Você está na página 1de 60

CÁLCULO III

SEQUÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS

INTEGRAIS IMPRÓPRIAS

Cel Reinaldo Teixeira DELFINO


Sequências Numéricas
• Considere que, para cada inteiro positivo n, esteja
associado um número (real ou complexo) an. Diz-
se que o conjunto ordenado a1, a2, a3, ... , an, ...
define uma sequência infinita. Observe que cada
membro do conjunto possui como subscrito um
número inteiro, de modo que podemos falar
sobre o primeiro termo da sequência, o segundo
termo, o n-ésimo termo, etc. Cada termo an
possui um sucessor an+1, e não existe um último
termo.
• Algumas sequências podem ser construídas
por intermédio de uma fórmula que descreve
o termo an.
Exemplo: an = 1/n define a sequência 1, 1/2,
1/3, 1/4, ...

• Também é possível empregar duas ou mais


fórmulas para definir uma sequência.
Exemplo: a2n-1 = 1 e a2n = 2n2 definem a
sequência 1, 2, 1, 8, 1, 18, 1, 32, ...
• É possível ainda definir uma sequência por um
conjunto de instruções que determina como
ela deve prosseguir após um certo número de
termos iniciais especificados.

Exemplo: a1 = a2 = 1, an+1 = an + an-1 se n  2

1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, ...


(números de Fibonacci)
• Formalmente, podemos definir uma
sequência infinita como sendo uma função f
cujo domínio é o conjunto de inteiros
positivos.

• O valor f(n) é denominado n-ésimo termo da


sequência.

• A imagem da função f é usualmente


explicitada escrevendo-se os termos em
ordem: f(1), f(2), f(3), ..., f(n), ...
• É usual o emprego da notação {f(n)} para
representar a sequência cujo n-ésimo termo é
f(n). É mais comum o uso de subscritos para
denotar a dependência de n (como an) do que
escrever-se f(n).

• Definição: Diz-se que a sequência {f(n)} tende


a um limite L se:
  > 0,  N() > 0 tal que |f(n) – L| < ,  n  N
• Nesse caso, diz-se que a sequência {f(n)}
converge para L, o que é representado pela
notação lim f ( n) = L
n→

• Uma sequência que não converge é chamada


divergente.

• Exercício: Ex.: Prove que, se {f(n)} é uma


sequência de termos complexos, ou seja, se
f(n) = u(n) + i.v(n), então lim n →
f (n) = L = a + ib, se
e somente se lim f (n) = lim u (n) + i. lim v(n)
n → n → n →
• Resolução:
i) O módulo de um número complexo é
sempre maior ou igual do que os valores
absolutos da sua parte real e da sua parte
imaginária. Logo:
|u(n) – a|  |f(n) – L| e |v(n) – b|  |f(n) – L|
Pelo teorema do confronto: f(n) → L 
 u(n) → a e v(n) → b quando n → .
ii)|f(n) – L|  |u(n) – a| + |v(n) – b|  se
u(n) → a e v(n) → b, então f(n) → L quando
n → .
• De modo análogo ao feito com funções em
Cálculo I, é possível definir limites infinitos
para sequências, representados por:
lim f (n) = + e lim f (n) = −
n → n →

• Se f é complexa, diz-se que “f(n) →  quando


n → ” se |f(n)| → .
• A expressão “sequência convergente” é usada
apenas para uma sequência cujo limite é
finito. Sequências com limites infinitos
divergem. Ressalte-se, porém, que há
sequências divergentes que não possuem
limites infinitos.

Exemplo: {(-1)n} ; {sen n/2}.


Sequências Monótonas de
Números Reais
• Diz-se que uma sequência {f(n)} é crescente se
f(n)  f(n+1) para todo n  1.

• Analogamente, uma sequência {f(n)} é


decrescente se f(n)  f(n+1) para todo n  1.

• As sequências crescentes e decrescentes são


denominadas monótonas.
• Diz-se que uma sequência {f(n)} é limitada se
 M > 0 tal que |f(n)|  M para todo n. Uma
sequência que não é limitada é dita ilimitada.

• NÃO CONFUNDIR OS CONCEITOS DE


SEQUÊNCIA LIMITADA COM SEQUÊNCIA QUE
POSSUI LIMITE FINITO (isto é, convergente)!!!!

