Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Thompson
Ricardo Gaspar Müller∗
Introdução
Thompson formulou suas idéias sobre a política como teatro, como representação do
poder, e sobre o contrateatro no protesto dos movimentos populares, especialmente em seus
trabalhos dedicados às formas de rebelião nas sociedades pré-industriais e nos primeiros
momentos do movimento operário. A esfera teatral do exercício do poder político busca
conformar os governados, manter seu consentimento, ativo ou passivo; perpetuar o respeito às
normas, valores e símbolos; fixar os limites do politicamente possível e tolerável. Constitui
parte fundamental da hegemonia, domínio não baseado diretamente na coerção material. Mas ,
a meu ver, tem sido pouco discutida sua abordagem sobre as relações entre teatro, politica e
poder em seus ensaios sobre a questão do exterminismo e os mecanismos de luta entre as
condições da guerra fria e a formação dos movimentos pacifistas.1 Nesse texto apresentamos
nossas primeiras notas de estudo sobre o tema.
Após os “eventos de 1956”, E. P. Thompson rompe com o Partido Comunista Britânico e
torna-se porta-voz e defensor de uma concepção humanista de socialismo e figura chave na
Campanha (pelo) Desarmamento Nuclear Europeu (END), fundada em abril de 1980.
A partir desse ano, interrompe sua pesquisa histórica básica e, ao lado de antigos
companheiros, partilha a liderança de um movimento político internacional de caráter pacifista.
Seu objetivo na Campanha (END) era reverter as bases e decisões da Conferência de Yalta,
afastar e reduzir a influência de ambas as superpotências sobre o continente europeu e romper o
ciclo de militarização, a seu ver, duramente imposto sobre a população.
Sem habilidade anterior, Thompson tornou-se um expert em assuntos militares,
recorrendo às ferramentas conceituais da historia social para estudar um novo conjunto de
conceitos nos campos da tecnologia militar e de temas estratégicos. Nesse movimento, em 1982,
Thompson propõe a categoria exterminismo. Para ele, tornava-se necessária uma nova atitude
teórica e política para apreender as violentas transformações do processo histórico,
acompanhadas pela formação de um novo objeto, com características irracionais, que poderia
exterminar toda a população mundial.
Thompson acreditava que a Europa, nos anos de 1980, atravessava um período difícil e
contraditório. Ao mesmo tempo ameaçados pela perspectiva do exterminismo, colocava-se a
oportunidade de os europeus redefinirem seu sentido de identidade coletiva sua própria
percepção e a de seu futuro ao longo do processo. Em outubro de 1983, Thompson realizou um
comício para um público de 250.000 pacifistas no Hyde Park, em Londres, e lembrou-os das
tradições que personificavam: “Em algum momento, as antigas estruturas do militarismo têm de
romper em conseqüência de uma pressão pacífica, não-violenta, como as grades do Hyde Park
uma vez cederam devido à pressão de manifestações pacíficas pelo voto” (Thompson, 1983).
O que custaria para reunificar a Europa? Que modelos de sistemas sociais escolheriam os
europeus se diminuísse ou acabasse a influência de ambas as superpotências sobre a Europa? Ao
lado de seus companheiros na END britânica e européia, Thompson sensibilizou a opinião
pública para além das preocupações usuais sobre mísseis e foguetes, na direção de um debate
mais amplo envolvendo questões políticas básicas relativas ao período pós-guerra.
∗
Professor Associado do Dept. de Sociologia e Ciência Política e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Política da UFSC. Pesquisa desenvolvida durante pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Sociologia e
Atropologia do IFCS, UFRJ, com bolsa do CNPq (2007-2008).
