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Linguagem

Diferentemente do que muitos podem pensar, a escrita acadêmica não deve ser chata, confusa ou obscura. Ao
contrário: quanto mais claro for o sentido do texto, melhor para o(a) leitor(a). Assim, sua redação deve primar
por linguagem acessível e com um sentido único – ambiguidades não são apreciadas na redação científica.
Recomenda-se escrever com linguagem simples, que é diferente de simplória. É importante que o
vocabulário seja atual e apropriado, ou seja, evitando-se palavras antiquadas, defasadas, assim como
termos rebuscados ou expressões enfeitadas que dificultam a leitura.
Tenha em mente que você quer que o leitor entenda e mantenha o foco, acompanhando com tranquilidade o
seu raciocínio.
A redação também deve ser precisa, ou seja, direto ao ponto que se quer fazer, sem preâmbulos
desnecessários.
É necessária certa formalidade e rigor científico no texto, de modo que gírias, coloquialismos, senso-
comum, “chavões”, subjetividades e emoções pessoais não apareçam no texto.
O exemplo* a seguir ilustra bem uma linguagem apropriada, pois o vocabulário é simples, atual, a linguagem
é impessoal e mantém sentido único, com foco bem definido e sem ambiguidades. Também é interessante
observar a definição clara do termo crucial para o estudo, conforme discutido na seção anterior.
O exercício físico é uma atividade realizada com repetições sistemáticas de movimentos orientados, com conseqüente
aumento no consumo de oxigênio devido à solicitação muscular, gerando, portanto, trabalho. O exercício representa
um subgrupo de atividade física planejada com a finalidade de manter o condicionamento. Pode também ser definido
como qualquer atividade muscular que gere força e interrompa a homeostase.

*Fonte: MONTEIRO, M. F.; FILHO, D. C. S. Exercício físico e o controle da pressão arterial. Rev. Bras.
Med. Esporte, São Paulo, v. 10, n. 6, p. 513-516, nov./dez. 2004.

O estilo da escrita acadêmica possui convenções próprias. Recomendamos evitar:


o Ironias e demais figuras de linguagem: seu leitor ou sua leitora não necessariamente perceberá sua voz
irônica, e assim poderá entender exatamente o oposto do que você está querendo dizer. Isso é muito
perigoso, então o mais seguro é somente dizer o que você realmente intenciona, de modo direto e claro.
o Informalidade e vulgaridade: a academia é um lugar de produção de conhecimento e troca de saberes.
Esse ambiente tem expectativa de seriedade e maturidade, coisas que não combinam com linguagem
informal ou de baixo calão.
o Repetições desnecessárias: não repita um dado argumento sem acrescentar algo de novo. Do mesmo
modo, não faça uma citação direta e logo na sequência repita aquela ideia, meramente reescrevendo-a em
suas próprias palavras, mecanicamente. Não importa se seu trabalho é curto como um artigo científico de
8 páginas ou extenso como uma tese de 300: em qualquer caso, a repetição depõe contra a qualidade
informativa de seu texto. Pode sugerir falta de conteúdo ou de profundidade.
o Excesso de citações, diretas ou parafraseadas: Lembre-se que o(a) leitor(a) quer acessar a sua visão do
assunto. Então, pense na Revisão de Literatura como o espaço mais adequado do texto para trazer as vozes
de outros autores. Na seção de discussão dos resultados e análise dos dados faça alusões ao seu referencial
teórico quando necessário, mas essencialmente apresente sua voz, sua própria discussão de resultados que
você (e ninguém mais) coletou.
o Frases muito longas: as frases na redação acadêmica normalmente são concisas, curtas, sem excesso de
especificações que possam complicar o entendimento. Recomendamos separar uma frase longa com várias
ideias em frases mais curtas, cada uma com seu próprio foco bem definido.
o Parágrafos muito extensos: o bom parágrafo acadêmico costuma ter entre 8 e 12 linhas. Podem
ocorrer alguns parágrafos menores, em casos de transição de ideias ou de organização do texto (por
exemplo: parágrafo com uma frase como “Veremos, a seguir, como esses modelos se aplicam diretamente
às práticas docentes na escola em questão”). Também podem ocorrer alguns parágrafos no texto que sejam
um pouco mais extensos. Isso varia de acordo com o estilo de quem escreve. De qualquer modo, existem
orientações básicas sobre o que compõe o bom parágrafo

OLIVEIRA, J. L. Texto acadêmico: técnicas de redação e de pesquisa científica. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
2009.

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