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Aula 1

Cálculo II
Notas de aula

Profa. Camila de Oliveira Vieira

Universidade Federal do Oeste da Bahia


Centro Multidisciplinar Luís Eduardo Magalhães

Engenharia de Biotecnologia e Engenharia de Produção

2023

C.O.Vieira Cálculo II - 2023/01 1 / 17


Aula 1 Sequências

Sequências e séries infinitas foram introduzidas rapidamente em Uma Apresentação do


Cálculo em conexão com os paradoxos de Zenon (Dicotomia) e a representação decimal
de números. Sua importância em cálculo surge da ideia de Newton da representação de
funções como somas de séries infinitas. Por exemplo, para encontrar áreas, ele
frequentemente integrava uma função expressando-a primeiro como uma série e então
integrando cada termo da série. Seguiremos sua ideia para integrar funções como
2
exp(−x ) . (Lembre-se de que, anteriormente, fomos incapazes de fazer isso.) Muitas das
funções que surgem em física-matemática e química, tais como as funções de Bessel,
são definidas como somas de séries; assim, é importante nos familiarizarmos com os
conceitos básicos de convergência de sequências e séries infinitas. Em áreas de estudo
diversas, como óptica, relatividade especial e eletromagnetismo, eles analisam fenômenos
trocando uma função pelos primeiros termos da série que a representa.

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Uma sequência numérica pode ser pensada como uma lista de números
escritos em uma ordem definida:

a1 , a2 , . . . , an , . . .

O termo a1 é chamado de primeiro termo, a2 é o segundo termo e, em


geral, an é o n-ésimo termo (ou termo geral). Estamos interessados
apenas nas sequências de números reais infinitas, desse modo, cada termo
an possui um sucessor an+1 .
Notação: A sequência (a1 , a2 , . . . , an , . . .) será indicada por

(an )∞
n=1 (an )n∈N ou (an ).

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Observação: Também é possível denotar uma sequência utilizando chaves


ao invés dos parênteses.

{an }n∈N

Algumas sequências podem ser definidas a partir de uma fórmula para o


n-ésimo termo. Vejamos alguns exemplos:
1 Se an = 2 + 5 n, com n ≥ 1, então temos a sequência
(7, 12, 17, 22, . . .). (Note que essa sequência é uma progressão
aritmética de razão 5.)
2 Se an = 2n , com n ≥ 1, temos a sequência (2, 4, 8, . . .). (Note que
essa sequência é uma progressão geométrica de razão 2.)
3 Se an = sin(n π2 ), com n ≥ 0, a sequência será dada por
(0, 1, 0, −1, 0, 1, 0, −1, . . .).

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Pn
1 Sequência de termo geral sn = k=1 k
1 Pn
2 Sequência de termo geral sn = k=1
k
Sequência de termo geral sn = nk=1 t k , t 6= 0 e t 6= 1.
P
3
∞
n n

4 , an = .
n + 1 n=1 n+1
(−1)n (n + 1) ∞ (−1)n (n + 1)
 
5
n
, an = .
3 n=1 3n
 ∞
nπ nπ
  
6 cos , an = cos .
6 n=1 6

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Representação Gráfica

1 an = n
1
2 an =
n
1
3 an = (−1)n+1
n

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Existem sequências que não têm uma fórmula de definição simples.


Exemplo disso, é a Sequência de Fibonacci , que é definida por uma lei de
recorrência da seguinte forma:

a1 = 1, a2 = 1, a3 = 2, . . . , an+2 = an+1 + an .

Ou seja, cada termo é a soma dos dois termos anteriores. Logo, os


primeiros termos serão

(1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, . . .).

Essa sequência surgiu quando o matemático italiano conhecido como


Fibonacci resolveu, no século XIII, um problema envolvendo a reprodução
de coelhos.

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Às vezes, os termos de uma sequência se aproximam de um único valor.


1
Considerando, por exemplo, a sequência dada por an = , observamos que
n
seu termos
1 1 1 1
1, , , . . . , ,..., ,...
2 3 100 1000
vão se aproximando cada vez mais de zero conforme n vai ficando grande.
Isto nos leva a definir o conceito de limite de uma sequência, que é muito
parecido com o limite de uma função real no infinito.

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Definição 1

Uma sequência (an )n∈N é dita convergente se existir L ∈ R tal que

lim an = L,
n→∞

ou seja, se pudermos tornar os termos de an tão próximos de L quanto


quisermos ao fazer n suficientemente grande.
Note que L ∈ R deve ser um valor finito. Se a sequência não for
convergente, dizemos que a sequência é divergente.

