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TEORIAS DA HISTÓRIA
CAPÍTULO 4 - O BREVE SÉCULO XX: NOVOS CAMINHOS PARA A
HISTORIOGRAFIA?
Breno Mendes

INICIAR

Introdução
Neste capítulo você terá a oportunidade de conhecer algumas das mais importantes correntes historiográficas do século XX. O título do
capítulo remete ao subtítulo da clássica síntese escrita por Eric Hobsbawm sobre o século passado: Era dos extremos: o breve século XX,
1914-1991. Entretanto, nosso recorte cronológico será ainda mais restrito, pois nos concentraremos na metade final do século,
especialmente entre as décadas de 1960 e 1990. Junto com outros historiadores de renome, Hobsbawm fez parte da chamada História
Social Inglesa, grupo que procurou novos rumos teóricos e historiográficos para o marxismo. Além deste importante paradigma iremos
analisar as contribuições trazidas pela Cliometria americana e pela Micro-história italiana para a escrita historiográfica. A fim de direcionar
melhor nossa abordagem, procuraremos refletir sobre as seguintes questões: é possível pensar o marxismo para além do determinismo
econômico? O que seria uma “História vista de baixo”? A história pode se servir de modelos estatísticos? Qual relação existe entre a macro e
a micro-história? O que significa afirmar que a história é uma narrativa do passado?

4.1 A história social inglesa e a renovação do marxismo


“E não há dúvida de que, sem o exame do marxismo, dificilmente poderíamos compreender o que são os estudos históricos do século 20 e
da atualidade” (ROJAS, 2007, p. 15). O historiador mexicano Carlos Antônio Aguirre Rojas tem razão. Os marxismos, isto é, aquelas tradições
intelectuais e políticas que se apropriaram e ressignificaram o pensamento de Karl Marx figuram entre as correntes historiográficas mais
difundidas ao redor do mundo nos últimos cento e cinquenta anos. O marxismo foi importante nos países socialistas membros da União
Soviética (URSS), mas também na América Latina e na Europa. Entretanto, apesar de toda a difusão dos argumentos de Marx, ele era alvo
de constantes objeções. Afinal, os críticos questionavam. Toda a realidade pode ser explicada pela dimensão econômica? A base material
determina os fenômenos culturais e políticos?
A chamada “invenção do marxismo”, realizada na passagem do século XIX para o século XX realizou a transformação do pensamento de
Marx em uma doutrina intelectual e política. De acordo com o historiador marxista Josep Fontana, os grandes riscos desse processo,
sobretudo após a Revolução Russa, eram a simplificação e o dogmatismo típicos daquilo que os estudiosos chamam de “marxismo
ortodoxo” ou “marxismo vulgar”. As duas principais características do marxismo ortodoxo eram a “simplificação catequista” dos
argumentos de Marx e a “defesa incondicional” da revolução como destino inevitável de todos os processos históricos (FONTANA, 2004). 

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As Internacionais Comunistas foram muito importantes na “invenção do marxismo”, pois eram congressos que procuravam, entre outras
coisas, consolidar a doutrina marxista oficial. Tais proposições costumavam ser bastante rígidas no que diz respeito à história. Nesse
sentido, a Segunda (1889) e a Terceira Internacional Comunista (1919) propuseram uma filosofia da história bastante esquemática com uma
definição clara de quais seriam os estágios pelos quais a história passaria. Na década de 1930, Josef Stálin, chefe máximo da URSS, havia
determinado que o trabalho dos historiadores deveria estar totalmente alinhado às diretrizes do Partido Comunista. Stálin criticava os
historiadores “ratos de biblioteca”, que rejeitavam as teses estabelecidas pelo partido sobre determinado processo histórico, alegando não
haver documentos que pudessem comprovar tais argumentos. Além disso, atacava aqueles historiadores que pretendiam “continuar
estudando” problemas que já teriam sido solucionados pelos dogmas do partido. Desta forma, o processo histórico que Marx havia
concebido de modo dinâmico e aberto se transformava em uma doutrina fechada, simplificada e esquemática (FONTANA, 1998; 2004),
como podemos sintetizar na passagem: 

afirma-se que a história humana percorre uma trajetória claramente definida de estágios, determinados pelo desenvolvimento das forças
produtivas (basicamente, a capacidade tecnológica), e suas interações com as relações de produção especialmente, as relações
fundiárias). Dentro dessa trajetória, o capitalismo era tido como a forma mais alta de sociedade de classe, e o comunismo seria a
culminação das contradições internas do capitalismo (WRIGHT; LEVINE; SOBER, 1993, p. 29).

