território federal é uma denominação brasileira para uma categoria específica de divisão
administrativa. Os territórios federais integram diretamente a União, sem pertencerem a qualquer estado, e podem
surgir da divisão de um estado ou desmembramento, dele exigindo-se aprovação popular através de plebiscito e lei
complementar.
Com a extinção dos territórios federais no Brasil pela Constituição Federal de 1988, a seguinte unidade político-admi-
nistrativa tornou-se estado da federação:

a) Tocantins
b) Amapá
c) Rondônia
d) Pará
e) Pernambuco

As alterações da organização territorial político-administrativa do Brasil, que foram estabelecidas através da


Constituição Federal de 1988, possibilitaram aos territórios que já existiam, como Roraima e Amapá (administra-
dos pelo Governo Federal), a passagem para a condição de estados autônomos. Resposta: Letra B.

2. (AOCP — 2018) O Brasil, durante sua formação territorial, possuiu diferentes territórios e estados. Um estado em espe-
cial foi criado em 1960 e, entre os anos de 1974/75, definiu-se a fusão desse estado com o Rio de Janeiro. Qual é o
estado a que se refere o enunciado?

a) Estado do Guaporé.
b) Estado da Guanabara.
c) Estado do Iguaçu
d) Estado Fluminense HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
e) Estado de Copacabana

O estado da Guanabara deixa de existir após a fusão com o estado do Rio de Janeiro, por volta de 1974/1975. Anos
depois, a capital, que era o Rio de Janeiro, foi transferida para a região Centro-Oeste do país, com a construção
de Brasília. A área que o estado da Guanabara ocupava corresponde ao município do Rio de Janeiro. Resposta:
Letra B.

REGIONALIZAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO: AS PRIMEIRAS PROPOSTAS

O termo região do latim regere (derivação de rex, que era a autoridade que determinava o limite das frontei-
ras), e diz respeito a uma parte do território que possui uma unidade que a diferencia em relação a outras áreas.
O processo de regionalização pode ser baseado em aspectos naturais (clima e vegetação), assim como em critérios
políticos, econômicos, sociais, culturais, históricos e administrativos.
Por conta das dimensões territoriais do nosso país, existe a necessidade de regionalizá-lo para realizar estudos
sobre as diversas localidades existentes. O conceito de regionalização pode ser compreendido como uma divisão
do espaço, com critérios estabelecidos de maneira prévia, e essa divisão em áreas ou porções menores são chama-
das de regiões, com características distintas entre si.

311
Regionalizar contribui para que os poderes políticos e administrativos possam ter mais dados e informações
coletadas para auxiliar no desenvolvimento de projetos econômicos e sociais.
As regionalizações existentes no território brasileiro até por volta de 1939 eram pautadas no estudo de carac-
terísticas naturais do nosso país; o elemento principal era o fator condicionante que pautava o desenvolvimento
do restante da área.
No ano de 1889, o engenheiro André Rebouças dividiu o país em dez regiões agrícolas para regionalizar o país.
Veja no mapa abaixo:

Divisão Regional do
Brasil - 1889 LEGENDA

Zona Amazônica ( Pará e Amazonas)

Zona do Paranaíba ( Maranhão e Piauí)

Zona do Ceará (Ceará)


Zona do Paraíba (RN, Paraíba, Pernambuco e Alagoas)

Zona do São Francisco (Sergipe e Bahia)

Zona do Paraíba do Sul (Espírito Santo, RJ, SP)

Zona do Paraná (Paraná e Santa Catarina)

Zona do Uruguai (Rio Grande do Sul)

Zona Auro-Ferrífera (Minas Gerais)

Zona Central (Mato Grosso e Goiás)

ANDRÉ REBOUÇAS

Fonte: < http://geografiaxou.blogspot.com/search/label/REGIÃO%20E%20TERRITÓRIO>.

No ano de 1893, o francês Élisée Reclus, geógrafo, fez uma divisão do país utilizando como critério as regiões
naturais; sendo assim, o país, de acordo com esse critério, passou a ter oito regiões. De acordo com o mapa abaixo:

Divisão Regional do
LEGENDA
Brasil - 1893
Amazônia (Amazônia e Pará)

Vertente de Tocantins (Goiás)

Costa Equatorial (MA, PI, CE, RN, PB, PE e AL)

Bacia do São Francisco e Vertente Oriental


dos Planaltos (SE, BA, ES e MG)
Bacia do Paraíba (Rio de Janeiro e DF)

Vertente do Paraná e Contravertente


Oceânica (SP,PR e SC)
Vertente do Uruguai e Litoral Adjacente
(Rio G. do Sul)
Mato Grosso

ELISÉE RECLUS

312 Fonte: < http://geografiaxou.blogspot.com/search/label/REGIÃO%20E%20TERRITÓRIO >.


No ano de 1913, Delgado de Carvalho elaborou uma proposta de regionalização baseada em elementos natu-
rais e humanos, e o país passou a ter cinco regiões. Os estudos de Carvalho tiveram como base a topografia e o
clima, que, de acordo com seus estudos, sofriam a influência de grupos humanos ao mesmo tempo que influen-
ciavam esses grupos, proporcionando, dessa forma, uma interação dos seres humanos com o meio ambiente, de
acordo com as necessidades locais. Observe a mapa a seguir:

Divisão Regional do
Brasil - 1913
LEGENDA

Brasil Setentrional ou Amazônico (AM, PA e AC)

Brasil Norte Oriental (MA, PI, CE, RN, PB, PE e AL)

Brasil Oriental (SE, BA, ES, RJ, DF, e MG)

Brasil Meridional (SP, PR, SC e RS)

Brasil Central ou Ocidental (MT e GO)

DELGADO CARVALHO

Fonte: < http://geografiaxou.blogspot.com/search/label/REGIÃO%20E%20TERRITÓRIO >.

No ano de 1871, foi criada a Diretoria Geral de Estatísticas, que possuía a finalidade de desenvolver e catalogar
os dados estatísticos do Brasil; posteriormente, o órgão passou a se chamar Departamento Nacional de Estatística
(DNE). No governo de Getúlio Vargas, houve uma reestruturação do departamento e passou a se chamar Instituto
Nacional de Estatística (INE), que foi incorporado ao Conselho Nacional de Geografia em 1938, dando origem ao
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir da criação do IBGE, foram introduzidos elementos da
Escola Quantitativa, que utilizava a Matemática e a Estatística como suporte para análises, referências e tabulação
de dados.
No ano de 1941, com a coordenação do engenheiro Fábio Macedo Soares Guimarães, teve início um projeto de
regionalização do território brasileiro, baseado em aspectos físicos e naturais (relevo, clima, vegetação) e o Brasil
foi dividido em 5 regiões: Norte, Sul, Leste, Nordeste e Centro-Oeste. O critério de Fábio Macedo sofreu adaptações
ao longo do tempo e serviu da base para a atual divisão territorial que o Brasil possui. Observe o mapa abaixo com
a atual regionalização do território brasileiro, que, além de levar em conta aspectos físicos e naturais, também
tem como critério aspectos políticos-administrativos. Observe o mapa abaixo com esta forma de regionalização:
Brasil: Político-Administrativo
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL

313
Fonte: <http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html>.

Outras formas de regionalização:


Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger fez uma proposta de regionalização baseada em indicadores socioe-
conômicos, chamada de divisão geoeconômica, e dividiu o país em três complexos regionais: Amazônia, Centro-
-Sul e Nordeste. Nesta forma de regionalização, as fronteiras regionais não coincidem com as fronteiras estaduais.
Desta forma, por exemplo, o norte de Minas Gerais (região do Vale do Jequitinhonha — que possui indicadores
socioeconômicos semelhantes ao Nordeste) se encontra na região Nordeste, assim como o estado do Maranhão,
que a porção leste do estado se encontra no Complexo do Nordeste e a porção oeste do estado se encontra no
Complexo da Amazônia, e o sul do estado do Mato Grosso, que se encontra no Complexo Centro-Sul (região com
maiores níveis de desenvolvimento do país). Atualmente, muitos geógrafos e cientistas sociais preferem esta pro-
posta. Veja a regionalização de Pedro Pinchas no mapa abaixo:

314
Divisão Geoeconômica

Amazônia

Centro-Sul

Nordesde

Fonte: <http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html>.

No final dos anos 90 e início dos anos 2000, os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira utilizaram
como critérios para elaborar uma nova proposta de regionalização o nível de desenvolvimento do “meio técni-
co-científico-informacional”, isto é, a informação e as finanças estão irradiadas de maneiras desiguais e distintas
pelo território brasileiro, dividindo assim o país em quatro complexos regionais que foram denominados como
“quatro brasis”:
Os complexos nesta forma de regionalização são os seguintes:
Região Amazônica – inclui os estados do Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia. Baixas densida-
des técnicas e demográficas.
Região Nordeste – inclui os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e Bahia. Primeira região a ser povoada, apresenta uma agricultura pouco mecanizada se compa-
rada à Região Centro-Oeste e à região Concentrada.
Região Centro-Oeste – inclui Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do sul e Tocantins, apresenta uma agricultura
globalizada, isto é, moderna, mecanizada e produtiva.
Região Concentrada – inclui Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul, é a região que concentra a maior população, as maiores indústrias, os principais portos, aero-
portos, shopping centers, supermercados, as principais rodovias e infovias, as maiores cidades e universidades.
Assim, é a região que reúne os principais meios técnico-científicos e as finanças do país. HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
Portanto, para critérios de aprendizagem e fixação, estude o quadro resumo com as três principais formas de
regionalização cobradas no concurso, porém, não deixe de fazer uma leitura sobre as outras divisões regionais.
Não confunda:

ANO DE
Nº DE REGIÕES NOME DAS REGIÕES CRITÉRIOS AUTORES ELABORAÇÃO DA
PROPOSTA
Nordeste, Amazônia e Características Histó-
3 Pedro Pinchas Geiger 1967
Centro-Sul ricas e Econômicas
Nordeste, Centro-
Meio técnico-científi- Milton Santos e Maria
4 -Oeste, Concentrada e Início dos anos 2000
co informacional Laura Silveira
Amazônia
Norte Anos 40, com refor-
Aspectos naturais,
Nordeste mulação nos anos
elementos sociais,
5 Centro-Oeste IBGE 70 e com atualização
econômicos, políticos
Sudeste em 1988, através de
e administrativos.
Sul promulgação da C.F. 315
Com base na imagem da divisão regional do Brasil
EXERCÍCIOS COMENTADOS proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE), apresente a somatória dos valores dos
1. (CPS — 2019) Região é uma porção territorial que pos- itens corretos:
sui determinadas características naturais e humanas
dominantes. Em 1970, o Instituto Brasileiro de Geo- 01) o número 1 indica a Região Norte do Brasil, que é
grafia e Estatística (IBGE) implantou uma nova divi- dominada pela Floresta Amazônica, caracterizada por
são regional que continua válida até os dias de hoje, folhas decíduas e rica em biodiversidade, sendo tam-
porém, algumas transformações territoriais no espaço bém uma área receptora dos chamados “rios aéreos”,
geográfico brasileiro ocorreram após essa data. que ali despejam sua umidade.
Dentre essas transformações e suas distribuições no 02) o Nordeste, representado pelo número 2, é subdividido
território brasileiro, podemos citar corretamente em quatro sub-regiões diferenciadas por fatores natu-
rais e socioeconômicos — Meio-Norte, Sertão, Agreste
a) o surgimento do estado de Tocantins, desmembrado do e Zona da Mata –, sendo que, nesta última, desenvol-
estado de Goiás e incorporado à região Centro-Oeste. veu-se a produção canavieira, houve intenso desmata-
b) a transformação dos antigos territórios federais de mento e ocorre a maior concentração demográfica.
Rondônia, Roraima e Amapá em estados pertencentes 04) a divisão regional oficial mostrada na imagem acima
à região Norte. coincide com a divisão dos complexos regionais em
c) a incorporação do antigo território federal de Fernan- função da dinâmica regional brasileira, na qual se con-
do de Noronha ao estado do Rio Grande do Norte, na sideram as tendências econômicas e demográficas de
região Nordeste. apropriação e valorização territorial.
d) a divisão do estado de Mato Grosso em duas novas 08) o número 4, a Região Sudeste, corresponde à porção
unidades da federação, o Mato Grosso do Sul e o Mato do país mais industrializada e influenciadora da eco-
Grosso, na região Sudeste. nomia nacional, com destaque para São Paulo, Minas
e) o desmembramento do estado da Guanabara do esta- Gerais e Rio de Janeiro, os estados de maior popula-
do do Rio de Janeiro quando da criação da cidade de ção absoluta do Brasil.
Brasília, na região Sul. 16) o número 3 corresponde ao Centro-Oeste brasileiro,
dominado pela vegetação de cerrado, pelo clima tro-
A divisão do IBGE, que foi reformulada em 1969, divi- pical de menor amplitude térmica do Brasil e por um
de o Brasil em 5 macrorregiões, agrupando as unida- solo fértil oriundo da decomposição do basalto, propí-
des da federação conforme critérios físicos, naturais cio às extensas plantações de soja, arroz e milho des-
e socioeconômicos. As fronteiras regionais foram tinadas ao mercado interno.
elaboradas utilizando parte dos limites estaduais. O 32) o número 5 refere-se à Região Sul do Brasil, composta
principal objetivo desta regionalização é contribuir
de três estados — Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
para uma melhor administração do país, através da
do Sul — caracterizados pela intensa queda das dispa-
captação e divulgação de dados estatísticos. Nos anos
ridades econômicas ali existentes, resultante da atua-
seguintes, a regionalização sofreu alterações, como a
ção de empresários locais interessados na solução
transformação dos territórios federais de Rondônia,
das diferenças tanto demográficas quanto sociais e
Roraima e Amapá em estados e a fusão do estado da
econômicas.
Guanabara, (área correspondente ao antigo Distrito
Federal, equivalente ao município Rio de Janeiro na
atualidade) com o estado do Rio de Janeiro, por conta Os itens incorretos são:
da transferência da Capital para Brasília. As últimas Item 01: A floresta amazônica tem o predomínio
alterações ocorreram com a promulgação da Consti- de plantas perenes, com a vegetação permanecen-
tuição Federal de 1988, quando ocorreu a criação dos do sempre verde ao longo ano e ocorre a recicla-
estados de Mato Grosso do Sul e Tocantins, além da gem da folhagem, a região é área onde ocorre a
incorporação de Fernando de Noronha ao estado de dispersão da massa equatorial continental, quente
Pernambuco, que passou a ser o único distrito esta- e úmida, e essa umidade é transferida para outras
dual do país. Resposta: Letra B. regiões como Centro-Oeste e Sudeste, provocando a
ocorrência do fenômeno climático conhecido como
2. (UFSC — 2019) Observe o mapa e responda: “rios voadores”.
Item 04: A divisão apresentada no item é a oficial do
IBGE, que não possui os mesmos critérios da divisão
em Complexos Regionais geoeconômicos, que divide
o país em 3 complexos de acordo com os indicado-
res socioeconômicos, onde as divisas regionais não
ficam presas aos limites estaduais.
Item 16: A maior parte, quase sua totalidade, dos
solos do Centro-Oeste são pobres em nutrientes
e ácidos, sendo necessário realizar o processo de
calagem do solo, no qual ocorre a adição de calcário
para diminuir a acidez e poder realizar o cultivo de
gêneros agrícolas.
Item 32: A região Sul, assim como o restante do
Brasil, tem como características marcantes eleva-
dos índices de desigualdades sociais, econômicas e
sub-regionais, embora algumas áreas do sul do país
possuam IDH — Índice de Desenvolvimento Huma-
no — com níveis mais elevados do que o restante do
Brasil. Resposta: 02 e 08 estão certos, = 10.

316
3. (FACULDADE ALBERT EINSTEIN — 2018) Observe o Alternativa C: na região centro-oeste está a grande
cartograma abaixo e escolha a alternativa que trata de produção agropecuária modernizada;
sua temática: Alternativa D: na região Amazônica não ocorre a
utilização de recursos tecnológicos de ponta. Res-
posta: Letra A.

OS FUSOS HORÁRIOS DO BRASIL

O território brasileiro está localizado em sua totali-


dade no hemisfério ocidental, por esse motivo, os fusos
horários presentes no território brasileiro estão atrasa-
dos em relação ao Meridiano de Greenwich, e por con-
ta de o país possuir uma grande extensão territorial, os
fusos horários no território brasileiro estão divididos em
4, e podem ser representados conforme o mapa abaixo.

a) O cartograma refere-se à divisão regional formulada


por Milton Santos e Maria Laura Silveira em 1999. Con-
siderou-se para essa proposta: a quantidade de recur-
sos tecnológicos avançados, o volume de atividades
econômicas modernas em áreas financeiras e o papel Fonte: Brasil Escola
da agropecuária em relação à mecanização e à inte-
gração com a indústria. As linhas de longitude representadas no mapa esbo-
b) A Região Concentrada diz respeito a uma área no terri- çam e demarcam o que chamamos de horário real dos
tório brasileiro onde, apesar da alta taxa de urbanização fusos, também conhecida como hora exata. Porém,
e concentração de serviços, não congrega o centro de essa divisão não é seguida à risca, uma vez que poderia
decisões econômico-financeiras do país. Esse papel causar alguns problemas como, por exemplo, ocorrer,
não está centralizado em um único ponto, está disperso em determinadas localidades do território nacional,
pelas mais importantes capitais brasileiras. dois fusos divergentes de forma simultânea. O modelo
c) A Região Centro-Oeste caracteriza-se pela intensa pro- de fusos horários adotado no Brasil é o conhecido como
dução agropecuária pouco integrada à economia glo- hora legal, que é adotada de maneira oficial por esta-
balizada. O uso de tecnologia nessa região limita-se dos da federação e seus respectivos governos.
às atividades comerciais em centros urbanos. Trata-
-se de um dos pontos de grande geração de empregos
Dica
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
e absorção de uma mão de obra jovem.
d) A Região Amazônica é marcada pela baixa densidade Usa-se um sistema de linhas imaginárias para
demográfica, ao mesmo tempo que utiliza recursos indicar a localização de qualquer lugar na Terra.
tecnológicos de ponta. O potencial de exploração des- As linhas podem ser encontradas na horizontal,
sa região está na agricultura comercial e na pecuária
essas são chamadas de latitude, e indicam a
de corte. Tais atividades são favorecidas pelo relevo
direção de Leste-Oeste. Já as linhas encontra-
plano e abundância de áreas disponíveis.
das na vertical são chamadas de longitude, e
O mapa representa a divisão proposta por Milton indicam a direção de Norte-Sul.
Santos e por Maria Laura da Silveira. A divisão
destaca a região concentrada, que correspondente De acordo com a representação no mapa, o primei-
a porção do sul-sudeste, onde estão presentes os ele- ro fuso horário está duas horas atrasadas em relação
mentos que compõe o meio técnico-científico infor- ao Meridiano de Greenwich, e em relação a Brasília
macional, como tecnologia, ciência e informação. (hora oficial do Brasil), este fuso está adiantado uma
As alternativas que estão incorretas são: hora. Neste fuso, estão localizadas ilhas oceânicas que
Alternativa B: na região concentrada estão locali- pertencem à Federação Brasileira como, por exemplo,
zados os centros de decisões econômico-financeiras o arquipélago de Fernando de Noronha e Penedos de
do país; São Pedro e São Paulo. 317
O segundo fuso horário presente no território brasi- cerca de 60% do território nacional é composto por
leiro está três horas atrasado em relação ao Meridiano bacias sedimentares e os escudos cristalinos represen-
de Greenwich e é considerado como o horário oficial tam cerca de 40% do todo o território nacional, ocupan-
de Brasília. Engloba as regiões Nordeste, Sudeste e Sul, do uma área de 5,000,00 km², as formas mais comuns
além de abranger também os estados de Goiás, Tocan- são picos, as serras, as colinas, os morros e as chapadas.
tins, Pará e Amapá, assim como o Distrito Federal.
O terceiro fuso está atrasado uma hora em rela- Planaltos
ção ao fuso de Brasília e quatro horas em relação ao
Meridiano de Greenwich. Quando ocorria o horário
Formas também denominadas como platôs, esta
de verão (que está suspenso de acordo com o gover-
formação de relevo tem como principais característi-
no atual), a diferença desse fuso em relação a Brasília
aumenta mais uma hora nos estados que não adota- cas sua formação elevada e plana, com altura acima
vam o horário de verão (Roraima, Rondônia e o Ama- de 300 metros, e estão submetidos a um constante
zonas), porém, os horários permaneciam iguais nos processo erosivo.
estados da região Centro-Oeste (Mato Grosso e Mato Os planaltos podem ser classificados de acordo
Grosso do Sul, que adotavam o horário de verão). com a sua formação geológica:
Já o quarto e último fuso horário brasileiro está
atrasado duas horas em relação ao fuso oficial de Bra- z Os planaltos sedimentares são formados por
sília e cinco horas atrasado em relação ao Meridiano rochas sedimentares;
de Greenwich. Quando o país estava no horário espe- z Os planaltos cristalinos são formados por rochas
cial, o horário de verão, a diferença aumentava para cristalinas;
três horas. Essa diferença estava presente em todo o z Os planaltos basálticos são formados por rochas
território do estado do Acre e na porção sudoeste do de origem vulcânica.
estado do Amazonas. Esse fuso foi extinto no ano de
2008 e a área que o abrangia passou a fazer parte do
Dentre os principais planaltos presentes no territó-
fuso -4, porém, no ano de 2013, em setembro, a extin-
ção foi negada após a realização de um referendo que rio brasileiro, podemos destacar:
ocorreu e foi homologado em 2010.
z Planalto Central: tem como destaque a Chapada
dos Veadeiros, com altitudes que variam entre
600m e 1650m, localizado nos estados de Minas
EXERCÍCIO COMENTADO Gerais, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato Gros-
so do Sul;
1. (ESA — 2015) Um navio estava em Angra dos Reis z Planalto das Guianas: está presente no território
(44º O) e saiu para fazer uma viagem em direção à Fer- brasileiro nos estados do Amazonas, Pará, Rorai-
nando de Noronha (30º O), às 6 horas, no período da ma e Amapá, se estendendo também para países
manhã, que terá uma duração de 8 horas. Que horas vizinhos na América do Sul como: Venezuela,
será na ilha de Fernando de Noronha quando o navio Colômbia, Suriname, Guiana Francesa e Guiana.
atracar, considerando as convenções por ? Nesta formação de relevo, está localizado o ponto
de maior altitude do Brasil, que é o Pico da Nebli-
a) 15 horas. na, com altitude de 3,000 metros, na Serra do Imeri
b) 12 horas. no estado do Amazonas;
c) 13 horas. z Planalto Brasileiro: constituído pelas seguintes
d) 14 horas. formações: Planalto Central, Planalto Meridional,
e) 8 horas. Planaltos do Leste e Sudeste, Planaltos do Mara-
nhão e Piauí, Planalto Nordestino, e pelo Planalto
O arquipélago de Fernando de Noronha possui uma Uruguaio-Rio-Grandense; destaque para o Pico da
hora adiantada em relação à Angra dos Reis, de Bandeira, localizado na Serra do Caparaó, com alti-
acordo com as convenções dos fusos horários bra- tude em torno de 2900 metros.
sileiros. Dessa forma, enquanto eram 6 horas em
Angra dos Reis quando o navio partiu, em Fernando Planícies
de Noronha eram 7 horas, considerando o tempo de
duração da viagem que são 8 horas, o navio deverá
São formações que ocupam uma área em torno de
atracar em Fernando de Noronha por volta de 15
3.000.000 km² de todo o território nacional, com des-
horas. Resposta: Letra A.
taque para as seguintes áreas:
O ESPAÇO BRASILEIRO: RELEVO, CLIMAS,
VEGETAÇÃO, HIDROGRAFIA E SOLOS z Planície Amazônica: considerada a maior área de
terras com baixa altimetria do país, está localizada
Relevo Brasileiro principalmente no estado de Rondônia, as formas
de planícies mais presentes aqui são as planícies de
O relevo brasileiro possui como principais carac- várzeas, os baixos planaltos e os terraços fluviais;
terísticas médias e baixas altitudes, ocorre o predomí- z Planícies Litorâneas: faixas de terra localizadas
nio de formas de relevo como planaltos e depressões em todo o litoral brasileiro, abrangendo uma área
(que são formações de relevo cuja sua origem é crista- aproximada de 600 km;
lina e sedimentar). z Planície do Pantanal: está localizada nos estados
As formações de relevo, planaltos e depressões, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, uma das
ocupam em torno de 95% do nosso território. Já as pla- características é que esta região está sujeita as
nícies, que possuem também uma origem sedimentar, constantes inundações, é a maior área de planície
318 ocupam cerca de 5% do nosso território. Dessa forma, inundável do mundo.
índices de pluviosidade como, por exemplo, a região
EXERCÍCIOS COMENTADOS norte, e regiões que sofrem com a falta e a escassez de
chuvas, como o semiárido nordestino.
1. (IFCE — 2020) Sobre o relevo brasileiro, é correto afir- Os principais tipos climáticos do Brasil são os
mar que: seguintes, classificados de acordo com as zonas climá-
ticas da Terra:
I. O predomínio dos planaltos no Centro-Sul do Brasil é
um dos responsáveis pelo reduzido potencial hidroelé- z Clima Equatorial;
trico da região. z Clima Subtropical;
II. As depressões são áreas inclinadas em consequên- z Clima Tropical de Altitude;
cia do processo erosivo que se forma entre as bacias z Clima Semiárido;
sedimentares e os escudos cristalinos. z Clima Tropical Litorâneo;
III. Os planaltos são formas de relevo elevadas com z Clima Tropical.
superfície irregular e altitudes variáveis, no entanto,
superiores a 300 metros. Vamos destacar as principais características dos
IV. As planícies correspondem a uma pequena extensão tipos climáticos presentes no território brasileiro:
do território em áreas mais planas, formadas pela
deposição de sedimentos. z Clima Equatorial: esse tipo climático está localizado
em áreas próximas à Linha do Equador. Tem como
Estão corretas: principais características: temperaturas bastantes
elevadas em todo o ano e elevado índice pluviomé-
a) apenas I e III. trico. Está presente em toda a região Norte do país e
b) I, II, III e IV. em partes da região Centro-Oeste. O clima Equatorial
c) apenas I e II. possui uma média de temperatura anual em torno
d) apenas II, III e IV. dos 25ºC, com baixa amplitude térmica (a diferença
e) apenas III e IV. entre a maior e a menor temperatura registradas) e o
ciclo ou regime de chuvas sofre variações constantes
de acordo com a atuação das massas de ar.
O item I está incorreto, pois, nas áreas de relevo planál-
tico ocorre uma elevada produção de energia, caracte- Como forma de demonstrar como as massas de ar
rizando assim um elevado potencial hidrelétrico. interferem nessa questão, ocorre o fenômeno cli-
Os itens corretos são II, III e IV pois, de acordo com os mático conhecido como friagem, que provoca uma
estudos e a classificação do professor Jurandyr Ross, os queda nas temperaturas, podendo chegar a 10ºC.
planaltos são as áreas que foram submetidas ao pro- Esse fenômeno é provocado pela atuação da massa
cesso erosivo com superfície irregular; as áreas de pla- de ar fria polar, que atua no território brasileiro.
nícies são áreas com intenso processo de sedimentação z Clima Subtropical: é o tipo climático predominan-
; depressões são as áreas com altimetrias menores que te na região sul, com características bem definidas:
seu entorno, e estão localizadas entre as bacias sedi- verões quentes e invernos mais frios, mais rigo-
mentares e os escudos cristalinos. Resposta: Letra D. rosos, podendo ocorrer geadas e, em raros casos,
neve, por conta da atuação da massa de ar polar.
2. (IFSUL — 2019) “São formas do relevo mais ou menos No clima subtropical, as chuvas são constantes e
planas ou suavemente onduladas, em geral de grande bem distribuídas ao longo do ano, com registros de
extensão e que o processo de deposição de sedimen- pluviosidade que variam entre 1.500 mm e 2.000
tos supera o de desgaste”. mm por ano. As médias térmicas registradas ficam
em torno de 18ºC, porém, no período de inverno as
ADAS, Melhem; ADAS, Sergio. Expedições Geográficas (6º ano). São quedas de temperaturas podem ser bem maiores;
Paulo: Moderna, 2015. p. 109 z Clima Tropical de Altitude: este tipo climático está
presente na região Sudeste do país, e devido a alti-
O fragmento de texto revela o conceito de: metria do relevo, suas temperaturas são mais baixas
que as temperaturas registradas no tipo climático
a) ravina. tropical, em média os registros são inferiores a 18ºC,
b) falésia. podendo ocorrer o registro de temperatura variando
c) planície. entre 7ºC e 9ºC. As atuações das frentes frias podem
d) planalto. provocar a ocorrência de geadas. Já em relação ao HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
regime de chuvas, o clima tropical de altitude possui
As áreas de planícies são caracterizadas de deposi- um regime semelhante ao clima tropical;
ção de sedimentos. Os itens incorretos são: A, por- z Clima Tropical Litorâneo: está presente em toda
que ravinas são processos erosivos que ocorrem de a faixa litorânea, principalmente entre o estado do
forma lineares do solo; B, as falésias são formações Rio de Janeiro e o estado do Rio Grande do Norte.
presentes nas áreas litorâneas e são regiões escar- A região é quente e chuvosa e possui essas carac-
padas; o item D, pois planaltos estão localizados em terísticas por conta da ação da massa de ar Tro-
áreas onde o processo erosivo supera o processo de pical Atlântica. As médias de temperatura anuais
deposição. Resposta: Letra C. variam entre 18ºC e 26ºC, com pluviosidade em
torno de 1.500 mm anuais. No litoral nordestino,
Climas do Brasil as chuvas ocorrem com mais frequência no outo-
no e inverno, já no litoral do sudeste, as chuvas são
O território brasileiro encontra-se quase que em mais constantes e intensas no verão;
sua totalidade em regiões de baixas latitudes, prin- z Clima Tropical: este tipo climático está presente
cipalmente entre a Linha do Equador e o Trópico de na região Centro-Oeste e suas principais carac-
Capricórnio, ou seja, nosso país está localizado na terísticas são verões chuvosos e quentes e inver-
faixa tropical e por esse motivo ocorre o predomínio nos frios e secos. As estações são bem definidas
de climas úmidos e quentes. Também por isso, temos e a média de temperatura anual está acima de
em nosso território regiões que apresentam grandes 18ºC, porém, podem ocorrer momentos em que as 319
temperaturas registradas podem chegar até 7ºC. (°C) (mm)
Em relação ao ciclo de chuvas, a pluviosidade pode 30 500
variar entre 1.000 e 1.500 mm por ano;
z Clima Semiárido: este tipo climático está presente
na região Nordeste e tem como principais carac-
terísticas a ocorrências de chuvas irregulares. São 400
24
raras em determinadas áreas do sertão nordesti-
no e têm as temperaturas bem elevadas, chegando
a registrar médias térmicas anuais em torno de
27ºC. Possui elevada amplitude térmica; por conta
das chuvas irregulares, a região sofre com a falta 18 300
de chuvas e a escassez de água. Essa região faz par-
te do conhecido Polígono das Secas, área do terri-
tório brasileiro que sofre com a seca.
12 200

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (ESPCEX — 2020) A figura abaixo é uma representa- 6 100
ção dos principais climas que atuam no Brasil.
Considere os seguintes climogramas. Eles represen-
tam as médias anuais de temperatura e pluviosidade
de três cidades brasileiras entre os anos de 1961-1990. 0
J F M A M J J A S O N D
0

Climograma Z
(°C) (mm)
30 500
Considerando as características climáticas brasilei-
ras, pode-se afirmar que:

a) O climograma X é representativo do clima I (Tropical


24 400
de Altitude) e pode representar a cidade de Boa Vista.
b) O climograma Y é representativo do clima III (Semiári-
do) e pode representar a cidade de Petrolina.
c) O climograma Z é representativo do clima VI (Subtropi-
18 300
cal) e pode representar a cidade de Porto Alegre.
d) O climograma X é representativo do clima IV (Tropical)
e pode representar a cidade de Goiânia.
200
e) O climograma Y é representativo do clima II (Equato-
12
rial Úmido) e pode representar a cidade de Manaus.

O climograma Z refere-se ao tipo climático subtropi-


6 100 cal presente em Porto Alegre. As características des-
se clima são chuvas bem distribuídas durante o ano e
maior amplitude térmica (diferença entre a máxima
e a mínima temperatura entre o verão e inverno). O
0 J F M A M J J A O N D
0 climograma X refere-se ao tipo climático equatorial
S
presente na cidade de Manaus, com elevado índice
Climograma X
pluviométrico e baixa amplitude térmica anual. O
climograma Z corresponde ao clima tropical, e tem
(°C) (mm)
500
características como verão chuvoso, inverno seco e
30
baixa amplitude térmica. Resposta: Letra C.

