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Edda em Prosa

Snorri Sturluson

Título Original:
Snorra-Edda (~ 1220)
Tradução: Artur Avelar

Traduzido da obra original e do inglês The Younger Edda de


Rasmus Anderson (1879) e The Prose Edda de Arthur Gilchrist
Brodeur (1916)
Ed. Barbudânia
Índice
Nota do Editor
Edda em Prosa: Prólogo
Gylfaginning: A Ilusão de Gylfi
Capítulo 1 – Sobre o Rei Gylfi e Gefjun
Capítulo 2 – Gylfi Chega a Asgard
Capítulo 3 – Sobre o Pai de Todos, o Mais Alto Deus
Capítulo 4 – Sobre Niflheim e Múspelheim
Capítulo 5 – A Origem de Ymir e dos Gigantes de Gelo
Capítulo 6 – Sobre Audumla e a Origem de Odin
Capítulo 7 – A Morte de Ymir e sobre Bergelmir
Capítulo 8 – Os Filhos de Borr criam a Terra e o céu
Capítulo 9 – Os Filhos de Borr criam Askr e Embla
Capítulo 10 – A Chegada de Dia e de Noite
Capítulo 11 – A Origem de Sol e de Lua
Capítulo 12 – Sobre a Perseguição de Sol
Capítulo 13 – Sobre a Bifröst
Capítulo 14 – A Morada dos Deuses e a Criação dos Anões
Capítulo 15 – Sobre a Yggdrasil, a Fonte de Urdr e as Nornas
Capítulo 16 – Ainda Sobre a Árvore
Capítulo 17 – Os Locais Sagrados dos Deuses
Capítulo 18 – A Origem do Vento
Capítulo 19 – Sobre a Diferença do Verão e do Inverno
Capítulo 20 – Sobre Odin e Seus Nomes
Capítulo 21 – Sobre Áss-Thor
Capítulo 22 – Sobre Baldr
Capítulo 23 – Sobre Njördr e Skadi
Capítulo 24 – Sobre Freyr e Freyja
Capítulo 25 – Sobre Týr
Capítulo 26 – Sobre Bragi e Idunn
Capítulo 27 – Sobre Heimdallr
Capítulo 28 – Sobre Hödr
Capítulo 29 – Sobre Vídarr
Capítulo 30 – Sobre Váli
Capítulo 31 – Sobre Ullr
Capítulo 32 – Sobre Forseti
Capítulo 33 – Sobre Loki, Filho de Laufey
Capítulo 34 – Sobre os Filhos de Loki e a Captura de Fenrir
Capítulo 35 – Sobre as Ásynjur
Capítulo 36 – Sobre as Valquírias
Capítulo 37 – Freyr Conquista Gerdr, Filha de Gýmir
Capítulo 38 – Sobre a Comida dos Einherjar e de Odin
Capítulo 39 – Sobre a Bebida dos Einherjar
Capítulo 40 – Sobre o Tamanho de Valhalla
Capítulo 41 – Sobre o Entretenimento dos Einherjar
Capítulo 42 – Os Æsir Quebram o Juramento Feito ao Construtor
da Cidadela
Capítulo 43 – Sobre Skídbladnir
Capítulo 44 – Thor Começa Sua Jornada a Útgarda-Loki
Capítulo 45 – Sobre o Encontro de Thor e Skrýmir
Capítulo 46 – Sobre as Proezas de Thor e de seus Companheiros
Capítulo 47 – A Despedida de Thor e de Útgarda-Loki
Capítulo 48 – Thor Vai ao Mar com Hymir
Capítulo 49 – A Morte de Baldr, o Bom
Capítulo 50 – Loki é Acorrentado
Capítulo 51 – Sobre o Ragnarök
Capítulo 52 – As Moradas Após o Ragnarök
Capítulo 53 – Quem Sobrevive ao Ragnarök
Capítulo 54 – Sobre Gangleri
Skáldskaparmál: A Poesia dos Escaldos
Capítulo 1 – A Jornada de Ægir à Asgard
Capítulo 2 – O Gigante Thjazi Seqüestra Idunn
Capítulo 3 – Loki Resgata Idunn e a Morte de Thjazi
Capítulo 4 – Sobre a Família de Thjazi
Capítulo 5 – A Origem do Hidromel de Suttungr
Capítulo 6 – Como Odin Obteve o Hidromel
Capítulo 7 – As Características da Poesia
Capítulo 9 – Os Nomes de Odin e Suas Metáforas
Capítulo 10 – As Metáforas da Poesia
Capítulo 11 – As Metáforas de Thor
Capítulo 12 – As Metáforas de Baldr
Capítulo 13 – As Metáforas de Njördr
Capítulo 14 – As Metáforas de Freyr
Capítulo 15 – As Metáforas de Heimdallr
Capítulo 16 – As Metáforas de Týr
Capítulo 17 – As Metáforas de Bragi
Capítulo 18 – As Metáforas de Vídarr
Capítulo 19 – As Metáforas de Váli
Capítulo 20 – As Metáforas de Hödr
Capítulo 21 – As Metáforas de Ullr
Capítulo 22 – As Metáforas de Hœnir
Capítulo 23 – As Metáforas de Loki
Capítulo 24 – Sobre o Gigante Hrungnir
Capítulo 25 – Sobre a Sábia Gróa
Capítulo 26 – A Viagem de Thor à Morada de Geirrödr
Capítulo 27 – As Metáforas de Frigg
Capítulo 28 – As Metáforas de Freyja
Capítulo 29 – As Metáforas de Sif
Capítulo 30 – As Metáforas de Idunn
Capítulo 31 – As Metáforas do Céu
Capítulo 32 – As Metáforas da Terra
Capítulo 33 – As Metáforas do Mar
Capítulo 34 – As Metáforas de Sól
Capítulo 35 – As Metáforas do Vento
Capítulo 36 – As Metáforas do Fogo
Capítulo 37 – As Metáforas do Inverno
Capítulo 38 – As Metáforas do Verão
Capítulo 39 – As Metáforas dos Homens e das Mulheres
Capítulo 40 – As Metáforas do Ouro
Capítulo 41 – Ægir Dá uma Festa para os Æsir
Capítulo 42 – Sobre a Árvore Glasir
Capítulo 43 – Dos Ferreiros Filhos de Ívaldi e o Anão Sindri
Capítulo 44 – As Metáforas do Ouro e Freyja
Capítulo 45 – O Ouro Chamado de Palavra dos Gigantes
Capítulo 46 – O Resgate da Lontra
Capítulo 47 – Sobre Fáfnir, Reginn e Sigurdr
Capítulo 48 – Sobre Sigurdr e os Filhos de Gjúki
Capítulo 49 – A Morte de Sigurdr
Capítulo 50 – A Morte dos Filhos de Gjúki e a Vingança de Gudrún
Capítulo 51 – Sobre os Filhos de Völsungr
Capítulo 52 – Sobre o Rei Fródi e o Moinho Grótti
Capítulo 53 – Sobre Hrólfi Kraki e Vöggr
Capítulo 54 – Sobre como Hrólfi Derrotou o Rei Adils
Capítulo 55 – Sobre o Rei Hölgi
Capítulo 56 – Ainda Sobre as Metáforas do Ouro
Capítulo 57 – As Metáforas do Homem com o Ouro
Capítulo 58 – As Metáforas da Mulher com o Ouro
Capítulo 59 – As Metáforas dos Homens com as Árvores
Capítulo 60 – As Metáforas da Batalha
Capítulo 61 – As Metáforas das Armas e Armaduras
Capítulo 62 – Sobre a Batalha dos Hjadnings
Capítulo 63 – A Batalha como Metáfora de Odin
Capítulo 64 – As Metáforas de Navios
Capítulo 65 – As Metáforas de Cristo
Capítulo 66 – As Metáforas dos Reis e Suas Distinções
Capítulo 67 – As Metáforas dos Nomes
Capítulo 68 – Os Nomes dos Deuses
Capítulo 69 – Os Nomes dos Céus, Sol e Lua
Capítulo 70 – Os Nomes da Terra
Capítulo 71 – Os Nomes dos Lobos, Ursos e Cervos
Capítulo 72 – Os Nomes dos Cavalos
Capítulo 73 – Bois, Serpentes, Ovelhas e Porcos
Capítulo 74 – Os Nomes do Ar e dos Ventos
Capítulo 75 – Os Nomes dos Corvos e das Águias
Capítulo 76 – Os Nomes do Mar
Capítulo 77 – Os Nomes do Fogo
Capítulo 78 – Os Nomes do Tempo
Capítulo 79 – Os Nomes dos Reis
Capítulo 80 – Sobre Hálfdan o Velho e os Descendentes do Rei
Capítulo 81 – Os Nomes dos Homens
Capítulo 82 – Os Nomes da Multidão
Capítulo 83 – Circunlóquios e Descrições Verdadeiras
Capítulo 84 – Os Nomes das Mulheres
Capítulo 85 – As Partes da Cabeça
Capítulo 86 – Coração, Peito e Sentimentos
Capítulo 87 – Mãos e Pés
Capítulo 88 – Fala e Compreensão
Capítulo 89 – Expressões Ambíguas e Trocadilhos
Nafnaþulur – Conhecimento dos Nomes
Sumário de Figuras
Nota do Editor

O historiador, poeta e político Snorri Sturluson nasceu em 1179


na cidade de Hvamm na Islândia. Ele pertencia a uma rica família
aristocrata, os Sturlungar, e teve grande carreira literária e política,
chegando a ser eleito duas vezes para o parlamento islandês. Snorri
teve grande contato com o Rei Norueguês Hakon Hakornason e seu
sogro Earl Skuli em uma época que a Islândia era governada pela
Noruega. Skuli, por sua vez, se rebelou contra o rei e foi morto em
1240. Pouco tempo depois, Snorri teve desavenças com o rei e
acredita-se que isso o levou a ser assassinado em sua própria casa
em Skalholt em 1241.
Como historiador, Snorri foi famoso por defender a teoria de que
os deuses mitológicos surgiram a partir de figuras históricas que
lutaram em combate e reis que, após mortos, eram invocados em
guerras constantemente, sendo venerados até serem lembrados
somente como deuses. Ele defendia que, após uma tribo vencer
uma guerra, era comum dizer que seus deuses lutaram ao seu lado,
trazendo assim a vitória.
Snorri Sturluson, por Christian Krohg (~1890)[1]

Ele é mais conhecido por ter escrito o Edda em Prosa, uma


compilação de lendas da mitologia nórdica dividida em quatro
partes: Prólogo, Gylfaginning (A Ilusão de Gylfi), Skáldskaparmál
(Poesia dos Escaldos) e Háttatal (Lista de Formas Poéticas). Há
muitas controvérsias em relação ao Edda em Prosa, pois não se
sabe exatamente se Snorri somente compilou as informações de
poemas antigos ou se ele é autor de várias partes da obra,
chegando a ser acusado de até inventar histórias em momentos em
que ele não cita excertos de poemas de onde retirou as lendas.
A primeira parte do texto é um claro momento em que Snorri
demonstra sua teoria dos deuses, relacionando-os com figuras
históricas do tempo de Tróia e ainda mostra a relação que ele faz
com o Cristianismo, tentando harmonizar a mitologia nórdica com a
tradição greco-romana.
A segunda parte, Gylfaginning, consiste em um diálogo entre o
lendário rei sueco Gylfi e uma fictícia trindade de deuses chamados
Hárr, Janhárr e Thriddi, em que é contada desde a criação do
mundo até seu fim, passando por várias passagens e aventuras dos
deuses Æsir. Essa seção é uma das mais ricas fontes para o
conhecimento da mitologia nórdica, com grandes detalhes dados
aos vários nomes dos deuses, seus filhos e seus feitos.
A terceira parte do Edda em Prosa, Skáldskaparmál, também
começa em forma de diálogo, sendo que os personagens agora são
os deuses Ægir, deus do mar, e Bragi, deus da poesia, porém isso
vai se desfazendo e virando um grande relato de metáforas e nomes
empregados na poesia dos escaldos; acredita-se que essa perda de
ritmo se deve à suposição de que Snorri escreveu o Edda em Prosa
durante anos, talvez com intervalos longos entre várias seções.
Ainda no Skáldskaparmál, algumas histórias de reis lendários são
contadas, além de uma versão da Saga dos Völsungs, história que
foi a principal inspiração para a ópera O Anel dos Nibelungos, de
Richard Wagner. A última parte dessa seção é uma extensa lista de
nomes separados entre assuntos, desde deuses a termos náuticos
específicos de embarcações; presume-se que foram incluídos para
auxiliar poetas com sinônimos na construção de metáforas para os
termos nórdicos.
A última parte do texto, Háttatal, é o que mais se aproxima a um
tratado formal sobre poesia e métrica; ele se inicia como um diálogo
entre mestre e pupilo e discursa sobre dispositivos e estruturas
poéticas comuns aos escaldos, passando ainda por métodos
utilizados na retórica. No final da seção, ainda há um poema de
autoria de Snorri em claro elogio ao Rei Hakon e Earl Skuli,
possivelmente feito após conhecer a ambos.
Capa da uma edição do séc XVIII da Edda em Prosa, por Ólafur
Brynjúlfsson (1760)[2]

Em relação ao Edda em Prosa, existem sete manuscritos dele


sobreviventes, todos incompletos, porém, com exceção de alguns
versos no Skáldskaparmál, é possível criar um texto completo ao se
juntar os fragmentos. A maioria das traduções é feita em relação ao
manuscrito conhecido como Codex Regius datado de cerca de
1600, sendo ele o mais completo e o que possui menos alterações
feitas por terceiros. Uma diferença marcante é a separação por
capítulos, coisa utilizada nessa edição, uma vez que o texto original
foi feito sem divisões e sem parágrafos, sendo implementados em
versões posteriores e copiados aqui para melhor fluidez.
Sobre esta tradução para o português, foram utilizadas como
base duas traduções para o inglês que estão em domínio público de
autoria de Rasmus Anderson (1879) e Arthur Gilchrist Brodeur
(1916), além da consulta do texto original em islandês antigo para
uma melhor compreensão de nomes e locais.
Essa edição contém as três primeiras partes do Edda em Prosa:
Prólogo, Gylfaginning e Skáldskaparmál. A seção Háttatal, por se
tratar mais de um tratado sobre formas poéticas e não se adentrar
muito na mitologia nórdica não foi inclusa. Mesmo o Skáldskaparmál
também se focando em boa parte nas metáforas utilizadas na
poesia, foi escolhido traduzi-lo inteiramente para uma melhor
compreensão.
Esta tradução tem como principal objetivo divulgar um livro para o
público falante de português que, infelizmente, não tem acesso a
uma versão nessa língua. Uma edição do Edda em Prosa em
português foi lançada em 1993, com tradução de Marcelo
Magalhães Lima, porém ela permanece sem uma nova tiragem há
vinte anos, sendo raramente encontrada somente em sebos. Esta
edição atual, embora feita com uma gigantesca dedicação,
paciência e revisão, ainda é possível que haja erros de traduções e
partes confusas. O tradutor e editor desse livro se encontra a inteira
disposição para ouvir críticas e consertar quaisquer erros que
possam existir.
Ainda sobre esta edição, foram acrescentadas mais de cem
ilustrações e pinturas que destacam os vários momentos da
mitologia nórdica, mostrando como há séculos essas histórias são
contadas e estão presentes no imaginário popular. Foram incluídas
não só pinturas a óleo já famosas, mas também ilustrações de
diferentes versões do Edda em Prosa de séculos anteriores e
figuras mais desconhecidas retiradas de livros dos séculos 18, 19 e
20 para mostrar a diversidade de autores que já trataram dessa tão
fantástica mitologia. No fim do livro há um sumário com mais
informações sobre cada obra apresentada. Acrescenta-se que todas
as ilustrações estão em domínio público e não infringem quaisquer
leis de direitos autorais.
Vale ressaltar que essa edição foi feita especialmente para e-
books e, no processo de conversão, pode haver perda de resolução
de algumas imagens. Ao se ler no Kindle, é possível vê-las em
maior tamanho clicando-se sobre elas. Outra limitação do aparelho
físico do Kindle é que ele é preto e branco, o que reduz a
experiência de se ver várias das imagens apresentadas no livro. A
leitura em um computador, tablet ou smartphone mostra as figuras
com suas cores reais.

Todas as figuras também podem ser baixadas gratuitamente no


link abaixo:
Figuras do livro Edda em Prosa
Edda em Prosa: Prólogo

1.
No início, Deus Todo-Poderoso criou os Céus e a terra e todas as
coisas que há neles e, por último, dois seres humanos, Adão e Eva,
de quem vieram muitas famílias. Seus descendentes se
multiplicaram e se espalharam por todo o mundo. Conforme o tempo
passou, no entanto, surgiram as desigualdades entre os povos,
alguns eram bons e justos, mas, de longe, o maior número,
desprezando os mandamentos de Deus, viraram-se para os
prazeres terrenos. Por esta razão, Deus afogou o mundo e todas as
criaturas que viviam nele, com exceção daqueles que estavam com
Noé na arca.
Oito pessoas sobreviveram ao dilúvio de Noé e estes povoaram o
mundo e fundaram famílias. Como a população aumentava, no
entanto, e uma área maior tornou-se habitada, a mesma coisa
aconteceu de novo, a grande maioria da humanidade, amando a
busca por dinheiro e poder, parou de prestar homenagens a Deus.
Isto cresceu a tal ponto que eles boicotaram qualquer referência a
Deus, e então quem poderia dizer a seus filhos dos poderosos
milagres Dele? Enfim, eles perderam o próprio nome de Deus e não
havia em todo o mundo um homem que conhecia o seu Criador.
Apesar disso, Deus concedeu-lhes dádivas terrenas, riqueza e
prosperidade mundana, e Ele também lhes conferiu sabedoria para
que eles compreendessem todas as coisas terrenas e todas as
formas em que o céu e a terra eram diferentes uns dos outros. Eles
observavam que, em muitos aspectos, a terra, os pássaros e os
animais têm a mesma natureza, porém apresentam um
comportamento diferente, e eles se perguntavam o que isso
significava.
Por exemplo, podia-se cavar a terra em um pico de montanha
não mais profundo do que seria em um vale e ainda encontrar água;
da mesma forma, em ambos os pássaros e os animais, o sangue
fica tão perto da superfície da pele da cabeça como do pé. Outra
característica da terra é que a cada ano a grama e as flores
crescem e nesse mesmo ano murcham e morrem, do mesmo modo,
pêlos e penas crescem e morrem todos os anos em animais e
pássaros. Há uma terceira coisa sobre a terra: quando sua
superfície é revirada e desenterrada, a grama cresce no solo.
Montanhas e rochedos foram associados aos dentes e ossos de
criaturas vivas, e assim eles viam a terra de alguma forma como um
ser com vida própria. Eles sabiam que era inconcebivelmente antiga
em idade, e por natureza, poderosa; ela deu origem a todas as
coisas e possuía tudo o que morria, e por isso deram-lhe um nome e
reconheceram sua descendência dela.
Eles também aprenderam com seus antepassados que a mesma
terra e o sol e as estrelas já existiam há muitos séculos, mas que a
procissão das estrelas era desigual, algumas tinham uma longa
jornada, outras uma curta. Por coisas como essas eles imaginaram
que devia haver alguém que governava as estrelas, que, se ele
desejasse, poderia colocar um fim à sua procissão, e que ele devia
ser muito poderoso e forte. Eles reconheceram também, que, se ele
controlava os elementos primordiais, ele devia ter existido antes dos
corpos celestes; e eles perceberam que, se guiava estes, ele devia
governar o brilho do sol e o orvalho e o crescimento das plantas, e
os ventos do céu e as tempestades do mar também.
Eles não sabiam onde era o seu reino, mas eles acreditavam que
ele governava tudo na terra e nas nuvens, o céu e as estrelas, o mar
e o clima. A fim de que isso pudesse estar relacionado e ser
lembrado, eles deram seus próprios nomes a tudo, mas com as
migrações de povos e multiplicação de línguas, essa crença mudou
de muitas maneiras.
Em sua velhice, Noé repartiu o mundo com seus filhos: para Cam
ele deu a região oeste, para Jafé a região norte e para Sem a região
sul, estas são as partes que serão daqui em diante marcadas na
divisão da terra em três partes. No tempo em que os filhos desses
homens estavam no mundo, aumentou-se imediatamente o desejo
por riqueza e poder, a partir do fato de que eles sabiam muitos
ofícios que não tinham sido descobertos antes, e cada um se
exaltou com as suas próprias habilidades. E tão longe eles
carregaram seu orgulho que os africanos, descendentes de Cam,
saquearam esta parte do mundo que os descendentes de Sem, seu
parente, habitavam. E quando eles os tinham conquistado, o mundo
pareceu-lhes muito pequeno, e eles construíram uma torre com
tijolos e pedras, pois ela deveria alcançar os Céus, na planície
chamada de Sinar.
E quando essa edificação era tão avançada que se estendia
acima do ar, e eles não estavam menos ansiosos para continuar o
trabalho, e quando Deus viu como seu orgulho crescia, então ele viu
que teria que derrubá-la de alguma forma. E o mesmo Deus todo
poderoso que poderia ter derrubado todo o seu trabalho em um
piscar de olhos, transformando-o em pó, ainda preferiu frustrar o seu
propósito, fazendo-os perceber a sua própria insignificância, em que
nenhum deles deveria compreender o que o outro falava; e,
portanto, ninguém sabia o que o outro mandava, e um quebrava o
que o outro construía, até que chegou a discórdia entre eles, e com
isso foi frustrado, no início, o seu propósito de construir uma torre. E
aquele que foi o mais importante, chamado Zoroastro, ele riu antes
de chorar quando isto ocorreu; mas eram setenta e duas línguas, e
tantas línguas se espalharam pelo mundo inteiro desde que os
gigantes foram dispersos sobre a terra, e a nações tornaram-se
numerosas.
Neste mesmo lugar foi construída a mais famosa das cidades,
que levou o nome da torre, e foi chamada Babilônia. E quando a
confusão de línguas ocorreu, em seguida aumentaram os nomes de
homens e de outras coisas, e este mesmo Zoroastro teve muitos
nomes; e embora ele tenha compreendido que seu orgulho foi
abalado pela referida torre, ele ainda trilhou seu caminho para o
poder mundano, e escolheu-se rei de muitos povos assírios. Dele
surgiu o erro da idolatria, e quando ele era adorado, era chamado
de Baal, nós o chamamos de Bel, ele também teve muitos outros
nomes. Mas, como os nomes aumentaram em número, então a
verdade se perdeu, e a partir deste primeiro erro cada homem a
seguir adorava seu mestre, animais ou pássaros, o ar e os corpos
celestes, e várias coisas sem vida, até que o erro se espalhou por
todo o mundo, e eles perderam a verdade a ponto que ninguém
conhecia o seu criador, exceto aqueles homens que falavam a
língua hebraica, que floresceu antes da construção da torre, e ainda
não perderam os dotes materiais que lhes foram dados e, portanto,
eles entenderam tudo em um sentido material, no entanto, uma vez
que não tinha sido dado entendimento espiritual, eles pensaram que
todas as coisas eram formadas por alguma essência.

2.
O mundo foi dividido em três partes. Do sul ao oeste até o
Mediterrâneo era a parte conhecida como África, e a parte sul desta
é tão quente que tudo lá é queimado pelo sol. A segunda parte,
percorrendo de oeste para o norte até o mar, é chamado de Europa
ou Énéa, e a metade norte é tão fria que não cresce grama lá e é
desabitada. De norte a leste e para o sul é a Ásia, e estas regiões
do mundo têm grande beleza e magnificência; a terra produz
produtos especiais, como ouro e pedras preciosas. O centro do
mundo está lá também, e assim como a terra lá é mais fértil e em
todos os sentidos superior à encontrada em outros lugares, também
os seres humanos que ali vivem foram dotados para além dos seus
companheiros com todos os tipos de presentes: sabedoria, força,
beleza e todo o tipo de habilidade.
3.
Perto do centro do mundo, onde o que chamamos de Turquia se
encontra, foi construído o mais famoso de todos os palácios e
salões, Tróia por nome. Essa cidade foi construída em uma escala
muito maior do que as outras então existentes e em muitos aspectos
com maior habilidade, por isso ela foi luxuosamente equipada. Havia
doze reinos com um rei soberano, e cada reino continha muitos
povos. Na cidadela havia doze chefes e estes estavam muito acima
de outros homens que já estiveram no mundo.
Nenhum estudioso jamais contestou essa verdade, e por esta
razão, todos os governantes da região norte rastreavam seus
antepassados de lá, e colocavam no mesmo patamar dos deuses
todos os que foram governantes da cidade. Sobretudo eles
colocaram Príamo no lugar de Odin, pois Príamo surgiu de Saturno,
este que os povos da região norte, por um longo tempo acreditavam
ser o próprio Deus.
Saturno cresceu na ilha da Grécia chamada Creta. Ele era maior
e mais forte e mais belo que os outros homens. Como em outros
dons naturais, ele se destacou sobre todos os homens em
sabedoria. Ele inventou muitos ofícios que ainda não tinham sido
descobertos. Ele também era tão incrível na arte da magia que ele
tinha certeza sobre coisas que ainda não tinham acontecido. Ele
também descobriu aquela coisa vermelha na terra da qual fundia o
ouro, e de tais coisas ele logo se tornou muito poderoso. Ele
também previu colheitas e muitas outras coisas secretas, e por tais
e muitas outras obras, ele foi escolhido chefe da ilha.
E em pouco tempo de seu governo, rapidamente já havia grande
abundância de todas as coisas. Nenhum dinheiro circulava, exceto
moedas de ouro de tão abundante que era este metal; e embora
houvesse fome em outras terras, as colheitas nunca foram escassas
em Creta, de forma que as pessoas podiam obter de lá todas as
coisas que elas precisavam. E a partir deste e muitos outros dons
secretos e poderosos que ele possuía, os homens acreditavam que
ele era um Deus, e disso surgiu outro erro entre os cretenses e
macedônios, como o anterior mencionado entre os assírios e
caldeus de Zoroastro. E quando Saturno descobriu quão grande
força as pessoas pensavam que ele tinha, ele se chamou de Deus,
e afirmou que ele governava os Céus e a Terra e todas as coisas.
Uma vez ele foi para a Grécia em um navio, pois havia a filha de
um rei a quem ele tinha preparado o seu coração. Ele ganhou o seu
amor da seguinte forma: um dia, quando ela estava com suas
servas, ele tomou a forma de um touro e ficou diante dela na
floresta, e ele era tão belo que cada fio dos pêlos tinha uma
tonalidade que se assemelhava a ouro, e quando a filha do rei o viu,
ela apalpou seus lábios. Ele levantou-se e se livrou da aparência de
touro e tomou-a em seus braços e levou-a para o navio e a levou
para Creta. Porém sua esposa, Juno, descobriu isso, então ele
transformou a filha do rei em um novilho e a enviou ao leste para os
braços do grande rio Nilo, e deixou que seu escravo, que se
chamava Argulos, cuidasse dela. Ela ficou lá por 12 meses antes de
ele mudar sua forma novamente. Muitas coisas ele fez assim, ou de
formas ainda mais maravilhosas.
Ele teve três filhos: um chamado Júpiter, outro Netuno, o terceiro
Plutão. Foram todos homens de grandes realizações, e Júpiter foi
de longe o maior, ele era um guerreiro e conquistou muitos reinos;
também era habilidoso como seu pai, e tomou a aparência de
muitos animais, e assim ele realizou muitas ações que eram
impossíveis para os homens; e por conta disso e outros, ele era
visto com temor por todas as nações. Portanto Júpiter é colocado no
lugar de Thor, já que todas as criaturas do mal o temiam.
Saturno havia construído em Creta setenta e duas cidades, e
quando ele se julgou firmemente estabelecido em seu reino, ele as
compartilhou com seus filhos, a quem ele também chamou de
deuses, e a Júpiter ele deu o reino dos Céus, a Netuno, o reino da
terra, e a Plutão, o inferno; e este último parecia o pior para
administrar e, portanto, ele deu-lhe o seu cão, a quem ele chamou
de Cérberos, para guardar o inferno. Cérberos, os gregos dizem,
Hércules arrastou para fora do inferno e sobre a terra. E, embora
Saturno tenha dado o reino dos Céus a Júpiter, ele, no entanto,
desejava possuir o reino da terra, e por isso ele saqueou o reino de
seu pai, e dizem que ele mandou desaparecer com ele e o castrou,
e por essas grandes conquistas, ele se declarou Deus, e os
macedônios dizem que ele mandou lançar os órgãos genitais ao
mar, e, portanto, eles acreditavam há muito tempo que daí tinha
vindo uma mulher; eles a chamaram de Vênus, e enumerada entre
os deuses, ela tem, em todas as épocas, sido chamada de deusa do
amor, pois acreditavam que ela era capaz de transformar os
corações de todos os homens e mulheres para o amor.
Quando Saturno foi castrado por Júpiter, seu filho, ele fugiu para
o leste da ilha de Creta e oeste para a Itália. Lá moravam naquele
tempo pessoas que não trabalhavam, e viviam de nozes e grama, e
viviam em cavernas ou buracos na terra. E quando Saturno chegou
lá, ele mudou seu nome e se chamou de Njörd, porque ele
acreditava que Júpiter, seu filho, poderia procurá-lo. Ele foi o
primeiro dali a ensinar os homens a arar e plantar vinhas. Lá, o solo
era bom e fresco, e logo se produziu grandes colheitas. Ele foi
nomeado chefe e, portanto, tomou a posse de todos os reinos de lá
e construiu muitas cidades.
Júpiter, seu filho, teve muitos filhos, das quais várias raças foram
descendentes, seu filho foi Dardanos, seu filho Erictônio, seu filho
Tros, seu filho Hon, seu filho Laomedonte, o pai do rei soberano
Príamo. Príamo teve muitos filhos, um deles foi Heitor, que foi o
mais famoso de todos os homens do mundo pela sua força e
estatura e realizações, e por todos os atos viris de um cavaleiro, e
encontra-se escrito que, quando os gregos e toda a força das
regiões norte e leste lutaram contra os troianos, eles nunca teriam
vencido caso os gregos não tivessem invocado os deuses, e é
também relatado que nenhuma força humana os teria conquistado,
caso eles não tivessem sido traídos por seus próprios homens.
E de sua fama, os homens que vieram depois deram-se títulos e,
especialmente, isso foi feito pelos romanos, que eram os mais
famosos em muitas ações após os seus dias, e dizem que, quando
Roma foi construída, os romanos adaptaram os seus costumes e as
leis tanto quanto possível aos dos troianos, seus antepassados. E
tanto poder acompanhou estes homens por muitos séculos depois
que, quando Pompeu, um chefe romano, saqueou a região leste,
Odin fugiu da Ásia e foi para a terra do norte, e, em seguida, ele deu
a si mesmo e a seus homens os seus nomes, e disse que Príamo
tinha se chamado Odin e Frigg sua rainha, e a partir desta, o reino
mais tarde teve o seu nome e foi chamado Frígia, onde era a
cidade. E tenha Odin dito isso de si mesmo por orgulho, ou tenha
sido trazido pela mudança de línguas, ainda assim, muitos sábios
têm considerado um ditado verdadeiro, e após muito tempo cada
homem que foi um grande chefe seguiu o seu exemplo.
Um dos reis se chamava Múnón ou Mennón. Ele se casou com a
filha do rei soberano Príamo, que foi chamado Tróáin, e eles tiveram
um filho chamado Trór, nós o chamamos de Thor. Ele foi criado na
Trácia por um duque chamado Lóricus e, quando ele tinha dez anos
de idade, ele recebeu as armas de seu pai. Quando ele tomou o seu
lugar entre os outros homens, ele era tão bonito de se olhar como o
marfim incrustado em madeira de carvalho, seu cabelo era mais
belo que ouro. Aos doze anos de idade ele tinha chegado a sua
força total e, posteriormente ele levantou dez peles de urso da terra
de uma vez e matou seus pais adotivos Lóricus com sua esposa
Lóri ou Glóri, e tomou posse do reino da Trácia, que chamamos de
Thrúdheim.
Depois disso, ele viajou para muito longe explorando todas as
regiões do mundo e por si mesmo superando todos os berserkers e
gigantes e um enorme dragão e muitos animais selvagens. Na parte
norte do mundo ele conheceu e se casou com uma profetisa
chamada Sibila a quem chamamos de Sif. Eu não sei a genealogia
de Sif, mas ela era uma mulher muito bonita com os cabelos como o
ouro. Lóridi, que se parecia com seu pai, era seu filho. O filho de
Lóridi foi Einridi, seu filho Vingethór, seu filho Vingener, seu filho
Módi, seu filho Magi, seu filho Seskef, seu filho Bedvig, seu filho
Athra, a quem chamamos de Annar, seu filho Ítrmann, seu filho
Heremód, seu filho Skjaldun, a quem chamamos de Skjöld, seu filho
Biaf, a quem chamamos de Bjár, seu filho Ját, seu filho Gudólf, seu
filho Finn, seu filho Fríallaf, a quem chamamos de Fridleif, ele teve
um filho chamado Vóden, a quem chamamos de Odin, ele era um
homem famoso por sua sabedoria e todo tipo de realização. Sua
esposa se chamava Frígída, a quem chamamos de Frigg.

4.
Odin, e também sua esposa, possuíam o dom da profecia e por
meio dessa arte mágica, ele descobriu que seu nome seria famoso
na parte norte do mundo e mais honrado do que de todos os reis.
Por esta razão, ele decidiu sair da Turquia em uma viagem. Ele foi
acompanhado por uma grande multidão de jovens e velhos, homens
e mulheres, e eles tinham com eles muitos objetos de valor. Através
de quaisquer terras que eles viajaram, façanhas tão gloriosas foram
contadas que eles foram vistos como deuses em vez de homens.
Eles não pararam sua jornada até que chegaram ao norte do país
hoje chamado Alemanha.
Lá Odin viveu por um longo tempo, tomando a posse de grande
parte das terras e nomeou três de seus filhos para defendê-la. Um
deles era chamado Vegdeg, ele era um poderoso rei e governou a
Alemanha Oriental, o seu filho era Vitrgils, seus filhos eram Vitta, pai
de Heingest e Sigar, pai de Svebdag, a quem chamamos Svipdag.
O segundo filho de Odin era chamado Beldeg, a quem chamamos
de Baldr; ele possuía o país agora chamado Vestfália, seu filho era
Brand, seu filho, Frjódigar, a quem chamamos Fródi; seu filho,
Freóvin; seu filho, Wigg, seu filho, Gevis, a quem chamamos Gave.
O terceiro filho de Odin se chamava Sigi, o seu filho, Rerir; eles
governaram o que hoje é chamado de França, e a família conhecida
como Völsungar veio de lá. Grandes e numerosas famílias vieram
de todos eles. Então Odin partiu em sua viagem para o norte e,
chegando na terra chamada Reidgotaland tomou posse de tudo o
que ele queria naquele país. Ele nomeou o seu filho Skjöld para
governar lá, seu filho era Fridleif, de onde veio a família conhecida
como Skjöldungar, eles são os reis da Dinamarca e o que era então
chamado Reidgotaland agora é chamado Judand.

Oferenda, por Johan Ludwig Lund (1831)[3]


5.
Posteriormente, Odin foi para o norte para onde hoje é chamado
Suécia. Havia um rei lá chamado Gylfi e, quando soube da
expedição dos homens da Ásia, como os Æsir foram chamados, ele
foi ao seu encontro e ofereceu a Odin quanta autoridade sobre o
seu reino quanto ele mesmo desejasse. Suas viagens receberam
tamanha prosperidade que, onde quer que eles ficassem em um
país, a região tinha boas colheitas e paz, e todos acreditavam que
eles causavam isso, uma vez que os habitantes nativos nunca
tinham visto quaisquer outras pessoas como eles com tão boa
aparência e inteligência.
As planícies e os recursos naturais da vida na Suécia atingiram
Odin como sendo favoráveis e ele escolheu para si uma cidade hoje
chamada Sigtuna. Lá ele nomeou chefes pelo padrão de Tróia,
estabelecendo doze governantes para administrar as leis da terra, e
ele elaborou um código de leis como a que tinha realizado em Tróia
e que os troianos estavam acostumados.
Depois disso, ele viajou para o norte até chegar ao mar, que eles
achavam que envolvia o mundo todo, e colocou seu filho sobre o
reino hoje chamado Noruega. Seu filho se chamava Saeming e,
como se diz no Háleygjatal, juntamente com os Earls e outros
governantes, os reis da Noruega traçam suas genealogias de volta a
ele.
Odin mantinha por perto o filho chamado Yngvi, que era o rei da
Suécia após ele, e com ele vieram as famílias conhecidas como
Ynglingar. Os Æsir e alguns de seus filhos se casaram com as
mulheres das terras que se estabeleceram, e suas famílias se
tornaram tão numerosas na Alemanha e daí sobre o norte que a sua
língua, a dos homens da Ásia, tornou-se a linguagem adequada a
todos esses países. A partir do fato de que suas genealogias estão
escritas, os homens supõem que estes nomes vieram junto com
essa linguagem, e que foi trazido aqui para o norte do mundo, à
Noruega, Suécia, Dinamarca e Alemanha, pelos Æsir. Na Inglaterra,
no entanto, os nomes de distritos e cidades devem ser
compreendidos como decorrentes de um idioma diferente.
Gylfaginning: A Ilusão de Gylfi

Capítulo 1 – Sobre o Rei Gylfi e Gefjun

O Rei Gylfi governou a terra que os homens hoje chamam de


Suécia. É dito que ele deu a uma pedinte, em recompensa pelo
modo que ela o entreteu, uma terra fértil em seu reino do tamanho
em que quatro bois podiam arar em um dia e uma noite. Mas essa
mulher era da família dos Æsir, cujo nome era Gefjun. Ela trouxe do
norte, de Jötunheim, quatro bois que eram das terras de um certo
gigante e, ela mesma colocou-os para arar. E o arado cortou tão
largo e profundamente que soltou a terra, e os bois empurraram-na
para o mar e para o oeste, e ela parou em um determinado estreito.
Lá Gefjun ancorou esta terra, e deu-lhe um nome, chamando-a
de Selund. E desde então, o local onde a terra tinha sido revirada é
água: é agora chamada de Lögr na Suécia, e baías se estendem
nesse lago, assim como as penínsulas em Selund. E assim diz
Bragi, o antigo escaldo:

Gefjun alegremente
Tirou de Gylfi,
A excelente terra,
Extensão da Dinamarca.
E assim o suor evaporava
Dos animais corredores.
Quatro cabeças e oito olhos
Tinham os bois,
Enquanto aravam perante o amplo campo,
Roubando terra da gramada ilha.
Gefjun e o Rei Gylfi, por Lorenz Frølich (1906)[4]
Capítulo 2 – Gylfi Chega a Asgard

O Rei Gylfi era um homem sábio e habilidoso na magia, ele


estava muito preocupado que os Æsir eram tão astutos que tudo
corria de acordo com a sua vontade. Ele ponderou se isso podia
proceder de sua própria natureza, ou se os poderes divinos que eles
cultuavam podiam ordenar essas coisas. Ele partiu para Asgard,
indo secretamente, e se vestiu na semelhança de um velho, com o
qual ele se disfarçou. Mas o Æsir eram mais sábios neste assunto,
tendo o poder de ver o futuro, e eles previram a sua jornada antes
mesmo de ele vir, e prepararam contra ele ilusões dos olhos.
Quando ele entrou na cidade, viu ali um salão tão grande que ele
não conseguia facilmente ver seu topo: seu teto era recoberto com
escudos de ouro como se fossem telhas. Assim também diz
Thjódólfr de Hvin, que Valhalla era coberta com escudos:

Em suas costas deixam brilhar,


Os escudos com pedras golpeados,
As telhas do salão de Odin,
Recobertas de ouro.
Na entrada do salão, Gylfi viu um homem fazendo malabarismo
com espadas, tendo sete no ar ao mesmo tempo. Este homem
pediu-lhe o seu nome. Ele chamou a si mesmo de Gangleri, e disse
que tinha vindo pelos caminhos da serpente, e pediu por
hospedagem para a noite, perguntando: “Quem é o dono deste
salão?”
O outro respondeu que era seu rei, “e eu vou te acompanhar para
vê-lo, então você poderá perguntá-lo sobre o seu nome”, e o homem
caminhou diante dele para dentro do salão, e ele o seguiu, e logo a
porta se fechou atrás dele.
Lá, ele viu uma grande sala e muita gente, alguns entretidos com
jogos, alguns bebendo, e alguns tinham armas e estavam lutando.
Então ele olhou em volta e achou inacreditável muitas coisas que
ele viu, e disse:
Em todos os portões,
Antes de entrar,
Você deve examinar bem,
Porque é incerto,
Onde o inimigo se senta,
À espera no interior.
Ele viu três altos assentos, um acima do outro, e três homens
sentavam-se neles, um em cada. E perguntou qual poderia ser o
nome desses senhores.
Aquele que o conduziu até lá respondeu que aquele que se
sentava no alto assento de baixo era um rei “e seu nome é Hárr, ou
Alto, e o próximo é chamado Janhárr, ou Mais Alto, e aquele que
está sentado mais alto é chamado Thridi, ou Terceiro.”
Então Hárr perguntou ao recém-chegado se sua missão tinha
algo mais do que para a comida e bebida que estavam sempre ao
seu dispor, como para qualquer um lá no Alto Salão. Ele respondeu
que desejava primeiro saber se havia algum homem sábio lá dentro.
Hárr disse que ele não escaparia de lá, a menos que ele fosse
ainda mais sábio.

“Dê um passo adiante,


Enquanto você perguntar,
Aquele que responder, se sentará.”
Gangleri e os Três Reis, por Ólafur Brynjúlfsson (1760)[5]
Capítulo 3 – Sobre o Pai de Todos, o Mais Alto Deus

Gangleri começou seu interrogatório então: “Quem é o mais


importante, ou mais antigo, de todos os deuses?”
Hárr respondeu: “Ele é chamado Pai de Todos em nossa língua,
mas na antiga Asgard ele tinha doze nomes: o primeiro é Odin, o
segundo é Senhor ou Senhor dos Exércitos, o terceiro é Nikarr, ou
Senhor das Lanças, o quarto é Nikudr, ou Batedor, o quinto é
Conhecedor de Muitas Coisas, o sexto, Cumpridor de Desejos, o
sétimo, Aquele que Fala Longe, o oitavo, O Agitador, ou Aquele que
Põe os Exércitos para Fugir, o nono, o Queimador, o décimo, o
Destruidor, o décimo primeiro, O Protetor, o décimo segundo,
Gelding”.
Em seguida, perguntou Gangleri: “Onde está esse deus, ou qual
o seu poder, ou o que ele já fez, que é um ato glorioso?”
Hárr deu a resposta: “Ele vive em todas as épocas e governa
todo o seu reino, e dirige todas as coisas, grandes e pequenas.”
Então disse Jafnhárr: “Ele criou os Céus e a terra e o ar, e todas
as coisas que há neles.”
Então falou Thridi: “O maior de tudo é este: que ele fez o homem
e deu-lhe o espírito, que viverá e nunca perecerá, embora a carne
apodreça até mofar, ou queime até as cinzas, e todos os homens
viverão, assim como eram em ação, e estarão com ele no lugar
chamado Gimlé. Mas os homens maus irão para Hel e daí para
Niflhel, e isso está lá embaixo no nono mundo.”
Então disse Gangleri: “O que ele fez antes que o céu e a terra
fossem criados?”
E Hárr respondeu: “Ele estava então com os Gigantes de Gelo”.
Odin, o Andarilho, por Georg von Rosen (1886)[6]
Capítulo 4 – Sobre Niflheim e Múspelheim

Gangleri disse: “O que foi o início, ou como começou, ou o que


havia antes?”
Hárr respondeu: “Como é dito no Völuspá:

Era a manhã do Tempo,


Quando não havia nada,
Nem areia, nem mar,
Nem ondas refrescantes.
Não havia Terra,
Nem o céu acima.
Apenas um fosso,
Mas não havia grama.”
Então disse Jafnhárr: “Muitas eras antes de a Terra ser moldada,
Niflheim já existia, e no meio de seu território está a fonte que é
chamada Hvergelmir, da qual brotam os rios chamados Svöl,
Gunnthrá, Fjörm, Fimbulthul, Slídr e Hrid, Sylgr e Ylgr, Víd, Leiptr,
Gjöll, este último está perto dos portões de Hel.”
E Thridi disse: “No entanto, primeiro havia o mundo na região sul,
que foi nomeado Múspelheim, ele é iluminado e quente, aquela
região é brilhante e ardente, e intransponível para com os
forasteiros que não são nativos de lá. Aquele que se senta lá no fim
da terra, para defendê-la, é chamado Surtr, ele brande uma espada
flamejante, e no fim do mundo, ele sairá e saqueará, e superará
todos os deuses, e queimará todo o mundo com fogo, assim é dito
no Völuspá:
Surtr viaja do sul
Brandindo fogo ardente,
Da sua espada brilha
O sol dos Deuses da Guerra,
As rochas se chocam,
Os demônios sofrem,
Heróis seguem a estrada de Hel,
E os Céus se abrem em fendas.”
O Gigante com a Espada Flamejante, por John Charles Dollman
(1909)[7]
Capítulo 5 – A Origem de Ymir e dos Gigantes de Gelo

Gangleri perguntou: “Como foram as coisas forjadas, antes de as


raças existirem e as tribos dos homens aumentarem?”
Então disse Hárr: “Os rios chamados de Elivogs, ou Ondas de
Gelo, aqueles que eram tão compridos, vêm dos mananciais em que
o veneno que fermentou sobre eles tinha endurecido, assim como a
escória que corre do fogo endurece, estes então se tornaram gelo, e
quando o gelo parou e deixou de correr, então ele congelou em
cima. Mas a chuva fina que surgiu a partir do veneno congelou a
geada, e a camada de gelo aumentou, geada sobre geada, uma
sobre a outra, até mesmo em Ginnungagap, o Vazio que Boceja.”
Então falou Jafnhárr: “Ginnungagap, que ficava de frente para a
região do norte, encheu-se de peso, e de massas de gelo e geada,
e em seu interior, chuva fina e rajadas de vento, mas a parte sul do
Ginnungagap foi iluminada por aquelas faíscas e brilhantes massas,
que voaram para fora de Múspellheim”.
E Thridi disse: “Assim que o frio surgiu de Niflheim, como todas
as coisas terríveis, assim também tudo que ficava de frente para
Múspellheim tornou-se quente e brilhante, mas Ginnungagap estava
leve como o ar sem vento, e quando o sopro de calor encontrou a
geada, tal que derreteu e pingou em gotas, a vida foi acelerada a
partir das gotas das leveduras, pelo poder que enviou o calor, e
tomou a forma de um homem. E este homem é chamado Ymir, mas
os Gigantes de Gelo o chamam de Aurgelimir; e daí vieram as raças
dos Gigantes de Gelo, como é dito no Völuspá Menor:

Todas as bruxas
Descendem de Witolf;
Todos os bruxos
Vêm de Willharm;
E todos os encantadores de feitiços
São filhos de Wvarthofde;
Todos os gigantes
Vieram de Ymir.

Mas sobre isso, diz Vafthrúdnir, o gigante:


Das Ondas de Gelo
Vieram gotas de veneno,
Crescendo até
Que um gigante surgiu;
Assim nossa raça
Surgiu toda junta,
Então assim
Somos por isso tão ferozes.”
Então disse Gangleri: “Como é que as raças cresceram dali, ou
depois como foi feito para que mais homens surgissem? Ou vocês
vêem-no como Deus, de quem vocês agora a pouco falaram?”
E Hárr respondeu: “De modo algum nós o reconhecemos como
Deus, ele era mau assim como toda a sua família: chamamos-lhes
Gigantes de Gelo. Agora é dito que quando ele dormia, um suor veio
sobre ele, e de lá cresceu sob sua mão esquerda um homem e uma
mulher, e um de seus pés gerou um filho com o outro; e, assim, as
raças surgiram, estes são os Gigantes de Gelo. O antigo Gigante de
Gelo, nós o chamamos de Ymir.”
Capítulo 6 – Sobre Audumla e a Origem de Odin

Então disse Gangleri: “Onde morava Ymir, ou onde ele


encontrava sustento?”
Hárr respondeu: “Imediatamente após o gelo derreter, surgiu dele
a vaca chamada Audumla; quatro rios de leite corriam de suas tetas,
e ela nutria Ymir.”
Em seguida, perguntou Gangleri: “De que maneira era a vaca
alimentada?”
E Hárr respondeu: “Ela lambia os blocos gelo, que eram
salgados; e no primeiro dia que ela lambeu os blocos, então saiu
deles durante a noite o cabelo de um homem, no segundo dia, a
cabeça de um homem, no terceiro dia o homem inteiro estava lá. E
ele era chamado Búri: ele era belo de aspecto, grande e poderoso.
Ele gerou um filho chamado Borr, que se casou com a mulher
chamada Bestla, filha de Bölthorn o gigante, e eles tiveram três
filhos: um era Odin, o segundo Vili, o terceiro Vé. E esta é a minha
crença, que ele, Odin, junto com seus irmãos, devem ser
governantes dos Céus e da Terra, acreditamos que ele deve ter
esse nome, pois ele é o homem que sabemos ser o mais poderoso
e o mais digno de honra, e fará bem em chamá-lo assim dessa
maneira.”
Audumla, por Nicolai Abraham Abildgaard (1790)[8]
Capítulo 7 – A Morte de Ymir e sobre Bergelmir

Então disse Gangleri: “Como estes mantinham a paz com Ymir,


ou qual era o mais forte?”
E Hárr respondeu: “Os filhos de Borr mataram Ymir o gigante;
onde ele caiu, jorrou tanto sangue de suas feridas que com isso se
afogou toda a raça dos Gigantes de Gelo, exceto aquele a quem os
gigantes chamam de Bergelmir, que escapou com a sua família; ele
subiu em seu navio, e sua esposa com ele, e eles estavam seguros
ali. E deles surgiu a raça dos Gigantes de Gelo, como é dito aqui:

Incontáveis eras
Antes de a Terra ter forma,
Nasceu Bergelmir;
Isso eu recordo primeiro,
Como o famoso sábio gigante
No convés do navio se deitou.”
Nascimento e Morte de Ymir, por Lorenz Frølich (1885)[9]
Capítulo 8 – Os Filhos de Borr criam a Terra e o céu

Então disse Gangleri: “O que foi feito então pelos filhos de Borr,
se você acredita que eles são deuses?”
Hárr respondeu: “Neste assunto, não há pouco a ser contado.
Levaram Ymir e o carregaram para o meio do Ginnungagap, e
fizeram dele a Terra: de seu sangue o mar e as águas; a terra foi
feita de sua carne, e os rochedos de seus ossos, cascalho e pedras
eles fizeram a partir de seus dentes e as suas mandíbulas e
daqueles ossos que estavam quebrados”.
E Jafnhárr disse: “Do sangue, que correu e jorrou livremente de
seus ferimentos, eles fizeram o mar, quando haviam formado e feito
a terra firme, e puseram o mar em um anel circundando-a, e parece
ser um ato árduo para a maioria dos homens cruzar o oceano.”
Então disse Thridi: “Eles pegaram seu crânio também, e fizeram
dele o céu, e os puseram sobre a terra com quatro cantos, e sob
cada canto eles colocaram um anão: os nomes destes são Leste,
Oeste, Norte e Sul. Então tomaram as brasas e faíscas que
irrompiam de Múspellheim, e as colocaram no meio do
Ginnungagap, nos Céus, acima e abaixo, para iluminar o céu e a
terra. Eles atribuíram lugares para todos os fogos: alguns no céu,
alguns vagavam livre debaixo do céu, no entanto, a estes também
deram um lugar e criaram-lhes trajetórias. É dito em canções
antigas que, a partir desta data, os dias e os anos foram contados,
como é dito no Völuspá:

O sol não sabia


Onde era seu lugar;
A lua não sabia
O poder que possuía;
As estrelas não sabiam
Onde ficavam seus lugares.

Assim era antes de a terra ser feita.”


Então disse Gangleri: “Estas são grandes histórias que agora
ouço, isto é uma grande obra maravilhosa de habilidade, e
astuciosamente feita. Como foi a terra criada?”
E Hárr respondeu: “Ela é em forma de anel por fora, e ao redor
dela, sem fim, o fundo do mar, e ao longo da costa do mar eles
deram terras para as raças de gigantes, ou jötna, para viverem. Mas
no interior da terra fizeram uma cidadela em volta do mundo contra
a hostilidade dos gigantes, e para a sua cidadela eles usaram as
sobrancelhas de Ymir o gigante, e chamaram a este lugar Midgard.
Eles pegaram também seu cérebro e lançaram-no no ar, e fizeram
com ele as nuvens, como é dito aqui:
Da carne de Ymir
A terra foi criada,
Do seu sangue o mar;
Rochedos de seus ossos,
Árvores de seus cabelos,
E de seu crânio o céu.

