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Semana de 04/04 a 10/04
Recomendações gerais
Exercı́cios recomendados
Recomendamos que você resolva, prioritariamente, os Exercı́cios 1, 2, 3, 6 até 11, 15 até 18. Os
Exercı́cios 1, 2, 3, 15 até 18 visam rever a linguagem básica de conjuntos. Os Exercı́cios 6 até 11 têm
fortes relações com tópicos importantes da matemática do Ensino Médio.
Para saber mais
Abaixo indicamos algumas referências de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
Conjuntos
1 A Noção de Conjunto
Toda a Matemática atual é formulada na linguagem de conjuntos.
1
2 MA11 - Unidade 1
expressa por
y 2 − 3y + 2 = 0.
Por outro lado sejam
A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) e A ⊂ A ∪ B,
priedades e condições.
Recomendações:
1. Evite dizer teoria dos conjuntos. Essa teoria existe mas, neste
2 A Relação de Inclusão
Sejam A e B conjuntos. Se todo elemento de A for também elemento
A ⊂ B.
Exemplo: sejam T o conjunto dos triângulos e P o conjunto dos
reexividade : A ⊂ A;
todo ser humano é um animal, todo animal é mortal, logo todo ser
H ⊂ M.
Recomendações:
4. Se a é um elemento do conjunto A, a relação a∈A pode também
{a} ∈ A.
deve escrever r∈Π nem dizer que a reta r pertence ao plano Π, pois
paralelogramos, logo A ⊂ B .
x2 + x − 1 = 0 ⇒ x3 − 2x + 1 = 0.
raiz de
x3 − 2x + 1 = 0.
dois exemplos dados acima, as recíprocas são falsas: nem todo para-
x3 − 2x + 1 = 0
x2 + x − 1 = 0.
z 2 = x2 + y 2 .
Então P ⇔ Q.
Recomendações:
6. Nunca escreva (ou diga) coisas do tipo
se x2 + x − 1 = 0 ⇒ x3 − 2x + 1 = 0.
Conjuntos 9
Embora, estritamente falando, não seja errado usar se, e somente se,
e somente se, os lados opostos são paralelos. Isto não têm cara de
denição.
cas:
então a2 = b2 + c2 .
10 MA11 - Unidade 1
dizendo.
alunos que tiverem 5 metros de altura passarão com nota 10 sem pre-
que corrija suas provas com o máximo de rigor. Com efeito, sejam P a
a equação
x2 − x − 2 = 0
(P ) ...... x2 − x − 2 = 0;
(Q) . . . . . . (x − 2)(x + 1) = 0;
(R ) . . . . . . x = 2 ou x = −1;
Conjuntos 11
postas sobre o número x em cada uma das linhas acima, os passos que
acabamos de seguir signicam que
P ⇒ Q ⇒ R ⇒ S,
x2 − x − 2 = 0.
vezes essa implicação não pode ser revertida (isto é, sua recíproca não
(mas não é igual a) o conjunto das raízes, este último podendo até
(S ) x ∈ {−1, 1}.
Observação:
Não é raro que pessoas confundam necessário com suciente. A.
bastante. Talvez isso tenha a ver com o fato de que uma condição su-
Por exemplo, para que um número seja par é suciente que seja múlti-
plo de 4. (Ou basta ser múltiplo de 4 para ser par.) Por outro lado,
mas esta propriedade apenas não assegura que Q tenha ângulos todos
retos. É claro que um conjunto completo de condições necessária para
para P.
3 O Complementar de um conjunto
A noção de complementar de um conjunto só faz pleno sentido quando
ou x ∈/ A.
O fato de que, para todo x ∈ U , não existe uma outra opção além
seguinte
A⊂B ⇒ B c ⊂ Ac .
(3) A⊂B ⇔ B c ⊂ Ac .
Esta equivalência pode ser olhada sob o ponto de vista lógico,
usando-se as propriedades P
Q que denem respectivamente os con-
e
0
dizer que um objeto x goza da propriedade P signica (por denição)
P ⇒ Q.
Sob o ponto de vista pragmático, a contrapositiva de uma im-
termos.
propriedade que tem uma reta x, nesse mesmo plano de ser diferente
plano.)
Q ⇒ P0
0
do que P ⇒ Q. Noutras palavras, prova-se que P ⇒ Q
por absurdo. O raciocínio é bem simples: se as retas distintas s e x
perpendicular a r.
Figura 1:
Conjuntos 17
Observação:
Para provar que duas retas são paralelas, em geral se usa a demons-
negação. (Retas paralelas são retas coplanares que não possuem pon-
tos em comum.)
Recomendação:
8. Muitas vezes (principalmente nos raciocínios por absurdo) é neces-
4 Reunião e Interseção
Dados os conjuntos A e B, a reunião A ∪ B é o conjunto formado pelos
x ∈ A, x ∈ B,
veremos que x ∈ A∪B quando pelo menos uma dessas armações for
Mais concisamente:
x ∈ A ∪ B signica x ∈ A ou x ∈ B ;
x ∈ A ∩ B signica x ∈ A e x ∈ B .
x2 − 3x + 2 = 0.
x2 − 5x + 6 = 0.
Conjuntos 19
2
x − 3x + 2 = 0 ou x2 − 5x + 6 = 0
equivale a
x ∈ {1, 2, 3},
e a armação
2
x − 3x + 2 = 0 e x2 − 5x + 6 = 0
equivale a
x ∈ {2} ou x = 2.
Noutras palavras,
A ∪ B = {1, 2, 3} e A ∩ B = {2}.
A = {x ∈ Z; x > 10}
20 MA11 - Unidade 1
B = {x ∈ Z; x < 20}
então A ∪ B = Z.
A diferença entre o uso comum e o uso matemático do conectivo
e associativas
(A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C)
(A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C).
A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C)
A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C).
A∪B =B ⇔ A⊂B ⇔ A ∩ B = A.
C.
E, nalmente, se A e B são subconjuntos do universo U, tem-se:
(A ∪ B)c = Ac ∩ B c e (A ∩ B)c = Ac ∪ B c
para signicar que são guras que podem ser superpostas exatamente
chamadas congruentes.
22 MA11 - Unidade 1
já foi usada num sentido até bem mais amplo. Euclides, que viveu há
o mesmo volume.
questão. Assim, por exemplo, quando dizemos que todos são iguais
perante a lei, isto signica que dois cidadãos quaisquer têm os mesmos
propriedades:
Reexividade : a = a;
propriedade era uma das noções comuns (ou axiomas) que Euclides
6 Recomendações Gerais
cos ilustres viam com séria desconança as novas ideias lançadas nos
nos doou.
dos conjuntos. Isto, inclusive, vai facilitar nosso próprio trabalho, pois
que vai dizer mas critique-se também depois: será que falei bobagem?
mestre.
interceptação de r com α.
Eis aqui outros erros comuns de linguagem que devem ser evitados:
intervalo de tempo.
Conjuntos 25
Exercícios
1. Sejam P1 , P2 , Q1 , Q2 propriedades referentes a elementos de um
conjunto-universo U . Suponha que P1 e P2 esgotam todos os casos
Prove que X1 = Y1 e X2 = Y2 .
Q1 ⇒ P1 e Q2 ⇒ P2 ?
26 MA11 - Unidade 1
√
7. Mostre que, para todo m > 0, a equação x+m = x tem exata-
x=1 ⇔ x2 − 2x + 1 = 0
⇔ x2 − 2 · 1 + 1 = 0
⇔ x2 − 1 = 0
⇔ x = ±1.
10. Expressões tais como para todo e qualquer que seja são cha-
a).
sua negação:
n > x.
conjuntos:
ras.
para:
outra
III. ....;
caso?
prove as igualdades:
a) (X ∪ Y ) ∩ Z = (X ∩ Z) ∪ (Y ∩ Z);
b) X ∪ (Y ∩ Z)c = X ∪ Y c ∪ Z c .
tenha A − (B − C) = (A − B) − C .
19. Prove que se um quadrado perfeito é par então sua raiz quadrada
é ímpar.
seja sobrejetiva.
Recomendações gerais
Nesta aula, será tratado o conceito de número cardinal (isto é, número de elementos de um con-
junto), considerando os casos de conjuntos finitos e de conjuntos infinitos. Para que este conceito seja
bem entendido, é preciso que esteja clara a ideia de função, especialmente de função bijetiva.
Sendo assim, para prosseguir nesta aula, tenha certeza de ter compreendido bem as ideias iniciais
sobre funções, discutidas na Seção 1. Funções (pp. 1 a 6 da Unidade 2). Várias dessas ideias têm
relações importantes com o ensino de funções no Ensino Médio.
Em primeiro lugar, observamos que uma função é definida por três elementos fundamentais:
domı́nio, contradomı́nio e lei de correspondência (ver pp. 1-3). Assim, duas funções são iguais se
e somente se possuem mesmo domı́nio, mesmo contradomı́nio e mesma lei de correspondência. Por
exemplo, as funções f : R → R, f (x) = x2 e g : R → [ 0, +∞[, g(x) = x2 são diferentes, tanto
que a segunda é sobrejetiva e a primeira não! Além disso, mesmo nos casos em que o domı́nio e o
contradomı́nio são conjuntos numéricos (o que pode não ocorrer), a lei de correspondência pode não
admitir uma expressão algébrica (leia com atenção os Exemplos 1 e 2, pp. 3-4 e a Recomendação 3,
p. 5). Entretanto, em aulas e livros didáticos do Ensino Médio, costuma haver grande ênfase nas ex-
pressões algébricas para funções. Não é recomendável adotar-se abordagens excessivamente abstratas
no Ensino Médio, porém a redução do conceito de função à ideia de fórmula algébrica pode limitar
gravemente a aprendizagem dos estudantes. Uma consequência comum é a confusão entre as ideias
de função e equação – ambas tendem a ser concebidas simplesmente como “fórmulas”. Neste sentido,
leia com atenção as Recomendações 1 e 2 (pp. 2-3). Para evitar tal confusão, a relação entre função
e equação (veja p. 5) pode ser explorada: deve-se enfatizar para os alunos o fato de que resolver uma
equação nada mais é do que encontrar os valores do domı́nio de uma função cujas imagens são iguais
a um valor fixo dado. A abordagem gráfica pode ajudar muito nesse ponto.
Muitos livros apresentam exercı́cios do tipo “determine o domı́nio”e “determine a imagem”de uma
função dada. No entanto, os exercı́cios do segundo tipo são matematicamente corretos (ver p. 5),
mas os primeiros não (veja Recomendação 2, p. 3). Como já foi observado, o domı́nio é parte da
definição de uma função. Assim, se a função é conhecida, não faz sentido pedir que seu domı́nio
seja determinado. A formulação mais correta seria: “determine o maior subconjunto X ⊂ R tal que
seja possı́vel definir uma função com uma lei de correspondência dada”(Recomendação 2, p. 3). Em
sala de aula, pode-se também explorar a ideia de encontrar diferentes subconjuntos de R tais que seja
possı́vel definir diferentes funções com uma mesma lei de correspondência. Isto pode ajudar os alunos
a entender que o domı́nio de uma função não pode ser determinado a posteriori, mas ser escolhido
quando a função é definida (desde que seja compatı́vel com o contradomı́nio e a lei de
correspondência, é claro).
Em seguida, certifique-se de entender bem as definições de função injetiva, sobrejetiva (p. 4) e
bijetiva (p. 6). Esta última é a base para a ideia de número cardinal (Seção 2. A Noção de Número
Cardinal, pp. 6-11). Leia com atenção a subseção A palavra “número”no dicionário (p. 8).
Observe que número cardinal é uma noção abstrata que corresponde a uma propriedade comum a
todos os conjuntos que podem ser postos em correspondência um a um com um conjunto dado. Nesta
linha, em 1883 o matemático alemão Georg Cantor conceituou o número cardinal da seguinte forma:
“Se abstraı́mos a natureza dos elementos e a ordem em que eles são dados, obtemos o número cardinal
do conjunto.”(para saber mais, veja [2]).
A ideia de verificar se dois conjuntos possuem o mesmo número de elementos por meio do estabele-
cimento de uma correspondência um a um (isto é, uma função bijetiva) entre eles é bastante intuitiva
e primitiva. De fato, esta ideia é historicamente anterior ao próprio conceito de número (para saber
mais, veja [2]). Além disso, se X e Y são conjuntos finitos e existe uma injeção f : X → Y , então
o número cardinal de X é menor do que ou igual ao de Y . Analogamente, se existe uma sobrejeção
f : X → Y , então o número cardinal de X é maior do que ou igual ao de Y . Estas propriedades estão
relacionadas com o chamado princı́pio das casas dos pombos (ver Exemplos 13 e 14, pp. 11-12). A
Seção 3. Conjuntos Finitos, (pp. 10-12) fala sobre as propriedades básicas de números cardinais de
conjuntos finitos. Para saber mais sobre essas propriedades, veja [4]. Para saber mais sobre por que a
suposição da existência de um conjunto que contenha todos os conjuntos conduz a um paradoxo, veja
[3]. A ideia de correspondência um a um é bastante intuitiva e conduz a resultados esperados para
conjuntos finitos, mas pode levar a surpresas no caso de conjuntos infinitos.
Passe então à Seção 4. Sobre Conjuntos Infinitos (pp. 13-15). Para começar, uma importante
propriedade que caracteriza os conjuntos infinitos (isto é, é equivalente à sua definição) é a seguinte:
um conjunto é infinito se e somente admite uma bijeção com um subconjunto próprio (isto é, diferente
de vazio e do próprio conjunto). Isto significa dizer que todo conjunto infinito possui o mesmo número
cardinal que uma parte própria sua – ou, a grosso modo, é do mesmo “tamanho”que um “pedaço”seu.
Esta surpreendente propriedade é ilustrada pelos Exemplos 7, 8 e 9 (pp. 6-8). Os dois primeiros
foram apontados por Galileu Galilei, como “paradoxos do infinito”, em sua célebre obra Discorsi e
Dimostrazioni Matematiche Intorno a Due Nuove Scienze (para saber mais, veja [2]). Reflita sobre
esses exemplos e procure pensar em outros – as diversas áreas da matemática são ricas em exemplos
de conjuntos infinitos.
A natureza pouco intuitiva de conjuntos infinitos torna o ensino deste tópico particularmente de-
licado. Muitos alunos tendem a conceber equivocadamente a noção de infinito como “um número
muito grande”(veja a Recomendação 4, p. 15). O número 10100 (chamado googol), por exemplo,
pode ser considerado “muito grande”, mas um conjunto com 10100 elementos não pode ser posto em
correspondência biunı́voca com um conjunto com 10100 − 1 elementos. Por outro lado, o conjunto
N dos números naturais pode ser posto em correspondência biunı́voca com N \ {1}, como ilustra a
metáfora do Grande Hotel Cantor (veja a subseção Fantasia Matemática, pp. 14-15), proposta pelo
matemático David Hilbert (para saber mais, veja [2]). Por muito tempo, a ideia de infinito não foi aceita
como um conceito legitimamente matemático. Georg Cantor teve um papel decisivo na formalização
matemática de diversas propriedades dos conjuntos infinitos. Dentre estas, destaca-se a prova de que
nenhum conjunto pode ser posto em correspondência biunı́voca com o conjunto de suas partes P(X)
(para saber mais, veja [1]). Uma consequência direta deste importante Teorema é o surpreendente fato
de que nem todos os conjuntos infinitos podem ser postos em correspondência biunı́voca – portanto,
não existe apenas uma classe de conjuntos infinitos, e sim infinitas classes de conjuntos (para saber
mais, veja [4]). O trabalho de Cantor marcou a Matemática de tal forma que foi descrito por Hilbert
por meio do comentário: “Ninguém nos expulsará do paraı́so que Cantor criou para nós”.
Exercı́cios recomendados
As ideias discutidas acima devem ser suficientes para resolver, sem obstáculos, os exercı́cios pro-
postos (pp. 15-18). Recomendamos que você resolva os Exercı́cios de 1 a 8.
Os Exercı́cios 1 a 5 tratam de propriedades de funções injetivas, sobrejetivas e bijetivas. Como base
nos Exercı́cios 2 e 3, você poderá concluir que, para que exista a inversa de uma função, é necessário
e suficiente que esta seja injetiva e sobrejetiva. Observe também que, dada f : X → Y , a existência
de uma função h1 : Y → X tal que h1 ◦ f = IdX (que é equivalente à injetividade) e a existência de
uma função h2 : Y → X tal que f ◦ h2 = IdY (que é equivalente à sobrejetividade) não são condições
equivalentes entre si. Procure pensar em exemplos de funções injetivas e sobrejetivas e verifique que
essas propriedades são satisfeitas.
Os Exercı́cios 6 e 8 são problemas importantes de contagem que podem ser resolvidos por argumento
de indução. O Exercı́cio 7 apresenta uma falha sutil em um argumento de indução.
Abaixo, indicamos algumas referências de estudo futuro para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
Números Cardinais
função, que abordaremos de forma breve agora e com mais vagar posteriormente.
1 Funções
1
2 MA11 - Unidade 2
f (x).
Exemplos particularmente simples de funções são afunção identi-
dade f : X → X , denida por f (x) = x para todo x ∈ X e as funções
constantes f : X → Y , onde se toma um elemento c ∈ Y e se põe
f (x) = c para todo x ∈ X.
Recomendações
notações sen x e log x para os números reais que são os valores destas
funções num dado ponto x. Por outro lado, quando se trata de uma
a função x2 − 5x + 6
que
p(x) = x2 − 5x + 6
Exemplos
conjunto das retas desse mesmo plano. A regra que associa a cada
x 6= x0 em X ⇒ f (x) 6= f (x0 ).
f (x) = f (x0 ) ⇒ x = x0 .
Recomendação
conjunto X como domínio, a regra deve fornecer f (x), seja qual for
x ∈ X dado.
b) Não pode haver ambiguidades: a cada x ∈ X , a regra deve fazer
corresponder um único f (x) em Y . Os exemplos a seguir ilustram essas
exigências.
6 MA11 - Unidade 2
Exemplos
igual a 4, 7, 12, 19, ... pois nem todos os números naturais são da
2
forma p + 3. Assim, esta regra não dene uma função com domínio
sobrejetiva.
Exemplos
conjunto próprio de N.
P x intersecta a base Y
Figura 1:
Figura 2:
ou de uma medida.
dessas regras proíbe que se forme conjuntos a não ser que seus elemen-
3 Conjuntos Finitos
1 6 k 6 n.
Seja X um conjunto. Diz-se que X é nito, e que X tem n ele-
mentos quando se pode estabelecer uma correspondência biunívoca
quer dizer que X não é vazio e que, não importa qual seja n ∈ N , não
existe correspondência biunívoca f : In → X .
No Exemplo 6 acima, temos X = I5 e f :X→Y é uma contagem
destacaremos as seguintes:
as ideias, seja 3 esse número. Vamos provar que todo número na-
algarismos iguais a 0.
Exemplo 14. Vamos usar o princípio das gavetas para provar que,
numa reunião com n pessoas (n > 2), há sempre duas pessoas (pelo
menos) que têm o mesmo número de amigos naquele grupo. Para ver
cartões pois se houver alguém que não tem amigos ali, nenhum dos
princípio das gavetas, pelo menos uma das caixas vai receber dois ou
mais cartões. Isto signica que duas ou mais pessoas ali têm o mesmo
tos. Ele foi o primeiro a descobrir que existem conjuntos innitos com
século dezenove).
f (n) = n + 1,
g(n) = n + 30,
(1)
h(n) = 2n e
ϕ(n) = 3n
são injetivas mas não são sobrejetivas. Estas quatro funções são pro-
Fantasia Matemática
tel estava com seus quartos todos ocupados, quando chega um via-
E ordena:
passageiros do ônibus. Mas cou sem saber o que fazer quando, horas
Números Cardinais 15
Recomendação
Exercícios
Prove que g = h.
a, b ∈ N e b é ímpar.)
idade.
demonstrar.
uma la com seus subconjuntos de tal modo que cada subconjunto
deles com innitos passageiros. Que deve fazer o gerente para hospedar
todos?
MA 11 - Unidade 3
A Reta Real
Semana de 11/04 a 17/04
Recomendações gerais
Nesta unidade, começaremos a estudar o conjunto dos números reais. Este é, sem dúvida, um
dos pontos cuja abordagem no Ensino Médio envolve maiores dificuldades, que estão relacionadas
com as caracterı́sticas especı́ficas do conjunto dos reais. Em geral, na educação básica, a motivação
para a introdução de cada um dos conjuntos numéricos se baseia nas limitações algébricas do conjunto
anterior. Isto é, a motivação para a construção de Z se baseia na impossibilidade de inverter a operação
de adição em N e, de forma análoga, a motivação para a construção de Q se baseia na impossibilidade de
inverter a operação de multiplicação em Z. A introdução dos números inteiros e dos números racionais
são é ainda ilustrada por aplicações “concretas”: tipicamente, problemas envolvendo saldos bancários,
ou variações de temperatura, para os inteiros; e divisões de grandezas (apresentadas em problemas
numéricos ou geométricos) que fornecem resultados não inteiros. Até mesmo a introdução de C tem
como base a impossibilidade de determinar raı́zes reais para qualquer polinômio com coeficientes reais.
