Você está na página 1de 499

A VIDA DE SAMUEL JOHNSON

(Doutor em Leis)

por

JAMES BOSWELL, Esq.

VOLUME II
1768 - 1777

(1ª Edição 1791)

Completa e integral, com notas

Tradução
JOSEPH FILARDO

Brasil, 2018 / 2019


Copyright Tradução © 2019 – José Filardo
Todos os direitos reservados
ISBN: 9781081690304
Índice

1768

1769

1770

1771

1772

1773

1774

1775

1776

1777

NOTAS

O presente texto segue o da sexta edição de Edmond Malone


1768

Idade 59
Parece que, a partir de suas notas sobre o estado de sua mente ([1]), ele
sofreu grande perturbação e distração em 1768. Nada de seus escritos foi
dada ao público este ano, com exceção do Prólogo* à comédia The good-
natured man (O homem bem- humorado) de seu amigo Goldsmith. As
primeiras linhas desse Prólogo são fortemente características da sombria
melancolia de sua mente; que, no caso dele, como no caso de todos os que
estão angustiados com a mesma doença da imaginação, transfere os
próprios sentimentos aos outros. Quem poderia supor que isso marcaria a
introdução de uma comédia, quando o Sr. Bensley começou solenemente:
“Pressionada pela carga da vida, a mente cansada
Examina a labuta geral da espécie humana”.
Mas esse terreno escuro poderia fazer o humor de Goldsmith brilhar
ainda mais.
Na primavera desse ano, depois de ter publicado meu Account of Corsica
(Relato da Córsega), com o Diário de um passeio àquela Ilha, voltei a
Londres, muito desejoso de ver o Dr. Johnson – e de ouvi-lo sobre o
assunto. Descobri que ele estava em Oxford, com seu amigo Sr. Chambers,
que era agora Professor Vineriano (Titular de Direito Comum) e vivia em
New Inn Hall. Não tendo recebido nenhuma carta dele desde aquela em que
ele criticou o Latim da minha tese e, tendo sido dito por alguém que ele
estava ofendido por eu ter colocado em meu livro um trecho de sua carta a
mim em Paris, eu estava impaciente para estar com ele; e, portanto, segui-o
até Oxford, onde fui recebido pelo Sr. Chambers, com uma civilidade da
qual sempre me lembrarei com gratidão. Descobri que o Dr. Johnson tinha
enviado uma carta a mim na Escócia, e que eu não tinha nada do que me
queixar, a não ser de que ele estava mais indiferente à minha ansiedade do
que eu gostaria que ele estivesse. Em vez de incluir, com as circunstâncias
de tempo e lugar, tais fragmentos de sua conversa conforme os preservei
durante essa visita a Oxford, vou enumerá-los juntos a seguir.
Perguntei-lhe se, como moralista, ele não achava que a prática do
Direito, em algum grau, prejudica o bom sentimento de honestidade.
JOHNSON: “Ora, não, Senhor, se você age corretamente. Não deve
decepcionar seus clientes com falsas representações de sua opinião: você
não deve mentir a um juiz”. BOSWELL: “Mas o que você pensa de apoiar
uma causa que sabe ser ruim?” JOHNSON: “Senhor, você não sabe o que é
bom ou ruim até que o Juiz determine. Eu disse que deve declarar os fatos
de maneira justa, de modo que seu pensamento, ou o que chama de
conhecimento de uma causa ser ruim, deve ter como base o raciocínio, a
partir de sua suposição de que seus argumentos são fracos e inconclusivos.
Mas, Senhor, isso não basta. Um argumento que não lhe convence pode
convencer o juiz a quem o expõe, e se ele de fato o convence, ora, então,
Senhor, você está errado, e ele está certo. É obrigação dele julgar, e você
não tema de confiar em sua própria opinião de que uma causa é ruim – e
sim dizer tudo o que puder em favor de seu cliente e, em seguida, ouvir a
opinião do juiz”. BOSWELL: “Mas, Senhor, fingir entusiasmo quando não
o tem, e parecer ser claramente de uma opinião quando tem, na realidade,
outra; essa dissimulação não prejudica nossa honestidade? Será que não
existe algum perigo de que um advogado possa colocar a mesma máscara
na vida comum, na sua relação com os amigos?”. JOHNSON: “Ora, não,
Senhor. Todo mundo sabe que você é pago para fingir entusiasmo por seu
cliente, e não é, portanto, propriamente uma dissimulação: no momento em
que você sai do tribunal, retoma seu comportamento usual. Senhor, um
homem não vai levar o artifício da barra do tribunal para o relacionamento
normal na sociedade, mais do que um homem que é pago para caminhar em
cima de suas mãos continuará a caminhar sobre suas mãos quando puder
andar sobre seus pés”.
Ao falar de algumas das peças modernas, ele disse que False Delicacy
(Falsa delicadeza) era totalmente desprovida de caráter. Elogiou Good-
natured man (O homem bem-humorado) de Goldsmith, da qual disse ter
sido a melhor comédia que havia aparecido desde The provoked husband (O
marido provocado), e que não tinha havido, ultimamente, personagens
exibidos no palco como o de Croaker. Eu observei que ele era o Suspirius
de seu Rambler. Johnson falou que Goldsmith tinha admitido que o tivesse
emprestado dali. “Senhor”, continuou ele, “há toda a diferença do mundo
entre personagens da natureza e personagens de costumes, e existe a
diferença entre as personagens de Fielding e as de Richardson.
Personagens de costumes são muito divertidos, mas eles devem ser
entendidos por um observador mais superficial do que personagens da
natureza, em relação aos quais um homem deve mergulhar nos recessos do
coração humano.”
Sempre me pareceu que ele tinha alta estima pelas composições de
Richardson – e irracional preconceito contra Fielding. Comparando esses
dois escritores, ele usou esta expressão: “que havia uma diferença tão
grande entre eles quanto entre um homem que sabia como um relógio era
feito, e um homem que sabia dizer a hora olhando para um quadrante”. Este
foi um curto e figurativo estado de sua distinção entre desenhar personagens
da natureza e personagens somente de costumes. Mas não posso deixar de
ser de opinião que os elegantes relógios de Fielding são tão bem
construídos quanto os grandes relógios de Richardson, e que seus
quadrantes são mais brilhantes. As personagens de Fielding, embora não se
expandam tão amplamente em dissertação, são imagens igualmente fiéis da
natureza humana e – eu arriscaria dizer – têm características mais
marcantes, e toques mais belos do lápis; e, embora Johnson costumasse
citar com aprovação um dito de Richardson, de “que as virtudes dos heróis
de Fielding eram os vícios de um homem verdadeiramente bom”, atrevo-me
a acrescentar que a tendência moral dos escritos de Fielding, apesar de não
incentivar uma tensa e raramente possível virtude é sempre favorável à
honra e à honestidade, e preza as afeições benevolentes e generosas. Ele a
personagem, que é tão bom quanto Fielding fá-lo-ia, é um membro amável
da sociedade, e pode ser levado, por mais regulados instrutores, a um estado
mais elevado de perfeição ética.
Johnson prosseguiu: “Mesmo Sir Francis Wronghead é um personagem
de costumes, embora desenhado com grande humor”. Em seguida, ele
repetiu, muito feliz, todas as narrativas crédulas de Sir Francis a Manly, de
ter ele estado com “o grande homem” – e garantir um lugar. Eu lhe
perguntei se The suspicious husband (O marido suspeitoso) não forneceu
uma personagem bem desenhada, a de Ranger. JOHNSON. “Não, Senhor;
Ranger é apenas um dissoluto, um mero libertino e um jovem animado, mas
não é uma personagem.”
O grande Caso Douglas, a famosa disputa pela herança de Archibald
Douglas, 1º Duque de Douglas (1694-1761), era nessa época um assunto de
discussão muito geral. Eu descobri que Johnson não o havia estudado com
muita atenção, mas só tinha ouvido partes dele ocasionalmente. No entanto,
ele falava desse caso e dizia: “Sou de opinião de que a prova positiva de
fraude não deve ser exigida do querelante, mas que os juízes devem decidir
de acordo com o que as probabilidades pareçam preponderar, concedendo
ao réu a presunção de que a filiação seja forte a seu favor. Também
considero que boa parte do peso devia ser permitida às declarações do
moribundo, porque elas foram espontâneas. Há uma grande diferença entre
o que é dito sem que se seja forçado, e o que é dito a partir de uma espécie
de compulsão. Se eu elogiar o livro de um homem sem que minha opinião
seja pedida, trata-se de elogio sincero, na qual se pode confiar. Porém, se
um autor me pergunta se eu gosto de seu livro, e eu lhe dou algo que se
parece com elogio, isso não deve ser tomado como minha real opinião”.
“Por longo tempo não tenho sido incomodado por autores que desejam
minha opinião sobre suas obras. Outrora eu costumava ser, infelizmente,
atormentado por um homem que escrevia versos – mas que, literalmente,
não tinha nenhuma outra noção do que fosse um verso, a não ser que
consistia em dez sílabas. Coloca tua faca e teu garfo cruzados sobre teu
prato, era para ele um verso:
Coloca tua faca e teu garfo cruzados sobre teu prato.
Como escrevia grande número de versos, às vezes, por acaso, ele fazia
alguns bons, embora não o soubesse.”
Johnson renovou sua promessa de vir à Escócia, e ir comigo às Hébridas;
todavia, disse que agora iria se contentar com a visão de uma ou duas das
mais curiosas delas. Ele disse: “Macaulay, que escreve o relato do
arquipélago de St. Kilda na Escócia, começou com um preconceito contra
os preconceitos e queria ser um pensador moderno inteligente; e, ainda
assim, afirma como sendo verdade que, quando um navio chega ali, todos
os habitantes ficam resfriados”.
O Dr. John Campbell, célebre escritor, dedicou muito esforço a verificar
este fato e tentou explicá-lo com base em princípios físicos, a partir do
efeito de eflúvios de corpos humanos. Johnson, em outra ocasião, elogiou
Macaulay por sua “magnanimidade”, ao insistir nessa história maravilhosa,
porque ela era bem atestada. Uma senhora de Norfolk, por uma carta ao
meu amigo Dr. Burney, favoreceu-me com a seguinte solução: “Agora,
vamos à explicação desse aparente mistério, que é tão óbvio que, por isso,
escapou ao entendimento do Dr. Johnson e seu amigo, assim como do autor.
Estive lendo o livro com meu engenhoso amigo, o falecido reverendo Sr.
Christian, de Docking; após ruminar um pouco, ele disse: 'A causa é
natural. A situação geográfica de St. Kilda torna um vento Nordeste
indispensavelmente necessário para que um estrangeiro possa desembarcar.
O vento, não o estrangeiro, provoca uma epidemia de resfriado’. Se eu não
me engano, o Sr. Macaulay está morto, se fosse vivo, essa solução poderia
agradá-lo, como eu espero que agrade ao Sr. Boswell, em troca das muitas
horas agradáveis que suas obras nos proporcionam”.
Johnson discorria detalhadamente sobre as vantagens de Oxford para a
aprendizagem. “Existe aqui, Senhor”, disse ele, “uma emulação tão
progressista. Os alunos estão ansiosos para parecer bem a seus orientadores;
os orientadores estão ansiosos para que seus alunos apareçam bem na
faculdade; as faculdades estão ansiosas para que seus alunos apareçam bem
na Universidade, e existem excelentes regras de disciplina em cada
faculdade. Pode ser verdade que as regras são por vezes mal observadas,
mas não é nada contra o sistema. Os membros de uma Universidade podem,
por uma temporada, estar desatentos a seus deveres. Estou argumentando a
favor da excelência da instituição.”
De Guthrie ele disse: “Senhor, ele é um homem de recursos. Não tem um
grande fundo regular de conhecimento; contudo, por ter lido muito, e
escrito muito, ele, sem dúvida, aprendeu muito”.
Ele disse que tinha estado ultimamente por muito tempo em Lichfield,
mas que tinha ficado muito entediado antes de sair de lá. BOSWELL: “Fico
surpreso com isso, senhor, é vossa terra natal”. JOHNSON: “Ora, também a
Escócia é sua terra natal.”
Seu preconceito contra a Escócia parecia notavelmente forte nessa
época. Quando eu falei de nosso avanço na literatura, “Senhor”, disse ele,
“vocês aprenderam um pouco conosco, e se consideram muito grandes
homens. Hume nunca teria escrito História, se Voltaire não tivesse escrito
antes dele. Ele é um eco de Voltaire”. BOSWELL: “Mas, Senhor, temos
Lorde Kames”. JOHNSON: “Vocês têm Lorde Kames. Ficai com ele; ha,
ha, ha! Não invejamos vocês por isso. Você vê o Dr. Robertson
eventualmente?”. BOSWELL: “Sim, senhor”. JOHNSON: “E o cachorro
fala sobre mim?”. BOSWELL: “De fato, senhor, ele faz isso e vos ama”.
Achando que agora eu o tinha acuado e, solícito pela fama literária do meu
país, pressionei-o por sua opinião quanto ao mérito da História da Escócia,
do Dr. Robertson. Todavia, para minha surpresa, ele fugiu do assunto:
“Senhor, eu amo Robertson – e não vou falar sobre seu livro”.
É apenas uma questão de justiça – tanto com Johnson quanto com o Dr.
Robertson – acrescentar, que, embora se permitisse essa tirada humorosa,
ele também tinha bom gosto demais para não ser totalmente sensível aos
méritos desse trabalho admirável.
Um ensaio escrito pelo Sr. Deane, religioso da Igreja da Inglaterra,
sustentando a existência de vida futura dos animais, através de uma
explicação de certas partes das Escrituras, foi mencionado, junto com a
doutrina em que insistia um cavalheiro ([2]) que parecia ser apreciador de
especulação curiosa. Johnson, que não gostava de ouvir falar coisa alguma a
respeito de um estado futuro que não fosse autorizado pelos cânones
regulares da ortodoxia, desencorajava essa conversa; e, ao ficar ofendido
por sua continuação, ele viu uma oportunidade de dar ao cavalheiro um
golpe de repreensão. Assim, quando o pobre especulador, com um rosto
sério, metafísico e pensativo, dirigiu-se a ele com “Mas, realmente, Senhor,
quando vemos um cão muito sensato, não sabemos o que pensar dele”,
Johnson, rolando de alegria com o pensamento que brilhou através de seus
olhos, virou-se rapidamente e respondeu: “É verdade, senhor, e quando
vemos um sujeito muito tolo, não sabemos o que pensar dele”. Ele, então,
levantou-se, caminhou até o fogo, e ficou ali por algum tempo rindo e
exultando.
Contei a Johnson que eu tinha várias vezes, quando estava na Itália, visto
a experiência de colocar um escorpião dentro de um círculo de brasas; ele
dava voltas e voltas correndo em dor extrema; não achando um caminho
para fugir, retirava-se para o centro e, como um verdadeiro filósofo estoico,
lançava seu ferrão contra sua cabeça e, assim, libertava-se imediatamente
de suas desgraças: “Isso deve acabar com elas”. Eu disse que se tratava de
um fato curioso, uma vez que mostrava um suicídio deliberado em um
réptil. Johnson não queria admitir o fato. Segundo ele, o filósofo e
matemático francês Pierre Louis Maupertuis ([3]) era de opinião que o
escorpião não se mata, mas morre de calor; que procura chegar ao centro do
círculo, por ser o lugar mais frio; que lançar a cauda sobre a própria cabeça
é apenas uma convulsão; e que ele não se pica. Johnson disse que ficaria
satisfeito se o grande anatomista italiano Giovanni Battista Morgagni,
depois de dissecar um escorpião no qual o experimento tivesse sido tentado,
certificasse que o ferrão havia penetrado em sua cabeça.
Ele parecia feliz em falar de filosofia natural. “Que maçaricos”, disse
ele, “sobrevoam os países do Norte está provado, porque foram observados
no mar. Andorinhas certamente dormem o inverno todo. Muitas delas se
juntam em bandos, voando em círculos; e, em seguida, todas se lançam
juntas na água, e descansam no leito de um rio.” Ele nos contou que um de
seus primeiros ensaios foi um poema latino sobre o pirilampo. Lamento não
ter perguntado onde esse texto poderia ser encontrado.
Falando sobre os russos e os chineses, Johnson aconselhou-me a ler as
viagens do médico e viajante escocês John Bell. Eu perguntei a ele se eu
deveria ler o relato do historiador jesuíta francês Jean-Baptiste Du Halde
sobre a China. “Ora, sim”, disse ele, “como se lê tal gênero de livro; ou
seja, consultá-lo.”
Johnson falou da hediondez do crime de adultério, pelo qual a paz das
famílias era destruída. Ele disse: “Confusão de progênie constitui a essência
do crime – e, portanto, uma mulher que quebra seus votos matrimoniais é
muito mais criminosa do que um homem que faz isso. Um homem, com
certeza, é criminoso aos olhos de Deus, mas ele não inflige à sua esposa
uma lesão muito material, se não a insulta; se, por exemplo, por mera
lascívia de apetite, ele procura reservadamente a camareira dela. Senhor,
uma esposa não deve se ressentir muito disso. Eu não receberia em casa
uma filha que tivesse fugido de seu marido por conta disso. Uma esposa
deve envidar esforços para recuperar seu marido, através de mais atenção
em agradá-lo. Senhor, uma vez sequer em cem casos, um homem deixará
sua esposa para ir a um bordel, se sua esposa não for negligente em agradá-
lo”.
Aqui, Johnson descobriu aquela discriminação aguda, aquele julgamento
sólido e aquele conhecimento da natureza humana pelos quais ele era em
todas as ocasiões notável. Tomando o cuidado de manter em vista o dever
moral e religioso, conforme é entendido em nossa nação, ele mostrou
claramente, com base na razão e no bom senso, o maior grau de
culpabilidade que tem um sexo desviando-se, do que o outro e, ao mesmo
tempo, inculcou uma lição muito útil quanto à maneira de mantê-lo i. e., de
a esposa manter o marido.
Perguntei-lhe se não era duro demais que um desvio da castidade
devesse tão absolutamente arruinar uma jovem. JOHNSON: “Ora, não,
Senhor, este é o grande princípio que lhe é ensinado. Quando ela renuncia a
esse princípio, ela desiste de toda noção de honra e virtude feminina, que
estão todos incluídos na castidade”.
Um cavalheiro ([4]) contou a ele sobre uma senhora a quem ele admirava
e com quem desejava se casar, mas estava com medo de sua superioridade
de talentos. “Senhor”, disse ele, “você não precisa ter medo; case-se com
ela. Antes de um ano ter passado, você considerará esse motivo muito mais
fraco, e que a inteligência não é tão brilhante.” Ainda assim, o cavalheiro
pode ser justificado em sua apreensão por uma das frases admiráveis do Dr.
Johnson em sua Vida de Waller: “Sem dúvida, ele enalteceu muitas com
quem teria tido medo de se casar e, talvez, tenha-se casado com quem ele
teria tido vergonha de elogiar. Muitas qualidades contribuem para a
felicidade doméstica, em relação à qual a poesia não tem cores para
outorgar, e muita aparência e arroubos podem deliciar a imaginação, a qual
aquele que os lisonjeia nunca pode aprovar”.
Ele elogiou o Signor Baretti. “Seu relato sobre a Itália é um livro muito
divertido e, Senhor, não conheço nenhum homem que demonstre maior
superioridade em uma conversa do que Baretti. Há fortes poderes em sua
mente. Ele não tem, de fato, muitos ganchos, mas, com os ganchos que tem,
ele agarra com muita força.”
Nessa época eu observei sobre o mostrador de seu relógio uma curta
inscrição grega tirada do Novo Testamento, Nyx gar erxetai, sendo as
primeiras palavras da advertência solene de nosso SALVADOR para a
melhoria daquela época em que nos é permitido preparar para a eternidade:
“a noite vem, quando homem nenhum pode trabalhar”. Algum tempo
depois deixou de lado esse mostrador e, quando lhe perguntei o motivo, ele
disse: “Fica muito bem sobre um relógio que um homem mantém em seu
armário; mas, tê-lo no relógio que ele carrega consigo e que é, muitas
vezes, visto por outros, pode ser objeto de censura por aparentar
ostentação”. O Sr. Steevens é hoje o dono do mostrador inscrito conforme
acima.
Johnson permaneceu em Oxford tempo considerável; eu fui obrigado a ir
para Londres, onde recebi sua carta, que tinha sido devolvida da Escócia.

“Para JAMES BOSWELL, ESQ.


Meu caro Boswell:
Tenho sido omisso em escrever-te, sem saber muito bem por quê. Eu
poderia agora dizer por que eu não deveria escrever; por que iria escrever a
homens que publicam as cartas de seus amigos sem a permissão deles? No
entanto, escrevo a ti, apesar da minha cautela, para dizer-te que terei prazer
em te ver, e que eu gostaria que você esvaziasse a cabeça da Córsega, que
eu acho que a encheu por tempo demasiado longo. Porém, de qualquer
forma, ficarei contente, muito contente em te ver. Despeço-me de ti com
muita afeição,
Oxford, 23 de Março de 1768.
SAM. JOHNSON.”
Respondi assim:

“Ao SR. SAMUEL JOHNSON


Londres, 26 abril de 1768.
Meu Caro Senhor,
Recebi vossa última carta, que, embora muito curta, e sem dúvida
lisonjeira, ainda assim deu-me prazer, porque contém estas palavras:
“ficarei contente, muito contente em te ver”. Certamente você não tem
nenhuma razão para reclamar da minha publicação de um único parágrafo
de uma de suas cartas; a tentação era tão forte. Um subsídio irrevogável de
sua amizade e sua dignificação de meu desejo de visitar a Córsega com o
epíteto de “uma curiosidade sábia e nobre” são para mim mais valiosos do
que muitas das concessões reais.
Mas como você pode me pedir para “esvaziar minha cabeça da
Córsega”? Meu amigo de espírito nobre, você não se sensibiliza por uma
nação oprimida lutando bravamente para ser livre? Considere qual é o caso
com justiça. Os corsos nunca receberam gentileza alguma dos genoveses.
Os corsos nunca concordaram em estar sujeitos a eles. Não lhes devem nada
e, quando reduzidos a um abjeto estado de escravidão pela força, não
devem eles se levantar pela grande causa da liberdade, e quebrar o jugo
incômodo? E não deve toda alma liberal ser solidária com eles? Esvaziar
minha cabeça da Córsega! Esvaziá-la de honra, esvaziá-la de humanidade,
esvaziá-la de amizade, esvaziá-la de piedade. Não! Enquanto eu viver, a
Córsega e a causa dos bravos ilhéus sempre terão muito da minha atenção,
sempre me interessarão da maneira mais sincera. Sou etc.
JAMES BOSWELL.”

Em sua chegada a Londres, em maio, ele me surpreendeu certa manhã


com uma visita ao meu alojamento na Half-Moon Street; estava bastante
satisfeito com a minha explicação – e se encontrava em estado de espírito
muito amável e agradável. Como ele tinha se oposto a que uma parte de
uma de suas cartas fosse publicada, pensei que seria certo aproveitar essa
oportunidade para lhe perguntar explicitamente se seria impróprio publicar
suas cartas após a sua morte. Sua resposta foi: “Não, Senhor, quando eu
morrer, você pode fazer o que quiser”.
Ele falou em seu estilo habitual, com um áspero desprezo pela liberdade
pública. “Eles fazem uma confusão sobre liberdade universal, sem
considerar que tudo o que deve ser valorizado, ou mesmo apreciado por
indivíduos, é a liberdade privada. A liberdade política é boa apenas na
medida em que produz liberdade privada. Agora, Senhor, existe a liberdade
de imprensa, que você sabe ser um tópico permanente. Suponha que você e
eu e duzentos mais fôssemos proibidos de imprimir nossos pensamentos: e
então? Em que proporção esta restrição sobre nós pesaria sobre a felicidade
privada da nação?”
Esse modo de representar os inconvenientes de restrições como leves e
insignificantes era uma espécie de sofisma ao qual ele se deliciava em se
entregar, em oposição à extrema frouxidão com que tem sido a moda para
muitos discutir – quando é evidente, após reflexão, que a própria essência
do governo é restringir, e é certo que, como o governo produz felicidade
racional, mais restrição é melhor do que menos. Porém, quando a restrição é
desnecessária, e tão próxima do tormento para aqueles que estão sujeitos a
ela, as pessoas podem e devem protestar; e, se o alívio não é concedido,
resistir. Desse princípio viril e espirituoso, nenhum homem estava mais
convencido do que o próprio Johnson.
Nessa época o Dr. Kenrick o atacou, utilizando a mim, em um panfleto
intitulado Uma carta a James Boswell, Esq., ocasionada por ter ele
transmitido os escritos morais do Dr. Samuel Johnson a Pascal Paoli,
general dos corsos. Primeiro, eu estava inclinado a responder este panfleto,
mas Johnson, que sabia que se eu fizesse isso, só iria gratificar Kenrick,
mantendo vivo o que logo morreria por si mesmo, fez com que eu não
tomasse conhecimento dele.
Sua consideração sincera por Francis Barber, seu fiel servo negro, o fez
tão desejoso de seu progresso, que agora ele o colocou em uma escola em
Bishop Stortford, em Hertfordshire. Essa atenção humana muito honra o
bom coração de Johnson. De muitas cartas que o Sr. Barber recebeu de seu
mestre, ele preservou três, que gentilmente cedeu-me e que eu inserirei de
acordo com suas datas.

“Ao SR. FRANCIS BARBER


Caro Francis,
Tenho sido muito omisso. Estou feliz em saber que estás bem, e desejo
voltar a ver-te em breve. Providenciarei para que fiques na casa da Sra.
Clapp por enquanto, até que eu possa determinar o que faremos. Seja um
bom menino.
Meus cumprimentos à Sra. Clapp e ao Sr. Fowler. Eu me despeço,
carinhosamente,
28 de maio 1768.
SAM. JOHNSON.”

Logo depois, ele jantou na taverna Crown and Anchor, no Strand, com
amigos que eu reuni para encontrá-lo. Eles eram o Dr. Percy, hoje Bispo de
Dromore; o Dr. Douglas, hoje Bispo de Salisbury; o Sr. Langton; o Dr.
Robertson, o historiador; o Dr. Hugh Blair; e o Sr. Thomas Davies, que
desejava muito ser apresentado a esses eminentes literatos escoceses; mas,
nessa ocasião, ele teve muito pouca oportunidade de ouvi-los conversar,
pois, devido a um excesso de prudência – que Johnson depois considerou
uma falha da parte deles –, os presentes mal abriram seus lábios, e só para
dizer alguma coisa que eles estivessem certos de que não iria expô-los à
espada de Golias, tal era a ansiedade deles quanto à sua própria fama,
quando na presença de Johnson. Ele estava nessa noite em notável vigor da
mente, e ansioso para conversar, o que ele fez com grande prontidão e
fluência; mas lamento descobrir que preservei apenas uma pequena parte do
que se passou.
Ele fez um grande elogio a Thomson como poeta; no entanto, quando
alguém disse que ele também era um homem muito bom, nosso moralista
contestou isso calorosamente, acusando-o de sensualidade grosseira e
licenciosidade de costumes. Eu receava muito que, ao escrever a Biografia
de Thomson, o Dr. Johnson fosse tratar seu caráter privado com uma
severidade extrema, mas fiquei agradavelmente desapontado; posso
reclamar um pouco de mérito por isso, por me ter esforçado para lhe
mandar relatos autênticos da carinhosa e generosa conduta daquele poeta
em relação às suas irmãs, uma das quais, a esposa do Sr. Thomson,
professor em Lanark, eu conhecia, e foi presenteado por ela com três de
suas cartas, uma das quais o Dr. Johnson incluiu em sua Biografia.
Ele era veemente contra o velho Dr. Mounsey da Faculdade Chelsea,
como “um indivíduo que xingava e falava obscenidades”. “Eu estive muitas
vezes em sua companhia”, disse o Dr. Percy, “e nunca o ouvi praguejar ou
falar obscenidades.” O Sr. Davies, que estava sentado ao lado do Dr. Percy,
tendo depois disso tido uma conversa a sós com ele, fez uma descoberta
que, em seu zelo em cortejar o Dr. Johnson, ansiosamente proclamou em
voz alta do outro lado da mesa: “Ó, Senhor, eu descobri uma razão muito
boa pela qual o Dr. Percy nunca ouviu Mounsey praguejar ou falar
obscenidades; porque, segundo ele me diz, nunca o encontrou, a não ser à
mesa do Duque de Northumberland”. “Então, Senhor”, disse Johnson em
voz alta ao Dr. Percy, “você protegeria este homem da acusação de xingar e
falar obscenidades, porque ela não fez isso à mesa do Duque de
Northumberland. Senhor, você deveria também nos contar que o viu erguer
sua mão no Old Bailey, e ele nem xingou nem falou obscenidades; ou que
o viu na carruagem em Tyburn, e nem então ele xingou ou falou
obscenidades. E é assim, Senhor, que você pretende contradizer o que eu
relatei?” A censura do Dr. Johnson foi proferida de tal maneira que o Dr.
Percy pareceu ficar descontente, e logo depois foi embora, o que Johnson
naquele momento não percebeu.
Tendo Swift sido mencionado, Johnson, como sempre, tratou-o com
pouco respeito como autor. Alguns de nós nos esforçamos para apoiar o
decano de St. Patrick com diferentes argumentos. Um deles, em particular,
elogiava seu Conduta dos aliados. JOHNSON: “Senhor, seu Conduta dos
aliados é um trabalho de muito pouca capacidade.” “Certamente, Senhor”,
disse o Dr. Douglas, “você devia admitir que ele tem fatos fortes.” ([5])
JOHNSON: “Ora, sim Senhor, mas qual é o mérito da composição? No
diário oficial do Tribunal Old Bailey há fatos fortes. Arrombamento é um
fato forte, assalto à mão armada é um fato forte, e homicídio é um poderoso
fato forte, mas fatos fortes é um grande elogio devido a um historiador?
Não, senhor. Foi contado a Swift o que ele tinha que dizer claro o
suficiente, mas isso é tudo. Ele tinha que contar até dez, e ele contava
direito”. Depois, lembrando que o Sr. Davies, agindo como informante,
tinha tido a ocasião de falar um pouco duramente demais ao seu amigo Dr.
Percy – pelo que, provavelmente, quando a primeira ebulição acabara,
sentiu algum remorso –, Johnson aproveitou a oportunidade para lhe dar
uma pancada; por isso, acrescentou, com uma risada preparatória: “Ora,
Senhor, Tom Davies poderia ter escrito A Conduta dos aliados”. O pobre
Tom, sendo, de repente, arrastado a grotesca atenção na presença dos
Doutores Escoceses, aos quais ele ambicionava aparecer de forma positiva,
ficou gravemente mortificado. E sua punição não ficou nisso, pois, em
ocasiões posteriores, sempre que ele, “como um estadista” ([6]), assumia
uma importância empertigada, eu costumava saudá-lo como “o autor de A
conduta dos aliados”.
Quando fui à casa do Dr. Johnson na manhã seguinte, encontrei-o muito
satisfeito com suas proezas coloquiais da noite anterior. “Bem”, disse ele,
“tivemos uma boa conversa.” BOSWELL: “Sim, Senhor, atirastes para o ar
e escornastes várias pessoas.”
O falecido Alexander conde de Eglintoune, que amava a sagacidade
mais que o vinho e homens de gênio mais que bajuladores, tinha uma
grande admiração por Johnson, mas, por força da notável elegância de suas
próprias maneiras, era, talvez, muito delicadamente sensível à rudeza que,
por vezes, aparecia no comportamento de Johnson. Uma noite, por volta
dessa época, quando Sua Senhoria me deu a honra de cear em meus
aposentos com o Dr. Robertson e vários outros homens de distinção
literária, ele lamentou que Johnson não tivesse sido educado com mais
requinte, e vivesse mais em companhia de pessoas educadas. “Não, não,
meu Senhor”, disse o Signor Baretti, “fizesse com Johnson o que quisesse,
ele sempre teria sido um urso”. “É verdade”, respondeu o conde, com um
sorriso; “porém, ele teria sido um urso dançarino”.
Para tornar óbvias todas as reflexões que deram a volta ao mundo e
originaram preconceitos contra Johnson, aplicando-se lhe o epíteto de urso,
deixe-me impressionar meus leitores com uma referência justa e feliz do
meu amigo Goldsmith, que o conhecia bem: “Johnson, com certeza, tem
aspereza em suas maneiras, mas nenhum homem vivo tem coração mais
terno. Ele nada tem de urso, além de sua pele”.
1769

Idade. 60
Em 1769, até onde consigo descobrir, o público não foi favorecido com
nenhuma composição de Johnson, quer para si mesmo ou para qualquer um
de seus amigos. Suas Meditações provam muito fortemente que ele sofria
muito, tanto em corpo quando na mente, e ainda assim estava
perpetuamente lutando contra o mal, e se esforçando nobremente para
aumentar seu aperfeiçoamento intelectual e devocional. Todo coração
generoso e agradecido deve sensibilizar-se com as aflições de tão eminente
benfeitor da humanidade; e, agora que sua infelicidade é certamente
conhecida, deve respeitar esta dignidade de caráter que o impedia de se
lamentar.
Tendo Sua Majestade instituído no ano anterior a Royal Academy of Arts
(Real Academia das Artes) em Londres, Johnson teve agora a honra de ser
nomeado Professor de Literatura Antiga ([7]). No decorrer do ano, ele
escreveu algumas cartas à Sra. Thrale, passou uma parte do verão em
Oxford e em Lichfield; e, quando esteve em Oxford, escreveu a seguinte
carta:

“Ao REVERENDO SR. THOMAS WARTON


Caro Senhor,
Muitos anos atrás, quando eu costumava ler na biblioteca de sua
Faculdade, prometi recompensar a Faculdade por aquela permissão,
adicionando aos seus livros um Virgílio de Baskerville. Acabo de enviá-lo a
você, e desejo que o coloque nas prateleiras em meu nome. ([8])
Se me fizer o favor de me informar quando tiver uma hora de lazer,
tomarei chá consigo. Tenho um compromisso na tarde de amanhã e na de
sexta-feira: todas as minhas manhãs estão livres ([9]). Sou etc.
31 de Maio de 1769.
SAM. JOHNSON.”
Voltei a Londres no Outono e, tendo informado a ele que eu iria me casar
dentro de alguns meses, manifestei o desejo de ter o máximo possível de
sua conversa, antes de me envolver em um estágio da vida que,
provavelmente, manter-me-ia mais na Escócia e me impediria de vê-lo tão
frequentemente quanto quando eu era solteiro; mas descobri que ele estava
em Brighthelmstone com o Sr. e a Sra. Thrale. Eu senti muito por não ter a
sua companhia no Jubileu em homenagem a Shakespeare, em Stratford-
upon-Avon, cidade natal do grande poeta ([10]). A conexão de Johnson tanto
com Shakespeare quanto com Garrick fundamentava uma dupla
reivindicação por sua presença; isso teria sido altamente gratificante para o
Sr. Garrick. Nessa ocasião lamentei particularmente que ele não tivesse
aquele calor da amizade por seu brilhante pupilo – que, podemos supor,
teria tido benéfico efeito sobre ambos. Quando quase todos os homens
eminentes no mundo literário estavam felizes por participar desse festival
de gênio, a ausência de Johnson não podia deixar de causar estupefação e
de ser lamentada. O único vestígio dele lá estava na bizarra propaganda de
um camiseiro, que vendia tiras shakespearianas de diferentes cores – e,
como maneira de ilustrar sua apropriação do bardo, introduziu uma linha do
célebre Prólogo na inauguração do teatro Drury Lane:
“Cada mudança da vida de muitas cores que ele desenhou.”
De Brighthelmstone, o Dr. Johnson escreveu-me a seguinte carta, que
aqueles que podem pensar que eu deveria ter suprimido, devem ter
sentimentos menos fervorosos do que eu sempre declarei. ([11])

“Para JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor
Por que me acusa de grosseria? Eu nada omiti que pudesse lhe fazer
bem, ou lhe dar prazer, a não ser que eu tenha evitado lhe dizer minha
opinião sobre sua Narrativa da Córsega. Eu acredito que minha opinião –
se considera bom o meu julgamento – poderia ter-te dado prazer; mas,
quando se considera quanta vaidade é despertada por elogios, não estou
certo de que ela lhe teria feito bem. Sua História é como outras histórias,
mas o Diário é, em um grau curioso e encantador, muito elevado. Existe,
entre a História e o Diário, aquela diferença que existirá sempre entre as
noções emprestadas de fora e as noções geradas de dentro. Sua História foi
copiada de livros; seu Diário surgiu de tua própria experiência e
observação. Você expressa imagens que operaram fortemente sobre ti
mesmo, e você as imprimiu com grande força sobre seus leitores. Não sei se
eu saberia nomear qualquer narrativa pela qual a curiosidade é mais bem
despertada, ou mais bem gratificada. Estou contente que você vai se casar;
e, como desejo tudo de bom em coisas de menor importância, lhe desejo
tudo de bom com ardor proporcional neste momento crucial de sua vida. O
que eu puder contribuir para sua felicidade, deverei estar muito pouco
disposto a negar, porque sempre lhe amei e valorizei; eu te amarei e
valorizarei ainda mais, à medida que você se transformar em alguém mais
regular e útil: efeitos que um casamento feliz dificilmente deixará de
produzir.
Não acho provável que eu vá retornar muito em breve deste lugar.
Talvez, eu fique mais duas semanas, e uma quinzena é muito tempo para
um amante ficar longe de sua amante. Será que uma quinzena nunca terá
um fim? Sou, caro Senhor, teu servo mais humilde e afeiçoado.
Brighthelmstone, 9 de setembro de 1769.
SAM. JOHNSON.”

Depois de seu retorno à cidade, nós nos encontramos com frequência, e


eu continuei a prática de tomar notas de suas conversas, embora não com
tanta assiduidade quanto eu gostaria de ter feito. Nessa época, na verdade,
eu tinha uma desculpa suficiente para não poder dedicar muito tempo ao
meu Diário; pois o General Paoli, depois de a Córsega ter sido dominada
pela monarquia da França, não estava mais à frente de seus bravos
compatriotas – escapou, mesmo com dificuldade de sua ilha natal e tinha
procurado asilo na Grã-Bretanha; era meu dever, assim como meu prazer,
estar bastante em sua companhia. Tais particularidades da conversa de
Johnson neste período que eu anotei, vou apresentá-las aqui, sem nenhuma
atenção estrita a um arranjo metódico. Às vezes, notas curtas de diferentes
dias serão agrupadas; outras vezes, um dia pode parecer importante o
suficiente para ser distinguido separadamente.
Ele disse que não guardaria o domingo com rígida severidade e
melancolia – e sim com gravidade e simplicidade de comportamento.
Eu lhe disse que David Hume tinha feito uma pequena coleção de
escocesismos ([12]). “Admira-me”, disse Johnson, “que ele tenha conseguido
descobri-los.”
Ele não admitiria a importância da questão relativa à legalidade dos
mandados genéricos. “Tal poder”, observou, “deve ser atribuído a todos os
governos, para responder a casos particulares de necessidade, e não pode
haver apenas reclamação justa, a não ser quando ele é abusado, pelo que
aqueles que administram o governo devem ser responsáveis. É um assunto
de tanta indiferença, um assunto sobre o qual as pessoas se preocupam tão
pouco que, se um homem fosse enviado à Grã-Bretanha para lhes oferecer
isenção desses mandados ao preço de meio centavo a peça, muito poucos o
comprariam.” Essa foi uma amostra daquela frouxidão de conversa, que o
ouvi reconhecer com honestidade; pois, certamente, enquanto se supunha
que o poder de conceder mandados genéricos fosse legal, e a apreensão
quanto a eles pairava sobre nossas cabeças, nós não possuiríamos aquela
segurança de liberdade, inerente à nossa feliz constituição – e que, graças
aos intrépidos esforços do Sr. Wilkes ([13]) fora felizmente estabelecida.
Ele disse: “A duração do mandato do Parlamento, se por sete anos ou
pela vida do Rei, parece-me tão insignificante que eu não daria meia coroa
para fazer pender o fiel da balança para um lado ou para o outro. O habeas
corpus é a única vantagem que o nosso governo tem sobre o de outros
países”.
No dia 30 de setembro, jantamos juntos no Mitre. Tentei argumentar em
favor da felicidade superior da vida selvagem, em relação aos habituais
tópicos fantasiosos. JOHNSON: “Senhor, não pode haver nada mais falso.
Os selvagens não têm vantagens corporais além daquelas dos homens
civilizados. Eles não têm melhor saúde e quanto a cuidado ou mal-estar
mental, eles não estão acima disso – e sim abaixo, como ursos. Não,
Senhor, não deveis enunciar tal paradoxo: poupai-me disso. Não consegue
entreter – e muito menos instruir. Lorde Monboddo, um dos vossos juízes
escoceses, falava muito de tal absurdo. Eu suportava esse disparate vindo
dele, mas não vou suportá-lo vindo de vós”. BOSWELL: “Mas, Senhor,
Rousseau não diz tanta bobagem?”. JOHNSON: “É verdade, Senhor; mas
Rousseau sabe que está falando bobagem, e ri do mundo por encará-lo com
olhos de espanto”. BOSWELL: “Como assim, senhor?”. JOHNSON: “Ora,
Senhor, um homem que fala bobagens tão bem deve saber que está falando
bobagem. Mas receio” (rindo e gargalhando) “que Monboddo não sabe que
está falando bobagem”. ([14]) BOSWELL: “É errado, então, Senhor, afetar
singularidade, a fim de fazer as pessoas olhar com espanto?”. JOHNSON:
“Sim, se fizerdes isso propagando o erro: e, na verdade, é errado de
qualquer forma. Não há na natureza humana uma tendência geral para fazer
as pessoas olhar; e todo homem sábio tem a si mesmo para se curar disso, e
de fato cura a si mesmo. Se quiser fazer as pessoas olhar, fazendo melhor
do que outros, ora, faça-os olhar até que fiquem com os olhos arregalados.
Mas considere como é fácil fazer as pessoas olhar por se mostrar absurdo.
Eu posso fazê-lo entrando em uma sala de visitas sem os sapatos. Você se
lembra do cavalheiro, em The Spectator, que recebeu diagnóstico de
loucura por sua extrema singularidade – como, por exemplo, nunca usar
uma peruca, mas uma touca de dormir. Agora, Senhor, abstratamente, a
touca de dormir era melhor; contudo, relativamente, a vantagem foi
desequilibrada por ele, com isso, fazer os meninos correr atrás dele”.
Falando da vida em Londres, ele disse: “A felicidade de Londres não
deve ser concebida a não ser por aqueles que estiveram nela. Atrevo-me a
dizer que há mais aprendizagem e ciência dentro do perímetro de 10 milhas
de onde estamos agora sentados, do que em todo o resto do reino”.
BOSWELL: “A única desvantagem é a grande distância em que as pessoas
vivem umas das outras”. JOHNSON: “Sim, Senhor; mas isso é ocasionado
pelo tamanho dela, o que é a causa de todas as outras vantagens”.
BOSWELL: “Às vezes eu ficava com o humor de querer retirar-me para um
deserto”. JOHNSON: “Senhor, vocês têm deserto suficiente na Escócia”.
Embora eu tivesse prometido a mim mesmo uma grande quantidade de
conversa instrutiva com ele sobre como proceder no estado matrimonial –
de que eu tinha então uma perspectiva próxima –, ele não falou muito sobre
aquele tópico. O Sr. Seward ouviu-o uma vez dizer que “o homem tem uma
péssima chance de felicidade nesse estado, a não ser que ele se case com
uma mulher de princípios muito fortes e fixos de religião”. Ele argumentou
comigo que, ao contrário da noção comum, uma mulher não seria pior
esposa por ser educada; em que, de tudo o que eu tenho observado de
Artemísias, eu humildemente diferi dele. Que uma mulher deva ser sensata
e bem informada, admito ser uma grande vantagem; e penso que Sir
Thomas Overbury ([15]), em sua grosseira versificação, apontou muito
judiciosamente que grau de inteligência é desejado em uma companheira
feminina:
“Dá-me, o bem que vem em seguida, uma esposa compreensiva,
Por natureza sábia, não educada por muita arte;
Algum conhecimento do lado dela a toda a minha vida
Muito mais alcance de conversa ajuntará;
Além disso, fortifica sua virtude inata;
Elas são mais firmemente boas, quando melhor sabem por que”.
Quando censurei um cavalheiro ([16]) meu conhecido por se casar uma
segunda vez, pois isso mostrava desprezo por sua primeira esposa, Johnson
disse: “De modo algum, Senhor. Pelo contrário, se ele não se casasse
novamente, poder-se-ia concluir que sua primeira esposa lhe havia dado
repulsa pelo casamento; todavia, ao tomar uma segunda esposa, ele faz o
maior elogio à primeira, mostrando que ela o fez tão feliz como homem
casado, que ele também deseja sê-lo uma segunda vez”. Tão engenhosa
reviravolta deu ele a esta questão delicada. E ainda assim, em outra ocasião,
ele admitiu que certa vez quase exigiu uma promessa da Sra. Johnson de
que ela não se casaria novamente, mas tinha-se controlado. Na verdade, não
posso deixar de pensar, que, em seu caso, o pedido teria sido irracional;
pois, se a Sra. Johnson esquecesse, ou pensasse não haver prejuízo à
memória do seu primeiro amor – o marido da sua juventude e pai de seus
filhos – ao contrair segundas núpcias, por que deveria ser impedida de partir
para um terceiro casamento, se a isso estivesse inclinada? Na perseverante
adoração de sua Tetty, mesmo depois de sua morte, ele parece ter-se
esquecido totalmente da reivindicação anterior do honesto comerciante de
Birmingham. Presumo que ela ter sido casada antes, às vezes, tivesse lhe
causado algum desconforto; pois eu me lembro de ele observar sobre o
casamento de um de nossos amigos comuns ([17]) “Ele fez uma coisa muito
tola, Senhor; ele se casou com uma viúva, quando ele poderia ter tido uma
donzela”.
Nós bebemos chá com a Sra. Williams. Eu tive no ano passado o prazer
de ver a Sra. Thrale na casa do Dr. Johnson uma manhã, e conversar com
ela o suficiente para admirar o seu talento, e para mostrar a ela que eu era
tão johnsoniano quanto ela mesma. O Dr. Johnson provavelmente tinha sido
gentil o suficiente para falar bem de mim, pois esta noite ele me entregou
um cartão muito educado do Sr. Thrale e dela, convidando-me para
Streatham.
Em 6 de Outubro, aceitei esse amável convite e encontrei, em uma
elegante casa de campo, a 6 milhas da cidade, todas as circunstâncias que
podem tornar a sociedade agradável. Johnson, embora bastante à vontade,
ainda era visto com amedrontada reverência, temperada pela afeição, e
parecia ser igualmente o centro das atenções de seu anfitrião e anfitriã. Eu
me alegrei ao vê-lo tão feliz.
Ele exercitou sua sagacidade contra a Escócia, com uma boa e bem
humorada brincadeira, que me deu, embora isso não represente dogmatismo
quanto a preconceitos nacionais, uma oportunidade para uma pequena
competição com ele. Eu disse que a Inglaterra nos devia obrigação por
jardineiros, pois quase todos os seus bons jardineiros eram escoceses.
JOHNSON: “Ora, Senhor, isso corre porque a jardinagem é muito mais
necessária entre vós do que entre nós, o que faz com que muitos de seu
povo aprendam. É tudo jardinagem convosco. As coisas que, aqui, crescem
na natureza, precisam ser cultivadas com muito cuidado na Escócia. E diga-
nos agora “(atirando-se para trás na cadeira, e rindo) “que você já capaz
alguma vez de levar a ameixeira brava à perfeição?”.
Eu me gabei de que tivemos a honra de sermos os primeiros a abolir o
costume hostil, incômodo e desagradável de dar gratuidades em pagamento
aos criados. JOHNSON: “Senhor, vocês aboliram o pagamento em
gratuidades, porque são pobres demais para ser capazes de lhas dar”.
A Sra. Thrale discutiu com ele o mérito de Prior. Johnson o atacou
poderosamente; disse que Prior escrevia sobre o amor como um homem que
nunca o tinha sentido: seus versos de amor eram versos universitários; e ele
repetia a canção “Alexis afastou-se seus companheiros cisnes” etc. de forma
tão ridícula, de modo a nos levar a nos perguntarmos todos como alguém
poderia ter ficado satisfeito com tal coisa fantástica. A Sra. Thrale manteve
sua posição com grande bravura, em defesa de cantigas amorosas – que
Johnson desprezava – até que ele finalmente a silenciou, dizendo: “Minha
querida Senhora, não fale mais disso. Um disparate só pode ser defendido
com um disparate”.
A Sra. Thrale então elogiou o talento de Garrick para a poesia alegre
ligeira; e, como exemplo, repetiu sua canção em Florizel e Perdita – e
insistiu com prazer peculiar a respeito deste verso:
“Eu sorriria com o simples, e comeria com o pobre”.
JOHNSON: “Não, minha querida Senhora, isso nunca aconteceria. Pobre
David! Sorrir com o simples! Que loucura é essa? E quem comeria com o
pobre se pudesse evitar? Não, não; deixai-me sorrir com o sábio, e comer
com o rico”. Repeti esta tirada a Garrick, e imaginei como fazer com que
sua sensibilidade como escritor não ficasse nem um pouco irritada com
isso. Para acalmá-lo, observei que Johnson não poupava nenhum de nós; e
citei a passagem de Horácio na qual ele compara alguém que ataca os seus
amigos para conseguir um riso a um boi de carga, que é marcado por um
monte de feno colocado sobre os seus chifres: “foenum habet in cornu”.
“Sim”, disse Garrick com veemência, “ele tem todo um monte disso”.
Falando de História, Johnson disse: “Podemos saber que fatos históricos
são verdadeiros, como podemos saber que fatos da vida comum são
verdadeiros. Os motivos são geralmente desconhecidos. Não podemos
confiar nas personagens que encontramos na História, a não ser quando eles
são criados por aqueles que conheceram as pessoas; tais como aqueles
criados, por exemplo, por Salústio e por Lorde Clarendon”.
Ele não se dispunha a creditar muito mérito à oratória de Whitefield. “A
popularidade dele, Senhor”, disse Johnson, “é principalmente devida à
peculiaridade de suas maneiras. Ele seria seguido por multidões caso
vestisse uma touca de dormir no púlpito, ou se fosse pregar de cima de uma
árvore.”
Não sei a partir de qual espírito de contradição ele explodiu em violenta
peroração contra os corsos, de cujo heroísmo eu falava em termos elevados.
“Senhor”, disse ele, “o que é todo esse alvoroço em torno dos corsos? Eles
têm estado em guerra com os genoveses por mais de 20 anos e ainda não
tomaram suas cidades fortificadas. Eles poderiam ter derrubado suas
muralhas, e as reduzido a pó em 20 anos. Eles poderiam ter reduzido suas
muralhas a pedaços e rachado as pedras com seus dentes em 20 anos.” Foi
em vão discutir com Johnson sobre a falta de artilharia: não havia como
resistir a ele no momento.
Na noite de 10 de outubro, apresentei o Dr. Johnson ao General Paoli. Eu
havia muito desejado que aqueles dois homens, por quem tinha a mais alta
estima, deveriam se reunir. Eles se reuniram com uma facilidade viril,
mutuamente conscientes de suas próprias habilidades, e das habilidades um
do outro. O General falava italiano, e o Dr. Johnson, inglês, e
compreendiam um ao outro muito bem, com uma pequena ajuda minha na
interpretação, na qual me comparei a um istmo que une dois grandes
continentes. Quando Johnson se aproximou, o General disse: Pelo que eu li
de suas obras, Senhor, e pelo que o Sr. Boswell me falou de você, eu há
muito tempo lhe tenho grande veneração”. O General falou de línguas
sendo formadas com base em noções particulares e costumes de um povo,
sem saber os quais não conseguimos conhecer o idioma. Podemos saber o
significado direto de palavras isoladas; contudo, por estas nenhuma beleza
de expressão, nenhuma tirada de gênio, nenhuma sagacidade é transmitida
ao espírito. Tudo isso deve ser por alusão a outras ideias. “Senhor”, disse
Johnson, “você fala de linguagem, como se nunca tivesse feito nenhuma
outra coisa a não ser estudá-la, em vez de governar uma nação”. O General
disse: “Questo è un troppo gran complimento” – “Este é um elogio grande
demais”. Johnson respondeu: “Eu teria pensado assim, Senhor, se eu não
vos tivesse ouvido falar”. O General perguntou-lhe o que ele achava do
espírito de infidelidade que era tão prevalente. JOHNSON: “Senhor, esta
treva de infidelidade, eu espero, é apenas uma nuvem passageira que passa
pelo hemisfério, que em breve será dissipada, e o Sol romperá com seu
resplendor habitual”. “Você acha, então”, disse o General, : que eles
trocarão de princípios como trocam de roupa.” JOHNSON: “Ora, Senhor, se
eles não dedicam mais pensamento a princípios do que a roupas, deve ser
assim”. O general disse que “grande parte da infidelidade que está na moda
devia-se a um desejo de mostrar coragem. Homens que não têm
oportunidades de mostrá-la quanto às coisas nesta vida tomam a morte e a
vida além-túmulo como objetos sobre os quais exibi-la”. JOHNSON: “Essa
é uma poderosa e tola afetação. O medo é uma das paixões da natureza
humana – e do qual é impossível se desfazer. Você deve se lembrar que o
Imperador Carlos V, quando leu sobre a lápide de um nobre espanhol ‘Aqui
jaz aquele que nunca soube o que é o medo’, espirituosamente disse: 'Então,
ele nunca apagou uma vela com os dedos’”.
Ele falou algumas palavras em francês ao General; mas achando que não
o fazia com facilidade, pediu caneta, tinta e papel – e escreveu a seguinte
nota:
“J'ai lu dans la geographie de Lucas de Linda un Pater-Noster écrit
dans une langue tout à fait-differente de l'Italienne, et de toutes autres
lesquelles se derivent du Latin. L'auteur l'appelle linguam Corsicæ
rusticam; elle a peut-être passé, peu à peu; mais elle a certainement
prevalue autrefois dans les montagnes et dans la campagne. Le même
auteur dit la même chose en parlant de Sardaigne: qu'il ya deux langues
dans l'Isle, une des villes, l'autre de la campagne”.
“Li na geografia de Lucas de Linda um Padre-Nosso escrito em uma
língua totalmente diferente da italiana e de todas as outras que derivam do
Latim. O autor a chama linguam Corsicæ rusticam (língua rústica da
Córsega); pode ser que ela já tenha desaparecido; mas ela certamente
prevaleceu outrora nas montanhas e na zona rural. O mesmo autor diz a
mesma coisa quando fala da Sardenha: que há duas línguas na Ilha, uma das
aldeias e outra do campo”.
O General imediatamente o informou que a língua rústica existia apenas
na Sardenha.
O Dr. Johnson foi para casa comigo e bebeu chá até tarde da noite. Ele
disse que “o General Paoli tinha o porte mais imponente do que o de
qualquer homem que ele já tinha visto”. Johnson negava que os militares
fossem sempre os homens mais bem criados. “Boa e perfeita criação,” ele
observou, “consiste em não ter nenhuma marca específica de qualquer
profissão, mas uma elegância geral de maneiras; ao passo que, em um
militar, você pode geralmente distinguir a marca de um soldado, l'homme
d'épée.”
O Dr. Johnson esquivou-se esta noite a qualquer discussão sobre a
confusa questão do destino e do livre arbítrio, que eu tentei estimular.
“Senhor”, disse ele, sabemos que a nossa vontade é livre, e que há um fim
para ela.”
Ele honrou-me com sua companhia ao jantar no dia 16 de outubro, em
meus aposentos na Old Bond Street, com Sir Joshua Reynolds, o Sr.
Garrick, o Dr. Goldsmith, o Sr. Murphy, o Sr. Bickerstaff e o Sr. Thomas
Davies.
Garrick brincou em volta dele com carinhosa vivacidade, tomando as
lapelas de seu casaco e, olhando em seu rosto com animada malícia,
cumprimentou-o pela boa saúde que ele parecia então desfrutar; enquanto o
sábio, balançando a cabeça, olhava-o com gentil complacência. Como um
dos convivas ([18]) não havia chegado na hora marcada, eu propus, como de
costume em tais ocasiões, ordenar que o jantar fosse servido,
acrescentando: “Deveriam seis pessoas ficar à espera de uma?”. “Ora, sim”,
respondeu Johnson, com delicada humanidade, “se uma sofrerá mais por
vós vos sentardes, então as seis o farão por esperar.” Goldsmith, para aliviar
com diversão os minutos tediosos, andava de um lado para o outro,
gabando-se de suas roupas, e eu acredito que era séria essa vaidade dele,
pois sua mente era maravilhosamente propensa a tais impressões.
“Ora, ora”, disse Garrick, “não falemos mais disso. Vós sois, talvez, o
pior, eh, eh” – Goldsmith tentando ansiosamente interrompê-lo, quando
Garrick continuou, rindo ironicamente: “Não, você sempre PARECERÁ um
cavalheiro! Mas eu estou falando de ser bem ou MAL VESTIDO”. “Bem,
deixe-me dizer-lhe”, falou Goldsmith, “quando meu alfaiate me trouxe o
meu casaco cor de flor, ele disse: ‘Senhor, tenho um favor a vos implorar.
Quando qualquer pessoa vos perguntar quem fez vossas roupas, por favor,
mencionai John Filby, no Harrow, em Water-lane.’” JOHNSON: “Ora,
Senhor, isso porque ele sabia que a cor estranha atrairia a atenção de
multidões que o olhariam e, assim, eles poderiam ouvir falar dele e ver
quão bem ele sabia fazer um casaco, mesmo de uma cor tão absurda”.
Depois do jantar, nossa conversação voltou-se primeiro para Pope.
Johnson disse que seus personagens homens eram admiravelmente
desenhados, e os das mulheres, não tão bem. Ele repetiu para nós, em sua
forma energicamente melodiosa, as linhas finais da sátira em versos de
Pope, Dunciad ou A tropa de burros. Enquanto ele falava alto em louvor a
essas linhas, um dos convivas ([19]) aventurou-se a dizer: “Fino demais para
um tal poema – um poema sobre o quê?”. JOHNSON (com um olhar de
desdém): “Ora, sobre burros. Valia a pena ser burro então. Ah, Senhor, se
tivesse vivido naqueles dias! Não vale a pena ser burro agora, quando não
há sábios”. Bickerstaff observou, como peculiar circunstância, que a fama
de Pope era maior quando ele estava vivo do que ela era então. Johnson
disse que suas Pastorais eram coisas ruins, embora a versificação fosse boa.
Ele nos contou, com grande satisfação a anedota de Pope perguntar quem
era o autor de Londres (o poema de Johnson publicado pela primeira vez
anonimamente) e dizer que este seria em breve déterré. Ele observou que na
poesia de Dryden havia passagens extraídas de uma profundidade que Pope
nunca conseguiria alcançar. Ele repetiu algumas belas linhas sobre o amor,
de autoria de Dryden (que eu agora esqueci), e deu grande aplauso a seu
personagem Zimri. Goldsmith falou que o personagem Addison, de Pope,
mostrava profundo conhecimento do coração humano. Johnson disse que a
descrição do templo, em The mourning bride (A noiva de luto, tragédia de
William Congreve, 1697), era a melhor passagem poética que ele jamais
tinha lido; ele não se recordava de nenhuma em Shakespeare igual a ela.
“Mas”, disse Garrick – todo alarmado com o “deus de sua idolatria” – “não
sabemos a extensão e a variedade de seus poderes. Devemos supor que
existam tais passagens em suas obras. Shakespeare não deve sofrer por
causa da ruindade de nossas memórias.” Johnson, distraído por esse
entusiástico ciúme, continuou com ainda maior ardor: “Não, senhor;
Congreve tem natureza”, sorrindo diante da trágica ansiedade de Garrick;
porém, compondo-se, acrescentou: “Senhor, isto não é comparar Congreve,
como um todo, a Shakespeare, como um todo; mas apenas afirmar que
Congreve tem uma passagem melhor do que qualquer uma que possa ser
encontrada em Shakespeare. Senhor, um homem pode não ter mais que 10
guinéus no mundo, mas ele pode ter esses 10 guinéus em uma única peça; e
assim pode ter uma peça mais fina do que um homem que tem £ 10.000;
então, ele tem apenas uma peça de 10 guinéus. O que quero dizer é que
você não pode mostrar-me nenhuma passagem na qual exista simplesmente
uma descrição de objetos materiais, sem mistura alguma de noções morais,
que produza esse efeito”. O Sr. Murphy mencionou a descrição de
Shakespeare da noite anterior à batalha de Agincourt; porém – observou-se
–, havia homens nela. O Sr. Davies sugeriu a fala de Julieta, em que ela
imagina-se despertando no túmulo de seus antepassados.
Alguém mencionou a descrição do Rochedo de Dover feita por
Shakespeare em Rei Lear. JOHNSON: “Não, Senhor; isso deveria ser tudo
precipício – tudo vácuo. Os corvos impedem nossa queda. A aparência
diminuída dos barcos e outras circunstâncias são todas muito boas
descrições; mas não impressionam a mente imediatamente com a horrível
ideia de imensa altura. A impressão é dividida; passamos, por cálculo, de
um estágio do enorme espaço a outro. Tivesse a garota em A noiva de luto
dito que ela não conseguiria lançar seu sapato até o topo de um dos pilares
do templo, isso não haveria ajudado a ideia, e sim tê-la-ia enfraquecido”.
Falando de um advogado que tinha má elocução, alguém ([20]) (para
provocar Johnson,) maldosamente disse que ele fora desafortunado por não
ter aprendido oratória com Sheridan. JOHNSON: “Não, senhor, se ele
tivesse sido ensinado por Sheridan, ele teria fugido da sala de aula”.
GARRICK: “Sheridan é vaidoso demais para ser um bom homem”. Vamos
agora ver o modo de defender um homem de Johnson; tomando-o em suas
próprias mãos – e com discriminação. JOHNSON: “Não, Senhor. Há, com
certeza, em Sheridan, algo a repreender, e tudo de risível; mas, Senhor, ele
não é um homem mau. Não, Senhor; se a humanidade devesse ser dividida
entre bons e maus, ele estaria consideravelmente dentro das fileiras dos
bons. E, Senhor, deve-se admitir que Sheridan notabiliza-se em declamação
simples, embora ele não seja capaz de representar nenhuma personagem”.
Eu deveria, talvez, ter suprimido este circunlóquio a respeito de uma
pessoa de cujo mérito e valor eu penso com respeito, não tivesse ele atacado
Johnson de forma tão ultrajante em seu Life of Swift (Vida de Swift), e, ao
mesmo tempo, tratado a nós, seus admiradores, como um conjunto de
pigmeus. Aquele que provocou o chicote da jocosidade não tem como
reclamar da dor provocada por ele.
A Sra. Montagu, dama notável por ter escrito um Ensaio sobre
Shakespeare, foi mencionada. REYNOLDS: “Acho que aquele ensaio a
honra”. JOHNSON: “Sim, Senhor; ele a honra, mas honraria a mais
ninguém. Eu, na verdade, não o li inteiro. Mas quando eu pego o fim de
uma teia e a encontro emaranhada, não espero que, ao olhar mais longe,
encontre bordados. Senhor, arrisco dizer, não há uma frase de verdadeira
crítica no livro dela”. GARRICK: “Mas, Senhor, certamente isso mostra o
quanto Voltaire equivocou-se em relação a Shakespeare – o que ninguém
mais fez”. JOHNSON: “Senhor, ninguém pensou que valesse a pena. E que
mérito há nisso? Você pode igualmente elogiar um professor por bater em
um menino que tenha feito alguma má interpretação. Não, Senhor, não
existe nenhuma crítica real nisso: nenhuma que mostre a beleza do
pensamento, conforme ela é articulada sobre o funcionamento do coração
humano”.
Os admiradores deste Ensaio ([21]) talvez fiquem ofendidos com a
maneira depreciativa com que Johnson falou dele; mas lembremo-nos que
ele deu sua honesta opinião não eivada de nenhum preconceito ou algum
orgulhoso ciúme pelo fato de uma mulher intrometer-se na cadeira de
crítica; pois Sir Joshua Reynolds disse-me que, quando o Ensaio saiu pela
primeira vez, e não se sabia quem o tinha escrito, Johnson admirou-se como
Sir Joshua poderia gostar dele. Nessa época, o próprio Sir Joshua não tinha
recebido informação alguma sobre o autor – salvo ter-lhe sido assegurado
por um dos nossos mais eminentes literatos ([22]) que estava claro que seu
autor não conhecia as tragédias gregas no original. Um dia, à mesa de Sir
Joshua, quando foi relatado que a Sra. Montagu, num excesso de elogio ao
autor ([23]) de uma tragédia moderna, tinha exclamado “Estremeço por
Shakespeare”, Johnson disse: “Quando Shakespeare tem____ como seu
rival, e a Sra. Montagu como sua defensora, ele está realmente em má
situação”.
Johnson prosseguiu: “O escocês ([24]) adotou o método correto em seu
Elements of criticism (Elementos de crítica). Não quero dizer que ele tenha
nos ensinado alguma coisa; mas ele nos contou coisas antigas de uma nova
maneira”. MURPHY: “Ele parece ter lido muita crítica francesa, e quer
torná-la a sua própria; como se tivesse passado anos anatomizando o
coração do homem, e espreitando em cada fenda dele”. GOLDSMITH: “É
mais fácil escrever este livro do que lê-lo”. JOHNSON: “Temos um
exemplo de verdadeira crítica no Essay on the sublime and beautiful
(Ensaio sobre o sublime e o belo) de Burke; e, se bem me lembro, há
também Du Bos; e Bouhours, que mostram que toda beleza depende da
verdade. Não há grande mérito em dizer quantas peças têm fantasmas nelas,
e por que este fantasma é melhor que aquele outro. É preciso mostrar como
o terror é gravado no coração humano. Na descrição da noite em Macbeth,
o besouro e o morcego desvirtuam a ideia geral de escuridão – espessas
trevas.
Ante menção à política, disse ele: “Essa prática de peticionar é um novo
modo de governo angustiante – e fácil demais. Esforçar-me-ei para obter
petições contra quartos de guinéu ou contra meios guinéus, com a ajuda de
um pouco de vinho quente. Não deve haver nenhuma submissão para
encorajar isso. O objeto não é suficientemente importante. Nós não
devemos explodir meia dúzia de palácios só porque uma cabana está em
chamas”.
A conversa então tomou outro rumo. JOHNSON: “É impressionante o
que a ignorância de certos pontos, por vezes, encontra-se em homens
eminentes. Um esperto ([25]) na cidade, que escrevia versos latinos picantes,
perguntou-me como aconteceu que Inglaterra e Escócia, que já tinham sido
dois reinos, eram agora um – e Sir Fletcher Norton parecia não saber que
havia tais publicações como as Reviews publicações voltadas à crítica
histórica, social, política, literária”.
“A Balada de Hardyknute não tem grande mérito, se é que ela é
realmente antiga. As pessoas falam de natureza. Mas a mera natureza óbvia
pode ser exibida com muito pouco poder da mente.”
Na quinta-feira, 19 de outubro, passei o começo da noite com ele em sua
casa. Ele aconselhou-me a compilar um dicionário de palavras peculiares da
Escócia, das quais mostrei-lhe um exemplo. “Senhor”, disse ele, “Ray fez
uma coleção de palavras do norte do país. Ao coletar as do vosso país,
fareis algo útil para a história do idioma.” Ele instou-me também a
continuar com as coleções que eu estava fazendo sobre as antiguidades da
Escócia. “Faça um grande livro; um fólio.” BOSWELL: “Mas de que
utilidade terá ele, Senhor?”. JOHNSON: “Não importa o uso; faça-o”.
Queixei-me que ele não tinha mencionado Garrick em seu Prefácio ao
Shakespeare; e perguntei-lhe se ele não o admirava. JOHNSON: “Sim,
‘como um ator pobre, que choraminga e se pavoneia em sua hora no
palco’– como uma sombra”. BOSWELL: “Mas ele não trouxe Shakespeare
à notoriedade?”. JOHNSON: “Senhor, admitir isso seria satirizar a época.
Muitas das peças de Shakespeare são as piores para ser representadas:
Macbeth, por exemplo”. BOSWELL: “O quê? Senhor, nada se ganha por
decoração e ação? Na verdade, eu realmente gostaria que tivesse
mencionado Garrick”. JOHNSON: “Meu caro Senhor, se eu o tivesse
mencionado, deveria ter mencionado muitos mais: a Sra. Pritchard, a Sra.
Cibber – ou melhor, o Sr. Cibber também; ele igualmente alterou
Shakespeare”. BOSWELL: “Você leu o pedido dele de desculpas, senhor?”.
JOHNSON: “Sim, é muito divertido. Mas, quanto ao próprio Cibber,
tirando de sua conversa tudo o que ele não deveria ter dito, era uma pobre
criatura. Lembro-me de quando ele me trouxe uma de suas Odes para ter a
minha opinião sobre ela; eu não consegui suportar tal absurdo, e não iria
deixá-lo lê-la até o fim – tão pouco respeito eu tinha por esse grande
homem!” (rindo). “Ainda assim, eu me lembro de Richardson imaginando
que eu poderia tratá-lo com familiaridade”.
Mencionei a ele que eu tinha visto a execução de vários condenados em
Tyburn, dois dias antes, e que nenhum deles parecia estar sob preocupação
alguma. JOHNSON: “A maioria deles, Senhor, simplesmente nunca
pensou”. BOSWELL: “Mas não é o medo da morte natural ao homem?”.
JOHNSON: “Tanto é assim, Senhor, que toda a vida não passa de manter
longe os pensamentos a respeito dela”. Ele, então, em um tom baixo e sério,
falou de sua meditação sobre a tenebrosa hora de sua própria dissolução, e
de que maneira ele deveria conduzir-se naquela ocasião. “Não sei”, disse
ele, “se eu deveria desejar ter um amigo ao meu lado – ou enfrentar tudo
entre Deus e eu mesmo.”
Ao falar de nosso sentimento pelas angústias dos outros, JOHNSON
comentou: “Ora, Senhor, há muito barulho feito sobre isso, mas é muito
exagerado. Não, Senhor, temos certo grau de sentimento para nos levar a
fazer o bem: mais do que isso, a Providência não pretende. Seria miséria
sem propósito”. BOSWELL: “Mas suponha agora, Senhor, que um de seus
amigos íntimos fosse preso por um delito pelo qual ele poderia ser
enforcado”. JOHNSON: “Eu deveria fazer o que fosse possível para livrá-
lo, e dar-lhe qualquer outro tipo de assistência; mas, se fosse enforcado
justamente, eu não deveria sofrer”. BOSWELL: “E você comeria seu jantar
naquele dia, Senhor?”. JOHNSON: “Sim, Senhor; e o comeria como se ele
estivesse comendo comigo. Ora, há o Baretti, que está para ser julgado por
sua vida amanhã, amigos se levantaram por ele por todos os lados; ainda
assim, se ele for enforcado, nenhum deles comerá uma fatia de pudim de
ameixa a menos. Senhor, aquele sentimento de simpatia de certa forma
tende a deprimir o espírito”.
Eu contei a ele que tinha jantado recentemente na casa de Foote, que
mostrou-me uma carta que tinha recebido de Tom Davies, dizendo-lhe que
não tinha conseguido dormir por causa da preocupação que sentia por conta
desse “triste caso de Baretti”, implorando-lhe tentar, se estivesse a seu
alcance, sugerir qualquer coisa que pudesse ser útil; e, ao mesmo tempo,
recomendando a ele um jovem trabalhador que cuidava de uma loja de
picles. JOHNSON: “Sim, Senhor, aqui tendes uma amostra de solidariedade
humana: um amigo enforcado e uma conserva de pepino. Nós não sabemos
se Baretti ou o homem dos picles impediram Davies de dormir; nem se
conhece a si mesmo. E, quanto à sua insônia, Senhor: Tom Davies é um
grande homem; Tom tem estado no palco – e sabe como fazer essas coisas.
Eu não estive no palco – e não sei fazer essas coisas”. BOSWELL: “Eu
muitas vezes tenho me culpado, Senhor, por não me sentir pelos outros tão
sensatamente quanto muitos dizem sentir”. JOHNSON: “Senhor, não seja
mais enganado por eles. Descobrirá que essas pessoas muito sentimentais
não estão muito dispostas a te fazer bem. Elas te pagam com sentimento”.
BOSWELL: “Foote tem uma grande dose de humor?”. JOHNSON:
“Sim, senhor”. BOSWELL: “Ele tem um talento singular para mostrar
caráter”. JOHNSON: “Senhor, não é um talento; é um vício; é o que os
outros se abstêm de fazer. Não é comédia, que apresenta o caráter de uma
espécie – como o de um avarento, coletado a partir de muitos avarentos: é
farsa, que exibe indivíduos”. BOSWELL: “Ele não pensou em vos expor,
Senhor?” JOHNSON: “Senhor, o medo o impediu; ele sabia que eu ter-lhe-
ia quebrado os ossos. Eu ter-lhe-ia evitado a aflição de cortar fora uma
perna: eu não ter-lhe-ia deixado uma perna para ser cortada”. BOSWELL:
“Por favor, diga-me, Senhor, não é Foote um infiel?”. JOHNSON: “Não sei,
Senhor, se o sujeito é um infiel; mas se ele for um infiel, ele será um infiel
como um cão é um infiel; ou seja, ele nunca pensou sobre o assunto” ([26]).
BOSWELL: “Suponho, Senhor, que ele tenha pensado superficialmente, e
tenha captado as primeiras noções que ocorreram à sua mente”. JOHNSON:
“Ora, então, Senhor, ainda assim, ele é como um cão que arrebata a peça ao
lado dele. Nunca observastes que os cães não têm o poder de comparar?
Um cão tomará um pequeno pedaço de carne tão prontamente quanto um
grande, quando ambos estão diante dele”.
“Buchanan”, ele observou, “tem menos centos ([27]) do que qualquer
poeta latino moderno. Ele não só tinha grande conhecimento da língua
latina, mas foi um grande gênio poético. Ambos os Scaligers ([28]) o
elogiam.”
Mais uma vez, ele falou da passagem em Congreve com elevados
louvores e disse: “Shakespeare nunca tem seis linhas juntas sem um erro.
Talvez possamos encontrar sete, mas isso não refuta minha afirmação geral.
Se chego a um pomar e falo ‘não há frutas aqui’, e depois vem um cigano
que encontra duas maçãs e três peras, e me diz: ‘Senhor, estais enganado,
encontrei tanto maçãs quanto peras’, eu deveria rir dele – a que propósito
isso serviria?”.
BOSWELL: “O que você pensa de Night thoughts (Pensamentos
noturnos) do Dr. Young, Senhor?” JOHNSON: “Ora, Senhor, há coisas
muito boas neles”. BOSWELL: “Não há menos religião no país agora,
Senhor, do que havia antigamente?”. JOHNSON: “Não sei, Senhor, se não
há”. BOSWELL: “Por exemplo, costumava haver um capelão em toda
grande família, o que não encontramos agora”. JOHNSON: “Nem se
encontram muitos serviçais finos que as grandes famílias costumavam ter
anteriormente. Há uma mudança de modos em todos os departamentos da
vida”.
No dia seguinte, 20 de outubro, ele apareceu – pela única vez, eu
suponho, em sua vida – como testemunha em um Tribunal de Justiça, sendo
chamado a depor sobre o caráter do Sr. Baretti – que, tendo esfaqueado um
homem na rua, foi indiciado no tribunal de Old Bailey por assassinato.
Nunca tal constelação de gênio iluminou a horrível sala de sessões
enfaticamente chamada Palácio da Justiça; o Sr. Burke, o Sr. Garrick, o Sr.
Beauclerk e o Dr. Samuel Johnson: e, sem dúvida, o seu testemunho
favorável teve o devido peso junto ao tribunal e ao júri. Johnson deu seu
depoimento de forma lenta, deliberada e distinta, que era
extraordinariamente impressionante. É bem sabido que o Sr. Baretti foi
absolvido.
No dia 26 de outubro, jantamos juntos na taberna Mitre. Eu achava
errado Foote usar seu talento para o ridículo às custas de seus visitantes – o
que eu coloquialmente chamava de fazer seus convivas de tolos.
JOHNSON: “Ora que, Senhor, quando for ver Foote, não vai ver um santo:
verá um homem que será acolhido em sua casa para, em seguida, lhe expor
em um palco público; que lhe acolherá em sua casa, com o propósito de lhe
expor em um palco público. Senhor, ele não faz seus convivas de tolos;
aqueles que ele expõe já são tolos: ele só os coloca em ação”.
Falando de comércio, ele observou: “É uma noção equivocada que uma
vasta quantidade de dinheiro é trazida para uma nação pelo comércio. Não é
bem assim. Mercadorias vêm de mercadorias: mas o comércio não produz
acréscimo de capital da riqueza. Entretanto, embora haja pouco lucro em
dinheiro, há um lucro considerável em prazer, uma vez que dá a uma nação
as produções de outra; assim como temos vinhos e frutas, e muitos outros
artigos estrangeiros, trazidos a nós”. BOSWELL: “Sim, Senhor, e há um
lucro em prazer, pelo fato de o comércio fornecer ocupação a tais
quantidades de pessoas”. JOHNSON: “Ora, Senhor, não se pode chamar de
prazer aquilo a que todos são avessos, e que ninguém começa, a não ser
com a esperança de deixar de fora; uma coisa que os homens não gostam
antes de ter experimentado, e não gostam mesmo quando já
experimentaram”. BOSWELL: “Mas, Senhor, a mente precisa ser
empregada, e ficamos cansados quando ociosos”. JOHNSON: “Isto
acontece, Senhor, porque, estando outros ocupados, queremos companhia;
contudo, se estivéssemos todos ociosos, não haveria como ficarmos
cansados; todos nós entreter-nos-íamos uns aos outros. Há, de fato, isso no
comércio: ele dá aos homens a oportunidade de melhorar sua situação. Se
não houvesse o comércio, muitos que são pobres seriam sempre pobres.
Mas nenhum homem ama o trabalho em si”. BOSWELL: “Sim, Senhor, eu
conheço uma pessoa que é assim. Ele é um juiz muito trabalhador ([29]) – e
ele adora o trabalho”. JOHNSON: “Senhor, isso é porque ele ama o respeito
e a distinção. Se ele os pudesse ter sem trabalho, iria gostar dele menos”.
BOSWELL: “Ele me diz que gosta dele por si mesmo”. JOHNSON: “Ora,
Senhor, ele imagina que sim, porque ele não está acostumado a abstrair”.
Nós fomos para a casa dele tomar chá. A Sra. Williams o fazia com
destreza suficiente, apesar de sua cegueira, embora sua forma de satisfazer a
si mesma que os copos estivessem cheios o suficiente parecesse-me um
pouco estranha; pois eu percebi que ela colocava o dedo de certa maneira,
até sentir que o chá o tocava ([30]). Na minha primeira exaltação por ter tido
o privilégio de comparecer à casa do Dr. Johnson em suas visitas tardias a
esta senhora – que era como estar è secretioribus consiliis (em secreto
conselho) –, eu de bom grado bebia xícara após xícara, como se fosse a
fonte heliconiana. Mas, à medida que o encanto da novidade se desvaneceu,
eu fiquei mais exigente; e, além disso, descobri que ela tinha um
temperamento rabugento.
Havia um círculo bastante grande esta noite. O Dr. Johnson estava em
muito bom humor, alegre e disposto a falar sobre todos os assuntos. O Sr.
Fergusson, o filósofo autodidata, contou-lhe sobre uma máquina recém-
inventada que andava sem cavalos: um homem que se sentava nela girava
uma manivela, que atuava sobre uma mola que a dirigia à frente. “Então,
Senhor”, disse Johnson, “o que se ganha é: o homem tem sua escolha se vai
deslocar-se sozinho, ou a si mesmo e também a máquina.” Dominicetti
sendo mencionado, Johnson não se dispôs a admitir-lhe mérito algum: “Não
há nada em todo esse alardeado sistema. Não, senhor; banhos medicinais
não podem ser melhores do que água quente: seu único efeito pode ser o de
morna umidade”. “Um dos convivas ([31]) tomou o outro lado, sustentando
que os medicamentos de vários tipos – e alguns também do mais poderoso
efeito – são introduzidos no corpo humano por meio dos poros; e, por
conseguinte, quando a água quente está impregnada com substâncias
saudáveis, pode produzir grandes efeitos como um banho. Isso pareceu-me
muito satisfatório. Johnson não respondeu a isso; mas falando para ganhar,
e determinado a ser o dono do campo, ele recorreu ao estratagema que
Goldsmith lhe imputava, nas palavras espirituosas de uma das comédias de
Cibber: : Não há argumentação com Johnson; pois quando a pistola nega
fogo, ele lhe derruba com a coronha da mesma.” Ele se virou para o
cavalheiro: “Bem, Senhor, vá até o Dominicetti e faça com você seja
fumigado; mas não se esqueça que o vapor deve ser direcionado para a tua
cabeça, porque essa é a parte pecadora”. Isso produziu um rugido
triunfante de riso do conjunto heterogêneo de filósofos, impressores e
dependentes, masculinos e femininos.
Não sei como veio-me à mente pensamento tão extravagante, mas
perguntei: “Se, Senhor, você estivesse trancado em um castelo, e um recém-
nascido convosco, o que você faria?”. JOHNSON: “Ora, Senhor, eu não
gostaria muito da minha companhia”. BOSWELL: “Mas você se daria o
trabalho de criá-lo?”. Ele pareceu, como bem se pode supor, sem vontade de
prosseguir com o assunto. Mas, diante de minha perseverança em minha
pergunta, respondeu: “Ora sim, Senhor, eu o faria; mas eu deveria ter todas
as conveniências. Se eu não tivesse jardim, faria um galpão no telhado, e
levá-lo-ia lá em busca de ar fresco. Eu o alimentaria e o lavaria muito – e
com água morna para agradar-lhe, e não com água fria para dar-lhe dor”.
BOSWELL: : Mas, Senhor, o calor não relaxa?”. JOHNSON: “Senhor, não
deve imaginar que a água tenha de ser muito quente. Eu não cozinharia a
criança. Não, Senhor, o método robusto de tratamento de crianças não faz
bem. Levarei a você cinco crianças de Londres, que esbofetearão cinco
crianças das Terras Altas. Senhor, um homem criado em Londres carregará
um fardo, ou correrá, ou lutará, tão bem quanto um homem educado na
maneira mais rude no campo”. BOSWELL: “Boa vida, eu suponho, torna
os londrinos fortes”. JOHNSON: “Ora, Senhor, eu não sei se ela o faz.
Nossos Chairmen da Irlanda, que são homens tão fortes quanto quaisquer
outros, foram criados com batatas. A quantidade compensa a qualidade”.
BOSWELL: “Você ensinaria qualquer coisa a essa criança que eu lhe
providenciei?”. JOHNSON: “Não, eu não seria apto a ensinar isso”.
BOSWELL: Você não teria prazer em ensiná-la?” JOHNSON: “Não,
Senhor, eu não teria prazer em ensiná-la”. BOSWELL: “Você não tem
prazer em ensinar os homens? Agora eu te embaracei. Você tem o mesmo
prazer em ensinar os homens que eu teria em ensinar as crianças”.
JOHNSON: “Bem, alguma coisa assim”.
BOSWELL: “Você acha, Senhor, que o que é chamado de afeição
natural nasce com a gente? Parece-me ser o efeito do hábito, ou de gratidão
pela bondade. Nenhuma criança tem isso por um genitor que ela não tenha
visto”. JOHNSON: “Ora, Senhor, acho que há afeição natural instintiva em
pais para com seus filhos”.
A Rússia sendo mencionada como provavelmente a caminho de tornar-se
um grande império, pelo rápido aumento da população. JOHNSON: “Ora,
Senhor, não vejo nenhuma perspectiva de crescerem mais. Eles não
conseguem ter mais filhos do que podem conceber. Não conheço nenhuma
maneira de fazê-los procriar mais do que o fazem. Não é devido à razão e à
prudência que as pessoas se casam, mas a partir de inclinação. Um homem
é pobre; ele pensa: ‘Não posso ficar pior; então vou ficar com Peggy
mesmo’”. BOSWELL: “Mas nações não têm sido mais populosas em um
período do que em outro?”. JOHNSON: “Sim, Senhor; mas isso era devido
aos povos estarem menos escassos em população em um período que em
outro, seja por emigrações, guerra, ou pestilência, não por serem mais ou
menos prolíficos. Nascimentos em todos os tempos têm a mesma proporção
em relação ao mesmo número de pessoas”. BOSWELL: “Mas, para
considerar o estado de nosso próprio país: colocar grande número de
fazendas em uma só mão não prejudica a população?”. JOHNSON: “Ora
não, Senhor; se a mesma quantidade de alimento for produzida, será
consumida pelo mesmo número de bocas, embora as pessoas venham a
estar dispersas de diferentes maneiras. Vemos, se o milho é caro, e a carne
dos açougueiros barata, os agricultores todos dedicar-se-ão a plantar milho,
até que este se torne abundante e barato e, então, a carne do açougue fique
cara; de modo que uma igualdade é sempre preservada. Não, senhor, deixe
os homens fantasiosos proceder como quiserem, dependendo disso, é difícil
alterar o sistema de vida”. BOSWELL: “Porém, senhor, não é uma coisa
muito ruim que os proprietários oprimam seus inquilinos, elevando seus
alugueres?”. JOHNSON: “Muito ruim. Mas, Senhor, isso nunca virá a ter
nenhuma influência geral; talvez angustie alguns indivíduos. Pois,
considere isso: os proprietários não podem ficar sem os inquilinos. Agora,
os inquilinos não darão mais pela terra do que o valor que ela tem. Se eles
conseguem fazer mais com seu dinheiro mantendo uma loja ou de qualquer
outra forma, eles o farão – e, assim, obrigarão os proprietários a retornar a
um aluguel razoável da terra, a fim de que venham a ter inquilinos. A terra,
na Inglaterra, é um artigo de comércio. Um inquilino que paga a seu
senhorio o aluguel não se considera mais obrigado a ele do que você pensa
ser obrigado a um homem em cuja loja você compra uma mercadoria. Ele
sabe que o senhorio não o deixará ter a sua terra por menos do que ele
conseguiria de outros, da mesma forma que o lojista vende suas
mercadorias. Nenhum lojista vende um metro de fita por 6 pence quando 7
pence é o preço atual”. BOSWELL: “Mas, senhor, não é melhor que os
inquilinos sejam dependentes dos senhorios?”. JOHNSON: “Ora, Senhor,
como há muitos mais inquilinos que senhorios, talvez, a rigor, não
deveríamos desejar isso. Todavia, quem quiser pode alugar suas terras a
baixo preço e assim obter o valor, parte em dinheiro e parte em espécie. Eu
concordaria com você nisso”. BOSWELL: “Então, Senhor, você ri de
esquemas de melhoria política”. JOHNSON: “Bem, Senhor, a maioria dos
esquemas de melhoria política são coisas muito ridículas”.
Ele observou: “A Providência sabiamente determinou que, quanto mais
numerosos são os homens, mais difícil é para eles concordar sobre qualquer
coisa, e por isso eles são governados. Não há dúvida de que, se os pobres
conseguissem raciocinar – ‘Não mais seremos os pobres, chegou a vez de
os ricos o serem’ –, eles poderiam facilmente fazê-lo, se não fosse pelo fato
de que eles não conseguem concordar. O mesmo acontece com os soldados
rasos: embora muito mais numerosos do que os seus oficiais, são
governados por eles, pela mesma razão”.
Ele disse: “O gênero humano tem forte apego às habitações às quais foi
acostumado. Por exemplo, os habitantes da Noruega não a abandonam
voluntariamente e vão para alguma parte da América, onde há um clima
ameno, e onde eles podem ter a mesma produção da terra, com a décima
parte do trabalho. Não, senhor, a afeição deles por suas antigas habitações e
o terror de uma mudança geral mantém-nos em casa. Assim, vemos muitos
dos melhores lugares do mundo rarefeitamente habitados e muitos lugares
ásperos bastante habitados”.
O London Chronicle era o único jornal que Johnson sempre recebia;
sendo ele entregue, a tarefa de lê-lo em voz alta era atribuída a mim. Eu me
divertia com sua impaciência. Ele me fazia ignorar tantas partes dele, de
modo que a minha tarefa era muito fácil. Ele não suportaria que eu lesse
uma das petições ao rei sobre a eleição em Middlesex.
Eu tinha contratado um rapaz da Boêmia como meu empregado,
enquanto permanecia em Londres; estando eu muito satisfeito com ele,
perguntei ao Dr. Johnson se o fato de ele ser um católico romano deveria
me impedir de levá-lo comigo para a Escócia. JOHNSON: “Bem, não,
Senhor, se ele não tem objeção alguma, você não pode ter nenhuma”.
BOSWELL: “Então, senhor, você não é grande inimigo da religião católica
romana.” JOHNSON. “Não mais, senhor, do que da religião presbiteriana.”
BOSWELL: “Está a brincar”. JOHNSON. “Não, senhor, eu realmente
penso assim. Não, senhor, das duas, eu prefiro a papista”. BOSWELL:
“Como assim, senhor?”. JOHNSON: “Ora, senhor, os presbiterianos não
têm igreja, não têm ordenação apostólica”. BOSWELL. “E você considera
isso absolutamente essencial, senhor?” JOHNSON: “Ora, senhor, como a
ordenação era uma instituição apostólica, acho que é perigoso ficar sem ela.
E, senhor, os presbiterianos não têm culto público: eles não têm forma de
oração pela qual eles saibam que devem aderir. Eles vão ouvir um homem
orar e devem julgar se vão se juntar a ele”. BOSWELL: “Mas, Senhor, a
doutrina deles é a mesma que a da Igreja da Inglaterra. Sua confissão de fé
e os 39 artigos contêm os mesmos pontos, até mesmo a doutrina da
predestinação”. JOHNSON: “Ora sim, Senhor, a predestinação fazia parte
do clamor dos tempos, por isso é mencionada em nossos artigos, mas com o
mínimo de positividade que poderia ter”. BOSWELL: “É necessário,
Senhor, acreditar em todos os 39 artigos?” JOHNSON. “Ora, Senhor, isso é
uma questão que tem sido muito discutida. Alguns têm considerado
necessário que se deva acreditar neles; outros os consideraram apenas
artigos de paz, isto é, não se deve pregar contra eles”. BOSWELL: “Parece-
me, senhor, que a predestinação – ou o que seja equivalente a isso – não
pode ser evitada, se mantivermos uma presciência universal na Divindade”.
JOHNSON: “Ora, Senhor, Deus não vê todos os dias coisas acontecendo
sem que Ele as impeça?”. BOSWELL: “É verdade, Senhor, para que uma
coisa seja prevista com certeza, ela deve ser fixa, e não pode acontecer de
outra forma; e, se aplicarmos essa consideração à mente humana, não há
livre-arbítrio, nem vejo como a oração possa ser de alguma ajuda”. Ele
mencionou o Dr. Clarke e o bispo Bramhall sobre Liberdade e
Necessidade, e pediu-me que lesse os Sermões sobre a Oração de South,
mas evitou a questão que tem afligido filósofos e teólogos, acima de
qualquer outra. Eu não fiz mais pressões sobre isso, quando percebi que ele
estava desagradado, e ele se furtou a qualquer resumo de um atributo
usualmente imputado à Divindade, porém totalmente irreconciliável com o
grande sistema de governo moral. Sua suposta ortodoxia aqui restringia os
vigorosos poderes de seu entendimento. Ele estava confinado por uma
corrente – a qual a imaginação precoce e o longo hábito o faziam pensar
maciça e forte, mas que, se ele tivesse se aventurado a tentar, conseguiria
imediatamente partir em pedaços.
Eu continuei: “O que você pensa, senhor, do Purgatório, da forma como
acreditam os católicos romanos?”. JOHNSON: “Ora, Senhor, é uma
doutrina muito inofensiva. Eles são de opinião que a generalidade do ser
humano não é nem tão obstinadamente perversa a ponto de merecer o
castigo eterno, nem é tão boa que mereça ser admitida na sociedade dos
espíritos bem-aventurados; e, portanto, que Deus está graciosamente
satisfeito em permitir um estado intermediário, no qual eles podem ser
purificados por certos graus de sofrimento. Você vê, senhor, não há nada de
irracional nisso”. BOSWELL: “Mas então, Senhor, por que suas missas
pelos mortos?”. JOHNSON. “Ora, Senhor, desde que seja estabelecido que
existam almas no purgatório, é tão apropriado orar por elas, quanto pelos
nossos irmãos de humanidade que ainda estão nesta vida.” BOSWELL: “E
a idolatria da Missa?”. JOHNSON. “Senhor, não há idolatria na Missa. Eles
acreditam que Deus está lá, e eles O adoram”. BOSWELL: “O culto aos
santos?”. JOHNSON: “Senhor, eles não cultuam santos, eles os invocam;
eles somente pedem as orações dos santos. Estou falando todo esse tempo
das doutrinas da Igreja de Roma. Eu admito a você que, na prática, o
Purgatório tornou-se uma imposição lucrativa, e que as pessoas se tornam
idólatras à medida que elas se recomendam à tutela protetora de
determinados santos. Penso que conceder o sacramento apenas em um tipo
é criminoso, porque isso é contrário à instituição expressa de Cristo, e
pergunto-me como o Concílio de Trento admitiu isso.” BOSWELL:
“Confissão?”. JOHNSON: “Ora, eu não sei, mas isso é uma coisa boa. A
escritura diz: ‘Confessai vossas culpas uns aos outros’, e os sacerdotes
confessam, assim bem como os leigos. Então, deve-se considerar que a
absolvição deles tem base somente em arrependimento e, muitas vezes,
também por meio de penitência. Você considera que seus pecados podem
ser perdoados sem penitência, somente com o arrependimento”.
Eu, assim, aventurei-me a mencionar todas as objeções comuns contra a
Igreja Católica romana, para que eu pudesse ouvir tão grande homem
discorrer sobre elas. O que ele disse é registrado aqui com precisão. Mas
não é improvável que, se alguém tivesse assumido o outro lado, ele poderia
ter argumentado de forma diferente.
No entanto, devo mencionar que ele tinha respeito pela ‘antiga religião’,
como o moderado Melanchton chamava a Igreja Católica Romana, mesmo
quando ele envidava esforços para sua reforma em alguns pormenores. Sir
William Scott me informa que ouviu Johnson dizer: “Um homem que se
converte do protestantismo ao papismo pode ser sincero: ele não parte do
nada, só está adicionando ao que já tinha. Mas um convertido do papado ao
protestantismo renuncia a muito mais do que tinha como sagrado do que
qualquer coisa que conserva; há muita laceração do espírito em tal
conversão, que dificilmente pode ser sincera e duradoura”. A verdade dessa
reflexão pode ser confirmada por muitos e eminentes exemplos, alguns dos
quais ocorrerão à maioria dos meus leitores.
Quando estávamos sozinhos, eu introduzi o tema da morte e esforcei-me
para sustentar que o medo dela deveria ser superado. Eu contei a ele que
David Hume me dissera que não se sentia inquieto ao pensar que ele não
seria, depois desta vida, mais do que ele não tinha sido antes que
começasse a existir. JOHNSON: “Senhor, se ele realmente pensa assim,
suas percepções estão perturbadas: ele está louco; se não pensa assim, ele
mente. Ele pode lhe dizer que segura o dedo na chama de uma vela sem
sentir dor; e você acreditaria? Quando ele morre, pelo menos desiste de
tudo o que tem”. BOSWELL: “Foote, Senhor, disse-me que, quando estava
muito doente, não tinha medo de morrer”. JOHNSON: “Não é verdade,
Senhor. Segure uma pistola contra o peito de Foote ou o peito de Hume e
ameace matá-los – e vereis como eles se comportam”. BOSWELL: “Mas
nós não podemos fortalecer nossos espíritos para a aproximação da
morte?”. Aqui sinto que errei em trazer à baila o que ele sempre olhou com
horror; pois, embora quando em um quadro celestial, em seu Vanity of
human wishes Vaidade dos desejos humanos, ele tivesse suposto que a
morte seria “um sinal da benevolente Natureza para a retirada”, deste estado
de ser para “um lugar mais feliz”, seus pensamentos sobre essa horrível
mudança estavam cheios de apreensões sombrias. Sua mente assemelhava-
se ao vasto anfiteatro, o Coliseu em Roma. No centro estava o seu
julgamento que, como um poderoso gladiador, combatia aquelas apreensões
que, como as feras da arena, estavam todas em torno, em jaulas, prontas
para ser soltas contra ele. Depois de um conflito, ele as levou de volta a
suas tocas, mas não as matando, elas ainda o estavam assediando. À minha
pergunta, se nós não podemos fortalecer nossos espíritos para a
aproximação da morte, ele respondeu, com paixão: “Não, senhor, deixe isso
de lado. Não importa como um homem morre, mas como ele vive. O ato de
morrer não tem importância, ele dura tão pouco tempo”. Ele acrescentou,
com um olhar sério: “Um homem sabe que deve ser assim, e se submete.
Não lhe fará bem nenhum se lamentar”.
Tentei continuar a conversa. Ele ficou tão provocado que disse: “Não nos
traga nada mais disso”; e precipitou-se em tal estado de agitação, a ponto de
expressar-se de uma maneira que me alarmou e me angustiou; ele mostrava
uma impaciência que significava que eu deveria deixá-lo; e, quando eu
estava indo embora, advertiu-me severamente, “Não vamos nos encontrar
amanhã”.
Fui para casa sentindo-me extremamente ansioso. Todas as observações
duras que eu já havia ouvido falar sobre seu caráter acumulavam-se em
minha mente; e eu parecia a mim mesmo como o homem que colocou a
cabeça na boca do leão muitas vezes com perfeita segurança, mas
finalmente teve-a decepada a dentadas.
Na manhã seguinte, enviei-lhe um bilhete, afirmando que eu poderia ter
estado errado, mas que não fora intencionalmente; ele foi, portanto – não
consegui deixar de pensar assim – muito severo comigo. Não obstante o
nosso acordo de não nos encontrarmos naquele dia, eu iria visitá-lo no meu
caminho para a cidade, e lá ficaria 5 minutos, pelo meu relógio. “Você
está”, eu disse, “a meu ver, desde ontem à noite, rodeado de nuvens e
tempestades. Deixe-me ter um vislumbre de luz do sol, e ir tratar da minha
vida com serenidade e animação”.
Ao entrar em seu escritório, fiquei feliz ao ver que ele não estava
sozinho, o que teria tornado o nosso encontro mais estranho. Estavam com
ele o Sr. Steevens e o Sr. Tyers, ambos os quais vi pela primeira vez. Meu
bilhete o tinha, em sua própria aparência, abrandado, porque ele me recebeu
muito complacentemente; de tal modo que eu me senti inesperadamente à
vontade, e juntei-me à conversa.
Ele disse que os críticos tinha feito demasiada honra a Sir Richard
Blackmore, escrevendo tanto contra ele. Que em seu Creation (Criação) ele
tinha sido ajudado por vários sábios, uma linha por Phillips e uma linha por
Tickell; de modo que com a ajuda deles e a de outros, o poema tinha sido
feito.
Eu defendi as supostas linhas de Blackmore, que tinham sido
ridicularizadas como um disparate absoluto:
“Um colete pintado Prince Voltiger usava,
Que seu avô de um Picto ([32]) pelado ganhara”. ([33])
Eu sustentei ser esse um conceito poético. Se um Picto pintado for morto
em batalha e um colete for feito de sua pele, trata-se de um colete pintado
conquistado dele, embora estivesse nu.
Johnson falou de modo desfavorável de um determinado autor bastante
volumoso, dizendo: “Ele costumava escrever livros anônimos e outros
livros elogiando aqueles livros, e nisso havia alguma coisa de patifaria”.
Eu sussurrei-lhe: “Bem, senhor, agora você está de bom humor.”
JOHNSON: “Sim, senhor”. Eu ia deixá-lo, e já tinha chegado à escada. Ele
parou-me e, sorrindo, disse: “Vá embora para dentro” – um curioso modo
de convidar-me a ficar, em conformidade ao qual eu o fiz por mais algum
tempo.
Esta pequena discussão incidental e reconciliação – que, talvez, alguém
venha a considerar que eu detalhei minuciosamente demais – deve ser
reputada como uma das muitas provas que seus amigos tiveram de que,
embora ele possa ser acusado de mal-humorado às vezes, ele sempre foi um
homem bem-humorado; e eu ouvi Sir Joshua Reynolds, um agradável e
delicado observador de boas maneiras, observar especialmente que, quando
em qualquer ocasião Johnson tinha sido duro com qualquer pessoa em sua
companhia, ele aproveitava a primeira oportunidade para reconciliação,
bebendo em honra a ela ou dirigindo-lhe a fala; todavia, se achasse que suas
dignas propostas indiretas eram rabugentamente negligenciadas, ele ficava
bastante indiferente e considerava ter feito tudo o que deveria fazer – e que
o outro agora estava errado.
Estando marcada minha partida para a Escócia no dia 10 de novembro,
escrevi a ele em Streatham, implorando que viesse me encontrar na cidade
no dia 9; porém, se isso fosse muito inconveniente para ele, eu iria até lá.
Sua resposta foi a seguinte:
“A JAMES BOSWELL, ESQ.
Caro senhor,
Depois de pesar os inconvenientes para ambas as partes, penso que seria
menos incômodo para você passar a noite aqui do que eu ir até a cidade. Eu
gostaria de lhe ver, e a dona da casa ordenou-me a lhe convidar a vir aqui.
Se você pode vir ou não, não terei ocasião alguma de lhe escrever
novamente antes de teu casamento – e, portanto, eu direi, agora, com
grande sinceridade, que lhe desejo felicidades. Sou, caro senhor, seu mais
afeiçoado e humilde servo,
9 de Nov. de 1769.
SAM. JOHNSON.”
Fiquei preso na cidade até que fosse tarde demais no dia 9, então fui até
ele na manhã de 10 de novembro. “Agora”, disse ele, “que você vai se
casar, não espere mais da vida do que a vida lhe dará. Você poderá muitas
vezes encontrar-se de mau humor, e muitas vezes pensar que tua esposa não
é suficientemente zelosa para te agradar; e, ainda assim, terá razões para se
considerar de maneira geral muito bem casado”.
Falando de casamento em geral, ele observou: “Nosso serviço de
casamento é refinado demais. Ele é calculado apenas para o melhor tipo de
casamento; ao passo que nós devíamos ter uma forma para os casamentos
de conveniência, dos quais há muitos”. Ele concordou comigo que não
havia necessidade absoluta de que a cerimônia de casamento fosse realizada
por um clérigo regular, pois isso não estava imposto nas Escrituras.
Eu fui suficientemente descuidado para repetir a ele uma pequena canção
epigramática de minha autoria sobre o matrimônio, que o Sr. Garrick alguns
dias atrás havia providenciado que fosse musicada pelo muito engenhoso
Sr. Dibden.
“Um pensamento matrimonial.
Nos dias alegres de lua de mel,
Enfeitiçado pelas seduções de Kate,
Eu a amei tarde, eu a amei cedo,
E a chamei de bem-amada gatinha.
Mas agora minha gatinha é uma gata adulta,
E irascível como outras esposas,
Ó! Por minha alma, meu honesto Mat,
Eu temo que ela tenha nove vidas”.
Meu ilustre amigo disse: “Está muito bem, senhor, mas você não deve
dizer impropérios”. Em vista disso, eu alterei “Ó! Por minha alma” para “Ai
de mim!”.
Ele teve a bondade de me acompanhar a Londres e me colocar na
carruagem que deveria levar-me em meu caminho para a Escócia. Estou
certo de que, por mais inconsistentes que muitos dos detalhes registrados
nessa época possam parecer para alguns, eles serão estimados pela maior
parte dos meus leitores como verdadeiros traços de seu caráter, contribuindo
em conjunto para dar uma visão completa, justa e distinta dele.
1770

Idade. 61

Em 1770 Johnson publicou um panfleto político, intitulado The false


alarm (O falso alarme), destinado a justificar a conduta do ministério e sua
maioria na Câmara dos Comuns, por ter praticamente assumido como um
axioma que a expulsão de um Membro do Parlamento era equivalente à
exclusão e, portanto, declarou o Coronel Luttrel devidamente eleito para o
condado de Middlesex, não obstante o Sr. Wilkes ter conseguido grande
maioria de votos. Sendo esta justamente considerada grave violação do
direito de eleição, um alarme pela constituição estendeu-se por todo o reino.
Provar que esse alarme era falso era o propósito do panfleto de Johnson;
todavia, até mesmo os seus vastos poderes foram inadequados para lidar
com a verdade e a razão constitucionais, e faltou eficácia ao seu argumento;
e a Câmara dos Comuns, desde então, expurgou a resolução ofensiva de
seus Anais. Que a Câmara dos Comuns poderia ter expulsado o Sr. Wilkes
repetidamente, e quantas vezes ele fosse reeleito, não foi negado; mas a
incapacitação só poderia ocorrer por um ato de todo o Legislativo. Foi
maravilhoso ver como um preconceito em favor do governo em geral e uma
aversão ao clamor popular conseguiram cegar e restringir um entendimento
como o de Johnson, neste caso particular; ainda assim, a inteligência, o
sarcasmo, a vivacidade eloquente que este panfleto exibia fez com que ele
fosse lido com grande avidez na época, e ele será sempre lido com prazer,
devido à sua composição. Que o panfleto se esforçava para infundir uma
narcótica indiferença quanto à preocupação pública nas mentes das pessoas,
e que eclodiu às vezes em extrema grosseria de desdenhoso abuso, é nada
menos que evidente demais.
Não se deve, no entanto, omitir que, quando a tempestade de sua
violência diminui, ele aproveita uma oportunidade justa para fazer um grato
elogio ao Rei, que tinha recompensado o seu mérito: “Esses governantes de
baixa extração têm-se esforçado, certamente sem efeito, para alienar as
afeições do povo pelo único rei que por quase um século pareceu muito
desejar – ou muito se esforçou – para merecê-las”. E: “Todo homem
honesto deve lamentar que a facção tenha sido vista com frígida
neutralidade pelos Tories – que, estando desde muito acostumados a
sinalizar seus princípios por oposição à Corte, ainda não consideram que
eles têm, finalmente, um Rei que não distingue entre partidos e que deseja
ser o pai comum de todo o seu povo”.
A este panfleto, que se descobriu imediatamente ser de Johnson, várias
respostas surgiram, nas quais se tomou o cuidado de lembrar ao público
seus ataques anteriores contra o governo e de ser ele hoje um pensionista,
sem admitir os honoráveis termos conforme os quais a pensão de Johnson
foi concedida e aceita, ou a mudança de sistema que a corte britânica tinha
sofrido com a ascensão de sua atual Majestade.
Johnson foi, no entanto, acalmado com a mais alta estirpe de elogio, em
um poema chamado The remonstrance (O protesto), pelo Rev. Sr.
Stockdale, de quem ele foi, em muitas ocasiões, um gentil protetor.
O seguinte admirável rascunho escrito por ele descreve tão bem o seu
próprio estado – e o de estatísticas pessoais para quem o autoexame é
habitual –, que não pude omiti-lo:
“01 de junho de 1770 – Todo homem naturalmente persuade a si mesmo
de que consegue manter suas resoluções, nem é convencido de sua
imbecilidade, a não ser com o tempo e a frequência de experiências. Essa
opinião de nossa própria constância é tão predominante, que sempre
desprezamos aquele que tem o sofrimento de ver seu propósito geral e
estabelecido ser subjugado por um desejo ocasional. Aqueles, portanto, a
quem falhas frequentes desesperaram cessam de tomar resoluções, e os que
estão desesperados ficaram astutos, não as contam a ninguém. Aqueles que
não as tomam são muito poucos, mas o efeito disso é pouco percebido, pois
dificilmente alguém persiste em um curso de vida planejado por opção, a
não ser que seja impedido de desviar-se por alguma força externa. Aquele
que consegue viver como quer raramente persiste em cumprir suas próprias
regras”. ([34])
Desse ano, obtive as seguintes cartas:

“Ao REVERENDO DR. RICHARD FARMER, Cambridge

Senhor,
Como nenhum homem deve manter totalmente para si posse alguma que
possa ser útil ao público, espero que não pense que eu seja irracionalmente
intrometido, se eu recorrer a você para obter informações tais que sei que
você é mais capaz de mas dar do que qualquer outro homem.
Em apoio a uma opinião que você já colocou acima da necessidade de
qualquer apoio suplementar, o Sr. Steevens, um muito engenhoso
cavalheiro, recentemente do King's College, compilou uma lista de todas as
traduções que Shakespeare pode ter visto e usado. Ele deseja que o seu
catálogo seja perfeito e, portanto, implora que você o favoreça através de
tais inserções, conforme a precisão de suas pesquisas lhe capacitou a fazer.
Tomo a liberdade de acrescentar minha própria solicitação a esse pedido.
Não temos nenhum uso imediato para este catálogo, e, portanto, não
desejamos que ele interrompa ou atrapalhe suas atividades mais
importantes. Todavia, seria uma gentileza se você confirmasse tê-lo
recebido. Sou, Senhor etc.
Johnson's-court, Fleet Street,
21 de março de 1770
SAM. JOHNSON.”

“Ao REVERENDO SR. THOMAS WARTON


Caro senhor,
A prontidão com que você teve a gentileza de me prometer algumas
notas sobre Shakespeare foi um novo exemplo de sua amizade. Não quero
lhe apressar, mas o Sr. Steevens, que me ajuda nesta edição, pediu-me que
lhe informasse que vamos imprimir as tragédias em primeiro lugar e,
portanto, queremos primeiro as notas que pertencem a elas. Pensamos não
incomodar os leitores com um suplemento e, portanto, o que não pudermos
colocar no lugar adequado não nos fará nenhum bem. Não começaremos a
imprimir antes do final de seis semanas, talvez não tão cedo. Sou etc.
Londres, 23 de junho de 1770
SAM. JOHNSON.”
“Ao REV. DR. JOSEPH WARTON
Caro senhor,
Estou revisando minha edição de Shakespeare, e lembro-me que
anteriormente interpretei de maneira errada sua opinião sobre Lear. Por
favor, escreva o parágrafo como gostaria de tê-lo, e enviai-mo. Se tiver
alguma observação sobre essa ou qualquer outra peça, eu a receberei com
satisfação.
Transmita meus cumprimentos à Sra. Warton. Às vezes penso em vagar
alguns dias por Winchester, mas sou inclinado a adiar. Sou, Senhor, vosso
mais humilde servo,
27 de Set. de 1770
SAM. JOHNSON.”

“Ao SR. FRANCIS BARBER, na casa da Sra. Clapp, Bishop-Stortford,


Hertfordshire
Caro Francis,
Sentei-me finalmente para te escrever, e deveria muito culpar-me por ter-
te negligenciado por tanto tempo, se eu não imputasse isso e muitas outras
falhas à falta de saúde. Espero não ficar tanto tempo em silêncio
novamente. Estou muito satisfeito com o teu progresso, se você pode
realmente realizar os exercícios que lhe foram passados; e eu espero que o
Sr. Ellis não venha a padecer que tu o aborreças, ou que ele te aborreça.
Estenda meus cumprimentos ao Sr. Ellis, à Sra. Clapp e ao Sr. Smith.
Conta-me quais livros em inglês você lê para o teu entretenimento. Você
nunca poderá ser sábio, a menos que ame a leitura.
Não imagina que te esquecerei ou abandonar-te-ei; pois se, quando eu te
examinar, eu descobrir que não perdeste teu tempo, não terás falta de
incentivo do
Afetuosamente teu,
Londres, 25 de setembro de 1770.
SAM. JOHNSON.”
“Ao MESMO
Caro Francis,
Espero que você resolva seus problemas. Eu gostaria que ficasse com a
Sra. Clapp nesses feriados. Se for convidado a sair, poderá ir, se o Sr. Ellis
der licença. Encomendei algumas roupas, que você receberá, creio eu, na
próxima semana. Meus cumprimentos à Sra. Clapp e ao Sr. Ellis e ao Sr.
Smith etc. Sou, afetuosamente teu,
7 de dezembro de 1770.
SAM. JOHNSON.”

Durante esse ano cessou totalmente toda a correspondência entre o Dr.


Johnson e eu, sem frieza alguma de ambos os lados, mas apenas devido à
contínua procrastinação, dia após dia; e, como eu não estava em Londres,
não tinha oportunidade de desfrutar de sua companhia e registrar sua
conversa. Para suprir esse vazio, apresentarei aos meus leitores algumas
Coletâneas, gentilmente fornecidas a mim pelo Rev. Dr. Maxwell, de
Falkland, na Irlanda, há algum tempo pregador assistente no Templo e, por
muitos anos, amigo social de Johnson, que falava dele com muito gentil
consideração.
Minha familiaridade com esse grande e venerável personagem começou
no ano de 1754. Fui apresentado a ele pelo Sr. Grierson ([35]), impressor de
Sua Majestade em Dublin, cavalheiro de incomum erudição e de grande
inteligência e vivacidade. O Sr. Grierson morreu na Alemanha, com a idade
de 27 anos. O Dr. Johnson respeitava enormemente as suas habilidades, e
muitas vezes observou que Grierson possuía um conhecimento mais
profundo do que qualquer homem de sua idade que ele jamais havia
conhecido. Sua indústria igualava seus talentos, e ele se destacava
particularmente em todas as espécies de aprendizagem filológica – e era,
talvez, o melhor crítico da época em que viveu.
Devo sempre lembrar com gratidão minha obrigação com o Sr. Grierson,
pela honra e felicidade da amizade e relacionamento com o Dr. Johnson,
que continuou ininterrupta e não diminuída até sua morte: uma conexão que
era ao mesmo tempo o orgulho e a felicidade da minha vida.
A pena é que tanta inteligência e bom senso que ele continuamente
exibia na conversa devam perecer sem registro! Poucas pessoas deixaram
sua companhia sem se perceber mais sábias e melhores do que estavam
antes. Em assuntos sérios ele mostrava as mais interessantes convicções aos
seus ouvintes e, sobre tópicos mais leves, vós deveis ter suposto – dictitet
Albano musas de monte locutas ([36]).
Não obstante eu possa esperar adicionar apenas um pouco à celebridade
de tão exaltada personagem – por quaisquer comunicações que consiga
fornecer –, por puro respeito à sua memória, vou aventurar-me a transmitir-
vos algumas anedotas a respeito dele, que caíram sob minha própria
observação. Mesmo as minúcias de tal personagem devem ser interessantes
– e podem ser comparadas a partículas de diamantes.
Em política ele era considerado tory (conservador), mas certamente não
o era no sentido obnóxio ou partidário do termo, pois, embora apoiasse as
prerrogativas legais e salutares da coroa, ele não respeitava menos as
liberdades constitucionais do povo. O pensamento liberal, na época da
Revolução, dizia ele, era acompanhado de certos princípios, mas,
ultimamente, não passava de uma mera distinção partidária, e sob Walpole e
os Pelhams ([37]), não era melhor do que a política de corretores da bolsa e a
religião de infiéis.
Ele detestava a ideia de governar por meio de corrupção parlamentar, e
afirmava, da maneira mais enérgica possível, que um príncipe que
perseguisse de forma constante e visível os interesses de seu povo não
falharia em obter a concordância parlamentar. Um príncipe hábil, ele
argumentava, pode e deve ser a alma e o espírito guia de sua própria
administração; em suma, o seu próprio ministro, e não o mero chefe de um
partido, e então, e só então, a dignidade real seria sinceramente respeitada.
Johnson parecia pensar que certo grau de influência da Coroa sobre as
Casas do Parlamento (o que não significa uma dependência corrupta e
vergonhosa) era muito salutar – ou melhor, até mesmo necessário – em
nosso governo misto. “Porque”, dizia ele, “se os membros estivessem sob
nenhuma influência da coroa, e desqualificados para receber qualquer
gratificação da Corte, e se assemelhassem, como possivelmente se
assemelhavam, a Pym e Haslerig e outros membros teimosos e resistentes
do Longo Parlamento ([38]), as rodas do governo estariam totalmente
obstruídas. Tais homens fariam oposição apenas para mostrar o seu poder
fundado em inveja, ciúme e perversidade de intenções; e, como não
venciam a disputa política, odiariam e opor-se-iam a todos que a
ganhassem; por não amarem a pessoa do príncipe e considerarem que a ele
deviam pouca gratidão, por mero espírito de insolência e contradição opor-
se-iam e frustrá-lo-iam em todas as ocasiões”.
A inseparável imperfeição característica de todos os governos humanos
consiste”, dizia ele, “em não ser capaz de criar um fundo suficiente de
virtude e princípios para promover a execução devida e eficaz das leis. A
sabedoria pode planejar, mas só a virtude pode executar. E onde poderia ser
encontrada virtude suficiente? Uma variedade de poderes delegados e,
muitas vezes, discricionários deve ser confiada de alguma forma; estes, se
não forem regidos pela integridade e consciência, serão necessariamente
abusados, até que, por fim, o policial venderá o seu por um xelim”.
Essa excelente pessoa era às vezes acusada de apoiar princípios servis e
arbitrários de governo. Não seria possível haver, em minha opinião, calúnia
mais grosseira e mais falsa; pois, como se pode racionalmente supor que ele
apoiaria tais opiniões perniciosas e absurdas – ele que embasava seu caráter
filosófico com tanta dignidade, era extremamente ciumento de sua
liberdade pessoal e independência, e não conseguia tolerar a menor
aparência de negligência ou insulto, mesmo que partisse das mais altas
personagens?
Mas vamos vê-lo em alguns exemplos de vida mais familiar.
Seu modo de vida em geral, durante o nosso relacionamento, pareceu-me
bastante uniforme. Por volta de meio-dia eu normalmente o visitava e,
muitas vezes, o encontrava na cama ou declamando enquanto tomava chá,
que ele bebia muito abundantemente. Ele geralmente tinha muitos visitantes
pela manhã, principalmente homens de letras: Hawkesworth, Goldsmith,
Murphy, Langton, Steevens, Beauclerk etc. etc. e, às vezes, senhoras
eruditas; lembro-me particularmente de uma senhora francesa ([39]) de
sagacidade e elegância dando-lhe a honra de uma visita. Ele parecia-me ser
considerado uma espécie de oráculo público, a quem todo mundo pensava
que tinha direito de visitar e consultar; e, sem dúvida, eles eram bem
recompensados. Nunca consegui descobrir como ele encontrava tempo para
suas composições. Ele declamava a manhã toda, depois ia almoçar em uma
taberna, onde comumente ficava até tarde e, em seguida, bebia seu chá na
casa de algum amigo, onde demorava bastante tempo, mas raramente ceava.
Imagino que ele devia ler e escrever principalmente durante a noite, pois
dificilmente consigo lembrar-me de ele jamais ter se recusado a ir comigo a
uma taberna, e muitas vezes ele ia ao parque Ranelagh, que considerava um
lugar de inocente recreação.
Ele frequentemente dava toda a prata que tivesse no bolso aos pobres,
que o observavam, entre a sua casa e a taberna onde jantava. Ele andava
pelas ruas em todas as horas e dizia que nunca fora roubado, pois os
bandidos sabiam que ele tinha pouco dinheiro ou nem tinha a aparência de
possuir muito.
Embora fosse o mais acessível e comunicativo homem vivo, ainda assim,
quando suspeitava que fosse convidado para ser exibido, ele sempre
rejeitava o convite.
Duas jovens de Staffordshire visitaram-no quando eu estava presente,
para consultá-lo a respeito do Metodismo, ao qual estavam inclinadas.
“Vinde”, disse ele, “belas tolas. Vamos jantar com Maxwell e eu no Mitre,
e falaremos sobre esse assunto.” Assim o fizeram e, depois do jantar, ele
colocou uma deles em cima de seu joelho e acariciou-a por meia hora.
Durante uma visita a mim em um alojamento no campo, próximo a
Twickenham, ele perguntou que tipo de companhia havia por lá. Eu disse a
ele que tais pessoas eram, se tanto, indiferentes, pois tal grupo consistia
principalmente de opulentos comerciantes aposentados. Ele disse que
jamais gostou muito daquela classe de pessoas. “Pois, Senhor”, disse
Johnson, “eles perderam a civilidade dos comerciantes, sem adquirir as
maneiras dos cavalheiros”.
Johnson era muito apegado a Londres: comentou que um homem
alimentava sua mente melhor ali do que em qualquer outro lugar; e que, em
locais remotos, o corpo de um homem podia se refestelar, mas sua mente
ficaria à míngua, e suas faculdades inclinar-se-iam a degenerar por falta de
exercício e competição. Nenhum lugar, dizia ele, curava a vaidade ou
arrogância de um homem tão bem quanto Londres – pois, como nenhum
homem era nem ótimo nem bom em si mesmo, mas em comparação a outros
não tão bons ou ótimos, ele tinha certeza de encontrar na metrópole muitos
de seus iguais, e alguns superiores a ele. Ele observou que um homem em
Londres estava em menos perigo de se apaixonar indiscretamente, do que
em qualquer outro lugar, porque não há dificuldade em decidir entre
pretensões conflitantes de uma grande variedade de objetos, mantendo-o
seguro. Ele me disse, que lhe tinha sido com frequência oferecida
preferência pelo campo, se ele consentisse em ser ordenado sacerdote; mas
ele não podia deixar a sociedade desenvolvida da capital, ou consentir em
trocar as alegrias emocionantes e as esplêndidas decorações da vida pública,
pela obscuridade, insipidez, e uniformidade de locais remotos.
Falando do Sr. Harte, Cônego de Windsor e autor de A História de
Gustavus Adolphus, ele tanto o elogiou como erudito quanto como homem
de mais sociáveis talentos que já conhecera. Ele disse que os defeitos de sua
história eram decorrentes não de imbecilidade, mas de dandismo.
Ele amava, comentou, os livros antigos com letras pretas; eram ricos em
matéria, embora o estilo fosse deselegante; o que é surpreendente,
considerando o quão familiarizados estavam os escritores com os melhores
modelos de antiguidade.
Anatomy of melancholy (Anatomia da melancolia), de Burton, disse ele,
era o único livro que já o havia tirado da cama 2 horas antes do que ele
queria se levantar.
Johnson frequentemente exortava-me a decidir-me sobre escrever uma
História da Irlanda; e maliciosamente observava que tinha havido alguns
bons escritores irlandeses, e que um irlandês pode, pelo menos, aspirar ser
igual a outro. Johnson tinha grande compaixão pelas misérias e angústias da
nação irlandesa, particularmente os papistas; e reprovava severamente a
debilitante política bárbara do governo britânico – que, segundo ele, era o
modo mais detestável de perseguição. A um cavalheiro que sugeria ser tal
política necessária para preservar a autoridade do governo inglês ele
respondeu: “Que se deixe a autoridade do governo inglês perecer, ao invés
de ser mantida pela iniquidade. Melhor seria conter a turbulência dos
nativos pela autoridade da espada e torná-los sujeitos à lei e à justiça por
uma eficaz e vigorosa polícia, do que triturá-los até o pó por todos os tipos
de deficiências e incapacidades. “Melhor”, disse ele, “enforcar ou afogar as
pessoas de uma vez do que, através de uma implacável perseguição,
empobrecê-las e fazê-las morrer de fome”. A moderação e humanidade dos
tempos presentes, em alguma medida, justificaram a sabedoria de suas
observações.
O Dr. Johnson era, com frequência, acusado de preconceitos, ou melhor,
de antipatia em relação aos nativos da Escócia. Certamente, um preconceito
tão pouco liberal nunca lhe entrou na mente: e se sabe muito bem que
muitos nativos desse respeitável país gozavam, em grande medida, de sua
estima; e nenhum deles foi excluídos de suas boas graças, tanto quanto
permitia a oportunidade. A verdade é que ele considerava os escoceses, em
nível nacional, como pessoas astutas e inventivas, ansiosamente atentas ao
seu próprio interesse – e também inteligentes demais para ignorar as
reivindicações e pretensões de outras pessoas. “Embora limitem sua
benevolência, de certa forma, exclusivamente àqueles de seu próprio país,
eles esperam compartilhar dos bons ofícios de outros povos. Agora”, disse
Johnson, “esse princípio é certo ou errado; se certo, devemos muito bem
imitar tal conduta; se errado, não conseguiremos detestá-lo demais”.
Sendo-lhe solicitado compor um sermão fúnebre para a filha de um
comerciante, ele naturalmente inquiriu sobre o caráter da falecida; e, sendo-
lhe dito que ela era notável pela sua humildade e condescendência com os
inferiores, ele observou que aquelas eram qualidades muito louváveis, mas
poderia não ser tão fácil descobrir quem eram os inferiores da senhora.
Sobre certo ator, ([40]) Johnson observou que sua conversa normalmente
ameaçava e anunciava mais do realizava; que ele alimentava as pessoas
com uma renovação contínua de esperança, para terminar em uma constante
sucessão de decepções.
Quando exasperado pela contradição, ele era capaz de tratar seus
adversários com muita acrimônia – como, por exemplo: “Senhor, vós não
entendeis nada dessa questão” ou “Senhor, vós falais a língua da
ignorância”. Diante de minha observação de que certo cavalheiro tinha
permanecido em silêncio toda a noite, em meio a pessoas muito brilhantes e
eruditas, “Senhor”, disse ele, “a conversa transbordou e o afogou”.
Sua filosofia, embora austera e solene, não era de forma alguma triste e
cínica, e nunca embotava as louváveis sensibilidades de seu caráter, ou o
isentava da influência de paixões ternas. Falta de ternura, ele sempre dizia,
era falta de meios, e não era menos uma prova de estupidez que de
depravação.
Falando do Sr. Hanway, que publicou An eight days' journey from
London to Portsmouth (Uma viagem de oito dias de Londres a Portsmouth),
“Jonas”, disse ele, “adquiriu alguma reputação por viajar ao exterior, mas a
perdeu completamente viajando em seu país”.
Sobre a paixão de amor, ele observou que sua violência e efeitos
negativos eram muito exagerados; pois quem conhece quaisquer
sofrimentos reais daquele tipo, mais do que a partir da exorbitância de
qualquer outra paixão?
Johnson elogiava muito Serious call (Chamado sério) de Law, que ele
dizia ser o melhor trabalho sobre teologia exortativa em qualquer idioma.
“Law”, falou ele, “caiu recentemente nos devaneios de Jacob Behmen” –
que, segundo alegava Law, teria de alguma forma alcançado o mesmo
estado que São Paulo e visto coisas indizíveis. “Se fosse mesmo assim”,
atalhou Johnson, “Jacob ter-se-ia assemelhado mais ainda a São Paulo, por
não tentar pronunciá-las”.
Ele observou que o clero estabelecido em geral não pregava de maneira
suficientemente clara, e que polidos períodos e frases brilhantes voavam por
cima das cabeças das pessoas comuns, sem deixar impressão alguma em
seus corações. Algo talvez seja necessário, ele observou, para excitar os
afetos das pessoas comuns, que estavam afundadas em langor e letargia; e,
portanto, ele supunha que as novas noções concomitantes do metodismo
provavelmente viriam a produzir tão desejável efeito. A mente, como o
corpo, ele comentou, deliciava-se com mudança e novidade, e até mesmo
na própria religião cortejava novas aparências e modificações. O que quer
que se possa pensar de alguns professores metodistas, opinou, ele mal podia
duvidar da sinceridade daquele homem que viajava novecentas milhas em
um mês e pregava doze vezes por semana; pois nenhuma recompensa
adequada, meramente temporal, poderia ser dada por tão incansável labor.
Sobre as obras teológicas do Dr. Priestley, Johnson observou que elas
tendiam a abalar tudo e, no entanto, nada resolviam.
Ele foi muito afetado pela morte de sua mãe, e escreveu-me para vir e
ajudá-lo a compor a sua mente, que eu, de fato, achei extremamente
agitada. Ele lamentou que toda conversa séria e religiosa fora banida da
sociedade dos homens e, ainda assim, grandes vantagens poderiam vir dela.
Todos reconheciam, disse ele, o que quase ninguém praticava: a obrigação
que tínhamos de transformar as preocupações com a eternidade em
princípios que regem as nossas vidas. Todo homem, ele observou, em
última análise deseja retirar-se: ele vê suas expectativas frustradas no
mundo, começa a se afastar dele e a se preparar para a separação eterna.
Johnson comentou que a influência de Londres agora se estendia a todos
os lugares e que, a partir da abertura de todos os meios de comunicação,
não haveria dentro de pouco tempo resto algum da antiga simplicidade ou
lugares baratos de retiro a serem encontrados.
Ele não era um admirador do verso branco e dizia que sempre falhava, a
não ser que fosse sustentado pela dignidade do assunto. Em verso branco,
afirmava ele, a linguagem sofria mais distorção, a fim de mantê-la fora da
prosa, do que qualquer inconveniência ou limitação a ser apreendida dos
grilhões e da circunscrição da rima.
Ele me repreendeu certa vez por dar graças sem mencionar o nome de
Nosso Senhor Jesus Cristo e esperava que, no futuro, eu fosse mais
consciente da imposição apostólica.
Ele se recusou a sair de uma sala antes de mim na casa do Sr. Langton e
falou que esperava conhecer sua posição, em vez de pretender assumir o
lugar de um Doutor em Teologia. Menciono essas pequenas anedotas,
apenas para mostrar as voltas e hábitos peculiares de sua mente.
Ele costumava com frequência observar que havia mais a ser suportado
do que gozado na condição geral de vida humana; e frequentemente citava
estes versos de Dryden:
“Estranho engodo! Ninguém viveria novamente os anos passados,
No entanto, todos esperam prazer do que ainda resta”.
De sua parte, disse, nunca passou uma semana em sua vida que gostaria
de repetir, caso um anjo lhe fizesse essa proposta.
Ele era de opinião de que a nação inglesa cultivava tanto seu solo quanto
sua razão melhor do que qualquer outro povo; mas admitia que os
franceses, embora não fossem os mais altos, talvez, em nenhum
departamento de literatura, ainda assim eram muito altos em todos os
departamentos. Preeminência intelectual, observou, era a mais elevada
superioridade; e que todas as nações derivavam sua mais alta reputação do
esplendor e dignidade de seus escritores. Voltaire, disse ele, era um bom
narrador, e seu principal mérito consistia em uma seleção e arranjo felizes
das circunstâncias.
Falando dos romances franceses, comparados aos de Richardson,
Johnson afirmou que eles podiam ser bugigangas bonitas, mas uma
cambaxirra não era uma águia.
Em uma conversa em latim com o Père Boscovitch, na casa da Sra.
Cholmondeley, ouvi-o a sustentar a superioridade de Sir Isaac Newton
sobre todos os filósofos estrangeiros ([41]), com uma dignidade e eloquência
que surpreendeu aquele estrangeiro erudito. E sendo-lhe observado que a
raiva por cada coisa inglesa prevalecia muito na França após a gloriosa
guerra de Lorde Chatham ([42]), Johnson comentou que não se surpreendia
com isso porque havíamos aplicado a esses sujeitos tal surra que neles
inspirou a devida reverência a nós, e que a petulância nacional deles exigia
castigo periódico.
Ele considerava os Diálogos de Lorde Lyttelton uma obra insignificante.
“Aquele homem”, disse ele, “sentou-se para escrever um livro, a fim de
dizer ao mundo o que o mundo tinha estado dizendo a ele em toda a sua
vida”.
Alguém observou que os escoceses das Terras Altas, no ano de 1745,
haviam feito surpreendentes esforços, considerando suas inúmeras
carências e desvantagens. “Sim, senhor”, respondeu Johnson, “as
insuficiências deles eram numerosas, mas você não mencionou a maior de
todas elas – a falta de lei”.
Falando da luz interior, a que alguns metodistas têm pretensão, falou
Johnson, ela era um princípio absolutamente incompatível com segurança
social ou civil. “Se um homem”, disse ele, “finge um princípio de ação do
qual eu não consigo saber nada, ou melhor, não tanto quanto ele, mas só que
ele alega tê-lo, como eu saberia dizer o que essa pessoa pode fazer? Quando
alguém professa ser regido por uma lei escrita certificada, então eu tenho
como saber onde encontrá-lo.”
O poema Fingal, disse ele, era uma mera rapsódia alienada, uma
repetição cansativa das mesmas imagens. “Em vão olhamos para o lucidus
ordo, em que não há nem fim ou objeto, desígnio ou moral, nec certa
recurrit imago.”
Ao ser interrogado por um jovem nobre sobre em que haviam se
transformado a galanteria e o espírito militar da antiga nobreza inglesa, ele
respondeu: “Ora, meu Senhor, eu lhe digo o que ele se tornou: foi para a
cidade em busca de fortuna”.
Ao falar de um sujeito cansativo e maçante, a quem encontrou por acaso,
ele disse: “Esse sujeito me parece estar possuído de uma única ideia, e trata-
se de uma ideia errada”.
Muita indagação tinha sido feita sobre um cavalheiro que havia deixado
um grupo em que Johnson estava, e nenhuma informação tinha sido obtida;
finalmente Johnson observou que “não costumava falar mal de homem
algum pelas costas, mas acreditava que o cavalheiro era advogado”.
Ele falava com muito desprezo da atenção dada a Woodhouse, o
sapateiro que se tornou poeta. Johnson comentou que era tudo vaidade e
infantilidade: e que tais sujeitos eram, para quem os patrocinava, meros
espelhos de sua própria superioridade. “Seria melhor se eles”, falou
Johnson, “fornecessem ao homem bons instrumentos para sua atividade do
que levantar assinaturas para seus poemas. Ele pode ser um excelente
sapateiro, mas nunca será um bom poeta. Um exercício escolar pode ser
uma coisa bonita para um menino de escola; mas não é assunto para um
homem”.
Falando de Boécio da Dácia, que era o escritor favorito da Idade Média,
Johnson asseverou ser muito surpreendente que, a respeito de tal assunto, e
em tal situação, Boécio devesse ser magis philosophus quam christianus.
A respeito de Arthur Murphy, a quem ele muito amava, “Eu não sei”,
disse ele, “se Arthur pode ser classificado como o primeiro entre os
escritores dramáticos; ainda assim, no momento eu duvido muito se temos
qualquer coisa superior a Arthur”.
A propósito da dívida nacional, atalhou, era um sonho de ociosos supor
que o país viria a afundar sob ela. Não importa que os credores públicos
continuem a ser sempre tão clamorosos – o interesse de milhões deve
sempre prevalecer sobre o de milhares.
Dos Cotejamentos do Dr. Kennicott, ele observou que, embora o texto
não devesse ser muito remendado, ainda assim não era pequena vantagem
saber que tínhamos um texto tão bom quanto a mais consumada indústria e
diligência conseguiria obter.
Johnson observou que tantas objeções poderiam ser feitas a todas as
coisas, mas que nada as superaria, a não ser a necessidade de fazer alguma
coisa. Ninguém seria de nenhuma profissão, simplesmente por oposição a
não pertencer a ela; porém, todos precisam fazer alguma coisa.
Ele comentou que uma paróquia de Londres era uma coisa muito
desconfortável, pois o clérigo raramente conhecia o rosto de um em cada
dez dos seus paroquianos.
Do falecido Sr. Mallet ele falou sem grande respeito: disse que ele estava
pronto para qualquer trabalho sujo: que ele havia escrito contra Byng por
instigação do ministério – e estava igualmente pronto a escrever a favor
dele, desde que disso conseguisse obter vantagem.
Um cavalheiro que tinha sido muito infeliz no casamento casou-se
imediatamente depois que sua esposa morreu: Johnson disse era o triunfo da
esperança sobre a experiência.
Ele observou que um homem de bom senso e educação deveria encontrar
uma companheira adequada em uma esposa. Seria algo miserável se a
conversa só viesse a ser em torno de algo como se a carne de carneiro devia
ser cozida ou assada – e, provavelmente, uma discussão sobre isso.
Ele não aprovava casamentos tardios, observando que mais se perdia em
termos de tempo do que era compensado por quaisquer eventuais
vantagens. Até casamentos desarmoniosos eram preferíveis a um triste
celibato.
A respeito do velho Sheridan, Johnson observou que ele não queria
papéis no palco nem literatura; mas que sua vaidade e quixotismo
obscureciam seus méritos.
Para ele, o exibicionismo nunca se curava; era o vigor maligno da mente
– que, como os do corpo, nunca eram corrigidos: uma vez janota, sempre
janota.
Sendo-lhe contado que Gilbert Cowper tinha-o chamado de Calibã da
literatura, Johnson respondeu: “Bem, devo apelidá-lo Punchinello” ([43]).
Falando do conde de Corke e Orrery, ele disse “que o homem passou a
vida em busca de um objeto (eminência literária), que ele não tinha
capacidade para entender”.
Encontrar uma substituição para a moralidade violada, segundo ele, “era
a característica principal em todas as perversões da religião”.
Johnson costumava citar sempre, com grande emoção, estes belos versos
de Públio Virgílio Marão (Geórgicas, livro III):
“Optima quæque dies miseris mortalibus aevi
Prima fugit; subeunt morbi, tristique senectus,
Et labor, et duræ rapit inclementia mortis.” ([44])
Falando de Homero, a quem venerava como o príncipe dos poetas,
Johnson observou que o conselho dado a Diomedes por seu pai, quando o
enviou à guerra de Tróia, era a exortação mais nobre que poderia ser
exemplificada em qualquer escritor pagão e consistia em um único verso:
Aien aristeyein, kai ypeiroxon emmenai allon,
que, se bem me lembro, foi traduzido para o latim pelo Dr. Clarke ,
assim: semper appetere præstantissima, et omnibus aliis antecellere ([45]).
Johnson observou que “essa era uma reflexão muito humilhante para
qualquer homem considerar o que ele tinha feito, em comparação ao que ele
deveria ter feito”.
Ele disse que poucas pessoas tinham recursos intelectuais suficientes
para renunciar aos prazeres do vinho. Eles não poderiam de outra forma
conceber como preencher o intervalo entre o almoço e o jantar.
Ele foi comigo, um domingo, ouvir o meu velho Mestre, Gregory
Sharpe, pregar no Templo. Na oração introdutória, Sharpe arengou sobre
Liberdade como uma bênção a ser mais fervorosamente implorada, e sua
continuidade, suplicada. Johnson observou que a nossa liberdade não estava
em nenhum tipo de perigo: Sharpe teria feito muito melhor se pregasse
contra a nossa licenciosidade.
Uma noite, na casa da Sra. Montagu, onde um esplêndido grupo de
convivas estava reunido, composto pelos mais eminentes personagens
literários, pensei que ele parecia muito satisfeito com o respeito e atenção
que lhe eram demonstrados, e perguntei-lhe em nosso retorno à casa se ele
não ficara muito satisfeito com a sua visita. “Não, senhor”, disse ele, “não
muito satisfeito; ainda assim, não me recordo de ter passado muitas noites
com menos objeções”.
Apesar de não ser ele próprio de alta extração, Johnson tinha muito
respeito por nascimento e família, especialmente entre mulheres. Ele disse:
“Realizações adventícias podem ser possuídas por todos os escalões; mas
temos como facilmente distinguir a dama de bom berço”.
Ele falou: “Os pobres na Inglaterra foram mais bem-cuidados do que em
qualquer outro país do mesmo tamanho” (ele não quis dizer pequenos
cantões, ou repúblicas mesquinhas). “Onde uma grande proporção das
pessoas”, disse ele, “são obrigadas a definhar em desamparada miséria, é
porque esse país deve estar mal em termos de política e miseravelmente
governado: uma digna provisão para os pobres é o verdadeiro teste de
civilização. Senhores de educação”, observou ele, “eram praticamente os
mesmos em todos os países; a condição das classes mais baixas,
especialmente os pobres, era a verdadeira marca de discriminação
nacional”.
Quando estavam em agitação na Irlanda as leis do milho, através das
quais esse país foi capaz não só de se alimentar, mas de exportar milho em
grande quantidade, Sir Thomas Robinson observou que aquelas leis
poderiam ser prejudiciais para o comércio de milho da Inglaterra. “Sir
Thomas”, falou Johnson, “vós falais a língua de um selvagem: o quê,
senhor? Evitaríeis que as pessoas se alimentassem, se, por qualquer meio
honesto, elas conseguissem fazer isso?”
E, sendo mencionado que Garrick assistia o Dr. Brown, o autor de
Estimate of the manners and principles of the times – Estimativa dos modos
e princípios dos tempos, em alguma composição dramática, atalhou
Johnson: “Não, senhor, ele não deveria permitir que Garrick escrevesse uma
linha em sua peça, mais do que permitiria que ele subisse ao seu púlpito”.
A respeito de Burke, comentou Johnson: “Foi comumente observado,
que ele discursava com excessiva frequência no Parlamento; mas ninguém
poderia dizer que ele não falava bem, embora com excesso de frequência e
familiaridade”.
Falando de economia, ele observou, dificilmente valia a pena
economizar ansiosamente £ 20 (vinte libras) por ano. Se um homem
conseguisse economizar naquela medida, de modo a capacitá-lo a assumir
uma posição diferente na sociedade, então, de fato, isso poderia responder a
algum propósito.
Ele comentou que a principal fonte de julgamento errôneo era ver as
coisas parcialmente e só de um lado: como por exemplo, para caçadores de
fortuna, quando contemplavam as fortunas individualmente e em separado,
tratava-se de um objeto fascinante e tentador; contudo, quando vieram a
possuir as esposas e suas fortunas juntas, começaram a suspeitar que não
haviam feito um negócio tão bom.
Em referência ao falecido duque de Northumberland (Nortúmbria), que
viveu muito magnificamente enquanto Vice Lorde da Irlanda, alguém
comentou que seria difícil encontrar um sucessor adequado para ele.
“Então”, exclamou Johnson, “ele só é apto a suceder a si mesmo”.
Ele aconselhou-me, se possível, ter um bom pomar. Johnson conhecia,
disse-me, um clérigo de pequena renda, que sustentava uma família com
muito boa reputação, que alimentava principalmente com tortinhas de maçã.
Johnson disse que tinha conhecido vários bons estudiosos entre os
cavalheiros irlandeses; mas dificilmente algum deles corretamente em
quantidade. Ele estendeu a mesma observação à Escócia.
Certo Prelado ([46]) dedicava-se muito louvavelmente à construção de
igrejas e casas paroquiais. “No entanto”, disse Johnson, “não acho que ele
seja estimado como homem de muita erudição profissional, ou patrono
liberal desse conhecimento; ainda assim, é bom quando um homem possui
qualquer excelência positiva forte. Poucos têm todos os tipos de mérito
pertencente ao seu caráter. Não devemos analisar as questões muito
profundamente. Não, senhor, um ser falível falhará em algum ponto.”
Em referência ao clero irlandês, disse ele, Swift era homem de grandes
predicados e instrumento de muita coisa boa para o seu país. Berkeley era
um estudioso profundo, assim como homem de distinta imaginação –
contudo, Usher, disse ele, era o grande luminar da igreja irlandesa; e de
algum maior que ele, acrescentou, nenhuma igreja poderia se jactar – pelo
menos nos tempos modernos.
Jantamos tête à tête no Mitre, ao tempo em que eu me preparava para
voltar à Irlanda, após uma ausência de muitos anos. Lamentei muito deixar
Londres, onde eu tinha estabelecido muitas conexões agradáveis. “Senhor”,
disse ele, “não me admiro com isso; nenhum homem amante das letras
deixa Londres sem pesar. Todavia, lembre-se, senhor, você viu e desfrutou
muito; viu a vida em suas mais altas decorações, e o mundo nada tem de
novo para exibir. Nenhum homem é tão bem qualificado para deixar a vida
pública quanto aquele que por tanto tempo a experimentou e a conhece
bem. Ansiamos sempre por situações não experimentadas, e imaginamos
maior felicidade delas do que elas teriam como nos proporcionar. Não,
senhor, conhecimento e virtude podem ser adquiridos em todos os países, e
sua percepção local vai servir como algum tipo de compensação para
gratificações intelectuais que você abandonar.” Então, ele citou os seguintes
versos com grande emoção:
“Aquele que bem cedo conheceu as pompas de Estado,
(Pois coisas desconhecidas é ignorância condenar;)
E depois de ter visto a isca vistosa,
pode corajosamente dizer, a bagatela que eu desprezo;
Com tal coisa eu contente poderia viver,
contente eu poderia morrer”. ([47])
Johnson, então, despediu-se de mim com muito afeto; falou que sabia ser
uma questão de dever que me chamava para longe. “Todos nós sentiremos
muito perder-te” – e comentou: “Laudo tamen”.
1771

Idade 62
Em 1771 ele publicou outro panfleto político, intitulado Thoughts on the
late transactions respecting Falkland's Islands (Reflexões sobre as recentes
transações relativas às Ilhas de Falkland), em que, com base em materiais
fornecidos a ele pelo ministério, e com base em tópicos gerais expandidos
em seu mais rico estilo, ele se esforçou com sucesso para convencer a nação
de que era sábio e louvável aceitar que a questão do direito de permanecer
ficasse não decidida, ao invés de envolver nosso país em outra guerra. Tem
sido sugerido por alguns – com que grau de verdade não me arvorarei a
decidir – que ele classificava a importância daquelas ilhas para a Grã-
Bretanha como muito baixa. Mas, em qualquer dos casos que se considere,
cada mente humana certamente aplaude o fervor com que ele preveniu a
calamidade da guerra ([48]) – uma calamidade tão terrível, que é espantoso
como nações civilizadas, ou melhor, cristãs, possam deliberadamente
continuar a renová-la. A descrição de suas misérias neste panfleto é uma
das melhores peças de eloquência no idioma inglês. Nesta ocasião também
encontramos Johnson atacando o partido então na oposição com severidade
sem limites, e fazendo o mais amplo uso do que ele sempre reconheceu
como um instrumento argumentativo muito eficaz – o desprezo. A criação
por Johnson do personagem JUNIUS, o misterioso e muito capaz campeão
dos oposicionistas, é executada com toda a força de seu gênio, e acabada
com o maior cuidado. Ele parece ter exultado em se lançar em combate
singular contra o alardeado e formidável herói, que ousou lançar desafio a
“principados e potestades – e aos governantes deste mundo”. ([49])
Este panfleto, é observável, foi atenuado em um particular, após a
primeira edição – pois a conclusão do personagem do Sr. George Grenville
ficou assim: “Que ele, no entanto, não seja depreciado em seu túmulo. Ele
tinha poderes que não são universalmente possuídos: tivesse ele conseguido
fazer cumprir o pagamento do Resgate de Manila ([50]), ele poderia ter
contado”. Porém, em vez de manter seu astuto e afiado argumento, o texto
foi reduzido a uma mera expressão desinteressante e sem sentido, ou – se é
que posso usar a palavra – um truísmo: “Ele tinha poderes não
universalmente possuídos: e, se errou algumas vezes, ele esteve, da mesma
forma, algumas vezes certo”.

“A BENNET LANGTON, ESQ.


Caro Senhor,
Depois de muita protelação de minha parte, e muita do ministério,
consegui finalmente fazer publicar meu panfleto ([51]). Mas o atraso ainda
não chegou ao fim: Não muitos haviam sido distribuídos, antes de Lorde
North ordenar a suspensão das vendas. As razões dele não conheço
distintamente. Talvez venha a tentar encontrá-las em cuidadosa leitura ([52]).
Antes da ordem de Lorde North, um número suficiente foi distribuído para
fazer todo o estrago, embora, talvez, não para causar toda a zombaria que
dele poder-se-ia esperar.
Logo depois de sua partida, tive o prazer de descobrir ter passado todo o
perigo com que sua navegação estava ameaçada. Espero que nada aconteça
em seu lar para diminuir vossa satisfação; mas que Lady Rothes, a Sra.
Langton e as jovens senhoritas estejam todas bem.
Estive ontem à noite no Clube Literário ([53]). O Dr. Percy escreveu uma
longa balada em muitos espasmos; é bastante bonita. Ele a imprimiu, e em
breve a publicará. Goldsmith está em Bath com Lorde Clare. Na casa do Sr.
Thrale, onde escrevo agora, todos estão bem. Sou, Senhor, seu mais
humilde servo,
20 de março de 1771.
SAM. JOHNSON.”

O Sr. Strahan, o impressor, que tinha estado por muito tempo em


intimidade com Johnson no curso de seus trabalhos literários, que era ao
mesmo tempo seu amigável agente que cuidava do recebimento de sua
pensão por ele, e seu banqueiro para fornecer-lhe dinheiro quando Johnson
necessitava; esse mesmo Strahan – que era agora Membro do Parlamento, e
que gostava muito de ocupar-se de negociações políticas – achava que ele
prestaria eminente serviço, tanto ao governo quanto a Johnson, se
conseguisse ser o meio para obtenção de um assento na Câmara dos
Comuns para ele. Com essa visão, Strahan escreveu uma carta a um dos
secretários do Tesouro ([54]), da qual me deu uma cópia em sua própria
caligrafia, que é como segue:

“Senhor,
Havereis de facilmente lembrar que, quando tive a honra de lhe servir há
algum tempo, tomei a liberdade de observar a Vossa Senhoria que o Dr.
Johnson faria uma figura excelente na Câmara dos Comuns, e sinceramente
eu desejava que ele tivesse lá um lugar. Minhas razões são, em resumo,
estas:
Conheço seu perfeito e irrepreensível afeto por Sua Majestade e seu
governo, os quais estou certo de que ele deseja apoiar por todos os meios
em seu poder. Possui grande parcela de eloquência viril, nervosa e pronta; é
rápido em discernir a força e a fraqueza de um argumento; sabe expressar-
se com clareza e precisão, e não teme o cenho de nenhum homem vivo.
Seu caráter conhecido, como homem de extraordinário senso e
impecável virtude, garantiria a ele a atenção da Câmara, e não poderia
deixar de lá dar-lhe peso adequado.
É capaz da maior dedicação e consegue suportar qualquer grau de
trabalho sempre que veja que é necessário, e em qualquer atividade a que
seu coração e afeições estejam fortemente dedicados. Os ministros de Sua
Majestade podem, portanto, confiar de forma segura que ele fará, em toda
ocasião adequada, o máximo que seria de esperar dele. Eles o encontrarão
pronto a reivindicar medidas que tendam a promover a estabilidade do
governo, e resoluto e constante em levá-las até a execução. Também nada se
deve depreender da suposta impetuosidade de seu temperamento. Para os
amigos do rei nele encontrareis um cordeiro; para seus inimigos, um leão.
Por estas razões, humildemente entendo que ele seria um membro muito
capaz e útil. Arrisco-me a dizer que o emprego não seria desagradável para
ele; e sabendo, como sei, de sua forte afeição ao Rei, de sua capacidade de
servi-lo nessa competência, e do ardor extremo com que estou convencido
de que ele se envolveria nesse serviço, devo repetir, que eu desejo de todo o
coração vê-lo na Câmara.
Se considerais isto digno de atenção, aprazer-vos-á aproveitar uma
oportunidade conveniente de mencioná-lo a Lorde North. Se Sua Senhoria
graciosamente aprovar este pedido, terei a satisfação de ter sido, em algum
grau, o humilde instrumento para prestar ao meu país, em minha opinião,
um serviço muito essencial. Conheço vossa boa-natureza, vosso zelo pelo
bem-estar público, e peço perdão por dar-vos esse trabalho. Sou, com o
maior respeito, Senhor, seu mais obediente e humilde servo,
New Street, 30 de Março de 1771.
WILLIAM STRAHAN.”

