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Elementos de Lógica e Linguagem Matemática

Parte 1
Material baseado no livro Bases Matemáticas - Caputi, A.; Miranda, D. [1]

Juliana Bertoco

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 1 / 28
Sumário I

1 Proposição

2 Números reais - Revisão

3 Quantificadores

4 Conjunção - Disjunção - Implicação

5 Exercícios resolvidos

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 2 / 28
Definições

Proposição
Uma proposição é uma sentença declarativa que é verdadeira ou falsa, mas não
simultaneamente ambas.

Exemplos de proposições:
1 Três é maior que um;
2 São Paulo é a capital da França;
3 2 + 11 = 13

Não são proposições:


1 Como você está?
2 Leia o rótulo cuidadosamente;
3 Estou mentindo agora; (Paradoxo)

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 3 / 28
Números reais

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 4 / 28
Definições

Par
Um inteiro é chamado par se ele for divisível por 2
ou
Um inteiro a é chamado par se existir um inteiro b de modo que a = 2b

Exemplo : Par
8 é par pois, dado b = 4 temos que 8 = 2 × 4

Ímpar
Um inteiro a é chamado ímpar se existir um inteiro b de modo que a = 2b + 1

Exemplo: Ímpar
11 é ímpar pois, dado b = 5 temos que 11 = 2 × 5 + 1

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 5 / 28
Primo
Um inteiro a é chamado primo se a > 1 e os únicos divisores de a são 1 e a

Exemplo : Primo
P = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, . . .}

Divisível
Sejam inteiros a e b. Dizemos que a é divisível por b se existe um inteiro c de modo
que b × c = a

Observação: Podemos dizer que b divide a e escrever b|a

Exemplo: Divisível
16 é divisível por 2 pois, dado c = 8 temos 2 × 8 = 16 ou ainda podemos dizer que
2|16 pois 2 × 8 = 16

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 6 / 28
Definições

Composto
Um inteiro a é chamado composto se existe um inteiro b de modo que 1 < b < a e b|a

Exemplo : Composto
16 é composto pois existe b tal que dado 1 < b < 16 e b|16

Observação 1
No exemplo acima, b = 2, b = 4 ou b = 8 satisfazem a definição;

Observação 2
Os números primos não são compostos

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 7 / 28
Conjunto verdade
O conjunto dos valores de x para os quais a proposição aberta p(x) é verdadeira é
denominado conjunto verdade de p(x).

OBS:
Uma proposição é dia aberta se ela depende de uma ou mais variáveis de um conjunto
Universo U.

Exemplos:
Seja a proposição: p(x) = “x é ímpar”
Neste caso, U = Z e o conjunto verdade é CV = {. . . , −5, −3, −1, 1, 3, . . .}
Seja a proposição: p(x) = “x é primo” e 11 < x < 18
Neste caso, U = N e o conjunto verdade é CV = {13, 17}

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 8 / 28
Quantificadores
Em português símbolo nome
Para todo, para cada ∀ quantificador universal
Existe, há, para algum ∃ quantificador existencial
Existe único ∃!

Exemplo: Quantificador Universal


Para todo n natural temos que 2n é par;
Nesse caso temos um quantificador universal e escrevemos:

∀n ∈ N, 2n é par

Podemos escrever também como:

∀n ∈ N, p(n) onde p(n) = “2n é par”

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 9 / 28
Quantificadores
Em português símbolo nome
Para todo, para cada ∀ quantificador universal
Existe, há, para algum ∃ quantificador existencial
Existe único ∃!

Exemplo: Quantificador Existencial (ou particular)


Existe um único x real tal que x2 = 4;
Nesse caso temos um quantificador existencial e escrevemos:

∃! x ∈ R|x2 = 4

Podemos escrever também como:

∃! x ∈ R|p(x) onde p(x) = “x2 = 4”

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 10 / 28
Exemplos e contra-exemplos
Definição:
Uma proposição é universal (em um dado universo U) se faz referência à todos os
objetos de U. Caso contrário, é dita particular.

Definição:
Uma proposição universal que admite contra-exemplos é falsa.

Definição:
Uma proposição existencial é dita verdadeira se existir, pelo menos, um exemplo.

Exemplos:
Todo n ∈ N é menor que zero.
Exemplo: Não existe
Contra-Exemplo: 4 pois 4 > 0 (Obs: existem infinitos)
Logo, a proposição é falsa
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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 11 / 28
Exemplos e contra-exemplos
Exemplos:
∃n ∈ N|n > 5.
Exemplo: n = 6
Contra-Exemplo: n = 2
Logo, a proposição é verdadeira

Exemplos:
∀n ∈ N, n par , (n + 1)2 é ímpar.
Exemplo: n = 2. Note que n é par e ainda (2 + 1)2 = 9 é ímpar.

