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Leitura e Produção de Textos: Comunicação e Expressão Unidade de Aprendizagem 6

Leitura e Produção de Textos:


Comunicação e Expressão

Unidade de Aprendizagem 6

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Leitura e Produção de Textos: Comunicação e Expressão Unidade de Aprendizagem 6

Sabemos que escrever é um processo de seleção de vocábulos e de


estruturas sintáticas. Durante a vida acadêmica há uma grande demanda pela
elaboração de textos, e um dos problemas mais frequentes é o emprego da
linguagem oral, característica da escrita informal, e a modalidade escrita
formal. Os itens mais comuns foram destacados na Aula V, quando abordamos
a questão do emprego de verbos e expressões de sentido vago (V. Exatidão de
ideias), repetições desnecessárias (V. Hipônimos e hiperônimos), as gírias, os
chavões e os vícios de linguagem.
Tais aspectos, como vimos também na Aula 2, podem aparecer em
textos informais, como, por exemplo, em um discurso de formatura, quando se
deseja imprimir um tom coloquial, produzir um efeito de intimidade, mas não
são admitidos nas produções mais formais, como nas redações de concursos
ou em exame de seleção para vaga de emprego.
O texto formal é o que utiliza a modalidade escrita formal da língua
portuguesa, aceito e utilizado, tanto na modalidade oral quanto escrita, pelos
falantes com alto grau de escolaridade.
Um dos tipos textuais mais utilizados na vida acadêmica é a dissertação.
Importante dizer que existem duas maneiras de dissertar. Podemos falar
de dissertação expositiva, na qual estão expressos conceitos sobre
determinado assunto, sem que haja a preocupação de convencer o leitor ou o
ouvinte; e a dissertação argumentativa, que implica na defesa de uma tese,
uma hipótese, com a finalidade de convencer ou tentar convencer alguém,
demonstrando, por meio de evidências e de provas consistentes, a
superioridade de uma proposta sobre outras, ou apenas sua relevância. É fruto
da razão, da capacidade de argumentar, do raciocínio de quem redige. A
intenção do autor do texto argumentativo é mostrar a validade ou a veracidade
de sua tese. A característica principal do texto argumentativo é a persuasão.
Desta maneira, temos que argumentar é expor e defender pontos de
vista que sejam favoráveis ou não ao que foi proposto.
A intenção da argumentação é levar o leitor a concordar com a opinião
do escritor.
A dissertação-argumentativa está presente no dia a dia de todos, já que, a
cada momento, utilizamos argumentos para expor ideias, julgar, avaliar ou
criticar o mundo. Oralmente, há argumentação nos debates políticos, por
exemplo, nas polêmicas, nas discussões informais e mesmo nas simples
conversas em torno de assuntos triviais.

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Othon M, Garcia considera que dissertação e argumentação são dois tipos textuais diferentes,
pois apresentam características próprias. Para fins didáticos, no entanto, no presente trabalho,
consideramos que a argumentação é uma dissertação.

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Quanto à escrita, a maior dificuldade do ato de redigir uma dissertação