2. (CPS — 2020) “No Brasil, o Vale do rio São Francisco é


24 400 o único lugar que produz uva até três vezes ao ano. As
parreiras são divididas em grandes áreas. Enquanto em
uma parte elas estão prontas para a colheita, na outra
18 300 a fase é de poda e, logo ao lado, as uvas ainda estão
começando a aparecer. Esse não é o milagre da multi-
plicação. É o milagre da irrigação. Controlando a água,
é possível controlar todo o ciclo de vida da parreira.”
12 200

<https://tinyurl.com/3893ebn> Acesso em: 01.10.2019. Adaptado.

6 100 A localização geográfica do cenário descrito no texto


situa-se na região:

0 J F M A M J J A S O N D 0 a) Sul do Brasil e sofre a influência do clima semiárido.


Climograma Y b) Sul do Brasil e sofre a influência do clima subtropical.
320 c) Nordeste do Brasil e sofre a influência do clima semiárido.
d) Nordeste do Brasil e sofre a influência do clima 10,33% do território nacional, destaque para o Rio
subtropical. Paraná com extensão de 2.750 km. Dentre os prin-
e) Centro-Oeste do Brasil e sofre a influência do clima cipais afluentes do Rio Paraná, podemos destacar
tropical de altitude. os rios Tietê, Paranapanema, Paranaíba, Iguaçu;
z Podemos destacar também as bacias dos rios
A região conhecida como Vale do São Francisco está Uruguai no sul do Brasil e parte da Argentina,
entre as regiões mais produtoras de frutas que aten- Bacia do Parnaíba, localizada na região Nordeste.
dem tanto o mercado interno e externo no territó- Bacia do Atlântico Nordeste Oriental com desta-
rio brasileiro. Nesta região, destaca-se a produção que para o Rio Paraíba, Bacia do Atlântico Leste,
de uva de mesa e uva vinícola. No semiárido nor- Bacia do Atlântico Sudeste, com destaque para o
destino, a elevada produtividade é garantida por rio Paraíba do Sul e para o rio Doce, com extensão
técnicas modernas de irrigação e uso intenso da de 229.972 km². E por último a bacia do Atlântico
biotecnologia. Resposta: Letra C. Sul, com 185.856 km², localizada nos estados da
região Sul e na região Sudeste, com destaque para
Hidrografia Brasileira os rios Jacuí e Camaquã.

A hidrografia do Brasil é caracterizada por possuir Além das reservas de água superficiais, podemos
cerca de 12% dos cursos d’água do mundo, os rios bra- destacar também os reservatórios subterrâneos que o
sileiros estão entre os mais extensos e diversificados, Brasil possui, conhecidos como aquíferos; nosso país
essa diversidade hídrica está relacionada a questões tem 2 grandes aquíferos.
como clima, relevo e vegetação. No total, o Brasil pos- O Aquífero Guarani, também conhecido como
sui 12 regiões hidrográficas, os rios foram divididos Aquífero do Cone Sul ou SAG (Sistema Aquífero Gua-
de acordo com a extensão e a vazão de cada um — rani), está localizado na porção sul da América do Sul,
dessa forma, os rios brasileiros estão classificados em é a segunda maior fonte de água doce subterrânea do
rios de grande e pequena vazão. mundo, ocupando uma área de 1,2 milhões de km²,
Os rios brasileiros são formados por regimes plu- com profundidade de 1500 metros, possui um volume
viais (chuvas) e são quase em sua totalidade rios de de água em torno de 45 mil km³, cerca de 70% das reser-
planaltos (encachoeirados, com quedas d’água). São vas de água estão localizadas no território brasileiro.
quase todos perenes, onde o curso d’água é constante Já o Aquífero Alter do Chão, também conhecido
durante todo o ano, e também são em maioria rios de como SAGA – Sistema Grande Aquífero Amazônia,
estuário — deságuam direto no oceano. está localizado na região Norte do país, possui 86 mil
As principais bacias hidrográficas brasileiras são: km³ de água e 400 mil km² de área. Estudos apontam
que o SAGA tem reservas de água suficientes para
z Bacia Amazônica: formada pelo Rio Amazonas e abastecer a população mundial mantendo os atuais
seus afluentes, ocupando uma área de 3.843.402 níveis de consumo por pelo menos 250 anos.
km², sendo que o Rio Amazonas é o maior do
mundo em volume de água e o segundo maior em
extensão, ficando atrás do Rio Nilo. A área ocupa-
da por esta bacia corresponde a 44,63% do terri- EXERCÍCIOS COMENTADOS
tório nacional. Destaque para os afluentes Javari,
Jari, Madeira, Tapajós etc; 1. (UECE — 2020) A Bacia do São Francisco é uma das
z Bacia Tocantins Araguaia: essa bacia estende-se mais importantes do Brasil. Quanto ao seu regime
por uma área de 967.059 km², correspondente a hidroclimático, é correto dizer que essa bacia:
11,36% do território nacional, está localizada nas
regiões Centro-Oeste e Norte. Nessa bacia hidro- a) apresenta um regime tropical perene na nascente e
gráfica está localizada a maior ilha fluvial do nos afluentes da margem esquerda, e em outros seto-
mundo, a Ilha do Bananal. Como rios de destaque res apresenta regime semiárido intermitente.
temos: Tocantins e Araguaia, Garças, Paraná, Rio
b) tem como característica um sistema perene, com ten-
Sono, Santa Tereza etc;
dências de enchentes no inverno e vazantes no verão.
z Bacia do Paraguai: ocupa uma área de 361,35
c) apresenta características idênticas ao regime fluvial
km², está localizada na região Centro-Oeste, nos
equatorial, com precipitações médias de 2.900 mm/ano.
estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A
d) se caracteriza pelo regime temperado perene, com preci- HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
região onde está localizada o Pantanal é banhada
pitações anuais de até 1400 mm em suas nascentes, na
pelo Rio Paraguai;
z Bacia do Rio São Francisco: ocupa uma área de região de um dos seus afluentes que é o rio Urubupungá.
641.000 km², que corresponde a 7,52% do territó-
rio nacional, está localizada em estados das regiões O rio São Francisco tem como uma de suas caracte-
Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. O rio São Fran- rísticas ser perene (seu curso d’água não desaparece)
cisco tem sua nascente na Serra da Canastra em uma vez que sua nascente está localizada na Serra
Minas Gerais, possui mais de 2.0000 km de trechos da Canastra (MG), nesta região ocorre a formação do
que são aptos a navegação. A região que mais sofre clima tropical de altitude que possui chuvas concen-
com a seca e a falta de água no Brasil — o semiárido tradas no verão. No seu percurso para o Nordeste,
nordestino, é banhada pelo rio São Francisco, uma atravessa quase todo o domínio semiárido e nesta
boa parte dos afluentes do São Francisco são tempo- região seus afluentes são intermitentes (temporá-
rários ou intermitentes — que são rios que sofrem rios). O rio é importante para o abastecimento huma-
uma redução do seu volume de água em um perío- no, para a prática da agricultura irrigada, alguns
do do ano por causa do ciclo de chuvas irregular; trechos são utilizados para transporte hidroviário
z Bacia do Rio Paraná: localizada na região de e ocorre também nas partes mais encachoeiradas a
maior desenvolvimento econômico do país e na geração de energia por hidrelétricas, com destaque
região mais habitada também, presente em esta- para as usinas de Três Marias, Sobradinho, Paulo
dos do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, ocupa cerca de Afonso, Xingó e Itaparica. Resposta: Letra A. 321
2. (FAMERP — 2020) Observe o mapa e responda: c) II e III
d) II e IV
e) III e IV

Os itens incorretos são I, pois no Mato Grosso do Sul


não ocorre a formação do bioma Amazônico em seu
território, e sim a presença do Cerrado e o Panta-
nal, e o item III, pois a maioria dos solos localizados
na Amazônia são pobres devido ao intenso proces-
so de lixiviação, ou seja, o solo é lavado pela água
das chuvas e ocorre a remoção em grande escala de
nutrientes minerais. Resposta: Letra D.

SOLOS DO BRASIL

Os solos presentes no território brasileiro são for-


mados a partir de três estruturas geológicas:

z Escudos Cristalinos;
z Bacias Sedimentares;
z Terrenos de origem vulcânica.

Em cada uma das estruturas geológicas ocorre a


formação de tipos de minerais e solos diferentes. Ten-
do como base as estruturas geológicas presentes no
território nacional, podemos classificar e identificar
quatro tipos de solos:
Considerando o mapa e conhecimentos sobre a produ-
z Solo Terra Roxa;
ção de energia hidráulica brasileira, pode-se afirmar que:
z Solos aluviais;
z Solo Massapé;
a) o relevo de planícies explica o baixo aproveitamento z Solo Salmorão.
hidráulico da Bacia do Amazonas.
b) a grande distância dos centros consumidores expli-
O solo Terra Roxa é conhecido pelo seu elevado
ca o alto aproveitamento hidráulico da Bacia do
nível de fertilidade e por ter um aspecto de coloração
Paraná-Paraguai.
vermelha. É formado a partir de processo de decom-
c) o relevo de depressões explica o baixo aproveitamen-
posição de rochas basálticas de origem vulcânica. Está
to hidráulico da Bacia do Atlântico Leste.
presente nos territórios de São Paulo, Mato Grosso do
d) a grande diversidade biológica explica o alto aproveita-
Sul, Goiás e sul de Minas Gerais e com maior presença
mento hidráulico da Bacia do Atlântico Nordeste-Norte.
na região Sul do país.
e) a retração da frente pioneira explica o alto aproveita- Os solos aluviais são tipos que podem ser identifica-
mento hidráulico da Bacia do Tocantins. dos em diversas localidades do território nacional. São
formados a partir do processo de acumulação de sedi-
Mesmo que a Bacia Hidrográfica do Amazonas mentos, principalmente em áreas de vales e de várzeas.
apresente o maior potencial hidráulico do país nas O solo tipo Massapé também é conhecido pelo seu
sub-bacias, ou afluentes, na planície do Rio Amazo- elevado nível de fertilidade. Sua coloração apresenta um
nas (“terras baixas”) ocorre a formação de extensas aspecto mais escuro, o que ocorre por conta do seu pro-
áreas alagadas com baixa produtividade energéti- cesso de formação, que é decorrente da decomposição de
ca. Resposta: Letra A. rochas como: filitos, calcários e gnaisses mais escuros.
E por último, o solo tipo Salmorão é encontrado
3. (ESPCEX — 2021) A Amazônia é a maior floresta tro- na região Centro-Sul do nosso país. Tem como proces-
pical do mundo. Estende-se por mais de 8 milhões de so de formação rochas de origem graníticas e gnaisses
km² e por diversos países sul-americanos. Sobre esse mais claros.
bioma, é correto afirmar que:
I. No Brasil, a floresta ocupa áreas de nove estados da
federação: AC, AM, AP, MA, MS, PA, RO, RR e TO.
II. A variação topográfica é responsável pela existência
de três estratos de vegetação de mata: de igapó, de
EXERCÍCIO COMENTADO
várzea e de terra firme.
1. (UNESP – 2020) Originário da decomposição do
III. A exuberância da vida vegetal da Amazônia reflete a
alta fertilidade dos solos, em geral de textura argilosa calcário e do gnaisse, com elevado teor de material
e com elevado teor de matéria orgânica. orgânico, é solo de cor negra ou cinza escuro, propício
IV. Trata-se de uma floresta latifoliada, perene e higrófila, ao cultivo da cana-de-açúcar, além do fumo, milho e
que abriga também “enclaves” de campos, cerrado e cacau. Assinale a alternativa que indica o tipo de solo
até mesmo de caatinga. descrito e a sua área de ocorrência no Brasil.

Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati- a) Terra roxa, sul da Região Sul.
vas corretas: b) Massapé, porção oriental da Região Nordeste.
c) Arenoso, porção oriental da Região Norte.
a) I e II d) Lixiviado, norte da Região Centro-Oeste.
322 b) I e III e) Argiloso, sul da Região Sudeste.
O tipo de solo descrito na questão é o do tipo Massa- O uso dessas tecnologias, conforme dito anterior-
pé, solo muito rico em nutrientes presente na região mente, configura uma nova estrutura social. Além dis-
Nordeste, extremamente importante para o desen- so, podemos destacar o processo de mundialização da
volvimento da lavoura de cana-de-açúcar como ciclo produção e a intensificação das relações comerciais
econômico do Brasil colônia. Resposta: Letra B. entre as diferentes nações.
As transformações ocorridas no espaço geográfico
POLÍTICAS TERRITORIAIS: MEIO AMBIENTE mundial ocorrem em momentos históricos distintos e
em diferentes localidades, provocando, assim, novas
O Capitalismo é o sistema socioeconômico vigen- formas de relacionamento entre o meio urbano e o
te em quase todo o mundo; seu início foi século XV, a meio rural ou como podemos denominar novas urba-
partir da crise do modelo feudal de produção e com o nidades e novas ruralidades.
aumento de desenvolvimento das práticas comerciais. A cidade representa a centralidade de uma orga-
Está dividido nas seguintes fases: nização macro em relação às questões econômicas e
sociais, concentrando os serviços e produtos que serão
consumidos tanto pelas populações das cidades como
z Capitalismo Comercial: Século XV ao XVIII
pelas populações do campo (que nem sempre consegue
produzir tudo que é necessário para o seu consumo).
Destaque para o crescimento das práticas comer-
Dessa forma, ocorre um processo de hierarquia
ciais, intensificadas pelo processo conhecido como
socioespacial entre campo e cidade. A cidade do mun-
Expansão Marítima Comercial Europeia, marcada
do moderno é responsável por movimentar a vida
pela conquista de territórios na América.
dos homens como se fossem máquinas integrantes da
engrenagem de funcionamento estrutural; a vida e as
z Capitalismo Industrial: Século XVIII e XIX ações são determinadas pelo tempo, que se torna cada
vez mais rápido. Porém, o campo está cada vez mais
Caracterizado por um conjunto de transformações modernizado e mecanizado, e também se inseriu e
tecnológicas e políticas impulsionadas pela Revolução promoveu a adesão de técnicas e práticas determina-
Industrial ocorrida na Inglaterra em meados de 1750. das pelo ritmo produtivo do mundo globalizado.
O processo que determinou as mudanças ocorri-
z Capitalismo Financeiro: Século XX das no meio rural ficou conhecido como Revolução
Verde, um conjunto de alterações no processo produ-
Fundamentou-se principalmente após o término tivo do campo com a inserção de máquinas e insumos
da 2ª Guerra Mundial, quando as grandes corporações agrícolas para dar uma nova dinâmica à produtivida-
(bancos, empresas etc.), ganharam forças, e se expan- de. Dessa forma, os produtos do campo são transfor-
diram por várias localidades do mundo. mados nas cidades (nas fábricas), e retornam como
mercadoria, que é revendida aos consumidores. Os
z Capitalismo Informacional complexos industriais fazem suas imposições às cida-
des com sua lógica que está focada no processo pro-
Para alguns teóricos, este estágio atual não é consi- dutivo, e os espaços urbanizados transformam-se em
derado como uma fase do sistema capitalista, mas, sim, lócus da produção, das relações políticas e culturais.
um momento específico da fase anterior (Capitalismo Nessa nova forma de organização social, que dita
Financeiro). A primeira vez em que a definição de Capi- as relações entre campo e cidade, os produtos deixam
talismo Informacional entrou em discussão foi em mea- de possuir seus valores originais e são determinados
dos dos anos 90, com mais precisão, em 1996, quando o e valorizados pelo valor de troca que possuem. O
sociólogo espanhol Manuel Castells publicou o seu livro homem rural está cada vez mais subordinado à dinâ-
denominado A Sociedade em Rede, que tratava de uma mica do meio industrial e de suas fábricas, porque
abordagem a respeito da revolução tecnológica que a tudo que o homem rural ou do campo produz passa a
humanidade passou nos últimos anos. ser transformado e ter seus valores acrescidos.
Neste momento do sistema capitalista (Informacio- Para encerrar, pode-se afirmar que o campo e as
nal), temos o processo de globalização com maior des- cidades são formas concretas, que materializam um
taque, proporcionado pelo avanço e desenvolvimento padrão ou modo de vida, e os meios urbano e rural
das tecnologias de informação, na maior ocorrência são considerados representações sociais. A fluidez
de fluxos de informações, capitais, pessoas, mercado- do mundo globalizado e integrado torna o processo HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
rias e bens. cada vez mais artificializado; o mundo urbano e arti-
De acordo com Castells, as transformações tecno- ficial não existe sem o processo produtivo que ocorre
lógicas que o mundo vem passando estão provocando no meio rural — os dois meios estão cada vez mais
mudanças nas práticas culturais dos seres humanos, integrados e interligados.
assim como mudanças sociais, estabelecendo, assim,
uma nova estruturação social em nível mundial. Além O PAPEL DO ESTADO E DAS CLASSES SOCIAIS E A
dessa fase estar marcada pelo avanço do processo de SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL (URBANIZAÇÃO)
globalização, podemos destacar também avanços na BRASILEIRA
área da informática, computadores, telefones digitais,
robótica e internet. De acordo com a sociologia, podemos compreen-
A denominação Capitalismo Informacional está dire- der o conceito de classe social como uma fragmenta-
tamente ligada à formação da Sociedade da Informação, ção social e econômica do mundo gerido e estruturado
também chamada de Era da Informação. No âmbito pelo sistema capitalista. Nos mais diversos grupos
social, o maior fluxo de informações realizadas via inter- sociais, existem hierarquias que determinam diferen-
net, e o processo de dependência tecnológica, impulsio- tes cargos dentro da chamada divisão social do traba-
nada pelo uso de redes sociais, permitem-nos obter um lho. A partir desse contexto organiza-se o fenômeno
volume maior de informações de forma mais rápida e que proporciona essa divisão, chamado de estratifi-
acelerada, quase de forma simultânea e instantânea. cação social. 323
O Estado tem como principal papel exercer sua A supervalorização de terrenos causada pela espe-
autoridade, vinculada ao poder de dominação, deter- culação imobiliária, provocada pelo elevado número
minando as normas coletivas da vida em sociedade. de pessoas nas áreas urbanas, causa maior ocupação
Essa legitimação exercida pelo Estado garante que os das periferias em detrimento das áreas mais centraliza-
cidadãos tenham uma estrutura à qual recorrer quan- das (que possuem maiores valores para os terrenos). As
do for necessário. populações de renda mais baixa são praticamente obri-
O poder público, subtende-se, é regulado e man- gadas a ocupar as áreas mais afastadas da região central,
causando o fenômeno da formação de periferias e, em
tido através de uma totalidade de membros da socie-
algumas capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, um
dade civil de um Estado e, para que a manutenção
intenso processo de favelização — ocupando espaços
dos direitos seja garantida, é necessária a adoção do que são inadequados para a construção de moradias.
princípio da isonomia — no qual todos os cidadãos São também exemplos de problemas causados pela
perante a Lei são submetidos às mesmas regras de urbanização desenfreada: as questões ambientais; as
convivência, assim como às mesmas possibilidades de ocupações de forma irregular (encostas de morros,
sanções ou punições. O Estado atua como agente regu- áreas destinadas à preservação ambiental); a dificul-
lador, fiscalizador na execução das leis e da manuten- dade de escoamento das águas superficiais (os solos
ção da ordem. estão quase em sua totalidade impermeabilizados e
A sociedade urbano-industrial no Brasil passou e compactados — asfaltamento); a poluição (sonora,
vem passando por transformações desde meados do visual, produção de lixo e descarte de forma inadequa-
século XX; essa nova configuração do espaço geográfi- da); a falta de saneamento básico; enchentes, alaga-
co brasileiro veio acompanhada de aspectos positivos mentos, enxurradas e formação de ilhas de calor.
e negativos. Para que os problemas urbanos sejam ameniza-
Os pontos positivos são as mudanças sociais con- dos com o tempo, são necessários projetos e políticas
públicas que busquem mudar o sistema de transpor-
sideráveis como, por exemplo, a queda da mortali-
tes, a forma de usar e ocupar os solos (rurais ou urba-
dade infantil (o número de crianças mortas antes de
nos), controlar o processo de especulação imobiliária
completar 1 ano de vida caiu de 150 mortes para cada e promover políticas de redução da desigualdade
mil nascidos vivos, em 1940, para 7,1, em 2019); ocor- social e inserção das populações mais pobres que este-
reu aumento da expectativa de vida (40,7 anos de jam à margem da sociedade. O caminho a ser trilhado
vida, em média, em 1940, para 76,6 anos, em 2019); é longo e árduo.
houve também queda na taxa de fertilidade (6,16 De acordo com dados do IBGE, cerca de 84,4% da
filhos por mulher fértil, em 1940, para 1,94 filhos, população brasileira vive em áreas urbanas, e 15,6%
em 2017), assim como também ocorreu aumento do vive em áreas rurais. O processo de urbanização do
nível de escolaridade entre os cidadãos brasileiros país é recente: até meados dos anos 60, a maioria da
(55,9%, em 1940, para 6,6%, em 2019). população vivia em áreas rurais. Os fatores que con-
Dentre os pontos positivos, podemos destacar tribuíram para esse processo de urbanização de for-
também a ampliação de serviços básicos para a ma acelerada são:
população, como saneamento básico e a coleta de lixo
domiciliar, embora entre esses indicadores alguns z Processo de industrialização do país;
deixem a desejar na atual conjuntura que vivemos. z Mecanização do campo — substituindo a mão de
O processo de urbanização no Brasil criou a obra humana pelas máquinas;
z Elevada concentração fundiária que o país possui
dependência das pessoas em relação às cidades; os
desde os tempos coloniais, agravada com o decor-
habitantes de zonas rurais foram praticamente obri-
rer dos anos;
gados a migrar por conta do processo de mecanização z Migração das áreas rurais para as áreas urbanas;
do campo (que gerou um exército de desempregados z Crescimento populacional do país.
em áreas rurais). Ao migrar para os centros urbanos,
a força de trabalho que até então estava direcionada O processo de urbanização do país provocou um
para a produção de bens para seu sustento agora está aumento no número de cidades. Ocorreu o processo
voltada para atender a demanda de trabalho das ativi- acelerado de formação de metrópoles nacionais e,
dades industriais. O cidadão que até então consumia consequentemente, a macrocefalia urbana (inchaço
produtos que eram fruto do seu trabalho, agora utiliza das cidades).
o dinheiro para intermediar a compra do que é neces- Hoje, ocorre de forma gradual o processo de
sário para sua sobrevivência. desmetropolização.
Um problema a ser destacado com o processo de
urbanização é a questão fundiária nos ambientes CULTURA DO CONSUMO
urbanos: a população brasileira se distribui de manei-
ra irregular pelo território nacional, causando um A cultura do consumo pode ser compreendida
inchaço populacional na região Sudeste e grandes como um processo social de afirmação e diferencia-
vazios demográficos na região Norte. ção, com características progressistas, de um mundo
Os problemas nos grandes centros urbanos multi- modernizado no qual seus cidadãos sejam livres e
ajam de forma racional.
plicaram-se, tendo vista que o processo de urbaniza-
O consumo está ligado à ação de adquirir bens
ção no Brasil foi acelerado e desigual, causando uma
de acordo com nossas necessidades. Porém, apesar
série de disparidades regionais que estão muito longe do consumo fazer parte de nossa sociedade, o que
de serem sanadas. ocorreu foi o fenômeno da potencialização das ven-
Outro problema enfrentado nos grandes centros das em larga escala. Com a expansão das economias
urbanos brasileiros tem relação com a mobilidade: a industriais e o aumento do salário médio dos traba-
cultura consumista do uso de automóveis particula- lhadores, houve aumento também no acúmulo de
res sobressaiu-se em relação às políticas públicas para renda por parte deles, com consequente aumento no
324 transporte de passageiros. consumo de bens.
Esse é o ciclo característico da sociedade capitalista. O aumento dos gases do efeito estufa está dire-
Porém, começou a ocorrer uma alienação em relação tamente relacionado com a queima de derivados de
às práticas e formas de consumo. Os indivíduos come- combustíveis fosseis e de madeira. Como aspecto que
çaram a consumir e adquirir produtos sem necessida- contribui para o agravamento desse problema está o
de, sem realmente precisar deles: a compra passou a desmatamento das florestas pelo mundo; a vegetação
ser realizada pelo desejo, não pela necessidade. A com- exerce papel extremamente importante, juntamen-
pra de forma compulsiva causa o consumismo; o cida- te aos oceanos, como agente dissipador e de absor-
dão passa ter nesse ato uma forma de sentir felicidade ção dos gases poluentes depositados em excesso na
e prazer, mesmo que de forma momentânea. atmosfera.
De acordo com estudos realizados pela Confede- No século XX, houve o maior aumento das tempe-
ração Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo raturas médias do planeta desde a última glaciação:
Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em cada dez em torno de 0,7° C nos últimos 100 anos.
brasileiros, cerca de três tem no consumo exagerado e O órgão responsável pelos estudos relacionados as
descontrolado uma de suas atividades preferidas. Nes- mudanças climáticas é o Painel Intergovernamental
sa pesquisa, cerca de 40,2% dos entrevistados que per- sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Após a realização
tenciam às classes A e B compravam sem necessidade, de vários estudos, ele prevê que as temperaturas nas
como forma de aliviar as tensões e os estresses do dia próximas décadas sejam ainda mais elevadas.
a dia. Em outra pesquisa, indivíduos pertencentes às De acordo com estudos realizados pelo órgão, as
classes C e D também disseram comprar por impulso, chances de um aumento nas temperaturas médias
porém, agiam motivados pelas famosas promoções. durante o século XXI girarem em torno de 2° C a 4,9°
Nos padrões de comportamento criados por nossa
C estão em torno de 90%. Essas alterações já seriam
sociedade, ser bem sucedido passou a significar poder
suficientes para causar problemas ambientais com
comprar. Assim, muitos cidadãos confundem poder
gravidade elevada e praticamente impossíveis de
de compra com qualidade de vida, o que são concei-
serem revertidos; assim, o aquecimento global é um
tos bem distintos.
dos mais urgentes assuntos da pauta ambiental.
Para que o indivíduo tenha qualidade de vida, não
O aumento na concentração de gases estufa é res-
é obrigatório possuir elevado padrão de compra. Dessa
ponsável pela mudança nas trocas de calor; dessa
forma, os indivíduos das outras classes sociais, como
forma de se adequarem a padrões e normas impostas forma, a maior parte fica retida na atmosfera, causan-
pela sociedade de consumo, passaram a sonhar com o do o aumento da temperatura e, consequentemente,
consumo como forma de satisfazer seus desejos. o aquecimento global. É importante ressaltar que a
Porém, nem todos conseguem ter acesso a itens emissão de gases vem ocorrendo desde o século XVIII,
mais caros e, em alguns casos, os cidadãos passam a com o advento da 1ª Revolução Industrial.
adquirir bens e realizar despesas superiores aos seus São elementos causadores do aquecimento global,
rendimentos como forma de satisfazer seus desejos, além da concentração de poluente emitidos presentes
o que causa endividamento de partes da população, na atmosfera, as queimadas, atividades industriais e o
assim como o agravamento das desigualdades sociais desmatamento.
existentes em nosso país. Como consequências, podemos destacar uma série
Para amenizar os efeitos da sociedade do consu- de alterações:
mo, é necessário promover políticas públicas de igual-
dade social, inserção social de indivíduos de classes z Mudanças na fauna e flora de todo o planeta;
menos favorecidas, políticas de gerenciamento de z Extinção de espécies;
finanças pessoais e formas de consumo de maneira z Processo de desertificação de áreas naturais;
sustentável. z Secas mais constantes;
A educação financeira é um dos caminhos para z Redução na produção de alimentos, pois as áreas
amenizar essa questão. Porém, para que tenhamos produtoras serão afetadas;
em nossa sociedade indivíduos que consumam de z Maior ocorrência de desastres naturais como
maneira mais consciente, tomando decisões corre- enchentes, inundações, tempestades, furacões;
tas durante as compras, é necessário um processo de z Derretimento de áreas polares, causando aumento
médio e longo prazo; como vivemos em uma socieda- do nível das águas oceânicas e provocando o ala-
de cada vez mais imediatista, é bem provável que a gamento de áreas litorâneas, que podem ficar sub-
cultura do consumo em massa permaneça nela por mersas; por conta dessa questão, podem ocorrer HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
um longo período. grandes deslocamentos humanos.

