Você está na página 1de 13

Prova-Modelo de Biologia e Geologia

PROVA 5 11 Páginas Ensino Secundário

DURAÇÃO DA PROVA: 120 minutos | TOLERÂNCIA: 30 minutos

Grupo I – Insetos na Madeira Cotações

O estudo da evolução das espécies que habitam ilhas é de extrema importância, pois permite
visualizar o processo evolutivo e a adaptação a novas condições ambientais. Um dos melhores
exemplos em Portugal é a existência de dezenas de espécies de escaravelhos sem asas ou com
asas vestigiais, na ilha da Madeira. Segundo os investigadores, a causa provável para o apare-
cimento destes escaravelhos é a existência de ventos fortes e constantes. Nestas condições,
os pequenos insetos voadores poderiam ser facilmente arrastados pelo vento para o mar.
Os gráficos seguintes apresentam os dados de um estudo publicado por Roth (1990), que foi
realizado em diversas ilhas, incluindo a Madeira, e em cadeias montanhosas de regiões conti-
nentais.

A 100
ou com asas vestigiais (%)

80
Insetos sem asas

60

40

20
B Zonas Zonas de altitude
montanhosas reduzida
0
0-300 0-900 300-900 300-1800 900-1800 100
ou com asas vestigiais (%)

Altitude (m)
80 Vulcão
Insetos sem asas

Sta. Helena (EUA) Havai

60 Madeira
Galápagos

40

20 Seicheles

0
0 10 20 30 40 50 60
Latitude

Figura 1 – (A) Distribuição percentual das espécies de escaravelhos sem asas ou com asas vestigiais, na
ilha da Madeira, em função da altitude. (B) Distribuição das espécies sem asas em diversas ilhas e cadeias
montanhosas em função da altitude e latitude. O equador corresponde ao 0o de latitude.

Na resposta a cada um dos itens de 1 a 6, selecione a única opção que permite obter uma afir-
mação correta.

1 Nas zonas continentais próximas da ilha da Madeira os escaravelhos possuem asas, indicando 5

que …
A. as asas não são necessárias nos escaravelhos.
B. as asas apenas são necessárias nos escaravelhos que são sujeitos a ventos mais ou menos
constantes.
C. o vento forte leva à remoção das asas dos escaravelhos.
D. a perda das asas correspondeu a um mecanismo de adaptação às condições ambientais es-
pecíficas.

52
Cotações

2 Em cavernas de origem vulcânica nos Açores foram encontrados insetos sem asas, correspon- 5

dendo a um mecanismo de evolução relativamente aos escaravelhos da Madeira, em


resultado de pressões seletivas .
(A) convergente (…) semelhantes
(B) divergente (…) semelhantes
(C) convergente (…) distintas
(D) divergente (…) distintas

3 Os escaravelhos da Madeira são insetos que permanecem nos seus refúgios enquanto os ventos 5

são fortes e o sol não brilha com mais intensidade, pois são organismos com um sis-
tema circulatório do tipo .
(A) poiquilotérmicos (…) fechado
(B) poiquilotérmicos (…) aberto
(C) homeotérmicos (…) aberto
(D) homeotérmicos (…) fechado

4 Segundo Darwin, a ausência de asas nos escaravelhos da Madeira pode dever-se… 5

(A) a mutações que ocorreram em determinados indivíduos dentro de uma população.


(B) a modificações resultantes da ação dos ventos fortes, tendo essa característica sido trans-
mitida à descendência.
(C) ao declínio e desaparecimento de indivíduos com asas devido à seleção natural, sobrevi-
vendo os que não tinham asas e que eram mais aptos nos ambientes da ilha da Madeira.
(D) ao desuso das asas em consequência da não adaptação aos ventos fortes.

5 De acordo com o Sistema de Classificação de Whittaker Modificado, os insetos estão incluídos 5

no reino animal uma vez que…


(A) realizam trocas gasosas por hematose traqueal.
(B) reproduzem-se sexuadamente.
(C) são formados por células com parede celular rica em quitina.
(D) são heterotróficos e consumidores.

