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Departamento de Computação
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Matemática Discreta
Direto;
Contraposição;
Vacuidade;
Trivialização;
Contradição;
Equivalência;
Contra-exemplo;
Exaustão;
Por casos;
Existência;
Unicidade;
Indução matemática.
Definição
O inteiro n é par se existe um inteiro k tal que n = 2k, e n é ı́mpar se
existe um inteiro k tal que n = 2k + 1.
Exemplo
Demonstre “Se n é um número inteiro ı́mpar, então n2 é ı́mpar”.
O teorema diz que ∀n(P(n) → Q(n)), em que P(n) é “n é um número ı́mpar” e Q(n) é “n2 é
ı́mpar”. Vamos assumir que a hipótese desta condicional seja verdadeira. Pela definição de
número ı́mpar, temos que n = 2k + 1, em que k é algum inteiro. Elevando ao quadrado os
membros da equação n = 2k + 1, obtemos n2 = (2k + 1)2 = 4k 2 + 4k + 1 = 2(2k 2 + 2k) + 1.
Como 2k 2 + 2k é um número inteiro e usando a definição de número ı́mpar, concluı́mos que n2
é ı́mpar.
Demonstração indireta;
Passos:
I Toma-se ¬q como hipótese;
I Sequência de passos da hipótese à conclusão ¬p.
Pode ser bem sucedida quando não há uma prova direta fácil.
Exemplo
Demonstre que se n é um inteiro e 3n + 2 é ı́mpar, então n é ı́mpar.
Tentemos uma demonstração direta. Assuma que 3n + 2 é ı́mpar. Isto significa que
3n + 2 = 2k + 1 para algum inteiro k. Vemos que 3n + 1 = 2k ou n = (2k − 1)/3. Este fato
não nos permite concluir de forma direta que n é ı́mpar. Vamos usar então, uma demonstração
por contraposição.
Exemplo
Mostre que a proposição P(0) é verdadeira, em que P(n) é “Se n > 1,
então n2 > n” e o domı́nio consiste de todos os inteiros.
Como P(0) é “Se 0 > 1, então 02 > 0”, temos que a hipótese 0 > 1 é falsa. Portanto, por
vacuidade P(0) é automaticamente verdadeira.
Exemplo
Seja P(n) a proposição “Se a e b são inteiros positivos com a ≥ b, então
an ≥ b n ”, em que o domı́nio consiste de todos os inteiros. Mostre que
P(0) é verdadeira.
A proposição P(0) é “Se a e b são inteiros positivos com a ≥ b, então a0 ≥ b 0 ”. Como
a0 = b 0 = 1, a conclusão da condicional “Se a e b são inteiros positivos com a ≥ b, então
a0 ≥ b 0 ” é sempre verdadeira. Portanto, a sentença condicional P(0) é verdadeira.
Demonstração indireta;
Passos:
I Toma-se p e ¬q como hipóteses;
I Sequência de passos determina uma contradição.
Pode ser bem sucedida quando não há uma prova direta fácil.
Exemplo
Dê uma demonstração por contradição do teorema “Se 3n + 2 é ı́mpar,
então n é ı́mpar”.
Seja p a proposição “3n + 2 é ı́mpar” e q a proposição “n é ı́mpar”. Assuma que ambas p e ¬q
são verdadeiras. Como n é par, então existe um inteiro k tal que n = 2k. Assim,
3n + 2 = 3(2k) + 2 = 6k + 2 = 2(3k + 1), que é um número par. Como ambas p e ¬p são
verdadeiras, chegamos a uma contradição. Portanto, se 3n + 2 é ı́mpar, então n é ı́mpar.
Exemplo
√
Demonstre que 2 é irracional por meio de uma demonstração por
contradição.
√ √
Seja p a proposição “ 2 é irracional”. Supomos que ¬p seja verdadeira, ou seja, 2 é racional.
Assumindo
√ ¬p como verdadeira devemos chegar a uma contradição.
√
Se 2 é racional, então existem inteiros a e b 6= 0 tais que 2 = a/b (fração irredutı́vel).