Esta recomendação, como sabemos, não foi eficaz; mas como, nem por
que razão, só se pode conjeturar. Não se deve acreditar que o Sr. Strahan
teria feito o pedido, a menos que Johnson tivesse aprovado isso. Nunca o
ouvi mencionar o assunto; contudo, em um período posterior de sua vida,
quando Sir Joshua Reynolds contou-lhe que o Sr. Edmund Burke tinha dito
que, se tivesse chegado mais cedo ao Parlamento, ele certamente teria sido
o maior orador que já estivera ali, Johnson exclamou: “Eu gostaria de tentar
minha sorte agora”.
Tem sido muito debatido entre seus amigos e outros, se ele teria sido um
poderoso orador no Parlamento, se ele tivesse sido lá introduzido quando já
estava bastante avançado na vida. Estou inclinado a pensar que seu vasto
conhecimento, sua rapidez e força de espírito, sua vivacidade e riqueza de
expressão, sua sagacidade e humor – e, acima de tudo, sua pungência de
sarcasmo teriam grande efeito em uma assembleia popular; que a
magnitude de sua figura e a peculiaridade marcante de seus modos teriam
contribuído para o efeito. Mas lembro-me que foi observado pelo Sr. Flood
que Johnson, tendo sido muito acostumado à judiciosa brevidade e curtos
arroubos de conversação, talvez tivesse falhado nesse continuado e
expandido tipo de argumentação, que é indispensável requisito ao enunciar
assuntos complicados ao falar em público; e, como prova disso, Flood
mencionou os supostos discursos no Parlamento escritos por Johnson para a
revista – nenhum dos quais, em sua opinião, de modo algum era parecido
com debates reais. A opinião de alguém que era ele mesmo tão eminente
orador, deve-se admitir, teve grande peso. Tal fato foi confirmado por Sir
William Scott, que mencionou o fato de Johnson ter-lhe dito que tinha
várias vezes tentado falar na Sociedade de Artes e Ciências, mas “tinha
descoberto que não conseguiria”. Do Sr. William Gerrard Hamilton ouvi
dizer que Johnson, quando lhe foi observado que era prudente para um
homem não acostumado a falar em público começar seu discurso da
maneira mais simples possível, reconheceu que se levantou naquela
Sociedade para fazer um discurso que tinha preparado. “Mas”, disse ele,
“todos os meus floreados de oratória me abandonaram.” Entretanto, não
consigo deixar de desejar, que ele tivesse “tentado sua sorte” no
Parlamento; e pergunto-me por que o ministério não fez a experiência.
Enfim, renovei uma correspondência que tinha sido interrompida por
muito tempo:

“Ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 18 de Abril de 1771.
Meu caro Senhor,
Agora consigo entender completamente esses intervalos de silêncio em
sua correspondência comigo, que muitas vezes me deram ansiedade e
inquietação; pois, embora eu esteja consciente de que minha veneração e
amor pelo Sr. Johnson nunca foram minimamente diminuídos, ainda assim
adiei escrever a ele por quase um ano e meio..”.
Na parte subsequente dessa carta fiz um relato da minha confortável vida
de homem casado, e um advogado em prática nos tribunais escoceses;
convidei-o a vir à Escócia, e prometi levá-lo às Terras Altas e às Ilhas
Hébridas.

“Para JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor,
Se agora você é capaz de compreender que eu poderia deixar de escrever
sem diminuição de afeto, você me ensinou, da mesma forma, como aquela
negligência viria a ser sentida com dificuldade, mas sem ressentimento. Eu
ansiei por sua carta por longo tempo – e quando veio, ela amplamente
recompensou a demora. Eu nunca estive tão satisfeito quanto agora com seu
relato a respeito; e espero sinceramente que, entre negócios públicos,
estudos de aperfeiçoamento e prazeres domésticos, nem a melancolia nem o
capricho encontrarão algum lugar para entrar. Seja o que for que a filosofia
possa determinar da natureza material, é certamente verdade da natureza
intelectual que esta abomina o vácuo: nossas mentes não podem estar
vazias; e o mal as invadirá, se elas não estiverem previamente ocupadas
com o bem. Meu caro senhor, cuide de seus estudos, cuide dos seus
negócios, faça feliz a sua senhora, e seja um bom cristão. Depois disso,
‘tristitiam et metus
Trades protervis in mare Creticum
Portare ventis”. ([55])’
Se cumprirmos nosso dever, estaremos seguros e sólidos, “Sive per”
(Seja por) etc., seja se subimos as Terras Altas, ou somos lançados entre as
Hébridas; e espero que o tempo virá em que possamos experimentar nossos
poderes, tanto com falésias quanto com água. Vejo muito pouco Lorde
Elibank, não sei por quê; talvez por minha própria culpa. Hoje estou indo a
Staffordshire e Derbyshire por seis semanas. Sou, caro Senhor, seu mais
afeiçoado e humilde servo,
Londres, 20 de junho de 1771.
SAM. JOHNSON.”
A SIR JOSHUA REYNOLDS, em Leicester-Fields
Caro Senhor:
Quando vim a Lichfield, descobri que o meu retrato tinha sido muito
visitado e muito admirado. Todo homem tem a oculta aspiração de ser
considerado em sua terra natal; e fiquei satisfeito com a dignidade conferida
por tal testemunho do vosso olhar.
Apraza-vos, portanto, aceitar os agradecimentos, Senhor, do vosso mais
obrigado e mais humilde servo,
Ashbourn em Derbyshire, 17 de Julho de 1771.
SAM. JOHNSON.

Cumprimentos à Senhorita Reynolds.”

“Ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 27 de Julho de 1771.
Meu caro Senhor,
O portador desta, Sr. Beattie, Professor de Filosofia Moral em Aberdeen,
deseja ser apresentado ao vosso conhecimento. Sua genialidade e erudição,
e os trabalhos a serviço da virtude e da religião, o tornam muito digno
disso; e como ele tem em alta estima o vosso caráter, espero que vós lhe
estendais uma recepção favorável. Sou sempre, etc.
JAMES BOSWELL.”

“A BENNET LANGTON, ESQ. Em Langton, perto de Spilsby,


Lincolnshire

Caro Senhor,
Voltei recentemente de Staffordshire e Derbyshire. A última carta
menciona duas outras que você me escreveu desde que recebeu meu
panfleto. Dessas duas, recebi apenas uma, em que você mencionava um
projeto de visitar a Escócia – e, por consequência, coloquei minha viagem a
Langton fora de minhas cogitações. Minhas andanças de verão estão agora
terminadas, e estou empenhado em uma tarefa muito grande, a revisão do
meu Dicionário; da qual não sei, neste momento, como me livrar.
Se você observou – ou lhe foi contado a respeito de – quaisquer erros ou
omissões, me fará grande favor ao informar-me.
Lady Rothes, eu acho, lhe decepcionou e a ela mesma. As damas terão
sempre esses truques. A Rainha e a Sra. Thrale, ambas senhoras de
experiência, ainda assim não acertaram, ambas, suas contas neste verão.
Espero que poucos meses recompensarão teu mal-estar.
Por favor, diga a Lady Rothes em quão alto apreço tenho e valorizo a
honra de seu convite, e que é meu propósito aceitá-lo, logo que eu tenha me
desvencilhado. Nesse ínterim, espero ouvir falar muitas vezes de sua
Senhoria – e, a cada dia, receber melhores notícias a respeito dela –, até eu
escutar que você tem a felicidade ([56]), que a ambos é mui sinceramente
desejada por, Senhor, seu mais afeiçoado e mais humilde servo,
29 de Agosto de 1771.
SAM. JOHNSON.”

Em Outubro, escrevi novamente a ele, agradecendo-lhe por sua última


carta, e sua amável recepção ao Sr. Beattie; e informando-lhe que eu tinha
estado em Alnwick ultimamente, e tinha boas histórias dele contadas pelo
Dr. Percy, Bispo de Dromore.
Em seu registro religioso deste ano, observamos que ele estava melhor
do que o habitual, tanto de corpo quanto de mente, e bem mais satisfeito
com a regularidade de sua conduta. Mas ele ainda “tenta sua sorte” com
demasiado rigor. Ele acusa a si mesmo de não se levantar cedo o suficiente;
no entanto, ele menciona o que era certamente uma suficiente desculpa para
isso, supondo que seja uma obrigação seriamente necessária, conforme ele
em toda a sua vida parece ter pensado. “Um grande obstáculo é falta de
repouso; minhas queixas noturnas tornam-se menos problemáticas à medida
que se aproxima a manhã; e fico tentado a reparar as deficiências da noite.”
([57]) Ai de mim! Quão penoso seria se esta indulgência fosse imputada a um
homem doente como um crime. Em seu retrospecto no Sábado de Aleluia
seguinte, diz ele: “Quando revejo o ano passado, sou capaz de lembrar-me
de tão pouco que fiz, a ponto de que vergonha e tristeza, embora talvez
demasiado fracamente, vêm sobre mim”. Se estivesse julgando qualquer
outra pessoa nas mesmas circunstâncias, quão claramente ele ter-se-ia
inclinado para o lado favorável! Quão difícil – e, em minha opinião, quase
impossível, por sua constituição – era para ele ser acordado cedo, mesmo
em obediência às mais fortes resoluções, aparece a partir de uma nota em
uma de suas pequenas cadernetas, (contendo palavras arranjadas para seu
Dicionário), escritas, eu suponho, por volta de 1753: “Não me lembro,
desde quando deixei Oxford, se alguma vez levantei-me cedo por mera
escolha, além de uma ou duas vezes na escola Edial em Lichfield, e duas ou
três vezes para o Rambler”. Acho que ele tinha justos motivos o suficiente
para ter acalmado sua mente sobre este assunto, por concluir que era
fisicamente incapaz de cumprir o que é, na melhor das hipóteses, uma
norma bastante ampla.
1772

Em 1772 ele estava completamente em repouso como autor; mas será


descoberto, a partir de várias evidências que reunirei, de que sua mente
estava aguda, alegre e vigorosa.

“A SIR JOSHUA REYNOLDS


Caro Senhor,
Por favor, envie ao Sr. Banks, cujo local de residência não conheço, esta
nota, que lhe mando aberta, que, por favor, você poderá ler.
Quando a enviar, não use seu próprio selo. Sou, Senhor, seu mais
humilde servo,
27 de fevereiro de 1772.
SAM. JOHNSON.”

“A JOSEPH BANKS, ESQ.


“Perpetua ambitâ bis terrâ præmia lactis
Hæc habet altrici Capra secunda Jovis.” ([58])
Senhor,
Eu lhe agradeço e ao Dr. Solander pelo prazer que tive na conversa de
ontem. Eu não conseguia lembrar-me de um lema para a sua Cabra, mas lhe
dei um. Senhor, talvez você tenha um poema épico de alguma pena mais
feliz do que, Senhor, aquela do seu mais humilde servo,
Johnson's-court, Fleet-street,
27 de fevereiro de 1772.
SAM. JOHNSON.”

“Ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 03 de Março de 1772.
Meu caro Senhor,
É difícil para mim não conseguir prevalecer sobre você para que me
escreva mais frequentemente. Porém, estou convencido de que é vão
esperar de você uma correspondência particular com alguma regularidade.
Devo, portanto, olhar para você como uma fonte de sabedoria, de onde
alguns fluxos são comunicados a uma distância, e que deve ser abordado na
sua origem, para participar plenamente das suas virtudes...
Chegarei a Londres em breve, e devo aparecer em uma apelação do
Tribunal de Sessão na Câmara dos Lordes. Um professor na Escócia foi, por
um tribunal de jurisdição inferior, afastado de suas funções, por ser um
pouco severo quanto ao castigo de seus alunos. O Tribunal de Sessão,
considerando perigoso para o interesse da aprendizagem e educação
diminuir a dignidade dos professores e torná-lo temerosos de pais
demasiado indulgentes por instigação das queixas de seus filhos,
reconduziu-o ao cargo. Seus inimigos apelaram para a Casa dos Lordes,
embora o salário seja apenas £ 20 (vinte libras) por ano. Eu era o advogado
dele aqui. Espero que haja pouco receio de uma reversão; mas devo
implorar para ter sua ajuda no meu plano de apoio ao decreto. É uma
questão geral, e não uma questão de direito particular... ... Sou etc.,
JAMES BOSWELL.”

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro Senhor,
Que tão logo venha à cidade deixa-me muito feliz; e ainda mais feliz que
você venha como advogado. Considero que não haja nada mais propenso a
fazer sua vida passar alegremente do que a consciência do teu próprio valor
– o que a eminência em tua profissão certamente conferirá. Se estiver ao
meu alcance eu lhe dar qualquer ajuda adicional, espero que não suspeite de
que ela vá faltar. Minha afabilidade por você não tem nem o mérito da
virtude singular, nem o opróbrio do preconceito singular. Se lhe amar é
certo ou errado, tenho muitos ao meu lado: a Sra. Thrale te ama, e a Sra.
Williams te ama – e o que teria me inclinado a te amar, se eu tivesse estado
neutro antes, você é um grande favorito do Dr. Beattie.
Sobre o Dr. Beattie eu deveria ter pensado muito, a não ser que a sua
senhora o coloca fora de minha cabeça; ela é uma mulher muito adorável.
A demissão pela qual você vem aqui a fim de se opor parece muito cruel,
irracional e opressiva. Penso que não poderia haver muita dúvida quanto ao
seu sucesso.
Minha saúde melhora, mas não estou totalmente recuperado. Acredito
que se considera que os homens não se recuperam muito rápido depois dos
60 anos. Ainda espero ver o Colégio de Beattie: e não desisti da viagem ao
oeste. Contudo, embora tudo isso possa ocorrer ou não, vamos tentar fazer
um ao outro feliz quando nos encontrarmos – e não transferir nosso prazer
para tempos ou lugares distantes.
Como é que você nada me diz sobre sua senhora? Espero vê-la em
algum momento e, até então, terei prazer em ouvir falar dela. Sou, caro
Senhor, etc.
15 de março de 1772.
SAM. JOHNSON.”

“A BENNET LANGTON, ESQ., perto de Spilsby, Lincolnshire


Caro Senhor,
Quero parabenizar a você e a Lady Rothes ([59]) por vosso homenzinho, e
espero que todos vocês fiquem juntos e felizes por muitos anos.
A pobre Senhorita Langton pode ter pequena parte da alegria de sua
família. Ela hoje chamou sua tia Langton para receber o sacramento com
ela; e fez-me falar ontem sobre temas adequados à sua condição. Isso
provavelmente será seu viático. Eu certamente não preciso mencionar
novamente que ela deseja ver sua mãe. Sou, Senhor, seu mais humilde
servo,
14 de março de 1772.
SAM. JOHNSON.”
No dia 21 de março, fiquei feliz por encontrar-me novamente no estúdio
de meu amigo, e fiquei satisfeito ao ver meu velho conhecido, o Sr. Francis
Barber, que agora voltara para casa. O Dr. Johnson recebeu-me com
calorosas boas vindas, dizendo: “Estou feliz que você tenha vindo, e
contente que esteja com tal missão” (referindo-se à causa do mestre-escola).
BOSWELL: “Espero, Senhor, que ele não estará em perigo. É um assunto
muito delicado interferir entre um mestre e seus alunos: nem eu vejo como
conseguirei corrigir o grau de severidade que um mestre pode usar”.
JOHNSON: “Ora, Senhor, até que consiga determinar o grau de obstinação
e negligência dos estudantes, não se pode fixar o grau de severidade do
mestre. A severidade deve ser continuada até que a obstinação seja
subjugada e a negligência curada”. Ele mencionou a severidade de Hunter,
seu próprio Mestre. “Senhor”, disse eu, “Hunter é um nome escocês: por
isso deve parecer que este professor que lhe espancava severamente era
escocês. Agora tenho como explicar vosso preconceito contra os
escoceses”. JOHNSON: “Senhor, ele não era escocês; e, descontando sua
brutalidade, era um bom mestre”.
Falamos de seus dois panfletos políticos, The false alarm (O falso
alarme), e Thoughts concerning Falkland's Islands (Considerações sobre as
Ilhas de Falkland). JOHNSON: “Bem, Senhor, qual deles você considera o
melhor?”. BOSWELL: “Gostei mais do segundo”. JOHNSON: “Bem,
Senhor, gostei mais do primeiro; e Beattie gostou mais do primeiro. Senhor,
há uma sutileza de dissertação no primeiro, que vale todo o fogo do
segundo”. BOSWELL: “Por favor, diga-me, senhor, é verdade que Lorde
North lhe fez uma visita, e que você recebeu £ 200 (duzentas libras) a mais
por ano, além de sua pensão?”. JOHNSON: “Não, Senhor. Exceto o que
ganhei do livreiro, não recebi um centavo por esses livros. E, aqui entre nós,
creio que Lorde North não seja meu amigo”. BOSWELL: “Como assim,
senhor?”. JOHNSON: “Ora, Senhor, você não conseguirá explicar as
fantasias dos homens. Bem, como vai Lorde Elibank? E como vai Lorde
Monboddo?”. BOSWELL: “Muito bem, Senhor. Lorde Monboddo ainda
defende a superioridade da vida selvagem”. JOHNSON: “Que estranha
estreiteza de espírito é essa de pensar que as coisas que ainda não
conhecemos são melhores do que as coisas que conhecemos”. BOSWELL:
“Ora, Senhor, este é um preconceito comum”. JOHNSON: “Sim, Senhor;
mas um preconceito comum não deve ser encontrado em alguém cuja
atividade é corrigir erros”.
Nesse ínterim, entrou um cavalheiro que deveria ir como oficial não
comissionado no navio junto com o Sr. Banks e o Dr. Solander, o Dr.
Johnson perguntou quais eram os nomes dos navios destinados à expedição.
O cavalheiro respondeu que eles tinham sido anteriormente chamados
Drake e Ralegh, mas agora eles deveriam ter os nomes de Resolution e
Adventure. JOHNSON: “Muito melhor; porque, se o Ralegh retornasse sem
dar a volta ao mundo, teria sido ridículo. Dar-lhes os nomes de Drake,
político, navegador, comerciante de escravos e Ralegh ([60]) foi como montar
uma armadilha que se tornaria um convite para a sátira”. BOSWELL: “Você
não teve algum desejo de ir nesta expedição, Senhor?”. JOHNSON: “Bem,
sim, mas logo coloquei de lado. Senhor, a muito pouco de intelectual na
navegação. Além disso, vejo apenas a uma pequena distância. Portanto, não
valeria a pena gastar meu tempo para ir ver voar pássaros que eu não
deveria ter visto voar; e ver nadar peixes que eu não deveria ter visto
nadar”.
Tendo o cavalheiro saído, e o Dr. Johnson tendo deixado a sala por
algum tempo, um debate surgiu entre o Reverendo Sr. Stockdale e a Sra.
Desmoulins, que discutiram se o Sr. Banks e o Dr. Solander tinham direito a
alguma parcela de glória de sua expedição. Quando o Dr. Johnson voltou
até nós, eu lhe contei o assunto da disputa deles. JOHNSON: “Ora, Senhor,
foi especificamente pela botânica que eles foram: eu acredito que eles
pensaram somente em coletar plantas medicinais”.
Agradeci-lhe por mostrar cortesia em relação a Beattie. “Senhor”, disse
ele, eu é que deveria lhe agradecer. Nós todos amamos Beattie. A Sra.
Thrale diz que, se alguma vez ela tiver outro marido, este será Beattie. Ele
fez-nos crer ([61]) que era casado; então deveríamos ter nos comportado com
mais civilidade em relação à sua dama. Ela é uma mulher muito fina. Mas
como alguém consegue mostrar cortesia a uma não entidade? Eu não achei
que ele tivesse sido casado. Não, não pensei sobre isso de uma forma ou de
outra; mas ele não nos contou sobre sua senhora até mais tarde”.
Ele então falou de St. Kilda, a mais remota das Hébridas. Eu contei a ele
que pensei em comprá-la. JOHNSON: “Por favor, faça isso, senhor. Iremos
e passaremos um inverno em meio às ventanias de lá. Teremos peixe bom, e
levaremos conosco algumas línguas secas e alguns livros. Faremos com que
um navio forte seja construído e alguns homens de Orkney para navegá-lo.
Precisaremos construir uma casa aceitável: mas podemos levar conosco
uma casa de madeira pronta que não exija nada, exceto ser colocada em pé.
Considere, Senhor, que, ao comprar St. Kilda, conseguirá evitar que as
pessoas caiam em piores mãos. Devemos dar-lhes um clérigo, e ele será
escolhido por Beattie. Ele será educado na Faculdade Marischal. Eu serei
seu presidente da Câmara dos Lordes, ou o que você quiser”. BOSWELL:
“O Senhor fala sério ao aconselhar-me a comprar St. Kilda? Pois, se me
aconselhar a ir para o Japão, acredito que eu deveria fazê-lo”. JOHNSON:
“Ora, sim, senhor, falo sério”. BOSWELL: “Bem, então, verei o que pode
ser feito”.
Dei-lhe um relato dos dois partidos na Igreja da Escócia, aqueles em
favor de apoiar os direitos dos fiéis, independente das pessoas, e aqueles
contra isso. JOHNSON: “Isso deveria ser resolvido de uma forma ou de
outra. Não tenho como desejar o bem a uma eleição popular do clero,
quando considero que isso ocasiona tais animosidades, como cortejar
indignamente as pessoas, calúnias entre as partes em disputa e outras
desvantagens. É o suficiente permitir às pessoas protestar contra a
nomeação de um ministro por razões sólidas”. (Suponho que ele queria
dizer heresia ou imoralidade.)
Ele foi convidado a jantar fora, e pediu-me que voltasse à sua casa à
noite, às 9 horas, o que eu assim fiz.
Bebemos chá com a Sra. Williams, que nos contou uma história de sexto
sentido, que aconteceu no País de Gales, onde ela nasceu. Ele a escutou
com muita atenção, e disse que ficaria feliz em ter alguns exemplos daquela
faculdade bem autenticados. Seu desejo elevado por mais e mais evidências
de espírito, em oposição à crença rastejante do materialismo o levou a um
amor por tais misteriosas indagações. Ele mais uma vez observou, com
justiça: que não poderíamos ter certeza da verdade de aparições
sobrenaturais, a menos que alguma coisa nos fosse dita que não
conseguiríamos saber por meios ordinários, ou alguma coisa fosse feita que
não pudesse ser feita a não ser por um poder sobrenatural; que o Faraó em
razão e justiça exigiu tal evidência de Moisés; ou melhor, que o nosso
Salvador disse: “Se eu não tivesse feito entre eles as obras que nenhum
outro homem fez, eles não teriam tido o pecado”. Ele tinha dito pela manhã
que a História de St. Kilda, de Macaulay era muito bem escrita, exceto por
alguns janotismos sobre liberdade e escravidão. Eu mencionei a Johnson o
que Macaulay me disse, que ele foi aconselhado a deixar fora de seu livro a
maravilhosa história de que, com a aproximação de um estrangeiro, todos
os moradores se resfriaram ([62]), mas que isso tinha sido tão bem
autenticado que ele decidiu mantê-la. JOHNSON: “Senhor, deixar coisas
fora de um livro simplesmente porque as pessoas dizem que não serão
acreditadas é maldade. Macaulay agiu com mais generosidade”.
Falamos sobre a religião católica romana, e quão pouca diferença havia
em questões essenciais entre a nossa e ela. JOHNSON: “É verdade, Senhor;
todas as denominações cristãs têm muito pouca diferença na questão da
doutrina, embora possam diferir amplamente em formas externas. Há uma
prodigiosa diferença entre a forma externa de uma de vossas igrejas
presbiterianas na Escócia, e outra igreja na Itália; no entanto, a doutrina
ensinada é essencialmente a mesma”.
Eu mencionei a petição ao Parlamento para remover a subscrição dos 39
Artigos. ([63]) JOHNSON: “Ela logo foi jogada fora. Senhor, eles falam de
não obrigar meninos da Universidade a subscrever o que eles não
entendem; mas eles devem considerar que nossas universidades foram
fundadas para educar membros para a Igreja da Inglaterra, e não devemos
fornecer aos nossos inimigos as armas de nosso arsenal. Não, senhor, o
significado da subscrição não é que eles entendam plenamente todos os
artigos, mas que eles aderirão à Igreja da Inglaterra. Agora olhe por esse
ângulo, e suponha que eles devessem subscrever somente sua adesão à
Igreja da Inglaterra, haveria igualmente a mesma dificuldade; pois, ainda
assim, os jovens estariam subscrevendo o que eles não entendem. Porque,
se lhes perguntasse o que querem dizer com Igreja da Inglaterra? Sabe no
que ela difere da Igreja Presbiteriana? Da Igreja Romena? Da Igreja Grega?
da Igreja Copta? Eles não saberiam dizer. Então, Senhor, trata-se da mesma
coisa”. BOSWELL: “Mas, Senhor, não seria suficiente subscrever a
Bíblia?”. JOHNSON: “Ora, não, Senhor; porque todas as seitas subscrevem
a Bíblia; ou melhor, os maometanos subscreverão a Bíblia; porque os
maometanos reconhecem JESUS CRISTO, assim como Moisés, porém
sustentam que Deus enviou Maomé como profeta ainda maior do que
qualquer um deles.”
Eu mencionei a moção que tinha sido feita na Câmara dos Comuns para
abolir o jejum do dia 30 de janeiro ([64]). JOHNSON: “Ora, Senhor, eu
poderia ter desejado que este tivesse sido um ato temporário e, talvez, ter
expirado com o século. Sou contra a abolição; porque isso equivaleria a
declarar que foi errado estabelecê-lo; mas eu não deveria ter nenhuma
objeção a fazer uma lei, continuando-o por mais um século, e, então, deixá-
lo expirar”.
Ele desaprovava a Lei do Casamento Real ([65]). “Porque”, disse ele, “eu
não aceitaria as pessoas pensarem que a validade do casamento depende da
vontade do homem, ou que o direito de um Rei depende da vontade do
homem. Eu não deveria ter sido contra tornar altamente criminoso o
casamento de alguém da família real, quando este não tivesse a aprovação
do Rei e do Parlamento.”
De manhã tínhamos falado de antigas famílias, e o respeito que lhes é
devido. JOHNSON: “Senhor, você tem o direito a esse tipo de respeito, e
argumenta em seu próprio favor. Sou a favor de apoiar o princípio, e não
tenho interesse em fazê-lo, pois não tenho tal direito”. BOSWELL: “Bem,
Senhor, é mais um incentivo a um homem a ter sucesso”. JOHNSON: “Sim,
senhor, e é uma questão de opinião, muito necessária para manter a
sociedade unida. O que é senão a opinião, por meio da qual temos respeito
pela autoridade, que nos impede a nós, que somos a ralé, de nos
levantarmos e derrubar a vocês – que são cavalheiros – de vossos lugares, e
dizer: ‘Agora é a nossa vez de sermos cavalheiros?’. Agora, Senhor, aquele
respeito pela autoridade é muito mais facilmente concedido a um homem
cujo pai o teve, do que a um novo-rico, e assim a Sociedade mais
facilmente se sustém”. BOSWELL: “Talvez, Senhor, isso devesse ser feito
pelo respeito inerente ao cargo, como entre os romanos, aos quais a
vestimenta, a toga, inspirava reverência”. JOHNSON: “Ora, Senhor,
sabemos muito pouco sobre os romanos. Mas, com certeza, é muito mais
fácil respeitar um homem que sempre teve respeito, do que respeitar um
homem que no ano passado sabemos que não era melhor do que nós
mesmos, e não será melhor no próximo ano. Em repúblicas não há respeito
pela autoridade – e sim medo do poder”. BOSWELL: “Neste momento,
Senhor, acho que as riquezas parecem ganhar mais respeito”. JOHNSON:
“Não, Senhor, riquezas não ganham o respeito saudável; elas só
proporcionam atenção externa. Um homem muito rico e de baixa extração
social consegue comprar sua eleição em um distrito eleitoral; contudo,
cæteris paribus (sendo todo o resto igual), um homem de família será
preferido. As pessoas preferirão um homem em cujo pai seus pais votaram,
embora eles não devessem receber mais dinheiro, ou mesmo menos. Isso
mostra que o respeito pela família não é meramente fantasioso, mas tem
uma operação real. Se cavalheiros de família permitissem que os arrivistas
ricos gastassem o seu dinheiro profusamente – o que eles estão prontos o
suficiente a fazer – e não competissem com eles em gastos, os arrivistas
logo chegariam ao fim, e os cavalheiros permaneceriam: mas se os
cavalheiros disputam em gastos com os arrivistas, o que é muito tolo, eles
se arruinarão.”
Dei a ele um relato sobre a excelente mímica de um amigo meu ([66]) na
Escócia; observando, ao mesmo tempo, que algumas pessoas a
consideravam uma coisa muito má. JOHNSON: “Bem, Senhor, isso é fazer
muito mau uso dos poderes de um homem. Contudo, para ser um bom
mímico, exigem-se grandes poderes, grande acuidade de observação,
grande retenção do que é observado – e grande flexibilidade de órgãos, para
representar o que se observa. Lembro-me de uma senhora de qualidade
nesta cidade, Lady ---- ([67]), que era uma mímica maravilhosa e me fazia rir
às bandeiras despregadas. Ouvi dizer que ela agora enlouqueceu”.
BOSWELL: “É impressionante como um mímico não só pode dar-nos os
gestos e a voz de uma pessoa a quem ele representa, mas até mesmo o que
uma pessoa diria sobre qualquer assunto em particular”. JOHNSON: “Bem,
Senhor, você deve considerar que a maneira e algumas frases específicas de
uma pessoa fazer muito para impressionar com uma ideia dela, e você não
tem certeza de que ela diria o que o mímico diz em sua personagem”.
BOSWELL: “Eu não acho que Foote seja um bom mímico, Senhor”.
JOHNSON: “Não, senhor, suas imitações são não parecidas com os
originais. Ele nos dá algo diferente de si mesmo, mas não a personagem que
pretende assumir. Ele sai de si mesmo, sem entrar em outras pessoas. Foote
não consegue apossar-se de pessoa alguma, a menos que ela seja fortemente
marcada, como, por exemplo, George Faulkner. ([68]) Ele é como um pintor,
que sabe desenhar o retrato de um homem que tenha uma verruga em seu
rosto – e que, por isso, é facilmente conhecido. Se um homem pula em uma
perna só, Foote consegue pular em uma perna só. Mas ele não tem que
aquela discriminação simpática que vosso amigo parece possuir. Foote é, no
entanto, muito divertido, com um tipo de conversa entre inteligência e
palhaçada”.
Na segunda-feira, 23 de março, eu o encontrei ocupado, preparando uma
quarta edição do seu Dicionário folio. O Sr. V. J. Peyton, um dos seus
copistas originais, estava escrevendo para ele. Eu chamei sua atenção para
um dos significados da palavra lado, que ele havia omitido – em outras
palavras, no sentido de parentesco, como em “do lado do pai”, “do lado da
mãe”. Ele a inseriu. Perguntei-lhe se humilhante era uma boa palavra. Ele
disse que a tinha visto frequentemente usada, mas ele não sabia que era
legítimo inglês. Ele não admitiria civilização, mas apenas civilidade. Com
grande deferência para com ele, considerei civilização, a partir de civilizar,
mais adequada no sentido de oposição à barbárie, ao invés de civilidade –
pois é melhor ter uma palavra diferente para cada significado que uma
palavra com dois sentidos, que é o caso de civilidade, na maneira de ele
usá-la.
Ele também parecia absorvido em algum tipo de operação química.
Fiquei entretido a observar como ele fazia maquinações para enviar o Sr.
Peyton em uma incumbência, sem parecer degradá-lo. “Sr. Peyton, Sr.
Peyton, o senhor far-me-ia a gentileza de dar um passeio até Temple-Bar? O
senhor verá ali uma loja de produtos químicos, na qual espero o senhor
possa fazer-me o favor de comprar para mim uma onça de óleo de vitríolo;
não espírito de vitríolo, mas óleo de vitríolo. Vai custar 3 meio-pence.”
Peyton partiu imediatamente, voltou com o produto e disse a ele que custara
apenas 1 penny.
Eu, então, lembrei-lhe o caso do professor, e propus ler para ele os
jornais impressos relacionados a isso. “Não, senhor”, disse Johnson, “eu
consigo ler mais rápido do que ouvir.” Assim, ele os leu em silêncio.
Depois que ele tinha lido por algum tempo, fomos interrompidos pela
entrada do Sr. Kristrom, um sueco, que era tutor de alguns jovens
cavalheiros da cidade. Ele me disse que havia uma boa História da Suécia
de Daline. Tendo eu naquela época a intenção de escrever a história daquele
país, perguntei ao Dr. Johnson se era possível escrever uma história da
Suécia sem ir até lá. “Sim, Senhor”, disse ele, “uma para uso comum.”
Conversamos sobre idiomas. Johnson observou que Leibnitz tinha feito
algum progresso em uma obra, na qual rastreara todos os idiomas até o
hebraico. “Ora, Senhor”, disse ele, “você imaginaria que jour em francês –
dia – é derivado do latim dies, e ainda assim nada é mais certo; e as etapas
intermediárias são muito claras. De dies vem diurnus. Diu é, por imprecisos
ouvidos ou inexata pronúncia, facilmente confundível com giu; então os
italianos formam um substantivo a partir do ablativo de um adjetivo, e daí
giurno – ou, como eles dizem, giorno, o que é facilmente contraído como
giour ou jour.” Ele observou, que o idioma boêmio era, na verdade,
eslavônio. O sueco Kristrom disse que essa língua tinha alguma semelhança
com o alemão. JOHNSON: “Bem, Senhor, com certeza, as partes da
Eslavônia que se limitam com a Alemanha tomarão por empréstimo
palavras do alemão, e partes que confinam com Tartária tomarão
emprestadas palavras tártaras”.
Ele disse que nunca averiguou adequadamente se os escoceses das Terras
Altas e os irlandeses se entendiam. Eu contei a ele que o meu primo coronel
Graham, do Royal Highlanders, que conheci em Drogheda, disse-me que
eles se entendiam, sim. JOHNSON: “Senhor, se os habitantes das Terras
Altas entendiam irlandês, por que traduzir o Novo Testamento para o Erse
([69]), como foi feito recentemente em Edimburgo, quando existe uma
tradução irlandesa?”. BOSWELL: “Embora o Erse e o irlandês sejam dois
dialetos da mesma língua, pode haver uma boa dose de diversidade entre
eles, como acontece entre diferentes dialetos da Itália”. O sueco foi embora,
e o Sr. Johnson continuou sua leitura dos jornais. Eu disse: “Receio, senhor,
que isto lhe seja incômodo”. “Ora, Senhor”, disse ele, “não tenho muito
prazer com isso, mas vou até o fim.”
Fomos ao Mitre, e ceamos na sala onde ele e eu jantamos juntos pela
primeira vez. Ele deu-me grandes esperanças sobre minha causa. “Senhor”,
disse ele, “o papel disciplinar de um professor tem um pouco da natureza do
governo militar; ou seja, ele deve ser arbitrário, deve ser exercido pela
vontade de um só homem, de acordo com circunstâncias particulares. Você
deve mostrar algum aprendizado nessa ocasião. Deve demonstrar que um
professor tem o direito legal de espancar, e que um ato de agressão não
pode ser admitido contra ele, a menos que haja algum grande excesso,
alguma barbaridade. Esse homem não mutilou nenhum de seus meninos.
Todos eles foram deixados com o exercício pleno de suas faculdades
corpóreas. Em nossas escolas na Inglaterra, muitos meninos foram
mutilados; ainda assim, nunca ouvi falar de uma ação contra um professor
por conta disso. ([70]) Puffendorf, acho eu, sustenta o direito de um professor
espancar seus alunos.”
No sábado, 27 de março sic., eu apresentei a ele Sir Alexander
MacDonald ([71]) que ele tinha manifestado o desejo de conhecer. Johnson o
recebeu de maneira muito cortês.
Sir Alexander observou que os Chanceleres da Inglaterra são escolhidos
a partir de visões muito inferiores ao cargo, com base em pontos de vista
políticos temporários. JOHNSON: “Ora, Senhor, em um governo como o
nosso, ninguém é nomeado para um cargo porque ele é o mais apto para
tanto, e dificilmente em qualquer outro governo, porque há tantas conexões
e dependências a serem consideradas. Um príncipe despótico pode escolher
um homem para um cargo, simplesmente porque ele é o mais apto para ele.
O Rei da Prússia pode fazê-lo”. SIR A. : “Eu acho, Senhor, que quase todos
os grandes advogados, como, pelo menos, aqueles que escreveram sobre
Direito, conheciam apenas a Lei, e nada mais.” JOHNSON. “Ora, não,
Senhor; o juiz Hale foi um grande advogado, e escreveu sobre direito;
ainda assim, ele sabia muitas outras coisas, e escreveu sobre outras coisas.
Selden também.” SIR A. “É verdade, senhor, e Lorde Bacon. Porém, Lorde
Coke não era um mero advogado?” JOHNSON: “Ora, receio que sim, mas
ele teria reagido muito mal se você tivesse dito isso a ele. Ele lhe teria
processado por difamação”. BOSWELL: “Lorde Mansfield não é um mero
advogado”. JOHNSON. “Não, Senhor. Eu nunca estive na companhia de
Lorde Mansfield, mas Lorde Mansfield distinguiu-se na Universidade.
Lorde Mansfield, quando veio pela primeira vez à cidade, ‘bebeu
champanhe com os sábios,’ conforme diz Prior. Ele era o amigo de Pope”.
SIR A: “Advogados, creio eu, não são tão abusivos agora quanto o eram
antigamente. Imagino que eles tinham menos leis há muito tempo, e por
isso eram obrigados a se dedicar a abusos, para preencher o tempo. Agora
eles têm um número tão alto de precedentes que não têm ocasião de
abusar”. JOHNSON: “Não, senhor, eles tinham mais leis há muito tempo do
que têm agora. Quanto aos antecedentes, com certeza vão aumentar no
decorrer do tempo; porém, quanto mais precedentes houver, menos
oportunidade haverá para a lei; o que quer dizer menos ocasião para
princípios investigativos”. SIR A.: “Eu tenho corrigido vários sotaques
escoceses em meu amigo Boswell. Duvido, Senhor, que qualquer escocês
jamais atinja uma pronúncia perfeita do inglês”. JOHNSON: “Bem, Senhor,
poucos deles o fazem, porque muitos não perseveram depois de adquirir
certo grau dessa capacidade. Mas, Senhor, não há como ter dúvida de que
eles conseguirão atingir uma pronúncia perfeita do inglês, se quiserem.
Verificamos como eles quase chegam a isso; e, certamente, um homem que
domina dezenove partes do sotaque escocês está em condições de
conquistar a vigésima. Mas, Senhor, quando um homem levou a melhor na
maior parte dos dezenove, ele se cansa e relaxa sua diligência; considera
que corrigiu seu sotaque até o ponto de não ficar desagradável, e ele não
mais deseja que seus amigos lhe digam quando está errado; nem ele escolhe
ser-lhe dito. Senhor, quando as pessoas me observam de perto, e eu não
tomo cuidado, descobrirão que sou de determinado condado. Da mesma
forma, pode-se opinar que Dunning é um homem de Devonshire. Assim
como há condições de descobrir a maioria dos escoceses. Entretanto,
Senhor, pequenas aberrações são nenhuma desvantagem. Eu nunca
surpreendi Mallet com sotaque escocês, e ainda assim, Mallet, eu suponho,
já tinha mais de 25 anos ([72]) antes de vir para Londres”.
Em outra ocasião, falei com ele sobre este assunto, tendo-me dado o
trabalho de melhorar a minha pronúncia, com a ajuda do falecido Sr. Love
do teatro de Drury Lane, quando ele era ator em Edimburgo, e também do
velho Sr. Sheridan ([73]). Johnson disse-me: “Senhor, vossa pronúncia não é
desagradável”. Fiquei bastante satisfeito com essa magnanimidade; e
deixai-me dar aos meus conterrâneos do Norte da Grã-Bretanha um
conselho para que não visem a perfeição absoluta a este respeito; não falar
inglês castiço, como somos inclinados a chamar o que está muito distante
do escocês, mas que não é de forma alguma bom inglês, e torna
verdadeiramente ridículos “os tolos que o usam” . Bom inglês é simples,
fácil e suave na boca de um cavalheiro inglês não afetado. A pronúncia
estudada e artificial que exige perpétua atenção e impõe perpétuo
constrangimento é extremamente desagradável. Uma pequena mistura das
peculiaridades provinciais talvez venha a ter um efeito agradável, como as
notas de diferentes aves concorrem para a harmonia do bosque – e agradam
mais do que se todas fossem exatamente iguais. Eu poderia citar alguns
cavalheiros da Irlanda, para quem uma pequena proporção do sotaque e
recitativo desse país é uma vantagem. A mesma observação se aplica aos
cavalheiros da Escócia. Não quero dizer que deveríamos falar tão
largamente como certo próspero membro do Parlamento ([74]) desse país;
embora tenha sido bem observado que “tem sido de não pequena utilidade
para ele, pois desperta a atenção da Câmara por sua singularidade – e é
igual às metáforas e figuras de linguagem de um bom orador inglês.” Eu
daria como exemplo do que quero recomendar aos meus compatriotas a
pronúncia do falecido Sir Gilbert Elliot; e posso presumir acrescentar a do
presente conde de Marchmont, que me disse, com grande bom humor, que o
mestre de uma loja em Londres, na qual ele não era conhecido, lhe disse:
“Suponho, Senhor, que você seja americano.” “Por que, Senhor?”, disse sua
Senhoria. “Porque,”, respondeu o dono da loja, “você não fala inglês nem
escocês, mas algo diferente de ambos – o que concluo ser a língua da
América.”
BOSWELL: “Pode ser útil, Senhor, ter um dicionário para comprovar a
pronúncia”. JOHNSON: “Ora, Senhor, meu Dicionário mostra os acentos
das palavras, basta que vos lembreis deles”. BOSWELL: “Mas, Senhor,
queremos marcas para determinar a pronúncia das vogais. Sheridan, creio
eu, realizou tal trabalho”. JOHNSON: “Bem, Senhor, considere o quão mais
fácil é aprender uma língua de ouvido do que por quaisquer marcas. O
Dicionário de Sheridan pode muito bem servir, mas não é possível trazê-lo
sempre consigo; e, quando você quer a palavra, não tem o Dicionário. É
como um homem que tem uma espada que não sai da bainha. É uma espada
admirável, com certeza, mas, enquanto o inimigo está cortando vossa
garganta, você não pode usá-la. Além disso, Senhor, o que dá direito a
Sheridan de fixar a pronúncia do inglês? Ele tem, em primeiro lugar, a
desvantagem de ser irlandês: e, se ele diz que vai fixá-la com base em
exemplos da melhor companhia... ora, eles diferem entre si! Lembro-me de
um exemplo: quando publiquei o Plano de meu Dicionário, Lorde
Chesterfield, disse-me que a palavra great deveria ser pronunciada de forma
a rimar com state, e Sir William Yonge escreveu-me para dizer que ela
deveria ser pronunciada de forma a rimar com seat – e que ninguém, a não
ser um irlandês, iria pronunciá-la como “grait”. Então tínhamos dois
homens do mais alto nível: um, o melhor orador da Câmara dos Lordes; o
outro, o melhor orador na Câmara dos Comuns – e divergiam totalmente”.
Eu o visitei novamente à noite. Como o encontrei em muito bom humor,
aventurei-me a conduzi-lo ao assunto da nossa situação em um estado
futuro, pelo fato de eu ter muita curiosidade em conhecer suas ideias sobre
esse ponto. JOHNSON: “Bem, Senhor, a felicidade de um espírito sem
corpo consistirá em uma consciência do favor de Deus, na contemplação da
verdade e na posse de ideias felizes”. BOSWELL: “Mas, Senhor, há algum
mal em conjecturar quanto a detalhes da nossa felicidade, embora as
Escrituras digam muito pouco sobre o assunto? ‘Nós não sabemos o que
seremos’ João, 3, 2”. JOHNSON: “Senhor, não há mal nenhum. O que a
filosofia nos sugere nesse tópico é provável; o que as Escrituras nos dizem é
certo. O Dr. Henry More levou isso tão longe quanto pode a filosofia. Você
consegue comprar tanto as suas obras teológicas quanto as filosóficas em
dois volumes fólio, por cerca de oito xelins”. BOSWELL: “Um dos
pensamentos mais agradáveis é que veremos nossos amigos novamente”.
JOHNSON: “Sim, Senhor; mas você deve considerar que, quando nos
tivermos tornado puramente racionais, muitas de nossas amizades serão
cortadas. Muitas amizades são formadas por prazeres sensuais comuns, tudo
isso será cortado. Formamos muitas amizades com homens maus, porque
eles têm qualidades agradáveis, e eles podem nos ser úteis; mas, após a
morte, eles não mais nos serão úteis. Formamos muitas amizades por
engano, imaginando que as pessoas sejam diferentes do que elas realmente
são. Após a morte, veremos cada um em sua verdadeira luz. Então, Senhor,
eles falam dos nossos encontros com nossas relações, mas, em seguida,
todo relacionamento é dissolvido; e não teremos nenhuma consideração por
uma pessoa mais do que por outra – e sim por seu valor real. No entanto,
teremos a satisfação de encontrar nossos amigos, ou ficar satisfeitos sem
encontrá-los”. BOSWELL: “Mesmo assim, Senhor, nós vemos nas
Escrituras, que Dives ainda manteve uma preocupação muito ansiosa sobre
seus irmãos”. ([75]) JOHNSON: “Ora, Senhor, temos de supor que aquela
passagem seja metafórica, ou sustentar, junto com muitos teólogos e todos
os que creem no Purgatório, que as almas partidas não chegam todas à
máxima perfeição de que são capazes”. BOSWELL: “Parece-me, Senhor,
que é uma suposição muito racional”. JOHNSON: “Ora, sim, Senhor; mas
não sabemos se é verdadeira. Não há mal algum em acreditar nela, mas não
deveis obrigar outros a fazer dela um artigo de fé, pois ela não é revelada”.
BOSWELL: “Você considera, Senhor, que é errado um homem que sustenta
a doutrina do Purgatório rezar pelas almas de seus falecidos amigos?”.
JOHNSON: “Ora, não, Senhor”. BOSWELL: “Foi-me dito que, na Liturgia
da Igreja Episcopal da Escócia havia uma forma de oração pelos mortos”.
JOHNSON: “Senhor, não está na liturgia que Laud sistematizou para a
Igreja Episcopal da Escócia: se há uma liturgia mais antiga do que aquela,
eu gostaria de vê-la”. BOSWELL: “Quanto a nossas ocupações em um
estado futuro, as Escrituras Sagradas dizem pouco. Entretanto, a Revelação
o Apocalipse de São João nos dá muitas ideias, e particularmente menciona
música”. JOHNSON: “Ora, Senhor, as ideias devem ser dadas por meio de
algo que se conhece; quanto à música, existem alguns filósofos e teólogos
que sustentam que não seremos espiritualizados a tal ponto – e sim que que
alguma coisa da matéria, muito refinada, permanecerá. Nesse caso, a
música poderá fazer parte da nossa futura felicidade.”
BOSWELL: “Não sei se existe alguma história bem-atestada do
aparecimento de fantasmas. Você sabe que há uma famosa história da
aparição da Sra. Veal, prefixada a Drelincourt sobre a morte”. JOHNSON:
“Creio, Senhor, que foi desmentida. Acho que a mulher declarou em seu
leito de morte que era uma mentira.” ([76]) BOSWELL: “Esta objeção é feita
contra a suposição de ser verdade o aparecimento de fantasmas; isto porque,
se eles se encontram em estado de felicidade, ser-lhes-ia um castigo retornar
a este mundo; e se estão em estado de miséria, isso lhes daria um
descanso”. JOHNSON: “Ora, Senhor, como a felicidade ou miséria dos
espíritos sem corpo não depende de lugar, mas é intelectual, não podemos
dizer que eles são menos felizes ou menos infelizes pelo fato de aparecerem
sobre a terra.”
Descemos entre meio-dia e 1 hora da tarde até a sala da Sra. Williams e
bebemos chá. Mencionei que estávamos para receber os restos mortais do
Sr. Gray, em prosa e verso, publicados pelo Sr. Mason. JOHNSON: “Acho
que já tivemos o suficiente de Gray. Eu vejo que eles publicaram uma
edição esplêndida das obras de Akenside. Uma ode ruim dá para aguentar;
mas várias delas juntas deixam a pessoa doente”. BOSWELL: “O poema de
Akenside que se distingue é o seu Pleasures of imagination (Prazeres da
imaginação); mas, de minha parte, jamais consegui admirá-lo tanto quanto a
maioria das pessoas admira”. JOHNSON: “Senhor, eu não consegui lê-lo
até o fim”. BOSWELL: “Li-o inteiro; mas não encontrei nada de grande
vigor nele”.
Eu mencionei Elwal, o herege, cujo julgamento Sir John Pringle tinha-
me dado para ler. JOHNSON: “Senhor, o Sr. Elwal tinha, penso eu, uma
loja de ferragens em Wolverhampton; e ele tinha em mente tornar-se
famoso como fundador de uma nova seita, que ele desejava muito que fosse
chamada Elwalianos. Ele sustentava que cada coisa no Antigo Testamento
que não fosse típica deveria ser de observância perpétua; por isso, usava
uma faixa nas pregas de seu casaco e também ostentava uma barba.
Lembro-me de que tive a honra de jantar em companhia do Sr. Elwal. Havia
um tal Barter, moleiro, que escrevia contra ele; e assim surgiu a polêmica
entre o Sr. ELWAL e o Sr. BARTER. Para tentar distinguir-se, Elwal
escreveu uma carta ao rei George II, desafiando-o a disputar com ele, na
qual dizia: ‘George, se ficares com medo de vir pessoalmente, para disputar
com um pobre velho, podes trazer um milhar de teus guardas negros com
você; e se, ainda assim, tiveres medo, podes trazer um milhar de teus
guardas vermelhos.’ A carta tinha algo da impudência com que Junius
dirigiu-se ao nosso presente Rei. Mas os homens de Wolverhampton não
eram tão inflamáveis quanto o Conselho Comum de Londres; assim, o Sr.
Elwal falhou em seu esquema de tornar-se um homem de grande
importância.”
Na terça-feira, 31 de março, jantamos, ele e eu, na casa do General Paoli.
Uma discussão foi iniciada a respeito de a condição de casado ser natural ao
homem. JOHNSON: “Senhor, está tão longe de ser natural para um homem
e uma mulher viver em estado de casamento, de tal modo que verificamos
que todos os motivos que eles têm para permanecer nesse vínculo – e as
restrições que a sociedade civilizada impõe para evitar a separação – mal
são suficientes para mantê-los juntos”. O General disse que, em um estado
natural, um homem e uma mulher ao se unirem formariam uma afeição
forte e constante, pelo prazer mútuo que cada um receberia; e entre eles não
deveriam surgir as mesmas causas de discórdia que ocorrem entre marido e
mulher em um estado civilizado. JOHNSON: “Senhor, eles teriam discórdia
suficiente, embora de outro tipo. Alguém poderia optar por ir caçar nesta
floresta, outro naquela; um escolheria ir pescar neste lago, a outra naquele;
ou, talvez, um escolhesse ir caçar, quando o outro escolheria ir pescar; e
assim eles se separariam. Além disso, Senhor, um homem selvagem e uma
mulher selvagem encontram-se por acaso; e, quando o homem vir outra
mulher que mais lhe agradar, ele deixará a primeira”.
Em seguida, caímos em uma intensa discussão sobre se há ou não
alguma beleza independente da utilidade. O General sustentava que não
havia. O Dr. Johnson afirmava que havia – e exemplificava com uma xícara
de café que tinha na mão, cuja pintura não tinha utilidade real, pois a xícara
conteria café igualmente bem, mesmo que não tivesse esse enfeite; ainda
assim, a pintura era linda.
Conversamos sobre o estranho costume de xingar durante uma conversa.
O General disse que todas as nações bárbaras xingam devido a certa
violência de temperamento – hábito que não se limita à Terra, pois sempre é
dirigido também até aos poderes do Alto. Ele disse, também, que havia
maior variedade de palavrões, na proporção em que havia maior variedade
de cerimônias religiosas.
O Dr. Johnson foi para casa comigo em meu alojamento em Conduit-
street e bebemos chá, antes de nossa ida ao Panteão, que nenhum de nós
tinha visto antes. Ele falou: “A Vida de Parnell de Goldsmith é pobre; não
que seja mal escrita, mas acontece que ele tinha materiais pobres; pois
ninguém consegue escrever a biografia de um homem, a não ser aqueles
que comem e bebem e vivem em relação social com ele”.
Eu disse que, se não fosse um problema ou excesso de presunção, eu
gostaria de pedir-lhe para contar-me todas as pequenas circunstâncias da
sua vida; quais escolas ele frequentou, quando foi para Oxford, quando veio
para Londres etc. etc. Ele não desaprovou minha curiosidade quanto a estas
informações; porém, observou: “Elas sairão gradualmente à medida que
conversarmos”.
Ele censurou a Vida de Pope, de Ruffhead; comentou: “Ele nada sabia de
Pope – e nada de poesia”. Elogiou o Ensaio sobre Pope do Dr. Joseph
Warton; contudo, acrescentou que supunha que não deveríamos ter mais
disso, pois o autor não tinha sido capaz de persuadir o mundo a pensar a
respeito de Pope como ele o fazia. BOSWELL: “Por que, Senhor, isso
deveria impedi-lo de continuar o seu trabalho? Ele é um advogado
engenhoso, que tirou o máximo possível de sua causa: ele não é obrigado a
ganhá-la”. JOHNSON: “Mas, Senhor, há uma diferença quando a causa é
criação do próprio homem”.
Conversamos sobre o uso adequado das riquezas. JOHNSON. “Se eu
fosse um homem de grandes posses, eu expulsaria do condado todos os
patifes de quem não gosto em uma eleição”. Perguntei-lhe o quanto ele
achava que a riqueza deveria ser empregada em hospitalidade. JOHNSON:
“Você deve considerar que aquela hospitalidade antiga, da qual ouvimos
tanto, existia em um país não comercial, quando os homens, que viviam
ociosos, tinham prazer em se divertir às mesas dos ricos. Mas, em um país
comercial, um país ocupado, o tempo torna-se precioso e, portanto, a
hospitalidade não é muito valorizada. Sem dúvida, ainda há espaço para
certo grau dela – e algumas pessoas têm satisfação em ver seus amigos
comendo e bebendo ao redor delas. Contudo, a hospitalidade promíscua não
é o caminho para ganhar influência real. Você deve servir algumas pessoas
à mesa antes de outras; deve perguntar a algumas pessoas como elas gostam
de seu vinho com mais frequência do que outras. Portanto, você ofende
mais pessoas do que quer. Você é como o estadista francês que disse,
quando concedeu um favor: ‘J'ai fait dix mécontents et un ingrat’ (‘Fiz dez
descontentes e um ingrato’). Além disso, Senhor, ser entretido sempre tão
bem na mesa de um homem não deixa na lembrança nenhuma consideração
ou estima duradoura. Não, Senhor, o caminho para assegurar poder e
influência é emprestar dinheiro confidencialmente a seus vizinhos a juros
baixos – ou, talvez, sem juros – e ter seus títulos em sua posse”.
BOSWELL: “Senhor, não pode um homem empregar suas riquezas com
vantagem na educação de jovens merecedores?”. JOHNSON: “Sim, Senhor,
se acontecer de eles aparecerem em seu caminho; mas se for entendido que
ele apadrinha jovens de mérito, será assediado com solicitações. Terá
inúmeros empurrados sobre si que não têm mérito; alguns vão pressioná-lo
a partir de equivocada parcialidade; e alguns simplesmente por motivos
interesseiros, sem escrúpulos; e o benfeitor será desonrado”.
“Se eu fosse um homem rico, eu propagaria todos os tipos de árvores que
crescem ao ar livre. Uma estufa é infantil. Eu introduziria animais
estrangeiros no país; por exemplo, a rena.” ([77])
A conversa agora se voltou para temas críticos. JOHNSON. “Bayes, em
The rehearsal (O ensaio) é um personagem extremamente estúpido. Se a
intenção era fazê-lo ser como um determinado homem, só poderia ser
divertido enquanto aquele homem fosse lembrado. Mas eu questiono se ele
foi concebido para ridicularizar Dryden, como tem sido relatado; pois
sabemos que algumas das passagens que se diz terem sido ridicularizadas
foram escritas depois da encenação inicial de The rehearsal; pelo menos
uma passagem mencionada no Prefácio ([78]) é de uma data posterior”. Eu
argumentei que a peça tinha mérito como uma sátira geral sobre a auto
importância de autores dramáticos. Todavia, mesmo sob essa luz, ele
sustentou que ela era muito inferior.
Então, caminhamos até o Panteão. A primeira visão dele não nos
impressionou tanto quanto Ranelagh ([79]), do qual ele disse: o “coup d'oeil
(o que salta aos olhos) era a melhor coisa que ele já tinha visto”. A verdade
é que Ranelagh é uma forma mais bonita; mais que isso, ou melhor, na
verdade, a rotunda inteira aparece de uma vez, e é mais bem iluminada. No
entanto, conforme observou Johnson, vimos o Panteão pela manhã, quando
havia uma monótona uniformidade – ao passo que tínhamos visto Ranelagh
quando a vista era animada com uma profusão de cores alegres. A Sra.
Bosville, de Gunthwait, em Yorkshire, juntou-se a nós e entabulou conversa
conosco. Johnson disse-me depois: “Senhor, esta é uma dama extremamente
inteligente”.
Eu disse que não havia metade do valor de um guinéu de prazer em ver
este lugar. JOHNSON: “No entanto, Senhor, existe a metade do valor de um
guinéu de inferioridade para outras pessoas em não o ter visto”.
BOSWELL: “Duvido, Senhor, se há muitas pessoas felizes aqui”.
JOHNSON: “Sim, senhor, há muitas pessoas felizes aqui. Há muitas
pessoas aqui que estão observando centenas, e que pensam ser centenas a
observá-las”.
Encontramos, por acaso, Sir Adam Fergusson, e eu apresentei-o ao Dr.
Johnson. Sir Adam manifestou alguma apreensão a respeito de que o
Panteão encorajaria a luxúria. “Senhor”, disse Johnson, “sou grande amigo
de divertimentos públicos, porque eles afastam as pessoas do vício. Tu,
agora” (dirigindo-se a mim), “estarias com uma prostituta, se não estivesses
aqui. Oh! Esqueci-me de que és casado.”
Sir Adam sugeriu que a luxúria corrompe um povo e destrói o espírito de
liberdade. JOHNSON: “Senhor, isso é completamente visionário. Eu não
daria meio guinéu para viver sob uma forma de governo em vez de outra.
Não tem influência alguma para a felicidade de um indivíduo. Senhor, o
perigo do abuso de poder é nada para um homem privado. Qual francês é
impedido de passar sua vida como bem lhe agrada?”. SIR ADAM: “Mas,
Senhor, na Constituição britânica é certamente de grande importância
manter elevado o espírito das pessoas, de modo a preservar o equilíbrio
contra a Coroa”. JOHNSON: “Senhor, vejo que sois um vil whig
simpatizante do Partido Liberal. Por que todo esse ciúme infantil do poder
da Coroa? A Coroa não tem poder suficiente. Quando digo que todos os
governos são iguais, considero que em nenhum o poder governamental
pode ser abusado por muito tempo. A humanidade não suportará isso. Se
um soberano oprimir muito o seu povo, este se levantará e lhe cortará a
cabeça. Existe um remédio na natureza humana contra a tirania, que nos
manterá seguros sob qualquer forma de governo. Se o povo da França não
tivesse pensado que se sentia honrado em compartilhar os brilhantes atos de
Luís XIV, eles não o teriam apoiado; e podemos dizer o mesmo do rei do
povo da Prússia Frederico II, o Grande”. Sir Adam introduziu os antigos
gregos e romanos. JOHNSON. “Senhor, a grande massa de ambos era
constituída de bárbaros. A massa de todo povo deve ser bárbara onde não
há nenhuma imprensa – e, em consequência, o conhecimento não é
geralmente difundido. O conhecimento é difundido entre os nossos povos
pelos jornais”. Sir Adam mencionou os oradores, poetas e artistas da
Grécia. JOHNSON: “Senhor, estou falando da massa do povo. Vemos até
mesmo o que eram os atenienses que tanto se vangloriavam. O pouco efeito
que os discursos de Demóstenes tiveram sobre eles mostra que eles eram
bárbaros”.
Sir Adam não teve sorte em seus tópicos; pois sugeriu uma dúvida sobre
a impropriedade de os bispos terem assentos na Câmara dos Lordes.
JOHNSON: “Como assim, Senhor? Quem é mais adequado para ter a
dignidade de um nobre do que um bispo, desde que um bispo seja o que
deveria ser; e, se bispos impróprios são nomeados, isso não é culpa dos
bispos, mas de quem os nomeia”.
No domingo, 5 de abril, depois de participar das cerimônias religiosas na
Igreja de São Paulo, encontrei-o sozinho. De um professor ([80]) seu
conhecido, nativo da Escócia, ele disse: “Ele tem muito de bom nele; mas
também é muito deficiente em alguns aspectos. Seu interior é bom, mas seu
exterior é muito estranho. Na Escócia não se atinge aquela habilidade
crítica agradável em línguas, que temos em nossas escolas na Inglaterra. Eu
não colocaria sob sua tutela um filho que eu tivesse a intenção de
transformar em um homem erudito. Contudo, para os filhos dos cidadãos,
que devem aprender um pouco, absorver bons valores morais e depois ir
para o comércio, ele pode servir muito bem”.
Mencionei uma causa em que eu tinha aparecido como advogado da
Assembleia Geral da Igreja da Escócia, na qual um noviço ([81]) (com é
chamado alguém licenciado para pregar, sem ser ainda ordenado) sofreu
oposição ao seu pedido para ser nomeado, porque se alegou que tinha sido
considerado culpado de fornicação 5 anos antes. JOHNSON: “Ora, Senhor,
se ele se arrependeu, essa não é uma objeção suficiente. Um homem que é
bom o suficiente para ir para o céu é bom o suficiente para ser clérigo”.
Este era um sentimento humano e liberal. Mas o caráter de um clérigo é
mais sagrado do que o de um cristão comum. Como deve instruir com
autoridade, ele deve ser olhado com reverência, como aquele sobre quem a
verdade divina teve o efeito de colocá-lo acima de tais transgressões – pois
homens menos exaltado por hábitos espirituais e, mesmo assim, não
podendo ser excluídos do céu, foram traídos pelo predomínio da paixão.
Que clérigos podem ser considerados como pecadores em geral, como todos
os homens o são, não há como negar; mas esta reflexão não contrariará
tanto os seus bons preceitos quanto o conhecimento absoluto de terem sido
culpados de certos atos imorais específicos. Eu disse a ele, que pelas regras
da Igreja da Escócia, em seu Livro de Disciplina, se um escândalo, como é
chamado, não é processado por 5 anos, ele não pode mais tarde vir a ser
processado, “a menos que seja de natureza hedionda, ou volte a ser
flagrante” – e que daí surgiu uma questão, isto é, se fornicação era um
pecado de natureza hedionda; e que eu tinha sustentado que ela não merece
esse nome, na medida em que não era um daqueles pecados que
demonstram muito grande depravação do coração: em suma, não era, na
aceitação geral da humanidade, um pecado hediondo. JOHNSON: “Não,
Senhor, não é um pecado hediondo. Um pecado hediondo é aquele pelo
qual o homem é punido com a morte ou banimento”. BOSWELL: “Mas,
Senhor, depois de eu ter argumentado que não era um pecado hediondo, um
clérigo idoso levantou-se e, repetindo o texto da escritura que denuncia o
julgamento contra putanheiros, perguntou se, considerando isso, não
poderia haver dúvida alguma de que fornicação era um pecado hediondo”.
JOHNSON: “Ora, Senhor, observe a palavra putanheiro. Todo pecado, se
alguém nele persiste, torna-se hediondo. Putanheiro lida com prostitutas,
assim como ferreiro lida com ferro. Mas, se não há como chamar um
homem de ferreiro por comprar e vender um canivete, da mesma forma não
se pode chamar um homem de putanheiro por engravidar uma prostituta”.
([82])
Falei sobre a desigualdade dos modos de vida do clero na Inglaterra e as
escassas provisões de algumas das paróquias. JOHNSON: “Ora, senhor, não
há como evitar isso. Há que se considerar que as receitas do clero não estão
à disposição do Estado, como o pagamento do exército. Diferentes homens
fundaram diferentes igrejas; e algumas são mais bem dotadas, outras
menos. O Estado não pode interferir e fazer uma divisão igual do que foi
apropriado de maneira privada. Agora, quando um clérigo tem apenas uma
pequena subsistência, ou até mesmo duas pequenas subsistências, ele pode
pagar muito pouco para um pároco auxiliar”.
Ele disse que ia com mais frequência à igreja quando havia só orações
do que quando havia também um sermão, pois o povo exigia mais um
exemplo para um do que para o outro – e que é muito mais fácil para eles
ouvir um sermão do que concentrar suas mentes na oração.
Na segunda-feira, 6 de abril, jantei com ele na casa de Sir Alexander
Macdonald, onde estava um jovem oficial envergando a farda do regimento
dos Royal Scots, que conversava com vivacidade, fluência e precisão tão
incomuns, que atraía atenção especial. Ele provou ser o Honorável Thomas
Erskine, irmão mais novo do Conde de Buchan, que desde então tem
aumentado sua brilhante reputação como advogado no Westminster Hall.
Ante menção de Fielding, Johnson exclamou: “Ele era uma besta!”. E,
em face de minha expressão de espanto com tão estranha afirmação, ele
disse, “O que eu quero dizer com ele ser uma besta é que ele era um patife
estéril.” BOSWELL: “Você não admitiria, Senhor, que ele desenha figuras
muito naturais da vida humana?”. JOHNSON. “Bem, Senhor, são quadros
de uma vida de muito baixa extração. Richardson costumava dizer que, se
não tivesse sabido quem era Fielding, teria acreditado que ele era um
cavalariço. Senhor, há mais conhecimento do coração em uma carta de
Richardson do que em todas de Tom Jones. Eu, na verdade, nunca li Joseph
Andrews.” ERSKINE: “Certamente, Senhor, Richardson é muito
enfadonho.” JOHNSON. “Ora, Senhor, se você tivesse de ler Richardson
pela história, vossa impaciência seria tão exasperada que você se enforcaria.
Mas você deve lê-lo pelo sentimento e considerar a história como apenas
uma forma de dar ocasião ao sentimento”. Já dei minha opinião sobre
Fielding; mas não posso deixar de repetir aqui meu espanto ante a excessiva
e inexplicável depreciação manifestada por Johnson em relação a um dos
melhores escritores que a Inglaterra já produziu. Tom Jones resistiu ao teste
da opinião pública com tal sucesso, a ponto de ter estabelecido seu grande
mérito, tanto pela história e os sentimentos quanto pelos costumes, como
também pelas variedades de dicção, de modo a não deixar nenhuma dúvida
sobre ele ter uma execução verdadeiramente animada por toda a obra.
Um livro de viagens, recentemente publicado sob o título de Coriat
Junior, e escrito pelo Sr. Paterson ([83]), foi mencionado. Johnson disse que
este livro era uma imitação do Sterne ([84]) e não de Coriat, cujo nome
Paterson havia escolhido por sua extravagância. “Tom Coriat”, falou ele,
“foi um humorista na corte de James I. Ele tinha uma mistura de erudição,
inteligência e de bufonaria. Ele primeiro viajou pela Europa e publicou suas
viagens. Mais tarde, viajou a pé através da Ásia, e tinha feito muitas
observações; mas morreu em Mandoa, e suas observações foram perdidas.”
Falamos sobre jogos de azar, e fizemos observações sobre isso com
severidade. JOHNSON: “Não, cavalheiros, não exacerbemos o assunto.
Não é velhacaria jogar com um homem que é ignorante do jogo, ao passo
que sois mestre nisso, e assim ganhar o dinheiro dele; porque ele acha que
sabe jogar melhor do que vós – assim como achais que sabeis jogar melhor
do que ele; e a habilidade superior leva tudo”. ERSKINE: “Ele é tolo, mas
você não é trapaceiro”. JOHNSON: “Isso é muito verdade, senhor. Deve-se
considerar que um homem que só faz o que cada um da sociedade a que ele
pertence faria não é um homem desonesto. Na república de Esparta, foi
acordado que o roubo não era desonroso, se não fosse descoberto. Eu não
recomendo uma sociedade na qual exista um acordo pelo qual o que de
outra forma não seria justo será justo; todavia, sustento que um indivíduo de
qualquer sociedade, que pratica o que é permitido, não é um homem
desonesto”. BOSWELL: “Então, senhor, não pensais mal de um homem
que ganhe talvez £ 40. 000 (quarenta mil libras) em um inverno?”.
JOHNSON: “Senhor, eu não chamo um jogador de desonesto; mas eu o
chamo de antissocial, de homem inútil. O jogo é uma modalidade de
transferência de propriedade, sem produzir qualquer bem intermediário. O
comércio dá emprego a muitos, e assim produz bem intermediário.”
O Sr. Erskine nos disse que, quando estava na ilha de Minorca, não
apenas lia as orações, mas pregava dois sermões ao regimento. Ele parecia
opor-se à passagem das Escrituras que nos conta que o anjo do Senhor feriu
em uma noite 40 mil assírios. “Senhor”, disse Johnson, “deveis lembrar-vos
de que houve uma interposição sobrenatural; eles foram destruídos pela
peste. Não se deve supor que o anjo do Senhor saiu à caça deles e
esfaqueou cada um com um punhal, ou bateu-lhes na cabeça, homem por
homem”.
Depois que o Sr. Erskine tinha ido embora, uma discussão ocorreu, se o
atual Conde de Buchan, quando era Lorde Cardross, fez bem em se recusar
a ser Secretário da Embaixada na Espanha, quando Sir James Gray, homem
de classe inferior, tornou-se Embaixador. O Dr. Johnson disse que talvez, do
ponto de vista de interesse, ele tenha feito mal; mas, do ponto de vista da
dignidade, ele fez bem. Sir Alexander insistiu que o Conde de Buchan
estava errado e disse que o Sr. Pitt achava que era algo vantajoso para ele.
“Ora, Senhor”, disse Johnson, “o Sr. Pitt pode pensar que é algo vantajoso
para o Conde de Buchan o Sr. Pitt transformá-lo em vinicultor e obter para
ele todo o comércio de Portugal; mas ele ter-se-ia humilhado de modo
ultrajante se tivesse aceitado tal situação. Senhor, se ele tivesse aceitado ser
Secretário enquanto seu inferior era Embaixador, ele teria sido traidor de
sua classe e família”.
Falei do pouco apego que subsistia entre parentes próximos, em Londres.
“Senhor”, disse Johnson, “em um país tão comercial quanto o nosso, onde
cada pessoa pode fazer o que quiser por si mesma, não há muito motivo
para esse apego. Aqui nenhum homem é considerado o pior de todos por ter
tido um irmão que tenha sido enforcado. Em países não comerciais, muitos
dos ramos de uma só família precisam depender do patrimônio; assim, para
fazer o chefe da família cuidar deles, eles são representados como
conectados à sua reputação – de tal modo que, despertado o amor próprio
por interesse, esse chefe venha a se esforçar para promover o interesse
deles. Existem primeiro os grandes círculos, ou clãs; à medida que o
comércio aumenta, a conexão é confinada às famílias. Aos poucos, isso
também se apaga, por ter-se tornado desnecessário, e por haver poucas
oportunidades de relacionamento. Um irmão é um comerciante na cidade, e
outro é oficial dos guardas. Quão pouca relação podem esses dois ter!”
Argumentei calorosamente em favor do antigo sistema feudal. Sir
Alexander se opôs a isso – e falou sobre o prazer de ver todos os homens
livres e independentes. JOHNSON: “Concordo com o Sr. Boswell em que
deve haver alto grau de satisfação em ser um Senhor feudal; mas temos de
considerar que não devemos desejar ter certo número de homens infelizes
para a satisfação de apenas um”. Afirmei que muitos, ou seja, os vassalos
ou seguidores, não eram infelizes; isto porque havia uma satisfação
recíproca entre o senhor e eles: ele, mostrando-se gentil em sua autoridade
sobre eles; eles, sendo respeitosos e fiéis a ele.
Na quinta-feira, 9 de abril, eu o visitei para pedir que ele fosse jantar
comigo na taverna Mitre. Johnson tinha resolvido nada comer nesse dia,
não sei por que motivo; e eu estava tão pouco disposto a ser privado da sua
companhia, que fiquei até contente em submeter-me a sofrer uma carência,
que foi de início um tanto dolorosa, mas ele logo me fez esquecê-la; e um
homem está sempre satisfeito consigo mesmo quando descobre que suas
inclinações intelectuais predominam. Ele observou que raciocinar
filosoficamente demais sobre a natureza da oração era muito pouco
proveitoso.
Por falar em fantasmas, ele disse conhecer um amigo – que era um
homem honesto e sensato – que lhe contou ter visto um fantasma; esse
amigo era o velho Sr. Edward Cave, o impressor em St. John's Gate.
Johnson disse que o Sr. Cave não gostava de falar sobre o tema e parecia ter
grande horror sempre que isso era mencionado. BOSWELL: “Por favor,
diga-me, Senhor, o que ele disse que era a aparição?”. JOHNSON: “Ora,
Senhor, alguma coisa como um ser sombrio”.
Eu mencionei bruxos e perguntei-lhe o que essas pessoas significavam
exatamente. JOHNSON: “Ora, Senhor, bruxos significam corretamente
homens e mulheres que fazem uso da ajuda de espíritos malignos”.
BOSWELL: “Não há dúvida, senhor, um relatório geral e a crença de terem
existido”. JOHNSON: “Senhor, você não só tem o relato geral e a crença,
mas você tem muitas confissões solenes voluntárias”. Ele não fez nenhuma
afirmação positiva sobre esse assunto – a respeito do qual é a moda dos
tempos rir, por ser ele considerado uma questão de absurda credulidade. Ele
só parecia disposto, como sincero inquiridor da verdade – por mais estranho
e inexplicável que parecesse –, mostrar que entendia o que poderia ser
exigido para chegar a ela([85]).
Na Sexta-feira, 10 de abril, jantei com ele na casa do General
Oglethorpe, onde encontramos o Dr. Goldsmith.
Brasões de heráldica tendo sido mencionados, Johnson disse que eles
eram tão antigos quanto o cerco de Tebas – o que ele provou por meio de
uma passagem em uma das tragédias de Eurípides.
Introduzi a questão a respeito de saber se duelar era consistente com
dever moral. O bravo velho general inflamou-se com o tema e disse, com ar
altivo: “Sem dúvida, um homem tem o direito de defender sua honra”.
GOLDSMITH (virando-se para mim): “Pergunto a você primeiro, Senhor, o
que fara se fosse ofendido?”. Eu respondi que consideraria necessário lutar.
“Ora, então”, respondeu Goldsmith, “isso resolve a questão”. JOHNSON:
“Não, senhor, não resolve a questão. Daí não segue que o que um homem
faria é, portanto, certo”. Eu disse que queria ver estabelecido se o duelo era
contrário às leis do cristianismo. Johnson entrou imediatamente no assunto
– e tratou-o de forma magistral; e, tanto quanto sou capaz de lembrar, seus
pensamentos foram estes: “Senhor, à medida que os homens se tornam
refinados em alto grau, surgem várias causas de ofensa, as quais são
consideradas de importância tal que a vida deveria ser apostada para expiá-
las, embora na realidade elas não sejam assim. Um corpo que recebeu
excelente polimento pode ser facilmente ferido. Antes que os homens
cheguem a esse refinamento artificial, se alguém disser a seu vizinho que
ele mente, seu vizinho dir-lhe-á que ele mente; se alguém der um soco em
seu vizinho, seu vizinho dar-lhe-á um soco; porém, em um estado de
sociedade altamente polida, uma afronta é considerada uma injúria grave.
Deve, portanto, ser revidada, ou melhor, um duelo deve ser travado sobre
isso; pois os homens concordaram em banir de sua sociedade quem aceitar
uma afronta sem travar um duelo. Agora, Senhor, nunca é ilegal lutar em
defesa própria. Aquele, então, que trava um duelo, não luta por paixão
contra o seu antagonista, mas em autodefesa; para evitar o estigma do
mundo, e para impedir que seja expulso da sociedade. Eu poderia até
desejar que não houvesse essa superfluidade de refinamento; todavia,
enquanto tais noções prevalecerem, sem dúvida, um homem tem legalmente
permissão para travar um duelo”.
Que seja lembrado, que essa justificação é aplicável somente à pessoa
que recebe uma afronta. Toda a humanidade deve condenar o agressor.
O general disse-nos que, quando ainda muito jovem – penso que com
apenas 15 anos –, ao servir sob o príncipe Eugene de Savoy, estava sentado
em um grupo à mesa com um tal Príncipe de Wirtemberg. O Príncipe tomou
uma taça de vinho e, com um piparote, fez uma porção dele voar na face de
Oglethorpe. Estabeleceu-se então um belo dilema. Tê-lo desafiado
imediatamente poderia ter fixado indelevelmente um caráter de briguento
sobre o jovem soldado: não ter tomado conhecimento algum do incidente
talvez viesse a ser considerado covardia. Oglethorpe, portanto, mantendo o
olho fixo no Príncipe, e sorrindo o tempo todo, como se entendesse que Sua
Alteza tinha feito aquilo em tom de brincadeira, disse: “Mon Prince”
(esqueci as palavras francesas que ele usou; o significado, porém, era:),
“esta foi uma boa piada; mas fazemos isso muito melhor na Inglaterra” – e
jogou um copo inteiro de vinho no rosto do príncipe. Um velho general, que
estava sentado ao lado, disse: “Il a bien fait, mon Prince, vous l'avez
commencé” (“Ele fez bem, meu Príncipe, fostes vós que começastes”) – e,
assim, tudo acabou em bom humor.
O Dr. Johnson disse: “Por favor, General, dê-nos um relato do cerco de
Belgrado”. Ao que o general, derramando um pouco de vinho sobre a mesa,
descreveu cada coisa com um dedo molhado: “Aqui estávamos nós, aqui
estavam os turcos etc. etc.”... . Johnson ouvia com muitíssima atenção.
Levantou-se a questão sobre até onde as pessoas que discordam em
qualquer ponto capital conseguem viver juntas em amizade. Johnson disse
que elas conseguiriam. Goldsmith disse que não, pois essas pessoas não
tinham idem velle atque idem nolle – os mesmos gostos e as mesmas
aversões. JOHNSON: “Ora, Senhor, deveis evitar o assunto a respeito do
qual discordais. Por exemplo, consigo viver muito bem com Burke: amo
seu conhecimento, sua genialidade, sua difusão e afluência de conversação;
mas eu não iria conversar com ele sobre o Partido Rockingham”. ([86])
GOLDSMITH: “Mas, Senhor, quando vivem juntas pessoas que têm algo a
respeito do qual discordam – e que querem afastar –, elas encontrar-se-ão
na situação mencionada na história do Barba Azul: ‘Podes olhar em todos
os quartos, exceto um’. No entanto, deveríamos ter a maior inclinação para
olhar naquele quarto, falar daquele assunto”. JOHNSON (em voz alta):
“Senhor, não estou dizendo que você conseguiria viver em amizade com um
homem de quem diverge quanto a certo ponto: só estou dizendo que eu
conseguiria fazê-lo. Você me fez lembrar Safo em Ovídio”.
Goldsmith contou-nos que estava agora ocupado em escrever uma
História Natural e, para ter todo o tempo dedicado a ela, tinha-se hospedado
na casa de um agricultor, perto do marco de 6 milhas (9,654 km) na estrada
Edgeware, e tinha levado para lá os seus livros em duas viagens de
carruagens. Ele disse acreditar que a família do fazendeiro pensava que ele
era um personagem estranho, similar àquele em que o Spectator apareceu à
sua senhoria e seus filhos: ele era The Gentleman. O Sr. Mickle, tradutor de
Os Lusíadas, e eu fomos visitá-lo em sua casa alguns dias depois. Ele não
estava em casa; porém, movidos pela curiosidade de ver seu apartamento,
entramos e encontramos curiosos recortes de descrições de animais,
rabiscados nas paredes com lápis preto.
O tema de fantasmas sendo introduzido, Johnson repetiu o que me tinha
dito sobre um amigo dele, homem honesto e sensato, que lhe havia
afirmado ter visto uma aparição. Goldsmith nos disse que lhe foi
assegurado por seu irmão, o reverendo Sr. Goldsmith, que ele também tinha
visto um. O General Oglethorpe disse-nos que Prendergast, um oficial do
exército do duque de Marlborough, havia mencionado a muitos dos seus
amigos, que ele morreria em um determinado dia. Oglethorpe disse ainda
que, naquele mesmo dia, uma batalha teve lugar com os franceses; e que,
depois de ela ter acabado, e Prendergast ainda estar vivo, seus irmãos
oficiais, enquanto ainda estavam no campo, brincando perguntaram-lhe
onde estava sua profecia agora. Prendergast gravemente respondeu:
“Morrerei, não obstante o que você vê”. Logo depois, veio um tiro de uma
bateria francesa, a quem as ordens de cessar fogo ainda não tinham
chegado, e ele foi morto na hora. O Coronel Cecil, que tomou posse de seus
bens pessoais, encontrou, em seu caderno de anotações, a seguinte entrada
solene:
Aqui a data. “Sonhei – ou – ([87]) Sir John Friend me encontra” (aqui o
mesmo dia em que ele foi morto era mencionado). Prendergast havia tido
conexões com Sir John Friend, que foi executado por alta traição. O
General Oglethorpe disse que, muitos anos atrás, ele estava em companhia
do Coronel Cecil quando Pope veio e perguntou sobre a verdade dessa
história, que fez grande alarde na época, e depois foi confirmada pelo
Coronel.
No sábado, 11 de abril, Johnson deu-me instruções para encontrar-me
com ele no início da noite, quando ele deveria estar livre para me dar
alguma ajuda na defesa de Hastie, o professor de Campbelltown, por quem
eu deveria comparecer à Câmara dos Lordes. Quando cheguei, encontrei-o
sem vontade de se esforçar. Pressionei-o a escrever seus pensamentos sobre
o assunto. Johnson disse: “Não é uma ocasião para eu escrever. Vou lhe
falar”. Ele foi, no entanto, finalmente convencido a ditar para mim, e do que
ele me disse eu escrevi o seguinte:
“A acusação é que ele teria usado correção imoderada e cruel. A
correção, em si, não é cruel; crianças, não sendo razoáveis, só podem ser
governadas pelo medo. Gravar nelas esse medo é, portanto, um dos
primeiros deveres daqueles a quem cabe cuidar de crianças. É dever de um
pai; e nunca foi pensado ser inconsistente com a ternura dos pais. É dever
de um mestre, que está em sua maior exaltação, quando ele está in loco
parentis (no lugar de um genitor). Ainda assim, à medida que coisas boas se
tornam más por excesso, a correção, sendo exagerada, pode tornar-se cruel.
Todavia, quando é a correção imoderada? Quando ela é mais frequente ou
mais severa do que é exigido ad monendum et docendum, para reformar e
instruir. Não é cruel severidade alguma que a obstinação torna necessária;
pois a maior crueldade seria desistir e deixar o aluno descuidado demais
para receber instrução, e endurecido demais para acatar repreensão. Locke,
em seu tratado sobre educação, menciona uma mãe, com aplausos, que
chicoteou uma criança oito vezes antes de tê-la subjugado; porque, se ela
tivesse parado no sétimo ato de correção, sua filha, diz ele, teria sido
arruinada. Os graus de obstinação em mentes jovens são muito diferentes;
assim como diferentes devem ser os graus de perseverante severidade. Um
aluno teimoso deve ser corrigido até ser subjugado. A disciplina de uma
escola é militar. Deve haver licença ilimitada ou autoridade absoluta. O
mestre que pune não apenas considera a futura felicidade daquele que é o
objeto imediato da correção, como também propaga a obediência por toda a
escola e estabelece regularidade por meio de justiça exemplar. A obstinação
vitoriosa de um único garoto tornaria seus futuros empenhos no sentido de
reforma ou instrução totalmente ineficazes. A obstinação, portanto, não
deve nunca ser vitoriosa. Ainda assim, é bem sabido que, por vezes, ocorre
uma resolução rabugenta e ousada, que ri de todas as punições comuns e
atreve-se a desafiar todos os graus comuns de dor. A correção deve ser
proporcional às ocasiões. O flexível será reformado pela disciplina suave, e
o refratário deve ser subjugado por métodos mais severos. Quanto aos graus
de escolástica referentes à punição militar, nenhuma das regras
estabelecidas pode determinar. O castigo deve ser executado até que domine
a tentação; até que a teimosia se torne flexível, e a perversidade dê lugar à
normalidade. Costume e razão têm, de fato, definido alguns limites às
penalidades escolásticas. O professor não inflige punições capitais; nem
impõe seus decretos por morte ou mutilação. O direito civil sabiamente
determinou que um mestre que golpeia o olho de um estudante deve ser
considerado criminoso. Mas punições, embora severas, que não produzem
mal duradouro, podem ser justas e razoáveis, porque elas podem ser
necessárias. E tais foram as punições utilizadas pelo réu. Nenhum aluno
saiu de sua sala cego ou aleijado, ou com algum de seus membros ou
capacidades feridos ou prejudicados. Eles tiveram conduta irregular, e ele
os castigou: eles mostraram-se obstinados, e ele fez cumprir sua punição.
Mas, embora provocado, ele nunca ultrapassou os limites da moderação,
pois ele nada infligiu além da dor em questão; e quanto dela era necessário
nenhum ser humano é tão pouco capaz de determinar quanto aqueles que a
determinaram contra ele: os pais dos infratores. Foi dito que John Hastie
usou instrumentos sem precedentes e impróprios de correção. Dessa
acusação o significado não é muito fácil de ser encontrado. Nenhum
instrumento de correção é mais adequado do que outro – e sim o quanto é
ele mais adaptado para produzir dor presente sem maldade duradoura.
Quaisquer que tenham sido os seus instrumentos, nenhum dano duradouro
aconteceu; e, portanto, embora incomuns, em mãos tão cuidadosas eles
foram adequados. Objetou-se que o réu admite a acusação de crueldade, por
não conseguir apresentar nenhuma prova para refutar isso. Que seja
considerado que seus alunos estão dispersos pelo mundo ou continuam a
habitar o local em que foram criados. Aqueles que estão dispersos não
podem ser encontrados; aqueles que permanecem são os filhos de quem o
processa e não estão inclinados a apoiar um homem de quem seus pais são
inimigos. Se se supuser que a inimizade de seus pais prova a justiça da
acusação, deve-se considerar a frequência com que a experiência nos
mostra que homens que estão com raiva por um motivo acusarão por outro;
com quão pouca bondade, em uma cidade de pouco comércio, um homem
que vive do magistério é considerado; e quão implicitamente, onde os
habitantes não são muito ricos, um homem rico é ouvido com atenção e
seguido. Em um lugar como Campbelltown, é fácil para um dos principais
habitantes criar uma facção. É fácil para essa facção inflamar-se com
agravos imaginários. É fácil para seus integrantes oprimir um homem mais
pobre do que eles próprios; e natural afirmar a dignidade das riquezas, por
meio da persistência na opressão. O argumento que tenta provar a
impropriedade de reintegrá-lo à sua escola, por meio da alegação de que ele
perdeu a confiança do povo, não é objeto de apreciação jurídica; pois ele
deve sofrer – se é que precisa sofrer – não pelo julgamento dos integrantes
da facção, mas por suas próprias ações. Pode ser conveniente para eles ter
outro mestre; mas é uma conveniência de sua própria criação. Seria também
conveniente para ele encontrar outra escola; mas essa conveniência ele não
consegue obter. A questão não é o que é agora conveniente, mas o que é
geralmente certo. Se o povo de Campbelltown ficar angustiado com a
reintegração do réu, eles estarão angustiados apenas por sua própria culpa;
por paixões turbulentas e desejos irracionais; pela tirania, que a lei derrotou;
e pela maldade, que a virtude superou”.
“Isto, Senhor”, disse ele, “deveis ter em vossa mente – e fazer disso o
melhor uso que puderdes em vosso discurso”.
Do nosso amigo Goldsmith ele disse: “Senhor, ele tem tanto medo de
passar despercebido que muitas vezes fala apenas para que você não
esqueça que ele está em sua companhia”. BOSWELL: “Sim, ele se
destaca”. JOHNSON: “É verdade, Senhor; porém, se um homem precisa se
destacar, ele deveria querer fazê-lo não em uma postura estranha, não em
andrajos, não de modo que ele só se exponha ao ridículo”. BOSWELL: “De
minha parte, gosto muito de ouvir o honesto Goldsmith falar
descuidadamente”. JOHNSON: “Ora, senhor; mas ele não deveria gostar de
ouvir a si mesmo”.
Na terça-feira, 14 de abril, o decreto do Tribunal de Sessão na causa do
mestre-escola foi revertido na Câmara dos Lordes, depois de um discurso
muito eloquente de Lorde Mansfield, que se mostrou versado em disciplina
escolar, mas considerei que foi rigoroso demais em relação ao meu cliente.
Na noite do dia seguinte eu jantei com o Dr. Johnson, na taverna Crown and
Anchor, no Strand, em companhia do Sr. Langton e seu cunhado, Lorde
Binning. Eu repeti uma frase do discurso de Lorde Mansfield, do qual –
com a ajuda do Sr. Longlands, o advogado do outro lado, que gentilmente
permitiu comparar suas notas e as minhas – tenho uma cópia completa:
“Meus senhores, a severidade não é a maneira de governar meninos nem
homens”. “Não”, disse Johnson, “é, sim, a maneira de governá-los. Eu não
sei se é o modo certo para corrigi-los”.
Falei da recente expulsão de seis estudantes da Universidade de Oxford,
que eram metodistas, e não desistiriam de orar e exortar publicamente.
JOHNSON: “Senhor, aquela expulsão foi extremamente justa e adequada.
O que têm a fazer em uma Universidade aqueles que não estão dispostos a
ser ensinados, mas que se atrevem a dizer que vão ensinar? Onde deve a
religião ser aprendida, a não ser que seja em uma Universidade? Senhor,
eles foram examinados – e considerados pessoas extremamente ignorantes”.
BOSWELL: “Mas, não foi duro, Senhor, expulsá-los? Pois me disseram
que eram boas pessoas”. JOHNSON: “Senhor, acredito que possam ser boas
pessoas; mas não estavam aptos para a Universidade de Oxford. A vaca é
um bom animal no campo; mas nós a expulsamos de um jardim”. Lorde
Elibank costumava repetir isso como uma ilustração extraordinariamente
feliz.
Desejoso de chamar Johnson para falar e exercitar a agudeza de seu
humor, embora eu mesmo devesse tornar-me alvo dele, resolutamente
aventurei-me a empreender a defesa da indulgência do alegre convívio
proporcionado pelo vinho, embora ele não estivesse esta noite em seu
estado de humor mais cordial. Após instar sobre os tópicos plausíveis
comuns, finalmente recorri à máxima in vino veritas – um homem que está
bem aquecido com vinho falará a verdade. JOHNSON: “Ora, Senhor, este
pode ser um argumento para beber, se considerais que os homens em geral
são mentirosos. Mas, Senhor, eu não ficaria em companhia de alguém que
mente enquanto está sóbrio – e que precisamos embebedar antes que
consigamos extrair uma palavra de verdade dele”.
O Sr. Langton nos disse que estava prestes a estabelecer uma escola em
sua propriedade, mas que lhe tinha sido sugerido que isso poderia ter uma
tendência a tornar as pessoas menos diligentes. JOHNSON: “Não, Senhor.
Embora aprender a ler e escrever seja uma distinção, os poucos que têm
essa distinção podem ser os menos inclinados ao trabalho; todavia, quando
todos aprendem a ler e escrever, isso não é mais uma distinção. Um homem
que tem um colete rendado é um homem fino demais para trabalhar; mas, se
todo mundo tem coletes rendados, deveríamos fazer com que as pessoas
trabalhassem de coletes rendados. Não existem pessoas que sejam mais
industriosas, ninguém que trabalhe mais do que os nossos fabricantes; ainda
assim, eles todos aprenderam a ler e escrever. Senhor, não deveis
negligenciar fazer uma coisa boa imediatamente, por receio de remoto mal;
ou por medo de que esteja sendo abusado. Um homem que tem velas pode
sentar-se até demasiado tarde – o que ele faria se não tivesse velas; contudo,
ninguém negará que a arte de fazer velas, pela qual a luz é continuada para
nós além do tempo que o Sol nos dá luz, é uma arte valiosa, e deve ser
preservada”. BOSWELL: “Mas, senhor, não seria melhor seguir a Natureza
– e ir para a cama e levantar-se, assim que a Natureza nos dá a luz ou a
tira?”. JOHNSON: “Não, Senhor; porque, então, não deveríamos ter
nenhum tipo de igualdade na repartição do nosso tempo entre o sono e a
vigília. Seria muito diferente em diferentes estações e em diferentes lugares.
Em algumas partes do norte da Escócia, quão pouca luz existe na
profundidade do inverno!”.
Falamos sobre Tácito e arrisquei uma opinião: que, com todo o seu
mérito pela penetração, perspicácia de julgamento e concisão de expressão,
ele era compacto demais, muito dividido em pistas, por assim dizer, e, por
conseguinte, difícil demais de ser entendido. Para minha grande satisfação.
O Dr. Johnson sancionou esta opinião: “Tácito, Senhor, parece-me, antes,
ter feito anotações para um trabalho histórico, do que ter escrito uma
história” ([88]).
Nessa época fica aparente, a partir de suas Orações e meditações, que ele
tinha sido mais do que normalmente diligente em deveres religiosos,
particularmente na leitura das Sagradas Escrituras. Era a Semana da Paixão,
aquela temporada solene da qual o mundo cristão se apropriou para a
comemoração dos mistérios da nossa redenção – e, durante a qual,
quaisquer que sejam as brasas de religião em nossos peitos, elas serão
acesas em piedoso calor.
Fiz-lhe visitas curtas, tanto na sexta-feira quanto no sábado e, vendo seu
grande Testamento Grego em fólio diante dele, contemplei-o com reverente
temor, e não me intrometeria para tomar-lhe tempo. Enquanto ele estava,
assim, dedicado a tão bom propósito, e seus amigos em suas relações com
ele constantemente encontravam um intelecto vigoroso e uma imaginação
viva, é melancólico ler em seu registo privado: “Minha mente está inquieta;
e minha memória, confusa. Tenho ultimamente revirado meus pensamentos
com muito inútil seriedade sobre incidentes passados. Ainda não tenho
domínio sobre meus pensamentos; um incidente desagradável é quase certo
que impeça meu descanso” ([89]). Que heroísmo filosófico havia nele para
aparecer com tanta firmeza viril ao mundo, ao passo que ele estava tão
angustiado por dentro! Podemos certamente acreditar que o misterioso
princípio do ser “aperfeiçoado através do sofrimento” devia ser fortemente
exemplificado nele.
O domingo, 19 de abril, sendo a Páscoa, o General Paoli e eu fizemos-
lhe uma visita antes do jantar. Conversamos sobre a noção de que as
pessoas cegas conseguem distinguir as cores pelo toque. Johnson disse que
o Professor Nicholas Saunderson menciona ter tentado fazê-lo, mas
descobriu que estava visando uma impossibilidade; que, certamente uma
diferença de superfície faz a diferença de cores; porém, essa diferença é tão
fina que não é sensível ao toque. O General mencionou malabaristas e
jogadores fraudulentos, que conseguiam reconhecer as cartas pelo toque. O
Dr. Johnson disse: “As cartas utilizadas por essas pessoas devem ser menos
polidas do que geralmente são as nossas”.
Conversamos sobre sons. O General disse que não havia beleza em um
som simples, mas apenas em uma composição harmoniosa de sons. Ousei
diferir dessa opinião, e mencionei o suave e doce som da bela voz de uma
mulher. JOHNSON: “Não, Senhor, se uma serpente ou um sapo o
emitissem, você pensaria que era feio”. BOSWELL: “Então você considera,
Senhor, que seria uma bela melodia se fosse entoada por um desses
animais”. JOHNSON: “Não, senhor, seria de admirar. Já vimos violinistas
finos de quem gostamos tão pouco quanto sapos”, comentou, rindo.
Falando sobre o tema do gosto pelas artes, ele disse que essa diferença
de gosto era, na verdade, diferença de habilidade. BOSWELL: “Mas,
Senhor, não existe uma qualidade chamada gosto, que consiste unicamente
na percepção ou em gostar? Por exemplo, encontramos pessoas que diferem
muito quanto ao que é o melhor estilo de composição inglês. Alguns
pensam que Swift é o melhor; outros preferem uma forma mais completa e
mais grandiosa de escrita”. JOHNSON: “Senhor, primeiro é preciso definir
o que você quer dizer com estilo, antes de julgar quem tem bom gosto em
estilo, e que tem mau gosto. As duas classes de pessoas que mencionou não
diferem quanto ao bom e o mau. Ambos concordam que Swift tem bom e
elegante estilo; mas um ama um estilo elegante, outro adora um estilo de
mais esplendor. Da mesma maneira, um ama um casaco liso, outro adora
um casaco rendado; mas nenhum dos dois nega que cada um é bom no seu
gênero”.
Enquanto permaneci em Londres nessa primavera, estive com ele em
várias outras ocasiões, tanto sozinho quanto em companhia. Jantei com ele
um dia na taberna Crown and Anchor, no Strand, com Lorde Elibank, o Sr.
Langton e o Dr. Vansittart de Oxford. Sem especificar cada dia em
particular, eu preservei as seguintes coisas memoráveis.
Lamentei a reflexão em seu Prefácio ao Shakespeare contra Garrick, a
quem não podemos deixar de aplicar a seguinte passagem: “Recolhi tantas
cópias quantas consegui adquirir, e quis recolher mais; contudo, não achei
os colecionadores dessas raridades muito comunicativos”. Eu disse a ele
que Garrick tinha-se queixado a mim sobre isso – e havia-se justificado,
assegurando-me que a Johnson havia sido cordialmente permitida a plena
utilização de sua coleção – e que Garrick deixara a chave dele com um
empregado, com ordens para providenciar uma lareira acesa e toda a
conveniência para Johnson. Ponderei que a noção de Johnson era que
Garrick queria ser agradado para ceder os documentos – e que, pelo
contrário, Garrick é quem deveria ter feito agrados a ele, Johnson, e
mandado a ele as peças de sua própria vontade. Todavia, de fato,
considerando a maneira desleixada e descuidada com que os livros eram
tratados por Johnson, não se poderia esperar que edições escassas e valiosas
devessem ter sido emprestadas a ele.
Um cavalheiro ([90]) a alguns dos argumentos usuais a favor da bebida
adicionou este: “Você sabe, Senhor, beber afasta o cuidado, e nos faz
esquecer tudo o que é desagradável. Você não permitiria que um homem
bebesse por essa razão?”. JOHNSON: “Sim, Senhor, se ele se sentasse ao
seu lado”.
Expressei gosto pelos trabalhos do Sr. Francis Osborne, e perguntei-lhe o
que ele achava daquele escritor. Ele respondeu: “Um sujeito pretensioso. Se
um homem escrevesse assim hoje, os meninos jogariam pedras nele”. Ele,
no entanto, não alterou minha opinião sobre um autor preferido, a quem fui
direcionado pela primeira vez por ele ter sido citado no The Spectator, e em
quem encontrei sentido muito astuto e animado – expresso, de fato, em um
estilo um tanto bizarro, que, no entanto, não me desagradava. Seu livro tem
um ar de originalidade. Temos a impressão de um antigo cavalheiro falando
com a gente.
Quando um de seus amigos ([91]) esforçou-se para sustentar que um
cavalheiro rural deve planejar para passar a vida muito agradavelmente, ele
disse: “Senhor”, “não conseguireis dar-me nenhum exemplo de alguém a
quem é permitido definir seu próprio tempo, planejando para não ter horas
de tédio”. Essa observação, no entanto, é igualmente aplicável aos
cavalheiros que vivem nas cidades e não são de profissão alguma.
Ele disse: “Não há caráter nacional permanente; varia de acordo com as
circunstâncias. Alexandre, o Grande, varreu a Índia: agora os turcos varrem
a Grécia”.
Um senhor educado ([92]) que, no decorrer da conversa, queria nos
informar sobre este simples fato – de que os integrantes da Câmara de
Vereadores no circuito em Shrewsbury eram muito picados por pulgas –
tomou, eu suponho, 7 ou 8 minutos para relatá-lo circunstancialmente. Ele,
em uma pomposa frase, disse-nos que os grandes fardos de pano de lã eram
armazenados na Prefeitura; que, em virtude disso, as pulgas ali aninhavam-
se em números prodigiosos; que os alojamentos da Câmara de Vereadores
eram próximos da prefeitura; e que esses pequenos animais se moviam de
um lugar para outro com maravilhosa agilidade. Johnson sentou-se com
grande impaciência até que o cavalheiro tivesse terminado sua entediante
narrativa e depois explodiu (jocosamente, no entanto): “É uma pena,
Senhor, que você não tenha visto um leão; porque, se uma pulga lhe tomou
tanto tempo, um leão teria servido por 12 meses”. ([93])
Ele não permitiria que a Escócia reivindicasse qualquer crédito por
Lorde Mansfield, pois ele foi educado na Inglaterra. “Muito”, disse
Johnson, “pode ser feito de um escocês, se ele for capturado jovem”.
Falando de um historiador moderno e um moralista moderno ([94]), ele
disse: “Há mais pensamento no moralista do que no historiador. Há apenas
uma corrente rasa de pensamento na História”. BOSWELL: “Mas, com
certeza, Senhor, um historiador tem reflexão”. JOHNSON: “Ora, senhor; e
também a tem uma gata quando pega um rato para seus filhotes. Mas ela
não sabe escrever como *******; nem ******* sabe”.
Ele disse: “Não tenho a mínima disposição de ler manuscritos de autores
e dar-lhes minha opinião. Se os autores que recorrem a mim têm dinheiro,
aconselho-os a corajosamente imprimir sem um nome; se escreveram a fim
de obter dinheiro, digo-lhes para ir aos livreiros e fazer o melhor acordo que
puderem”. BOSWELL: “Mas, Senhor, e se um livreiro vos trouxesse um
manuscrito para examinar?”. JOHNSON: “Ora, Senhor, eu desejaria que o
livreiro o levasse embora”.
Mencionei amigo meu ([95]) que residira por muito tempo na Espanha e
estava com vontade de voltar para a Grã-Bretanha. JOHNSON: “Senhor, ele
está ligado a alguma mulher”. BOSWELL: “Prefiro acreditar, senhor, que é
o bom clima que o mantém por lá”. JOHNSON: “Não, Senhor, como podeis
falar assim? O que é o clima para a felicidade? Colocai-me no coração da
Ásia, não deveria eu ser exilado? Que proporção tem o clima em relação ao
complexo sistema da vida humana? Podeis aconselhar-me a ir viver em
Bolonha para comer salsichas. As salsichas ali são as melhores do mundo;
elas perdem muito ao serem transportadas”.
No sábado, 9 de maio, o Sr. Dempster e eu tínhamos concordado em
jantar sozinhos no Café Britânico. Johnson, a quem eu visitara de manhã,
disse que se juntaria a nós, o que de fato fez, e passamos um dia muito
agradável, embora eu me lembre de muito pouco do que se passou.
Ele disse: “Walpole foi um ministro dado pelo Rei ao povo; Pitt foi um
ministro dado pelo povo ao Rei – como adjunto”.
“O infortúnio de Goldsmith na conversa é este: ele continua sem saber
como deve sair. Seu gênio é grande, mas seu conhecimento é pequeno.
Como se costuma dizer de um homem generoso ‘é uma pena que ele não
seja rico’, pode-se dizer de Goldsmith ‘é uma pena que ele não tenha
conhecimentos’. Ele não guardaria o conhecimento para si mesmo”.
Antes de sair de Londres este ano, consultei-o sobre uma questão
puramente de direito escocês. Era sustentado antigamente – e continuou por
um longo período – ser princípio estabelecido em lei que quem interfere
com os bens de uma pessoa falecida, sem a interposição de autoridade legal
para prevenir peculato, deve ser submetido a pagar todas as dívidas do
falecido, por ser culpado do que era chamado tecnicamente de intromissão
dolosa. O Tribunal de Sessão gradualmente relaxou o rigor desse princípio,
nos casos em que a interferência fosse comprovadamente desprezível. Em
um caso ([96]) que tinha sido submetido perante aquele Tribunal no inverno
anterior, eu havia-me esforçado para convencer os juízes a retornar à antiga
lei. Foi a minha própria opinião sincera de que eles deveriam aderir a ela;
mas eu tinha esgotado todos os meus poderes de argumentação em vão.
Johnson pensava como eu; e, para me ajudar em minha petição ao Tribunal
solicitando revisão e alteração da sentença, ditou-me o argumento a seguir.
“Esta, dizem-nos, é uma lei que tem sua força apenas a partir da longa
prática do Tribunal: e pode, portanto, ser suspensa ou modificada conforme
o Tribunal julgar conveniente.
Em relação à competência do Tribunal para fazer ou suspender uma lei,
não temos a intenção de questionar. É suficiente para o nosso propósito que
toda lei justa seja ditada pela razão; e que a prática de cada Tribunal legal
seja regulada pela equidade. É qualidade da razão ser invariável e
constante; e, da equidade, dar a um homem o que, no mesmo caso, é dado a
outro. A vantagem que a humanidade retira da lei é esta: que a lei dá a cada
homem uma regra de ação e prescreve um modo de conduta que dar-lhe-á
direito ao apoio e proteção da sociedade. Para que a lei possa ser uma regra
de ação, é necessário que ela seja conhecida; é necessário que ela seja
permanente e estável. A lei é a medida do direito civil; porém, se a medida
for mutável, a extensão da coisa medida nunca poderá ser resolvida.
Permitir que uma lei seja modificada arbitrariamente é deixar a
comunidade sem lei. É retirar a direção daquela sabedoria pública pela qual
as deficiências do entendimento privado devem ser supridas. É ter de
suportar que o rude e ignorante aja a seu próprio critério – e então depender
da legalidade daquela ação na sentença do Juiz. Aquele que é assim
governado vive não pela lei, mas pela opinião: não por certa regra à qual ele
possa aplicar sua intenção antes de agir, mas por uma incerta e variável
opinião, que ele nunca virá a conhecer, a não ser depois que tenha cometido
o ato com base no qual aquela opinião será passada. Ele vive por uma lei
(se ela for de fato uma lei) que nunca teve como conhecer antes de tê-la
violado. A este caso pode-se aplicar justamente o importante princípio
misera est servitus ubi jus est aut incognitum out vagum (mísera é a
servidão onde o direito é desconhecido ou vago). Se a intromissão não é
criminosa até que exceda certo ponto – e esse ponto não é definido e,
consequentemente, diferente em diferentes mentes –, o direito de
intromissão e o direito do Credor dele decorrente são todos jura vaga
(direitos vagos), e, por consequência são jura incognita (direitos
desconhecidos); e o resultado não pode ser outro senão misera servitus
(mísera servidão), uma incerteza relativa ao evento de ação, uma
dependência servil da opinião particular.
Pode ser instado, e com grande plausibilidade, que possa haver
intromissão sem fraude; o que, embora verdadeiro, de modo algum justifica
um relaxamento ocasional e arbitrário da lei. O limite da lei é a proteção,
bem como a vingança. Na verdade, a vingança nunca é usada, a não ser para
fortalecer a proteção. A sociedade só é bem governada quando a vida é
libertada do perigo e da suspeita; quando a propriedade é tão bem protegida
por salutares proibições que a violação é mais frequentemente impedida do
que punida. Tais proibições eram de fato eficientes, enquanto operavam
com sua força original. O credor do falecido não ficava apenas sem
prejuízo, mas também sem medo. Ele não precisava buscar remédio para
uma lesão sofrida; pois a lesão era evitada.
Conforme a lei é por vezes administrada, ela nos deixa abertos a feridas,
porque imagina-se que ela tenha o poder de curar. Punir a fraude quando
esta é detectada é ato de justiça vingativa; todavia, evitar fraudes e tornar a
punição desnecessária é o mais acertado emprego de sabedoria legislativa.
Permitir a intromissão e punir a fraude é fazer com que a lei não seja
melhor do que uma armadilha. Pisar na borda é seguro; porém, dar um
passo à frente é destruição. Mas, com certeza, é melhor fechar o precipício
e impedir todo o acesso a ele do que nos incentivar a avançar um pouco,
para motivar-nos depois um pouco mais – e nos deixar perceber nossa
loucura somente por meio da nossa destruição.
Assim como a lei fornece aos fracos a força acidental, ela também
ilumina os ignorantes com a compreensão extrínseca. A lei nos ensina a
saber quando cometemos lesão, e quando a sofremos. Ela fixa certas marcas
em ações pelas quais somos exortados a fazer ou deixar de fazê-las. Qui sibi
bene temperat in licitis, diz um dos pais, nunquam cadet in illicita. Aquele
que não se intromete de forma alguma, nunca se intrometerá com intenções
fraudulentas.
O relaxamento da lei contra intromissão dolosa tem sido muito
favoravelmente representado por um grande mestre da jurisprudência ([97]),
cujas palavras foram exibidas com pompa desnecessária, e parecem ser
consideradas como irresistivelmente decisivas. O grande momento de sua
autoridade torna necessário examinar sua posição. ‘Alguns séculos atrás’,
diz ele, ‘antes que a ferocidade dos habitantes desta parte da ilha fosse
subjugada, a maior severidade da lei civil era necessária para evitar que os
indivíduos saqueassem outros. Assim, o homem que interferisse
irregularmente com os bens móveis de uma pessoa falecida estava sujeito a
todas as dívidas do falecido, sem limitação. Isso constitui um ramo do
direito da Escócia, conhecido pelo nome de intromissão dolosa; e tão
rigidamente foi este regulamento aplicado em nossos tribunais, que o mais
insignificante bem móvel subtraído de má fé submetia o intrometido
àquelas consequências – o que provou, em muitos casos, ser um dos
castigos mais rigorosos. Mas essa severidade era necessária, a fim de
subjugar a natureza indisciplinada do nosso povo. É extremamente notável
que, em proporção à nossa melhoria de boas maneiras, este regulamento
tenha sido gradualmente suavizado e aplicado pelo nosso Tribunal soberano
com mão leve’.
Eu me encontro sob uma necessidade de observar que esse escritor
erudito e criterioso não distinguiu com precisão as deficiências e demandas
das diferentes condições da vida humana – que, a partir de um grau de
selvageria e independência, em que todas as leis são vãs, passa ou pode
passar por inúmeras gradações, até um estado de benignidade recíproca, em
que as leis deixarão de ser necessárias. Os homens são em primeiro lugar
selvagens e antissociais, vivendo cada um para si mesmo, tomando do fraco
e perdendo para o forte. Em suas primeiras coalizões de sociedade, grande
parte dessa selvageria original é mantida. De felicidade geral, o produto de
confiança geral ainda não se cogita. Os homens continuam a perseguir as
suas próprias vantagens pelo caminho mais curto; e é necessário o máximo
de severidade da lei civil para evitar que os indivíduos pilhem uns aos
outros. As limitações então necessárias são restrições à pilhagem, aos atos
de violência pública e opressão indisfarçáveis. A ferocidade dos nossos
antepassados, como de todas as outras nações, produzia não a fraude, mas a
rapina. Eles ainda não tinham aprendido a enganar e tentavam apenas
roubar. À medida que maneiras se tornam mais polidas, com o
conhecimento do bem, os homens atingem também a destreza no mal.
Rapina aberta se torna menos frequente, e a violência dá lugar à astúcia.
Aqueles que antes invadiam pastos e arrombavam casas agora começam a
enriquecer por meio de contratos desiguais e intromissões fraudulentas. Não
é contra a violência de ferocidade, mas contra as evasões de engano, que
essa lei foi enquadrada; e receio que o aumento do comércio e da luta
incessante pela riqueza que o comércio excita não nos dá nenhuma
perspectiva de um fim rápido a se esperar de artifício e fraude. Portanto,
parece não haver raciocínio muito conclusivo, que ligue aquelas duas
propostas: ‘A nação está se tornado menos feroz – e, portanto, as leis contra
a fraude e conluio serão relaxadas’.
Seja qual for a razão que possa ter influenciado os juízes para um
relaxamento da lei, não foi que a nação tenha se tornado menos feroz; e eu
receio que não se possa afirmar que ela se tornou menos fraudulenta.
Uma vez que esta lei tem sido representada como rigorosa e
excessivamente penal, não parece impróprio considerar quais são as
condições e as qualidades que fazem a justiça ou a adequação de uma lei
penal.
Para se tornar uma lei penal razoável e justa, duas condições são
necessárias, e duas adequadas. É necessário que a lei deva ser adequada ao
seu fim; que, se for respeitada, ela evitará o mal contra o qual se dirige. É,
em segundo lugar, necessário que a finalidade da lei seja de tal importância,
a ponto de merecer a garantia de uma sanção penal. As outras condições de
uma lei penal – que, embora não sejam absolutamente necessárias, são em
grande medida adequadas – são que, para a violação moral da lei, existem
muitas tentações, e que da observância física existe uma grande facilidade.
Todas estas condições aparentemente concorrem para justificar a lei que
estamos agora considerando. Sua finalidade é a segurança da propriedade –
e propriedade, muitas vezes, de grande valor. O método pelo qual ela
garante a segurança é eficaz, uma vez que não admite, em seu rigor
original, nenhuma gradação de lesão; mas mantém a culpa e a inocência
separadas por uma limitação definida e distinta. Aquele que se intromete é
criminoso; aquele que não se intromete é inocente. Das duas considerações
secundárias, não se pode negar que ambas estão em nosso favor. A tentação
de ingerência é frequente e forte; tão forte e tão frequente, ao ponto de
exigir a atividade máxima da justiça – e vigilância de cautela – para
suportar a sua prevalência; e o método pelo qual um homem pode arrogar-
se o direito à ingerência legal é tão aberto e tão fácil que negligenciá-lo é
uma prova de intenção fraudulenta: pois, por que um homem deixa de fazer
(a não ser por razões que ele não confessará) o que ele pode fazer
facilmente, e que ele sabe ser exigido pela lei? Se a tentação fosse rara, a lei
penal poderia ser considerada desnecessária. Se o dever prescrito pela lei
fosse de difícil execução, a omissão, ainda que não pudesse ser justificada,
poderia ser lamentada. Mas, no presente caso, nem equidade nem
compaixão operam contra ela. Uma lei útil e necessária é violada, não só
sem um motivo razoável, mas com todos os incentivos à obediência que
podem se originar de segurança e facilidade.
Por isso, volto à minha posição original de que uma lei, para ter o seu
efeito, deve ser permanente e estável. Pode-se dizer, na linguagem das
escolas, Lex non recipit majus et minus (A lei não recebe nem a mais nem a
menos) – assim, podemos ter uma lei, ou podemos não ter nenhuma lei,
porém não podemos ter metade de uma lei. Precisamos de uma regra de
ação, ou seremos autorizados a atuar por discrição e por acaso. Desvios da
lei devem ser punidos de forma uniforme, ou ninguém pode ter a certeza de
quando ele estará seguro. Que esta Corte, por vezes, se afastou do rigor da
instituição de origem não se pode negar. Mas, como é evidente que tais
desvios, por tornar o direito incerto, tornam a vida insegura, espero que
chegue ao fim esse afastamento deles; que a sabedoria dos nossos
antepassados seja tratada com a devida reverência; e que decisões
consistentes e estáveis fornecerão às pessoas uma regra de ação, e deixarão
a fraude e a intromissão fraudulenta sem esperança futura de impunidade ou
escapatória”. Fim do parecer ditado por Johnson a Boswell.
Com tal compreensão da mente, e tal clareza de penetração, ele tratava
um assunto completamente novo para ele, sem nenhuma outra preparação
além de minha declaração a ele dos argumentos que tinham sido utilizados
em cada lado da questão. Seus poderes intelectuais apareciam com peculiar
brilho, quando comparados aos de um escritor de tanta fama quanto Lorde
Kames, e também ao do próprio departamento de sua Senhoria.
Este argumento magistral, depois de ser prefaciado e concluído com
algumas frases de minha autoria e decorado com os formulários de
costume, foi efetivamente impresso e colocado diante da Sessão dos
Lordes, mas sem sucesso. Meu respeitado amigo Lorde Hailes, no entanto,
um dos membros daquele respeitável corpo, teve sagacidade crítica
suficiente para descobrir mais que uma mão comum na Petição. Eu lhe
disse que o Dr. Johnson tinha me favorecido com sua pena. Sua Senhoria,
com maravilhosa perspicácia, apontou exatamente onde sua composição
começava, e onde ela terminava. Contudo, para que eu possa fazer justiça
imparcialmente e em conformidade com a grande regra dos Tribunais –
Suum cuique tribuito (A cada um seu próprio tributo) – devo acrescentar
que os Lordes em geral, apesar de terem o prazer de chamar este “trabalho
bem escrito”, preferiram a petição anterior muito mais inferior à que eu
tinha escrito; confirmando, assim, a verdade de uma observação que me foi
feita por um deles, em um clima alegre: “Meu caro Senhor, não deis muito
trabalho na composição das peças que vós nos apresentais; pois, na verdade,
é lançar pérolas aos porcos”.
Renovei minhas solicitações para que o Dr. Johnson este ano realizasse
sua longamente desejada visita à Escócia.

“Para JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor,
O arrependimento não foi pequeno por eu ter perdido uma jornada tão
cheia de expectativas agradáveis, quanto aquela em que eu poderia ter-me
proporcionado não só a satisfação da curiosidade, tanto racional quanto
fantasiosa, mas o prazer de ver aqueles a quem amo e estimo. ****. Porém,
foi esse o curso das coisas, que eu não consegui alcançar; e assim foi, eu
receio, o estado do meu corpo, que não teria muito bem secundado minha
inclinação. Meu corpo, eu acho, melhora, e transfiro minhas esperanças
para outro ano; porque sou muito sincero em meu projeto de fazer a visita e
aproveitar o passeio. Nesse meio tempo, não omita oportunidade alguma de
manter uma opinião favorável de mim nas mentes de qualquer um dos meus
amigos. O livro de Beattie é, creio eu, a cada dia mais apreciado; pelo
menos, eu gosto dele mais, quanto mais eu o leio.
Fico feliz que você conseguiu crédito para sua causa – e ainda é minha
opinião que a nossa causa era boa e que a determinação deveria ter sido a
seu favor. O pobre Hastie, eu acho, teve apenas o que merecia.
Prometestes-me conseguir-me um pouco de Píndaro, e pode adicionar a
ele um pouco de Anacreonte. O lazer que eu não consigo desfrutar será o
prazer de saber o que você emprega nas antiguidades do estabelecimento
feudal. Todo o sistema de posses antigas está gradualmente desaparecendo;
e gostaria de ter o conhecimento dele preservado de maneira adequada e
completa. Porque tal instituição é uma parte muito importante da história da
humanidade. Não te esqueças de um projeto tão digno de um acadêmico
que estuda as leis do seu país, e de um cavalheiro que pode, naturalmente,
ser curioso em saber a condição de seus próprios antepassados. Eu fico,
caro Senhor, sempre seu com grande afeto,
31 de agosto de 1772.
SAM. JOHNSON”.

“Ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 25 de dezembro de 1772.
Meu Caro Senhor,
... . Fiquei muito desapontado que você não tenha vindo à Escócia no
último outono. No entanto, devo confessar que sua carta me impede de
reclamar; não só porque sou sensível a que seu estado de saúde é tudo
menos uma boa desculpa, mas porque você escreve de tal forma que mostra
que tem visões agradáveis do esquema que temos proposto por tanto
tempo... .
Eu comuniquei a Beattie o que você disse sobre o livro dele em sua
última carta. Ele assim me escreve: ‘Você está certo em supor que a opinião
favorável do Dr. Johnson sobre o meu livro deva dar-me um grande prazer.
Na verdade, me é impossível dizer o quanto estou satisfeito com isso; pois
não há um homem sobre a terra cuja boa opinião eu teria mais ambição em
cultivar. Eu reverencio seus talentos e suas virtudes mais do que quaisquer
palavras podem expressar. As cortesias extraordinárias (as atenções
paternais eu deveria dizer) e as muitas instruções que tive a honra de
receber dele serão para mim uma fonte permanente de prazer ao relembrar,
Dum memor ipse mei, dum spiritus hos reget artus.
Eu ainda achava, enquanto durou o verão, que seria obrigado a ir a
Londres devido a algum pequeno negócio; caso contrário, eu certamente o
teria incomodado com uma carta há vários meses, e dado vazão à minha
gratidão e admiração. Isso eu pretendo fazer, assim que tenha algum tempo
livre. Enquanto isso, se você tiver a oportunidade de escrever a ele, imploro
que lhes ofereça os meus cumprimentos mais respeitosos – e assegure a
sinceridade do meu apego e o calor da minha gratidão. … Eu fico, etc.
JAMES BOSWELL”.
1773

Idade 64
Em 1773, sua única publicação foi uma edição de seu Dicionário em
fólio, com acréscimos e correções; nem ele, tanto quanto se sabe, forneceu
quaisquer produções de sua pena fértil a qualquer um de seus inúmeros
amigos ou dependentes, exceto o Prefácio ([98]) ao Dicionário de Geografia
Antiga de seu antigo copista Macbean. O seu Shakspeare, de fato, que havia
sido recebido com grande aprovação pelo público, e que passou por várias
edições foi republicado neste ano por George Steevens, Esq., um cavalheiro
não só profundamente hábil em erudição antiga e de extensa leitura em
literatura inglesa, especialmente os primeiros escritores, mas ao mesmo
tempo de discernimento agudo e gosto elegante. É quase desnecessário
dizer que por suas grandes e valiosas adições ao trabalho do Dr. Johnson,
ele obteve, com justiça uma considerável reputação:
“Divisum imperium cum Jove Caesar habet”.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor,
Li sua gentil carta muito mais do que o elegante Píndaro que a
acompanhava. Fico sempre feliz em descobrir que não fui esquecido; e ser
esquecido por você me daria grande inquietação. Meus amigos do norte
nunca foram indelicados comigo: eu tenho de você, caro Senhor,
testemunhos de afeição que muitas vezes eu não fui capaz de provocar; e o
Dr. Beattie avalia o testemunho que eu desejava prestar ao seu mérito, como
muito maior do que eu pensei ser razoável esperar.
Ouvi falar de seu baile de máscaras. ([99]) O que diz o seu sínodo sobre
tais novidades? Eu não sou deliberadamente escrupuloso, nem acho que um
baile de máscaras seja um mal em si mesmo, ou muito provavelmente seja a
ocasião para o mal; ainda assim, como o mundo pensa ser isso um
relaxamento muito licencioso de bons costumes, eu não teria sido um dos
primeiros mascarados em um país onde nenhum baile de máscaras tinha
sido dado antes. ([100])
Uma nova edição do meu grande Dicionário está impressa, a partir de
uma cópia que eu fui convencido a revisar; mas não tendo feito nenhuma
preparação, pude fazer muito pouco. Algumas excrescências expurguei e
algumas falhas corrigi; e aqui e ali espalhei uma observação; mas o tecido
principal do trabalho permanece como era. Eu tinha olhado muito pouco
para ele desde que o escrevi, e eu penso que ele está completo, às vezes
melhor, às vezes pior do que eu esperava.
Baretti e Davies tiveram uma discussão furiosa; uma briga, eu acho,
irreconciliável. O Dr. Goldsmith tem uma nova comédia, esperada para a
Primavera. Ainda não recebeu um nome. A principal diversão resulta de um
estratagema pelo qual um amante é levado ao erro de confundir a casa de
seu futuro sogro com uma pousada. Isso, você vê, beira a farsa. O diálogo é
rápido e alegre, e os incidentes são preparados de forma a não parecer
improváveis.
Eu sinto muito que você tenha perdido sua causa de Interferência, porque
eu ainda acho que os argumentos do seu lado eram irrespondíveis. Mas
você parece, eu acho, dizer que ganhou reputação, mesmo por sua derrota; e
reputação que você ganhará diariamente, se mantiver o ensinamento de
Lord Auchinleck em mente, e se esforçar para consolidar em sua mente um
sistema firme e regular de direito, ao invés de pegar fragmentos ocasionais.
Minha saúde parece, em geral, melhorar; mas eu tenho sido incomodado
por muitas semanas com um catarro aflitivo que, às vezes, é
suficientemente angustiante. Não encontrei quaisquer grandes efeitos de
sangramentos e exercícios físicos; e receio que tenha que esperar a ajuda de
dias mais brilhantes e de ar mais suave.
Escreva-me de vez em quando; e sempre que algo de bom acontecer a
você, apressa-te em me avisar, pois ninguém vai se alegrar com isso mais
do que, meu caro Senhor, o teu mais humilde servo,
Londres, 24 de fevereiro de 1773.
SAM. JOHNSON.
Você continua muito alto na consideração da Sra. Thrale”.
Enquanto uma antiga edição do meu trabalho estava sendo impressa, fui
inesperadamente favorecido com um pacote vindo de Filadélfia, do Sr.
James Abercrombie, um cavalheiro daquele país, que tem o prazer de
honrar-me com muitos elogios sobre minha Biografia do Dr. Johnson. Ter a
fama do meu ilustre amigo, e seu biógrafo fiel ecoada do Novo Mundo é
extremamente lisonjeiro; e os meus agradecimentos flutuarão através do
Atlântico. O Sr. Abercrombie educadamente prestou-me um favor adicional
considerável, ao transmitir-me cópias de duas cartas do Dr. Johnson a
cavalheiros americanos. “Com prazer, Senhor, (diz ele), eu lhe enviaria os
originais; mas sendo as únicas relíquias do tipo na América, elas são
consideradas pelos detentores delas de tal valor inestimável que nenhuma
consideração possível os induziria a entregá-las. Em alguma de suas
publicações futuras relativas a esse grande e bom homem, talvez elas
possam ser consideradas dignas de inserção”.

“Ao Sr. B____D ([101])


Senhor,
Que, na pressa de uma partida repentina você possa, ainda assim, ter
encontrado tempo livre para atender à minha conveniência é um grau de
gentileza e um exemplo de consideração, não só além das minhas
reivindicações, mas acima da minha expectativa. Você não está enganado ao
supor que eu atribuí um alto valor aos meus amigos americanos, e que você
prestar-me-ia um favor muito valioso, dando-me uma oportunidade de me
manter na memória deles.
Eu tomei a liberdade de lhe incomodar com um pacote, do qual eu desejo
um transporte seguro e rápido, porque eu desejo uma viagem segura e
rápida a ele que o transporta. Eu fico, Senhor, seu servo mais humilde,
Londres, Johnson's-court,
Fleet-street, 4 de março de 1773.
SAM. JOHNSON”.

“Ao REVERENDO SR. WHITE ([102])


Caro senhor, - Sua bondade com seus amigos lhe acompanha do outro
lado do Atlântico. Já faz muito tempo desde que Horácio observou que
nenhum navio poderia deixar as preocupações para trás; você foi
acompanhado em sua viagem por outros poderes - por benevolência e
constância; e eu espero que a preocupação não tenha mostrado com
frequência o rosto na companhia deles.
Recebi a cópia de Rasselas. A impressão não é magnífica, mas lisonjeia
um autor, porque o editor parece ter esperado que ela fosse espalhada entre
as pessoas. O livrinho foi bem recebido e foi traduzido em italiano, francês,
alemão e holandês. Ele tem agora mais uma honra de ter uma edição
americana.
Eu não sei se muita coisa aconteceu desde a sua partida, que possa
provocar a sua curiosidade. Sobre todos os acontecimentos públicos o
mundo inteiro é agora informado pelos jornais. A oposição parece
desalentada; e os dissidentes, apesar de terem se aproveitado de tempos
incertos e de um governo muito debilitado, não parece provável que
ganharão qualquer imunidade.
O Dr. Goldsmith tem uma nova comédia ([103]) sendo ensaiada em
Covent-Garden, para a qual o gerente prevê um fracasso. Espero que ele
esteja errado. Eu acho que ela merece uma recepção muito gentil.
Em breve, publicarei uma nova edição do meu grande Dicionário; fui
persuadido a revisá-lo, e consertei algumas falhas, mas acrescentei pouco à
sua utilidade.
Nenhum livro foi publicado desde sua partida que tenha merecido muita
atenção. A facção só enche a cidade com panfletos, e assuntos mais
importantes são esquecidos em meio ao ruído da discórdia.
Assim eu lhe escrevi, apenas para dizer quão pouco eu tenho a contar.
De mim mesmo, só posso acrescentar que tendo sido afligido por muitas
semanas com uma tosse muito problemática, de que agora estou
recuperado.
Tomo a liberdade que você me dá de incomodá-lo com uma carta, da
qual você, por favor, preencherá o endereço. Eu fico, Senhor, seu servo
mais humilde,
Johnson's-court, Fleet-street,
Londres 4 de março de 1773.
SAM. JOHNSON”.

