Você está na página 1de 10

Ana julia do Amaral e Eloá Raffo 3 ETIM CV

A Vanguarda Europeia representa uma série de movimentos artísticos e


culturais que ocorreram em diferentes partes da Europa desde o início do
século XX. As vanguardas artísticas europeias proeminentes são:
Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo.
Juntos, esses movimentos influenciaram a arte moderna do mundo na pintura,
escultura, arquitetura, literatura, cinema, teatro, música e muito mais.

Expressionismo: O expressionismo, que surgiu em Dresden, na Alemanha,


em 1905, é um movimento artístico que se originou no grupo Die Brücke - que
significa " a ponte" em português. Ernst Kirchner, Erich Heckel e Karl Schidt-
Rottluff são os artistas que se uniram para criar este coletivo baseado em
sentimentos e expressão emocional. Tem um caráter verdadeiramente
subjetivo, irracional, pessimista e trágico justamente porque destaca os
problemas humanos. Este estilo de arte era uma oposição a outro movimento
inicial, o Impressionismo. O artista norueguês Edvard Munch pode ser
considerado uma grande inspiração para Die Brücke e um precursor do
expressionismo. Sua obra mais importante, O Grito (1893), é uma das obras
mais simbólicas do pintor. Além dele, também merece destaque o artista Van
Gogh, que também influenciou profundamente o movimento.
O quadro Ansiedade de Edvard Munch é um ótimo exemplo desse movimento:

Df Igreja
Barcos

Lago
g Píer

A pintura repete de perto muitos elementos de O Grito. O mesmo píer que uma
vez abrigou um único personagem alienado reaparece, assim como o lago ao
longe, e os dois barcos, a igreja e outros edifícios alinhados ao longo da costa
estão menos borrados do que antes. Todas essas referências são extraídas de
trabalhos anteriores, assim como os tons profundos e os redemoinhos intensos
de linhas ampliadas, porém menos escuras que antes, que definem e
eventualmente abrangem terra, mar e céu. No entanto, se O Grito lida com os
horrores de uma pessoa vivendo em completo isolamento, a ansiedade joga
com o desespero coletivo. A dor neste trabalho parece mais persistente,
embora menos comum, do que em O Grito, porque o desespero aqui é
suportado por um grupo e não por um indivíduo isolado.

Fauvismo: O fauvismo é um estilo de pintura baseado na intensidade


cromática, simplificação das formas e utilização de cores puras, além de usá-
las arbitrariamente, sem compromisso com as cores reais. Devido a essas
características, durante o período do Salão de Outono, alguns pintores desse
movimento foram chamados de Fauves pelos críticos por rejeitarem a nova
forma de pintar. Alguns dos nomes importantes do fauvismo são: os mais
famosos André Derain, Maurice de Vlaminck, Othon Fries e Henri Matisse.
Quadro Alegria de Viver de Henri Matisse:

pessoas

dançando menino

tocando

flauta

mulher casal se

tocando beijando

flauta

A obra de Matisse, Alegria de Viver, é uma ode à harmonia entre o homem e a


natureza, um retorno à idade de ouro, a única maneira de deixar de lado as
pressões da vida cotidiana e encontrar a paz que você deseja. Há várias cenas
na obra: mulher e menino tocando flauta, casal se beijando, dançando etc.
Tudo acontece em absoluta paz e harmonia, em contato com a natureza.
Segundo os historiadores, "A Donzela" de Pablo Picasso foi uma resposta a
esta pintura de Matisse, pois os pintores espanhóis e franceses mantinham
uma certa rivalidade, embora fossem bons amigos.
A pintura tem uma cena praticamente “cotidiana”, uma infinidade de cores
puras e o movimento de figuras humanas espalhadas por uma floresta ou
campo arborizado. É possível fazer vários cortes dentro dessa composição e
encontrar várias cores diferentes, vermelho e laranja no lado esquerdo
enfatizando a vibração das cores puras. Ao contrário deste jogo de
aquecimento, Matisse cria um corte quase azul no canto inferior esquerdo, no
canto esquerdo médio permite figuras amarelas limpas e quentes com uma
combinação de entrada branca, enquanto o canto superior esquerdo reproduz
cores quentes e frias.

