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DEYSE 2021
MANUAL DE
ESCRITA ACADÊMICA
Orientações fundamentais para a
produção de texto científico
Apresentação
Olá!
Se você está aqui deve ser porque, de alguma forma, esbarrou com o meu
perfil profissional, o @eiprofa.deyse!
Torço para que esse material te ajude a ter mais segurança enquanto escritor
e te permita lidar com a escrita acadêmica de forma mais prática e
tranquila.
Com carinho,
Deyse Marques
@EIPROFA.DEYSE 2021
O princípio
Quando falamos sobre escrita acadêmica, costumamos ouvir frases como:
Mesmo que você tenha todas essas as qualidades, nem sempre a escrita irá se
desenvolver da forma e na velocidade desejadas. Isso não significa, porém,
que todo seu esforço e tentativas estão sendo em vão.
Planejar o texto.
Eliminar distrações.
Sem cumprir essas cinco tarefas, vai ser bem difícil aumentar o seu rendimento
de escrita e, consequentemente, a qualidade do seu texto – que é o que
buscamos, muito mais do que quantidade. Afinal, do que serve escrever cinco
laudas todos os dias se delas mal se aproveitam cinco linhas?
Afinal, não é apenas escrever por escrever. O texto científico, por excelência,
deve conter evidências de conhecimento, o que só é possível se o autor
conseguir atingir uma escrita acadêmica fundamentada, que evidencie que o
seu desenvolvido foi apoiado em argumentos de autoridades.
@EIPROFA.DEYSE 2021
Muito se fala sobre deixar uma sua marca autoral na escrita, para que o texto
não se torne apenas um compilado de pensamentos e citações alheias. Essa
pode ser uma dificuldade do pesquisador que se depara com a tarefa de
escrever, pois, de fato, existe um equilíbrio sensível e tênue entre trazer essa
escrita autoral em meio ao embasamento teórico, mas sem cair em achismos ou
excesso de citações.
Para cumprir essa tarefa e atingir uma escrita que seja particularmente sua, o
primeiro passo é desenvolver a sua criticidade leitora. Isso significa adota uma
postura analítica, segundo a qual não serão aceitas de forma passiva
quaisquer opiniões sobre os temas que você estudar.
Aceitar ou refutar uma tese de modo crítico implica ter que demonstrar que
você conseguiu compreender e avaliar as razões pelas quais ela foi legitimada.
Ao contrariar, você deve demonstrar argumentos que se contrapõem à
concepção teórica em questão, de modo a esclarecer e deixar visíveis as
razões pelas quais você vai na contramão daquele pensamento.
Esse tipo de movimento sempre precisa ser feito quando você entra em contato
com um texto teórico, já que produzir conhecimento exige uma orientação
crítica do ato de pensar.
Por isso, a boa escrita exige uma boa leitura e interpretação dos textos
selecionados para a pesquisa. O leitor nunca deve ser conformar em apenas
receber informações prontas, assim como não pode, enquanto escritor,
entregar esse tipo de conteúdo.
Ah!, é importante lembrar que os autores e autoras que você utilizar como
referências teóricas devem dialogar não só com você, mas também entre si.
Então, ao escolher suas fontes, certifique-se que elas não possuem teorias e
pensamentos divergentes, a menos que você vá de fato se engajar em uma
análise que foque nessa oposição.
RESUMO:
RESENHA:
Pode ser entendida como uma análise crítica, mas não necessariamente
negativa. Ela se assemelha ao resumo no sentido de que pretende reunir as
ideias gerais de um texto. Exige, portanto, uma leitura detalhada e profunda do
material a ser resenhado.
ARTIGO:
Porém, não é porque o artigo é um texto reduzido que ele pode ser superficial;
ao contrário: o artigo comporta elementos básicos de qualquer texto
acadêmico, como introdução, metodologia, objetivos, análise teórica e
referências bibliográficas.
PROJETO DE PESQUISA:
Um bom texto acadêmico também precisa ter uma ordenação lógica. Para
isso, você pode utilizar algumas estratégias de apresentação e organização
do seu texto:
Além disso, Eco (2019, p. 167) nos alerta a respeito de algumas armadilhas nas
quais podemos cair durante a escrita acadêmica. Assim, adverte:
ATENÇÃO!
Logo, não adianta usar modelos prontos ou, tendo o seu próprio texto,
colocá-lo em comparação ao de outra pessoa. Você nunca vai escrever igual
a Fulano porque você nunca será Fulano. Isso não significa que você não será
tão bom quanto.
