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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES

KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS - A IDEOLOGIA ALEMÃ

TESES SOBRE FEUERBACH

Breno Araújo1

Com o objetivo de esclarecer a importância do caráter fundamental e


transformador da concepção de práxis social, e sua relação com as forças
produtivas e a concepção marxiana de história, será analisado: como Marx e
Engels desmistificam a noção das ideias autônomas perante a realidade material e
objetiva? e quais as origens da práxis social, onde as objetivações aparecem de
forma alienada, por meio da alienação entre o trabalho manual e o trabalho
intelectual?

Marx inicia o trabalho com a desmistificação da crítica filosófica alemã, pelo


fato desta filosofia conceber a consciência como autônoma perante a realidade
objetiva, e não como um produto desta realidade. Não concebia a realidade
material objetiva e suas transformações históricas, que condicionavam a formação
de determinadas consciências ou ideias que se relacionam com esta realidade
(racionalidade histórica). Sobre essa compreensão de autonomização do
pensamento, será concentrado na crítica de Marx nas teses sobre Feuerbach.

O trabalho teórico da filosofia alemã foi de suma importância, pois objetivava


que a filosofia se ativesse em questões sociais como raiz de muitos problemas
teóricos, quando da crítica a teologia. Entretanto, a crítica de Marx se direciona
ao sistema hegeliano e aos filósofos alemães pela ausência de crítica dos mesmos
com relação a própria realidade do país, suas condições materiais, e focavam
apenas na crítica da consciência de sua época.

1
Graduando em Filosofia-Licenciatura. UECE, 2022.
No entanto, Marx não falta com o reconhecimento da importância da crítica a
religião por parte dos pensadores como um avanço no trabalho teórico
''materialista'', pois identificavam que a consciência se origina da realidade
objetiva, e trabalhava na separação das concepções teológicas das concepções
filosóficas, além de direcionar a teoria filosófica para os problemas sociais, como
trabalhou Feuerbach, mas não vai muito além.

Marx afirma que é preciso partir da análise da vida produtiva e social do ser
humano, pois só assim é possível analisar as causas concretas de suas ideias e o
fator basilar que torna predominante determinadas ações e formas de organização
da sociedade.

Além disso, ressalta que, devido a constituição corporal do ser humano, sua
natureza física, determina as formas de produzir sua existência e
consequentemente sua vida material e suas relações sociais; sendo este o fator que
o diferencia de outros animais.

A maneira como os homens produzem seus meios de existência depende, antes


de mais nada, da natureza dos meios de existência já encontrados e que eles
precisam reproduzir. (...) A maneira como os indivíduos manifestam sua vida
reflete exatamente o que eles são. O que eles são coincide, pois, com sua
produção, isto é, tanto com o que eles produzem quanto com a maneira como
produzem. O que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais
de sua produção.2

Portanto, é importante compreender que a produção da vida material do


homem é o que condiciona sua vida social e suas concepções, é o que o constitui
o que são e a forma como são. Para desenvolver a compreensão do caráter ativo e
transformador do homem, Marx trabalha criticamente nas Teses sobre Feuerbach,
para compreender a concepção de alienação da consciência e analisar a sua relação
com a realidade objetiva.

(...) o principal defeito de todo materialismo (inclusive o de Feuerbach) é que


o objeto, a realidade, o mundo sensível só são apreendidos sob a forma de
objeto ou intuição, mas não como atividade humana sensível, enquanto práxis,
de maneira não subjetiva. Em vista disso, o aspecto ativo foi desenvolvido pelo
idealismo, em oposição ao materialismo (...) Feuerbach quer objetos sensíveis,

2
MARX, Karl, Friedrich Engels – A Ideologia Alemã, Teses sobre Feuerbach, p 11.
realmente distintos dos objetos do pensamento; mas ele não considera a própria
atividade humana como atividade objetiva. (...) (MARX, Karl, Friedrich
Engels, 2001, p 99)

