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Departamento de Computação
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Matemática Discreta
Exemplos
Calcule f (2) e f (4), se a função recursiva f é definida por
f (0) = 2,
f (n + 1) = 2f (n) + 3.
f (2) = 2f (1) + 3
f (4) = 2f (3) + 3
= 2 [2f (0) + 3] + 3
= 2(2f (2) + 3) + 3 = 4f (2) + 9
= 4f (0) + 9
= 4 · 17 + 9 = 68 + 9
= 4·2+9
= 77
= 17
Exemplos
Dê uma definição recursiva das seguintes funções:
a) F (n) = n!, o fatorial de n inteiro não negativo.
F (n) = n · F (n − 1), F (0) = 1.
Definição
Os números de Fibonacci f0 , f1 , f2 , . . . são definidos da seguinte forma
f0 = 0, f1 = 1 n = 0, 1
fn = fn−1 + fn−2 n = 2, 3, . . .
Exemplo
Encontre os números de Fibonacci f2 , f3 , f4 , f5 e f6 .
f2 = f1 + f0 =1+0=1
f3 = f2 + f1 =1+1=2
f4 = f3 + f2 =2+1=3
f5 = f4 + f3 =3+2=5
f6 = f5 + f4 =5+3=8
Exemplo
Juros Compostos. Suponha que uma pessoa deposite R$10.000,00 em
uma poupança com uma taxa de 11% ao ano, com taxa de juros
compostos anual. Que valor terá na poupança depois de 30 anos?
Seja Pn a quantia na poupança após n anos. A quantia na poupança depois de n anos é igual à
quantia depois de n − 1 anos mais os juros do n-ésimo ano. A sequência {Pn }, com
P0 = 10.000, satisfaz a relação de recorrência
Pn = Pn−1 + 0,11Pn−1 = (1,11)Pn−1 .
Podemos desenvolver a sequência para encontrar a fórmula fechada de Pn :
P1 = (1,11)P0
P2 = (1,11)P1 = (1,11)2 P0
P3 = (1,11)P2 = (1,11)3 P0
..
.
Pn = (1,11)Pn−1 = (1,11)n P0 .
Quando insere-se a condição inicial P0 = 10.000, é obtida a fórmula Pn = (1,11)n 10.000, que
precisa ser validada. . .
Exemplo
Para validar a fórmula Pn podemos usar indução matemática.
Passo Base: A fórmula é válida para o caso n = 0, que é uma consequência da condição inicial
(P0 = 10.000).
Passo Indutivo: Assuma que Pn = (1,11)n 10.000. Então, a partir da relação de recorrência e da
hipótese indutiva,
Inserir n = 30 na fórmula Pn = (1,11)n 10.000, mostra que depois de 30 anos, a poupança terá
P30 = (1,11)30 10.000 = R$ 228.922,97.
Exemplo
Encontre a fórmula fechada da relação de recorrência
S(1) = 2
S(n) = 2S(n − 1) para n ≥ 2.
Exemplo
Seja P(n) a proposição S(n) = 2n , para n ≥ 1.
Passo Base: Para a base de indução, tem-se que P(1) é verdadeiro, pois o valor da condição
inicial é S(1) = 21 = 2.
Passo Indutivo: Suponha que P(k) é verdadeira, ou seja, S(k) = 2k . Provaremos assim que
P(k + 1) é verdadeira. Assim, temos
Definição
Uma relação de recorrência linear possui a forma
• A relação de recorrência:
I Possui coeficientes constantes se todos os f (n) forem constantes;
i
I É homogênea se g (n) = 0;
I É de primeira ordem (grau 1) se o n-ésimo termo depende apenas do
termo n − 1;
I É de grau k se S(n) for expresso em até k termos anteriores da
Exemplo
Encontre a solução geral da relação de recorrência de primeira ordem com
coeficientes constantes, dados a, c ∈ R, j0 , n ∈ Z, com j0 ≤ n.
Exemplo
Após k expansões, conjecturamos que
k−1
X
S(n) = c k S(n − k) + c i g (n − i)
i=0
= c k S(n − k) + g (n) + cg (n − 1) + c 2 g (n − 2) + . . . + c k−1 g (n − (k − 1))
= c k S(n − k) + g (n) + cg (n − 1) + c 2 g (n − 2) + . . . + c k−1 g (n − k + 1)
A expansão de S para quando n − k = j0 , isto é, k = n − j0 . Neste ponto, tem-se
Agora é necessário verificar via indução matemática que a solução geral de S(n) é válida.
j0
X
S(j0 ) = c j0 −j0 a + c j0 −j g (j) = a.
j=j0 +1
P(k + 1) é verdadeiro, ou seja, a fórmula S(k + 1) = c k+1−j0 a + k+1 k+1−j g (j) é válida.
