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Séries e Equações Diferenciais

Rui F. Vigelis
rfvigelis@gmail.com

Universidade Federal do Ceará – UFC

Versão:
2023-12-03 18:05:43

© R. F. Vigelis Séries e Equações Diferenciais


Séries e Equações Diferenciais
Ementa

Objetivos:
Capacitar o aluno a identificar e enfrentar os problemas de
Engenharia que possam ser resolvidos com técnicas envolvendo
Séries e Equações Diferenciais.

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Séries e Equações Diferenciais
Ementa

Frequência:
≥ 75%, que equivale a um máximo de 16 horas em faltas.

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Séries e Equações Diferenciais
Ementa

Avaliação:
3 avaliações progressivas distribuídas durante o semestre.
Critério de aprovação:
Se 7 ≤ MAPs, o aluno é aprovado por média.
Se 4 ≤ MAPs < 7, o aluno faz a prova de avaliação final.
MAPs + NAF
Se 4 ≤ NAF e 5 ≤ MAF = , o aluno é aprovado.
2
Caso contrário, o aluno é reprovado.

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Ementa

Bibliografia básica:
Leithold, Louis. O Cálculo com Geometria Analítica. Vol. 2,
3a. ed. São Paulo: Harbra, 1994.
Guidorizzi, Hamilton Luiz. Um Curso de Cálculo. Vol. 4, 6a. ed.
Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 2018.
Bibliografia complementar:
Lima, Elon Lages.Análise Real: Funções de Uma Variável Real.
Vol. 1, 12a. ed. Rio de Janeiro: IMPA – Instituto de Matemática
Pura e Aplicada, 2017.

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Ementa

Conteúdo:
Sequências e séries (AP1)
A definir (AP2)
A definir (AP3)

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Sequências

Uma sequência de números reais (an ) é uma aplicação que para cada
n ∈ N (ou para cada n ≥ n0 com n, n0 ∈ Z) associa um único número
real an ∈ R.

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Sequências

Definição
Dizemos que o limite de uma sequência (an ) existe se pudermos
encontrar L ∈ R tal que, para cada ε > 0, existir n0 ∈ N tal que

n ≥ n0 ⇒ |an − L| < ε.

Neste caso, dizemos que (an ) tem limite L ou converge para L, o que
denotamos por limn→∞ an = L ou an → L (com n → ∞).

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Sequências

Teorema
O limite L ∈ R de uma sequência (an ), caso exista, é único.

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Sequências

Exemplo
Verifique os limites:
(a) lim c = c, para c ∈ R;
n→∞
1
(b) lim = 0, para k > 0;
n→∞nk
(c) lim r n = 0, para r ∈ (−1, 1);
n→∞
n−1
(d) lim = 1.
n→∞ n+1

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Sequências

Teorema
Sejam (an ) e (bn ) sequências de números reais. Se os limites lim an = L
n→∞
e lim bn = M existirem, então
n→∞
(i) lim (an + bn ) = L + M;
n→∞
(ii) lim an · bn = L · M;
n→∞
an L
(iii) lim = , se M ̸= 0.
n→∞ bn M

Corolário
Sejam (an ) e (bn ) sequências de números reais. Se os limites lim an = L
n→∞
e lim bn = M existirem, então
n→∞
(i) lim can = cL, para qualquer c ∈ R;
n→∞
(ii) lim (an − bn ) = L − M.
n→∞

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Sequências

Exemplo
Encontre os limites:
n−1
(a) lim ;
n→∞ n + 1
n2 + 3n − 1
(b) lim .
n→∞ 2n2 + 5

R.: (a) 1; (b) 1/2.

Exemplo
Mostre que
n
X 1 3
lim = .
n→∞ 3k 2
k=0

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Sequências

Teorema
Seja (an ) uma sequência de números reais, tal que o limite lim an = L
n→∞
existe. Se f (x) é uma função contínua em L (e, portanto, definida numa
vizinhança de L), então

lim f (an ) = f (L).


n→∞

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Sequências

Exemplo
Encontre os limites:
2n2 − 1
(a) lim √ 3
;
n→∞ n6 + 2n + 1
√ √
(b) lim ( n + 1 − n);
n→∞
n2 π
(c) lim sen .
n→∞ 2n + 1 n

R.: (a) 2; (b) 0; (c) π/2.

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Sequências

Teorema
Seja f (x) uma função real definida no intervalo [a, ∞), para algum
a ∈ R. Considere a sequência (an ) definida por

an = f (n), para n ≥ a,

e assumindo quaisquer valores para 1 ≤ n < a. Então

lim an = lim f (x).


n→∞ x→∞

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Sequências

Exemplo
Calcule os limites:
n−1
(a) lim ;
n→∞ n + 1
n2 + 3n − 1
(b) lim .
n→∞ 2n2 + 5

R.: (a) 1; (b) 1/2.

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Sequências

Exemplo
Mostre que √
n
lim n = 1.
n→∞

Exemplo
Verifique a igualdade  x n
e x = lim 1 + ,
n→∞ n
para qualquer x ∈ R.

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Sequências

Definição
Dizemos que uma sequência (an ) é
(i) crescente, se an ≤ an+1 para todo n;
(ii) decrescente, se an ≥ an+1 para todo n.
Uma sequência é dita ser monótona se for crescente ou decrescente.

No caso de an < an+1 , a sequência é dita ser estritamente


crescente. Se an > an+1 , a sequência é dita ser estritamente
decrescente.

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Sequências

Exemplo
Determine se as seguintes sequências são crescentes, decrescentes ou não
monótonas:
n
(a) an = 2n+1 ;
1
(b) an = n;
(−1)n+1
(c) an = n .

R.: (a) crescente; (b) decrescente; (c) não monótona.

Exemplo
Mostre que a sequência an = (1 + n1 )n é crescente.

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Sequências

Definição
Uma sequência (an ) é dita ser
(i) limitada superiormente se existir um número real M, chamado de
cota superior, tal que

an ≤ M, para todo n ∈ N;

(ii) limitada inferiormente se existir um número real m, chamado de


cota inferior, tal que

m ≤ an , para todo n ∈ N;

(iii) limitada se existirem reais m e M tais que

m ≤ an ≤ M, para todo n ∈ N.

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Sequências

Exemplo
Mostre que a sequência an = (1 + n1 )n é limitada superiormente.

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Sequências

Teorema
Toda sequência convergente é limitada.

A recíproca do teorema acima não é válida em geral, porém a


recíproca é verdadeira se a sequência for assumida monótona.

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Sequências

Teorema
Toda sequência monótona e limitada é convergente.

A prova desse resultado requer o uso do seguinte axioma:

Axioma do Completamento
Todo conjunto não vazio de números reais que tenha uma cota inferior,
possui uma cota inferior máxima, chamada de ínfimo. Da mesma forma,
todo conjunto não vazio de números reais que tenha uma cota superior
possui uma cota superior mínima, chamada de supremo.

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Sequências

Como mostrado em exemplos anteriores, a sequência an = (1 + n1 )n


é crescente e limitada superiormente. Consequentemente, essa
sequência converge.

Exemplo
2n
Verifique que a sequência an = n! é convergente.

Exemplo
Defina a sequência (an ) por a1 = 1 e

an+1 = 1 + an , para n ≥ 1.

Usando indução, mostre que (an ) é crescente e limitada superiormente


por 2, e, portanto, converge.

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Sequências

Exemplo
Mostre que a sequência (an ) definida recursivamente por a1 = 1 e

5 + 5an
an+1 = , para n ≥ 1,
5 + an

é crescente e limitada superiormente por 5, e, como consequência,
converge.

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Sequências

Definição
Uma sequência (an ) é chamada de sequência de Cauchy se, para todo
ε > 0, existir um número natural n0 ∈ N tal que

m, n ≥ n0 ⇒ |am − an | < ε.

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Sequências

Exemplo
n+1
Mostre que an = n é uma sequência de Cauchy.

Exemplo
1
Verifique que an = n2 +1 é uma sequência de Cauchy.

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Sequências

Teorema
Uma sequência converge se, e somente se, for uma sequência de Cauchy.

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Sequências

Exemplo
Seja (an ) uma sequência definida por a1 = 1, a2 = 2 e

1
an+1 = (an + an−1 ), para n ≥ 2.
2
Mostre que (an ) é de Cauchy, e, portanto, converge.

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Sequências

Exemplo
Seja (an ) um sequência tal que

|an+1 − an | ≤ α|an − an−1 |, para todo n ≥ N,

para algum N ∈ N, e 0 < α < 1. Mostre que (an ) é uma sequência de


Cauchy.

Exemplo
Seja (an ) uma sequência definida por a1 = 1 e

1
an+1 = 1 + , para n ≥ 1.
an

Mostre que (an ) é de Cauchy, e, portanto, converge.

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Séries

Definição
Se (an ) for uma sequência e

sn = a1 + a2 + · · · + an ,

então a sequência (sn ) será chamada de série (infinita), a qual é


denotada por
X∞
an = a1 + a2 + · · · + an + · · ·
n=1

Os números a1 , a2 , . . . , an , . . . são chamados de termos da série infinita.


Os números s1 , s2 , . . . , sn , . . . são chamados de somas parciais da série
infinita.

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Séries

Exemplo
P∞ 1
Encontre uma expressão para as somas parciais da série n=1 n(n+1) .