O BRASIL DIANTE DAS QUESTÕES AMBIENTAIS O desenvolvimento sustentável pode ser com-
(AQUECIMENTO GLOBAL E DESENVOLVIMENTO preendido como uma forma de preservar os recursos
SUSTENTÁVEL) naturais presentes no meio ambiente, utilizando os
bens e recursos de maneira a não causar o comprome-
A problemática ambiental cada vez mais vem timento da disponibilidade para as gerações futuras.
fazendo parte das discussões entre governantes, che- A utilização de matérias-primas extraídas da
fes de Estado, organizações não governamentais etc. natureza é feita sem comprometer o futuro dos seres
Na pauta dessas discussões, podemos destacar o aque- humanos, aliada à prática de crescimento econômico
cimento global e o desenvolvimento sustentável. e responsabilidade ambiental.
O termo aquecimento global está relacionado As práticas de extração de recursos que não são
ao processo que provoca o aumento da temperatura renováveis agravam essa situação — quanto mais pre-
média do planeta; esse fenômeno é causado pela emis- datória for a extração, maior será o comprometimen-
são e concentração de gases poluentes na atmosfera, to da extração de recursos em um futuro não muito
principalmente dióxido de carbono, óxido nítrico e os distante. Assim, é extremamente importante que
gases clorofluorcarbonos (CFC), gases relacionados ao ocorra a busca da redução ou eliminação dos impac-
efeito estufa da atmosfera terrestre. tos provocados pela exploração de forma predatória. 325
O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu MODELO ECONÔMICO BRASILEIRO: O PROCESSO
na Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, DE INDUSTRIALIZAÇÃO, O ESPAÇO INDUSTRIAL,
mas ganhou força em 1987, com a elaboração do Rela- A ENERGIA E O MEIO AMBIENTE, OS COMPLEXOS
tório “Nosso Futuro Comum”, também conhecido AGROINDUSTRIAIS E OS EIXOS DE CIRCULAÇÃO E
como Relatório Brundtland. OS CUSTOS DE DESLOCAMENTO
Na Conferência Eco-92, o conceito de “satisfazer
as necessidades presentes sem comprometer a capa- Industrialização
cidade das gerações futuras de suprir suas próprias
necessidades”, além de ser a principal pauta de dis- O processo de industrialização do Brasil teve seu
cussão, tornou-se um dos pilares para a elaboração início no século XIX, com surtos industriais, principal-
do documento conhecido como Agenda 21, que bus- mente no Sudeste, no estado de São Paulo. Porém, foi
cava diminuir cada vez mais os impactos provocados somente com o declínio da lavoura cafeeira e com a
pelo crescimento econômico das nações, bem como o ocorrência da crise do modelo agrário exportador que
aumento do consumismo pelo mundo. ruiu com a crise de 1929 e a adoção de políticas indus-
Dentre as medidas de sustentabilidade propostas, triais com objetivos de substituir as importações. Con-
pode-se destacar: taram também com os incentivos governamentais,
que de fato proporcionaram um processo de Revolu-
z Redução ou eliminação do desmatamento; ção Industrial em nosso país.
z Reflorestamento de áreas naturais que foram A sociedade urbana e industrial, resultado de um
devastadas; intenso processo de êxodo rural, é um fenômeno que
z Preservação das áreas de proteção ambiental, ocorreu em nosso país de forma tardia e recente, ocor-
como reservas e unidades de conservação de rendo em um período de quase 200 anos de atraso em
matas ciliares; relação à Revolução Industrial que ocorreu na Ingla-
z Fiscalização mais rígida por parte dos governos terra por volta de 1750, no século XVIII.
para questões de degradação ambiental; A industrialização brasileira pode ser dividida em
z Adotar a política dos 3 R’s (Reduzir, Reciclar, Reu- fases que vamos listar a seguir:
tilizar) ou a política dos 5 R’s (Repensar, Recusar,
Reduzir, Reutilizar, Reciclar);
z Primeira fase (1500 — 1930);
z Contenção na produção de lixo e nas formas de
z Segunda fase (1931 — 1955);
descarte;
z Terceira fase (1956 — 1989);
z Redução na incidência de queimadas;
z Quarta fase (1990 - atualidade).
z Diminuição de gases poluentes na atmosfera lan-
çados por indústrias e veículos automotivos;
z Utilização de fontes de energias limpas e Primeira fase (1500 – 1808)
renováveis;
z Promover políticas de conscientização e educação Neste período, entre 1500 e 1808, nosso país estava
ambiental. preso a acordos que atendiam única e exclusivamente
aos interesses da Coroa Portuguesa, como por exemplo
O Brasil ocupa papel de destaque no cenário inter- o Pacto Colonial, no qual as colônias só podiam estabele-
nacional, pois nosso território, devido à sua dimensão cer relações comerciais com suas metrópoles. Este acordo
e volume de florestas nativas, tornou-se estratégico proporcionou grandes vantagens para os portugueses e
para a problemática ambiental no contexto inter- gerou uma série de déficits e atrasos para o nosso país.
nacional. Porém, os órgãos reguladores encontram O Brasil era um simples fornecedor de matéria-
dificuldades para execução e fiscalização das leis -prima e recebia em troca produtos manufaturados
ambientais brasileiras. ou semi-industrializados, já que existia uma política
Muitas atividades ligadas a setores como, por restritiva de desenvolvimento industrial no territó-
exemplo, o agroindustrial, provocam dualidade de rio brasileiro. Esta política era o Alvará de Proibição
pensamentos: os conflitos de interesses acabam se Industrial, que foi assinado por D. Maria I em 1785
tornando inevitáveis. e proibia a instalação de fábricas e manufaturas em
Por exemplo: como desenvolver o país e promover território nacional. O objetivo desse acordo era que os
crescimento na economia sem que ocorram agressões brasileiros continuassem empenhados na exploração
ao meio ambiente provocadas durante a execução de recursos naturais presentes em nosso território,
dessas atividades (um dos princípios da sustentabi- como por exemplo a extração do ouro e do cultivo de
lidade)? Em alguns casos, os setores que estão liga- gêneros tropicais. Os portugueses tinham a preocupa-
dos a essas atividades têm nos governos, em todas as ção que o desenvolvimento das atividades industriais
esferas de poder, aliados, e justificam-se dizendo que, e do comércio afetaria a mão-de-obra utilizada nas
para promover o desenvolvimento e o avanço da eco- atividades já citadas e dessa forma os lucros dos por-
nomia, a degradação é inevitável. tugueses diminuiriam de forma drástica.
O grande desafio dos governantes e da sociedade O ano de 1808 marca a chegada da Família Real Por-
civil é promover e implantar as políticas de sustenta- tuguesa ao Brasil e uma série de mudanças, dentre elas
bilidade, pois elas apresentaram crescimento conside- o processo de abertura dos portos para as nações ami-
rável nas últimas décadas. gas de Portugal e a revogação do Alvará assinado ante-
O Brasil passou a ser presença constante nos foros riormente por D. Maria I. Porém, esse processo pouco
de discussões sobre questões ambientais em nível alterou a realidade industrial brasileira e a depen-
internacional. Está, também, entre os maiores bene- dência dos produtos industrializados importados. A
ficiados por políticas financeiras internacionais que dependência, principalmente da Inglaterra, continua-
visam implantar políticas de desenvolvimento eco- va ocorrendo. Além disso, o governo que se instala no
nômico sustentável, de acordo com o relatório do Brasil, chefiado por D. João VI, concede grandes bene-
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente fícios aos ingleses, prejudicando e inibindo qualquer
326 (PNUMA). tipo de investimento no setor industrial do nosso país.
No período conhecido como Segundo Reinado, o JK estabeleceu o Plano de Metas, que tinha como
Brasil enfrentava vários problemas, e a adoção da Tari- slogan promover o crescimento do país “50 anos em
fa Alves Branco, que impunha uma série de impostos 5”. Dentre os principais objetivos do Plano de Metas
a produtos importados, proporcionou um desenvolvi- estavam a realização de investimentos nas seguintes
mento tímido do setor industrial, com alguns surtos áreas:
no século XIX, em especial na indústria têxtil.
Alguns acontecimentos que começam a mudar a z Educação;
realidade industrial do Brasil foram:
z Transportes;
z Energia;
z A assinatura de leis abolicionistas, que proibiam o
z Alimentação;
trabalho escravo e ampliavam o trabalho assala-
z Indústria de base.
riado e o mercado consumidor;
z Crises e tensões na Europa;
z Grande quantidade de matérias-primas; Dessa forma, o presidente e sua equipe de gover-
z Modernização da infraestrutura portuária, com no acreditavam que o país daria passos cada vez mais
destaque para o Porto de Santos e com o acúmulo largos para o desenvolvimento que todos tanto alme-
de capitais oriundos da lavoura de café. javam. Ocorreu a entrada de empresas multinacio-
nais, o que estimulou o setor de bens duráveis, como
Ainda assim, a realidade industrial brasileira con- por exemplo o setor automobilístico, fazendo com que
tinuava extremamente dependente da manufatura o governo brasileiro fizesse investimentos no setor de
estrangeira. transportes, em especial no setor rodoviário, causan-
do um problema que se arrasta até os dias atuais: a
Segunda fase (1931 – 1955) dependência do setor rodoviário. A chegada dessas
corporações internacionais foi provocada pelo fenô-
Já no século XX, em especial no período da 1ª Guer- meno conhecido como desconcentração industrial.
ra Mundial (1914 -1918), o Brasil se viu na obrigação Desconcentração industrial é o processo de des-
de adotar uma política industrial mais agressiva, pois locamentos de indústrias de regiões com elevados
os nossos principais fornecedores de produtos indus- níveis de industrialização, que acabaram tornando-
trializados estavam envolvidos no conflito que ocorria -se onerosos, com altos custos de manutenção, para
na Europa. regiões com menores custos para a manutenção da
Após a crise de 1929, que determinou a Quebra produção industrial. Nestes novos locais que recebe-
da Bolsa de Nova York, e as constantes crises que a
riam as indústrias, os custos com os fatores locacio-
lavoura cafeeira vinha passando, associados a uma
nais são menores.
mudança na política brasileira, ocorreu a chegada de
Getúlio Vargas ao poder e o Brasil começa a passar de A maior concentração de indústrias ocorria na
fato pela sua Revolução Industrial. região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, por
No governo de Getúlio Vargas, foram adotadas conta de todo o histórico de importância que a região
medidas que visavam o aumento do investimento na exercia para a economia do país desde o período colo-
indústria brasileira, criando uma espécie de suporte nial, perpassando por vários ciclos econômicos. Neste
para as outras fases de industrialização que viriam a contexto, merece destaque a região do ABCD Paulista,
seguir. Vargas, com seu projeto nacionalista, investiu área de elevada concentração industrial.
na instalação de indústrias de base para a extração de Nos anos da ditadura militar, em especial no final
recursos minerais como por exemplo: dos anos 60 e começo dos anos 70, ocorreu o chamado
Milagre Econômico Brasileiro, época que o país apre-
z A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN); sentava taxas de crescimento econômico em torno de
z A Vale do Rio Doce; 10% ao ano.
z A Companhia Siderúrgica do Pará (COSIPA); Esse crescimento é medido por meio do Produto
z A Companhia Siderúrgica de Minas Gerais Interno Bruto (PIB), que representa a soma de todas
(COSIMINAS); as riquezas que o país produz durante o período de
z A Eletrobrás — produção de energia elétrica; um ano, mas esse estudo também pode ser realizado
z E o projeto mais sucedido de Vargas, que foi a
de forma mensal ou trimestral, depende do objeto de
Petrobrás, que iniciou nos anos 40 em nosso país o HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
estudo realizado.
processo da extração de petróleo.
É importante destacar o processo de desconcentra-
ção das indústrias, que começa a ocorrer no período
Terceira fase (1956 – 1989)
em que os militares estão no poder. Nesse aspecto,
destacamos a instalação da Zona Franca de Manaus
Essa fase é marcada pelo início do processo de
internacionalização da nossa economia, promovido — um polo industrial na zona Norte do país, onde os
pelo presidente Juscelino Kubitschek, popularmente objetivos eram além de promover uma política de
conhecido como JK. Foi desenvolvido o processo de desenvolvimento regional, estabelecer um processo
abertura do mercado brasileiro para sediar as filiais de integração entre as regiões do país.
das grandes indústrias estrangeiras, em especial das Assim como ocorreu a instalação de indústrias na
automobilísticas. Esse período foi marcado por um região Norte, o mesmo aconteceu em outras regiões,
tripé econômico: sendo que esse processo é a principal características
da próxima fase.
z Capital Privado Internacional; Antes de iniciarmos a quarta e última fase da
z Capital Privado Nacional; industrialização brasileira, é importante destacar o
z Capital Estatal. processo de crise econômica ocorrido em nosso país
desde os anos 70, se intensificando nos anos 80 e se
estendendo até meados dos anos 90. 327
O mundo viveu uma grave crise econômica nos as desigualdades geradas pelo sistema terminam por
anos 70 ocasionada pelo 1º choque do petróleo, na resultar em “deseconomias de aglomeração”, ou seja,
qual ocorreu um aumento no valor do barril e esse em bloqueios. Parece que se assiste a um início de
mudança, porque os inconvenientes da concentração
aumento gerou reflexos em todo o mundo. Em nos-
começam a pesar mais que as vantagens.
so país, o choque do petróleo significou a retirada de
capitais pelos investidores, e esse episódio acabou
(Hervé Théry e Neli A. de Mello-Théry. Atlas do Brasil, 2018.
expondo a grande dependência que nosso país tinha Adaptado.)
em relação às questões econômicas e tecnológicas
perante as nações mais industrializadas. Entre os “inconvenientes” da concentração industrial,
Assim, com o agravamento da crise e elevação dos pode-se citar:
juros no mercado financeiro internacional, na década
de 1980, começa a ocorrer o processo de sucateamen- a) a eliminação de sistemas de cooperação devido à
to da indústria no Brasil. necessidade de redução de custos.
b) o comprometimento da concorrência devido à proxi-
Quarta fase (1990 - atualidade) midade das corporações.
c) a eliminação da hierarquização das empresas devido
Nos anos 90, o Brasil começa a adotar medidas à padronização de soluções.
impostas por organismos financeiros internacionais, d) o comprometimento da competitividade da produção
como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que devido à elevação dos custos.
visava promover a implantação de medidas neolibe- e) a propensão a monopólios devido à retirada de empre-
rais na condução da economia, privatizando empresas sas de nichos muito concorridos.
estatais (pertenciam ao Estado brasileiro), aumentan-
do o processo de internacionalização da economia. O colapso da infraestrutura das grandes metrópoles
/cidades brasileiras relacionados a transportes, ener-
gia, horizontalização da mancha urbana, contribui
Importante para o aumento dos custos de produção industrial, e
esses fatores contribuem para a redução de sua com-
Neoliberalismo: Conjunto de doutrinas econô- petitividade perante o mercado internacional. Respos-
micas que começam a serem implantadas no ta: Letra D.
mundo nos anos 70 e 80, em nações como EUA
e Inglaterra, que forma baseadas nas ideias libe- 2. (ESPM — 2019) Observe o mapa a seguir:
rais do pensador Adam Smith, e as ideias neo-
liberais visam reduzir a participação do Estado
(governo) na economia e permitir uma regulação
mais flexível na condução de ações econômicas
— o mercado age com mais intensidade. Para
a América Latina, essas ações foram impostas
pelo Consenso de Washington.

A entrada de capitais estrangeiros sem uma maior


regulação do Estado brasileiro acabou por expor a
fragilidade que existia do ponto de vista tecnológico,
além do baixo poder de competitividade, e isso levou
várias empresas a falirem.
A disparidade que existia entre as regiões do Brasil
era gritante: a região Sudeste chegou a ser responsável
por concentrar cerca de 80% das indústrias presentes
no território brasileiro. Diante desse cenário, a partir
dos anos 90, e principalmente nos anos 2000, o governo
brasileiro, juntamente com governos estaduais e muni-
cipais, começa a criar uma série de situações para que
determinados segmentos industriais se deslocassem
para regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Tem início um período de forte isenção fiscal por par-
te dos gestores públicos para atrair indústrias para seu A concentração no Centro-Sul do fenômeno cartogra-
território, iniciando um processo que ficou conhecido fado está relacionada a(ao):
como Guerra Fiscal ou Guerra dos Lugares, nas quais
as unidades da Federação disputavam para oferecer as a) proximidade das jazidas carboníferas.
melhores e mais atrativas cargas tributárias e atrair as b) maior centro consumidor e oferta de mão de obra.
grandes marcas industriais para seus territórios. c) produção de energia eólica.
d) maior proximidade das centrais sindicais com a con-
sequente articulação do operariado.
e) presença da malha ferroviária, única região do país em
EXERCÍCIOS COMENTADOS que supera a rodoviária.

1. (FAC. ALBERT EINSTEIN — 2020) A concentração A maior concentração e distribuição das empresas
industrial nas regiões Sudeste e Sul é tamanha que pelo território brasileiro ocorre principalmente no
se torna necessário enfrentar o mais rápido possível Complexo Regional do Centro-Sul (Sul, Sudeste e
328 certa reorganização. De fato, a hiperconcentração e parte do Centro-Oeste), e pode ser explicada pela
elevada concentração populacional e da presença Lixívia e outras
de um mercado consumidor com maior renda, além renováveis Carvão
da quantidade de mão de obra. Resposta: Letra B. Outras não 1,4% 5,7%
renováveis
Fontes de Energia 1,4%

Lenha e Carvão
Fontes de energia são as matérias-primas utiliza- vegetal
das para a produção de energia, que movimentam 1,4%
máquinas de maneira direta ou indireta. São extraí-
das da natureza e precisam passar por processos de
transformação para gerar energia. Petróleo e
Derivados da
As fontes de energia são classificadas como reno- derivados
cana
váveis: hidrelétricas, energia solar, produção eólica 36,4%
12,0%
(ventos) e geotérmica (do calor proveniente do interior
da Terra), Biomassa (produzida a partir da utilização
de matérias-orgânicas), energia das marés (força das Hidráulica
ondas) e do hidrogênio (por meio do processo de rea- 12,0%
ção química entre oxigênio e hidrogênio que acaba
por liberar energia). As outras formas de energia são Gás natural
as não renováveis: combustíveis fósseis como o petró- 13,0%
Nuclear
leo, carvão mineral, gás natural e o gás de xisto, além
1,4%
da energia nuclear, produzida por meio do processo de
fissão (quebra) nuclear dos átomos de Urânio e Tório.
O mundo contemporâneo está diante do desafio de Fonte: epe.gov.br
utilizar cada vez mais energias não poluentes e renová-
veis, com o objetivo de reduzir os impactos da matriz
energética sobre o meio ambiente. No Brasil, já temos
programas de produção de energia com o objetivo de EXERCÍCIOS COMENTADOS
reduzir os impactos ambientais, como por exemplo a
produção de etanol para combustível veicular, que foi 1. (UNICAMP — 2020) O petróleo continua sendo a fon-
inserido em nosso país nos anos 70 a partir do Progra- te de energia mais importante do mundo. A posse de
ma do Álcool Brasileiro, principalmente a partir do 1º reservas, o transporte e a capacidade de refino figu-
choque do petróleo, ocorrido em 1973, que provocou
ram como elementos de soberania nacional e estraté-
aumentos consideráveis no valor de barril.
O Brasil destaca-se também pela produção de gicos em um mundo extremamente competitivo. Em
energia a partir de usinas hidrelétricas, com destaque relação ao petróleo no Brasil, é correto afirmar:
para as Usinas de Itaipu, Ilha Solteira, Belo Monte,
Cachoeira Dourada e Furnas. Em relação à energia a) As descobertas das reservas nacionais ocorreram a
eólica, merece destaque o crescimento apresentado partir dos anos 1980 e a Bacia de Campos (RJ) é hoje
na região nordeste na interface continente-oceano a principal produtora do país.
(litoral), especialmente a Usina de Prainha no Ceará. b) A extração nacional é cada dia maior, mas a inexistên-
A produção da energia solar, em especial no cinturão cia de oleodutos exige que o transporte seja realizado
do sol, localizado no Nordeste, e em várias usinas na
por meio rodoviário.
região Sul, também aumenta cada vez mais. Como evi-
c) A maior produção em terra provém do Estado do Rio
dência da biomassa temos o processamento de cana-
-de-açúcar e a produção de etanol. Grande do Norte e, em mar, do pré-sal situado entre os
Em relação às fontes de energia não renováveis, des- Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
tacamos a utilização de gás natural, que é importado da d) Apesar de possuir grandes reservas, especialmente
Bolívia. As poucas reservas de carvão mineral estão loca- com as descobertas do pré-sal, não há refino no país,
lizadas em estados da região Sul, principalmente Santa por isso os derivados são importados.
Catarina. O processo de extração e refino de petróleo é
realizado pela Petrobrás desde os anos 50, quando ocor- Os maiores volumes da produção de petróleo offsho- HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
reu sua inauguração e, nesse quesito, podemos destacar re (fora da área continental) do país estão na área
as reservas localizadas nas Bacias de Campos e Santos.
do Pré-Sal. Já a produção onshore (dentro do con-
Também é importante destacar a presença das reser-
vas de petróleo no pré-sal, localizado entre os estados de tinente) se concentra na Bacia Potiguar. Resposta:
Santa Catarina e Espírito Santo, totalizando uma área de Letra C.
mais de 800 km de extensão. Essa reserva de petróleo
está localizada a uma profundidade superior a sete mil 2. (UEL — 2020) Em novembro de 2007, foi anunciada a
metros abaixo do nível do mar, por baixo de uma cama- existência de extensos campos de petróleo na cama-
da de sal com espessura de 2 km, o que durante muito da pré-sal brasileira, como o de Tupi. Atualmente, esti-
tempo inviabilizou a sua exploração. Com o desenvolvi- ma-se que, em toda a sua extensão, a camada pré-sal
mento tecnológico, a Petrobrás já extrai grandes quanti- abrigue um total de 100 bilhões de barris de petróleo
dades de petróleo na região. Estima-se que as reservas em reservas, o que coloca o país no grupo dos maio-
no pré-sal ultrapassam 200 milhões de barris e, por
res produtores mundiais. Sobre o pré-sal, assinale a
conta dessas reservas encontradas, o Brasil passou a ser
autossuficiente na produção de petróleo. alternativa correta.
Em relação à energia nuclear, merecem destaque as
Usinas de Angra I e II, construídas nos anos 70, porém a) A produção petrolífera no Brasil é insuficiente para o
sem muita representatividade na matriz energética bra- consumo interno e, mesmo com a descoberta do pré-
sileira, que atualmente se divide da seguinte forma: -sal, o país depende da importação de petróleo pesado. 329
b) O petróleo encontrado no pré-sal localiza-se em bacias A questão do lixo
sedimentares, sendo as três principais a do Espírito
Santo (ES), a de Campos (RJ) e a de Santos (SP). Considerado como o grande desafio das autoridades
c) As formações do pré-sal no Brasil datam do período brasileiras, visto que o consumo do ser humano e a pro-
Quaternário da Era Mesozoica, mesmo período em dução de lixo só aumentam ano após ano. As dificulda-
que surgem os peixes e a vegetação nos continentes. des se potencializam com a coleta e o tratamento que
d) A extração de petróleo do pré-sal tem se mostrado ocorrem de forma inadequada, mesmo com a lei federal
ineficiente, sendo pequeno o volume extraído, em nº 12.305 de 2010, também conhecida como a Lei Nacio-
função das limitações técnicas e do elevado custo de nal de Resíduos Sólidos, que proíbe o descarte do lixo
exploração. coletado em lixões a céu aberto (o ideal é a construção
e) A profundidade em que se encontram as reservas do de aterros sanitários). O problema ainda persiste por
pré-sal impossibilita o risco de vazamentos e desas- falta de interesse dos agentes públicos em promover
tres ambientais, evitando prejuízos à biodiversidade. políticas para resolver a questão e também pela falta de
consciência da população em contribuir para amenizar
As reservas de petróleo que estão localizadas na os impactos deste problema. Como consequências deste
camada pré-sal são de boa qualidade. Estas reser- tipo de problema, temos a contaminação dos solos e dos
vas estão localizadas em profundidades que variam lençóis freáticos, por conta da produção de chorume, a
entre 6 e 7 km e situa-se logo após uma grossa produção de gases tóxicos e o aquecimento global.
camada de sal em bacias sedimentares recobertas
pelo mar como Santos, Campos e Capixaba. Na A poluição dos solos
atualidade, em relação a produção, a liderança é
das reservas presentes na Bacia de Santos, princi- Por conta da utilização de agrotóxicos no setor agrí-
palmente a parte localizada próxima ao estado do cola, a poluição dos solos acontece em consequência do
Rio de Janeiro. Resposta: Letra B. descarte incorreto dos produtos químicos utilizados no
meio rural. Nesse contexto, nosso país é um grande pro-
OS IMPACTOS AMBIENTAIS dutor agrícola e o país que mais utiliza agrotóxicos em
todo o mundo. Como impactos ambientais decorrentes
O histórico do agravamento dos impactos ambien- dessa situação, destacamos o processo de empobreci-
mento do solo, a contaminação dos lençóis freáticos e a
tais no Brasil e no mundo começa a ser alterado a par-
destruição da biodiversidade (flora e fauna).
tir dos anos 30, e, no nosso país especificamente, esse
fenômeno veio acompanhado do processo de indus-
Poluição do ar
trialização e de urbanização. Esses eventos propor-
cionaram um certo desenvolvimento do país, porém,
Nosso país está entre as nações que mais emitem
o desenvolvimento não veio acompanhado de legisla-
dióxido de carbono. Esse problema tem como prin-
ções adequadas que protegessem o meio ambiente das
cipais causas o crescimento da indústria e uma ele-
possíveis consequências de um crescimento industrial.
vada concentração de veículos automotivos. Porém,
O crescimento urbano e industrial, associado ao cres-
não podemos esquecer de destacar a emissão do gás
cimento populacional, são batalhas travadas cotidiana-
metano na atividade pecuária. Os impactos ambien-
mente para conter o avanço da degradação ambiental.
tais causados pela liberação dos gases do efeito estufa
(GEE) são: o aumento do buraco na Camada de Ozô-
O desmatamento
nio, o agravamento de mudanças climáticas provo-
cadas pelo aquecimento global e a contaminação da
Considerado como um dos mais antigos e mais água, comprometimento da fauna e da flora.
graves problemas ambientais que nosso país possui,
desde a chegada dos portugueses e dos diversos ciclos A poluição da água
de exploração este problema vem sendo agravado. O
processo de urbanização e crescimento das cidades, a Nos centros urbanos, principalmente, está asso-
expansão das atividades agropecuárias, a extração de ciada à falta de políticas para descarte do esgoto e
madeira de lei e a utilização das terras para a pecuá- tratamento. Pouco mais da metade dos domicílios bra-
ria extensiva foram determinantes para o agravamen- sileiros têm o sistema de coleta de esgoto e fornecimen-
to desta situação. Como consequências do processo de to de água potável, grande parte do esgoto doméstico
desmatamento, podemos destacar: a destruição da produzido em nosso país é lançado in natura direta-
biodiversidade, os processos de erosão e empobre- mente nos rios sem qualquer forma de tratamento.
cimento dos solos, a redução no ciclo das chuvas, o O Brasil possui cerca de 12% das reservas de água
aumento das temperaturas e a questão do aquecimen- doce do mundo, porém, somente 4% é própria para o
to global. consumo de acordo com estudos da Agência Nacional
das Águas (ANA). Como consequências deste tipo de
As queimadas problema ambiental, destacamos a destruição e perda
da biodiversidade, falta de água com qualidade para o
Em sua maioria, estão diretamente associadas às consumo humano e uma queda na qualidade de vida
práticas de agricultura. Em nosso país, as queimadas da população, além do agravamento de doenças asso-
vêm aumentando de forma considerável nos últimos ciadas às questões citadas acima.
anos, vide os exemplos de 2020 ocorridos no Pantanal O Governo Federal, no mês de julho de 2020, san-
e na Amazônia. Como consequências das queimadas, cionou a Lei nº 14.026, promovida como o Marco de
destaca-se o aceleramento do processo de desertifica- Saneamento Básico, Lei que visa universalizar no
ção, a poluição do ar e o processo de empobrecimento território nacional os sistemas de coleta de esgoto e
330 dos solos. tratamento de água até o ano de 2033, promovendo
parcerias público-privadas para buscar resolver os O acordo conhecido como Protocolo de Kyoto foi
problemas que mais afligem os brasileiros, serão definido a partir da Conferência das Partes em 1997
investidos cerca de R$ 753 bilhões, totalizando R$ 47 realizada no Japão e contava com medidas para
bilhões por ano no setor. procurar combater o Aquecimento Global. Sua prin-
Dentre os problemas ambientais em zonas urba- cipal proposta era a redução de 5,2% das emissões
nas, podemos destacar a formação das ilhas de calor de gases de efeito estufa para os países desenvolvi-
(também conhecidas como micro climas), que são pro- dos, o combate intenso ao processo de queimadas
vocadas por retirada da cobertura vegetal, verticali- e a implantação de políticas nacionais de meio
zação das construções, o que acaba por impedir uma ambiente como a que é praticada pelo Brasil por
maior circulação dos ventos, circulação de veículos meio de organismos federais, tendo destaque o IBA-
automotivos e o processo de impermeabilização dos MA. Resposta: Números 1 e 2. Soma: 3.
solos, causando assim um aumento da temperatura
das áreas centrais em relação as áreas periféricas: tal 2. (UEL — 2020) No dia 25 de janeiro de 2019, ocorreu o
aumento pode chegar a 10ºC. rompimento da barragem da mina do Córrego do Fei-
Um outro problema ambiental dos centros urbanos é jão, localizado geograficamente na região metropoli-
a formação das chuvas ácidas que ocorrem em regiões tana de Belo Horizonte, resultando no maior desastre
com alto nível de poluentes na atmosfera. Ao entrar em com rejeitos de mineração e vítimas fatais, até então,
contato com as gotículas de água, os poluentes promo- registrado no Brasil.
vem o aumento da acidez da chuva e traz consequên- Sobre os impactos socioambientais desse desastre,
cias como: a destruição de lavouras agrícolas localizadas assinale a alternativa correta:
próximas a centros urbanos, a corrosão de monumentos
históricos e o aumento de doenças de pele. a) A lama que cobriu a bacia hidrográfica do rio Paraope-
Por último, vamos destacar o fenômeno da inversão ba, rica em matéria orgânica, ajuda no crescimento de
térmica. O evento ocorre principalmente em áreas urba- espécies vegetais aquáticas, o que contribui para a
nizadas com elevados índices de poluição, em especial recuperação do ecossistema da área atingida.
no inverno, da seguinte forma: a camada de ar poluído b) O rompimento da barragem poderia ter sido evitado se
impede a troca de ar na atmosfera (que é um fenômeno o sistema de alerta utilizado pela empresa responsá-
de ordem natural), esse impedimento faz que fique uma vel tivesse funcionado, avisando a população da área
camada de ar frio e poluído próximo à superfície. Esse a montante.
fenômeno gera uma série de doenças respiratórias. c) Os rejeitos de mineração provocaram a mutação em diver-
sas espécies da fauna que habitam a bacia do rio Paraope-
ba, tornando-as resistentes a esse tipo de material.
d) O rio Paraopeba pode ser recuperado utilizando-se
EXERCÍCIOS COMENTADOS medidas como o desassoreamento do leito e a bior-
remediação, mesmo sabendo que a recomposição da
fauna e da flora será lenta.
1. (UEM — 2020) Um dos grandes problemas ambientais e) O ciclo de vetores, responsável pela disseminação de
que o planeta enfrenta na atualidade são as queima- doenças foi pouco alterado, o que, para a população, é
das. No Brasil, 51,9%dos casos de queimadas ocorrem benéfico, pois impossibilita o surto de doenças como
na Amazônia. Só nesse bioma os casos cresceram a dengue e a febre amarela.
70% em 2019 em relação ao ano de 2018.
O desastre socioambiental causado pelo rompimento
(notícias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/
da barragem de resíduos de minério de ferro da Vale
redaçao/2019/08/21/o-que-esta-acontecendo-na-amazonia-
ambientalistas-explicam.htm).
do Rio Doce na cidade de Brumadinho, em Minas
Gerais, provocou impactos no rio Paraopeba, que é
um rio que faz parte da bacia hidrográfica do São
Sobre o assunto e conhecimentos correlatos, assinale Francisco, cuja nascente está no estado de Minas
o que for correto e apresente a somatória dos valores Gerais. Dentre os principais impactos provocados,
dos itens marcados. podemos destacar: a destruição de Matas Ciliares do
entorno dos rios, o processo erosivo das margens, o
1- ( ) Durante as queimadas ocorre intensa liberação de processo de assoreamento do leito do rio por conta do
dióxido de carbono que chega à atmosfera, o que inter- constante acúmulo de rejeitos, uma elevada redução
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
fere no efeito estufa e, consequentemente, no aqueci- da biodiversidade aquática e uma forte contamina-
mento global. ção dos recursos hídricos com comprometimento do
2- ( ) No Brasil, as queimadas ocorrem principalmente abastecimento de água para os moradores da região.
para o desenvolvimento de atividades agropecuárias, Para que os problemas causados por este desastre
destruindo a vegetação e comprometendo a biomassa sejam sanados, são necessárias medidas interven-
e a biodiversidade. toras como, por exemplo, o processo de desassorea-
4- ( ) Políticas governamentais objetivando o controle mento e biorremediação, ações que podem contribuir
para a gradativa recuperação do rio em um período
de queimadas foram determinadas pelo Protocolo de
de longo prazo. Resposta: Letra D.
Kyoto, elaborado na Convenção sobre a Biodiversida-
de e a Convenção do Clima, durante a Rio-92.
INTEGRAÇÃO ENTRE INDÚSTRIA E ESTRUTURA
8- ( ) Apesar das condições pouco favoráveis, como as URBANA, REDE DE TRANSPORTES E SETOR
resultantes de uma queimada na Floresta Amazônica, AGRÍCOLA NO BRASIL
as espécies pioneiras, como gramíneas e líquens, con-
seguem se instalar, originando o processo de suces- O processo de urbanização potencializou e alterou
são primária. a dinâmica das cidades em todo o mundo. A estru-
16- ( ) Mesmo com a destruição da vegetação pelas tura urbana sofre profundas alterações, o processo
queimadas, o solo amazônico ainda terá boa fertilida- de industrialização que ocorreu e ocorre de forma
de devido à espessa camada de húmus que apresenta. dinâmica e acelerada, e o progresso sem controle, 331
passaram a exigir uma estrutura urbana que atendes- z A especialização das empresas;
se às necessidades das populações, tornando-se um z A inserção da mulher no mercado de trabalho.
ator coadjuvante deste processo, juntamente com o
setor industrial. Nos gráficos a seguir, podemos ver a participa-
Podemos afirmar que o processo de industriali- ção de cada setor na nossa economia e o processo de
zação é o acontecimento histórico que causou maior mudanças ocorridas desde 2016 — por conta da cri-
impacto ao espaço geográfico. Cada país passou por
se econômica mundial, causando assim a retração de
este processo em tempos históricos distintos, e isso
algumas atividades econômicas.
explica por que os espaços em nível mundial se tor-
naram tão heterogêneos. A relação existente entre
industrialização e urbanização pode ser compreendi- Variação Anual dos Sertores
da pela forma em que a indústria atua como agente de
transformação e modernização das sociedades, mes- Em %, ano a ano desde 2016
mo que não seja o único agente a contribuir para isso.
Dessa forma, são ampliados os fatores atrativos das
cidades, os elementos que são característicos do meio
urbano responsáveis por atrair os migrantes que são
oriundos das áreas rurais, fenômeno conhecido como
êxodo rural.
Êxodo Rural é o processo no qual ocorre a migra-
ção dos habitantes das áreas rurais para os centros
urbanos por diversos motivos: desemprego no campo,
busca por melhores condições de vida etc.
É importante salientar que o processo de
industrialização, acompanhado da mecanização da pro-
dução agrícola, gerou um grande contingente de traba-
lhadores urbanos, favorecendo assim o crescimento do
setor terciário — com grande relevância e importância
para nossa economia. Lembrando que o setor terciário,
também é conhecido como setor de serviços. As ativi-
dades econômicas desenvolvidas nestes serviços são as
mais variadas, como por exemplo: transporte, vendas,
distribuição da matéria que foi produzida pelo setor
secundário (indústria) proporcionando que esse produ-
to chegue até o consumidor final.

Dica
Lembre-se de que as atividades do setor terciá-
rio como turismo, serviços públicos, corretagem
de imóveis, hospitais, restaurantes, escolas e ati-
vidades financeiras em geral são consideradas
atividades de serviço útil ao consumidor, mas
não são consideradas como um produto final;
este setor é o que mais cresce atualmente e isto
tem uma relação com o momento atual do siste-
ma capitalista (financeiro e corporativo), que tem
como principal campo de atuação os serviços
de forma geral.