No sábado, 3 de abril, um dia depois de minha chegada a Londres neste


ano, fui à sua casa tarde da noite, e sentei-me com a Sra. Williams até que
ele voltasse para casa. Encontrei no London Chronicle as desculpas do Dr.
Goldsmith ao público por bater em Evans, um livreiro, devido a um
parágrafo em um jornal publicado por ele, que Goldsmith achou
impertinente em relação a ele e a uma senhora sua conhecida. O pedido de
desculpas foi escrito um tanto à maneira do Dr. Johnson, que tanto a Sra.
Williams quanto eu supusemos que fosse dele; mas quando ele chegou à
casa, logo nos desenganou. Quando ele disse à Sra. Williams, “Bem, o
manifesto do Dr. Goldsmith chegou ao seu jornal”; eu lhe perguntei se o Dr.
Goldsmith o tinha escrito, com um ar que o fez ver que eu suspeitava ter
sido ele, embora assinado por Goldsmith. JOHNSON. “Senhor, o Dr.
Goldsmith não teria me pedido para escrever uma coisa como aquela para
ele, mais do que ele teria me pedido para alimentá-lo com uma colher, ou
fazer qualquer outra coisa que denotasse sua imbecilidade. Eu acredito que
ele o escreveu tanto quanto se o tivesse visto fazê-lo. Senhor, se ele o
tivesse mostrado a qualquer amigo, não teria sido autorizado a publicá-lo.
Ele, na verdade, o fez muito bem; mas é uma tolice bem-feita. Acho que ele
estava tão exultante com o sucesso de sua nova comédia, que achou que
tudo o que se relacionasse com ele devia ser importante para o público”.
BOSWELL. “Eu imagino, Senhor, ser esta a primeira vez que ele tenha se
empenhado em tal aventura”. JOHNSON. “Ora, Senhor, eu acredito que é a
primeira vez que ele tenha espancado; ele pode ter sido espancado antes.
Isso, Senhor, é uma nova experiência para ele”.
Eu mencionei as Memórias da Grã-Bretanha e da Irlanda de Sir John
Dalrymple e suas descobertas em prejuízo de Lord Russel e Algernon
Sydney. JOHNSON. “Ora, Senhor, todo mundo que tinha noções justas de
governo os considerava patifes antes. É bom que toda a humanidade agora
os veja como patifes”. BOSWELL. “Mas, Senhor, essas descobertas não
podem ser verdadeiras sem que eles sejam patifes?” JOHNSON. “Pense
bem, Senhor; algum deles estaria disposto a ter divulgado que eles
conspiraram com a França? Com base nisso, Senhor, aquele que faz o que
tem medo que seja conhecido, tem algo de podre sobre ele. Este Dalrymple
parece ser um sujeito honesto; pois ele diz igualmente o que afeta ambos os
lados. Mas nada pode ser pior do que o seu modo de escrever: é uma
simples brincadeira de um colegial. Grande Ele! mas maior ainda Ela! e
coisas desse tipo”.
Eu não podia concordar com ele nessa crítica; pois, embora o estilo de
Sir John Dalrymple não seja regularmente formado sob qualquer aspecto, e
não se pode deixar de sorrir, por vezes, diante de sua grandiloquência
afetada; existe em sua escrita uma vivacidade penetrante, e muito de um
espírito cavalheiresco.
Na casa do Sr. Thrale, à noite, ele repetiu sua declamação paradoxal
habitual contra a ação ao falar em público. “A ação pode não ter efeito
sobre mentes racionais. Ela pode aumentar o ruído, mas nunca poderá
impor o argumento. Se você fala com um cão, você usa a ação; você levanta
sua mão assim, porque ele é um bruto; e na proporção em que os homens se
afastam dos brutos, a ação terá a menor influência sobre eles”. SRA.
THRALE. “O que, então, Senhor, se tornou o ditado de Demóstenes?
‘Ação, ação, ação! ’” JOHNSON. “Demóstenes, Senhora, falava a uma
assembleia de brutos; a um povo bárbaro”.
Achei extraordinário que ele negasse o poder de ação retórica sobre a
natureza humana, quando ela está provada por inúmeros fatos em todos os
estágios da sociedade. Seres racionais não são apenas racionais. Eles têm
fantasias que podem ser satisfeitas, paixões que podem ser despertadas.
Lord Chesterfield sendo mencionado, Johnson observou que a quase
totalidade dos ditos espirituosos do célebre nobre eram trocadilhos. Ele, no
entanto, admitia o mérito do bom humor ao ditado de sua Senhoria sobre
Lord Tyrawley e ele mesmo, quando ambos ficaram muito velhos e
enfermos: “Tyrawley e eu temos estado mortos nestes últimos dois anos;
mas optamos por não ter isso divulgado”.
Ele falou com aprovação sobre uma edição que pretendia fazer do The
Spectator, com notas; da qual dois volumes haviam sido preparados por um
eminente cavalheiro no mundo literário, ([104]) e os materiais que ele havia
coletado para o restante tinham sido transferidos a outras pessoas. ([105]) Ele
observou que todas as obras que descrevem costumes exigem notas dentro
de sessenta ou setenta anos ou menos; e nos disse que ele tinha comunicado
tudo o que sabia que pudesse lançar luz sobre The Spectator. Ele disse:
“Addison tinha feito de seu Sir Andrew Freeport um verdadeiro Liberal
(Whig), argumentando contra dar esmolas a mendigos, e jogando fora
outros tais sentimentos desagradáveis; mas que ele tinha pensado melhor e
feito as pazes, fazendo-o encontrar um hospital para agricultores
decadentes”. Ele pediu o volume do The Spectator, onde se encontra essa
história, e a leu em voz alta para nós. Ele leu tão bem que cada coisa
adquiriu peso e graça adicionais, a partir de sua enunciação.
A conversa tendo derivado para imitações modernas de baladas antigas,
e alguém tendo elogiado sua simplicidade, ele as tratou com aquele ridículo
que sempre demonstrava quando o assunto era mencionado.
Ele desaprovava a introdução de frases das escrituras em discurso
secular. Isso me parecia uma questão um pouco difícil. Uma expressão das
escrituras pode ser usada como uma frase altamente clássica para produzir
uma forte impressão instantânea; e isso pode ser feito, absolutamente, sem
ser inadequado. Mesmo assim, admito que exista perigo de que a aplicação
da linguagem do nosso livro sagrado a assuntos comuns tende a diminuir a
nossa reverência por ele. Se, no entanto, ela for introduzida, isso deveria ser
feito com grande cautela.
Na quinta-feira, 8 de abril, sentei-me com ele por uma boa parte da noite,
mas ele estava muito silencioso. Ele disse: “A História de seus próprios
tempos de Burnet é muito divertida. O estilo, aliás, é mera conversa fiada.
Eu não acredito que Burnet tenha mentido intencionalmente; mas ele foi tão
preconceituoso que não se deu o trabalho de descobrir a verdade. Ele era
como um homem que resolve regular o seu tempo por um determinado
relógio; mas não pergunta se o relógio está certo ou não”.
Embora não estivesse disposto a falar, ele não queria que eu o deixasse;
e quando eu olhei para o meu relógio, e lhe disse que eram doze horas, ele
gritou: “O que tem a ver isso com você e eu?” e ordenou a Frank que
dissesse à Sra. Williams que viríamos tomar chá com ela, o que nós
fizemos. Ficou combinado que deveríamos ir à igreja juntos no dia seguinte.
No dia 9 de abril, sendo Sexta-feira Santa, tomei o café da manhã com
ele com chá e pão da páscoa; o Doutor Levet, como Frank o chamava, fez o
chá. Ele levou-me com ele à igreja de St. Clement Danes, onde ele tinha o
seu assento; e seu comportamento era, como eu tinha imaginado,
solenemente devoto. Nunca vou esquecer a seriedade trêmula com que ele
pronunciava a terrível petição na Ladainha: “Na hora da morte, e no dia do
julgamento, ajudai-nos Senhor”.
Fomos à igreja, tanto de manhã quanto à noite. No intervalo entre os dois
serviços, não jantamos; mas lemos o Novo Testamento grego, e eu folheei
vários de seus livros.
No Diário do Arcebispo Laud, encontrei a seguinte passagem, que li para
o Dr. Johnson: -
“1623. 1º de fevereiro, domingo. Eu sentei-me ao lado do ilustríssimo
Príncipe Charles, ([106]) no jantar. Ele estava, na ocasião, muito feliz, e de
vez em quando falava sobre muitas coisas aos seus convidados. Entre outras
coisas, ele disse que, se fosse necessário tomar qualquer profissão
específica de vida, ele não poderia ser um advogado, acrescentando as suas
razões: ‘Eu não consigo (diz ele) defender uma causa ruim, nem ceder em
uma boa causa’”.
JOHNSON. “Senhor, esse é um falso raciocínio; porque toda causa tem
um lado ruim, e um advogado não é derrotado, embora a causa que ele
tenha se esforçado em defender seja julgada contra ele”.
Eu contei a ele que Goldsmith tinha me dito alguns dias antes, “Assim
como eu compro meus sapatos do sapateiro, meu casaco do alfaiate, assim
eu tomo minha religião do sacerdote”. Eu me arrependi dessa maneira
descuidada de falar. JOHNSON. “Senhor, ele nada sabe; ele nunca decidiu
sobre nada”.
Para minha grande surpresa ele me convidou a jantar com ele na Páscoa.
Eu nunca supus que ele jantasse em sua casa; porque eu não tinha, até
então, ouvido sobre qualquer um de seus amigos ter sido recebido à sua
mesa. Ele me disse: “Geralmente temos torta de carne no domingo: ela é
cozida em um forno público, o que é muito conveniente, porque um único
homem pode cuidar dele; e, assim, tem-se a vantagem de não impedir os
empregados de ir à igreja para preparar jantares”.
Onze de abril sendo domingo de Páscoa, depois de ter assistido ao
Serviço Divino na igreja de São Paulo, retornei à casa do Dr. Johnson. Eu
tinha satisfeito muito a minha curiosidade ao jantar com JEAN JACQUES
ROUSSEAU, quando ele vivia nos confins da Neufchatel: Eu tinha uma
igual curiosidade em jantar com DR. SAMUEL JOHNSON, no recesso
sombrio de um pátio em Fleet-street. Eu supunha que mal teríamos facas e
garfos, e apenas algum prato estranho, grosseiro, mal temperado: mas
encontrei tudo em muito boa ordem. Não tínhamos outros convidados além
da Sra. Williams e uma jovem ([107]) que eu não conhecia. Como um jantar
aqui era considerado um fenômeno singular, e como eu era frequentemente
perguntado sobre o assunto, meus leitores podem, talvez, desejar conhecer o
nosso cardápio. Foote, eu me lembro, em alusão a Francis, o negro, estava
disposto a supor que a nossa refeição era caldo preto. Mas o fato era que
tivemos uma sopa muito boa, uma perna de cordeiro cozido e espinafre,
uma torta de vitela e um pudim de arroz.
Do Dr. John Campbell, o autor, ele disse: “Ele é um homem muito
curioso e muito capaz, e um homem de bons princípios religiosos, mas eu
receio que ele tenha sido deficiente na prática. Campbell é radicalmente
certo; e podemos esperar, que com o tempo haverá boa prática”.
Ele admitiu achar Hawkesworth um de seus imitadores, mas ele não
achava que Goldsmith era. Goldsmith, disse ele, tinha grande mérito.
BOSWELL. “Mas, Senhor, ele lhe é muito grato por ter chegado tão alto na
estima do público”. JOHNSON. “Ora, Senhor, talvez ele tenha chegado
antes a ela, por sua intimidade comigo”.
Goldsmith, cuja sua vaidade, muitas vezes tenha, entretanto, provocado
ocasional competição, tinha uma consideração muito elevada por Johnson, e
ele, por sua vez, expressava de maneira muito intensa na Dedicação de sua
comédia, intitulada She Stoops to Conquer (Ela se inclina para conquistar).
([108])
Johnson observou que havia muito poucos livros impressos na Escócia
antes da União. Ele tinha visto uma coleção completa deles na posse do
Exmo. Archibald Campbell, um Bispo da facção Não Jurada da igreja
Anglicana. ([109]) Eu espero que esta coleção tenha sido mantida inteira.
Muitos deles estão na biblioteca da Faculdade de Advogados em
Edimburgo. Eu contei ao Dr. Johnson que tinha alguma intenção de
escrever a biografia do erudito e digno Thomas Ruddiman. Ele disse: “Eu
teria prazer em ajudá-lo a honrá-lo. Mas a sua carta de despedida à
Faculdade de Advogados, quando renunciou ao seu cargo de bibliotecário,
deveria ter sido escrita em latim”.
Eu coloquei uma pergunta a ele sobre um fato comum da vida, que ele
não conseguiu responder, e nem encontrei qualquer outra pessoa que
conseguisse. Qual é a razão pela qual as empregadas, embora obrigadas a
comprar suas próprias roupas, têm salários muito mais baixos do que os
empregados homens, a quem uma grande quantidade daquele artigo é
fornecida, quando na verdade nossas empregadas domésticas trabalham
muito mais duro que os homens?
Ele me disse que tinha doze ou catorze vezes tentado manter um diário
de sua vida, mas nunca conseguira perseverar. Ele aconselhou-me a fazê-lo.
“A grande coisa a ser registrada, (disse ele) é o estado de sua mente; e você
deve anotar cada coisa que você se lembrar, porque você não pode julgar
primeiro o que é bom ou ruim; e escreva imediatamente, enquanto a
impressão é fresca, pois não será a mesma coisa uma semana mais tarde”.
Eu novamente solicitei a ele comunicar-me as particularidades do início
de sua vida. Ele disse: “Você as terá todas por centavos. Eu espero que você
saiba muito mais sobre mim, antes de escrever a minha biografia”. Ele
mencionou neste dia muitas circunstâncias, que eu anotei quando voltei
para casa, e as entrelacei na primeira parte dessa narrativa.
Na terça-feira, 13 de Abril, ele, o Dr. Goldsmith e eu jantamos no
restaurante do General Oglethorpe. Goldsmith se estendeu sobre o tópico
comum de que a raça do nosso povo era degenerada, e que isso se devia ao
luxo. JOHNSON. “Senhor, em primeiro lugar, eu duvido desse fato. Eu
acredito que há tantos homens altos na Inglaterra hoje, quanto nunca houve
antes. Mas, em segundo lugar, supondo que a estatura de nosso povo deva
diminuir, isso não é devido ao luxo; pois, Senhor, considere quão pequena é
a proporção de nosso povo que o luxo pode alcançar. Nossas tropas,
certamente, não são luxuosas; eles vivem com seis pence por dia; e a
mesma observação se aplica a quase todas as outras classes. O luxo, na
medida em que atinge os pobres fará bem à raça das pessoas; ele os
fortalecerá e multiplicará. Senhor, nenhuma nação jamais foi prejudicada
pelo luxo; pois, como eu disse antes, ele pode alcançar apenas muito
poucos. Admito que o grande aumento do comércio e da fabricação
prejudica o espírito militar de um povo; porque ele produz uma competição
por algo mais do que honras marciais - uma competição por riquezas. Ele
também fere os corpos das pessoas; pois você observará, não há homem que
trabalhe em qualquer atividade em particular, que você não possa identificar
a partir de sua aparência ao fazê-lo. Uma parte ou outra do seu corpo sendo
mais usada do que o restante, ele é em alguma medida deformado; mas,
Senhor, isso não é luxo. Um alfaiate senta-se com as pernas cruzadas; mas
isso não é luxo”. GOLDSMITH. “Ora, você está apenas chegando ao
mesmo lugar por outro caminho”. JOHNSON. “Não, Senhor, eu digo que
não é o luxo. Vamos dar um passeio de Charing-cross a Whitechapel,
passando, eu suponho, pela maior série de lojas em todo o mundo; o que
existe em qualquer uma dessas lojas (com exceção de lojas de bebida) que
possa fazer algum mal a qualquer ser humano?” GOLDSMITH. “Bem,
Senhor, eu aceitarei o seu desafio. A loja seguinte a Northumberland-house
é uma loja de picles em conserva”. JOHNSON. “Bem, senhor: não sabemos
que uma empregada em uma tarde pode fazer picles suficientes para atender
uma família inteira por um ano? ainda, que aquelas cinco lojas de picles
podem servir todo o reino? Além disso, Senhor, não há nenhum dano feito a
qualquer um pela fabricação de picles ou a ingestão de picles”.
Nós bebemos chá com as senhoras; e Goldsmith cantou a canção de
Tony Lumpkin em sua comédia, She Stoops to Conquer, e uma muito
bonita, de uma melodia irlandesa, ([110]) que ele havia escrito para Miss
Hardcastle; mas como a Sra. Bulkeley, que desempenhava o papel não sabia
cantar, foi deixada de fora. Posteriormente, ele a escreveu para mim, por
isso ela foi preservada, e agora aparece entre os seus poemas. O Dr.
Johnson, em seu caminho para casa, parou no meu alojamento em
Piccadilly e sentou-se comigo, bebendo chá uma segunda vez, até tarde.
Eu contei a ele o que a Sra. Macaulay disse que ela se perguntava como
ele conseguia conciliar seus princípios políticos com a sua moral; suas
noções de desigualdade e subordinação com desejar o bem para felicidade
de toda a humanidade, que poderia viver tão agradavelmente, se tivessem,
todos, as suas porções de terra, e ninguém para dominar o outro.
JOHNSON. “Ora, Senhor, eu concilio meus princípios muito bem, porque a
humanidade é mais feliz em um estado de desigualdade e subordinação. Se
eles estivessem neste estado agradável de igualdade, eles logo degenerariam
em brutos; - eles se tornariam o país de Monboddo; - suas caudas
cresceriam. Senhor, todos seriam perdedores se todos devessem trabalhar
para todos: - eles não teriam aprimoramento intelectual. Todo
aprimoramento intelectual surge do lazer; todo lazer surge de alguém
trabalhar para outro”.
Falando da família Stuart, ele disse, “Deve parecer que a família
atualmente no trono estabeleceu agora um direito tão bom quanto o da
família anterior, através do longo consentimento do povo; e que perturbar
esse direito pode ser considerado condenável. Ao mesmo tempo em que eu
admito que esta seja uma questão muito difícil, quando se considera o que
diz respeito à casa de Stuart. Obrigar as pessoas a fazer juramentos quanto
ao direito em disputa está errado. Eu não sei se eu poderia fazê-los, mas eu
não culpo aqueles que o fazem”. Tão consciente e tão delicado era ele sobre
este assunto, que causou tanto clamor contra ele.
Falando de casos legais, ele disse, “Os relatórios ingleses, em geral, são
muito ruins: apenas a metade do que foi dito é anotada; e daquela metade,
muito está errado. Ao passo que na Escócia, os argumentos de cada lado são
cuidadosamente colocados por escrito, para serem examinados pelo
Tribunal. Eu acho que uma coleção de seus casos sobre assuntos de
importância, com os pareceres dos juízes sobre eles seria valiosa”.
Na quinta-feira, 15 de abril, jantei com ele e o Dr. Goldsmith no
restaurante do General Paoli. Encontramos ali o Signor Martinelli de
Florença, autor de uma História da Inglaterra em italiano, impressa em
Londres.
Falei sobre o Gentle Shepherd (Gentil Pastor) de Allan Ramsay em
dialeto escocês, como o melhor pastoral que já tinha sido escrito; não só
abundante em belas imagens rurais e sentimentos justos e agradáveis, mas
por ser uma imagem real de costumes; e eu me ofereci para ensinar o Dr.
Johnson a entendê-lo. “Não, Senhor, (disse ele), eu não vou aprendê-lo.
Você manterá sua superioridade por eu não o saber”.
Isto trouxe à baila uma questão de saber se um homem é diminuído por
outro adquirir um grau de conhecimento igual ao dele. Johnson afirmou que
sim. Eu sustentei que a posição poderia ser verdadeira naqueles tipos de
conhecimento que produzem sabedoria, poder e força; de modo a permitir a
um homem tenha o governo de outros; mas que o homem não é em nenhum
grau diminuído por outros conhecer tão bem quanto ele o que termina em
mero prazer: - comer frutas finas, beber vinhos deliciosos, ler poesia
requintada.
O General observou que Martinelli era um liberal (Whig). JOHNSON.
“Sinto muito por isso. Isso mostra o espírito dos tempos: ele é obrigado a
contemporizar”. BOSWELL. “Prefiro pensar, Senhor, que o
Conservadorismo (Toryismo) prevalece nesse reino”. JOHNSON. : Não sei
por que você pensaria assim, Senhor. Você vê o seu amigo Lord Lyttelton,
um nobre, obrigado em sua História a escrever o Liberalismo (Whiggismo)
mais vulgar”.
Um debate animado aconteceu sobre se Martinelli deveria continuar sua
História da Inglaterra até os dias atuais. GOLDSMITH. “Com certeza, ele
deveria”. JOHNSON. “Não, Senhor; ele faria grande ofensa. Ele teria que
dizer sobre quase todos grandes vivos o que eles não desejam que se diga”.
GOLDSMITH. “Pode ser, talvez, necessário que um nativo seja mais
cauteloso; mas um estrangeiro que vem entre nós, sem preconceito, pode
ser considerado como ocupando o lugar de um Juiz, e pode dizer o que
pensa livremente”. JOHNSON. “Senhor, um estrangeiro, quando envia um
trabalho à imprensa, deve ter cuidado ao capturar o erro e entusiasmo
equivocado das pessoas entre as quais ele possa estar”. GOLDSMITH.
“Senhor, ele só quer vender a sua história e dizer a verdade; um motivo
honesto, o outro louvável”. JOHNSON. “Senhor, ambos são motivos
louváveis. É louvável em um homem desejar viver de seu trabalho; mas ele
deve escrever de modo que possa viver dele, e não de modo que ele possa
ser golpeado na cabeça. Eu o aconselharia a estar em Calais, antes de
publicar sua história da época atual. Um estrangeiro que ingressa em um
partido político neste país está no pior estado que se possa imaginar: ele é
encarado como um mero intrometido. Um nativo pode fazê-lo por
interesse”. BOSWELL. “Ou princípio”. GOLDSMITH. “Há pessoas que
dizem uma centena de mentiras políticas a cada dia e não são prejudicadas
por isso. Certamente, então, pode-se dizer a verdade com segurança”.
JOHNSON “Ora, Senhor, em primeiro lugar, aquele que diz cem mentiras
desarmou a força de suas mentiras. Mas, além disso, seria preferível um
homem ter uma centena de mentiras contadas a ele, do que uma verdade
que ele não deseja que deva ser contada”. GOLDSMITH. “De minha parte,
eu diria a verdade e envergonharia o diabo”. JOHNSON. “Sim, Senhor; mas
o diabo ficará com raiva. Eu desejo envergonhar o diabo, tanto quanto você,
mas eu escolheria estar fora do alcance de suas garras”. GOLDSMITH.
“Suas garras não podem fazer nenhum mal a você, quando você tem o
escudo da verdade”.
Tendo sido observado que havia pouca hospitalidade em Londres; -
JOHNSON. “Não, Senhor, qualquer homem que tem um nome, ou que tem
o poder de agradar será muito geralmente convidado em Londres. O
homem, Sterne, me foi dito, teve compromissos por três meses”.
GOLDSMITH. “E um sujeito muito chato”. JOHNSON. “Ora, não,
Senhor”.
Martinelli nos disse que durante vários anos viveu muito com Charles
Townshend, e que ele se aventurava em dizer que era um piadista ruim.
JOHNSON. “Ora, Senhor, isso eu posso dizer sobre o sujeito. Um dia, ele e
mais alguns concordaram em ir e jantar no campo, e cada um deles devia
trazer um amigo consigo em sua carruagem. Charles Townshend pediu a
Fitzherbert que fosse com ele, mas lhe disse: ‘Você deverá encontrar
alguém para trazê-lo de volta: eu só posso levá-lo até lá’. Fitzherbert não
gostou muito desse arranjo. No entanto, ele consentiu, observando
sarcasticamente, ‘Está muito bem; porque então as mesmas piadas servirão
para a ida e para a volta’”.
Uma personagem pública eminente ([111]) sendo mencionada; -
JOHNSON. “Lembro-me de estar presente quando ele mostrou ser tão
corrupto, ou pelo menos algo tão diferente do que eu considero certo, ao
ponto de sustentar que um membro do Parlamento deve acompanhar seu
partido, esteja ele certo ou errado. Agora, Senhor, isso está tão longe de
uma virtude natural, da virtude escolástica, que um bom homem deve ter
passado por uma grande mudança, antes que ele possa aceitar tal doutrina.
É mantendo isso que você pode mentir ao público; porque você mente
quando chama isso de certo, quando acha que está errado, ou o inverso. Um
amigo nosso, ([112]) que não passa de um eco daquele cavalheiro observou
que um homem que não adere de maneira uniforme a um partido, está só
esperando para ser comprado. Ora, então, eu disse, ele está apenas
esperando para ser o que esse senhor já é”.
Conversamos sobre a ida do Rei para assistir à nova peça de Goldsmith.
– “Eu gostaria que ele viesse”, disse Goldsmith; acrescentando, no entanto,
com uma indiferença afetada, “não que isso fosse fazer a menor diferença”.
JOHNSON. “Pois então, Senhor, digamos que isso fará bem a ele, (rindo. )
Não, Senhor, esta afetação não passará; - é muito sem propósito. Em um
estado como o nosso, quem não gostaria de agradar o Magistrado Chefe?”
GOLDSMITH. “Eu realmente gostaria de agradá-lo. Lembro-me de uma
linha em Dryden, -
‘E cada poeta é amigo do monarca’.
Ela devia ser invertida”. JOHNSON. “Não, há linhas mais refinadas em
Dryden sobre este assunto: -
‘Pois escolas, de Reis generosos dependem,
E nunca um rebelde das artes foi amigo’”.
O General Paoli observou que “rebeldes bem-sucedidos poderiam”.
MARTINELLI. “Felizes rebeliões”. GOLDSMITH. “Nós não temos tal
frase”. GENERAL PAOLI. “Mas você não tem a coisa?” GOLDSMITH.
“Sim; todas as nossas felizes revoluções. Elas prejudicaram nossa
constituição, e vão prejudicá-la mais ainda, até que a consertemos com
outra FELIZ REVOLUÇÃO”. Nunca antes eu descobri que o meu amigo
Goldsmith tinha tanto do velho preconceito nele.
O General Paoli, falando da nova peça de Goldsmith, disse, “Il a fait un
compliment très gracieux à une certaine grande dame”; ([113]) significando
uma Duquesa de primeira ordem.
Expressei uma dúvida se Goldsmith teve a intenção, para que eu pudesse
ouvir a verdade de sua própria boca. Talvez, não fosse justo tentar levá-lo a
uma confissão, pois ele podia não querer confessar positivamente sua
oposição à Corte. Ele sorriu e hesitou. O General imediatamente o aliviou,
com esta bela imagem: «Monsieur Goldsmith est comme la mer, qui jette
des perles et beaucoup d'autres belles choses, sans s'en appercevoir”.
GOLDSMITH. “Très bien dit, et très élégamment”.
Uma pessoa ([114]) foi mencionada, de quem se dizia poder anotar em
taquigrafia os discursos do Parlamento com exatidão perfeita. JOHNSON.
“Senhor, isso é impossível. Eu me lembro de uma, Angel, que veio a mim
para escrever um Prefácio ou Dedicação de um livro sobre taquigrafia, e ele
afirmava escrever tão rápido quanto um homem podia falar. A fim de testá-
lo, peguei um livro e li enquanto ele escrevia; e eu o favoreci, pois eu li
mais pausadamente do que o habitual. Eu já tinha seguido apenas um trecho
curto, quando ele pediu que eu parasse, pois ele não conseguia me
acompanhar”. Ouvindo agora, pela primeira vez sobre este Prefácio ou
Dedicação, eu disse: “Quanta despesa, Senhor, você nos obriga ao comprar
livros, para os quais você escreveu Prefácios ou Dedicatórias”. JOHNSON.
“Ora, eu tenho dedicado à família real inteira; isto é, até a última geração da
família Real”. GOLDSMITH. “E, talvez, Senhor, nenhuma frase de humor
em toda uma Dedicação”. JOHNSON. “Talvez não, Senhor”. BOSWELL.
“Qual é, então, a razão para pedir a uma determinada pessoa que faça o que
qualquer um pode fazer tão bem?” JOHNSON. “Ora, Senhor, um homem
tem maior prontidão em fazê-lo do que outro”.
Falei do Sr. Harris de Salisbury, como sendo um homem muito culto e,
em particular, um eminente estudioso da Grécia. JOHNSON. “Eu não tenho
certeza disso. Seus amigos o anunciam como tal, mas eu não sei quem entre
seus amigos é capaz de julgar isso”. GOLDSMITH. “Ele é o que é muito
melhor: ele é um homem humano digno”. JOHNSON. “Não, Senhor, este
não é o propósito do nosso argumento: ele tanto provará que pode tocar
violino tão bem quanto Giardini, quanto que ele é um eminente estudioso da
Grécia”. GOLDSMITH. “Os maiores artistas musicais só recebem
pequenos emolumentos. Giardini, segundo me disseram, não ganha mais
que setecentos por ano.” JOHNSON. “Isto é, de fato, pouco para um
homem ganhar, alguém que faz melhor do que tantos se esforçam para
fazer. Nada existe, eu penso, em que o poder da arte é tão demonstrado
quanto ao se tocar violino. Em todas as outras coisas, podemos fazer algo
logo no início. Qualquer um forjará uma barra de ferro, se você lhe der um
martelo; não tão bem quanto um ferreiro, mas toleravelmente. Um homem
serra um pedaço de madeira e faz uma caixa, apesar de ela ser deselegante;
mas dê-lhe um violino e um arco, e ele nada conseguirá fazer.”
Na segunda-feira, 19 de abril, ele visitou-me com a Sra. Williams, na
carruagem do Sr. Strahan, e levou-me para jantar com o Sr. Elphinston em
sua academia em Kensington. Um impressor que adquiriu uma fortuna
suficiente para manter sua carruagem era um bom tópico em favor da
literatura. A Sra. Williams disse que um outro impressor, o Sr. Hamilton,
não tinha esperado tanto tempo quanto o Sr. Strahan, mas tinha conseguido
sua carruagem vários anos antes. JOHNSON. “Ele estava certo. A vida é
curta. Quanto mais cedo um homem começa a desfrutar de sua riqueza,
melhor.”
O Sr. Elphinston falou de um novo livro que era muito admirado e
perguntou ao Dr. Johnson se ele o tinha lido. JOHNSON. “Eu dei uma
olhada nele.” “O quê, (disse Elphinston), você não o leu inteiro?” Johnson,
ofendido por ser assim pressionado e obrigado a admitir seu modo
superficial de leitura, respondeu asperamente, “Não, senhor, você lê livros
inteiros?”
Ele hoje voltou a defender o duelo, e fundamentou seu argumento sobre
o que eu jamais pensei ser a base mais sólida; de que, se a guerra pública é
admitida como consistente com a moralidade, a guerra privada deve sê-lo,
igualmente. De fato, podemos observar quais argumentos forçados são
utilizados para conciliar a guerra com a religião cristã. Mas, na minha
opinião, é extremamente claro que o duelo, tendo melhores motivos para a
sua violência bárbara, é mais justificável do que a guerra, em que milhares
partem sem qualquer causa de desavença pessoal, e se massacram uns aos
outros.
Na quarta-feira, 21 de abril, jantei com ele na casa do Sr. Thrale. Um
cavalheiro ([115]) atacou Garrick por ser vaidoso. JOHNSON. “Não é de se
admirar, Senhor, que ele seja vaidoso; um homem que é continuamente
lisonjeado de todos os modos que se possa conceber. Tantos foles sopraram
o fogo, que é de se perguntar se ele, a essa altura não se tornou cinza.”
BOSWELL. “E tais foles também. Lord Mansfield com suas bochechas
prestes a estourar: Lord Chatham como um Éolo. Eu li tais notas deles a ele,
e foram o suficiente para virar sua cabeça.” JOHNSON. “Verdade. Quando
aquele a quem todos os outros lisonjeiam me lisonjeia, então eu fico
realmente feliz.” A SRA. THRALE. “O sentimento está em Congreve, eu
acho.” JOHNSON. “Sim, Senhora, em The Way of the World:
‘Se há prazer no amor, é quando eu vejo
Que o coração pelo qual outros sangram, sangra por mim.”
Não, senhor, eu não deveria estar surpreso embora Garrick acorrentasse
o oceano e fustigasse os ventos.” BOSWELL. “Não deveria ser, Senhor,
fustigasse o oceano e acorrentasse os ventos?” JOHNSON. “Não, senhor,
lembre-se do original:
‘Em Corum atque Eurum solitus sævire flagellis
Barbarus, Æolio nunquam hoc em carcere passos,
Ipsum compedibus qui vinxerat Ennosigæum. ’”
Isto vai muito bem quando tanto os ventos quanto o mar são
personificados e mencionados por seus nomes mitológicos, como em
Juvenal; mas quando eles são mencionados em linguagem simples, a
aplicação dos epítetos sugeridos por mim é mais óbvia; e,
consequentemente, meu próprio amigo, em sua imitação da passagem que
descreve Xerxes, tem
“As ondas ele fustiga, e acorrenta o vento.”
Os modos de vida em diferentes países, e os diferentes pontos de vista
com os quais os homens viajam em busca de novas cenas tendo sido
mencionados, um cavalheiro erudito ([116]) que tem um escritório de
advocacia considerável, discorreu sobre a felicidade de uma vida selvagem;
e mencionou um caso de um oficial que tinha realmente vivido por algum
tempo nos confins da América, de quem, quando nesse estado, ele citou esta
reflexão com um ar de admiração, como se tivesse sido profundamente
filosófica: “Eis-me aqui, livre e irrestrito, em meio à rude magnificência da
natureza, com esta mulher índia ao meu lado e essa arma com a qual eu
posso providenciar comida quando desejo: o que mais pode ser desejado
para a felicidade humana?” Não era preciso muita sagacidade para prever
que não seria permitido que tal sentimento passasse sem a devida censura.
JOHNSON. “Não permita, Senhor, que lhe seja imposto tal absurdo
grosseiro. É uma coisa triste e é brutal. Se um touro pudesse falar, ele
poderia muito bem exclamar: - Aqui estou eu com essa vaca e essa grama;
que ser pode desfrutar de maior felicidade?”
Conversamos sobre o fim melancólico de um cavalheiro ([117]) que havia
se suicidado. JOHNSON. “Foi devido a dificuldades imaginárias em seus
negócios, que se ele tivesse falado com qualquer amigo, logo teriam
desaparecido.” BOSWELL. “Você acha, Senhor, que todos os que cometem
suicídio são loucos?” JOHNSON. “Senhor, eles muitas vezes não são
universalmente desordenados em seus intelectos, mas se uma paixão os
pressiona, eles cedem a ela e cometem suicídio, assim como um homem
apaixonado esfaqueará outro homem.” Ele acrescentou: “Muitas vezes
pensei que depois de um homem ter tomado a decisão de se matar, não há
coragem nele para fazer qualquer coisa, por mais desesperada, porque ele
não tem nada a temer.” GOLDSMITH. “Eu não vejo assim.” JOHNSON.
“Pelo contrário, meu caro Senhor, por que você não deveria ver o que todo
mundo vê?” GOLDSMITH. “É por medo de algo que ele resolveu se matar;
e aquela disposição tímida não o conterá?” JOHNSON. “Isso não significa
que o medo de algo o tenha feito resolver; é sobre o estado de sua mente
depois que a resolução é tomada, que eu argumento. Suponha que um
homem, por medo ou orgulho, ou consciência, ou qualquer motivo, resolveu
se matar; uma vez que a resolução tenha sido tomada, ele nada tem a temer.
Ele pode, então, ir e tomar o rei da Prússia pelo nariz, à frente de seu
exército. Não pode temer a tortura, aquele que está decidido a se matar.
Quando Sustasse Budget estava descendo até o rio Tâmisa, determinado a
se afogar, ele poderia, se quisesse, sem qualquer apreensão com o perigo,
ter-se desviado e, primeiro, ateado fogo ao palácio de St. James.”
Na terça-feira, 27 de abril, o Sr. Beauclerk e eu o visitamos pela manhã.
Enquanto caminhávamos até Johnson's Court, eu disse: “Tenho uma
veneração por esta praça”; e fiquei feliz ao descobrir que Beauclerk tinha o
mesmo entusiasmo reverencial. Nós o encontramos sozinho. Falamos sobre
o elegante e plausível Cartas a Lord Mansfield do Sr. Andrew Stuart: uma
cópia do qual tinha sido enviada pelo autor ao Dr. Johnson. JOHNSON.
“Eles não corresponderam à finalidade. Não se falou sobre elas; eu nunca
ouvi falar delas. Isto é devido ao fato de não serem vendidas. As pessoas
raramente leem um livro que lhes é dado; e poucos são dados. A maneira de
espalhar uma obra é vendê-la a um preço baixo. Nenhum homem mandará
comprar uma coisa que custe mesmo que seja seis pence, sem a intenção de
lê-la.” BOSWELL. “Que não se duvide, senhor, se será adequado publicar
cartas, desafiando a decisão final de uma importante causa tomada pelo
magistrado supremo da nação?” JOHNSON. “Não, senhor, eu não acho que
ele estava errado em publicar estas cartas. Se elas não visavam fazer mal,
por que não as responder? Mas elas não causarão nenhum dano. Se o Sr.
Douglas for, de fato, o filho de Lady Jane, ele não pode ser prejudicado: se
ele não for seu filho, e ainda assim tem a grande propriedade da família de
Douglas, ele pode muito bem estar sujeito a ter um panfleto escrito contra
ele por Andrew Stuart. Senhor, acho que tal publicação é positiva, pois ela
faz bem ao nos mostrar as possibilidades da vida humana. E, Senhor, você
não dirá que a causa de Douglas era uma causa de fácil decisão, quando ela
dividiu seu Tribunal, tanto quanto podia, para ser finalmente decidida.
Quando os seus juízes estavam sete a sete, o voto de Minerva do Presidente
deve ser dado a um lado ou a outro: não importa, para o meu argumento, a
qual deles; um ou outro precisa ser tomado: como quando preciso andar,
não importa qual perna eu movo em primeiro lugar. E então, Senhor, foi de
outra forma determinado aqui. Não, Senhor, uma decisão mais duvidosa de
qualquer questão não poderia ser imaginada.” ([118])
Ele disse: “Goldsmith não deveria estar sempre tentando brilhar nas
conversas: ele não tem o temperamento para isso; fica muito mortificado
quando falha. Senhor, um desafio é composto, em parte de habilidade, em
parte de sorte. Um homem pode ser derrotado, por vezes, por alguém que
não tem a décima parte de sua sagacidade. Agora Goldsmith enfrentando
outro é como um homem apostando cem para um que não tem cem
sobrando. Não vale o tempo de um homem. Um homem não deve apostar
cem para um, a menos que ele possa facilmente dispor deles, embora ele
tenha uma centena de chances a seu favor: ele pode ganhar apenas um
guinéu, e pode perder cem. Goldsmith está neste estado. Quando ele
compete, se leva a melhor é pouco ganho para um homem de sua reputação
literária: se ele não consegue o melhor, ele é miseravelmente humilhado.”
O próprio poder superlativo de sagacidade de Johnson o coloca acima de
qualquer risco de tal desconforto. Garrick tinha comentado comigo sobre
ele, alguns dias antes, “Rabelais e todos os outros sábios nada são
comparados a ele. Você pode se divertir com eles; mas Johnson lhe dá um
abraço forçado e arranca de você o riso, quer você queira ou não.”
Goldsmith, entretanto, foi muitas vezes afortunado em suas competições
espirituosas, mesmo quando entrava nas listas contra o próprio Johnson. Sir
Joshua Reynolds estava em companhia deles um dia, quando Goldsmith
disse que achava que poderia escrever uma boa fábula, mencionou a
simplicidade que esse tipo de composição exige e observou que na maioria
das fábulas os animais introduzidos raramente falam como as personagens.
“Por exemplo, (disse ele) a fábula dos peixinhos, que viram pássaros voar
sobre suas cabeças e invejando-os, pediram a Júpiter que os transformasse
em pássaros. A habilidade (continuou ele), consiste em fazê-los falar como
pequenos peixes.” Enquanto ele se entregava a este devaneio fantasioso,
observava Johnson sacudindo as banhas e rindo. Ao que ele
inteligentemente prosseguiu, “Ora, Dr. Johnson, isso não é tão fácil como
você parece pensar; pois, se você fosse fazer peixinhos falar, eles falariam
como BALEIAS.”
Johnson, embora notável por sua grande variedade de composição,
nunca exercitou seu talento na fábula, a não ser que admitamos ser dessa
espécie o seu belo conto publicado nas Miscellanies da Sra. Williams. Eu,
no entanto, encontrei entre suas coleções de manuscritos o seguinte esboço
de uma: -
“Um pirilampo ([119]) deitado no jardim viu uma vela em um palácio
vizinho - e queixou-se da pequenez de sua própria luz. - Observou outro -
espere um pouco; - logo estará escuro; - sobrevivi a muitas destas luzes
ofuscantes que são apenas mais brilhantes à medida que caminham para o
nada.”
Na quinta-feira, 29 de abril, jantei com ele no restaurante do General
Oglethorpe onde estavam Sir Joshua Reynolds, o Sr. Langton, o Dr.
Goldsmith e o Sr. Thrale. Eu desejava muito conseguir que o Dr. Johnson se
fixasse absolutamente em sua resolução de ir comigo às Hébridas este ano;
e eu disse a ele que tinha recebido uma carta do Dr. Robertson, o
historiador, sobre o assunto, com o que ele ficou muito satisfeito; e agora
falava de tal maneira de sua turnê longamente pretendida que eu fiquei
satisfeito que ele pretendesse cumprir seu compromisso.
O costume de comer cães em Otaheite Taiti sendo mencionado,
Goldsmith observou que este também era um costume na China; que um
açougueiro de cães é tão comum lá quanto qualquer outro açougueiro; e que
quando ele sai de casa todos os cães caem sobre ele. JOHNSON. “Isto não é
devido a ele matar cães, senhor. Lembro-me de um açougueiro em
Lichfield, a quem um cachorro que estava na casa onde eu morava, sempre
atacava. É o cheiro da carne que provoca isso, deixa os animais que ele
matou ser o que podem.” GOLDSMITH. “Sim, existe uma aversão geral
em animais aos sinais de massacre. Se você colocar uma banheira cheia de
sangue em um estábulo, os cavalos ficarão loucos.” JOHNSON. “Eu duvido
disso.” GOLDSMITH. “Não, senhor, é um fato bem comprovado.”
THRALE. “É melhor você provar isso antes de colocá-lo em seu livro sobre
a história natural. Você pode fazê-lo em meu estábulo, se quiser.”
JOHNSON. “Não, senhor, eu não faria com que ele provasse isso. Se ele se
contenta em ter suas informações de outras pessoas, ele pode prosseguir
com seu livro com pouca dificuldade e sem colocar muito em risco a sua
reputação. Mas se ele faz experiências para um livro tão abrangente como o
dele, não haveria fim para elas; suas afirmações errôneas, então, cairiam por
si mesmas, e ele poderia ser responsabilizado por não ter feito experiências
quanto a cada detalhe.”
O caráter de Mallet tendo sido introduzido, e tratado com desprezo por
Goldsmith; JOHNSON. “Ora, Senhor, Mallet tinha talento suficiente para
manter sua reputação literária viva, enquanto ele mesmo viveu; o que,
deixe-me dizer-lhe, é bastante.” GOLDSMITH. “Mas não posso concordar
que fosse assim. Sua reputação literária estava morta muito antes de sua
morte natural. Considero reputação literária de um autor estar viva somente
enquanto o seu nome garantirá um bom preço por seu libro nas livrarias. Eu
lhe darei (a Johnson) cem guinéus por qualquer coisa que você escreverá, se
você colocar o seu nome nela.”
A nova peça do Dr. Goldsmith, She Stoops to Conquer (Ela se inclina
para conquistar), sendo mencionada; JOHNSON. “Não conheço nenhuma
comédia, por muitos anos, que tenha deixado tão eufórico o público, que
tenha correspondido tanto à grande finalidade de comédia - alegrar uma
plateia.”
Goldsmith tendo dito que o elogio de Garrick à Rainha, que ele
introduzira na peça The Chances (As Oportunidades) que tinha alterado e
revisado este ano era bajulação malvada e grosseira; JOHNSON. “Ora,
Senhor, eu não escreveria, eu não daria solenemente sob a minha mão, um
caráter além do que eu pensasse ser realmente verdade; mas um discurso no
palco, deixe-o bajular sempre tão extravagantemente, é a fórmula. Sempre
tem sido a fórmula bajular Reis e Rainhas; tanto é assim, que, mesmo em
nossos serviços religiosos, nós temos ‘nosso Rei religiosíssimo’, usado
indiscriminadamente, quem quer que seja o Rei. Pelo contrário, eles ainda
se gabam; - ‘tivemos graciosamente o prazer de conceder.’ Nenhuma
bajulação moderna, no entanto, é tão grosseira quanto a da época de
Augusto, onde a Imperador era deificado. ‘Præsens Divus habebitur
Augustus.” E quanto à maldade, (aumentando o calor) como é malvado em
um ator - um showman - um sujeito que se exibe por um xelim, lisonjear
sua Rainha? A tentativa, na verdade, foi perigosa; pois se ele tivesse errado,
o que aconteceu com Garrick, o que teria sido da Rainha? Como Sir
William Temple diz de um grande General, é necessário não só que seus
projetos sejam formados de forma magistral, mas eles devem ter sucesso.
Senhor, no momento em que a Família Real não é apreciada de maneira
geral, é certo deixar ser visto que as pessoas gostam, pelo menos, de um
deles.” SIR JOSHUA REYNOLDS. “Eu não percebo por que a profissão de
um ator deva ser desprezada; pois o objetivo maior e final de todos os
empregos da humanidade é produzir diversão. Garrick produz mais
diversão do que qualquer outra pessoa.” BOSWELL. “Você diz, Dr.
Johnson, que Garrick apresenta-se por um xelim. Nesse sentido, ele está
apenas em mesmo pé que um advogado que se apresenta por seus
honorários, e ainda assim sustenta qualquer bobagem ou absurdo, conforme
o caso exija. Garrick recusa uma peça ou papel de que ele não gosta; um
advogado nunca recusa.” JOHNSON. “Ora, Senhor, o que é que isso prova?
Só que um advogado é pior. Boswell é agora como Jack em The Tale of a
Tub, que, quando é confundido por um argumento, se enforca. Ele acha que
eu cortarei a corda, mas vou deixá-lo pendurado”, (rindo veementemente).
SIR JOSHUA REYNOLDS. “O Sr. Boswell pensa que a profissão de
advogado, sendo inquestionavelmente honrada, se ele puder demonstrar que
a profissão de um ator é mais honrada, ele prova seu argumento.”
Na sexta-feira, 30 de abril, jantei com ele no restaurante do Sr.
Beauclerk, onde estavam Lord Charlemont, Sir Joshua Reynolds, e mais
alguns membros do CLUBE LITERÁRIO, a quem ele gentilmente
convidou a encontrar-me, pois deveria ser votada nessa noite a minha
admissão como candidato naquela distinta sociedade. Johnson tinha me
feito a honra de propor-me, e Beauclerk era muito zeloso por mim.
Goldsmith sendo mencionado; JOHNSON. “É incrível o quão pouco
sabe Goldsmith. Ele raramente vem onde não é mais ignorante do que
qualquer outra pessoa.” SIR JOSHUA REYNOLDS. “Ainda assim, não há
homem cuja companhia seja mais apreciada.” JOHNSON. “Certamente,
senhor. Quando as pessoas encontram um homem das habilidades mais
ilustres como escritor, inferior a elas enquanto está com elas, deve ser
altamente gratificante para elas. O que Goldsmith diz comicamente de si
mesmo é muito verdadeiro - ele sempre leva a melhor quando argumenta
sozinho; ou seja, que domina um assunto em seu estudo e pode escrever
bem sobre ele; mas quando ele se vê em um grupo, fica confuso e incapaz
de falar. Tome-o como um poeta; o seu Traveller é um trabalho muito bom;
sim, e assim é o seu Deserted Village, se não fosse por vezes demasiado o
eco de seu Traveller. Se, de fato, nós o tomamos como um poeta, como um
escritor cômico ou como um historiador, ele está na primeira classe.”
BOSWELL. “Um historiador! Meu caro Senhor, você certamente não
classificará sua compilação da História Romana com as obras de outros
historiadores dessa época?” JOHNSON. “Ora, quem está antes dele?”
BOSWELL. “Hume, Robertson, Lord Lyttelton.” JOHNSON (sua antipatia
pelo escocês começa a aumentar). “Eu não li Hume; mas, sem dúvida, a
História de Goldsmith é melhor do que a verborragia de Robertson, ou o
exibicionismo de Dalrymple.” BOSWELL. “Será que você não admite a
superioridade de Robertson, em cuja História encontramos tal penetração -
como pintura?” JOHNSON. “Senhor, você deve considerar como aquela
penetração e aquela pintura são empregados. Não é história, é imaginação.
Aquele que descreve o que nunca viu, baseia-se em fantasia. Robertson
pinta mentes enquanto Sir Joshua pinta rostos em uma peça de história: ele
imagina um semblante heroico. Você deve olhar a obra de Robertson como
romance e experimentá-la por esse ângulo. História ela não é. Além disso,
Senhor, é a grande excelência de um escritor colocar em seu livro tanto
quanto seu livro conterá. Goldsmith fez isso em sua História. Agora
Robertson deveria ter colocado o dobro em seu livro. Robertson é como um
homem que embalou ouro em lã: a lã ocupa mais espaço que o ouro. Não,
senhor; eu sempre pensei que Robertson seria esmagado pelo seu próprio
peso - seria enterrado sob os seus próprios ornamentos. Goldsmith diz logo
tudo o que você quer saber: Robertson detém você por muito mais tempo.
Nenhum homem lerá o detalhadamente complicado de Robertson uma
segunda vez; mas a narrativa simples de Goldsmith agradará novamente e
novamente. Eu diria a Robertson o que um velho tutor de um colégio disse
a um de seus alunos: ‘Leia novamente suas composições, e onde quer que
você encontre uma passagem que você acha ser particularmente boa, corte-a
fora.’ A súmula de Goldsmith é melhor do que a de Lucius Florus ou
Eutrópio; e eu arrisco dizer que se você o comparar a Vertot, nos mesmos
lugares da História Romana, você descobrirá que ele supera Vertot. Senhor,
ele tem a arte da compilação e de dizer tudo o que tem a dizer de uma
maneira agradável. Ele agora está escrevendo uma História Natural e o fará
com que seja tão divertida quanto um conto persa.”
Eu não posso descartar o presente tópico sem observar, que é provável
que o Dr. Johnson, que admitiu que ele muitas vezes ‘falava para vitória’,
ao invés ressaltava objeções plausíveis às excelentes obras históricas do Dr.
Robertson no ardor da discussão, que expressavam sua verdadeira e
decidida opinião; por isso não é fácil supor, que ele diferia tão amplamente
do restante do mundo literário.
JOHNSON. “Lembro-me de uma vez estar com Goldsmith em Westminster
Abbey. Enquanto observávamos o Canto dos Poetas, eu lhe disse:
‘Forsitan et nostrum nomen miscebitur istis.” ([120])
Quando chegamos a Temple Bar ele me parou, apontou para as cabeças
sobre ele, e travessamente sussurrou-me:
‘Forsitan et nostrum nomen miscebitur ISTIS.’ » ([121])
Johnson elogiava muito John Bunyan. ‘Seu Pilgrim's Progress tem
grande mérito, tanto quanto à invenção, imaginação e pela condução da
história; e ele teve a melhor prova de seu mérito, a aprovação geral e
contínua da humanidade. Poucos livros, creio eu, tiveram uma venda mais
extensa. É notável que ele começa muito parecido com o poema de Dante;
ainda assim não havia tradução de Dante quando Bunyan escrevia. Existe
razão para pensar que ele tinha lido Spenser.’
Uma proposta que tinha sido agitada, de que os monumentos a pessoas
eminentes deveriam, no futuro, ser erigidos na igreja de São Paulo, bem
como na Abadia de Westminster foi mencionada; e foi-lhe perguntado quem
deveria ser homenageado tendo seu monumento erguido lá pela primeira
vez. Alguém sugeriu Pope. JOHNSON. “Ora, Senhor, como Pope era um
Católico Romano, eu não acho que ele deva ser o primeiro. Acho que, ao
invés, Milton deva ter a precedência ([122]). Eu penso melhor dele agora do
que aos vinte anos de idade. Há mais pensamento nele e em Butler, do que
em qualquer um dos nossos poetas.”
Alguns dentro do grupo expressaram dúvidas sobre porque o autor de tão
excelente livro quanto The Whole Duty of Man devesse esconder-se.
JOHNSON. “Pode haver diferentes razões atribuídas a isso, qualquer uma
das quais seria muito suficiente. Ele pode ter sido um clérigo, e pode ter
pensado que seus conselhos religiosos teriam menos peso quando se
soubesse que vinham de um homem cuja profissão era a Teologia. Ele pode
ter sido um homem cuja prática não era adequada aos seus princípios, de
modo que sua personagem poderia prejudicar o efeito de seu livro, que ele
havia escrito em uma época de penitência. Ou ele pode ter sido um homem
de rígida abnegação, de modo que ele não teria nenhuma recompensa por
seus trabalhos piedosos, enquanto estivesse neste mundo, mas transferiria
tudo para um futuro estado.”
Os cavalheiros foram embora para o seu clube, e eu fiquei no Beauclerk
até que o destino da minha eleição me fosse anunciado. Sentei-me em um
estado de ansiedade que nem mesmo a conversa encantadora de Lady Di
Beauclerk conseguia dissipar completamente. Em pouco tempo, recebi a
agradável informação de que eu fora escolhido. Apressei-me para o lugar de
reunião, e fui apresentado uma tal sociedade como raramente pode ser
encontrada. O Sr. Edmund Burke, a quem então vi pela primeira vez, e cujo
talento esplêndido há muito tempo me fazia desejar ardentemente conhecê-
lo; o Dr. Nugent, o Sr. Garrick, o Dr. Goldsmith, o Sr. (mais tarde Sir
William) Jones, e os convivas com quem eu tinha jantado. Após minha
entrada, Johnson colocou-se atrás de uma cadeira, na qual ele se inclinou
como em uma mesa ou púlpito e, com formalidade humorística me deu um
Obrigação, apontando a conduta esperada de mim como um bom membro
deste clube.
Goldsmith produziu alguns versos muito absurdos que foram recitados
publicamente a uma audiência por dinheiro. JOHNSON. “Posso igualar
esse absurdo. Havia um poema chamado Eugenio, que saiu há alguns anos,
e conclui assim:
‘E agora, vós insignificantes, elfos pretensiosos,
Repletos de orgulho, de nada, de vós mesmos,
Sondai Eugenio, vede-o repetidamente,
Então afundai em vós mesmos, e não mais existais.”([123])
Além disso, John Dryden, em seu poema sobre a Royal Society, tem
essas linhas:
‘Então, nós sobre última borda do nosso globo iremos,
Ver o mar encostado no céu;
A partir daí os nossos vizinhos do outro lado conheceremos,
E sobre o mundo lunar seguramente espiaremos.’”
Falando de trocadilhos, Johnson, que tinha um grande desprezo por essa
espécie de humor, dignou-se a admitir que havia um bom trocadilho em
Menagiana, eu acho que com a palavra corpo. ([124])
Conversa muito agradável começou, que Johnson saboreava com grande
bom humor. Mas sua conversa apenas, ou o que levou a ela, ou estava
entrelaçado com ela era o negócio deste trabalho.
No sábado, 1º de maio, jantamos sozinhos em nosso antigo ponto de
encontro, a taberna Mitre. Ele estava calmo, mas não muito disposto a
conversar. Ele observou que ‘Os irlandeses se misturam melhor com os
ingleses do que os escoceses; a língua deles é mais próxima do inglês; como
uma prova disso, eles têm muito sucesso como atores, o que os escoceses
não têm. Então, Senhor, eles não têm aquele nacionalismo extremo que
encontramos nos escoceses. Eu farei a você, Boswell, a justiça de dizer que
você é o mais “descocesado” de seus compatriotas. Você é quase o único
caso de um escocês que eu conheço, que não menciona algum outro escocês
a cada duas frases.’
Tomamos chá com a Sra. Williams. Eu apresentei uma questão que tem
sido muito agitada na Igreja da Escócia, se a reivindicação de fiéis leigos de
apresentar ministros às paróquias era bem fundamentada; e supondo que
fosse bem fundamentada, se ela devia ser exercida sem a anuência das
pessoas? Aquela Igreja é composta de uma série de instâncias: um
Presbitério, um Sínodo e, finalmente, a Assembleia Geral; diante das quais,
este assunto pode ser postulado: e, em alguns casos, o Presbitério tendo se
recusado a empossar ou estabelecer, como eles chamam, a pessoa
apresentada pelo fiel, verificou-se necessário recorrer à Assembleia Geral.
Ele disse que eu poderia ver bem o assunto tratado em Defence of
Pluralities; e apesar de pensar que um fiel devesse exercer o seu direito
com ternura pelas inclinações das pessoas de uma paróquia, ele foi muito
claro quanto ao seu direito. Então, supondo que a questão deva ser pleiteada
perante a Assembleia Geral, ele me ditou o que segue:
“Contra o direito dos fieis é comumente oposto pelas instâncias
inferiores a alegação da consciência. Suas consciências lhes dizem que as
pessoas devem escolher o seu pastor; suas consciências lhes dizem que eles
não devem impor a uma congregação um ministro ingrato e inaceitável aos
seus ouvintes. A consciência nada mais é do que uma convicção sentida por
nós mesmos de algo a ser feito, ou algo a ser evitado; e em questões de
moralidade simples e sem complexidades, a consciência é, muitas vezes,
um guia que pode ser confiável. Mas, antes que a consciência possa
determinar, supõe-se que o estado da questão seja completamente
conhecido. Em questões de direito, ou de fato, a consciência é muitas vezes
confundida com opinião. A consciência de nenhum homem pode ditar-lhe
os direitos de outro homem; eles devem ser conhecidos através de
investigação racional ou investigação histórica. Opinião, que aquele que a
tem, pode chamar de sua consciência, pode ensinar alguns homens que a
religião seria promovida e tranquilamente preservada, concedendo às
pessoas universalmente a escolha de seus ministros. Mas é uma consciência
muito mal informada que viola os direitos de um homem, para a
conveniência de outro. Religião não pode ser promovida pela injustiça, e
ainda nunca se descobriu que uma eleição popular tenha sido muito
calmamente transacionada.
Que a justiça seria violada pela transferência ao povo do direito de
patronagem é evidente para todos que sabem de onde aquele direito teve
sua origem. O direito de patronagem não foi inicialmente um privilégio
arrancado pelo poder da pobreza sem resistência. Ele não é uma autoridade
primeiro usurpada em tempos de ignorância, e estabelecida apenas por
sucessão e por precedentes. Não é uma concessão caprichosamente feita por
um tirano superior a um inferior. É um direito adquirido a preço alto pelos
primeiros possuidores, e justamente herdado por aqueles que os sucederam.
Quando o cristianismo foi estabelecido nesta ilha, um modo regular de culto
público foi prescrito. O culto público exige um lugar público; e os
proprietários de terras, à media que eram convertidos, construíam igrejas
para suas famílias e seus vassalos. Para a manutenção de ministros, eles
estabeleceram uma certa porção de suas terras e um distrito, através do qual
era exigido de cada ministro estender seus cuidados por essa circunscrição,
constituía uma paróquia. Esta é uma posição aceita de modo tão geral na
Inglaterra, que a extensão de uma propriedade rural e de uma paróquia são
regularmente aceitos entre si. Às igrejas que os proprietários de terras
tinham assim construído e assim dotado, eles justamente pensavam ter o
direito de fornecer os ministros; e onde o governo episcopal prevalece, o
Bispo não tem poder de rejeitar alguém nomeado pelo patrono, a não ser
por algum crime que possa excluí-lo do sacerdócio. Porque a dotação da
igreja sendo o dom do senhorio, ele tinha consequentemente a liberdade de
doá-lo de acordo com sua escolha, a qualquer homem capaz de realizar os
ofícios sagrados. O povo não o escolhia, porque o povo não o pagava.
Nós ouvimos, por vezes preconizado que este direito originário é
esquecido, e é obliterado e obscurecido por muitas transferências de
propriedade e mudanças de governo; que quase nenhuma igreja está agora
nas mãos dos herdeiros dos construtores; e que as atuais pessoas entraram
posteriormente na posse dos direitos presumidos devido a mil causas
acidentais e desconhecidas. Muito disso, talvez seja verdade. Mas como se
extinguiu o direito de patronato? Se o direito seguia as terras, ele é possuído
segundo o mesmo direito pelo qual as terras são possuídas. É, com efeito,
parte da propriedade rural e protegido pelas mesmas leis que qualquer outro
privilégio. Suponhamos uma propriedade confiscada por traição e
concedida pela Coroa a uma nova família. Com as terras, foram confiscados
todos os direitos vinculados àquelas terras; pelo mesmo poder que concede
as terras, os direitos também são concedidos. O direito perdido pelo patrono
não cabe ao povo, mas ele é ou retido pela Coroa, ou o que para as pessoas
é a mesma coisa, é concedido pela Coroa. Tendo mudado de mãos tantas
vezes, ele é possuído por aquele que o recebe com o mesmo direito que foi
transmitido. Ele pode, de fato, como todas as nossas posses, ser
forçosamente apreendido ou obtido fraudulentamente. Mas nenhum
prejuízo ainda é causado ao povo; pois o que eles nunca tiveram, eles nunca
perderam. Caio pode usurpar o direito de Tito; mas nem Caio nem Tito
prejudicam as pessoas; e consciência de ninguém, por mais terna ou mais
ativa, pode levá-lo a restaurar o que pode ser provado nunca ter sido
tomado. Supondo, o que eu acho que não pode ser provado, que a eleição
popular de ministros fosse desejável, nossos desejos não são a medida de
equidade. Seria desejável que o poder devesse estar apenas nas mãos dos
misericordiosos, e as riquezas na posse dos generosos; mas a lei deve deixar
ambas, tanto as riquezas quanto o poder, onde eles se encontram, e muitas
vezes deixa as riquezas com os avarentos e o poder com o cruel. A
conveniência pode ser uma regra nas pequenas coisas, onde nenhuma outra
regra foi estabelecida. Mas como a grande finalidade do governo é dar a
cada um o que é seu, nenhum inconveniente é maior do que tornar o certo
incerto. Também nenhum homem é mais um inimigo da paz pública do que
aquele que enche as cabeças fracas com alegações imaginárias e quebra a
série de subordinação civil, incitando as classes mais baixas da humanidade
a usurpar as mais altas.
Tendo assim demonstrado que o direito de patronagem, sendo
originalmente comprado, pode ser legalmente transferido, e ele agora está
nas mãos de possuidores legítimos, pelo menos, tão certamente quanto
qualquer outro direito - não resta aos defensores do povo nenhum outro
apelo a não ser a conveniência. Vamos, portanto, agora considerar o que as
pessoas realmente ganhariam com uma abolição geral do direito de
patronagem. O que mais se deseja com tal mudança é que o país seja
provido de ministros melhores. Mas por que deveríamos supor que a
paróquia fará uma escolha mais sábia do que o patrono? Se supusermos que
a humanidade age por interesse, o patrono é mais propenso a escolher com
cuidado, porque ele sofrerá mais, escolhendo errado. Pelas deficiências do
seu ministro, ou por seus vícios, ele é igualmente ofendido com o restante
da congregação; mas ele terá essa razão a mais para lamentá-los, que eles
serão imputados ao seu absurdo ou corrupção. As qualificações de um
ministro são bem conhecidas, tais como erudição e piedade. De sua
erudição o patrono é, provavelmente, o único juiz na paróquia; e de sua
piedade não menos um juiz do que outros; e é mais provável que ele
pesquise minuciosa e diligentemente antes que dê uma apresentação que
alguém da plebe paroquial, que nada pode oferecer além de um voto. Pode-
se argumentar que, embora a paróquia possa não escolher melhores
ministros, eles pelo menos escolhem ministros de quem gostam mais, e
quem, portanto, oficiaria com maior eficácia. Que a ignorância e a
perversidade devam sempre obter o que eles gostam nunca foi considerado
como a finalidade do governo; do qual é o grande e permanente benefício
que o sábio cuide do simples e o regular aja pelo caprichoso. Mas que este
argumento supõe que as pessoas são capazes de julgar, e os resolutos de
agir de acordo com seus melhores julgamentos, embora isso seja
suficientemente absurdo, não é todo o seu absurdo. Ele supõe não só
sabedoria, mas a unanimidade naqueles que em nenhuma outra ocasião
foram unânimes ou sábios. Se por alguma estranha coincidência todas as
vozes de uma paróquia se unissem na escolha de qualquer homem
isoladamente, embora eu não pudesse acusar o patrono de injustiça por
apresentar um ministro, eu o censuraria como cruel e imprudente. Mas, é
evidente que como em todas as outras eleições populares, haverá
contrariedade de julgamento e ressentimento de paixão, a cada vacância
uma paróquia quebrar-se-ia em facções, e a concorrência para a escolha de
um ministro colocaria vizinhos em desacordo, e traria discórdia às famílias.
Ao ministro seriam ensinadas todas as artes de um candidato, lisonjearia
alguns e subornaria outros; e os eleitores, como em todos os outros casos,
exigiriam feriados e cerveja, e quebrariam as cabeças uns dos outros
durante a alegria da eleição. Entretanto, deve chegar a hora, finalmente,
quando uma das facções prevalecerá e um dos ministros conseguirá a posse
da igreja. Em que termos ele entra em seu ministério, a não ser aqueles da
inimizade com metade de sua paróquia? Com que prudência ou diligência
ele pode ter esperança de conciliar o afeto daquela parte através de cuja
derrota ele obteve o seu ganha-pão? Todo homem que votou contra ele
entrará na igreja com a cabeça e olhos baixos, com medo de encontrar
aquele vizinho por cujo voto e influência ele foi derrotado. Ele odiará seu
vizinho por se opor a ele, e seu ministro por ter sido eleito pela oposição; e
como ele nunca vai vê-lo, a não ser com dor, ele nunca o verá a não ser com
ódio. De um ministro apresentado pelo patrono, a paróquia tem raramente
qualquer coisa pior a dizer que eles não o conhecem. De um ministro
escolhido por um concurso popular, todos aqueles que não são favoráveis a
ele, alimentarão em seus seios princípios de ódio e motivos de rejeição. A
raiva é animada principalmente pelo orgulho. O orgulho de um homem
comum é muito pouco exasperado com a suposta usurpação de um superior
reconhecido. Ele tem apenas a sua pequena parcela de um mal geral, e sofre
em comum com toda a paróquia; mas quando a competição é entre iguais, a
derrota tem muitos agravantes; e aquele que é derrotado por seu vizinho,
raramente se satisfaz sem alguma vingança; e é difícil dizer que amargura
de malignidade prevaleceria numa paróquia onde estas eleições
acontecessem com frequência e a inimizade de oposição deveria ser
reacendida antes de ter arrefecido.”
Embora eu apresente aos meus leitores os pensamentos magistrais do Dr.
Johnson sobre esse assunto, eu acho que é adequado declarar, que, apesar de
eu mesmo ser um patrono leigo, eu não subscrevo inteiramente a sua
opinião.
Na sexta-feira, 7 de maio, tomei o café da manhã com ele na casa do Sr.
Thrale em Borough. Enquanto estávamos sozinhos, eu me esforcei como
pude para defender uma senhora ([125]) que tinha se divorciado de seu
marido por ato do Parlamento. Eu disse que ele a tinha usado muito mal,
havia se comportado brutalmente com ela, e que ela não podia continuar a
viver com ele sem ter sua delicadeza contaminada; que todo afeto por ele
foi assim destruído; que a essência da união conjugal tendo desaparecido,
só restava uma forma fria, uma mera obrigação civil; que ela estava no auge
da vida, com qualidades para produzir felicidade; que estas não deviam ser
perdidas; e, que o cavalheiro ([126]) de quem ela estava se divorciando havia
ganho seu coração enquanto estava assim infelizmente situada. Seduzido,
talvez, pelos encantos da senhora em questão, eu, assim, tentei aliviar o que
eu sentia não poder ser justificado; pois, quando eu tinha terminado minha
arenga, meu venerável amigo me fez uma censura adequada: ‘Meu caro
Senhor, nunca acostume sua mente a misturar virtude e vício. A mulher é
uma prostituta, e há um fim para isso.’
Ele descreveu o pai ([127]) de um de seus amigos assim: ‘Senhor, ele era
um orador tão exuberante em reuniões públicas, que os senhores do seu
condado tinham medo dele. Negócio algum podia ser feito devido à sua
declamação.”
Ele não acreditou totalmente em mim quando mencionei que tinha
conduzido uma breve conversa por sinais com alguns esquimós que
estavam então em Londres, em particular com um deles, que era um
sacerdote. Ele achou que eu não conseguiria fazê-los compreender-me.
Ninguém era mais incrédulo quanto a fatos particulares, que eram
absolutamente extraordinários; e, entretanto, nenhum homem era mais
escrupulosamente curioso para descobrir a verdade.
Eu jantei com ele neste dia na casa dos meus amigos, senhores Edward e
Charles Dilly, livreiros em Poultry; lá estavam presentes o seu irmão mais
velho, o Sr. Dilly de Bedfordshire, o Dr. Goldsmith, o Sr. Langton, o Sr.
Claxton, o Reverendo Dr. Mayo um ministro dissidente, o Reverendo Sr.
Toplady e meu amigo, o reverendo Sr. Temple.
A compilação de Hawkesworth das viagens aos Mares do Sul sendo
mencionada; JOHNSON. “Senhor, se você falar disso como um assunto de
comércio, será lucrativo; se falar como um livro que deve aumentar o
conhecimento humano, eu acredito que não vai haver muito disso.
Hawkesworth pode dizer apenas o que os viajantes lhe disseram; e eles
descobriram muito pouco, somente um novo animal, eu acho.” BOSWELL.
“Mas muitos insetos, Senhor.” JOHNSON. “Bem, Senhor, quanto aos
insetos, Ray conta insetos britânicos como vinte mil espécies. Eles
deveriam ter ficado em casa e descoberto o suficiente nesse sentido.”
Falando de pássaros, eu mencionei o engenhoso Ensaio do Sr. Daines
Barrington contra a noção recebida sobre sua migração. JOHNSON. “Eu
acho que nós temos evidência tão boa quanto à migração de galinholas,
quanto se possa desejar. Nós achamos que eles desaparecem em uma
determinada época do ano e aparecem novamente em uma determinada
época do ano; e alguns deles, quando cansados em seu voo, sabe-se que
pousam no cordame de navios em alto mar.” Um dos convivas observou
que houve casos de alguns deles encontrados no verão em Essex.
JOHNSON. “Senhor, isso reforça nosso argumento. Exceptio probat
regulam. Alguns sendo encontrados mostra que se todos permanecessem,
muitos seriam encontrados. Alguns doentes ou aleijados podem ser
encontrados.” GOLDSMITH. “Há uma migração parcial das andorinhas; as
mais fortes migram, as outras não.”
BOSWELL. “Tenho a certeza de que o povo de Otaheite Taiti que tem a
árvore de fruta pão, a fruta que lhes serve de pão, riu bastante quando
informado sobre o processo tedioso necessário para que nós tenhamos pão;
- arar, semear, gradear, ceifar, debulhar, moer, cozer.” JOHNSON. “Ora,
Senhor, todos os selvagens ignorantes riem quando são informados das
vantagens da vida civilizada. Se você contasse a homens que vivem sem
casas, como nós empilhamos tijolo sobre tijolo, viga sobre viga, e que
depois de uma casa ser levantada até uma certa altura, um homem cai de um
andaime e quebra o pescoço, eles iriam rir muito da nossa loucura em
construção; mas isso não quer dizer que os homens estão melhor sem casas.
Não, senhor, (segurando uma fatia de um bom pão), este é melhor do que a
fruta pão.”
Ele repetiu um argumento, que pode ser encontrado em seu Rambler,
contra a noção de que a criação bruta é dotada da faculdade da razão:
‘pássaros constroem por instinto; eles nunca melhoram; eles constroem seu
primeiro ninho, igual a qualquer outro que tenham construído.’
GOLDSMITH. “Ainda assim, vemos que se você tirar um ninho de ave
com os ovos nele, ela fará um ninho mais leve e porá ovos novamente.”
JOHNSON. “Senhor, isso acontece porque no início ela tem tempo integral
e faz seu ninho de forma deliberada. No caso, você menciona que ela é
pressionada a pôr ovos, e precisa, portanto, fazer o seu ninho rapidamente e,
consequentemente, este será leve.” GOLDSMITH. “A nidificação de aves é
o que é menos conhecido na história natural, embora seja uma das coisas
mais curiosas nela.”
Eu introduzi o tema da tolerância. JOHNSON. “Toda a sociedade tem o
direito de preservar a paz e a ordem pública e, portanto, tem um bom direito
de proibir a propagação de opiniões que têm uma tendência perigosa. Dizer
que o magistrado tem esse direito é usar uma palavra inadequada: é a
sociedade da qual o magistrado é o agente. Ele pode estar moral ou
teologicamente errado em restringir a propagação de opiniões que ele acha
perigosas, mas ele está politicamente correto.” MAYO “Sou da opinião,
Senhor, que todo o homem tem direito à liberdade de consciência na
religião; e que o magistrado não pode restringir esse direito.” JOHNSON.
“Senhor, eu concordo com você. Todo homem tem direito à liberdade de
consciência, e nisso o magistrado não pode interferir. As pessoas
confundem liberdade de pensamento com liberdade de falar; ou melhor,
com liberdade de pregar. Todo homem tem o direito físico de pensar o que
quiser; porque não se pode descobrir como ele pensa. Ele não tem um
direito moral; pois deve informar-se, e pensar com justiça. Mas, Senhor,
nenhum membro de uma sociedade tem o direito de ensinar qualquer
doutrina contrária ao que a sociedade tem como verdade. O magistrado,
digo eu, pode estar errado no que ele pensa: mas, enquanto ele acha que
está certo, ele pode e deve fazer valer o que ele pensa.” MAYO. “Então,
Senhor, devemos permanecer sempre em erro e a verdade nunca poderá
prevalecer; e o magistrado estava certo em perseguir os primeiros cristãos.”
JOHNSON. “Senhor, o único método pelo qual a verdade religiosa pode ser
estabelecida é através do martírio. O magistrado tem o direito de impor o
que pensa; e aquele que está consciente da verdade tem o direito de
obedecer. Receio que não exista outra maneira de afirmar a verdade, a não
ser pela perseguição de um lado e a resistência de outro.” GOLDSMITH.
“Mas como deve um homem agir, Senhor? Embora firmemente convencido
da verdade de sua doutrina, ele não pode achar que é errado expor-se à
perseguição? Ele tem o direito de fazer isso? Não está, por assim dizer,
cometendo suicídio voluntário?” JOHNSON. : Senhor, quanto ao suicídio
voluntário, como você o chama, há vinte mil homens em um exército que
serão, sem escrúpulos, baleados, e abrem uma brecha por cinco pence por
dia.” GOLDSMITH. “Mas eles têm um direito moral de fazer isso?”
JOHNSON. “Não, senhor, se você não toma a opinião universal da
humanidade, nada tenho a dizer. Se a humanidade não pode defender a sua
própria maneira de pensar, eu não posso defendê-la. Senhor, se um homem
está em dúvida se seria melhor para ele expor-se ao martírio ou não, ele não
deveria fazê-lo. Ele precisa estar convencido de que tem uma autorização
do céu.” GOLDSMITH. “Eu consideraria se há maior chance de bem ou de
mal sobre o todo. Se eu vejo que um homem caiu em um poço, eu gostaria
de ajudá-lo a sair; mas se existir maior probabilidade de ele me puxar, do
que de eu de puxá-lo, eu não tentaria. Então, se eu fosse à Turquia, eu
poderia querer converter o Grand Signor à fé cristã; mas quando eu
considerasse que eu provavelmente seria condenado à morte sem atingir o
meu objetivo em qualquer grau, eu deveria ficar calado.” JOHNSON.
“Senhor, você deve considerar que temos obrigações perfeitas e imperfeitas.
Obrigações perfeitas, que geralmente são de não fazer algo, são claras e
positivas; por exemplo, ‘Não matarás.’ Mas a caridade, por exemplo, não é
definível por limites. É o dever de dar aos pobres; mas ninguém pode dizer
quanto alguém deve dar aos pobres, ou quando um homem deu muito pouco
para salvar a sua alma. Da mesma forma, é um dever instruir os ignorantes,
e de consequência converter infiéis ao cristianismo; mas nenhum homem no
curso comum das coisas é obrigado a fazer isso até o ponto de incorrer o
risco de martírio, pois nenhum homem é obrigado a despir-se da camisa
para fazer caridade. Eu disse que um homem deve ser convencido de que
tem uma delegação especial do céu.” GOLDSMITH. “Como isso deve ser
conhecido? Nossos primeiros reformadores, que foram queimados por não
acreditar que o pão e o vinho eram CRISTO” - Johnson. (Interrompendo-o,)
“Senhor, eles não foram queimados por não acreditar que o pão e o vinho
eram Cristo, mas por insultar aqueles que acreditavam nisso. E, Senhor,
quando os primeiros reformadores começaram, eles não pretendiam ser
martirizados: pois muitos deles fugiram como puderam.” BOSWELL.
“Mas, Senhor, houve o seu compatriota, Elwal, que você contou-me ter
desafiado o rei George com seus blackguards e seus redguards.”
JOHNSON. “Meu conterrâneo Elwal, Senhor, deveria ter sido colocado no
tronco; um púlpito adequado para ele; e ele teria tido uma numerosa
audiência. Um homem que prega do tronco sempre terá ouvintes
suficientes.” BOSWELL. “Mas Elwal achava que tinha direito.”
JOHNSON. “Nós não estamos sustentando loucos; há lugares para eles na
vizinhança”, (querendo dizer Moorfields ([128]). ) MAYO. “Mas, Senhor, não
é muito duro que eu não possa ter permissão para ensinar a meus filhos o
que eu realmente acredito ser verdade?” JOHNSON. “Ora, Senhor, você
pode inventar ensinar seus filhos extrà scandalum; mas, Senhor, o
magistrado, se ficar sabendo disso, tem o direito de prendê-lo. Suponha que
você ensine seus filhos a serem ladrões?” MAYO. “Isto está fazendo do
assunto uma piada.” JOHNSON. “Não, senhor, tome-o assim: - que você os
ensine a comunhão de bens; para a qual existem muitos argumentos
plausíveis, como existem para a maioria das doutrinas errôneas. Você lhes
ensina que todas as coisas no início eram comuns e que ninguém tinha o
direito a qualquer coisa, a não ser sobre o que pudesse pôr as mãos; e que
isso ainda é, ou deveria ser, a regra entre os homens. Aqui, senhor você
mina um grande princípio na sociedade, - a propriedade. E você não acha
que o magistrado teria o direito de impedi-lo? Ou, suponha que você
ensinasse aos seus filhos as noções dos adamitas, e eles corressem nus pelas
ruas, não teria o magistrado o direito de açoitá-los para que usassem seus
gibões”? MAYO. “Acho que o magistrado não tem o direito de interferir até
que haja algum ato evidente.” BOSWELL. “Então, Senhor, embora ele veja
um inimigo do estado carregando um bacamarte, não deve ele interferir até
que seja disparado”? MAYO. “Ele deve ter certeza de sua direção é contra o
Estado.” JOHNSON. “O magistrado é o juiz disso. - Ele não tem o direito
de restringir o seu pensamento, porque o mal centra em si mesmo. Se um
homem estivesse sentado a esta mesa e decepando seus dedos, o
magistrado, como guardião da comunidade não tem autoridade para contê-
lo, embora devesse fazê-lo por bondade como um pai. - Embora, na
verdade, depois de mais consideração, acho que ele pode; pois é provável
que aquele que está cortando seus próprios dedos, em breve poderá avançar
para cortar os de outras pessoas. Se eu acho certo roubar o prato do Sr.
Dilly, eu sou um homem mau; mas ele nada pode me dizer. Se eu faço uma
declaração aberta de que eu penso assim, ele me manterá fora de sua casa.
Se eu avançar minha mão, serei enviado a Newgate. Esta é a gradação de
pensar, pregar e agir: se um homem pensa erroneamente, ele pode manter
seus pensamentos para si mesmo e ninguém vai incomodá-lo; se ele prega
doutrina errônea, a sociedade pode expulsá-lo; se agir em consequência
disso, a lei toma lugar e ele é enforcado.” MAYO. “Mas, Senhor, não
deveriam os cristãos ter liberdade de consciência”? JOHNSON. “Eu já lhe
disse isso, Senhor. Você está voltando para onde já esteve.” BOSWELL. “O
Dr. Mayo está sempre tomando uma carruagem de volta e indo novamente
ao palco. Ele a tem pela metade do preço.” JOHNSON. “O Dr. Mayo, assim
como outros campeões da tolerância ilimitada, tem um conjunto de
palavras. ([129]) Senhor, não importa, politicamente, se o magistrado está
certo ou errado. Suponhamos que um clube fosse formado para beber à
loucura do rei George III, e uma restauração feliz a Charles III, isso seria
muito ruim em relação ao Estado; mas cada membro daquele clube deve
estar em conformidade com as suas regras, ou ser dele expulso. O velho
Baxter, eu me lembro, sustenta que o magistrado deveria ‘tolerar todas as
coisas que são toleráveis.’ Esta não é uma boa definição de tolerância com
qualquer princípio; mas mostra que ele achava que algumas coisas não eram
toleráveis.” TOPLADY. “O senhor destrinchou este assunto difícil com
grande destreza.”
Durante essa discussão, Goldsmith sentava-se em agitação inquieta,
devido a um desejo de entrar e brilhar. Sentindo-se excluído, ele havia
tomado o chapéu para ir embora, mas permaneceu durante algum tempo
com ele na mão, como um jogador, que no final de uma longa noite,
permanece por um tempo, para ver se pode ter uma abertura favorável para
encerrar com sucesso. Uma vez, quando ele estava começando a falar, viu-
se superado pela forte voz de Johnson, que estava na extremidade oposta da
mesa, e não percebera a tentativa de Goldsmith. Assim, decepcionado em
seu desejo de conseguir a atenção dos convivas, Goldsmith em uma paixão
atirou seu chapéu, olhando com raiva para Johnson, e exclamando em tom
amargo, “Pegue-o.” Quando Toplady ia falar, Johnson proferiu algum som,
o que levou Goldsmith a pensar que ele estava começando de novo, e estava
tirando a palavra de Toplady. Diante disso, ele aproveitou a oportunidade
para dar vazão à sua própria inveja e mau-humor, sob o pretexto de apoiar
outra pessoa: “Senhor, (disse ele a Johnson), o cavalheiro já lhe ouviu falar
pacientemente por uma hora; por favor, permita-nos agora ouvi-lo.”
JOHNSON. (Severamente,) “Senhor, eu não estava interrompendo o
cavalheiro. Eu estava apenas lhe dando um sinal de minha atenção. Senhor,
você é impertinente.” Goldsmith não respondeu, mas continuou no grupo
por algum tempo.
Um cavalheiro presente ([130]) aventurou-se a perguntar ao Dr. Johnson,
se não havia uma diferença substancial quanto à tolerância de opiniões que
levam à ação, e opiniões meramente especulativas; por exemplo, seria
errado o magistrado tolerar aqueles que pregam contra a doutrina da
TRINDADE? Johnson ficou muito ofendido, e disse: “Eu me pergunto,
Senhor, como um cavalheiro de sua piedade pode introduzir este assunto em
um grupo misto.” Ele disse-me, mais tarde, que a impropriedade era que,
talvez alguns dos convivas poderia ter falado sobre o assunto em termos
que o teriam chocado; ou ele poderia ter sido forçado a aparecer aos seus
olhos como um homem de mente estreita. O cavalheiro, com deferência
submissa, disse que ele tinha apenas insinuado a questão a partir de um
desejo de ouvir a opinião do Dr. Johnson sobre ela. JOHNSON. “Ora,
então, Senhor, eu acho que permitir aos homens pregar qualquer opinião
contrária à doutrina da igreja estabelecida tende, em certo grau, a diminuir a
autoridade da igreja e, consequentemente, diminuir a influência da
religião.” “Pode-se considerar, (disse o cavalheiro,) se não seria político
tolerar, em tal caso.” JOHNSON. “Senhor, até agora vimos falando de
direito: esta é outra questão. Eu acho que não é político tolerar, em tal
caso.”
Embora ele não achasse adequado que um assunto tão desagradável
devesse ser introduzido em um grupo misto e, portanto, nessa linha
dispensou a questão teológica; ainda assim a sua própria crença ortodoxa no
mistério sagrado da TRINDADE é evidenciada além de qualquer dúvida,
pela seguinte passagem em suas devoções particulares: -
“Ó SENHOR, ouve a minha oração, por JESUS CRISTO; para quem
contigo e o ESPÍRITO SANTO, três pessoas e um só DEUS, seja tudo
honra e glória, mundo sem fim. Amém.” ([131])
BOSWELL. “Diga-me, Sr. Dilly, como estão as vendas da História da
Irlanda do Dr. Leland”? JOHNSON. (Explodindo com uma indignação
generosa) “Os irlandeses estão em uma situação muito antinatural; pois
vemos ali a minoria prevalecer sobre a maioria. Não há caso, mesmo nas
dez perseguições, de tanta gravidade quanto aquela que os protestantes da
Irlanda exerceram contra os Católicos. Se tivéssemos dito a eles que os
tínhamos conquistado, seria honesto: puni-los pelo confisco e outras
penalidades, como rebeldes, foi monstruosa injustiça. O Rei William não
era seu soberano legítimo: ele não havia sido reconhecido pelo Parlamento
da Irlanda quando eles apareceram armados contra ele.”
Eu aqui sugeri algo favorável aos católicos romanos. TOPLADY. “A sua
invocação de santos supõe a onipresença nos santos”? JOHNSON. “Não,
senhor, ela supõe apenas a pluri-presença; e quando os espíritos estão
alienados da matéria, parece provável que eles deveriam ver com mais
amplitude do que quando em um estado encarnado. Não existe, portanto,
uma abordagem a uma invasão de qualquer um dos atributos divinos na
invocação de santos. Mas eu acho que é vontade de adoração e presunção.
Não vejo nenhuma obrigação disso, e, portanto, acho que é mais seguro não
a praticar.”
Ele, o Sr. Langton e eu fomos juntos, ao CLUBE, onde encontramos o
Sr. Burke, o Sr. Garrick, e alguns outros membros, entre eles o nosso amigo
Goldsmith, que estava sentado em silêncio remoendo a reprimenda de
Johnson a ele depois do jantar. Johnson percebeu isso e disse de lado a
alguns de nós, ‘Vou fazer Goldsmith me perdoar’; e, então, chamou-o em
voz alta’, ‘Dr. Goldsmith, - algo que passou hoje, quando você e eu
jantamos; peço-lhe perdão.’ Goldsmith respondeu placidamente, ‘Dever ser
muito vindo de você, Senhor, que eu tome mal’. E assim, imediatamente a
diferença acabou, e eles estavam em bons termos como sempre, e
Goldsmith tagarelava como de costume.
No nosso caminho para o clube hoje à noite, quando eu lamentei que
Goldsmith, em toda ocasião, se esforçava para brilhar, pelo que muitas
vezes ele se expunha, o Sr. Langton observou que ele não era como
Addison, que se contentava com a fama de seus escritos, e não tinha como
objetivo também a excelência na conversação, para o que ele se achava
incapaz; e que ele disse a uma senhora, que se queixava de ele ter falado
pouco em sua companhia, ‘Senhora, tenho apenas nove pence em dinheiro
vivo, mas eu posso apostar mil libras.’ Eu observei, que Goldsmith tinha
uma grande quantidade de ouro em seu cofre, mas, não contente com isso,
estava sempre mostrando sua bolsa. JOHNSON. “Sim, Senhor, e aquela é
com frequência uma bolsa vazia”!
O incessante desejo de Goldsmith estar em evidência quando em grupo,
deu ocasião de ele por vezes aparecer em tal desvantagem que alguém
dificilmente teria suposto possível em um homem de seu gênio. Quando sua
reputação literária cresceu merecidamente, e sua companhia era muito
cortejada, ele se tornou muito ciumento da atenção extraordinária que era
em todos os lugares dada a Johnson. Uma noite, em um círculo de sábios,
ele me culpou por falar de Johnson como tendo direito à honra de
superioridade inquestionável. “Senhor, (disse ele) você é favorável a fazer
uma monarquia do que deveria ser uma república.”
Ele ficou ainda mais mortificado, quando falava em um grupo com
vivacidade fluente, e, enquanto ele se gabava, para a admiração de todos os
presentes; um alemão ([132]) que se sentava ao seu lado, e percebendo
Johnson se preparando, como se estivesse prestes a falar, de repente o
interrompeu, dizendo: “Quieto, quieto, - Toctor Shonson vai dizer alguma
coisa.” Isto foi, sem dúvida, muito provocante, especialmente para alguém
tão irritável quanto Goldsmith, que frequentemente mencionava isso com
fortes expressões de indignação.
Pode-se ainda observar que Goldsmith ficava, por vezes, contente em ser
tratado com uma familiaridade fácil, mas, em certas ocasiões, seria
pomposo e importante. Um exemplo disso ocorreu em um pequeno detalhe.
Johnson tinha uma maneira de abreviar os nomes de seus amigos; por
exemplo, Beauclerk, Beau; Boswell, Bozzy; Langton, Lanky; Murphy, Mur;
Sheridan, Sherry. Lembro-me um dia, quando Tom Davies estava dizendo
que o Dr. Johnson disse: “Estamos todos nos esforçando para encontrar um
nome para a peça de Goldy”, Goldsmith pareceu descontente que tal
liberdade fosse tomada com o seu nome, e disse: “Muitas vezes desejei que
ele não me chamasse de Goldy.” Tom era extremamente atento às
circunstâncias mais minuciosas sobre Johnson. Lembro-me dele me
dizendo, certa vez, na minha chegada a Londres, “Senhor, nosso grande
amigo fez uma melhoria em sua forma de chamar o velho Sr. Sheridan. Ele
agora o chama de Sherry derry.”

Ao REVERENDO SR. BAGSHAW, em Bromley ([133])


“Senhor, - Eu lhe retribuo meus sinceros agradecimentos por suas
adições ao meu Dicionário; mas a nova edição foi publicada há algum
tempo, e, portanto, não posso fazer uso delas agora. Se a revisarei ainda
mais, eu não sei. Se muitos leitores tivessem sido tão criteriosos, tão
diligentes e tão comunicativos quando o Sr., meu trabalho teria sido melhor.
O mundo precisa neste momento aceitá-lo como ele é. Eu fico, Senhor, seu
servo mais obediente e mais humilde,
8 de maio de 1773.
SAM. JOHNSON.”

No domingo, 8 de maio, jantei com Johnson na casa do Sr. Langton com


o Dr. Beattie e alguns outros convivas. Ele discorreu sobre o tema da
Propriedade Literária. “Parece (disse ele) haver em autores um direito mais
forte de propriedade do que por ocupação; um direito metafísico, um
direito, por assim dizer, de criação que deveria por sua natureza ser
perpétuo; mas o consentimento das nações é contra isso, e na verdade a
razão e os interesses de aprendizagem são contra; pois se ele fosse perpétuo,
nenhum livro, por mais útil que fosse, não poderia ser universalmente
difundido entre os homens, se desse na cabeça do proprietário restringir a
sua circulação. Nenhum livro poderia ter a vantagem de ser editado com
notas, embora necessárias para sua elucidação, se o proprietário
perversamente se opusesse a isso. Para o bem geral do mundo, portanto,
qualquer obra valiosa, uma vez foi criada por um autor, e publicada por ele,
deve ser entendida como não estando mais em seu poder, mas como
pertencente ao público; ao mesmo tempo, o autor tem direito a uma
recompensa adequada. Isso ele deveria ter como um direito exclusivo ao
seu trabalho por um número considerável de anos.”
Ele atacou a estranha especulação de Lord Monboddo sobre o estado
primitivo da natureza humana; observando, “Senhor, é tudo conjectura
sobre uma coisa inútil, mesmo se se soubesse ser verdade. Conhecimento de
todos os tipos é bom. Conjectura, quanto a coisas úteis, é bom; mas
conjecturas sobre o que seria inútil saber, por exemplo, se os homens
caminhavam de quatro, é muito ocioso.”
Na segunda-feira, 9 10 de maio, como eu deveria fixar-me em meu
regresso à Escócia na manhã seguinte, eu estava desejoso de ver o máximo
do Dr. Johnson que pudesse. Mas, primeiro eu visitei Goldsmith para me
despedir dele. O ciúme e a inveja que, embora dotado de muitas qualidades
muito amáveis que ele confessava francamente, irrompeu violentamente
nesta entrevista. Em outra ocasião, quando Goldsmith confessou ser de uma
disposição invejosa, eu discuti com Johnson que não deveríamos ter com
raiva dele, já que ele foi tão sincero em admiti-lo. “Não, Senhor, (disse
Johnson,) devemos ficar com raiva de que um homem tendo tal
superabundância de qualidades odiosas, não possa mantê-las dentro de seu
próprio peito, mas explodir.” Na minha opinião, no entanto, Goldsmith não
tinha mais disso do que outras pessoas, mas só falava disso livremente.
Ele agora parecia muito irritado que Johnson ia ser um viajante; disse,
“Ele seria um peso morto para mim transportar, e que eu nunca conseguiria
arrasta-lo comigo pelas Highlands e as Ilhas Hébridas.” Nem ele
pacientemente me permita discorrer sobre as maravilhosas habilidades de
Johnson; mas exclamou: “Ele é como Burke, que se enrola em um assunto
como uma serpente”? “Mas, (eu disse) Johnson é o Hércules que
estrangulou serpentes em seu berço.”
Jantei com o Dr. Johnson no restaurante do General Paoli. Ele foi
obrigado, por indisposição, a deixar o grupo mais cedo e instruiu-me,
entretanto, a me encontrar com ele à noite na casa do Sr. (agora Sir Robert)
Chambers em Temple, onde nesse sentido ele veio, embora continuasse
muito doente. Chambers, como é comum em tais ocasiões, prescreveu a ele
vários remédios. Johnson. (Roído pela dor) “Eu te peço, não me provoque.
Fique até que eu esteja bem, e então você me dirá como me curar.” Ele
melhorou e falou com um entusiasmo nobre sobre manter a representação
de famílias respeitáveis. O seu zelo sobre o assunto era uma circunstância
extremamente notável em seu caráter quando se considera que ele mesmo
não tinha pretensões de sangue. Eu o ouvi dizer uma vez, ‘Tenho um grande
mérito em ser zeloso quanto à subordinação e as honras de nascimento; pois
eu quase não posso dizer quem foi meu avô.’ Ele sustentava a dignidade e
decoro da sucessão masculina, em oposição à opinião de um dos nossos
amigos, ([134]) que tinha naquele dia contratado o Sr. Chambers para escrever
seu testamento, destinando seu patrimônio às suas três irmãs, em detrimento
de um remoto herdeiro homem. Johnson as chamou de ‘três desmazeladas e
disse, com um espírito tão elevado quanto o mais ousado Barão nos dias
mais perfeitos do sistema feudal, ‘Um patrimônio antigo deve sempre ir
para os homens. É total tolice deixar um estranho tê-lo, porque ele se casa
com sua filha e leva o seu nome. Quanto a uma propriedade recém-
adquirida por compra, você pode dá-la, se quiser, ao cão Towser, e deixá-lo
mantê-la em seu próprio nome.’
Eu o conheci, por vezes, excessivamente divergente do que parecia a
outros um pequeno esporte. Ele agora ria desbragadamente, sem qualquer
motivo que pudéssemos perceber, de nosso amigo fazer o seu testamento;
chamou-o testador, e acrescentou: ‘Eu ouso dizer, ele pensa que fez uma
coisa poderosa. Ele não ficará até que volte para casa no campo, para
produzir essa maravilhosa escritura: ele chamará o proprietário do primeiro
hotel na estrada; e, depois de um prefácio adequado sobre a mortalidade e a
incerteza da vida, lhe contará que não devia tardar em fazer o seu
testamento; e, senhor, ele dirá aqui está meu testamento que acabo de fazer,
com a ajuda de um dos mais hábeis advogados do reino; e ele o lerá para ele
(rindo o tempo todo). Ele acredita que fez este testamento; mas ele não o
fez: você, Chambers, o fez para ele. Eu confio que você tenha tido mais
consciência do que fazê-lo dizer: “estando no uso de minhas faculdades
mentais”; ha, ha, ha! Espero que ele tenha me deixado um legado. Eu teria
transformado seu testamento em verso, como uma balada.’
Nesta forma lúdica que ele seguia, exultante com a sua própria
brincadeira que certamente não era, como seria de se esperar do autor de
The Rambler, mas que fica aqui preservada, com a qual meus leitores
podem se familiarizar até mesmo com a menor característica ocasional de
um homem tão eminente.
O Sr. Chambers de nenhuma forma saboreia esta jocosidade sobre um
assunto do qual pars magna fuit e parecia impaciente, até que ele se livrou
de nós. Johnson não conseguia conter sua alegria, mas continuou todo o
caminho até que saímos de Temple-gate. Ele então explodiu em tal ataque
de riso, que ele parecia estar quase em convulsão e, para se apoiar, segurou
um dos postes na parte lateral do pavimento da calçada, e emitia ruídos tão
altos que no silêncio da noite sua voz parecia ressoar de Temple bar até
Fleet-ditch.
Esta exposição muito ridícula do horrível, melancólico e venerável
Johnson, aconteceu bem para neutralizar os sentimentos de tristeza que eu
costumava experimentar ao me despedir dele por um tempo considerável.
Acompanhei-o até sua porta, onde ele deu-me sua bênção.
Ele registra sobre si neste ano, ‘Entre a Páscoa e Pentecostes, tendo
sempre considerado esta época propícia para estudar, tentei aprender um
dialeto holandês’ ([135]). Deve ser observado que ele aqui admite uma
opinião sobre a mente humana ser influenciada por estações, que ele
ridiculariza em seus escritos. Seu progresso, diz ele, foi interrompido por
uma febre, ‘Que, por uso imprudente de letras miúdas, deixou uma
inflamação em seu olho útil.’ Não podemos deixar de admirar seu espírito
quando sabemos que em meio a uma complicação física e angústia mental,
ele ainda estava animado com o desejo de aprimoramento intelectual.
Várias notas de seus estudos aparecem em dias diferentes em seu diário
manuscrito deste ano, tais como,
‘Inchoavi lectionem Pentateuchi - Finivi lectionem Conf. Fab.
Burdonum. - Legi primum actum Troadum. - Legi Dissertationem Clerici
postremam de Pent. - 2 dos Sermões de Clark. – L. Appolonii pugnam
Betriciam. – L. centum versus Homeri. ’
Que isto sirva de amostra de quais catálogos de literatura ele estava
perpetuamente infundindo em sua mente, enquanto se acusava de
ociosidade.
Nesse ano morreu a Sra. Salusbury, (mãe da Sra. Thrale), uma senhora
que ele parece ter apreciado muito, e cuja memória ele homenageou com
um epitáfio. ([136])
Em uma carta de Edimburgo datada 29 de maio, eu o pressionei a
perseverar na sua resolução de fazer neste ano a visita projetada às
Hébridas, da qual ele e eu tínhamos falado por muitos anos, e que eu estava
confiante nos proporcionaria muito entretenimento.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro Senhor, - Quando sua carta chegou até mim, eu estava tão
obscurecido por uma inflamação no olho que não pude, por algum tempo
lê-la. Agora eu posso escrever sem problemas e posso ler letras maiores.
Meu olho está gradualmente cada vez mais forte; e eu espero ser capaz de
tirar algum prazer na contemplação de um lago Caledoniano.
Chambers será um Juiz, ganhando seis mil por ano em Bengala. Eu e ele
desceremos juntos até Newcastle, e daí eu facilmente chegarei a
Edimburgo. Faça-me saber a data exata do recesso de seus Tribunais. Devo
conformar-me um pouco ao cronograma de Chambers, e ele deve
conformar-se um pouco ao meu. O momento que você fixar deve ser o
ponto comum a que chegaremos o mais próximo possível. Exceto por esse
olho, estou muito bem.
Beattie é tão acariciado, e convidado e tratado, e amado, e lisonjeado
pelos grandes, que eu nada posso ver dele. Tenho grande esperança de que
ele será bem cuidado, em então viveremos com ele no Colégio Marischal,
sem piedade ou modéstia.
--------- ([137]) deixou a cidade sem se despedir de mim, e se foi em
profunda masmorra para ------- ([138]). Isso não é muito infantil? Onde está
agora o meu legado?
Espero que a sua querida senhora e seu querido bebê estejam ambos
bem. Eu os verei também quando chegar; e eu tenho aquela opinião de sua
escolha, quanto a suspeitar de que, quando eu vir a Sra. Boswell, ficarei
menos disposto a ir embora. Eu fico, caro Senhor, teu servo humilde e
carinhoso,
Johnson's-court, Fleet-street,
5 de julho de 1773.
SAM. JOHNSON.
Escreva-me o mais depressa que puder. Chambers está agora em
Oxford.”
Eu escrevi novamente a ele, informando-o que o Tribunal de Sessão
entrava em operação em doze de agosto, com a esperança de vê-lo antes
daquela data e expressando, talvez, em termos extravagantes demais, a
minha admiração por ele e minha expectativa de prazer de nossa viagem
pretendida.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Partirei de Londres na sexta-feira, dia 6 deste mês, e
pretendo não me demorar muito no caminho. Que dia eu estarei em
Edimburgo, não posso dizer exatamente. Suponho que deva ir até uma
estalagem, e enviar um portador para encontrá-lo.
Tenho medo de que Beattie não vá estar em seu Colégio cedo o
suficiente para nós, e sentirei muito sua falta; mas não há como ficar
esperando a concordância de todas as conveniências. Faremos o melhor que
pudermos. Eu fico, Senhor, seu mais humilde servo,
3 de agosto de 1773.
SAM JOHNSON.”
Ao MESMO
“Caro senhor, - Não estando na casa do Sr. Thrale quando sua carta
chegou, eu tinha escrito a carta anexa e a tinha selado; trazendo-a para cá
por um franco, encontrei a sua. Se alguma coisa poderia reprimir o meu
ardor, seria uma carta como a sua. Decepcionar um amigo é desagradável; e
aquele que cria expectativas como a sua, deve estar decepcionado. Pense
somente quando você me vir, que você vê um homem que te ama e é
orgulhoso e feliz que você o ama. Eu fico, Senhor, o seu mais carinhoso,
03 de agosto de 1773.
SAM JOHNSON.”
“Ao MESMO
Newcastle, 11 de agosto de 1773.
Caro senhor,
Eu vim para cá ontem à noite, e espero, mas não prometo absolutamente
estar em Edimburgo no sábado. Beattie não virá tão cedo. Eu fico, Senhor, o
teu servo mais humilde,
Meus cumprimentos à sua senhora.
SAM JOHNSON.”

Ao MESMO
“O Sr. Johnson envia seus cumprimentos ao Sr. Boswell, tendo apenas
chegado ao Boyd's. - Sábado à noite.”
Sua estada na Escócia foi de 18 de agosto, dia em que ele chegou, até dia
22 de novembro, quando partiu em seu retorno a Londres; e eu acredito que
noventa e quatro dias nunca foram passados por qualquer homem em um
esforço mais vigoroso.
Ele veio via Berwick-upon-Tweed até Edimburgo, onde permaneceu
alguns dias, e depois foi via St. Andrew, Aberdeen, Inverness e Fort
Augustus até as Hébridas, para visitar, o que era o principal objetivo que ele
tinha em vista. Visitou as ilhas de Sky, Rasay, Col, Mull, Inchkenneth e
Icolmkill. Viajou através de Argyleshire por Inverary, e dali por
Lochlomond e Dunbarton até Glasgow; em seguida, via Loudon para
Auchinleck em Ayrshire, a sede da minha família, e em seguida via
Hamilton, de volta para Edimburgo, onde ele novamente passou algum
tempo. Assim, ele viu os quatro Universidades da Escócia, suas três
principais cidades, e parte das Highlands e a vida insular conforme foi
suficiente para sua contemplação filosófica. Eu tive o prazer de acompanhá-
lo durante toda esta jornada. Ele foi respeitosamente recebido pelos
grandes, os eruditos, e os elegantes onde quer que fosse; nem ficou menos
encantado com a hospitalidade que experimentou em vida mais humilde.
Suas diversas aventuras, e a força e vivacidade de sua mente, conforme
exercitada durante esta peregrinação sobre inúmeros tópicos, foram
fielmente e com o melhor de minhas capacidades exibidas no meu Journal
of a Tour to the Hebrides (Diário de uma excursão às Hébridas), a que,
como o público tem tido o prazer de honrá-lo por uma extensa circulação,
peço licença para referir-me como uma parte separada e marcante de sua
vida, ([139]) que pode ser vista ali em detalhe, e que apresenta uma visão
marcante de seus poderes em conversação, assim como suas obras fazem de
sua excelência na escrita. Também não posso negar a mim mesmo a
gratificação muito lisonjeira de inserir aqui a opinião que o meu amigo Sr.
Courtenay teve o prazer de dar sobre esse trabalho:
“Com o lápis de Reynolds, vívido, corajoso e verdadeiro,
Tão fervoroso Boswell lhe dá em nossa visão:
Em cada traço vemos sua mente expandir;
O mestre se levanta pela mão do aluno;
Nós amamos o escritor, louvamos sua veia feliz,
Agraciada com a ingenuidade do sábio Montaigne.
Daí não só são peças brilhantes exibidas,
Mas até mesmo as manchas de caráter retratadas:
Vemos o Rambler com sorriso exigente
Marcamos a árvore solitária, e observamos a ilha coberta de urzes;
Mas quando o conto heroico de Flora encanta,
Vestido em um kilt, ele maneja as armas de um chefe:
O gaiteiro melodioso soa um tema marcial,
e Samuel canta, ‘O Rei terá seu próprio ser.”“
Durante a sua estada em Edimburgo, depois de seu retorno das Hébridas,
ele fez grandes esforços para obter informações sobre a Escócia; e parecerá
a partir de suas cartas posteriores, que não solicitou menos informações
sobre o assunto depois de seu retorno a Londres.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro Senhor, - Cheguei à casa ontem à noite, sem qualquer incômodo,
perigo ou cansaço, e estou pronto para começar uma nova jornada. Irei a
Oxford na segunda-feira. Eu sei que a Sra. Boswell bem que desejava que
eu fosse; ([140]) seus desejos não foram decepcionados. A Sra. Williams
recebeu a carta de Sir A ([141]).
Estenda meus cumprimentos a todos aqueles a quem os meus cumprimentos
possam ser bem-vindos.
Providencie o envio da caixa ([142]) assim que puder, e faça-me saber
quando esperá-la.
Pesquise, se puder, a ordem dos Clãs: Macdonald é o primeiro, Maclean
segundo; além disso não consigo ir. Apresse o Dr. Webster ([143]). Eu fico,
Senhor, teu com carinho,
27 de novembro de 1773.
SAM JOHNSON.”

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 2 de dezembro de 1773.
…Você terá as informações que eu puder obter a respeito da ordem dos
Clãs. Um cavalheiro de nome Grant me diz, que não há uma ordem
estabelecida entre eles; e ele diz que os Macdonalds não eram colocados à
direita do exército em Culloden; os Stuarts o eram. No entanto, examinarei
testemunhos de cada nome que eu possa encontrar aqui. O Dr. Webster será
apressado também. Eu gosto de seus pequenos memorandos; eles são
sintomas de você estar para valer com o seu livro de viagens ao norte.
Sua caixa será enviada na próxima semana por mar. Você encontrará nela
algumas peças de vassoura de arbusto, que você viu crescendo no velho
castelo de Auchinleck. A madeira tem um aspecto curioso quando serrada
transversalmente. Você pode tanto ter uma pequena escrivaninha feita dela,
ou montá-la em tabuleiros Ouija para um tratado sobre magia, por meio de
uma cola adequada.”...

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 18 de dezembro de 1773.
Você prometeu-me uma inscrição para uma impressão a ser feita de um
quadro histórico de Mary Queen of Scots sendo forçada a renunciar à sua
coroa, que o Sr. Hamilton em Roma pintou para mim. Os dois seguintes me
foram enviados:
‘Maria Scotorum Regina meliori seculo digna, jus regium civibus
seditiosis invita resignat.”
‘Cives seditiosi Mariam Scotorum Reginam sese muneri abdicare
invitam cogunt.”
Por favor, tenha a bondade de ler a passagem em Robertson, e veja se
você não consegue me dar uma inscrição melhor. Devo tê-la tanto em latim
quanto em inglês; por isso, se você não puder me dar outra latina, pelo
menos você escolha a melhor dessas duas, e envie uma tradução dela.”...

Sua disposição humana de perdoar foi submetida a um teste muito forte


em seu retorno a Londres, por uma liberdade que o Sr. Thomas Davies tinha
tomado com ele na sua ausência, que foi publicar dois volumes, intitulados,
Miscellaneous and Fugitive Pieces (Peças Diversas e Fugazes), que ele
anunciou nos jornais, ‘Pelo autor de The Rambler.’ Nesta coleção, vários
dos escritos reconhecidos do Dr. Johnson, vários de seus trabalhos
anônimos, e alguns que ele havia escrito para outros foram inseridos; mas
também havia alguns com os quais ele nada tinha a ver. Em princípio ele
estava muito bravo, pois tinha um bom motivo para estar. Mas, após a
consideração das apertadas condições de seu pobre amigo que ele só tinha
um pequeno lucro em vista, e que não tinha feito por mal, ele logo cedeu, e
continuou a sua boa vontade para com ele, como anteriormente.
1774

No curso de seu autoexame com retrospectiva a este ano, ele parece ter
estado muito abatido; porque ele diz: 01 de janeiro de 1774, ‘Este ano se
passou com tão pouca melhora, que eu duvido que eu não tenha mais
prejudicado que aumentado meu aprendizado’; ([144]) e ainda assim vimos
como ele leu e sabemos como ele conversou durante esse período.
Ele agora estava seriamente empenhado em escrever um relato de nossas
viagens às Hébridas, em consequência do que eu tive o prazer de ter uma
correspondência mais frequente com ele.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro Senhor, - Minhas operações foram prejudicadas por uma tosse; pelo
menos eu me orgulho, de que se minha tosse não tivesse vindo, eu teria
avançado mais. Mas eu não tinha informações do Dr. W ------ Webster nem
do escritório de Impostos, nem de você. Nada a relatar do pequeno bairro.
([145]) Nada do idioma Erse. Ainda nada soube sobre a minha caixa.
Você deve se apressar e reunir tudo o que puder, e fazê-lo rapidamente,
ou eu terei que continuar sem ela.
Estenda meus cumprimentos à Sra. Boswell e diga a ela que eu não a
amo menos por desejar que eu fosse embora. Eu lhe dei trabalho suficiente,
e ficarei feliz, como recompensa, em dar-lhe algum prazer.
Gostaria de enviar algum portador às Hébridas, se eu soubesse de que
maneira isso poderia ser entregue aos meus gentis amigos de lá. Informe-se
e faça-me saber.
Estenda meus cumprimentos a todos os Doutores de Edimburgo e a
todos os meus amigos, de um extremo da Escócia ao outro.
Escreva-me e mande-me qualquer informação que você possa: e se
qualquer coisa for demasiado volumosa para o correio, mande-me por uma
transportadora. Eu não gosto de confiar em ventos e ondas. Eu fico, caro
Senhor, o seu mais, etc.
29 de janeiro de 1774.
SAM JOHNSON.”

Ao MESMO
“Caro senhor, - Dentro de um ou dois dias depois de eu ter escrito a
última carta reclamando, recebi minha caixa, que foi muito bem-vinda. Mas
eu ainda tenho de suplicar-lhe que apresse o Dr. Webster e continue a
recolher o que você puder, que possa ser útil.
O Sr. Oglethorpe esteve comigo esta manhã. Você conhece sua missão.
Ele não deixou de ser bem-vindo.
Diga à Sra. Boswell que minhas boas intenções para com ela ainda
continuam. Eu deveria estar contente em fazer qualquer coisa que a
beneficiasse ou a agradasse.
Chambers ainda não se foi, mas tão apressado, ou tão negligente, ou tão
orgulhoso que eu raramente o vejo. Eu, de fato, por algumas semanas,
estive muito doente de uma tosse e resfriado e estive na casa da Sra. Thrale
para que eu pudesse ser cuidado. Estou muito melhor: novæ redeunt in
prælia vires; mas ainda estou débil e facilmente doente. Quão feliz foi que
nenhum de nós ficou doente nas Hébridas.
A questão da Propriedade Literária está hoje diante dos Lordes. Murphy
elaborou o caso dos Apelantes, isto é, a petição contra o direito perpétuo.
Eu não a vi, nem ouvi a decisão. Eu não teria o direito perpétuo.
Vou lhe escrever à medida que qualquer coisa aconteça e você me
enviará algo sobre meus amigos escoceses. Tenho muita estima por eles.
Faça-me saber também como estão entrando os honorários, e quando
deveremos vê-lo. Eu fico, Senhor, teu com carinho,
Londres, 7 de fevereiro de 1774.
SAM JOHNSON.”

Nessa época ele escreveu as seguintes cartas ao Sr. Steevens, seu


competente colaborador na edição de Shakspeare: -

“A GEORGE STEEVENS, ESQ. em Hampstead


Senhor, - Se me perguntam quando eu vi o Sr. Steevens, você sabe que
resposta devo dar; se me perguntam quando eu o verei, eu gostaria que você
me dissesse o que dizer.
Se você tem a História da Escócia de Lesley, ou qualquer outro livro
sobre a Escócia, exceto Boetius e Buchanan, seria uma gentileza, se você os
enviasse, Senhor, ao seu servo humilde,
7 de fevereiro de 1774.
SAM JOHNSON.”

Ao MESMO
“Senhor, - Estamos pensando em aumentar o nosso clube e desejo
indicá-lo, se você não se importar em submeter-se a uma votação, e puder
participar nas noites de sexta, pelo menos duas vezes em cinco semanas:
menos que isso é pouco demais e, ao invés, mais será esperado. Por favor,
avise-me antes de sexta-feira. Eu fico, Senhor, o seu mais, etc.
21 de fevereiro de 1774.
SAM JOHNSON.”
Ao MESMO
“Senhor, - Ontem à noite você se tornou um membro do clube; se visitar-
me na sexta-feira, eu o apresentarei. Um cavalheiro, ([146]) proposto depois
de você, foi rejeitado.
Agradeço-lhe por Neander, mas gostaria que ele não fosse tão bom. Eu
cuidarei dele. Eu fico, Senhor, seu mais humilde servo,
5 de março de 1774.
SAM JOHNSON.”
“A JAMES BOSWELL, ESQ.
Caro senhor, - as informações do Dr. Webster eram muito menos exatas e
muito menos determinadas do que eu esperava: elas são, de fato, muito
menos positivas do que, se ele pode confiar em seu próprio livro, ([147]) que
ele colocou diante de mim, ele é capaz de dar. Mas eu acredito que sempre
será descoberto que aquele que exige muita informação adiantará seu
trabalho apenas lentamente.
Estou, no entanto, obrigado a você, caro senhor, por seus esforços em me
ajudar, e espero que entre nós algo será feito em algum momento, se não
sobre isso, em alguma ocasião.
Chambers é casado, ou quase casado com a senhorita Wilton, uma garota
de dezesseis anos, de uma rara beleza, a quem ele, com sua língua de
advogado, convenceu a tentar a sorte com ele no Oriente.
Nós adicionamos Charles Fox, Sir Charles Bunbury, o Dr. Fordyce, e o
Sr. Steevens ao clube. Retransmita meus agradecimentos ao Dr. Webster.
Diga ao Dr. Robertson que eu não tenho muito a responder à sua censura de
minha negligência; e diga ao Dr. Blair, que, desde que ele me escreveu até
hoje, o que eu lhe disse, agora podemos nos considerar quites, perdoar um
ao outro, e começar de novo. Eu não me importo quando isso aconteça, pois
ele é um homem muito agradável. Transmita meus cumprimentos a todos os
meus amigos, e lembre a Lord Elibank de sua promessa de me dar todas as
suas obras.
Espero que a Sra. Boswell e a pequena Senhorita estejam bem. - Quando
eu as verei novamente? Ela é uma senhora doce, só que ela estava tão feliz
em me ver ir embora, que eu quase penso voltar, para que ela volte a ter o
mesmo prazer.
Informe-se se é possível enviar um pequeno presente de um barril de
cerveja a Dunvegan, Rasay e Col. Eu não gostaria de ser considerado uma
pessoa que esquece cortesias. Eu fico, Senhor, seu mais humilde servo,
5 de março de 1774.
SAM. JOHNSON.”
Em 05 de março, escrevi a ele, solicitando o seu conselho se devo vir a
Londres nesta primavera. Eu disse a ele que, por um lado, alguns embaraços
pecuniários, que, juntamente com a situação da minha esposa na época,
fizeram-me hesitar; e, por outro lado, o prazer e a melhoria que a minha
visita anual à metrópole sempre me proporcionaram e, particularmente,
mencionei uma satisfação peculiar que eu experimentei na celebração do
festival da Páscoa na catedral de St. Paul; que à minha fantasia pareceu
como ir a Jerusalém na festa do Pesach; e que a forte devoção que senti
naquela ocasião difundiu sua influência em minha mente pelo resto do ano.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Sem data, mas escrito por
volta de 15 de março.
Caro senhor,
Estou envergonhado de pensar que desde que recebi sua carta, passei
tantos dias sem respondê-la.
Acho que não há grande dificuldade em resolver suas dúvidas. As razões
pelas quais você está inclinado a visitar Londres, não são, eu acho,
suficientemente fortes para responder às objeções. Que você deva se
encantar em vir uma vez por ano à fonte da inteligência e prazer é muito
natural; mas tanto a informação quanto o prazer devem ser regulados pelo
decoro. O prazer, que não pode ser obtido senão a um custo inoportuno e
inadequado deve sempre terminar em dor; e o prazer, que deve ser
apreciado à custa da dor de outro, não pode nunca ser tal que uma mente
digna possa se deliciar totalmente com ele.
Que melhora você pode ganhar vindo a Londres, você pode facilmente
fornecer, ou facilmente compensar, dedicando-se a algum estudo particular
em casa, ou abrindo alguma nova avenida para informações. Edimburgo
ainda não se esgotou; e eu tenho certeza que você não encontrará nenhum
prazer aqui que possa merecer tanto que você antecipe qualquer parte de
sua futura fortuna, quanto que você se condene e à sua senhora à
frugalidade penuriosa pelo resto do ano.
Não preciso dizer o quanto você deve considerar as súplicas da Sra.
Boswell; ou o quanto você deve estudar a felicidade dela, que estuda a sua
com tanta diligência, e de cuja bondade que você aproveita tais bons
efeitos. A vida não pode subsistir na sociedade, a não ser através de
concessões recíprocas. Ela vos permitiu divagar no ano passado, você deve
permitir que ela agora vos segure em casa.
Sua última razão é tão séria que não estou disposto a me opor a ela.
Ainda assim, você precisa lembrar que a sua imagem de cultuar uma vez
por ano em um determinado lugar, à imitação dos judeus, não passa de uma
comparação; e simile non est idem; se o retorno anual a Jerusalém era um
dever para os judeus, era um dever porque foi ordenado; e você não tem tal
comando, portanto não tem tal dever. Pode ser perigoso receber muito
rapidamente, e ceder com tanto gosto a opiniões, a partir das quais, talvez,
nenhuma mente piedosa seja totalmente desprendida de santidade e devoção
local. Você sabe que efeitos estranhos elas produziram ao longo de grande
parte do mundo cristão. Agora estou escrevendo, e você, quando ler isto,
estará lendo sob o Olho da Onipresença.
Seria necessária muita deliberação para determinar até que grau a
fantasia deve ser admitida em ofícios religiosos. Estou longe de pretender
excluí-la totalmente. A fantasia é uma faculdade concedida pelo nosso
Criador, e é razoável que todos os Seus dons devam ser usados para Sua
glória, que todas as nossas faculdades devam cooperar na Sua adoração;
mas elas devem cooperar de acordo com a vontade daquele que as deu, de
acordo com a ordem que Sua sabedoria estabeleceu. Como as cerimônias
prudenciais ou convenientes são menos obrigatórias do que as ordenanças
positivas; como o culto pessoal é apenas o sinal para os outros ou para nós
mesmos de adoração mental, assim a Fantasia deve sempre agir em
subordinação à Razão. Podemos tomar a Fantasia como companheira, mas
devemos seguir a Razão como nosso guia. Podemos permitir à Fantasia
sugerir certas ideias em determinados locais; mas a Razão deve ser sempre
ouvida, quando ela nos diz que aquelas ideias e aqueles lugares não têm
relação natural ou necessária. Quando entramos em uma igreja temos o
hábito de recordar o dever de adoração, mas não devemos omitir a adoração
por falta de um templo; porque sabemos, e devemos nos lembrar de que o
Senhor Universal está presente em todos os lugares; e que, por conseguinte,
chegar a Jona, ([148]) ou a Jerusalém, embora possa ser útil, não pode ser
necessário.
Assim, eu respondi à sua carta, e não a respondi de forma negligente. Eu
te amo bem demais para ser descuidado quando você fala sério.
Eu acho que serei muito diligente na próxima semana sobre nossas
viagens, que por muito tempo tenho negligenciado. Eu fico, caro Senhor, o
seu mais, etc.,
Cumprimentos à Senhora e à Senhorita.
SAM. JOHNSON.”

Ao MESMO
“Caro senhor, -
A senhora que entrega esta tem uma ação judicial, em que ela deseja
fazer uso de sua habilidade e eloquência, e ela parece pensar ter algo mais
de ambos devido a uma recomendação minha; que, apesar de eu saber o
quão pouco você deseja qualquer incitamento externo ao seu dever, eu não
pude recusá-la, porque eu sei que pelo menos não vai machucá-la, dizer a
você que eu lhe desejo bem. Eu fico, Senhor, seu mais humilde servo,
10 de maio de 1774.
SAM. JOHNSON.”

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 12 de maio de 1774.
Lord Hailes implorou-me que lhe oferecesse seus melhores respeitos, e
lhe transmitisse exemplares de Annals of Scotland, da Ascensão de
Malcolm Kenmore até a morte de James V, a cuja elaboração, sua Senhoria
tem se empenhado há algum tempo. Sua Senhoria assim me escreve: ‘Se eu
pudesse conseguir as críticas do Dr. Johnson, elas seriam de grande valia
para mim no julgamento do meu trabalho, uma vez que elas seriam sensatas
e verdadeiras. Não tenho o direito de pedir esse favor dele. Se você
pudesse, eu ficaria altamente agradecido. ’
O Dr. Blair pede que você tenha a certeza de que ele não escreveu a
Londres o que você lhe disse, e que nem por palavra, nem carta ele fez a
mínima queixa de você; mas que, pelo contrário, tem um grande respeito
por você, e te ama muito mais desde que te viu na Escócia. Você se
divertiria e ficaria satisfeito em ver a sua ansiedade sobre este assunto.”

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Streatham, 21 de junho de 1774.
Caro senhor,
Ontem eu coloquei as primeiras páginas de Journey to the Hebrides
(Viagem às Hébridas) para impressão. Procurei fazer-lhe alguma justiça no
primeiro parágrafo. Será um volume em oitavo, não muito grosso.
Será adequado para dar de presente na Escócia. Você deve me dizer a
quem eu darei; e eu estipulei vinte e cinco para que você dê em seu próprio
nome. Alguns terão presente melhor de mim, outros melhor de você. Nisso,
vocês que deve viver no lugar deve decidir. Pense nisso. Tudo o que você
pode obter para o meu propósito, envie-me; e estenda meus cumprimentos à
sua senhora e ambos os pequenos. Eu fico, Senhor, o seu, etc.,
SAM. JOHNSON.”

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 24 de junho de 1774.
Você não acusou o recebimento dos vários pacotes que eu te enviei. Nem
posso exigir que você responda às minhas cartas, embora você me honre
com suas respostas. Você nada me disse sobre o pobre Goldsmith, ([149]) e
nada sobre Langton.
Recebi em seu nome, da Sociedade para a propagação do Conhecimento
Cristão, na Escócia, os seguintes livros em idioma Erse: - The New
Testament (O Novo Testamento); Baxter's Call (O Chamado de Baxter);
The Confession of Faith of the Assembly of Divines at Westminster (A
Confissão de Fé da Assembleia de Teólogos de Westminster); the Mother's
Catechism (O Catecismo da Mãe); A Gaelick and English Vocabulary (Um
Vocabulário Inglês e Gaélico).” ([150])

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Eu gostaria que você pudesse ter dado uma olhada em
meu livro antes do impressor, mas isso não poderia ser fácil. Eu suspeito de
alguns erros; mas como eu lido, talvez, mais com noções do que com fatos,
o problema não é grande, e a segunda edição será emendada, se houver
uma. A impressão será lenta por um tempo, porque vou para Gales amanhã.
Eu me arrependeria se parecesse tratar uma personagem como a de Lord
Hailes de outra forma que não com grande respeito. Eu devolvo as páginas
([151]) nas quais eu corrigi os erros que pude; e achando tão poucos, não
pensei muito em enviá-las. A narrativa é clara, alegre e curta.
Eu já fiz pior a Lord Hailes que negligenciar suas páginas: Eu o coloquei
em débito. O Dr. Horne, o presidente do Magdalen College, em Oxford,
escreveu-me cerca de três meses atrás, que ele propôs reimprimir as Vidas
de Walton, e me desejava que eu contribuísse para o trabalho: a minha
resposta foi que, Lord Hailes pretendia fazer a mesma publicação; e o Dr.
Horne renunciou a ela em favor dele. Sua Senhoria deve agora pensar
seriamente sobre ela.
Do pobre Dr. Goldsmith há pouco a ser dito, além do que os jornais já
tornaram público. Ele morreu de uma febre, tornada, eu receio, mais
violenta pela inquietação de espírito. Suas dívidas começaram a ficar
pesadas, e todos os seus recursos estavam exauridos. Sir Joshua é de
opinião que ele devia não menos que duas mil libras. Alguma vez antes
confiou-se em um poeta?
Você pode, se quiser, colocar a inscrição assim: -
‘Maria Regina Scotorum nata 15 --, a suis in exilium acta 15 --, ab
hospitâ neci data 15--. ’ Você deve descobrir os anos.
De sua segunda filha, certamente fez você mesmo o relato, embora você
o tenha esquecido. Embora a Sra. Boswell esteja bem, nunca duvide de um
menino. A Sra. Thrale trouxe ao mundo, eu acho, cinco meninas até o
momento, mas quando eu estava com você, ela teve um menino.
Eu te sou obrigado por todos os seus panfletos, e do último eu espero
fazer algum uso. Eu fiz algum do primeiro. Eu fico, Senhor, seu humilde e
afetuoso servo,
4 de julho de 1774.
SAM. JOHNSON.
Meus cumprimentos a todas as três damas.”

“A BENNET LANGTON, ESQ., em Langton, perto de Spilsby,


Lincolnshire

Caro senhor, - Você tem razão em censurar-me que eu tenha deixado sua
última carta por tanto tempo sem resposta, mas eu nada tinha de especial
para dizer. Chambers, você acha, foi longe, e o pobre Goldsmith foi muito
mais longe ainda. Ele morreu de uma febre, exasperado, como eu acredito,
pelo medo do perigo. Ele tinha levantado dinheiro e o desperdiçou, por
todos os artifícios de aquisição, e loucura de gastos. Mas não deixemos que
suas fraquezas sejam lembradas; ele era um grande homem.
Eu acabo de começar a imprimir meu Journey to the Hebrides (Viagem
às Hébridas), e estou deixando a impressão para fazer outra viagem ao País
de Gales, para onde o Sr. Thrale está indo, para tomar posse de, no mínimo,
quinhentos por ano que couberam à sua dama. Todos na casa de Streatham,
que estão vivos, estão bem.
Ele nunca se recuperou da última doença terrível, mas agrada-me que eu
melhore gradualmente; embora muito ainda permaneça a consertar. Kyrie
elehson.
Se você tem a versão latina de Mosca ocupada, curiosa, sedenta, tenha a
gentileza de transcrevê-lo e enviá-lo; mas não precisa ter pressa, pois eu
estarei não sei onde por, pelo menos, cinco semanas. Eu escrevi o seguinte
tetastrick sobre o pobre Goldsmith –

Por favor, estenda meus respeitosos cumprimentos a todas as damas, e


lembre-me ao jovem George e suas irmãs. Fiquei sabendo que George
começa a andar.
Não seja mal-humorado agora, mas permita-me encontrar uma carta
quando eu voltar. Eu fico, caro Senhor, seu humilde e afetuoso servo,
5 de julho de 1774.
SAM. JOHNSON.”

“Ao SR. ROBERT LEVET


Llewenny, em Denbighshire, 16 de agosto de 1774.
Caro senhor, - Os negócios do Sr. Thrale o retiveram aqui por muito
tempo, nem sei exatamente quando ele aqui virá. Enviei-lhe uma nota sobre
o Sr. Strahan.
Eu nada consegui com a Ipecacuanha, mas tomei muitas pílulas, e espero
que elas me tenham feito bem.
O País de Gales, até onde eu o vi até o momento é um país muito bonito
e rico, todo cercado e plantado. Denbigh não é uma cidade ruim. Estenda
meus cumprimentos a todos os meus amigos, e diga a Frank que espero que
ele se lembre de meu conselho. Quando o seu dinheiro acabar, dê-lhe mais
algum. Eu fico, Senhor, seu humilde servo,
SAM. JOHNSON.”
“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON
Edimburgo, 30 de agosto de 1774.
Você me deu uma inscrição para um retrato de Mary Queen of Scots, em
que você, de uma forma curta e marcante, aponta seu duro destino. Mas
você ficará contente em ter em mente, que a minha pintura é uma
representação de uma cena particular na sua história; ela sendo forçada a
renunciar à sua coroa, enquanto estava presa no castelo de Lochlevin. Eu
devo, por isso, implorar que você tenha a amabilidade de me dar uma
inscrição adequada para aquela cena em particular; ou determinar qual das
duas anteriormente transmitidas a você é a melhor; e, de qualquer modo,
favorecer-me com uma tradução em inglês. Será duplamente gentil de sua
parte atender ao meu pedido rapidamente.
Suas notas críticas sobre o exemplo de Annals of Scotland de Lord
Hailes são excelentes. Eu concordei com você em cada uma delas. Ele
próprio se opôs somente à alteração de livre para valente, na passagem em
que ele diz que Edward ‘partiu com a glória devida ao conquistador de um
povo livre. ’ Ele diz: ‘chamar os escoceses de bravos só contribuiria para a
glória de seu conquistador. ’ Você colocará isso na conta do zelo nacional
de nosso analista. Agora eu envio mais algumas folhas dos Annals, que
espero que você leia, e devolva com observações, como você fez na ocasião
anterior. Lord Hailes assim me escreve: - ‘O Sr. Boswell terá o prazer de
expressar o sentimento grato que Sir David Dalrymple tem pela atenção do
Dr. Johnson ao seu pequeno espécime. Os próximos exemplos mostrarão
que,
Mesmo em um Edward ele pode ver deserto. ’
Dá-me muito prazer saber que se pretende republicar as Vidas de Isaac
Walton. Você laborava em erro ao pensar que Lord Hailes tinha isso em
vista. Lembro-me de uma manhã, enquanto ele estava sentado com você em
minha casa, ele disse que deveria haver uma nova edição das Vidas de
Walton; e você disse, que ‘elas deviam ser um pouco qualificadas. ’ Isso foi
tudo que passou sobre o assunto. Você precisa, portanto, informar ao Dr.
Horne, para que ele possa retomar o seu plano. Estou anexando uma nota a
respeito disso; e se o Dr. Horne me escrever, toda a atenção que eu possa
dar lhe será agraciada alegremente, sobre o que eu acho ser um trabalho
piedoso, a preservação e elucidação de Walton, por cujos escritos eu fui
muito agradavelmente edificado.”...

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 16 de setembro de 1774.
O País de Gales, provavelmente, lhe deteve mais tempo do que eu
supunha. Você se tornará um grande alpinista, visitando a Escócia em um
ano e o País de Gales em outro. Você deve, em seguida, ir à Suíça. Cambria
reclamará, se você não a honrar também com algumas observações. E eu
acho concessere columnæ, os livreiros esperam outro livro. Estou
impaciente por ver o seu Tour to Scotland and the Hebrides (Excursão à
Escócia e às Ilhas Hébridas). Você não poderia me enviar uma cópia pelo
correio assim que ela seja impressa?”... .

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Ontem voltei da minha viagem galesa. Fiquei triste por
deixar o meu livro suspenso tanto tempo; mas tendo a oportunidade de ver,
com tanta comodidade, uma nova parte da ilha, eu não poderia rejeitá-la.
Estive em cinco dos seis condados do norte do País de Gales; e vi St. Asaph
e Bangor, as duas sedes de seus Bispos; estive em Penmanmaur e Snowden,
passei em Anglesea. Mas Gales é tão pouco diferente da Inglaterra, que não
oferece nada para a especulação do viajante.
Quando cheguei em casa, encontrei vários de seus trabalhos, com
algumas páginas dos Anais de Lord Hailes, que vou examinar. Estou com
pressa em lhe dar alguns relatos meus, para que você não suspeite de minha
negligência no negócio urgente que eu encontro recomendado aos meus
cuidados, e de que eu não sabia nada até agora, quando todo o cuidado é
vão. ([152])
Na distribuição dos meus livros eu pretendo seguir o seu conselho,
acrescentando aquilo que me ocorrer. Eu não estou satisfeito com as suas
notas de lembretes adicionados a seus nomes, porque eu espero que eu não
os esqueça facilmente.
Recebi quatro livros em Erse ([153]), sem qualquer endereço, e suspeito
que eles são destinados à biblioteca de Oxford. Se essa é a intenção, eu
acho que será adequado adicionar os salmos métricos, e tudo aquilo que
está impresso em Erse, que no momento possa estar completo. O nome do
doador deve ser informado.
Eu desejo que você pudesse ter lido o livro antes de ser impresso, mas
nossa distância não permite isso facilmente.
Lamento que Lord Hailes não pretenda publicar Walton; receio que isso
não será feito tão bem, se é que será feito.
Eu pretendo agora levar o livro à frente. Estenda meus cumprimentos à
Sra. Boswell, e deixe-me ouvir de você com mais frequência. Eu fico, caro
Senhor, seu humilde e afetuoso servo,
Londres, 01 de outubro 1774.
SAM. JOHNSON.”

Este passeio ao País de Gales, que foi feito na companhia do Sr. e a Sra.
Thrale, embora, sem dúvida, tenha contribuído para a sua saúde e diversão,
não deu oportunidade para um exercício tão discursivo de sua mente quanto
nossa turnê às Hébridas. Eu não acho que ele manteve qualquer diário ou
notas do que viu lá. Tudo o que eu o ouvi dizer dele foi que ‘em vez de
montanhas desertas e áridas, havia verdes e férteis; e que um único dos
castelos do País de Gales conteria todos os castelos que ele tinha visto na
Escócia. ’
O Parlamento tendo sido dissolvido, e seu amigo o Sr. Thrale, que era
um defensor firme do governo, tendo novamente de encontrar a tempestade
de uma eleição contestada, ele escreveu um curto panfleto político,
intitulado O Patriota, dirigido aos eleitores da Grã-Bretanha; um título que,
para os homens facciosos, que consideram um patriota apenas como um
opositor às medidas do governo, parecerá estranhamente mal aplicado. Foi,
no entanto, escrito com vivacidade enérgica; e, exceto aquelas passagens
em que ele se esforça para justificar a indignação gritante da Câmara dos
Comuns, no caso da eleição de Middlesex, e justificar a tentativa de reduzir
os nossos súditos na América à submissão incondicional, ele continha uma
exposição admirável das propriedades de um verdadeiro patriota, no sentido
original e genuíno; - um amigo constante, racional, imparcial e sincero dos
interesses e prosperidade do seu Rei e do país. Deve-se reconhecer,
entretanto, que tanto neste quanto em seus dois panfletos anteriores, houve,
em meio a muitos argumentos poderosos, não só uma parte considerável de
sofisma, mas um ridículo desdenhoso de seus adversários, que era muito
provocador.

“Ao SR. PERKINS ([154])


Senhor, - Você pode me fazer um grande favor. A Sra. Williams, uma
dama a quem você deve ter visto na casa do Sr. Thrale é uma peticionária
para a beneficência do Sr. Hetherington: as petições são hoje emitidas no
Hospital de Cristo.
Eu sou um mau gestor de negócios coletivos; e se eu devesse enviar um
intermediário, ele poderia ser afastado sem cumprir sua missão. Eu,
portanto, devo implorar-lhe que você vá e faça uma petição por Anna
Williams, cuja folha de perguntas foi entregue com as respostas à
administração do hospital na quinta-feira dia 20. Meu empregado lhe
esperará ali, e trará a petição quando você a tiver.
A petição, que eles nos devem dar é um formulário que eles entregam a
cada requerente, e que o peticionário deve em seguida preencher e devolver
a eles. Isso nós temos que ter, ou não poderemos proceder de acordo com as
suas instruções. Você só precisa, creio eu, solicitar uma petição; se eles
perguntarem para quem você pede, você pode lhes dizer.
Peço seu perdão por lhe dar este trabalho; mas é uma questão de grande
importância. Eu fico, Senhor, seu mais humilde servo,
25 de outubro de 1774.
SAM. JOHNSON.”

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Apareceu recentemente nos jornais um relato de um
emborcamento de navio entre Mull e Ulva, em que muitos passageiros se
perderam, e entre eles Maclean de Col. Nós, você sabe, nos afogamos certa
vez; ([155]) espero, portanto, que a história seja contada fantasiosamente ou
de maneira errada. Por favor, satisfaça-me pelo próximo correio.
Tenho impressas duzentas e quarenta páginas. Eu não sou capaz de fazer
nada que valha a pena fazer pelo livro do querido Lord Hailes. Vou, no
entanto, enviar de volta as folhas; e espero, gradualmente, corresponder a
todas as suas expectativas razoáveis.
O Sr. Thrale felizmente superou uma oposição muito violenta e amarga;
mas todas alegrias têm seus abatimentos: a Sra. Thrale caiu de seu cavalo, e
se machucou muito. O resto dos nossos amigos, eu creio, estão bem. Meus
cumprimentos à Sra. Boswell. Eu fico, caro Senhor, seu servo mais
carinhoso,
Londres, 27 de outubro de 1774.
SAM. JOHNSON.”

Esta carta, que mostra sua preocupação terna por um jovem cavalheiro
amável a quem fiquei muito grato nas Hébridas, tendo eu inserido de acordo
com a sua data, mas antes de recebê-la, lhe informei sobre o melancólico
evento que o jovem Senhor de Col, infelizmente, se afogou.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Ontem à noite corrigi a última página de nosso Journey to
the Hebrides (Viagem às Ilhas Hébridas). O impressor o reteve todo esse
tempo, porque eu tinha, antes de ir para Gales, escrito tudo, exceto duas
páginas. O Patriota foi solicitado por meus amigos políticos na sexta-feira,
foi escrito no sábado, e eu ouvi pouco sobre ele. Tão vagas são conjecturas
à distância. ([156]) Assim que puder, vou cuidar para que as cópias sejam
enviadas a você, pois eu gostaria que elas fossem dadas em vez de serem
compradas; mas receio que o Sr. Strahan enviará a você e aos livreiros, ao
mesmo tempo. O comércio é tão diligente quanto cortês. Eu mencionei tudo
o que você recomendou. Estenda meus cumprimentos à Sra. Boswell e aos
pequenos. O clube, eu acho, ainda não se reuniu.
Diga-me, e diga-me honestamente, o que você pensa e o que os outros
dizem de nossas viagens. Vamos tocar o continente? ([157]) Eu fico, caro
senhor, o seu mais humilde servo,
26 de Nov. de 1774.
SAM. JOHNSON.”

Em seu diário manuscrito deste ano, há a seguinte entrada: -


“Nov. 27. Domingo do Advento. Eu considerei que este dia, sendo o
início do ano eclesiástico, era o momento certo para um novo curso de vida.
Comecei a ler o Testamento grego regularmente a 160 versos a cada
domingo. Hoje eu comecei os Atos.
Nesta semana eu li as Pastorais de Virgílio. Aprendi a repetir o Pólio e
Gallus. E li descuidadamente a primeira das Geórgicas.
“Tais evidências de seu ardor incessante, tanto com a ‘sabedoria divina e
humana’, quando avançou em seu sexagésimo quinto ano, e não obstante os
seus muitos distúrbios de doenças, nos faz honrar imediatamente o seu
espírito, e lamentar que ele deva ser gravemente obstruído por seu
tegumento material. É notável, que ele gostasse muito da precisão que o
cálculo produz. Assim, encontramos em um de seus diários manuscritos,
‘12 páginas em 4to. Test. Gr. e 30 páginas em folio de Beza, compõe o todo
em 40 dias’.

“DR JOHNSON a JOHN HOOLE, ESQ.


Caro senhor, - eu devolvi sua peça, ([158]) que você encontrará sublinhada
em vermelho, onde havia uma palavra de que eu não gostei. O vermelho
pode ser lavado com um pouco de água.
A trama é tão bem enquadrada, a complexidade tão astuta, e o desenrolar
tão fácil, o suspense tão comovente, e as partes apaixonadas tão
adequadamente interpostas que eu não tenho nenhuma dúvida de seu
sucesso. Eu fico, Senhor, seu mais humilde servo,
19 de dezembro de 1774.
SAM. JOHNSON.”
1775

Idade. 66
O primeiro esforço de sua pena em 1775 foi, “Proposals for publishing
the Works of Mrs... Charlotte Lennox (As propostas para a publicação das
obras da Sra. Charlotte Lennox)”, em três volumes in-quarto. Em seu diário,
2 de janeiro, encontro esta entrada: “Escrevi as Propostas de Charlotte.”
Mas, de fato, a evidência interna teria sido suficiente. Sua reivindicação de
favor do público foi, assim, reforçada:-
“A maioria das peças, à medida que elas apareceram isoladamente,
foram lidas com aprovação, talvez acima de seu mérito, mas sem grande
vantagem para o escritor. Ela espera, portanto, que não será considerada
como demasiado indulgente com a vaidade, ou estudiosa demais de
interesse, se, a partir daquele trabalho, que até agora tem sido
principalmente lucrativo para os outros, ela se esforçar para obter
finalmente algum lucro para si e para seus filhos. Ela não pode
decentemente fazer valer sua reivindicação através do elogio a seus
próprios desempenhos; nem ela pode supor, que, pelo discurso mais
ardiloso e trabalhado, qualquer notoriedade adicional possa ser acrescentada
a uma publicação, de que Sua Majestade concordou em ser a PATRONA.”
Neste ano, ele também escreveu o Prefácio de Easy Lessons in Italian
and English (Lições fáceis de Italiano e inglês) de Baretti. ([159])

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Você nunca pediu um livro pelo correio até agora, e eu
não pensei nisso. Você vê que agora está feito. Enviei um ao Rei, e ouvi
dizer que ele gostou.
Vou enviar um pacote à Escócia para serem dados como presentes, e
pretendo dar a muitos dos meus amigos. Em seu catálogo você deixou Lord
Auchinleck de fora.
Por favor, me diga, o mais rápido que você consiga lê-lo, o que achou
dele; e diga-me se algum erro foi cometido, ou qualquer coisa importante
deixada de fora. Eu desejava que você pudesse ter revisto as páginas. Meus
cumprimentos à Sra. Boswell, e a Veronica, e a todos os meus amigos. Eu
fico, Senhor, seu mais humilde servo,
14 de janeiro de 1775.
SAM. JOHNSON.”

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 19 de janeiro de 1775.
Queira aceitar meus melhores agradecimentos por seu Journey to the
Hebrides (Viagem às Ilhas Hébrides), que chegou a mim por correio ontem
à noite. Eu realmente pedi esse favor duas vezes; mas você foi justo
comigo, concedendo-o tão rapidamente. BIS dat qui cito dat. ([160]) Apesar
de estar mal de um forte resfriado, você me manteve acordado a maior parte
da última noite; pois eu não parei até ter lido cada palavra de seu livro. Eu
me recordei de nossa primeira conversa sobre uma visita às Hébrides, que
aconteceu há muitos anos, quando nos sentávamos sozinhos na taberna
Mitre, em Londres; eu acho que à noite, na hora das bruxas; ([161]) e, em
seguida, exultamos em contemplar o nosso esquema realizado, e um
monumentum perenne dele erguido por suas habilidades superiores. Direi
apenas, que seu livro me deu uma grande satisfação. Depois eu lhe darei os
meus pensamentos sobre determinadas passagens. Nesse meio tempo,
apresso-me em dizer que você errou dois nomes, que você corrigirá em
Londres, conforme eu farei aqui, para que os cavalheiros que merecem os
elogios valiosos que você lhes fez, possam desfrutar de suas honras. Na
página 106, por Gordon leia-se Murchison; e na página 357, por Maclean
leia-se Macleod...
Mas agora estou solicitando a você ajuda imediata na minha profissão,
que você nunca se recusou a conceder quando solicitado. Envio a você
anexa uma petição para o Dr. Memis, um médico em Aberdeen, na qual Sir
John Dalrymple exercitou seu talento, e que eu devo responder como
Advogado dos gestores da Royal Infirmary naquela cidade. Mr. Jopp, o
prefeito, que entregou a você a seu título de cidadão honorário, é um dos
meus clientes, e, como um cidadão de Aberdeen, você o apoiará.
O fato é, em resumo este. Em uma tradução do estatuto da Enfermaria do
latim para o inglês, feita sob a autorização dos gestores, a mesma frase no
original está em um lugar traduzida como Médico, mas quando aplicada ao
Dr. Memis é traduzida como Doutor em Medicina. O Dr. Memis reclamou
disto antes que a tradução fosse impressa, mas não conseguiu que fosse
alterada; e ele moveu uma ação de indenização, por conta de uma suposta
lesão, como se a designação dada a ele fosse de um grau inferior, tendendo
a fazer supor que ele não é um médico, e, consequentemente, prejudicar sua
prática. Meu pai julgou o recurso improcedente, e agora ele apelou ao
plenário do Tribunal.” ([162])

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Eu desejo saber o que você achou do livro; ele é, eu acho,
muito apreciado aqui. Mas Macpherson está muito furioso; você pode me
dar mais informações sobre ele, ou seu Fingal? Faça o que puder, e faça-o
rapidamente. Lord Hailes está do nosso lado?
Por favor, diga-me o que eu lhe devia, quando lhe deixei, para que eu
possa enviar a você.
Vou escrever sobre os americanos. Se você pegou algumas dicas entre os
seus advogados, que são grandes mestres do direito das nações, ou se a sua
própria mente sugere qualquer coisa, me avise. Mas mantenha o sigilo, é
um segredo.
Enviarei seu pacote de livros, logo que puder; mas eu não posso fazer
como eu quero. Entretanto, você encontra tudo mencionado no livro que
você recomendou.
Langton está aqui; nós somos tudo o que sempre fomos. Ele é um sujeito
digno, sem malícia, embora não sem ressentimentos.
O pobre Beauclerk está tão doente que se pensa estar em perigo. Lady Di
cuida dele com grande assiduidade.
Reynolds tem tomado muita bebida forte, ([163]) e parece deliciar-se com
sua nova personagem.
Estas são todas as notícias que eu tenho; mas como você ama versos,
enviar-lhe-ei um pouco do que fiz em Inchkenneth; ([164]), mas lembre-se da
condição de que você não os mostrará, a não ser a Lord Hailes, a quem eu
amo mais do que qualquer homem que eu conheça tão pouco. Se ele lhe
pedir que os transcreva para ele, você pode fazer isso, mas eu acho que ele
deve prometer que não vai permitir que eles sejam copiados novamente,
nem mostrados como meus.
Eu finalmente enviei de volta as folhas de Lord Hailes. Eu nunca penso
em devolvê-las, porque eu nada alterei. Você verá que eu poderia muito
bem as ter conservado. Entretanto, eu me envergonho de meu atraso; e se eu
tiver a honra de receber mais, prometo pontualmente devolvê-las pelo
próximo correio. Estenda meus cumprimentos à cara Sra. Boswell, e à Srta.
Veronica. Eu fico, caro senhor, o seu mais fiel,
21 de janeiro de 1775.
SAM. JOHNSON.” ([165])

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 27 de janeiro de 1775.
...Você tem nossos advogados demais em alta conta, quando você os
chama de grandes mestres do direito das nações...
Quanto a mim, tenho vergonha de dizer que eu li pouco e pensei pouco
sobre o assunto América. Eu serei muito grato a você, se você me orientar
onde eu acharei a melhor informação do que deve ser dito em ambos os
lados. É um assunto vasto em sua extensão atual e consequências futuras.
As sugestões imperfeitas que agora flutuam em minha mente, tendem mais
à formação de uma opinião de que o nosso governo foi precipitado e severo
nas resoluções tomadas contra os moradores de Boston. Bem, você sabe que
eu não tenho nenhuma simpatia por aquela raça. Mas as nações, ou corpos
de homens, deveriam, assim como os indivíduos, ter um julgamento justo, e
não serem condenadas somente em caráter. Não temos nós contratos
expressos com as nossas colônias, que proporcionam um fundamento mais
certo de julgamento, do que especulações políticas gerais sobre direitos
recíprocos de Estados e suas províncias ou colônias? Peço a você que me
avise imediatamente do que ler, e eu me esforçarei diligentemente para
reunir para você qualquer coisa que eu possa encontrar. Foi o discurso de
Burke sobre a tributação americana publicado por ele? É autêntico?
Lembro-me de ter ouvido você dizer que você nunca havia considerado
assuntos Indianos-orientais; embora, com certeza, eles sejam de muita
importância para a Grã-Bretanha. Sob a lembrança disso, eu me abrigo da
censura de ignorância sobre os americanos. Se você escrever sobre o
assunto eu certamente o compreenderei. Mas, uma vez que você parece
esperar que eu saiba algo sobre isso, sem a sua orientação, e que a minha
própria mente deve sugerir alguma coisa, eu confio que você me coloque no
caminho...
O que Becket quer dizer com os Originais de Fingal e outros poemas de
Ossian, que ele anuncia ter em sua loja?”...

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Você me mandou um caso a considerar, no qual eu não
tenho fatos, a não ser os que são contra nós, nem quaisquer princípios sobre
os quais argumentar. É inútil tentar escrever assim, sem materiais. Os fatos
parecem estar contra você; pelo menos eu não posso saber nem dizer
qualquer coisa em contrário. Fico feliz que você tenha gostado tanto do
livro. Eu não tenho ouvido mais de Macpherson. Desejaria saber o que Lord
Hailes diz dele. Combine com ele em particular. Enviarei o pacote assim
que puder. Estenda meus cumprimentos à Sra. Boswell. Eu fico, Senhor,
etc.
28 de janeiro de 1775.
SAM. JOHNSON.”
“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON
Edimburgo, 2 de fevereiro de 1775.
...Quanto a Macpherson, estou ansioso para ter de você um relato
completo e demonstrativo do que se passou entre vocês. É com confiança
dito aqui, que, antes de seu livro sair, ele enviou a você, para que você
soubesse que ele entendeu que você queria dizer ao negar a autenticidade
dos poemas de Ossian; que os originais estavam em sua posse; que você
pode inspecioná-los, e pode levar a evidência a pessoas qualificadas na
língua Erse; e que ele esperava que, depois desta oferta justa, você não seria
tão insincero ao ponto de afirmar que ele havia recusado prova razoável.
Que você não se importou com a mensagem dele, mas publicou seu forte
ataque contra ele; que, em seguida, ele escreveu uma carta a você, em
termos tais que ele pensava adequados para alguém que não tinha agido
como um homem veraz. Você pode acreditar que me dá dor ouvir sua
conduta representada como desfavorável, enquanto eu só posso negar que é
dito, pelo fato de o seu caráter refuta-lo, sem ter qualquer informação a
opor. Permita-me, eu lhe imploro, estar suficientemente equipado para
responder a qualquer calúnia nessa ocasião.
Lord Hailes me escreve (pois nós nos correspondemos mais do que
conversamos pessoalmente,) ‘Quanto a Fingal, vejo surgir uma controvérsia
e pretendo ficar fora do seu caminho. Não há dúvida de que eu poderia
mencionar algumas circunstâncias; mas eu escolho não as colocar no
papel.’ Qual a sua opinião, eu não sei. Ele diz: ‘Estou singularmente
obrigado ao Dr. Johnson por suas críticas precisas e úteis. Se ele tivesse
dado algumas restrições sobre o plano geral da obra, teria acrescentado
muito ao seu favor.’ Ele está encantado com os seus versos sobre
Inchkenneth, diz que eles são muito elegantes, mas pede-me para dizer-lhe
que ele duvida se
‘Legitimas faciunt pectora pura preces‘
está de acordo com a rubrica: mas isso é problema seu; pois, você sabe,
ele é um presbiteriano.” ...
“Ao DR. LAWRENCE. ([166])
7 de fev. de 1775.
Senhor,
Um dos médicos escoceses agora está processando uma corporação que
em algum instrumento público chamou o de Doutor em Medicina, em vez
de Médico. Boswell deseja, sendo advogado da corporação, saber se Doutor
em Medicina não é um título legítimo, e se ele pode ser considerado como
uma distinção desvantajosa. Devo escrever-lhe esta noite; por favor me
informe. Eu fico, Senhor, o seu mais, etc.,
SAM. JOHNSON.”

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Meu Caro Boswell, - Estou surpreso que, conhecendo como conhece a
disposição de seus compatriotas a dizer mentiras em favor uns dos outros,
([167]) você possa ser afetado por quaisquer relatórios que circulam entre
eles. Macpherson nunca em sua vida me ofereceu vistas de qualquer
original ou de qualquer evidência de qualquer tipo; ele só pensava em me
intimidar com barulho e ameaças, até que minha última resposta, - de que
não me dissuadiria de detectar o que eu achava ser uma fraude, pelas
ameaças de um rufião - pôs fim à nossa correspondência.
O estado da questão é este. Ele e o Dr. Blair, a quem eu considero
enganado, diz que ele copiou o poema de manuscritos antigos. Suas cópias,
se ele as teve, e eu acredito que ele não tenha tido nenhuma, nada são. Onde
estão os manuscritos? Eles podem ser mostrados se existem, mas nunca
foram mostrados. De non existentibus et non apparentibus, diz a nossa lei,
eadem est ratio. ([168]) Nenhum homem tem direito ao crédito sobre a sua
própria palavra, quando melhor evidência, se ele a tinha, pode ser
facilmente produzida. Mas, até onde podemos descobrir, a linguagem Erse
nunca foi escrita até muito recentemente, para efeitos de religião. Uma
nação que não pode escrever, ou uma língua que nunca foi escrita não tem
manuscritos.
Mas seja o que for que ele tem, ele nunca se ofereceu para mostrar. Se
manuscritos antigos devem agora ser mencionados, eu deveria, a menos que
houvesse mais evidências do que podem ser facilmente obtidas, supor que
elas fossem outra prova da conspiração escocesa em falsidade nacional.
Não censure a expressão; você sabe que é verdade.
A pergunta do Dr. Memis é tão estreita que não impede especulação; e
eu não tenho fatos diante de mim, mas aqueles que o defensor produziu
contra você.
Eu consultei esta manhã o Presidente do London College of Physicians,
que diz que entre nós, Doutor em Física (nós não dizemos Doutor em
Medicina) é o título mais alto que um praticante de medicina pode ter; que
Doutor implica não só o médico, mas o professor de medicina; que todo
Doutor é legalmente um Médico; mas nenhum homem, que não seja
Doutor, pode praticar a medicina a não ser por licença especialmente
concedida. O Doutorado é uma licença em si mesma. Parece-nos uma causa
muito tênue para processo...
Agora estou ocupado, mas em pouco tempo espero fazer tudo que você
teria feito. Meus cumprimentos à Senhora e Veronica. Eu fico, Senhor, seu
mais humilde servo,
7 de fevereiro de 1775.
SAM. JOHNSON.”
Que palavras foram usadas pelo Sr. Macpherson, em sua carta ao
venerável Sábio, eu nunca ouvi; mas geralmente diz-se que foram de uma
natureza muito diferente da linguagem de concurso literário. A resposta do
Dr. Johnson apareceu nos jornais do dia, e desde então tem sido
frequentemente republicada; mas não com perfeita precisão. Eu as dou
conforme ditadas a mim por ele mesmo, escritas em sua presença, e
autenticadas por uma nota em sua própria caligrafia, ‘Isso, eu acho, é uma
cópia fiel.’ ([169])
“Sr. James Macpherson, - Recebi sua carta tola e insolente. Qualquer
violência oferecida a mim eu darei o melhor de mim para repelir; e o que eu
não puder fazer por mim mesmo, a lei o fará por mim. Espero nunca ser
dissuadido de detectar o que eu penso ser uma fraude, pelas ameaças de um
rufião.
Do que você quer que eu me retrate? Eu pensei em seu livro como uma
impostura; ainda acho que é uma impostura. Por ter esta opinião, dei as
minhas razões ao público, que eu aqui te desafio a refutar. Sua raiva eu
desafio. Suas habilidades, desde o seu Homer, não são tão formidáveis; e o
que eu ouvi de sua moral, me inclina para prestar atenção não ao que você
dirá, mas ao que você provará. Você pode imprimir esta carta se quiser.
SAM. JOHNSON.”

O Sr. Macpherson pouco conhecia o caráter do Dr. Johnson, se ele


supunha que ele pudesse ser facilmente intimidado; pois nenhum homem
jamais foi mais notável por sua coragem pessoal. Ele tinha, de fato, um
medo horrível da morte, ou melhor, ‘de alguma coisa após a morte’; e que
homem racional, que pensa seriamente em desistir de tudo o que ele já
conheceu, e entrar em um novo e desconhecido estado de ser, pode não ter
esse pavor? Mas o seu medo era de reflexão; a sua coragem natural. Seu
medo, naquele caso em particular, era o resultado da análise filosófica e
religiosa. Ele temia a morte, mas nada mais temia, nem mesmo o que
poderia ocasionar a morte. Muitos exemplos de sua resolução podem ser
mencionados. Um dia, na casa do Sr. Beauclerk, no campo, quando dois
grandes cães estavam brigando, ele foi até eles e bateu neles até que se
separassem e em outro momento, quando informado sobre o perigo que
existia de uma arma poder estourar se carregada com muitas balas, ele
colocou nela seis ou sete, e atirou contra uma parede. O Sr. Langton me
disse que quando eles estavam nadando juntos, perto de Oxford, ele
advertiu o Dr. Johnson contra um remanso, que era considerado
particularmente perigoso; foi quando Johnson nadou diretamente nele. Ele
mesmo me disse que uma noite fora atacado na rua por quatro homens, a
quem ele não se renderia, mas manteve todos eles à distância, até que o
policial viesse e o levasse e os outros para o distrito. No teatro em
Lichfield, conforme o Sr. Garrick me informou, Johnson tendo um
momento deixado uma cadeira que fora colocada para ele entre os
bastidores laterais, um senhor tomou posse dela, e quando Johnson ao
retornar civilizadamente exigiu seu assento, aquele rudemente recusou-se a
devolvê-la; foi quando Johnson agarrou e atirou-o e a cadeira dentro do
poço. Foote, que reviveu com tanto sucesso a velha comédia, exibindo
personagens vivos, resolveu imitar Johnson no palco, esperando grandes
lucros de sua ridicularização de um homem tão celebrado. Johnson tendo
sido informado da sua intenção, e estando a jantar na casa do Sr. Thomas
Davies, o livreiro, de quem eu recebi a história, perguntou ao Sr. Davies
‘qual era o preço comum de uma vara de carvalho’; e sendo-lhe respondido
seis pence, disse ‘Ora então, Senhor, permita-me enviar seu empregado a
comprar-me uma de um xelim. Eu terei o dobro em quantidade; pois
disseram-me que Foote pretende me ridicularizar, como ele chama, e eu
estou determinado a que o sujeito não o fará impunemente’. Davies teve o
cuidado de informar Foote sobre isso, o que efetivamente confirmou o
conteúdo da mímica. As ameaças que o Sr. Macpherson fez a Johnson
trazem consigo o mesmo implemento de defesa; e se ele tivesse sido
atacado, não tenho dúvida de que, velho como ele era, teria feito sua
valentia corporal ser sentida tanto quanto a intelectual.
Seu Journey to the Western Island of Scotland (Viagem às Ilhas
Ocidentais da Escócia) é um trabalho valiosíssimo. Ele abunda em amplas
visões filosóficas da sociedade, e em sentimentos engenhosos e descrições
vívidas. Uma parte considerável dele, de fato, consiste em especulações,
que muitos anos antes ele viu as regiões selvagens que visitamos juntos,
provavelmente havia empregado sua atenção, embora a visão real daquelas
cenas, sem dúvida, as acelerou e aumentou. O Sr. Orme, historiador muito
capaz, concordou comigo nessa opinião, que, assim, fortemente expressou:
-‘Há, naquele livro pensamentos que pela longa revolução na grande mente
de Johnson, foram formados e polidos como seixos rolantes no oceano!’
Que ele era em algum grau de excesso um verdadeiro inglês, de modo a
ter sempre tido um preconceito indevido contra o país e o povo da Escócia,
deve ser admitido. Mas era um preconceito intelectual, e não do coração.
Ele não tinha nenhuma má vontade com os escoceses; pois, se ele tivesse
sido consciente disso, nunca teria se jogado no seio do país deles e se
confiado à proteção de seus habitantes remotos com uma confiança
destemida. Sua observação sobre a nudez do país, de ser ele despido de
árvores, foi feita depois de terem percorrido duzentas milhas ao longo da
costa leste, onde certas árvores não podem ser encontradas perto da estrada;
e ele disse que era ‘um mapa da estrada’ que ele deu. Sua descrença na
autenticidade dos poemas atribuídos a Ossian, um bardo das Terras Altas,
foi confirmada no decorrer de sua viagem, através de um exame muito
rigoroso das provas apresentadas para ela; e, apesar de sua autenticidade ter
sido feita muito uma questão nacional pelos escoceses, havia muitas
pessoas respeitáveis naquele país, que não concordam com isso; de modo
que seu julgamento sobre a questão não devia ser lamentado, mesmo por
aqueles que discordam dele. Quanto a mim, só posso dizer sobre um
assunto agora tornado muito desinteressante, que, quando os fragmentos de
poesia das Terras Altas surgiram pela primeira vez, eu fiquei muito
satisfeito com sua peculiaridade selvagem, e fui um dos que a subscreveram
para permitir ao seu editor, o Sr. Macpherson, então um jovem, fazer uma
busca nas Terras Altas e nas Ilhas Hébridas em busca de um longo poema
em língua Erse, que se informara ter sido preservado em algum lugar
naquelas regiões. Mas quando dali saiu um Poema Épico em seis livros,
com todas as circunstâncias comuns de composições anteriores daquela
natureza; e quando, após um exame atento do mesmo, foi encontrada uma
recorrência perpétua das mesmas imagens que aparecem nos fragmentos; e
quando nenhum manuscrito antigo, para autenticar o trabalho foi depositado
em qualquer biblioteca pública, embora se insistisse nisso como uma prova
razoável, quem poderia deixar de duvidar?
Os reconhecimentos gratos de gentileza de Johnson recebidos no decurso
dessa viagem refutam completamente as reflexões brutais que foram
lançadas contra ele, como se ele tivesse feito um retorno ingrato; e sua
delicadeza em poupar no seu livro aqueles a quem encontramos em suas
cartas à Sra. Thrale eram apenas objetos de censura, deve ser muito
admirado. Sua sinceridade e disposição amável é visível a partir de sua
conduta, quando informado pelo Sr. Macleod de Rasay, que tinha cometido
um erro, que provocara nesse senhor algum desconforto. Ele lhe escreveu
uma carta cortês e amável, e inseriu nos jornais um anúncio, corrigindo o
erro. ([170])
As observações do meu amigo Sr. Dempster em uma carta escrita a mim,
logo depois de ter lido o livro do Dr. Johnson são tão justas e liberais, que
não podem deixar de ser repetidas muitas vezes: -
“...Não há nada no livro, do começo ao fim, que um escocês possa achar
errado. O que ele diz sobre o país é verdadeiro; e suas observações sobre as
pessoas são as que devem ocorrer naturalmente a um habitante sensato,
observador e reflexivo de uma metrópole conveniente, onde um homem que
ganha trinta libras por ano pode ser melhor acomodado com todas as
pequenas necessidades da vida, do que Coll ou Sir Allan.
Estou encantado com suas pesquisas sobre a linguagem Erse, e a
antiguidade de seus manuscritos. Estou bastante convencido; e eu
classificaria Ossian e seus Fingals e Oscar entre os contos infantis, e não a
verdadeira história do nosso país, em todos os tempos que virão.
No todo, o livro não pode desagradar, pois ele não tem pretensões. O
autor não diz que ele é um geógrafo, nem um antiquário, nem muito
versado na história da Escócia, nem um naturalista, nem um arqueólogo. Os
costumes do povo, bem como a face do país são tudo o que ele tenta
descrever, ou sobre o que parece ter pensado. Muito se poderia desejar, que
aqueles que viajaram pelas mais remotas, e, claro, mais curiosas regiões
tivessem seu bom senso. Do estado da educação, suas observações sobre a
Universidade de Glasgow mostram que ele formou um julgamento muito
consistente. Ele também entende o nosso clima; e ele observou com
precisão as mudanças, por mais lentas e imperceptíveis que fossem para
nós, que a Escócia sofreu em consequência das bênçãos da liberdade e da
paz interna.”
O Sr. Knox, outro nativo da Escócia, que desde então fez a mesma
viagem e publicou um relato da mesma, é igualmente liberal.
“Eu li (diz ele), seu livro repetidamente, viajei com ele de Berwick a
Glenelg, através de regiões com as quais eu estou bem familiarizado;
naveguei com ele de Glenelg até Rasay, Sky, Rum, Col, Mull, e Icolmkill,
mas não fui capaz de corrigi-lo em qualquer questão importante. Eu sempre
admirei a exatidão, a precisão e a justeza do que ele informa, respeitando
tanto o país quanto o povo.
O Doutor em todo lugar manifestou seus sentimentos com liberdade, e
em muitos casos com um olhar aparente em benefício dos habitantes e das
belezas do país. Suas observações sobre a falta de árvores e arbustos de
sombra, bem como de abrigo para o gado são procedentes, e merecem
agradecimentos, não a censura mesquinha dos nativos. Ele também sentiu
para as angústias dos habitantes das Terras Altas, e explica, com grande
propriedade, a má gestão dos terrenos e a negligência com madeira nas
Hébridas.”
Tendo citado os cumprimentos justos de Johnson à família Rasay, ele
diz: “Por outro lado, encontrei essa família igualmente pródiga em seus
elogios à conversa do Doutor e suas cortesias subsequentes a um jovem
cavalheiro daquele país, que, após esperar por ele em Londres, foi bem
recebido, e experimentou toda a atenção e respeito que um amigo caloroso
poderia oferecer. O Sr. Macleod tendo também estado em Londres,
esperado pelo Doutor, que ofereceu um entretenimento magnífico e caro em
homenagem ao seu velho conhecido das Hébridas.” E por falar da estrada
militar perto de Fort Augustus, ele diz: “Por esta estrada, embora uma das
mais acidentadas na Grã-Bretanha, o famoso Dr. Johnson passou vindo de
Inverness para as Ilhas Hébridas. Suas observações sobre o país e as
pessoas são extremamente corretas, criteriosas e instrutivas.” ([171])
O Sr. Tytler, o defensor agudo e competente de Mary Queen of Scots, em
uma de suas cartas ao Sr. James Elphinstone, publicada em Forty Years'
Correspondence (Correspondência de Quarenta Anos) daquele cavalheiro,
diz:
“Eu li o Tour do Dr. Johnson com enorme prazer. Ele incorreu em alguns
poucos erros, mas sem grande importância, e aqueles são perdidos nas
belezas inumeráveis de seu trabalho.
Se eu tivesse tempo livre, talvez pudesse apontar os locais mais
controversos; mas neste momento eu estou no campo, e não tenho o seu
livro à mão. É claro que ele queria falar bem da Escócia; e na minha
apreensão ele nos fez grande honra na questão mais crucial, o caráter dos
habitantes.”
Suas cartas particulares à Sra. Thrale, escritas no decorrer de sua viagem,
e que, portanto, pode-se supor transmitam seus sentimentos genuínos na
época, abundam em tantos sentimentos benignos para com as pessoas que
lhe mostraram civilidade, que nenhum homem cujo temperamento não seja
muito duro e azedo, pode ter alguma dúvida sobre a bondade de seu
coração.
É doloroso lembrar com quanto rancor ele foi agredido por um grande
número de britânicos do Norte, levianos e irritáveis, por conta de seu
suposto tratamento ofensivo ao seu país e nação, em seu Journey. Se tivesse
havido qualquer fundamento justo para tal acusação, teria o virtuoso e
sincero Dempster dado sua opinião sobre o livro, nos termos que citei?
Teria o patriótico Knox ([172]) falado dele como fez? Teria o Sr. Tytler,
certamente
“- um escocês, se alguma vez houve um Escocês,”
se manifestado assim? E deixe-me acrescentar que, cidadão do mundo,
como eu me considero, tenho aquele grau de predileção pelo meu natale
solum, ou ainda, tenho aquele senso justo do mérito de uma nação antiga
que sempre foi conhecida pelo seu valor, que em épocas anteriores manteve
sua independência contra um poderoso vizinho, e nos tempos modernos foi
igualmente distinguida por sua engenhosidade e indústria na vida civilizada,
que eu deveria ter sentido uma indignação generosa diante de qualquer
injustiça cometida contra ela. Johnson tratou a Escócia não pior do que ele
fez até mesmo aos seus melhores amigos, cujos caráteres ele costumava
atribuir conforme eles lhe pareciam, tanto à luz quanto na sombra. Algumas
pessoas, que não tinham exercitado suas mentes suficientemente, o
condenaram por censurar seus amigos. Mas Sir Joshua Reynolds, cuja
penetração filosófica e justeza do pensamento não eram menos conhecidos
por aqueles que viveram com ele, cujo gênio em sua arte é admirado pelo
mundo, explicou assim a sua conduta: “Ele gostava de discriminação, que
ele podia não mostrar, sem apontar o ruim, assim como o bom em cada
personagem; e como seus amigos eram aquelas personagens que melhor
conhecia, eles lhe proporcionaram a melhor oportunidade para mostrar a
agudeza de seu julgamento.”
Ele expressou ao seu amigo Sr. Windham de Norfolk, a sua admiração
pelo ciúme extremo dos escoceses, e seu ressentimento por ter seu país
descrito por ele como ele realmente era; quando, dizer que ele era um país
tão bom quanto a Inglaterra, teria sido uma mentira grosseira. “Nenhum de
nós, (disse ele) ficaria ofendido se um estrangeiro que viajasse aqui dissesse
que vinha e azeitonas não crescem na Inglaterra.” E quanto ao seu
preconceito contra os escoceses, que eu sempre atribuí àquele nacionalismo
que observou neles, ele disse para o mesmo cavalheiro, “Quando eu
encontro um escocês, para quem um inglês é como um escocês, aquele
escocês será como um inglês para mim.” Sua intimidade com muitos
cavalheiros da Escócia, e seu emprego de tantos nativos desse país como
seus copistas provam que o seu preconceito não era virulento; e eu depositei
no Museu Britânico, entre outras peças de sua autoria, a seguinte nota em
resposta a uma das minhas, perguntando se ele me encontraria para jantar
no Mitre, apesar de que um amigo meu, escocês, devesse estar lá: -
“O Sr. Johnson não vê por que o Sr. Boswell deveria supor que um
escocês seja menos aceitável do que qualquer outro homem. Ele estará no
Mitre.”
Meu amigo muito caro, o Dr. Barnard, hoje Bispo de Killaloe, tendo uma
vez manifestado a ele uma apreensão de que, se visitasse a Irlanda, poderia
tratar as pessoas daquele país mais desfavoravelmente do que ele tinha feito
com os Escoceses, ele respondeu, com forte sagacidade de dois gumes,
‘Senhor, você não tem nenhuma razão para ter medo de mim. Os irlandeses
não estão em uma conspiração para enganar o mundo por meio de falsas
representações dos méritos de seus compatriotas. Não, senhor; os irlandeses
são um POVO JUSTO; - eles nunca falam bem uns dos outros.’
Johnson falou-me de um caso de nacionalidade escocesa, que causou
uma impressão muito desfavorável em sua mente. Um escocês de alguma
importância em Londres, solicitou-lhe que recomendasse, pelo peso de sua
autoridade erudita, para ser mestre de uma escola inglesa, uma pessoa que
aquele que o recomendou confessou nada mais saber além do fato de que
ele era seu compatriota. Johnson ficou chocado com tal conduta
inconsequente.
Todas as críticas miseráveis contra seu Journey em jornais, revistas e
outras publicações fugitivas, eu posso falar com um certo conhecimento,
apenas lhe proporcionaram diversão. Finalmente saiu um volume grosso,
maior do que o do próprio Johnson, cheio de abusos malignos, sob um
nome, real ou fictício, de algum homem baixo ([173]) em um canto obscuro
da Escócia, embora se supusesse ser o trabalho de outro escocês, ([174]) que
encontrou meios para tornar-se conhecido tanto na Escócia quanto na
Inglaterra. O efeito que isso teve sobre Johnson foi produzir esta
observação agradável ao Sr. Seward, a quem ele emprestou o livro: ‘Este
homem deve ser uma besta. Eles não sabem como lidar com o abuso. Quem
lerá um livro de cinco shillings contra mim? Não, senhor, se tivessem
inteligência, eles deveriam ter ficado disparando panfletos contra mim.”
“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON
Edimburgo, 18 de fevereiro de 1775.
Você teria ficado muito satisfeito se tivesse jantado comigo hoje. Eu tive
como meus convidados, Macquharrie, jovem Maclean de Col, o sucessor do
nosso amigo, um homem muito amável, embora não marcado com tais
qualidades ativas quanto seu irmão; o Sr. Maclean de Torloisk em Mull, um
cavalheiro da família de Sir Allan; e dois do clã Grant; de modo que o gênio
das Terras Altas e das Hébridas reinou. Tivemos muita conversa sobre você,
e bebemos à sua saúde em um brinde. O brinde não foi proposto por mim, o
que é uma circunstância a ser observada, pois agora estou tão conectado a
você, que qualquer coisa que eu possa dizer ou fazer em sua honra não tem
o valor de um elogio adicional. É apenas dar um guinéu daquele tesouro da
admiração que já pertence a você, e que não é um tesouro escondido; pois
suponho que a minha admiração por você coexiste com o conhecimento do
meu caráter.
Acho que o pessoal das Terras Altas e das Hébridas em geral são muito
mais afeiçoados à sua Journey que o pessoal das Terras Baixas ou, nesse
caso, escoceses. Um dos Grants disse hoje que ele tinha certeza de que você
era um homem de bom coração e um homem sincero, e pareceu esperar que
ele possa convencê-lo da antiguidade de uma boa parte dos poemas de
Ossian. Depois de tudo o que se passou, acho que a matéria é capaz de ser
provada, até certo ponto. Foi-me dito que Macpherson conseguiu um antigo
MS. Erse de Clanranald, para a restituição do qual ele executou uma
obrigação formal; e afirma-se, que o Gaélico (chamemo-lo Erse ou
chamemo-lo irlandês), foi escrito nas Terras Altas e Ilhas Hébridas por
muitos séculos. É razoável supor que à medida que os habitantes adquiriram
qualquer educação, possuíam a arte da escrita, assim como os seus vizinhos
irlandeses e primos Celtas; e a pergunta é, pode evidência suficiente disso
ser exibida?
Aqueles que são hábeis em escritos antigos podem determinar a idade
daquele MS. ou, pelo menos, podem determinar o século em que eles foram
escritos; e se os homens de veracidade, que são assim qualificados, nos
dirão que o MSS. na posse de famílias nas Terras Altas e ilhas são as obras
de uma época remota, eu acho que devemos ser convencidos por seus
testemunhos.
Chegou agora a esta cidade, Ranald Macdonald da Ilha de Egg, que tem
vários MSS. de poesia Erse, que ele deseja publicar por assinatura. Eu me
inscrevi para levar três exemplares do livro, cujo preço é seis xelins, pois eu
subscreveria todo o Erse que possa ser impresso, seja velho ou novo, para
que a linguagem possa ser preservada. Este homem diz que alguns de seus
manuscritos são antigos e, para ter certeza, um deles, que me foi mostrado
parece ter a pátina da antiguidade...
A pesquisa ainda não está completamente perdida, e eu acho que a
verdade exata pode ser descoberta, se meios adequados forem utilizados. Eu
fico, etc.
JAMES BOSWELL.”