Exemplo
1
Determine a série que tem somas parciais sn = 2n .

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Séries

Definição
P∞
Seja n=1 an uma dada série infinita, e seja (sn ) a sequência das somas
parciais que definem a série. Então, se limn→∞ sn existir e for igual a S,
dizemos que a série é convergente, sendo S sua soma. Se limn→∞ sn
não existir, a série será divergente e não terá uma soma.

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Séries

Exemplo
P∞
Dada a série n=0 21n , encontre uma expressão para as suas somas
parciais sn , e calcule sua soma S.

Exemplo
P∞ 1
Determine se a série n=1 n(n+1) converge ou não, e, caso convirja,
encontre sua soma.

Exemplo
P∞ 1
Verifique se a série n=1 n(n+1)(n+2) converge ou não, e, caso convirja,
encontre sua soma.

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Séries

Teorema
P∞
Se a série n=1 an for convergente, então limn→∞ an = 0.

O resultado acima fornece um critério simples para


P∞divergência, pois
se limn→∞ an ̸= 0 podemos concluir que a série n=1 an é
divergente.

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Séries

Exemplo
Prove que as séries abaixo são divergentes:
P∞ n2 +1
(a) n=1 n2 ;
P∞ n+1
(b) n=1 (−1) 3.

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Séries

A recíproca do teorema anterior é falsa em geral.


Em outras palavras, os termos de uma série convergirem para 0 não
implica em geral que a série seja convergente.
Um exemplo disso é a chamada série harmônica, que é definida
como

X 1 1 1 1
= 1 + + + ··· + + ···
n=1
n 2 3 n

Exemplo
Mostre que as somas parciais da série harmônica não são uma sequência
de Cauchy, e, portanto, a série harmônica não converge.

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Séries

Uma série geométrica é definida como



X
ar n = a + ar + ar 2 + · · · + ar n + · · ·
n=0

fixados números reais a e r .


Teorema
a
A série geométrica converge para a soma se |r | < 1, e diverge se
1−r
|r | ≥ 1 e a ̸= 0.

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Séries

Teorema
P∞ P∞
Se n=1 an e n=1 bn são duas séries que diferem somente pelo seus m
primeiros termos (isto é, ak = bk se k > m), então ambas convergem ou
ambas divergem.

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Séries

Exemplo
P∞ 1
Determine se a série n=1 n+4 é convergente ou divergente.

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Séries

Teorema
P∞ P∞
Seja c uma constante real. Se n=1 an e n=1 bn são séries
convergentes com somas S e R, respectivamente, então
P∞
(i) can é uma série convergente e com soma cS;
Pn=1

(ii) n=1 (an ± bn ) é uma série convergente com soma S ± R.

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Séries

Teorema
P∞
(i) Seja c uma constante
P∞ não nula. Se a série n=1 an for divergente,
então a série n=1 can também será divergente;
P∞ P∞
(ii) Se a série n=1
P∞an for convergente e a série n=1 bn for divergente,
então a série n=1 (an ± bn ) será divergente.

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Séries

Exemplo
P∞ 1 1

Determine se a série n=1 4n + 4n é convergente ou divergente.

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Séries

Teorema
Uma série de termos positivos será convergente se, e somente se, sua
sequência de somas parciais tiver um limitante superior.

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Séries

Exemplo
P∞ 1
Mostre que a série n=1 n! é convergente.

Exemplo
P∞ 1
Verifique que a série n=1 n2 é convergente.

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Séries

Teorema (Critério da Comparação)


P∞
Seja n=1 an uma série de termos positivos.
P∞
(i) Se n=1 bn for uma série convergente
P∞ de termos positivos, e se
an ≤ bn , para todo n ∈ N, então n=1 an será convergente.
P∞
(ii) Se n=1 bn for uma série divergente
P∞de termos positivos, e se
bn ≤ an , para todo n ∈ N, então n=1 an será divergente.

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Séries

Exemplo
Determine se as séries a seguir convergem ou divergem:
P∞ 4
(a) n=1 3n +1 ;
P∞ 1
(b) n=1 n .

Exemplo
Verifique se as séries abaixo convergem ou divergem:
P∞ n
(a) n=1 n2 +2n+1 ;
P∞ 1
(b) n=1 n2n .

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Séries

Teorema (Critério da Comparação com Limite)


P∞ P∞
Sejam n=1 an e n=1 bn duas séries de termos positivos. Suponha que
o limite
an
lim =L
n→∞ bn

exista, sendo finito ou infinito. Deste modo,


(i) se L > 0, então ambas as séries convergem, ou ambas divergem;
P∞ P∞
(ii) se L = 0 e se n=1 bn converge, então n=1 an converge;
P∞ P∞
(iii) se L = ∞ e se n=1 bn diverge, então n=1 an diverge.

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Séries

Exemplo
Usando o critério da comparação com limite, determine se as séries a
seguir convergem ou divergem:
P∞ 4
(a) n=1 3n +1 ;
P∞ 1
(b) n=1 n .

Exemplo
n3
P∞
Determine se a série n=1 n! é convergente ou divergente.

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Séries

Exemplo
Verifique se as séries abaixo convergem ou divergem:
P∞
(a) ne −n ;
Pn=0
∞ 1
(b) n=2 ln n ;
n2 +2
P∞
(c) n=1 n5 +2n+1 .

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Séries

Teorema (Critério da Integral)


Seja f uma função contínua, decrescente e com valores positivos para
todo x ≥ 1. Então a série

X
f (n) = f (1) + f (2) + · · · + f (n) + · · ·
n=1

será convergente se a integral imprópria


Z ∞
f (x)dx
1
Rb
existir e será divergente se limb→∞ 1
f (x)dx = ∞.

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Séries

Exemplo
P∞ 1
Use o critério da integral para mostrar que a série p dada por n=1 np
diverge se p ≤ 1 e converge se p > 1.

Exemplo
Determine se as séries abaixo convergem ou divergem:
P∞
(a) ne −n ;
Pn=1

(b) √1
n=2 n ln n ;

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Séries

Exemplo
Seja p > 0 com p ̸= 1 um real dado. Para quais valores de p, a série

X 1
n=2
n(ln n)p

converge?

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Séries

Definição
Se an > 0 para todo n ∈ N, então a série

X
(−1)n+1 an = a1 − a2 + a3 − a4 + · · · + (−1)n+1 an + · · ·
n=1

e a série

X
(−1)n an = −a1 + a2 − a3 + a4 − · · · + (−1)n an + · · ·
n=1

são chamadas de séries alternadas.

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Séries

Teorema (Critério da Série Alternada)


P∞ P∞
Considere a série alternada n=1 (−1)n+1 an (ou n=1 (−1)n an ), em que
an > 0 e an+1 < an , para todo n ∈ N. Se limn→∞ an = 0, então a série
alternada converge.

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Séries

Exemplo
P∞
Mostre que a série alternada n=1 (−1)n+1 n1 é convergente. Verifique
P∞
também que n=1 (−1)n+1 n1 = ln(2).

Exemplo
P∞ n n+2
Determine se a série alternada n=1 (−1) n(n+1) é convergente ou
divergente.

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Séries

Definição
P∞
Dizemos
P∞ que a série n=1 an é absolutamente convergente se a série
n=1 |an | for convergente.

Definição
Uma série que é convergente, mas não absolutamente convergente, é
chamada de condicionalmente convergente.

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Séries

Teorema
P∞
Se a série n=1 an for absolutamente convergente, ela será convergente e

X ∞
X
an ≤ |an |.
n=1 n=1

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Séries

Exemplo
P∞ cos 13 nπ
Determine se a série n=1 n2 é convergente ou divergente.

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Séries

Teorema (Critério da Razão)


P∞
Seja n=1 an uma série cujos termos são não nulos. Suponha que o
limite
an+1
lim =L
n→∞ an

exista, sendo finito ou infinito. Deste modo,


(i) se L < 1, a série é absolutamente convergente;
(ii) se L > 1 ou L = ∞, a série é divergente;
(iii) se L = 1, nenhuma conclusão pode ser aferida.

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Séries e Equações Diferenciais
Séries

Exemplo
P∞ n+1 n
Determine se a série n=1 (−1) 2n é convergente ou divergente.

Exemplo
P∞ n+2
Já sabemos que a série n=1 (−1)n n(n+1) converge. Verifique se essa
série é absolutamente convergente ou condicionalmente convergente.

Exemplo
Verifique se as séries abaixo convergem ou divergem:
P∞ 2n
(a) n=0 n! ;
P∞ 1·4·7···(3n+1)
(b) n=1 n5 ;
P∞ nn
(c) n=1 n! .

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Séries

Teorema (Critério da Raiz)


P∞
Seja n=1 an uma série cujos termos são não nulos. Suponha que o
limite p
lim n |an | = L
n→∞

exista, sendo finito ou infinito. Deste modo,


(i) se L < 1, a série é absolutamente convergente;
(ii) se L > 1 ou L = ∞, a série é divergente;
(iii) se L = 1, nenhuma conclusão pode ser aferida.

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Séries e Equações Diferenciais
Séries

Exemplo
Use o critério da raiz para verificar se as séries abaixo convergem ou
divergem:
P∞ 32n+1
(a) n=1 n2n ;
P∞ 1
(b) n=1 [ln(n+1)]n .