De suas sobrancelhas
Os joviais deuses fizeram
Midgard para os filhos dos homens.
De seu cérebro,
Todas as melancólicas
Nuvens foram criadas.”
Odin e Seus Dois Irmãos Criam o Mundo do Corpo de Ymir, por
Lorenz Frølich (1895)[10]
Capítulo 9 – Os Filhos de Borr criam Askr e Embla

Então disse Gangleri: “Muito mesmo tinham feito então, me


parece, quando o céu e a Terra foram feitos, e o sol e as
constelações do céu foram fixados, e divisão foi feita de dias. Agora,
de onde vêm os homens que povoam o mundo?”
E Hárr respondeu: “Quando os filhos de Borr estavam
caminhando ao longo da costa do mar, eles encontraram duas
árvores, e tomaram-nas e moldaram homens delas: o primeiro filho
deu-lhes espírito e vida, o segundo, inteligência e sentimento, o
terceiro, forma, fala, audição e visão. Deram-lhes roupas e nomes: o
macho foi chamado Askr e a fêmea Embla, e deles era nascida a
raça dos homens, que receberam uma morada em Midgard. Em
seguida, eles criaram para si mesmos, no meio do mundo, uma
cidade chamada Asgard, os homens a chamam de Tróia. Lá
habitaram os deuses e seus parentes, e muitos eventos e histórias
de lá ocorreram, tanto na terra como no ar. Há um lugar chamado
Hlidskjálf, e quando Odin sentava-se no trono de lá, ele olhava para
o mundo inteiro e via os atos de cada homem, e sabia de todas as
coisas que ele via. Sua esposa se chamava Frigg, filha de Fjörgvinn,
e de seu sangue é vindo a linhagem que chamamos de a raça dos
Æsir, que povoaram a Antiga Asgard, e os reinos que pertencem a
ela, e eles são uma raça divina. Por esta razão, ele deve ser
chamado o Pai de Todos: porque ele é o pai de todos os deuses e
dos homens, e tudo isso foi cumprido por ele e por seu poder. A
Terra era sua filha e sua esposa, nela ele gerou o primeiro filho, que
é Áss-Thor: força e coragem lhe atendem, com as quais ele é capaz
de vencer todos os seres vivos.
Odin, Lódurr e Hœnir Criam Askr e Embla, por Lorenz Frølich
(1895)[11]
Capítulo 10 – A Chegada de Dia e de Noite

“Nörfi ou Narfi é o nome de um gigante que morava em


Jötunheim: ele teve uma filha chamada Noite, ou Nótt, ela era
morena e escura, como era o comum de sua raça. Ela foi dada a um
homem chamado Naglfari; o filho deles Audr. Depois ela foi casada
àquele que era chamado Annarr; Jörd foi filha deles. Por último
Dellingr, ou Alvorada, a teve, e ele era da raça dos Æsir; o filho
deles foi Dia, ou Dagr, ele era radiante e justo como seu pai. Então o
Pai de Todos levou Noite e seu filho Dia, e deu-lhes dois cavalos e
duas carruagens, e enviou-os para o céu, para cavalgar ao redor da
Terra a cada dois meios-dias. Noite cavalga com o cavalo chamado
Hrímfaxi, e em cada manhã, ele orvalha a terra com a espuma de
sua boca. O cavalo que Dia possui é chamado Skinfaxi, e ele
ilumina todo o ar e a terra com sua crina.”
Nótt, por Peter Nicolai Arbo (1887)[12]
Dagr, por Peter Nicolai Arbo (1887)[13]
Capítulo 11 – A Origem de Sol e de Lua

Então disse Gangleri: “Como é que ele orienta o curso do sol ou


da lua?”
Hárr respondeu: “Um certo homem recebeu o nome Mundilfari,
ele teve dois filhos, eles eram tão belos e graciosos que ele chamou
seu filho Máni, ou Lua, e sua filha Sol, ou Sól, e a casou com um
homem chamado Glenr. Mas os deuses se indignaram com essa
insolência e tomaram o irmão e irmã, e colocaram-nos no céu; eles
fizeram Sol conduzir os cavalos que puxavam a carruagem do sol,
que os deuses tinham criado para a iluminação do mundo, feito do
material brilhante que voou para fora de Múspellheim. Esses
cavalos são chamados assim: Árvakr e Alsvidr, e sob os ombros
deles os deuses colocaram dois foles para resfriá-los, mas em
alguns registros isso é chamado de Ísarnkol. Lua dirige o curso da
lua e determina as suas fases crescente e minguante. Ele tomou da
terra dois filhos, chamado Bil e Hjúki enquanto voltavam do poço
chamado Byrgir, tendo sobre os seus ombros um barril chamado
Sægr, e uma vara chamada Simul. O pai deles é chamado Vidfinnr.
Estas crianças seguem Lua, como pode ser visto da terra.”
Máni e Sól, por Lorenz Frølich (1895)[14]
Capítulo 12 – Sobre a Perseguição de Sol

Então disse Gangleri: “Sol se move rapidamente e é quase como


se ela estivesse com medo, ela não poderia apressar o seu curso
mais se temesse a destruição.”
Então Hárr respondeu: “Não é nenhuma surpresa que ela se
apresse furiosamente, perto vem aquele que a procura, e ela não
tem escapatória senão fugir.”
Então disse Gangleri: “Quem é ele que lhe causa esta
inquietação?”
Hárr respondeu: “Eles são dois lobos, e aquele que corre atrás
dela é chamado de Skoll, ela o teme, e ele irá alcançá-la. Mas o que
salta à sua frente é chamado de Hati, filho de Hródvitni. Ele é
ansioso em pegar a lua, e assim será.”
Então disse Gangleri: “De qual família são os lobos?”
Hárr respondeu: “Uma bruxa habita ao leste de Midgard, na
floresta chamada Jarnved, ou Floresta de Ferro: nesse bosque
habitam as mulheres trolls, que são conhecidas como as Mulheres
da Floresta de Ferro. A velha bruxa tem muitos gigantes como
filhos, e todos na forma de lobos e, a partir desta fonte esses lobos
surgiram. O ditado diz assim: desta raça virá aquele que deverá ser
o mais poderoso de todos, aquele que é chamado Mánagarmr, ele
deverá estar cheio em seu ventre com a carne de todos os homens
que morrem, e ele engolirá a lua, e manchará com sangue o céu e
todo o ar; e então o sol perderá seu brilho, e os ventos nesse dia
serão inquietos e rugirão de todos os lados. Assim é dito em
Völuspá:

Ao Leste habita a velha bruxa


Na Floresta de Ferro,
E lá ela deu a luz
A Prole de Fenrir;
De lá virá um,
O pior de todos,
O devorador de Lua
Na forma de um troll.
Ele se alimenta com a carne
De homens mortos.
O assento dos deuses
Ele mancha com sangue vermelho;
A luz do Sol torna-se negra
Nos verões seguintes,
O clima ficará instável.
Já sabe disso ou não?”

Os Lobos Perseguindo Sól e Máni, por John Charles Dollman


(1909)[15]
Capítulo 13 – Sobre a Bifröst

Então disse Gangleri: “Qual é o caminho para os Céus a partir da


Terra?”
Então Hárr respondeu rindo em voz alta: “Agora, isso não foi uma
sábia pergunta; já não foi dito a você que os deuses fizeram uma
ponte da Terra aos Céus, chamada Bifröst? Você já deve tê-la visto,
mas pode ser que vocês a chamem de arco-íris. Ela possui três
cores, e muito fortes, e foi feita com astúcia e com mais arte mágica
que outras obras de arte. Mas forte como é, ainda há de ser
quebrada, quando os filhos de Múspellheim saírem para cavalgar
nela para saquear, e nadarão em seus cavalos sobre grandes rios;
assim deverão proceder.”
Então disse Gangleri: “Me parece que os deuses não construíram
essa ponte de forma segura, sendo que ela pode ser quebrada, eles
poderiam criá-la como desejassem.”
Então Hárr respondeu: “Os deuses não merecem repreensão por
causa deste trabalho de habilidade: uma boa ponte é a Bifröst, mas
nada neste mundo é de tal natureza que se possa confiar quando os
filhos de Múspellheim saírem para guerrear.”
Yggdrasil e Bifröst, por Finnur Magnússon (1825)[16]
Capítulo 14 – A Morada dos Deuses e a Criação dos Anões

Então disse Gangleri: “O que o Pai de Todos então fez quando


Asgard foi criada?”
Hárr respondeu: “No início, ele estabeleceu governantes, e
mandou-lhes ordenar destinos de assuntos dos homens com ele, e
dar conselhos sobre o planejamento da cidade, isso era no lugar
que se chama Idavold, no meio da cidade. Foi o primeiro trabalho
deles fazer aquele tribunal em que seus doze assentos ficariam, e
outro, o alto-assento em que o Pai de Todos dispõe. Aquela casa é
a melhor construída de qualquer uma na Terra, e a mais incrível,
fora e dentro, é tudo como uma peça de ouro, os homens a chamam
de Gladsheim. Eles fizeram também um segundo salão: ele era um
santuário que as deusas possuíam, e era uma casa muito bela, os
homens a chamam de Vingólf. Em seguida, eles criaram uma casa,
onde eles colocaram uma forja, e fizeram além de um martelo,
pinças, e uma bigorna, e por meio destes, todas as outras
ferramentas. Após isso, eles forjaram metal e pedra e madeira, e
fizeram tão abundantemente que o metal, que é chamado de ouro,
eles tinham em todos os seus utensílios de casa e todos os pratos
de ouro, e esse tempo é chamado de Idade do Ouro, antes que
fosse estragado pela vinda das mulheres, mesmo aquelas que
vieram de Jötunheim. Em seguida, os próprios deuses se
empossaram em seus assentos e realizaram um julgamento, e
chamaram a atenção para se os anões tinham surgido no molde e
debaixo da terra, como fazem as larvas na carne. Os anões haviam
recebido primeiro forma e vida na carne de Ymir, e eram então
larvas, mas por decreto dos deuses tornaram-se conscientes e com
a inteligência dos homens, e tinham forma humana. E, no entanto,
eles habitam na terra e nas pedras. Módsognir foi o primeiro, e
Durinn o segundo, assim é dito no Völuspá.

Então caminharam todos os deuses


Aos assentos do julgamento,
Os deuses mais sagrados,
E juntos debateram,
Quem deveria dos anões
Governar os povos
Do Mar de sangue,
E dos ossos de Blain.
Na semelhança dos homens
Muitos foram feitos
Anões na terra
Como Durinn disse.
E estes, diz a sibila, são os seus nomes:

Nýi e Nidi,
Nordri e Sudri,
Austri, Vestri,
Althjófr, Dvalinn;
Nár, Náinn,
Nípingr, Dáinn,
Bifurr, Báfurr,
Bömburr, Nóri,
Óri, Ónarr,
Óinn, Mjödvitnir,

Viggr e Gandálfr,
Vindálfr, Thorinn,
Fíli, Kíli,
Fundinn, Váli;
Thrór, Thróinn,
Thekkr, Litr e Vitr,
Nýr, Nýrádr,
Rekkr, Rádsvidr.

E estes também são anões e habitam em pedras, mas foram os


primeiros em moldes:

Draupnir, Dólgthvari,
Hörr, Hugstari,
Hledjólfr, Glóinn;
Dóri, Óri,
Dúfr, Andvari,
Heptifíli,
Hárr, Svíarr.

E estes procedem de Svarinshaugr para Aurvangar em Jöruplain,


e daí Lovarr surgiu; estes são os seus nomes:

Skirfir, Virfir
Skáfidr, Ái,
Álfr, Yngvi,
Eikinskjaldi,
Falr, Frosti,
Fidr, Ginnarr.”

Módsognir e Durinn, por Lorenz Frølich (1895)[17]


Capítulo 15 – Sobre a Yggdrasil, a Fonte de Urdr e as Nornas

Então disse Gangleri: “Onde fica a morada central ou santuário


dos deuses?”
Hárr respondeu: “Essa fica ao lado da árvore de freixo Yggdrasil,
lá os deuses se reúnem todos os dias”.
Então Gangleri perguntou: “O que há para ser dito sobre esse
lugar?”
Então disse Jafnhárr: “O Freixo é a maior de todas as árvores e a
melhor: os seus ramos se espalham por todo o mundo e estão
acima dos Céus. Três raízes da árvore a sustentam e se espalham
amplamente: um está entre os Æsir, outra entre os Gigantes de
Gelo, no lugar onde outrora foi o Ginnungagap, o terceiro está sobre
Niflheim, e sob essa raiz está Hvergelmir, e Nídhöggr rói a raiz por
baixo. Mas sob essa raiz, que se vira em direção aos Gigantes de
Gelo está a fonte de Mímir, onde sabedoria e compreensão são
armazenados, e ele é chamado Mímir, que guarda a fonte. Ele
possui muita sabedoria antiga, uma vez que ele bebe da fonte com
o Chifre Gjallar. Para lá foi Odin e ele ansiava por um gole da fonte,
mas ele não conseguiu até que ele deu um de seus olhos como
garantia. Assim é dito no Völuspá:

Tudo sei eu, Odin,


Onde escondeu seu olho,
Na cristalina e renomada
Fonte de Mímir.
Mímir bebe hidromel
Todas as manhãs
Da garantia do Pai de Todos.
Já sabe agora ou não?
Odin Bebe da Fonte da Sabedoria, por Robert Engels (1903)[18]

A terceira raiz do Freixo está nos Céus, e sob essa raiz está a
fonte que é muito sagrada, que é chamada de A Fonte de Urdr, lá os
deuses controlam seu tribunal. Todos os dias os Æsir cavalgam pela
Bifröst, que também é chamada de A Ponte dos Æsir. Estes são os
nomes dos cavalos dos Æsir: Sleipnir é o melhor, Odin o possui, ele
tem oito patas. O segundo é Gladr, o terceiro Gyllir, o quarto Glenr, o
quinto Skeidbrimir, o sexto Silfrintoppr , o sétimo Sinir, o oitavo Gisl,
o nono Falhófnir, o décimo Gulltoppr, o décimo primeiro Léttfeti. O
cavalo de Baldr foi queimado com ele, e Thor caminha para o
tribunal, e nada pelos rios que são chamados assim:

Körmt e Örmt
E os dois Kerlaugs,
Esses Thor deve atravessar
Todos os dias
Quando ele vai a julgar
Na árvore de Yggdrasil;
Pois a Ponte dos Æsir
Queima com as chamas,
E as águas sagradas uivam.”

Thor Atravessa Rios Enquanto os Æsir Cavalgam pela Ponte


Bifröst, por Lorenz Frølich (1895)[19]

Então disse Gangleri: “Fogo queima sobre a Bifröst?”


Hárr respondeu: “O que você vê como vermelho no arco é fogo
ardente; os Gigantes de Gelo e os Gigantes das Montanhas
poderiam ir aos Céus se a passagem em Bifröst estivesse aberta a
todos aqueles que a cruzariam. Há muitos lugares belos nos Céus,
e sobre tudo lá uma vigília divina é mantida. Um salão fica ali, belo,
sob a árvore perto da fonte, e fora do salão há três donzelas, que
são chamadas assim: Urdr ou Passado, Verdandi ou Presente,
Skuld ou Futuro; essas donzelas determinam o período de vida dos
homens: nós as chamamos de Nornas, mas há muitas nornas:
aquelas que vêm para cada criança que nasce, para designar a sua
vida, essas são da raça dos deuses, mas outras são do povo Elfo, e
um terceiro grupo são da família dos anões, como é dito aqui:
De vários lugares
As Nornas são;
Elas não são da mesma raça:
Algumas são dos Æsir,
Algumas são dos Elfos,
Algumas são filhas dos Anões.”
Então disse Gangleri: “Se as Nornas determinam os destinos dos
homens, então elas os repartem de forma desigual, visto que alguns
têm uma vida agradável e luxuosa, mas outros têm poucos bens
mundanos ou fama; alguns têm vida longa, outros curta.”
Hárr disse: “Boas nornas e de raça nobre designam vidas boas,
mas os homens que sofrem desventuras são regidos por nornas do
mal.”
As Nornas, por Arthur Rackham (1911)[20]
Capítulo 16 – Ainda Sobre a Árvore

Então disse Gangleri: “Que maravilhas mais podem ser contadas


da Yggdrasil?”
Hárr respondeu: “Muito há de ser contado dela. Uma águia senta-
se nos galhos da árvore, e ela tem a compreensão de muitas coisas,
e entre seus olhos está o falcão que é chamado de Vedrfölnir. O
esquilo chamado Ratatöskr corre para cima e ao longo da extensão
do Freixo, levando palavras invejosas entre a águia e Nídhöggr, e
quatro cervos correm nos galhos da árvore e mordem suas folhas.
Eles são chamados assim: Dáinn, Dvalinn, Duneyrr, Durathrór. Além
disso, tantas serpentes estão em Hvergelmir com Nídhöggr, que
nenhuma língua pode contá-las, como é dito aqui:

O Freixo Yggdrasil
Sofre com angústia,
Mais que os homens sabem:
Os cervos mordem acima,
Aos lados ela apodrece,
E Nídhöggr rói por baixo.
E ainda é dito:
Mais serpentes se estendem
Sobre o Freixo Yggdrasil
Que qualquer tolo primata pode imaginar.
Góinn e Móinn
Filhos de Grafvitnir,
Grábakr and Grafvölludr;
Ófnir and Sváfnir
Creio eu que continuarão
A roer as raízes da árvore.

É dito ainda que essas Nornas que habitam a Fonte de Urdr


pegam água da fonte todos os dias, e junto com a argila que se
encontra ao redor dela, regam a árvore, com a finalidade de que
seus galhos não caiam nem apodreçam, pois esta água é tão
sagrada que todas as coisas que chegam até a fonte tornam-se
brancas como o filme que está dentro da casca de ovo, como é dito
aqui:
Eu conheço um Freixo
Chamado Yggdrasil,
Uma alta e sagrada árvore
Que respinga argila branca.
De lá vem os orvalhos
Que caem no vales.
Verde sempre está,
Ao redor da Fonte de Urdr.

Esse orvalho que cai sobre a terra é chamado pelos homens de


orvalho de mel, e dele as abelhas se nutrem. Duas aves são
alimentadas na Fonte de Urdr: elas são chamadas de cisnes e
dessas aves veio a raça de aves que assim são chamadas.”
Yggdrasil, autor desconhecido (1680)[21]
Capítulo 17 – Os Locais Sagrados dos Deuses

Então disse Gangleri: “Você sabe muitas histórias para contar dos
Céus. Que principais moradas há mais além da Fonte de Urdr?
Hárr disse: “Muitos lugares estão lá, e gloriosos são. Aquele que
é chamado Álfheimr é um deles, onde habitam os povos chamados
de Elfos Claros, ou Ljósálfar, mas os Elfos Negros, ou Dökkálfar,
habitam abaixo da terra, e eles são diferentes na aparência, mas, de
longe, ainda mais diferentes na natureza. Os Elfos Claros são mais
belos de se olhar do que o sol, mas os Elfos Negros são mais
negros do que o piche. Depois, há também nesse lugar a morada
chamada Breidablik, e não há nos Céus uma habitação mais bela.
Lá, também, há o lugar chamado Glitnir, cujas paredes e todos os
seus postes e pilares são de ouro vermelho, mas o seu telhado é de
prata. Há também a morada chamada Himinbjörg, que fica no final
dos Céus na cabeça da ponte, no lugar onde a Bifröst se junta aos
Céus. Outra grande morada é lá, que é chamada Valaskjálf; Odin é
dono dessa habitação, os deuses a construíram e seu telhado é
feito com pura prata, e neste salão fica o Hlidskjálf, o chamado alto-
assento. Sempre que o Pai de Todos senta naquela cadeira, ele
inspeciona todas as terras. No extremo sul do céu fica aquele salão
que é o mais belo de todos, e mais brilhante do que o sol, que é
chamado Gimlé. Ele resistirá quando os Céus e a Terra já não
existirem, e os homens bons e de conversas justas nele habitarão:
assim é dito no Völuspá:

Eu conheço um salão
Mais belo que o Sol,
Com telhados de ouro,
Chamado de Gimlé.
Nele habitarão
Aqueles que praticam a justiça
E para todo o sempre
Desfrutarão de prazeres.”

Então disse Gangleri: “O que guardará este lugar, quando a


chama de Surtr consumir os Céus e a Terra?”
Hárr respondeu: “É dito que um outro céu está ao sul e acima do
presente, e ele é chamado de Andlangr, mas o terceiro céu está
ainda acima disso, e ele é chamado Vídbláinn, e é neste céu que
nós acreditamos que esta morada esteja. Porém acreditamos que
ninguém, exceto os Elfos Claros habitam estas mansões agora.”

Brincadeira de Elfos, por August Malmström (1866)[22]


Capítulo 18 – A Origem do Vento

Então disse Gangleri: “De onde vem o vento? Ele é forte, de


modo que agita grandes mares, e estimula o fogo, mas, mesmo
forte como é, ninguém pode vê-lo, pois é maravilhosamente
moldado.”
Então disse Hárr: “Isto eu sou bem capaz de dizer. À extremidade
norte dos Céus está o gigante chamado Hræsvelgr: ele tem as
penas de uma águia, e quando ele estende suas asas para o voo,
então o vento surge de debaixo delas, como é dito aqui:

Hræsvelgr ele se chama,


Aquele que se senta na extremidade dos Céus,
Um gigante em forma de águia.
De suas asas, dizem,
O vento surge
Sobre todos os homens.”
Capítulo 19 – Sobre a Diferença do Verão e do Inverno

Então disse Gangleri: “Por que há tanta diferença, que o verão


deve ser quente, mas o inverno frio?”
Hárr respondeu: “Um homem sábio não perguntaria isso, visto
que todos são capazes de responder, mas se você é tão incapaz de
compreender a ponto de não ter ouvido falar disso, então eu ainda
vou permitir que você pergunte tolamente uma vez, em vez de você
ser mantido na ignorância sobre uma coisa que é adequada de se
saber. Ele é chamado Svásudr, o pai do Verão, ou Sumarr; e ele é
de natureza agradável, de modo que a partir de seu nome tudo o
que é agradável é chamado de doce. Mas o pai do Inverno, ou Vetr,
é variadamente chamado de Vindljóni ou Vindsvalr, ele é o filho de
Vásadr, e estes eram parentes sombrios e de corações frios, e o
Inverno tem seu temperamento.”
Capítulo 20 – Sobre Odin e Seus Nomes

Então disse Gangleri: “Quem são os Æsir, em quem cabe aos


homens acreditar?”
Hárr respondeu: “Os Æsir divinos são doze.”
Então disse Jafnhárr: “Não menos sagradas são as Ásynjur, as
deusas, e elas não possuem menos autoridade.”
Então disse Thridi: “Odin é o mais elevado e mais velho dos Æsir:
ele governa todas as coisas e é poderoso como os outros deuses,
todos eles servem a ele como filhos obedecem a um pai. Frigg é sua
esposa, e ela conhece todos os destinos dos homens, embora ela
não revele as profecias, como é dito aqui, quando o próprio Odin
falou com aquele dos Æsir a quem os homens chamam de Loki:

Louco está você, Loki,


E fora de seus sentidos,
Por que não para?
Acredito eu que Frigg sabe,
De todas as sortes,
Embora ela não diga nada.
Odin é chamado de Pai de Todos porque ele é o pai de todos os
deuses. Ele também é chamado de Pai do Massacre, pois todos
aqueles que caem no campo de batalha são os seus filhos adotivos;
ele os envia para Valhalla e Vingólf, e são então chamados de
Einherjar, ou Campeões. Ele também é chamado de Deus dos
Enforcados, Deus dos Deuses, Deus das Cargas, e ele também foi
nomeado em muitos mais aspectos, depois que ele veio ao rei
Geirrödr:
Eu sou chamado Grímr
E Ganglari,
Herjann, Hjálmberi;
Thekkr, Thridi,
Thudr, Udr,
Helblindi, Hárr.
Sadr, Svipall,
Sann-getall,
Herteitr, Hnikarr;
Bileygr, Báleygr,
Bölverkr, Fjölnir,
Grímnir, Glapsvidr, Fjölsvidr.
Sídhöttr, Sidskeggr,
Sigfödr, Hnikudr,
Alfödr, Atrídr, Farmatýr;
Óski, Ómi,
Jafnhárr, Biflindi,
Göndlir, Hárbardr.

Svidurr, Svidrir,
Jálkr, Kjalarr, Vidurr,
Thrór, Yggr, Thundr;
Vakr, Skilfingr,
Váfudr, Hroptatýr,
Gautr, Veratýr.”

Então disse Gangleri: “Muitos nomes você lhe deu, e, por minha
fé, deve-se realmente precisar ter uma inteligência considerável
para conhecer todo o saber e os eventos que trouxeram cada um
desses nomes.”
Então Hárr respondeu: “É realmente uma grande soma de
conhecimento para se reunir e fixar oportunamente. Mas é mais
breve te dizer que a maioria de seus nomes foram dados a ele por
causa desta razão: havendo assim muitas ramificações de línguas
no mundo, todos os povos acreditavam que era necessário para
eles transformar seu nome em sua própria língua, para que eles
pudessem melhor invocá-lo e suplicar-lhe em seus próprios nomes.
Mas em algumas ocasiões esses nomes surgiram em suas
andanças; e estes casos estão registrados em sagas. E você não
poderá ser chamado de um homem sábio se não for capaz de narrar
esses grandes eventos.”
Odin, por Johannes Gehrts (1901)[23]
Capítulo 21 – Sobre Áss-Thor

Então disse Gangleri: “Quais são os nomes dos outros Æsir, ou


quais são os seus ofícios, ou que obras de renome eles fizeram?”
Hárr respondeu: “Thor é o principal deles, ele que é chamado
Thor dos Æsir, ou Öku-Thor, ele é o mais forte de todos os deuses e
homens. Ele tem o seu reino no lugar chamado Thrúdvangar, e seu
salão é chamado Bilskirnir, este salão possui quinhentos e quarenta
quartos. Essa é a maior casa que os homens conhecem, portanto é
dito no Grímnismál:

Quinhentos quartos
E mais quarenta,
Assim acredito que sejam
As curvas de Bilskirnir.
De todas as casas
Que sei que possuem tetos,
Eu sei que a do meu filho é a maior.
Thor tem dois bodes, que são chamados de Tanngnjóstr e
Tanngrisnir, e uma carruagem na qual ele dirige, e os bodes puxam-
na, por isso ele é chamado de Öku-Thor. Ele também possui três
coisas de grande valor: um é o martelo Mjölnir, que os Gigantes de
Gelo e os Gigantes das Montanhas conhecem quando é levantado
ao alto, e isto é de se admirar, pois feriu muitos crânios entre seus
pais ou seus parentes. Ele tem um segundo tesouro valioso, o
melhor de todos, o Megingjarder, ou o Cinturão de Força, e quando
ele aperta-o em sua cintura, então a força divina dentro dele é
duplicada. No entanto, uma terceira coisa ele possui, na qual há
muita virtude: suas Luvas de Ferro, ou Járnglófar, ele não pode ficar
sem elas quando usa seu martelo. Mas ninguém é tão sábio a ponto
de poder dizer a todos as suas grandes obras, mas posso te dizer
tantas histórias dele que as horas seriam gastas antes de tudo o
que eu sei fosse dito.”
Thor, por Arthur Rackham (1911)[24]
Capítulo 22 – Sobre Baldr

Então disse Gangleri: “Eu gostaria de saber mais dos Æsir.”


Hárr respondeu: “O segundo filho de Odin é Baldr, e coisas boas
devem ser ditas sobre ele. Ele é o melhor, e todos o louvam, ele é
tão belo de aspecto e tão brilhante, que luz brilha dele. Uma certa
erva é tão branca que ela é semelhante a sobrancelha de Baldr e de
todas as gramíneas é a mais branca, e por isso você pode julgar a
sua beleza, tanto no cabelo como no corpo. Ele é o mais sábio dos
Æsir, e o de mais bela voz e mais gracioso, e essa qualidade o
acompanha, a ponto que ninguém pode contradizer seus
julgamentos. Ele habita no lugar chamado Breidablik, que fica nos
Céus, nesse lugar nada é imundo, como é dito aqui:

Breidablik é chamado
Onde Baldr fez
Um salão para ele mesmo;
Nesta terra
Onde eu sei se encontra
O menor dos males.
Baldr, o Bom, por Jacques Reich (1900)[25]
Capítulo 23 – Sobre Njördr e Skadi

O terceiro entre os Æsir é aquele que é chamado Njördr: ele mora


nos Céus, na morada chamada Nóatún. Ele governa o curso do
vento, e dirige o mar e o fogo, a ele devem os homens chamar para
viagens e para caçar. Ele é tão próspero e abundante em riqueza
que ele pode dar-lhes uma grande quantidade de terras ou de
mantimentos, e a ele devem os homens chamar para essas coisas.
Njördr não é da raça dos Æsir: ele foi criado na terra dos Vanir, mas
os Vanir o entregaram como refém aos deuses, e tomaram como
refém em troca aquele que os homens chamam de Hœnir, ele
tornou-se parte do pacto entre os deuses e os Vanir. Njördr tomou
como esposa a mulher chamada Skadi, filha de Thjazi o gigante.
Skadi queria de bom grado morar na residência que seu pai tinha
morado, que fica em certas montanhas, no lugar chamado
Thrymheimr, mas Njördr queria ficar perto do mar. Eles fizeram um
pacto nestes termos: eles ficariam nove noites em Thrymheimr, mas
as próximas nove em Nóatún. Mas quando Njördr desceu da
montanha de volta para Nóatún, ele cantou esta canção:
Cansado estou eu das montanhas,
Há não muito tempo eu estava lá,
Apenas nove noites.
O uivo dos lobos
Pareciam-me doentes,
Comparado a canção dos cisnes.

Então Skadi cantou:

Dormir eu não conseguia


Na costa do mar,
Pois os gritos das aves marinhas;
Sempre me acordam,
Elas que vem de longe
As gaivotas todas as manhãs.
Então Skadi subiu à montanha e habitou em Thrymheimr. E ela
andava a maior parte do tempo em esquis e com um arco e flecha, e
ela atira em animais, ela é chamada de Deusa da Neve ou Senhora
dos Sapatos de Neve. Assim, é dito:
Thrymheimr é chamado,
Onde Thjazi morou,
Ele o hediondo gigante.
Mas agora Skadi mora,
Pura noiva dos deuses,
Na antiga casa de seu pai.

O Desejo de Njördr pelo Mar, por William Gersham Collingwood


(1908)[26]
Skadi Sente Falta das Montanhas, por William Gersham
Collingwood (1908)[27]
Capítulo 24 – Sobre Freyr e Freyja

Njördr em Nóatún gerou mais tarde dois filhos: o filho foi chamado
de Freyr, e a filha Freyja, eles eram belos e poderosos. Freyr é o
mais famoso dos Æsir, ele governa a chuva e o brilho do sol, e com
isso o nascer dos frutos da terra; e é bom invocá-lo nas estações
frutíferas e de paz. Ele governa também a prosperidade dos
homens. Mas Freyja é a mais famosa das deusas; ela tem nos Céus
a morada chamada Fólkvangr, e onde quer que ela cavalgue para a
luta, ela fica com metade dos mortos, e Odin a outra metade, como
é dito aqui:

Fólkvangr é chamado
Onde Freyja reina;
Para os assentos de seu salão
Metade dos mortos
Ela escolhe todos os dias,
A outra metade é de Odin.
Seu salão Sessrúmnir é grande e belo. Quando ela sai, ela leva
seus gatos que a conduzem em uma carruagem; ela é a mais
facilmente invocada pelas orações dos homens, e de seu nome vem
o nome da honra, Frú, pelos quais são chamados os nobres.
Canções de amor são agradáveis a ela, é bom invocá-la em casos
de amor.”
Freyr, por Johan Thomas Lundbye (1845)[28]
Freyja em Sua Carruagem, por Carl Emil Doepler (1905)[29]
Capítulo 25 – Sobre Týr

Então disse Gangleri: “Grandes em poder estes Æsir me


parecem, e nem é um espanto que tanta autoridade vocês tenham
ao possuir tanto entendimento dos deuses, e sabem ainda quais
deles os homens devem chamar para o seu benefício. Há ainda
mais deuses?”
Hárr disse: “Ainda falta um dos Æsir que é chamado Týr: ele é o
mais ousado e maior em coragem, e ele tem muita autoridade sobre
a vitória nas batalhas, é bom para os homens de valor invocá-lo. É
um provérbio dizer que alguém é valente como Týr, aquele que
supera os outros homens e não vacila. Týr é sábio, também é dito
que aquele que é mais sábio é prudente como Týr. Esta é uma
prova de sua ousadia: quando os Æsir tentaram persuadir o lobo
Fenrir para colocar nele o grilhão Gleipnir, o lobo não acreditou
neles que eles iriam soltá-lo, até que colocaram a mão de Týr em
sua boca como uma promessa. Mas quando os Æsir não o
soltaram, então ele mordeu e arrancou a mão no local agora
chamado de ‘junta do lobo’, e Týr é maneta, e ele agora é chamado
de um pacificador entre os homens.
Týr, por Lorenz Frølich (1895)[30]
Capítulo 26 – Sobre Bragi e Idunn

Um deles é chamado de Bragi: ele é conhecido pela sabedoria, e


acima de tudo pela fluência da fala e habilidade com as palavras.
Ele é um mestre escaldo, e devido ao seu nome, poesia é chamada
de bragr, e de seu nome alguém pode ser chamado de bragr-karl,
ou poeta, ou bragr-kvinna, ou poetisa, aqueles que possuem
eloqüência superando outros, de mulheres ou de homens. Sua
esposa é Idunn: ela guarda em seu baú de madeira de freixo as
maçãs que os deuses devem degustar quando eles envelhecem, e,
em seguida, todos eles se tornam jovens, e assim será até o
Ragnarök.”
Então disse Gangleri: “Uma tarefa muito grande, me parece, os
deuses confiam à vigilância e boa fé de Idunn.”
Então disse Hárr, rindo em voz alta: “Eles estiveram perto de ficar
desesperados uma vez, eu posso te contar disso, mas agora você
deve primeiro ouvir mais dos nomes dos Æsir.
Bragi e Idunn, por Nils Blommér (1846)[31]
Capítulo 27 – Sobre Heimdallr

“Heimdallr é o nome de um deles: ele é chamado de Deus


Branco. Ele é grande e santo; nove damas, todas irmãs, deram-lhe
a luz. Ele também é chamado de Hallinskídi e Gullintanni, seus
dentes são de ouro, e seu cavalo é chamado de Gulltop. Ele mora
no lugar chamado Himinbjörg, na Bifröst: ele é o guardião dos
deuses e se senta no final dos Céus para proteger a ponte dos
Gigantes das Montanhas. Ele precisa de menos horas de sono do
que um pássaro, ele vê igualmente bem a noite e ao dia cem léguas
a sua frente, e ouve a grama crescer sobre a terra ou a lã em
ovelhas, e tudo o que tem um som mais alto. Ele tem uma
trombeta que é chamada de Gjallarhorn, e seu sopro é ouvido em
todos os mundos. A espada de Heimdallr é chamada de Cabeça. É
dito ainda mais:

Himinbjörg é chamado
Onde Heimdallr, eles dizem
Tem sua morada.
Lá a sentinela dos deuses
Bebe em seu confortável salão
Alegremente o bom hidromel.
E, além disso, ele mesmo diz na canção de Heimdallr:
Filho eu sou de nove damas,
Nascido fui de nove irmãs.
Heimdallr com a Gjallarhorn, por Lorenz Frølich (1895)[32]
Capítulo 28 – Sobre Hödr

Um dos Æsir é nomeado Hödr: ele é cego. Ele é suficientemente


forte, mas os deuses desejariam que em nenhuma ocasião
invocassem esse deus, pois o trabalho de suas mãos será ainda
muito lembrado na memória entre os deuses e os homens.
Capítulo 29 – Sobre Vídarr

Vídarr é o nome de um deles, o deus silencioso. Ele tem um


sapato espesso. Ele é quase tão forte quanto Thor, nele os deuses
tem grande confiança em todas as lutas.

Vídarr, por Hans Christian Henneberg (1854)[33]


Capítulo 30 – Sobre Váli

Um é chamado de Áli ou Váli, filho de Odin e Rindr: ele é ousado


em batalhas, e um arqueiro muito afortunado.
Capítulo 31 – Sobre Ullr

Um é chamado Ullr, filho de Sif, enteado de Thor, ele é tão


excelente arqueiro, e tão rápido em sapatos de neve, que ninguém
pode competir com ele. Ele também é belo de aspecto e tem as
realizações de um guerreiro, é bom invocá-lo em combates
individuais.

Ullr, por Ólafur Brynjúlfsson (1760)[34]


Capítulo 32 – Sobre Forseti

Forseti é o nome do filho de Baldr e Nanna, filha de Nep: ele tem


o salão nos Céus que é chamado de Glitnir. Todos os que vêm a ele
com tais brigas que surgem de disputas judiciais, todos estes
retornam dali reconciliados. Essa é a melhor sede de julgamento
entre deuses e homens, assim é dito aqui:

Um salão chamado Glitnir,


Sustenta-se com pilastras de ouro,
E com telhados de prata.
Lá mora Forseti,
Durante o todo o dia,
Coloca fim a todas as disputas

Forseti Senta em Julgamento, por Carl Emil Doepler (1882)[35]


Capítulo 33 – Sobre Loki, Filho de Laufey

Também incluído entre os Æsir está ele quem alguns o chamam


de semeador das trapaças dos Æsir, e o primeiro pai das falsidades,
e mácula de todos os deuses e homens: ele é chamado Loki ou
Loptr, filho do gigante Fárbauti, sua mãe era Laufey ou Nál, seus
irmãos são Býleistr e Helblindi. Loki é bonito e formoso à vista, mal
em espírito e muito inconstante no hábito. Ele ultrapassou outros
homens nessa sabedoria que é chamada de artimanha, e criou
trapaças em todas as ocasiões; ele sempre levou os Æsir para
grandes dificuldades e, em seguida, os livrava com astutos
conselhos. Sua esposa era chamada Sigyn, seu filho Nari ou Narfi.

Loki e as Damas do Reno, por Arthur Rackham (1911)[36]


Capítulo 34 – Sobre os Filhos de Loki e a Captura de Fenrir

Ainda mais filhos teve Loki. Angrboda era o nome de uma certa
gigante em Jötunheim com quem Loki teve três filhos: um era o
Lobo Fenrir, o segundo Jörmungandr, que é a Serpente de Midgard,
a terceira é Hel. Mas quando os deuses souberam que estes foram
criados em Jötunheim, e quando os deuses perceberam pelas
profecias que destes irmãos grande infortúnio cairia sobre eles, e
uma vez que parecia a todos que havia grande possibilidade de
males, primeiro do sangue da mãe, e ainda pior do pai, então o Pai
de Todos enviou deuses para lá para pegar as crianças e levá-las a
ele. Quando elas se aproximaram dele, imediatamente ele lançou a
serpente ao fundo do mar que circunda toda a Terra, e esta serpente
cresceu tanto que ela está no meio do oceano e ela rodeia toda a
Terra, e morde sua própria cauda.
Hel ele lançou em Niflheim, e deu a ela o poder sobre o nono
mundo para repartir todas as moradas entre aqueles que foram
enviados a ela, ou seja, mortos de doença ou de idade avançada.
Ela tem grandes posses lá, suas paredes são muito altas e seus
portões enormes. Seu salão é chamado Eljudner; seu prato, Fome,
Faminto é sua faca; Ganglate, seu escravo; Ganglot, sua serva;
Poço do Tropeço, seu limite, pelo qual se entra, Doença, sua cama,
Angústia, suas roupas de cama. Ela é meio negra e meio cor de
carne, pelo qual ela é facilmente reconhecida, e muito abatida e
feroz.
Filhos de Loki, por Carl Emil Doepler (1905)[37]
Týr Alimentando Fenrir, por Louis Huard (1871)[38]

O Lobo, os Æsir trouxeram para casa, e Týr foi o único que ousou
ir até ele para lhe dar carne. Mas quando os deuses viram o quanto
ele crescia a cada dia, e quando todas as profecias declaravam que
ele estava destinado a ser destruição de todos, então os Æsir
pensaram nesta forma de escapar: eles fizeram um grilhão muito
forte, que eles chamaram de Lædingr, e trouxeram perante o lobo,
ordenando-lhe que testasse a sua força contra o grilhão. O lobo
pensou que não teria muita dificuldade, e deixou-os fazer com ele o
que quisessem. A primeira vez que o Lobo forçou contra ele, o
grilhão quebrou, então ele foi solto do Lædingr. Depois disso, os
Æsir fizeram um segundo grilhão, duas vezes mais forte, que eles
chamaram de Drómi, e convidaram o Lobo a testar esse grilhão,
dizendo que ele iria se tornar muito famoso por sua força se essa
grandiosa obra não fosse suficiente para segurá-lo. Mas o Lobo
pensou que este grilhão era muito forte, ele também considerou que
sua força tinha aumentado desde o momento em que quebrou o
Lædingr: ele pensou que ele devia expor-se ao perigo, caso isso o
tornasse famoso. Assim, ele deixou o grilhão ser colocado sobre ele.
Agora, quando os Æsir declararam-se prontos, o Lobo sacudiu-se,
bateu o grilhão contra a terra e lutou ferozmente com ele, arrastou
com as patas contra ele, e quebrou o grilhão, de modo que os
fragmentos voaram longe. Assim, ele se livrou do Drómi. Desde
então, é um provérbio, ‘se soltar do Lædingr’, ou ‘se livrar do Drómi’,
quando algo é incrivelmente difícil.
Depois disso, os Æsir temeram que eles nunca seriam capazes
de prender o lobo. Então o Pai de Todos mandou aquele que se
chama Skirnir, o mensageiro de Freyr, descer para a região dos
Elfos Negros, a certos anões, e mandou ser feito o grilhão chamado
Gleipnir. Ele era feito de seis coisas: o ruído de um gato ao andar, a
barba de uma mulher, as raízes de uma montanha, os tendões de
um urso, a respiração de um peixe e o cuspe de um pássaro.
E mesmo que você não entenda estas questões, mas agora você
pode encontrar rapidamente certas provas de que nenhuma mentira
é dita aqui: você deve ter visto que uma mulher não tem barba, e
nenhum som vem do salto de um gato e não há raízes sob uma
montanha, e por minha fé, tudo o que eu te disse é igualmente
verdade, embora haja algumas coisas que você não pode colocar à
prova.”
Então disse Gangleri: “Isso certamente posso perceber ser
verdade: essas coisas que você usou como prova, eu posso ver,
mas como foi o grilhão feito?”
Hárr respondeu: “Isto sou bem capaz de te dizer. O grilhão era
macio e suave como uma fita de seda, mas tão seguro e forte como
você vai agora ouvir. Então, quando o grilhão foi trazido aos Æsir,
eles agradeceram o mensageiro pela sua missão. Então os Æsir
foram ao lago chamado Ámsvartnir, para a ilha chamada Lyngvi, e
convocando o lobo a eles, mostraram-lhe a fita de seda e pediram-
lhe que a arrebentasse, dizendo que era um pouco mais robusta do
que parecia de sua espessura. E cada um passou para os outros e
testaram com a força de suas mãos e ela não se partiu, mas eles
disseram que o lobo conseguiria quebrá-la.
Então o lobo respondeu: ‘Tocando neste assunto da fita, parece-
me que vou obter nenhuma glória dele, embora eu tenha
conseguido arrebentar as correntes, mas se isso foi feito com
astúcia e artimanhas, então, apesar de parecer pouco, essa fita
nunca deve ser amarrada em minhas pernas.’
Em seguida, os Æsir responderam que ele poderia facilmente
arrebentar uma pequena fita de seda, ele que tinha antes quebrado
enormes grilhões de ferro, ‘mas se você não for capaz de arrebentar
a faixa, então você não será capaz de assustar os deuses e, então,
vamos soltá-lo.’
O lobo disse: ‘Se vocês me prenderem de modo que eu não
consiga ficar livre de novo, então vocês vão agir de tal forma que
será tarde demais para eu receber ajuda de vocês. Eu estou
relutante de que essa fita deve ser colocada em mim. No entanto,
ao invés de vocês duvidarem de minha coragem, que alguém de
vocês coloque a mão na minha boca, para uma promessa de que
isso é feito de boa fé.’
Cada um dos Æsir olhou para o seu vizinho e ninguém estava
disposto a perder sua mão, até que Týr estendeu a mão direita e
colocou-a na boca do lobo. Mas quando o lobo forçou, o grilhão se
endureceu, e quanto mais ele lutava contra ele, mais apertada a fita
ficava. Em seguida, todos riram, exceto Týr: ele perdera sua mão.
Quando os Æsir viram que o lobo estava totalmente amarrado,
eles pegaram a corrente que estava presa ao grilhão, e que se
chama Gelgja, e a passaram por uma grande rocha chamada Gjöll e
fixaram a rocha bem fundo na terra. Em seguida, eles tomaram uma
grande pedra e enterraram-na ainda mais fundo na terra, ela era
chamada Thviti, e usaram a pedra como um pino de fixação. O lobo
ficou boquiaberto terrivelmente, e se debateu e esforçou-se para
mordê-los; eles enfiaram em sua boca uma espada: o cabo ficou
preso em sua mandíbula inferior, e a ponta na mandíbula superior,
esta é sua mordaça. Ele uiva horrivelmente, e baba corre para fora
de sua boca: este é o rio chamado Ván, lá ele se encontra até o
Ragnarök.”
Então disse Gangleri: “Incríveis crianças doentias Loki gerou, mas
todos estes irmãos são de grande poder. No entanto, por que os
Æsir não mataram o lobo, vendo que tinham expectativas de males
vindo dele?”
Hárr respondeu: “De muita estima tinham os deuses com seu
lugar sagrado de modo que eles não o manchariam com o sangue
do lobo, embora, assim dizem as profecias, ele deverá ser o
assassino de Odin.”

O Aprisionamento de Fenrir, por Carl Emil Doepler (1905)[39]


Capítulo 35 – Sobre as Ásynjur

Então disse Gangleri: “Quais são as Ásynjur?”


Hárr disse: “Frigg é a mais importante: ela tem essa propriedade
que é chamada Fensalir, e é a mais gloriosa.
A segunda é Sága: ela mora em Søkkvabekkr, e essa é uma
grande morada.
A terceira é Fir: ela é a melhor médica.
A quarta é Gefjun: ela é uma virgem, e as que morrem solteiras
servem-na.
A quinta é Fulla: ela também é uma donzela, e usa os cabelos
soltos e uma faixa dourada sobre sua cabeça; ela carrega a caixa
branca de Frigg, e cuida de seus sapatos, e sabe de seus segredos.
Freyja é muito bem nascida, juntamente com Frigg: ela é casada
com o homem chamado Ódr. Sua filha é Hnoss: ela é tão bela que
as coisas que são bonitas e preciosas são chamadas de hnossir.
Ódr partiu em longas viagens e Freyja chora por ele, e suas
lágrimas são de ouro vermelho. Freyja tem muitos nomes e esta é a
causa: ela se deu nomes diversos quando ela saiu entre povos
desconhecidos procurando Ódr: ela é chamada Mardöll e Hörn,
Gefn, Sýr. Freyja teve o colar Brísing. Ela também é chamada de
Senhora dos Vanir.
A sétima é Sjöfn: ela é a mais assídua em transformar os
pensamentos dos homens para o amor, tanto de mulheres quanto
de homens, e de seu nome os anseios de amor são chamados de
sjafni.
A oitava é Lofn: ela é tão graciosa e amável com aqueles que a
invocam, que ela ganha do Pai de Todos ou de Frigg a permissão
para a união da humanidade em casamento, das mulheres e dos
homens, embora fosse proibido antes, ou quando parecia negado
categoricamente, a partir de seu nome tal permissão é chamado de
‘louvor’, e, portanto, também ela é muito louvada pelos homens.
A nona é Vár: ela escuta aos juramentos e pactos feitos entre
homens e mulheres; portanto tais pactos são chamados de ‘votos’.
Ela também se vinga daqueles que quebram suas promessas.
A décima é Vör: ela é a sábia e de espírito inquieto, de modo que
ninguém pode esconder nada dela, há um ditado que diz que uma
mulher se torna ‘vor’, ou ciente, de que quando ela é informada de
uma notícia.
A décima primeira é Syn: ela guarda a porta no corredor, e
tranca-a perante aqueles que não devem entrar; ela também é
designada em julgamentos como uma defesa contra os casos que
ela pretende refutar: dali vem a expressão, que ‘syn’, ou negação, é
chamada quando um homem refuta.
A décima segunda é Hlín: ela é designada como guardiã sobre
aqueles homens que Frigg deseja preservar de qualquer perigo, daí
vem o ditado que aquele que escapa ‘hlins’, ou repousa.
Snotra é a décima terceira: ela é prudente e de comportamento
gentil, de seu nome uma mulher ou um homem que é moderado é
chamado de snotr.
A décima quarta é Gná: Frigg envia-a a diversas terras em suas
tarefas, ela tem aquele cavalo que corre sobre o céu e o mar, e é
chamado de Hofvarpner. Uma vez, quando ela estava cavalgando,
alguns dos Vanir viram seu trajeto no ar e, então, um falou:
O que voa lá?
O que viaja lá?
O que desliza pelo ar?

Ela respondeu:

Eu não voo,
Embora eu viaje,
E no ar deslizo
Sobre o Hofvarpner,
Aquele que Hamskerpir
Teve com Gardrofa.

Do nome da Gná aquele que voa alto é chamado de gnæfa.


Sól e Bil são reconhecidas também como Ásynjur, mas as suas
naturezas já foram contadas antes.
Frigg e suas Servas, por Carl Emil Doepler (1882)[40]
Capítulo 36 – Sobre as Valquírias

Há também aquelas outras cujo ofício é servir em Valhalla, para


levar bebida e se encarregar de servir as mesas com os garrafões
de cerveja, assim elas são nomeadas no Grímnismál:

Hrist e Mist
Desejo que meu chifre seja trazido a mim,
Skeggjöld e Skögull;
Hildr e Thrúdr,
Hlökk e Herfjötur,
Göll e Geirahöd,
Randgrídr e Rádgrídr
E Reginleif
Estas trazem cerveja aos Einherjar.
Estas são chamadas de Valquírias: elas Odin envia a cada
batalha, elas determinam quais homens devem morrer e quem deve
vencer. Gudr e Róta e a mais jovem Norna, ela que é chamada de
Skuld, andam sempre a levar os mortos e a decidirem lutas. Jörd, a
mãe de Thor, e Rindr, a mãe de Váli, são reconhecidas também
como Ásynjur.
Valquíria, por Peter Nicolai Arbo (1869)[41]
Capítulo 37 – Freyr Conquista Gerdr, Filha de Gýmir

Um certo homem era chamado Gýmir, e sua esposa Aurboda: ela


era da família dos Gigantes das Montanhas; sua filha foi Gerdr, que
era a mais bela de todas as mulheres. Aconteceu um dia que Freyr
tinha ido para Hlidskjálf, e olhou sobre todo o mundo, mas quando
ele olhou para a região norte, ele viu em uma propriedade uma casa
grande e bela. E a esta casa ia uma mulher; quando ela levantou
suas mãos e abriu a porta diante dela, uma luz brilhou de suas
mãos, sobre o céu e o mar, e todos os mundos foram iluminados por
ela. Assim, o seu orgulho arrogante, por ter tido a presunção de se
sentar naquele santo assento, foi vingado sobre ele, então ele foi
embora cheio de tristeza. Quando ele chegou em casa, ele não
falou, ele não dormiu, ele não bebeu; ninguém se atreveu a falar
com ele.
Então Njördr convocou a ele Skírnir, servo de Freyr, e ordenou-
lhe que fosse até Freyr e implorasse que ele falasse e perguntasse
por quem ele estava tão amargo que ele não falava com os
homens. Skírnir disse que iria, ainda que a contragosto, e disse que
respostas ruins eram de se esperar de Freyr.
Mas quando ele foi até Freyr, logo ele perguntou por que ele
estava tão abatido e não falava com os homens. Então Freyr
respondeu, e disse que tinha visto uma mulher formosa, e por causa
dela ele estava tão cheio de pesar que não viveria muito tempo se
ele não a obtivesse. ‘E agora você irá e irá cortejá-la em meu nome
e irá trazê-la aqui, mesmo que seu pai deixe ou não. Eu vou
recompensar-te bem por isso.’
Então Skírnir respondeu assim: ele iria em sua missão, mas Freyr
deveria lhe dar a sua própria espada, que é tão boa que ela luta por
si só, e Freyr não recusou, e deu-lhe a espada. Então Skírnir saiu e
cortejou a mulher por ele, e recebeu sua promessa; e nove noites
depois, ela deveria ir para o lugar chamado Barrey, e depois
comparecer ao noivado com Freyr. Mas quando Skírnir disse a Freyr
sua resposta, então ele cantou esta canção:

Longa é uma noite


Longa é a segunda;
Como posso esperar por três?
Muitas vezes um mês
Pareceu menos para mim
Do que esta noite de espera.
Esta foi a razão por Freyr estar desarmado quando ele lutou com
Beli, e o matou com o chifre de um cervo.”
Então disse Gangleri: “É muito de se admirar que um grande
chefe como Freyr é, ele daria sua espada, não tendo outra
igualmente boa. Foi uma grande privação para ele, quando ele lutou
com este chamado Beli, acredito eu, ele deve ter se lamentado de
dar esse presente.”
Então respondeu Hárr: “Houve pouco problema nisso, quando ele
e Beli se encontraram; Freyr poderia tê-lo matado com suas mãos.
Ainda se sucederá quando Freyr vai pensar que uma situação pior
veio a ele, quando ele sentir falta de sua espada no dia em que os
Filhos de Múspell vierem para guerrear.”

A Paixão de Freyr, por William Gersham Collingwood (1908)[42]


Capítulo 38 – Sobre a Comida dos Einherjar e de Odin

Então disse Gangleri: “Você diz que todos os homens que caíram
em batalha desde o começo do mundo estão agora com Odin, em
Valhalla. O que ele tem para dar-lhes de comida? Eu devo imaginar
que uma grande multidão deve estar lá.”
Então Hárr respondeu: “O que você diz é verdade: uma poderosa
multidão está lá, mas muitos mais estarão, não obstante ainda
parecerá muito pequena no momento em que o Lobo vier. Mas
nunca é tão grande a multidão em Valhalla que a carne do javali
faltará, este que é chamado Sæhrímnir, ele é cozido todos os dias e
fica inteiro ao entardecer. Mas essa pergunta que você inquiriu
agora: Eu acho provável que poucos possam ser tão sábios de
serem capaz de relatar a verdade sobre isso. O nome de quem
cozinha as carnes é Andhrímnir, e o caldeirão se chama Eldhrímnir,
logo é dito aqui:

Andhrímnir faz
Em Eldhrímnir
Sæhrímnir cozido,
A melhor das carnes.
Embora poucos saibam
Com que comida os Einherjar se alimentam.”
Então disse Gangleri: “Tem Odin a mesma comida que os
Einherjar?”
Hárr respondeu: “Aquela comida que está em seu prato ele dá
para dois lobos que ele possui, chamados Geri e Freki, mas de
nenhum alimento ele precisa, o vinho é alimento e bebida para ele,
logo é dito aqui:
Geri e Freki
Saciam os guerreiros,
O famoso Pai dos Exércitos;
Mas com vinho apenas
O Glorioso em armas
Odin vive para sempre.
Dois corvos sentam sobre seus ombros e dizem em seu ouvido
todas as novidades que eles vêem ou ouvem, eles são chamados
assim: Huginn, ou Pensamento, e Muninn, ou Memória. Ele os envia
ao amanhecer para voar sobre todo o mundo, e eles voltam no
desjejum; assim ele fica familiarizado com muitas novidades. Por
isso os homens chamam-lhe de Deus Corvo, como é dito:
Huginn e Muninn
Voam todos os dias
Sobre a imensa Terra.
Eu temo por Huginn
Que ele possa não voltar,
No entanto eu temo mais por Muninn.”