Dado o exemplo acima (ou seja, assumindo n = 2) podemos afirmar que a proposição
é verdadeira?

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 12 / 28
Relação entre Proposições
Dadas duas proposições p, q:
a proposição composta p e q é chamada conjunção. É verdadeira somente
quando as proposições p e q forem ambas verdadeiras.
a proposição composta p ou q é chamada disjunção É verdadeira quando pelo
menos uma das proposições p ou q forem verdadeiras.

Tabela verdade e (∧) Tabela verdade ou (∨)


p q p∧q p q p∨q
verdadeiro verdadeiro verdadeiro verdadeiro verdadeiro verdadeiro
verdadeiro falso falso verdadeiro falso verdadeiro
falso verdadeiro falso falso verdadeiro verdadeiro
falso falso falso falso falso falso

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 13 / 28
Exemplos: Encontre o valor verdade

3 é primo e 6 é ímpar
Note que p é verdadeira e q é falsa, assim, a proposição é falsa.

3 é primo ou 6 é ímpar
Note que p é verdadeira e q é falsa, assim, a proposição é verdadeira.

Não é verdade que ( 3 é primo ou 6 é ímpar)


Note que (3 é primo e 6 é ímpar) é falsa, logo a proposição é verdadeira.

Não é verdade que ( 3 é primo) ou 6 é ímpar


Note que (3 é primo) é verdade, logo p é falsa e q também é falso, logo a
proposição é falsa

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 14 / 28
Implicação
Dadas duas proposições p e q podemos construir a proposição “se p então q"que
também pode ser lida como “p implica q", que denotaremos por

p⇒q

Tabela verdade ⇒
p q p⇒q
verdadeiro verdadeiro verdadeiro
verdadeiro falso falso
falso verdadeiro verdadeiro
falso falso verdadeiro

Observações:
p ⇒ q só é falsa no caso em que p é verdadeira e q é falsa;
p é dita premissa ou hipótese e q é dita conclusão ou tese.
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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 15 / 28
Exemplos: Diga se são verdadeiras os falsas as implicações

Se 4 é par então 2 + 5 = 7
p = 4 é par: Verdadeiro
q = 2 + 5 = 7: Verdadeiro. Logo, a implicação é verdadeira.

Se 4 é par então 2 + 5 = 8
p = 4 é par: Verdadeiro
q = 2 + 5 = 8: Falso. Logo, a implicação é falsa.

Se 2 é ímpar então 22 = 4
p = 2 é ímpar: Falso
q = 22 = 4: Verdadeiro. Logo, a implicação é verdadeira.

Se 2 é ímpar então 22 = 8
p = 2 é ímpar: Falso
q = 2 + 5 = 8: Falso. Logo, a implicação é verdadeira!!
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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 16 / 28
Exemplos
Sejam as proposições: p = choveu e q = a rua está molhada
Diga se são verdadeiras ou falsas as seguintes proposições:

Se choveu então a rua está molhada.


p é verdadeiro e q é verdadeiro, logo, a proposição é verdadeira.

Se choveu então a rua não está molhada.


p é verdadeiro e q é falso, logo, a proposição é falsa.

Se não choveu então a rua está molhada.


p é falso e q é verdadeiro, logo, a proposição é verdadeira.

Se não choveu então a rua não está molhada.


p é falso e q é falso, logo, a proposição é verdadeira.

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 17 / 28
Condição necessária: q ⇒ p
Uma proposição p é uma condição necessária para uma proposição q, se q
implica p.

Condição suficiente: p ⇒ q
Uma proposição p é dita condição suficiente para uma proposição q, se p
implica q;

Exemplos:
1) Seja p = “ser par” e q = “ser divisível por 4”
Note que “ser par"não implica “ser divisível por 4"(por exemplo, x = 18)
Note que, se x “é divisível por 4"então x é “ par"
Logo, ser par é condição necessária (mas não suficiente) para ser divisível por 4.
2) Seja p = “nascer em Minas” e q = “ser Brasileiro”
p ⇒ q, logo, p é condição suficiente para q
q 6 ⇒p, logo, p não é condição necessária para q
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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 18 / 28
Bicondicional p ⇔ q
O conectivo p ⇔ q é chamado de bicondicional.

Observações:
A expressão p ⇔ q é lida como "p se e somente se q ".
A expressão é equivalente à (p ⇒ q) e (q ⇒ p).
Nesse caso dizemos ainda que p é uma condição necessária e suficiente para q.