6 Para os Neodarwinistas, modificações ao nível podem ser responsáveis pelo apareci- 5

mento de novas características nos escaravelhos da Madeira, sobre as quais atuará a seleção
.
(A) do DNA e das proteínas (…) artificial
(B) do DNA e das proteínas (…) natural
(C) dos lípidos (…) artificial
(D) dos lípidos (…) natural

7 Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das seguintes afirmações respeitantes 7

aos dados fornecidos.


A. A maior altitude é possível encontrar mais espécies de insetos com asas vestigiais ou sem
asas.
B. Nas zonas mais próximas dos polos ocorre uma redução do número de espécies de insetos
sem asas.

53
Cotações

C. É no arquipélago da Madeira que se encontram os insetos sem asas mais a norte do equador.
D. Nas regiões continentais existem insetos sem asas.
E. Na ilha da Madeira, é expectável que nas regiões montanhosas os insetos saiam do seu es-
conderijo quando os ventos são bastantes fortes.
F. A população de escaravelhos da ilha da Madeira deve ter um fundo genético igual à população
original de escaravelhos das regiões continentais.

8 Ao longo da evolução, as diferentes espécies sofreram processos seletivos em resultado da sua 12

adaptação a modificações ambientais.


Relacione o fundo genético das populações com a sua capacidade de adaptação às modificações
ambientais e com a evolução biológica de que são alvo ao longo do tempo.

Grupo II – Modelo de formação da Terra


A Teoria da Tectónica de Placas foi alvo de intensas críticas e debate ao longo de várias décadas,
até ter sido aceite como a teoria unificadora da Geologia. Esta teoria permite explicar a deriva
dos continentes, a distribuição de fósseis e de muitas espécies atuais de seres vivos e auxilia
na compreensão dos dados de magnetismo.
No entanto, alguns cientistas elaboraram outros modelos explicativos para os dados científicos
existentes na década de 50. Destaca-se o Modelo da Expansão da Terra, que é uma das expli-
cações que mais se distancia da Teoria da Tectónica de Placas. Aquele modelo considera que a
força gravítica da Terra se reduziu ao longo do tempo, levando à sua expansão (figura 2).

1500 Ma 250-360 Ma 150 Ma

40% 60% 66%

100 Ma Atualidade

75% 100%

Figura 2 – Esquema representativo do Modelo da Expansão da Terra.

54
Cotações

1 Faça corresponder a cada uma das afirmações identificadas pelas letras um dos números da 8
chave. Utilize cada letra apenas uma vez.

Afirmações Chave

A. Os continentes já estiveram juntos no passado, formando


um supercontinente. I. A afirmação é explicada
B. A acumulação de planetesimais levou à formação da Terra. apenas pela Teoria da
C. Ocorreu a separação dos continentes desde o Pérmico (há Tectónica de Placas.
299 a 251 Ma). II. A afirmação é explicada
D. A crusta oceânica é, em média, mais jovem do que a crusta apenas pelo Modelo da
continental. Expansão da Terra.
E. O magma, ao ascender nos riftes, origina a formação de III. A afirmação é explicada
crusta oceânica. pela Teoria da Tectónica
de Placas e pelo Modelo da
F. Dados paleomagnéticos permitiram calcular o raio da Terra
Expansão da Terra.
há 400 Ma, tendo-se verificado que seria 102 ± 2,8% do raio
atual. IV. A afirmação não é expli-
cada pela Teoria da Tectó-
G. O volume da Terra tem-se mantido constante nas últimas
nica de Placas nem pelo
centenas de milhões de anos.
Modelo da Expansão da
H. Ocorreu o preenchimento dos intervalos entre os continen- Terra.
tes com crusta oceânica e oceanos, em resultado da sepa-
ração originada pelo aumento do volume do planeta.

Na resposta a cada um dos itens de 2 a 6, selecione a única opção que permite obter uma afir-
mação correta.

2 Enquadrada na formação do Sistema Solar, a Terra, enquanto planeta , terá sido um dos 5

planetas a formar-se.
(A) telúrico (…) primeiros
(B) telúrico (…) últimos
(C) gasoso (…) primeiros
(D) gasoso (…) últimos

3 De acordo com o conhecimento científico atual, os continentes são formados por material 5

denso do que a crusta oceânica, em que a propagação das ondas sísmicas é mais
em relação à da crusta oceânica.
(A) mais (…) lenta
(B) menos (…) rápida
(C) mais (…) rápida
(D) menos (…) lenta

4 Os dados do paleomagnetismo presente nas rochas da crusta terrestre permitiram verificar que… 5

(A) o polo norte geográfico migrou ao longo do tempo geológico.