Sendo assim, o crescimento do setor terciário


proporciona a ocorrência de um fenômeno em nível
mundial (com influências do processo de globali-
zação), que é o processo de terceirização da econo-
mia. Este fenômeno causa um aumento significativo
do número de trabalhadores neste setor em detri-
mento dos outros (primário: agricultura, pecuária e
mineração, e setor secundário: produção industrial),
causando assim um aumento da PEA (população eco-
nomicamente ativa – aqueles trabalhadores que estão
inseridos no mercado de trabalho formal com paga-
mentos de impostos e recolhimento de contribuições),
mudando assim a dinâmica do mercado de trabalho
nos centros urbanos.
Como forma de caracterizar o processo de terceiri-
zação da economia, podemos citar:
Um outro fator de extrema importância para que
z O incremento de tecnologias na sociedade; toda essa dinâmica ocorra é a rede de transportes.
332 z A automação da produção; Conforme vimos no tópico a respeito da formação do
território brasileiro, nosso país possui uma enorme sudeste, principalmente. O transporte ferroviário tem
extensão no sentido norte-sul, assim como no senti- um alto custo no seu processo de implantação, mas os
do leste-oeste. Para promover o processo de integra- custos relacionados à manutenção são relativamente
ção entre os pontos distintos e longínquos do país, é baixos, e nem isso foi suficiente para que muitas fer-
necessário que exista uma rede de transportes inte- rovias não ficassem sucateadas, abandonadas e mui-
grada e articulada, ligando as diversas localidades e tas até desativadas.
facilitando o deslocamento de pessoas, bens, serviços Existem alguns projetos de construção de ferro-
e produtos. vias em andamento, embora vários estejam com suas
A rede de transportes tem um papel fundamental obras inacabadas, mesmo com as verbas destinadas
para facilitar o escoamento da produção, o desloca- pelo Governo Federal, por meio do PAC (Programa de
mento de cargas, e, consequentemente, contribuir Aceleração do Crescimento) para o setor. O projeto
para a injeção de capitais estrangeiros e para o cres- mais importante e relevante em relação ao transporte
cimento e desenvolvimento da economia. Em nosso ferroviário no Brasil é a Ferrovia Norte-Sul, que pos-
país, a opção encontrada para dinamizar este pro- sui algumas áreas concluídas e em operação.
cesso, principalmente a partir da segunda metade do A política de privatização dos anos 90 também che-
século XX, foi a canalização de recursos para o modal gou ao setor ferroviário, e até contribuiu para o aumen-
(sistema de transportes) rodoviário, em especial a to da utilização do modal ferroviário, porém, continua
partir do governo do presidente JK, porém, a canaliza- atendendo a interesses e deslocamentos a determinados
ção dos recursos para as rodovias provocou um suca- grupos e regiões; a maior concentração da malha ferro-
teamento dos modais ferroviários e hidroviários com viária ainda se encontra nas regiões Sul e Sudeste.
a redução dos recursos estatais para estes modelos de O transporte hidroviário é o que possui a menor par-
transporte. ticipação no sistema de modais do Brasil, e isso é uma
O modal rodoviário foi, e ainda é, o principal meio grande contradição, já que nosso país possui um grande
de deslocamento, transporte de bens, cargas e pessoas potencial para desenvolver e utilizar esse meio de trans-
no país. A prioridade pelo transporte rodoviário sur- porte. A rede hidroviária presente no território brasilei-
ge como forma de favorecimento de empresas estran- ro é ampla e vários rios das nossas bacias hidrográficas
geiras que se instalavam em nosso país, sobretudo a são navegáveis, não necessitando de grandes investi-
partir dos anos 50 do século XX com o governo JK, que mentos para construção de estruturas. A justificativa
facilitava a entrada de tais empresas no país. A políti- dada para a não realização de grandes investimentos
ca do governo brasileiro era promover uma estrutu- em hidrovias no Brasil é a existência de rios de planaltos
ração do modal rodoviário, construir polos industriais em nosso território, que são rios que apresentam decli-
de automóveis em todo o país, ampliar a geração de ves mais acentuados (possuem quedas d’água ou são
empregos, proporcionar o crescimento da economia, encachoeirados), sendo necessárias obras para a cor-
e hoje com o desenvolvimento tecnológico no proces- reção de curso que facilitariam o transporte de cargas.
so fabril, a utilização de mão-de-obra em larga escala Um outro agravante para a implantação deste meio de
nesse setor é cada vez mais reduzida. transporte é o fato de que os rios navegáveis, ou rios de
Uma outra característica negativa deste proces- planície, estão localizados em áreas afastadas dos gran-
so foi a concentração dos investimentos do setor de des centros econômicos.
transportes de forma desigual pelo território nacio- Ocorrem investimentos em rodovias em regiões
nal. A concentração desses investimentos na porção que deveriam ocorrer os investimentos em hidrovias,
centro-sul e nas faixas litorâneas, que ocorria predo- como por exemplo a Rodovia Transamazônica, uma
minantemente, passa por uma pequena alteração a estrada que se encontra quase de forma paralela ao
partir da decisão do governo federal de transferir a Rio Amazonas, que é totalmente propício à navega-
capital para a região central do país e construir Brasí- ção. A partir dos anos 80, após a oficialização do Mer-
lia, levando investimentos a locais que até então não cosul, os demais membros do bloco, Paraguai, Uruguai
eram conectados com o restante do país. Nesse con- e Argentina, adotaram uma política de transportes de
texto, foram construídas as rodovias Belém-Brasília, mercadorias para uma maior integração do chama-
Cuiabá-Porto Velho, Transamazônica, dentre tantas do Cone Sul, os investimentos por parte do Governo
outras. Federal, mas ainda são insuficientes para dinamizar
Um aspecto negativo também a ser observado é o esse meio de transporte. As principais hidrovias do
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
fato de o Brasil possuir uma grande extensão territo- Brasil são a Tietê-Paraná, a do Rio São Francisco, e a
rial e o transporte modal rodoviário não ser o ideal hidrovia do Rio Amazonas.
para o transporte, principalmente de cargas, entre Os meios de transporte no Brasil necessitam de
grandes distâncias. O transporte rodoviário possui uma diversificação, além de investimentos que real-
um custo de manutenção maior, os combustíveis são mente atendam a demanda especifica daquele modal
mais caros, e a emissão de poluentes é maior (os auto- e da região em questão. O ideal seria promover a inte-
móveis funcionam com combustíveis que são deriva- gração entre diferentes meios de transporte a partir da
dos de petróleo). instalação de plataformas multimodais que permitem
Nos anos 90, em decorrência da política neoliberal uma dinâmica diferenciada em relação ao transporte
(menor participação do Estado na tomada de decisões de pessoas e cargas, o que proporcionaria a redução
em relação à economia) implantada no país, ocorreu da dependência do transporte rodoviário. Também
o processo de privatização das rodovias. seria interessante que ocorressem investimentos que
O transporte ferroviário em nosso país foi o modal promovessem a integração das porções Oeste e Nor-
predominante até as primeiras décadas do século XX, te do país, facilitando assim uma maior integração
já que esse modal estava ligado principalmente para com outros vizinhos a América do Sul e até um maior
estruturar o deslocamento de produtos e mercadorias escoamento de produtos pela orla do Oceano Pacífico,
relacionados à economia cafeeira, este é o motivo para ampliando as trocas comerciais, principalmente com
a consolidação deste meio de transporte na região nações asiáticas. 333
Voltando ao transporte ferroviário, um trem pode da estrutura fundiária no Brasil. Segundo dados da
ter uma carga que corresponde ao volume transporta- CNA (Conferência da Agricultura e Pecuária do Bra-
do por até 220 caminhões; um único vagão de metrô sil), a participação deste setor no PIB gira em torno
tem capacidade suficiente para transportar 250 pas- de 21,4%. As políticas econômicas para o agronegócio
sageiros, caso que seriam necessários 5 ônibus ou 50 vêm se intensificando e se consolidando nos últimos
carros. A capacidade de transporte é uma vantagem anos.
que os trilhos possuem em relação aos outros modais
de transporte, além de ser mais seguro, mais barato e
menos poluente. Os investimentos no setor são vistos
como alternativas mais prudentes para transformar EXERCÍCIOS COMENTADOS
os caminhos do país, transportando cargas pesadas e
também transportando pessoas nos grandes centros 1. (UNESP — 2020) Observe o mapa e responda:
urbanos e populacionais.
Nosso país está longe da realidade de nações euro-
peias. Por exemplo, as linhas de metrô em nosso país
totalizam 309 quilômetros em todas as cidades que
dispõem desse tipo de transporte, enquanto isso,
somente em Londres, são 402 quilômetros. Em rela-
ção ao transporte de cargas, cerca de 25% dos produ-
tos são escoados por vagões, enquanto na Rússia esse
percentual gira em torno de 88%.
A movimentação sobre trilhos no Brasil passou a
ser um pouco maior nos últimos anos; no ano de 2016,
o volume de cargas transportadas registrou o número
de 503 toneladas, um aumento de 29,3% em relação
ao número registrado em 2006 e quase o dobro do
volume de cargas nesse meio de transporte no ano de
1997. Dois produtos que são essenciais e importantes
para a economia do país, a soja e o minério de ferro,
foram os responsáveis para alavancar esses números.
Nos centros urbanos em diversas regiões, o trans-
porte sobre os trilhos vem ganhando importância.
O Brasil tem mais de 1.062 quilômetros para trens ,
metrôs e VLT’s (veículos leves sobre trilhos), esses
meios de transporte registraram um aumento em tor-
no de 37,4% na quantidade de passageiros na última
década, para atender a esta demanda de crescimen-
to, houve a ampliação de 6,7% na extensão de linhas A hinterlândia destacada no mapa corresponde:
operacionais, 10,3% no número de estações, 17,6% no
número de linhas. Por exemplo, o número de pessoas a) À área atendida pelo porto do Itaqui, cuja localização é
que se deslocam diariamente na região metropolitana estratégica em relação a rota Atlântico/Mediterrâneo/
de São Paulo por meio dos sistemas de metrô ferroviá- Canal de Suez.
rios representa cerca de 70,4% do volume nacional, b) Ao eixo concedido às frentes pioneiras, cuja ocupa-
que corresponde a 8,5 milhões de pessoas. ção territorial ocorreu devido ao deslocamento de
O transporte sobre trilhos é recomendado para posseiros.
deslocamento por longas distâncias, principalmente c) A uma área definida como Zona Franca, cuja produ-
transporte de cargas, o que resulta em economias, por ção industrial utiliza matéria-prima regional, devido às
exemplo, no valor de um frete, que é quase a metade isenções de impostos.
se comparado com o modal rodoviário, o que poderia d) À área estabelecida para a atividade extrativista, cuja
resultar também em uma redução do valor final do exploração ocorre em local protegido, devido aos
produto ao consumidor. riscos de contaminação.
As vantagens relacionadas às questões ambien- e) Ao eixo de expansão agrícola da bacia do São Francis-
tais também são relevantes, o transporte ferroviário co, cuja espacialização é limitada, devido aos gargalos
corresponde a um percentual de 25% do volume de logísticos.
cargas do país, e é responsável por apenas 2,2% das
emissões de gases poluentes emitidos pelo setor de A área em destaque no mapa é conhecida como
transportes. As ferrovias eletrificadas proporciona- “hinterlândia” e está localizada em uma região
riam uma redução desses percentuais de poluentes que abrange parte do Centro-Oeste, parte de Minas
emitidos ainda mais significativa, e os benefícios atin- Gerais e a maior parte da região MAPITOBA (Mara-
giriam uma gama maior de pessoas, pois onde passam nhão, Piauí, Tocantins e Bahia) é uma região com
os cabos elétricos, passam também os cabos de inter- forte potencial produtivo no setor agropecuário e
net e cabos de fibra óptica, democratizando assim mineração que são atividades que se destacam na
esses serviços em diversas regiões. nossa pauta de exportações. Nesta região, está loca-
O setor agrícola é altamente dependente do setor lizada uma extensa e importante malha ferroviária
de transportes, e caso ocorra a instalação de platafor- com destaque para as seguintes ferrovias – Estrada
mas multimodais, o setor cresceria ainda mais em vis- de Ferro Carajás, Ferrovia Transnordestina e Fer-
ta do potencial de produção agropecuário que o país rovia Norte-Sul — modais férreos que são impor-
334 tem, conforme registramos aqui no tópico Evolução tantes no escoamento da produção. Destaque para
um dos portos mais importantes no escoamento e
exportação de commodities que é o Porto de Itaqui,
localizado no Maranhão, as embarcações que saem
deste porto fazem a rota Oceano Atlântico > Mar
Mediterrâneo, passando pelo Canal de Suez (Egito)
em direção aos países compradores de commodities
localizados principalmente em países do Oriente
Médio. Resposta: Letra A.

2. (UECE — 2020) A respeito dos novos sistemas técni-


cos de comunicação e transporte de pessoas e mer-
cadorias, bem como das novas articulações em redes
urbanas no Brasil, e a atuação e importância das polí-
ticas de desenvolvimento territorial do Estado brasilei-
ro, é correto afirmar que:

a) A configuração geográfica das empresas em rede,


colocase como um empecilho à aplicabilidade das
novas tecnologias propositoras de mudanças organi-
zacionais da produção e do consumo, já que a forma
regionalizada clássica ainda é a melhor política de
desenvolvimento econômico estratégico no período
da mundialização financeira e do capital.
b) Em parte das duas últimas décadas, as políticas de
desenvolvimento do governo federal transformaram
os investimentos em infraestrutura de transporte,
comunicação e geração de energia em base para o a) Paranavaí (PR); Navegantes (SC); Porto Alegre (RS).
próprio dinamismo econômico do país. b) Paranaguá (PR); Itajaí (SC); Rio Grande (RS).
c) O Brasil tem dimensão continental onde se produzem e c) Paranaguá (PR): Tubarão (SC); Itaqui (RS).
circulam bens e informações em ritmo acelerado, moti- d) Tubarão (ES); Paranaguá (PR); Itajaí (RS).
vo pelo qual seus sistemas de transporte e comunicação e) Rio de Janeiro (RJ); Navegantes (SC); Rio Grande (RS).
estão entre os mais competitivos e eficientes do mundo.
d) A hierarquia ainda presente na rede urbana brasileira, Na região Sul do Brasil, estão presentes vários por-
com metrópoles que centralizam a gestão, as deci- tos muito importantes para a pauta de exportações
brasileiras. Localizado no Paraná, o porto de Para-
sões e os fluxos ocorrentes na rede urbana propõe
naguá ocupa um papel de destaque na dinâmica de
homogeneidade na presença do mercado e das insti-
escoamento de soja, bebidas e combustíveis.
tuições em todo o território brasileiro. Em Santa Catarina, o porto de Itajaí é responsável
pela exportação de soja, carnes (aves e suínos), pes-
O crescimento do PIB brasileiro foi significativo cado e produtos têxteis.
entre os anos de 2000 a 2013. No entanto, a partir E, no Rio Grande do Sul, está localizado em Rio
de 2014, o país passou a atravessar uma grave cri- Grande o porto mais próximo aos países do Merco-
se econômica, social e política. No período em que sul, que é responsável pelo escoamento de soja, car-
houve crescimento, foram retomados os investi- ne bovina, fumo, couro e calçados. Resposta: Letra
mentos em infraestrutura de energia e transportes, B.
assim como a expansão e a modernização da malha HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
A POPULAÇÃO BRASILEIRA: A SOCIEDADE
rodoviária, foram construídas novas ferrovias e os
NACIONAL, A NOVA DINÂMICA DEMOGRÁFICA, OS
investimentos para requalificar e modernizar os TRABALHADORES E O MERCADO DE TRABALHO,
aeroportos. A maior parte dos investimentos foram A QUESTÃO AGRÁRIA, POBREZA E EXCLUSÃO
por meio de PPPs (Parcerias Público-Privadas), for- SOCIAL E O ESPAÇO DAS CIDADES
ma muito comum nas políticas de investimento em
infraestrutura do país nos últimos anos. A crise eco- A geografia urbana tem como principal objetivo o
nômica provocou uma redução nos investimentos estudo do espaço geográfico das cidades, das metrópo-
por parte do governo que, desde então, está apos- les e das megalópoles. Esse estudo ocorre a partir da
tando nos investimentos oriundos do setor privado, observação da produção do espaço e das atividades
econômicas, políticas e sociais; também é responsável
inclusive realizando algumas com privatizações em
por realizar estudos acerca da origem, do crescimen-
vários setores estruturais. Resposta: Letra B.
to, desenvolvimento das cidades e das relações de
dependência e influência que uma cidade estabelece
3. (ESPM — 2019) A região abaixo conta com importan- com todas as outras que estão em seu entorno.
tes instalações portuárias para atender à dinâmica do Também são objetos de estudo da geografia urba-
comércio internacional brasileiro, destacando-se os na a dinâmica de crescimento da população das cida-
portos de: des, o processo de organização territorial dentro 335
das cidades, os variados processos de urbanização e suas principais características, os modos de produção
os papéis desempenhados pelas cidades para a ocor- que foram e são estabelecidos nelas e todo o processo
rência do fenômeno conhecido como êxodo rural. de relação que existe no meio urbano.
A geografia urbana trabalha em linhas diferentes Os outros assuntos desenvolvidos e estudados pela
da geografia rural, pois os objetos de estudo da segun- geografia urbana são:
da são a análise e a compreensão dos espaços rurais
e agrícolas que foram se transformando com o passar z O processo de urbanização que ocorre em uma
dos anos. cidade;
Mesmo separados fisicamente (em alguns casos, z Os problemas gerados pelo fato de as cidades cres-
não mais), o espaço urbano e o rural estão interliga- cerem de forma não organizada e não estrutu-
dos, e exercem processos de influência e dependência rada e quais as consequências geradas por esses
entre si. processos;
A geografia urbana tem vários conceitos que z A dinâmica de circulação de pessoas, os desafios
proporcionam o estudo e a compreensão do espaço para solucionar os problemas de mobilidade urba-
geográfico nas cidades, bem como seus processos de na, o fluxo e a logística no setor de transportes;
alteração e transformação. Dentre os principais con- z Os modelos e modos de produção que são repro-
ceitos dessa área de conhecimento, podemos destacar: duzidos nas cidades, bem como quais os tipos
de trabalho que são oferecidos em localidades
z Espaço ou meio urbano: Atividades, políticas específicas;
públicas e práticas sociais responsáveis pela for- z Como a população residente em determinado frag-
mação da paisagem de um determinado território; mento do espaço geográfico se relaciona com os
nesse espaço, encontramos habitações (em algu- espaços públicos e privados, e quais os modos de
mas cidades, organizadas e bem estruturadas e em vida ali estabelecidos;
outras, não), pontos de comércio e complexos de z A caracterização das cidades, como seus bairros e /
indústrias. No espaço urbano, a produção de ati- ou distritos são distribuídos;
vidades econômicas e toda a sua mega estrutura z Os problemas sociais enfrentados pelos habitan-
proporcionam hábitos que caracterizam o modo tes, em especial, a questão da desigualdade social e
de vida do ser humano; da concentração de renda;
z Cidade: O conceito de cidade não é tão complexo; z Como a dinâmica do êxodo rural contribuiu para
está ligado ao número de habitantes. Nos espaços o processo de surgimento e formação das favelas;
caracterizados como cidade, ocorre a produção de z Como ocorreu o processo de industrialização e o
variadas atividades econômicas. As cidades são estabelecimento de centros industriais;
divididas em cidades rurais e cidades urbanas; z Quais são os impactos gerados pelo processo de
entretanto, as cidades rurais podem se formar em industrialização nos centros urbanos, como se dá a
áreas com as caraterísticas do espaço urbano. De formação de ilhas de calor, a ocorrência de chuvas
acordo com os critérios do IBGE, são consideradas ácidas e o processo de inversão térmica.
cidades rurais todas as cidades com população
inferior a vinte mil habitantes; Nesse contexto, a geografia urbana tem extrema
z Metrópole: Normalmente, a metrópole é uma importância e nos ajuda a compreender o processo
capital de estado ou cidade com altas taxas de de produção do espaço urbano, as relações que ocor-
desenvolvimento. Promove impactos em várias rem entre os seres humanos com esse meio, o cresci-
cidades; as influências são nos campos social, polí- mento das grandes cidades e como elas influenciam
tico e econômico. As metrópoles são classificadas outras localidades e territorialidades, a partir da ótica
da seguinte maneira: geopolítica.
Também é possível entender, através da geografia
„ Metrópole Regional: Exerce influência em urbana, como os processos de organização das cida-
níveis e esferas locais; são de extrema impor- des e as políticas habitacionais deficitárias causam
tância para uma determinada região; problemas impulsionados pelo crescimento das popu-
„ Metrópole Nacional: Formada pelo conjunto lações de forma rápida e desorganizada.
de grandes cidades do país, impacta em diver-
sas localidades.
Importante!
z Macrorregião, Megalópoles e Conurbação: Com-
preende-se como macrorregião todos os munícipios
É importante que você saiba que, a partir desses
que estão localizados em seus limites territoriais e estudos, são possíveis a criação e o estabele-
que se influenciam de forma mútua. As megalópo- cimento de políticas públicas eficientes para a
les são formadas pelo conjunto de metrópoles inter- cidade reestruturar-se de forma organizada e
ligadas e próximas do ponto de vista geográfico. O planejada
processo de delimitação e demarcação das divisas
e limites fica quase impossível de ser determinado.
A conurbação é a junção entre dois ou mais muni-
cípios que se uniram devido ao rápido processo de
crescimento de ambos; não é possível identificar as
EXERCÍCIO COMENTADO
áreas de limites de cada um.
1. (FGV — 2020) O Brasil, em apenas cinquenta anos, entre
1960 e 2010, passou de 70,2 milhões para 191,7 milhões
Podemos destacar também outros objetos de estu-
de habitantes, e sua população urbana passou de 44%
do da geografia urbana, pois há correlação com outras
para 84%. O crescimento das cidades brasileiras ocorreu
336 áreas, como com a história das cidades, que estuda
de maneira desenfreada, sem que os investimentos em processo de instrumentalização (onde os seres huma-
infraestrutura acompanhassem a ocupação do solo. nos estão cada vez mais dependentes de máquinas e
Sobre os impactos do acelerado processo de urbaniza- outros insumos). As mudanças comportamentais são
ção, analise as afirmações a seguir: cada vez mais constantes e intensas, e uma dentre as
quais podemos destacar é o processo de urbanização
I. Os indicadores sociais, como a taxa de mortalidade e em que as cidades tornaram-se exemplos de qualida-
a expectativa de vida, apresentam uma evolução posi-
de de vida, de sucesso, de realizações profissionais e
tiva, graças à integração das pessoas e famílias à vida
pessoais, criando, assim, um estereótipo para explicar
urbana.
esse fenômeno de mudança social que pode ser cha-
II. Os indicadores urbanísticos que refletem as reais
condições de vida da população, como a mobilidade mado de modo de vida urbano.
urbana e o saneamento básico, mostram um espaço Uma das características deste modo de vida urba-
desigual e fragmentado. no está exatamente relacionada ao surgimento e
III. Os indicadores de empregabilidade, como o nível de a consolidação da sociedade de consumo, que cria
escolaridade e a renda per capita, revelam que as necessidades e seduz as pessoas com estratégias que
grandes cidades foram capazes de incorporar a força são cada vez mais fortes e intensas, baseadas em uma
de trabalho disponível. lógica do sistema socioeconômico vigente que é a lógi-
ca do consumo e da troca constante.
Está correto o que se afirma em: No Brasil, os ciclos econômicos acabaram por con-
tribuir com esse processo de mudanças, em especial
a) II, apenas. nas localidades próximas de onde estas atividades
b) I e II, apenas. econômicas estavam inseridas. Temos o exemplo da
c) I e III, apenas. cana-de-açúcar no Nordeste ou o ciclo da mineração
d) II e III, apenas. em Minas Gerais e em outras regiões do país. Nesse
e) I, II e III. contexto, também podemos destacar o ciclo do café
que se desenvolveu no Sudeste, em especial no estado
O item que está incorreto é o III, pois o processo de de São Paulo, e foi este ciclo econômico o responsável
urbanização brasileiro foi impulsionado pela indus- por uma intensa ruptura com padrões que já estavam
trialização no mesmo período em que ocorreu uma inseridos há muito tempo no cenário brasileiro.
grande expansão do setor terciário e um processo Uma das mudanças ocorridas foi o desenvolvimen-
acelerado de êxodo rural. Entretanto, esse proces- to da estrutura, em especial o setor de transportes, que
so foi marcado pela especulação imobiliária, forte necessitava ser ágil para promover o escoamento da
desigualdade social, falta de projetos e planejamen- produção: dessa forma, foram construídas rodovias,
to urbano e longos períodos com baixo crescimento ferrovias (principalmente) e portos. Um outro evento
econômico. Como consequências e aspectos negati- que podemos destacar foi a abolição da escravidão em
vos dessa situação, podemos citar as elevadas taxas
1888, que inseriu os ex-escravos, mesmo que de for-
de desemprego e o aumento constante do subem-
ma precária e excludente, nos cotidianos das cidades,
prego, principalmente nas regiões metropolitanas.
provocando assim a expansão e o alargamento dos
Resposta: Letra B.
espaços urbanos.
O crescimento populacional, dinâmica presente
O SÉCULO XX: URBANIZAÇÃO DA SOCIEDADE E
CULTURA DE MASSAS neste momento da história, também nos ajuda a com-
preender uma maior concentração de pessoas nas
A humanidade passou e vem passando por uma cidades. As populações aumentavam de forma signi-
série de mudanças e transformações ao longo dos ficativa, até por que a medicina não era tão avançada,
séculos, décadas e anos; nesse contexto, é importante e os métodos contraceptivos não eram amplamente
destacar o processo de mudanças que ocorreram no difundidos e conhecidos pelas populações, desta for-
século XX. Uma destas mudanças foi o processo de ma, as políticas de controle e planejamento familiar
urbanização, que havia se iniciado no século XVIII, e não faziam parte do cenário popular do nosso país.
durante o século XX ocorre a ampliação deste proces- O constante processo de mudanças nos modelos
so em escala mundial. de produção industrial ditava novos padrões que em
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
O processo de transição de uma sociedade rural pouco tempo seriam adotados por milhares e milhares
para uma sociedade urbana, foi acompanhado por de pessoas. Em relação às questões comerciais, o Bra-
mudanças comportamentais com a inserção de novos sil passou por importantes transformações no perío-
modelos, principalmente por conta do aumento da do pós 2ª Guerra Mundial, uma vez que vários grupos
velocidade e da intensidade em que esses novos hábi- industriais deslocaram-se para nosso território por
tos foram inseridos no cotidiano das pessoas em todo conta de uma política internacional conhecida como
o mundo. desconcentração industrial, aliada à políticas gover-
Porém, o processo de mudanças não foi marca- namentais da época, fatores que contribuíram para o
do somente por aspectos positivos, houve também processo de industrialização do nosso país.
o surgimento de problemas nas mais variadas esca- A indústria no Brasil proporcionou também um
las (regional, nacional e global), fazendo com que a processo de urbanização de forma rápida e acelerada,
humanidade se deparasse com alguns dilemas, com em especial a partir dos anos 60, e essas mudanças
problemas cada vez mais complexos e as soluções acabaram por alterar e influenciar também os hábi-
para estes problemas pareciam estar cada vez mais tos de consumo dos cidadãos brasileiros. A produ-
distantes. ção passa a ser diversificada, oferecendo assim aos
De um lado, temos o avanço nas questões relacio- consumidores uma maior quantidade de produtos e
nadas à tecnologia (cada vez mais avançada, com cres- mercadorias que atendiam aos mais variados gostos
cimento em ritmo cada vez mais acelerado), ocorre o e desejos. 337
A sociedade contemporânea é marcada por uma O fato de consumir ou não consumir nos torna
padronização de consumo dos indivíduos, inserindo visíveis e invisíveis em determinados espaços; a coisi-
ou excluindo pessoas, visto que nem todos tem as ficação das pessoas de acordo com seus potenciais de
mesmas condições e poder de compra. Consumir se consumo, a marginalização, a exclusão social, o julga-
torna uma máxima, é garantir a existência, enquanto mento por outros indivíduos, a partir desta perspecti-
não consumir é tornar-se invisível. va de poder de compra, contribui para a formação de
Essa mundialização do consumo torna-se mais novos pilares sociais.
intensa a partir do momento em que o fenômeno da A falta de consciência e a formação de indivíduos
globalização se consolida, mundializando a produção que são e estão cada vez mais vulneráveis e influen-
ciáveis, por toda a cadeia que sustenta a indústria do
industrial, e contribuindo para que a interação entre
consumo e do entretenimento, sem a capacidade de
as partes do processo, região produtora e região con-
provocar nas pessoas um pensamento reflexivo a par-
sumidora, seja cada vez mais intensa.
tir de suas ações, aceleram ainda mais o processo de
A propaganda e as estratégias de marketing alienação de uma sociedade.
são processos essenciais para a consolidação deste Como consequências deste processo, temos o
processo; neste mundo, a busca pela felicidade passa imediatismo, a busca incessante de valorizar o ter e
pelo consumismo, adquirir um determinado item, não o ser, por meio de um modelo de padronização e
estar em determinados locais e lugares, usar um item/ homogeneização tornam-se elementos cada vez mais
acessório de uma determinada marca, provocam essa visíveis no mundo contemporâneo. A sociedade do
pseudo sensação de felicidade. Este processo é intenso consumo se materializa a partir do incentivo a prá-
em adultos e nas crianças também, e é nessa faixa ticas cada vez mais individualizadas que são tratadas
etária (crianças), que ainda não possui uma percepção como algo comum do nosso dia a dia.
do que realmente é necessário ou não, que o modo
consumista age de forma agressiva, impulsionado ao
consumo, mas também excluindo aqueles que não
têm poder aquisitivo para se inserir nesse processo. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Como nem tudo são maravilhas, o modelo consu-
mista provoca danos ao meio ambiente e aos seres 1. (UFMS — 2019) “Uma tendência da música do século
humanos que estão se tornando cada vez mais irre- 20 foi a crescente influência de estilos afro-america-
versíveis; os problemas de ordem ambiental, em espe- nos. Do ragtime do início do século ao jazz dos afro-a-
cial por conta da geração de lixo, estão cada vez mais mericanos urbanos, passando pelo blues dos negros
latentes em nossa sociedade. pobres das áreas rurais do Sul, os estilos foram assi-
Os projetos que visam promover a conscientização milados pelos artistas brancos. Nos anos 50, músicos
em relação aos hábitos de consumo realizam um tra- negros e brancos se misturaram no rock and roll, quan-
balho que a curto e médio prazo não fizeram muito do Elvis Presley destruiu a ideia de que os cantores
efeito. deveriam cantar em posição estática; e Little Richard
As políticas de consumo responsável ou susten- tocava para plateias não segregadas.
tável, cujo modelo busca a redução dos impactos Na Grã-Bretanha, a cultura teen se tornou muito
socioambientais e uma mudança e maior comprome- influente nos “Swinging Sixties” (“Descolados Anos
timento dos setores de desenvolvimento e produção, Sessenta”, em tradução livre), quando bandas como
enfrentam a dificuldade de toda uma cadeia produti- The Beatles, The Rolling Stones e The Who irromperam
va que não está preparada para esta mudança. no mercado americano e se tornaram mundialmente
O processo de obsolescência programada (os pro- famosas. A música pop, então, começou a se subdivi-
dutos têm um prazo de validade, durabilidade) inseri- dir em uma série de gêneros, entre eles o punk rock e
do no contexto social dificulta ainda mais a questão de o hip-hop.
promover hábitos de consumo que sejam conscientes. Além de ter ensejado o crescimento da chamada cultu-
O capitalismo selvagem, no qual o mercado con- ra jovem, a década de 1960 foi um período de rápidas
sumidor é visto como uma importante ferramenta, mudanças sociais. Uma nova onda de feminismo foi
em alguns casos devastadora, promove o processo complementada com a introdução da pílula anticon-
de desumanização das relações, formulando assim cepcional, que proporcionou às mulheres mais liberda-
visões deturpadas do mundo, influenciando e as vezes de que nunca. Ao mesmo tempo, os jovens do mundo
até formando cidadãos sem condições de fazer uma ocidental exploravam modos de vida alternativos, no
análise crítica em relação ao mundo. Os cidadãos que foi chamado de contracultura. Os hippies encam-
estão tão imersos nessa bolha social relacionada ao param drogas psicoativas e artes “étnicas”, sobretudo
consumismo que não conseguem enxergar “fora da na joalheria e no vestuário, de países africanos e asiá-
caixa” e reparar a quantidade de malefícios que este ticos. E, pela primeira vez, o ateísmo e o secularismo
processo causa a toda a humanidade. passaram a ser lugar-comum no Ocidente. No entan-
Ocorre a mercantilização de sentimentos e ações to, apesar da tendência ao secularismo e ao realismo,
(como o humor, o lazer, as relações interpessoais, os best-sellers literários do século XX foram livros de
a felicidade), e os cidadãos passam a cruzar a linha fantasia: O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien (publi-
tênue entre o ser e o ter. cado em 1954, vendeu mais de 150 milhões de exem-
O conceito de indústria cultural, corrente de pen- plares), e Harry Potter e a Pedra Filosofal (o 1º volume
samento elaborada pela Escola de Frankfurt, criada da série), de J. K. Rowling (publicado em 1997 e tra-
pelos filósofos e sociólogos alemães Theodor Adorno
duzido para mais de 65 idiomas, vendeu mais de 120
(1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), classifica
milhões).”
a sociedade do consumo e suas vertentes como enga-
no em massa, no qual o processo de dominação do (CHALTON, Nicola; MACARDLE, Meredith. A história do século 20
capitalismo deixa os galpões das fábricas em todo o para quem tem pressa. Tradução Paulo Afonso. Rio de Janeiro:
338 mundo e alcança a mente e o corpo das pessoas. Valentina, 2017. p. 118-119).
Considerando o texto apresentado nesse enunciado e O texto destaca com ênfase o processo de influên-
seus conhecimentos sobre o desenvolvimento socio- cias que o sistema capitalista se estrutura através
cultural do mundo durante o século XX, é correto afir- de uma classe social mais urbana na dinâmica.
mar que: Esse fato fica mais evidente quando ocorrem movi-
mentos de grande mobilização, como, por exemplo,
a) O século XX foi marcado pela luta pela liberdade, princi- greves, manifestações e outros movimentos sociais
palmente em países colonizados pelos Estados Unidos que contestam a lógica do sistema socioeconômico
e pela Inglaterra, que buscavam nas raízes africanas e vigente. Resposta: Letra E.
asiáticas um elemento libertador dos enlaces criados
com a exploração colonial de séculos anteriores.
POLÍTICAS TERRITORIAIS E REGIONAIS: A
b) A Segunda Guerra Mundial, que colocou em lados
AMAZÔNIA, O NORDESTE, O MERCOSUL E A
opostos os Estados Unidos e a antiga União Soviética,
AMÉRICA DO SUL
fez com que o mundo se dividisse e, durante a Guerra
Fria, os valores da liberdade capitalista estadunidense
se destacassem no mundo ocidental, especialmente A Amazônia
nos chamados países de terceiro mundo.
c) Os resultados das transformações culturais e sociais do A região da Amazônia é palco de disputa desde o
século XX nos países ocidentais devem ser creditados período colonial e, a princípio, esta região, de acordo
à globalização que, após a Segunda Guerra Mundial e com o Tratado de Tordesilhas, pertenceria aos espa-
durante a Guerra Fria, tiveram como matrizes culturais nhóis. Porém, gradativamente, começaram a promo-
os Estado Unidos e a Inglaterra, influenciando os paí- ver expedições que impediram a invasão de ingleses
ses menos desenvolvidos economicamente, difundindo por exemplo, como também iniciaram o processo de
seus valores éticos, científicos, sociais e econômicos. ocupação e de exploração de frutos como cacau e cas-
d) Os Estados Unidos e a Inglaterra foram, decisivamen- tanha, que possuíam alto valor comercial.
te, os pilares que direcionaram a luta dos países de A partir da assinatura do Tratado de Madri em
terceiro mundo em busca de sua autonomia, pois, 1750, ficou definido que aqueles que ocupassem as
associado ao desenvolvimento econômico, esses paí- terras seriam considerados como proprietários e
ses marginais no sistema capitalista tiveram condi- teriam direito à posse da mesma, baseado no princí-
ções de desenvolver sua identidade, fundamentando pio da Uti Possidetis. Nos anos seguintes, em especial
sua luta em suas raízes étnicas e culturais. a partir do fim do século XIX e com o desenvolvimen-
e) Os movimentos sociais denominados como contracul- to do ciclo da borracha, a ocupação para a extração
tura tiveram grande aceitação em países como Esta- de látex só aumentava, em especial de nordestinos, o
dos Unidos e Inglaterra, pois contestavam os sistemas número chegou a superar a marca de 300 mil traba-
econômico e político vigentes, apresentando alternati- lhadores que se dirigiam para os seringais.
vas junto aos países menos desenvolvidos e direcio- Já no século XX, temos o início de uma política de
nando as políticas públicas dos países dominantes ocupação e integração do território nacional promovi-
durante a chamada Guerra Fria. da pelo presidente Getúlio Vargas, denominada Mar-
cha para o Oeste.
O século XX foi marcado pelas complexidades e con- No período do regime militar, foi criada a supe-
tradições culturais que se manifestaram através da rintendência que tinha como objetivo promover o
existência de movimentos sociais como por exemplo processo de ocupação da região da Amazônia, que foi
o movimento de contracultura (ocorrido nos anos denominada como Superintendência para Desenvol-
60) e através de processos mais intensos de influên- vimento da Amazônia (SUDAM), que além de promo-
cia e interferência cultural que foram produzidos ver políticas de ocupação territorial, tinha o intuito
pelos países considerados como centrais dentro do de promover uma desindustrialização ou descentra-
sistema capitalista (como os Estados Unidos e os lização industrial para amenizar e diminuir as desi-
países da Europa Ocidental). Este processo foi inten-
gualdades entre as regiões. Um exemplo desta política
so entre os anos de 1945 e 1991, durante a ocorrên-
de desenvolvimento foi a implantação de um proje-
cia da Guerra Fria — que colocava em embate os
to industrial no meio da floresta Amazônica, o polo
sistemas capitalista e socialista. Resposta: Letra C.
industrial da Zona Franca de Manaus. Além de pro-
mover o processo de ocupação com o slogan “Integrar
2. (ENEM — 2017) A cidade não é apenas reprodução da
para não entregar”, os militares investiram também
força de trabalho. Ela é um produto ou, em outras pala-
na construção e aberturas de rodovias: destaca-se a HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
vras, também um grande negócio, especialmente para
Rodovia Transamazônica, além de outras várias obras
os capitais que embolsam, com sua produção e explo-
de infraestrutura na região.
ração, lucros, juros e rendas. Há uma disputa básica,
como um pano de fundo, entre aqueles que querem Também é importante destacarmos a área conhe-
dela melhores condições de vida e aqueles que visam cida como Amazônia Legal, que equivale a uma área
apenas extrair ganhos. superior a 5.217.423 km² e corresponde a 61% do ter-
ritório nacional, abrangendo também a totalidade de
MARICATO, E. É a questão urbana, estúpido! In: MARICATO, E. et al. nove estados da federação.
Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as Um outro fator importante na tentativa de integrar
ruas do Brasil.São Paulo: Boitempo; Carta Maior, 2013. o país e diminuir as desigualdades existentes foi o pro-
cesso de expansão da fronteira agrícola para a região
O texto problematiza o seguinte aspecto referente ao Centro-Oeste e para a porção sul da Amazônia, assim
ordenamento das cidades: como a expansão da fronteira pecuária também, den-
tro de um contexto do processo de globalização da
a) A instituição do planejamento participativo. agricultura. Um setor que também passou por um pro-
b) A valorização dos interesses coletivos. cesso de desenvolvimento intenso, principalmente na
c) O fortalecimento da esfera estatal. região Amazônica, foi o setor de extração de reservas
d) A expansão dos serviços públicos. minerais, com destaque para a extração de minério de
e) O domínio da perspectiva mercadológica. ferro no estado do Pará (Serra dos Carajás). 339
É importante destacar atividades que foram desen-
EXERCÍCIO COMENTADO volvidas de forma paralela, porém de forma simultâ-
nea, como por exemplo a pecuária, que teve um papel
1. (ESA — 2020) O planejamento regional da Amazônia extremamente importante no processo de interioriza-
foi deflagrado em 1953 com a criação da Superinten- ção do nosso país.
dência do Plano de Valorização Econômica da Ama- A região Nordeste durante muitos anos esteve
zônia (SPVEA), cujo objetivo era coordenar planos marginalizada em relação à estrutura produtiva do
federais para a região, dividindo-a em regiões de pla- país, e o quadro se agravava ainda mais por conta da
nejamento, Oriental e Ocidental, com suas respectivas questão da seca.
áreas de influência e composição. Assinale a alternati- Nos últimos anos, a região voltou a fazer parte da
va que apresenta os estados brasileiros que compõem política de desenvolvimento nacional com a instala-
a Amazônia Oriental. ção de vários parques industriais, em especial na Bah-
ia e em Pernambuco, locais que passaram a figurar
a) Mato Grosso do Sul, Acre e Pará. novamente como área atrativa para a nova expansão
b) Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. da fronteira agrícola, com destaque para o MATOPI-
c) Acre, Rondônia e Mato Grosso. BA: uma área de confluência entre os estados do
d) Maranhão, Pará, Amapá e Tocantins. Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, com grande des-
e) mazonas, Roraima e Piauí. taque na produção de grãos, em especial a soja.
Um destaque importante para a região foi a obra
A questão aborda uma regionalização da Amazônia de transposição do Rio São Francisco como tentativa
que é dividida em duas porções territoriais — Oriental e de amenizar o problema que aflige milhares de cida-
Ocidental; a região conhecida como Amazônia Oriental dãos do agreste nordestino.
abrange os seguintes estados: Pará, Amapá, Tocantins
e Maranhão, além do estado do Mato Grosso que não
foi mencionado na alternativa. Resposta: Letra D.
EXERCÍCIO COMENTADO
O Nordeste
1. (VPNE – 2020) A região de fronteira agrícola conhe-
O primeiro ciclo econômico colonial foi o pau-bra- cida como MATOPIBA tem como características de
sil, presente na região da Mata Atlântica. A seiva era produção:
usada no processo de tingimento de tecidos e a madei-
ra era utilizada na produção de móveis. Este modelo a) mão de obra abundante, agricultura extensiva, ausên-
de exploração durou até por volta de 1555, quando cia de conflitos.
começa a ocorrer uma escassez de matéria prima e a b) mecanização, produção intensiva, terras amplas e
elevação do custo, fato que diminuiu o interesse dos baratas.
colonizadores por este tipo de comércio. c) produtividade em baixa, agricultura itinerante, alto pre-
A partir de 1530, um novo ciclo econômico teve início: ço do solo.
a produção açucareira, com grande destaque nos séculos d) solos favoráveis, agricultura mecanizada, predominân-
XVI e XVII, na região conhecida como Zona da Mata nor- cia de minifúndios.
destina, onde há a presença do solo tipo massapé, muito e) ausência de mão de obra, agricultura orgânica, uso de
ricos em nutrientes, a cana-de-açúcar era um produto biotecnologia.
extremamente importante nessa época e sua produção
era voltada exclusivamente para o mercado europeu. A “última fronteira agrícola do Brasil”, conhecida
Neste período, devido à demanda de crescimento como MATOPIBA, tem como principais característi-
populacional, teve início uma diversificação da pro- cas a alta na produção de grãos e também a elevada
dução para atender a demanda de consumo do merca- produção pecuária, atividades que são praticadas
do interno, porém, nada que substituísse totalmente na região de forma altamente mecanizadas e de
os grandes produtos da economia brasileira. Nestes intensiva. A produção vem aumentando na região,
espaços secundários que aqui se formaram, podemos principalmente com a migração de produtores
destacar a produção de tabaco, algodão e cacau, em vindos da região sul do Brasil, que encontram no
especial nas regiões do Recôncavo Baiano, Sertão Nor- MATOPIBA boas condições de cultivo e solos muito
destino e sul da Bahia. baratos. Resposta: Letra B.
A estrutura produtiva era moldada de acordo com
as necessidades: nas grandes propriedades, existia O Mercosul e a América do Sul
um complexo de produção constituído por engenho,
casa grande, senzala e áreas destinadas para a pecuá- O Mercosul (Mercado Comum do Sul), que foi ofi-
ria, enquanto nas pequenas e médias propriedades cializado no início dos anos 90 por meio da assinatura
o modelo dominante era a subsistência, que visava do Tratado de Assunção, em 1991, tinha como princi-
atender aos interesses de pequenos grupos que habi- pais objetivos a promoção da dinamização da econo-
tavam as imediações das macroestruturas produtivas. mia regional, movimentando entre os seus membros:
A sociedade era patriarcal e escravagista, sendo mercadorias, pessoas, força de trabalho e capitais.
que o senhor de engenho tinha grande influência na Além disso, estava previsto no documento assina-
vida política e na economia. do pelos membros signatários (fundadores) Brasil,
A concorrência da cana-de-açúcar produzida nas Argentina, Paraguai e Uruguai a livre circulação de
Antilhas contribuiu para a decadência deste ciclo eco- bens, serviços e fatores produtivos. Porém, por conta
nômico, fazendo com que a região da Zona da Mata da desigualdade entre os seus membros, em 1995, por
entrasse em processo de marginalização dentro da meio da assinatura do Protocolo de Ouro Preto, o blo-
estrutura econômica brasileira, principalmente após a co foi transformado em uma união aduaneira com a
340 transferência da força produtiva para a região Sudeste. fixação de uma tarifa externa comum (TEC).
Dica Sudeste, uma vez que se passou a empregar, nessa
área, exclusivamente, o trabalho de mineiros livres, ou
União Aduaneira é uma classificação de bloco seja, de imigrantes portugueses.
econômico que conta com uma tarifa externa
d) Um dos efeitos da mineração foi o surgimento de uma
comum (TEC), e pela livre circulação de merca-
larga rede urbana nas zonas das minas e o crescimen-
dorias que são oriundas dos países associados
to do tamanho e de importância de São Salvador, porto
ou membros.
de abastecimento das minas, de saída do ouro e capi-
tal colonial, até a chegada da Corte portuguesa, em
Os anos 2000 foram muito desafiadores para o
Mercosul, em especial pelo distanciamento do Brasil, 1808.
principal economia da região, por conta do golpe de e) No século XVII, o Sudeste do Brasil se transformou em
estado no Paraguai e a consequente suspensão do país região típica de plantations açucareiras, que se assen-
do bloco, assim como a situação crítica da Venezuela, tavam, sobretudo, no trabalho de escravos africanos
que fez com que o país presidido por Nicolás Madu- comprados aos holandeses que dominavam a região
ro fosse suspenso do bloco em dezembro de 2016, por Nordeste.
ruptura da ordem democrática e descumprimento das
normas do bloco. 2. (DECEX — 2019) Na América portuguesa, em conse-
Atualmente, o bloco enfrenta dificuldades para a
quência da ofensiva francesa e do declínio do trato
assinatura de acordos, em especial com a União Euro-
peia, por conta da política ambiental do seu principal asiático, foram tomadas em 1534 medidas para o
membro, o Brasil. povoamento e a valorização do território.
Dentre as outras formas de integração na Améri-
ca do Sul, podemos destacar a União das Nações do (ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes:
Sul (UNASUL), fundada em 2008 por meio do Trata- formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras,
2000, p. 20).
do Constitutivo da UNASUL, assinado em Brasília, em
que ficou decidido que a sede seria em Quito no Equa-
dor, o Parlamento sul-americano em Cochabamba na As medidas mencionadas na afirmativa acima refe-
Bolívia, e a sede do seu banco em Caracas na Venezue- rem-se aos sistemas de administração que Portugal
la. O bloco, além de caráter político, tinha também o empregou no Brasil no século XVI. Em ordem cronoló-
objetivo de se tornar uma organização multissetorial gica, a partir de 1534, tais sistemas foram
com a junção de duas uniões aduaneiras: Mercosul e
Comunidade Andina de Nações. Com as mudanças nas a) Feitorias e Governo Geral.
políticas de seus membros, em março de 2019 o blo- b) Capitanias Hereditárias e Governo Geral.
co passou a se chamar Prosul, Foro para o Progresso
c) Governo Geral e Feitorias.
da América do Sul, e, diferente da UNASUL, que tinha
líderes de esquerda, a Prosul tem em seus represen- d) Governo Geral e Capitanias Hereditárias.
tantes líderes de direita que ascenderem ao poder no e) Feitorias e Capitanias Hereditárias.
continente nos últimos.
Para finalizarmos, devemos dar destaque para as 3. (DECEX — 2019) A respeito da ocupação territorial da
propostas de integração na América do Sul, como o IIRSA, Capitania de São Vicente e do contato dos portugue-
que foi criado em 2000 em Brasília como Iniciativa para ses com os nativos, analise as afirmativas a seguir:
a Integração da Infraestrutura Regional Sulamericana,
com o objetivo de interligar e desenvolver a infraestru- I. Ao chegarem a São Vicente, os primeiros portugueses,
tura que interligasse fisicamente os seus membros entre
reconhecendo de imediato a importância fundamental
as principais regiões econômicas do subcontinente ame-
da guerra nas relações intertribais, procuraram tirar
ricano; e a finalidade era diminuir os custos do setor
de transportes e aumentar o fluxo de mercadorias e as proveito delas para efetivarem a ocupação da terra.
exportações intrarregional e extrarregional. II. Considerando o estado de unidade política que impe-
rava no Brasil indígena, as perspectivas de conquista,
dominação e exploração passariam por alianças for-
jadas por rivalidades que não havia entre os nativos,
HORA DE PRATICAR! o que levaria ao rompimento de sua unidade e, conse-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
quentemente, à sua total aniquilação.
1. (DECEX — 2019) Durante o período colonial brasileiro, as III. Aos olhos dos invasores, a presença de um número
atividades econômicas que mais se destacaram foram considerável de prisioneiros de guerra prometia um
a agromanufatura açucareira e a mineração. A respeito possível mecanismo de suprimento de mão de obra
dessas atividades, assinale a afirmativa correta. cativa para os eventuais empreendimentos coloniais.
IV. Os índios percebiam vantagens imediatas na forma-
a) Na zona açucareira, os escravos urbanos gozavam de
ção de alianças com os europeus, particularmente nas
maior liberdade do que na zona mineira, uma vez que
ações bélicas conduzidas contra os inimigos mortais.
podiam ser artesãos, vendedores, carregadores, escra-
vos do ganho ou escravos de aluguel para tarefas diver-
sas, atividades incompatíveis com as da mineração. Assinale:
b) A procura pela mão de obra negra africana nos enge-
nhos contradiz a tese que afirma ser o tráfico negreiro a) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas.
o gerador da escravidão de africanos, ou seja, que a b) se apenas as afirmativas II, III e IV estiverem corretas.
oferta teria precedido a procura. c) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas.
c) Com a expansão da mineração, deu-se, nesse período, d) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.
uma drástica redução da escravidão negra na região e) se todas as afirmativas estiverem corretas. 341
4. (DECEX — 2019) Duas linhas de interpretação surgi- IV. A Inconfidência Mineira, que tinha propostas iguali-
ram já nos primeiros anos: a dos vencedores e a dos tárias, contava com a possibilidade de um levante de
vencidos, a dos republicanos e a dos monarquistas, escravos, já que o número de homens pretos, livres e
aos quais vieram juntar-se com o tempo alguns repu- escravos superava em muito o dos brancos; por isso,
blicanos que, desiludidos com a experiência, aumen- contava com a composição de um exército popular.
taram o rol dos descontentes, exaltando as glórias do V. Os líderes da Conjuração Baiana, membros das elites
Império e ressaltando os vícios do regime republicano. agrárias, não permitiram que setores populares se
integrassem ao movimento, limitando seus ideais aos
(COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos aspectos emancipacionistas.
decisivos. — 6.ed. — São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999,
p. 387). Assinale:

O texto acima refere-se ao contexto da Proclamação a) se apenas as afirmativas I, III e V estiverem corretas.
da República no Brasil e, nele, a autora faz menção aos b) se apenas as afirmativas II e IV estiverem corretas.
diversos argumentos republicanos de então. A esse c) se apenas as afirmativas III, IV e V estiverem corretas.
respeito, assinale a afirmativa incorreta. d) se apenas as afirmativas I, II, IV e V estiverem corretas.
e) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas.
a) Os republicanos procuravam atenuar os males do
Império afirmando que advinham menos do imperador 6. (DECEX — 2019) Durante o Período Regencial, ocor-
e muito mais da estrutura monárquica montada que o reram reformas que ficaram conhecidas como uma
levou a ser, ao mesmo tempo, o seu maior represen- “experiência republicana”, mas que acabaram por
tante e também a sua maior vítima. desatar forças até então contidas pelo unitarismo
b) Os republicanos traziam à tona as revoluções e pro- imperial. Por quase todo o período eclodiram revoltas
nunciamentos a partir da Inconfidência Mineira, afir- populares que procuraram alterar a ordem política e
social estabelecida.
mando que a República sempre fora uma aspiração
nacional e que a Monarquia era uma anomalia na
A respeito dessas revoltas, iniciadas, exclusivamente,
América, repleta de repúblicas.
no Período Regencial, é correto afirmar que:
c) Criticando a centralização excessiva do governo
monárquico e a fraude eleitoral que possibilitava ao
a) a Cabanagem, revolta ocorrida no Pará, reuniu índios,
governo vencer sempre as eleições, consideravam a
escravos e pobres insatisfeitos com a retirada da auto-
República a solução natural para os problemas, sendo nomia popular existente na região pelas assembleias
efetivada por um grupo de homens idealistas e corajo- gerais provinciais, criadas pelo Ato Adicional à Consti-
sos que conseguiram integrar o país às tendências do tuição de 1834.
período. b) a Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, ini-
d) As arbitrariedades, os abusos do Poder Moderador, a ciada no Rio Grande do Sul, sem a participação das
manutenção da escravidão, a má gestão financeira e elites, foi motivada pelo sentimento republicano e
as guerras externas foram usadas como fatores da igualitário dos setores populares, insatisfeitos com a
progressiva impopularidade da monarquia. criação da Guarda Nacional, em 1831, da qual foram
e) Alguns republicanos afirmavam que a democracia impedidos de participar.
no Brasil tivera origens étnicas no povoamento, e a c) a Sabinada, desencadeada na Bahia entre 1837 e
Proclamação da República fora fruto da constituição 1838, foi uma revolta republicana liderada por Fran-
etnográfica, da transição para um regime de trabalho cisco Sabino, que pretendia unir as forças populares
agrícola e industrial, da propaganda republicana, da ao levante dos maleses, negros islamizados, que se
corrupção política e da deficiente administração do revoltavam desde 1834.
Império. d) a Balaiada, ocorrida no Maranhão e no Piauí, reuniu
setores populares, como camponeses, vaqueiros e
5. (DECEX — 2019) As críticas feitas na Europa pelo pen- escravos, liderados pelo fabricante de cestos Manuel
Francisco e o negro Cosme Bento.
samento ilustrado ao absolutismo assumiram no Bra-
e) a Rebelião Praieira, que eclodiu em Pernambuco entre
sil o sentido de críticas ao sistema colonial. No Brasil,
1848 e 1849, foi um movimento de cunho nitidamente
Ilustração foi, antes de mais nada, anticolonialismo.
social, com forte sentimento antilusitano, tendo sido
assim denominada devido ao fato de a sede do núcleo
(COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos
decisivos. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999, p. 26).
revoltoso se situar na rua da Praia.

O texto acima faz alusão aos movimentos anticolo- 7. (DECEX — 2019) Durante a República Velha, o presi-
dente Campos Sales criou as bases para a implan-
niais de fins do século XIX. A respeito do contexto his-
tação de um tipo de política que predominou do seu
tórico daquele período, analise as afirmativas a seguir:
governo à Revolução de 1930: a Política dos Governa-
dores. Tal política consistiu em:
I. Criticar a realeza e o poder absoluto dos reis significa-
va lutar pela emancipação dos laços coloniais. a) uma troca de favores entre os executivos federal e
II. Os estudantes que viajavam para o exterior, comple- estaduais no sentido de garantir a permanência no
tando seus estudos em Portugal ou na França, volta- poder dos mesmos grupos oligárquicos que se apoia-
vam imbuídos das novas ideias e se tornavam seus vam mutuamente.
principais propagandistas. b) uma política de intervenções nos estados que não
III. Nem as prisões, nem os exílios, nem os enforcamen- apoiassem a proposta de governo federal, baseada
tos foram capazes de deter a marcha do processo. na manutenção do poder concentrado nas mãos dos
Em vão a censura intentava impedir a divulgação das militares, no combate à corrupção e na diminuição da
342 ideias nocivas à ordem vigente. desigualdade social.
c) uma alternância das oligarquias paulista e mineira ( ) A produção industrial cresceu fortemente e aprofun-
no poder federal; por isso mesmo, ela também ficou dou o processo de nacionalização das empresas.
conhecida como política do café com leite. ( ) Houve expressivo crescimento da dívida e dependên-
d) um acordo entre as oligarquias cafeeiras e o gover- cia do financiamento externo.
no federal no sentido de se assegurar a intervenção
estatal na cafeicultura brasileira, de modo a promover a) V—V—F
a elevação dos preços do produto e, assim, assegurar b) V—F—V
os lucros dos cafeicultores. c) F—V—V
e) um pacto político feito entre Minas Gerais, Rio Grande d) V—F—V
do Sul e Paraíba, apoiando a candidatura de políticos e) F—F—V
desses estados à presidência da República até as elei-
ções de 1930. 12. (DECEX — 2016) Um programa conjunto dos governos
de 12 países da América do Sul que visa promover a
8. (DECEX — 2019) A eleição presidencial brasileira de integração física entre eles, por meio da modernização
1985 foi a última ocorrida de forma indireta, por meio da infraestrutura de transporte, telecomunicações,
ampliando a área de atuação do Mercosul, é conheci-
de um colégio eleitoral, sob a égide da Constituição de
do pela sigla:
1967. Nesse pleito, a vitória coube à Aliança Democrá-
tica, que, em síntese, foi:
a) IIRSA
b) ALCA
a) um pacto político, firmado por Tancredo Neves e Aure-
c) OTAN
liano Chaves, vice-presidente do país, no sentido de se d) IBGE
garantir, na disputa à presidência, apoio e votos para o e) ALADI
primeiro em troca de participação do segundo no futu-
ro governo. 13. (DECEX — 2019) A respeito da industrialização brasi-
b) um acordo entre os partidos da oposição moderada leira, é correto afirmar que:
para impedir que os partidos da esquerda lançassem
candidatos às eleições. a) a região Nordeste foi beneficiada pelo processo de
c) uma aliança política entre o PDS, partido do governo, e descentralização industrial, originada pelo afrouxa-
os partidos de oposição para assegurar que o regime mento das reinvindicações sindicais nessa região.
militar não fosse alvo de qualquer investigação. b) a concentração industrial na região Centro-Sul do país
d) uma aliança dos partidos de oposição contra o se deu principalmente pela acumulação de capitais
“Acordo de Minas” — pacto político que garantiria a propiciada pela cafeicultura, pela substituição do tra-
supremacia de Minas Gerais no novo cenário que se balho escravo por assalariado e pelo crescimento do
desenhava. mercado consumidor interno.
e) uma aliança feita entre o PMDB, principal partido da c) um fator importante no processo de descentralização
oposição, e a Frente Liberal, grupo formado por dis- industrial no país é a guerra fiscal, que consiste em um
sidentes do partido do governo, o PDS, em torno da certo tipo de competição entre as indústrias para se
candidatura da chapa Tancredo Neves/José Sarney. instalarem em determinada região, visando garantir o
acesso a recursos específicos e à venda para mercados
9. (DECEX — 2016) A Revolta dos Malês foi um movi- consumidores maiores ou com maior poder aquisitivo.
mento de escravos africanos, muitos dos quais eram d) a lavoura cafeeira paulista foi fundamental para a acu-
muçulmanos, ocorrido em 1835 na seguinte província: mulação de capitais do Estado e futuro investimento
industrial, principalmente por não ter empregado tra-
a) Maranhão. balho escravo e, assim, por desenvolver rapidamente
o maior mercado consumidor do país.
b) Grão-Pará.
e) a indústria brasileira teve início com a produção
c) Bahia.
de bens de consumo não duráveis, como automó-
d) Pernambuco.
vel, máquina de lavar roupas, televisão, entre outros
e) Minas Gerais.
equipamentos.
10. (DECEX — 2016) O Primeiro Governo Geral do Brasil foi 14. (DECEX — 2019) Leia a reportagem a seguir: HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
instalado em:
Espera por viagens de trem completa 20 anos com
a) São Luís. linha e estações destruídas
b) Fortaleza.
c) Olinda. [...] A atual administração do Distrito Federal fala na
d) Salvador. retomada do transporte de passageiro sobre trilhos.
e) Rio de Janeiro. A ideia é atender principalmente aos moradores de
cidades vizinhas da capital, ligando a Rodoferroviária
11. (DECEX — 2016) Analise as afirmativas sobre a inser- a Valparaíso (GO), onde sequer há terminal.
ção da economia brasileira no capitalismo mono-
polista dos pós II Guerra Mundial, colocando entre A promessa era colocar o trem para rodar em cará-
parênteses a letra V, quando se tratar de afirmativa ter experimental em março, com apoio financeiro do
verdadeira, e a letra F, quando se tratar de afirmativa governo federal. Mês passado, alegando não ter a
falsa. A seguir, assinale a alternativa que apresenta a verba da União, o governo do DF mudou a data para
sequência correta. o “começo de 2020”. No entanto, não há locomotiva,
vagão nem prédio para receber passageiros. Tampou-
( ) A dívida externa foi severamente reduzida e a econo- co, funcionários para operar as locomotivas. Os trilhos
mia nacional teve picos de crescimento. precisam ser restaurados. 343
O projeto do governo de Ibaneis Rocha (MDB) é mais 15. (DECEX — 2019) A respeito dos recursos energéticos e
comedido que o apresentado, em junho de 2013, pelo a produção de energia no Brasil, assinale a afirmativa
governo federal e os então governadores do DF, Joaquim correta.
Roriz (MDB), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Eles
anunciaram a retomada do transporte de passageiros a) Sempre a energia hidráulica foi dominante, uma vez
entre Brasília e Luziânia (GO). Colocariam as composi- que o Brasil é um dos países mais ricos do mundo em
ções para rodar sobre o trecho entre as estações Ber- recursos hídricos. Entretanto, cerca de 190.000 MW de
nardo Sayão, no Núcleo Bandeirante, e Jardim Ingá, potência hidráulica ainda não são usadas, principal-
bairro populoso de Luziânia. Tudo ficou em promes- mente na região Centro-Oeste, a qual poderia abaste-
sas, ampliadas por Roriz e Perillo, anos depois, para cer por proximidade os grandes centros consumidores
um trem de alta velocidade entre Brasília e Goiânia. do Sudeste.
b) O emprego da lenha no Brasil tem caído consideravel-
Antes de elaborar o projeto, comitivas de Goiás e do mente, mesmo pela dificuldade do manuseio dessa
GDF visitaram cidades da Itália, França e Alemanha fonte de energia e pela praticidade, redução de custos
para conhecer sistemas ferroviários e negociar com e aumento da distribuição do gás liquefeito de petró-
possíveis fornecedores. Mas o Ministério dos Trans- leo (GLP), vendido em botijões, o qual tem sido o subs-
portes apontou a inviabilidade do plano. [...] tituto direto da lenha nos domicílios brasileiros.
c) A desestatização do setor elétrico foi apenas parcial-
Inaugurada em 1968 para ligar a nova capital a Minas mente realizada: ocorreu em cerca de 70% da capaci-
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, a linha férrea que dade de distribuição, mas em apenas 30% da geração.
parte da Rodoferroviária cruza áreas urbanas de gran- Isso levou a um colapso parcial do planejamento e à
de densidade, nas periferias de Valparaíso e Luziânia. crise do “apagão” de 2001, uma vez que os investido-
De lá, segue até Pires do Rio, no centro de Goiás. Mas res privados, preocupados com incertezas regulató-
são os 120 primeiros quilômetros que interessam ao rias, se mantiveram arredios a novos investimentos.
brasiliense e aos moradores das cidades vizinhas. d) A grande maioria das usinas elétricas que empregam
Pelos cálculos de especialistas, cerca de 600 mil pes- biomassa está localizada no estado de Pernambuco
soas poderiam ser beneficiadas pelo transporte de e usa o bagaço de cana, um subproduto da produção
passageiros, interrompido no trecho em 1992, com a de açúcar e álcool. Essa produção é garantida pelas
desativação da linha Bandeirante, que ligava Brasília a infraestruturas históricas que o estado tem no proces-
Campinas (SP). samento da cana, facilitando a produção e diversifi-
cando a economia desse estado.
Com a privatização da Rede Ferroviária Federal (RFF- e) O emprego da biomassa no Brasil é inviável para a
SA), no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), produção de energia devido à falta de disponibilida-
em 1997, a linha brasiliense foi transferida à Ferrovia de de recursos; à rápida industrialização e urbaniza-
Centro-Atlântica (FCA) por 30 anos, prorrogáveis por ção, implicando que a baixa produção não atende à
mais 30. Hoje, o trecho Brasília-Luziânia funciona demanda; e à inexperiência histórica com aplicações
sobre os escombros da linha férrea pontilhada de esta- industriais dessa fonte de energia, aliada à falta de
ções de passageiros. O ponto de partida é um cemité- tecnologia para a transformação da biomassa em
rio de trens. No pátio de manobras da Rodoferroviária, energia eficientemente utilizável.
dezenas de vagões, inclusive os que transportaram os
últimos passageiros, há 27 anos, estão expostos ao 16. (DECEX — 2019) Às vezes, os fenômenos de cresci-
vandalismo, tomados pelo mato. Vez ou outra rece- mento registrados em algumas regiões deprimidas
bem visita de grafiteiros. Do galpão para reparos, só não significam que as disparidades regionais estejam
sobrou o esqueleto. Saquearam todo o alambrado, em vias de diminuição ou de absorção. Se as ativida-
geradores, janelas, portas, pisos, pias. des recentemente instaladas são responsáveis por
relações privilegiadas com outras atividades locais ou
(Correio Brasiliense, 28/7/19, com adaptações). pela utilização de matérias-primas da região, é possí-
vel que os efeitos cumulativos assim provocados con-
Assinale a alternativa que retrate e explique a situação tribuam para reduzir os desníveis. Em caso contrário,
da falta de investimento na malha ferroviária em várias ocorre o crescimento estatístico, dito às vezes econô-
cidades do país. mico, mas não crescimento social ou socioeconômico.

a) A situação apresentada pela reportagem tem como (SANTOS, Milton. O Espaço Dividido: Dois Circuitos da Economia
Urbana dos Países Subdesenvolvidos. São Paulo: Editora
contexto o investimento do país fortemente voltado Universidade de São Paulo, 2008, p. 299 — 300).
para o automobilismo, resultando na precarização de
transporte coletivo pela rede ferroviária.
b) Os primeiros 120 quilômetros da linha férrea que parte De acordo com a citação de Milton Santos acima,
da Rodoferroviária não despertam o interesse econô- assinale a alternativa correta sobre os aspectos polí-
mico para que sejam reativados, motivo pelo qual a ticos, administrativos e socioeconômicos das regiões
linha foi privatizada. brasileiras.
c) A inviabilidade do plano se dá porque a demanda
para a linha Brasília-Luziânia não se compara com a a) A política de desenvolvimento estabelecida pelo
demanda das cidades europeias da Itália, da França e BNDES foi fundamental para o ordenamento territorial
da Alemanha. brasileiro. De 1952 até 2002, os investimentos contri-
d) O trecho da linha férrea entre a Rodoferroviária de Bra- buíram para a diminuição das disparidades espaciais,
sília e a divisa entre as goianas Luziânia e Cristalina estabelecendo uma política igualitária de distribuição
não possui interesse econômico para o devido funcio- dos recursos para o desenvolvimento nacional.
namento, por isso não foi privatizada. b) A política de privatização das estatais marcou o
e) A precarização do transporte ferroviário marca a fal- desenvolvimento econômico brasileiro na década de
ta de integração territorial do país; em compensação, 90. Nessa dinâmica, o BNDES garantiu que os serviços
tem-se investido na rede hidroviária, facilitando a com- privatizados chegariam às diversas regiões do Brasil,
344 pra de barcos pela população ribeirinha. diminuindo as desigualdades regionais.
c) O Estado brasileiro incentivou o desenvolvimento d) A dispersão dos limites metropolitanos, conurbando
regional por uma série de superintendências e da cria- os municípios, é fruto de uma racionalidade orquestra-
ção de polos de desenvolvimento. A especialização da entre o capital financeiro e o Estado, ambos foca-
produtiva do território foi determinada pelo planeja- dos no interesse de ampliar os benefícios dos grandes
mento estatal, obstruindo a influência corporativa das centros urbanos para as áreas periféricas, diminuindo
transnacionais. a desigualdade social e a segregação espacial.
d) A partir da década de 90, o Brasil passou a ser incor- e) A rede de transporte, de comunicação e de produção
porado, cada vez mais, ao sistema produtivo mundial, das grandes aglomerações urbanas traz benefícios
o que fortaleceu a indústria nacional, modernizou o não só para as empresas como também para os tra-
balhadores e moradores, pois concentra o circuito
circuito produtivo e a rede de transporte e consolidou
produtivo em redes aproximadas. Isso facilita a cir-
a integração nacional.
culação do trabalhador e do consumidor e possibilita
e) A política socioeconômica e administrativa brasileira que áreas periféricas da metrópole sejam beneficia-
possui a tradição de pensar o desenvolvimento do das pela centralização dos serviços e infraestruturas
país tendo os grandes projetos nacionais como prio- urbanas.
ridade, o que beneficia, na maioria das vezes, as gran-
des corporações. 20. (DECEX — 2016) Marque a alternativa correta com rela-
ção ao agronegócio e a formação de cidades no Brasil.
17. (DECEX — 2016) A região brasileira que, desde o final
da década de 1960, tornou-se a segunda mais urbana a) A utilização intensiva de máquinas pesadas no pro-
do país é a: cesso produtivo dificulta a formação de cidades.
b) A participação de grande número de trabalhadores
a) Região Sudeste. na produção de soja e milho atrai serviços urbanos e
b) Região Sul. favorecem a formação de cidades.
c) Região Centro-Oeste. c) É possível identificar diversas áreas nas quais a
d) Região Nordeste. urbanização se deve diretamente ao agronegócio
e) Região Norte. globalizado.
d) A instalação de indústrias processadoras contribui
18. (DECEX — 2016) Analise as afirmativas sobre as Metró- para a concentração de serviços e, consequentemen-
poles Brasileiras, colocando entre parênteses a letra te, para a dispersão espacial de vilas urbanas.
V, quando se tratar de afirmativa verdadeira, e a letra F, e) Os grandes investimentos no agronegócio garantem
quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale pleno desenvolvimento urbano nas áreas de produção.
a alternativa que apresenta a sequência correta.