1
Cf., em particular, Thompson, E. P. (1982a, p. 8-11) a seção “O ‘Teatro do Apocalipse’”, de seu ensaio “Notas
sobre o Exterminismo”, para se avaliar a relação entre a idéia de teatro e a lógica da estrutura da guerra fria.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
2
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
3
contra esse status quo ou a certeza da destruição mútua – afinal, em caso de embate efetivo, o
“teatro” europeu provavelmente seria também lócus dos ataques. Nesse contexto, propunham
um eventual diálogo entre as partes, que organizasse uma posição unificada para subsumir os
antagonismos em diretrizes para a paz. Essa resposta, aparentemente simples, ao absurdo da
guerra fria dependia de uma crença: a de que a humanidade teria mais a oferecer do que o
consumo desenfreado dos recursos mundiais até sua exaustão e total destruição. Para Thompson
(1982, p. 35) essa injunção tornou-se vital.
A contribuição mais significativa de Thompson nos debates sobre a guerra fria – mas
sobretudo contra a “corrida armamentista”, a “ameaça nuclear” e em nome da organização de
grupos e movimentos pacifistas –, nessa época, talvez seja o ensaio Protest and Survive, de
1980, em resposta ao documento do governo conservador inglês, Protect and Survive, sobre
como se proteger no caso de um ataque nuclear.3
No ensaio Protest and Survive, Thompson antevê a Europa não como um “teatro de
guerra”, mas como o “teatro da paz”, resultante de pressão popular democrática. Mas para esse
cenário acontecer, seria necessária uma détente internacional que assegurasse um futuro
independente do sistema de guerra. Ou seja, uma vez definida uma estratégia, as contradições do
papel da Europa na guerra fria poderiam ser usadas contra os “guerreiros” em Washington e
Moscou.
A construção dessa estratégia demandou tempo e dedicação de Thompson ao longo dos
anos de 1980, e incentivou várias formas de resistência popular. Uma resistência necessária
porque, afirmava ele, a política da guerra fria se estruturava de tal maneira que a idéia de
extermínio da sociedade era perfeitamente coerente com a lógica do processo.
Nesse contexto, Thompson (1982a, p. 4-5), percebendo a existência de “uma dinâmica
interna e de uma lógica recíproca que requerem uma nova categoria de análise”, elabora o
conceito de exterminismo, inspirado em Marx e, a seu ver, adequado para examinar a lógica e a
dinâmica dessa nova realidade.
Em termos teóricos, o aspecto mais controverso da interpretação de Thompson sobre o
sistema da guerra fria é sua rejeição das noções de imperialismo e militarismo, associadas,
segundo ele, a circunstâncias convencionais ou específicas, cada uma expressando diferentes
níveis ou aspectos de uma crítica ao capitalismo: conceitos inadequados, portanto, para a análise
da guerra fria. Segundo Thompson (1982a, p. 1-2), ambos traduzem um forte conteúdo
ideológico e, em sua formulação, expressam a idéia de um “sistema”, racional de início, mas que
eventualmente pode provocar sua própria implosão irracional.4
Thompson (1982a, p. 332-338) sustenta que:
Necessitamos uma categoria nova [exterminismo] para definir esta época clara de
história de confronto nuclear – e nunca é pouco dizer que isto não significa, mediante
um gesto de varinha mágica, que seja necessário renunciar a todas as categorias
anteriores ou que não funcionem mais todas as forças históricas anteriores. (...) Não se
trata simplesmente de uma questão de força: é uma questão de legitimidade. Ali onde
nenhuma forma de poder está legitimada pela responsabilidade civil e por um processo
aberto como é devido, pode ocorrer que uma forma de poder dê lugar a outra. Cada
uma destas formas de poder é tão legítima ou ilegítima quanto a outra.
O “exterminismo” da guerra fria se baseia na dinâmica do sistema de armamentos.
Embora pareça um movimento racional, no qual os agentes participantes tomam decisões
3
Cf. Thompson, E. P. (1980a, p. 33). Convém observar que a publicação do Manifesto foi patrocinada pela
Bertrand Russell Peace Foundation e pela CND.