No entanto, quando se trata da construção de R, o problema se torna particularmente complicado.
Em primeiro lugar, a construção da expansão de Q para R não é um salto puramente algébrico, pois en-
volve alguma noção de convergência. Além disso, dificilmente se encontrarão aplicações “concretas”ou
“do dia-a-dia”que justifiquem a necessidade dessa expansão. As medições empı́ricas de segmentos, por
exemplo, são totalmente resolvidas por números racionais, enquanto que os números reais atendem
ao problema teórico da proporção de grandezas de mesma espécie, isto é, à construção de uma teoria
consistente de medida. Por exemplo, ao medir a diagonal d do quadrado unitário com uma régua
√
graduada, encontraremos alguma aproximação decimal finita para 2. Ao aplicarmos o Teorema de
Pitágoras para determinar a medida d (ou, de forma mais geral, a razão entre a diagonal e o lado de
um quadrado qualquer), concluiremos que ela é tal que d2 = 2, mas é necessário ainda mostrar que
não existe um número racional que satisfaça essa condição. A maneira mais acessı́vel de mostrar esse
fato no Ensino Médio envolve um argumento de absurdo com base na decomposição em fatores primos
do numerador e do denominador da fração (ver p. 4 da Unidade 3). Além disso, mesmo se conside-
rarmos todas as raı́zes de equações polinomiais com coeficientes inteiros (como d2 = 2), chamados
números algébricos, não obteremos todos os números reais – aqueles que não satisfazem esta condição
são chamados transcendentes. O exemplo mais conhecido de número transcendente é sem dúvida o
número π. Na educação básica, definimos π como a razão entre o perı́metro e o diâmetro de uma
circunferência. Entretanto, as técnicas necessárias para as demonstrações de que π não é racional e
não é algébrico extrapolam em muito a matemática do Ensino Médio (para saber mais, veja [2]).
Para desviar das dificuldades discutidas acima, os livros didáticos do ensino fundamental e do médio
em geral adotam abordagens em ciclo vicioso (baseadas na representação decimal ou em problemas
geométricos): os irracionais são apresentados “como aqueles números que não são racionais”e os reais,
como “os números que são racionais ou irracionais”. Ou seja, a introdução dos números reais parte da
pressuposição da existência dos próprios números reais. Esse modelo de abordagem apresenta problemas
não só do ponto de vista matemático, pois é logicamente inconsistente, como também do ponto de
vista pedagógico, pois a necessidade de “criar novos números”além dos racionais fica oculta. De fato,
não é razoável esperar que, ao final do Ensino Médio, o aluno entenda toda a complexidade teórica
da construção do conjunto dos números reais. Entretanto, isto não justifica desviar completamente
de tais dificuldades. Para os estudantes do Ensino Médio, mais do que as complexidades teóricas de
sua construção, talvez seja importante compreender os problemas matemáticos que dão origem aos
números reais.
Sendo assim, para planejar adequadamente a abordagem dos números reais no Ensino Médio, é
fundamental que o professor conheça tais problemas, que remontam à idéia de grandezas incomen-
suráveis, na Escola Pitagórica. Portanto, leia com atenção a Seção 1. Segmentos Comensuráveis
e Incomensuráveis (pp. 2 a 5). Os filósofos pitagóricos acreditavam que os números naturais expli-
cariam todos os fenômenos da natureza – crença expressa pelo lema: Tudo é Número. Assim, qualquer
grupo finito de grandezas geométricas poderia ser expresso como múltiplos inteiros de uma unidade
comum convenientemente escolhida. Equivalentemente, qualquer razão entre grandezas geométricas
poderia ser expressa como razões entre números naturais. As grandezas com esta propriedade são
chamadas comensuráveis (literalmente, que podem ser medidas juntas). A descoberta da existência de
grandezas incomensuráveis (como o lado e a diagonal do quadrado, ou o perı́metro e o diâmetro do
cı́rculo) provocou uma grande revolução na matemática grega. Para saber mais sobre a problema das
grandezas incomensuráveis na matemática grega, veja [1].
Na matemática contemporânea, existem formas equivalentes de construir o conjunto dos números
reais (axioma do supremo, sequências de Cauchy, cortes de Dedekind), de forma a caracterizá-lo como
corpo ordenado completo (ver p. 9). Ao ler a Seção 2. A Reta Real, certifique-se de entender
bem o que isto significa (para saber mais, veja [3]). O termo corpo refere-se à estrutura algébrica
dos números reais: as operações de adição e multiplicação e suas propriedades. O corpo ordenado
refere-se à existência de relação de ordem nos reais compatı́vel com as operações, isto é, que satisfaz a
propriedade de monotonicidade: x ≤ y ⇒ x + z ≤ y + z ∀ x, y, z ∈ R e x ≤ y , z > 0 ⇒ x · z ≤ y · z
∀ x, y, z ∈ R. Finalmente, temos a importante propriedade de completeza dos reais, que diz respeito
ao fato da reta real não ter “buracos”(falando grosso modo). Observe que o conjunto Q também
satisfaz todas as propriedades das operações e da ordem; portanto, Q também é um corpo ordenado.
É a propriedade de completeza que diferencia o conjunto R do conjunto Q. Do ponto de vista intuitivo,
a diferença entre as propriedades de completeza e densidade pode parecer sutil, pois podemos ter a
impressão de que a densidade é suficiente para preencher completamente a reta. No entanto, do ponto
de vista matemático, esta diferença é crucial. A completeza dos reais é essencial para a construção de
toda a teoria de análise real, inclusive a construção das principais classes de funções reais, que veremos
mais adiante neste curso.
Para saber mais
Abaixo, indicamos algumas referências de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
A Reta Real
ráveis
u.
Na realidade, não é muito importante que eles chamassem m/n de
número ou não, desde que soubessem, como sabiam, raciocinar com
esses símbolos. (Muito pior eram os egípcios que, com exceção de 2/3,
só admitiam frações de numerador 1. Todas as demais, tinham que
A Reta Real 3
diferentes. Por exemplo, 7/10 no Egito era escrito como 1/3 + 1/5 +
1/6.)
O problema mais sério é que por muito tempo se pensava que dois
Figura 1:
segmentos de reta.
Recomendação
2 A Reta Real
A m de ganhar uma ideia mais viável dos novos números, que denomi-
ou o eixo real.
Figura 2:
Temos N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R.
Observação.
número em alemão.
desde Euclides (300 anos antes de Cristo). Vale lembrar apenas que
tica, dos casos mais corriqueiros até a alta tecnologia, há muito tempo
deixaram claro que esta visão geométrica, por mais importante que
tenha sido e ainda seja, precisa ser complementada por uma descrição
corpo ordenado porque existe a relação x < y , que está interligada com
a adição e a multiplicação pelas leis conhecidas de monotonicidade. E,
um número real.
10 MA11 - Unidade 3
número irracional.
MA 11 - Unidade 4
Representação Decimal dos Reais
Semana de 11/04 a 17/04
Recomendações gerais
S = x 0 + x1 + x2 + · · · + xn + · · · .
S0 = x0 , S1 = x0 + x1 , S2 = x0 + x1 + x2 , . . . , Sn = x0 + x1 + · · · + xn , · · ·
for convergente (para saber mais, veja [1]. O fato, que se assume tacitamente, de que as séries como
em (1) são sempre convergentes – o que equivale a dizer que o conjunto dos números reais é completo.
Portanto, ao fazermos operações com dı́zimas periódicas para obter frações geratrizes, estamos na
verdade efetuando operações com limites – que só são legı́timas porque sabemos de antemão que as
séries envolvidas são convergentes.
É fundamental compreender bem a igualdade 1 = 0, 9999 . . . (p. 4), que é fonte de muitas dúvidas.
Muitos estudantes concebem esta igualdade como não exata, ou como uma aproximação. Talvez estas
concepções estejam relacionadas com certa confusão entre os termos de uma sequência e seu limite.
Não é incomum ouvirmos comentários do tipo “o limite da sequência tende a x”. O limite de uma
sequência é um número fixo, portanto, não pode tender a lugar algum! O correto é dizer que “o limite
da sequência é igual a x”, ou então que “a sequência tende a x”. Neste caso, os termos da sequência
se aproximam indefinidamente de seu limite. No caso da igualdade 1 = 0, 9999 . . ., observamos que o
sı́mbolo 0, 9999 . . . representa o limite da sequência cujos termos são x1 = 0, 9, x2 = 0, 99, x3 = 0, 999,
e assim por diante. Mostramos facilmente que esta sequência tende a 1 (ver p. 4). Assim, podemos
dizer que os termos x1 = 0, 9, x2 = 0, 99, x3 = 0, 999, . . . se aproximam de 1, mas o limite 0, 9999 . . .
é igual a 1!
Nas pp. 5 a 9, são discutidos os procedimentos de conversão entre frações e representações decimais.
Para converter dı́zimas periódicas em frações, usamos o procedimento que envolve multiplicações por
potências de 10 e adições (pp. 5-7). Como já comentamos, esse procedimento envolve operações com
limites. Reciprocamente, para converter frações em representações decimais, empregamos divisões
sucessivas. Como há uma quantidade finita de restos possı́veis e, a partir da primeira vez que um
resto se repetir todos os algarismos do quociente se repetirão, obtemos necessariamente uma dı́zima
periódica. Em particular, se aparecer um resto 0, temos um decimal finito. Ao ler essas páginas,
observe que tais procedimentos, se devidamente organizados, constituem-se em provas matemáticas
para o fato de que um número real é racional se, e somente se, sua representação decimal é finita ou
periódica.
Nas pp. 8-9, leia com atenção os comentários sobre a correspondência biunı́voca entre os números
reais e as expressões decimais, descartando-se aquelas que terminam com uma sequência infinita de
algarismos 9.
Leia com atenção a subseção Uma descoberta de George Cantor (pp. 10-11). A prova de que R
não é enumerável, argumento conhecido como Diagonal de Cantor, também se baseia na representação
decimal (ou binária) para os números reais (para saber mais, veja [1]). Como Q é enumerável, uma
consequência direta deste fato é que o conjunto dos números irracionais também é não enumerável.
Assim, em um certo sentido, existem muito mais números irracionais do que racionais. Este fato é
surpreendente e pode parecer anti-intuitivo, pois na escola, em geral, os alunos têm muito mais contato
com exemplos diversos de racionais do que de irracionais. No entanto, se pensarmos mais uma vez
na representação decimal, como os racionais são dı́zimas periódicas e os irracionais, não, poderemos
verificar, de um ponto de vista intuitivo, o seguinte: se pudéssemos formar uma expressão decimal
infinita, sorteando ao acaso dı́gito por dı́gito de 0 a 9, a probabilidade de obtermos um irracional é
muito maior que a de obtermos um racional. Isto seria como jogarmos um dado (honesto) infinitamente
e esperar que os dı́gitos obtidos aleatoriamente se repetissem em um mesmo padrão para sempre! De
fato, a probabilidade de obtermos um número racional com este processo é igual a zero.
Exercı́cios recomendados
Abaixo, indicamos uma referência para estudos futuros, para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
α = a0 , a1 a1 . . . an . . . ,
1
2 MA11 - Unidade 4
aqui não permite saber qual a regra para achar os dígitos a partir do
a1 a2 an
(∗) α = a0 + + 2 + ··· + n + ···
10 10 10
Na realidade, é meio pedante usar uma notação diferente, α, para
com innitas parcelas, mas isto é uma coisa que não tem sentido,
a1 an
α n = a0 + + · · · + n . (n = 0, 1, 2, . . .).
10 10
Quando se substitui α por αn , o erro cometido não é superior a
1
= 10−n .
10n
Representação Decimal dos Reais 3
tal que
a1
a0 + 6α
10
a2 é maior dígito tal que
a1 a2
a0 + + 2 6 α, etc.
10 10
Deste modo, tem-se uma sequência não-decrescente de números
racionais
α0 6 α1 6 α2 6 · · · 6 αn 6 · · ·
que são valores (cada vez mais) aproximados do número real α. Mais
−n
precisamente, tem-se 0 6 α − αn 6 10 para cada n = 0, 1, 2, 3, 4, . . .
Diz-se então que o número real α é o limite desta sequência de
números racionais. O fato de que existe sempre um número real que
é limite desta sequência (isto é, que tem os αn como seus valores
reais é completo.
radamente.
α = a0 , a1 a2 , . . . , an 000 . . .
Então
a1 an
α = a0 + + ··· + n
10 10
é um número racional; na realidade uma fração decimal (fração cujo
4 2 8 13428
13, 42800 . . . = 13 + + + = .
10 100 1000 1000
Mais geralmente, mesmo que não termine em zeros, a expressão
nal, desde que seja periódica. Comecemos com o caso mais simples,
9 9 9
α = 0, 999 . . . = + + + ···
10 100 1000
Armamos que α = 1. Com efeito, os valores aproximados de α são
α1 = 0, 9, α2 = 0, 99, α3 = 0, 999, etc. Ora 1−α1 = 0, 1, 1−α2 = 0, 01,
1 − α3 = 0, 001 e, geralmente, 1 − αn = 10−n . Vemos portanto que,
tomando n sucientemente grande, a diferença 1 − αn pode tornar-se
9 9 9
0, 999 . . . = + + n + ··· = 1
10 100 10
resulta imediatamente que
1 1 1 1
0, 111 . . . = + + ··· + n + ··· = .
10 100 10 9
Representação Decimal dos Reais 5
a a a a
0, aaa . . . = + + ··· + n + ··· = .
10 100 10 9
Por exemplo,
7
0, 777 . . . = .
9
Podemos ir mais além. Observando que
9 9 99 9 9 99
+ = , + = , etc.,
10 100 100 1000 10000 10000
Obtemos:
9 9 9 9
1= + + + + ···
10 102 103 104
99 99
= + + ···
100 1002
1 1
= 99 + + ··· ,
100 1002
logo
1 1 1 1
+ 2
+ 3
+ ··· = .
100 100 100 99
Dai resulta, por exemplo, que
37 37 37
0, 3737 . . . = + 2
+ + ···
100 100 1003
1 1
= 37 + + · · ·
100 1002
37
= .
99
Uma expressão decimal α = 0, a1 a2 . . . chama-se uma dízima pe-
riódica simples , de período a1 a2 . . . ap , quando os primeiros p dígitos
após a vírgula se repetem indenidamente na mesma ordem. Assim,
6 MA11 - Unidade 4
7 e 37 respectivamente.
mética:
521
0, 521521521 . . . = .
999
Em particular, toda dízima periódica simples representa um nú-
mero racional.
que depois da vírgula têm uma parte que não se repete, seguida por
α = 0, 35172172 . . .
172 35 × 999 + 172
100α = 35, 172172 . . . = 35 = =
999 999
35(1000 − 1) + 172 35000 + 172 − 35 35172 − 35
= = =
999 999 999
Portanto
35172 − 35
α= .
99900
Representação Decimal dos Reais 7
mostraremos a seguir.
dica, com período 0, mas é costume separar este caso, por ser muito
particular.
140 |27
14 050 0, 518
= 0, 518518 . . .
27 230
140
dizendo que
3, 275999 . . . = 3, 276000 . . .
0, 999 . . . = 1, 000 . . .
que há quebra de injetividade. Isto pode ser provado mas não haveria
bos innitos mas ele mostrou que não pode existir nenhuma função
pertence à imagem f (N), isto é, tal que f (n) 6= y , seja qual for n ∈ N.
Exercícios
1. Qual é a aproximação de raiz cúbica de 3 por falta com uma casa
decimal?
abertos?
si. Sob que condições este número admite uma representação decimal
Recomendações gerais
Esta Unidade é dedicada à reflexão por meio de uma lista de exercı́cios – de certa forma, desafiadores
– sobre os conceitos estudados até o presente momento. O primeiro exercı́cio tem por objetivo mostrar
que não se podem manipular somas infinitas, chamadas séries, como se fossem meras somas finitas,
pois, ao fazer isto, somos facilmente conduzidos a paradoxos. Esses paradoxos – em particular o
paradoxo do binômio, que será apresentado no roteiro da Unidade 16 de MA12 – foram explicados por
Gauss, o primeiro matemático a perceber que era necessário introduzir a noção de convergência de
séries para manipular tais somas.
O segundo exercı́cio está relacionado com a noção de limite de sequências, objetos que também
não podem ser tratados com a álgebra ordinária sem que sua convergência seja verificada a priori.
No caso das expansões decimais dos números reais, e em particular dos números racionais, sabemos a
priori que as séries são convergentes (isto é, vale o axioma da completeza dos números reais, que foi
assumido tacitamente na Unidade 3) e, por isso, as operações que fazemos para achar geratrizes de
dı́zimas periódicas são legı́timas.
O Exercı́cio 3 propõe uma outra prova da incomensurabilidade do lado e da diagonal do quadrado,
de sabor mais geométrico do que a prova aritmética do texto e, certamente, mais dentro do espı́rito
da geometria à época de Euclides.
O Exercı́cio 4 nos ensina que nem todo corpo pode ser ordenado e que apenas munir um corpo de
uma relação de ordem não o faz automaticamente ser um corpo ordenado. De fato, ao contrário do
corpo dos números reais, o corpo dos números complexos não pode ser ordenado por uma relação de
ordem compatı́vel com a sua estrutura de corpo.
O Exercı́cio 5 pede para demonstrar a validez da regra (geralmente decorada) que permite achar a
geratriz de uma dı́zima periódica composta. Esta é uma boa aplicação do uso da fórmula do limite de
uma soma de uma PG que se sabe ser a priori convergente.
O Exercı́cio 6 trata do cálculo numérico aproximado de números irracionais que se expressam como
raı́zes de números inteiros positivos. Cálculo numérico (isto é, a determinação de valores numéricos
de expressões ou de soluções de equações por meio de aproximações cujos erros são de alguma forma
controlados) é um assunto por si só muito importante, pois, na vida real, tudo é aproximado.
O Exercı́cio 8, ao propor o estudo de sistemas de numeração diferentes do usual, tem por objetivo
mostrar que certas caracterı́sticas da representação dos números são independentes da base escolhida
(isto é, são intrı́nsecas, pois são propriedades do próprio número e não apenas da representação),
enquanto outras dependem da escolha da base (isto é, são extrı́nsecas, pois são apenas caracterı́sticas
da representação).
Finalmente, o Exercı́cio 9, um resultado de Cantor, vai nos mostrar que os números irracionais trans-
cendentes (por exemplo, π e e) são (muito) mais numerosos do que os números irracionais algébricos –
algo certamente inesperado. Lembre-se que encontram-se incluı́dos no conjunto dos números algébricos
todos aqueles que admitem expressão por meio de radicais. Você poderia citar mais algum número
irracional transcendente?.
MA11 - Unidade 5
Atividade Especial
Exercícios propostos
n=1
1
2 MA11 - Unidade 5
k=1
verge?
Recomendações gerais
Nesta seção, trataremos das principais noções que dependem da relação de ordem do corpo dos
números reais: desigualdades, intervalos e valor absoluto. Estas noções estão relacionadas com alguns
tópicos sobre os quais os alunos do ensino fundamental e do ensino médio, em geral, têm grandes
dificuldades: resolução de inequações, funções e equações modulares. Para que possamos ajudá-los
a sanar tais dificuldades, a reflexão sobre alguns aspectos teóricos relacionados com essas ideias é
essencial.
Na seção 1. Desigualdades, preste bastante atenção nas propriedades (P1) e (P2), que definem
o conjunto R+ , dos números reais positivos (p. 2). O estabelecimento de um conjunto com essas
propriedades é uma das formas de dizer que R é um corpo ordenado, isto é, um corpo munido com
uma relação de ordem compatı́vel com as operações algébricas, como foi observado na Unidade 3 (veja
também o exercı́cio 4 da Unidade 5). Certifique-se de compreender as demonstrações das propriedades
básicas da relação de ordem que se seguem (pp. 2-4) – como observado na p. 4. São elas que garantem
a validez das ferramentas empregadas para resolver inequações em R.
Outra observação importante diz respeito ao sinal “menos” (−). É comum que os estudantes,
especialmente no ensino fundamental, tendam a considerar que qualquer sı́mbolo precedido do sinal de
menos representa necessariamente um número negativo. Assim, é importante frisar que este sinal pode
ter o significado de um operador que, a cada número real x, associa seu simétrico, isto é, seu inverso
em relação à operação de adição: o único número real −x tal que x + (−x) = 0.
Na começo da seção 1. Intervalos, observe que uma caracterização comum aos nove tipos
diferentes de intervalos dados (p. 6) é a seguinte: x, y ∈ I , x < z < y ⇒ z ∈ I. Isto é, um
intervalo pode ser caracterizado como um subconjunto I ⊂ R tal que todo número localizado entre
dois elementos de I é também um elemento de I. Assim, um intervalo é um subconjunto de R que
não tem “buracos”, ou, em termos matemáticos, um subconjunto conexo de R.
É de fundamental importância a observação quanto ao fato do sı́mbolo ∞ (empregado na notação
de intervalos infinitos) não representar um número real (p. 6). Ao contrário, este sı́mbolo representa
o fato de não existir nenhum número real que seja cota superior ou inferior (conforme o caso) para o
intervalo em questão, isto é, o fato deste não ser limitado superiormente ou inferiormente (conforme o
caso). Esta discussão pode ser empregada para ajudar os alunos a superarem a idéia conceitualmente
incorreta de infinito como “um número muito grande” (já comentada no Roteiro 2).