Exemplo
Verifique se as séries abaixo convergem ou divergem:
P∞ n3
(a) n=0 3n ;
P∞ n+2 n
(b) n=1 ( 2n+1 ) .

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Séries e Equações Diferenciais
Séries

Teorema (Critério de Dirichlet)


Considere a série

X
an bn .
n=1

Assuma que a sequência (an ) seja decrescente e tal que lim an = 0.


n→∞
Suponha que exista M > 0 tal que
n
X
bk ≤ M, para todo n ∈ N.
k=1
P∞
Nestas condições, a série n=1 an bn é convergente.

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Séries e Equações Diferenciais
Séries

Exemplo
P∞ sen n
Prove
Pn que a série n=1 n é convergente. Para mostrar que
k=1 sen(k) ≤ M, para algum M > 0, use a igualdade
2 sen( 21 ) sen(n) = cos(n − 12 ) − cos(n + 12 ).

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Séries e Equações Diferenciais
Séries de potências

Seja (an ), n ≥ 0, uma sequência de números reais, e seja x0 ∈ R. A série



X
an (x − x0 )n
n=0

é chamada de série de potências, com coeficientes an , e centrada em


x0 .

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Séries e Equações Diferenciais
Séries de potências

Teorema
P∞
Se a série de potências n=0 an x n for convergente em x = x1 , com
x1 ̸= 0, então ela será absolutamente convergente em todo x ∈ R tal que
|x| < |x1 |.

Teorema
P∞
Se a série de potências n=0 an x n for divergente em x = x2 , então ela
será divergente em todo x ∈ R tal que |x| > |x2 |.

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Séries e Equações Diferenciais
Séries de potências

Teorema
P∞
Considere a série de potências n=0 an x n . Então apenas uma das três
possibilidades abaixo se verifica:
(i) a série converge apenas em x = 0;
(ii) a série converge absolutamente em todo x ∈ R;
(iii) existe R > 0 tal que a série converge absolutamente para todo
|x| < R, e diverge para todo |x| > R. Nos extremos −R e R a série
poderá convergir ou não.

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Séries e Equações Diferenciais
Séries de potências

Teorema (Teste da Razão)


P∞ n
O raio de convergência R da série n=0 an x , em que an ̸= 0 para
n ≥ p, é dado pela fórmula
an
R = lim ,
n→∞ an+1

caso o limite acima exista, podendo ser finito ou infinito.

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Séries e Equações Diferenciais
Séries de potências

Exemplo
Determine o raio de convergência das séries abaixo:
P∞ n n
(a) n=1 n x ;
P∞ x n
(b) n=0 n+2 ;
P∞ x n
(c) n=0 n3 ;
P∞ x n
(d) n=0 n! .

R.: (a) R = 0; (b) R = 1; (c) R = 1; (d) R = ∞.

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Séries e Equações Diferenciais
Séries de potências

Teorema
P∞
Seja f (x) = n=0 an x n uma série de potências com raio de convergência
0 < R ≤ ∞. Então a função f (x) é contínua para |x| < R. Além disso, a
função f (x) tem primitiva
Z ∞
X an n+1
f (x)dx = x + C,
n=0
n +1

e derivada

X
f ′ (x) = nan x n−1 .
n=1

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Séries e Equações Diferenciais
Séries de potências

Exemplo
P∞
Seja f (x) = n=0 an x n uma série de potências com raio de convergência
0 < R ≤ ∞. Mostre que

f (n) (0)
an = , para n ≥ 0.
n!
Com isso, conclua que

X f (n) (0)
f (x) = x n.
n=0
n!

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Séries e Equações Diferenciais
Séries de potências

Exemplo
P∞
Seja n=0 an x n uma série de potências com raio de convergência
0 < R ≤ ∞. Suponha que existe r > 0, com r < R, tal que

X
an x n = 0, para todo |x| < r .
n=0

Mostre que an = 0, para todo n ≥ 0.

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Séries e Equações Diferenciais
Séries de potências

Exemplo
Encontre uma fórmula, expressa em termos de x, para cada uma das
séries de potências:
P∞
(a) nx n , para |x| < 1;
Pn=0
∞ 2 n
(b) n=0 n x , para |x| < 1.

x x(1+x)
R.: (a) (1−x)2 ; (b) (1−x)3 .

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Séries e Equações Diferenciais
Série de Fourier

Seja f : [−π, π] → R uma função integrável.


Os números
1 π
Z
a0 = f (x)dx,
π −π
Z π
1
an = f (x) cos(nx)dx,
π −π
Z π
1
bn = f (x) sen(nx)dx,
π −π

denominam-se coeficientes de Fourier de f .

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Séries e Equações Diferenciais
Série de Fourier

A série

a0 X
+ [an cos(nx) + bn sen(nx)]
2 n=1

onde an e bn são os coeficientes de Fourier de f , denomina-se série


de Fourier de f.
A série de Fourier de f converge para f ?

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Séries e Equações Diferenciais
Série de Fourier

Exemplo
Encontre a série de Fourier de f (x) = x, para −π ≤ x ≤ π.
P∞
R.: n=1 (−1)n+1 n2 sen(nx).

Exemplo
Encontre a série de Fourier de

f (x) = x 2 , para − π ≤ x ≤ π.

Sugestão: Use x 2 cos(nx)dx = x 2 sen(nx) + 2x cos(nx) − 2 sen(nx)


R
n n2 n3 + C.
2 ∞
π n 4
P
R.: 3 + n=1 (−1) n2 cos(nx).

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Séries e Equações Diferenciais
Série de Fourier

Lema
Sejam f e g duas funções reais contínuas em [−π, π], tais que
f (−π) = f (π) e g (−π) = g (π). Se f e g possuem os mesmos
coeficientes de Fourier, então f (x) = g (x) em [−π, π].

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Séries e Equações Diferenciais
Série de Fourier

Seja f : [−π, π] → R. Dizemos que f é de classe C k por partes se existir


uma partição

{−π = x0 < x1 < · · · < xi−1 < xi < · · · < xn = π}

do intervalo [−π, π] e, para cada índice 1 ≤ i ≤ n, existir uma função


fi : [xi−1 , xi ] → R de classe C k e tal que

f (x) = fi (x), para todo x ∈ (xi−1 , xi ).

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Séries e Equações Diferenciais
Série de Fourier

Exemplo
Mostre que a função
(
−1, para − π ≤ x ≤ 0,
f (x) =
x 2 , para 0 < x ≤ π,

é de classe C 2 por partes.

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Séries e Equações Diferenciais
Série de Fourier

Observe que uma função f : R → R, periódica de período 2π, fica


completamente determinada pelos seus valores no intervalo [−π, π].
Suponha que a função f admita limites laterais finitos no ponto a.
O limite lateral à direita será indicado por

f (a+ ) = lim+ f (x),


x→a

e o limite lateral à esquerda por

f (a− ) = lim− f (x),


x→a

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Séries e Equações Diferenciais
Série de Fourier

Teorema
Seja f : R → R uma função periódica de período 2π, e de classe C 1 por
partes em [−π, π], mas não necessariamente contínua neste intervalo.
Sejam an , n ≥ 0 e bn , n ≥ 1 os coeficientes de Fourier de f . Então, para
todo x ∈ R,

f (x + ) + f (x − ) a0 X
= + [an cos(nx) + bn sen(nx)].
2 2 n=1

Além disso, a convergência será uniforme em todo intervalo fechado em


que f for contínua.

Nos pontos x em que f é contínua, vale que f (x) = f (x + ) = f (x − ), e,


portanto,

a0 X
f (x) = + [an cos(nx) + bn sen(nx)]
2 n=1

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Séries e Equações Diferenciais
Série de Fourier

Exemplo
Verifique a igualdade

π2 X 4
x2 = + (−1)n 2 cos(nx), para − π ≤ x ≤ π.
3 n=1
n

Faça x = 0 na expressão acima para mostrar que



X 1 π2
(−1)n+1 2 = .
n=1
n 12

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Séries e Equações Diferenciais
Série de Fourier

Exemplo
Mostre que

π 2 X (−1)n − 1
|x| = + cos(nx), para − π ≤ x ≤ π.
2 π n=1 n2

Faça x = 0 na fórmula acima para verificar a igualdade



X 1 π2
= .
n=1
n2 6

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Definição
Uma equação que estabelece uma relação entre a variável independente
x, uma função incógnita y = y (x) e suas derivadas y ′ , y ′′ , . . . , y (n) é
chamada de equação diferencial de ordem n. Expressamos essa relação
como
F (x, y , y ′ , . . . , y (n) ) = 0. (1)

Uma função y = y (x) que satisfaz a relação (1) é dita ser uma
solução da equação diferencial.
Uma relação H(x, y ) = 0 satisfeita por uma solução y = y (x) da
equação diferencial é chamada de solução implícita.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
2
Verifique que y = x3 + xc , em que c é uma constante real, é uma solução
da equação diferencial F (x, y , y ′ ) = xy ′ + y − x 2 = 0, para todo x ∈ R.