4
Cf. Thompson, E. P. (1982a, p. 1-2). Ele comenta, mas sem maiores detalhes, que “a Primeira Guerra Mundial e o
colapso do nazismo seriam exemplos de militarismo e imperialismo caminhando na direção de seus próprios fins”.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
4
5
Vale registrar que a categoria de exterminismo também se orientava pela crítica ao princípio de estratégia militar
conhecido como MAD (Mutual Assured Destruction), “Destruição Mútua Assegurada”. Ironia ou não, em inglês
mad admite vários significados no campo da “loucura” e da “raiva”.
6
Cf. Bahro, R. (1982a), “A New Approach for the Peace in Germany”, in Thompson, E. P. (1982a), p. 87-116.
7
Cf. também Sukhov, M. J. (1989), “E. P. Thompson and the Practice of Theory: Sovereignty, Democracy and
Internationalism”, Socialism and Democracy, Autumn-Winter, p. 105-140 e especialmente p. 122-127, sobre o
internacionalismo de Thompson.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
5
8
Cf. Shaw, M. (1990) “From Total War to Democratic Peace: Exterminism and Historical Pacifism”, in Kaye, H. e
McClelland, K. (1990, p. 233-251); cf. também Simon Bromley et al. (1988), “After Exterminism”, New Left
Review, n. 168.
9
Cf. Thompson, E. P. (1982a) para outros ensaios que também discutiram o seu artigo (“Notes on Exterminism, the
Last Stage of Civilization”), como os de Roy e Zhores Medvedev, Rudolf Bahro, Fred Halliday, Mary Kaldor,
Noam Chomsky, Etienne Balibar.
10
Cf. Mandel, E. (1977, p. 284-293), “Peaceful Coexistence and World Revolution”, in Blackburn, R. (ed.)
Revolution and Class Struggle, London: Fontana.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
6
Willliams (1982a, p. 80) concorda que a indústria bélica, a pesquisa militar e a segurança
de Estado situam-se e devem ser compreendidas no contexto das sociedades capitalistas
contemporâneas. Tal complexo, continua, existe de modo análogo – mas de forma alguma
idêntico – em países como a União Soviética e a China. Nesse ponto situa-se uma de suas mais
importantes críticas a Thompson: a de embaralhar essas diferentes formações em uma entidade
única e, principalmente, não considerar conceitos e características mais gerais da classe
dominante – por exemplo, o fato de que ela possui o monopólio ou o predomínio na ameaça e
efetivação da violência – que não são uma conseqüência do sistema de armas nucleares. Lembra
– o que Thompson parece não fazer – que tem sido fundamentalmente em sociedades não
nucleares que Estados militarizados e de alta segurança têm se formado e assumido poder
absoluto e determinante.
Mike Davis (1982a, p. 35-64) também localiza um certo determinismo na noção de
exterminismo e observa que o papel dos indivíduos, o próprio “agir humano”, estaria sendo
negado por Thompson. Segundo Davis (1982a, p. 43), aceitando-se como irracional a ameaça da
corrida armamentista, bem como a premissa do exterminismo, o “agir humano” estaria sendo
negado e a causalidade mecânica reingressaria na história. Thompson, significativamente, não
teria considerado a ameaça do uso da bomba no jogo de poder e a dissuasão como ideologia
(desenvolvida pelas classes dominantes) ou, mais especificamente, não teria distinguido
“conjuntura e crise, (...), classes e modo de produção”.11 Com efeito, tal como Williams, Davis
sublinha que o exterminismo não é uma noção a que essas importantes categorias pudessem ser
relacionadas. Ao fim e ao cabo, o próprio método dialético de Thompson poderia ser empregado
contra suas idéias.