argumentativa é que ela exige, além do conhecimento do assunto a ser tratado,
reflexão, raciocínio lógico, potencial argumentativo, capacidade de análise e de
síntese, expressão verbal adequada e domínio das estruturas linguísticas.
A argumentação é uma declaração seguida de provas, daí seu caráter
de persuasão. Dessa maneira, podemos afirmar que para argumentar é preciso
saber, primeiramente, pensar, encontrar ideias e concatená-las de modo claro
e objetivo. A seguir, a escolha de argumentos convincentes deverá demonstrar
que as concepções ali expostas são as melhores e mais verdadeiras.
Para estruturar uma argumentação é necessário fazer a previsão daquilo
que se vai abordar e estabelecer o itinerário a seguir. Assim sendo, a
argumentação inicia-se com a proposição clara e definida do tema ou juízo que
se tem em mente a ser comprovado com argumentos sólidos e convincentes.
Interessante ressaltar a importância de delimitar o tema, que
normalmente é bastante amplo. A maneira prática de se resolver o impasse é
escolher um assunto a abordar, pois quanto mais específico o assunto, mais
simples se torna a tarefa de produzir o texto. Delimitar o assunto é escolher um
aspecto para desenvolver.
Se o tema é a proposta mais abrangente de uma tese, hipótese ou ideia,
a parte mais geral, mais ampla, o assunto é a parte que especifica o este tema,
delimitando o seu alcance, de maneira a facilitar a construção do texto. Por
exemplo, digamos que se queira elaborar um texto cujo tema seja pandemia.
Esse tema poderia ser delimitado a partir do enfoque de diversos aspectos,
como número de infectados, ou faixa etária das vítimas fatais, ou dos
sobreviventes, e até mesmo os aspectos econômicos, entre tantos outros.
Proposto o tema e delimitado o assunto, apresentam-se as provas que
confirmem a tese. Como se trata de uma argumentação, é fundamental
exibirem-se as contraprovas ou contra-argumentos os quais serão refutados ou
negados no decurso do texto. Por fim, recapitulam-se os argumentos
apresentados e conclui-se o texto, reafirmando-se a tese, hipótese ou ideia.
Temos aqui o esquema do texto argumentativo.
Note-se que é imprescindível que a proposição não seja uma verdade
universal, indiscutível, mas sim algo que admita concordância parcial e
contestação comprovadas por fatos. O diálogo entre um e outro deve despertar
o interesse do leitor para a conclusão do raciocínio.
O texto argumentativo apresenta introdução, desenvolvimento e
conclusão, nitidamente marcados, mas ligados entre si por elementos coesivos.
Seu tempo verbal próprio é o presente do indicativo e os substantivos abstratos
são fartamente utilizados.
Pode apresentar recursos linguísticos que criam estruturas complexas,
como uso de verbos no subjuntivo e orações subordinadas.

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CARACTERÍSTICAS DO TEXTO ARGUMENTATIVO


a. organização;
b. unidade;
c. coesão;
d. coerência;
e. clareza;
f. concisão;
g. precisão.

A organização consiste em que a redação deve apresentar uma ideia


central que perpassa todo o texto e as ideias a ela relacionadas se “estruturam
segundo uma forma de ordenação adequada, ou uma combinação adequada
de formas de ordenação” (SOARES, 1987). Outro aspecto importante na
organização do texto é sua divisão em introdução, desenvolvimento e
conclusão, em parágrafos específicos.
Por unidade entende-se que o texto apresente uma só hipótese/tese
predominante, aborde um só assunto. Caso sejam abordadas outras ideias,
estas devem ser relevantes para ideia central e se relacionar com ela. Nesse
sentido, o texto deve ser dividido em parágrafos, de modo a que não haja
“fragmentação da mesma ideia em vários parágrafos nem apresentação de
muitas ideias num só parágrafo” ( SOARES, 1987).

COESÃO TEXTUAL ( adaptado)

A coesão é a relação semântica entre as partes do texto. Um texto tem


coesão quando seus vários enunciados estão articulados entre si. Um texto
não é formado por um conjunto de frases sem sentido. Para existir o que
chamamos textualidade é necessária a interligação entre as diversas
partes desse conjunto, de modo a formar um todo significativo, capaz de
transmitir uma mensagem. A esse elemento que permite a ligação entre
as partes do texto se dá o nome de coesão. Em outras palavras, a coesão
é a relação semântica entre as diversas partes de um texto, acarretando a
adequada articulação entre eles, através dos chamados mecanismos de
coesão.
De modo geral, os falantes de uma determinada língua constroem
razoavelmente a textualidade em língua oral, mas o mesmo não acontece

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com a língua escrita, porque muitos deles têm dificuldade de lançar mão
desses mecanismos.
As sentenças abaixo ilustram isso.
Os jogadores chegaram há dois dias. Ele deverá treinar ainda amanhã.
Os jogadores chegaram há dois dias. Esse atleta deverá treinar ainda
amanhã.
Os jogadores chegaram há dois dias. Deverá treinar ainda amanhã.
As duas primeiras sequências de frases são malformadas porque não
ocorreu concordância entre o termo da primeira sentença que é
retomado na segunda. Na terceira sequência, em que a coesão textual se
faz por elipse [ ausência], o verbo deveria concordar com os jogadores.
Há casos, entretanto, em que o elemento que promove a coesão, pode
retomar, na segunda sentença, apenas parte da referência contida no
termo da primeira. É o que acontece, por exemplo, em:
Comprei dois velocípedes para as crianças. O do Roberto é o mais
bonito.
Organizar duas viagens - a do chanceler Eduard Shevardnadze ao
Brasil, no começo do ano, e depois a do presidente Sarney à União
Soviética - são as duas primeiras tarefas que esperam o novo embaixador
soviético no Brasil. (Revista Veja, 946.)