Exemplo: {(-1)n} é uma sequência limitada,


mas não possui limite (ou seja, é divergente).
• TEOREMA: uma sequência monótona
converge se e somente se for limitada.
Demonstração:
i) pela própria definição de convergência,
torna-se claro que uma sequência ilimitada
não pode convergir. De fato, se f(n) converge:
  > 0,  N() > 0 tal que |f(n) – L| < ,  n  N
Assim, para n  N, é limitada por L +  e, para
n < N, o conjunto é finito e limitado. Logo,
toda sequência convergente é limitada.
ii) Vamos provar que uma sequência monótona
limitada deve convergir. Seja {f(n)} uma sequência
crescente e seja L o supremo do conjunto de
valores de f(n). Então, f(n)  L para todo n.

Seja um número positivo . Como L -  não pode


ser um limite superior para todos os f(n) (pois
nesse caso L não seria o supremo), então nós
temos L -  < f(N) para algum valor de N (o qual
pode depender de ). Como a sequência é
crescente, temos que para n  N, f(N)  f(n).
Logo, L -  < f(n)  L,  n  N. Assim, temos:
L -  < f(n)  L – f(n) < 
f(n)  L  0  L – f(n)

Unindo os dois resultados:


0  L – f(n) <   |f(n) – L| <  para todo n  N
de modo que a sequência converge para L.

Se {f(n)} for uma sequência decrescente, o raciocínio


é análogo, sendo que nesse caso o limite será o
ínfimo do conjunto de valores de f(n).
Séries Infinitas
• A partir de uma dada sequência de números reais ou
complexos, é possível obter-se uma nova sequência
pela adição de termos sucessivos. Assim, se uma
sequência possui os termos a1, a2, a3, ..., an,..., é
possível formar uma nova sequência de somas
parciais:
s 1 = a1
s 2 = a1 + a 2
s3 = a1 +a2 + a3
................................
n

sn = a1 + a2 + ... + an =  a
k =1
k
• A sequência de somas parciais {sn} é
denominada série infinita, ou simplesmente
série, e pode ser representada

também por
a1 + a2 + ... ou por  ak .
k =1

• Se existe um número real ou complexo S tal


que lim sn = S , diz-se que a série  a é conver-


k
n → k =1

gente e possui soma S, o que é representado


pela simbologia  a = S .
k
k =1

• Se {sn} diverge, diz-se que a série  ak diverge e
k =1
não possui soma.
• A palavra “soma” não possui aqui o significado
usual. A soma de uma série convergente não
é uma adição comum, mas sim um limite de
uma sequência de somas parciais.

• Observe que o símbolo  a é usado para


k =1
k

representar tanto a série quanto a sua soma,


embora ambas sejam conceitualmente
diferentes.
• Note que a série pode começar a partir de
k = 0, k = 2 ou qualquer

outro valor inteiro de
1
k, como por exemplo  2 k .
k =0


1
• Exemplo: A série 
k =1 k
é denominada série
harmônica.

Da Figura 10.2 do Volume 1 do Apostol,


constatamos que 1 + 1/2 + 1/3 + ... + 1/n 
 ln(n+1). Como ln(n+1) →  quando n → ,
concluímos que a série harmônica diverge.
• Exemplo: Seja a série 1 + n 1/2 + 1/4 + ...
Verifica-se por indução que  1k −1 = 2 − 1n−1 .
k =1 2 2
Quando n tende a infinito, o segundo membro
dessa expressão tende a 2, de modo que a
série converge e tem soma 2. 

• Exercício: Prove que, dadas duas séries  a e


 k =1
k

 a , ou ambas convergem ou ambas


k= p
k

divergem. Logo, a adição ou subtração de um


número finito de termos a uma série não
altera a sua condição de convergente ou
divergente.
 
• TEOREMA: sejam  a e  b séries infinitas n n

convergentes de termos complexos, e sejam 


n =1 n =1

e  constantes complexas quaisquer. Então, a


série  (a + b ) também converge, e sua soma é


n =1
n n

dada por:
  

 (a
n =1
n +  bn ) =   an +   bn
n =1 n =1

Essa propriedade é conhecida como


linearidade das séries convergentes.
k k k

• Demonstração: sabe-se que  (a n =1


n +  bn ) =   an +   bn
n =1 n =1

Quando k tende a infinito, o primeiro termo 

do segundo membro tende a   a , e o


 n =1
n

segundo termo tende a   b . Logo, o primeiro


n =1
n

membro tende à soma desses termos, e o


teorema fica provado.
 

