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24:
Mostre que a interseção de uma sequência decrescente I1 ⊃ I2 ⊃ ... ⊃ In ⊃ ... de intervalos é um intervalo ou o
conjunto vazio.
e
(an , bn ) ⊃ (an+1 , bn+1 ).
Daı́,
∩
[sup{an }, inf{bn }] = [an , bn ]
∩
⊃ In
∩
⊃ (an , bn )
= (sup{an }, inf{bn }).
e temos o resultado.
200
Exercı́cio 5.25:
Um conjunto é denso em R se, e somente se, seu complementar tem interior vazio.
Seja D um conjunto denso em R. Dado x ∈ R−D e ε > 0, temos que (x−ε, x+ε)∩D ̸= ∅. Assim, x ∈
/ int(R−D).
E, como int(R − D) ⊂ R − D, temos que int(R − D) ̸= ∅.
201
Exercı́cio 5.26:
Se F é fechado e A é aberto então F − A é fechado.
202
Exercı́cio 5.27:
Dê exemplo de um aberto A tal que A ⊃ Q mas R − A seja não-enumerável.
∪
∞
Seja (xn ) uma enumeração de Q. Definimos A = In , onde
n=1
1 1
In = (xn − n
, xn + n ).
2 2
Temos que A e aberto, pois é uma união de abertos e também A ⊃ Q.
Provemos que R − A ̸= ∅. Consideremos o intervalo compacto [0, 10] e suponhamos que R − A = ∅. Então,
∪
k
existem n1 , n2 , ..., nk ∈ N tais que Ini ⊃ [0, 10].
i=1
Sgue daı́, então, que
∑
k
10 < (sup Ini − inf Ini )
i=1
∑
k
< (sup In − inf In )
i=1
∞
∑ 1
= = 2.
i=1
2n−1
Absurdo. Assim, R − A ̸= ∅.
Se R−A é finito ou enumeráel, podemos adicionar todos os elementos de R−A em uma sequência (yn ) ( de termos
∪
∞ 1 1
repetidosse necessário ) que enumera os elementos de R − A. Daı́, Ã = A ∪ ( I˜n ), onde I˜n = (yn − n , yn + n )
n=1 2 2
é tal que à ⊃ A e à ⊃ R − A. Mas, por argumento análogo ao acima, podemos mostrar que R − à ̸= ∅. Uma
contradição. Portanto, R − A é não enumerável.
203
Exercı́cio 5.28:
Dê exemplo de um conjunto fechado, não-enumerável, formado apenas por números transcendentes.
Seja (xn ) uma enumeração do conjunto dos números algébricos (exercı́cio 3.44). Seja
∞
∪
A= In ,
i=1
1 1
onde In = (xn − n , xn + n ). Temos que A é um aberto que contém todos os números naturais. Assim, pelo
2 2
mesmo argumento usado no execı́cio anterior, F = R − A é não enumerável. E F é um fechado que contém somente
números algébricos.
204
Exercı́cio 5.29:
Defina a distância de um ponto a ∈ R a um conjunto não-vazio X ⊂ R como d(a, X) inf{|x − a|; x ∈ X}. Prove:
1) d(a, X) = 0 ⇔ a ∈ X.
2) Se F ⊂ R é fechado, então para todo a ∈ R existe b ∈ F tal que d(a, F ) = |b − a|.
1
(1) (⇒) Para cada n ∈ N, existe xn ∈ N tal que |xn − a| < . Assim, (xn ) é uma sequência em X que tende à
n
a. Logo, a ∈ X.
(⇐) Seja (xn ) uma sequência em X que tende à a. Então, para todo ε > 0, existe n0 ∈ N tal que |xn0 − a| < ε.
Assim,
ou seja, d(a, X) = 0.
(2) Consideremos o compacto C = F ∩ B[a; 2d(a, F )]. Temos, pela definição de d(a, F ), que C ̸= ∅. Seja d =
1
d(a, F ) e xn ∈ C tal que |xn − a| < d + . Como C é compacto, existe uma subsequência (xnk ) de (xn )
n
ε ε
tal que xnk → b ∈ C. Assim, dado ε > 0, existe n + k ∈ N tal que |xnk − a| < d + e |b − xnk | > .
2 2
Consequentemente,
|b − a| ≤ |b − xnk | + |xnk − a| < d + ε.
205
Exercı́cio 5.30:
Se X é limitado superiormente, seu fecho X também o é. Além disso, sup X = sup X. Enuncie e prove um resultado
análogo para inf .
Temos que X é limitado somente se X é limitado. De fato, se A > 0 em R é tal que existe a ∈ X com a > A,
tomando-se ε = |A − a|, existe x ∈ X tal que |x − a| < ε. Consequentemente, x > A.
Como X ⊂ X, temos imediatamente que (pelo exercı́cio 3.33) que sup X ≥ sup X. Assim, para mostrar que
sup X ≥ sup X, basta provar que para qualquer c ∈ R tal que c < sup X, existe x ∈ X tal que c < x. Então, dado
c tal que c < sup X, existe x ∈ X tal que c < x. Assim, tomando algum x ∈ X tal que |x − x| < |x − c|, temos que
x > c. Portanto, sup X = sup X.
O resultado análogo seria inf A = inf A. E a demonstração desse resultado é também análoga.
206
Exercı́cio 5.31:
Para todo X ⊂ R limitado superiormente, sup X é aderente a X. Resultado análogo para inf .
Pela definição de supremo, para todo ε > 0 existe x ∈ X tal que sup X − ε < x ≤ sup X.