Um outro tipo de falha, muito comum em redações escolares é o


representado por sequências como:
Muita gente pensa que o Brasil ainda é um país subdesenvolvido, mas eles
estão completamente enganados.
O interessante, neste caso, é que, se apenas providenciarmos a correta
concordância entre frases, teremos ainda uma sequência malformada do tipo:
Muita gente pensa que o Brasil ainda é um país subdesenvolvido, mas
ela está completamente enganada.
Isto se dá porque a expressão muita gente é indefinida e os prono-
mes pessoais são definidos. A solução normalmente encontrada é aplicar a
coesão por elipse, uma vez que, nesse caso, se subentende que o que
ficou apagado é a mesma expressão indefinida:
Muita gente pensa que o Brasil ainda é um país subdesenvolvido, mas
está completamente enganada.

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Outra maneira de fazer a coesão, nesta situação, é repetir o pronome


indefinido ou a expressão indefinida (ou parte dela) modificando estes
termos por um demonstrativo, como em:
Muita gente pensa que o Brasil ainda é um país subdesenvolvido, mas
essa gente está completamente enganada.
Outro exemplo:
Alguém telefonou à sua procura, mas esse alguém não deixou nome.
A utilização da coesão lexical também pode produzir textos aceitáveis,
como:
Alguém telefonou à sua procura, mas essa pessoa não deixou nome.
A presença do indefinido ou da expressão indefinida na segunda
sentença garante a gramaticalidade da sequência, juntamente com o pronome
demonstrativo, que garante a coesão.
Ainda com relação à concordância entre frases, um comportamento
comum de pessoas que não têm prática em redigir é fazer uso abusivo do
pronome qual, no lugar de que, em sequências como:
Os candidatos de São Paulo os quais não possuem comprovante de
inscrição deverão trazer a cédula de identidade.
O computador emitirá uma etiqueta de preço a qual deverá ser colada no
produto.
O motivo da utilização do pronome qual no lugar de que se prende ao
fato de que qual traz consigo o número e o gênero do termo que está
substituindo, o que torna mais fácil a concordância do verbo na oração
subordinada. Quando ocorre o emprego do que, é bastante comum, entre
iniciantes, sequências como:
Os candidatos de São Paulo que não possui comprovante de inscrição
deverão trazer a cédula de identidade.
É preferível, entretanto, que frases como essas sejam evitadas, uma
vez que não se enquadram nos padrões gerais da língua portuguesa, e sejam
substituídas por versões como estas abaixo, observada, é claro, a
concordância correta do verbo.

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Os candidatos de São Paulo que não possuem comprovante de inscrição


deverão trazer a cédula de identidade.
O computador emitirá uma etiqueta de preço que deverá ser colada no
produto.

Coerência é o conjunto de aspectos que fazem o texto ter sentido para


os usuários. Esse sentido não se restringe apenas ao significado das
expressões na superfície textual, mas sim a fatores não linguísticos, de modo a
que o texto seja compreensível.

O que dizer do texto de Millôr Fernandes?

A Vaguidão Específica
"As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica."
(Richard Gehman)
- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
- Junto com as outras?
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer
coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
- Sim senhora. Olha, o homem está aí.
- Aquele de quando choveu?
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
- Que é que você disse a ele?
- Eu disse pra ele continuar.
- Ele já começou?
- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
- É bom?
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
- Você trouxe tudo pra cima?
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora
recomendou para deixar até a véspera.
- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão
atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.
- Está bem, vou ver como.
Claramente entendemos que há uma coerência interna que permite a
comunicação entre as pessoas.
Um elemento fundamental de coerência são os mecanismos de
coesão. Como o próprio nome indica, a coesão tem a função de unir, conectar
as diversas partes do texto. Para tanto, utiliza, basicamente,
conectivos/conjunções e/ ou expressões que visem a recuperar as informações
que já foram previamente apresentadas.

