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Sequências e Séries

Prof.a Dr.a Camila Isoton

Engenharia de Alimentos
Universidade Federal da Grande Dourados

2 2022

Prof.a Camila Isoton UFGD Cálculo II - EGA 1 / 53


Sequências

Definição 1
Seja (an )n∈N uma sequência de números reais. (an )n∈N é dita ser convergente
se existe L ∈ R tal que
lim an = L.
n→∞

Observações:
1 L ∈ R é finito.
2 Se (an )n∈N não for convergente, será dita ser divergente.Casos de
divergência de sequências: ∞, −∞ e oscilação.
3 lim an = L ⇔ ∀ε > 0, ∃ n0 ∈ N tal que n ≥ n0 ⇒ |an − L| < ε.
n→∞
4 Todas as propriedades operatórias básicas de limites seguem válidas.

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Se (an )n∈N e (bn )n∈N forem sequências convergentes e c for uma constante,
então:
lim (an ± bn ) = lim an ± lim bn
n→∞ n→∞ n→∞
lim can = c lim an e lim c = c
n→∞ n→∞ n→∞
lim (an bn ) = lim an · lim bn
n→∞ n→∞ n→∞

an lim an
lim = n→∞ se lim bn ̸= 0.
n→∞ bn lim bn n→∞
n→∞
lim apn = ( lim an )p se p > 0 e an > 0.
n→∞ n→∞
Teorema do confronto: Se an ≤ bn ≤ cn para n ≥ n0 e
lim an = lim cn = L, então lim bn = L.
n→∞ n→∞ n→∞

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Teorema 1
Seja (an )n∈N uma sequência e f : [1, ∞) → R tal que an = f (n).

Se lim f (x) = L então lim an = L.


x→∞ n→∞

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Exemplo 1
Verifique se as sequências abaixo são convergentes:
ln n
(a) an = , n ≥ 1.
n
(b) an = sen(nπ).
lnx
(a) Seja f (x) = ; an = f (n). Então:
x
1
lnx
lim = lim x = 0
x→∞ x x→∞ 1

e,portanto, (an )n∈N converge para zero!


(b) Não existe lim sen(x) (pois este limite oscila).Entretanto, dada
x→∞
an = sen(nπ) temos que
lim sen(nπ) = 0
n→∞

e portanto (an )n∈N converge para zero.


CUIDADO: A recíproca do Teorema 1 não é válida!
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Definição 2
(an )n∈N é uma sequência crescente se an ≤ an+1 , ∀n ≥ 0; e uma sequência
decrescente se an ≥ an+1 , ∀n ≥ 0. Uma sequência é monótona se for
crescente ou decrescente.

Definição 3
(an )n∈N é limitada superiormente se existe M ∈ R tal que an ≤ M, ∀n ≥ 0;
e é limitada inferiormente se existe m ∈ R tal que an ≥ m, ∀n ≥ 0. Se
(an )n∈N for limitada superior e inferiormente dizemos que ela é uma
sequência limitada.

Observações:
an = (−1)n satisfaz −1 ≤ an ≤ 1 mas é divergente.
an = n → ∞ é monótona mas não é convergente.
Se (an )n∈N for limitada e monótona ele deve ser convergente!
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Teorema 2. Da sequência monótona
Toda sequência monótona limitada é convergente.
Prova. Suponha (an )n∈N crescente. Como (an )n∈N é limitada, o conjunto
S = {an / n ≥ 1} tem um limitante superior. Pelo Axioma da Completude1 , existe
um menor limitante superior L. Dado ε > 0, L − ε não é um limitante superior para S
(pois L é o limite superior mínimo). Portanto, aN > L − ε, para algum N ∈ N. Mas
(an )n∈N é crescente, então an ≥ aN para cada n > N. Assim, se n > N temos
an > L − ε e então 0 ≤ L − an < ε, desde que an ≤ L. Logo, |L − an | < ε sempre
que n > N, então lim an = L.
n→∞
Uma prova similar é válida se (an )n∈N for decrescente.