Exemplo
Mostre que a relação x 2 + y 2 − c = 0, fixada a constante c > 1, é uma
solução implícita da equação diferencial F (x, y , y ′ ) = yy ′ + x = 0 no
intervalo (−1, 1).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Uma solução da equação diferencial

F (x, y , y ′ , . . . , y (n) ) = 0

recebe o nome de solução geral se for expressa em termos de


constantes c1 , . . . , cn , que são chamados de parâmetros.
Se aos parâmetros c1 , . . . , cn forem dados valores específicos, a
solução da equação diferencial é chamada de solução particular.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Mostre que y = c1 e x + c2 e −2x é solução geral da equação diferencial

y ′′ + y ′ − 2y = 0,

e ache a solução particular que satisfaz a condição y (0) = y ′ (0) = 1.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

A solução geral da equação diferencial da forma

y (n) = f (x),

pode ser obtida por integrações sucessivas.

Exemplo
Ache a solução geral da equação diferencial

y ′ = cos x + 2x.

R.: y = sen x + x 2 + c1 .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Ache a solução geral da equação diferencial
1
y ′′ = 20x 3 − .
x2
R.: y = x 5 + ln x + c1 x + c2 .

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Equações diferenciais

Definição
Um problema de valor inicial (PVI) é uma equação diferencial da forma

y (n) = f (x, y ′ , . . . , y (n−1) ), (2)

com condições iniciais

y (k) (x0 ) = yk , para 0 ≤ k ≤ n − 1. (3)

em que x0 , e y0 , y1 , . . . , yn−1 são valores dados.

As condições iniciais (3) são usadas para determinar os valores dos


parâmetros da solução geral de (2), e, assim, encontrarmos a
solução particular.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Resolva o problema de valor inicial

y ′′′ = e x − cos x,

com condições iniciais y (0) = 2, y ′ (0) = 3 e y ′′ (0) = 3.

R.: y = e x + sen x + x 2 + x + 1.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Nem sempre uma equação diferencial ou um problema de valor


inicial admite uma solução, ou a solução, quando existe, é única.
A equação diferencial

(y ′ )2 − xy ′ + y + 1 = 0, com y (0) = 0,

não admite solução, pois a equação se reduz a (y ′ (0))2 + 1 = 0 se


x = 0 e y (0) = 0.
O problema de valor inicial

y ′ = 3y 2/3 , com y (0) = 0,

possui uma solução trivial y = 0 e uma solução não nula y = x 3 que


satisfazem a mesma condição inicial.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Considere o problema de valor inicial de uma equação diferencial de


primeira ordem (
y ′ = f (x, y ),
(4)
y (x0 ) = y0 ,
em que x0 e y0 são valores dados.

Teorema (Existência)
Suponha que f (x, y ) é continua num retângulo
R = {(x, y ) : x0 − h < x < x0 + h, y0 − k < y < y0 + k} centrado em
(x0 , y0 ). Então o problema de valor inicial (4) admite uma solução
y = y (x) definida num intervalo (x0 − h1 , x0 + h1 ), para algum h1 > 0.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Teorema (Unicidade)
∂f
Suponha que f (x, y ) e sua derivada parcial ∂x (x, y ) são contínuas num
retângulo R dado como no teorema anterior. Então a solução y = y (x)
do problema de valor inicial (4), cuja existência já é garantida, é única
num intervalo (x0 − h2 , x0 + h2 ), para algum h2 > 0.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Verifique que as condições para a existência e a unicidade da solução do
problema de valor inicial

 y ′ = cos x ,

y +1
y (0) = 2,

são satisfeitas.

Exemplo
Verifique que as condições para a existência e a unicidade da solução do
problema de valor inicial
 y′ = −x ,

y
y (1) = 0,

são satisfeitas.
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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Definição
Uma equação diferencial de primeira ordem é chamada de separável se
existirem funções funções f (x) e g (y ) tais que

g (y )y ′ = f (x). (5)

A equação diferencial y ′ = x 2 y é separável, com f (x) = x 2 e


g (y ) = 1/y na expressão (5).
Já a equação y ′ − 5y 2 = sen x não é separável.

Exemplo
Verifique que y = − x 22−1 , para −1 < x < 1, é solução da equação
diferencial separável
y ′ = xy 2 .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Integrando ambos os lados de (5) com relação a x, obtemos


Z Z
dy
g (y ) dx = f (x)dx + c.
dx
Como consequência da regra da cadeia, chegamos a
Z Z
g (y )dy = f (x)dx + c,

que define implicitamente a solução geral y (x) da equação (5)

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Ache a solução geral da equação diferencial 9yy ′ + 4x = 0.

R.: 4x 2 + 9y 2 = c.

Exemplo
Resolva a equação y ′ = 1 + y 2 .

R.: y = tg(x + c).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Resolva a equação diferencial

y ′ = ky ,

que modela o decaimento (k < 0) ou crescimento exponencial (k > 0).

R.: y = ce kx .

Exemplo
Resolva o problema de valor inicial

 y′ = −y ,

x
y (1) = 1.

R.: y = 1/x.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Determine a solução geral de cada equação diferencial abaixo:
x2
(a) y ′ = y2 ;
(b) y ′ = e x−y
;
(c) (1 − x)dy − y 2 dx = 0;
1+y 2
(d) y ′ = 1+x 2 .

R.: (a) y = (x 3 + c)1/3 ; (b) y = ln(e x + c); (c) y ln[c(1 − x)] = 1;


x+c
(d) y = 1−cx .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Definição
Uma função f de duas variáveis é dita ser homogênea (de grau zero) se

f (λx, λy ) = f (x, y ),

para todos os x, y , λ ∈ R.

Se f é homogênea, então f (x, y ) depende somente da razão y /x, e


assim f pode ser expressa como uma função g (u) em que u = y /x.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Verifique que as funções abaixo são homogêneas:
x +y
(a) f (x, y ) = ;
x
x 3 + xy 2
(b) f (x, y ) = 3 .
y + x 2y

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Definição
Uma equação diferencial de primeira ordem

y ′ (x) = f (x, y ),

em que a função f é homogênea, isto é, f (x, y ) = g (u), com u = y /x,


recebe o nome de equação diferencial homogênea.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Equações diferenciais homogêneas podem ser transformadas em


equações separáveis mediante a mudança de variável u = y /x.
Da igualdade y = ux podemos escrever
dy du
=x + u.
dx dx
Usando a expressão acima na igualdade y ′ = g (y /x), obtemos

du
x + u = g (u),
dx
que resulta na equação diferencial separável

du g (u) − u
= .
dx x

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
x+2y
Encontre a solução geral da equação diferencial y ′ = x .

R.: y = cx 2 − x

Exemplo
y2
Resolva a equação diferencial y ′ = xy +x 2 .

R.: ln |y | = − yx + c.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
y 2 −x 2
Resolva a equação diferencial y ′ = 2xy .

R.: (x − c)2 + y 2 = c 2 .

Exemplo
x+y
Resolva a equação diferencial y ′ = x−y .

R.: tg−1 ( yx ) = ln(c


p
x 2 + y 2 ).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Definição
Uma equação diferencial da forma

M(x, y )dx + N(x, y )dy = 0 (6)

é chamada de exata se existir uma função F (x, y ) tal que



∂F
(x, y ) = M(x, y ),


∂x

∂F
(x, y ) = N(x, y ).



∂y

Se a equação diferencial é exata então F (x, y ) = c é a solução geral


de (6).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Teorema
Suponha que as funções M, N, ∂N ∂M
∂x e ∂y são contínuas num retângulo
R = (α, β) × (γ, δ). Então a equação diferencial
M(x, y )dx + N(x, y )dy = 0 é exata em R se, e somente se,

∂M ∂N
= .
∂y ∂x

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Verifique se a equação diferencial xdx + ydy = 0 é exata ou não.

Exemplo
Verifique se a equação diferencial (x − y )dx + (x + y )dy = 0 é exata ou
não.

Exemplo
Verifique que a equação diferencial
cos(x + y )dx + (3y 2 + 2y + cos(x + y ))dy = 0 é exata.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Dada a equação diferencial exata M(x, y )dx + N(x, y )dy = 0,


queremos encontrar uma função F (x, y ) tal que
∂F ∂F
= M(x, y ), e = N(x, y ).
∂x ∂y
Integrando os termos na igualdade ∂F
∂x = M(x, y ) em relação a x,
obtemos Z
F (x, y ) = M(x, y )dx + k(y ).

Para encontrar k(y ), derivamos a expressão acima em relação y , que


resulta em Z 
∂F ∂
= M(x, y )dx + k ′ (y )
∂y ∂y
∂F
Com a substituição ∂y = N(x, y ) acima, chegamos a
Z 

k ′ (y ) = N(x, y ) − M(x, y )dx ,
∂y
cuja solução determina k(y ).
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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Resolva a equação diferencial
cos(x + y )dx + (3y 2 + 2y + cos(x + y ))dy = 0.

R.: sen(x + y ) + y 3 + y 2 = c.

Exemplo
Determine o valor de b para o qual a equação diferencial
(xy 2 + bx 2 y )dx + (x + y )x 2 dy = 0 é exata e resolva a equação para este
valor de b.
x2y 2
R.: b = 3; 2 + x 3 y = c.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Se uma equação diferencial da forma

M(x, y )dx + N(x, y )dy = 0 (7)

não é exata, podemos multiplicá-la por uma função apropriada


µ(x, y ), chamada de fator integrante, de modo que a equação
diferencial

M(x, y )µ(x, y )dx + N(x, y )µ(x, y )dy = 0 (8)

é exata.
As soluções da equação (7) também são soluções da equação
original (8).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
y
Mostre que µ(x, y ) = x é um fator integrante para a equação diferencial

ydx + 2x ln(x)dy = 0,

e então encontre sua solução.