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Sinto muito que eu não tenha conseguido livros para os
meus amigos na Escócia. O Sr. Strahan, finalmente, prometeu enviar duas
dúzias a você. Se eles chegarem, coloque os nomes dos meus amigos neles;
você pode recortá-los ([175]) e colá-los com um pouco de amido no livro.
Você, então, vai ficar louco sobre Ossian. Por que você acha que
qualquer parte pode ser provada? O manuscrito escuro de Egg
provavelmente não tem nem 50 anos de idade; se for uma centena, isso não
prova nada. O conto de Clanranald não tem nenhuma prova. Foi Clanranald
quem o contou? Ele pode provar isso? Não existe, eu creio, nenhum
manuscrito Erse. Nenhuma das famílias antigas tinham uma única carta em
Erse de que ouvimos falar. Você diz que é provável que eles podiam
escrever. Os educados, se houvesse alguém educado, poderiam; mas saber
por aquele conhecimento, alguma linguagem escrita, naquela linguagem em
que eles escreveram, pois cartas nunca tinham sido aplicadas a eles
mesmos. Se há manuscritos, que sejam mostrados, com alguma prova de
que não foram forjados para a ocasião. Você diz que muitos podem lembrar
partes de Ossian. Eu acredito que todas essas peças são versões do inglês;
pelo menos não há nenhuma prova de sua antiguidade.
Diz-se que o próprio Macpherson fez algumas traduções; e tendo
ensinado um menino a escrever, ordenou-lhe que dissesse ter aprendido
com sua avó. O menino, quando cresceu, contou a história. Esta Sra.
Williams ouviu à mesa do Sr. Strahan. Não seja crédulo; você sabe o quão
pouco uma pessoa das Terras Altas pode ser confiável. Macpherson está, até
onde eu sei, muito quieto. Isso não é prova suficiente? Tudo está contra ele.
Nenhum manuscrito visível; nenhuma inscrição na língua: nenhuma
correspondência entre amigos: nenhuma transação de negócios, das quais
um único fragmento permanece nas famílias antigas. A pretensão de
Macpherson é que o personagem era saxão. Se ele não tivesse falado
desajeitadamente de manuscritos, ele poderia ter lutado utilizando a
tradição oral muito mais tempo. Quanto às informações do Sr. Grant, eu
suponho que ele saiba muito menos do assunto do que nós mesmos.
Nesse meio tempo, o livreiro, diz que a venda ([176]) é suficientemente
rápida. Eles imprimiram quatro mil. Corrija sua cópia, o que quer que esteja
errado, e chame a atenção sobre isso. Seus amigos vão todos ficar felizes
em te ver. Penso em ir, eu mesmo, ao campo por volta de maio.
Lamento que eu não tenha conseguido enviar os livros mais cedo. Deixei
quatro para você, e não coloco qualquer restrição em como você segue
minhas instruções na distribuição. Você deve usar seu próprio critério.
Estenda meus cumprimentos à Sra. Boswell: Suponho que ela agora está
apenas começando a me perdoar. Eu fico, Senhor, seu humilde servo,
25 de fevereiro de 1775.
SAM. JOHNSON.”

Na terça-feira, 21 de março, cheguei a Londres; e indo à casa do Dr.


Johnson antes do jantar, encontrei-o em seu estúdio, sentado com o Sr. Peter
Garrick, o irmão mais velho de David, fortemente parecido com ele no
rosto e voz, mas de maneiras mais calmas e tranquilas. Johnson informou-
me que ‘embora o Sr. Beauclerk estivesse com muita dor, esperava-se que
ele não estivesse em perigo, e que agora ele queria consultar o Dr. Heberden
para tentar conseguir uma segunda opinião.’ Tanto nesta entrevista, e à
noite na casa do Sr. Thrale, onde ele, o Sr. Peter Garrick e eu nos
encontramos de novo, ele foi veemente sobre o tema da controvérsia
Ossian, observando que ‘Nós não sabemos se há qualquer manuscrito Erse
antigo; e não temos nenhuma outra razão para deixar de acreditar que
existem homens com três cabeças, mas que não sabemos se existem tais
homens.’ Ele também foi ultrajante, em sua suposição de que meus
compatriotas ‘amavam a Escócia melhor do que a verdade’, dizendo:
‘Todos eles, - ou melhor nem todos, - mas a maioria deles, viria e atestaria
qualquer coisa pela honra da Escócia.’ Ele também perseverou em sua
selvagem alegação de que ele questionava se havia uma árvore entre
Edimburgo e a fronteira inglesa mais velha do que ele. Assegurei-lhe que
ele estava enganado, e sugeri que a punição adequada seria ele receber uma
faixa para cada árvore acima de cem anos de idade, que fosse encontrada
dentro daquele espaço. Ele riu e disse: ‘Acho que eu devo me submeter a
isso por um baubee!’[177]
As dúvidas que, na minha correspondência com ele, eu tinha arriscado
afirmar quanto à justiça e sabedoria da condução da Grã-Bretanha em
relação às colônias americanas, enquanto ao mesmo tempo pedia que ele
permitisse me informar sobre esse assunto importante, que ele tinha
completamente desconsiderado; e publicara recentemente um panfleto,
intitulado Taxation no Tyranny; an answer to the Resolutions and Address
of the American Congress (Tributação, não tirania; uma resposta às
Resoluções e Discursos do Congresso americano).
Ele tinha muito antes alimentado sentimentos mais desfavoráveis aos
nossos súditos na América. Pois, já em 1769, foi-me dito pelo Dr. John
Campbell, que ele dissera deles, ‘Senhor, eles são uma raça de condenados,
e deveriam ser gratos por qualquer coisa que lhes permita escapar da forca.’
Desse desempenho evitei falar com ele; pois eu tinha agora formado uma
opinião clara e constante de que os povos da América estavam bem
justificados ao resistir a uma alegação de que seus companheiros súditos na
pátria-mãe deveriam ter todo o comando de seus destinos, tributando-os
sem o seu próprio consentimento; e a extrema violência que isso gerou,
pareceu-me tão inadequada para a suavidade de um filósofo cristão, e tão
diretamente oposta aos princípios da paz, que ele tão bem recomendara no
seu panfleto respeitando as Ilhas de Falkland, que eu estava triste em vê-lo
aparecer sob uma luz tão desfavorável. Além disso, eu não podia perceber
nele aquela capacidade de argumentação, ou aquela felicidade de expressão,
pela qual ele fora, em outras ocasiões, tão eminente. Afirmação positiva,
gravidade sarcástica e ridículo extravagante, que ele mesmo reprovava
como um teste da verdade, se uniram nesta rapsódia.
Que este panfleto foi escrito diante do desejo dos que estavam então no
poder, eu não tenho nenhuma dúvida; e, de fato, eu tinha para mim, que
tinha sido revisado e reduzido por alguns deles. Ele me disse que eles
tinham descoberto uma passagem, que era para esta finalidade: - ‘Que os
Colonistas poderiam sem solidez argumentar que por não terem sido
tributados na sua infância, eles não deveriam ser tributados agora. Nós não
colocamos um bezerro para arar; nós esperamos até que ele seja um boi.’
Ele disse: ‘Eles o atacaram criticamente ou como demasiado ridículo, ou
politicamente como irritante demais. Eu não me importo qual. Era o
negócio deles. Se um arquiteto diz, construirei cinco andares, e o homem
que o emprega diz, vou querer apenas três, o empregador é quem decide.’
‘Sim, senhor, (disse eu) em casos normais. Mas deveria ser assim, quando o
arquiteto dá a sua habilidade e trabalho grátis?’
Desfavorável como eu sou obrigado a dizer que era a minha opinião
sobre este panfleto, contudo, uma vez que era compatível com os
sentimentos de muitos, naquela época, e como tudo relativo aos escritos de
Dr. Johnson é importante na história da literatura, inserirei algumas
passagens que foram riscadas dele, onde não aparece por que, se por ele
próprio ou por quem os revisou. Elas aparecem impressas em algumas
folhas de prova em minha posse, marcadas com correções em sua própria
caligrafia. Vou distingui-las com itálico.
No parágrafo em que ele diz que os americanos foram incitados a
resistência pelo entendimento europeu de ‘Homens a quem eles
consideravam seus amigos, mas que eram amigos somente de si mesmos’,
seguiu-se, - ‘e transformados por seu egoísmo, em inimigos de seu país.’
E o próximo parágrafo seguia assim: - ‘Sobre os conjurados originais do
mal, e não sobre aqueles a quem eles enganaram, deixe uma nação
insultada derramar sua vingança.’
O parágrafo que veio em seguida estava nestas palavras: - ‘Infeliz é o
país em que os homens podem esperar avanços, favorecendo os seus
inimigos. A tranquilidade de governo estável nem sempre é facilmente
preservada contra as maquinações de inovadores singulares; mas qual pode
ser a esperança de tranquilidade, quando facções hostis ao poder legislativo
podem ser formadas de forma aberta e abertamente confessadas?’
Após o parágrafo que agora conclui o panfleto, seguia-se este, em que
ele, certamente, significa o grande Conde de Chatham, e olha para um certo
Lord Chancellor popular. ([178])
‘Se, pela fortuna da guerra, eles nos afastam totalmente, o que eles farão
a seguir só pode ser conjecturado. Se uma nova monarquia é erguida, eles
quererão um REI. Aquele que primeiro tomar em sua mão o cetro da
América, deveria ter um nome de bom presságio. WILLIAM foi conhecido
tanto como conquistador quanto libertador; e talvez a Inglaterra, embora
desprezada, possa ainda fornecer-lhes OUTRO WILLIAM. Whigs, de fato,
não estão dispostos a serem governados; e é possível que o REI WILLIAM
possa estar fortemente inclinado a orientar suas medidas: mas os Whigs
foram enganados como os outros mortais, e viram seu líder tornar-se seu
tirano, sob o nome de seu PROTETOR. O que mais eles receberão da
Inglaterra, ninguém pode dizer. Em seus rudimentos de império eles podem
querer um CHANCELER.’
Então veio este parágrafo: -
‘Seus números são, no momento, bastante insuficientes para a grandeza
que, de alguma forma de governo ou de outra, deve rivalizar as monarquias
antigas; mas pela regra da progressão do Dr. Franklin, eles, em um século e
um quarto, serão mais do que iguais aos habitantes da Europa. Quando os
Whigs da América estiverem assim multiplicados, deixe os Príncipes da
terra tremer em seus palácios. Se eles continuarem a dobrar e a dobrar, seu
próprio hemisfério não os conteria. Mas, não deixemos que nossos mais
ousados oponentes de autoridade fiquem ansiosos com prazer por este
futuro do Whiggismo.’
Como isso acabava eu não sei, pois foi cortado abruptamente ao pé da
última dessas páginas de prova.
Seus panfletos em apoio às medidas de administração foram publicados
por sua própria conta, e ele depois os reuniu em um volume, com o título de
Political Tracts (Tratados Políticos), pelo autor do The Rambler, com este
lema: -
‘Fallitur egregio quisquis sub Principe credit
servitium; nunquam libertas gratior extat
Quam sub Rege pio.’ [179]
Claudianus.
Esses panfletos atraíram sobre ele numerosos ataques. Contra as armas
comuns de guerra literária ele estava calejado; mas houve dois casos de
censura que eu comuniquei a ele, e pelo que pude julgar, tanto por seu
silêncio quanto por sua aparência, pareceram-me impressioná-lo muito.
Um deles foi A Letter to Dr. Samuel Johnson occasioned by his late
political publications[180]. Ela aparecera antes de seu Taxation no Tyranny e
fora escrita pelo Dr. Joseph Towers. Nesse trabalho o Dr. Johnson era
tratado com o respeito devido a tão eminente homem, enquanto sua conduta
como um escritor político era corajosa e incisivamente denunciada como
incompatível com o caráter de alguém que, se este empregasse sua caneta
sobre política, ‘Poder-se-ia razoavelmente esperar que ele devesse
distinguir-se, não pelo partido da violência e rancor, mas pela moderação e
pela sabedoria.’
Ele concluía assim: - ‘Eu gostaria, no entanto, de lembrar, caso você
novamente venha a dirigir-se ao público sob o caráter de um escritor
político, que a exuberância da imaginação ou a energia da linguagem mal
compensarão a falta de sinceridade, de justiça e de verdade. E eu só
acrescentaria que se eu a partir de agora estiver disposto a ler, como eu
tenho feito até aqui, o mais excelente de todos os seus trabalhos, The
Rambler, o prazer com que tenho sido acostumados a encontrar nele será
muito diminuído pela reflexão de que o escritor de um trabalho tão moral,
tão elegante e tão valioso, foi capaz de prostituir seus talentos em produções
como The False Alarm (O Alarme Falso), Thoughts on the Transactions
Respecting Falkland's Islandes (Pensamentos sobre as Transações
envolvendo as Ilhas Malvinas), e The Patriot (O Patriota). ’
Eu estou disposto a fazer justiça ao mérito do Dr. Towers, de quem eu
diria que, embora eu abomine suas noções e propensões democráticas
Whiggishes, (porque eu não vou chamá-los de princípios), eu o estimo
como um homem engenhoso, educado e muito alegre.
O outro exemplo foi um parágrafo de uma carta enviada a mim, do meu
velho e muito íntimo amigo, o Reverendo Sr. Temple, que escreveu a
personagem Gray, que teve a honra de ser adotada tanto pelo Sr. Mason
quanto pelo Dr. Johnson em suas narrativas daquele poeta. As palavras
foram: - ‘Como pode o seu grande amigo, eu não diria piedoso, mas moral,
apoiar as medidas bárbaras de administração, que não têm a cara de pedir
que até mesmo ao seu pensionista infiel Hume defenda.’
Embora confiante da retidão de sua própria mente, Johnson pode ter
sentido um mal-estar sincero de que sua conduta fosse erroneamente
imputada a motivos fúteis por homens de bem; e que a influência de seus
escritos valiosos fosse em alguma medida obstruída ou diminuída por conta
disso.
Ele queixou-se a um Honrado Amigo ([181]) de talentos distintos e
maneiras muito elegantes, com quem ele manteve uma longa intimidade, e
cuja generosidade com ele aparecerá mais tarde, que a sua pensão lhe tendo
sido dada como uma personagem literária, ele havia sido aplicado pela
administração para escrever panfletos políticos; e ele estava ainda tão
irritado, que declarou sua resolução de renunciar à sua pensão. Seu amigo
lhe mostrou a impropriedade de tal medida, e ele mais tarde expressou sua
gratidão, e disse que tinha recebido um bom conselho. Para esse amigo, ele
certa vez comunicou um desejo de ter a sua pensão garantida a ele
vitaliciamente; mas ele nem pediu nem recebeu do governo qualquer
recompensa por seus trabalhos políticos.
Na sexta-feira, dia 24, eu o encontrei no CLUBE LITERÁRIO, onde
estavam o Sr. Beauclerk, o Sr. Langton, o Sr. Colman, o Dr. Percy, o Sr.
Vesey, Sir Charles Bunbury, o Dr. George Fordyce, o Sr. Steevens e o Sr.
Charles Fox. Antes que ele entrasse, falamos de seu Journey to the Western
Islands (Viagem às ilhas ocidentais), e de sua volta de lá ‘disposto a
acreditar na segunda visão’, ([182]) que parecia despertar algum ridículo. Eu
estava então tão impressionado com a verdade de muitas das histórias dele
que me haviam sido contadas, que eu confesso a minha convicção, dizendo:
‘Ele só está disposto a acreditar: eu acredito. A evidência é suficiente para
mim, mas não para a sua grande mente. O que não encherá uma garrafa de
um litro encherá uma garrafa de meio litro. Estou cheio de crença.’ ‘Você
está? (disse Colman), então coloque uma rolha.’
Eu achei o seu Journey o tópico comum de conversa em Londres nesta
época, onde quer que eu estivesse. Em uma das conversas formais de
domingo à noite de Lord Mansfield, estranhamente chamadas Levées, sua
Senhoria dirigiu-se a mim, ‘Todos nós temos estado lendo sobre suas
viagens, Sr. Boswell’. Eu respondi: ‘Eu fui apenas um humilde assistente do
Dr. Johnson.’ O Presidente da Corte Suprema respondeu, com aquele ar e
maneira que ninguém, que já o tenha visto e ouvido, pode esquecer, ‘Ele
não fala mal de ninguém, a não ser de Ossian.’
Johnson estava de bom humor esta noite no clube, e falou com grande
animação e sucesso. Ele atacou Swift, como costumava fazer em todas as
ocasiões. O Tale of a Tub (História de uma Banheira) é tão superior a seus
outros escritos, que dificilmente se pode acreditar que ele foi o seu autor
([183]). ‘Há nela um tal vigor da mente, um tal enxame de pensamentos, tanta
natureza, arte e vida.’ Eu me espantava ao ouvi-lo falar sobre As Viagens de
Gulliver, ‘Uma vez que você tenha pensado em homens grandes e pequenos
homens, é muito fácil fazer todo o resto.’ Eu me esforçava para assumir
uma posição em favor de Swift, e tentei despertar aqueles que eram muito
mais capazes de defendê-lo; mas em vão. Johnson, finalmente, por sua
própria vontade, admitiu mérito muito grande ao inventário de artigos
encontrados nos bolsos do Mountain Man (Homem da Montanha),
particularmente a descrição do seu relógio, que se conjecturou era seu Deus,
pois ele o consultava em todas as ocasiões. Ele observou, que ‘Swift
colocou seu nome em apenas duas coisas, (depois que ele teve um nome
para colocar,) o The Plan for the Improvement of the English Language
(Plano para a Melhoria da Língua Inglesa), e a última Carta de Drapier. ‘
De Swift, houve uma transição fácil para o Sr. Thomas Sheridan. –
JOHNSON. “Sheridan é um admirador maravilhoso da tragédia de
Douglas, e presenteou seu autor com uma medalha de ouro. Há alguns anos,
em um café em Oxford, eu o interpelei, ‘Sr. Sheridan, Sr. Sheridan, como
você veio a dar uma medalha de ouro a Home, por escrever aquela peça
tola?’ Esta, você vê, era frívola e insolente; mas eu quis ser frívolo e
insolente. Uma medalha não tem valor, a não ser como um selo de mérito. E
Sheridan deveria presumir para si o direito de dar aquele selo? Se Sheridan
era magnífico o suficiente para conceder uma medalha de ouro como
recompensa honorária de excelência dramática, ele deveria ter solicitado a
uma das Universidades que escolhesse a pessoa a quem ele devia ser
conferido. Sheridan não tinha o direito de dar um selo de mérito: estava
falsificando a moeda de Apolo.”
Na segunda-feira, 27 de março, tomei o café da manhã com ele na casa
do Sr. Strahan. Ele nos disse que tinha um compromisso de ir naquela noite
a uma beneficência na casa da Sra. Abington. ‘Ela estava visitando algumas
senhoras que eu estava visitando, e pediu que eu viesse à sua beneficência.
Eu lhe disse que não podia ouvir, mas ela insistiu tanto na minha vinda, que
teria sido brutal recusar-lhe.’ Este foi um discurso bastante característico.
Ele adorava apresentar o fato de ter estado nos círculos divertidos da vida; e
ele era, talvez, um pouco vaidoso das solicitações dessa atriz elegante e na
moda. Ele nos disse que a peça deveria ser The Hypocrite (O hipócrita),
alteradas da Nonjuror de Cibber, para satirizar os metodistas. ‘Eu não
considero (disse ele) a personagem de The Hypocrite justamente aplicável
aos metodistas, mas ela era muito aplicável aos Nonjurors.[184] Eu disse uma
vez ao Dr. Madan, um clérigo da Irlanda, que era um grande Whig, que
talvez um Nonjuror teria sido menos criminoso fazendo os juramentos
impostos pelo poder dominante do que os recusando; porque ao recusá-los,
necessariamente, colocava-se sob uma tentação quase irresistível de ser
mais criminoso; pois, um homem precisa viver, e se ele impede a si mesmo
o apoio fornecido pelo Establishment, provavelmente será reduzido a
mudanças muito más para se manter.’ ([185]) BOSWELL. “Eu acharia,
Senhor, que um homem que fez os juramentos contrariando seus princípios,
era um homem mau determinado, porque ele tinha certeza de que estava
cometendo perjúrio; ao passo que um Nonjuror pode ser insensivelmente
levado a fazer o que era errado, sem ser tão diretamente consciente disso.”
JOHNSON. “Ora, Senhor, um homem que vai para a cama com a esposa de
seu patrono está quase certo de que está cometendo maldade.” BOSWELL.
“Os clérigos Nonjuring fazem isso, Senhor?” JOHNSON. “Receio que
muitos deles o fizeram.”
Eu estava assustado com o seu argumento, e não podia, de modo algum
achar que era convincente. Não tinha o seu próprio pai cumprido a
requisição do governo, (quanto ao que ele observou certa vez a mim,
quando o pressionei sobre isso, “Isso, senhor, ele iria acertar consigo
mesmo”), ele provavelmente teria pensado mais desfavoravelmente de um
Jacobita que fez o juramento:
“- se ele não se parecesse com
meu pai quando jurou. -”
O Sr. Strahan falou de se lançar no grande oceano de Londres, a fim de
ter uma chance de subir em eminência; e, observando que muitos homens
foram impedidos de tentar a sorte ali, porque nasceram para uma
determinada competência, disse: ‘Pequenas certezas são a perdição dos
homens de talentos’; que Johnson confirmou. O Sr. Strahan lembrou
Johnson de um comentário que tinha feito a ele; ‘Existem poucas maneiras
em que um homem pode ser mais inocentemente empregado do que em
ganhar dinheiro.’ ‘Quanto mais se pensa nisso, (disse Strahan,) mais justo
parecerá.’
O Sr. Strahan havia tomado um menino pobre ([186]) do campo na
condição de aprendiz, atendendo a uma recomendação de Johnson. Johnson
perguntou por ele e disse: “Sr. Strahan, assim que tiver cinco guinéus em
conta, darei um a este menino. Ou melhor, se um homem recomenda um
menino, e nada faz por ele, é um trabalho mal feito. Peça-lhe que desça.”
Eu o segui para dentro do pátio, atrás da casa do Sr. Strahan; e lá eu tive
uma prova de que eu o ouvira professar, de que ele falava igualmente a
todos. “Algumas pessoas (disse ele) dizem que eles descem até a
capacidade dos seus ouvintes. Eu nunca faria isso. Eu falo de maneira
uniforme, da forma mais inteligível que puder.”
“Bem, meu filho, como está indo?” – “Muito bem, senhor; mas eles têm
medo que eu não seja forte o suficiente para algumas partes do negócio.”
JOHNSON “Ora, eu lamentarei muito isso; pois quando você considera
com quão pouco poder mental e trabalho corporal um impressor pode
ganhar um guinéu por semana, é uma ocupação muito desejável para você.
Escute, - faça todo o esforço que puder; e se isso não for suficiente,
precisamos pensar em alguma outra forma de vida para você. Aqui está um
guinéu.”
Eis um dos muitos, muitos exemplos de sua benevolência ativa. Ao
mesmo tempo, a solenidade lenta e sonora com o qual ele, enquanto se
inclinava para baixo, se dirigia a um menino de pernas curtas e grossas, em
contraste com o temor e estupidez do garoto, não podia deixar de excitar
algumas emoções ridículas.
Eu o encontrei no teatro de Drury-lane à noite. Sir Joshua Reynolds, a
pedido da Sra. Abington, tinha prometido trazer um corpo de sábios ao seu
evento de beneficência, e tinha reservado quarenta lugares nos camarotes da
frente e tinha feito a honra de me colocar no grupo. Johnson sentou-se na
poltrona diretamente atrás de mim; e como ele não podia ver nem ouvir a
tal distância do palco, ele estava envolto em grave abstração que se parecia
bastante com uma nuvem, em meio a toda a luz do sol de brilho e alegria.
Fiquei imaginando a sua paciência em assistir uma peça de cinco atos e uma
farsa de dois. Ele falou muito pouco; mas depois que o prólogo de Bon Ton
tinha sido declamado, que ele conseguiu ouvir muito bem devido ao
enunciado mais lento e distinto, ele falou da redação de prólogos, e
observou, ‘Dryden escreveu prólogos superiores a qualquer um que David
Garrick tenha escrito; mas David Garrick escreveu mais bons prólogos do
que Dryden. É maravilhoso que ele tenha sido capaz de escrever uma tal
variedade deles.’
Na casa do Sr. Beauclerk, onde jantei, estava o Sr. Garrick, a quem fiz
feliz com o elogio de Johnson aos seus prólogos; e suponho que, em
gratidão a ele, tomou um de seus tópicos favoritos, o nacionalismo dos
escoceses, que ele sustentou em sua forma agradável, com a ajuda de um
pouco de ficção poética. “Venha, venha, não negue isso: eles são realmente
nacionalistas. Ora, agora, os Adams são homens de mente liberal como
qualquer outro no mundo, mas, eu não sei como ele é, todos os seus
empregados são escoceses. Você é, com certeza, maravilhosamente livre
daquele nacionalismo, mas acontece que você emprega único engraxate
escocês em Londres.” Ele imitou a maneira de seu antigo mestre com
exagero ridículo; repetindo, com pausas e meios-assobios interrompidos,
“Os homini sublime dedit, - cælumque tueri
Jussit, - et erectos ad sidera - tollere vultus;” [187]
olhando para baixo o tempo todo, e, ao mesmo tempo em que
pronunciava as quatro últimas palavras, absolutamente tocando o chão com
uma espécie de gesticulação contorcida.
Garrick, no entanto, quando queria, podia imitar Johnson muito
exatamente; pois esse grande ator, com seus poderes distintos de expressão
tão universalmente admirados, possuía também um talento mímico
admirável. Ele sempre foi ciumento que Johnson falasse levianamente dele.
Lembro-me de ele exibir isso um dia, como se dissesse: ‘Davy tem alguma
brincadeira sociável com ele, mas é um sujeito fútil;’ que ele proferiu
perfeitamente com o tom e a expressão de Johnson.
Eu não posso pedir muito frequentemente aos meus leitores, enquanto
eles leem meu relato da conversa de Johnson, que se esforcem para manter
em suas mentes seu enunciado deliberado e forte. Seu modo de falar era de
fato muito impressionante; ([188]) e eu desejo que ele pudesse ser preservado
como a música é escrita, de acordo com o método muito engenhoso do Sr.
Steele, ([189]) que mostrou como a recitação do Sr. Garrick e de outros
oradores eminentes, podia ser transmitida para a posteridade na pauta. ([190])
No dia seguinte, jantei com o Sr. Johnson na casa do Sr. Thrale. Ele
atacou Gray, chamando-o de ‘sujeito maçante.’ BOSWELL. “Eu entendo
que ele era reservado, e podia parecer maçante quando em grupo; mas
certamente ele não era maçante em poesia.” JOHNSON. “Senhor, ele era
maçante quando em grupo, sem graça em seu armário e sem brilho em
todos os lugares. Ele era maçante de uma nova maneira, e isso fez com que
muitas pessoas o considerassem EXCELENTE. Ele era um poeta
mecânico.” Em seguida, ele repetiu algumas linhas ridículas que escaparam
da minha memória, e disse, “Isso não é ÓTIMO, como suas Odes?” A Sra.
Thrale sustentava que suas Odes eram melodiosas; momento em que ele
exclamou:
‘Tecer a urdidura, e tecer a trama;’
eu acrescentei, em tom solene,
‘A mortalha da raça de Edward.’
‘Este é um bom verso.’ ‘Sim, (disse ele) e a próxima linha é boa,
‘(pronunciando-a com desdém;)
‘Daí ampla beira e espaço suficiente.’
“Não, senhor, há apenas duas boas estrofes da poesia de Gray, que estão
em sua Elegy in a Country Church-yard (Elegia em um Cemitério no
Campo).” Ele então repetiu a estrofe,
‘Para quem ao esquecimento mudo é presa,’ etc.
errando uma palavra; pois em vez de recintos ele disse confins. E ele
acrescentou: ‘A outra estrofe eu esqueço.’
Uma jovem que havia se casado com um homem ([191]) muito inferior a
ela sendo mencionada, uma questão surgiu de como aqueles relacionados à
mulher devem se comportar com ela em tal situação; e, embora eu
recapitule o debate, e me lembre do que aconteceu desde então, não posso
deixar de ser afetado de uma forma que a delicadeza me proíbe de
expressar. Enquanto eu sustentava que ela deveria ser tratada com uma
firmeza inflexível de desagrado, a Sra. Thrale era totalmente a favor de
mansidão e de perdão, e, de acordo com a frase vulgar, ‘tirando o melhor de
um mau negócio.’ JOHNSON. “Senhora, devemos distinguir. Se eu fosse
um homem de posição, eu não deixaria uma filha morrer de fome que
tivesse feito um casamento ruim; mas, tendo-se degradado voluntariamente
do status que ela foi originalmente tinha, eu a apoiaria apenas no que ela
mesma tivesse escolhido; e não a colocaria no mesmo nível que minhas
outras filhas. Você deve considerar, Senhora, que é o nosso dever manter a
subordinação da sociedade civilizada; e quando há um desvio grosseiro e
vergonhoso de posição, ele deve ser punido de forma a dissuadir os outros
da mesma perversão.”
Depois de frequentemente considerar este assunto, estou cada vez mais
certo do que eu então quis expressar, e que foi sancionado pela autoridade, e
ilustrado pela sabedoria de Johnson; e eu acho que é da maior importância
para a felicidade da sociedade, para a qual a subordinação é absolutamente
necessária. É fraco, desprezível e indigno em um pai relaxar em tal caso. É
sacrificar a vantagem geral aos sentimentos privados. E que seja
considerado, que o pedido de uma filha que assim agiu de ser restaurada à
sua antiga situação é fantástico ou injusto.
Se não há valor na distinção de posição social, o que ela sofre ao ser
mantida na situação para a qual ela desceu? Se há um valor naquela
distinção, ele deve ser mantido constante. Se indulgência for mostrada com
tal conduta, e os ofensores sabem que em um prazo maior ou menor, eles
serão recebidos, como se eles não tivessem contaminado seu sangue por
uma aliança vil, a grande restrição ao capricho excessivo que os
casamentos, geralmente, ocasionam será removida, e a ordem justa e
confortável de vida melhorada será miseravelmente perturbada.
As Cartas de Lord Chesterfield sendo mencionadas, Johnson disse: “Não
era de se admirar que elas tivessem uma venda tão grande, considerando-se
que eram as cartas de um estadista, um sábio, alguém que tinha estado tanto
na boca da humanidade, alguém há muito tempo acostumado virûm volitare
por ora.”
Na Sexta-feira, 31 de março, jantei com ele e alguns amigos em uma
taverna. Um dos convivas ([192]) tentou, diretamente demais, zombar dele
por sua última aparição no teatro; mas teve motivos para se arrepender de
sua temeridade. “Ora, Senhor, você foi ao evento beneficente da Sra.
Abington? Você viu?” JOHNSON. “Não, Senhor.” “Você ouviu?”
JOHNSON. “Não, Senhor.” “Por que, então, Senhor, você foi?”
JOHNSON. “Porque, Senhor, ela é uma das favoritas do público; e quando
o público se importa a milésima parte com você do que ele se importa com
ela, eu irei ao seu evento de beneficência também.”
Na manhã seguinte, ganhei uma pequena aposta de Lady Diana
Beauclerk, perguntando-lhe por uma de suas particularidades, que Sua
Senhoria disse que eu não ousaria fazer. Parece que ele tinha sido
frequentemente observado no Clube a colocar no bolso as laranjas Seville,
depois de ter espremido o suco delas na bebida que ele fazia para si.
Beauclerk e Garrick falaram disso a mim, e pareciam pensar que ele tinha
uma vontade estranha de não ser descoberto. Nós não poderíamos adivinhar
o que ele fazia com elas; e esta era a pergunta ousada a ser feita. Eu vi sobre
sua mesa os restos da noite anterior, algumas cascas frescas bem raspadas e
cortadas em pedaços. “Ah, Senhor, (eu disse) agora vejo em parte, o que
você faz com as laranjas espremidas que você coloca em seu bolso no
Clube.” JOHNSON. “Eu tenho um grande amor por elas.” BOSWELL. “E
diga-me, Senhor, o que você faz com elas? Você as raspa, ao que parece,
muito ordenadamente, e que vem depois?” JOHNSON. “Eu as deixo secar,
Senhor.” BOSWELL. “E o que vem depois?” JOHNSON. “Não, Senhor,
você não saberá o destino delas.” BOSWELL. “Então, o mundo deve ser
deixado no escuro. Deve ser dito (assumindo uma solenidade simulada), ele
as raspou e as deixou secar, mas o que ele fez com elas a seguir, ele nunca
poderia ser forçado a dizer.” JOHNSON. “Não, senhor, você deve dizê-lo
com mais ênfase: - ele não poderia ser forçado, até mesmo por seus amigos
mais queridos a contar.”
Ele tinha esta manhã recebido o seu Diploma de Doutor em Direito pela
Universidade de Oxford. Ele não se vangloriou de sua nova dignidade, mas
eu entendi que ele estava muito satisfeito com ela. Eu aqui inserirei o
andamento e a conclusão daquela alta honra acadêmica, da mesma forma
como eu tracei sua obtenção do grau de Mestre em Artes.

Ao Reverendo Dr. FOTHERGILL, Vice-chanceler da Universidade de


Oxford, a ser comunicado aos Diretores das Casas, e proposto em
Convocação.
“Sr. Vice-Chanceler e Senhores,
A honra do grau de M. A. por diploma, anteriormente conferido ao Sr.
Samuel Johnson, em consequência de ele ter-se eminentemente distinguido
pela publicação de uma série de Ensaios, excelentemente calculados para
formar os costumes do povo, e onde a causa da religião e da moralidade foi
mantida e recomendada pelos poderes mais fortes de argumentação e
elegância da linguagem, refletidos em um grau igual de brilho para a
própria Universidade.
Os muitos trabalhos eruditos que desde então têm empregado a atenção e
exibido as habilidades deste grande homem, tanto para o avanço da
literatura quanto em benefício da comunidade, o tornam digno de honras
mais ilustres na República das letras, e eu me convenço de que eu agirei
agradavelmente aos sentimentos de toda a Universidade, ao desejar que lhe
possa ser proposto em Convocação conferir-lhe o grau de Doutor em
Direito Civil por diploma, ao qual eu prontamente dou meu consentimento;
e eu fico, Sr. Vice-Chanceler e Senhores, o seu amigo carinhoso e servo,
Downing-street, 23 de março de 1775.
NORTH.” ([193])

Diploma.

“Cancellarius, Magistri, et Scholares Universitatis Oxoniensis omnibus


ad quos proesentes Literæ pervenerint, Salutem in Domino Sempiternam.

Sciatis, virum illustrem, Samuelem Johnson, in omni humaniorum


literarum genere eruditum, omniumque scientiarum comprehensione
felicissimum, scriptis suis, ad popularium mores formandos summâ
verborum elegantiâ ac sententiarum gravitate compositis, ita olim
inclaruisse, ut dignus videretur cui ab Academiâ suâ eximia quædam laudis
præmia deferentur [deferrentur] quique in venerabilem Magistrorum
Ordinem summâ cum dignitate cooptaretur:

Cùm verò eundem clarissimum virum tot posteà tantique labores, in


patriâ præsertim linguâ ornandâ et stabiliendâ feliciter impensi, ita
insigniverint, ut in Literarum Republicâ PRINCEPS jam et PRIMARIUS
jure habeatur; Nos CANCELLARIUS, Magistri, et Scholares Universitatis
Oxoniensis, quò talis viri merita pari honoris remuneratione exæquentur, et
perpetuum suæ simul laudis, nostræque ergà literas propensissimæ
voluntatis extet monumentum, in solenni Convocatione Doctorum et
Magistrorum Regentium, et non Regentium, prædictum SAMUELEM
JOHNSON Doctorem in Jure Civili renunciavimus et constituimus, eumque
virtute præsentis Diplomatis singulis juribus, privilegiis et honoribus, ad
istum gradum quàquà pertinentibus, frui et gaudere jussimus. In cujus rei
testimonium commune Universitatis Oxoniensis sigillum præsentibus
apponi fecimus.

Datum in Domo nostræ Convocationis die tricesimo Mensis Martii,


Anno Domini Millesimo septingentesimo, septuagesimo quinto.” ([194])
“Viro Reverendo Thomæ Fothergill, S. T. P. Universitatis Oxoniensis
Vice-Cancellario.
S. P. D.
SAM. JOHNSON.

Multis non est opus, ut testimonium quo, te præside, Oxonienses nomen


meum posteris commendârunt, quali animo acceperim compertum faciam.
Nemo sibi placens non lætatur; nemo sibi non placet, qui vobis, literarum
arbitris, placere potuit. Hoc tamen habet incommodi tantum beneficium,
quod mihi nunquam posthâc sine vestræ famæ detrimento vel labi liceat vel
cessare; semperque sit timendum, ne quod mihi tam eximiæ laudi est, vobis
aliquando fiat opprobrio. Vale. ([195])
7 Id. Abr., 1775.”
Ele revisou algumas páginas dos Annals of Scotland de Lord Hailes, e
escreveu algumas notas sobre a margem com tinta vermelha, que ele me
mandou dizer a sua Senhoria que não penetrou no papel, e que podia ser
limpa com uma esponja molhada, de modo a não estragar seu manuscrito.
Observei-lhe que havia muito poucos dos seus amigos tão precisos que eu
poderia me aventurar a colocar por escrito o que eles me disseram como
sendo suas palavras. JOHNSON. “Por que você deveria anotar as minhas
palavras?” BOSWELL. “Eu as escrevo quando elas são boas.” JOHNSON.
“Não, você também deve escrever as palavras de qualquer outra pessoa que
sejam boas.” Mas onde, eu poderia com grande propriedade ter
acrescentado, posso encontrar tal coisa?
Eu o visitei com hora marcada à noite, e bebemos chá com a Sra.
Williams.
Ele me disse que ele tinha estado em companhia de um cavalheiro ([196])
cujas viagens extraordinárias tinham sido muito o assunto da conversa. Mas
eu achei que ele não o tinha escutado com plena confiança, sem o que, há
pouca satisfação na companhia de viajantes. Eu estava curioso para ouvir
que opinião um juiz tão capaz quanto Johnson tinha formado de suas
habilidades, e eu perguntei se ele não era um homem de bom senso.
JOHNSON. “Ora, Senhor, ele não é um narrador distinto; e devo dizer, ele
não é nem abundante nem deficiente em bom senso. Eu não percebi
qualquer superioridade de entendimento.” BOSWELL. “Mas você não lhe
permitirá uma nobreza de resolução, em penetrar em regiões distantes?”
JOHNSON. “Isso, senhor, não é o propósito atual. Estamos falando de seu
bom senso. Um galo de briga tem uma nobreza de resolução.”
No dia seguinte, Domingo, 2 de abril, jantei com ele no restaurante do
Sr. Hoole.
Falamos sobre Pope. JOHNSON. “Ele escreveu seu Dunciad para a
fama. Este era a seu principal motivo. Se não fosse por isso, os burros
poderiam ter blasfemado contra ele até se cansar, sem que ele se
preocupasse com eles. Ele se encantava em envergonhá-los, sem dúvida;
mas ele tinha mais prazer em ver o quão bem ele podia envergonhá-los.”
As Odes to Obscurity and Oblivion (Odes à Obscuridade e
Esquecimento), no ridículo de ‘esfriar Mason e esquentar Gray’ sendo
mencionadas, Johnson disse: ‘Elas são as melhores coisas de Colman.’ Em
sendo observado que se acreditava terem estas Odes sido feitas por Colman
e Lloyd em conjunto; - JOHNSON. “Não, Senhor, como podem duas
pessoas fazer uma Ode? Talvez um tenha feito uma delas, e um a outra.” Eu
observei que duas pessoas haviam feito uma peça de teatro, e citei a anedota
de Beaumont e Fletcher, que foram colocados sob suspeita de traição,
porque, enquanto concebiam o plano de uma tragédia quando sentados
juntos em uma taverna, um deles foi ouvido dizendo ao outro, ‘Eu vou
matar o Rei.’” JOHNSON. “A primeira destas Odes é a melhor, mas ambas
são boas. Elas expuseram um péssimo tipo de escrita.” BOSWELL.
“Certamente, Senhor, o Elfrida do Sr. Mason é um belo poema: pelo menos
você vai admitir que existem algumas boas passagens nele.” JOHNSON.
“Existem aqui e ali algumas boas imitações do mau comportamento de
Milton.”
Muitas vezes me admirei com sua baixa estima pelos escritos de Gray e
Mason.
Da poesia de Gray, em uma antiga parte deste trabalho expressei minha
elevada opinião; e para a do Sr. Mason nutri uma calorosa admiração. Seu
Elfrida é requintado, tanto na descrição poética quanto no sentimento
moral; e seu Caractacus é um drama nobre. Nem posso deixar de prestar
meu tributo de louvor a alguns de seus poemas menores, que li com prazer,
e que nenhuma crítica me convencerá a não gostar. Se eu me admirava por
Johnson não saborear as obras de Mason e Gray, mais ainda eu me
admirava diante de ele não gostar das suas obras; que eles devem ser
insensíveis à sua energia de dicção, ao seu esplendor de imagens e
compreensão do pensamento. Gostos podem diferir quanto ao violino, a
flauta, o oboé, em suma todos os instrumentos menores, mas quem pode ser
insensível às impressões poderosas do órgão majestático?
Seu Taxation no Tyranny (Tributação, não tirania) sendo mencionado,
ele disse, “Eu acho que não fui suficientemente atacado por isso. Ataque é a
reação; eu nunca acho que bati forte, a menos que ele ricocheteie.”
BOSWELL. “Eu não sei, senhor, a que está diante de você. Cinco ou seis
tiros de armas de pequeno porte em todos os jornais, e canhoneio repetido
em panfletos, deveriam, eu acho, satisfazê-lo. Mas, senhor, você nunca
vencerá este jogo de que temos falado, com uma certa dama política, ([197])
já que você é tão severo contra os princípios dela.” JOHNSON. “Não,
Senhor, eu tenho a melhor oportunidade para isso. Ela é como as Amazonas
de antanho; ela deve ser cortejada pela espada. Mas eu não fui severo com
ela.” BOSWELL. “Sim, senhor, você a ridicularizou.” JOHNSON. “Isso já
estava feito, Senhor. Esforçar-se para fazê-la ridícula é como enegrecer a
chaminé.”
Eu coloquei na cabeça que o senhorio em Ellon, na Escócia disse que ele
soube que ele era o maior homem na Inglaterra, - depois de Lord Mansfield.
“Sim, Senhor, (disse ele) a exceção definiu a ideia. Um escocês não poderia
ir mais longe:
‘A força da Natureza não podia ir mais longe.’”
A coleção de versos de Lady Miller por pessoas elegantes, que foram
colocadas em seu Vaso em Batheaston villa, perto de Bath, na competição
por prêmios honoríficos, sendo mencionada, ele fez pouco dela: ‘Desafios
rimados (disse ele) é um mero conceito, e um velho conceito hoje; eu me
pergunto como as pessoas foram persuadidas a escrever daquela maneira
para esta senhora.’ Eu nomeei um cavalheiro ([198]) seu conhecido, que
escreveu para o Vaso. JOHNSON. “Ele era um cabeça-dura por seus
esforços.” BOSWELL. “A Duquesa de Northumberland escreveu.”
JOHNSON. “Senhor, a Duquesa de Northumberland pode fazer o que ela
quiser: ninguém dirá nada a uma senhora de sua alta posição. Mas eu
deveria poder jogar versos na cara dele.”
Falei da animação de Fleet-street, devido à rápida sucessão constante de
pessoas que percebemos passando por ela. JOHNSON. “Ora, Senhor, Fleet-
street tem uma aparência muito animada; mas acho que a maré cheia de
existência humana está em Charing-cross.”
Ele fez a observação comum sobre a infelicidade que os homens que
levaram uma experiência de vida ocupada, quando se aposentam, na
expectativa de se divertir à vontade, geralmente definham por falta de sua
ocupação habitual, e gostariam de voltar a ela. Ele citou um exemplo disso
tão forte quanto pode bem ser imaginado. ‘Um eminente fabricante de velas
de sebo em Londres, que tinha adquirido uma considerável fortuna, desistiu
do comércio em favor de seu gerente, e foi viver em uma casa de campo
perto da cidade. Ele logo se cansou, e fazia visitas frequentes à sua antiga
loja, onde desejava que o informassem sobre seus dias de fusão, e que ele
viria para ajudá-los; que ele assim fez. Aqui, senhor, estava um homem,
para quem a parte mais repugnante no negócio ao qual ele estava
acostumado foi um alívio da ociosidade.’
Na quarta-feira, 5 de abril, jantei com ele no restaurante de Messieurs
Dilly, com o Sr. John Scott de Amwell, um Quaker; o Sr. Langton, o Sr.
Miller, (agora Sir John), e o Dr. Thomas Campbell, um clérigo irlandês, a
quem eu tomei a liberdade de convidar para a mesa do Sr. Dilly, o tendo
visto na casa do Sr. Thrale e sendo informado de que ele tinha vindo à
Inglaterra, principalmente com vistas a ver o Dr. Johnson, por quem ele
tinha a maior veneração. Desde então, ele publicou A Philosophical Survey
of the South of Ireland (Uma Pesquisa Filosófica do Sul da Irlanda), um
livro muito divertido, que tem, no entanto, uma falha; - ele assume a
personagem fictícia de um inglês.
Falamos sobre discursar em público. – JOHNSON. “Não devemos
estimar os poderes de um homem por ele ser capaz ou não de transmitir
seus sentimentos em público. Isaac Hawkins Browne, um dos primeiros
sábios deste país, entrou no Parlamento, e nunca abriu sua boca. De minha
parte, eu acho que é mais vergonhoso nunca tentar falar, do que tentar e
falhar; assim como é mais vergonhoso não lutar, que lutar e ser derrotado.”
Este argumento pareceu-me falacioso; porque, se alguém não falou, pode-se
dizer que ele teria feito muito bem se tivesse tentado; ao passo que, se ele
tentou e não conseguiu, não há nada mais a ser dito sobre ele. “Por que,
então, (perguntei), é considerado vergonhoso para um homem não lutar, e
não vergonhoso não falar em público?” JOHNSON. “Porque pode haver
outras razões para um homem não falar em público do que falta de
coragem: ele pode não ter nada a dizer, (rindo.) Ao passo que, Senhor, você
sabe que a coragem é reconhecida com a maior de todas as virtudes;
porque, a menos que um homem tenha aquela virtude, ele não tem
segurança para preservar qualquer outra.”
Ele observou, que ‘os estatutos contra a corrupção se destinavam a
impedir que novos ricos com dinheiro entrassem no Parlamento;’
acrescentando, que ‘se ele fosse um cavalheiro proprietário de terras,
expulsaria todos os seus inquilinos que não votassem no candidato que ele
apoiava.’ LANGTON. “Não seria isso, Senhor, estar censurando a liberdade
de eleição?” JOHNSON. “Senhor, a lei não significa que o privilégio de
votar deva ser independente do interesse de família antiga; da propriedade
permanente do país.”
Na quinta-feira, 6 de abril, jantei com ele no Sr. Thomas Davies, com o
Sr. Hicky, o pintor, e meu velho conhecido o Sr. Moody, o ator.
O Dr. Johnson, como de costume, falou desdenhosamente de Colley
Cibber. ‘É maravilhoso que um homem, que durante quarenta anos viveu
com os grandes e os sábios, tenha adquirido tão mal os talentos de conversa,
e tenha só metade a oferecer; pois metade do que ele disse foram
juramentos.’ Ele, no entanto, admitiu considerável mérito de algumas das
suas comédias, e disse que não havia nenhuma razão para acreditar que
Careless Husband (O marido descuidado) não tenha sido escrita por ele
mesmo. Davies disse que ele foi o primeiro escritor dramático que
introduziu senhoras da alta sociedade no palco. Johnson refutou esta
observação citando vários de tais personagens em comédias antes de seu
tempo. DAVIES. (tentando se defender de uma acusação de ignorância,)
“Quero dizer personagens morais da alta sociedade.” “Eu acho (disse
Hicky), que nobreza e moral são inseparáveis.” BOSWELL. “De modo
nenhum, senhor. As personagens mais nobres são frequentemente as mais
imorais. Lord Chesterfield não dá preceitos para unir a maldade e as graças?
Um homem, de fato, não é gentil quando fica bêbado; mas a maioria dos
vícios podem ser cometidos muito nobremente: um homem pode corromper
a mulher de seu amigo nobremente: ele pode trapacear nobremente nas
cartas.” HICKY. “Eu não acho que isso seja nobre.” BOSWELL. “Senhor,
pode não ser como um cavalheiro, mas pode ser nobre.” JOHNSON. “Você
quer dizer duas coisas diferentes. Uma significa graça exterior; a outra
honra. É certo que um homem pode ser muito imoral com graça exterior.
Lovelace, em Clarissa, é muito nobre e uma personagem muito perversa.
Tom Hervey, que morreu outro dia, considerado um homem vicioso, era um
dos homens mais gentis que já viveram.” Tom Davies deu como exemplo
Carlos II. JOHNSON. (tomando as dores em qualquer ataque ao príncipe,
por quem ele tinha uma parcialidade extraordinária) “Carlos II era
licencioso em sua prática; mas ele sempre teve uma reverência pelo que era
bom. Carlos II conhecia o seu povo, e recompensava o mérito. A Igreja, em
nenhum momento ficou mais cheia do que em seu reinado. Ele foi o melhor
Rei tivemos desde o seu tempo até o reinado de sua presente Majestade,
exceto James II que era muito bom Rei, mas infelizmente acreditava que era
necessário para a salvação de seus súditos que eles fossem católicos
romanos. Ele teve o mérito de se esforçar para fazer o que ele pensava ser a
salvação das almas de seus súditos, até que ele perdeu um grande Império.
Nós, que pensamos que não devíamos ser salvos se fôssemos católicos
romanos, tivemos o mérito de manter a nossa religião, às custas de nos
submetermos ao governo do Rei William, (pois não poderíamos ter feito de
outra forma,) - ao governo de um dos bandidos mais inúteis que já
existiram. Não; Carlos II não era um homem como ---, (nomeando outro
Rei ([199])). Ele não destruiu a vontade de seu pai. Ele pegou dinheiro, de
fato, da França, mas ele não traiu aqueles a quem ele governava: ele não
deixou a frota francesa passar a nossa. George I não sabia de nada, e não
desejava saber nada; não fez nada, e desejava não fazer nada: a única coisa
boa que é dito sobre ele é que ele queria restaurar a coroa para sua
sucessora hereditária. “Ele rugiu com violência prodigiosa contra George II.
Quando terminou, Moody exclamou, em tom irlandês, e com um olhar
cômico, ‘Ah! pobre George II.’
Eu mencionei que o Dr. Thomas Campbell tinha vindo da Irlanda a
Londres, principalmente para ver o Dr. Johnson. Ele pareceu irritado com
essa observação. DAVIES. “Ora, você sabe, Senhor, veio um homem da
Espanha para ver Livy; ([200]) e Corelli veio para a Inglaterra para ver
Purcell, e quando soube que ele estava morto, foi direto de volta para a
Itália.” JOHNSON. “Eu não deveria ter desejado estar morto para
decepcionar Campbell, se ele tivesse sido tão tolo como você o representa;
mas eu deveria ter desejado ter estado cem milhas distante daqui.” Isso foi
aparentemente perverso; e eu acredito que não era sua verdadeira maneira
de pensar: ele não podia deixar de gostar de um homem que veio de tão
longe para vê-lo. Ele riu com alguma complacência, quando eu lhe disse
que a estranha expressão de Campbell a mim a respeito dele: ‘Que ter visto
um homem assim, era uma coisa para falar por um século’, - como se ele
pudesse viver tanto tempo.
Nós começamos a discutir se os juízes que foram para a Índia poderiam
propriamente se dedicar ao comércio. Johnson calorosamente sustentou que
eles podiam. “Pois, por que (ele exortou,) não devem os Juízes obter
riquezas, assim como aqueles que merecem menos?” Eu disse que eles
deveriam ter salários suficientes, e não ter nada para desviar sua atenção das
coisas públicas. JOHNSON. “Nenhum juiz, senhor, pode dar toda a sua
atenção ao seu cargo; e é muito apropriado que ele deva empregar o tempo
que tem para si mesmo, para sua própria vantagem, da forma mais
lucrativa.” “Então, Senhor, (disse Davies, que animou a disputa, tornando-a
um pouco dramática), ele pode se tornar um segurador; e quando ele está
indo para a tribuna, ele pode ser parado, - ‘Vossa Senhoria não pode ir
ainda: aqui está um monte de faturas: vários navios estão prestes a zarpar.’”
JOHNSON. “Senhor, você também pode muito bem dizer que um juiz não
deve ter uma casa; porque eles podem vir e lhe dizer: ‘A casa de Vossa
Senhoria está em chamas’; e assim, em vez de se importar com o negócio
de seu Tribunal, ele deve se ocupar em chamar os bombeiros com a maior
velocidade. Não há final para isso. Todo juiz que tenha terra, comercia em
certa medida com milho ou gado; e a própria terra, sem dúvida. Seu gerente
atua por ele, e assim fazem os funcionários de um grande comerciante. Um
juiz pode ser um agricultor; mas ele não deve castrar seus próprios porcos.
Um juiz pode jogar um pouco de cartas para sua diversão; mas ele não deve
jogar bolas de gude, ou atirar moedas na Piazza. Não, senhor; não há
nenhuma profissão à qual um homem dedica uma grande proporção desse
tempo. É maravilhoso, quando é feito um cálculo, o quão pouco a mente é
realmente empregada no desempenho de qualquer profissão. Nenhum
homem seria um juiz, sob a condição de ser obrigado a ser totalmente um
juiz. O advogado melhor empregado tem a sua mente no trabalho, a não ser
por uma pequena parte do seu tempo: uma grande parte de sua ocupação é
meramente mecânica. Uma vez escrevi para uma revista: Eu fiz um cálculo,
que, se eu escrevesse apenas uma página por dia, no mesmo ritmo, eu
deveria, em dez anos, escrever nove volumes em folio, de um tamanho
normal e imprimir.” BOSWELL. “Como a História de Carte?” JOHNSON.
“Sim, senhor. Quando um homem escreve a partir de sua própria mente, ele
escreve muito rapidamente. ([201]) A maior parte do tempo de um escritor é
gasta em leitura, a fim de escrever: um homem vai abrir mais da metade de
uma biblioteca para fazer um livro.”
Eu argumentei calorosamente contra os Juízes comerciarem e mencionei
Hale como um exemplo de um juiz perfeito, que se dedicou inteiramente ao
seu ofício. JOHNSON. “Hale, Senhor, dedicou-se a outras coisas além da
lei: ele deixou um grande patrimônio.” BOSWELL. “Isso aconteceu porque
o que ele conseguiu, acumulou-se sem qualquer esforço e ansiedade de sua
parte.”
Enquanto a disputa continuava, uma vez Moody tentou dizer alguma
coisa sobre o nosso lado. Tom Davies bateu-lhe nas costas, para encorajá-lo.
Beauclerk, a quem eu mencionei esta circunstância, disse ‘que ele não
poderia conceber uma situação mais humilhante do que receber um tapa nas
costas de Tom Davies.’
Falamos de Rolt, para cujo Dicionário de Comércio o Dr. Johnson
escreveu o Prefácio. JOHNSON. “ O velho Gardner, o livreiro empregou
Rolt e Smart para escrever uma miscelânea mensal chamada The Universal
Visitor (O Visitante Universal). Havia um contrato formal escrito, que Allen
e o impressor viram. Gardner pensava como você do juiz. Eles se obrigaram
a não escrever mais nada; eles deveriam ter, eu acho, um terço dos lucros
deste panfleto barato; e o contrato era por noventa e nove anos. Eu gostaria
de ter pensado em dar isto a Thurlow, na causa sobre Propriedade Literária.
Que excelente exemplo teria sido da opressão de livreiros contra autores
pobres!” ([202]) (sorrindo.) Davies, zeloso pela honra da Profissão, disse que
Gardner não era propriamente um livreiro. JOHNSON. “Não, senhor; ele
certamente era um livreiro. Ele serviu o seu tempo com regularidade, era
um membro da companhia de Papeleiros, mantinha uma loja pública,
comprava direitos autorais, e era um bibliófilo, Senhor, em todos os
sentidos. Eu escrevi por alguns meses em The Universal Visitor, para o
pobre Smart, enquanto ele estava louco, então não conhecendo os termos
em que ele foi contratado para escrever, e pensando que eu estava fazendo
bem a ele. Eu esperava que seu juízo logo voltaria. O meu voltou a mim, e
eu não escrevi mais no The Universal Visitor.”
Sexta-feira, 7 de abril, jantei com ele em uma taberna, com um grupo
numeroso. JOHNSON. “Tenho estado a ler Travels in Spain (Viagens em
Espanha) de Twiss, que acabou de sair. Ele é tão bom quanto o primeiro
livro de viagens que você vai pegar. Ele é tão bom quanto aqueles de
Keysler ou Blainville; ou melhor, quanto o de Addison, se você não
considerar a aprendizagem. Ele não é tão bom quanto os de Brydone, mas
são melhores que os de Pococke. Eu de fato, não cortei as folhas ainda; mas
eu li onde as páginas estão abertas, e eu não acho que o que está nas páginas
fechadas é pior do que o que está nas páginas abertas. Pareceria (ele
acrescentou,) que Addison não adquiriu muita cultura italiana, pois nós não
a encontramos introduzida em seus escritos. O único caso de que eu me
lembro, é ele citar ‘Stavo bene; per star meglio, sto qui.’” ([203])
Eu mencionei o fato de Addison ter tomado emprestado muitos de seus
comentários clássicos de Leandro Alberti. O Sr. Beauclerk disse: ‘Foi
alegado que ele havia tomado emprestado também de outro autor
italiano.’([204]) JOHNSON. “Ora, Senhor, todos os que vão procurar o que os
Clássicos disseram da Itália, devem encontrar as mesmas passagens; e eu
acho que uma das primeiras coisas que os italianos fariam no renascimento
do saber, seria recolher tudo o que os autores romanos já disseram de seu
país.”
Ossian sendo mencionado; - JOHNSON. “Supondo que as línguas
irlandesa e Erse sejam a mesma, o que eu não acredito, ainda assim não há
nenhuma razão para supor que os habitantes das Terras Altas e Ilhas
Hébridas alguma vez escreveram em sua língua nativa, e não é crível que
um longo poema fosse preservado entre eles. Se não tivéssemos nenhuma
evidência da arte da escrita sendo praticada em um dos condados da
Inglaterra, não deveríamos acreditar que um longo poema foi preservado
ali, embora nos condados, onde o mesmo idioma era falado, os habitantes
sabiam escrever.” BEAUCLERK. “A balada de Lilliburlero esteve uma vez
na boca de todas as pessoas deste país, e dizem ter ela tido um grande efeito
em ocasionar a Revolução. Ainda assim, eu questiono se alguém pode
repeti-la agora; o que mostra quão improvável é que muita poesia seria
preservada por tradição.”
Um dos convivas ([205]) sugeriu uma objeção interna à antiguidade da
poesia dita ser de Ossian, onde nós não encontrar nela o lobo, que deve ter
sido o caso se ela tivesse sido daquela idade.
A menção do lobo levou Johnson a pensar em outras feras; e enquanto
Sir Joshua Reynolds e o Sr. Langton estavam conduzindo um diálogo sobre
algo que os envolvia sinceramente, ele, no meio dele, estourou, ‘Pennant
fala de ursos--’ o que, acrescentou, eu esqueci. Eles continuaram, que ele
sendo meio surdo, não percebeu, ou, se o fez, não estava disposto a
interromper seu discurso; assim ele continuou a vociferar seus comentários,
e Urso (‘como uma palavra em uma pegadinha’ conforme disse Beauclerk,)
era repetidamente ouvida em intervalos, que vindo dele, que, por aqueles
que não o conheciam, tinha sido tantas vezes equiparado a esse animal
feroz, enquanto nós, que estávamos sentados em volta tínhamos dificuldade
em abafar o riso, produziu um efeito muito ridículo. Silêncio tendo se
seguido, ele continuou: ’Diz-se que o urso negro é inocente; mas eu não
gostaria de confiar-me a ele.’ O Sr. Gibbon murmurou, em um tom de voz
baixo, ‘eu não gostaria de confiar-me a você.’ Esta peça de brincadeira
sarcástica foi uma resolução prudente, se aplicada a uma competição de
habilidades.
Patriotismo tendo-se tornado um dos nossos tópicos, Johnson
repentinamente soltou, em tom determinado e forte, um aforismo, diante do
qual muitos se assustarão: ‘O patriotismo é o último refúgio de um
canalha.’ Mas que seja considerado, que ele não quis dizer um verdadeiro
amor generoso pelo nosso país, mas aquele patriotismo fingido que tantos,
em todas as épocas e países, transformaram em um manto para o auto
interesse. Eu sustentei que, certamente, nem todos os patriotas eram
canalhas. Sendo instado, (não por Johnson) a citar uma exceção, eu
mencionei uma personalidade eminente ([206]) a quem todos nós muito
admirávamos. JOHNSON. “Senhor, eu não digo que ele não seja honesto;
mas nós não temos nenhuma razão para concluir a partir de sua conduta
política que ele seja honesto. Se ele aceitasse um lugar neste ministério, ele
perderia aquele caráter de firmeza que tem, e poderia ser removido do seu
lugar dentro de um ano. Este ministério não é nem estável, nem agradecido
aos seus amigos, como era Sir Robert Walpole, de modo que ele pode
pensar que é mais de seu interesse tentar a sorte de seu partido entrar.”
A Sra. Pritchard sendo mencionada, ele disse, ‘Sua representação era
muito mecânica. É maravilhoso quão pouco espírito ela tinha. Senhor, ela
nunca tinha lido a tragédia de Macbeth inteira. Ela não pensou sobre a peça
de onde seu papel foi tirado mais que um sapateiro pensa da pele, da qual
foi cortado o pedaço de couro, com o qual ele está fazendo um par de
sapatos.’
No sábado, 8 de maio, jantei com ele na casa do Sr. Thrale onde
encontramos o irlandês Dr. Campbell. Johnson tinha jantado na noite
anterior na casa da Sra. Abington com algumas pessoas da moda de quem
ele deu os nomes; e ele parecia muito contente por ter jantado em um
círculo tão elegante. Tampouco deixou de provocar sua patroa um pouco
com ciúme de sua economia doméstica; porque ele disse: (com um sorriso),
‘A geleia da Sra. Abington, minha cara senhora, era melhor do que a sua.’
A Sra. Thrale, que frequentemente praticava um modo grosseiro de
lisonja, repetindo seus ditados em sua orelha, nos contou que ele tinha dito
que um certo ator famoso ([207]) era apenas apto para ficar à porta de uma
sala de leilão com um longo cajado gritando ‘Por favor, senhores, entrem’;
e que um determinado autor, ([208]), ao ouvir isto, tinha dito que um outro
ator ainda mais célebre ([209]) era apto para nada melhor do que aquilo, e
bateria sua carteira depois que você saísse. JOHNSON. “Não, minha
senhora, não há inteligência no que o nosso amigo adicionou; há apenas
abuso. Você pode muito bem dizer de qualquer homem que ele baterá uma
carteira. Além disso, o homem que está estacionado na porta não bate a
carteira das pessoas; isso é feito dentro, pelo leiloeiro.”
A Sra. Thrale nos contou que Tom Davies repetiu, de uma forma muito
pobre, a história da primeira réplica do Dr. Johnson a mim, que eu relatei
exatamente. ([210]) Ele fez-me dizer: “Eu nasci na Escócia,” em vez de
“Venho da Escócia;” de modo que Johnson dizer: “Isso, senhor, é o que
muitos de seus compatriotas não podem evitar,” o que não tinha qualquer
motivo, ou mesmo sentido, e que, diante da menção ao Sr. Fitzherbert, ele
observou, “Não é todo homem que pode causar uma observação
espirituosa.”
Na segunda-feira, 10 de abril, jantei com ele na casa do General
Oglethorpe com o Sr. Langton e o irlandês Dr. Campbell, a quem o General
tinha me dado gentilmente permissão para trazer comigo. Este cavalheiro
erudito foi assim gratificado com um festim intelectual muito alto, não só
por estar em companhia do Dr. Johnson, mas com o General Oglethorpe,
que tinha sido por tanto tempo um nome célebre, tanto em casa quanto no
exterior. ([211])
Eu devo, repetidamente, rogar aos meus leitores que não suponham que
o meu registro imperfeito de conversação contém a totalidade do que foi
dito por Johnson, ou outras personalidades eminentes que conviveram com
ele. O que eu preservei, no entanto, tem o valor da mais perfeita
autenticidade.
Ele hoje se ampliou com base na observação melancólica de Pope,
“O homem nunca é, mas sempre deve ser abençoado.”
Ele afirmava que o presente nunca era um estado de felicidade para
qualquer ser humano; mas que, assim como cada parte da vida da qual
estamos conscientes, era em algum ponto no tempo um período ainda por
vir, em que se esperava felicidade e havia um pouco de felicidade produzida
pela esperança. Sendo pressionado sobre este assunto, eu perguntei se ele
realmente era de opinião que, embora, em geral, a felicidade fosse muito
rara na vida humana, um homem não era às vezes feliz no momento em que
estava presente, ele respondeu: “Nunca, a não ser quando ele está bêbado.”
Ele pediu ao General Oglethorpe que desse ao mundo a sua Vida. Ele
disse: “Não conheço nenhum homem cuja biografia seria mais interessante.
Se eu recebesse os materiais, eu ficaria muito feliz em escrevê-la.” ([212])
O Sr. Scott das Elegias de Amwell estava deitado na sala. O Dr. Johnson
observou, “Elas são muito boas; mas como vinte pessoas podiam escrever.”
Diante disso aproveitei a oportunidade de contestar a máxima de Horácio,
«- mediocribus esse poetis
Non Dii, non homines, non concessêre columnæ .«[213]
Porque aqui, (eu observei,) estava um poeta muito médio que agradava a
muitos leitores, e, portanto, a poesia de um tipo médio tinha direito a
alguma estima; nem podia eu ver por que a poesia não deveria, como
qualquer outra coisa, ter diferentes gradações de excelência, e,
consequentemente, de valor. Johnson repetiu a observação comum de que,
“como não há absolutamente nenhuma necessidade de que tenhamos
poesia, sendo ela apenas um luxo, um instrumento de prazer, ela pode não
ter nenhum valor, a não ser quando requintada em seu gênero.” Eu me
declarei insatisfeito. “Ora, então, Senhor, (disse ele) Horácio e você devem
chegar a um acordo.” Ele não estava muito disposto a falar.
Não mais de sua conversa aparece por alguns dias em meu diário, exceto
que quando um cavalheiro ([214]) lhe disse que ele tinha comprado um
vestido de rendas para sua senhora, ele disse, “Bem, senhor, você fez uma
coisa boa e uma coisa sensata.” “Eu fiz uma coisa boa, (disse o cavalheiro),
mas eu não sei se eu fiz uma coisa sensata.” JOHNSON. “Sim, Senhor;
nenhum dinheiro é melhor gasto do que aquele destinado à satisfação
doméstica. Um homem tem o prazer em que sua esposa seja vestida tão
bem quanto outras pessoas; e uma esposa fica satisfeita se ela está vestida.”
Na sexta-feira, 14 de abril, sendo Sexta-feira Santa, eu retornei à sua
casa de manhã, de acordo com o meu costume usual naquele dia, e tomei o
café da manhã com ele. Observei que ele jejuava tão rigorosamente, que ele
nem sequer provou pão e nem tomou leite com seu chá; acho que porque é
um tipo de alimento animal.
Ele começou sobre o estado da nação, e, assim, discorreu: “Senhor, o
grande infortúnio agora é que o governo tem muito pouco poder. Tudo o
que ele tem a oferecer, deve necessariamente ser dado para apoiar a si
mesmo; de modo que ele não pode premiar o mérito. Nenhum homem, por
exemplo, pode agora ser feito um Bispo por sua erudição e piedade; ([215])
sua única chance de promoção é estar conectado a alguém que tenha
interesse parlamentar. Nossos diversos ministérios neste reino têm superado
uns aos outros em concessões ao povo. Lord Bute, embora um homem
muito honrado, - um homem de boas intenções, - um homem que tinha seu
sangue cheio de prerrogativas, - era um estadista teórico - um ministro no
papel - e pensava que este país podia ser governado somente pela influência
da Coroa. Então, Senhor, ele desistiu de muita coisa. Ele aconselhou o Rei a
concordar que os Juízes devem manter os seus lugares vitaliciamente, ao
invés de perdê-los com a ascensão de um novo Rei. Lord Bute, eu suponho,
pensava tornar o Rei popular, com esta concessão; mas o povo nunca se
importou com ela; e foi uma medida muito pouco política. Não há nenhuma
razão para que um juiz deva manter seu cargo vitalício, mais do que
qualquer outra pessoa de confiança pública. Os juízes podem ser parciais de
outras formas do que em favor da Coroa: nós vimos Juízes parciais em
favor do populacho. Um Juiz pode se tornar corrupto e, ainda assim, pode
não haver evidência legal contra ele. Os juízes podem se tornar
insubordinados com a idade. Um juiz pode se tornar inadequado para seu
ofício de muitas maneiras. Seria desejável que houvesse uma possibilidade
de ser entregue a ele por um novo Rei. Isso agora é passado, por um ato do
Parlamento ex gratia da Coroa. Lord Bute aconselhou o rei a desistir de
uma grande soma de dinheiro, ([216]) pelo que ninguém lhe agradeceu.
Significou alguma coisa para o Rei, mas nada para o público, entre o qual
ele foi dividido. Quando eu digo que Lord Bute aconselhou, quero dizer,
que tais medidas foram tomadas quando ele era ministro, e é de se supor
que ele os tenha aconselhado. - Lord Bute mostrou uma parcialidade
indevida em favor dos escoceses. Ele demitiu o Dr. Nichols, um homem
muito eminente, do cargo de médico do Rei, para dar lugar a um de seus
compatriotas, um homem muito baixo em sua profissão. ([217]) Ele tinha
*********** ([218]) e **** ([219]) para ir em missões para ele. Ele dava
oportunidade às pessoas de ir em missões para ele; mas ele não deveria dá-
las a escoceses; e, certamente, ele não deveria ter permitido que eles
tivessem acesso a ele antes que pessoas mais importantes na Inglaterra.”
Eu disse a ele que a admissão de um deles antes das pessoas importantes
na Inglaterra, que tinha sido a maior ofensa, não era nada mais do que o que
acontece na recepção de todo ministro, onde aqueles que comparecem são
admitidos na ordem em que chegaram, que é melhor do que admiti-los de
acordo com a sua posição; pois, se essa devesse a ser a regra, um homem
que esperou toda a manhã poderia ter a mortificação de ver um nobre,
recém-chegado, entrar antes dele, e deixá-lo esperando mais ainda.
JOHNSON. “É verdade, Senhor; mas **** não deveria ter vindo à recepção
para estar no meio de pessoas de importância. Ele via Lord Bute em todos
os momentos; e poderia ter dito o que ele tinha a dizer a qualquer momento,
assim como na recepção. Agora não há Primeiro-Ministro: há apenas um
agente para o governo na Câmara dos Comuns. Somos governados pelo
Gabinete, mas não há uma cabeça lá, como no tempo de Sir Robert
Walpole.” BOSWELL. “Qual é, então, Senhor, a utilidade do Parlamento?”
JOHNSON. “Ora, Senhor, o Parlamento é um conselho maior para o Rei; e
a vantagem de tal conselho é que, tendo um grande número de homens de
propriedade envolvidos no legislativo, em seu próprio interesse, eles não
concordarão com leis ruins. E você deve ter observado, Senhor, que a
administração é fraca e tímida, e não pode agir com aquela autoridade e
resolução que é necessária. Se eu estivesse no poder, eu demitiria todo
homem que se atrevesse a se opor a mim. O Governo tem a distribuição de
cargos, que pode ser acionada para manter a sua autoridade.”
“Lord Bute (ele acrescentou), desistiu muito rápido, sem construir algo
novo.” BOSWELL. “Porque, Senhor, ele encontrou um edifício podre. A
carruagem política era puxada por uma parelha de cavalos ruins: era
necessário trocá-los.” JOHNSON. “Mas ele deveria tê-los mudado um por
um.”
Eu contei a ele que tinha sido informado pelo Sr. Orme, que muitas
partes das Índias Orientais eram mais bem mapeadas que as Terras Altas da
Escócia. JOHNSON. “Para que um país possa ser mapeado, ele deve ser
percorrido.” “Não, (eu disse, pretendendo rir com ele sobre um de seus
preconceitos), você não pode dizer que não vale a pena mapeá-lo?”
Enquanto caminhávamos para a igreja de St. Clement, e vi várias lojas
abertas neste mais solene dia de jejum do mundo cristão, eu observei, que
uma desvantagem decorrente da imensidão de Londres, era que ninguém
era observado pelo seu vizinho; não havia medo de censura por não
observar a Sexta-feira Santa, como ela deveria ser observada, e como ela é
observada em cidades do interior. Ele disse que ela era, como um todo,
muito bem observada mesmo em Londres. Ele, no entanto, admitiu que
Londres era muito grande; mas acrescentou: “É um absurdo dizer que a
cabeça é grande demais para o corpo. Ela seria o máximo grande demais,
embora o corpo fosse sempre tão grande; o que vale dizer que, embora o
país nunca foi tão extenso. Não tem nenhuma semelhança com uma cabeça
ligada a um corpo.”
O Dr. Wetherell, Mestre do University College, Oxford, nos acompanhou
à casa vindo da igreja; e depois que ele se foi, chegaram dois outros
cavalheiros, ([220]) um dos quais proferiu as queixas comuns, que pelo
aumento de impostos, a mão de obra ficaria cara, outras nações venderiam
mais barato que nós, e nosso comércio estaria arruinado. JOHNSON.
(Sorrindo,) “Nunca tema, Senhor. Nosso comércio está em muito bom
estado; e mesmo supondo que não tivéssemos comércio, poderíamos viver
muito bem da produção de nosso próprio país.” Não posso deixar de
mencionar, que eu nunca soube de qualquer homem que estivesse menos
disposto a ser ranzinza do que Johnson. Se o assunto era a sua própria
situação, ou o estado da situação pública, ou o estado da natureza humana
em geral, embora ele visse os males, sua mente voltava-se para a solução, e
nunca para choramingar ou reclamar.
Fomos novamente para St. Clement à tarde. Ele havia encontrado uma
falha do pregador da manhã ([221]) por não escolher um texto adaptado ao
dia. O pregador da tarde ([222]) tinha escolhido um extremamente adequado:
“Tudo está consumado.”
Após o culto da noite, ele disse, “Venha, você irá para casa comigo, e
sentar-se por uma hora apenas.” Mas ele era melhor do que a sua palavra;
pois depois de termos bebido o chá com a Sra. Williams, ele pediu-me que
fosse até seu estúdio com ele, onde nos sentamos muito tempo juntos em
um estado de espírito imperturbável e sereno, às vezes em silêncio, às vezes
conversando, conforme nos sentíssemos inclinados, ou mais propriamente
falando, conforme ele se sentisse inclinado; pois durante todo o curso de
minha longa intimidade com ele, minha atenção respeitosa nunca diminuiu,
e meu desejo de ouvi-lo era tal, que eu sempre prestei atenção a cada início
de comunicação daquela grande e iluminada mente.
Ele observou, “Todo o conhecimento é em si mesmo de algum valor.
Não há nada tão insignificante ou desprezível, que eu não preferiria mais
sabê-la que não. Do mesmo modo, todo poder, de qualquer tipo, é por si só
desejável. Um homem não se submeteria a aprender a passar a bainha de
um plissado, com sua esposa, ou com uma empregada doméstica; mas se
com um mero desejo ele pudesse alcançá-lo, ele preferia desejar ser capaz
de passar um plissado.”
Ele mais uma vez ele me aconselhou a manter um diário total e
minucioso, mas não mencionar ninharias como, aquela carne estava muito
ou pouco cozida, ou se o tempo estava bom ou chuvoso. Ele tinha, até
muito perto de sua morte, um desprezo pela noção de que o clima afeta a
estrutura humana.
Eu disse a ele que o nosso amigo Goldsmith havia me dito que ele tinha
vindo tarde demais ao mundo, porque Pope e outros poetas tinham tomado
os lugares no Templo da Fama; de modo que, como apenas alguns em
qualquer período podem possuir reputação poética, um homem de gênio
pode agora dificilmente adquiri-lo. JOHNSON. “Essa é uma das coisas
mais sensatas que eu já ouvi de Goldsmith. É difícil conseguir fama
literária, e a cada dia fica mais difícil. Ah, Senhor, isso deve fazer um
homem pensar em garantir a felicidade em outro mundo, que todos os que
tentam sinceramente poder alcançar. Em comparação com isso, quão
pequenas são outras coisas! A crença na imortalidade está impressa em
todos os homens e todos os homens agem sob a impressão dela, embora
eles possam conversar e, embora, talvez, eles possam ser pouco sensíveis a
ela.” Eu disse que me parecia que algumas pessoas não tinham a menor
noção de imortalidade; e eu mencionei um cavalheiro distinto de nosso
conhecimento. ([223]) JOHNSON. “Senhor, se não fosse pela noção de
imortalidade, ele teria cortado uma garganta para encher seus bolsos.”
Quando eu citei isso a Beauclerk, que sabia muito mais do cavalheiro do
que nós, ele disse, em sua forma ácida, “Ele teria cortado uma garganta para
encher seus bolsos, se não fosse por medo de ser enforcado.”
O Dr. Johnson prosseguiu: “Senhor, há um grande clamor sobre a
infidelidade; mas há, na realidade, muito poucos infiéis. Eu ouvi uma
pessoa, originalmente um Quaker, mas agora, eu receio, um deísta, ([224])
dizer que ele não acreditava que houvesse, em toda a Inglaterra, mais que
duzentos infiéis.”
Ele estava contente em dizer, “Se você vem se estabelecer aqui, teremos
um dia da semana em que vamos nos encontrar sozinhos. Essa é a conversa
mais feliz onde não há concorrência, não há vaidade, mas um intercâmbio
calmo e tranquilo de sentimentos.” No seu registo privado, esta noite é
assim marcada,” Boswell sentou-se comigo até a noite; tivemos uma
conversa séria.” ([225]) Parece também a partir do mesmo registro que depois
que eu saí, ele se ocupou em deveres religiosos, em “dar a Francis, seu
empregado, algumas indicações para preparação para se comunicar;
revisando de sua vida, e deliberando sobre melhor conduta.” A humildade e
a piedade que ele descobre em tais ocasiões é verdadeiramente edificante.
Nenhum santo, no entanto, no decorrer da sua guerra religiosa, foi mais
sensível ao fracasso infeliz de resoluções piedosas do que Johnson. Ele
disse um dia, conversando com um conhecido ([226]) sobre este assunto,
“Senhor, o Inferno está cheio de boas intenções.”([227])
No domingo, 16 de abril, sendo dia de Páscoa, depois de ter assistido ao
serviço solene na catedral de St. Paul, jantei com o Dr. Johnson e a Sra.
Williams. Eu sustentei que Horácio estava errado em colocar a felicidade
em Nil admirari, pois que eu considerava a admiração um dos mais
agradáveis de todos os nossos sentimentos; e eu lamentei que eu tivesse
perdido muito da minha disposição para admirar, que acontece às pessoas,
geralmente à medida que avançam na vida. JOHNSON. “Senhor, à medida
que um homem avança na vida, ele recebe o que é melhor do que admiração
- julgamento, para estimar as coisas por seu verdadeiro valor.” Eu ainda
insisti que a admiração era mais agradável do que o julgamento, assim
como o amor é mais agradável do que a amizade. O sentimento de amizade
é como estar confortavelmente cheio de carne assada; o amor é como ser
animado com champanhe. JOHNSON. “Não, senhor; admiração e amor são
como ser intoxicado com champanhe; julgamento e amizade é como ser
animado. Waller foi acometido do mesmo pensamento que você: ([228]), mas
eu não acredito que você tenha tomado emprestado de Waller. Eu gostaria
que você tivesse se permitido a tomar empresado mais.”
Ele, então, aproveitou a ocasião para ampliar as vantagens da leitura, e
combater a noção superficial ociosa de que bastante conhecimento pode ser
adquirido na conversação. “O alicerce (disse ele) deve ser estabelecido pela
leitura. Princípios gerais devem ser obtidos de livros, que, no entanto,
devem ser trazidos para o teste da vida real. Em conversa você nunca
consegue um sistema. O que se diz sobre um assunto deve ser recolhido de
uma centena de pessoas. As partes de uma verdade, que um homem
consegue assim, estão a tal distância uma da outra que ele nunca alcança
uma visão completa.”

“A BENNET LANGTON, ESQ.


Caro senhor, - Eu perguntei mais minuciosamente sobre o medicamento
para o reumatismo, o que eu sinto muito em saber que você ainda o queira.
A receita é a seguinte: Tome quantidades iguais de farinha de enxofre e
farinha de semente de mostarda; misture-as em um eletuário com mel ou
melado; e tome uma bola tão grande quanto uma noz-moscada várias vezes
ao dia, tanto quanto puder suportar: beba em seguida um quarto de litro de
infusão da raiz de Linguística.
Linguística, na Nomenclatura de Ray, é Levisticum: talvez os botânicos
possam saber o nome latino.
Dessa medicina eu não pretendo julgar. Há toda a aparência de sua
eficácia, que um único caso pode permitir: o paciente era muito velho, a dor
muito violenta, e o alívio, eu acho, rápido e duradouro.
Minha opinião da medicina alternativa não é boa, mas quid tentasse
nocebit? se fizer mal ou não fizer bem, pode-se omitir; mas que ela pode
fazer bem, você tem, eu espero, razão para pensar que é desejável; Senhor,
eu fico, seu mais carinhoso, humilde servo,
17 de abril de 1775.
SAM. JOHNSON.”

Na terça-feira, 18 de abril, ele e eu nos comprometemos a ir com Sir


Joshua Reynolds jantar com o Sr. Cambridge, em sua bela casa de campo,
às margens do Tamisa, perto de Twickenham. O atraso do Dr. Johnson foi
tal, que Sir Joshua, tendo um compromisso em Richmond, no início do dia,
foi obrigado a ir sozinho a cavalo, deixando sua carruagem para Johnson e
eu. Johnson estava tão animado que tudo parecia agradá-lo enquanto nos
dirigimos juntos.
Nossa conversa girou em torno de uma variedade de assuntos. Ele
achava que pintura de retratos era um emprego impróprio para uma mulher.
“A prática pública de qualquer arte, (ele observou) e a contemplação de
rostos de homens, é muito indelicado em uma mulher.” Aconteceu de eu
começar uma questão de decoro, se, quando um homem sabe que alguns de
seus amigos íntimos são convidados para a casa de outro amigo de quem
todos eles são igualmente íntimos, ele pode se juntar a eles sem um convite.
JOHNSON. “Não, senhor; ele não deve ir quando não é convidado. Eles
podem ser convidados de propósito para abusar dele” (sorrindo).
Como um exemplo curioso de quão pouco um homem conhece, ou
deseja conhecer o seu próprio caráter no mundo, ou melhor, como uma
prova convincente de que a rudez de Johnson era apenas externa e não
vinha de seu coração, eu insiro o seguinte diálogo. JOHNSON. “É
maravilhoso, Senhor, quão rara é a qualidade do bom humor na vida.
Encontramos muito poucos homens bem-humorados.” Eu mencionei quatro
dos nossos amigos, ([229]) dos quais nenhum deles ele admitiria ser bem-
humorado. Um era ácido, outro era agressivo, e aos outros ele tinha
objeções que me escaparam. Em seguida, balançando a cabeça, esticando-se
à vontade na carruagem, e sorrindo com muita complacência, ele voltou-se
para mim e disse: “Eu me enxergo como um sujeito bem-humorado.” O
epíteto sujeito, aplicado ao grande Lexicógrafo, ao Moralista imponente, ao
Crítico magistral, como se ele tivesse sido Sam Johnson, um mero
companheiro agradável, era altamente divertido; e esse conceito leve de si
mesmo me surpreendeu com admiração. Respondi, também sorrindo, “Não,
não, senhor; não é bem assim. Você tem boa índole, mas não é bem-
humorado: você é irascível. Você não tem paciência com a loucura e o
absurdo. Acho que você os perdoaria, se tivesse tempo para desaprovar sua
vingança; mas a punição segue tão rápido após a sentença, que eles não
podem escapar.”
Eu tinha trazido comigo um grande pacote de revistas e jornais
escoceses, em que seu Journey to the Western Islands era atacado de todos
os modos; e eu li uma grande parte deles para ele, sabendo que iria lhe
proporcionar entretenimento. Desejo que os redatores deles estivessem
presentes, eles teriam ficado suficientemente envergonhados. Uma imitação
ridícula de seu estilo, pelo Sr. Maclaurin, agora um dos Juízes Escoceses,
com o título de Lord Dreghorn, foi destacada por ele da massa bruta. “Este
(disse ele) é o melhor. Mas eu poderia caricaturar o meu próprio estilo
muito melhor, eu mesmo.” Ele defendeu sua observação sobre a
insuficiência geral da educação na Escócia; e confirmou-me a autenticidade
de sua frase espirituosa sobre o ensino dos escoceses; - “Seu ensino é como
o pão em uma cidade sitiada: todo homem ganha um pouco, mas nenhum
homem recebe uma refeição completa.” “Existe (disse ele) na Escócia, uma
difusão do ensino, uma certa parte dele esparsamente disseminado. Um
comerciante tem tanto ensino quanto um de seus clérigos.”
Ele falou sobre as Vidas de Isaac Walton, que era um de seus livros mais
favoritos. A Vida do Dr. Donne, ele disse, era o mais perfeito deles. Ele
observou, que “foi maravilhoso que Walton, que estava em uma situação
muito baixa na vida, fosse recebido familiarmente por tantos grandes
homens, naquele momento em que as classes da sociedade eram mantidas
mais separadas do que são hoje.” Ele supôs que Walton havia, então,
desistido de seu negócio como vendedor de tecidos e alfaiate, e era apenas
um autor; e acrescentou: “que ele era um grande panegirista.” BOSWELL.
“Nenhuma qualidade atrairá mais amigos para um homem do que a
disposição em admirar as qualidades de outros. Não me refiro à bajulação,
mas a uma sincera admiração.” JOHNSON. “Não, senhor, bajulação agrada
de maneira muito geral. Em primeiro lugar, o bajulador pode pensar que o
que ele diz é verdade, mas, em segundo lugar, se ele pensa assim ou não, ele
certamente considera aqueles a quem lisonjeia de importância suficiente
para ser bajulado.”
Nem bem tínhamos feito nossa reverência ao Sr. Cambridge, em sua
livraria, e Johnson correu ansiosamente para um lado da sala, com a
intenção de se debruçar sobre as capas dos livros. Sir Joshua observou, (de
lado,) “Ele corre para os livros, como eu corro para as pinturas, mas eu
tenho a vantagem. Eu posso ver muito mais das pinturas do que ele pode
dos livros.” O Sr. Cambridge, diante disso, educadamente disse, “Dr.
Johnson, eu vou, com seu perdão, acusar a mim mesmo, pois tenho o
mesmo costume que eu percebo que você tem. Mas parece estranho que
alguém tenha tal desejo de olhar para as capas dos livros.” Johnson, sempre
pronto para uma discussão, saiu instantaneamente do seu devaneio, deu
meia volta, e respondeu: “Senhor, a razão é muito simples. O conhecimento
é de dois tipos. Ou conhecemos um assunto nós mesmos, ou sabemos onde
podemos encontrar informações sobre ele. Quando investigamos qualquer
assunto, a primeira coisa que precisamos fazer é saber quais livros trataram
o mesmo. Isso nos leva a olhar para catálogos, e as capas de livros em
bibliotecas.” Sir Joshua observou a mim a extraordinária prontidão com que
Johnson voou em cima de um argumento. “Sim, (eu disse) que ele não tem
preparação formal, nem floreios com a sua espada; ele trespassa seu corpo
em um instante.”
Johnson estava aqui estimulado com um entretenimento elegante, uma
família muito talentosa, e muito boa companhia; entre os quais estava o Sr.
Harris de Salisbury, que lhe fez muitos elogios sobre seu Journey to the
Western Islands.
A observação comum quanto à utilidade de ler história sendo feita; -
JOHNSON. “Devemos considerar quão pouca história existe; quero dizer,
história autêntica e real. Que certos Reis reinaram e certas batalhas foram
travadas, podemos confiar como verdadeiro; mas todo o colorido, toda a
filosofia da história é conjectura.” BOSWELL. “Então, senhor, você
reduziria toda a história a nada melhor do que um almanaque, uma mera
série cronológica dos eventos notáveis.” O Sr. Gibbon, que devia naquele
momento ter estado dedicado ao seu História, do qual ele publicou o
primeiro volume no ano seguinte, estava presente; mas não deu um passo à
frente na defesa dessa espécie de escrita. Ele provavelmente não gostava de
confiar em si mesmo com JOHNSON! ([230])
Johnson observou, que a força de nossos hábitos precoces era tão grande,
que, apesar de aprovado pela razão, ou melhor, embora os nossos sentidos
saboreassem um curso diferente, quase todo homem voltava para eles. Eu
não acredito que exista qualquer observação sobre a natureza humana
melhor fundada do que esta; e, em muitos casos, é uma verdade muito
dolorosa; pois onde os hábitos precoces foram maus e miseráveis, a alegria
e a elevação resultantes de melhores modos de vida deve ser amortecida
pela consciência triste de estar sob uma desgraça quase inevitável a afundar
de volta em uma situação de que nós nos lembramos com nojo. Isso
certamente pode ser impedido pela atenção constante e incessante esforço
para estabelecer hábitos contrários de eficácia superior.
A Ópera do mendigo, e a pergunta comum, se era perniciosa em seus
efeitos, tendo sido introduzidas - JOHNSON. “Quanto a este assunto, que
tem sido muito contestado, eu mesmo sou de opinião, que mais influência
foi atribuída à Ópera do Mendigo, do que na realidade ela jamais teve; pois
eu não acredito que qualquer homem jamais se tornou um bandido por estar
presente à sua representação. Ao mesmo tempo, eu não nego que ela possa
ter alguma influência, tornando familiar a personagem de um bandido, e
agradável em certa medida.” ([231]) Em seguida, recolhendo-se, por assim
dizer, para dar um golpe pesado: “Há nela tal enfraquecimento de todos os
princípios, que pode ser ofensiva à moralidade.”
Enquanto ele pronunciava essa resposta, nós nos sentamos em uma
espécie cômica de contenção, sufocando uma risada, que tínhamos medo
que poderia explodir. Em sua Vida de Gay, ele foi ainda mais incisivo
quanto à ineficiência da Ópera do Mendigo na corrupção da sociedade. Mas
eu sempre pensei um pouco diferente; pois, de fato, não só são a alegria e o
heroísmo de um salteador muito cativantes para a imaginação juvenil, mas
os argumentos para a depredação aventureira são tão plausíveis, as alusões
tão vívidas, e os contrastes com os modos normais e mais dolorosos de
aquisição de propriedade são tão habilmente exibidos, que exige um
julgamento legal e forte para resistir a um agregado tão imponente: ainda
assim, eu mesmo deveria estar muito arrependido de ter suprimido a Ópera
do Mendigo; pois nela há tanto da vida real de Londres, tanto de
espirituosidade brilhante, e uma tal variedade de ares, que, a partir das
primeiras associações de ideias, ela encanta, acalma e estimula a mente, de
modo que nenhum desempenho que o teatro exiba, me delicia mais.
O falecido ‘digno’ Duque de Queensberry, conforme Thomson em seu
Estações, justamente o caracteriza, disse-me que quando Gay primeiro lhe
mostrou a Ópera do Mendigo, a observação de sua Graça foi “Isso é uma
coisa muito estranha, Gay; estou convencido de que ou é uma coisa muito
boa, ou uma coisa muito ruim.” Ela provou ser o primeiro, além das
expectativas mais calorosas do autor ou seus amigos. O Sr. Cambridge, no
entanto, mostrou-nos hoje que havia boa razão suficiente para duvidar de
seu sucesso. Ele foi informado por Quin, que durante a primeira noite de
sua aparição ele esteve por muito tempo em um estado muito duvidoso; que
havia uma disposição de condená-la, e que ela foi salva pela canção,
“Oh ponderai bem! não seja severo!”
o público sendo muito afetado pelos olhares inocentes de Polly, quando
ela chegou a essas duas linhas, que apresentaram ao mesmo tempo uma
imagem dolorosa e ridícula,
“Pois da corda que enforca meu Querido,
depende a vida da pobre Polly.”
O próprio Quin tinha uma opinião tão ruim dela, que ele recusou o papel
de capitão Macheath, e deu-o a Walker, que adquiriu grande celebridade por
seu desempenho grave, e ao mesmo tempo animado.
Falamos do casamento de um jovem cavalheiro com uma cantora
eminente, ([232]) e sua determinação de que ela deveria deixar de cantar em
público, embora seu pai fosse muito honesto ela devia, porque seus talentos
seriam generosamente recompensados, de modo ganhar uma boa fortuna.
Foi questionado se o jovem cavalheiro, que não tinha um xelim no bolso,
mas fora abençoado com talentos muito raros, não era tolamente delicado,
ou tolamente orgulhoso, e seu pai verdadeiramente racional, sem ser mau.
Johnson, com todo o alto espírito de um senador romano, exclamou: “Ele
resolveu com sabedoria e nobreza para ter certeza. Ele é um homem
corajoso. Não seria um cavalheiro desgraçado por ter sua mulher cantando
em público por dinheiro? Não, senhor, não pode haver dúvida aqui. Eu não
sei se eu não deveria me preparar para uma cantora pública, tão facilmente
quanto deixar minha esposa ser uma.”
Johnson criticou os políticos modernos deste país, como completamente
desprovidos de qualquer princípio de qualquer espécie. “Política (disse ele)
agora nada mais é do que um meio de ascensão no mundo. Com essa única
visão, os homens se envolvem em política, e toda a sua conduta se origina
dela. Quão diferente é a esse respeito o estado da nação agora do que ele era
no tempo de Carlos I, durante a Usurpação, e depois da Restauração, no
tempo de Carlos II. Hudibras oferece uma forte prova de quanto os
princípios políticos se impunham então sobre as mentes dos homens. Há em
Hudibras muita riqueza que sempre durará. Mas para ter certeza, os traços
mais brilhantes da sua sagacidade deviam sua força à impressão das
personagens, que era sobre as mentes dos homens da época; a ele as
conheciam, na mesa e na rua; em suma, estavam familiarizados com eles; e
acima de tudo, com sua sátira dirigida contra aqueles que um pouco antes
eles tinham odiado e temido. A nação, em geral, sempre foi leal, tem sido
em todos os momentos apegada ao monarca, embora alguns rebeldes
ousados tenham sido incrivelmente poderosos por algum tempo. O
assassinato de Carlos I, sem dúvida, não foi cometido com a aprovação ou
consentimento do povo. Se tivesse sido esse o caso, o Parlamento não teria
se aventurado a entregar os regicidas ao seu castigo merecido. E nós
sabemos quanta exuberância de alegria houve quando Carlos II foi
restaurado. Se Carlos II tivesse inclinado toda a sua mente a isso, tivesse
feito disso o seu único objetivo, ele poderia ter sido tão absoluto quanto
Luís XIV.” Um cavalheiro ([233]) observou que ele não teria feito mal
nenhum se ele tivesse. JOHNSON. “Ora, Senhor, príncipes absolutos
raramente fazem qualquer mal. Mas aqueles que são governados por eles
são regidos pelo acaso. Não há segurança para um bom governo.”
CAMBRIDGE. “Houve muitas vítimas tristes do poder absoluto.”
JOHNSON. “Também, Senhor, houve de facções populares.” BOSWELL.
“A questão é, qual é pior, uma besta selvagem ou muitas?”
Johnson elogiou The Spectator, especialmente a personagem de Sir
Roger de Coverley. Ele disse: “Sir Roger não morreu uma morte violenta,
como tem sido geralmente imaginado. Ele não foi assassinado; ele morreu
somente porque outros deviam morrer, e porque sua morte dava a
oportunidade a Addison de escrever alguma coisa muito boa. Temos o
exemplo de Cervantes ao fazer Dom Quixote morrer. - Eu nunca pude ver
por que Sir Roger é representado como um pouco louco. Parece-me que a
história da viúva tinha a intenção de ter algo superinduzido a ela, mas a
superestrutura não veio.”
Alguém ([234]) encontrou falhas em escrever versos em uma língua morta,
afirmando que eles eram meramente arranjos de tantas palavras, e riu das
Universidades de Oxford e Cambridge, por apresentar coleções delas não só
em grego e latim, mas até mesmo em siríaco, arábico, e outras línguas mais
desconhecidas. JOHNSON. “Eu teria tantas delas quanto possível; eu teria
versos em todas as línguas que existam meios de adquirir. Ninguém
imagina que uma Universidade deva ter ao mesmo tempo duas centenas de
poetas; mas deve ser capaz de mostrar duas centenas de estudiosos. A morte
de Pieresc foi lamentada, eu acho, em quarenta idiomas. E eu teria em cada
coroação, e cada morte de um Rei, todo Gaudium, todo Luctus, versos da
Universidade, em tantas línguas quantas possam ser adquiridas. Eu faria
com que se dissesse ao mundo, ‘Aqui está uma escola onde tudo pode ser
aprendido.’”
Tendo combinado para o dia seguinte uma visita ao Conde de Pembroke,
em Wilton, e ao meu amigo, o Sr. Temple, ([235]) em Mamhead, Devonshire,
e não tendo retornado à cidade até o segundo dia de maio, não vi o Dr.
Johnson por um tempo considerável, e durante o restante da minha estadia
em Londres, mantive anotações muito imperfeitas de sua conversa, que se
eu, segundo o meu costume usual, tivesse escrito logo após o momento,
muito poderia ter sido preservado, o que agora está irremediavelmente
perdido. Eu agora só posso registrar algumas cenas em particular, e alguns
fragmentos de suas recordações. Mas para fazer algumas emendas ao meu
relaxamento de diligência em um aspecto, eu preciso apresentar aos meus
leitores argumentos sobre dois casos de direito, com a que ele me
favoreceu.
No sábado, seis de maio, jantamos sozinhos no Mitre, e ele me ditou o
que se segue, para obstar a queixa já mencionada, ([236]), que tinha sido feita
na forma de uma ação no Tribunal de Sessão pelo Dr. Memis, de Aberdeen,
que, na mesma tradução de um estatuto em que médicos eram mencionados,
ele foi chamado de Doutor em Medicina.
“Existem apenas duas razões para que um médico possa recusar o título
de Doutor em Medicina, porque ele supõe-se desonrado com o doutorado,
ou supõe que ele mesmo desgrace o doutorado. Ser humilhado por um título
que ele compartilha com todo nome ilustre de sua profissão, com
Boerhaave, com Arbuthnot e com Cullen, não pode certamente diminuir a
reputação de alguém. É, eu suponho, ao doutorado, do qual ele tem pavor,
que ele deve o seu direito de praticar medicina. Um Doutor de Medicina é
um médico, sob a proteção das leis, e pelo selo da autoridade. O médico que
não é um Doutor usurpa uma profissão, e só é autorizado por si mesmo a
decidir sobre a saúde e a doença, a vida e a morte. Que este cavalheiro é um
Doutor, seu diploma torna evidente; um diploma não imposto a ele, mas
obtido por solicitação, e pelo qual foram pagas taxas. Com que semblante
pode qualquer homem recusar o título que ele tanto pediu ou comprou, não
é facilmente descoberto.
Toda injúria verbal deve incluir em si alguma posição falsa, ou alguma
declaração desnecessária de verdade difamatória. Que ao chamá-lo Doutor,
um falso título foi-lhe dado, ele mesmo não pretenderá, que ao mesmo
tempo em que reclama do título, ficar ofendido se supuséssemos que ele
não fosse um Doutor. Se o título de Doutor for uma verdade difamatória, é
hora de dissolver nossas faculdades; pois, por que o público deveria pagar
salários a homens cuja aprovação é censura? Ele também pode merecer o
conhecimento do público ao considerar que ajuda pode ser dada aos
professores de medicina, que compartilham, todos, com este cavalheiro a
infeliz denominação ignominiosa, e de quem os próprios meninos de rua
não têm medo de dizer, Lá vai o Doutor.
O que está implícito no termo Doutor é bem conhecido. Ele distingue
aquele a quem é concedido, como um homem que atingiu tal conhecimento
de sua profissão que o qualifica a instruir outros. Um Doutor em Direito é
um homem que pode formar advogados por seus preceitos. Um Doutor de
Medicina é um homem que pode ensinar a arte de curar doenças. Há um
velho axioma que ninguém ainda conseguiu negar, Nil dat quod non habet.
Com base neste princípio, ser Doutor implica em habilidade, pois nemo
docet quod non didicit. Na Inglaterra, quem pratica a medicina, não sendo
um Doutor, deve praticar mediante uma licença, mas o doutorado já traz em
si uma licença.
Por que acidente aconteceu que ele e os outros médicos foram
mencionados em termos diferentes, onde os próprios termos eram
equivalentes, ou onde de fato aquele que foi aplicado a ele era o mais
honrado, talvez eles que escreveram o trabalho não podem agora recordar.
Se tivessem esperado que uma ação judicial pudesse ser a consequência de
tal variação mesquinha, espero que eles o teriam evitado. ([237]) Mas,
provavelmente, como eles não queriam fazer mal, eles não suspeitaram de
qualquer perigo, e, por isso, consultaram apenas o que lhes apareceu
decoroso ou conveniente.”
Poucos dias depois, consultei-o sobre uma causa, Paterson e outros
contra Alexandre e outros, que havia sido decidida por um voto de minerva
no Tribunal de Sessão, determinando que a Câmara Municipal de Stirling
era corrupta, e anulando a eleição de alguns dos seus oficiais, pois ficou
provado que três dos principais homens que influenciaram a maioria tinham
feito em um pacto injustificável, do qual, no entanto, a maioria não tinha
conhecimento. Ele ditou-me, depois de um pouco de consideração, as
seguintes frases sobre o assunto: -
“Há uma diferença entre maioria e superioridade; maioria aplica-se ao
número, e superioridade ao poder; e poder, como muitas outras coisas, deve
ser estimado non numero sed pondere. Agora embora o maior número não
seja corrupto, o maior peso é corrupto, de modo que a corrupção predomina
no município, tomado coletivamente, embora, talvez, tomado
numericamente, a maior parte possa não ser corrupta. Essa cidade, que está
assim constituída para agir de forma corrupta é, aparentemente, corrupta,
seja pelo poder incontrolável de alguns, ou por uma depravação acidental
da coletividade. A objeção, em que é instada a injustiça de fazer o inocente
sofrer com o culpado, é uma objeção não apenas contra a sociedade, mas
contra a possibilidade de sociedade. Todas as sociedades, grandes e
pequenas, subsistem com esta condição de que à medida que os indivíduos
obtêm vantagens com a união, eles podem também sofrer inconvenientes;
que, como aqueles que não fazem nada, e às vezes aqueles que fazem o mal
terão as honras e emolumentos da virtude geral e prosperidade geral, então
aqueles que nada fazem, ou talvez façam bem, devem ser envolvidos nas
consequências da corrupção predominante.”
Este, na minha opinião, era um caso muito bom; mas a decisão foi
confirmada na Câmara dos Lordes.
Na segunda-feira, 8 de maio fomos juntos e visitamos as mansões de
Bedlam. Eu havia sido informado de que ele estivera lá antes com o Sr.
Wedderburne, (agora Lord Loughborough), o Sr. Murphy e o Sr. Foote; e eu
tinha ouvido Foote dar um relato muito divertido de Johnson ter sua atenção
chamada por um homem que estava muito furioso, e que, enquanto batia
seu chapéu de palha, suponde que ela fosse William, Duque de
Cumberland, a quem ele estava punindo por suas crueldades na Escócia, em
1746. ([238]) Nada havia de particularmente notável neste dia; mas a
contemplação geral de insanidade foi muito comovente. Acompanhei-o até
sua casa, jantei e bebi chá com ele.
Falando de um conhecido nosso, ilustre por conhecer uma variedade
incomum de artigos diversos, tanto em antiguidades quanto literatura
educada, ele observou, “Sabe, Senhor, ele corre por aí com pouco peso em
sua mente.” E falando de outro cavalheiro muito engenhoso, ([239]), que a
partir do calor de seu temperamento estava em desacordo com muitos dos
seus conhecidos e queria evitá-los, ele disse: “Senhor, ele leva a vida de um
fora da lei.”
Na sexta-feira, 12 de Maio, como ele tinha sido tão bondoso ao me
providenciar um quarto em sua casa, onde eu poderia dormir de vez em
quando, quando aconteceu de eu me sentar com ele em uma hora tardia,
tomei posse dela nesta noite, encontrei tudo em excelente ordem, e fui
atendido pelo honesto Francis com uma assiduidade muito civilizada.
Perguntei a Johnson se eu poderia ir a uma consulta com outro advogado no
domingo, pois isso pareceu-me estar funcionando muito da minha maneira,
como se um artesão devesse trabalhar no dia dedicado ao descanso
religioso. JOHNSON. “Ora, Senhor, quando você for de importância
suficiente para se opor à prática de consultoria no domingo, você deve fazê-
lo: mas você pode ir agora. Não é um crime, embora não seja o que se deva
fazer; quem está ansioso pela preservação e aumento da piedade, para quem
uma observância peculiar do domingo é uma grande ajuda. A distinção é
clara entre o que é moral e o que é de obrigação ritual.”
No sábado, 13 de maio, tomei o café da manhã com ele por convite,
acompanhado pelo Sr. Andrew Crosbie, um advogado escocês, a quem ele
tinha visitado em Edimburgo, e do Exmo. Coronel (hoje General) Edward
Stopford, irmão de Lord Courtown, que desejava ser apresentado a ele. Seu
chá e pães e manteiga, e aparelhos completo de desjejum eram de tal
decoro, e seu comportamento era tão cortês, que o Coronel Stopford ficou
bastante surpreso, e se admirava de ter ouvido tanto contado sobre o
desleixo e rudeza de Johnson. Nada preservei do que se passou, exceto que
Crosbie o agradou muito ao falar com propriedade de alquimia, de que
Johnson não era totalmente descrente, mas sim deliciado em considerar que
progresso realmente tinha sido feito na transmutação dos metais, que
abordagens havia à obtenção de ouro; e nos disse que se afirmava que uma
pessoa nos domínios russos teria descoberto o segredo, mas morreu sem
revelá-lo, imaginando que isso seria prejudicial para a sociedade. Ele
acrescentou que não era impossível, mas que poderia, com o tempo, ser do
conhecimento geral.
Sendo perguntado se era razoável que um homem estar com raiva de
outro a quem uma mulher havia preferido a ele; - JOHNSON. “Eu não vejo,
Senhor, que seja razoável para um homem estar com raiva de outro, a quem
uma mulher preferiu a ele: mas com raiva ele está, sem dúvida; e ele detesta
estar com raiva de si mesmo.”
Antes de sair para a Escócia no dia 23, eu estava frequentemente em sua
companhia em diferentes lugares, mas durante este período registrei apenas
duas observações: uma sobre Garrick: “Ele não tem o Latim suficiente. Ele
descobre o latim pelo significado, ao invés do significado pelo latim.” E a
outra relativa aos escritores de viagens, que, ele observou, “eram mais
deficientes do que quaisquer outros escritores.”
Passei muitas horas com ele no dia 17, de que eu acho todas as minhas
reminiscências serem “muitas risadas.” Deve parecer que ele tinha, naquele
dia, estado em um humor de jocosidade e alegria, e em tais ocasiões eu
nunca conheci um homem que risse mais cordialmente. Podemos supor que
o elevado prazer de um estado tão diferente de sua melancolia habitual,
produzia mais que esforços comuns do que a faculdade distintiva do
homem, que tanto têm intrigado os filósofos. A risada de Johnson era tão
notável como qualquer circunstância em suas maneiras. Ela era uma espécie
de rosnado bem-humorado. Tom Davies a descreveu de maneira
suficientemente jocosa: “Ele ri como um rinoceronte.”

“A BENNET LANGTON, ESQ.


Caro senhor, - Eu tenho um velho copista ([240]) em grande angústia. Eu
dei o que eu acho que eu posso dar, e implorei até onde não posso dizer
onde implorar mais. Eu coloquei em suas mãos esta manhã quatro guinéus.
Se você pudesse coletar mais três guinéus, isso o ajudaria em sua atual
dificuldade. Eu fico, Senhor, seu mais humilde servo,
21 de maio de 1775.
SAM. JOHNSON.”
“A JAMES BOSWELL, ESQ.
Caro senhor, - Não tenho nenhuma dúvida, mas agora você está
seguramente alojado em sua própria casa, e contou todas as suas aventuras à
Sra. Boswell, e a Srta. Veronica. Peço que ensine Veronica a me amar. Peça
a ela que não dê ouvidos à mamãe.
A Sra. Thrale ficou resfriada, e esteve muito adoentada, mas eu espero
que tenha melhorado. O Sr. Langton foi ontem a Lincolnshire, e convidou
Nicolaida ([241]) a acompanhá-lo. Beauclerk fala de ir a Bath. Estou por
definir na segunda-feira; então não há nada, a não ser dispersão.
Devolvi as folhas de entretenimento de Lord Hailes, mas devo ficar até
eu voltar para mais, porque será inconveniente enviá-las depois de mim no
meu estado nômade.
Eu prometi à Sra. Macaulay ([242]) que tentaria ajudar seu filho em
Oxford. Eu não me esqueci, nem tenho pouca disposição em fazer isso. Se
eles desejam dar-lhe uma educação inglesa, deve-se considerar se eles não
podem mandá-lo por um ou dois anos a uma escola inglesa. Se ele vem
imediatamente da Escócia, pode não fazer boa figura em nossas
Universidades. As escolas no Norte, creio eu, são baratas; e, quando eu era
um jovem, eram eminentemente boas.
Há dois livrinhos publicados pelo Foulis, Poemas de Telêmaco e Collins,
cada um custando um xelim: Eu ficaria feliz em tê-los.
Estenda meus cumprimentos à Sra. Boswell, embora ela não me ame.
Você vê que coisas perversas são as senhoras, e quão pouco aptas a serem
confiáveis com propriedades feudais. Quando ela se emenda e me ama,
pode haver mais esperança de suas filhas.
Eu não vou enviar cumprimentos aos meus amigos pelo nome, porque eu
receio deixar algum fora da lista. Diga-lhes que, quando você os vir, quão
bem eu falo da polidez escocesa, da hospitalidade escocesa, da beleza
escocesa, de tudo escocês, exceto dos bolos de aveia escoceses e dos
preconceitos escoceses.
Conte-me sobre a resposta de Rasay, e da decisão relativa à Sir Allan.
( ) Eu fico, meu caríssimo Senhor, com muito carinho, o seu mais
[243]

obrigado, e mais humilde servidor,


27 de maio de 1775
SAM. JOHNSON.”

Depois do meu regresso à Escócia, escrevi três cartas a ele, das quais
extraí as seguintes passagens: -
“Eu vi Lord Hailes desde que voltei. Ele acha maravilhoso que você
esteja contente em se dar tanto trabalho em revisar seus Anais. Eu lhe contei
que você disse que estava sendo bem recompensado pelo entretenimento
que tem ao lê-los.”
“Houve um numeroso voo de Hebrideans em Edimburgo neste verão, a
quem eu fiquei feliz em abrigar na minha casa. O Sr. Donald Macqueen
([244]) e Lord Monboddo jantaram comigo uma noite. Eles se juntaram a
mim em contestar sua proposta de que o Gaélico das Terras Altas e Ilhas da
Escócia não foi escrito até bem tarde.”
“Minha mente tem estado um pouco sombria neste verão. Eu preciso de
seu aquecimento e raios vivificantes; e espero tê-los com frequência. Vou
passar algum tempo com meu pai em Auchinleck.”

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Agora estou retornado do passeio anual pelos condados
do centro do país. Depois de nada ter visto que eu não tenha visto antes,
nada tenho a relatar.
O tempo deixou àquela parte da ilha poucas antiguidades; e o comércio
não deixou às pessoas qualquer singularidade. Eu estava feliz por ir ao
estrangeiro, e, talvez, feliz por voltar para casa; que é, em outras palavras,
eu estava, receio, cansado de estar em casa, e cansado de estar no exterior.
Não é este o estado de vida? Mas, se confessarmos esse cansaço, não vamos
lamentá-lo, pois todos os sábios e todos os bons dizem que podemos curá-
lo.
Para os fumos negros que surgem em sua mente, nada posso prescrever,
a não ser que você os disperse através de negócio honesto ou prazer
inocente, e lendo, às vezes facilmente e, por vezes seriamente. Mudança de
local ajuda; e espero que a sua residência em Auchinleck terá muitos bons
efeitos.
Que eu tenha provocado dor em Rasay, estou sinceramente arrependido;
e estou, portanto, muito satisfeito que ele não esteja mais inquieto. Ele
ainda acha que eu o representei como pessoalmente desistindo da Chefia do
clã. Eu quis dizer apenas que isso não mais foi contestado entre as duas
casas, e supus que houve acordo, talvez, pela cessão de alguma geração
remota, na casa de Dunvegan. Lamento que o anúncio não tenha continuado
por três ou quatro vezes no jornal.
Que Lord Monboddo e o Sr. Macqueen devam contestar uma posição
contrária ao interesse imaginário do preconceito literário ou nacional, pode
ser facilmente imaginado; mas sobre um fato permanente não deveria haver
nenhuma controvérsia: se há homens com caudas, pegue um homo
caudatus; se houve escritos antigos nas Terras Altas ou Hébridas, na língua
Erse, produzam-se os manuscritos.
Onde os homens escrevem, eles escreverão um ao outro, e algumas de
suas cartas, nas famílias estudiosas de sua ascendência, serão mantidas. No
País de Gales há muitos manuscritos.
Tenho agora três pacotes da história de Lord Hailes, que eu pretendo
devolver, todos, na próxima semana: que seu respeito por minhas pequenas
observações deve manter seu trabalho em suspenso, é um dos males da
minha jornada.
É na nossa língua, eu acho, um novo modo de história, que conta tudo o
que se queria, e, eu suponho, tudo o que se sabia, sem o esplendor
elaborado da linguagem, ou a sutileza afetada da conjectura. A exatidão de
suas datas aumenta minha admiração. Ele parece ter a precisão de Henault
sem sua restrição.
A Sra. Thrale estava tão entretida com seu Journal, ([245]) que ela quase
ficou cega lendo. Ela tem grande consideração por você.
Da Sra. Boswell, embora ela saiba em seu coração que ela não me ama,
estou sempre feliz em ouvir qualquer coisa boa, e espero que ela e as
pequenas queridas senhoras não terão nem doença, nem qualquer outra
aflição. Mas ela sabe que não se importa com o que me acontecer, e por isso
ela pode ter certeza de que eu acho ser muito dela a culpa.
Nunca, meu caro senhor, você tenha em mente pensar que eu não te amo;
você pode ter plena confiança tanto do meu amor quanto de minha estima;
Eu te amo como um homem gentil, eu te valorizo como um homem de bem,
e espero que a tempo te reverencie como um homem de piedade exemplar.
Eu te abraço, como Hamlet o fez, ‘no fundo do meu coração’ e, por isso, é
pouco dizer, que eu fico, Senhor, teu servo humilde carinhoso,
Londres, 27 de agosto de 1775.
SAM. JOHNSON.”
“Ao MESMO
“Senhor, - Se nestes documentos ([246]) há pouca alteração tentada, não
suponha que eu seja negligente. Eu os li, talvez, mais detalhadamente que o
resto; mas eu nada encontrei digno de uma objeção.
Escreva-me logo, e escreva muitas vezes, e conte-me todo o teu coração
honesto. Eu fico, Senhor, teu com carinho,
30 de agosto de 1775.
SAM. JOHNSON.”
“Ao MESMO
“Meu caro Senhor, - Agora eu escrevo a você, para que em alguns de
seus fricotes e humores você não se imagine negligenciado. Tais fantasias
eu devo suplicar-lhe que nunca mais admita, pelo menos nunca se permita:
pois minha consideração por você é tão radicada e fixa, que se tornou parte
da minha mente, e não pode ser apagada, a não ser por algum motivo
invulgarmente violento; portanto, se eu escrevo ou não, deixe seus
pensamentos em repouso. Eu agora escrevo para lhe dizer que não vou
escrever de novo muito em breve, pois estou saindo amanhã em outra
viagem...
Seus amigos estão todos bem em Streatham e em Leicesterfields. ([247])
Estenda meus cumprimentos à Sra. Boswell, se ela estiver em bom humor
comigo.
Eu fico, Senhor, etc.
4 de setembro de 1775.
SAM. JOHNSON.”

O que ele menciona em termos tão ligeiros como, “Eu estou saindo
amanhã em outra viagem”, eu logo depois descobri que era nada menos que
uma viagem à França com o Sr. e a Sra. Thrale. Esta foi a única vez em sua
vida que ele foi ao Continente.
“A SR. ROBERT LEVET
18 de setembro de 1775. Calais.
Caro senhor,
Nós estamos aqui em França, depois de uma passagem muito agradável
de não mais que seis horas. Eu não sei quando escreverei de novo, e,
portanto, eu escrevo agora, mas você não pode supor que eu tenha muito a
dizer. Você mesmo já viu a França. Deste lugar, estamos indo a Rouen, e de
Rouen a Paris, onde o Sr. Thrale projeta ficar cerca de cinco ou seis
semanas. Temos uma recomendação regular para o residente inglês, por isso
não seremos tomados por vagamundos. Pensamos ir por um caminho e
voltar por outro, e ver o máximo que pudermos. Tentarei falar um pouco de
francês; eu tentei até agora, mas pouco, mas falei algumas vezes. Se eu
ouvisse melhor, eu suponho que eu aprenderia mais rápido. Eu fico, Senhor,
seu humilde servo,
SAM. JOHNSON.”

“Ao MESMO
“Paris, 22 de outubro de 1775.
Caro senhor,
Nós ainda estamos aqui, geralmente muito ocupados em olhar ao nosso
redor. Estivemos hoje em Versalhes. Você já o viu, e eu não vou descrevê-
lo. Chegamos ontem de Fontainebleau, onde está a Corte agora. Fomos ver
o Rei e a Rainha no jantar, e a Rainha ficou tão impressionada com a
senhorita, ([248]) que ela enviou um dos Cavalheiros para saber quem ela era.
Acho que é verdade tudo o que você já me falou de Paris. O Sr. Thrale é
muito liberal, e mantém para nós duas carruagens, e uma mesa muito fina;
mas eu acho que a nossa cozinha é muito ruim. A Sra. Thrale foi a um
convento de freiras inglesas, e eu falei com ela através da grade, e eu estou
muito gentilmente tratado pelos frades Beneditinos ingleses. Mas no todo
eu não posso fazer muitos conhecidos aqui; e embora as igrejas, palácios e
algumas casas particulares sejam muito magníficas, não há muito prazer
depois de ter visto muitas, em ver mais; pelo menos o prazer, o que quer
que seja, deve em algum momento ter um fim, e estamos começando a
pensar quando voltaremos para casa. O Sr. Thrale calcula que, quando
saímos de Streatham no dia quinze de setembro, nós o veremos novamente
por volta de quinze de novembro.
Acho que eu não tinha estado desse lado de cá do mar cinco dias, quando
descobri uma sensível melhora em minha saúde. Eu dei uma corrida na
chuva neste dia, e venci Baretti. Baretti é um bom sujeito e fala francês,
creio eu, tão bem quanto inglês.
Estenda meus cumprimentos à Sra. Williams; e dê o meu amor a Francis;
e diga aos meus amigos que eu não estou perdido. Eu fico, Senhor, o seu
mais carinhoso e humilde etc.
SAM. JOHNSON.”

“Ao DR. SAMUEL JOHNSON


Edimburgo, 24 de outubro de 1775.
Meu Caro Senhor,
Se eu não tivesse sido informado de que você estava em Paris, você teria
tido uma carta minha na primeira oportunidade, anunciando o nascimento
do meu filho, no dia 9 corrente; e eu o chamei Alexander, o nome de meu
pai. Agora eu escrevo, pois eu suponho que o seu companheiro de viagem,
o Sr. Thrale voltará para Londres esta semana, para participar de seu dever
no Parlamento, e que você não ficará atrás dele.
Eu envio outra parte dos Anais de Lord Hailes. Eu me comprometi a lhe
solicitar um favor a ele, que ele, assim, pede em uma carta: ‘Eu pretendo
em breve dar-lhe A Vida de Robert Bruce, que você me fará o favor de
transmitir ao Dr. Johnson.
Eu gostaria que você pudesse me ajudar em uma fantasia que eu adquiri,
de conseguir que o Dr. Johnson traçasse uma personagem de Robert Bruce,
a partir da narrativa que eu faço daquele príncipe. Se ele encontrar materiais
para isso no meu trabalho, será uma prova de que eu fui feliz na escolha dos
incidentes mais marcantes.’
Eu suponho que por A Vida de Robert Bruce, sua Senhoria quer dizer
aquela parte dos seus Anais, que relata a história daquele príncipe, e não um
trabalho separado.
Vamos ter uma Viagem a Paris de você no inverno? Você será, eu
espero, pelo menos gentil o suficiente para me fazer algum relato de suas
viagens francesas muito em breve, porque eu estou muito impaciente. Que
cena você viu esse outono, diferente daquela que você viu no Outono de
1773! Eu sou sempre, meu caro Senhor, seu humilde servo muito
agradecido e carinhoso,
JAMES BOSWELL.”

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro Senhor, - Estou contente que o jovem Senhor nasceu, e um fim,
conforme espero, de colocar a única diferença que você pode jamais ter
com a Sra. Boswell. ([249]) Eu sei que ela não me ama; mas tenho a intenção
de persistir em desejar-lhe bem até que eu tire o melhor dela.
Paris é, de fato, um lugar muito diferente das Hébrides, mas ela é para
um viajante apressado não tão fértil de novidades, nem oferece tantas
oportunidades de observação. Eu não posso fingir dizer ao público qualquer
coisa em um lugar mais bem conhecido por muitos dos meus leitores do que
por eu mesmo. Podemos falar disso quando nos encontrarmos.
Irei na próxima semana a Streatham, de onde eu pretendo enviar um
pacote da História a cada mala postal. Quanto ao caráter de Bruce, só posso
dizer que eu não vejo nenhum grande motivo para escrevê-lo; mas não vou
negar facilmente o que Lord Hailes e você concordam em desejar.
Estive extremamente saudável em toda a viagem, e espero que você e
sua família tenham conhecido apenas aquele problema e perigo que
terminou tão alegremente.
Entre todas as felicitações que você pode receber, espero que você
acredite que nenhuma seja mais calorosa ou sincera, do que aquelas de, caro
Senhor, seu mais carinhoso,
16 de novembro de 1775.
SAM. JOHNSON.”

“À SRA. LUCY PORTER, em Lichfield ([250])


Cara Senhora, - Esta semana eu voltei de Paris. Eu lhe trouxe uma
caixinha, que eu achei bonita; mas eu não sei se é propriamente uma caixa
de rapé, ou uma caixa para outra utilização. Vou enviá-la, quando puder
encontrar uma oportunidade. Eu passei muito bem durante toda a viagem.
Meus companheiros de viagem eram os mesmos que você viu em Lichfield,
apenas trouxemos Baretti conosco. Paris não é um lugar tão bom quando
seria de se esperar. Os palácios e igrejas, no entanto, são muito esplêndidos
e magníficos; e o que lhe agradaria, há muitas pinturas muito finas; mas eu
não acho que seu modo de vida seja cômodo ou agradável.
Conte-me como esteve sua saúde todo esse tempo. Espero que um bom
verão tenha lhe dado força suficiente para enfrentar o inverno.
Estenda meus cumprimentos a todos os meus amigos; e, se seus dedos
lhe permitirem, escreva-me, ou faça com que sua empregada escreva, se for
um problema para você.
Eu fico, Madame, seu mais humilde e afetuoso servo,
16 de novembro de 1775.
SAM. JOHNSON.”

“À MESMA
Cara Senhora, - Algumas semanas atrás eu lhe escrevi, para lhe dizer que
eu havia acabado de chegar em casa de um passeio, e esperava que eu
deveria ter tido notícias suas. Estou com medo de que o inverno tenha
afetado seus dedos e lhe impedido de escrever. No entanto, faça alguém
escrever, se você não puder, e me diga como você está, e um pouco do que
aconteceu em Lichfield entre nossos amigos. Espero que estejam todos
bem.
Quando eu estava na França, eu pensei que eu mesmo estava
rejuvenescendo, mas tenho medo que o tempo frio retirará parte de meu
novo vigor. Vamos, no entanto, cuidar de nós mesmos, e não perder parte da
nossa saúde por negligência.
Eu nunca soube se você recebeu o Comentário sobre o Novo Testamento
e as Viagens, e os óculos.
Meu querido amor, escreva-me; e não vamos esquecer um ao outro. Esta
é a estação de bons desejos, e desejo-lhe tudo de bom. Eu não tenho visto
ultimamente o Sr. Porter, ([251]) nem recebido notícias dele. Ele está com
você?
Por favor, estenda meus cumprimentos à Sra. Adey, e à Sra. Cobb, e a
todos os meus amigos; e quando eu puder ser de alguma utilidade, deixe-me
saber.
Eu me despeço, Senhora, com muita afeição,
Dezembro de 1775.
SAM. JOHNSON.”

É lamentável que ele não tenha escrito um relato de suas viagens em


França; pois quando diz que ele uma vez disse que “poderia escrever a Vida
de um Cabo de Vassoura,” assim, não obstante tantos outros viajantes
tenham esgotado quase todos os assuntos de observação naquele grande
reino, sua observação muito precisa, e vigor peculiar de pensamento e
ilustração teriam produzido um trabalho valioso. Durante sua visita a ela,
que durou cerca de dois meses, ele escreveu notas ou minutas do que viu.
Ele prometeu me mostrá-las, mas eu me esqueci de colocar isso na mente
dele; e a maior parte delas se perdeu, ou talvez, destruídas em uma queima
precipitada de seus papéis, alguns dias antes de sua morte, que deve sempre
ser lamentada. Um pequeno caderno de anotações, no entanto, intitulado
“FRANÇA II,” foi preservado, e está em meu poder. É um registro diário da
sua vida e observações, a partir de 10 de outubro a 4 de novembro,
inclusive, sendo vinte seis dias, e mostra uma extraordinária atenção a
vários pormenores minuciosos. Sendo o único memorial dessa viagem que
resta, meus leitores, estou confiante, o lerão com prazer, embora suas notas
sejam muito curtas e, evidentemente, escritas apenas para ajudar a sua
própria lembrança.
“10 de Out. Terça-feira. Vimos a Ecole Militaire, onde cento e cinquenta
jovens são educados para o exército. Eles têm armas de diferentes
tamanhos, de acordo com a idade; - pederneiras de madeira. O prédio é
muito grande, mas nada refinado, exceto a sala do conselho. Os franceses
têm grandes quadrados nas janelas; - Elas fazem boas paliçadas de ferro.
Suas refeições são grosseiras.
Visitamos o Observatório, um enorme edifício de uma grande altura. As
pedras superiores do parapeito muito grandes, mas não presas com ferro. A
plataforma no topo é muito extensa; mas na parte isolada não há parapeito.
Apesar de ela ser suficientemente ampla, eu não me importei em ir lá em
cima. Mapas eram impressos em uma das salas.
Caminhamos até um pequeno convento dos Padres do Oratório. No
púlpito de leitura do refeitório está colocado as Vidas dos Santos.
11 de Out. Quarta-feira. Fomos ver o Hôtel de Chatlois, uma casa não
muito grande, mas muito elegante. Uma das salas era dourada a um grau
que eu nunca vi antes. A parte superior para os empregados e seus patrões
era bonita.
Daí fomos até a casa do Sr. Monville, uma casa dividida em pequenos
apartamentos decorados com elegância efeminada e minuciosa. - Alabastro.
Daí fomos à igreja de São Roque, que é muito grande; - A parte inferior
das colunas incrustadas com mármore. - Três capelas atrás do altar-mor; - a
última uma massa de arcos baixos. - Altares, creio eu, por todo lado.
Atravessamos a Place Vendôme, um quadrado bonito, quase tão grande
quanto a praça Hanover. - Habitado pelas famílias importantes. - Louis XIV
a cavalo no meio.
Monville é o filho de um fazendeiro-general. Na casa de Chatlois há um
quarto mobiliado como o Japão, montado na Europa.
Jantamos com Boccage, o Marquês Blanchetti, e sua senhora. - As
guloseimas doces levadas pela Marquesa Blanchetti, depois de observar que
eles eram caros. - O Sr. Le Roy, Conde Manucci, o Abade, o Prior, e o
Padre Wilson, que ficou comigo, até que eu o levei para casa na carruagem.
Bathiani se foi.
Os franceses não têm leis para a manutenção de seus pobres. - Monge
não é necessariamente um sacerdote. - Beneditinos levantam-se às quatro;
estão na igreja por uma hora e meia; na igreja novamente por meia hora
antes, meia hora depois, o jantar; e, novamente, meia hora depois de sete até
oito. Eles podem dormir oito horas. - Trabalho corporal procurado em
mosteiros.
Os pobres levados para hospitais, e cuidados miseravelmente. - Monges
no convento quinze - considerados pobres.
12 de Out. Quinta-feira. Fomos aos Gobelins. - Tapeçaria faz uma boa
imagem; - Imita carne exatamente. - Uma peça com um fundo dourado; -
As aves não exatamente coloridas. - Daí fomos para o gabinete do Rei; -
Muito elegante, não, talvez, perfeito. - Minério de ouro. - Velas da árvore-
candelabro. - Sementes. - Madeiras. Daí para a casa de Gagnier, onde vi
nove quartos decorados com uma profusão de riqueza e elegância que eu
nunca tinha visto antes. - Vasos. - Pinturas. - Porcelana do Dragão. - O
lustre dito ser de cristal, e ter custado 3. 500 l. - O mobiliário todo, se diz ter
custado 125,000 l. - Tapeçarias de damasco coberto com pinturas. -
Alabastro. - Esta casa me impressionou. - Então, esperamos pelas senhoras
para Monville. - Capitão Irwin conosco. ([252]) - Espanha. Cidades do
Condado cheias de mendigos. - Em Dijon ele não conseguia encontrar o
caminho para Orleans. - As encruzilhadas da França muito ruins. - Cinco
soldados. - Mulher. - Soldados escaparam. - O coronel não perderia cinco
homens pela morte de uma mulher. - O magistrado não pode prender um
soldado, a não ser com a permissão do Coronel. - Boa pousada em Nimes. -
Mouros de Barbary apaixonado por ingleses. - Gibraltar eminentemente
saudável; - Tem carne de Barbary; - Há um grande jardim. - Soldados às
vezes caem da rocha.
13 de Out. Sexta-Feira. Fiquei em casa o dia todo, só fui encontrar o
Prior, que não estava em casa. - Eu li algo em Canus. ([253]) - Nec admiror,
ne multum laudo.
14 de Out. sábado. Fomos à casa do Sr. Argenson, que era quase
revestida de espelhos, e coberta com ouro. - O armário das senhoras
revestido de grandes quadrados de vidro sobre papel pintado. Eles sempre
colocam espelhos para refletir suas salas.
Depois fomos ao Julien, o Tesoureiro do Clero: - 30. 000 l. por ano. - A
casa não tem espaço muito grande, mas está decorada com espelhos e
coberta com ouro. - Livros de madeira aqui, e em outra biblioteca.
Na casa de D ******** ([254]) olhei os livros no armário da senhora, e,
com desprezo, mostrei-os ao Sr. T. - Prince Titi; Bibl. des Fées, e outros
livros. - Ela se sentiu ofendida, e fechou, conforme ouvimos depois, seu
apartamento.
Então fomos ao Julien Le Roy, relojoeiro do Rei, um homem de caráter
em seu negócio, que mostrou um pequeno relógio feito para encontrar a
longitude. - Um homem decente.
Depois vimos o Palais Marchand, e os Tribunais de Justiça, civil e
criminal. - Consultas ([255]) no Sellette. - Este edifício tem as antigas
passagens góticas, e uma grande aparência de antiguidade. - Trezentos
prisioneiros, algumas vezes no cárcere.
Muito perturbado; espero que não será nenhum mal. ([256])
Na parte da tarde, visitei o Sr. Freron, o jornalista. Ele falava latim muito
escassamente, mas pareceu entender-me. - Sua casa não é esplêndida, mas
de tamanho confortável. - Sua família, esposa, filho e filha, não muito
educada, mas decente. - Fiquei satisfeito com a minha recepção. - Ele deve
traduzir meu livro, que vou lhe enviar com notas.
15 de Out. Domingo. Em Choisi, um palácio real nas margens do Sena,
cerca de 7 milhas de Paris. - O terraço nobre ao longo do rio. - Os salões
numerosos e grandes, mas não diferentes de outros palácios. - A capela
bonita, mas pequena. - Globos de porcelana. - Mesa Embutida. - Labirinto. -
Mesa de pia - Mesas de banheiro.
16 de Out. Segunda-feira. O Palais Royal muito grande, enorme e
imponente. - Uma grande coleção de pinturas. - Três de Rafael. - Dois
Sagrada Família. - Uma pequena peça de M. Angelo. - Uma sala de Rubens
- Eu achei as pinturas de Rafael excelentes.
Os Tuilleries. - Estátuas. – Vênus – Æn. e Anchises em seus braços. -
Nilo. - Muito mais. Os passeios não são abertos às pessoas comuns. -
Cadeiras à noite alugadas por dois “sous” cada. - Ponte giratória.
Freiras de Austin - Grelha. – A Sra. Fermor, Abadessa. - Ela conheceu o
Papa, e o considerava desagradável. – A Sra. - Tem muitos livros; - viu a
vida. – Suas franjas desagradáveis. - Seus capuzes. - Suas vidas fáceis. -
Levantam-se de cerca de cinco; hora e meia na capela. - Jantar às dez. -
Mais uma hora e meia na capela; meia hora por volta de três, e meia hora
mais às sete - quatro horas na capela. - Um grande jardim. - Treze
pensionistas. - Professor reclamou.
Nos Boulevards nada vi, mas estava feliz por estar lá. - Dança na corda
bamba e farsa. - Dança do Ovo.
N. Nota. Perto de Paris, seja em dias de semana ou domingos, as ruas
vazias.
17 de Out. Terça-feira. No Palais Marchand, comprei
Uma caixa de rapé - 24 L.
6 Livros de mesa 15 Tesouras 3 p par 18 63-2 12 6
Ouvimos os advogados pleitear. – N. Tantos mortos em Paris, quantos
são os dias no ano. Câmara de perguntas - Julgamento no Palais Marchand.
- Um antigo e venerável edifício.
O Palais Bourbon, pertencente ao Príncipe de Condé. Somente uma
pequena ala mostrada; - imponente; - esplêndida; - ouro e vidro. - As
batalhas do grande Condé estão pintadas em uma das salas. O presente
Príncipe, avô aos trinta e nove anos.
A vista de palácios e outros grandes edifícios não deixa imagens muito
distintas, a não ser para aqueles que falam deles e se impressionam. Quando
entrei, minha esposa estava na minha mente: ([257]) ela teria ficado satisfeita.
Não tendo agora ninguém para agradar, estou pouco satisfeito.
N. Na França, não há classe média.
Tantas lojas abrem, que o domingo é pouco diferente em Paris. - Os
palácios de Louvre e Tuilleries concedeu os alojamentos.
No Palais de Bourbon, globos dourados de metal na lareira.
As camas francesas são recomendadas. - Grande parte do mármore,
somente massa.
O Coliseu, um mero edifício de madeira, pelo menos grande parte dele.
18 de Out. Quarta-feira. Fomos a Fontainebleau, que achamos uma
grande cidade média, cheia de gente. - A densa floresta com madeiras,
muito extensa. - Manucci nos reservou alojamento. - O aspecto do campo é
agradável. - Não há montanhas, alguns riachos, apenas uma sebe. - Não me
lembro-me de capelas nem de cruzes na estrada. - Pavimento regular e
fileiras de árvores.
N. Ninguém, a não ser as pessoas comuns caminham em Paris.
19 de Out. Quinta-feira. Na Corte, vimos os apartamentos; - o dormitório
do Rei e a câmara do conselho extremamente esplêndidos - Pessoas de
todas as classes nas salas externas através das quais a família passa: - servos
e senhores. - Brunet conosco pela segunda vez.
O apresentador veio até nós; - civilizado para mim. - Apresentando- Eu
tinha escrúpulos. - Não é necessário. - Nós fomos e vimos o Rei e a Rainha
no jantar. - Nós vimos as outras senhoras no jantar - Madame Elizabeth,
com a Princesa de Guimené. - À noite, fomos a uma comédia. Eu nem vi
nem ouvi. - Mulheres embriagadas– A Sra. Th. preferiu um ao outro.
20 de Out. Sexta-Feira. Vimos a Rainha montar na floresta. - Roupa
marrom; montava de lado: uma senhora viajava ao lado. - O cavalo da
Rainha cinza claro; cilha. - Ela galopou. - Fomos então aos apartamentos, e
os admiramos- Em seguida, vagamos pelo palácio. - Nas passagens, bancas
e lojas. - Pintura em Fresco por um grande mestre, desgastadas. - Vimos
cavalos e cães do Rei. - Os cães quase todos ingleses. - Degenerado.
Os cavalos não muito recomendados. - Os estábulos frios; o canil
imundo.
À noite, as senhoras foram à ópera. Recusei-me, mas devia ter aceitado
O Rei se alimenta com a mão esquerda como nós.
Sábado, 21. À noite eu fiquei extenuado. - Voltamos para Paris. - Acho
que não vimos a capela. - Árvore quebrada pelo vento. - As cadeiras
francesas feitas todas de tábuas pintadas.
N. Soldados no Tribunal de Justiça. - Os soldados não respondem aos
magistrados. - Mulher de Dijon. ([258])
Pederastas no palácio. - Tudo desleixado, exceto nas salas principais. -
Árvores nas estradas, algumas altas, nenhuma velha, muitas muito jovens e
pequenas.
As selas femininas parecem malfeitas. - O bridão da Rainha tecido com
prata. - Relhos para bater no cavalo.
Domingo, 22 de outubro Para Versalhes, uma cidade média. Carruagens
de negócio passando. - Lojas médias contra a muralha. - O nosso caminho
passava por Sèvres, onde fica a fábrica de porcelana. - Ponte de madeira em
Sèvres, no caminho de Versalhes. - O palácio de grande extensão. - A longa
frente; eu não a vi perfeitamente. - A Menagerie. Cisnes escuros; seus pés
pretos; no chão; domados. - Alcíones, ou gaivotas. - Cervo e corça, jovens.
- Aviário, muito grande; a rede, arame. - Cervo negro da China, de pequeno
porte. - Rinoceronte, o chifre quebrado e aparado, que, suponho, crescerá; a
base, eu acho, quatro polegadas de um lado a outro; a pele como pano solto
se dobra sob seu corpo, e através dos quadris; um grande animal, apesar de
jovem; tão grande, talvez, quanto quatro bois. - O jovem elefante, com suas
presas apenas aparecendo. - O urso pardo colocou para fora suas patas; -
Todos muito mansos. - O leão. - Os tigres que eu não vi bem. - O camelo ou
dromedário com duas corcovas chamado Huguin, ([259]) mais alto que
qualquer cavalo. - Dois camelos de uma corcova. - Entre as aves estava um
pelicano, que ao ser solto, foi para uma fonte, e nadou ali para pegar peixes.
Seus pés ligados por uma membrana: ele mergulhou sua cabeça, e virou o
longo bico de lado. Ele pegou dois ou três peixes, mas não os comeu.
O Trianon é uma espécie de retiro anexo a Versailles. Ele tem um pórtico
aberto; o pavimento, e, penso eu, os pilares de mármore. - Há muitas salas,
que não me lembro distintamente - Uma mesa de alabastro, de cerca de
cinco pés de comprimento, e entre dois e três de largura, presenteada a
Louis XIV pelo Estado veneziano. - Na sala do conselho quase tudo o que
não era porta ou janela, era, penso eu, espelho. - O Pequeno Trianon é um
pequeno palácio como a casa de um cavalheiro. - O piso superior
pavimentado com tijolos. - Pequena Viena - O pátio é mal pavimentado. -
Os quartos de cima são pequenos, adequados para acalmar a imaginação
com privacidade. Na frente de Versailles estão pequenas bacias de água no
terraço, e outras bacias, penso eu, abaixo delas. Há pequenos pátios. - A
grande galeria é revestida com espelhos, não muito grandes, mas unidos por
molduras. Suponho que as grandes placas ainda não eram fabricadas. - A
casa de jogos era muito grande. - A capela não me lembro se vimos. -
Vimos uma capela, mas não estou certo se for lá ou no Trianon. - O
escritório de estrangeiros pavimentado com tijolos. - O jantar meio Louis
cada um, e, penso eu, um Louis demais. - Dinheiro dado na Menagerie, três
libras; no palácio, seis libras.
23 de Out. Segunda-feira. Na noite passada eu escrevi a Levet. - Fomos
ver forjar os espelhos. Eles vêm de Normandia em placas fundidas, com
talvez um terço de uma polegada de espessura. Em Paris eles são polidos
em cima de uma mesa de mármore, esfregando uma placa em outra com
areia fina entre elas. As diferentes areias, de que se diz ser cinco, eu não
consegui saber. O suporte, através do qual o vidro superior é movido, tem a
forma de uma roda, que pode ser movida em todas as direções. As placas
são colocadas com suas superfícies esmerilhadas, mas não polidas, e assim
continuarão até que sejam encomendadas, senão o tempo deve estragar a
superfície, como nos foi dito. Aquelas que devem ser polidas, são colocadas
sobre uma mesa, cobertas com vários panos espessos, bem esticados de
modo que a resistência possa ser igual; elas são, então, esfregadas com uma
borracha de mão, mantidas em baixo com força por um artifício que eu não
entendi muito bem. O pó que é usado por último pareceu-me ser ferro
dissolvido em aqua fortis: eles o chamam, conforme disse Baretti, marc de
l'eau forte, o que ele achava que era escória. Eles mencionaram vitríolo e
salitre. A bala de canhão nadou no mercúrio. Para prateá-los, uma folha de
estanho batido é colocada, e esfregada com mercúrio, a qual ele se une. Em
seguida, mais mercúrio é despejado sobre ele, que, por sua mútua atração
sobe muito alto. Em seguida, um papel é colocado na extremidade mais
próxima da placa, sobre a qual o vidro é deslizado até que ele se encontra
em cima da placa, tendo levado a maior parte do mercúrio antes dele. É
então, eu acho que, pressionado pelos panos e então inclinado para soltar o
excesso de mercúrio; a inclinação é aumentada diariamente até uma
perpendicular.

No caminho eu vi a Greve, a casa do Prefeito, e a Bastilha.