1 O Axioma da Completute (para R):se S é um

conjunto não vazio de números reais, que tem um


limitante superior ( para todo x em S), então S tem
um limitante superior mínimo b. O Axioma de
Completude é uma expressão do fato de que não há
salto ou furo na reta real.

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Exemplo 2
√ p √ √
q p
Decida se a sequência a1 = 2, a2 = 2 2, a3 = 2 2 2, · · · é
convergente ou divergente

Sol. Como an é crescente e limitada temos, pelo Teorema 2, que ela é


convergente. √ √
De fato, an+1 = 2an e n → ∞ ⇒ L = 2L ⇒ L2 = 2L ⇒ L = 0 ou L = 2.

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Exemplo 3
Analise para quais valores de α ∈ R a sequência an = nαn é convergente.

Sol.
α > 1, an > n e lim an = +∞. Portanto, diverge.
n→∞
α = 1, an = n e lim an = +∞. Portanto, diverge.
n→∞
0 < α < 1 ⇒ an = nαn → (∞ · 0), uma indeterminação. Tomamos
x
então f (x) = xαx = x 1b onde α = b1 ⇔ b = α1 . Assim:
x 1
f (x) = bxx , b > 1 ⇒ lim x |{z}
= lim x = 0.
x→∞ b x→∞ b ln(b)
′LH
Portanto, an = f (n) → 0, n → ∞, isto é, converge para zero.
α = 0 ⇒ an = 0 → 0, n > 0. Portanto converge para zero.
α < −1 ⇒ lim an = −∞. Portanto, diverge.
n→∞

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i. an → 0 ⇒ |an | → 0.
ii. |bn | → 0 ⇒ bn = 0 (só vale para zero).
iii. an → ∞ ⇒ |an | → ∞.
iv. |an | → ∞ ⇒ an → ∞ ou an → −∞ ou ainda an → ±∞ (oscila).
−1 < α < 1, como n|α|n → n, αn → 0 (pelo item (ii)).
α = −1, an = (−1)n n diverge (oscila).
α < −1, como n|α|n → +∞ ⇒ nαn diverge (pelo item (iv)).

RESUMINDO:
−1 < α < 1 ⇒ an = nαn converge a zero.
α ≤ −1 ou α ≥ 1 ⇒ an diverge.

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Séries

Definição 4
n
X
Seja (an )n∈N uma sequência numérica e Sn = ai (uma soma parcial).
i=1

X
Dizemos que ai converge a L (L ∈ R) se lim Sn = L.
n→∞
i=1
Caso contrário dizemos que a série diverge.

X
Notação: ai = L
i=1

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Exemplo 4
As PG’s com razão |q| ≤ 1 são sequências convergentes. Tome a PG
1
an = n−1 .
2
S1 = 1
1 3
S2 = 1 + 2 = 2
1 1 7
S3 = 1 + 2 + 4 = 4
..
.
1 1 1 1
Logo, Sn → 2 pois, 1 + 2 + 4 + ··· + 2n−1
= 1
= 2. Portanto,
1− 2


X 1
n−1
é convergente.
2
n=1

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Teorema 3. Critério do Termo Geral

X
ai converge ⇒ ai → 0.
i=1

n
X n−1
X
Ideia da prova: Seja Sn = ai e Sn−1 = ai somas parciais da
i=1 i=1

X
sequência ai .Como ai converge, temos que existe L ∈ R tal que
i=1

lim Sn = L = lim Sn−1 .


n→∞ n→∞

Assim, an = Sn − Sn−1 → L − L = 0.
historia da série harmônica:
https : //www.youtube.com/watch?v = yuJ O16kNqA
O que é série harmônica:
https : //www.youtube.com/watch?v = OipPCVpnkCQ
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Critérios de Convergência

