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7a aula

6 de Outubro de 2023
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Sucessões convergentes
Uma sucessão (an )n ∈ N de números reais diz-se convergente se
existir ` ∈ R tal que

∀ε > 0 ∃ pε ∈ N : n > pε ⇒ |an − `| < ε.

Recorde-se que

|an − `| < ε ⇔ ` − ε < an < ` + ε.

Diz-se, neste caso, que

limn → +∞ an = `

e que a sucessão (an )n ∈ N converge para `.


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Observação
O limite de uma sucessão convergente é único, porque se
• limn → +∞ an = ` ∈ R
• limn → +∞ an = L ∈ R
• L>`
L−`
então para ε = 2 > 0 existem pε ∈ N e qε ∈ N tais que

n > pε ⇒ ` − ε < an < ` + ε


n > qε ⇒ L − ε < an < L + ε

logo, se n > max {pε , qε } ∈ N, temos


L+`
an < ` + ε = = L − ε < an
2
o que não é possı́vel.
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Exemplo 1

Por exemplo, se (an )n ∈ N é uma sucessão constante, digamos


an = C para todo o natural n, então

lim an = C .
n → +∞

De facto, dado ε > 0 existe p = 1 (não varia com ε) tal que

n>p=1 ⇒ an − C = |C − C | = 0 < ε.
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Exemplo 2
Já provámos que
1
lim = 0.
n → +∞ n

Podemos agora acrescentar que, dado ε > 0, existe


j1k
pε = +1 ∈N
ε
tal que
j1k
n > pε ⇔ n> +1
ε
1
⇒ n>
ε
1 1
⇒ − 0 = < ε.
n n
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Note-se que, neste caso, pε depende de ε. Por exemplo, se ε = 12 ,


serve p = 3 porque
1 1 1
n>3 ⇒ 6 < = ε.
n 3 2
1
Mas se ε = 10 , p = 3 não serve; precisamos de p > 11.
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Exemplo 3
Vejamos por que razão a sucessão (−1)n

n∈N
não converge.

Precisamos de provar que

∀` ∈ R ∃ε > 0 | ∀p ∈ N ∃ n ∈ N: n>p mas |an −`| > ε.

Se ` = 1, consideremos ε = 1; então para todo o natural p existe


n = 2p + 1 tal que n > p mas

|an − 1| = |a2p+1 − 1| = | − 1 − 1| = 2 > ε.

Logo o limite de (−1)n



n∈N
não é 1.
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Analogamente, se ` = −1, consideremos ε = 1; então para todo o


natural p existe n = 2p tal que n > p mas

|an + 1| = |a2p + 1| = |1 + 1| = 2 > ε.

Logo o limite de (−1)n



n∈N
também não é −1.
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|1−`|
Dado ` ∈ R \ {−1, 1}, consideremos ε = 2 > 0.

Então, para todo o natural p existe n = 2p tal que n > p mas

|an − `| = |a2p − `| = |1 − `| > ε.

Logo o limite de (−1)n



n∈N
também não é `.

E, portanto, a sucessão (−1)n



n∈N
não converge.
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Exemplo 4
Resulta do exemplo 2 que
(−1)n
lim =0
n → +∞ n
porque, dado ε > 0, existe
j1k
pε = +1 ∈N
ε
tal que
j1k
n > pε ⇔ n> +1
ε
1
⇒ n>
ε
(−1)n 1
⇒ − 0 = < ε.
n n
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Mais geralmente

lim an = 0 ⇔ lim |an | = 0.


n → +∞ n → +∞

Porque, dado ε > 0,

∃ p ∈ N: n>p ⇒ |an | < ε

se e só se

∃ p ∈ N: n>p ⇒ | |an | | = |an | < ε.


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ATENÇÃO

Note-se que a equivalência anterior não é válida se

lim |an | = ` 6= 0.
n → +∞

Por exemplo, se an = (−1)n para todo o natural n, então

lim |an | = 1
n → +∞

mas a sucessão (an )n ∈ N = ((−1)n )n ∈ N não converge.


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Contudo, tem-se sempre

lim an = ` ∈ R ⇒ lim |an | = |`|


n → +∞ n → +∞

uma vez que já sabemos que

|an | − |`| 6 |an − `|.


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Mais exemplos
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• limn → +∞ 2n = 0 porque 2n > n para todo o natural n e
j1k 1 1
∀ε > 0 ∃p = + 1 ∈ N: n>p ⇒ n
< < ε.
ε 2 n

1 1 1

• limn → +∞ 1+ 2 + 22
+ ··· + 2n−1
= 2 porque

1 1 1 1 − 21n
∀n ∈ N 1+ + 2 + · · · + n−1 =
2 2 2 1 − 12
e
1 − 21n
 
1
lim = lim 2 1 − n = 2.
n → +∞ 1 − 12 n → +∞ 2
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Que se tem limn → +∞ 2 1 − 21n = 2 resulta de que, dado ε > 0,
existe j1 k
p= +1 +1 ∈ N
ε
tal que
j1 k
n > p ⇔ n > +1 +1
ε
1
⇒ n > +1
ε
1 1
⇔ n−1> ⇔ <ε
ε n−1
 1 1 1
⇒ 2 1 − n − 2 = 2 1 − n − 1 = n−1
2 2 2
1
< < ε.
n−1
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Observação

Se (an )n ∈ N não converge, podemos ter

• (an )n ∈ N não tem limite.

É o caso da sucessão (−1)n



n∈N
.

• (an )n ∈ N tem limite mas não é um número real.

É o que acontece com a sucessão (n)n ∈ N .


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Outros limites
Diz-se que uma sucessão (an )n ∈ N tem limite +∞ se

∀ε > 0 ∃ pε ∈ N : n > pε ⇒ an > ε.

Por exemplo, a sucessão (n)n ∈ N tem limite +∞ porque N não é


majorado:

∀ε > 0 ∃ pε = bεc + 1 ∈ N : n > pε ⇒ n > ε.

Diz-se que uma sucessão (an )n ∈ N tem limite −∞ se

∀ε > 0 ∃ pε ∈ N : n > pε ⇒ an < −ε.


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Nota

Se uma sucessão (an )n ∈ N tem limite +∞, então não é majorada.

Se uma sucessão (an )n ∈ N tem limite −∞, então não é minorada.


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Por isso, a sucessão de termo geral an = (−1)n não tem limite


+∞ nem −∞, uma vez que é uma sucessão limitada:

∀n ∈ N − 1 6 an 6 1.
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Note-se, porém, que há sucessões não majoradas que não têm
limite igual a +∞.

Por exemplo, a sucessão de termo geral an = n se n é par,


an = n1 se n é ı́mpar.

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