(B) o polo norte magnético migrou ao longo do tempo geológico.
(C) os continentes migraram ao longo do tempo geológico, resultando numa aparente migração
do polo norte magnético.
(D) os continentes migraram ao longo do tempo geológico, resultando numa aparente migração
do polo norte geográfico.

55
Cotações

5 A determinação da idade da Terra está dependente da… 5

(A) quantificação da relação entre isótopos-pai e isótopos-filho e do conhecimento do tempo


de semivida dos isótopos-filho recolhidos em corpos primitivos do Sistema Solar.
(B) datação relativa da idade das rochas mais antigas, recorrendo-se ao conteúdo fossilífero.
(C) datação absoluta da idade das rochas mais antigas, recorrendo-se ao conteúdo fossilífero.
(D) quantificação da relação entre isótopos-pai e isótopos-filho e do conhecimento do tempo
de semivida dos isótopos-pai recolhidos em corpos primitivos do Sistema Solar.

6 De acordo com a Teoria da Tectónica de Placas, o movimento das placas litosféricas ter-se-á ini- 5

ciado da diferenciação do planeta Terra, estando dependente .


(A) depois (…) dos movimentos convectivos mantélicos
(B) antes (…) da atração gravítica exercida pela Lua
(C) antes (…) dos movimentos convectivos mantélicos
(D) depois (…) da atração gravítica exercida pela Lua

7 Ordene as letras de A a F de modo a reconstituir a sequência cronológica dos acontecimentos 8

relacionados com a formação do Sistema Solar e da Terra. Inicie pela letra A.


A. Contração de uma nébula resultante da atração gravítica gerada pelo aumento de massa na
zona central da nebulosa.
B. Formação de protoplanetas de diferentes massas e densidades, em que os mais densos ocu-
pam posições mais internas e os menos densos ocupam posições mais externas.
C. Achatamento da nebulosa formando um disco de poeiras e gases.
D. Os protoplanetas iniciam processos de diferenciação interna em camadas de diferentes com-
posições químicas e diferentes densidades.
E. Condensação dos materiais mais sólidos na zona central da nébula solar e dos materiais mais
gasosos nas zonas periféricas.
F. Início da colisão de planetesimais dando origem a corpos com dimensões sucessivamente
maiores.

8 Estudos recentes no lago Mono (Califórnia, EUA), composto por águas muito ácidas, ricas em
metais pesados tóxicos e associado a vulcões, permitiram descobrir bactérias capazes de subs-
tituir o fósforo pelo arsénio. O arsénio é um elemento altamente tóxico para os organismos,
mas que impede que estas bactérias se reproduzam ao longo do tempo.

Selecione a única opção que permite obter uma afirmação correta.

8.1. Nas bactérias descobertas no lago Mono é expectável encontrar arsénio em diversas mo- 5

léculas, tais como…


(A) ATP e ácidos gordos.
(B) DNA e RNA.
(C) proteínas e glicose.
(D) glicose e DNA.

8.2. Explique em que medida as descobertas referidas foram consideradas pela Agência NASA 10

como sendo muito importantes na pesquisa de vida extraterrestre.

56
Cotações

Grupo III – Geologia da serra da Peneda-Gerês


O maciço da Peneda-Gerês é formado por um conjunto de granitos que são abundantes no Par-
que Nacional da Peneda-Gerês, prolongando-se para Espanha (Galiza). Estes granitos encon-
tram-se a cortar as rochas encaixantes, que são formadas por outros granitos (biotíticos e de
duas micas) e rochas sedimentares do Silúrico que sofreram metamorfismo.
Os três principais tipos de granitos do maciço da Peneda-Gerês possuem a mesma associação
mineralógica (quartzo, feldspato potássico, plagioclase e biotite), com as seguintes texturas
granulares:
− granito do Gerês: porfiroide (cristais de maiores dimensões envolvidos por uma matriz fane-
rítica de grão mais fino) de grão grosseiro a médio;
− granito de Paufito: porfiroide a inequigranular (a dimensão dos cristais difere substancial-
mente) de grão médio;
− granito de Carris: granular de grão fino, por vezes porfiroide.