Dentre as diversas tentativas de renovação do marxismo, uma das mais influentes na historiografia contemporânea foi a chamada “História
Social Inglesa”. A partir das décadas de 1950 e 1960, podemos observar um ambiente intelectual movimentado na Grã-Bretanha. Prova
disso foi a criação das revistas Past and present (Passado e presente), em 1952, e New Le� Review (Revista da Nova Esquerda), em 1960, por
intelectuais que tiveram algum tipo de ligação com o Partido Comunista Britânico com destaque para Eric Hobsbawm, Edward Thompson,
Perry Anderson e Christopher Hill. Estes jovens historiadores buscavam, primeiramente, horizontes teóricos distintos do marxismo
ortodoxo. Segundo Fontana (2004), a crise política de 1956, materializada na Revolução Húngara (uma reação contra as intervenções da
URSS), contribuiu para afastar estes intelectuais do raio de atuação do Partido Comunista Britânico. Além de recusar a filosofia da história
esquemática do marxismo ortodoxo, os historiadores ingleses procuraram alternativas ao determinismo econômico subjacente ao
esquema no qual a base econômica e material (infra-estrutura) determinaria de maneira automática o sentido da cultura e da política
(super-estrutura). Para tanto, um dos focos de atenção das pesquisas historiográficas do grupo se concentrava em fenômenos culturais,
dando papel de destaque para o campo do imaginário e do simbólico na construção de sentidos para a realidade material. 
Uma obra historiográfica fundamental para compreendermos as contribuições teórico-metodológicas da história social inglesa é A
formação da classe operária inglesa publicada por Edward Palmer Thompson em 1963. Logo na introdução desta importante pesquisa
historiográfica, Thompson procura apresentar sua compreensão de um conceito basilar para o marxismo, o de classe social. Para ele,
apenas a dimensão econômica não é suficiente para explicar a formação de uma classe. Ou seja, Thompson buscou complexificar a
definição marxiana de classe contida no Manifesto Comunista, segundo a qual o que define uma classe são os aspectos econômicos e
sociais da produção (MARX; ENGELS, 2010). 

VOCÊ QUER VER?


No vídeo Quem é E. P. Thompson? (LEITURA OBRIGAHISTÓRIA, 2016) você verá uma análise da vida e obra do historiador inglês Edward Palmer Thompson (1924-1993). Além de
historiador, foi ativo militante político nos movimentos de esquerda tendo sido membro do Partido Comunista Britânico.   Assista: <https://www.youtube.com
/watch?v=fMjcMfuoU88&t=3s (https://www.youtube.com/watch?v=fMjcMfuoU88&t=3s)>.

Dizendo de forma mais clara, Thompson, de certa forma, inverteu a doutrina marxista segundo a qual a industrialização produziu a classe
operária. Em carta endereçada a Joseph Weydemeyer, Marx sintetizava sua reflexão sobre a luta de classes em três pontos: 

1. Demonstrar que a existência das classes está apenas ligada a determinadas fases de desenvolvimento histórico da produção; 2. Que a
luta de classes conduz necessariamente à ditadura do proletariado; 3. Que esta mesma ditadura só constitui a transição para a superação
de todas as classes em uma sociedade sem classes (MARX, 2006).

Em contrapartida, para Thompson, a classe operária inglesa foi se estruturando durante e sua experiência histórica. Isso significa que para
compreendermos uma classe não basta analisarmos a posição econômica dos indivíduos, mas também é indispensável compreendermos
suas experiências compartilhadas, seus costumes em comum. Ou seja, a classe não é uma estrutura previamente dada na qual os sujeitos
são inseridos de modo automático. A classe não luta porque existe previamente, mas existe porque luta em sua experiência histórica. 

Por classe entendo um fenômeno histórico, que unifica uma série de acontecimentos díspares e aparentemente desconectados, tanto na
matéria-prima da experiência como na consciência. Ressalto que é um fenômeno histórico. Não vejo a classe como uma ‘estrutura’, nem

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mesmo como uma ‘categoria’, mas como algo que ocorre efetivamente (e cuja ocorrência pode ser demonstradas) nas relações humanas
(THOMPSON, 1987, p. 9).

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Figura 1 - Mapa conceitual sobre o conceito de classe para E. P.


Thompson, 1987. Fonte: elaborado pelo autor, 2018.