1
Assim, para n ≥ 1 em N, tomando xn ∈ X tal que sup X − > xn ≤ sup X. Temos, assim, que para todo
n
n ∈ N, |xn − sup X| < n1 . Logo, a sequência (xn ) em X tende à sup X e sup X ∈ X.
207
Exercı́cio 5.32:
Para todo X ⊂ R, X ′ é fechado.
Seja a ∈ X ′ . Dado ε > 0, existe x ∈ X ′ tal que x ∈ (a−ε, a+ε). E como x ∈ X ′ , existem infinitos elementos de X
em (x−δ, x+δ), onde δ = min{|x−(a±ε)|}. Assim, infinitos elementos de X pertencem à (a−ε, a+ε) ⊃ (x−δ, x+δ).
Isso implica que a ∈ X ′ . Concluı́mos que X ′ ⊃ X ′ .
208
Exercı́cio 5.33:
Um número a é ponto de acumulação de X se, e somente se, é ponto de acumulação de X.
(⇒) Seja a um ponto de acumulação de X. Então, para todo ε > 0 existem infinitos elementos de X em
(a − ε, a + ε). E como X ⊂ X, existem infinitos elementos de X em (a − ε, a + ε), ou seja, a é ponto de acumulação
de X.
(⇐) Seja a um ponto de acumulação de X. Dado ε > 0, existe x ∈ X tal que x ∈ (a−ε, a+ε)−{a}. Tomando-se
δ = min{|x − a|, |x − (a ± ε)|}, temos que existe x ∈ X tal que |x − x| < δ.
Assim, x ∈ (x − δ, x + δ) ⊂ (a − ε, a + ε) − {a}. Segue daı́ que a é ponto de acumulação de X.
209
Exercı́cio 5.34:
(X ∪ Y )′ = X ′ ∪ Y ′ .
• (X ∪ Y )′ ⊂ X ′ ∪ Y ′ .
Seja a ∈ (X ∪ Y ) e (an ) uma sequência em X ∪ Y − {a} que tende à a. Então, existem infinitos termos de
(an ) em Y. Assim, existe uma subsequência de (an ) em X − {a} ou em Y − {a}. E como esta subsequência
tende à a, temos que a ∈ X ′ ∪ Y ′ .
• (X ∪ Y )′ ⊃ X ′ ∪ Y ′ .
Seja a ∈ X ′ ∪ Y ′ . Então existe uma sequência (an ) em X − {a} ou em Y − {a} que tende à a. Em todo caso,
existe uma subsequência em X ∪ Y − {a} que tende à a, ou seja, a ∈ (X ∪ Y )′ .
210
Exercı́cio 5.35:
Todo ponto de um conjunto aberto A é ponto de acumulação de A.
(a − ε, a + ε) ⊃ (a − δ1 , a + δ1 ) ⊂ A.
Logo, (a − ε, a + ε) contém infinitos elementos de A já que (a − δ1 , a + δ1 ) tem infinitos elementos. Portanto, a é
ponto de acumulação.
211
Exercı́cio 5.36:
Sejam F fechado e x ∈ F. Então x é um ponto isolado de F se, somente se, F − {x} é ainda fechado.
(⇒) Se F = {x}, temos diretamente que F − {x} = ∅ é fechado. Suponhamos que F − {x} = ̸ ∅. Seja (an ) uma
sequência em F − {x} com lim an = a. Como F é fechado e (an ) é uma sequência em F, então a ∈ F. Temos que
a ̸= x, pois para algum ε > 0, (x − ε, x + ε) ∩ F = {x}. Portanto, a ∈ F − {x}. Concluı́mo daı́ que F − {x} é
fechado.
1
(⇐) Suponhamos que x não seja um ponto isolado de F. Então, para todo n ∈ N, existe xn ∈ ((xn − , x +
n
1
) ∩ F ) − {x}. Assim, a sequência (xn ) em F − {x} tende à x. O que implica que F − {a} não é fechado.
n
212
Exercı́cio 5.37:
Seja X ⊂ R tal que X ′ ∩ X = ∅. Mostre que existe, para cada x ∈ X, um intervalo aberto Ix , de centro em x, tal
que x ̸= y ⇒ Ix ∩ Iy = ∅.
|x − y| ≤ |x − z| + |z − y|
δx δx
≤ +
2 2
|x − y| |x − y|
≤ + = |x − y|.
2 2
Portanto, Ix ∩ Iy = ∅. E o resultado segue.
213
Exercı́cio 5.38:
Seja F ⊂ R fechado, infinito enumerável. Mostre que F possui uma infinidade de pontos isolados.
Pelo corolário 1 do Teorema 9, temos que F possui algum ponto isolado. Suponhamos que x1 , x2 , ..., xn são
pontos isolados de F. Por indução no resultado do exercı́cio 3.36, temos que F − {x1 , x2 , ..., xn } é fechado. Além
disso, F − {x1 , x2 , ..., xn } é um conjunto sem pontos isolados e infinito enumerável, contradizendo o Corolário 1 do
Teorema 9.
214
Exercı́cio 5.39:
Mostre que todo número real x é limite de uma sequência de números transcendentes dois a dois distintos.
215
Exercı́cio 5.40:
Mostre que se X ⊂ R não é enumerável, então X ∩ X ′ ̸= ∅.
Se X ∩ X ′ = ∅, então todo ponto de X é isolado. Mas, pelo Corolário 2 do Teorema 8, temos que isso implica
que X é enumerável.
216
Exercı́cio 5.41:
Se A e A ∪ {a} são abertos então a é ponto de acumulação de A à direita e à esquerda.