R.: y 2 ln(x) = c.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Seja M(x, y )dx + N(x, y )dy = 0 uma equação diferencial não exata
com fator integrante µ(x, y ).
Sendo a equação M(x, y )µ(x, y )dx + N(x, y )µ(x, y )dy = 0 exata,
obtemos
∂ ∂
(Mµ) = (Nµ).
∂y ∂x
Expandindo os termos da igualdade acima, chegamos a
∂M ∂µ ∂N ∂µ
µ+M = µ+N ,
∂y ∂y ∂x ∂x
e, assim,
∂µ ∂µ  ∂M ∂N 
N− M=µ − .
∂x ∂y ∂y ∂x
Essa equação, que determina o fator integrante, é muito difícil de
ser resolvida.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Teorema
Seja M(x, y )dx + N(x, y )dy = 0 uma equação diferencial não exata.
( ∂M ∂N
∂y − ∂x )
(i) Se N = h(x), então a equação admitirá o fator integrante
R
h(x)dx
µ(x) = e .
( ∂M ∂N
∂y − ∂x )
(ii) Se M = f (y ), então a equação admitirá o fator integrante
R
µ(y ) = e − f (y )dy
.
( ∂M − ∂N )
∂y ∂x
(iii) Se xM−yN = g (t), com t = xy , então a equação admitirá o fator
integrante R
µ(t) = e − g (t)dt .

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Equações diferenciais

Exemplo
o problema de valor inicial 2 sen(y 2 )dx + xy cos(y 2 )dy = 0, com
Resolvap
y (2) = π/2.
1 4
R.: 2x sen(y 2 ) = 8.

Exemplo
Resolva a equação diferencial (x 2 + y 2 )dx + (x 3 + 3xy 2 + 2xy )dy = 0.

R.: x 3 + 3xy 2 = ce −3y .

Exemplo
Resolva a equação diferencial
 6  x2 3y 
3x + dx + + dy = 0.
y y x

R.: x 3 y + 3x 2 + y 3 = c.
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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Definição
A equação diferencial
y ′ + p(x)y = f (x)
é chamada de linear (não homogênea) de primeira ordem. Se
f (x) = 0 a equação diferencial acima é adicionalmente chamada de
homogênea.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Teorema
Seja p(x) uma função contínua num intervalo I . A equação diferencial

y ′ + p(x)y = 0

possui solução geral no intervalo I dada por


Z
y (x) = Ce −P(x) , em que P(x) = p(x)dx.

A constante C é escolhida de modo a satisfazer a condição inicial


y (x0 ) = y0 .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Em vista de y ′ = −p(x)y , temos


Z Z
1
dy = − p(x)dx + C1 ,
y
Logo,
ln |y | = −P(x) + C1 ,
que implica
y = ±e C1 e −P(x) .
Com C = ±e C1 , reescrevemos a expressão acima como

y = Ce −P(x) .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Resolva a equação diferencial

y ′ + y cos x = 0,

sujeita a
(a) y (0) = 1/2;
(b) y (2) = 1/2.

R.: (a) y = 12 e − sen x ; (b) y = 12 e sen 2 e − sen x .

Exemplo
Encontre a solução da equação diferencial y ′ + 3y /x = 0, com y (1) = 2,
para x > 0.

R.: y = 2x −3 .

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Equações diferenciais

Teorema
Sejam p(x) e f (x) funções contínuas num intervalo I . A equação
diferencial
y ′ + p(x)y = f (x),
possui solução geral no intervalo I dada por
Z 
y (x) = e −P(x) e P(x) f (x)dx + C ,

em que Z
P(x) = p(x)dx.

A constante C é escolhida de modo a satisfazer a condição inicial


y (x0 ) = y0 .

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Equações diferenciais

Multiplicando y ′ + p(x)y = f (x) por e P(x) , obtemos

y ′ e P(x) + yp(x)e P(x) = e P(x) f (x),

que resulta em
d
(ye P(x) ) = e P(x) f (x).
dx
Como resultado da integral de ambos os lados da igualdade acima,
temos Z
ye P(x) = e P(x) f (x)dx + C

e, assim, Z 
−P(x) P(x)
y (x) = e e f (x)dx + C ,

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Equações diferenciais

Exemplo
Encontre a solução da equação diferencial y ′ + 3y /x = x 2 , com
y (1) = 1/2.

R.: y = 61 x 3 + 13 x −3 .

Exemplo
Determine a solução geral da equação diferencial y ′ − 2xy = x.
2
R.: y = − 12 + ce x .

Exemplo
Encontre a solução geral da equação diferencial y ′ + y = xe x .

R.: y = ( 12 x − 41 )e x + ce −x .

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A equação

y ′ = f (x)y + g (x)y α , com α ̸= 0 e α ̸= 1,

é chamada de equação de Bernoulli.


A equação de Bernoulli trata-se de uma equação não linear, mas que
se transforma, com uma conveniente mudança de variável, numa
equação linear.
Se α > 0 a equação de Bernoulli admitirá a solução constante
y (x) = 0, para x ∈ I .
Para as soluções não constantes, procedemos como segue.

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Equações diferenciais

Para y ̸= 0, a equação de Bernoulli é equivalente a

(1 − α)y −α y ′ = (1 − α)f (x)y 1−α + (1 − α)g (x).

Com a mudança de variável u = y 1−α , usamos a expressão

u ′ = (1 − α)y −α y ′

para obter a equação linear

u ′ = (1 − α)f (x)u + (1 − α)g (x).

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Equações diferenciais

Exemplo
Resolva a equação y ′ = y + e −3x y 4 .
ex
R.: y = (c−3x)1/3
.

Exemplo
y √
Resolva a equação y ′ = − y , para x > 0.
x

R.: y = (x − c x)2 .

Exemplo
Resolva a equação y ′ = y − y 3 .

R.: y = ±(1 + ce −2x )−1/2 .

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Equações diferenciais

Uma equação diferencial de segunda ordem é chamada de linear se


é expressa na forma

y ′′ + p(x)y ′ + q(x)y = f (x). (9)

Esta equação será chamada de homogênea se f (x) = 0.


Caso contrário, será chamada de não homogênea.

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Teorema (Existência e Unicidade)


Considere o problema de valor inicial

y ′′ + p(x)y ′ + q(x)y = f (x), (10)

com (
y (x0 ) = y0 ,
y ′ (x0 ) = y1 .
Assuma que as funções p(x), q(x) e f (x) são contínuas no intervalo
[a, b]. Se x0 ∈ [a, b] e se y0 e y1 forem números reais quaisquer, então a
equação diferencial (10) tem uma única solução y (x) no intervalo [a, b].

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Teorema (Princípio da Superposição)


Se y1 (x) e y2 (x) são duas soluções da equação homogênea

y ′′ + p(x)y ′ + q(x)y = 0, (11)

então
y (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x)
também é solução, dadas constantes reais quaisquer c1 e c2 .

Definição
Dizemos que duas soluções y1 e y2 formam um conjunto fundamental
de soluções de (11) se qualquer solução de (11) pode ser expressa como
uma combinação linear de y1 e y2 .

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Teorema (Teorema da solução geral)


Se p e q são funções contínuas no intervalo aberto I = (a, b), e se y1 e
y2 são duas soluções da equação diferencial linear homogênea

y ′′ + p(x)y ′′ + q(x)y = 0, (12)

satisfazendo

W (y1 , y2 )(x0 ) = y1 (x0 )y2′ (x0 ) − y1′ (x0 )y2 (x0 ) ̸= 0

para algum ponto x0 ∈ I , então qualquer outra solução de (12) no


intervalo I pode ser expressa unicamente da forma

y = c 1 y1 + c 2 y2 .

A expressão y = c1 y1 + c2 y2 é chamada de solução geral da equação


diferencial linear de segunda ordem homogênea.

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Definição
A expressão  
y1 (x0 ) y2 (x0 )
W (y1 , y2 )(x0 ) = det ′
y1 (x0 ) y2′ (x0 )
é chamada de Wronskiano de y1 e y2 no ponto x0 .

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Exemplo
Considere a equação diferencial

2x 2 y ′′ + 3xy ′ − y = 0, para x > 0.

Mostre que as funções y1 = x 1/2 e y2 = x −1 formam um conjunto


fundamental de soluções e escreva a solução geral.

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Equações diferenciais

Definição
Dizemos que duas funções reais y1 (x) e y2 (x) são linearmente
independentes no intervalo (a, b) se não é possível escrever uma delas
como múltiplo da outra, isto é, se não existe c ∈ R tal que
y1 (x) = cy2 (x). Se duas funções não são linearmente independentes,
dizemos que elas são linearmente dependentes.

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Equações diferenciais

Exemplo
Considere as funções y1 (x) = x 2 e y2 (x) = x|x|. Mostre que y1 e y2 são
linearmente independentes em R.

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Teorema
Sejam y1 e y2 funções deriváveis no intervalo aberto (a, b).
(i) Se y1 e y2 são linearmente dependentes em (a, b), então
W (y1 , y2 )(x) = 0, para todo x ∈ (a, b).
(ii) Se W (y1 , y2 )(x0 ) ̸= 0 para algum x0 ∈ (a, b), então y1 e y2 são
linearmente independentes em (a, b).

