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PALAVRAS 10

Teste de avaliação – 10.º ano janeiro 2020

Educação Literária

Grupo I (100 pontos)

A (80 pontos)

Lê atentamente o seguinte texto.

mote:
Descalça vai pera a fonte
Leanor, pela verdura;
vai formosa e não segura.

voltas:
Leva na cabeça o pote,
o testo nas mãos de prata,
cinta de fina escarlata,
saínho de chamalote;
traz a vasquinha de cote,
mais branca que a neve pura;
vai fermosa, e não segura.

Descobre a touca a garganta,


cabelos d’ ouro o trançado,
fita de cor de encarnado…
Tão linda que o mundo espanta!
Chove nela graça tanta
que dá graça a fermosura;
vai fermosa, e não segura.
Luís de Camões, Lírica Completa – II, Lisboa: IN-CM, 1994, p. 83.

1. Caracteriza a figura feminina e verifica o seu relevo no texto.


2. Interpreta a referência ao facto de Leonor não estar “segura”.
3. Identifica o recurso expressivo presente no verso “Chove nela graça tanta” e explicita o seu
valor.
4. Analisa formalmente o poema e insere-o na vertente camoniana a que pertence, justificando.

B (20 pontos)

5. Numa exposição (130-170 palavras), apresenta as principais marcas da confidência


amorosa e a relação com a natureza presentes na cantiga de amigo, fazendo referência a textos
exemplificativos.
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Grupo II (50 pontos)


Litura | Gramática

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.

A poesia é mais verdadeira do que a História


Numa oficina em Maputo, com a duração de três dias, tinha por objetivo desenvolver ou
estimular o interesse pela ilustração de obras literárias, usando para isso o livro de Luis Bernardo
Honwana Nós Matámos o Cão Tinhoso. À minha frente, na sala de aula da Universidade
Eduardo Mondlane, estavam dez alunos de jornalismo. No primeiro dia, ninguém levou material
5 de desenho, por isso resolvi falar um pouco sobre ilustração, sobre o modo como a arte mudou,
especialmente nos últimos dois séculos, e sobre uma desejável complementaridade entre texto e
imagem. Disse-lhes que não valeria a pena simplesmente ilustrar o que estava no livro, que
teriam de encontrar o espaço das imagens naquilo que não estava descrito, nos silêncios da obra.
Mostrei-lhes que muitas vezes não devemos representar o que vemos, mas o que sentimos, e que
10 podemos para isso falsear a perspetiva, de modo a conseguirmos uma maior fidelidade ao que
desejamos partilhar. (…)
Nesse último dia de oficina, três dos alunos levaram pincéis, um levou uma esponja, outro
levou uma escova de dentes. (…) O resultado foi surpreendentemente bom e eu sugeri a quem
não levou pincéis (nem esponja, nem escova de dentes) que pedisse um pouco de esponja
15 emprestada e fizesse o mesmo.
E assim, a criatividade foi muito mais capaz do que a realidade, fazendo aquilo que lhe
compete: fazer com que a ficção, a imaginação, a ideia, se torne matéria, se torne facto, que
passe a existir.
À tarde fui caminhar junto ao mar e a paisagem, naquele dia cinzento, era um espaço
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silencioso cuja simples descrição objetiva não conseguia abarcar. S. João da Cruz, quando diz,
num verso, ‘entremos mais dentro da espessura’, mostra isso mesmo, que a verdade está enfiada
na carne das coisas, mais do que à superfície, e assim, uma esponja pode ser um pincel, uma
perspetiva errada está mais próxima da verdade, o que não vemos é mais factual, ou, como disse
Aristóteles, a poesia é mais verdadeira do que a História.
Afonso Cruz, in Jornal de Letras, 15 de outubro-28 de outubro, 2014, p. 29.

1. O título do texto
(A) recupera uma frase de Luis Bernardo Honwana.
(B) recupera uma frase de um dos participantes na oficina.
(C) recupera uma frase dita por Aristóteles.
(D) recupera uma frase de São João da Cruz.
2. No primeiro parágrafo do texto,
(A) o autor refere que não vale a pena ilustrar as obras literárias.
(B) o autor valoriza as suas ilustrações.
(C) o autor destaca a ilustração da obra Nós Matámos o Cão Tinhoso.
(D) o autor aprecia a ilustração que não representa apenas a obra.
3. Segundo o autor,
(A) criatividade transforma a realidade em ideia inovadora.
(B) a criatividade depende dos objetos que possuímos.
(C) a criatividade e a imaginação são opostas.
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(D) a criatividade é uma perda de tempo.


4. A expressão “a verdade está enfiada na carne das coisas” (ll. 20-21) significa que
(A) nem sempre a verdade é óbvia.
(B) aquilo que vemos é sempre verdade.
(C) nunca conhecemos a realidade.
(D) a verdade só existe nas obras literárias.
5. O autor do texto, ao caminhar junto ao mar,
(A) não consegue ver a paisagem.
(B) sente que só com subjetividade poderia descrever a paisagem.
(C) sente tristeza porque o dia está cinzento.
(D) sente-se incomodado por causa do silêncio.

6. Identifica a função sintática desempenhada pelos vocábulos sublinhados.

a) “No primeiro dia, ninguém levou material de desenho”(l. 4).

b) “eu sugeri a quem não levou pincéis” (ll.13-14).

7. Indica a subclasse de cada um dos verbos.

a) “três dos alunos levaram pincéis” (l.12).

b) “O resultado foi surpreendentemente bom” (l.13).

8. Classifica a seguinte oração: “que pedisse um pouco de esponja emprestada” (ll.14-15).

Grupo III

Escrita
“Há muitas situações em que as pessoas reagem plenamente indiferentes em
relação aos semelhantes nas situações de fragilidade e incapacidade” (autor anónimo).

Tendo em conta o comentário apresentado, num texto bem estruturado, de 120 a 250
palavras, apresenta uma exposição sobre a indiferença nas relações humanas.

Recorre a exemplos que conheças para fundamentares a tua opinião.

Bom trabalho!

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