217
Exercı́cio 5.42:
Dê explicitamente o significado de cada uma das seguintes afirmações. Em suas explicações, você está proibido de
usar qualquer das palavras grifadas abaixo:
1) a ∈ X não é ponto interior de X;
2) a ∈ R não é aderente a X;
3) X ⊂ R não é um conjunto aberto;
4) O conjunto Y ⊂ R não é fechado;
5) a ∈ R não é ponto de acumulação do conjunto X ⊂ R;
6) X ′ = ∅;
7) X ⊂ Y mas X não é denso em Y ;
8) int(X) = ∅;
9) X ∩ X ′ = ∅;
10) X não é compacto.
(x − ε, x + ε) * X.
(4) Existe x ∈ R − X tal que para todo ε ∈ R+
(x − ε, x + ε) ∩ X ̸= ∅.
218
Exercı́cio 5.43:
Se todo ponto de acumulação de X é unilateral, X é enumerável.
e como os Iλ′ s
são disjuntos e estão contidos em um intervalo de comprimento 1, obtemos uma contradição. Logo,
Λ é finito ou enumerável. E como ∪
D= [n, n + 1] ∩ D,
n∈Z
X = (X − X ′ ) ∪ E ∪ D
é finito ou enumerável.
219
Exercı́cio 5.44:
Seja X ⊂ R um conjunto arbitrário. Toda cobertura de X por meio de abertos possui uma subcobertura enumerável.
(Teorema de Lindelöf).
Seja {Aλ }λ∈Λ uma cobertura aberta de X. Tomemos E = {xn }n∈N um subconjuntto denso em X. Para cada
n ∈ N fixemos
Rn = {ε ∈ R+ ; (xn − ε, xn + ε) ⊂ Aλ , λ ∈ Λ}.
Sabemos que Rn ̸= ∅. Logo, existe sup Rn = 2εn .
Além disso, existe ε ∈ Rn tal que εn < ε. Ou seja, existe ε ∈ R+ tal que
(x − ε, x + ε) ⊂ Aλ
xn ∈ (x − ε/4, x + ε/4).
Para qualquer
yn ∈ (xn − 3ε/4, xn + 3ε/4)
temos que
y ∈ (x − ε, x + ε).
Daı́, 3ε/4 ∈ Rn . E, assim,
3ε ε
εn ≥ > .
8 4
Logo,
x ∈ (xn − εn , xn + εn ) ⊂ Aλn .
Concluı́mos daı́ que {Aλn }n∈N ⊂ {Aλ }λ∈Λ é uma cobertura de X.
220
Exercı́cio 5.45:
Com a notação do Exercı́cio 4, prove:
(a) Seja x ∈ A + B e (cn = an + bn )n∈N uma sequência em A + B tendendo à x. A sequência (an )n∈N em A possui
uma subsequência (ank )k∈N tendendo a algum a ∈ A. Dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que, para todo n ≥ n0 ,
Assim, para
k1 = max{k0 , min{k ∈ N; nk ≥ n0 }}
e todo k ≥ k1 , temos que
Logo, lim bnk = x − a. Segue daı́ que x − a ∈ B e, consequentemente, x ∈ A + B. Concluı́mos daı́ que A + B
n→∞
é fechado.
e
inf(A + B) = inf A + inf B > −∞.
Seja x ∈ A.B e (cn = an .bn )n∈N uma sequência em A.B tendendo à x. A sequência (an )n∈N em A possui uma
subsequ?ncia (an )n∈N1 tendendo à algum a ∈ A. Por sua vez a sequência (bn )n∈N1 possui uma subsequência
(bn )n∈N2 tendendo a algum b ∈ B. Assim,
x = lim an bn
n∈N2
= lim an lim bn
n∈N2 n∈N2
= a.b ∈ A.B
e
inf(A.B) = inf A. inf B > −∞,
temos que A.B é limitado. Portanto, A.B é compacto.
(c) Tome B = {0, 1, 1/2, ..., 1/n, ...} e A = Z. Temos que A.B não é fechado. (Vide exercı́cio 5.16)
221
Exercı́cio 5.46:
Obtenha coberturas abertas de Q e de [0, ∞) que não admitam subcoberturas finitas.
Temos que {(−n, n)}n∈N é uma cobertura aberta tanto de Q quanto de [0, +∞) que não admite subcobertura
finita.
222
Exercı́cio 5.47:
Considere as funções f, g, h do Exercı́cio 7. Mostre que para K e L compactos arbitrários, f (K), g(K), h(K), f −1 (L), g −1 (L)
e h−1 (L) são compactos.
Como f (xn ) é uma sequência convergente no fechado L, temos que f (x) ∈ L e, consequentemente, x ∈ f −1 (L).
Segue daı́ que f −1 (L). Segue daı́ que f −1 (L) é fechado.
Seja (yn = f (xn ))n∈N uma sequência em f (K). Como K é compacto, existe uma subsequência (xnk ) de (xn )
que converge à algum x ∈ K. Assim,
223
Exercı́cio 5.48:
As seguintes afirmações a respeito de um conjunto X ⊂ R são equivalentes:
(1) X é limitado;
(2) Todo subconjunto infinito de X possui ponto de acumulação (que pode não pertencer a X);
(1) ⇒ (2) Como X é limitado, temos que X é compacto. Então, todo conjunto infinito em X ⊂ X possui um
ponto de acumulação por ser subconjunto de um compacto.