A resposta de Thompson (1982a, p. 329), “Europe, the Weak Link in the Cold War”,
aceita muitas das críticas a seu conceito de exterminismo.12 Em maio de 1980, ele relata, um
pessimismo político havia sucedido aos então recentes eventos mundiais, como a crise do
petróleo, as guerras no Oriente Médio e em países em desenvolvimento, a invasão soviética do
Afeganistão e o programa de “modernização” da OTAN, e que essa situação teria influenciado
seu próprio “pessimismo intelectual”, refletindo-se em suas análises e nas perspectivas
apresentadas. Como Raymond Williams e outros haviam observado, Thompson (1982a, p. 330)
admite que alguns aspectos de seu texto apontam para um certo grau de determinismo, em
especial em relação à idéia de que “os sistemas de armamentos rivais, por si mesmos e por sua
lógica recíproca, devem levar-nos ao extermínio”. Reconhece seus erros (como o de ter
estabelecido relação entre o processo de industrialização e a indústria militar e o
armamentismo). Entretanto, se a maneira pela qual a análise foi exposta pode ter sido
equivocada, Thompson (1982a, p. 330) manteve o núcleo de seu argumento:
As Notas não se limitavam a sugerir [esses pontos]: já havia, no apelo inicial da END,
a linha geral de uma estratégia de resistência e meu ensaio concluía com um resumo
dessas alternativas (...). Não quero abandonar a categoria de “exterminismo” sem
deixar de tentar um mínimo de defesa. O termo em si mesmo não importa; é feio e
excessivamente retórico. O que importa é o problema para o qual aponta. Segue
havendo alguma coisa, no movimento de inércia e na lógica recíproca dos sistemas de
armamentos rivais – e na configuração de interesses materiais, políticos,
ideológicos e de segurança que os acompanha –, que não se pode explicar
atendo-se às categorias de “imperialismo” ou de “luta de classes internacional”.
Se as premissas do exterminismo eram problemáticas, as questões propostas
continuavam relevantes. Por exemplo, dada a eficiência da tecnologia nuclear, os minutos
11
Cf. Davis, M. (1982a, p. 63-64), que chama a atenção para onde e como, naquele momento, acontece um
“verdadeiro exterminismo” (“actually existing exterminism”), decorrente da miséria, da fome e da violência social
nos países do Terceiro Mundo, como também das ditaduras e guerras em muitos desses países.
12
Cf. também Thompson, E. P. (1985, p. 135-152), onde o artigo aparece sob o título de “Exterminism Reviewed”.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
7
restantes na iminência de uma crise em que se faria uso dos sistemas especiais de “lançamento
imediato diante do sinal de alerta” (Launch-On-Warning/LOW) não permitiria tempo para
negociações políticas ou outras iniciativas.13 A irracionalidade do processo era e permanecia o
problema central. Se os processos internos em cada bloco operavam de modo distinto, a
tendência continuava a mesma, a de uma dinâmica de guerra que se auto-reproduzia
indefinidamente. Para Thompson (1982a, p. 332-333), as noções convencionais de luta de classe
não respondiam à urgência da situação, que exigia novas definições. O exterminismo era uma
delas. A seu ver, as interpretações tradicionais sobre o imperialismo e a luta de classe se não
deveriam – ou poderiam ser negadas – pareciam insuficientes para pensar o novo contexto ou,
pelo menos, suas tendências e dinâmica. Em suas palavras:
Se necessitamos de uma categoria nova para definir essa época específica de história
(de conflito e de confrontação nuclear) (...), isso não significa que se prescinda de todas
as categorias anteriores ou que deixem de funcionar todas as forças históricas
anteriores. (...) Imperialismos e lutas de classe, nacionalismos e conflitos entre públicos
e burocracias, todos continuarão a funcionar com seu vigor de costume; pode ser que
continuem a dominar esse ou aquele episódio histórico. Significará, antes de tudo, que
uma figura nova, uma figura sem fisionomia e ameaçadora, tenha se unido às dramatis
personae da história; uma figura que projeta uma sombra mais brusca e escura que
qualquer outra. E (...) já estamos no interior dessa sombra de extremo perigo. Porque à