Aceitar o seu próprio estilo não significa dizer que você não precisa seguir
orientações e normas acadêmicas. Procure sempre escrever dentro dos
princípios de impessoalidade, objetividade, clareza, precisão, coerência,
concisão, simplicidade, harmonia... Mas, mais importante: escreve sempre da
forma que for capaz.
@EIPROFA.DEYSE 2021
Se você estuda uma obra literária estrangeira, o seu trabalho fica mais rico
com citações feitas na língua original do livro.
As remissões ao autor e à obra devem ser claras, de modo que nunca fique
dúvidas sobre quem proferiu a citação.
As citações devem ser fiéis, o que significa que as palavras precisam ser
transcritas exatamente como estão no original – omissões e eliminações de
partes devem ser sinalizadas e qualquer intervenção nossa no trecho deve
ser assinalada.
Com a escrita acadêmica não é diferente: por que escrever um artigo? Por que
escrever uma dissertação? Antes de abrir a página em branco, tente responder
a essas perguntas sobre o texto que você pretende minutar, pois um fazer tão
intenso precisa ter em sentido muito claro para acontecer.
Além disso, por questões práticas, é importante definir uma motivação para a
escrita, pois é essa finalidade que irá guiar o tom do seu texto, a profundidade
de conteúdo e a estrutura do seu texto.
Um leitor em potencial.
Um contexto em que foi escrito.
Um autor, que tem um objetivo ao
escrever.
Um veículo em vista para ser
publicado.
Toda escrita acadêmica, para Vieira e Faraco (2019, p. 116), nasce a partir de
escolhas prévias do escritor. Isso significa que, antes de formar o texto em si,
você, enquanto escritor, precisa:
Essas são algumas das questões que irão te guiar ao longo de um texto bem
construído, linguístico e teoricamente.
Nesse momento, sempre surge uma pergunta: sobre o que escrever? Como
definir um tema ou assunto de pesquisa e produção de texto científico?
@EIPROFA.DEYSE 2021
Muitas vezes, o tema escolhido pode não ser nada inovador, mas isso não
necessariamente o torna irrelevante. Você, que é de Letras, pode muito bem
escolher trabalhar com Dom Casmurro, de Machado de Assis, por exemplo.
O que vai evitar que o seu tema seja ou não clichê, muito mais do que o seu
objeto de análise, é o ponto de vista através do qual você irá enxergá-lo. A
sua perspectiva teórica tem a capacidade de trazer inovação, pertinência e
valor científico ao seu tema.
Por isso, um tema nunca é apenas um objeto: ele é, antes de tudo, um objeto
visto a partir de determinado olhar.
Ex.:
TÍTULO:
PALAVRAS-CHAVE:
RESUMO:
O resumo deve ser composto por frases concisas e afirmativas, sem siglas ou
abreviações, exceto se for absolutamente necessário. O texto deve ser
discursivo, não em formato de tópicos, e, embora tenha comentários sobre o
trabalho a ser apresentado, não pode ser detalhista. Por isso, cuidado: o
resumo não é uma introdução do texto, mas sim uma síntese da sua totalidade.
Para fazer um resumo, você precisa: identificar sobre o quê o texto trata, qual
o seu tema; destacar todas as informações mais importantes; conclusão;
sintetizar com as próprias palavras essas informações em um texto de
parágrafo único.
@EIPROFA.DEYSE 2021
Se você coloca nas palavras-chave um termo que já usou no título, você queima
a possibilidade de alguém chegar no seu artigo, porque ambos servem de
elementos indexadores.
INTRODUÇÃO:
Esse tópico deve fornecer ao leitor do seu texto uma visão geral do tema que
você irá abordar. Assim, você deverá expor os elementos adequados a cada
tipo de texto, que, de modo geral, abrangem itens como finalidade do
trabalho, objetivos e metodologia.
A introdução pode ser a primeira parte do trabalho a ser redigida; nesse caso,
você poderá usá-la para se guiar durante a escrita, pois deve seguir aqueles
passos que indicou na introdução. Todavia, recomenda-se que a introdução
seja redigida após finalizar o trabalho, para que seja, de fato, uma
apresentação de tudo aquilo que a pesquisa terá.