Fomos então para Sans-terre, um cervejeiro. Ele fabrica com quase tanto
malte quanto o Sr. Thrale, e vende sua cerveja ao mesmo preço, mas ele não
paga impostos pelo malte, e pouco mais de metade pela cerveja. A cerveja é
vendida no varejo a 6p. uma garrafa. Ele fabrica 4.000 barris por ano. Há
dezessete fabricantes de cerveja em Paris, dos quais se supõe, nenhum
fabrique mais do que ele: - imputando-lhes 3.000 cada, eles fazem 51 mil
por ano. - Eles fazem seu malte, pois o malte aqui não é comercializado.
O fosso da Bastilha está seco.
24 de Out. Terça-feira. Visitamos a biblioteca do Rei - Eu vi o Speculum
Humanae Salvationis, rudemente impresso, com tinta, às vezes pálida, às
vezes preta; supõe-se que parte com tipos de madeira, e parte com páginas
cortadas em placas de madeira. - A Bíblia, que se supões seja mais velha do
que a de Mentz, em 62 1462: ela não tem data; supõe-se ter sido impressa
com tipos de madeira. - Estou em dúvida; a impressão é grande e bonita, em
dois fólios. - Outro livro me foi mostrado, que se supõe tenha sido impresso
com tipos de madeira; - Eu acho que era, Durandi Sanctuarium em 58
1458. Isto é inferido a partir da diferença de forma, por vezes vista na
mesma letra, que deve ter sido martelada com diferentes punções. - A
semelhança regular da maioria das letras prova melhor de que elas são de
metal. - Eu não vi nada, a não ser o Speculum que eu não tinha visto, eu
acho, antes.
Daí para a Sorbonne. - A biblioteca muito grande, não em prateleiras
como a do Rei. Marbone e Durandi, q. coleção 14 vol. Scriptores de rebus
Gallicis, muitos fólios. – Histoire Généalogique of France, 9 vol. - Gallia
Christiana, a primeira edição, 4to. o último, f. 12 vol. - O Prior e
Bibliotecário jantaram conosco: - Eu os servi em casa. - Seu jardim bonito,
com passeios cobertos, mas pequeno; ainda assim pode conter muitos
estudantes. - Os Doutores da Sorbonne são todos iguais: - escolhem aqueles
que terão sucesso nas vagas. – Lucram pouco.
25 de Out. Quarta-feira. Fui com o Prior até St. Cloud para ver o Dr.
Hooke. - Caminhamos em volta do palácio, e conversamos um pouco. - Eu
jantei com todo o grupo no Mosteiro. - Na biblioteca, Beroald, - Cymon, -
Tito, de Boccace. - Oratio Proverbialis à Virgem, de Petrarca; Falkland para
Sandys; Prefácio de Dryden para o terceiro vol. de Miscelâneas. ([260])
26 Out. Quinta-feira. Vimos a porcelana em Sèvres, cortada, vitrificada,
pintada. Bellevue, uma casa agradável, não ótima: boa perspectiva. -
Meudon, um antigo palácio. - Alexander, de Alabastro: cavidade entre os
olhos e o nariz, bochechas finas. - Platão e Aristóteles - terraço nobre com
vista para a cidade. – St. Cloud - Gallery não muito alta, nem grande, mas
agradável. - Nos quartos, Michelângelo, desenhado por ele mesmo, Sir
Thomas More, Descartes, Bochart, Naudæus, Mazarine. - Lambril dourado,
tão comum que nem se percebe. - Gough e Keene. - Hooke veio até nós na
pousada. - Uma mensagem de Drumgold.
27 de Out. Sexta-Feira. Fiquei em casa. - Gough e Keene, e a amiga da
Sra. S ----- ([261]) jantaram conosco. - Nesse dia em começamos a ter uma
lareira. - O tempo se tornou muito frio, e eu temo que tenha um efeito ruim
sobre a minha respiração, que ficou muito mais fácil e liberada neste país.
Sab. 28 Out. Visitei a Grand Chartreux construída por St. Louis. - Ela é
construída para quarenta, mas contém apenas vinte e quatro, e não manterá
mais. O frade que nos falou tinha um bonito apartamento. - O Sr. Baretti diz
quatro quartos; eu me lembro somente de três. - Seus livros pareciam ser
franceses. - Seu jardim era arrumado; ele me deu uvas. - Vimos a Place de
Victoire, com as estátuas do Rei e as nações cativas.
Nós vimos o palácio e os jardins de Luxemburgo, mas a galeria estava
fechada. - Subimos ao topo das escadas. - Jantei com Colbrooke, que tinha
muitos convivas: - Foote, Sir George Rodney, Motteux, Udson, Taaf. -
Visitei o Prior, e o encontrei de cama.
Hotel - um guinéu por dia. - Coche, três guinéus por semana. - Serviço
de Valete, três l. por dia. - Arauto, um guinéu uma semana. - Jantar comum,
seis l. por cabeça. - Nosso comum parece ser cerca de cinco guinéus por
dia. - Nossas despesas extraordinárias, tais como diversão, gratificações,
roupas, eu não consigo estimar. - A nossa viagem é dez guinéus por dia.
Meias brancas, 18 l. - Peruca. – Chapéu.
Domingo, 29 out. Vimos o colégio interno. - Os Meninos encontrados. -
Um quarto com cerca de oitenta e seis crianças em berços, doce como uma
sala de estar. - Eles perdem um terço; mantêm até talvez mais de sete anos
de idade; os colocam no comércio; prendem neles os papéis enviados com
eles. - Precisam de enfermeiras. - Vi a capela deles.
Fui a St. Eustatia; vi uma multidão incontável de meninas catequizadas,
muitas, talvez 100 para cada uma catequista. - Meninos ensinados em um
horário, meninas em outro. - O sermão; o pregador usa um boné, que ele
tira à menção do nome: - seu uniforme de ação, não muito violento.
30 de Out. Segunda-feira. Vimos a biblioteca de St. Germain. - Uma
coleção muito nobre. - Codex Divinorum Officiorum, 1459: - uma letra,
quadrada como a dos Ofícios, talvez a mesma. - O Codex, por Fust e
Gernsheym. - Meursius, 12 v fol. - Amadis, em francês, 3 v fol. -
CATHOLICON sine colophone, mas de 1460. - Duas outras edições, ([262]),
uma por... Agostinho. de Civitate Dei, sem nome, data ou lugar, mas de letra
quadrada de Fust como parece.
Jantei com o Coronel Drumgold; - Tive uma tarde agradável.
Alguns dos livros da estante de St. Germain em prensas da parede, como
os de Oxford.
31 de Out. Terça-feira. Hospedei-me nos Beneditinos; dia escasso; sopa
escassa, arenques, enguias, ambos com molho; peixe frito; lentilhas,
insípidos em si mesmos. Na biblioteca; onde eu encontrei a Historiâ Indicâ:
Promontorium flectere para dobrar o Cabo, de Maffeus. Eu me despedi
com muito carinho do Prior e de Frei Wilkes.
Maitre es Artes, 2 y. – Bacc. Theol. 3 y. - Licenciate, 2 y. - Doutor Th. 2
y. 9 anos ao todo. - Para o Doutorado três defesas, Major, Minor,
Sorbonica. - Vários colégios suprimidos e transferidos para o que era
Colégio dos Jesuítas.
1º. Nov. Quarta-feira. Deixamos Paris. – St. Denis, uma cidade grande; a
igreja não muito grande, mas a ilha média é muito imponente e horrível. - À
esquerda estão capelas construídas além da linha do muro, que destroem a
simetria dos lados. O órgão está mais alto, acima do pavimento do que
qualquer outro que eu já vi. - Os portões são de bronze. - Na porta do meio
está a história do nosso Senhor. - As janelas pintadas são históricas, e se diz
serem eminentemente belas. - Nós estivemos em outra igreja pertencente a
um convento, da qual o portal é uma cúpula; não pudemos entrar mais, e
estava quase escuro.
2 Nov. Quinta-feira. Viemos hoje para Chantilly, uma sede pertencente
ao Príncipe de Condé. - Este lugar é eminentemente embelezado por todas
as variedades de águas jorrando de fontes, caindo em cascatas, correndo em
riachos, e se espalhando em lagos. - A água parece estar muito perto da
casa. - Toda essa água é trazida de uma fonte ou rio a três léguas de
distância, por um canal artificial, o que é transportado sob a terra por uma
légua. - A casa é magnífica. - O gabinete parece bem abastecido: o que eu
me lembro era, as mandíbulas de um hipopótamo, e um jovem hipopótamo
preservado, o que, no entanto, é tão pequeno, que eu duvido de sua
realidade. - Ele parece muito peludo para um aborto, e muito pequeno para
um nascimento maduro. - Nada estava em álcool; tudo estava seco. - O cão;
o cervo; o tamanduá com focinho longo. - O tucano, bico muito longo. - Os
estábulos eram de grande comprimento. - O canil não tinha fedores. - Havia
uma maquete de uma aldeia. - A Menagerie tinha poucos animais. ([263]) -
Dois fossanes, ([264]) ou doninhas brasileiras (Capivaras), manchadas, muito
selvagens. - Há uma floresta, e, creio eu, um parque. - Eu andei até que
ficar muito cansado, e na manhã seguinte sentia meus pés agredidos, e com
dores nos dedos.
3 Nov. Sexta-Feira. Viemos para Compiegne, uma cidade muito grande,
com um palácio real construído ao redor de um pátio pentagonal. - O pátio é
levantado sobre abóbadas, e, suponho, uma entrada de um lado por uma
suave elevação. - Falamos de pintura. - A igreja não é muito grande, mas
muito elegante e esplêndida. - Eu tive a primeira grande dificuldade para
andar, mas o movimento ficou gradativamente mais fácil. - À noite, viemos
a Noyon, uma cidade episcopal. - A catedral é muito bonita, os pilares
alternadamente Góticos e Corintos. - Entramos numa igreja paroquial muito
nobre. - Noyon é murada, e se diz que tem três milhas em torno dela.
4 Nov. sábado. Acordamos muito cedo, e viemos através de St. Quintin
até Cambray, não muito depois das três. - Fomos a um convento de freiras
inglesas, para dar uma carta ao Padre Welch, o confessor, que veio nos
visitar à noite.
5 Nov. Domingo. Vimos a catedral. - É muito bonita, com capelas em
cada lado. - O coro esplêndido. - A balaustrada em uma parte é de latão. - A
Nave muito alta e grande. - A altar prateado até onde ele é visível - As
vestes muito esplêndidas. - Na igreja dos Beneditinos-”
Aqui seu Diário ([265]) termina abruptamente. Se ele escreveu mais depois
desta vez, eu não sei; mas provavelmente não muito, já que ele chegou à
Inglaterra cerca de 12 de novembro. Estas notas curtas de sua turnê, embora
possam parecer minutas tomadas isoladamente, fazem juntas uma massa
considerável de informações, e exibem um tal ardor de inquisição e
acuidade de exame, como, creio eu, são encontrados em apenas uns poucos
viajantes, especialmente em uma idade avançada. Elas refutam
completamente a noção gratuita que tem sido propagada, de que ele não
conseguia enxergar; e, se ele tivesse tido o cuidado de revisá-las e digeri-
las, sem dúvida, ele poderia tê-las ampliado em uma narrativa muito
divertida.
Quando eu o encontrei em Londres, no ano seguinte, o relato que ele me
fez de sua turnê francesa, foi, “Senhor, eu vi todas as visibilidades de Paris,
e em torno dela; mas ter formado uma familiaridade com as pessoas de lá,
teria exigido mais tempo do que eu poderia ficar. Eu estava apenas
começando a insinuar-me no conhecimento por meio do Coronel Drumgold,
um homem muito alto, Senhor, chefe da L'Ecole Militaire, um caráter muito
completo, pois ele foi, primeiro, professor de retórica e, em seguida, tornou-
se um soldado. E, Senhor, eu estava sendo muito bem tratado pelos
beneditinos ingleses, e tinha uma cela apropriada para mim em seu
convento.”
Ele observou, “Os grandes na França vivem muito magnificamente, mas
o resto muito miseravelmente. Não há estado intermediário feliz como na
Inglaterra. As lojas de Paris são médias; a carne nos mercados é tal que
seria enviada para uma prisão na Inglaterra: e o Sr. Thrale justamente
observou, que a culinária dos franceses lhes era imposta por necessidade;
pois eles não podiam comer a sua carne, a menos que adicionassem algum
gosto a ela. Os franceses são um povo indelicado; eles cospem em todo
lugar. Na casa de Madame ------, ([266]) uma senhora literária de classe, o
criado tomou o açúcar em seus dedos e o jogou no meu café. Eu ia colocá-
lo de lado; mas ouvindo que ele fora feito especialmente para mim, eu até
mesmo provei os dedos de Tom. A mesma senhora precisaria fazer chá à
Inglesa. O bico da chaleira derramava livremente; ela pediu ao criado que
soprasse nele. A França é pior do que a Escócia, em tudo, exceto o clima. A
natureza fez mais para os franceses; mas eles têm feito menos para si
mesmos do que os escoceses fizeram.”
Aconteceu que Foote estava em Paris, ao mesmo tempo com o Dr.
Johnson, e sua descrição de meu amigo, enquanto estava lá, foi
abundantemente ridícula. Ele me contou que os franceses ficaram bastante
surpreendidos com a sua figura e maneiras, e com suas vestimentas, que ele
obstinadamente continuava exatamente como em Londres; - Suas roupas
marrons, meias pretas e camisa lisa. Ele mencionou, que um cavalheiro
irlandês ([267]) disse a Johnson, “Senhor, você ainda não viu os melhores
atores franceses.” JOHNSON. “Atores, Senhor! Eu olho para eles como não
melhores do que criaturas colocadas sobre mesas e bancos desmontáveis
para fazer caretas e produzir o riso, como cães dançarinos.” –“Mas, senhor,
você admitirá que alguns atores são melhores que outros?” JOHNSON.
“Sim, Senhor, como alguns cães dançam melhor do que outros.”
Enquanto Johnson estava na França, ele era geralmente muito resoluto
em falar latim. Era uma máxima com ele que um homem não deve se
rebaixar falando uma língua que ele fala de forma imperfeita. Na verdade,
temos muitas vezes observado quão inferior, quão parecido com uma
criança parece um homem que fala uma língua quebrada. Quando Sir
Joshua Reynolds, em um dos jantares da Royal Academy, lhe apresentou a
um francês ([268]) de grande distinção, ele não se dignou a falar francês, mas
conversou em latim, apesar de sua Excelência não entendê-lo, devido,
talvez, à pronúncia inglesa de Johnson: ainda assim, em outra ocasião, ele
foi observado falando francês com um francês de alto escalão, que falava
inglês; e sendo-lhe perguntado o motivo, com alguma expressão de
surpresa, - ele respondeu, “porque eu acho que o meu francês é tão bom
quanto o inglês dele.” Embora Johnson entendesse francês perfeitamente,
ele não podia falá-lo prontamente, como eu já observei em sua primeira
entrevista com o general Paoli, em 1769; mesmo assim, ele o escrevia, eu
imagino, bastante bem, como se depreende algumas de suas cartas na
coleção da Sra. Piozzi, da qual transcreverei uma: -
A Madame La Comtesse de -.
“16 de Julho de 1775.([269])
Oui, Madame, le moment est arrivé, et il faut que je parte. Mais
pourquoi faut-il partir? Est-ce que je m'ennuye? Je m'ennuyerai ailleurs.
Est-ce que je cherche ou quelque plaisir, ou quelque soulagement? Je ne
cherche rien, je n'espere rien.
Aller voir ce que j’ai vû, etre un peu rejoué, un peu degouté, me
resouvenir que la vie se passe en vain, me plaindre de moi, m'endurcir aux
dehors; voici le tout de ce qu'on compte pour les delices de l'année. Que
Dieu vous donne, Madame, tous les agrémens de la vie, avec un esprit qui
peut en jouir sans s'y livrer trop. »

Aqui não me deixem esquecer uma anedota curiosa, conforme relatada a


mim pelo Sr. Beauclerk, que me esforçarei para expor tão bem quanto eu
puder naquela forma animada do cavalheiro; e por justiça a ele, é
apropriado adicionar, que o Dr. Johnson me disse que eu poderia confiar
tanto na justeza da sua memória, quanto na fidelidade de sua narrativa.
“Quando Madame de Boufflers esteve pela primeira vez na Inglaterra,
(disse Beauclerk), ela estava desejosa de ver Johnson. Por conseguinte, fui
com ela aos seus aposentos em Temple, onde ela foi entretida com sua
conversa por algum tempo. Quando nossa visita terminou, eu e ela o
deixamos, e tínhamos apenas entrado em Inner Temple Lane, quando de
repente ouvi um barulho como um trovão. Este fora ocasionado por
Johnson, que ao que parece, com um pouco de lembrança, colocara em sua
cabeça que ele deveria ter feito as honras da sua residência literária a uma
senhora estrangeira de qualidade, e ansioso para mostrar-se um homem de
bravura, estava correndo escada abaixo em violenta agitação. Ele nos
alcançou antes que chegássemos a Temple-gate, e interpondo-se entre mim
e Madame de Boufflers, segurou sua mão e a conduziu ao seu coche. Sua
roupa era um terno matinal marrom ferrugem, um par de sapatos velhos
usados como chinelos, uma pequena peruca desgrenhada no topo de sua
cabeça, e as mangas de sua camisa e os joelhos de suas calças pendentes
soltos. Uma multidão considerável de pessoas se reuniu em volta, e não
estava pouco impressionados com essa aparência singular.”
Ele falava Latim, com maravilhosa fluência e elegância. Quando Padre
Boscovich esteve na Inglaterra, Johnson jantou em companhia dele na casa
de Sir Joshua Reynolds, e na casa do Dr. Douglas, agora Bispo de Salisbury.
Em ambas as ocasiões, aquele celebrado estrangeiro expressou seu espanto
com conversa em latim de Johnson. Quando em Paris, Johnson assim
caracterizou Voltaire para Freron, o jornalista: “Vir est acerrimi ingenii et
paucarum literarum.”

“Ao DR. SAMUEL JOHNSON


Edimburgo, 5 de dezembro de 1775.
Meu Caro senhor,
O Sr. Alexander Maclean, atual jovem Senhor de Col, devendo sair
amanhã para Londres, eu lhe dou essa carta para apresentá-lo ao seu
conhecimento. A bondade que você e eu experimentamos de seu irmão,
cuja morte infeliz nós sinceramente, lamentamos, nos fará sempre desejoso
de mostrar atenção a qualquer ramo da família. Na verdade, você tem muito
da verdadeira cordialidade das Terras Altas, que eu tenho a certeza de que
você teria pensado que me culparia se tivesse esquecido de recomendar a
você este príncipe das Hébridas, em cuja ilha fomos hospitaleiramente
recebidos. Eu estou sempre com apego respeitoso, meu caro senhor, o seu
mais obrigado e mais humilde servo,
JAMES BOSWELL.”

O Sr. Maclean voltou com os relatos mais agradáveis da atenção cortês


com que foi recebido pelo Dr. Johnson.
No decorrer deste ano, o Dr. Burney me informa, que “ele muito
frequentemente encontrou o Dr. Johnson na casa do Sr. Thrale, em
Streatham, onde tiveram longas conversas, muitas vezes sentados, enquanto
durasse o fogo e as velas, e muito mais do que a paciência dos criados
suportava.”
Algumas palavras de Johnson, de que aquele senhor se recorda, serão
inseridas aqui.
“Eu nunca tiro um cochilo depois do jantar, mas quando eu tive uma
noite ruim, então o cochilo me tira.”
“O escritor de um epitáfio não deve ser considerado como tendo dito
coisa alguma, a não ser o que seja realmente verdade. Provisão deve ser
feita para um certo grau de elogio exagerado. Em inscrições lapidares um
homem não está sob juramento.”
“Há hoje menos flagelação em nossas grandes escolas do que
anteriormente, mas, então, menos é aprendido ali; de modo que o que os
meninos ganham de um lado, eles perdem do outro.”
“Mais é aprendido nas escolas públicas do que nas escolas privadas, por
emulação; ali há a colisão de mente com a mente, ou a radiação de muitas
mentes que apontam para um centro. Embora alguns meninos façam seus
próprios exercícios, ainda assim se um bom exercício é dado, entre um
grande número de meninos, ele é feito por alguém.”
“Eu odeio atalhos em educação. A educação é tão bem conhecida, e tem
sido bem conhecido, quanto ela jamais pode ser. Esforçar-se para fazer as
crianças prematuramente sábias é trabalho inútil. Suponha que elas tenham
mais conhecimento aos cinco ou seis anos de idade do que outras crianças,
que uso pode ser feito isso? Ele será perdido antes de ser exigido, e os
resíduos de tanto tempo e de trabalho do professor não podem ser
reembolsados. Espera-se demais da precocidade, e muito pouco se realiza.
A Senhorita -------- ([270]) foi um exemplo de educação precoce, mas como
ela terminou? Casando-se com um pequeno pastor presbiteriano, ([271]) que
mantém um internato infantil, de modo que todo o seu trabalho agora é,
‘Amamentar tolos e narrar trivialidades.’
Ela diz às crianças, ‘Isto é um gato, e aquilo é um cão, com quatro pés e
uma cauda; veja lá! você é muito melhor do que um gato ou um cão, porque
você pode falar.’ Se eu tivesse dado tal educação a uma filha, e tivesse
descoberto que ela pensava em se casar com um tal homem, eu a teria
mandado para o Congresso.”
“Depois de ter falado com desprezo de música, ele foi observado
ouvindo com muita atenção, enquanto a Srta. Thrale tocava o cravo, e com
ânsia ele a chamou, ‘Por que você não termina rapidamente como Burney?’
O Dr. Burney, diante disso, disse a ele, ‘Eu creio, Senhor, que nós faremos
de você um músico, finalmente.’ Johnson, com sincera complacência,
respondeu: ‘Senhor, ficarei feliz por me ter sido dado um novo sentido.’”
“Ele tinha descido uma manhã para a sala de desjejum, e ficou um tempo
considerável sozinho antes de qualquer pessoa aparecesse. Quando, em um
dia subsequente, ele foi censurado pela Sra. Thrale por estar atrasado, o que
ele geralmente estava, ele se defendeu referindo-se à manhã extraordinária,
quando ele tinha estado cedo demais, ‘Senhora, eu não gostaria de descer
para o vazio.’”
“O Dr. Burney tendo comentado que o Sr. Garrick estava começando a
parecer velho, ele disse: ‘Ora, Senhor, não é de se maravilhar com isso; o
rosto de ninguém teve mais desgaste.’”
Não tendo notícias dele por mais tempo do que eu supunha que ele
ficasse em silêncio, eu lhe escrevi em 18 de dezembro, não de bom humor:
-
“Às vezes eu tenho medo de que o frio que cobriu a Europa este ano
como uma espécie de peste afetou-lhe gravemente: às vezes a minha
imaginação, que é em ocasiões prolífica de mal, figurou que você pode ter,
de alguma forma, se ofendido com alguma parte de minha conduta.”

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Nunca sonhe com qualquer ofensa. Como você me
ofenderia? Eu considero sua amizade como uma possessão, que eu pretendo
manter até que você tire isso de mim, e lamentar se alguma vez por minha
culpa que eu vier a perdê-la. No entanto, quando tais suspeitas encontram
seu caminho em sua mente, sempre dê-lhes vazão; eu me apressarei em
dispersá-las; mas dificulte sua entrada, em primeiro lugar, se puder.
Considere tais pensamentos como mórbidos.
Que tal doença possa desculpar minha omissão a Lord Hailes, eu não
posso honestamente pleitear. Eu fui impedido, não sei como, por uma
sucessão de pequenos obstáculos. Espero consertar imediatamente, e enviar
na próxima mala postal a Sua Senhoria. O Sr. Thrale teria escrito a você se
eu tivesse omitido; ele envia seus cumprimentos e deseja vê-lo.
Você e sua senhora agora não têm mais disputas sobre herança feudal.
Como vai o jovem Senhor de Auchinleck? Suponho que a senhorita
Veronica tenha se tornado uma leitora e oradora.
Acabo agora de ficar com uma tosse, mas mesmo assim ela nunca me
impediu de dormir: eu tive noites mais calmas do que são comuns no meu
caso.
Não posso deixar de regozijar-me que Joseph ([272]) tenha tido a sabedoria
de encontrar o caminho de volta. Ele é um bom sujeito, e um dos melhores
viajantes do mundo.
O jovem Col trouxe-me sua carta. Ele é um jovem muito agradável.
Levei-o há dois dias ao Mitre, e jantamos juntos. Eu fui tão civilizado
quanto tinha os meios de sê-lo.
Recebi uma carta de Rasay, reconhecendo, com grande aparência de
satisfação, a inserção no jornal de Edimburgo. Estou muito feliz que isso
tenha sido feito.
Meus cumprimentos à Sra. Boswell, que não me ama; e quanto a todo o
resto, eu só preciso enviá-las para aqueles que o fazem, e eu receio que ele
lhe darei muito pouco trabalho para distribuí-los. Eu fico, caro Senhor, seu
humilde e afetuoso servo,
23 de dezembro de 1775.
SAM. JOHNSON.”
1776

Idade. 67
Em 1776, Johnson nada escreveu, até onde pude descobrir, para o
público, mas que sua mente ainda estava ardente e cheia de desejos
generosos de alcançar graus ainda maiores de excelência literária, é provado
por suas notas particulares deste ano, que eu inserirei no devido lugar.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - eu finalmente enviei a você todos os papéis de Lord
Hailes. Enquanto eu estava em França, consultei muitas vezes Henault; mas
Lord Hailes, na minha opinião, o deixa de longe e muito para trás. Porque
eu não despachei uma leitura tão curta mais cedo, quando eu olho para trás,
sou totalmente incapaz de descobrir, mas momentos humanos são roubados
por mil impedimentos triviais que não deixam rastro. Eu estive afligido,
durante todo o Natal, com a desordem geral, da qual o pior efeito era uma
tosse, que agora está muito mitigada, embora o campo, em que eu olho a
partir de uma janela em Streatham esteja coberto com neve profunda. A
Sra. Williams está muito doente: todo mundo está como de costume.
Entre os papéis, encontrei uma carta para você, que eu acho que você
não tinha aberto; e um artigo para o The Chronicle, o que suponho não seja
necessário agora inserir. Eu os devolvo, ambos.
Eu tive, dentro desses poucos dias, a honra de receber o primeiro volume
de Lord Hailes, pelo que eu devolvo meu agradecimento mais respeitoso.
Eu lhe desejo, meu querido amigo, e à sua altiva senhora, (porque eu sei
que ela não me ama), e às moças, e ao jovem Senhor, toda a felicidade.
Ensine o jovem cavalheiro, apesar de sua mamma, a pensar e falar bem,
Senhor, desse teu servo humilde carinhoso,
10 de janeiro de 1776.
SAM. JOHNSON.”
Nessa época estava em agitação uma questão de grande importância para
mim e minha família, que eu não deveria apresentar ao mundo, se não fosse
a parte que a amizade do Dr. Johnson por mim o fez aceitar, foi a ocasião de
um esforço de suas habilidades, que seria injustiça esconder. Para que o que
ele escreveu sobre o assunto possa ser entendido, é necessário dar um
estado da questão, o que farei tão brevemente quanto puder.
No ano de 1504, o baronato ou patrimônio de Auchinleck, (pronuncia-se
Affleck,), em Ayrshire, que pertencia a uma família de mesmo nome que as
terras, tendo passado à Coroa por caducidade, James IV, Rei de Escócia o
concedeu a Thomas Boswell, um ramo de uma antiga família no condado
de Fife, incluindo-o na carta, dilecto familiari nostro; e atribuindo, como a
causa da concessão, pro bono et fideli servitio nobis præstito. Thomas
Boswell foi morto em batalha, lutando junto com seu Soberano, no campo
fatal de Floddon em 1513.
A partir deste fundador muito honrado de nossa família, a propriedade
foi transmitida, em uma série direta de herdeiros do sexo masculino, a
David Boswell, of tio trisavô de meu pai, que não teve filhos, mas quatro
filhas, que eram todas respeitavelmente casadas, a mais velha com Lord
Cathcart.
David Boswell, sendo firme no princípio feudal militar de continuar a
sucessão masculina, ignorou suas filhas, e destinou a propriedade ao seu
sobrinho por seu irmão mais próximo, que aprovou a ação, e renunciou a
quaisquer pretensões que ele possivelmente pudesse ter, dando preferência
ao seu filho. Mas, a propriedade tinha sido gravada com grandes porções às
filhas e outras dívidas, e foi necessário que o sobrinho vendesse uma parte
considerável dela, e o que restou ainda estava muito onerado.
A frugalidade do sobrinho preservou, e, em algum grau, aliviou a
propriedade. Seu filho, meu avô, um eminente advogado, não só recomprou
uma grande parte do que tinha sido vendido, mas adquiriu outras terras; e
meu pai, que era um dos Juízes da Escócia, e tinha adicionado
consideravelmente à propriedade, agora expressava a sua inclinação de ter o
privilégio permitido por nossa lei, ([273]) de vinculá-lo à sua família em
perpetuidade por um vínculo, que, por conta de artigos de casamento, não
poderia ser feito sem o meu consentimento.
No plano de limitar a herança da propriedade a uma sucessão específica
de herdeiros, eu sinceramente concordei com ele, embora eu fosse o
primeiro a ser contido por isso; mas infelizmente diferimos quanto à série
de herdeiros que deveria ser estabelecida, ou quanto à linguagem do nosso
direito, chamados à sucessão. Meu pai tinha declarado uma predileção por
herdeiros em geral, ou seja, homens e mulheres indiscriminadamente. Ele
desejava, no entanto, que todos os homens descendentes de seu avô
deveriam ser preferidos em relação às mulheres; mas não estenderia esse
privilégio a homens oriundos de sua descendência de uma fonte superior.
Eu, por outro lado, tinha uma parcialidade zelosa por herdeiros do sexo
masculino, ainda que remota, que eu sustentei por argumentos que me
pareciam ter um peso considerável. ([274]) E, no caso particular da nossa
família, eu apreendi que estavam sob uma obrigação implícita, em honra e
boa-fé, de transmitir a propriedade pelo mesmo status em que a
mantivemos, que era como herdeiros do sexo masculino, excluindo as
mulheres mais próximas. Por isso, conforme eu pensava conscientemente,
me opunha ao esquema de meu pai.

Minha oposição desagradou muito a meu pai, que tinha direito a um


grande respeito e deferência; e eu tinha motivos para sofrer consequências
desagradáveis da minha não-conformidade com os seus desejos. Depois de
muita perplexidade e inquietação, escrevi ao Dr. Johnson, declarando o
caso, com todas as suas dificuldades, completa e sinceramente, solicitando
que ele o examinasse com calma, e me fizesse o favor de dar sua opinião e
conselho amigável.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - eu fiquei muito impressionado com a sua carta, e, se eu
puder formar sobre o seu caso qualquer resolução satisfatória para mim, eu
de muito bom grado a comunicarei: mas se eu estou à altura dele, eu não
sei. É um caso composto de lei e justiça, e exige uma mente versada em
dissertações jurídicas. Você poderia não contar tudo o que pensa a Lord
Hailes? Ele é, você sabe, tanto um cristão quanto um advogado. Suponho
que ele está acima de parcialidade, e acima de loquacidade, e, creio eu, que
ele não pensará no tempo perdido em que ele possa aquietar uma mente
perturbada, ou acalmar uma mente vacilante. Escreva-me, à medida que
qualquer coisa lhe ocorra; e se eu me vejo parado por falta de elementos
factuais necessários de serem conhecidos, farei perguntas a você à medida
que surjam as minhas dúvidas.
Se suas antigas resoluções devessem ser consideradas apenas
fantasiosas, você decide com razão em julgar que as fantasias do seu pai
podem reivindicar a preferência; mas se elas são fantasiosas ou racionais,
essa é a questão. Eu realmente acho que Lord Hailes poderia nos ajudar.
Estenda meus cumprimentos à cara Sra. Boswell; e diga-lhe, que eu
espero não me faltar nada que eu possa contribuir para tirar vocês todos de
seus problemas. Eu fico, caro Senhor, seu humilde e afetuoso servo,
Londres, 15 de janeiro de 1776.
SAM. JOHNSON.”
Ao MESMO
“Caro senhor, - vou escrever sobre uma questão que exige mais
conhecimento da lei local, e mais familiaridade com as regras gerais da
herança, do que eu posso afirmar; mas eu escrevo, porque você pediu.
A terra é, como qualquer outra posse, por direito natural totalmente em
poder do seu atual proprietário; e pode ser vendido, dado, ou legados,
absolutamente ou condicionalmente, conforme o julgamento determinar, ou
a paixão incitar.
Mas o direito natural seria de pouca valia sem a proteção da lei; e a
noção primária da lei é restringir no exercício do direito natural. Um
homem não é, portanto, na sociedade, totalmente mestre do que ele chama
de seu, mas ele ainda retém todo o poder que a lei não lhe tira.
No exercício do direito que a lei dá ou deixa, atenção deve ser dada às
obrigações morais.
Do patrimônio que estamos considerando agora, seu pai ainda retém tal
posse, com tal poder sobre ele, que ele pode vendê-lo e fazer com o
dinheiro o que quiser, sem qualquer impedimento legal. Mas quando ele
estende seu poder além de sua própria vida, estabelecendo a ordem de
sucessão, a lei torna o seu consentimento necessário.
Vamos supor que ele venda a terra para arriscar o dinheiro em alguma
aventura especiosa, e naquela aventura e perde tudo; sua posteridade ficaria
desapontada; mas eles não podiam se considerar prejudicados ou roubados.
Se ele a gastou em vício ou prazer, seus sucessores só poderiam chamá-lo
de vicioso e voluptuoso; eles não poderiam dizer que ele foi ofensivo ou
injusto.
Aquele que pode mais, pode menos. Aquele que, com a venda ou
esbanjamento, pode deserdar a família inteira, pode certamente deserdar
uma parte, por meio de um acerto parcial.
As leis são formadas pelos costumes e exigências de determinados
momentos, e é, apenas por acaso que eles duram mais do que as suas
causas: a limitação da sucessão feudal para o homem surgiu da obrigação
do inquilino de assistir ao seu chefe na guerra.
Como os tempos e opiniões estão sempre mudando, eu não sei se não é
usurpação prescrever regras para a posteridade, presumindo julgar o que
não podemos saber, e eu não sei se eu aprovo totalmente seu projeto ou o de
seu pai, de limitar que sucessão que descende de você ilimitadamente. Se
devemos deixar sartum tectum para a posteridade, o que, sem qualquer
mérito nosso recebemos de nossos antepassados, não deveria a escolha e o
livre-arbítrio ser mantidos inviolados? Deve a terra ser tratada com mais
reverência que a liberdade? - Se essa consideração deve impedir seu pai de
deserdar alguns dos homens, ela deixa a você o poder de deserdar todas as
mulheres?
Pode o possuidor de uma propriedade feudal fazer qualquer testamento?
Pode ele nomear, fora da herança, qualquer parte às suas filhas? Parece
haver uma diferença muito sombria entre o poder de deixar terra, e de
deixar o dinheiro a ser levantado com a terra; entre deixar um patrimônio
para as mulheres, e deixar o herdeiro do sexo masculino, efetivamente,
somente como seu gerente.
Suponha em algum momento uma lei que permitia que apenas os
homens herdassem, e durante a continuação dessa lei muitas propriedades
ter descendido, passando pelas mulheres, a herdeiros remotos. Suponha
depois a lei revogada em correspondência com uma mudança de costumes,
e as mulheres tornadas capazes de herança; não teria, então a posse de
patrimônio sido mudada? Poderiam as mulheres não ter nenhum benefício a
partir de uma lei feita em seu favor? Deveriam elas ser excluídas com base
em princípios morais para sempre, por que elas já foram excluídas por uma
proibição legal? Ou pode aquela que passou só para homens segundo uma
lei, passar da mesma forma a mulheres por outra?
Você menciona sua resolução de manter o direito de seus irmãos: ([275])
eu não vejo como qualquer um dos direitos deles são invadidos.
Como toda a sua dificuldade surge de ato de seu antepassado, que
desviou a sucessão das mulheres, você pergunta, muito corretamente, quais
foram seus motivos, e qual era a sua intenção; pois você, certamente, não
está vinculado a seu ato mais do que ele pretendia vinculá-lo, nem manter
sua terra em termos mais duros ou mais rigorosos do que aqueles em que
ela foi concedida.
Intenções devem ser recolhidas a partir de atos. Quando ele deixou a
propriedade para seu sobrinho, excluindo suas filhas, estava ou não em seu
poder ter perpetuado a sucessão para os homens? Se ele podia ter feito isso,
ele parece ter mostrado, omitindo-o, que ele não desejou que fosse feito; e,
em cima de seus próprios princípios, você não provará facilmente o seu
direito de destruir aquela capacidade de sucessão que seus antepassados
deixaram.
Se o seu antepassado não tinha o poder de fazer um acordo perpétuo; e
se, por isso, não podemos julgar distintamente as suas intenções, ainda
assim seu ato só pode ser considerado como um exemplo; ele não cria uma
obrigação. E, conforme você observa, ele não estabeleceu nenhum exemplo
de adesão rigorosa à linha de sucessão. Ele que deixou de fora um irmão,
não é de admirar que pouca atenção seja mostrada com relações remotas.
Como as regras de sucessão são, em grande parte, puramente legais, não
se pode supor que alguém legue alguma coisa, a não ser com base em
termos legais; ele não pode conceder nenhum poder que a lei nega; e se ele
não faz nenhuma limitação especial e definitiva, ele confere todos os
poderes que a lei permite.
Seu antepassado, por alguma razão, deserdou suas filhas; mas também
não resulta que ele pretendia que o seu ato fosse uma regra para a
posteridade, mis do que a deserdação de seu irmão.
Se, portanto, você perguntar com que direito seu pai admite filhas à
herança, pergunte a si mesmo, em primeiro lugar, com que direito você
exige que elas sejam excluídas?
Parece-me, após reflexão, que seu pai não exclui ninguém; ele só admite
que mulheres mais próximas herdem antes de homens mais remotos; e a
exclusão é puramente consequente.
Estes, caro senhor, são os meus pensamentos, não metódicos e
deliberativos; mas, talvez, você possa encontrar neles algum vislumbre de
prova.
Não posso, no entanto, a não ser talvez, novamente recomendar a você
uma entrevista com Lord Hailes, quem você sabe ser um advogado e um
cristão.
Estenda meus cumprimentos à Sra. Boswell, embora ela não me ame. Eu
fico, Senhor, seu afetuoso servo,
3 de fevereiro de 1773.
SAM. JOHNSON.”

Eu segui sua recomendação e consultei Lord Hailes, que sobre este


assunto tinha uma opinião firme contrária à minha. Sua Senhoria
gentilmente deu-se o trabalho de me escrever uma carta, em que ele discutiu
com erudição jurídica e histórica, os pontos em que eu via muita
dificuldade, sustentando que “a sucessão dos herdeiros em geral era a
sucessão, pela lei da Escócia, desde o trono até a casa de campo, tanto
quanto nós podemos aprender sobre ela de registros;” observando-se que a
propriedade de nossa família não tinha sido limitada aos herdeiros do sexo
masculino; e que, apesar de um herdeiro masculino ter em um caso sido
escolhido em detrimento de mulheres mais próximas, aquele tinha sido um
ato arbitrário, que parecia ser o melhor no estado confuso de coisas naquele
momento; e o fato era que, mediante um cálculo justo do valor da terra e do
dinheiro na época, aplicado à propriedade e aos ônus sobre ela, nada havia
dado ao homem herdeiro, a não ser o esqueleto de um patrimônio. “O apelo
de consciência (disse sua Senhoria,) que você coloca, é um dos mais
respeitáveis, especialmente quando a consciência e o ego estão em lados
diferentes. Mas eu acho que a consciência não é bem informada, e que o
ego e ela deveriam nesta ocasião estar do mesmo lado.”
Esta carta, que teve considerável influência sobre minha mente, eu enviei
ao Dr. Johnson, pedindo ouvir dele novamente, sobre esta questão
interessante.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - não tendo qualquer familiaridade com as leis ou costumes
da Escócia, esforcei-me para considerar a sua pergunta com base nos
princípios gerais, e não encontrei nada de muita valia que eu pudesse opor a
esta posição: ‘Aquele que herda um feudo ilimitado por seus antepassados
herda o poder de limitá-lo de acordo com seu próprio julgamento ou
opinião.’ Se isso for verdade, você pode juntar-se ao seu pai.
Mais consideração produziu outra conclusão: ‘Aquele que recebe um
feudo ilimitado por seus antepassados, dá aos seus herdeiros alguma razão
para reclamar, se ele não o transmite ilimitado à posteridade. Pois, por que
ele deveria tornar o estado de outros piores do que o seu, sem motivo?’ Se
isso for verdade, embora nem você nem seu pai estejam prestes a fazer o
que é certo, mas como seu pai viola (eu acho) a sucessão legal, no mínimo,
ele parece estar mais próximo do direito do que você mesmo.
Só pode ocorrer que ‘Mulheres tenham direitos naturais e justos, assim
como os homens, e estas alegações não devem ser caprichosa ou
levianamente substituídas ou violadas.’ Quando feudos implicavam serviço
militar, é facilmente percebido por que as mulheres não podiam herdá-los;
mas este motivo agora não é um fim. Como os costumes fazem as leis, os
costumes também podem revogá-las.
Estas são as conclusões gerais a que cheguei. Nenhuma delas é muito
favorável ao seu esquema de transmissão de herança, nem talvez a qualquer
esquema. Minha observação, de que só aquele que adquire um patrimônio o
pode legar caprichosamente, ([276]) se ela contém qualquer convicção, inclui
igualmente esta posição de que só aquele que adquire um patrimônio pode
transmitir a herança dele caprichosamente. Mas eu acho que se pode
presumir com segurança, que ‘aquele que herda uma propriedade, herda
todo o poder legalmente concomitante;’ e que ‘Aquele que dá ou deixa
ilimitado uma propriedade legalmente restringível, deve presumir-se que
aquele poder de limitação que ele omitiu de retirar, e comprometer futuras
contingências à futura prudência.’ Nestas duas posições eu acredito que
Lord Hailes o aconselhará a desistir; qualquer outra noção de posse parece-
me cheia de dificuldades e complicada por escrúpulos.
Se esses axiomas são permitidos, você chegou agora em plena liberdade,
sem a ajuda de circunstâncias particulares, que, no entanto, têm em seu caso
grande peso. Você muito justamente observa que aquele que ignorando seu
irmão deu a herança ao seu sobrinho, não poderia limitar mais do que ele
deu; e pela estimativa de compra de catorze anos de Lord Hailes, o que ele
deu não foi mais do que você pode facilmente transferir por herança, de
acordo com a sua própria opinião, se aquela opinião deve finalmente
prevalecer.
A suspeita de Lord Hailes de que transferência de herança são
usurpações do domínio da Providência, pode ser estendida a todos os
privilégios hereditários e a todas as instituições de caráter permanente; eu
não vejo por que ela não possa ser estendida a qualquer disposição, exceto
para o momento presente, uma vez que todos os cuidados sobre futuridade
prosseguem em cima de uma suposição de que sabemos, pelo menos em
algum grau, o que será o futuro. Do futuro nós certamente nada sabemos;
mas podemos formar conjecturas com base no passado; e o poder de formar
conjecturas, inclui, na minha opinião, o dever de agir em conformidade com
aquela probabilidade que descobrimos. A providência dá o poder, do que a
razão ensina o uso. Eu fico, caro Senhor, seu servo mais fiel,
9 de fevereiro de 1776.
SAM. JOHNSON.

Espero que conseguirei ganhar algum terreno agora com a Sra. Boswell;
estenda meus cumprimentos a ela, e às pessoinhas.
Não queime papéis; eles podem estar suficientemente seguros em sua
própria caixa, - você vai querer vê-los a partir de agora.”

Ao MESMO
“Caro senhor, - Às as cartas que eu escrevi sobre o seu grande problema
eu nada tenho a acrescentar. Se a sua consciência está satisfeita, você tem
agora apenas a sua prudência a consultar. Anseio por uma carta, para que eu
saiba como essa questão incômoda e vexatória foi finalmente decidida.([277])
Espero que ela finalmente acabe bem. A carta de Lord Hailes foi muito
amigável, e muito oportuna, mas acho que sua aversão às transmissões de
herança tem nela algo de superstição. A providência não é combatida por
todos os meios que a Providência coloca em nosso poder. A continuidade e
a propagação das famílias compõem uma grande parte da lei judaica, e não
é de forma alguma proibida na instituição cristã, embora a necessidade dela
não mais continue. Títulos de posse hereditários são estabelecidos em todos
os países civilizados, e são acompanhados, na maioria de autoridade
hereditária. Sir William Temple considera nossa constituição defeituosa,
que não há uma propriedade inalienável em terra vinculada a um título de
nobreza; e Lord Bacon menciona como uma prova de que os turcos são
bárbaros, a sua falta de estirpes, como ele as chama, ou posição hereditária.
Não deixe que a sua mente, quando ela se liberta da suposta necessidade de
uma transmissão de herança rigorosa, ser envolvida com objeções
contrárias, e ache que todas as transmissões de herança ilegais, até que você
tenha argumentos convincentes, o que eu acredito que você nunca
encontrará. Tenho medo de escrúpulos.
Eu enviei agora todos os papéis de Lord Hailes; parte eu encontrei
escondidos em uma gaveta onde eu os tinha colocado, por segurança, e os
tinha esquecido. Parte deles estão escritos duas vezes: devolvi ambas as
cópias. Parte eu já tinha lido antes.
Faça-me a gentileza de transmitir a Lord Hailes meus agradecimentos
mais respeitosos por seu primeiro volume; sua precisão enche-me de
admiração; sua narrativa é muito superior à de Henault, como já mencionei
anteriormente.
Tenho medo de que o problema, que minha irregularidade e atraso lhe
custou é maior, muito maior do que qualquer bem que eu possa lhe fazer
nunca vai recompensar; mas se eu tiver mais cópias, tentarei fazer melhor.
Por favor, conte-me se a Sra. Boswell está de bem comigo, e transmita
meus respeitos a Veronica, Euphemia e a Alexander. Eu fico, Senhor, seu
mais humilde servo,
15 de fevereiro de 1776.
SAM. JOHNSON.”

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 20 de fevereiro de 1776.
... Você iluminou minha mente e me aliviou de algemas imaginárias de
obrigação de consciência. Se fosse necessário, eu poderia juntar uma
obrigação à série de herdeiros aprovados por meu pai; mas é melhor não
agir muito precipitadamente.”
“DR. JOHNSON ao SR. BOSWELL
Caro senhor, - Estou contente que o que eu pude pensar ou dizer tenha
contribuído para acalmar seus pensamentos. Sua resolução de não agir, até
que a sua opinião seja confirmada por mais deliberação, é muito justa. Se
você tem sido escrupuloso, não seja agora imprudente. Espero que
conforme você pense mais, e aproveite as oportunidades de conversar com
homens inteligentes em questões de propriedade, você será capaz de
libertar-se de todas as dificuldades.
Quando escrevi pela última vez, enviei, eu acho, dez pacotes. Você
recebeu todos eles?
Você deve dizer à Sra. Boswell que eu suspeitava que ela tenha escrito
sem o seu conhecimento, ([278]) e, portanto, não retornou nenhuma resposta,
para evitar que uma correspondência clandestina pudesse ter sido
perniciosamente descoberta. Vou escrever a ela em breve..... Despeço-me,
Senhor, com muita afeição,
24 de fevereiro de 1776.
SAM. JOHNSON.”

Depois de ter comunicado a Lord Hailes o que o Dr. Johnson escreveu


sobre a questão que me deixava tão perplexo, sua Senhoria escreveu-me:
“Seus escrúpulos produziram mais frutos do que eu jamais esperei deles;
uma excelente dissertação sobre os princípios gerais da moral e da lei.”
Escrevi ao Dr. Johnson no dia 20 de fevereiro, queixando-se de
melancolia, e expressando um forte desejo de estar com ele; informando-o
que os dez pacotes chegaram todos a salvo; que Lord Hailes estava muito
grato a ele, e disse que tinha quase totalmente removido seus escrúpulos
contra a transmissão de herança.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Não faz nem meia hora que recebi sua carta; como você
coloca muito peso sobre meus conceitos, eu acho que não é justo atrasar a
minha resposta.
Lamento muito que a sua melancolia tenha retornado, e também estaria
igualmente arrependido se não pudesse ter nenhum alívio, que não fosse a
companhia de outras pessoas.
Meu conselho você pode ter quando quiser solicitá-lo; mas minha
companhia você não poderá no próximo mês ter muito, pois o Sr. Thrale vai
levar-me à Itália, ele diz, no dia primeiro de abril.
Deixe-me avisá-lo muito seriamente contra escrúpulos. Eu estou
contente que você esteja reconciliado com o seu ajuste, e acho que uma
grande honra ter sacudido a opinião de Lord Hailes sobre transmissão
hereditária. No entanto, não espere totalmente afastar racionalmente os seus
problemas; não os alimente com atenção, e eles morrerão
imperceptivelmente. Fixe seus pensamentos sobre o seu negócio, preencha
os seus intervalos com a companhia de pessoas, e a luz do sol voltará a
brilhar em sua mente. Se você vier a mim, você precisa vir muito
rapidamente; e mesmo assim eu não sei, mas podemos vasculhar o país
juntos, pois tenho em mente ver Oxford e Lichfield, antes de sair nesta
longa jornada. A isso eu só posso acrescentar que eu fico, caro senhor, seu
humilde servo mais carinhoso, 5 de março de 1776.
SAM. JOHNSON.”

Ao MESMO
“Caro senhor, - Muito cedo, em abril, nós deixamos a Inglaterra e, no
início da próxima semana eu deixarei Londres por um curto período de
tempo; disso eu acho que é necessário informá-lo, para que você não se
decepcione com qualquer um de seus empreendimentos. Eu não estava
totalmente resolvido a ir para o campo antes deste dia.
Por favor, estenda meus cumprimentos a Lord Hailes; e mencione muito
especialmente à Sra. Boswell minha esperança de que ela tenha se
reconciliado com, Senhor, o teu servo fiel,
12 de março de 1776.”
“SAM. JOHNSON.”
Há mais de 30 anos, os herdeiros do lorde chanceler Clarendon
presentearam a Universidade de Oxford com a continuação da sua História,
e outro manuscrito de sua Senhoria que não tinha sido publicado, sob a
condição de que os lucros resultantes da sua publicação fossem aplicados ao
estabelecimento de um Escola de Equitação na Universidade. O presente
foi aceito em convocação completa. Uma pessoa ([279]) que está sendo agora
recomendada ao Dr. Johnson, como apta para supervisionar esta escola de
equitação proposta, esforçou-se com aquele zelo pelo qual ele foi notável
em cada ocasião similar. Mas, ao inquirir sobre o assunto, ele descobriu que
não era provável que o esquema fosse rapidamente levado à execução; os
lucros decorrentes da impressão de Clarendon sendo, devido a alguma má
gestão, muito escassos. Isto tendo sido explicado a ele por um dignitário
respeitável da igreja, ([280]), que tinha bons meios de sabê-lo, ele escreveu
uma carta sobre o assunto, que exibe imediatamente sua precisão e agudeza
extraordinária, e seu apego caloroso à sua ALMA MATER.

“Ao REVERENDO DR. WETHERELL, Mestre do University College,


Oxford
Caro Senhor, - Poucas coisas são mais desagradáveis do que a transação
de negócios com homens que estão acima de saber ou se importar com o
que eles têm de fazer; tais como os administradores para a instituição de
Lord Cornbury, talvez, aparecer, quando você leu a carta do Dr. *******
([281]).
A última parte da carta do Doutor é de grande importância. A
reclamação ([282]) que ele faz eu ouvi há muito tempo, e não sabia, mas ela
foi corrigida. É infeliz que uma prática tão errônea ainda não foi alterada;
pois alterada ela deve ser, ou a nossa impressão será inútil, com todos os
seus privilégios. Os livreiros, que, como todos os outros homens, têm fortes
preconceitos em seu próprio favor, são bastante inclinado a pensar a prática
de imprimir e vender livros por qualquer um, a não ser eles mesmos, uma
usurpação dos direitos de sua fraternidade; e precisam de incentivos mais
fortes para circulam publicações acadêmicas além daquelas uns dos outros;
pois, daquela cooperação mútua pela qual o comércio em geral é realizado,
a Universidade não pode ter qualquer participação. Daqueles de quem ele
nem ama nem teme, de quem não espera reciprocidade de bons ofícios, por
que deveria qualquer homem promover o interesse, a não ser por lucro?
Acho que, com toda a nossa ignorância escolástica da humanidade, ainda
somos ainda muito conscientes para esperar que os livreiros se erguerão em
patronos, e comprarão e venderão sob a influência de um zelo
desinteressado pela promoção da aprendizagem.
Para os livreiros, se olharmos para qualquer honra ou proveito de nossa
imprensa, não só o seu lucro comum, mas algo mais deve ser admitido; e se
dos livros, impressos em Oxford, se espera sejam avaliado a um preço
elevado, esse preço deve ser cobrado do público, e pago pelo comprador
final, e não pelos agentes intermediários. O preço que será fixado para um
livro, é para os livreiros, totalmente indiferente, desde que eles ganhem um
lucro proporcional pela negociação da venda.
Porque os livros impressos em Oxford devam ser particularmente caros,
eu sou, no entanto, incapaz de descobrir. Nós não pagamos aluguel;
herdamos muitos de nossos instrumentos e materiais; alojamento e
mantimentos são mais baratos do que em Londres; e, portanto, a mão de
obra deveria, pelo menos, não ser mais cara. Nossas despesas são
naturalmente menores do que os dos livreiros; e, na maioria dos casos, as
comunidades se contentam com menos lucro do que os indivíduos.
Não é, talvez, considerado por quantas mãos um livro, muitas vezes
passa, antes de chegar às do leitor; ou que parte do lucro de cada mão deve
reter, como um motivo para transmiti-lo à próxima.
Chamaremos nosso principal agente em Londres, o Sr. Cadell, que
recebe nossos livros, dá-lhes espaço no seu armazém, e os envia sob
demanda; por ele são vendidos ao Sr. Dilly um livreiro atacadista, que os
envia ao país; e o último vendedor é o livreiro do país. Aqui estão três
lucros a serem pagos entre o impressor e o leitor, ou no estilo de comércio,
entre o fabricante e o consumidor; e se algum desses lucros é distribuído de
maneira muito penuriosa, o processo de comércio é interrompido.
Chegamos agora à questão prática, o que deve ser feito? Você me dirá,
com razão, que eu nada disse, até que eu declare quanto, de acordo com
minha opinião, o preço final deve ser distribuído por toda a cadeia de
venda.
A dedução, estou com medo, parecerá muito grande, mas deixe que seja
considerada antes de ser recusada. Devemos permitir, para o lucro, entre
trinta e trinta e cinco por cento, entre seis e sete xelins por libra; ou seja,
para cada livro que custa ao último comprador vinte shillings, devemos
cobrar do Sr. Cadell um pouco menos de catorze. Devemos definir as cópias
a catorze shillings cada, e acrescentar o que é chamado de livro trimestral,
ou para cada cem livros assim cobrados devemos entregar cento e quatro.
Os lucros, então, ficam assim:
O Sr. Cadell, que não assume nenhum risco e não dá nenhum crédito,
será pago pelo espaço no armazém e atendimento a um lucro de um xelim
em cada livro, e sua possibilidade de livro trimestral.
O Sr. Dilly, que compra o livro por quinze xelins, e que esperará o livro
trimestral se comprar vinte e cinco o enviará ao seu cliente no país a
dezesseis e seis, pelo que, ao risco de perda, e a certeza do crédito extenso,
ele ganha o lucro regular de dez por cento que é esperado no comércio por
atacado.
O livreiro do país, comprando a dezesseis e seis pence, e comumente
vendendo a crédito por tempo considerável, ganha apenas três e seis pence,
e se ele vende a crédito por um ano, não muito mais do que dois e seis
pence; senão então ele pode, talvez, tomar um crédito de longo prazo, desde
que ele conceda.
Com menos lucro do que isso e mais você vê que ele não pode ter, o
livreiro do país não pode viver; pois suas receitas são pequenas, e as suas
dívidas às vezes ruins.
Assim, caro senhor, eu fui instado por carta do Dr. ******* a lhe dar um
detalhe um detalhe da circulação de livros, o que, talvez, todo o homem não
teve oportunidade de conhecer; e que aqueles que o conhecem, talvez nem
sempre consideram distintamente. Eu fico, etc.
12 de março de 1776.
SAM. JOHNSON.”([283])

Tendo chegado a Londres na noite de sexta-feira, dia 15 de março, eu me


apressei na manhã seguinte a esperar pelo Dr. Johnson em sua casa; mas
descobri que ele havia mudado de Johnson's-Court, No. 7, para Bolt-court,
No. 8, ainda ficando em sua favorita Fleet-street. Minha reflexão na época
em meu Diário sobre essa mudança tão marcante é a seguinte: “Eu senti um
arrependimento tolo de que ele havia deixado uma praça que tinha o seu
nome; ([284]) mas não era tolo ao ponto de ser afetado com alguma ternura de
consideração por um lugar em que eu o tinha visto muitas vezes, de onde eu
tinha muitas vezes deixado um homem melhor e mais feliz do que quando
eu entrara, e que havia aparecido frequentemente à minha imaginação,
enquanto eu pisava sua calçada, na escuridão solene da noite, ser sagrado
pela sabedoria e piedade.” Sendo informado que ele estava na casa do Sr.
Thrale, em Borough, apressei-me em ir para lá, e encontrei a Sra. Thrale e
ele tomando o café da manhã. Fui gentilmente acolhido. Em um momento,
ele estava em um total brilho de conversação, e eu me senti elevado como
se fosse conduzido a outro estado de ser. A Sra. Thrale e eu olhamos um
para o outro enquanto ele falava, e nossas olhares expressavam a nossa
admiração amigável e carinho por ele. Eu sempre me lembrarei desta cena
com grande prazer. Exclamei a ela, “Eu estou agora, intelectualmente,
Hermippus redivivus, estou bastante restaurado por ele, por transfusão de
espírito.” ([285]) “Há muitos (ela respondeu), que admiram e respeitam o Sr.
Johnson; mas você e eu o amamos.”
Ele parecia muito feliz com a perspectiva de ir logo à Itália com o Sr. e a
Sra. Thrale. “Mas, (disse ele) antes de deixar a Inglaterra devo dar uma
chegada a Oxford, Birmingham, a minha cidade natal, Lichfield, e meu
velho amigo, o Dr. Taylor, em Ashbourn, Derbyshire. Irei em poucos dias, e
você, Boswell, irá comigo. “Eu estava pronto a acompanhá-lo; estando
disposto, até mesmo, a deixar Londres para ter o prazer de sua conversação.
Mencionei com muito pesar a extravagância do representante ([286]) de
uma grande família na Escócia, pelo qual havia perigo de ela ser arruinada;
e como Johnson a respeitava por sua antiguidade, ele juntou-se a mim
pensando como seria feliz se essa pessoa morresse. A Sra. Thrale pareceu
chocada com isso, como uma barbárie feudal; e disse: “Eu não entendo essa
preferência da propriedade ao seu dono; da terra para o homem que
caminha sobre aquela terra.” JOHNSON. “Não, senhora, não é uma
preferência da terra ao seu dono, é a preferência de uma família sobre um
indivíduo. Aqui está um estabelecimento em um país, que é de grande
importância por séculos, não só para o chefe, mas para o seu povo; um
estabelecimento que se estende para cima e para baixo; que isso deva ser
destruído por um sujeito inativo é uma coisa triste.”
Ele disse: “Transmissões hereditárias são boas, porque é bom preservar
em um país, séries de homens, a quem o povo está acostumado a respeitar
como seus líderes. Mas eu sou a favor de deixar uma quantidade de terra no
comércio, para incentivar a indústria, e manter o dinheiro no país; pois se
não houvesse nenhuma terra a ser comprada em um país, não haveria
incentivo para adquirir riqueza, porque a família não poderia ser fundada
ali; ou se ela fosse adquirida, deve ser levada para outro país onde a terra
possa ser comprada. E embora a terra em cada país continuará a ser a
mesma, e ser tão fértil quanto onde não há dinheiro, como onde há, mesmo
assim aquela parte da felicidade da vida civil, que é produzida pelo dinheiro
em circulação no país, seria perdida.” BOSWELL. “Então, Senhor, seria
vantagem para um país que todas as suas terras fossem vendidas
imediatamente?” JOHNSON. “Até agora, Senhor, como o dinheiro produz
bem, seria uma vantagem; pois, então, aquele país teria tanto dinheiro
circulando nele quanto for o valor da terra. Mas, para ter certeza que isso
seria compensada por desvantagens pertinentes à total mudança de
proprietários.”
Eu expressei minha opinião de que o poder da transmissão hereditária
deveria ser assim limitado: “Um terço, ou talvez a metade da terra de um
país deveria ser mantido livre para o comércio; que a proporção que
permitisse ser transmitida hereditariamente deveria ser parcelada de modo
que nenhuma família pudesse transmitir hereditariamente acima de uma
certa quantidade. Deixe uma família, de acordo com as habilidades de seus
representantes, ser mais rica ou mais pobre em diferentes gerações, ou
sempre rica se os seus representantes sempre forem sábios, mas deixe sua
permanência absoluta ser moderada. Deste modo, deveríamos estar certos
de haver sempre um número de raízes estabelecidas; e como no curso da
natureza, existe em cada época uma extinção de algumas famílias, haveria
aberturas contínuas para homens ambiciosos de perpetuidade, plantar um
estoque em terra transmitida hereditariamente.” ([287]) JOHNSON. “Ora,
Senhor, a humanidade será mais capaz de regular o sistema de transmissão
hereditária, quando o mal de terra em excesso estar bloqueada por ela for
sentido, do que podemos fazer no momento, quando não é sentido.”
Eu mencionei o livro do Dr. Adam Smith sobre A Riqueza das Nações,
que acaba de ser publicado, e que Sir John Pringle tinha observado para
mim, que não se poderia esperar que o Dr. Smith, que o nunca tinha estado
no comércio, escrevesse bem sobre aquele assunto mais que um advogado
sobre medicina. JOHNSON. “Ele está enganado, Senhor: um homem que
nunca tenha estado envolvido em comércio pode, sem dúvida, escrever bem
sobre comércio, e não há nada que precise mais ser ilustrado pela filosofia
do que faz o comércio. Quanto à mera riqueza, isto é, dinheiro, é claro que
uma nação ou um indivíduo não pode aumentar o seu patrimônio, a não ser
tornando outro mais pobre: mas o comércio procura o que é mais valioso, a
reciprocidade das vantagens peculiares de diferentes países. Um
comerciante raramente pensa em outra coisa que não seja em seu próprio
comércio em particular. Para escrever um bom livro sobre ele, um homem
precisa ter amplas visões. Não é necessário ter praticado para escrever bem
sobre um assunto. “Eu mencionei a lei como um assunto sobre o qual
nenhum homem poderia escrever bem, sem prática. JOHNSON. “Ora,
Senhor, na Inglaterra, onde muito dinheiro existe a ser ganho pela prática do
direito, a maioria dos nossos escritores sobre ele tem estado na prática;
embora Blackstone não estivesse muito na prática, quando publicou seus
Comentários. Mas no Continente, os grandes escritores sobre a lei não têm
estado na prática: Grotius, de fato, estava; mas Puffendorf não estava,
Burlamaqui não estava.
“Quando tínhamos falado da grande importância que um homem
adquiriu por ser empregado em sua profissão, eu sugeri uma dúvida sobre a
justiça da opinião geral, de que é impróprio para um advogado solicitar
emprego; por que, eu exortei, não deveria ser igualmente permitido solicitar
aquilo que, como meio de importância, que é pedir votos para ser eleito
membro do Parlamento? O Sr. Strahan havia me dito que um conterrâneo
dele e meu, ([288]), que tinha ganhado eminência na lei, solicitou-lhe, ao
fazer sua campanha pela primeira vez, ser empregado em causas da cidade.
JOHNSON. “Senhor, é errado provocar ações judiciais; mas quando se está
certo de que uma ação judicial deve continuar, nada há de errado em um
advogado se esforçar para que ele tenha o benefício, ao invés de outro. “
BOSWELL. “Você não iria solicitar emprego, Senhor, se você fosse um
advogado.” JOHNSON. “Não, senhor, mas não porque eu considere isso
errado, mas porque eu o desdenharia.” Esta foi uma boa distinção, que será
sentida por homens de orgulho justo. Ele prosseguiu: “No entanto, eu não
consideraria um advogado insatisfatório se utilizasse meios justos. Eu
recomendaria que injetasse uma pequena dica aqui e ali, para evitar ser
esquecido.”
A lei de Lord Mountstuart para a Milícia Escocesa, em apoio a que Sua
Senhoria fez um discurso competente na Câmara dos Comuns, era agora um
tópico bastante geral de conversação. JOHNSON. “Como a Escócia
contribui com tão pouco imposto sobre a terra para o apoio geral à nação,
ela não deve ter uma milícia paga pelo fundo geral, a menos que se
pensasse ser de interesse geral, que a Escócia devesse ser protegida de uma
invasão, que ninguém pode achar que acontecerá; pois que inimigo
invadiria a Escócia, onde não há nada a se conseguir? Não, senhor; agora
que o escocês não tem o pagamento de soldados ingleses gasto entre eles, à
medida que muitas tropas são enviadas ao exterior, eles estão tentando
conseguir dinheiro de outra forma, através de uma milícia paga. Se eles têm
medo, e seriamente desejam de ter uma força armada para defendê-los, eles
devem pagar por isso. Seu esquema é reter uma parte do seu pequeno
imposto sobre a terra, fazendo-nos pagar e vestir sua milícia.” BOSWELL.
“Você não deve falar de nós e você, Senhor: há existe uma União.”
JOHNSON. “Deve haver uma distinção de interesse, enquanto as
proporções de imposto sobre a terra são tão desiguais. Se Yorkshire
dissesse, ‘Em vez de pagar o nosso imposto sobre a terra, vamos manter um
número maior de milicianos,’ isso não seria razoável.” Neste argumento
meu amigo estava certamente errado. O imposto a terra é tão desigualmente
proporcionado entre as diferentes partes da Inglaterra, quanto entre a
Inglaterra e a Escócia; ou melhor, é consideravelmente desigual na própria
Escócia. Mas o imposto sobre a terra é apenas uma pequena parte dos
numerosos ramos de receitas públicas, os quais Escócia paga exatamente
como faz a Inglaterra. A invasão francesa feita na Escócia em breve
penetraria na Inglaterra.
Assim, ele discorreu sobre supostas obrigações na resolução de
propriedades: -“Quando um homem obtém a propriedade ilimitada de uma
patrimônio, não há nenhuma obrigação sobre ele na justiça de deixá-lo a
uma pessoa em vez de outra. Há um motivo de preferência por bondade,
mas esta bondade geralmente é cogitada para o parentesco mais próximo.
Se eu devo a um homem em particular, uma soma em dinheiro, sou
obrigado a fazer com que o homem receba o próximo dinheiro que eu
ganhar, e não posso por justiça deixar que outro o tenha; mas se eu não
devo dinheiro a ninguém, posso dispor do que ganho como eu quiser. Não
há uma debitum justitiæ para o próximo de um homem; existe apenas um
debitum caritatis. Fica claro, então, que eu tenho moralmente uma escolha,
de acordo com o meu gosto. Se eu tenho um irmão em necessidade, ele tem
uma reivindicação de carinho ao meu auxílio; mas se eu também tenho um
irmão em necessidade, de quem eu gosto mais, ele tem uma reivindicação
preferencial. O direito de um herdeiro na lei é só isso, que ele deve ter a
sucessão a um patrimônio, no caso de nenhuma outra pessoa ser nomeada
para ele pelo proprietário. Seu direito é apenas preferencial em relação ao
do Rei.”
Pegamos um barco para atravessar até Blackfriars; e à medida que nos
movíamos ao longo do Tamisa, eu falava com ele de um pequeno volume,
que, completamente desconhecido para ele, foi anunciado que será
publicado em poucos dias, sob o título de Johnsoniana, ou Ditados do Dr.
Johnson. JOHNSON. “Senhor, que é uma coisa muito descarada.”
BOSWELL. “Eu peço, senhor, não poderia você ter alguma indenização se
processasse uma editora por publicar, em seu nome, o que você nunca disse,
e atribuir-lhe absurdos estúpidos maçantes, ou fazendo-o xingar
profanamente, como muitos relatores ignorantes do seus Ditados fazem?”
JOHNSON. “Não, senhor; sempre haverá alguma verdade misturada com as
falsidades, e como pode ser determinado o quanto é verdade e quanto é
falso? Além disso, Senhor, que compensação um júri dar-me-ia por ter sido
representado como praguejando?” BOSWELL. “Eu acho, Senhor, que você
devia, pelo menos, repudiar tal publicação, porque o mundo e a posteridade
poderão com muito fundamento plausível dizer, ‘Aqui está um volume que
foi anunciado publicamente e foi publicado no tempo do próprio Dr.
Johnson, e, por seu silêncio, foi admitido por ele como genuíno.’”
JOHNSON. “Não vou me preocupar com o assunto.”
Ele estava, talvez, acima de sofrer com tais publicações espúrias; mas eu
não pude deixar de pensar, que muitos homens seriam muito prejudicados
em sua reputação, por ter palavras absurdas e cruéis imputadas a eles; e
aquela compensação deveria, nesses casos, ser devida.
Ele disse: “O valor de cada história depende de ela ser verdadeira. A
história é uma imagem de um indivíduo ou da natureza humana em geral: se
for falsa, ela é uma imagem de nada. Por exemplo: suponha que um homem
devesse dizer que Johnson, antes de sair para a Itália, como ele tinha que
atravessar os Alpes, sentou-se para fabricar asas para si. Isto muitas pessoas
acreditariam; mas seria uma imagem de nada. ******* ([289]) (nomeando um
digno amigo nosso,) costumava pensar que uma história é uma história, até
que eu mostrei a ele que a verdade era essencial para ela.” Observei, que
Foote nos divertia com histórias que não eram verdadeiras; mas que, na
verdade, não eram propriamente como narrativas que as histórias de Foote
nos agradavam, mas como coleções de imagens absurdas. JOHNSON.
“Foote é bastante imparcial, pois ele conta mentiras de todo mundo.”
A importância da veracidade rigorosa e escrupulosa não pode ser
incutida com frequência excessiva. Johnson era conhecido por ser tão
rigidamente atento a isso, que mesmo em sua conversa ordinária, a menor
circunstância era mencionada com precisão exata. O conhecimento de ele
ter tal princípio e o hábito fez com que seus amigos tivessem uma confiança
perfeita na verdade de tudo o que ele contava, embora pudessem ter
duvidado quando contado por muitos outros. Como exemplo disso, posso
mencionar um incidente estranho que ele relatou como tendo acontecido
com ele uma noite em Fleet-street. “Uma dama (disse ele) pediu se eu lhe
daria meu braço para ajudá-la a atravessar a rua, o que eu assim fiz; pelo
que ela me ofereceu um shilling, supondo que eu fosse o vigia. Percebi que
ela tinha tomado alguma bebida. “Isto, se contado pela maioria das pessoas,
seria considerado uma invenção; quando contado por Johnson, era
acreditado por seus amigos tanto quanto se tivessem visto o que se passou.
Desembarcamos nos Temple Stairs, onde nos separamos.
Eu o encontrei à noite na sala da Sra. Williams. Conversamos sobre
ordens religiosas. Ele disse: “Não é razoável para um homem entrar em um
convento cartuxo por medo de ser imoral, assim como para um homem
cortar as mãos, com medo de que ele pudesse roubar. Há, de fato, grande
determinação no ato imediato de desmembrar a si mesmo; mas uma vez que
isso é feito, não tem mais qualquer mérito, pois embora esteja fora do seu
poder roubar, ainda assim ele pode durante toda a sua vida ser um ladrão em
seu coração. Assim, quando um homem uma vez tenha se tornado um
Cartuxo, ele é obrigado a continuar assim, quer ele escolha ou não. Seu
silêncio, também, é um absurdo. Lemos no Evangelho sobre os apóstolos
sendo enviados a pregar, mas não para segurar suas línguas. Toda a
gravidade que não tende a aumentar o bem ou evitar o mal é ociosa. Eu
disse para a Senhora Abadessa ([290]) de um convento, ‘Senhora, você está
aqui, não pelo amor da virtude, mas pelo medo de vício.’ Ela disse: ‘Ela
deve lembrar-se isso enquanto ela viveu.’ “Achei difícil dar-lhe essa visão
de sua situação, quando ela não podia evitar; e, de fato, eu me perguntei
sobre o todo do que ele agora disse; porque, tanto em seu Rambler quanto
no Idler, ele trata as austeridades religiosas com muita solenidade de
respeito.
Encontrá-lo ainda perseverante em sua abstinência de vinho, aventurei-
me a falar com ele sobre isso. – JOHNSON. “Senhor, não tenho nenhuma
objeção a um homem beber vinho, se ele pode fazê-lo com moderação. Eu
encontrei-me apto a ir com excesso nisso, e, portanto, depois de ter estado
por algum tempo sem isso, devido a uma doença, achei melhor não voltar a
ele. Cada homem deve julgar por si mesmo, de acordo com os efeitos que
ele experimenta. Um dos pais nos diz que ele descobriu que o jejum o
tornou tão mal-humorado que não o praticou.”
Embora ele se estendesse com frequência sobre o mal de intoxicação, ele
era de forma alguma duro e implacável com aqueles que se dedicavam a
ocasional excesso ocasional em vinho. Um de seus amigos, ([291]) lembro-me
bem, veio para jantar em uma taverna com ele e alguns outros cavalheiros, e
muito claramente descobriu que ele tinha bebido demais no jantar. Quando
alguém que amava o mal, ([292]) pensando em produzir uma severa censura,
perguntou Johnson, poucos dias depois, “Bem, senhor, o que o seu amigo
lhe diz, como desculpa por estar em tal situação?” Johnson respondeu:
“Senhor, ele disse tudo o que um homem deve dizer: ele disse que sentia
muito por isso.”
Eu o ouvi certa vez dar um conselho muito prático e criterioso sobre este
assunto: “Um homem, que tenha bebido vinho à vontade, nunca deve entrar
em um novo grupo de convivas. Com aqueles que partilharam vinho com
ele, ele pode estar muito bem em uníssono; mas ele provavelmente será
ofensivo, ou parecerá ridículo a outras pessoas.”
Ele atribuía influência muito grande à educação. “Eu não nego, Senhor,
mas há alguma diferença original nas mentes; mas não é nada em
comparação do que é formado pela educação. Podemos dar como exemplo
a ciência dos números, que todas as mentes são igualmente capazes de
alcançar; ainda assim encontramos uma diferença prodigiosa nos poderes de
diferentes homens, a esse respeito, depois que eles são adultos, porque suas
mentes foram mais ou menos exercitadas nela: e eu acho que a mesma
causa explicará a diferença de excelência em outras coisas, gradações
sempre admitindo alguma diferença nos primeiros princípios.”
Este é um assunto difícil; mas é melhor esperar que a diligência possa
fazer muita coisa. Temos a certeza de que ela pode fazer, no aumento da
nossa força mecânica e destreza.
Eu o visitei novamente na segunda-feira. Ele aproveitou a ocasião para
ampliar, como sempre fazia, sobre a miséria de uma vida no mar. “Um
navio é pior do que uma prisão. Em uma prisão, há um ar melhor, melhor
companhia, melhor conveniências de toda espécie; e um navio tem a
desvantagem adicional de estar em perigo. Quando os homens passam a
gostar de uma vida no mar, eles não estão aptos a viver em terra.”- “Então,
(disse eu) seria cruel se um pai criasse seu filho para o mar.” JOHNSON.
“Seria cruel em um pai que pense como eu. Os homens vão para o mar,
antes de conhecer as infelicidades desse modo de vida; e quando eles
vieram a conhecê-las, eles não podem escapar dela, porque é, então, muito
tarde para escolher outra profissão; como, aliás, é geralmente o caso com os
homens, quando eles se engajaram em qualquer modo particular de vida.”
Na terça-feira, 19 de março, que estava marcada para o nosso passeio
proposto, nos encontramos na parte da manhã no café Somerset em Strand,
onde embarcamos na carruagem de Oxford. Ele estava acompanhado pelo
Sr. Gwyn, o arquiteto; e um cavalheiro de Merton College, a quem não
conhecíamos, ocupava o quarto lugar. Logo entramos em conversação; pois
era muito notável de Johnson, que a presença de um estranho não era
nenhum obstáculo à sua conversa. Observei que Garrick, que estava prestes
a sair do palco, logo teria uma vida mais amena. JOHNSON. “Eu duvido
disso, Senhor.” BOSWELL. “Ora, Senhor, ele será Atlas com o peso fora de
suas costas.” JOHNSON. “Mas eu não sei, Senhor, se ele vai ficará tão
estável sem a sua carga. No entanto, ele nunca deveria atuar mais, mas ser
totalmente o cavalheiro, e não parcialmente o ator: ele não devia mais se
sujeitar a ser vaiado por uma multidão, ou ser tratado com insolência por
artistas, a quem ele costumava comandar com mão de ferro, e que de bom
grado retaliariam.” BOSWELL. “Eu acho que ele deveria atuar uma vez por
ano em benefício dos atores necessitados, como ele tem dito que pretende
fazer.” JOHNSON. “Ai, Senhor! em breve ele mesmo será um ator
necessitado.”
Johnson expressou sua desaprovação da arquitetura ornamental, tais
como as magníficas colunas que suportam um pórtico, ou pilastras caras
apoiando apenas os seus próprios capitéis, “porque consomem trabalho
desproporcional à sua utilidade.” Pela mesma razão ele satirizava a
estatuária. “A pintura (dizia ele) consome trabalho não desproporcional ao
seu efeito; mas um sujeito vai gastar metade de um ano em um bloco de
mármore para fazer algo em pedra que dificilmente se assemelha a um
homem. O valor da estatuária é devido à sua dificuldade. Você não
valorizaria o mais fino corte de cabeça em relação a uma cenoura.” Aqui,
ele me pareceu ser estranhamente deficiente em gosto; pois certamente a
estatuária é uma nobre arte de imitação, e preserva uma expressão
maravilhosa das variedades da estrutura humana; e embora se deva permitir
que as circunstâncias de dificuldade aumentam o valor de uma cabeça de
mármore, devemos considerar que, se ela exige um longo período de tempo
na realização, tem um valor proporcional em termos de durabilidade.
Gwyn era um bom sujeito alegre e barulhento. O Dr. Johnson o mantinha
na linha, mas com uma autoridade gentil. O espírito do artista, no entanto,
levantava-se contra o que ele achava ser um ataque gótico, e ele fez uma
defesa rápida. “O quê, Senhor, você não permitiria nenhum valor à beleza
em arquitetura ou em estatuária? Por que devemos permiti-lo, então, por
escrito? Por que você se dá o trabalho de nos dar tantas alusões finas e
imagens brilhantes, e frases elegantes? Você pode transmitir toda a sua
instrução sem esses ornamentos.” Johnson sorriu com complacência; mas
disse: “Ora, Senhor, todos esses ornamentos são úteis, porque eles obtêm
uma recepção mais fácil para a verdade; mas um edifício não é
absolutamente mais conveniente por ser decorado com trabalho supérfluo
esculpido.”
Gwyn, finalmente teve a sorte de dar uma resposta ao Dr. Johnson, que
ele admitiu ser excelente. Johnson o censurou por derrubar uma igreja que
poderia ter ficado muitos anos de pé, e construir uma nova em um lugar
diferente, por nenhum outro motivo, a não ser que poderia haver um
caminho direto até uma nova ponte; e sua expressão foi, “Você está tirando
uma igreja do caminho, para que as pessoas possam ir em uma linha reta até
a ponte.”- “Não, senhor, (disse Gwyn), eu estou colocando a igreja no
caminho, para que as pessoas não saiam do caminho.” JOHNSON. (Com
uma gargalhada saudável de aprovação,) “Não fale mais. Descanse sua
fama coloquial sobre isso.”
Após a nossa chegada a Oxford, o Dr. Johnson e eu fomos diretamente
ao University College, mas ficamos desapontados ao descobrir que um dos
companheiros, o seu amigo, o Sr. Scott, que o acompanhara desde
Newcastle até Edimburgo, tinha ido para o campo. Nós nos acomodamos na
hospedaria Angel, e passamos a noite sozinhos, em fácil e familiar
conversação. Falando de melancolia constitucional, ele observou, “Um
homem tão aflito, Senhor, deve desviar os pensamentos angustiantes, e não
os combater.” BOSWELL. “Ele não pode deixar de pensar neles, Senhor?”
JOHNSON. “Não, Senhor. Tentar não pensar neles é loucura. Ele deve ter
uma lâmpada queimando constantemente em seu quarto de dormir durante a
noite, e se perturbado por insônia, pegar um livro e ler, e se recompor para
descansar. Ter a gestão da mente é uma grande arte, e pode ser alcançada
em um grau considerável pela experiência e exercício habitual.”
BOSWELL. “Ele não devia procurar diversões para si mesmo? Não seria,
por exemplo, bom para ele fazer um curso de química?” JOHNSON.
“Deixe-o fazer um curso de Química, ou um curso de dança em corda
bamba, ou um curso de qualquer coisa para o que ele seja inclinado no
momento. Deixe que ele se esforce para ter tantos retiros para sua mente
quantos ele possa, tantas coisas para onde ele possa voar de si mesmo.
Anatomy of Melancholy (Anatomia de Melancolia) de Burton é um trabalho
valioso. Ele é, talvez, sobrecarregado com citações. Mas há um grande
espírito e um grande poder no que diz Burton, quando escreve a partir de
sua própria mente.”
Na manhã seguinte, visitamos o Dr. Wetherell, Mestre do University
College, com quem o Dr. Johnson conferenciou sobre o modo mais
vantajoso de descartar os livros impressos na editora Clarendon, assunto
sobre o qual sua carta foi inserida em uma página anterior. Muitas vezes eu
tive a oportunidade de observar que Johnson amava os negócios, gostava de
ter a sua sabedoria realmente operando sobre a vida real. O Dr. Wetherell e
eu conversamos sobre ele sem reservas em sua presença. WETHERELL.
“Eu lhe teria dado uma centena de guinéus se ele tivesse escrito um prefácio
ao seu Political Tracts (Tratados Políticos), por meio de um Discurso sobre
a Constituição Britânica.” BOSWELL. “O Dr. Johnson, embora em seus
escritos, e em todas as ocasiões um grande amigo da constituição tanto na
igreja quanto no estado, nunca escreveu expressamente em apoio a qualquer
um deles. Há realmente uma reclamação sobre ele por ambos. Estou certo
de que ele poderia dar um volume não muito grosso sobre cada um deles,
que compreenderia toda a substância e com o seu espírito efetivamente os
sustentaria. Ele deveria erigir uma fortaleza sobre os limites de cada um.”
Eu podia perceber que ele estava incomodado com este diálogo. Ele
explodiu, “Por que eu deveria estar sempre escrevendo?” Eu esperava que
ele estivesse consciente de que a dívida era justa, e pretendesse liquidá-la,
embora ele não gostasse de ser cobrado.
Fomos então ao Pembroke College, e esperamos por seu velho amigo, o
Dr. Adams, mestre ali, que eu descobri ser um homem agradável,
comunicativo e muito educado. Antes de sua promoção à chefia de sua
faculdade, eu tinha a intenção de ir visitá-lo em Shrewsbury, onde ele era
reitor da igreja de St. Chad, a fim de obter dele os pormenores que ele
pudesse se lembrar da vida acadêmica de Johnson. Ele agora gentilmente
me deu parte dessa informação autêntica, que, com o que eu mais tarde
devia à sua bondade, será encontrado incorporado em seu devido lugar
neste trabalho.
O Dr. Adams se distinguira por uma resposta competente ao Ensaio de
David Hume sobre Milagres. Ele me disse que havia jantado certa vez na
companhia de Hume, em Londres; que Hume apertou sua mão, e disse:
“Você me tratou muito melhor do que eu mereço,” e que eles trocaram
visitas. Tomei a liberdade de me opor ao tratamento de um escritor infiel
com civilidade suave. Quando há uma controvérsia a respeito de uma
passagem em um autor clássico, ou a respeito de uma questão em
antiguidades, ou qualquer outro assunto em que a felicidade humana não
está profundamente interessada, um homem pode tratar seu antagonista com
polidez e até mesmo respeito. Mas quando a controvérsia é sobre a verdade
da religião, é de tal grande importância para ele que a sustenta, obter a
vitória, que a pessoa de um oponente não deve ser poupada. Se um homem
acredita firmemente que a religião é um tesouro inestimável, ele considerará
um escritor que se esforça para privar a humanidade dela como um ladrão;
ele olhará para ele como odioso, embora o infiel possa pensar que está
certo. Um ladrão que raciocina como a gangue da Opera do Mendigo, que
chamam a sim mesmos de filósofos práticos, e podem ter tanta sinceridade
quanto os filósofos especulativos perniciosos, não é menos um objeto de
justa indignação. Um libertino abandonado pode pensar que não é errado
corromper minha esposa, mas eu não devo, portanto, detestá-lo? E se eu
pegá-lo tentando, devo tratá-lo com educação? Não, eu vou chutá-lo
escadas abaixo, ou transfixar o seu corpo; isto é, se eu realmente amo a
minha esposa, ou tenho uma verdadeira noção racional de honra. Um infiel
então não deve ser tratado generosamente por um cristão, simplesmente
porque ele se esforça para roubar com engenhosidade. Eu declaro, no
entanto, que eu não estou muito disposto a ser provocado até a raiva, e
poderia ser persuadido de que a verdade não sofreria com uma moderação
branda em seus defensores, eu deveria desejar preservar o bom humor, pelo
menos, em cada controvérsia; nem, na verdade, eu vejo por que um homem
deva perder a paciência enquanto ele faz tudo o que pode para refutar um
oponente. Acho que o ridículo pode ser bastante usado contra um infiel; por
exemplo, se ele é um sujeito feio, ([293]) e ainda assim absurdamente vaidoso
de sua pessoa, podemos comparar sua aparência à bela imagem da Virtude
de Cícero, se ela pudesse ser vista. Johnson concordou comigo e disse:
“Quando um homem se envolve voluntariamente em uma polêmica
importante, ele deve fazer tudo o que puder para diminuir seu antagonista,
porque a autoridade do respeito pessoal tem muito peso com a maioria das
pessoas, e muitas vezes mais do que o raciocínio. Se o meu antagonista
escreve palavrões, embora isso possa não ser essencial para a questão, eu o
atacarei por sua má língua.” ADAMS. “Você não enfrentaria um limpador
de chaminé.” JOHNSON. “Sim, Senhor, se fosse necessário enfrentá-lo.
“O Dr. Adams disse-nos que, em algumas das faculdades de Oxford, os
professores haviam excluído os estudantes de relações sociais com eles na
sala comum. JOHNSON. “Eles estão no direito, Senhor, pois não pode
haver nenhuma conversa de verdade, nenhum exercício justo de espírito
entre eles, se os jovens estão por perto; pois um homem que tem um caráter
não escolhe apostá-lo na presença deles.” BOSWELL. “Mas, senhor, não
pode haver uma boa conversa sem uma competição pela superioridade?”
JOHNSON. “Nenhuma conversa animada, Senhor, pois ela só pode ser
uma, mas um ou outro sairá por cima. Eu não quero dizer que o vencedor
deva ter a melhor do argumento, pois ele pode tomar o lado fraco; mas a sua
superioridade de peças e conhecimento vai necessariamente aparecer: e
aquele a quem ele assim se mostra superior é apequenado aos olhos dos
jovens. Você sabe que foi dito: ‘Mallem cum Scaligero errare quam cum
Clavio rectè sapere.’ Da mesma forma tomar os Comentário sobre Horácio
de Bentley e de Jason Nores, você admirará Bentley mais quando errado, do
que Jason quando certo.”
Caminhamos com o Dr. Adams pelo jardim do mestre, até a sala comum.
JOHNSON. (Depois de um devaneio de meditação,) “Oh! Aqui eu
costumava jogar damas com Phil. Jones e Fludyer. Jones amava cerveja, e
não ficava muito à frente na igreja. Fludyer acabou sendo um canalha, um
Whig, e disse que tinha vergonha de ter sido criado em Oxford. Ele teve
uma vida em Putney, e caiu sob as graças de alguns advogados do tribunal,
naquela época, e assim tornou-se um violento Whig, mas ele tinha sido um
canalha o tempo todo, para ter certeza.” BOSWELL. “Ele era um canalha,
Senhor, de qualquer outra forma além disso de ser um canalha político? Ele
trapaceava no jogo de damas?” JOHNSON. “Senhor, nós nunca jogávamos
por dinheiro.”
Ele, então, levou-me para visitar o Dr. Bentham, Cônego de
Christchurch, e Professor de Teologia, com cuja conversa erudita e animada
ficamos muito satisfeitos. Ele nos deu um convite para jantar, que o Dr.
Johnson disse-me ser uma grande honra. “Senhor, é uma grande coisa jantar
com os Cônegos de Christ Church.” Não pudemos aceitar o convite, já que
estávamos comprometidos a jantar no University College. Tivemos um
excelente jantar ali, com os Mestres e Professores, sendo dia de St.
Cuthbert, que é guardado por eles como um festival, pois ele era um santo
de Durham, com a qual esta faculdade é muito conectada.
Bebemos chá com Dr. Horne, ex-presidente do Magdalen College, e
bispo de Norwich, de cujas habilidades, em diferentes aspectos, o público
teve provas eminentes, e a estima estendida à cujo personagem foi
aumentada por conhecê-lo pessoalmente. Ele tinha falado de publicar uma
edição de Vidas de Walton, mas tinha deixado de lado esse projeto, quando
o Dr. Johnson lhe disse, por engano, que Lord Hailes tinha a intenção de
fazê-lo. Eu tinha a intenção de negociar entre Lord Hailes e ele, que um ou
outro deveria executar um trabalho tão bom. JOHNSON. “A fim de fazê-lo
bem, será necessário recolher todas as edições de Vidas de Walton.
Adaptando o livro ao gosto da época presente, eles, em uma edição
posterior, deixaram de fora uma visão que ele relata ter o Dr. Donne
deixado, mas ela deve ser restaurada; e deve haver um catálogo crítico dado
dos trabalhos das diferentes pessoas cujas biografias foram escritas por
Walton, e, portanto, suas obras devem ser cuidadosamente lidas pelo
editor.”
Fomos então ao Trinity College, onde ele me apresentou ao Sr. Thomas
Warton, com quem passamos uma parte da noite. Falamos de biografia. –
JOHNSON. “Isso raramente é bem executado. Somente aqueles que
viveram com um homem podem escrever sua vida com alguma exatidão
genuína e discriminação; e poucas pessoas que viveram com um homem
sabem o que observar sobre ele. O capelão de um falecido Bishop, ([294]) a
quem eu estava ajudando a escrever algumas memórias de sua Senhoria,
não pode me dizer praticamente quase nada.” ([295])
Eu disse, a biografia do Sr. Robert Dodsley deveria ser escrita, pois ele
havia sido muito ligado à inteligência de seu tempo, e pelo seu mérito
literário se tinha destacado a partir do status de um criado. O Sr. Warton
disse que ele havia publicado um pequeno volume sob o título de The Muse
(A Musa) em Livery. JOHNSON. “Duvido que o irmão de Dodsley
agradeceria a um homem que escrevesse sua biografia: ainda assim, o
próprio Dodsley não desejava que sua baixa condição original fosse
lembrada. Quando os Dialogues of the Dead (Diálogos dos Mortos) de Lord
Lyttelton saíram, um dos quais é entre Apicius, um epicurista antigo, e
Dartineuf, um epicurista moderno, Dodsley me disse: ‘Eu conheci Dartineuf
bem, porque eu fui certa vez seu criado.’”
Biografia levou-nos a falar do Dr. John Campbell, que tinha escrito uma
parte considerável da Biographia Britannica. Johnson, embora o valorizasse
muito, era de opinião de que não era tanto a sua grande obra, uma
Polititical Survey of Great Britain (Pesquisa política da Grã-Bretanha),
como o mundo tinha sido levado a esperar; ([296]) e tinha me dito, que
acreditava que a decepção de Campbell, por conta do insucesso desse
trabalho, o matou. Ele esta noite observou sobre ele, “Esse trabalho foi a
sua morte.” O Sr. Warton, não entendendo ao seu significado, respondeu:
“Creio que sim; pela grande atenção que ele dedicou a ele.” JOHNSON.
“Não, senhor, ele morreu de falta de cuidados, se ele morreu, realmente, por
aquele livro.”
Falamos de um trabalho muito em voga na época, escrito em um estilo
muito melífluo, mas que, sob o pretexto de um outro assunto, continha
infidelidade muito artística.
Eu disse que não era justo nos atacar, assim, de forma inesperada; ele
deveria ter-nos avisado de nosso perigo, antes de entrar em seu jardim de
florida eloquência, avisando, “Armadilhas humanas mortais e de mola
montadas aqui.
“O autor ([297]) tinha sido um Oxoniano[298], e era lembrado ali por ter-se
“tornado um Papista”. Observei que, assim como ele tinha mudado várias
vezes - da Igreja da Inglaterra para a Igreja de Roma, - da Igreja de Roma
para a impiedade, - eu não me desesperaria ainda de vê-lo um pregador
metodista. JOHNSON. (Rindo), “Diz-se, que o seu alcance foi mais
extensa, e que uma vez ele foi maometano. No entanto, agora que ele
publicou sua infidelidade, ele provavelmente persistirá nela.” BOSWELL.
“Eu não estou muito certo disso, Senhor.”
Eu mencionei Sir Richard Steele ter publicado seu Christian Hero (Herói
Cristão), com o objetivo declarado de obrigar-se a levar uma vida religiosa;
ainda assim, que sua conduta não era de forma alguma estritamente
adequada. JOHNSON. “Steele, creio eu, praticou os vícios mais leves.”
O Sr. Warton, sendo envolvido, não poderia cear conosco em nossa
pousada; tivemos, portanto, mais uma noite sozinhos. Perguntei a Johnson,
se um homem ser ([299]) direto em fazer-se conhecido às pessoas eminentes,
e vendo tanto da vida, e obtendo o máximo de informações que pôde em
todos os sentidos, ainda assim não estava se diminuindo por sua petulância.
JOHNSON. “Não, senhor; um homem sempre se faz maior quando ele
aumenta o seu conhecimento.”
“Eu censurei alguns diálogos ridículos fantásticos entre dois cavalos de
coche, e outras coisas do gênero, que Baretti tinha publicado recentemente.
Ele juntou-se a mim, e disse: “Nada estranho durará muito. Tristram
Shandy não durou.” Ele expressou o desejo de se familiarizar com uma
senhora de quem muito tinha sido muito, ([300]) e universalmente celebrada
por alocução e insinuação extraordinárias. JOHNSON. “Nunca acredite em
personagens extraordinários que você ouve de pessoas. Com certeza,
Senhor, eles são exagerados. Você não vê um homem disparar uma grande
quantidade mais do que outro.” Eu mencionei o Sr. Burke. JOHNSON.
“Sim; Burke é um homem extraordinário. Seu fluxo de espírito é eterno.” É
muito gratificante para mim registrar que a alta estima de Johnson pelos
talentos deste cavalheiro era uniforme a partir de seu conhecimento
precoce. Sir Joshua Reynolds informou-me que, quando o Sr. Burke foi
eleito pela primeira vez um membro do Parlamento, e Sir John Hawkins
expressou espanto por sua obtenção de um assento, Johnson disse: “Agora
nós que conhecemos Burke, sabemos que ele será um dos os primeiros
homens neste país.” E uma vez, quando Johnson estava doente e incapaz de
se esforçar tanto quanto de costume sem fadiga, o Sr. Burke tendo sido
mencionado, ele disse, “Aquele sujeito evoca todos os meus poderes. Se eu
fosse ver Burke agora, isso me mataria.” Tanto ele estava acostumado a
considerar conversa como uma competição, e tal era a sua noção de Burke
como um oponente.
Na manhã seguinte, quinta-feira, 21 de Março, partimos em um coche a
fazer o nosso passeio. Foi um dia maravilhoso, e nós dirigimos através do
parque Blenheim. Quando olhei para a magnífica ponte construída por
John, Duque de Marlborough, sobre um pequeno riacho, e recordei o
Epigrama feito sobre ela
“O arco elevado sua grande ambição mostra,
A corrente, um emblema da sua graça flui:”
e vi que agora, graças ao gênio de Brown, um corpo magnífico de água
era coletado, eu disse, “Eles afogaram o Epigrama.” Eu observei a ele,
enquanto no meio da cena nobre ao nosso redor, “Você e eu, Senhor, penso
eu, vimos juntos os extremos do que pode ser visto na Inglaterra - a ilha
selvagem e áspera de Mull, e o Parque Blenheim.”
Jantamos em uma excelente pousada em Chapel-house, onde ele
discorreu sobre a felicidade da Inglaterra em suas tavernas e pousadas, e
triunfava sobre os franceses por não ter, em qualquer perfeição, a vida de
taverna. “Não há moradia, (disse ele) em que as pessoas podem se divertir
tão bem, quanto em uma taverna da capital. Que exista sempre uma
abundância tão grande de coisas boas, sempre tanta grandeza, sempre muito
elegância, sempre muito desejo de que todos devam ser fáceis; na natureza
das coisas isso não pode ser: deve haver sempre algum grau de cuidado e
ansiedade. O dono da casa está ansioso por entreter seus convidados; os
convidados estão ansiosos para ser agradáveis a ele, e ninguém, a não ser
um cão muito descarado, de fato, pode comandar tão livremente o que está
na casa de outro homem, como se ela fosse a sua própria. Considerando
que, em uma taverna, há uma liberdade geral da ansiedade. Você tem
certeza de que é bem-vindo: e quanto mais barulho você faz, mais trabalho
você dá, mais coisas boas você exige, mais bem-vindo você é. Nenhum
funcionários lhe atenderá com a vivacidade com que garçons atendem, que
são incitados pela perspectiva de uma recompensa imediata, na proporção
de como bem atenderem. Não, senhor; não há nada que ainda foi inventado
pelo homem, pelo qual tanta felicidade é produzida quanto uma boa taverna
ou estalagem.”([301]) Em seguida, ele repetiu, com grande emoção, as linhas
de Shenstone: -
“Quem quer que tenha pela vida sem graça,
Onde quer que suas paradas tenham sido,
pode suspirar ao pensar que ainda encontrou
As mais calorosas boas-vindas em uma pousada.”([302])
Meu ilustre amigo, eu pensei, não admirava suficientemente Shenstone.
A opinião daquele cavalheiro engenhoso e elegante sobre Johnson aparece
em uma de suas cartas ao Sr. Graves, datada 9 de fevereiro de 1760. “Tenho
recentemente lido um ou dois volumes do The Rambler; que, com exceção
de algumas poucas rudezas ([303]) em sua forma, e da falta de mais exemplos
para animar, é uma das prosas mais nervosas, mais lúcidas, mais concisas, e
mais harmoniosas que eu conheço. Uma dicção erudita melhora com o
tempo.”
Na parte da tarde, enquanto éramos conduzidos rapidamente na
carruagem, ele me disse: “A vida não tem muitas coisas melhores do que
isso.”
Nós paramos em Stratford-upon-Avon, e bebemos chá e café; e me
agradou estar com ele na clássica terra natal de Shakespeare.
Ele falou com desprezo do Fleece (Tosão) de Dyer. –“O assunto, Senhor,
não pode ser feito poético. Como pode um homem escrever poeticamente
de sarjas e droguetes? Ainda assim, você vai ouvir muitas pessoas falar com
você gravemente daquele excelente poema, The Fleece (O Tosão). “Tendo
falado do Sugar-Cane (Cana de Açúcar) de Grainger, eu mencionei que o
Sr. Langton contou-me que este poema, quando lido em manuscrito na casa
de Sir Joshua Reynolds, tinha feito todas as inteligências reunidas desatar a
rir, quando, depois de muita pompa de verso branco, o poeta começou um
novo parágrafo assim: -
“Agora, Musa, vamos cantar sobre ratos.”
E o que aumentou o ridículo foi que alguém da audiência, que
espertamente olhou sobre os ombros do leitor, percebeu que a palavra tinha
sido originalmente camundongo, e que teria sido alterado para ratos, como
mais digna. ([304])
Esta passagem não aparece na obra impressa. O Dr. Grainger, ou alguns
de seus amigos, deve parecer, tendo-se tornado sensível que a introdução
até de ratos em um grave poema pode ser passível de brincadeiras. Ele, no
entanto, não conseguiu abandonar a ideia; pois eles são assim, de uma
forma ainda mais absurda, perifrasticamente exibida em seu poema na sua
forma atual:
“Nem com menos desperdício um incontável clã
de vermes de bigodes da raça saqueia a cana-de-várzea.”
Johnson disse que o Dr. Grainger era um homem agradável; um homem
que faria qualquer bem que estivesse em seu poder. Sua tradução de
Tibullus, ele achava, era muito bem feita; mas The Sugar-Cane (A Cana de
Açúcar), um poema, não lhe agradou; ([305]) pois ele exclamou: “O que ele
poderia fazer de cana-de-açúcar? Pode-se também escrever ‘O Canteiro de
Salsa, um poema;’ ou ‘ O jardim de Repolhos, um poema.’” BOSWELL.
“Você deve, então, fazer picles com seu repolho com o sal Atticum.”
JOHNSON. “Você sabe que já existe The Hop-Garden, um poema: e, eu
acho que se pode dizer muita coisa sobre repolho. O poema pode começar
com as vantagens de uma sociedade civilizada sobre um estado rude,
exemplificado pelo escocês, que não tinha repolhos até que os soldados de
Oliver Cromwell os introduzissem, e pode-se assim mostrar como as artes
são propagadas pela conquista, como elas foram pelas armas romanas.” Ele
pareceu divertir-se muito com a fertilidade de sua própria fantasia.
Eu lhe contei que ouvi dizer que o Dr. Percy estava escrevendo a história
do lobo na Grã-Bretanha. JOHNSON. “O lobo, Senhor! por que o lobo? Por
que ele não escreve sobre o urso, que tínhamos anteriormente? Não, diz-se
que tínhamos o castor. Ou por que ele não escreve sobre o rato cinzento, o
rato Hanover, como é chamado, porque se diz ter vindo para este país na
época em que veio a família de Hanover? Eu gostaria de ver A História do
Rato Cinzento, por Thomas Percy, D. D., Capelão Comum de Sua
Majestade,” (rindo desbragadamente). BOSWELL. “Eu receio que um
capelão da corte não poderia decentemente escrever sobre o rato cinzento.”
JOHNSON. “Senhor, ele não precisa dar-lhe o nome do rato Hanover.”
Assim, ele podia permitir-se uma imaginação esportiva luxuriante, ao falar
de um amigo a quem ele amava e estimava.
Ele mencionou a mim a história singular de um conhecido engenhoso.
( ) “Ele havia praticado medicina em várias situações sem grande sucesso
[306]

financeiro. Um cavalheiro das Índias Ocidentais, ([307]) a quem ele encantava


com a conversa, deu-lhe um título para uma anuidade considerável durante
a sua vida, com a condição de que ele o acompanhasse às Índias Ocidentais
e vivesse ali com ele por dois anos. Assim ele embarcou com o cavalheiro;
mas durante a viagem ele se apaixonou por uma jovem ([308]) que aconteceu
de ser um dos passageiros, e se casou com a moça. A partir da imprudência
de sua disposição, ele discutiu com o cavalheiro e declarou que não teria
qualquer vínculo com ele. Então ele perdeu a anuidade. Ele se estabeleceu
como médico em uma das ilhas Leeward. Um homem foi enviado a ele
apenas para formular seus medicamentos. Este sujeito estabeleceu-se como
um rival dele em sua prática de medicina, e conseguiu ser tão melhor que
ele na opinião das pessoas da ilha, que levou todos os negócios, diante do
que ele retornou à Inglaterra, e logo em seguida morreu.”
Na sexta-feira, 22 de março, tendo partido cedo de Henley, onde
tínhamos nos hospedado na noite anterior, chegamos a Birmingham por
volta de nove horas, e, depois do café da manhã, fomos visitar seu velho
colega de escola, o Sr. Hector. ([309]) Uma empregada muito estúpida, que
abriu a porta, nos disse que “o seu patrão tinha viajado; tinha ido para o
campo; ela não sabia dizer quando ele voltaria.” Em suma, ela nos deu uma
recepção miserável; e Johnson observou: “Ela não teria se comportados
melhor com pessoas que o queriam por sua profissão.” Ele lhe disse: “Meu
nome é Johnson; diga a ele que eu estive aqui. Você vai se lembrar do
nome?” Ela respondeu com simplicidade rústica, com o sotaque de
Warwickshire, “Eu não entendo você, senhor.”- “Estúpida, (disse ele), eu
vou escrever. “Eu nunca ouvira a palavra estúpida aplicada a uma mulher
antes, mas eu não vejo por que não se deveria, quando há ocasião evidente
para isso. ([310]) Ele, no entanto, fez outra tentativa de fazê-la entender, e
rugiu alto em seu ouvido, “Johnson,” e, então, ela captou o som.
Em seguida, visitamos o Sr. Lloyd, alguém a quem as pessoas chamavam
Quakers. Ele também não estava em casa; mas a Sra. Lloyd estava e nos
recebeu com cortesia, e nos convidou a jantar. Johnson disse-me: “Após a
incerteza de todas as coisas humanas na casa de Hector, este convite veio
muito bem a calhar.” Caminhamos pela cidade, e ele estava contente em vê-
la crescer.
Falei de legitimação por casamento posterior, que existia no direito
romano, e ainda existe na lei da Escócia. JOHNSON. “Eu acho que é uma
coisa ruim; porque a castidade das mulheres sendo de extrema importância,
como toda a propriedade depende disso, aquelas que a perdem não devem
ter qualquer possibilidade de ser restaurada ao bom caráter; nem devem os
filhos de uma ligação ilícita, atingir os plenos direitos de filhos legítimos,
com o consentimento posterior das partes transgressoras.” Sua opinião
sobre este assunto merece consideração. Em princípio pode, por vezes, ser
uma provação, e aparentemente algo estranho, para os indivíduos; mas o
bem geral da sociedade está melhor protegido. E, afinal de contas, não é
razoável que em um indivíduo se aflija por ele não ter a vantagem de um
estado que é tornado diferente do sua pela instituição social em que ele
nasce. Uma mulher não se queixa de que seu irmão, que é mais jovem do
que ela, recebe o espólio de seu pai comum. Por que então deveria um filho
natural se queixar que um irmão mais novo, dos mesmos pais legalmente
gerados, o recebe? A força da lei é semelhante em ambos os casos. Além
disso, um filho ilegítimo, que tem um irmão mais novo legítimo do mesmo
pai e mãe, não tem direito mais forte sobre o espólio do pai, do que se
aquele irmão legítimo tinha apenas do mesmo pai, de quem a propriedade
descende.
O Sr. Lloyd juntou-se a nós na rua; e em pouco tempo nós encontramos
o amigo Hector, como o Sr. Lloyd o chamava. Ela me deu o prazer de
observar a alegria com que Johnson e ele expressaram por se verem
novamente. O Sr. Lloyd e eu os deixamos juntos, enquanto ele gentilmente
me mostrava alguns dos fabricantes deste conjunto muito curioso de
artífices. Todos nós nos encontramos no jantar na casa do Sr. Lloyd, onde
fomos recebidos com grande hospitalidade. O Sr. e a Sra. Lloyd tinham se
casado no mesmo ano que suas Majestades, e, como eles, tinham sido
abençoados com uma família numerosa de crianças finas, seu número sendo
exatamente o mesmo. Johnson disse, “O casamento é o melhor estado para
o homem em geral; e todo homem é um homem pior, na proporção em que
ele é inadequado para o estado matrimonial.”
Eu sempre amei a simplicidade dos costumes, e a propensão espiritual
dos Quakers; e conversando com o Sr. Lloyd, observei que a parte essencial
da religião era a piedade, uma relação devota com a Divindade; e que mais
de um homem era um Quaker sem o saber.
Como o Dr. Johnson me dissera pela manhã, enquanto caminhávamos
juntos, que ele gostava de indivíduos entre os Quakers, mas não da seita;
quando estávamos na casa do Sr. Lloyd, eu evitei introduzir qualquer
questão relativa às peculiaridades de sua fé. Mas tendo pedido para olhar a
edição de Baskerville da Apologia de Barclay, Johnson a pegou; e
acontecendo de o capítulo sobre batismo ser aberto, Johnson comentou:
“Aqui se diz que não há nem preceito nem prática para o batismo, nas
escrituras; o que é falso.” Aqui, ele era o agressor, de modo algum de forma
gentil; e os bons Quakers tinham a vantagem sobre ele; pois ele havia lido
de maneira negligente, e não tinha observado que Barclay fala do batismo
infantil; que ele calmamente o fizeram perceber. O Sr. Lloyd, no entanto,
estava enormemente errado; pois quando insistindo que o rito do batismo
pela água deveria cessar, quando a administração espiritual de CRISTO
começou, ele sustentou que João Batista disse, “Meu batismo diminuirá,
mas o dele aumentará.” Enquanto as palavras são “Ele precisa aumentar,
mas eu preciso diminuir.” ([311])
Um deles tendo objetado à “observância de dias e meses e anos,”
Johnson respondeu: “A Igreja não observa supersticiosamente dias, apenas
como dias, mas como memoriais de fatos importantes. O Natal pode ser
mantido também em um dia do ano como outro qualquer; mas deve haver
um dia indicado para a comemoração do nascimento de nosso Salvador,
pois há o perigo de que o que pode ser feito em qualquer dia, será
negligenciado.”
Ele me disse em outro momento, “Senhor, os feriados observados pela
nossa igreja são de grande utilidade na religião.” Não pode haver nenhuma
dúvida disso, em um sentido limitado, quero dizer, se o número de tais
porções consagradas de tempo não seja muito extenso. O excelente
Festivals and Fasts (Festas e Jejuns) do Sr. Nelson, que tem, no meu
entender, a maior venda de qualquer livro já impresso na Inglaterra, com
exceção da Bíblia, é uma ajuda muito valiosa para a devoção; e além dele
eu recomendaria dois sermões sobre o mesmo assunto, pelo Sr. Pott,
arcediago de St.Alban, igualmente distinguido pela piedade e elegância.
Lamento ter que dizer, que a Escócia é o único país cristão, católico ou
protestante, onde os grandes acontecimentos da nossa religião não são
solenemente comemorados por seu estabelecimento eclesiástico, em dias
reservados para a finalidade.
O Sr. Hector fez-me a gentileza de me acompanhar e ver as grandes
obras do Sr. Bolton, em um lugar que ele chamou de Soho, a cerca de dois
quilômetros de Birmingham, que o proprietário muito engenhoso me
mostrou pessoalmente com o melhor proveito. Eu desejei que Johnson
tivesse estado lá conosco, pois foi uma cena que eu gostaria de ter tido a
felicidade de contemplar à sua luz. A vastidão e o artifício de algumas das
máquinas teria ‘combinado com sua poderosa mente’. Jamais esquecerei a
expressão do Sr. Bolton a mim: “Eu vendo aqui, Senhor, o que todo o
mundo deseja ter - PODER.” Ele tinha cerca de sete centenas de pessoas
trabalhando. Eu o via como um chefe férreo, e ele parecia ser um pai para
sua tribo. Um deles veio até ele, queixando-se dolorosamente de seu
senhorio por ter tido os seus bens penhorados. “Seu senhorio está certo,
Smith, (disse Bolton). Mas eu vou lhe dizer uma coisa: encontre um amigo
que deposite metade de seu aluguel, e eu depositarei a outra metade; e você
terá seus bens de volta.”
Do Sr. Hector eu agora fiquei sabendo de muitas particularidades do
início da vida do Dr. Johnson, que, somadas a outras que ele me deu em
momentos diferentes, contribuíram para a composição deste trabalho.
O Dr. Johnson disse-me de manhã, “Você verá, Senhor, na casa do Sr.
Heitor, a sua irmã, a Sra. Careless, viúva de um clérigo. Ela foi a primeira
mulher por quem eu me apaixonei. Isso saiu sobre minha cabeça
imperceptivelmente; mas ela e eu sempre temos um carinho um pelo outro.”
Ele riu da ideia de que um homem nunca pode estar realmente apaixonado
apenas uma vez, e considerou-a uma mera fantasia romântica.
Em nosso retorno da casa do Sr. Bolton, o Sr. Hector levou-me à sua
casa, onde encontramos Johnson sentado placidamente tomando chá, com
seu primeiro amor; que, apesar de estar agora avançada em anos, era uma
mulher gentil, muito agradável, e bem-educada.
Johnson lamentou ao Sr. Hector o estado de um dos seus colegas de
escola, o Sr. Charles Congreve, um clérigo, que ele assim descreveu: “Ele
obteve, creio eu, promoção considerável na Irlanda, mas agora vive em
Londres, bastante como um hipocondríaco, com medo de entrar em
qualquer casa, exceto na sua própria. Ele toma um pouco de ar em sua
charrete todos os dias. Ele tem uma mulher idosa, a quem ele chama de
prima, que mora com ele, e o encoraja quando o copo ficou muito tempo
vazio, e o incentiva a beber, a que ele está muito disposto a ser encorajado;
não que ele fique bêbado, pois ele é um homem muito piedoso, mas ele está
sempre desnorteado. Ele confessa tomar uma garrafa de porto todos os dias,
e ele provavelmente bebe mais. Ele é muito antissocial; sua conversa é
monossilábica: e quando, em minha última visita, perguntei-lhe que horas
eram?, aquele sinal da minha partida teve um efeito tão agradável sobre ele,
que ele saltou para olhar para o relógio, como um galgo saltando sobre uma
lebre.” Quando Johnson se despediu do Sr. Hector, ele disse, “Não se
transforme como Congreve; nem me deixe ficar como ele, quando você
estiver perto de mim.”
Quando ele falou novamente da Sra. Careless esta noite, ele parecia ter
tido seu afeto revivido; porque ele disse: “Se eu tivesse me casado com ela,
poderia ter sido tão feliz para mim.” BOSWELL. “Eu vos peço: Senhor,
você não acha que há cinquenta mulheres no mundo, com qualquer uma das
quais um homem pode ser tão feliz, quanto com qualquer uma mulher em
particular?” JOHNSON. “Sim, Senhor, cinquenta mil.” BOSWELL.
“Então, Senhor, você não é de opinião como alguns que imaginam que
certos homens e certas mulheres são feitos um para o outro; e que eles não
podem ser felizes se eles perderem seus complementos?” JOHNSON.
“Certamente, Senhor. Eu acredito que o casamento seria em geral tão feliz,
e muitas vezes mais, se eles fossem todos feitos pelo Lord Chancellor,
mediante a devida consideração de caráter e circunstâncias, sem que as
partes tivessem qualquer escolha na matéria.”
Eu queria ter ficado em Birmingham esta noite, ter conversado mais com
o Sr. Hector; mas o meu amigo estava impaciente para chegar a sua cidade
natal; então dirigimos naquele coche, no escuro, e estávamos pensativos e
calados por muito tempo. Quando chegamos dentro do foco das lâmpadas
de Lichfield, “Agora (disse ele), estamos saindo de um estado de morte.”
Nos instalamos na Três Coroas, não uma das grandes pousadas, mas uma
boa e antiga, que era mantida pelo Sr. Wilkins, e era a própria casa ao lado
daquela em que Johnson nasceu e cresceu, e que ainda era sua propriedade.
([312]) Tivemos uma ceia confortável, e entramos em alto astral. Eu senti
todo o meu Toryismo brilhar nesta antiga capital de Staffordshire. Eu
poderia ter oferecido incenso genio loci; e eu me dei o luxo de libações
daquela cerveja, que Boniface, em The Beaux Stratagem, recomenda com
tal alegria eloquente.
Na manhã seguinte, ele apresentou-me à Sra. Lucy Porter, sua enteada.
Ela agora era uma solteirona, com muita simplicidade de costumes. Ela
nunca tinha estado em Londres. Seu irmão, um capitão da marinha, tinha-
lhe deixado uma fortuna de dez mil libras; cerca de um terço do que ela
tinha gastado na construção de uma casa senhorial, e fazer um belo jardim,
em uma situação elevada em Lichfield. Johnson, quando aqui sozinho,
costumava hospedar-se na casa dela. Ela o reverenciava, e ele tinha uma
ternura paternal com ela.
Em seguida, visitamos o Sr. Peter Garrick, que naquela manhã recebera
uma carta de seu irmão David, anunciando nossa vinda a Lichfield. Ele
estava comprometido para o jantar, mas nos convidou a tomar chá, e dormir
em sua casa. Johnson, no entanto, não deixaria seu velho conhecido
Wilkins, da Três Coroas. A semelhança familiar dos Garricks era muito
marcante; e Johnson pensou que a vivacidade de David não era tão peculiar
a si mesmo como se supunha. “Senhor, (disse ele), eu só não sei se Peter
tivesse cultivado todas as artes da alegria, tanto quanto David o fez, ele
poderia ter sido tão rápido e animado. Se depender dele, Senhor, a
vivacidade é muito uma arte, e depende muito do hábito.” Eu acredito que
há uma boa dose de verdade nisso, não obstante uma história ridícula
contada a mim por uma senhora no exterior, ([313]) de um pesado barão
alemão que tinha vivido muito com jovens ingleses em Genebra, e
ambicionava ser tão animado quanto eles; com cujos pontos de vista, ele,
com esforço assíduo, estava pulando sobre as mesas e cadeiras em seus
aposentos; e quando as pessoas da casa correram e perguntaram, com
surpresa, qual era o problema, ele respondeu: “Sh' apprens t'etre fif.”[314]
Jantamos em nossa pousada, e tínhamos conosco o Sr. Jackson, um dos
colegas de escola de Johnson, a quem tratava com muito carinho, embora
ele parecesse ser um homem baixo, maçante e inculto. Ele tinha um casaco
cinza grosseiro, colete preto, calça engorduradas de couro, e uma peruca
amarela sem ondas; e o seu rosto tinha a vermelhidão que se anuncia que
não há pressa de ‘deixar sua lata.’ Ele bebia apenas cerveja. Ele tentara ser
um cuteleiro em Birmingham, mas não tinha conseguido; e agora ele vivia
mal em casa, e tinha algum esquema de vestir couro de uma maneira
melhor do que a comum; ao seu indistinto relato disso o Dr. Johnson ouviu
com atenção paciente, que ele poderia ajudá-lo com seus conselhos. Aqui
estava um exemplo de humanidade e bondade genuína real neste grande
homem, que tem sido muito injustamente representado como
completamente ríspido e destituído de ternura. Mil tais casos poderiam ter
sido gravados no curso de sua longa vida; porém, que seu temperamento era
caloroso e impetuoso, e suas maneiras, muitas vezes ásperas, não se pode
negar.
Eu vi aqui, pela primeira vez, a cerveja de aveia; e bolos de aveia não tão
duros quanto na Escócia, mas macios como um bolo de Yorkshire, eram
servidos no café da manhã. Foi agradável para mim descobrir que a aveia, a
comida dos cavalos, era muito usada como o alimento das pessoas na
própria cidade do Dr. Johnson. Ele discorreu em louvor de Lichfield e seus
habitantes, que, segundo ele, eram “as pessoas mais decentes, mais sóbrias
na Inglaterra, as mais gentis na proporção de sua riqueza, e falavam o mais
puro inglês.” Eu duvidava quanto ao último artigo de seu elogio, porque
eles tinham vários sons provinciais; pois, “there”, pronunciado como
“fear”, em vez de “fair”; e “once” pronunciado como “woonse” em vez de
“wunse” ou “wonse”. O próprio Johnson nunca se livrou totalmente desses
acentos provinciais. Garrick, por vezes costumava mangar dele,
espremendo um limão em uma tigela de ponche, com gesticulações
grosseiras, olhando em volta para os presentes, e gritando: “Quem vai
querer “poonsh”?”
Muito poucos negócios pareciam estar indo para a frente em Lichfield.
Entretanto, encontrei em um lugar tão interior duas estranhas manufaturas
de pano de vela e flâmulas para navios; e eu os observei fabricando alguns
pelegos, e roupas de pele de carneiro, mas no todo, a mão de obra ocupada
da indústria parecia estar bastante frouxa. “Certamente, Senhor, (disse eu)
você está em um conjunto ocioso de pessoas.” “Senhor, (disse Johnson),
somos uma cidade de filósofos: trabalhamos com nossas cabeças, e fazemos
os patetas de Birmingham trabalhar para nós com suas mãos.”
Havia nessa época uma companhia de atores atuando em Lichfield. O
gerente, o Sr. Stanton, enviou seus cumprimentos, e pediu licença para
esperar pelo Dr. Johnson. Johnson o recebeu muito educadamente, e ele
bebeu um copo de vinho conosco. Ele era um homem simples, decente e
bem-comportado, e expressou sua gratidão ao Dr. Johnson por ter, uma vez,
obtido para ele a permissão do Dr. Taylor em Ashbourne para atuar lá em
termos moderados. O nome de Garrick logo foi introduzido. JOHNSON. “A
conversa de Garrick é alegre e grotesca. É um prato de todos os tipos, mas
todas coisas boas. Não há carne sólida nele: há uma falta de sentimento
nele. Não, que ele não tenha sentimento às vezes, e sentimento, também,
muito poderoso e muito agradável, mas ele não tem a sua proporção integral
em sua conversa.”
Quando ficamos sozinhos, ele me disse, “Quarenta anos atrás, Senhor, eu
estava apaixonado por uma atriz aqui, a Sra. Emmet, que representou Flora,
em Hob in the Well (Hob no Poço). “Que mérito esta senhora tinha como
atriz, ou como era a sua aparência, ou seus modos, não fui informado, mas,
se podemos acreditar no Sr. Garrick, seu gosto de velho mestre em mérito
teatral não era de forma alguma refinado; ele não era um elegans formarum
spectator. Garrick costumava dizer, que Johnson disse sobre um ator que
interpretou Sir Harry Wildair em Lichfield, “Há uma vivacidade cortês
sobre o sujeito” quando na verdade, segundo o relato de Garrick, “ele era o
bandido mais vulgar que já passou sobre um palco.”
Tínhamos prometido ao Sr. Stanton estar ao seu teatro na segunda-feira.
O Dr. Johnson jocosamente me propôs escrever um Prólogo para a ocasião:
“Um Prólogo, por James Boswell, esq. desde as Hébridas. “Eu estava
realmente inclinado a aceitar a dica. Pareceu-me que, “Prólogo, recitado
diante do Dr. Samuel Johnson, em Lichfield, 1776;” teria soado tão bem
quanto, “Prólogo recitado diante do duque de York, em Oxford,” no tempo
de Charles II. Muito poderia ter sido dito sobre o que Lichfield fez por
Shakespeare, produzindo Johnson e Garrick. Mas eu descobri que ele era
avesso a isso.
Fomos e visitamos o museu do Sr. Richard Green, boticário aqui, que me
contou estar orgulhoso de ter um relacionamento com o Dr. Johnson. Era,
verdadeiramente, uma coleção maravilhosa, tanto de antiguidades quanto de
curiosidades naturais e engenhosas obras de arte. Ele tinha todos os artigos
dispostos com precisão, com os seus nomes nos rótulos, impressos em sua
própria pequena impressora; e na escadaria que conduzia a ele estava uma
placa, com os nomes dos contribuintes marcados em letras de ouro. Um
catálogo impresso da coleção devia ser obtido de um livreiro. Johnson
expressou sua admiração da atividade e diligência e boa sorte do Sr. Green,
em reunir, em sua situação, uma variedade tão grande de coisas; e o Sr.
Green disse-me que Johnson disse a ele certa vez, “Senhor, eu deveria, logo
ter pensado em construir um homem de guerra, a partir de coleta de tal
museu.” O entusiasmo amável do Sr. Green em mostrá-lo era muito
agradável. Seu retrato gravado, com o qual ele me presenteou, tem um lema
verdadeiramente característico de sua disposição, “Nemo sibi vivat.” [315]
“Um médico ([316]) sendo mencionado, que tinha perdido seu consultório,
porque sua mudança caprichosa de religião tinha feito as pessoas desconfiar
dele, eu sustentei que isso não era razoável, pois religião é alheia à perícia
médica. JOHNSON. “Senhor, não deixa de ser razoável; pois quando as
pessoas veem um homem absurdo no que eles entendem, eles podem
concluir o mesmo sobre ele no que eles não entendem. Se um médico
passasse a comer carne de cavalo, ninguém iria contratá-lo; embora se
possa comer cavalo e ser um médico muito hábil. Se um homem fosse
educado em uma religião absurda, continuar a professá-la não iria
prejudicá-lo, embora mudar para ela o faria.”
Bebemos chá e café na casa do Sr. Peter Garrick, onde estava a Sra.
Aston, uma das irmãs solteiras da Sra. Walmsley, esposa do primeiro amigo
de Johnson, e irmã também da senhora de quem Johnson costumava falar
com a admiração mais calorosa, de nome Molly Aston, que depois foi
casada com o capitão Brodie da Marinha.
No domingo, 24 de março, tomamos o café da manhã com a Sra. Cobb,
uma senhora viúva, que morava em um lugar agradável afastada, perto da
cidade, chamada Friary (convento), que tinha sido anteriormente uma casa
religiosa. Ela e sua sobrinha, a senhorita Adey, eram grandes admiradoras
do Dr. Johnson; e ele se comportou com elas com uma bondade e fácil
brincadeira, como vemos entre velhos e íntimos conhecidos. Ele
acompanhou a Sra. Cobb até a igreja de St. Mary, e eu fui para à catedral,
onde eu fiquei muito encantado com a música, achando que ela era
particularmente solene e de acordo com as palavras da cerimônia.
Jantamos na casa do Sr. Peter Garrick, que estava em um humor muito
animado, e vimos Johnson dizer que, se ele tivesse cultivado a vida alegre,
tanto quanto seu irmão David, ele poderia ter se destacado igualmente nela.
Ele era hoje um grande narrador de Londres, contando-nos uma variedade
de anedotas com aquela seriedade e tentativa de mimetizar que costumamos
encontrar nos espirituosos da metrópole. O Dr. Johnson foi comigo até a
catedral à tarde. Era grande e agradável de contemplar este escritor ilustre,
agora famoso, adorando no ‘solene templo’ de sua cidade natal.
Voltei para chá e café na casa do Sr. Peter Garrick e, em seguida,
encontrei o Dr. Johnson na casa do Reverendo Sr. Seward, Cônego
Residente, que morava no palácio do Bispo, onde viveu o Sr. Walmsley, e
que tinha sido palco de muitos felizes horas no início da vida de Johnson. O
Sr. Seward, com a hospitalidade eclesiástica e polidez, convidou-me pela
manhã, apenas como um estranho, para jantar com ele; e à tarde, quando fui
apresentado a ele, ele convidou o Dr. Johnson e a mim para passar a noite e
cear com ele. Ele era um clérigo digno, bem-educado e gentil; tinha viajado
com Lord Charles Fitzroy, tio do atual duque de Grafton, que morreu no
estrangeiro, e ele tinha vivido muito por esse mundo afora. Ele era um
homem engenhoso e literato, tinha publicado uma edição de Beaumont e
Fletcher, e escrito versos na coletânea de Dodsley. Sua mulher era a filha do
Sr. Hunter, primeiro professor de Johnson. E agora, pela primeira vez, tive o
prazer de ver sua filha célebre, a senhorita Anna Seward, a quem desde
então fiquei em débito por muitas cortesias, bem como algumas
comunicações prestativas relativas a Johnson.
O Sr. Seward mencionou a nós as observações que fizera sobre os
estratos de terra em vulcões, a partir do que parecia que eles eram muito
diferentes em profundidade em diferentes períodos, e que nenhum cálculo
pode ser feito quanto ao tempo necessário para a sua formação. Esta
observação anti-mosaical totalmente refutada introduzida na turnê divertida
do Capitão Brydone, espero que descuidadamente, de uma espécie de
vaidade que é muito comum em pessoas que não estudaram suficientemente
parte mais importante de todos os assuntos. O Dr. Johnson, de fato, havia
dito antes, independente desta observação, “Será toda a evidência
acumulada da história do mundo; - será a autoridade do que é, sem dúvida,
o escrito mais antigo, derrubado por uma observação incerta como esta?”
Na segunda-feira, 25 de março, tomamos o café da manhã na casa da
Sra. Lucy Porter. Johnson tinha enviado uma mensagem expressa ao Dr.
Taylor, informando-o de nossa presença em Lichfield, e Taylor havia
retornado uma resposta de que sua carruagem viria até nós nesse dia.
Enquanto nós nos sentamos para o café da manhã, o Dr. Johnson recebeu
uma carta pelo correio, que pareceu agitá-lo bastante. Quando ele a leu,
exclamou: “Uma das coisas mais terríveis que aconteceram no meu tempo.”
A frase “no meu tempo”, como a palavra era, é geralmente entendida para
se referir a um evento de natureza pública ou geral. Eu imaginei algo como
um assassinato do Rei - como uma conspiração da pólvora levada à
execução - ou um outro incêndio de Londres. Quando perguntado, “O que
foi, senhor?” Ele respondeu: “O Sr. Thrale perdeu seu único filho!” Esta foi,
sem dúvida, uma grande aflição para o Sr. e a Sra. Thrale, que seus amigos
também considerariam; mas a partir da forma em que a informação disso
foi comunicada por Johnson, ela pareceu naquele momento ser
comparativamente pequena. Eu, no entanto, logo senti uma preocupação
sincera, e fiquei curioso em observar, como o Dr. Johnson seria afetado. Ele
disse: “Esta é uma extinção total para a família deles, tanto quanto se
fossem vendidos em cativeiro.” Quando mencionei que o Sr. Thrale tinha
filhas, que herdariam a sua riqueza; - “Filhas, (disse Johnson,
calorosamente), ele não mais valorizará suas filhas do que -” Eu ia falar. –
“Senhor, (disse ele), você não sabe como você mesmo pensa? Senhor, ele
deseja propagar o seu nome.” Em suma, eu vi a sucessão masculina forte
em sua mente, mesmo quando não havia nenhum nome, nenhuma família
de qualquer longa data. Eu disse que tinha sorte ele não estava presente
quando esta desgraça aconteceu. JOHNSON. “É uma sorte para mim.
Pessoas angustiadas nunca acham que você sente o suficiente.”
BOSWELL. “E, Senhor, eles terão a esperança de vê-lo, o que será um
alívio no médio prazo; e quando você chegar a eles, a dor estará tão
diminuída, que eles serão capazes de ser consolados por você, que, na
primeira violência daquilo, eu acho, não seria o caso.” JOHNSON. “Não,
senhor; dor violenta de espírito, como a dor violenta do corpo, deve ser
severamente sentida.” BOSWELL. “Eu admito, Senhor, que eu não tenho
muito sentimento pelo sofrimento de outros, como algumas pessoas têm, ou
pretendem ter, mas eu sei disso, que eu faria tudo ao meu alcance para
aliviá-los.” JOHNSON. “Senhor, é afetação fingir sentir o sofrimento de
outros, tanto quanto eles próprios sentem. E é igualmente assim, como se se
devesse fingir sentir tanta dor enquanto a perna de um amigo é amputada,
quanto ele sente. Não, senhor; você expressou a natureza racional e justa da
simpatia. Eu teria ido até o fim do mundo para ter preservado esse rapaz.”
Ele logo estava bastante calmo. A carta era do secretário do Sr. Thrale, e
concluía: “Não preciso dizer o quanto eles desejam vê-lo em Londres.” Ele
disse: “Vamos apressar nossa volta da casa de Taylor.”
A Sra. Lucy Porter e algumas outras senhoras do lugar falaram muito
dele quando ele estava fora da sala, não só com veneração, mas com
carinho. Fiquei satisfeito ao descobrir que ele era muito amado, em sua
cidade natal.
A Sra. Aston, a quem eu tinha visto na noite anterior, e sua irmã, a Sra.
Gastrel, uma senhora viúva, cada uma tinha uma casa e jardim, e áreas de
lazer, lindamente situados em Stowhill, uma suave colina perto de
Lichfield. Johnson se afastou para jantar lá, deixando-me sozinho, sem
qualquer pedido de desculpas; eu me admirei com esta falta de facilidade de
costumes, onde alguém não tem dificuldade em levar um amigo para uma
casa onde ele é íntimo; eu me senti muito incomodado por ser, assim,
deixado sozinho em uma cidade do interior, onde eu era um total estranho, e
comecei a pensar que fora indelicadamente abandonado, mas logo eu fiquei
aliviado, e convencido de que meu amigo, em vez de ser deficiente em
delicadeza, tinha conduzido o assunto com propriedade perfeita, pois eu
recebi a seguinte nota em sua caligrafia: “A Sra. Gastrel, na casa em
Stowhill, deseja a companhia do Sr. Boswell para jantar a dois.” Aceitei o
convite, e tive aqui uma outra prova de quão amável seu caráter era, na
opinião de quem o conhecia melhor. Eu não fui informado, até mais tarde,
que o marido da Sra. Gastrel era o clérigo que, enquanto ele vivia em
Stratford upon Avon, onde era proprietário do jardim de Shakespeare, com
barbaridade gótica cortou sua amoreira, ([317]) e, conforme contou-me o Dr.
Johnson, fez isso para irritar seus vizinhos. Sua senhora, tenho razões para
crer, com base na mesma autoridade, participou da culpa do que os
entusiastas de nosso bardo imortal consideram quase uma espécie de
sacrilégio.
Depois do jantar, o Dr. Johnson escreveu uma carta à Sra. Thrale sobre a
morte de seu filho. Eu disse que seria muito angustiante para Thrale, mas
ela logo esqueceria isso, pois ela tinha com tantas coisas sobre o que pensar.
JOHNSON. “Não, senhor, Thrale esquecerá primeiro. Ela tem muitas coisas
que ela pode pensar. Ele tem muitas coisas em que pode pensar.” Esta foi
um apenas uma observação muito precisa sobre o efeito diferente daquelas
atividades leves, que ocupam uma mente desocupada e fácil, e aqueles
compromissos sérios que aprisionam a atenção, e nos impedem de remoer a
dor.
Ele observou sobre Lord Bute, “Dizia-se sobre Augusto, que teria sido
melhor para Roma, que ele nunca tivesse nascido, ou nunca tivesse
morrido. Por isso, teria sido melhor para esta nação se Lord Bute nunca
tivesse sido ministro, ou nunca tivesse renunciado.”
À noite fomos à Prefeitura, que fora convertida em um teatro temporário,
e vimos Teodósio, com The Stratford Jubilee. Fiquei feliz em ver o Dr.
Johnson sentado em uma parte visível do poço, e receber homenagem
afetuosa de todos os seus conhecidos. Estávamos bastante alegres e felizes.
Posteriormente, mencionei a ele que me condenara por estar assim,
enquanto os pobres Sr. e Sra. Thrale estavam em tal aflição. JOHNSON.
“Você está errado, Senhor; daqui a vinte anos, o Sr. e a Sra. Thrale não
sofrerão muita dor da morte de seu filho. Agora, Senhor, você deve
considerar que distância de lugar, assim como a distância de tempo, opera
sobre os sentimentos humanos. Eu não gostaria de você estar alegre na
presença dos aflitos, porque isso iria chocá-los; mas você pode estar alegra
à distância. A dor pela perda de um amigo, ou de uma relação com quem
amamos, é ocasionada pela falta que sentimos. Com o tempo, o vazio é
preenchido com algo mais; ou, por vezes, a vacuidade se fecha sozinha.”
O Sr. Seward e o Sr. Pearson, outro clérigo aqui, jantaram conosco em
nossa pousada, e depois que nos deixaram, nós nos sentamos até tarde como
nós costumávamos fazer em Londres.
Aqui registrarei alguns fragmentos da conversa do meu amigo durante
este passeio.
“O casamento, Senhor, é muito mais necessário para um homem do que
para uma mulher; pois ele é muito menos capaz de se sustentar com os
confortos domésticos. Você lembrará de eu dizer a algumas senhoras no
outro dia, que eu tinha muitas vezes me perguntado por que as mulheres
jovens devem se casar, pois elas têm muito mais liberdade e muito mais
atenção prestada a elas, quando solteiras, do que quando se casam. Eu
realmente não mencionei a forte razão para elas se casar - a razão
mecânica.” BOSWELL. “Ora, esta é uma forte. Mas a imaginação não faz
parecer muito mais importante do que é na realidade? Não é, de certa
forma, uma ilusão em nós, assim como em mulheres?” JOHNSON. “Ora
sim, Senhor; mas é uma ilusão de que está sempre começando de novo.”
BOSWELL. “Eu não sei, mas no todo existe mais miséria do que a
felicidade produzida por aquela paixão.” JOHNSON. “Eu acho que não,
Senhor.”
“Nunca fale de um homem em sua própria presença. É sempre grosseiro,
e pode ser ofensivo.”
“Questionar não é o modo de conversa entre cavalheiros. É assumir uma
superioridade, e é particularmente errado questionar o homem sobre ele
mesmo. Pode haver partes de sua antiga vida que ele pode não desejar seja
dado a conhecer a outras pessoas, ou até mesmo trazido à sua própria
lembrança.”
“Um homem deve ter cuidado de nunca contar contos sobre si mesmo
em sua própria desvantagem. As pessoas podem se divertir e rir o tempo
todo, mas elas se lembrarão daquilo, e trarão à baila contra ele em alguma
ocasião posterior.”
“Muito pode ser feito se um homem coloca toda a sua mente sobre um
determinado objeto. Ao fazê-lo, Norton ([318]) fez de si mesmo o grande
advogado que ele pode ser.”
Eu mencionei um conhecido meu, ([319]) um sectário, que era um homem
muito religioso, que não só participava regularmente do culto público com
os de sua comunhão, mas fez um estudo particular das Escrituras, e até
mesmo escreveu um comentário sobre algumas partes delas, e ainda assim
era conhecido por ser muito licencioso, entregando-se às mulheres;
sustentando que os homens devem ser salvos pela fé somente, e que a
religião cristã não tinha prescrito qualquer regra fixa para a relação entre os
sexos. JOHNSON. “Sir, não há confiança nessa piedade louca.”
Observei que era estranho o quão bem os escoceses se conheciam entre
si em seu próprio país, apesar de nascidos em condados muito distantes;
pois não achamos que os cavalheiros de condados vizinhos na Inglaterra
sejam mutuamente conhecidos uns aos outros. Johnson, com sua
perspicácia habitual, imediatamente viu e explicou a razão disso; “Ora,
Senhor, você tem Edimburgo, onde os cavalheiros de todos os seus
condados se encontram, e que não é tão grande, mas que eles são todos
conhecidos. Não existe um tal lugar comum de reunião na Inglaterra, com
exceção de Londres, onde devido ao seu grande tamanho e difusão, muitos
dos que residem em condados contíguos de Inglaterra, podem permanecer
muito tempo desconhecidos uns dos outros.”
Na terça-feira, 26 de Março, veio para nós um equipamento devidamente
adequado a um rico e bem fornido clérigo; - a grande e espaçosa carruagem
do Dr. Taylor, puxada por quatro cavalos robustos e rechonchudos, e
conduzida por dois cocheiros alegres e firmes, que nos transportou a
Ashbourne; onde encontrei o colega de escola do meu amigo que vive em
cima de um estabelecimento perfeitamente correspondente ao seu
equipagem meritório substancial: sua casa, jardim, áreas de lazer, mesa,
enfim tudo coisa boa, e nenhuma escassez aparente. Todo homem deve
formar um tal plano de vida que ele possa executar completamente. Que ele
não desenhe um contorno mais amplo do que ele pode preencher. Tenho
visto muitos esqueletos de aparência e magnificência que provocam ao
mesmo tempo ridículo e piedade. O Dr. Taylor tinha um bom patrimônio
próprio, e bom cargo na igreja, sendo um prebendeiro de Westminster, e
reitor de Bosworth. Ele era um juiz de paz diligente, e presidia a cidade de
Ashbourne, aos habitantes de quem me foi dito que ele era muito liberal; e
como prova disso me foi mencionado que ele no inverno anterior ele tinha
distribuído duzentas libras entre aqueles dentre eles que estava precisando
de sua ajuda. Ele tinha, portanto, um interesse político considerável no
condado de Derby, que empregava para apoiar a família Devonshire; pois
embora fosse colega de escola e amigo de Johnson, ele era um Whig. Eu
não podia perceber em seu caráter muito simpatia de qualquer espécie com
a de Johnson, que, no entanto, me disse: “Senhor, ele tem um entendimento
muito forte.” Seu tamanho e figura, e semblante, e modos que eram de um
saudável cavalheiro inglês, mais a função de pároco: e tomei conhecimento
específico do seu empregado superior, o Sr. Peters, um homem sério e
decente, vestido de roxo, e uma grande peruca branca, como o mordomo de
um Bispo.
O Dr. Johnson e o Dr. Taylor reuniram-se com grande cordialidade e
Johnson logo fez-lhe o mesmo triste relato sobre seu colega de escola,
Congreve, que ele havia dado ao Sr. Hector; adicionando uma observação
de tal momento à conduta racional de um homem no declínio da vida, que
merece ser impressa nas mentes de todos: “Não há nada contra o que um
homem velho deve se colocar em guarda quanto colocar-se para ser tanto
sobre a sua guarda, quanto colocar-se para cuidar.” Inúmeros têm sido os
casos de melancolia de homens, uma vez distintos pela firmeza, resolução e
espírito, que em seus últimos dias foram governados como crianças, pelo
artifício feminino interessado.
O Dr. Taylor recomendou um médico ([320]) que era seu conhecido ao Dr.
Johnson, e disse: “Eu luto muitas batalhas por ele, pois muitas pessoas no
país não gostam dele.” JOHNSON. “Mas você deve considerar, Senhor, que
para cada uma das suas vitórias, ele é um perdedor; pois todo homem de
quem você consegue o melhor, ficará muito zangado, e resolverá não
empregá-lo; ao passo que se as pessoas tirarem o melhor de você em
argumento sobre ele, elas pensarão, ‘Procuraremos o Dr. ******, mesmo
assim.’” Esta foi uma observação profunda e certa da natureza humana.
No dia seguinte, falamos de um livro em que um juiz eminente ([321]) era
acusado perante o tribunal da opinião pública, de ter pronunciado uma
decisão injusta em uma grande causa. O Dr. Johnson sustentava que esta
publicação não provocaria qualquer mal-estar ao juiz. “Pois (disse ele) ou
ele agiu honestamente, ou ele pretendia fazer injustiça. Se ele agiu
honestamente, sua própria consciência o protegerá; se ele pretendia fazer
injustiça, ele será feliz em ver o homem que o ataca, tão envergonhado.”
No dia seguinte, como o Dr. Johnson fez saber ao Dr. Taylor da razão
para seu retorno rápido a Londres, foi deliberado que devíamos partir após
o jantar. Alguns dos vizinhos do Dr. Taylor eram seus convidados naquele
dia.
O Dr. Johnson conversou com aprovação de alguém que tinha atingido o
estado de homem sábio filosófico, isto é, não sentir falta de coisa alguma.
“Então, Senhor, (disse eu) o selvagem é um homem sábio.” “Senhor, (disse
ele) não me refiro simplesmente estar sem, - mas não ter um desejo.” Eu
sustentei, contra esta proposição, que era melhor ter roupas finas, por
exemplo, do que não sentir a falta delas. JOHNSON. “Não, senhor; roupas
finas são boas apenas na medida em que suprem a falta de outros meios de
aquisição de respeito. Era Charles XII, na sua opinião, menos respeitado
por seu casaco azul grosso e meias pretas? E você descobre que o Rei da
Prússia se veste de maneira simples, porque a dignidade de seu caráter é
suficiente.” Eu aqui me meti em uma enrascada, pois eu descuidadamente
disse, “Você não estaria melhor, Senhor, para veludo e bordados?”
JOHNSON. “Senhor, você coloca um fim a todos os argumentos quando
você introduz o seu próprio oponente. Você não tem modos melhores? Isso
é o que lhe falta.” Pedi desculpas, dizendo que eu o havia mencionado
como um exemplo de alguém que queria tão pouco quanto qualquer homem
no mundo, e ainda assim, talvez, devesse receber algum brilho adicional da
vestimenta.
Tendo deixado Ashbourne à noite, paramos para trocar os cavalos em
Derby, e aproveitamos de um momento para apreciar a conversa do meu
conterrâneo, o Dr. Butter, então médico ali. Ele estava em grande
indignação porque a lei de Lord Mountstuart por uma milícia escocesa tinha
sido derrotada. O Dr. Johnson era tão violento contra ela. “Eu estou
contente, (disse ele) que o Parlamento teve o espírito de jogá-la fora. Vocês
queriam tirar proveito da timidez de nossos canalhas;” (significando, eu
suponho, o ministério). Pode-se observar, que ele usava o epíteto canalha
muito comumente, não exatamente no sentido em que é geralmente
entendido, mas como um forte termo de desaprovação; como quando ele
abruptamente respondeu à Sra. Thrale, que lhe perguntou como ele fez,
“Pronto para me tornar um canalha, Madame; com um pouco mais de mimo
você, eu acho, faz de mim um patife completo:” ([322]) ele queria dizer, fácil
tornar-se um valetudinário caprichoso e autoindulgente; um caráter para o
qual eu o ouvi expressar grande desgosto.
Johnson tinha com ele sobre esse passeio, Il Palmerino d 'Inghilterra,
um romance elogiado por Cervantes; mas não gostou muito dele. Ele disse
que o lia pela linguagem, com vista à preparação para sua expedição
italiana. - Nós dormimos esta noite em Loughborough.
Na quinta-feira, 28 de março, prosseguimos nossa jornada. Eu mencionei
que o velho Sr. Sheridan reclamava da ingratidão do Sr. Wedderburne e do
General Fraser, que tinha sido muito obrigado a ele quando eles eram
jovens escoceses começando a vida na Inglaterra. JOHNSON. “Ora,
Senhor, um homem é muito apto a reclamar da ingratidão daqueles que
subiram muito acima dele. Um homem que entra em uma esfera superior,
em outros hábitos de vida, não pode manter todas as suas antigas conexões.
Então, Senhor, aqueles que o conheciam anteriormente em um nível com
eles mesmos, podem pensar que ainda deveriam ser tratados como em um
nível, que não podem ser; e um conhecido em uma antiga situação pode
trazer coisas que seriam muito desagradáveis de ser mencionadas diante de
pessoas de mais alto nível, embora, talvez, todo mundo as conheça.” Ele
colocou o assunto sob uma nova luz para mim, e mostrou que um homem
que subiu na vida, não deve ser condenado com demasiada severidade por
distanciar-se de conhecidos antigos, mesmo que ele deva muitas obrigações
a eles. É, sem dúvida, desejável que um grau adequado de atenção deva ser
demonstrado pelos grandes homens aos seus velhos amigos. Mas, seja por
insensibilidade obtusa até diferença de situação, ou presunção, que não se
submeterá mesmo a uma observância exterior dela, a dignidade de alta
posição não pode ser preservada, quando elas são admitidas na companhia
daqueles que subiram acima do estado em que estiveram uma vez, a invasão
deve ser repelida, e os sentimentos mais gentis sacrificados. Para uma das
pessoas muito afortunadas que eu mencionei, a saber, o Sr. Wedderburne,
hoje Lord Loughborough, devo fazer a justiça de relatar que me foi
garantido por outro conhecido antigo dele, que o velho Sr. Macklin, que o
assistia na melhora de sua pronúncia, que ele o considerava muito grato.
Macklin, eu suponho, não tinha pressionado por sua elevação com tanta
ânsia quanto o cavalheiro que se queixou dele. A observação do Dr.
Johnson quanto ao ciúme sentido de nossos amigos que sobem muito acima
de nós, é certamente muito justo. Por isso murchou a amizade precoce entre
Charles Townshend e Akenside; e muitos casos semelhantes podem ser
invocados.
Ele disse: “É comumente um homem fraco que se casa por amor.” Em
seguida, falou de se casar com mulheres de fortuna; e eu mencionei uma
observação comum, de que um homem pode ser, no todo, mais rico por se
casar com uma mulher com uma parte muito pequena, porque uma mulher
de fortuna será proporcionalmente cara; enquanto que uma mulher que nada
traz será muito moderada nos gastos. JOHNSON. “Dependendo disso,
Senhor, isto não é verdade. Uma mulher de fortuna sendo acostumada a
manipular dinheiro, o gasta criteriosamente; mas uma mulher que recebe o
comando do dinheiro pela primeira vez no seu casamento, tem uma tal ânsia
em gastá-lo, que ela o joga fora com grande profusão.
“Ele elogiou as senhoras da época atual, insistindo que elas eram mais
fiéis aos seus maridos, e mais virtuosas em todos os aspectos, do que em
épocas anteriores, porque seus entendimentos eram mais bem cultivados.
Foi uma prova indubitável de seu bom senso e boa disposição, que ele
nunca era ranzinza, nunca propenso a investir contra os tempos atuais,
como é tão comum quando mentes superficiais estão agitadas. Ao contrário,
ele estava disposto a falar favoravelmente de sua própria época; e, na
verdade, mantinha a sua superioridade em todos os aspectos, exceto em sua
reverência pelo governo; o relaxamento do qual ele imputava, como sua
grande causa, ao choque que a nossa monarquia recebeu na Revolução,
embora necessário; e em segundo lugar, as concessões tímidas feitas à
facção por sucessivas administrações no reinado de sua atual Majestade.
Estou feliz de pensar, que ele viveu para ver a Coroa finalmente recuperar
sua justa influência.
Em Leicester lemos no jornal que o Dr. James havia morrido. Eu pensei
que a morte de um velho colega de escola, de um com quem ele tinha
vivido bastante em Londres, teria afetado muito o meu companheiro, mas
ele só disse, “Ah! pobre Jamy.” Mais tarde, no entanto, quando estávamos
na carruagem, ele disse, com mais ternura, “Desde que me propus a este
passeio, perdi um velho e um jovem amigo; - O Dr. James, e o pobre
Harry,” (querendo dizer o filho do Sr. Thrale.)
Tendo dormido em St. Alban na quinta-feira, 28 de março, tomamos o
café na manhã seguinte em Barnet. Expressei a ele uma fraqueza de espírito
que eu não podia evitar; uma apreensão inquieta de que a minha esposa e
filhos, que estavam a uma grande distância de mim, poderiam, talvez, estar
doentes. “Senhor, (disse ele) considere quão tolo você pensaria em neles
estarem apreensivos que você está doente.” Esta mudança repentina me
aliviou por um momento; mas depois percebi que isso era uma falácia
engenhosa. Eu poderia, com certeza, estar satisfeito de que eles não tinham
razão para estar apreensivos sobre mim, porque eu sabia que eu mesmo
estava bem, mas poderíamos ter uma ansiedade mútua, sem a carga de
loucura; porque cada um estava, em certa medida, incerto quanto ao estado
do outro.
Eu apreciei o luxo de nossa aproximação de Londres, aquela metrópole
que ambos amávamos tanto, pelo prazer intelectual alto e variado que ele
fornece. Eu experimentei felicidade imediata, enquanto rodava junto com
tal companheiro, e lhe disse: “Senhor, você observou um dia na casa do
General Oglethorpe que um homem nunca é feliz com o presente, mas
quando ele está bêbado. Você não acrescentaria, - ou ao dirigir rapidamente
em uma carruagem?” JOHNSON. “Não, senhor, você está dirigindo
rapidamente de alguma coisa, ou para alguma coisa.”
Falando de melancolia, ele disse, “Alguns homens, e os homens que
pensam muito também, não têm, estes pensamentos inquietantes. ([323]) Sir
Joshua Reynolds é o mesmo durante todo o ano. Beauclerk, exceto quando
doente e sentindo dor, é o mesmo. Mas eu acredito que a maioria dos
homens os têm na medida em que são capazes de tê-los. Se eu estivesse no
campo, e fosse afligidos por esse mal, eu me forçaria a ter um livro; e cada
vez que eu fizesse isso deveria achá-lo o mais fácil. Melancolia, de fato,
deve ser desviada por todos os meios, exceto beber.”
Paramos nos senhores Dillys, livreiros no Poultry; daí nos apressamos
em uma carruagem de aluguel, até a casa do Sr. Thrale, em Borough.
Visitei-o em sua casa à noite, tendo prometido informar à Sra. Williams de
seu retorno seguro; quando, para minha surpresa, encontrei-o sentado com
ela para o chá, e, como eu pensava, com um humor não muito bom, porque,
ao que parece, quando ele chegou à cada do Sr. Thrale, encontrou a
carruagem à porta esperando para levar a Sra. e a Srta. Thrale e o Signor
Baretti, seu mestre italiano a Bath. Isso não estava mostrando a atenção que
se poderia esperar para o “Guia, Filósofo e Amigo,” o Imlac ([324]) que tinha
se apressado a partir do campo para consolar uma mãe angustiada, que ele
entendia estava muito ansiosa por seu retorno. Eles tinham, eu descobri,
sem cerimônia, continuado com os planos de sua viagem pretendida. Fiquei
contente em saber dele que ainda estava resolvido que sua turnê à Itália com
o Sr. e a Sra. Thrale devia ocorrer, de que ele havia tido alguma dúvida, por
conta da perda que eles haviam sofrido; e suas dúvidas mais tarde se
provaram ser bem fundamentadas. Ele observou, de fato, muito justamente,
que “a sua perda foi mais uma razão para a sua ida ao exterior; e se não
tivesse sido fixado que ele deveria ter sido um do participantes, ele os
forçaria a ir; mas ele não os aconselharia, a não ser que seu conselho fosse
pedido, para que eles não suspeitassem que ele recomendara que desejava
para si.” Eu não estava satisfeito que sua intimidade com a família do Sr.
Thrale, embora, sem dúvida, contribuísse muito para o seu conforto e
diversão, não fosse sem algum grau de restrição. Não, como já foi sugerido
grosseiramente, que fosse exigido dele como uma tarefa falar para o
entretenimento deles e seus convivas; mas que ele não estava muito à
vontade; o que, no entanto, pode ser parcialmente devido a seu próprio
orgulho honesto - que a dignidade da mente que está sempre com ciúmes de
parecer demasiado complacente.
No domingo, 31 de março, de o visitei, e mostrei-lhe como uma
curiosidade que eu tinha descoberto a sua Tradução do Relato da Abissínia
de Lobo, que Sir John Pringle havia me emprestado, sendo ela então pouco
conhecida como uma das suas obras. Ele disse: “Não faça caso disso,” ou
“nem fale disso.” Ele parecia pensar que estivesse abaixo dele, embora feito
aos vinte e seis anos de idade. Eu disse-lhe: “Seu estilo, Senhor, melhorou
muito desde que você traduziu isso.” Ele respondeu com uma espécie de
sorriso triunfante, “Senhor, eu espero que sim.”
Na quarta-feira, 3 de Abril, de manhã, encontrei-o muito ocupado
colocando seus livros em ordem, e como eles eram, geralmente, muito
antigos, nuvens de poeira voavam ao redor dele. Ele tinha um par de luvas
grandes, como as que os jardineiros usam. Sua aparência me fez lembrar a
descrição de meu tio Dr. Boswell, “Um gênio forte, nascido para lidar com
bibliotecas inteiras.”
Fiz-lhe um relato de uma conversa que se tinha passado entre mim e o
Capitão Cook, um dia antes, em um jantar na casa de Sir John Pringle; e ele
ficou muito satisfeito com a precisão conscienciosa daquele circum-
navegador célebre, que me atualizou quanto aos muitos relatos exageradas
feitos pelo Dr. Hawkesworth de suas Viagens. Eu disse a ele que, enquanto
estava com o Capitão, apanhei o entusiasmo pela curiosidade e aventura e
senti uma forte inclinação a ir com ele em sua próxima viagem. JOHNSON.
“Ora, Senhor, um homem se sente assim, até que ele considera quão muito
pouco ele pode aprender com tais viagens.” BOSWELL. “Mas é-se
arrebatado pela grande e indistinta noção de uma VIAGEM DE VOLTA
AO MUNDO.” JOHNSON. “Sim, Senhor, mas o homem deve se proteger
contra a tomada de uma coisa em geral.” Eu disse que estava certo de que
uma grande parte do que nos é dito pelos viajantes aos Mares do Sul deve
ser conjectura, porque eles não conheciam o suficiente da língua daqueles
países para entender tanto quanto relataram. Objetos que caem sob a
observação dos sentidos podem ser claramente conhecidos; mas cada coisa
intelectual, cada coisa abstrata - política, moral e religião, deve ser
sombriamente adivinhado. O Dr. Johnson era da mesma opinião. Ele, em
outra ocasião, quando um amigo([325]) mencionou a ele vários fatos
extraordinários, conforme comunicados a ele pelos circum-navegadores,
observou astutamente, “Senhor, eu nunca soube antes o quanto eu era
respeitado por estes senhores; eles nada me contaram dessas coisas.”
Ele tinha estado na companhia de Omai, um nativo de uma das Ilhas dos
Mares do Sul, depois de ter estado por algum tempo neste país. Ele ficou
impressionado com a elegância de seu comportamento, e relatou isso assim:
“Senhor, ele já tinha passado o seu tempo, enquanto na Inglaterra, somente
na melhor companhia; de modo que tudo o que ele havia adquirido de
nossos costumes era gentil. Como prova disso, Senhor, Lord Mulgrave e ele
jantaram um dia em Streatham; eles se sentaram de costas para a luz à
minha frente, de modo que eu não os podia ver distintamente; e havia tão
pouco do selvagem em Omai, que eu estava com medo de falar a qualquer
um dos dois, para que eu não confundisse um com o outro.”
Nós concordamos em jantar hoje na taverna Mitre, após subir à Câmara
dos Lordes, onde uma parte do litígio relacionado com o espólio Douglas,
em que eu era um dos advogados, deveria acontecer. Eu trouxe comigo o Sr.
Murray, Procurador-Geral da Escócia, agora um dos Juízes do Tribunal de
Sessão, com o título de Lord Henderland. Eu mencionei a relação do Sr.
Procurador, Lord Charles Hay, de quem eu sabia que o Dr. Johnson era
conhecido. JOHNSON. “Eu escrevi algo para Lord Charles; e pensei que
ele não tinha nada a temer de uma corte marcial. Sofri uma grande perda,
quando ele morreu; ele era um homem poderosamente agradável na
conversa, e um homem de leitura. O caráter de um soldado é alto. Aqueles
que mais se colocam diante do perigo, pela comunidade, têm o respeito da
humanidade. Um oficial é muito mais respeitado do que qualquer outro
homem que tenha tão pouco dinheiro. Em um país comercial, o dinheiro
sempre comprará respeito. Mas você descobre que um oficial, que,
propriamente falando, não tem dinheiro, é em todos os lugares bem
recebido e tratado com atenção. O caráter de um soldado é-lhe sempre
vantajoso.” BOSWELL. “Ainda assim, Senhor, eu acho que os soldados
comuns são considerados piores que outros homens na mesma posição da
vida; assim como os trabalhadores.” JOHNSON. “Ora, Senhor, um soldado
comum é geralmente um homem muito bruto e qualquer qualidade que
adquire respeito pode ser esmagada pela grosseria. Um homem erudito pode
ser tão cruel ou tão ridículo que você não pode respeitá-lo. Um soldado
comum também, geralmente come mais do que pode pagar. Mas quando um
soldado comum é civilizado em seus quartel, o seu casaco vermelho lhe
proporciona um certo grau de respeito.” O respeito peculiar dedicado ao
caráter militar na França foi mencionado. BOSWELL. “Eu pensaria que
onde os militares são tão numerosos, eles seriam menos valorizados por não
serem raros.” JOHNSON. “Não, Senhor, onde quer que um caráter ou
profissão específicos é altamente estimado pelas pessoas, aqueles que são
delas serão valorizados acima de outros homens. Nós valorizamos um
inglês muito neste país, e ainda assim os ingleses não são raros por aqui.”
O Sr. Murray elogiou os antigos filósofos pela franqueza e bom humor
com que aqueles de diferentes seitas discutiam entre si. JOHNSON.
“Senhor, eles discutiam com bom humor, porque eles não eram sérios
quanto à religião. Se os antigos tivessem sido sérios em sua crença, não
teríamos tido seus deuses exibidos da forma como os encontramos
representados nos poetas. O povo não teria aceitado isso. Eles discutiam
com bom humor sobre suas teorias fantasiosas, porque não estavam
interessados na verdade delas: quando um homem nada tem a perder, ele
pode estar de bom humor com o seu oponente. Da mesma forma, você vê
em Luciano, o epicurista, que argumenta apenas negativamente, mantém
sua calma; o estoico, que tem algo de positivo a preservar fica zangado.
Estar com raiva de alguém que contradiz uma opinião que você valoriza é
uma consequência necessária do desconforto que você sente. Todo homem
que ataca minha convicção, diminui em algum grau a minha confiança nele,
e, portanto, faz com que eu fique desconfortável; e estou zangado com
aquele que me faz ficar desconfortável. Apenas aqueles que acreditavam na
revelação ficaram zangados por ter sua fé posta em causa; porque eles só
tinham uma coisa sobre a qual eles podiam sossegar como questão de fato.”
MURRAY. “Parece-me que não estamos com raiva de um homem por
contradizer uma opinião em que nós acreditamos e valorizamos; nós
deveríamos ter pena dele.” JOHNSON. “Ora, Senhor; para ter certeza
quando se deseja que um homem tenha aquela crença que você acha que é
infinita vantagem, você deseja o bem a ele; mas a sua principal preocupação
é a sua própria tranquilidade. Se um louco devesse vir a esta sala com um
pedaço de pau na mão, sem dúvida, deveríamos lamentar o estado de sua
mente; mas a nossa principal preocupação seria a de cuidar de nós mesmos.
Nós o derrubaríamos primeiro, e depois teríamos pena dele. Não, senhor;
cada homem discutirá com muito bom humor sobre um assunto em que ele
não está interessado. Eu discutirei com muita calma sobre a probabilidade
de o filho de outro homem ser enforcado; mas se um homem com zelo
sustenta a probabilidade de que o meu próprio filho será enforcado, eu
certamente não estarei em muito bom humor com ele.” Eu adicionei esta
ilustração, “Se um homem se esforça para convencer-me de que a minha
esposa, a quem amo muito, e em quem coloco grande confiança, é uma
mulher desagradável, e até mesmo infiel a mim, ficarei muito zangado, pois
ele está me colocando medo de ser infeliz.” MURRAY. “Mas, senhor, a
verdade sempre suportará um exame.” JOHNSON. “Sim, senhor, mas é
doloroso ser forçado a defendê-la. Considere, Senhor, como você gostaria,
embora consciente de sua inocência, de ser julgado perante um júri por um
crime capital, uma vez por semana.”
Falamos da educação em grandes escolas; Johnson expôs de forma
luminosa as vantagens e desvantagens dela, mas seus argumentos
preponderavam tanto em favor do benefício que um menino de boa
formação receberia em uma delas, que eu tenho razões para acreditar que o
Sr. Murray foi muito influenciado pelo que ouvira hoje, em sua
determinação de enviar seu próprio filho à escola Westminster. - Eu agi da
mesma forma em relação aos meus dois filhos; tendo colocado o mais velho
em Eton, e o segundo em Westminster. Eu não posso dizer qual é o melhor.
Mas com justiça a ambos aqueles nobres seminários, eu com alta satisfação
declaro que os meus meninos receberam deles muitas coisa boas e nada
ruim, e eu confio que eles, como Horácio, ficarão gratos ao seu pai, por lhes
dar tal valiosa educação.
Eu introduzi o tópico, que é muitas vezes ignorantemente instado de que
as universidades da Inglaterra são ricas demais; ([326]) de modo que aquela
aprendizagem não floresce nelas, como deveria, se aqueles que ensinam
tivessem salários menores, e dependessem de sua assiduidade para uma
grande parte de sua renda. JOHNSON. “Senhor, exatamente o inverso disso
é a verdade; as universidades inglesas não são ricas o suficiente. Nossas
bolsas são suficientes apenas para sustentar um homem durante os seus
estudos para ajustá-lo ao mundo, e, portanto, em geral, eles não são
mantidos por mais tempo, até que uma oportunidade se sair se oferece. Vez
por outra, talvez, há um professor que envelhece em sua faculdade; mas
isso é contra a sua vontade, a menos que ele seja um homem de fato muito
indolente. Uma centena por ano é considerado uma boa bolsa de estudos, e
isso não é mais do que o necessário para manter um homem decentemente
como um estudioso. Nós não permitimos que nossos professores se casem,
porque consideramos as instituições acadêmicas como preparatórias para
um assentamento no mundo. É só sendo empregado como um tutor, que um
professor pode obter qualquer coisa mais que um meio de vida. Para ter
certeza, um homem que tem o suficiente sem ensinar, será provavelmente
não ensinar; pois todos nós seriamos ociosos se pudéssemos. Da mesma
forma, um homem que nada deve ganhar ensinando, não vai se esforçar. O
Gresham College foi concebido como um lugar de instrução para Londres;
professores capazes deviam ministrar palestras grátis, eles inventaram não
ter estudiosos; enquanto se tivessem sido autorizados a receber apenas seis
pence uma palestra de cada estudioso, eles teriam ambicionado ter tido
muitos estudiosos. Todos concordarão que deveria ser o interesse daqueles
que ensinam ter estudiosos; e este é o caso nas nossas Universidades. Que
eles são ricos demais não é certamente verdade; pois eles não tem nada bom
o suficiente para manter um homem de erudição eminente com eles por
toda a sua vida. Nas Universidades estrangeiras o cargo de professor é uma
coisa importante. É quase tanto quanto um homem pode fazer por sua
erudição; e, portanto, descobrimos que os homens mais instruídos no
exterior estão nas universidades. Não é assim com a gente. Nossas
universidades são empobrecidas de aprendizagem, pela penúria de suas
provisões. Eu gostaria que houvesse muitos locais de mil por ano em
Oxford, para impedir que homens de primeira qualidade da aprendizagem
saíssem da Universidade.” Sem dúvida, se fosse esse o caso, Literatura teria
uma dignidade e esplendor ainda maiores em Oxford, e haveria fontes vivas
mais grandiosas de instrução.
Mencionei a inquietação do Sr. Maclaurin por conta de um grau de
ridículo descuidadamente jogado sobre seu falecido pai, na História da
Natureza Animada de Goldsmith, onde aquele célebre matemático é
representado como sendo sujeito a crises de bocejos tão violentas que o
tornavam incapaz de prosseguir em sua palestra; uma história
completamente infundada, mas para a publicação da qual a lei não daria
qualquer reparação. ([327]) Isso nos levou a agitar a questão, se reparação
legal poderia ser obtida, mesmo quando um parente falecido de alguém foi
caluniado em uma publicação. O Sr. Murray sustentava que deveria haver
reparação, a não ser que o autor se justificasse provando o fato. JOHNSON.
“Senhor, é muito mais importante que a verdade seja dita, do que os
indivíduos não ficarem inquietos; é muito melhor que a lei não impeça de
escrever livremente sobre o caráter dos mortos. Indenização será paga a um
homem que é caluniado em vida, porque ele pode ser prejudicado em seus
interesses mundanos, ou prejudicado em sua mente, mas a lei não considera
essa inquietação que um homem sente por ter seu antepassado caluniado.
Isso é bom demais. Negue-se o que é dito, e deixe que o assunto tenha uma
chance justa de discussão. Mas, se um homem não pudesse dizer nada
contra uma personagem, a não ser o que ele puder provar, a história não
poderia ser escrita; pois muito de sabe de homens do que prova não pode
ser feita. Um ministro pode ser notoriamente conhecido por aceitar
subornos, e ainda assim você pode não ser capaz de provar isso.” O Sr.
Murray sugeriu que o autor devia ser obrigado a mostrar algum tipo de
prova, embora não se exigisse uma prova legal estrita, mas Johnson firme e
resolutamente se opôs a qualquer restrição que seja, como adversa à livre
investigação das personagens da humanidade. ([328])
Na quinta-feira, 4 de abril, tendo visitado o Dr. Johnson, eu disse que era
uma pena que a verdade não era tão firme quanto a propor objeção a todos
os ataques, de modo que se pudesse ser atirado contra tanto quanto as
pessoas escolhem tentar, e ainda assim permanecer ileso. JOHNSON.
“Então, Senhor, ele não seria alvo de tiros. Ninguém tenta contestar que
dois e dois são quatro, mas com concursos relativos à verdade moral, as
paixões humanas são geralmente misturadas, e, portanto, deve ser sempre
passível de agressão e falsidade ideológica.”
Na sexta-feira, 5 de abril, sendo Sexta-feira Santa, depois de ter assistido
ao culto da manhã na igreja de St. Clemente, eu voltava a pé para casa com
Johnson. Conversamos sobre a religião católica romana. JOHNSON. “Na
época dos bárbaros, senhor, sacerdotes e pessoas eram igualmente
enganados; mas depois houve grandes corrupções introduzidas pelo clero,
tais como indulgências aos sacerdotes para ter concubinas, e a adoração de
imagens, não, na verdade, inculcada, mas conscientemente permitida.” Ele
censurou fortemente os prostíbulos licenciados em Roma. BOSWELL.
“Então, Senhor, você admitiria absolutamente nenhum intercurso irregular
entre os sexos?” JOHNSON. “Pode ter certeza de que eu não admitiria,
Senhor. Eu o puniria muito mais do que se faz, e assim o conteria. Em todos
os países houve prostituição, assim como em todos os países houve roubo;
mas pode haver mais ou menos de um, bem como de outro, em proporção à
força da lei. Todos os homens naturalmente fornicarão, assim como todos
os homens, naturalmente roubarão. E, senhor, é muito absurdo discutir,
como tem sido feito muitas vezes, que as prostitutas são necessárias para
impedir que os efeitos violentos do apetite violem a ordem de vida decente;
e mais, deveria ser permitido, a fim de preservar a castidade de nossas
esposas e filhas. A depender disso, Senhor, leis severas, constantemente
aplicadas, seriam suficientes contra esses males, e promoveria o
casamento.”
Eu afirmei a ele neste caso: - “Suponha que um homem tenha uma filha,
que ele sabe que foi seduzida, mas sua desgraça está escondida do mundo:
ele deve mantê-la em sua casa? Não seria ele, ao fazê-lo, conivente com a
impostura? E, talvez, um homem digno desavisado poderia vir e se casar
com esta mulher, a menos que o pai o informe da verdade.” JOHNSON.
“Senhor, ele não é conivente com qualquer impostura. Sua filha está em sua
casa; e se um homem a corteja, ele aproveita sua oportunidade. Se um
amigo, ou, de fato, se alguém pede a sua opinião se ele deveria se casar com
ela, ele deveria aconselhá-lo contra isso, sem dizer a razão, porque então
sua verdadeira opinião seria necessária. Ou, se ele tem outras filhas que
conhecem a sua fragilidade, ele não deve mantê-la em sua casa. Você deve
considerar que o estado de vida é este; nós devemos julgar o caráter uns dos
outros, tão bem quando pudermos; e um homem não está obrigado, por
honestidade ou honra, a nos contar as falhas de sua filha ou de si mesmo.
Um homem que tenha corrompido a filha do seu amigo não é obrigado a
dizer a todo mundo – ‘Cuidado comigo; não me aceitem em suas casas sem
suspeita. Certa vez, corrompi a filha de um amigo: Eu posso corromper a
sua.’”
O Sr. Thrale o visitou, e parecia suportar a perda de seu filho com uma
compostura viril. Não havia afetação sobre ele; e ele falava, como sempre,
sobre assuntos indiferentes. Ele me pareceu hesitar quanto à turnê italiana
pretendida, sobre a qual, eu me lisonjeei, ele e a Sra. Thrale e o Dr. Johnson
deviam logo empreender; e, portanto, eu o pressionei tanto quanto eu pude.
Eu mencionei que o Sr. Beauclerk havia dito que Baretti, que eles deviam
levar consigo, os manteria tanto tempo nas pequenas cidades de seu próprio
distrito, que eles não teriam tempo para ver Roma. Eu mencionei isso, para
colocá-los em guarda. JOHNSON. “Senhor, não agradecemos ao Sr.
Beauclerk por supor que estamos sendo guiados por Baretti. Não, Senhor; o
Mr. Thrale deve ir, por meu conselho, ao Sr. Jackson, ([329]) (aquele que tudo
sabe) e obter dele um plano para ver o máximo que pode ser visto no tempo
que temos para viajar. Devemos, sem dúvida, ver Roma, Nápoles, Florença
e Veneza, e tanto mais quanto pudermos.” (Falando com um tom de
animação.)
Quando eu expressei um desejo ardente por suas observações sobre a
Itália, ele disse: “Não vejo se eu poderia fazer um livro sobre a Itália; ainda
assim eu gostaria de receber duzentas libras ou quinhentas libras, por um tal
trabalho.” Isso mostrou tanto que um diário de sua turnê pelo continente
não estava totalmente fora de seus planos, e que ele uniformemente aderiu
àquela estranha opinião, de que sua disposição indolente o fez dizer:
“Nenhum homem, a não ser um cabeça-dura jamais escreveu a não ser por
dinheiro.” Numerosos casos para refutar isso ocorrerão a todos os que são
versados na história da literatura.
Ele nos deu um dos muitos esboços de personagem, que estavam
entesourados em sua mente, e que ele estava acostumado a produzir de
maneira inesperada de uma forma muito divertida. “Eu, ultimamente, (disse
ele) recebi uma carta das Índias Orientais, de um cavalheiro ([330]) que eu
anteriormente conhecia muito bem; ele havia retornado daquele país com
uma fortuna considerável, conforme foi contado, antes que meios fossem
encontrados para adquirir aquelas imensas somas que foram trazidos de lá
ultimamente, ele era um estudioso e um homem agradável, e viveu muito
bem em Londres, até que sua esposa morreu. Depois de sua morte, ele se
dedicou à dissipação e ao jogo, e perdeu tudo o que tinha. Uma noite, ele
perdeu mil libras para um cavalheiro cujo nome eu lamento ter esquecido.
Na manhã seguinte, ele mandou quinhentas libras ao cavalheiro, com um
pedido de desculpas que era tudo que ele tinha no mundo. O senhor enviou
o dinheiro de volta a ele, declarando que não o aceitaria; e acrescentando
que, se o Sr. - tivesse ocasião para mais quinhentas libras, ele lhe
emprestaria. Resolveu sair novamente para as Índias Orientais, e fazer sua
fortuna de novo. Ele conseguiu uma nomeação considerável, e eu tinha
alguma intenção de acompanhá-lo. Se eu pensasse, então, como eu penso
agora, eu deveria ter ido, mas, naquela época, eu tinha objeções a deixar a
Inglaterra.”
Foi uma circunstância muito notável sobre Johnson, a quem
observadores superficiais supunham ter sido ignorante do mundo, que
muito poucos homens viram maior variedade de personagens; e ninguém os
podia observar melhor, como era evidente a partir dos fortes, e mesmo
assim bonitos retratos que ele muitas vezes desenhou. Tenho pensado
muitas vezes que se ele tivesse feito o que os franceses chamam catalogue
raisonnée de todas as pessoas que passaram sob sua observação, teria lhe
proporcionado um rico fundo de instrução e entretenimento. A rapidez com
que seus relatos de alguns deles começam em uma conversa, não foi menos
agradável do que surpreendente. Eu me lembro que uma vez ele observou,
“É maravilhoso, senhor, o que se pode encontrar em Londres. A conversa
mais literária que eu mais apreciei foi à mesa de Jack Ellis, um escriturário
financeiro da Royal Exchange, com quem em um período eu costumava
jantar geralmente uma vez por semana.”([331])
Volumes seriam necessários para conter uma lista de seus numerosos e
diferentes conhecidos, nenhum dos quais ele jamais esqueceu; e poderia
descrever e discriminar todos eles com precisão e vivacidade. Ele se
associava a pessoas mais amplamente diferente em costumes, habilidades,
posição social e realizações. Ele era ao mesmo tempo o companheiro do
brilhante Coronel Forrester dos Guardas, que escreveu The Polite
Philosopher (O Filósofo Polido), e do estranho e rude Robert Levet; de
Lord Thurlow, e do Sr. Sastres, o mestre italiano; e jantava um dia com a
bela, alegre e fascinante Lady Craven, ([332]) e no seguinte com a boa Sra.
Gardiner, fabricante de velas de sebo em Snow-hill.
Diante da expressão de minha admiração por ele descobrir tanto do
conhecimento peculiar de diferentes profissões, ele me disse, “Eu aprendi o
que eu sei de direito, principalmente do Sr. Ballow, ([333]) um homem muito
capaz. Eu aprendi algo, também, de Chambers; mas não era tão dócil então.
Não se está disposto a ser ensinado por um homem jovem.” Quando eu
manifestei o desejo de saber mais sobre o Sr. Ballow, Johnson disse:
“Senhor, eu o vi apenas uma vez nestes vinte anos. A maré de vida tem nos
levado por caminhos diferentes.” Fiquei triste na época ao ouvir isso; mas
quem quer que deixa os riachos de conexões privadas, e entra claramente no
grande oceano de Londres, inevitavelmente experimentará por graus
imperceptíveis, tais cessações de conhecimento.
“Meu conhecimento de medicina, (ele acrescentou), eu aprendi com o
Dr. James, a quem eu ajudei, escrevendo as propostas de seu Dicionário e
também um pouco no próprio Dicionário. ([334]) Também aprendi alguma
coisa com o Dr. Lawrence, mas fiquei então cada vez mais teimoso.”
Um incidente curioso aconteceu hoje, enquanto o Sr. Thrale e eu nos
sentávamos com ele. Francis anunciou que um grande pacote fora trazido
para ele do correio, que teria vindo de Lisboa, e foram-lhe cobradas sete
libras e dez xelins. Ele não iria recebê-lo, supondo que fosse algum truque,
e ele nem mesmo olhou para ele. Mas, verificando posteriormente, ele
descobriu que era um pacote real para ele, daquele mesmo amigo nas Índias
Orientais de quem ele estava falando; e o navio que o carregava tendo
chegado a Portugal, este pacote, com outros, tinha sido colocado no correio
em Lisboa.
Mencionei um novo clube de jogo, do qual o Sr. Beauclerk tinha me
feito um relato, onde os membros jogavam em uma medida perigosa.
JOHNSON. “Dependendo disso, Senhor, isso é mera conversa. Quem é
arruinado por jogar? Você não encontrará seis casos em uma época. Existe
uma confusão estranha feita sobre o jogo profundo: embora você tenha
muito mais pessoas arruinadas pelo comércio aventureiro, ainda assim não
ouvimos tal clamor contra ele.” THRALE. “Pode haver algumas pessoas
absolutamente arruinadas pelo jogo profundo; mas muito muitos são muito
feridos nas suas circunstâncias por ele.” JOHNSON. “Sim, senhor, e assim
são muitos por outros tipos de despesa.” Eu o tinha ouvido falar uma vez
antes da mesma maneira; e em Oxford, ele disse, “que desejava que tivesse
aprendido a jogar cartas.” A verdade, porém, é que ele gostava de exibir sua
engenhosidade na argumentação; e, portanto, às vezes, em conversa manter
opiniões que ele sabia que estavam erradas, mas no apoio às quais, seu
raciocínio e inteligência seriam mais visíveis. Ele começaria assim: “Ora,
Senhor, quanto ao bem ou o mal de jogar cartas -” “Agora, (disse Garrick),
ele está pensando que lado deve tomar.” Ele parecia ter um prazer em
contraditar, principalmente quando qualquer opinião era emitida com um ar
de confiança; de modo que não havia praticamente nenhum tópico, a não
ser uma das grandes verdades da Religião e Moral, que ele não poderia ter
sido incitado a argumentar, a favor ou contra ele. Lord Elibank ([335]) tinha a
maior admiração por seus poderes. Ele observou certa vez a mim,
“Qualquer que seja a opinião sustentada por Johnson, não direi que ele me
convence; mas ele nunca deixa de me mostrar, que ele tem boas razões para
ela.” Eu ouvi Johnson fazer à sua Senhoria este grande elogio: “Eu nunca
estive em companhia de Lord Elibank sem aprender alguma coisa.”
Nós nos sentamos juntos até que fosse tarde demais para a cerimônia da
tarde. Thrale disse que tinha vindo com a intenção de ir à igreja conosco.
Fomos às sete para as orações da noite na igreja de St. Clement, depois de
ter tomado café; uma indulgência, o que eu entendi a que Johnson se
permitiu nesta ocasião, em cumprimento a Thrale.
No domingo, 7 de abril, Páscoa, depois de ter estado na catedral de St.
Paul, eu vim para a casa do Dr. Johnson, de acordo com meu costume
habitual. Pareceu-me que havia sempre algo peculiarmente suave e
tranquilo na sua maneira sobre este santo festival, a comemoração do
evento mais alegre na história do nosso mundo, a ressurreição de nosso
Senhor e Salvador, que, depois de ter triunfado sobre a morte e a sepultura,
proclamou a imortalidade à humanidade.
Eu repeti a ele um argumento de uma senhora ([336]) minha conhecida,
que sustentava, que por seu marido ter sido culpado de inúmeras
infidelidades, ela o liberou das obrigações conjugais, porque elas eram
recíprocas. JOHNSON. “Isso é uma coisa miserável, Senhor. No contrato
de casamento, além do marido e mulher, existe um terceiro - a Sociedade; e,
se ele for considerado como um voto - DEUS: e, por conseguinte, não pode
ser dissolvido somente pelo seu consentimento. As leis não são feitas para
casos particulares, mas para os homens em geral. Uma mulher pode ser
infeliz com o marido; mas ela não pode ser libertada dele, sem a aprovação
do poder civil e eclesiástico. Um homem pode ser infeliz, porque ele não é
tão rico quanto outro; mas ele não deve se apoderar da propriedade de outro
com sua própria mão.” BOSWELL. “Mas, senhor, esta senhora não quer
que o contrato seja dissolvido; ela somente argumenta que ela pode
permitir-se galanteios com a mesma liberdade que o seu marido o faz, desde
que ela tome o cuidado de não introduzir uma questão espúria em sua
família. Você sabe, Senhor, que Macrobius nos disse sobre Julia.” ([337])
JOHNSON. “Esta sua senhora, Senhor, eu acho, é muito adequada para um
bordel.”
O Sr. Macbean, autor do Dicionário de Geografia antiga, entrou. Ele
mencionou que tinha estado quarenta anos ausente da Escócia. “Ah,
Boswell! (disse Johnson, sorrindo,) o que você daria para ficar quarenta
anos longe da Escócia?” Eu disse, “Eu não gostaria de estar tanto tempo
ausente da sede de meus antepassados.” Este senhor, a Sra. Williams e o Sr.
Levett jantaram conosco.
O Dr. Johnson fez uma observação, que tanto o Sr. Macbean quanto eu
pensamos fosse nova. Foi esta: que “a lei contra a usura é para a proteção
dos credores, assim como dos devedores; pois se não houvesse tal
verificação, as pessoas seriam capazes, por tentação de grande interesse, de
emprestar a pessoas desesperadas, de quem elas perderiam seu dinheiro.
Assim há casos de mulheres sendo arruinadas, por ter afundado sem critério
suas fortunas por altas anuidades, que, depois de alguns anos, deixaram de
ser pagas, em consequência das circunstâncias arruinadas do mutuário.”
A Sra. Williams era muito rabugenta; e eu me admirava com a paciência
de Johnson com ela agora, como eu tinha feito muitas vezes em ocasiões
semelhantes. A verdade é que a sua consideração humana do estado
abandonado e indigente em que esta senhora foi deixada por seu pai,
induziu-o a tratá-la com a maior ternura, e até mesmo desejar proporcionar-
lhe diversão, assim como às vezes perturbar muitos de seus amigos,
trazendo-a consigo às suas casas, onde, por sua maneira de comer, em
consequência de sua cegueira, ela não podia deixar de ofender a delicadeza
das pessoas de sensibilidades delicadas.
Depois do café, fomos para o culto da tarde na Igreja de St. Clement.
Observando alguns mendigos na rua enquanto caminhávamos, eu disse a ele
que eu supunha que não havia nenhum país civilizado do mundo, onde a
miséria da necessidade nas classes mais baixas do povo era evitada.
JOHNSON. “Eu acredito, senhor, que não existe; mas é melhor que alguns
devam ser infelizes, de que nenhum ser feliz, o que seria o caso em um
estado geral de igualdade.”
Quando o culto terminou, fui para casa com ele, e nos sentamos
calmamente sozinhos. Ele recomendou os livros do Dr. Cheyne. Eu disse
que pensava que Cheyne tinha sido considerado lunático. “Ele foi, (disse
ele), em algumas coisas; mas não há fim de objeções. Há alguns livros para
os quais alguma objeção ou outra não pode ser feita.” Ele acrescentou: “eu
não faria você ler qualquer outra coisa de Cheyne, a não ser o seu livro
sobre Saúde, e seu English Malady (Doença Inglesa).”
Sobre a questão de um homem ([338]) que havia sido culpado de ações
viciosas faria bem em se obrigar na solidão e a tristeza; JOHNSON. “Não,
Senhor, a não ser que o impeçamos de ser vicioso novamente. Com algumas
pessoas, a penitência sombria é só loucura virada de cabeça para baixo. Um
homem pode ser sombrio, até que, para se livrar das sombras, ele recorreu
novamente a indulgências criminais.”
Na quarta-feira, 10 de abril, jantei com ele na casa do Sr. Thrale, onde
estavam o Sr. Murphy e alguns outros convivas. Antes do jantar, o Dr.
Johnson e eu passamos algum tempo sozinhos. Fiquei triste ao descobrir
que ele agora resolvera que a viagem proposta à Itália não ocorreria este
ano. Ele disse: “Estou desapontado, com certeza; mas não é uma grande
decepção.” Admirei-me a vê-lo suportar, com uma calma filosófica, o que
teria feito a maioria das pessoas mal-humoradas e rabugentas. Percebi, no
entanto, que ele tinha tão calorosamente acalentado a esperança de desfrutar
de cenários clássicos, que ele não poderia facilmente abandonar o esquema;
porque ele disse: “Eu provavelmente conseguirei chegar à Itália de alguma
outra forma. Mas eu não vou mencioná-la ao Sr. e Sra. Thrale, pois isso
pode envergonhá-los.” Eu sugeri, que ir à Itália poderia ter feito bem ao Sr.
e à Sra. Thrale. JOHNSON. “Eu prefiro acreditar que não, Senhor.
Enquanto a dor é fresca, a cada tentativa de desviar só irrita. Você deve
esperar até que a dor seja digerida, e então a diversão dissipará os restos
dela.”
No jantar, o Sr. Murphy nos divertiu com a história do Sr. Joseph
Simpson, um colega de escola do Dr. Johnson, um advogado de bom
patrimônio, mas que caiu em um curso de vida de dissipação, incompatível
com o sucesso na profissão que ele tinha, e de outra forma merecidamente
mantinha; ainda assim ele ainda preservava uma dignidade em seu
comportamento. Ele escreveu uma tragédia na história de Leônidas,
intitulado O Patriota. Ele a leu para um grupo de advogados, que
encontraram tantas falhas, que ele a reescreveu: assim, então havia duas
tragédias sobre o mesmo assunto e com o mesmo título. O Dr. Johnson nos
contou que uma delas ainda estava em seu poder. Esta mesma peça foi, após
a sua morte, publicada por alguma pessoa que tinha estado próxima dele, e,
por uma questão de um pouco de lucro apressado, foi falaciosamente
anunciada, de modo que se acreditasse ter ela sido escrita pelo próprio
Johnson.
Eu disse que não gostava do costume que algumas pessoas tinham de
trazer seus filhos a eventos sociais, porque de certa forma nos obrigava a
fazer elogios tolos para agradar seus pais. JOHNSON. “Você tem razão,
Senhor. Podemos ser desculpados por não nos importarmos muito com os
filhos dos outros, pois há muitos que se preocupam muito pouco com seus
próprios filhos. Pode-se observar, que os homens, que por estarem
envolvidos em negócio, ou devido ao curso de vida de qualquer maneira,
raramente veem seus filhos, não se importam muito com eles. Eu mesmo
não deveria ter muito carinho por um filho meu.” SRA. THRALE. “Pelo
contrário, senhor, como você pode dizer isso?” JOHNSON. “Pelo menos,
eu nunca quis ter um filho.”
O Sr. Murphy mencionou o Dr. Johnson ter um projeto de publicar uma
edição de Cowley. Johnson disse, ele não sabia, mas ele devia; e expressou
sua desaprovação ao Dr. Hurd, por ter publicado uma edição mutilada sob o
título de Select Works of Abraham Cowley (Obras Selecionadas de Abraham
Cowley). O Sr. Murphy pensou que era um mau precedente; observando-se
que qualquer autor pode ser usado da mesma maneira; e que era agradável
ver a variedade de composições de um autor, em diferentes períodos.
Falamos sobre os Poemas de Flatman; e a Sra. Thrale observou que Pope
tinha emprestado parcialmente dele The Dying Christian to his Soul (O
Cristão Agonizante à sua Alma). Johnson repetiu os versos de Rochester
sobre Flatman, que eu acho severo demais:
“Nem aquele lento escravo em rápida cepa Pindárica,
Flatman, a quem Cowley imita com dificuldade,
e monta uma Musa cansada, chicoteada com rédeas soltas.”
Eu gosto de lembrar todas as passagens que eu ouvi Johnson repetir: isso
estampa um valor sobre elas.
Ele nos contou que o livro intitulado The Lives of the Poets (As Vidas
dos Poetas), pelo Sr. Cibber, foi inteiramente compilado pelo Sr. Shiels, um
escocês, um dos seus copistas.” O livreiro (disse ele) deu a Theophilus
Cibber, que estava então na prisão, dez guinéus, para permitir que o Sr.
Cibber fosse colocado na página título, como autor; com isso, pretendia-se
uma imposição dupla: em primeiro lugar, que esse era absolutamente o
trabalho de um Cibber; e, em segundo lugar, que era o trabalho do velho
Cibber.”([339])
O Sr. Murphy disse que As Memórias de vida de Gray o colocavam
muito mais alto em sua estima do que seus poemas; pois você via ali um
homem constantemente trabalhando em literatura. Johnson concordou com
isso; mas desvalorizou o livro, eu acho, de maneira injustificada. Pois ele
disse, “Eu me forcei a lê-lo, só porque era um tópico comum de
conversação. Eu o achei muito aborrecido; e, quanto ao estilo, ele está apto
para a segunda tabela.” Porque ele pensava assim, eu não conseguia
conceber. Ele agora deu-lhe como sua opinião, que “Akenside era um poeta
superior tanto a Gray quanto a Mason.”
Falando das Revisões, Johnson disse, “Eu as acho muito imparciais: eu
não conheço um exemplo de parcialidade.” Ele mencionou que havia
passado pelo assunto das Revisões Mensais e Críticas, na conversa com a
qual Sua Majestade o tinha honrado. Ele discorreu um pouco mais sobre
eles esta noite. “Os Revisores Mensais (disse ele) não são Deístas; mas eles
são Cristãos com tão pouca cristandade como pode ser; e são em favor de
derrubar todos os estabelecimentos. Os Revisores Críticos são em favor de
apoiar a constituição, tanto na Igreja quanto no Estado. Os Revisores
Críticos, creio eu, muitas vezes revisam sem ler os livros completamente;
mas lançam mão de um tópico, e escrevem principalmente a partir de suas
próprias mentes. Os Revisores Mensais são homens medíocres, e se
contentam em ler os livros totalmente.”
Ele falou da extrema ansiedade de Lord Lyttelton como autor;
observando que “ele estava há 30 anos preparando sua História, e que ele
contratou um homem para apontá-lo para ele; como se (rindo) outro homem
pudesse apontar o seu sentido melhor do que ele mesmo.” O Sr. Murphy
disse que ele entendeu que sua história fora atrasada vários anos, por medo
de Smollet. JOHNSON. “Isto parece estranho a Murphy e a mim, que nunca
sentimos aquela ansiedade, mas enviamos o que escrevemos para
impressão, e o deixamos arriscar sua sorte.” SRA. THRALE. “Houve um
tempo, Senhor, quando você o sentia.” JOHNSON. “Ora, realmente,
Senhora, não me recordo de uma época em que esse era o caso.”
Falando de The Spectator, ele disse, “É maravilhoso que exista uma tal
proporção de maus trabalhos, na metade da obra que não foi escrita por
Addison; pois havia todo o mundo para escrever aquela metade, e ainda
assim nem a metade daquela metade é boa. Uma das peças mais finas no
idioma inglês é o trabalho sobre a Novidade, ainda assim não ouvimos falar
disso. Ele foi escrito por Grove, um professor dissidente.” Ele não o
chamaria, eu percebi, de um clérigo, embora ele fosse sincero o suficiente
para permitir muito grande mérito à sua composição. O Sr. Murphy disse,
que se lembrava de quando havia várias pessoas vivas em Londres, que
gozavam de uma reputação considerável apenas por ter escrito um artigo no
The Spectator. Ele mencionou particularmente o Sr. Ince, que costumava
frequentar o café de Tom. “Mas (disse Johnson), você deve considerar quão
altamente Steele fala do Sr. Ince.” Ele não admitiria que o artigo sobre levar
um menino para viajar, assinado Philip Homebred, que foi relatado como
tendo sido escrito pelo Lord Chancellor Hardwicke, tinha mérito. Ele disse,
“era bastante vulgar, e não tinha nada luminoso.”
Johnson mencionou o Sistema de Medicina do Dr. Barry ([340]). “Ele era
um homem (disse ele), que tinha adquirido uma reputação elevada em
Dublin, veio para a Inglaterra, e trouxe a sua reputação com ele, mas não
teve grande sucesso. Sua ideia era que pulsação ocasiona morte por causas
naturais; e que, por conseguinte, a forma de conservar a vida é retardar a
pulsação. Mas sabemos que a pulsação é mais forte em crianças, e que
aumentam com o crescimento, enquanto ela opera no seu curso normal; por
isso, não pode ser a causa de destruição.” Logo depois disso, ele disse algo
muito lisonjeiro para a Senhora Thrale, que eu não me recordo; mas
concluiu desejando a ela longa vida. “Senhor, (disse eu) se o sistema do Dr.
Barry é verdade, você agora encurtou a vida da Sra. Thrale, talvez, em
alguns minutos, acelerando sua pulsação.”
Na quinta-feira, 11 de abril, jantei com ele no General Paoli, em cuja
casa eu agora residia, e onde tive sempre mais tarde a honra de ser recebido
com a mais amável atenção como seu convidado constante, enquanto eu
estava em Londres, até que eu tivesse minha própria casa lá. Eu mencionei
que eu tinha naquela manhã apresentado ao Sr. Garrick, o Conde Neni, um
Nobre flamengo de alta posição e fortuna, a quem Garrick falava de Abel
Drugger como uma pequena parte; e relatou, com a vaidade agradável, que
um francês que ele tinha visto em um de seus personagens baixos,
exclamou “Comment! je ne le crois pas. Ce n'est pas Monsieur Garrick, ce
Grande Homme!” Garrick acrescentou, com uma aparência de grande
recolhimento, “Se eu fosse começar a vida de novo, eu acho que eu não
representaria aqueles personagens baixos.” Ao que pude observar, “Senhor,
você estaria errado; pois sua grande excelência é a sua variedade de
atuação, sua representação tão boa, personagens tão diferentes.”
JOHNSON. “Garrick, Senhor, não foi sério no que ele disse; pois, com
certeza, sua excelência peculiar é a sua variedade, e, talvez, não exista
qualquer personagem que não tenha sido tão bem interpretada por alguém
mais, como ele pode fazê-lo.” BOSWELL. “Por que, então, Senhor, ele fala
assim?” JOHNSON. “Ora, Senhor, para que você respondesse como fez.”
BOSWELL. “Eu não sei, Senhor; ele pareceu mergulhar profundamente em
sua mente para a reflexão.” JOHNSON. “Ele não tinha muito onde
mergulhar, Senhor: ele disse a mesma coisa, provavelmente, vinte vezes
antes.”
De um nobre ([341]) elevado muito cedo a um alto cargo, ele disse, “Suas
qualidades, Senhor, são muito boas para um Lord; mas não se distinguiriam
em um homem que não tinha mais nada, a não ser suas qualidades.”
Uma viagem à Itália ainda estava em seus pensamentos. Ele disse: “Um
homem que não tenha estado na Itália, está sempre consciente de uma
inferioridade, de não ter visto o que se espera um homem deveria ver. O
grande objetivo de viajar é ver as margens do Mediterrâneo. Naquelas
margens estiveram os quatro grandes impérios do mundo; o assírio, o persa,
o grego e o romano. - Toda a nossa religião, quase toda a nossa lei, quase
todas as nossas artes, quase tudo o que nos coloca acima de selvagens
chegou até nós a partir das margens do Mediterrâneo.” O General observou
que “O MEDITERRÂNEO seria um assunto nobre para um poema.”
Falamos de tradução. Eu disse, que eu não saberia defini-lo, nem eu
poderia pensar em uma similitude para ilustrá-la; mas que me parecia que a
tradução de poesia poderia ser apenas imitação. JOHNSON. “Você pode
traduzir livros de ciência exatamente. Você também pode traduzir história,
na medida em que não é embelezado com oratória, que é poética. Poesia, de
fato, não pode ser traduzida; e, por conseguinte, são os poetas que
preservam as línguas; pois não nos daríamos o trabalho de aprender um
idioma, se pudéssemos ter tudo o que nele está escrito tão bem em uma
tradução. Mas, como a beleza da poesia não pode ser preservada em
qualquer idioma, exceto naquele em que ela foi escrita originalmente, nós
aprendemos a língua.”
Um cavalheiro ([342]) sustentou que a arte da impressão tinha prejudicado
a verdadeira aprendizagem, através da divulgação de escritos ociosos. –
JOHNSON. “Senhor, se não fosse pela arte da impressão, nós não
deveríamos agora ter o aprendizado; pois os livros teriam perecido mais
rápido do que eles poderiam ter sido transcritos.” Esta observação não
parece justa, considerando-se por quanto tempo os livros foram preservados
somente por cópias.
O mesmo cavalheiro sustentava que a difusão geral de conhecimento
entre as pessoas era uma desvantagem; pois ela tornava o vulgar acima de
sua humilde esfera. JOHNSON. “Senhor, enquanto o conhecimento é uma
distinção, aqueles que são dotados dele subirão naturalmente acima
daqueles que não são. Meramente ler e escrever foi uma distinção em
primeiro lugar; mas vemos quando a leitura e a escrita se tornaram gerais,
as pessoas comuns mantêm seus status. E assim, se realizações mais
elevadas se tornassem gerais o efeito seria o mesmo.”
“Goldsmith (ele disse), referia-se tudo como vaidade; suas virtudes e
seus vícios também, eram devidos àquele motivo. Ele não era um homem
social. Ele nunca trocou ideias com você.”
Passamos a noite na casa do Sr. Hoole. O Sr. Mickle, o excelente
tradutor de Os Lusíadas, estava lá. Eu conservei pouco da conversa desta
noite. O Dr. Johnson disse, “Thomson tinha um verdadeiro gênio poético, o
poder de ver todas as coisas sob uma luz poética. Sua culpa é tamanha
nuvem de palavras, por vezes, que o sentido dificilmente pode ser
visualizado. Shiels, que compilou as Vidas dos Poetas de Cibber, ([343])
estava um dia sentado comigo. Peguei Thomson, e li em voz alta uma
grande parte dele, e então perguntei: - Isso não é ótimo? Shiels tendo
expressado a maior admiração. Bem, Senhor, (disse eu) eu omiti todas as
linhas alternadas.”
Relatei uma disputa entre Goldsmith e o Sr. Robert Dodsley, um dia,
quando eles e eu fomos jantar no Tom Davies em 1762. Goldsmith
afirmava, que não havia poesia produzida nesta época. Dodsley apelou para
a sua própria Coleção, e sustentava que, apesar de você não poder encontrar
um palácio como a Ode de Dryden no dia de St. Cecília, você tinha aldeias
compostas de casas muito bonitas; e ele mencionou particularmente The
Spleen. JOHNSON. “Acho que Dodsley desistiu da questão. Ele e
Goldsmith disseram a mesma coisa; só ele disse isso de uma forma mais
suave do que Goldsmith o fez; pois ele reconheceu que não havia poesia,
nada que se sobressaísse acima da marca comum. Você pode encontrar
sagacidade e humor em verso, e ainda assim nenhuma poesia. Hudibras tem
uma profusão destes; ainda assim não é considerado um poema. The Spleen,
na Coleção de Dodsley, em que você diz que ela se baseava principalmente,
não é poesia.” BOSWELL. “Não está a poesia de Gray, Senhor, muito
acima da marca comum?” JOHNSON. “Sim, Senhor; mas devemos atentar
para a diferença entre o que os homens em geral não podem fazer se
quisessem, e que todo homem pode fazer se quisesse. Jack Dezesseis-
cordas ([344]) ficava acima da marca comum.” BOSWELL. “Então, Senhor, o
que é poesia?” JOHNSON. “Ora, Senhor, é muito mais fácil dizer o que não
é. Todos sabemos o que a luz é; mas não é fácil dizer o que ela é.”
Na sexta-feira, 12 de abril, jantei com ele na casa de nosso amigo Tom
Davies de onde nós encontramos o Sr. Cradock de Leicestershire, autor de
Zobeide, uma tragédia; um cavalheiro muito agradável, a quem o mui
excelente Ensaio sobre o Aprendizado de Shakespeare do meu amigo Dr.
Farmer é endereçado; e Dr. Harwood, que escreveu e publicou várias obras;
particularmente uma tradução fantástica do Novo Testamento, na expressão
moderna e com um toque Sociniano.
Eu apresentei a doutrina de Aristóteles, em sua Arte da Poesia, de “a
katarsis ton pathmaton, a purgação das paixões,” como a finalidade da
tragédia. ([345]) “Mas como devem as paixões ser purgadas por terror e
piedade?” (disse eu, com um ar assumido de ignorância, para incitá-lo a
falar, pelo que muitas vezes era necessário empregar alguma artimanha).
JOHNSON. “Ora, Senhor, você deve considerar qual é o significado de
purga no sentido original. É expulsar impurezas do corpo humano. A mente
está sujeita à mesma imperfeição. As paixões são os grandes
impulsionadores de ações humanas; mas eles estão misturados com tais
impurezas, que é necessário que eles devessem ser expurgados ou
aperfeiçoada por meio de terror e pena. Por exemplo, a ambição é uma
paixão nobre; mas vendo-a no palco, que um homem que é tão
excessivamente ambicioso ao ponto de se levantar pela injustiça é punido,
somos aterrorizados diante das consequências fatais de tal paixão. Do
mesmo modo, é necessário um certo grau de ressentimento; mas se vemos
que um homem o leva muito longe, temos pena o objeto dela e somos
ensinados a moderar essa paixão.” Minha lembrança nessa ocasião faz
grande injustiça para a expressão de Johnson, que era tão convincente e
brilhante, que o Sr. Cradock me sussurrou: “Oh! se ao menos suas palavras
estivessem escritas em um livro!”
Eu observei que o grande defeito da tragédia de Otelo era que ele não
tinha uma moral; pois que nenhum homem poderia resistir às circunstâncias
de desconfiança que foram artisticamente sugeridas à mente de Otelo.
JOHNSON. “Em primeiro lugar, Senhor, aprendemos com Otelo essa
moralidade muito útil, não para fazer uma correspondência desigual; em
segundo lugar, aprendemos a não ceder muito prontamente à suspeita. O
lenço é apenas um truque, embora seja um truque muito bonito; mas não
existem outras circunstâncias de suspeita razoável, exceto o que está
relatado por Iago de calorosas expressões de Cassio relativas a Desdêmona
em seu sono; e que dependiam da afirmação de um homem. Não, Senhor,
acho que Otelo tem mais moral do que quase qualquer peça teatral.”
Falando de um cavalheiro em penúria ([346]) nosso conhecido, Johnson
disse, “Senhor, ele é limitado, não tanto devido à avareza, quanto a partir de
impotência para gastar seu dinheiro. Ele não consegue encontrar em seu
coração derramar uma garrafa de vinho; mas ele não se importaria muito se
azedasse.”
Ele disse que desejava ver as Obras Críticas de John Dennis compiladas.
Davies disse que não venderiam. O Dr. Johnson parecia pensar diferente.
Davies disse de um autor dramático conhecido, ([347]) que “ele vivia de
histórias em vasos, e que ele fazia o seu caminho como fez Hannibal, por
vinagre; tendo começado atacando pessoas; particularmente os atores.”
Ele lembrou ao Dr. Johnson de o Sr. Murphy ter-lhe feito o maior elogio
que já foi feito a um leigo, pedindo-lhe perdão por repetir alguns
juramentos no curso de contar uma história.
Johnson e eu ceamos esta noite na taverna Crown and Anchor, em
companhia de Sir Joshua Reynolds, do Sr. Langton, de Mr. Nairne, agora
um dos juízes escoceses, com o título de Lord Dunsinan, e meu amigo
muito digno, Sir William Forbes de Pitsligo.
Discutimos a questão se beber melhorava a conversa e a benevolência.
Sir Joshua sustentava que sim. JOHNSON. “Não, senhor: antes de jantar os
homens se reúnem com grande desigualdade de entendimento; e aqueles
que estão conscientes de sua inferioridade, têm o pudor de não falar.
Quando eles beberam vinho, todo homem se sente feliz, e perde aquela
modéstia, torna-se insolente e ruidoso, mas ele não melhorou; ele só não
está sensível aos seus defeitos.” Sir Joshua disse que o Doutor estava
falando dos efeitos do excesso de vinho; mas que um copo moderado
animava a mente, dando uma boa circulação ao sangue. “Eu estou (disse
ele) de muito bom humor quando me levanto pela manhã. Na hora do jantar
eu estou exausto; o vinho me coloca no mesmo estado de quando me
levantei; e estou certo de que o consumo moderado faz as pessoas falar
melhor.” JOHNSON. “Não, Senhor; o vinho não dá luz, alegria, hilaridade
ideal; mas alegria tumultuada, barulhenta, ruidosa. Jamais ouvi nenhuma
desses bêbados, - não, bêbado é uma palavra grosseira, - nenhum desses
voos vínicos.” SIR JOSHUA. “Porque você se sentou ao lado, bastante
sóbrio, e sentia uma inveja da felicidade daqueles que estavam bebendo.”
JOHNSON. “Talvez, desprezo. - E, senhor, não é necessário que alguém
esteja bêbado, para apreciar a sagacidade da embriaguez. Nós não julgamos
a sagacidade bêbada do diálogo entre Iago e Cássio, o mais excelente no
seu gênero, quando estamos bastante sóbrios? Sagacidade é sagacidade,
independentemente da forma como é produzida; e, se for boa, parecerá
assim em todos os momentos. Admito que os espíritos são elevados pela
bebida, assim como pela participação comum em qualquer prazer: briga de
galo, ou fustigação de ursos, ([348]) elevará os espíritos de um grupo de
pessoas, assim como beber o faz, embora certamente eles não melhorarão a
conversação. Eu também admito que existem alguns homens lentos que são
melhorados pela bebida; assim como existem frutas que não são boas até
que estejam podres. Existem esses homens, mas eles são nêsperas. Eu, na
verdade admito que houve muito poucos homens de talentos que foram
melhorados pela bebida; mas eu afirmo que estou certo quanto aos efeitos
do consumo de álcool em geral, e deixe ser considerado, que não há
nenhuma posição, embora falsa em sua universalidade, que não seja
verdade sobre um homem em particular.” Sir William Forbes disse: “Não
poderia um homem aquecido com vinho ser como uma garrafa de cerveja,
que se torna refrescante quando colocada diante do fogo”- “Não, (disse
Johnson, rindo) Eu não posso responder a isso: isso é demais para mim.”
Observei, que o vinho fazia mal a algumas pessoas, por inflamar,
confundir e irritar suas mentes; mas que a experiência da humanidade havia
se declarado a favor do consumo moderado de álcool. JOHNSON. “Senhor,
eu não digo que seja errado produzir auto complacência por meio da
bebida; eu só nego que ela melhora a mente. Quando eu bebia vinho, eu
evitava bebê-lo quando estava em grupo. Bebi mais de garrafa sozinho; em
primeiro lugar, porque eu tinha necessidade dela para levantar meu ânimo;
em segundo lugar, porque eu não tenho ninguém para testemunhar seus
efeitos sobre mim.”
Ele nos disse, que “quase todos os seus Ramblers foram escritos na
medida em que eram necessários para a impressão; que ele enviava uma
determinada parte da cópia de um ensaio, e escrevia o restante, enquanto a
primeira parte era impressa. Quando era necessário, e ele tinha se sentado
bastante para escrevê-la, ele tinha certeza de que seria feita.” Ele disse que,
para melhoria geral, um homem deve ler o que sua inclinação imediato lhe
pede; porém, para ter certeza, se um homem tem uma ciência a aprender,
ele deve avançar regular e resolutamente. Ele acrescentou: “o que lemos
com inclinação provoca uma impressão muito mais forte. Se lemos sem
inclinação, metade da mente é empregada em fixar a atenção; por isso
apenas metade é empregada no que lemos.” Ele nos contou que leu Amelia
de Fielding sem parar. ([349]) E disse, “se um homem começa a ler no meio
de um livro, e sente uma inclinação para seguir em frente, não o deixe parar
para ir até o início. Ele pode, talvez, não sentir novamente a inclinação.”
Sir Joshua mencionou as Odes do Sr. Cumberland, que acabavam de ser
publicadas. JOHNSON. “Ora, Senhor, elas teriam sido consideradas tão
boas quanto as Odes comumente o são, se Cumberland não tivesse posto o
seu nome nelas; mas um nome imediatamente atrai a censura, a menos que
seja um nome que supera tudo diante dele. Mais ainda, Cumberland tornou
suas Odes subsidiárias à fama de outro homem. ([350]) Elas poderiam ter-se
saído bem o suficiente por si mesmas; mas ele não só as carregou com um
nome, mas as fez carregar duplamente.”
Falamos sobre as Revisões, e o Dr. Johnson falou delas como fez na casa
de Thrale. ([351]) Sir Joshua disse o que tenho pensado frequentemente, que
ele se admirou ao encontrar tanta coisa boa escrita empregada nelas, quando
os autores deveriam permanecer desconhecidos, e por isso não poderiam ter
a motivação da fama. JOHNSON. “Não, Senhor, aqueles que escrevem
nelas, escrevem bem, a fim de serem bem pagos.”
Logo após esse dia, ele foi a Bath com o Sr. e a Sra. Thrale. Eu nunca
tinha visto aquela bela cidade, e queria aproveitar a oportunidade de visitá-
la, enquanto Johnson estivesse lá. Tendo escrito a ele, recebi a seguinte
resposta.
“A JAMES BOSWELL, ESQ.
Caro senhor, - Por que você fala de negligência? Quando eu negligenciei
você? Se você vier a Bath, vamos todos ficar felizes em vê-lo. Vinde, pois,
assim que puderes.
Mas eu tenho um pequeno negócio para você em Londres. Peça a
Francis olhar na gaveta de papel da cômoda no meu quarto de dormir, por
dois casos; um para o Procurador-Geral, e um para o Defensor-geral. Eles
se encontram, penso eu, no alto dos meus trabalhos; caso contrário eles
estão em outro lugar, e dar-me-ão mais problemas.
Por favor, escreva-me imediatamente, se eles puderem ser encontrados.
Estenda meus cumprimentos a todos os nossos amigos ao redor do mundo,
e à Sra. Williams em casa.
Eu fico, Senhor, o seu, etc.
SAM. JOHNSON.

