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José Ferreira Borges · Marta Paiva · Orlanda Tavares · Novos Contextos
Podemos representar as proposições usando letras maiúsculas – P, Q, R, etc. –, às
quais se chama letras proposicionais. Enquanto símbolos que representam quaisquer
proposições simples, elas designam-se por variáveis proposicionais.
OPERADORES VEROFUNCIONAIS
Símbolo Leitura Formas proposicionais exemplo
¬ não Negação O João não vai a Paris.
∧ e Conjunção O João vai a Paris e a
Londres
∨ ou Disjunção inclusiva O João vai a Paris ou a
Londres.
∨ ou… ou Disjunção exclusiva O João ou vai a Paris ou
a Londres
→ se..., então Condicional Se passar de ano(então)
o João vai a Paris.
↔ se, e só se Bicondicional O João vai a Paris se e
só se passar de ano
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A negação é uma proposição que se representa por “¬ P”. Se P é verdadeira, ¬ P é
falsa; se P é falsa, ¬ P é verdadeira. A negação de uma negação equivale a uma afirmação.
P ¬
P
V F
F V
P Q P∧Q
V V V
V F F
F V F
F F F
P Q P∨Q
V V V
V F V
F V V
F F F
A disjunção exclusiva (P ∨ Q), por sua vez, é uma proposição que é verdadeira se P
e Q possuírem valores lógicos distintos, e falsa se possuírem o mesmo valor lógico.
P Q P∨Q
V V F
V F V
F V V
F F F
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A condicional, ou implicação material (P → Q), é uma proposição que só é falsa se P
– o antecedente – for verdadeira e Q – o consequente – for falsa. Nas restantes situações, a
proposição é verdadeira. O antecedente é uma condição suficiente para o consequente, o qual
é uma condição necessária para o antecedente.
P Q P→Q
V V V
V F F
F V V
F F V
P Q P↔Q
V V V
V F F
F V F
F F V
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Vejamos um exemplo:
P Q (P ∧ Q) → P
V V V V
V F F V
F V F V
F F F V
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P Q (¬ P ∨ ¬ Q) ↔ (P ∧ Q)
V V F F F F V
V F F V V F F
F V V V F F F
F F V V V F F
P Q (P ∨ Q) → P
V V V V
V F V V
F V V F
F F F V
Uma forma de inferência dedutiva é válida se, e somente se, a fórmula proposicional
(implicativa) que lhe corresponde for uma tautologia.
Para a determinação da validade das formas de inferência dedutiva, é habitual o uso
dos inspetores de circunstâncias – que, no fundo, consistem numa sequência de tabelas de
verdade, que são feitas para as premissas e para a conclusão.
Como num argumento dedutivo válido é impossível que as premissas sejam
verdadeiras e a conclusão falsa, num inspetor de circunstâncias um argumento válido será
aquele em que não existe nenhuma linha (circunstância) que torne as premissas verdadeiras e
a conclusão falsa.
Vejamos um exemplo.
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Logo, sou feliz. ∴Q
P Q P → Q, P ∴Q
V V V V V
V F F V F
F V V F V
F F V F F
A primeira linha exprime a única circunstância em que as premissas são verdadeiras. Ora,
dado que tal circunstância também torna a conclusão verdadeira, o argumento é
considerado válido.
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P Q P → Q, Q ∴P
V V V V V
V F F F V
F V V V F
F F V F F
P Q R (P ∧ ¬ Q) → R, R ∴P∧¬Q
V V V F F V V F F
V V F F F V F F F
V F V V V V V V V
V F F V V F F V V
F V V F F V V F F
F V F F F V F F F
F F V F V V V F V
F F F F V V F F V
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Há três circunstâncias (1.ª, 5.ª e 7.ª) em que ambas as premissas são verdadeiras e a
conclusão é falsa. Logo, o argumento é inválido.
● Modus tollens: Se canto, então sou feliz. Não sou feliz. P→Q
Logo, não canto. Q
P
● Leis de De Morgan:
– negação da conjunção: Não é verdade que (P Q)
sou injusto e cruel. Logo, não sou injusto ou não sou PQ
cruel;
– negação da disjunção: Não é verdade que há (P Q)
sol ou chuva. Logo, não há sol e não há chuva. PQ
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As letras maiúsculas do meio do alfabeto – P, Q, R – são usadas para representar
determinadas proposições simples. A fim de saber o que simboliza cada uma dessas letras
proposicionais, cria-se um dicionário ou uma interpretação.
Todavia, as proposições podem ser simples ou complexas. Assim, é costume usarem-
se as letras iniciais do alfabeto – A, B, C, etc. – para aquilo a que se chama variáveis de
fórmula, as quais representam qualquer tipo de proposição (simples ou complexa).
A→B
¬B
∴¬A
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¬¬A A ∨ OU ¬ (A ∨ B) ≡ ¬ A ∧ ¬ B
∴A ∴¬¬A
O ¬¬A≡A
U
Nota: o símbolo ≡ significa, no presente contexto, que tanto
se pode inferir validamente num como noutro sentido.
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Aplicar o conhecimento de diferentes falácias formais e não formais na verificação da
estrutura e qualidade argumentativas de diferentes formas de comunicação.
A indução por generalização consiste num argumento cuja conclusão é mais geral
do que a(s) premissa(s).
Exemplo:
Todos os peixes observados até agora respiram através da absorção do oxigénio
presente na água.
Logo, todos os peixes respiram através da absorção do oxigénio presente na água.
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– se os casos observados forem representativos do universo em questão.
Exemplo:
Fiz um teste de Filosofia e foi difícil.
Logo, todos os testes de Filosofia são difíceis.