Uma outra forma de definir o limite de uma sequência de maneira mais


precisa e formal pode ser observada abaixo:

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Definição 2

Dizemos que
lim an = L
n→∞

se, para cada  > 0, existir um n0 ∈ N tal que se n > n0 então |an − L| < .

Na figura abaixo observamos o comportamento de duas sequências que


convergem para L. Observe que a partir de um determinado n0 , todos os
termos da sequência estão cada vez mais próximos de L.

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Observação 1: Quando lim an = ∞, significa que para cada número


n→∞
positivo m1 existe um inteiro n1 tal que se n > n1 então an > m1 . Nesse
caso, a sequência (an ) é divergente e dizemos que ela diverge para ∞.
De modo similar, escrevemos lim an = −∞, e dizemos que (an ) diverge
n→∞
para −∞, se para cada número positivo m2 existir um inteiro n2 tal que se
n > n2 então an < m2 .

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Note que o conceito de limites de sequências é similar com o conceito de limites para
funções, visto no curso de Cálculo 1. Dessa forma, as operações que são válidas para
limites de funções também são válidas para limites de sequências:

Teorema 1
Se (an ) e (bn ) são sequências convergentes e c for uma constante, então são válidas as
seguintes propriedades:
i) lim (an + bn ) = lim an + lim bn
n→∞ n→∞ n→∞

ii) lim (an − bn ) = lim an − lim bn


n→∞ n→∞ n→∞

iii) lim c an = c lim an


n→∞ n→∞

iv) lim (an · bn ) = lim an · lim bn


n→∞ n→∞ n→∞

lim an
an n→∞
v) lim = , se lim bn 6= 0
n→∞ bn lim bn n→∞
n→∞
h ip
vi) lim anp = lim an , se p > 0 e an > 0.
n→∞ n→∞

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O Teorema do Confronto também pode ser adaptado para sequências,


como enunciado abaixo:
Teorema 2 (Teorema do Confronto para Sequências)

Se an ≤ bn ≤ cn , para n > n0 e lim an = lim cn = L, então lim bn = L.


n→∞ n→∞ n→∞

Um dos resultados mais importantes do estudo de sequências é o próximo


teorema, pois ele permite conectar limites de sequências com limites de
funções. Dessa forma, podemos utilizar todas as técnicas de limites de
funções que já conhecemos no nosso estudo de sequências.

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Teorema 3
Se lim f (x ) = L e f (n) = an quando n é um inteiro, então lim an = L.
x →∞ n→∞

O teorema acima surge de modo natural: se os valores de uma função f se


aproximam de um limite L , é natural que a sequência que assume alguns
desses valores também se aproxime do mesmo limite.

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1
Exemplo 1: Vamos calcular lim r , com r > 0.
n→∞ n
1
Sabemos que lim r = 0. Então de acordo com o Teorema 3, a
 ∞ x
x →∞
1
sequência converge para zero.
nr n=1
n2 + 3n − 1
Exemplo 2: Vamos calcular lim
n→∞ 2n2 + 5
x 2 + 3x − 1 x 2 (1 + 3/x − 1/x 2 ) 1
Sabemos que lim 2
= lim 2 2
= . Então
x →∞ 2x + 5 x →∞ x (2 + 5/x ) 2
n2 + 3n − 1
de acordo com o Teorema 3, a sequência lim converge para
n→∞ 2n2 + 5
1
.
2

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ln n
Exemplo 3: Vamos calcular lim
n→∞ n

Observação 2: A recíproca do Teorema 3 não é válida. Por exemplo, ao


considerarmos a função f (x ) = sin(πx ) observamos que não existe o limite
lim sin(πx ), porém, ao considerarmos a sequência an = sin(πn), notamos
x →∞
que essa sequência é constantemente nula, logo lim an = 0.

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Exemplo 4: Calcule:
lim 2 n
n→∞

lim (−1)n
n→∞

Exemplo 5: Se as sequências (an ) e (bn ) são divergentes, a sequência


(an + bn ) pode convergir. Por exemplo, considere as sequências
divergentes (an ) = (1, 2, 3, . . .) e (bn ) = (−1, −2, −3, . . .), e note que
(an + bn ) = (0, 0, 0, . . .), que é uma sequência convergente para 0.

Exemplo 6: Calcule:
cos(n)
lim
n→∞ n
1
lim
n→∞ 2n

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