SEDUC-PA
Comum as Disciplinas de Professor Classe I:
• Artes
• Biologia
• Educação Física
• Filosofia
• Física
• Geografia
• História
• Inglês
• Português
• Matemática
• Química
• Sociologia
MR075-2018
DADOS DA OBRA
• Língua Portuguesa
• Conhecimentos Didático-Pedagógicos
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Autora
Ana Maria
Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Julia Antoneli
Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO
CURSO ONLINE
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SUMÁRIO
Língua Portuguesa
Compreensão e interpretação de textos; ....................................................................................................................................................... 83
Denotação e conotação;........................................................................................................................................................................................ 76
Figuras;.......................................................................................................................................................................................................................... 76
Coesão e coerência;................................................................................................................................................................................................. 86
Tipologia textual;...................................................................................................................................................................................................... 85
Significação das palavras;...................................................................................................................................................................................... 76
Emprego das classes de palavras; ..................................................................................................................................................................... 07
Sintaxe da oração e do período; ....................................................................................................................................................................... 63
Pontuação; .................................................................................................................................................................................................................. 50
Concordância verbal e nominal; ........................................................................................................................................................................ 52
Regência verbal e nominal; .................................................................................................................................................................................. 58
Estudo da crase;........................................................................................................................................................................................................ 71
Semântica e estilística. ........................................................................................................................................................................................... 76
Redação Oficial.......................................................................................................................................................................................................... 91
Conhecimentos Didático-Pedagógicos
Fundamentos da Educação: conceitos e concepções pedagógicas, seus fins e papel na sociedade ocidental contempo-
rânea.............................................................................................................................................................................................................................. 01
Principais aspectos históricos da Educação Brasileira................................................................................................................................ 15
Aspectos legais e políticos da organização da educação brasileira: as Diretrizes Curriculares Nacionais e suas implica-
ções na prática pedagógica; Estatuto da Criança e do Adolescente; LDB Lei Federal nº 9394/96 e alterações posteriores;
Parâmetros Curriculares Nacionais.................................................................................................................................................................... 21
Educação, trabalho, formação profissional e as transformações da Educação Básica................................................................116
Função histórica e social da escola: a escola como campo de relações (espaços de diferenças, contradições e conflitos),
para o exercício e a formação da cidadania, difusão e construção do conhecimento...............................................................135
Organização do processo didático: planejamento, estratégias e metodologias, avaliação; Avaliação como processo con-
tínuo, investigativo e inclusivo; A didática como fundamento epistemológico do fazer docente.........................................153
O currículo e cultura, conteúdos curriculares e aprendizagem, projetos de trabalho; Interdisciplinaridade e contextuali-
zação; Multiculturalismo; A escola e o Projeto Político Pedagógico; O espaço da sala de aula como ambiente interativo;
a atuação do professor mediador; a atuação do aluno como sujeito na construção do conhecimento............................177
Planejamento e gestão educacional...............................................................................................................................................................208
Gestão da aprendizagem.....................................................................................................................................................................................214
O Professor: formação e profissão...................................................................................................................................................................216
A pesquisa na prática docente..........................................................................................................................................................................263
A educação em sua dimensão teórico-filosófica: filosofias tradicionais da Educação e teorias educacionais contemporâ-
neas; As concepções de aprendizagem/aluno/ensino/professor nessas abordagens teóricas...............................................266
Principais Teorias e práticas na educação; As bases empíricas, metodológicas e epistemológicas das diversas teorias de
aprendizagem; Contribuições de Piaget, Vygotsky e Wallon para a psicologia e pedagogia.................................................284
Psicologia do desenvolvimento: aspectos históricos e biopsicossociais..........................................................................................294
Temas contemporâneos: bullying, o papel da escola, a escolha da profissão, transtornos alimentares na adolescência,
família, escolhas sexuais.......................................................................................................................................................................................301
Ética Profissional.....................................................................................................................................................................................................322
LÍNGUA PORTUGUESA
Letra e Fonema.......................................................................................................................................................................................................... 01
Estrutura das Palavras............................................................................................................................................................................................. 04
Classes de Palavras e suas Flexões..................................................................................................................................................................... 07
Ortografia.................................................................................................................................................................................................................... 44
Acentuação................................................................................................................................................................................................................. 47
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 50
Concordância Verbal e Nominal......................................................................................................................................................................... 52
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................... 58
Frase, oração e período.......................................................................................................................................................................................... 63
Sintaxe da Oração e do Período......................................................................................................................................................................... 63
Termos da Oração.................................................................................................................................................................................................... 63
Coordenação e Subordinação............................................................................................................................................................................. 63
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 71
Colocação Pronominal............................................................................................................................................................................................ 74
Significado das Palavras......................................................................................................................................................................................... 76
Interpretação Textual............................................................................................................................................................................................... 83
Tipologia Textual....................................................................................................................................................................................................... 85
Gêneros Textuais....................................................................................................................................................................................................... 86
Coesão e Coerência................................................................................................................................................................................................. 86
Reescrita de textos/Equivalência de Estruturas............................................................................................................................................. 88
Estrutura Textual........................................................................................................................................................................................................ 90
Redação Oficial.......................................................................................................................................................................................................... 91
Funções do “que” e do “se”................................................................................................................................................................................100
Variação Linguística...............................................................................................................................................................................................101
O processo de comunicação e as funções da linguagem......................................................................................................................103
LÍNGUA PORTUGUESA
Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina. Especialista pela Universidade Estadual Paulista
– Unesp
LETRA E FONEMA
A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:
amor – ator / morro – corro / vento - cento
Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.
Fonema e Letra
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.
- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
- o fonema /sê/: texto
- o fonema /zê/: exibir
- o fonema /che/: enxame
- o grupo de sons /ks/: táxi
- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.
1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, É a sequência formada por uma semivogal, uma vo-
bola. gal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba.
Pode ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tri-
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, tongo nasal.
bola.
3) Hiato
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
- Fechadas: mês, luta, amor pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
- Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das pa- de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia
lavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”). (po-e-si-a).
Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vo-
Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma gal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
só emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas Existem basicamente dois tipos:
são chamados de semivogais. A diferença fundamental en- 1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r”
tre vogais e semivogais está no fato de que estas não de- e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
sempenham o papel de núcleo silábico. a-tle-ta, cri-se.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: 2-) os que resultam do contato de duas consoantes
pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão Há ainda grupos consonantais que surgem no início
forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,
história, série. psi-có-lo-go.
3) Consoantes Dígrafos
Para a produção das consoantes, a corrente de ar expi- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
rada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca- crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verda- quatro letras.
deiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em portu- Há, no entanto, fonemas que são representados, na es-
guês, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: crita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. letras.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Dígrafos Consonantais
Dígrafos Vocálicos
* Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/:
guitarra, aquilo. Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” repre-
senta um fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há
dígrafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo) .
** Dica: Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /agua/ nós
pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo [aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”]. Portanto: 8 letras e 6 fonemas).
Dífonos
Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos), existem letras que representam dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos
de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.
Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Questões
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
1-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
BRAS – FAFIPA/2014) Em todas as palavras a seguir há um
dígrafo, EXCETO em
(A) prazo. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista
(B) cantor. de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos
(C) trabalho. em seus menores elementos (partes) possuidores de sen-
(D) professor. tido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por
três elementos significativos:
1-)
(A) prazo – “pr” é encontro consonantal In = elemento indicador de negação
(B) cantor – “an” é dígrafo Explic – elemento que contém o significado básico da
(C) trabalho – “tr” encontro consonantal / “lh” é dígrafo palavra
(D) professor – “pr” encontro consonantal q “ss” é dí- Ável = elemento indicador de possibilidade
grafo
RESPOSTA: “A”. Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
2-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI- contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
BRAS – FAFIPA/2014) Assinale a alternativa em que os itens tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
destacados possuem o mesmo fonema consonantal em to- tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar
das as palavras da sequência. claro”.
(A) Externo – precisa – som – usuário.
MORFEMAS = são as menores unidades significativas
(B) Gente – segurança – adjunto – Japão.
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
(C) Chefe – caixas – deixo – exatamente.
(D) Cozinha – pesada – lesão – exemplo.
Classificação dos morfemas:
2-) Coloquei entre barras ( / / ) o fonema representado
Radical, lexema ou semantema – é o elemento por-
pela letra destacada:
tador de significado. É através do radical que podemos for-
(A) Externo /s/ – precisa /s/ – som /s/ – usuário /z/
mar outras palavras comuns a um grupo de palavras da
(B) Gente /j/ – segurança /g/ – adjunto /j/ – Japão /j/ mesma família. Exemplo: pequeno, pequenininho, pequenez.
(C) Chefe /x/ – caixas /x/ – deixo /x/ – exatamente O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um
/z/ mesmo radical denomina-se família de palavras.
(D) cozinha /z/ – pesada /z/ – lesão /z/– exemplo /z/
RESPOSTA: “D”. Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (sufi-
3-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE xo), prever (prefixo), infiel.
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “Seja Sangue
Bom!” Na sílaba final da palavra “sangue”, encontramos Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob-
duas letras representando um único fonema. Esse fenôme- têm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos,
no também está presente em: amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à medida
A) cartola. que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
B) problema. plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também
C) guaraná. ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D) água. (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
E) nascimento. concluir que existem morfemas que indicam as flexões das
palavras. Estes morfemas sempre surgem no fim das pala-
3-) Duas letras representando um único fonema = dí- vras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desi-
grafo nências nominais e desinências verbais.
A) cartola = não há dígrafo
B) problema = não há dígrafo • Desinências nominais: indicam o gênero e o número
C) guaraná = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) dos nomes. Para a indicação de gênero, o português cos-
D) água = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) tuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/
E) nascimento = dígrafo: sc menina. Para a indicação de número, costuma-se utilizar
RESPOSTA: “E”. o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos
nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assu-
me a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.
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LÍNGUA PORTUGUESA
• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências Palavras primitivas: aquelas que, na língua portugue-
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há desinências sa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
que indicam o modo e o tempo (desinências modo-tem-
porais) e outras que indicam o número e a pessoa dos ver- Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
bos (desinência número-pessoais): sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Abreviação – é a redução de palavras até o limite per- 2-) en + triste + ido (com consoante de ligação “c”) =
mitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneu- ao radical “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufixo
mático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). “ido”, ou seja, “entristecido” é palavra derivada do processo
de formação de palavras chamado de: prefixação e sufixa-
* Observação: ção. Para o exercício, basta “derivada”!
- Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini- RESPOSTA: “C”.
ciais: p. ou pág. (para página), sr. (para senhor).
- Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras ini-
ciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas impuras),
que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras);
DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (siglas impu-
ras).
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego)
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)
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LÍNGUA PORTUGUESA
de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS E SUAS FLEXÕES
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
característica do ser e se relaciona com o substantivo, con- de madeira lígneo
cordando com este em gênero e número. de mestre magistral
de ouro áureo
As praias brasileiras estão poluídas.
de paixão passional
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de pâncreas pancreático
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de porco suíno ou porcino
Locução adjetiva dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma de sonho onírico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição + de velho senil
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vento eólico
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio de vidro vítreo ou hialino
(paixão desenfreada). de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observe outros exemplos:
* Observação: nem toda locução adjetiva possui um
de águia aquilino adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por
de aluno discente exemplo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
de anjo angelical Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de ano anual
de aranha aracnídeo O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
de boi bovino como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
de cabelo capilar ou do objeto).
de cabra caprino
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles:
de criança pueril
de dedo digital Estados e cidades brasileiras:
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo Alagoas alagoano
de farinha farináceo Amapá amapaense
de fera ferino Aracaju aracajuano ou aracajuense
de ferro férreo Amazonas amazonense ou baré
de fogo ígneo Belo Horizonte belo-horizontino
de garganta gutural Brasília brasiliense
de gelo glacial Cabo Frio cabo-friense
de guerra bélico Campinas campineiro ou campinense
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
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LÍNGUA PORTUGUESA
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a
moça norte-americana.
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substan-
tivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, en-
tão, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- Renato fala menos alto do que João.
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de superioridade:
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma fala mais alto do que João.
popular é constituída do radical do adjetivo português + o 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. melhor que João.
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- Grau Superlativo
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
– cheíssimo. O superlativo pode ser analítico ou sintético:
- Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
Fontes de pesquisa: fala muito alto.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
php modo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- * Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nho, etc.) são comuns na língua popular.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. A criança levantou cedinho. (muito cedo)
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LÍNGUA PORTUGUESA
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- - Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
cer como advérbio e como pronome indefinido. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e - O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. bio: Cheguei primeiro.
* Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio - Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia, adverbial desempenham na oração a função de adjunto
sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio.
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
pois “muitos” não dá!). = advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
dade e de tempo, respectivamente.
2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei
muitos capítulos) = pronome indefinido Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
Advérbios Interrogativos php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes Saraiva, 2010.
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Interrogação Direta Interrogação Indireta SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava. Artigo
Por que choras? Não sei por que choras.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. se como o termo variável que serve para individualizar ou
Donde vens? Pergunto donde vens. generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Quando voltas? Pergunto quando voltas. (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”).
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Artigos definidos – São aqueles usados para indicar Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
seres determinados, expressos de forma individual: sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Roma.
muito.
- antes de pronomes de tratamento:
Artigos indefinidos – São aqueles usados para indicar Vossa Senhoria sairá agora?
seres de modo vago, impreciso: Exceção: O senhor vai à festa?
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas! - após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.
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O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- Fontes de pesquisa:
seiam. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
php
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
nais à medida em que, na medida que e na medida em que. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração Saraiva, 2010.
principal. São elas: quando, enquanto, antes que, depois que, Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição
A briga começou assim que saímos da festa.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
h) Comparativas: introduzem uma oração que expres- ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
sa ideia de comparação com referência à oração principal. guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual,
rente de uma situação particular, um momento ou um con-
que nem, que (combinado com menos ou mais), etc.
texto específico. Exemplos:
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que ção
(tendo como antecedente na oração principal uma palavra
como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. O significado das interjeições está vinculado à maneira
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-
exame. do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que
for utilizada. Exemplos:
Atenção: Muitas conjunções não têm classificação úni- Psiu!
ca, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de acor- contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua
do com o sentido que apresentam no contexto (grifo ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando!
da Zê!). Ei, espere!”
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- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais
Ordinais Cardinais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri- - Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se
plas do medicamento. refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/ para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
duas terças partes. Sua utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O arti-
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. go só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo:
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau Ambos esses ministros falarão à imprensa.
nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como: Função sintática do Numeral
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade! O numeral tem mais de uma função sintática:
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= - se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o
segunda divisão de futebol) numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer
papel de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto
Emprego e Leitura dos Numerais direto ou indireto.
- Os numerais são escritos em conjunto de três alga- Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.
rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de Objeto direto = cinco casas
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma Núcleo do objeto direto = casas
separação através de ponto ou espaço correspondente a Adjunto adnominal = cinco
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456. Objeto indireto = de duas
- Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
Núcleo do objeto indireto = duas
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.
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Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
sa escola neste ano. tença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordância * Observação: o pronome oblíquo é uma forma va-
adequada] riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- dica a função diversa que eles desempenham na oração:
dância inadequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
tônicos.
Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono
São aqueles que substituem os substantivos, indicando São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes fraca: Ele me deu um presente.
“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di- Tabela dos pronomes oblíquos átonos
rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à - 1.ª pessoa do singular (eu): me
pessoa ou às pessoas de quem se fala. - 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
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- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. - Os pronomes de tratamento representam uma for-
Eles se conheceram. ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Elas deram a si um dia de folga. tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
* O pronome é reflexivo quando se refere à mesma supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
** É pronome recíproco quando indica reciprocidade - 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
de ação: jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
Nós nos amamos. com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
Olhamo-nos calados. vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa.
Pronomes de Tratamento Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente.
soa. Alguns exemplos:
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
teus cabelos. (errado)
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
blica (sempre por extenso) ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de Pronomes Possessivos
igual categoria São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
de direito (coisa possuída).
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do
cerimonioso singular)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
NÚMERO PESSOA PRONOME
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre- singular primeira meu(s), minha(s)
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- singular segunda teu(s), tua(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados
singular terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma plural primeira nosso(s), nossa(s)
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou plural segunda vosso(s), vossa(s)
literária.
plural terceira seu(s), sua(s)
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São utilizados para explicitar a posição de certa palavra - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser invariáveis, observe:
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
*Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
* Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa que fala:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
Este material é meu.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis- gênero quando têm caráter reforçativo:
tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.
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- semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe:
- tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
* Note que: tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
- Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne-
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en- nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em outras, quantas.
primeiro lugar.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação algo, cada.
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ral é feito em seu interior).
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo) - Todo e toda no singular e junto de artigo significa
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Pronomes Indefinidos Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- Trabalho todo dia. (= todos os dias)
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
-plantadas. cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Cada um escolheu o vinho desejado.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu-
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des-
Indefinidos Sistemáticos
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
guém, outrem, quem, tudo. sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Algo o incomoda? afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Quem avisa amigo é. negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser e qualquer, que generaliza.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Essas oposições de sentido são muito importantes na
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
Cada povo tem seus costumes. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
Certas pessoas exercem várias profissões. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
de que fazem parte:
* Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
vos, ora pronomes indefinidos adjetivos: prático.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, pessoas quaisquer.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), *Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. que se refere à unidade. Repare:
Nenhum candidato foi aprovado.
Menos palavras e mais ações. Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é nu-
Alguns se contentam pouco. meral)
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Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou- júri jurados
tra abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
malta malfeitores ou desordeiros
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- manada búfalos, bois, elefantes,
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, matilha cães de raça
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan- molho chaves, verduras
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de multidão pessoas em geral
seres da mesma espécie (abelhas).
insetos (gafanhotos,
nuvem
mosquitos, etc.)
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, pinacoteca pinturas, quadros
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
quadrilha ladrões, bandidos
da mesma espécie.
ramalhete flores
Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas repertório peças teatrais, obras musicais
alcateia lobos réstia alhos ou cebolas
acervo livros romanceiro poesias narrativas
antologia trechos literários selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
bando desordeiros ou malfeitores tropa muares, soldados
banca examinadores turma estudantes, trabalhadores
batalhão soldados vara porcos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra
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Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mulher, pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
poeta – poetisa, prefeito - prefeita czar – czarina, réu - ré
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LÍNGUA PORTUGUESA
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. * Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções,
nomes de cidades são femininos.
Sobrecomuns: A histórica Ouro Preto.
Entregue as crianças à natureza. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe:
Outros substantivos sobrecomuns: o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
criatura.
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibi-
ção de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do cor-
Comuns de Dois Gêneros: po), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza
(resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital (ci-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? dade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração
A distinção de gênero pode ser feita através da análise da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento,
cês - repórter francesa pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
dois gêneros. (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
aceitam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
(remador), a voga (moda).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo
Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o do plural é o “s” final.
proclama, o pernoite, o púbis.
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- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de - Permanecem invariáveis, quando formados de:
duas maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses ca-rolhas
2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. * Casos Especiais
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* Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qual-
quer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá conjugação
completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético,
tornando-se, tais verbos, pessoais.
- o verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?
- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
miar, latir, piar).
* Observação: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)
- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:
32
LÍNGUA PORTUGUESA
* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escrever/
escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui) e
ir (fui, ia, vades).
- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das
formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem
2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: A garota
penteou-me.
* Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular
Modos Verbais
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:
Formas Nominais
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
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LÍNGUA PORTUGUESA
1-) Infinitivo
1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substan-
tivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.
1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
* Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.
3-) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o resul-
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos
saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.
(Ziraldo)
Tempos Verbais
Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou de-
sejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.
Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
Modo Indicativo
Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M
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LÍNGUA PORTUGUESA
Pretérito mais-que-perfeito
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
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LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).
1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de nú-
mero e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M
Futuro do Subjuntivo
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM
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LÍNGUA PORTUGUESA
Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
Infinitivo Pessoal
* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
* Observação: não confundir o emprego reflexivo do Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
verbo com a noção de reciprocidade: tancialmente o sentido da frase.
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro) O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Formação da Voz Passiva
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
A voz passiva pode ser formada por dois processos: (Voz Passiva)
analítico e sintético. Sujeito da Passiva Agente da Passi-
va
1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte ma-
neira: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo: assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os Observe:
alunos pintarão a escola) - Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
* Observação: o agente da passiva geralmente é acom- mestres.
panhado da preposição por, mas pode ocorrer a constru-
ção com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada - Eu o acompanharei.
de soldados. Ele será acompanhado por mim.
- Pode acontecer de o agente da passiva não estar ex- * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
** Saiba que:
ção das frases seguintes:
- com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Fontes de pesquisa:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- php
tivo) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Questões
2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, segui- RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
do do pronome apassivador “se”. Por exemplo: instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
Abriram-se as inscrições para o concurso. (A) que o instituto Endeavor traz;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (B) que o instituto Endeavor trouxe;
(C) trazida pelo instituto Endeavor;
* Observação: o agente não costuma vir expresso na (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
voz passiva sintética. (E) que traz o instituto Endeavor.
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LÍNGUA PORTUGUESA
1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa tere- Regras ortográficas
mos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o tem-
po verbal no pretérito – assim como na passiva). O fonema s
RESPOSTA: “B”.
S e não C/Ç
2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 - palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-
adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão /
muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inver-
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal: são / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir
A) consideravam. - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
B) consideram. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
C) considerem. sentir - sensível / consentir – consensual.
D) considerarão.
E) considerariam.
SS e não C e Ç
2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então na
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou
ativa teremos UM: muitos o consideram o maior marato-
nista de todos os tempos. -meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
RESPOSTA: “B”. - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / com-
prometer - compromisso / submeter – submissão.
3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014) *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal re- trico / re + surgir – ressurgir.
sultante deverá ser *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
(A) terei glosado plos: ficasse, falasse.
(B) seria glosada
(C) haverá de ser glosada C ou Ç e não S e SS
(D) será glosada
(E) terá sido glosada vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju-
3-) “vou glosar uma observação de Machado de Assis” çara, caçula, cachaça, cacique.
– “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na pas- sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
siva: uma observação de Machado de Assis será glosada uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
por mim. esperança, carapuça, dentuço.
RESPOSTA: “D”. nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
após ditongos: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):
ORTOGRAFIA marte - marciano / infrator - infração / absorto – absorção.
O fonema z
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
S e não Z
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
grafados segundo acordos ortográficos. sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é fose.
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti- seste.
mologia (origem da palavra). nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
empresa / difundir – difusão.
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LÍNGUA PORTUGUESA
G e não J * Dica:
- Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ges- grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
so. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ela-
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- referência até mesmo para a criação de dicionários, pois
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. traz a grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na
Internet, o endereço é www.academia.org.br.
Exceção: pajem.
Informações importantes
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, - Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
litígio, relógio, refúgio. equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, lampar/relampadar.
mugir. - Os símbolos das unidades de medida são escritos
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plu-
gir. ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
depois da letra “a”, desde que não seja radical termina- 120km/h.
do com j: ágil, agente. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
- Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
J e não G haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. quatro segundos).
palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
manjerona. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
palavras terminadas com aje: ultraje. vertical ($).
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LÍNGUA PORTUGUESA
1. Em palavras compostas por justaposição que formam 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
para formarem um novo significado: tio-avô, porto-ale- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
grense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda- -fei- religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
ra, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, microrradiografia, etc.
azul-escuro.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
-menina, erva-doce, feijão-verde. trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
cola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
sumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de- segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, ta, etc.
etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- to, benquerer, benquerido, etc.
per- quando associados com outro termo que é iniciado
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. - Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. pressuposto, propor.
- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. -humano, super-realista, alto-mar.
- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, Fontes de pesquisa:
geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
super-homem. tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
termina com a mesma vogal do segundo elemento: micro
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está ** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos esti-
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano verem em uma palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu)
– médico – ônibus ainda são acentuados: dói, escarcéu.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
2- Separa partes de frases que já estão separadas por 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, mon- depois, o coração falar...
tanhas, frio e cobertor.
Vírgula (,)
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. Não se usa vírgula
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; * separando termos que, do ponto de vista sintático,
Caminhada na praia; ligam-se diretamente entre si:
Reunião com amigos. - entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado
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4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou *Quando “um dos que” vem entremeada de substanti-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, vo, o verbo pode:
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pes- o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que faça o
soa do plural) ou com o pronome pessoal. mesmo).
Quais de nós são / somos capazes? b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? poluídos (noção de que existem outros rios na mesma con-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- dição).
vadoras.
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Observação: veja que a opção por uma ou outra forma verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém Vossa Excelência está cansado?
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- Vossas Excelências renunciarão?
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e 9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. acordo com o numeral.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver Deu uma hora no relógio da sala.
no singular, o verbo ficará no singular. Deram cinco horas no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Soam dezenove horas no relógio da praça.
Algum de vós fez isso. Baterão doze horas daqui a pouco.
5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra re-
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve lógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
concordar com o substantivo. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soa quinze horas o relógio da matriz.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito. 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% do eleitorado aceita a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
1% dos alunos faltaram à prova. verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer indi-
cando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da nature-
Quando a expressão que indica porcentagem não é za. Exemplos:
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nú- Havia muitas garotas na festa.
mero. Faz dois meses que não vejo meu pai.
25% querem a mudança. Chovia ontem à tarde.
1% conhece o assunto.
b) Sujeito Composto
Se o número percentual estiver determinado por artigo
ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles: 1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo,
Os 30% da produção de soja serão exportados. a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
6) O pronome “que” não interfere na concordância; já o
“quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do singular. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fui eu que paguei a conta. Sujeito
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
Sou eu quem faz a prova. maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma-
Não serão eles quem será aprovado. neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu- terceira (eles). Veja:
mir a forma plural. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Primeira Pessoa do Plural (Nós)
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Observação: quando o sujeito é composto, formado 5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um
(ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do mesmo grau de importância e a palavra “com” tem sentido
plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no muito próximo ao de “e”.
lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em O professor com o aluno questionaram as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su- Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
jeito mais próximo. ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Faltaram coragem e competência. O pai com o filho montou o brinquedo.
Faltou coragem e competência. O governador com o secretariado traçou os planos para
o próximo semestre.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
O professor com o aluno questionou as regras.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
Observação: com o verbo no singular, não se pode
4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez
cia é feita no plural. Observe: que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
Abraçaram-se vencedor e vencido. adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como se
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. houvesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Casos Particulares “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos “O professor questionou as regras com o aluno.”
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. *Casos em que se usa o verbo no singular:
A coragem e o destemor fez dele um herói. Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
do me satisfaz. mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
verbo ficará no plural.
3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de acor- Nordeste.
do com o valor semântico das conjunções: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe- tícia.
sia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi- feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
ção”. Já em:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Juca ou Pedro será contratado.
na vida das pessoas.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no 1) O Verbo e a Palavra “SE”
singular. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
de particular interesse para a concordância verbal:
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. b) quando é partícula apassivadora.
Um ou outro compareceu à festa. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
Nem um nem outro saiu do colégio. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no ceira pessoa do singular:
singular: Um e outro farão/fará a prova. Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos: Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Construiu-se um posto de saúde. Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Construíram-se novos postos de saúde. Duas semanas de férias é muito para mim.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas. d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará o
** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivadora verbo.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente transformar No meu setor, eu sou a única mulher.
a frase para a voz passiva. Se a frase construída for “com- Aqui os adultos somos nós.
preensível”, estaremos diante de uma partícula apassivado-
ra; se não, o “se” será índice de indeterminação. Veja: Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre-
Precisa-se de funcionários qualificados. dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo
Tentemos a voz passiva: concorda com o pronome sujeito.
Funcionários qualificados são precisados (ou precisos)? Eu não sou ela.
Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice de inde- Ela não é eu.
terminação do sujeito.
Agora: e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
Vendem-se casas. titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta! SER concordará com o predicativo.
Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu A grande maioria no protesto eram jovens.
passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per- O resto foram atitudes imaturas.
cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).
2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
sujeito.
b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
Quando o sujeito ou o predicativo for: sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
concorda com a pessoa gramatical: crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
A esperança dos pais são eles, os filhos. CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural: Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Quando o verbo SER indicar ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
tros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas denun-
ciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:
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LÍNGUA PORTUGUESA
a) Adjetivo anteposto aos substantivos: ** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
- O adjetivo concorda em gênero e número com o a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de advérbio,
substantivo mais próximo. portanto, invariável; se houver coerência com o segundo,
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. função de adjetivo, então varia:
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad-
vérbio
- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. ** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansan-
do)
b) Adjetivo posposto aos substantivos: 7) Quando um único substantivo é modificado por dois
- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as cons-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural se truções:
houver substantivo feminino e masculino). a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espanhola
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. e a portuguesa.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e portu-
Observação: os dois últimos exemplos apresentam guesa.
maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se
refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi Casos Particulares
flexionado no plural masculino, que é o gênero predomi-
nante quando há substantivos de gêneros diferentes. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido
- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
A beleza e a inteligência feminina(s). adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem
O carro e o iate novo(s). possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo).
É proibido entrada de crianças.
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: Em certos momentos, é necessário atenção.
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substan- No verão, melancia é bom.
tivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água É preciso cidadania.
é bom para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.
b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
modificado por um artigo ou qualquer outro determinati- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
vo: Esta água é boa para saúde. como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os Esta salada é ótima.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as A educação é necessária.
muito felizes. São precisas várias medidas na educação.
5) Nas expressões formadas por pronome indefinido Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + te
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino sin-
gular: Os jovens tinham algo de misterioso. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- Seguem anexas as documentações requeridas.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a que A menina agradeceu: - Muito obrigada.
se refere: Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Cristina saiu só. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Cristina e Débora saíram sós. Estamos quites com nossos credores.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Estas palavras são invariáveis quando funcionam como 1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA
advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan- E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS-
do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu- TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar
merais. satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro- Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
nome adjetivo) concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) Excelência”.
As casas estão caras. (adjetivo) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) 1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
Meio - Meia masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar
a) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi de tratamento, apenas).
meia porção de polentas. RESPOSTA: “ERRADO”.
b) Quando empregada como advérbio permanece in- 2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
variável: A candidata está meio nervosa. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados
** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”,
saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a
candidata está um pouco nervosa”.
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver-
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão,
Alerta - Menos
deveria ser
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
sempre invariáveis.
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no eleva-
Os concurseiros estão sempre alerta.
dor.
Não queira menos matéria!
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no eleva-
* Tome nota! dor.
Não variam os substantivos que funcionam como ad- (E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
jetivos:
Bomba – notícias bomba 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”, in-
Chave – elementos chave direto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais não
Monstro – construções monstro gosto.
Padrão – escola padrão RESPOSTA: “E”.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
formas em frases distintas. regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-
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LÍNGUA PORTUGUESA
ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são Informar
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- Informe os novos preços aos clientes.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos preços)
lhe, lhes.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: as construções:
- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
iguais para todos.
bre eles)
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
Observação: a mesma regência do verbo informar é
tos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientifi-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. car, prevenir.
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Custou-me (a mim) crer nisso.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi- Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
rávamos a ele) tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- *A Gramática Normativa condena as construções que
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. pessoa: Custei para entender o problema. = Forma
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= As- correta: Custou-me entender o problema.
piravam a ela)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
ASSISTIR
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
ciar, estar presente, caber, pertencer. econômicas.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Essa lei assiste ao inquilino. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.
*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de NAMORAR
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
conturbada cidade. anos.
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LÍNGUA PORTUGUESA
- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Se uma oração completar o sentido de um nome, ou
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
O ensino deve sempre visar ao progresso social. completiva nominal (subordinada substantiva).
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.
ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
nal)
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LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de Perto de
Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: para-
lela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.
Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Questões
1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta da
língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: 1-) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
sujeito. Bateram à porta;
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado nistro.
pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é * Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
possível identificar claramente a que se refere a concor- ou composto:
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte- Os meninos bateram à porta. (simples)
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Estão gritando seu nome lá fora.
Trabalha-se demais neste lugar. 2-) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- verbos que não apresentam complemento direto:
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Precisa-se de mentes criativas.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Vivia-se bem naqueles tempos.
sublinhei os núcleos dos sujeitos: Trata-se de casos delicados.
Nós estudaremos juntos. Sempre se está sujeito a erros.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma indeterminação do sujeito.
derivação imprópria, transformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre- sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
sos de orações sem sujeito com:
senta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.
1-) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Está trovejando.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
2-) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Está tarde.
desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.
* Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segun- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
da do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os prono- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
mes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
na desinência verbal “-mos” do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- do sujeito numa oração é o seu predicado.
nência verbal “-ais” Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós * Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós cado.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no- duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
também se as palavras que formam o predicado referem- verbal e outro nominal.
se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
de opinião. o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
Predicado
Termos integrantes da oração
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
direta ou indiretamente ao verbo. complemento nominal são chamados termos integrantes da
A cidade está deserta. oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a diretamente, sem a presença de preposição, ou indireta-
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo mente, por intermédio de preposição.
do sujeito).
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo mente ao verbo.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano. Queremos sua ajuda.
Estudei muito hoje!
O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Compraste a apostila?
te:
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro-
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
cessos.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da Vossa Senhoria.
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, - para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do a crise)
sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como ele- retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele rela- Gosto de música popular brasileira.
cionadas. Necessito de ajuda.
* A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. O termo que integra o sentido de um nome chama-se
complemento nominal, que se liga ao nome que comple-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- ta por intermédio de preposição:
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao “necessária”
sujeito ou ao complemento verbal (objeto). Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por in- Termos acessórios da oração e vocativo
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
termo a que se refere. Os termos acessórios recebem este nome por serem
1- O dia amanheceu ensolarado; explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
2- As mulheres julgam os homens inconstantes. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo
– este, sem relação sintática com outros temos da oração.
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LÍNGUA PORTUGUESA
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o lor na oração, em:
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a mundo.
pé àquela velha praça. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
adverbial são: tudo forma o carnaval.
- assunto: Falavam sobre futebol. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- causa: As folhas caíram com o vento. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- companhia: Ficarei com meus pais.
- concessão: Apesar de você, serei feliz. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
- dúvida: Talvez ainda chova. relação sintática com outro termo da oração. A função de
- fim: Estudou para o exame. vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
- instrumento: Fez o corte com a faca. substantivos, numerais e palavras substantivadas esse pa-
- intensidade: Falava bastante.
pel na linguagem.
- lugar: Vou à cidade.
João, venha comigo!
- matéria: Este prato é feito de porcelana.
Traga-me doces, minha menina!
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. Questões
O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- 1-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função UFAL/2014 - adaptada)
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais
e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.
O poeta português deixou uma obra inacabada. O cartaz acima divulga a peça de teatro “Quem tem
O poeta deixou-a inacabada. medo de Virginia Woolf?” escrita pelo norte-americano
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do Edward Albee. O termo “de Virginia Woolf”, do título em
objeto)
português da peça, funciona como:
A) objeto indireto.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
B) complemento nominal.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto adnominal se
relaciona apenas ao substantivo. C) adjunto adnominal.
D) adjunto adverbial.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, E) agente da passiva.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um ter-
mo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda- 1-) O termo complementa a palavra “medo”, que é
feira, passei o dia mal-humorado. substantivo (nome – nominal). Portanto é um complemen-
to nominal. O verbo “ter” tem como complemento verbal
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo (objeto) a palavra “medo”, que exerce a função sintática de
“ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo objeto direto.
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira RESPOSTA: “B”.
passei o dia mal-humorado.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
Podemos modificar o período acima. Veja: * Atenção: Observe que a oração subordinada subs-
tantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim,
Quero ser aprovado. temos um período simples:
Oração Principal Oração Subordinada É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- a função de sujeito.
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordi- principal:
nada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, - Verbos de ligação + predicativo, em construções do
desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí- claro - Está evidente - Está comprovado
pio) chamamos orações reduzidas ou implícitas. É bom que você compareça à minha festa.
* Observação: as orações reduzidas não são introdu-
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se,
zidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
eventualmente, introduzidas por preposição.
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
1-) Orações Subordinadas Substantivas
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- importar - ocorrer - acontecer
grante (que, se). Convém que não se atrase na entrevista.
Não sabemos quando ele virá. As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
Oração Subordinada Substan- (desenvolvidas) são iniciadas por:
tiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
Classificação das Orações Subordinadas Substanti-
vas
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
Conforme a função que exerce no período, a oração
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
subordinada substantiva pode ser:
a) Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
É fundamental o seu comparecimento à reu- não sei por que ela fez isso.
nião.
Sujeito c) Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental que você compareça à
reunião. Meu pai insiste em meu estudo.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Objeto Indireto
tiva Subjetiva
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LÍNGUA PORTUGUESA
Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste 2-) Orações Subordinadas Adjetivas
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Objetiva Indireta valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
Observação: em alguns casos, a preposição pode estar a função de adjunto adnominal do antecedente.
elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
Objetiva Indireta minal)
d) Completiva Nominal = completa um nome que O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
pertence à oração principal e também vem marcada por “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
preposição. construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Sentimos orgulho de seu comportamento. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Complemento Nominal Oração Principal Oração Subordinada
Adjetiva
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
timos orgulho disso.) Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Oração Subordinada Substantiva adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Completiva Nominal feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- uma função sintática na oração subordinada: ocupa o pa-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto pel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso,
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma sujeito).
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Observação: para que dois períodos se unam num
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
período composto, altera-se o modo verbal da segunda
segundo, um nome.
oração.
e) Predicativa = exerce papel de predicativo do sujei-
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
to do verbo da oração principal e vem sempre depois do
conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
verbo ser.
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Nosso desejo era sua desistência. Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é
Predicativo do Sujeito equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.
Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
era isso)
Oração Subordinada Substantiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativa apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Observação: em certos casos, usa-se a preposição ex- das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
pletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
que não fui bem na prova. (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- particípio).
mo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome re-
Oração subordinada lativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito per-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo feito do indicativo. No segundo, há uma oração subordina-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) da adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo
e seu verbo está no infinitivo.
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! (:)
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LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que caracteri- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
zam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas minha vida.
maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especifi-
cam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração
que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o ante-
“Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
cedente, que já se encontra suficientemente definido. Estas
nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1: é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
passava naquele momento. pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Oração obtendo-se:
Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
vida.
No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o uni- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
mas sim àquele que estava passando naquele momento. preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
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LÍNGUA PORTUGUESA
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
cretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- nativa final: a fim de. Outras conjunções finais: que, porque
da de Infinitivo) (= para que) e a locução conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um fato. As
orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
que deve ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
se realizar - o fato expresso na oração principal. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: à
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio-
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me-
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais),
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me-
certamente o melhor time será campeão. nos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
mos.
d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradição ou
um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
ligada ao contraste, à quebra de expectativa. Principal con- expresso na oração principal, podendo exprimir noções de
junção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam- simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal
bém a conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con-
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locu-
Só irei se ele for. ções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com:
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
Irei mesmo que ele não vá.
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
Fontes de pesquisa:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con-
se-periodo-e-oracao
cessiva.
Observe outros exemplos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Embora fizesse calor, levei agasalho. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
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LÍNGUA PORTUGUESA
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
tratada recentemente. verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:
Após a junção da preposição com o artigo (destacados - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pres-
entre parênteses), temos: sas, à vontade...
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
recentemente. de...
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, clas-
sifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referi- * Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
mos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome Eu adoro a noite!
demonstrativo aquela (àquela). Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Observação importante: Alguns recursos servem de preposição.
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não da
crase. Eis alguns: Casos passíveis de nota:
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase *a crase é facultativa diante de nomes próprios femini-
está confirmada. nos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. *também é facultativa diante de pronomes possessivos
femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expres- *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja ficará
são “voltar da”, há a confirmação da crase. aberta até as (às) dezoito horas.
Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
Não me esqueço da viagem a Roma.
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão por
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
mais vividos.
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
a queima de fogos a distância.
está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou arremessado à distância de cem metros.
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?) - De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade -,
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) faz-se necessário o emprego da crase.
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifica- Ensino à distância.
do, ocorrerá crase. Veja: Ensino a distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” * Em locuções adverbiais formadas por palavras repeti-
Irei à Salvador de Jorge Amado. das, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
* A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Eu o seguirei passo a passo.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
gente exigir complemento regido da preposição “a”. Casos em que não se admite o emprego da crase:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) * Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Iremos àquela reunião. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
* Antes de verbos no infinitivo.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian- Ele estava a cantar.
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança) Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)
72
LÍNGUA PORTUGUESA
73
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram lhe disse isso?
uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade
de Tikal, na Guatemala. 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
O a empregado na frase acima, imediatamente depois se ofendem!
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso o
segmento grifado seja substituído por: 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
(A) Uma tal ilação. Que Deus o ajude.
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
(D) Emitir uma opinião desse tipo. reto ou sujeito expresso:
(E) Semelhante resultado. Eu lhe entregarei o material amanhã.
Tu sabes cantar?
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento grave Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
antes de artigo) verbo. A mesóclise é usada:
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (antes
de palavra no plural e o “a” no singular) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
vação precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
(verbo no infinitivo) em prol da paz no mundo.
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pala- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
vra masculina) lizará”:
RESPOSTA: “C”. realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma palavra
que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria. Veja:
Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanha-
ria nessa viagem).
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
pronomes oblíquos átonos na frase. ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
possíveis:
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função
de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: 1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
OBlíquo = OBjeto! Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- era minha intenção machucá-la.
vem ser observadas na linguagem escrita.
3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A inicia período com pronome oblíquo).
próclise é usada: Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h.
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, no concurso, mudo-me hoje mesmo!
jamais, etc.: Não se desespere!
b) Advérbios: Agora se negam a depor. 5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem posta fazendo-se de desentendida.
tudo!
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es- Colocação pronominal nas locuções verbais
forçou. - após verbo no particípio = pronome depois do verbo
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportuni- auxiliar (e não depois do particípio):
dade. Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. Eu me tenho deliciado com a leitura!
74
LÍNGUA PORTUGUESA
- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indireto.
Como temos a presença do “que” – independente de sua
- quando há um fator para próclise nos tempos com- função no período (pronome relativo, no caso!) – a regra
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo): que a re-
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocupar conhecem.
(e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.
75
LÍNGUA PORTUGUESA
b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Exemplos de variação no significado das palavras:
ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li-
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); teral)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
censo (recenseamento) e senso ( juízo); figurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli- Observação: toda metáfora é uma espécie de compa-
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada. ração implícita, em que o elemento comparativo não apa-
rece.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela Seus olhos são como luzes brilhantes.
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre- O exemplo acima mostra uma comparação evidente,
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan- através do emprego da palavra como.
te saber qual o contexto em que a frase é proferida. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co- ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
micidade. Repare na figura abaixo: qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta
é a verdadeira metáfora.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Paradoxo ou oximoro
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, É a associação de ideias, além de contrastantes, contra-
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar ditórias. Seria a antítese ao extremo.
algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
“asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da Ouvimos as vozes do silêncio.
mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
Eufemismo
Perífrase ou Antonomásia
É o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre
ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera,
Trata-se de uma expressão que designa um ser através
desagradável ou chocante.
de alguma de suas características ou atributos, ou de um
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor.
fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por
(= morreu)
outro ou por uma expressão que facilmente o identifique: O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
atraindo visitantes do mundo todo. Faltar à verdade. (= mentir)
A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão) Ironia
Observação: quando a perífrase indica uma pessoa, É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que
recebe o nome de antonomásia. Exemplos: as palavras ou frases expressam, geralmente apresentando
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida pratican- intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construí-
do o bem. da para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jo- passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emis-
vem. sor.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mí-
nima.
Sinestesia Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
estão por perto.
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- O governador foi sutil como um elefante.
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
cruzamento de sensações distintas. Hipérbole
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = au-
ditivo; áspero = tátil) É a expressão intencionalmente exagerada com o intui-
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte- to de realçar uma ideia.
cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
O concurseiro quase morre de tanto estudar!
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LÍNGUA PORTUGUESA
É a atribuição de ações ou qualidades de seres anima- Consiste na omissão de um ou mais termos numa ora-
dos a seres inanimados, ou características humanas a seres ção e que podem ser facilmente identificados, tanto por
não humanos. Observe os exemplos: elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto
As pedras andam vagarosamente. pelo contexto.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um A catedral da Sé. (a igreja catedral)
cego que guia. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao está-
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. dio)
Chora, violão.
Zeugma
Apóstrofe
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo português)
chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginá- Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só mo-
rio ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de dernos. (só havia móveis)
pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidên-
cia com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Silepse
Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? A silepse é a concordância que se faz com o termo que
“Pai Nosso, que estais no céu” não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma
Deus, ó Deus! Onde estás? concordância anormal, psicológica, porque se faz com um
termo oculto, facilmente identificado. Há três tipos de si-
Gradação lepse: de gênero, número e pessoa.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan-
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um pleonasmo vicioso:
desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con- Vi aquela cena com meus próprios olhos.
corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que Vamos subir para cima.
está inscrita no sujeito. Exemplos: Ele desceu pra baixo.
O que não compreendo é como os brasileiros persista-
mos em aceitar essa situação. Anáfora
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins É a repetição de uma ou mais palavras no início de vá-
públicos.” (Machado de Assis) rias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coe-
rência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar de-
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei- terminado elemento textual. Os termos anafóricos podem
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), muitas vezes ser substituídos por pronomes.
mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe-
os agricultores e os cariocas). cia.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
Polissíndeto / Assíndeto ba.” (Padre Vieira)
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- Anacoluto
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
período composto. No período composto por coordena- Consiste na mudança da construção sintática no meio
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A da frase, ficando alguns termos desligados do resto do pe-
oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
ríodo. É a quebra da estrutura normal da frase para a intro-
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
dução de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação
dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
sintática com as demais.
figuras de construção:
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Morrer, todo haveremos de morrer.
1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela repe-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
tição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O meni-
no resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausên- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
cia, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer-
no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos: cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma in-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) terrupção na sequência lógica do pensamento.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Figuras de Som
Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.
Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Questões
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIOTECO-
NOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de linguagem
figurada denominada
(A) metonímia.
(B) eufemismo.
(C) hipérbole.
(D) metáfora.
(E) catacrese.
1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo
campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
RESPOSTA: “D”.
A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia
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LÍNGUA PORTUGUESA
2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais Normalmente, numa prova, o candidato deve:
suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar al-
guma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da 1- Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” gumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
no lugar de “que morreram por nós”. procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
RESPOSTA: “D”. tempo).
2- Comparar as relações de semelhança ou de diferen-
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ ças entre as situações do texto.
UFAL/2014) 3- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. uma realidade.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de 4- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, 5- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- vras.
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato,
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local Condições básicas para interpretar
alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso Fazem-se necessários:
em: 22 jan. 2014. - Conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
O texto cita que o dito popular “está tão quente que - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de texto) e semântico;
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de lin-
guagem? Observação – na semântica (significado das palavras)
A) Eufemismo. incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
B) Hipérbole. ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
C) Paradoxo. gem, entre outros.