Na perspectiva de Thompson, tão importante quanto a posição econômica dos membros de uma classe é o fato de eles se auto
reconhecerem como membros de um mesmo grupo. Este sentimento de identificação se traduz em práticas políticas como a constituição
de sindicatos e associações de trabalhadores. Trocando em miúdos, uma classe é formada quando homens e mulheres compartilham
experiências e articulam seus interesses em comum contra uma outra classe cujos interesses se opõem aos seus. Os trabalhadores foram se
reconhecendo como classe na medida em que lutavam por melhores condições de trabalho diante da classe dos patrões. Em suma, não
existe uma “classe em si”, uma classe sem consciência. A classe existe somente enquanto luta.

4.2 A história vista de baixo: o caso E. P. Thompson


A História Social Inglesa se destacou, principalmente, pelos estudos sobre a cultura das camadas populares. Eric Hobsbawm aponta que
em virtude muitos historiadores sociais serem politicamente engajados na causa socialista eles se interessavam por temas pelos quais
possuíam uma afinidade afetiva: a história do trabalho e dos movimentos sociais. Hobsbawm esclarece, ainda, que a história social não
pode ser tratada apenas como mais uma especialização acadêmica, pois, como o homem é um ser social, as relações sociais permeiam
todas as esferas da sua existência, tais como a política, a econômica, a cultural, dentre outras. Logo, o que distingue a história social das
demais disciplinas que tomam a sociedade como objeto (a sociologia, por exemplo) é a ênfase na dimensão temporal e histórica dos
fenômenos sociais. Além disso, visando compreender algo tão complexo como as relações sociais em um determinado contexto, os
historiadores sociais costumam estabelecer prioridades de pesquisa. No caso da experiência brasileira, muitos historiadores sociais
escolhem a escravidão como chave interpretativa para compreender a nossa história (HOBSBAWM, 2013). 

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Figura 2 - Principais temas pesquisados pela História Social


segundo Eric Hobsbawm, 2013, p. 122. Fonte: elaborado pelo autor, 2018.

A chamada história vista de baixo é uma tendência que procura se contrapor à história tradicional que se interessava pelos “grandes heróis
nacionais”. Antes do surgimento da História Social Inglesa já havia quem questionasse a “história das elites” centrada em líderes políticos e
militares. Em um poema datado de 1936, o alemão Bertolt Brecht se questionava: “Quem construiu a Tebas das sete portas?/ Nos livros
estão os nome dos reis./ Arrastaram eles os blocos de pedra?” (BRECHT, 2003, p. 74). 
Com efeito, o termo “história vista de baixo” ganhou força na historiografia, a partir de um texto cujo título era exatamente este, publicado
por E. P. Thompson em 1966. O principal objetivo da “história vista de baixo” é compreender as experiências históricas daqueles homens e
mulheres comuns, que com frequência, são ignorados pela história oficial.  Em muitas páginas de pesquisas históricas o povo aparece
apenas “como um dos problemas com quem o governo tem de lidar” (THOMPSON, 2001, p. 185) No seu clássico estudo sobre A formação da
classe operária inglesa, Thompson sustenta que, ao longo de parte do século XIX, a presença operária foi o fator mais importante da vida
política britânica. Para ele, os trabalhadores da época da Revolução Industrial são mais do que meros números processados em séries
estatísticas, embora também não devam ser vistos como pioneiros ou precursores do socialismo. Por isso, uma de suas principais
preocupações era compreender as peculiaridades daquela experiência histórica do passado:

estou tentando resgatar o pobre tecelão de malhas, o meeiro ludista, o tecelão do ‘obsoleto’ tear manual, o artesão ‘utópico’ e mesmo o
iludido seguidor de Joanna Southcott, dos imensos ares superiores de condescendência da posteridade. Seus ofícios e tradições podiam
estar desaparecendo. Sua hostilidade frente ao novo industrialismo podia ser retrógrada. Seus ideais comunitários podiam ser fantasiosos.
Suas conspirações insurrecionais podiam ser temerárias. Mas eles viveram nesses tempos de agudas perturbações sociais e, nós não. Suas
aspirações eram válidas nos termos da sua própria experiência (THOMPSON, 2004, p. 13). 