Como observado nas pp. 6-7, a ideia de intervalo também nos permite discutir a importante pro-
priedade de densidade dos números racionais e irracionais. É comum encontrarmos em livros didáticos
comentários do tipo: entre dois números reais quaisquer, existe um número racional e um número irra-
cional. É consequência imediata desta propriedade o fato de que, entre dois números reais quaisquer,
existem infinitos números racionais e infinitos números irracionais. No entanto, esta conclusão nem
sempre é imediata para os alunos. Assim, vale a pena frisar de forma mais contundente a distribuição
de números racionais e irracionais na reta real.
Leia com bastante atenção a Recomendação na p. 7. Como já observamos no Roteiro 3, em livros
didáticos do ensino fundamental e médio, os números reais são quase sempre apresentados por meio de
construções em que se pressupõe a existência do próprio objeto que está sendo construı́do. Estas cons-
truções são não só matematicamente inconsistentes, como também pedagogicamente inapropriadas.
O conceito de módulo, abordado na seção 3. Valor Absoluto, envolve comumente dificuldades
de compreensão por parte dos alunos, especialmente quando o problema exige separar em casos uma
expressão algébrica envolvendo módulos (veja os comentários sobre exercı́cios recomendados, a seguir).
Assim, é importante ter clara a equivalência entre as duas definições de valor absoluto dadas na p. 8,
bem como sua interpretação como distância até a origem, que se generaliza na interpretação de |x − y|
como distância entre coordenadas.
Finalmente, leia com atenção a seção 4. Sequências e Progressões, e certifique-se de entender
a definição de sequência como função com domı́nio em N.
Exercı́cios recomendados
O exercı́cio 2 aponta um erro comum na resolução de inequações por alunos no ensino médio. Muitos
erros em equações e inequações, especialmente naquelas que envolvem módulos, estão associados ao
emprego indevido das definições e propriedades discutidas nesta Unidade. Também é bastante comum
desenvolver uma expressão modular do tipo |x−3| fazendo |x−3| = x−3 se x ≥ 0 ou |x−3| = −x−3
se x < 0. Ao resolver os exercı́cios propostos, procure refletir sobre que estratégias você adotaria para
ajudar seus alunos a entender e superar esses e outros erros comuns. No caso das equações e inequações
envolvendo módulo, a interpretação geométrica pode contribuir muito, como propõe o exercı́cio 4.
Procure pensar com cuidado nas interpretações geométricas também ao resolver os exercı́cios 3 e 5. O
exercı́cio 6 discute um aspecto importante das aproximações decimais, pouco explorado na escola.
Para saber mais
Abaixo, indicamos uma referência de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se apro-
fundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão cobrados
nas avaliações unificadas.
0.1 Desigualdades
relação.
1
2 MA11 - Unidade 6
Assim
R+ = {x ∈ R; x > 0}.
positivos.
tem-se x + z < y + z .
xz < yz .
A tricotomia resulta imediatamente de P1). Com efeito, ou a dife-
a seguinte:
são:
6) Se 0 < x < y então 0 < 1/y < 1/x . (Quanto maior for um
número positivo 1/xy vem x/xy < y/xy , isto é, 1/y < 1/x .
7) Se x<y e z é negativo então xz > yz . (Quando se multiplicam
portanto xz > yz .
x = a0 , a1 . . . an . . . e y = b0 , b1 . . . bn . . .
Noutras palavras, vale x<y se, e somente se, existe um número real
0.2 Intervalos
toda parte em R.
Para a demonstração da propriedade acima, veja Análise Real, vol.
1, pág. 19. O leitor pode, sem grande diculdade, demonstrá-la
pressões decimais de a e b.
A propriedade acima destacada é essencial para provar o Teorema
seguinte.
Recomendação 1.
número que pode ser expresso como quociente de dois inteiros, número
ensino médio. Mas isto não deve ser motivo para escamoteações. Pelo
contrário, quando se tem que falar sobre números reais para uma au-
x, se x>0
|x| =
−x, se x < 0.
Outra maneira de se denir o valor absoluto consiste em pôr:
quando x < 3.
mente raras) isto pode ser evitado usando-se esta outra caracterização
√
de valor absoluto: |x| = x2 . Aqui estamos tirando partido da con-
√ √
venção que regula o uso do símbolo : para todo a > 0, a é o
14.
Desigualdades, Intervalos e Valor Absoluto 9
Figura 1:
envolvendo módulos.
estiver à esquerda).
Quando se lida com valores absolutos, não basta saber que |x| é
resolução de desigualdades.
10 MA11 - Unidade 6
funções de N em R.
A notação usual para uma sequência é (x1 , x2 , . . . , xn , . . .) . Abre-
gressões.
x1 , x2 , . . . , xn , . . .
x2 = x1 + r, x3 = x2 + r = x1 + 2r, x4 = x1 + 3r, . . .
lista ) é uma função cujo domínio tem a forma In = {1, 2, . . . , n}. Ela
sobre uma reta, todos a igual distância dos seus vizinhos imediatos.
x1 , x2 , . . . , xn , . . .
portanto:
x2 = x1 · r, x 3 = x2 · r = x1 · r 2 , . . . , em geral, xn+1 = xn · r
1 − rn−1
1 + r + r2 + · · · + rn = se r 6= 1
1−r
Daí segue-se que, para uma progressão geométrica nita qualquer
x1 , x2 , . . . , xn , de razão r 6= 1, tem-se
1 − rn−1 x1 − xn r
x1 + x2 + . . . + xn = x1 (1 + r + · · · + rn−1 ) = x1 =
1−r 1−r
É tradicional e conveniente escrever P.A. e P.G. em vez de pro-
Exercícios
reto:
5x + 3
(a) >2 ⇒ 5x + 3 > 4x + 2 ⇒ x > −1
2x + 1
2x2 + x
(b) <2 ⇒ 2x2 + x < 2x2 + 2 ⇒ x<2
x2 + 1
a c
3. Sejam a, b, c, d > 0 tais que < . Mostre que
b d
a a+c c
< < .
b b+d d
Interprete este resultado no caso em que a, b , c e d são inteiros posi-
duas frações?)
a) |x − 1| = 4
b) |x + 1| < 2
Desigualdades, Intervalos e Valor Absoluto 13
c) |x − 1| < |x − 5|
d) |x − 2| + |x + 4| = 8
e) |x − 2| + |x + 4| = 1
a + b 2 a2 + b 2
< .
2 2
Interprete geometricamente esta desigualdade.
Recomendações gerais
A partir desta unidade, passaremos a tratar das principais classes de funções reais abordadas na
escola: polinomiais, exponenciais, logarı́tmicas, trigonométricas. Nesta unidade, trataremos das ideias
básicas necessárias para o estudo de gráficos de funções reais (produto cartesiano, pares ordenados,
etc.) e introduziremos o estudo de funções polinomiais do primeiro grau.
Ao ler a seção 0. Produto Cartesiano, observe a diferença conceitual entre par ordenado e con-
junto com dois elementos (p. 2) – daı́ a razão do termo ordenado. Observe também os diferentes
exemplos de produtos cartesianos (pp. 2-4), diferentes do R2 , que é o mais explorado na escola básica
e que será estudado em maiores detalhes na seção seguinte. Como comentado na p. 5, qualquer
subconjunto do produto cartesiano X × Y pode ser visto como o gráfico de uma relação binária R
entre os conjuntos X e Y . As condições (G1 e G2) para que um subconjunto de X × Y seja gráfico
de função são dadas na p. 4. Essas condições serão interpretadas para o caso particular do R2 na p.
11.
A seção 1. O Plano Numérico R2 trata especificamente deste produto cartesiano, que é o mais
importante para a educação básica. A correspondência biunı́voca f : Π → R2 (p. 7) estabelece o
princı́pio fundamental da localização de pontos no plano por meio de pares ordenados de números reais,
chamados de coordenadas cartesianas (abscissa e ordenada): cada ponto P ∈ Π é representado por um
único par ordenado (x, y) ∈ R2 e, reciprocamente, cada par ordenado (x, y) ∈ R2 representa um único
ponto P ∈ Π. Este princı́pio fundamental é base da localização sem ambiguidades de pontos no plano
cartesiano e, portanto, a sua compreensão adequada é condição indispensável para a continuidade dos
estudos de diversos tópicos de matemática: equações, funções, geometria analı́tica, álgebra vetorial
e, futuramente, cálculo diferencial e integral. Para ajudá-los a entender bem esta ideia, você poderá
empregar uma comparação com outros exemplos de sistemas de localização sem ambiguidades, tais
como o sistema de latitudes e longitudes no mapa do planeta ou os assentos em um cinema ou teatro,
em geral identificados por números e letras. Este princı́pio fundamental, por meio do qual identificamos
pontos do plano com suas coordenadas, permite ainda que identifiquemos conjuntos de pontos do plano
por meio de condições algébricas entre duas coordenadas (de forma geral, igualdades, desigualdades,
ou sistemas de igualdades e desigualdades). Embora este fato possa parecer bastante básico, pode
ser fonte de dificuldades para os alunos. Não é incomum que eles memorizem certos procedimentos
especı́ficos para esboço de tipos de gráficos de funções e outras curvas (tais como retas, parábolas ou
cı́rculos), sem entender no entanto que a curva esboçada corresponde ao conjunto dos pontos do plano
cujas coordenadas satisfazem à condição algébrica dada. Assim, este ponto merece ênfase especial na
abordagem. Ainda na seção 1, certifique-se de entender bem a dedução da equação do cı́rculo (pp.
9-10). Esta decorre da fórmula para distância entre dois pontos no plano, que, por sua vez, é uma
aplicação direta do Teorema de Pitágoras.
Na seção 2. A Função Afim, começamos a estudar esta classe de funções reais, que são as
mais simples e estão entre as mais importantes em matemática. Em Cálculo Diferencial, as funções
lineares são empregadas para aproximar funções quaisquer e, por meio dessas aproximações, descobrir
propriedades qualitativas das funções que seriam difı́ceis de ser obtidas diretamente. Está é uma técnica
mais geral, presente em muitas áreas mais avançadas da matemática: aproximações de objetos não
lineares por objetos lineares fornecem informações qualitativas importantes dos objetos não lineares.
Tenha certeza de entender bem a prova de que o gráfico de toda função f : R → R na forma
f (x) = a x + b, com a, b ∈ R, é uma reta (pp. 14-15). Embora esta demonstração não seja difı́cil, ela
é muitas vezes ignorada nos livros didáticos, e este fato é apresentado como dado. Note que este fato
não é parte da definição de função afim, e sim, um teorema, que, como tal, deve ser demonstrado.
Preste bastante atenção também no significado do coeficiente angular a e sua interpretação geométrica.
Exercı́cios recomendados
Os exercı́cios propostos nesta Unidade apresentam diversas aplicações de funções afins, em situações
cotidianas, em outras áreas e na própria matemática. Além desses, sugerimos que você resolva os
exercı́cios a seguir.
(a) D = {(x, y) ∈ R2 | x y = 0}
(b) D = {(x, y) ∈ R2 | x y > 0}
(c) D = (x, y) ∈ R2 | x ≥ −3 ou y < 32
Abaixo, indicamos uma referência de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se apro-
fundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão cobrados
nas avaliações unificadas.
1
2 MA11 - Unidade 7
0 Produto Cartesiano
Um par ordenado p = (x, y) é formado por um objeto x, chamado
a primeira coordenada de p e um objeto y , chamado a segunda co-
quando x = y.
O produto cartesiano X × Y X e Y é o conjunto
de dois conjuntos
Y . Simbolicamente:
X × Y = {(x, y); x ∈ X, y ∈ Y }.
Se X = {x1 , . . . , xm } e Y = {y1 , . . . , yp } são conjuntos nitos
com m e p elementos respectivamente, então o produto cartesiano
mente.
Figura 1:
Figura 2:
primeira coordenada é x.
0 0
G2. Se p = (x, y) e p = (x, y ) são pares pertencentes a G com a
0 0
mesma primeira coordenada x então y = y (isto é, p = p ).
Grácos e Função Am 5
É claro que estas condições podem ser resumidas numa só, dizendo-
(x, y) ∈ G.
O produto cartesiano X ×Y acha-se intimamente ligado à ideia de
comum.
talvez abrir uma exceção para os lógicos, quando querem mostrar que
função?
1 O Plano Numérico R2
R2 = R × R é o exemplo mais importante de produto cartesiano pois,
geral.
Figura 3:
reais.
8 MA11 - Unidade 7
Figura 4:
ou seja:
p
d(P, Q) = (x − u)2 + (y − v)2 .
Em particular, a distância do ponto P = (x, y) à origem O = (0, 0) é
igual a
p
x2 + y 2 .
Exemplo 3. Se o centro de uma circunferência C A = (a, b)
é o ponto
(x − a)2 + (y − b)2 = r2
é a equação da circunferência de centro no ponto A = (a, b) e raio r.
10 MA11 - Unidade 7
Figura 5:
como fronteira. Não é errado usá-la com qualquer desses dois signi-
menos nos casos mais simples) como uma linha, formada pelos pontos
√
f (x) = 1 − x2 ,
Figura 6:
Com efeito,
√
(x, y) ∈ G ⇔ −1 6 x 6 1 e y = 1 − x2
⇔ −1 6 x 6 1, y > 0 e y 2 = 1 − x2
(1)
⇔ y > 0 e x2 + y 2 = 1
⇔ (x, y) ∈ C+ .
G = {(x, y) ∈ R2 ; xy = c}.
Figura 7:
Grácos e Função Am 13
2 A Função Am
Uma função f : R → R chama-se am quando existem constantes
f (x1 ) = ax1 + b
f (x2 ) = ax2 + b,
obtemos
intervalo de extremos x, x + h.
14 MA11 - Unidade 7
dois últimos tipos, pois negar (por exemplo) que uma função seja
P3 = (x3 , ax3 + b)
desse gráco são colineares. Para que isto ocorra, é necessário e su-
p
d(P1 , P2 ) = (x2 − x1 )2 + a2 (x2 − x1 )2
√
= (x2 − x1 ) 1 + a2 ,
√
d(P2 , P3 ) = (x3 − x2 ) 1 + a2
e
√
d(P1 , P3 ) = (x3 − x1 ) 1 + a2
Figura 8:
co é uma linha reta e como uma reta ca inteiramente determinada
inteiramente determinada.
a resolver o sistema
ax1 + b = y1
ax2 + b = y2 ,
y2 − y1 x2 y1 − x1 y2
a= , b= .
x2 − x1 x2 − x1
Grácos e Função Am 17
denominador na solução.]
y2 − y1
a= ,
x2 − x1
onde (x1 , y1 ) e (x2 , y2 ) são dois pontos distintos quaisquer de r, tem
r.
Estas interpretações nos levam a concluir imediatamente que a
equação da reta que passa pelos pontos (x1 , y1 ) e (x2 , y2 ), não situados
na mesma vertical é
18 MA11 - Unidade 7
y2 − y1
y = y1 + (x − x1 )
x2 − x1
ou
y2 − y1
y = y2 + (x − x2 ).
x2 − x1
(Os segundos membros destas equações são iguais!) A primeira equação
y = y0 + a(x − x0 ).
de f , o ângulo que ele faz com o eixo horizontal depende das unidades
que é o grau de uma função? Função não tem grau. O que possui
do segundo grau.
Exercícios
1. Quando dobra o percurso em uma corrida de táxi, o custo da nova
corrida original?
ao ponto assinalado.
Figura 9:
20 MA11 - Unidade 7
Celsius é a seguinte:
◦ ◦
N C
0 18
100 43
4. Uma caixa d'água de 1000 litros tem um furo no fundo por onde
escoa água a uma vazão constante. Ao meio dia de certo dia ela foi
pela metade?
utilizou?
Figura 10:
Grácos e Função Am 21
item anterior?
nalidade direta ou inversa entre grandezas. Para cada uma das leis
temperatura.
1 1
x=i− 2
e x=i+ 2
Figura 11:
Recomendações gerais
Em continuidade à Unidade anterior, agora passaremos a aprofundar nosso estudo sobre funções
lineares e funções afins. Na seção 1. A Função Linear (pp. 1-8), funções lineares são apresentadas
como modelos matemáticos para proporcionalidade (p. 1). Por incrı́vel que possa parecer, esta ligação
básica entre dois conceitos matemáticos tão importantes é, na maior parte das vezes, negligenciada nos
livros didáticos. O estudo de proporcionalidade e as funções lineares são, em geral, tratados em capı́tulos
separados, até mesmo em anos distintos, sem que nenhuma relação seja explicitamente apontada.
Como ocorre em muitas outras situações, a abordagem da noção de proporcionalidade representa
uma importante oportunidade para estabelecer relações entre diferentes campos da matemática, como
aritmética, geometria e funções. A compreensão inadequada da noção de proporcionalidade pode levar
à sua generalização indevida pelos alunos, considerando uma proporcionalidade qualquer situação em
que o crescimento da primeira implica no crescimento da segunda. Por exemplo, não é incomum a
afirmação de que “a área de um quadrado é proporcional ao seu lado”. É verdade que, quanto maior
for o lado de um quadrado, maior será a sua área; porém, isto não significa que estas grandezas sejam
proporcionais. De fato, se x ∈ R+ representa o lado de um quadrado, a área não pode ser expressa
por uma função f : R+ → R+ na forma f (x) = a x, com a ∈ R.
Procure refletir sobre esta questão ao estudar a primeira seção da Unidade. Na p. 2, observe como a
definição de proporção enunciada estabelece uma relação de dependência funcional entre as grandezas.
Certifique-se de entender bem as provas de que toda função com a propriedade de proporcionalidade
direta é da forma f (x) = a x, e de que toda função com a propriedade de proporcionalidade inversa é da
a
forma f (x) = (em que a = f (1), em ambos os casos). Na demonstração do Teorema Fundamental
x
da Proporcionalidade (pp. 4-5), atente para a importância da hipótese de monotonicidade para a
generalização do argumento no caso em que x é um número irracional.
Na seção 2. Caracterização da Função Afim (pp. 8-13), também são discutidos alguns aspectos
importantes e pouco explorados na escola. Em geral, funções afins são abordadas simplesmente com
base na sua expressão algébrica y = ax + b, mas pouca ênfase é dada à caracterização fundamental de
funções afins como aquelas em que acréscimos iguais na variável independente implicam em acréscimos
iguais na variável dependente (pp. 8-11). Esta caracterização permite que os alunos compreendam
mais claramente o comportamento qualitativo desta classe de funções. Além disso, é muito importante
a relação entre funções afins e progressões aritméticas, discutida nas pp. 11-13. Este é mais um
exemplo de conceitos que apresentam relações fundamentais entre si, mas que são apresentados de
forma estanque nos livros didáticos.
Na seção 3. Funções Poligonais, é apresentada uma classe de exemplos de funções que, embora
acessı́veis, são pouco exploradas no Ensino Médio.
Exercı́cios recomendados
Dentre os exercı́cios propostos para esta Unidade, recomendamos que você resolva prioritariamente
os seguintes. No ensino de funções, os problemas são, em geral, resolvidos por meio de processos
puramente algébricos, e representações gráficas têm pouca ênfase. Por isso, recomendamos que você
resolva o exercı́cio 9 com base no gráfico dado, sem obter a fórmula algébrica da função f . Repre-
sentações gráficas também podem ajudar a resolver os exercı́cios 10, 12, 13 e 14. Ao resolver o exercı́cio
11, procure refletir sobre erros comuns cometidos pelos alunos ao resolver este tipo de inequação. O
exercı́cio 22 explora a relação fundamental entre funções afins e progressões aritméticas. O exercı́cio
25 pode ajudar a compreender melhor esta relação. Além dos indicados acima, os exercı́cios 1 a 8 e 15
a 19 apresentam aplicações a situações concretas. Destes, recomendamos que resolva prioritariamente
os exercı́cios 7, 8, 15, 16, 17 e 18.
Abaixo, indicamos algumas referências de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
Função Linear
1 A Função Linear
A função linear, dada pela fórmula f (x) = ax, é o modelo matemático
para os problemas de proporcionalidade. A proporcionalidade é, pro-
Sem ir tão longe, vejamos como este assunto era tratado em nosso
país pelas gerações que nos antecederam. Para isto, vamos consultar
1
2 MA11 - Unidade 8
números reais, podemos traduzir o que está dito acima para nossa
f (1).
Fixaremos nossa atenção na proporcionalidade direta, que chamare-
está clara e, às vezes, nem mesmo tem relevância alguma para o pro-
Por acaso, tem-se a = sen B/ sen C mas este valor não signica muito
no caso.