( ) Brasília, Salvador, Campinas e Recife são metrópoles


9 GABARITO
nacionais.
( ) São Paulo e Rio de Janeiro são metrópoles globais. 1 B
( ) Manaus, Goiânia e Salvador são consideradas como
metrópoles regionais. 2 B

3 C
a) V—F—V
b) V—V—F 4 A
c) F—V—V
d) V—F—F 5 E
e) F—V—F
6 D
19. (DECEX — 2019) A respeito da metropolização das 7 A
cidades brasileiras, assinale a afirmativa correta.
8 E
a) O processo de metropolização é fenômeno caracte-
rístico de centros urbanos ricos com necessidade de 9 C
expandir ainda mais a riqueza por meio do trabalho no 10 D
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO BRASIL
circuito produtivo, ampliando o mercado consumidor
e democratizando o uso e a ocupação do território 11 E
urbano.
b) As metrópoles surgem em resposta ao processo de 12 A
globalização, pois as cidades que sediam as princi-
13 B
pais empresas multinacionais acabam por se tornar
centrais de comando e poder e reproduzir o padrão 14 A
e o circuito produtivo dos países desenvolvidos. Isso
transforma as diversas cidades em realidades muito 15 C
homogêneas entre elas, o que resulta na democratiza-
ção do uso e ocupação do espaço, e do consumo e do 16 E
acesso aos bens e serviços de forma mundial. 17 C
c) A metropolização é caracterizada pelo espraiamento
da ocupação do território para além dos limites muni- 18 C
cipais, ao mesmo tempo em que centraliza o capital,
os serviços, o trabalho e as principais infraestruturas 19 C
urbanas; o processo desigual de ocupação e uso do 20 C
território segrega a sociedade e fragmenta o espaço. 345
ANOTAÇÕES

346
O objetivo, ou o propósito, do texto se encontra
em meio à leitura e é possível de se identificar e com-
preender apenas a partir de uma leitura atenta que
vai além do que está escrito. Bem como mencionado

INGLÊS
anteriormente, a identificação de quem é o autor e o
narrador, a quem se destina o texto, o contexto nele
presente, o assunto tratado e a linguagem empregada,
são elementos cruciais para o entendimento do servi-
ço a que se presta o texto.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES O propósito pode ser relatar um fato, contar novi-
dades, listar ou enumerar itens, reportar um crime,
Para realizar uma leitura bem-sucedida em outro expor uma opinião, entre muitas outras possibilida-
idioma, é preciso estar atento a alguns métodos e des que deverão ser observadas no decorrer da lei-
recursos capazes de auxiliar a interpretação textual. tura. Alguns marcadores como nomes, datas, locais,
dados, estatísticas, números em geral, pronomes de
COMPREENSÃO tratamento, podem servir como indicativos do propó-
sito do texto a partir da percepção do conteúdo pre-
Compreender é a capacidade de assimilar, inter- sente e do teor da mensagem encontrada no texto.
pretar e perceber o significado de algo. Compreender
um idioma significa entender a coerência das infor-
mações de sua comunicação. O objeto da compreensão
da língua inglesa pode estar situado em diferentes for-
mas de comunicação, para cada qual existem manei-
COMPREENDER A UTILIZAÇÃO
ras mais apropriadas e adequadas de identificar o DE MECANISMOS DE COESÃO E
sentido, o propósito, o contexto, o estilo, a técnica e as COERÊNCIA NA PRODUÇÃO ESCRITA
informações presentes na mensagem.
Ao buscar compreender o sentido e o propósito COMPREENSÃO ESCRITA
de um texto na língua inglesa, faz-se necessário iden-
tificar elementos chave capazes de sintetizar infor- Quando se trata de compreender o sentido lexical,
mações, decodificar signos linguísticos, entender a
semântico e gramatical de um texto na língua inglesa,
semântica, ou seja, o sentido do texto, bem como seu
utilizamos recursos que partem de princípios simples:
propósito. Estes elementos podem estar presentes nos
identificação dos principais elementos do idioma,
aspectos gramaticais do texto, um dos tópicos essen-
ainda que partindo de um panorama básico de com-
ciais para o estudo da interpretação textual, mas
podem também ser percebidos no contexto, no recor- preensão e fluência no idioma. São eles:
te, no tipo de linguagem (formal, informal, técnica
etc.), no vocabulário utilizado, entre outros elementos z Gramática básica (tempos verbais, adjetivos, advér-
estratégicos para a interpretação correta do texto. bios e pronomes);
Para que o leitor compreenda o sentido do texto, z Vocabulário básico (substantivos);
antes de qualquer leitura direta, é primordial que se z Expressões idiomáticas (contexto cultural);
faça um processo de escaneamento do texto em bus-
ca de palavras-chave e informações que indiquem a A partir de um breve conhecimentos dos itens
quem o texto se direciona, quem é o autor e seu nar- mencionados, de maneira geral e simplista, é possí-
rador, a qual categoria textual ele pertence (artigo, vel partir para uma leitura geral do que está escrito e
crônica, conto, carta, bilhete etc.) e qual o assunto tra- compreender a mensagem. É, no entanto, importante
tado. A partir desta coleta de informações, é possível ler nas entrelinhas enquanto se decodifica uma men-
iniciar a leitura inicial, que irá buscar identificar o sagem escrita, isso significa ser capaz de identificar o
sentido do texto. O sentido indica o que o interlocutor gênero textual, o tipo do narrador, o objetivo da men-
quer dizer com que propôs escrever. A capacidade de sagem e o contexto em que ela está inserida.
identificar o sentido está intrinsecamente ligada ao
conhecimento e à identificação de:

z Palavras;
z Expressões idiomáticas;
COMPREENDER DE QUE FORMA
z Verbos frasais; DETERMINADA EXPRESSÃO PODE
z Tempos verbais; SER INTERPRETADA EM RAZÃO DE
z Contextos;
z Aspectos culturais e sociais; ASPECTOS SOCIAIS E/OU CULTURAIS
z Adjetivos, advérbios e pronomes;
COMPREENSÃO ORAL
INGLÊS

Entre outros elementos, os citados anteriormente


podem auxiliar o leitor a identificar o sentido do texto Além dos elementos citados anteriormente quanto
com mais precisão, são estes conhecimentos exercita- à compreensão escrita, a compreensão oral tem suas
dos a partir do estudo do idioma, seja ele de forma peculiaridades e particularidades dignas de serem
técnica e instrumental a fim de realizar uma prova ou enfatizadas, pois se diferenciam do padrão escrito.
em estudos mais aprofundados que têm como objeti- Diferentemente da comunicação escrita, a fala é uma
vo promover a fluência. ação fluída e em constante mudança. 347
A percepção da comunicação oral não apenas de Ao entender o contexto social, cultural e até eco-
elementos linguísticos, mas do contexto cultural e nômico de uma produção textual é fundamental para
social do falante e do ouvinte. estabelecer as relações corretas na hora de decodifi-
O momento da fala pode sofrer interferências de car o seu sentido, sendo capaz de identificar o voca-
ruídos, sejam eles literalmente barulhos que atrapa- bulário, os aspectos gramaticais, as influências do
lham no momento da audição, ou ruídos no sentido período histórico em todo o processo de construção
de interferências no meio transmissor da mensagem da narrativa.
(telefone, áudio, rádio, televisão, etc.). Tudo isso atra-
palha tanto a transmissão quanto a recepção da men-
sagem, o que dificulta sua compreensão de modo
geral. A compreensão oral na língua inglesa depen-
de de diversos elementos que devem ser levados em ANALISAR OS RECURSOS
consideração: EXPRESSIVOS DA LINGUAGEM
VERBAL, RELACIONANDO TEXTOS E
z Sotaque: ainda que a língua seja a mesma, sota-
ques diferentes podem alterar a compreensão de CONTEXTOS MEDIANTE A NATUREZA,
um idioma em diferentes países ou até diferentes FUNÇÃO, ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA,
estados de um mesmo país; além dos diferentes DE ACORDO COM AS CONDIÇÕES DE
sotaques famosos, como o sotaque britânico e o
estadunidense, dentro de um mesmo país existem PRODUÇÃO
diferenças, como por exemplo o sotaque do sul e o
sotaque do norte dos Estados Unidos, que possuem PRODUÇÃO
distinções claras.
z Dialeto: bem como a diferença de sotaques, Diferentemente da leitura e compreensão escrita
alguns países possuem dialetos próprios, a comu- e oral da língua inglesa, a produção escrita e oral do
nidade negra na Inglaterra e nos Estados Unidos idioma requer mais do que apenas um conhecimen-
possuem formas específicas de comunicação que to superficial do idioma. É preciso possuir repertório
dizem respeito ao seu contexto social e sua cultura, suficiente para produzir um texto em determinada
com raízes provindas de diversos países africanos; língua, pois ele deve ter sentido para o leitor. Apesar
comunidades latinas também mesclam o idioma de existirem distintos níveis de comunicação possí-
inglês com o espanhol e incorporam palavras de veis em qualquer tipo de produção no idioma (básico,
seu idioma nativo ao inglês, ou até modificam intermediário e avançado), alguns requisitos devem
palavras existentes, algo comum no meio latino. ser seguidos a fim de realizar esta tarefa de maneira
z Classe social: o fator econômico pode interferir bem-sucedida.
na comunicação oral de maneira muito clara; um
indivíduo rico com um alto nível de formação edu- Produção escrita
cacional irá se comunicar de uma forma e um indi-
víduo sem educação formal, morador da periferia, Para realizar a atividade da produção escrita
irá se comunicar de outra. em qualquer idioma, uma série de regras e padrões
devem ser seguidos, de acordo com a intenção do
Contextos, aspectos sociais e culturais autor e o público a quem o texto se destina. Ela pode
ser formal, na norma culta da língua inglesa ou infor-
Ainda diante do tema de compreensão, seja ela mal, coloquial, a linguagem utilizada no cotidiano,
textual ou oral, na língua inglesa, alguns aspectos segundo a vontade e intenção de quem escreve. Ain-
que vão além da língua se fazem muito importantes da assim, a produção escrita deve seguir regras gra-
para o real entendimento de um texto. Dentre eles, o
maticais e ortográficas responsáveis por organizar o
contexto e seus aspectos sociais e culturais se fazem
idioma de maneira que indivíduos alfabetizados neste
presentes e deves ser bem analisados para que qual-
idioma sejam capazes de decodificar os signos linguís-
quer fragmento textual possa ser compreendido. Ter
ticos e identificar a mensagem proposta.
a habilidade de identificar o contexto histórico, a cul-
A língua está em constante mudança e é uma
tura da época e a forma como se davam as relações
ciência viva que se modifica em decorrência das
sociais em uma obra literária em inglês facilita a com-
transformações que ocorrem na sociedade. Como
preensão da obra como um todo, pois permite que o
leitor amplie as noções do texto que irá ler. consequência, surgem novas palavras (neologismos),
As obras de William Shakespeare, grande escritor novos termos e expressões, novos verbos, novas for-
inglês, foram escritas sob o prisma de uma realida- mas de se comunicar. Antes do surgimento da escrita,
de diferente da que vivemos atualmente. Do século surgiu a fala. O que significa que a escrita é fruto da
XVI ao século XVII, o dramaturgo escreveu romances necessidade humana de expressar-se de outra forma
em que se podiam observar reflexos dos costumes além da comunicação oral, de documentar a comuni-
e usos da sociedade em que vivia à época; desde a cação ou de representa-la visualmente.
própria linguagem do narrador até o curso da histó- Sendo assim, a partir da fala e de um idioma já
ria, a trajetória dos personagens, a maneira como se existente oralmente, a escrita passou a existir. Des-
comunicam, se vestem, suas configurações e relações te modo, a fala é responsável pelas mudanças que
familiares e sociais, entre outros aspectos, todos os ocorrem na escrita. Todo este processo de mudança e
elementos representados pelo autor em suas obras adaptação do idioma, indica que é preciso estar atento
devem ser lidos pelo leitor a partir da ótica de uma à alguns detalhes importantes antes de produzir um
348 realidade diferente da que vivemos no século XXI. texto na língua inglesa. É preciso:
z Estar consciente do público-leitor: toda mensagem z Conhecer o campo, a área ou o assunto em ques-
possui um receptor, perguntar-se a quem ela se tão — alguns assuntos podem ser mais complexos
destina, ajudará o autor a entender o tipo de lin- de abordar diante do nível de conhecimento do
guagem que deverá usar e de que maneira ele se interlocutor; caso o indivíduo vá dar uma palestra
comunicará melhor com seu público. em um hospital sobre doenças infecciosas, termos
z Ter conhecimento técnico do idioma: saber os dife- ligados à área da saúde, doenças e nomes de ins-
rentes tipos de tempos verbais da língua inglesa trumentos médicos e hospitalares devem obriga-
(simple present, present continuous, simple past, toriamente ser de seu conhecimento para que ele
past continuous, simple future, future continuous, consiga transmitir a mensagem de sua produção
present perfect, past perfect, past perfect conti- oral o melhor possível.
nuous, future perfect, future perfect continuous z Saber pronunciar palavras e frases — a pronúncia
etc..), além do uso correto dos pronomes pessoais, é parte importante da comunicação, quando reali-
relativos e possessivos, de conjunções, conectivos, zada de maneira errada pode confundir o ouvin-
advérbios, adjetivos, artigos, enfim, de gramática te e atrapalhar o curso de um diálogo; diversas
em geral, além de conteúdo vocabular, auxiliará o palavras da língua inglesa possuem similaridades
autor na construção do texto no idioma. quando escritas, mas possuem significados total-
mente diferentes que só são identificados a partir
Além disso, saber escrever em um idioma requer de uma pronúncia correta. Ex.: sheep (ovelha), ship
níveis de conhecimento elevados. É, no entanto, pos- (navio) e cheap (barato) — são palavras de grafia
sível produzir em diferentes níveis. Um indivíduo semelhante, mas são pronunciadas de maneiras
com conhecimento básico do idioma será capaz de diferentes entre si.
produzir textos mais curtos e objetivos, sem muito
vocabulário ou expressões idiomáticas; alguém com Dica
conhecimento intermediário terá outro nível de com-
A audição está intrinsecamente ligada à fala.
plexidade em suas produções, menos infantil, mais
Bebês, por exemplo, assimilam os sons emiti-
completo, bem como alguém avançado ou fluente é
capaz de se comunicar sem ou quase sem restrições dos pelos pais desde o ventre, quando nascem e
seja de maneira oral ou escrita. começam a emitir seus primeiros sons não-ver-
bais é a influência da audição, ou seja, do que
Produção oral ouvem a mãe ou o pai falando que conseguem
reproduzir pequenas palavras. O mesmo ocorre
A atividade linguística oral é marcada por sua flui- com o aprendizado de outro idioma, a audição
dez. Enquanto a produção escrita segue padrões de auxilia a fala e vice-versa.
regras gramaticais e de formalidade, além de ser pen-
sada e repensada durante o processo de sua constru-
ção, a produção oral ocorre de forma simultânea ao
pensamento humano. À medida em que os pensamen- CONTEÚDOS LINGUÍSTICOS TEXTUAIS
tos são formulados, a fala os reproduz sonoramen-
te de maneira que o indivíduo não tem tempo para ADEQUAÇÃO VOCABULAR
reformular ou modificar a construção do que foi dito
ou planejar conscientemente cada etapa deste proces- Em diversos momentos, na língua inglesa, será
so de produção. necessário adaptar o discurso, a fim de otimizar a for-
A tradição oral está presente na humanidade des- ma de comunicar uma mensagem. A seleção correta
de o início dos tempos, antes mesmo da invenção da de palavras e expressões que se encaixem melhor no
escrita. Histórias dos povos antigos, contos mitoló- contexto da mensagem é primordial e faz parte do
gicos e folclóricos, bem como ensinamentos religio- processo de adequação vocabular.
sos foram passados adiante em diversas sociedades, As mesmas palavras podem expressar diferentes
mesmo antes de existirem livros de história, o que ideias diante do contexto em que são usadas. A esco-
demonstra a importância da comunicação verbal lha do vocabulário deve ser definida diante do con-
como uma atividade importante e relevante, presente texto proposto, pois cada qual tem a capacidade de
até os dias de hoje como uma forma de comunicação e modificar o sentido original ou usual de uma palavra
partilha de conhecimentos. ou expressão. Observe alguns exemplos a seguir:
Professores, palestrantes, pastores, políticos, radia-
listas, jornalistas, entre outros profissionais, utilizam z “She was not doing it the right way. She was suppo-
o discurso falado, dialética e a didática da produção sed to cook the onions first” (Ela não estava fazen-
oral como recurso a fim de relatar fatos, propagar do do jeito certo. Ela deveria cozinhas as cebolas
conhecimentos, convencer e persuadir ou contar his- primeiro)
tórias. Na língua inglesa não é diferente. A produção z “That was the right way, you just missed the roun-
oral continua sendo fluida e simultânea, uma ativida- dabout!” (Aquele era o caminho certo, você acabou
de natural da comunicação humana. de ultrapassar a rotatória)
INGLÊS

Quando produzimos oralmente em outro idioma, z “He had a way with kids, he loved baby-sitting” (Ele
é possível que existam empecilhos que barrem a flui- era bom com crianças, ele amava ficar de babá)
dez da comunicação, dependendo da mensagem que
se pretende passar, do nível de conhecimento que se Observe que a palavra way, encaixada em diferen-
possui do assunto, suas palavras e expressões adja- tes contextos, ganhou diferentes significados. No pri-
centes. Para que ela seja realizada de maneira correta meiro trecho sobre culinária, way significa “jeito” ou
é necessário: “maneira”; no segundo sobre direção e trânsito, way 349
adquire o significado de “caminho”; já na terceira ora- temos com nossos amigos, família e pessoas próximas
ção, sobre crianças, a expressão to have a way with é sempre marcada por certo grau de intimidade e é
(something/someone) significa “ser bom em algo”, “ter permeada de simplicidade. Ela pode apresentar:
aptidão pra fazer algo”.
O correto uso vocabular para cada contexto z Gírias e expressões: muitas delas são construções
expressa o conhecimento do autor diante daquilo que do grupo social em que o indivíduo vive e podem
se propõe tratar em seu texto. A interlocução preten- estar muito, moderadamente ou pouco presen-
dida na produção, por sua vez, trata-se da relação tes na forma de comunicar uma mensagem; elas
entre o interlocutor e receptor da mensagem. O públi- surgem da oralidade e fazem parte de conversas
co em questão, ou seja, a quem se destina a mensa- cotidianas; a internet, hoje, também tem um papel
gem, deve ser capaz de entender o assunto recortado importante no surgimento e propagação de novas
pelo autor. De nada adiante ter pleno conhecimento gírias e expressões que são incorporadas no voca-
de um assunto e não saber adaptar o discurso em prol bulário, em especial da juventude.
do público-alvo da mensagem. Ex.: She was all, like, nervous about it so I told her to
Esta prática muito se assemelha ao trabalho dos chill and call me asap (Ela estava toda, tipo assim,
jornalistas que, por vezes, coletam dados completos nervosa sobre isso então eu disse pra ela relaxar e
sobre economia e política e precisam adaptar a comu- me ligar assim que possível)
nicação e a linguagem, modificando ou substituindo
termos difíceis, a fim de transmitir uma notícia para z Apelidos: os apelidos fazem parte da relação entre
uma população leiga no assunto. Este tipo de recur-
as pessoas e podem marcar a forma como um indi-
so, faz com que o autor ou emissor da mensagem seja
víduo se dirige ao outro, indicando o grau de pro-
sensato na escolha de palavras e obtenha sucesso na
ximidade entre eles; muito comum entre amigos e
comunicação da mensagem que pretende passar.
familiares, os apelidos são sempre informais.
Ex.: Sis was telling me all about her trip. (Minha
CONVERSAS FORMAIS E INFORMAIS
irmã estava me contando tudo sobre sua viagem /
Sis – abreviação ou gíria provinda da palavra sister)
Uma das maiores vantagens da comunicação é sua
fluidez, ela se adapta, se transforma e é utilizada de
z Contrações: as contrações de palavras e verbos
diferentes maneiras em cada contexto a qual é inse-
são muito comumente utilizadas e tem até mesmo
rida. Quando em ambientes mais formais, como no
sido incorporadas na linguagem formal, por serem
meio acadêmico, profissional ou literário, a etiqueta
muito recorrentes na comunicação; mas é sugeri-
exige certo grau de formalidade para que a comuni-
do que elas sejam aplicadas apenas em ambientes
cação seja efetiva e as conversas devem seguir um
padrão, o padrão da norma culta da língua. Na língua informais.
inglesa, alguns indicadores expressam formalidade Ex.: They would’ve loved to meet you, I’d bet on it.
com mais clareza ou evitam que a conversa seja carac- (Eles teriam amado te conhecer, eu aposto).
terizada como informal, são eles:

z Pronomes de tratamentos adequados – no ambien- Importante!


te escolar nos EUA, por exemplo, os alunos se Entender o ambiente em que se está inserido é
referem aos professores como Mr. (senhor), Mrs. fundamental para adequar aspectos da fala liga-
(senhora) ou Ms. (senhorita) junto com os seus dos à norma culta ou à informalidade, no entan-
sobrenomes; diferentemente do Brasil, lá a relação
to, é cada vez mais notável a mesclagem de
entre alunos e professores exige certo grau de dis-
ambas as formas de comunicação em determi-
tanciamento que é estabelecido ao utilizar o pro-
nome de tratamento adequado. nados meios, como em igrejas contemporâneas,
Ex.: Is Mr. Jones in the principal’s office? (O senhor em reuniões de trabalho e em encontros parla-
Jones está na sala do diretor?) mentares; é, porém, necessário aprender ambas
as formas de comunicação, suas variações e ter
z Não utilização de gírias ou expressões coloquiais: bom senso para saber quando e como usar cada
algumas expressões indicam o grau de intimidade uma delas.
entre dois indivíduos; apelidos, gírias e expres-
sões coloquiais podem atrapalhar a comunicação
durante uma conversa cujo contexto é formal e SINÔNIMOS EM INGLÊS
requer um distanciamento. Confira a diferença:
Ex.: Hey, Luke. What’s up? How’s it going? (Ei, O estudo dos sinônimos na língua inglesa requer
Luke. E aí? Como estão as coisas?) – informal. muita atenção e cuidado. Por vezes, como na língua
Good morning, Mr Hudson. How are you? (Bom portuguesa, os sinônimos podem ser diferentes pala-
dia, senhor Hudson. Como vai você?) – formal. vras que realmente possuem exatamente o mesmo sig-
nificado, em outros momentos, é possível identificar
Em conversas informais, a comunicação se torna diferentes intenções em palavras que se apresentam
mais próxima da fala, diferentemente da comunica- como sinônimos. Alguns verbos ou phrasal verbs pos-
ção formal que se aproxima mais da escrita. O uso suem sinônimos que, se utilizados em detrimento de
de expressões, gírias, contrações de palavras, entre outra palavra, são capazes de modificar a ideia geral
outros elementos, podem tornar a conversa muito de uma oração. É, portanto, primordial ter muita cau-
menos complexa e relaxada, pois não exige que as tela e saber como e quando utilizar este recurso. Um
regras gramaticais sejam seguidas com tanto afin- dos recursos ideias para entender essas similaridades
350 co, nem mesmo sejam prioridade. As conversas que e diferenças é o tesauro (thesaurus), um dicionário
desenvolvido para definir a tradução e conceito dos palavras podem facilitar a leitura e a interpretação de
sinônimos de palavras. texto, pois são exatamente as mesmas.
Apesar de partilharem de um mesmo idioma prin- Existem, porém, falsos cognatos, palavras que pos-
cipal, os EUA, a Inglaterra, o Canadá, a Austrália, entre suem a mesma grafia ou grafia semelhante a palavras
outros falantes da língua inglesa, são países comple- de outro idioma, mas que possuem significados com-
tamente diferentes, com sua própria cultura, história pletamente diferentes. Sendo assim, é preciso ter mui-
e costumes que moldam também sua língua, isso sig- to cuidado durante a leitura e examinar o contexto em
nifica que o inglês de cada país possui suas peculiari-
que a palavra está inserida para que se possa inter-
dades, diferentes significados, expressões, pronúncias
pretar corretamente seu significado. Confira a seguir
etc.. Sendo assim, em cada um deles é possível identi-
alguns exemplos de cognatos e falsos cognatos.
ficar palavras que são sinônimos entre si, mas que no
contexto de cada país possui outro significado. Confira
alguns exemplos de sinônimos no diálogo a seguir: Palavras cognatas

— Wow, I love your new pants! They are beautiful. ENGLISH PORTUGUÊS
Where did you get them? — said the American girl
— Excuse me??? — the English man replied with a Chocolate Chocolate
surprised expression on his face.
— Your new pants... Why? What’s wrong? — She Different Diferente
had her eyes wide open. Constant Constante
— Oh, you mean my trousers? Yeah, they great. I
bought them at the shop downtown. — he finally un- Music Música
derstood what she meant.
— What did you think I was talking about first? — Interesting Interessante
she, on the other hand, was still confused with the who- Present Presente
le conversation.
— Well... My pants, the ones that go under my trou- Important Importante
sers. — he explained
— Oh, you mean, your underwear? Gosh, that’s em- Falsos cognatos
barrasing. — she flushed.

Tradução: ENGLISH PORTUGUÊS

Actual Verdadeiro
— Uau, eu amei suas cuecas novas! Elas são lindas.
Onde você as comprou? — disse a garota americana. Parents Pais
— O quê???? — o homem inglês respondeu com
uma expressão de surpresa em seu rosto. Relatives Parentes
— Suas cuecas... Por quê? O que há de errado? —
Beef Carne bovina
ela estava de olhos arregalados.
— Ah, você quer dizer minhas calças? Sim, elas são Fabric Tecido
ótimas. Eu as comprei na loja no centro da cidade. —
ele finalmente entendeu o que ela quis dizer. Pretend Fingir
— Do que você achou que eu estava falando an-
Order Pedir
tes? — ela, por outro lado, ainda estava confusa com
a conversa toda.
— Bem... minhas cuecas, aquelas que vão por de- Dica
baixo de minhas calças. — ele explicou.
— Ah, você quer dizer sua roupa de baixo? Meu Por via das dúvidas quanto ao uso de uma palavra
Deus, isso é tão constrangedor. — ela corou. e seu significado, alguns renomados dicionários
como o Oxford Dictionary e o Merriam-Webster
No diálogo anterior, há uma clara confusão e difi- Dictionary possuem suas versões online hoje,
culdade de comunicação por causa de sinônimos que o que pode auxiliar o estudante a conferir rapi-
em outros países possuem diferentes significados para damente em seu computador ou celular se uma
a palavra calças. No inglês britânico, calças é trousers palavra é cognata ou não.
e roupa íntima é pants; já no inglês americano calças é
pants, e underwear é roupa íntima. A confusão reside
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS
na ideia de que os sinônimos dependem inteiramente
do contexto em que a palavra se encontra, dependen-
Todo idioma possui uma gama de expressões
do da cultura, do país, do contexto social, uma palavra
será mais adequada para aquela situação ou não. idiomáticas oriundas de sua cultura, do folclore, dos
costumes e as interações entre grupos sociais em um
país. As expressões idiomáticas no inglês são frases
INGLÊS

COGNATOS
que não significam exatamente o que se esperaria tra-
Cognatos são palavras que possuem a mesma gra- duzindo-as ao pé da letra. Em alguns casos, as expres-
fia (ou grafia semelhante) e o mesmo significado em sões possuem equivalente na língua portuguesa, em
dois idiomas. Algumas palavras no inglês são exata- outros são tão característicos daquela cultura que
mente iguais no português e possuem o mesmo signi- sequer possuem um equivalente direto e precisam ser
ficado, ainda que a sua pronúncia seja diferente. Estas explicadas com outras palavras. 351
Algumas expressões são utilizadas em conversas ESTRATÉGIAS PARA INTERPRETAR TEXTOS
comuns do cotidiano, cada qual tem sua peculiari-
Na hora de interpretar um texto em inglês, antes
dade, sem regras que padronizem seu uso. Basta um
mesmo de se iniciar a leitura, deve-se responder à
conhecimento mais popular do idioma, através de algumas perguntas que identificam pontos cruciais
músicas, filmes, séries e vídeos, para ser capaz de do texto, capazes de estabelecer critérios úteis para
identificar quando uma expressão não quer dizer o facilitar a interpretação no momento em que a leitura
que ela literalmente significaria ao ser traduzida. Con- será realizada. Confira a seguir:
fira uma lista de expressões idiomáticas comuns na
língua inglesa: z Identificar quem é o autor;
z Identificar quem é o narrador (por vezes é o pró-
prio autor);
To make a long face Fazer cara de desgosto z Identificar a quem o texto se dirige, seu público;
z Identificar o gênero textual em questão;
To make something up Inventar uma história

Recompor suas emo- Ao iniciar um breve escaneamento destas infor-


To pull yourself together mações iniciais a leitura corrente será facilitada. Além
ções, endireitar-se
disso, duas práticas distintas que se caracterizam
Assumir o lugar de como estratégias úteis para a interpretação de textos
To fill in someone’s shoes
alguém em inglês são o scanning e o skimming.
Resolver tarefas fora de O scanning é a prática de escanear, passar os olhos
To run errands pelo texto em busca de palavras-chave, dados, nomes,
casa
números, entre outros elementos que possam contex-
Pensar e expor ideias, tualizar o texto antes mesmo que a leitura seja realiza-
To come up with
soluções da; trata-se de uma busca por informações específicas
e pertinentes para compreender o texto.
Estar esgotado com algo
To be fed up with O skimming refere-se à uma leitura de trechos do
ou alguém
texto, talvez parágrafos isolados, sem a necessidade
To cost an arm and a leg Custar muito caro de ler o texto todo, para adquirir uma compreensão
do sentido geral do texto de maneira rápida e eficien-
Chicken feed Salário baixo te, esta estratégia pode auxiliar aqueles que precisam
Raining cats and dogs Chuva muito forte ganhar tempo durante a leitura de textos técnicos e
extensos.
To give the could Ambas as técnicas são mais poderosas e eficazes
Ignorar alguém
shoulder quando suas forças se unem, pois a leitura, ainda que
rápida e sem muito aprofundamento, torna-se mais
Muito fácil, “mamão com
A piece of cake fácil quando guiada por estes recursos.
açúcar”

Pessoas iguais, “farinha


Two peas in a pod
do mesmo saco”

The last straw O limite, “a gota d’água” DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO


As far as I know Até onde eu sei Ao expressar uma ideia por meio de uma oração
na língua inglesa, há duas possibilidades quanto ao
Abusar de algo, “passar
To be out of line sentido da frase que podem ser observados. Eles são
da conta”
chamados de denotação e conotação. Ambos pos-
To hit the road Pegar a estrada suem funções distintas de igual importância para a
construção intencional de ideias em um idioma e, bem
To be saved by the bell Ser “salvo pelo gongo” como no português, estão presentes na comunicação.
“Quebrar o gelo”, Orações com o sentido denotativo expressam o
To break the ice sentido literal da mensagem, ou seja, é representa-
descontrair
ção real e exata das palavras e ideias apresentadas na
frase.
Observe que na tabela acima, algumas expressões Já o sentido conotativo expressa uma ideia meta-
possuem equivalentes na língua portuguesa e outras fórica ou figurada a partir de comparações e expres-
não. Isso ocorre devido o fato de que traduções não sões idiomáticas. Observe a comparação das orações a
são suficientes para entender o contexto de um idio- seguir para entender melhor os conceitos de denota-
ma, é preciso entender a cultura, a história, o humor ção e conotação:
e até a população de um país para realmente poder
z It’s really cold outside. (Está muito frio lá fora)
entender como este idioma foi construído e funda-
z It’s freezing out there. (Está congelando lá fora)
mentado. Este aprofundamento, permitirá um conhe-
cimento mais amplo do idioma, o que será benéfico A primeira oração pode ser definida como uma
sempre que se fizer necessário estudar aspectos lin- denotação, pois expressa de forma literal o esta-
guísticos que estão intrinsecamente relacionados à do da temperatura do lado de fora. Já a segunda
352 cultura, aos costumes e à população de um país. oração é conotativa devido o uso do verbo freezing
(congelando) – provavelmente não esteja frio a ponto de um indivíduo ser congelado, mas a ideia é expressar que
o frio do lado de fora é intenso.
Confira mais um exemplo:

z That knockout was the highlight of the boxing match (Aquele nocaute foi o ponto alto da luta de boxe).
z Angelina Jolie was a knockout in that beautiful black dress (Angelina Jolie estava um nocaute naquele lindo
vestido preto).