A análise dos contactos entre os diferentes granitos permitiu concluir que possuem idades pró-
ximas, e as análises radiométricas apontam para uma idade de 290 a 296 Ma. Foram usados os
sistemas do Rb-Sr e Ur-Pb, com resultados semelhantes.
Quanto à origem, os dados químicos e mineralógicos sugerem que os granitos se formaram a
partir da fusão parcial de materiais da crusta continental inferior e com possível mistura com
magmas de origem mantélica. Estes fenómenos devem ter ocorrido aquando do fecho de um
oceano primitivo, e que levou à formação do supercontinente Pangeia.

Castro
Laboreiro

Local de ocorrência
do movimento
em massa
Paufito

Ilda

Lovios

Pitões das
Metassedimentos do
Júnias
Silúrico
Carris
Granitos de duas micas

Migmatitos, gnaisses

Granito botítico tarditectónico

Covide Maciço pós-tectónico da Peneda-Gerês


Granito de Ilda
Ponteira Granito de Paufito
Gerês
Granito de Gerês
Cabril Granito de Carris
Granito de Calvos
Granito de Covas
Falha (inferida; observada)
0 5 km Contacto
Fronteira Portugal-Espanha

Figura 3 – Carta geológica simplificada do Parque da Peneda-Gerês em território nacional e das rochas
que se prolongam para regiões da Galiza.
Dados e esquema adaptados de http://www.dct.uminho.pt/pnpg/mapa_site.html.

57
Cotações

Movimentos em massa
Nas serras da região Norte de Portugal são frequentes os movimentos em massa, desde a queda
de blocos até à deslocação de grandes quantidades de materiais. Estudos realizados nesta re-
gião permitiram verificar que os movimentos em massa ocorrem, maioritariamente, após um
longo período de precipitação durante o inverno. Um episódio exemplificativo dos movimentos
em massa ocorreu na serra da Peneda e foi do tipo fluxo detrítico (figuras 3 e 4).

600 m 633 m

625 m
550 m
575 m

500 m Figura 4 – Representação esquemática do fluxo


detrítico da fraga dos Pastorinhos, na serra da
525 m
Peneda. 1 — Curva de nível mestra; 2 — Curva de
450 m nível secundária; 3 — Rio Peneda; 4 — Canais de
475 m
escoamento ativos; 5 — Cone de dejeção/depó-
sito de vertente; 6 — Setor de arranque e área
de transporte; 7 — Blocos rolados; 8 — Ponto co-
tado; 9 — Falha; 10 — Falha provável.
1 3 5 7 9 Esquema adaptado de Teixeira, M. (2005). “Movimentos de
Vertente — Fatores de Ocorrência e Metodologia de Inventa-
2 4 6 600 m 8 10 riação”. Geonovas n.º 19. Associação Portuguesa de Geólogos.

Na resposta a cada um dos itens de 1 a 6, selecione a única opção que permite obter uma afir-
mação correta.

1 O limite dos granitos da Peneda-Gerês com as rochas metassedimentares encaixantes é 5

, e as rochas metassedimentares do Silúrico são mais .


(A) concordante (…) antigas
(B) concordante (…) recentes
(C) discordante (…) recentes
(D) discordante (…) antigas

2 A datação radiométrica permite obter a idade… 5

(A) da fusão parcial do material que deu origem aos diferentes magmas.
(B) da mistura parcial dos magmas com diferente composição e origem.
(C) da instalação e cristalização do magma, com a inclusão dos isótopos instáveis nos minerais.
(D) do afloramento do granito.

3 Os granitos da Peneda-Gerês formaram-se há, aproximadamente, 300 Ma num ambiente 5

, e o granito de Paufito deve ter cristalizado mais rapidamente quando comparado com
o granito .
(A) convergente (…) do Gerês
(B) convergente (…) dos Carris
(C) divergente (…) do Gerês
(D) divergente (…) dos Carris

58
Cotações

4 A ordem de cristalização nos granitos do maciço da Peneda-Gerês deve ter sido, de acordo com 5

a Série de Bowen, a seguinte:

(A) plagioclase, biotite, feldspato potássico e quartzo.