Figura 1:
de constatar na prática).
logo
m
f (rx) = f (x) = r · f (x).
n
Seja a = f (1) . Como f (0) = f (0 · 0) = 0 · f (0) = 0, a monotoni-
riamente irracional) tal que f (x) 6= ax. Para xar ideias, admitamos
f (x) < ax. (O caso f (x) > ax seria tratado de modo análogo.) Temos
f (x)
< x.
a
Tomemos um número racional r tal que
f (x)
< r < x.
a
Então f (x) < ar < ax, ou seja, f (x) < f (r) < ax. Mas isto é absurdo,
pois f é crescente logo, como r < x, deveríamos ter f (r) < f (x).
dade precisa ser aplicado a grandezas (como área ou massa, por exem-
plo) cujas medidas são expressas apenas por números positivos. Então
dade continua válido, isto é, as armações (1+ ) , (2+ ) e (3+ ) são ainda
equivalentes. Isto se mostra introduzindo a função F : R → R, onde
F (0) = 0, F (x) = f (x) e F (−x) = −f (x) para todo x > 0. Cada uma
+ + +
das armações (1 ) , (2 ) e (3 ) para f equivale a uma das armações
Figura 2:
dá f (x) = lim f (rn ) = lim arn = ax. A razão pela qual optamos em
tão explícito.
quaisquer x1 e x2 .
Ele atravessou a rua. Do outro lado havia uma papelaria, onde
5x + 28
f (x) = ,
4
que dá o número do sapato de uma pessoa em função do comprimento
do seguinte
ϕ(h + k) = f (x + h + k) − f (x)
= f ((x + k) + h) − f (x + k) + f (x + k) − f (x)
= ϕ(h) + ϕ(k).
a x.
a posição inicial.
não depende de i:
h = x2 − x1 = x3 − x2 = · · · = xi+1 − xi = · · · .
am.
que g é linear.
3 Funções Poligonais
As funções poligonais surgem naturalmente, tanto na vida cotidiana
f (x) = |αx + β|
14 MA11 - Unidade 8
Figura 3:
ou
g(x) = |x − α| + |x − β|.
Figura 4:
Exercícios
1. Pessoas apressadas podem diminuir o tempo gasto em uma escada
percurso?
Se após toda essa atividade ainda cou com R$ 20,00, que quantia ele
tinha inicialmente?
de sapatos.
aposentaria?
fará prova nal. Sua média nal será então a média entre a nota da
prova nal, com peso 2 e a média das provas mensais, com peso 3.
viagem, cada um deles para por 10min e regressa, com a mesma ve-
no mesmo sentido que ele e com 23 trens que iam no sentido oposto ao
Figura 5:
a) g(x) = f (x) − 1
b) g(x) = f (x − 1)
c) g(x) = f (−x)
d) g(x) = 2f (x)
e) g(x) = f (2x)
f ) g(x) = |f (x)|
g) g(x) = f (|x|)
a) 2x + 3 − (x − 1) < x + 1
b) 2x + 3 − (x − 1) < x + 5
c) min{x + 1; 5 − x} > 2x − 3
d) min{x + 1; 5 − x} < 2x
e) min{2x − 1; 6 − x} = x
f ) 2|x + 1| − |1 − x| 6 x + 2
h) |x + 1 − |x − 1|| 6 2x − 1
1 1
< .
2x + 1 1−x
a) f (x) = min{4 − x; x + 1}
b) f (x) = |x + 1| − |x − 1|
a) |x| + |y| = 1
b) |x − y| = 1
prada.
prada.
função do rendimento.
18. O imposto de renda y pago por uma pessoa que, em 1995, teve
mente com a renda (isto é, não haja saltos ao se passar de uma faixa
5.000,00, qual será seu imposto adicional (supondo que este acréscimo
faixa de taxação (que azar ter recebido este dinheiro a mais!). Este
de 20 a 49 R$ 0,08
50 ou mais R$ 0,06
Função Linear 21
Figura 6:
Isto é, f tem dois patamares [a, c] e [d, b], onde assume, respecti-
α
f (x) = [(d − c) + |x − c| + |x − d|],
2
para todo x ∈ [a, b], onde
D
α=
d−c
é a inclinação da rampa.
pode ser expressa como uma soma de uma função constante (que pode
ser vista como uma função rampa de inclinação zero) com um número
Figura 7:
f (x) = A + α1 |x − a1 | + α2 |x − a2 | + · · · + αn |x − an |,
acima.
mostre que existe uma, e somente uma, função am f :R→R tal
rodado mais uma taxa de 100 reais xa. B cobra 80 centavos por
serem rodados.
é am. Por que isto não contradiz o fato provado no nal da seção 4
(pág. 102)?
Roteiro em construção
Este roteiro será substituído pelo roteiro real antes da entrada da semana no ar.
MA11 - Unidade 9
Função Quadrática
1 Denição e Preliminares
Uma função f : R → R chama-se quadrática quando existem números
2
reais a, b, c, com a 6= 0, tais que f (x) = ax + bx + c para todo x ∈ R.
1
2 MA11 - Unidade 9
a0 = b 0 .
A observação acima permite que se identique uma função qua-
jetiva.)
X 3 − 3X + 2 X4 + X3 − X2 + X − 2
e
X 2 − 2X + 1 X3 − X2 + X − 1
são expressões formalmente bem diferentes, que denem a mesma
x3 − 3x + 2 x4 + x3 − x2 + x − 2
= = x + 2.
x2 − 2x + 1 x3 − x2 + x − 1
Este exemplo serve para mostrar que, quando não se trata de
f (x) = ax2 + bx + c
sempre que não houver perigo de confundi-la com o número real f (x),
que é o valor por ela assumido no ponto x.
A m de que se tenha a = a , b = b0 e c = c 0 ,
0
não é necessário
ax2 + bx + c = a0 x2 + b0 x + c0
para todo x ∈ R . Basta supor que esta igualdade valha para três
2
αx1 + βx1 + γ = 0
(S) αx22 + βx2 + γ = 0
αx23 + βx3 + γ = 0
α(x1 + x2 ) + β = 0
α(x1 + x3 ) + β = 0
ax21 + bx1 + c = y1
ax22 + bx2 + c = y2
ax23 + bx3 + c = y3 .
Função Quadrática 5
sistema. Ela é
1 y3 − y1 y2 − y1
a= − .
x3 − x2 x3 − x1 x2 − x1
Podemos então armar o seguinte: dados três números reais dis-
f (x) = ax2 + bx + c
y3 − y1 y2 − y1
= .
x3 − x1 x2 − x1
Se olharmos para os pontos A = (x1 , y1 ), B = (x2 , y2 ) e C =
2
(x3 , y3 ) em R , a condição acima signica que as retas AC e AB têm
a mesma inclinação, isto é, que os pontos A, B e C são colineares.
6 MA11 - Unidade 9
Figura 1:
forma da equação
x1 y1 1
x2 y2 1 =0,
x3 y3 1
ou seja
y3 − y1 y2 − y1
(∗) = .
x3 − x1 x2 − x1
Como vimos, esta última igualdade exprime que as retas AB e AC
têm a mesma inclinação. Ela constitui um critério de colinearidade
que aquele adotado nos livros que nossos alunos usam, pois não requer
o conhecimento de determinantes.
igual a zero, isto quer dizer que dois dos pontos A, B , C têm a mesma
abcissa, logo estão sobre uma reta vertical. Basta então olhar para a
p.
Em termos geométricos, este problema pede que se determinem os
x2 − sx + p = 0.
p = x(s − x) = sx − x2 ,
logo
x2 − sx + p = 0.
Observe que se α é uma raiz desta equação, isto é, α2 − sα + p = 0,
então β =s−α também é raiz, pois
β 2 − sβ + p = (s − α)2 − s(s − α) + p =
= s2 − 2sα + α2 − s2 + sα + p =
= α2 − sα + p = 0.
1540 a 1603. Antes disso, o que se tinha era uma receita que ensinava
A regra para achar dois números cuja soma e cujo produto são
r r
s s 2 s s 2
x= + −p e s−x= − −p
2 2 2 2
para a equação x2 − sx + p = 0.
Os autores dos textos cuneiformes não deixaram registrado o ar-
tivas fornecidas por sua regra. Mas certamente deviam ocorrer casos
10 MA11 - Unidade 9
soma e cujo produto são ambos iguais a 2. Isto porém não os levou
equação do terceiro grau, que fornecia as raízes reais por meio de uma
número só; não são dois. Para não ter que acrescentar ao enunciado
h b ci
ax2 + bx + c = a x2 + x + .
a a
As duas primeiras parcelas dentro do colchete são as mesmas do desen-
b 2
volvimento do quadrado (x+ 2a ). Completando o quadrado, podemos
Função Quadrática 11
escrever:
h b b2 b2 ci
ax2 + bx + c = a x2 + 2 · ·x+ 2 − 2 +
2a 4a 4a a
ou:
h b 2 4ac − b2 i
ax2 + bx + c = a x+ + .
2a 4a2
Esta maneira de escrever o trinômio do segundo grau (chamada a
b 2 4ac − b2
ax2 + bx + c = 0 ⇔ (x + ) + =0 (1)
2a 4a2
b b2 − 4ac
⇔ (x + )2 = 2
(2)
2a √ 4a
b b2 − 4ac
⇔x+ =± (3)
2a √ 2a
−b ± b2 − 4ac
⇔x= . (4)
2a
A passagem da linha (2) para a linha (3) só tem sentido quando o
discriminante
∆ = b2 − 4ac
é > 0. Caso tenhamos ∆ < 0, a equivalência entre as linhas (1) e (2)
signica que a equação dada não possui solução real, pois o quadrado
ax2 + bx + c = 0
e
√
β = (−b + ∆)/2a,
com α < β, cuja soma é s = −b/a e cujo produto é
h b 2 4ac − b2 i
f (x) = ax2 + bx + c = a x + +
2a 4a2
exibe, no interior dos colchetes, uma soma de duas parcelas. A primeira
assumido por
f (x) = ax2 + bx + c
Função Quadrática 13
somente se,
b 2 0 b 2
x+ = x + .
2a 2a
0
Como estamos supondo x 6= x , isto signica que
0 b b
x + =− x+ ,
2a 2a
isto é
x + x0 b
=− .
2 2a
2
Portanto, a função quadrática f (x) = ax +bx+c assume o mesmo
0 0 0
valor f (x) = f (x ) para x 6= x se, e somente se, os pontos x e x são
equidistantes de −b/2a.
igualmente de F e de d.
Figura 2:
Função Quadrática 15
p
x2 + (x2 − 1/4)2 .
Figura 3:
entre estas duas distâncias, basta ver que seus quadrados são iguais.
E, de fato, tem-se
y = −1/4a.
A m de se convencer deste fato, basta vericar que, para todo
x ∈ R, vale a igualdade
1 2 2 1 2
x2 + ax2 − = ax + ,
4a 4a
onde o primeiro membro é o quadrado da distância do ponto genérico
y = −1/4a.
Figura 4:
Função Quadrática 17
Figura 5:
h 1 i2 h 1 i2
(x − m)2 + a(x − m)2 − = a(x − m)2 +
4a 4a
Figura 6:
quadrática
f (x) = ax2 + bx + c
é uma parábola, cuja diretriz é a reta horizontal
4ac − b2 − 1
y=
4a
e cujo foco é o ponto
b 4ac − b2 + 1
F = − , .
2a 4a
Função Quadrática 19
ax2 + bx + c
nos dá
onde
O ponto do gráco de
f (x) = ax2 + bx + c
f (x) atinge seu valor mínimo quando a > 0 e seu valor máximo quando
a < 0. Ainda quando x = −b/2a, o ponto (x, f (x)) é o vértice da
parábola que constitui o gráco de f (x).
a função quadrática
f (x) = ax2 + bx + c
f (x) = ax2 + bx + c
20 MA11 - Unidade 9
ax2 + bx + c = 0.
Figura 7:
Figura 8:
Figura 9:
22 MA11 - Unidade 9
f (x) = ax2 + bx + c.
Sabemos que seu gráco é uma parábola, cujo vértice tem abcissa igual
Figura 10:
tical (x, y) 7→ (x, y − k), obtendo uma nova parábola, cujo vértice
Função Quadrática 23
Figura 11:
f (x) = ax2 + bx + c
ϕ(x) = −ax2 + bx + c
Figura 12:
Se a0 = ±a então
Podemos resumir a discussão acima enunciando:
Para mostrar isto, pelo que vimos acima, basta considerar as funções
Figura 13:
o mesmo (semi-) eixo são como dois ângulos que têm o mesmo vértice
isto é, se coincidirem.
5 Exercícios
1. Encontre a função quadrática cujo gráco é dado em cada gura
abaixo:
26 MA11 - Unidade 9
Figura 14:
Figura 15:
a) f (x) = x2 − 8x + 23
b) f (x) = 8x − 2x2
Figura 16:
Figura 17:
a) [1, 4]
b) [6, 10]
a) Mostre que
x + x f (x ) + f (x )
1 2 1 2
f < .
2 2
b) Mais geralmente, mostre que se 0 < α < 1, então
Volta Tempo(s)
100 555
200 1176
300 1863
400 2616
Recomendações gerais
Os exercı́cios propostos nesta seção exploram outras aplicações e interpretações de funções quadráticas.
Além destes, propomos os seguintes exercı́cios extras.
1. Nesta seção, reta tangente a uma parábola em um ponto P é definida como uma reta satisfazendo
duas condições: (i) tem em comum com a parábola esse único ponto P ; (ii) é tal que todos os
demais pontos da parábola estão do mesmo lado dessa reta.
(a) Para que a reta tangente à parábola em P fique bem definida, seria suficiente exigirmos
apenas a condição (i)? Ou a condição (ii) é de fato necessária? Justifique sua resposta.
(b) Esta definição poderia ser generalizada diretamente para outros tipos de curvas planas,
como por exemplo gráficos de funções f : R → R? Justifique sua resposta.
3. Você consegue ver alguma relação entre a aplicação das funções quadráticas à fı́sica feita na seção
2, e a caracterização de funções quadráticas por meio de progressões aritméticas estabelecida na
seção 3? Justifique sua resposta.
Abaixo, indicamos uma referência de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se apro-
fundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão cobrados
nas avaliações unificadas.
Funções Quadráticas
1
2 MA11 - Unidade 10
Figura 1:
Funções Quadráticas 3
Figura 2:
Figura 3:
Funções Quadráticas 5
x 6=x0
⇓
2
ax + bx + c − [ax20 + bx0 + c + (2ax0 + b)(x − x0 )] =
= a(x−x0 )2 > 0
Isto mostra que a reta de inclinação 2ax0 + b que passa pelo ponto
(x0 , y0 ), com y0 = f (x0 ) tem este único ponto em comum com a pa-
rábola que é o gráco de f e que todos os pontos da parábola estão
acima dessa reta. Logo esta reta é tangente à parábola neste ponto.
Quando a > 0, a parábola se situa acima de qualquer de suas tan-
gentes, conforme acabamos de ver. Se for a < 0 então a parábola se
situa abaixo de todas as suas tangentes.
Observação: Todas as retas paralelas ao eixo de uma parábola têm
f (x) = ax2 + bx + c,
Figura 4:
Figura 5:
Figura 6:
Figura 7:
na sequência
1, 4, 9, 16, . . . , n2 , n2 + 2n + 1, . . . ,
x1 , x2 , x3 , x4 , . . .
y1 , y2 , y3 , y4 , . . .
d1 = y2 − y1 , d2 = y3 − y2 , d3 = y4 − y3 , . . .
Figura 8:
y2 − y1 , y3 − y2 , . . . , yn+1 − yn , . . .
yn+1 − yn = d + (n − 1)r,
para todo n ∈ N.
Esta igualdade é igualmente verdadeira quando n = 0, o que nos
16 MA11 - Unidade 10
permite escrever
(n − 1)(n − 2)
yn = (n − 1)d + r + y1 ;
2
r 3r
= n2 + (d − )n + r − d + y1 ;
2 2
2
= an + bn + c,
4 Exercícios
Os exercícios a seguir dizem respeito também à Unidade 9.
elas são concorrentes duas a duas e três retas nunca têm um ponto
comum. Seja Rn o número máximo de regiões determinadas por n
retas do plano.
a) Quando se adiciona mais uma reta na posição geral a um con-
junto de n retas em posição geral, quantas novas regiões são
criadas?
Figura 9:
d(x) = (x − x1 )2 + (x − x2 )2 + · · · + (x − xn )2 .
Figura 10:
Figura 11:
Exercı́cios recomendados
Nesta Unidade, faremos apenas exercı́cios de revisão sobre os conteúdos de funções quadráticas
estudados nas duas Unidades anteriores. A maior parte dos exercı́cios (1 a 7, 12 a 14, 17 a 22) aborda
problemas de máximos e mı́nimos e outras situações concretas que podem ser resolvidos por meio
de funções quadráticas. Os exercı́cios de 8 a 11 envolvem a articulação de representações gráficas e
algébricas para funções quadráticas. Os exercı́cios 15 e 16 envolvem a interpretação gráfica da função
raı́z quadrada a partir do gráfico de funções quadráticas. O exercı́cio 23 apresenta uma importante
caracterização das funções quadráticas. Em particular, recomendamos especial atenção para a relação
entre esta caracterização e aquela apresentada na seção 3 da Unidade anterior. Finalmente, o exercı́cio
24 trata de outras importantes propriedades geométricas dos gráficos de funções quadráticas.
Abaixo, indicamos algumas referências de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
Funções Quadráticas
Problemas
Q?
2. Se x e y são reais tais que 3x + 4y = 12, determine o valor mínimo
de z = x2 + y 2 .
3. Um avião de 100 lugares foi fretado para uma excursão. A compan-
hia exigiu de cada passageiro R$ 800,00 mais R$ 10,00 por cada lugar
1
2 MA11 - Unidade 11
máxima?
4. João tem uma fábrica de sorvetes. Ele vende, em média, 300 caixas
ele deveria cobrar pela caixa para que sua receita fosse máxima?
Matemática?
9,00, em média 300 pessoas assistem aos concertos e que, para cada
espectadores. Qual deve ser o preço do ingresso para que a receita seja
máxima?
reais o quilo. Uma pesquisa de opinião revelou que, por cada real de
Funções Quadráticas - Problemas 3
médio de 500g cada. Qual deve ser o valor do quilo de comida para
por metro quadrado, mais uma taxa xa de 2.500 reais. A prefeitura
dio. Quais devem ser as medidas dos lados para que o imposto seja
15. Que forma tem o gráco da função f : [0, +∞) → R, dada por
√
f (x) = x?
√
16. Mostre que a equaçãox + m = x possui uma raiz se m > 0,
1
duas raízes quando − < m 6 0, uma raiz para m = −1/4 e nenhuma
4
raiz caso m < −1/4.
do cercado, mais uma taxa xa de 200 reais para administração. Por
150 para B.
18. Dados a, b, c positivos, determinar x e y tais que xy = c e que
seja mínimo.
20. Dois empresários formam uma sociedade cujo capital é de 100 mil
21. Nas águas paradas de um lago, Marcelo rema seu barco a 12km
por hora. Num certo rio, com o mesmo barco e as mesmas remadas,
22. Os alunos de uma turma zeram uma coleta para juntar 405 reais,
não-constante.
ele parece uma parábola. Se for, quais serão o foco e a diretriz? Por
simetria, o foco deve ser F = (0, t) e a diretriz deve ser a reta y = −t.
Use a denição de parábola para mostrar que t = 1/4.
MA 11 - Unidade 12
Funções Polinomiais
Semana de 23/05 a 29/05
Recomendações gerais
Dando prosseguimento às últimas unidades, daremos continuidade ao estudo de algumas idéias
sobre funções afins e quadráticas, enfocando agora funções polinomiais em geral.
Um primeiro resultado importante, apresentado na seção 1. Funções Polinomiais vs Polinômios
(pp. 1-5), é o fato de que um número real α é raiz de uma função polinomial p : R → R se, e
somente se, x − α é fator de p(x) (p. 2). Este resultado, que relaciona raı́zes com fatoração, fornece
uma ferramenta importante – e muito utilizada – para determinar raı́zes: se conseguimos determinar,
de alguma maneira (seja por algum método algébrico ou por inspeção) uma raı́z de um polinômio p,
podemos fatorar p em polinômios de grau menor, o que pode facilitar a tarefa de encontrar outras
raı́zes. Decorre também deste resultado o fato de que um polinômio de grau n com coeficientes reais
tem, no máximo, n raı́zes. Do ponto de vista do ensino, essas propriedades têm grande importância.
De forma geral, na abordagem de polinômios no ensino básico, certas técnicas particulares têm recebido
muito mais ênfase que aspectos mais conceituais e qualitativos, como a aplicação da fatoração para a
determinação de raı́zes e a análise de sinais, o que possibilita o estudo de gráficos em casos simples
(veja exercı́cio extra 1, a seguir).
Ainda na seção 1, observe o comentário sobre a relação entre funções polinomiais e polinômios (pp.
3-5), já discutida na Roteiro 09 (p. 1 e exercı́cio extra 1). Para entender a necessidade desse comentário,
é importante lembrar que, a princı́pio, funções polinomiais e polinômios são objetos matemáticos de
naturezas diferentes. Funções polinomiais são, antes de mais nada, funções, portanto a igualdade entre
funções polinomiais (com mesmos domı́nio e contradomı́nio) é determinada pela igualdade de seus
valores em cada elemento do domı́nio. Por outro lado, polinômios são expressões formais e, portanto,
sua igualdade é determinada pela igualdade de seus coeficientes. É claro que um polinômio não pode
gerar duas funções polinomiais diferentes. No caso de R, vale a recı́proca: uma função polinomial não
pode ser gerada por polinômios diferentes (fato que pode não ser verdadeiro em outros corpos – ver
exercı́cio extra 1 do Roteiro 09). Assim, há uma correspondência biunı́voca entre funções polinomiais
reais e polinômios reais e não há necessidade de fazer essa distinção.