Teorema 4. Critério da Comparação


Sejam (an )n∈N e (bn )n∈N sequências numéricas com 0 ≤ an ≤ bn , n ≥ 1.
X∞ ∞
X
1. Se an é divergente, então bn diverge.
n=1 n=1

X X∞
2. Se bn é convergente, então an converge.
n=1 n=1

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Ideia da prova: Sejam as somas parciais:
Sn = a1 + a2 + · · · + an e Tn = b1 + b2 + · · · + bn
Como estas somas são crescentes (pois an e bn só contém termos positivos) temos
que,
0 ≤ a1 + a2 + · · · + an = Sn ≤ Tn = b1 + b2 + · · · + bn (1)


X
(1) Suponha que an é divergente. Então por (1), temos que
n=1

X
Sn → ∞ ⇒ Tn → ∞ ⇒ bn diverge.
n=1

X
(2) Agora suponha que bn é convergente. Então de (1),
n=1

X
0 ≤ Sn ≤ Tn ≤ bn = L ∈ R. Logo Sn é crescente e limitada e portanto (pelo
n=1

X
Teorema 2) convergente.Assim, an converge.
n=1
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Teorema 5. Critério da Comparação no Limite
Sejam (an )n∈N e (bn )n∈N sequências numéricas com 0 ≤ an e 0 < bn , n ≥ 1.
an
Suponha que lim = L.
n→∞ bn
X∞ X∞
(1) 0 < L < +∞ então an converge ⇔ bn converge.
n=1 n=1

X ∞
X
(2) L = 0 então se an diverge ⇒ bn diverge.
n=1 n=1

X ∞
X
(3) L = +∞ então se bn diverge ⇒ an diverge.
n=1 n=1

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Lembrete: f : [k, +∞) função contínua. Dizemos que a integral imprópria
Z ∞ Z b
f (x) dx é convergente se e só se lim f (x) dx = L (L ∈ R)
1 b→∞ 1

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Teorema 6. Critério da Integral
Seja f : [k, ∞) → R uma função contínua, decrescente e f (x) > 0,
∀x ∈ [k, +∞). Seja an = f (n), ∀n ≥ 0. Então

X Z ∞
an converge (diverge) ⇔ f (x) dx converge (diverge)
n=1 1

Ideia da prova

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Se fizermos as somas das áreas das Figuras 1 e 2, do intervalo x = 1 até
x = n, para algum n fixado, obtemos respectivamente que
Z n
a2 + a3 + · · · + an ≥ f (x) dx (2)
Z1 n
a1 + a2 + · · · + an ≤ f (x) dx (3)
1

Se somarmos (2) com (3) para n → ∞ a soma infinita não altera a


desigualdade, isto é, a série e a integral se comportam do mesmo modo.

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Exemplo 5
Verifique para que valores de α a série harmônica generalizada,

X 1
, α ∈ R, converge.

n=1

Sol.
α = 1 (série harmônica), portanto, divergente.
1
α = 0 ⇒ an = n0
→ 1, portanto a série diverge (an ↛ 0).
α < 0 ⇒ an = −α
n → ∞ (pois −α > 0), portanto a série diverge
(an ↛ 0).
α > 0 e α ̸= 1.Neste caso observe que se tomarmos f (x) = x1α ,
x ∈ [1, +∞) temos que, f (x) > 0, contínua e decrescente (pois
f ′ (x) = −αx−(α+1) < 0).Assim, podemos utilizar o critério da integral
onde an = f (n) = n1α :

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b
Z b
1
Z b
x −α+1 b1−α 1
dx = x−α dx = = −

1 xα 1 −α + 1 1−α 1−α
1
(
b
se 1 − α > 0 (1 > α)
Z
1 +∞,
⇒ lim α
dx = 1
b→∞ 1 x − 1−α , se 1 − α < 0 (1 < α).
Resumindo:
se α > 1 então a série é convergente.
se α ≤ 1, então a série é divergente.

