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CENTRO DE HUMANIDADES
Breno Araújo1
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Graduando em Filosofia-Licenciatura. UECE, 2022.
Plekhânov e sobretudo Kautsky, foram os principais responsáveis pela
ausência de manifestação do marxismo na Segunda Internacional. Kautsky era
denominado como principal influência da vulgarização do marxismo, através da
inserção do reformismo, engendrado paulatinamente sob uma perspectiva
oportunista, com efeito da visão revisionista do marxismo e da forma de
organização do movimento operário.
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ANDREUCCI, Franco – A difusão e a Vulgarização do Marxismo, Eric J. Hobsbawm - História do
Marxismo, O Marxismo na Época da Segunda Internacional, 1982. p 25, 3° parágrafo.
organizações que se expressam na formação da classe trabalhadora pelos partidos,
sindicatos etc.
Nos últimos vinte anos do Sécu. XIX, o marxismo se encontra, pois, com as
exigências práticas do movimento operário, todos os aromas fatalistas,
mecanicistas, deterministas, são aspirados e espremidos pela 'filosofia da
práxis' dos partidos socialistas, dos publicistas da imprensa do partido, dos
propagandistas. Nasce a 'tríade' do marxismo: a concepção materialista da
história, a teoria do valor, a luta de classes. (...). (HOBSBAWN, Eric J, 1982.
P 32, 2° parágrafo).
Um outro fator que contribui para a redução da teoria marxista como teoria
fragmentada por essa ''tríade'' mencionada acima, foi o positivismo, especialmente
pela sua relação com o marxismo efetuada por Kautsky, ao conceber o monismo
de Haeckel como aplicabilidade concreta na luta de classes. Como se sua
concepção completasse a concepção do materialismo histórico, na abolição da luta
de classes, a partir de uma concepção abstrata do marxismo como uma filosofia
da história ''unitária''.
Contudo, a teoria de Marx e Engels, perdia seu aspecto clássico, isto é, basilar
da totalidade e do materialismo histórico e dialético. Sabemos que a teoria do
valor, a luta de classes, a ditadura do proletariado etc. são partes constitutivas e
relacionadas da crítica da economia política, formam uma unidade da concepção
materialista que se exterioriza na organização operária revolucionária, e não na
conciliação de classes sob uma ‘’moderação’’ da luta política aos modos
convencionais da via parlamentar, ou da redução a propaganda política como foco
principal, independente da consistência teórica.
No entanto, vale ressaltar que sua simplificação foi uma consequência de sua
relação não só com o movimento operário, mas também com as variadas
ideologias que se apresentavam em outros países, onde na Alemanha, eram
desencadeadas principalmente sob as figuras de Kautsky e Bernstein, como
mecanismo de adaptação da linguagem teórica, de modo que facilitasse a
compreensão, propagação e aplicação da concepção do materialismo histórico,
embora tenha, em certa medida, generalizado em sua simplificação.
Contudo, por mais que sua difusão tenha caminhado ao lado do determinismo,
(por consequência da convicção ‘’científica’’ de que o marxismo seria uma
solução irrefutável, e a sociedade comunista uma certeza indubitável, que efetivou
na orientação reformista da luta política, pois a conquista proletária seria uma
‘’garantia histórica’’ do processo de evolução do homem pelas condições
materiais), a teoria de Marx e Engels do materialismo histórico e dialético, ainda
persistem como orientação dos partidos políticos da atualidade.
A orientação da Segunda Internacional foi importante para que essas
concepções chegassem até os trabalhos que dispomos, afinal, trabalhos editoriais
foram fruto dessa difusão e dos trabalhos dos partidos, e contribuíram para
organização das lutas operárias em todo o mundo.
Por mais que Kautsky, ou Bernstein tivessem contato direto com Marx e
Engels, as condições críticas em ascensão, eram um confronto para a permanência
na teoria revolucionária, sendo mais convincente o caminho do revisionismo e do
reformismo político, o que resultou na escassez da compreensão epistemológica
da teoria marxiana, sua orientação política, e no próprio fim da Segunda
Internacional. Daí a necessidade de uma orientação não apenas com base
quantitativa, (reduzido a propaganda) mas qualitativa da teoria (estudo unitário
das obras, desconsiderando a ‘’tríade’’ e o isolamento das concepções adotadas
em O Capital).