Odin, por Ludwig Pietsch (1865)[43]


Capítulo 39 – Sobre a Bebida dos Einherjar

Então disse Gangleri: “O que os Einherjar têm para beber, para


ser suficiente para eles que é abundante como a comida? Ou é
água que é bebida lá?”
Então disse Hárr: “Agora você pergunta estranhamente, como se
o Pai de Todos fosse convidar reis ou Earls ou outros homens de
poder e dar a eles água para beber! Eu sei, por minha fé, que
muitos homens que vem a Valhalla pensariam que eles teriam
comprado seu copo de água muito caro, se não houvesse melhor
alegria para se ter lá; eles que antes sofreram feridas e dores
ardentes até a morte. Posso te dizer um conto diferente deste. A
cabra, ela que é chamada de Heidrún, fica no alto de Valhalla e
morde as folhas dos ramos daquela árvore que é muito famosa, e é
chamado Lærádr; e de suas tetas hidromel corre tão copiosamente,
que ela preenche um tonel a cada dia. Esse tonel é tão grande que
todos os Einherjar ficam bastante bêbados com ele.”
Então disse Gangleri: “Essa é uma cabra adequadamente
maravilhosa para eles; deve ser uma incrível árvore da qual ela
come.”
Então falou Hárr: “Ainda mais digno de nota é o cervo Eikthyrni,
este que está em Valhalla e morde os ramos da árvore; e de seus
chifres destila tal transpiração abundante que desce até Hvergelmir,
e dali caem os rios chamados assim: Síd, Víd, Søkin, Eikin, Svöl,
Gunnthrá, Fjörm, Fimbulthul, Gípul, Göpul, Gömul, Geirvimul. Esses
correm sobre as moradas dos Æsir, estes também são registrados:
Thyn, Vín, Thöll, Höll, Grád, Gunnthráin, Nyt, Nöt, Nönn, Hrönn,
Vína, Vegsvinn, Thjódnuma.”
Heidrun em Valhalla, por Ólafur Brynjúlfsson (1760)[44]
Capítulo 40 – Sobre o Tamanho de Valhalla

Então disse Gangleri: “Estas são histórias incríveis que você


conta. Uma maravilhosa grande casa Valhalla deve ser; deve estar
frequentemente muito lotado perante suas portas.”
Então respondeu Hárr: “Por que você não pergunta quantas
portas existem em Valhalla, e quão grande elas são? Se você
descobrir isso, você vai confessar que preferia ser maravilhoso se
todo mundo não pudesse facilmente entrar e sair. Também é dito
que não é mais difícil encontrar espaço dentro do que entrar. Disso
você pode ler no Grímnismál:

Quinhentas portas
E quarenta mais
Eu julgo existir em Valhalla.
Oitocentos Einherjar
Saem de cada porta
Quando eles forem lutar com o lobo.”

Valhalla, por Max Brückner (1896)[45]


Capítulo 41 – Sobre o Entretenimento dos Einherjar

Então disse Gangleri: “Uma bastante poderosa multidão de


homens está em Valhalla, de modo que, por minha fé, Odin é um
grande chefe, uma vez que ele comanda um exército tão grande.
Agora, qual é o passatempo dos Einherjar, quando eles não estão
bebendo?”
Hárr respondeu: “Todos os dias, assim que eles se vestem, eles
imediatamente colocam suas armaduras e saem para o pátio e
lutam, e matam uns aos outros. Este é o seu esporte, e quando o
tempo se aproxima do desjejum, eles cavalgam para Valhalla e
sentam-se para beber, como é dito aqui:

Todos os Einherjar
No pátio de Odin
Degladiam-se diariamente.
Eles escolhem os mortos
E cavalgam dos campos de batalha,
Então se sentam juntos em paz.
Mas o que você disse é verdade: Odin possui grande poder.
Muitos exemplos são encontrados como prova disto, como é dito
aqui, nas palavras dos próprios Æsir:
O freixo Yggdrasil
Das árvores é a mais importante,
É a Skídbladnir dos navios,
Odin dos Æsir,
Sleipnir dos cavalos,
Bifröst das pontes,
E Bragi dos escaldos,
Hábrók dos falcões,
E Garmr dos cães.”
Valhalla, por Carl Emil Doepler (1905)[46]
Capítulo 42 – Os Æsir Quebram o Juramento Feito ao Construtor da
Cidadela
Então disse Gangleri: “Quem é o dono do cavalo Sleipnir, ou o
que há para ser dito sobre ele?”
Hárr respondeu: “Você não tem nenhum conhecimento sobre
Sleipnir, e você não sabe as circunstâncias de seu nascimento, mas
parece que vai valer a pena te contar. Era cedo nos primeiros dias
de vivência dos deuses aqui, quando eles estabeleceram Midgard e
criaram Valhalla; então veio na época um certo gigante que era
construtor e se ofereceu para construir-lhes uma cidadela em três
estações, tão boa que deveria ser firme e a prova dos Gigantes das
Montanhas e os Gigantes de Gelo, embora eles conseguiriam
chegar a Midgard. Porém ele exigiu como pagamento que ele
deveria ter a posse de Freyja, e de bom grado teria também o sol e
a lua. Em seguida, os Æsir fizeram uma conferência e se
consultaram, e um negócio foi feito com o construtor, que ele teria o
que ele exigia, se ele conseguisse completar a cidadela em um
inverno. No primeiro dia do verão, se alguma parte da cidadela
estivesse inacabada, ele perderia sua recompensa, e ele não
receberia ajuda de ninguém no trabalho. Quando lhe disseram
essas condições, ele pediu que lhe deixassem ter a ajuda de seu
cavalo, que se chamava Svadilfari e, devido ao conselho de Loki, o
pedido do construtor foi concedido. Ele começou a trabalhar no
primeiro dia do inverno para fazer a cidadela, e à noite ele arrastava
pedras com a ajuda do cavalo; e parecia muito incrível para os Æsir
que grandes rochas o cavalo arrastava, pois o cavalo fazia um
trabalho mais áspero em dobro do que fazia o construtor. Mas havia
fortes testemunhas para seu negócio, e muitos juramentos feitos,
pois parecia inseguro para o gigante estar entre os Æsir sem uma
trégua estabelecida, para o caso de Thor voltar para casa. Porém
Thor tinha ido à região oriental para combater trolls.
Quando o inverno se aproximava do seu fim, a construção da
cidadela estava bem avançada, e era tão alta e forte que não podia
ser tomada. Quando faltavam três dias de verão, o trabalho tinha
quase atingido o portão da fortaleza. Então os deuses sentaram-se
em seus assentos de julgamento, e procuraram meios de evasão, e
perguntavam uns aos outros quem tinha aconselhado dar Freyja à
Jötunheim, e destruir o ar e o céu ao se levar dali o sol e a lua e dar-
lhes aos gigantes. Os deuses concordaram que aquele que deve ter
aconselhado isto é quem está acostumado a dar maus conselhos,
Loki filho de Laufey, e declararam-no merecedor de uma morte
cruel, caso ele não conseguisse encontrar uma forma de tirar do
construtor o seu pagamento, e eles ameaçaram Loki com violência.
Mas quando ele ficou com medo, então ele fez juramentos de que
iria maquinar algo em que o construtor perderia seu pagamento,
custe o que custasse.
Naquela mesma noite, quando o construtor arrastava pedras com
o cavalo Svadilfari, uma égua saltou diante de uma floresta e
relinchou para ele. O garanhão, percebendo que espécie de égua
era essa, imediatamente tornou-se frenético e arrebentou as rédeas
em pedaços, e pulou atrás dela, e ela fugiu para a floresta, e o
construtor atrás dele, esforçando-se para pegar o cavalo. Estes
cavalos correram toda a noite e o construtor parou lá naquela noite,
e depois, durante o dia, o trabalho não foi feito como tinha sido
antes. Quando o construtor viu que o trabalho não poderia ser
levado ao fim, ele caiu em fúria como um gigante. No momento em
que os Æsir viram certamente que um Gigante das Montanhas
estava lá, eles não consideraram seus juramentos válidos, mas
chamaram Thor, que veio rapidamente. E logo que o martelo Mjölnir
foi levantado no ar, ele deu o pagamento ao construtor, mas não
com o sol e a lua. Não, ele ainda negou-lhe viver em Jötunheim, e
bateu, mas deu um primeiro golpe de modo que seu crânio foi
estourado em pequenas migalhas, e mandou-o para abaixo de
Niflhel. Mas Loki teve certas relações com Svadilfari que, um pouco
mais tarde, ele deu à luz a um potro, que era cinza e tinha oito
patas, e este cavalo é o melhor entre os deuses e os homens.
Assim é dito no Völuspá:

Então todos os deuses


Sentaram-se em suas cadeiras de julgamento,
Os mais santos deuses
Consultaram-se;
Quem tinha feito ao ar
Envenenado com maldade
E à raça de gigantes
Dado a donzela de Ódr.

Juramentos foram quebrados,


E palavras e promessas,
Acordos tão sagrados
Que haviam passado por eles;
Thor sozinho fez então,
Inchado de raiva;
Ele raramente fica parado
Quando ele ouve tais coisas.”
Odin Cavalga Sleipnir, por Arthur Rackham (1911)[47]
Capítulo 43 – Sobre Skídbladnir

Então disse Gangleri: “O que há para ser dito de Skídbladnir, que


é o melhor dos navios? Não há outro navio tão igualmente
grandioso?”
Hárr respondeu: “Skídbladnir é o melhor dos navios e feito com a
maior das habilidades, mas Naglfar é o maior navio; Múspell o
possui. Alguns anões, filhos de Ívaldi, criaram Skídbladnir e deram o
navio para Freyr. Ele é tão grande que todos os Æsir podem
embarcá-lo, com suas armas e equipamentos, e ele tem um vento
favorável assim que a vela é içada, para onde quer que ele esteja
indo, mas quando não há nenhum motivo para ir com ele ao mar, ele
é feito de tantas coisas e com tanta perícia que então ele pode ser
dobrado como um guardanapo e mantido em um bolso.”
Capítulo 44 – Thor Começa Sua Jornada a Útgarda-Loki

Então falou Gangleri: “Um bom navio é Skídbladnir, mas uma


magia muita poderosa deve ter sido usada nele antes que ele
pudesse ser criado. Thor nunca experimentou tal coisa, em que ele
encontrou em seu caminho algo tão poderoso ou tão forte que o
superava na força da magia?”
Então disse Hárr: “Poucos homens, creio eu, são capazes de
dizer isto; ainda assim muitas tarefas já lhe foram difíceis de
superar. Embora possa ter havido algo tão poderoso ou forte que
Thor pode não ter conseguido alcançar a vitória, porém não é
necessário falar sobre isso, porque há muitos exemplos para provar,
e todos são obrigados a acreditar, que Thor é o mais forte.”
Então disse Gangleri: “Parece-me que eu devo ter perguntado
sobre algo em que não há alguém capaz de contar.”
Então falou Jafnhárr: “Ouvimos dizer sobre algumas questões
que nos parecem incríveis, mas aqui se senta um ao alcance da
mão, que saberá dizer verdadeiras histórias sobre isto. Portanto,
você deve acreditar que ele não vai mentir pela primeira vez agora,
aquele que nunca mentiu antes.”
Gangleri disse: “Aqui eu vou ficar e ouvir, para ver se alguma
resposta há sobre esta questão, mas caso contrário, eu os
declararei derrotados, se vocês não puderem dizer sobre o que eu
perguntei.”
Então falou Thridi: “Agora, é evidente que ele está decidido a
conhecer deste assunto, embora não nos pareça uma coisa
agradável de contar.
Este é o início deste conto: Öku-Thor ia adiante com seus bodes
e carruagem, e com ele aquele Áss chamado Loki, eles chegaram à
noite a casa de um lavrador, e lá receberam uma noite de
hospedagem. À noite, Thor levou seus bodes e abateu ambos. Após
isso eles foram esfolados e levados ao caldeirão. Quando a comida
estava pronta, então Thor e seu companheiro sentaram-se para
jantar. Thor convidou a comer a carne com ele, o lavrador e sua
esposa e seus filhos: o filho do lavrador era chamado Thjálfi e a filha
Röskva. Então Thor colocou as peles dos bodes afastadas do fogo,
e disse que o lavrador e os seus servos deveriam lançar os ossos
sobre as peles dos bodes. Thjálfi, o filho do lavrador, estava
segurando uma coxa do bode, e dividiu o osso com sua faca e o
quebrou para chegar à medula. Thor permaneceu lá durante a noite,
e no intervalo antes do dia ele se levantou e se vestiu, pegou o
martelo Mjölnir, balançou-o, e benzeu as peles dos bodes, logo eles
levantaram-se e então um deles estava coxo de uma perna. Thor
descobriu isso e supôs que o lavrador ou a sua família não tiveram
cuidados suficientes com os ossos dos bodes: saiba que o fêmur
estava quebrado. Não há necessidade de fazer uma longa história
disso, todos podem saber quão assustado o agricultor deve ter
ficado quando ele viu como Thor deixou as sobrancelhas afundar
diante de seus olhos, mas quando ele olhou para os olhos de Thor,
então lhe pareceu que ele devia cair perante estes olhares. Thor
apertou as mãos sobre o cabo do martelo de modo que as juntas
ficassem pálidas, e o lavrador e toda a sua família fizeram o que era
de se esperar: eles clamaram vigorosamente, rezaram por paz,
ofereceram em recompensa tudo o que tinham. Mas quando ele viu
seu terror, então sua fúria passou, e ele se acalmou, e levou deles
em reparação seus filhos, Thjálfi e Röskva, que depois se tornaram
seus servos, e eles o seguem desde então.
Thor Descobre que um de seus Bodes Está Coxo, por Lorenz
Frølich (1895)[48]
Capítulo 45 – Sobre o Encontro de Thor e Skrýmir

Então ele deixou seus bodes para trás, e começou sua jornada
para o leste em direção a Jötunheim e para o mar, e, em seguida,
ele entrou no oceano, para seu fundoe, mas quando ele chegou em
terra, ele emergiu, e Loki e Thjálfi e Röskva estavam com ele.
Então, quando eles tinham andado um pouco, diante deles havia
uma grande floresta, eles andaram todo o dia até a noite. Thjálfi era
o mais rápido de pés de todos os homens, ele levava a bolsa de
Thor, mas não havia nada de bom para comer.
Assim que se tornou escuro, eles procuraram abrigo para a noite,
e encontraram diante de si um salão muito grandioso: havia uma
porta no final, da mesma largura que o próprio salão, onde então
eles encontraram quartos para a noite. Mas à cerca de meia-noite
ouviu-se um grande terremoto: a terra balançou sob eles
extremamente e a casa toda tremeu. Então Thor se levantou e
chamou seus companheiros, e eles exploraram mais longe, e
encontraram no meio do salão uma câmara lateral no lado direito, e
eles entraram lá. Thor sentou-se na soleira da porta, mas os outros
foram mais para o interior, e eles estavam com medo, mas Thor
agarrou o cabo de seu martelo e estava pronto para se defender.
Em seguida, eles ouviram uma grande zumbido e um baque.
Mas quando se aproximava do amanhecer, então Thor saiu e viu
um homem deitado perto dele na floresta, aquele homem não era
pequeno, ele dormia e roncava poderosamente. Então Thor achou
que ele entendeu que tipo de barulho era o que tinham ouvido
durante a noite. Ele apertou o cinturão de força, e seu poder divino
aumentou, e no instante em que o homem acordou e levantou-se
rapidamente, então é dito que pela primeira vez Thor se assustou de
golpear alguém com o martelo. Ele perguntou o nome dele, e o
homem se chamava Skrýmir, ‘mas eu não tenho nenhuma
necessidade’, disse ele, ‘de perguntar-lhe o seu nome, eu sei que
você é Áss-Thor. Mas o que você fez com a minha luva?’
Então Skrymir estendeu sua mão e pegou a luva, e
imediatamente Thor viu que era o que ele tinha pensado ser um
salão durante a noite, e que a câmara lateral era o polegar da luva.
Skrýmir perguntou se Thor aceitava sua companhia e Thor disse
que concordava. Então Skrýmir pegou e desamarrou sua bolsa de
provisões e se preparou para comer sua refeição da manhã, e Thor
e seus companheiros fizeram o mesmo em outro lugar. Skrýmir em
seguida, propôs-lhes para juntar suas provisões e Thor concordou.
Então Skrýmir colocou toda a comida em um saco e o pôs em suas
costas; ele andou na frente de todos durante o dia, e dava passos
muitos largos, mas no final da noite Skrýmir encontrou para eles
aposentos sob um grande carvalho.
Então Skrýmir disse a Thor que ele iria se deitar para dormir, ‘e
você pegue o saco de provisões e prepare o seu jantar.’
Logo após, Skrýmir dormia e roncava forte, e Thor pegou a bolsa
de provisões e se preparou para desamarrá-la, mas essas coisas
devem ser contadas já que vão parecer inacreditáveis: ele não
soltou nenhum nó e nenhuma tira se afrouxou, de modo a ficar
menos apertado do que antes. Quando ele viu que este trabalho não
ia dar em nada, então ele ficou irritado, segurou o martelo Mjölnir
com ambas as mãos, e caminhou a passos largos para o lugar onde
Skrýmir dormia, e bateu-lhe na cabeça. Skrýmir acordou, e
perguntou se uma folha tinha caído em sua cabeça, e se haviam
comido e estavam prontos para dormir.
Thor respondeu que eles estavam prestes a ir dormir, então eles
foram para baixo de outro carvalho. Deve ser dito para você que não
havia então ninguém dormindo sem medo.
No meio da noite, Thor ouviu como Skrýmir roncava e caía no
sono rapidamente, de modo que trovejava na floresta, então ele se
levantou e foi até ele, então sacudiu a martelo ansiosa e duramente,
e desferiu um golpe no centro de sua coroa: ele viu que a face do
martelo afundou em sua cabeça.
E naquele momento Skrýmir acordou e disse: ‘O que é agora?
Será que alguma noz caiu em minha cabeça? Ou o que está
fazendo Thor?’
Mas Thor voltou rapidamente e respondeu que estava recém-
despertado, disse que era ainda o meio da noite e que havia ainda
tempo para dormir. Thor meditou que se ele pudesse desferi-lo um
terceiro golpe nunca mais veria o gigante; ele se deitou e observou
se Skrýmir já estava dormindo profundamente. Um pouco antes de o
dia amanhecer, quando ele percebeu que Skrýmir tinha adormecido,
ele se levantou de uma vez e correu até ele, brandindo seu martelo
com toda a sua força, e bateu em uma de suas têmporas que estava
para cima.
Mas Skrýmir sentou-se e acariciou sua bochecha, e disse:
‘Algumas aves devem estar empoleiradas na árvore em cima de
mim; eu imaginei, quando acordei, que alguma sujeira dos galhos
caiu sobre minha cabeça. Você está acordado, Thor? Já vai ser a
hora de levantar e vestir-nos, mas agora você não tem mais uma
longa jornada para o castelo chamado Útgardr. Eu ouvi como você
sussurrou entre vocês que não sou nenhum pequeno homem em
estatura, mas você verá homens ainda mais altos se você entrar em
Útgardr. Agora vou dar-lhes um bom conselho: não se comportem
com arrogância, pois os capangas de Útgarda-Loki não vão suportar
tais comportamentos de pessoas tão pequenas. Mas se não for para
ser assim, então volte para onde veio, e eu acho que seria melhor
para você fazer isso, mas se você for em frente, então vá para o
leste. Quanto a mim, tenho o meu caminho para o norte para estas
colinas, como pode ver.’
Skrýmir pegou a bolsa de provisões e a jogou em suas costas e
se separou deles do outro lado da floresta, e não está escrito que os
Æsir deram-lhe votos de boa viagem.
Thor na Luva de Skrýmir, por Carl Emil Doepler (1905)[49]
Capítulo 46 – Sobre as Proezas de Thor e de seus Companheiros

Thor voltou-se para seu caminho, junto com seus companheiros,


e continuou em frente até o meio-dia. Então eles viram um castelo
em uma determinada planície, e dobraram seus pescoços até suas
costas antes que eles pudessem ver seu topo. Eles foram até o
castelo, onde havia uma grade na frente do portão e ele estava
fechado. Thor foi até a grade e não conseguiu abri-la, mas quando
eles se esforçaram para abrir caminho, eles se espremeram por
entre as barras e entraram dessa forma. Eles viram um grande
salão e entraram nele, a porta estava aberta; então eles viram ali
muitos homens e a maioria deles era grande o suficiente para
ocupar dois bancos de uma vez.
Logo após, eles chegaram diante do rei Útgarda-Loki e o
saudaram, mas ele olhou para eles em seu próprio tempo e sorriu
com desdém com seus dentes, e disse: ‘É tarde para perguntar
novas de uma longa jornada, mas se não me engano este moleque
é Öku-Thor? No entanto, você pode ser mais poderoso do que
parece para mim. Que tipo de realizações são essas que você e
seus companheiros pensam estarem prontos para competir?
Ninguém pode ficar aqui conosco que não saiba algum tipo de
habilidade ou astúcia que supera a maioria dos homens.’
Em seguida, falou aquele que chegou por último, que se chamava
Loki: ‘Eu sei de um truque que eu estou pronto para experimentar:
que não há ninguém aqui dentro que conseguirá comer sua comida
mais rapidamente do que eu.’
Então Útgarda-Loki respondeu: ‘Isso é uma façanha, se você
realizá-la, e este feito deve, portanto, ser posto à prova.’ Ele chamou
na extremidade mais afastada do banco, que aquele que se
chamava Logi devia vir adiante e tentar sua proeza contra Loki.
Em seguida, uma calha foi trazida e colocada em cima do piso do
salão e enchida com carne, Loki sentou-se em uma extremidade e
Logi na outra, e cada um comeu tão rápido quanto podia e eles se
encontraram no meio da calha. Nessa altura Loki tinha comido toda
a carne dos ossos, mas Logi também tinha comido toda a carne e
os ossos com ele, e a calha também, e agora parecia a todos que
Loki tinha perdido o jogo.
Então Útgarda-Loki perguntou o que o jovem podia jogar, e Thjálfi
respondeu que se comprometia a competir uma corrida com quem
Útgarda-Loki escolhesse. Então Útgarda-Loki disse que essa era
uma boa realização, e que havia uma grande chance de ele ser bem
dotado em corrida se fosse para realizar essa façanha, mas ele
seria rápido em fazer com que a questão fosse testada. Então
Útgarda-Loki levantou-se e saiu, e havia um bom percurso para
correr sobre uma região plana. Então Útgarda-Loki chamou um
certo rapaz, que se chamava Hugi, e ordenou-lhe competir uma
corrida contra Thjálfi. Em seguida, eles realizaram a primeira
corrida e Hugi estava tão à frente que se voltou para encontrar
Thjálfi no final do curso.
Então disse Útgarda-Loki: ‘Você precisa se esforçar mais, Thjálfi,
se você quiser ganhar o jogo, mas não é menos verdade que nunca
nenhum homem que já veio aqui me pareceu tão rápido com os pés
quanto você.’
Então eles começaram outra corrida, e quando Hugi tinha
chegado ao fim do curso e estava voltando, ainda havia um longo
percurso para Thjálfi.
Então falou Útgarda-Loki: ‘Thjálfi parece-me correr bem este
percurso, mas eu não acredito que ele agora vai ganhar a
competição. Mas isto será provado agora, quando eles correrem a
terceira corrida.’
Então eles começaram a corrida, mas quando Hugi tinha chegado
ao final do percurso e voltou, Thjálfi ainda não havia atingido a
metade do caminho. Então todos disseram que esse jogo tinha sido
provado.
Em seguida, Útgarda-Loki perguntou a Thor quais feitos havia
que ele podia desejar mostrar a eles: tão grandes histórias os
homens contaram dos seus milagres. Então Thor respondeu que ele
voluntariamente se comprometia a enfrentar qualquer um em beber.
Útgarda-Loki disse que isso poderia muito bem ser, ele entrou na
sala e chamou o seu copeiro e ordenou-lhe que trouxesse o chifre
que seus companheiros estavam acostumados a beber.
Imediatamente o copeiro veio com o chifre e colocou-o na mão de
Thor.
Então disse Útgarda-Loki: ‘Afirma-se que este chifre é bem
drenado se for bebido em um gole, mas alguns bebem em dois, mas
ninguém é tão fraco em beber que não o esvazie em três.’
Thor olhou para o chifre e não parecia grande para ele, mas
parecia um pouco longo. Ainda assim, ele estava com muita sede,
ele tomou e bebeu e engoliu enormemente, e pensou que ele não
precisaria se submeter novamente ao chifre. Mas quando seu fôlego
falhou, e ele levantou a cabeça e olhou para ver como ele tinha se
saído com a bebida, porém parecia-lhe difícil determinar se havia
menos bebida nele do que antes.
Então disse Útgarda-Loki: ‘O chifre está bem bebido, mas não
muito, eu não acreditaria se tivessem me dito que Áss-Thor não
podia beber um maior gole. Mas eu sei que você vai querer beber o
resto em outro gole.’
Thor nada respondeu, ele colocou o chifre em sua boca,
pensando que ele devia beber um maior gole, e lutou com o gole até
a sua respiração ceder, e ele ainda viu que a ponta do chifre não
subiu tanto quanto ele gostaria. Quando ele tomou o chifre de sua
boca e olhou para ele, parecia-lhe como se tivesse diminuído menos
do que a vez anterior, mas agora havia uma redução claramente
aparente no interior do chifre.
Então disse Útgarda-Loki: ‘E agora, Thor? Você não está
deixando mais para o terceiro gole do que convém a sua
habilidade? Parece-me que se você esvaziar o chifre com o terceiro
gole, então este deverá ser o maior. Mas você não será considerado
um homem tão grande aqui entre nós como os Æsir o chamam, se
você não se distinguir mais em outros feitos do que você conseguiu
fazer nesse até agora.’
Então Thor ficou com raiva, colocou o chifre em sua boca e
bebeu com toda sua força, e lutou com a bebida o tanto quanto
pôde, e quando ele olhou para o chifre, pelo menos algum espaço
tinha sido feito. Então ele desistiu do chifre e não beberia mais.
Então disse Útgarda-Loki: ‘Agora é evidente que o seu talento
não é tão grande como pensávamos que fosse, mas você vai tentar
sua chance em mais jogos? Está claro que você nada ganhou com
o primeiro.’
Thor respondeu: ‘Eu vou tentar ainda outros jogos, mas teria sido
maravilhoso para mim, quando eu estava em casa com os Æsir, se
essas bebidas fossem chamadas de pequenas. Mas que jogo vai
agora você me oferecer?’
Então disse Útgarda-Loki: ‘Jovens rapazes aqui estão
acostumados a fazer isso, o que não passa de uma brincadeira:
levantar o meu gato acima da terra, mas eu não deveria ser capaz
de falar de tal coisa a Áss-Thor se eu não tivesse visto que você é
muito menos de um homem do que eu pensava.’
Nisso saltou para frente no chão do salão um gato cinza, e era
um gato muito grande. E Thor foi até ele e o pegou com a mão no
meio de sua barriga e ergueu seus braços. Mas o gato dobrou em
um arco assim que Thor estendeu as mãos e, quando Thor levantou
tão alto quanto pôde , então o gato levantou uma pata e Thor não
levou o jogo mais adiante que isso.
Então disse Útgarda-Loki: ‘Este jogo foi como eu havia previsto, o
gato é muito grande, enquanto Thor é baixo e pequeno comparado
aos grandes homens que estão aqui conosco.’
Então disse Thor: ‘Pequeno como você me chama, deixe
qualquer um vir agora e lute comigo, pois agora eu estou com raiva.’
Então Útgarda-Loki respondeu, olhando sobre os bancos, e falou:
‘Eu não vejo nenhum homem aqui dentro que não cairia em
desgraça se lutasse contigo.’
Mas ainda assim ele disse: ‘Vamos ver primeiro, deixe a minha
velha ama ser chamada aqui, Elli, e deixe Thor lutar com ela se ele
quiser. Ela já jogou ao chão tais homens que parecem-me não
menos fortes do que Thor.’
Imediatamente, veio para o salão uma mulher velha, avançada
em idade. Então Útgarda-Loki disse que ela devia enfrentar Áss-
Thor. Não há necessidade de se prolongar essa história: essa luta
foi de tal modo que quanto mais forte Thor se esforçava em agarrá-
la, mais rápido ela se soltava e, depois, a velha senhora tentou um
golpe e Thor perdeu o equilíbrio em seus pés, e sua luta era muito
difícil. No entanto, não demorou muito para que Thor caísse de
joelhos. Então Útgarda-Loki foi para cima deles e ordenou-lhes que
cessassem a luta, dizendo que Thor não precisaria desafiar mais
seus homens em combate. Já havia chegado a noite; Útgarda-Loki
levou Thor e seus companheiros a um assento e ficaram ali a noite
inteira usufruindo da melhor das hospitalidades.

Thor Luta Contra Elli, por Lorenz Frølich (1872)[50]


Capítulo 47 – A Despedida de Thor e de Útgarda-Loki

Mas de manhã, assim que amanheceu, Thor e seus


companheiros se levantaram, vestiram-se e estavam prontos para ir
embora. Então veio Útgarda-Loki e pediu que uma mesa fosse
arrumada para eles; não havia falta de bom ânimo, carne e bebida.
Depois de terem se fartado, eles imediatamente partiram do castelo.
Na despedida, Útgarda-Loki falou com Thor e perguntou sobre
como ele pensava que sua viagem havia terminado, ou se ele tinha
encontrado alguém mais poderoso do que ele.
Thor respondeu que ele não poderia dizer que ele não tinha muita
vergonha do que eles passaram juntos. ‘Mas ainda assim eu sei que
você vai me chamar de um homem de pequeno poder, e eu não
estou contente com isso.’
Então disse Útgardi-Loki: ‘Agora vou dizer-te a verdade, agora
que você está indo embora do castelo, e se eu viver e for capaz de
seguir meu caminho, então você nunca voltará aqui. E isso eu sei,
por minha fé, que você nunca deveria ter vindo a ele. Queria eu
saber antes que você tinha tanta força e que, por pouco, quase nos
colocou em grande perigo. Mas eu preparei contra você ilusões; e
deparei-me com você pela primeira vez na floresta, e quando você
tentou soltar a bolsa de provisões, eu a tinha amarrado com ferro, e
você não entendeu como desfazer o nó. Mas em seguida você me
desferiu três golpes com o martelo, e o primeiro era mínimo, mas
era ainda tão forte que seria suficiente para matar-me se tivesse me
acertado. Onde você viu perto do meu castelo uma montanha
cortada no topo em três vales quadrados, e um mais profundo,
essas foram as marcas de seu martelo. Eu trouxe a montanha antes
do golpe, mas você não viu isso. Assim foi também com os jogos,
nos quais vocês enfrentaram meus companheiros. No primeiro, em
que Loki participou, ele estava com muita fome e comeu
velozmente, mas aquele que se chamava Logi era um fogo
selvagem, e ele queimou a calha não menos rapidamente do que a
carne. Mas quando Thjálfi correu a prova com aquele que se
chamava Hugi, aquele era o meu pensamento e não era de se
esperar de Thjálfi que ele conseguiria estar à altura da velocidade
dele. Além disso, quando você bebeu o chifre, e pareceu-lhe
esvaziar devagar, então, por minha fé, aquela foi uma maravilha que
eu não acreditaria possível: a outra extremidade do chifre estava no
mar, mas você não percebeu. Mas agora, quando você for para ao
mar, você deverá descobrir o quanto o mar encolheu pelo seu
consumo: isto é a partir de agora chamado de maré baixa.’
E mais uma vez ele disse: ‘Pareceu-me não menos notável
quando você levantou o gato; e para dizer-lhe a verdade, então
todos estavam com medo quando viram como você levantou uma
de suas patas do chão. Esse gato não era como ele apareceu para
você: era a Serpente de Midgard, que circunda toda a terra. Tão alto
você esticou os braços que suas mãos quase alcançaram os Céus.
Foi também uma grande maravilha a luta, quando você resistiu tanto
tempo e não caiu mais do que em um dos joelhos, lutando com Elli,
ou a Velhice, uma vez que nunca houve e nunca haverá alguém que
se torne tão velho que a velhice não o fará cair. E agora é verdade
dizer que devemos nos separar, e será melhor para ambos os lados
que você nunca volte a me procurar. Em uma outra vez eu vou
defender o meu castelo com artifícios semelhantes ou com outros,
de modo que você não deve ter nenhum poder sobre mim.’
Quando Thor ouviu essas palavras, ele agarrou seu martelo e o
brandiu no ar, mas quando ele estava prestes a lançá-lo para frente,
então ele não viu Útgarda-Loki em lugar algum. Então ele virou-se
para o castelo, com o propósito de destruí-lo em pedaços, e viu ali
uma planície ampla e bela, mas nenhum castelo. Então ele se virou
e seguiu o seu caminho até que ele estava de volta a Thrúdvangar.
Mas é uma história verdadeira que ele então resolveu tentar se
reunir com a Serpente de Midgard, o que depois veio a acontecer.
Agora eu acho que ninguém sabe como dizer-te mais
verdadeiramente sobre esta jornada de Thor.”
Capítulo 48 – Thor Vai ao Mar com Hymir

Então disse Gangleri: “Muito poderoso é Útgarda-Loki, e ele é


muito hábil em artimanhas e na magia e seu poder pode ser visto no
fato de que ele tinha tais capangas assim como grande destreza.
Agora, Thor chegou a se vingar disso?”
Hárr respondeu: “Não é nenhum segredo, embora também não
seja preciso ser um estudioso para saber que Thor teve uma
compensação para esta viagem da qual contamos agora. E ele não
tardou muito em casa antes que ele se preparasse para sua viagem
tão apressadamente que ele não tinha com ele nenhuma carruagem
e nenhum bode e nenhuma comitiva. Ele foi para Midgard sob o
disfarce de um jovem rapaz, e chegou ao entardecer em um certo
gigante, que se chamava Hymir. Thor se hospedou como convidado
lá durante a noite, mas ao amanhecer Hymir levantou-se e vestiu-se
e preparou-se para remar ao mar para pescar. Então Thor acordou e
ficou rapidamente pronto, e pediu a Hymir para deixá-lo remar ao
mar com ele, mas Hymir disse que Thor seria de pouca ajuda para
ele, sendo assim tão pequeno e jovem: ‘E você vai congelar, se eu
ficar tanto tempo e tão longe como eu estou acostumado.’
Mas Thor disse que ele seria capaz de remar muito para longe da
terra, pois não era certo se ele seria o primeiro a pedir para remar
de volta. Thor estava tão furioso com o gigante que ele estava
pronto para afundar seu martelo contra ele, mas ele se forçou a
deixar para lá, uma vez que ele se propunha a testar a sua força em
outra ocasião. Ele perguntou a Hymir o que eles deveriam usar para
isca, mas Hymir ordenou-lhe que arrumasse sua própria isca.
Então Thor se virou para o lado, onde ele viu um rebanho de bois
que pertencia a Hymir; ele pegou o maior boi, chamado Himinbrjotr,
e cortou sua cabeça e foi com ela para o mar. A essa altura, Hymir
já tinha empurrado para o mar o barco. Thor subiu a bordo do barco
e sentou-se no banco da popa, pegou dois remos e remou, e
parecia a Hymir que o rápido progresso vinha de suas remadas.
Hymir remava para frente na proa e as remadas passaram
rapidamente. Em seguida, Hymir disse que eles tinham chegado aos
locais de pesca onde ele estava acostumado a ancorar e procurar
peixes. Mas Thor disse que desejava remar para mais longe, e eles
deram mais um forte avanço, então Hymir disse que tinham ido tão
longe que era perigoso ir adiante por causa da Serpente de
Midgard. Thor respondeu que remariam um pouco mais ainda, e
assim ele fez, mas Hymir estava então com muito medo.
Agora, assim que Thor tinha abaixado os remos, ele preparou
uma forte linha de pesca, e o anzol não era menor e menos forte.
Então Thor colocou a cabeça do touro no anzol e lançou-o ao mar, e
o anzol foi ao fundo e estou dizendo a verdade quando digo que
então Thor zombou a Serpente de Midgard nada menos do que
Útgarda-Loki havia zombado Thor, no momento em que ele levantou
a serpente em sua mão.
A Serpente de Midgard deu o bote na cabeça de touro, e o anzol
se prendeu em sua mandíbula, mas quando a Serpente ficou ciente
disso, ela saiu correndo tão ferozmente que os punhos de Thor
bateram contra a borda do barco. Então Thor ficou irritado, e tomou
sobre si sua força divina, apoiou os pés com tanta força que ele
atravessou a proa do navio com os dois pés, e bateu com eles
contra o fundo do mar, então ele puxou a Serpente até a borda do
barco. E pode-se dizer que ninguém jamais viu uma visão mais
terrível do que quando Thor encarou a serpente, e esta olhou para
ele e jorrou veneno. Então é dito que o gigante Hymir empalideceu,
ficou amarelo, e teve muito medo, quando viu a Serpente e como o
mar esbravejava para fora e através do barco. No momento em que
Thor apertou o martelo e levantou-o ao alto, então o gigante tateou
em busca de sua faca para peixe e cortou a linha de Thor na
beirada do barco, e a Serpente afundou no mar. Thor arremessou
seu martelo em sua direção, e dizem que ele atingiu-lhe a cabeça
contra o fundo do mar, mas eu acho que é verdade dizer-te que a
Serpente de Midgard ainda vive e reside no abrangente mar.
Mas Thor balançou seu punho e levou-o contra a orelha de Hymir,
de forma que ele caiu no mar, e Thor viu as solas dos seus pés. E
Thor remou para terra.”
Thor Pescando pela Serpente de Midgard, por Lorenz Frølich
(1895)[51]
Capítulo 49 – A Morte de Baldr, o Bom

Então falou Gangleri: “Já aconteceram outras coisas notáveis


entre os Æsir? Um grande ato de coragem Thor alcançou nessa
viagem.”
Hárr respondeu: “Agora será contada uma das histórias que
parecem de maior importância para os Æsir. O início da história é
esta, que Baldr, o Bom sonhou grandes e perigosos sonhos sobre
sua vida. Quando ele contou esses sonhos aos Æsir, então eles se
reuniram em conselho, e esta foi a sua decisão: pedir segurança
para Baldr de todos os tipos de perigos. E Frigg fez juramentos com
este teor, que o fogo e a água deviam poupar Baldr, também o ferro
e o metal de todos os tipos, pedras, terra, árvores, doenças,
animais, pássaros, venenos, serpentes.
E quando isso foi feito e divulgado, então era um passatempo de
Baldr e dos Æsir, em que ele devia ficar em pé no meio das
reuniões, e todos os outros deviam atirar nele, alguns tentar cortá-lo,
alguns atacá-lo com pedras; mas tudo o que era feito não o
machucava, e isso parecia a todos eles uma coisa de muita glória.
Mas quando Loki viu isso, lhe agradou que Baldr não levava
nenhum dano. Ele foi para Fensalir até Frigg, e se disfarçou à
semelhança de uma mulher. Então Frigg perguntou se aquela
mulher sabia o que os Æsir faziam nas reuniões. Ela disse que
todos atiravam coisas em Baldr, e, além disso, que ele não recebia
nenhuma ferida.
Então Frigg disse: ‘Nem armas nem as árvores podem ferir Baldr:
Eu tomei juramentos de todos eles.’
Em seguida, a mulher perguntou: ‘De todas as coisas foram
tomados juramentos para poupar Baldr?’
E Frigg respondeu: ‘Cresce um broto de árvore sozinho a oeste
de Valhalla: chama-se Visco, eu pensei que ele é muito jovem para
pedir seu juramento.’
Então, logo que a mulher se virou, Loki pegou um visco e puxou-o
e foi para a reunião. Hödr estava do lado de fora do círculo dos
homens, porque ele era cego.
Então Loki falou a ele: ‘Por que você não atira em Baldr?’
Ele respondeu: ‘Porque eu não vejo onde Baldr está, e porque
também eu estou desarmado.’
Então disse Loki: ‘Faça você também, segundo o costume de
outros homens, e mostre honra a Baldr como os outros. Vou te
indicar onde ele está; atire nele com essa vara.’
Hödr pegou o visco e atirou em Baldr, sendo guiado por Loki: a
vara voou através de Baldr, e ele caiu morto na terra, e essa foi a
maior desgraça que já acontecera entre deuses e homens.
Então, quando Baldr estava caído, as palavras falharam em todos
os Æsir e suas mãos também para levantá-lo. Cada um olhou para
o outro, e todos eram unânimes quanto a quem havia feito aquilo,
mas nenhum deles podia se vingar, pois era muito sagrado aquele
santuário. Mas quando os Æsir tentaram falar, então aconteceu
primeiro que o choro irrompeu de modo que ninguém conseguia
falar com os outros com palavras a respeito de sua dor. E Odin
tomou o infortúnio de forma muito pior, pois tinha a maior percepção
de quão grandes danos e perdas para os Æsir era a morte de Baldr.
Baldr Morto, por Christoffer Wilhelm Eckersberg (1817)[52]

Agora, quando os deuses voltaram a si, Frigg falou e pediu quem


podia haver entre os Æsir que desejava ganhar para si todo o seu
amor e boa vontade ao viajar na estrada para Hel e buscar e tentar
encontrar Baldr, e oferecer a Hel um resgate se ela deixasse Baldr
voltar para casa para Asgard. E ele é chamado Hermódr o Corajoso,
filho de Odin, que se comprometeu nessa jornada. Em seguida,
Sleipnir foi trazido, o cavalo de Odin, e conduzido e Hermódr
montou no cavalo e galopou.
Os Æsir pegaram o corpo de Baldr e levaram-no para o mar.
Hringhorni é o nome do navio de Baldr: ele era o maior de todos os
navios, os deuses o teriam lançado ao mar e ateado fogo em Baldr,
mas o navio não se mexia. Então uma mensagem foi enviada a
Jötunheim para a gigante que é chamada Hyrrokkin. Quando ela
veio, montada em um lobo e tendo uma víbora como rédea, então
ela saltou de sua montaria, e Odin chamou quatro berserkers para
cuidar do lobo, mas eles não foram capazes de segurá-lo até que
foram derrubados. Então Hyrrokkin foi à proa do barco e empurrou-o
para o mar no primeiro impulso, de modo que fogo irrompeu dos
rolos, e todas as terras tremeram. Thor ficou com raiva e agarrou
seu martelo, e teria logo quebrado a cabeça dela caso os deuses
não tivessem rezado por paz para ela. Então estava o corpo de
Baldr a bordo do barco, e quando sua esposa, Nanna, filha de Nep,
viu isso, logo seu coração explodiu de dor e ela morreu. Ela foi
levada para a pira e o fogo foi aceso. Então Thor estava ao lado e
santificou a pira com o Mjölnir, e diante de seus pés correu um anão
que se chamava Litr; Thor o chutou com o pé e empurrou-o para o
fogo e ele queimou. Pessoas de muitas raças visitaram esta
fogueira: Primeiro deve ser contado de Odin, como Frigg e as
Valquírias foram com ele, e os seus corvos, e Freyr foi em sua
carruagem com o javali chamado Gullinbursti, ou Presas Temerosas,
e Heimdallr montou o cavalo chamado Gulltoppr e Freyja foi em
seus gatos. Veio também muita gente dos Gigantes de Gelo e dos
Gigantes das Montanhas. Odin colocou na pira o anel de ouro que
se chama Draupnir, que tinha a propriedade de produzir, a cada
nona noite, oito anéis de ouro de igual peso. O cavalo de Baldr foi
levado à fogueira com todos os seus adornos.
Agora deve ser contado sobre Hermódr, em que ele cavalgou
nove noites através de vales escuros e profundos, de modo que ele
não viu luz antes de ele chegar até o rio Gjöll e passar por
Gjallarbrúna; cuja ponte é coberta de ouro cintilante.
Módgudr é o nome da donzela que guarda a ponte; ela lhe
perguntou seu nome e raça, dizendo que no dia anterior havia
passado sobre a ponte cinco companhias de homens mortos, ‘mas a
ponte treme não menos com você sozinho, e você não tem a cor
dos mortos. Por que você cavalga a caminho de Hel?’
Ele respondeu: ‘Eu fui nomeado para cavalgar para Hel para
buscar Baldr. Porventura você viu Baldr a caminho de Hel?’
Ela disse que Baldr tinha passado sobre a ponte de Gjöll, ‘mas
para baixo e ao norte encontra-se o caminho para Hel.’

Hermódr Cavalga para Hel, por William Gersham Collingwood


(1908)[53]
Então Hermódr cavalgou até que chegou aos portões de Hel; ele
desceu do seu cavalo e apertou sua cilha, montou novamente e
picou-o com as esporas, e o cavalo saltou tão alto por cima dos
portões que ele não chegou próximo de encostar-se a eles. Então
Hermódr cavalgou para o salão principal e desceu do seu cavalo,
entrou e viu sentado lá em um alto assento Baldr, seu irmão, e
Hermódr permaneceu lá durante a noite. Pela manhã, Hermódr
implorou a Hel para que Baldr pudesse ir para casa com ele e disse-
lhe como era grande o pranto que havia entre os Æsir.
Mas Hel respondeu que agora devia ser julgado se Baldr era tão
amado como tinha sido dito: ‘Se todas as coisas do mundo, vivos e
mortos, choram por ele, então ele deve voltar para os Æsir, mas ele
deve permanecer com Hel se alguém contradisser isso ou não
chorar por ele.’
Então Hermódr se levantou, e Baldr o levou para fora do salão, e
tomou o anel Draupnir e enviou-o para Odin como uma lembrança.
E Nanna enviou a Frigg uma bata de linho e ainda mais presentes, e
a Fulla um anel de ouro.
Então Hermódr cavalgou seu caminho de volta, e chegou em
Asgard, e disse todas aquelas novidades que ele havia visto e
ouvido. Então, os Æsir enviaram a todo o mundo mensageiros para
rezar para que Baldr fosse chorado para fora de Hel, e todos os
homens fizeram isso, e todos os seres vivos, e a terra, e as pedras e
árvores, e todos os metais, assim como você deve ter visto que
essas coisas choram quando saem do frio para o calor.
Então, quando os mensageiros voltaram para casa, tendo feito
bem a sua incumbência, eles encontraram, em uma determinada
caverna, uma gigante que estava sentada, ela se chamava Thökk.
Eles pediram a ela para chorar por Baldr para sair de Hel; ela
respondeu:
Thökk vai chorar
Lágrimas secas
Pelo enterro de Baldr;
Nem na vida nem na morte,
Ele me deu alegrias.
Deixe Hel ficar com o que ela já tem!
E os homens acreditam que quem estava lá era Loki, aquele que
têm feito os maiores males entre os Æsir.”

Hermódr e Hel, por John Charles Dollman (1909)[54]


Capítulo 50 – Loki é Acorrentado

Então disse Gangleri: “Um grande mal Loki perpetrou;


primeiramente causando a morte de Baldr e em seguida, ficando no
caminho de ele ser libertado de Hel. Alguma vingança foi feita a ele
por isso?”
Hárr respondeu: “Esse ato foi pago a ele de tal modo que ele
deve se lembrar por muito tempo. Quando os deuses tinham ficado
tão irados com ele que ele estava a ser procurado, ele fugiu e
escondeu-se em uma certa montanha; lá ele fez uma casa com
quatro portas, para que pudesse ver fora da casa em todas as
direções. Muitas vezes ao longo do dia, ele se transformava em algo
semelhante a um salmão e escondia-se no lugar chamado
Cataratas de Fránangr; então, ele refletia sobre que tipo de
artimanhas os deuses conceberiam para capturá-lo na cachoeira.
Mas quando ele sentava-se na casa, ele pegava linho e fio e
trabalhava-os em malhas, da maneira que as redes têm sido feitas
desde então; mas uma fogueira queimava diante dele. Então ele viu
que os Æsir estavam próximos e Odin tinha o visto de Hlidskjálf. Ele
pulou de uma vez para o rio, mas lançou a rede no fogo.
Quando os Æsir chegaram na casa, entrou primeiro aquele que
era o mais sábio de todos, que é chamado Kvasir, e quando ele viu
no fogo a cinza branca onde a rede tinha queimado, então ele
percebeu que aquela coisa devia ser um instrumento para capturar
peixes e contou isso aos Æsir. Imediatamente eles se apoderaram
daquilo, e fizeram eles próprios uma rede pelo padrão da qual eles
descobriram pelas cinzas queimadas. Quando a rede estava pronta,
então os Æsir foram para o rio e lançaram-na na cachoeira. Thor
segurou uma extremidade da rede e todos os Æsir seguraram a
outra, e jogaram-na. Mas Loki arremessou-se à frente e deitou-se
entre duas pedras; eles jogaram a rede sobre ele e perceberam que
algo vivo tocou os fios. Uma segunda vez eles foram até a queda
d’água e jogaram a rede, tendo amarrado nela algo tão pesado que
nada deveria ser capaz de passar por baixo. Então Loki nadou à
frente da rede, mas quando ele viu que estava a uma curta distância
do mar, então ele pulou por cima da corda da rede e correu para a
cachoeira. Agora os Æsir viram para onde ele tinha ido e subiram
novamente para a queda d’água e dividiram o grupo em dois, mas
Thor nadou no meio da correnteza e assim eles saíram em direção
ao mar. Então Loki viu uma escolha de dois caminhos; era um
perigo mortal correr para o mar, mas esta era a segunda: pular
sobre a rede novamente. E assim ele fez, saltou tão rapidamente
quanto podia sobre ela. Thor se agarrou a ele e o segurou, e ele
escorregou das mãos de Thor, de modo que a mão parou na cauda;
e por esta razão o salmão tem a cauda fina.
Então Loki foi pego sem trégua e foi trazido com eles a uma
determinada caverna. Logo após, eles pegaram três pedras planas
e colocaram-nas na borda e fizeram um furo em cada uma delas.
Então foram levados os filhos de Loki, Váli e Nari ou Narfi. Os Æsir
transformaram Váli na forma de um lobo e ele rasgou em pedaços
Narfi seu irmão. E os Æsir pegaram suas entranhas e acorrentaram
Loki com elas ao longo das três pedras: uma está sob seus ombros,
a segunda sob seu quadril, a terceira sob suas pernas; e esses
laços foram transformados em ferro. Então Skadi pegou uma
serpente venenosa e a prendeu sobre ele, de modo que o veneno
deveria escorrer da serpente em seu rosto. Mas Sigyn, sua esposa,
fica ao seu lado e segura uma bacia sob as gotas de veneno e,
quando a bacia está cheia, ela vai e derrama-o, mas enquanto isso
o veneno escorre em seu rosto. Então ele se contorce contra isso
com tal força que toda a terra treme: vocês chamam isso de
terremotos. Lá ele se encontra acorrentado até o Ragnarök.”
A Punição de Loki, por James Doyle Pennrose (1894)[55]
Capítulo 51 – Sobre o Ragnarök

Então disse Gangleri: “Que histórias há para serem contadas do


Ragnarök? Disso eu nunca tinha ouvido antes.”
Hárr respondeu: “Grandes histórias há para serem contadas
sobre isso e muito mais. O primeiro é isto, que virá o inverno, que é
chamado de Fimbulvetr, ou Terrível Inverno: nessa época neve deve
surgir de todos os cantos. Geadas serão grandiosas e os ventos
cortantes; não haverá virtude no sol. Estes invernos deverão
acontecer em três em sucessão e nenhum verão entre eles, mas
antes deverão vir outros três invernos, de modo que por todo o
mundo haverá poderosas batalhas. Nestes tempos irmãos matarão
uns aos outros por causa da ganância, e ninguém poupará pai ou
filho na matança e no incesto, logo é dito no Völuspá:
Irmãos lutarão
E matarão uns aos outros;
Filhos das próprias irmãs
Pecarão juntos.
Dias doentes entre os homens,
Em que pecados do sexo aumentarão.
Uma era do machado, uma era da espada,
Escudos serão partidos.
Uma era do vento, uma era do lobo,
Antes de o mundo cair morto.