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Teorema 7. Critério da Raiz

Seja (an )n∈N ; an > 0, ∀n ≥ 0 e lim n
an = L. Então
n→∞

X
(1) Se L > 1 ⇒ an diverge (L pode ser ∞)
n=1

X
(2) Se L < 1 ⇒ an converge (L pode ser 0)
n=1
(3) Se L = 1 ⇒ nada posso concluir.
Ideia da Prova:

(1) L > 1 Se n é grande então n an > 1 ⇒ an > 1 portanto an ↛ 0 e a série
diverge.
(2) L < 1 Se n é grande então existe 0 < M < 1 para o qual

√ X
n a < M
n ⇒ an < M n . Mas M n é uma PG de razão M < 1 logo Mn
n=1

X
converge e pelo critério da comparação, an converge.
n=1

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Teorema 8. Critério da Razão
an+1
Seja (an )n∈N ; an > 0, ∀n ≥ 0 e lim = L. Então
n→∞ an

X
(1) Se L > 1 ⇒ an diverge.
n=1
X∞
(2) Se L < 1 ⇒ an converge.
n=1
(3) Se L = 1 ⇒ nada posso concluir.
Ideia da Prova:
an+1
(1) L > 1 Se n é grande então an > 1 ⇒ an+1 > an portanto a série diverge.

X
an+1
(2) L < 1 Se n é grande então an < 1 ⇒ an+1 < an ⇒ an → 0 e an
n=1

X
converge, pois podemos comparar com a série geométrica an M n , com
n=1
M < 1 (como foi feito no caso do critério da raiz).
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Séries Alternadas
Teorema 9. Critério de Leibniz
Seja (an )n∈N , an > 0, isto é, (an )n∈N é decrescente. Então

X
(−1)n an converge
n=1

Ideia da Prova:

S1 = a1
S2 = a1 − a2
S3 = a1 − a2 + a3
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Resumindo:
Critérios de convergência para séries com termos positivos:
Comparação, Integral, Raiz e Razão.
Critério de convergência para séries com termos alternados: Leibniz.

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Teorema 10. Convergência Condicional e Absoluta

X ∞
X ∞
X
Seja an uma série numérica (qualquer). Se |an | converge, então an
n=0 n=0 n=0
converge.

Ideia da Prova: 0 ≤ |an | + an ≤ 2|an | pelo critério da comparação temos que


X∞ ∞
X
|an | converge, então 2|an | converge.Portanto, pelo critério da
n=0 n=0

X
comparação, (|an | + an ) é convergente. Então,
n=0


X ∞
X ∞
X
an = (|an | + an ) − |an |
n=0 n=0 n=0

é a diferença de duas séries convergentes e, portanto, convergente.

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Exemplo 6

X sen(n)
Verifique se a série é convergente.
n2
n=1

sen(n) 1
Sol. Observemos que |an | = 2 ≤ 2 .

n n

X 1
Mas é convergente (SHG com α > 1).
n2
n=1


sen(n)
X
Logo, pelo critério da comparação 2 é convergente.
n
n=1

X sen(n)
Portanto, pelo Teorema 10, converge.
n2
n=1

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Definição 5

X ∞
X
(a) Se |an | converge, então an é chamada absolutamente
n=1 n=1
convergente.

X ∞
X ∞
X
(b) Se an converge e |an | diverge, então a série original an é
n=1 n=1 n=1
chamada série condicionalmente convergente.