Veja que, na primeira oração, o interlocutor fala de um nocaute com o sentido exato da palavra; já na segunda
oração, a ideia de “nocaute” é conotativa, pois apenas ilustra e transmite as impressões do interlocutor de forma
metafórica devido à aparência da atriz – ou seja, a beleza era tanta que “nocauteou” aqueles que a avistaram em
seu vestido preto.
Algumas expressões idiomáticas são úteis para a construção de orações no sentido conotativo, pois indicam
ideias metafóricas que apenas simbolizam o contexto real. Veja na tabela a seguir alguns exemplos de frases cono-
tativas, com suas traduções literais e também o sentido real.

ORAÇÃO CONOTATIVA TRADUÇÃO LITERAL SENTIDO REAL


It’s raining cats and dogs. Está chovendo gatos e cachorros. Está chovendo muito.
Eles saíram repentinamente bravos da
They stormed out of the room. Eles saíram tempestuosos da sala.
sala.
Eu realmente preciso contar esse
I really need to spill the beans. Eu realmente preciso cuspir os feijões.
segredo.
You didn’t see the accident, have a Você não viu o acidente, tenha um Você não viu o acidente, tenha
heart! coração. piedade/dó.
Eu não contarei a ninguém, meus lá- Eu não contarei a ninguém, minha
I won’t tell anyone, my lips are sealed.
bios estão selados. boca é um túmulo/está fechada.
A mentira que você acabou de contar a A mentira que você acabou de contar a
The lie you just told him won’t wash.
ele não vai lavar. ele não vai colar/não será acreditada.
Once in a blue moon, he visits us. Uma vez a cada lua azul, ele nos visita. Raramente, ele nos visita.
Break a leg, you’ll do great! Quebre uma perna, você irá bem! Boa sorte, você irá bem!
They caught me red-handed. Eles me pegaram de mão vermelha. Eles me pegaram no flagra.
Nós não tínhamos nenhuma pista de Nós não fazíamos ideia de que ela rou-
We had no clue she stole the pen.
que ela roubou a caneta. bou a caneta.
She roared like a lion because she was Ela rugiu como um leão porque estava Ela gritou/resmungou alto porque es-
hungry. com fome. tava com fome.

Os exemplos anteriores podem exemplificar de maneira clara a noção de que nem sempre as orações em
inglês poderão ser traduzidas de modo literal, pois possuem sentidos completamente diferentes da tradução ori-
ginal, afinal, sua intenção é metafórica, figurativa, configurando-se, assim, conotativa.
A simplicidade do sentido denotativo, por outro lado, pode ser observada na sua construção, pois cada pala-
vra expressa o seu próprio sentido semântico, sem que haja qualquer tipo de representação figurativa. Confira a
seguir a tabela a seguir com exemplos de orações denotativas e seus significados.

ORAÇÃO DENOTATIVA TRADUÇÃO


She was feeling dizzy because of the hot weather. Ela estava com tontura por causa do clima quente.
Were you studying for the exam with the boys? Você estava estudando para o exame com os meninos?
Gabe tried to convince us to go with him. Gabe tentou nos convencer de irmos com ele.
The dogs were barking all night long. Os cachorros estavam latindo a noite toda.
Mom warned me about that dangerous street. Mamãe me avisou sobre aquela rua perigosa.
If Julie doesn’t quit her job, she’ll get even sicker. Se a Julie não sair de seu emprego, ela ficará ainda mais doente.
INGLÊS

Quinn said she was not ready to be a mom. Quinn disse que ela não estava preparada para ser mãe.
Would you like a glass of water? Você gostaria de um copo de água?
Could she help me with my homework? Ela poderia me ajudar com a minha lição de casa?
She received a letter from her friend. Ela recebeu uma carta de sua amiga.
Why were they working so late last Friday? Por que eles estavam trabalhando até tão tarde na sexta-feira?
353
Note que, nas orações anteriores, não há jogo de palavras ou expressões incomuns que indiquem algo além do
que as palavras de fato significam, pois a intenção é realmente expressar-se de modo literal, “sem rodeios”, sem
metáforas.

SINONÍMIA E ANTONÍMIA
Sinonímia e antonímia são recursos linguísticos opostos de um idioma na construção vocabular. Os synonyms
(sinônimos) são palavras distintas que possuem o mesmo sentido e significado, no entanto, podem ser mais ou
menos formais dentro do contexto em que são inseridos. Já os antonyms (antônimos) são palavras com sentidos
opostos.
É válido ressaltar que muitas vezes palavras sinônimas, apesar de terem o mesmo sentido, podem ganhar
novos significados na oração em que estão inseridas, pois são usadas de acordo com as necessidades comunica-
tivas do interlocutor, que pode intencionalmente escolher a que mais se adeque às suas preferências e ao modo
que pretende comunicar a mensagem.
Um exemplo disso é a questão da coloquialidade versus a formalidade da comunicação, bem como o uso de
palavras que soem mais enfáticas e preponderantes para efeito de estilo. Confira a seguir tabelas com alguns
sinônimos e seus significados.

SYNONYMS

Start Begin Começar, iniciar

Finish End Terminar, finalizar

Sick Ill Doente

Afraid Fearful Medroso, temeroso

Beautiful Pretty Bonita/o

Smart Intelligent Inteligente, esperto

Trousers Pants Calças

Sneakers Trainers Tênis

Rich Wealthy Rico

Put Place Colocar, alocar

Incorrect Wrong Errado

Story Tale História

Bad Evil Mau, ruim

Wear Use Usar, vestir

Keep Continue Manter, continuar

Catch Take Pegar

Yearly Annualy Anualmente

Difficult Hard Difícil

Choose Select Escolher, selecionar

Amazing Awesome Incrível, maravilhoso

Answer Reply Responder

Cool Cold Frio


354
SYNONYMS

Dangerous Hazardous Perigoso

Hate Loathe Detestar, odiar

Strange Odd Estranho, incomum

Problem Trouble Problema

Keep Maintain Manter

Funny Humorous Engraçado

O conhecimento de palavras antônimas pode auxiliar os estudantes da língua inglesa no aprofundamento dos
estudos vocabulares, facilitando, assim, a compreensão e interpretação de texto. Observe a seguir a tabela com
palavras antônimas e seus significados.

ANTONYMS

Go Ir Come Vir

Open Abrir Close Fechar

Young Jovem Old Velho

Tall Alto Short Baixo

Up Acima Down Abaixo

High Alto Low Baixo

Yes Sim No Não

Early Cedo Late Tarde

Dark Escuro Light Claro

Full Cheio Empty Vazio

Fast Rápido Slow Devagar

Right Certo Wrong Errado

Calm Calmo Angry Nervoso

Easy Fácil Difficult Difícil

Big Grande Small Pequeno

Good Bom Bad Ruim

Cheap Barato Expensive Caro

More Mais Less Menos

Near Perto Far Longe

Fat Gordo Thin Magro

Happy Feliz Sad Triste

Right Direita Left Esquerda

Alone Sozinho Together Junto

Soft Macio Hard Duro


INGLÊS

Cautious Cuidadoso Careless Descuidado

Complex Complexo Simple Simples

Há ainda casos de antônimos de palavras que possuem a mesma raiz, mas que são acrescidas de um prefixo
para identificar a ideia de oposição. 355
Estes prefixos podem ser in-, um-, dis-, mis-, im- ou ir-. Veja exemplos na tabela a seguir com os antônimos e
seus significados:

ANTONYMS (IN-, UM-, DIS-, MIS-, IM-, IR-)

Correct Correto Incorrect Incorreto

Attentive Atento Inattentive Desatento

Justice Justiça Injustice Injustiça

Believable Crível Unbelievable Inacreditável

Able Capaz, apto Unable Incapaz, inapto

Happy Feliz Unhappy Infeliz

Respectful Respeitoso Disrespectful Desrespeitoso

Obedient Obediente Disobedient Desobediente

Agree Concordar Disagree Discordar

Behave Comportar-se Misbehave Comportar-se mal

Understanding Entendimento Misunderstanding Mal-entendido

Spell Soletrar Mispell Soletrar errado

Mature Maduro Immature Imaturo

Mesurable Mensurável Immesurable Imensurável

Material Material Immaterial Imaterial

Responsible Responsável Irresponsible Irresponsável

Rational Racional Irrational Irracional

Reconcilable Reconciliável Irreconcilable Irreconciliável

CORRELAÇÃO MORFOLÓGICA, SINTÁTICA E/OU SEMÂNTICA


A língua inglesa, bem como todo idioma, é composta por conjuntos de letras que formam palavras para repre-
sentar objetos, sentimentos, sensações, ideias, qualidades, entre outros elementos de sentidos diversos. A relação
entre essas palavras e seus significados estruturam sistemas de sentido.
A língua inglesa tem sua origem na Inglaterra, país que também colonizou diversos outros países (Estados
Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Índia), de modo a propagar e implantar seu idioma nativo em diver-
sas outras culturas que, naturalmente, transmutaram-na de acordo com suas necessidades e contextos culturais.
Qualquer idioma, de modo amplo, é um código social configurado por combinações de signos (letras) que rece-
bem significado dentro de um grupo social. No entanto, para que a comunicação por meio desta língua seja efetiva
e seus falantes sejam compreendidos, capazes de se comunicarem, estabelecem-se convenções linguísticas, ou
seja, conjuntos de regras e normas para que a língua seja padronizada.
Ainda que existam variações linguísticas, aspectos característicos de acordo com cada região, entre outros
elementos que modificam a forma original de um idioma, a convenção linguística é estabelecida de modo a padro-
nizar e guiar a comunicação de modo amplo – o que não impede cultura alguma de naturalmente modificá-la a
partir de suas particularidades.
O estudo da gramática da língua inglesa e dos elementos que a compõem é imprescindível para um conheci-
mento aprofundado do funcionamento do idioma como um todo. Uma noção básica que se deve possuir ao estu-
dar para concursos é que a língua inglesa, assim como o português, foi construída a partir de três sistemas que se
entrelaçam entre si, correlacionando-se: a morfologia, a sintaxe e a semântica.
A morfologia trata-se da parte da língua que estuda os morfemas, a estrutura e formação da língua – elemen-
356 tos como a origem de palavras, seus radicais, sufixos, prefixos, entre outros.
Esses elementos são cruciais para o estudo cultural VERBO Is Kate
da origem de palavras. A partir dele, podemos observar
influências de muitas outras línguas no inglês, como é pos- SUJEITO Kate é
sível observar no caso de alguns radicais originários do
a math teacher professora na
latim, grego, francês, italiano, alemão, entre outras línguas. at Lincoln High?
COMPLEMENTO escola Lincoln
Esses sistemas de construção da língua são impor-
High?
tantes para uma compreensão geográfica do surgimen-
to dos idiomas. Observe alguns exemplos de morfemas
na língua inglesa: Por fim, o item gramatical que interlaça a morfolo-
gia e a sintaxe é a semântica, que estuda a construção
de sentido e o significado das palavras e da mensa-
PALAVRA RADICAL SIGNIFICADO gem de acordo com o contexto estabelecido pelo
interlocutor. Assim, baseando-se nestes três pilares, a
Bigger Big Maior/grande gramática da língua inglesa foi construída, correlacio-
Enganado/ nando-os de modo intrínseco e interdependente.
Mistaken Take Os estudos sobre morfologia, sintaxe e semântica são
pegar/tomar
extensos e podem ser melhor aprofundados com estu-
Erradicar/ dos específicos de gramática. No entanto, basta enten-
Eradication Radic
estabelecer der o funcionamento do próprio uso da língua e de suas
regras que visualiza-se de maneira mais explícita a práti-
Anthropology Anthropo Antropologia ca de cada um dos tópicos mencionados anteriormente.

PALAVRA SUFIXO SIGNIFICADO

Washable -able Lavável PRONOMES E SUAS REFERÊNCIAS


Writer -er Escritor Os pronomes são palavras que podem substituir
Wonderful -ful Maravilhoso em orações o nome próprio de um lugar, uma pessoa,
um objeto, um animal etc.. Quanto aos pronomes na
Sickness -ness Doença língua inglesa, temos algumas classificações específi-
cas para cada grupo. Confira a seguir.
Certainly -ly Certamente
PRONOMES PESSOAIS
A morfologia da língua inglesa está diretamente
ligada à sintaxe, pois palavras são pequenos blocos de São eles as palavras que indicam pessoas, lugares,
sentido que, quando dispostos em uma oração, trans- objetos, animais, entre outros. Dentro deste grupo
mitem uma informação estruturada por regras, objeto existem dois casos: subject pronouns, que agem como
de estudo da sintaxe. sujeitos nas orações, os que realizam a ação; e object
A sintaxe da língua inglesa diz respeito ao estudo pronouns, os que são objetos da ação ou “sofrem” a
da maneira como o interlocutor transmite uma men- ação na oração. Observe seu uso e exemplos:
sagem, dispõe, estrutura, organiza e relaciona as pala-
vras em uma oração, por meio de regras, princípios e Subject Pronouns
processos que ordenam a estrutura da língua.
A sintaxe da língua inglesa pode ser observada,
por exemplo, no estudo da ordem dos adjetivos em I would love to visit your family.
I Eu
uma oração. A regra da correta ordem dos adjetivos Eu adoraria visitar tua família.
em inglês é uma referência clássica de sintaxe, da for- You never call your relatives.
ma de construção adequada da língua. YOU Você, tu
Você nunca liga para seus parentes.
Observe a construção da sintaxe em inglês:
He should be more careful.
HE Ele
Ele deve ser mais cuidadoso.
SUJEITO Lucy and Mark Lucy e Mark
She goes scuba-diving every year.
decided to call SHE Ela
VERBO decidiram ligar Ela faz mergulho todo ano.
OBJETO their parents para seus pais Ele, ela It’s going to be an amazing year.
IT
(neutro) Vai ser um ano incrível.
COMPLEMENTO this Tuesday. esta terça-feira.
We were really tired after the game.
WE Nós Nós estávamos muito cansados
depois do jogo.
VERBO
Would -
AUXILIAR You could come to NY one day.
Vocês,
YOU Vocês poderiam vir a Nova Iorque
INGLÊS

SUJEITO he Ele vós


um dia.
VERBO go iria They decided to stay home for
Eles, Christmas.
COMPLEMENTO to the party à festa THEY
elas Eles decidiram ficar em casa no
OBJETO with us? conosco? Natal.
357
Object Pronouns

This car belongs to me.


ME Me. mim
Este carro pertence a mim.
Would she go with you?
YOU Lhe, o, a, te, ti, a você
Ela iria com você?
We should call him tomorrow.
HIM Lhe, o, a ele
Nós deveríamos o telefonar amanhã.
They decided to invite her.
HER Lhe, a, a ela
Eles decidiram convidá-la.
He fed it its food.
IT Lhe, o, a, a ele, a ela (neutro)
Eles o alimentaram com sua comida
Would they fire us?
US Nos
Eles nos demitiriam?
I’ll give you a discount.
YOU Vos, lhes, a vocês
Eu lhes darei um desconto.
Please, let them now.
THEM Lhes, os, as
Por favor, avise-os.

PRONOMES POSSESIVOS

Os pronomes possessivos, também conhecidos como pronomes substantivos expressam pertencimento de algo
a alguém. No caso da língua inglesa, existem dois grupos de possessivos, os possessive adjectives e os possessive
pronouns. Trataremos dos adjetivos possessivos adiante neste material, vejamos, por hora, o caso dos pronomes
possessivos, cuja função é substituir o nome próprio ao final da oração, como objeto da oração, sem qualquer
flexão de número ou grau. Confira:

These socks are mine.


MINE Meu, minha, meus, minhas
Estas meias são minhas.
Is this book yours?
YOURS Teu, tua, seu, sua
Este livro é seu?
That enormous mansion is his.
HIS Dele
Aquela mansão enorme é dele.
All those white clothes are hers.
HERS Dela
Todas aquelas roupas brancas são dela.
This rubber bone is its.
ITS Dele, dela (neutro)
Este osso de borracha é dele.
Keep your hands off of it, it’s ours!
OURS Nosso, nossa
Tire suas mãos daí, é nosso!
Are these records yours?
YOURS Vosso, vossa, seu, sua
Estes discos são seus?
None of the reports are theirs.
THEIRS Deles, delas
Nenhum dos relatórios são deles.

É comum ao falante de língua portuguesa se confundir e utilizar o pronome possessivo your (seu, sua) para se
referir aos sujeitos da primeira pessoa do singular he, she e it, pois em português é possível a construção de uma
oração como “ela ama seus pais”, considerando que “seus” é pronome possessivo referente ao sujeito ela; estaria
errada, no entanto, a tradução pé da letra “she loves your parents”, pois o pronome possessivo your se refere ao
sujeito You, o correto, então, seria “she loves her parents”

PRONOMES REFLEXIVOS

Estes pronomes são utilizados para concordar com o sujeito inicial da oração, eles sempre aparecem logo após
o verbo. Vale ressaltar que os pronomes reflexivos são usados apenas um grupo específico de verbo na língua
inglesa, propriamente reflexivos. Confira a seguir alguns exemplos.

I check it myself.
MYSELF A mim, a mim mesmo, -me
Eu chequei eu mesmo.
Don’t blame yourself.
YOURSELF A ti, a você mesmo, -te, -se
Não se culpe.
358
He taught himself how to play the guitar.
HIMSELF A si, a si mesmo, -se
Ele ensinou a si mesmo como tocar o violão.
She promised herself she wouldn’t go.
HERSELF A si, a si mesma, -se
Ela prometeu a si mesma que não iria.
The machine did it itself.
ITSELF A si, a si mesmo/a, -se
A máquina o fez por si mesma.
We can start the presentation ourselves.
OURSELVES A nós, a nós mesmos, -nos
Nós podemos começar a apresentação nós mesmos.
You should take care of yourselves.
YOURSELVES A vós, a vocês mesmos, -vos, -se
Vocês devem cuidar de si mesmos.
They can help themselves.
THEMSELVES A si, a eles mesmos, a elas mesmas, - se
Eles mesmos podem se servir.

PRONOMES DEMONSTRATIVOS, RELATIVOS E INDEFINIDOS

Além destes pronomes, temos dois tipos especiais de pronomes, os demonstrativos ou relativos e os indefini-
dos. Os pronomes demonstrativos são usados para indicar algo durante a oração, são eles: this (este, esta, isto),
these (estes, estas), that (aquele, aquela, aquilo) e those (aqueles, aquelas). Veja alguns exemplos:

We really need this money! (Nós realmente precisamos deste dinheiro!)


They should see these flowers. (Eles deveriam ver estas flores)
Helen will show us that beautiful painting. (Helen vai nos mostrar aquela linda pintura)
How much for those pants? (Quanto custam aquelas calças?)

Os pronomes relativos são usados para indicar relação entre partes da oração, são eles: that (que), which (o
qual, a qual, que), whose (cujo, cuja, de quem), who (que, quem), whom (a quem). Veja alguns exemplos:

This is the bus which takes me home (Este é o ônibus que me leva para a casa)
Is this the girl whose house was robbed? (Esta é a garota cuja casa foi roubada?)
He is the teacher who got arrested. (Ele é o professor que foi preso)
The man whom you called is my husband. (O homem a quem você ligou é meu marido).
I never knew that sang. (Eu nunca soube que você cantava)

Já os pronomes indefinidos são aqueles que acompanham o substantivo de maneira imprecisa, ou seja, sem de fato
identificar quem ou o que é o pronome através de algumas palavras específicas. Observe a tabela com alguns exemplos:

Do you have any advice?


ANY Algum, alguma, qualquer
Você tem algum conselho?
There should be some information here.
SOME Algum, alguma, alguns, algumas
Deve haver alguma informação aqui,
They have many children.
MANY Muitos, muitas
Eles têm muitos filhos
Our neighbor makes much noise.
MUCH Muito, muita
Nosso vizinho faz muito barulho.
She knows every single room.
EVERY Todo, toda, cada
Ela conhece todos os quartos.

PRONOMES INTERROGATIVOS

Os pronomes interrogativos são elementos linguísticos usados em perguntas para as quais as respostas são um
nome. Observe a seguir a tabela:

PRONOME INTERROGATIVO PERGUNTA RESPOSTA COM NOME


What city do you prefer? I prefer London.
What (que, o que, qual, quais)
(Que cidade você prefere?) (Eu prefiro Londres)
Where have you been? I’ve been jogging at the park. (Estive correndo no
INGLÊS

Where (onde, aonde)


(Onde você esteve?) parque?)
Who is that boy? He is my son.
Who (quem)
(Quem é aquele garoto?) (Ele é meu filho)
When did you go there?
When (quando) I went there last week. (Eu fui lá semana passada)
(Quando você foi lá?)
359
A partir dos exemplos, é possível observar que no z Usa-se o the em orações cujo substantivo já foi
caso dos pronomes interrogativos a resposta é sempre mencionado anteriormente pelo interlocutor,
um nome, ainda que de modo oculto ou subentendido. pressupondo-se que a pessoa a qual a mensagem
Os pronomes interrogativos jamais referem-se às cir- se direciona já saiba do que se está falando.
cunstâncias ou razões.
The job is perfect for you! (O emprego é perfeito
para você!)
They saw the damage and got worried. (Eles viram
ARTIGOS (DEFINIDOS E INDEFINIDOS) o estrago e ficaram preocupados)

No inglês, temos duas classes de artigos: artigo z Usa-se o the para falar de pontos específicos do glo-
definido e indefinido, sendo o artigo definido o the (o, bo terrestre.
a, os, as) e os artigos indefinidos o a, an (um, uma, uns,
umas). Algumas regras devem ser aplicadas para o The Equator is a pointer for countries’ weather (O
uso correto do artigo definido the. Confira: Equador é um indicador para o clima dos países)
They were discussing the Greenwich meridian sca-
z Não se deve usar o artigo the antes de nomes pró- les. (Eles estavam discutindo sobre as escalas do
prios, como Joana, Bianca, Vancouver, São Paulo meridiano de Greenwich)
etc.).
z Usa-se o the antes de nomes de fluviais como rios,
Incorreto: The Bianca is a very nice girl” (A Bian- mares, canais e oceanos.
ca é uma garota muito legal)
Correto: Bianca is a very nice girl (Bianca é uma The Nile is the longest river on Earth. (O Nilo é o
garota muito legal) rio mais longo do mundo)
They sailed through the Pacific Ocean. (Eles veleja-
ram pelo Oceano Pacífico)
Importante!
z Usa-se o the antes de áreas geográficas do plano
Há uma exceção para o caso de nomes próprios,
cartesiano (norte, sul, leste, oeste etc.)
pode-se usar o artigo the quando falamos de
uma família de pessoas usando seu sobrenome,
The northeast of Brazil is a dry place (O nordeste do
Ex.: the Martins (os Martins), the Kennedy (os Brasil é um local árido)
Kennedy), the Willsons (os Willsons), etc. They went to the south. (Eles foram para o sul)

z Não se deve usar o the antes de substantivos que z Usa- se o the antes de adjetivos que tomam forma
expressam ideia de generalização, caso contrá- de substantivos no plural.
rio a ideia expressa passa a ser sobre um grupo
específico. She could smell the flowers from her room. (Ela
podia sentir o cheiro das flores de seu quarto)
Incorreto: The monkeys eat bananas (Os macacos They love driving the race cars. (Eles amam dirigir
comem bananas) os carros de corrida)
Correto: Monkeys eat bananas (Macacos comem
bananas). z Usa-se o the antes de nomes de grupos de ilhas,
cadeias, montanhas e golfos.
z Não se deve usar o the antes de idiomas, como Ger-
man, English, French, Italian etc. They went to the Bahamas. (Eles foram para as
Bahamas)
Incorreto: They study the Portuguese at school. She visited The Maldives on her birthday. (Ela visi-
(Eles estudam o português na escola) tou as Ilhas Maldivas em seu aniversário)
Correto: They study Portuguese at school. (Eles
estudam português na escola) z Usa-se o the antes de países com nomes compostos
ou que expressam plural.
Observe agora os casos em que se deve utilizar o
artigo the: The USA fought against Germany. (Os Estados Uni-
dos lutaram contra a Alemanha)
z Usa-se o the antes de substantivos únicos em sua Have you ever been to The Netherlands? (Você já
espécie ou para referir-se a um único ser de modo esteve nos Países Baixos)
específico:
z Usa-se o the antes de nomes de jornais, bancos e
The ocean is still a mystery. (O oceano ainda é um instituições privadas bem como ONGs e órgãos
mistério) públicos:
The blue macaw is endangered. (A arara-azul está
ameaçada de extinção) The UNO decided to stop violence. (A Organização
360 The cat was missing (O gato estava perdido) das Nações Unidas decidiu parar a violência)
The New Yorker just tweeted about it. (O New Yor-
ker acabou de tuítar sobre isso) SINGULAR E PLURAL
The National Bank was bankrupt. (O Banco Nacio-
nal estava falido) Os substantivos são responsáveis por nomear os
seres, podendo eles serem objetos, pessoas, lugares,
z Usa-se o the antes de nomes de instrumentos musi- emoções, fenômenos da natureza, animais etc.. Den-
cais, ritmos e danças. tre todos os elementos importantes de serem apren-
didos em um outro idioma, os substantivos compõem
She loves to play the piano (Ela ama tocar piano) uma classe de palavras cruciais para a construção
They were playing the tuba. (Eles estavam tocando de um bom aprendizado na língua inglesa, pois é a
tuba) partir deles que se constitui um vasto conhecimento
The tango is an Argentinian dance (O tango é uma de vocabulário. Podemos classificar os substantivos
dança argentina) em dois grupos: proper nouns (substantivos próprios)
z Usa-se o the antes de nomes de construções e obras e common nouns (substantivos comuns).
famosas.
TIPOS DE SUBSTANTIVOS
We just saw the Eiffe Tower (Acabamos de ver a
Torre Eiffel) PROPER NOUNS EXEMPLOS SIGNIFICADO
The Coliseum is outstanding! (O Coliseu é incrível)
We love the Sistine Chapel (Nós amamos a Capela Referem-se ao nome dos
seres de modo específi- Caroline Caroline
Sistina)
co, indicando o nome de Australia Austrália
pessoas, de locais, dos London Londres
z Usa-se o the para nos referirmos ao elemento gra- dias e meses, nomes Architect Arquiteto
matical de gradação comparativa (quanto mais..., próprios de instituições, Friday Sexta-feira
quanto menos...) marcas e organizações, Pepsi Pepsi
de profissões etc..
The less we speak the better. (Quanto menos falar-
mos, melhor)
The more we study the more tired we get. (Quanto COMMON NOUNS
mais estudamos, mais cansadas ficamos)
Referem-se ao nome dos seres de mesma categoria
The cheaper the clothes the worse their quality. ou família, ou seja, o nome das coisas e dos objetos,
(Quanto mais barata a roupa, pior a qualidade) em geral, podendo ser algo físico, subjetivo, abstrato,
contável, incontável, composto ou não. Observe os
z Usa-se o the antes de números ordinais. exemplos em suas diferentes categorias:

She lives on the 1st floor. (Ela mora no 1º andar) Comuns Significado
The party is on the 23rd of June. (A festa é no 23º dia Tree Árvore
de junho) Leaf Folha
Flower Flor
Quanto aos artigos indefinidos a e an, é válido Grass Grama
mencionar a diferença de uso entre ambas as pala- Dirt Terra
vras. Usamos a quando o substantivo em seguida se
Concretos Significado
inicia com uma consoante ou com o som de consoan-
te; já o an, usamos quando a palavra que o sucede se Chair Cadeira
inicia com uma vogal ou com o som de uma vogal. Fantasy Fantasia
Armor Armadura
z She is a teacher. (Ela é uma professora) Bee Abelha
z She is an engineer. (Ela é uma engenheira) Dream Sonho

Coletivos Significado
Algumas palavras específicas da língua inglesa
são grafadas com letras iniciais em consoantes que Kennel Canil
não possuem som ao serem pronunciadas, nestes People Pessoas
casos usamos os artigos na. Ex.: an hour (uma hora); Shoal Cardume
an homage (uma homenagem); an honest man (um Herd Manada
homem honesto. Grove Arvoredo

Abstratos Significado

Importante! Love Amor


INGLÊS

Hate Ódio
O uso de a e an serve apenas para o singular, Encouragement Encorajamento
quando os substantivos se apresentam no plural, Kindness Bondade
deve-se utilizar elementos quantificadores como Spirit Espírito
many (muitos), much (muito), some (alguns),
any (algum, nenhum), a few (alguns), etc.. 361
O PLURAL DOS SUBSTANTIVOS
COMMON NOUNS

Contáveis Significado Quanto ao plural dos substantivos em inglês, é pre-


ciso observar algumas regras e exceções com relação
Table Mesa ao sufixo ou às terminações de cada palavra. Como via
Pencil Lápis de regra, em geral é só acrescentar o –s ou -es, no caso
Pillow Travesseiro de palavras terminadas em em –s, –ss, –ch, –sh, –x, –z
Door Porta e –o, ao fim da palavra para que ela se torne plural.
Incontáveis Significado
SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO
Bread Pão
Water Água Car Cars Carro/carros
Advice Conselho
Information Informação Bus Buses Ônibus/ônibus

Compostos Significado Brother Brothers Irmão/irmãos

Scuba-diving Mergulho Kid Kids Criança/crianças


Stepson Enteado Batch Batches Fornada/fornadas
Newsstand Banca de jornal
Train station Estação de trem Matress Matresses Colchão/colchões