2 2
Elevando ambos os lados da equação, temos 2 = a /b . Portanto,
2b 2 = a2 .
Segue que a2 é um número par. Podemos usar o fato de que se a2 é par então a é par
(exercı́cio). Logo, existe um inteiro c tal que a = 2c. Então,
2b 2 = 4c 2
b2 = 2c 2 .
Observando a igualdade, e usando o fato de que se o quadrado de um número inteiro é par
então o inteiro também é par, conclui-se que b também
√ é par.
Mostramos que ao assumir ¬p nos levou à equação 2 = a/b, em que a e b não tem fator em
comum; mas a e b são pares, ou seja, 2 divide ambos os números
√ a e b, o que é uma
contradição. Logo, ¬p deve ser falsa, ou seja, a sentença “ 2 é irracional” é verdadeira.
Exemplo
Podemos mostrar que p1 , p2 e p3 são equivalentes mostrando p1 → p3 ,
p3 → p2 e p2 → p1 .
Exemplo
Prove o teorema “Se n é um número positivo, então n é ı́mpar se e
somente se n2 for ı́mpar”.
Este teorema possui a forma “p se somente se q” em que p é “n é ı́mpar” e q é “n2 é ı́mpar”.
Precisamos mostrar que p → q e q → p são verdadeiras. Como já provamos ambas as
condicionais em exemplos anteriores, segue que se n é um número positivo, então n é ı́mpar se e
somente se n2 for ı́mpar.
Exemplo
Demonstre que as sentenças abaixo sobre o inteiro n são equivalentes:
p1 : n é par.
p2 : n − 1 é ı́mpar.
p3 : n2 é par.
Vamos demonstrar a equivalência mostrando que p1 → p2 , p2 → p3 e p3 → p1 são verdadeiras.
Vamos usar a demonstração direta para provar que p1 → p2 . Suponha que n é par. Então existe
k inteiro, tal que n = 2k. Segue que n − 1 = 2k − 1 = 2(k − 1) + 1. Sendo t = k − 1 um
inteiro, segue que n − 1 = 2t + 1, que é um número ı́mpar.
Vamos usar a demonstração direta para provar que p2 → p3 . Suponha que n − 1 seja ı́mpar.
Então existe um inteiro k tal que n − 1 = 2k + 1. Segue que
n2 = (2k + 1 + 1)2 = (2k + 2)2 = 4k 2 + 8k + 4 = 2(2k 2 + 4k + 2). Logo, n2 é um número par.
Vamos usar a demonstração por contraposição para provar que p3 → p1 . Suponha que n seja
ı́mpar. Então existe um inteiro k tal que n = 2k + 1. Elevando ambas as partes ao quadrado
temos n2 = (2k + 1)2 = 4k 2 + 4k + 1 = 2(2k 2 + 2k) + 1, que é um número ı́mpar. Provamos
então que se n é ı́mpar então n2 é ı́mpar. Portanto, se n2 é par então n é par.
Exemplo
Mostre que a sentença “Todo inteiro positivo é a soma dos quadrados de
dois inteiros” é falsa.
Para mostrar que a sentença é falsa, procuramos um contra-exemplo, que será um inteiro que
não é a soma dos quadrados de dois inteiros. Por exemplo, 3 não pode ser escrito como a soma
de dois quadrados de dois inteiros. Os únicos quadrados que não excedem 3 são 02 = 0 e
12 = 1, e a soma dos mesmos não é 3. Portanto é falso que todo inteiro positivo é a soma dos
quadrados de dois inteiros.
Todos os passos estão corretos, exceto o 5. Pois não se pode dividir uma quantidade por 0.
Logo, a demonstração está errada.
Exemplo
Demonstre que se n é um inteiro, então n2 ≥ n.
Demonstraremos que n2 ≥ n para todos os inteiros considerando três casos, quando n é
negativo, zero e positivo.
(i) Suponha n ≤ −1. No entanto, sabe-se n2 ≥ 0. Segue que n2 ≥ n.
(ii) Suponha n = 0. Temos que 02 ≥ 0, o que implica n2 ≥ n.