Procure os documentos o mais rápido que puder, para que, se for


necessário, eu possa escrever a você novamente antes que você desça.”
No dia 26 de abril, fui a Bath; e na minha chegada ao Pelican Inn,
encontrei à minha espera um convite amável do Sr. e Sra. Thrale, por quem
eu fui agradavelmente recebido quase constantemente durante a minha
estadia. Eles tinham ido para os quartos; mas havia uma nota gentil do Dr.
Johnson, que ele deveria ficaria em casa durante toda a noite. Fui até ele
diretamente, e antes que o Sr. e a Sra. Thrale retornassem, ficamos algumas
horas sozinhos bebendo chá e conversando.
Eu agruparei tais de seus ditos como eu os preservei durante os poucos
dias em que eu estive em Bath.
De uma pessoa ([352]) que divergia dele em política, ele disse, “Na vida
privada ele é um cavalheiro muito honesto; mas eu não vou admitir que ele
seja assim na vida pública. As pessoas podem ser honestas, embora elas
estejam fazendo o errado: isso é entre eles e o seu Criador. Mas nós, que
estamos sofrendo devido à conduta perniciosa deles, devemos destruí-los.
Temos certeza de que age por interesse. Sabemos quais eram seus
princípios originais. Aqueles que permitem que as suas paixões confundam
as distinções entre o certo e o errado, são criminosos. Eles podem estar
convencidos; mas eles não chegaram honestamente à sua convicção.”
Tendo sido mencionado, não sei com que verdade, que, uma certa
escritora política, ([353]) de cujas doutrinas ele não gostava, tinha
ultimamente dado de gostar muito de se vestir, sentar-se por horas a fio em
seu toalete, e até mesmo colocar ruge: - JOHNSON. “Ela é melhor
empregada em seu toalete, do que usando sua caneta. É melhor que ela
avermelhe as próprias bochechas, do que pintar de preto o caráter de outras
pessoas.”
Ele nos disse que “Addison escreveu artigos de Budgell no Spectator,
pelo menos os corrigiu tanto, que fez deles quase os seus próprios; e que
Draper, o sócio de Tonson, garantiu à Sra. Johnson, que o muito admirado
Epílogo à Mãe Aflita, que saiu em nome de Budgell, foi na realidade escrito
por Addison.”
“O modo de governo por um pode ser mal adaptado a uma sociedade
pequena, mas é o melhor para uma grande nação. A característica do nosso
próprio governo no momento é a imbecilidade. O magistrado não se atreve
a chamar os guardas, com medo de ser enforcado. Os guardas não virão, por
medo de serem entregues à fúria cega dos júris populares.”
Sobre o pai ([354]) de um dos nossos amigos, ele observou, “Ele nunca
esclareceu suas noções, filtrando-as através de outras mentes. Ele tinha um
canal em sua propriedade, onde em um lugar a margem era muito baixa. -
Eu cavei o canal mais profundo, disse ele.”
Ele disse-me que “há muito tempo, em 1748, ele tinha lido ‘ The Grave,
a Poem,’ ([355]), mas não gostei muito dele.” Eu discordei dele, pois embora
ele não seja igual por toda parte, e raramente é elegantemente correto, ele é
rico em pensamento solene e imagens poéticas fora do alcance comum. O
mundo tem se diferenciado dele; pois o poema passou por muitas edições, e
ainda é muito lido por pessoas de um padrão sério de espírito.
Uma senhora literata de grande fortuna ([356]) foi mencionada como
alguém que fez o bem a muitos, mas nem por isso ‘por discrição,’ e, em
vez de ‘corando ao encontrá-lo famoso’, agiu evidentemente por vaidade.
JOHNSON. “Eu não vi nenhum ser que faz tanto bem de beneficência
como ela faz, seja qual for o motivo. Se houver tal coisa sob a terra, ou nas
nuvens, eu gostaria que elas viessem para cima ou para baixo. O que Soame
Jenyns diz sobre este assunto não deve ser levado em conta; ele é uma
piada. Não, senhor; agir de pura benevolência não é possível para seres
finitos. Benevolência humana se confunde com vaidade, interesse, ou
algum outro motivo.”
Ele não me permitiria elogiar uma senhora ([357]), então em Bath;
observando, “Ela não ganha em cima de mim, Senhor; eu acho que ela tem
a cabeça vazia.” Ele era, na verdade, um crítico inflexível de caráteres e
costumes. Mesmo a Sra. Thrale não escapou sua repreensão amigável, às
vezes. Quando ele e eu estávamos um dia nos esforçando para verificar,
artigo por artigo, como um dos nossos amigos ([358]) poderia gastar tanto
dinheiro em sua família quanto ele nos disse que gastava, ela nos
interrompeu com uma tirada extravagante e animada, com a desculpa de
vestir seus filhos, descrevendo-o de uma forma muito ridícula e fantasiosa.
Johnson pareceu um pouco zangado, e disse: “Não, senhora, quando você
está declamando, declama; e quando você está calculando, calcula.” Em
outra ocasião, quando ela disse, talvez afetadamente, “eu não gosto de
voar.” JOHNSON. “Com suas asas, Senhora, você deve voar, mas tenha
cuidado, há tesouras no exterior.” Quão bem foi dito isso, e quão totalmente
a experiência demonstrou a verdade disso! Mas se eles não cortaram
bastante grosseiramente, e cortaram mais curto do que o necessário?
Um cavalheiro ([359]) expressou o desejo de ir morar três anos em
Otaheité ([360]), ou a Nova Zelândia, a fim de obter um conhecimento
completo das pessoas, tão totalmente diferentes de tudo o que já
conhecemos, e se satisfazer com o que a natureza pura pode fazer pelo
homem. JOHNSON. “O que você pode aprender, Senhor? O que os
selvagens podem dizer, a não ser o que eles mesmos já viram? Do passado,
ou do invisível, eles nada podem dizer. Os habitantes de Otaheité e Nova
Zelândia não estão em um estado de pura natureza; pois é claro que eles se
separaram de algum outro povo. Se eles tivessem crescido do chão, você
poderia ter julgado de um estado de pura natureza. Pessoas fantasiosas
podem falar de uma mitologia estando entre eles; mas ela deve ser
invenção. Eles já tiveram religião, que foi gradualmente enfraquecida. E o
que relato da religião deles, você pode supor seja aprendida com os
selvagens? Apenas considere, Senhor, nosso próprio estado: a nossa religião
está em um livro; temos uma ordem de homens cujo dever é ensiná-la;
temos um dia na semana reservado para ela, e este é, em geral, muito bem
respeitado: ainda assim pergunte aos primeiros dez homens brutos que você
encontrar, e ouça o que eles podem dizer de sua religião.”
Na segunda-feira, 29 de abril, ele e eu fizemos uma excursão a Bristol,
onde eu estava entretido em vê-lo perguntar sobre o local, sobre a
autenticidade da “Poesia de Rowley,” como eu o tinha visto perguntar sobre
o local sobre a autenticidade da “Poesia de Ossian.” George Catcot, o
fabricante de utensílios de estanho, que era tão zeloso por Rowley, como o
Dr. Hugh Blair era por Ossian, (eu espera que meu amigo Reverendo me
desculpe a comparação,) visitou-nos em nossa pousada, e com um ar
triunfante de simplicidade animada desafiou, “Farei do Dr. Johnson um
convertido.” O Dr. Johnson, ao seu desejo, leu em voz alta alguns dos
versos fabricados por Chatterton, enquanto Catcot se colocava contra o
encosto de sua cadeira, movendo-se como um pêndulo, e marcando o tempo
com os pés, e de vez em quando olhando para o rosto do Dr. Johnson,
imaginando se ele ainda não estava convencido. Visitamos o Sr. Barret, o
cirurgião, e vimos alguns dos originais, como eram chamados, que foram
executados muito artificialmente; mas a partir de uma inspeção cuidadosa
deles, e uma consideração das circunstâncias com que foram obtidos,
ficamos muito satisfeitos com a impostura, que, de fato, estava claramente
demonstrada a partir de provas internas, por vários críticos competentes.
([361])
O honesto Catcot parecia não prestar atenção alguma a quaisquer
objeções, mas insistia, como um fim de toda a controvérsia, que devíamos ir
com ele até a torre da igreja de St. Mary, em Redcliff, e ver com os nossos
próprios olhos a antiga arca em que foram encontrados os manuscritos.
Para isso, o Dr. Johnson concordou de bom grado; e embora preocupado
com a falta de respiração, esforçou-se acima de uma longa escadaria, até
que chegaram ao lugar onde a arca maravilhosa estava. “Ali, (disse Catcot,
com uma credulidade confiante e vívida), ali está a própria arca.” Depois
dessa demonstração ocular, nada mais havia a ser dito. Ele trouxe à minha
lembrança um escocês das terras altas, um homem erudito também, e que
tinham visto o mundo, atestando, e ao mesmo tempo dando suas razões para
a autenticidade de Fingal: - “Eu ouvi todo aquele poema quando era
jovem.”- “Você ouviu, senhor? Por favor, conte nos o que você ouviu?”-
“Eu ouvi Ossian, Oscar, e cada um deles.”
Johnson disse de Chatterton, “Este é o jovem mais extraordinário que
meu conhecimento encontrou. É maravilhoso como o jovem escreveu tais
coisas.”
Nós não estávamos de forma alguma satisfeitos com a nossa pousada em
Bristol. “Vejamos agora, (eu disse) como a descreveríamos.” Johnson
estava pronto com sua zombaria. “Descrevê-la, Senhor? - Ora, ela era tão
ruim que Boswell queria estar na Escócia!”
Depois do retorno do Dr. Johnson a Londres, fiquei várias vezes com ele
em sua casa, onde eu ocasionalmente dormia, no quarto que me fora
designado. Eu jantei com ele na casa do Dr. Taylor, na casa do General
Oglethorpe, e no restaurante do General Paoli. Para evitar uma tediosa
minuciosidade, agruparei o que preservei de sua conversa durante este
período, também, sem especificar cada cena onde se passou, com exceção
de uma, que será considerada tão notável quanto certamente merece um
relato muito particular. Quando o local ou as pessoas não contribuem para o
brilho da conversa, não é necessário onerar minha página mencionando-os.
Saber de que safra o nosso vinho é nos permite julgar o seu valor, e bebê-lo
com mais prazer, mas manter separado o produto de cada videira de um
vinhedo no mesmo ano, não teria qualquer utilidade. Saber que o nosso
vinho, (para usar uma frase de publicidade,) é “do estoque de uma
Embaixador recentemente falecido,” aumenta o seu sabor, mas nada
significa conhecer a caixa onde cada garrafa estava depositada.
“Garrick (ele observou), não desempenha bem o papel de Archer em The
Beaux Stratagem. O cavalheiro deveria fugir através do criado, que não é o
caso, como ele o faz.”
“Onde não há educação, como em países selvagens, os homens terão a
vantagem sobre as mulheres. Força física, sem dúvida, contribui para isso;
mas seria isso, exclusivamente isso; pois é a mente que sempre governa.
Quando se trata de entendimento puro, o homem tem o melhor.”
“Os pequenos volumes intitulados Respublicæ, que são muito bem
feitos, eram o trabalho de um livreiro.”
“Fala-se muito da miséria que causamos aos seres irracionais; mas eles
são recompensados pela existência. Se eles não fossem úteis ao homem, e,
portanto, protegidos por ele, eles não seriam quase tão numerosos.” Este
argumento pode ser encontrado na competente e benigna Filosofia Moral de
Hutchinson ([362]). Mas a questão é se os animais que sofrem tais
sofrimentos de vários tipos, para o serviço e entretenimento do homem,
aceitariam a existência sob as condições em que eles a têm. Madame
Sévigné, que, embora tivesse muitas alegrias, sentia com sensibilidade
delicada a prevalência da miséria, queixa-se de a tarefa da existência ter
sido imposta a ela sem o seu consentimento.
“Que o homem nunca é feliz para o presente é tão verdadeiro, que todo o
seu alívio da infelicidade é só esquecer-se por um tempo. A vida é um
progresso de necessidade em necessidade, não de prazer em prazer.”
“Apesar de muitos homens serem nominalmente encarregado da gestão
de hospitais e outras instituições públicas, quase todo o bem é feito por um
homem, por quem o resto é conduzido; devido à confiança nele, e a
indolência deles.”
“As Cartas ao seu Filho de Lord Chesterfield, eu acho, poderia ser um
livro muito bonito. Retirada a imoralidade, e ela devia ser colocada nas
mãos de cada jovem cavalheiro. Uma maneira elegante e facilidade de
comportamento são adquiridos gradual e imperceptivelmente. Ninguém
pode dizer ‘Eu serei gentil.’ Há dez mulheres gentis para um homem gentil,
porque eles são mais contidos. Um homem sem algum grau de restrição é
insuportável; mas todos somos menos contidos que as mulheres. Se uma
mulher sentada em um grupo de pessoas colocasse suas pernas diante dela
como a maioria dos homens o faz, ficaríamos tentados a chutá-las para
dentro.”
Nenhum homem era um observador mais atento e agradável de
comportamento em pessoas em cuja companhia ele estivesse, do que
Johnson; ou, por mais estranho que possa parecer para muitos, ele tinha
uma estimativa mais elevada de seus refinamentos. Lord Eliot me informa,
que um dia, quando Johnson e ele estavam no jantar na casa de um
cavalheiro em Londres, as Cartas de Lord Chesterfield sendo mencionadas,
Johnson surpreendeu o grupo com esta frase: “Todo homem de algum tipo
de educação preferiria ser chamado de um patife, a ser acusado de
deficiência nas graças.” O Sr. Gibbon, que estava presente, virou-se para
uma senhora ([363]) que conhecia Johnson bem, e convivia muito com ele, e
em sua maneira singular, batendo em sua caixa, dirigiu-se a ela assim:
“Você não acha, Senhora, (olhando para Johnson), que, entre todos os seus
conhecidos, você poderia encontrar uma exceção?” A senhora sorriu, e
pareceu concordar.
“Eu li (disse ele) as cartas de Sharpe sobre a Itália outra vez, quando eu
estava em Bath. Existe uma grande quantidade de material nelas.”
“A Sra. Williams estava zangada porque a família Thrale não enviava
regularmente a ela cada vez que eles recebiam minhas cartas enquanto eu
estava nas Hébridas. Pouca gente é apta a ter ciúmes, mas eles não
deveriam ser ciumentos; pois deviam considerar que a atenção superior
necessariamente será dada à fortuna ou posição superior. Duas pessoas
podem igual mérito, e por conta disso podem ter um direito igual à atenção;
mas um deles também pode ter fortuna e posição, e assim podem ter uma
reivindicação dupla.”
Falando de suas notas sobre Shakespeare, ele disse, “eu desprezo aqueles
que não veem que estou certo na passagem onde, como é repetido, e
‘jumentos de grande carga’ introduzido. Que em ‘Ser ou não ser,’ é
discutível.” ([364])
Um cavalheiro, ([365]) que encontrei sentado com ele certa manhã, disse
que em sua opinião o caráter de um infiel era mais detestável do que o de
um homem notoriamente culpado de um crime atroz. Eu discordei dele,
porque nós estamos mais seguros da odiosidade daquele, do que do erro do
outro. JOHNSON. “Senhor, eu concordo com ele; pois os infiéis seria
culpado de qualquer crime, se ele fosse inclinados a isso.”
“Muitas coisas que são falsas são transmitidas de livro para livro, e
ganham crédito no mundo. Uma delas é o clamor contra o mal do luxo.
Agora, a verdade é que o luxo produz muito bem. Tome o luxo de construir
em Londres. Não produz ele vantagem real na conveniência e elegância de
acomodação, e tudo isso devido ao esforço de diligência? As pessoas lhe
dirão, com um rosto triste, quantos construtores estão na prisão. É claro que
eles estão na prisão, e não por construir; pois alugueres não caíram. - Um
homem dá meio guinéu por um prato de ervilhas verdes. Quanta jardinagem
isso ocasiona? quantos trabalhadores a concorrência precisa, para ter essas
coisas logo no mercado, manter em emprego? Você vai ouvi-la dizer, muito
seriamente, ‘Por que não foi o meio-guinéu, assim gasto em luxo, dado aos
pobres? Para quantos ele poderia ter proporcionado uma boa refeição? ‘Ai!
não foi ele para os pobres trabalhadores, a quem é melhor sustentar senão
os pobres ociosos? Você é muito mais seguro de que você está fazendo o
bem quando paga dinheiro a aqueles que trabalham, como a devida
recompensa por seu trabalho, do que quando você dá dinheiro apenas por
caridade. Suponha que o antigo luxo de um prato de cérebros do pavão
fosse revivido, quantas carcaças seriam deixados aos pobres a um preço
barato? E quanto à celeuma que é criada sobre pessoas que são arruinadas
pela extravagância, não é assunto para a nação que algumas pessoas sofram.
Quando tanto esforço produtivo em geral é consequência de luxo, a nação
não se importa, embora existam devedores na prisão; pelo contrário, eles
não se importariam se seus credores lá estivessem também.”
A vivacidade incomum de espírito do general Oglethorpe, e a variedade
de conhecimento tendo, por vezes, feito a sua conversa parecer muito
desordenada, Johnson observou, “Oglethorpe, Senhor, nunca completa o
que tem a dizer.”
Ele, no mesmo relato fez uma observação semelhante sobre Patrick Lord
Elibank: “Senhor, não há nada conclusivo em sua conversa.”
Quando eu reclamei de ter jantado em uma mesa esplêndida ([366]) sem
ouvir uma frase da conversa digna de ser lembrada, ele disse, “Senhor,
raramente existe qualquer conversa ali.” BOSWELL. “Por que então reunir-
se à mesa?” JOHNSON. “Ora, para comer e beber juntos, e para promover
a gentileza; e, Senhor, isso é feito melhor quando não há conversa sólida;
pois quando há, as pessoas divergem em opiniões, ficam de mau humor, ou
algumas das pessoas do grupo que não são capazes de tal conversa, são
deixadas de fora, e sentem-se desconfortáveis. Foi por esta razão, disse Sir
Robert Walpole, ele sempre falava obscenidades à sua mesa, porque, disso
todos podiam participar.”
Estando irritado ao ouvir um cavalheiro ([367]) perguntar ao Sr. Levett
uma variedade de questões que lhe diziam respeito, quando ele estava
sentado ao lado, ele estourou, “Senhor, você tem apenas dois tópicos, você
e eu. Estou farto de ambos.” “Um homem, (disse ele) não deve falar de si
mesmo, nem muito de qualquer pessoa em particular. Ele deve tomar
cuidado de não se transformar em exemplo; e, portanto, deve evitar ter
qualquer tópico em que as pessoas possam dizer, ‘Vamos ouvi-lo sobre ele.’
Havia um Dr. Oldfield, que estava sempre falando do Duque de
Marlborough. Ele entrou em um café certo dia, e disse que sua Graça tinha
falado na Câmara dos Lordes por meia hora. ‘Ele realmente falou por meia
hora?’ (disse Belchier, o cirurgião,) - ’Sim.’- ‘E o que foi que ele disse do
Dr. Oldfield? ‘-’ Nada.’ – ‘Ora pois, então, Senhor, ele foi muito ingrato;
pois o Dr. Oldfield não poderia ter falado por um quarto de hora, sem dizer
algo dele.’”
“Todo homem deve tomar a existência nos termos em que ela lhe é dada.
Para alguns homens, é dada sob a condição de não tomar liberdades, que
outros homens podem tomar sem muito perigo. Um homem pode beber
vinho, e não ser nada pior para ele; a outro, o vinho pode ter efeitos tão
inflamatórios ao pondo de prejudicá-lo tanto em corpo quanto em mente e,
talvez, fazê-lo cometer algo pelo que ele pode merecer ser enforcado.”
“Os Anais da Escócia de Lord Hailes não têm aquela forma pintada, que
é o gosto dessa época; mas é um livro que sempre venderá, tem uma tal
estabilidade de datas, tal certeza dos fatos, e tal pontualidade de citação. Eu
nunca li a história escocesa com certeza.”
Perguntei-lhe se ele me aconselharia a ler a Bíblia com um comentário, e
quais comentários ele recomendaria. JOHNSON. “Para ter certeza, senhor,
eu gostaria que você lesse a Bíblia com um comentário; e eu recomendaria
Lowth e Patrick sobre o Antigo Testamento, e Hammond sobre o Novo.”
Durante a minha estada em Londres na Primavera deste ano, solicitei a
sua atenção para outro caso de direito, em que eu estava envolvido. No
decorrer de uma eleição contestada para o Condado de Dumfermline, que
eu participei como um dos advogados de meu amigo coronel (mais tarde Sir
Archibald) Campbell; um de seus agentes políticos, ([368]) que foi acusado de
ter sido infiel ao seu empregador, e tendo desertado para a parte contrária
por uma recompensa pecuniária - atacou muito grotescamente em um jornal
o Reverendo James Thomson, um dos pastores daquele lugar, por conta de
uma suposta alusão a ele em um de seus sermões. Diante disso, o pastor, em
um domingo subsequente, acusou-o pelo nome, do púlpito com alguma
gravidade; e o agente, após o sermão terminar, levantou-se e interpelou o
pastor em voz alta, “Que suborno ele havia recebido por dizer tantas
mentiras desde a cadeira de verdade.” Eu estava presente nesta cena muito
extraordinária. A pessoa denunciada, e seu pai e irmão, que também
tiveram uma participação tanto da reprovação desde o púlpito e, na
retaliação, intentaram uma ação contra o Sr. Thomson, no Tribunal de
Sessão, por difamação e danos, e eu era um dos advogados do réu
reverendo. A Liberdade do Púlpito era o nosso grande argumento de defesa;
mas nós também argumentamos sobre a provocação do ataque anterior, e
sobre a retaliação instantânea. O Tribunal de Sessão, no entanto, os quinze
Juízes, que são ao mesmo tempo o Júri, decidiram contra o ministro, ao
contrário de minha humilde opinião; e vários deles se manifestaram com
indignação contra ele. Ele era um senhor idoso, um ex-capelão militar, e um
homem de espírito e honra elevados. Johnson estava convencido de que o
julgamento estava errado, e me ditou a seguinte argumentação de refutação
a ele: -
“Da censura pronunciada desde o púlpito, a nossa determinação deve ser
formada, como em outros casos, por uma consideração da própria ação, e as
circunstâncias particulares com que ela é investida.
O direito de censura e repreensão parece necessariamente associado ao
ofício pastoral. Ele, a quem o cuidado de uma congregação é confiado, é
considerado como o pastor de um rebanho, como o professor de uma
escola, como o pai de uma família. Como um pastor cuidando não só de
suas ovelhas, mas as de seu mestre, ele é responsável por aqueles que se
afastam, e que se perdem por se afastar. Mas nenhum homem pode ser
responsável por perdas que ele não tem o poder de evitar, ou por vadiagem
que ele não tem autoridade para conter.
Como um professor dando aulas por salário, e passível de censura, se
aqueles a quem ele se compromete a informar atingem nenhuma
proficiência, ele deve ter o poder de fazer cumprir o comparecimento, de
despertar negligência, e reprimir contradição.
Como pai, ele possui a autoridade paterna de admoestação, repreensão e
punição. Ele não pode, sem reduzir seu ofício a um nome vazio, ser
impedido do exercício de qualquer prática necessária para estimular o
ocioso, reformar o viciado, censurar o petulante, e corrigir o teimoso.
Se investigamos a prática da Igreja primitiva, encontraremos, eu creio,
os ministros da palavra exercendo toda a autoridade dessa personagem
complicada. Nós os encontraremos não só incentivando o bem através de
exortação, mas aterrorizando os ímpios por meio de reprovação e denúncia.
Nos primeiros dias da Igreja, embora a religião ainda fosse livre das
vantagens seculares, a punição dos pecadores era a censura pública e a
penitência aberta; penalizações impostas apenas pela autoridade
eclesiástica, em um tempo em que Igreja ainda não tinha nenhuma ajuda do
poder civil; enquanto a mão do magistrado levantava apenas a vara da
perseguição; e quando governadores estavam prontos a proporcionar um
refúgio a todos aqueles que fugiam da autoridade clerical.
Que a Igreja, portanto, teve uma vez um poder de censura pública é
evidente, porque aquele poder foi exercido com frequência. Que ela não
emprestou seu poder da autoridade civil, é igualmente certo, porque a
autoridade civil era naquele momento sua inimiga.
A hora chegou, finalmente, quando, depois de trezentos anos de luta e
sofrimento, a Verdade tomou posse do poder imperial, e as leis civis
emprestaram sua ajuda às constituições eclesiásticas. O magistrado daquela
época colaborava com o sacerdote, e as sentenças clericais era tornadas
efetivas pela força secular. Mas o Estado, quando veio em auxílio da Igreja,
não tinha a intenção de diminuir a sua autoridade. Aqueles castigos e
aquelas censuras que eram legais antes, ainda eram legais. Mas eles tinham
até então operado somente mediante submissão voluntária. Os refratários e
desdenhosos não estavam primeiro em nenhum perigo de severidades
temporais, exceto o que eles podiam sofrer das reprovações de consciência,
ou o ódio de seus irmãos cristãos. Quando a religião obteve o apoio da lei,
se admoestações e censuras não tinham efeito, elas eram secundadas pelos
magistrados com coerção e punição.
Parece, portanto, a partir da história eclesiástica, que o direito de infligir
vergonha através de censura pública, sempre foi considerada como inerente
à Igreja; e que esse direito não foi conferido pelo poder civil; pois ele era
exercido quando o poder civil operava contra ele. Pelo poder civil, ele
nunca foi tirado; pois o magistrado cristão interpunha seu ofício, não para
salvar os pecadores da censura, mas para fornecer meios mais poderosos de
reforma; para adicionar dor onde a vergonha era insuficiente; e quando os
homens eram proclamados indigno da sociedade dos fiéis, para impedi-los
através de prisão de espalhar no exterior o contágio da maldade.
Não é improvável que a partir deste poder reconhecido de censura
pública, cresceu com o tempo a prática da confissão auricular. Aqueles que
temiam a explosão de repreensão pública, estavam dispostos a submeter-se
ao sacerdote, por uma acusação particular a si mesmos; e obter uma
reconciliação com a Igreja por meio de uma espécie de absolvição
clandestina e penitência invisível; condições com as quais o sacerdote em
tempos de ignorância e corrupção facilmente cumpriria, uma vez que
aumentaram a sua influência, adicionando o conhecimento de pecados
secretos ao de crimes notórios, e ampliaram sua autoridade, fazendo dele o
único árbitro dos termos de reconciliação.
Dessa escravidão a Reforma nos libertou. O ministro não tem mais poder
de pressionar para retiros de consciência, para nos torturar por
interrogatórios, ou colocar-se na posse de nossos segredos e nossas vidas.
Mas, ainda que nós tenhamos, assim, controlado suas usurpações, seu poder
original e justo permanece intacto. Ele ainda pode ver, embora ele não
possa bisbilhotar: ele ainda pode ouvir, embora ele não possa questionar. E
esse conhecimento que seus olhos e ouvidos forçam sobre ele ainda é o seu
dever usar, em benefício de seu rebanho. Um pai que mora perto de um
vizinho perverso, pode proibir um filho de frequentar sua companhia. Um
ministro que tem em sua congregação um homem de perversidade aberta e
escandalosa, pode aconselhar seus paroquianos a evitar sua conversa.
Aconselhá-los não é apenas legal, mas não os aconselhar seria criminoso.
Ele pode aconselhá-los individualmente em uma conversa amigável, ou por
meio de uma visita paroquial. Mas se ele pode avisar a cada homem
individualmente, o que o proibirá de avisá-los juntos? Daquilo que deve ser
dado a conhecer a todos, como há alguma diferença se é comunicado a cada
um individualmente, ou a todos juntos? O que é sabido por todos, deve ser
necessariamente público. Se ele será público de uma só vez, ou público
gradualmente é a única questão. E de uma publicação súbita e solene a
impressão é mais profunda, bem como a advertência mais eficaz.
Pode ser facilmente instado, se um ministro é assim, deixado em
liberdade para delatar pecadores a partir do púlpito, e publicar à vontade os
crimes de um paroquiano, ele pode muitas vezes explodir o inocente e
angustiar o tímido. Ele pode ser suspeito, e condenar sem provas; ele pode
ser ríspido, e julgar sem exame; ele pode ser severo e tratar pequenas
ofensas com rudeza excessiva; ele pode ser maligno e parcial, e satisfazer o
seu interesse particular ou ressentimento privado sob o abrigo de seu caráter
pastoral.
De tudo isso, há possibilidade, e de tudo isso, há perigo. Mas se a
possibilidade do mal é excluir o bem, nenhum bem sempre pode ser jamais
feito. Se nada deve ser tentado em que exista perigo, todos nós devemos
afundar na inatividade sem esperança. Os males que podem ser temidos
desta prática decorrem não de qualquer defeito na instituição, mas das
fraquezas da natureza humana. O poder, em qualquer mão que ele seja
colocado, será às vezes inadequadamente exercido; ainda assim os tribunais
devem julgar, embora às vezes julguem errado. Um pai deve instruir seus
filhos, embora a ele mesmo muitas vezes falte instrução. Um ministro deve
censurar pecadores, embora sua censura possa ser, por vezes errônea por
falta de julgamento, e às vezes injusta por falta de honestidade.
Se examinarmos as circunstâncias do presente caso, acharemos a
sentença nem errada, nem injusta; não encontraremos qualquer quebra de
confiança privada, nenhuma intrusão em operações secretas. O fato era
notório e incontestável; tão fácil de ser provado, que nenhuma prova era
desejada. O ato foi baixo e traiçoeiro, a perpetração insolente e aberta, e o
exemplo naturalmente perverso. O ministro, no entanto, sendo retirado e
recluso, ainda não tinha ouvido o que era de conhecimento público em toda
a paróquia; e na ocasião de uma eleição pública, avisou o seu povo, de
acordo com o seu dever, contra os crimes que as eleições públicas
frequentemente produzem. Sua advertência foi sentida por um de seus
paroquianos, como apontada particularmente contra si mesmo. Mas, em vez
de produzir, como seria de desejar, compunção privada e reforma imediata,
ela acendeu apenas raiva e ressentimento. Ele acusou seu ministro, em um
artigo público, de escândalo, difamação e falsidade. O ministro, assim
reprovado, teve seu próprio caráter a defender, do qual sua autoridade
pastoral precisa, necessariamente, depender. Ser acusado de uma mentira
difamatória é uma lesão que nenhum homem suporta pacientemente na vida
comum. Ser acusado de poluir o ofício pastoral com escândalo e falsidade,
era uma violação de caráter ainda mais atroz, pois ela afetava não só a sua
veracidade pessoal, mas a sua veracidade clerical. Sua indignação
naturalmente aumentou em proporção à sua honestidade, e com toda a
fortaleza da honestidade ferida, ele desafiou este caluniador na igreja, e ao
mesmo tempo exonerou-se de censura, e resgatou seu rebanho do engano e
do perigo. O homem a quem ele acusa finge não ser inocente; ou, pelo
menos, apenas finge; pois ele recusa um julgamento. O crime de que ele é
acusado tem oportunidades frequentes e fortes tentações. Já se espalhou
muito, com muita depravação dos costumes particulares, e muito prejuízo
para a felicidade pública. Alertar as pessoas, portanto, contra isso não era
arbitrário e impertinente, mas necessário e pastoral.
Qual é, então, a culpa com que esse digno ministro é acusado? Ele não
usurpou domínio sobre a consciência. Ele não exerceu nenhuma autoridade
em apoio a opiniões duvidosas e controversas. Ele não se arrastou para a luz
um pecador tímido e corrigível. Sua censura foi dirigida contra uma
violação da moralidade, contra um ato que nenhum homem justifica. O
homem que se apropriou desta censura para si mesmo, é evidente e
notoriamente culpado. Sua consciência de sua própria maldade o incitou a
atacar seu fiel reprovador com insolência aberta e acusações impressas. Tal
ataque tornou a defesa necessária; e nós esperamos que seja finalmente
decidido que os meios de defesa foram justos e legais.”
Quando li isso ao Sr. Burke, ele ficou muito satisfeito, e exclamou:
“Bem; ele faz o seu trabalho como um operário.” ([369])
O Sr. Thomson quis levar o caso a recurso perante a Câmara dos Lordes,
mas foi dissuadido pelo conselho da nobre pessoa que recentemente
presidiu tão habilmente aquela Honorabilíssima Casa, e que era então
Procurador-Geral. Como meus leitores, sem dúvida, ficarão felizes também
em ler a opinião desse homem eminente sobre o mesmo assunto, vou inseri-
la aqui.
Caso,
“Fica por meio deste colocado diante de vocês,
1. Petição para o reverendo Sr. James Thomson, ministro de
Dumfermline.
2. Respostas à mesma.
3. Cópia do acórdão do Tribunal de Sessão sobre ambos.
4. Notas das opiniões dos Juízes, sendo as razões sobre as
quais o decreto deles é baseado.
Esses papéis que vocês, por favor, vão ler, e dar a sua opinião,
‘Se há uma probabilidade de o decreto acima, do Tribunal de Sessão ser
revertido, se o Sr. Thomson deve apelar do mesmo?’
Eu não acho o apelo aconselhável: não só porque o valor da sentença não
é de forma alguma adequado aos custos; mas porque há muitas chances, de
que, com a complexidade geral do caso, a impressão seja tomada em
detrimento da recorrente.
É impossível aprovar o estilo daquele sermão. Mas a queixa não foi
menos desagradável daquele homem, que se comportou tão mal por sua
calúnia original e, na época, quando ele recebeu a reprovação de que ele
reclama. No último artigo, todos os autores são igualmente afetados.
Pareceu-me também com algum espanto, que os juízes devessem pensar
com tanto fervor adequado à ocasião de reprovar o réu por um pouco de
excesso.
Sobre o assunto, no entanto, eu concordo com eles em condenar o
comportamento do ministro; e em pensar que é um assunto adequado para
censura eclesiástica; e até mesmo para uma ação, se qualquer indivíduo
pudesse qualificar ([370]) um erro, e um dano dele decorrente. Mas isso eu
duvido. A circunstância de publicar a reprovação em um púlpito, embora
extremamente indecente, e culpável de outro ponto de vista, não constitui
um tipo diferente de erro, ou de qualquer outra regra de direito, que teria
obtido, se as mesmas palavras tivessem sido pronunciadas em outro lugar.
Eu não sei, se há alguma diferença na lei da Escócia, na definição de
calúnia, diante dos Comissários, ou o Tribunal de Sessão. A lei comum da
Inglaterra não permite ações para cada palavra de reprovação. Uma ação
não pode ser proposta por danos gerais, sobre quaisquer palavras que
importam menos do que uma ofensa cognoscível pela lei;
consequentemente nenhuma ação poderia ter sido proposta aqui para as
palavras em questão. Ambas as leis admitem a verdade como justificação
em ações por palavras; e a lei da Inglaterra faz o mesmo em ações por
calúnias. O julgamento, portanto, parece-me ter sido errado, na medida que
o Tribunal repeliu aquela defesa.
E. THURLOW.”
Agora devo registrar um incidente muito curioso na vida do Dr. Johnson,
que caiu sob a minha própria observação; dos quais pars magna fui, e que
estou convencido, com a mentalidade liberal, será muito mais ao seu
crédito.
Meu desejo de me familiarizar com os homens célebres de todos os
tipos, me fez, mais ou menos ao mesmo tempo, obter uma apresentação ao
Dr. Samuel Johnson e a John Wilkes, Esq. Dois homens mais diferente não
poderiam, talvez, ser selecionado entre toda a humanidade. Eles tinham
ainda se atacado com alguma aspereza em seus escritos; ainda assim eu
vivia em hábitos de amizade com ambos. Eu poderia saborear plenamente a
excelência de cada um; pois que eu já havia me encantado naquela química
intelectual, que pode separar as boas qualidades do mal na mesma pessoa.
Sir John Pringle, “meu próprio amigo e amigo de meu pai,” entre quem e
o Dr. Johnson, eu em vão desejei estabelecer um conhecimento, pois eu
respeitava e vivia na intimidade com ambos, observou a mim uma vez,
muito engenhosamente. “Não é na amizade como na matemática, onde duas
coisas, cada uma igual a uma terceira são iguais entre si. Você concorda
com Johnson como uma qualidade média, e você concorda comigo como
uma qualidade média; mas Johnson e eu não concordaríamos.” Sir John não
era suficientemente flexível; então eu desisti; sabendo, de fato, que a
repulsão era igualmente forte da parte de Johnson; que, não sei por que
motivo, a menos que fosse o fato de ser um escocês, tinha formado uma
opinião muito errada de Sir John. Mas eu concebi um desejo irresistível, se
possível, de reunir o Dr. Johnson e o Sr. Wilkes. Como administrá-la, era
um assunto agradável e difícil.
Meus dignos livreiros e amigos, senhores Dilly no Poultry, em cuja
hospitaleira e boa mesa eu vi um grande número de homens de letras, do
que em qualquer outra, exceto a de Sir Joshua Reynolds, tinham me
convidado para conhecer o Sr. Wilkes e alguns outros cavalheiros na quarta-
feira, 15 de maio. “Eu vos peço (eu disse), vamos ter o Dr. Johnson.”- “O
que, com o Sr. Wilkes? não para o mundo, (disse o Sr. Edward Dilly:) o Dr.
Johnson nunca iria me perdoar.” – “Vamos lá, (disse eu) se você me deixará
negociar por você, eu serei responsável por que todos vão bem.” DILLY.
“Não, se você aceitar, tenho certeza que ficarei muito feliz em vê-los aqui.”
Não obstante a elevada veneração que eu tinha pelo Dr. Johnson, eu era
sensível que ele era às vezes um pouco influenciado pelo espírito de
contradição, e por meio do que eu esperava ganhar o meu ponto. Eu estava
convencido de que, se eu tivesse de vir a ele com uma proposta direta,
“Senhor, você jantará na companhia de Jack Wilkes?” Ele teria voado em
uma paixão, e provavelmente teria respondido, “Jante com Jack Wilkes,
Senhor! Eu, logo jantarei com Jack Ketch.” ([371]) Por isso, enquanto
estávamos sentados em silêncio sozinhos em sua casa em uma noite, teve a
oportunidade de abrir meu plano assim: - “O Sr. Dilly, Senhor, envia seus
respeitosos cumprimentos a você, e ficaria feliz se você lhe desse a honra
de jantar com ele na quarta-feira seguinte junto comigo, pois eu devo em
breve ir à Escócia.” JOHNSON. “Senhor, eu fico obrigado ao Sr. Dilly. Eu
esperarei por ele”. BOSWELL. “Desde que, Senhor, eu suponho, a
companhia que ele deve ter, seja agradável para você.” JOHNSON. “O que
você quer dizer, Senhor? Por quem você me toma? Você acha que eu sou
tão ignorante do mundo, a ponto de imaginar que eu devo prescrever a um
cavalheiro que companhia ele deve ter à sua mesa?” BOSWELL. “Peço seu
perdão, Senhor, por querer impedi-lo de conhecer pessoas de quem você
pode não gostar. Talvez ele possa ter um pouco do que ele chama seus
amigos patrióticos com ele.” JOHNSON. “Bem, senhor, e que então? O
que tenho eu a ver com os seus amigos patrióticos? Poh!” BOSWELL. “Eu
não ficaria surpreso ao encontrar Jack Wilkes lá.” JOHNSON. “E se Jack
Wilkes deveria estar lá, o que é isso para mim, Senhor? Meu caro amigo,
não tenhamos mais disto. Lamento ficar zangado com você; mas realmente
está me tratando de maneira estranha ao falar comigo como se eu não
pudesse encontrar qualquer outra pessoa ocasionalmente.” BOSWELL.
“Eu lhe peço que me perdoe, Senhor: eu lhe quis bem. Mas você encontrará
quem quer que venha, por mim.” Assim, eu lhe garanti, e disse a Dilly que
ele o encontraria muito contente em ser um dos seus convidados no dia
marcado.
Na muito esperada quarta-feira, eu o visitei cerca de meia hora antes do
jantar, como sempre fazia quando devíamos jantar juntos, para ver que ele
estava pronto a tempo, e acompanhá-lo. Encontrei-o esmurrando seus
livros, como acontecera em uma ocasião anterior, ([372]) coberto de poeira, e
não fazendo qualquer preparação para sair. “Como é, Senhor? (eu disse.)
Você não se lembra de que deve jantar na casa do Sr. Dilly?” JOHNSON.
“Senhor, eu não penso em ir à casa de Dilly: saiu de minha cabeça. Pedi o
jantar em casa com a Sra. Williams.” BOSWELL. “Mas, meu caro senhor,
você sabe que você estava comprometido com o Sr. Dilly, e eu disse isso a
ele. Ele esperará você, e ficará muito decepcionado se você não vier.”
JOHNSON. “Você precisa falar com a Sra. Williams sobre isso.”
Aqui estava um triste dilema. Eu temia que o que eu estava tão confiante
de ter assegurado ainda seria frustrado. Ele tinha se acostumado a mostrar à
Sra. Williams um tal grau de atenção humana, que frequentemente impunha
alguma restrição a ele; e eu sabia que se ela se mostrasse obstinada, ele não
se mexeria. Apressei-me escadas abaixo até o quarto da senhora cega, e lhe
disse que estava em grande inquietação, pois o Dr. Johnson havia se
comprometido comigo para jantar neste dia na casa do Sr. Dilly, mas que
ele havia me dito que tinha se esquecido de seu compromisso, e tinha
pedido jantar em casa. “Sim, Senhor, (disse ela, bastante irritada,) o Dr.
Johnson deve jantar em casa.” – “Senhora, (eu disse) o respeito dele por
você é tamanho, que eu sei que ele não vai deixá-la a menos que você
absolutamente o deseje. Mas como você tem tanto de sua companhia, eu
espero que você seja boa o suficiente para renunciar a ele por um dia; como
o Sr. Dilly é um homem muito digno, tem frequentemente promovido festas
agradáveis em sua casa para o Dr. Johnson, e ficaria envergonhado se o
Doutor o negligenciasse hoje. E então, Senhora, por favor considere a
minha situação; eu levei a mensagem, e eu assegurei ao Sr. Dilly que o Dr.
Johnson deveria vir, e sem dúvida ele fez um jantar e convidou pessoas, e se
vangloriou da honra que ele esperava ter. Eu ficarei bastante desgraçado, se
o doutor não estiver lá.” Ela gradualmente cedeu às minhas solicitações,
que eram certamente tão sérias quanto a maioria das súplicas às senhoras
em qualquer ocasião, e fiquei graciosamente satisfeito em poder dizer ao
Dr. Johnson, “Que todas as coisas consideradas, ela achava que ele
certamente deveria ir.” Eu voei de volta a ele, ainda no meio do pó, e
descuidado do que deveria ser o caso, “indiferente em sua escolha de ir ou
ficar,” mas, logo que eu anunciei a ele o consentimento da Sra. Williams,
ele rugiu, “Frank, uma camisa limpa,” e muito rapidamente se vestiu.
Quando eu o tive bem sentado em um coche de aluguel comigo, eu exultei
tanto quanto um caçador de dotes que conseguiu uma herdeira em uma
carruagem com ele para partir para Gretna-Green. ([373])
Quando entramos na sala de visitas do Sr. Dilly, ele se viu no meio de
pessoas que não conhecia. Eu me mantive confortável e silencioso,
observando como ele iria se conduzir. Observei-o sussurrando ao Sr. Dilly,
“Quem é esse cavalheiro, Senhor?” – “Sr. Arthur Lee.” – JOHNSON. “Tu,
tu, tu,” (em voz baixa), que era um dos seus resmungos habituais. O Sr.
Arthur Lee não poderia deixar de ser muito desagradável para Johnson, pois
ele não era apenas um patriota, mas um americano. Ele foi mais tarde
ministro dos Estados Unidos na corte de Madrid. “E quem é o senhor
vestido de rendas” – “Sr. Wilkes, Senhor.” Esta informação o confundiu
ainda mais; ele tinha um pouco de dificuldade de se conter, e tomando um
livro, sentou-se diante de uma janela e leu, ou, pelo menos, manteve os
olhos sobre ele atentamente por algum tempo, até que se recompôs. Seus
sentimentos, atrevo-me a dizer, eram suficientemente estranhos. Mas ele,
sem dúvida, se lembrava de ter me repreendido por supor que ele poderia
estar desconcertados por qualquer companhia, e ele, portanto, resolutamente
pôs-se a se comportar bastante como um homem fácil do mundo, que
poderia adaptar-se imediatamente à disposição e costumes daqueles a quem
ele poderia ter a oportunidade de conhecer.
O som de aplausos de “O jantar está sobre a mesa,” dissolveu seu
devaneio, e todos nós nos sentamos sem qualquer sintoma de mau humor.
Estavam presentes, além do Sr. Wilkes, e do Sr. Arthur Lee, que era um
velho companheiro meu quando estudava medicina em Edimburgo, o Sr.
(agora Sir John) Miller, o Dr. Lettsom e o Sr. Slater o farmacêutico. O Sr.
Wilkes colocou-se ao lado do Dr. Johnson, e se comportou com ele com
tanta atenção e cortesia, que o ganhou sem sentir. Ninguém comia mais
vivamente do que Johnson, ou amava melhor o que era bom e delicado. O
Sr. Wilkes era muito assíduo em ajudá-lo a alguma vitela boa. “Por favor,
deixai-me, Senhor: - É melhor aqui - Um pouco do marrom - Alguma
gordura, Senhor - Um pouco do recheio - Algum molho - Deixe-me ter o
prazer de lhe dar um pouco de manteiga - Permita-me recomendar uma
espremida dessa laranja; - ou o limão, talvez, possa ter mais sabor.” –
“Senhor, Senhor, eu lhe sou obrigado, Senhor,” gritou Johnson, curvando-
se, e virando sua cabeça para ele com um olhar por algum tempo de ‘virtude
ranzinza’, ([374]), mas, em pouco tempo, de complacência.
Foote sendo mencionado, Johnson disse: “Ele não é um bom Mímico.”
Alguém do grupo ([375]) acrescentou, “Um truão Andrew, um bufão.”
JOHNSON. “Mas ele tem inteligência também, e não é deficiente em
ideias, ou na fertilidade e variedade de imagens, e não é vazio de leitura; ele
tem conhecimento suficiente para preencher o seu papel. Uma espécie de
inteligência ele tem em um grau eminente, a de escapar. Você o leva para
um canto com as duas mãos; mas ele se foi, Senhor, quando você pensa que
o tem - como um animal que salta sobre sua cabeça. Então, ele tem um
grande alcance para sua sagacidade; ele nunca deixa a verdade se interpor
entre ele e uma brincadeira, e ele às vezes é poderosamente grosseiro.
Garrick está sob muitas restrições das quais Foote está livre.” WILKES. “A
sagacidade de Garrick é mais como a de Lord Chesterfield.” JOHNSON.
“A primeira vez que eu estive em companhia de Foote foi na casa de
Fitzherbert. Não tendo nenhuma boa opinião sobre o sujeito, eu estava
decidido a não ficar satisfeito; e é muito difícil agradar um homem contra a
sua vontade. Eu continuei a comer o meu jantar de muito mau humor,
fingindo não me importar com ele. Mas o cachorro era tão cômico, que fui
obrigado a depor minha faca e garfo, recostar-me na minha cadeira, e rir
bastante rir. Não, senhor, ele era irresistível. ([376]) Ele, em certa ocasião.
experimentou em um grau extraordinário a eficácia de seus poderes de
entretenimento. Entre os muitos e diversos modos que ele tentou de ganhar
dinheiro, ele se tornou um sócio em uma cervejaria pequena, e ele devia ter
uma parte dos lucros por conseguir clientes, entre seus numerosos
conhecidos. Fitzherbert foi um dos que tomaram sua pequena cerveja; mas
era tão ruim que os empregados resolveram não beber. Eles estavam meio
perdidos sobre como informar sobre sua resolução, com medo de ofender
seu patrão, que eles sabiam que gostava muito de Foote como companheiro.
Por fim, eles se concentraram em um menino negro, que era bastante
favorito, para ser o representante deles, e comunicar o seu protesto; e
investido com toda a autoridade da cozinha, ele foi informar o Sr.
Fitzherbert, em nome de todos, em um certo dia, que eles não mais iriam
beber a pequena cerveja de Foote. Naquele dia, aconteceu de Foote jantar
na casa de Fitzherbert, e este rapaz servia à mesa; ele era tão encantado com
as histórias, a alegria, e as caretas de Foote, que quando ele desceu escadas,
ele lhes disse: ‘Este é o melhor homem que eu já vi. Eu não vou entregar
sua mensagem. Eu vou beber a sua cervejinha.’”
Alguém observou que Garrick não poderia ter feito isso. WILKES.
“Garrick teria feito a cervejinha ainda menor. Ele agora está saindo do
palco; mas ele vai representar Scrub toda a sua vida.” Eu sabia que Johnson
não deixaria ninguém atacar Garrick, a não ser ele mesmo, pois Garrick
uma vez me disse, e eu o tinha ouvido elogiar sua liberalidade; então para
expressar seu elogio de seu célebre pupilo, eu disse, em voz alta, “Eu ouvi
dizer que Garrick é liberal.” JOHNSON. “Sim, Senhor, eu sei que Garrick
distribuiu mais dinheiro do que qualquer homem na Inglaterra que eu
conheço, e não a partir de pontos de vista de ostentação. Garrick era muito
pobre, quando começou a vida; então, quando veio a ter dinheiro, ele
provavelmente foi muito inábil em doar, e economizou quando não deveria.
Mas Garrick começou a ser liberal, logo que pôde; e eu sou de opinião que
a reputação da avareza que ele tinha, foi muita sorte para ele, e o impediu
de ter muitos inimigos. Você despreza um homem por avareza, mas não o
odeia. Garrick poderia ter sido muito melhor atacado por viver com mais
esplendor do que é adequado para um ator: se eles tivessem tido o bom
senso de tê-lo agredido nessa área, eles poderiam tê-lo irritado mais. Mas
eles continuaram clamando sobre sua avareza, que o resgatou de muito
descrédito e inveja.”
Falando da grande dificuldade de obter informação autêntica para
biografia, Johnson nos disse “Quando eu era jovem queria escrever a Vida
de Dryden, e, a fim de obter materiais, solicitei às duas únicas pessoas então
vivas que o viram; estes eram o velho Swinney, e o velho Cibber. As
informações de Swinney não eram mais do que isso, ‘Que no café de Will,
Dryden tinha uma cadeira especial para ele, que era colocada perto da
lareira no inverno, e era então chamada de cadeira do inverno; e que era
carregada para fora, na varanda no verão, e era então chamada sua cadeira
de verão.’ Cibber não podia dizer mais, mas ‘Que ele se lembrava se dele
como um velho decente, árbitro de disputas críticas no café de Will.’ Você
deve considerar que Cibber estava então a uma grande distância de Dryden,
talvez tivesse só um pé na sala, e não ousava colocar o outro.” BOSWELL.
“Ainda assim, era Cibber um homem de observação?” JOHNSON. “Acho
que não.” BOSWELL. “Você há de admitir que sua Apologia foi bem
feita.” JOHNSON. “Muito bem feita, com certeza, Senhor. Esse livro é uma
prova impressionante da justiça de observação de Pope:
‘Cada um pode comandar suas diferentes províncias bem,
mas todos se curvam ao que eles entendem.’”
BOSWELL. “E suas peças são boas.” JOHNSON. “Sim; mas esse era o
seu comércio; l'esprit du corps: ele tinha estado toda a sua vida entre atores
e escritores de peças de teatro. Eu me admirava que tivesse tão pouco a
dizer em uma conversa, pois ele tinha tido a melhor companhia, e aprendido
tudo o que pode ser obtido pelo ouvido. Ele xingou Píndaro para mim, e
então mostrou-me uma Ode de sua autoria, com um dístico absurdo,
fazendo um pintarroxo subir na asa de uma águia. ([377]) Eu disse a ele que,
quando os antigos faziam uma comparação, eles sempre faziam isso como
algo real.”
O Sr. Wilkes observou, que “entre todos os voos ousados da imaginação
de Shakespeare, o mais ousado foi fazer Birnamwood marchar para
Dunsinane; criar um bosque, onde nunca houve um arbusto; uma floresta na
Escócia! ha! ha! ha!” E ele também observou, que “a escravidão de clãs das
Terras Altas da Escócia foi a única exceção à observação de Milton de que
‘A Ninfa da Montanha, doce Liberdade,’ sendo adorada em todos os países
montanhosos.”- “Quando eu estava em Inverary (disse ele) em uma visita
ao meu velho amigo, Archibald, Duque de Argyle, seus dependentes
felicitaram-me por ser um dos favoritos de sua Graça. Eu disse: ‘É então,
senhores, verdadeiramente uma sorte para mim; porque, se eu tivesse
contrariado o Duque, e ele desejasse, não há um Campbell entre vós que
não estivesse pronto a trazer a cabeça de John Wilkes a ele em uma bandeja.
Teria sido apenas
Fora com sua cabeça! O mesmo vale para Aylesbury.’
Eu era então membro em favor de Aylesbury.”
“O Dr. Johnson e o Sr. Wilkes falaram do trecho contestados em Arte da
Poesia de Horácio,” Difficile est proprie Communia dicere.” O Sr. Wilkes
de acordo com a minha nota, deu a interpretação assim; “É difícil falar com
propriedade de coisas comuns; pois, se um poeta tinha de falar da rainha
Caroline bebendo chá, ele deve esforçar-se para evitar a vulgaridade de
xícaras e pires.” Mas ao ler o meu recado, ele me diz que ele quis dizer, que
“a palavra communia, sendo um termo de direito romano, significa aqui as
coisas communis juris, ou seja, o que nunca foi tratado por ninguém; e isso
aparece claramente do que se seguiu,
’ - Tuque
rectius Iliacum carmen deducis em actus,
quam si proferres ignota indictaque primus.’
Você fará mais facilmente uma tragédia baseada na Ilíada do que sobre
qualquer assunto não tratado antes.” ([378]) JOHNSON. “Ele quer dizer que é
difícil se apropriar das qualidades de determinadas pessoas que são comuns
a toda a humanidade, como fez Homero.”
Wilkes. “Nós não temos nenhum Poeta da Cidade hoje: este é um ofício
que entrou em desuso. O último foi Elkanah Settle. ([379]) Há algo em nomes
que não se pode deixar de sentir. Agora, Elkanah Settle soa tão estranho,
quem pode esperar muito desse nome? Não devemos ter nenhuma hesitação
em atribui-lo a John Dryden, em detrimento de Elkanah Settle, somente a
partir dos nomes, sem conhecer seus diferentes méritos.” JOHNSON. “Eu
acho, Senhor, que Settle foi tão bom quanto Aldermen em sua época, assim
como John Home pode ser hoje. Onde Beckford e Trecothick aprenderam
inglês?”
O Sr. Arthur Lee mencionou alguns escoceses que haviam tomado posse
de uma parte árida da América, e se perguntava por que eles a escolheriam.
JOHNSON. “Ora, Senhor, toda a esterilidade é relativa. Os escoceses não
saberiam que ela era estéril.” BOSWELL. “Ora, Ora, ele está lisonjeando os
ingleses. Você já esteve na Escócia, Senhor, e diga se você não viu carne e
bebida suficiente lá.” JOHNSON. “Ora sim, senhor; carne e bebida
suficiente para dar aos habitantes força suficiente para fugir de casa.” Todas
estas tiradas rápidas e animadas eram ditas esportivamente, bastante em tom
de brincadeira, e com um sorriso, que mostrava que ele quis apenas dizer
espirituosidades. Sobre este tópico, ele e o Sr. Wilkes poderiam
perfeitamente assemelhar-se; aqui estava um elo de união entre eles, e eu
estava consciente de que à medida que ambos tinham visitado a Caledonia,
ambos estavam totalmente satisfeito com a estranha ignorância estreita
daqueles que imaginam que é uma terra de fome. Mas eles se divertiram em
perseverar nas velhas piadas. Quando eu reivindiquei uma superioridade
para a Escócia sobre a Inglaterra em um aspecto, de que nenhum homem
pode ser preso lá por uma dívida simplesmente porque outro jura contra ele;
mas primeiro deve haver o julgamento de um tribunal de justiça
determinando sua justiça; e que a apreensão da pessoa, antes de obter o
julgamento, só pode ocorrer se o credor jurar que ele está prestes a fugir do
país, ou, como é tecnicamente expresso, está em meditatione fugæ:
WILKES. “Isso, eu acharia, pode ser seguramente jurado de toda a nação
escocesa.” JOHNSON. (ao Sr. Wilkes,) “Você deve saber, Senhor, eu
recentemente levei meu amigo Boswell e mostrei-lhe uma vida
verdadeiramente civilizada em uma cidade provincial inglesa. Eu o soltei
em Lichfield, minha cidade natal, para que pudesse ver, uma vez a
verdadeira civilidade: pois você sabe que ele vive entre os selvagens da
Escócia, e entre dissolutos em Londres.” WILKES. “Exceto quando ele está
com pessoas sérias, sóbrias, decentes como você e eu.” JOHNSON.
(Sorrindo,) “E nós com vergonha dele.”
Eles foram bastante francos e fáceis. Johnson contou a história dele
pedindo à Senhora Macaulay que permitisse ao seu criado sentar-se com
eles, para provar o ridículo do argumento em favor da igualdade da
humanidade; e ele disse-me mais tarde, com um aceno de satisfação, “Você
viu que o Sr. Wilkes concordou.” Wilkes falou com toda a liberdade que se
possa imaginar do título ridículo dado ao Procurador-Geral, Diabolus Regis;
acrescentando: “Tenho razões para saber algo sobre aquele oficial; pois fui
processado por calúnia.” Johnson, que muitas pessoas suporiam teria ficado
furioso ao ouvir isso falado de forma tão leve, não disse uma palavra. Ele
era agora, na verdade, “um sujeito bem-humorado.”
Após o jantar, tivemos uma adesão da Sra. Knowles, a senhora Quaker,
conhecida por seus vários talentos, e do Sr. Vereador Lee. Em meio a alguns
gemidos patrióticos, alguém (acho que o Vereador) disse: “A pobre e velha
Inglaterra está perdida.” JOHNSON. “Senhor, não é tanta coisa se lamentar
que a Velha Inglaterra esteja perdida, quanto que os escoceses a
encontraram.” ([380]) WILKES. “Tivesse Lord Bute governado somente a
Escócia, eu não teria me dado o trabalho de escrever sua elegia, e dedicar
Mortimer a ele.”
O Sr. Wilkes segurou uma vela para mostrar uma boa impressão de uma
figura feminina bela pendurada na sala, e apontou o contorno elegante do
peito com o dedo de um conhecedor de arco. Ele mais tarde, em uma
conversa comigo, insistiu divertidamente, que todo o tempo Johnson
apresentava sinais visíveis de uma admiração fervorosa dos encantos
correspondentes da bela Quaker.
Esse registro, embora de forma alguma tão perfeito quanto eu poderia
desejar, servirá para dar uma noção de uma entrevista muito curiosa, que
não foi apenas agradável na época, mas que teve o efeito agradável e
benigno de conciliar qualquer animosidade, e adoçar qualquer acidez, que
nas várias agitações da disputa política, tinha sido produzido na mente dos
dois homens, que apesar de muito diferentes, tinham tantas coisas em
comum - educação clássica, literatura moderna, sagacidade e humor, e
inteligentes réplicas prontas - que teria sido muito lamentável se eles
ficassem para sempre distantes um do outro.
O Sr. Burke me deu muito crédito por esta negociação bem-sucedida; e
agradavelmente disse que “não havia nada igual a isso em toda a história do
Corps Diplomatique.”
Eu fui à casa do Dr. Johnson, e tive a satisfação de ouvi-lo dizer à Sra.
Williams o quanto ele havia ficado satisfeito com a companhia do Sr.
Wilkes, e quão agradável fora o dia que ele tinha passado.
Conversei bastante com ele sobre a célebre Margaret Caroline Rudd, a
quem eu tinha visitado, induzido pela fama de seus talentos, discurso e
irresistível poder de fascínio. Para uma senhora que desaprovou minha
visita a ela, ele disse em uma ocasião anterior, “Não, Senhora, Boswell está
certo; eu deveria tê-la visitado eu mesmo, se não fosse o fato de que eles
têm agora um truque de colocar tudo nos jornais.” Esta noite, ele exclamou,
“eu invejo sua familiaridade com a Sra. Rudd.”
Eu mencionei um esquema que eu tinha de fazer uma excursão à Ilha de
Man, e fazer um relato completo dela; e que o Sr. Burke tinha sugerido por
brincadeira como um lema,
“O estudo apropriado da humanidade é MAN.”
JOHNSON. “Sir, você terá mais pelo livro do que o passeio lhe vai
custar; assim você terá a sua diversão sem custo, e aumentará sua
reputação.”
“Na noite do dia seguinte, eu me despedi, estando de volta à Escócia.
Agradeci-lhe com grande entusiasmo por toda a sua bondade. “Senhor,
(disse ele) muito, muito obrigado. Ninguém paga isso com mais.”
Quão falsa é a noção que tem dado a volta ao mundo das maneiras rudes
e apaixonadas e duras deste grande e bom homem. Que ele tinha tiradas
ocasionais de calor de temperamento, e que ele era, às vezes, talvez,
‘facilmente provocado’ demais pelo absurdo e loucura, e, por vezes,
demasiado desejoso de triunfo na competição coloquial, deve-se admitir. A
rapidez de sua percepção e sensibilidade o predispunham a explosões
repentinas de sátira; a que sua prontidão extraordinária de sagacidade era
um estímulo forte e quase irresistível. Para adotar uma das imagens as mais
finas em Douglas do Sr. Home,
“Em cada olhar de pensamento
A decisão seguia como o trovão
se segue ao raio!”
Eu admito que o bedel dentro dele estava muitas vezes tão ansioso para
aplicar o chicote, que o Juiz não tinha tempo para analisar o caso com a
deliberação suficiente.
Que ele era ocasionalmente notável pela violência de temperamento
pode ser admitido: mas vamos definir o grau, e não deixar supor que ele
estava em raiva perpétua, e nunca ficava sem um porrete em sua mão, para
derrubar todos aqueles que se aproximavam ele. Pelo contrário, a verdade é
que na maior parte de seu tempo, ele era civilizado, obrigado, ou melhor,
educado no verdadeiro sentido da palavra; tanto assim, que muitos
cavalheiros familiarizados com ele há muito tempo, nunca receberam, ou
mesmo ouviram dele um expressão forte.
As seguintes cartas relativas a um Epitáfio que ele escreveu para o
monumento do Dr. Goldsmith em Westminster Abbey, oferecem
imediatamente uma prova de sua modéstia não afetada, sua negligência
quanto aos seus próprios escritos, e do grande respeito que ele tinha pelo
gosto e julgamento da pessoa excelente e eminente pessoa a quem eles se
dirigiam:

”A SIR JOSHUA REINOLDS


Caro senhor, - Eu tenho estado distante de você, eu não sei bem como, e
destes obstáculos vexatórias eu não sei quando haverá um ponto final. Por
isso, eu lhe envio o epitáfio do pobre e querido Doutor. Leia-o primeiro
para si mesmo; e se você, então achar que está certo, mostre-o ao clube. Eu
estou, você sabe, disposto a ser corrigido. Se achar que alguma coisa está
muito errada, guarde para si, até que nos reunamos. Enviei duas cópias, mas
prefiro o cartão. As datas devem ser definidas pelo Dr. Percy. Eu fico,
Senhor, seu mais humilde servo,
16 de maio de 1776.
SAM. JOHNSON.”
“Ao MESMO”
Senhor, - Miss Reynolds tem em mente enviar a Epitáfio ao Dr. Beattie;
estou muito disposto, mas não tendo uma cópia, não posso lembrar-me de
imediato. Ela me diz que você o perdeu. Tente lembrar-se e escrever tanto
quanto você se lembra; você talvez possa ter retido o que eu esqueci. As
linhas para as quais estou perdido são algo de rerum civilium sivè
naturalium. ([381]) Foi uma pena perdê-lo; me ajude se puder. Eu fico,
Senhor, seu mais humilde servo,
22 de Junho de 1776.
SAM. JOHNSON
A gota melhora a cada dia, mas lentamente.”
Foi, penso eu, depois de eu ter deixado Londres este ano, que este
Epitáfio deu ocasião a um Protesto ao MONARCA DA LITERATURA, por
um relato do qual sou grato a Sir William Forbes de Pitsligo.
Para que os meus leitores possam ter o assunto mais plena e claramente
diante deles, inserirei primeiro o Epitáfio.

“Olivarii Goldsmith,
Poetæ, Physici, Historici,
Qui nullum ferè scribendi genus
Non tetigit,
Nullum quod tetigit non ornavit:
Sive risus essent movendi,
Sive lacrymæ,
Affectuum potens at lenis dominator:
Ingenio sublimis, vividus, versatilis,
Oratione grandis, nitidus, venustus:
Hoc monumento memoriam coluit
Sodalium amor,
Amicorum fides,
Lectorum veneratio.
Natus in Hiberniâ Forniæ Longfordiensis,
In loco cui nomen Pallas,
Nov. XXIX. MDCCXXXI;
Eblanæ literis institutus;
Obiit Londini,
April IV, MDCCLXXIV.”
Sir William Forbes escreve a mim assim: -
“Estou anexando o Round Robin. Este jeu d'esprit teve a sua origem um
dia no jantar na casa de nosso amigo Sir Joshua Reynolds. Todas as pessoas
presentes, exceto eu, eram amigos e conhecidos do Dr. Goldsmith. O
Epitáfio, escrito para ele pelo Dr. Johnson, tornou-se o assunto da conversa,
e várias emendas foram sugeridas, o que foi acordado deveriam ser
submetidas à apreciação do Doutor. Mas a questão era: quem teria a
coragem de propô-las a ele? Por fim, foi sugerido que não poderia haver
nenhuma maneira tão boa quanto a de uma petição em Round Robin, como
os marinheiros o chamam, que eles usam quando entram em uma
conspiração, de forma a não permitir seja conhecido quem coloca seu nome
primeiro ou por último no papel. Essa proposta foi imediatamente aceita; e
o Dr. Barnard, Deão de Derry, hoje Bispo de Killaloe, elaborou um texto ao
Dr. Johnson sobre a ocasião, repleto de espirituosidade e humor, mas que se
temia o Doutor pudesse pensar que se tratava o assunto com leviandade
demais. O Sr. Burke, então, propôs o texto, tal como está no papel, por
escrito, para o qual eu tive a honra de oficiar como secretário.
Sir Joshua concordou em levá-lo ao Dr. Johnson, que o recebeu com
muito bom humor, ([382]) e desejou que Sir Joshua dissesse aos cavalheiro,
que iria alterar o Epitáfio da forma que lhes agradasse, quanto ao sentido
dele; mas ele jamais consentiria em desgraçar as paredes da abadia de
Westminster com uma inscrição em inglês.
Eu considero este Round Robin como uma espécie de curiosidade
literária que vale a pena preservar, pois ele marca, num certo grau, o caráter
do Dr. Johnson.”
É apresentada aos meus leitores uma transcrição fiel de um papel, o que
eu não duvido que eles desejem ver. ([383]) A observação de Sir William
Forbes é muito justa. A anedota agora relacionada prova, da maneira mais
forte, a reverência e temor com que Johnson era visto por alguns dos mais
eminentes homens de seu tempo, em diferentes departamentos, e até mesmo
por alguns, dentre eles, que viveram a maior parte do tempo com ele; ao
mesmo tempo, ela também confirma o que eu de repetidamente inculcava
de que ele não era, de forma alguma, aquele caráter feroz e irascível que era
ignorantemente imaginado. Esta composição precipitada deve também a ser
observada como um dos milhares de exemplos que evidenciam a prontidão
extraordinária do Sr. Burke; que embora ele fosse igual para as grandes
coisas, pode enfeitar o menos; pode, com igual facilidade, abraçar as vastas
e complicadas especulações de política, ou os tópicos engenhosos de
investigação literária. ([384])

”DR. JOHNSON à SRA. BOSWELL


Madame, - Você não deve pensar que sou incivil ao omitir-me em
responder à carta com que você me favoreceu algum tempo atrás. Eu
imaginava ter sido ela escrita sem o conhecimento do Sr. Boswell, e,
portanto, supôs que a resposta exigiria o que eu não poderia encontrar, um
meio de envio privado.
A diferença com Lord Auchinleck já terminou; e uma vez que o jovem
Alexander apareceu, eu espero que nenhuma outra dificuldades surja entre
vós; porque eu sinceramente desejo que todos sejam felizes. Não ensine os
jovens a não gostar de mim, como você mesma não gosta; mas deixe-me
pelo menos, ter a bondade de Verônica, porque ela é minha conhecida.
Você agora terá o Sr. Boswell em casa; é bom que você o tenha; ele tem
levado uma vida selvagem. Eu o levei a Lichfield, e ele seguiu o Sr. Thrale
para Bath. Peço que você cuide dele, e o dome. A única coisa em que eu
tenho a honra de concordar com você é em amá-lo; e embora tenhamos a
mesma disposição em uma questão de tanta importância, nossas outras
brigas, eu espero, não produzem grande amargura. Eu fico, Madame, seu
mais humilde servo,
16 de maio de 1776.
SAM. JOHNSON.”
“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON
Edimburgo, 25 de junho de 1776.
Você anteriormente reclamou que as minhas cartas eram longas demais.
Não há perigo de aquela reclamação ser feita no momento; pois acho
simplesmente difícil para mim escrever a você. Aqui vai um relato de ter
sido afligido com um retorno de melancolia ou espíritos ruins.
As caixas de livros ([385]) que você me enviou chegaram; mas eu ainda
não examinei o conteúdo...
Eu lhe envio o artigo do Sr. Maclaurin para o negro que reivindica sua
liberdade no Tribunal de Sessão.”

“DR. JOHNSON ao SR. BOSWELL


Caro senhor, - Esses desmaios de que você se queixa, talvez prejudiquem
sua memória, bem como a sua imaginação. Quando eu reclamei que suas
cartas eram longas demais? ([386]) A sua última carta, depois de um longo
atraso, trouxe notícias muito ruins. Aqui uma série de reflexões sobre a
melancolia, e - o que eu não pude deixar de pensar estranhamente
irracionais nele que tinha sofrido muito disso ele mesmo, - uma boa dose de
severidade e reprovação, como se fosse devido à minha própria culpa, ou
que eu estava, talvez, simulando-a devido a um desejo de distinção.
Leia English Malady de Cheyne, mas não deixe que ele te ensine uma
noção tola de que melancolia é uma prova de agudeza...
Ouvir que você ainda não abriu suas caixas de livros é muito ofensivo. O
exame e a disposição de tantos volumes pode ter-lhe proporcionado uma
diversão muito oportuna no momento, e útil para toda a vida. Eu fico,
confesso, muito irritado que você consiga ficar tão doente...
Eu agora não digo mais nada, além de que eu fico, com grande gentileza
e sinceridade, caro Senhor, seu humilde servo,
02 de julho de 1776.
SAM. JOHNSON.
Foi no ano passado determinado por Lord Mansfield, no Tribunal de
Kings' Bench que um negro não pode ser levado para fora do reino sem o
seu próprio consentimento.”

“ DR. JOHNSON ao Sr. BOSWELL


Caro senhor, - eu me apresso a escrever novamente, temendo que a
minha última carta lhe dê muita dor. Se você está realmente oprimido com
acabrunhamento e melancolia involuntária, você é digno de pena, em vez de
censura...
Agora, meu caro Bozzy, vamos acabar com as brigas e censuras. Faça-
me saber se eu não te enviei uma bela biblioteca. Há, talvez, muitos livros
entre eles que você nunca precisará ler totalmente; mas não há nenhum que
não seja apropriado para você conhecer, e às vezes consultar. Desses livros,
dos quais o uso é apenas ocasional, muitas vezes é suficiente conhecer o
conteúdo, que, quando qualquer questão surge, você pode saber onde
procurar informações.
Desde que eu escrevi, eu examinei o apelo de Mr. Maclaurin, e o acho
excelente. Como é a ação realizada? Se por assinatura, eu o autorizo a
contribuir, em meu nome, o que for apropriado. Não deixe que nada falte
em um caso desse tipo. O Dr. Drummond, ([387]) eu vejo, foi substituído. Seu
pai teria sofrido; mas ele viveu para ter o prazer da eleição de seu filho, e
morreu antes que aquele prazer fosse anulado.
A senhora de Langton lhe deu uma menina, e ambos estão bem; jantei
com ele outro dia...
Incomoda-me dizer-lhe, que na noite de 29 de maio, fui tomado pela
gota, e não estou muito bem. A dor não foi violenta, mas a fraqueza e
sensibilidade eram muito problemáticas, e que se diz ser muito raro, não
aliviou meus outros distúrbios. Faça uso da juventude e saúde, enquanto
você as tem; estenda meus cumprimentos à Sra. Boswell. Eu fico, meu caro
Senhor, seu mais afetuoso,
6 de julho de 1776.
SAM. JOHNSON. “
“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON
Edimburgo, 18 de julho de 1776.
Meu Caro Senhor,
Sua carta da dia dois deste mês foi um medicamento bastante duro; mas
fiquei muito feliz com esse carinho espontâneo, que, poucos dias depois,
enviou tal bálsamo quanto a seu próxima me trouxe. Eu encontrei-me por
algum tempo tão doente que tudo o que eu podia fazer era preservar uma
aparência decente, enquanto tudo dentro era fraqueza e angústia. Como uma
guarnição reduzida que ainda tem algum espírito, eu pendurei bandeiras, e
plantei toda a força que pude reunir, nas paredes. Agora estou muito
melhor, e sinceramente agradeço a você pela sua atenção gentil e conselho
amigável...
O Conde Manucci ([388]) veio aqui na semana passada vindo da Irlanda.
Estendi a ele as cortesias que pude por sua própria conta, da sua, e da do Sr.
and Sra. Thrale. Ele teve uma queda de seu cavalo, e ficou muito ferido.
Lamento este acidente infeliz, pois ele parece ser um homem muito
amável.”
Como a prova do que eu mencionei no início deste ano, seleciono de seu
registro privado a seguinte passagem:
“25 de julho de 1776. Ó DEUS, que ordenastes que o que deve ser
desejado deveria ser procurado por trabalho, e quem, por tua bênção, levas
o trabalho honesto a bons resultados, olhai com misericórdia meus estudos
e esforços. Concedei-me, Ó SENHOR, projetar apenas o que é reto e justo;
e dai-me serenidade de espírito, e firmeza de propósito, para que eu possa
então fazer a tua vontade nessa curta vida, para obter felicidade no mundo
por vir, em nome de JESUS CRISTO, nosso Senhor. Amém.”
Afigura-se a partir de uma nota acrescentada ao final, que este foi
composto quando ele “se propôs aplicar-se com determinação para estudar,
principalmente os idiomas grego e italiano.”
Tal propósito, assim expresso, com a idade de sessenta e sete anos, é
admirável e encorajador; e deve impressionar toda a parte pensante de meus
leitores com uma confiança consoladora na devoção habitual, quando eles
veem um homem de tais poderes intelectuais expandidos como Johnson,
assim, na genuína sinceridade do sigilo, implorando a ajuda daquele Ser
Supremo, “de quem desce todo o bem e todo dom perfeito.”

“A SIR JOSHUA REYNOLDS


Senhor, - Um jovem, cujo nome é Paterson, oferece-se esta noite para a
Academia. Ele é o filho de um homem por quem tenho tido por muito
tempo um carinho, e que agora está no exterior em dificuldades. Ficarei
contente se você fizesse o favor de mostrar-lhe qualquer pequeno apoio, ou
lhe prestasse qualquer pequena distinção. Quanto está em seu poder
favorecer ou incentivar um rapaz eu não sei; nem sei o quanto este
candidato merece favor por seu mérito pessoal, ou que esperança a sua
proficiência pode agora dar de futura eminência. Eu o recomendo como o
filho de meu amigo. Seu caráter e status permitem-lhe dar a um jovem
grande incentivo por meios muito fáceis. Você ouviu falar de um homem
que não pediu qualquer outro favor a Sir Robert Walpole, além de se curvar
a ele em sua comitiva. Eu fico, Senhor, seu mais humilde servo,
3 de agosto de 1776.
SAM. JOHNSON.”
“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON
Edimburgo, 30 de Agosto de 1776.
Depois de fazer-lhe um relato de eu ter examinado os baús de livros que
ele tinha me enviado, e que continha o que pode ser verdadeiramente
chamado de Biblioteca Stall numerosa e diversificada, jogados juntos ao
acaso: -
Lord Hailes foi contra o decreto no caso do meu cliente, o ministro; não
que ele justificasse o ministro, mas porque o paroquiano tanto provocou
quanto respondeu. Enviei à sua Senhoria seu argumento capaz sobre o caso
para a sua leitura. Sua observação sobre ele em uma carta a mim foi, ‘O
Suasorium do Dr. Johnson é agradável ([389]) e artisticamente composto. Eu
suspeito, entretanto, que ele não se convenceu; pois eu acredito que ele é
mais versado em história eclesiástica, do que imaginar que um Bispo ou um
Presbítero tenha o direito de iniciar censura ou disciplina è cathedra...’ ([390])
Pela honra do Conde Manucci, bem como para observar aquela exatidão
da verdade que você me ensinou, devo corrigir o que eu disse em uma carta
anterior. Ele não caiu do seu cavalo, que poderia ter sido uma incriminação
contra sua habilidade como um oficial de cavalaria; seu cavalo caiu com
ele.
Eu, desde que te vi, li cada palavra da História Biográfica de Granger.
Ela divertiu-me muito, e eu não acho que ele é o Whig que você supunha.
Horace Walpole ser seu patrono não é, de fato, bom sinal de seus princípios
políticos. Mas ele negou a Lord Mountstuart que ele era um Whig, e disse
que tinha sido acusado de parcialidade por ambos os partidos. Parece que
ele era como Pope,
‘Enquanto Tories me chamam Whig, e Whigs de Tory.’
Eu gostaria que você olhasse mais o seu livro; e como Lord Mountstuart
deseja muito encontrar uma pessoa adequada para continuar o trabalho
sobre o plano de Granger, e desejou que eu falasse disso a você; se tal
homem ocorrer, por favor, me avise. Sua Senhoria lhe dará generoso
incentivo.”

“Ao SR. ROBERT LEVETT


Caro senhor, - Depois de passar cerca de seis semanas neste lugar,
finalmente resolvemos retornar. Espero ver todos vocês em Fleet-street, no
dia 30 deste mês.
Eu não fui para o mar até sexta-feira passada, mas penso ir a maior parte
desta semana, apesar de eu não saber se isso me faz bem. Minhas noites são
muito agitadas e cansativas, mas por outro lado estou bem.
Escrevi sobre minha visita à Sra. Williams. Minhas lembranças, por
gentileza a Francis e Betsy. Eu fico, Senhor, vosso humilde servo,
Brighthelmstone, 31 de outubro de 1776.
SAM. JOHNSON.”([391])

Escrevi novamente ao Dr. Johnson, no dia 21 de outubro, informando-o


que meu pai tinha, de forma mais liberal, pago uma grande dívida por mim,
e que eu tinha agora a felicidade de estar em muito boas relações com ele;
ao que ele retornou a seguinte resposta.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - eu tive grande prazer em ouvir que você finalmente está
em boas relações com o seu pai. Cultive sua gentileza por todos os meios
honestos e viris. A vida é curta; nenhum momento pode ser ganho, a não ser
pela satisfação de dor real, ou concursos em questões seriamente
momentosas. Não vamos desperdiçar nenhum dos nossos dias com
ressentimento inútil, ou contestar quem deve aguentar mais tempo em
malignidade teimosa. É melhor não ficar com raiva; e melhor, ainda, ser
rapidamente reconciliado. Que você e seu pai passem o resto de seu tempo
em benevolência recíproca! ...
Você teve notícias do Sr. Langton? Eu o visito algumas vezes, mas ele
não fala. Eu não gosto de seu esquema de vida; mas, como eu não consigo
entendê-lo, não posso definir qualquer coisa certa que seja errada. Seus
filhos são doces bebês.
Espero que o minha inimiga irreconciliável, a Sra. Boswell, esteja bem.
Desejo que ela não transmita a sua má-vontade aos jovens. Deixe-me ter
Alexander, e Veronica, e Euphemia, como meus amigos.
A Sra. Williams, que você pode contar como uma de seus simpatizantes,
está em um estado fraco e definhando, com pouca esperança de melhorar.
Ela passou uma parte do outono no campo, mas é de pouco benefício; e o
Dr. Lawrence confessa que sua arte está no fim. A morte está, no entanto,
distante; e o que mais podemos dizer de nós mesmos? Sinto muito por sua
dor, e muito mais pela sua decadência. O Sr. Levett está sadio de corpo e
espírito.
Passei algumas semanas este outono em Brighthelmstone. O lugar era
muito chato, e eu não estava bem; a expedição às Hébridas foi a viagem
mais agradável que eu já fiz. Tal esforço anualmente daria ao mundo um
pouco de diversificação.
Todos os anos, no entanto, não podemos vaguear, e precisamos, portanto,
nos esforçar para passar nosso tempo em casa, tão bem quanto pudermos.
Eu acredito que é melhor passar a vida com um método, em que toda hora
traz seu emprego, e cada emprego tem sua hora. Xenofonte observa, em seu
Tratado de Economia, que, se cada coisa for mantida em um determinado
lugar, quando qualquer coisa é gasta ou consumida, o vazio que ela deixa
mostra que está faltando; assim, se cada parte do tempo tem o seu dever, a
hora trará à lembrança o seu engajamento adequado.
Eu mesmo não pratiquei toda essa prudência, mas sofri muito pela falta
dela; e eu gostaria que você, por lembrança oportuna e resolução firme,
fugisse desses males que pesaram sobre mim. Eu fico, meu querido
Boswell, seu mais humilde servo,
Bolt-court, 16 de novembro de 1776.
SAM. JOHNSON.”

No dia 16 de novembro, eu o informei que o Sr. Strahan tinha me


enviado doze cópias do Journey to the Western Islands (Viagem às ilhas
ocidentais), elegantemente encadernados, em vez dos vinte exemplares que
foram estipulados; mas que, eu supus, deveriam ser apenas em folhas;
solicitei saber como eles deveriam ser distribuídos, e mencionei que eu
tinha um outro filho nascido, que recebeu o nome de David, e era uma
criança doentia.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - eu tenho estado há algum tempo doente de um resfriado
que, talvez, eu usei como desculpa para mim mesmo para não escrever,
quando, na realidade, eu não sabia o que dizer.
Os livros que você deve finalmente distribuir como achar melhor, em
meu nome, ou o seu próprio, conforme você esteja inclinado, ou como você
julgar mais adequado. Todo mundo não pode ser beneficiado; mas eu
gostaria que ninguém ficasse ofendido. Faça o melhor que puder.
Quero parabenizá-lo sobre o aumento de sua família, e espero que o
pequeno David esteja a esta altura bem, e sua mamma perfeitamente
recuperada. Fico muito satisfeito em ouvir sobre o restabelecimento da
gentileza entre você e seu pai. Cultive sua ternura paterna, tanto quanto
puder. Viver sempre em desacordo é desconfortável. Além disso, em toda a
disputa você estava do lado errado; pelo menos você fez as primeiras
provocações, e algumas delas muito ofensivas. Deixe tudo agora acabar.
Como você não tem nenhuma razão para pensar que a sua nova mãe
mostrou a você qualquer jogo sujo, trate-a com respeito, e com algum grau
de confiança; isso sossegará o seu pai. Quando uma vez uma família
discordante sentiu o prazer da paz, eles não vão perdê-la de bom grado. Se
pelo menos a Sra. Boswell fosse minha amiga, poderíamos agora fechar o
templo de Janus.
O que aconteceu com a causa do Dr. Memis? A questão sobre o negro
foi decidida? Tem Sir Allan alguma esperança razoável? O que aconteceu
com o pobre Macquarry? Informe-me os eventos de todos esses litígios.
Desejo particularmente boa sorte ao negro e a Sir Allan.
A Sra. Williams tem estado muito adoentada; e que ela esteja um pouco
melhor, é provável que, na opinião de seu médico, ela suporte sua doença
por toda a vida, embora ela possa, talvez, morrer de alguma outra coisa. A
Sra. Thrale está grande, e imagina que carrega um menino; se fosse muito
razoável desejar muito sobre isso, eu lhe desejaria que não se
decepcionasse. O desejo de herdeiros do sexo masculino não é apanágio
apenas da posse feudal. Um filho é quase necessário para a continuidade da
fortuna dos Thrale; pois o que podem as senhoritas fazer em uma
cervejaria? Terras estão mais adequadas a filhas do que comércios.
Baretti saiu da casa dos Thrale com algum ataque caprichoso de
desgosto, ou má-natureza, sem pedir qualquer licença.
Seria bom, se ele encontrasse qualquer outro lugar tão bom como
habitação, e com tantas conveniências. Ele ganhou vinte e cinco guinéus
por traduzir os Discursos de Sir Joshua para o italiano, e o Sr. Thrale lhe
deu uma centena na primavera; assim ele ainda não está em dificuldade.
Colman comprou a patente de Foote, e deve conceder a Foote 1.600
libras vitalícias por ano, conforme me contou Reynolds e lhe permitir atuar
tantas vezes em tais termos quanto ele possa ganhar mais 400. O que
Colman pode conseguir com este negócio, a não ser problemas e perigo, eu
não vejo. Eu fico, Senhor, seu humilde servo,
21 de Dez. de 1776.
SAM. JOHNSON.”

O reverendo Dr. Hugh Blair, que por muito tempo foi admirado como
pregador em Edimburgo, pensou agora em difundir seus excelentes sermões
mais amplamente, e aumentar sua reputação, através da publicação de uma
coleção deles. Ele transmitiu o manuscrito ao Sr. Strahan, o impressor, que
depois de mantê-lo por algum tempo, escreveu uma carta a ele,
desencorajando a publicação. Esse foi, a princípio, o estado desfavorável de
um dos livros teológicos de maior sucesso que já apareceram. O Sr. Strahan,
no entanto, tinha enviado um dos sermões ao Dr. Johnson para ter sua
opinião; e depois que sua carta desfavorável ao Dr. Blair tinha sido enviada,
ele recebeu de Johnson na véspera de Natal, uma nota na qual estava o
seguinte parágrafo; “Eu li o primeiro sermão do Dr. Blair com mais que
aprovação; dizer que é bom, é dizer muito pouco.”
Acredito que o Sr. Strahan teve logo após essa época uma conversa com
o Dr. Johnson em relação a eles; e então ele muito sinceramente escreveu
novamente ao Dr. Blair, juntando a nota de Johnson, e concordando em
comprar o volume, pelo que ele e o Sr. Cadell pagaram cem libras. A venda
foi tão rápida e ampla, e a aprovação do público tão grande, que para sua
honra seja registrado que os proprietários fizeram presente ao Dr. Blair
primeiro um montante e depois outro de cinquenta libras, assim, dobrando
voluntariamente o preço estipulado; e quando ele preparou outro volume,
deram-lhe imediatamente trezentas libras, sendo ao todo quinhentas libras,
por meio de um acordo do qual sou testemunha assinada; e agora para um
terceiro volume em oitavo, ele recebeu nada menos que seiscentas libras.
1777

Idade. 68
Em 1777, parece, com base em suas Orações e Meditações, que Johnson
sofria muito de um estado de espírito ‘inquieto e perplexo,’ e a partir desse
pessimismo constitucional, que, juntamente com a sua humildade extrema e
ansiedade em relação a seu estado religioso, o faziam contemplar a si
mesmo através de um meio muito escuro e desfavorável. Pode-se dizer dele,
que ele “via DEUS em nuvens.” Certos podemos estar de sua injustiça a si
mesmo no seguinte parágrafo lamentável, que é doloroso pensar que veio
do coração contrito deste grande homem, a cujos trabalhos o mundo deve
tanto: “Quando eu examino a minha vida passada, descubro nada além de
um desperdício estéril de tempo, com alguns distúrbios do corpo e
distúrbios da mente, muito perto da loucura, que eu espero que Ele que me
fez sofrer para atenuar muitas faltas, e desculpar muitas deficiências.” ([392])
Mas encontramos suas devoções neste ano eminentemente fervorosas; e
somos consolados por observar intervalos de silêncio, compostura e alegria.
No dia de Páscoa, encontramos a seguinte oração empática:
“Todo-Poderoso e Pai misericordioso, que vês todas as nossas misérias, e
sabes todas nossas necessidades, olhai por mim, e tende piedade de mim.
Defendei-me da violenta incursão incursões de maus pensamentos, e
permiti-me formar e manter as resoluções que possam conduzir ao
cumprimento dos deveres que a tua providência me apontarão; e que Deus
me ajude, pelo teu Espírito Santo, que o meu coração possa certamente ser
corrigido, onde verdadeiras alegrias possam ser encontradas, e que eu possa
servir-te com carinho puro e uma mente alegre. Tende misericórdia de mim,
ó Deus, tende misericórdia de mim; anos e de enfermidades me oprimem,
terrorizam e a ansiedade me assalta. Tende misericórdia de mim, o meu
Criador e meu Juiz. Em todos os perigos protegei-me. Em todas as
perplexidades aliviai e libertai-me; e assim me ajude por teu Espírito Santo,
para que eu possa agora comemorar assim a morte de teu Filho, nosso
Salvador JESUS CRISTO, como aquele quando esta vida curta e dolorosa
deva ter um fim, eu possa, por ele, ser recebido para a felicidade eterna.
Amém.” ([393])
Enquanto ele estava na igreja, as impressões agradáveis em sua mente
são, assim, comemoradas:
“Eu estava há algum tempo angustiado, mas finalmente obtive, espero
que do Deus da paz, mais calma do que eu gozei por muito tempo. Eu não
tinha tomado nenhuma decisão, mas à medida que meu coração ficou mais
leve, minhas esperanças reviveram, e minha coragem aumentou; e eu
escrevi com meu lápis no meu Livro de Oração Comum,
‘Vita ordinanda.
Bíblia legenda.
Theologiæ opera danda.
Serviendum et lætandum.’”
O Sr. Steevens, cuja generosidade é bem conhecida, juntou-se ao Dr.
Johnson em gentil assistência a um conhecida do Dr. Goldsmith, e desejou
que em seu retorno à Irlanda ela obtivesse elementos autênticos da vida de
seu célebre conhecido. Quanto a ela, há a seguinte carta: -

“A GEORGE STEEVENS, ESQ.


Caro senhor, - Você ficará feliz em saber que da senhora Goldsmith, a
quem lamentamos como afogada, eu recebi uma carta cheia de gratidão a
todos nós, com a promessa de fazer as investigações que recomendamos a
ela.
Eu teria a honra de transmitir essa informação a Miss Caulfield, mas sua
carta não está à mão, e eu não sei o endereço. Você lhe darei a boa notícia.
Eu fico, Senhor, o seu mais, etc.
25 de fevereiro de 1777
SAM. JOHNSON.”

SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 14 de fevereiro de 1777.
Meu Caro Senhor,
Meu balanço de contas epistolares com você no momento é
extraordinário. O saldo, quanto ao número, está do seu lado. Estou em
dívida com você por duas cartas; uma datada do dia 16 de novembro, à qual
no mesmo dia eu escrevi a você, de modo que as nossas cartas foram
exatamente trocadas, e uma datada de 21 de dezembro último.
Meu coração estava aquecido com gratidão pelo conteúdo
verdadeiramente gentil de ambas; e é surpreendente e irritante que eu tenha
permitido que tanto tempo decorresse sem escrever a você. Mas, a demora é
inerente a mim, por natureza ou por mau hábito. Eu esperei até que eu
tivesse uma oportunidade de pagar-lhe os meus cumprimentos por um novo
ano. Tenho procrastinado até que o ano já não seja novo...
A causa do Dr. Memis foi decidida contra ele, com custas de quarenta
libras. O Lord Presidente, e outros dois Juízes, discordaram da maioria, com
base nisso; - que, embora possa não ter havido a intenção de ofendê-lo,
chamando-o de Doutor em Medicina, em vez de Médico, ainda assim, como
ele protestou contra a designação antes que a carta fosse impressa, e
declarou que ela lhe era desagradável e até mesmo dolorosa, foi
desagradável recusar-se a alterá-la e deixá-lo ter a designação à qual ele
certamente tinha o direito. Em minha opinião, nossa corte julgou errado. Os
acusados estavam de má fé, ao persistir em nomeá-lo de uma forma que ele
não gostava. Você se lembra do pobre Goldsmith, quando ficou importante,
e queria parecer Doctor Major, não podia suportar que você o chamasse de
Goldy. Não teria sido um erro tê-lo chamado assim em seu Prefácio ao
Shakespeare, ou em qualquer escrito permanente sério de qualquer tipo? A
dificuldade é, se uma ação deveria ser admitida com tais erros mesquinhos.
De minimis non curat lex.
A causa do Negro ainda não está decidida. Um memorial está sendo
preparado do lado da escravidão. Enviar-lhe-ei uma cópia assim que for
impressa. Maclaurin ficou feliz por sua aprovação de seu memorial para o
preto.
Macquarry esteve aqui no inverno, e nós passamos uma noite juntos. A
venda de sua propriedade não pode ser evitada.
A ação de Sir Allan Maclean contra o Duque de Argyle, para recuperar a
antiga herança de sua família está agora justamente diante de todos os
nossos juízes. Eu falei por ele ontem, e Maclaurin hoje; Crosbie falou hoje
contra ele. Mais três advogados devem ser ouvidos, e na próxima semana a
causa será decidida. Eu te envio as Informações, ou Casos, de cada lado,
que eu espero você leia. Você me disse quando estávamos sob o teto
hospitaleiro de Sir Allan, ‘eu te ajudarei com a minha caneta.’ Você disse
isso com um brilho generoso; e embora a sua Graça de Argyle
posteriormente montou em um cavalo excelente, sobre a qual ‘você parecia
um Bispo,’ você não deve desviar-se de sua finalidade em Inchkenneth. Eu
desejo que você possa entender os pontos em questão, em meio a nossos
princípios de lei e frases escocesas.
Aqui, seguiu-se um estado completo do caso, em que eu me esforcei para
torná-lo o mais claro que pude para um inglês, que não tinha conhecimento
dos formulários e linguagem técnica da lei da Escócia.
Eu te informarei como a causa é decidida aqui. Mas, como ele pode ser
levado à revisão de nossos Juízes, e certamente, deve ser conduzido por
apelo à Câmara dos Lordes, a assistência de uma mente assim como a sua
será de importância. Seu artigo sobre Intromissão Dolosa é uma prova
nobre do que você pode fazer, mesmo no direito escocês...
Eu ainda não distribui todos os seus livros. Lord Hailes e Lord
Monboddo receberam um cada um, e comunicam seus agradecimentos.
Monboddo jantou comigo ultimamente, e tendo tomado chá, estávamos por
um bom tempo sozinhos, e como eu sabia que ele tinha lido o Journey
superficialmente, pois ele não falou dele como eu queria, eu o trouxe para
ele, e li em voz alta várias passagens; e, em seguida, ele disse que eu dissera
que ele deveria receber uma cópia do autor. Ele implorou que deveria ser
marcado sobre ela... Eu fico sempre, meu caro senhor, seu mais humilde
servo carinhoso,
JAMES BOSWELL”

“SIR ALEXANDER DICK para DR. SAMUEL JOHNSON


Prestonfield, 17 de fevereiro de 1777.
Senhor, eu tive ontem a honra de receber o seu livro de sua viagem às
Ilhas Ocidentais da Escócia, que você foi tão gentil em enviar-me, pelas
mãos do nosso amigo comum, o Sr. Boswell de Auchinleck; pelo que eu
devolvo as minhas mais calorosas graças; e depois de lê-lo cuidadosamente
de novo, o depositarei na minha pequena coleção de livros escolhido, ao
lado do Journey to Corsica (Viagem à Córsega) de nosso digno amigo.
Como há muitas coisas para admirar em ambos os trabalhos, muitas vezes
desejei que nenhuma Viagens ou Jornadas devessem ser publicadas, a não
ser aquelas realizadas por pessoas de integridade e capacidade de julgar
bem, e descrever com fidelidade e em boa linguagem, a situação, condição,
e costumes dos países pelos quais passam. Na verdade o nosso país da
Escócia, apesar da união das coroas, ainda é, na maioria dos lugares tão
desprovidos de vestuário, ou cobertura de sebes e plantações, que foi bom
que você deu a seus leitores um Monitor sólido no que diz respeito a essa
circunstância. As verdades que você disse e a pureza da língua em que são
expressas, pois o seu Journey é universalmente lido, pode, e já parece ter
tido um efeito muito bom. Pois um conhecido meu que tem o maior viveiro
de árvores e sebes neste país, me diz que nos últimos tempos a demanda
sobre ele por estes artigos dobrou, e às vezes triplicou. Eu, portanto, listei o
Dr. Samuel Johnson em alguns dos meus memorandos dos principais
plantadores e favorecedores dos fechamentos, sob um nome que eu tomei a
liberdade de inventar a partir do grego, Papadendrion. Lord Auchinleck e
alguns poucos mais estão na lista. Disseram-me que um cavalheiro no
condado de Aberdeen, a saber, Sir Archibald Grant, já plantou mais de
cinquenta milhões de árvores em um pedaço de terra muito selvagem em
Monimusk: devo perguntar se ele as cercou bem, antes que ele entre na
minha lista; pois esta é a alma do fechamento. Eu mesmo comecei a plantar
um pouco, o nosso solo é muito valioso para muitos, e aquilo é 50 anos
atrás; e as árvores, agora no meu septuagésimo quarto ano, eu olho para
cima com reverência, e as mostro ao meu filho mais velho, agora com
quinze anos, e elas têm a altura de minha casa de campo aqui, onde tive a
prazer de recebê-los, e espero novamente ter que a satisfação com o nosso
amigo comum, o Sr. Boswell. Eu sempre continuarei, com a estima mais
verdadeira, caro Doutor, o seu muito obrigado e obediente servo humilde,
ALEXANDER DICK.” ([394])

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - É tanto tempo desde que eu ouvi alguma coisa de você,
( ) que não sou fácil sobre isso; escreva-me algo na próxima mala postal.
[395]

Quando você enviou sua última carta, tudo parecia estar consertado; espero
que nada ultimamente tenha piorado. Suponho que o jovem Alexander
continue a prosperar, e Veronica seja agora uma companhia muito bonita.
Não creio que a senhora já esteja reconciliada comigo, ainda assim, diga a
ela que eu a amo demais, e a valorizo muito.
O Dr. Blair está imprimindo alguns sermões. Se eles forem todos como o
primeiro, que eu li, eles são sermones aurei, ac auro magis aurei. Ele é
excelentemente escrito tanto pela doutrina quanto pela linguagem. O livro
do Sr. Watson ([396]) parece ser muito estimado...
O pobre Beauclerk ainda continua muito doente. Langton vive como ele
sempre o fez. Seus filhos são muito bonitos, e, penso eu, sua mulher perde
seu escocês. Paoli eu nunca vejo.
Eu tenho estado tão angustiado com dificuldade de respirar, que perdi,
conforme foi calculado, trinta e seis onças de sangue em poucos dias. Estou
melhor, mas não bem.
Gostaria que você estivesse vigilante e conseguisse para mim o
Telêmaco de Graham que foi impresso em Glasgow, um libro muito
pequeno; e a Johnstoni Poemata, outro pequeno livro, impresso em
Middleburgh.
A Sra. Williams envia-lhe os seus cumprimentos e promete que quando
você vier para cá, ela o acomodará tão bem quanto ela jamais pode no
antigo quarto. Ela quer saber se você enviou o livro dela a Sir Alexander
Gordon.
Meu caro Boswell, não deixe de escrever-me; pois sua gentileza é um
dos prazeres da minha vida, que eu sentiria muito em perder. Eu fico,
Senhor, seu humilde servo,
18 de fevereiro de 1777.
SAM. JOHNSON.”

“Ao DR. SAMUEL JOHNSON


Edimburgo, 24 de Fev. de 1777.
Caro senhor,
Sua carta datada de 18 do corrente, tive o prazer de receber o último
correio. Embora a minha longa negligência recente, ou melhor atraso fosse
verdadeiramente culpável, eu estou tentado a não me arrepender, pois ela
produziu me uma prova tão valiosa de seu respeito. De fato, durante este
silêncio imperdoável, às vezes me desviei as censuras da minha própria
mente, imaginando que eu deveria ouvir novamente de você, perguntando
com alguma ansiedade sobre mim, porque, pois até onde você sabia, eu
poderia ter estado doente.
Você está feliz em me mostrar que minha gentileza é de alguma
importância para você. Meu coração está exultante com o pensamento.
Tenha a certeza, meu caro senhor, que o meu carinho e respeito por você
são exaltados e constantes. Eu não acredito que um apego mais perfeito já
existiu na história da humanidade. E ele é um apego nobre; pois as atrações
são Genialidade, Erudição e Piedade.
Sua dificuldade em respirar me assusta e traz à minha imaginação um
evento, que, embora no curso natural das coisas, devo esperar que em
algum momento, eu não possa ver com calma...
Minha esposa está muito honrada com o que você diz sobre ela. Ela
implora que você possa aceitar de seus melhores cumprimentos. Ela deve
enviar-lhe alguma marmelada de laranja feita por ela mesma... Eu fico
sempre, meu caro senhor, o seu mais obrigado e fiel humilde servo,
JAMES BOSWELL.”