(2) ⇒ (3) Seja (xn )n∈N uma sequência em X. Se o conjunto P = {xn }n∈N for finito, então para algum p ∈ P e
infinitos n ∈ N, temos que xn = p. Logo, existe uma subsequência de xn tendendo à p. Se P for infinito, então pela
hipótese, P possui um ponto de acumulação x. Logo, é possı́vel encontrar uma subsequência de (xn ) tendendo à x.
(3) ⇒ (1) Se X não fosse limitado, seria possı́vel encontrar uma sequência crescente e ilimitada em X. Tal
sequência não teria subsequência convergente. O que contradiz a hipótese.
224
Exercı́cio 5.49:
Seja X ⊂ R um conjunto compacto cujos pontos, com exceção de a = inf X e b = sup X, são pontos de acumulação
à direita e à esquerda. Então X = [a, b] ou X = {a, b}.
Como X é compacto, temos que a = inf X e b = sup X ∈ X. Suponhamos que X ̸= {a, b}. Então, existe c ∈ X
tal que a < c < b. Seja x ∈ (a, b). Se c ≤ x temos que s = sup([a, x] ∩ X) é tal que a < c ≤ s ≤ x. Assim, se s ̸= x
temos que s ∈ X − {a, b} e [s, x) ∩ X = {s}. Ou seja, s não seria um ponto de acumulação à direita. Absurdo.
Logo, c = s ∈ X. Do mesmo modo, se x ≤ c teremos que x ∈ X. Concluı́mos que X = [a, b].
225
Exercı́cio 5.50:
∩
Se (Kλ )λ∈L é uma famı́lia qualquer de compactos, então Kλ é compacto. Se K1 , ..., Kn são compactos então
K1 ∪ K2 ∪ ... ∪ Kn é compacto. Se K é compacto e F é fechado, então K ∩ F é compacto.
∩
• Kλ , λ ∈ Λ, compactos ⇒ λ∈Λ Kλ é compacto.
Como cada Kλ é fechado, temos que ∩Kλ é fechado. Além disso, temos que, dado algum λ0 ∈ Λ qualquer
e
sup(∩Aλ ) ≤ inf Aλ0 < ∞.
∪
n
sup( Ki ) = sup{sup Ki }ni=1 < ∞
i=1
e
∪
n
inf( Ki ) = inf{inf Ki }ni=1 > −∞.
i=1
∪n ∪n
Daı́, i=1 Ki é limitado. Portanto, i=1 Ki é compacto.
e
inf(K ∩ F ) ≥ inf K > −∞.
226
Exercı́cio 5.51:
Seja X ⊂ R. Uma função f : X → R diz-se não-decrescente no ponto a ∈ X quando existe δ > 0 tal que
a − δ < x ≤ a ≤ y < a + δ ⇒ f (x) ≤ f (a) ≤ f (y). (Bem entendido: x, y ∈ X.) Mostre que se f é não-decrescente
em [a, b] (isto é, x, y ∈ [a, b], x ≤ y ⇒ f (x) ≤ f (y)).
Sejam x, y ∈ [a, b] com x ≤ y. Provaremos que f (x) ≤ f (y). Para cada α ∈ [x, y] existe δx ∈ R+ tal que
α − δα < z ≤ α ≤ w < α + δα implica
∪ f (z) ≤ f (α) ≤ f (z)(para z, w ∈ [a, b]).
Temos então que [x, y] ⊂ α∈[x,y] (α − δα , α + δα ). Asssim, existem α1 , α2 , ..., αn ∈ [x, y] tais que [x, y] ⊂
∪n
i=1 (αi − δα1 , αi + δα1 ). Podemos mostrar, por indução em n, que podemos decompor [x, y] como
Assim,
f (x) ≤ f (γ1 ) ≤ f (γ2 ) ≤ ... ≤ f (γp−1 ) ≤ f (y).
227
Exercı́cio 5.52:
Seja [a, b] ⊂ ∪Aλ onde cada Aλ é aberto. Mostre que é possı́vel decompor [a, b] em um número finito de intervalos
justapostos de modo que cada um deles esteja contido em algum Aλ .
∪
Pelo Teorema 2, cada Aλ pode ser decomposto como j∈N A(λ,j) , Nλ ⊂ N, onde os A′(λ,j) s são intervalos abertos
disjuntos.
Existe uma subcobertura {Bi }ni=1 ⊂ {A(λ.j) } de [a, b]. Provaremos que é possı́vel decompor [a, b] como
Se n = 1, temos o resultado diretamente. Suponhamos que o resultado seja válido para n ≤ k e que estejamos
no caso em que n = k + 1. Como a ∈ Bi , para algum i = 1, 2, ...n, tomemos C1 = Bi e assim
∪
[sup C1 ] ⊂ ({Bj }nj=1 − {Bi }).
Pela hipótese indutiva, existem y1 , y2 , ..., yp e C̃1 , C̃2 , ..., C̃p que decompõe [sup C1 , b] como em (5.7). Assim,
tomando-se
x1 = sup C1
xi = yi , i = 2, ..., p + 1
Ci = C̃i−1 , i = 2, ..., p + 2
temos o que querı́amos.
Então, como cada intervalo da decomposição de [a, b] está contido em algum Ci e este por sua vez contido em
algum Aλ , temos o nosso resultado.
228
Exercı́cio 5.53:
No exercı́cio anterior, mostre que os intervalos nos quais se decompôs [a, b] podem ser tomados com o mesmo
comprimento.
(xi − εi , xi + εi ) ⊂ Aλi +1 .
p−1 p
(ii) a + (b − a) < xi < a + (b − a)
q q
Ip ⊂ (xi − εi , xi + εi ) ⊂ Aλi +1 .