(B) quartzo, plagioclase, biotite e feldspato potássico.
(C) plagioclase, biotite, quartzo e feldspato potássico.
(D) feldspato potássico, quartzo, plagioclase e biotite.

5 A instalação dos granitos originou a formação de corneanas em resultado da… 5

(A) fusão parcial das rochas encaixantes sujeitas a metamorfismo de contacto.


(B) recristalização dos minerais iniciais sob o efeito de elevadas temperaturas, formando uma
rocha muito dura.
(C) atuação da pressão enquanto fator principal do metamorfismo.
(D) existência de fluidos hidrotermais circulantes que induziram metamorfismo nas rochas en-
caixantes.

6 Os granitos da Peneda-Gerês originam a formação da paisagem do caos de blocos, em resultado 5

da circulação de ao longo das diáclases e da meteorização dos minerais, principalmente


dos .

(A) água (…) feldspatos e do quartzo


(B) gases (…) feldspatos e do quartzo
(C) água (…) feldspatos e da biotite
(D) gases (…) feldspatos e da biotite

7 Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das seguintes afirmações respeitantes 6

aos movimentos em massa e ao caso descrito no texto.

A. O movimento em massa ocorreu num substrato formado por granito biotítico porfiroide de
grão grosseiro a médio.
B. O acumular de água aumenta a coesão das partículas que compõem a vertente, aumentando
também o peso das camadas de material e facilitando a deslocação.
C. A ausência de vegetação na encosta deve ter facilitado a ocorrência do movimento em massa.
D. O declive não deve ter tido influência na ocorrência do movimento detrítico na serra da Pe-
neda.
E. O material superficial, que resulta da meteorização do granito, constitui uma camada em que
os poros podem ser preenchidos por água e constituir um aquífero confinado.
F. A atividade humana pode potenciar os riscos e efeitos negativos dos movimentos em massa,
por exemplo com a ocupação de áreas de risco geológico e o uso incorreto dos solos.

8 No maciço da Peneda-Gerês existem diversos depósitos minerais metálicos que já foram explo- 8

rados no passado.
Relacione a formação destes depósitos com a presença de fluidos hidrotermais originários dos
magmas.

59
Cotações

Grupo IV – Adaptações das plantas à seca


Diversos estudos têm sido realizados para compreender como é que as plantas se adaptam ao
ambiente que as rodeia, em particular quando sujeitas a condições de secura. Os seguintes do-
cumentos apresentam resultados experimentais de diversos estudos.

Documento A
Uma equipa de investigadores de-
Abertura estomática
terminou a abertura estomática em
plantas intactas de fava (Vicia faba),
da família das legumináceas. Quan-
tificaram ainda os níveis de potás-
sio e sacarose ao longo do tempo.
Em situações de seca, os níveis da Concentração de solutos (K+ e sacarose)
hormona ABA (ácido abscísico) au- Sacarose
mentaram até 50 vezes nas célu-
las-guarda dos estomas foliares.
K+

Figura 5 – Variação da abertura estomá-


tica ao longo do tempo e em resposta
às variações da concentração de potás- 9:00 11:00 13:00 15:00 17:00 19:00 21:00

sio e sacarose. Adaptado de Talbot e Tempo (horas diárias)


Zeiger, 1998.

A
Documento B
A uma planta de sardinheira (Pelar-
Transpiração
mg de água

gonium sp.) foram removidas as raí-


zes e o caule foi mergulhado em
água contendo corante, de forma a Absorção
seguir o trajeto da água na planta
(figura 6A). Esta experiência decor-
reu ao longo de um dia, de modo a
verificar o efeito da fotossíntese nas
taxas de transpiração e absorção.
Numa outra experiência (figura 6B), Período Período Período
sem luz com luz sem luz
os efeitos da quantidade de água
na taxa fotossintética e na translo-
B
cação floémica do grão-de-bico 50
Taxa de translocação (percentagem

(Sorghum bicolor) também foram 35


de 14C removido por hora)

Translocação
determinados em plantas incuba-
(μmol 14CO2 m -2 s-1)
Taxa fotossintética

das com 14C (carbono-14), por um 40 30


período reduzido de tempo. A radio-
atividade fixada nas folhas foi 25
Fotossíntese
usada como medida das taxas fo- 30
tossintéticas, e a perda de radioati- 20
vidade nas folhas, após a remoção
do 14C, foi usada como medida da
-1,5 -2,0 -2,5
translocação floémica.
Potencial hídrico da folha (MPa)

Figura 6 – (A) Variação da absorção e transpiração em plantas de sardinheira em função da fotossíntese.