Esta parte do texto precisa ser breve, pois deve apresentar somente as
informações suficientes para que o leitor entenda o que ainda será tratado no
decorrer do trabalho. Você deve partir de informações gerais sobre o tema,
fixando-se no problema específico; nesse sentido, deve apresentar a
justificativa, o problema de pesquisa e os objetivos são os últimos elementos da
introdução. Tem, metaforicamente, uma imagem de funil – vai da apresentação
mais ampla do tema, indica a lacuna e daí indica o que se vai fazer em
relação a esse assunto (os objetivos dos trabalhos) – em geral, a introdução
termina com os objetivos, podendo até ter um parágrafo depois por questão
de continuidade e encerramento.
DESENVOLVIMENTO:
Você, enquanto autor, deve criar títulos para nomear os itens desenvolvimento,
pois o desenvolvimento costuma ser dividido em tópicos de assuntos. Nessa
parte, deve-se incluir, na medida em que couber: revisão da literatura,
metodologia, discussão e análise de resultados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Essa nomenclatura soa mais agradável que "conclusão", pois nem sempre uma
pesquisa chega, de fato, a uma resposta conclusiva. Neste tópico, deverão ser
apresentados os apontamentos finais em relação aos objetivos e hipóteses do
trabalho. Uma retomada do que já foi dito pode ser feita, mas de forma muito
sucinta, pois não é papel das considerações finais apresentar uma
retrospectiva do que foi abordado nos tópicos anteriores.
Após deixar o seu texto descansar por algumas horas (ou, melhor, por ao menos
um dia), conseguimos ter mais clareza do desenvolvimento textual. Assim, com o
intuito de fugir de uma escrita viciada, é importante:
NOTAS DE RODAPÉ:
Sobre esse elemento, que muitas vezes é bastante controverso, ECO (2019, p.
158) aponta alguns momentos em que a utilização é cabível:
REFERÊNCIAS:
Essa etapa deve ser construída em forma de redação dissertativa, na qual você
irá utilizar argumentos próprios e citações diretas e indiretas que irão
demonstrar o seu ponto de partida teórico para a execução do seu trabalho.
Encontrando referênci as
Pesquise em sites como Portal da Capes, Scielo, OasisBr, Google
Acadêmico e Open Library. Ao pesquisar, utilize o termo "pdf" para
encontrar documentos nesse formato – que, em geral, são fontes mais
confiáveis.
Além disso, cuidado para não expor uma visão meramente utilitarista. Por mais
que a sua pesquisa deva apresentar uma justificativa, o "para que serve" deve
ser entendido de forma ampla, não apenas prática e mecânica.
Assim, você terá o objetivo geral, que é o objetivo do seu projeto como um
todo, e os objetivos específicos, que refletem cada passo do projeto que irão
permitir que o objetivo geral seja alcançado.
Reserve espaços de tempo nos quais você irá se afastar do seu texto – só
não esqueça de retornar à escrita!
Eis alguns dos erros que você pode estar cometendo na produção do seu texto:
Uso de achismos, algo que pode ser bastante evitado se você renunciar à
linguagem imprecisa e cheia de clichês. Evite termos genéricos e, ao expor
um argumento que é seu, traga algum teórico para contribuir com esse
pensamento e reforçá-lo.
Eco (2019, p. 18) diz ainda que, se você não consegue terminar de escrever um
texto, pode ter acontecido que:
Você escolheu um tema que estava além do que poderia ser executado
naquele momento.
Você não consegue terminar porque nunca está contente com a pesquisa,
quer sempre dizer tudo o que existe para ser dito e continuar
desenvolvendo o tema por muito tempo. Porém, como já foi dito, um
estudioso hábil deve ser capaz de se contentar com a produção da
pesquisa que pode ser feita até um determinado limite e, ainda, ser capaz
de produzir algo bom dentro dessas fronteiras.
Releia trabalhos com mesma temática e gênero que o seu. Mas cuidado: a
ideia aqui não é estabelecer comparações que façam você se sentir
inferior, mas sim analisar a forma de abordagem do texto e a estrutura
adotada por outro pesquisador.
Não tenha vergonha de escrever. Acha que o texto não vai ficar bom? Tudo
bem, todo grande pesquisador por aí já escreveu alguma coisa que
merecia ir direto para o lixo. Se você não se expor à prática, sua
metodologia nunca será aprimorada. Não se apegue à primeira tentativa
(segunda, terceira...) de escrever algo. Da forma que for, apenas escreva.
Um tempo depois, releia, revise, reorganize e reescreva até que o texto
fique ao menos razoável. Se você simplesmente abandonar todo texto que
começar mal, simplesmente nunca vai aprender como melhorar.