Concluimos daı́ que, para p = 1, ..., q, Ip ⊂ Aλ , para algum λ. E temos o nosso resultado.
229
Exercı́cio 5.54:
(Teorema de Baire) Se F1 , F2 , ..., Fn , ... são fechados com interior vazio então S = F1 ∪ F2 ∪ ... ∪ Fn ∪ ... tem interior
vazio. (É possı́vel mostrar que, dado arbitrariamente um intervalo aberto I, existe algum x ∈ I ∩ (R − S). Imite a
demonstração do Teorema 6, Capı́tulo III, onde se tem pontos em vez dos fechados Fn .)
Seja I um intervalo aberto. Como F tem interior vazio, devemos ter x1 ∈ I − F1 . E como F1 é fechado e I
aberto, existe ε1 > 0 tal que (x1 − ε, x1 + ε) ⊂ I ∩ (R − F ). Adiante, J1 = [x1 − ε/2, x1 + ε/2] ⊂ I ∩ (R − F1 ).
Definimos I1 = (x − 1 − ε/2, x1 + ε/2).
Da mesma forma podemos obter J2 compacto contido em I1 ∩ (R − F2 ) e que desta forma J2 ⊂ J1 .
Por indução, podemos tomar intervalos compactos ∩ Jn ⊂ Jn−1 , n ∈ N ∩ [2, ∞), tais que Fn ∩ Jn = ∅.
Logo, existe, pelo Teorema 12 do Capı́tulo V, x ∈ j∈N Jn . E como Jn ∩ Fn = ∅, x ∈ Fn e, consequentemente
x∈/ S.
Asim, I * S. E como I é arbitrário, segue daı́ que S tem interior vazio.
230
Exercı́cio 5.55:
O conjunto R − Q dos números irracionais não pode ser expresso como reunião enumerável de fechados. Analoga-
mente, Q não é intersecção de uma famı́lia enumerável de abertos.
Suponhamos, por absurdo, que existam conjuntos fechados Fn , n ∈ Z+ , em R tais que R − Q = ∪n∈Z+ Fn .
Como cada Fn está contido em R − Q e R − Q possui interior vazio, concluı́mos que Fn tem interior vazio, para
cada n ∈ Z+ .
Seja (qn )n∈Z+ uma enumeração do conjunto Q. Como o conjunto {qn }, para todo n ∈ Z+ , é fechado e tem
interior vazio, temos que R é uma união enumerável de conjuntos fechados com interior vazio pois
Assim, pelo Teorema de Baire, R é um conjunto de interior vazio (em R). Uma contradição. Portanto, não podem
existir fechados Fn , n ∈ Z+ , em R tais que R − Q = ∪n∈Z+ Fn .
Suponhamos, por absurdo, que existam abertos An , n ∈ Z+ , em R tais que Q = ∩n∈Z+ An .
Consideremos os fechados Fn := R − An , para todo n ∈ Z+ . Desta forma, terı́amos que
Ou seja, desta forma R − Q seria uma união enumerável de conjuntos fechados. Uma contradição. Portanto, não
podem existir abertos An , n ∈ Z+ , em R tais que Q = ∩n∈Z+ An .
231
Exercı́cio 5.56:
∑n ∑∞
Se [a, b] ⊂ ∪ni=1 [ai , bi ], então b − a 6 i=1 (bi − ai ). Também [a, b] ⊂ ∪∞
n=1 [an , bn ] implica b − a 6 n=1 (bn − an ).
Finalmente, resultados análogos valem para (a, b) em vez de [a, b].
∪
n ∑
n
(I) [a, b] ⊂ [ai , bi ] ⇒ b − a 6 (bi − ai )
i=1 i=1
Logo,
∪
n n (
∪ )
1 1
[a, b] ⊂ [ai , bi ] ⊂ ai − , bi + .
i=1 i=1
2k 2k
Assim, pela Proposição 1 deste capı́tulo, segue que
∑n (( ) ( ))
1 1
b−a< bi + − ai −
i=1
2k 2k
e, consequentemente,
∑n ( ) ∑ n
1 n
b−a< bi − ai + = (bi − ai ) + .
i=1
k i=1
k
Portanto, ( )
∑n
n ∑
n
b − a 6 lim (bi − ai ) + = (bi − ai ).
k→∞
i=1
k i=1
∞
∪ ∞
∑
(II) [a, b] ⊂ [ai , bi ] ⇒ b − a 6 (bi − ai )
i=1 i=1
Logo,
∞
∪ ∞ (
∪ )
1 1
[a, b] ⊂ [ai , bi ] ⊂ ai − , bi + .
i=1 i=1
2i+1 k 2i+1 k
Assim, pela Proposição 2 deste capı́tulo, segue que
∑∞ (( ) ( ))
1 1
b−a< bi + − ai −
i=1
2i+1 k 2i+1 k
e, consequentemente,
∑∞ ( ) ∑ ∞ ∞ ∞
1 1∑ 1 ∑ 1
b−a< bi − ai + i = (bi − ai ) + i
= (bi − ai ) + .
i=1
2k i=1
k i=1 2 i=1
k
Portanto, ( )
∑∞ ∞
∑
1
b − a 6 lim (bi − ai ) + = (bi − ai ).
k→∞
i=1
k i=1
232
∪
n ∑
n
(III) (a, b) ⊂ [ai , bi ] ⇒ b − a 6 (bi − ai )
i=1 i=1
Temos que
∪
n
[a, b] = [a, a] ∪ [b, b] ∪ [ai , bi ].
i=1
∑
n ∑
n
b − a 6 (a − a) + (b − b) + (bi − ai ) = (bi − ai ).
i=1 i=1
∞
∪ ∑
n
(IV) (a, b) ⊂ [ai , bi ] ⇒ b − a 6 (bi − ai )
i=1 i=1
Temos que
∞
∪
[a, b] = [a, a] ∪ [b, b] ∪ [ai , bi ].
i=1
233
Exercı́cio 5.57:
Seja X ⊂ R. Uma função f : X → R chama-se localmente limitada quando para cada x ∈ X existe um intervalo
aberto Ix , contendo x, tal que f |Ix ∩X é limitada. Mostre que se X é compacto, toda função f : X → R localmente
limitada é limitada.
