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INSTRUÇÕES
QUESTÕES OBJETIVAS
0,5 ponto cada questão
QUADRO DE RESPOSTAS
1 2 3 4 5 6 7 8
A A A A A A A A
B B B B B B B B
C C C C C C C C
D D D D D D D D
E E E E E E E E
Queridos estudantes,
nesta 1ª etapa, nas disciplinas de Arte, Literatura e Língua Portuguesa, nós, os professores, tentamos, além
de ensinar alguns conceitos, criar condições para vivenciarem uma possível experiência estética.
Acreditamos que a arte torna as pessoas mais sábias, mais conscientes, mais sensíveis, mais perspicazes.
Vocês escutaram a voz do poeta Manoel de Barros “...a palavra não precisa significar - é só entoar”;
entraram no mundo drummondiano com a leitura do conto “A doida” e aprenderam a perceber melhor o
outro; ingressaram nos espaços inquietantes de Giorgio de Chirico e se permitiram escutar o vazio
perturbador da pintura metafísica; olharam para os objetos do cotidiano através das lentes de Magritte e
Duchamp, aprendendo a “desver” as aparências das coisas.
Esperamos que as leituras dos textos verbais e não verbais que estudamos interajam com suas consciências
e os humanizem.
Boa prova!
Abraços,
1
Tipo A
TEXTO I
TEXTO II
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O primeiro poema:
O menino foi andando na beira do rio
e achou uma voz sem boca.
A voz era azul.
Difícil foi achar a boca que falasse azul.
Tinha um índio terena que diz-que
falava azul.
Mas ele morava longe.
Era na beira de um rio que era longe.
Mas o índio só aparecia de tarde.
O menino achou o índio e a boca era
bem normal.
Só que o índio usava um apito de
chamar perdiz que dava um canto azul.
Era que a perdiz atendia ao chamado
pela cor e não pelo canto.
A perdiz atendia pelo azul.
BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015. p.99.
Tanto os versos de Manoel de Barros quanto a ilustração, criada pelos estudantes da 1ª Série B, abordam
o lirismo do azul. Para alcançar esse efeito, o poeta
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Tipo A
A) a descrição da casa da doida, feita pelo narrador, ajuda a criar um clima de proximidade, de
respeito dos moradores que por ali passaram.
B) a iminência da morte da doida faz com que o jovem intruso fuja com medo da tragicidade
desenhada à sua frente.
C) a louca continua, até o momento final e apesar dele, sem personalidade, sem voz, sem projeção
existencial.
D) o apedrejamento da casa da doida representava para os meninos um consentido extravasamento
do ódio social.
E) a protagonista busca a todo instante uma conexão com os vizinhos, porém não alcança esse feito
em virtude da sua fragilidade.
TEXTO I TEXTO II
Os quadros surrealistas contam
histórias. É por essa razão que,
para muitos surrealistas, uma
ideia literária ou um comentário
artístico-teórico ou filosófico é
mais importante do que a
execução pictórica em si
mesma.
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Tipo A
https://santhatela.com.br/wp-content/uploads/2021/07/magritte-a-
clarividencia-d.jpg Acesso 30/03/2022
Foto: Eduardo Matia – Turma 1B BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2015. p.99.
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Tipo A
A maioria de nós, formada por uma estrutura escolar tradicional e pouco criativa, acostumou-se a se
relacionar com a poesia de forma bastante estigmatizada. Infelizmente, somos relativamente poucos os
despertados por ela e para ela. Ainda somos uma minoria a perceber que a poesia nos traz enormes ganhos
com o seu convívio: ganhos em proveito da educação, que está a serviço do desenvolvimento humano.
Um estereótipo a ser constantemente derrubado é a grande máxima de que poesia é difícil ou de que a
poesia somente é acessível a decifradores de textos muito distantes da comunicação cotidiana. Em meio a
muitas “teorias avós” que herdamos – para utilizar as palavras de Mario de Andrade em Paulicéia
desvairada – consta aquela que preconiza que poesia é somente para os “letrados”! Que está mais para
uma escala elitista, cujo público é formado por seletos literatos e imortais ocupantes da cadeira mais
solene da academia.
A estranha ideia de gostar de poesia – “esse gênero que ninguém entende” (outro estigma) – se não
confere um status no mínimo estranho, dá a seu leitor a fama de chato, pedante ou mesmo de lunático.
Por muito tempo, sustentamos a crença de que a poesia agradava somente àqueles e àquelas que vão pela
contramão da realidade, ou seja, as pessoas alheias, os chamados moradores das ‘torres de marfim’.
Noutra circunstância, o contato com o gênero consiste em obrigação: ou lemos poesia para não reprovar
na disciplina de literatura ou forçam-nos a engolir goela abaixo versos e rimas cobradas na lista de leitura
para o vestibular.