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VOCÊ SABIA?
Apesar do conceito de “história vista de baixo” ter sido desenvolvido por historiadores marxistas ingleses que pesquisam o movimento trabalhista, um dos
livros de maior impacto editorial nesta área foi escrito pelo francês, ligado a Escola dos Annales, Emmanuel Le Roy Ladurie e versa sobre uma comunidade
camponesa medieval na região dos Pireneus. A obra Montaillou, povoado occitânico: 1294-1324, publicada originalmente em 1975, analisa a vida cotidiana
de uma aldeia nos Pireneus com base nos interrogatórios feitos durante a Inquisição. 

Para saber mais, leia: LE ROY LADURIE, E. Montaillou, povoado occitânico: 1294-1324. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 

Hobsbawm destaca que a história das pessoas comuns, como um campo historiográfico específico não seria possível antes dos
movimentos de massa do século XVIII. No caso dos historiadores marxistas há um crescente interesse pela história do movimento operário.
Apesar deste interesse ter sido importante para lançar luz sobre a classe trabalhadora, ele também apresentava problemas. Uma das
principais dificuldades, também ressaltada por Thompson, é a tendência de alguns historiadores marxistas de estudar não apenas as
pessoas comuns, mas, somente as pessoas comuns que poderiam ser tomadas como precursoras do movimento socialista. Assim, o risco
era substituir a história das pessoas comuns pela história do movimento trabalhista (HOBSBAWM, 2013).
Tanto Eric Hobsbawm quanto Edward Thompson apontam a obra do historiador George Rudé como uma importante referência para a
história vista de baixo. Rudé estudou os movimentos populares na França e na Inglaterra entre 1730 e 1848. Nas primeiras linhas de seu
principal livro, A multidão na história, ele nos adverte que, “talvez nenhum fenômeno histórico tenha sido tão negligenciado pelos
historiadores quanto a multidão” (RUDÉ, 1991, p. 1). O objetivo do autor era escapar, seja das abordagens que idealizavam o povo como o
portador da essência nacional (Jules Michelet), seja das abordagens que desqualificavam as massas populares com termos pejorativos
(Edmund Burke) tais como “turba” e “ralé. Segundo Rudé, essas duas perspectivas são frutos de estereótipos e apresentam a multidão
como uma “abstração desmaterializada” e não como um conjunto de homens e mulheres de carne e osso. Em vez disso, sua proposta é
compreender os “rostos da multidão”, indicando os indivíduos e grupos que a compõem, suas origens sociais, faixas etárias e profissões.
Assim, o historiador procurou compreender as motivações do comportamento da multidão para não endossar o preconceito segundo o
qual ela seria irracional, instável e destrutiva (RUDÉ, 1991).

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Figura 3 - Imagem do muralista mexicano Diego Rivera que se


notabilizou por representar a história do México a partir do ponto de vista do povo e dos trabalhadores. Fonte: James R. Martin, Shutterstock, 2018.

Para compreender as massas populares na história, Rudé privilegiou dois processos históricos fundamentais do mundo moderno: a
Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Como Hobsbawm salienta, a história vista de baixo tende a privilegiar os momentos de
transformação profunda da sociedade.

Os historiadores dos movimentos populares passam grande parte do seu tempo descobrindo como as sociedades funcionam e quando
não funcionam, e também como mudam. Não podem deixar de fazer isso, uma vez que seu objeto, as pessoas comuns, constituem a
maioria de qualquer sociedade (HOBSBAWM, 2013, p. 300).

Em relação ao método, a história vista de baixo procura mobilizar diferentes tipos de fonte procurando não se restringir, somente, às fontes
institucionais ou oficiais. Muitas vezes, para ouvir o “silêncio dos vencidos” – parafraseando o historiador brasileiro Edgar de Decca – é
necessário analisar registros não oficiais, pois as fontes oficiais podem oferecer uma visão preconceituosa sobre as camadas populares.
Logo, o que define a história vista de baixo não é o tipo de fonte utilizado, mas o enfoque dado pelo historiador. Tudo depende do tipo de
pergunta que colocaremos a documentação. Dentre as possíveis fontes a serem utilizadas nesta abordagem, Jim Sharpe destaca os relatos
de casos judiciais, os registros paroquiais, e as listas de pagamento de impostos e os testamentos. Outro recurso metodológico que pode

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ser mobilizado pelos interessados em entender as experiências das pessoas comuns é a história oral. Por meio dos depoimentos é possível
ter contato com aquilo que as pessoas comuns lembram dos acontecimentos, em contraste com aquilo que seus superiores pensam que
elas deveriam recordar (SHARPE, 1992; HOBSBAWM, 2013). 

VOCÊ QUER LER?