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Dentre tantos conectivos existentes, destacamos os seguintes:

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In: www.atelierderedacao.com.br/downloads/quadro-de-conectivos.doc

A clareza textual é obtida por meio da capacidade do autor do texto de


manifestar seu pensamento de maneira acessível ao leitor. O professor Renato
Aquino enfatiza que é “possível escrever muito bem, usando-se palavras
simples, ou seja, do conhecimento geral” (AQUINO, 2001). E aconselha ao
autor do texto que, “caso não tenha dúvida quanto ao significado de uma
palavra menos conhecida, é claro que você deve utilizá-la. Porém, não
exagere, para que o texto não fique complexo, fato que, naturalmente vai
desagradar àqueles que o lerem” (IDEM). Acrescenta ainda que há o risco de o
leitor não entender a mensagem que o autor que transmitir.

Quanto à concisão, esta é obtida pela precisão, isto é, pelo uso de


termos que definem clara e eficientemente a tese do autor, com ênfase à
tese/hipótese em posição de destaque. Quando o texto não apresenta
“pormenores excessivos, explicações desnecessárias; não há redundâncias,
isto é, repetição de ideias desnecessárias” (SOARES, 1987). O emprego de
frases muito longas também é um obstáculo à concisão, já que o autor pode
perder o fio de seu pensamento.
No mais, o texto deve ser original, isto é, ser escrito à maneira do autor
do texto, sem imitar os outros, obediente às normas gramaticais.

EVITE:
a. Frases intricadas e desconexas;
b. gírias, chavões ou neologismos;
c. expressões vulgares;
d. vícios de linguagem;
e. repetições desnecessárias.

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Segue abaixo texto do professor Othon M. Garcia para tornar o assunto ainda
mais claro.
ARGUMENTAÇÃO FORMAL
A argumentação formal exige alguns cuidados.

1. Proposição

A proposição deve ser clara, definida, inconfundível quanto ao que


afirma ou nega. Além disso, é indispensável que seja... argumentável, quer
dizer, não pode ser uma verdade universal, indiscutível, incontestável. Não se
pode argumentar com ideias a respeito das quais todos, absolutamente todos,
estão de acordo. Quem discutiria a declaração ou proposição de que o homem
é mortal ou um ser vivo? Quem discutiria o valor ou a importância da educação
na vida moderna? Se argumentar é convencer pela evidência, pela
apresentação de razões, seria inútil tentar convencer-nos daquilo que já
estamos... convencidos. Argumentação implica, assim, antes de mais nada,
divergência de opinião. Isto leva a crer que as questões técnicas fogem à
argumentação, desde que os fatos (experiências, pesquisas)já tenham provado
a verdade da tese, doutrina ou princípio. Fatos não se discutem.
Por outro lado, a proposição deve ser, de preferência, afirmativa e
suficientemente específica para permitir uma tomada de posição contra ou a
favor. Como argumentar a respeito de generalidades, como a previdência
social, a propaganda, a democracia, a caridade, a liberdade? Proposições
vagas ou inespecíficas que não permitam tomada de posição só admitem
dissertação, i. e., explanação ou interpretação. Para submetê-las à
argumentação é necessário delimitá-las e apresentá-las em termos de opção:
previdência social, sim, mas em que sentido? Trata-se de mostrar sua
importância? Quem o contestaria? Trata-se de assinalar suas falhas ou
virtudes em determinado instante e lugar? Sim? Então, é possível argumentar,
pois pode haver quem discorde da existência de umas ou de outras. Nesse
caso, a proposição poderá configurar-se como: Porque a previdência social
oferece (ou não) aos trabalhadores toda a assistência que dela se deve
esperar ou Deficiências da assistência médica prestada
________________________
GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a
pensar. 27. ed. Rio de Janeiro: FGV Ed., 2010. PP.388-390.

