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Lógica formal

proposicional

Filosofia, 11º ano


um nome a reter

Friedrich Ludwig Gottlob Frege 


(1848 — 1925)
A Lógica Proposicional Clássica consiste num
sistema simbólico de Lógica Clássica. E como
todos os sistemas de lógica clássica, segue os
seguintes princípios:
Bivalência: Cada proposição recebe apenas um
de dois valores distintos e absolutos, verdadeiro
ou falso.
Não-contradição: Dadas uma proposição e sua
negação, uma delas e falsa.
Terceiro Excluído: Dadas uma proposição e sua
negação, uma delas é verdadeira e a outra falsa
não havendo uma terceira hipótese.
Identidade: Se uma proposição é verdadeira,
então esta proposição e verdadeira.
A lógica formal proposicional estuda
apenas um tipo de validade dedutiva:
aquele podemos determinar recorrendo
unicamente à forma lógica.
É por isso que se chama «formal» à lógica
formal.
A lógica formal tem esta designação
porque estuda apenas argumentos
formais.

Um argumento é formal quando a sua


validade ou invalidade pode ser
determinada recorrendo apenas à forma
lógica.
Lógica formal proposicional

A Lógica formal proposicional estuda as


relações entre proposições.

Este estudo assenta no cálculo proposicional, no estudo


de operações entre proposições.
A lógica proposicional é a parte da lógica
que estuda as formas de relação entre
proposições, a relação que ocorre entre
as proposições que compõem um
raciocínio/argumento.
A forma lógica é uma estrutura comum a
proposições e argumentos
(materialmente) diferentes.
Consideremos as proposições
Platão é o autor da República ou Aristóteles da
Metafísica.

Deus existe ou a vida faz sentido.

O conhecimento é possível ou os cépticos estão


enganados.

O bem último é a vontade boa ou há juízos morais


categóricos.
Todas elas tomam a forma lógica

PVQ

(Em lógica formal, o operador proposicional ou é representado pelo sinal


V.)
O que fizemos?
Substituímos proposições por
variáveis proposicionais e por
operadores proposicionais.

Assim, evidenciamos uma estrutura comum


a estas e a inúmeras outras proposições.
Variáveis proposicionais:
letras convencionais (P, Q, R, S ...) que
representam lugares vazios que só podem
ser ocupados por proposições.

«simbolizam proposições; representam proposições»


Operador proposicional

Um operador proposicional é uma


expressão que se pode acrescentar a
uma proposição ou proposições,
formando assim novas proposições.
Exemplos
operadores binários (aplicam-se a mais do que uma proposição)
“e”; “ou”, “se…então”

operadores unários (aplicam-se a uma proposição)


“penso que”, “tenho medo que”, “não”
Operador proposicional verofuncional

Um operador proposicional é verofuncional


quando o seu uso tem consequências no
valor de verdade da proposição.

Operador, conector, conectiva proposicional verofuncional ou


apenas operador, conector, conectiva verofuncional
Operador proposicional e
operador proposicional verofuncional

Se na proposição «O gato é azul» usar o


operador penso que, o valor de verdade
não sofre consequências («Penso que o
gato é azul»)
Mas, se usar o operador não, o valor de
verdade sofre consequências («O gato
não é azul»)
Formas proposicionais simples ou
atómicas e compostas ou moleculares

Uma forma proposicional atómica não


contém quaisquer operadores verofuncionais
• A vida faz sentido. (P)

Uma forma proposicional molecular


contém operadores verofuncionais
• A vida não faz sentido. (~P)
• O rei é gordo e rubicundo. (P ˄ Q)
Se «O gato é azul» tem valor V, «O gato não é
azul» tem valor F;
E se «O gato é azul» tem valor F, «O gato não é
azul» tem valor V.