(B) Variação das taxas fotossintéticas e da translocação em função do potencial de água nas folhas. Os va-
lores negativos indicam reduzida quantidade de água disponível. Dados adaptados de Sung e Krieg, 1979.

60
Cotações

Na resposta a cada um dos itens de 1 a 5, selecione a única opção que permite obter uma afir-
mação correta.

1 Se fornecêssemos 14CO2 sob a forma gasosa a plantas a crescer numa estufa com ambiente lu- 5

minoso controlado e em condições de isolamento total, e caso não detetássemos radioatividade


nas moléculas de sacarose ao fim de algum tempo, poderíamos concluir que…
(A) a sacarose resulta da ligação de moléculas resultantes da fixação do dióxido de carbono no
Ciclo de Calvin.
(B) a fotossíntese estaria muito ativa.
(C) a sacarose teria sido produzida a partir da hidrólise do amido acumulado.
(D) a planta não estaria a realizar a fotossíntese.

2 As plantas usadas nas experiências pertencem ao mesmo reino na classificação de e 5

ao mesmo superdomínio na classificação de .


(A) Lineu (…) Whittaker
(B) Whittaker (…) Lineu
(C) Whittaker (…) Woese
(D) Woese (…) Whittaker

3 O transporte de sacarose do mesófilo foliar para o floema ocorre contra o gradiente de concen- 5

tração, correspondendo a um transporte , que implica o aumento dos níveis de


nas células.
(A) ativo (…) ADP+Pi
(B) passivo (…) ADP+Pi
(C) passivo (…) ATP
(D) ativo (…) ATP

4 O excesso de água no solo pode levar ao alagamento e à redução do oxigénio disponível para 5

as células da raiz. Esta situação pode provocar a morte da planta, pois…


(A) a raiz deixa de realizar a fotossíntese e é incapaz de obter o seu alimento.
(B) a respiração aeróbia é inibida, levando à morte das células da raiz e à redução do transporte
de sais minerais e água para os órgãos aéreos.
(C) a ausência de oxigénio impede o transporte de substâncias dos órgãos aéreos para as raí-
zes.
(D) as partes aéreas morrem e deixam de fornecer alimento à raiz.

5 O paraquat é um herbicida que atua bloqueando o transporte de eletrões na cadeia transporta- 5

dora presente nos tilacoides dos cloroplastos. Este facto leva à inibição da fotossíntese, pois
não ocorre a regeneração de , usados posteriormente nas reações de .
(A) NADP+ e de ADP (…) síntese de glicose
(B) NADPH e de ATP (…) fermentação
(C) NADP+ e de ADP (…) fermentação
(D) NADPH e de ATP (…) síntese de glicose

61
Cotações

6 Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das seguintes afirmações respeitantes 8

aos dados fornecidos.


A. De acordo com os dados, é possível verificar que na planta de fava as modificações no po-
tencial osmótico das células-guarda do estoma estão associadas ao potássio, nas primeiras
horas da manhã, e ao conteúdo de sacarose, no período da parte da tarde.
B. O fecho dos estomas no final da tarde está associado à diminuição do potencial osmótico
das células-guarda.
C. O ABA estimula a abertura dos estomas e o aumento das taxas de transpiração foliar.
D. As experiências dos documentos A e B foram realizadas em plantas pertencentes a dois gé-
neros diferentes e a três espécies distintas.
E. De acordo com os dados, é possível concluir que a falta de água afeta menos a translocação
do que a fotossíntese.
F. Na sardinheira é possível concluir que o aumento da fotossíntese origina primeiramente um
aumento da absorção radicular, que permite um aumento das taxas de transpiração foliar.
G. O conteúdo de água das folhas é o principal agente limitante da fotossíntese e transporte
de açúcares para os elementos do tubo crivoso.
H. Quanto menor a pressão osmótica nas células-guarda, maior a abertura do estoma.