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Fiquei muito satisfeito com a sua última carta, e estou
feliz que minha velha inimiga, a Sra. Boswell, comece a sentir um pouco de
remorso. Quanto ao escocês da senhorita Verônica, eu acho que não pode
ser evitado. Uma empregada inglesa você pode facilmente ter; mas ela
ainda imitaria a maioria, pois eles seriam, da mesma forma, aqueles a quem
ela deve mais respeito. Seu dialeto não será grave. A Mamma dela não tem
muito escocês, e você mesmo tem muito pouco. Espero que ela saiba o meu
nome, e não me chame de Johnston. ([397])
A causa imediata de eu escrever é a seguinte: - Um Shaw, que parece ser
um homem modesto e decente, escreveu uma Gramática do Erse, que uma
pessoa muito erudita das Terras Altas, Macbean, a meu pedido, examinou e
aprovou.
O livro é muito pequeno, mas o Sr. Shaw foi persuadido por seus amigos
a ajustar o preço a meio guinéu, embora eu tivesse avisado apenas uma
coroa, e me achasse liberal. Você, a quem o autor considera como um
grande incentivador dos homens engenhosos, receberá um pacote de suas
propostas e recibos. Eu me comprometi a informá-lo deles, e solicitar o seu
apoio. Você não deve pedir a nenhum pobre, porque o preço é realmente
muito alto. Ainda assim, tal obra merece patrocínio.
Propõe-se aumentar o nosso clube de vinte para trinta, pelo que estou
contente; pois como temos vários nele com quem não gosto muito de me
consorciar, ([398]) sou a favor de reduzi-lo a uma mera coleção heterogênea
de homens notáveis, sem qualquer caráter determinado... Eu fico, Caro
Senhor, com muita afeição,
11 de Março de 1777.
SAM. JOHNSON.
Meus respeitos a Senhora, a Veronica, a Alexandre, a Euphemia, a
David.”
“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON
Edimburgo, 4 de Abril de 1777.
Após informá-lo da morte do meu filho mais novo David, e que eu não
podia ir a Londres nesta primavera: -
Eu acho que é difícil que eu fique um ano inteiro sem vê-lo. Posso
presumir pedir uma reunião com você no outono? Você, creio eu, viu todas
as catedrais da Inglaterra, exceto a de Carlisle. Se você tiver de estar com o
Dr. Taylor em Ashbourne, não seria uma grande viagem chegar até lá.
Podemos passar alguns dias muito agradáveis por lá sozinhos, e eu lhe
acompanharei uma boa parte do caminho para o sul novamente. Eu lhe peço
que pense nisso
Você esquece que a Gramática de Erse do Sr. Shaw foi colocada em suas
mãos por mim mesmo no ano passado. Lord Eglintoune a colocou nas
minhas. Fico feliz que o Sr. Macbean aprove isso. Recebi as Propostas do
Sr. Shaw para a sua publicação, que eu posso perceber são escritas pela mão
de um MESTRE...
Peço que obtenha para mim todas as edições das Vidas de Walton: Eu
tenho uma noção de que a republicação delas com Notas caberá a mim,
entre o Dr. Horne e Lord Hailes.”
As Propostas do Sr. Shaw Para Uma análise da Língua Celta Escocesa,
foram, assim, iluminadas pela pena de Johnson:
“Embora o dialeto Erse da língua Celta tenha, desde os primeiros
tempos, sido falado na Inglaterra, e ainda subsista em partes do norte e ilhas
adjacentes, ainda assim, pela negligência de um povo, muito mais guerreiro
que letrado, ele foi até agora deixada ao capricho e julgamento de cada
falante, e flutuou na voz viva, sem a firmeza da analogia, ou a direção de
regras. Uma gramática Erse é uma adição aos estoques de literatura; e seu
autor espera indulgência sempre mostrada àqueles que tentam fazer o que
nunca foi feito antes. Se o seu trabalho vier a ser considerado defeituoso,
ele é, pelo menos, todo seu: ele não é como os outros gramáticos, um
compilador ou transcritor; o que ele oferece, ele aprendeu pela observação
atenta entre os seus conterrâneos, que talvez ficarão surpresos ao ver aquela
fala reduzida a princípios, que eles usaram apenas por imitação.
A utilidade deste livro, entretanto, não se limita às montanhas e ilhas; ele
proporcionará um assunto agradável e importante de especulação, para
aqueles cujos estudos os levam a traçar a afinidade dos idiomas, e as
migrações das antigas raças da humanidade.”

“Ao DR. SAMUEL JOHNSON


Glasgow, 24 de abril de 1777.
Meu Caro Senhor,
A morte de nosso digno amigo Thrale tendo aparecido nos jornais, e
mais tarde desmentida, fui colocado em um estado de incerteza muito
desconfortável, do qual eu esperava ser retirado por você, mas as minhas
esperanças têm ainda sido vãs. Como você pode deixar de escrever para
mim em tal ocasião? Esperarei com ansiedade.
Vou a Auchinleck para ficar duas semanas com o meu pai. É melhor não
estar lá muito tempo de uma só vez. Mas renovações frequentes de atenção
são agradáveis para ele.
Peço que me conte sobre esta edição de ‘Os Poetas Ingleses, com um
Prefácio, biográfico e crítico, para cada autor, por Samuel Johnson, LL. D.’
que vi anunciado. Estou muito satisfeito com a perspectiva dela. Na
verdade, eu estou feliz em sentir que sou capaz de estar tão satisfeitos com
literatura. Mas não é o charme dessa publicação, principalmente devido aos
nomen magnum na frente dela?
O que você acha das Memórias e Últimas Cartas de Lord Chesterfield?
Minha esposa fez marmelada de laranja para você. Eu a deixei, minhas
filhas e Alexander todos bem ontem. Eu ensinei Veronica falar de você
assim; - Dr. John, son, não John ston. Eu fico, meu caro senhor, o seu mais
carinhoso e obrigado humilde servo,
JAMES BOSWELL.”

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - A história da morte do Sr. Thrale, como ele não tinha
ficado nem doente, nem em qualquer outro perigo, fez tão pouca impressão
sobre mim, que eu nunca pensei sobre evitar seus efeitos sobre todos os
outros. Supõe-se que tenha sido produzido pelo costume inglês de Primeiro
de Abril, ou seja, o envio de um e outro em alguma missão tola no dia
primeiro de abril.
Diga à Sra. Boswell que provarei sua marmelada com cautela no início.
Timeo Danaos et dona ferentes.[399] Cuidado, diz o provérbio italiano, com
um inimigo reconciliado. Mas quando eu achar que ela não me faz mal
algum, então a receberei e serei grato por ela, como um penhor de firme,
espero, gentileza inalterável. Ela é, afinal, uma querida, querida senhora.
Por favor, transmita ao Dr. Blair os meus agradecimentos por seus
sermões. O escocês escreve em inglês maravilhosamente bem...
Suas frequentes visitas a Auchinleck, e sua curta estadia lá são muito
louváveis e muito criteriosas. Sua presente harmonia com o seu pai me dá
grande prazer; era tudo o que lhe parecia faltar.
Minha saúde está muito ruim, e as minhas noites são muito inquietas.
O que posso fazer para corrigi-las? Eu tenho para este verão nada melhor
em perspectiva que uma viagem a Staffordshire e Derbyshire, talvez com
Oxford e Birmingham no meu caminho.
Transmita meus cumprimentos à Srta. Veronica; devo deixar para a sua
filosofia consolá-lo pela perda do pequeno David. Você deve se lembrar,
que manter três em cada quatro é mais do que a sua parte. A Sra. Thrale tem
apenas quatro de onze.
Estou empenhado em escrever pequenas Biografias, e pequenos
prefácios, para uma pequena edição de Os Poetas Ingleses. Acho que
convenci os livreiros a inserir algo de Thomson; e se você pudesse me dar
algumas informações sobre ele, pois a biografia que temos é muito escassa,
eu ficaria feliz. Eu fico, caro Senhor, seu mais humilde e afetuoso servo,
3 de maio de 1777.
SAM. JOHNSON.”

Para aqueles que se deliciam em traçar o progresso de obras de literatura,


será um entretenimento comparar a concepção limitada com a ampla
execução daquele desempenho admirável, a Vida dos Poetas Ingleses, que é
a mais rica, mais bonita, e na verdade mais perfeita produção da pena de
Johnson. Sua noção dela neste momento aparece na carta anterior. Ele tem
um memorando neste ano, “29 de maio, véspera da Páscoa, tratei com
livreiros sobre uma negociação, mas não tive muito tempo” ([400]). O acordo
estava relacionado com aquele projeto; mas a sua consciência sensível
parece alarmada para que não houvesse intromissão excessiva em sua
preparação devota para a solenidade do dia seguinte. Mas, na verdade,
muito pouco tempo foi necessário para Johnson concluir um acordo com os
livreiros; pois ele teve, creio eu, menos atenção em lucrar com seu trabalho
do que qualquer homem para quem a literatura era uma profissão. Inserirei
aqui trecho de uma carta a mim do meu digno amigo falecido Sr. Edward
Dilly, apesar de ser uma data posterior, de um relato desse plano tão
felizmente concebido; uma vez que foi a ocasião de obter para nós uma
coleção elegante da melhor biografia e crítica de que a nossa língua pode se
orgulhar.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Southill, 26 de setembro de 1777.
Caro senhor, você vai achar por esta carta, que eu ainda estou no mesmo
retiro calmo, do barulho e da agitação de Londres, de quando eu lhe escrevi
a última. Estou feliz por descobrir que você teve uma reunião tão agradável
com o seu velho amigo Dr. Johnson; não tenho dúvidas de seu acervo está
muito aumentado pela entrevista; poucos homens, ou melhor, posso dizer,
quase nenhum homem, tem aquele fundo de conhecimento e entretenimento
que o Dr. Johnson na conversa. Quando ele se abre livremente, todos estão
atentos ao que ele diz, e não pode faltar melhoria, bem como prazer.
A edição de Os Poetas, agora em impressão, fará homenagem à
imprensa inglesa; e um relato conciso da vida de cada autor pelo Dr.
Johnson será uma adição muito valiosa, e carimbará a reputação dessa
edição superior a qualquer coisa que se passou antes. A primeira causa que
deu origem a este projeto, creio eu, foi devido à pouca e insignificante
edição de Os Poetas, impresso pela Martins, em Edimburgo, para ser
vendido por Bell em Londres. Ao examinar os volumes que foram
impressos, o tipo foi considerado tão pequeno que muitas pessoas não
podiam lê-los; não só este inconveniente os afetavam, mas a imprecisão da
impressão era muito visível. Estas razões, bem como a ideia de uma invasão
do que chamamos de nossa Propriedade Literária induziu os Livreiros de
Londres a imprimir uma edição elegante e precisa de todos os Poetas
Ingleses de renome, desde Chaucer até o tempo presente.
Assim, um seleto número dos livreiros mais respeitáveis se reuniu na
ocasião; e, em consulta conjunta, concordaram que todos os proprietários de
direitos autorais sobre os diferentes Poetas deveriam ser convocados; e
quando as suas opiniões foram dadas, prosseguir imediatamente com o
negócio. Assim foi realizada uma reunião, composta por cerca de quarenta
dos livreiros mais respeitáveis de Londres, quando foi acordado que uma
edição elegante e uniforme de Os Poetas Ingleses seria imediatamente
impressa, com um relato conciso da vida de cada um dos autores pelo Dr.
Samuel Johnson; e que três pessoas seriam incumbidas de contatar o Dr.
Johnson, para pedir-lhe que realizasse as Biografias, a saber, T. Davies,
Strahan e Cadell. O Doutor muito educadamente aceitou, e pareceu
extremamente satisfeito com a proposta. Quanto aos termos, foi deixado
inteiramente ao critério do Doutor nomear os seus próprios: ele mencionou
duzentos guinéus: ([401]) e foi imediatamente aceito; e um elogio a mais,
creio eu, ser-lhe-á feito. Uma comissão também foi nomeada para contratar
os melhores gravadores, ou seja, Bartolozzi, Sherwin, Hall etc. Da mesma
forma, outra comissão para dar as orientações sobre o papel, a impressão
etc. , de modo que o todo será realizado com espírito, e da melhor maneira,
com relação à autoria, editoria, gravuras etc. , etc. Meu irmão lhe dará uma
lista dos Poetas que queremos incluir, muitos dos quais estão dentro da
época da Lei de Queen Anne, que Martin e Bell não podem dar, pois eles
não têm a propriedade deles; os proprietários são quase todas as livrarias
em Londres, de importância. Eu fico, caro Senhor, sempre seu,
EDWARD DILLY.”
Posteriormente terei a oportunidade de considerar a extensa e variada
gama que Johnson assumiu, quando ele foi levado ao terreno em que ele
pisava com um prazer peculiar, tendo sido desde há muito tempo
intimamente familiarizado com todas as circunstâncias que poderiam
interessar e favorecer.

“DR. JOHNSON a CHARLES O'CONNOR, ESQ. ([402])


Senhor, - Tendo tido o prazer de conversar com o Dr. Campbell sobre o
seu caráter e seu empreendimento literário, estou decidido a me satisfazer,
renovando uma correspondência que começou e terminou um grande tempo
atrás, e acabou, eu receio, por culpa minha; uma falha que, se você não a
tiver esquecido, agora deve perdoar.
Se eu já lhe decepcionei, permita-me dizer-lhe que você, da mesma
forma me decepcionou. Eu esperava grandes descobertas em antiguidade
irlandesa, e grandes publicações na língua irlandesa; mas o mundo continua
a ser como era, duvidoso e ignorante. O que a língua irlandesa é, em si, e
com que idiomas ela tem afinidade, são questões muito interessantes, que
todo homem deseja ver resolvido que tenha alguma curiosidade filológica
ou histórica. O Dr. Leland começa sua história tarde demais: as épocas que
merecem uma investigação exata são aqueles tempos (pois eles são isso)
quando a Irlanda era a escola do ocidente, a habitação quieta da santidade e
da literatura. Se você pudesse produzir uma história, embora imperfeita, da
nação irlandesa, desde sua conversão ao cristianismo até a invasão pela
Inglaterra, você ampliaria o conhecimento com novos pontos de vista e
novos objetos. Defina isso, portanto, se puder: faça o que você pode
facilmente fazer sem exatidão ansiosa. Estabeleça as bases, e deixe a
superestrutura para a posteridade. Eu fico, Senhor, seu mais humilde servo,
19 de maio de 1777.
SAM. JOHNSON.”

No início deste ano foram lançadas, em dois volumes in-quarto, as obras


póstumas do erudito Dr. Zachary Pearce, Bispo de Rochester; sendo um
Comentário, com Notas, sobre os quatro Evangelistas e os Atos dos
Apóstolos, com outras peças teológicas. Johnson tinha agora a oportunidade
de fazer um retorno grato àquele excelente prelado, que, como vimos, era a
única pessoa que lhe deu qualquer assistência na compilação de seu
Dicionário. O Bispo tinha deixado algum relato de sua vida e caráter,
escrito por ele mesmo. A isso Johnson fez algumas adições importantes, e
também forneceu ao editor, o reverendo Sr. Derby, uma Dedicação, que
inserirei aqui, tanto porque ela parecerá neste momento com propriedade
peculiar; e porque ela tenderá a se propagar e aumentar aquele ‘fervor de
Lealdade’, que em mim, que me gabo do nome de TORY, não é apenas um
princípio, mas uma paixão.

“Ao REI
Senhor, - eu presumo depor diante de Vossa Majestade os últimos
trabalhos de um Bispo erudito, que morreu nos trabalhos e deveres de seu
chamado. Ele está agora fora do alcance de todas as honras e recompensas
terrenas; e só a esperança de incitar outras pessoas a imitá-lo, o torna agora
apto a ser lembrado, que ele gozou em sua vida do favor de sua Majestade.
A vida tumultuada de Príncipes raramente lhes permite examinar a vasta
extensão do interesse nacional, sem perder de vista o mérito privado; exibir
qualidades que possam ser imitadas pelos maiores e mais humilde da
humanidade; e ser ao mesmo tempo amável e grande.
Tais personagens, se de vez em quando eles aparecem na história, são
contemplados com admiração. Talvez seja a ambição de todos os seus
súditos apressar-se com seu tributo de reverência: e como a posteridade
pode aprender com Vossa Majestade como Reis devem viver, talvez eles
possam aprender, da mesma forma, com seu povo, como eles devem ser
honrados. Eu fico, que possa agradar a Vossa Majestade, com o mais
profundo respeito, de Vossa Majestade o mais obediente e dedicado
Súdito e Servo.”

No verão, ele escreveu um Prólogo que foi lido antes de Uma palavra ao
Sábio, uma comédia do Sr. Hugh Kelly, que foi levada ao palco em 1770;
mas ele sendo um escritor para o ministério, em um dos jornais, caiu como
sacrifício à fúria popular, e na frase do teatro, foi condenada. Pela
generosidade do Sr. Harris, o proprietário do Teatro Covent Garden, foi
exibido agora por uma noite, em benefício da viúva e dos filhos do autor.
Conciliar a favor do público era a intenção do Prólogo de Johnson, que,
como ele não é longo, vou inserir aqui, como uma prova de que seus
talentos poéticos não foram em nenhum grau prejudicados.
“Esta noite apresenta uma peça, que enraivece o público
ou, certo ou errado, uma vez vaiou do palco:
Por zelo ou maldade, agora não mais tememos,
pois a vingança inglesas não guerreia os mortos.
Um inimigo generoso olha com piedade
O homem cujo Destino colocou onde todos devem estar.
Com a sagacidade, revivendo do pó de seu autor,
sejais amáveis, ó juízes, ou pelo menos justos:
Que nenhum hostilidades renovada invada
a sombra inviolável da sepultura esquecida.
Deixai um grande pagamento apazigue toda reivindicação,
E aquele que não pode ferir, permiti agradar;
Agradar pelas cenas, inconsciente de ofensa,
por diversão inofensiva, ou senso útil.
Onde qualquer coisa de brilhante ou justa a peça exibe,
aprova-a apenas; - é tarde demais para elogiar.
Se parecer falta de habilidade ou falta de cuidado,
Evite vaiar; - o poeta não pode ouvir.
Pois todos, como ele, louvação e culpa devem ser considerados,
Finalmente, um brilho fugaz, ou som vazio;
Ainda assim, a calma reflexão abençoa a noite,
quando pena liberal dignificou o deleite;
Quando o prazer incendiou seu toque à chama da virtude
E alegria foi recompensa com um nome mais humilde.”
Uma circunstância que não poderia deixar de ser muito agradável a
Johnson ocorreu este ano. A Tragédia de Sir Thomas Overbury, escrita por
seu companheiro de primeiros tempos em Londres, Richard Savage, foi
encenada com alterações no teatro Drury-lane. ([403]) O Prólogo dela foi
escrito pelo Sr. Richard Brinsley Sheridan; onde, depois de descrever muito
pateticamente a miséria do
”Malfadado Savage, em cujo nascimento não teve
Nenhum pai, mas a Musa; nenhum amigo, a não ser os Céus:”
ele introduziu um complemento elegante a Johnson por seu Dicionário,
aquele maravilhoso trabalho que não pode ser frequentemente demais ou
elogiado demais; do qual o Sr. Harris, em suas Investigações Filológicas,
([404]) observa de forma justa e liberal: “Tal é o seu mérito, que a nossa
língua não possui um trabalho mais abundante, mais erudito e mais
valioso.” As linhas finais deste Prólogo foram estas: -
“Assim pede o conto ([405]) que dá aos tempos futuros
Os infortúnios do filho e os crimes do pai;
Ali sua fama (se merecida esta noite) sobreviverá,
Fixada PELA MÃO QUE DA VIDA À NOSSA LÍNGUA.”
O Sr. Sheridan aqui imediatamente fez honra ao seu gosto e à sua
liberalidade de sentimento, mostrando que não tinha preconceito em relação
à infeliz divergência que ocorrera entre seu digno pai e o Dr. Johnson. Eu já
mencionei que Johnson estava muito desejoso de reconciliação com o velho
Sr. Sheridan. Portanto, não parecerá absolutamente surpreendente que ele
fosse zeloso em reconhecer o mérito brilhante de seu filho. Embora ainda
tivesse sido exibido apenas no drama, Johnson o propôs como um membro
do CLUBE LITERÁRIO, observando-se, que “Ele que escrevera as duas
melhores comédias de sua época, é certamente um homem importante.” E
ele tinha, por conseguinte, a honra de ser eleito; pois uma honra, sem
dúvida, lhe deve ser concedida, quando se considera de quem aquela
sociedade consistia, e que uma única bola preta exclui um candidato.

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


9 de julho de 1777.
Meu caro Senhor,
Em benefício da saúde de minha esposa e filhos, aluguei a pequena casa
de campo em que você visitou meu tio, o Dr. Boswell, que, tendo perdido
sua esposa, fora viver com seu filho. Tomamos posse de nossa vila há uma
semana; temos um jardim de três quartos de um acre, bem abastecido com
árvores frutíferas e flores, e amoras e groselhas e ervilhas e feijões e couves
etc. etc. , e meus filhos estão muito felizes. Agora eu escrevo a você em um
pequeno estúdio, de cuja janela eu vejo ao meu redor um bosque verdejante,
e além dele o monte alto chamado Assento de Arthur.
A sua última carta, na qual você deseja que eu lhe envie algumas
informações adicionais sobre Thomson, alcançou-me muito felizmente,
exatamente quando eu estava indo para Lanark, para colocar dois sobrinhos
de minha esposa, os jovens Campbells, em uma escola ali, sob os cuidados
do Sr. Thomson, o mestre dela, cuja esposa é irmã do autor de The Seasons.
Ela é uma mulher de idade; mas sua memória é muito boa; e ela com prazer
me dará para você todos os detalhes que você deseja saber, e que ela possa
contar. Eu peço, então que você se dê ao trabalho de me enviar as perguntas
como podem levar a materiais biográficos. Você diz que a Biografia que
temos de Thomson é escassa. Desde que eu recebi a sua carta que eu li a sua
Vida, publicada sob o nome de Cibber, mas como você me disse, realmente
escrito por um certo Sr. Shiels; ([406]) que escrita pelo Dr. Murdoch; um
prefixado a uma edição das Seasons, publicado em Edimburgo, que é
composta de ambos, com a adição de uma anedota da libertação de
Thomson da prisão por Quin; a simplificação do relato de Murdoch dele, na
Biographia Britannica, e outro resumo dela no Dicionário Biográfico,
enriquecido com o panegírico crítico do Dr. Joseph Warton sobre o Seasons
em seu Ensaio sobre a Genialidade e os Escritos de Pope: a partir de tudo
isso parece -me que temos um relato bastante completo desse poeta.
Entretanto, você, não tenho dúvida, mostrar-me-á a muitas lacunas, e eu
farei o que puder ser feito para as preencher. Como Thomson nunca mais
voltou à Escócia, (que você achará muito sábio), sua irmã pode falar com
seu próprio conhecimento apenas sobre os primeiros anos de sua vida. Ela
tem algumas cartas dele, o que provavelmente podem lançar luz quanto ao
seu progresso mais avançado, se ela nos deixar vê-las, o que eu acho que
ela fará. Acredito que George Lewis Scott ([407]) e o Dr. Armstrong são
agora seus únicos companheiros sobreviventes, enquanto ele vivia em e
sobre Londres; e, ouso dizer, pode dizer mais sobre ele do que é ainda
sabido. Minha própria impressão é que Thomson era um homem muito
mais grosseiro do que seus amigos estão dispostos a reconhecer. Seu
Seasons é realmente cheio de sentimentos elegantes e piedosos, mas um
solo fértil, ou melhor um monte de esterco produzirá belas flores.
Sua edição de The English Poets ([408]) será muito valiosa, por conta dos
Prefácios e Biografias. Mas eu já vi um exemplar de uma edição de The
Poets na editora Apollo, em Edimburgo, que, por sua excelência em
impressão e gravação, merece altamente um incentivo liberal.
Sinceramente eu lamento a má saúde e o mau descanso com o qual você
tem sido afligido, e eu espero que você esteja melhor. Eu não posso
acreditar que o Prólogo, que você generosamente deu à viúva e filhos do Sr.
Kelly no outro dia seja a efusão de alguém na doença e na inquietação: mas
circunstâncias externas nunca são indicações certas do estado do homem.
Eu lhe envio uma carta que escrevi a você há dois anos em Wilton; e não
enviei naquele momento, por medo de ser repreendido por ceder tanta
ternura; e uma escrita a você no túmulo de Melanchton, que eu retive, para
não aparecer ao mesmo tempo supersticioso demais e entusiasta demais.
Agora eu imagino que talvez elas possam agradá-lo.
Você não liga a mínima para minha proposta para o nosso encontro em
Carlisle.([409]) Embora eu tenha meritoriamente me abstido de visitar
Londres este ano, eu lhe pergunto se não seria errado que eu deva ficar dois
anos sem ter o benefício de sua conversa, quando, se você chega perto de
Derbyshire, podemos nos encontrar bastando viajar alguns dias, e não
muitas libras. Desejo que você veja Carlisle, o que me fez falar desse lugar.
Mas se você não tem o desejo de completar sua turnê das catedrais inglesas,
tomarei uma parcela maior da estrada entre este lugar e Ashbourne. Então
me diga onde você vai resolver para passarmos alguns dias sozinhos. Agora
não grite ‘bobinho’ ou ‘cão ocioso.’ Restrinja seu humor, e deixe sua
bondade operar.
Você vai se alegrar em saber que a senhorita Macleod, de Rasay, casou-
se com o Coronel Mure Campbell, um homem excelente, com um
patrimônio muito bom e a perspectiva de ter a fortuna e honras do Conde de
Loudoun. Não é isso algo nobre para o nosso digno Hebrideano? Quão feliz
eu estou que ela esteja em Ayrshire. Teremos o Senhor de Rasay e velho
Malcolm, e não sei quantos Macleods galantes, e gaitas de foles etc. etc. em
Auchinleck. Talvez você possa encontrar todos lá.
Sem dúvida, você leu o que é chamado The Life de David Hume, escrito
por ele mesmo, com a carta do Dr. Adam Smith anexada a ele. Não é esta
uma época de ousado descaramento? Meu amigo, o Sr. Anderson, Professor
de Filosofia Natural em Glasgow, em cuja casa eu e você jantamos, e sob
cujo cuidado o Sr. Windham de Norfolk foi confiado naquela Universidade,
fez-me uma visita recentemente; e depois de conversarmos com indignação
e desprezo sobre as produções venenosas com que esta época está infestada,
ele disse que havia agora uma excelente oportunidade para o Dr. Johnson
dar um passo à frente. Eu concordei com ele que você pode bater as cabeças
de Hume e Smith juntas, e tornar a infidelidade vaidosa e ostensiva
extremamente ridícula. Não valeria a pena esmagar tais ervas daninhas no
jardim moral?
Você nada me disse sobre o Dr. Dodd. Eu não sei o que você pensa sobre
esse assunto; embora os jornais nos deem uma palavra sua em favor de
misericórdia para com ele. Mas eu tenho comigo que estou muito desejoso
de que a prerrogativa real de remissão da pena devesse ser empregada para
expor um exemplo ilustre do respeito com que o VICE-REGENTE DE
DEUS sempre mostrará à piedade e virtude. Se por dez homens justos o
TODO-PODEROSO teria poupado Sodoma, não deverá mil atos de
bondade feitos pelo Dr. Dodd contrabalançar um crime? Tal exemplo iria
fazer mais para incentivar a bondade, que a sua execução seria fazer para
impedir o vício. Eu não tenho medo de qualquer consequência ruim para a
sociedade; pois quem perseverará por um longo curso de anos em um
cumprimento distinto dos deveres religiosos, com vistas a cometer uma
falsificação com impunidade?
Eu lhe peço que estenda meus melhores cumprimentos ao Sr. e à Sra.
Thrale, assegurando-lhes da minha alegria saudável de que o Mestre, como
você o chama, esteja vivo. Eu espero que muitas vezes eu prove seu
Champagne - sobriamente.
Eu não tenho notícias de Langton por um longo tempo. Acho que ele
está, como de costume,
‘Estudioso dos momentos de pico para enganar.’
... Eu fico, meu caro senhor, o seu mais carinhoso e fiel humilde servo,
JAMES BOSWELL.”

No dia 23 de junho, eu novamente escrevi ao Dr. Johnson, incluindo uma


receita da capitã do navio para um jarro de geleia de laranja, e um grande
pacote dos Annals of Scotland de Lord Hailes.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Acabo de receber o seu pacote do Sr. Thrale, mas não
tenho luz do dia suficiente para examiná-lo. Estou contente que eu tenha
crédito suficiente com Lord Hailes para ser digno de mais cópias. Espero
tomar mais cuidado com ela do que com a última. Devolvo à Sra. Boswell
meu agradecimento carinhoso por seu presente, que eu valorizo como um
símbolo de reconciliação.
O pobre Dodd foi executado ontem, em oposição à recomendação do júri
- a petição da cidade de Londres - e uma petição posterior assinado por
vinte e três mil mãos. Certamente a voz do público, quando ela chama tão
alto, e pede apenas por misericórdia, deveria ser ouvida.
O que se diz nos jornais eu nunca disse; mas escrevi muitas de suas
petições, e algumas de suas cartas. Ele recorreu a mim muitas vezes. Ele
estava, eu receio, muito lisonjeado com a esperança de vida; mas eu não
tive parte na ilusão terrível; pois, assim que o Rei tinha assinado sua
sentença, obtive do Sr. Chamier um relato da disposição do tribunal em
relação a ele, com uma declaração de que não havia esperança nem mesmo
de sursis. Esta carta foi colocada imediatamente diante de Dodd; mas ele
acreditava que aqueles que ele queria que estivessem certos, como se pensa,
até dentro de três dias de seu final. Ele morreu com compostura e resolução
piedosa. Acabo de ver o Padre que o atendeu. Seu discurso aos seus
companheiros condenados ofendeu os Metodistas; mas ele tinha um
Moravio ([410]) com ele por grande parte de sua pena. Seu caráter moral é
muito ruim: Espero que tudo não seja verdade de que ele é acusado. De seu
comportamento na prisão, um relato será publicado.
Eu lhe desejo alegria de sua casa de campo, e seu lindo jardim; e espero
alguma vez vê-lo em sua felicidade. Fiquei muito satisfeito com suas duas
cartas que foram mantidas tanto tempo na gaveta; ([411]) e me regozijo com
os avanços de Miss Rasay, e desejo sucesso a Sir Allan.
Espero encontrá-lo em algum lugar para o norte, mas estou relutante em
chegar até Carlisle. Será que não podemos nos encontrar em Manchester?
Mas resolveremos isso em alguma outra carta.
O Sr. Seward, ([412]) um grande favorito em Streatham foi, eu acho,
inflamado por nossas viagens com a curiosidade de ver as Terras Altas. Dei-
lhe cartas a você e Beattie. Ele deseja que uma hospedagem seja arranjada
para ele em Edimburgo, por ocasião de sua chegada. Ele está apenas
definindo.
Langton tem exercitado a milícia. A Sra. Williams está, eu temo, em
declínio. O Dr. Lawrence diz que ele nada mais pode fazer. Ela se foi no
verão para o campo, com tantas conveniências para ela quanto ela pode
esperar; mas não tenho grandes esperanças. Todos nós devemos morrer: que
todos nós possamos estar preparados!
Suponho que a senhorita Boswell lê seu livro, e o jovem Alexander se
aplica em sua aprendizagem. Conte-me sobre eles; pois cada coisa que
pertence a você, pertence em um grau mais remoto, e não, eu espero, muito
remoto, ao, caro senhor, seu afetuosamente,
28 de junho de 1777.
SAM. JOHNSON.”

“Ao MESMO
Caro senhor, - Este cavalheiro é um grande favorito em Streatham, e,
portanto, você acreditará facilmente que ele tem qualidades muito valiosas.
Nossa narrativa o inflamou com um desejo de visitar as Terras Altas, depois
de já ter visto uma grande parte da Europa. Você deve recebê-lo como um
amigo, e quando você o tiver direcionado para as curiosidades de
Edimburgo, dê-lhe instruções e recomendações para o restante de sua
jornada. Eu fico, caro Senhor, seu mais humilde servo,
24 de Junho de 1777.
SAM. JOHNSON.”

A benevolência de Johnson com os infelizes era, estou confiante, tão


firme e ativa quanto a de qualquer dos que foram mais eminentemente
distinguidos por aquela virtude. Inúmeras provas disso eu não tenho
nenhuma dúvida serão para sempre escondidas dos olhos mortais. Podemos,
no entanto, formar um juízo disso, a partir dos muitos e diversos exemplos
que foram descobertos. Um deles, que aconteceu no decorrer deste verão, é
notável a partir do nome e da conexão da pessoa que foi o objeto do
mesmo. A circunstância a que me refiro é determinada por duas cartas, uma
para o Sr. Langton e outra para o Reverendo Dr. Vyse, reitor de Lambeth,
filho do clérigo respeitável em Lichfield, que foi contemporâneo de
Johnson, e na família de cujo pai Johnson teve a felicidade de ser bem
recebido em seus primeiros anos.
“DR. JOHNSON para BENNET LANGTON, ESQ.
Caro senhor, - eu tenho estado ultimamente muito adoentado por uma
dificuldade de respiração, mas agora estou melhor.
Espero que a em sua casa tudo esteja bem. Você sabe que temos falado
ultimamente sobre St. Cross, em Winchester; eu tenho um velho conhecido,
cujo sofrimento o torna muito desejoso de um hospital e eu receio não ter
força suficiente para levá-lo ao Chartreux. Ele é um pintor, que nunca subiu
mais alto do que obter o seu sustento imediato, e por isso, aos oitenta e três
anos, ele está incapacitado por um leve derrame com paralisia, de modo a
não torná-lo totalmente impotente em ocasiões comuns, embora sua mão
não seja estável o suficiente para a sua arte.
Meu pedido é que você tente obter uma promessa para a próxima vaga
junto ao bispo de Chester. Não é uma grande coisa para pedir, e eu espero o
obtenhamos. O Dr. Warton prometeu favorecê-lo com a sua recomendação,
e espero que ele possa terminar seus dias em paz. Eu fico, Senhor, seu mais
humilde servo,
29 de Junho de 1777.
SAM. JOHNSON.”

“Ao REVERENDO DR. VYSE, em Lambeth


Senhor, - eu não duvido, mas você prontamente me perdoará por tomar a
liberdade de pedir sua ajuda em recomendar um velho amigo à sua Graça o
Arcebispo, como Diretor da Cartuxa.
O nome dele é De Groot; ele nasceu em Gloucester; Eu o conheço há
muitos anos. Ele tem todas as reivindicações comuns para a caridade, sendo
velho, pobre e enfermo, em um grande grau. Ele tem igualmente uma outra
reivindicação, à qual nenhum estudioso pode recusar a atenção; ele é, por
várias dinastias sobrinho de Hugo Grotius; dele, de quem, talvez, todo
homem estudioso aprendeu alguma coisa. Que não seja dito que em
qualquer país letrado que um sobrinho de Grotius pediu caridade e foi
recusado. Eu fico, reverendo Senhor, seu mais humilde servo,
19 de julho de 1777.
SAM. JOHNSON.”

“REVERENDO DR VYSE ao SR. BOSWELL


Lambeth, 09 de junho de 1787.
Senhor,
Eu procurei, em vão, a carta de que eu falei, e que eu desejava, ao seu
desejo, comunicar a você. Ela era do Dr. Johnson, para retornar-me
agradecimentos por meu pedido ao Arcebispo Cornwallis em favor do
pobre De Groot. Ele se alegra com o sucesso que eu tive, e é pródigo nos
elogios que ele faz ao seu favorito, Hugo Grotius. Eu sinto muito que eu
não consiga encontrar esta carta, pois ela é digna do escritor. Aquela que eu
vos envio anexa ([413]) está à sua disposição. Ela é muito curta, e talvez não
se pense ser de qualquer consequência, a menos que você julgue adequado
considerá-la como uma prova da parte muito humana que o Dr. Johnson
assumiu em favor de uma pessoa aflita e merecedora. Eu fico, Senhor, seu
servo mais obediente e mais humilde,
W. VYSE.”

“DR. JOHNSON ao SR. EDWARD DILLY


Senhor, - recomendei que o volume do Dr. Watts fosse adicionado à
coleção de Poetas Ingleses; seu nome tem sido tido por mim em veneração,
e eu não estaria disposto a ser reduzido a contar sobre ele apenas que ele
nasceu e morreu. Ainda assim, de sua vida eu sei muito pouco, e, portanto,
devo passá-lo de uma forma muito indigna de seu caráter, a não ser que
alguns de seus amigos me favoreça com as informações necessárias; muitos
deles devem ser seus conhecidos; e por sua influência, talvez eu possa obter
alguma informação. Meu plano não exige muito; mas eu gostaria de
distinguir Watts, um homem que nunca escreveu, a não ser para uma boa
finalidade. Fique à vontade para fazer por mim o que puder. Eu fico,
Senhor, seu humilde servo,
Bolt-Court, Fleet-street, 07 de julho de 1777.
SAM. JOHNSON.”
“Ao DR. JOHNSON
Edimburgo, 15 de Julho de 1777.
Meu Caro Senhor,
O destino do pobre Dr. Dodd fez uma impressão triste em minha mente...
Eu tive sagacidade suficiente para adivinhar que você escreveu seu
discurso para o Recorder, antes que a sentença fosse pronunciada. Fico feliz
que você tenha escrito tanto por ele; e espero ser favorecido com uma lista
exata das várias peças quando nos encontrarmos.
Recebi o Sr. Seward como o amigo do Sr. e Sra. Thrale, e como um
cavalheiro recomendado pelo Dr. Johnson à minha atenção. Eu o apresentei
a Lord Kames, Lord Monboddo, e ao Sr. Nairne. Ele se foi para as Terras
Altas com Dr. Gregory; quando ele retornar farei mais por ele.
Sir Allan Maclean levou o ramo da sua causa, da qual tivemos boas
esperanças: o presidente e somente um outro juiz estavam contra ele.
Desejo que a Câmara dos Lordes possa se sair tão bem quanto o Tribunal de
Sessão se saiu. Mas Sir Allan não tem as terras de Brolos bastante liberadas
pelo presente acórdão, até que uma longa conta de dívidas e interesses seja
levantada, de um lado, e as rendas, de outro. Não estou, no entanto, muito
receoso em relação ao saldo.
As propriedades de Macquarry, Staffa et al., foram vendidas ontem, e
comprada por um certo Campbell. Receio que pouco ou nada restará do
dinheiro da compra.
Eu lhe envio o caso contra o negro, pelo Sr. Cullen, filho do Dr. Cullen,
em oposição ao de Maclaurin pela liberdade, do qual você aprovou. Eu lhe
peço que leia isso, e me diga o que você pensa como um Político, bem
como um Poeta, sobre o assunto.
Seja gentil e me diga como o seu tempo deve ser distribuído no próximo
Outono. Eu o encontrarei em Manchester, ou onde quiser; mas eu gostaria
que você completasse sua turnê das catedrais, e venha a Carlisle, e eu o
acompanharei uma parte do caminho para casa. Eu fico sempre, mais
fielmente seu,
JAMES BOSWELL.”
“A JAMES BOSWELL, ESQ.
Caro senhor, - Sua noção da necessidade de uma entrevista anual é muito
agradável tanto para minha vaidade quanto minha ternura. Eu, talvez, venha
a Carlisle mais um ano; mas meu dinheiro não se manteve tão bem quanto
costumava. Eu irei a Ashbourne, e pretendo fazer com que o Dr. Taylor o
convide. Se você ficar um tempo comigo na sua casa, teremos muito tempo
para nós mesmos, e nossa estada nada custará para nós ou para ele. Deixarei
Londres no dia 28; e depois de algum estadia em Oxford e Lichfield,
provavelmente virei a Ashbourne cerca do final de sua Sessão, mas de tudo
isso você será previamente informado. Fiquei satisfeito que vamos nos
encontrar em algum lugar.
O que se passou entre mim e pobre Dr. Dodd você saberá mais
plenamente quando nos encontrarmos.
De ações judiciais não há fim; o pobre Sir Allan deve ter outro
julgamento, para o qual, no entanto, seu antagonista pode não ser muito
culpado, tendo dois juízes do seu lado. Tenho mais medo das dívidas do que
da Câmara dos Lordes. É difícil imaginar até onde podem crescer as
dívidas, que estão diariamente aumentando em pequenos acréscimos, e
quão descuidadamente em um estado de desespero as dívidas são
contraídas. O pobre Macquarry estava longe de pensar que, quando vendeu
suas ilhas, ele nada receberia. Por quanto elas foram vendidas? E qual era o
seu valor anual? A entrada de dinheiro nas Terras Altas em breve colocará
um fim aos modos feudais de vida, tornando aqueles homens senhorios que
não eram chefes. Eu não sei se as pessoas vão sofrer com a mudança; mas
havia na autoridade patriarcal algo venerável e agradável. Todos os olhos
devem olhar com dor para um Campbell removendo os Macquarries à sua
vontade de sua sedes avitæ, sua ilha hereditária.
Sir Alexander Dick é o único escocês liberal o suficiente para não ficar
com raiva que eu não possa encontrar árvores, onde as árvores não estão.
Eu fiquei muito satisfeito com a sua amável carta.
Lembro-me de Rasay com prazer demais para não compartilhar a
felicidade de qualquer parte dessa família amável. Nosso passeio nas ilhas
paira sobre a minha imaginação, eu quase não consigo deixar de imaginar
que lá iremos novamente. Pennant parece ter visto muita coisa que não
vimos: Quando viajarmos de novo, vamos olhar melhor nós mesmos.
Você fez bem em tomar a casa de seu tio. Alguma mudança na forma de
vida dá de vez em quando uma nova fase da existência. Em um novo lugar
há algo novo para ser feito, e um sistema diferente de pensamentos surge na
mente. Eu gostaria de poder colher groselhas em seu jardim. Agora preparar
um pouco de estudo, e ter seus livros prontos à mão; não economize um
pouco de dinheiro, para tornar a sua habitação agradável a si mesmo.
Eu jantei ultimamente com o pobre coitado ----. ([414]) Eu não acho que
ele esteja passando bem. Sua mesa é um pouco grosseira, e ele tem seus
filhos muito apegados a ele. ([415]) Mas ele é um homem muito bom.
A Sra. Williams está no campo para ver se ela pode melhorar a sua
saúde; ela está muito doente. Coisas aconteceram para que ela esteja no
campo com muito bom alojamento; mas, a idade e a doença, e o orgulho, a
tornaram tão rabugenta que eu fui obrigado a subornar a empregada para
ficar com ela, por uma estipulação secreta de meia coroa por semana além
de seus salários.
Nosso CLUBE terminou a sua sessão de cerca de seis semanas. Nós
agora só nos encontramos para jantar uma vez por quinzena. O Sr. Dunning,
o grande advogado, é um dos nossos membros. Os Thrales estão bem.
Eu desejo saber como a causa do Negro será decidida. Qual é a opinião
de Lord Auchinleck, ou de Lord Hailes, ou de Lord Monboddo? Eu fico,
caro senhor, o seu mais carinhoso etc.
22 de Julho de 1777.
SAM. JOHNSON.”

“DR. JOHNSON à SRA. BOSWELL

Senhora, - Embora eu esteja bem satisfeito com o gosto de doces, muito


pouco do prazer que recebi com a chegada de seu frasco de marmelada
surgiu de comê-lo. Eu o recebi como um símbolo de amizade, como uma
prova da reconciliação, coisas muito mais doces do que doces, e com esta
consideração eu devolvo, querida Senhora, os meus mais sinceros
agradecimentos. Por ter sua gentileza eu acho que tenho uma dupla
segurança para a continuidade da do Sr. Boswell, que não é de se esperar
que qualquer homem possa manter por muito tempo, quando a influência de
uma senhora tão alta e justamente valorizada opera contra ele. O Sr.
Boswell lhe dirá que eu sempre fui fiel ao seu interesse, e sempre me
esforcei para te exaltar em sua estima. Agora você deve fazer o mesmo por
mim. Todos nós temos que ajudar um ao outro, e você deve agora
considerar-me, querida Senhora, como o seu mais obrigado, e mais humilde
servo,
22 de julho de 1777.
SAM. JOHNSON.”
“ SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON
Edimburgo, 28 de julho de 1777.
Meu Caro Senhor,
Este é o dia em que você devia sair de Londres, e eu venho me
divertindo nos intervalos da minha labuta legal, imaginando você na
carruagem do correio de Oxford. Duvido, no entanto, se você já tenha tido
uma viagem tão alegre quanto você e eu tivemos naquele veículo no ano
passado, quando fez muitas brincadeiras com Gwyn, o arquiteto. Incidentes
em uma jornada são recordados com prazer peculiar; eles são preservados
em espíritos vivos, e reaparecem em nossas mentes, tingidos com aquela
alegria, ou pelo menos a animação com que primeiro os percebemos.”...
Acrescentei, que algo tinha ocorrido, que eu receava pudesse me impedir
de encontrá-lo; e que minha esposa tinha sido afetada com queixas que
ameaçavam uma pneumonia, mas que agora estava melhor.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Não se perturbe sobre as nossas entrevistas; espero que
tenhamos muitas; nem pense qualquer coisa difícil ou incomum, que seu
projeto de me encontrar está interrompido. Ambos passamos por males
maiores, e temos maiores males a esperar.
A doença da Sra. Boswell produz um sofrimento mais grave. Terá o
sangue a origem em seus pulmões ou em seu estômago? De pequenos vasos
rompidos no estômago não há perigo. O sangue dos pulmões é, creio eu,
sempre espumante, pois vem misturado com o ar. Seus médicos sabem
muito bem o que deve ser feito. A perda de uma tal senhora seria, de fato,
muito aflitiva, e eu espero que ela não esteja em perigo. Tome cuidado para
manter sua mente tão tranquila quanto possível.
Eu deixei Langton em Londres. Ele saiu da milícia e está novamente
tranquilo em casa, conversando com seus pequenos, como, eu suponho,
você faz às vezes. Estenda meus cumprimentos a Miss Veronica. Os
restantes são jovens demais para cerimônia.
Eu não posso, mas espero que você tenha assumido a sua casa de campo
em um momento muito oportuno, e que possa conduzir à restauração, ou
estabelecimento da saúde da Sra. Boswell, bem como proporcionar espaço e
exercício para os mais jovens. Que você e sua senhora possam ser ambos
felizes e desfrutar por longo tempo a sua felicidade, é o desejo sincero e
sério de, caro senhor, seu mais etc.
Oxford, 4 de agosto de 1777.
SAM. JOHNSON.”

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Informando-o que a minha esposa tinha continuado a melhorar, de modo
que minhas apreensões alarmantes foram aliviadas: e que eu esperava
desvencilhar-me do outro embaraço que tinha ocorrido, e, portanto,
solicitando saber particularmente quando ele pretendia estar em Ashbourne.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - Eu devo hoje ir a Ashbourne, e só tenho que lhe dizer, que
o Dr. Taylor diz que você será bem-vindo a ele, e você sabe quão bem-
vindo você será para mim. Apressa-te em informar quando você pode ser
esperado.
Estenda meus cumprimentos à Sra. Boswell, e diga a ela que eu espero
que nunca mais possamos estar em desacordo. Eu fico, caro Senhor, seu
mais humilde servo,
30 de agosto de 1777.
SAM. JOHNSON.”
“A JAMES BOSWELL, ESQ.
Caro senhor, - No sábado, eu escrevi uma carta muito curta,
imediatamente após a minha chegada aqui, para mostrar a você que eu não
sou menos desejoso da entrevista que você mesmo. A vida não admite
atrasos; quando o prazer pode ser tido, é adequado agarrá-lo. Cada hora
leva parte das coisas que nos agradam, e talvez parte de nossa disposição
para estar satisfeito. Quando eu vim para Lichfield, encontrei o meu velho
amigo Harry Jackson morto. Foi uma perda, e uma perda que não pode ser
reparada, pois ele era um dos companheiros da minha infância. Espero que
possamos continuar por muito tempo a fazer amigos, mas os amigos que
mérito ou utilidade nos possam proporcionar, não são capazes de suprir o
lugar de velhos conhecidos, com quem os dias de juventude podem ser
recuperados, e aquelas imagens revividas que produziram os primeiros
prazeres. Se você e eu vivermos para ser muito mais velhos, teremos muito
prazer em falar sobre a Viagem à Hébridas.
Nesse meio tempo, pode não ser errado inventar alguma outra pequena
aventura, mas o que pode ser eu não sei; deixe-o, como diz Sidney,
‘Para a virtude, a fortuna, o vinho e o peito de mulher; ‘ ([416])
pois acredito que a Sra. Boswell deve ter alguma parte na consulta.
De uma coisa você vai gostar. O Doutor, tanto quanto eu posso julgar,
provavelmente nos deixará sozinhos o bastante. Ele estava fora hoje antes
que eu descesse, e, imagino, ficará fora até o jantar. Eu trouxe os
documentos sobre o pobre Dodd, para mostrar a você, mas em breve você
os terá despachado.
Antes de vir, eu mandei embora a pobre Senhora Williams para o campo,
muito doente de uma defluxão pituitária, que a debilita gradualmente, e que
o seu médico se declara incapaz de parar. Eu lhe forneci tanto quanto
poderia ser desejado, com todas as conveniências para tornar sua excursão e
morada agradável e útil. Mas eu receio que ela só possa permanecer um
tempo curto em um estado mórbido de fraqueza e dor.
Os Thrales, pequeno e grande, estão todos bem, e pretendem ir a
Brighthelmstone no dia de São Miguel. Eles me convidarão a ir com eles, e
talvez eu possa ir, mas eu acho que dificilmente eu gostaria de ficar o tempo
todo; mas do futuro sabemos muito pouco.
A Sra. Porter está bem; mas a Sra. Aston, uma das senhoras em Stowhill
foi atacada por uma paralisia, da qual ela provavelmente nunca se
recuperará. Quão breve, pode um derrame desses cair sobre nós!
Escreva-me, e deixe-nos saber quando lhe podemos esperar. Eu fico,
Senhor, seu mais humilde servo,
Ashbourne, 1 de Set. de 1777.
SAM. JOHNSON.”

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 9 de setembro de 1777.
Depois de informa-lo que eu devia sair no dia seguinte, a fim de
encontrá-lo em Ashbourne: -
Eu tenho um presente para você de Lord Hailes; o quinto livro de
Lactâncio, que ele publicou com notas latinas. Ele também deve lhe dar
algumas anedotas para sua Biografia de Thomson, que eu descobri ser o
tutor privado do atual Conde de Hadington, primo de Lord Hailes,
circunstância não mencionada pelo Dr. Murdoch. Tenho expectativas
aguçadas de sua edição de The English Poets.
Lamento pela má situação da Sra. Williams. Entretanto, você terá o
conforto de refletir sobre a sua bondade para com ela. A morte do Sr.
Jackson, e a paralisia da Sra. Aston são circunstâncias sombrias. Ainda
assim, certamente devemos estar habituados à incerteza da vida e da saúde.
Quando minha mente está sem nuvens de melancolia, considero as
angústias temporárias desse estado de ser, como ‘aflições leves’ esticando
meu ponto de vista mental naquela gloriosa pós-existência, quando eles
parecerão ser nada. Mas os prazeres presentes e as dores presentes devem
ser sentidos. Eu recentemente li Rasselas outra vez com grande satisfação.
Uma vez que você está desejoso de ouvir sobre a venda de Macquarry
vou informá-lo particularmente. O cavalheiro que comprou Ulva é o Sr.
Campbell de Auchnaba: nosso amigo Macquarry era proprietário de dois
terços dela da qual o aluguel era £ 156 5 s. 1 1/2 d. Esta parcela foi definida
como £ 4069 5 s. 1 d., mas foi vendida por nada menos que £ 5,540. O
outro terço de Ulva, com a ilha de Staffa, pertencia a Macquarry de Ormaig.
Sua renda, incluindo a de Staffa, £ 83 12 s. 2 1/2 d. - definida como £ 2178
16 s. 4 d. - vendida por nada menos que £ 3,540. O Laird de Col desejava
comprar Ulva, mas achou o preço alto demais. Pode, de fato, haver grandes
melhorias feitas ali, tanto na pesca quanto na agricultura; mas o interesse do
dinheiro da compra excede tanto o aluguel, que eu duvido que o negócio
será rentável. Existe uma ilha chamada Little Colonsay, de £ 10 de aluguel
anual, que fui informado pertenceu aos Macquarrys de Ulva durante muitos
séculos, mas que foi recentemente reivindicada pelo Sínodo Presbiteriano
de Argyll, em consequência de uma doação feita a eles pela Rainha Anne.
Acredita-se que o sua reivindicação será indeferida, e que Little Colonsay
também será vendido para a vantagem dos credores de Macquarry. O que
você acha de comprar esta ilha, e patrocinar uma escola ou faculdade lá, o
mestre ser um clérigo da Igreja da Inglaterra? Quão venerável tal instituição
tornaria o nome de DR. SAMUEL JOHNSON nas Hébridas! Eu tenho,
como você, um prazer maravilhoso em recordar nossas viagens naquelas
ilhas. O prazer é, penso eu, mais do que razoavelmente deveria ser,
considerando que não tivemos muito seja de beleza ou elegância para
encantar nossa imaginação, ou de rude novidade para surpreender. Vamos,
por todos os meios, tem uma outra expedição. Eu recuo um pouco do nosso
esquema de subir o Báltico. ([417]) Lamento que já tenha estado no País de
Gales; pois eu desejo vê-lo. Vamos à Irlanda, que já visitei, mas vi pouco?
Tentaremos traçar um plano quando estivermos em Ashbourne. Eu fico
sempre, o seu mais fiel e humilde servo,
JAMES BOSWELL.”

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, - eu escrevo para ser deixado em Carlisle, como você me
instruiu; mas você não pode tê-lo. Sua carta, datada 6 de setembro não
estava neste lugar até hoje, quinta-feira, 11 de setembro e eu espero que
você estará aqui antes que esta esteja em Carlisle. ([418]) No entanto, o que
você não tem na ida, você pode ter na volta; e como eu acredito que não te
amarei menos depois de nossa entrevista, então será tão verdadeiro quanto é
agora, que eu defina um valor muito alto para sua amizade, e conte sua
bondade como uma das principais felicidades da minha vida. Não fique
imaginando que um intervalo da correspondência seja uma decadência da
gentileza. Nenhum homem está sempre disposto a escrever; nem tem
qualquer homem o tempo todo algo a dizer.
Essa desconfiança que se intromete tantas vezes em sua mente é um
modo de melancolia, a que, se for o negócio de um homem sábio ser feliz, é
tolice entregar-se; e se ela for um dever para preservar as nossas faculdades
inteiramente para seu uso adequado, ela é criminosa. A suspeita é muitas
vezes uma dor inútil. A partir daquela, e todas as outras dores, desejo que
você seja livre e seguro; pois eu fico, caro Senhor, mais carinhosamente
seu,
Ashbourne, 11 de setembro de 1777.
SAM. JOHNSON.”

Na noite de domingo, 14 de setembro, cheguei a Ashbourne, e dirigi-me


diretamente até à porta do Dr. Taylor. O Dr. Johnson e ele apareceram antes
que eu tivesse saído da carruagem, e me receberam cordialmente.
Eu lhes disse que tinha viajado toda a noite anterior, e ido para a cama
em Leek, em Staffordshire; e que quando me levantei para ir à igreja no
período da tarde, fui informado que houvera um terremoto do qual, ao que
parece, o choque fora sentido, em algum grau, em Ashbourne. JOHNSON.
“Senhor, isso será muito exagerado em conversa populares: pois, em
primeiro lugar, as pessoas comuns não adaptam com precisão os seus
pensamentos aos objetos; nem, por outro lado, eles adaptam com precisão
suas palavras aos seus pensamentos: eles não pretendem mentir; mas, não
fazendo nenhum esforço para ser mais exato, eles lhe dão relatos muito
falsos. Uma grande parte de sua linguagem é proverbial. Se algo sacode,
eles dizem que sacode como um berço; e, desta forma, eles vão em frente.”
O tema da dor pela perda de parentes e amigos sendo introduzido,
observei que era estranho considerar quão pouco tempo ela dura. O Dr.
Taylor mencionou um cavalheiro ([419]) das vizinhanças como o único
exemplo que ele jamais conheceu de uma pessoa que tinha se esforçado
para manter a tristeza. Ele disse ao Dr. Taylor, que após a sua morte de sua
Senhora, que o afetou profundamente, ele resolveu que a dor, que ele
cultivava com uma espécie de carinho sagrado, deveria ser duradoura; mas
que ele descobriu que não poderia mantê-la por muito tempo. JOHNSON.
“Toda tristeza pelo que não pode, no decurso da natureza ser evitado, logo
se dissipa; em alguns, mais cedo, na verdade, em outros mais tarde; mas
nunca continua por muito tempo, a não ser onde existe loucura, como
aquela que fará um homem ter orgulho de modo tão fixo em sua mente, ao
ponto de se imaginar um rei; ou qualquer outra paixão de uma forma
irracional, pois todo o sofrimento desnecessário é insensato, e, portanto, não
será retido por longo tempo em uma mente sã. Se, de fato, a causa da nossa
dor é ocasionada por nossa própria culpa, se a dor se mistura com remorso
de consciência, ela deve ser duradoura.” BOSWELL. “Mas, Senhor, nós
não aprovamos que um homem muito brevemente esqueça a perda de uma
esposa ou um amigo.” JOHNSON. “Senhor, nós o desaprovamos, não
porque ele logo esquece a sua dor, pois quanto mais cedo for esquecido,
melhor, mas porque supomos que, se ele se esquecer sua esposa ou seu
amigo rapidamente, ele não teve muito carinho por eles.”
Eu estava um pouco decepcionado ao descobrir que a edição de The
English Poets, para a qual ele devia escrever Prefácios e Vidas não é uma
empresa dirigida por ele: mas que ele devia fornecer um Prefácio e Vida a
qualquer poeta que agradasse aos livreiros. Perguntei-lhe se ele faria isso
com as obras de qualquer burro, caso eles lhe pedissem. JOHNSON. “Sim,
senhor, e dizer que ele era um burro.” Meu amigo agora não parecia muito
contente em falar desta edição.
Na segunda-feira, 15 de setembro, o Dr. Johnson observou que todo
mundo elogiou tais partes de sua Viagem às Ilhas Ocidentais, assim como à
sua própria maneira. “Por exemplo, (disse ele) o Sr. Jackson (o sabe-tudo)
me disse que havia mais bom senso sobre comércio nele, do que ele devia
ouvir na Câmara dos Comuns em um ano, com exceção de Burke. Jones
elogiou a parte que trata da linguagem; Burke aquela que descreve os
habitantes de países montanhosos.”
Depois do café da manhã, Johnson levou-me para ver o jardim
pertencente à escola de Ashbourne, que é muito belamente formado em
cima de um banco, subindo gradualmente atrás da casa. O reverendo Sr.
Langley, o diretor nos acompanhou.
Enquanto estávamos sentados, aquecendo-nos sob o sol em uma cadeira
aqui, eu introduzi um tema comum de reclamação, os salários muito
pequenos que muitos diáconos têm, e eu sustentei, “que nenhum homem
deveria ser investido com o caráter de um clérigo, a menos que tenha uma
garantia de uma tal receita que lhe permitirá aparecer respeitável; que,
portanto, um clérigo não deveria ser autorizado a ter um diácono, a menos
que ele lhe desse uma centena de libras por ano; se ele não pode fazer isso,
deixe-o realizar o dever ele mesmo.” JOHNSON. “Para ter certeza, senhor,
é errado que qualquer clérigo deva estar sem um salário razoável; mas
como as receitas da igreja foram tristemente diminuídas na Reforma, o
clero que têm seu lar não pode, em muitos casos, pagar bons salários aos
diáconos, sem deixar muito pouco para si; e, se nenhum diácono fosse
permitido a menos que tivesse uma centena de libras por ano, o seu número
seria muito pequeno, o que seria uma desvantagem, pois então não haveria
tal escolha no berçário para a igreja, os diáconos sendo candidatos aos
ofícios eclesiásticos superiores, de acordo com o seu mérito e bom
comportamento.” Ele explicou o sistema da Hierarquia Inglesa muitíssimo
bem. “Não é considerado adequado (disse ele) confiar em um homem o
cuidado de uma paróquia até que ele dê provas como um diácono de que
deve merecer tal confiança. “Esta é uma excelente teoria; e se a prática
fosse de acordo com ela, a Igreja da Inglaterra seria realmente admirável.
No entanto, conforme ouvi o Dr. Johnson observar quanto às Universidades,
a má prática não infere que a constituição seja ruim.
Tivemos conosco no jantar vários dos vizinhos do Dr. Taylor, bons e
civilizados cavalheiros que pareciam compreender o Dr. Johnson muito
bem, e não o considerar à luz do que uma certa pessoa ([420]) fez, que ao ser
atingida, ou melhor, atordoada por sua voz e maneira, quando foi depois
questionada sobre o que pensava dele, respondeu: “Ele é um tremendo
companheiro.”
Johnson contou-me, que “Taylor era um agudo homem muito sensato, e
tinha uma mente forte; que teve grande atividade em alguns aspectos, e
ainda assim um tal tipo de indolência que se você colocasse uma pedra em
cima da sua lareira, você a iria encontrar ali, no mesmo estado, um ano
depois.”
E aqui é o lugar adequado para dar um relato da interferência humana e
zelosa de Johnson em nome do reverendo Dr. William Dodd, ex
Prebendário de Brecon, e capelão em atividade junto à Sua Majestade;
celebrado como um pregador muito popular, um incentivador de
instituições de caridade, e autor de uma série de obras, principalmente
teológicas. Tenso hábitos caros infelizmente contratados de vida, em parte
ocasionadas pela licenciosidade de costumes, ele em má hora, quando
pressionado por falta de dinheiro, e temendo uma exposição de suas
circunstâncias, forjou um título do qual ele tentou valer-se para garantir o
seu crédito, lisonjear-se com a esperança de que poderia ser capaz de pagar
o seu valor sem ser detectado. A pessoa, cujo nome ele assim apressada e
criminalmente pretendeu falsificar era o conde de Chesterfield, de quem ele
tinha sido tutor, e que, segundo ele, talvez, no calor de seus sentimentos,
enganou a si mesmo que ele teria generosamente pago o dinheiro em caso
de um alarme ser levantado, em vez de fazê-lo cair uma vítima das terríveis
consequências de violar a lei contra a falsificação, o crime mais perigoso
em um país comercial; mas o infeliz teólogo teve a mortificação para
descobrir que ele estava enganado. Seu nobre pupilo apareceu contra ele, e
ele foi condenado à morte.
Johnson disse-me que o Dr. Dodd era muito pouco familiarizado com
ele, tendo estado apenas uma vez em sua companhia, muitos anos antes
deste período (que era precisamente o estado de meu próprio conhecimento
com Dodd); mas, na sua angústia, ele lembrou-se do poder de persuasão de
Johnson na escrita, se por acaso ele pudesse aproveitar para obter para ele a
Real Misericórdia. Ele não recorreu a ele diretamente, mas,
extraordinariamente conforme possa parecer, através da finada condessa de
Harrington, que escreveu uma carta a Johnson, pedindo-lhe para empregar
sua pena em favor de Dodd. O Sr. Allen, o impressor, que era o senhorio de
Johnson e vizinho do lado em Bolt-court, e por quem ele tinha muito
carinho era um dos amigos de Dodd, de quem, para o crédito da
humanidade seja aqui registrado que ele tinha muitos que não o
abandonaram, mesmo depois que sua violação da lei o tinha reduzido ao
estado de um homem condenado à morte. O Sr. Allen contou-me que ele
levou a carta de Lady Harrington a Johnson, que Johnson a leu andando
para cima e para baixo em seu quarto, e pareceu muito agitado, depois do
que ele disse, “Farei o que puder;” - e, certamente, ele fez esforços
extraordinários.
Ele esta noite, conforme tinha prometido gentilmente em uma de suas
cartas, colocou em minhas mãos toda a série de seus escritos nessa ocasião
melancólica, e eu apresentarei aos meus leitores o resumo que fiz da
coleção; em fazer o que eu estudei para evitar copiar o que apareceu na
imprensa, e agora faz parte da edição das Obras de Johnson, publicadas
pelos Livreiros de Londres, mas tendo o cuidado de marcar as variações de
Johnson em algumas das peças ali expostas.
O Dr. Johnson escreveu em primeiro lugar, o Discurso ao Recorder de
Londres do Dr. Dodd, no Old-Bailey, quando a sentença de morte estava
para ser pronunciada contra ele.
Ele também escreveu o Discurso do Condenado aos seus infelizes
Irmãos, um sermão proferido pelo Dr. Dodd, na capela de Newgate. De
acordo com o manuscrito de Johnson, ele começava assim, após o texto, O
que farei para ser salvo? –
“Estas foram as palavras com que o guarda, a cuja custódia Paulo e Silas
foram confiados por seus acusadores, dirigiu a seus prisioneiros, quando os
viu libertos de suas amarras pela ação perceptível do favor divino, e,
portanto, estava irresistivelmente convencido de que eles não eram
violadores das leis, mas os mártires da verdade.”
O Dr. Johnson fez a gentileza de marcar para mim com sua própria
caligrafia, em uma cópia desse sermão que agora está em minha posse, tais
passagens conforme foram adicionados pelo Dr. Dodd. Elas não são muitas:
quem se der ao trabalho de olhar a cópia impressa, e prestar atenção ao que
eu menciono, ficará satisfeito com isso.
Há uma breve introdução pelo Dr. Dodd, e ele também inseriu esta frase,
“Vocês veem com que confusão e desonra eu agora estou diante de vós; -
não mais no púlpito de instrução, mas neste humilde banco junto a vocês.”
As notas são todas do próprio Dodd, e a escrita de Johnson termina nas
palavras, “o ladrão a quem ele perdoou na cruz.” O que se segue foi
fornecida pelo próprio Dr. Dodd.
As outras peças escritas por Johnson na coleção acima mencionada são
duas cartas, uma para o Lord Chanceler Bathurst, (não Lord North, como se
supõe erroneamente) e uma para Lord Mansfield; - Uma Petição do Dr.
Dodd ao Rei; - Uma Petição da Senhora Dodd à Rainha; - Observações de
algum volume inseridas nos jornais, por ocasião de Earl Percy ter
apresentado à Sua Majestade uma petição de clemência para Dodd, assinada
por vinte mil pessoas, mas tudo em vão. Ele me disse que também havia
escrito uma petição da cidade de Londres; “mas (disse ele, com um sorriso
significativo) eles a emendaram.”([421])
O último desses artigos que Johnson escreveu é última Declaração
solene do Dr. Dodd, que ele deixou com o xerife no local da execução. Aqui
também meu amigo marcou as variações sobre uma cópia dessa peça agora
na minha posse. Dodd inseriu, “Eu nunca soube ou atendi aos apelos de
frugalidade, ou de minúcia necessária de economia dolorosa;” e na frase
seguinte, ele introduziu as palavras que eu distingui por itálico; “Minha
vida por alguns anos infelizes no passado foi terrivelmente errada.” A
expressão de Johnson era hipócrita; mas a sua observação sobre a margem é
“Com isso, ele disse que não poderia acusar a si mesmo.”
Tendo assim autenticamente resolvido qual parte dos Documentos
Ocasionais, relativos à situação miserável do Dr. Dodd, veio da pena de
Johnson, passarei a apresentar aos meus leitores o meu registro dos escritos
inéditos relacionados com esse assunto extraordinário e interessante.
Eu encontrei uma carta ao Dr. Johnson, do Dr. Dodd, de 23 de maio de
1777, que parece referir-se claramente ao Discurso do Condenado: -
“Estou tão penetrado, meu sempre querido Senhor, de um senso de sua
benevolência extrema para comigo que eu não consigo encontrar palavras
iguais aos sentimentos do meu coração...
Você está familiarizados demais com o mundo para precisar do menor
indício de mim, de qual utilidade infinita o Discurso ([422]) no dia horrível
foi para mim. Eu experimento, a cada hora, alguns bons efeitos dele. Tenho
a certeza de que os efeitos ainda mais salutares e importantes devem seguir
a partir do seu gentil e bem intencionado favor. Eu trabalharei, - DEUS
sendo o meu auxílio, - para fazer justiça a ele do púlpito. Estou certo de
que, se eu tivesse seus sentimentos constantemente para entregar dali, em
toda a sua poderosa força e poder, nem uma alma poderia deixar de ser
convencida e persuadida...”
Ele acrescentou: - “Que DEUS TODO-PODEROSO abençoe e
recompense, com os confortos mais seletos, as suas ações filantrópicas, e
permita-me em todos os momentos expressar o que eu sinto das obrigações
altas e incomuns que eu devo ao primeiro homem em nossos tempos.”
No domingo, 22 de junho, ele escreve, implorando a ajuda do Dr.
Johnson na elaboração de uma carta de súplica à Sua Majestade: -
“Se Sua Majestade pudesse ser comovida em sua clemência real para
poupar a mim e minha família os horrores e a ignomínia de uma morte
pública, que o próprio público é solícito em dispensar, e conceder-me em
algum canto distante silencioso do mundo, passar o resto dos meus dias em
penitência e oração, eu abençoaria a sua clemência e seria humilde.”
Esta carta foi trazida ao Dr. Johnson, quando na igreja. Ele inclinou-se e
a leu, e escreveu, quando voltou para casa, a seguinte carta para o Dr. Dodd
ao Rei: -
“Senhor, - Que não ofenda Vossa Majestade, que o mais miserável dos
homens peça a sua clemência, como sua última esperança e seu último
refúgio; que a sua misericórdia seja mais sincera e humildemente implorada
por um clérigo, a quem suas leis e juízes condenaram ao horror e ignomínia
de uma execução pública.
Eu confesso o crime, e admito a enormidade de suas consequências, e o
perigo de seu exemplo. Também não tenho a confiança de pedir a
impunidade; mas humildemente espero, que a segurança pública possa ser
estabelecida sem o espetáculo de um clérigo arrastado pelas ruas para uma
morte de infâmia, em meio à zombaria do devasso e do profano; e que a
justiça possa ser satisfeita com o exílio irrevogável, perpétua desgraça e
miséria sem esperança.
Minha vida, Senhor, não foi inútil para a humanidade. Eu beneficiei
muitos. Mas as minhas ofensas contra Deus são inúmeras, e tive pouco
tempo para o arrependimento. Guarda-me, Senhor, por sua prerrogativa de
misericórdia, da necessidade de aparecer despreparado naquele tribunal,
perante o qual Reis e Súditos devem finalmente ficar juntos. Permita-me
esconder minha culpa em algum canto obscuro de um país estrangeiro,
onde, se eu alguma vez possa alcançar a confiança de esperar que minhas
orações serão ouvidas, elas serão derramado com todo o fervor de gratidão
pela vida e pela felicidade de sua Majestade. Eu fico, Senhor, de Vossa
Majestade etc.”
Anexado a ela estava escrito o seguinte: -

“Ao DR. DODD


Senhor, - eu muito seriamente recomendo que você não deixe ser
conhecido de forma nenhuma que eu escrevi esta carta, e devolver a cópia
ao Sr. Allen em um envelope para mim. Espero que eu não precise lhe dizer
que eu lhe desejo sucesso. - Mas não alimente esperança. - Não conte a
ninguém.”
Por sorte, aconteceu que o Sr. Allen foi escolhido para ajudar neste
melancólico ofício, pois ele era um grande amigo do Sr. Akerman, o
guardião de Newgate. O Dr. Johnson nunca foi ver o Dr. Dodd. Ele me
disse: “teria feito a ele mais mal do que bem a Dodd, que já manifestou o
desejo de vê-lo, mas não seriamente.”

O Dr. Johnson, no dia 20 de junho escreveu a seguinte carta: -

“Ao HONORÁVEL CHARLES JENKINSON


Senhor, - Desde a acusação e condenação do Dr. Dodd, tive, pela
intervenção de um amigo, alguma relação com ele, e eu tenho certeza que
eu não perderei nada em sua opinião por ternura e comiseração. Qualquer
que seja o crime, não é fácil ter qualquer conhecimento do delinquente, sem
o desejo de que a sua vida possa ser poupada; pelo menos quando nenhuma
vida foi tirada por ele. Por isso, tomarei a liberdade de sugerir algumas
razões pelas quais eu gostaria de que esse infeliz escapasse ao máximo rigor
de sua sentença.
Ele é, tanto quanto me lembro, o primeiro clérigo da nossa igreja que
sofreu execução pública por imoralidade; e eu não sei se não seria mais no
interesse da religião enterrar tal criminoso na obscuridade de exílio
perpétuo, do que expô-lo em um carro, e na forca, a todos os que, por
qualquer motivo são inimigos do clero.
O poder supremo, em todos os tempos, prestou alguma atenção à voz do
povo; e essa voz não merecem menos ser ouvida, quando ela clama por
misericórdia. Há agora um desejo muito geral de que a vida de Dodd
devesse ser poupada. Mais não se deseja; e, talvez, isso não é muito a ser
concedido.
Se você, Senhor, tem qualquer possibilidade de invocar estas razões,
pode, talvez, achá-las dignas de consideração: mas o que quer que você
determine, eu mui respeitosamente imploro que você se digne de perdoar-
me por esta intrusão, Senhor, o seu mais obediente e mais humilde servo,
SAM. JOHNSON.”

Foi confidencialmente circulado, com observações invejosas, que a esta


carta absolutamente nenhuma atenção foi prestada pelo Sr. Jenkinson
(posteriormente conde de Liverpool), e que ele nem sequer se dignou de
mostrar a civilidade comum de acusar o recebimento da mesma. Eu não
pude, a não ser me admirar de tal conduta do nobre Senhor, cujo próprio
caráter e elevação justa na vida, eu pensava, deve tê-lo impressionado com
todo o devido respeito por grandes habilidades e realizações. Como tinha-se
falado muito sobre a história de, e aparentemente partindo de boa
autoridade, eu não podia deixar de tê-la reprovado neste trabalho, se tivesse
sido como foi alegado; mas a partir de meu amor sincero pela verdade, e
tendo encontrado razão para pensar que podia haver um erro, eu pretendi
escrever à sua Senhoria, solicitando uma explicação; e é com o mais sincero
prazer que eu posso assegurar ao mundo, que não há fundamento nisso,
sendo a verdade que devido a alguma negligência ou acidente, a carta de
Johnson nunca chegou às mãos de Lord Hawkesbury. Eu deveria ter achado
estranho, na verdade, se aquele nobre Lord tinha desvalorizado o meu
ilustre amigo; mas em vez de ser este o caso, sua Senhoria, na resposta
muito educada com que ele fez o favor imediatamente de me honrar, ele se
exprime assim: - “Sempre respeitei a memória do Dr. Johnson, e admirei
seus escritos; e eu leio com frequência muitas partes deles com prazer e
grande aperfeiçoamento.”
Todos os pedidos de Misericórdia Real tendo falhado, o Dr. Dodd
preparou-se para a morte; e, com um calor de gratidão, escreveu ao Dr.
Johnson da seguinte forma: -
”25 de junho, meia-noite.
Aceita, ó grande e bom coração, meus agradecimentos e orações sinceras
e fervorosas por todos os teus esforços benevolentes e amáveis em meu
favor. - Oh! Dr. Johnson! como eu procurei o seu conhecimento no início da
vida, desejava ter cultivado o amor e o conhecimento de um tão excelente
homem! - Peço a Deus sinceramente abençoá-lo com os mais altos
transportes - a satisfação sentida de esforços humanos e benevolentes! - E
admitido, como confio que irei para os reinos de felicidade antes de você,
saudarei sua chegada lá com transporte, e regozijar-me-ei ao reconhecer
que você foi o meu Consolador, o meu Advogado, e meu Amigo! Que
DEUS esteja sempre com você!”
O Dr. Johnson finalmente escreveu ao Dr. Dodd esta carta solene e
calmante: -
“Ao REVERENDO DR. DODD
Caro senhor, - O que é indicado para todos os homens agora ocorrendo
com você. Circunstâncias externas, os olhos e os pensamentos dos homens
estão abaixo da percepção de um ser imortal prestes a passar pelo
julgamento para a eternidade, diante do Juiz Supremo do céu e da terra.
Seja consolado: seu crime, considerado moral ou religiosamente, não tem
cores profundas de torpeza. Ele não corrompeu os princípios de nenhum
homem; não atacou a vida de ninguém. Ele envolveu apenas uma lesão
temporária e reparável. Desse, e de todos os outros pecados, você deve
sinceramente arrepender-se; E que Deus, que conhece a nossa fragilidade, e
não deseja a nossa morte, aceite o seu arrependimento, em nome de seu
Filho JESUS CRISTO, nosso Senhor.
Em retribuição por esses serviços bem-intencionados que você está
satisfeito tão enfaticamente em reconhecer, deixe-me implorar que você
faça em suas devoções uma petição pelo meu bem-estar eterno. Eu fico,
Senhor, seu afetuoso servo,
26 de junho de 1777.
SAM. JOHNSON.”
Sob a cópia desta carta eu achei escrito pela própria mão de Johnson,
“No dia seguinte, 27 de junho, ele foi executado.”
Para concluir este episódio interessante, com uma aplicação útil, vamos
agora atentar para as reflexões de Johnson ao final dos Documentos
Ocasionais, a respeito do infeliz Dr. Dodd: -
“Tais foram os últimos pensamentos de um homem a quem vimos
exultando em popularidade, e afundado em vergonha. Por sua reputação,
que nenhum homem pode dar a si mesmo, quem a conferiu deve responder.
Do seu ministério público os meios de julgamento eram suficientemente
atingíveis. Deve ser-lhe autorizado pregar bem, cujos sermões atingir seu
público com convicção forçada. De sua vida, aqueles que a achavam
consistente com a sua doutrina, não formou originalmente falsas noções.
Ele foi primeiro o que ele se esforçou para fazer os outros; mas o mundo
quebrou sua resolução, e ele com o tempo deixou para exemplificar suas
próprias instruções.
Deixe aqueles que são tentados aos seus defeitos, tremer com a sua
punição; e aqueles a quem ele impressionou do púlpito com sentimentos
religiosos, esforçar-se para confirmá-los, considerando o arrependimento e
auto aversão com que ele revisou na prisão os seus desvios de retidão.”
Johnson deu-nos esta noite, em sua forma feliz discriminativa, um retrato
do falecido Sr. Fitzherbert, de Derbyshire. “Não havia (disse ele) chama,
nenhum brilho em Fitzherbert; mas eu nunca conheci um homem que fosse
tão geralmente aceitável. Ele deixou todo mundo muito à vontade, não
dominou ninguém pela superioridade de seus talentos, não fez nenhum
homem achar pior de si mesmo por ser seu rival, parecia sempre ouvir, não
lhe obrigou a ouvir muito dele, e não se opôs a que você disse. Todo mundo
gostava dele; mas ele não tinha nenhum amigo, como eu entendo a palavra,
ninguém com quem trocou pensamentos íntimos. As pessoas estavam
dispostos a pensar bem de cada coisa a seu respeito. Um senhor estava
fazendo um discurso afetado, como muitas pessoas fazem, de grandes
sentimentos sobre ‘seu querido filho’ que estava na escola perto de
Londres; quão ansioso ele estava para que ele não estivesse doente, e que
ele daria para vê-lo. ‘Você não pode (disse Fitzherbert), tomar um coche e ir
até ele.’ Este, com certeza, terminou como o homem afetado, mas não havia
muito nisso. ([423]) No entanto, isso foi distribuído como espirituosidade por
um inverno inteiro, e eu acredito que parte de um verão também; uma prova
de que ele não era um homem muito espirituoso. Ele era um exemplo da
verdade da observação, de que um homem agradará mais como um todo
pelas qualidades negativas do que pelas positivas; por nunca ofender, do
que proporcionando uma grande dose de deleite. Em primeiro lugar, os
homens odeiam mais firmemente do que amam; e se eu disse algo para ferir
um homem uma vez, não vou tirar o melhor disso dizendo muitas coisas
para agradá-lo.”
Terça-feira, 16 setembro, o Dr. Johnson tendo mencionado a mim o
tamanho extraordinário e preço de algum gado criado pelo Dr. Taylor, eu
cavalguei com o nosso anfitrião, supervisionei sua fazenda, e me foi
mostrada uma vaca que ele tinha vendido por cento e vinte guinéus, e outra
pela qual tinham sido oferecidos cento e trinta. Taylor, assim descreveu-me
seu antigo colega de escola e amigo, Johnson: “Ele é um homem de uma
cabeça muito clara, grande poder das palavras, e uma imaginação muito
alegre; mas não há disputa com ele. Ele não te ouvirá, e tendo uma voz mais
alta do que você, te esmagará com rugidos.”
À tarde eu tentei fazer com que o Dr. Johnson gostasse dos Poemas do
Sr. Hamilton de Bangour, que eu trouxera comigo: eu tinha ficado muito
satisfeito com eles em uma idade muito tenra; e a impressão ainda
permanecia em minha mente; foi confirmado pela opinião de meu amigo, o
honorável Andrew Erskine, ele mesmo um bom poeta e um bom crítico,
que considerava Hamilton o verdadeiro poeta que jamais escreveu, e que
ele não ter fama era inexplicável. Johnson, em ocasiões repetidas, enquanto
eu estava em Ashbourne, falou com desprezo de Hamilton. Ele disse que
não havia poder de pensamento em seus versos, nada que chamasse a
atenção, nada melhor do que o que geralmente encontramos em revistas; e
que o maior elogio que mereciam era que eles eram muito bons para um
cavalheiro distribuir entre seus amigos. Ele disse que a imitação de Ne sit
ancilae tibi amor, etc. era solene demais; ele leu parte dele no começo. Ele
leu a bela canção patética, Ah o triste destino do pobre pastor, e não
pareceu dar atenção ao que eu costumara pensar oferecer estirpes elegantes,
mas riu da rima, em pronúncia escocesa, “wishes” e “blushes”, lendo
“wushes” - e ali ele parou. Ele admitiu que o epitáfio sobre Lord Newhall
era muito bem feito. Ele leu a Inscription in a Summer-house (Inscrição em
uma casa de verão), e um pouco das imitações de Epístolas de Horácio; mas
disse que não encontrou nada para fazê-lo desejar continuar a ler. Quando
insisti que havia algumas boas passagens poéticas no livro. “Onde (disse
ele), você vai encontrar uma coleção tão grande sem alguma?”
Pensei que a descrição do Inverno poderia obter sua aprovação:
“Veja o Inverno, do norte congelado
Dirige à frente a sua carruagem férrea!
Sua mão terrível em correntes geladas
prendem a enchente prateada da Fada Tweeda,” etc.
Ele perguntou por que uma “carruagem férrea”? e disse “correntes
geladas” era uma imagem antiga. Fiquei chocado com a incerteza de gosto,
e um pouco triste que um poeta a quem eu tinha por muito tempo lido com
prazer, não fosse aprovado pelo Dr. Johnson. Eu me consolei com o
pensamento de que as belezas eram delicadas demais para sua percepção
robusta. Garrick sustentava que ele não tinha um gosto para as melhores
produções de genialidade: mas eu era sensível, que, quando ele se dava o
trabalho de analisar criticamente, geralmente ele nos convencia de que
estava certo.
À noite, o Reverendo Mr. Seward, de Lichfield, que estava passando por
Ashbourne em seu caminho para casa, tomou chá conosco. Johnson o
descreveu assim; - “Senhor, sua ambição é ser um bom papo; então ele vai a
Buxton e tais lugares, onde pode encontrar companheiros para ouvi-lo. E,
Senhor, ele é um valetudinário, um daqueles que estão sempre se
corrigindo. Eu não conheço uma personagem mais desagradável do que um
valetudinário, que acha que pode fazer qualquer coisa para sua
conveniência, e se entrega às liberdades mais grosseiras: Senhor, ele se
reduz ao estado de um porco em um chiqueiro.”
Acontecendo de sangrar o nariz do Dr. Taylor, ele disse que era porque
ele tinha deixado de ter-se submetido a uma sangria quatro dias depois de
um trimestre de intervalo de um ano.
O Dr. Johnson, que era um grande diletante em medicina, desaprovava
muito a sangria periódica. “Porque (disse ele), você se acostuma a uma
evacuação que a Natureza não pode executar por si mesma e, portanto, ela
não pode ajudá-lo, caso você, por esquecimento ou qualquer outra causa,
omiti-la; assim você pode ver-se de repente sufocado. Você pode se
acostumar a outras evacuações periódicas, porque caso você as omita, a
natureza pode suprir a omissão; mas a Natureza não pode abrir uma veia
para sangrar você.”- “Eu não gosto de tomar um emético, (disse Taylor,) por
medo de romper alguns pequenos vasos.”- “Poh! (Disse Johnson,) se você
tem tantas coisas que romperão, seria melhor você quebrar o pescoço de
uma vez, e colocar um fim nisso. Você não vai romper pequenos vasos:”
(assoando o nariz com alto escárnio.)
Eu mencionei ao Dr. Johnson, que a persistência de David Hume em sua
infidelidade, quando estava para morrer, me chocara muito. JOHNSON.
“Por que deveria chocá-lo, senhor? Hume admitia que ele nunca tinha lido o
Novo Testamento com atenção. Aqui, então, estava um homem, que não
havia se dado o trabalho de investigar a verdade da religião, e tinha
continuamente voltou sua mente para o outro lado. Não era de se esperar
que a perspectiva da morte iria alterar sua maneira de pensar, a menos que
DEUS enviasse um anjo para corrigi-lo.” Eu disse que tinha razões para
acreditar que o pensamento da aniquilação não impressionava Hume.
JOHNSON. “Não era assim, Senhor. Ele tinha uma vaidade em ser
considerado fácil. É mais provável que ele assumisse uma aparência de
facilidade, do que muito improvável algo seria, como um homem que não
tem medo de ir (como, apesar de sua teoria ilusória, ele não pode ter
certeza, mas ele pode ir,) para um estado desconhecido, e não estando
preocupado em deixar tudo o que sabia. E você deve considerar, que
segundo seu próprio princípio de aniquilação ele não tinha nenhum motivo
para falar a verdade.” O horror à morte que eu sempre observei no Dr.
Johnson, pareceu forte esta noite. Aventurei-me a dizer-lhe, que eu, por
momentos na minha vida, não tivera medo da morte; portanto, eu poderia
supor um outro homem nesse estado de espírito por um tempo considerável.
Ele disse: “Ele nunca teve um momento em que a morte não fosse terrível
para ele.” Ele acrescentou, que tinha sido observado que poucos homens
morrem em público, a não ser com resolução aparente; daquele desejo de
louvor que nunca nos abandona. Eu disse, o Dr. Dodd parecia estar disposto
a morrer, e cheio de esperanças de felicidade. “Senhor, (disse ele) o Dr.
Dodd teria dado duas mãos e duas pernas para ter vivido. Quanto melhor é
um homem, o mais medo ele tem da morte, tendo uma visão mais clara da
infinita pureza.” Ele admitiu que o nosso existir em uma incerteza infeliz
quanto a nossa salvação era misterioso; e disse: “Ah! temos de esperar até
que estejamos em outro estado de ser, para ter muitas coisas nos
explicadas.” Mesmo a poderosa mente de Johnson parecia frustrada por
futuridade. Mas eu pensei que a escuridão da incerteza em especulação
religiosa solene, sendo misturada com esperança, era ainda mais
consoladora do que o vazio de infidelidade. Um homem pode viver no ar
espesso, mas perece em um recipiente vazio.
O Dr. Johnson ficou muito satisfeito com a observação que eu lhe disse
fora feita a mim pelo general Paoli: - “que é impossível não ter medo da
morte; e que aqueles que no momento de morrer não têm medo, não está
pensando em morte, mas em aplausos, ou qualquer outra coisa, o que
mantém a morte longe de seus olhos, de modo que todos os homens têm
igualmente medo da morte quando a veem; só alguns têm o poder de
transformar sua visão para longe dela melhor do que outros.”
Na Quarta-feira, 17 de setembro, o Dr. Butter, médico em Derby, bebeu
chá conosco; e foi resolvido que o Dr. Johnson e que eu deveríamos ir na
sexta-feira e jantar com ele. Johnson disse, “Estou feliz por isso.” Ele
parecia cansado da uniformidade da vida na casa do Dr. Taylor.
Falando de biografia, eu disse, ao escrever uma Vida, as peculiaridades
de um homem devem ser mencionadas, porque elas marcam o seu caráter.
JOHNSON. “Senhor, não há dúvida quanto às peculiaridades: a questão é,
se os vícios de um homem devem ser mencionados; por exemplo, se deve
ser mencionado que Addison e Parnell bebiam livremente demais, porque
as pessoas, provavelmente, irão beber mais ao saber disso; de modo que
mais mal pode ser feito pelo exemplo do que bem, ao se dizer toda a
verdade.” Aqui estava um exemplo de sua contradição ao falar; pois quando
Lord Hailes e ele se sentavam uma manhã calma conversando na minha
casa em Edimburgo, lembro-me bem que o Dr. Johnson sustentou que “Se
um homem deve escrever um Panegírico, ele pode manter os vícios fora da
vista; mas se ele pretende escrever uma biografia, deve representá-lo
realmente como era,” e quando eu objetei com o perigo de dizer que Parnell
bebia em excesso, disse ele, que “isso produziria um cuidado instrutivo para
evitar beber, quando se viu que até mesmo o aprendizado e a genialidade de
Parnell poderiam ser aviltados pela bebida.” E nas Hébridas ele sustentava,
conforme aparece no meu Journal, ([424]) que o amigo íntimo de um homem
deveria mencionar seus defeitos, se ele escreve sua biografia.
Ele teve esta noite, em parte, eu suponho, devido ao espírito de
contradição em relação ao seu amigo Whig, uma violenta discussão com o
Dr. Taylor, quanto às inclinações do povo da Inglaterra nesta época em
favor da família real de Stuart. Ele ficou tão ofensivo a ponto de dizer, “que,
se a Inglaterra fosse corretamente consultada, o atual Rei seria mandado
embora esta noite, e seus adeptos enforcado amanhã.” Taylor, que era um
Whig tão violento quanto Johnson era um Tory, foi despertado por isso a
um passo de berros. Ele negou, em voz alta, o que Johnson disse; e manteve
que havia uma aversão contra a família Stuart, embora admitisse que as
pessoas não eram muito ligadas ao atual rei. ([425]) JOHNSON. “Senhor, o
estado do país é este: as pessoas sabendo que se concorda de todas as
formas que este rei não tem o direito hereditário à coroa, e não havendo
esperança de que aquele que o tem possa ser restaurado, tornaram-se frios e
indiferentes sobre o assunto da lealdade, e não tem nenhum apego caloroso
a nenhum Rei. Eles, portanto, não arriscariam nada para restaurar a família
exilada. Eles não dariam vinte shillings cada para trazê-los de volta. Mas, se
um mero voto pudesse fazê-lo, haveria vinte para um; pelo menos, haveria
uma grande maioria das vozes em favor disso. Pois, senhor, você deve
considerar que todos aqueles que pensam que um Rei tem o direito de sua
coroa, como um homem tem direito à sua propriedade, que é a opinião
justa, seria em favor de restaurar o Rei que certamente tem o direito
hereditário, se se pudesse confiá-lo a ele; em que não haveria perigo agora,
quando as leis e tudo o mais estão muito mais avançados, e todo rei
governará segundo as leis. E você também deve considerar, Senhor, que não
há nada do outro lado para se opor a isso; pois ninguém alega que a família
atual tem qualquer direito inerente, de modo que os Whigs não poderia ter
uma disputa entre dois direitos.”
“O Dr. Taylor admitiu que, se a questão de direito hereditário devesse ser
julgada por uma votação do povo da Inglaterra, certamente a doutrina
abstrata seria dada em favor da família Stuart; mas ele disse, a atitude desta
família, que ocasionou sua expulsão, era tão fresca na mente das pessoas,
que eles não votariam por uma restauração. O Dr. Johnson, eu acho, estava
contente com a admissão quanto ao direito hereditário, deixando o ponto
inicial em disputa, visto que o povo como um todo faria, considerando
direito e afeição; pois ele disse que as pessoas tinham medo de uma
mudança, mesmo que achassem aquilo certo. O Dr. Taylor disse algo da
base frágil do direito hereditário da Casa de Stuart. “Senhor, (disse
Johnson), a casa de Stuart sucedeu de pleno direito a ambas as casas de
York e Lancaster, cuja fonte comum tinham o direito indiscutível. O direito
a um trono é como um direito a qualquer outra coisa. A posse é suficiente,
se não houver melhor direito a ser demonstrado. Este foi o caso com a
Família Real da Inglaterra, como é agora com o rei da França: pois quanto
ao primeiro início do direito, estamos no escuro.”
Quinta-feira, 18 setembro. Ontem à noite, o Dr. Johnson tinha proposto
que o lustre de cristal, ou candelabro, na sala grande do Dr. Taylor, devesse
ser iluminado uma vez ou outra. Taylor disse, ele seria iluminado na noite
seguinte. “Isso vai fazer muito bem, (disse eu) porque é o aniversário do Dr.
Johnson.” Quando estávamos na Ilha de Sky, Johnson tinha desejado que eu
não mencionasse o seu aniversário natalício. Ele não parecia satisfeito
naquela ocasião em que eu mencionei, e disse (um tanto severamente,) “ele
não iluminaria o lustre no dia seguinte.”
Algumas senhoras, que estiveram presentes ontem, quando eu mencionei
o seu aniversário natalício vieram para o jantar hoje, e o atormentaram
involuntariamente, desejando-lhe alegria. Eu não sei por que ele não
gostava de ter seu aniversário natalício mencionado, a menos que fosse que
isso lhe lembrava sua aproximação da morte, de que ele tinha um medo
constante.
Eu mencionei a ele um amigo meu ([426]) que antes era sombrio devido a
baixo astral, e muito angustiado pelo medo da morte, mas agora era
uniformemente plácido, e contemplava sua dissolução sem qualquer
perturbação. “Senhor, (disse Johnson), esta é apenas uma imaginação
doente tomando um rumo diferente.” Falamos de uma coleção que está
sendo feito de todos os Poetas Ingleses que publicaram um volume de
poemas. Johnson disse-me “que um Sr. Coxeter, que ele conhecia, tinha ido
muito longe nesse domínio; tendo recolhido, penso eu, cerca de quinhentos
volumes de poetas cujas obras eram pouco conhecidas; mas que após a sua
morte Tom Osborne os comprou, e eles foram dispersos, o que ele achava
uma pena, pois estava curioso de ver qualquer série completa; e em cada
volume de poemas algo de bom pode ser encontrado.”
Ele observou, que um cavalheiro de eminência na literatura ([427]) tinha
entrado um mau estilo da poesia ultimamente. “Ele coloca (disse ele) uma
coisa muito comum em uma vestimenta estranha, até que ele mesmo não
conhece, e pensa que outras pessoas não sabem disso. “ BOSWELL. “Isso é
devido a ele ser muito mais versado na velha poesia inglesa. “ JOHNSON.
“Para que serve isso, Senhor? Se eu disser que um homem está bêbado, e
você me diz que é devido a ele tomar muito bebida, a questão não está
resolvida. Não, senhor, - passou a ter um modo estranho. Por exemplo, ele
escrevia assim:
‘Eremita encanecido, em cela solene,
Envergando o cinza da noite da vida.’
Noite cinza é bastante comum; mas cinza da noite ele acharia excelente.
- Fique; - Nós faremos a estrofe:
‘Eremita encanecido, em cela solene,
Envergando o cinza da noite da vida,
Fere teu seio, sábio, e diga,
o que é felicidade? e qual o caminho ?’”
Boswell. “Mas por que ferir a seu seio, Senhor?” JOHNSON. “Ora, para
mostrar que ele falava sério,” (sorrindo.) - Ele posteriormente adicionou a
seguinte estrofe:
”Assim eu falei; e falando suspirei;
- Quase não reprimindo um começo de lágrima; -
Quando o sábio sorrindo respondeu –
- Venha, meu rapaz, e beba um pouco de cerveja.”([428])
Eu não consigo deixar de achar que a primeira estrofe é poesia solene
muito boa, assim como também as três primeiras linhas da segunda. Sua
última linha é uma excelente surpresa burlesca sobre sombrios inquiridores
sentimentais. E, talvez, o conselho é tão bom quanto pode ser dado a um ser
insatisfeito desanimado: -“Não incomode sua cabeça com o pensamentos
doentios: tome um café, e seja feliz.”
Sexta-feira, 19 de setembro, após o café da manhã, o Dr. Johnson e eu
partimos na carruagem do Dr. Taylor para Derby. O dia estava bom, e
resolvemos ir por Keddlestone, a sede de Lord Scarsdale, para que eu
pudesse ver a bela casa de Sua Senhoria. Fiquei impressionado com a
grandiosidade do edifício; e o extenso parque, com a melhor verdura,
coberto com cervos, gado e ovelhas me encantou. O número de velhos
carvalhos, de um tamanho imenso, encheu-me com uma espécie de
admiração respeitosa, por um deles foi oferecido 60 libras. As excelentes
estradas de cascalho liso; o grande corpo de água formado por sua Senhoria
a partir de alguns pequenos riachos, com uma elegante barcaça nele; a
venerável igreja gótica, agora a capela da família, logo ao lado da casa; em
suma, o grande grupo de objetos agitaram e distenderam minha mente de
uma forma muito agradável. “Pensar-se-ia (eu disse) que o proprietário de
tudo isso deve ser feliz.” – “Não, senhor, (disse Johnson), tudo isso exclui
apenas um mal - a pobreza.”([429])
Nossos nomes foram anunciados, e um mordomo idoso bem vestido, um
articulador muito distinto nos mostrou a casa; que não preciso descrever,
porque há um relato disso publicado em Obras em Arquitetura de Adam. O
Dr. Johnson pensava melhor disso hoje do que quando ele o viu antes; pois
ele a tinha recentemente atacado violentamente, dizendo: “Seria excelente
para uma prefeitura. A grande sala com os pilares (disse ele) seria boa para
os Juízes sentarem-se nas sessões do tribunal; a sala circular para uma
câmara de júri; e os quartos em cima para os presos.” Ainda assim, ele
achou que o quarto grande era mal iluminado, e sem uso, a não ser para
dançar; e o quartos de dormir apenas quartos indiferentes; e que a imensa
soma que custou foi gasta imprudentemente. O Dr. Taylor o tinha colocado
na cabeça ele ficar satisfeito com a casa. “Mas (disse ele), isso foi quando
Lord Scarsdale estava presente. A polidez nos obriga a aparecer satisfeitos
com obras de um homem quando ele está presente. Ninguém será tão mal
criado ao ponto de questionar. Você pode, portanto, fazer elogios sem dizer
o que não é verdade. Eu deveria dizer a Lord Scarsdale sobre sua grande
sala, ‘Meu Senhor, esta é a mais cara sala que eu já vi;’ o que é verdade.”
O Dr. Manningham, médico em Londres, que estava visitando Lord
Scarsdale nos acompanhou através de muitas das salas, e logo depois o
próprio Lord, de quem o Dr. Johnson era conhecido, apareceu e fez as
honras da casa. Conversamos sobre o Sr. Langton. Johnson, com uma
veemência calorosa de atenção afetuosa, exclamou: “A terra não tem um
homem mais digno que Bennet Langton.” Vimos uns quadros muito bons,
que eu acho que são descritos em um dos Tours de Young. Há um catálogo
impresso deles que a governanta colocou na minha mão; eu gostaria de vê-
los devagar. Fiquei muito impressionado com Daniel interpretando o sonho
de Nabucodonosor por Rembrandt. Foi-nos apresentada uma biblioteca
bastante grande. No camarim de sua Senhoria estava o pequeno Dicionário
de Johnson: ele o mostrou a mim, com alguma ansiedade, dizendo: “Olha
só! Quae terra nostri non plena laboris.” Ele observou, também, de
Animated Nature de Goldsmith e disse: “Aqui está o nosso amigo! O pobre
Doutor teria ficado feliz em ouvir sobre isso.”
“No nosso caminho, Johnson expressou fortemente o seu amor por
dirigir rápido em uma carruagem. “Se (disse ele), eu não tivesse deveres, e
nenhuma referência ao futuro, gostaria de passar a minha vida conduzindo
rapidamente em uma carruagem com uma bela mulher; mas ela deveria ser
alguém que pudesse me entender, e acrescentar algo à conversa.” Observei
que deveríamos neste dia parar apenas onde o exército das Terras Altas o
fez em 1745. JOHNSON. “Foi uma tentativa nobre.” BOSWELL. “Eu
gostaria que pudéssemos ter uma autêntica história disso.” JOHNSON. “Se
você não fosse um cão ocioso, você deveria escrevê-la, coletando de todo
mundo o que eles possam contar, e colocando as suas confirmações de
autenticidade.” BOSWELL. “Mas eu poderia não ter a vantagem disso no
meu tempo de vida.” JOHNSON. “Você pode ter a satisfação de sua fama,
imprimindo-o na Holanda; e quanto ao lucro, considere quanto tempo faz
que escrever veio a ser considerado do ponto de vista pecuniário. Baretti diz
que ele é o primeiro homem a receber dinheiro de direitos autorais na
Itália.” Eu disse que iria me esforçar para fazer o que o Dr. Johnson sugeriu;
e eu pensei que eu deveria escrever, a fim de me aventurar a publicar minha
História da Guerra Civil na Grã-Bretanha em 1745 e 1746, sem ser
obrigado a ir a um impressor estrangeiro. ([430])
Quando chegamos a Derby, o Dr. Butter nos acompanhou para ver a
fabricação de porcelana. Eu admirava a engenhosidade e arte delicada com
a qual um homem transformava argila em uma xícara, um pires, ou um bule
de chá, quando um menino girava uma roda para dar rotundidade à massa.
Eu considerava isso excelente em sua espécie de poder, como fazer bons
versos em sua espécie. Ainda assim, eu não tinha respeito por este oleiro.
Nem, de fato, tem um homem em qualquer medida de pensamento por um
simples escritor de versos, em cujo número, embora perfeitos, não há
poesia, não há espírito. A porcelana era bonita, mas o Dr. Johnson observou
justamente que era cara demais; por aquele valor ele podia ter vasos de
prata, do mesmo tamanho, tão baratos quanto aqueles que eram feitos aqui
de porcelana.
Senti um prazer em caminhar por Derby, como eu sempre tenho em
andar por qualquer cidade com a qual que eu não estou acostumado. Há
uma sensação imediata de novidade; e especula-se sobre a maneira pela
qual a vida é passada nela, o que, embora haja uma igualdade em todos os
lugares como um todo, é ainda minuciosamente diversificada. As
diversidades minuciosas em tudo são maravilhosas. Falando de barbear na
outra noite na casa do Dr. Taylor, o Dr. Johnson disse, “Senhor, de mil
barbeadores, dois não barbeiam de maneira tão Parecida que não possam
ser distinguidos.” Eu pensei que isso não era possível, até que ele
especificou tantas variedades de barbear; - segurando a navalha mais ou
menos perpendicularmente; - com movimentos longos ou curtos; -
começando na parte superior da face, ou na parte inferior; - no lado direito
ou no lado esquerdo. De fato, quando se considera que variedade de sons
pode ser pronunciada pela traqueia, no compasso de uma abertura muito
pequena, podemos estar convencidos de quantos graus de diferença pode
haver na aplicação de uma navalha.
Jantamos com o Dr. Butter, cuja mulher é filha do meu primo, Sir John
Douglas, cujo neto é agora o herdeiro presuntivo da nobre família de
Queensberry. Johnson e ele tiveram uma boa dose de conversa médica.
Johnson disse que ele tinha um algum lugar ou outro feito um relato do
discurso do Dr. Nichols, De Animâ Medicâ. Ele nos disse “qualquer que
fosse o destempero de um homem, o Dr. Nichols não o atenderia como um
médico, se sua mente não estava à vontade; pois ele acreditava que nenhum
medicamento teria qualquer influência. Certa vez, ele atendeu um homem
do comércio, de quem ele descobriu que nenhum dos medicamentos
prescritos ele tinha algum efeito: ele perguntou à esposa do homem em
particular se os seus negócios não estavam indo mal? Ela disse que não. Ele
continuou seu atendimento por algum tempo, ainda sem sucesso. Por fim, a
esposa do homem lhe disse que ela tinha descoberto que os negócios de seu
marido estavam indo por um mau caminho. Quando Goldsmith estava
morrendo, o Dr. Turton lhe disse: ‘Seu pulso está em maior descompasso do
que deveria estar, com base no grau de febre que você tem: sua mente está
tranquila?’ Goldsmith respondeu que não estava.”
Depois do jantar, a Sra. Butter foi comigo ver o tear de seda para o qual
o Sr. John Lombe ([431]) conseguira uma patente, depois de ter trazido o
artefato da Itália. Eu não estou muito familiarizado com mecânica; mas a
simplicidade dessa máquina, e suas múltiplas operações surpreenderam-me
agradavelmente. Eu tinha aprendido com o Dr. Johnson, durante esta
entrevista, a não pensar com indiferença abatida sobre obras de arte e os
prazeres da vida, porque a vida é incerta e curta; mas considerar tal
indiferença como um fracasso da razão, uma morbidez da mente; pois a
felicidade deve ser cultivada tanto quanto pudermos, e os objetos que são
fundamentais para ela devem ser constantemente considerados como de
importância, com uma referência não só a nós mesmos, mas a multidões em
épocas sucessivas. Embora seja bom valorizar peças pequenas, pois
“Areias fazem a montanha, momentos fazem o ano;” ([432])
ainda assim devemos contemplar, em conjunto, para ter uma estimativa
justa de objetos. Um momento ser desconfortável ou não, parece sem
importância; ainda assim, isso pode ser considerado do próximo, e do
próximo, e assim por diante, até que haja uma grande quantidade da
miséria. Da mesma forma, deve-se pensar em felicidade, em aprendizagem,
em amizade. Nós não podemos dizer o exato momento em que a amizade é
formada. Como em preencher um vaso gota a gota, há finalmente uma
queda que o faz transbordar; assim, em uma série de gentilezas existe pelo
menos uma que faz com que o coração transborde. Não devemos dividir
objetos de nossa atenção em partes minúsculas, e pensar separadamente de
cada parte. É contemplando uma grande massa de existência humana, que
um homem, enquanto define um valor justo para sua própria vida, não
pensa em sua morte como aniquilando tudo o que é grande e agradável no
mundo, como se na verdade contida em sua mente, de acordo com o
devaneio de Berkeley. Se sua imaginação não fosse doentia e fraca ela ‘ voa
para longe’ muito além de si mesmo, e vê o mundo em atividade incessante
de toda espécie. Deve-se reconhecer, no entanto, que a reflexão melancólica
de Pope, que todas as coisas seriam tão alegres como sempre, no dia de sua
morte, é natural e comum. Estamos aptos a transferir para todos ao nosso
redor a nossa própria escuridão, sem considerar que, em determinado ponto
do tempo existe, talvez, tanta juventude e alegria no mundo quanto em
outro. Antes de eu vir para esta vida, em que eu tive tantas cenas
agradáveis, não aconteceram milhares e dezenas de milhares de mortes e
funerais, e famílias não têm estado em luto por seus parentes mais
próximos? Mas essas circunstâncias sombrias me afetaram finalmente? Por
que então as cenas tristes que eu experimento, ou de que eu sei, afeta os
outros? Vamos nos proteger contra imaginar que há um fim da felicidade
sobre a terra, quando nós mesmos envelhecemos, ou estamos infelizes.
O Dr. Johnson nos disse durante o chá, que quando alguns dos amigos
piedosos do Dr. Dodd tentavam consolá-lo, dizendo que ele ia deixar ‘um
mundo miserável,’ ele teve honestidade suficiente para não se juntar à
cantilena: -“Não, não, (disse ele) tem sido um mundo muito agradável para
mim.” Johnson acrescentou, “Eu respeito Dodd por falar assim, a verdade;
pois, com certeza, ele teve durante vários anos uma vida de grande
volúpia.”
Ele nos disse que os amigos da cidade de Dodd ficaram ao seu lado, de
modo que mil libras estavam prontas para serem dadas ao carcereiro, se ele
o deixasse escapar. Ele acrescentou que conhecia um amigo de Dodd que
andava por Newgate por algum tempo, na noite antes do dia de sua
execução, com 500 libras no bolso, pronto para serem pagas a qualquer um
dos carcereiros que pudesse soltá-lo: mas já era tarde demais; pois ele era
vigiado com muita prudência. Ele disse que os amigos de Dodd tinham uma
imagem dele feita de cera, que devia ser deixada em seu lugar; e ele
acreditava que foi levada para dentro da prisão.
Johnson desaprovava o Dr. Dodd deixar o mundo convencido de que o
Discurso do Condenado a seus irmãos infelizes era de sua própria lavra.
“Mas, senhor, (disse eu) você contribuiu para o engano; pois quando o Sr.
Seward expressou uma dúvida a você de que não era do próprio Dodd,
porque tinha muito mais força de espírito nele do que qualquer coisa
conhecida como sua, você respondeu: - ‘Por que você pensa assim?
Depende dele, senhor, quando um homem sabe que deve ser enforcado em
uma quinzena, isso concentra sua mente maravilhosamente’.” JOHNSON.
“Senhor, como Dodd teve de mim passar como seu, embora aquilo pudesse
fazer-lhe algum bem, havia uma promessa implícita de que eu não deveria
se o proprietário dela. Possui-la, portanto, teria sido dizer uma mentira, com
a adição de quebra de promessa, o que era pior do que simplesmente contar
uma mentira para fazer acreditar que era de Dodd. Além do mais, Senhor,
eu não disse diretamente uma mentira: Eu deixei o assunto incerto. Talvez
eu pensasse que Seward não acreditaria menos que fosse meu pelo que eu
disse; mas eu não iria colocar em seu poder dizer que eu tinha sido o dono.”
Ele elogiou os sermões de Blair: “Ainda assim,” disse ele, (dispostos a
deixar-nos ver que ele estava ciente de que a fama de moda, embora
merecida, nem sempre é a mais duradoura,), “talvez, elas não possam ser
reproduzidas depois de sete anos; pelo menos não depois da morte de
Blair.”
Ele disse, “Goldsmith era uma planta que floresceu tarde. Não pareceu
nada notável sobre ele quando era jovem; embora quando ele subiu com a
fama, um de seus amigos ([433]) começou a recordar algo de ele ter-se
distinguido na Faculdade. Goldsmith, da mesma maneira, lembrou-se mais
dos primeiros anos daquele amigo, à medida que ele cresceu como um
homem mais importante.”
Eu mencionei que Lord Monboddo me disse que ele despertava todas as
manhãs às quatro, e então por sua saúde se levantava e caminhava pelo seu
quarto nu, com a janela aberta, que ele chamava de tomar um banho de ar;
depois do que ele ia para a cama novamente, e dormia duas horas mais.
Johnson, que estava sempre pronto para derrubar qualquer coisa que parecia
ser exibido com uma importância desproporcional, assim observou: “Eu
suponho, senhor, nada mais há nisso do que isso, ele acorda às quatro, e não
consegue dormir até se refrescar, o que torna o calor da cama uma sensação
gratificante.”
Falei da dificuldade de se levantar de manhã. O Dr. Johnson disse-me,
“que a erudita Sra. Carter, naquele período em que ela estava ansiosa em
estudo, não acordava tão cedo quanto ela desejava, e, portanto, tinha um
artifício, que, em uma determinada hora, sua vela de cabeceira deveria
queimar um fio ao qual estava suspenso um grande peso, que então caia
com um forte estrondo: isso a despertava do sono, e então ela não tinha
nenhuma dificuldade em se levantar.” Mas eu disse que essa era a minha
dificuldade; e desejava que pudesse haver algum medicamento inventado o
que permitisse levantar-se sem dor, que eu nunca fiz, a não ser depois de
deitado na cama por um tempo muito longo. Talvez haja alguma coisa nas
reservas da Natureza que poderia fazer isso. Pensei em uma roldana para
me levantar gradualmente; mas isso me daria dor, à medida que eu
contrariasse minha inclinação interna. Eu teria algo que pudesse dissipar a
vis inertiae e dar elasticidade aos músculos. Como eu imagino que o corpo
humano pode ser colocado, pela operação de outras substâncias, em
qualquer estado em que sempre esteve; e como eu tenho experimentado um
estado em que levantar da cama não era desagradável, mas fácil, ou melhor,
às vezes agradável; suponho que este estado pode ser produzido, se
soubéssemos por quê. Podemos aquecer o corpo, podemos resfriá-lo;
podemos dar-lhe tensão ou relaxamento; e, certamente, é possível colocá-lo
em um estado em que levantar da cama não vai ser uma dor.
Johnson observou que “o homem deve ter uma quantidade suficiente de
sono, o que Dr. Mead diz ser entre sete e nove horas.” Eu lhe disse que o
Dr. Cullen me disse que um homem não deve ter mais sono do que ele pode
ter de uma só vez. JOHNSON. “Esta regra, Senhor, não é válida em todos
os casos; pois muitas pessoas têm seu sono interrompido por motivo de
doença; e, certamente, Cullen não quereria que um homem se levantasse
depois de ter dormido apenas uma hora. Tal regime terminaria em breve em
um longo sono.”([434]) O Dr. Taylor comentou muito justamente, eu acho,
que “um homem que não sente uma inclinação para dormir na hora normal,
em vez de ser mais forte do que as outras pessoas, não deve estar bem; pois
um homem em boa saúde tem todas as inclinações naturais para comer,
beber e dormir, em um forte grau.”
Johnson aconselhou-me esta noite a não aperfeiçoar na educação dos
meus filhos. “A vida (disse ele) não arcará com requinte: você deve fazer o
que as outras pessoas fazem.”
Quando nos dirigimos de volta a Ashbourne, o Dr. Johnson recomendou-
me, como tinha feito muitas vezes, a beber somente água: “Porque (disse
ele), você então estará certo de não se embriagar; enquanto que se você
beber vinho você nunca terá certeza.” Eu disse, beber vinho era um prazer
de que eu não estava disposto a desistir. “Ora, Senhor, (disse ele) não há
dúvida de que não beber vinho é, sem dúvida, é uma grande privação da
vida; mas pode ser necessário.” Ele, no entanto, admitiu que em sua opinião
a utilização livre de vinho não encurta a vida; e disse que não daria mais
para a vida de um certo Lord escocês (a quem nomeou) ([435]) celebrado por
beber muito, do que para a de um homem sóbrio. “Mas espere, (disse ele,
com a sua inteligência habitual, e precisão de inquérito), é preciso muito
vinho para embebedá-lo?” Eu respondi, “uma grande quantidade ou de
vinho ou ponche forte.”- “Então, (disse ele), isto é o pior.” Eu pretendo
ilustrar a observação do meu amigo assim: “Uma fortaleza, que logo se
rende tem suas paredes menos quebradas do que quando uma longa e
obstinada resistência é sustentada.”
Aventurei-me a falar de uma pessoa ([436]) que era tão violento um
escocês como ele era um inglês; e, literalmente, tinha o mesmo desprezo
por um inglês em comparação com um escocês, que ele tinha para um
escocês, em comparação com um inglês; e que ele iria dizer do Dr.
Johnson, “Maldito patife! falar como ele faz dos Escoceses.” Isto pareceu,
por um momento, “dar-lhe uma pausa.” Isso, talvez, apresentou seu extremo
preconceito contra os escoceses em um ponto de vista um pouco novo para
ele, pelo efeito de contraste.
Quando voltamos a Ashbourne, o Dr. Taylor tinha ido para a cama.
Johnson e eu nos sentamos por um longo tempo sozinhos.
Ele se divertiu muito com um artigo que eu lhe mostrei no Critical
Review deste ano, dando um relato de uma publicação curiosa, intitulada,
Um Diário Espirital e Solilóquios, por John Rutty, M. D. O Dr. Rutty era
uma das pessoas chamadas Quakers, um médico de alguma eminência em
Dublin, e autor de várias obras. Este diário, que foi mantido de 1753 a
1775, ano em que ele morreu, e foi agora publicado em dois volumes em
oitavo, exibia, na simplicidade de seu coração, um registro minuciosos e
honesto do estado de sua mente; que, apesar de muitas vezes
suficientemente risível, não era mais do que seria a história de muitos
homens, se registrada com igual justiça.
Os seguintes exemplos foram extraídos pelos Revisores: -

“Décimo mês, 1753.


23. Indulgência na cama por uma hora, longa demais.
Décimo segundo mês, 17. Uma obnubilação hipocondríaca de flatulência
e indigestão.
Nono mês, 28. Uma overdose de uísque.
29. Um dia chato, atribulado e colérico doentio.
Primeiro mês, 1757 - 22. Um pouco porcino no jantar e refeição.
31. Intratável diante de provocação.
Segundo mês, 5. Muito intratável ou respondão.
14. Mordaz sobre o jejum.
26. Amaldiçoando mordazmente àqueles abaixo de mim, devido a uma
indisposição física.
Terceiro mês, 11. Diante de uma provocação, guardei um ressentimento
mudo durante dois dias, em vez de dar bronca.
22. Ralhei com veemência demais.
23. Intratável novamente.
Quarto mês, 29. Intratável mecânica e pecaminosamente.”
Johnson riu gostosamente dessas minutas de autocondenação deste bom
quietista; particularmente diante de sua menção, com tal arrependimento
grave, exemplos pontuais de “comer porcina mente, e temperamento
intratável.” Ele considerou as observações dos Revisores Críticos sobre a
importância de um homem em relação a si próprio tão geniais e tão bem
expressas, que as vou apresentar aqui.
Depois de observar, que “Há poucos escritores que ganharam alguma
reputação registrando suas próprias ações,” eles dizem: -
“Podemos reduzir os egoístas a quatro classes. Na primeira temos Júlio
César: ele relata suas próprias operações; mas ele as relata com a graça
peculiar e dignidade, e sua narrativa é apoiada pela grandeza de seu caráter
e realizações. Na segunda classe, temos Marcus Antoninus: este escritor
nos deu uma série de reflexões sobre a sua própria vida; mas os seus
sentimentos são tão nobre, sua moralidade tão sublime, que suas meditações
são universalmente admiradas. Na terceira classe, temos alguns outros de
crédito tolerável, que deram importância à sua própria história particular
por uma miscigenação de histórias literárias, e as ocorrências de seus
próprios tempos: o célebre Huetius publicou um volume interessante sobre
este lugar ‘De rebus ad eum pertinentibus.’ Na quarta classe, temos os
jornalistas, temporais e espirituais: Elias Ashmole, William Lilly, George
Whitefield, John Wesley, e milhares de outras mulheres velhas e escritores
fanáticos de memórias e meditações.”
Eu mencionei a ele que o Dr. Hugh Blair, em suas palestras sobre
Retórica e Belas Letras, que eu o ouvi fazer em Edimburgo, tinha censurado
o estilo johnsoniano como demasiado pomposo; e tentou imitá-lo, dando
uma sentença de Addison em The Spectator, No. 411, da maneira de
Johnson. Ao tratar da utilidade dos prazeres da imaginação em nos
preservar dos vícios, observa-se daqueles “que não sabem como ser ocioso
e inocente,” que “o seu primeiro passo fora do negócio é para o vício ou
loucura;” que o Dr. Blair supostamente teria expressado em The Rambler
assim: “Seu primeiro passo para fora das regiões do negócio está na
perturbação do vício, ou no vazio da loucura.” ([437]) JOHNSON. “Senhor,
estas não são as palavras que eu deveria ter usado. Não, senhor; os
imitadores de meu estilo não conseguiram atingi-lo. A senhorita Aikin o fez
melhor; para ela imitou o sentimento, assim como a dicção.”
Eu pretendo, antes de este trabalho ser concluído, expor exemplos de
imitação do estilo do meu amigo em vários modos; alguns caricaturando-o
ou imitando-o, e alguns formados com base nele, intencionalmente ou com
um grau de semelhança com ele, de que, talvez, os escritores não estavam
conscientes. ([438])
Na Revisão de Baretti, que ele publicou em Itália, sob o título de Frusta
Letteraria, observa-se que o Dr. Robertson, o historiador, tinha formado seu
estilo com base naquele d' Il celebre Samuele Johnson. Meu próprio amigo
tinha essa opinião; pois ele me disse uma vez, com um humor agradável,
“Senhor, se o estilo de Robertson é defeituoso, ele deve isso a mim; isto é,
ter palavras demais, e aquelas muito grande demais.”
Eu li para ele uma carta que Lord Monboddo tinha escrito a mim,
contendo algumas observações críticas sobre o estilo da sua Viagem às Ilhas
Ocidentais da Escócia. Sua Senhoria elogiou a passagem muito boa ao
desembarcar em Icolmkill; ([439]), mas o seu próprio estilo sendo
extremamente seco e duro, ele desaprovou a riqueza da linguagem de
Johnson, e seu uso frequente de expressões metafóricas. JOHNSON. “Ora,
Senhor, esta crítica seria justa, se em meu estilo, palavras supérfluas, ou
palavras grandes demais para os pensamentos, pudessem ser apontadas;
mas isso eu não acredito que possa ser feito. Por exemplo; na passagem que
Lord Monboddo admira, “Agora estávamos pisando naquela região ilustre’,
a palavra ilustre, em nada contribui para a mera narração; pelo fato de que
eu poderia ter relatado sem ela: mas ela não é, portanto, supérflua; pois ela
desperta a mente para atenção peculiar, em que algo mais que a importância
usual deve ser apresentado. ‘Ilustre!’ Por quê? e, em seguida, a sentença
passa a expandir as circunstâncias relacionadas com Iona. E, Senhor, quanto
à expressão metafórica, esta é um grande excelência em estilo, quando ela é
usada com propriedade, pois dá-lhe duas ideias por uma; - transmite o
significado mais luminosamente, e, geralmente, com uma percepção de
prazer.”
Ele contou-me que lhe tinha sido solicitado realizar a nova edição da
Biographia Britannica, mas ele a tinha declinado; que depois ele me disse
que lamentava. A este arrependimento muitos irão se juntar, porque isso nos
teria proporcionado mais das espécies mais agradáveis de escrita de
Johnson; e embora o meu amigo Dr. Kippis tenha então se encarregado da
tarefa criteriosamente, distintamente, e com mais imparcialidade do que se
poderia esperar de um Separatista, deveria ter sido desejado que a
superintendência deste Templo da Fama literário tivesse sido atribuída a um
“amigo da constituição em Igreja e Estado.” Não devíamos então tê-lo tido
congestionado demais com professores dissidentes obscuros, sem dúvida,
homens de mérito e valor, mas não bem ao ponto de ser contado entre “as
pessoas mais eminentes que floresceram na Grã-Bretanha e Irlanda.”([440])
No sábado, 20 de setembro depois do café da manhã, quando Taylor se
fora para sua fazenda, o Dr. Johnson e eu tivemos uma conversa séria
sozinhos sobre melancolia e loucura; que ele era, eu sempre pensei,
erroneamente inclinado a confundir. Melancolia, como ‘grande sagacidade,’
pode ser ‘próximo da loucura;’ mas existe, na minha opinião, uma
separação distinta entre elas. Quando ele falou sobre loucura, ele devia ser
entendido como falando daqueles que estavam em qualquer grande grau
perturbados, ou como é comumente expresso, ‘com o espírito perturbado.’
Alguns dos filósofos antigos sustentavam que todos os desvios da reta razão
eram loucura; e quem desejar ver as opiniões tanto de antigos quanto de
modernos sobre este assunto, recolhidas e ilustradas com uma variedade de
fatos curiosos, podem ler um trabalho muito divertido do Dr. Arnold.([441])
Johnson disse: “Um louco gosta de estar com as pessoas a quem ele
teme; não como um cachorro teme o chicote; mas diante de quem ele fica
pasmo.” Fiquei impressionado com a justiça dessa observação. Estar com
aqueles diante de quem uma pessoa cuja mente está oscilando e abatida fica
pasmo reprime e compõe um tumulto inquieto do espírito, e o consola com
a contemplação de algo constante, e pelo menos comparativamente grande.
Ele acrescentou: “Os loucos são todos sensuais nos estágios inferiores da
desordem mental. Eles estão ansiosos por gratificações para acalmar suas
mentes e desviar sua atenção da miséria de que são vítimas: mas quando
eles ficam muito doentes, o prazer é fraco demais para eles, e eles procuram
a dor. ([442]) Emprego, Senhor, e dificuldades evitam a melancolia. Suponho
que em todo o nosso exército na América, não havia um homem que tivesse
enlouquecido.”
Entramos seriamente em uma questão de grande importância para mim,
que Johnson teve o prazer de considerar com atenção amigável. Eu tinha há
tempos me queixado a ele de que me sentia descontente na Escócia, como
uma esfera estreita demais, e que eu queria ter minha residência principal
em Londres, a grande cena da ambição, instrução e diversão: um cena, que
era para mim, comparativamente falando, um paraíso sobre a terra.
JOHNSON. “Ora, Senhor, eu nunca soube de qualquer um que tivesse tal
gosto por Londres quanto você tem: e eu não posso culpá-lo por seu desejo
de viver ali; ainda assim, Senhor, se eu estivesse no lugar do seu pai, eu não
concordaria com sua resolução de se estabelecer lá; pois tenho as velhas
ideias feudais, e eu deveria ter medo de que Auchinleck se tornaria deserta,
pois você em breve acharia mais desejável ter uma sede campestre em um
clima melhor. Eu admito, no entanto, que considerar um dever residir em
uma propriedade da família é um preconceito; pois devemos considerar, que
as pessoas trabalhadoras obtêm emprego de forma igual, e os produtos da
terra são vendidas de forma igual, se uma grande família reside em casa ou
não; e se as rendas de um imóvel são levadas para Londres, elas voltam
novamente para a circulação do comércio; ou melhor, Senhor, devemos,
talvez, permitir, que transferir as rendas a uma distância é uma coisa boa,
pois contribui para aquela circulação. Devemos, no entanto, permitir que
uma grande família bem regulada possa melhorar uma vizinhança com
civilidade e elegância, e dar um exemplo de boa ordem, virtude e piedade; e
assim a sua residência em casa pode ser de grande vantagem. Mas se uma
grande família é desordenada e depravada, a sua residência em casa é muito
perniciosa para uma vizinhança. Não existe agora o mesmo incentivo a
viver no campo como antigamente; os prazeres da vida social são muito
mais bem apreciados na cidade; e não há mais no campo aquele poder e
influência em proprietários de terra que havia nos velhos tempos, e que
tornava o campo tão agradável para eles. O Senhor de Auchinleck agora
não é nem um pouco grande quanto era o Senhor de Auchinleck cem anos
atrás.”
Eu lhe disse que um dos meus antepassados nunca saia de casa sem ser
acompanhado por trinta homens a cavalo. A astúcia e espírito de
investigação de Johnson eram exercidas em toda ocasião. “Diga-me (disse
ele), como é que o seu antepassado sustentava seus trinta homens e trinta
cavalos, quando ele ia a uma distância de casa, em uma época em que não
havia quase nenhum dinheiro em circulação?” Eu sugeri a mesma
dificuldade a um amigo, que mencionou Douglas indo para a Terra Santa
com um numeroso comboio de seguidores. Douglas poderia, sem dúvida,
manter seguidores suficientes, enquanto vivia em suas próprias terras, o
produto da qual lhes fornecia comida; mas ele não podia levar consigo
aquela comida para a Terra Santa; e como não havia comércio pelo qual ele
pudesse ser suprido com dinheiro, como ele podia mantê-los em países
estrangeiros?
Sugeri uma dúvida, de que se eu fosse a residir em Londres, o
entusiasmo requintado com que eu a apreciava em visitas ocasionais podia
desaparecer, e eu poderia ficar cansado daquilo. JOHNSON. “Ora, Senhor,
você não encontra um homem, pelo menos um intelectual, que esteja
disposto a sair de Londres. Não, senhor, quando um homem está cansado de
Londres, ele está cansado da vida; pois Londres tem tudo que a vida pode
oferecer.”
Para livrá-lo da sua apreensão de que fixando-se em Londres eu
abandonaria a sede dos meus antepassados, eu assegurei a ele, que eu tinha
antigos princípios feudais até um grau de entusiasmo; e que eu sentia todo o
dulcedo do natale solum. Lembrei-o de que o Senhor de Auchinleck tinha
uma elegante casa, na frente da qual ele podia andar 10 milhas à frente em
seus próprios territórios, na qual ele tinha mais de seis centenas de pessoas
ligadas a ele; que a sede da família era rica em belezas naturais românticas
de rocha, madeira e água; e que, na minha ‘manhã da vida,’ eu tinha
apropriado as melhores descrições dos clássicos antigos a certas cenas ali,
que foram, assim, associadas em minha mente. Que quando tudo isso era
considerado, eu certamente deveria passar uma parte do ano em casa, e
apreciá-la mais pela variedade, e de trazer comigo uma parte do conteúdo
intelectual da metrópole. Ele ouviu tudo isto, e gentilmente ‘esperou que
pudesse ser como eu agora supunha.’
Ele disse: “Um cavalheiro do campo deve trazer sua senhora para visitar
Londres, assim que puder, para que tenham tópicos agradáveis para
conversar quando estão sozinhos.”
Enquanto eu cogitava tentar minha sorte em Westminster Hall, nossa
conversa voltou-se para a profissão do direito na Inglaterra. JOHNSON.
“Você não deve alimentar esperanças demasiado otimistas; caso você seja
chamado para nossa ordem dos advogados. Foi-me dito, por um advogado
muito sensível, que há muitas chances contra o sucesso de qualquer homem
na profissão do direito; os candidatos são tão numerosos, e aqueles que
conseguem montar grandes escritórios tão poucos. Ele disse que não era de
forma alguma verdade que um homem de bons recursos e aplicação pode
ter certeza de conseguir negócios, embora, na verdade, admitisse que se tal
homem pudesse aparecer em algumas causas, seu mérito seria conhecido e
ele iria à frente; mas que o grande risco era que um homem passasse metade
do tempo de uma vida nos Tribunais, e nunca tivesse uma oportunidade de
mostrar suas habilidades.” ([443])
Falamos de o emprego ser absolutamente necessário para preservar a
mente de inquietação cansativa e crescente, especialmente naqueles que têm
uma tendência à melancolia; e eu mencionei a ele um ditado que diz que
alguém havia relatado sobre um selvagem americano, que, quando um
europeu estava discorrendo sobre todas as vantagens do dinheiro, colocou
esta questão: “E ele comprará ocupação?” JOHNSON. “Pode crer, Senhor,
este ditado é refinado demais para um selvagem. E, Senhor, o dinheiro
comprará ocupação; ele comprará todas as conveniências da vida; ele
comprará uma variedade de companheiros; ele comprará todos os tipos de
entretenimento.”
Falei com ele de Viagem aos Mares do Sul de Forster, que me agradou;
mas eu achei que ele não gostou. “Senhor, (disse ele) há uma grande
afetação de escrita fina nele.” BOSWELL. “Mas ele te carrega junto com
ele.” JOHNSON. “Não, Senhor; ele não me leva junto com ele: ele me
deixa atrás dele: ou melhor, na verdade, ele me coloca diante dele; pois ele
me faz virar muitas páginas de cada vez.”
No domingo, 21 de setembro, fomos à igreja de Ashbourne, que é uma
das maiores e mais luminosas que eu já vi em qualquer cidade do mesmo
tamanho. Senti uma grande satisfação ao considerar que eu era apoiado em
meu carinho pelo culto solene e público pela concorrência geral e
generosidade da humanidade.
Johnson e Taylor eram tão diferentes entre si, que eu me admirei com
sua preservação de tal intimidade. Terem ido à escola e faculdade juntos,
talvez, em algum grau, poderia ser responsável por isso; mas Sir Joshua
Reynolds forneceu-me uma razão mais forte; porque Johnson mencionou a
ele, Taylor lhe tinha dito que ele era para ser seu herdeiro. Eu não assumirei
a tarefa de criticar isso; mas certo é que Johnson prestava grande atenção a
Taylor. Ele agora, no entanto, me disse: “Senhor, eu o amo; mas eu não o
amo mais; meu respeito por ele não aumenta. Como é dito no Apocrypha,
‘ele fala sobre besteiras:’ ([444]) eu não acho que ele gosta muito da minha
companhia. Seus hábitos não são de forma alguma suficientemente
clericais: isso ele sabe que eu vejo; e ninguém gosta de viver sob o olhar de
reprovação perpétua.”
“Eu não tenho nenhuma dúvida de que um bom número de sermões
foram compostos para Taylor por Johnson. Nessa época eu encontrei, em
cima de sua mesa, uma parte de um que ele tinha recém iniciado a escrever,
e Concio pro Tayloro aparece em um dos seus diários. Quando a essas
circunstâncias somamos as evidências internas do poder de pensamento e
estilo, na coleção que o reverendo Mr. Hayes publicou, com o título
significativo de “Sermões deixados para publicação pelo reverendo John
Taylor, LL. D. ,” a nossa convicção será completa.
Eu, no entanto, não teria pensado que o Dr. Taylor, embora ele não
pudesse escrever como Johnson, (aliás, quem poderia?) às vezes não
compôs sermões tão bons quanto os que geralmente temos de teólogos
muito respeitáveis. Ele me mostrou um com notas sobre a margem na
caligrafia de Johnson; e eu estava presente quando ele leu o outro para
Johnson, para que ele pudesse ter a sua opinião sobre ele, e Johnson disse
que estava “muito bom.” Estes, podemos ter certeza, não eram de Johnson;
porque ele estava acima de pequenas artes, ou truques de enganação.
Johnson não era, de modo algum, de opinião que todo homem de uma
profissão erudita deveria considerar como incumbência dele, ou como
necessário para o seu crédito, aparecer como autor. Quando, no ardor da
ambição pela fama literária, eu demonstrei arrependimento a ele um dia que
um eminente Juiz ([445]) nada tivesse dele, e, portanto, não deixasse qualquer
monumento perpétuo de si mesmo para a posteridade. “Ai, Senhor, (disse
Johnson), que massa de confusão nós teríamos, se cada Bispo, e cada juiz,
cada Advogado, Médico, e Teólogo escrevessem livros.”
Eu mencionei a Johnson uma pessoa respeitável ([446]) de um espírito
muito forte, que tinha pouco dessa ternura que é comum à natureza humana;
como exemplo disso, quando eu sugeri a ele que ele deveria convidar seu
filho, ([447]) que tinha se estabelecido por 10 anos em terras estrangeiras, a
voltar para casa e fazer-lhe uma visita, sua resposta foi: “Não, não, deixe
que ele cuide de seus negócios.” JOHNSON. “Não estou de acordo com
ele, Senhor, nisso. Conseguir dinheiro não é, absolutamente, o negócio de
um homem: cultivar a bondade é uma parte importante do negócio da vida.”
À noite, Johnson, estando em muito bom humor nos entreteve com
vários retratos característicos. Lamento que alguns deles escaparam de
minha retenção e diligência. Descobri, por experiência, que para coletar a
conversa do meu amigo, a fim de exibi-la com qualquer grau de seu sabor
original, era necessário escrevê-la sem demora. Para registrar suas palavras,
depois de uma certa distância no tempo, era como preservar ou descascar
frutas ou legumes murchos guardados por muito tempo; quando nesse
estado, pouco ou nada têm de seu sabor quando estavam frescos.
Apresentarei aos meus leitores uma série do que eu recolhi esta noite do
jardim johnsoniano.
“Meu amigo, o falecido conde de Corke, tinha um grande desejo de
manter o caráter literário de sua família: ele era um homem gentil, mas não
manteve a dignidade de sua posição. Ele era tão civil em geral, que
ninguém lhe agradecia por isso.”
“Será que nós não ouvimos tanto dito sobre Jack Wilkes, que devemos
pensar mais altamente de sua conversa. Jack tem uma grande variedade de
conversa, Jack é um estudioso, e Jack tem os modos de um cavalheiro. Mas
depois de ouvir seu nome soando de polo a polo, como a fênix da felicidade
de convívio, estamos decepcionados em sua companhia. Ele sempre esteve
diante de mim, mas eu faria ao Jack uma gentileza, ao invés de não. A
competição agora terminou.”
“A alegria da conversa de Garrick tem delicadeza e elegância: Foote faz
você rir mais; mas Foote tem o ar de um palhaço pago para entreter os
convidados. Ele, de fato, bem merece o seu salário.”
“Colley Cibber certa vez me consultou a respeito de uma de suas Odes
de aniversário, muito tempo antes que ela fosse demandada. Eu objetei
muito livremente em relação a vários trechos. Cibber perdeu a paciência, e
não leria sua Ode até o fim. Quando tínhamos terminado a crítica,
caminhamos até a casa de Richardson, o autor de Clarissa, e eu me admirei
ao encontrar Richardson desagradado que eu ‘não tivesse tratado Cibber
com mais respeito.’ Agora, Senhor, falar de respeito por um ator!
”(Sorrindo com desdém. ) BOSWELL. “Não, senhor, você é sempre
herético: você nunca vai admitir mérito a um ator.” JOHNSON. “Mérito,
Senhor! que mérito? Você respeita uma dançarina de corda, ou um cantor de
baladas?” BOSWELL. “Não, senhor; mas respeitamos um grande ator
como um homem que pode conceber sentimentos sublimes, e pode
expressá-los graciosamente.” JOHNSON. “O que?, Senhor, um sujeito que
bate uma corcunda nas costas, e um caroço em sua perna e grita ‘Sou
Ricardo III’? Não, senhor, um cantor de balada é um homem superior, pois
ele faz duas coisas; ele repete e ele canta: há tanto recitação quanto música
em seu desempenho: o ator só recita.” BOSWELL. “Meu caro senhor! você
consegue transformar qualquer coisa em ridículo. Eu admito que um ator de
farsa não tem direito ao respeito; ele faz uma coisa pequena, mas aquele
que consegue representar personagens exaltadas, e tocar as paixões mais
nobres, tem poderes muito respeitáveis; e a humanidade concordou em
admirar grandes talentos para o palco. Devemos considerar, também, que
um grande ator faz o que muito poucos são capazes de fazer: sua arte é uma
faculdade muito rara. Quem pode repetir o monólogo de Hamlet, ‘Ser ou
não ser,’ como Garrick o faz?” JOHNSON. “Qualquer um pode. Jemmy,
([448]) lá (um menino de cerca de oito anos, que estava na sala), o fará tão
bem em uma semana.” BOSWELL. “Não, não, Senhor, e como uma prova
do mérito de grande atuação, e do valor que a humanidade colocada sobre
ele, Garrick recebeu cem mil libras.” JOHNSON. “E receber cem mil libras
é prova de excelência? Isso foi recebido por um comissário canalha.” ([449])
Esse foi o raciocínio mais falacioso. Eu tinha certeza de que, pela
primeira vez, que eu tivera o melhor lado do argumento. Eu corajosamente
mantive a distinção apenas entre um trágico e um mero divertimento teatral;
entre os que despertam o nossa terror e piedade, e aqueles que só nos fazem
rir. “Se (eu disse) Betterton e Foote entrassem nessa esta sala, você
respeitaria Betterton muito mais do que Foote. “ JOHNSON. “Se Betterton
entrasse nessa sala com Foote, Foote logo o poria para fora. Foote, Senhor,
quatenus Foote, tem poderes superiores a todos eles.”
Na segunda-feira, 22 de setembro, quando no café da manhã, eu disse
que maneira descuidada ao Dr. Johnson, “Eu desejava ver você e a Sra.
Macaulay juntos.” Ele ficou muito irritado; e, depois de uma pausa,
enquanto uma nuvem se reunia em sua testa, ele explodiu: “Não, senhor;
você não nos veria discutir, para diverti-lo. Você não sabe que é muito
descortês colocar duas pessoas uma contra a outra?” Então, fazendo uma
pausa e querendo ser mais gentil, ele acrescentou, “Eu não digo que você
devia ser enforcado ou afogado por isso; mas é muito descortês.” O Dr.
Taylor achou que ele estava errado e falou com ele em particular sobre isso;
mas posteriormente ele reconheceu a Johnson que eu era culpado, pois eu
sinceramente admiti que eu quisera expressar um desejo de ver uma disputa
entre a Sra. Macaulay e ele; mas então eu soube como a disputa acabaria; de
modo que eu devia vê-lo triunfar. JOHNSON. “Senhor, você não pode ter
certeza de como uma competição terminará; e nenhum homem tem o direito
de envolver duas pessoas em uma disputa pelo qual suas paixões podem ser
inflamadas, e elas podem participar com amargo ressentimento contra o
outro. Eu prefiro manter a companhia de um homem de quem eu devo
proteger meu bolso, do que com um homem que conspira para me colocar
em uma disputa com alguém de quem possa ouvi-lo. Esta é a grande falha
de --------, (nomeando um de nossos amigos), ([450]) esforçando-se para
introduzir um assunto sobre o qual ele sabe que duas pessoas entre seus
convidados são diferentes.” BOSWELL. “Mas ele me disse: Senhor, ele faz
isso para a instrução.” JOHNSON. “Seja qual for o motivo, Senhor, o
homem que faz isso, faz muito mal. Ele não tem mais direito de instruir-se a
tal risco, do que ele ter que fazer duas pessoas travar um duelo, para que ele
possa aprender a se defender.”
Ele encontrou grande falha com um cavalheiro ([451]) de nosso
conhecimento por manter uma mesa ruim. “Senhor, (disse ele), quando um
homem é convidado a jantar, ele fica decepcionado se não recebe algo bom.
Eu aconselhei a Sra. Thrale, que não tem reuniões de jogo em sua casa,
reuniões festivas com doces, e essas coisas boas, em uma noite, pois elas
não são comumente oferecidas, e ela encontraria companhia suficiente para
vir até ela; pois cada corpo gosta de ter coisas que agradam o paladar
colocadas em seu caminho, sem problemas ou preparação.” Tal era a sua
atenção para as minúcias da vida e costumes.
Ele caracterizou assim o Duque de Devonshire, avô do atual
representante dessa família muito respeitável: “Ele não era um homem de
habilidades superiores, mas ele era um homem estritamente fiel à sua
palavra. Se, por exemplo, ele havia prometido a você uma noz, e nenhuma
delas tivesse crescido naquele ano em seus bosques, ele não teria se
contentado com essa desculpa; ele teria enviado à Dinamarca por ela. Tão
incondicional era ele em manter a sua palavra; tão alto quanto ao ponto de
honra.” Este foi um testemunho liberal do Tory Johnson sobre a virtude de
um grande nobre Whig.
A Carta aos Xerifes de Bristol, sobre os assuntos da América do Sr.
Burke sendo mencionadas, Johnson censurou muito a composição, e ele
ridicularizou a definição de um governo livre, viz. “Para qualquer finalidade
prática, é o que as pessoas pensam ser.” ([452]) – “Deixarei o rei da França a
governar me nessas condições, (disse ele), pois ele dever ser governado
apenas como eu quiser.” E quando o Dr. Taylor falou de uma menina que
sendo enviada para um reformatório de paróquia, e perguntou quanto ela
poderia ser obrigada a trabalhar,” Ora, (disse Johnson), tanto quanto é
razoável: e o que é isso? tanto quanto ela considera razoável.”
O Dr. Johnson gentilmente propôs levar-me para ver Islam, uma cena
romântica, agora pertencente a uma família de nome Port, mas antigamente
a sede de Congreves. Suponho que isso é bem descrito em algumas das
Viagens. Johnson descreveu de forma clara e vívida, pelo que eu não
poderia deixar de expressar-lhe a minha admiração; porque, embora meus
olhos, como ele observou, fossem melhor do que os dele, eu não poderia, de
modo algum igualá-lo na representação de objetos visíveis. Eu disse, a
diferença entre nós a este respeito era que, entre um homem que tem um
mau instrumento, mas o toca bem, e um homem que tem um bom
instrumento, que ele consegue tocar muito imperfeitamente.
Lembro-me de um belo anfiteatro, cercado de colinas cobertas de
bosques, e calçadas perfeitamente formadas ao longo do lado de uma
íngreme rocha, no quarteirão junto à casa, com recessos sob projeções de
rocha, ofuscados com árvores; em um desses recessos, fomos informados,
Congreve escreveu seu Old Batchelor. Nós vimos uma curiosidade natural
notável em Islã; dois rios explodindo da rocha, perto um do outro, não de
fontes imediatas, mas depois de ter corrido por muitos quilômetros sob a
terra. Plott, em sua História de Staffordshire, ([453]) relata essa curiosidade;
mas Johnson não acreditaria nela, embora tivéssemos a comprovação do
jardineiro, que disse ter colocado rolhas, onde o rio Manyfold some no
chão, e as tinha apresado em uma rede, colocada diante de uma das
aberturas, onde o água explodia. Na verdade, esses cursos de água
subterrâneos são encontrados em várias partes do mundo.([454])
Falando da falta de vontade do Dr. Johnson em acreditar em coisas
extraordinárias, aventurei-me a dizer: “Senhor, você chega perto do
argumento de Hume contra os milagres, ‘Que é mais provável que as
testemunhas mintam, ou estejam enganadas, do que eles devam acontecer.’”
JOHNSON. “Ora, Senhor, Hume, tomando a proposta simplesmente, está
certo. Mas a revelação Cristã não é provada somente pelos milagres, mas
como relacionadas a profecias, e com as doutrinas em confirmação de que
os milagres foram operados.”
Ele repetiu sua observação de que as diferenças entre os cristãos são
realmente de nenhuma consequência. “Por exemplo (disse ele), se um
Protestante objeta a um Papista, ‘Você adora imagens;’ o Papista pode
responder, ‘Eu não insisto em que você o faça; você pode ser um muito bom
Papista sem isso: Eu o faço apenas como uma ajuda para a minha
devoção.’” Eu disse, o ótimo artigo de Cristianismo é a revelação da
imortalidade. Johnson admitiu que era.
À noite, um cavalheiro fazendeiro, ([455]) que estava em uma visita ao Dr.
Taylor, tentou discutir com Johnson em favor de Mungo Campbell, que
atirou em Alexander, conde de Eglintoune, após ele ter caído, ao se afastar
de sua Senhoria, que ele acreditava estar prestes a sacar sua arma, como ele
havia ameaçado fazer. Ele disse, que deveria ter feito como fez Campbell.
JOHNSON. “Quem quer que fizer como Campbell fez, merece ser
enforcado; não que eu poderia, como um jurado, tê-lo considerado
legalmente culpado de assassinato; mas fico feliz que eles encontraram
meios de condená-lo.” O cavalheiro fazendeiro disse: “Um homem pobre
tem tanta honra quanto um homem rico; e Campbell tinha isso a defender.”
Johnson exclamou: “Um homem pobre não tem honra.” O fazendeiro
Inglês, nem um pouco consternado, prosseguiu: “Lord Eglintoune era um
maldito tolo em correr para cima de Campbell, depois de ter sido avisado de
que Campbell atiraria nele se ele o fizesse.” Johnson, que não podia
suportar qualquer coisa do tipo xingamento, raivosamente respondeu: “Ele
não era um maldito tolo: ele só pensou bem demais de Campbell. Ele não
acreditou que Campbell seria um canalha tão maldito, a ponto de fazer uma
coisa tão desgraçada.” Sua ênfase em maldito, acompanhada com aparência
carrancuda, reprovou a falta de decoro de seu oponente na sua presença.
Falando do perigo de ser mortificado pela rejeição, ao fazer abordagens
dos conhecidos dos grandes, observei: “Entretanto, em geral sou a favor de
tentar, ‘Quem não arrisca, nada tem.’” JOHNSON. “Muito verdadeiro,
Senhor; mas eu sempre receei mais falhar, do que esperei sucesso.” E, de
fato, embora ele tivesse todo o justo respeito pela hierarquia, nunca
ninguém cortejou menos a favor dos grandes.
Durante essa entrevista em Ashbourne, Johnson pareceu ser mais
uniformemente social, alegre e alerta, do que eu quase nunca o tinha visto.
Ele estava pronto em grandes e pequenas ocasiões. Taylor, que elogiava
tudo que era seu em excesso; em suma, “cujo gansos eram todos cisnes,”
como diz o provérbio, discorreu sobre a excelência de seu buldogue, que,
ele nos disse, era “perfeitamente formado.” Johnson, depois de examinar o
animal atentamente, assim reprimiu a vanglória do nosso anfitrião: - “Não,
senhor, ele não é bem formado; pois não existe a transição rápida da
espessura da parte anterior para o tenuidade - a parte magra - posterior, que
um buldogue deve ter.” Esta tenuidade era a única palavra difícil que eu o
ouvi usar durante esta entrevista, e será observado que ele instantaneamente
colocou outra expressão em seu lugar. Taylor disse, um pequeno buldogue
era tão bom quanto um grande. JOHNSON. “Não, senhor; pois, em
proporção ao seu tamanho, ele tem força, e seu argumento provaria que um
bom buldogue pode ser tão pequeno quanto um rato.” Era incrível como ele
entrava com perspicácia e entusiasmo sobre cada coisa que ocorria na
conversa. A maioria dos homens, a quem eu conheço, não pensaria mais em
discutir uma questão sobre um buldogue, do que de atacar um touro.
Não posso permitir que qualquer fragmento que flutue na minha
memória sobre o grande tema deste trabalho se perca. Apesar de um
pequeno detalhe poder parecer insignificante para alguns, ele será apreciado
por outros; embora cada pequena faísca acrescente algo ao incêndio geral, e
para agradar os verdadeiros, sinceros calorosos admiradores de Johnson, e
em qualquer grau aumentar o esplendor da sua reputação, eu ofereço
desafio às flechas do ridículo, ou até mesmo da malignidade. Chuvas delas
foram descarregadas em meu Diário de uma Viagem às Ilhas Hébridas;
ainda assim navega ileso ao longo da corrente do tempo, e, como um
atendente de Johnson,
“Persegue o triunfo, e compartilha a tempestade.”
Uma manhã, depois do café da manhã, quando o sol brilhava,
caminhamos juntos, e ‘nos debruçamos’ durante algum tempo com
indolência plácida sobre uma queda d'água artificial que o Dr. Taylor tinha
construído por meio de um forte dique de pedra atravessando o rio atrás de
seu jardim. Ela estava agora um pouco obstruída por galhos de árvores e
outros tipos de lixo, que haviam descido o rio, e se enroscado perto dela.
Johnson, em parte devido a um desejo de vê-lo fluir mais livremente, e em
parte devido àquela inclinação para a atividade que animará, às vezes, o
mais inerte e lento mortal, tomou uma vara comprida que estava jogada na
margem, e empurrou para baixo várias partes daquele entulho com
assiduidade dolorosa, enquanto eu permanecia em silêncio, admirado ao ver
o sábio, assim, curiosamente empregado, e sorrindo com uma satisfação
humorística cada vez que conseguia o que queria. Ele trabalhou até ficar
quase sem fôlego; e tendo encontrado um grande gato morto tão pesado que
ele não podia movê-lo depois de muitos esforços, “Vem,” disse que,
(abaixando a vara,) “você a deve tomar agora,” o que eu fiz nesse sentido, e
sendo um homem descansado, logo fiz o gato cair cascata abaixo. Isso pode
ser ridicularizado como demasiado insignificante para se registrar; mas é
um pequeno traço característico na imagem flamenga que dou de meu
amigo, e em que, portanto, eu marco os elementos mais minuciosos. E
convém lembrar, que Esopo em ação é um dos apólogos instrutivos da
antiguidade.
Mencionei um velho cavalheiro ([456]) nosso conhecido cuja memória
estava começando a falhar. JOHNSON. “Deve ter uma mente doente, em
que há uma falha de memória aos setenta. A cabeça de um homem, Senhor,
deve ser mórbida, se ele falha tão cedo.” Meu amigo, tendo ele agora
sessenta e oito, poderia pensar assim: mas eu imagino, que setenta,[457]
período de vida humana sadia do Salmista, em épocas posteriores pode ter
uma falha, embora não exista doença na constituição.
Falando dos Poemas de Rochester, ele disse que os tinha dado ao Sr.
Steevens para castrar da edição dos poetas, da qual ele deveria escrever
Prefácios. O Dr. Taylor (a única vez que o ouvi dizer qualquer coisa
espirituosa) ([458]) observou que “se Rochester tinha sido, ele mesmo,
castrado, seus poemas censuráveis não teriam sido escritos.” Perguntei se
Burnet não tinha dado uma boa Vida de Rochester. JOHNSON. “Temos
uma boa Morte: não há muita Vida. “Perguntei se Poemas de Prior deviam
ser impressos inteiros: Johnson disse que sim. Mencionei a censura de Lord
Hailes a Prior, em seu prefácio a uma coleção de Poemas Sagrados, por
várias mãos, publicada por ele em Edimburgo muitos anos atrás, onde ele
menciona, “aqueles contos impuros, que serão o eterno opróbrio de seu
engenhoso autor.” JOHNSON. “Senhor, Lord Hailes esqueceu. Nada existe
em Prior que animará a lascívia. Se Lord Hailes acha que há, ele deve ser
mais inflamável que outras pessoas.” Eu exemplifiquei o conto de Paulo
Purganti e sua esposa. JOHNSON. “Senhor, nada há ali, a não ser que sua
esposa queria ser beijada quando pobre Paulo estava fora do alcance. Não,
Senhor, Prior é o um livro de madame. Nenhuma senhora tem vergonha de
tê-lo em sua biblioteca.”
O distúrbio hipocondríaco sendo mencionado, o Dr. Johnson não o
considerava tão comum quanto eu supunha. “O Dr. Taylor (disse ele) é o
mesmo um dia como em outro. Burke e Reynolds são os mesmos.
Beauclerk, exceto quando sente dor, é o mesmo. Eu não sou assim eu
mesmo; mas isso eu não menciono comumente.”
Queixei-me de uma mutabilidade miserável, de modo que eu não podia
preservar, por qualquer continuidade longa, os mesmos pontos de vista
sobre qualquer coisa. Era mais confortável para mim experimentar, na
companhia do Dr. Johnson, um alívio desse desconforto. Sua mente
vigorosa e constante mantinha firme diante de mim aqueles objetos que
minha própria imaginação fraca e trêmula frequentemente apresentava, em
tal estado oscilante que a minha razão não podia julgá-los bem.
O Dr. Johnson aconselhou-me hoje a ter tantos livros comigo quantos
pudesse; que eu devia ler sobre qualquer assunto sobre o qual eu tivesse um
desejo de instrução naquele momento. “O que você lê então, (disse ele),
você se lembrará; mas se você não tiver um livro imediatamente pronto, e o
assunto molda a sua mente, é uma oportunidade se você voltar a ter o desejo
de estudá-lo.” Ele acrescentou: “Se um homem nunca tem um desejo ávido
por instrução, ele deve prescrever uma tarefa a si mesmo. Mas é melhor
quando um homem lê a partir de inclinação imediata.”
Ele repetiu um bom número de linhas das Odes de Horácio, enquanto
estávamos na carruagem. Lembro-me particularmente da Ode Eheu
fugaces.
Ele disse que a controvérsia quanto à excelência comparativa de Homero
ou Virgílio ([459]) era imprecisa. “Devemos considerar (disse ele) se Homero
não foi o maior poeta, embora Virgílio possa ter produzido o melhor poema.
Virgílio estava em débito com Homero por toda a invenção da estrutura de
um poema épico, e por muitas de suas belezas.”
Ele contou-me que Bacon era um de seus autores favoritos; mas ele
nunca tinha lido seus trabalhos até que estava compilando o Dicionário
Inglês, no qual, disse ele, eu poderia ver Bacon muitas vezes citado. O Sr.
Seward relembra ter ele mencionado que um Dicionário da língua inglesa
podia ser compilado a partir somente dos escritos de Bacon, e que ele tinha
uma vez a intenção de produzir uma edição de Bacon, pelo menos de suas
obras inglesas, e escrever a Vida daquele grande homem. Se ele tivesse
executado esta intenção, não pode haver dúvida de que ele teria feito isso da
forma mais magistral. A Vida de Bacon de Mallet não tem mérito
insignificante como uma dissertação aguda e elegante em relação ao seu
objeto; mas a mente de Mallet não era abrangente o suficiente para abranger
a vasta extensão de gênio e pesquisa de Lord Verulam. Portanto, o Dr.
Warburton observou, com justeza espirituosa, “que Mallet, em seu Vida de
Bacon, havia esquecido que ele era um filósofo; e se caso ele devesse
escrever a Vida do duque de Marlborough, que ele tinha se comprometido a
fazer, ele provavelmente iria esquecer que ele era um general.”
Desejando me satisfazer com o grau de verdade que havia em uma
história que um amigo ([460]) de Johnson e meu havia me contado em seu
desfavor, eu mencionei isso a ele em termos diretos; e foi neste sentido: que
um cavalheiro ([461]) que tinha vivido em grande intimidade com ele,
mostrado muito carinho por ele, e até mesmo o livrado de uma prisão
domiciliar, tendo posteriormente caído em más circunstâncias, foi um dia,
quando Johnson estava a jantar com ele, preso por dívidas e levado para a
prisão; que Johnson sentou-se imperturbável, e continuou a comer e beber;
momento em que a irmã do cavalheiro, que estava presente, não pode
reprimir sua indignação: “O que, Senhor, (disse ela) você é tão insensível,
ao ponto de nem mesmo se oferecer para ir com meu irmão, na sua
angústia; você que é tão obrigado a ele?” E que Johnson respondeu:
“Senhora, eu não lhe devo nenhuma obrigação; o que ele fez por mim ele
teria feito para um cão.”
Johnson assegurou-me, que a história era absolutamente falsa, mas como
um homem consciente de estar no seu direito, e desejoso de se defender
completamente de tal acusação, ele não permaneceu arrogantemente em
mera negação, e sobre seu caráter geral, começou assim: - “Senhor, eu era
muito íntimo desse cavalheiro, e fui certa vez livrado por ele de uma prisão;
mas eu nunca estive presente quando ele foi preso, nunca soube que ele fora
preso, e eu acredito que ele nunca esteve em dificuldades depois do
momento em que ele me livrou. Eu o amava muito; ainda assim, ao falar de
seu caráter geral, eu posso ter dito, embora eu não me lembre que eu jamais
disse isso, que como a sua generosidade procedia de nenhum princípio, mas
era uma parte de sua profusão, ele faria por um cão que ele faria por um
amigo: mas eu nunca apliquei essa observação a qualquer caso particular, e
certamente não à sua bondade comigo. Se um homem esbanjador, que não
valoriza o seu dinheiro, e dá uma grande quantia a uma prostituta, dá a
metade disso, ou uma soma igualmente grande para aliviar um amigo, isso
não pode ser estimado como virtude. Isso era tudo o que eu poderia dizer
daquele cavalheiro; e, se realmente disse, deve ter sido dito após a sua
morte. Senhor, eu teria ido até o fim do mundo para ajudá-lo. O comentário
sobre o cão, se feito por mim, foi uma tal tirada como poderia escapar
alguém ao pintar um homem altamente.”
Na Terça-feira, 23 de setembro, Johnson estava extremamente cordial
comigo. Sendo-me necessário voltar para a Escócia em breve, eu tinha
fixado o dia seguinte para a minha partida, e senti uma preocupação terna
com o pensamento de partir com ele. Ele me tinha, neste momento,
francamente comunicado muitas particularidades, que estão inseridas neste
trabalho em seus devidos lugares; e uma vez, quando aconteceu de eu
mencionar que a despesa do meu passeio tinha sido muito maior do que eu
tinha calculado, ele disse, “Ora, Senhor, se a despesa devesse ser um
inconveniente, você teria motivos para se arrepender, mas, se você já teve o
dinheiro para gastar, eu não sei se você poderia ter comprado tanto prazer
com ele de qualquer outra forma.”
Durante esta entrevista em Ashbourne, Johnson e eu muitas vezes
conversamos com prazer maravilhoso de ninharias que ocorreram em nossa
viagem às Hébridas; pois isso tinha deixado uma impressão muito
agradável e duradoura em sua mente.
Ele achou que foi falha minha usar a frase fazer dinheiro. “Você não vê
(disse ele) a impropriedade disso? Fazer dinheiro é cunhá-lo: você deve
dizer ganhar dinheiro.” A frase, no entanto, é, penso eu, bastante usual.
Mas Johnson era sempre ciumento de infrações ao idioma inglês genuíno, e
pronto a reprimir barbarismos coloquiais; tais como, dedicar-me, ao invés
de empreender; linha, em vez de departamento ou filial, como em a linha
civil, a linha bancária. Ele estava particularmente indignado contra o uso
quase universal da palavra ideia no sentido de noção ou opinião, quando é
evidente que ideia só pode significar algo de que uma imagem pode ser
formada na mente. Podemos ter uma ideia ou imagem de uma montanha,
uma árvore, um edifício; mas não podemos certamente ter uma ideia ou
imagem de um argumento ou proposta. Ainda assim, ouvimos os sábios da
lei “entregar as suas ideias sobre a questão em apreço;” e os primeiros
oradores no parlamento “inteiramente coincidentes na ideia que foi
habilmente afirmada por um ilustre membro;” – ou “reprovando uma ideia
inconstitucional, e repleto das consequências mais perigosas para um
grande e livre país.” Johnson chamava isso de “jargão moderno.”
Percebi que ele pronunciava a palavra “heard”, como se fosse escrita
com duplo e , “heerd”, ao invés de soar como “herd”, como é mais
comum. Ele dizia que sua razão era que se ela fosse pronunciado como
“herd”, haveria uma única exceção da pronúncia inglesa da sílaba “ear”, e
ele achava melhor não ter essa exceção.
Ele elogiou a Ode on Solitude de Grainger na Coleção de Dodsley, e
repetiu, com grande energia o exórdio: -
‘Oh Solidão, romântica donzela,
Seja acenando torres você pisa;
Ou assombra a melancolia sem trilhas de deserto;
Ou paira sobre o túmulo bocejante;
Ou sobe a vertente rochosa dos Andes;
Ou respeita a origem tímida do Nilo;
Ou, a partir de seu sono de um semestre,
De Hecla vê o profundo descongelamento;
Ou, no alvorecer púrpura do dia,
Analisa os resíduos de mármore de Tadnor ‘;
observando, ‘Isso, Senhor, é muito nobre.’
À noite, nosso cavalheiro fazendeiro e dois outros, entretiveram-se e aos
convidados com um grande número de músicas no violino. Johnson
desejava ter “Deixe a ambição incendiar tua mente,” tocada mais uma vez,
e pareceu dar uma atenção paciente a ela; embora ele admitisse a mim que
ele era muito insensível ao poder de música. Eu contei a ele, que isso me
afetou de tal forma, ao ponto de agitar os meus nervos dolorosamente,
produzindo em minha mente sensações alternadas de desânimo patético, de
modo que eu estava pronto a derramar lágrimas, e de resolução ousada, de
modo que eu estava inclinado a correr para a parte mais intensa da batalha.
‘Senhor, (disse ele), eu nunca deveria ouvi-lo, se ela faz de mim um tolo.’
Grande parte do efeito da música, estou satisfeito, é devido à associação
de ideias. Essa ária, que instantânea e irresistivelmente excita os Suíços,
quando em uma terra estrangeira, a maladie du pais não tem, segundo me
disseram, nenhum poder intrínseco de som. E eu sei por experiência própria
que danças escocesas, embora rápidas, tornam-me melancólico, porque eu
costumava ouvi-las em meus primeiros anos, em um tempo quando o Sr.
Pitt pedia soldados “das montanhas do Norte,” e um grande número de
Highlanders corajosos estavam indo para o exterior, para nunca mais voltar.
Considerando as árias da Opera do mendigo, muitas das quais são muito
suaves, nunca deixam de tornar-me alegre, porque elas estão associadas às
calorosas sensações e alto astral de Londres. Essa noite, embora algumas
das músicas de composição comum fossem tocadas sem qualquer grande
habilidade, meu corpo estava agitado e eu estava consciente de um
generoso apego à Johnson, como meu preceptor e amigo, misturado a um
pesar afetuoso de que ele era um homem velho, que eu perderia
provavelmente dentro de pouco tempo. Eu pensei que poderia defendê-lo na
ponta de minha espada. Minha reverência e carinho por ele estavam em
pleno fulgor. Eu lhe disse, ‘Meu caro senhor, devemos nos reunir todos os
anos, se você não brigar comigo.’ JOHNSON. ‘Não, senhor, é mais
provável que você discuta comigo, do que eu com você. Minha
consideração por você é maior quase do que tenho palavras para expressar;
mas eu não escolho estar sempre a repeti-la; anote-a na primeira folha do
seu livro de bolso e nunca duvide disso novamente.’
Eu conversei com ele sobre a miséria sendo “a perdição do homem”
nessa vida, conforme mostrado em seu Vanity a/Human Wishes. Ainda
assim, observei que as coisas foram feitas com a suposição de felicidade;
grandes casas eram construídas, finos jardins eram feitos, esplêndidos locais
de diversões públicas foram inventados e repletos de pessoas. JOHNSON.
‘Ai de mim, Senhor, estas são todas somente lutas pela felicidade. Quando
eu entrei pela primeira vez em Ranelagh, isso deu uma expansão e sensação
alegre à minha mente, como eu nunca experimentei em nenhum outro lugar.
Mas, assim como Xerxes chorou quando visualizou seu imenso exército e
considerou que ninguém naquela grande multidão estaria vivo cem anos
depois, assim foi para o meu coração considerar que não havia ninguém em
um círculo tão brilhante, que não tivesse medo de ir para casa e pensar; a
não ser que os pensamentos de cada indivíduo ali seriam angustiantes
quando sozinhos.’ Esta reflexão era experimentalmente justa. O sentimento
de langor, ([462]) que sucede a animação de alegria, é ele mesmo uma dor
muito intensa; e quando a mente está então vaga, mil decepções e vexames
assaltam e torturam. E muitos dos meus leitores mais justos não admitirão
que isso seja verdade?
Eu sugeri, que estar apaixonado e lisonjeado com a esperança de
sucesso; ou ter algum esquema favorito em vista para o dia seguinte podia
impedir aquela miséria de que nós tínhamos falado. JOHNSON. ‘Ora,
senhor, às vezes pode ser como você acha que é; mas minha conclusão é,
em geral, apenas verdadeira demais.’
Enquanto Johnson e eu estávamos em calma conferência sozinhos no
jardim do Dr. Taylor, muito tarde em uma serena noite de outono, olhando
para os céus, eu dirigi o discurso para o assunto de um futuro estado. Meu
amigo estava em um quadro plácido e muito benigno. ‘Senhor, (disse ele)
não imagino que tudo nos vá ser esclarecido imediatamente após a morte,
mas que os caminhos da Providência nos serão explicados muito
gradualmente.’ Aventurei-me a perguntar-lhe se, embora as palavras de
alguns textos das Escrituras pareciam fortes para apoiar a doutrina terrível
de uma eternidade de castigo, talvez não devêssemos esperar que a
denúncia fosse figurativa e que não seria literalmente executada.
JOHNSON. ‘Senhor, você deve considerar a intenção de castigo em um
futuro estado. Não temos motivo para ter a certeza de que então não
seremos mais susceptíveis de ofender a Deus. Nós não sabemos que mesmo
os anjos estão bastante em um estado de segurança; ou melhor, sabemos que
alguns deles caíram. Portanto, talvez, talvez possa ser necessário, a fim de
preservar tanto os homens quanto os anjos em estado de retidão, que eles
devem ter continuamente diante deles a punição daqueles que se desviaram;
mas podemos esperar que, por outros meios, uma queda de retidão pode ser
evitada. Alguns dos textos das Escrituras sobre este assunto são, como você
observa, efetivamente fortes; mas eles podem admitir uma interpretação
mitigada.’ Ele conversou comigo sobre esta questão delicada e horrível em
um tom suave, e como se tivesse medo de ser decisivo.
Depois do jantar eu o acompanhei ao seu apartamento, e a meu pedido
ele ditou-me um argumento em favor do negro que então estava
reivindicando a sua liberdade em uma ação perante o Tribunal de sessão na
Escócia. Ele foi sempre muito zeloso contra a escravidão em todas as
formas, em que eu, com todo respeito, achava que ele descobriu “um zelo
sem conhecimento.” Em uma ocasião, quando em companhia de alguns
homens muito sérios em Oxford, seu brinde foi, “Este é à próxima
insurreição dos negros nas Índias Ocidentais.” Seu preconceito violento
contra nossos colonos americanos e das Índias Ocidentais aparecia sempre
que havia uma oportunidade. Para a conclusão de sua Taxation no Tyranny,
ele diz, ‘como é que ouvimos os mais altos gritos por liberdade entre os
traficantes de negros?’ em sua conversa com o Sr. Wilkes, ele pediu, ‘Onde
Beckford e Trecothick aprenderam inglês?’ ([463]) Que Trecothick podia
tanto falar e escrever em bom inglês é bem conhecido. Eu mesmo fui
favorecido com sua correspondência sobre os bravos corsos. E aquele
Beckford poderia falá-lo com um espírito de resolução honesta até mesmo à
sua Majestade, pois seu “fiel Lord-prefeito de Londres,” é comemorado
pelo nobre monumento erigido a ele em Guildhall.
O argumento ditado pelo Dr. Johnson foi o seguinte: –
‘Deve-se concordar que, na maioria das épocas, muitos países tiveram
parte de seus habitantes em estado de escravidão; ainda assim, pode-se
duvidar se a escravidão pode sempre ser suposta como a condição natural
do homem. É impossível não imaginar que homens em seu estado original
eram iguais; e é muito difícil imaginar como alguém seria sujeito a outro, a
não ser por compulsão violenta. Um indivíduo pode, de fato, perder sua
liberdade por um crime; mas ele não pode, por aquele crime, perder a
liberdade de seus filhos. O que é verdadeiro de um criminoso parece
igualmente verdadeiro de um cativo. Um homem pode aceitar a vida de um
inimigo vitorioso sob condição de servidão perpétua; mas é muito duvidoso
se ele pode provocar essa servidão sobre seus descendentes; pois nenhum
homem pode estipular sem comissão por outro. A condição que ele mesmo
aceita, seu filho ou neto talvez teriam rejeitado. Se devemos admitir, que
talvez possa com mais razão ser negado, que existem certas relações entre
homem e homem que podem tornar a escravidão necessária e justa, ainda
assim nunca pode ser provado que ele que agora está litigando por sua
liberdade já esteve em qualquer uma dessas relações. Ele não está
certamente sujeito por nenhuma lei, a não ser a da violência, ao seu senhor
atual; que finge não ter pretensões à sua obediência, mas aquele que o
comprou de um mercador de escravos, cujo direito de vendê-lo nunca foi
examinado. Diz-se que, de acordo com as Constituições da Jamaica, ele era
legalmente escravizado; estas constituições são meramente positivas; e
aparentemente prejudiciais aos direitos da humanidade, porque quem quer
que seja exposto a venda é condenado à escravidão sem recurso; por
qualquer fraude ou violência ele poderia ter sido originalmente trazido sob
o poder do comerciante. Em nossos próprios tempos, Príncipes foram
vendidos, por miseráveis a cujo cuidado eles foram confiados, para que
pudessem ter uma educação europeia; mas uma vez que eles eram trazidos
para um mercado nas plantações, pouco teria valido sua dignidade ou seus
erros. As leis da Jamaica não garantem qualquer reparação a um Negro. Sua
cor é considerada como um testemunho suficiente contra ele. É para ser
lamentado que o direito moral devesse dar lugar à conveniência política.
Mas se as tentações de interesse são, por vezes, demasiado fortes para a
virtude humana, pelo menos deixe-nos manter uma virtude onde não há
nenhuma tentação para deixá-la. No presente caso existe aparente direito de
um lado e nenhuma conveniência de outro. Os habitantes dessa ilha não
podem ganhar riquezas nem poder, tirando a liberdade de qualquer parte da
espécie humana. A soma do argumento é esta: – Nenhum homem é por
natureza a propriedade de outro: O réu é, portanto, por natureza livre: Os
direitos de natureza devem ser alguma forma perdidos antes que eles
possam ser justamente levados: Que o réu por qualquer ato perdeu os
direitos naturais, exigimos seja provado; e se nenhuma prova de tal perda
pode ser dada, não duvidamos, que a justiça do Tribunal o declarará livre.’
Eu registro o argumento do Dr. Johnson bastante bem sobre este caso
particular; onde, talvez, ele tivesse razão. Mas peço licença para apresentar
meu mais solene protesto contra sua doutrina geral no que diz respeito ao
Tráfico de escravos. Porque eu resolutamente digo – que sua noção
desfavorável dele era devido a preconceito e informações imperfeitas ou
falsas. A tentativa selvagem e perigosa que por algum tempo foi persistente
em obter um ato de nosso legislador, para abolir um ramo tão importante e
necessário de interesse comercial, deve ter sido esmagada imediatamente,
não tivesse a insignificância dos fanáticos que vaidosamente assumiram a
liderança nela, fez o vasto corpo de plantadores, mercadores e outros, cujas
imensas propriedades estão envolvidas naquele comércio, razoavelmente
supor que não poderia haver perigo algum. O incentivo que recebeu a
tentativa excita minha admiração e indignação: e, apesar de alguns homens
de habilidades alternativas terem apoiado; se devido a um amor pela
popularidade temporária, quando próspero; ou um amor ao mal em geral,
quando desesperados, minha opinião é inabalável. Abolir um estatuto, que,
em todas as idades, Deus sancionou, e o homem continuou, não só seria
roubo a uma classe inumerável classe de nossos companheiro; mas seria de
extrema crueldade para com os selvagens africanos, uma parte dos quais ela
salva do massacre, ou escravidão intolerável no seu próprio país e introduz
em um estado muito mais feliz da vida; especialmente agora quando sua
passagem para as Índias Ocidentais e o seu tratamento lá é humanamente
regulado. Abolir o comércio seria
“– fechar as portas da misericórdia sobre a humanidade.” ([464])
Tudo o que pode ter passado em outro lugar sobre isso, a CÂMARA
DOS LORDES é sábia e independente:
« Intaminatis fulget honoribus;
Nec sumit aut ponit secures
Arbitrio popularis auræ. »
Li, conversei e pensei muito sobre o assunto e gostaria de recomendar a
todos os que são capazes de convicção, um excelente Tratado de autoria de
meu amigo erudito e genial, John Ranby, Esq. intitulado Dúvidas sobre a
Abolição do Comércio de Escravos. Ao Dúvidas do Sr. Ranby eu aplicarei a
expressão de Lord Chanceler Hardwicke em louvor de um Livro de Direito
Escocês, chamado Dúvidas de Dirleton; “SUAS dúvidas, (disse sua
Senhoria,) são melhores do que Certezas da maioria das pessoas.”
Quando eu disse, agora, a Johnson, que eu tinha medo de tê-lo mantido
acordado até muito tarde. ‘Não, senhor, (disse ele) eu não me importo se eu
ficar a noite toda com você.’ Este foi um discurso animado de um homem
em seus sessenta e nove anos de idade.
Eu tinha sido atencioso o suficiente para não o desagradar tanto quanto
eu deveria ter sido, eu não sei, mas esta vigília talvez tenha sido cumprida;
mas eu infelizmente entrei na controvérsia relativas ao direito da Grã-
Bretanha de taxar a América e tentei argumentar em favor de nossos
colegas do outro lado do Atlântico. Eu insisti que a América podia ser
muito bem governada e feita produzir receitas suficientes por meio de
influência, conforme exemplificado na Irlanda, enquanto as pessoas podem
estar satisfeitas com a imaginação de sua participação na Constituição
britânica, por ter um corpo de representantes, sem cujo consentimento não
pode ser exigido dinheiro deles. Johnson não conseguia suportar a minha
oposição à sua opinião confessa, que ele tinha se esforçado com um grau
extremo de calor para impor; e a violenta agitação em que ele foi lançado,
ao responder, ou melhor, repreender-me, alarmou-me tanto que eu
vivamente me arrependi de ter impensadamente introduzido o assunto. Eu
mesmo, no entanto, fiquei acalorado, e a mudança foi grande, do estado
calmo de discussão filosófica em que nós tínhamos um pouco antes estado
agradavelmente envolvidos.
Falei da corrupção do Parlamento britânico, em que eu aleguei que
qualquer questão, por mais razoável ou injusta, devia ser feita por uma
maioria venal; e eu falei com alta admiração do Senado Romano, como se
composto por homens sinceramente desejosos de resolver o que eles
deviam pensar ser o melhor para seu país. Meu amigo não admitiria
nenhum caráter desse tipo ao Senado Romano; e ele mantinha que o
Parlamento britânico não era corrupto, e que não havia nenhuma ocasião
para corromper seus membros; afirmando, que havia quase nunca houve
qualquer questão de grande importância perante o Parlamento, qualquer
questão na qual um homem talvez não votasse muito bem de um lado ou de
outro. Ele disse que não tinha havido nenhuma em seu tempo exceto aquele
com relação à América.
Nós estávamos fatigados pela disputa, que foi produzida pela minha falta
de cuidado; e ele não estava com humor para entrar em conversa fácil e
animada. Aconteceu, portanto, que estávamos depois de uma hora ou duas
muito dispostos a nos separar e ir para a cama.
Na quarta-feira, 24 de setembro, fui ao quarto do Dr. Johnson antes de
ele se levantar e achando que a tempestade da noite anterior estava bem
assentada, sentei-me ao lado da sua cama, e ele falou com tanta prontidão e
bom-humor como sempre. Ele me recomendou plantar uma considerável
parte de uma grande fazenda mourisca que eu tinha comprado, e ele fez
vários cálculos das despesas e lucro: porque ele tinha prazer em exercitar
sua mente sobre a ciência dos números. Ele pressionou-me a importância do
plantio primeiro, de forma muito satisfatória, citando o ditado ‘In bello non
licet bis errare:’ ‹ e acrescentando ‘isso é igualmente válido no plantio.’
Falei com gratidão da hospitalidade do Dr. Taylor; e, como prova de que
não era por causa de sua boa mesa apenas que Johnson o visitava com
frequência, mencionei uma pequena história que havia escapado à
lembrança do meu amigo, e ao ouvi-la repetida, ele sorriu. Uma noite,
quando eu estava sentado com ele, Frank entregou esta mensagem: ‘Senhor,
o Dr. Taylor envia seus cumprimentos e pede que você vá jantar com ele
amanhã. Ele tem uma lebre.’ – ‘Meus cumprimentos (Johnson disse), e eu
jantarei com ele – lebre ou coelho.’
Depois do café da manhã, parti e prossegui em minha viagem para o
norte. Eu tomei minha carruagem do Green Man, uma pousada muito boa
em Ashbourne, a dona da qual, uma dama muito educada, fazendo
reverências muito profundas, presenteou-me com uma gravura do logotipo
de sua casa; à qual ela tinha adicionado, em sua própria caligrafia, um
endereço em tão singular simplicidade de estilo, que eu o preservei colado
em uma das placas de meu Diário original daquela época e o inserirei aqui
para o deleite dos meus leitores: –
‘O dever que M.KILLINGLEY estende ao Sr. Boswell, está
excessivamente em dívida com ele por este favor; sempre que ele vem aqui,
espera a continuação do mesmo. Caso Sr. Boswell recomendasse a casa ao
seu amplo relacionamento, seria um favor singular conferido a alguém não
tem em seu poder fazer qualquer outro retorno, mas seu muito obrigado e
minhas sinceras orações por sua felicidade no tempo e na eternidade
abençoada. – Manhã de terça-feira.’
Essa reunião em Ashbourne produziu uma considerável acréscimo ao
meu acervo Johnsoniano. Comuniquei meu diário original a Sir William
Forbes, em quem eu coloquei sempre confiança merecida; e o que ele me
escreveu sobre ele é muito ao meu crédito como o biógrafo de Johnson, que
meus leitores admitirão, espero, a sua indulgência para inseri-lo aqui: ‘Não
é lê-lo uma vez ou duas vezes (diz o Senhor William) que me satisfará; pois
eu o considero em um elevado grau de instrução, bem como de
entretenimento; e eu produzo mais benefício de discussões admiráveis do
Dr. Johnson do que eu seria capaz de retirar de sua conversa pessoal; pois,
eu suponho que não há um homem no mundo a quem ele revela seus
sentimentos tão livremente quanto a você mesmo.’
Eu não posso omitir uma circunstância curiosa ocorrida em Edensor-inn,
perto de Chatsworth, para verificar a magnificência da qual eu me desviei
muito do meu caminho para a Escócia. A Pousada era então mantida por
um proprietário muito alegre, cujo nome, penso eu, era Malton. Aconteceu
de ele mencionar que “o célebre Dr. Johnson tinha estado em sua casa.” Eu
perguntei quem era esse Dr. Johnson, para que eu ouvisse a noção do meu
anfitrião sobre ele. ‘Senhor, (disse ele) Johnson, o grande escritor;
Estranheza, como lhe chamam. Ele é o maior escritor da Inglaterra; ele
escreve para o ministério; ele tem uma correspondência no exterior e os
informa o que está acontecendo.”
Meu amigo, que tinha uma dependência completa sobre a autenticidade
da minha relação sem qualquer enfeite, tais como falsidade ou ficção é tão
gentilmente chamado, riu muito essa representação dele mesmo.