Tabela de verdade da negação

P ~P
V F
F V
Tabela de verdade
Uma tabela de verdade é um dispositivo
gráfico que permite exibir as condições de
verdade de uma forma proposicional.
A lógica proposicional clássica estuda a
argumentação cuja validade depende
exclusivamente de operadores
verofuncionais.
Alguns operadores (ou
conectores ou conectivas)
verofuncionais
não (e outros com função negação)
e (e outros com função conjunção)
ou (e outros com função disjunção (inclusiva))
ou... ou [e outros com função disjunção
(exclusiva)]
se…então (e outros com função condicional)
se e só se (e outros com função bicondicional)
Representação gráfica de operadores
ou conectores verofuncionais
Negação: ~, 

Conjunção: ∧

Disjunção (inclusiva): V
Disjunção (exclusiva): V (com ponto em cima),
VV

Condicional: →

Bicondicional: ↔, ⇄
Expressões a usar
• Não P: ¬P ou ~P
• P e Q: P ∧ q
• P ou Q: P ∨ Q
• Ou P ou Q: P V ou VV(ponto em cima) Q
• Se P, então Q: P → Q
• P se, e só se, Q: P ⇄ Q; P↔Q
Constantes lógicas Variáveis
proposicionais

~, , ˄, ˅, →, ↔, ⇄ P, Q, R, S, etc.

Estes símbolos são Estes símbolos são


constantes porque variáveis
representam sempre o proposicionais porque
mesmo: e, ou, não, representam qualquer
se…então, se e só se proposição
Tabela de verdade
«Dispositivo gráfico que permite exibir
as condições de verdade de uma forma
proposicional dada (não se aplica a
formas predicativas ou quantificadas).»

Fonte: Dicionário escolar de filosofia, Plátano Editora


Negação: ~, 
Chama-se negação a qualquer proposição da
forma «não P».

Expressão canónica da proposição


Deus não é existente.

Outras expressões da proposição


Deus não existe.
Deus é inexistente.
Não é verdade que Deus exista.
¬p, ~p é falsa
unicamente quando
p é verdadeira, e é
verdadeira
unicamente quando p
é falsa.
P ¬P, ~P
V F
F V
Conjunção
Chama-se conjunção a uma proposição da forma
«P e Q», e conjuntas às proposições P e Q.

Expressão canónica da proposição


O gato é branco e o cão é preto.

Outras expressões da proposição


Tanto o gato é branco como o cão é preto.
O gato é branco mas o cão é preto.
Tal como o gato é branco o cão é preto.
Uma proposição com a
forma p ∧ q só é
verdadeira se p e q
forem ambas
verdadeiras; em
todos os outros casos
é falsa. P Q P∧Q
V V V
V F F
F V F
F F F
Disjunção (inclusiva)
Chama-se disjunção a uma proposição da forma
«P ou Q», e disjuntas a P e a Q.

Expressão canónica da proposição


A torre é de pedra ou a torre é branca.

Outras expressões da proposição


A alternativa é a torre ser de pedra ou branca.
A torre pode ser banca ou preta.
Uma proposição com a
forma p ∨ q só é
falsa se P e Q forem
ambas falsas.

P Q PVQ
V V V
V F V
F V V
F F F
Disjunção (exclusiva)
Chama-se disjunção a uma proposição da forma
«ou P ou Q», e disjuntas a P e a Q.

Expressão canónica da proposição


A torre é de pedra ou a torre é branca.

Outras expressões da proposição


A torre ou é de pedra ou é branca.
A alternativa é a torre ser de pedra ou branca.
Uma proposição com a
forma P V (com
ponto em cima) Q só
é falsa se P e Q
forem ambas falsas
ou ambas p q pVq
verdadeiras. V V F
V F V
F V V
F F F
Condicional
(também designada por implicação)

Chama-se condicional a qualquer proposição da forma


«Se P, então Q», e chama-se antecedente a P e
consequente a Q.

Expressão canónica da proposição


Se há pensamento, então há matéria.