Exemplos
Se x é par então x é divisível por 2
Note que: p =“ser par"e q = divisível por 2
p ⇒ q e q ⇒ p logo, temos p ⇔ q

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 19 / 28
Exercícios resolvidos
Atribua um valor verdade as seguintes proposições:
A Se 3 não é par, então 3 não é ímpar;
B Se minha mãe é um trator então eu sou uma moto-serra.

Resolução:

A) Se 3 não é par, então 3 não é ímpar; (Falsa)

p = 3 não é par → (V )
q = 3 não é ímpar → (F)

B) Se minha mãe é um trator então eu sou uma moto-serra. (Verdadeira)

p = minha mãe é um trator → (F)


q = eu sou uma moto-serra → (F)

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 20 / 28
Reescreva cada afirmação a seguir em linguagem natural e determine
seu valor verdade:
∀x ∈ R, x < x2
.

Resolução:

Para todo x real temos que x é menor do que o quadrado de x

Seja x = 1. Note que x ∈ R e note que 11 = 1 logo, x = 1 6< 1. Como a proposição é


universal e encontramos um contra-exemplo, segue que ela é falsa.

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 21 / 28
Dadas duas proposições simples p e q
Determine se a proposições abaixo é verdadeira, independentemente do valor verdade
das proposições p e q :
((p ⇒ q) ∧ p) ⇒ q

Resolução:

Tabela verdade ((p ⇒ q) ∧ p) ⇒ q


p q p⇒q (p ⇒ q) ∧ p ((p ⇒ q) ∧ p) ⇒ q
V V V V V
V F F F V
F V V F V
F F V F V

Segue, portanto, que a proposição é sempre verdadeira

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 22 / 28
Determine seu valor-verdade. (U = N)
A ∀n∀m(n, m pares ⇒ n + m par )
B ∀m∀n (nm é ímpar)
∀m∃n m2 = n

C

∀m∃n n2 = m

D

Resolução:

A) ∀n∀m(n, m pares ⇒ n + m par )


n = 2k1 ∈ N
Sejam Segue que n + m = 2k3 ∈ N e portanto, verdadeira.
m = 2k2 ∈ N

B) ∀m∀n (nm é ímpar)


Seja m par, m = 2k1 . Tomando n = 2k2 + 1 segue que
nm = (2k1 ) ∗ (2k2 + 1) = 4(k1 k2 ) + 2k1 = 2k3 ∈ N; e é par. Concluimos que B) é falsa
OBS: Faça os casos m par e n par (mn é par) e o caso m ímpar e n ímpar(mn é ímpar).

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 23 / 28
Determine seu valor-verdade. (U = N)
A ∀n∀m(n, m pares ⇒ n + m par )
B ∀m∀n (nm é ímpar)
∀m∃n m2 = n

C

∀m∃n n2 = m

D

Resolução:

C) ∀m∃n m2 = n


Seja m ∈ N. Note que m2 = n com n ∈ N.


Portanto é verdadeira a afirmação

D) ∀m∃n n2 = m


Seja m ∈ N. Temos n2 = m √ ⇒n= m
Seja m = 2. Segue que n = 2 que não pertence aos Naturais; portanto é falsa a
afirmação.

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 24 / 28
Diga se p é condição necessária ou suficiente para q (U = N)
A p:x>2
q:x>3
B p:x>0ex<2
q:x=1
C p : ∆ é um triângulo isósceles
q : ∆ é um triângulo equilátero

Resolução:

A)

p:x>2
q:x>3

Note que p ⇒ q é falsa e q ⇒ p é verdadeira. Assim é condição necessária

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 25 / 28
Diga se p é condição necessária ou suficiente para q (U = N)
A p:x>2
q:x>3
B p:x>0ex<2
q:x=1
C p : ∆ é um triângulo isósceles
q : ∆ é um triângulo equilátero

Resolução:

B)

p:x>0ex<2
q:x=1

Note que p ⇒ q é verdadeira e q ⇒ p é verdadeira. Assim é condição necessária e


suficiente.

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 26 / 28
Diga se p é condição necessária ou suficiente para q (U = N)
A p:x>2
q:x>3
B p:x>0ex<2
q:x=1
C p : ∆ é um triângulo isósceles
q : ∆ é um triângulo equilátero

Resolução:

C)

p : ∆ é um triângulo isósceles
q : ∆ é um triângulo equilátero

Note que p ⇒ q é falsa e q ⇒ p é verdadeira. Assim é condição necessária.

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Profa. Juliana Bertoco Universidade Federal do ABC - UFABC 27 / 28
Exercícios
Faça os exercícios da lista 2.1 da GradMat (ver Moodle)

Referência
1) Bases Matemáticas, Armando Caputi e Daniel Miranda.
http://gradmat.ufabc.edu.br/disciplinas/bm/livro/

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