• TEOREMA: Se  a converge e  b diverge,


 n =1
n
n =1
n

então  (a + b ) diverge.
n =1
n n

• Demonstração: bn = (an + bn) – an



Se  (a + b ) fosse convergente, então, pelo
n n 

teorema anterior,  b também seria conver-


n =1
n
n =1 

gente, o que seria absurdo. Logo,  (a + b ) é n =1


n n

divergente.
 

• Obs.: Observe que, 


se 
n =1
an e  bn divergem,
n =1
então a série  (an + bn ) pode convergir ou
n =1
divergir.
• TEOREMA: Sejam {an} e {bn} duas sequências
de números complexos tais que an = bn – bn+1

para n = 1, 2, 3, ... Então a série  a converge n =1
n

se e somente se a sequência {bn} converge;


nesse caso,  a = b1 – L, onde L = lim


n =1
n
n →
bn . Uma
série construída dessa forma é conhecida
como série telescópica.
n n

• Demonstração: seja s =  a =  (b − b ) = b − b
n
k =1
k
k =1
k k +1 1 n +1

Logo, ou as sequências {sn} e {bn} convergem,


ou ambas divergem. Se ambas convergirem,
então bn → L quando n → , e sn → b1 – L.
• TEOREMA: Seja x um número complexo. A

série  x é denominada série geométrica. Se


n =0
n

|x| < 1, essa série converge e tem soma


1/(1 – x). Se |x|  1, a série diverge.

• Demonstração: Seja sn a n-ésima soma parcial


dessa série: sn = 1 + x + x2 + ... + xn-1. Se x = 1,
sn = n, e a série diverge, pois sn →  quando
n → . Se x  1:
n −1 n −1

(1 – x)sn = (1 – x)  x =  ( x − x ) = 1 – xn 
k =0
k

k =0
k k +1
 sn =
1

xn
1− x 1− x

Quando |x| < 1, xn → 0 quando n → , e a


série converge para 1/(1 – x). Por outro lado,
como sn+1 – sn = xn, a convergência de {sn}
implica que xn → 0 quando n → .

Quando |x|  1, xn não tende a zero quando n


tende a infinito, de modo que {sn} nesse caso
diverge.
Testes de Convergência
• Em princípio, a convergência ou divergência
de uma série é determinada pelo exame de
sua sequência de somas parciais {sn},
verificando-se se essa possui um limite finito
quando n → .
• Na prática, porém, apenas em alguns casos
especiais (como na série geométrica) é
possível achar uma expressão para o termo sn
e encontrar o seu limite quando n → .
• Por essa razão, foram desenvolvidos vários
testes de convergência que eliminam a
necessidade de obter-se uma expressão para
sn. O teste mais simples é descrito pelo
teorema abaixo.

• TEOREMA: se a série  a converge, então lim a = 0


n =1
n
n →
n

Demonstração:
Seja sn = a1 + a2 + ... + an  an = sn – sn-1
Quando n → , tanto sn quanto sn-1 tendem
ao mesmo limite, de modo que an → 0.
Testes para Séries de Termos Não-
negativos

• TEOREMA: Considere uma série  an tal que


n =1
an  0. Essa série converge se e somente se a
sequência de suas somas parciais for
superiormente limitada.
• Dem.: Nesse caso, a sequência de somas parciais
é crescente. Logo, ela converge se e somente se
for limitada, como anteriormente demonstrado.
É evidente que, se as somas parciais são
superiormente limitadas por um número M,
então a soma da série não pode ser superior a M.

1
• Exemplo: Seja a série 
. É facilmente
n =1 n!

demonstrado que 1  1 para k > 0. Assim:


k! 2k −1

n −1
n
1 n
1 1 k  1 k

k =1 k!
  k −1 =  ( )   ( ) = 2
k =1 2 k =0 2 k =0 2


1
Logo, a série é convergente e possui soma
n =1 n!
igual ou menor a 2.
• TESTE DA COMPARAÇÃO: Sejam an  0 e bn 
0 para todo n  1. Se existe uma constante
positiva c tal que an  c.bn para todo n, então a

convergência de  b implica a convergência


 n =1
n

de  a . n =1
n

• Demonstração: Sejam as somas parciais


sn = a1 + ... + an e tn = b1 + ... + bn.
an  cbn  n  sn  c.tn
 

 b converge  tn  M  sn  c.M   a é
n =1
n
n =1
n

convergente.
• OBS.: Note que, uma vez que a adição ou
eliminação de um número finito de termos no
começo da série não altera a sua condição de
convergente ou divergente, esse teorema é
válido mesmo que a desigualdade an  cbn só
seja válida para todo n  N para um dado N.