(iii) Suponha n ≥ 1. Multipliquemos ambos os lados por n e teremos n · n ≥ n · 1. Isto implica
que n2 ≥ n.
Como a inequação é verdadeira nos três casos, podemos concluir que se n é um inteiro, então
n2 ≥ n.
Exemplo
Comprove que (n + 1)3 ≥ 3n se n é um inteiro positivo com n ≤ 4.
As possibilidades são n = 1, 2, 3 e 4. Assim temos,
(i) n = 1, (1 + 1)3 = 8 ≥ 31 = 3.
(ii) n = 2, (2 + 1)3 = 27 ≥ 32 = 9.
(iii) n = 3, (3 + 1)3 = 64 ≥ 33 = 27.
(iv) n = 4, (4 + 1)3 = 125 ≥ 34 = 81.
Pela demonstração por exaustão, (n + 1)3 ≥ 3n se n é um inteiro positivo com n ≤ 4.
Exemplo
Mostre que existe um inteiro positivo que pode ser escrito como a soma de
cubos de duas maneiras diferentes.
Uma demonstração de existência construtiva pode ser feita através de uma busca
computacional. Fazendo-se isto, encontra-se
Como apresentamos tal inteiro, então existe um inteiro positivo que pode ser escrito como a
soma de cubos de duas maneiras diferentes.
Exemplo
Mostre que existem números irracionais x e y , tal que x y é racional.
Daremos uma demonstração existencial não construtiva. Por um teorema apresentado
√ √ √2
anteriormente, sabemos que 2 é irracional. Considere o número √ 2 . Se ele
√ é racional,
temos dois números
√
irracionais x e y com x y racional, ou √
seja, x = 2 e y = 2. Por outro
√ 2 √ 2 √
lado, se √2 é irracional, então podemos tomar x = 2 e y = 2, de modo que
√ 2 √ √ √ √ √ 2
x y = ( 2 ) 2 = ( 2) 2· 2 = 2 = 2, que é racional.
Exemplo
Mostre que se a e b são números reais e a 6= 0, então existe um único
número real r , tal que ar + b = 0
Note que o número real r = −b/a é uma solução para ar + b = 0, pois
a(−b/a) + b = −b + b = 0. Consequentemente, existe um número real r para o qual
ar + b = 0. Esta é a parte de existência da demonstração.
Suponha que s é um número real, tal que as + b = 0. Então ar + b = as + b, em que
r = −b/a. Subtraindo b de ambos os lados, encontramos ar = as. Dividindo ambos os lados
por a, que não é zero, vemos que r = s. Isto significa que se s 6= r , então as + b 6= 0. Esta é a
parte da unicidade da demonstração.
Suponha que x e y são números reais positivos e diferentes. Então (x − y )2 > 0, pois o
quadrado de um número diferente de zero é positivo. Como (x − y )2 = x 2 − 2xy + y 2 , temos
que x 2 − 2xy + y 2 > 0. Somando 4xy nos dois lados da equação, temos x 2 + 2xy + y 2 > 4xy .
Como x 2 + 2xy + y 2 = (x + y )2 , temos (x + y )2 > 4xy . Dividindo os dois lados por 4, temos
(x + y )2 /4 > xy . Como ambos os lados da inequação são positivos, aplicamos a raiz quadrada e
√
obtemos (x + y )/2 > xy . Esta última expressão diz que a média aritmética é maior que a
média geométrica para dois números positivos e distintos.
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 27 / 29
Exemplos de Conjecturas
A Conjectura 3x + 1
“Seja T uma transformação que leva um número par x para x/2 e um
número ı́mpar para 3x + 1. Quando aplicamos sucessivamente a
transformação T sobre um inteiro positivo, em algum momento o inteiro 1
será encontrado.”
T (10) = 5, T (5) = 16, T (16) = 8; T (8) = 4; T (4) = 2, T (2) = 1;
Verificado para inteiros até 5,6 · 1013 ;
Segue sem demonstração.
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 28 / 29
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Introdução a Demonstrações Matemática Discreta 29 / 29