Em seguida, acontecerá o que são grandes novidades: o lobo


engolirá o sol e isso será aos homens um grande infortúnio. Em
seguida, o outro lobo alcançará a lua, e ele também trará muita
ruína; as estrelas desaparecerão do céu. Então, ocorrerão essas
desgraças também: toda a terra tremerá e os rochedos e as árvores
serão arrancadas da terra, e os penhascos cairão para a ruína, e
todos os grilhões e correntes serão quebrados e cortados. Em
seguida, o Lobo Fenrir se soltará e depois o mar jorrará sobre a
terra porque a Serpente de Midgard se moverá em ira gigantesca e
avançará para a terra. Então, isso também acontecerá, em que
Naglfar será solto, o navio que é assim chamado. Ele é feito de
unhas não cortadas de homens mortos, portanto um aviso é
desejável, que se um homem morrer com unhas não cortadas, esse
homem acrescenta muito material para o Navio Naglfar, que ambos
os deuses e os homens desejam que seja terminado o mais tarde
possível. No entanto, nesta inundação do mar o Naglfar deve flutuar.
Hrymr é o nome do gigante que conduz Naglfar. O Lobo Fenrir
avançará com a boca escancarada e seu maxilar inferior estará
contra a terra, e o superior contra o céu, ele a abriria ainda mais se
houvesse espaço para isso; fogo sairá de seus olhos e narinas. A
Serpente de Midgard jorrará veneno de modo que ele respingará em
todo o ar e água, e ela é muito terrível, e estará ao lado do Lobo.
Neste estrondo os Céus abrirão em fenda, e os Filhos de Múspell
cavalgarão dali: Surtr cavalgará liderando, e antes e depois dele virá
um fogo ardente, sua espada é superior a muitas: dela radia um
brilho mais forte do que o sol. Quando eles andarem sobre a Bifröst,
então a ponte se quebrará, como já foi dito antes. Os Filhos de
Múspell sairão ao campo que é chamado Vígrídr, lá virá o Lobo
Fenrir e também a Serpente de Midgard e então Loki e Hrymr virão
para lá também, e com ele todos os Gigantes de Gelo. Todos os
companheiros de Hel seguirão Loki, e os filhos de Múspell terão um
exército próprio, e serão muito brilhantes. O campo de Vígrídr tem
cem léguas de largura em cada sentido.
Quando essas notícias acontecerem, então Heimdallr levantar-se-
á e soprará poderosamente sua trombeta Gjallarhorn, e despertará
todos os deuses, e eles se reunirão em conselho juntos. Então Odin
cavalgará ao Poço de Mimir e pedirá seu conselho para si e seu
povo. Em seguida, a Árvore de Yggdrasill tremerá, e nada ficará
sem medo nos Céus ou na Terra. Então os Æsir se armarão, junto
com todos os Einherjar, e avançarão para o campo: Odin liderará
cavalgando com seu elmo dourado e uma bela cota de malha, e sua
lança que é chamada Gungnir. Ele avançará contra o Lobo Fenrir, e
Thor lutará em frente ao seu lado, mas não poderá ser de nenhuma
ajuda a ele, pois ele terá as mãos cheias ao lutar contra a Serpente
de Midgard. Freyr enfrentará Surtr e uma batalha dura haverá entre
eles antes de Freyr cair, a causa de sua morte é que ele não possui
aquela boa espada que ele deu a Skirnir. Então o cão Garmr será
solto, que está preso na caverna de Gnipa; ele é o maior monstro,
ele batalhará com Týr, e cada um tornar-se-á o assassino do outro.
Thor matará a Serpente de Midgard, e após dar nove passos desse
local, então ele cairá morto na terra, devido ao veneno que a cobra
jorrou nele. O Lobo engolirá Odin, esse será o seu fim. Mas logo em
seguida Vídarr seguirá em frente e colocará um pé sobre o maxilar
inferior do Lobo; nesse pé ele tem o sapato com os materiais com
os quais foram recolhidos ao longo de todo o tempo. Eles são os
restos de couro que os homens cortam de seus sapatos nos dedos
do pé ou calcanhares, por isso aquele que deseja em seu coração
ajudar os Æsir deve jogar os restos fora. Com uma mão ele agarrará
a mandíbula superior do Lobo e rasgará sua garganta em pedaços,
e esta é a morte do Lobo. Loki batalhará contra Heimdallr, e cada
um será o assassino do outro. Em seguida, Surtr lançará fogo sobre
a terra e queimará todo o mundo, isso é dito no Völuspá:

Batalha dos Deuses Condenados, por Friedrich Wilhelm Heine


(1882)[56]

Heimdallr sopra alto


Sua trombeta ao ar.
Odin conversa
Com a cabeça de Mimir;
Yggdrasil treme,
O imponente freixo;
A velha árvore geme
Quando o gigante é solto.

E quanto aos Æsir?


E quanto aos elfos?
Toda Jötunheim ecoa.
Os Æsir se reúnem em conselho;
Os anões gemem
Atrás de seus portões de pedra,
Os sábios das rochas,
Sabe mais agora ou não?

Hrymr navega ao leste,


O mar inunda adiante.
Jörmungandr agita-se,
Revira-se em poderosa ira;
A cobra fere as ondas,
A águia grita,
Com bico pálido rasga os cadáveres,
Naglfar está solto.

Um navio vem do leste,


Vem agora o povo de Múspell
Pela ondas do mar,
E Loki é o condutor;
Há também os bruxos,
Todos com o Lobo,
Com eles está o irmão
De Býleistr viajando.
Surtr viaja do sul
Brandindo fogo ardente;
Da sua espada brilha,
O sol dos Deuses da Guerra,
As rochas se chocam,
Os demônios sofrem,
Heróis seguem a estrada de Hel,
E os Céus se abrem em fendas.
E então à deusa
Uma segunda desgraça chega,
Quando Odin se vai
Para batalhar contra o Lobo,
E o assassino de Beli, o deus brilhante
Para batalhar contra Surtr;
Lá irá cair
O amado de Frigg.
O filho de Odin segue
Para lutar contra o Lobo,
Vídarr segue em frente
Em direção a fera,
O filho do gigante;
Com suas mãos ele enfia
Sua espada em seu coração,
Vingado está seu pai.

Agora vai o famoso


Thor, filho de Hlödyn
Para lutar contra a Serpente,
Embora prestes a morrer;
Todos os filhos da terra
Abandonam seus lares
Quando o defensor de Midgard
Em ira golpeará a Serpente.

O sol escurecerá,
A terra afundará no mar,
As brilhantes estrelas
Do céu desaparecerão,
O fogo se enfurece,
E o calor arde,
E altas chamas se jogam
Contra o próprio céu.
E aqui ainda é dito assim:

Vígrídr é o nome do campo


Onde em guerra se encontrarão
Surtr e os amados deuses.
Uma centena de milhas
Possui em todos os sentidos.
Este campo está destinado a eles.”

Thor Enfrenta a Serpente de Midgard, por Carl Emil Doepler


(1905)[57]
Capítulo 52 – As Moradas Após o Ragnarök

Então disse Gangleri: “O que acontecerá depois, quando todo o


mundo estiver queimado e mortos estarão todos os deuses e todos
os Einherjar e toda a humanidade? Você não disse antes, que todos
os homens devem viver em algum mundo em todas as eras?”
Então Thridi respondeu: “Nesse tempo as boas moradas serão
muitas, e muitas as ruins, então será melhor estar em Gimlé nos
Céus. Além disso, há grande abundância de boa bebida para
aqueles que estimam por este prazer no salão que é chamado
Brimir, ele está em Ókólnir. Esse também é um bom salão que fica
nas Montanhas de Nida, feito de ouro vermelho, o seu nome é
Sindri. Nestes salões habitarão os homens bons e puros de
coração. Em Nástrand está um grande salão do mal e as suas
portas se voltam ao norte: tudo é entrelaçado de serpentes como
uma casa de vimes e todas as cabeças das cobras estão viradas
para o interior da casa e cospem veneno, de modo que ao longo do
salão corre rios de veneno, e os que quebraram juramentos e os
assassinos percorrem esses rios, como é dito aqui:

Eu conheço um salão de pé
Longe do sol,
Em Nástrand, as portas
Ao norte estão voltadas;
Gotas de veneno
Caem dos furos do teto;
O salão é bordado
De infinitas serpentes.

Lá devem percorrer
Pelos rios encharcados
Homens da mentira
E aqueles que assassinam.
Mas é pior em Hvergelmir:

Lá a serpente Nídhöggr
Dilacera os corpos dos mortos.”

Nástrand, por Lorenz Frølich (1895)[58]


Capítulo 53 – Quem Sobrevive ao Ragnarök

Então falou Gangleri: “Algum dos deuses viverá ou haverá então


qualquer terra ou Céus?”
Hárr respondeu: “Nessa época a terra emergirá do mar, verde e
bela, então seus frutos surgirão da terra não semeada. Vídarr e Váli
estarão vivos, uma vez que nem o mar nem o fogo de Surtr os terá
ferido; e eles habitarão nas Planícies de Ida, onde Ásgard estava
antes. E então os filhos de Thor, Módi e Magni, irão para lá e eles
terão o Mjölnir com eles. Depois Baldr irá para lá, e Hödr, vindos de
Hel, então todos sentar-se-ão juntos e conversarão uns com os
outros, e se lembrarão de sua sabedoria secreta, e falarão desses
acontecimentos que ocorreram antes: da Serpente Midgard e do
Lobo Fenrir. Em seguida, eles encontrarão na grama as peças de
xadrez de ouro que os Æsir possuíam, assim é dito:

Vídarr e Váli
Morarão no santuário dos deuses,
Quando o fogo de Surtr tiver enfraquecido;
Módi e Magni
Possuirão o Mjölnir
Ao fim da luta de Thor.
Após o Ragnarök, por Carl Emil Doepler (1905)[59]

No lugar chamado Bosque de Hoddmímir se esconderam durante


o Fogo de Surtr dois da raça humana, que são chamados assim: Líf
e Lífthrasir, e de comida eles terão o orvalho da manhã. Deles virá
uma descendência tão numerosa que todo o mundo será povoado,
como é dito aqui:

Líf e Lífthrasir,
Espreitarão escondidos
No Bosque de Hoddmímir;
O orvalho das manhãs
A sua refeição será;
Deles as raças descenderão.

E o que vai parecer maravilhoso para você é que Sol terá uma
filha não menos bela do que ela, e, em seguida, a filha trilhará os
passos de sua mãe, como é dito aqui:

Uma filha
Nascerá de Sol
Antes que Fenrir a alcance.
O caminho de sua mãe
Quando os deuses estiverem mortos,
Essa dama seguirá.

E agora, se você é capaz de fazer ainda mais perguntas, então


não sei de onde essas respostas virão até você, pois eu nunca ouvi
alguém dizer mais do percurso do mundo. E agora faça o melhor
uso possível do que lhe foi dito.”

Líf e Lífthrasir, por Lorenz Frølich (1895)[60]


Capítulo 54 – Sobre Gangleri

Logo após, Gangleri ouviu grandes barulhos em cada lado dele, e


então, quando ele olhou em volta, eis que ele estava do lado de fora
em uma planície e não viu nenhum salão lá e nenhum castelo. Em
seguida, ele seguiu o seu caminho adiante e voltou para casa para o
seu reino, e contou aquelas histórias que ele havia visto e ouvido, e
depois dele cada homem contou estas lendas para o outro.
Então os Æsir sentaram-se para conversar e se reuniram e
lembraram de todas essas histórias que tinham sido ditas a Gylfi. E
deram estes mesmos nomes que foram nomeados antes para
aqueles homens e lugares que estavam lá, com o objetivo de que,
quando longas eras tivessem passado, os homens não deveriam
duvidar disso, que os Æsir que foram mencionados agora, e estes
para os quais os mesmos nomes foram então dados, todos fossem
um só. Thor era assim chamado e ele é o antigo Áss-Thor. Ele é
Öku-Thor, e a ele estão atribuídas as poderosas obras que Heitor
fez em Tróia. Mas esta é a crença dos homens, que os turcos
contaram de Ulisses, e chamaram-no de Loki, pois para os turcos
ele era o seu maior inimigo.
Bragi e Idunn, por Frederik Barfod (1839)[61]
Skáldskaparmál: A Poesia dos Escaldos

Capítulo 1 – A Jornada de Ægir à Asgard

Um certo homem era chamado Ægir ou Hlér. Ele morava na ilha


que agora é chamada de Ilha de Hlér, e era profundamente versado
em magia negra. Ele tomou o caminho para Asgard, mas os Æsir
tinham conhecimento prévio de sua jornada; ele foi recebido com
alegria, mas ainda assim muitas coisas foram feitas para enganá-lo,
com ilusões dos olhos. E à noite, quando era hora de beber, Odin
tinha trazido espadas para o local, tão brilhantes que luz irradiava
delas e outras iluminações não foram utilizadas enquanto eles se
sentaram para beber.
Em seguida, os Æsir entraram para o seu banquete, e nos altos-
assentos sentaram-se aqueles doze Æsir que foram designados
para serem juízes; estes eram os seus nomes: Thor, Njördr, Freyr,
Tyr, Heimdallr, Bragi, Vídarr, Váli, Ullr, Hœnir, Forseti, Loki, e na
mesma maneira as Ásynjur: Frigg, Freyja, Gefjun, Idunn, Gerdr,
Sigyn, Fulla, Nanna. Parecia glorioso a Ægir olhar ao seu redor no
salão: as paredes de lá eram recobertas de belos escudos
pendurados; também havia um ardente hidromel, copiosamente
bebido em grandes goles. O homem sentado ao lado de Ægir era
Bragi, e eles participaram juntos em beber e em conversar: Bragi
contou a Ægir sobre muitas coisas que haviam ocorrido entre os
Æsir.
Bragi, por Carl Wahlbom (~1830)[62]
Capítulo 2 – O Gigante Thjazi Seqüestra Idunn

Ele começou a história no ponto em que três dos Æsir, Odin e


Loki e Hœnir, partiram de casa e estavam vagando sobre
montanhas e florestas, e a comida era difícil de se encontrar. Mas
quando eles desceram em um determinado vale, viram uma manada
de bois, pegaram um deles, e o cozinharam. Agora, quando eles
pensaram que ele devia estar cozido, eles apagaram o fogo, e ele
não estava pronto. Depois de um tempo, após eles terem feito uma
fogueira pela segunda vez, e não tendo cozinhado, eles se
consultaram, perguntando um ao outro o que isso podia significar.
Em seguida, eles ouviram uma voz vinda do carvalho acima
deles, declarando que aquele que estava sentado lá confessava que
havia causado a falta de virtude no fogo. Eles olharam para cima e
lá estava uma águia, e ela não era pequena.
Então, a águia disse: “Se vocês estiverem dispostos a me dar a
minha parte do boi, então ele cozinhará no fogo.”
Eles concordaram com isso. Em seguida, ele se deixou planar de
cima da árvore e pousou perto do fogo, e logo de primeira tomou
para si as duas pernas do boi e ambos os ombros.
Então Loki ficou irritado, pegou uma grande vara, brandiu-a com
toda a força, e bateu-a no corpo da águia. A águia balançou
violentamente com o golpe e voou, de modo que a vara ficou presa
em suas costas, e as mãos de Loki no outro lado da vara. A águia
voou uma altura tal que os pés de Loki batiam contra pedras e
montes de rochas e árvores, e ele pensou que seus braços seriam
arrancados de seus ombros. Ele clamou em alta voz, pedindo a
águia com urgência por paz, mas a águia declarou que Loki nunca
devia ser solto, a menos que ele lhe desse seu juramento de induzir
Idunn para sair de Asgard com suas maçãs. Loki concordou, e
sendo logo solto, foi para junto de seus companheiros, e nada mais
é relatado desta jornada, exceto que eles voltaram para casa.
Mas na hora marcada Loki atraiu Idunn fora de Asgard em uma
determinada floresta, dizendo que ele tinha encontrado tais maçãs
que pareceriam a ela de grande virtude, e pediu para que ela
trouxesse suas maçãs com ela para compará-las com essas. Então
Thjazi o gigante veio disfarçado em sua plumagem de águia e
pegou Idunn e voou para longe com ela, para Thrymheimr em sua
morada.

Odin, Loki e Hœnir Encontram Thjazi, por Ólafur Brynjúlfsson


(1760)[63]
Capítulo 3 – Loki Resgata Idunn e a Morte de Thjazi
Entretanto os Æsir se tornaram angustiados com o
desaparecimento de Idunn, e rapidamente tornaram-se grisalhos e
velhos. Em seguida, os Æsir se consultaram, e cada um perguntou
ao outro o que por último se tinha conhecimento de Idunn, e a última
vez que ela tinha sido vista foi quando ela tinha saído de Asgard
com Loki. Então Loki foi pego e levado para a reunião, e foi
ameaçado de morte, ou torturas, e quando ele estava bem
assustado, ele declarou que iria buscar Idunn em Jötunheim, se
Freyja emprestasse-lhe a plumagem de falcão que ela possuía.
E quando ele pegou a plumagem de falcão, ele voou para o norte
para Jötunheim, e chegou em um determinado dia na casa de Thjazi
o gigante. Thjazi havia remado para o mar, mas Idunn estava em
casa sozinha: Loki transformou-a na forma de uma noz e agarrou-a
em suas garras e voou com todas as suas forças.
Agora, quando Thjazi chegou em casa e sentiu falta de Idunn, ele
pegou sua plumagem de águia e voou atrás de Loki, criando uma
poderosa onda de som com suas asas. Mas quando os Æsir viram
como o falcão voava com a noz, e onde a águia estava voando, eles
foram para as muralhas de Asgard e levaram pilhas de lascas de
madeira para lá. Assim que o falcão voou para a cidadela, ele
desceu perto das muralhas do castelo, então os Æsir acenderem o
fogo nas lascas de madeira. Mas a águia não conseguiu parar
quando errou o falcão: as penas da águia pegaram fogo, e logo seu
voo cessou. Em seguida, os Æsir que estavam perto mataram
Thjazi o gigante dentro dos Portões de Asgard, e essa morte é
incrivelmente famosa.
Agora Skadi, a filha do gigante Thjazi, pegou seu elmo e sua
armadura e todas as armas de guerra e foi à Asgard, para vingar
seu pai. Os Æsir, no entanto, ofereceram-lhe reconciliação e
reparação: primeiro ela devia escolher para si um marido dentre os
Æsir e escolhê-lo apenas pelos pés, não vendo nada mais dele.
Então ela viu os pés de um homem, absolutamente belos, e
disse: “Eu escolho este: em Baldr pouco é repugnante.”
Mas esse era Njördr de Nóatún.
Em segundo lugar, foi estipulado que os Æsir deviam fazer uma
coisa que ela pensou que não seriam capazes de realizar: fazê-la rir.
Então Loki fez isso: ele amarrou uma corda na barba de uma cabra,
com a outra extremidade sendo ao redor de seus próprios genitais,
e um puxava de um lado e o outro puxava de outro lado, e cada um
dos dois gritava em voz alta e, depois, Loki deixou-se cair sobre os
joelhos de Skadi, e ela riu. Então a reconciliação foi feita com ela
por parte dos Aesir.

Skadi Escolhendo seu Marido, por Louis Huard (1871)[64]


Capítulo 4 – Sobre a Família de Thjazi
É dito que Odin fez isso por reparação a Skadi: ele pegou os
olhos de Thjazi e os lançou ao céu, e fez deles duas estrelas.
Então disse Ægir: “Parece-me que Thjazi era um homem
poderoso; agora, de que família era ele?”
Bragi respondeu: “Seu pai era chamado Ölvaldi, e se eu lhe
disser dele, você o consideraria muito notável. Ele era muito rico em
ouro, mas quando ele morreu e seus filhos vieram para dividir a
herança, eles determinaram sobre esta medida para o ouro que eles
dividiriam: cada um devia pegar tanto quanto sua boca conseguisse
segurar, e todos levariam o mesmo número de bocas cheias. Um
deles era Thjazi, o segundo Idi, o terceiro Gangr. E temos isso como
uma metáfora entre nós agora, chamar o ouro de Conto da Boca
Cheia desses gigantes, mas nós o escondemos em runas ou em
poesias desta forma, e o chamamos de fala, ou palavra, ou
conversa desses gigantes.”
Então disse Ægir: “Parece-me que isso vai ficar bem escondido
nas runas.”
Capítulo 5 – A Origem do Hidromel de Suttungr
E novamente disse Ægir: “De onde esta arte que vocês chamam
de poesia se origina?”
Bragi respondeu: “O início disto foi que os deuses tiveram uma
guerra com o povo que é chamado Vanir. Eles concordaram em
realizar uma reunião com a finalidade de selar a paz e resolveram a
disputa desta maneira, que ambos fossem até uma jarra e
cuspissem nela. Mas ao partirem, os deuses, não estando dispostos
a deixar esse marco da paz perecer, deram-no a forma de um
homem cujo nome era Kvasir, e que era tão sábio que ninguém
podia perguntar-lhe qualquer pergunta que ele não sabia responder.
Ele viajou muito sobre o mundo para ensinar aos homens a
sabedoria. Uma vez ele foi para a casa dos anões Fjalar e Galarr.
Eles o chamaram de lado, dizendo que queriam falar com ele
sozinho, então o mataram e deixaram seu sangue correr em dois
jarros chamados Són e Bodn, e em uma chaleira chamada Ódrerir.
Eles misturaram mel com o sangue e, assim, foi produzido tal
hidromel que quem bebe torna-se um escaldo e um sábio. Os anões
disseram aos Æsir que Kvasir, tinha engasgado em sua sabedoria,
já que não havia ninguém tão sábio a ponto de ser capaz de
questionar sua sabedoria.
Em seguida, esses anões convidaram o gigante que é chamado
Gillingr para visitá-los, junto de sua esposa. Então os anões
convidaram Gillingr a remar no mar com eles. Depois de terem
chegado a uma curta distância da costa, os anões remaram para
uma rocha cega e viraram o barco. Gillingr foi incapaz de nadar, e
ele morreu, mas os anões endireitaram o barco e remaram para
terra. Eles relataram o acidente para sua esposa, mas ela ouviu
dolorosamente e chorou em voz alta. Então Fjalar perguntou-lhe se
aliviaria seu coração se ela fosse olhar para o mar, no local onde ele
havia morrido, e ela desejou isso. Então ele falou baixo para Galarr
seu irmão, dizendo-lhe para subir acima do vão da porta e, quando
ela saísse, deixasse cair uma pedra de moinho sobre sua cabeça,
dizendo que seu choro crescia cansativo para ele, e então ele o fez.
Agora, quando o gigante Suttungr, filho de Gillingr, soube disso,
ele foi até eles e pegou os anões e os levou para o mar, e colocou-
os em um recife que ficava coberto na maré alta. Eles imploraram a
Suttungr para poupar suas vidas, e como preço de reconciliação
ofereceu-lhe o precioso hidromel em satisfação da morte de seu pai.
E isso tornou-se um meio de reconciliação entre eles. Suttungr levou
o hidromel para casa e escondeu-o no lugar chamado Hnitbjörg,
colocando sua filha Gunnlöd para vigiá-lo. Devido a isso que
chamamos a poesia de Sangue de Kvasir, ou Bebida dos Anões, ou
qualquer tipo de líquido de Ódrerir, ou de Bodn, ou de Són, ou Balsa
de Anões, uma vez que este hidromel trouxe-lhes vida a partir do
resgate do recife, ou Hidromel de Suttungr, ou Licor de Hnitbjörg.”
Então Ægir disse: “Parece-me obscuro chamar poesia por esses
nomes. Mas como vocês Æsir obtiveram o Hidromel de Suttungr?”
Suttungr e os Anões, por Louis Huard (1871)[65]
Capítulo 6 – Como Odin Obteve o Hidromel
Bragi respondeu: “Essa história é contada assim: Odin partiu de
casa e foi para um determinado lugar onde nove servos estavam
cortando feno. Ele perguntou se eles desejavam que ele afiasse
suas foices, e eles consentiram. Então ele pegou uma pedra de afiar
de seu cinto e afiou as foices; pareceu-lhes que as foices cortavam
bem melhor, e pediram que a pedra de afiar fosse vendida a eles.
Mas ele tinha tanto valor por ela que aquele que desejasse comprar
devia dar um preço considerável: ainda assim todos disseram que
concordavam e pediram-lhe para vender a eles. Odin lançou a pedra
de afiar no ar, mas como todos desejavam colocar suas mãos sobre
ela, eles se misturaram uns com os outros tanto que um golpeou
com sua foice contra o pescoço do outro.
Odin procurou alojamento de uma noite com o gigante que é
chamado Baugi, irmão de Suttungr. Baugi queixou-se do que havia
acontecido com sua casa, dizendo que seus nove servos haviam
matados uns aos outros, e que ele não sabia onde ele poderia obter
outros trabalhadores. Odin chamou a si mesmo Bölverkr na
presença de Baugi; ele ofereceu-se para realizar o trabalho de nove
homens como Baugi, e exigiu como seu salário poder beber do
Hidromel de Suttungr. Baugi declarou que ele não tinha controle
algum sobre o hidromel, e disse que Suttungr estava determinado a
tê-lo para si mesmo, mas prometeu ir com Bölverkr e tentar se eles
poderiam obter o hidromel.
Durante o verão, Bölverkr realizou o trabalho de nove homens por
Baugi, mas quando o inverno chegou, ele pediu Baugi por seu
salário. Então os dois partiram para a casa de Suttungr. Baugi
contou a Suttungr seu irmão de sua barganha com Bölverkr, mas
Suttungr recusou-lhes uma única gota do hidromel. Então Bölverkr
sugeriu a Baugi que eles tentassem certas artimanhas, se por
ventura eles podiam encontrar meios para chegar ao hidromel, e
Baugi concordou prontamente. Então Bölverkr tirou a broca
chamada Rati, dizendo que Baugi devia furar a pedra da casa de
Suttungr, se a broca fosse afiada o bastante. Ele assim o fez.
Finalmente Baugi disse que a rocha foi atravessada, mas Bölverkr
soprou o buraco da broca, e o pó voou sobre ele. Então ele
descobriu que Baugi o enganou, e ele mandou que ele furasse
através da pedra. Baugi tentou de novo, e quando Bölverkr soprou
uma segunda vez, então o pó voou para dentro do buraco. Então
Bölverkr se transformou em uma serpente e rastejou até o buraco,
mas Baugi enfiou por trás a broca e o errou.
Bölverkr procedeu ao lugar onde Gunnlöd estava, e se deitou
com ela por três noites, e então ela deu-lhe licença para beber três
goles do hidromel. No primeiro gole ele bebeu cada gota do Ódrerir,
e, no segundo, ele esvaziou Bodn, e no terceiro, Són, e então ele
tinha tomado todo o hidromel. Então ele se transformou na forma de
uma águia e voou tão furiosamente quanto podia.
Mas quando Suttungr viu o voo da águia, ele também assumiu a
forma de uma águia e voou atrás dele. Quando os Æsir viram Odin
voando, logo eles colocaram os seus tonéis no pátio, e quando Odin
entrou em Asgard, ele cuspiu o hidromel nos tonéis. No entanto, ele
chegou tão perto de ser pego por Suttungr que ele deixou algum
hidromel para trás, e como nenhuma atenção foi dada a isto,
qualquer um que quisesse poderia tê-lo. E chamamos isso a Parte
do Poetastro, ou Parte do Mau Poeta. Mas Odin deu o hidromel de
Suttungr aos Æsir e aos homens que possuem a capacidade de
compor. Por isso chamamos a poesia de Presa de Odin, o Achado
de Odin, Bebida de Odin, o Dom de Odin, e a Bebida dos Æsir.”
Odin e Gunnlöd, por Carl Emil Doepler (1905)[66]
Capítulo 7 – As Características da Poesia
Então disse Ægir: “De quantas maneiras são os termos da poesia
diversamente formulados, e quantos são os elementos essenciais
da arte poética?”
Então Bragi respondeu: “Os elementos em que toda a poesia é
dividida são dois.”
Ægir perguntou: “Quais dois?”
Bragi disse: “Metáfora e métrica.”
“Que tipo de metáfora é usada para a escrita poética?”
“Três são as categorias de metáfora poética”.
“Quais são elas?”
“Uma é chamar tudo pelo seu nome, a segunda categoria é o que
é chamado de ‘substituição’; o terceiro tipo de metáfora é o que é
chamado de ‘perífrase’, e este tipo é empregado de tal maneira:
Suponha que eu pegue Odin, ou Thor, ou Týr, ou qualquer um dos
Æsir ou Elfos, e de qualquer um deles que eu falar, eu adiciono o
nome de uma propriedade de algum outro dos Æsir, ou eu registro
certas obras dele. Então ele se torna proprietário do nome, e não
aquele cujo nome foi aplicado a ele: assim como quando falamos de
Týr da Vitória, ou Týr dos Enforcados, ou Týr das Cargas: isso então
torna-se o nome de Odin, e chamamos estes de nomes
perifrásticos. Assim também com o título Týr do Wain.”
Capítulo 8 – Palavras aos Jovens Escaldos
Mas, agora, uma coisa deve-se dizer aos jovens escaldos que
anseiam alcançar ao ofício da poesia e aumentar a sua gama de
figuras com metáforas tradicionais, ou os que querem adquirir a
faculdade de discernir o que é dito na frase oculta; que então
interpretem este livro para sua instrução e prazer. No entanto, não
se deve esquecer ou desacreditar estas tradições como para
remover da poesia essas metáforas antigas com as quais os
Principais Escaldos se contentaram, nem, por outro lado devem os
cristãos acreditar em deuses pagãos, nem na verdade destas
sagas, exceto no que é explicado no início deste livro, onde os
eventos são explicados em que levaram os homens para longe da
verdadeira fé, e onde, no momento seguinte, é dito dos turcos como
os homens da Ásia, que são chamados de Æsir, falsificaram as
histórias das coisas que aconteceram em Tróia, a fim de que as
pessoas deviam acreditar que eles fossem deuses.
O Rei Príamo de Tróia era um grande chefe sobre todo o exército
turco, e seus filhos foram os homens mais ilustres de todo o seu
exército. Esse excelente salão, que os Æsir chamam de Salão de
Brimir, ou salão da cerveja, era o palácio do Rei Príamo.
Quanto ao longo conto que eles dizem do Ragnarök, estas são as
guerras dos troianos. Quando se diz que Öku-Thor usou como isca
uma cabeça de boi e fisgou a Serpente de Midgard, mas que a
serpente manteve sua vida e afundou no mar, então esta é uma
outra versão da história em que Heitor matou Volukrontes, um
famoso herói, na presença de Aquiles, e isso chamou o último para
ele com a cabeça da presa, na qual foi comparada a cabeça de um
boi, que Öku-Thor tinha arrancado. Quando Aquiles foi tragado para
este perigo, por conta de sua ousadia, foi a salvação de sua vida
que ele fugiu dos golpes fatais de Heitor, embora ele fosse ferido.
Também é dito que Heitor travou a guerra tão poderosamente, e que
sua raiva era tão grande quando ele avistou Aquiles, que nada era
tão forte que podia ficar diante dele. Quando ele errou Aquiles, que
havia fugido, ele acalmou sua ira matando o campeão chamado
Roddros. Mas os Æsir dizem que quando Öku-Thor errou a
serpente, ele matou o gigante Hymir. No Ragnarök, a Serpente de
Midgard veio de repente para cima de Thor e jorrou veneno sobre
ele, e, portanto, o matou. Mas os Æsir não poderiam se decidir para
dizer que este tinha sido o destino de Öku-Thor, que alguém ficou
em cima dele morto, embora isso tivesse acontecido assim. Eles se
precipitaram sobre sagas antigas mais do que era verdade quando
disseram que a Serpente de Midgard teve sua morte, e eles
adicionaram isto na história, Aquiles colheu a fama da morte de
Heitor, embora ele jazesse morto no mesmo campo de batalha. Este
foi o trabalho de Heleno e Alexandre, e Heleno e os Æsir chamam
de Ale. Dizem que ele vingou seu irmão, e que ele viveu quando
todos os deuses estavam mortos, e depois de o fogo que incendiou
Asgard e todas as posses dos deuses se apagou. Pirro eles
compararam com o Lobo Fenrir. Ele matou Odin, e Pirro poderia ser
chamado de um lobo de acordo com sua crença, pois ele não
poupou os locais sagrados de paz quando ele matou o rei no templo
diante do altar de Thor. A queima de Tróia eles chamam de o Fogo
de Surtr. Módi e Magni, os filhos de Öku-Thor, vieram a desejar a
terra de Ale ou Vídarr. Ele é Æneas. Ele veio de Tróia e criou por
isso grandes obras. É dito que os filhos de Heitor vieram às terras
de Frígia e se estabeleceram naquele reino, mas baniram Heleno.
Capítulo 9 – Os Nomes de Odin e Suas Metáforas
Agora você pode ouvir exemplos da forma como os grandes
escaldos faziam para compor, fazendo uso desses termos e
perífrases simples: como quando Arnórr Jarlaskáldd diz que Odin é
chamado Pai de Todos:

Agora direi aos homens a virtude


Do terrível Jarl;
A bebida do Pai de Todos flui;
Para tardiamente aliviar minhas dores.
Aqui, além disso, ele chama a poesia de Bebida do Pai de Todos.
Hávardr o Halt cantou assim:
Agora é o voo das águias
Ao longo do campo; os marinheiros
Dos cavalos marinhos os apressam
Para o festim e presentes do Deus dos Enforcados
Assim cantou Viga-Glúmr:
Com o capacete do Deus dos Enforcados
Os exércitos deixaram de ir
Pela encosta, não agradável
O mais valente segurou o risco.

Assim cantou Refr:

Sempre o Gracioso veio a mim


No santo cálice do Deus dos Corvos;
O rei do ouro arado dos mares
Está separado do escaldo na morte.
Assim cantou Eyvindr skáldaspillir:

E Sigurdr
Aquele que saciava os corvos
Do Deus das Cargas
Com o sangue dos exércitos
Dos Haddings mortos
Da vida foi privado
Pelos governantes da terra
Em Ögló.
Assim cantou Glúmr Geirason:

Lá, o Týr do Triunfo


O Próprio inspirava o terror
Dos navios; os deuses dos ventos
Que favorecem os homens bons os guiavam.

Assim cantou Eyvindr:


Göndull e Skögull
Gauta-Týr enviou
Para escolher dos reis
Quem dos parentes de Yngvi
Deve ir com Odin
E estar em Valhalla.

Assim cantou Úlfr Uggason:

Rapidamente o Muito Famoso cavalga,


O Deus dos Presságios, à velocidade do fogo,
Para a grande pira de sua prole;
Pela minha boca fluem canções de louvor.

Assim cantou Thjódólfr de Hvin:

Os mortos caídos ali na areia,


Recompensa para Aquele de Um Olho
Morador nos seios de Frigg;
Em tais atos nos alegramos.
Hallfredr assim cantou:
O audaz dono do navio
Com palavras afiadas e alívio rápido
Atrai nossa terra, a paciente
Esposa de cabelos cacheados de Thridi.

Odin ou Wotan, por Amalia Schoppe (1832)[67]

Aqui está um exemplo dessa metáfora, que na poesia a Terra é


chamada de esposa de Odin. Aqui é dito o que Eyvindr cantou:

Hermódr e Bragi,
Falou Hroptatýr;
Ide saudar o príncipe;
Pois um rei que é
Um campeão vem
Para o salão de cá.

Assim cantou Kormákr:

O Doador de Terras, que ata


A vela no topo, com laços de ouro
Homenageia aquele que serve o hidromel de Deus;
Odin forja encantos em Rindr.

Assim cantou Steinthórr:


Muito tenho a louvar,
O antigo feito, embora pouco,
Licor dos valentes
Carga do gancho de Gunnlöd.
Assim cantou Úlfr Uggason:

Lá acredito que as Valquírias seguem,


E os corvos, Vitorioso Odin
Ao Sangue do santo Baldr
Com velhos contos o salão foi pintado.

Assim cantou Egill Skallagrímsson:


Sem vítimas para este
Para o Irmão de Víli,
Ao Alto-Deus, eu ofereço
Feliz estou por contemplá-lo;
No entanto o Amigo de Mímir,
Em mim concedeu
Reparações do mal
Os quais eu conto bem.
Ele me deu a arte
Ele, o Opositor do Lobo,
Acostumado à batalha,
De defeitos sem culpa.
Aqui, ele é chamado de Alto Deus, e Amigo de Mímir, e Opositor
do Lobo. Assim cantou Refr:
Rápido o Deus do Massacre, que empunha
As águias das ondas de neve,
Os navios que viajam na estrada do mar,
A ti devemos a bebida dos anões.
Assim cantou Einarr skálaglamm:

É meu dever servir o licor,


O hidromel do Deus dos Exércitos
Antes que os navios se vão rapidamente;
Com isso zombaria alguma virá a mim.

Assim cantou Úlfr Uggason:


Seu corcel o nobre Heimdallr
Leva à pira que os deuses construíram
Para o filho caído de Odin,
O Sábio Deus dos Corvos.
As Últimas Palavras de Odin a Baldr, por William Gersham
Collingwood (1908)[68]
Isto é dito no Eiríksmál:

Que sonho é esse? disse Odin,


Imaginei levantar ao amanhecer
Para deixar Valhalla pronta
Para as tropas dos mortos;
Eu despertei os Einherjar,
Ordenei-lhes levantar imediatamente
Bancos para espalhar,
Copos de cerveja para lavar;
As Valquírias para servir o vinho,
Como se um príncipe estivesse vindo.
Kórmakr cantou assim:

Eu rezo ao precioso Governante


Do povo de Yngvi, sobre mim
A apertar sua mão que segura o arco.
Hroptr traz com ele o Gungnir.

Thórálfr cantou assim:


O Poderoso de Hlidskjálf
Falou o que pensa para eles
Onde os exércitos dos destemidos
Hárekr foram massacrados.

Assim cantou Eyvindr:


O hidromel que flui
Dos vales profundos de Surtr
O Poderoso por Feitiços
Veloz no voo trouxe.

Assim cantou Bragi:

Foi visto, na superfície de meu escudo


Como o Filho do Pai dos Povos
Ansiava por testar imediatamente toda sua força
Contra a encharcada Serpente que circunda a Terra.
Assim cantou Eínarr:

Como menos com o Filho de Bestla


Prevalecem muitos príncipes
Do que com tu, minha tarefa é cantar
Teu louvor em cânticos de batalha.

Assim cantou Thorvaldr Blönduskáld:


Agora muito tomei
Em seu hidromel apreendido
Do Filho de Borr
Do Herdeiro de Búri.
Capítulo 10 – As Metáforas da Poesia
Agora você vai ouvir como os escaldos têm denominado a arte da
poesia nestas frases metafóricas que foram registradas antes: por
exemplo, chamando Sangue de Kvasir e Navio dos Anões, Hidromel
dos Anões, Hidromel dos Æsir, Resgate do Pai do Gigante, Licor de
Ódrerir e de Bodn e de Són, e Abundância deste, Licor de Hnitbjörg,
Saque e Achado e Presente de Odin, assim como foi cantado
nestes versos que Einarr Skálaglamm criou:
Peço ao grandioso Sentinela
Da Terra para ouvir o oceano
Do penhasco dos anões, meus versos:
Ouça, Earl, o Sangue de Kvasir.
E como Einarr Skálaglamm cantou ainda mais:

O Navio dos Anões corre


Acima de todo o destemido exército,
Dele que acelera furiosamente
Da perdição de espadas na muralha de escudos.
Assim como Ormr Steinthórsson cantou:
O cadáver da dama
E meu corpo sejam carregados
Para um salão; A Bebida
De Dvalinn, seja servida.

E como Refr cantou:

Eu revelo a Bebida do Pensamento


Do Povo das Pedras para Thorsteinn;
A onda do Navio dos Anões
Ressoa, eu peço aos homens que ouçam.
Assim como Egill cantou:
O príncipe requer meu saber
E um dever para servir
O Hidromel de Odin eu trago
Para a costa dos Ingleses.
E como Glúmr Geirason cantou:

Deixe o principesco ouvir:


Eu tenho o Licor do Deus-rei.
Deixe o silêncio, então, ser concedido,
Enquanto cantamos a perda de guerreiros.

E como Eyvindr cantou:


Uma audiência eu suplico
Pelo Licor do Mais Alto
Enquanto eu profiro
A reparação de Gillingr;
Enquanto sua família
Na criação da bebida
No Senhor das Forcas
Para os deuses dou rastro.

Assim como Einarr Skálaglamm cantou:

A Onda de Odin percorre;


Do Mar de Ódrerir ressoa
Contra as canções que fluem ela colide;
Sim, as obras de nosso Rei são formosas.

E, como ele cantou mais:

Agora a Onda de Bodn


Agoura adiante sendo diretamente proferida;
Deixe que o exército do Rei da Guerra se silencie
No salão, e ouça o Navio dos Anões.
E como Eilífr Gudrúnarson cantou:
Conceda vocês os presentes da amizade
Desde que cresce a Muda de Són
No campo de nossa língua fértil;
Verdadeiro louvor ao nosso Senhor.

Assim como Völu-Steinn cantou:

Egill, ouça a correnteza do coração


De Odin bater em cadência
Contra a pedra de meu paladar;
O Saque do Deus a mim é dado.

Assim cantou Ormr Steinthórsson:

Nenhum verso meu deve os homens temer,


Nenhuma zombaria eu crio
No Saque de Odin; minha habilidade é certa
Em forjar o cântico de louvor.

Assim cantou Úlfr Uggason:

Eu mostro a alegria de Áleifr


O Fiorde do Coração de Odin
Minha canção a ele eu invoco
Para ouvir o Presente de Grímnir.
A poesia é chamada de Mar, ou Líquido dos Anões, porque o
sangue de Kvasir era líquido no Ódrerir antes de o Hidromel ser
feito, e, em seguida, ele foi colocado em uma chaleira, onde então é
chamado de Licor da Chaleira, como Eyvindr cantou e como
mostramos antes:

Enquanto sua descendência


Na Cerveja da Chaleira
Do Senhor dos Enforcados
Aos deuses eu rastreio.

Além disso, a poesia é chamada de Navio ou Cerveja dos Anões:


cerveja é líd, e líd é uma palavra para navios, por isso afirma-se que
é por esta razão que a poesia é agora chamado de Navio dos
Anões, assim como este verso diz:

A sagacidade do Licor de Gunnlöd


No inchaço do vento em sua plenitude,
E o eterno Navio dos Anões
Eu possuo, para enviar pelo mesmo caminho.

Gunnlöd, por Anders Zorn (1893)[69]


Capítulo 11 – As Metáforas de Thor
Que figuras devem ser empregadas para referenciar o nome de
Thor? Deve-se chamá-lo de Filho de Odin e de Jörd, Pai de Magni e
Módi e Thrúdr, Marido de Sif, Padrasto de Ullr, Empunhador e
Possuidor do Mjölnir e do Cinturão de Força, e de Bilskirnir;
Defensor de Asgard e de Midgard, Adversário e Matador de
Gigantes e Trolls, Abatedor de Hrungnir, de Geirrödr e de Thrívaldi,
Mestre de Thjálfi e Röskva, Oponente da Serpente de Midgard. Pai
Adotivo de Vingnir e Hlóra.
Assim cantou Bragi o escaldo:
A linhagem dos Filhos de Odin
Não folgaram na amurada,
Quando a grande serpente do oceano
Desenrolou-se no fundo do mar.
Assim cantou Ölvir Hnúfa:

Aquela que circunda todas as regiões


E o Filho de Jörd procuraram um ao outro.
Assim cantou Eilífr:
Enfurecido ficou o Irmão de Röskva,
E o Pai de Magni golpeou bravamente;
Com terror o coração de pedra de Thor
Não tremeu, nem o de Thjálfi.

E assim cantou Eysteinn Valdason:

Com os olhos brilhantes o Pai de Thrúdr


Olhou para o circundante do mar,
Antes a morada dos peixes
Fluiu para o interior de seu barco.
Eysteinn cantou mais:
Rapidamente o Marido de Sif trouxe
Para apressar adiante com os gigantes
Para sua dura pesca;
Bem cantamos o que flui do chifre de Hrímnir.
E novamente ele cantou:

A Serpente da Terra puxou tão ferozmente


Que os punhos do Parente de Ullr
Bateram contra as paredes do barco;
As pranchas então se partiram.

Assim cantou Bragi:


O Aterrador do demônio
Em sua mão direita balançou seu martelo,
Quando ele viu o repugnante Peixe do Mar
Que todas as terras confina.

Assim cantou Gamli:

Enquanto o Senhor do Bilskirnir,


Cujo coração nenhuma falsidade criou,
Rapidamente se esforçou para destruir
O Peixe do Mar com seu martelo.

Assim cantou Thorbjörn Dísarskáld:

Bravamente Thor lutou por Ásgard


E os seguidores de Odin.
Assim cantou Bragi:

E o vasto demônio que tudo circunda


Em frente ao barco, feroz em espírito,
Olhou para cima raivosamente
Ao Destruidor do crânio de Hrungnir.
Thor e Hymir Pescando, por Ólafur Brynjúlfsson (1760)[70]

Novamente cantou Bragi:

Bem fizeste, ao quebrar


As noves cabeças de Thrívaldi,
Ficou com seus bodes
O Gigante Bebedor e Devorador.
Assim cantou Eilífr:

O Destruidor Impiedoso
Dos povos dos gigantes
Segurou com os braços prontos
No pesado ferro em brasa.
Assim cantou Úlfr Uggason:
Fracamente o grosseiro robusto
Um terrível perigo chamou,
Ao maravilhoso plano
Pensado pelo Senhor dos Bodes.

Assim Úlfr cantou ainda mais:


O Grande Poderoso Matador
Dos Homens das Montanhas quedou
Seu punho na têmpora de Hymir;
Mortal foi esse ferimento.
E mais uma vez cantou Úlfr:

O Lutador de Ford Vimur


Contra as ondas arrancou ferozmente
A brilhante cabeça da Serpente;
Com velhas histórias o salão brilhava.
Aqui, ele é chamado de Gigante de Ford Vimur. Há um rio
chamado Vimur, que Thor entrou quando ele viajou para as terras
de Geirrödr. Assim cantou Vetrlidi o escaldo:
Tu quebraste a perna de Leikn,
Esmagaste Starkadr,
Feriste Thrívaldi,
Pisaste sobre a já morta Gjálp.
Assim cantou Thorbjörn Dísarskáld:

Tu feriste a cabeça de Keila.


Esmagaste Kjallandi por completo,
Antes mataste Lútr e Leidi,
Derramaste o sangue de Búseyra;
Trouxeste a um fim Hengjankjapta,
E ainda antes por gosto
Da vida Svívör foi tomado.
Thor Luta Contra os Gigantes, por Mårten Eskil Winge (1872)[71]
Capítulo 12 – As Metáforas de Baldr
Como se deve nomear Baldr? Chamando-o de Filho de Odin e
Frigg, Marido de Nanna, Pai de Forseti, Possuidor de Hringhorni e
Draupnir, Adversário de Hödr, Companheiro de Hel, Deus das
Lágrimas. Úlfr Uggason, seguindo a história de Baldr, compôs uma
longa passagem no Húsdrápá e outros exemplos estão registrados
anteriormente no sentido de que Baldr é assim denominado.

A Morte de Baldr, por Carl Emil Doepler (1905)[72]


Capítulo 13 – As Metáforas de Njördr
Como se deve nomear Njördr? Chamando-o de Deus dos Vanir,
ou Parente dos Vanir, ou Van, Pai de Freyr e Freyja, o Deus da
Doação de Riquezas.
Assim disse Thórdr Sjáreksson:

Gudrun doente de si
Seus filhos matou;
A sábia Deusa Noiva
Ao lado de Van
Chorava; os homens contam
Que Odin domava os cavalos;
Não era o ditado
Hamdir poupava a luta de espadas.
Aqui está registrado que Skadi deixou Njördr, como já foi dito.
Njödr, por Amalia Schoppe (1832)[73]
Capítulo 14 – As Metáforas de Freyr
Como se deve nomear Freyr? Assim, chamando-o Filho de
Njördr, Irmão de Freyja, e também Deus dos Vanir, e Parente dos
Vanir, e Van, e Deus da Estação Fértil, e Deus dos Presentes das
Riquezas.
Assim cantou Egill Skallagrímsson:
Para Grjótbjörn
Em bens e armas
Freyr and Njördr
Bastante o abençoaram.
Freyr é chamado de Adversário de Beli, como Eyvindr
Skáldaspillir cantou:

Quando o inimigo do Earl


Desejou habitar
Nos limites externos
Do Adversário de Beli.
Ele é o possuidor do Skídbladnir e daquele javali que é chamado
Gullinbursti, conforme é dito aqui:
Os descendentes de Ívaldi
Em tempos antigos
Moldaram Skídbladnir,
O melhor dos navios,
Belo para Freyr,
Escolhido para o Filho de Njördr.

Assim falou Úlfr Uggason:

O Valente em Batalhas Freyr cavalga


Em primeiro nas cerdas douradas
De seu javali para a pira
De Baldr, e ele lidera as pessoas.
O javali é também chamado Slídrugtanni.

Freyr, por Johannes Gehrts (1901)[74]


Capítulo 15 – As Metáforas de Heimdallr
Como se deve nomear Heimdallr? Chamando-o de Filho de Nove
Mães, ou Sentinela dos Deuses, como já foi escrito, ou Deus
Branco, Oponente de Loki, Rastreador do Colar de Freyja. Uma
espada é chamada Cabeça de Heimdallr, pois é dito que ele foi
ferido pela cabeça de um homem. A história disso é contada em
Heimdalar-galdr, e desde então uma cabeça é chamada de Medida
de Heimdallr; uma espada é chamada de Medida do Homem.
Heimdallr é o Possuidor de Gulltoppr, ele também é o Frequentador
de Vágasker e Singasteinn, onde disputou com Loki pelo Colar
Brísingamen, ele também é chamado de Víndler. Úlfr Uggason
compôs uma longa passagem no Húsdrápa sobre essa lenda, e lá
está escrito que eles estavam em forma de selos. Heimdallr também
é filho de Odin.
Heimdallr e Suas Nove Mães, por Karl Ehrenberg (1882)[75]
Capítulo 16 – As Metáforas de Týr
Como se deve nomear Týr? Chamando-o de Deus de Uma Mão,
e Criador do Lobo, Deus das Batalhas, Filho de Odin.

Týr, por Carl Frederick von Saltza (1893)[76]


Capítulo 17 – As Metáforas de Bragi
Como se deve nomear Bragi? Chamando-o de Marido de Idunn,
Primeiro Criador de Poesia, e o Deus de Longa Barba; depois de
seu nome, um homem que tem uma grande barba é chamado de
Barba-Bragi; e Filho de Odin.

Bragi, por Carl Emil Doepler (1882)[77]


Capítulo 18 – As Metáforas de Vídarr
Como se deve nomear Vídarr? Ele pode ser chamado de Deus
Silencioso, Possuidor do Sapato de Ferro, Oponente e Assassino do
Lobo Fenrir, Vingador dos Deuses, Habitante Divino das Moradas
dos Pais, Filho de Odin e Irmão dos Æsir.

Vídarr Mata Fenrir, por William Gersham Collingwood (1908)[78]


Capítulo 19 – As Metáforas de Váli
Como deve Vali ser nomeado? Assim, chamando-o de Filho de
Odin e Rindr, Enteado de Frigg, Irmão dos Æsir, Vingador de Baldr,
Oponente e Assassino de Hödr, Habitante das Moradas dos Pais.
Capítulo 20 – As Metáforas de Hödr
Como se deve nomear Hödr? Assim, chamando-o de o Deus
Cego, Assassino de Baldr, Atirador do Visco, Filho de Odin,
Companheiro de Hel, Oponente de Váli.

As Flechas Não Atingem Baldr, por Elmer Boyd Smith (1902)[79]


Capítulo 21 – As Metáforas de Ullr
Como deve Ullr ser nomeado? Chamando-o de Filho de Sif,
Enteado de Thor, Deus dos Sapatos de Neve, Deus do Arco, Deus
da Caça, Deus dos Escudos.