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Teorema (Fórmula de Abel)


Sejam p e q funções contínuas em um intervalo (a, b). Sejam y1 e y2
soluções da equação diferencial

y ′′ + p(x)y ′ + q(x)y = 0.

Então o Wronskiano W (y1 , y2 )(x) é dado por


R
W (y1 , y2 )(x) = ce − p(x)dx

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Exemplo
Calcule o Wronskiano das duas soluções independentes da equação
diferencial

x 2 y ′′ − xy ′ + (cos2 x + e sen x )y = 0, x > 0.

R.: W (y1 , y2 )(x) = cx.

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Teorema (Teorema do Wronskiano)


Se y1 (x) e y2 (x) são duas soluções da equação homogênea (9) definidas
em (a, b), então seu Wronskiano é

W (y1 , y2 )(x) = 0, para todo x ∈ (a, b),

ou
W (y1 , y2 )(x) ̸= 0, para todo x ∈ (a, b).

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Considere a equação diferencial linear homogênea

y ′′ + p(x)y ′ + q(x)y = 0, (13)

em que p(x) e q(x) são funções contínuas definidas no intervalo


(a, b).
Infelizmente não existe um método geral para encontrar duas
soluções linearmente independentes da equação diferencial (13).
Suponha que conhecemos uma solução y1 da equação homogênea.
Como proceder para encontrar uma segunda solução y2 de modo que
o conjunto {y1 , y2 } seja um conjunto fundamental de soluções?

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Usando a fórmula de Abel: Igualando as duas expressões para o


Wronskiano
W (y1 , y2 ) = y1 y2′ − y2 y1′
e R
W (y1 , y2 ) = ce − p(x)dx

teremos uma equação diferencial de primeira ordem de y2 que


podemos resolver.
Método de D’Alembert: Se a solução y2 é linearmente
independente da solução y1 , existe uma função v (x) não constante
tal que
y2 (x) = v (x)y1 (x).
Procuramos então por v (x) de forma que y2 = vy1 seja solução da
equação (13).

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Equações diferenciais

Exemplo
Seja y1 = x uma solução da equação diferencial homogênea de segunda
ordem
x 2 y ′′ + xy ′ − y = 0, x > 0.
Encontre a sua solução geral.

R.: y = c1 x + c2 x1 .

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Equações diferenciais

Considere a equação homogênea

y ′′ + ay ′ + by = 0,

em que a e b são constantes.


Sejam λ1 e λ2 as raízes da equação característica

λ2 + aλ + b = 0.

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Equações diferenciais

Se λ1 , λ2 ∈ R com λ1 ̸= λ2 , a solução geral é

y (x) = c1 e λ1 x + c2 e λ2 x .

Se λ1 , λ2 ∈ R com λ1 = λ2 = λ, a solução geral é

y (x) = (c1 + c2 x)e λx .

Se λ1 = r + iθ e λ2 = r − iθ, a solução geral é

y (x) = (c1 cos θx + c2 sen θx)e rx .

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Equações diferenciais

Exemplo
Resolva o seguinte problema de valor inicial:
 ′′ ′
 y + y − 2y = 0,
y (0) = 1,
 ′
y (0) = 1.

R.: y (x) = e x .

Exemplo
Resolva o seguinte problema de valor inicial:
 ′′ ′
 y + 4y + 4y = 0,
y (0) = −2,
 ′
y (0) = 7.

R.: y (x) = (−2 + 3x)e −2x .

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Equações diferenciais

Exemplo
Resolva o seguinte problema de valor inicial:
′′ ′
 2y − 4y + 8y = 0,

y (0) = 1,
 ′
y (0) = 0.
√ √
R.: y (x) = (cos 3x − √13 sen 3x)e x .

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Considere a equação diferencial linear não homogênea de segunda


ordem
y ′′ + p(x)y ′ + q(x)y = f (x), (14)
com f (x) ̸= 0.

Teorema (Teorema da solução geral)


Dada uma solução yp (x) da equação diferencial não homogênea (14),
então a solução geral da equação (14) é da forma

y (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x) + yp (x),

em que y1 e y2 são duas soluções linearmente independentes da equação


diferencial homogênea correspondente y ′′ + p(x)y ′ + q(x)y = 0.

A função yc = c1 y1 + c2 y2 é chamada de solução complementar, e


yp é chamada de solução particular.

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Considere a equação diferencial linear não homogênea de segunda


ordem
y ′′ + p(x)y ′ + q(x)y = f (x), (15)
com f (x) ̸= 0.
No Método da Variação de Parâmetros, procuramos por uma
solução particular de (15) na forma

yp (x) = u1 (x)y1 (x) + u2 (x)y2 (x),

em que as funções u1 (x) e u2 (x) são escolhidas de modo que

u1′ (x)y1 (x) + u2′ (x)y2 (x) = 0. (16)

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Em vista da condição (16), a expressão

yp′ = u1′ y1 + u2′ y2 + u1 y1′ + u2 y2′

se reduz a
yp′ = u1 y1′ + u2 y2′ .
Temos, então,

yp′′ = u1′ y1′ + u1 y1′′ + u2′ y2′ + u2 y2′′ .

Substituindo as expressões acima para yp′ e yp′′ em (15), chegamos a

u1 [y1′′ +p(x)y1′ +q(x)y1 ]+u2 [y2′′ +p(x)y2′ +q(x)y2 ]+u1′ y1′ +u2′ y2′ = f (x).

Como y1 e y2 são soluções da equação homogênea associada,


obtemos
u1′ y1′ + u2′ y2′ = f (x).

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Com isso, temos o sistema linear com respeito às variáveis u1′ e u2′ :
(
u1′ y1 + u2′ y2 = 0,
u1′ y1′ + u2′ y2′ = f (x).

Resolvendo esse sistema chegamos a

−y2 f (x) −y2 f (x)


u1′ = ′ ′ = ,
y1 y2 − y1 y2 W (y1 , y2 )
y1 f (x) y1 f (x)
u2′ = ′ ′ = .
y1 y2 − y1 y2 W (y1 , y2 )

em que W (y1 , y2 ) denota o Wronskiano das funções y1 e y2 .


As funções u1 e u2 são então determinadas integrando as expressões
acima para u1′ e u2′ .

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Método da Variação de Parâmetros:


(1) Encontre o conjunto fundamental de soluções {y1 , y2 } da equação
homogênea associada.
(2) Calcule o Wronskiano W (y1 , y2 ).
(3) Determine u1 e u2 integrando as expressões para u1′ e u2′ .
(4) Uma solução particular é yp = u1 y1 + u2 y2 .

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Exemplo
Resolva a equação y ′′ − 3y ′ + 2y = e x sen x.

R.: y = c1 e x + c2 e 2x + 12 e x (cos x − sen x).

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Exemplo
Considere a equação diferencial

(1 − x)y ′′ + xy ′ − y = 1 − x.

(a) Verifique se y1 = e x e y2 = x são soluções da equação homogênea


correspondente.
(b) Use o método de variação de parâmetros para determinar a solução
geral da equação não homogênea.
R e −x
R.: (b) y = c1 e x + c2 x − 1 + e x x−1 dx − x ln(1 − x).

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O método de coeficientes a determinar é usado para determinar


a solução particular yp da equação diferencial linear não homogênea
de coeficientes constantes

y ′′ + py ′ + qy = f (x),

em que f (x) tem a forma envolvendo somente polinômios,


exponenciais, senos e cossenos.

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1o Caso: f (x) = a0 + a1 x + a2 x 2 + · · · + an x n .
Admitiremos como solução particular a função

yp (x) = A0 + A1 x + A2 x 2 + · · · + An x n .

Modificação: Se alguma parcela de yp coincide com termos de yc


então a expressão acima para yp é multiplicada por x s em que s é o
menor inteiro positivo que elimina essa coincidência.

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Equações diferenciais

Exemplo
(a) Determine o solução geral da equação y ′′ − 5y ′ + 6y = 2x 2 − 1.
(b) Resolva o problema de valor inicial y ′′ + 2y ′ = 12x 2 , com y (0) = 0 e
y ′ (0) = 1.
2
R.: (a) y = c1 e 2x + c2 e 3x + x3 + 5x
9 +
5
27 ;
(b) y = −1 + e −2x + 2x 3 − 3x 2 + 3x.

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2o Caso: f (x) = e kx .
Admitiremos como solução particular a função

yp (x) = Ae kx .

Modificação: Se yp é uma das soluções de yc então a expressão


acima para yp é multiplicada por x s em que s é o menor inteiro
positivo que elimina essa coincidência.

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Equações diferenciais

Exemplo
(a) Determine a solução geral da equação y ′′ − 7y ′ + 12y = 3e −x .
(b) Determine a solução geral da equação y ′′ − 7y ′ + 10y = 8e 2x .
(c) Resolva o problema de valor inicial y ′′ − 4y ′ + 4y = 8e 2x , com
y (0) = 1 e y ′ (0) = 5.
3 −x
R.: (a) y = c1 e 3x + c2 e 4x + 20 e ; (b) y = c1 e 2x + c2 e 5x − 38 xe 2x ; (c)
y = (1 + 3x + 4x 2 )e 2x .

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3o Caso: f (x) = sen(kx) ou f (x) = cos(kx).


Admitiremos como solução particular a função

yp (x) = A sen(kx) + B cos(kx).