Um exemplo de série condicionalmente convergente é a série harmônica



X 1
alternada (−1)n . Pois:
n
n=1

X 1
(−1)n converge (pelo critério de Leibniz)
n
n=1
∞ ∞
n1 1
X X
Mas |(−1) |= que diverge (SH).
n n
n=1 n=1

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CLASSIFICAÇÃO DAS SÉRIES NUMÉRICAS
 ∞
X
|an | CONVERGE (absolutamente convergente)

 

 

 
 n=1

 

 



CONVERGE

 


 
X   X
an



 |an | DIVERGE (condicionalmente convergente)
 n=1
n=1 














DIVERGE

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USO DOS CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA DE SÉRIES -
QUADRO GERAL

X
(1) an ↛ 0 ⇒ an diverge.
n=0

X 1
(2) ⇒ SHG diverge para α ≤ 1 e converge para α > 1.

n=0
X∞ ∞
X
n
(3) a · q ou a · qn−1 é série geométrica que converge para |q| < 1 e
n=0 n=0
diverge para |q| ≥ 1.
(4) Séries com formas similares a SHG ou Série Geométrica (utilizar

X
critérios de comparação e/ou comparação no limite). Se a série an
n=0

X
tiver termos negativos, aplicamos o critério de comparação em |an | e
n=0
testamos a convergência absoluta.
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X ∞
X
n
(5) Se (−1) an ou (−1)n+1 an , utilizar o critério de Leibniz.
n=0 n=0

(6) Séries com fatoriais ou outros produtos (funções racionais ou algébricas)


com constante elevada a n-ésima potência, utilizar o critério da razão.

(7) Se an = (bn )n utilizar o critério da raiz.


Z ∞
(8) Se an = f (n) onde f (x) dx é fácil de calcular, utilizar o critério da
1
integral.

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Fórmula de Taylor

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Séries de Potências
Definição 6
Uma série de potências é uma série do tipo

X
cn (x − x0 )n ,
n=0

onde x é a variável e cn , n = 0, · · · são os coeficientes (constantes). Neste


caso, dizemos que a série foi desenvolvida em torno de x0 .

Temos que ∞ n
P
n=0 cn (x − x0 ) = f (x), para todos os valores de
x ∈ Dom(f ) para os quais a série converge.
Se cn = 1, ∀n ≥ 0 e x0 = 0, a série de potências se torna a série
geométrica
X∞
xn
n=0
que converge quando |x| < 1 e diverge para |x| ≥ 1.
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Exemplo 7
Para quais valores de x ∈ R as séries de potências abaixo convergem?
∞ ∞ ∞
X
n
X
n n
X (x − 2)n
(a) n! x (b) 2 (x − 3) (c)
n!
n=0 n=0 n=0

X
Sol. (a) n! xn temos que se
n=0
x = 0 então an = n! xn = 0, ∀n ≥ 1
x ̸= 0 então an = n! xn ↛ 0
X∞
Portanto n! xn só converge para x = 0.
n=0

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X
(b) 2n (x − 3)n e vamos analisar em módulo:
n=0
|an | = 2n |x − 3|n e pelo critério da raiz 2|x − 3| < 1, para x ∈ 52 , 72 ou seja,


neste caso temos convergência absoluta.Resta analisar o que ocorre nos


extremos. Quando x = 25 , ou x = 72 temos que |an | = 2n |x − 3|n = 1 assim, a
série diverge (an ↛ 0).

X
n! xn é convergente para x ∈ 5 7

Portanto, 2, 2 .
n=0

X (x − 2)n
(c) , novamente, vamos analisar a convergência absoluta:
n!
n=0
|x−2|n
|an | = n! e pelo critério da razão obtemos que
|an+1 | |x − 2|n+1 n! |x − 2|
= · = −→ 0
|an | (n + 1)! |x − 2|n n+1
∞ ∞
X X (x − 2)n
Portanto, |an | converge, ou seja, converge, ∀x ∈ R.
n!
n=0 n=0
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Observação:

Observando os três itens do Exemplo 7, concluímos que:


em (a) o raio de convergência é zero
1
em (b) o raio de convergência é 2
em (c) o raio de convergência é ∞.
Com base nisto, temos:
Definição 7
Intervalo de Convergência é o conjunto dos valores de x para os quais a série
converge.