D) Metonímia.
E) Hipérbato. - Capacidade de observação e de síntese;
- Capacidade de raciocínio.
3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para
representar o calor excessivo que está fazendo. A figura
Interpretar / Compreender
que é utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a
hipérbole.
Interpretar significa:
RESPOSTA: “B”.
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Compreender significa
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - o texto diz que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - é sugerido pelo autor que...
e decodificar). - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ção...
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - o narrador afirma...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- Erros de interpretação
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto original e analisada separadamente, poderá ter contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
um significado diferente daquele inicial. quer por conhecimento prévio do tema quer pela imagi-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- nação.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de cita- - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o en-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir tendimento do tema desenvolvido.
daí, localizam-se as ideias secundárias - ou fundamenta- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
ções -, as argumentações - ou explicações -, que levam ao trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
esclarecimento das questões apresentadas na prova. cadas e, consequentemente, errar a questão.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Observação - Muitos pensam que existem a ótica do - Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa geralmente mantém com outro uma relação de continua-
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração ção, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito bem
é o que o autor diz e nada mais. essas relações.
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que a ideia mais importante.
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. - Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono- resposta – o que vale não somente para Interpretação de
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se Texto, mas para todas as demais questões!
vai dizer e o que já foi dito. - Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi-
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
Observação – São muitos os erros de coesão no dia - Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do mados vocábulos relatores, porque remetem a outros vo-
verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer cábulos do texto.
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- Fontes de pesquisa:
cedente. http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- gues/como-interpretar-textos
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
a saber: ra-voce-interpretar-melhor-um.html
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
te, mas depende das condições da frase. tao-117-portugues.htm
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) Questões
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
- como (modo) BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔ-
- onde (lugar) NICA – IADES/2014)
- quando (tempo)
- quanto (montante) Gratuidades
Exemplo: Crianças com até cinco anos de idade e adultos com
Falou tudo QUANTO queria (correto) mais de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Para os menores, é exigida a certidão de nascimento e, para
aparecer o demonstrativo O). os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar um
documento de identificação aos funcionários posicionados
Dicas para melhorar a interpretação de textos no bloqueio de acesso.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candidatos
na disputa, portanto, quanto mais informação você absorver Conforme a mensagem do primeiro período do texto,
com a leitura, mais chances terá de resolver as questões. assinale a alternativa correta.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa (A) Apenas as crianças com até cinco anos de idade
a leitura. e os adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
- Leia, leia bem, leia profundamente, ou seja, leia o tex- Metrô-DF.
to, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias. (B) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma adultos com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF.
conclusão). (C) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de
- Volte ao texto quantas vezes precisar. idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as ao Metrô-DF.
do autor. (D) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso
compreensão. livre ao Metrô-DF.
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de (E) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com
cada questão. até cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. acesso livre ao Metrô-DF.
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LÍNGUA PORTUGUESA
1-) Dentre as alternativas apresentadas, a única que 3-) Recorramos ao texto: “Localizada às margens do
condiz com as informações expostas no texto é “Somente Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adultos lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha
com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As infor-
RESPOSTA: “C”. mações contidas nas demais alternativas são incoerentes
com o texto.
2-) (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – FGV/2014 - RESPOSTA: “A”.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” a declaração do
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à im-
prensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um TIPOLOGIA TEXTUAL
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substância
– mas a forma conta”. (...)
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mes- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
ma dois sentidos, que são que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
(A) o barulho e a propagação. interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
(B) a propagação e o perigo. em um texto escrito.
(C) o perigo e o poder. É de fundamental importância sabermos classificar os
(D) o poder e a energia. textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
(E) a energia e o barulho. dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
2-) Ao comparar a declaração do Papa Francisco a um
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de mostrar
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo afora.
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém
Você pode responder à questão por eliminação: a segun-
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou
situações corriqueiras que classificamos os nossos textos
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a al- naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis-
ternativa A! sertação.
RESPOSTA: “A”.
As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-
3-) (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PÚ- tos de ordem linguística
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM CONTABI-
LIDADE – IADES/2014 - adaptada) Os tipos textuais designam uma sequência definida
Concha Acústica pela natureza linguística de sua composição. São observa-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de lógicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
Brasília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969
e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. demarcados no tempo do universo narrado, como também
Foi o primeiro grande palco da cidade. de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa- outros: Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. De-
cultura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, pois de muita conversa, resolveram...
com adaptações.
- Textos descritivos – como o próprio nome indica,
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
compatível com o texto. acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
(A) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Os- verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito
car Niemeyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a asa da
no Setor de Clubes Esportivos Norte. graúna...”
(B) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF
em 1969. - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
(C) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que assunto ou uma determinada situação que se almeje de-
hoje é a Secretaria de Cultura do DF. senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-
(D) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura cer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02
do DF. de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena
(E) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília. de perder o benefício.
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c) Outras frases são construídas com verbos intransiti- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
vos, que não têm complemento: As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
O menino morreu na Alemanha. (sujeito + verbo + ad- quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
junto adverbial) vo, por isto são também isoladas por vírgula.
A globalização nasceu no século XX. (idem)
d) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos complemento.
existentes nelas.
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
Levando em consideração a ordem direta, podemos no Brasil…
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal ora-
haverá a necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo ção é apenas um comentário à parte entre o complemento
disto: verbal e os adjuntos).
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
América Latina. Observação: a simples negação em uma frase não exi-
ge vírgula: A globalização não causou desemprego no Brasil
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração e na América Latina.
por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re- 3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a,
gra básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” colocação da vírgula.
causam desemprego…
(três núcleos do sujeito) No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego…
A globalização causa desemprego no Brasil, na América No fim do século XX, a globalização causou desemprego
Latina e na África. no Brasil…
(três adjuntos adverbiais)
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
A globalização está causando desemprego, insatisfação se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito.
e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá-
(três complementos verbais) tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas
vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais
2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa- que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais,
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
complemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou
seja, não devemos separar com vírgula os termos da ora- Quando o século XX estava terminando, a globalização
ção. Veja exemplos de tal incorreção: começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos países
pobres.
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, go no Brasil.
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
a regra básica nº 2 para a colocação da vírgula. Dito em Observação: quanto à equivalência e transformação de
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases estruturas, um exemplo muito comum cobrado em provas
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com é o enunciado trazer uma frase no singular e pedir a passa-
vírgulas. Vejamos: gem para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sécu- mudança de tempos verbais.
lo XX, causa desemprego no Brasil.
Fonte de pesquisa:
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu-
sujeito e o verbo. dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/
Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
ral, está causando desemprego no Brasil e na América Lati-
na.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Questões
ESTRUTURA TEXTUAL
1-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014
- adaptada)
Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática
necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
de leitores. tamos as ações que interferem na realidade e organização
Embora alguns desses senhores afortunados ocasional- de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
mente emprestassem seus livros, eles o faziam para um nú- mento transformado em texto.
mero limitado de pessoas da própria classe ou família. Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.) sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabe- lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
lecidas no texto, substituindo-se Embora (2.º parágrafo) por dizer, por meio da comunicação.
(A) Contudo. Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
(B) Desde que. dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
(C) Porquanto. dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
(D) Uma vez que.
(E) Conquanto. Introdução
1-) “Embora” é uma conjunção concessiva (apresenta Caracterizada pela entrada no assunto e a argumenta-
uma exceção à regra). A outra conjunção concessiva é “con- ção inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa eta-
quanto”. pa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu
RESPOSTA: “E”. tamanho raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém,
em textos mais curtos, essa proporção não é equivalente.
2-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – Neles, a introdução pode ser o próprio título. Já nos textos
VUNESP/2014 - adaptada) Considere o trecho: “Se o senhor mais longos, em que o assunto é exposto em várias pági-
não se importa, vou levar minha sobrinha ao dentista, mas nas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma par-
posso quebrar o galho e fazer sua corrida”. Esse trecho está te precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários
corretamente reescrito e mantém o sentido em: parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm
(A) Uma vez que o senhor não se importe, vou levar mi- de 25 a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.
nha sobrinha ao dentista, assim que possa quebrar o galho
e fazer sua corrida. Desenvolvimento
(B) Já que o senhor não se importa, vou levar minha so-
brinha ao dentista, porque posso quebrar o galho e fazer A maior parte do texto está inserida no desenvol-
sua corrida. vimento, que é responsável por estabelecer uma ligação
(C) À medida que o senhor não se importe, vou levar entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
minha sobrinha ao dentista, logo que possa quebrar o galho elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
e fazer sua corrida. tentam e dão base às explicações e posições do autor. É ca-
(D) Caso o senhor não se importe, vou levar minha so- racterizado por uma “ponte” formada pela organização das
brinha ao dentista, no entanto posso quebrar o galho e fazer ideias em uma sequência que permite formar uma relação
sua corrida. equilibrada entre os dois lados.
(E) Para que o senhor não se importe, vou levar minha O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
sobrinha ao dentista, todavia posso quebrar o galho e fazer determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
sua corrida. que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
2-) “Se o senhor não se importa, vou levar minha so- clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
brinha ao dentista, mas posso quebrar o galho e fazer sua Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o es-
corrida” critor já deve ter uma ideia clara de como será a conclusão.
O primeiro período é introduzido por uma conjunção Daí a importância em planejar o texto.
condicional (“se”); o segundo, conjunção adversativa. As Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
conjunções apresentadas que têm a mesma classificação, mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido em
respectivamente, e que, por isso, poderiam substituir ade- capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apresentar-
quadamente as destacadas no enunciado são “caso” e “no se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
entanto”. Acredito que, mesmo que você não saiba a clas- Os principais erros cometidos no desenvolvimento são
sificação das conjunções, conseguiria responder à questão o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está
apenas utilizando a coerência: as demais alternativas não relacionado ao autor tomar um argumento secundário que
a têm. se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra
RESPOSTA: “D”. em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O
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Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satis- corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
feito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa de rodapé;
Senhoria deve estar satisfeita”. - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
No envelope, o endereçamento das comunicações diri- man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
gidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se- - é obrigatório constar a partir da segunda página o
guinte forma: número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
A Sua Excelência o Senhor impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
Fulano de Tal gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas
Ministro de Estado da Justiça páginas pares (“margem espelho”);
70.064-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura;
A Sua Excelência o Senhor
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
Senador Fulano de Tal
distância da margem esquerda;
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm;
Senhor Ministro, - deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha
Fechos para Comunicações em branco;
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sub-
lidade de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os linhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor-
modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re- das ou qualquer outra forma de formatação que afete a
gulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, elegância e a sobriedade do documento;
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
e uniformiza-los, este Manual estabelece o emprego de so- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de para gráficos e ilustrações;
comunicação oficial: - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
da República: Respeitosamente, x 21,0 cm;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
rarquia inferior: Atenciosamente, arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elabora-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do gos;
Ministério das Relações Exteriores. - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
vem ser formados da seguinte maneira:
Identificação do Signatário
tipo do documento + número do documento + pala-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
vras-chaves do conteúdo
República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Aviso e Ofício
(espaço para assinatura)
Nome Definição e Finalidade
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
(espaço para assinatura) o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
Nome para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí-
Ministro de Estado da Justiça cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa também com particulares.
página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Forma e Estrutura
Forma de diagramação Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
seguinte forma de apresentação: destinatário, seguido de vírgula.
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A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre- Forma e Estrutura - Um dos atrativos de comunica-
sidente da República, não traz identificação de seu signa- ção por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
tário. interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto,
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma
Telegrama comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrôni-
Definição e Finalidade - Com o fito de uniformizar a co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, organização documental tanto do destinatário quanto do
passa a receber o título de telegrama toda comunicação remetente.
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Para os arquivos anexados à mensagem, deve ser utili-
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir- que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja nimas sobre seu conteúdo.
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
justifique sua utilização. Em razão de seu custo elevado, esta firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
forma de comunicação deve pautar-se pela concisão. na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
Forma e Estrutura - Não há padrão rígido, devendo- Valor documental - Nos termos da legislação em vi-
se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis gor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor
nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet. documental, e para que possa ser aceito como documento
original, é necessário existir certificação digital que ateste
Fax a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
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O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.
2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
junto adverbial) Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
manhã de terça-feira). Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
(adjunto adverbial). Frases Fragmentadas
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
tores). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico na
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. dire-
literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
to - obj. indireto - (adj. Adv.)
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
Exemplo:
ao Deputado - (no Congresso). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Nacional. Depois de ser longamente debatido.
verbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional, depois de ser longamente debatido.
Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa re-
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) cebeu a aprovação do Congresso Nacional.
6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
verbial) metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas
O problema - será - resolvido - prontamente. as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente subme-
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, tido ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as
as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na cons- áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
trução de períodos, as várias funções podem ocorrer em or-
dem inversa à mencionada, misturando-se e confundindo-se. Erros de Paralelismo
Não interessa aqui análise exaustiva de todos os padrões exis- Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
tentes na língua portuguesa. O que importa é fixar a ordem “consiste em apresentar ideias similares numa forma gramati-
normal dos elementos nesses seis padrões básicos. Acrescen- cal idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se
te-se que períodos mais complexos, compostos por duas ou em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos.
mais orações, em geral podem ser reduzidos aos padrões bá- Vejamos alguns exemplos:
sicos (de que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios eco-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- nomizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas.
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis-
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des-
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, a
ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes na
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
construção de frases, registrados em documentos oficiais. planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
Sujeito possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe- a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemen- volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
to, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto,
construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. redução de despesas.
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- como reduzidas de infinitivo:
tadas, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
tadas, (...).
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. coordenação de orações subordinadas.
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Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não um médico.
ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- Novamente, a não repetição dos termos comparados
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). confunde. Alternativas para correção:
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
transformá-la em frase simples, substituindo as orações redu- taria.
zidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu- Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
rança, inteligência e ambição. do que os Ministérios do Governo.
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- “demais”) acarretou imprecisão:
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, que os outros Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. que os demais Ministérios do Governo.
Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
de correção é transformá-la em duas frases simples, com o mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi- possam gerar equívocos de compreensão.
ma capital, encontrou-se com o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que com:
não contém nenhum “que” anterior.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem - pronomes pessoais:
sólida formação acadêmica. Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida cretariado.
formação acadêmica. Ou então, caso o entendimento seja outro:
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: neração deste.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o pro- - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
grama. Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior, ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
aqui podemos suprimir a conjunção: do, mas isso não o surpreendeu.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas pre- Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
cipitadas, que comprometam o andamento de todo o progra- acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
ma. Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
Erros de Comparação
federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara-
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na lín-
- pronome relativo:
gua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A
costumava trabalhar.
ausência indevida de um termo pode impossibilitar o enten-
dimento do sentido que se quer dar a uma frase: Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambigui-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um dade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gê-
médico. nero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais,
A omissão de termos provocou uma comparação indevi- as quais, que marcam gênero e número.
da: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o mava trabalhar.
salário de um médico. Se o entendimento é outro, então:
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LÍNGUA PORTUGUESA
Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu- dos pronomes de tratamento apresentados nas alternati-
mava trabalhar. vas, o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, en-
tão, os itens A, C e E. Agora recorramos ao pronome ade-
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da quado a ser utilizado para deputados. Segundo o Manual
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: de Redação Oficial, temos:
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
funcionário. b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. (...).
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este RESPOSTA: “D”.
indisciplinado.
2-) (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SER-
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora VIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CESPE/2014)
chamou o médico. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi respondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de
chamado por uma senhora. acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
pública.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
Fontes de pesquisa:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_pu-
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
blicacoes_ver.php?id=2
cargos públicos.
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/reda-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cao-oficial-para-concursos.html
2-) Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
Questões forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
dignidade é condição primordial para que tais cargos públi-
1-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) cos sejam ocupados.
Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
de Redação da Presidência da República, no qual expres- cial_publicacoes_ver.php?id=2
sões foram substituídas por lacunas. RESPOSTA: “ERRADO”.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede ob- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o es-
jeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passi- tilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado
va sintética. É também chamada de pronome apassivador. controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para
Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira
apassivar o verbo. errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma
um estigma.
Vendem-se casas. Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
Aluga-se carro. gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais
Compram-se joias. representam as variações de acordo com as condições so-
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a ciais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito Dentre elas destacam-se:
indeterminado. Não exerce propriamente uma função sin-
tática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín-
de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa gua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do
do singular. tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão
da ortografia, se levarmos em consideração a palavra far-
Trabalha-se de dia. mácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, con-
Precisa-se de vendedores. trapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fun-
damenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome fragmento exposto:
pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do su-
jeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblí-
quo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mesmo), Antigamente
podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e
eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
* objeto direto
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
Ele cortou-se com o facão.
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arras-
* objeto indireto
tando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
Ele se atribui muito valor.
Carlos Drummond de Andrade
* sujeito de um infinitivo
Comparando-o à modernidade, percebemos um voca-
“Sofia deixou-se estar à janela.”
bulário antiquado.
* Texto adaptado por Por Marina Cabral Variações regionais: São os chamados dialetos, que
são as marcas determinantes referentes a diferentes re-
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/classi- giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
ficacao-das-palavras-que-e-se.htm em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade es-
tão os sotaques, ligados às características orais da lingua-
gem.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Para telha dizem teia Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
Para telhado dizem teiado pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o
E vão fazendo telhados. das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami-
Oswald de Andrade gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas
perfeitamente normais construções do tipo:
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/varia- Eu não vi ela hoje.
coes-linguisticas.htm Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Níveis de linguagem Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua é um código de que se serve o homem para
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
funcionais: O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons- alteram:
titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu- Eu não a vi hoje.
nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem Deixe-me ver isso!
aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo- Eu te amo, sim, mas não abuses!
rando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
Norma culta:
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza-
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do
à causa do ensino.
ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas esco-
las e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâ- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
mica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Estou preocupado. (norma culta) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô preocupado. (língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
mas da língua culta. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
sair daqui bem depressa.)
O conceito de erro em língua: O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
seu posto.)
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu
a norma culta. tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um formas então legítimas impido, despido e desimpido, que
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de
praia, vestido de fraque e cartola. usar.
102
LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação parte do emissor, nomeadamente com o fato de se tor-
entre o emissor e o receptor e representa o meio através narem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e
do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande as novas explicações para melhor compreensão após a sua
variedade de canais de transmissão, cada um deles com transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que
vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida
emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor-
meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação
a televisão, entre outros. e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri-
queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda
- Receptor da mensagem: representa quem recebe e possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar
descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção prever as reações/feedback à sua mensagem.
que a descodificação da mensagem resulta naquilo que Como principais vantagens da comunicação escrita,
efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um
diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados registro e de permitir uma maior atenção à organização
diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir
tores para a mesma mensagem. políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam-
bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten-
- Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e
tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em análises diversas. Como principais desvantagens destacam-
qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter- se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o
nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco- feedback imediato, não permite correções ou explicações
dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal
de transmissão utilizado e consoante as características do Comunicação Oral
emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité-
rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do No caso da comunicação oral, a sua principal caracte-
tipo de codificação. rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a
comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra-
- Retro-informação (feedback): representa a resposta vações). Esta característica explica diversas das suas prin-
do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee-
utilizada como uma medida do resultado da comunicação. dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor
Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica-
missão. ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por
exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais,
Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande
dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta-
ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos
considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável
as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto-
locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.
oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre Como principais desvantagens da comunicação oral
“dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qual-
como suporte e apoio à comunicação oral. quer registro e, consequentemente, não se adequando a
Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica- mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte
ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na do receptor.
sociedade em geral e nas organizações em particular, por
ser a única que permite a transmissão de ideias complexas Gêneros Escritos e Orais
e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que
mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discur-
sivas constituem as estruturas e as funções sociais (narra-
Comunicação Escrita tivas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas
de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser consi-
A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje derados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites,
predomina, nas organizações burocráticas que seguem atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comé-
os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max dias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevis-
Weber. A principal característica é o fato do receptor estar tas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, ins-
ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente truções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias.
do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por São textos que circulam no mundo, que têm uma função
104
LÍNGUA PORTUGUESA
específica, para um público específico e com características Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,
próprias. Aliás, essas características peculiares de um gêne- exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
ro discursivo nos permitem abordar aspectos da textualida- palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclo-
de, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, pédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de tex-
técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes tos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico,
ao gênero em questão. relatório oral de experiência.
Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas
de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescri-
exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc. ções.
Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes Aspectos tipológicos: Descrever ações.
e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Capacidade de linguagem dominante: Regulação mú-
Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também iden- tua de comportamentos.
tificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tan- Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de mon-
tos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa tagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de
sociedade. uso, comandos diversos, textos prescritivos.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguís-
ticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los
dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e esti-
los composicionais. Funções da Linguagem
Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Fic-
cional. Quando se pergunta a alguém para que serve a lingua-
Aspectos tipológicos: Narrar. gem, a resposta mais comum é que ela serve para comuni-
Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação car. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas
através da criação da intriga no domínio do verossímil. transmitir informações. É também exprimir emoções, dar
Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fá- ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve
bula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cien- a linguagem?
tífica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou his- - A linguagem serve para informar: Função Referencial.
tória engraçada, biografia romanceada, romance, romance
histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivi- “Estados Unidos invadem o Iraque”
nha, piada.
Domínios sociais de comunicação: Documentação e Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos so-
memorização das ações humana. bre um acontecimento do mundo.
Aspectos tipológicos: Relatar. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na
Capacidade de linguagem dominante: Representação memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pes-
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. soas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, so-
Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de expe- mos prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer
riência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe
anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os.
reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, re- Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender
lato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia. ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como apren-
Domínios sociais de comunicação: Discussão de proble- demos desde as mais banais informações do dia a dia até
mas sociais controversos. as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas
Aspectos tipológicos: Argumentar. filosóficos mais avançados.
Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, re- A função informativa da linguagem tem importância
futação e negociação de tomadas de posição. central na vida das pessoas, consideradas individualmente
Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite co-
diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, nhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de conhecimentos e a transferência de experiências. Por
de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), meio dessa função, a linguagem modela o intelecto.
resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, É a função informativa que permite a realização do
ensaio. trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender.
Domínios sociais de comunicação: Transmissão e cons- A função informativa costuma ser chamada também de
trução de saberes. função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
Aspectos tipológicos: Expor. que as palavras revelem da maneira mais clara possível as
Capacidade de linguagem dominante: Apresentação coisas ou os eventos a que fazem referência.
textual de diferentes formas dos saberes.
105
LÍNGUA PORTUGUESA
- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem
Função Conativa. a importância que lhes seria atribuída pela proximidade
com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos
“Vem pra Caixa você também.” para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa
valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a nossa competência na conquista amorosa.
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom
Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem
adotar esse comportamento, formulou-se um convite com nossa, não raro inconscientemente.
uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a Emprega-se a expressão função emotiva para designar
forma vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de a utilização da linguagem para a manifestação do enuncia-
venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta dor, isto é, daquele que fala.
quando se usa você.