X = Ix 1 ∪ · · · ∪ Ix n .
234
Exercı́cio 5.58:
Dado X ⊂ R não-compacto, defina uma função f : X → R que seja localmente limitada mas não seja limitada.
Sendo X não-compacto, basta provarmos que existe uma função f : X → R que seja localmente mas não seja
limitada nos casos:
• X não é limitado;
Ix = (x − 1, x + 1)
|f (x)| < A,
• X não é fechado;
e, consequentemente,
1 2
|f (y)| = 6 .
|y − a| |x − a|
E f não é limitada já que, dado A > 0 existe x ∈ X tal que
|f (x)| > A.
235
Exercı́cio 5.59:
Sejam C compacto, A aberto e C ⊂ A. Mostre que existe ε > 0 tal que x ∈ C, |y − x| < ε ⇒ y ∈ A.
Como A é aberto e A ⊃ C, temos que, para todo x ∈ C, existe εx > 0 tal que
(x − 2εx , x + 2εx ) ⊂ A.
A famı́lia
{(x − εx , x + εx ) : x ∈ C}
é uma cobertura aberta para o conjunto C. Como C é compacto, existem x1 ,. . . ,xn ∈ C tais que
∪
n
C⊂ (xi − εxi , xi + εxi )
i=1
Tomemos
ε := min{εx1 , . . . , εxn } > 0.
Supondo que x ∈ C e |x − y| < ε temos que y ∈ A. De fato, como x ∈ C, temos que
e, consequentemente,
y ∈ (xk − 2εxk , xk + 2εxk ) ⊂ A.
236
Exercı́cio 5.60:
Dada uma sequência (xn ), seja Xn = {xn , xn+1 , . . . } para todo n ∈ Z+ . Mostre que ∩∞
n=1 Xn é o conjunto dos
valores de aderência de (xn ).
1
|xnk − a| 6 ,
k
para todo k ∈ Z+ , e, consequentemente,
lim xnk = a.
k→+∞
237
Exercı́cio 5.61:
Uma famı́lia de conjuntos (Kλ )λ∈L chama-se uma cadeia quando, para quaisquer λ e µ ∈ L tem-se Kλ ⊂ Kµ ou
Kµ ⊂ Kλ . Prove que se (Kλ )λ∈L é uma cadeia não vazia de compactos não-vazios então a interseção K = ∩λ∈L Kλ
é não vazia (e compacta).
não é vazio. Procederemos por indução no número de elementos de L′ . Para L′ = {µ}, temos a afirmação
trivialmente já que ∩
Kλ = Kµ ̸= ∅.
λ∈L′
Suponhamos, como hipóteses de indução, que, para cada conjunto finito L′′ de cardinalidade menor ou igual que
n ∈ Z+ , seja verdade que ∩
Kλ ̸= ∅.
λ∈L′′
Sejam L um subconjunto de L com cardinalidade n + 1 e λ0 ∈ L′ . Definimos s conjuntos
′
Contradizendo, já que L′ ∪ {λ0 } é finito, o que foi provado no primeiro parágrafo desta demonstração.
238
Exercı́cio 5.62:
Se X ⊂ R é não-enumerável, então X ′ também o é.
Todos os pontos de X\X ′ são isolados. De fato, dado x ∈ X\X ′ , temos que x não é um ponto de acumulação
de X e, consequentemente, existe ε > 0 tal que X ∩ (x − ε, x + ε) = {x}.
Como todos os pontos de X\X ′ são isolados, temos, pelo corolário 2 do Teorema 8, que este conjunto é
enumerável.
O conjunto X ∩ X ′ não é enumerável. De fato, como X = (X\X ′ ) ∪ (X ∩ X ′ ), X não é enumerável e X\X ′ é
enumerável, devemos ter que X ∩ X ′ é não enumerável.
Por fim, como X ′ contém o conjunto não enumerável X ∩ X ′ , devemos ter que X ′ é não enumerável.
239
Exercı́cio 5.63:
Para todo X ⊂ R, X − X ′ é enumerável.
Todos os pontos de X − X ′ são isolados. De fato, dado x ∈ X − X ′ , temos que x não é um ponto de acumulação
de X e, consequentemente, existe ε > 0 tal que X ∩ (x − ε, x + ε) = {x}.
Como todos os pontos de X − X ′ são isolados, temos, pelo corolário 2 do Teorema 8, que este conjunto é
enumerável.
Por fim, como X = X ∪ X ′ , temos que X − X ′ = X − X ′ . Logo, X − X ′ é enumerável.
240
Exercı́cio 5.64:
Um número real a chama-se ponto de condensação de um conjunto X ⊂ R quando todo intervalo aberto de centro
a contém uma infinidade não-enumerável de pontos de X. Seja F0 o conjunto dos pontos de condensação de um
conjunto F ⊂ R. Prove que F0 é um conjunto perfeito (isto é, fechado, sem pontos isolados) e que F − F0 é
enumerável. Conclua daı́ o Teorema de Bendixon: todo fechado da reta é reunião de um conjunto perfeito com um
conjunto enumerável.