---------
Exemplo:
Com base em inquéritos realizados ao conjunto dos estudantes portugueses do ensino
superior, constata-se que todos eles valorizam este tipo de ensino.
Logo, todos os portugueses valorizam o ensino superior.
Exemplo:
Todos os cavalos observados até hoje nasceram quadrúpedes.
Logo, o próximo cavalo a nascer também nascerá quadrúpede.
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Quando estes requisitos não se cumprem, estamos perante a falácia da previsão
inadequada.
Exemplo:
A temperatura na Terra nunca apresentou variações significativas no passado.
Logo, ela nunca apresentará variações significativas no futuro.
Exemplo:
O cantor A canta bastante bem.
O cantor B tem um timbre e uma extensão vocal semelhantes aos do cantor A.
Logo, o cantor B também canta bastante bem.
Exemplo 1:
O carro da marca X é bastante potente.
O carro da marca Y tem a mesma cor e o mesmo tamanho que o carro da marca X.
Logo o carro da marca Y também é bastante potente.
(Neste caso, as semelhanças não são relevantes no que diz respeito à conclusão.)
Exemplo 2:
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O médico A, que estudou numa Universidade de prestígio, é um profissional
excelente.
O médico B estudou na mesma Universidade.
Logo, O médico B também é um profissional excelente.
(Neste caso, as semelhanças relevantes no que diz respeito à conclusão não são em
número suficiente.)
Exemplo 3:
As máquinas não são conscientes de si.
A mente humana é como uma máquina.
Logo, a mente humana não é consciente de si.
O argumento da autoridade
Exemplo:
Galileu afirmou que todos os corpos caem com aceleração constante.
Logo, todos os corpos caem com aceleração constante.
– deve referir-se o nome da autoridade e a fonte em que ela exprimiu essa ideia;
– o argumento não pode ser mais fraco do que outro argumento contrário.
Quando estes requisitos não são cumpridos, comete-se a falácia do apelo ilegítimo à
autoridade.
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Exemplo 1:
Estudos indicam que comer um ovo por dia prejudica a saúde.
Logo, comer um ovo por dia prejudica a saúde.
(É falácia porque; Será necessário referir quem foram os autores do estudo; existe
controvérsia entre os especialistas relativamente a este assunto; além disso, o
argumento talvez seja mais fraco do que o argumento contrário.)
Exemplo 2:
Um membro do governo afirmou que, desde que o governo iniciou funções, a
felicidade dos cidadãos aumentou bastante.
Logo, desde que o governo iniciou funções, a felicidade dos cidadãos aumentou
bastante.
(Além de não ser referido o nome da pessoa invocada, talvez também não se trate de
uma autoridade efetiva na área em questão, sendo inclusive alguém com interesses
pessoais no âmbito do assunto em causa; além disso, existe certamente controvérsia
entre os especialistas relativamente a este assunto.)
Exemplos:
Andar a pé é um desporto saudável. Logo, andar a pé é um desporto que faz bem à
saúde.
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O ser humano é inteligente, porque é um ser que possui inteligência.
Exemplo:
Ou votas no partido x, ou será a desgraça do país.
Não votas no partido x.
Logo, será a desgraça do país.
Embora seja válido em termos dedutivos, este argumento exprime um falso dilema:
ignora-se a possibilidade de todos os outros partidos poderem evitar a desgraça do país.
A falácia da falsa relação causal – conhecida também como “post hoc, ergo propter
hoc”, que significa “depois disto, logo por causa disto” – é a falácia que se comete sempre
que se toma como causa de algo aquilo que é apenas um antecedente ou uma qualquer
circunstância acidental. Trata-se, por isso, de concluir que há uma relação de causa e efeito
entre dois acontecimentos que se verificam em simultâneo ou em que um se verifica após o
outro.
Exemplos:
Sempre que eu entro com o pé direito no campo, a minha equipa ganha o jogo.
Logo, a causa das nossas vitórias é o facto de eu entrar com o pé direito no campo.
Exemplos:
A tua tese de que tudo é composto de átomos está errada, porque cheiras mal da boca
sempre que a proferes.
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Sartre estava errado a respeito do ser humano, porque não ia regularmente à missa.
Exemplos:
A maioria das pessoas considera que a leitura é uma perda de tempo. Logo, a leitura
é uma perda de tempo.
Exemplos:
Não existem fenómenos telepáticos, porque até agora ninguém provou que eles
existem.
A alma é imortal. Isto porque ninguém provou que a alma morre com o corpo.
Exemplo:
António defende que não devemos comer carne de animais cujo processo de
industrialização os tenha sujeitado a condições de vida e morte cruéis.
Manuel refuta António dizendo: “António quer que apenas comamos alface!“
(Note-se que em momento algum António defende que não devemos comer qualquer
tipo de carne, sugerindo que sejamos vegetarianos – “comer alface” –, mas apenas
aquele tipo de carne sujeito às condições descritas. O argumento é assim deturpado e
simplificado.)
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A falácia da derrapagem, “bola de neve” ou “declive escorregadio” é a falácia
cometida sempre que alguém, para refutar uma tese ou para defender a sua, apresenta, pelo
menos, uma premissa falsa ou duvidosa e uma série de consequências progressivamente
inaceitáveis. A partir da primeira premissa, outras vão surgindo, até se mostrar que um
determinado resultado indesejável inevitavelmente se seguirá.
Exemplo:
Se jogares a dinheiro, vais viciar-te no jogo. Se te viciares no jogo, perderás tudo o
que tens. Se perderes tudo o que tens, terás de mendigar. Se tiveres de mendigar,
ninguém te dará nada. Se ninguém te der nada, morrerás à fome. Logo, se jogares a
dinheiro, morrerás à fome.
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