A seção 2. Determinando um Polinômio a parir de seus Valores (pp. 5-7) também trata
de um fato já abordado na Unidade 09 para o caso particular de funções quadráticas: dados n + 1
números reais x0 , . . . , xn , dois a dois distintos, e n + 1 números reais y0 , . . . , yn , quaisquer, existe um
único polinômio p, de grau ≤ n, tal que p(xk ) = yk , ∀ k = 0, . . . , n. A unicidade de tal polinômio
decorre do fato de que um polinômio de grau n só pode ter no máximo n raı́zes. Para a existência, são
apresentados dois argumentos. O primeiro deles se baseia na análise das soluções de um sistema linear
(p. 6). Nesse sistema, observe que os números x0 , . . . , xn e y0 , . . . , yn são conhecidos e os coeficientes
a0 , . . . , an são as incógnitas.
Na seção 3. Gráficos de Polinômios (pp. 7-11), são apresentados alguns fatos importantes
envolvendo o comportamento assintótico de funções polinomiais (pp. 7-9), isto é, seu comportamento
quando x tende a ±∞. Essencialmente, podemos dizer que o comportamento assintótico de uma
função polinomial é determinado pelo seu termo de maior grau, pois para |x| suficientemente grande
os demais termos tornam-se desprezı́veis (veja exercı́cio extra 4, a seguir). Para resolver esse exercı́cio,
você deverá usar o fato de que lim xn = +∞.
x→+∞
Ainda na seção 3, é apresentado o método de Newton (pp. 10-11), que é um método numérico
para cálculo de raı́zes, isto é, um método de cálculo de valores aproximados de raı́zes. Para o ensino
médio, o método de Newton pode não ser adequado, pois envolve o conceito de derivada. Entretanto,
o cálculo aproximado de raı́zes de polinômios pode ser desenvolvido por meio de métodos mais simples.
Por exemplo, o método da bisseção é acessı́vel ao ensino médio, com a ajuda de uma calculadora de
bolso simples, como descrevemos a seguir. Se encontramos dois números x1 e x2 tais que p(x1 ) e p(x2 )
possuem sinais distintos, digamos p(x1 ) < 0 e p(x2 ) > 0, podemos ter certeza de que existe (pelo
menos) uma raiz de p no intervalo ]x1 , x2 [. Tomamos então um número qualquer x3 nesse intervalo.
Se p(x3 ) = 0, temos a sorte de ter encontrado nossa raiz. Se p(x3 ) > 0, existe (pelo menos) uma raiz
no intervalo ]x1 , x3 [. Se p(x3 ) < 0, existe (pelo menos) uma raiz no intervalo ]x3 , x2 [. Podemos assim
continuar o processo indefinidamente. O cálculo aproximado de raı́zes é importante e acessı́vel para
aprofundar a idéia de raiz no ensino médio, complementando e ampliando os métodos convencionais,
que muitas vezes são memorizados sem compreensão adequada.
Exercı́cios recomendados
Recomendamos que você resolva atentamente todos os exercı́cios desta seção, que envolvem idéias
fundamentais sobre funções polinomiais. Os exercı́cios 1 e 2 tratam do algoritmo da divisão de
polinômios, que é uma ferramenta importante para a fatoração quando encontramos uma raiz. Os
exercı́cios 3 e 4 abordam o conceito de multiplicidade. Os exercı́cios 8 e 9 envolvem cálculo aproxi-
mado de raı́zes.
Além destes, propomos os seguintes exercı́cios extras.
1. Para cada um dos ı́tens a seguir, use a fatoração do polinômio p dado para responder as seguintes
questões. (i) Determine todas as raı́zes reais de p. (ii) Determine os intervalos em que p(x) > 0
e aqueles em que p(x) < 0. (iii) Qual é o número de pontos de máximo local e de mı́nimo local
que p possui? Justifique sua resposta. (iv) É possı́vel ter certeza do número exato de pontos
de máximo local e de mı́nimo local, e da localização exata desses pontos, apenas com base na
análise algébrica da fatoração dos polinômios? Justifique sua resposta.
(a) p(x) = x3 − 4 x
(b) p(x) = x3 + x2 − x − 1
(c) p(x) = x4 − 2 x2
(d) p(x) = x4 − 1
2. Na seção 2, prova-se que, dados n + 1 pontos no plano, com abscissas duas a duas distintas,
existe uma única função polinomial, com grau ≤ n, cujo gráfico contém esses pontos (p. 5).
Explique por que só podemos concluir que essa função polinomial tem grau ≤ n, e não grau = n.
Use esta expressão para provar os seguintes fatos (afirmados nas pp. 7-8):
(a) Se o grau de n é par, então, ∃ M > 0 tal que p(x) tem o mesmo sinal de an , ∀ x com
|x| ≥ M .
(b) Se o grau de n é ı́mpar, então, ∃ M > 0 tal que p(x) tem o mesmo sinal de an , ∀ x > M
e o sinal oposto de an , ∀ x < −M .
(c) lim p(x) = lim an xn e lim p(x) = lim an xn . Em particular, os limites no infinito
x→+∞ x→+∞ x→−∞ x→−∞
de qualquer função polinomial são infinitos.
Abaixo, indicamos uma referência para estudo futuro, para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
Funções Polinomiais
1
2 MA11 - Unidade 12
Daí resulta que uma função polinomial de grau n não pode ter mais
do que n raízes.
Uma função polinomial p chama-se identicamente nula quando se
raízes. (Todo número real é raiz de p.) Então nenhum número natural
p(x) = an xn + · · · + a1 x + a0 .
Funções Polinomiais 3
0xn + 0xn−1 + · · · + 0x + 0.
camente nula não tem grau, pois nenhum dos seus coecientes é 6= 0.
Dadas as funções polinomiais p e q , completando com zeros (se ne-
cessário) os coecientes que faltam, podemos escrevê-las sob as formas
p(x) = an xn + · · · + a1 x + a0
q(x) = bn xn + · · · + b1 x + b0 ,
sem que isto signique que ambas têm grau n, pois não estamos
an = bn , . . . , a1 = b1 , a0 = b0 .
apresentaremos agora.
p(X) = an X n + · · · + a1 X + a0
q(X) = bn X n + · · · + b1 X + b0
são iguais (ou idênticos ) quando a0 = b0 , a1 = b1 , . . . , an = bn .
A cada polinômio
p(X) = an X n + · · · + a1 X + a0
faz-se corresponder a função polinomial p : R → R, denida por
n
p(x) = an x + · · · + a1 x + a0 , para todo x ∈ R. Esta correspon-
não houver perigo de confundi-la com número real que é o valor por
indicado:
an xn0 + · · · + a1 x0 + a0 = y0
an xn1 + · · · + a1 x1 + a0 = y1
.
.
.
an xnn + · · · + a1 xn + a0 = yn .
p(x) = x3 − 2x2 + 5x + 1,
não tem grau. Exceções como esta, e como várias outras que ocorrem
3 Grácos de Polinômios
Quando se deseja traçar, ao menos aproximadamente, o gráco de
Sejap(x) = an xn + · · · + a1 x + a0 , com a 6= 0.
Se n é par então, para |x| sucientemente grande, p(x) tem o
gundo, terceiro e quarto graus. Em cada caso, pode-se dizer logo qual
Figura 1:
página).
se p(x1 ) < 0 e p(x2 ) > 0 então p deve possuir uma raiz entre x1 e x2 .
ao menos uma raiz real.) Mas como se localiza alguma dessas raízes?
Figura 2:
verdade, essas fórmulas têm pouco mais do que mero valor teórico; são
p(xn )
xn+1 = xn − ,
p0 (xn )
1 a
xn+1 = xn + .
2 xn
p(x) = an xn + · · · + a0
para achar raízes reais de uma equação algébrica. Para isso, con-
enquanto que p(2) = 13 é positivo, logo deve haver uma raiz real de
p(x0 ) 13
x 1 = x0 − = 2 − = 1, 783.
p0 (x0 ) 60
p(x1 ) 3, 124
x2 = x1 − 0 = 1, 783 − = 1, 687.
p (x1 ) 32, 703
p(x2 ) 0, 434
x3 = x2 − 0 = 1, 687 − = 1, 667.
p (x2 ) 23, 627
110. E para exercitar-se em contas, notando que p(0) > 0 e p(1) < 0,
5 2
pode procurar a raiz de p(x) = x − 5x + 1 localizada entre 0 e 1.
Exercícios
que existe ura polinômio q(x) tal que gr [P (x) − p(x)q(x)] <
P (x). gr
e r(x) tais que P (x) = p(x)q(x) + r(x), com gr r(x) < gr p(x). Os
polinômios q(x) e r(x), tais que P (x) = p(x)q(x) + r(x) com gr r(x) <
para todo x ∈ R.
ou uma raiz dupla.) Prove que α é uma raiz simples de p(x) se, e
0
somente se, tem-se p(α) = 0 e p (α) 6= 0. Prove também que α é uma
0 00
raiz dupla de p(x) se, e somente se, p(α) = p (α) = 0 e p (α) 6= 0.
Generalize.
simples de p0 (x).
5. Determine o polinômio p(x) de menor grau possível tal que p(1) =
2, p(2) = 1, p(3) = 4 e p(4) = 3.
6. Seja p(x) um polinômio cujo grau n é um número ímpar. Mostre
que existem números reais x1 , x2 tais que p(x1 ) < 0 e p(x2 ) > 0.
Conclua daí que todo polinômio de grau ímpar admite pelo menos
1 5
xn−1 = xn +
2 xn
√
para calcular 5 com três algarismos decimais exatos. (Por exemplo:
√
sabemos que 1,414 é uma aproximação de 2 com três algarismos
2 2
decimais exatos porque 1, 414 < 2 < 1, 415 .)
9. Usando o método de Newton, estabeleça um processo iterativo para
√ √
3
calcular
3
a e aplique-o a m de obter um valor aproximado de 2.
MA 11 - Unidade 13
Função Exponencial
Semana de 23/05 a 29/05
Recomendações gerais
Nesta Unidade, daremos inı́cio ao estudo de funções exponenciais, que será aprofundado nas
Unidades seguintes. Na Introdução (pp. 1-4), é iniciada a discussão sobre a caracterização da função
exponencial a partir de sua variação. Como já foi discutido na Unidade 08, as funções afins podem
ser caracterizadas como aquelas para as quais a variação da variável dependente depende somente da
variação da variável independente. Assim, dada f : R → R, temos que f é afim se, e somente se,
existe a ∈ R tal que f (x + h) − f (x) = a h para qualquer variação h da variável x. Dizemos que
esta é uma caracterização das funções afins, pois todas as funções afins, e nenhuma outra, têm essa
propriedade.
Nesta primeira seção, começamos a discutir uma caracterização para a função exponencial com base
na idéia de variação: para cada variação da variável independente h fixada, a variação correspondente
da variável dependente f (x + h) − f (x) é proporcional ao valor da própria variável dependente f (x),
sendo a constante de proporcionalidade dependente de h. Equivalentemente, podemos dizer que a razão
f (x + h)
depende apenas de h, e não de x. Uma importante consequência para o cálculo infinitesimal é
f (x)
que as funções exponenciais são aquelas para as quais a taxa de variação instantânea (isto é, a derivada)
é proporcional ao valor da própria função. Essas propriedades podem ser percebidas intuitivamente em
situações em que uma grandeza varia em função do tempo de tal forma que o acréscimo sofrido a
partir de um determinado instante é proporcional ao valor da própria grandeza naquele instante – este
é o caso, por exemplo, dos juros compostos e do decaimento radioativo, tratados nesta seção. As
demonstrações para essas propriedades serão dadas nas próximas Unidades.
Na seção 2. Potências de Expoente Racional (pp. 4-10), discute-se a extensão da definição de
exponenciação com expoente natural, que se baseia na idéia de “multiplicação de fatores repetidos”,
para expoentes inteiros (p. 7), em primeiro lugar, e depois expoentes racionais (p. 8). Evidentemente,
a definição de exponenciação com base na idéia de multiplicação de fatores repetidos não pode ser
generalizada nem para expoentes inteiros, nem para expoentes racionais. Em ambos os casos, as
definições generalizadas são as únicas possı́veis, de modo a preservar as propriedades fundamentais da
exponenciação. Certifique-se de entender as demonstrações para os fatos de que an tende a +∞, se
a > 1, e a 0, se 0 < a < 1 (pp. 6-7). Observe que lim an = +∞ se a > 1 não é consequência
n→+∞
imediata do fato de an ser estritamente crescente neste caso (como mostra o exemplo dado na p. 5).
No final da seção 2, é demonstrado um Lema (p. 9-10) que será importante para a extensão da
exponencial para expoentes reais, que será discutida na próxima Unidade. Observe que as extensões
da exponenciação de N para Z e de Z para Q baseiam-se em propriedades algébricas. Entretanto, a
extensão de Q para R envolve necessariamente alguma idéia de continuidade ou convergência, o que
torna este passo conceitualmente mais delicado.
Exercı́cios recomendados
1
1. Como você explicaria a um aluno no Ensino Fundamental que a0 = 1? E que a−n = ?
an
1 √ m √
2. Como você explicaria a um aluno no Ensino Fundamental que a 2 = a ? E que a n = m an =
√ n
( m a) ?
Abaixo, indicamos uma referência para estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
Função Exponencial
1 Introdução
Vimos no Capítulo 5 que se f : R → R é uma função am então o
acréscimo f (x + h) − f (x), sofrido por f quando se passa de x para
período o valor f (x). Constatou-se ali que f (x) é uma função linear
1
2 MA11 - Unidade 13
de x.
Neste capítulo, consideraremos uma quantia c0 , aplicada a juros
renda.
Isto quer dizer que o tempo h necessário para que um capital seja
Função Exponencial 3
deve ser uma função crescente c(t) tal que o acréscimo relativo [c(t +
h) − c(t)]/c(t) dependa apenas de h mas não de t.
tempo que leva um grama da mesma substância para ter sua metade
desintegrada.
horas.
naquela ocasião.
mas somente de h.
Mostraremos neste capítulo que as únicas funções com essas pro-
priedades são as do tipo m(t) = b.at (com 0 < a < 1). Os exemplos que
expoente racional.
am · an = am+n
Função Exponencial 5
Além disso,
Um exemplo disso é
1 2 3 n
, , ,..., ,...
2 3 4 n+1
onde se tem
n
<1
n+1
para todo n ∈ N.
Entretanto, se a > 1, a sequência formada pelas potências an ,
mente, escrevemos
lim an = ∞
n→∞
b > 1. Logo, pelo que acabamos de ver, podemos achar n ∈ N tal que
Função Exponencial 7
1 1
bn > 1/c, ou seja,
an
> c
, donde an < c.
Este resultado signica que limn→∞ an = 0 quando 0 < a < 1.
(A expressão limn→∞ an = 0 lê-se o limite de an , quando n tende ao
n∈Z é um número inteiro, que pode ser negativo ou zero. Isto deve
ser feito de modo que seja mantida a regra fundamental am ·an = am+n .
Em primeiro lugar, qual deve ser o valor de a0 ?
1
a−n · an = a−n+n = a0 = 1, logo a−n =
an
Assim, se quisermos estender o conceito de potência do número
a igualdade fundamental
f (m + n) = f (m) − f (n),
n ∈ Z.
r
Prosseguindo, vejamos que sentido pode ser dado à potência a
11n não pode ter esta forma. Logo o número real positivo 11 não
r +
pertence à imagem da função r 7→ 10 , de Q em R .
β − α n
α < β < aM e 1<a< 1+ M
a
Da última relação decorrem sucessivamente
β−α
1 < a1/n < 1 + e 0 < aM (a1/n − 1) < β − α.
aM
Logo
m m 1 m+1 m
6 M ⇒ 0 < a n (a n − 1) < β − α ⇔ 0 < a n − a n < β − α.
n
Assim, as potências
a0 = 1, a1/n , a2/n , · · · , aM
10 MA11 - Unidade 13
[α, β].
MA 11 - Unidade 14
Função Exponencial
Semana de 30/05 a 05/06
Recomendações gerais
Nesta Unidade, continuamos o estudo de funções exponenciais, iniciado na unidade anterior, onde
foi apresentada a definição da exponenciação apenas para expoentes racionais. Na seção 1. A Função
Exponencial (pp. 1-6), é discutida a sua extensão para expoentes reais, necessária para que possamos
definir a função exponencial com domı́nio em R. Fazer essa extensão significa que, para a > 0 fixado,
devemos definir uma função f , com domı́nio em R, que satisfaça as propriedades fundamentais 1, 2 e
3, enunciadas na p. 1, para todo x ∈ R.
Em primeiro lugar, observamos que tal função será estritamente positiva (p. 2). Portanto, pode-
remos definir f : R → R+ . Além disso, para r ∈ Q, a função coincidirá com a exponenciação ar , já
definida (p. 2). Por outro lado, fixado a > 1 (o caso 0 < a < 1 é análogo), graças à monotonicidade
da exponencial em Q, temos que, dado x irracional, existe um único número real y com a seguinte
propriedade:
De fato, se existissem dois números reais distintos A < B com esta propriedade, concluirı́amos que
ar < A < B ∀ r ∈ Q, r < x, e que A < B < as ∀ s ∈ Q, s > x. Isto é, não existiria nenhuma potência
ar , com r ∈ Q no intervalo [A, B], contradizendo o lema da seção anterior. Portanto, definimos o
único número real y com a propriedade acima como sendo o valor da função f em x. Assim, fica bem
definida a função f que satisfaz as propriedades 1, 2 e 3. A partir daı́, podemos estabelecer as outras
propriedades importantes da função exponencial f : R → R+ (pp. 3-5): continuidade, injetividade,
sobrejetividade, limites em ±∞.
Com relação ao gráfico da função exponencial (pp. 5-6), recomendamos particular atenção à
comparação entre funções exponenciais e polinomiais: o crescimento exponencial, quando a > 1,
supera o de qualquer polinômio. No Ensino Médio, gráficos de funções exponenciais são muitas vezes
traçados de forma displicente, como se fossem arcos de parábola. Entretanto, é importante observar
que o crescimento exponencial é qualitativamente bastante diferente do crescimento polinomial. Para
entender bem esta diferença qualitativa, releia a discussão sobre variação da função exponencial na
unidade anterior: o crescimento exponencial se caracteriza pelo fato de que a variação da variável
dependente é proporcional ao seu próprio valor.
Na seção 2. Caracterização da Função Exponencial (p. 6-9), são demonstradas duas formas
de caracterizar este tipo de função. A primeira diz respeito a suas propriedades algébricas, e segunda
envolve a idéia de variação. Ao ler essas demonstrações, preste atenção à importância da hipótese
de monotonicidade (que pode ser substituı́da por continuidade) e do lema de densidade provado na
unidade anterior.
Exercı́cios recomendados
1. Como vimos nesta unidade, a definição da função exponencial real envolve uma noção de con-
vergência, ou de continuidade. Evidentemente, estes conceitos não são adequados para o Ensino
Médio. Entretanto, podemos introduzir uma idéia intuitiva do significado de ax , com x irracional,
com base em uma noção de aproximação, com o apoio da calculadora ou do computador. Elabore
uma atividade para explicar aos seus alunos no Ensino Médio o significado de 2π (por exemplo).
2. Esboce os gráficos das funções f : R → R abaixo (sem usar técnicas de cálculo diferencial).
2
(a) f (x) = 2x
2
(b) f (x) = 2−x
2
(c) f (x) = 21−x
1
(d) f (x) = 2 x
Indicamos abaixo uma referência para estudo futuro para aqueles que se interessarem em se apro-
fundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão cobrados
nas avaliações unificadas.
Função Exponencial
1 A Função Exponencial
Seja a um número real positivo, que suporemos sempre diferente de 1.
A função exponencial de base a, f : R → R+ , indicada pela notação
f (x) = ax , deve ser denida de modo a ter as seguintes propriedades,
para quaisquer x, y ∈ R:
1) ax .ay = ax+y ;
2) a1 = a;
1
2 MA11 - Unidade 14
e
x < y ⇒ ax < ay ,
portanto x 6= y ⇒ ax 6= ay .)
Tem-se ainda
lim ax = +∞ se a > 1,
x→+∞
lim ax = 0 se a > 1 e
x→−∞
Figura 1:
Figura 2:
Recomendações gerais
Nesta unidade, concluı́mos o estudo das funções exponenciais, e nos preparamos para começar a
estudar as funções logaritmicas.
