Teste da Comparação de Limites

O Teste de Comparação relaciona a convergência/divergência de uma série à de

uma outra série de comparação. O Teste de Comparação do Limite é um outro
teste dessa forma.
P P
Teste da Comparação de Limites. Sejam an e bn séries com termos
an , bn ≥ 0. Se limn→∞ abnn é igual a um número real c > 0, então ou ambas as
séries convergem ou ambas divergem.
Aviso. c não pode ser infinito.
1
P
Exemplo 1. Determine se a série 2n −1 converge ou diverge.
Vamos definir
1 1
an = e bn = n .
2n − 1 2
P
Queremos
P usar a convergência da série geométrica bn para mostrar convergência
de an . Observe que não podemos aplicar o Teste de Comparação porque an ≤ bn
não vale. Mas
1
an n 2n 1
= 2 1−1 = n = 1 −→ 1 > 0
bn 2n
2 − 1 1 − 2n
P
quando n → ∞, que implica convergência de an pelo Teste da Comparação de
Limites.
P 2n2 +3n
Exemplo 2. Determine se a série √
5+n5
converge ou diverge.
Seja
2n2 + 3n
an = √ .
5 + n5
P
Para definir uma série de comparação apropriada √ bn identificamos as partes
dominantes no numerador, 2n2 , e no denominador, n5 , e omitimos o resto.
2n2 2
bn := √ = 1/2 .
n 5 n
√ r
an 2n2 + 3n n5 2n2 + 3n n5
lim = lim √ · = lim ·
n→∞ bn n→∞ 5 + n5 2n2 n→∞ 2n2 5 + n5
r s
3 n5 1
= lim (1 + ) · lim =1· lim =1>0
n→∞ 2n n→∞ 5 + n5 n→∞ 5/n5 + 1
P P
=⇒ an diverge pelo Teste da Comparação de Limites, porque a p-série bn
diverge (0 < p = 21 < 1).

Série Alternada
Uma série alternada é uma série cujos termos são alternadamente positivos e ne-
gativos, por exemplo
∞
X ∞
X
(−1)n bn ou (−1)n+1 bn
n=1 n=1
1
2

onde bn ≥ 0. Um exemplo ainda mais concreto é

∞
1 2 3 X n
1 − + − + ··· = (−1)n+1 .
2 3 4 n=1
n+1
O Teste da Série Alternada. Se a série alternada
X∞
(−1)n+1 bn = b1 − b2 + b3 − b4 + · · · bn ≥ 0
n=1
statisfaz
(i) (bn ) é decrescente, ou seja bn+1 ≤ bn para cada n ∈ N,
(ii) limn→∞ bn = 0,
então a série converge.
Demonstração. Observe que
def
s2n−1 ≥ s2n−1 + (−b2n + b2n+1 ) = s2n+1 .
| {z }
≤0

Então a sequência das somas parcias (s2n+1 ) de ı́ndices ı́mpares é decrescente. Além
disso, (s2n+1 ) ≥ 0 para cada n ∈ N, porque
s2n+1 = (b1 − b2 ) + (b2 − b3 ) + · · · + (b2n−1 − b2n ) + b2n+1 ≥ 0.
| {z } | {z } | {z } | {z }
≥0 ≥0 ≥0 ≥0

Segue pelo Teorema da Sequência Monótona que (s2n+1 ) é convergente. Semelhante

(s2n ) é crescente e limitada por cima (por b1 por exemplo) e portanto convergente.

Figura 1. J. Stewart, Cálculo Vol. 2

(ii)
lim s2n+1 − lim s2n = lim(s2n+1 − s2n ) = lim b2n+1 = 0.
Então os limites de (s2n ) e (s2n+1 ) são iguais e portanto (sn ) converge, ou seja, a
série alternada converge.

Exemplo 1. A série harmônica alternada

∞
1 1 1 X 1
1− + − + ··· = (−1)n+1
2 3 4 n=1
n
satisfaz
1
(i) bn+1 ≤ bn porque n+1 < n1 ,
1
(ii) limn→∞ bn = limn→∞ n = 0.
 3

Portanto a série é convergente pelo Teste da Série Alternada.

∞
X 3n
Exemplo 2. A série (−1)n é alternada, mas a condição
n=1
4n − 1
3n 3 3
(ii) lim bn = lim = lim = 6= 0.
n→∞ n→∞ 4n − 1 n→∞ 4 − 1/n 4
não é satisfeita e o Teste da Série Alternada não adianta. Considere o n-ésimo
termo
3n
an = (−1)n
4n − 1
da série. Como limn→∞ an não existe, a série diverge pelo Teste da Divergência.
∞
X n2
Exemplo 3. Determine se a série (−1)n+1 é convergente ou divergente.
n=1
n3 + 1
Temos que verificar as duas condições:
(i) (bn ) é decrescente? Veja abaixo.
2
(ii) limn→∞ bn = limn→∞ n3n+1 = 0. X
x2
(i) Considere f (x) = . É fácil calcular
x3 + 1
x(2 − x3 )
f 0 (x) = 3 .
(x + 1)2
√
Veja x >
√
3
2 =⇒ x(2 − x3 ) < 0 =⇒ f 0 (x) < 0.
3
=⇒ f |( 2, ∞) é decrescente.
=⇒ bn+1 = f (n + 1) < f (n) = bn para n ≥ 2.
=⇒ a série converge pelo Teste da Série Alternada.