No artigo “Thompson, a historiografia brasileira e a valorização das experiências dos trabalhadores” (CORD, 2014), você encontra uma análise da influência de Thompson nos
estudos brasileiros sobre a história vista de baixo, especialmente no que diz respeito a história do movimento trabalhista. Disponível em: <https://periodicos.uff.br
/trabalhonecessario/article/view/8595/6158 (https://periodicos.uff.br/trabalhonecessario/article/view/8595/6158)>.

Para finalizar este tópico, iremos fazer uma breve reflexão sobre os obstáculos teórico-metodológicos que apareceram no caminho da
história vista de baixo. Um deles é a dificuldade para encontrar fontes que tragam informações sobre as classes inferiores em períodos
anteriores ao século XVIII. Outro, é de natureza conceitual. Afinal, onde exatamente devemos situar o “baixo”? A categoria “povo” ou
“classes inferiores” são compostas por grupos sociais muito variados e variam de acordo com o contexto histórico. Para tentar diminuir este
problema, algumas vezes, a solução encontrada é realizar diversos estudos de caso sobre os diferentes setores das camadas populares
(SHARPE, 1992).

4.3 As tendências historiográficas dos anos 1970 e 1980: a


Cliometria americana e a Micro-história italiana
Como estamos vendo, o pensamento marxista se caracteriza por sublinhar a importância da dimensão econômica para a compreensão da
realidade. Nesse sentido, uma das principais contribuições do marxismo aconteceu no campo da história econômica e social. No entanto, a
partir dos anos XX surgiu nos Estados Unidos um outro modelo de História Econômica: a Cliometria. Os principais representantes desta
vertente são os economistas Robert Fogel, Jonathan Hughes e Douglas North. Para eles, “quem não consegue quantificar, não consegue
escrever história” (HOBSBAWM, 2013, p. 162).
A partir da década de 1960, a Cliometria se apresentou como uma alternativa à tradicional história econômica. Segundo Fogel, a história
econômica tradicional se preocupava em analisar fenômenos únicos e irrepetíveis, enquanto que a Cliometria procurava explicar
fenômenos recorrentes passíveis de serem compreendidos com o auxílio de modelos estatísticos. Ou seja, no lugar de uma abordagem
qualitativa que enfatiza as particularidades dos acontecimentos temos uma abordagem quantitativa, que destaca as regularidades. Em
resumo, o método cliometrista consiste em formular perguntas que podem ser respondidas por meio de testes estatísticos. Tal método
pode ser sintetizado do seguinte modo:

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Quadro 1 - O método científico da Cliometria. Fonte: elaborado pelo


autor, adaptado de NOGUERÓL, 2008, p. 99.

Outra característica essencial do método cliometrista é o uso do raciocínio contrafactual. Tal raciocínio se define por imaginar cursos
diferentes para os acontecimentos históricos. Mas, como o historiador pode fazer uso deste recurso imaginativo? Em um trabalho muito
conhecido, publicado em 1964, cujo título era Railroads and American Economic Growth: Essays in Econometric History (Estradas de ferro e o
crescimento econômico americano: ensaios em história econométrica), Robert Fogel procurou compreender a importância das ferrovias
para o desenvolvimento econômico dos Estados Unidos no final do século XIX. Para tanto, ele tentou imaginar: como teria sido o
desempenho da economia se não houvessem ferrovias? Para responder a esta conjectura imaginária, ele simulou matematicamente o
custo do transporte das cargas agrícolas por outros meios de transporte alternativos, como as rotas fluviais ou as carroças. Ao contrário das
perspectivas mais tradicionais na história econômica, Fogel amenizou o papel das estradas de ferro na economia estadunidense. Assim, ele
refutou a teoria que conferia centralidade às ferrovias. Sua conclusão, obtida por meio de cálculos sobre o custo-benefício, foi de que o
impacto das ferrovias no produto nacional dos EUA foi, apenas, de exatos 4,7%. Para chegar a este resultado ele calculou a diferença entre
os custos do frete ferroviário e o custo do transporte por outros meios, considerando as mesmas distâncias (GRANDI, 2009). 

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VOCÊ O CONHECE?
Robert Fogel foi um economista e historiador da economia estadunidense que viveu entre 1926 e 2013. Juntamente com Douglass North foi vencedor do prêmio Nobel de
Economia em 1993. É um dos principais representantes do método quantitativo proposto pela Cliometria americana.