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Teorema 11. (Raio de Convergência)
P∞ n
Dada n=0 cn (x − x0 ) o intervalo de convergência é necessariamente do tipo:
1. I = {x0 }
2. I = (x0 − R, x0 + R), I = (x0 − R, x0 + R], I = [x0 − R, x0 + R) ou
I = [x0 − R, x0 + R], isto é, existe R tal que, para |x − x0 | < R série
converge e para |x − x0 | > R a série diverge.
3. I = R.
Aqui R é denotado o raio de convergência da série.

⋄ O intervalo de convergência de uma série de potências é simétrico em torno


de x0 .

⋄ Nas extremidades do intervalo I pode ocorrer qualquer coisa, devemos


analisar caso a caso.
exemplos

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Derivação e Integração de Séries

Ideia: “Ligar” funções com séries de potências.

Teorema 12
Suponha que ∞ n
P
n=0 cn (x − x0 ) tenha raio de convergência R > 0. Sejam I o
intervalo de convergência e f : I → R tal que

X
f (x) = cn (x − x0 )n .
n=0

Então,
1. f é derivável (e portanto contínua) em (x0 − R, x0 + R) e

X

f (x) = ncn (x − x0 )n−1 (derivada termo a termo)
n=1

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2. f é integrável e

cn (x − x0 )n+1
Z X
f (x) dx =
n+1
n=0

3. Se ∞ n
P
n=0 cn (x − x0 ) é convergente em x0 ± R, então f está definida e é
contínua em x0 ± R.

Suponha que em um certo intervalo I, a série de potências ∞ n


P
n=0 cn (x − x0 ) é
convergente. Então neste intervalo, temos que

f (x) = c0 + c1 (x − x0 ) + c2 (x − x0 )2 + c3 (x − x0 )3 + · · · , logo,
f ′ (x) = c1 + 2c2 (x − x0 ) + 3c3 (x − x0 )2 + · · · e

cn (x − x0 )n+1
Z X
f (x) dx = + C.
n+1
n=0

exemplos

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Séries de Taylor

Séries de potências que podem ser derivadas e integradas termo a termo.

Teorema 13. de Taylor


Se f tiver umaPrepresentação (expansão) em série de potências em torno de x0 ,
isto é, f (x) = ∞ n
n=0 cn (x − x0 ) para |x − x0 | < R, então seus coeficientes cn
são da forma:
f (n)
cn = (x0 )
n!
Prova De fato,

f (x) = c0 + c1 (x − x0 ) + c2 (x − x0 )2 + c3 (x − x0 )3 + · · ·

e para x = x0 temos que f (x0 ) = c0

f ′ (x) = c1 + 2c2 (x − x0 ) + 3c3 (x − x0 )2 + · · ·

e para x = x0 temos que f ′ (x0 ) = c1 .


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f ′′ (x) = 2c2 + 6c3 (x − x0 ) + 12c4 (x − x0 )2 + · · ·
f ′′ (x0 )
e para x = x0 temos que f ′′ (x0 ) = 2c2 ⇒ c2 = 2! .

f ′′′ (x) = 6c3 + 12c4 (x − x0 ) + 60(x − x0 )2 + · · ·


′′′
e para x = x0 temos que f ′′′ (x0 ) = 6c3 ⇒ c3 = f 3!(x0 ) .E assim, por diante,
de modo que isolando o n-ésimo coeficiente nessa equação, obtemos

f (n) (x0 )
cn =
n!

Dada f os coeficientes da série de potências que a representam são únicos!

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Definição 8
A série de Taylor de f (x) é dada por
∞ (n)
X f (x0 )
S(x) = (x − x0 )n
n!
n=0

desenvolvida em torno de x0 .

Se na série de Taylor tomarmos x0 = 0 então temos a chamada série de


MacLaurin. Se a função é dada por uma série de potências então esta série é a
série de Taylor da função!