Na seção 1. Funções Exponenciais e Progressões (pp. 1-3), são exploradas as importantes
relações entre funções exponenciais e progressões aritméticas e geométricas – muitas vezes negligen-
ciadas no Ensino Médio. Em primeiro lugar, observamos que uma progressão geométrica nada mais
é do que uma função exponencial discreta, isto é, uma função exponencial cujo domı́nio é N, em vez
de R. Observamos ainda que as funções exponenciais reais podem ser caracterizadas como aquelas
que transformam progressões aritméticas em progressões geométricas. Isto é, todas as funções ex-
ponenciais têm essa propriedade, todas as funções com esta propriedade são exponenciais. Assim, as
funções exponenciais caracterizam-se pelo fato de que, cada vez que somamos uma constante à variável
independente, a variável dependente é multiplicada por uma constante; ou seja, saltos aditivos no eixo
horizontal correspondem a saltos multiplicativos no eixo vertical. Esta importante propriedade também
pode ajudar a entender (e a explicar para os alunos no Ensino Médio) a variação global das funções
exponenciais e, consequentemente, o comportamento qualitativo de seus gráficos (comentado no final
do Roteiro anterior).
Na seção 2. Função Inversa (pp. 3-6), apresentamos a definição de função inversa e discutimos
condições para a sua existência. Essencialmente, dada uma função f : X → Y , para que exista a
função inversa f −1 : Y → X, duas condições são necessárias:
2. Cada elemento de Y não pode estar associado por f −1 a mais de um elemento de X. Isto é,
não pode haver elementos distintos do domı́nio de f cujas imagens sejam as mesmas. Portanto,
f precisa ser injetiva.
Concluı́mos desta forma que uma função é invertı́vel se, e somente se, é bijetiva.
Exercı́cios recomendados
(a) Dê um exemplo de uma função f : X → Y sobrejetiva que não seja injetiva. Verifique que
existe uma função g : Y → X tal que f ◦ g = IY . Esta função é a função inversa de f ?
Justifique a sua resposta.
(b) Dê um exemplo de uma função f : X → Y injetiva que não seja sobrejetiva. Verifique que
existe uma função g : Y → X tal que g ◦ f = IX . Esta função é a função inversa de f ?
Justifique a sua resposta.
(a) Mostre que existe uma g : Y → X tal que f ◦ g = IY se, e somente se f é sobrejetiva.
Podemos garantir que esta função é a função inversa de f ? Justifique a sua resposta.
(b) Mostre que existe uma g : Y → X tal que g ◦ f = IX se, e somente se f é injetiva.
Podemos garantir que esta função é a função inversa de f ? Justifique a sua resposta.
(a) Suponha agora que desconsideremos a hipótese de continuidade, isto é, tomemos f : I ⊂
R → R uma função qualquer, definida em um intervalo I ⊂ R. Ainda podemos afirmar que
f ser monótona crescente ou decrescente implica em f ser injetiva? E que f ser injetiva
implica em f ser monótona crescente ou decrescente? Justifique suas respostas.
(b) Suponha agora que desconsideremos a hipótese de que o domı́nio de f é um intervalo, isto
é, tomemos f : D ⊂ R → R uma função contı́nua, definida em um subconjunto D ⊂ R
qualquer. Ainda podemos afirmar que f ser monótona crescente ou decrescente implica em
f ser injetiva? E que f ser injetiva implica em f ser monótona crescente ou decrescente?
Justifique suas respostas.
5. Na p. 5, afirmamos que a inversa de uma função crescente é também uma função crescente.
Demonstre esta afirmação.
(a) Podemos afirmar que a composta f ◦ g é uma função crescente? Justifique sua resposta.
(b) Podemos afirmar que o produto f · g é uma função crescente? Justifique sua resposta.
Abaixo indicamos uma referência para estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
1
2 MA11 - Unidade 15
c0 , c0 · A, c0 · A2 , c0 · A3 , . . . .
de Matemática, SBM)
conforme o
2 Função Inversa
Diz-se que a função g : Y → X é a inversa da função f : X → Y
quando se tem g(f (x)) = x e f (g(y)) = y para quaisquer x ∈ X e
f (x) = y .
Se g(f (x)) = x para todo x ∈ X então a função f é injetiva, pois
e
√ √
F (G(y)) = F ( y) = ( y)2 = y
para quaisquer x>0 e y > 0.
Mais geralmente, para todo n ∈ N, a função x 7→ xn é uma cor-
g = f −1 .
Prova-se que uma função contínua f : I → R, denida num in-
decrescente).
Figura 1:
quadrado cujos vértices são (x, −y), (x, x), (y, x) e (y, y), enquanto ∆
é o prolongamento da outra diagonal.
Figura 2:
Recomendações gerais
Nesta Unidade, começamos a estudar as funções logarı́tmicas, definidas como inversas das funções
exponenciais. No começo da seção 1. Funções Logarı́tmicas (pp. 1-6), são apresentadas as relações
algébricas que decorrem diretamente da definição como inversa da função exponencial:
É apresentada também uma ideia fundamental para o conceito de logaritmo: loga x é o expoente
ao qual se deve elevar a base a para obter o resultado x (p. 2).
Os logaritmos talvez correspondam a um dos tópicos mais artificialmente mistificados no Ensino
Médio, devido à ênfase excessiva em procedimentos repetitivos apresentados de forma mecanizada
(tais como a resolução de equações logarı́tmicas por meio de truques algébricos particulares) – em
detrimento do enfoque no próprio conceito. Sendo assim, na abordagem de logaritmos no Ensino
Médio, é fortemente recomendada a ênfase na idéia fundamental de que o logaritmo é o expoente
em uma exponenciação. Esta ideia pode facilitar consideravelmente a compreensão das propriedades
e caracterı́sticas básicas das funções logarı́tmicas: propriedades algébricas fundamentais, variação de
sinal, limites no infinito e em 0, comportamento gráfico (também estudadas na seção 1 desta Unidade).
É interessante ainda chamar atenção para o fato de que a propriedade algébrica fundamental dos
logaritmos – transformar produtos em soma – está no centro de sua origem histórica (como observado
na p. 2). Observe que, sem o auxı́lio de calculadoras e computadores, com os quais estamos cada vez
mais acostumados, efetuar uma multiplicação é muito mais trabalhoso que efetuar uma adição, princi-
palmente no caso de números com muitos algarismos decimais. Por isso, uma ferramenta matemática
que permitisse reduzir o trabalho de fazer uma multiplicação ao de uma adição era muito importante
no passado. Para saber mais, veja 1.
Outra observação importante, feita na seção 1, diz respeito ao crescimento da função logarı́tmica (p.
5). Ao contrário do caso da função exponencial, o crescimento da função logarı́tmica é extremamente
lento. Por exemplo, no caso da função logarı́tmica decimal, cada vez que multiplicamos a variável
independente por 10, somamos apenas 1 unidade ao valor da variável dependente. De forma mais
geral, passos multiplicativos na variável independente de uma função logarı́tmica correspondem a passos
aditivos na variável dependente.
Na seção 2. Caracterização das Funções Logarı́tmicas (pp. 6-8), é apresentada uma ca-
racterização com base nas propriedades algébricas da função. Observe a importância da hipótese de
monotonicidade e da densidade dos racionais na demonstração deste fato.
Exercı́cios recomendados
(a) log10 9
(b) log10 40
(c) log10 200
(d) log10 3000
(e) log10 0, 003
(f) log10 0, 81
2. Uma interpretação do logaritmo decimal é a sua relação com a ordem de grandeza, isto é, com
o número de algarismos na representação decimal. As questões a seguir exploram esta relação.
3. Considere x, y ∈ R tais que x = 10k y, com k ∈ Z. Qual é a relação entre log10 x e log10 y?
4. (a) Mostre que uma função logarı́tmica transforma toda progressão geométrica em uma progressão
aritmética.
(b) Interprete a propriedade acima com base no crescimento da função logarı́tmica.
(c) A propriedade demonstrada no item (a) pode ser considerada uma caracterização para as
funções logarı́tmicas, isto é, é verdade que uma função é logarı́tmica se, e somente se,
transforma toda progressão geométrica em uma progressão aritmética?
7. O acidente do reator nuclear de Chernobyl, URSS, em 1986, lançou na atmosfera grande quan-
tidade do isótopo radioativo estrôncio-90, cuja meia-vida é de vinte e oito anos. Supondo ser
este isótopo a única contaminação radioativa e sabendo que o local poderá ser considerado se-
1
guro quando a quantidade de estrôncio-90 se reduzir, por desintegração, a 16 da quantidade
inicialmente presente, em que ano o local poderá ser habitado novamente?
9. Em algumas situações, para expressar certas grandezas, é mais conveniente empregar as chamadas
escalas logarı́tmicas do que as escalas lineares convencionais. Este é o caso, por exemplo, da
escala Richter de terremotos. Na escala Richter, a intensidade I de um terremoto, expressa em
graus, é definida da seguinte forma:
2 E
I = log10
3 E0
Em que E representa a energia liberada pelo terremoto, medida em kW h, e E0 = 10−3 kW h.
(a) Qual é a energia liberada por um terremoto de 3 graus na escala Richeter? E por um
terremoto de 9 graus?
(b) Qual é a relação entre a energia liberada por um terremoto de grau k e a energia liberada
por um terremoto de grau k + 1 na escala Richter?
(c) Por que você acha que o uso de uma escala logarı́tmica é conveniente, no caso da medição
de intensidade de terremotos?
(d) Pesquise outros exemplos de situações em que o uso de escalas logarı́tmicas é mais conve-
niente.
Abaixo, indicamos algumas referências de leituras futuras para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
Função Logarítmica
1 Funções Logarítmicas
f (x + y) = f (x) · f (n).
1
2 MA11 - Unidade 16
loga : R+ → R,
que associa a cada número real positivo x o número real loga x, chamado
o logaritmo de x na base a. Por denição de função inversa, tem-se
y = loga x ⇔ ay = x.
xy = au · av = au+v ,
ou seja
instrumento de cálculo.
fez com que essa utilidade inicial dos logaritmos perdesse o sentido.
Função Logarítmica 3
Figura 1:
x = au = 2v = (ac )v = acv
o outro é menor do que 1 então loga b < 0. A fórmula acima diz que
a > 1:
lim loga x = +∞
x→+∞
sucientemente pequeno.
exemplo, se quisermos que log10 x seja maior do que mil, será preciso
um algarismos.
Figura 2:
cas
1.)
f (am ) = f (a · a · . . . · a)
= f (a) + f (a) + · · · + f (a)
= 1 + 1 + · · · + 1 = m,
tem-se:
r < x < s ⇒ ar < ax < as ⇒ f (ar ) < f (ax ) < f (as ) ⇒ r < f (ax ) < s.
Recomendações gerais
Nos cursos superiores, principalmente nas disciplinas de Cálculo, lidamos bastante com o número
e e com as funções logaritmo e exponencial com esta base. Entretanto, esses conceitos são pouco
explorados no Ensino Médio. Mesmo assim, devido ao seu papel central na teoria de exponenciais e
logaritmos, o conhecimento desses conceitos é importante para o professor de Matemática. Por isso,
nesta Unidade e na próxima, vamos rever algumas das principais ideias sobre logaritmos e exponenciais
de base e.
Nesta Unidade, construiremos a função logaritmo natural com base na área determinada por uma
hipérbole (pp. 1-6). Em seguida, mostraremos que o número e, base desse logaritmo, coincide com o
limite de certa sequência (pp. 7-10).
Em primeiro lugar, consideramos a função f : R+ → R definida por f (x) = ÁREA H1x , isto é, a
função que a cada x > 0 associa a área (orientada) determinada entre a hipérbole x y = 1 e o eixo
horizontal, entre 1 e x. Mostramos que esta função satisfaz a propriedade algébrica:
Portanto, graças à caracterização demonstrada na Unidade anterior, temos certeza de que esta é
uma função logarı́tmica, que chamaremos de logaritmo natural e denotaremos por ln. Isto é, existe
algum número real, que chamaremos de e, tal que:
f (x) = loge x = ln x
Esta será para nós a definição do número e. Em particular, decorre daı́ que f (e) = 1; portanto
e é o número tal que a área da região limitada entre a hipérbole x y = 1 e o eixo horizontal, para
1 ≤ x ≤ e, é igual a 1.
Resta entender melhor que número é este. Podemos mostrar que e é um número irracional e, além
disso, transcendente. Isto significa que e não é raiz de nenhum polinômio com coeficientes inteiros – em
particular, o número e não admite representação por meio de radicais. No entanto, essas demonstrações
fogem ao escopo deste curso (para saber mais, veja [2]).
Nesta Unidade, mostramos que o número e, definido como a base do logaritmo natural, coincide
com o limite: n
1
lim 1 +
n→+∞ n
Em particular, esta sequência nos fornece aproximações racionais para o número e. A demonstração
deste fato baseia-se na observações de propriedades geométricas da área sob a hipérbole. A partir daı́,
obtemos ainda outros limites importantes:
1
α n
lim (1 + x) = e
x lim 1+ = eα ∀α ∈ R
x→0 n→+∞ n
Exercı́cios recomendados
(a) Preencha a coluna A da planilha com a sequência crescente dos números naturais até 10.
Em seguida, escreva nas primeiras células das colunas B e C, respectivamente, =1+1/A1
e =B1∧A1. Arraste essas células ao longo das colunas, até o final das células preenchidas
na coluna A. De que número os valores encontrados na coluna C estão se aproximando?
Justifique sua resposta.
(b) Podemos repetir a experiência do item anterior, aumentando a velocidade de convergência.
Para isto, repita a numeração da coluna A, e escreva nas primeiras células das colunas B, C
e D, respectivamente: =10∧A1, =1+1/B1 e =C1∧B1. Arraste essas células ao longo
das colunas, até o final das células preenchidas na coluna A. De que número os valores
encontrados na coluna C estão se aproximando? Agora, estenda a numeração da coluna A
até 20 e arraste as demais coluna até essa posição. O comportamento dos números que
aparecem na coluna D é o esperado? Explique o ocorrido.
Para saber mais
Abaixo, indicamos algumas referências de pesquisas futuras para aqueles que se interessarem em
se aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
Logaritmos Naturais
1 Logaritmos Naturais
Nesta seção, mostraremos como os logaritmos naturais podem ser
1
2 MA11 - Unidade 17
as pags. 22 e 49.]
de hipérbole.
Logaritmos Naturais 3
Seja
Figura 2:
Figura 3:
4 MA11 - Unidade 17
Hab e bk
Hak têm a mesma área.
b
ÁREAHa ,
A área usual, com valores > 0, será escrita como área Hab . Assim,
temos
seis possibilidades.
Logaritmos Naturais 5
Figura 4:
x > 0.
f (x) = ÁREA H1x
Figura 5:
Mas, como vimos acima, ÁREA Hxxy = ÁREA H1y . Logo f (xy) =
x y
ÁREA H1 + ÁREA H1 , ou seja:
Figura 6:
Logaritmos Naturais 7
constante é e = 2, 718281828459.
nitesimal.
troduzir e como o número real cujos valores aproximados por falta são
Figura 7:
mede
1
1+x
, contido na faixa H11+x e esta faixa, por sua vez, contida no
retângulo maior, com a mesma base de medida x e altura igual a 1.
x > 0:
x
< ln (1 + x) < x.
1+x
Dividindo por x:
1 ln (1 + x)
< < 1.
1+x x
1
Tomando x= n
:
n 1 n
< ln 1 + < 1,
n+1 n
Portanto:
n
1 n
e n+1 < 1 + < e,
n
n
para todo n ∈ N. Quando n cresce indenidamente, se aproxima
n+1
n
de 1, logo e n+1 tende a e. Segue-se então destas últimas desigualdades
que
1 n
lim 1 + = e.
n→∞ n
Logaritmos Naturais 9
1 ln (1 + x)
(∗) < < 1,
1+x x
válida para todo x > 0. Se considerarmos −1 < x < 0, teremos
−x > 0 e 1 + x > 0. Portanto é válido ainda falar de ln(1 + x).
Observamos que o retângulo cuja base mede −x e cuja altura mede
1
1 está contido na faixa H1+x e esta, por sua vez, está contida no
x
−x < − ln(1 + x) < − .
1+x
Dividindo os 3 membros pelo número positivo −x obtemos
ln (1 + x) 1
(∗∗) 1< < .
x 1+x
As desigualdades (*) e (**) nos dão
1 1 1 1
< ln(1 + x) x < 1 ou 1 < ln(1 + x) x < ,
1+x 1+x
ou seja
1 1 1 1
e 1+x < (1 + x) x < e ou e < (1 + x) x < e 1+x ,
segue que
1
(∗ ∗ ∗) lim (1 + x) x = e
x→0
10 MA11 - Unidade 17
1
Isto signica que é possível tornar o valor da expressão (1+x) x tão
α n
eα = lim 1 + ,
n→∞ n
válida para todo α ∈ R, obtemos
1 1 n
= lim 1 − .
e n→∞ n
MA 11 - Unidades 18 e 19
Função Exponencial na Base e
Semana de 13/06 a 19/06
Recomendações gerais
1. Considere uma aplicação que rende juros α > 0 em uma unidade tempo T = 1 (por exemplo,
um mês, um ano, etc.). Isto é, se uma quantia c0 é investida nesta aplicação pelo perı́odo T ,
então o valor resgatado será c = c0 (1 + α). Suponha que um investidor resgate a quantia c0 em
um tempo t < T .
(a) Qual será o valor resgatado se a aplicação rende juros simples para t < T ?
(b) Qual será o valor resgatado se a aplicação rende juros compostos para t < T ?
(c) Em qual das duas opções acima o investidor resgatará um valor maior?
(d) A conclusão do item anterior também é válida para t > T ?
2. Nesta seção, provamos que a derivada de uma função exponencial é proporcional ao valor da
própria função. Você acha que a recı́proca desta afirmação é verdadeira? Isto é, é verdade que
se a derivada de uma função é proporcional ao próprio valor da função, então esta é uma função
exponencial? Que ferramentas matemáticas são necessárias para responder esta pergunta?
x2 xn
ex = 1 + x + + ··· + + ···,
2! n!
onde a série da direita converge para ex , para todo número real x. Esta é a chamada série de
Taylor da função ex . Em particular,
1 1
e=1+1+ + ··· + + ··· .
2! n!
x2 xn
Sn (x) = 1 + x + + ··· + .
2! n!
O que se prova é que Sn (x) aproxima ex , com erro estimado pela fórmula:
Existe uma fórmula que estima o erro quando x < 0, mas que não vem ao caso escrever.
Como 0 < e < 3, deduzimos, para x = 1, que 0 < rn (1) < 3, já que
rn (1) e 3
0< < < .
n! (n)! (n)!
Calcule, com o auxı́lio de uma calculadora, um valor aproximado de e com erro menor do que
10−4 .
4. Prova da irracionalidade de e.
Suponha por absurdo que e = pq . Escreva esta fração na forma mn
, onde m = 3p e n = 3q (o
1
contrário de tomar uma fração reduzida). Aproximando e = e por Sn−1 (1), com o valor de n
acima (=3q), podemos escrever
m 1 1 rn (1)
= e = 1 + 1 + + ··· + + ,
n 2! (n − 1)! n!
5. Com extamente a mesma ideia, mostre que e2 é irracional. Este argumento pode ser generalizado
para mostrar que er , com r um número natural, é irracional.
Abaixo, indicamos algumas referências de pesquisas futuras, para aqueles que se interessarem em
se aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
1
2 MA11 - Unidades 18 e 19
Figura 1:
Figura 2:
proporcionalidade.
Assim, por exemplo, no caso do investimento, em que c(t) = c0 ·
eαt , se, a partir de um dado instante t0 , considerarmos um intervalo
de tempo h muito pequeno, teremos aproximadamente [c(t0 + h) −
= α · c(t0 ) , logo c(t0 + h) − c(t0 ) = c(t0 ) · αh.
c(t0 )]/h ∼
Usando a interpretação geométrica do logaritmo natural, é fácil
calcular a derivada da função f (x) = b · eαx .
O ponto de partida consiste em mostrar que se tem
eh − 1
lim = 1.
h→0 h
Para ver isto, lembramos que a faixa de hipérbole H1e tem área
h
eh − 1
< h < eh − 1.
eh
Figura 3:
eh − 1, obtemos
1 h
h
< h < 1, para todo h > 0.
e e −1
Quando h → 0, a potência eh tende a 1. Segue-se das desigualdades
acima que limh→0 [h/(eh − 1)] = 1, logo
eh − 1
lim = 1.
h→0 h
O caso em que h → 0 por valores negativos se trata de modo
análogo.
Agora é imediato ver que
ex+h − ex eh − 1
lim = ex lim = ex
h→0 h h→0 h
e, mais geralmente,
eα(x+h) − ex eαh − 1 eαh − 1
lim = eαx lim = α · eαx · lim
h→0 h h→0 h h→0 αh
Escrevendo k = αh, vemos que h → 0 ⇔ k → 0. Portanto
eα(x+h) − ex αx ek − 1
lim = α · e · lim = α · eαx .
h→0 h h→0 k
Isto conclui a demonstração de que a derivada da função f (x) = eαx
é f 0 (x) = α·f (x), logo é proporcional ao valor f (x) da função f , sendo
α o fator de proporcionalidade.
É óbvio que o mesmo vale para uma função do tipo f (x) = b · eαx .
MA11 - Unidade 20
Atividade Especial
Semana de 20/06 a 26/06
Reservamos esta semana para propor uma revisão geral dos conceitos
estudados até agora neste curso. Desta forma, você terá a oportunidade
de esclarecer eventuais dúvidas e refazer os exercícios mais importantes.
2 Unidade 20
Básica.
Nas Unidades 9 a 11, foram abordadas as funções quadráticas.