Cubismo: O cubismo era uma organização artística baseada na geometria das


formas. Foi iniciado em 1907 pelo pintor espanhol Pablo Picasso, com o pano
"Les Demoiselles d'Avignon" (Ladies d'Avignon). Outros representantes do
movimento foram: Georges Braque, Juan Gris e Fernand Léger. Este campo da
arte foi inspirado na obra do artista Cézanne e foi dividido em duas vertentes:
Cubismo Analítico e Cubismo Sintético. No primeiro, as análises, cenários e
estatísticas foram redesenhados e decompostos para que não ficassem
visíveis. No Cubismo Sintético, os artistas voltam à representação simbólica,
mas não ao curso literal dos estudos.
A pintura Guernica de Pablo Picasso:

cavalo

touro

destaque triangular
Picasso se inspirou no bombardeio da cidade de Guernica em 26 de abril de
1937. Até hoje, a companhia aérea alemã Condor Legion destruiu quase
completamente a cidade espanhola. Guernica (ou Gernica em basco) é uma
cidade no estado da Biscaia, localizada na comunidade autônoma do País
Basco. Por esta razão, a pintura tem significado político e serve como um
impedimento à devastação causada pelas forças nazistas aliadas ao imperador
espanhol Franco. O Guernica Framework serve como um símbolo de paz ou
anti-guerra.

Esta é uma obra cubista, que inclui figuras matemáticas decompostas. Usando
uma forma abstrata, Picasso cria uma estrutura triangular no centro da tela
usando linhas e formas. O cavalo e o touro são dois dos elementos mais
reconhecíveis da arte, mais famosos na cultura espanhola. Uma possível
explicação para a existência desses animais é um eufemismo da cultura do
país, uma tentativa de minar os valores protegidos pelos cidadãos espanhóis.
Além disso, também é possível ver na tela o medo que as pessoas estão
sentindo.

Algumas cenas que podemos notar nessa obra são:


- Pessoa caída no chão apresenta as mãos abertas como um pedido de ajuda.
(destaque em vermelho)
- A mãe que chora a morte do filho sem vida em seus braços. A imagem faz
uma alusão à figura de Maria com Jesus morto em seu colo, como na obra
Pietá. (destaque em verde)
- Figura em desespero sendo consumida pelas chamas. Reflete o poder
destruidor do fogo originado pelo bombardeio. (destaque em amarelo)
- A mulher com a perna ferida que tenta fugir do caos da guerra. (destaque em
laranja)
- A mulher com um lampião, que parece iluminar o resto da cena. Esse
elemento é reconhecido como um símbolo de esperança em meio a todo o
horror. (destaque em lilás)

As cores pretas, cinza, branco e azul foram as cores utilizadas pelo artista,
intensificando o drama criado pelo bombardeio. A escolha da paleta
monocromática está relacionada a pinturas de guerra em preto e branco, que
foram publicadas em jornais contemporâneos e tiveram profundo efeito sobre o
artista.
Futurismo: O Futurismo é um movimento que surge na Itália no início do séc.
XX e tem como seu cerne o dinamismo e a velocidade. Dentre os principais
artistas do Futurismo, estão: Filippo Marinetti; Gino Severini; Giacomo Balla;
Etienne Marey e Umberto Boccioni. Os idealizadores desse movimento,
vislumbravam a formação de uma sociedade que valorizasse, acima de tudo, o
progresso tecnológico e industrial e, para tanto, pregavam a necessidade de
romper violentamente com os valores sociais e artísticos tradicionais, vistos
como estáticos e inertes, não condizentes com o “mundo moderno” .
Mais para a frente, os futuristas se mostraram a favor da primeira guerra
mundial, justamente por se tratar de um evento que contribuiu para o avanço
da tecnologia como um todo. E ainda nesse contexto violento, tomados pelo
enorme senso de nacionalismo, muitos dos artistas futuristas firmaram uma
aliança com o Partido Fascista de Mussolini.
“Garota correndo em uma varanda”- Giacomo Balla

