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Diagnóstico de Escrita

Prof. Dr. Leonardo Finelli

Principais dificuldades

1º Gerúndio  transmite a ideia de continuidade, que, apesar de ser muito empregado


na linguagem cotidiana, precisa ser evitado em textos técnicos. Isso porque,
diferentemente da conversa, que se esvai, o texto é uma marca que fica registrada no
tempo, e, portanto, precisa ser situado nesse de modo claro e preciso.

Ex: “ela estaria viajando  ela viajou”

2º Frases Longas  também incidem na ideia de continuidade. Torna o texto confuso,


pois as ideias se misturam. Como sugestão, ao reler seu texto, mesmo que “apenas” com
sua voz interna, identifique suas pausas para respirar, para tomar fôlego... Nessas, a
devida pontuação deve ser acrescida (seja a “,”; o “.”; o “;”; ou outro).

3º Parágrafos Longos  criam dificuldade na leitura, pois implicam em muitas


informações que precisam ser retidas de maneira única. Um bom parágrafo tem entre 5 e
8 linhas (esses limites podem ser extrapolados de acordo com a necessidade, mas deve-
se evitar que tais extrapolações se repitam muito no texto). O parágrafo expressa uma
ideia, que é continuidade, ou complementa a anterior (salvo em abertura ou fechamento
do texto) e possibilita a ligação (liaison, link) com a nova produção (parágrafo) que virá a
seguir. Dessa forma seu texto passa a ter continuidade e segue de forma fluida,
harmônica.

4º Parágrafos de Frase Única  também devem ser evitados. São comuns para
expressar manchetes ou ideias curtas, em um texto técnico, que em geral é mais extenso,
deve-se organizar as ideias de forma harmônica. Frases curtas promovem muitas quebras
que podem ficar lacônicas e estender ainda mais o texto. Caso você reconheça um
parágrafo de frase única em uma releitura de seu texto, favoreça juntar a ideia com a
anterior ou seguinte; ou acrescentar pontuação, de modo a quebrar o parágrafo em frases
curtas.

5º Uso da primeira pessoa  eu, ou nós, mesmo como sujeito implícito é cabível
quando se expressa opinião, por exemplo, em um texto autoral, mas, de modo geral, deve
ser evitado em redações técnicas visto que tais devem apresentar a formulação de fatos.
A apresentação pessoal é esperada nas discussões (ou conclusões) de um texto técnico,
assim como na conclusão de um documento investigativo.
6º Adjetivos  atribuem qualidade aos substantivos. Seu uso adequado é esperado,
porém, em função de maus hábitos (a mídia e o romantismo adoram sua superutilização)
tendem a ser usados em demasia. Tal uso empobrece o texto, que perde sua parcimônia
e clareza.

7º Repetição de Palavras/Ideias  empobrece o texto (demonstra limitação do


vocabulário; pobreza para elaboração de ideias; e/ou falta de concisão). Favoreça o uso
de sinônimos, avance seu texto e mantenha a clareza e concisão.

8º Jargões  trazem superficialidade ao texto, pode aumentar a compreensão


(aproximar o leitor ao texto); ou demonstrar pouco conhecimento do que se quer
expressar (afastar o leitor). Sempre que apresentados devem vir entre aspas, visto que
não é uma expressão de autoria própria (mesmo que não apresente a fonte original, que
muitas vezes é desconhecida). Se usado para apresentar uma ideia a ser elaborada tem
seu caráter positivo, porém, se é usado como conclusão de uma ideia assume sua
perspectiva negativa.

9º Generalizações  opiniões sem fonte/fundamento científico. Empobrece o texto, em


especial quando se tratam de generalizações equivocadas. Essas, normalmente, são
apresentadas numa tentativa de expressar cientificidade para algum conhecimento que o
autor acredita ser de conhecimento geral e popular, porém nem sempre isso se verifica.

Dica:

10º Truísmos  similar à generalização consistem na tentativa de atribuir cientificidade


as considerações pela busca da concordância do leitor com a ideia expressa. Pode se
valer da argumentação; argumento de autoridade;ou imposição de mérito. De modo geral
empobrece o texto, pois apresenta argumento não comprovado.

Ex: “sabe-se que”; “a ciência aponta”; “é notoriamente conhecido”.

11º Formatação  independente da regra (norma) adotada use uma, e siga-a até a
conclusão da escrita. Isso cria uma estrutura de apresentação amigável e compreensível
ao leitor. Infelizmente, costuma ser negligenciada, o que demonstra pouco conhecimento
técnico da escrita.

12º Falta de Parcimônia  economia verbal é indicativo de clareza sobre o que se quer
expressar, assim como conhecimento da norma culta.

Ex: “estavam me fazendo  faziam-me”; “foi reduzindo  reduziu-se”; “estar buscando


aprender  aprender”.

13º Uso de Termos Coloquiais  empobrece o texto. Lembre-se de sempre usar a


norma culta.

Ex: “num = em um”; “da = de a”; “teve = esteve, houve”; “pra = para, para a”; “vc = você”.

14º Pontuação  deve ser empregada segundo a norma culta. Favorece a produção de
frases curtas e a clareza textual.

15º Concordância Verbal e Nominal  considera o que se conecta a que no texto, deve
se preservar a norma culta.

Mais comuns, masculino/feminino; singular/plural

Ex: “as férias é um período”; “suas folgas eram aos domingos”.

16º Aposto e Vocativo  são termos que compõem uma oração, o aposto explica,
esclarece e acrescenta algo ao sujeito; o vocativo serve para invocar o receptor da
mensagem.

Ex Aposto: “Manoel, português casado com minha prima, é um ótimo engenheiro.”

Ex Vocativo: “Amigos, vamos ao cinema hoje?”

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