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer de- - A linguagem serve para criar e manter laços sociais:
terminadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sen- Função Fática.
tir determinadas emoções, a ter determinados estados de
alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode- __Que calorão, hein?
se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, __Também, tem chovido tão pouco.
emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente __Acho que este ano tem feito mais calor do que nos
a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende outros.
a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, __Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor.
num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
os preconceitos contra a mulher. Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram
Não se interfere no comportamento das pessoas ape- num elevador e devem manter uma conversa nos poucos
nas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, ape-
influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e nas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou pare-
seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem cer hostil.
como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se Quando estamos num grupo, numa festa, não pode-
usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos mos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros.
produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expres- Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso,
sas pela linguagem também servem para fazer fazer. quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se
Com essa função, a linguagem modela tanto bons ci- histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas.
dadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo, A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, não seja manter os laços sociais. Quando encontramos al-
e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem guém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não que-
questionar. remos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem está doente, se está com problemas.
quando esta é usada para interferir no comportamento A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo
das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma social.
sugestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja
latino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo). entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time
de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa
- A linguagem serve para expressar a subjetividade: que as pessoas não entendam bem o significado da letra
Função Emotiva. do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o
importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes
“Eu fico possesso com isso!” da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação função fática para indicar a utilização da linguagem para
com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetiva- estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um fa-
mos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. lante e seu interlocutor.
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, - A linguagem serve para falar sobre a própria lingua-
desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas ve- gem: Função Metalinguística.
zes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usan-
intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O do o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegan-
Fernando tem mudado o país”. Essa maneira informal de se te usar palavrões”, não estamos falando de acontecimen-
referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de tos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a
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LÍNGUA PORTUGUESA
própria linguagem. É o que chama função metalinguística. Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitaria-
A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos mente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada
sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo para informar, para influenciar, para manter os laços sociais,
tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos etc. No segundo, para produzir um efeito prazeroso de des-
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos co- coberta de sentidos. Em função estética, o mais importante
mentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que é como se diz, pois o sentido também é criado pelo ritmo,
não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc.
que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/,
de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Paro-
/k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
diando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica,
vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não
E o bosque estala, move-se, estremece...
podem pescar”.
Da cavalgada o estrépito que aumenta
- A linguagem serve para criar outros universos. Perde-se após no centro da montanha...
A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássi-
mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: cos.
mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa Observe-se que a maior concentração de sons oclu-
púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem ex- sivos ocorre no segundo verso, quando se afirma que o
pressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para barulho dos cavalos aumenta.
consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligi- Quando se usam recursos da própria língua para acres-
dos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras centar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se
vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o que estamos usando a linguagem em sua função poética.
galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e am-
bos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra Para melhor compreensão das funções de linguagem,
realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o torna-se necessário o estudo dos elementos da comuni-
amor nunca diminui e assim por diante.
cação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era de-
- A linguagem serve como fonte de prazer: Função
Poética. senvolvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta
- alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido outro escuta em silêncio, etc).
e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de Exemplo:
prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras
para delas extrairmos satisfação. Elementos da comunicação
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”,
diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase sha- - Emissor - emite, codifica a mensagem;
kespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emí- - Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
lio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gor- - Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
da se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez - Código - conjunto de signos usado na transmissão e
o seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco recepção da mensagem;
quebrar por excesso de fundos”. - Referente - contexto relacionado a emissor e recep-
A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel tor;
comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está - Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
empregado em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa
“capital”, “dinheiro”.
teoria sofreu uma modificação, pois, chegou-se a conclu-
são que quando se trata da parole, entende-se que é um
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diver-
veículo democrático (observe a função fática), assim, admi-
sas, com significados diferentes, nesta frase do deputado
Virgílio Guimarães: te-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diá-
logo interativo):
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e - locutor - quem fala (e responde);
quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata - locutário - quem ouve e responde;
uma dor de consciência e bata em retirada.” - interlocução - diálogo
(Folha de S. Paulo)
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LÍNGUA PORTUGUESA
4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) 6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú-
mesma regra que distribuídos. blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para
(A) sócio (A) embaixadores.
(B) sofrê-lo (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
(C) lúcidos (C) prefeitos municipais.
(D) constituí (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(E) órfãos (E) vereadores.
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LÍNGUA PORTUGUESA
(...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
(abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
dência da República (1991). tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece- põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
-detail.php?id=393)
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “E”.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
A frase que admite transposição para a voz passiva é:
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa-
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
grado.
ciedade como tais. (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo grande diversidade de fenômenos.
passará a ser, corretamente, (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so-
(A) perceba. ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
(B) foi percebido. ficação.
(C) tenham percebido. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
(D) devam perceber. da vida (...).
(E) estava percebendo. (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência.
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e do.
princípios... (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
grande diversidade de fenômenos.
RESPOSTA: “A” - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
explicada pelo conceito...
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
ta na frase: vida (...).
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
valores que determinam as escolhas dos governantes, e da falsa consciência.
para conferir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes RESPOSTA: “B”.
devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
cípios que regem a prática política. 10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA-
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda- TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
deiro regime democrático, em que se respeita tanto as vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista
liberdades individuais quanto as coletivas. ambiental Geraldo Motta.
(D) As instituições fundamentais de um regime de- Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis- nhados devem sofrer as seguintes alterações:
criminadas de um único poder central. (A) entrar − vira
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados (B) entrava − tinha visto
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes (C) entrasse − veria
opiniões existentes na sociedade. (D) entraria − veria
(E) entrava − teria visto
Fiz os acertos entre parênteses:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
ria = entrasse / veria.
rir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- RESPOSTA: “C”.
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.
110
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Fundamentos da Educação: conceitos e concepções pedagógicas, seus fins e papel na sociedade ocidental contempo-
rânea.............................................................................................................................................................................................................................. 01
Principais aspectos históricos da Educação Brasileira................................................................................................................................ 15
Aspectos legais e políticos da organização da educação brasileira: as Diretrizes Curriculares Nacionais e suas implica-
ções na prática pedagógica; Estatuto da Criança e do Adolescente; LDB Lei Federal nº 9394/96 e alterações posteriores;
Parâmetros Curriculares Nacionais.................................................................................................................................................................... 21
Educação, trabalho, formação profissional e as transformações da Educação Básica................................................................116
Função histórica e social da escola: a escola como campo de relações (espaços de diferenças, contradições e conflitos),
para o exercício e a formação da cidadania, difusão e construção do conhecimento...............................................................135
Organização do processo didático: planejamento, estratégias e metodologias, avaliação; Avaliação como processo con-
tínuo, investigativo e inclusivo; A didática como fundamento epistemológico do fazer docente.........................................153
O currículo e cultura, conteúdos curriculares e aprendizagem, projetos de trabalho; Interdisciplinaridade e contextuali-
zação; Multiculturalismo; A escola e o Projeto Político Pedagógico; O espaço da sala de aula como ambiente interativo;
a atuação do professor mediador; a atuação do aluno como sujeito na construção do conhecimento............................177
Planejamento e gestão educacional...............................................................................................................................................................208
Gestão da aprendizagem.....................................................................................................................................................................................214
O Professor: formação e profissão...................................................................................................................................................................216
A pesquisa na prática docente..........................................................................................................................................................................263
A educação em sua dimensão teórico-filosófica: filosofias tradicionais da Educação e teorias educacionais contemporâ-
neas; As concepções de aprendizagem/aluno/ensino/professor nessas abordagens teóricas...............................................266
Principais Teorias e práticas na educação; As bases empíricas, metodológicas e epistemológicas das diversas teorias de
aprendizagem; Contribuições de Piaget, Vygotsky e Wallon para a psicologia e pedagogia.................................................284
Psicologia do desenvolvimento: aspectos históricos e biopsicossociais..........................................................................................294
Temas contemporâneos: bullying, o papel da escola, a escolha da profissão, transtornos alimentares na adolescência,
família, escolhas sexuais.......................................................................................................................................................................................301
Ética Profissional.....................................................................................................................................................................................................322
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
PROFª. MESTRE ANA MARIA BARBOSA QUIQUETO articulado, assim como planejado sistemicamente, que responda
Assistente Social, Professora Universitária e Pesquisadora às exigências dos estudantes, de suas aprendizagens nas diversas
em Assuntos Educacionais. Aluna ouvinte do Programa de fases do desenvolvimento físico, intelectual, emocional e social.
Doutorado da Universidade Estadual Paulista - UNESP, Mestre Atende-se à dimensão orgânica quando são observadas as
em Educação pela Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE especificidades e as diferenças de cada uma das três etapas de
e Especialista em Gestão de Políticas Públicas pela Faculdade escolarização da Educação Básica e das fases que as compõem,
de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP). Atua como sem perda do que lhes é comum: as semelhanças, as identidades
Assistente Social na Prefeitura Municipal de Arco-Íris, no inerentes à condição humana em suas determinações históricas
segmento Gestão de Políticas Públicas Sociais. Professora de e não apenas do ponto de vista da qualidade da sua estrutura
Graduação e Pós-Graduação na Universidade Paulista (UNIP). e organização. Cada etapa do processo de escolarização
Pesquisadora e Membro do Comitê Científico de Pesquisa constitui-se em unidade, que se articula organicamente com
da Revista Espanhola Iberoamérica Social: Revista-red de as demais de maneira complexa e intrincada, permanecendo
estudios sociales - ISSN 2341-0485. Escritora de assuntos todas elas, em suas diferentes modalidades, individualizadas,
socioassistenciais e educacionais, mais especificamente na ao logo do percurso do escolar, apesar das mudanças por que
área acadêmica e elaboração de materiais para concursos passam por força da singularidade de cada uma, bem assim a
públicos nos diversos tipos de escolaridade. dos sujeitos que lhes dão vida.
Atende-se à dimensão sequencial quando os processos
educativos acompanham as exigências de aprendizagem
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO: CONCEITOS definidas em cada etapa da trajetória escolar da Educação
Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio), até a
E CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS, SEUS
Educação Superior. São processos educativos que, embora se
FINS E PAPEL NA SOCIEDADE OCIDENTAL constituam em diferentes e insubstituíveis momentos da vida
CONTEMPORÂNEA. dos estudantes, inscritos em tempos e espaços educativos
próprios a cada etapa do desenvolvimento humano, inscrevem-
se em trajetória que deve ser contínua e progressiva.
Sistema Nacional de Educação
O Sistema Nacional de Educação é tema que vem A articulação das dimensões orgânica e sequencial
suscitando o aprofundamento da compreensão sobre sistema, das etapas e modalidades da Educação
no contexto da história da educação, nesta Nação tão diversa Básica, e destas com a Educação Superior, implica a ação
geográfica, econômica, social e culturalmente. O que a proposta coordenada e integradora do seu conjunto; o exercício efetivo
de organização do Sistema Nacional de Educação enfrenta é, do regime de colaboração entre os entes federados, cujos
fundamentalmente, o desafio de superar a fragmentação das sistemas de ensino gozam de autonomia constitucionalmente
políticas públicas e a desarticulação institucional dos sistemas de reconhecida. Isso pressupõe o estabelecimento de regras
ensino entre si, diante do impacto na estrutura do financiamento, de equivalência entre as funções distributiva, supletiva, de
comprometendo a conquista da qualidade social das regulação normativa, de supervisão e avaliação da educação
aprendizagens, mediante conquista de uma articulação orgânica. nacional, respeitada a autonomia dos sistemas e valorizadas
Os debates sobre o Sistema Nacional de Educação, em vários as diferenças regionais. Sem essa articulação, o projeto
momentos, abordaram o tema das diretrizes para a Educação educacional – e, por conseguinte, o projeto nacional – corre o
Básica. Ambas as questões foram objeto de análise em interface, perigo de comprometer a unidade e a qualidade pretendida,
durante as diferentes etapas preparatórias da Conferência inclusive quanto ao disposto no artigo 22 da LDB: desenvolver
Nacional de Educação (CONAE) de 2009, uma vez que são temas o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável
que se vinculam a um objetivo comum: articular e fortalecer o para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
sistema nacional de educação em regime de colaboração. progredir no trabalho e em estudos posteriores, inspirada nos
Para Saviani, o sistema é a unidade de vários elementos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana.
intencionalmente reunidos de modo a formar um conjunto Mais concretamente, há de se prever que a transição entre
coerente e operante (2009, p. 38). Caracterizam, portanto, Pré-Escola e Ensino Fundamental pode se dar no interior de uma
a noção de sistema: a intencionalidade humana; a unidade mesma instituição, requerendo formas de articulação das dimensões
e variedade dos múltiplos elementos que se articulam; a orgânica e sequencial entre os docentes de ambos os segmentos
coerência interna articulada com a externa. que assegurem às crianças a continuidade de seus processos
Alinhado com essa conceituação, este Parecer adota o peculiares de aprendizagem e desenvolvimento. Quando a
entendimento de que sistema resulta da atividade intencional transição se dá entre instituições diferentes, essa articulação deve
e organicamente concebida, que se justifica pela realização ser especialmente cuidadosa, garantida por instrumentos de
de atividades voltadas para as mesmas finalidades ou para a registro – portfólios, relatórios que permitam, aos docentes do
concretização dos mesmos objetivos. Nessa perspectiva, e no Ensino Fundamental de uma outra escola, conhecer os processos
contexto da estrutura federativa brasileira, em que convivem de desenvolvimento e aprendizagem vivenciados pela criança na
sistemas educacionais autônomos, faz-se necessária a Educação Infantil da escola anterior. Mesmo no interior do Ensino
institucionalização de um regime de colaboração que dê Fundamental, há de se cuidar da fluência da transição da fase dos
efetividade ao projeto de educação nacional. União, Estados, anos iniciais para a fase dos anos finais, quando a criança passa a
Distrito Federal e Municípios, cada qual com suas peculiares ter diversos docentes, que conduzem diferentes componentes e
competências, são chamados a colaborar para transformar atividades, tornando-se mais complexas a sistemática de estudos
a Educação Básica em um conjunto orgânico, sequencial, e a relação com os professores.
1
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
A transição para o Ensino Médio apresenta contornos Quanto à família, os pais ou responsáveis são obrigados
bastante diferentes dos anteriormente referidos, uma vez a matricular a criança no Ensino Fundamental, a partir dos 6
que, ao ingressarem no Ensino Médio, os jovens já trazem anos de idade, sendo que é prevista sanção a esses e/ou ao
maior experiência com o ambiente escolar e suas rotinas; poder público, caso descumpram essa obrigação de garantia
além disso, a dependência dos adolescentes em relação às dessa etapa escolar.
suas famílias é quantitativamente menor e qualitativamente Quanto à obrigatoriedade de permanência do estudante
diferente. Mas, certamente, isso não significa que não se na escola, principalmente no Ensino Fundamental, há, na
criem tensões, que derivam, principalmente, das novas mesma Lei, exigências que se centram nas relações entre a
expectativas familiares e sociais que envolvem o jovem. escola, os pais ou responsáveis, e a comunidade, de tal modo
Tais expectativas giram em torno de três variáveis principais que a escola e os sistemas de ensino tornam-se responsáveis
conforme o estrato sociocultural em que se produzem: a) por:
os “conflitos da adolescência”; - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à
b) a maior ou menor aproximação ao mundo do escola;
trabalho; c) a crescente aproximação aos rituais da - articular-se com as famílias e a comunidade, criando
passagem da Educação Básica para a Educação Superior. processos de integração da sociedade com a escola;
Em resumo, o conjunto da Educação Básica deve - informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o
se constituir em um processo orgânico, sequencial e rendimento dos estudantes, bem como sobre a execução de
articulado, que assegure à criança, ao adolescente, sua proposta pedagógica;
ao jovem e ao adulto de qualquer condição e região
- notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz
do País a formação comum para o pleno exercício da
competente da Comarca e ao respectivo representante do
cidadania, oferecendo as condições necessárias para o seu
Ministério Público a relação dos estudantes que apresentem
desenvolvimento integral. Estas são finalidades de todas as
quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do
etapas constitutivas da Educação Básica, acrescentando-se
percentual permitido em lei.
os meios para que possa progredir no mundo do trabalho
No Ensino Fundamental e, nas demais etapas da Educação
e acessar a Educação Superior. São referências conceituais
Básica, a qualidade não tem sido tão estimulada quanto à
e legais, bem como desafio para as diferentes instâncias quantidade. Depositar atenção central sobre a quantidade,
responsáveis pela concepção, aprovação e execução das visando à universalização do acesso à escola, é uma medida
políticas educacionais. necessária, mas que não assegura a permanência, essencial
para compor a qualidade. Em outras palavras, a oportunidade
Acesso e permanência para a conquista da qualidade de acesso, por si só, é destituída de condições suficientes para
social inserção no mundo do conhecimento.
O conceito de qualidade na escola, numa perspectiva
A qualidade social da educação brasileira é uma ampla e basilar, remete a uma determinada ideia de qualidade
conquista a ser construída de forma negociada, pois de vida na sociedade e no planeta Terra. Inclui tanto a
significa algo que se concretiza a partir da qualidade da qualidade pedagógica quanto a qualidade política, uma vez
relação entre todos os sujeitos que nela atuam direta e que requer compromisso com a permanência do estudante
indiretamente.4 Significa compreender que a educação é na escola, com sucesso e valorização dos profissionais da
um processo de socialização da cultura da vida, no qual se educação. Trata-se da exigência de se conceber a qualidade na
constroem, se mantêm e se transformam conhecimentos e escola como qualidade social, que se conquista por meio de
valores. Socializar a cultura inclui garantir a presença dos acordo coletivo. Ambas as qualidades – pedagógica e política
sujeitos das aprendizagens na escola. Assim, a qualidade – abrangem diversos modos avaliativos comprometidos
social da educação escolar supõe a sua permanência, não com a aprendizagem do estudante, interpretados como
só com a redução da evasão, mas também da repetência e indicações que se interpenetram ao longo do processo
da distorção idade/ano/série. didáticopedagógico, o qual tem como alvo o desenvolvimento
Para assegurar o acesso ao Ensino Fundamental, do conhecimento e dos saberes construídos histórica e
como direito público subjetivo, no seu artigo 5º, a LDB socialmente.
instituiu medidas que se interpenetram ou complementam, O compromisso com a permanência do estudante na
estabelecendo que, para exigir o cumprimento pelo Estado escola é, portanto, um desafio a ser assumido por todos,
desse ensino obrigatório, qualquer cidadão, grupo de porque, além das determinações sociopolíticas e culturais,
cidadãos, associação comunitária, organização sindical, das diferenças individuais e da organização escolar vigente,
entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, há algo que supera a política reguladora dos processos
o Ministério Público, podem acionar o poder público. educacionais: há os fluxos migratórios, além de outras variáveis
Esta medida se complementa com a obrigatoriedade que se refletem no processo educativo. Essa é uma variável
atribuída aos Estados e aos Municípios, em regime de externa que compromete a gestão macro da educação,
colaboração, e com a assistência da União, de recensear a em todas as esferas, e, portanto, reforça a premência de se
população em idade escolar para o Ensino Fundamental, e criarem processos gerenciais que proporcionem a efetivação
os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso, para que do disposto no artigo 5º e no inciso VIII do artigo 12 da LDB,
seja efetuada a chamada pública correspondente. quanto ao direito ao acesso e à permanência na escola de
qualidade.
2
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Assim entendida, a qualidade na escola exige de todos VIII – valorização dos profissionais da educação, com
os sujeitos do processo educativo: programa de formação continuada, critérios de acesso,
I – a instituição da Política Nacional de Formação de permanência, remuneração compatível com a jornada de
Profissionais do Magistério da Educação Básica, com a trabalho definida no projeto político-pedagógico;
finalidade de organizar, em regime de colaboração entre IX – realização de parceria com órgãos, tais como os
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a de assistência social, desenvolvimento e direitos humanos,
formação inicial e continuada dos profissionais do magistério cidadania, ciência e tecnologia, esporte, turismo, cultura e
para as redes públicas da educação (Decreto nº 6.755, de 29 arte, saúde, meio ambiente.
de janeiro de 2009); No documento “Indicadores de Qualidade na Educação”
II – ampliação da visão política expressa por meio de (Ação Educativa, 2004), a qualidade é vista com um caráter
habilidades inovadoras, fundamentadas na capacidade para dinâmico, porque cada escola tem autonomia para refletir,
aplicar técnicas e tecnologias orientadas pela ética e pela propor e agir na busca da qualidade do seu trabalho, de
estética; acordo com os contextos socioculturais locais.
III – responsabilidade social, princípio educacional Segundo o autor, os indicadores de qualidade são
que norteia o conjunto de sujeitos comprometidos com o sinais adotados para que se possa qualificar algo, a partir
projeto que definem e assumem como expressão e busca da dos critérios e das prioridades institucionais. Destaque-
qualidade da escola, fruto do empenho de todos. se que os referenciais e indicadores de avaliação são
Construir a qualidade social pressupõe conhecimento componentes curriculares, porque tê-los em mira facilita a
dos interesses sociais da comunidade escolar para que aproximação entre a escola que se tem e aquela que se quer,
seja possível educar e cuidar mediante interação efetivada traduzida no projeto político-pedagógico, para além do
entre princípios e finalidades educacionais, objetivos, que fica disposto no inciso IX do artigo 4º da LDB: definição
conhecimento e concepções curriculares. Isso abarca mais de padrões mínimos de qualidade de ensino, como a
que o exercício político-pedagógico que se viabiliza mediante variedade e quantidade mínimas, por estudante, de insumos
atuação de todos os sujeitos da comunidade educativa. indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-
Ou seja, efetiva-se não apenas mediante participação de aprendizagem.
todos os sujeitos da escola – estudante, professor, técnico, Essa exigência legal traduz a necessidade de se
funcionário, coordenador – mas também mediante aquisição reconhecer que a avaliação da qualidade associa-se à ação
e utilização adequada dos objetos e espaços (laboratórios, planejada, coletivamente, pelos sujeitos da escola e supõe
equipamentos, mobiliário, salas-ambiente, biblioteca, que tais sujeitos tenham clareza quanto:
videoteca etc.) requeridos para responder ao projeto I – aos princípios e às finalidades da educação, além do
político-pedagógico pactuado, vinculados às condições/ reconhecimento e análise dos dados indicados pelo IDEB e/
disponibilidades mínimas para se instaurar a primazia da ou outros indicadores, que complementem ou substituam
aquisição e do desenvolvimento de hábitos investigatórios estes;
para construção do conhecimento. II – à relevância de um projeto político-pedagógico
A escola de qualidade social adota como centralidade o concebido e assumido coletivamente pela comunidade
diálogo, a colaboração, os sujeitos e as aprendizagens, o que educacional, respeitadas as múltiplas diversidades e a
pressupõe, sem dúvida, atendimento a requisitos tais como: pluralidade cultural;
I – revisão das referências conceituais quanto aos III – à riqueza da valorização das diferenças manifestadas
diferentes espaços e tempos educativos, abrangendo pelos sujeitos do processo educativo, em seus diversos
espaços sociais na escola e fora dela; segmentos, respeitados o tempo e o contexto sociocultural;
II – consideração sobre a inclusão, a valorização das IV – aos padrões mínimos de qualidade (Custo Aluno
diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade Qualidade inicial – CAQi7), que apontam para quanto deve
cultural, resgatando e respeitando os direitos humanos, ser investido por estudante de cada etapa e modalidade da
individuais e coletivos e as várias manifestações de cada Educação Básica, para que o País ofereça uma educação de
comunidade; qualidade a todos os estudantes.
III – foco no projeto político-pedagógico, no gosto pela Para se estabelecer uma educação com um padrão
aprendizagem, e na avaliação das aprendizagens como mínimo de qualidade, é necessário investimento com
instrumento de contínua progressão dos estudantes; valor calculado a partir das despesas essenciais ao
IV – interrelação entre organização do currículo, do desenvolvimento dos processos e procedimentos formativos,
trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do professor, que levem, gradualmente, a uma educação integral, dotada
tendo como foco a aprendizagem do estudante; de qualidade social: creches e escolas possuindo condições
V – preparação dos profissionais da educação, gestores, de infraestrutura e de adequados equipamentos e de
professores, especialistas, técnicos, monitores e outros; acessibilidade; professores qualificados com remuneração
VI – compatibilidade entre a proposta curricular e a adequada e compatível com a de outros profissionais com
infraestrutura entendida como espaço formativo dotado igual nível de formação, em regime de trabalho de 40 horas
de efetiva disponibilidade de tempos para a sua utilização em tempo integral em uma mesma escola; definição de uma
e acessibilidade; relação adequada entre o número de estudantes por turma
VII – integração dos profissionais da educação, e por professor, que assegure aprendizagens relevantes;
os estudantes, as famílias, os agentes da comunidade pessoal de apoio técnico e administrativo que garanta o
interessados na educação; bom funcionamento da escola.