Uma propriedade particularmente importante dessas funções é o fato de
que podem ser escritas na chamada forma canônica:
b 4 a c − b2
f (x) = a (x − x0 )2 + y0 , onde x0 = − e y0 = .
2a 4a
Daí decorre grande parte das propriedades das funções quadráticas estu-
dadas no Ensino Médio: determinação das raízes, máximos e mínimos,
eixo de simetria vertical. Reveja também as propriedades geométricas
das funções quadráticas e sua importante aplicação ao movimento uni-
formemente variado.
Na Unidade 12, são generalizadas algumas das propriedades estu-
dadas anteriormente para funções polinomiais de grau superior. Uma
importante propriedade sobre a fatoração de polinômios, que é muito
usada no Ensino Médio para determinar raízes, é o fato de que um número
real α é raiz de uma função polinomial p : R → R se, e somente se, o
binômio x−α é fator de p(x). Reveja também, com atenção, as discussões
sobre a determinação de um polinômio a parir de certo número de valo-
res dados, e sobre gráficos, em particular o comportamento assintótico de
funções polinomiais.
Finalmente, nas Unidades 14 a 19, estudamos as funções exponen-
ciais e logarítmicas. Em primeiro lugar, recomendamos que você reveja
com atenção a construção da função exponencial, particularmente as di-
Atividade Especial 5
Recomendações gerais
Nesta unidade, começamos a preparar o estudo de funções trigonométricas e que será desenvolvido
nas unidades seguintes. De forma similar ao que ocorre no caso dos logaritmos, trigonometria é certa-
mente um dos tópicos cuja abordagem no Ensino Médio é mais artificialmente mistificada. Em primeiro
lugar, observamos que, em geral, a abordagem de trigonometria em livros didáticos é fortemente calcada
por uma quantidade excessiva de fórmulas (em muitos casos redundantes) e procedimentos memoriza-
dos, apresentados com interpretação geométrica insuficiente.
Um segundo problema está relacionado com os dois contextos matemáticos fundamentais em que
a trigonometria é desenvolvida: a trigonometria no triângulo retângulo e a trigonometria no chamado
cı́rculo trigonométrico. No triângulo retângulo, o seno e o cosseno de um ângulo agudo são definidos
como razões entre comprimentos de lados. Portanto, neste contexto, falamos de seno e cosseno de
ângulos, definidos como razões trigonométricas. No contexto do cı́rculo trigonométrico, tomamos
como referência um cı́rculo unitário C, com centro na origem de um sistema de eixos cartesianos e
consideramos os ângulos centrais que possuem um dos lados no eixo horizontal e o outro definido por
um segmento OB, em que B é um ponto sobre a circunferência. Se B está no primeiro quadrante,
os ângulos determinados são agudos e tudo ocorre como no contexto das razões trigonométricas no
triângulo retângulo. Como as hipotenusas dos triângulos medem uma unidade, o seno e o cosseno
corresponderão às medidas das suas projeções sobre os eixos cartesianos. Existe uma correspondência
entre os ângulos centrais e os arcos correspondentes determinados por este ângulos. Portanto, podemos
pensar que o seno e o cosseno dependem apenas do comprimento desses arcos – por isso, o radiano
aparece como um unidade natural no contexto das funções trigonométrica. Agora, podemos mover
livremente o ponto B sobre a circunferência, obtendo ângulos obtusos, dando mais de uma volta
completa no cı́rculo e andando no sentido negativo (horário). Desta forma, os conceitos inicialmente
construı́dos, tendo o triângulo retângulo como referência, são estendidos e, assim, passamos a tratar de
seno e cosseno de números reais. Isto nos possibilita definir as funções trigonométricas, com domı́nio
em R. O problema é que esses dois contextos são tratados de forma completamente estanque, sem
que as relações entre eles sejam explicitadas e devidamente esclarecidas. Isto pode até mesmo causar
nos alunos a impressão de que, quando falamos de seno e cosseno no triângulo retângulo, ou no
cı́rculo trigonométrico, ou nas funções trigonométricas, estamos nos referindo a conceitos matemáticos
inteiramente desconectados, que talvez “por acaso” tenham o mesmo nome.
Na Introdução da Unidade (pp. 1-6), tratamos da construção das razões trigonométricas no
triângulo retângulo. Antes de mais nada, é importante observar a importância do conceito de seme-
lhança para a boa definição das razões trigonométricas no triângulo retângulo (pp. 3-4). De fato, se
dois triângulos retângulos possuem um ângulo agudo em comum, então estes serão necessariamente
triângulos semelhantes. Portanto, as razões entre seus lados correspondentes serão iguais. Isto nos
garante que o seno e o cosseno fiquem bem definidos, isto é, que seus valores dependam apenas do
ângulo, e não do triângulo retângulo escolhido. De forma geral, ao ler esta seção, procure atentar para
o fato de que todas as relações entre razões trigonométricas são na verdade expressões algébricas de
propriedades geométricas envolvendo os triângulos retângulos, seus lados e ângulos. Por exemplo, o
fato de que o seno de um ângulo é igual ao cosseno de seu complementar é uma consequência direta da
Lei Angular de Tales e das próprias definições das razões trigonométricas. Chamar atenção para essas
interpretações geométricas, dando significado às relações algébricas, deve ser uma atitude permanente
no ensino de trigonometria na Educação Básica. Ainda nesta seção, são brevemente discutidos alguns
aspectos das origens históricas da trigonometria (pp. 1-2). Para saber mais, veja [1] ou [2].
Na seção 2. A Função de Euler e a Medida de Ângulos (pp. 6-13), discutimos a construção
do cı́rculo trigonométrico, por meio da função de Euler E : R → C, que enrola a reta no cı́rculo
a partir do ponto (1, 0) = E(0). Observe como o radiano surge naturalmente neste contexto como
uma unidade de medida linear de comprimento de arco (p. 9). Como já observamos, o seno e o
cosseno são representados geometricamente pelas projeções do raio do cı́rculo nos eixos coordenados.
A partir daı́, suas principais propriedades apresentam representações geométricas simples no cı́rculo
trigonométrico, como ilustramos na p. 13. O cı́rculo trigonométrico será a base para a construção das
funções trigonométricas, que será feita na unidade a seguir.
Abaixo, indicamos algumas referências de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
[1] Carmo, M.P.; Morgado, A.C., Wagner, E. & Pitombeira, J.B. Trigonometria e Números Com-
plexos
[2] Eves, H. Introdução à História da Matemática
[3] Lima, E.L. Curso de Análise, vol. 1
MA11 - Unidade 21
Funções Trigonométricas
1 Introdução
mática, tanto por suas aplicações (que vão desde as mais elementares,
1
2 MA11 - Unidade 21
o termo jiba (corda) com jaib (dobra, cavidade, sinus em latim). [Cfr.
dessa gura (três lados e três ângulos) quando se conhecem três deles,
elas são periódicas. Por isso são especialmente adaptadas para des-
uma ideia da relevância deste fato, que deu origem à chamada Análise
c
cos B
b= = (cateto adjacente) ÷ (hipotenusa),
a
b = b = (cateto oposto) ÷ (hipotenusa),
sen B
a
e, analogamente, b = b , sen C
cos C b = c.
a a
Figura 1:
nas do ângulo B
b mas não do tamanho do triângulo retângulo do qual
B
b é um dos ângulos agudos. Com efeito, dois quaisquer triângulos
Figura 2:
semelhança nos dá
b0 b
0
=
a a
e
c0 c
= ,
a0 a
logo
c0 = sen B
sen B b e c0 = cos B.
cos B b
de Pitágoras
√
b= a2 − c 2
comprimentos de segmentos.
Figura 3:
O Teorema de Pitágoras
a2 = b 2 + c 2 ,
2 2 2 2 2
b 2 = c + b = b + c = a = 1.
b 2 + (sen B)
(cos B)
a2 a2 a2 a2
É um costume tradicional, que convém adotar, escrever cos2 B
b e
2 b 2 b 2
sen B
b em vez de (cos B) e (sen B) . A relação fundamental
cos2 B
b + sen2 B
b=1
mostra que, a rigor, basta construir uma tabela de senos para ter a de
cossenos, ou vice-versa.
compreendidos entre 0 e 1.
Figura 4:
los
A relação fundamental
cos2 α + sen2 α = 1
sugere que, para todo ângulo α, os números cos α e sen α são as coor-
de R2 .
Indicaremos com a notação C essa circunferência, que chamaremos
de circunferência unitária , ou círculo unitário. Temos, portanto C =
Funções Trigonométricas 7
{(x, y) ∈ R2 ; x2 + y 2 = 1}.
Figura 5:
−1 6 y 6 1.
A m de denir as funções cos : R → R e sen : R → R, devemos
inteiro de graus.
gio comum, ou seja, o sentido que nos leva de (1, 0) para (0, 1)
pelo caminho mais curto sobre C ). O ponto nal do caminho
Figura 6:
Figura 7:
Figura 8:
Figura 9:
r é o raio do círculo.
2π
G(t) = E( t)
360
para todo t ∈ R . Em particular, G(t0 ) = G(t) se, e somente se,
t0 = t + 360k , onde k ∈ Z.
Se A = (1, 0), O = (0, 0) e B = G(s), diz-se que o ângulo AOB
b
mede s graus. O ângulo AOB b mede 1 grau quando B = G(1), ou
_
seja, quando o arco AB tem comprimento igual a 2π/360. Noutras
1/360 da circunferência.
360 ◦ ∼
1 rad =( ) = 57, 3 graus.
2π
É bom ter em mente relações como 180◦ = π rad, 90◦ = π2 rad, etc.
As guras abaixo deixam claro que se E(t) = (x, y) então E(t +
Figura 10:
Recomendações gerais
g2 (h)
lim
h→0 h
Conclua que em g2 é diferenciável em x = 0.
5. A figura abaixo representa o gráfico da função w : R+ → R dada por w(x) = sen (log x),
traçado em um programa de computador para 0 < x < 10.
(a) Nesta figura, você pode visualizar uma raiz real de w. Esta é a menor raiz da função? Caso
não seja, encontre uma janela gráfica em que seja possı́vel visualizar uma raiz de w menor
que aquela que você enxerga na tela acima.
(b) Determine, se possı́vel, a menor raiz positiva de w.
(c) Você conseguiria encontrar uma janela gráfica na qual seja possı́vel visualizar, simultanea-
mente, duas raı́zes de w?
6. Considere a função f : R → R definida por f (x) = sen (a x) + sen (b x), em que a e b são
constantes reais.
Abaixo, indicamos algumas referências para estudos futuros para aqueles que se interessarem em
se aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
[1] Carmo, M.P.; Morgado, A.C., Wagner, E. & Pitombeira, J.B. Trigonometria e Números Com-
plexos
[2] Lima, E.L. Curso de Análise, vol. 1
MA11 - Unidade 22
Funções Trigonométricas
1 As Funções Trigonométricas
As funções cos : R → R e sen : R → R, chamadas função cosseno e
cos2 t + sen2 t = 1.
1
2 MA11 - Unidade 22
ímpar.
Figura 1:
Figura 2:
equações
sen t = 0, cos t = 0,
sen t = 1, cos t = 1,
sen t = −1, cos t = −1,
sen t = cos t,
1 1
sen t = , cos t =
2 2
e outras semelhantes.
var que tais funções, sendo denidas por meio de quocientes, têm seus
diferente de zero.
R.
Figura 3:
Figura 4:
6 MA11 - Unidade 22
y1 = ax1 + b, y2 = ax2 + b,
teremos
y2 − y1
a= = tg α.
x2 − x1
Figura 5:
MA 11 - Unidades 23
Funções Trigonométricas
Semana de 04/07 a 10/07
Recomendações gerais
Nesta Unidade, estabelecemos as conhecidas fórmulas para seno e cosseno da soma de dois arcos.
Um roteiro mais detalhado para a demonstração da p. 2 é proposto no exercı́cio 1 e uma prova
alternativa é proposta no exercı́cio 2, a seguir. Uma aplicação importante dessas fórmulas é a fórmula
para a transformação de rotação no plano (p. 4).
Outra aplicação apresentada é a parametrização racional da circunferência unitária (pp. 5-6). Para
entender bem a construção dessa parametrização, observe que a identidade enunciada no começo da
p. 5:
2 2
1 − x2
2x
+ =1
1 + x2 1 + x2
2 2
2x 2
é de verificação direta. Daı́ decorre que 1−x
1+x2
e 1+x 2 correspondem às coordenadas de algum
ponto
2 pertencente ao cı́rculo unitário. Portanto, para cada x ∈ R existe um ângulo β tal que cos β =
2
1−x 2x 2
. Por outro lado, existe um único ângulo α, − π2 < α < π2 tal que tan α = x.
1+x 2 e sen β = 1+x 2
Podemos mostrar por meio de argumento algébrico que β = 2 α (ver exercı́cio 3, a seguir). Finalmente,
o argumento da p. 6 explica uma interpretação geométrica para esta parametrização.
Exercı́cios recomendados
1 − tan2 α 2 tan α
= cos2 α − sen 2 α = 2 sen α cos α
1 − tan2 α 1 − tan2 α
(b) Explique por que, a partir daı́, podemos concluir que, se α e β são tais que:
1 − tan2 α 2 tan α
= cos β = sen β
1 − tan2 α 1 − tan2 α
então β = 2 α (como afirmado na p. 5 desta Unidade).
4. Obtenha fórmulas para tan(α + β) e para sec(α + β), em função de tan α e tan β.
5. Use as fórmulas de seno e cosseno da soma para determinar os senos e cossenos dos seguintes
π π 3π 5π
ângulos (medidos em radianos): , , , .
8 12 8 12
Para saber mais
Abaixo, indicamos algumas referências de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
[1] Carmo, M.P.; Morgado, A.C., Wagner, E. & Pitombeira, J.B. Trigonometria e Números Com-
plexos
[2] Lima, E.L. Curso de Análise, vol. 1
MA11 - Unidade 23
Funções Trigonométricas
1 As Fórmulas de Adição
1
2 MA11 - Unidade 23
Figura 1:
OA = cos(α + β),
OB 0 = cos β,
B 0 C = sen β,
AB = A0 B 0 = sen α · senβ e
OB = cos α · cos β.
Logo
Noutras palavras,
π
sen(α + β) = − cos +α+β
2
π π
= − cos + α cos β + sen + α sen β,
2 2
ou seja,
cias diretas:
R2 .
4 MA11 - Unidade 23
Figura 2:
1 − x2 2 2x 2
+ = 1.
1 + x2 1 + x2
Isto signica que, para todo x ∈ R, os números dentro dos parên-
1 − tg2 α 2 tg α
= cos β e = sen β
1 + tg2 α 1 + tg2 α
1 − tg2 α 2tg α
= cos 2α e = sen 2α.
1 + tg2 α 1 + tg2 α
Equivalentemente:
1 − tg2 α2 2tg α2
cos α = , sen α = .
1 + tg2 α2 1 + tg2 α2
6 MA11 - Unidade 23
Figura 3:
1 − x2 2x
x 7→ ,
1 + x2 1 + x2
é uma parametrização racional de C. Para todo x ∈ Q, o ponto que
Recomendações gerais
Exercı́cios recomendados
1. No problema proposto nas pp. 5-7, são apresentadas algumas situações em que o fato de serem
conhecidos alguns elementos de um triângulo dado permite-nos determinar todos os demais, por
meio da aplicação da Lei dos Cossenos ou da Lei dos Senos. Você observa alguma analogia entre
essas situações e os assim chamados “casos de congruência de triângulos”? Essa analogia não
é casual. Cada um dos casos de congruência de triângulos estabelece um conjunto de condições
mı́nimas suficientes para um triângulo fique determinado, isto é, condições que garantam que
não possa existir outro triângulo satisfazendo essas mesmas condições que não seja congruente
ao triângulo dado. De forma análoga, em cada uma das situações do problema das pp. 5-7 são
dadas condições suficientes para o que o triângulo dado fique (unicamente) determinado.
Na mesma linha desse problema, considere um triângulo ABC, com lados a, b e c e vértices
respectivamente opostos A, B e C.
(a) Se são dados o lado a e o ângulo A, você espera ser capaz de determinar os demais elementos
do triângulo por meio da Lei dos Cossenos e/ou da Lei dos Senos? Justifique sua resposta.
(b) Se são dados os lados a, b e c (satisfazendo as condições de existência de triângulos) e
o ângulo A (com uma medida qualquer), você espera ser capaz de determinar os demais
elementos do triângulo por meio da Lei dos Cossenos e/ou da Lei dos Senos? Justifique
sua resposta.
Para saber mais
Abaixo, indicamos algumas referências de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos não são prioritários e não serão
cobrados nas avaliações unificadas.
[1] Carmo, M.P.; Morgado, A.C., Wagner, E. & Pitombeira, J.B. Trigonometria e Números Com-
plexos
[2] Lima, E.L. Curso de Análise, vol. 1
MA11 - Unidade 24
Triângulos
1
2 MA11 - Unidade 24
Figura 1:
b2 = a2 + c2 − 2ac · cos B.
b
b2 = a2 + c2 − 2ac · cos B.
b
Triângulos 3
a2 = b2 + c2 − 2bc · cos A
b
e
c2 = a2 + b2 − 2ab · cos C.
b
h = c · sen B
b = b · sen C,
b
logo
b c
= .
sen B
b sen C
b
No segundo caso temos
h = b · sen C
b
e
h = c · sen(π − B)
b = c · sen B,
b
logo, novamente:
b c
= .
sen B
b sen C
b
como antes.
Se tomarmos a altura baixada do vértice B sobre o lado AC , ob-
teremos, com o mesmo argumento, a relação
a c
= .
sen A
b sen C
b
4 MA11 - Unidade 24
a b c
= = .
sen A
b sen B
b sen C
b
Esta é a lei dos senos. Ela diz que, em todo triângulo, a razão entre
um lado e o seno do ângulo oposto é constante, isto é, é a mesma
seja qual for o lado escolhido. Há uma interpretação geométrica para
a razão a/ sen Ab . Ela é igual ao diâmetro do círculo circunscrito ao
triângulo ABC .
Figura 2:
Então
a2 = b2 + c2 − 2bc cos A,
b
logo
2 2 2
b= b +c −a
cos A
2bc
e isto nos permite determinar Ab.
Analogamente se obtém o ângulo B b ; o ângulo C
b pode ser mais
facilmente obtido a partir da relação Ab + B b+C b = 2 retos.
Figura 3:
A Coordenação Nacional de Material Didático informa
que as Atividades de Revisão previstas nesta unidade
estão sob os cuidados de sua Coordenação Local.
Cordiais saudações.
Coordenação de Material Didático
1
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011
Questão 1.
Um pequeno barco a vela, com 7 tripulantes, deve atravessar o oceano em 42 dias. Seu suprimento de água potável
permite a cada pessoa dispor de 3,5 litros de água por dia (e é o que os tripulantes fazem). Após 12 dias de viagem,
o barco encontra 3 náufragos numa jangada e os acolhe. Pergunta-se:
(1.0) (a) Quantos litros de água por dia caberão agora a cada pessoa se a viagem prosseguir como antes?
(1.0) (b) Se os 10 ocupantes de agora continuarem consumindo 3,5 litros de água cada um, em quantos dias, no máximo,
será necessário encontrar uma ilha onde haja água?
UMA RESPOSTA
10 7
(a) O número de pessoas aumentou em 7 . Portanto a água disponı́vel para cada um deve ser 10 do que era antes
49
(3,5 litros), isto é, 20 = 2, 45 litros.
10
(b) As 7 pessoas teriam água pelos 30 dias restantes, mas agora há 7 vezes o número anterior de pessoas. Isso reduz
7
os dias a 10 · 30 = 21.
Outra forma de pensar é a seguinte. Primeiro calcula-se a quantidade Q de água que resta após 12 dias. Como
restam 30 dias de viagem, com 7 pessoas consumindo 3,5 litros por dia, são Q = 30×7×3, 5 litros (como a quantidade
de água é justa para os 42 dias e os primeiros 12 dias transcorreram como previsto, conclui-se que o que resta para
os outros 30 dias também é justo).
(a) Esse total deve ser consumido nos mesmos 30 dias, mas agora por 10 pessoas. Então o consumo diário de cada
7
um é Q dividido por 30 × 10, que dá 10 × 3, 5 = 2, 45 litros.
(b) Se todos consumirem 3,5 litros por dia, a cada dia transcorrido após o décimo segundo dia serão consumidos 35
litros. Portanto, após n dias restarão Q − 35n litros. Queremos saber o maior n tal que Q − 35n ≥ 0, isto é, o maior
Q Q 7
n que seja menor ou igual a 35 . Mas 35 = 30 × 10 = 21, então em 21 dias (exatamente) se esgotará o reservatório
de água.
1
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011
Questão 2.
(1.0) (a) Quais são os valores de y para os quais existe uma função quadrática f : R → R tal que f (1) = 3, f (2) = 5 e
f (3) = y?
(1.0) (b) Tome y = 9 e determine a função quadrática correspondente. Justifique seus argumentos.
UMA RESPOSTA
(a) Para que exista uma função quadrática f : R → R tal que f (1) = 3, f (2) = 5 e f (3) = y é necessário e suficiente
5−3 y−5
que os pontos (1, 3), (2, 5) e (3, y) não sejam colineares, isto é, que 2−1 6= 3−2 , ou seja, que y − 5 6= 2, ou ainda,
y 6= 7.