medida que a sombra cai sobre nós, vemo-nos impelidos a assumir o papel desse
personagem. (Grifo no original)
Em seu artigo de 1991, “Ends and Histories”, Thompson realiza uma revisão da
categoria exterminismo (suas determinações e conseqüências) e de seu envolvimento na
constituição de uma “Terceira Via” política, a organização dos principais movimentos pacifistas
britânicos (CND, END) e de sua reunião e articulação a outros movimentos pacifistas
internacionais, de modo a não só evitar um eventual confronto nuclear, mas, sobretudo, acabar
progressivamente com a existência dos grandes blocos político-militares e a condição de
alinhamento engendrada.14 As propostas dessa Terceira Via defendiam o internacionalismo –
hegemonicamente de caráter socialista – e a solidariedade subjacente a esses movimentos.15
Em seu resgate, Thompson (1991, p. 12) toma como referência uma passagem de seu
artigo “Exterminism: the Last Stage in Civilization”: “Era uma contradição não-dialética, um
estado de antagonismo absoluto, em que ambos os poderes cresciam por confrontação, e que só
poderia ser resolvido pelo extermínio mútuo”. E ele mesmo contesta a amplitude da conclusão: a
idéia de exterminismo pertence ao início de 1980, antes de os movimentos pacifistas começarem
a atuar. Thompson lembra que concordou com a crítica de Raymond Williams (de que usou uma
metáfora determinista para descrever o conceito de exterminismo), bem como as observações de
que “o exterminismo havia sido superestimado e negado pelos eventos”.16
Thompson (1991, p. 12) admite que essa premissa seja em parte verdadeira, embora
permaneçam válidos muitos de seus argumentos. A seu ver, “as economias e ideologias de
ambos os lados poderiam entrar em colapso sob a pressão de uma eventual segunda guerra fria”.
Por outro lado, ele também imaginou a organização de movimentos de resistência em
contraposição à lógica exterminista. Nesse sentido, Thompson (1991, p. 12) ainda hesita em
13
Esse comentário foi em resposta ao artigo de Roy e Zhores Medvedev, “The USSR and the Arms Race”, in
Thompson, E. P. (1982a, p. 153-174).
14
Cf. Thompson (1991, p. 7-25), in Kaldor, Mary (org) (1991). Seu ponto de partida é uma crítica à idéia de “fim
da história”, como a de Fukuyama, mas defendida por outros autores em seus diferentes matizes, como Allan
Bloom. Observe-se que a proposta de uma “Terceira Via” é anterior e oposta aos projetos de Giddens.
15
Cf. comentários abaixo sobre o tema (os vínculos entre Thompson e o internacionalismo).
16
No caso, os eventos da 2ª. metade da década de 1980, em especial o Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty,
ou INF Treaty (United States-Union of Soviet Socialist Republics [11 de dezembro de 1987]). Cf. Simon Bromley
et al., “After Exterminism”, in New Left Review I/168, March-April 1988.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
8
abandonar por completo o assustador conceito: as bases materiais para o exterminismo foram
pouco reduzidas, mesmo as estruturas ideológicas da guerra fria estão instáveis. Observa
também que, como indicava em sua definição de 1980, sempre devem ser analisadas as bases
institucionais do exterminismo: o sistema de armamentos, o conjunto do sistema econômico,
científico, político e ideológico de sustentação (...) o sistema social que pesquisa e produz (essas
condições) e policia, justifica e mantém o sistema funcionando. Entretanto, para Thompson
(1991, p. 12), essas condições permanecem; descansam em compartimentos centrais de ambas
as economias, esperando uma oportunidade para reativar sua lógica – como a constante
modernização dos armamentos.
Referências:
BESS, Michael (1993). Realism, Utopia, and the Mushroom Cloud. Chicago: Univ. of Chicago.
BLACKBURN, Robin (ed.) (1993). Depois da Queda. 2 ed., Rio: Paz e Terra.
BROMLEY, Simon e ROSENBERG, Justin, “AfterExterminism”, in NLR I/168, March-April.
CARTER, Jimmy (2005). Our Endangered Values: America's Moral Crisis. New York: Simon & Schuster.
DUAYER, M. et al. “Dilema da sociedade salarial: realismo ou ceticismo instrumental”. Niterói:
UFF/Departamento de Economia, trabalho não publicado, 2002.