• TESTE DO LIMITE: Sejam an > 0 e bn > 0 para 

todo n  1, e suponha que lim b = 1 . Então,  a


a
n →
n
n
 n n =1

converge se e somente se  b converge.


n
n =1
• Demonstração:
  > 0,  N() > 0 tal que |a – 1| < ,  n  N
n
bn

Em particular, para  = 1/2:


 N tal que, para todo n  N, 1/2 < an/bn < 3/2
Logo, bn < 2an e an < 3bn/2. A aplicação do
teste da comparação prova o teorema em
questão.
• Exercício: prove que o teste do limite ainda é
válido se lim ab = c  0
n →
n
. Além disso, prove que,

a n

se lim = 0 , a convergência de  b implica a


n
n
n →b  n =1
convergência de  n , e se
n
a
a limn
=  , a diver-
 n =1 n → b 

gência de  b implica a divergência de  a .


n
n n
n =1 n =1

• Diz-se que duas sequências {an} e {bn} de


números complexos são assintoticamente
a
iguais se lim b = 1 , o que é representado por
n →
n

an  bn quando n → . Duas séries de termos


n

positivos assintoticamente iguais convergem


juntas ou divergem juntas.
• TESTE DA INTEGRAL: Seja f uma função
positiva decrescente, definida para todos os
reais maiores ou iguais a 1. Para cada n  1,
n n
sejam sn =  f (k ) e tn =  f ( x)dx . Então as
k =1
1

sequências {sn} e {tn} ou convergem juntas ou


divergem juntas.

• Exercício: demonstre o Teste da Integral.


• Exercício: utilize o Teste da Integral para

1
analisar a convergência de  n (série p), onde
n =1
p

p é uma constante real.


• TESTE DA RAIZ: Seja  a uma série de termos


n =1
n

não-negativos tal que lim a = R . Então: a) se


n→
n
n

R < 1, a série converge; b) se R > 1, a série


diverge; c) se R = 1, nada pode ser afirmado.
• Demonstração:
i) Considere R < 1. Seja x tal que R < x < 1.
Assim,  N tal que, para n  N, an1/n  x, ou

seja, an  xn. Porém,  x converge (série n

n =1
geométrica com razão menor do que 1). Logo,

pelo teste da comparação,  a converge.


n =1
n
ii) Considere R > 1. Então,  N tal que an > 1
para n > N, de modo que an não pode tender a
zero quando n tende a infinito. Portanto, a

série  a diverge.
n
n =1


1
iii) Para o caso R = 1, considere as séries 
n =1 n

1
(divergente) e  n (convergente).
n =1
2

• TESTE DA RAZÃO: Seja  n =1


an uma série de
a
termos positivos tal que lim a = L . Então: a) se
n→
n +1

L < 1, a série converge; b) se L > 1, a série


diverge; c) se L = 1, nada pode ser afirmado.

• Demonstração:
i) Considere L < 1. Seja x tal que L < x < 1.
Assim,  N tal que, para n  N, an+1/an < x.
Portanto, para n  N, an+1/xn+1 < an/xn.
Conclui-se que a sequência {an/xn} é
decrescente para n  N.
Em particular, para n  N: an/xn  aN/xN, ou
seja, an  (aN/xN).xn.

 x é uma série geométrica convergente.


n

Logo, pelo teste da comparação, 


n =1
an também
n =1
é convergente.
ii) Seja L > 1. Então, existe um N tal que, para
n  N, an+1 > an. Portanto, an não pode tender
a zero quando n tende a infinito, e a série
diverge.
iii) Para L = 1, considere os mesmos dois
exemplos do teste da raiz.
SÉRIES ALTERNADAS
• São denominadas séries alternadas aquelas

que possuem a forma  (−1) a = a1 – a2 + a3 –


n =1
n −1
n

– a4 + ... + (-1)n-1 .an + ..., onde an > 0 para


todo n inteiro positivo.
• REGRA DE LEIBNIZ: se {an} é uma sequência
monótona decrescente com limite 0, então a

série alternada  (−1) a converge. Se S é o valor


n =1
n −1
n

da sua soma e sn é o n-ésimo termo da


sequência de somas parciais, então:
0 < (-1)n(S – sn) < an+1, n  1
• Demonstração: i) considere as sequências {s2n}
e {s2n-1}:

Fonte: http://planetmath.org/LeibnizEstimateForAlternatingSeries.html
(a figura original usa a letra “p” no lugar de “a”)
• {s2n} é crescente (s2n+2 – s2n = a2n+1 – a2n+2 > 0),
enquanto que {s2n-1} é decrescente (pois
s2n+1 – s2n-1 = a2n+1 – a2n < 0). As duas
sequências são limitadas acima por s1 e abaixo
por s2. Logo, ambas são monótonas e
limitadas, sendo portanto convergentes.
Suponhamos que lim s = S e lim s = S :
n →
2n 1
n →
2 n −1 2

S1 – S2 = lim s 2 n − lim s 2 n −1 = lim ( s 2 n − s 2 n −1 ) = lim (−a 2 n ) = 0


n → n → n → n →

Ou seja, S1 = S2 = S. Logo, a série alternada


converge e tem soma S.
• ii) Para provar as desigualdades, observe que,
como {s2n} é crescente e {s2n-1} é decrescente,
então s2n < s2n+2 < S e S < s2n+1 < s2n-1, para todo
n  1. Assim:
0 < S – s2n  s2n+1 – s2n = a2n+1
0 < s2n-1 – S  s2n-1 – s2n = a2n

Considerando as duas expressões, conclui-se


que 0 < (-1)n(S – sn) < an+1, n  1.
CONVERGÊNCIA CONDICIONAL E
CONVERGÊNCIA ABSOLUTA

• Diz-se que a série  a é absolutamente


 n =1
n

convergente se  | a | converge. A série é dita


n =1
n

condicionalmente convergente quando  a n =1


n

converge, mas  | a | diverge.


n =1
n

• TEOREMA: Considere que  | a | converge.


 n =1
n
 

Então  a também converge, e  a   a .


n =1
n
n =1
n
n =1
n
• Demonstração:
i) Inicialmente, consideremos que os termos
an sejam reais. Seja bn = an + |an|. Logo:

bn = 0 ou bn = 2.|an|  0  bn  2.|an|

Pelo Teste da Comparação,  b converge, pois


n =1
n

 | a | é convergente. Porém, an = bn - |an|, o


n =1
n

que nos leva à conclusão de que  a também


n =1
n

é convergente.
• ii) Vamos supor agora que os termos an sejam
complexos, ou seja, an = un + ivn, onde un e vn 

são reais. Como |un|  |an|, e como  | a | é  n =1


n

convergente, conclui-se que  | u | converge.  n =1


n

Isto permite concluir que  u é convergente, n =1


n

já que os termos un são reais. Analogamente,


 v é convergente. Por linearidade, conclui-se


n =1
n

que  (u + iv ) converge.
n =1
n n

n n  

• iii)  a   a
k =1
k
k =1
k  a
n =1
n   an
n =1
quando n → .
OS TESTES DE DIRICHLET E DE ABEL
• TEOREMA: sejam {an} e {bn} duas sequências n

de números complexos, e seja An =  a . Então k =1


k

a seguinte identidade, conhecida como


fórmula das somas parciais de Abel, é válida:
n n

a b
k =1
k k = An bn +1 +  Ak (bk − bk +1 )
k =1

• Demonstração: Seja A0 = 0, de modo que


temos ak = Ak – Ak-1, k = 1, 2, ..., n. Logo:
n n n n n n n

 ak bk =  ( Ak − Ak −1 )bk =  Ak bk −  Ak −1bk =  Ak bk −  Ak bk +1 + An bn+1 = An bn+1 +  Ak (bk − bk +1 )


k =1 k =1 k =1 k =1 k =1 k =1 k =1

• TESTE DE DIRICHLET: seja  a uma série de


n =1
n

termos complexos cujas somas parciais


formam uma sequência limitada. Seja {bn}
uma sequência decrescente que converge

para zero. Então a série  a b converge.


n =1
n n

• Demonstração: seja {An} a sequência das


somas parcias de  a . Então,  M > 0 tal que


n =1
n

|An|  M para todo n. Logo, lim A b = 0 .  n→


n n +1

Devemos agora mostrar que  A (b − b ) é k k k +1


k =1
convergente.
• Uma vez que {bn} é decrescente, temos que
|Ak(bk – bk+1)|  M(bk – bk+1). Porém, a série

 (b − b ) é telescópica e, portanto, converge


k =1
k k +1

(pois a sequência {bn} é convergente). Assim,


pelo teste da comparação, podemos concluir

que  A (b − b ) converge absolutamente.
k k k +1
k =1

• TESTE DE ABEL: sejam  a uma série n =1


n

convergente de termos complexos e {bn} uma


sequência monótona convergente de termos

reais. Então a série  a b converge.


n =1
n n

• Exercício: demonstre o Teste de Abel.