A escola cliometrista foi duramente criticada por vários historiadores de orientação marxista. Para Eric Hobsbawm (2013) a Cliometria
deixou uma importante contribuição no uso de técnicas matemáticas para análise histórica. Porém, segundo ele, a abordagem quantitativa
tem uma aplicabilidade limitada, pois, muitas vezes não dispomos de dados quantitativos confiáveis sobre o passado. Para Josep Fontana
(1998) o maior problema acontece quando os cliômetras não se restringem aos setores da realidade, que oferecem dados precisos e
acabam realizando generalizações. 
Outra corrente historiográfica de destaque no século XX é a Micro-história. Tal movimento surgiu por volta da década de 1970 na Itália e tem
como um de seus marcos iniciais a publicação de O queijo e os vermes em 1976. De modo semelhante à História Social Inglesa, uma das
motivações da Micro-história é compreender a cultura como uma dimensão que não se resume a um reflexo da base material e econômica.
No prefácio de O queijo e os vermes, Carlo Ginzburg recorre ao conceito de “circularidade cultural” no intuito de abordar a cultura popular,
afinal, como ele mesmo afirma: “no passado, podiam-se acusar os historiadores de querer conhecer somente as ‘gestas dos reis’. Hoje, é
claro, não é mais assim” (GINZBURG, 2006, p. 11). Embora não tivesse como motivação principal renovar o marxismo, a Micro-história,
assim como a história social inglesa, busca reconstruir a cultura das classes subalternas. Quando tomou conhecimento da proposta de uma
história das classes subalternas feita por Hobsbawm, ainda na década de 1960, Ginzburg afirmou: “foi uma sensação agradável, porque
durante muito tempo tive a sensação de que estava completamente isolado” (GINZBURG, 1990, p. 260).

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Figura 4 - Principais elementos da Micro-história italiana. Fonte:


elaborado pelo autor, 2018.

Mas qual relação existe entre as classes subalternas e as classes dominantes? A primeira estaria completamente submetida à segunda? Para
Ginzburg, a resposta à segunda pergunta é negativa, enquanto que a resposta à primeira passa pela categoria de “circularidade cultural”
proposta pelo crítico literário russo, Mikhail Bakhtin. Segundo o historiador italiano, as culturas populares não devem ser vistas apenas
como passivas consumidoras da cultura imposta pela classe dominante. Em vez do modelo dicotômico em que somente as classes
dominantes influenciam as classes subalternas, Ginzburg propõe uma circularidade, isto é, um diálogo e interação recíprocos entre a
cultura subalterna e a cultura hegemônica (GINZBURG, 2006). 

VOCÊ QUER LER?


Na entrevista com Carlo Ginzburg (1990) você encontra mais informações sobre suas influências e seu posicionamento nos debates teóricos sobre história e cultura.
Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewFile/2300/1439 (http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewFile/2300/1439)>.

Para colocar em prática o modelo da circularidade cultural, Ginzburg investigou a vida do moleiro Domenico Scandella, também chamado
de Menocchio, condenado à fogueira pela Inquisição no século XVI. Menocchio fazia críticas contra os padres da sua região e defendia uma
teoria segundo a qual a origem do universo era um queijo do qual surgem os vermes, os anjos e os homens. Em suas pesquisas, Ginzburg
descobriu que Menocchio lia, tanto textos religiosos ligados ao luteranismo e ao anabatismo, quanto textos profanos. Menocchio criticava
radicalmente os sacramentos, pois dizia que o clero os transformou em mercadorias. Após analisar a documentação do processo
inquisitorial, Ginzburg chegou às seguintes conclusões sobre a circularidade cultural:

1) Menocchio misturava, de modo inconsciente, as ideias dos livros cultos que lia com elementos da cultura popular dos camponeses;

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2) isso foi possível em virtude da Reforma Protestante, que abriu espaço para críticas aos princípios da Igreja Católica e à invenção da
Imprensa, que permitiu a difusão de ideias por meio dos impressos;
3) a cultura popular não é “pura”, tem influência das ideias de outras camadas sociais, nem é, apenas, receptora passiva da cultura da
classe dominante (VIEIRA, 2014). 

CASO
Allyson é um professor de História do Ensino Médio e está trabalhando o tema da escravidão no período imperial. Durante uma das aulas, seu
aluno lhe questionou: como era a vida dos negros que não eram escravos? Para responder com mais detalhes a essa dúvida, Allyson preparou um
trabalho a partir do método proposto pela Micro-história. Assim, ele propôs um estudo sobre o personagem Cândido Fonseca Galvão, que era
filho de um escravo alforriado. Apesar de sua origem popular, Cândido Galvão era um homem letrado que escrevia para a imprensa local e
frequentava audiências públicas realizadas por Dom Pedro II. O objetivo do professor foi mostrar a circularidade cultural na trajetória de Cândido
Galvão, pois ele era influenciado por elementos da cultura popular de origem africana e misturava essas influências com elementos da cultura
letrada.