(I) F0 é fechado:
Mostraremos que todo a ∈ F0 é um ponto de condensação de F . Isto é, que, para um ε > 0 arbitrário,
(a − ε, a + ε) ∩ F não é enumerável.
De fato, sendo a um elemento do feixo de F0 , devemos ter que existe x ∈ (a − ε, a + ε) ∩ F0 . Assim, para ε̃ > 0
tal que
(a − ε, a + ε) ⊃ (x − ε̃, x + ε̃),
temos que
(a − ε, a + ε) ∩ F ⊃ (x − ε̃, x + ε̃) ∩ F.
Como x é um ponto de condensação de F , (x − ε̃, x + ε̃) ∩ F não é enumerável. Logo, (a − ε, a + ε) ∩ F também
não é enumerável.
[a1 , b1 ] := I
e [ ] [ ]
a , bn−1 −an−1
, se a , bn−1 −an−1
∩F
n−1 2 n−1 2
[an , bn ] := [ ] é infinito e não é enumerável; (5.12)
bn−1 −an−1 , bn−1 , caso contrário,
2
para n > 1, e possui as propriedades (5.9), (5.10) e (5.11). O intervalo [a1 , b1 ] = I, satisfaz (5.9) e (5.11) pelas
hipóteses sobre I. Suponhamos que os intervalos [a1 , b1 ], . . . , [an−2 , bn−2 ] e [an−1 , bn−1 ] estejam bem definidos por
(5.12) e satisfazem as condições (5.9), (5.10) e (5.11). Como [an−1 , bn−1 ] ∩ F é infinito e não é enumerável, temos
que [an−1 , (bn−1 − an−1 )/2] ou [(bn−1 − an−1 )/2, bn−1 ] são infinitos e não são enumeráveis. Desta forma, (5.12)
define [an , bn ] de forma que (5.9) e (5.10) são prontamente satisfeitos. Também temos que [an , bn ] satisfaz (5.11)
pois
bn−1 − an−1 b−a
bn − an = = n−1 .
2 2
Assim, temos, pelo Principio da Definição Indutiva, que existe uma sequência de intervalos compactos ([an , bn ])n∈Z+
contidos em I que satisfaz (5.9), (5.10) e (5.11).
Pelo Teorema 12 do Capı́tulo 5, a propriedade (5.10) da sequência de compactos ([an , bn ])n∈Z+ implica que
existe x0 ∈ ∩∞ n=1 [an , bn ]. Mostraremos que x0 ∈ F0 .
Seja ε > 0. Para algum n ∈ Z+ , temos que
b−a
ε > n−1 .
2
241
Como x0 ∈ [an , bn ], segue que
(x0 − ε, x0 + ε) ⊃ [an , bn ].
Logo, (x0 − ε, x0 + ε) ∩ F é infinito e não enumerável já que
(x0 − ε, x0 + ε) ∩ F ⊃ [an , bn ] ∩ F
e [an , bn ] ∩ F é infinito e não é enumerável por (5.9). Com isso, devemos ter que x0 ∈ F0 .
Portanto, x0 ∈ I ∩ F0 = [a1 , b1 ] ∩ F0 .
Suponhamos que exista x0 em F0 e ε > 0 tais que (x0 −2ε, x0 +2ε)∩F0 = {x0 }. Provaremos que (x0 −ε, x0 +ε)∩F
é finito ou infinito enumerável.
Para todo n ∈ Z+ , a inclusão
( ) [ ]
ε ε
x0 − ε, x0 − = x0 − ε, x0 − ⊂ (x0 − 2ε, x0 )
n+1 n+1
implica que
( )
ε
x0 − ε, x0 − ∩ F0 = ∅.
n+1
Assim, pelo item (II), temos que ( )
ε
x0 − ε, x0 − ∩F
n+1
é finito ou infinito enumerável.
Analogamente, ( )
ε
x0 + , x0 + ε ∩ F
n+1
é finito ou infinito enumerável, para todo n ∈ Z+ .
Segue que
(x0 − ε,(x0 + ε) ∩ F = ) ( )
= ((x0 − ε,(x0 ) ∩ F ∪ ({x0 })∩ F ) )
∪ (x0 , x0 + ε) ∩ F
= ∪n∈Z+ x0 − ε, x0 − n+1
ε
∩ F ∪ ({x0 } ∩ F )
( ( ) )
∪ ∪n∈Z+ x0 + n+1ε
, x0 + ε ∩ F
(IV) F − F0 é enumerável
Desta forma,
(x − εx , x + εx ) ∩ F
242
é finito ou infinito enumerável.
Seja E um subconjunto denso e finito ou infinito enumerável de F −F0 (cuja existência é garantida pelo Teorema
6 do Capı́tulo 5). Provaremos que
F − F0 ⊂ ∪e∈E (e − εe , e + εe ) ∩ F.
E, deste fato, concluiremos que F − F0 é finito ou infinito enumerável já que cada (e − εe , e + εe ) ∩ F , para e ∈ E,
é finito ou infinito enumerável e E é finito ou infinito enumerável.
Seja x ∈ F − F0 . Como E é denso em F − F0 , existe e ∈ (x − εx /2, x + εx /2). Desta forma
(e − εx /2, e + εx /2) ∩ F ⊂ (x − εx , x + εx ) ∩ F
é finito ou infinito enumerável. Logo, pela definição de εe , temos que εe > εx /2. Assim,
x ∈ (e − εx /2, e + εx /2) ⊂ (e − εe , e + εe ).