Ullr, por Friedrich Wilhelm Heine (1882)[80]


Capítulo 22 – As Metáforas de Hœnir
Como deve Hœnir ser nomeado? Chamando-o de Companheiro
de Banco ou Companheiro ou Amigo de Odin, o Deus Veloz, o de
Longas Pernas, e Rei da Argila.
Capítulo 23 – As Metáforas de Loki
Como se deve nomear Loki? Assim, chamando-o de Filho de
Fárbauti e Laufey, ou de Nil, Irmão de Býleistr e de Helblindi, Pai do
Vasto Monstro de Ván, isto é, o Lobo Fenrir, e do Vasto Monstro, ou
seja, a Serpente de Midgard, e de Hel, e Nari, e Áli; Parente e Tio,
Companheiro Maléfico e Companheiro de Banco de Odin e dos
Æsir, Visitante e Interceptador do Baú de Geirrödr, Ladrão dos
Gigantes, da Cabra, de Brísingamen e das Maçãs de Idunn, Parente
de Sleipnir, Marido de Sigyn, Inimigo dos Deuses, Destruidor do
cabelo de Sif, Forjador do Mal, o Deus Astuto, Caluniador e
Trapaceiro dos Deuses, Manipulador da Morte de Baldr, o Deus
Acorrentado, Oponente em Combate de Heimdallr e de Skadi.
Assim como Úlfr Uggason cantou aqui:
O famoso Defensor do Arco-Íris,
Pronto em sabedoria, combate
Em Singasteinn com Loki,
Filho astuto do pecado de Fárbauti;
O filho de oito mais uma mães,
Poderoso em ira, possui
A pedra de onde Loki veio;
Eu faço conhecidas canções de louvor.
Aqui está escrito que Heimdallr é o filho de nove mães.
Loki se Liberta das Correntes, por Ernst Hermann Walther (1897)
[81]
Capítulo 24 – Sobre o Gigante Hrungnir
Agora será dado um relato da fonte dessas metáforas que
foram até agora registradas, e as quais não foram contadas antes;
assim como Bragi disse a Ægir, contando como Thor tinha ido para
o leste para matar trolls, e Odin montou em Sleipnir e cavalgou até
Jötunheim e visitou aquele gigante que era chamado de Hrungnir.
Hrungnir perguntou que tipo de homem ele com o elmo de ouro
poderia ser, que andava pelo ar e água, e disse que o estranho tinha
um cavalo maravilhoso. Odin disse que ele seria capaz de apostar
sua cabeça de que não havia cavalo em Jötunheim que provaria ser
igualmente bom. Hrungnir respondeu que era um bom cavalo, mas
declarou que ele tinha um cavalo que podia dar passos mais longos
que era chamado Gullfaxi. Hrungnir tinha ficado irritado, e saltou
para cima de seu cavalo e galopou atrás de Odin, pensando em
pagar-lhe por sua vanglória. Odin galopou tão furiosamente que ele
estava no topo da próxima colina primeiro, mas Hrungnir estava tão
cheio de frenesi que ele não teve cuidado até que ele tinha entrado
para além dos portões de Asgard.
Quando ele chegou à porta do salão, os Æsir convidaram-no para
beber. Ele entrou e ordenou que uma bebida fosse trazida a ele, e
em seguida, os jarros foram trazidos daqueles que Thor estava
acostumado a beber, e Hrungnir esvaziou todos eles. Mas quando
ele ficou bêbado, então grandes palavras saíram sem querer: ele se
gabou de que ele iria levantar Valhalla e levá-la para Jötunheim e
afundaria Asgard e mataria todos os deuses, salvo que ele tomaria
Freyja e Sif para casa com ele. Sozinha, Freyja ousou servir para
ele, e ele prometeu que ele iria beber toda a cerveja dos Æsir.
Mas quando sua insolência arrogante tornou-se cansativa para os
Æsir, eles invocaram o nome de Thor. Imediatamente Thor entrou
no salão, brandindo seu martelo, e ele estava muito irado, e
perguntou quem tinha deixado que este cão de gigante fosse
permitido beber lá, ou quem havia concedido Hrungnir salvo-
conduto para estar em Valhalla, ou por que deveria Freyja servir a
ele como em uma festa dos Æsir.
Então Hrungnir respondeu, olhando para Thor sem olhos
amigáveis, e disse que Odin o havia convidado para beber, e ele
estava sob o seu salvo-conduto. Thor declarou que Hrungnir devia
arrepender-se desse convite antes que ele fosse embora.
Hrungnir respondeu que Áss-Thor teria pouco renome em matá-
lo, sem armas como ele estava; seria uma maior prova de sua
coragem se ele ousasse lutar com Hrungnir na fronteira de
Grjótúnagard. “E foi uma grande loucura”, disse ele, “quando deixei
o meu escudo e pedra de amolar em casa; se eu tivesse minhas
armas aqui, então deveríamos tentar um combate um a um. Mas,
como estão as coisas, eu o declaro um covarde se me matar, um
homem desarmado.”
Thor de nenhuma maneira recusaria a lutar um duelo quando
fosse desafiado, uma honra que nunca tinha sido dada antes. Então
Hrungnir seguiu o seu caminho, e galopou furiosamente até que ele
chegou a Jötunheim. A notícia de sua viagem tinha se espalhado
entre os gigantes, e se tornou propalada de que um encontro foi
marcado entre ele e Thor. Eles consideravam muito importante
quem deveria obter a vitória, e temiam o pior de Thor se Hrungnir
fosse derrotado, pois ele era o mais forte entre eles.
Em seguida, os gigantes fizeram um homem de barro em
Grjótúnagard; ele tinha nove milhas de altura e três de largura sob
os braços, mas sendo incapazes de encontrar um coração grande o
suficiente para ser adequado para ele, eles pegaram o coração de
uma égua, mas até ele se agitou e tremeu quando Thor veio.
Hrungnir tinha, como é conhecido, um coração de pedra, afiado e
de três lados, exatamente como a runa desde então tem sido
formada que se chama Coração de Hrungnir. Sua cabeça também
era de pedra; seu escudo também era de pedra, grande e grosso, e
ele tinha o escudo diante dele quando ele estava em Grjótúnagard e
esperava por Thor. Além disso, ele tinha uma pedra de afiar como
arma, e brandiu-a sobre seus ombros, e isso não era uma visão
bonita. De um lado dele estava o gigante de barro, que foi chamado
Mökkurkálfi; ele estava com muito medo, e dizem que ele se molhou
quando viu Thor.
Thor foi para o ponto de encontro, e Thjálfi estava com ele. Então
Thjálfi correu para o local onde Hrungnir estava e disse-lhe: “Você
está mal protegido, gigante, você segura o escudo antes de você,
mas Thor te viu, ele foi para embaixo da terra e irá atacá-lo por
baixo.”
Então Hrungnir enfiou o escudo debaixo de seus pés e ficou de
pé sobre ele, mas a pedra de afiar ele agarrou com as duas mãos. A
próxima coisa que ele viu foram relâmpagos, e ele ouviu altos
estrondos de trovão, e então ele viu Thor em sua ira divina
avançando com velocidade impetuosa, balançando o martelo e
arremessando-o de longe em Hrungnir. O gigante agarrou a pedra
de afiar com as duas mãos e atirou-a contra o martelo. Eles se
chocaram no ar, e a pedra de afiar se quebrou.
Uma parte caiu por terra, e dela vieram as montanhas de pedra, a
outra parte acertou a cabeça de Thor com tanta força que ele caiu
para frente no chão. Mas o martelo Mjölnir acertou Hrungnir direto
na cabeça, e esmagou-lhe o crânio em pedaços pequenos. Ele
próprio caiu para frente sobre Thor, de forma que seu pé ficou em
cima do pescoço de Thor. Enquanto isso Thjálfi atacou Mökkurkálfi e
ele caiu com pouca honra.
Então Thjálfi foi até Thor e teria levantado o pé de Hrungnir dele,
mas não conseguiu encontrar força suficiente. Logo todos os Æsir
vieram quando souberam que Thor estava caído, todos vieram para
tirar o pé do gigante, mas nenhum deles foi capaz de movê-lo.
Então Magni veio, filho de Thor e Járnsaxa: ele tinha então três
noites de idade, ele levantou o pé de Hrungnir de cima de Thor e
falou: “Foi um grande infortúnio, pai, que eu tenha vindo tão tarde;
eu teria matado este gigante com meu punho, se eu o tivesse
encontrado.”
Thor se levantou e saudou seu filho, dizendo que ele certamente
tornar-se-ia grande, “E eu te darei”, disse ele, “o cavalo Gullfaxi, que
Hrungnir possuía.”
Então Odin falou e disse que Thor fez errado ao dar o bom cavalo
para o filho de uma gigante, e não a seu pai.
Thor Duela Hrungnir, por Ludwig Pietsch (1865)[82]
Capítulo 25 – Sobre a Sábia Gróa
Thor foi para casa em Thrúdvangar, e a pedra de afiar
permaneceu presa em sua cabeça. Então veio a sábia que se
chamava Gróa, esposa de Aurvandill o Valente: ela cantou seus
feitiços sobre Thor até a pedra de afiar se afrouxar. Mas quando
Thor percebeu isso, e pensou que havia esperança de que a pedra
poderia ser removida, ele desejou recompensar Gróa por sua cura e
fazê-la feliz, e disse-lhe como ele tinha nadado do norte sobre o rio
Élivága e tinha carregado Aurvandill em uma cesta em suas costas
do norte de Jötunheim. E como prova disso, ele disse a ela como
um dos dedos do pé de Aurvandill tinha ficado preso para fora do
cesto e se congelou; portanto Thor quebrou-o e lançou-o ao céu, e
fez dele a estrela chamada Dedão de Aurvandill. Thor disse que não
demoraria muito até Aurvandill voltar para casa, mas Gróa estava
tão alegre que ela esqueceu seus encantamentos, e assim a pedra
de afiar não ficou mais solta do que estava, e ela ainda está na
cabeça de Thor. Por isso é proibido lançar uma pedra de afiar pelo
chão, pois assim a pedra se agita na cabeça de Thor. Thjódólfr de
Hvin fez uma canção sobre esta história em Haustlöng:
Na alta e pintada superfície
Do escudo oco, ainda longe
Pode-se ver como o Terror dos Gigantes
Procurava a casa de Grjótún;
O raivoso filho de Jörd se dirigiu
Ao jogo de ferros; abaixo dele
Trovejava o caminho de Lua, fúria crescia
No coração do Irmão de Meili.
Os Céus estavam em chamas
Perante o Padrasto de Ullr,
Com granizo a Terra sacudiu;
A Esposa de Odin se despedaçou
Quando os bodes
Levaram a sublime carruagem
E seu divino mestre
Ao encontro com Hrungnir.
O Irmão de Baldr não tremeu
Perante o ganancioso inimigo dos homens;
Montanhas tremeram e rochas se partiram;
Os Céus estavam envoltos em chamas;
Muito o gigante
Assustou-se, eu soube,
Quando o causador de sua perdição ele viu
Pronto para matá-lo.

Rapidamente o acinzentado escudo voou


Sob os pés do gigante;
Então os deuses desejaram
E também desejaram as Valquírias;
Hrugnir o gigante,
Ansioso por um massacre,
Não precisou esperar muito por um ataque
Do bravo Amigo do Martelo.

Ele que desproveu de fôlego


Os maléficos mercenários de Beli,
Foi abatido pelo circular escudo,
O inimigo da montanha que ruge;
O monstro do campo do vale,
Perante o poderoso martelo,
Afundou, quando o destruidor de montanhas
Derrubou o hediondo covarde.

Então a resistente pedra de afiar


Arremessada pelo Amante da Ogra
Adentrou-se no crânio
Do Filho da Terra, tanto que o amolador
De aços, presa sem se afrouxar
No crânio do filho de Odin
Ficou lá borrifado
Com o sangue de Einridi.

Até que a Esposa de Aurvandill


Com maravilhosas canções encantou
E da cabeça de Thor
Afrouxou a pedra de afiar
Do amargo gigante;
Tudo o que sei
Sobre essa jornada
É um escudo adornado
Com tons dos mais esplêndidos
Que recebi de Thórlelfr.
Capítulo 26 – A Viagem de Thor à Morada de Geirrödr
Então disse Ægir: “Parece-me que Hrungnir tinha grande poder.
Thor realizou outros grandes feitos durante sua relação com trolls?”
E Bragi respondeu: “Vale a pena dar um relato completo de como
Thor fez uma viagem a morada de Geirrödr. Nesse momento, ele
não estava com o martelo Mjölnir com ele, nem o seu Cinturão de
Força, nem as Luvas de Ferro; e isso era culpa de Loki, que foi com
ele. Pois aconteceu que Loki, quando voou uma certa vez para se
divertir com o disfarce de falcão de Frigg, ele, por curiosidade, voou
para a corte de Geirrödr, onde viu um grande salão. Ele se sentou e
olhou pela janela, mas Geirrödr descobriu-o, e ordenou que o
pássaro fosse capturado e levado a ele. O servo teve duro trabalho
para subir a parede do salão, tão alta era. Loki se divertia ao ver que
o servo tinha tanta dificuldade para chegar a ele, e ele achava que
ainda não era hora de voar até que o homem tivesse realizado a
perigosa escalada. Quando este último chegou até ele, então Loki
estendeu suas asas para voar, e lançou-se com veemência, mas
agora seus pés já estavam presos.
Então Loki foi levado e trazido perante Geirrödr o gigante, mas
quando Geirrödr viu seus olhos, suspeitou de que este poderia ser
um homem, e ordenou-lhe responder, mas Loki ficou em silêncio.
Então Geirrödr trancou Loki em um baú e deixou-o passar fome por
três meses. E então, quando Geirrödr o tirou e mandou-o falar, Loki
disse quem ele era, e para salvar sua vida, jurou a Geirrödr que ele
faria Thor vir a sua morada, de tal forma que ele deveria ter nem o
martelo nem o Cinturão de Força com ele.
Loki Voa para Jötunheim, por William Gersham Collingwood
(1908)[83]

Thor veio para passar a noite com uma gigante, que se chamava
Grídr, mãe de Vídarr o Silencioso. Ela disse a Thor a verdade sobre
Geirrödr, que ele era um gigante astuto e doentio de se lidar, e ela
emprestou-lhe o Cinturão de Força e luvas de ferro que possuía, e
também seu cajado, que era chamado Grídarvölr. Em seguida, Thor
foi ao rio chamado Vimur, o maior de todos os rios. Lá ele cingiu-se
com o Cinturão de Força e apoiou-se firmemente a jusante com o
Grídarvölr, e Loki se segurava atrás pelo cinturão. Quando Thor
chegou ao meio do rio, o rio subiu tanto que a água quebrava em
seus ombros. Então Thor cantou:

Cresça não agora, Vimur,


Pois eu pretendo atravessá-lo
Para chegar ao reino do gigante.
Saiba você, se crescer,
Então crescerá a minha força de deus
Tão alta quanto os Céus.

Então Thor viu Gjálp, filha de Geirrödr, de pé em ambos os lados


do rio, causando sua subida.
Então Thor pegou uma grande pedra para fora do rio e lançou-a
nela, dizendo estas palavras:
‘Na sua fonte deve o rio ser contido.’
E ele não errou aquela em quem ele jogou a pedra. Naquele
momento ele chegou à margem e segurou em um arbusto, e assim
saiu do rio, e daí vem o ditado de que um arbusto salvou Thor.
Agora, quando Thor chegou perante Geirrödr, ele e seu
companheiro foram apresentados ao quarto de hóspedes, onde
alojamentos foram dados a eles, e havia somente uma cadeira lá
para se sentar, e Thor sentou-se nela. Então ele tornou-se ciente de
que a cadeira se moveu debaixo dele em direção ao teto; ele enfiou
Grídarvölr contra as vigas e empurrou para trás com força contra a
cadeira. Então houve um grande estrondo e gritos se seguiram. Sob
a cadeira estavam as filhas de Geirrödr, Gjálp e Greip, e ele havia
quebrado as costas de ambas. Então disse Thor:

“Uma vez eu empreguei


Meu poder de deus
No reino dos gigantes.
Quando Gjálp e Greip,
Filhas de Geirrödr,
Tentaram me levantar aos Céus.”

Então Geirrödr chamou Thor ao salão para umas partidas de


jogos. Havia grandes fogueiras em toda a extensão do salão.
Quando Thor surgiu defronte Geirrödr, então este pegou uma barra
brilhante de ferro com as pinças e lançou-a para Thor. Thor a pegou
com suas luvas de ferro e levantou a barra no ar, mas Geirrödr
pulou para trás de uma coluna de ferro para se salvar. Thor levantou
a barra e jogou-a, e ela atravessou a coluna e atravessou Geirrödr e
atravessou a parede, e assim em diante, até o interior da terra.
Eilífr Gudrúnarson criou versos sobre esta história, em
Thórsdrápa:

O Pai da Serpente que Circunda exortou


Thor, o vencedor de gigantes,
A sair de sua casa;
Um grande mentiroso era Loki;
Não tão confiante,
O companheiro do Deus da Guerra
Declarou que caminhos verdes se seguiam
Até o reino de Geirrödr.
Thor não deixou por muito tempo Loki
Convidá-lo para a árdua jornada.
Os gigantes estavam ansiosos por esmagar
Os descendentes de Thor;
Quando ele, que sempre balança o Cinturão de Força,
Saiu então da casa de Odin
Ele foi visitar os filhos de Ymir em Gandvik.
A gigante Gjálp,
Filha guerreira de Geirrödr,
Prontificou-se a conjurar magias antes
Do Deus da Guerra e Loki.
Uma canção eu recito;
Esses deuses nocivos aos gigantes
Plantaram seus pés
Na terra de Endil.
E os homens acostumados com as batalhas
Foram em frente;
A mensagem da morte
Chegou às mulheres do devorador da lua
Quando o astuto e colérico
Conquistador de Loki
Desafiou para uma competição
A gigante.

E aquele que traz desgraça aos gigantes


Atravessou a correnteza que rugia,
Até suas margens encharcadas de neve;
Aquele que coloca gigantes em fuga
Rapidamente avançou
Ao longo do largo caminho aguado,
Onde o barulhento fluxo
Espumava com veneno.

Thor e seus companheiros


Colocaram diante de si o cajado;
Ali ele descansou
Enquanto sobre eles passava;
Nenhum sono tiveram as pedras,
O sonoro cajado atingiu a rápida onda
E fez um anel no leito do rio,
A cachoeira da montanha se encheu de pedras.
O usuário do cinturão
Contemplou a lavagem da inundação
Cair sobre seus rígidos ombros;
Nenhuma ajuda havia para salvá-lo;
O destruidor de crianças gigantes
Fez forças crescerem em seu interior
Até os tetos dos Céus,
Até que o dilúvio diminuísse.
Mas os guerreiros dos Æsir,
Os protetores juramentados de Asgard,
Os experientes vikings,
Seguiram rápido e a correnteza se acelerou;
Jorrados pela poderosa tempestade,
Arrastados pela fúria monstruosa
Do terrível opressor
Da tribo das cavernas nascida na Terra.
Thjálfi e seu companheiro,
Com suas cabeças acima da água,
Ultrapassaram o rio,
Agarrando-se ao cinturão e Thor;
Suas forças foram testadas,
As filhas de Geirrödr dificultaram a correnteza
Para o cajado de ferro;
A raiva alimentava Thor com o Grídarvölr.
Suas coragens não falharam
Estes inimigos dos gigantes
No fervente vórtice;
Um espírito feroz e ousado
Ardeu no peito do destemido deus,
Nem o coração de Thor ou Thjálfi
De medo tremeram.
E os companheiros de guerra,
Sem suas armas,
Entre os gigantes começaram a devastação,
Até que, ó mulher!
Os destruidores de gigantes
E os conflitos dos elmos
Com a raça guerreira
Teve início.

O hostis gigantes do cabo marítimo


Fugiram perante o Opressor
Os adversários da gélida Suécia
Partiram em disparada;
Os gigantes de Geirrödr
Tiveram que sucumbir
Quando os parentes do Portador de Raios
De perto os perseguiu.
A Viagem de Thor à Morada de Geirrödr, por Lorenz Frølich
(1906)[84]
Quando os chefes, com objetivos valorosos
Marcharam na morada do gigante,
Um poderoso estrondo ressoou
Na parede circular da caverna, o assassino
Do povo das montanhas
Ficou em apuros com a cadeira da esposa do gigante;
Havia uma sombria perturbação da paz.

Com violenta força


Foram pressionados os vastos olhos
De Gjálp e Greip
Conto o alto teto.
O condutor da carruagem de fogo
As velhas costas quebrou
De ambas as damas
Das cavernas.

O filho da Terra se tornou familiar


De um conhecimento estranho; os homens
Da terra de pedra não foram capazes
De se desfrutar da alegria da cerveja;
O terrível guerreiro do arco
Amigo de Sudri,
Uma barra de ferro, da forja aquecida,
Jogou nas mãos do Ladrão de Tristezas de Odin.

Mas o Apressador de Batalhas,


O velho Amigo de Freyja,
Com rápidas mãos capturou
Em pleno ar a barra
Assim que saiu das mãos
Do pai de Greip;
Seu peito com ódio inchou
Contra o pai de Thrúdr.

O salão de Geirrödr tremeu


Quando ele atingiu,
Com sua larga cabeça,
Contra a velha viga da caverna;
O esplêndido padrasto de Ullr
Balançou a barra de ferro
Diretamente contra a cabeça
Do tratante gigante.

O Deus do Martelo Sangrento


Com toda sua força matou
Os habitantes de Alfheim;
Com esse pequeno galho,
E sem escudo
Foi capaz de resistir
Ao diminuidor de tempos de vida,
O rei da montanha.

Aquele que é adorado por multidões


Uma esplêndida vitória conseguiu
Sobre os descendentes de Glaumr,
Nas profundezas das cavernas;
O cajado Grídarvölr
Que causou tanto desastre
Entre os companheiros de Geirrödr,
Não foi usado contra o próprio gigante.”
Capítulo 27 – As Metáforas de Frigg
Como se deve nomear Frigg? Chame-a de Filha de Fjörgynn,
Esposa de Odin, Mãe de Baldr, Co-Esposa de Jörd e Rindr e
Gunnlöd e Grídr, Sogra de Nanna, Senhora dos Æsir e Ásynjur,
Senhora de Fulla e da Plumagem de Falcão e de Fensalir.

Frigg Tecendo as Nuvens, por John Charles Dollman (1909)[85]


Capítulo 28 – As Metáforas de Freyja
Como se deve nomear Freyja? Assim, chamando-a de Filha de
Njördr, Irmã de Freyr, Esposa de Ódr, Mãe de Hnoss, Possuidora
dos Feridos, de Sessrúmnir, dos gatos e do Brísingamen; Deusa dos
Vanir, Senhora dos Vanir, a Bela Deusa em Lágrimas, Deusa do
Amor. Todas as deusas podem ser referenciadas assim: chamando-
as pelo nome de outra, e nomeando-as em termos de suas posses
ou suas obras ou seus parentes.

Freyja e seu Colar, por James Doyle Pennrose (1890)[86]


Capítulo 29 – As Metáforas de Sif
Como deve Sif ser nomeada? Chamando-a Esposa de Thor, Mãe
de Ullr, Deusa dos Belos Cabelos, Co-Esposa de Járnsaxa, Mãe de
Thrúdr.

Sif, por John Charles Dollman (1909)[87]


Capítulo 30 – As Metáforas de Idunn
Como deve Idunn ser nomeada? Assim, chamando-a de Esposa
de Bragi e Guardiã das Maçãs, e as maçãs devem ser chamadas
Elixir da Idade dos Æsir. Idunn também é chamada de Saque do
Gigante Thjazi de acordo com a história que foi contada antes de
como ele a levou para longe dos Æsir.
Thjódólfr de Hvin compôs versos inspirado na história no
Haustlöng:
Como deve a língua
Pagar uma ampla recompensa
Pelo sonoro escudo
Que eu recebi de Thórleifr,
Maior entre os soldados?
No esplendorosamente feito escudo
Eu vejo a insegura jornada
De três deuses e Thjazi.
O Ladrão da Senhora voou há tempos atrás
Aos Æsir para conhecer,
Na velha plumagem de águia do gigante;
A águia se empoleirou
Onde os deuses deixam
Sua comida para ser cozinhada,
A gigante da montanha
Não estava acostumada a ser tímida.

Suspeito de malícias
Estava o gigante perante os deuses;
Quem causa isso?
Disse o Chefe dos Æsir;
A sábia e eloquente águia
Da velha árvore começou a falar;
O Amigo de Hœnir
Não foi amigável com ela.
O lobo da montanha
Ordenou por sua refeição
Da mesa sagrada;
Hœnir foi o escolhido para soprar o fogo;
O gigante, ansioso para matar,
Afundou-se
Onde os deuses desavisados,
Odin, Loki e Hœnir estavam sentados.
O justo Senhor da Terra
Ordenou ao Filho de Farbauti
A rapidamente partilhar
O boi com o gigante;
Mas o astuto inimigo dos Æsir
Em seguida apanhou
As quatro partes do boi
Sobre a ampla mesa.

E o faminto Senhor dos Gigantes


Selvagemente comeu a besta
Dos galhos que abrigam o carvalho;
Isso foi em tempos antigos;
Até que o astuto Loki,
Acertou o mais terrível inimigo da terra
Entre seus ombros com uma vara.

Então o Fardo dos Braços de Sigyn,


A quem os deuses viram,
Ficou imediatamente preso
Ao Pai de Skadi;
A vara rapidamente se prendeu
No forte morador de Jötunheim,
Mas as mãos do Amigo de Hœnir
Prenderam-se na outra ponta.

A voraz ave de sangue


Voou então com o sábio deus
Para tão longe que o Pai do Lobo
Estava para ser partido em dois;
O Amigo de Thor ficou exausto,
Tão pesado estava Loki,
Que ele foi forçado a pedir
Ao gigante por misericórdia.

Loki e Thjazi, por Lorenz Frølich (1906)[88]

O parente de Hymir exigiu


Que o astuto deus, enlouquecido de dor,
Levasse a ele
A dama que melhora tristezas,
Aquela que cuidava da cura da velhice dos Æsir;
O Ladrão do Brísingamen
Mais tarde trouxe Idunn
Às terras do gigante.

Os gigantes não ficaram tristes


Após isso ocorrer,
Desde que do sul
Idunn foi até eles;
Todos os parentes de Ingvi-Freyr,
Em sua assembleia
Ficaram velhos e grisalhos,
E feios todos os deuses estavam.

Até que os deuses encontraram o cão,


O engodo de Idunn,
E amarraram o enganador da dama,
“Você irá, astuto Loki,”
Disse Thor, “morrer;
A menos que traga de volta,
Com seus truques, a
Boa dama alegradora de ânimos.”

Isso ouvi eu que, então,


O amigo de Hœnir voou
No disfarce de um falcão,
Um truque que ele sempre enganava os Æsir;
E o vil senhor dos gigantes,
O pai de Morn,
Com as asas de uma água
Perseguiu rapidamente o falcão.
Logo lascas começaram a queimar,
Pois os deuses criaram uma fogueira,
E o gigante foi queimado;
Há um breve desvio em sua jornada.
Isso é dito em memória
No pedestal do anão;
Um escudo adornado com linhas esplêndidas
De Thórleifr eu recebi.
Esta é a maneira correta de se nomear os Æsir: chamando cada
um deles com o nome de outro, e designá-lo em termos de suas
obras ou de seus pertences ou de seus parentes.
Idunn e Suas Maçãs, por James Doyle Pennrose (1900)[89]
Capítulo 31 – As Metáforas do Céu
Como deve ser o céu nomeado? Assim: chamando-o de Crânio
de Ymir, e, portanto, Crânio do Gigante; Tarefa ou Fardo dos Anões,
ou Elmo de Vestri e Austri, Sudri ou Nordri; Terra do Sol, da Lua e
das Estrelas do Céu, dos Wains e dos ventos; Elmo, ou Lar do Ar e
da Terra e do Sol. Assim cantou o escaldo de Earl Arnórr:
Nunca um jovem governante tão generoso
Irá pisar novamente em um navio;
O esplendor do príncipe era amplo;
Sob o velho Crânio de Ymir.
E ele cantou novamente:
O brilhante sol ficará negro,
A terra afundará no escuro mar,
O Fardo de Austri se partirá,
Todo o mar despencará nos penhascos.
Assim cantou Bödvarr Balti:
Pois nunca sob a Planície do Sol
Virá um nobre governante,
Mais aguçado nas investidas das batalhas,
Nem será melhor que o Irmão de Ingi.

E como Thjódólfr de Hvin cantou:

O Filho de Jörd se dirigiu à batalha,


E o Caminho da Lua
Trovejou sobre ele;
O ódio do Irmão de Meili cresceu.
Assim como cantou Ormr Barreyjarskáld:

Por mais poderoso, deusa do laço da Draupnir,


Eu saiba que o rei é,
Por direito ele governa,
O governante do Caminho das Constelações me dará as boas
vindas.
Assim como o escaldo Bragi cantou:

Aquele quem jogou os olhos mortos


De Thjazi, Pai de Skadi,
Na larga Bacia dos Ventos,
Acima da morada das multidões de homens.

E como Markús cantou:


Está além das expectativas que um mais nobre
Defensor dos navegantes nasça sobre
A terra cercada por mares e recipiente das tempestades;
Todo homem louva a elevada vida do generoso governante.

Até mesmo como Steinn Herdísarson cantou:

Eu saúdo ao santo governante


Da Alta Tenda do Mundo
Com esta poesia; Louvor é trazido;
Pois diferente dos homens, ele é mais digno.

E como Arnórr Jarlaskáld cantou:

Salve, ó, Deus da Base dos Dias,


O caro Hermundr.

E como Arnórr também cantou:

Verdadeiro rei das Tendas do Sol,


Salve o bravo Rögnvaldr.

E como Hallvardr cantou:

Knútr protege a terra, assim como o Senhor


De Todos defende o esplêndido Salão das Montanhas
Como Arnórr cantou:

Míkáll, sábio de compreensão,


Pesa os maus feitios e as coisas boas;
Então o Monarca do Elmo do Sol
Em seu trono de julgamento divide os mortais.
Capítulo 32 – As Metáforas da Terra
Como se deve nomear a Terra? Assim: chamando-a de Carne de
Ymir, e Mãe de Thor, Filha de Ónarr, Noiva de Odin, Co-esposa de
Frigg e Rindr e Gunnlöd, Sogra de Sif, Chão e Fundo do Salão das
Tempestades, Mar das Bestas, Filha da Noite, Irmã de Audr e do
Dia. Assim como Eyvindr Skáldaspillir cantou:
Agora o ouro radiante está escondido
No corpo da Mãe
Do Inimigo do Gigante;
Valentes são as empreitadas de um povo poderoso.
Como cantou Hallfredr, o problemático escaldo:
No concílio foi determinado
Que o Confidente do Rei, sábio em conselhos,
Deveria casar com a Terra, filha única
De Ónarr, verdemente arborizada.
E ele disse mais:
O guia dos navios
Conseguiu trazer para si
A Noiva de Amplo Rosto de Odin
Pela política das armas.

Até mesmo como Thjódólfr cantou:

O governante de senhores,
Amarra os navios dos homens
Na Beira do Mar dos Alces,
Pelo casco remado na baía do puro oceano.
Como Hallfredr cantou:

Então acredito que o famoso distribuidor;


A terra estando sob o generoso governante;
Muito relutante em deixar
A esplêndida Irmã de Audr sozinha.
Assim cantou Thjódólfr:

Ao longe, o preguiçoso lanceiro


Ficou, quando o Incitador de Espadas
Em tempos primórdios tomou para si
A imatura Co-Esposa de Rindr.
Capítulo 33 – As Metáforas do Mar
Como se deve nomear o mar? Assim: chamando-o de Sangue de
Ymir; Visitante dos Deuses; Marido de Rán; Pai das Filhas de Ægir,
elas são chamadas Himinglæva, Dúfa, Blódughadda, Hefring, Udr,
Hrönn, Bylgja, Bára, Kolga; Terra de Rán e das Filhas de Ægir, de
Navios e de nomes dos navios, de Quilha, de Roda de Proa, de
Pranchas e Costuras, de Peixes, de Gelo; Caminho e Estrada dos
Reis do Mar; também Rodeadora de Ilhas; Casa das Areias e de
Algas e de Recifes; Terra das Artes da Pesca, de Aves Marítimas, e
de Ventos de Velejar. Assim como Ormr Barreyjarskáld cantou:
Na praia de cascalho de bons navios,
Ruge o Sangue de Ymir.
Como Refr cantou:

O ligeiro navio suporta,


Sobre a água turva do oeste,
Seus cascos pressionados por ondas;
A terra que espero além da proa; além das águas rasas.
Assim como Steinn cantou:
Quando fortes rajadas das brancas cordilheiras
Teceram ferozmente sobre as ondas,
As felizes por tempestades Filhas de Ægir,
Foram criadas na geada.

E como Refr cantou:

A gélida mulher de Gymir


Frequentemente traz o navio de cabos trançados
Direto para as mandíbulas de Ægir,
Onde as ondas se quebram.
Fica implícito aqui que Ægir e Hlér e Gymir são todos o mesmo. E
ele cantou mais:
E o Sleipnir dos navios de crista,
Arrasta o peito levado pela tempestade,
Coberto por tinta vermelha,
Pela crista da boca de Rán.

O Espírito das Águas e as Filhas de Aegir, por Nils Blommér


(1850)[90]

Como Einarr Skúlason cantou:

Uma forte tempestade de vento levou


Com força, o navio para longe da terra;
O Corcel da Terra de Cisnes vê a Islândia
Afundar além do horizonte.

E como ele cantou mais:

Muito uma firme forqueta carrega,


E a ruidosa Costa de Peixes,
Supera a terra;
As mãos dos homens se agarram à estadia.

E ele cantou ainda mais:

O cinzento Grilhão da Ilha empurra


O navio de Heiti para frente;
Ornamentos dourados a haste carrega,
Gloriosa é a expedição para o príncipe.
E ele cantou novamente:

O frio de outono da Borda da Ilha


Impele o navio congelado.

E isto também:
O Bravio Cinturão das terras frias
Abre-se perante as proas.

Como Snæbjorn cantou:

Dizem que as nove noivas dos recifes


Movem rapidamente o mar revolto
Da ilha de Grótti
Além dos últimos arredores da terra,
Aqueles que há muito anseiam as terras
De Amlódí, o Doador,
O generoso governante corta com a proa
A Morada das Ondas.

Aqui o mar é chamado de Moinho de Amlódi. Como Einarr


Skúlason cantou:
Os resistentes pregos se enfraquecem
Perante a rápida correnteza, onde
A Planície que se Move de Rakni embranquece;
O inimigo das velas empurra os recifes contra as calmarias.
Nórdicos Chegando à Islândia, por Oscar Wergeland (1909)[91]
Capítulo 34 – As Metáforas de Sól
Como se deve nomear Sól? Chamando-a de Filha de Mundilfari,
Irmã de Lua, Esposa de Glenr, Fogo do Céu e do Ar. Assim como
Skúli Thorsteinsson cantou:

O alegre deus e companheiro de cama de Glenr


Adentrou no santuário da Deusa
Com brilhos; em seguida a Boa Luz veio
Abaixo do vestido cinzento de Máni.
Assim cantou Einarr Skúlason:

Onde quer que a Chama que nada


No salão do mundo,
Paira sobre nosso precioso amigo,
Que odeia e doa o ouro do mar.

A Carruagem de Sól, por William Gersham Collingwood (1908)[92]


Capítulo 35 – As Metáforas do Vento
Como deve ser o vento nomeado? Assim: chamando-o de Filho
de Fornjótr, Irmão de Ægir e do Fogo, Destruidor ou Ruína ou Cão
ou Lobo das Florestas ou das Velas ou dos Equipamentos. Assim
falou Sveinn no Nordrsetudrápu:

Primeiro começou a voar,


Os feios filhos de Fornjótr.
Capítulo 36 – As Metáforas do Fogo
Como se deve nomear o fogo? Assim: chamando-o de Irmão do
Vento e do Mar, Ruína e Destruição de Florestas e de Casas,
Assassino de Hálfr, Sol das Casas.
Capítulo 37 – As Metáforas do Inverno
Como o inverno deve ser nomeado? Assim: chamando-o de Filho
de Vindsvalr, Destruição das Serpentes, Estação das Tempestades.
Assim cantou Ormr Steinthórsson:

Para o cego eu concebo


Esta bênção, Filho de Vindsvalr.
Assim cantou Ásgrímr:

O guerreiro e generoso em ouro,


Pródigo da riqueza, aquele inverno;
Inimigo da Serpente; em Thrándheim permaneceu;
Todos sabem de suas realizações.
Capítulo 38 – As Metáforas do Verão
Como se deve nomear o verão? Assim: chamando-o de Filho de
Svásudr e Conforto das Serpentes, e Crescimento dos Homens.
Assim como Egill Skallagrímsson cantou:

Agitemos nossas espadas,


De dentes de lobos, fazendo-as brilhar;
Um feito que alcançamos
No Conforto das Serpentes.
Capítulo 39 – As Metáforas dos Homens e das Mulheres
Como o homem deve ser nomeado? Por suas obras, por aquilo
que ele dá ou recebe ou faz; ele também pode ser nomeado em
termos de sua propriedade, as coisas que ele possui, e, se ele as
doa, também em termos de famílias a partir das quais ele é
descendente, assim como daqueles que descenderam dele. Como
se deve nomeá-lo em termos destas coisas? Assim, chamando-o
realizador ou executor de seus passos ou sua conduta, de suas
batalhas ou viagens marítimas ou caças ou armas ou navios. E
porque ele é um testador de armas e um vencedor de batalhas; as
palavras para vencedor e árvore são as mesmas, assim como
também aquelas para testador e tramazeira; portanto, a partir
dessas frases, os escaldos têm chamado o homem de Freixo ou
Bordo, Bosque, ou outras árvores de nomes masculinos, e
nomeiam-no em tais expressões em termos de batalhas ou navios
ou posses. Também é correto nomear o homem com todos os
nomes dos Æsir; também com termos de gigantes, e este último é,
na maior parte, para zombar ou para fins difamatórios. Metáforas
com os nomes de elfos são consideradas favoráveis.
A mulher deve ser nomeada com referência a todas as roupas
femininas, ouro e joias, cerveja ou vinho ou qualquer outra bebida
que ela serve ou dá; igualmente com referência aos barris de
cerveja, e todas essas coisas que são adequadas a ela para fazer
ou fornecer. É correto nomeá-la assim: chamando-a de doadora ou
consumidora do que ela distribui. Mas as palavras para doadora e
consumidora também são nomes de árvores; portanto a mulher é
chamada no discurso metafórico por todos os nomes de árvores
femininas. A mulher é nomeada com referência a jóias ou ágatas
por esta razão: em tempos antigos havia um adorno feminino
chamado de colar de pedra, que elas usavam no pescoço, era uma
parte do vestuário de uma mulher; agora é usado figurativamente de
tal forma que se nomeia a mulher com pedras e todos os nomes de
pedras. A mulher também é metaforicamente chamada pelos nomes
das Ásynjur ou das Valquírias ou Nornas ou mulheres do tipo
sobrenatural. Também é correto nomear a mulher em termos de
toda a sua conduta ou propriedade ou família.

O Freixo Yggdrasil, por Friedrich Wilhelm Heine (1886)[93]


Capítulo 40 – As Metáforas do Ouro
Como o ouro deve ser nomeado? Assim: chamando-o Fogo de
Ægir, e Agulhas de Glasir, Cabelo de Sif, Laço de Fulla, Lágrimas de
Freyja, Conversa e Voz e Palavra de Gigantes, Gota de Draupnir e
Chuva ou Ducha de Draupnir, ou de Olhos de Freyja, Resgate da
Lontra, Pagamento Forçado dos Æsir, Semente da Planície de
Fýris, Telhado Montanhoso de Hölgi, Fogo de todas as Águas e de
Mão, Pedra e Recife ou Brilho das Mãos.

O Cabelo de Ouro que Loki Fez, artista desconhecido (1910)[94]


Capítulo 41 – Ægir Dá uma Festa para os Æsir
Por que o ouro é chamado de Fogo dos Ægir? A história referente
a isso é, como já foi contada antes, que Ægir fez uma visita à
Asgard, mas quando ele estava pronto para voltar para casa, ele
convidou Odin e todos os Æsir a virem e fazerem-lhe uma visita
após o tempo de três meses. Nesta viagem foram Odin e Njördr,
Freyr, Týr, Bragi, Vídarr, Loki; e também as Ásynjur: Frigg, Freyja,
Gefjun, Skadi, Idunn, Sif. Thor não estava lá, tendo ido para as
terras do leste para matar trolls. Quando os deuses tinham tomado
seus lugares, Ægir mandou seus servos trazerem ouro brilhante ao
piso do salão, que brilhou e iluminou todo o salão como o fogo,
assim como as espadas em Valhalla são usadas no lugar de fogo.
Então Loki discutiu com todos os deuses, e matou um escravo de
Ægir que se chamava Fimafeng. O nome de seu outro escravo é
Elder. O nome da mulher de Ægir é Rán, e eles têm nove filhas,
como já foi descrito antes. Nesta festa tudo se servia sozinho, tanto
a comida e a cerveja e todos os utensílios necessários para o
banquete. Em seguida, os Æsir tomaram conhecimento de que Rán
tinha uma rede em que ela pegava todos os homens que morrem no
mar. Em seguida, a saga continua dizendo como ocorre que o ouro
é chamado de Fogo, ou Luz ou Brilho de Ægir, de Rán, ou das
Filhas de Ægir; e destas metáforas é permitido chamar o ouro de
Fogo do Mar, ou de qualquer uma das metáforas do mar, uma vez
que Ægir e Rán são encontrados nessas metáforas; e, assim, o ouro
é agora chamado de Fogo das Águas, dos Rios, ou de todas as
metáforas de rios.
Mas esses nomes têm se saído como outras metáforas. Os mais
jovens escaldos compuseram poesias seguindo o padrão dos
antigos escaldos, imitando suas canções; mas depois eles
expandiram as metáforas sempre que pensaram que poderiam
melhorar o que foi cantado antes; assim como a água está para o
mar, o rio está para os lagos, o riacho está para o rio. Portanto,
todos estes são chamados de alegorias, quando os termos são
expandidos para um maior comprimento do que o que foi registrado
antes; e tudo isso parece muito bom, desde que concorde com a
verossimilhança e com a natureza. Como Bragi o escaldo cantou:
Do rei recebi
O Fogo do Riacho,
Isto o rei me deu, com misericórdia,
Pela bebida do gigante da montanha.

A Festa de Ægir, por Constantin Hansen (1861)[95]


Capítulo 42 – Sobre a Árvore Glasir
Por que ouro é chamado de Agulhas, ou Folhas de Glasir? Em
Asgard, em frente às portas de Valhalla, há uma árvore que se
chama Glasir, e sua folhagem é toda de ouro vermelho, como é
cantado aqui:

Glasir fica
Com folhas douradas
Perante os salões de Odin.
Esta é a árvore mais bela entre deuses e homens.
Capítulo 43 – Dos Ferreiros Filhos de Ívaldi e o Anão Sindri
Por que ouro é chamado de Cabelo de Sif? Loki Laufeyarson, por
amor à malícia, cortou todo o cabelo de Sif. Mas quando Thor soube
disso, ele agarrou Loki, e teria quebrado todos seus ossos, se ele
não tivesse jurado obter dos Elfos Negros com que fizessem para
Sif um cabelo de ouro, de tal forma que ele iria crescer como
qualquer outro cabelo. Então, Loki foi aos anões que são chamados
Filhos de Ívaldi, e eles fizeram o cabelo, e Skídbladnir também, e a
lança que se tornou posse de Odin e foi chamada de Gungnir. Então
Loki apostou sua cabeça com o anão chamado Brokkr que seu
irmão Sindri não poderia fazer três outras coisas preciosas de
iguais virtudes como estas. Quando eles foram para a oficina, Sindri
colocou uma pele de porco no forno e mandou Brokkr soprar os
foles, e não cessasse o trabalho até que ele tirasse do forno o que
ele tinha ali colocado. Mas quando ele saiu da oficina, enquanto o
outro anão soprava, logo pousou uma mosca em sua mão e o picou:
mas ele soprou como antes, até que o ferreiro tirou sua obra do
forno; e ela virara um javali, com crina e cerdas de ouro. Em
seguida, ele colocou ouro no forno e mandou Brokkr soprar e não
cessar sua rajada até que ele retornasse. Ele saiu; mas mais uma
vez a mosca veio e pousou no pescoço de Brokkr e picou agora
duas vezes mais forte que antes; mas ele continuou a soprar até o
ferreiro tirar do forno aquele anel de ouro que se chama Draupnir.
Então Sindri colocou ferro no forno e pediu-lhe que soprasse,
dizendo que o trabalho seria em vão se o sopro de ar falhasse.
Imediatamente a mosca pousou entre os olhos de Brokkr e o picou
em sua pálpebra, mas quando o sangue caiu em seus olhos a ponto
de ele não poder ver, ele soltou os foles só por um momento e
espantou a mosca longe com as mãos. Em seguida, o ferreiro voltou
e disse que tinha chegado perto de estragar tudo o que estava no
forno. Então ele pegou da forja um martelo, colocou todas as
preciosas obras nas mãos de Brokkr seu irmão, e ordenou-lhe ir
com elas para Asgard e reivindicar a aposta.
Agora, quando ele e Loki apresentaram as dádivas preciosas, os
Æsir se sentaram nos assentos de julgamento; e foi decidido acatar
a decisão que seria pronunciada por Odin, Thor e Freyr. Então Loki
deu a Odin a lança Gungnir, e para Thor o cabelo de Sif, e
Skídbladnir para Freyr, e disse as virtudes de todas estas coisas:
que a lança nunca iria parar ao enfiar em seu alvo; o cabelo iria
crescer assim que fosse colocado sobre a cabeça de Sif; e
Skídbladnir teria uma brisa a seu favor assim que a vela fosse içada,
não importasse onde seu dono desejasse ir, mas poderia ser
dobrado como um guardanapo e mantidos na bolsa de Freyr, se ele
assim o desejasse. Então Brokkr apresentou suas oferendas: ele
deu a Odin o anel, dizendo que oito anéis com o mesmo peso
cairiam dele a cada nona noite; para Freyr ele deu o javali, dizendo
que ele poderia correr através do ar e da água melhor do que
qualquer cavalo, e que nunca poderia tornar-se tão escuro como a
noite ou nos mundos da escuridão que não haveria luz suficiente
onde ele passasse, tal era o brilho de sua crina e cerdas. Então ele
deu o martelo para Thor, e disse que Thor poderia golpear quão
forte ele desejasse, não importa o que estivesse diante dele, e o
martelo não falharia; e se ele jogasse em qualquer coisa, ele nunca
iria errar, e nunca voaria tão longe a ponto de não retornar à sua
mão; e se ele desejasse, ele se tornaria tão pequeno que ele
poderia escondê-lo em sua camisa; mas ele tinha uma falha em que
o cabo era um pouco curto.
Esta foi decisão de todos: a de que o martelo era o melhor de
todos os preciosos trabalhos, e nele havia a maior defesa contra os
Gigantes de Gelo; e declararam que o anão tinha ganhado a aposta.
Então Loki fez uma oferta para recuperar a sua cabeça, mas o anão
disse que não havia nenhuma chance disso.
“Pegue-me então”, disse Loki.
Mas quando Brokkr ia prendê-lo, ele já estava muito longe. Loki
tinha com ele aqueles sapatos com os quais ele corria através do ar
e pela água. Em seguida, o anão pediu a Thor para pegá-lo, e Thor
o fez. Em seguida, o anão teria talhado-lhe a cabeça; mas Loki
disse que ele podia ter a cabeça, mas não o pescoço. Então, o anão
pegou uma linha e uma faca, e teria feito um buraco na boca de Loki
e costurado seus lábios juntos, mas a faca não cortou. Então Brokkr
disse que seria melhor se o furador de seu irmão estivesse lá, e
assim que ele falou seu nome, o furador estava lá, e então perfurou
os lábios. Ele costurou a boca de Loki junta e partiu a linha no final
da costura. Essa linha, com a qual a boca de Loki foi costurada, é
chamada Vartari.

O Terceiro Presente, Um Enorme Martelo, por Elmer Boyd Smith


(1902)[96]
Capítulo 44 – As Metáforas do Ouro e Freyja
Pode-se ouvir como o ouro é metaforicamente chamado de Laço
de Fulla, neste verso que Eyvindr Skáldaspillir criou:

A brilhante Fita de Fulla,


A testa do sol ao seu nascer,
Brilhou no grande braço do escudo
Por toda a vida de Hákon.
Ouro é chamado de Lágrimas de Freyja, como foi dito antes.
Então cantou Skúli Thorsteinsson:

Muito um destemido guerreiro


Recebeu as Lágrimas de Freyja,
Na manhã em que inimigos
Matamos; nós estávamos presentes.
E como Einarr Skúlason cantou:
Lá, montado sobre os entalhes,
O Choro de Mardöll se encontra,
Nós carregamos o machado que parte escudos,
Inchado com o ouro da toca da Serpente.

E aqui Einarr nomeou Freyja ainda mais, de modo a chamá-la de


Mãe de Hnoss, ou esposa de Ódr, assim é dito aqui:

O forte machado do escudo de Rodi,


Não é o pior
Para as Lágrimas da Companheira de Ódr,
Com tais ações, que o rei chegue à avançada idade.
E novamente:

O Filho de Hörn, o glorioso ornamento,


Eu possuo a mais bela joia,
Recebemos um valioso tesouro;
O Fogo do oceano descansa no machado;
A Sobrinha de Freyr, os Cílios de Chuva de sua mãe
Ela carrega; o guerreiro que alimenta os corvos
Deu-me a semente dos servos de Fródi.
Também é registrado aqui que se pode nomear Freyja de Irmã de
Freyr. E, portanto, também:

A atenciosa proteção do rei


Foi tudo que ele me ofereceu; isso foi
Próximo aos salões do mar; Eu louvo com prazer
A preciosa Filha de Njördr.

Aqui ela é chamada Filha de Njördr. E novamente:


O incrível e imponente guerreiro
De Odin, aquele que atinge
A coragem, me deu
A valente filha
Da Noiva dos Vanir;
O poderoso governante das batalhas
Levou a dama de Gefn à cama do escaldo,
Coberta com tesouros da chama do mar.

Aqui ela é chamada de Gefn e noiva dos Vanir. É apropriado se


juntar a palavra lágrimas com todos os nomes de Freyja, e chamar o
ouro por esses termos; e de muitas maneiras essas metáforas têm
variado, de modo que o ouro é chamado de Salve, ou Chuva, ou
Nevasca, ou Gotas, ou Chuviscos, ou Quedas D'água, de Olhos de
Freyja, ou Bochechas, ou Sobrancelhas, ou Pálpebras.
Freyja, por John Bauer (1905)[97]
Capítulo 45 – O Ouro Chamado de Palavra dos Gigantes
Pode-se ouvir que o ouro é chamado de Palavra, ou Voz, dos
Gigantes, como já foi dito antes; assim cantou Bragi o escaldo:

Então eu tinha um terceiro amigo,


Inocente, o mais pobre,
Na Voz da Esfera do Fundo do Mar Áli,
Mas o melhor para mim.
Ele chamou uma pedra de Esfera do Fundo do Mar, um gigante
de Pedra-Áli e ouro como Voz do Gigante.
Capítulo 46 – O Resgate da Lontra
Por que razão o ouro é chamado Resgate da Lontra? Conta-se
que quando os Æsir Odin e Loki e Hœnir, saíram para explorar a
terra, eles chegaram a um certo rio, e prosseguiram ao longo deste
até uma cachoeira. E ao lado da queda havia uma lontra que tinha
capturado um salmão da queda d'água e estava comendo, piscando
os olhos o tempo todo. Então Loki pegou uma pedra e atirou-a na
lontra, e atingiu sua cabeça. E Loki se vangloriou em sua captura,
pois ele havia garantido uma lontra e um salmão com um único
golpe. Em seguida, eles pegaram o salmão e a lontra e levaram-nos
junto com eles, e chegaram a uma fazenda, onde eles entraram. O
lavrador que morava lá se chamava Hreidmarr, ele era um homem
poderoso e muito habilidoso em magia negra. Os Æsir pediram-lhe
alojamento por uma noite, dizendo que eles tinham comida
suficiente com eles, e mostraram-lhe as suas presas.
Mas quando Hreidmarr viu a lontra, imediatamente ele chamou
seus filhos, Fáfnir e Reginn, e disse-lhes que a lontra, seu irmão, foi
morta, e também disse quem tinha feito esse ato. Em seguida, o pai
e os filhos atacaram os Æsir, agarraram-nos, amarraram-nos e
disseram-lhes sobre a lontra, como ela era o filho de Hreidmarr. Os
Æsir ofereceram um resgate por suas vidas, quanta riqueza quanto
o próprio Hreidmarr desejasse exigir; e uma aliança foi feita entre
eles nesses termos, e confirmada com juramentos. Em seguida, a
lontra foi esfolada e Hreidmarr, tomando sua pele, ordenou-lhes
enchê-la com ouro vermelho e também cobri-la totalmente; e essa
seria a condição da aliança entre eles.
Então Odin enviou Loki a Svartálfaheim, a Terra dos Elfos
Negros, e ele foi até o anão que se chama Andvari, e ele estava
transformado em um peixe na água. Loki o pegou em suas mãos e
exigiu dele em resgate por sua vida todo o ouro que ele tinha em
sua caverna; e quando eles entraram na caverna, o anão tirou todo
o ouro que ele tinha, e era muita riqueza. Em seguida, o anão
escondeu em sua mão um pequeno anel de ouro, mas Loki viu e
ordenou-lhe que entregasse o anel. O anão lhe implorou para não
tomar o anel dele, dizendo que deste anel ele poderia multiplicar
riquezas para si mesmo se pudesse mantê-lo. Loki disse que o anão
não ficaria com um centavo sequer, e pegou o anel e saiu; mas o
anão declarou que esse anel seria a ruína de todos que tivessem
sua posse. Loki respondeu que estava contente com isso, e disse
que tudo deveria ser cumprido de acordo com a profecia: ele se
encarregaria de trazer a maldição para os ouvidos de quem ia
recebê-lo.
Ele seguiu seu caminho e chegou à morada de Hreidmarr, e
mostrou o ouro para Odin; mas quando ele viu o anel, ele achou-o
bonito e tirou do tesouro, e pagou o ouro para Hreidmarr. Então
Hreidmarr encheu a pele de lontra tanto quanto pôde, e ergueu-a
quando ela estava cheia. Depois veio Odin, tendo a pele para cobrir
com o ouro, e quando isso foi feito, ele pediu Hreidmar para vir e ver
se a pele estava suficientemente coberta. Mas Hreidmarr olhou para
ela, examinou-a de perto, e viu um dos pêlos do focinho, e ordenou
que ele deveria ser coberto, senão o acordo seria quebrado. Então
Odin tirou o anel e cobriu o pêlo, dizendo que agora tinham pagado
o resgate da lontra.
Mas quando Odin tinha pegado a sua lança, e Loki seus sapatos,
e eles já não tinham mais necessidade de ter medo, então Loki
declarou que a maldição que Andvari havia proferido havia de ser
cumprida: a de que este anel e este ouro seriam a destruição
daquele que o recebesse; e ela foi cumprida posteriormente. Isso
explica por que o ouro é chamado de Resgate da Lontra, ou
Pagamento Forçado dos Æsir, ou Metal de Conflito.
Capítulo 47 – Sobre Fáfnir, Reginn e Sigurdr
O que mais há para ser dito do ouro? Hreidmarr levou o ouro pelo
resgate de seu filho, mas Fáfnir e Reginn reivindicaram uma parte
do dinheiro do sangue de seu irmão para si mesmos. Hreidmar, no
entanto, não estava disposto a dar-lhes nem um centavo. Então os
irmãos fizeram um acordo para matar o pai por causa do ouro.
Então Reginn exigiu que Fáfnir compartilhasse o ouro com ele,
metade por metade. Fáfnir respondeu que havia pouca chance de
compartilhá-lo com o seu irmão, uma vez que ele próprio tinha
matado seu pai para obtê-lo; e ele mandou Reginn sair dali, senão
ele teria o mesmo destino que Hreidmarr. Fáfnir pegou a espada
chamada Hrotti e o capacete que Hreidmarr possuía e colocou-o
sobre sua cabeça; este capacete era chamado de Elmo do Terror, e
todas as criaturas têm medo dele quando o vêem. Reginn tinha uma
espada que era nomeada Refill. Assim, ele fugiu, e Fáfnir subiu para
a Charneca Gnita, fez para si um covil, se transformou em uma
serpente e deitou-se sobre o ouro. Enquanto isso, Reginn foi até o
Rei Hjálprekr em Thjód, e lá ele se tornou seu ferreiro.
Lá, ele se comprometeu a cuidar de Sigurdr, filho de Sigmundr,
filho de Völsungr e de Hjördís, filha de Eylimi. Sigurdr foi o mais
ilustre de todos os reis da guerra em linhagem, na coragem e na
mente. Reginn declarou-lhe onde Fáfnir jazia no ouro, e incitou-o a
procurá-lo.
Então Reginn moldou a espada Gramr, que era tão afiada que
Sigurdr, levando-a em água corrente, cortou em dois um tufo de lã
que a corrente levava contra a borda da espada. Em seguida,
Sigurdr cortou a bigorna de Reginn até a base.
Em seguida eles foram, Sigurdr e Reginn, para a Charneca de
Gnita, e lá Sigurdr cavou um buraco no caminho de Fáfnr e deitou-
se para uma emboscada. E quando Fáfnir deslizou em direção à
água e chegou acima do poço, Sigurdr imediatamente enfiou a
espada através dele, e esse foi seu fim. Então Reginn avançou,
dizendo que Sigurdr tinha matado seu irmão, e exigiu-lhe que ele
cortasse o coração de Fáfnir e assasse-o no fogo; e Reginn o deitou
e bebeu o sangue de Fáfnir, e acomodou-se para dormir.
Mas quando Sigurdr assava o coração, e pensou que ele devia
estar pronto, ele o tocou com o dedo para ver quão duro estava; e,
em seguida, o suco correu para fora do coração para seu dedo, de
modo que ele se queimou e colocou o dedo à boca. Assim que o
sangue do coração encontrou sua língua, imediatamente ele
compreendeu a fala dos pássaros, e ele entendeu o que aqueles
que estavam empoleirados nas árvores diziam. Então, um falou:
Lá está Sigurdr,
Manchado de sangue,
O coração de Fáfnir
No fogo ele assa;
Sábio pareceria
O destruidor de anéis,
Se o brilhante
Bife de vida ele comesse.