3
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Organização curricular: conceito, limites, As fronteiras são demarcadas quando se admite tão
possibilidades somente a ideia de currículo formal. Mas as reflexões teóricas
sobre currículo têm como referência os princípios educacionais
No texto “Currículo, conhecimento e cultura”, Moreira e garantidos à educação formal. Estes estão orientados pela
Candau (2006) apresentam diversas definições atribuídas a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura,
currículo, a partir da concepção de cultura como prática social, o pensamento, a arte e o conhecimento científico, além do
ou seja, como algo que, em vez de apresentar significados pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, assim
intrínsecos, como ocorre, por exemplo, com as manifestações como a valorização da experiência extraescolar, e a vinculação
artísticas, a cultura expressa significados atribuídos a partir entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
da linguagem. Em poucas palavras, essa concepção é Assim, e tendo como base o teor do artigo 27 da LDB,
definida como “experiências escolares que se desdobram em pode-se entender que o processo didático em que se realizam
torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, as aprendizagens fundamenta-se na diretriz que assim delimita
buscando articular vivências e saberes dos alunos com os o conhecimento para o conjunto de atividades:
conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo Os conteúdos curriculares da Educação Básica observarão,
para construir as identidades dos estudantes” (idem, p. 22). ainda, as seguintes diretrizes:
Uma vez delimitada a ideia sobre cultura, os autores definem I – a difusão de valores fundamentais ao interesse social,
currículo como: conjunto de práticas que proporcionam a aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem
produção, a circulação e o consumo de significados no espaço comum e à ordem democrática;
social e que contribuem, intensamente, para a construção de II – consideração das condições de escolaridade dos
identidades sociais e culturais. O currículo é, por consequência, estudantes em cada estabelecimento;
um dispositivo de grande efeito no processo de construção III – orientação para o trabalho;
da identidade do (a) estudante (p. 27). Currículo refere-se, IV – promoção do desporto educacional e apoio às
portanto, a criação, recriação, contestação e transgressão práticas desportivas não-formais.
(Moreira e Silva, 1994). Desse modo, os valores sociais, bem como os direitos e
Nesse sentido, a fonte em que residem os conhecimentos deveres dos cidadãos, relacionam-se com o bem comum e
escolares são as práticas socialmente construídas. Segundo com a ordem democrática. Estes são conceitos que requerem
os autores, essas práticas se constituem em “âmbitos de
a atenção da comunidade escolar para efeito de organização
referência dos currículos” que correspondem:
curricular, cuja discussão tem como alvo e motivação a
a) às instituições produtoras do conhecimento científico
temática da construção de identidades sociais e culturais. A
(universidades e centros de pesquisa);
problematização sobre essa temática contribui para que se
b) ao mundo do trabalho;
possa compreender, coletivamente, que educação cidadã
c) aos desenvolvimentos tecnológicos;
consiste na interação entre os sujeitos, preparando-os por
d) às atividades desportivas e corporais;
meio das atividades desenvolvidas na escola, individualmente
e) à produção artística;
f) ao campo da saúde; e em equipe, para se tornarem aptos a contribuir para a
g) às formas diversas de exercício da cidadania; construção de uma sociedade mais solidária, em que se exerça
h) aos movimentos sociais. a liberdade, a autonomia e a responsabilidade.
Daí entenderem que toda política curricular é uma política Nessa perspectiva, cabe à instituição escolar compreender
cultural, pois o currículo é fruto de uma seleção e produção de como o conhecimento é produzido e socialmente valorizado
saberes: campo conflituoso de produção de cultura, de embate e como deve ela responder a isso. É nesse sentido que as
entre pessoas concretas, concepções de conhecimento e instâncias gestoras devem se fortalecer instaurando um
aprendizagem, formas de imaginar e perceber o mundo. Assim, processo participativo organizado formalmente, por meio
as políticas curriculares não se resumem apenas a propostas de colegiados, da organização estudantil e dos movimentos
e práticas enquanto documentos escritos, mas incluem os sociais.
processos de planejamento, vivenciados e reconstruídos em A escola de Educação Básica é espaço coletivo de convívio,
múltiplos espaços e por múltiplas singularidades no corpo onde são privilegiadas trocas, acolhimento e aconchego para
social da educação. Para Lopes (2004, p. 112), mesmo sendo garantir o bem-estar de crianças, adolescentes, jovens e
produções para além das instâncias governamentais, não adultos, no relacionamento entre si e com as demais pessoas.
significa desconsiderar o poder privilegiado que a esfera É uma instância em que se aprende a valorizar a riqueza das
governamental possui na produção de sentidos nas políticas, raízes culturais próprias das diferentes regiões do País que,
pois as práticas e propostas desenvolvidas nas escolas também juntas, formam a Nação. Nela se ressignifica e recria a cultura
são produtoras de sentidos para as políticas curriculares. herdada, reconstruindo as identidades culturais, em que se
Os efeitos das políticas curriculares, no contexto da aprende a valorizar as raízes próprias das diferentes regiões
prática, são condicionados por questões institucionais e do País.
disciplinares que, por sua vez, têm diferentes histórias, Essa concepção de escola exige a superação do rito escolar,
concepções pedagógicas e formas de organização, expressas desde a construção do currículo até os critérios que orientam a
em diferentes publicações. As políticas estão sempre em organização do trabalho escolar em sua multidimensionalidade,
processo de vir-a-ser, sendo múltiplas as leituras possíveis privilegia trocas, acolhimento e aconchego, para garantir o
de serem realizadas por múltiplos leitores, em um constante bem-estar de crianças, adolescentes, jovens e adultos, no
processo de interpretação das interpretações. relacionamento interpessoal entre todas as pessoas.
4
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Cabe, pois, à escola, diante dessa sua natureza, assumir Tendo em vista a amplitude do papel socioeducativo
diferentes papéis, no exercício da sua missão essencial, que é atribuído ao conjunto orgânico da Educação Básica, cabe
a de construir uma cultura de direitos humanos para preparar aos sistemas educacionais, em geral, definir o programa de
cidadãos plenos. A educação destina-se a múltiplos sujeitos escolas de tempo parcial diurno (matutino e/ou vespertino),
e tem como objetivo a troca de saberes, a socialização e o tempo parcial noturno e tempo integral (turno e contraturno
confronto do conhecimento, segundo diferentes abordagens, ou turno único com jornada escolar de 7 horas, no mínimo ,
exercidas por pessoas de diferentes condições físicas, sensoriais, durante todo o período letivo), o que requer outra e diversa
intelectuais e emocionais, classes sociais, crenças, etnias, gêneros, organização e gestão do trabalho pedagógico, contemplando
origens, contextos socioculturais, e da cidade, do campo e de as diferentes redes de ensino, a partir do pressuposto de que
aldeias. Por isso, é preciso fazer da escola a instituição acolhedora, compete a todas elas o desenvolvimento integral de suas
inclusiva, pois essa é uma opção “transgressora”, porque rompe demandas, numa tentativa de superação das desigualdades
com a ilusão da homogeneidade e provoca, quase sempre, uma de natureza sociocultural, socioeconômica e outras.
espécie de crise de identidade institucional. Há alguns anos, se tem constatado a necessidade de a
A escola é, ainda, espaço em que se abrigam desencontros criança, o adolescente e o jovem, particularmente aqueles das
de expectativas, mas também acordos solidários, norteados classes sociais trabalhadoras, permanecerem mais tempo na
por princípios e valores educativos pactuados por meio escola.
do projeto político- pedagógico concebido segundo as Tem-se defendido que o estudante poderia beneficiar-se
demandas sociais e aprovado pela comunidade educativa. da ampliação da jornada escolar, no espaço único da escola
Por outro lado, enquanto a escola se prende às ou diferentes espaços educativos, nos quais a permanência do
características de metodologias tradicionais, com relação estudante se liga tanto à quantidade e qualidade do tempo
ao ensino e à aprendizagem como ações concebidas diário de escolarização, quanto à diversidade de atividades de
separadamente, as características de seus estudantes requerem aprendizagens.
outros processos e procedimentos, em que aprender, ensinar, Assim, a qualidade da permanência em tempo integral
pesquisar, investigar, avaliar ocorrem de modo indissociável. do estudante nesses espaços implica a necessidade da
Os estudantes, entre outras características, aprendem a incorporação efetiva e orgânica no currículo de atividades e
receber informação com rapidez, gostam do processo estudos pedagogicamente planejados e acompanhados ao
paralelo, de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, preferem longo de toda a jornada.
fazer seus gráficos antes de ler o texto, enquanto os docentes No projeto nacional de educação, tanto a escola de
creem que acompanham a era digital apenas porque digitam tempo integral quanto a de tempo parcial, diante da sua
e imprimem textos, têm e-mail, não percebendo que os responsabilidade educativa, social e legal, assumem a
estudantes nasceram na era digital. aprendizagem compreendendo- a como ação coletiva
As tecnologias da informação e comunicação constituem conectada com a vida, com as necessidades, possibilidades
uma parte de um contínuo desenvolvimento de tecnologias, a e interesses das crianças, dos jovens e dos adultos. O direito
começar pelo giz e os livros, todos podendo apoiar e enriquecer de aprender é, portanto, intrínseco ao direito à dignidade
as aprendizagens. Como qualquer ferramenta, devem ser usadas humana, à liberdade, à inserção social, ao acesso aos bens
e adaptadas para servir a fins educacionais e como tecnologia sociais, artísticos e culturais, significando direito à saúde em
assistiva; desenvolvidas de forma a possibilitar que a interatividade todas as suas implicações, ao lazer, ao esporte, ao respeito, à
virtual se desenvolva de modo mais intenso, inclusive na integração familiar e comunitária.
produção de linguagens. Assim, a infraestrutura tecnológica, Conforme o artigo 34 da LDB, o Ensino Fundamental
como apoio pedagógico às atividades escolares, deve também incluirá, pelo menos, quatro horas de trabalho efetivo em
garantir acesso dos estudantes à biblioteca, ao rádio, à televisão, sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período
à internet aberta às possibilidades da convergência digital. de permanência na escola, até que venha a ser ministrado
Essa distância necessita ser superada, mediante aproximação em tempo integral (§ 2º). Essa disposição, obviamente, só é
dos recursos tecnológicos de informação e comunicação, factível para os cursos do período diurno, tanto é que o § 1º
estimulando a criação de novos métodos didático-pedagógicos, ressalva os casos do ensino noturno.
para que tais recursos e métodos sejam inseridos no cotidiano Os cursos em tempo parcial noturno, na sua maioria, são
escolar. Isto porque o conhecimento científico, nos tempos atuais, de Educação de Jovens e Adultos (EJA) destinados, mormente,
exige da escola o exercício da compreensão, valorização da ciência e a estudantes trabalhadores, com maior maturidade e
da tecnologia desde a infância e ao longo de toda a vida, em busca experiência de vida. São poucos, porém, os cursos regulares
da ampliação do domínio do conhecimento científico: uma das noturnos destinados a adolescentes e jovens de 15 a 18 anos
condições para o exercício da cidadania. O conhecimento científico ou pouco mais, os quais são compelidos ao estudo nesse
e as novas tecnologias constituem-se, cada vez mais, condição para turno por motivos de defasagem escolar e/ou de inadaptação
que a pessoa saiba se posicionar frente a processos e inovações aos métodos adotados e ao convívio com colegas de idades
que a afetam. Não se pode, pois, ignorar que se vive: o avanço menores. A regra tem sido induzi-los a cursos de EJA, quando
do uso da energia nuclear; da nanotecnologia; a conquista da o necessário são cursos regulares, com programas adequados
produção de alimentos geneticamente modificados; a clonagem à sua faixa etária, como, aliás, é claramente prescrito no inciso
biológica. Nesse contexto, tanto o docente quanto o estudante e VI do artigo 4º da LDB: oferta de ensino noturno regular,
o gestor requerem uma escola em que a cultura, a arte, a ciência e adequado às condições do educando.
a tecnologia estejam presentes no cotidiano escolar, desde o início
da Educação Básica.
5
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
A transversalidade é entendida como uma forma Nessa perspectiva, cada sistema pode conferir à
de organizar o trabalho didáticopedagógico em que comunidade escolar autonomia para seleção dos temas
temas, eixos temáticos são integrados às disciplinas, e delimitação dos espaços curriculares a eles destinados,
às áreas ditas convencionais de forma a estarem bem como a forma de tratamento que será conferido
presentes em todas elas. A transversalidade difere-se da à transversalidade. Para que sejam implantadas com
interdisciplinaridade e complementam-se; ambas rejeitam sucesso, é fundamental que as ações interdisciplinares
a concepção de conhecimento que toma a realidade sejam previstas no projeto político-pedagógico, mediante
como algo estável, pronto e acabado. A primeira se pacto estabelecido entre os profissionais da educação,
refere à dimensão didáticopedagógica e a segunda, à responsabilizando-se pela concepção e implantação do
abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento. projeto interdisciplinar na escola, planejando, avaliando
A transversalidade orienta para a necessidade de se as etapas programadas e replanejando-as, ou seja,
instituir, na prática educativa, uma analogia entre aprender reorientando o trabalho de todos, em estreito laço com
conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender as famílias, a comunidade, os órgãos responsáveis pela
sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender na observância do disposto em lei, principalmente, no ECA.
realidade e da realidade). Dentro de uma compreensão Com a implantação e implementação da LDB, a
interdisciplinar do conhecimento, a transversalidade expressão “matriz” foi adotada formalmente pelos
tem significado, sendo uma proposta didática que diferentes sistemas educativos, mas ainda não conseguiu
possibilita o tratamento dos conhecimentos escolares de provocar ampla e aprofundada discussão pela comunidade
forma integrada. Assim, nessa abordagem, a gestão do educacional. O que se pode constatar é que a matriz foi
conhecimento parte do pressuposto de que os sujeitos são entendida e assumida carregando as mesmas características
agentes da arte de problematizar e interrogar, e buscam da “grade” burocraticamente estabelecida. Em sua história,
procedimentos interdisciplinares capazes de acender esta recebeu conceitos a partir dos quais não se pode
a chama do diálogo entre diferentes sujeitos, ciências, considerar que matriz e grade sejam sinônimas. Mas
saberes e temas. o que é matriz? E como deve ser entendida a expressão
“curricular”, se forem consideradas as orientações para a
A prática interdisciplinar é, portanto, uma abordagem
educação nacional, pelos atos legais e normas vigentes?
que facilita o exercício da transversalidade, constituindo-
Se o termo matriz for concebido tendo como referência
se em caminhos facilitadores da integração do processo
o discurso das ciências econômicas, pode ser apreendida
formativo dos estudantes, pois ainda permite a sua
como correlata de grade. Se for considerada a partir de
participação na escolha dos temas prioritários. Desse
sua origem etimológica, será entendida como útero (lugar
ponto de vista, a interdisciplinaridade e o exercício da
onde o feto de desenvolve), ou seja, lugar onde algo é
transversalidade ou do trabalho pedagógico centrado em
concebido, gerado e/ou criado (como a pepita vinda da
eixos temáticos, organizados em redes de conhecimento, matriz) ou, segundo Antônio Houaiss (2001,
contribuem para que a escola dê conta de tornar os p. 1870), aquilo que é fonte ou origem, ou ainda,
seus sujeitos conscientes de seus direitos e deveres e da segundo o mesmo autor, a casa paterna ou materna,
possibilidade de se tornarem aptos a aprender a criar novos espaço de referência dos filhos, mesmo após casados.
direitos, coletivamente. De qualquer forma, esse percurso é Admitindo a acepção de matriz como lugar onde algo é
promovido a partir da seleção de temas entre eles o tema dos concebido, gerado ou criado ou como aquilo que é fonte
direitos humanos, recomendados para serem abordados ao ou origem, não se admite equivalência de sentido, menos
longo do desenvolvimento de componentes curriculares ainda como desenho simbólico ou instrumental da matriz
com os quais guardam intensa ou relativa relação temática, curricular com o mesmo formato e emprego atribuído
em função de prescrição definida pelos órgãos do sistema historicamente à grade curricular. A matriz curricular
educativo ou pela comunidade educacional, respeitadas as deve, portanto, ser entendida como algo que funciona
características próprias da etapa da Educação Básica que a assegurando movimento, dinamismo, vida curricular e
justifica. educacional na sua multidimensionalidade, de tal modo
Conceber a gestão do conhecimento escolar que os diferentes campos do conhecimento possam se
enriquecida pela adoção de temas a serem tratados sob coadunar com o conjunto de atividades educativas e
a perspectiva transversal exige da comunidade educativa instigar, estimular o despertar de necessidades e desejos
clareza quanto aos princípios e às finalidades da educação, nos sujeitos que dão vida à escola como um todo. A matriz
além de conhecimento da realidade contextual, em que curricular constitui-se no espaço em que se delimita o
as escolas, representadas por todos os seus sujeitos e a conhecimento e representa, além de alternativa operacional
sociedade, se acham inseridas. Para isso, o planejamento que subsidia a gestão de determinado currículo escolar,
das ações pedagógicas pactuadas de modo sistemático subsídio para a gestão da escola (organização do tempo e
e integrado é pré-requisito indispensável à organicidade, espaço curricular; distribuição e controle da carga horária
sequencialidade e articulação do conjunto das docente) e primeiro passo para a conquista de outra forma
aprendizagens perspectivadas, o que requer a participação de gestão do conhecimento pelos sujeitos que dão vida
de todos. Parte-se, pois, do pressuposto de que, para ser ao cotidiano escolar, traduzida como gestão centrada
tratada transversalmente, a temática atravessa, estabelece na abordagem interdisciplinar. Neste sentido, a matriz
elos, enriquece, complementa temas e/ou atividades curricular deve se organizar por “eixos temáticos”, definidos
tratadas por disciplinas, eixos ou áreas do conhecimento. pela unidade escolar ou pelo sistema educativo.
7
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Para a definição de eixos temáticos norteadores da Formação básica comum e parte diversificada
organização e desenvolvimento curricular, parte-se do
entendimento de que o programa de estudo aglutina A LDB definiu princípios e objetivos curriculares gerais
investigações e pesquisas sob diferentes enfoques. O eixo para o Ensino Fundamental e Médio, sob os aspectos:
temático organiza a estrutura do trabalho pedagógico, I – duração: anos, dias letivos e carga horária mínimos;
limita a dispersão temática e fornece o cenário no qual II – uma base nacional comum;
são construídos os objetos de estudo. O trabalho com eixos III – uma parte diversificada.
temáticos permite a concretização da proposta de trabalho Entende-se por base nacional comum, na Educação
pedagógico centrada na visão interdisciplinar, pois facilita a Básica, os conhecimentos, saberes e valores produzidos
organização dos assuntos, de forma ampla e abrangente, a culturalmente, expressos nas políticas públicas e que são
problematização e o encadeamento lógico dos conteúdos e gerados nas instituições produtoras do conhecimento
a abordagem selecionada para a análise e/ou descrição dos científico e tecnológico; no mundo do trabalho; no
temas. O recurso dos eixos temáticos propicia o trabalho em desenvolvimento das linguagens; nas atividades desportivas
equipe, além de contribuir para a superação do isolamento das e corporais; na produção artística; nas formas diversas e
pessoas e de conteúdos fixos. Os professores com os estudantes exercício da cidadania; nos movimentos sociais, definidos no
têm liberdade de escolher temas, assuntos que desejam estudar,
texto dessa Lei, artigos 26 e 33 , que assim se traduzem:
contextualizando-os em interface com outros.
I – na Língua Portuguesa;
Incide sobre a aprendizagem, subsidiada pela consciência de
II – na Matemática;
que o processo de comunicação entre estudantes e professores
é efetivado por meio de práticas e recursos tradicionais e por III – no conhecimento do mundo físico, natural, da
práticas de aprendizagem desenvolvidas em ambiente virtual. realidade social e política, especialmente do Brasil, incluindo-
Pressupõe compreender que se trata de aprender em rede e não se o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena,
de ensinar na rede, exigindo que o ambiente de aprendizagem seja IV – na Arte em suas diferentes formas de expressão,
dinamizado e compartilhado por todos os sujeitos do processo incluindo-se a música;
educativo. Esses são procedimentos que não se confundem. V – na Educação Física;
Por isso, as redes de aprendizagem constituem-se em VI – no Ensino Religioso.
ferramenta didáticopedagógica relevante também nos Tais componentes curriculares são organizados pelos
programas de formação inicial e continuada de profissionais sistemas educativos, em forma de áreas de conhecimento,
da educação. Esta opção requer planejamento sistemático disciplinas, eixos temáticos, preservando-se a especificidade
integrado, estabelecido entre sistemas educativos docentes dos diferentes campos do conhecimento, por meio dos
como infraestrutura favorável, prática por projetos, respeito quais se desenvolvem as habilidades indispensáveis ao
ao tempo escolar, avaliação planejada, perfil do professor, exercício da cidadania, em ritmo compatível com as etapas
perfil e papel da direção escolar, formação do corpo docente, do desenvolvimento integral do cidadão.
valorização da leitura, atenção individual ao estudante, A parte diversificada enriquece e complementa a base
atividades complementares e parcerias. nacional comum, prevendo o estudo das características
Mas inclui outros aspectos como interação com as famílias regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e
e a comunidade, valorização docente e outras medidas, entre da comunidade escolar. Perpassa todos os tempos e espaços
as quais a instituição de plano de carreira, cargos e salários. curriculares constituintes do Ensino Fundamental e do Médio,
As experiências em andamento têm revelado êxitos e desafios independentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos
vividos pelas redes na busca da qualidade da educação. Os tenham acesso à escola. É organizada em temas gerais, em
desafios centram-se, predominantemente, nos obstáculos para a forma de áreas do conhecimento, disciplinas, eixos temáticos,
gestão participativa, a qualificação dos funcionários, a integração selecionados pelos sistemas educativos e pela unidade
entre instituições escolares de diferentes sistemas educativos escolar, colegiadamente, para serem desenvolvidos de forma
(estadual e municipal, por exemplo) e a inclusão de estudantes
transversal. A base nacional comum e a parte diversificada
com deficiência. São ressaltados, como pontos positivos, o
não podem se constituir em dois blocos distintos, com
intercâmbio de informações; a agilidade dos fluxos; os recursos
disciplinas específicas para cada uma dessas partes.
que alimentam relações e aprendizagens coletivas, orientadas por
um propósito comum: a garantia do direito de aprender. A compreensão sobre base nacional comum, nas suas
Entre as vantagens, podem ser destacadas aquelas que relações com a parte diversificada, foi objeto de vários
se referem à multiplicação de aulas de transmissão em tempo pareceres emitidos pelo CNE, cuja síntese se encontra no
real por meio de tele aulas, com elevado grau de qualidade e Parecer CNE/CEB nº 14/2000, da lavra da conselheira Edla de
amplas possibilidades de acesso, em telessalas ou em qualquer Araújo Lira Soares. Após retomar o texto dos artigos 26 e 27
outro lugar, previamente preparado, para acesso pelos sujeitos da LDB, a conselheira assim se pronuncia:
da aprendizagem; aulas simultâneas para várias salas (e várias (…) a base nacional comum interage com a parte
unidades escolares) com um professor principal e professores diversificada, no âmago do processo de constituição de
assistentes locais, combinadas com atividades on-line em conhecimentos e valores das crianças, jovens e adultos,
plataformas digitais; aulas gravadas e acessadas a qualquer tempo evidenciando a importância da participação de todos
e de qualquer lugar por meio da internet ou da TV digital, tratando os segmentos da escola no processo de elaboração da
de conteúdo, compreensão e avaliação dessa compreensão; e proposta da instituição que deve nos termos da lei, utilizar
oferta de esclarecimentos de dúvidas em determinados momentos a parte diversificada para enriquecer e complementar a base
do processo didáticopedagógico. nacional comum.