Neste sentido, Marx ressalta que Feuerbach, por não considerar a atividade do
homem como formação de sua existência e de suas ideias, limitava-se na direção
de libertar as ideias sem libertar primeiro o ser humano, por isso, considerava
apenas a atividade teórica, sem afirmar a práxis ou exercer uma atividade
revolucionária na vida real, e não somente na crítica do pensamento e pelo
pensamento. Na tese 4 ele desenvolve a crítica dessa concepção especulativa a
partir da crítica de Feuerbach da religião como alienação da consciência humana:

Feuerbach parte do fato de que a religião torna o homem estranho a si mesmo


e duplica o mundo em um mundo religioso, objeto de representação, e um
mundo profano. Seu trabalho consiste em reduzir o mundo religioso á sua base
profana. (...) O fato, principalmente, de que a base profana se desliga dela
própria e se fixa nas nuvens, constituindo assim um reino autônomo, só pode
se explicar precisamente pelo auto-rompimento e pela autocontradição dessa
base profana. É preciso portanto primeiro compreender essa base na sua
contradição para depois revolucioná-la praticamente, suprimindo a
contradição. (...) (...) (MARX, Karl, Friedrich Engels, 2001, p 101)

Portanto, é preciso partir da análise das causas concretas da alienação da


consciência, isto é, a alienação social e as causas materiais que condicionam
determinadas representações religiosas. Por isso, Marx afirma que uma vez
descoberto as causas da alienação da consciência, é necessário entender a
autocontradição das causas da alienação social e assim, considerar atividade
prática e transformadora do ser humano para com a realidade social.

Destarte, na tese 5,3 ressalta que Feuerbach considera a intuição sensível, mas
não considera a sensibilidade como parte da atividade humana, como uma relação
mútua em exercício, que constitui a atividade como uma sensibilidade vinculada
as suas condições materiais e suas relações sociais, e não apenas como uma
atividade do pensamento sensível, no aspecto apenas físico do homem.

Ademais, Marx, na tese 6, destaca que Feuerbach, ao considerar a essência


religiosa como essência humana, acaba por abstrair do ser humano sua história e

3
Ibidem, p 101.
suas relações sociais, pois deposita no espírito e no mundo religioso uma realidade
abstrata, que mesmo considerando-a como uma alienação da consciência, e
objetivando trazer o homem de volta a realidade objetiva, não compreende esta
realidade, isto é, o conjunto de suas relações sociais como produção do espírito
religioso. ‘’É por isso que Feuerbach não vê que o ''espírito religioso'' é ele
próprio um produto social e que o indivíduo abstrato que ele analisa pertence na
realidade a uma forma social determinada.’’ 4

Neste sentido, o ser humano é concebido somente em seu gênero, em seu aspecto
natural e geral, mas não como um agente de sua vida social, não como um produto
de sua atividade produtiva e suas relações socias, que constituem seus meios de
sobrevivência e sua consciência, isto é, toda forma de ideia alienada ou espiritual
do mundo e de si mesmo.

O indivíduo e sua essência, não podem ser concebidos a partir do seu


isolamento, de sua abstração, como se o espírito religioso existisse, assim como a
alienação do indivíduo, por si mesmos. Ao contrário, não se separa o indivíduo de
sua sociabilidade e, portanto, não se pode separar o conjunto das relações sociais
de sua própria história.

Assim, a abstração religiosa obedece as concepções alienadas de uma


determinada forma de relações sociais historicamente produzidas, assim como a
essência humana, é socialmente engendrada: ‘’Toda vida social é essencialmente
prática. Todos os mistérios que conduzem ao misticismo encontram sua solução
racional na práxis humana e na compreensão dessa práxis.’’5

Portanto, o materialismo ''contemplativo'' em Feuerbach, nada mais faz, segundo


Marx, do que direcionar as causas materiais da alienação da consciência humana
a partir de uma alienação religiosa e sua representação do mundo, objetivando
direcionar a consciência material do homem para o mundo real, e para a
consciência de si.

Entretanto, seria uma consciência de si em sentido genérico, uma consciência


do homem sensível e sua constituição natural e sua vida social em geral,

4
Ibidem, p 102.
5
Ibidem.
concebendo sua alienação isolada e abstratamente, reservando atenção prioritária
ao seu aspecto antropológico e não social e produtivo.