7 Faça corresponder a cada uma das afirmações da coluna A a respetiva designação que consta 8

da coluna B. Utilize cada letra apenas uma vez.

Coluna A Coluna B

A. A divisão por mitose de uma célula origina a formação de


um elemento do tubo crivoso.
B. Resulta de divisões meióticas sucessivas.
C. As suas propriedades mecânicas e químicas permitem o
transporte de substâncias, explicado pela teoria da tensão- 1. Xilema
-coesão-adesão.
2. Floema
D. Tecido formado por células vivas em que é possível recolher
3. Xilema e floema
elevadas quantidades de hidratos de carbono e água.
4. Nenhum dos anteriores
E. É responsável pelo transporte de compostos para a extre-
midade dos caules, onde a atividade dos meristemas é ele-
vada.
F. Uma análise ao seu conteúdo revela elevadas quantidades
de água e sais minerais.

8 Algumas larvas de inseto parasitam a planta do tomate, afetando o seu crescimento. Quando 12

uma larva inicia a ingestão de uma folha, a planta produz ácido jasmónico, que é libertado sob
a forma de gás com odor. Alguns cientistas consideram que este composto pode atrair insetos
predadores das larvas e assim proteger a planta.
Planeie uma experiência para testar esta hipótese, referindo as variáveis em estudo e os con-
trolos necessários.

— FIM —

62
9. A – II, B – VI, C – V, D – IX, E – IV, F – X, G – I, H – VII. PROVA 5 (págs. 52-62)

Grupo III Grupo I


1. A – I, B – II, C – I, D – II, E – I, F – I, G – I, H – II. 1. Opção D
2. Opção D 2. Opção A
3. Opção C 3. Opção B
4. Opção A 4. Opção C
5. Opção B 5. Opção D
6. A – VII, B – III, C – V, D – I, E – IX, F – IV, G – II. 6. Opção B
7. A resposta deve abordar os seguintes tópicos: 7. Verdadeiras: A, D; Falsas: B, C, E, F.
• Relacionar a extração de areia com a alteração da di- 8. A resposta deve abordar os seguintes tópicos:
nâmica costeira. • Relacionar o fundo genético com a variabilidade in-
– A extração de areias pode afetar as taxas de de- traespecífica.
posição e erosão ao longo das praias, interferindo – As espécies caracterizam-se por apresentar um de-
na deriva de sedimentos ao longo da costa. terminado fundo genético que, quanto mais combi-
• Relacionar a extração de areias com o aumento da nações genéticas permitir realizar, maior será a sua
erosão em determinadas áreas. variabilidade intraespecífica e, consequentemente,
– A extração de areias a norte pode aumentar a ero- a diversidade fenotípica.
são a sul do quebra-mar do porto de Aveiro. Como • Relacionar o fundo genético com a adaptação/sobre-
nesta zona já se verifica um recuo significativo da vivência face às modificações ambientais.
linha de costa, a remoção de areias a norte e a in- – Quanto maior a variabilidade específica maior será
terrupção do transporte de sedimentos pelo quebra- a capacidade de adaptação e sobrevivência de uma
-mar agravam o perigo natural nesta região. população às alterações do meio, uma vez que os
seres vivos dessa população apresentam genótipos
Grupo IV e fenótipos muito diversos, em que serão seleciona-
dos naturalmente os mais aptos para um dado am-
1. Opção A
biente. O conceito de mais apto é temporal, pois,
2. Opção B
face às alterações do meio, um outro genótipo e fe-
3. Opção C
nótipo poderão ser os selecionados.
4. Opção A
• Relacionar a evolução das espécies com as altera-
5. Opção B
ções no fundo genético.
6. A – III, B – I, C – II, D – I, E – II, F – I.
– A evolução biológica consiste na alteração do
7. A – B – E – C – D.
fundo genético de uma população ao longo do
8. A resposta deve abordar os seguintes tópicos:
tempo. A seleção natural, as mutações e a deriva ge-
• Relacionar a ocorrência de meiose no fungo N. crassa
nética são fatores de alteração do fundo genético
com a variação das condições do meio.
das populações.
– Quando o meio se torna empobrecido em carbono
e azoto, a reprodução sexuada é o mecanismo de re-
Grupo II
produção favorecido.
• Referenciar uma vantagem e uma desvantagem da 1. A – III, B – IV, C – III, D – I, E – I, F – I, G – I, H – II.
reprodução sexuada. 2. Opção A
– A reprodução sexuada aumenta a variabilidade in- 3. Opção B
traespecífica e, consequentemente, a capacidade de 4. Opção C
sobrevivência face a alterações do meio. Contudo, é 5. Opção D
um processo energeticamente mais dispendioso 6. Opção A
para o organismo. 7. A – C – E – F – B – D.
• Referenciar uma vantagem e uma desvantagem da 8.
reprodução assexuada. 8.1. Opção B
– A reprodução assexuada é um processo que per- 8.2. A resposta deve abordar os seguintes tópicos:
mite o rápido crescimento e a colonização de am- • Relacionar a capacidade de as bactérias do lago
bientes favoráveis. Contudo, como se formam clones, Mono substituírem o fósforo por arsénio com a cons-
a variabilidade intraespecífica é muito reduzida, di- tituição dos ácidos ou nucleicos.
minuindo a capacidade de sobrevivência face a alte- – As bactérias do lago Mono conseguem sobreviver
rações do meio. em ambientes com muito arsénio, incorporando este
elemento nas suas moléculas.

