Você está na página 1de 6

MA13 – Geometria – AVF – 2014

Questão 1 [ 2,0 pt ]

Na figura, AB ≡ AC e a bissetriz interna traçada de B intersecta o lado AC em P de forma que AP + BP = BC.


Os pontos Q e D são tomados de forma que BQ ≡ BP e P D é paralelo a BC.

(a) Mostre que os triângulos CQP e P AD são congruentes.

(b) Determine as medidas dos ângulos do triângulo ABC.

Solução

(a) Para simplificar a notação, denote ∠(CBP ) = β. Como BP é bissetriz de AB̂C, temos também ∠(ABP ) = β. E, como
AB ≡ AC, temos ∠(ACB) = ∠(ABC) = 2β.

Como BQ + QC = BC = BP + P A e BQ = BP , temos QC = AP .
Como BC e DP são paralelas, temos
∠(BP D) = ∠(CBP ) = β,

∠(AP D) = ∠(ACB) = 2β.

Como AD̂P é ângul oexterno do triângulo BDP , temos

∠(ADP ) = ∠(BP D) + ∠(DBP ) = 2β.

Mas então o triângulo ADP será isósceles, e, portanto, AD ≡ AP . Como AB ≡ AC, temos que BD ≡ P C, e, como
BDP é isósceles, temos DP ≡ BD ≡ CP .
Pelo caso LAL, temos então que os triângulos P AD e CQP são congruentes.
(b) Pela congruência de P AD e CQP , temos ∠(QP C) = ∠(ADP ) = 2β.

Como P QC é isósceles, ∠(QP B) = ∠(P QB), e como ∠(QP B) + ∠(P QB) + β = 180◦ , temos ∠(QP B) = 90◦ − β
2
.
Assim, considerando todos os ângulos da figura que têm vértice em P , temos
 
◦ β
2β + 90 − + β + 2β = 180◦ ,
2
logo
9
β = 90◦ ∴ β = 20◦ .
2
com isso, os ângulos internos B̂ e Ĉ medem 2β = 40◦ , e  mede 180◦ − 2 · 40◦ = 100◦ .

Questão 2 [ 2,0 pt ]

Prove que se um trapézio isósceles tem os lados congruentes com comprimento a, os lados paralelos com comprimentos
b e c, e diagonais com comprimento d, então d2 = a2 + bc.

Solução
Vamos supor, sem perda de generalidade, b > c. Denotemos por h a altura do trapézio e por m a projeção ortogonal de um
b−c
dos lados congruentes sobre a base maior. Note que m = 2
.

Assim, considerando um triângulo retângulo cujos catetos são m e h, e cuja hipotenusa é um lado a, temos, pelo Teorema
de Pitágoras,
m2 + h2 = a2 ,
logo
 2
b−c
+ h2 = a2 ,
2
que nos dá
b2 + c2 − 2bc + 4h2 = 4a2 .
Considerando agora um triângulo retângulo cujos catetos medem c + m e h, e de hipotenusa d, temos

(c + m)2 + h2 = d2 ,

logo
 2
b−c
c+ + h2 = d 2 ,
2
e então  
b+c
+ h2 = d 2 ,
2
que implica
b2 + c2 + 2bc + 4h2 = 4d2 .

Subtraindo as duas equações obtidas, temos


4bc = 4d2 − 4a2 ,

logo,
d2 = a2 + bc.

Questão 3 [ 2,0 pt ]

Na figura abaixo o triângulo ABC é retângulo em A. Os quadriláteros ABED e ACGF são quadrados. Estendemos
EB até P , de tal modo que EB ≡ BP . Estendemos GC até Q, de tal modo que GC ≡ CQ.

(a) Prove que o triângulo ABC é congruente ao triângulo P BI e que o triângulo BQC é congruente ao triângulo
HP I.

(b) Prove que a área do triângulo BP C é a metade da área do quadrado ABED.

(c) Prove que a área do triângulo BQC é a metade da área do quadrado ACGF .
2 2 2
(d) Demonstre que AB + AC = BC (Teorema de Pitágoras).

Solução

(a) Por simplicidade, vamos denotar ∠(ABC) = β e ∠(ACB) = γ. Note que β + γ = 90◦ .
Como ∠(ABC) = β e AB̂C é ângulo reto, ∠(P BC) = 90◦ − β = γ. E, como C B̂I é ângulo reto, ∠(P BI) = 90◦ − γ = β.
Assim, temos P B ≡ EB ≡ AB, BI ≡ BC e ∠(P BI) = ∠(ABC), logo, pelo caso LAL, os triângulos ABC e P BI são
congruentes.
Essa congruência implica que ∠(P IB) = ∠(ACB) = γ, logo ∠(P IH) = 90 − γ = β, e que P I ≡ AC.
Temos ∠(BCQ) = 90◦ − γ, logo, ∠(BCQ) = β.
Note ainda que QC ≡ CG ≡ AC.
Temos então que
∠(P IH) = β = ∠(BCQ),

P I ≡ AC ≡ QC,

IH ≡ CB.