O historiador italiano Giovanni Lévi, destaca que a Micro-história é marcada pela preocupação em oferecer uma descrição mais realista do
comportamento humano. Para tanto, sua operação metodológica básica, passa pela redução na escala de observação em uma análise
microscópica, aliada a um estudo intensivo de material documental. Assim, toda pesquisa micro-histórica compartilha da crença que a
observação microscópica, mais atenta às particularidades, revela aspectos que ficam encobertos nos recortes macroscópicos. Entretanto, a
relação entre o micro e o macro deve ser vista de modo complexo, pois não se trata da substituição de um pelo outro. Dizendo de outro
modo, a análise sobre a trajetória de um indivíduo ou de uma comunidade deve estar conectada ao contexto mais amplo (LÉVI, 1992).  No
clássico livro de Ginzburg, as ideias de Menocchio somente são compreensíveis à luz da Reforma e da invenção da Imprensa.

4.4 Debate em torno da volta da narrativa


O assunto do último tópico do nosso capítulo é um dos debates que gerou mais polêmica na historiografia durante a segunda metade do
século XX e pode ser sintetizado nas seguintes questões: qual o papel da narrativa no conhecimento histórico? A escrita da história produz
uma representação confiável do passado? A partir da década de 1970 surgiram várias reflexões tentando responder a estes
questionamentos. É importante lembrarmos que os historiadores das primeiras gerações da Escola dos Annales recusavam a narrativa, pois
a associavam a uma metodologia da história factual e linear dos grandes heróis. Em contraposição à história-narrativa a proposta dos
historiadores dos Annales das duas primeiras gerações, era realizar uma história-problema. Para tanto, eles realizaram um deslocamento do
objeto da história que deixou de referir-se a eventos e indivíduos, para concentrar-se nas estruturas econômicas e sociais (FURET, S/D). 
Uma importante contribuição para os debates sobre a narrativa na escrita da história  é o artigo “O ressurgimento da narrativa. Reflexões
sobre uma nova velha história” de Lawrence Stone. Neste texto, o autor afirma que os historiadores sempre contaram histórias, mas que,
durante certo tempo a narrativa foi duramente combatida pela nova história dos Annales. A partir da década de 1970 houve uma tendência
que atraiu muitos historiadores de volta para alguma forma de narrativa. Entretanto, é fundamental entendermos algo: esta narrativa que
renasce não é a mesma criticada pelos Annales, uma simples descrição das coisas passadas. Atualmente, nenhum historiador narrativo
consegue deixar a análise totalmente fora de sua investigação (STONE, 1991; MENDES, 2013).

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Quadro 2 - Quadro comparativo sobre os modelos de história narrativa.


Fonte: elaborado pelo autor, 2018.

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Stone lista algumas razões para este retorno. Segundo ele, o principal motivo para o ressurgimento da narrativa na historiografia, está
ligado ao enfraquecimento das pretensões científicas da historiografia, porque, para este historiador, a narrativa não contribui para a
compreensão da causalidade em história. Isto é, a narrativa se preocuparia mais em relatar “o quê” e “como” aconteceu, do que explicar os
grandes “porquês”. A descrença no “modelo determinista econômico” teria levado os historiadores a valorizar a cultura e os indivíduos,
abrindo mais espaço para a narrativa. Além disso, outro fator que contribuiu para o retorno da narrativa foi o enfraquecimento do
marxismo ortodoxo, cujas principais características discutimos no tópico 1. Stone também é bastante crítico à história quantitativa
empreendida pelos cliometristas. Segundo ele, a história quantitativa nos ajudou a entender os “quês”, mas não os “porquês”. Ou seja, ela
trouxe uma massa de informação, mas não resolveu os grandes dilemas dos historiadores (STONE, 1991).
O texto “O ressurgimento da narrativa. Reflexões sobre uma nova velha história” de Lawrence, teve considerável impacto entre alguns
historiadores. Em 1980, apenas um ano após a sua publicação, Eric Hobsbawm escreveu uma réplica que também foi publicada na revista
Past and present. Segundo Hobsbawm, os historiadores não renunciaram à possibilidade de construir explicações coerentes e científicas
para as mudanças no passado, como Stone sustenta. Ademais, ele sublinha que atualmente a narrativa dos eventos não é mais tomada
como um fim em si mesmo, mas como um meio para a compreensão de uma questão mais ampla sobre o contexto pesquisado. Entretanto,
a cientificidade dessas análises irá variar de acordo com o conceito de ciência que estivermos adotando (HOBSBAWM, 2013; MENDES,
2013).
Além do texto de Lawrence Stone, é necessário destacar a intervenção do historiador estadunidense Hayden White no debate sobre história
e narrativa. White é um nome incontornável neste debate. Na verdade, antes de Stone, ele já havia apresentado suas teses polêmicas sobre
a escrita da história no livro Meta-história, em 1973. Os controversos e mais conhecidos argumentos de White foram formulados em um
famoso artigo, cujo título já resume a tese do autor, “O texto histórico como artefato literário”: 