Ali está Reginn; cantou outro;


Contemplando
Como enganar o homem
Que nele confia;
Em sua ira ele planeja
Falsas acusações,
O terrível ferreiro
Quer vingar seu irmão.

Então Sigurdr foi até Reginn e o matou, e após isso ele montou
em seu cavalo, que se chamava Grani, e cavalgou até que chegou
ao covil de Fáfnir. Ele pegou o ouro, embalou-o em dois sacos,
colocou-o nas costas de Grani, montou, e, em seguida, seguiu seu
caminho. Agora, a história está contada de porque o ouro é
chamado de Covil ou Morada de Fáfnir, ou Metal da Charneca
Gnita, ou Fardo de Grani.
Fáfnir Guarda o Ouro, por Arthur Rackham (1911)[98]
Capítulo 48 – Sobre Sigurdr e os Filhos de Gjúki
Então Sigurdr cavalgou até que ele encontrou uma casa na
montanha, em que uma mulher de elmo e cota de malha dormia. Ele
sacou a espada e cortou sua cota de malha. Ela acordou então, e
disse que seu nome era Hildr. Seu nome era Brynhildr, e ela era
uma Valquíria.
Sigurdr partiu e foi ao rei que se chamava Gjúki, cuja esposa era
Grímhildr; seus filhos eram Gunnarr, Högni, Gudrún, Gudny;
Gotthormr era enteado de Gjúki. Sigurdr permaneceu ali por um
longo tempo, e então ele obteve a mão de Gudrún, filha de Gjúki e
Gunnarr, e Högni fez juramentos de fraternidade de sangue com
Sigurdr.
Posteriormente Sigurdr e os filhos de Gjúki foram até Atli, filho de
Budli, para pedir a mão de Brynhildr, sua irmã, em casamento a
Gunnarr. Brynhildr morava em Hindafjalli, e seu salão era cercado
por uma fogueira deslumbrante; e ela fez um voto solene de não se
casar com nenhum outro homem senão aquele que se atrevesse a
andar através do fogo. Então Sigurdr e os filhos de Gjúki, que
também eram chamados de Niflungs, cavalgaram para cima da
montanha, e Gunnarr deveria ter atravessado a chama, mas ele
estava com o cavalo chamado Goti, e esse cavalo não se atreveu a
saltar para o fogo.
Então eles trocaram formas, Sigurdr e Gunnarr, e nomes da
mesma forma; pois Grani não daria um passo sequer sob qualquer
outro homem senão Sigurdr. Então Sigurdr montou em Grani, e
andou pelo deslumbrante fogo. Na mesma noite ele estava casado
com Brynhildr. Mas quando eles foram para a cama, ele tirou a
espada Gramr da bainha e colocou-a entre eles. De manhã, quando
ele levantou-se e vestiu-se, ele deu a Brynhildr, como um presente
nupcial, o mesmo anel de ouro que Loki havia tomado de Andvari, e
pegou outro anel de sua mão como lembrança. Então Sigurdr
montou em seu cavalo e cavalgou para seus companheiros, e ele e
Gunnarr mudaram de formas novamente e foram para a morada de
Gjúki com Brynhildr. Sigurdr e Gudrún tiveram dois filhos, Sigmundr
e Svanhildr.

Brynhildr, por Gaston Bussière (1897)[99]


Capítulo 49 – A Morte de Sigurdr
Uma vez ocorreu que Brynhildr e Gudrún foram lavar os cabelos.
Quando chegaram ao rio, Brynhildr nadou para além da margem do
rio para a correnteza, dizendo que não iria tocar em sua cabeça a
água que escorreu do cabelo de Gudrún, já que ela tinha o marido
mais valoroso.
Então Gudrún seguiu até a correnteza e disse que era o seu
direito de lavar o cabelo no rio mais acima, pela razão de que ela
tinha como marido um homem como nem Gunnarr nem qualquer
outro no mundo correspondia em valor, uma vez que ele tinha
matado Fáfnir e Reginn e herdou a riqueza de ambos.
E Brynhildr respondeu: “Foi uma questão de maior valor que
Gunnarr cavalgou pelo fogo e Sigurdr não.”
Então Gudrún riu, e disse: “Você acha que Gunnarr cavalgou pelo
fogo deslumbrante? Agora eu acho que quem entrou na cama com
você era o mesmo que me deu esse anel de ouro; e o anel de ouro
que você carrega em sua mão e recebeu como um presente nupcial
é chamado Presente de Andvari, e eu acredito que não foi Gunnarr
que conseguiu esse anel na Charnoca Gnita.”
Então Brynhildr ficou em silêncio, e foi para casa. Depois disso,
ela instigou Gunnarr e Högni a matar Sigurdr; mas porque eram
irmãos de sangue jurados de Sigurdr, eles incitaram Gotthormr, seu
irmão, para matá-lo. Ele enfiou sua espada através de Sigurdr
enquanto dormia; mas quando Sigurdr sentiu o ferimento, ele
arremessou sua espada Gramr em Gotthormr, para que ela cortasse
o homem ao meio. Lá caiu Sigurdr e Sigmundr, seu filho de três
invernos de idade, a quem eles mataram. Então Brynhildr perfurou-
se com uma espada, e ela foi queimada com Sigurdr; mas Gunnarr
e Högni assumiram a herança de Fáfnir e o Presente de Andvari, e
governaram suas terras.
Sigurdr e Brynhildr, por Charles Butler (1909)[100]
Capítulo 50 – A Morte dos Filhos de Gjúki e a Vingança de Gudrún
Rei Atli, filho de Budli, e irmão de Brynhildr, então casou-se com
Gudrún, que tinha sido esposa de Sigurdr; e tiveram filhos. Rei Atli
chamou Gunnarr e Högni para visitá-lo, e eles vieram a seu convite.
No entanto, antes de eles partirem de suas terras, eles esconderam
o ouro, a herança de Fáfnir, no rio Reno, e esse ouro nunca foi
encontrado desde então. O Rei Atli reuniu um exército e lutou uma
batalha contra Gunnarr e Högni, e eles foram capturados.
O Rei Atli mandou arrancar o coração de Högni vivo, e esse foi o
seu fim. Gunnarr ele jogou em um covil de serpentes. Mas uma
harpa foi levada secretamente para Gunnarr, e ele tocou-a com os
dedos dos pés, suas mãos estando amarradas; ele tocou a harpa de
modo que todas as serpentes adormeceram, poupando apenas uma
víbora, que deslizou sobre ele, e mordeu o peito tão fundo que sua
cabeça afundou dentro da ferida, e ela se cravou em seu fígado até
ele morrer. Gunnarr e Högni eram chamados de Niflungs e
Gjúkungs, razão pela qual o ouro é chamado Tesouro, ou Herança,
dos Niflungs.
Um pouco depois, Gudrún matou seus dois filhos, e fez a partir de
seus crânios taças cravadas de prata e ouro, e, logo após, as
cerimônias fúnebres ocorreram. Nesta festa Gudrún serviu hidromel
nas taças para o Rei Atli, e a bebida foi misturada com o sangue dos
garotos. Seus corações ela assou e deu ao rei para comer. E
quando ele tinha terminado de comer, então ela mesma disse a ele
o que tinha feito, com muitas palavras repugnantes. Não houve falta
de bebidas fortes lá, de modo que a maior parte das pessoas
adormeceu onde se sentaram. Naquela noite, ela foi ao rei,
enquanto ele dormia, e o filho de Högni com ela, e eles o mataram,
e esse foi o seu fim. Em seguida, eles atearam fogo ao salão, e
queimaram as pessoas que estavam dentro.
Após isso, ela foi para a costa e saltou para o mar, desejando dar
um fim em si mesma; mas ela foi carregada pelas ondas ao longo
do fiorde, e foi levada para a terra do Rei Jónakr. E quando ele a viu,
ele a levou para casa e casou-se com ela, e tiveram três filhos,
chamados Sörli, Hamdir e Erpr; todos eles tinham cabelos negros
como corvos, como Gunnarr e Högni e os outros Niflungs.
Lá Svanhildr, filha de Sigurdr, foi criada, e de todas as mulheres
ela era a mais bela. O Rei Jörmunrekkr o Poderoso soube de sua
beleza, e enviou seu filho Randvér para cortejá-la e trazê-la para ser
sua esposa. Quando Randvér tinha chegado à corte de Jónakr,
Svanhildr foi dada em suas mãos para que ele pudesse levá-la ao
Rei Jörmunrekkr. Mas Earl Bikki disse que seria mais apropriado
que Randvér se casasse com Svandhildr, já que ele e ela eram
jovens, enquanto Jörmunrekkr era velho. Esse conselho agradou
aos jovens. Então Bikki relatou o caso ao rei. Imediatamente, o Rei
Jörmunrekkr ordenou que seu filho fosse apreendido e levado à
forca. Então Randvér tomou seu falcão e arrancou suas penas, e
ordenou que elas fossem enviadas para seu pai; em seguida ele foi
enforcado. Mas quando o Rei Jörmunrekkr viu o falcão, de repente
veio-lhe à mente que, assim como o falcão estava sem penas e
impotente para voar, assim estava seu reino despojado de seu
poder, já que ele era velho e sem filhos. Então o Rei Jörmunrekkr,
saindo da floresta onde estava caçando com seus homens, viu
Svanhildr enquanto ela estava sentada lavando seu cabelo: eles
cavalgaram em sua direção e pisaram-na até a morte sob os pés de
seus cavalos.
Mas quando Gudrún soube disso, ela pediu a seus filhos para se
vingarem por Svanhildr. Quando eles estavam se preparando para a
viagem, ela deu-lhes cotas de malhas e capacetes tão fortes que o
ferro não poderia penetrá-los. Ela revelou o plano para eles, que
quando eles fossem ao Rei Jörmunrekkr, deviam atacá-lo durante a
noite enquanto ele estivesse dormindo.
Sörli e Hamdir deveriam decepar suas mãos e pés, e Erpr sua
cabeça. Mas quando eles estavam a caminho, eles perguntaram a
Erpr que ajuda eles poderiam esperar dele, quando encontrassem
com o Rei Jörmunrekkr. Ele respondeu que iria dá-los tal ajuda
como a mão dá ao pé. Eles disseram que essa ajuda que o pé
recebia da mão era completamente nada. Eles estavam tão irados
com sua mãe porque ela os tinha forçado a realizar esta jornada
com palavras ásperas, e eles desejavam tão ansiosamente fazer o
que parecesse pior para ela, que mataram Erpr, porque ela o amava
mais do que tudo.
Um pouco mais tarde, enquanto Sörli estava andando, um de
seus pés escorregou, e ele apoiou-se em sua mão; e ele disse:
“Agora a mão ajudou o pé de fato; seria melhor agora que Erpr
estivesse vivo.”
Quando chegaram ao Rei Jörmunrekkr à noite, onde ele dormia,
e cortaram-lhe as mãos e os pés, ele acordou e chamou seus
homens, e ordenou-lhes que acordassem.
E então Hamdir falou: “A cabeça estaria decepada agora, se Erpr
estivesse vivo.”
Em seguida, os capangas se levantaram e atacaram, mas não
conseguiram superá-los com armas; e Jörmunrekkr gritou para eles
que deviam apedrejá-los até a morte, e assim foi feito. Lá Sörli e
Hamdir caíram, e agora toda a casa e descendentes de Gjúki
estavam mortos.
Devido a isso cotas de malha são chamadas de Roupas ou
Vestes de Hamdir e Sörli.
Svanhildr, por Jenny Nyström (1893)[101]
Capítulo 51 – Sobre os Filhos de Völsungr
Uma filha chamada Áslaug sucedeu Sigurdr; ela foi criada com
Heimir em Hlymdalir, e grandes casas surgiram a partir dela. É dito
que Sigmundr, filho de Völsungr, era tão forte que ele podia beber
veneno e não ser lesado; e Sinfjötli seu filho e Sigurdr tinham a pele
tão dura que nenhum veneno de fora poderia prejudicá-los.
Portanto, o escaldo Bragi cantou assim:
Quando a Tortuosa Serpente
Cheia da Bebida dos Volsungs
Está pendurada no anzol
Do Matador de Gigantes.
A maioria dos escaldos fizeram versos e usaram muitos
elementos destas sagas. Bragi o Velho escreveu sobre a queda do
Sörli e Hamdir nessa canção de louvor que ele compôs sobre
Ragnar Lodbrok:

Uma vez Jörmunrekkr acordou


De um desagradável sonho
Durante um confronto de espadas
Entre tropas ensanguentadas;
Um tumulto ocorria
Na morada do Pai de Randvér,
Quando os negros corvos irmãos de Erpr
Vingavam as amargas tristezas.

O orvalho dos corpos


Fluiu da cama do rei ao chão,
Onde os pés e mãos
Podiam ser vistos;
De cabeça caiu o rei
Na poça espumante de sangue;
No decorado escudo das Terras de Leifi,
Isso está pintado.
O rei presenciou
Seus soldados armados,
Cercando a cama; e os irmãos,
Hamdir e Sörli, rapidamente
À terra foram abatidos,
Quando por todos,
Com escorregadias pedras,
Foram agredidos.
Rei Jörmunrekkr ordenou
Que os descendentes de Gjúki
Fossem violentamente apedrejados
Por tentarem privar da vida
O marido de Svanhildr;
E todos pagaram
Os Filhos de Jónakr
Com golpes e feridas.

O massacre dos heróis,


E várias outras sagas,
Eu vejo no belo escudo
Que Ragnar me deu.
Rei Heimer e Áslaug, por August Malmström (1856)[102]
Capítulo 52 – Sobre o Rei Fródi e o Moinho Grótti
Por que o ouro é chamado de Refeição de Fródi? A história é a
seguinte: Um dos filhos de Odin, chamado Skjöldr, de quem os
Skjöldungs são descendentes, tinha sua morada e governava no
reino que agora é chamado Dinamarca, mas até então era
conhecido como Gotland. O filho de Skjöldr, que governou a terra
depois dele, se chamava Fridleifr. O filho de Fridleifr era Fródi: ele
sucedeu ao reino depois de seu pai, no momento em que César
Augusto impôs a paz em todo o mundo; na época do nascimento de
Cristo. Mas porque Fródi era o mais poderoso de todos os reis das
terras do norte, a paz era chamada pelo seu nome onde quer que a
língua dinamarquesa era falada; e os homens a chamam de Paz de
Fródi. Nenhum homem feria qualquer outro, mesmo quando ele se
encontrava cara a cara com o assassino de seu pai ou seu irmão,
solto ou preso. Também não havia qualquer ladrão nem assaltante
na época, de modo que um anel de ouro estava há muito tempo na
Charneca de Jalangr.
O Rei Fródi foi a uma festa na Suécia na corte do rei que se
chamava Fjölnir, e lá ele comprou duas servas, Fenja e Menja: elas
eram enormes e fortes.
Nesse tempo duas pedras moinho foram encontradas na
Dinamarca, tão grandes que ninguém era tão forte que poderia girá-
las. Mas ele tinha essa natureza, que o moinho moía tudo o que o
moedor exigia. Este moinho se chamava Grótti. Aquele que deu ao
Rei Fródi o moinho se chamava Hengikjöptr.
O Rei Fródi levou as servas para a usina, e mandou-lhes moer
ouro e paz e felicidade para Fródi. Ele não lhes dava mais tempo
para descansar ou dormir do que quando o cuco estava em silêncio
ou uma canção podia ser cantada. É dito que elas cantaram a
canção que é chamada de Canção de Grótti. E esse é seu início:

Agora aqui estamos


Na morada do rei,
As duas prescientes,
Fenja e Menja,
Elas estão com Fródi,
Filho de Fridleifr,
As Poderosas Servas
Mantidas como escravas.
E antes de elas terminarem seu canto, elas moeram um exército
contra Fródi, de modo que o rei do mar chamado Mýsingr foi lá
naquela noite e matou Fródi, obtendo um grande saque. Em
seguida, a Paz de Fródi foi encerrada. Mýsingr levou Grótti com ele,
e Fenja e Menja também, e ordenou-lhes moer sal. E à meia-noite
eles perguntaram se Mýsingr tinha bastante sal. Ele ordenou-lhes
moer por mais tempo. Elas moeram apenas um curto período de
tempo antes de o navio afundar. E a partir desse momento tem
havido um redemoinho no mar, onde a água cai através do buraco
do moinho de pedra. Foi então que o mar tornou-se salgado.

A Canção de Grótti:

Lavadas ao moinho
Logo elas foram,
As cinzentas pedras
Elas tinham que girar,
Nem descanso nem paz
Ele lhes deu,
Até que tivesse ouvido
O canto das servas.

Elas giraram o moinho,


As pedras murmuravam
“Coloquem as caixas!
Levantem as pedras!”
Mas ele mandava as servas
A continuarem a moer.

Elas cantaram e giraram


A rápida pedra do moinho,
Até que os homens de Fródi
Cairam no sono,
Então falou Menja,
Em voz alta:

“Nós moemos para Fródi,


Riquezas e felicidade,
E o ouro abundante,
No moinho da fortuna,
Sente no tesouro,
E durma sobre ele,
Deixe-o acordar alegre,
Então o trabalho estará bem feito.

Aqui ninguém pode


Ferir o outro,
Planejar o mal,
Nem procurar matar,
Nem abater alguém
Com a espada bem afiada,
Mesmo que encontre
O assassino do irmão acorrentado.”

Porém ele não disse uma palavra


Exceto por isso,
“Não dormirás mais
Que o silêncio do cuco,
Nem tanto quanto demora
Uma canção a ser cantada.”
“Tu não foste, Fródi,
Cauteloso o suficiente,
Amigos dos homens,
Quando comprou essas donzelas,
Para suas forças, olhaste,
Além de suas aparências,
Mas não perguntaste nada
Sobre suas descendências.
Duro era Hrungnir,
E seu pai,
Porém Thjazi
Era mais poderoso que eles;
Idi e Aurnir,
Nossos parentes,
Irmãos dos Gigantes das Montanhas,
Deles somos descendentes.
Grótti não viria
Da cinzenta montanha,
Nem esta dura pedra
Teria saído da terra,
Nem as damas dos Gigantes das Montanhas
Estariam trabalhando,
Se nós não
Soubéssemos nada sobre isso.

Por nove invernos


Fomos companheiras,
Nossa força aumentou
Enquanto fomos criadas embaixo da terra,
As damas eram capazes
De realizar grandes obras,
Nós mesmas movemos
Poderosas montanhas de seus lugares.

Nós rolamos a pedra


Sobre a morada dos gigantes,
Até que por isso,
A terra toda tremeu,
Então a arremessamos,
A rápida pedra,
O pesado bloco,
Até que os homens a pegaram.
Pouco após,
No reino da Suécia,
Nós duas mulheres,
Saímos para a batalha;
Ursos caçamos,
Escudos quebramos,
E atravessamos
Os exércitos de uniformes cinzentos.
Derrubamos um rei,
Apoiamos um outro,
Para o bom Gotthormr,
Nós demos assistência,
Não houve tranquilidade
Antes de Knúi cair.
Tais foram nosso atos
Nessas épocas passadas,
Que éramos reconhecidas
Pelo nosso heroísmo;
Com afiadas lanças,
Guerreiros matamos,
E com o sangue das feridas,
Avermelhadas eram as espadas.
Agora aqui estamos,
Na morada do rei,
Desprovidas de misericórdia,
E mantidas acorrentadas;
A lama come nossas solas,
E o frio come o resto;
Nós giramos o moinho da paz;
É sombrio na casa de Fródi.
As mãos devem descansar,
A pedra deve parar;
Agora já moí
O suficiente de minha parte;
Porém às mãos
Nenhum descanso deve ser dado
Até que Fródi ache
Que o suficiente tenha sido moído.

Agora as mãos devem segurar


Rigidamente as lanças,
As armas sangrentas,
Acorde, Fródi!
Acorde, Fródi!
Se queres ouvir
Às nossas canções,
E às histórias antigas.

Fogo vejo queimando


À leste da cidade,
As novas da guerra acordaram,
Um farol de advertência;
Um exército virá
Para cá com rapidez,
Para queimar a sublime
Morada do Rei Fródi.
Não mais sentarás
No trono de Hleidr,
E governarás
Os vermelhos anéis e o moinho;
Agora devemos moer
Com toda nossa força,
Nenhum calor sentiremos
Do sangue dos mortos.
Agora a filha de meu pai,
Bravamente gira o moinho,
Pois a morte de muitos
Ela vê;
Agora quebraram
Os resistentes suportes
Embaixo das caixas;
Vamos ainda moer!
Vamos ainda moer!
O filho de Yrsa,
Parente dos Hálfdanr,
Virá com vingança
Sobre a cabeça de Fródi;
A ele os homens chamarão
De filho e irmão de Yrsa,
Nós dois sabemos disso.”

As donzelas moeram,
Suas forças elas testaram,
Jovens elas eram,
E selvagens gigantes;
Os suportes tremeram,
E caiu o moinho,
Em dois foi quebrada
A pesada pedra.

E a resistente noiva
Dos Gigantes das Montanhas falou:
“Nós moemos, ó, Fródi!
Agora devemos parar;
No moinho tempo suficiente
As donzelas já ficaram.”

Assim cantou Einarr Skúlason:


Ouvi dizer que as servas de Fródi
Moem no moinho de bom grado
A cama de Grafvitinir;
O rei não dá paz ao ouro;
Os lados do meu machado,
Presas na madeira de bordo,
Tem neles essa Refeição de Fródi;
Exaltado fica o escaldo com a gentileza do rei.

Então cantou Egill:


Felizes são muitos homens
Na Refeição de Fródi.

Fenja e Menja, por Carl Larsson e Gunnar Forssell (1893)[103]


Capítulo 53 – Sobre Hrólfi Kraki e Vöggr
Por que o ouro é chamado de Semente de Kraki? Na Dinamarca,
havia um rei chamado de Hrólfr Kraki; ele era o mais famoso de
todos os antigos reis de generosidade, valentia e graciosidade. Uma
evidência de sua graciosidade que é muitas vezes mencionada em
histórias antigas é a seguinte: Um garotinho pobre, Vöggr era seu
nome, entrou no salão do rei Hrólfr. Naquela época, o rei era jovem
e de estatura esguia. Vöggr veio a sua presença e olhou para ele; e
o rei disse:
“O que você quer falar, garoto, olhando assim para mim?”
Vöggr respondeu: “Quando eu estava em casa, eu ouvi dizer que
Hrólfr o rei em Hleidr era o maior homem nas terras do norte; mas
agora se senta no trono um pequeno poste, e ele é chamado de rei.”
Então o rei respondeu: “Você, menino, deu-me um nome, de
modo que eu serei chamado de Hrólfr o Poste (Kraki); e é o costume
que a escolha de um nome seja acompanhada de um presente.
Vendo que você não tem nenhum presente que possa me dar
juntamente com o nome, ou que seria adequado para mim, então
aquele que tem, deve dar para o outro. E ele pegou de sua mão um
anel de ouro e deu para ele.
Então disse Vöggr: “Você doa como o melhor rei de todos, e,
portanto, agora eu me comprometo a ser o assassino de quem te
assassinar.”
Então falou o rei, rindo em voz alta: “Vöggr está satisfeito com
uma coisa tão pequena.”
Capítulo 54 – Sobre como Hrólfi Derrotou o Rei Adils
Outro exemplo é a história contada sobre a bravura de Hrólfr
Kraki. O rei que os homens chamam de Adils governava Uppsala;
ele tinha como esposa Yrsa, mãe de Hrólfr Kraki. Ele estava em
conflito com o rei que governava a Noruega, cujo nome era Ali; os
dois travaram uma batalha sobre o gelo do lago chamado Vaeni. Rei
Adils enviou uma embaixada a Hrólfr Kraki, seu enteado, suplicando
para que ele viesse em seu auxílio, e prometeu pagamentos a todo
o seu exército, enquanto eles estivessem na expedição. Além disso,
o próprio rei Hrólfr teria quaisquer três tesouros que ele pudesse
escolher na Suécia. Rei Hrólfr não poderia fazer a viagem em
pessoa, devido ao conflito em que ele estava envolvido com os
saxões; mas enviou para Adils seus doze Berserkers: Entre eles
estavam Bödvar-Bjarki, Hjalti o Valente, Hvítserkr o Audaz, Vöttr
Véseti, e os irmãos Svipdagr e Beigudr. Nessa batalha Rei Ali caiu,
e grande parte do seu exército com ele; e Rei Adils tomou do rei
morto o elmo Hildesvin e seu cavalo Hrafn.
Em seguida, os Berserks de Hrólfr Kraki exigiram em pagamento
por seu serviço três libras de ouro para cada um deles; e também
pediram pelos tesouros que haviam escolhido para Hrólfr Kraki, e
que agora desejavam levar para ele. Estes eram o capacete
Hildigöltr; a cota da malha Finnsleif, em que nenhum aço poderia
penetrar; e o anel de ouro chamado Svíagríss, que havia pertencido
aos antepassados de Adils. Mas o rei negou-lhes todas estas
coisas, ele sequer pagou o que prometera. Os Berserkers então
voltaram para casa, e estavam muito insatisfeitos, e contaram o
estado das coisas a Hrólfr Kraki.
Imediatamente ele começou sua jornada para Uppsala; e quando
ele chegou com seus navios no rio Fýri, ele cavalgou a Uppsala, e
seus doze Berserkers com ele, todos sem salvo-conduto. Yrsa, sua
mãe, recebeu-o e levou-o a seus alojamentos, mas não ao salão do
rei. Fogueiras foram feitas a eles e cerveja foi dada para beber.
Em seguida, os homens do Rei Adils entraram e jogaram e
empilharam lenha no fogo, e o tornaram tão grande que as roupas
de Hrólfr e seus homens foram queimadas. E eles disseram:
“É verdade que Hrólfr Kraki e seus Berserks não fogem nem de
fogo nem de ferro?”
Então Hrólfr Kraki e todos os seus homens saltaram, e ele disse:
“Vamos aumentar as chamas
Na morada de Adils!”

E tomou o seu escudo e lançou-o ao fogo, e saltou sobre as


chamas, enquanto o escudo queimava. Então falou novamente:

“Ele não foge das chamas


Aquele que sobre elas salta!”
O mesmo fizeram seus homens, um após o outro; e pegaram
aqueles homens que tinham alimentado o fogo, e lançaram-nos na
fogueira. Então Yrsa veio e deu a Hrólfr Kraki um chifre de veado
cheio de ouro, e com ele o anel Svíagríss; e ela pediu-lhes para irem
embora para seus exércitos. Eles saltaram em seus cavalos e
cavalgaram para dentro da Planície de Fýri; e logo viram o Rei Adils
seguindo-os com seu exército todo em armadura, esperando para
matá-los. Então Hrólfr Kraki mergulhou a mão direita dentro do
chifre, agarrou o ouro, e lançou-o sobre a estrada. Quando os
suecos viram isso, eles saltaram para fora de suas selas, e cada um
pegou o tanto quanto ele poderia; mas o Rei Adils ordenou-lhes a
seguir em frente, e ele mesmo cavalgou furiosamente. Seu cavalo
era chamado Slöngvir, o mais veloz de todos os cavalos. Quando
Hrólfr Kraki viu que o rei Adils se aproximava dele, ele pegou o anel
Svíagríss e atirou-o em sua direção, e ordenou-lhe recebê-lo como
um presente. Rei Adils cavalgou até o anel, pegou-o com a ponta de
sua lança, e deixou-o deslizar até sua mão. Então Hrólfr Kraki virou
para trás e viu como ele se abaixou, e falou:
“Agora eu fiz aquele que é o mais poderoso dos suecos se
inclinar como um porco faz.” E assim, eles partiram.
Por esta razão, o ouro é chamado Semente de Kraki ou de
Planície de Fýri. Assim cantou Eyvindr Skáldaspillir:
Deus das lâminas da batalha,
Nós carregamos através dos dias de vida de Hákon,
A Semente das Planícies de Fýri,
Em nossos braços, onde se senta o falcão.

E mesmo como Thjódólfr cantou:

O rei semeia seus homens


Com a brilhante semente dos anéis de ouro
Do descendente de Yrsa,
Na companhia de seu belo aperto de mão;
O inocente diretor das terras
Serve a reluzente bebida de Kraki
Sobre os meus braços,
Assento do encapuzado falcão.

Rei Hrólfr Espalha Ouro para Escapar dos Suecos, por Jenny
Nyström (1895)[104]
Capítulo 55 – Sobre o Rei Hölgi
É dito que o rei chamado Hölgi, de quem Hálogaland foi
chamada, foi o pai de Thorgerdr Hölgabrúdr. Sacrifícios eram feitos
para os dois, e um marco de pedras foi levantado para Hölgi: uma
camada de ouro ou prata; que era o dinheiro do sacrifício; e outra
camada de terra e pedras. Assim cantou Skúli Thorsteinsson:
Quando eu avermelhei a espada de Reifnir,
Pelo amor à riqueza,
Em Svöldr, acumulei em anéis de ouro
Como o marco bélico de Hölgi.
Capítulo 56 – Ainda Sobre as Metáforas do Ouro
No antigo Bjarkamál muitos termos para o ouro são ditos. É dito
lá:

O mais magnânimo rei,


Seus homens enriqueceu,
Com o Trabalho de Fenja,
Com a Midgard de Fáfnir,
As Folhas de Glasir,
O Fardo de Grani,
A preciosa Gota de Draupnir,
Travesseiro de Grafvitnir.
O generoso senhor deu,
Os heróis aceitaram,
As Tranças de Sif,
Gelo da Força do Arco,
Relutante Resgate da Lontra,
Lágrimas de Mardöll,
Fogo de Órun,
Belos Discursos de Idi.

O guerreiro se alegrou,
Nós andamos com belas vestes,
Com os Conselhos de Thjazi,
O numeroso exército,
O Metal Vermelho do Reno,
Herança dos Niflungs,
O líder que se atreve à guerra,
O silencioso Baldr o defende.

O ouro é metaforicamente denominado Fogo da Mão, ou do


Membro ou da Perna, porque é vermelho; mas a prata é chamada
de Neve ou Gelo, ou Geada, porque é branca. Da mesma forma, o
ouro ou a prata podem ser nomeados em metáforas da bolsa, ou
cadinho, ou espuma, e ambos podem ser chamados de Pedra de
Mão, ou Colar, de qualquer pessoa que estava acostumada a usar
um colar. E colares e anéis significam prata e ouro, se nenhum outro
detalhe é dado. Como Thorleikr o Belo cantou:
O justo príncipe lança a carga
Do cadinho nos assentos dos falcões
Dos guerreiros, os pulsos enfeitados,
Dá brasas aos seus braços.

E como Einarr Skálaglamm cantou:

O valoroso Rei de Lurid


Dá as Marcas do Fogo dos Membros,
Acredito que os guerreiros do príncipe
Não carecem de Pedras do Reno.
Assim cantou Einarr Skúlason:

A Bolsa de Neve e o Mar de Fogo


Estão nos dois lados da cabeça do machado,
Devo louvar aqueles
Que batalham contra os destruidores.

E ele cantou ainda mais:

A Chama do Mar descansa a cada dia


Sobre o monte de neve;
Aquele que ornamenta o navio,
Governa com um generoso coração;
Nunca se conseguirá fundir a prateada
Jarra de Neve no Fogo
Do Caminho da Enguia; O lenhador
De exércitos alcança todas as gloriosas façanhas.

Aqui ouro é chamado de Fogo do Caminho da Enguia; e prata,


Jarro de Neve. Assim cantou o escaldo Thórdr Mæri:
O feliz doador da Pedra de Mão,
Daquele que reduz seu ouro, percebe
Que Hermódr do lar da serpente,
Teve um nobre pai.
Capítulo 57 – As Metáforas do Homem com o Ouro
O homem é chamado Quebra-Ouro, assim como Óttarr o Moreno
cantou:

Preciso do favor da nobreza


Que segue o Quebra-Ouro das batalhas;
Aqui está uma boa tropa
Com um sábio rei.
Ou Envia-Ouro, como Einarr Skálaglamm cantou:

O Envia-Ouro permite ao rei;


O príncipe seus homens alegra em canções,
Seus tesouros eu recebo;
Aprecie o hidromel de Ygg.

Lança-Ouro, como Thorleikr cantou:


O Lança-Ouro se faz leal a ele,
Sua guarda com armadura real.

Adversário do Ouro, como cantou Thorvaldr Blönduskáld:


O Inimigo do Ouro lança brasas
Dos braços, o rei dá a riqueza vermelha;
O destruidor do povo vil
Distribui o Fardo de Grani.
Príncipe de Ouro, como está escrito aqui:

Um Príncipe de Ouro em amizade


Eu possuo, e do guerreiro,
Filho da brilhante lâmina da guerra,
Eu faço uma canção de louvor.
Capítulo 58 – As Metáforas da Mulher com o Ouro
A mulher é nomeada em metáforas do ouro, sendo chamada de
Salgueiro ou Negociante de Ouro, como Hallarsteinn cantou:

Aquele que lança o âmbar


Da fria bebida salgada do Javali de Vidblindi,
Por muito tempo se lembrará da Negociante
Do Rio Dourado da serpente.
Aqui baleia é chamada do Javali de Vidblindi. Ele era um gigante
que tirava as baleias do mar como peixes. A Bebida das Baleias é o
mar; Âmbar do Mar é o ouro; mulher é o Salgueiro, ou Negociante,
do Ouro que ela dá; e o salgueiro é uma árvore. Portanto, como já
foi mostrado, a mulher é nomeada como todos os tipos de árvores
femininas. Ela também é chamada consumidora do que ela dá; e a
palavra para consumidora também significa uma tora, uma árvore
que cai na floresta. Assim cantou Gunnlaugr Ormstunga:

Essa dama nasceu para trazer conflitos


Entre os filhos dos homens;
O guerreiro foi o causador disso; loucamente
Desejo possuir essa Tora de Riquezas.
Mulher é chamada de Floresta; assim cantou Hallarsteinn:
Com a bem treinada arte de cantar,
A língua suavizei, minha senhora,
Damas das primeiras canções das bebidas,
Bela Floresta de Jarros.

Graveto, como Steinn cantou:

Tu irás, ó doce Sif


Do Fogo da Inundação, como outros
Gravetos do cascalho de Hjadnings,
Romper com tua boa sorte.
Suporte, como Ormr Steinthórsson cantou:
O Suporte de Pedra foi vestida
Em roupas limpas e decentes,
Um novo manto o herói
Lançou sobre a brilhante Valquíria.

Valquírias, por Carl Emil Doepler (1905)[105]

Pilar, como Steinarr cantou:

Todos os sonhos da graciosa Syn


Do suave pescoço,
Mentiram para mim; a instável
Pilar do Ouro me enganou.
Vidoeiro, como Ormr cantou:

Por uma marca do Vidoeiro


Do brilhante anel oco,
A chama ressoante, eu coloquei
No jarro de bebidas do anão, a minha canção.

Carvalho, como está aqui:

O belamente decorado Carvalho


Está no caminho de nosso prazer.

Tília, como está escrito aqui:

Ó terrível guerreiro alto como um ulmeiro,


Da chuva de choque de metais,
Nossa coragem não irá se abalar;
Assim ordenou o Linho da Tília.
Capítulo 59 – As Metáforas dos Homens com as Árvores
O homem é nomeado em metáforas de árvores, como já foi
escrito antes; ele é chamado de Tramazeira, ou Testador de Armas
ou de Combates, de Expedições e de Feitos, de Navios e de tudo
aquilo que empunha e testa; assim cantou Úlfr Uggason:

Mas o olhar forte da Corda que Circunda


A Terra olhou além da proa,
Para a Tramazeira do Povo
Da Pedra, e jorrou veneno.
Árvore e Viga, como Kormákr cantou:

A Viga da espada assassina


É melhor que muitos
Na batalha; a espada
Ganha terras para o Senhor Sigurdr.
Bosque, como cantou Hallfredr Vandrædaskáld:
O Poderoso Bosque,
E sua assassina de escudos, com cabelos
Como folhagem, fica ao Leste
Dando segurança junto ao Freixo de Ullr.

Aqui, ele também é chamado de Freixo de Ullr. Caixa, como


Arnórr cantou:

A Caixa de Navios ordenou ao Rygir


A trazer os escudos juntos
No início do anoitecer; a chuva de lanças
Durou pela noite de outono.
Freixo, como Refr cantou:

O Freyr da Batalha, gracioso doador,


Foi à cama decorada por ouro da dama;
O Freixo da Batalha de Granizo de Odin
Ganhou o espólio da masculinidade.
Bordo, como aqui:

Olá, falou o Bordo do Braço


De Gelo, a cota de Malha.

Árvore, como Refn cantou:


Desde que determinei
A ofertar o Seio do Mar de Odin,
O poema do Deus da Guerra, a Thorsteinn;
A Árvore de Espadas assim o quer.

Pilastra, como Óttar cantou:

Tu, feroz Pilastra de Guerra, segurou


Dois reis, teus territórios
Com a força de heróis, onde os corvos
Não passaram fome; belo coração tens.
Espinho, como Arnórr cantou:

Ele reuniu, o jovem Espinho de Riquezas,


Grandes pilhas de cadáveres
Para as águias, e seus homens
Guiaram e ajudaram o herói.
Capítulo 60 – As Metáforas da Batalha
Como a batalha deve ser nomeada? Ao chamá-la Tempestade de
Armas ou de Abrigo dos Escudos, ou de Odin ou de Valquírias, ou
de Reis da Guerra; e Ruído e Colisão. Assim cantou Hornklofi:

O rei travou uma Tempestade de Lanças


Contra heróis, onde as águias
Gritaram ao Ruído de Skögul;
Feridas vermelhas cuspiram sangue.
Assim cantou Eyvindr:

E esse herói,
Sob a Tempestade de Odin,
Vestia um manto
De pele de lobo cinzento.
Assim cantou Bersi:
Em tempo antigos eu não parecia útil,
Para as a Guerras de Gunn,
No Granizo de Hlökk, quando jóvens
Éramos, assim é dito.

Assim cantou Einarr:

O audaz príncipe deixa os Escudos de Hildr


Levarem os mais severos goldes da Tempestade
Da Valquíria, onde a Chuva de Flechas
Cai, as lâminas das espadas martelam.
Cavalgada das Valquírias, por John Charles Dollman (1909)[106]

Como Einarr Skálaglamm cantou:

As armaduras dos guerreiros,


Tecidas com firmeza, não protegeram
Os jovens contra a Chuva
De Högni na investida de Hákon.

Assim como aqui:

Eles montaram as lanças e os escudos


Contra os guerreiros que incitavam a batalha.

E novamente:

Sob as garras das águias, os inimigos do rei


Caíram ao Ruído de Göndul.
Capítulo 61 – As Metáforas das Armas e Armaduras
Armas e armaduras devem ser nomeadas em termos de batalha,
e com referência a Odin e as Valquírias e reis da guerra: deve-se
chamar um capacete de Capuz ou Capa; uma cota de malha,
Camisa ou Túnica; um escudo, Tenda; e uma muralha de escudos é
denominada Salão e Teto, Parede e Chão. Escudos, nomeados em
termos de navios de guerra, são chamados de Sol, ou Lua, ou
Folha, ou Brilho, ou Pátio do Navio; o escudo é também chamado
de Navio de Ullr, ou nomeado em termos de Pés de Hrungnir, uma
vez que ele estava em cima de seu escudo. Em escudos antigos,
era costume pintar um círculo, que era chamado de anel, e escudos
são chamados em metáforas desse anel. Armas cortantes,
machados ou espadas, são chamadas Fogos de Sangue, ou de
Feridas; espadas são chamadas Fogos de Odin; mas os homens
chamam machados pelos nomes de mulheres trolls e nomeiam-nos
em termos de sangue ou feridas ou uma floresta ou bosques. Armas
perfurantes são devidamente nomeadas chamando-as pelo nome
de serpentes ou peixes. Armas de projéteis são muitas vezes
metaforicamente denominadas granizo ou chuva de neve ou
tempestade. Variantes de todos estes termos têm sido feitos em
muitos aspectos, pois eles são usados principalmente em poemas
de louvor, onde há a necessidade de tais metáforas. Assim cantou
Viga-Glúmr:

Com o Capuz do Deus Enforcado,


Os exércitos deixaram de ir
Pela beira, era desagradável
Continuar a empreitada.
Assim cantou Einarr Skálaglamm:

Vestido com a Capa o valente Búi,


Aquele que do sul foi
À batalha de Gunn, e ardente por guerras,
Sigvaldi ofereceu a batalha.
Camisa de Rodi, como Tindr cantou:
Quando teve que descartar a danificada
E reluzente Camisa de Odin,
Os corcéis do mar de Ródi,
Foram livrados de guerreiros.

Túnica de Hamdir, como Hallfredr cantou:

O Granizo de Guerra, forte e constante,


Das armas de Egill se quebraram
Ferozmente nas Túnicas de Hamdir,
De seus guerreiros em Animais das Ondas.
Vestimentas de Sörli, assim como cantou mais:

Por isso, a brilhante Vestimenta de Sörli,


No sangue dos homens deve ser avermelhada,
E ouvi-lo claramente; Feridas de Sangue
Em cortantes Chuvas de Ferro.

Escudos são chamados Tendas de Hlökk, como Grettír cantou:

Os donos das Tendas de Hlökk mantiveram seus narizes


Juntos, e os heróis
Da Tempestade da Muralha de Escudos de Hildr
Esfregaram suas barbas juntos.

Telhado de Ródi, como Einarr cantou:

O forte Gelo do Telhado de Ródi,


Para as Lágrimas de Freyja,
Não está pior, meu belo machado,
Que este rei chegue à avançada idade.

Muralha da Hildr, como Grettír cantou, e como já foi escrito antes.


Navio de Sol, como Einarr cantou:

No mar, os parentes de Ólafr


Avermelham a chama do Navio de Sol.

Lua da Proa, como Refr cantou:

Belo foi o dia, quando doadores


Dos Fogos dos Braços lançaram à Lua
Da Proa às minhas mãos,
A faixa dos Anéis Vermelhos.
Pátio do navio, como aqui:

O ágil lanceiro
Atirou através do pintado Pátio do Navio
Como se fosse uma casca; certamente
Ele era um amargo guerreiro.

Freixo de Ullr, como Thjódólfr cantou:


As Rajadas de Neve do Navio do Freixo de Ullr
Enfurecem-se sobre o príncipe
Com abundância, acenam
Com terríveis espadas.

Lâmina da Sola de Hrungnir, como Bragi cantou:

Ouvirás, ó Hrafnketill,
Como devo louvar a Lâmina da Sola
Do Ladrão de Thrúdr, manchada
Com habilidade, e louvar meu rei?

Bragi o escaldo cantou isto sobre o anel no escudo:

A menos que seja que o Renomado


Filho de Sigurdr queira um pagamento
De bom grado pelo centro do anel
Da ressoante roda de Hildr.

Ele chamou o escudo de Roda de Hildr, e o anel de Centro da


Roda. Terra do Círculo, como Hallvardr cantou:
O chefe dos postos de combate
Vê o vermelho brilhante Anel da Terra
Voar em duas partes; o branco disco
Quebra-se em pedaços.

Também é cantado:

Um anel convém melhor a um escudo,


Flechas convêm a um arco.

Uma espada é o Fogo de Odin, como Kormákr cantou:


A luta se enfurecia, quando o guerreiro,
Aquele que alimenta o Lobo, em tumulto
Avançou com a Chama de Odin;
Urdr se levantou do poço.
Fogo do Elmo, como Úlfr Uggason cantou:

A poderosa Dama
Da Montanha fez o Cavalo do Mar
Arrastar-se adiante, mas os Campeões
Do Fogo do Elmo de Odin abateram seu corcel.

Fogo da Cota de Malha, como Glúmr Geirason cantou:


O Protetor das Terras,
Que se defendeu contra guerreiros
Poderosos, fez que o cintilante Fogo
Da Cota de Malha sibilasse após isso.
Gelo do Anel, e Destruidor das Armaduras Protetoras, como
Einnar cantou:
Recebi o Gelo do Anel,
Com o Orvalho dos Olhos de Freyja,
Do bondoso e correto príncipe;
Carregamos nas mãos o Destruidor de Elmos.
Um machado é chamado de Mulher Troll da Armas Protetoras,
como Einarr cantou:
Os cavaleiros do corcel do mar de Ræfill
Podem ver como, ricamente esculpidos,
Estão os dragões na fronte
Da troll da Protetora de Vidas.
Uma lança é chamada de Serpente, como Refr cantou:

Minha feroz e raivosa Serpente


Das marcações do Escudo,
Selvagemente joga em minhas mãos,
Onde homens se encontram para guerrear.

Flechas são chamadas de Granizo do Arco ou Corda do Arco, ou


dos Abrigos, ou da Batalha, como Einarr Skálaglamm cantou:

O Rei das Espadas, martelando, sacudiu,


Das velas de Hlökk o Granizo do Arco;
Bravamente os Aliados do Lobo
Protegeram sua vida na batalha.

E Hallfredr:
E a armadura da Chuva de Lanças,
Costurada com ferro, não salvou
Os guerreiros dos famintos corvos,
Do Granizo da Corda do Arco.
E Eyvindr Skáldaspillir:

Disseram, ó Defensor das Terras de Hörd,


Que teu espírito pouco vacilou,
Quando o Granizo da Armadura caiu ferido;
Retorcidas foram as Cordas dos Arcos.
Capítulo 62 – Sobre a Batalha dos Hjadnings
Batalha é chamada de Tempestade ou Chuva de Neve do
Hjadnings, e as armas são chamadas de Fogo ou Bastões dos
Hjadnings; e esta é sua história.
Um rei que se chamava Högni tinha uma filha chamada Hildr. Ela
foi seqüestrada em uma invasão por um rei chamado Hedinn, filho
de Hjarrandi, enquanto o rei Högni participava de uma assembléia
de reis. Mas quando soube que tinha havido incursões em seu reino
e sua filha tinham sido levada, ele partiu com o seu exército em
busca de Hedinn, e soube que ele havia navegado para o norte ao
longo da costa. Quando Högni chegou na Noruega, ele soube que
Hedinn havia navegado para o oeste pelo mar. Então Högni partiu
atrás dele, até mesmo para as Órcades; e quando ele desembarcou
no lugar chamado Hoy, Hedinn estava lá com seu exército.
Então Hildr foi ao encontro de seu pai, e ofereceu-lhe um colar
em nome de Hedinn, de reconciliação e paz; mas se não fosse
aceito, ela disse, Hedinn estava pronto para lutar, e Högni não devia
esperar nenhuma misericórdia de sua parte. Högni respondeu sua
filha severamente; e quando ela voltou para Hedinn, ela disse-lhe
que Högni não desejava reconciliação, e ela pediu-lhe para se
preparar para a batalha. Assim fizeram ambas as partes: eles foram
para a ilha e ordenaram suas tropas.
Então Hedinn chamou Högni, seu sogro, oferecendo-lhe
reconciliação e muito ouro em compensação. Mas Högni respondeu:
“Tarde demais você oferece para fazer as pazes comigo, pois
agora eu saquei a espada Dainsleif, que foi forjada pelos anões, e
deve ser a morte de um homem sempre que ela é desembainhada;
seus golpes nunca erram o alvo, e as feridas feitas por ela nunca
cicatrizam.”
Então disse Hedinn:
“Você possui a espada, mas não a vitória. Chamo qualquer
espada de boa contanto que seja fiel ao seu mestre.”
Então eles começaram a famosa luta que é chamada de Batalha
dos Hjadnings, e eles lutaram durante todo aquele dia, mas à noite,
os reis foram para os seus navios. Então Hildr foi até os guerreiros
caídos, e com magia despertou todos os que estavam mortos. No
dia seguinte, os reis foram para o campo de batalha e lutaram, e
assim fizeram todos aqueles que haviam caído no dia anterior.
Assim, a luta continuou um dia após o outro: todos os que caíram, e
todas aquelas armas que jaziam no campo, e os escudos também,
eram transformados em pedra; mas quando o dia amanhecia, se
levantavam todos os homens mortos e lutavam, e todas as armas
eram reformadas. É dito em canções que os Hjadnings continuarão
até o Ragnarök. Bragi o escaldo compôs versos sobre esta história
na Canção de Louvor de Ragnarr Lodbrók:
E a amada donzela
Do derramamento de sangue,
Pretendeu trazer, pelo amor à ira,
A Tempestade de Flechas ao seu pai;
Quando a dama com a espada,
Carregou o colar da guerra
Ao guerreiro dos Corcéis do Vento.

A sangrenta Curadora de Feridas,


Ao glorioso monarca ofereceu
O colar não por medo
Do Encontro de Metais;
Ela sempre aparentou ser
Contra a batalha, embora incitasse
Aos guerreiros a caminhar a estrada da morte
Com a terrível Irmã do Lobo.
O príncipe dos homens,
Não deixou a luta, para felicidade do Lobo,
Cessar, Nem a carnificina nas areias cessar;
De ódio mortal se encheu Högni,
Quando os incansáveis senhores das espadas,
Atacaram Hedinn com duras armas,
Ao invés de aceitar
O colar de Hildr.
E aquela maléfica Bruxa de Mulher,
Desperdiçando os frutos da vitória,
Tomou governança da ilha
Sobre o machado, a Ruína das Armaduras,
Todo o exército do rei
Avançou furioso sobre os escudos
De Odin, em marcha
Da Frota de Cavalos de Reifnir.

No belo escudo de Svölnir


Pode-se perceber o massacre;
Ragnarr me deu este Navio da Lua,
Com muitas histórias inscritas nele.
Capítulo 63 – A Batalha como Metáfora de Odin
Batalha é chamada de Tempestade de Odin, como está
registrado acima; assim cantou Viga-Glúmr:

Eu costumava ganhar terras para mim,


Como senhores de outrora, com as Vigas
Do Bastão da Tempestade de Vidrir;
Eu tinha uma reputação por isso.
Aqui batalha é chamada de Tempestade de Vidrir, e a espada é o
Bastão de Batalha; homens são Vigas da Espada. Aqui, então,
ambas as batalha e armas são usadas como metáforas para o
homem. Ele é chamado de embutir, quando se escreve assim. O
escudo é a Terra das Armas, e as armas são Granizo ou Chuva
daquela terra, se alguém emprega figuras alegóricas.

A Caçada Selvagem, por Peter Nicolai Arbo (1872)[107]


Capítulo 64 – As Metáforas de Navios
Como deve ser o navio nomeado? Chame-o de Cavalo ou Cervo
ou Sapato de Neve do Rei do Mar, ou de Mastro, ou de Tempestade.
Corcel das Ondas, como Hornklofi cantou:

O feroz guerreiro
Do pálido Corcel das Ondas,
Quando ainda jovem, mandou as proas dos navios
Prensarem contra o mar na maré alta.
Corcel de Geitir, como Erringar-Steinn cantou:

Embora ao escaldo todas as pessoas


Contem sobre essa guerra ao sul;
Carreguemos o Corcel de Geitir
Com Pedras; com prazer navegamos.
Rena de Sveidi:
Ó valente na batalha Filho de Sveinn,
Vieres com a Rena de Sveidi,
Na trilha do Assento de Sölsi;
Os Cervos do Som deslizaram pelas costas.

Assim cantou Hallvardr. Aqui, o navio também é chamado de


Cervos do Som; e o mar é chamado de Assento de Sölsi. Assim
cantou Thórdr Sjáreksson:

A veloz Borda do Corcel,


Ao redor de Sigg desviou ao norte,
Uma rajada empurrou
O Cavalo da Terra de Gylfi para o sul
De Aumar, a Trilha da Gaivota
Levou à costa Körmt e Agdir
Ao longo da popa; por Listi
O Corcel do Alho Poró passou.
Aqui, o navio é chamado de Borda do Corcel, e o mar é Terra de
Gylfi; o mar é também chamado de Trilha da Gaivota e o navio é seu
Cavalo, e, ainda, Cavalo do Alho Poró; Alho Poró é uma palavra
para a árvore do mastro. E novamente, como Markús cantou:
O sobrevivente do inverno da correnteza avançou
Bravamente as derivas das serpentes dos fiordes;
O Dente Ganancioso da Cabeça do Mastro
Saltou sobre o teto das baleias;
O Urso do Dilúvio seguiu
Sobre os antigos caminhos dos navios;
O Urso do Estoque, valente da chuva,
Quebrou os grilhões dos recifes.

Aqui, o navio é chamado de Sobrevivente da Correnteza. Um


filhote de urso é chamado de Sobrevivente; e um urso é chamado
de Dente Ganancioso; o Urso do Estoque é um navio. Um navio é
também chamado de Rena, e assim Hallvardr cantou, como já foi
escrito antes; e Cervo, como o Rei Haraldr Sigurdarson cantou:

Pela Sicília então amplamente


O casco cortou; éramos esplêndidos;
O Cervo do Mar deslizou rapidamente
Como esperávamos sob os homens.

E Alce, como Einarr cantou:

Um homem não pode ficar muito tempo com você,


Caro doador de anéis, ao menos
Que algo seja dado por ele;
Preparemos o Alce do Dilúvio.
E Lontra, como Máni cantou:

O que você, lento e velho de bochechas cinzas,


Pode fazer entre os guerreiros
Sobre a Lontra das Ondas do Mar?
Pois suas forças estão a desvanecer.
Lobo, como Refr cantou:

E o Distribuidor de Tesouros dava ouvidos


A Thorsteinn; verdadeiro meu coração é
Ao Senhor do Lobo das Ondas
No funesto conflito de Bastões da Ira.