Mas nem toda função C∞ é igual a sua série de Taylor.

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Exemplo 8
Encontre as séries de Taylor em torno de x0 = 0 (MacLaurin) das funções
abaixo:
(a) f (x) = ex
(b) f (x) = sen x
( −1
e x2 , se x ̸= 0
(c) f (x) =
0, se x = 0

Sol. (a) f (x) = ex , f (n) (x) = ex para qualquer ordem de derivação. E, tomando
x0 = 0 temos que f (n) (0) = e0 = 1. Logo, a série de Taylor de f (x) = ex
desenvolvida em torno de x0 = 0 é
∞ (n) ∞ n
X f (0) X x x2 x3
S(x) = (x − 0)n = =1+x+ + + ···
n! n! 2! 3!
n=0 n=0

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(b) (x) = sen x e observemos que
f ′ (x) = cos x = f 5 (x) = f 9 (x) = ···
f ′′ (x) = −sen x = f 6 (x) = f 10 (x) = ···
f ′′′ (x) = −cos x = f 7 (x) = f 11 (x) = ···
f 4 (x) = sen x = f 8 (x) = f 12 (x) = ···
E tomando x0 = 0 temos que
f ′ (0) = cos 0 = 1 = f 5 (x) = f 9 (x) = ···
f ′′ (0) = −sen 0 = 0 = f 6 (x) = f 10 (x) = ···
f ′′′ (0) = −cos 0 = −1 = f 7 (x) = f 11 (x) = ···
f 4 (0) = sen 0 = 0 = f 8 (x) = f 12 (x) = ···
Logo, a série de Taylor é dada por
x2 x3 x4 x5 x6 x7 x9
0+x+0 − +0 + +0 − +0+ + ···
2! 3! 4! 5! 6! 7! 9!

x3 x5 x7 X x2n+1
=x− + − + ··· = (−1)n = S(x)
3! 5! 7! (2n + 1)!
n=0

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X x2n+1
Agora, analisando a convergência de S(x) = (−1)n , obtemos
(2n + 1)!
n=0
que

|x|2(n+1)+1 (2n + 1)! |x|2n+3 (2n + 1)!


lim · = lim ·
n→∞ (2(n + 1) + 1)! |x|2n+1 n→∞ (2n + 3)! |x|2n+1
|x| 2
⇒ lim = 0, ∀x ∈ R.
n→∞ (2n + 3)(2n + 2)


X x2n+1
Portanto, sen(x) = (−1)n , ∀x ∈ R.
(2n + 1)!
n=0

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( −1
e x2 , se x ̸= 0
(c) Observe que a função f (x) = é par (simétrica em torno
0, se x = 0
do eixo y).E para
x0 = 0, f n (0) = 0, ∀n ≥ 0.
Logo a série de Taylor é S(x) = 0, a série nula.
Neste caso, é fácil ver que a série de Taylor não coincide com a função f (x),
pois f (x) não é função nula! Isto é, esta série de Taylor (em torno de x0 = 0)
não representa a função.

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Definição 9
(a) O polinômio de Taylor de f (x) em torno de x0 , de ordem k é dado por:
k
X f n (x0 )
Pk,x0 (x) = (x − x0 )n
n!
n=0

(b) Assim, definimos o resto de Taylor (erro) como

Rk,x0 (x) = f (x) − Pk,x0 (x).


3 5
Para a função senx temos que P5,0 (x) = x − x3! + x5! = P6,0 pois neste caso, os
polinômios de Taylor de ordem 5 e 6 são idênticos.

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Teorema 14
Seja f (x) dada por f (x) = Pk,x0 (x) + Rk,x0 (x). Se

lim Rk,x0 (x) = 0, para |x − x0 | < R,


k→∞

então f é igual à soma de sua série de Taylor no intervalo |x − x0 | < R.