INTEGRAIS IMPRÓPRIAS
• Durante a cadeira Cálculo I, foi realizado o
b
estudo da integral  f ( x)dx , com a restrição de
a

que a função f(x) fosse definida e limitada em


todo o intervalo [a,b]. Vamos generalizar o
estudo de integrais, relaxando esta restrição.
• É possível, por exemplo, estudar o
comportamento da integral quando b →  ou
quando a → –   integral infinita (ou
integral imprópria de primeira espécie).
• Também é possível que a função f seja
ilimitada em um ou mais pontos do intervalo
[a,b], obtendo-se a chamada integral
imprópria de segunda espécie.
• Uma integral imprópria que seja
simultaneamente de primeira e segunda
espécies é dita uma integral imprópria de
terceira espécie.
• As integrais estudadas no Cálculo I são
denominadas integrais próprias.
• DEFINIÇÃO: considere que a integral própria
 f ( x)dx exista para todo b  a, e definamos
b

uma função I(b) tal que I(b) =  f ( x)dx , b  a.


b

Essa função I(b) é denominada integral


imprópria de primeira espécie, e é

representada por  f ( x)dx .
a

• Diz-se que essa integral converge quando o


b
limite lim I (b) = lim  f ( x)dx existe e é finito; caso
b→ b→ a

contrário, diz-se que a integral diverge.


• A definição das integrais impróprias da forma
b
− f ( x)dx é análoga. Se as integrais  f ( x)dx
c

−

e c f ( x)dx são

ambas convergentes, diz-se que
a integral − f ( x)dx é convergente, sendo o seu
valor dado pela soma:
 c 

−
f ( x)dx = 
−
f ( x)dx +  f ( x)dx
c

Se pelo menos uma das 


integrais do membro
direito divergir, então − f ( x)dx é divergente.
• Exemplos:

a) Integral Geométrica (ou Exponencial): a e −kx dx
onde k é uma constante.
Converge para k > 0, diverge para k  0.

 dx
b) Integral em p de primeira espécie: a xp
,
onde p é uma constante e a > 0.
Converge para p > 1, diverge para p  1.
• TEOREMA: Considere que a integral própria
b
a f ( x)dx exista para todo b  a, e suponha que

f(x)  0 para todo x  a. Então, f ( x)dx converge
a

se e somente se existir uma constante M > 0


tal que a f ( x)dx  M para todo b  a.
b

• TEOREMA: Considere que a integral própria


b
a f ( x)dx exista para todo b  a, e suponha que
0  f(x)  g(x) para todo x  a, sendo a g ( x)dx


convergente. Então, a f ( x)dx também converge,
 
e a f ( x)dx  a g ( x)dx .
• TEOREMA: Considere que as integrais próprias
b b
a f ( x)dx e a g ( x)dx existam para todo b  a,
sendo f(x)  0 e g(x) > 0 para todo x  a. Se

= c  0 , então ou as integrais a f ( x)dx e
f ( x)
lim
x →g ( x)

a g ( x)dx convergem ou ambas divergem. Se o
valor de c for igual a zero, então pode ser

afirmado que a convergência de a g ( x)dx impli-

ca a convergência de a f ( x)dx .
Integrais Impróprias de Segunda
Espécie
• Suponha que f seja uma função definida no
b
intervalo (a,b], e considere que a integral  f (t )dtx

exista  x  (a,b]. Define-se uma nova função


I(x) = x f (t )dt , a < x  b. Essa função I é
b

denominada integral imprópria de segunda


b
espécie, e é representada pelo símbolo  f (t )dt .
a+

• Diz-se que essa integral converge se o


b
limite lim I ( x) = lim  f (t )dt existe e é finito; caso
x→a + x→a + x

contrário, a integral diverge.


b−
• As integrais impróprias da forma a f (t )dt são
definidas de forma análoga. Se as integrais
c b−

a+
f ( t ) dt e c f (t )dt convergem, então:

b− c b−

a+
f (t )dt =  f (t )dt + 
a+ c
f (t )dt

• Os testes de convergência das integrais de


segunda espécie são similares aos das de
primeira espécie.
• As integrais de terceira espécie podem ser
expressas em termos de integrais de primeira
e segunda espécies, e o seu estudo se reduz a
esses casos.

Você também pode gostar