E Boi também. O navio é chamado de Sapato de Neve, ou


Vagão, ou Carruagem. Assim cantou Eyjólfr o Dádaskáld:

No fim do dia, o jovem Earl,


No Sapato de Neve das Águas sem Terras,
Avançou com iguais forças
Para se encontrar com o destemido chefe.

Assim cantou Styrkárr Oddason:

O exército de Högni levou os Vagões


De Rolos sobre os montes de neve de Heiti,
Furiosamente perseguindo
O grande Doador de Brasas.

E como Thorbjörn cantou:


O Cargueiro da Carruagem das Cristas das Ondas
Estava na pia batismal,
O Distribuidor de Tesouros, a quem foi dado
A maior graça de Cristo.
Navio Viking da Antiguidade, por Anker Lund (1860)[108]
Capítulo 65 – As Metáforas de Cristo
Como se deve nomear Cristo? Assim, chamando-o Criador dos
Céus e da Terra, dos Anjos, e do Sol; Governador do Mundo e do
Reino Celestial e de Jerusalém e Jordânia e da Terra dos Gregos;
Conselheiro dos Apóstolos e dos Santos. Escaldos antigos
escreveram sobre Ele em metáforas da Fonte de Urdr e Roma;
como Eilífr Gudrúnarson cantou:
Então o Poderoso Governante de Roma
Em suas terras rochosas confirmou
Seu poder; dizem que Ele se assenta
Ao Sul, na Fonte de Urdr.
Assim cantou Skapti Thóroddssen:

O Rei dos Monges é o maior


Em poder, por Deus a tudo governa;
O poder de Cristo criou todo o mundo,
E levantou o Salão de Roma.
Rei dos Céus, como Markús cantou:
O Rei da Casa dos Ventos criou
A Terra, o Céu e os povos fiéis;
Cristo, único Príncipe dos Mortais,
Tem poder sobre tudo o que vive.

Assim cantou Eilífr Kúlnasveinn:

A Tropa do radiante Telhado do Mundo


E a multidão dos homens se curva
Perante a Santa Cruz; o Rei do Sol
Somente é mais brilhante que toda outra verdadeira glória.
Filho de Maria, como Eilífr ainda cantou:

A pura Corte dos Céus se curva


Ao Filho de Maria, o Governante dos Homens
Realiza verdadeiros trabalhos gloriosos;
Ele é homem e Deus.
Rei dos Anjos, como Eilífr cantou novamente:

O nobre poder do Amigo de Deus


É melhor do que os homens podem imaginar;
Ainda assim o Clemente Rei dos Anjos
É mais santo e mais digno que tudo.

Rei da Jordânia, como Sigvatr cantou:


Quatro anjos o Rei da Jordânia
Mandou há muito tempo dos Céus
Para a Terra; e a chuva lavou
A santa cabeça do Senhor do Mundo.

Rei dos Gregos, como Arnórr cantou:

Eu faço orações pelas cinzas dos heróis


Para o Nobre Rei
Dos Gregos e homes de Gardar;
Assim eu pago o Príncipe por seus presentes.

Assim cantou Eilífr Kúlnasveinn:

A Glória dos Céus louva o Príncipe


Dos homens; Ele é o Rei de todas as coisas.

Aqui, ele chama Cristo, em primeiro lugar, o Rei dos Homens, e


mais uma vez, o Rei de Tudo. Einarr Skúlason cantou:

Aquele que abraça, Brilhante na Misericórdia,


Todo o mundo, e cuida gentilmente
De todos, fez que o Reino dos Céus
Se abrisse para o Valoroso Governante.
Capítulo 66 – As Metáforas dos Reis e Suas Distinções
Aqui as metáforas coincidem; e aquele que interpreta a
linguagem da poesia tem de distinguir a que rei se destina; pois é
correto chamar o Imperador de Constantinopla de Rei dos Gregos, e
da mesma forma chamar o rei que reina sobre a terra de Jerusalém
de Rei de Jerusalém, e também chamar o Imperador de Roma de
Rei de Roma, e chamá-lo de Rei dos Anglos quem governa a
Inglaterra. Mas essa nomeação que foi citada agora pouco, que
chama Cristo de Rei dos Homens, esta metáfora pode ser aplicada
a qualquer rei. É apropriado nomear todos os reis, chamando-lhes
de Governantes da Terra ou Defensores da Terra, ou
Conquistadores da Terra, ou Líder dos Subordinados, ou
Defensores do Povo. Assim cantou Eyvindr Skáldaspillir:
Týr das Cargas
Da vida foi privado
Pelos Governantes das Terras
Em Ögló.
E como Glúmr Geirason cantou:

O Príncipe sob o capacete


Avermelhou a espada
Sobre os Götas; lá o Defensor da Terra
Foi encontrado no Ruído das Lanças.

Como Thjódólfr cantou:


É meu desejo que o glorioso Líder
Dos Subordinados, de bom coração,
Deixe a seus filhos a herança
E sua terra natal.

Como Einarr cantou:

O valente em alma Defensor da Terra


Em sua dura cabeça carrega o elmo;
O bardo perante os heróis conta

A fala do Rei de Hordaland.

É certo também chamar um rei que tem reis tributários sob ele
como Rei dos Reis. Um imperador é o maior dos reis, e em seguida
dele é o rei que reina sobre uma nação; e cada um destes é igual ao
outro nas metáforas feitas deles na poesia. Em seguida a eles estão
os homens que são chamados de Earls ou reis tributários, e são
iguais em metáforas com um rei, exceto que não se pode denominá-
los reis das nações. E assim cantou Arnórr Jarlaskáld a respeito de
Earl Thorfinnr:
Deixe que os homens ouçam como o Rei dos Earls,
De espírito aguçado, procurou o mar;
O avassalador governante
Falhou em contrariar o oceano.

A seguir a estes nas figuras da poesia estão esses homens que


são chamados senhores: pode-se nomeá-los como se poderia um
rei ou um earl, chamando-os de Dispensadores de Ouro,
Munificente das Riquezas, Homens das Normas, e Capitães do
Exército, ou Líderes da Batalha. Uma vez que cada rei de uma
nação, que governa sobre muitas terras, nomeia reis tributários e
earls na autoridade conjunta com ele, para administrar as leis da
terra e defendê-la de ataques nas partes que jazem distantes do rei.
E nessas regiões eles devem ser iguais ao rei em dar julgamento e
impor punição. E há muitos distritos em uma terra; e é a prática de
reis nomearem chefes de justiça sobre quantos distritos quanto ele
escolher para dar em suas mãos. Estes chefes de justiça são
chamados de Lordes ou Desembarcados na língua dinamarquesa,
Greifar na Saxônia, e Barões na Inglaterra. Eles também devem ser
juízes justos e guerreiros fiéis sobre a terra que lhes foi confiada
para a governança. Se o rei não está perto, então um estandarte
deve ser carregado perante eles na batalha; e então eles são
comandantes do exército tão legítimos quanto reis ou earls.
Em seguida sob eles estão os homens que são chamados de
heróis; são aqueles que são proprietários livres de terras de honrada
família, e possuidores de plenos direitos. Pode-se nomeá-los,
chamando-os de Mantenedores de Riquezas, e Protetores, e
Reconciliadores dos Homens; chefes também podem ter esses
títulos.
Reis e earls têm como seguidores os homens chamados
Membros do Hird e Huscarls; Desembarcados também têm em seu
serviço aqueles que são chamados Membros do Hird na Dinamarca
e na Suécia, e Huscarls na Noruega, e estes homens prestam
juramentos de serviço para eles, assim como os Membros do Hird
fazem para os reis. Os Huscarls de reis eram freqüentemente
chamados Membros do Hird em tempos antigos. Assim cantou
Thorvaldr Blönduskáld:

Salve, Rei, ágil no ataque!


E seus bravos Huscarls contigo!
Em suas bocas, homens têm meus versos,
Feitos para uma canção de louvor.

Rei Haraldr Sigurdarson compôs esta:

O homem com completo poder


Espera preencher o assento do Rei;
Frequentemente encontro, aos calcanhares do Earl,
Multidões de huscarls crescendo.
Luta entre um Normando e um Huscarl, Tapeçaria de Bayeux
(~1070)[109]
Membros do hird e huscarls podem ser nomeados chamando-
os Tropa Doméstica, ou Mercenários, ou Homens de Honra. Assim
cantou Sigvatr:
Soube que os Mercenários do príncipe
Na água lutaram aquela batalha
Recentemente; não foi uma pequena
Chuva de Neve e de Escudos, eu te conto.

E, portanto, também:
Quando no Corcel de Cabos,
O Encontro de Aços estava acontecendo,
Não foi o mesmo quando uma dama levava
Hidromel do seu senhor para os Homens de Honra.

A taxa de serviço que os chefes dão é chamada de salários e


presentes. Assim cantou Óttarr o Moreno:
Eu preciso usar o Destruidor
Da Brasa da Batalha dos nobres;
Aqui está uma Tropa Doméstica
Do sábio rei reunida.

Earls e chefes e membros do hird são nomeados chamando-os


Conselheiros ou Bisbilhoteiros ou Companheiros de Assentos do
Rei, como Hallfredr cantou:

O poderoso em batalha Conselheiro


Do Rei, cuja ousadia agrada,
Deixa a armadura em fúria de Högni,
Forjada por martelos, se chocar contra ele.

Como Snaebjörn cantou:


O Bisbilhoteiro do Rei deixa
O Corcel de Corrida de longas cordas e cascos,
Firme com o bico como uma espada de aço
Do navio contra uma forte onda.
Assim cantou Arnórr:

Meus jovens filhos suportam por minha causa


A grave tristeza pela morte
Do Earl, destruído pelo assassinato,
O Companheiro de Assento de nosso monarca.

Confidente do Rei, como Hallfredr cantou:


No concílio foi determinado
Que o Confidente do Rei, sábio em conselhos,
Deveria casar com a Terra, filha única
De Ónarr, verdemente arborizada.
Devem-se nomear os homens por seus parentes; como Kormákr
cantou:
Deixe que o filho do verdadeiro amigo de Haraldr
Dê ouvidos e ouça-me;
Eu trago minha música, a bebida dos poemas
Dos Gigantes de Gelo de Sýr.
Ele chamou o Earl de amigo verdadeiro do Rei, e Hákon, Filho de
Earl Sigurdr. E Thjódólfr cantou assim a respeito de Haraldr:
O Pai de Ólafr
Aumenta a Tempestade de Járnsaxa,
De forma que cada dificuldade e ação
É digna de fama.
E ainda:

Jarizleifr podia ver


Por onde o rei passou;
O bravo e santo Irmão do Rei
Robustamente venceu em louvor.

E mais uma vez ele cantou:


Desprovido de fôlego
Aquele que ofuscou a todos;
Descendentes de chefes,
O Filho do Irmão de Haraldr.
Arnórr também cantou assim na Canção de Louvor de Rögnvaldr:

Os guerreiros parentes de Heiti


Criaram comigo parentesco por matrimônio;
O forte vínculo do Earl sobre o casamento
Trouxe honra para todos nós.

E mais uma vez, a respeito de Earl Thorfinnr, ele cantou:


Finas espadas morderam profundamente
Os parentes de Rögnvaldr, ao sul
Do Homem, onde correram poderosos exércitos
Para baixo do abrigo dos escudos.

E ele cantou ainda mais:


Ó Deus, proteja a gloriosa
Família do grande Turf-Einarr
Do mal; Eu oro, mostre misericórdia
A ele cujos fiéis chefes amam.

E Einarr Skálaglamm cantou:


A Casa dos Membros
De Hilditönn nunca faltará
Com audácia mais generosa;
É minha obrigação louvá-los.
Capítulo 67 – As Metáforas dos Nomes
Qual é a regra para a poesia sem metáforas? Chamando cada
coisa pelo seu próprio nome. Quais são os termos simples para a
poesia? Ela é chamada de Rima, Louvor, Canção, Enaltecimento, e
Elogio. Bragi o Velho cantou isso, quando ele estava viajando por
uma floresta tarde da noite. Uma mulher troll o saudou em verso,
pedindo a quem passava:
“Trolls me chamam de
Lua da Morada de Rungnir,
Amiga em miséria,
Sol da tempestade do fardo,
Guardiã da terra circundada,
Devoradora da roda dos céus;
O que é um troll senão isso?”
Ele respondeu assim:

“Escaldos me chamam de
Ferreiro do pensamento de Vidurr,
Descobridor do tesouro de Gautr,
Bardo sem falhas,
Servente da cerveja de Yggr,
Autor de canções de Modi,
Habilidoso ferreiro da rima;
O que é um escaldo senão isso?”

E como Kormákr cantou:


Eu farei mais Louvores
Ao grande filho de Sigrodr;
Eu darei a ele a canção de expiação
Dos Deuses; Em sua carruagem Thor se senta.

E como Thórdr Kolbeinsson cantou:

O Escudo de Bordo deixou muitos ágeis navios


E cargueiros e rápidos
Navios de guerra deslizarem pelo mar;
A Canção de Enaltecimento do escaldo segue adiante.
Enaltecimento, como Úlfr Uggason cantou:

Lá o rio encontra o mar;


Mas antes o Enaltecimento eu canto
Do Mensageiro da Chuva de Espadas;
Assim, elevo o Elogio dos guerreiros.

Aqui a poesia é chamada de louvor também.


Capítulo 68 – Os Nomes dos Deuses
Como os deuses são chamados? Eles são chamados de
Grilhões, como Eyjólfr Dádaskáld cantou:

Eiríkr demarca as terras sob seus pés


Ao prazer dos Grilhões,
E organiza suas batalhas.
E Vínculos, como Thjódólfr de Hvin cantou:

O hábil Enganador dos Deuses


Provou aos Vínculos ser um partilhador
De ossos; o Encapuzado em Elmo
Viu que havia algo por trás.
Poderes, como Einarr Skálaglamm cantou:
Digo que os Grandes Poderes
Ampliaram o império de Hákon.

Jólnar, como Eyvindr cantou:


Nós preparamos
O Banquete de Jólnar,
A Canção de Louvor do Rei,
Forte como uma ponte de pedra.
Divindades, como Kormákr cantou:

O Doador de Terras, que ata


A vela ao topo com o laço de ouro
Honra aquele que serve o hidromel das Divindades;
Odin forja encantos em Rindr.
Capítulo 69 – Os Nomes dos Céus, Sol e Lua
Estes nomes dos Céus estão registrados, mas não encontramos
todos esses termos em poemas; e estes termos escáldicos, como
os demais, não devem ser usados na escrita escáldica, me parece,
a menos que alguém encontre tais nomes nas obras de Grandes
Escaldos.
Céus: Hlýrnir, Heidthornir, Tempestade de Mimir, Andlang,
Portador da Luz, Borrifador, Mais Elevado Céu, Amplo Abraço,
Inverno de Mimir, Relâmpago, Destruidor, Largo Azul.
Sol: Disco, Fulgor Eterno, Todo Brilho, Visão, Bela de rodas, Raio
Medicinal, Brinquedo de Dvalinn, Feixe de Elfo, Disco Duvidoso,
Luminária.
Lua: Cera, Diminuição, Contador de Anos, Mulinn, Fengari,
Glamour, Apressado, Crescente, Clarão.
Capítulo 70 – Os Nomes da Terra
Quais são os termos simples para a Terra? Ela é chamada de
Terra, como Thjódólfr cantou:

O duro Incitador de Chuvas de Pontas


Sempre causou Tempestades de Espadas,
Sob ele a ampla Terra
Com batalhas foi submetida.
Campo, como Óttarr cantou:

O Exército de Baldr guarda o Campo,


Poucos reis são tão poderosos;
Óleifr engorda a águia,
O mais imponente é o Rei dos Suecos.

Chão, como Hallvardr cantou:


O amplo Chão, circundado pela fria e venenosa Víbora
Encontra-se sujeita ao Guerreiro
Do empilhado ouro da Corrente da Ilha;
O Senhor da Espada dispensa o tesouro.

Superfície, como Einarr cantou:

Bravos heróis estão defendendo


A dura Superfície dos famosos príncipes
Com a espada; com frequência capacetes se partem
Ante a furiosa Tempestade de Gumes.
Terreno, como Thórdr Kolbeinsson cantou:

O Terreno, após a batalha,


Foi sujeita de Veiga ao norte
A Agdir ao sul, ou mais além;
Cuidadosa é a canção no conflito.

Território, como Óttarr cantou:


Tu, feroz Pilastra de Guerra, segurou
Dois reis, teus Territórios
Com a força de heróis, onde os corvos
Não passaram fome; belo coração tens.
Hlödyn, como Völu-Steinn cantou:

Eu me lembro como a obscura terra bocejou


Com a boca esculpida para o Triturador
Das Palavras de Ouro do gigante
Dos duros ossos do Verde Hlödyn.

País, como Úlfr Uggason cantou:


Mas o olhar forte da Corda que Circunda
A Terra olhou além da proa,
Para a Tramazeira do Povo
Do País, e jorrou veneno.

Fjörgyn, como se diz aqui:

Eu fui fiel ao Pagador livre


Do leito da correnteza da Serpente de Fjörgyn;
Que a honra seja bem guardada
Pelo Doador do fluxo de ouro do gigante.
Capítulo 71 – Os Nomes dos Lobos, Ursos e Cervos
É correto nomear sangue ou carniça em termos da besta que se
chama Warg, chamando-os de sua comida e bebida; não é correto
expressá-las em termos de outros animais. O Warg é também
chamado de Lobo. Como Thjódólfr cantou:

Suficiente comida a Geri


Foi dada, quando o Filho de Sigurdr
Veio do Norte, dando-lhe feridas
Para atrair o Lobo.
Aqui ele é chamado de Geri também. Freki, como Egill cantou:

Freki feriu
Profundamente, quando esguichou
O vermelho sangue
Da cabeça do corvo.
Fera Bruxa, como Einarr cantou:
A Götha, gélida de veneno,
Com uma ferida cuspindo sangue foi avermelhada;
A quente bebida da Fera Bruxa, misturada
Com água, no mar derramava.

Loba, como Arnórr cantou:

A perversa família da Loba


Engoliu o cadáver, inchado de maldade,
Quando o mar verde foi transformado
Em vermelho, com sangue misturado.
Warg, como Illugi cantou:

Havia felicidade para o Warg


Quando meu senhor perseguiu os exércitos;
O Distribuidor de Riquezas com a espada
Perfurou a negra Serpente da Floresta.
Assim cantou Hallr:

Ele saciou a fome da Besta da Charneca,


O uivador grisalho se alimentou das feridas;
O rei avermelhou a boca de Fenrir,
O Lobo foi então beber da ferida.

E novamente, como Thórdr cantou:


Em sangue o cavalo de Gjálp caminhou,
A sombria tropa se satisfez
Com a carniça de Freki; o uivador
Desfrutou do sangue de Geri.

O urso é chamado de Caminhante da Floresta, Filhote,


Sobrevivente do Inverno, Pardo, Gato, Presa Voraz, Jovem,
Rugidor, Jölfudr, Vísceras Afiadas, Ursa, Caçador de Cavalos,
Coçador, Ganancioso, Blómr, Atropelador.
O cervo é chamado de Caminhante da Charneca, Esgalhado,
Chifrudo, Dáinn, Dvalinn, Duneyrr, Durathrór.
Odin e Fenrir, por Dorothy Hardy (1909)[110]
Capítulo 72 – Os Nomes dos Cavalos
Estes são os nomes dos cavalos enumerados nas Rimas de
Thorgrímr:

Hrafn e Sleipnir,
Os famosos cavalos;
Valr and Léttfeti;
Tjaldari também estava lá;
Gulltopr e Goti;
Eu ouvi menção de Sóti;
Mór e Lungr com Marr.
Vigg e Stúfr
Estavam com Skævadr;
Blakkr poderia muito bem carregar Thegn;
Silfrtoppr e Sinir;
Ouvi falarem de Fákr;
Gullfaxi e Jór com os Deuses estavam.

Havia um cavalo chamado Blódughófi


Que diziam que erguia
O poderoso Atridi;
Gísl e Falhófnir;
Glær e Skeidbrimir;
Menção, também, foi feita a Gyllir.

Estes também estão registrados no Kálfsvísa:


Dagr montava Drösull,
E Dvalinn montava Módnir;
Hjálmthér, Háfeti;
Haki montava Fákr;
O assassino de Beli
Montava Blódughófi,
E Skævadr era montado
Pelo governante dos Haddings.
Vésteinn montava Valr,
E Vifill montava Stúfr;
Meinthjófr montava Mór,
E Morginn em Vakr;
Áli montava Hrafn,
Eles cavalgaram para o gelo;
Porém outro, para o sul,
Sobre Adils,
Um cinza, vagou,
Ferido por uma lança.
Björn montava Blakkr,
E Bjárr montava Kertr;
Atli montava Glaumr,
E Adils em Slöngvir;
Högni em Hölvir,
E Haraldr em Fölkvír;
Gunnarr montava Goti,
E Sigurdr, Grani.

Arvakr e Alsvidr puxam o Sol, como foi descrito antes; Hrímfaxi ou


Fjörsvartnir puxam a noite; Skinfaxi e Gladr são os cavalos do dia.
Loki e Svadilfari, por Dorothy Hardy (1909)[111]
Capítulo 73 – Bois, Serpentes, Ovelhas e Porcos
Estes nomes de bois estão nas Rimas de Thorgrímr:

De todos os nomes de bois


Aprendi com precisão
Estes: Raudr e Hœfir,
Rekinn e Hýrr,
Himinhrjódr e Apli,
Arfr e Arfuni.
Estes são nomes de serpentes: Dragão, Fafnir, Jörmungandr,
Víbora, Nídhöggr, Cobra, Góinn, Móinn, Grafvitnir, Grábakr, Ófnir,
Sváfnir, Mascarada.
Gado: vaca, bezerro, boi, novilho, filhote, bovino, touro.
Ovinos: Carneiro, anho, ovelha, cordeiro, borrego.
Suínos: vara, porca, javali, porco, grice.
Capítulo 74 – Os Nomes do Ar e dos Ventos
Quais são os nomes do ar e dos ventos? Ar é chamado de
Ginnungagap e Mundo Médio, Morada dos Pássaros, Morada dos
Ventos. Os ventos são chamados de Tempestade, Brisa, Vendaval,
Tormenta, Rajada, Sopro. Assim é dito em Alsvinnsmál:

Vento é chamado entre os homens,


E Viajante entre os deuses,
Relinchador os grandes poderes o nomeiam;
Uivador pelos gigantes,
E Berrador como os elfos o chamam;
Em Hel é chamado de Espírito do Mal.
Os Ventos também são chamados de Assopro.
Capítulo 75 – Os Nomes dos Corvos e das Águias
Duas são as aves que não há necessidade de nomear, exceto ao
chamar de sangue e cadáveres a sua bebida e carne: elas são o
corvo e a águia. Todas as outras aves machos podem ser
nomeadas em metáforas de sangue ou de cadáveres; e, em
seguida, seus nomes são termos da águia ou do corvo. Como
Thjódólfr cantou:
O Príncipe com a Cevada da Águia
Alimenta a sangrenta galinha;
O Rei de Hörd traz a foice
De Odin para a colheita do sangue do Cisne;
O Cuidador do Abutre
Do mar dos cadáveres da Águia
Manda seus homens segurar cada força
Para defender ao sul com pontas de lanças.
Estes são nomes dos corvos: Corvo, Huginn, Muninn, Ousado de
Humor, Voador Antecipado, Contador de Anos, Marcador de Carnes.
Assim cantou Einarr Skálaglamm:

Com carne o Convocador de Exércitos


Satisfez os corvos das montanhas;
O corvo, quando lanças gritavam,
Com a presa da loba estava saciado.

Assim cantou Einarr Skúlason:


Aquele que farta a Gaivota do Ódio,
Nosso precioso senhor, poderia governar
A espada; o ofensivo corvo
Da comida de Hugiin se alimenta.

E, assim ele cantou mais:

Mas o coração do Rei se incha,


Seu espírito pulsando com a batalha,
Onde heróis se encolhem; o negro Muninn
Bebe sangue das feridas.
Como Viga-Glúmr cantou:

Quando estávamos na ilha


Da Dama com sua Joia Sangrenta,
Ansioso pela batalha, o Ousado de Humor
Recebeu a carne da ferida.

Como Skúli Thorsteinsson cantou:


Nunca na retaguarda de cem homens
A Poderosa Hlökk me veria,
Onde para o Voador Antecipado
Eu alimentei graves feridas.

A Águia Marinha é chamada de Águia, Velha, Cortadora de


Tempestade, Incitador, Planador, Abridora de Feridas, Esganiçante.
Como Einarr cantou:

Com sangue os lábios ele avermelhou


Do corcel negro de Járnsaxa;
Com aço a carne da Águia Marinha foi servida,
A Águia cortou a isca do Lobo.

Como Óttarr cantou:

A Águia Marinha bebe dos cadáveres,


A Loba está saciada,
A Águia se alimenta,
Frequentemente o lobo avermelha seus dentes.
Como Thjódólfr cantou:

O Ladrão da Senhora
Voou rapidamente com tumulto
Aos Æsir para conhecê-los,
Na velha plumagem de Águia do Gigante.
E como está aqui:

Com habilidade vou ensaiar


Para a Cortadora de Tempestades meus versos.

E novamente como Skúli cantou:


Cedo e tarde com tristezas
Eu acordo, onde está saciado
O falcão com o oceano de sangue do Esganiçante;
Em seguida o bardo ouve boas notícias.

Odin e seus Corvos, por Ólafur Brynjúlfsson (1760)[112]


Capítulo 76 – Os Nomes do Mar
Quais são os nomes do Mar? Ele é chamado de Oceano, Ægir,
Invernal, Rugidor, Profundo, Caminho, Represa, Sal, Lago,
Imensidão. Como Arnórr cantou, e como temos escrito acima:

Que os homens ouçam como o Rei dos Earls,


De espírito forte, perseguiu o Mar;
O avassalador governante
Não cessou de se opor ao Oceano.
Aqui ele é chamado Mar e Oceano também. Lago, como Hornklofi
cantou:

Quando o agressivo participante


Da estrada dos dentes das águas
Jogou a víbora
E o barco no meio do Lago.
No verso seguinte ele é chamado de Água também. Assim cantou
Einarr:
A Água banha o navio,
Onde o mar em cada lado bate,
E o brilhante vento agita a vela;
As ondas lavam os Corcéis dos Dilúvios.

Aqui também é chamado de Dilúvio. Assim cantou Refr, como foi


dito antes:

A esposa do Invernal Gymir


Traz o Urso de Cabos Trançados
Muitas vezes para as largas mandíbulas de Ægir,
Onde as raivosas ondas se quebram.
Profundo, como Hallvadr cantou:

Você tinha o mastro do duro navio,


Para a faixa circundante das terras,
Apontada para o oeste do Profundo,
Guerreiro que agita a espada.
Caminho, como aqui:

Em nosso curso da terra viajamos,


No Caminho para o litoral da Finlândia;
Vejo do rastro do navio, ao leste,
As colinas com brilhos reluzentes.

Represa, como Egill cantou:


Naveguei sobre a Represa
Para o oeste; Eu carrego
O Coração do Mar de Odin;
Assim está comigo.

Oceano, como Einarr cantou:

Por muitos dias o frio Oceano


Lava as escuras tábuas do convés
Sob o gracioso Príncipe; tempestades de neve
Sulca o Cinturão dos Homens.

Sal, como Arnórr cantou:

O valoroso Rei arou o Sal


Do leste com cascos encrustados de gelo;
Tempestades lançaram o Doador
De Ouros em direção a Sigtún.

Imensidão, como Bölverkr cantou:

Você traz da bela Noruega


Uma frota na próxima temporada,
Com o barulho das Ondas no navio a Imensidão
Cortou, sobre o convés o mar entornou.
Aqui o mar é também chamado de Ondas. Vastidão, como Refr
cantou:

Em seu peito o Corcel toma


O Lar das Tábuas, cortado pela proa,
E joga a Vastidão para
O duro lado; a madeira sofre.

O Obscuro, como Brennu-Njáll cantou:

Nós dezesseis forçamos, minha senhora,


Em quatro salas de remos, mas as ondas batiam;
O Obscuro se jogava sobre
O casco do navio sendo conduzido.

Estes são outros nomes para o mar, tais como são apropriados
para usar ao nomear navios ou ouro. Rán, é dito, era a esposa de
Ægir, como está escrito aqui:

Para o céu foram lançadas as Brasas do Profundo,


Com medo o mar se ergueu;
Parece-me que nossas proas cortaram as nuvens;
A Estrada de Rán chegou até a lua.

As filhas de Ægir e Rán são nove, e seus nomes já foram


escritos: Himinglæva, Dúfa, Blódughadda, Hefring, Udr, Hrönn, ou
Onda, Bylgja, ou Oscilação, Dröfn, ou Sinuosidade, Kolga. Einarr
Skúlason registrou os nomes de seis delas nesta estrofe, que foi dita
acima:
Himinglæva severamente agita,
E ferozmente o rugido do mar...

Onda, como Valgardr cantou:

Espuma descansava no leito do Mar;


Inchado com o vento, o Profundo tocava,
E as ondas ficaram lavando
As terríveis cabeças dos navios de guerra.
Oscilação, como Óttarr o Moreno cantou:
Você cortou com o aplainado leme
As Oscilações úmidas e profundas; o largo lenço
Que garotas fiaram, no topo no mastro
Na Rena Deslizante se ostentava.

Sinuosidade, como Ormr cantou:


O falcão, atento à dama
Possui todas as virtudes; Lofn
Da chama de ouro das Sinuosidades, fiel
Como amigo, a todas as falhas renuncia.
Ondas que Carregam, como Thorleikr o Belo cantou:

O mar ruge, e as Ondas que Carregam


Trazem uma brilhante espuma sobre a madeira vermelha,
Onde boceja o Boi Deslizante,
Com a boca ornamentada de ouro.
Cardume, como Einarr cantou:
Os homens confiantes não notaram
Quando o feroz mar caiu sobre nossos amigos;
Acredito que o Cardume não se acalmou sobre
O navio, Madeira das Águas.

Transbordante, como Refr cantou:


Montanhas do Transbordante
Caem por sobre o Urso;
Então o sobrevivente do inverno,
Para o caminho no mar de Glammi.
Ameaçador, como aqui:

O Ameaçador se quebrou sobre mim;


O Vazio me convidou para sua casa;
Eu não aceitei a oferta do Mar.

Demolidor, como Óttarr cantou:


Em estouro as finas tábuas quebraram;
Trovejou o Demolidor abaixo; Com força
Manteve-se o vento, perdição da madeira;
Os homens suportaram violentas tempestades.
Baía, como Bragi cantou:

Aquele que envia ventos gélidos,


Que cortou no combate,
A Linha das Gaivotas do Mar,
Não queria levantar a Ameaça da Baía.
Som, como Einarr cantou:
Eu cortei através do Som
Ao sul de Hrund;
Minha mão ficou adornada em ouro
Quando o Príncipe encontrei.

Fiorde, como Einarr cantou:


Em seguida vejo uma serpente
Esculpida no esplêndido chifre de cerveja;
Deixe o Doador do Fogo do Fiorde
Notar como eu o pago.
Umidade, como Markus cantou:

De modo algum difamarei o Tagarela,


Senhor da terrível lâmina da espada,
Que desperdiça o Sol da Umidade;
Ele que faz mau uso da poesia.
Rán e as Garotas das Ondas, artista desconhecido (1831)[113]
Capítulo 77 – Os Nomes do Fogo
Quais são os nomes do fogo? Assim como está escrito aqui:

Não raramente o fogo queima


Os quais Magnús acendeu; o fiel
Governante queima habitações;
Casas jorram fumaça perante ele.
Chamas, como Valgardr cantou:

Chamas ferozes, com brasas incandescentes,


Atiraram-se rapidamente da fuligem,
Diretamente sobre as habitações vacilantes
Levantando-se em densas colunas de fumaça.
Pira, como aqui:
Haki foi queimado em uma Pira,
Onde o largo mar acordou agitado.

Carvão, como Grani cantou:


Acredito que o carvão diminuiu
Do Caminho de Glammi; então o rei se entusiasmou.
Brasa, como Atli cantou:

Com sangue o machado é avermelhado,


A Brasa cresce, queima muitas casas,
Salões se incandescem; a Joia
Se enfurece; bons homens caem.

Aqui o fogo também é chamado de Joia. Fumaça, como aqui:


Ainda em construção por Nid,
As habitações do poderoso governante queimaram;
Acredito que o fogo arrasou o salão;
Fumaça jogou fuligem nas pessoas.
Cinzas Ardentes, como Arnórr cantou:
O furioso agressor das Ilhas Dinamarquesas
Não suavizou seu tratamento ao povo de Romerike;
Cinzas ardentes os deixaram calmos;
As palavras ameaçadoras de Heinir se abafaram.

Sinal Luminoso, como Einarr cantou:

O Sinal foi logo aceso


E rapidamente fugiu
Todo o exército de Hísing;
A luta eles perderam.
Labareda, como Valgardr cantou:

A Labareda do robusto rei voou


Sobre o baluarte do castelo;
Os vikings destruíram sombriamente;
Mágoa afligia as damas.

Incêndio, como Haldórr cantou:

Lá você foi capaz de partilhar seus tesouros,


Enquanto os exércitos do Incêndio dos Escudos,
Gritaram ferozmente; nunca
Você foi destituído da vitória.
Capítulo 78 – Os Nomes do Tempo
Estes são nomes do tempo: Ciclo, Dias de Outrora, Geração, Há
Muito Tempo, Ano, Estação, Inverno, Verão, Primavera, Outono,
Mês, Semana, Dia, Noite, Manhã, Véspera, Crepúsculo, Cedo,
Logo, Tarde, A Tempo, Anteontem, Seguinte, Ontem, Amanhã, Hora,
Momento. Estes são mais nomes da Noite em Alsvinnsmál:
Noite é chamada entre os homens,
E em Hel, Tempo de Névoa;
Encapuzado é como os deuses a conhecem;
Livre de Sofrimentos entre os gigantes,
E os elfos chamam de Sono da Alegria;
Os anos chamam de Narrador dos Sonhos.
É outono do equinócio até o momento em que o sol se põe três
horas e meia depois do meio-dia; em seguida, o inverno dura até o
equinócio; e então é primavera até os dias móveis; em seguida é
verão até o equinócio. No mês seguinte, antes do inverno é
chamado de Mês da Colheita; o primeiro no inverno é o Mês do
Abate do Gado; depois Mês Congelante, então Mês das Chuvas, em
seguida o Mês da Atenuação do Inverno, depois Gói; depois Mês
Único, então Mês dos Cucos e Tempo de Plantio, então o Tempo
dos Ovos e Tempo de Desmama dos Cordeiros; em seguida, vêm
Mês do Sol e Mês do Pasto, depois Temporada da Ceifa do Feno; e
então Mês da Colheita.
Capítulo 79 – Os Nomes dos Reis
Quais são os termos simples para os homens? Cada um, em si
mesmo, é simplesmente homem. O primeiro e maior nome pelo qual
o homem é chamado é de Imperador; próximo a isso, Rei; o próximo
do mesmo, Earl: estes três homens possuem em comum todas as
seguintes descrições: Todo-Poderoso, como esta canção mostra:
Eu conheço todos os Todo-Poderosos,
Leste e Sul, sobre os assentos dos navios,
O filho de Sveinn é sem dúvida melhor
Do que qualquer outro Príncipe de Guerra.
Aqui, ele é chamado de Príncipe da Guerra também; por essa
razão ele é chamado de Todo-Poderoso, pois ele é o único
governante de todo o seu reino. Marechal, como Gizurr cantou:

O Marechal alimenta
O lobo e o corvo em batalha;
Óláfr alegra, nas chuvas de espadas de Skögul
Das batalhas, os gansos de Odin.
Um rei é chamado Marechal porque ele divide seu exército de
guerra em companhias. Líder, como Óttarr o Moreno cantou:
O Líder toma
A Esposa sem amor de Odin,
A terra sem dono;
Sua vida é a de um guerreiro.

Senhor ou Senhorio, como Arnórr cantou:

O Senhor de Hjaltland, o maior


Dos Heróis, conquistou a vitória
Em cada estrondoso choque de espadas;
O bardo irá exaltar sua glória.
Um conde é chamado de Duque, e um rei também pode ser
referido assim, uma vez que ele lidera seu exército para a batalha.
Assim cantou Thjódólfr:
E aquele que abateu Duques,
Arrancou os olhos de prisioneiros,
Ele que acelera os sacrifícios;
Na canção eu recito seus louvores.

Sinjór ou Senjór, como Sigvatr cantou:

Ó gracioso Sinjór da Noruega,


Conceda aos miseráveis, como aos felizes,
Poder desfrutar de suas sábias leis;
Dê muito, mantenha sua palavra!
Generoso, como Markús cantou:

O Generoso Príncipe trouxe a destruição do fogo


Às pessoas cruéis; aos piratas
Morte estava predestinada; Supressor de ladrões,
Ao sul de Jóm a maior chama foi acesa!

Ilustre, como Hallvardr cantou:

Não há alguém tão Ilustre como você


Sob o Galho da Terra
Que chega perto do Senhor dos Monges;
O Doador Generoso protege os Dinamarqueses.

Diretor da terra, como Thjódólfr cantou:

O sincero Diretor de Terras espalha


A reluzente cevada de Kraki,

Como foi escrito antes; ele é chamado assim porque ele dirige o
seu exército sobre as terras de outros reis, ou dirige um exército fora
de sua própria terra.
Capítulo 80 – Sobre Hálfdan o Velho e os Descendentes do Rei
Havia um rei chamado Hálfdan o Velho, que era o mais famoso
de todos os reis. Ele fez um grande banquete sacrificial no meio do
inverno, e sacrificou para esse fim que pudesse viver trezentos anos
em seu reino; mas ele recebeu essas respostas: ele não viveria
mais do que a vida de um homem, mas por trezentos anos não
haveria nenhuma mulher e nenhum homem em sua linhagem que
não fosse de grande renome. Ele foi um grande guerreiro, e fez
incursões por todas as regiões orientais.
Lá, ele matou em um único combate o rei que era chamado
Sigtryggr. Então tomou em casamento a mulher chamada Alvig, a
Sábia, filha do rei Eymundr de Hólmgardr. Eles tiveram dezoito
filhos, nove nasceram em um parto. Estes são os seus nomes: o
primeiro, Thengill, que foi chamado de Manna-Thengill; o segundo,
Ræsir; o terceiro, Gramr; o quarto, Gylfi; o quinto, Hilmir; o sexto,
Jöfurr; o sétimo, Tyggi; o oitavo, Skyli ou Skúli; o nono, Harri ou
Herra. Estes nove irmãos tornaram-se tão famosos na guerra que,
em todos os registros desde então, os seus nomes são usados
como títulos de hierarquia, assim como o nome do rei ou de um
Earl. Eles não tiveram filhos, e todos caíram em batalha. Assim
cantou Óttarr o Moreno:
Em sua juventude, Thengill
Era rápido e vigoroso em batalha;
Eu oro para que sua linhagem dure;
Sobre todos os homens, eu o estimo.
Assim cantou Markús:

O Ræsir fez o Sol do Reno brilhar


Da caveira avermelhada nas Montanhas do Mar.

Assim cantou Egill:


O Gramr o capuz levantou
Das sobrancelhas cerradas de meu rosto.
Assim cantou Eyvindr:
Ele brincou com os filhos do povo
Quem ele tinha que defender;
Gylfi o alegre
Ficou sob seu capacete de ouro.

Assim cantou Glúmr Geirason:

Hilmir sob o capacete


Avermelhou a espada em Godos.
Assim cantou Óttarr o Moreno:

Que o Jöfurr ouça o começo


De sua rima; todos os elogios ao rei
Devem ser mantidos, e que devidamente
Ele note as formas de meu louvor.

Como Stúfr cantou:


O ardente em glória Tyggi
Com as duas mãos derrubou
O grupo de guerreiros ao sul de Niz;
A tropa se alegrou sob seus escudos.

Assim cantou Hallfredr:

De Skyli estou separado;


Esta era de espadas causou isso;
Eu espero que o senhor dos homens retorne;
Para muitos essa é uma das maiores desilusões.

Assim cantou Markús:

Eu ofereço ao falcão Dinamarquês Harri,


Ouça ao meu trabalhado e astuto louvor.
Halfdán e sua esposa tiveram nove outros filhos também; estes
foram Hildir, de quem os Hildings são oriundos; Nefir, de quem os
Niflungs nasceram; Audi, de quem os Ödlungs vieram; Yngvi, de
quem os Ynglings são descendentes; Dagr, de quem vêm os
Döglings; Bragi, de quem os Bragnings surgiram, que é a raça de
Halfdán o Generoso; Budli, de quem os Budlungs vieram, da casa
dos Budlungs Atli e Brynhildr descenderam; o oitavo era Lofdi, que
foi um grande rei da guerra, a tropa que foi chamada Lofdar o
seguiu; seus parentes são chamados Lofdungs, de onde nasceram
Eylimi, pai da mãe de Sigurðr Fáfnisbani; o nono, Sigarr, onde vem a
Siklings, que é a casa de Siggeirr, que era genro de Völsungr, e a
casa de Sigarr, que enforcou Hagbardr. Da raça dos Hildings nasceu
Haraldr o de barba ruiva, pai da mãe de Halfdán o Moreno. Da casa
do Niflung nasceu Gjúki; da casa de Ödlings, Kjárr; da casa do
Ylfings foi Eiríkr o Sábio no Discurso. Estas também são casas reais
ilustres: de Yngvi, os Ynglings são descendentes; de Skjöldr na
Dinamarca, os Skjöldungs são oriundos; de Völsungr na terra dos
Francos, aqueles que são chamados de Volsungos. Um rei da
guerra se chamava Skelfir; e sua casa é chamada casa dos
Skilfings, seus parentes estão na Região Leste. Estas casas que
acabaram de serem nomeadas têm sido usadas em poesia para
títulos de hierarquias. Assim como Einarr cantou:

Ouvi que os Hildings avançaram


Para se reunir na Assembleia de Lanças
Na Ilha Cinza; os largos escudos,
De tílias verdes, se partiram em dois.

Como Grant cantou:

O Dögling deu à cria da águia


Sangue dinamarquês para beber.
Como Gamli Gnævadarskáld cantou:

Não faz muito tempo, o jovem Ödling,


Com o convés do navio e lâmina da espada
Juntou-se a batalha, travando ferozmente
Entre pontos de fortes tempestades.
Como Jórunn cantou:
O Bragning mandou as armas
Serem tingidas do sangue dos povos vis;
As pessoas suportaram sua raiva;
Casas se curvaram diante das vermelhas brasas.

Assim cantou Einarr:


A lâmina do Budlung cortou,
Em dardos sangue foi manchado;
A Nuvem de Tempestade de Hildr
Foi partida em Whitby.
Assim cantou Arnorr:

O Descendente de Siklings acostumam


Os navios a ficarem longe;
Com sangue ele tinge os navios de guerra
Por dentro; esse é o proveito dos corvos.
Como Thjódólfr cantou:
Assim o corajoso Sikling terminou
Sua vida; em apuros estávamos;
O glorioso Lofdung esperou
Bravamente o fim da vida.

Os seguidores do rei Lofdi eram uma tropa conhecida como


Lofdar. Como Arnórr cantou:
Chefe, outro Skjöldung maior
Que você nunca nascerá sob a luz do sol.
Volsungo, como Thorkell Hamarskáld cantou:
Os descendentes dos Volsungos
Decidiram me enviar
Armas decoradas em ouro
Através das frias águas.

Yngling, como Óttarr o Moreno cantou:


Ao leste nenhum poderoso Yngling
Na terra caiu, até te capturarem;
Ele que sujeitou a si
As ilhas ao oeste.
Yngvi, esse também é o título de um rei, como Markús cantou:

Esta geração irá ouvir o louvor a Eiríkr;


Ninguém no mundo jamais conheceu um rei tão
Ilustre; você mantém, Yngvi,
O Trono dos Reis com longa reconhecida glória.
Skilfing, como Valgardr cantou:
O Skilfing manteve um grande exército
Ao sul nas terras amplas,
Onde os velozes navios estremeceram;
Sicília logo foi devastada.

Sínjór, como Sigvatr cantou:


Ó gracioso Sínjór da Noruega,
Deixe que os pobres desfrutem, doe muito.
Capítulo 81 – Os Nomes dos Homens
Escaldos são chamados de bardos; e na poesia, é correto
chamar qualquer homem assim, se desejado. Aqueles homens que
serviram o rei Hálfr eram chamados Rekkar, e de seus nomes os
guerreiros são chamados de Rekkar; e é correto chamar todos os
homens assim. Na poesia homens são também chamados Lofdar,
como está escrito acima. Aqueles homens que serviam o rei
chamado Skati o Generoso eram chamados Skatnar; de seu nome
todo aquele que é generoso é chamado Skati. Aqueles que
seguiram Bragi o Velho eram chamados Bragnar. Aqueles que
avaliam as transações dos homens são chamados Virdar. De Fyrdar
e Firar são chamados aqueles que defendem a terra. Vikings e
marinheiros formam um exército naval. Aqueles que seguiram o Rei
Beimuni eram chamados Beimar. Capitães de companhias são
chamados de Gumar, assim como o nome do noivo em uma festa
nupcial. Os Godos são nomeados em homenagem ao rei que se
chamava Goti, de quem Gotland é nomeado; ele foi chamado em
homenagem ao nome de Odin, derivado do nome Gautr para
Gautland ou Gotland que foi nomeado em homenagem ao nome de
Odin, e a Suécia vem do nome de Svidurr, que é igualmente um
título de Odin. Naquela época todo o continente que ele possuía era
chamado Reidgotaland, e todas as ilhas, Eygotaland; que agora é
chamada de Reino dos Dinamarqueses ou dos Suecos.
Os jovens que não são chefes de família são chamados de
Drengs, enquanto eles estão adquirindo riqueza e glória. Fardrengs
são os que viajam de terra em terra; Drengs do Rei são os que
servem os governantes; também são Drengs aqueles que servem
os homens ou ricos proprietários de terras. Homens valentes e
ambiciosos são chamados de Drengs. Guerreiros também são
chamados de Campeões e tropas; estes são soldados. Proprietários
de terras livres são chamados de Condes e Holdar; aqueles homens
que trazem resolução sobre disputas são chamados de Lionar. Há
homens que são conhecidos como Campeões, Paladinos, Homens
de Guerra, Bravos, Valentes, Durões, Dominadores, Heróis. Contra
estes estão os seguintes termos: Mole, Fraco, Sem Fermento,
Insípido, Derretido, Medroso, Covarde, Espreitador, Fracote, Odioso,
Degenerado, Patife, Vil, Cão, Vadio, Vagabundo, Reles, Imbecil,
Inútil, Filho da Miséria.
Um homem generoso é chamado de Munificente, Ilustre, Skati,
Poderoso Skati, Skati de Ouro, Príncipe dos Homens, Abastado,
Próspero, Bolsa de Dinheiro, Rico, Nobre. Em contraste a estes são
os que são chamados de Mesquinho, Avarento, Sovina, Miserável,
Escondedor de Riquezas, Atrasa Presentes. Um homem sábio em
conselhos é chamado de Portador de Conselhos. Um homem
estúpido é chamado de Palhaço, Pateta, Ganso, Enganador, Rude,
Idiota, Palerma, Tolo, Louco, Maníaco, Enfeitiçado. Uma pessoa que
se preocupa muito com vestimentas é chamada de Exibido, Dreng,
Peralta, Cuidadoso com o Traje, Galante. Depois, há o que é
chamado de Pele de Tubarão, Fanfarrão, Magrelo, Lenhador,
Brigão, Bom para Nada, Inútil.
O povo de um país é chamado de as pessoas ou a comunidade.
Um escravo é chamado de Cativo, Servo, Trabalhador, Servente.
Capítulo 82 – Os Nomes da Multidão
Cada um individualmente é chamado de Homem;
É uma Dupla se forem dois;
Três é um Bando;
Quatro é um Grupo;
Uma Banda são cinco homens;
Se houver seis, é um Esquadrão;
Sete completam uma Equipe;
Oito homens fazem um Painel;
Nove são Companheiros;
Dez é uma Gangue;
Onze formam uma Embaixada;
É uma Dúzia se doze andarem juntos;
Treze é uma Multidão;
Quatorze é uma Expedição;
É uma Reunião quando quinze se encontram;
Dezesseis fazem uma Guarnição;
Dezessete é uma Congregação;
Aquele que encontra dezoito tem inimigos o bastante;
Aquele que tem dezenove homens tem uma Companhia;
Vinte homens é uma Legião;
Trinta é um Esquadrão;
Quarenta, uma Comunidade;
Cinquenta é um Condado;
Sessenta é uma Assembleia;
Setenta é uma Tropa;
Oitenta é uma População;
Cem é um exército.
Capítulo 83 – Circunlóquios e Descrições Verdadeiras
Além destes, existem esses termos, que são postos no lugar dos
nomes dos homens; chamamos esses termos circunlóquios ou
descrições verdadeiras ou substituições. É um circunlóquio quando
alguém nomeia uma coisa pelo seu verdadeiro nome, e chama a
pessoa que quer referir-se a seu possuidor; ou pai ou avô daquele
foi referenciado; Bisavô é um terceiro circunlóquio. Além disso, um
filho também é chamado de Herdeiro, Beneficiário, Pequeno,
Criança, Garoto, Sucessor. Um parente de sangue é chamado de
Irmão, Gêmeo, Germano, Consangüíneo. Um parente também é
chamado de Sobrinho, Parentela, Aparentado, Amigo, Relação,
Familiar, Descendente, Estoque, Caule da Família, Ramo da
Família, Galho da Família, Ramificação, Prole, Posteridade,
Linhagem. Parentes por casamento são ainda chamados
Afinidades, Misturadores de Sangue. Um amigo é chamado de
Companheiro de Conselho, Conselheiro, Consultor, Confidente,
Compadrio, Companheiro de Banco, Companheiro de Navio,
Companheiro de Assento. Companheiro de Banco também significa
Companheiro de Cais. Um inimigo é chamado de Adversário,
Oponente, Demônio, Atacante, Agressor, Matador, Opressor,
Destruidor, Antagonista. Estes termos chamamos circunlóquios; e
assim também se um homem é conhecido por sua morada ou por
seu navio, que tem um nome próprio, ou por sua propriedade,
quando um nome próprio é dado a ele. A isso chamamos descrições
verdadeiras; chamar um homem de um Homem Sábio, Homem de
Pensamento, Sábio no Discurso, Sábio em conselho, Generoso na
Riqueza, Infatigável, Prudente, Ilustre; estas são as substituições.
Capítulo 84 – Os Nomes das Mulheres
Estes são termos simples para as mulheres na poesia: Esposa e
Noiva e Matrona são aquelas mulheres que são dadas a um marido.
Aquelas que andam em pompa e elegância são chamadas de Dama
e Senhorita. Elas que são espirituosas do discurso são chamadas
de Mulheres de Sabedoria. Aquelas que são gentis são chamadas
de Meninas; elas que são arrogantes são chamadas de Orgulhosas
e Altivas. Aquela que é de espírito nobre é chamada de Fidalga;
aquela que é a mais rica, Senhora. Aquela que é tímida, como
jovens são, ou aquelas mulheres que são modestas, são chamadas
de Moças. A mulher cujo marido partiu da terra são chamadas de
Donas de Casa.
Aquela mulher cujo marido foi morto é chamada de Viúva de
Guerra; Viúva é o termo para aquela cujo marido morreu de doença.
Dama é usado, inicialmente, para todas as mulheres, e depois
Senhoras de Idade quando estiverem velhas. Então há aqueles
termos para as mulheres que são caluniosas: pode-se encontrá-los
em canções, embora exemplos não estejam copiados aqui. As
mulheres que têm um marido em comum são chamadas de
concubinas. A esposa de um filho é chamada Nora; a mãe do
marido é chamada de Sogra. Uma mulher também pode ser
chamada de Mãe, Avó, Bisavó; uma mãe é também chamada de
Parideira. Mulher é ainda chamada de Filha, Cria e Criança. Ela
também é chamada de Irmã, Senhora e Dama. Mulher também é
chamada de Companheira de Cama, Fofoqueira e Confidente de
seu Marido; e isso é uma circunlocução.
Funeral Viking, por Frank Dicksee (1893)[114]
Capítulo 85 – As Partes da Cabeça
Em um homem há o que é chamado de cabeça; isso deve ser
nomeado chamando-a de Labuta ou Fardo do Pescoço; Terra do
capacete, do Capuz e do Cérebro, dos Cabelos e Sobrancelhas, do
Couro Cabeludo, das Orelhas, Olhos e Boca; Espada de Heimdallr,
e é correto denominar qualquer termo para espada que se deseja; e
nomeá-lo em termos de cada um dos nomes de Heimdallr. A
Cabeça, em termos simples, é chamada de Caveira, Cérebro,
Templo, Coroa. Os olhos são chamados de Visão ou Relance, e
Olhar, Mira; eles podem ser nomeados ao chamá-los de Sol ou Lua,
Escudos e Vidro ou Jóias ou Pedras das Pálpebras, das
Sobrancelhas, dos Cílios ou da Testa. As orelhas são chamadas de
Ouvintes ou Audição; deve-se nomeá-las chamando-as de Terra, ou
quaisquer termos de terra, ou de Boca, ou Canal, ou Visão, ou
Olhos da Audição, se a alegoria está sendo usada. A boca, deve-se
nomeá-la chamando-a de Terreno ou Casa da Língua ou dos
Dentes, de Palavras ou do Paladar, dos Lábios, ou semelhantes; e
se as metáforas usadas não forem tradicionais, então os homens
podem chamar a boca de Navio, e os lábios as Pranchas, e a língua
de Remo ou Leme do Navio. Os dentes são às vezes chamados de
Cascalho ou Rochas das Palavras, da Boca, ou da Língua. A língua
é muitas vezes chamada de Espada da Fala ou da Boca. O cabelo
que fica nos lábios é chamado de Barba, Bigode, ou Cavanhaque.
Cabelo é chamado de Cacho; o cabelo das mulheres é chamado de
Tranças. O cabelo é denominado Mechas. Pode-se nomear o
cabelo chamando-o de Floresta, ou por algum nome de árvore;
pode-se nomeá-lo em termos do crânio ou cérebro ou da cabeça; e
a barba em termos do queixo ou bochechas ou da garganta.
Capítulo 86 – Coração, Peito e Sentimentos
O coração é chamado de Feixe de Grãos; deve-se nomeá-lo
denominando-o como Grãos, Pedra ou Maçã ou Noz ou Bola, ou
similar, em termos de peito ou de sentimentos. Mais ainda, ele pode
ser chamado de Casa ou Terra ou Monte de Sentimentos. Deve-se
nomear o peito chamando-o de Casa ou Invólucro ou Navio do
Coração, da Respiração, ou do Fígado; Terra de Energia, de
sentimento e de memória. O Sentimento é chamado de Afeto e
Emoção, Amor, Paixão, Desejo, Prazer. Paixão deve ser
nomeada chamando-a de Vento das Mulheres Troll; também é
normal para esse propósito usar o nome de qualquer uma que se
desejar, e também citar o nome de gigantes, nomeando gigantas
como Mulher ou Mãe ou Filha dos Gigantes. Sentimento é também
chamado de Estado de Espírito, Gosto, Vontade, Coragem,
Atividade, Memória, Compreensão, Paciência, Humor, Boa-Fé. É
também Ira, Inimizade, Malícia, Ferocidade, Maldade, Sofrimento,
Tristeza, Má Vontade, Despeito, Falsidade, Incredulidade,
Inconstância, Leviandade, Baixeza, Hostilidade, Violência.
Capítulo 87 – Mãos e Pés
A mão e o antebraço podem ser chamados de Mão, Braço, Pata,
Palma. Partes do braço são chamados de Cotovelo, Braço, Junta do
Lobo, Dedo, Punho, Pulso, Unha, Ponta do Dedo, Lado da Mão.
Pode-se chamar a mão de Terra das Armas ou de Armadura
Defensiva; e em conjunto com o ombro e o braço, a cavidade da
mão e do pulso, pode ser chamado de Terra de Anéis de Ouro, de
Falcão e de Gavião, e de todos os seus equivalentes; e em
metáforas recentes, Perna da Articulação do Ombro, e a Força do
Arco. As pernas podem ser chamadas de Árvore das Solas, do Peito
do Pé, dos Tornozelos, ou semelhantes; Eixo Corrente da Estrada
ou do Caminho ou do Ritmo; se pode chamar a perna de Árvore ou
Poste de todos estes. As pernas são nomeadas em metáforas de
sapatos de neve, sapatos e calças. As partes das pernas são
chamadas de Coxa, Joelho, Panturrilha, Canela, Tarso, Peito do Pé,
Arco, Sola, Dedão. Pode-se nomear a perna em termos de tudo
isso, chamando-a de Árvore, Mastro, e Quintal do mesmo; e em
metáforas de todos eles.
Capítulo 88 – Fala e Compreensão
Fala é chamada de Palavras, Linguagem, Eloquência, Conversa,
Conto, Discussão, Polêmica, Música, Soletrar, Recitar, Conversa
Fiada, Tagarelice, Barulho, Papo, Berro, Ruído Alegre, Disputas,
Zombaria, Brigas, Balbuciar, Ostentar, Mexericos, Tolice, Idioma,
Vaidade, Disparates. É também denominado de Voz, Som,
Ressonância, Articulação, Lamento, Chiado, Clamor, Uivo, Alarme,
Rugido, Rangido, Baque, Abate, Desabafo. Compreensão é
chamada de Sabedoria, Conselho, Discernimento, Memória,
Especulação, Inteligência, Aritmética, Profecia, Ofício, Sagacidade
nas Palavras, Preeminência. Ela é chamada de Sutileza, Astúcia,
Falsidade, Inconstância.
Capítulo 89 – Expressões Ambíguas e Trocadilhos
Læti significa duas coisas: ruído é chamado de Læti, disposição é
chamado Læti e ædi também significa fúria. Reidi também tem duplo
significado: reidi é o mau humor de um homem, e reidi é também o
mastro de um navio ou a rédea de um cavalo. Fár também tem
duplo sentido: fár significa ira, e fár significa um navio. Os homens
têm feito uso frequente de expressões ambíguas como estas; e esta
prática é chamada de trocadilhos. Lid é a parte de um homem onde
os ossos se encontram; lid também é uma palavra para navio; lid
também pode significar pessoas; ou quando um homem presta a
outro algum tipo de assistência, sua ajuda é lid; lid também significa
cerveja. Hlid significa o portão em um pátio; homens chamam de
hlid um boi, e hlid significa uma encosta. Pode-se fazer o uso
desses significados distintos na poesia para fazer um trocadilho que
é difícil de interpretar, desde que se empreguem outras distinções
do que aquelas que são indicadas pelos versos que a precedem. Da
mesma forma, há também muitas outras palavras, onde o mesmo se
aplica a várias coisas.
Nafnaþulur – Conhecimento dos Nomes
Atli, Fródi,
Áli, Glammi,
Beiti, Áti,
E Beimuni,
Audmundr, Gudmundr,
Atall e Gestill,
Geitir, Gauti,
Gylfi, Sveidi.
Gæir, Eynefir,
Gaupi e Endill,
Skekkill, Ekkill,
Skefill e Sölvi,
Hálfr e Hemlir,
Hárekr e Gorr,
Hagbardr, Haki,
Hraudnir, Meiti.
Hjörólfr e Hraudungr,
Högni, Mýsingr,
Hundingr, Hvítingr,
Heiti, Mævill,
Hjálmarr, Míir,
Hæmir, Mævi,
Ródi, Rakni,
Rerr e Leifi.