8
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
(…) tanto a base nacional comum quanto a parte V – compreender os efeitos da “infoera”, sabendo
diversificada são fundamentais para que o currículo faça que estes atuam, cada vez mais, na vida das crianças, dos
sentido como um todo. adolescentes e adultos, para que se reconheçam, de um
Cabe aos órgãos normativos dos sistemas de lado, os estudantes, de outro, os profissionais da educação
ensino expedir orientações quanto aos estudos e às e a família, mas reconhecendo que os recursos midiáticos
atividades correspondentes à parte diversificada do devem permear todas as atividades de aprendizagem.
Ensino Fundamental e do Médio, de acordo com a Na organização da matriz curricular, serão observados
legislação vigente. A LDB, porém, inclui expressamente o os critérios:
estudo de, pelo menos, uma língua estrangeira moderna I – de organização e programação de todos os tempos
como componente necessário da parte diversificada, (carga horária) e espaços curriculares (componentes), em
sem determinar qual deva ser, cabendo sua escolha à forma de eixos, módulos ou projetos, tanto no que se
comunidade escolar, dentro das possibilidades da escola, refere à base nacional comum, quanto à parte diversificada,
que deve considerar o atendimento das características sendo que a definição de tais eixos, módulos ou projetos
locais, regionais, nacionais e transnacionais, tendo deve resultar de amplo e verticalizado debate entre os
em vista as demandas do mundo do trabalho e da atores sociais atuantes nas diferentes instâncias educativas;
internacionalização de toda ordem de relações. A língua II – de duração mínima anual de 200 (duzentos) dias
espanhola, no entanto, por força de lei específica (Lei nº letivos, com o total de, no mínimo, 800 (oitocentas) horas,
11.161/2005) passou a ser obrigatoriamente ofertada no recomendada a sua ampliação, na perspectiva do tempo
Ensino Médio, embora facultativa para o estudante, bem integral, sabendo-se que as atividades escolares devem ser
como possibilitada no Ensino Fundamental, do 6º ao 9º programadas articulada e integradamente, a partir da base
ano. Outras leis específicas, a latere da LDB, determinam nacional comum enriquecida e complementada pela parte
que sejam incluídos componentes não disciplinares, como diversificada, ambas formando um todo;
as questões relativas ao meio ambiente, à condição e III – da interdisciplinaridade e da contextualização, que
direito do idoso e ao trânsito. devem ser constantes em todo o currículo, propiciando a
interlocução entre os diferentes campos do conhecimento
Correspondendo à base nacional comum, ao longo do
e a transversalidade do conhecimento de diferentes
processo básico de escolarização, a criança, o adolescente,
disciplinas, bem como o estudo e o desenvolvimento de
o jovem e o adulto devem ter oportunidade de desenvolver,
projetos referidos a temas concretos da realidade dos
no mínimo, habilidades segundo as especificidades de
estudantes;
cada etapa do desenvolvimento humano, privilegiando-
IV – da destinação de, pelo menos, 20% do total da
se os aspectos intelectuais, afetivos, sociais e políticos
carga horária anual ao conjunto de programas e projetos
que se desenvolvem de forma entrelaçada, na unidade do
interdisciplinares eletivos criados pela escola, previstos no
processo didático. projeto pedagógico, de modo que os sujeitos do Ensino
Organicamente articuladas, a base comum nacional e a Fundamental e Médio possam escolher aqueles com que
parte diversificada são organizadas e geridas de tal modo se identifiquem e que lhes permitam melhor lidar com o
que também as tecnologias de informação e comunicação conhecimento e a experiência. Tais programas e projetos
perpassem transversalmente a proposta curricular desde a devem ser desenvolvidos de modo dinâmico, criativo e
Educação Infantil até o Ensino Médio, imprimindo direção flexível, em articulação com a comunidade em que a escola
aos projetos político-pedagógicos. Ambas possuem como esteja inserida;
referência geral o compromisso com saberes de dimensão V – da abordagem interdisciplinar na organização e
planetária para que, ao cuidar e educar, seja possível à gestão do currículo, viabilizada pelo trabalho desenvolvido
escola conseguir: coletivamente, planejado previamente, de modo integrado
I – ampliar a compreensão sobre as relações entre o e pactuado com a comunidade educativa;
indivíduo, o trabalho, a sociedade e a espécie humana, VI – de adoção, nos cursos noturnos do
seus limites e suas potencialidades, em outras palavras, sua Ensino Fundamental e do Médio, da metodologia
identidade terrena; didáticopedagógica pertinente às características dos
II – adotar estratégias para que seja possível, ao longo sujeitos das aprendizagens, na maioria trabalhadores, e,
da Educação Básica, desenvolver o letramento emocional, se necessário, sendo alterada a duração do curso, tendo
social e ecológico; o conhecimento científico pertinente como referência o mínimo correspondente à base nacional
aos diferentes tempos, espaços e sentidos; a compreensão comum, de modo que tais cursos não fiquem prejudicados;
do significado das ciências, das letras, das artes, do esporte VII – do entendimento de que, na proposta curricular,
e do lazer; as características dos jovens e adultos trabalhadores das
III – ensinar a compreender o que é ciência, qual a sua turmas do período noturno devem ser consideradas como
história e a quem ela se destina; subsídios importantes para garantir o acesso ao Ensino
IV – viver situações práticas a partir das quais seja Fundamental e ao Ensino Médio, a permanência e o
possível perceber que não há uma única visão de mundo, sucesso nas últimas séries, seja em curso de tempo regular,
portanto, um fenômeno, um problema, uma experiência seja em curso na modalidade de Educação de Jovens e
podem ser descritos e analisados segundo diferentes Adultos, tendo em vista o direito à frequência a uma escola
perspectivas e correntes de pensamento, que variam no que lhes dê uma formação adequada ao desenvolvimento
tempo, no espaço, na intencionalidade; de sua cidadania;
9
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
III – o Ensino Médio, com duração mínima de 3 (três) é também um documento em que se registra o resultado
anos. do processo negocial estabelecido por aqueles atores
Estas etapas e fases têm previsão de idades próprias, as que estudam a escola e por ela respondem em parceria
quais, no entanto, são diversas quando se atenta para alguns (gestores, professores, técnicos e demais funcionários,
pontos como atraso na matrícula e/ou no percurso escolar, representação estudantil, representação da família e da
repetência, retenção, retorno de quem havia abandonado comunidade local). É, portanto, instrumento de previsão e
os estudos, estudantes com deficiência, jovens e adultos suporte para a avaliação das ações educativas programadas
sem escolarização ou com esta incompleta, habitantes de para a instituição como um todo; referência e transcende
zonas rurais, indígenas e quilombolas, adolescentes em o planejamento da gestão e do desenvolvimento escolar,
regime de acolhimento ou internação, jovens e adultos em porque suscita e registra decisões colegiadas que envolvem
situação de privação de liberdade nos estabelecimentos a comunidade escolar como um todo, projetando-as para
penais. além do período do mandato de cada gestor. Assim, cabe
à escola, considerada a sua identidade e a de seus sujeitos,
O projeto político-pedagógico e o regimento articular a formulação do projeto político-pedagógico com
escolar os planos de educação nacional, estadual, municipal, o
plano da gestão, o contexto em que a escola se situa e as
O projeto político-pedagógico, nomeado na LDB como necessidades locais e as de seus estudantes. A organização
proposta ou projeto pedagógico, representa mais do que e a gestão das pessoas, do espaço, dos processos e os
um documento. É um dos meios de viabilizar a escola procedimentos que viabilizam o trabalho de todos aqueles
democrática e autônoma para todos, com qualidade social. que se inscrevem no currículo em movimento expresso no
Autonomia pressupõe liberdade e capacidade de decidir projeto político-pedagógico representam o conjunto de
a partir de regras relacionais. O exercício da autonomia elementos que integram o trabalho pedagógico e a gestão
administrativa e pedagógica da escola pode ser traduzido da escola tendo como fundamento o que dispõem os
como a capacidade de governar a si mesmo, por meio de artigos 14, 12 e 13, da LDB, respectivamente.
normas próprias.
Na elaboração do projeto político-pedagógico, a
A autonomia da escola numa sociedade democrática
concepção de currículo e de conhecimento escolar deve
é, sobretudo, a possibilidade de ter uma compreensão
ser enriquecida pela compreensão de como lidar com
particular das metas da tarefa de educar e cuidar, das
temas significativos que se relacionem com problemas
relações de interdependência, da possibilidade de fazer
e fatos culturais relevantes da realidade em que a escola
escolhas visando a um trabalho educativo eticamente
se inscreve. O conhecimento prévio sobre como funciona
responsável, que devem ser postas em prática nas
o financiamento da educação pública, tanto em nível
instituições educacionais, no cumprimento do artigo 3º
da LDB, em que vários princípios derivam da Constituição federal quanto em estadual e municipal, pela comunidade
Federal. Essa autonomia tem como suporte a Constituição educativa, contribui, significativamente, no momento
Federal e o disposto no artigo 15 da LDB: em que se estabelecem as prioridades institucionais.
Os sistemas de ensino assegurarão às unidades A natureza e a finalidade da unidade escolar, o papel
escolares públicas de Educação Básica que os integram socioeducativo, artístico, cultural, ambiental, as questões
progressivos graus de autonomia pedagógica e de gênero, etnia, classe social e diversidade cultural
administrativa e de gestão financeira, observadas as que compõem as ações educativas, particularmente a
normas gerais de direito financeiro público. organização e a gestão curricular, são os componentes que
O ponto de partida para a conquista da autonomia subsidiam as demais partes integrantes do projeto político-
pela instituição educacional tem por base a construção da pedagógico. Nele, devem ser previstas as prioridades
identidade de cada escola, cuja manifestação se expressa institucionais que a identificam. Além de se observar
no seu projeto pedagógico e no regimento escolar próprio, tais critérios e compromisso, deve-se definir o conjunto
enquanto manifestação de seu ideal de educação e que das ações educativas próprias das etapas da Educação
permite uma nova e democrática ordenação pedagógica Básica assumidas pela unidade escolar, de acordo com
das relações escolares. O projeto político-pedagógico as especificidades que lhes correspondam, preservando a
deve, pois, ser assumido pela comunidade educativa, ao articulação orgânica daquelas etapas.
mesmo tempo, como sua força indutora do processo Reconhecendo o currículo como coração que faz pulsar
participativo na instituição e como um dos instrumentos o trabalho pedagógico na sua multidimensionalidade
de conciliação das diferenças, de busca da construção de e dinamicidade, o projeto político-pedagógico deve
responsabilidade compartilhada por todos os membros constituir-se:
integrantes da comunidade escolar, sujeitos históricos I – do diagnóstico da realidade concreta dos sujeitos
concretos, situados num cenário geopolítico preenchido do processo educativo, contextualizado no espaço e no
por situações cotidianas desafiantes. tempo;
Assim concebido, o processo de formulação do projeto II – da concepção sobre educação, conhecimento,
político-pedagógico tem como referência a democrática avaliação da aprendizagem e mobilidade escolar;
ordenação pedagógica das relações escolares, cujo III – da definição de qualidade das aprendizagens e, por
horizonte de ação procura abranger a vida humana em sua consequência, da escola, no contexto das desigualdades
globalidade. Por outro lado, o projeto político-pedagógico que nela se refletem;
11
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
IV – de acompanhamento sistemático dos resultados VII – preveja a formação continuada dos gestores e
do processo de avaliação interna e externa (SAEB, Prova professores para que estes tenham a oportunidade de se
Brasil, dados estatísticos resultantes das avaliações em rede manter atualizados quanto ao campo do conhecimento
nacional e outras; pesquisas sobre os sujeitos da Educação que lhes cabe manejar, trabalhar e quanto à adoção, à
Básica), incluindo resultados que compõem o Índice de opção da metodologia didáticopedagógica mais própria às
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e/ou que aprendizagens que devem vivenciar e estimular, incluindo
complementem ou substituam os desenvolvidos pelas aquelas pertinentes às Tecnologias de Informação e
unidades da federação e outros; Comunicação (TIC);
V – da implantação dos programas de acompanhamento VIII – realize encontros pedagógicos periódicos,
do acesso, de permanência dos estudantes e de superação da com tempo e espaço destinados a estudos, debates e
retenção escolar; troca de experiências de aprendizagem dos sujeitos do
VI – da explicitação das bases que norteiam a organização processo coletivo de gestão e pedagógico pelos gestores,
do trabalho pedagógico tendo como foco os fundamentos professores e estudantes, para a reorientação de caminhos
da gestão democrática, compartilhada e participativa (órgãos e estratégias; IX – defina e justifique, claramente, a
colegiados, de representação estudantil e dos pais). opção por um ou outro método de trabalho docente e a
No projeto político-pedagógico, deve-se conceber a compreensão sobre a qualidade das aprendizagens como
organização do espaço físico da instituição escolar de tal direito social dos sujeitos e da escola: qualidade formal e
modo que este seja compatível com as características de seus qualidade política (saber usar a qualidade formal);
sujeitos, além da natureza e das finalidades da educação, X – traduza, claramente, os critérios orientadores da
deliberadas e assumidas pela comunidade educacional. Assim, distribuição e organização do calendário escolar e da carga
a despadronização curricular pressupõe a despadronização do horária destinada à gestão e à docência, de tal modo que se
espaço físico e dos critérios de organização da carga horária viabilize a concretização do currículo escolar e, ao mesmo
do professor. A exigência – o rigor no educar e cuidar – é a tempo, que os profissionais da educação sejam valorizados
chave para a conquista e recuperação dos níveis de qualidade e estimulados a trabalharem prazerosamente;
educativa de que as crianças e os jovens necessitam para
XI – contemple programas e projetos com os quais
continuar a estudar em etapas e níveis superiores, para
a escola desenvolverá ações inovadoras, cujo foco incida
integrar-se no mundo do trabalho em seu direito inalienável
na prevenção das consequências da incivilidade que
de alcançar o lugar de cidadãos responsáveis, formados nos
vem ameaçando a saúde e o bem-estar, particularmente
valores democráticos e na cultura do esforço e da solidariedade.
das juventudes, assim como na reeducação dos sujeitos
Nessa perspectiva, a comunidade escolar assume o
vitimados por esse fenômeno psicossocial;
projeto político-pedagógico não como peça constitutiva
XII – avalie as causas da distorção de idade/ano/série,
da lógica burocrática, menos ainda como elemento mágico
capaz de solucionar todos os problemas da escola, mas como projetando a sua superação, por intermédio da implantação
instância de construção coletiva, que respeita os sujeitos de programas didático-pedagógicos fundamentados por
das aprendizagens, entendidos como cidadãos de direitos à metodologia específica.
proteção e à participação social, de tal modo que: Daí a necessidade de se estimularem novas formas de
I – estimule a leitura atenta da realidade local, regional organização dos componentes curriculares dispondo-os
e mundial, por meio da qual se podem perceber horizontes, em eixos temáticos, que são considerados eixos fundantes,
tendências e possibilidades de desenvolvimento; pois conferem relevância ao currículo. Desse modo, no
II – preserve a clareza sobre o fazer pedagógico, em sua projeto político-pedagógico, a comunidade educacional
multidimensionalidade, prevendo-se a diversidade de ritmo de deve engendrar o entrelaçamento entre trabalho, ciência,
desenvolvimento dos sujeitos das aprendizagens e caminhos tecnologia, cultura e arte, por meio de atividades próprias
por eles escolhidos; às características da etapa de desenvolvimento humano do
III – institua a compreensão dos conflitos, das divergências escolar a que se destinarem, prevendo:
e diferenças que demarcam as relações humanas e sociais; I – as atividades integradoras de iniciação científica e
IV – esclareça o papel dos gestores da instituição, da no campo artístico-cultural, desde a Educação Infantil;
organização estudantil e dos conselhos: comunitário, de II – os princípios norteadores da educação nacional,
classe, de pais e outros; a metodologia da problematização como instrumento
V – perceba e interprete o perfil real dos sujeitos – de incentivo à pesquisa, à curiosidade pelo inusitado e
crianças, jovens e adultos – que justificam e instituem a vida da ao desenvolvimento do espírito inventivo, nas práticas
e na escola, do ponto de vista intelectual, cultural, emocional, didáticas;
afetivo, socioeconômico, como base da reflexão sobre as III – o desenvolvimento de esforços pedagógicos com
relações vida-conhecimento-cultura-professor estudante e intenções educativas, comprometidas com a educação
instituição escolar; cidadã;
VI – considere como núcleo central das aprendizagens IV – a avaliação do desenvolvimento das aprendizagens
pelos sujeitos do processo educativo (gestores, professores, como processo formativo e permanente de reconhecimento
técnicos e funcionários, estudantes e famílias) a curiosidade de conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e emoções;
e a pesquisa, incluindo, de modo cuidadoso e sistemático, as V – a valorização da leitura em todos os campos do
chamadas referências virtuais de aprendizagem que se dão em conhecimento, desenvolvendo a capacidade de letramento
contextos digitais; dos estudantes;
12
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
VI – o comportamento ético e solidário, como ponto Nessa perspectiva, o regimento, discutido e aprovado
de partida para o reconhecimento dos deveres e direitos da pela comunidade escolar e conhecido por todos, constitui-
cidadania, para a prática do humanismo contemporâneo, se em um dos instrumentos de execução, com transparência
pelo reconhecimento, respeito e acolhimento da identidade e responsabilidade, do seu projeto político-pedagógico.
do outro; As normas nele definidas servem, portanto, para reger o
VII – a articulação entre teoria e prática, vinculando o trabalho pedagógico e a vida da instituição escolar, em
trabalho intelectual com atividades práticas experimentais; consonância com o projeto políticopedagógico e com a
VIII – a promoção da integração das atividades educativas legislação e as normas educacionais.
com o mundo do trabalho, por meio de atividades práticas e
de estágios, estes para os estudantes do Ensino Médio e da Avaliação
Educação Profissional e Tecnológica;
IX – a utilização de novas mídias e tecnologias Do ponto de vista teórico, muitas são as formulações
educacionais, como processo de dinamização dos ambientes que tratam da avaliação. No ambiente educacional, ela
de aprendizagem; compreende três dimensões básicas:
X – a oferta de atividades de estudo com utilização I – avaliação da aprendizagem;
de novas tecnologias de comunicação. XI – a promoção II – avaliação institucional interna e externa;
de atividades sociais que estimulem o convívio humano e III – avaliação de redes de Educação Básica.
interativo do mundo dos jovens;
XII – a organização dos tempos e dos espaços com Nestas Diretrizes, é a concepção de educação que
ações efetivas de interdisciplinaridade e contextualização dos fundamenta as dimensões da avaliação e das estratégias
conhecimentos; didáticopedagógica a serem utilizadas. Essas três dimensões
XIII – a garantia do acompanhamento da vida escolar dos devem estar previstas no projeto político-pedagógico para
estudantes, desde o diagnóstico preliminar, acompanhamento nortearem a relação pertinente que estabelece o elo entre a
do desempenho e integração com a família; gestão escolar, o professor, o estudante, o conhecimento e
XIV – a promoção da aprendizagem criativa como processo
a sociedade em que a escola se situa. No nível operacional,
de sistematização dos conhecimentos elaborados, como
a avaliação das aprendizagens tem como referência o
caminho pedagógico de superação à mera memorização;
conjunto de habilidades, conhecimentos, princípios e
XV – o estímulo da capacidade de aprender do estudante,
valores que os sujeitos do processo educativo projetam para
desenvolvendo o autodidatismo e autonomia dos estudantes;
si de modo integrado e articulado com aqueles princípios e
XVI – a indicação de exames otorrino, laringo, oftálmico
valores definidos para a Educação Básica, redimensionados
e outros sempre que o estudante manifestar dificuldade de
para cada uma de suas etapas.
concentração e/ou mudança de comportamento;
A avaliação institucional interna, também denominada
XVII – a oferta contínua de atividades complementares e
de reforço da aprendizagem, proporcionando condições para autoavaliação institucional, realiza-se anualmente,
que o estudante tenha sucesso em seus estudos; considerando as orientações contidas na regulamentação
XVIII – a oferta de atividades de estudo com utilização de vigente, para revisão do conjunto de objetivos e metas,
novas tecnologias de comunicação. mediante ação dos diversos segmentos da comunidade
Nesse sentido, o projeto político-pedagógico, concebido educativa, o que pressupõe delimitação de indicadores
pela escola e que passa a orientá-la, deve identificar a compatíveis com a natureza e a finalidade institucionais,
Educação Básica, simultaneamente, como o conjunto e além de clareza quanto à qualidade social das aprendizagens
pluralidade de espaços e tempos que favorecem processos e da escola.
em que a infância e a adolescência se humanizam ou se A avaliação institucional externa, promovida pelos
desumanizam, porque se inscrevem numa teia de relações órgãos superiores dos sistemas educacionais, inclui,
culturais mais amplas e complexas, histórica e socialmente entre outros instrumentos, pesquisas, provas, tais como
tecidas. Daí a relevância de se ter, como fundamento desse as do SAEB, Prova Brasil, ENEM e outras promovidas por
nível da educação, os dois pressupostos: cuidar e educar. Este sistemas de ensino de diferentes entes federativos, dados
é o foco a ser considerado pelos sistemas educativos, pelas estatísticos, incluindo os resultados que compõem o Índice
unidades escolares, pela comunidade educacional, em geral, de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e/ou que
e pelos sujeitos educadores, em particular, na elaboração e o complementem ou o substituem, e os decorrentes da
execução de determinado projeto institucional e regimento supervisão e verificações in loco. A avaliação de redes de
escolar. Educação Básica é periódica, feita por órgãos externos às
O regimento escolar trata da natureza e da finalidade da escolas e engloba os resultados da avaliação institucional,
instituição; da relação da gestão democrática com os órgãos que sinalizam para a sociedade se a escola apresenta
colegiados; das atribuições de seus órgãos e sujeitos; das qualidade suficiente para continuar funcionando.