(b) Para obter os coeficientes a, b, c da função f (x) = ax2 + bx + c, deve-se resolver o sistema (nas incógnitas a, b, c)
a+b+c = 3
4a + 2b + c = 5
9a + 3b + c = 9
Isto é feito de modo simples: basta subtrair a primeira equação das duas seguintes. Tem-se
(
3a + b = 2
8a + 2b = 6
Por subtração (segunda menos duas vezes a primeira), ficamos com 2a = 2, de onde sai imediatamente a = 1.
Substituindo esse valor em 3a + b = 2, obtemos b = −1, e voltando à equação a + b + c = 3 obtemos c = 3. Portanto
x2 − x + 3 é a função quadrática procurada.
Comentário: Há diversas outras formas de se resolver o problema. Por exemplo: tome primeiro a função g(x) = 1+2x,
que é a função afim tal que g(1) = 3 e g(2) = 5. Observe que f (x) = g(x) + a(x − 1)(x − 2) é uma função quadrática
que assume os mesmos valores que g nos pontos x = 1 e x = 2. Então basta achar a que faça f (3) = y. Ora,
y−7
Então 7 + 2a = y e, portanto, a = 2 . Por conseguinte,
y−7
f (x) = 1 + 2x + (x − 1)(x − 2)
2
responde o problema para qualquer y. Em particular, para y = 9,
f (x) = 1 + 2x + (x − 1)(x − 2) = x2 − x + 3 .
2
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011
Questão 3.
(1.0) (a) Seja f : A → B uma função. Dê as definições de f (X) e f −1 (Y ), para X ⊂ A e Y ⊂ B. Se f : R → R é dada
por f (x) = 2x2 + 3x + 4, determine os conjuntos f (R) e f −1 (3).
(1.0) (b) Seja f : A → B uma função. Prove que f (X ∪ Y ) = f (X) ∪ f (Y ), quaisquer que sejam X, Y ⊂ A. Dê um
exemplo em que f (X ∩ Y ) 6= f (X) ∩ f (Y ).
UMA RESPOSTA
f −1 (Y ) = {x ∈ A; f (x) ∈ Y } .
Agora consideremos a função f : R → R tal que f (x) = 2x2 + 3x + 4. Como o coeficiente de x2 é positivo, a função
quadrática assume seu valor mı́nimo f (− 34 ) = 23 b 3 23
8 para x = − 2a = − 4 . Assim, f (x) ≥ 8 para todo x ∈ R, ou seja,
f (R) ⊂ [ 23
8 , +∞). Além disso, para todo y ≥ 23 2
8 , a equação f (x) = y, ou seja, 2x + 3x + 4 = y, que equivale a
2
2x + 3x + 4 − y = 0, tem discriminante ∆ = 9 − 32 + 8y ≥ −23 + 23 = 0, logo existe(m) valor(es) de x com f (x) = y.
Assim f (R) = [ 23
8 , +∞).
f −1 (3) é o conjunto dos pontos x tais que f (x) = 3, isto é, tais que 2x2 + 3x + 4 = 3. Então é o conjunto das soluções
de 2x2 + 3x + 1 = 0, que é igual a {−1, − 12 }.
(b) z ∈ f (X ∪ Y ) se, e somente se, existe w ∈ X ∪ Y tal que f (w) = z, que por sua vez ocorre se, e somente se, existe
x ∈ X tal que f (x) = z ou existe y ∈ Y tal que f (y) = z, que ocorre se, e somente se, z ∈ f (X) ou z ∈ f (Y ), que
ocorre se, e somente se, z ∈ f (X) ∪ f (Y ).
Tome f : R → R com f (x) = x2 , X = [−1, 0] e Y = [0, 1]. Neste caso, X ∩ Y = {0} e f (X) = f (Y ) = [0, 1]. Logo
f (X ∩ Y ) = {f (0)} = {0} e f (X) ∩ f (Y ) = [0, 1].
3
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011
Questão 4.
√
(0.5) (a) Se r 6= 0 é um número racional, prove que r 2 é irracional.
(0.5) (b) Dado qualquer número real > 0, prove que existe um número irracional α tal que 0 < α < .
(1.0) (c) Mostre que todo intervalo [a, b], com a < b, contém algum número irracional.
UMA RESPOSTA
√ √ √
(a) Se r 2 é racional, então r 2 = pq , para p, q ∈ Z, q 6= 0. Como r 6= 0, podemos dividir por r para obter 2 = p
rq ,
√
de que resulta 2 racional, contradição.
√ √
2 2
(b) Escolha n um número natural maior do que . Então α = n é positivo, irracional (pelo item (a)) e
√ √
2 2
α= <√ = .
n 2/
(c) Se a ou b for irracional, não há o que provar. Se a for racional, subtraindo a de todos os números do intervalo
[a, b], ficamos com o intervalo [0, b − a]. Tomando igual a b − a no item (b), obtemos o irracional α menor do que
b − a e maior do que zero. Então a + α é irracional (se não fosse, então α seria a soma de dois racionais e, portanto,
um racional, contradizendo (b)) e pertence ao intervalo [a, b].
4
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011
Questão 5.
Sejam m e n números naturais primos entre si.
m
(1.0) (a) Mostre que n é equivalente a uma fração decimal (isto é, com denominador potência de 10) se, e somente se,
n não tem fatores primos diferentes de 2 ou 5.
(1.0) (b) Mostre que se n tem outros fatores primos além de 2 ou 5 então a expansão decimal é infinita e, a partir de
um certo ponto, periódica.
UMA RESPOSTA
m mp
(a) Sendo m e n primos entre si, uma fração equivalente a n deve ter a forma np (obtida multiplicando-se m e n
pelo mesmo número natural p).
mp
Os fatores primos de uma potência de 10 são 2 e 5. Se np é fração decimal para algum p então np = 10r . Logo,
np só admite fatores primos iguais a 2 ou 5, e, portanto, n também.
Reciprocamente, se n possui apenas fatores primos iguais a 2 ou 5, então podemos multiplicar n por p de forma
mp
que o resultado seja uma potência de 10 (p pode ser ou uma potência de 2 ou uma potência de 5). Com esse p, np
é uma fração decimal.
m
(b) Usando o processo tradicional da divisão continuada para transformar n em fração decimal, como há fatores
de n diferentes de 2 ou 5, em nenhuma etapa o resto da divisão é zero, logo a expansão nunca termina, ou seja, é
infinita. Além disso, os diferentes restos (diferentes de zero) que ocorrem são todos menores do que n, portanto o
número deles é no máximo n − 1. Assim, algum resto deve repetir-se e, a partir daı́, o processo se repete: os restos
se sucedem na mesma ordem anterior e, portanto, os quocientes também, o que fornece a periodicidade (observe que
o perı́odo tem, no máximo, n − 1 números).
5
PROFMAT – AV2 – MA 11 – 2011
Questão 1.
Calcule as seguintes expressões:
n n √
qp
(1,0) (a) logn logn n
n
(1,0) (b) xlog a/ log x , onde a > 0, x > 0 e a base dos logaritmos é fixada arbitrariamente.
UMA SOLUÇÃO
√
qp
3
(a) Como n n n
n = n1/n , temos
rq
n √ 1
= n−3 ,
n n
logn n=
n3
logo o valor da expressão dada é −3.
log a
log xlog a/ log x = · log x = log a .
log x
Como a função log é injetiva, segue-se que
xlog a/ log x = a .
1
PROFMAT – AV2 – MA 11 – 2011
Questão 2.
(Como caracterizar a função exponencial a partir da função logaritmo.) Seja f : R → R uma função crescente, tal
que f (x + y) = f (x) · f (y) para quaisquer x, y ∈ R. Prove as seguintes afirmações:
(1,0) (b) Pondo a = f (1) a função g : R → R definida por g(x) = loga f (x) é linear. (Use o Teorema Fundamental da
Proporcionalidade.)
(0,5) (c) Para todo x ∈ R, g(x) = x, onde g é a função definida no item (b).
UMA SOLUÇÃO
O objetivo desta questão é mostrar que é possı́vel caracterizar a função exponencial a partir da função logaritmo,
sem usar argumentos geométricos, como está no livro no caso de logaritmos naturais.
(a) Sendo crescente, f não é identicamente nula. Daı́ resulta que f (x) 6= 0 para todo x ∈ R, pois se existisse x0 ∈ R
com f (x0 ) = 0 terı́amos, para qualquer x ∈ R,
(b) O Teorema Fundamental da Proporcionalidade diz que se g : R → R é crescente e satisfaz g(x + y) = g(x) + g(y)
para quaisquer x, y ∈ R, então g é linear, isto é, g(x) = cx, com c > 0. No nosso caso, temos
g(x + y) = loga f (x + y) = loga [f (x) · f (y)] = loga f (x) + loga f (y) = g(x) + g(y) ,
para quaisquer x, y ∈ R.
(c) Temos g(1) = loga f (1) = loga a = 1, portanto g(x) = x para todo x ∈ R.
(d) Como acabamos de ver, loga f (x) = x, para todo x ∈ R. Como loga ax = x e a função loga é injetiva, segue-se
que f (x) = ax .
2
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Questão 3.
(1,0) (a) Usando as fórmulas para cos(x + y) e sen(x + y), prove que
tg(x) − tg(y)
tg(x − y) =
1 + tg(x) · tg(y)
(1,5) (b) Levando em conta que um ângulo é máximo num certo intervalo quando sua tangente é máxima, use a fórmula
acima para resolver o seguinte problema:
Dentro de um campo de futebol, um jogador corre para a linha de fundo do time adversário ao longo de uma
reta paralela à lateral do campo que cruza a linha de fundo fora do gol (ver figura). Os postes da meta distam
a e b (com a < b) da reta percorrida por ele. Mostre que o jogador vê a meta sob ângulo máximo quando sua
√
distância x ao fundo do campo é igual a ab.
b
a
UMA SOLUÇÃO
Dividindo o numerador e o denominador por cos(x) · cos(y) (se tg(x) e tg(y) estão definidas, cos(x) e cos(y) são não
nulos), vem
sen(x) sen(y)
cos(x) − cos(y) tg(x) − tg(y)
tg(x − y) = sen(x) sen(y) = 1 + tg(x) · tg(y) .
1 + cos(x) · cos(y)
(b) Em cada instante, o jogador vê a meta sob o ângulo α = α2 − α1 , onde α1 e α2 são os ângulos entre sua trajetória
e as retas que o ligam aos postes da meta. Temos
tg(α2 ) − tg(α1 )
tg(α) = .
1 + tg(α1) · tg(α2 )
3
a
Se x é a distância do jogador ao fundo do campo, temos tg(α1 ) = x e tg(α2 ) = xb , logo
b a
x − x b−a
tg(α) = ab
= .
1+ x2 x + ab
x
Como o numerador b − a é constante, tg(α) é máxima quando o denominador for mı́nimo. Ou seja, é preciso achar
ab
x que minimiza a expressão x + x . q √
Como a média aritmética é sempre maior do que ou igual à média geométrica, então 12 (x + ab
x ) ≥ x · ab
x = ab,
√
ou seja, o denominador é sempre maior do que ou igual a a 2 ab. A igualdade vale se e somente se os dois termos
√ √
da média são iguais, isto é, quando x = ab. Portanto x + ab
x atinge seu menor valor quando x = ab.
Obs. É possı́vel resolver a questão (b) com outros argumentos. Sejam A e B os extremos da meta, que distam a
e b da linha do jogador, respectivamente (veja figura abaixo, à esquerda). Para cada posição P do jogador, existe
um único cı́rculo que passa por A, B e P . O centro desse cı́rculo, O, está na mediatriz dos pontos A e B (pois
b+a
AOB é triângulo isósceles), estando, portanto, a 2 de distância da linha do jogador. Os segmentos OA e OB têm
comprimento igual ao raio do cı́rculo, digamos r, cujo valor depende de P .
Pelo Teorema do Ângulo Inscrito, AÔB = 2AP̂ B. Assim, AP̂ B é máximo quando AÔB é máximo. E AÔB é
máximo quando a distância OA = OB = r é mı́nima. Mas o menor r possı́vel é aquele tal que o cı́rculo de centro
sobre a mediatriz de A e B e raio r tangencia a linha do jogador. Nessa situação, OP é perpendicular à linha do
b+a
jogador e r = 2 (ver figura abaixo, à direita).
O valor de x, neste caso, é a altura do triângulo AOB com relação à base AB (ou seja, o comprimento da apótema
da corda AB). Esse valor sai do Teorema de Pitágoras aplicado ao triângulo AOQ, em que Q é o ponto médio de
AB. Ou seja,
2 2
2 b−a 2 a+b
x + =r = .
2 2
√
Dessa equação resulta a solução x = ab.
B B
O 2α O 2α
A A
α α
P x P x
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Questão 4.
(1,0) (a) 24h após sua administração, a quantidade de uma droga no sangue reduz-se a 10% da inicial. Que percentagem
resta 12h após a administração? Justifique sua resposta, admitindo que o decaimento da quantidade de droga
no sangue é exponencial.
(1,0) (b) Em quanto tempo a quantidade de droga no organismo se reduz a 50% da dose inicial?
(0,5) (c) Se a mesma droga for administrada em duas doses de 10 mg com um intervalo de 12h, qual é a quantidade
presente no organismo após 24h da primeira dose?
UMA SOLUÇÃO
(a) Sendo exponencial, a quantidade de droga no organismo obedece à lei c0 at , onde a é um número entre 0 e 1, c0 é
a dose inicial (obtida da expressão para t = 0) e t é medido, por exemplo, em horas. Após 24h a quantidade se reduz
1
a 10 da inicial, isto é,
c0
c0 a24 = .
10
1 √1 ,
Portanto a24 = 10 . Daı́ segue que a12 = 10
e que
c0
c0 a12 = √ .
10
√
Então a quantidade de droga após 12h é a quantidade inicial dividida por 10.
(b) Para saber o tempo necessário para a redução da quantidade de droga à metade (isto é, a meia-vida da droga no
organismo), basta achar t que cumpra at = 12 . Como a24 = 1
10 implica
s
24s 1
a =
10
a resposta é t = 24s, onde s é tal que 10−s = 2−1 . Daı́ segue que s = log10 2 e que t = 24 log10 2.
(c) A quantidade logo após a primeira dose é c0 . Após 12h ela decai para √c10
0
. Uma nova administração a eleva para
c0
√
c0 + 10 = c0 (1 + √110 ). Após mais 12h essa quantidade é dividida por 10, passando a ser
1 1
c0 √ + ,
10 10
logo, com c0 = 10 mg, restarão, após 24h da primeira dose,
√
(1 + 10) mg.
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Questão 1.
(1,0) (a) Prove isto: Se um número natural não é o quadrado de um outro número natural, sua raiz quadrada é irracional.
√ √
(1,0) (b) Mostre que 2+ 5 é irracional.
UMA SOLUÇÃO
2
p p
(a) Seja n ∈ N. Se q ∈ Q é tal que q = n, então p2 = nq 2 . Como os fatores primos de p2 e q 2 aparecem todos com
expoente par, o mesmo deve ocorrer com os fatores primos de n. Então n é o quadrado de algum número natural.
√ √
(b) Se 2+ 5 fosse racional então seu quadrado
√ √ √ √
q = ( 2 + 5)2 = 2 + 2 10 + 5 = 7 + 2 10
q−7
√
também seria. Mas aı́ 2 = 10 também seria racional, o que não é possı́vel, pois 10 não é o quadrado de um
número natural.
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Questão 2.
(2,0) No instante em que uma pedra caiu (sem sofrer impulso inicial) ao momento em que se ouviu o som de seu
choque com a água no fundo do poço decorreram S segundos. Calcular a profundidade do poço. Dar a resposta
em função da aceleração g da gravidade e da velocidade v do som. Usar a fórmula s = g2 t2 do espaço percorrido
no tempo t por um corpo em queda livre que partiu do repouso.
DUAS SOLUÇÕES
Uma solução. O tempo S = t1 + t2 é a soma do tempo t1 que a pedra levou para chegar ao fundo mais o tempo t2
que o som levou para vir até o nı́vel da borda. Chamando de x a profundidade do poço, temos x = g2 t21 e, por outro
lado, x = vt2 = v(S − t1 ). Logo
g 2
t = v(S − t1 )
2 1
ou
gt21 + 2vt1 − 2vS = 0 ,
que é uma equação quadrática na incógnita t1 . As soluções desta equação são
p p
−2v + 4v 2 + 8gvS −2v − 4v 2 + 8gvS
, .
2g 2g
p √
A segunda é negativa e neste problema não faz sentido. A primeira é positiva, porque 4v 2 + 8gvS > 4v 2 = 2v.
Então, dividindo por 2 o numerador e o denominador da fração,
p
−v + v 2 + 2gvS
t1 = ,
g
logo
v2 vp 2
x = vt2 = v(S − t1 ) = Sv + − v + 2gvS .
g g
Outra solução. A solução é essencialmente determinada por aquilo que escolhemos como
q incógnita (t1 , t2 ou x).
2x x
Se equacionarmos diretamente em x iremos pelo seguinte caminho. Observe que t1 = g e t2 = v . Então, de
t1 + t2 = S resulta uma equação em x:
x p −1 √
+ 2g x − S = 0.
√ v
Definamos y = x. Então precisamos achar soluções positivas de
p
v −1 y 2 + 2g −1 y − S = 0 .
2
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Questão 3.
(2,0) Percorrendo, ao longo de uma reta horizontal, a distância d = AB em direção à base inacessı́vel de um poste
CD, nota-se (com o auxı́lio de um teodolito) que os ângulos C ÂD e C B̂D medem, respectivamente, α e β
radianos. Qual é a altura do poste CD?
α d β
A B C
UMA SOLUÇÃO
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Questão 4.
(2,0) Um reservatório contém uma mistura de água com sal (uma salmoura), que se mantém homogênea graças a
um misturador. Num certo momento, são abertas duas torneiras, com igual capacidade. Uma despeja água no
reservatório e a outra escoa. Após 8 horas de funcionamento, verifica-se que a quantidade de sal na salmoura
reduziu-se a 80% do que era antes que as torneiras fossem abertas. Que percentagem do sal inicial permanecerá
na salmoura após 24h de abertura das torneiras?
UMA SOLUÇÃO
Seja M0 a massa de sal existente no inı́cio da operação. Decorrido o tempo t, essa massa será M (t) = M0 at , onde
a é uma constante (0 < a < 1). Isto se justifica porque, sendo a salmoura da torneira de saı́da uma amostra da
salmoura do tanque, supostamente homogênea, a quantidade de sal que sai por unidade de tempo é proporcional à
quantidade de sal no tanque, e isto é o princı́pio que rege o decaimento exponencial.
No entanto, a constante a não precisa ser calculada para se resolver o problema. O enunciado nos diz (supondo o
tempo t medido em horas) que M (8) = M0 a8 = 0, 8M0 , logo a8 = 0, 8. Após 24 horas, a quantidade de sal é M0 a24 .
Ora, a24 = (a8 )3 = 0, 83 = 0, 512. Portanto a resposta é 51, 2%, isto é, pouco mais que a metade.
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Questão 5.
Considere a função f : [1, +∞) → R, definida por f (x) = x3 − x2 .
(1,0) (a) Defina função crescente e prove que f é crescente.
UMA SOLUÇÃO
(a) Uma função f : X → R, definida no conjunto X ⊂ R, chama-se crescente quando, para x, y ∈ X, x < y implica
f (x) < f (y).
Em nosso caso, sejam x, y ∈ [1, +∞), com x < y. Vamos mostrar que f (y) − f (x) > 0. Temos
f (y) − f (x) = (y 3 − y 2 ) − (x3 − x2 )
= (y 3 − x3 ) − (y 2 − x2 )
= (y − x)(y 2 + xy + x2 ) − (y − x)(y + x)
> (y − x)(y 2 + x2 ) − (y − x)(y + x)
= (y − x)(y 2 − y + x2 − x)
= (y − x)(y(y − 1) + x(x − 1)) .
Como x ≥ 1, então x(x − 1) ≥ 0; e como y > x ≥ 1, então y(y − 1) > 0 e y − x > 0. Portanto f (y) − f (x) > 0.
Outra solução. Podemos definir o número positivo h = y − x, ou seja, escrever y como x + h, e provar que
f (x + h) − f (x) > 0. Temos
f (x + h) − f (x) = (x + h)3 − (x + h)2 − x3 − x2
(b) Uma função f : X → R, definida no conjunto X ⊂ R, chama-se ilimitada quando, dado qualquer A > 0, pode-se
achar x ∈ X tal que f (x) > A. No nosso caso, f (x) > A significa x3 − x2 > A, ou seja, x3 (1 − x1 ) > A. Ora, quando
1
x > 2 já se tem 1 − > 12 . Então, para se ter x3 (1 − x1 ) > A, basta tomar um x ∈ [1, +∞) que seja maior do que
x
√
2 e tal que x3 · 12> A, isto é, x3 > 2A, o que se obtém simplesmente tomando x > 3 2A. Portanto, basta tomar
√
x > max{2, 3 2A}.