Para demonstrar que limk→∞ Rk,x0 (x) = 0 para uma função específica,
geralmente utilizamos o seguinte critério.
Desigualdade de Taylor
Se |f k+1 (x)| ≤ M para |x − x0 | < R, então o resto Rk,x0 (x) da série de Taylor
satisfaz a desigualdade

M|x − x0 |k+1
|Rk,x0 (x)| ≤ , para |x − x0 | < R.
(k + 1)!

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Diferente do intervalo de convergência, estamos buscando os x′ s para os quais
a função e sua série de Taylor são iguais. Ao aplicarmos os dois resultados
anteriores, muitas vezes é útil usar o seguinte fato:
xn
lim = 0, ∀x ∈ R
n→∞ n!

xn
Isto decorre do fato de ∞
P
n=1 n! é uma série convergente. De fato, pelo
critério da razão, temos que

|x|n+1 n! |x|
lim · n = lim = 0, ∀x ∈ R.
n→∞ (n + 1)! |x| n→∞ n + 1

Como a série converge, temos do Teorema do Critério Geral que a sequência


xn
n! → 0, o que completa a prova.

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Exemplo 9
P∞ xn
Mostre que ex é igual a sua série de Taylor em torno de x0 = 0, n=0 n! , para
todo x ∈ R.
Sol. Queremos mostrar que Rk,0 (x) → 0, ∀x ∈ R e para isto, vamos utilizar a
desigualdade de Taylor. Observe que f (k) (x) = ex , para qualquer ordem k.
Assim, tomamos M = e|x| e temos que
|f (k) (x)| ≤ e|x|
então,
e|x| .|x|k+1
|Rk,0 (x)| <
(k + 1)!
e quando k → ∞, Rk,0 (x) → 0, ou seja,Pk,0 (x) → ex e
∞ n
x
X x
e = , ∀x ∈ R.
n!
n=0

Este exercício pode ser feito para a função senx, lembrando que neste caso,
escolhemos M = 1, já que |f (k) (x)| < 1, ∀x ∈ R.
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Definição 10
Uma função f : I → R é analítica em I se ∀x0 ∈ I vale
k
X f n (x0 )
f (x) = (x − x0 )n
n!
n=0

com x na vizinhança de x0

⋄ A função f definida no item (c) do Exemplo 8, não é analítica numa


vizinhança da origem x0 = 0.

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Exemplo 10
Z x
2
(a) Obtenha a série de Taylor da função f (x) = e−t dt.
0
(b) Quantos termos temos que somar na série para obter o valor da integral
Z 1
2
e−t dt com precisão de três casas decimais?
0
P∞ xn
Sol. (a) Observemos que ex = n=0 n! converge para todo x real. Então,
∞ ∞
2
X (−t2 )n X t2n
e−t = = (−1)n , ∀t ∈ R
n! n!
n=0 n=0

x
∞ ∞
!
x x
t2n t2n+1
Z Z
−t2
X X
⇒ e dt = (−1)n dt = (−1)n
(2n + 1)n!

0 0 n!
n=0 n=0 0

X x2n+1
= (−1)n
(2n + 1)n!
n=0

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(b) da parte (a) temos que
x ∞
12n+1
Z
2
X 1 1
e−t dt = (−1)n =1− + − ···
0 (2n + 1)n! 3 10
n=0

Observação: Quando a série de Taylor é uma série alternada temos que


X
n


(−1) an − L < |an+1 |
n=0

Assim, basta impor que |an+1 | < 1013 , ou seja, (2n+1)n!


1
< 1013
⇒ (2n + 1)n! > 1000 ⇒ n = 5 ⇒ n + 1 = 5 e, portanto, basta somar a
série até n = 4,

x 4
12n+1
Z
−t2
X 1 1 1 1
e dt = (−1)n =1− + − + ≈ 0, 747
0 (2n + 1)n! 3 10 42 216
n=0

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