P
j=j0 +1 c
Assim, temos que
Isto conclui a prova. Portanto, S(n) = c n−j0 a + nj=j0 +1 c n−j g (j) uma solução geral da relação
P
T (n) = T (n − 1) + (n + 1) n ≥ 2
T (1) = 2.
= 2 + nj=2 (j + 1)
P
(n − 1)(3 + (n + 1))
=2+
2
(n − 1)(n + 4)
=2+
2
= (4 + n2 + 4n − n − 4)/2
2
= (n + 3n)/2
T (n) = c1 T (n − 1) + c2 T (n − 2) + . . . + ck T (n − k)
se e somente se
Teorema
Considere c1 e c2 como números reais. Suponha que r 2 − c1 r − c2 = 0
tenha duas raı́zes distintas r1 e r2 . Então, a sequência T (n) é uma solução
para a relação de recorrência T (n) = c1 T (n − 1) + c2 T (n − 2) se e
somente se T (n) = α1 r1n + α2 r2n para n = 1, 2, . . ., em que α1 e α2 são
constantes.
Exemplo
Encontre a fórmula direta para a sequência de Fibonacci,
F (n) = F (n − 1) + F (n − 2) com F (0) = 0 e F (1) = 1.
A equação√caracterı́stica da relação
√ de recorrência é r 2 − r − 1 = 0, que possui raı́zes
r1 = (1 + 5)/2 e r2 = (1 − 5)/2 (utilize a fórmula de Báskara). Assim,
√ !n √ !n
1+ 5 1− 5
F (n) = α1 + α2 ,
2 2
para as constantes α1 e α2 . A partir das condições iniciais, temos que
F (0) = α1 + α2 = 0 !
√ √ !
1+ 5 1− 5
F (1) = α1 + α2 = 1.
2 2
√ √
Resolvendo o sistema, tem-se que α1 = 1/ 5 e α2 = −1/ 5. Logo, a solução da relação de
recorrência é √ !n √ !n
1 1+ 5 1 1− 5
F (n) = √ −√ .
5 2 5 2
Teorema
Considere c1 e c2 6= 0 como números reais. Suponha que r 2 − c1 r − c2 = 0
tenha apenas uma raiz r0 . Então, a sequência T (n) é uma solução para a
relação de recorrência T (n) = c1 T (n − 1) + c2 T (n − 2) se e somente se
T (n) = α1 r0n + α2 nr0n para n = 1, 2, . . ., em que α1 e α2 são constantes.
Exemplo
Qual a solução da relação de recorrência, T (n) = 6T (n − 1) − 9T (n − 2)
com T (0) = 1 e T (1) = 6?
A equação caracterı́stica da relação de recorrência é r 2 − 6r + 9 = 0 possui raiz única r0 = 3.
Assim, temos que
T (n) = α1 3n + α2 n3n ,
para as constantes α1 e α2 . Usando as condições iniciais, temos que
F (0) = α1 = 1
F (1) = 3α1 + 3α2 = 6.
Resolvendo o sistema, tem-se que α1 = 1 e α2 = 1. Logo, a solução da relação de recorrência é
T (n) = 3n + n3n .
Teorema
Considere c1 , c2 , . . . , ck como números reais. Suponha que a equação
caracterı́stica r k − c1 r k−1 − . . . − ck = 0 tenha k raı́zes distintas
r1 , r2 , . . . , rk . Então, a sequência T (n) é uma solução para a relação de
recorrência T (n) = c1 T (n − 1) + c2 T (n − 2) + . . . + ck T (n − k) se e
somente se T (n) = α1 r1n + α2 r2n + . . . + αk rkn para n = 1, 2, . . ., em que
α1 , α2 , . . . , αk são constantes.
Exemplo
Encontre a solução para a relação de recorrência
T (n) = 6T (n − 1) − 11T (n − 2) + 6T (n − 3) com T (0) = 2, T (1) = 5 e
T (2) = 15.
O polinômio caracterı́stico da relação de recorrência é
r 3 − 6r 2 + 11r − 6 = (r − 1)(r − 2)(r − 3), que possui raı́zes caracterı́sticas r = 1, r = 2 e
r = 3. Assim, a solução desta relação de recorrência possui a forma
T (n) = α1 1n + α2 2n + α3 3n .
Exemplo
Suponha que as raı́zes da equação caracterı́stica de uma relação de
recorrência linear e homogênea sejam 2, 2, 2, 5, 5 e 9. Qual é a forma da
solução geral?
A forma geral da solução é
Exemplo
Encontre a solução para a relação de recorrência
T (n) = −3T (n − 1) − 3T (n − 2) − T (n − 3) com T (0) = 1, T (1) = −2 e
T (2) = −1.
O polinômio caracterı́stico da relação de recorrência é r 3 + 3r 2 + 3r + 1 = (r + 1)3 , que possui
uma raiz única r = −1 de multiplicidade 3 na equação caracterı́stica. Assim, a solução geral
desta relação de recorrência possui a forma
Exemplos
I T (n) = T (n − 1) + 2n .