Modificação: Se alguma parcela de yp coincide com termos de yc


então a expressão acima para yp é multiplicada por x s em que s é o
menor inteiro positivo que elimina essa coincidência.

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Equações diferenciais

Exemplo
Resolva as seguintes equações:
(a) y ′′ − 4y ′ + 3y = 3 sen(2x);
(b) y ′′ + y = 4 sen x.
3
R.: (a) y = c1 e x + c2 e 3x − 65 (sen 2x − 8 cos 2x);
(b) y = c1 cos x + c2 sen x − 2x cos x.

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4o Caso: f (x) = f1 (x) + · · · + fn (x) em que fi (x) é um polinômio


(1o caso), exponencial (2o caso), seno ou cosseno (3o caso).
Admitiremos como solução particular

y p = y p1 + · · · + y pn ,

em que ypi é a solução associada a fi .

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Equações diferenciais

Exemplo
Resolva as seguintes equações:
(a) y ′′ − 9y = e 2x + 5e 3x ;
(b) y ′′ − y = 3 sen x − e 2x + 1.

R.: (a) y = c1 e 3x + c2 e −3x − 15 e 2x + 56 xe 3x ;


(b) y = c1 e x + c2 e −x − 32 sen x − 13 e 2x − 1.

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5o Caso: f (x) = f1 (x) · f2 (x) · · · fn (x), em que fi (x) é um polinômio


(1o caso), exponencial (2o caso), seno ou cosseno (3o caso).
Construímos uma solução particular yp (x) da seguinte forma:
(a) Escreva as soluções particulares ypi associada a cada função fi sem
atribuir qualquer coeficiente;
(b) Multiplique todos os ypi em (a) para obter todos os termos distintos
do produto;
(c) Insira os coeficientes a determinar na expressão em (b), um para
cada termo, assim obtemos a forma correta de yp (x);
(d) Caso um dos termos de yp (x) seja solução da equação homogênea
associada, multiplique por x s em que s é o menor inteiro positivo
que elimina essa coincidência.

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Equações diferenciais

Exemplo
Resolva as seguintes equações:
(a) y ′′ + 9y = (x 2 + 2)e 3x ;
(b) y ′′ − 6y ′ + 9y = e x sen x.
19 1 1 2 3x
R.: (a) y = c1 cos 3x + c2 sen 3x + ( 162 − 27 x+ 18 x )e ;
3x 3 4
(b) y = (c1 + c2 x)e + ( 25 sen x + 25 cos x)e x .

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Equações diferenciais

Para resolver y ′′ + p(x)y ′ + q(x)y = f (x):


(1) Encontre o conjunto fundamental de soluções {y1 , y2 } da equação
homogênea associada:
(2) Escreva, se necessário, f (x) como a soma:
f (x) = f1 (x) + f2 (x) + · · · + fk (x);
(3) Para cada fi (x), escolha a sua forma da solução particular
correspondente ypi de acordo com a tabela abaixo:

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Equações diferenciais

fi (x) y pi
Pn (x) = an x n + · · · + a0 x s (An x n + · · · + A0 )
e αx Ax s e αx
Pn (x)e αx x (An x + · · · + A0 )e αx
s n

sen(kx) ou cos(kx) x s (A sen kx + B cos kx)


Pn (x)e αx sen βx x [(An x n + · · · + A0 ) sen(βx)
s

ou Pn (x)e αx cos βx +(Bn x n + · · · + B0 )e αx cos(βx)]e αx

em que s é o menor inteiro não negativo que garante que nenhuma


parcela da solução particular seja solução da equação homogênea
associada.
(4) yp = yp1 + · · · + ypk .

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Equações diferenciais

Equações diferenciais lineares de ordem n têm a forma:

an (x)y (n) + an−1 (x)y (n−1) + · · · + a1 (x)y ′ + a0 (x)y = f (x). (17)

A equação (17) é dita


de coeficientes constantes: quando a0 , a1 , . . . , an são todos
constantes;
homogênea: quando f (x) = 0;
não-homogênea: quando f (x) ̸= 0;
forma padrão: é expressa como

y (n) + p1 (x)y (n−1) + · · · + pn−1 (x)y ′ + pn (x)y = f (x).

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Equações diferenciais

Definição
Uma solução de (17) é uma função y = h(x) definida num intervalo
I ⊆ R, que tem derivadas y ′ = h′ (x), y ′′ = h′′ (x), . . . , y (n) = h(n) (x), e
satisfaz a equação (17) para todo x no intervalo I .

Exemplo
Mostre que xe −x é uma solução da equação y (4) + 2y ′′′ + y ′′ = 0 para
todo x ∈ R.

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Equações diferenciais

Definição
Um problema de valor inicial da equação diferencial linear de ordem n
consiste na equação

y (n) + p1 (x)y (n−1) + · · · + pn−1 (x)y ′ + pn (x)y = f (x) (18)

e n condições iniciais 

 y (x0 ) = y0 ,
y ′ (x0 ) = y1 ,




.. (19)


 .


y (n−1) (x0 ) = yn−1 .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Teorema (Existência e Unicidade)


Se as funções p1 (x), p2 (x), . . . , pn (x) e g (x) são contínuas e deriváveis
no intervalo aberto (a, b), então existe somente uma função y (x)
satisfazendo (18) no intervalo (a, b), e com condições iniciais (19).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Definição
As funções y1 , . . . , yn são chamadas de linearmente independentes no
intervalo I = (a, b) se não existem constantes c1 , . . . , cn tais que

c1 y1 (x) + · · · + cn yn (x) = 0, para todo x ∈ I ,

exceto se c1 = · · · = cn = 0.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Teorema
As funções deriváveis y1 , . . . , yn são linearmente independentes no
intervalo I se e somente se o Wronskiano dessas funções é diferente de
zero, isto é,

···
 
y1 (x) yn (x)
 y1′ (x) ··· yn′ (x) 
0 ̸= W (y1 , . . . , yn )(x) = det  .. .. .. ,
 
 . . . 
(n−1) (n−1)
y1 (x) · · · yn (x)

em I .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Teorema
Suponha que as funções p1 (x), . . . , pn (x) são contínuas e deriváveis no
intervalo aberto (a, b) e as funções y1 (x), . . . , yn (x) são soluções da
equação homogênea

y (n) + p1 (x)y (n−1) + · · · + pn−1 (x)y ′ + pn (x)y = 0. (20)

Então se W (y1 , . . . , yn )(x) ̸= 0 em pelo menos um ponto x ∈ (a, b),


então a solução geral de (20) é dada por

yc (x) = c1 y1 (x) + · · · + cn yn (x),

em que c1 , . . . , cn são constantes arbitrárias.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Considere equação diferencial linear homogênea de ordem n com


coeficientes constantes:

y (n) + an−1 y (n−1) + · · · + a1 y ′ + a0 y = 0.

Associada a essa equação, temos o polinômio característico

λn + an−1 λn−1 + · · · + a1 λ + a0 = 0.

Em relação ao polinômio característico, tem-se 3 casos a considerar.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Caso 1: O polinômio característico admite somente raízes reais e


distintas.
Se λ1 , . . . , λn denotam as raízes do polinômio característico, então
as n soluções linearmente independentes são

y1 = e λ1 x , . . . , yn = e λn x .

Exemplo
(a) Determine a solução geral da equação y (4) − 13y ′′ + 36y = 0.
(b) Resolva o problema de valor inicial y (3) − 5y ′′ − 22y ′ + 56y = 0,
y (0) = 1, y ′ (0) = −2, y ′′ (0) = −4.

R.: (a) y = c1 e 3x + c2 e −3x + c3 e 2x + c4 e −2x ;


−4x
(b) y = 13
15 e
2x
− 16
55 e
7x
+ 14
33 e .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Caso 2: O polinômio característico admite raízes reais com algumas


raízes com multiplicidade maior que 1.
Associadas a cada raiz real λi com multiplicidade k, existem k
soluções linearmente independentes

y1 = e λi x , y2 = xe λi x , . . . , yk = x k−1 e λi x .

Exemplo
(a) Determine a solução geral da equação
y (4) + y ′′′ − 3y ′′ − 5y ′ − 2y = 0.
(b) Resolva o problema de valor inicial y ′′′ − y ′′ − y ′ + y = 0, y (0) = 2,
y ′ (0) = 1, y ′′ (0) = 0.

R.: (a) y = c1 e 2x + (c2 + c3 x + c4 x 2 )e −x ; (b) y = (2 − x)e x .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Caso 3: O polinômio característico admite raízes complexas


distintas.
Para cada par de raízes complexas α ± iβ, com multiplicidade k,
temos 2k soluções linearmente independentes:
(
y1 = e αx cos(βx), y2 = xe αx cos(βx), . . . yk = x k−1 e αx cos(βx
yk+1 = e αx sen(βx), yk+2 = xe αx sen(βx), . . . y2k = x k−1 e αx sen(βx

Exemplo
Resolva as seguintes equações:
(a) y (4) − y = 0;
(b) y (5) + 12y (4) + 104y ′′′ + 408y ′′ + 1156y ′ = 0.

