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COMO REDIGIR TEXTOS CIENTÍFICOS

Julio Cesar Gomes


A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a
posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da
leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem
dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por
sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o
texto e o contexto. (Paulo Freire; A importância do ato de ler).

Características da redação científica

A redação científica exprime a forma de raciocínio próprio da ciência,


que se caracteriza pela argumentação lógica e pela demonstração de provas
empíricas. Este tipo de raciocínio deve ser desenvolvido sistematicamente por
meio de leituras e pela prática da discussão científica nos espaços educativos.
A redação científica visa, além da organização e sistematização de
ideias e assuntos abordados, a divulgação dos resultados obtidos através da
pesquisa.
A redação científica é essencialmente denotativa, empregando as
palavras no seu sentido comum, habitual, consagrado pelos falantes da língua.
A linguagem denotativa é basicamente informativa e não tem como objetivo
produzir emoção nos leitores nem expressar significados simbólicos diferentes
do uso habitual.
A redação científica é impessoal, expressando ideias de um campo
científico e não de uma pessoa determinada, devendo utilizar a terceira pessoal
do singular.
A redação científica é imparcial, evitando a expressão de juízos de valor,
na explicitação dos pressupostos, na adoção da metodologia adequada e na
descrição e interpretação dos dados.
A redação científica deve apresentar os seguintes aspectos: correção
gramatical, clareza, precisão e consistência teórica.
Um texto apresenta correção gramatical quando segue as regras
prescritas na gramática de língua portuguesa.
Um texto é claro quando não deixa margem a interpretações diferentes
daquelas que o autor quer comunicar. Uma linguagem muito rebuscada que
utiliza termos desnecessários confunde e desvia o leitor das ideias principais
do texto.
Um texto é preciso quando cada palavra empregada traduz exatamente
o pensamento que se deseja transmitir.
Um texto é consistente quando se baseia em conceitos e definições
estabelecidos por uma tradição científica.
Dez conselhos práticos para redigir textos científicos
1) Leia constantemente textos literários, jornalísticos, científicos:
 Faça resumos escritos ou orais de suas leituras.

2) Escreva sempre para os outros, e não para si mesmo:


 Submeta os seus textos a outras pessoas para se certificar de que
expressou adequadamente as suas ideias.

3) Expressar as suas ideias com o menor número de palavras:


 Escreva frases breves e parágrafos curtos;
 Evite alongar as frases com o uso abusivo de “o qual”, “cujo” e
gerúndios;
 Evite excesso de conjunções.

4) Evite generalizações do tipo “a maioria acha” ou “todos sabem”.

5) Evite repetir a mesma palavra no espaço de uma lauda.

6) Evite expressões linguísticas estereotipadas, que viraram modismo, tais


como “a nível de” ou “colocação”.

7) Evite tautologias, como “os alunos são a razão de ser da Escola Prof.
Delgado’’, que não comunicam informação nova ou relevante.

8) Evite o excesso de superlativos, aumentativos, diminutivos e adjetivos em


demasia.

9) Faça poucas citações diretas.


 Reescreva as citações, creditando-as aos seus autores.

10) Use as notas de rodapé para definições e informações que alargam a


compreensão de um tema ou assunto, mas sobrecarregam o texto principal.

REFERÊNCIAS
AZEVEDO, I. B. de. O prazer da produção científica: diretrizes para elaboração
de trabalho acadêmicos. 2.ed. ampl. Piracicaba: UNIMEP, 1993.
BARRAS, R. Os cientistas precisam escrever: guia de redação para cientistas,
engenheiros e estudantes. Tradução de Leila Novaes e Leônidas Hegenberg.
São Paulo: T. A. Queiroz/USP, 1979.

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