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Matemática Discreta

Lógica matemática pt. IV

• Teoremas
• Implicações, implicação recı́proca, implicação contrapositiva
• Dupla implicação

Lógica matemática pt. IV Matemática Discreta


Teoremas

O que é um teorema?

Um teorema é uma proposição p para a qual existe uma


demonstração, isto é, uma justificativa irrefutável de que p é
verdadeira.
Um exemplo:
Teorema
Existe um número primo ı́mpar.

Demonstração:
3 é um número primo ı́mpar. □

(Lembrando: para afirmar que uma proposição do tipo


∃x ∈ U | p(x) é verdadeira, basta exibir um exemplo)
Obs: o sı́mbolo □ indica o fim de uma demonstração.

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Implicação
Grande parte dos teoremas são enunciados em formato de
implicação. Frequentemente as demonstrações dos teoremas
envolve implicações. Implicações são proposições no formato “se...,
então ...”. Mais precisamente:
Definição: implicação
Sejam p e q proposições. A proposição composta p ⇒ q que se lê
“p implica q”, ou “se p, então q”, é definida por

p q p⇒q
V V V
V F F
F V V
F F V

p é chamada hipótese, ou premissa, de p ⇒ q. q é chamada tese,


ou conlcusão, de p ⇒ q.

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Implicação

p q p⇒q
V V V
V F F
F V V
F F V

!!! Uma implicação não é uma relação de causa e efeito. Ela


simplesmente diz que sempre que a hipótese é verdadeira, a tese é
verdadeira.
Exemplos:
• “se 2 · 3 = 6, então 6 é par”=(V ⇒ V ) = V (aqui existe relação
de causa e efeito)
• “se a soma dos ângulos internos de todo triângulo é 180o , então
6 é par”=(V ⇒ V ) = V (embora aqui não exista relação de causa
e efeito)

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Implicação

p q p⇒q
V V V
V F F
F V V
F F V

Exemplos:
• “se 2 + 2 = 5, então a quantidade de átomos na terra é
finita”=(F ⇒ V )=V
• “se 2 + 2 = 5, então todo polinômio real admite uma raiz”
=(F ⇒ F )=V
(Moral: partindo de uma premissa falsa, pode-se chegar a qualquer
conclusão. )

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Implicação

Exemplos:
• Um diálogo dos Simpsons:
Sr. Burns, para Smithers: “Sabe Smithers, acho que eu vou doar 1
milhão de dólares para o orfanato local...”’
(pausa)
Sr. Burns: “... quando os porcos voarem.”’
(os dois gargalham)
(um porco passa voando, e os dois ficam muito surpresos)
Smithers: “Vai doar o milhão de dólares agora, senhor?”
Sr. Burns: “Não, prefiro não”

“se os porcos voam, então o sr. Burns doa US$ 1M para o


orfanato”
=(F ⇒ F ) = V , assumindo que os porcos não voam
=(V ⇒ F ) = F , depois de saber que os porcos voam

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Implicação
Uma lei de trânsito diz: “é proibido aos menores de 18 anos
dirigir.” Interpretando como uma implicação, esta lei pode ser
expressa como:
“se uma pessoa dirige, então ela deve ser maior de 18 anos”.
• Se uma pessoa maior de 18 anos está dirigindo, a lei está sendo
respeitada. (V ⇒ V = V )
• Se uma pessoa maior de 18 anos não está dirigindo, a lei está
sendo respeitada. (F ⇒ V = V )
• Se uma pessoa menor de 18 anos não está dirigindo, a lei está
sendo respeitada. (F ⇒ F = V )
• Se uma pessoa menor de 18 anos está dirigindo, a lei está sendo
desrespeitada. (V ⇒ F = F )
De maneira geral,
Teorema 1
Uma implicação p ⇒ q é falsa exatamente quando a hipótese p é
verdadeira e a tese q é falsa.
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Implicação

Teorema 1
Uma implicação p ⇒ q é falsa exatamente quando a hipótese p é
verdadeira e a tese q é falsa.

Teorema 2
Sejam p e q proposições. Então, p ⇒ q ≡ ¬p ∨ q.

Demonstração: Pelo Teorema 1, ¬(p ⇒ q)≡(p ∧ ¬q). Note que


p ⇒ q é a negação de ¬(p ⇒ q). Logo,

p ⇒ q ≡ ¬¬(p ⇒ q)≡¬(p ∧ ¬q) ≡ ¬p ∨ ¬¬q ≡ ¬p ∨ q,

onde a penúltima equivalência se dá por uma das leis de De


Morgan. □
Obs: toda operação lógica binária pode ser escrita em termos de ∧,
∨ e ¬ (não vamos provar, por enquanto)

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Implicação recı́proca e contrapositiva
Dada uma implicação p ⇒ q, temos associadas duas outras
implicações importantes:
A Recı́proca de p ⇒ q, é q ⇒ p,
A contrapositiva de p ⇒ q, é ¬q ⇒ ¬p.
• Veremos que a contrapositiva de p ⇒ q é logicamente equivalente
a p ⇒ q, o que nos dará uma ferramenta de demonstração.
• p ⇒ q não é equivalente a sua recı́proca q ⇒ p: colocando
p = V e q = F temos

(V ⇒ F ) = F ̸= V = (F ⇒ V ). □

Obs sobre notação: p ⇒ q também pode ser lido como “p é uma


condição suficiente para q”, ou como “q é uma condição necessária
para p”.
Um exemplo para ilustrar a diferença acima é o seguinte, para o
universo dos reais: “se x é racional, então x 2 é racional” é
verdadeira, porém “se x 2 é racional, então x é racional”.
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Dupla implicação

Obs sobre notação: p ⇒ q também pode ser lido como “p é uma


condição suficiente para q”, ou como “q é uma condição necessária
para p”.
Para ilustrar, considere p=“Ana é mineira” e q=“Ana é brasileira”.
Obviamente, ser a condição de ser mineira é suficiente para a
condição de ser brasileira, mas não é necessária.
Definição: dupla implicação
Sejam p e q proposições. Escrevemos p ⇔ q e dizemos que “p se e
somente se q” quando valerem p ⇒ q e q ⇒ p. Isto é, por
definição,
p ⇔ q ≡ (p ⇒ q) ∧ (q ⇒ p).

De acordo com a notação no topo do slide, p ⇔ q é o mesmo que


dizer que p é uma condição necessária e suficiente para q.

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