R.: (a) y = c1 e x + c2 e −x + c3 cos(x) + c4 sen(x); (b) y =


c1 +c2 e −3x cos(5x)+c3 e −3x sen(5x)+c4 xe −3x cos(5x)+c5 xe −3x sen(5x).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

A solução geral da equação diferencial linear não homogênea de


ordem n com coeficientes constantes

y (n) + an−1 y (n−1) + · · · + a1 y ′ + a0 y = f (x)

é dada por
y = yc + yp ,
em que yc é a solução geral da equação homogênea associada, e yp
é uma solução particular.
A solução particular yp pode ser encontrada pelo Método dos
Coeficientes a Determinar, que foi estudado anteriormente.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Resolva as equações diferenciais:
(a) y ′′′ − 4y ′ = 1 − 3x;
(b) y ′′′ − 3y ′′ + 3y ′ − y = 10xe x .

R.: (a) y = c1 + c2 e 2x + c3 e −2x + 38 x 2 − 14 x;


5 4 x
(b) y = c1 e x + c2 xe x + c3 x 2 e x + 12 x e .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Definição
Seja f : [0, ∞] → R uma função. A transformada de Laplace de f (t),
denotada por L{f }(s) ou F (s), é definida pela integral
Z ∞ Z A
−st
L{f }(s) = F (s) = f (t)e dt = lim f (t)e −st dt,
0 A→∞ 0

desde que a integral convirja, em que s é um parâmetro (real ou


complexo).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Teorema (∗)
Se f : [0, ∞] → R é uma função contínua por partes, e se existem
constantes a > 0, M > 0 e T > 0 tais que

|f (t)| ≤ Me at , para todo t > T ,

então L{f }(s) existe para s > a.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Determine a transformada de Laplace da função f (t) = t n , para t ≥ 0, e
n ≥ 0.
n!
R.: L{t n }(s) = s n+1 , para s > 0.

Exemplo
Determine a transformada de Laplace de f (t) = e at , com a ∈ R.
1
R.: L{e at }(s) = s−a , para s > a.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Determine a transformada de Laplace de sen(at) e cos(at).

Sugestão: Use as integrais


e ax
Z
e ax sen(bx)dx = 2 [a sen(bx) − b cos(bx)],
a + b2
e ax
Z
e ax cos(bx)dx = 2 [a cos(bx) + b sen(bx)].
a + b2
a s
R.: L{sen(at)}(s) = s 2 +a2 , para s > 0; L{cos(at)}(s) = s 2 +a2 , para
s > 0.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Lema
Se α e β são constantes, então

L{αf + βg }(s) = αL{f }(s) + βL{g }(s),

para todo s tal que as transformadas tanto de f quanto de g existam.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Determine a transformada de Laplace de senh(at) e cosh(at).
a s
R.: L{senh(at)}(s) = s 2 −a2 , para s > |a|; L{cosh(at)}(s) = s 2 −a2 , para
s > |a|.

Exemplo
Calcule
(a) L{1 + 5t};
(b) L{4e −3t − 10 sen 2t}.
1 5 4 20
R.: (a) s + s2 ; (b) s+3 − s 2 +4 .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Teorema
Se f (t) e g (t) satisfazem as hipóteses do Teorema (∗), e se

L{f }(s) = L{g }(s), para todo s > a,

então f (t) = g (t) em todos os pontos t onde ambas as funções são


contínuas.

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Calcule:
(a) L−1 { s−2
1
};
(b) L−1 { s15 };
(c) L−1 { s 21+4 };
(d) L−1 { s 2s+3 }.
t4 sen(2t) √
R.: (a) e 2t ; (b) 4! ; (c) 2 ; (d) cos( 3t).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Lema
Se α e β são constantes, então

L−1 {αF + βG } = αL−1 {F } + βL−1 {G },

onde F (s) e G (s) são as transformadas das funções f (t) e g (t).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Calcule:
(a) L−1 { s64 − 2
s 2 +4 };
(b) L−1 { −2s+6
s 2 +4 }.

R.: (a) t 3 − sen(2t); (b) −2 cos(2t) + 3 sen(2t).

Exemplo
Determine a transformada inversa de Laplace das seguintes funções:
(a) L−1 { (s+1)(s+2)
1
};
(b) L−1 { (s−1)(s
3s+1
2 +1) }.

R.: (a) e −t − e −2t ; (b) 2e t + sen(t) − 2 cos(t).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Lema
(a) Se L{f }(s) = F (s) e a for um número real qualquer, então

L{e at f (t)}(s) = F (s − a).

(b) Se L−1 {F }(t) = f (t), então

L−1 {F (s − a)}(t) = e at f (t).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Calcule:
(a) L{e −2t cos 3t};
(b) L{e 5t t 3 };
(c) L−1 { (s−3)
1
5 };

(d) L−1 { s 2 −4s+5


1
};
(e) L−1 { (s+2)
2s+5
2 };

(f) L−1 { s 2 +6s+25


s+1
}.
s+2
R.: (a) (s+2) 3! 1 4 3t
2 +9 ; (b) (s−5)4 ; (c) 4! t e ; (d) e 2t sen t; (e) 2e −2t + te −2t ;
−3t 1 −3t
(f) e cos(4t) − 2 e sen(4t).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Definição
A função degrau unitário é definida como
(
1, se t ≥ 0,
U(t) =
0, se t < 0.

Exemplo
Determine a transformada de Laplace da função degrau unitário U(t − a).
e −as
R.: L{U(t − a)} = s .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Expresse 
2
t − t + 3, se 0 ≤ t < 2,

f (t) = e t , se 2 ≤ t < 5,

2t sen t, se 5 ≤ t,

como uma combinação linear de funções de grau unitário.

R.: f (t) = (t 2 −t+3)U(t)+[e t −(t 2 −t+3)]U(t−2)+(2t sen t−e t )U(t−5).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Expresse 
2 t
t e , se 0 ≤ t < 3,

f (t) = cos t, se 3 ≤ t < 6,

2t, se t ≤ 6,

como uma combinação linear de funções de grau unitário.

R.: f (t) = t 2 e t U(t) + (cos t − t 2 e t )U(t − 3) + (2t − cos t)U(t − 6).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Lema
(a) Se L{f }(s) = F (s) e a for um número real qualquer, então

L{f (t − a)U(t − a)}(s) = e −as F (s).

(b) Se L−1 {F }(t) = f (t), então

L−1 {e −as F (s)}(t) = f (t − a)U(t − a).

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Calcule a transformada de Laplace das seguintes funções:
(a) f (t) = sen(t)U(t − π);
(
cos(t − 2π/3), se t > 2π/3,
(b) f (t) =
0, se t < 2π/3,

2,
 se 0 ≤ t < 2,
(c) f (t) = −1, se 2 ≤ t < 3,

0, se 3 ≤ t,

(
e −t , se 0 ≤ t < 5,
(d) f (t) =
−1, se t > 5,
−2s
2πs e −3s
R.: (a) − s 21+1 e −πs ; (b) e − 3
s
s 2 +1 ; (c) 2
s − 3e s + s ;
1 e −5s−5 e −5s
(d) s+1 − s+1 − s .

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Séries e Equações Diferenciais
Equações diferenciais

Exemplo
Calcule:
−2s
(a) L−1 { es−4 };
−πs/2
(b) L−1 { ses 2 +9 };
−2πs/3
(c) L−1 { ses 2 +9 };
−3s
(d) L−1 { (s−5)
e
2 +16 }.

R.: (a) e 4(t−2) U(t − 2); (b) − sen(3t)U(t − π/2);


(c) cos(3t)U(t − 2π/3); (d) 14 e 5(t−3) sen(4(t − 3))U(t − 3).

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Lema
Se F (s) = L{f }(s), então

F ′ (s) = L{−tf (t)}(s).

Mais geral,
F (n) (s) = L{(−t)n f (t)}(s),
e, portanto,
L{t n f (t)}(s) = (−1)n F (n) (s).

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Exemplo
Determine a transformada de Laplace de t 2 sen(5t).
5(6s 2 −50)
R.: (s 2 +25)3 .

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Lema
Seja y (t) uma função n vezes derivável e satisfazendo as hipóteses do
Teorema (∗), então

L{y (n) }(s) = s n Y (s)−s n−1 y (0)−s n−2 y ′ (0)−· · ·−sy (n−2) (0)−y (n−1) (0),

em que Y (s) = L{y }(s). Portanto,

L{y ′ }(s) = sY (s) − y (0),

e
L{y ′′ }(s) = s 2 Y (s) − sy (0) − y ′ (0).

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Equações diferenciais

O problema de valor inicial da equação diferencial linear de ordem n:

y (n) + a1 y (n−1) + · · · + an−1 y ′ + an y = f (t),

com n condições iniciais




 y (x0 ) = y0 ,
y ′ (x0 ) = y1 ,




..


 .


y (n−1) (x0 ) = yn−1 ,

pode ser resolvido com o uso da transformada de Laplace.

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Equações diferenciais

Exemplo
Use a transformada de Laplace para encontrar y (t):
(a) y ′ + 4y = e −4t , com y (0) = 2;
(b) y ′ − y = 1 + te t , com y (0) = 0;
(c) y ′′ + 2y ′ + y = 0, com y (0) = 1 e y ′ (0) = 1;
(d) y ′′ − 4y ′ + 4y = t 3 e 2t , com y (0) = 0 e y ′ (0) = 0.

R.: (a) y (t) = te −4t + 2e −4t ; (b) y (t) = e t − 1 + 21 t 2 e t ;


(c) y (t) = e −t + 2te −t ; (d) y (t) = 5!
6 5 2t
t e .

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