de um modo geral houve uma relutância em considerar as narrativas históricas como aquilo que elas manifestamente são: ficções verbais
cujos conteúdos são tanto inventados, quanto descobertos e cujas formas têm mais em comum com os seus equivalentes na literatura, do
que com seus correspondentes nas ciências (WHITE, 1994, p. 98). 

VOCÊ O CONHECE?
Hayden White é um dos mais renomados teóricos da história em atividade. Desde a publicação de Meta-história: a imaginação histórica no século XIX, em 1973, se tornou
referência obrigatória nas discussões sobre as relações entre história e narrativa por seu forte diálogo com a Teoria da Literatura. Suas principais obras, além de Meta-história,
são Trópicos do discurso (1978), O conteúdo da forma (1987) e O passado prático (2014).

Por isso, White propôs em Meta-história um método formalista em que se explica uma obra historiográfica não pelos documentos ou teorias
que elas mobilizam, mas pela sua estrutura formal e narrativa. White ressalta que nenhum conjunto de acontecimentos constitui por si só
uma história. Os acontecimentos são transformados em história, por um processo narrativo que suprime alguns deles e enfatiza outros. Por
isso, há uma variedade de pontos de vista e estratégias linguísticas para narrar os mesmos eventos. Nesta perspectiva “nenhum
acontecimento histórico é intrinsecamente trágico” (WHITE, 1994, p. 100). 

VOCÊ SABIA?
A obra Meta-história: a imaginação histórica do século XIX de Hayden White, provocou um intenso debate entre os historiadores. Logo no ano de sua
publicação, em 1973, ela foi assunto de 17 artigos em periódicos. 

Tudo depende da forma como os acontecimentos são estruturados em um enredo. O que é trágico sob uma perspectiva pode ser cômico de
outra. Para White, o sentido de uma história é fruto da construção literária do historiador. Ele depende da estrutura de enredo escolhida.
Por isso, o sentido da narrativa pode variar de um autor para outro.

Deslize sobre a imagem para Zoom


Figura 5 - Imagem sobre a ênfase da narrativa. Fonte: adaptado de WHITE (1994, p. 109).

Na imagem as letras maiúsculas simbolizam a ênfase dada aos eventos. Cabe ao historiador atribuir a este evento, uma força explicativa tão
grande, que ele se torna a causa que explica toda a série de acontecimentos.  Ou seja, é possível narrar esta série de eventos de diferentes

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formas, com diferentes ênfases. Quando a ênfase recai sobre um evento inicial e ele é tomado como original, tem-se uma estrutura
determinista, pois a origem determina e explica o fim. Quando a ênfase é sobre o último evento, tem-se uma história escatológica, pois o
final da história é que dá sentido à toda trama, de forma semelhante ao papel que o apocalipse desempenha na perspectiva cristã da
história. 

Síntese
Ao longo deste capítulo, fizemos um panorama sobre as principais questões da historiografia na segunda metade do século XX. Ao longo
destas páginas, analisamos as principais discussões que movimentaram os historiadores e, que passaram desde a busca por alternativas
que escapassem ao determinismo econômico, até a reflexão sobre o papel da narrativa na escrita da história.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• compreender as propostas da história social inglesa para a renovação do marxismo;
• entender as principais características da história vista de baixo;
• entender o método científico quantitativo usado pela Cliometria;
• compreender as discussões metodológicas trazidas pela Micro-história;
• compreender criticamente o que está em jogo, no debate sobre a volta da narrativa à história. 

Referências bibliográficas
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