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Cálculo I — Cálculo Infinitesimal I

FCUL - Departamento de Matemática

10 de Outubro de 2023

Séries de termos positivos - continuação


Exercício
Determinar a natureza da série


∑ 3
5n −n
n=2

Esta série não é uma série geométrica, mas quase... ∑ 1


Podemos aplicar o segundo critério de comparação, usando uma série 5n :
3
5n −n 3 × 5n 3
lim = lim = lim =3
1
5n
5 −n
n 1 − 5nn
e concluímos que as séries são da mesma natureza; logo a série dada é convergente.

Critério da “Razão” ou de D’Alembert



an série de termos positivos; a = lim an+1
an

• Se a < 1, a série é CONVERGENTE

• Se a > 1, a série é DIVERGENTE

• Se a = 1, nada podemos concluir (*)

(*) Este limite


∑ 1 é igual a 1 para a série harmónica, que é divergente, mas também
para a série n2 , que é convergente.
Se a sucessão aan+1n
tender para 1, mas por valores superiores a 1, então ainda
podemos concluir que a série é divergente (pois não é muito difícil ver que, se for
esse o caso, o termo geral não tende para zero... porquê?).

1
Um exemplo muito importante
A série

∑ ∞
∑ xn
an =
n!
n=0 n=0

é CONVERGENTE, qualquer que seja o valor de x ∈ R+ (*):


xn+1
an+1 (n+1)! x
lim = lim xn = lim =0
an n!
n+1
Pelo Critério de D’Alembert, conclui-se que a série converge, uma vez que o limite é
menor do que 1.
(*) De facto, a série é também convergente se x = 0 (obviamente!) e se x < 0,
e a sua soma é em todos os casos igual a ex ; mas não é possível aplicar o critério
de D’Alembert quando x ≤ 0, pois nesses casos não temos uma série de termos
positivos.


∑ xn
= ex
n!
n=0

Critério “da raiz” ou de Cauchy


∑ √
an série de termos positivos; a = lim n an

• Se a < 1, a série é CONVERGENTE


• Se a > 1, a série é DIVERGENTE
• Se a = 1, nada podemos concluir

Exemplo
∑ ∑ ( 2n+3 )n √ (
2n+3
)
2
Para a série an = 3n−1 , temos lim n a
n = lim 3n−1 = 3, logo a série é
convergente.

Funções Reais de Variável Real


Funções Reais de Variável Real
Uma função real de variável real (FRVR) é uma função cujo conjunto de chegada é R e
cujo domínio é um subconjunto de R

f: A⊆R→R

Domínio, domínio!
Para caracterizar uma FRVR é necessário:

2
• Domínio

• Expressão

É importante realçar que dar apenas uma expressão como f (x) = x2 não é suficiente
para caracterizar completamente uma função real de variável real, pois é possível usar
a mesma expressão para definir esta função, por exemplo, em R, mas também noutros
domínios (por exemplo, em R+ , ou em N, ou noutro subconjunto de R).

Operações elementares com funções


f : A → R; g : B → R

• f + g : A ∩ B → R: (f + g)(x) = f (x) + g(x)

• f − g : A ∩ B → R: (f − g)(x) = f (x) − g(x)

• f · g : A ∩ B → R: (f · g)(x) = f (x)g(x)

• f /g : A ∩ B̂ → R: (f /g)(x) = fg(x)
(x)
onde B̂ = { x ∈ B | g(x) ̸= 0 } Não se pode
dividir por zero! Por isso, para poder definir (f /g)(x) é necessário não só que f (x)
e g(x) existam, i. e., que x ∈ A ∩ B, mas também que g(x) seja diferente de 0.

• |f | : A → R: |f |(x) = |f (x)|
√ √ √
• f : à → R: f (x) = f (x), onde à = { x ∈ A | f (x) ≥ 0 }

Composição de funções
f : A → R; g : B → R;

• g ◦ f : Â → R: (g ◦ f )(x) = g(f (x)), Â = { x ∈ A | f (x) ∈ B }

• f ◦ g : B̂ → R: (f ◦ g)(x) = f (g(x)), B̂ = { x ∈ B | g(x) ∈ A }


Note-se que, para poder calcular g(f (x)) é necessário antes de mais que f (x)
exista, isto é que x ∈ Df ; e depois é necessário que f (x) ∈ Dg ; assim, temos
Dg◦f = { x ∈ Df | f (x) ∈ Dg }.
Analogamente, podemos considerar a função f ◦ g, cujo domínio é Df ◦g = { x ∈
Dg | g(x) ∈ Df }

Atenção
Geralmente,
f ◦ g ̸= g ◦ f

A observação de que, em geral, se pode ter f ◦ g ̸= g ◦ f , pode ser traduzida dizendo


que a composição de funções não é comutativa.

3
Por outro lado, é importante observar que a composição de funções tem a propriedade
associativa: para quaisquer funções f , g, h, tem-se sempre (f ◦ g) ◦ h = f ◦ (g ◦ h).
A verificação desta propriedade é um simples exercício: basta ver que ambas têm o
mesmo domínio, e verificar que, para cada elemento x desse domínio, cada uma delas dá
o mesmo valor, f (g(h(x))).

Composição - Exemplo
f : R → R, f (x) = x2

g : [1, +∞[→ R, g(x) = x−1

f ◦ g : [1, +∞[→ R

(f ◦ g)(x) = f (g(x)) = ( x − 1)2 = x − 1

g ◦ f : ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[→ R


√ √
(g ◦ f )(x) = g(f (x)) = f (x) − 1 = x2 − 1

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