I S(n) = S(n − 1) + S(n − 2) + n2 + 1.
I an = 3an−1 + n3n .
Teorema
(p)
Se {an } é uma solução particular para a relação de recorrência linear e
heterogênea com coeficientes constantes
Exemplo
Encontre todas as soluções de an = 3an−1 + 2n.
(h)
As soluções da parte homogênea an = 3an−1 possui a forma an = α1 3n , com α constante.
(p)
Sendo F (n) = 2n um polinômio de grau um, uma possı́vel solução é an = cn + d, para c e d
constantes. Substituindo tais termos na relação de recorrência, tem-se
cn + d = 3(c(n − 1) + d) + 2n.
an = −n − (3/2) + α3n .
Exemplo
Encontre todas as soluções de T (n) = 5T (n − 1) − 6T (n − 2) + 7n .
As soluções da parte homogênea T (n) = 5T (n − 1) − 6T (n − 2) possui a forma
T (n)(h) = α1 3n + α2 2n , com α1 , α2 constantes. Sendo F (n) = 7n , uma possı́vel solução é
T (n)(p) = c7n , para c constante. Substituindo tais termos na relação de recorrência, tem-se
T (n) = α1 3n + α2 2n + (49/20)7n .
Teorema
Suponha que {an } satisfaça a relação de recorrência linear e heterogênea
an = c1 an−1 + c2 an−2 + . . . + ck an−k + F (n),
Exemplo
Qual a forma de uma solução particular da relação de recorrência linear e
heterogênea an = 6an−1 − 9an−2 + F (n), quando F (n) = 3n , F (n) = n3n ,
F (n) = n2 2n e F (n) = (n2 + 1)3n .
A equação caracterı́stica associada a parte linear homogênea é r 2 − 6r + 9 = (r − 3)2 , com a
raiz 3 de multiplicidade 2. Ao aplicar o teorema com F (n) na forma P(n)s n , em que P(n) é um
polinômio e s uma constante, que deve ser avaliada para saber se é ou não uma raiz da equação
caracterı́stica.
Como s = 3 é uma raiz com multiplicidade m = 2, mas s = 2 não é uma raiz, pelo teorema,
uma solução particular possui a forma
• p0 n2 3n se F (n) = 3n ;
• n2 (p1 n + p0 )3n se F (n) = n3n ;
• (p2 n2 + p1 n + p0 )2n se F (n) = n2 2n ; e
• n2 (p2 n2 + p1 n + p0 )3n se F (n) = (n2 + 1)3n .
• Relações do tipo:
f (n) = af (n/b) + g (n)
• Usado para modelar algoritmos de divisão e conquista;
• O problema de dimensão n é dividido em a subproblemas;
• Cada subproblema possui dimensão n/b;
• Em cada subproblema, g (n) operações são realizadas.
Exemplo
Expanda, conjecture e verifique a fórmula fechada da relação de
recorrência T (n) = T (n/2) + 2, em que T (1) = 0.
Considere n = 2k , com k inteiro. Assim, k = log2 n e T (1) = T (20 ) = 0. Expandindo, temos
Exemplo
Faremos a indução em k.
Seja a proposição P(k) : T (2k ) = 2 · k.
Passo Base: O passo base é verdadeiro de acordo com a base de indução, pois quando k = 0,
temos T (1) = T (20 ) = 2 · 0 = 0.
Passo Indutivo: Devemos provar P(k) → P(k + 1). Ou seja, supondo que T (2k ) = 2 · k é
verdadeira, devemos chegar a conclusão de que T (2k+1 ) = 2 · (k + 1) é verdadeira também.
Seja P(k) : T (2k ) = 2 · k a hipótese de indução. Assim, temos
Exemplo
Seja a proposição P(k) : f (2k ) = 2k−1 + (k − 1)2k .
Passo Base: O passo base é verdadeiro de acordo com a base de indução, pois quando k = 1,
temos f (2) = f (21 ) = 21−1 + (1 − 1)21 = 20 = 1.
Passo Indutivo: Devemos provar P(k) → P(k + 1). Ou seja, supondo que
f (2k ) = 2k−1 + (k − 1)2k é verdadeira, devemos chegar a conclusão de que
f (2k+1 ) = 2k+1−1 + (k + 1 − 1)2k+1 = 2k + k2k+1 é verdadeira também.
Seja P(k) : f (2k ) = 2k−1 + (k − 1)2k a hipótese de indução. Assim, temos
Logo, a indução está feita e concluı́mos que 2k + k2k+1 se f (2k ) = 2k−1 + (k − 1)2k .
n
Substituindo k = log2 n, concluı́mos que f (n) = 2−1 n + (log2 n − 1)n = n log2 n − .
2