Com isso os triângulos P BI e BQP serão congruentes pelo caso LAL.

(b) Como AC é paralelo a BP , temos


2
BP · AB AB
Área(BP C) = Área(BP A) = = ,
2 2
2
que é a metade da área AB do quadrado ABED.

(c) Como AB é paralelo a QC, temos


2
QC · AC AC
Área(BQC) = Área(AQC) = = ,
2 2
2
que é a metade da área AC do quadrado ACGF .

(d) Pelos itens anteriores, já sabemos que


2 2
AB + AC = 2Área(BP C) + 2Área(BQC).
2
Portanto, resta apenas mostrar que 2Área(BP C) + 2Área(BQC) = BC
Pelo item (a), temos Área(BQC) = Área(P IH), sendo h1 e h2 as alturas dos triângulos BP C e P IH, relativas às bases
BC e IH, respectivamente (veja figura), temos h1 + h2 = CH = BC, logo

2Área(BP C) + 2Área(BQC) = 2Área(BP C) + 2Área(P IH)


BC · h1 IH · h2
= 2· +2·
2 2
= BC · h1 + BC · h2
= (h1 + h2 )BC
2
= BC .

Assim,
2 2 2
AB + AC = 2Área(BP C) + 2Área(BQC) = BC .

Questão 4 [ 2,0 pt ]

Um tetraedro regular é cortado por um plano paralelo a duas arestas, de tal forma que a seção seja um paralelogramo.

(a) Descreva a posição do plano de forma que a seção seja um losango e calcule, em função de a, o lado desse
losango.
(b) Determine, em função da medida a da aresta, a medida do lado do paralelogramo de área máxima assim obtido.

Solução

(a) Para facilitar a escrita, seja ABCD o tetraedro e consideremos o plano paralelo às arestas AB e CD. Sejam ainda X,
Y , Z e W as interseções do plano com as arestas AB, BC, BD e AD, respectivamente.

O segmento XY é a interseção do plano paralelo a AB com a face ABC, contida em um plano que também contém
AB. Ora, interseção de dois planos paralelos a uma reta dada (ou que contenham esta reta) será uma reta paralela à
reta dada, portanto, o segmento XY é paralelo à aresta AB. Da mesma forma, o segmento ZW será paralelo a AB, e
Y Z e XW paralelos a CD.
Como ABC é um triângulo equilátero, e XY é paralelo a AB, temos que XCY é equilátero, implicando XY ≡ CX.
Da mesma forma, como ACD é equilátero e XW é paralelo a CD, temos que XW ≡ AX.
Para que XY ZW seja um losango, é necessário que XY ≡ XW , logo, que

CX ≡ XY ≡ XW ≡ AX.

Assim, X será o ponto médio de AC. Com isso, como CY ≡ CX e BC ≡ AC, Y também será ponto médio de BC. Da
mesma forma, Z e W são pontos médios de BD e AD, respectivamente.

(b) Na notação do item anterior, sendo XC = x, teremos XY = x e XW = AX = a − x. As retas reversas suporte de AB


e CD são ortogonais, logo, sendo XY e XW paralelas a estas retas, respectivamente, XY e XW são perpendiculares.
Assim, a área do paralelogramo XY ZW é dada por

Área(XY ZW ) = XC · XW = x(a − x) = x2 + ax.

a
O valor máximo para esta expressão ocorre quando x = 2
. Portanto, o paralelogramo de área máxima ocorre quando
a
seus lados medem 2
.

Questão 5 [ 2,0 pt ]

Sejam x, y e z os volumes gerados por um triângulo ABC, retângulo em A, girando sucessivamente em torno de seus
lados BC, CA e AB. Prove que
1 1 1
= 2+ 2
x2 y z

Solução
Quando giramos em torno do cateto CA, temos um cone circular reto cuja base é o cı́rculo de raio AB e de altura CA.
Assim, o volume é
2
πAB · CA
y= .
3
Quando giramos em torno do cateto AB, temos um cone circular reto cuja base é o cı́rculo de raio CA e de altura AB.
Assim, o volume é
2
πCA · AB
z= .
3
Girando em torno da hipotenusa BC, obtemos dois cones. A base de ambos será o cı́rculo de raio igual à altura h do
triângulo ABC, relativa ao vértice A. As alturas dos cones serão as medidas m e n das projeções ortogonais de AB e AC
sobre a hipotenusa BC. Assim, o volume do sólido dado pelos dois cones é

πh2 · m πh2 · n
x = +
3 3
πh2 (m + n)
=
3
πh2 · BC
=
3
AB·CA
Como h · BC = AB · CA, temos h = BC
, logo
2 2
πAB · CA
x= .
3BC
Assim,
1 1 9 9
+ 2 = 4 2 + 2 4 2
y2 z π 2 AB · CA π CA · AB
2 2
9CA + 9AB
= 4 4
π 2 AB · CA
2
9BC
= 4 4
π 2 AB · CA
 2
3BC
= 2 2
πAB · CA
1
= .
x2

Você também pode gostar