Os futuristas eram fascinados pelo dinamismo, e esta obra de Giacomo Balla,


ilustra isso perfeitamente. Analisando construção do movimento a partir das
repetições da menina dentro da cena, podemos observar influência direta das
imagens capturadas pelo Etienne Marey- fotógrafo francês que teve como
principal objeto de estudo, as etapas do movimento.
Outra característica que reforça o dinamismo, é o desdobramento do tempo e
espaço ( cubismo). Essa fragmentação é ilustrada por meio da técnica
Divisionista representada por pinceladas longas e quadradas de cores
contrastantes, que dão luz e profundidade à imagem. Os muitos quadrados,
fragmentam ainda mais a imagem da menina, o que faz com que os olhos do
espectador acompanhem o seu movimento livre e contínuo, ao invés de
ficarem presos a formas ou detalhes. Uma frase de Umberto Boccioni exprime
essa ideia de na seguinte frase em que diz “O movimento e a luz, destroem a
materialidade dos corpos”...
Vermelho- Cores contrastantes que não se misturam e dão ideia de luz,
sombra e profundidade;
Amarelo- Construção do movimento a partir da repetição da figura;
Verde- Pinceladas longas e “pontilhadas” no estilo Divisionista, que reforça a
ideia de fragmentação.

Dadaísmo: O movimento surgiu, oficialmente, em Zurique, no dia 14 de julho


de 1916, com seu primeiro manifesto, assinado pelo escritor alemão Hugo
Ball . Dadaísmo vem da palavra francesa “dada” que quer dizer “cavalo de pau”
e, o mais curioso, é que esse nome foi dado sem a intenção de carregar
significado algum, o que já diz muito sobre a linha de pensamento do
movimento que, apesar de “no-sense”, refletia claramente o estado do mundo
naquele período- afinal, o que é a arte dentro de um contexto de guerra?
Muitos artistas que embarcaram nesse movimento eram refugiados, e
criticavam profundamente a guerra, o capitalismo e a burguesia. Dadaístas
como um todo, se sentiam tomados pela desesperança na civilização e
expressavam isso por meio de obras que banalizavam e questionavam o
sentido da arte, desafiando assim, os limites da liberdade de criação artística.
Um exemplo disso, foi a capacidade que esses artistas tiveram, de transformar
objetos sem valor, como recortes de revistas ou jornais, retalhos, tampas,
sucatas e afins, em arte.
“Corte com a Faca de Cozinha”-Hannah Höch
Na obra apresentada, Hanna cria, a partir da colagem de recortes, um grande
conglomerado de figuras antagônicas. De um lado, os Dadaístas, com
fotografias e imagens dos artistas e apoiadores do movimento, engrenagens e
o povo nas ruas. Já no canto superior esquerdo, temos figuras “antidadás” da
república de Veimar, coladas sob um papel preto.
A opção por trabalhar com fotomontagens traduz em parte o propósito dadaísta
de questionar a arte, ao juntar pedaços de imagens de revistas, um meio de
comunicação de massa, para produzir seus trabalhos. O resultado são figuras
fragmentadas, bem como estava (está?) a sociedade.

Surrealismo: O surrealismo começou a ser gestado em 1920 pelas ideias de


Sigmund Freud, para ele “O homem deveria evitar o mundo dos homens e
mergulhar no mundo dos sonhos”, mas foi surgir de fato, em 1924 pela
publicação do manifesto por André Breton. Manifestou-se então na pintura;
fotografia; teatro; escultura e literatura, tendo como ponto central a
subjetividade dos sonhos como um meio de fugir da realidade em busca de um
novo despertar.
O movimento teve como principais artistas: Salvador Dalí; Joan Miró; Max
Ernst; René Magritte. Os artistas do surrealismo buscavam conectar elementos
do mundo real, com o mundo dos sonhos, criando uma realidade alternativa.
Como por exemplo podemos analisar nessa obra de Salvador Dalí:
“A persistência da Memória”

As obras de cunho surrealista dão margem a várias interpretações já que são


carregadas de simbolismos e possuem poucas representações diretas da
realidade. “A Persistência da Memória” traz uma mensagem relacionada
à temporalidade e a memória.
Por meio do método “paranoico-crítico”, desenvolvido pelo artista com base em
teorias da psicanálise, Dalí cria situações que exploram o inconsciente e a
fantasia, colocando objetos em cenários insólitos, incomuns. Assim, o artista
ressignifica os elementos, trazendo conceitos diversos
Elementos da cena:

Relógios distorcidos: Os relógios que se derretem representam um tempo que


passa de forma diferente. Ao contrário dos relógios normais, que marcam com
precisão a passagem dos segundos, estes relógios de Dalí possuem
marcações distintas, pois os seus ponteiros estão derretidos e trazem
uma noção distorcida dos segundos.