suas normas pedagógicas, incluindo os critérios de acesso,
promoção, e a mobilidade do escolar; e dos direitos e
deveres dos seus sujeitos: estudantes, professores, técnicos,
funcionários, gestores, famílias, representação estudantil e
função das suas instâncias colegiadas.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Em seu novo percurso, o estudante transferido deve Uma escola que inclui todos supõe tratar o conhecimento
receber cuidadoso acompanhamento sobre a sua adaptação como processo e, portanto, como uma vivência que não
na instituição que o acolhe, em termos de relacionamento se harmoniza com a ideia de interrupção, mas sim de
com colegas e professores, de preferências, de respostas construção, em que o estudante, enquanto sujeito da ação,
aos desafios escolares, indo além de uma simples análise do está continuamente sendo formado, ou melhor, formando-
seu currículo escolar. Nesse sentido, os sistemas educativos se, construindo significados, a partir das relações dos
devem ousar propor a inversão da lógica escolar: ao invés homens entre si e destes com a natureza. Nessa perspectiva,
de conteúdos disciplinados estanques (substantivados), a avaliação requer outra forma de gestão da escola, de
devem investir em ações pedagógicas que priorizem organização curricular, dos materiais didáticos, na relação
aprendizagens através da operacionalidade de linguagens professor-estudante-conhecimento-escola, pois, na medida
visando à transformação dos conteúdos em modos de em que o percurso escolar é marcado por diferentes etapas
pensar, em que o que interessa, fundamentalmente, é o de aprendizagem, a escola precisará, também, organizar
vivido com outros, aproximando mundo, escola, sociedade, espaços e formas diferenciadas de atendimento, a fim de
ciência, tecnologia, trabalho, cultura e vida. evitar que uma defasagem de conhecimentos se transforme
A possibilidade de aceleração de estudos destina-se numa lacuna permanente. Esse avanço materializa-se quando
a estudantes com algum atraso escolar, aqueles que, por a concepção de conhecimento e a proposta curricular estão
alguma razão, encontram-se em descompasso de idade. As fundamentadas numa epistemologia que considera o
razões mais indicadas têm sido: ingresso tardio, retenção, conhecimento uma construção sociointerativa que ocorre na
dificuldades no processo de ensino-aprendizagem ou escola e em outras instituições e espaços sociais. Nesse caso,
outras. A progressão pode ocorrer segundo dois critérios: percebe-se já existirem múltiplas iniciativas entre professores
regular ou parcial. A escola brasileira sempre esteve no sentido de articularem os diferentes campos de saber
organizada para uma ação pedagógica inscrita num entre si e, também, com temas contemporâneos, baseados
panorama de relativa estabilidade. Isso significa que já no princípio da interdisciplinaridade, o que normalmente
vem lidando, razoavelmente, com a progressão regular. O resulta em mudanças nas práticas avaliativas.
desafio que se enfrenta incide sobre a progressão parcial,
que, se aplicada a crianças e jovens, requer o redesenho da Fonte:
organização das ações pedagógicas. Em outras palavras, a BRASIL: Diretrizes Curriculares Nacionais Da Educação
escola deverá prever para professor e estudante o horário Básica, 2013
de trabalho e espaço de atuação que se harmonize entre
estes, respeitadas as condições de locomoção de ambos,
lembrando-se de que outro conjunto de recursos didático-
pedagógicos precisa ser elaborado e desenvolvido. PRINCIPAIS ASPECTOS HISTÓRICOS DA
A LDB, no artigo 24, inciso III, prevê a possibilidade de EDUCAÇÃO BRASILEIRA.
progressão parcial nos estabelecimentos que adotam a
progressão regular por série, lembrando que o regimento
escolar pode admiti-la “desde que preservada a sequência
do currículo, observadas as normas do respectivo sistema HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
de ensino”. A Lei, entretanto, não é impositiva quanto à
adoção de progressão parcial. Caso a instituição escolar Contexto Histórico
a adote, é pré-requisito que a sequência do currículo seja
preservada, observadas as normas do respectivo sistema A formação do Brasil implica necessariamente na
de ensino, (inciso III do artigo 24), previstas no projeto estruturação de nosso modelo de ensino porque desde
político-pedagógico e no regimento, cuja aprovação se dá os primeiros anos de nossa descoberta sofremos da falta
mediante participação da comunidade escolar (artigo 13). de estrutura e investimento nessa área. Contudo, além do
Também, no artigo 32, inciso IV, § 2º, quando trata componente histórico que parece ser de comum aceitação,
especificamente do Ensino Fundamental, a LDB refere aparece o problema do modelo pedagógico adotado. Neste
que os estabelecimentos que utilizam progressão aspecto ocorre uma polarização e até uma divisão tripla
regular por série podem adotar o regime de progressão se quisermos englobar a escola técnica (anos 70). Ou seja,
continuada, sem prejuízo da avaliação do processo ensino- as posturas mais adotadas em nosso país são justamente
aprendizagem, observadas as normas do respectivo a pedagogia tradicional (método fonético) e a escola nova
sistema de ensino. A forma de progressão continuada (construtivismo).
jamais deve ser entendida como “promoção automática”, o Segundo Xavier, de um lado está a escola tradicional,
que supõe tratar o conhecimento como processo e vivência aquela que dirige que modela, que é ‘comprometida’; de
que não se harmoniza com a ideia de interrupção, mas sim outro está a escola nova, a verdadeira escola, a que não dirige,
de construção, em que o estudante, enquanto sujeito da mas abre ao humano todas as suas possibilidades de ser. É,
ação, está em processo contínuo de formação, construindo portanto, ‘descompromissada’. É o produzir contra o deixar
significados. ser; é a escola escravizadora contra a escola libertadora;
é o compromisso dos tradicionais que deve ceder lugar à
neutralidade dos jovens educadores esclarecidos.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Aparentemente temos a impressão de que o grande A segunda contribuição para a formação de nosso
problema de nossa deficiência educacional se resume a o sistema educacional deficitário é justamente o conteúdo do
problema da rigidez do modelo tradicional de ensino, mas ensino dos Jesuíta, “caracterizado sobretudo por uma enérgica
ao aprofundarmos nossa investigação constáramos que reação contra o pensamento crítico”, contudo, a maneira como
a péssima qualidade de ensino presente nas escolas do os Jesuítas cultivavam as letras permitiu algum alvorecer em
Brasil acontece devido, em parte tanto a falta de estrutura nossa literatura.
educacional adequada como pela desestruturação das
poucas bases presentes na pedagogia tradicional, causada O conflito entre as diferentes posturas de ensino
pela crítica dos escolanovistas, que acreditavam piamente
que puramente pela crítica se atingiria uma melhoria no A relação entre escola e democracia depende de
aprendizado. diferentes aspectos presentes na sociedade. Contudo, parece
No entender de SAVIANI a escola tradicional procurava que o problema aparece realmente nas teorias de educação.
ensinar e transmitia conhecimento, a escola nova estava Isso se expressa pelo elevado índice de analfabetismo
preocupada em apenas considerara o aprender a aprender. E funcional, configurando uma marginalidade desses indivíduos
posteriormente a escola técnica detinha-se em simplesmente analfabetos. Por outro lado, “no segundo grupo, estão as
considerar necessário o ensino da técnica. Até o início teorias que entendem ser a educação um instrumento de
do século XX a educação no Brasil esteve praticamente discriminação social, logo, um fator de marginalização”
abandonada, no entender de Romanelli: a economia colonial (SAVIANI, 2003).
brasileira fundada na grande propriedade e não na mão-de- Deste modo, podemos constatar que ambos os
obra escrava teve implicações de ordem social e política grupos explicam a questão da marginalidade a partir de
bastante profundas. Ela favorece o aparecimento da unidade uma determinada concepção da relação entre educação e
básica do sistema de produção, de vida social e do sistema sociedade. Assim, ambos os grupos destoam partindo de um
de poder representado pela família patriarcal. mesmo referencial, com isso, para os não-críticos (primeiro
Assim, a educação no Brasil caminhou por veredas grupo)
tortuosas desde o início, reservada a uma elite dominante A sociedade é concebida como essencialmente harmoniosa,
e totalmente exploradora, sempre esteve voltada a tendendo a integração de seus membros. A marginalidade é,
estratificação e dominação social. Esteve arraigada por pois, um fenômeno acidental que afeta individualmente um
diversos séculos em nossa sociedade a concepção de número maior ou menor de seus membros, o que, no entanto,
dominação cultural de uma parte minúscula da mesma, constitui um desvio, uma distorção que não pode como deve
configurando-se na ideia básica de que o ensino era apenas ser corrigida.
para alguns, e por isso os demais não precisariam aprender. A superação dessa distorção far-se-ia por intermédio da
As oligarquias do período colonial e monárquico educação. Tendo por função “reforçar os laços sociais, promover
estavam profundamente fundamentadas na dominação via a coesão e garantir a integração de todos os indivíduos no
controle do saber. Caracterizou-se nesse período colonial, corpo social”, permitindo a superação da marginalidade. Por
bem como no monárquico, um modelo de importação de outro lado, os que defendem uma postura crítica entendem
pensamento, principalmente da Europa e consequentemente que a sociedade como sendo essencialmente marcada pela
a matriz de aprendizagem escolar fora introduzida no mesmo divisão entre grupos ou classes antagônicas que se relacionam
momento. Nas palavras de Romanelli, foi a família patriarcal à base da força, a qual se manifesta fundamentalmente nas
que favoreceu, pela natural receptividade, a importação condições de produção da vida material. Nesse quadro a
de formas de pensamento e ideias dominantes na cultura marginalidade é entendida como um fenômeno inerente à
medieval europeia, feita através da obra dos Jesuítas”. própria estrutura da sociedade.
Assim, a classe dominante tinha de ser detentora Assim, a educação assume um papel de produtora da
dos meios de conhecimento e de ensino. Isso implicou no marginalização, porque produz a marginalidade cultural e
modelo aristocrático de vida presente em nossa sociedade de maneira especifica a escolar. No entender de Saviani
colonial e posteriormente na corte de D. Pedro. Existiram dois existem três modalidades diferentes de configurar os
fatores fundamentais na formação do modelo educacional modelos educacionais expressos pelas duas teorias expressas
brasileiro, ou seja, “a organização social (...) e o conteúdo anteriormente, isto é, a tradicional, fundada na relação ensino
cultural que foi transportado para a colônia, através da aprendizagem e na relação professor aluno; a escola nova,
formação dos padres da companhia de Jesus”. que entende como fundamental a necessidade de aprender
No primeiro fator aparece com mais intensidade a a aprender e na função de acompanhar o desenvolvimento
predominância de uma minoria de donos de terra e senhores individual do estudante por parte do professor; e por último
de engenho sobre uma massa de agregados e escravos. aparece a concepção técnica que se funda no fazer e elimina
Apenas àqueles cabia o direito à educação e, mesmo assim, totalmente a relação professor aluno.
em número restrito, porquanto deveriam estar excluídos Segundo Saviani a concepção crítica não apresenta
dessa minoria as mulheres e os filho primogênitos. Limitava- nenhuma proposta para substituir a pedagogia tradicional
se o ensino a uma determinada classe da população, ou e por isso não permite ser pensada como uma solução do
seja, apenas a classe dominante. Surge claramente um dos problema da relação entre escola e marginalidade social. Ao
fundamentos da baixa escolaridade de nossa população e apresentar uma solução possível para a questão Saviani aponta
da falta de recursos para a eliminação das diferenças entre para a definição de prioridades políticas fundadas no princípio
as classes. aristotélico de animal político, tudo englobaria o ato de educar.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Assim, a educação sempre possui uma dimensão Com efeito, promover, pois, a qualidade ética em
política tenhamos ou não consciência disso, portanto educação, componente indispensável da qualidade total,
assume-se um caráter educativo e político para a educação e reformular o modo de se relacionar de todos os atores
e este só cumpre seu papel quando permite a formação na escola, educadores e educandos, de acordo com as
integral do indivíduo. Mas o desafio permanece, como diferentes características do agir humano radicado na
podemos falar em educação global se vivemos em uma liberdade e voltado para o bem. Portanto, a complexidade
sociedade fragmentada, imbuída de diferentes conceitos de como teoria de ação precisa levar em conta a ética na
razão, educação, ética, política, marginalidade, sociedade e conduta pratica do profissional da educação.
cultura?
No entender de Saviani existem onze teses acerca da Referência:
educação que precisam ser consideradas como fundamentais STIGAR, R.; SCHUCK, N: Refletindo sobre a História da
no engajamento político. Isto é, o agir educativo sempre Educação no Brasil.
cumpre um papel fundamental na estruturação da
sociedade. O modelo tortuoso e desorganizado de nosso OS PERÍODOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
sistema educacional gera aberrações como as que vemos
nas instituições de ensino público superior. Ou seja, os que Os períodos foram divididos a partir das concepções
deveriam ter acesso as escolas públicas superiores não do autor em termos de importância histórica.
conseguem e os que podem pagar adentram as portas das Se considerarmos a História como um processo em
universidades públicas. eterna evolução não podemos considerar este trabalho
como terminado. Novas rupturas estão acontecendo no
A teoria da complexidade e sua relação com a educação exato momento em que esse texto está sendo lido. A
contemporânea educação brasileira evolui em saltos desordenados, em
diversas direções.
Segundo MORIN a sociedade contemporânea possui
elementos diversificados e complexos, isto significa que
Período Jesuítico
o ensino precisa estar atento a complexidade da vida
contemporânea.
A educação indígena foi interrompida com a chegada
Desta forma, a incorporação dos sete saberes como
dos jesuítas. Os primeiros chegaram ao território brasileiro
fundamentos para desenvolver o homem moderno. Dentro
em março de 1549. Comandados pelo Padre Manoel de
deste cenário a sociedade se preocupa cada vez mais
Nóbrega, quinze dias após a chegada edificaram a primeira
com a realidade escolar e com a formação dos indivíduos,
escola elementar brasileira, em Salvador, tendo como
sobretudo precisa-se de criatividade para mudar a
realidade brasileira. Contudo, “O conhecimento disciplinar, mestre o Irmão Vicente Rodrigues, contando apenas 21
e consequentemente a educação, têm priorizado a defesa anos. Irmão Vicente tornou-se o primeiro professor nos
de saberes concluídos, inibindo a criação de novos moldes europeus, em terras brasileiras, e durante mais
saberes e determinando um comportamento social a eles de 50 anos dedicou-se ao ensino e a propagação da fé
subordinado”. religiosa.
Por isso a interdisciplinaridade entre os diferentes No Brasil os jesuítas se dedicaram à pregação da fé
saberes seria essencial para resolver esse problema. Morin católica e ao trabalho educativo. Perceberam que não
entende que o conhecimento na complexidade seria possível converter os índios à fé católica sem que
É a viagem em busca de um modo de pensamento capaz soubessem ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica
de respeitar a multidimensionalidade, a riqueza, o mistério estendeu-se para o sul e, em 1570, vinte e um anos após
do real; e de saber que as determinações – cerebral, cultural, a chegada, já era composta por cinco escolas de instrução
social, histórica – que impõem a todo o pensamento, co- elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo
determinam sempre o objeto de conhecimento. É isto que e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro,
eu designo por pensamento complexo. Pernambuco e Bahia).
Trata-se de um pensamento desprovido de certezas Quando os jesuítas chegaram por aqui eles não
e verdades científicas, que considera a diversidade e trouxeram somente a moral, os costumes e a religiosidade
a incompatibilidade de ideias, crenças e percepções, europeia; trouxeram também os métodos pedagógicos.
integrando-as à sua complementaridade. “A consciência Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um
nunca tem a certeza de transpor a ambiguidade e a documento, escrito por Inácio de Loiola, o Ratio Studiorum.
incerteza”. Morin refere-se ao princípio da incerteza tal Eles não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além
como formulado por Werner Heisenberg, físico, um dos do curso elementar mantinham cursos de Letras e Filosofia,
precursores da mecânica quântica. Esse princípio baseia- considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências
se na falibilidade lógica, no surgimento da contradição Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes.
presente na realidade física e na indeterminabilidade da No curso de Letras estudava-se Gramática Latina,
verdade científica. Assim, o conceito de lógica tradicional Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-
fundado em Aristóteles não pode mais responder aos se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas
anseios da sociedade moderna, a lógica da complexidade e Naturais.
assume novas probabilidades e possibilidades.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Este modelo funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 Período Joanino
a 1759, quando uma nova ruptura marca a História da Educação
no Brasil: a expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal. Se A vinda da Família Real, em 1808, permitiu uma nova
existia algo muito bem estruturado, em termos de educação, o ruptura com a situação anterior. Para atender as necessidades
que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. de sua estadia no Brasil, D. João VI abriu Academias
No momento da expulsão os jesuítas tinham 25 residências, Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o
36 missões e 17 colégios e seminários, além de seminários Jardim Botânico e, sua iniciativa mais marcante em termos
menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as de mudança, a Imprensa Régia. Segundo alguns autores, o
cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. A educação Brasil foi finalmente “descoberto” e a nossa História passou
brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histórica a ter uma complexidade maior. O surgimento da imprensa
num processo já implantado e consolidado como modelo permitiu que os fatos e as ideias fossem divulgados e
educacional. discutidos no meio da população letrada, preparando
terreno propício para as questões políticas que permearam
Período Pombalino o período seguinte da História do Brasil.
A educação, no entanto, continuou a ter uma
Com a expulsão saíram do Brasil 124 jesuítas da Bahia, 53 importância secundária. Para o professor Lauro de Oliveira
de Pernambuco, 199 do Rio de Janeiro e 133 do Pará. Com eles Lima (1921- ) “a ‘abertura dos portos’, além do significado
levaram também a organização monolítica baseada no Ratio comercial da expressão, significou a permissão dada
Studiorum. aos ‘brasileiros’ (madeireiros de pau-brasil) de tomar
Desta ruptura, pouca coisa restou de prática educativa no conhecimento de que existia, no mundo, um fenômeno
Brasil. Continuaram a funcionar o Seminário Episcopal, no Pará, e chamado civilização e cultura”.
os Seminários de São José e São Pedro, que não se encontravam
sob a jurisdição jesuítica; a Escola de Artes e Edificações Militares, Período Imperial
na Bahia, e a Escola de Artilharia, no Rio de Janeiro.
Os jesuítas foram expulsos das colônias em função de D. João VI volta a Portugal em 1821. Em 1822 seu filho
radicais diferenças de objetivos com os dos interesses da Corte. D. Pedro I proclama a Independência do Brasil e, em 1824,
Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o proselitismo e o outorga a primeira Constituição brasileira. O Art. 179 desta
noviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal da decadência Lei Magna dizia que a “instrução primária é gratuita para
que se encontrava diante de outras potências europeias da todos os cidadãos”.
época. Além disso, Lisboa passou por um terremoto que destruiu Em 1823, na tentativa de se suprir a falta de professores
parte significativa da cidade e precisava ser reerguida. A educação institui-se o Método Lancaster, ou do “ensino mútuo”, onde
jesuítica não convinha aos interesses comerciais emanados por um aluno treinado (decurião) ensinava um grupo de dez
Pombal. Ou seja, se as escolas da Companhia de Jesus tinham alunos (decúria) sob a rígida vigilância de um inspetor.
por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em Em 1826 um Decreto institui quatro graus de
organizar a escola para servir aos interesses do Estado. instrução: Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios
Através do alvará de 28 de junho de 1759, ao mesmo tempo e Academias. Em 1827 um projeto de lei propõe a criação
em que suprimia as escolas jesuíticas de Portugal e de todas as de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever
colônias, Pombal criava as aulas régias de Latim, Grego e Retórica. o exame na seleção de professores, para nomeação.
Criou também a Diretoria de Estudos que só passou a funcionar Propunha ainda a abertura de escolas para meninas.
após o afastamento de Pombal. Cada aula régia era autônoma Em 1834 o Ato Adicional à Constituição dispõe que as
e isolada, com professor único e uma não se articulava com as províncias passariam a ser responsáveis pela administração
outras. do ensino primário e secundário. Graças a isso, em 1835,
Portugal logo percebeu que a educação no Brasil estava surge a primeira Escola Normal do país, em Niterói. Se
estagnada e era preciso oferecer uma solução. Para isso instituiu houve intenção de bons resultados não foi o que aconteceu,
o “subsídio literário” para manutenção dos ensinos primário e já que, pelas dimensões do país, a educação brasileira
médio. Criado em 1772 o “subsídio” era uma taxação, ou um perdeu-se mais uma vez, obtendo resultados pífios.
imposto, que incidia sobre a carne verde, o vinho, o vinagre Em 1837, onde funcionava o Seminário de São Joaquim,
e a aguardente. Além de exíguo, nunca foi cobrado com na cidade do Rio de Janeiro, é criado o Colégio Pedro II,
regularidade e os professores ficavam longos períodos sem com o objetivo de se tornar um modelo pedagógico para
receber vencimentos a espera de uma solução vinda de Portugal. o curso secundário. Efetivamente o Colégio Pedro II não
Os professores geralmente não tinham preparação para a conseguiu se organizar até o fim do Império para atingir
função, já que eram improvisados e mal pagos. Eram nomeados tal objetivo.
por indicação ou sob concordância de bispos e se tornavam Até a Proclamação da República, em 1889 praticamente
“proprietários” vitalícios de suas aulas régias. nada se fez de concreto pela educação brasileira. O
O resultado da decisão de Pombal foi que, no princípio do Imperador D. Pedro II, quando perguntado que profissão
século XIX, a educação brasileira estava reduzida a praticamente escolheria não fosse Imperador, afirmou que gostaria de
nada. O sistema jesuítico foi desmantelado e nada que pudesse ser “mestre-escola”. Apesar de sua afeição pessoal pela
chegar próximo deles foi organizado para dar continuidade a um tarefa educativa, pouco foi feito, em sua gestão, para que
trabalho de educação. se criasse, no Brasil, um sistema educacional.
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
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O fim do Estado Novo consubstanciou-se na adoção Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de
de uma nova Constituição de cunho liberal e democrático. se revolucionar a educação brasileira, sob o pretexto de que
Esta nova Constituição, na área da Educação, determina as propostas eram “comunizantes e subversivas”.
a obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e dá O Regime Militar espelhou na educação o caráter
competência à União para legislar sobre diretrizes e bases antidemocrático de sua proposta ideológica de governo:
da educação nacional. Além disso, a nova Constituição fez professores foram presos e demitidos; universidades foram
voltar o preceito de que a educação é direito de todos, invadidas; estudantes foram presos e feridos, nos confronto com
inspirada nos princípios proclamados pelos Pioneiros, no a polícia, e alguns foram mortos; os estudantes foram calados
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, nos primeiros e a União Nacional dos Estudantes proibida de funcionar; o
anos da década de 30. Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e professores.
Ainda em 1946 o então Ministro Raul Leitão da Cunha Neste período deu-se a grande expansão das
regulamenta o Ensino Primário e o Ensino Normal, além universidades no Brasil. Para acabar com os “excedentes”
de criar o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - (aqueles que tiravam notas suficientes para serem aprovados,
SENAC, atendendo as mudanças exigidas pela sociedade mas não conseguiam vaga para estudar), foi criado o
após a Revolução de 1930. vestibular classificatório.
Baseado nas doutrinas emanadas pela Carta Magna de Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento
1946, o Ministro Clemente Mariani, cria uma comissão com Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, aproveitando-se, em
o objetivo de elaborar um anteprojeto de reforma geral da sua didática, do expurgado Método Paulo Freire. O MOBRAL
educação nacional. Esta comissão, presidida pelo educador propunha erradicar o analfabetismo no Brasil. Não conseguiu.