Contudo, a partir da expansão da compreensão do ser humano como ser social


e histórico, é preciso entender, que aspectos da alienação social possibilitam
outras formas de alienação, não apenas da consciência, mas da alienação política?
Uma das considerações para responder essa questão seria a partir as condições
materiais e sociais, que possibilitam o surgimento da consciência de uma época e
fatores que condicionam sua autonomização.

Marx argumenta que a consciência dos homens, assim como sua ''produção
intelectual'', ou seja, a política, a religião, metafísica etc. são um produto de sua
atividade e do comércio. A produção das idéias seriam sua ''linguagem da vida
6
real.'' Assim, Marx não separa, como fizera a filosofia alemã, o ser da sua
consciência. O ser consciente é um processo de sua própria vida real, de sua
atividade produtiva, e ao modificar sua vida física e material, modifica suas
formas de relações e sua concepção de mundo.

As ideias não são entes separados da vida real, mas um produto desta, que ao
ser transformada pela atividade dos homens, estes produzem e transformam sua
própria realidade e a produção de suas ideias. Por isso Marx afirma que: ''Não é a
consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência.''7

Mais adiante, no decorrer do texto A Ideologia Alemã, Marx comenta sobre o


processo de desenvolvimento da consciência humana a partir do momento em que
este percebe a necessidade de se relacionar com outros homens para sua
sobrevivência, assumindo assim, a consciência, o lugar do instinto.8 Todavia, sua
consciência se desenvolve conforme o aumento da produtividade e do aumento
populacional, que é acompanhado naturalmente pela divisão do trabalho.

Com base nessa relação entre a consciência e a produtividade, Marx aponta


que a divisão do trabalho se dá em sua forma mais ampla através da divisão entre
o trabalho material e o trabalho intelectual. Essa divisão efetiva no processo de
‘’autonomização’’ da consciência, onde esta assume um trabalho ‘’puramente’’

6
Ibidem, p 18.
7
Ibidem, p 20.
8
Ibidem, p 26.
teórico e ''desvinculado'' da vida prática, e se percebe como algo acima das
condições materiais.

(...) A partir desse momento, a consciência pode de fato imaginar que é algo
mais do que a consciência prática existente, que ela representa algo, sem
representar algo real. (...) está em condições de se emancipar do mundo e de
passar á formação da teoria ''pura'', teologia, filosofia, moral etc. Mas, mesmo
quando essa teoria, essa teologia, essa filosofia, essa moral etc. entram em
contradição com as relações existentes, isso só pode acontecer pelo fato de as
relações sociais existentes terem entrado em contradição com a força produtiva
existente; (...) (MARX, Karl, Friedrich Engels, 2001, p 26)

Retornando a uma das questões iniciais, como o autor desmistifica a noção de


ideia autônoma perante a realidade objetiva? através das contradições sociais
existentes que engendram essa mesma ideia que se concebe autônoma sem o ser,
pelo fato dessas contradições entre as relações sociais ocorrerem e também entre
as forças produtivas e as relações de produção, gerando conflitos entre interesses
distintos com efeito da divisão do trabalho.

Portanto, a consciência que se acredita autônoma, nada mais é do que fruto de


uma contradição social, que por meio da divisão do trabalho, provoca
antagonismos entre o interesse particular e o coletivo. Todavia, esses interesses,
Marx ressalta, aparecem como algo ''estranho'' e ''independente'' dos indivíduos,
tendo em vista que sua própria atividade se encontra dividida e condicionada por
forças estranhas, pela atividade social que gera resultados não intencionais que
escapam ao controle dos indivíduos.