Quando olhamos para os relógios, reconhecemos este objeto, porém, ele nos
causa estranheza, pois está destituído do seu formato e uso convencionais.
Essa estranheza gera uma reflexão sobre o próprio objeto e a sua função.

Há ainda a interpretação dos relógios derretidos estarem relacionados à


impotência sexual, assunto abordado em outros trabalhos do artista. Por meio
da consistência do objeto, nesse caso flácido, Dalí cria um elo entre a
sexualidade e o tempo.

Formigas no Relógio: O único relógio que não está deformado é o que está
virado para baixo e tem formigas sobre ele. Salvador Dalí não gostava muito de
formigas e esses insetos estão relacionados à putrefação nas suas obras. Isso
mostra como o objeto cotidiano é desprezado por Dalí e pela vanguarda
surrealista. Muitos acreditavam que a arte representativa estava decadente e
que a fotografia havia tomado o lugar de uma pintura realista.

A saída encontrada foi deslocar o objeto, deformá-lo, buscar modos novos de


representá-lo. Esse recurso, além de ser outra forma de representar o objeto,
promove a meditação e a reflexão sobre coisas que passam despercebidas no
nosso cotidiano. O relógio é um objeto banal que todos já vimos e
provavelmente usamos. Geralmente não prestamos muita atenção nele,
mesmo que seja responsável por marcar, dar o passo do nosso dia e dos
nossos compromissos. Quando Dalí transfigura o relógio, ele nos faz perceber
como esse pequeno objeto tem uma importância tão grande em nossa vida.

A mosca sobre o Relógio: A mosca que aparece pousada sobre um dos


relógios é mais uma confirmação de que o artista trata a questão do tempo
nessa obra. O inseto simboliza a passagem dos ciclos e nos lembra que “o
tempo voa”, ainda que de forma variável para cada indivíduo.

A Arvore Seca: A árvore exibida na tela surge como uma estrutura de


sustentação de um dos relógios escorridos. Esse elemento simboliza uma
oliveira, árvore muito comum na Catalunha, terra natal de Salvador Dalí. O
artista escolheu retratá-la como uma maneira de afirmar novamente (além da
paisagem ao fundo) suas origens. O fato do tronco estar ressecado, sem uma
folha verde sequer, nos faz pensar mais uma vez nos ciclos da natureza, e por
consequência no tempo e na vida.

Caricatura do Pintor: A noção subjetiva do tempo é explorada por Dalí neste


quadro. A própria figura do pintor aparece dormindo embaixo de um relógio
derretido. O lugar do sonho, da vigília, é também um lugar onde a
temporalidade assume outras realidades.

O tempo do quadro A Persistência da Memória não é o tempo real, e sim o


tempo do inconsciente. Sabe-se que Dalí foi influenciado por algumas das
teorias da psicanálise de Freud, segundo o qual "o sonho é a estrada real que
conduz ao inconsciente".

A busca de Dalí pelo inconsciente está refletida no quadro pela sua caricatura
que dorme. A temporalidade está em outro plano. Nessa figura podemos ver
também que o artista é retratado de maneira disforme, como um corpo amorfo
com grandes cílios.Nota-se ainda um elemento orgânico próximo ao nariz, o
que pode ser interpretado como uma língua, trazendo a sensação de que o
próprio corpo está reconfigurado, como é próprio do universo dos sonhos.

A paisagem e o resto do real: Em meio a todas as figurações e representações


surreais, o quadro de Salvador Dalí nos apresenta ao fundo uma paisagem.
Este horizonte era a vista de sua casa em Barcelona.

É a estrada do real, o que resta da realidade neste quadro que retrata


o ambiente onírico, ou seja, aquele que experimentamos enquanto sonhamos.

A paleta de cores utilizada foi escolhida de forma a nos levar a uma paisagem
árida. Com tons de ocre e marrons na maior parte da tela, somos transportados
a uma natureza seca e infértil.

A obra também leva ao questionamento metalinguístico. Como a arte pode


fazer parte da memória e não ser esquecida? E como isso leva o sujeito que
produz a obra a procurar um pouco da imortalidade em seus quadros?

Você também pode gostar