Acontece que a poesia é mais forte que estigmas e estereótipos. Inteligentemente, ela encontra formas
para realizar seu propósito fundamental: o ganho da libertação. Sua verdadeira acepção independe da
ingênua tentativa de restringi-la a um estilo ou a uma escola literária. Como bem lembra a sabedoria do
poeta e escritor mexicano Octavio Paz, “a poesia é conhecimento, salvação, poder” e “revolucionária por
natureza”. Assim, revela-se completamente autônoma, independente de teorias, compartimentos ou
normas. A poesia é diversa, democrática e encontrada em toda parte: na música, no movimento, nos olhos
de quem a descobre, na voz de quem a profere, na letra de quem a escreve. A poesia está nos campos. A
poesia está nas ruas e nas casas; está misturada à maioria das gentes e também solitária sob forma de
contemplação.
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Tipo A
aprendizados raramente cumpriram sua função basilar de se tornarem saberes para a vida. Qual a razão de
o ensino da gramática, da biologia, da matemática, da química, da história acontecer de forma
desconectada do amplo universo das artes? Por que o contato com a esfera da expressão artística –
domínio cuja amplidão tem a propriedade de contemplar todos os conteúdos – também se dá de forma
desvinculada das demais disciplinas? O que o ensino perde com abordagens tão estanques dentro das
escolas?
Sabemos que a inserção da poesia nas disciplinas da grade curricular é tarefa desafiadora. É preciso a
constância do olhar renovado, da boa vontade e da coragem de libertarmo-nos dos nossos
condicionamentos, das nossas técnicas engessadas e de nossas crenças. Partimos quase por uma zona
experimental, o que por vezes é tarefa árdua! Um poema na aula de química pode ou não causar o efeito
esperado! Como falar de Drummond no ensino sobre átomos, por exemplo? Ou no ensino dos elementos
da tabela periódica? Para inspirar o interesse sobre o cálcio, o zinco, o potássio, nós lemos o poema
“Sentimental” inteiro ou somente servimos na aula os versos “Ponho-me a escrever teu nome/com letras
de macarrão”? Qual o real desejo da saciedade? Consumir o alimento rico em sódio ou fantasiar com a
pessoa amada diante da “sopa que esfria”? Como seria uma aula de biologia se iniciada pelo verso “Vem
como estás, metade gente metade universo”, de Cecília Meireles? Numa discussão sobre empuxo, por
exemplo, fenômeno em que ocorre a aparente perda do peso corpóreo na água, poderia a aula de física ter
o ganho da leveza e da intensidade com termos poéticos profundos e ao mesmo tempo tão diáfanos?
Neste cenário escolar mais renovado e criativo, provavelmente os alunos possam apresentar reações
intrigadas e até mesmo imprevisíveis. Mesmo assim, a introdução da poesia no ensino das disciplinas talvez
os convide a descondicionar a forma com a qual direcionam sua atenção para a aula, pois a abordagem já é
inusitada.
Não inserir a poesia no ensino de toda e qualquer matéria consiste na perda de muitos aprendizados.
Dentre eles, o ganho da criatividade, da beleza e da inspiração como fatores fundamentais para que seja
despertado um interesse mais genuíno ao conteúdo transmitido. Por sua vez, se os assuntos forem
abordados pela via do plural, pelo norte do diversificadamente poético, um dia os conteúdos escolares
verdadeiramente cumpram sua função mais primordial: tornarem-se saberes para a vida, no propósito do
desenvolvimento humano.
Fonte: https://www.revistaponte.org/post/o-que-perde-o-a-educa%C3%A7%C3%A3o-com-a-aus%C3%AAncia-da-
poesia acesso dia 25.03.2022
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Tipo A
As funções da linguagem são um conjunto das finalidades comunicativas realizadas por meio de enunciados
da língua. Os textos podem ter predominância de uma ou mais funções. No fragmento “ou lemos poesia
para não reprovar na disciplina de literatura ou forçam-nos a engolir goela abaixo versos e rimas
cobradas na lista de leitura para o vestibular”, predomina a função:
A) metalinguística.
B) fática.
C) referencial.
D) expressiva.
E) conativa.
QUESTÕES DISCURSIVAS
2,0 pontos cada questão
TEXTO I TEXTO II
O Pai achava que a gente queria
desver o mundo
para encontrar nas palavras
novas coisas de ver
assim: eu via a manhã pousada
sobre as margens do rio do
mesmo modo que uma garça
aberta na solidão de uma pedra.
Eram novidades que os meninos
criavam com as suas palavras.
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Tipo A
A) A proposta artística do estudante Lucas Riani pode ser considerada um ready-made? JUSTIFIQUE.
(1 ponto)
B) Relacione a imagem produzida por Lucas Riani (TEXTO I) com a ideia de “desver” abordada por
Manoel de Barros no poema (TEXTO II).
(1 ponto)
1
“Foi tropeçando nos móveis, arrastou com esforço o pesado armário da janela, desembaraçou a
cortina, e a luz invadiu o depósito onde a mulher morria. Com o ar fino veio uma decisão. Não deixaria a
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Tipo A
mulher para chamar ninguém. Sabia que não poderia fazer nada para ajudá-la, a não ser sentar-se à beira
da cama, pegar-lhe nas mãos e esperar o que ia acontecer.”
“Alteridade, muito mais que um conceito, é uma prática. Ela consiste, basicamente, em colocar-se no lugar
do outro, entender as angústias do outro e tentar pensar no sofrimento do outro. Alteridade também é
reconhecer que existem culturas diferentes e que elas merecem respeito em sua integridade. [...]”
(2 pontos)
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