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pelo Instituto X no ano tal no estado tal. Posta em termos semelhantes, a


proposição torna-se argumentável, já que admite divergências de opiniões.
1.1 Análise da proposição
A análise da proposição (...) constitui (...) estágio da maior
importância. Antes de começar a discutir é indispensável definir com clareza o
sentido da proposição ou de alguns dos seus termos a fim de evitar mal-
entendidos, a fim de impedir que o debate se torne estéril ou inútil, sem
possibilidade de conclusão: os opositores, por atribuírem a determinada
palavra ou expressão sentido diverso, podem estar de acordo desde o início,
sem o saberem. Urge, portanto, definir com precisão o sentido das palavras. Se
a proposição é, por exemplo, “A democracia é o único regime político que
respeita a liberdade do indivíduo”, torna-se talvez necessário conceituar ou
definir primeiro, pelo menos, “democracia” e “liberdade”, palavras de sentido
intencional, vago, abstrato, e por isso sujeitas ao malabarismo das múltiplas
interpretações.
Além da definição dos termos, importa que o autor ou orador defina
também, logo de saída, a sua posição de maneira inequívoca, que declare,
em suma, o que pretende provar.
1.2 Formulação dos argumentos
A formulação dos argumentos constitui a argumentação
propriamente dita: é aquele estágio em que o autor apresenta as provas ou
razões, o suporte das suas ideias. É aí que a coerência do raciocínio mais se
impõe. O autor deve lembrar-se de que só os fatos provam (fatos no sentido
mais amplo: exemplos, estatísticas, ilustrações, comparações, descrições,
narrações), desde que apresentem aquelas condições de quantidade suficiente
(enumeração perfeita ou completa), fidedignidade, autenticidade, relevância e
adequação.
Além disso, é de suma importância a ordem em que as provas são
apresentadas; o autor deve escolher a que melhor se ajuste à natureza da
sua tese, a que seja mais capaz de impressionar o leitor ou ouvinte. Quase
sempre, entretanto, ao contrário do que faz na refutação, adota-se a ordem
gradativa crescente ou climática, isto é, aquela em que se parte das provas
mais frágeis para as mais fortes, mais irrefutáveis.
Outro recurso de convicção consiste em manter o leitor como que em
suspense quanto às conclusões, até um ponto de saturação tal, que, várias

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vezes iminentes mas não declaradas, elas acabem impondo-se por si mesmas:
esse é o momento de enunciá-las. Mas deve lembrar--se da paciência e da
resistência da atenção do leitor para não cansá-lo nem exasperá-lo, mantendo-
o por tempo demasiado na expectativa da conclusão.

Existem ainda outros artifícios de que o argumentador pode servir-se para


convencer, para influenciar o leitor ou ouvinte.
Muitos são comuns também à dissertação: confrontos flagrantes, comparações
adequadas e elucidativas, testemunho autorizado, alusões históricas
pertinentes, e até mesmo anedotas.
Por fim, cabe ainda lembrar dois outros fatores relevantes. O primeiro diz
respeito à conveniência de o autor frisar, nas ocasiões oportunas, os
pontos principais de sua tese, pontos que ele, sem dúvida, englobará na
conclusão final, de maneira tanto quanto possível enfática, se bem que
sucintamente. O segundo refere-se à necessidade de se anteciparem ou se
preverem possíveis objeções do opositor ou leitor, para refutá-las a seu
tempo.

1.3 Conclusão

A conclusão “brota” naturalmente das provas arroladas, dos argumentos


apresentados. Sendo um arremate, ela não é, entretanto, uma simples
recapitulação ou mero resumo: em síntese, consiste em pôr em termos
claros, insofismáveis, a essência da proposição(...).

1.4 Plano-padrão da argumentação formal

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1. Proposição
(afirmativa suficientemente definida e limitada; não deve conter em si mesma
nenhum argumento, isto é, prova ou razões)

2. Análise da proposição

3. Formulação dos argumentos (evidência):


a) Fatos
b) Exemplos
c) Ilustrações
d) Dados estatísticos
e) Testemunho.

4. Conclusão

BIBLIOGRAFIA
ABREU, Antonio Suárez. Curso de redação. Rio de Janeiro. Editora Ática,
2001.
AQUINO, Renato Monteiro de. Redação para concursos: Renato Aquino.
Niterói. Rio de Janeiro. Impetus, 2001.
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever,
aprendendo a pensar. 27. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV,2010.
SOARES, Magda Becker [e] CAMPOS, Edson Nascimento. Técnicas de
redação: as articulações linguísticas como técnicas de pensamento. 14. Ed, 8.
reemp. Rio de Janeiro. Ao Livro Técnico, 1987.

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