_______. “Economia Depois do Relativismo: Crítica Ontológica ou Ceticismo Instrumental?”. Niterói:
UFF/Departamento de Economia, mimeo., 2003.
EAGLETON, T. After Theory. New York: Perseus, 2003.
EAGLETON, T. The Idea of Culture. Malden, MA: Blackwell, 2000.
HUNTINGTON, Samuel P. The clash of civilizations? The debate. Foreign Affairs Staff, 1996.
KAYE, Harvey J. e McCLELLAND, Keith (ed) (1990). E. P. Thompson: Critical Perspectives. Cambridge: Polity
Press & Oxford: Blackwell.
JOHNSON, Chalmers (2004). The Sorrows of Empire: Militarism, Secrecy, and the End of the Republic (The
American Empire Project). New York: Metropolitan.
JOHNSON, Chalmers (2004). Blowback: The Costs and Consequences of American Empire. 2nd ed. New York:
Henry Holt and co.
KALDOR, Mary (ed.) (1991). Europe From Below. London: Verso.
MARX, Karl. Sobre Proudhon: (Carta a J. B. Schweitzer). 1865, in www.marxists.org
MISSE, Michel. “Da Violência de Nossos Dias”, in www.unicrio.org.br/Textos/dialogo/indice.htm, 2002.
MISSE, Michel, “Violências no Brasil e na Índia: para uma (difícil) comparação”, in Dilip Loundo e Michel Misse
(org.). Diálogos Tropicais – Brasil e Índia. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2003.
MISSE, Michel. Crime e violência no Brasil contemporâneo: estudos de sociologia do crime e da violência
urbana. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
MORAES, Maria Célia M. e MÜLLER, Ricardo G. (2004). “Historia y experiencia: las contribuciones de E. P.
Thompson a las investigaciones en las ciencias sociales”. (VIII Congreso Español de Sociología, Federación
Española de Sociología (FES), Alicante, Setembro de 2004), cd-rom, Grupo de trabajo 01. “Metodología”; p. 1-17.
MORAES, Maria Célia M. e MÜLLER, Ricardo G. (2003). “Tempos em que a 'razão deve ranger os dentes': E. P.
Thompson, História e Sociologia”. Campinas, XI Congresso Brasileiro de Sociologia, SBS/Unicamp, setembro,
Caderno de Resumos, p. 202/203.
MORAES, M. C. M. e DUAYER, M. “Neopragmatismo: a história como contingência absoluta”. Tempo, Revista
do Departamento de História da UFF, vol. 2, n. 4, dezembro, 1997.
MORAES, M. C. M. e DUAYER, M. “História, estórias: morte do ‘real’ ou derrota do pensamento”? Perspectiva,
CED/ UFSC, ano 16, nº. 29, 1998.
MORAES, Maria Célia M.. “O renovado conservadorismo da agenda pós-moderna”, in Cadernos de Pesquisa, S.
Paulo: Fundação Carlos Chagas, v. 34, n. 122, maio/agosto 2004, p. 337-357.
MÜLLER, Ricardo G. (2002). Razão e Utopia: Thompson e a História. S. Paulo: USP, mimeo.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
9
Resumo:
Repensando o Exterminismo em E. P. Thompson
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
10
Abstract:
In 1991 E. P. Thompson reviewed his own category exterminism and his activism to buid up a
political Third Way, to arrange and organize most of the pacifist British movements (CND,
END) and their relationship with other international groups alike, so that to prevent a nuclear
confrontation and progressively overcome the great political-military blocks and the status of
alignment. His proposals supported the internacionalism – especially the one of a socialist kind
– and the notion of solidaridity in these campaigns. He reaffirms that the condition of
exterminism conveyed a non-dialectical contradiction, a state of absolut antagonism, in which
both powers increased by a process of confrontation, what could only be resolved by mutual
extermination. He himself proposes to rethink his argument, for the idea of exterminism was
conceived in the early 1980s, before the social and pacifist moviments began to act.
Key-words: Exterminism; political realism; reciprocity.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.