Outras expressões da proposição


Se há pensamento, há matéria.
Há matéria, se houver pensamento.
Há matéria caso haja pensamento.
Uma proposição
condicional só é
falsa quando parte
de uma verdade e
chega a uma
falsidade; em todos P Q P→Q
os outros casos, a V V V
condicional é
verdadeira. V F F
F V V
F F V
Condições necessárias e
suficientes
As condicionais estabelecem condições
necessárias e suficientes.

A antecedente de uma condicional é uma


condição suficiente para a sua
consequente.
A consequente de uma condicional é uma
condição necessária para a sua
antecedente.
Assim, em P → Q,
a condição suficiente de Q é Q,
e Q é a condição necessária de P.
Bicondicional
Chama-se bicondicional a qualquer proposição da forma
«P se, e só se, Q».

Expressão canónica da proposição


Um poema é arte se, e só se, for a criação de um poeta.

Outras expressões da proposição


Um poema é arte se, e somente se, for a criação de um
poeta.
Se um poema for arte, é a criação de um poeta e vice-
versa.
Uma condição necessária e suficiente para um poema
ser arte é ser a criação de um poeta.
• Uma bicondicional
como «P se, e só se,
Q» só é verdadeira
caso P e Q tenham o
mesmo valor de
verdade; caso P Q P↔Q
contrário, a V V V
bicondicional é falsa
V F F
F V F
F F V
Bicondicional como equivalência
Também se designa bicondicional por
equivalência, pois uma bicondicional
verdadeira estabelece a equivalência de
valores de verdade entre duas
proposições:
as duas proposições componentes são
verdadeiras e falsas exactamente nas
mesmas circunstâncias.
p q p˄q p˅q pq p→q p↔q
inclusiva exclusiva

V V V V F V V

V F F V V F F

F V F V V V F

F F F F F V V
Avaliação de argumentos
através de inspector de circunstâncias
Avaliação de argumentos
através de inspector de circunstâncias
Relembremos…
Um argumento é um conjunto de
proposições em que se pretende justificar
ou defender uma delas, a conclusão,
com base na outra ou nas outras, que se
chamam premissas.
Consideremos o argumento:
«Não é verdade que sejamos livres, ou seja,
agir sem coacção. Para o sermos, não
deveríamos estar sujeitos a regras. Mas
estamos sujeitos a regras.»
Fases da avaliação de argumentos

1. Colocação na forma canónica


Formula-se as premissas e conclusão na sua
expressão padrão.

Se não estivermos sujeitos a regras então somos livres.


Estamos sujeitos a regras.
Logo, não somos livres.
2. Interpretação
Atribui-se variáveis proposicionais às premissas e
conclusão do argumento.

P: estamos sujeitos a regras


Q: somos livres
3. Formalização
Exibe-se a forma lógica do argumento.

~P →Q
P
~Q
4. Inspector de circunstâncias
Constrói-se o inspector

P Q ~P→Q P ~Q
V V V V F
V F V V V
F V V F F
F F F F V
Outra disposição gráfica…
Constrói-se o inspector, separando cada
premissa com vírgulas

pq ~p→q, p ╞ ~q
VV V V F
VF V V V
FV V F F
FF F F V
5. Análise
Interpreta-se os resultados do inspector de
circunstâncias.

O argumento não tem uma forma lógica


válida, pois há uma circunstância na
qual as premissas são verdadeiras e a
conclusão é falsa.
Tautologia, Contradição e Contingência
Uma tautologia é uma expressão em que,
qualquer que seja o valor atribuído às suas partes,
o valor de verdade é sempre V.

PQ … … ...
VV V
VF V
FV V
FF V
Uma contradição é uma expressão em que,
qualquer que seja o valor atribuído às suas partes,
o valor de verdade é sempre F.

PQ … … ...
VV F
VF F
FV F
FF F
Uma contingência é uma expressão em que,
qualquer que seja o valor atribuído às suas partes,
o valor de verdade varia V e F.

PQ … … ...
PQ … … ... VV V
VV V VF F
VF F FV F
FV V FF V
FF F
ETC...
Fonte principal:
Elementos básicos de lógica proposicional,
in http://dmurcho.com/docs/introprop.pdf

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