Randver, Rökkvi,
Reifnir, Leifnir,
Næfill, Ræfill,
Nóri, Lyngvi,
Byrvill, Kilmundr,
Beimi, Jórekr,
Ásmundr, Thvinnill,
Yngvi, Teiti.
Virfill, Vinnill,
Vandill, Sölsi,
Gautrekr e Húnn,
Gjúki, Budli,
Hómarr, Hnefi,
Hörvi, Sörvi.
Não consigo ver mais
Reis dos mares.

Vou contar os nomes


Dos gigantes;
Ymir, Gangr e Mímir,
Idi e Thjazi,
Hrungnir, Hrímnir,
Hraudnir, Grímnir,
Hvedrungr, Hafli,
Hripstodr, Gymir.

Hradverkr, Hrökkvir,
E Hástigi,
Hræsvelgr, Herkir
E Hrímgrímnir,
Hymir e Hrímthurs,
Hvalr, Thrígeitir,
Thrymr, Thrúdgelmir,
Thistilbardi.

Geirrödr, Fyrnir,
Galarr, Thrívaldi,
Fjölverkr, Geitir,
Fleggr, Blapthvari,
Fornjótr, Sprettingr,
Fjalarr, Stígandi,
Somr e Svásudr,
Svárangr, Skrati.
Surtr e Stórverkr,
Sækarlsmúli,
Skærir, Skrýmir,
Skerkir, Salfangr,
Öskrudr e Svartr,
Öndudr, Stúmi,
Alsvartr, Aurnir,
Ámr e Skalli.

Köttr, Ösgrúi
E Alfarinn,
Vindsvalr, Víparr
E Vafthrúdnir,
Eldr e Aurgelmir,
Ægir, Rangbeinn,
Vindr, Vídblindi,
Vingnir, Leifi.

Beinvidr, Björgólfr
E Brandingi,
Dumbr, Bergelmir,
Dofri e Midjungr,
Nati, Sökmímir.
Agora foram todos recontados
Os repugnantes
Nomes dos gigantes.

Das Mulheres Troll eu


Direi os nomes.
Grídr e Gnissa,
Grýla, Brýja,
Glumra, Geitla,
Gríma e Bakrauf,
Guma, Gestilja,
Grottintanna.

Gjálp, Hyrrokkin,
Hengikefta,
Gneip e Gnepja,
Geysa, Hála,
Hörn e Hrúga,
Hardgreip, Forad,
Hryggda, Hvedra
E Hölgabrúdr.
Hrímgerdr, Hæra,
Herkja, Fála,
Imd, Járnsaxa,
Íma, Fjölvör,
Mörn, Ívidja,
Ámgerdr, Simul,
Sívör, Skríkja,
Sveipinfalda.
Öflugbarda
E Járnglumra,
Ímgerdr, Áma
E Járnvidja,
Margerdr, Atla,
Eisurfála,
Leikn, Munnharpa
E Myrkrida.

Leirvör, Ljóta
E Lodinfingra,
Kráka, Vardrún
E Kjallandi,
Vígglöd, Thurbörd;
Vamos citar
Finalmente Rýgi
E Rifingöflu.

Thor é chamado de Atli


E Ásabragr,
Ele é Ennilangr
E Eindridi,
Björn, Hlórridi
E Hardvéorr,
Vingthórr, Sönnungr,
Véodr e Rymr.

Thor, por Lorenz Frølich (1907)[115]

Os Filhos de Odin são:


Baldr e Meili,
Vídarr e Nepr,
Váli, Áli,
Thor e Hildólfr,
Hermódr, Sigi,
Skjöldr, Yngvi-Freyr
E Ítreksjód,
Heimdallr, Sæmingr,
Hödr e Bragi.

E aqui estão mais


Nomes de gigantes:
Eimgeitir, Verr,
Ímr, Hringvölnir,
Viddi, Vídgrípr,
Vandill, Gyllir,
Grímnir, Glaumarr,
Glámr, Sámendill.
Vörnir, Hardgreipr
E Vagnhöfdi,
Kyrmir, Suttungr
E Kaldgrani,
Jötunn, Ógladnir
E Aurgrímnir,
Gillingr, Gripnir,
Gusir, Ófóti.
Hlói, Ganglati
E Helreginn,
Hrossthjófr, Durnir,
Hundálfr, Baugi,
Hraudungr, Fenrir,
Hróarr e Midi.

Agora vou listar


Os nomes dos Æsir:
Há Yggr e Thor
E Yngvi-Freyr,
Vídarr e Baldr,
Váli e Heimdallr,
Existem Týr e Njördr,
E em seguida listo Bragi,
Hödr, Forseti,
O último aqui é Loki.

Agora todas as Ásynjur


Serão nomeadas:
Frigg e Freyja,
Fulla e Snotra,
Gerdr e Gefjon,
Gná, Lofn, Skasi,
Jörd e Idunn,
Ilmr, Bil, Njörun.
Hlín e Nanna,
Hnoss, Rindr e Sjöfn,
Sól e Sága,
Sigyn e Vör.
Há ainda Vár, e Syn
Precisa ser nomeada,
E Thrúdr e Rán
São enumeradas em seguida.
Loki e Sigyn, por Mårten Eskil Winge (1863)[116]
Freyja chorou
Ouro para Ódr;
Os nomes dela são
Hörn e Thrungva,
Sýr, Skjalf e Gefn,
E do mesmo modo Mardöll;
Suas filhas são
Hnoss e Gersimi.
E essas outras
São as Donzelas de Odin:
Hildr e Göndul,
Hlökk, Mist, Skögul,
Em seguida, são Hrund e Eir,
Hrist e Skuld listadas.
Aquelas que moldam a necessidade
São conhecidas como Nornas;

Irmã e Dama
Agora vou citar;
Fidalga, Noiva, Dama,
Dama orgulhosa, Faísca,
Mulher, Dama, Fêmea,
Feima, Viúva,
Dona de Casa, Esposa e Querida,
Esbelta Dama, Matrona,
Serva, Arrogante e Viúva de Guerra,
Solteira e Velha.
É hora de dizer
Os termos para os homens:
Poetas e Maridos,
Homens e Solteiros,
Garanhões, Fazendeiros,
Bravos, Machos,
Uma Companhia, Mestres
E Proprietários de Terras.
Heróis, Guerreiros,
Baluartes, Nobres,
Povo e Marinheiros,
Soldados, Titulares,
Companheiros de Viagem, Família,
Uma Banda, Durões,
Campeões e Valentes,
Lutadores, Companheiros.

População e Povo
E Patrões,
Tropas e Exércitos,
As Pessoas Comuns e as Hordas,
As Pessoas, Peraltas,
Leões e Viajantes,
Um Gentil, um Nobre,
Um Grande Homem, um Sábio.

Há o Homem Ilustre
E o Senhor que doa ouro,
Dono de Riquezas
E Exibidos,
Um Exército e uma Divisão
E Chefes,
A Nação e o Condado,
A Assembléia, a População.
Agora há a Multidão e o Público,
A Aldeia, as Pessoas Boas,
A Família e Servos,
A Corporação, Homens de Coragem,
Uma Tripulação e um Encontro,
Uma Guarnição, Peraltas,
Seres e Brionar.

E há ainda mais
Termos para pessoas,
O Guarda-Costas e Mercenários
E Huscarls,
Um exército pessoal e um casal,
Se eu listar todos eles,
Confidente e Amigo
E conselheiro.

Companheiros de Casa,
Funcionários,
Companheiro de Banco e Conhecido,
Colegas e Seguidores,
Existem Parceiros
E Parentes juntos,
Amigo, Amigo de Abraço,
Guarda do Rei, Heróis.
Bisavô e Parente,
Avô, Filho, Pai,
Irmão, Gêmeo,
Cosanguíneo e Cognato,
Bebê, Criança, Sobrinho
E Herdeiro,
Há Irmãos de Sangue
E ramos da árvore.

Descendência, Confrade,
Relação e Criança,
Cavalheiro e uma Linhagem,
Parente, uma Linha,
Jovem, Colega,
Sogro e Amigo Íntimo
Clã, Linhagem Familiar,
Dependente e Pretendente.

Amigos de Bebida
E Cunhados,
Progenitura é o próximo
E pilar da família,
Há Membro do Conselho
E Doador de Conselhos,
Serviçais, Servos,
Serventes, Operários,
Trabalhadores, Escravos
E Criados.

Estes são os termos para a batalha:


Barulho e Tumulto,
Repique, Abate de Lanças
E Lanças em Punho,
Discórdia e um Choque,
Violência de Escudos e Tumulto de Escudos,
A Corrida e o Ataque,
Vitória, a Campanha, uma Luta.

A Briga, Assassinato e Massacre,


Um Ataque, Hostilidade e Terror
Clamor, Choque, Guerra,
Ação e um Combate;
Há batalha
E a Decisão do Destino,
Tempestade e Belicosidade,
Movimento de Exércitos, um Trovão.

Vou contar
Os nomes para Espadas:
Lâmina e Hrotti,
Cortador, Dragvandil,
Gría, Gram, Gritador,
Estrondoso e Fim das Contas,
Foice e Polidor,
Honra, Raio de Luz.

Trapaceira, Cortador, Metal,


Skrýmir, Laufi,
Glória da Cerveja, Longa Barba
E Broca de Minhoca,
Mordedor de Pernas e Touro
E a Ruína de Leifnir,
Expositor da Guerra, Hneitir
E Hafrakan.
Lotti, Criador de Jorros,
Apunhalador, Punhal,
Arma de Mão, Cabo de Mão
E Visco,
Aço, Criador de Agonias e Atacante
E Meia Decoração,
Fetbreid, Portão de Chamas
E Extintor de Vidas.

Ondulado, Rosqueado,
Dor de Cadáver e Marca,
Homem, Lobo, Matador,
Brilho ao Vento e Tortura,
Freixo, Passeio da Tristeza,
Afiadas Bordas,
Farrapo e Dardo Hediondo,
Muro de Salões, Aperto.

Instigador, Afiado,
Quebrador de Crânios,
Cadáver de Gautr, Brilho do Exército
E Carne de Mímir,
Abridor de Ferida, Impostor,
Espancador, Polido,
Brilho, Lacerador,
Entalhador, Portão de Chamas.

Mimungr e Morte
E Testemunha da Fala,
Tesouro, Encerrado em Corpos,
Grua, Vara de Torcer,
Soldado, Mordedor da Pedra de Moinho,
Feixe de Luz, Dureza,
Testemunha, Subjugador,
Quebrador de Barreiras.
Escarnecedor, Criador de Pálidos,
Destituidor, Talhadeira,
Portador da Sorte, Skilfingr,
Polido, Rasgador,
Rupturador, Embranquecido,
Bæsingr, Tyrfingr,
Glutão e Decepador,
E Portador da Noite vai ser encontrado aqui.
Fogo e Mão Retumbante,
Longa Afiada e Chama,
Águia e Aterrorizante
E Naglfari,
Recuperadora, Mörnir,
Brisa e Diminuidor,
Incêndio e Longo Pescoço,
Tempestuoso, Profanador.
Lenhador, Pálido,
Fáfnir, Perfurador,
Batalhador, Fumegante,
Prole, Encurvador,
Vencedor, Polidor,
Engolidor, Cortador e Morto,
Goin, Convidado da Charneca,
Zombador, Trovejador, Nídhöggr.
Ponto, Faixa de Sangue
E Juntas de Feridas,
Entrelace de Sangue, Distorção de Sangue
E Sangrento Redemoinho,
Abertura de Sangue, Enganador
E Garra de Sangue,
Moldador Inquieto e Marca,
Tiras de Borda, Batalha.
Uivador, Lâmina
E Presente de Ölröd,
Marca, Borda de Batalha
E Alvo Perdido,
Margem e Cortador,
Sob Arrastador,
Fora da Lei, Presente de Kaldhamar,
Punho e Ombro Duro.

Espada e Clamor
E Unha Fiel,
Apertador, Maçaneta da Vitória,
Chefe e Espiga,
Cabo, Desbaste
E Perfurador do Corpo.
Machado, Chifre da Terra
E Lâmina de Ferro,
Abridor e Empurrador Lateral,
Cortador e Machadinha,
Extensão de Poder, Gnepja,
Ogra e Fála,
Cravado e Saliente,
Machado Farpado e Vígglöd,
Cutelo e Estendido,
Há o Chifre do Miserável,
Este é considerado o mais elevado
Dos nomes dos Machados.
Dardo, Lança e Ferrão,
Dof, Lança e Dardo,
Rápido, Croque e Fatigado,
Alabarda, Lâmina de Carniça,
Tiro de Lança, Eixo, Broca,
Míssil, Alabarda Irlandesa,
Gaflak, Solha,
Gungnir, Eixo de Poitier.
Flecha é também Akka,
Ponta, Tiro Branco,
Iminente e Queda de Granizo,
Vela, Tiro Que Assobia,
Penas, Fardo, Ferrolho,
Prego e Hremsa,
Vela de Utilidades e Perfurador,
Equipamento e Arma de Seta.

Fogo que Voa, Veloz Voador,


Haste de Grama e Lanceta,
Menção será feita para Localizador
E Forja de Gusi,
Forjas de Jólf existem,
Mas o maior é Thura.
Elmo, Arco,
Teixo e Madeira Dupla,
Curva, Brilho e Barulhento,
Honrado, Ruído Estridente;
Mas eu declaro que todas as
Armas juntas são chamadas de
Ferros, Flecha e Atacantes,
Aço e Lança.
Escudo, Salão Estreito,
Protetor, Capa de Salão,
Encurvador, Pantera
E Broquel,
Bastão de Mão, Targe,
Cavalo de Vento e Abrigo,
Largo Pálido, Esculpido,
Brilho da Batalha e Tília.
Retumbante, Raspador de Orvalho
E Abrigo de Joia,
Luz da Batalha, Pedregoso
E Abrigo da Batalha,
Resfriado e Tábua,
Profanado, Fronteira,
Pequeno Traseiro, Adunco,
Puro, Tábua Dupla,
Batalhador e Rugidor,
Eterno, Brilhando,
Anel, Belo Escuro,
Carregado, Protetor do Meio.

Direi os nomes
Para Capuz de Hroptr:
Capacete, Ouro Pálido,
Cobertura, Massacre de Geada,
Pedra de Geada, Oco
E Abrigo,
Protetor de Vida, Bem Visto
E Marrom Ansioso
Hildigöltr, Elmo,
Crista de Batalha e Quente,
Capuz, Assustador,
Brilhando, Cúpula.
Cota de Malha, Aquele que Chega, Tocador de Capacete,
Casaco e Perto,
Frio, Finnsleif,
Passagem para a Batalha, Maleável, Obstáculo
E Brinquedo de Sangue.

Mar, Sempre Deitado,


Sal, Ægir, Águas,
Umidade, Salgado, Águas Calmas,
Calmaria e Ondas,
Retumbante, Alto Mar, Principal,
Murmurador, Balanço e Lago,
Sucção, Arrebentação, Mesmo,
Turbilhão, Córrego e Fiorde.

Som, Entrada, Passagem Bela,


Longe de Sonoridade e Vasta Extensão,
Tormenta, Casa dos Peixes, Quebrador,
Obscuro, Inundação e Ressaca,
Inchado, Impressionante,
Gymir e Flor,
Estrondo e Inquieto,
Ondulação, Pântano, Sequestrador.
Rebentação, Esteira, Liga,
Pesqueiro, Baía de Maré e Banco de Pesca,
Água, Profundidade e Imersão,
Baía, Andorinha e Vala,
Tumulto, Canal, Buraco de Truta,
Córrego, Riacho e Córrego,
Canal, Fosso, Manancial,
Turbilhão, Torrente e Estuário.
Hefring, Rolo,
Branco e Cardumes
Hrönn, Rán, Kölga
E Himinglæva,
Dröfn, Udr e Inchador,
Dúfa, Bylgja,
Obstáculo de Cardumes e Ondas de Vento,
Blódughadda.
Gjöll, Glit, Gera,
Glód e Valskjálf,
Ván, a Víd, Vimur,
Ving e Ouse,
Síd, Sul, Freka,
Sækin, Einstika,
Elba, Rye, Oykill,
Ekin, Rennandi.
Tyne, Reno e Nith,
Thuil, Rimr, Ysja,
Don, Ógn, Dýna,
Dyn, Höllfara,
Órun e Brora,
Audskjálg, Ludd,
Mun, Merkrida,
Mein, Elba Saxônica.

Tiber, Durn, Dvina,


Thames, Vond e Costa,
Marne, Móda, Thrym,
Marne e Göta Älv,
Alne, Udr, Óllga
E Eufrates,
Ógn, Eidrennir
E Aberdeen.

Rögn, Hrönn e Raun,


Raumelfe, Hnipul,
Hnöpul, Hjálmunlá,
Humber, Dvina,
Vil, Vín, Vella,
Valin, Semd, Salin,
Dneipr, Drammen, Strauma,
Nissan, Mynt, Gnapa.

Gilling e Nilo,
Ganges, Tweed,
Luma, Vervada,
Loire e Gunnthró,
Idsvöl, Vegsvinn,
Yn, Thjódmuna,
Fjörm, Costa e Spey,
E Fimbulthul.

Nyt, Hrönn e Naud,


Nöt, Slídr e Hríd,
Körmt, Leiftr e Armet,
Os dois Kerlaugs,
Gömul, Sylgr e Inn
E Geirvimul,
Ylgr, Vöd e Flód,
O Jordão vem por último.
Salmão e Maruca
Pescada, Congro,
Truta do Mar, Salmão Milter,
Perca e Kelt,
Lagosta, Peixe-Lapa,
Milter, Linguado,
Cavala, Salmão Truta
E Lúcio.
Arenque, Escamudo, Raia,
Galeota, Truta Marrom e Cantarilho,
Bacalhau e Coregono,
Carpa, Linguado,
Fluke, Esturjão
E Escorpião do Mar,
Tubarão Cavala, Peixe-Gato
E Tubarão da Groenlândia.
Dragão do Mar, Alcaboz
E Camarão,
Lagosta, Linguado de Areia
E Peixe Agulha,
Escorpião do Mar, Pregado
E Caranguejo da Rocha,
Peixe Gato, Marisco,
Espadarte e Escamudo.
Abrótea, Escamudo Negro,
Bacalhau, Vartari,
Góbio, Lúcio,
Guela, Bacalhau Longo,
Enguia e Carpa,
Caranguejo, Peixe-Agulha,
Cação e Peixe-Lua,
Peixinho, Ouriço do Mar.
Baleia Macho, Baleote
E Dugongos,
Golfinho, Monstro do Mar
E Botos,
Baleia Corada, Filhote de Baleia Corada,
Cachalote, Morsa
E Baleia-Franca.

Baleia da Groenlândia, Baleia-Vaca,


Narval e Baleia-Piloto,
Jubarte, Baleia-Fin
E Baleia que Pula,
Baleia Ártica, Orca
E Baleia Boreal,
Baleia-Cavalo, Baleia-Bicuda,
Baleia-Minke e Grampus.

Agora vou expor


Os nomes para navios:
Arca, Remo de Garra,
Freixo, Sessrúmnir,
Navio de Guerra, Cúter, Barco
E Skídbladnir,
Embarcação, Naglfari,
Barco a Remo, Veleiro.

Cargueiro, Navio Mercante,


Arco-Frio e Rena,
Bac, Alça de Tolete Fixo
Proa Grisalha,
Cruzador, Barco e Lancha,
Brigue, Hringhorni,
Bote, Quilha, Canoa,
Leifnir, Baleeiro.
Anel, Gnód, Freki,
Ágil, Módrói,
Tolete-Amarrado, Bicudo
E Batedor do Fundo,
Coruja, Leve
E Askvitul,
Esquife, Barco Longo,
Velame, Transporte e Skálpr.
Navio mercante, Escarva, Navio-Junta,
Pesqueiro, Balsa,
Marreco, Ellidi,
Navio de Guerra e Barcaça,
Abeto, Corcel, Galeão,
Balsa, Barco Chato,
Casco, Barco e Prazer,
Viajante Freqüente e Frota.
Vela, Pranchas, Mastro,
Grampo, Leme,
Aperto, Emenda,
Rebitamento e Escota,
Estai, Roda, Cordas de Condução,
Eixo e Briol,
Galhardete e Para-Choque,
Banco, Popa e Cabo.

Anteparo de Proa, Mortalhas,


Rize e Escotas,
Espinhos, Árvore Mastro,
Costura, Suporte de Convés,
Mastro, Cesto da Gávea,
Cabo, Vergas,
Cata-Vento, Cauda de Cata-Vento
E Tampão.

Contraestai, Adriça
E Cana do Leme,
Casco, Proa, Quinta Prancha
E Arinque,
Briol, Boça, Polias
E Estais,
Forqueta, Inclinação, Martelo,
Corda de Ajuda e Valuma.
Verga, Troça, Recife,
Cavername e Cinta de Forqueta,
Molinete, Popa,
Varinha, Rolamentos,
Guincho, Davante,
Baluarte, Proa e Marcas de Popa,
Tragante, Lais de Guia,
Anteparas.
Proa, Joelho, Embarque,
Correia e Arcos,
Bordo de Quilha, Cunha do Mastro
E Resbordo,
Cabeços, Carlinga,
Punho da Escota e Bancadas,
Aparelho, Borda,
Cunho e Pranchas de Convés.
Gente, Adriças,
Sifão, Remos,
Cintas de Vela, Placas Rebitadas,
Ponte e Pinos,
Cinta de Areia, Patilhão
E Âncora,
Boia de Arinque, Balde
E Cesto da Gávea.
Terra, Paisagem, Gleba,
Marga e Hlödyn,
Húmus, Sif, Fjörgyn,
Chão, Fundamento e Orbe,
Campo, Jardim e Pífano,
Casa, País e Litoral,
Terra, Solo, Fronteira,
Território e Pântano.
Bosque, Cume e Montanha,
Encosta e Colina,
Monte, Charneca e Vale,
Outeiro e Ladeira,
Crosta, Pequeno Vale e Planície,
Vale e Península,
Molde, Grama, Abaulamento,
Pântano, Ravina e Areia.
Agora vou contar
Os termos para bois:
Árvak, Berrador
E Jörmunrekr,
Limpo, Freyr, Reginn,
Ferreiro, Perfurador da Ilha,
Vermelho e Conduzido
E Face Escura,
Lutador, Matador,
Vingnir, Condutor.
Himinhrjódr, gado
E Duro de Passagem,
Hæfir, Robusto,
Rugidor, Capado,
Hlidr, Stuf, Lit,
Hrídr, Projeto de Boi,
Arfr, Jörmuni
E poderoso Ferreiro.
Centelha, Apli,
Chifre Dourado,
Riquezas, Novilho, Touro Velho
E Arfuni,
Touro, Tempestuoso, Gritador,
Ruído e Membros,
Touro Garanhão, Boi,
Touros, Sujo de Lama.
Uma vaca é chamada de Novilha,
Vitelo e Faceira
E Audumla,
Ela é a primeira das vacas.
Cordeiro, Poderoso Chifre,
Chifre Delator,
Gumarr, Chifre Incandescente
E Chifre Brilhante,
Carneiro, Chifre Branco,
Hallinskídi,
Simples, Chifre Miserável
E Heimdali,
Ovelha, Mediano,
Carneiro, Marta e Kal.
Uma cabra é chamada de Grímnir
E Geirölnir,
Tanngnjóstr, Picador
E Tanngrisnir,
Vesgo e Bode,
Macho, Grímr é mencionado.
É também chamada de Heidrún,
Cabra e Anho,
Focinho de Carvão
E Filhote são os mesmos.

Urso, Pardo, Poderoso,


Ursa, Adversário de Alces
Dente Escuro, Lobo do Gelo
E de Amplo Trajeto,
Cabrestado, Ursinho,
Rugidor, Leopardo,
Áspero, Ganancioso, Ladrão,
Jórekr, Mösni,
Viajante da Floresta, Filhote de Urso,
Rosnador, Vetrlidi,
Dente Ganancioso, Traseiro Barulhento,
Encapuzado, Intestino Murcho.
Cervo, Dyrathrór,
Hlidr, Eikthyrnir,
Duneyrr, Dáinn,
Dvalarr, Caminhante da Charneca.
Porco, Brilho do Abate,
Mamada e Hrímnir,
Suíno, Javali,
Sæhrímnir, Porco Castrado,
Porco, Urso de Abate,
Cume, Caminhante da Sujeira,
Próspero, Guerreiro, Leitão,
Castrado, Vaningi.
Warg, Lobo, Geri,
Sentinela, Besta Cinza,
Hati, Hródvitnir
E Habitante da Charneca,
Freki e Morador da Floresta,
Fenrir, Leopardo,
Goti, Digno, Barulhento,
Uivador, Lutador,
Sombrio e Terrível
E de Faces Escuras.
E ainda mais os nomes
De Lobas são Wargin,
Ladradora e Cinzenta,
Vertigem.
Nove são os Céus
Nomeados ao alto.
Eu sei que o mais baixo,
É Vindbláinn,
É Heidthyrnir
E Hregg-Mímir,
O segundo é chamado
Céu de Andlangr,
Isso você pode entender,
O terceiro Vídbláinn,
Vídfedmi eu digo
Ser o quarto,
Hrjódr e Hlýrni
Eu acredito ser o sexto,
Gimir, Vetmímir;
Acho que agora há
Oito Céus
Enumerados,
Skattyrnir fica
Acima das nuvens,
Está além de
Todos os mundos.

Sol e Estrela do Dia,


Brilho, Belo Disco,
Relâmpago, Cobertura, Brinquedo,
Luz Medicinal, Disco,
Relâmpago, Disco Dúbio
E Portador da Luz,
Borrifador, Disco dos Elfos
E Brinquedo de Dvalin.
Sumário de Figuras

Todas as imagens podem ser baixadas gratuitamente aqui

· A Caçada Selvagem (1872), por Peter Nicolai Arbo (1831-1892),


título original Åsgårdsreien
· A Carruagem de Sól, por William Gersham Collingwood (1854-
1932), retirado do livro The Poetic or Elder Edda
· A Festa de Ægir (1861), por Constantin Hansen (1804-1880),
título original Ægirs Gæstebud
· A Morte de Baldr (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905),
retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· A Paixão de Freyr (1908), por William Gersham Collingwood
(1854-1932), retirado do livro The Poetic or Elder Edda
· A Punição de Loki (1894), por James Doyle Pennrose (1862-
1932), título original The Punishment of Loki
· A Viagem de Thor à Morada de Geirrödr (1906), por Lorenz
Frølich (1820-1908), retirado do livro Teutonic Mythology Vol. III
· Após o Ragnarök (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905),
retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· As Flechas Não Atingem Baldr (1902), por Elmer Boyd Smith
(1860-1943), retirado do livro In the Days of Giants: A Book of
Norse Tale
· As Nornas (1911), por Arthur Rackham (1867-1939), retirado do
livro The Nibelung’s Ring
· As Últimas Palavras de Odin a Baldr (1908), por William
Gersham Collingwood (1854-1932), retirado do livro The Poetic or
Elder Edda
· Audumla (1790), por Nicolai Abraham Abildgaard (1743-1809),
título original Audhumla
· Baldr, o Bom (1900), por Jacques Reich (1852-1923), retirado do
livro Old Norse Stories
· Baldr Morto (1817), por Christoffer Wilhelm Eckersberg (1783-
1853), título original Balders død
· Batalha dos Deuses Condenados (1882), por Friedrich Wilhelm
Heine (1845-1921), título original Kampf der untergehenden Götter
· Bragi (~1830), por Carl Wahlbom (1810-1858), título original
Bragi
· Bragi (1882), por Carl Emil Doepler (1824-1905), retirado do livro
Nordisch-germanische Götter und Helden
· Bragi e Idunn (1839), por Frederik Barfod (1811-1896), retirado
do livro Brage og Idun et Nordisk Fjærdingårsskrift
· Bragi e Idunn (1846), por Nils Blommér (1816-1853), título
original Brage och Iduna
· Brincadeira de Elfos (1866), por August Malmström (1829-1901),
título original Älvalek
· Brynhildr (1897), por Gaston Bussière (1862-1928), título original
Brunnhild
· Capa da uma edição do séc XVIII da Edda em Prosa (1760), por
Ólafur Brynjúlfsson, retirado do livro Sæmundar og Snorra Edda
· Cavalgada das Valquírias (1909), por John Charles Dollman
(1851-1934), retirado do livro Myths of the Norsemen from the
Eddas and Sagas
· Dagr (1887), por Peter Nicolai Arbo (1831-1892), título original
Dagr
· Fáfnir Guarda o Ouro (1911), por Arthur Rackham (1867-1939),
retirado do livro The Nibelung's Ring
· Fenja e Menja (1893), por Carl Larsson (1853-1919) e Gunnar
Forssell (1859-1903), retirado do livro Edda Sämund den vises
· Filhos de Loki (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905),
retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Forseti Senta em Julgamento (1882), por Carl Emil Doepler,
retirado do livro Nordisch-germanische Götter und Helden
· Freyja (1905), por John Bauer (1882-1918), título original Freja
· Freyja e seu Colar (1890), por James Doyle Pennrose (1862-
1932), título original Freyja and the Necklace
· Freyja em Sua Carruagem (1905), por Carl Emil Doepler (1824-
1905), retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Freyr (1845), por Johan Thomas Lundbye (1818-1848), retirado
do livro Den Nye Studenterforenings Nordiske Højtid
· Freyr (1901), por Johannes Gehrts (1855-1921), retirado do livro
Walhall: Germanische Götter - und Heldensagen
· Frigg e suas Servas (1882), por Carl Emil Doepler (1824-1905),
retirado do livro Nordisch-germanische Götter und Helden
· Frigg Tecendo as Nuvens (1909), por John Charles Dollman
(1851-1934), retirado do livro Myths of the Norsemen from the
Eddas and Sagas
· Funeral Viking (1893), por Frank Dicksee (1853-1928), título
original Viking Funeral
· Gangleri e os Três Reis (1760), por Ólafur Brynjúlfsson, retirado
do livro Sæmundar og Snorra Edda
· Gefjun e o Rei Gylfi (1906), por Lorenz Frølich (1820-1908),
retirado do livro Teutonic Mythology Vol. II
· Gunnlöd (1893), por Anders Zorn (1860-1920), título original
Gunnlöd
· Heidrun em Valhalla (1760), por Ólafur Brynjúlfsson, retirado do
livro Sæmundar og Snorra Edda
· Heimdallr com a Gjallarhorn (1895), por Lorenz Frølich (1820-
1908), retirado do livro Den Ældre Eddas Gudesange
· Heimdallr e Suas Nove Mães (1882), por Karl Ehrenberg (1840-
1914), retirado do livro Nordisch-germanische Götter und Helden
· Hermódr Cavalga para Hel (1908), por William Gersham
Collingwood (1854-1932), retirado do livro The Poetic or Elder
Edda
· Hermódr e Hel (1909), por John Charles Dollman (1851-1934),
retirado do livro Myths of the Norsemen from the Eddas and
Sagas
· Idunn e Suas Maçãs (1900), por James Doyle Pennrose (1862-
1932), título original Idunn and her Apples
· Líf e Lífthrasir (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado
do livro Den ældre Eddas Gudesange
· Loki e as Damas do Reno (1911), por Arthur Rackham (1867-
1939), retirado do livro The Nibelung's Ring
· Loki e Sigyn (1863), por Mårten Eskil Winge (1825-1896), título
original Loke och Sigyn
· Loki e Svadilfari (1909), por Dorothy Hardy (1891-1925), retirado
do livro Myths of the Norsemen from the Eddas and Sagas
· Loki e Thjazi (1906), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do
livro Teutonic Mythology Vol. I
· Loki se Liberta das Correntes (1897), por Ernst Hermann Walther
(1858-1945), retirado do livro Deutsche Götter- und Heldensagen
· Loki Voa para Jötunheim (1908), por William Gersham
Collingwood (1854-1932), retirado do livro The Poetic or Elder
Edda
· Luta entre um Normando e um Huscarl (~1070), autor
desconhecido, pequena seção da Tapeçaria de Bayeux
· Máni e Sól (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do
livro Den Ældre Eddas Gudesange
· Módsognir e Durinn (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908),
retirado do livro Den Ældre Eddas Gudesange
· Nascimento e Morte de Ymir (1885), por Lorenz Frølich (1820-
1908), retirado do livro Nordens Guder
· Nástrand (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado livro
Den Ældre Eddas Gudesange
· Navio Viking da Antiguidade (1860), por Anker Lund (1840-
1922), título original En vikingsnekke i Oldtiden
· Njödr (1832), por Amalia Schoppe (1791-1852), retirado do livro
Die Helden und Götter des Nordens, oder Das Buch der sagen
· Nórdicos Chegando à Islândia (1909), por Oscar Wergeland
(1844-1910), retirado do livro Myths of the Norsemen from the
Eddas and Sagas
· Nótt (1887), por Peter Nicolai Arbo (1831-1892), título original
Nótt
· O Aprisionamento de Fenrir (1905), por Carl Emil Doepler (1824-
1905), retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· O Cabelo de Ouro que Loki Fez (1910), artista desconhecido,
retirado do livro The Gordon Readers
· O Desejo de Njördr pelo Mar (1908), por William Gersham
Collingwood (1854-1932), retirado do livro The Poetic or Elder
Edda
· O Espírito das Águas e as Filhas de Aegir (1850), por Nils
Blommér (1816-1853), título original Näcken och Ägirs döttrar
· O Freixo Yggdrasil (1886), por Friedrich Wilhelm Heine (1845-
1921), retirado do livro Asgard and the Gods
· O Gigante com a Espada Flamejante (1909), por John Charles
Dollman (1851-1934), retirado do livro Myths of the Norsemen
from the Eddas and Sagas
· O Terceiro Presente, Um Enorme Martelo (1902), por Elmer
Boyd Smith (1860-1943), retirado do livro In the Days of Giants: A
Book of Norse Tale
· Odin (1865), por Ludwig Pietsch (1824-1911), retirado do livro
Manual of Mythology: Greek and Roman, Norse, and Old German,
Hindoo and Egyptian Mythology
· Odin (1901), por Johannes Gehrts (1855-1921), título original
Odhin
· Odin Bebe da Fonte da Sabedoria (1903), por Robert Engels
(1866-1920), título original Odin am Brunnen der Weisheit
· Odin Cavalga Sleipnir (1911), por Arthur Rackham (1867-1939),
retirado do livro The Nibelung's Ring
· Odin e Fenrir (1909), por Dorothy Hardy (1891-1925), retirado do
livro Myths of the Norsemen from the Eddas and Sagas
· Odin e Gunnlöd (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905),
retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Odin e seus Corvos (1760), por Ólafur Brynjúlfsson, retirado do
livro Sæmundar og Snorra Edda
· Odin e Seus Dois Irmãos Criam o Mundo do Corpo de Ymir
(1895), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro Den
Ældre Eddas Gudesange
· Odin, Lódurr e Hœnir Criam Askr e Embla (1895), por Lorenz
Frølich (1820-1908), retirado do livro Den Ældre Eddas
Gudesange
· Odin, Loki e Hœnir Encontram Thjazi (1760), por Ólafur
Brynjúlfsson, retirado do livro Sæmundar og Snorra Edda
· Odin, o Andarilho (1886), por Georg von Rosen (1843-1923),
título original Oden som vandringsman
· Odin ou Wotan (1832), por Amalia Schoppe (1791-1852),
retirado do livro Die Helden und Götter des Nordens, oder Das
Buch der sagen
· Oferenda (1831), por Johan Ludwig Lund (1777-1867), título
original Offering
· Os Lobos Perseguindo Sól e Máni (1909), por John Charles
Dollman (1851-1934), retirado do livro Myths of the Norsemen
from the Eddas and Sagas
· Rán e as Garotas das Ondas (1831), artista desconhecido,
retirado do livro Alkuna: Nordische und nordslawische Mythologie
· Rei Heimer e Áslaug (1856), por August Malmström (1829-
1901), título original Kung Heimer och Aslög
· Rei Hrólfr Espalha Ouro para Escapar dos Suecos (1895), por
Jenny Nyström (1854-1946), retirado do livro Från Nordens forntid:
Fornnordiska sagor bearb
· Sif (1909), por John Charles Dollman (1851-1934), retirado do
livro Myths of the Norsemen from the Eddas and Sagas
· Sigurdr e Brynhildr (1909), por Charles Butler (1864-1918), título
original Sigurd and Brynhild
· Skadi Escolhendo seu Marido (1871), por Louis Huard (1813-
1874), retirado do livro The Heroes of Asgard
· Skadi Sente Falta das Montanhas (1908), por William Gersham
Collingwood (1854-1932), retirado do livro The Poetic or Elder
Edda
· Snorri Sturluson (~1890), por Christian Krohg (1852-1925), título
original Snorre Sturluson
· Suttungr e os Anões (1871), por Louis Huard (1813-1874),
retirado do livro The Heroes of Asgard
· Svanhildr (1893), por Jenny Nyström (1854-1946), retirado do
livro Eddan - De nordiska guda
· Thor (1907), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro
Nordisk Oltid og Dansk Kunst
· Thor (1911), por Arthur Rackham (1867-1939), retirado do livro
The Nibelung's Ring
· Thor Atravessa Rios Enquanto os Æsir Cavalgam pela Ponte
Bifröst (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro
Den Ældre Eddas Gudesange
· Thor Descobre que um de seus Bodes Está Coxo (1895), por
Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro Den Ældre Eddas
Gudesange
· Thor Duela Hrungnir (1865), por Ludwig Pietsch (1824-1911),
retirado do livro Die nordischen Göttersagen
· Thor e Hymir Pescando (1760), por Ólafur Brynjúlfsson, retirado
do livro Sæmundar og Snorra Edda
· Thor Enfrenta a Serpente de Midgard (1905), por Carl Emil
Doepler (1824-1905), retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der
Germanen
· Thor Luta Contra Elli (1872), por Lorenz Frølich (1820-1908),
retirado do livro Gjøgleriet i Utgard
· Thor Luta Contra os Gigantes (1872), por Mårten Eskil Winge
(1825-1896), título original Tors strid med jättarna
· Thor na Luva de Skyrmir (1905), por Carl Emil Doepler (1824-
1905), retirado do livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Thor Pescando pela Serpente de Midgard (1895), por Lorenz
Frølich (1820-1908), retirado do livro Nordens Guder
· Týr (1893), por Carl Frederick von Saltza (1858-1905), título
original Týr
· Týr (1895), por Lorenz Frølich (1820-1908), retirado do livro Den
Ældre Eddas Gudesange
· Týr Alimentando Fenrir (1871), por Louis Huard (1813-1874),
retirado do livro The Heroes of Asgard
· Ullr (1760), por Ólafur Brynjúlfsson, retirado do livro Sæmundar
og Snorra Edda
· Ullr (1882), por Friedrich Wilhelm Heine (1845-1921), retirado do
livro Nordisch-germanische Götter und Helden
· Valhalla (1896), por Max Brückner (1836-1919), título original
Valhalla
· Valhalla (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905), retirado do
livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Valquíria (1869), por Peter Nicolai Arbo (1831-1892), título
original Valkyrien
· Valquírias (1905), por Carl Emil Doepler (1824-1905), retirado do
livro Walhall: Die Götterwelt der Germanen
· Vídarr (1854), por Hans Christian Henneberg (1826-1893),
retirado do livro Illustreret Danmarkshistorie for Folket
· Vídarr Mata Fenrir (1908), por William Gersham Collingwood
(1854 - 1932), retirado do livro The Elder or Poetic Edda
· Yggdrasil (1680), autor desconhecido, retirado do livro Edda
Oblongata
· Yggdrasil e Bifröst (1825), por Finnur Magnússon (1781-1847),
retirado do livro Eddalæren og dens Oprindelse, Vol. 3
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As Histórias de Ragnar Lodbrok
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Edda em Prosa: Gylfaginning e Skáldskaparmál


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Memórias de Garibaldi
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Table of Contents
Nota do Editor
Edda em Prosa: Prólogo
Gylfaginning: A Ilusão de Gylfi
Capítulo 1 – Sobre o Rei Gylfi e Gefjun
Capítulo 2 – Gylfi Chega a Asgard
Capítulo 3 – Sobre o Pai de Todos, o Mais Alto Deus
Capítulo 4 – Sobre Niflheim e Múspelheim
Capítulo 5 – A Origem de Ymir e dos Gigantes de Gelo
Capítulo 6 – Sobre Audumla e a Origem de Odin
Capítulo 7 – A Morte de Ymir e sobre Bergelmir
Capítulo 8 – Os Filhos de Borr criam a Terra e o céu
Capítulo 9 – Os Filhos de Borr criam Askr e Embla
Capítulo 10 – A Chegada de Dia e de Noite
Capítulo 11 – A Origem de Sol e de Lua
Capítulo 12 – Sobre a Perseguição de Sol
Capítulo 13 – Sobre a Bifröst
Capítulo 14 – A Morada dos Deuses e a Criação dos Anões
Capítulo 15 – Sobre a Yggdrasil, a Fonte de Urdr e as
Nornas
Capítulo 16 – Ainda Sobre a Árvore
Capítulo 17 – Os Locais Sagrados dos Deuses
Capítulo 18 – A Origem do Vento
Capítulo 19 – Sobre a Diferença do Verão e do Inverno
Capítulo 20 – Sobre Odin e Seus Nomes
Capítulo 21 – Sobre Áss-Thor
Capítulo 22 – Sobre Baldr
Capítulo 23 – Sobre Njördr e Skadi
Capítulo 24 – Sobre Freyr e Freyja
Capítulo 25 – Sobre Týr
Capítulo 26 – Sobre Bragi e Idunn
Capítulo 27 – Sobre Heimdallr
Capítulo 28 – Sobre Hödr
Capítulo 29 – Sobre Vídarr
Capítulo 30 – Sobre Váli
Capítulo 31 – Sobre Ullr
Capítulo 32 – Sobre Forseti
Capítulo 33 – Sobre Loki, Filho de Laufey
Capítulo 34 – Sobre os Filhos de Loki e a Captura de Fenrir
Capítulo 35 – Sobre as Ásynjur
Capítulo 36 – Sobre as Valquírias
Capítulo 37 – Freyr Conquista Gerdr, Filha de Gýmir
Capítulo 38 – Sobre a Comida dos Einherjar e de Odin
Capítulo 39 – Sobre a Bebida dos Einherjar
Capítulo 40 – Sobre o Tamanho de Valhalla
Capítulo 41 – Sobre o Entretenimento dos Einherjar
Capítulo 42 – Os Æsir Quebram o Juramento Feito ao
Construtor da Cidadela
Capítulo 43 – Sobre Skídbladnir
Capítulo 44 – Thor Começa Sua Jornada a Útgarda-Loki
Capítulo 45 – Sobre o Encontro de Thor e Skrýmir
Capítulo 46 – Sobre as Proezas de Thor e de seus
Companheiros
Capítulo 47 – A Despedida de Thor e de Útgarda-Loki
Capítulo 48 – Thor Vai ao Mar com Hymir
Capítulo 49 – A Morte de Baldr, o Bom
Capítulo 50 – Loki é Acorrentado
Capítulo 51 – Sobre o Ragnarök
Capítulo 52 – As Moradas Após o Ragnarök
Capítulo 53 – Quem Sobrevive ao Ragnarök
Capítulo 54 – Sobre Gangleri
Skáldskaparmál: A Poesia dos Escaldos
Capítulo 1 – A Jornada de Ægir à Asgard
Capítulo 2 – O Gigante Thjazi Seqüestra Idunn
Capítulo 3 – Loki Resgata Idunn e a Morte de Thjazi
Capítulo 4 – Sobre a Família de Thjazi
Capítulo 5 – A Origem do Hidromel de Suttungr
Capítulo 6 – Como Odin Obteve o Hidromel
Capítulo 7 – As Características da Poesia
Capítulo 9 – Os Nomes de Odin e Suas Metáforas
Capítulo 10 – As Metáforas da Poesia
Capítulo 11 – As Metáforas de Thor
Capítulo 12 – As Metáforas de Baldr
Capítulo 13 – As Metáforas de Njördr
Capítulo 14 – As Metáforas de Freyr
Capítulo 15 – As Metáforas de Heimdallr
Capítulo 16 – As Metáforas de Týr
Capítulo 17 – As Metáforas de Bragi
Capítulo 18 – As Metáforas de Vídarr
Capítulo 19 – As Metáforas de Váli
Capítulo 20 – As Metáforas de Hödr
Capítulo 21 – As Metáforas de Ullr
Capítulo 22 – As Metáforas de Hœnir
Capítulo 23 – As Metáforas de Loki
Capítulo 24 – Sobre o Gigante Hrungnir
Capítulo 25 – Sobre a Sábia Gróa
Capítulo 26 – A Viagem de Thor à Morada de Geirrödr
Capítulo 27 – As Metáforas de Frigg
Capítulo 28 – As Metáforas de Freyja
Capítulo 29 – As Metáforas de Sif
Capítulo 30 – As Metáforas de Idunn
Capítulo 31 – As Metáforas do Céu
Capítulo 32 – As Metáforas da Terra
Capítulo 33 – As Metáforas do Mar
Capítulo 34 – As Metáforas de Sól
Capítulo 35 – As Metáforas do Vento
Capítulo 36 – As Metáforas do Fogo
Capítulo 37 – As Metáforas do Inverno
Capítulo 38 – As Metáforas do Verão
Capítulo 39 – As Metáforas dos Homens e das Mulheres
Capítulo 40 – As Metáforas do Ouro
Capítulo 41 – Ægir Dá uma Festa para os Æsir
Capítulo 42 – Sobre a Árvore Glasir
Capítulo 43 – Dos Ferreiros Filhos de Ívaldi e o Anão Sindri
Capítulo 44 – As Metáforas do Ouro e Freyja
Capítulo 45 – O Ouro Chamado de Palavra dos Gigantes
Capítulo 46 – O Resgate da Lontra
Capítulo 47 – Sobre Fáfnir, Reginn e Sigurdr
Capítulo 48 – Sobre Sigurdr e os Filhos de Gjúki
Capítulo 49 – A Morte de Sigurdr
Capítulo 50 – A Morte dos Filhos de Gjúki e a Vingança de
Gudrún
Capítulo 51 – Sobre os Filhos de Völsungr
Capítulo 52 – Sobre o Rei Fródi e o Moinho Grótti
Capítulo 53 – Sobre Hrólfi Kraki e Vöggr
Capítulo 54 – Sobre como Hrólfi Derrotou o Rei Adils
Capítulo 55 – Sobre o Rei Hölgi
Capítulo 56 – Ainda Sobre as Metáforas do Ouro
Capítulo 57 – As Metáforas do Homem com o Ouro
Capítulo 58 – As Metáforas da Mulher com o Ouro
Capítulo 59 – As Metáforas dos Homens com as Árvores
Capítulo 60 – As Metáforas da Batalha
Capítulo 61 – As Metáforas das Armas e Armaduras
Capítulo 62 – Sobre a Batalha dos Hjadnings
Capítulo 63 – A Batalha como Metáfora de Odin
Capítulo 64 – As Metáforas de Navios
Capítulo 65 – As Metáforas de Cristo
Capítulo 66 – As Metáforas dos Reis e Suas Distinções
Capítulo 67 – As Metáforas dos Nomes
Capítulo 68 – Os Nomes dos Deuses
Capítulo 69 – Os Nomes dos Céus, Sol e Lua
Capítulo 70 – Os Nomes da Terra
Capítulo 71 – Os Nomes dos Lobos, Ursos e Cervos
Capítulo 72 – Os Nomes dos Cavalos
Capítulo 73 – Bois, Serpentes, Ovelhas e Porcos
Capítulo 74 – Os Nomes do Ar e dos Ventos
Capítulo 75 – Os Nomes dos Corvos e das Águias
Capítulo 76 – Os Nomes do Mar
Capítulo 77 – Os Nomes do Fogo
Capítulo 78 – Os Nomes do Tempo
Capítulo 79 – Os Nomes dos Reis
Capítulo 80 – Sobre Hálfdan o Velho e os Descendentes do
Rei
Capítulo 81 – Os Nomes dos Homens
Capítulo 82 – Os Nomes da Multidão
Capítulo 83 – Circunlóquios e Descrições Verdadeiras
Capítulo 84 – Os Nomes das Mulheres
Capítulo 85 – As Partes da Cabeça
Capítulo 86 – Coração, Peito e Sentimentos
Capítulo 87 – Mãos e Pés
Capítulo 88 – Fala e Compreensão
Capítulo 89 – Expressões Ambíguas e Trocadilhos
Nafnaþulur – Conhecimento dos Nomes
Sumário de Figuras

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