91
# Soluções

• Relacionar a importância da descoberta destas bac- − lote A: funciona como controlo, em que não se adi-
térias com a pesquisa da vida extraterrestre. cionam as larvas;
– Esta foi considerada importante pela NASA, no âm- − lote B: as plantas serão expostas às larvas dos in-
bito da pesquisa da vida extraterrestre, uma vez que setos parasitas, permitindo que estas se alimentem
permite aos cientistas constatar que há organismos das suas folhas;
extremófilos que sobrevivem e que se reproduzem − lote C: as plantas não serão sujeitas à ação das lar-
em ambientes ácidos e ricos em arsénio, aumen- vas, mas será aplicado ácido jasmónico.
tando as hipóteses da existência de vida extrater- Libertar os insetos predadores das larvas na proximi-
restre em condições hostis como as referidas. dade dos três lotes de plantas.
Em todas as plantas será quantificado, ao fim de um
Grupo III dado tempo, o número de insetos que predam as lar-
1. Opção D vas, de forma a verificar se nas plantas sem larvas,
2. Opção C mas com ácido jasmónico, os insetos predadores foram
3. Opção A atraídos, comparando com o controlo experimental
4. Opção A (lote A), para ver se as diferenças são significativas.
5. Opção B
6. Opção C
7. Verdadeiras: A, C, F; Falsas: B, D, E.
8. A resposta deve abordar os seguintes tópicos:
• Referenciar a presença de fluidos hidrotermais ori-
ginários dos magmas.
– Os fluidos hidrotermais são constituídos essencial-
mente por materiais voláteis e ricos em sílica, podendo
ser formados nos estádios finais da diferenciação
magmática.
• Relacionar a formação de depósitos minerais metá-
licos com a ocorrência de fluidos hidrotermais.
– A reduzida densidade e a elevada fluidez dos fluidos
hidrotermais permite a sua circulação e instalação ao
longo de poros e fraturas das rochas encaixantes.
A cristalização destes fluidos pode originar a forma-
ção de jazigos, como por exemplo os metálicos.

Grupo IV
1. Opção D
2. Opção C
3. Opção A
4. Opção B
5. Opção D
6. Verdadeiras: A, B, E, G; Falsas: C, D, F, H.
7. A – 2, B – 4, C – 1, D – 2, E – 3, F – 1.
8. Para testar a hipótese de as plantas de tomate liber-
tarem ácido jasmónico como resposta ao ataque das
larvas de modo a atrair predadores destas, poder-se-ia
realizar a seguinte experiência, mantendo todos os
outros fatores (ex.: temperatura, disponibilidade hí-
drica, etc.) constantes em todos os lotes de plantas.
Selecionar 9 plantas de tomate de tamanho idêntico,
envasadas, que constituirão o lote A, B e C (formado
por 3 plantas cada um). Obter larvas que parasitam a
planta do tomate e os insetos que se alimentam des-
tas larvas. Os lotes são colocados nas seguintes con-
dições experimentais:

92

Você também pode gostar