GÊNERO DOS SUBSTANTIVOS No entanto, no caso de alguns substantivos, quan-


do sua terminação for em -y precedido de uma con-
Diferentemente da língua portuguesa em que as soante, é preciso retirar o -y e substituí-lo por -ies.
terminações dos substantivos podem indicar o gêne-
ro de quem se refere na oração (rico/rica; estressado/ SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO
estressada; ocupado/ocupada), em inglês, os substan- Story Stories História/histórias
tivos não possuem gênero gramatical. Porém, vale
ressaltar que existem algumas mudanças nos substan- Baby Babies Bebê/bebês
tivos para indicar o gênero em alguns casos. Confira: City Cities Cidade/cidades

Butterfly Butterflies Borboleta/borboletas


MALE MASCULINO FEMALE FEMININO

Actor Ator Actress Atriz Quando a palavras terminadas em -f ou -fe, é neces-


sário tirar -f ou -fe e substituí-los pela partícula –ves.
Waiter Garçom Waitress Garçonete

Host Anfitrião Hostess Anfitriã SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO

Lion Leão Linoness Leoa Leaf Leaves Folha/folhas

Heir Herdeiro Heirness Herdeira Wolf Wolves Lobo/lobos

Wife Wives Esposa/esposas


Nos demais casos, são substantivos diferentes os
que serão usados para representar uma pessoa do sexo Knife Knives Faca/facas
feminino e uma pessoa do sexo masculino — mother
(mãe) e father (pai); chicken (galinha) e rooster (galo); Em outros casos, os substantivos são irregulares,
ou seja, tornam-se outra palavra ao serem passados
nephew (sobrinho) e niece (sobrinha). Os demais subs-
para o plural. Veja alguns exemplos:
tantivos da língua inglesa são todos neutros, ou seja,
podem representar qualquer sexo ou gênero — law-
SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO
yer (advogado, advogada); doctor (médico, médica);
employee (funcionário, funcionária); teacher (profes- Man Men Homem/homens
sor, professora).
Woman Women Mulher/Mulheres

Child Children Criança/crianças


Importante!
Mouse Mice Camundongo/Camundongos
Note que nem sempre haverá formas distintas
Lice Louce Piolho/piolhos
para cada gênero quando se trata dos substanti-
vos, portanto saiba que a língua inglesa age mui-
tas vezes de forma neutra com relação a questões
linguísticas de gênero, ou seja, não faz distinção
entre gêneros (masculino, feminino etc..).
362
Em alguns casos, em verbos com terminações em
VERBOS NO TEMPO PRESENTE, PARA y precedidos por uma consoante, como em to study
EXPRESSAR HÁBITOS E ROTINAS, (estudar), to fly (voar) e to cry (chorar).
EM SUAS FORMAS AFIRMATIVA, To study
INTERROGATIVA OU NEGATIVA
SIMPLE PRESENT He (ele) studies

She (ela) studies


O presente simples em inglês, a caráter de estudo,
possui uma divisão simples entre pronomes. Os pro- It (ele, ela, neutro) studies
nomes da terceira pessoa do singular se enquadram
em uma categoria e os demais em outra. Apesar de A forma negativa e interrogativa do Simple Pre-
suas conjugações serem simples ao expressar ações sente é feita com o verbo auxiliar (Do/Does).
no tempo presente, em alguns casos elas se diferen- Forma negativa: utiliza-se “do not” para I, You, We,
ciam. O padrão de conjugação no presente simples se You e They e “does not” para He, She e It.
estabelece retirando o “to” do verbo no infinitivo em
todos os casos. I (eu) do not work
You (você) do not work
Ex.: to eat – comer // I eat bread. (Eu como pão)
He (ele) does not work
Observe que o “to” foi removido para realizar a She (ela) does not work
conjugação de acordo com o pronome em questão, It (ele, ela, neutro) does not work
esta regra se aplica a seguinte lista de pronomes
(veja como exemplo a conjugação do verbo citado We (nós) do not work
anteriormente): You (vocês) do not work
They (eles) do not work
I (eu) Eat
Forma interrogativa: utiliza-se o verbo auxiliar Do
You (tu, você) Eat antes do sujeito para os Pronomes Pessoais I, You, We,
You e They e does para a 3ª pessoa do singular He, She
He/she/it (ele, ela) Eats e It. Vejamos os exemplos abaixo:
Does she go to school by bus? (Ela vai à escola de
We (nós) Eat
ônibus?)
You (vós, vocês) Eat Do you know my boyfriend? (Você conhece meu
namorado?)
They (Eles, elas) Eat

Observe que no caso dos pronomes na terceira


pessoa do singular he, she e it, a conjugação ocorrerá VERBOS NO PRESENTE CONTÍNUO,
de modo diferenciado. Aos verbos que acompanham
estes pronomes, acrescenta-se a letra “s”, “es” ou “ies”. PARA EXPRESSAR ATIVIDADES
Verbos terminados em consoantes, de forma geral, MOMENTÂNEAS E FUTURO, EM
apresentam terminação padrão “s”, como é o caso do SUAS FORMAS AFIRMATIVA,
verbo to drink (beber), to play (jogar), to speak (falar).
Veja:
INTERROGATIVA OU NEGATIVA
SIMPLE PRESENT CONTINUOUS
To drink
O uso do presente contínuo é utilizado para
He (ele) Drinks expressar ações que se iniciam no presente e seguem
continuamente. Para utilizar o presente simples con-
She (ela) Drinks tínuo é preciso utilizar um verbo muito famoso da
língua inglesa, o verbo ser e estar, o to be. Antes de
It (ele, ela, neutro) Drinks
entender o presente simples contínuo, devemos ter
pleno conhecimento do uso deste verbo importante
No caso de verbos terminados em x, ch, s, ss e sh, do idioma. Novamente, separaremos os sujeitos em
acrescentamos “es”, como no caso do verbo to finish dois grupos para conjugarmos o verbo ser e estar no
(terminar). tempo presente na afirmativa (obs.: abre-se apenas
uma exceção para o sujeito em primeira pessoa, I, que
To finish apresenta conjugação diferenciada):
INGLÊS

He (ele) Finishes I (eu) Am (sou, estou)

She (ela) Finishes You (tu, você) Are (é, está)

It (ele, ela, neutro) Finishes We (nós) Are (somos, estamos)


363
You (vós, vocês) Are (são, estão) e aos adjetivos superlativos, eles se referem aos adje-
tivos relativos da língua inglesa.
They (Eles, elas) Are (são, estão)
ADJETIVOS RELATIVOS
He (ele) Is (é, está)

She (ela) Is (é, está) Comparativos

It (ele, ela, neutro) Is (é, está) Usamos os adjetivos comparativos para estabele-
cer comparação entre dois ou mais seres (substanti-
Na negativa, acrescenta-se not ao verbo, podendo ser vos), podendo esta comparação ser:
apresentado nas suas opções em contração aren’t e isn’t.
De igualdade (tanto... quanto):
She is as intelligent as her sister.
I (eu) Am not (não sou, não estou) (Ela é tão inteligente quanto a irmã dela)
You (tu, você) Are not ou aren’t (não é, não está)
De superioridade (mais que):
Are not ou aren’t (não somos, não They run faster than their cousins.
We (nós) (Eles correm mais rápido que seus primos)
estamos)
Jenna was more competitive than the rest of the
You (vós, vocês) Are not ou aren’t (não são, não estão) group.
They (Eles, elas) Are not ou aren’t (não são, não estão) (Jenna era mais competititva que o resto do gru-
po)
He (ele) Is not ou isn’t (não é, não está)
De inferioridade (menos que):
She (ela) Is not ou isn’t (não é, não está) My brother can read less words than I can.
It (ele, ela, neutro) Is not ou isn’t (não é, não está) (Meu irmão consegue ler menos palavras que eu)

Uma regra gramatical importante a ser estabeleci-


Já na interrogativa, inverte-se o sujeito e o verbo.
da quanto aos comparativos é o uso de -er ou -ier em
Observe: adjetivos com 3 ou menos sílabas, como em fast – fas-
ter ou busy – busier, seguidos de than (do que) para
Am I? (Eu sou? Eu estou?) estabelecer relação de comparação; e o uso de more
ou less seguido de adjetivos com 3 ou mais sílabas,
Are You? (Você é? Você está?) como em interesting – more interesting/less interes-
ting, igualmente seguido de than (do que) para estabe-
Are We? (Nós somos? Nós estamos?)
lecer relação de comparação.
Are You? (Você é? Você está?)
She is prettier than the other girls.
Are They? (Eles são? Eles estão?) (Ela é mais bonita que as outras garotas)
Is He? (Ele é? Ele está?)
She is more beautiful than the other girls.
Is She? (Ela é? Ela está?) (Ela é mais bonita que as outras garotas)

Is It? (Ele/ela é? Ele/ela está?) Superlativos

A partir do conhecimento deste tempo verbal, pode- Usamos os adjetivos superlativos para intensificar
mos explorar a estrutura do present continuous. Soma- o grau de superioridade ou inferioridade de um ser
do ao verbo to be, adiciona-se um verbo de ação no (substantivos) em detrimento de outros.
gerúndio, caracterizado na língua inglesa pelo sufixo
-ing, a fim de expressar uma ação contínua. Observe: De inferioridade (o menos, o pior):
He is my least favorite character in the movie.
Lucy is playing with the other kids. (Lucy está brin- (Ele é o meu herói menos favorito do filme)
cando com as outras crianças) Was it the worst party you’ve ever been to?
You aren’t doing your job well. (Você não está (Foi a pior festa a que você já foi?)
fazendo seu trabalho bem)
Are they studying for the test? (Eles estão estudan- De superioridade (o/a mais, o melhor):
do para a prova?) This is the busiest avenue in the city.
(Esta é a avenida mais movimentada da cidade)
They have the most profitable business in Dubai.
(Eles têm o negócio mais rentável de Dubai)
He was the best tennis player in the world.
COMPARATIVO E SUPERLATIVO (Ele é o melhor jogador de tênis do mundo)

GRAU DOS ADJETIVOS Uma regra gramatical importante a ser estabeleci-


da quanto aos superlativos é o uso de -est ou -iest (no
Quando falamos em grau de adjetivos em inglês, caso de adjetivos terminados em y) em adjetivos com
364 referimo-nos a dois tipos: aos adjetivos comparativos 3 ou menos sílabas, como em nice – nicest ou pretty
– prettiest, antecedido do artigo the. Em alguns casos, quando há a sequência consoante + vogal + consoante (cvc),
como no caso do adjetivo big ou fun, deve-se dobrar a última consoante e acrescentar -est à palavra (the biggest;
the funnest). No caso de adjetivos com mais de 3 sílabas, devemos colocar the most (o/a mais) antes dele. Confira:

This is the prettiest purse in stock.


(Esta é a bolsa mais bonita do estoque)
This is the most beautiful purse in stock.
(Esta é a bolsa mais bonita do estoque)

Importante!
Um dos erros mais comuns do estudante de língua inglesa é confundir o superlativo com o comparativo. Para
evitar este problema, lembre-se que o comparativo sempre expressa a ideia de adjetivos que comparam dois
ou mais seres. Já o superlativo qualifica superior ou inferior apenas um ser em relação a todos os outros.

ADJETIVOS E ADVÉRBIOS E SUAS POSIÇÕES NAS FRASES


Os adjetivos dão características aos substantivos, a fim de expressar o estado, a condição, a qualidade ou os
defeitos a eles. Em inglês, podem apresentar variação quanto ao grau, podendo estabelecer relações comparativas
ou superlativas. No entanto, não possuem variação quanto ao gênero (masculino e feminino) e número (singular e
plural), como ocorre na língua portuguesa. Sendo assim, um adjetivo é usado de maneira imutável para referir-se a
qualquer substantivo, seja ele no masculino ou no feminino, no singular ou no plural. Veja a seguir alguns exemplos:

Those lazy boys don’t help at home.


(Aqueles meninos preguiçosos não ajudam em casa)

Mary and John adopted three black dogs.


(Mary e John adotaram três cachorros pretos)

Which brownie do you prefer: the small chocolate-chip ones or the big chocolate ones?
(Quais brownies você prefere: os pequenos de pepitas de chocolate ou os grandes de chocolate?)

TIPOS DE ADJETIVOS

Podemos classificar os diferentes tipos de adjetivos em alguns grupos específicos conforme a ideia que expres-
sam em uma oração. Observe a tabela:

TIPOS EXEMPLO

Adjetivos de tamanho big (grande), small (pequeno), huge (enorme), tiny (minúsculo).

Adjetivos de cor green (verde), Orange (laranja), blue (azul), silver (prateado).

Adjetivos de material plastic (plástico), metal (metal), cotton (algodão), wood (madeira).

Adjetivos de origem Chinese (chinês), American (americano), Canadian (canadense).

Adjetivos de opinião beautiful (bonito), weird (estranho), awful (horrível), good (bom).

Adjetivos de religião atheist (ateu), catholic (católico), jewish (judeu), buddist (budista).

Adjetivos de propósito soccer-field (campo de futebol), desk (mesa), flip-flops (chinelos).

Adjetivos de idade old (velho), young (jovem), teenager (adolescente), adult (adulto)

Adjetivos de formato square (quadrado), round (redondo), triangular (triangular).

ORDEM DOS ADJETIVOS


INGLÊS

Antes de mais nada, deve-se ter bem claro que a posição e ordem dos adjetivos em inglês funciona de forma
diferente do uso comum em português. Os adjetivos em inglês devem vir antes do substantivo.

She has a blue car.


(Ela tem um carro azul) 365
The red-haired boy was running.
(O menino ruivo estava correndo)

Would you give me that round pillow, please?


(Você me daria aquele travesseiro redondo, por favor?)

I like the black and white sneakers better.


(Eu gosto mais do tênis preto e branco)

Além disso, quando a oração apresenta mais de um adjetivo, é preciso seguir uma ordem específica. Observe
o esquema abaixo e confira alguns exemplos:

Opnião → Tamanho → Idade → Formato → Cor → Origem → Religião → Material → Propósito → Nome

That was a pretty (1) little (2) Baptist (3) church (4). // Aquela era uma igrejinha batista pequena e bela.

(1 opinião > 2 tamanho > 3 religião > 4 nome)

Those were some really ugly-looking (1) brown (2) leather (3) horseback-riding (4) pants (5). // Aquelas
calças de couro marrons de cavalgar eram muito feias.

(1 opinião > 2 cor > 3 material > 4 propósito > 5 nome)

I lost my heart-shaped (1) yellow (2) Indian (3) cotton (4) pillow (5) on our trip to Bali! // Eu perdi minha
almofada amarela de formato de coração de algodão indiano na nossa viagem para Bali!

(1 formato > 2 cor > 3 origem > 4 material > 5 nome)


Advérbios são classes de palavras responsáveis por alterar o sentido do verbo. Dependendo do tipo de sentido
que conferem à oração, os advérbios podem ser classificados em advérbios de tempo, modo, lugar, afirmação,
negação, ordem, dúvida, intensidade, frequência e advérbios interrogativos. Veja a seguir a explicação para cada
tipo e seus respectivos exemplos.

ADVÉRBIOS

Advérbios são classes de palavras responsáveis por alterar o sentido do verbo. Dependendo do tipo de sentido
que conferem à oração, os advérbios podem ser classificados em advérbios de tempo, modo, lugar, afirmação,
negação, ordem, dúvida, intensidade, frequência e advérbios interrogativos.
Vejamos abaixo a regra básica da posição do advérbio na frase.
Regra Básica: O advérbio não pode estar entre o verbo e seu objeto, então, há duas maneiras básicas de
colocação:

ADVERB + VERB + OBJECT.


(Advérbio + verbo + objeto)

VERB + OBJECT + ADVERB


(Verbo + objeto + advérbio)

Observemos a seguir a explicação para cada tipo de colocação e preste atenção em sua posição na frase.

Advérbios de tempo
Expressa o tempo em que a ação é realizada.

SHORTLY We’ll be with you shortly. Estaremos com vocês brevemente.

IMMEDIATELY Put your coat on immediately. Coloque seu casaco imediatamente.

SOON The doctor will be here soon. O médico estará aqui em breve.

LATELY Why is she so upset lately? Por que ela está tão chateada ultimamente?

NOW Let’s go now. Vamos agora.


366
Advérbios de modo

Expressa o modo ou a maneira como a ação é realizada.

SLOWLY He kissed me slowly. Ele me beijou vagarosamente.

CAREFULLY You need to lift it carefully. Você precisa levantá-lo cuidadosamente.

GLADLY They gadly received our gift. Eles alegremente receberam nosso presente.

BEAUTIFULLY He plays the cello beautifully. Ele toca o violoncelo lindamente.

QUICKLY I’ll try to finish it quickly. Tentarei terminar rapidamente.

Advérbios de lugar

Expressa o lugar em que a ação é realizada.

THERE Did you see them there? Você os viu lá?

WHEREVER We can go wherever you want. Nós podemos ir a qualquer lugar que você quiser.

BEHIND The shoes were behind the door. Os sapatos estavam atrás da porta

FURTHER He can’t be further from the truth. Ele não podia estar mais longe da verdade.

NEAR There’s na excelente pizza place near here. Há uma ótima pizzaria perto daqui.

Advérbios de afirmação

Expressa certeza com relação à ação em questão.

SURELY She surely knows how to dance. Ela certamente sabe dançar.

INDEED They indeed hate you. Eles de fato te odeiam.

CERTAINLY John certainly didn’t mean no harm. John certamente não quis fazer mal algum.

EVIDENTLY The kids evidently love their parents. As crianças evidentemente amam seus pais.

OBVIOUSLY He obviously loves you. Ele obviamente te ama.

Advérbios de negação

Expressa negação quanto a ação em questão.

NO No, we can’t. Não, nós não podemos.

NOT He is not the guy for you. Ele não é cara para você.

Advérbios de ordem

Expressa a sequência ou a ordem em que as ações na oração são realizadas.

FIRST You said it first! Você disse primeiro!

SECONDLY And, secondly, I’m really bad at making friends. E, em segundo lugar, eu sou ruim em fazer amigos.

Thirdly, they didn’t even understand what I Em terceiro lugar, eles nem mesmo entenderam o que
THIRDLY
said. eu disse.

LASTLY Lastly, they played my favorite song. Por último, eles tocaram minha música favorita.
INGLÊS

367
Advérbios de dúvida

Expressa dúvida ou questionamento quanto à ação.

MAYBE Maybe she doesn’t like cats. Talvez ela não goste de gatos.

POSSIBLY Anna possibly speaks Chinese. Anna possivelmente fala chinês.

PERHAPS Perhaps I should be studying math. Talvez eu deva estudar matemática.

PROBABLY They probably had too much to drink. Eles provavelmente beberam demais.

Advérbios de intensidade

Expressa a intensidade com a qual a ação é realizada.

STRONGLY She strongly agrees with them. Ela concorda veementemente com eles.

BARELY They barely talked to me. Eles mal falaram comigo.

EXACTLY He knew exaclty what I wanted. Ele sabia exatamente o que eu queroa.

My parents gave me nearly enough money to Meus pais me deram dinheiro quase o suficiente para
NEARLY
travel. eu viajar.

QUITE I’m not quite sure. Eu não tenho completa certeza.

Advérbios de frequência

Expressa a frequência em que uma ação é realizada.

RARELY He rarely calls. Ele raramente liga.

NEVER Mom never says how much she cares. Mamãe nunca diz o quanto ela se importa.

USUALLY I usually wake up at 7. Eu geralmente me levanto às 7.

OFTEN Ian often visits his grandparents. Ian frequentemente visita seus avós.

ALWAYS She’s always so clever. Ela é sempre tão esperta.

Advérbios interrogativos

Mudam de forma interrogativa a maneira como a ação é realizada.

WHEN When is she coming? Quando ela vem?

WHERE Did you she where she went? Você viu onde ela foi?

HOW How much do you feed your dog? Quanto você alimenta o seu cachorro?

WHY Why didn’t they come? Por que eles não vieram?

QUANTIFICADORES (MANY, MUCH, FEW, LITTLE, A LOT OF)


Quantificadores são expressões que indicam a quantidade de objetos, pessoas ou animais na oração. Cada qual
possui o contexto adequado em que deverá ser utilizado, sendo assim importante compreender quais os princi-
pais quantificadores da língua inglesa, seus significados e aplicação prática em orações. Confira a seguir:

z Much: muito, muita; usa-se junto a substantivos incontáveis numericamente.

She has so much coffee every day. (Ela bebe muito café todo dia)
They have much patience with their kids. (Eles têm muita paciência com seus filhos)
368 The plant needs much water. (A planta precisa de muita água)
z Many: muitas, muitos; usado acompanhando subs- We must have a little faith. (Nós devemos ter um
tantivos contáveis numericamente. pouco de fé)
You only liked it a little. (Você gostou apenas um
They have many goals. (Eles têm muitos objetivos) pouco)
She didn’t make many calls today. (Ela não fez mui- We had a little help from our friends. (Nós tivemos
tas ligações hoje) um pouco de ajuda dos nossos amigos)
We have many stories to tell. (Nós temos muitas his-
tórias para contar) z Little: pouco, pouca (menos que a little, ideia nega-
tiva); usado com substantivos incontáveis.
z A lot of: muitos, muitas, muitos, muitas, um monte
They had very little time to talk. (Eles tiveram mui-
de; usado para expressar quantidades grandes ou
to pouco tempo para conversar)
montantes de algo, pode acompanhar substanti-
We had little hope it could happen. (Nós tínhamos
vos contáveis ou incontáveis, sempre de modo não
pouca esperança de que poderia acontecer).
específico.
She had little tolerance to disrespect. (Ela tinha pou-
ca tolerância ao desrespeito)
We have a lot of reports to read. (Nós temos muitos
relatórios para ler)
Dica
They have a lot of faith. (Eles têm muita fé)
He could show you a lot of options. (Ele poderia te Alguns elementos da língua agem como intensi-
mostrar muitas opções) ficadores dos quantificadores, como very (mui-
to, muita), so (tanto, tanta), much (muito, muita)
z Some: alguns, algumas, um pouco de; acompanha — We had so much hope (Nós tínhamos tanta
apenas substantivos contáveis. esperança); They had very little patience with the
kids (Eles tinham muito pouca paciência com as
May I have some water? (Eu posso beber um pouco crianças).
de água?)
We could save some money. (Nós poderíamos eco-
nomizar um pouco de dinheiro)
There are some people outside. (Há algumas pes- HORA DE PRATICAR!
soas lá fora)
1. (DECEX — 2017) This news is about an 84-year-old
z Any: nenhum, nenhuma, algum, alguma, qual- woman from the UK. Her name is Ursula and she left
quer; usado em orações positivas como qualquer, school in 1944 unable to read. She had no time to learn
em orações negativas como nenhum, nenhuma e to read because she had to look after her ill parents.
em orações interrogativas como algum ou alguma.
Ursula felt sad that she could not read the papers or
books like other people. She decided to learn to read
He doesn’t have any friends. (Ele não tem nenhum
now, in her 80s. She hopes that she can inspire other
amigo)
people to read too.
It could be any of the options (Poderia ser qualquer
uma das opções)
What is the main verb tense used in the text? Choose
Is there any other way? (Há algum outro caminho?) the correct verb tense.

z A few: alguns, algumas (no sentido de pouco ou a) simple past


menos); usado com substantivos contáveis no b) past perfect
plural. c) simple present
d) presente perfect continuous
We only have a few coins. (Nós temos apenas algu- e) presente perfect
mas moedas)
She has a few problems with her teacher (Ela tem 2. (DECEX — 2017) Choose the alternative according to
alguns problemas com sua professora) the right use of modals.
I have a few favors to ask you. (Eu tenho alguns
favores para te pedir) a) Do you can close the door, please?
b) Would you please bring me some tea?
z Few: poucos, poucas (menos que a few); usado com c) We must go to the beach yesterday.
substantivos contáveis. d) I can to go with you.
e) I needn’t to do this now.
We have few people to help. (Temos poucas pessoas
para ajudar) 3. (DECEX — 2017) Choose the alternative that correctly
Few patients have recovered. (Poucos pacientes se completes the sentences according to the right use of
INGLÊS

recuperaram) articles:
There were few tools to start. (Havia poucas ferra-
When we cross the street we must wait for the green
mentas para começar)
man on _____ crossing sign, but in one Australian city,
he no longer wears trousers._____ city of Melbourne
z A little: um pouco de, algum; usado com substan-
is now in the news because it changed some of the
tivos incontáveis. 369
pedestrian lights from men to women._____member 8. (DECEX — 2016) Chose the correct alternative accor-
of the Melbourne city board thinks that to see only__ ding to the use of modals.
___male figure is not right. She hopes that _____female
figure will make our world equal. ( ) I was so tired last night but I couldn’t sleep.
( ) She not must help you.
a) the - the - a - a - the ( ) I’m not sure. I might not go to the movies.
b) the - the - an - a - a
c) a - a - a - the - the a) V–V–V
d) a - a -the - an - an b) V–F–V
e) a - the - the - a – the c) F–V–V
d) F–F–V
4. (DECEX — 2017) Choose the alternative that correctly e) F–V–F
completes the sentence below.
John wanted_____find a new apartment_______the city 9. (DECEX — 2016) Choose the alternative that correctly
center but they were not____ him. completes the sentences according to the right use of
articles:
a) to - in - in I wrote _______ letter to my friend yesterday. Today I
b) for to - on - into saw______ letter on______dinner table. I forgot to post
c) for -in -onto it.
d) to - in - for
e) to-on-on a) the – the – the
b) the – the – a
5. (DECEX — 2017) Choose the alternative that correctly c) a–a–a
completes the sentence below. d) a – a – the
Which color do you like_________ , yellow or white? e) a – the – the

10. (DECEX — 2016) Choose the alternative that correctly


a) more
completes the sentences according to the right use of
b) most
pronouns.
c) the most
d) many
Dear friend, thanks for______email. It is so nice to
e) much
hear from______. Let______tell you______news, even
though______are much more interesting.
6. (DECEX — 2017) Write “T” if the sentence is gramma-
tically correct, and “F” if it is grammatically incorrect.
a) your – you – me – my – yours
Then choose the alternative with the correct sequence.
b) yours – you – I – mine – your
c) you – yours – my – his – they
( ) Many animals are disappearing because of the gree-
d) my – me – mine – my – you
nhouse effect.
e) yours – I – I – mine – theirs
( ) Most of the dogs in the kennel are sick.
( ) There are only a little monkeys in the zoo. 11. (DECEX — 2016) Choose the word that best completes
( ) Birds need few water to live. the sentence below.
( ) Dogs eat a lot of meat.
____________place I’ve ever visited was the Netherlands.
a) T-T-F-F-T
b) F-T-T-F-T a) The most
c) T-F-F-T-F b) The more far
d) F-F-F-F-T c) The farthest
e) T-T-T-T-F d) The far most
e) The farest
7. (DECEX — 2017) This news is about an 84-year-old
woman from the UK. Her name is Ursula and she left 12. (DECEX — 2016) Which of the relative clauses below
school in 1944 unable to read. She had no time to learn modifies the object of the sentence?
to read because she had to look after her ill parents.
Ursula felt sad that she could not read the papers or a) The boy who lives near me has four cats.
books like other people. She decided to learn to read b) Stories which end in death make me cry.
now, in her 80s. She hopes that she can inspire other c) The idea that she could fly is completely nonsense.
people to read too. d) The girl whose father died yesterday will move to China.
According to the text, the meaning of the words ill e) I can’t find the person to whom you talked.
parents is:
13. (DECEX — 2016) Which of the alternatives below best
a) parentes cansados completes the dialogue?
b) familiares distantes
c) pais velhos John:______ you watch the soccer game on channel 4
d) parentes doentes last night?
370 e) pais adoentados George: No:________it good?
John: Awesome! The visiting team________score a sin- 16. (DECEX — 2015)
gle goal.
George: I’m glad I______ there. I hate to see a visiting The oldest human footprints in Europe have been dis-
team lose. covered in Britain. There are only three other sets of
John: I______know you were that crazy !!!! Why should footprints that are older and they are in Africa.
the visiting team win?
Scientists took digital photographs of the footprints
a) Do – Is – don’t – isn’t – don’t and created a 3D image from them. The images and
b) Did – Did – didn’t – didn’t – didn’t
model were unveiled at a news conference at the British
c) Did – Was – didn’t – wasn’t – didn’t
Museum in London. Scientists think that most of the foo-
d) Do – Do – don’t – don’t – don’t
e) Were – Was – wasn’t – wasn’t – wasn’t tprints are children’s. There was at least one adult, too.

14. (DECEX — 2015) Discoveries of ancient man’s footprints are extremely


rare. Scientists say that the discovery will rewrite our
The oldest human footprints in Europe have been dis- understanding of human occupation of Britain and
covered in Britain. There are only three other sets of Europe.
footprints that are older and they are in Africa.
Scientists took digital photographs of the footprints Chose the correct altemative according to the text.
and created a 3D image from them. The images and
model were unveiled at a news conference at the Bri- I. The oldest human footprints were found in Britain.
tish Museum in London. Scientists think that most of II. The footprints are children’s.
the footprints are children’s. There was at least one III. The findings are quite common.
adult, too.
Discoveries of ancient man’s footprints are extremely a) Only I and III are correct.
rare. Scientists say that the discovery will rewrite our b) Only II and III are correct.
understanding of human occupation of Britain and c) Only I and II are correct.
Europe. d) I, II and III are correct.
In the sentence: “The oldest human footprints in Euro- e) I, II and III are incorrect.
pe have been discovered in Britain”, choose the correct
verb tense.
17. (DECEX — 2015)
a) Simple past.
The oldest human footprints in Europe have been dis-
b) Past perfect.
c) Simple present. covered in Britain. There are only three other sets of
d) Present perfect continuous. footprints that are older and they are in Africa.
e) Present perfect.
Scientists took digital photographs of the footprints
15. (DECEX — 2015) and created a 3D image from them. The images and
model were unveiled at a news conference at the British
The oldest human footprints in Europe have been dis- Museum in London. Scientists think that most of the foo-
covered in Britain. There are only three other sets of tprints are children’s. There was at least one adult, too.
footprints that are older and they are in Africa.
Discoveries of ancient man’s footprints are extremely
Scientists took digital photographs of the footprints rare. Scientists say that the discovery will rewrite our
and created a 3D image from them. The images and understanding of human occupation of Britain and
model were unveiled at a news conference at the Bri- Europe.
tish Museum in London. Scientists think that most of
the footprints are children’s. There was at least one
Read the sentence below.
adult, too.
Scientists took digital photographs of the footprints
Discoveries of ancient man’s footprints are extremely
and created a 3D image from them.
rare. Scientists say that the discovery will rewrite our
understanding of human occupation of Britain and
Europe. The alternative that correctly transforms the sentence
above to the simple present is:
Chose the correct altemative that shows a superlative
form. a) Scientists take digital photographs of the footprints
and create a 3D image from them.
a) There was at least one adult, too. b) Scientists tooks digital photographs of the footprints
b) The oldest human footprints in Europe have been dis- and creates a 3D image from them.
INGLÊS

covered in Britain.
c) Scientists takes digital photographs of the footprints
c) Scientists think that most of the footprints are children’s.
d) There are only three other sets of footprints that are and create a 3D image from them.
older and they are in Africa. d) Scientists tooks digital photographs of the footprints
e) Scientists took digital photographs of the footprints and create a 3D image from them.
and created a 3D image from them. e) Scientists took digital photographs of the footprints
and creates a 3D image from them. 371
18. (DECEX — 2015)
5 A
The oldest human footprints in Europe have been dis- 6 A
covered in Britain. There are only three other sets of
footprints that are older and they are in Africa. 7 E

8 B
Scientists took digital photographs of the footprints
and created a 3D image from them. The images and 9 E
model were unveiled at a news conference at the British
Museum in London. Scientists think that most of the foo- 10 A
tprints are children’s. There was at least one adult, too.
11 C
Discoveries of ancient man’s footprints are extremely 12 E
rare. Scientists say that the discovery will rewrite our
understanding of human occupation of Britain and 13 C
Europe. 14 E
Read the sentences below.
15 B
Scientists took digital photographs of the footprints
and created a 3D image from them. 16 E

Scientists say that the discovery will rewrite our 17 A


understanding of human occupation of Britain and
18 C
Europe.
The alternative that correctly identifies the pronouns 19 D
is: 20 C

a) subject - object.
b) indefinite - demonstrative.
c) object - possessive.
d) possessive - subject. ANOTAÇÕES
e) demonstrative - indefinite.

19. (DECEX — 2015) Chose the correct alternative(s) accor-


ding to the use of modals.

I. We must go to school yesterday.


II. I don’t think she should buy that purse.
III. She canto travel with us.

a) I, II and III.
b) I and III, only.
c) II and III, only.
d) II, only.
e) III, only.

20. (DECEX — 2015) Choose the altemative that correctly


completes the sentences below:

_____ March 25th she will be ____ the plane, She arrives
____7 am. Once____London she wm call us.

a) On - in - on - on.
b) At - in -- at - in.
c) On - on - at - in.
d) Since - on - in - at.
e) From - at - at - in.

9 GABARITO

1 A

2 B

3 A

4 D
372

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