Lourenço Filho, era organizada em três subcomissões: E, entre denúncias de corrupção, acabou por ser extinto e, no
uma para o Ensino Primário, uma para o Ensino Médio e seu lugar criou-se a Fundação Educar.
outra para o Ensino Superior. Em novembro de 1948 este É no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer
anteprojeto foi encaminhado à Câmara Federal, dando início expressão popular contrária aos interesses do governo era
a uma luta ideológica em torno das propostas apresentadas. abafada, muitas vezes pela violência física, que é instituída a
Num primeiro momento as discussões estavam voltadas às Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
interpretações contraditórias das propostas constitucionais. em 1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar
Num momento posterior, após a apresentação de um dar a formação educacional um cunho profissionalizante.
substitutivo do Deputado Carlos Lacerda, as discussões mais
marcantes relacionaram-se à questão da responsabilidade Período da Abertura Política
do Estado quanto à educação, inspirados nos educadores
da velha geração de 1930, e a participação das instituições No fim do Regime Militar a discussão sobre as questões
privadas de ensino. educacionais já haviam perdido o seu sentido pedagógico
Depois de 13 anos de acirradas discussões foi promulgada e assumido um caráter político. Para isso contribuiu a
a Lei 4.024, em 20 de dezembro de 1961, sem a pujança participação mais ativa de pensadores de outras áreas do
do anteprojeto original, prevalecendo as reivindicações da conhecimento que passaram a falar de educação num
Igreja Católica e dos donos de estabelecimentos particulares sentido mais amplo do que as questões pertinentes à escola,
de ensino no confronto com os que defendiam o monopólio à sala de aula, à didática, à relação direta entre professor e
estatal para a oferta da educação aos brasileiros. estudante e à dinâmica escolar em si mesma. Impedidos de
Se as discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases para a atuarem em suas funções, por questões políticas durante o
Educação Nacional foi o fato marcante, por outro lado muitas Regime Militar, profissionais de outras áreas, distantes do
iniciativas marcaram este período como, talvez, o mais fértil conhecimento pedagógico, passaram a assumir postos na
da História da Educação no Brasil: em 1950, em Salvador, no área da educação e a concretizar discursos em nome do
Estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular saber pedagógico.
de Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando No bojo da nova Constituição, um Projeto de Lei para uma
início a sua ideia de escola-classe e escola-parque; em 1952, nova LDB foi encaminhado à Câmara Federal, pelo Deputado
em Fortaleza, Estado do Ceará, o educador Lauro de Oliveira Octávio Elísio, em 1988. No ano seguinte o Deputado Jorge
Lima inicia uma didática baseada nas teorias científicas de Hage enviou à Câmara um substitutivo ao Projeto e, em
Jean Piaget: o Método Psicogenético; em 1953 a educação 1992, o Senador Darcy Ribeiro apresenta um novo Projeto
passa a ser administrada por um Ministério próprio: o que acabou por ser aprovado em dezembro de 1996, oito
Ministério da Educação e Cultura; em 1961 a tem início anos após o encaminhamento do Deputado Octávio Elísio.
uma campanha de alfabetização, cuja didática, criada pelo Neste período, do fim do Regime Militar aos dias de hoje,
pernambucano Paulo Freire, propunha alfabetizar em 40 a fase politicamente marcante na educação, foi o trabalho
horas adultos analfabetos; em 1962 é criado o Conselho do economista e Ministro da Educação Paulo Renato de
Federal de Educação, que substitui o Conselho Nacional de Souza. Logo no início de sua gestão, através de uma Medida
Educação e os Conselhos Estaduais de Educação e, ainda em Provisória extinguiu o Conselho Federal de Educação e criou
1962 é criado o Plano Nacional de Educação e o Programa o Conselho Nacional de Educação, vinculado ao Ministério
Nacional de Alfabetização, pelo Ministério da Educação e da Educação e Cultura. Esta mudança tornou o Conselho
Cultura, inspirado no Método Paulo Freire. menos burocrático e mais político.
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Fonte:
BELLO, J. L. P.
1 Resolução CNE/CEB 4/2010. Diário Oficial da União, Bra-
sília, 14 de julho de 2010, Seção 1, p. 824.
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§ 3º Os sistemas educativos devem prever currículos § 1º Os sistemas de ensino devem matricular os estudantes
flexíveis, com diferentes alternativas, para que os jovens com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
tenham a oportunidade de escolher o percurso formativo altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino
que atenda seus interesses, necessidades e aspirações, para regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE),
que se assegure a permanência dos jovens na escola, com complementar ou suplementar à escolarização, ofertado em
proveito, até a conclusão da Educação Básica. salas de recursos multifuncionais ou em centros de AEE da
rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais
CAPÍTULO II ou filantrópicas sem fins lucrativos.
MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA § 2º Os sistemas e as escolas devem criar condições
para que o professor da classe comum possa explorar as
Art. 27. A cada etapa da Educação Básica pode potencialidades de todos os estudantes, adotando uma
corresponder uma ou mais das modalidades de ensino: pedagogia dialógica, interativa, interdisciplinar e inclusiva e,
Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação na interface, o professor do AEE deve identificar habilidades
Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação e necessidades dos estudantes, organizar e orientar sobre os
Escolar Indígena e Educação a Distância. serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade para a
participação e aprendizagem dos estudantes.
Seção I § 3º Na organização desta modalidade, os sistemas
Educação de Jovens e Adultos de ensino devem observar as seguintes orientações
fundamentais:
Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina- I - o pleno acesso e a efetiva participação dos estudantes
se aos que se situam na faixa etária superior à considerada no ensino regular;
própria, no nível de conclusão do Ensino Fundamental e do II - a oferta do atendimento educacional especializado;
Ensino Médio. III - a formação de professores para o AEE e para o
§ 1º Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta de desenvolvimento de práticas educacionais inclusivas;
cursos gratuitos aos jovens e aos adultos, proporcionando- IV - a participação da comunidade escolar;
lhes oportunidades educacionais apropriadas, consideradas V - a acessibilidade arquitetônica, nas comunicações
as características do alunado, seus interesses, condições e informações, nos mobiliários e equipamentos e nos
de vida e de trabalho, mediante cursos, exames, ações transportes;
integradas e complementares entre si, estruturados em um VI - a articulação das políticas públicas intersetoriais.
projeto pedagógico próprio.
§ 2º Os cursos de EJA, preferencialmente tendo a Seção III
Educação Profissional articulada com a Educação Básica, Educação Profissional e Tecnológica
devem pautar-se pela flexibilidade, tanto de currículo quanto
de tempo e espaço, para que seja(m): Art. 30. A Educação Profissional e Tecnológica, no
I - rompida a simetria com o ensino regular para crianças e cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-
adolescentes, de modo a permitir percursos individualizados se aos diferentes níveis e modalidades de educação e
e conteúdos significativos para os jovens e adultos; às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia, e
II - providos o suporte e a atenção individuais às diferentes articula-se com o ensino regular e com outras modalidades
necessidades dos estudantes no processo de aprendizagem, educacionais: Educação de Jovens e Adultos, Educação
mediante atividades diversificadas; Especial e Educação a Distância.
III - valorizada a realização de atividades e vivências
socializadoras, culturais, recreativas e esportivas, geradoras Art. 31. Como modalidade da Educação Básica, a
de enriquecimento do percurso formativo dos estudantes; Educação Profissional e Tecnológica ocorre na oferta de
IV - desenvolvida a agregação de competências para o cursos de formação inicial e continuada ou qualificação
trabalho; profissional e nos de Educação Profissional Técnica de nível
V - promovida a motivação e a orientação permanente médio.
dos estudantes, visando maior participação nas aulas e seu
melhor aproveitamento e desempenho; Art. 32. A Educação Profissional Técnica de nível médio
VI - realizada, sistematicamente, a formação continuada, é desenvolvida nas seguintes formas:
destinada, especificamente, aos educadores de jovens e I - articulada com o Ensino Médio, sob duas formas: a)
adultos. integrada, na mesma instituição; ou
b) concomitante, na mesma ou em distintas instituições;
Seção II II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
Educação Especial concluído o Ensino Médio.
§ 1º Os cursos articulados com o Ensino Médio,
Art. 29. A Educação Especial, como modalidade organizados na forma integrada, são cursos de matrícula
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, única, que conduzem os educandos à habilitação
é parte integrante da educação regular, devendo ser prevista profissional técnica de nível médio ao mesmo tempo em
no projeto político-pedagógico da unidade escolar. que concluem a última etapa da Educação Básica.
27
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Seção IV Seção VI
Educação Básica do Campo Educação a Distância
Art. 35. Na modalidade de Educação Básica do Campo, a Art. 39. A modalidade Educação a Distância caracteriza-se
educação para a população rural está prevista com adequações pela mediação didáticopedagógica nos processos de ensino
necessárias às peculiaridades da vida no campo e de cada e aprendizagem que ocorre com a utilização de meios e
região, definindo-se orientações para três aspectos essenciais tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e
à organização da ação pedagógica: professores desenvolvendo atividades educativas em lugares
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às ou tempos diversos.
reais necessidades e interesses dos estudantes da zona rural;
II - organização escolar própria, incluindo adequação do Art. 40. O credenciamento para a oferta de cursos e
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições programas de Educação de Jovens e Adultos, de Educação
climáticas; Especial e de Educação Profissional Técnica de nível médio e
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. Tecnológica, na modalidade a distância, compete aos sistemas
estaduais de ensino, atendidas a regulamentação federal e as
Art. 36. A identidade da escola do campo é definida pela normas complementares desses sistemas.
vinculação com as questões inerentes à sua realidade, com
propostas pedagógicas que contemplam sua diversidade Seção VII
em todos os aspectos, tais como sociais, culturais, políticos, Educação Escolar Quilombola
econômicos, de gênero, geração e etnia.
Parágrafo único. Formas de organização e metodologias Art. 41. A Educação Escolar Quilombola é desenvolvida
pertinentes à realidade do campo devem ter acolhidas, em unidades educacionais inscritas em suas terras e cultura,
como a pedagogia da terra, pela qual se busca um trabalho requerendo pedagogia própria em respeito à especificidade
pedagógico fundamentado no princípio da sustentabilidade, étnico-cultural de cada comunidade e formação específica de
para assegurar a preservação da vida das futuras gerações, seu quadro docente, observados os princípios constitucionais,
e a pedagogia da alternância, na qual o estudante participa, a base nacional comum e os princípios que orientam a
concomitante e alternadamente, de dois ambientes/situações Educação Básica brasileira.
de aprendizagem: o escolar e o laboral, supondo parceria Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamento
educativa, em que ambas as partes são corresponsáveis pelo das escolas quilombolas, bem com nas demais, deve ser
aprendizado e pela formação do estudante. reconhecida e valorizada a diversidade cultural.
28
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
29
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 1º A validade da avaliação, na sua função diagnóstica, Art. 50. A progressão pode ser regular ou parcial, sendo
liga-se à aprendizagem, possibilitando o aprendiz a recriar, que esta deve preservar a sequência do currículo e observar
refazer o que aprendeu, criar, propor e, nesse contexto, as normas do respectivo sistema de ensino, requerendo o
aponta para uma avaliação global, que vai além do aspecto redesenho da organização das ações pedagógicas, com
quantitativo, porque identifica o desenvolvimento da previsão de horário de trabalho e espaço de atuação para
autonomia do estudante, que é indissociavelmente ético, professor e estudante, com conjunto próprio de recursos
social, intelectual. didático pedagógico.
§ 2º Em nível operacional, a avaliação da aprendizagem
tem, como referência, o conjunto de conhecimentos, Art. 51. As escolas que utilizam organização por série
habilidades, atitudes, valores e emoções que os sujeitos do podem adotar, no Ensino Fundamental, sem prejuízo da
processo educativo projetam para si de modo integrado avaliação do processo ensino-aprendizagem, diversas formas
e articulado com aqueles princípios definidos para a de progressão, inclusive a de progressão continuada, jamais
Educação Básica, redimensionados para cada uma de suas entendida como promoção automática, o que supõe tratar o
etapas, bem assim no projeto político-pedagógico da conhecimento como processo e vivência que não se harmoniza
escola. com a ideia de interrupção, mas sim de construção, em que
§ 3º A avaliação na Educação Infantil é realizada o estudante, enquanto sujeito da ação, está em processo
contínuo de formação, construindo significados.
mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento
da criança, sem o objetivo de promoção, mesmo em se
Seção III
tratando de acesso ao Ensino Fundamental.
Avaliação institucional
§ 4º A avaliação da aprendizagem no Ensino
Fundamental e no Ensino Médio, de caráter formativo Art. 52. A avaliação institucional interna deve ser prevista
predominando sobre o quantitativo e classificatório, no projeto político pedagógico e detalhada no plano de
adota uma estratégia de progresso individual e contínuo gestão, realizada anualmente, levando em consideração as
que favorece o crescimento do educando, preservando a orientações contidas na regulamentação vigente, para rever
qualidade necessária para a sua formação escolar, sendo o conjunto de objetivos e metas a serem concretizados,
organizada de acordo com regras comuns a essas duas mediante ação dos diversos segmentos da comunidade
etapas. educativa, o que pressupõe delimitação de indicadores
compatíveis com a missão da escola, além de clareza quanto
Seção II ao que seja qualidade social da aprendizagem e da escola.
Promoção, aceleração de estudos e classificação
Seção IV
Art. 48. A promoção e a classificação no Ensino Avaliação de redes de Educação Básica
Fundamental e no Ensino Médio podem ser utilizadas
em qualquer ano, série, ciclo, módulo ou outra unidade Art. 53. A avaliação de redes de Educação Básica ocorre
de percurso adotada, exceto na primeira do Ensino periodicamente, é realizada por órgãos externos à escola e
Fundamental, alicerçando-se na orientação de que a engloba os resultados da avaliação institucional, sendo que
avaliação do rendimento escolar observará os seguintes os resultados dessa avaliação sinalizam para a sociedade
critérios: se a escola apresenta qualidade suficiente para continuar
I - avaliação contínua e cumulativa do desempenho do funcionando como está.
estudante, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre
os quantitativos e dos resultados ao longo do período CAPÍTULO III
sobre os de eventuais provas finais; GESTÃO DEMOCRÁTICA E ORGANIZAÇÃO DA
II - possibilidade de aceleração de estudos para ESCOLA
estudantes com atraso escolar;
Art. 54. É pressuposto da organização do trabalho
III - possibilidade de avanço nos cursos e nas séries
pedagógico e da gestão da escola conceber a organização e a
mediante verificação do aprendizado;
gestão das pessoas, do espaço, dos processos e procedimentos
IV - aproveitamento de estudos concluídos com êxito; que viabilizam o trabalho expresso no projeto político-
V - oferta obrigatória de apoio pedagógico destinado pedagógico e em planos da escola, em que se conformam as
à recuperação contínua e concomitante de aprendizagem condições de trabalho definidas pelas instâncias colegiadas.
de estudantes com déficit de rendimento escolar, a ser § 1º As instituições, respeitadas as normas legais e as
previsto no regimento escolar. do seu sistema de ensino, têm incumbências complexas e
abrangentes, que exigem outra concepção de organização
Art. 49. A aceleração de estudos destina-se a estudantes do trabalho pedagógico, como distribuição da carga horária,
com atraso escolar, àqueles que, por algum motivo, remuneração, estratégias claramente definidas para a ação
encontram-se em descompasso de idade, por razões como didático-pedagógica coletiva que inclua a pesquisa, a criação
ingresso tardio, retenção, dificuldades no processo de de novas abordagens e práticas metodológicas, incluindo a
ensino-aprendizagem ou outras. produção de recursos didáticos adequados às condições da
escola e da comunidade em que esteja ela inserida.
30
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 2º É obrigatória a gestão democrática no ensino público a) o conhecimento da escola como organização complexa
e prevista, em geral, para todas as instituições de ensino, o que que tem a função de promover a educação para e na cidadania;
implica decisões coletivas que pressupõem a participação da b) a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de
comunidade escolar na gestão da escola e a observância dos investigações de interesse da área educacional;
princípios e finalidades da educação. c) a participação na gestão de processos educativos e na
§ 3º No exercício da gestão democrática, a escola deve organização e funcionamento de sistemas e instituições de
se empenhar para constituir-se em espaço das diferenças e ensino;
da pluralidade, inscrita na diversidade do processo tornado d) a temática da gestão democrática, dando ênfase à
possível por meio de relações intersubjetivas, cuja meta é a de construção do projeto político pedagógico, mediante trabalho
se fundamentar em princípio educativo emancipador, expresso coletivo de que todos os que compõem a comunidade escolar
na liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a são responsáveis.
cultura, o pensamento, a arte e o saber.
Art. 57. Entre os princípios definidos para a educação
Art. 55. A gestão democrática constitui-se em instrumento nacional está a valorização do profissional da educação, com
de horizontalização das relações, de vivência e convivência a compreensão de que valorizá-lo é valorizar a escola, com
colegiada, superando o autoritarismo no planejamento e qualidade gestorial, educativa, social, cultural, ética, estética,
na concepção e organização curricular, educando para a ambiental.
conquista da cidadania plena e fortalecendo a ação conjunta § 1º A valorização do profissional da educação escolar
que busca criar e recriar o trabalho da e na escola mediante: vincula-se à obrigatoriedade da garantia de qualidade e ambas
I - a compreensão da globalidade da pessoa, enquanto ser se associam à exigência de programas de formação inicial
que aprende, que sonha e ousa, em busca de uma convivência e continuada de docentes e não docentes, no contexto do
social libertadora fundamentada na ética cidadã; conjunto de múltiplas atribuições definidas para os sistemas
II - a superação dos processos e procedimentos educativos, em que se inscrevem as funções do professor.
burocráticos, assumindo com pertinência e relevância: os § 2º Os programas de formação inicial e continuada dos
planos pedagógicos, os objetivos institucionais e educacionais,
profissionais da educação, vinculados às orientações destas
e as atividades de avaliação contínua;
Diretrizes, devem prepará-los para o desempenho de suas
III - a prática em que os sujeitos constitutivos da
atribuições, considerando necessário:
comunidade educacional discutam a própria práxis pedagógica
a) além de um conjunto de habilidades cognitivas,
impregnando-a de entusiasmo e de compromisso com a sua
saber pesquisar, orientar, avaliar e elaborar propostas, isto é,
própria comunidade, valorizando-a, situando-a no contexto
interpretar e reconstruir o conhecimento coletivamente;
das relações sociais e buscando soluções conjuntas;
b) trabalhar cooperativamente em equipe;
IV - a construção de relações interpessoais solidárias,
geridas de tal modo que os professores se sintam estimulados c) compreender, interpretar e aplicar a linguagem e os
a conhecer melhor os seus pares (colegas de trabalho, instrumentos produzidos ao longo da evolução tecnológica,
estudantes, famílias), a expor as suas ideias, a traduzir as suas econômica e organizativa;
dificuldades e expectativas pessoais e profissionais; d) desenvolver competências para integração com a
V - a instauração de relações entre os estudantes, comunidade e para relacionamento com as famílias.
proporcionando-lhes espaços de convivência e situações
de aprendizagem, por meio dos quais aprendam a se Art. 58. A formação inicial, nos cursos de licenciatura,
compreender e se organizar em equipes de estudos e de não esgota o desenvolvimento dos conhecimentos, saberes
práticas esportivas, artísticas e políticas; e habilidades referidas, razão pela qual um programa de
VI - a presença articuladora e mobilizadora do gestor formação continuada dos profissionais da educação será
no cotidiano da escola e nos espaços com os quais a escola contemplado no projeto político-pedagógico.
interage, em busca da qualidade social das aprendizagens que
lhe caiba desenvolver, com transparência e responsabilidade. Art. 59. Os sistemas educativos devem instituir orientações
para que o projeto de formação dos profissionais preveja:
CAPÍTULO IV a) a consolidação da identidade dos profissionais da
O PROFESSOR E A FORMAÇÃO INICIAL E educação, nas suas relações com a escola e com o estudante;
CONTINUADA b) a criação de incentivos para o resgate da imagem
social do professor, assim como da autonomia docente tanto
Art. 56. A tarefa de cuidar e educar, que a fundamentação da individual como coletiva;
ação docente e os programas de formação inicial e continuada c) a definição de indicadores de qualidade social da
dos profissionais da educação instauram, reflete-se na eleição educação escolar, a fim de que as agências formadoras de
de um ou outro método de aprendizagem, a partir do qual é profissionais da educação revejam os projetos dos cursos
determinado o perfil de docente para a Educação Básica, em de formação inicial e continuada de docentes, de modo que
atendimento às dimensões técnicas, políticas, éticas e estéticas. correspondam às exigências de um projeto de Nação.
§ 1º Para a formação inicial e continuada, as escolas de
formação dos profissionais da educação, sejam gestores, Art. 60. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua
professores ou especialistas, deverão incluir em seus publicação.
currículos e programas:
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas de Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade
entrada, os serviços de assistência social em seu componente da integridade física, psíquica e moral da criança e do
especializado, o Centro de Referência Especializado de adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão espaços e objetos pessoais.
conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na
faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da
de violência de qualquer natureza, formulando projeto criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº constrangedor.
13.257, de 2016)
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou
de assistência médica e odontológica para a prevenção das de tratamento cruel ou degradante, como formas de
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto,
e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos
alunos. responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído
do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016) pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o
adolescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de
de 2016)
2014)
§ 3º A atenção odontológica à criança terá função educativa
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer,
2014)
por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientações
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma
sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente
§ 4º A criança com necessidade de cuidados odontológicos
que: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
pela Lei nº 13.257, de 2016). b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010,
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos de 2014)
seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
instrumento construído com a finalidade de facilitar a detecção,
em consulta pediátrica de acompanhamento da criança, de Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada,
risco para o seu desenvolvimento psíquico. (Incluído pela Lei os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
nº 13.438, de 2017) (Vigência) socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar
de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou
Capítulo II protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade cruel ou degradante como formas de correção, disciplina,
educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas,
ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso:
de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
e sociais garantidos na Constituição e nas leis. I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário
de proteção à família; Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes II - encaminhamento a tratamento psicológico ou
aspectos: psiquiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços III - encaminhamento a cursos ou programas de
comunitários, ressalvadas as restrições legais; orientação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - opinião e expressão; IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
III - crença e culto religioso; especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
V - participar da vida familiar e comunitária, sem
discriminação; Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão
VI - participar da vida política, na forma da lei; aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. providências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
§ 6º Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão
os responsáveis pelo programa e pelos serviços de ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente,
acolhimento deverão imediatamente notificar a autoridade no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante
judiciária competente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) escritura ou outro documento público, qualquer que seja a
origem da filiação.
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se
e qualificações, proibidas quaisquer designações deixar descendentes.
discriminatórias relativas à filiação.
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer
a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, restrição, observado o segredo de Justiça.
em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária
competente para a solução da divergência. Seção III
Da Família Substituta
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda Subseção I
e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no Disposições Gerais
interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
determinações judiciais. Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente
têm direitos iguais e deveres e responsabilidades da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos
compartilhados no cuidado e na educação da criança, desta Lei.
devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar § 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente
de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da
será previamente ouvido por equipe interprofissional,
criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº
respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
13.257, de 2016)
compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua
opinião devidamente considerada.
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não
§ 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade,
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do
será necessário seu consentimento, colhido em audiência.
poder familiar.
§ 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize
o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de
a decretação da medida, a criança ou o adolescente
será mantido em sua família de origem, a qual deverá afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências
obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas decorrentes da medida.
oficiais de proteção, apoio e promoção. (Redação dada § 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
pela Lei nº 13.257, de 2016) tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não a comprovada existência de risco de abuso ou outra
implicará a destituição do poder familiar, exceto na situação que justifique plenamente a excepcionalidade de
hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o
de reclusão, contra o próprio filho ou filha. (Incluído pela rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
Lei nº 12.962, de 2014) § 5º A colocação da criança ou adolescente em família
substituta será precedida de sua preparação gradativa
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão e acompanhamento posterior, realizados pela equipe
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
nos casos previstos na legislação civil, bem como na Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos
hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e responsáveis pela execução da política municipal de
obrigações a que alude o art. 22. garantia do direito à convivência familiar.
§ 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena
Seção II ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo,
Da Família Natural é ainda obrigatório:
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela
ampliada aquela que se estende para além da unidade Constituição Federal;
pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no
próximos com os quais a criança ou adolescente convive e seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma
mantém vínculos de afinidade e afetividade. etnia;
36
CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Subseção II Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a
Da Guarda pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
necessariamente o dever de guarda.
material, moral e educacional à criança ou adolescente,
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
inclusive aos pais.
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle judicial
por estrangeiros.