(...) na história decorrida até hoje, com a extensão da atividade, no plano da


história universal, os indivíduos foram cada vez mais submetidos a uma força
que lhes é estranha (...) uma força que foi tornando cada vez mais maciça e se
revela, em última instância, como mercado mundial. Mas também em base
empírica o fato de que essa força, (...) será superada com a derrubada do atual
estado social, pela revolução comunista (...) e pela abolição da propriedade
privada, que lhe é inerente; (...) A dependência universal, essa forma natural
da cooperação dos indivíduos em escala histórico-mundial, será transformada
por essa revolução comunista em controle e domínio consciente dessas forças
que, engendradas pela ação recíproca dos homens entre si, lhes foram até agora
impostas como se fossem forças fundamentalmente estranhas, e os dominaram.
(...) (MARX, Karl, Friedrich Engels, 2001, p 34-35)
Neste momento, Marx apresenta a práxis social do ser humano como
fundamento de sua vida em sociedade, a partir do desenvolvimento da sociedade
por meio do processo de produção de sua vida material e o intercâmbio social por
meio de suas relações de produção, bem como a possibilidade de uma revolução
social a partir destas. A práxis de sua vida, isto é, a produção e a transformação
de sua vida social, produz novas formas de relações, assim como sua produção
teórica ou intelectual.

Essa concepção histórica em Marx, se qualifica pelo caráter materialista, com


seu vínculo real com a história humana como produtora e como um produto de
sua história real, superando as formulações idealistas onde separam a consciência
das condições materiais de existência. Por isso, Marx afirma: ''A revolução, e não
a crítica, é a verdadeira força motriz da história, da religião, da filosofia e de
qualquer outra teoria.'' 9

Por conseguinte, não basta a crítica das ideias ou de determinadas formas de


consciência alienada, mas da transformação material, da transformação das
relações sociais, como relação social alienada que produziram estas ideias. As
ideias não são autônomas e independente dos fatos, não se explicam por si
mesmas, mas são uma produção, um efeito das relações sociais e sua atividade
produtiva.

Ademais, vale destacar o papel que as ideias de uma época possuem e a força
de sua influência na sociedade. Marx afirma que a classe que detém os meios de
produção material, também possuem os meios de produção intelectual, onde as
ideais de uma época são usadas em favor da classe dominante como forma de
dominação, como ideais que sustentam seu poder e sua expansão.

Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os


pensamentos dominantes; (...) a classe que é poder material dominante numa
determinada sociedade é também o poder espiritual dominante. (...) o
pensamento daqueles aos quais são negados os meios de produção intelectual
está submetido também á classe dominante. Os pensamentos dominantes nada
mais são do que a expressão ideal das relações materiais dominantes; (...)
portanto a expressão das relações que fazem de uma classe dominante; em

9
Ibidem, p 36.
outras palavras, são as idéias de sua dominação. (...) (MARX, Karl, Friedrich
Engels, 2001, p 48)

Retomando o desenvolvimento da questão sobre diversas formas de alienação a


partir da alienação social, evidencia-se a partir da falsa consciência influenciada
pela classe dominante, onde sua ideologia é trabalhada através de suas normas
jurídicas, sua cultura, e como base de tudo, seus modos de produção. Portanto, a
alienação material da classe trabalhadora, provoca o estranhamento de sua
concepção de mundo e de si mesmo.

Todavia, o que Marx quer enfatizar aqui, além do caráter de influência da classe
dominante em uma determinada época, é que as ideias dominantes são fruto das
relações sociais, dos modos de produção e seu estágio de desenvolvimento em um
dado momento, sob uma determinada estrutura social.

Destarte, a classe dominante se aproveita do seu domínio dos meios de produção


para a prevalência das ideias de sua dominação sob a classe que está submetida e
carente dos meios de produção material e intelectual. Por conseguinte, as ideias
não são entes que dominam a sociabilidade e a materialidade histórica; não existe,
segundo Marx, ''a idéia'' dominante, ''a idéia por excelência'', como
autodeterminação abstraída das condições históricas.10

Ademais, o conteúdo da divisão do trabalho se apresenta aqui sob seu


desenvolvimento com a divisão entre trabalho material e trabalho intelectual.
Marx demonstra que com o aprimoramento da divisão do trabalho e o processo de
produção, mais o fracionamento se intensifica, e os indivíduos estranham sua
própria relação e sua atividade produtiva, como forças independentes; pelo
seguinte motivo:

(...) porque os indivíduos, dos quais são as forças, existem como indivíduos
dispersos e em oposição uns aos outros, enquanto que essas forças, por outro
lado, só são forças reais no comércio e na interdependência desses indivíduos.
Portanto, por um lado, uma totalidade das forças produtivas que assumiram
uma espécie de forma objetiva e não são mais para esses indivíduos as suas
próprias forças, mas sim as da propriedade privada e, portanto, as dos

10
Ibidem, p 52.
indivíduos unicamente na medida em que são proprietários privados. (MARX,
Karl, Friedrich Engels, 2001, p 81)

Toda a relação de troca entre mercadorias, a sua atividade produtiva e suas


relações sociais aparecem-lhe como forças autônomas e alheias a seu poder, e seu
produto ou resultados não intencionais. Com esse estágio da divisão do trabalho e
das relações que se apresentam como relações entre mercadorias, e não entre
indivíduos, estes últimos tornam-se distantes da posse de sua própria vida, de sua
autonomia diante da realidade.

As relações materiais entre os indivíduos tornam-se estranhas e acidentais,


especialmente no estágio em que a divisão do trabalho e a troca entre mercadorias
já estão desenvolvidos, o capital, dinheiro, lucro etc. assumem o papel principal
no lugar do indivíduo, e submete este a mero objeto, o denominado ‘’fetichismo
da mercadoria’’, que Marx desenvolve em O Capital.

Neste sentido, a saída para subverter essas condições materiais seria a abolição
da propriedade privada pela classe dominada, o proletariado. Somente com a
supressão da luta de classes, pois, tendo em vista que a alienação humana é dada
a partir da alienação a dominação de uma classe sob a outra, a libertação de uma
classe é condição para libertar a sociedade.

O ser humano, em Marx, não é mais visto em sentido genérico, assim como a
história como um conjunto de fatos sucessivos como se nada tivesse a ver com o
homem e sua relação com a natureza e sua produção como ser histórico. Portanto,
a história aqui, é concebida como a história da luta de classes, das forças
produtivas e suas relações de produção, da materialidade engendradora de vida e
da consciência, do homem como ser histórico, ativo e transformador.

(...) Em todas as revoluções anteriores, o modo de atividade permanecia


inalterado e se tratava apenas de uma outra distribuição dessa atividade, de
uma nova divisão do trabalho entre outras pessoas; a revolução comunista, ao
contrário, é dirigida contra o modo de atividade anterior, ela suprime o trabalho
e extingue a dominação de todas as classes abolindo as próprias classes, por
que ela é efetuada pela classe que não é mais considerada como uma classe na
sociedade, que não é mais reconhecida como tal, (...) uma tal transformação só
pode operar por um movimento prático, por uma revolução; ela é igualmente
necessária porque somente uma revolução permitirá que a classe derruba a
outra e varra toda a podridão do velho sistema e se torne apta a fundar a
sociedade sobre bases novas. (MARX, Karl, Friedrich Engels, 2001, p 86)

Contudo, a concepção de práxis em Marx e Engels, ensejou não apenas uma


nova concepção da história ou da filosofia, isto é, não trabalhou uma nova filosofia
da história e do homem, mas uma nova forma de conceber o homem e a história
por meio do materialismo histórico, ou seja, com a relação entre o homem e sua
história de forma unitária, de sua relação com a natureza e consigo mesmo como
elementos constitutivos do seu ser natural e social.

A história da humanidade é concebida sob sua racionalidade histórica, que atua


a partir de uma dinâmica concreta, da dialética material sobre a qual se desenvolve
por meio da práxis produtiva e social do homem. Sua potencialidade engendradora
de vida material é, concomitantemente, sua capacidade produtiva, suas relações
socias e sua atividade teórica. Seu poder de construção é, natural e socialmente,
seu poder de transformação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-MARX, Karl, Friedrich Engels - A Ideologia Alemã, Teses sobre Feuerbach.
Editora: Martins Fontes, São Paulo, 2001.

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