(V) Teorema da Bendixon: Todo fechado de R é uma união de um conjunto perfeito e um conjunto enumerável.
Seja F um conjunto fechado. Denotemos por F0 o conjunto dos seus pontos de condensação.
Todo ponto de condensação de F é um ponto de acumulação de F . De fato, para todo x ∈ F0 , temos que
(x − ε, x + ε) ∩ F é infinito e enumerável, para todo ε > 0. Logo, para todo x ∈ F0 , temos que (x − varepsilon, x +
ε) ∩ (F − {x}) ̸= ∅, para todo ε > 0. Assim, todo ponto de F0 é um ponto de acumulação de F . Isto é, F0 ⊂ F ′ .
Como
F0 ⊂ F ′ ⊂ F,
Temos que F = F0 ∪ (F − F0 ). Assim, pelos intens (I), (III) e (IV), temos que F é a união do conjunto perfeito F0
e o conjunto finito ou infinito enumerável F − F0 .
243
Capı́tulo 6
Limites de Funções
244
Exercı́cio 6.01:
Na definição do lim f (x), retire a exigência de ser x ̸= a. Mostre que esta nova definição coincide com a anterior
x→a
no caso a ∈
/ X mas, para a ∈ X, o novo limite existe se, e somente se, o antigo existe e é igual a f (a).
• a∈
/X
Dado ε > 0, existe δ > 0 tal que 0 < |x − a| < δ, x ∈ X, implica |f (x) − L| < ε. Então, como a ∈ X, se
|x − a| < δ, x ∈ X, então |f (x) − L| < ε. Portanto, ainda temos L = lim f (x).
x→a
• a ∈ X e f (a) ̸= L.
Tomando ε = |L − f (a)| > 0 temos que para todo δ > 0 existe x ∈ X tal que |x − a| < δ e |f (x) − L| ≥ ε ( a
saber x = a). Portanto, lim f (x) não mais existe.
• a ∈ X e f (a) = L
Temos que dado ε > 0 existe δ > 0 tal que 0 < |x − a| < δ, x ∈ X, implica |f (x) − L| < ε. Mas, além disso,
|f (a) − L| = 0 < ε. Assim, para todo x ∈ X tal que |x − a| < δ temos que |f (x) − L| < ε. Portanto, ainda
temos lim f (x) = L.
Por fim, se lim f (x) = L pela definição nova, então f e L satisfazem também as condições da definição antiga.
x→a
Logo, lim f (x) = L também pela definição antiga.
x→a
245
Exercı́cio 6.02:
Considere o seguinte erro tipográfico na definição de limite:
Mostre que f cumpre esta condição se, e somente se, é limitada em qualquer intervalo limitado de centro a. No
caso afirmativo, L pode ser qualquer número real.
(a − ε, a + ε) ⊃ I
e, consequentemente, f é limitada em I.
(⇐) Seja ε > 0. Existe A ∈ R tal que para todo x ∈ (a − ε, a + ε) temos que |f (x)| < A. Daı́ temos que para
todo x ∈ R tal que |x − a| < ε temos
Assim, tomando δ = A + |L| teremos a condição que querı́amos. E como ε é arbitrário a afirmação está provada.
246
Exercı́cio 6.03:
Seja X = Y ∪ Z, com a ∈ Y ′ ∩ Z ′ . Dada f : X → R, tomemos g = f |Y e h = f |Z. Se lim g(x) = L e lim h(x) = L
x→a x→a
então lim f (x) = L.
x→a
x ∈ (a − δ1 , a + δ1 ) ∩ Y
ou
x ∈ (a − δ2 , a + δ2 ) ∩ Z
implicam
|f (x) − L| < ε.
Fixemos δ = min{δ1 , δ2 }.
Seja
x ∈ (a − δ, a + δ) ∩ X.
Temos que x ∈ Y ou x ∈ Z. No primeiro caso
x ∈ (a − δ, a + δ) ∩ Y ⊂ (a − δ1 , a + δ1 ) ∩ Y.
|f (x) − L| < ε.
247
Exercı́cio 6.04:
1
Seja f : R\ → R definida por f (x) = . Então lim f (x) = 0 e lim f (x) = 1.
1 + e1/x x→0+ x→0−
1
Seja f : R \ {0} → R \ {0} dada por f1 (x) = . Temos então que
x
lim f1 (x) = +∞ e lim− f1 (x) = −∞.
x→0+ x→0
1
Por fim, seja f3 : R\ → R dada por f3 (z) = . Então
z
lim f3 (z) = 0 e lim f3 (z) = 1.
z→+∞ z→1
248
Exercı́cio 6.05:
Seja f (x) = x + 10 sin x para todo x ∈ R. Então lim f (x) = +∞ e lim f (x) = −∞. Prove o mesmo para a
x→+∞ x→−∞
x
função g(x) = x + sin x.
2
Da relação
−1 ≤ sin x ≤ 1,
para todo x ∈ R, segue a relação
x x x 3x
= x − ≤ g(x) ≤ x + = ,
2 2 2 2
para todo x ∈ R.
2
Seja A ∈ R arbitrário. Tomemos B = 2A e C = A. Se x ∈ R e x > B = 2A, temos que
3
x
g(x) ≥ > A.
2
E como B só depende de A, segue que
lim g(x) = +∞.
x→+∞
2
Se x ∈ R e x < C = A, temos que
3
3
g(x) ≤ x < A.
2
E como C só depende de A, segue que
lim g(x) = −∞.
x→−∞
249