E eis um fato: você vai escrever muito texto ruim, do tipo que faz você
querer apagar da memória. Aceite isso. Aceite também que produzir um
texto que é completamente escrito por um espírito inspirado e que fica bom
já na primeira versão é muito, muito raro. Então, sim, haverá momentos em
que tudo que você vai conseguir escrever é pura encheção de linguiça, mas
eis a boa notícia: você também vai escrever muita coisa sensacional. Só que
esse processo não será traçado por uma linha reta e inabalável: um dia
você se sairá bem, outro dia se sairá péssimo. Lidar com esses extremos fica
mais leve quando a gente entende e aceita que os textos ruins são tão
importantes quanto os bons.
Quanto mais você escreve, melhor fica. Por isso é tão importante não
desistir, nem mesmo e principalmente quando estiver difícil. Só a prática
poderá te levar à perfeição – ao, ao menos, próximo dela. Será o
treinamento persistente que te trará habilidades, amadurecimento e
experiência – afinal, a única diferença entre você e o autor teórico que
você mais admira é que ele provavelmente escreve há bem mais tempo que
você. E nem ele consegue escrever bem todos os dias, assim como seu
orientador, seu colega que mais se destaca na turma e assim vai. A prática
não vai impedir que esses momentos mais difíceis aconteçam, mas vai te
ensinar a lidar de forma muito mais tranquila com eles.
@EIPROFA.DEYSE 2021
Não tenha medo das correções, afinal, você não pode querer ser um
grande gênio solitário. Eu sei que é uma avaliação negativa pode ser um
grande golpe na já frágil autoestima de um pesquisador, mas, se o seu
orientador te envia um texto cheio de marcações, mas não há alternativa
além de refazer. São as correções, por mais duras que sejam, que irão
aprimorar o seu texto. Tente enxergar o lado positivo dessa situação, mesmo
quando é difícil encontrar algum, porque essa é a única forma de, um dia,
você não ser aquele que é corrigido, mas sim o corretor.
Você vai se sentir um impostor. Isso vai acontecer quando você tiver
problemas em desenvolver um bom trabalho e quando você finalmente
conseguir construir um bom texto. Faz parte do processo de escrita achar
que você nunca vai ser tão bom quanto Fulano ou mesmo achar que o seu
texto, que todo mundo diz que está bom, na verdade não ficou tão bom
assim. Por isso, tente ao máximo não se comparar com ninguém,
especialmente com quem escreve há mais tempo que você. E não se
compare quando você for elogiado, porque mesmo o seu melhor texto vai
ser diferente do melhor texto bom de outra pessoa, e é importante saber
aceitar que ser igualmente talentoso e competente é diferente de ser
simplesmente igual.
Para refletir
Nem sempre percebemos, mas a verdade é que começamos a escrever
academicamente quando entramos na universidade, ainda na graduação.
Desde o seu primeiro período você já pode começar a construir a sua escrita
acadêmica e o que você produzir ao longo dos anos não pode ser descartado,
por mais inicial que seja o texto.
Por isso, é muito comum e até
recomendável que você produza textos
a partir de trabalhos anteriores. Você
apenas deve se atentar para os
recortes, ajustes de texto, formatação
do arquivo, atualização da literatura,
restauração de seções e demais
estruturas etc. Um novo objetivo precisa
estar bem definido, portanto, o que não
significa que o trabalho que você já
teve não pode ser aproveitado.
O fim
Escrever academicamente é um processo intenso e cheio de regras e normas
técnicas, mas também é uma ótima forma de desenvolver o nosso
autoconhecimento. Por isso, para que nós tenhamos uma boa relação com os
nossos textos, precisamos ter uma relação honesta e estável conosco.
Muitas das maiores dificuldades com a escrita acadêmica vêm de um lugar que
pode ser resolvido se nós formos um pouco menos autocríticos e um pouco mais
conscientes das mudanças e variações que a nossa escrita pode sofrer. Não
busque a perfeição, porque ela não existe. Busque apenas ser melhor do que
você foi ontem – e, se isso não for possível hoje, o amanhã está aí para isso.
Notas mentais:
Não meça o seu progresso
com a régua de outra pessoa
Referências bibliográfi c as
DURÃO, F. A. Metodologia de pesquisa em
Literatura. São Paulo: Parábola Editorial,
2020.
@eiprofa.deyse
deyse_fb@hotmail.com