“SR. BOSWELL ao DR. JOHNSON


Edimburgo, 29 de setembro de 1777.
Meu Caro Senhor,
Pelo primeiro correio eu lhe informo de minha chegada segura à minha
própria casa, e que tive o conforto de encontrar minha esposa e meus filhos
todos em boa saúde.
Quando olho para trás para nossa última entrevista, parece-me ter
respondido à expectativa melhor do que quase qualquer esquema de
felicidade jamais colocado em execução. Meu Diário está repleto de
sabedoria e inteligência, e minha memória está cheia de lembranças dos
sentimentos animados e carinhosos que agora, eu acho, dão-me mais
satisfação do que quando foram excitados pela primeira vez. Eu
experimentei isso em outras ocasiões. Ficaria obrigado a você se você me
explicasse isso; pois parece maravilhoso que esse prazer deva ser mais
vívido à distância do que quando perto. Eu desejo que você possa se
encontrar com humor para me fazer este favor; mas eu me lisonjeio sem
forte esperança disso; pois eu observei que a não ser em ocasiões muito
sérias, suas cartas a mim não são respostas às que eu escrevo.”
Expressei então muito mal-estar que eu tinha mencionado a ele o nome
do cavalheiro ([465]) que tinha me contado a história tanto em sua
desvantagem, cuja a verdade ele tinha refutado completamente; pois eu o
tendo feito poderia ser interpretado como uma quebra de confiança e
ofender alguém cuja companhia eu valorizava: – portanto insistentemente
solicitando que nenhuma notícia fosse dada disso a qualquer pessoa, até que
estivesse em Londres e tivesse a oportunidade de conversar com o
cavalheiro.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, – Você se perguntará, ou você já se perguntou, por que
nenhuma carta veio de mim. O que você escreveu no seu retorno, tinha em
si uma tensão tão grande de cautela covarde como não me deu nenhum
prazer. Eu não podia também fazer o que você deseja; eu não tinha
necessidade de lhe envergonhar com uma recusa. Eu vi o Sr. ------ e quanto
a ele acertei tudo sem qualquer inconveniente, tanto quanto sei, para você.
A Sra. Thrale tinha esquecido a história. Agora, você pode ficar à vontade.
E à vontade eu certamente lhe desejo, pela bondade que você
demonstrou em fazer uma viagem tão longa para ver-me. Foi uma pena
mantê-lo por tanto tempo em agonia, mas, após analisar a questão, não vejo
o que eu poderia ter feito melhor do que fiz.
Espero que você tenha encontrado no seu retorno minha cara inimiga e
todos os seus pequeninos muito bem e não tenha motivos para se arrepender
de sua viagem. Eu penso nisso com grande gratidão.
Eu não estava bem, quando você me deixou na casa do Doutor, e piorei;
ainda assim eu fiquei, e em Lichfield eu estava muito doente. Viajar, no
entanto, não me fez piorar; e quando voltei a Londres, eu cumpri uma
intimação para ir à Brighthelmston, onde vi Beauclerk e permaneci por três
dias.
Nosso CLUBE recomeçou sexta-feira passada, mas eu não estive lá.
Langton tem outra mulher. ([466]) A Sra. Thrale está na esperança de
encontrar um jovem cervejeiro. Eles ganharam em seu comércio no ano
passado uma soma muito grande, e suas despesas são proporcionais.
A saúde da Sra. Williams está muito ruim. E eu tive por algum tempo
uma respiração muito difícil e trabalhosa; mas estou melhor devido aos
expurgos, abstinência e outros métodos. Ainda assim, estou muito atrasado
em minha saúde e descanso.
Os sermões do Dr. Blair agora são universalmente elogiados; mas
deixemo-lo pensar que eu tive a honra de ser o primeiro a encontrar e
elogiar suas excelências. Eu não fiquei para somar minha voz à do público.
Meu caro amigo, muito obrigado mais uma vez por sua visita; fizeste-me
grande honra e eu espero que você não tenha encontrado nada que lhe tenha
desagradado. Fiquei bastante tempo em Ashbourne, não muito satisfeito,
ainda mais estranho ao partir. Então eu fui para Lichfield, onde encontrei
meu amigo em Stow-hill ([467]) muito perigosamente doente. Assim é a vida.
Vamos tentar passá-la bem, seja lá o que for, pois certamente há algo além
dela.
Bem, agora eu espero que tudo esteja bem, escreva assim puder, caro
Senhor, teu servo afetuoso,
Londres, 25 de Nov. de 1777.
SAM. JOHNSON.”
“Ao DR. SAMUEL JOHNSON
Edimburgo, 29 de Nov. de 1777.
Meu caro Senhor,
O correio de hoje longamente aliviou-me de muita preocupação,
trazendo-me uma carta de você. Eu estava, de fato, duplamente inquieto; –
por mim e por você. Eu estava muito ansioso para ser protegido contra
quaisquer consequências ruins da minha imprudência em mencionar o nome
do cavalheiro que tinha me contado uma história em sua desvantagem; e
como dificilmente poderia supor ser possível, que você demorasse tanto
tempo para me sossegar, a menos que você estivesse doente, fiquei um
pouco apreensivo sobre você. Você não deve ficar ofendido quando me
atrevo a dizer que você me parece ter sido demasiado rígido nesta ocasião.
‘O cuidado covarde que não te deu nenhum prazer,’ foi sugerido a mim por
um amigo aqui, a quem eu mencionei a história estranha e a detecção de sua
falsidade, como um exemplo de como alguém pode ser enganado pelo que é
aparentemente uma fonte muito boa. Mas, como ainda estou persuadido,
que como eu poderia ter obtido a verdade, sem mencionar o nome do
cavalheiro, era errado que eu o fizesse, não consigo ver que você é justo
apenas culpando minha cautela. Mas se você fosse tão justo em sua
desaprovação, você não deveria ter lidado mais ternamente comigo?
Fui a Auchinleck por volta de meados de outubro e passei algum tempo
com meu pai muito confortavelmente...
Estou envolvido em um processo criminal contra um professor do país,
por comportamento indecente com suas alunas. Não há nenhuma lei contra
tal conduta abominável, mas é punível segundo a lei consuetudinária.
Ficarei grato a você por sua ajuda neste julgamento extraordinário. Eu fico,
meu caro senhor, o seu fiel e humilde servo,
JAMES BOSWELL.”
Por volta dessa época, escrevi a Johnson, fazendo-lhe um relato da
decisão sobre a causa do Negro pelo tribunal de Sessão, que, por aqueles
que abominam até a escravidão mais suave e melhor regulamentada, (de
cujo número não hesito em declarar que sou um deles,) devia ser lembrado
com grande respeito e para o crédito da Escócia, pois ele foi muito além do
caso de Somerset, que foi decidido na Inglaterra; ([468]) sendo
verdadeiramente a questão geral, se uma obrigação perpétua de serviço a
um senhor em qualquer modalidade deva ser santificada pela lei de um país
livre. Um negro, então chamado Joseph Knight, nativo da África, que tendo
sido trazido à Jamaica no curso normal do comércio de escravos e
comprado por um cavalheiro escocês daquela ilha, havia acompanhado seu
senhor à Escócia, onde oficialmente lhe foi sugerido que seria considerado
ele ter o direito à sua liberdade sem qualquer limitação. Consequentemente,
ele moveu sua ação, no decurso da qual os defensores de ambos os lados se
fizeram grande honra. O Sr. Maclaurin teve o louvor de Johnson, por seu
argumento ([469]) em favor do negro, e o Sr. Macconochie distinguiu-se do
mesmo lado, pela sua engenhosidade e pesquisa extraordinários. O Sr.
Cullen, da parte do senhor, descobriu boas informações e raciocínio sólido;
em que ele foi bem apoiado pelo Sr. James Fergusson, notável por uma
compreensão viril e um conhecimento tanto dos livros quanto do mundo.
Mas não posso elogiar altamente demais o discurso com que o Sr. Henry
Dundas contribuiu generosamente para a causa do estrangeiro escuro. O
sotaque escocês do Sr. Dundas, que tão frequentemente citado como uma
objeção à sua poderosa capacidade no Parlamento, não foi nenhuma
desvantagem para ele em seu próprio país. E eu declaro, que sobre esta
memorável questão, ele me impressionou, e eu acredito que toda sua
audiência, com tais sentimentos semelhantes aos produzidos por algumas
das mais eminentes orações da antiguidade. Este testemunho eu
liberalmente dou da excelência de um velho amigo, com quem tem sido
minha função diferir largamente sobre muitos tópicos políticos; e ainda
assim eu me convenço sem malícia. Uma grande maioria dos Lordes de
Sessão decidiu em favor do negro. Mas quatro dentre eles, o Lord
Presidente, Lord Elliock, Lorde Monboddo e Lorde Covington,
resolutamente mantiveram a legalidade de um status que foi reconhecido
em todas as idades e países e que quando a liberdade floresceu, tanto na
antiga Grécia e Roma.

“A JAMES BOSWELL, ESQ.


Caro senhor, – Esta é a época do ano em que todos expressam seus bons
desejos aos seus amigos, e eu envio os meus a você e sua família. Que suas
vidas sejam longas, felizes e boas. Eu tenho estado muito fora de ordem,
mas, espero, não venha a piorar.
O crime do professor a quem você se dedica a processar é muito grande
e pode-se suspeitar ser demasiado comum. Na nossa lei, seria uma violação
da paz e um pequeno delito: ou seja, um tipo de crime indefinido, não
capital, mas punido a critério do tribunal. Não lhe deve faltar assunto: tudo
o que precisa lhe ocorrerá facilmente.
O Sr. Shaw, o autor da Gramática Gaélica, deseja que eu faça um pedido
por ele a Lord Eglintoune, de que ele possa ser nomeado Capelão de um dos
regimentos recém criados.
Todos os nossos amigos estão como estavam; pouco lhes aconteceu de
bom ou de mau. A Sra. Thrale enfiou um grande alfinete preto de cabelo no
olho; mas por meio de grande sangria ela evitou que ele inflamasse e está
quase bem. A Senhorita Reynolds esteve adoentada, mas está melhor. A
Sra. Williams está em estado de saúde muito mau.
Se eu continuasse a escrever, eu deveria, talvez, escrever somente
reclamações, e, portanto, vou me contentar em lhe dizer, que eu amo pensar
em você e saber de você; e que eu fico, caro Senhor, seu fielmente,
27 de dezembro de 1777.
SAM. JOHNSON.”
FIM DO VOLUME II
Notas

[1]
Ib., p. 81.
[2]
Boswell.
[3]
Eu acharia impossível não me admirar diante da variedade da leitura de Johnson, por mais
inconstante que possa ter sido.
Quem poderia imaginar que o Alto homem da Igreja da Inglaterra estaria tão pronto a citar
Maupertuis, que, eu sinto muito pensar, está na lista daqueles homens equivocados infelizes, que
chamam a si mesmos esprits forts. Entretanto, tenho grande respeito por aquele Filósofo a quem
Grande Frederico da Prússia amou e honrou, e se dirigiu pateticamente em um de seus poemas,
-”Maupertuis, cher Maupertuis, Que notre vie est peu de chose!” Havia em Maupertuis um vigor e
ainda assim uma ternura de sentimentos, unidos a fortes poderes intelectuais e ardor incomum da
alma. Teria ele sido um cristão! Eu não posso evitar sinceramente aventurar-me a esperar que ele seja
um agora.
[4]
Boswell e Isabelle de Zuylen (Zélide).

[5]
Meu amigo respeitável, ao ler esta passagem, observei que ele provavelmente deve ter dito não
simplesmente, “fatos fortes,” mas “fatos fortes bem arranjados.” Sua senhoria, no entanto, conhece
muito bem o valor de documentos escritos para insistir em colocar suas lembranças contra minhas
notas tomadas no momento. Ele não tenta contestar o registro. O fato, talvez, pode ter sido, ou que as
palavras adicionais me escaparam no meio do ruído de um grupo numeroso de pessoas, ou que o Dr.
Johnson, de sua impetuosidade e ansiedade em aproveitar a oportunidade de fazer uma réplica
animada, não permitiu que o Dr. Douglas terminasse sua frase.
[6]
Consulte o desenho duro dele em Rosciad de Churchill.
[7]
Em cujo lugar ele foi sucedido por Bennet Langton, Esq. Quando aquele cavalheiro
verdadeiramente religioso foi eleito para esta Cadeira honorária, ao mesmo tempo que Edward
Gibbon, Esq., notável pela introdução de uma espécie de infidelidade zombeteira em seus Escritos
Históricos, foi eleito Professor de História Antiga, na sala do Dr. Goldsmith, eu observei que ele
trazia à minha mente, “o ímpio Will Whiston e o bom Sr. Ditton. ”Agora também sou dessa
instituição admirável como Secretário para Correspondência Estrangeira, pelo favor dos Acadêmicos,
e a aprovação do Soberano.
[8]
Ele tem esta inscrição em uma folha em branco: -”Hunc Librum D. D. Samuel Johnson, eo quod
hic loci studiis interdum vacaret.” Desta biblioteca, que é uma antiga sala Gótica, ele gostava muito.
Diante de minha observação de que algumas das bibliotecas modernas da Universidade eram mais
cômodas e agradáveis para o estudo, por serem mais espaçosas e arejadas, ele respondeu: “Senhor, se
um homem tem uma mente a conduzir, ele precisa estudar em Christchurch e All-Souls.”
[9]
Durante esta visita, ele raramente ou nunca jantou fora. Ele parecia estar profundamente dedicado
a alguma obra literária.
A Senhorita Williams estava agora com ele em Oxford.
[10]
N. do T. : evento organizado por David Garrick e realizado de 6 a 8 de setembro de 1769.
[11]
No Prefácio ao meu Account of Corsica, publicado em 1768, eu assim me expressei:
“Aquele que publica um livro fingindo não ser um autor, e professando uma indiferença pela fama
literária, pode eventualmente impor a muitas pessoas uma tal ideia de sua consequência conforme ele
deseja possa ser recebida. De minha parte, eu deveria ter orgulho em ser conhecido como um autor, e
tenho uma ambição ardente de fama literária; pois, de todos os bens, imagino ser a fama literária o
mais valioso. Um homem que foi capaz de fornecer um livro, que foi aprovado pelo mundo,
estabeleceu-se como um caráter respeitável na sociedade distante, sem qualquer perigo de ter aquele
caráter diminuído pela observação de suas fraquezas.
Preservar uma dignidade uniforme entre aqueles que nos veem todos os dias, é quase impossível; e
para visar isso, deve colocar-nos sob os grilhões de restrição perpétua. O autor de um livro aprovado
pode permitir que sua disposição natural seja fácil, e ainda assim desfrutar do orgulho de gênio
superior, quando ele considera que por aqueles que o conhecem apenas como um autor, ele nunca
deixa de ser respeitado. Tal autor, quando em suas horas de tristeza e descontentamento, podem ter o
consolo de pensar que seus escritos estão, exatamente mesmo tempo, dando prazer a muitos; e tal
autor pode acalentar a esperança de ser lembrado após a morte, que tem sido um grande objetivo para
as mentes mais nobres de todas as idades.”
[12]
A primeira edição da História da Inglaterra de Hume estava cheia de escocismos, muitos dos
quais ele corrigiu nas edições seguintes. E. Malone
[13]
N. do T. : jornalista e político radical.
[14]
Sua Senhoria tendo falado frequentemente de forma abusiva sobre o Dr. Johnson, em minha
companhia, eu em uma ocasião durante o tempo de vida do meu ilustre amigo não pude abster-me de
retaliação, e repeti-lhe este ditado. Desde então, ele publicou não sei quantas páginas em um de seus
livros curiosos, tentando, com muita raiva, mas com efeito lamentável, convencer a humanidade de
que o meu ilustre amigo não era o grande e bom homem que eles pensavam e nunca o estimarão ser.
[15]
A Wife, um poema, 1614.
[16]
Lord Auchinleck.
[17]
Langton.
[18]
Possivelmente Reynolds.
[19]
Boswell.
[20]
Provavelmente Boswell.
[21]
Dos quais eu reconhecem ser, eu mesmo, um deles, considerando-a como uma peça de espécie
secundárias ou comparativa de crítica; e não daquela profunda espécie que só o Dr. Johnson admitiria
ser “crítica real.” Ele é, além do mais, clara e elegantemente expresso, e tem feito efetivamente o que
professou fazer, ou seja, vindicou Shakspeare das deturpações de Voltaire; e considerando quantos
jovens foram enganados por suas observações espirituosas, embora falsas, o Essay da Sra. Montagu
serviu ao Shakspeare junto a uma certa classe de leitores, e tem, portanto, direito ao louvor. Johnson,
estou certo, admitiu o mérito que eu declarei, dizendo (com referência a Voltaire,)”é conclusivo ad
hominem.”
[22]
Talvez Malone.
[23]
Jephson.
[24]
Lord Kames.
[25]
Talvez o Rev. B. Loveling.
[26]
Quando o Sr. Foote estava em Edimburgo, ele achou ser adequado entreter um grupo numeroso
de escoceses, com muita jocosidade grosseira, à custa do Dr. Johnson, imaginando que seria
aceitável. Eu achei que isso não era civil para mim; mas sentei-me pacientemente até que ele tivesse
esgotado sua alegria sobre aquele assunto; e, em seguida, observei que, certamente, Johnson devia ser
autorizado a ter alguma sagacidade excelente, e que eu o tinha ouvido dizer uma coisa muito boa do
próprio Sr. Foote. ”Ah, meu velho amigo Sam (gritou Foote,) nenhum homem diz coisas melhores;
deixe-nos tê-lo. “Ao que ele me contou a história acima, que produziu um riso muito alto no grupo.
Mas eu nunca vi Foote tão desconcertado. Ele parecia sério e irado, e entrou em uma refutação séria
sobre a justiça da observação. “O que, Senhor, (disse ele), fala, portanto, de um homem de educação
liberal; - um homem que durante anos esteve na Universidade de Oxford; - um homem que adicionou
dezesseis novas personagens ao drama inglês de seu país.”
[27]
Obras literárias feitas a partir de citações de outras obras.
[28]
Julius Caesar e seu filho Joseph Justus, eruditos
[29]
Lord Auchinleck.
[30]
Desde então tive razão para pensar que eu estava enganado; pois eu fui informado por uma
senhora, que por muito tempo esteve em intimidade com ela, e provavelmente é um observador mais
preciso de tais questões, que ela havia adquirido tal sensibilidade de toque, ao ponto de saber, por
sentindo o lado de fora da xícara, quão perto ela estava de estar cheia
[31]
Boswell.
[32]
N. do T. : Picto = povo antigo do Norte da Escócia
[33]
Um correspondente arguto da European Magazine de abril de 1792, expôs completamente um
erro que tem sido inexplicavelmente frequente ao se atribuir estas linhas a Blackmore, não obstante o
que Sir Richard Steele, em que o trabalho muito popular, The Spectator, as menciona como escritas
pelo autor de The British Princes, o Excelentíssimo Senhor Edward Howard.
O correspondente acima mencionado mostra ser este erro tão inveterado que não só eu defendi as
linhas como de Blackmore na presença do Dr. Johnson, sem qualquer contradição ou dúvida de sua
autenticidade, mas que o reverendo Sr. Whitaker afirmou impresso, que ele entende terem elas sido
suprimidas na última edição ou edições de Blackmore. ”Depois de tudo (diz este inteligente escritor)
não é indigno de observação particular, que estas linhas tantas vezes citadas não existem nem em
Blackmore nem em Howard.” Em The British Princes, 8vo. 1669, agora diante de mim, p. 96, eles
aparecem assim: -
“Uma veste como vestia o admirado Voltiger,
Que, destes inimigos da Ilha seu avô ganhou,
Cujas ardilosas cores superavam o corante de Tiro,
Obrigado a triunfar neste legado.”
É provável, eu acho, que algum gozador, para tornar Howard ainda mais ridículo do que ele
realmente era, formou o dístico como ele agora circula
[34]
Pr. e Med. p. 95.
[35]
Filho da erudita Sra. Grierson, que foi apadrinhado pelo falecido Lord Granville, e foi o editor de
vários dos Clássicos.
[36]
Repetiu Albano o que disseram as Musas no monte
[37]
Os irmãos Thomas e Henry.
[38]
N. do T. : sucessão de diferentes composições parlamentares na Grã-Bretanha entre 1640 e 1660,
período de grandes turbulências político-militares
[39]
Mme de Boufflers.
[40]
Thomas Sheridan.
[41]
Em um Discurso por Sir William Jones, dirigido à Sociedade Asiática em Calcutá, em 24 de
fevereiro de 1785, está a seguinte passagem: -”Um dos homens mais sagazes nesta época que
continua, eu espero, a melhorá-la e adorná-la, Samuel Johnson ele havia morrido dez semanas antes,
observou em minha audição, que se Newton tivesse florescido na Grécia antiga, ele teria sido
venerado como uma Divindade.” E. Malone
[42]
William Pitt, o Velho, duas vezes primeiro-ministro.
[43]
Personagem grotesco ou absurdo do teatro de marionetes italiano, conhecido em português como
Polichinelo
[44]
Todos os melhores dias da vida dos miseráveis mortais
fogem primeiro; eles padecem doenças, o desconsolo da velhice
e dor; e duramente a inclemência da morte os arrebata.
[45]
Almeja sempre aquilo que tem mais alto valor, e sê superior a todos os outros
[46]
Talvez o Dr. R. Robinson, Abp. de Armagh.
[47]
Estas linhas foram descobertas pelo segundo filho do autor na London Magazine de julho de
1732, onde elas faziam parte de um poema sobre Retiro, copiado, com algumas pequenas variações,
de um dos poemas menores de Walsh, intitulado O Retiro.
Elas exibem uma outra prova de que Johnson reteve em sua memória fragmentos de poesia
esquecida. Ao citar versos daquela descrição, ele parece por uma ligeira variação, ter, por vezes, lhes
dado uma guinada moral e tê-los inteligentemente adaptado aos seus próprios sentimentos, onde o
original tinha uma tendência muito diferente. Em 1782, quando ele estava em Brighthelmstone, ele
repetiu ao Sr. Metcalfe, alguns versos, como muito característicos de um célebre historiador Gibbon.
Eles são encontrados entre alguns poemas anônimos anexados ao segundo volume de uma coleção
frequentemente impressa por Lintot, sob o título de Miscellanies de Pope: -”Veja como o itinerante
Danúbio flui, Dividindo Reinos e religiões; Um amigo para todos os inimigos dos verdadeiros
cristãos, A Pedro, João e Martinho. Agora protestante, e agora papista, não constante por muito
tempo a qualquer um. Finalmente, um infiel se torna, E nem termina sua jornada. Assim, mais de um
jovem que eu conheço se tornou, meio protestante, meio papista, e vagando por muito tempo pelo
mundo, torna-se infiel ou ateu.” E. Malone

[48]
N. do T. : James Boswell atribui ao panfleto de Samuel Johnson o discutível poder de ter evitado
a guerra entre Grã-Bretanha e Espanha pela posse das Ilhas Falkland em 1770
[49]
N. do T. : Junius – originalmente, pseudônimo de escritor que enviou uma série de cartas
contestatórias ao jornal londrino Public Advertiser, de 21/01/1769 a 21/01/1772. Acredita-se que,
depois de assinar Lucius e Brutus, ele recorreu a outro dos nomes de Lucius Junius Brutus, um dos
fundadores da República Romana e um de seus primeiros cônsules, por volta de 509 a. C. De acordo
com outras fontes, a inspiração para esse nome teria vindo do poeta romano Juvenal, ou Decimus
Junius Juvenalis (séculos I-II d. C. ), autor das famosas Sátiras.
[50]
N. do T. : Pelo Resgate de Manila, em 1763, a Espanha concordou em pagar à Grã-Bretanha a
soma de £ 4 milhões (quatro milhões de libras) em troca da devolução da cidade de Manila, capital
das Filipinas, que tinha sido capturada por forças britânicas sob o comando de William Draper em 6
de outubro de 1762. Apenas uma pequena parte desse resgate, no entanto, foi paga.
[51]
Reflexões sobre as últimas Transações a respeito das Ilhas de Falkland.
[52]
Comparando a primeira às edições subsequentes, esta curiosa circunstância de autoria ministerial
pode ser descoberta.
[53]
The Literary Club, fundado por Johnson, Langton, Sir Joshua Reynolds e outros em fevereiro de
1764
[54]
Ou Sir Grey Cooper ou John Robinson.
[55]
N. T. : Trecho das Odes, de Quinto Horácio Flaco:
“Tristeza e medo atirarei
Aos turbulentos ventos
Para que longe os levem
Ao Mar de Creta”.
[56]
N. T. : A felicidade que Johnson deseja a ambos se refere ao fato de que seu amigo Bennet
Langton havia se casado, em 24 de agosto de 1770, com Lady Rothes, viúva de John, 8º Conde de
Rothes.
[57]
Pr. e Med. p. 101.
[58]
Assim, traduzido por um amigo: -”Em fama escassa segundo para a enfermeira de Jove, este
Bode, ao redor por duas vezes o mundo tinha atravessado, Merecendo o cuidado e amor de ambos os
seus mestres, Facilidade e pasto perpétuo agora encontra.”
[59]
O Sr. Langton se casou com a Condessa Dowager de Rothes.
[60]
Ou, mais comumente, Sir Walter Raleigh (1554-1618), político, explorador, navegador, escritor.
[61]
A James Boswell, Esq.
Edimburgo, 03 de maio de 1792.
Meu caro senhor, - Como eu supunha que seu grande trabalho em breve será reimpresso, peço licença
para incomodá-lo com uma observação sobre uma passagem do mesmo, em que eu sou um pouco
deturpado. Não te assuste; a deturpação não é imputável a você. Não tendo o livro à mão, eu não
posso especificar a página, mas eu suponho que você o encontrará facilmente. O Dr. Johnson diz,
falando da família da Sra. Thrale, ‘O Dr. Beattie calou-se diante de nós que ele era casado, ‘ou
palavras para essa finalidade Não tenho a certeza se eu entendi calou-se diante de nós, que é uma
frase muito incomum, mas pareceu-me dar a entender, (e outros, eu acho, entenderam, no mesmo
sentido,) que ele estudadamente ocultou de nós ser ele casado. Agora, Senhor, este era de modo
algum o caso. Eu não poderia ter qualquer motivo para esconder uma circunstância, de que eu nunca
fui nem poderia ter vergonha; e da qual o Dr. Johnson parecia pensar que, quando ele mais tarde
tornou-se familiarizado com a Sra. Beattie, que eu tinha, como era verdade, motivo de orgulho. Tão
longe eu estava de esconder dela, que minha esposa tinha naquela época tantos conhecidos em
Londres, quanto eu mesmo tinha; e foi, não muito tempo depois, gentilmente convidada e
elegantemente recebida em Streatham pelo Sr. e Sra. Thrale.
O meu pedido é, portanto, que você retifique esta questão em sua nova edição. Você tem a liberdade
de fazer o uso que bem entender dessa carta.
Meus melhores desejos sempre visam você e sua família. Acredite-me ser, com o máximo respeito e
estima, caro senhor, seu servo humilde obrigado e afetuoso,
J. BEATTIE.”
A partir do meu respeito pelo meu amigo Dr. Beattie, e consideração por sua extrema sensibilidade,
eu inseri a carta acima, embora eu não possa, a não ser me admirar de ele considerar como
recriminação uma frase comumente usada entre os melhores amigos.
[62]
Ver p. 390.
[63]
Que definiram a doutrina da Igreja Anglicana em 1563.
[64]
N. do T. : Provavelmente estabelecido em homenagem ao rei Charles I, considerado mártir da
Igreja Anglicana por ter defendido a “pureza da fé anglicana” contra os calvinistas, que o
sequestraram e depois o decapitaram em 30 de janeiro de 1649.
[65]
De 1772, que estabeleceu as regras para o casamento dos membros da Família Real Britânica.
[66]
Lord Cullen.
[67]
Lady Emily Hervey.
[68]
1703-1775, um dos mais importantes editores e livreiros irlandeses.
[69]
N. T. : nome alternativo genérico da língua gaélica.
[70]
O jurista, filósofo e político alemão Samuel von Puffendorf.
[71]
O erudito de Eton 1744-1795
[72]
N. do T. : Em 1733, Mallet mencionou estar com 28 anos. De um texto que escreveu sobre ele,
depreende-se que Johnson sabia que Mallet chegou a Londres em 1723 – portanto, com cerca de 18
anos. Nesta conversação, que aconteceu em 1772, Johnson parece ter-se enganado a respeito da idade
com que o dramaturgo chegou à capital britânica.
[73]
ator, dicionarista e educador irlandês, 1719-1788, defensor do “movimento pela elocução”, para
aperfeiçoamento e uniformização da pronúncia do idioma inglês
[74]
Henry Dundas.
[75]
N. do T. : Dives, que no texto da Vulgata (edição da Bíblia em Latim) quer dizer “homem rico”, é
o nome usado para identificar o cidadão abastado que é um dos personagens da história de Lázaro.
[76]
Esta ficção é conhecida por ter sido inventada por Daniel Defoe, e foi adicionada ao livro de
Drelincourt, para ajudar em sua venda. A primeira edição não o tinha. E. Malone
[77]
Esse projeto foi realizado desde então. Sir Henry Liddel, que fez uma turnê espirituosa pela
Lapônia, trouxe duas renas para sua propriedade em Northumberland, onde elas se reproduziram;
mas a raça, infelizmente, pereceu.
[78]
O Dr. Johnson parece ter querido dizer o Address to the Reader com uma CHAVE acrescentada a
ele; que foi prefixada a todas as edições modernas daquela peça. Ele não sabia, ao que parece, que
várias adições foram feitas do The Rehearsal depois da primeira edição. E. Malone
[79]
O jardim de Ranelagh, situado em Chelsea, na periferia de Londres, com uma grande rotunda
[80]
James Elphinston.
[81]
William MacMaster.
[82]
Não se deve presumir que o Dr. Johnson pretendesse dar qualquer expressão à licenciosidade,
embora na personagem de um advogado ele fez uma distinção justa e sutil entre transgressão
ocasional e habitual.
[83]
O Sr. Samuel Paterson, eminente por seu conhecimento de livros.
[84]
O Sr. Laurence Paterson, em um panfleto, produziu algumas provas para mostrar que seu trabalho
fora escrito antes de Sentimental Journey de Sterne ter aparecido.
[85]
Veja esta pergunta curiosa tratada por ele com a habilidade mais aguda, Journal of a Tour to the
Hebrides, 3ª edição. p. 33.
[86]
N. do T. : O Partido Rockingham foi uma facção dos Whigs (Liberais), chefiada por Charles
Watson-Wentworth, 2º Marquês de Rockingham, líder da oposição na Câmara dos Lordes entre 1765
e 1782.
[87]
Aqui estava um vazio, o que pode ser preenchido assim: -”foi-me dito por uma aparição;” - o
escritor estando provavelmente incerto se ele estava dormindo ou acordado, quando a sua mente foi
impressionada com o pressentimento solene com a qual aconteceu de o fato ser posteriormente tão
maravilhosamente correspondido.
[88]
É notável, que Lord Monboddo, que, por conta de sua semelhança com o Dr. Johnson em alguns
detalhes, Foote chamasse uma edição Elzevir dele, ter, por coincidência, feito a mesma observação.
Origem e evolução da linguagem, vol. iii. 2ª edição. p. 219.
[89]
Pr. e Med. p. 111.
[90]
Boswell.
[91]
Talvez Boswell.
[92]
Dr. Robert Vansittart.
[93]
A Sra. Piozzi, a quem eu contei esta anedota, a relatou como se o cavalheiro tivesse dado “a
história natural do camundongo.” Aned. p. 191.
[94]
Robertson e Beattie.
[95]
Irmão de Boswell David.
[96]
Wilson contra Smith e Armour.
[97]
Lord Kames, na seu Tratados de Lei Históricos.
[98]
Ele, no entanto, escreveu, ou parcialmente escreveu um epitáfio sobre a Sra. Bell, esposa de seu
amigo John Bell, Esq., irmão do Reverendo Dr. Bell, Prebendário de Westminster, que está impresso
em suas obras. Está em prosa inglesa, e tem tão pouco da sua maneira, que eu não acreditei que ele
tivesse qualquer mão dele, até que eu estivesse satisfeito do fato pela autoridade do Sr. Bell.
[99]
Dado por uma senhora em Edimburgo.
[100]
Houve bailes de máscaras na Escócia; mas não por muito tempo
[101]
Esse senhor Bond, que agora reside na América em um cargo público da dignidade considerável
cônsul, desejava que seu nome não fosse transcrito completamente.
[102]
Agora Doutor White, e Bispo da Igreja Episcopal, na Pensilvânia. Durante sua primeira visita à
Inglaterra, em 1771, como um candidato às ordens sagradas, ele esteve várias vezes em companhia
do Dr. Johnson, que manifestou o desejo de ver a edição de seu Rasselas, que o Dr. White contou-lhe
ter sido impressa na América. O Dr. White, em seu retorno, enviou-lhe imediatamente uma cópia.
[103]
Ela se inclina para Conquistar.
[104]
Percy.
[105]
Dr. John Calder.
[106]
Posteriormente Charles I
[107]
Talvez senhorita Carmichael.
[108]
“Ao dedicar este ligeiro trabalho a você, eu não pretendo com isso cumprimentá-lo como eu
mesmo. Ele pode dar-me alguma honra de informar ao público, que eu vivi muitos anos na sua
intimidade. Ele pode servir aos interesses da humanidade também para informá-los, que a maior
sagacidade pode ser encontrada em uma personagem, sem prejudicar a piedade menos afetada.”
[109]
Ver um relato desse erudito e respeitável cavalheiro e de sua obra curiosa sobre o Estado do
Meio, Journal of a Tour to the Hebrides, 3ª edição p. 371.
[110]
Os humores de Ballamagairy.
[111]
Burke.
[112]
Reynolds.
[113]
A Duquesa de Cumberland.
[114]
Cavendish.
[115]
Murphy.
[116]
Provavelmente W. W. Pepys.
[117]
William Fitzherbert.
[118]
Lamentei que o Dr. Johnson nunca tenha se dado ao trabalho de estudar uma questão que
interessava às nações. Ele nem mesmo leu um panfleto que eu escrevi sobre isso, intitulado A
Essência da Causa Douglas; que, tenho razões para me lisonjear, teve um efeito considerável a favor
do Sr. Douglas; de cuja filiação legítima eu estava então, e ainda estou firmemente convencido.
Deixe-me acrescentar, que nenhum fato pode ser mais respeitavelmente determinado, a não ser pelo
acórdão do tribunal mais augusto no mundo; um julgamento, no qual Lord Mansfield e Lord Camden
se uniram em 1769, e do qual apenas cinco de um numeroso corpo protocolaram um protesto.
[119]
Já se observou (anterior, 393), que um dos seus primeiros Ensaios foi um Poema Latino sobre
um vaga-lume; mas se ele existe era algum lugar, não se apurou. E. Malone
[120]
Ovídio. de Arte. Amand. i. iii. v. 13.
[121]
Em alusão a supostos princípios políticos do Dr. Johnson, e talvez aos seus próprios.
[122]
Aqui está outro exemplo de sua alta admiração por Milton como Poeta, não obstante sua aversão
justa aos azedos princípios políticos de Republicanos. Sua franqueza e discriminação são igualmente
visíveis. Não vamos ouvir mais nada de seu ‘Injustice to Milton’.
[123]
A memória do Dr. Johnson aqui não foi perfeitamente precisa: Eugenio não conclui assim. Há
mais oito linhas após a última daquelas citadas por ele; e a passagem que ele pretendeu recitar é a
seguinte: -
“Dizei agora vós esvoaçantes, pobres elfos assumindo,
Todos cheios de orgulho, de loucura, de - vós mesmos;
Dizei onde está o desgraçado de toda a sua equipe ímpia
Quem ousa confrontar seu caráter para ver?
Eis Eugenio, vede-o muitas vezes,
então afundai em vós mesmos e não sê mais.”
O Sr. Reed me informa que o Autor de Eugenio, um comerciante de vinho em Wrexham em
Denbighshire, logo após a sua publicação, viz. 17 de maio de 1737, cortou a própria garganta; e que
parece pelas Obras de Swift que o poema tinha sido mostrado a, e recebeu algumas de suas
correções. Johnson tinha lido Eugenio em sua primeira vinda à cidade, pois nós o vemos mencionado
em uma de suas cartas ao Sr. Cave, que foi inserida neste trabalho.
[124]
Eu anteriormente pensava que tinha talvez errado a palavra, e imaginado que fosse Corps, a
partir de sua semelhança de som da palavra real. Pois um cavalheiro desconhecido preciso e
perspicaz, a quem sou grato por algumas observações sobre o meu trabalho, observa nesta passagem
– ‘Q. se não sobre a palavra Fort? Um pregador francês vociferante disse de Bourdaloue,”Il prêche
fort bien, et moi bien forte.” - Menagiana. Veja também Anecdotes Litteraires, Artigo Bourdaloue. ‘
Mas meu engenhosa e prestativo correspondente, o Sr. Abercrombie de Philadelphia, apontou-me a
seguinte passagem em Menagiana; que torna a conjectura anterior desnecessária, e confirma a minha
afirmação original: ”Mad de Bourdonne, Chanoinesse de Remiremont, venoit d'entendre un discours
plein de feu et d'esprit, mats fort peu solide, et très-irrégulier. Une de ses amies, qui y prenoit intérêt
pour l'orateur, lui dit en sortant, ‘Eh bien, Madme, que vous semble-t-il de ce que vous venez
d'entendre? – Qu'il y a d'esprit?‹ – ‘Il y a tant, répondit Madme de Bourdonne, que je n'y ai pas vu de
corps. ’”- Menagiana, Tomo II. p. 64. Amsterd. 1713.
[125]
Lady Diana Beauclerk.
[126]
Topham Beauclerk.
[127]
Velho Sr. Langton.
[128]
Bethlem Royal Hospital
[129]
O temperamento calmo e perseverança constante renderam-lhe um assunto admirável para o
exercício das poderosas habilidades do Dr. Johnson. Ele nunca vacilou; mas, depois de golpes
reiterados, permaneceu aparentemente impassível como no princípio. As cintilações do gênio de
Johnson brilhavam toda vez que ele era atingido, sem que ele sofresse qualquer lesão. Por isso, ele
obteve o epíteto de A BIGORNA LITERÁRIA.
[130]
Langton.
[131]
Pr. e Med. p. 40.
[132]
G. R. Moser, um suíço.
[133]
O reverendo Thomas Bagshaw, M. A., que morreu em 20 de novembro de 1787, no
septuagésimo sétimo ano de sua idade, Capelão do Bromley College em Kent e Reitor de Southfleet.
Ele havia renunciado à cura da Paróquia de Bromley algum tempo antes de sua morte. Por esta e
outra carta do Dr. Johnson em 1784, com o mesmo homem verdadeiramente respeitável, estou em
débito com o Dr. John Loveday dos Commons, filho do falecido erudito e piedoso John Loveday,
Esq., de Caversham em Berkshire, que gentilmente as transcreveu para mim a partir dos originais em
seu poder. Este digno cavalheiro, tendo se aposentado dos negócios, vive agora em Warwickshire. O
mundo tem sido recentemente obrigado a ele como o Editor do falecido Rev. O excelente trabalho do
Dr. Townson, modestamente intitulado, um Discurso sobre a História Evangélica, a partir do Enterro
até a Ascensão de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo; ao que é prefixada um relato
verdadeiramente interessante e agradável do autor, pelo Reverendo Sr. Ralph Churton.
[134]
Langton.
[135]
Pr. e Med. p. 129.
[136]
Anedotas de Johnson, da Sra. Piozzi, p. 131.
[137]
Langton.
[138]
Langton, em Lincolnshire.
[139]
O autor não era um pequeno ganhador por esta Jornada extraordinária; pois o Dr. Johnson
escreve assim à Sra. Thrale, 3 de novembro de 1773: -’ Boswell louvará minha resolução e
perseverança, e eu, em troca comemorarei seu bom humor e alegria perpétua. Ele tem melhores
faculdades do que eu imaginava; mais justeza de discernimento, e mais fecundidade de imagens. É
muito conveniente viajar com ele; pois não há nenhuma casa em que ele não seja recebido com
carinho e respeito. ’Carta 90, à Sra. Thrale. E. Malone
[140]
Nisso, ele mostrou uma penetração muito aguda. Minha esposa prestou-lhe a mais assídua e
respeitosa atenção, enquanto ele foi nosso hóspede; de modo que eu me pergunto como ele descobriu
que ela desejava a sua partida. A verdade é que os seus horários irregulares e hábitos rudes, tais como
virar as velas de cabeça para baixo, quando elas não queimavam brilhantes o suficiente, e deixar a
cera cair em cima do tapete, não podia deixar de ser desagradável para uma senhora. Além disso, ela
não tinha aquela alta admiração por ele que era sentida pela maioria daqueles que o conheciam; e o
que era muito natural para a mente feminina, ela achava que ele tinha influência demais sobre seu
marido. Ela uma vez em um pouco de calor, fez, com mais argumento que justiça, esta observação
sobre esse assunto:’ Eu já vi muitos ursos liderados por um homem: mas eu nunca vi um homem
conduzido por um urso. ’
[141]
Sir Alexander Gordon, um dos professores em Aberdeen.
[142]
Esta era uma caixa contendo uma série de coisas curiosas que ele havia pegado na Escócia, em
particular algumas colheres de chifre.
[143]
O Rev. Dr. Alexander Webster, um dos ministros de Edimburgo, um homem de habilidades
distintas, que havia prometido a ele informações sobre as Terras Altas da Escócia.
[144]
Pr. e Med. p. 129.
[145]
O antigo Burgh of Prestwick em Ayrshire.
[146]
Gibbon.
[147]
Um relato manuscrito elaborado pelo Dr. Webster de todas as paróquias na Escócia,
determinando sua largura, comprimento, número de habitantes, e que distinguindo protestantes e
Católicos romanos. Este livro tinha sido transmitido ao governo, e o Dr. Johnson viu uma cópia do
mesmo na posse do Dr. Webster.
[148]
Iona.
[149]
O Dr. Goldsmith morreu em 04 de abril deste ano.
[150]
Estes livros o Dr. Johnson presenteou à Biblioteca Bodleian.
[151]
Na capa que os cobria, o Dr. Johnson escreveu, ‘Se o meu atraso deu qualquer motivo para supor
que eu não tenho um profundo senso de honra dado a mim pedindo meu julgamento, eu sinto muito.
[152]
Eu tinha escrito a ele para solicitar sua intercessão em nome de um presidiário, que eu achava
que fora muito injustamente condenado.
[153]
Gaélico
[154]
O Sr. Perkins foi por alguns o digno superintendente da grande cervejaria do Sr. Thrale, e depois
da morte dele tornou-se um dos proprietários dela; e agora reside na casa do Sr. Thrale em
Southwark, que foi palco de tantos encontros literários, e na qual ele continua a hospitalidade liberal
pela qual ela era eminente. O Dr. Johnson o estimava muito. Ele dependurou na casa de contagem
uma prova fina do admirável retrato do Dr. Johnson em mezzotinto, por Doughty; e quando a Sra.
Thrale lhe perguntou um pouco irreverente, ‘Por que você o colocou na casa de contagem? ‘Ele
respondeu: ‘Porque, Senhora, eu gostaria de ter um homem sábio ali. ’ ‘Senhor,’ (disse Johnson,) ‘Eu
lhe agradeço. É um elogio muito bonito, e eu acredito que você fala com sinceridade. ’
[155]
Nos jornais.
[156]
Referindo-se numa passagem de uma carta minha, onde falando de seu Journey to the Hebrides,
eu digo, ‘Mas o Patriot não foi uma interrupção, pelo tempo exigido para escrevê-lo, e o tempo gasto
luxuriosamente em ouvir aos seus aplausos?’
[157]
Tínhamos projetado uma viagem juntos até o Báltico, e falamos de visitar algumas das regiões
mais setentrionais
[158]
Cleonice.
[159]
Giuseppe Marc'Antonio Baretti was an Italian literary critic, poet, writer, translator, linguist and
... He was appointed Secretary to the Royal Academy of Arts, and became acquainted with Samuel
Johnson, Garrick and others of that society.
[160]
Dá duas vezes quem dá prontamente. Sêneca
[161]
Hamlet, Ato 3, Cena 2
[162]
No Tribunal de Sessão da Escócia uma ação é intentada pela primeira vez perante um dos Juízes,
que é chamado Lord Ordinário; e se uma das partes está insatisfeita, ele pode apelar ao plenário do
Tribunal, composto por quinze, o Senhor Presidente e catorze outros juízes, que têm, tanto em juízo
quanto fora dele o título de Lords, a partir do nome de suas propriedades; por exemplo, Lord
Auchinleck, Lord Monboddo, etc.
[163]
Recorde-se, que esta descrição fantasiosa de seu amigo foi dada por Johnson depois que ele
mesmo havia se tornar um bebedor de água.
[164]
Vê-los em Journal of a Tour to the Hebrides, 3a. edição. p. 337.
[165]
Agora, ele me enviou uma inscrição em latim para o meu quadro histórico de Mary Queen of
Scots, e depois me favoreceu com uma tradução em inglês. O Sr. Vereador Boydell, aquele eminente
Patrono das Artes, anexou-os à gravação de uma foto minha. ‘Maria Scotorum Regina Hominum
seditiosorum Contumeliis lassata, Minis territa, clamoribus victa, Libello, per quem Regno cedit,
Lacrimans trepidansque Nomen apponit’. Maria, Rainha dos Escoceses, perseguida, apavorada e
vencida pelo insultos, ameaças, E clamores de seus súditos rebeldes, assina, com lágrimas e
confusão, uma renúncia ao reino.
[166]
O erudito e digno Dr. Lawrence, a quem o Dr. Johnson respeitava e amava como seu médico e
amigo.
[167]
Meu amigo, nesta carta, invocava meu testemunho, com uma confiança cujo motivo escapou
minha lembrança.
[168]
Presume-se que o que não aparece não existe.
[169]
Eu a depositei no Museu Britânico.
[170]
Ver Journal of a Tour to the Hebrides, 3a. edição. p. 520.
[171]
Página 103.
[172]
Observei com muito pesar, quando da primeira edição desta obra passava pela impressão (agosto
de 1790), que este engenhoso cavalheiro morrera.
[173]
Rev. Donald McNicol.
[174]
James Macpherson.
[175]
A partir de uma lista em sua caligrafia.
[176]
De sua Viagem às Ilhas Ocidentais da Escócia.
[177]
N. do T. - Moeda escocesa antiga
[178]
Lord Camden.
[179]
‘Quem quer que pense que a escravidão deve servir sob um príncipe eminente está engando.
Liberdade não é mais doce do que sob um rei piedoso.’
[180]
(Uma Carta ao Dr. Samuel Johnson, ocasionada por suas mais recentes publicações políticas)
[181]
William Gerard Hamilton.
[182]
Viagem às Ilhas Ocidentais da Escócia de Johnson, ed. 1775, p. 256 .
[183]
Esta dúvida foi muito agitada em ambos os lados, acho que sem uma boa razão. Ver Addison's
Freeholder, 4 de maio, 1714; – An Apology for the Tale of a Tub; – Dr. Hawkesworth's Preface às
Obras de Swift, e Carta de Swift a Tooke o impressor, e Resposta de Tooke, naquela coleção; – A
Vida de Swift de Sheridan; – nota do Sr. Courtenay na p. 3 de sua Revisão Poética do Caráter
Literário e Moral do Dr. Johnson; e Ensaio do Sr. Cooksey sobre a Vida e o Caráter de John Lord
Somers, Barão de Evesham. O Dr. Johnson fala aqui apenas sobre as evidências internas. Aproveito
para discordar dele, tendo uma estima muito alta pelos poderes do Dr. Swift. Seus Sentimentos de um
Homem da Igreja da Inglaterra, o seu Sermão da Trindade, e outras peças sérias, provam sua
erudição, bem como a sua acuidade em lógica e metafísica; e suas várias composições de um elenco
diferente expõe não apenas sagacidade, humor e ridículo; mas um conhecimento ‘da natureza, da arte
e da vida: ‘ um combinação, portanto, desses poderes, quando (como diz a Apologia,) ‘o autor era
jovem, sua invenção no pico, e sua leitura fresca em sua cabeça,’ pode certamente produzir The Tale
of a Tub.
[184]
Um “non-juror” é uma pessoa que se recusa a jurar um juramento em particular: - Na História
britânica, os non-jurors recusavam-se a jurar lealdade a William and Mary; (ver Cisma Nonjuring)
[185]
Este não foi apenas uma observação superficial; pois em sua Vida de Fenton ele observa, ‘Com
muitos outros sábios e virtuosos, que na época de discórdia e debate (cerca do início deste século)
consultou a consciência se bem ou mal informado, mais do que interesse, ele duvidava da legalidade
do governo; e recusando-se a qualificar-se para emprego público, devido à exigência de prestar
juramento, deixou a Universidade sem um diploma. ’A essa conduta Johnson chama’ perversidade de
integridade. ’
A questão relativa à moralidade de se fazer juramentos de qualquer tipo, impostos pelo poder vigente
no momento, ao invés de ser excluída de toda consequência, ou mesmo de qualquer utilidade
considerável na sociedade, foi agitada com toda a acuidade da casuística. Ela está relacionada, a que
aquele que inventou o juramento de abjuração, depravadamente se gabou de que tinha moldado um
teste que ‘amaldiçoaria metade da nação, e mataria de fome a outra. ‘Após mentes não exaltadas à
retidão inflexível, ou mentes em que o zelo por um partido é predominante em excesso, fazer aquele
juramento contra a convicção pode ter sido atenuados sob o argumento da necessidade, ou se
aventurado em momento de calor, como no caso de o todo produzir mais bem do que mal.
Em uma eleição de condado na Escócia, há muitos anos atrás, quando houve uma discussão
acalorada entre os amigos da sucessão Hanoveriana, e aqueles contra ela, o juramento de abjuração
tendo sido exigido, os donos de propriedade livres de um lado se levantaram para ir embora. Diante
do que um cavalheiro muito otimista, um daqueles, correu para a porta para detê-los, gritando com
muita seriedade, ‘Fiquem, fiquem, meus amigos, e vamos pôr os bandidos para fora!’
[186]
William Davenport.
[187]
Ao homem, os deuses deram uma face ereta para vigiar os céus e olhar para cima para as
estrelas (Ovídio)
[188]
Meu nobre amigo Lord Pembroke me disse uma vez em Wilton, com uma brincadeira feliz e um
pouco de verdade, que ‘ Os Provérbios do Dr. Johnson não parecem tão extraordinários, se não fosse
por sua maneira de protestar. ‘As próprias palavras são geralmente de mérito sólido; mas, sem
dúvida, sua atitude era um complemento para o efeito deles; e, portanto, deve-se atentar para eles,
tanto quanto se possa. É necessário, no entanto, proteger aqueles que não estavam familiarizados com
ele, contra imitações sobrecarregadas ou caricaturas de suas atitudes, que são frequentemente
tentadas, e muitos das quais são cópias de segunda mão do falecido Sr. Henderson, o ator, que,
embora um bom mímico de algumas pessoas, não representava Johnson corretamente.
[189]
Ver ‘Prosódia Rationalis; ou, um Ensaio no sentido de estabelecer a Melodia e Medida de
Expressão, a ser expressa e perpetuada por Símbolos peculiares. ’ Londres, 1779.
[190]
Eu uso a frase em partitura, como o Dr. Johnson explicou que em seu Dicionário: -’ A canção
em PARTITURA, as palavras com as notas musicais de uma canção anexas. ’Mas eu entendo que na
propriedade científica isso significa que todas as partes de uma composição musical anotada nas
personagens através das quais ela é exibida aos olhos do perito.
[191]
Lady Susan Fox e William O'Brien.
[192]
Boswell.
[193]
Extraído do Registro de Convocação, Oxford.
[194]
O original está em meu poder. Ele me mostrou o Diploma, e permitiu-me lê-lo, mas não
concordaria em que eu fizesse uma cópia do mesmo, temendo talvez que eu o exporia no exterior em
seu tempo de vida. Sua objeção a isso aparece em sua carta número 99 à Sra. Thrale, a quem, nessa
carta, ele assim repreende pela grosseria de sua bajulação a ele: -’ A outra notícia de Oxford é que
eles me enviaram um diploma de Doutor em Direito, com tais elogios no Diploma que, talvez, deve
envergonhar-me: eles gostam muito de seus louvores. Fico pensando se eu jamais o mostrarei a você.
‘ É notável que ele nunca, até onde eu sei, assumiu seu título de Doutor, mas chamava a si mesmo o
Sr. Johnson, conforme aparece de muitos de seus cartões ou notas a mim mesmo; e vi muitos dele
para outras pessoas, no qual ele uniformemente assume essa denominação. Uma vez, observei em sua
mesa uma carta dirigida a ele com a adição de Esquire, e objetei a isso como sendo uma designação
inferior à de Doutor; mas ele me censurou, e pareceu satisfeito com ele, porque, como eu conjecturei,
ele gostava de ser, por vezes, retirado da classe dos homens de letras, e ser apenas gentil, - un
gentilhomme comme un autre.
[195]
O original está nas mãos do Dr. Fothergill, então Vice-chanceler, que fez esta transcrição. ‘T.
WARTON.
[196]
James Bruce.
[197]
A Sra. Macaulay.
[198]
Capitão Constantine Phipps, mais tarde Barão Mulgrave.
[199]
George II.
[200]
Plin. Epist. lib. ii. ep. 3.
[201]
Johnson certamente o fez, que tinha uma mente armazenada com conhecimento, e repleta de
imagens, mas a observação não é aplicável a escritores em geral.
[202]
Provavelmente houve algum engano quanto aos termos deste suposto contrato extraordinário, as
recitas do qual a partir de boatos proporcionaram a Johnson tanto jogo para sua agudeza esportiva.
[203]
‘Eu estava bem; Eu estaria melhor; e aqui estou eu.’ Addison não menciona onde se encontra
este epitáfio, que iludiu uma pesquisa muito diligente. E. Malone
[204]
Capaccio ou Cappaccio, G. C.
[205]
Percy.
[206]
Burke.
[207]
Barry.
[208]
Murphy.
[209]
Garrick.
[210]
Ver anterior, p. 277.
[211]
Deixe-me aqui ser autorizado a prestar meu tributo de mais sincera gratidão à memória daquela
excelente pessoa, minha intimidade com quem era a mais valiosa para mim, porque o meu primeiro
contato com ele foi inesperado e não solicitado. Logo após a publicação de meu Relato da Córsega,
ele me fez a honra de convidar-me, e aproximando-se de mim com um ar cortês e franco, disse, “Meu
nome, Senhor, é Oglethorpe, e eu gostaria de conhecê-lo.” Eu não estava nem um pouco lisonjeado
por ser assim chamado por um homem eminente, de quem eu tinha lido em Pope, desde meus
primeiros anos,
“Ou, impulsionado por uma forte benevolência de alma,
Voará, como Oglethorpe, de polo a polo.”
Eu tive sorte suficiente de ser considerado digno de sua boa opinião, a tal ponto que eu não só fui
convidado para ser um dos muitos convivas respeitáveis a quem ele recebia em sua mesa, mas tinha
uma cobertura em sua mesa hospitaleira todos os dias quando acontecia de eu não ter compromisso; e
em sua companhia nunca deixei de desfrutar conversas eruditas e animadas, temperada com genuínos
sentimentos de virtude e religião.
[212]
O general parecia pouco disposto a entrar nisso neste momento; mas em uma ocasião posterior,
ele comunicou-me uma série de detalhes, que eu anotei; mas eu não fui suficientemente diligente na
obtenção de mais dele, não apreendendo que seus amigos estavam deveriam logo perdê-lo; pois,
apesar de sua idade avançada, ele era muito saudável e vigoroso, e foi finalmente levado por uma
febre violenta, que é muitas vezes fatal em qualquer período da vida.
[213]
“A mediocridade não é permitida aos poetas nem pelos deuses nem pelos homens.”
[214]
Boswell.
[215]
Dessa observação tão justa há algumas exceções eminentes
[216]
O dinheiro decorrente da propriedade dos prêmios tomados antes da declaração de guerra, que
foram dados à Sua Majestade pela paz de Paris, e elevava-se a mais de 700. 000 libras, e das terras
nas ilhas cedidas, que foram estimadas em 200. 000 libras mais. Certamente houve uma nobre
munificência neste presente de um Monarca ao seu povo. E convém lembrar, que durante a
administração do conde de Bute, o Rei estava graciosamente satisfeito em abrir mão das receitas
hereditárias da Coroa, e aceitar, em vez delas, a soma limitada de 800. 000 libras por ano; sobre o que
Blackstone observa que “As receitas hereditárias, sendo colocadas sob a mesma gestão que os outros
ramos do patrimônio público, produzirão mais e serão mais bem coletadas do que até agora; e o
público é um ganhador de mais de 100. 000 libras por ano por esta generosidade desinteressada de
sua Majestade.” Livro I. Chap. viii. p. 330.
[217]
Dr. W. Duncan.
[218]
Wedderburn (e).
[219]
Home (o autor de Douglas)
[220]
Edward Dilly e Sir John Miller.
[221]
O reitor John Burrows.
[222]
O cura S. Popham.
[223]
Fox.
[224]
Dr. Brocklesby.
[225]
Pr. e Med. p. 138.
[226]
Provavelmente Boswell.
[227]
Esta é uma frase proverbial. “O Inferno,” diz Herbert, “está cheio de bons significados e
desejos.” Jacula Prudentum, p. 11, edição 1651. E. Malone
[228]
“Amoret é tão doce e bom, Quanto a mais deliciosa comida; Que apenas provada dá Vida e
alegria ao coração. Sacharissa é o vinho da beleza, Que à loucura inclina; Tal licor nenhum cérebro
Que é mortal pode aguentar.”
[229]
Reynolds, Burke, Beauclerk (ácido), Langton (barrento).
[230]
Ver anterior, p. 615.
[231]
Um médico muito eminente talvez Sir John Pringle, cuja sabedoria é tão aguda e penetrante no
julgamento do caráter humano quanto ele é em sua própria profissão, comentou uma vez em um
clube onde eu estava, que um jovem alegre, amante do prazer e sem dinheiro, dificilmente resiste a
uma solicitação de sua amante para partir para a estrada, imediatamente depois de estar presente à
representação da Ópera do Mendigo. Foi-me feita uma observação engenhosa pelo Sr. Gibbon, de
que “a Ópera do Mendigo pode, talvez, por vezes aumentado o número de salteadores; mas que teve
um efeito benéfico no refinamento daquela classe de homens, tornando-os menos ferozes, mais
educados, em suma, mais como cavalheiros. “Ao que o Sr. Courtenay disse, que ”Gay era o Orfeu de
salteadores.”
[232]
R. B. Sheridan e Elizabeth Linley.
[233]
Boswell.
[234]
Reynolds.
[235]
Ver anterior, p. 593.
[236]
Ver anterior, p. 573.
[237]
Em justiça ao Dr. Memis, embora eu estivesse contra ele como Advogado, devo mencionar, que
ele se opôs à variação muito sinceramente, antes que a tradução fosse impressa.
[238]
Meu amigo muito honrado, General Sir George Howard, que serviu no exército do duque de
Cumberland assegurou-me que as crueldades não eram imputáveis à sua Alteza Real.
[239]
Steevens.
[240]
Provavelmente Peyton.
[241]
Um erudito grego.
[242]
Esposa do Rev. Sr. Kenneth Macaulay, autor de The History of St. Kilda.
[243]
Um processo judicial movido por Sir Allan Maclean, Chefe do seu Clã, para recuperar certas
partes do patrimônio da família do Duque de Argyle.
[244]
Um ministro muito erudito na Ilha de Sky, a quem tanto o Dr. Johnson quanto eu mencionamos
com respeito.
[245]
Meu Journal of a Tour to the Hebrides, que aquela senhora leu no manuscrito original.
[246]
Outro pacote dos Anais da Escócia de Lord Hailes.
[247]
Onde Sir Joshua Reynolds viveu.
[248]
Senhorita Thrale.
[249]
Isto é uma alusão ao meu velho princípio feudal de preferir sucessão masculina à feminina.
[250]
Não pode haver dúvida de que muitos anos antes de 1775 ele se correspondia com esta senhora,
que era sua enteada, mas nenhuma de suas cartas anteriores a ela foi preservada.
[251]
Filho da Sra. Johnson com seu primeiro marido.
[252]
O restante deste parágrafo parece ser uma minuta do que foi dito pelo Capitão Irwin.
[253]
Melchior Canus, um célebre dominicano espanhol que morreu em Toledo em 1560. Ele escreveu
um tratado De Locis theologicis, em doze livros.
[254]
D'Argenson's.
[255]
Queeney.
[256]
Esta passagem, que alguns podem achar supersticiosa, me faz lembrar a do Diário do Arcebispo
Laud
[257]
Sua terna afeição para sua esposa falecida, de que há muitas evidências em suas Orações e
Meditações, aparece muito comovidamente nesta passagem.
[258]
Ver p. 647.
[259]
Esse epíteto deve ser aplicado a esse animal, com um cacho
[260]
Ele quer dizer, eu acho, que ele leu essas diferentes peças, enquanto permaneceu na biblioteca.
[261]
Sra. Strickland e Capt. Killpatrick. Croker e Tyson e Guppy.
[262]
Eu procurei em vão em De Bure, Meerman, Mattaire, e outros livros tipográficos, pelas duas
edições do Catholicon, que o Dr. Johnson menciona aqui, com nomes que eu não consigo me
lembrar. Eu l i’um por Latinius Lathomi, um por Boedinus Badius. ‘ eu depositei o MSS original. no
Museu Britânico, onde os curiosos podem vê-lo. Meus agradecimentos são devidos ao Sr. Planta pelo
trabalho que ele teve o prazer de ter em ajudar-me em minhas pesquisas.
[263]
A caligrafia é tão ruim aqui, que os nomes de vários dos animais não puderam ser decifrados
sem muito mais conhecimento de história natural do que eu possuo. - o Dr. Blagden, com sua
delicadeza habitual, muito gentilmente examinou os MSS. Àquele cavalheiro, e ao Dr. Gray do
Museu Britânico, que também mui prontamente me auxiliaram, peço licença para expressar o meus
melhores agradecimentos.
[264]
Assim é escrito por Johnson, a partir da pronúncia francesa de fossane. Deve-se observar que a
pessoa que mostrou essa Menagerie estava enganado ao supor que o fossane e a doninha brasileira
fossem o mesmo, o fossane sendo um animal diferente e um nativo de Madagascar. Eu os encontro,
no entanto, em uma placa na Sinopse dos Quadrupedes de Pennant.
[265]
Meu digno e engenhoso amigo, o Sr. Andrew Lumisden, por seu conhecimento exato da França,
me permitiu compor muitos nomes próprios, que o Dr. Johnson tinha escrito indistintamente, e às
vezes soletrado erroneamente.
[266]
Madame du Boccage.
[267]
Talvez Capt. Killpatrick.
[268]
Provavelmente, o embaixador francês.
[269]
Madame de Boufflers.
[270]
Senhorita Aikin.
[271]
Rev. R. Barbauld.
[272]
Joseph Ritter, um boêmio, que esteve ao meu serviço por muitos anos, e assistiu ao Dr. Johnson
e a mim em nossa Turnê às Hébridas. Depois de ter me deixado por algum tempo, ele agora voltou
para mim.
[273]
Atos do Parlamento da Escócia, 1685, cap. 22.
[274]
A princípio, a opinião de alguns distintos naturalistas, de que a nossa espécie é transmitida
somente através do sexo masculino, a fêmea sendo o tempo todo nada mais do que um ninho, ou
enfermeira, como a Mãe Terra é de plantas de todo tipo; uma noção que parece ser confirmada por
esse texto da escritura, “Ele estava ainda nos lombos de seu pai quando Melchisedeck o conheceu”
(Heb. vii. 10); e, consequentemente, que o neto de um homem por uma filha, em vez de ser seu
descendente mais certo como se diz vulgarmente, na realidade, não tem qualquer conexão com seu
sangue.
- E em segundo lugar, independente desta teoria, (o que, se for verdade, excluiria completamente os
herdeiros em geral) que, se a preferência de um homem a uma mulher, sem levar em conta a
primogenitura, (como um filho, embora muito mais jovem, ou melhor, até mesmo um neto por um
filho, a uma filha,) ser uma vez admitido, conforme universalmente é, deve ser igualmente razoável e
adequado no grau mais remoto de descendência de um titular inicial de uma propriedade, quanto no
mais próximo; porque, - embora distante do representante na época, - aquele herdeiro remoto do sexo
masculino, após a falta daqueles mais próximas ao proprietário original do que ele é, torna-se de fato
o homem mais próximo a ele, e, portanto, é preferível como seu representante, em relação a uma
descendente do sexo feminino.
- Um pouco de extensão da mente nos permitirá facilmente perceber que o filho de um filho, em
continuação para qualquer prazo, é preferível à filha do filho, na sucessão de uma herança antiga; em
relação ao que deve ser tido quanto à representação do titular original, e não ao de um de seus
descendentes.
Estou ciente de demonstração admirável de Blackstone da razoabilidade da sucessão legal, com base
no princípio de haver maior probabilidade de que o herdeiro mais próximo da pessoa que morre por
último como titular de uma propriedade, seja do sangue do primeiro comprador.
Mas, supondo que um pedigree deva ser cuidadosamente autenticado através de todos os seus ramos,
em vez de mera probabilidade haverá uma certeza de que o herdeiro masculino mais próximo, em
qualquer período, tem o mesmo direito de sangue que o primeiro herdeiro masculino, ou seja, o filho
mais velho do comprador original.
[275]
Termo que eu apliquei a todos os herdeiros do sexo masculino.
[276]
Eu o tinha lembrado de sua observação mencionada, anterior, p. 548.
[277]
O legado emoldurado por meu pai com várias cláusulas judiciosas, foi assinado por ele e por
mim, estabelecendo a propriedade aos herdeiros do sexo masculino de seu avô, que achei já ter sido
feito pelo meu avô, de modo imperfeito, mas, de modo a ser derrotado apenas pela venda de terras.
Fui libertado pelo Dr. Johnson de escrúpulos de obrigação de consciência, e pude, portanto, satisfazer
ao meu pai. Mas a minha opinião e parcialidade pela sucessão masculina, em toda sua extensão,
manteve-se inabalável.
Ainda assim, não se pense que eu seja duro ou cruel com filhas, pois minha noção é que elas devem
ser tratadas com muito carinho e ternura, e sempre participar da prosperidade da família.
[278]
A carta a ele sobre o assunto interessante do assentamento familiar, o que eu tinha lido.
[279]
Sr. Carter.
[280]
Dr. John Douglas.
[281]
Douglas.
[282]
Suponho que a queixa era que os curadores da Oxford Press não permitiram aos livreiros de
Londres um lucro suficiente sobre a venda de suas publicações.
[283]
Estou feliz em dar esta declaração completa e clara ao público, para defender, pela autoridade do
maior autor de sua época, aquele corpo respeitável de homens, os Livreiros de Londres, contra
reflexões vulgares, como se os seus lucros fossem exorbitantes, quando, na verdade, o Dr. Johnson
lhes permitiu aqui mais do que eles costumam exigir.
[284]
Ele disse, quando na Escócia, que ele era Johnson daquele laia
[285]
Ver anterior, p. 295.
[286]
Norman Macleod, 20o. Chefe de Macleod.
[287]
O privilégio de perpetuar em uma família uma propriedade e brasão irrevogavelmente de
geração em geração, não é gozado por nenhum dos súditos de Sua Majestade, exceto na Escócia,
onde a ficção jurídica de multa e recuperação é desconhecida.
É um privilégio tão orgulhoso, que eu deveria pensar que seria certo ter o exercício dele dependente
de prerrogativa real.
Parece absurdo permitir o poder de perpetuar a sua representação, aos homens, que não tendo tido
nenhum mérito eminente, não têm realmente nenhum nome.
O Rei, como o pai imparcial de seu povo, nunca iria recusar-se a conceder o privilégio àqueles que o
merecessem.
[288]
Wedderburn.
[289]
Langton.
[290]
Sra. Fermor.
[291]
Boswell.
[292]
Colman.
[293]
Provavelmente Gibbon.
[294]
Rev. John Darby e Bp. Zachary Pearce.
[295]
Foi mencionado a mim por um preciso amigo inglês, que o Dr. Johnson nunca poderia ter usado
a frase quase nada, como não sendo inglesa; e, portanto, eu coloquei outra em seu lugar. Ao mesmo
tempo, eu não estou muito convencido de que não seja bom inglês. Pois os melhores escritores usam
a frase “Pouco ou nada” ; i. e. quase tão pouco a ponto de ser nada.
[296]
Ainda assim, certamente é um trabalho muito útil, e de pesquisa maravilhosa e esforço para um
só homem ter executado.
[297]
Gibbon.
[298]
Nativo ou habitante de Oxford, Inglaterra.
[299]
Boswell.
[300]
Sra. Caroline Rudd.
[301]
Sir John Hawkins preservou muito pouca Memorabilia de Johnson. Há, no entanto, a ser
encontrado, em seu tomo volumoso, uma muito excelente sobre este assunto: -“Em contradição com
aqueles que, tendo uma esposa e filhos, preferem prazeres domésticos àqueles proporcionados por
uma taberna, eu o ouvi afirmar que uma cadeira de taberna era o trono da felicidade humana.
-’ Assim, ‘disse ele,’ que eu entro pela porta de uma taberna, eu experimento um esquecimento de
preocupações e uma liberdade de ansiedade: quando estou sentado, eu encontro o maitre cortês, e os
garçons prontos a atender ao meu pedido; ansiosos para conhecer e prontos para suprir minhas
necessidades: vinho ali alegra meu espírito, e leva-me a conversar livremente e a um intercâmbio de
discurso com aqueles a quem eu mais amo: eu dogmatizo e sou contrariado, e neste conflito de
opiniões e sentimentos eu encontro deleite. ’”
[302]
Aconteceu de ficarmos esta noite na pousada em Henley, onde Shenstone escreveu estas linhas.
Eu as dou como elas são encontrados na edição corrigida de suas Obras, publicadas depois de sua
morte. Na coleção de Dodsley a estrofe aparece assim: -“Quem quer que tenha viajado na monotonia
da via, Quaisquer que tenham sido suas várias turnês, Pode suspirar ao pensar quantas vezes ele
encontrou Suas calorosas boas-vindas em uma pousada.”
[303]
, "Ele também muitas vezes faz uso do abstrato pelo concreto.” SHENSTONE.
[304]
Tal é este pequeno incidente risível, que tem sido muitas vezes relatado.
O Dr. Percy, Bispo de Dromore, que era um amigo íntimo do Dr. Grainger, e tem uma consideração
particular por sua memória, comunicou-me a seguinte explicação: -”A passagem em questão não
estava originalmente sujeita a tal perversão ; pois o autor tendo ocasião naquela parte de seu trabalho
de mencionar a devastação feita por ratos e camundongos, havia introduzido o assunto em uma
espécie de heroico simulado, e uma paródia de batalha dos sapos e ratos de Homero, invocando a
Musa do velho bardo grego de uma forma elegante e elaborada.
Naquele estado eu a vi; mas depois, desconhecido para mim e outros amigos, ele fora convencido, ao
contrário do seu próprio bom senso, a alterá-la, de modo a produzir o efeito azarado mencionado
acima.
“O texto acima foi escrito pelo bispo, quando ele não tinha o próprio poema à mão; e, embora o
relato dado fosse verdadeiro em um período, ainda assim o Dr. Grainger posteriormente alterou a
passagem em questão, e as observações no texto agora não se aplicam ao poema impresso.
O Bispo atribui este caráter ao Dr. Grainger: -”Ele não era apenas um homem de gênio e de erudição,
mas tinha muitas virtudes excelentes; sendo uma das pessoa mais generosas, amigáveis, e
benevolentes que eu já conheci.”
[305]
O Dr. Johnson disse-me:” Percy, Senhor, estava com raiva de mim por rir diante de The Sugar
Cane; porque ele tinha em mente fazer uma grande coisa dos ratos de Grainger.
[306]
James Grainger.
[307]
Sr. Bourryau.
[308]
Senhorita Burt.
[309]
A casa do Sr. Hector era em Square - agora conhecida como Old Square. Ela depois fez parte do
Hotel Stork, mas foi demolida quando a Corporation Street foi aberta. A placa de mármore tinha sido
colocado na casa como sugestão do falecido Sr. George Dawson, marcando o local onde “Edmund
Hector foi o anfitrião e Samuel Johnson o hóspede. “Esta placa, juntamente com o lambri, a porta e
da lareira de um dos quartos, foram montados em Aston Hall, no Centenário de Johnson, em uma
sala que deve ser conhecida como Sala Dr. Johnson.
[310]
Meu digno amigo Sr. Langton, a quem eu devo inúmeras obrigações no curso da minha história
johnsoniana, forneceu-me uma ilustração cômica dessa questão. Um carpinteiro honesto, depois de
dar alguma anedota em sua presença de maus-tratos que ele recebera da esposa de um clérigo, que
era uma megera conhecida, e a quem acusava de trapacear em alguma transação com ele,
acrescentou, “Cuidei para que ela soubesse o que eu pensava dela.” E lhe sendo perguntado, “O que
você disse?” Respondeu:” Eu disse que ela era um canalha.”
[311]
John iii. 30.
[312]
Eu percorri a casa onde o meu ilustre amigo nasceu, com uma reverência com a qual ela, sem
dúvida, será por muito tempo visitada. Uma visão gravada dele, com os edifícios adjacentes, está em
The Gent. Mag. de fevereiro de 1785.
[313]
Isabelle de Zuylen (Zélide).
[314]
“Eu aprendo a ser vivo.” Em francês, com sotaque alemão.
[315]
Ninguém está vivo.
[316]
Dr. John Boswell. J. B. Tio de.
[317]
Ver uma declaração exata e animada da barbaridade do Sr. Gastrel, pelo Sr. Malone, em uma
nota sobre Algum relato da Vida de William Shakespeare, prefixada a esta edição admirável das
obras daquele poeta, vol. i. p. 118.
[318]
Sir Fletcher Norton, depois Presidente da Câmara dos Comuns, e em 1782 nomeado Barão
Grantley. E. Malone
[319]
Dr. John Boswell.
[320]
Dr. Butter.
[321]
Lord Mansfield.
[322]
Anedotas de Johnson, p. 176.
[323]
A frase ‘pensamentos inquietantes’ é, penso eu, muito expressiva. Ela era familiar para mim
desde a minha infância; pois ela deve ser encontrada nos Salmos em Métrica, usados nas igrejas (eu
acredito que eu deveria dizer Kirks) da Escócia, Salmos xliii. v. 5;”Por que estás então abatida, minha
alma? O que te desencorajaria? E por que com pensamentos inquietantes tu me afliges?” Alguns
desconto deve, sem dúvida, ser dado para pré-possessão precoce. Mas em um período mais maduro
da vida, depois de olhar para várias versões métricas dos Salmos, estou bem satisfeito que a versão
utilizada na Escócia seja, no todo, a melhor; e que é inútil pensar em ter uma melhor. Ela tem, em
geral, uma simplicidade e unção de Poesia sagrada; e em muitas partes sua transfusão é admirável.
[324]
Filósofo ficcional na novela de Samuel Johnson, A História de Rasselas, Príncipe da Abissínia.
[325]
James Hutton, o Morávio.
[326]
O Dr. Adam Smith, que foi durante algum tempo professor da Universidade de Glasgow,
proferiu, em seu Riqueza das Nações, algumas reflexões sobre este assunto, que certamente não são
bem fundamentadas, e parecem ser preconceituosas.
[327]
O Dr. Goldsmith estava morto antes de Mr. Maclaurin descobrir o erro ridículo. Mas o Sr.
Nourse, o livreiro, que era o proprietário da obra, ao lhe ser solicitado por Sir John Pringle,
concordou muito generosamente em ter a folha em que era contido cancelada, e reimpressa sem ele,
por sua conta.
[328]
O que o Dr. Johnson disse aqui, é, sem dúvida, o bom senso; Ainda estou com medo de que a
lei, embora definida por Lord Coke como “a perfeição da razão,” não está totalmente com ele; pois é
sustentado nos livros, que um ataque à reputação mesmo de um homem morto, poderá ser punida
como difamação, porque tende a perturbar a paz. Não há, no entanto, eu creio, nenhum caso moderno
decidido nesse sentido. Em King's Bench, Trinity Term, 1790, a questão ocorreu por ocasião de uma
acusação, O Rei vs. Topham, que, como proprietário de um jornal intitulado The World, foi
considerado culpado de difamação contra Earl Cowper, falecido, porque certas acusações injuriosas
contra sua Senhoria foram publicadas naquele jornal. Uma suspensão de Julgamento tendo sido
movido em favor dela, o caso foi posteriormente solenemente argumentado. Meu amigo Sr. Const, a
quem tenho prazer em ter uma oportunidade de louvar, não só por suas habilidades, mas por suas
maneiras; um cavalheiro, cujo sangue alemão antigo foi amadurecido na Inglaterra, e de quem se
podem verdadeiramente dizer que une o Barão e o Advogado, foi um dos advogados do Sr. Topham.
Ele mostrou muita erudição e criatividade sobre a questão em geral; que, no entanto, não foi
decidida, pois o Tribunal concedeu uma suspensão principalmente com base na informalidade da
acusação. Nenhum homem tem uma reverência maior pela lei da Inglaterra do que eu tenho; mas,
com todo o respeito, não posso deixar de pensar, que um processo por denúncia, se ao réu nunca é
dada a oportunidade de se justificar, deve muitas vezes ser muito opressivo, a menos que os Júris, a
quem estou cada vez mais confirmado em sustentar serem juízes de direito bem como de facto,
resolutamente se impõem. Ultimamente, um ato do Parlamento aprovado como declaratório de seu
pleno direito a um, bem como a outro, em matéria de difamação; e o projeto de lei tendo sido trazido
por um cavalheiro popular, Fox muitos em seu partido têm em termos mais extravagantes declamado
sobre a maravilhosa aquisição para a liberdade de imprensa. De minha parte, eu já era claramente de
opinião que esse direito era inerente à própria constituição de um júri, e na verdade em sentido e
razão inseparável de sua importante função. Estabelecê-lo, portanto, por Lei, é, penso eu, estreitar sua
fundação, que é a base ampla e profunda da Lei Comum. Não seria, ao invés, enfraquecer o direito de
primogenitura, ou qualquer outro direito de idade universalmente reconhecido, se o legislador
aprovasse uma lei em favor dele? Na minha Carta ao Povo da Escócia, contra diminuir o número dos
Lords de Sessão, publicada em 1785, há a seguinte passagem, que, de forma concisa, e espero um
estado justo e racional da questão, eu pretendo citar: “Os Júris da Inglaterra são juízes de direito, bem
como de fato, em muitos julgamentos civis, e em todos os criminais. Que os meus princípios de
resistência não possam ser mal compreendidos mais que meus princípios de submissão, eu protesto
que eu deveria ser o último homem no mundo a incentivar Júris a contradizer precipitadamente,
desenfreadamente ou perversamente, a opinião dos Juízes. Pelo contrário, gostaria de tê-los ouvindo
respeitosamente os conselhos que recebem da Banca, pelo qual eles podem ser, muitas vezes bem
dirigido em formar a sua própria convicção; que, ‘ e não a de outro, ‘ representa a opinião a que eles
devem retornar em seus juramentos. Mas onde, após a devida atenção a tudo o que o Juiz disse, eles
são decididamente de uma opinião diferente da dele, eles têm não só um poder e um direito, mas eles
têm o dever de consciência de trazer um veredicto em conformidade.”
[329]
Um cavalheiro, que por seu acervo extraordinário de conhecimento, era considerado onisciente.
Johnson, eu acho que muito apropriadamente, alterou-o para aquele que tudo sabe, pois é um verbum
solenne, apropriados para o Ser Supremo.
[330]
Joseph Fowke.
[331]
Este Sr. Ellis foi, creio eu, o último daquela profissão chamada escrivão, que é uma das Guildas
de Londres, mas que cuja atividade não é mais realizada separadamente, mas é transacionada por
advogados e outros. Ele era um homem de literatura e talentos. Ele era o autor de uma versão
Hudibrástica (Hudibrastic é um tipo de verso inglês nomeado segundo o Hudibras de Samuel Butler
publicado em partes de 1663 a 1678. Para o poema, Butler inventou uma estrutura de verso que
imitava o verso heroico. Ao invés o pentâmetro, as linhas eram escritas e tetrâmetro jâmbico) do
Canto do Maphæus, além de Eneida; de alguns poemas das Coleções de Dodsley; e várias outras
peças pequenas; mas sendo um homem muito modesto, nunca colocava o seu nome em coisa alguma.
Ele me mostrou uma tradução que tinha feito das Epístolas de Ovídio, muito belamente feita. Existe
um bom retrato gravado dele por Pether, a partir de um retrato por Fry, que está pendurado no hall da
Guilda dos Escrivães. Eu o visitei em 04 de outubro de 1790, em seu nonagésimo terceiro ano, e
encontrei seu julgamento distinto e claro, e sua memória, embora fraca, de modo a lhe falhar de vez
em quando, no entanto, como ele me assegurou, e eu de fato percebi, era capaz de servi-lo muito
bem, depois de uma pequena rememoração. Foi agradável observar, que ele estava livre do
descontentamento e impaciência que demasiadas vezes molesta a velhice. Ele, no verão daquele ano
caminhava até Rotherhithe, onde jantava e voltava para casa à noite. Ele morreu em 31 de dezembro
de 1791.
[332]
Lord Macartney, que com suas outras qualidades distintas é notável também por uma brincadeira
elegante, me disse, que ele conheceu Johnson na casa de Lady Craven, e que ele parecia com ciúmes
de qualquer interferência: “Então, (disse sua Senhorio, sorrindo,) eu me contive.”
[333]
Há um relato dele em A Vida de Johnson de Sir John Hawkins.
[334]
Tenho em vão me esforçado para descobrir que peças Johnson escreveu para o Dr. James. Talvez
os médicos possam.
[335]
Patrick, Lord Elibank, que morreu em 1778.
[336]
Jane, Condessa de Eglinton.
[337]
“Nunquam enim nisi navi plenâ tollo vectorem.” Lib. ii. c. vi.
[338]
Boswell.
[339]
Na Monthly Review de maio de 1792, há tal correção da passagem acima, pois eu me sinto
muito culpado por não juntar. “Este relato é muito impreciso. A seguinte declaração de fatos sabemos
ser verdade, em todas as circunstâncias materiais: - Shiels foi o principal colecionador e digestor dos
materiais para a obra, mas como ele era muito cru em autoria, um escritor indiferente em prosa, e sua
linguagem cheia de escocismos, Cibber, que era um sujeito alegre inteligente, e, então solicitando
emprego entre os livreiros, foi contratado para corrigir o estilo e dicção de todo o trabalho, que se
pretendia então fazer apenas quatro volumes, com o poder de alterar, expurgar ou adicionar,
conforme ele gostasse. Ele também deveria fornecer notas, ocasionalmente, especialmente sobre
aqueles poetas dramáticos com quem ele havia era, principalmente familiarizado. Ele também foi
contratado para escrever várias das Vidas; que, (como nos foi dito), ele, devidamente realizou. Ele
era mais útil em eliminar os sentimentos Jacobitas e conservadores que Shiels tinha industriosamente
intercalado onde quer que ele pudesse incluí-los: - e, como o sucesso do trabalho pareceu, afinal,
muito duvidoso, ele se contentou com vinte e uma libras por seu trabalho, além de alguns conjuntos
de livros, para distribuir entre seus amigos. - Shiels tinha cerca de setenta libras, além da vantagem
de muitas das melhores Vidas no trabalho sendo comunicadas por amigos para o empreendimento; e
para o qual o Sr. Shiels teve a mesma consideração que para o resto, a ser pago por folha, para o todo.
Ele estava, no entanto, tão zangado com seu supervisor Whiggish, (Theo., como seu pai, sendo um
defensor violento dos princípios políticos que prevaleciam no reinado de George II,) por tão
impiedosamente mutilar seu exemplar, e patrulhar seus pontos de vista políticos, que ele escreveu a
Cibber um desafio: mas foi impedido de enviá-lo pelo editor, que o demoveu rindo muito de sua
fúria. Os proprietários, também, estavam descontentes no final, por conta da indústria inesperada do
Sr. Cibber; pois suas correções e alterações nas folhas de prova eram tão numerosos e consideráveis
que o impressor fez para eles uma adição dolorosa à sua conta; e, in fine, todas as partes estavam
insatisfeitas. No conjunto, o trabalho não produziu nenhum lucro para os empresários, que haviam
concordado, em caso de sucesso, para fazer a Cibber um presente de cerca de vinte guinéus além do
que recebera, e pelo que seu recibo está agora nas mãos dos livreiros. Somos ainda assegurados, de
que ele realmente obteve um montante suplementar; quando ele, logo depois, (no ano de 1758,),
infelizmente, embarcou para Dublin, em um trabalho para um dos teatros de lá, mas o navio
naufragou, e todas as pessoas a bordo morreram. Havia cerca de sessenta passageiros, entre os quais
estava o Conde de Drogheda, com muitas outras pessoas de importância e posses.
Quanto ao suposto projeto de realizar a passagem de compilação para a obra do velho Sr. Cibber, as
acusações parecem ter sido fundadas em uma interpretação pouco caridosa. Estamos certos de que o
pensamento não era compartilhado por alguns dos proprietários, que ainda estão vivos; e esperamos
que não ocorra ao primeiro designer do trabalho, que era também o impressor do mesmo, e que tinha
um caráter respeitável.
Fomos induzidos a entrar, assim, circunstancialmente no detalhe anterior de fatos relacionados com
as Vidas dos Poetas, compiladas pelos Srs. Cibber e Shiels, a partir de uma consideração sincera por
aquele princípio sagrado da Verdade, que o Dr. Johnson tão rigidamente respeitava, de acordo com o
melhor de seu conhecimento; e que acreditávamos, nenhuma consideração teria prevalecido sobre ele
para violar. No que diz respeito ao assunto, que nós agora descartamos, ele tinha, sem dúvida, sido
enganado por informações parciais e erradas: Shiels era o copista do doutor; ele tinha brigado com
Cibber; é natural supor que ele contasse sua história à sua maneira; e é certo que ele não era ‘um
moralista muito sólido ‘.”Esta explicação parece-me muito satisfatória. Deve, no entanto, ser
observado que a história contada por Johnson não depende exclusivamente de meu registro de sua
conversa; pois ele mesmo publicou em sua Vida de Hammond, onde ele diz: “o manuscrito de Shiels
está agora em minha posse.” Muito provavelmente, ele havia confiado na palavra de Shiels, e nunca
olhou para ele, a fim de compará-lo com As Vidas dos Poetas, conforme foi publicado sob o nome do
Sr. Cibber. O que aconteceu com aquele manuscrito eu não sei. Eu teria gostado muito de examiná-lo.
Suponho que foi jogado no fogo naquela impetuosa queima de papéis, que Johnson, eu acho,
precipitadamente executou, quando moribundus.
[340]
Sir Edward Barry, Baronet.
[341]
Lord Shelburne.
[342]
Paoli.
[343]
Ver anterior, nota, p. 738.
[344]
Um notável assaltante, que depois de ter sido várias vezes julgado e absolvido, foi finalmente
enforcado. Ele era notável pelo janotismo em suas roupas e, particularmente, por usar um maço de
dezesseis barbantes na altura dos joelhos de suas calças.
[345]
Ver um engenhoso Ensaio sobre este assunto pelo falecido Dr. Moor, Professor de grego em
Glasgow.
[346]
Sir Alexander MacDonald.
[347]
Murphy.
[348]
Nota do T. : fustigação de ursos era um “esporte” parecido com tourada, onde se colocavam cães
e um urso acorrentado na área e os faziam lutar, substituindo os cães à medida que eram mortos pelo
urso.
[349]
Temos aqui um testemunho involuntário da excelência deste escritor admirável, a quem vimos
que o Dr. Johnson diretamente admitia tão pouco mérito.
[350]
O Sr. Romney, o pintor, que agora merecidamente estabeleceu uma grande reputação.
[351]
Ver anterior, p. 740.
[352]
Burke.
[353]
Sra. Catherine Macaulay.
[354]
Velho Sr. Langton.
[355]
Lamento que não existam memórias do Reverendo Robert Blair, o autor deste poema. Ele era o
representante da antiga família Blair, de Blair, em Ayrshire, mas a propriedade tinha sido legada a
uma mulher, e depois passada para o filho de seu marido de outro casamento. Ele era ministro da
paróquia de Athelstanford, onde o Sr. John Home foi seu sucessor; de modo que ele pode ser
verdadeiramente chamado de terreno clássico. Seu filho, que tem o mesmo nome, e um eminente
homem de talentos e erudição, é agora, com aprovação universal, Advogado-Geral da Escócia.
[356]
Sra. Montagu.
[357]
Senhorita Peggy Owen.
[358]
Langton.
[359]
Boswell.
[360]
Tahiti.
[361]
Sr. Tyrwhitt, Sr. Warton, Sr. Malone.
[362]
Francis Hutcheson.
[363]
Talvez Sra. Thrale.
[364]
Observa-se, que o Sr. Malone, em sua mui valiosa edição de Shakespeare, vindicou plenamente
o Dr. Johnson das censuras infundadas a que a primeira dessas notas deu origem. A interpretação da
outra passagem, que o Dr. Johnson admite ser discutível, ele claramente demonstrou que são erradas.
[365]
George Steevens.
[366]
do conde de Pembroke em Wilton.
[367]
Boswell.
[368]
Robert Scotland.
[369]
Como prova dos poderes extraordinários de composição do Dr. Johnson, aparece a partir do
manuscrito original dessa excelente dissertação, da qual ele ditou os primeiros oito parágrafos no dia
10 de maio, e o restante no dia 13, que existem ao todo apenas sete correções, ou melhor, variações, e
aquelas não consideráveis. Tais eram imediatamente as emanações vigorosas e precisas de sua mente.
[370]
É curioso observar que Lord Thurlow aqui, talvez em elogio ao Norte da Grã-Bretanha, usou um
termo da Lei Escocesa, que para um leitor inglês podem exigir explicação. Qualificar um erro é
apontá-lo e estabelecê-lo.
[371]
Isto circulou como se realmente fosse dito por Johnson; quando a verdade é que eu somente
supus.
[372]
Ver p. 722.
[373]
Cidade situada na Escócia, no condado de Dumfries e Galloway. Tradicional destino para
casamentos.
[374]
London de Johnson, um poema, v. 145.
[375]
Edward Dilly.
[376]
Foote contou me que Johnson disse dele, “Por alegria estrepitosa de sorriso largo, eu não
conheço igual.”
[377]
Ver anterior, p. 285
[378]
Meu amigo muito agradável, bem como outros que se lembram de histórias antigas, sem dúvida
ficarão surpresos, quando observo que John Wilkes aqui mostra ser da ESCOLA
WARBURTONIANA. Não obstante, é verdade, conforme resulta do comentário muito elegante do
Dr. Hurd, Bispo de Worcester e notas sobre a “Epistola ad Pisones.”
É necessário para uma consideração justa da questão, que toda a passagem em que ocorrem as
palavras devesse ser levado em conta:
“ Si quid inexpertum scenæ committis, et audes
Personam formare novam, servetur ad imum
Qualis ab incepto processerit, et sibi constet.
Difficile est propriè communia dicere: tuque
Rectiùs Iliacum carmen deducis in actus,
Quàm si proferres ignota indictaque primus.
Publica materies privati juris erit, si
Non circa vilem patulumque moraberis orbem,
Nec verbum verbo curabis reddere fidus
Interpres; nec desilies imitator in artum
Unde pedem proferre pudor vetet aut operis lex.”
O “Comentário” assim o ilustra:” Mas a formação de personagens bastante novos é um trabalho de
grande dificuldade e perigo. Pois aqui não há geralmente arquétipo recebido e fixo ao trabalho
depois, mas cada um dos juízes de direito comum, de acordo com a extensão e compreensão de sua
própria ideia; portanto, ele aconselha o trabalho e reforma de antigos personagens e temas,
especialmente aqueles tornados conhecido e autorizados pela prática de Homero e os escritores
épicos.” A ‘Nota’ é ”Difficile EST PROPRIÈ COMMUNIA DICERE.”O Comentário de Lambin é”
Communia hoc loco appellat Horatius argumenta fabularum à nullo adhuc tractata: et ita, quae cuivis
exposita sunt et in medio quodammodo posita, quasi vácua et à nemine occupata. ”E que este é o
verdadeiro significado de communia é evidentemente fixado pelas palavras ignota indictaque, que
são explicativas do mesmo; de modo que o sentido dado no comentário é sem dúvida o certo. No
entanto, apesar da clareza do caso, um crítico tardio tem essa estranha passagem: ”Difficile quidem
esse propriè communia dicere, hoc est, materiam vulgarem, notam et è medio petitam, ita immutare
atque exornare, ut nova et scriptori propria videatur, ultro concedimus; et maximi procul dubio
ponderis ista est observatio. Sed omnibus utrinque collatis, et tum difficilis, tum venusti, tam judicii
quam ingenii ratione habitâ, major videtur esse gloria fabulam formare penitùs novam, quàm
veterem, utcunque mutatam, de novo exhibere.” (Poet. Præl. v. ii. p. 164 ) Onde, após ter colocado
uma construção errada sobre a palavra communia, ele a emprega para introduzir uma crítica
impertinente. Pois onde é que o poeta prefere a glória de remontar assuntos antigos à de inventar
novos? O contrário é implícito no que ele insiste sobre a dificuldade superior deste último, a partir do
que ele dissuade seus compatriotas, apenas em relação às suas capacidades e inexperiência nestas
matérias; e a fim de cultivar neles, que é a visão principal da Epístola, um espírito de exatidão,
enviando-os aos assuntos antigos, tratados pelos escritores gregos.
De minha parte (com todo o respeito pelo Dr. Hurd, que acha o caso claro), eu considero a passagem,
”Difficile est propriè communia dicere” um ponto crucial para os críticos sobre Horácio.
A explicação que My Lord of Worcester trata com tanto desprezo, é, no entanto, encorajada pela
autoridade que eu encontro citada pelo erudito Baxter em sua edição de Horácio: ”Difficile est
propriè communia dicere, h. e. res vulgares disertis verbis enarrare, vel humile thema cum dignitate
tractare. Difficile est communes res propriis explicare verbis. Vet. Schol. ”Fiquei muito desapontado
ao descobrir que o grande crítico, Dr. Bentley, não tem nenhuma nota sobre esta passagem muito
difícil, pois de sua mente vigorosa e iluminada eu deveria ter esperado receber mais satisfação do que
eu tive até agora. Sanadon assim o trata: ”Propriè communia dicere; c'est à dire, qu'il n'est pas aisé de
former à ces personnages d'imaginação, des caractères particuliers et cependant vraisemblables.
Comme l'on a eté le maitre de les former tels qu'on a voulu, les fautes que l'on fait en cela sont moins
pardonnables. C'est pourquoi Horace conseille de prendre toujours des sujets connus tels que sont par
exemple ceux que l'on peut tirer des poèmes d'Homere.”
E Dacier observa sobre isso, ”Apres avoir les deux marqué qualités qu'il faut donner aux personnages
qu'on invente, il conseille aux Poêtes Tragiques, de n'user pas trop facilement de cette liberté quils
ont d'en inventer, carro il est trés difficile de Réussir dans ces nouveauz caractères. Il est mal aisé, dit
Horace, de traiter proprement, c'est à dire convenablement, des sujets communs; c'est à dire, des
sujets inventés, et qui n'ont aucun fondement ni dans l'Histoire ni dans la Fable; et il les appelle
communs, parce qu'ils sont en disposition à tout le monde, et que tout le monde a le droit de les
inventer, et qu'ils sont, comme on dit, au premier occupant. « Ver suas observações em geral sobre
esta expressão e o seguinte.
Afinal de contas, não posso deixar de manter algumas dúvidas se as palavras, Difficile est propriè
communia dicere, não podem ter sido introduzidas por Horácio para formar um artigo separado em
uma “escolha entre dificuldades” que um poeta precisa encontrar, aquele que escolhe um novo
assunto; caso em que deve ser incerto qual das várias explicações é a verdadeira, e todo leitor tem o
direito de decidir como ele pode realizar sua própria fantasia. E, mesmo que as palavras sejam
entendidas como elas geralmente o são, estar conectado tanto ao que vem antes quanto ao que vem
depois, o sentido exato não pode ser absolutamente determinado; por exemplo, se propriè pretende
significar de uma forma apropriada, conforme o Dr. Johnson aqui a entende, ou, como é muitas vezes
usada por Cícero, com propriedade ou elegantemente. Em suma, é um raro exemplo de um defeito
em perspicácia em um escritor admirável, que, com quase todas as espécies de excelência, é
peculiarmente notável por aquela qualidade. O comprimento dessa nota talvez exija um pedido de
desculpas. Muitos dos meus leitores, não tenho dúvidas, admitirão que uma discussão crítica de uma
passagem em um clássico favorito é muito envolvente.
[379]
Poeta e dramaturgo inglês (1648-1724)
[380]
Não seria adequado que eu discorresse sobre esta observação forte e incisiva, em que uma
grande quantidade de significado é condensada.
[381]
Essas palavras devem ter estado na outra cópia. Elas não estão naquela que era a preferida.
[382]
Ele, no entanto, ao ver o nome do Dr. Warton para a sugestão, de que a Epitáfio deveria estar em
inglês, observou-se a Sir Joshua, ”Eu me pergunto se Joe Warton, um estudioso por profissão, seria
tão idiota. ”Ele disse também,” Eu deveria ter pensado que Mund Burke teria tido mais senso. “O Sr.
Langton, que era uma das pessoas em companhia de Sir Joshua, como um estudioso robusto,
resolutamente recusou-se a assinar o Round Robin. A Epitaph está gravado sobre o monumento do
Dr. Goldsmith sem qualquer alteração. Em outro momento, quando alguém possivelmente Reynolds
se esforçava para argumentar em favor de ele ser em inglês, Johnson disse: “A língua do país de onde
um homem culto era um nativo, não é a língua adequada para o seu epitáfio, que deveria estar em
língua antiga e permanente. Considere, Senhor; como você deveria se sentir, se você encontrasse em
Rotterdam um epitáfio sobre Erasmus em holandês!” De minha parte eu acho que seria melhor ter
Epitáfios escritos tanto em uma língua aprendida quanto na língua do país; de modo que eles
pudessem ter a vantagem de serem mais universalmente compreendidos, e ao mesmo tempo ter
fixada sua estabilidade clássica. Não posso, no entanto, a não ser de opinião que isso não é
suficientemente discriminativo. Aplicar a Goldsmith igualmente os epítetos de ”Poetae, Historici,
Physici” não é certamente certo; pois sua reivindicação ao último desses epítetos, eu ouvi o próprio
Johnson dizer, “Goldsmith, Senhor, nos dará um livro muito bom sobre o assunto; mas se ele
consegue distinguir uma vaca de um cavalo, que, creio eu, pode ser a extensão de seu conhecimento
da história natural. “Seu livro é de fato um trabalho excelente, embora em alguns casos, ele pareça ter
confiado demais em Buffon, que, com toda a sua ingenuidade teórica e extraordinária eloquência, eu
suspeito tinha pouca informação real na ciência sobre a qual ele escreveu tão admiravelmente. Por
exemplo, ele nos diz que a vaca perde seus chifres de dois em dois anos; um erro muito palpável, que
Goldsmith fielmente transferiu para o seu livro. É maravilhoso que Buffon, que viveu tanto no
campo, em sua nobre sede, devesse ter caído em tal asneira. Acho que ele confundiu a vaca com o
veado.
[383]
Uma reprodução do documento é aqui omitida.
[384]
Além desse Epitáfio Latino, Johnson honrou a memória de seu amigo Goldsmith com um curto
em grego. Veja anterior, 5 de julho de 1774.
[385]
Em um acerto de nossa conta de despesas em uma Excursão às Hébridas, havia um saldo devido
a mim, que o Dr. Johnson escolheu quitar através do envio de livros.
[386]
Baretti contou-me que Johnson se queixava de eu escrever cartas muito longas a ele quando eu
estava no continente; o que era certamente verdade; mas parece que o meu amigo não se lembrava
disso.
[387]
O filho do velho amigo de Johnson, o Sr. William Drummond. (Ver pp. 376-9. ) Ele era um
jovem de tal mérito distinto, que foi nomeado para uma das cátedras médicas no College of
Edinburgh, sem solicitação, enquanto estava em Nápoles. Tendo outras coisas em vista, ele não
aceitou a honra, e logo depois morreu.
[388]
Um nobre florentino citado por Johnson em suas Notas de sua Turnê na França. Eu tive o prazer
de conhecê-lo em Londres, na primavera deste ano.
[389]
Por que sua Senhoria usa o epíteto brincalhonamente, quando fala de uma grave peça de
raciocínio, não posso conceber. Mas homens diferentes têm diferentes noções de brincadeira.
Aconteceu de eu me sentar junto a um cavalheiro uma noite na Ópera, em Londres, que, no momento
em que Medea parecia estar em grande agonia com o pensamento de matar seus filhos, virou-se para
mim com um sorriso, e disse: “muito engraçado.
[390]
O Dr. Johnson depois me disse que era da opinião de que um clérigo tinha esse direito.
[391]
Por esta e outras cartas do Dr. Johnson ao Sr. Levett, estou grato ao meu velho conhecido Sr.
Nathaniel Thomas, cujo valor e criatividade são há muito conhecidos como respeitáveis, embora não
seja um grande círculo; e cuja coleção de medalhas faria crédito a pessoas de maior opulência.
[392]
Pr. e Med. p. 155.
[393]
Ib. p. 158.
[394]
Para um caráter deste homem muito amável, ver Journal of a Tour to the Hebrides, 3ª edição. p.
36.
[395]
Até o curso do correio da época, minha longa carta do dia 14 ainda não o tinha alcançado.
[396]
História de Philip II.
[397]
Johnson é a formação inglesa mais comum de sobrenome a partir de John; Johnston a escocesa.
Meu amigo ilustre observou que muitos britânicos do norte pronunciam seu nome de sua própria
maneira.
[398]
Por conta de eles discordarem dele quanto à religião e política.
[399]
“Cuidado com os Gregos, que oferecem presentes”. (Eneida, Virgílio)
[400]
Pr. e Med. p. 155.
[401]
A moderação de Johnson ao exigir um valor tão pequeno é extraordinária. Tivesse ele pediu mil,
ou mesmo mil e quinhentos guinéus, os livreiros, que sabiam o valor do seu nome, sem dúvida lhe
teriam prontamente pago. Eles provavelmente ganharam cinco mil guinéus por este trabalho ao longo
de vinte e cinco anos. E. Malone.
[402]
O Sr. Joseph Cooper Walker, do Tesouro, Dublin, que gentilmente me comunicou isso e uma
antiga carta do Dr. Johnson ao mesmo cavalheiro (para a qual ver p. 227), escreve-me da seguinte
forma: -”Talvez lhe fosse gratificante ter algum relato do Sr. O'Connor. Ele é um venerável velho
cavalheiro, amável e erudito, de uma fortuna independente, que vive em Belanagar, no condado de
Roscommon; ele é um escritor admirado, e Membro da Academia irlandesa. - A carta acima é a que
se alude no Prefácio à segunda edição. da sua Dissert. p. 3.”- O Sr. O'Connor depois morreu com a
idade de oitenta e dois anos. Veja uma personagem bem desenhada dele no Gent. Mag. de agosto de
1791.
[403]
Não foi em Drury-lane, mas no teatro Covent Garden teatro, que ela foi apresentada. E. Malone
[404]
Parte Um, Cap. 4.
[405]
Vida de Richard Savage, pelo Dr. Johnson.
[406]
Ver anterior, p. 738
[407]
Anteriormente Sub-preceptor de sua presente Majestade e, posteriormente, um comissário de
Impostos. E. Malone
[408]
O Dr. Johnson não era o editor desta Coleção dos Poetas Ingleses; ele apenas forneceu os
prefácios biográficos. E. Malone
[409]
O Dr. Johnson tinha, ele mesmo, falado em vermos Carlisle juntos. Alta era uma palavra favorita
dele para denotar uma pessoa de posição. Ele disse-me, “Senhor, acredito que podemos nos reunir na
casa de uma senhora católica romana em Cumberland; uma alta senhora, Senhor. “Depois descobri
que ele queria dizer a Sra. Strickland, irmã de Charles Townley, Esq., cuja mui nobre coleção de
estátuas e quadros não é mais para ser admirada, do que a sua prontidão extraordinária e educada em
a mostrar, o que eu e muitos dos meus amigos agradavelmente experimentamos. Aqueles que são
dotados de grande quantidade de gratificação a pessoas de bom gosto, devem exercer sua
benevolência em compartilhar o prazer. Agradecimentos reconhecidos são devidos a Welbore Ellis
Agar, Esq., pelo acesso liberal que ele tem o prazer de conceder à sua preciosa coleção de quadros.
[410]
O Rev. Benjamin Latrobe.
[411]
Uma vez que elas foram tão honradas pelo Dr. Johnson, eu os inserirei aqui:-
“Ao SR. SAMUEL JOHNSON.
Meu sempre querido e mui respeitado Senhor, - Você conhece meu entusiasmo solene de espírito.
Você me ama por isso, e eu me respeito por isso, porque na medida em que eu me assemelho ao Sr.
Johnson. Você ficará agradavelmente surpreso ao conhecer a razão de eu escrever esta carta. Estou
em Wittemberg, na Saxônia. Estou na antiga igreja onde a Reforma foi pregada em primeiro lugar, e
onde alguns dos reformadores estão enterrados. Não posso resistir a sério prazer de escrever ao Sr.
Johnson do Túmulo de Melancthon. Meu papel repousa sobre a lápide daquele grande e bom homem,
que foi, sem dúvida, o mais digno de todos os reformadores. Ele desejou reformar abusos que tinham
sido introduzidos na Igreja; mas não tinha nenhum ressentimento privado a satisfazer. Tão suave era
ele, que quando sua mãe idosa o consultou com a ansiedade sobre as disputas embaraçosas da época,
ele a aconselhou ‘ a manter a velha religião. ‘ Neste túmulo, então, meu amigo sempre querido e
respeitado! Eu me comprometo a ter por ti um apego eterno. Será o meu estudo fazer o que eu puder
para tornar sua vida feliz; e, se você morrer antes de mim, esforçar-me-ei para honrar a sua memória;
e, elevados pela lembrança de ti, persistirei em nobre piedade. Possa Deus, o Pai de todos os seres,
sempre te abençoar! e que você possa continuar a amar, seu amigo mais carinhoso e dedicado servo,
Domingo 30 de setembro de 1764.
JAMES BOSWELL.
“Ao DR. SAMUEL JOHNSON.
Wilton-house, 22 de abril de 1775.
Meu caro Senhor,
Cada cena da minha vida confirma a verdade do que você me disse, ‘não há uma certa felicidade
neste estado de ser. ‘ - Eu estou aqui, no meio de tudo o que você sabe que existe na casa de Lord
Pembroke; e ainda assim estou cansado e triste. Estou apenas saindo para a casa de um velho amigo
em Devonshire, e não voltarei a Londres por uma semana ainda. Você me disse na Sexta-feira santa,
com uma cordialidade que aqueceu meu coração, que, se eu vier morar em Londres, teremos um dia
fixo a cada semana, para nos encontrar e conversar livremente. Ser considerado digno de tal
privilégio não pode deixar de exaltar-me. Durante a minha presente ausência de você, enquanto, não
obstante a alegria que você me permite possuir, estou obscurecido por nuvens temporárias, e imploro
ter algumas linhas de você; algumas linhas simplesmente de bondade, como um viático até que eu o
veja novamente. Em sua Vaidade de Desejos Humanos, e no Contentamento de Parnell, eu encontro o
único meio seguro de desfrutar de felicidade; ou, pelo menos, a esperança de felicidade. Eu sempre
sou, com reverência e afeto, mais fielmente seu,
JAMES BOSWELL.”
[412]
William Seward, Esq., F. R. S., editor de Anedotas de algumas pessoas ilustres, etc., em quatro
volumes, 8vo., bem conhecido de muitos e um valioso conhecido por sua literatura, amor pelas belas-
artes e virtudes sociais. Estou em dívida com ele por várias comunicações relativas a Johnson.
[413]
A carta anterior.
[414]
Langton.
[415]
Esta observação muito justa eu espero será constantemente conservada na memória pelos pais,
que são, em geral, dispostos demais a saciar seus próprios sentimentos felizes por seus filhos à custa
de seus amigos. O costume comum de apresentá-los depois do jantar é altamente insensato. É
agradável o suficiente que eles devam aparecer em qualquer outro momento; mas eles não devem ser
obrigados a envenenar os momentos de festa, atraindo a atenção dos presentes, e de uma forma que
os obrigue por polidez a dizer o que eles não pensam.
[416]
Por um erro estranho, nas três primeiras edições, encontramos uma leitura nesta linha que o Dr.
Johnson de maneira nenhuma subscreveria, tempo (time) tendo sido substituído por vinho (wine).
perde-se o sentido na tradução wine-time. Esse erro provavelmente foi um erro na transcrição da
carta original de Johnson. O outro desvio no início da linha (natureza (nature) em vez de virtude
(virtue) deve ser atribuído à sua memória tê-lo enganado. O verso citado é a linha final de um soneto
de Sidney: -”Quem deseja que casta sua esposa deva ser, Primeiro seja verdadeiro, pois a verdade a
verdade merece, Então seja ele tal, como ela seu valor possa ver, E, sempre um, creditar com sua
preservação: Não brincando gentil nem grosseiramente sem causa, nem remoendo pensamentos, nem
mesmo negando direito, nem espionando faltas, nem cego aos erros, nunca duro, nem nunca rédeas
soltas demais; Longe de faltar, longe de despesa vã, Ela impõe, a outra seduz: Permitir boa
companhia, mas retirar dali todas as bocas sujas que glorificam em seu vício: Isto feito, tu nunca
mais tens, a não ser deixar o resto para a natureza, a sorte, o tempo e o peito da mulher.” E. Malone
[417]
Parece que Johnson, agora em seu sexagésimo oitavo ano, estava seriamente inclinado a realizar
o projeto subirmos o Baltick, que eu tinha começado quando estávamos na Ilha de Sky; pois ele
escreve, assim, à Sra. Thrale; Cartas, vol. i. p. 366: –”Ashbourne, 13 de Set. de 1777. Boswell, eu
creio, está vindo. Ele fala em estar aqui hoje. Ficarei contente em vê-lo. Mas ele recua da expedição
Báltica, que penso ser o melhor esquema em nosso alcance. Por quê substituiremos eu não sei. Ele
quer ver o País de Gales; mas, com exceção das florestas de Bachycraigh, o que há no País de Gales,
que possa saciar a fome de ignorância, ou matar a sede de curiosidade? Podemos, talvez, montar
algum esquema ou outro; mas, na frase de Hockley in the Hole, é um poço (pity) que ele não tenha
um fundo melhor. trocadilho se perde “Tal ardor de espírito e vigor de empresa é admirável em
qualquer idade: mas mais especialmente no período avançado a que Johnson tinha então, chegado.
Sinto agora que eu não tenha insistido na nossa execução daquele esquema. Além dos outros objetos
da curiosidade e observação, de ter visto o meu ilustre amigo ser recebido, como ele provavelmente
teria sido, por um Príncipe tão eminentemente distinguido pela sua variedade de talentos e aquisições
quanto o falecido Rei da Suécia; e pela Imperatriz da Rússia, cujas extraordinárias habilidades,
informações e magnanimidade, surpreendem o mundo, teria permitido um assunto nobre para
contemplação e registro. Esta reflexão pode, possivelmente, ser considerada demasiado visionária
pela parte de meus leitores mais calmos e de sangue-frio; ainda assim que eu tenho frequentemente
sentido, um arrependimento sério e infrutífero.
[418]
Assim aconteceu. A carta foi enviada para minha casa em Edimburgo.
[419]
Littleton Poyntz Meynell.
[420]
George Garrick.
[421]
Tendo inesperadamente, pelo favor do Sr. Stone de London Field, Hackney, visto o original na
caligrafia de Johnson, de ”The Petition of the City of London to His Majesty, in favour of Dr. Dodd,”
eu agora a apresento aos meus leitores, com passagens que foram omitidas inseridas entre colchetes,
e as adições ou variações destacadas em itálico. “Que William Dodd, Doutor em Direito, agora
mantido sob sentença de morte na prisão Newgate de Sua Majestade, por crime de falsificação, por
uma grande parte de sua vida deu um exemplo útil e louvável de diligência na sua vocação, e como
temos razão para acreditar, exerceu seu ministério com grande fidelidade e eficácia, que, em muitos
casos, produziu o efeito mais feliz. Que ele tenha sido o primeiro instituidor, ou e um promotor muito
sério e ativo de vários modos de caridade útil, e que, portanto, ele pode ser considerado como tendo
sido em muitas ocasiões um benfeitor para o público. Isso quando se considera sua vida passada,
está-se dispostos a supor que seu recente crime tenha sido não a consequência da depravação
habitual, mas a sugestão de alguma tentação súbita e violenta. Que seus Peticionários, portanto,
considerem o seu caso, como em algumas de suas circunstâncias sem precedentes e peculiar, e
encorajados pela clemência conhecida de Sua Majestade, eles humildemente recomenda, que o
referido William Dodd à sua consideração mais graciosa de Sua Majestade, na esperança que ele seja
não totalmente inadequado indigno de ser um exemplo de Misericórdia Real.”
[422]
Seu discurso no Old Bailey, quando considerado culpado.
[423]
O Dr. Gisborne, Médico da Residência de sua Majestade, gentilmente comunicou-me um relato
mais completo dessa história do que tinha chegado ao conhecimento do Dr. Johnson. O cavalheiro
afetado era o falecido John Gilbert Cooper, Esq., autor de uma vida de Sócrates, e de alguns poemas
na coleção de Dodsley. O Sr. Fitzherbert o encontrou uma manhã, aparentemente, de tal agitação
violenta, por conta do mal-estar de seu filho, a ponto de parecer além do poder de conforto. Por fim,
no entanto, ele exclamou: “Escreverei uma elegia.” O Sr. Fitzherbert estando satisfeito, por isso, com
a sinceridade de suas emoções, maliciosamente disse,” Não é melhor você tomar uma carruagem e ir
vê-lo?” Foi a astúcia da insinuação que fez a história ser distribuída.
[424]
Journal of a Tour to the Hebrides, 3ª edição. p. 240.
[425]
O Dr. Taylor estava muito pronto a fazer essa admissão, porque o partido com o qual ele estava
ligado não estava no poder. Havia então alguma verdade nisso, devido à pertinácia de clamor
faccioso. Se tivesse vivido até agora, teria sido impossível para ele negar que sua Majestade possui a
mais calorosa afeição de seu povo.
[426]
George Dempster.
[427]
Tom Warton.
[428]
Como alguns dos meus leitores podem ser gratificado por ler o progresso desta pequena
composição, eu o inserirei a partir das minhas notas. “Quando o Dr. Johnson e eu estávamos sentados
tête-à-tête na taverna Mitre em 9 de maio de 1778, ele disse’ Onde é felicidade, ‘seria melhor. Em
seguida, ele acrescentou uma estrofe ridícula, mas não a repetiria, para não derrubá-lo. (?) Foi um
pouco como segue; a última linha eu tenho certeza de me lembrar:’ Enquanto eu assim chorava,
vidente, o ancião respondeu, Vem, meu rapaz, e beba um pouco de cerveja. ‘Na primavera de 1779,
quando, com melhor humor, ele fez a segunda estrofe, como no texto. Havia apenas uma variação
depois feita por minha sugestão, que estava mudando ancião na terceira linha para sorridente, tanto
para evitar a mesmice com o epíteto na primeira linha, e para descrever o eremita em sua brincadeira.
Ele estava, então, muito bem satisfeito que eu devesse preservá-lo.
[429]
Quando mencionei a observação do Dr. Johnson a uma senhora de admirável bom senso e
rapidez de entendimento, ela observou, “É verdade, tudo isso exclui apenas um mal; mas quão bom
ele deixa entrar”-? A esta observação muito elogio foi justamente feito. Deixe-me então agora fazer-
me a honra de mencionar que a senhora que fez isso foi a falecida Margaret Montgomerie, minha
muito valioso esposa, e mãe muito carinhosa dos meus filhos, que, se eles herdarem as suas boas
qualidades, não terei nenhuma razão para queixar-me da sua sorte. Dos magna parentum virtus.
[430]
Agora estou feliz em entender que o Sr. John Home, que era ele próprio galantemente no campo
para a família reinante, naquela guerra interessante, mas é generoso o suficiente para fazer justiça ao
outro lado, está preparando um relato dele para a imprensa.
[431]
Ver História de Derby, de Hutton, um livro que é merecidamente estimado por sua informação,
precisão e boa narrativa. Na verdade, a idade em que vivemos é eminentemente distinta por
excelência topográfica.
[432]
Young.
[433]
Burke.
[434]
Este regime foi, no entanto, praticado pelo Bispo Ken, de quem Hawkins (não Sir John), em sua
vida daquele venerável Prelado, p. 4, nos diz; “E que nem o seu estudo pode ser o agressor em suas
horas de instrução, ou que ele julgava ser seu dever impedir suas melhorias; ou ambos, seus discursos
privados ao seu Deus; ele mesmo acostumado estritamente a apenas um sono, que muitas vezes o
obrigava a levantar-se à uma ou duas da manhã, e às vezes mais cedo; e tornou-se tão habitual, que
continuou com ele quase até sua última doença. E tão animado e divertido era seu temperamento, que
ele seria muito brincalhão e divertido para os amigos à noite, mesmo quando se percebia que com
dificuldade ele mantinha os olhos abertos; e, então, parecia ir descansar com nenhum outro propósito
a não ser de o refrescar e capacitar com mais vigor e alegria para cantar seu hino da manhã, como ele
então costumava fazer com seu alaúde, antes de vestir suas roupas.”
[435]
Archibald, 11º Conde de Eglinton.
[436]
Archibald, 11º Conde de Eglinton.
[437]
Quando o Dr. Blair publicou suas Palestras, ele foi injustamente atacado por ter omitido sua
censura sobre o estilo de Johnson, e, pelo contrário, elogiando-o muito. Mas antes que as Vidas dos
Poetas de Johnson tivessem aparecido, em que seu estilo era consideravelmente mais fácil do que
quando ele escreveu The Rambler. Teria, portanto, sido insincero em Blair, ainda que se admita que a
sua crítica fosse justa, tê-lo preservado.
[438]
Ver p. 1370.
[439]
“Estávamos agora trilhando essa ilha ilustre, que já foi o luminar das regiões da Caledônia, onde
clãs selvagens e bárbaros errantes retiraram os benefícios do conhecimento, e as bênçãos da religião.
Abstrair a mente de todas as emoções local seria impossível se fosse tentado, e seria tolo se fosse
possível. O que quer que nos retira o poder de nossos sentidos, o que quer que faça o passado, o
distante, ou o futuro, predominam sobre o presente, nós avança na dignidade de seres pensantes.
Longe de mim e dos meus amigos, ser tal filosofia frígida, que nos possa conduzir, indiferentes e
insensíveis, por qualquer terreno que tenha sido dignificado pela sabedoria, coragem, ou virtude.
Pouco se deve invejar do homem cujo patriotismo não ganharia força na planície de Maratona, ou
cuja piedade não se tornaria mais calorosa entre as ruínas de Iona. ”Tivesse nossa turnê nada
produzido, além dessa passagem sublime, o mundo deveria ter reconhecido que não foi feita em vão.
Sir Joseph Banks, o presente respeitável Presidente da Royal Society, me disse que ele ficou tão
impressionado ao lê-lo, que juntou as mãos e permaneceu por algum tempo em uma atitude de
admiração silenciosa.
[440]
Nessa censura que foi tão descuidadamente pronunciada, eu descuidadamente me juntei. Mas
por justiça ao Dr. Kippis, que com aquele viril bom humor sincero que marca seu caráter, me
corrigiu, eu agora com prazer me retrato; e desejo que possa ser particularmente observado, conforme
apontado por ele a mim, que “As novas Vidas de Teólogos dissidentes, nos quatro primeiros volumes
da segunda edição do Biographia Britannica são as de John Abernethy, Thomas Amory, George
Benson, Hugh Broughton, o erudito puritano, Simon Browne, Joseph Boyse de Dublin, Thomas
Cartwright o erudito puritano e Samuel Chandler. A única dúvida que eu já ouvi sugerida é, se
deveria ter havido um artigo do Dr. Amory. Mas eu estava convencido, e ainda estou convencido, de
que ele tinha o direito a um, a partir da realidade de sua erudição, bem como a natureza excelente e
sincera de seus escritos práticos. As novas vidas de clérigos da Igreja da Inglaterra, nos mesmos
quatro volumes, são as seguintes: John Balguy, Edward Bentham, George Berkley Bispo de Cloyne,
William Berriman, Thomas Birch, William Borlase, Thomas Bott, James Bradley, Thomas
Broughton, John Brown, John Burton, Joseph Butler Bispo de Durham, Thomas Carte, Edmund
Castell, Edmund Chishull, Charles Churchill, William Clarke, Robert Clayton bispo de Clogher, John
Conybeare Bispo de Bristol, George Costard e Samuel Croxhall. -’ Eu não estou ciente (diz o Dr.
Kippis,) de qualquer parcialidade na condução do trabalho. Eu não estaria disposto a inserir um
Ministro Dissidente que não mereça, justamente ser notado, ou omitir um Clérigo estabelecido que o
faça. Ao mesmo tempo, eu não serei dissuadido de introduzir Dissidentes na Biographia, quando eu
estou convencido de que eles têm direito a essa distinção, a partir de seus escritos, erudição e mérito.
‘“Deixe-me acrescentar que a expressão ”Um amigo da constituição em Igreja e Estado,” não foi
feita por mim, como qualquer reflexão sobre este reverendo cavalheiro, como se ele fosse um
inimigo da constituição política do seu país, tal como estabelecido na revolução, mas, a partir de
minha predileção constante e declarado por um Tory, foi citada do Dicionário de Johnson, onde essa
distinção é assim definida.
[441]
Observações sobre a loucura, por Thomas Arnold, M. D., Londres, 1782.
[442]
Lemos nos Evangelhos, que aquelas pessoas infelizes que eram possuídas por espíritos malignos
(que, afinal de contas, eu acho ser a causa mais provável da loucura, como foi sugerido pela primeira
vez a mim pelo meu respeitável amigo, Sir John Pringle), recorriam à dor, rasgar as vestes e saltar,
por vezes, no fogo e às vezes na água. O Sr. Seward forneceu-me uma anedota notável na
confirmação da observação do Dr. Johnson. Um comerciante, que tinha adquirido uma grande fortuna
em Londres, aposentou-se do negócio, e foi viver em Worcester. Sua mente, ficando sem a sua
ocupação habitual, e não tendo nada mais para substituí-la, ele se afligia, de modo que a existência
era um tormento para ele. Por fim, ele foi atacado de pedras nos rins; e um amigo que o encontrou em
uma de suas crises mais severas, tendo expressado a sua preocupação, “Não, não, senhor, (disse ele)
não tenha pena de mim: o que eu sinto agora é fácil em comparação com a tortura da mente de que
isso me alivia.”
[443]
Agora, à distância de quinze anos desde essa conversa ocorreu, a observação que eu tive a
oportunidade de fazer em Westminster Hall convenceu-me de que, por mais verdadeira que a opinião
de um amigo legal do Dr. Johnson possa ter sido há algum tempo atrás, a mesma certeza de sucesso
não pode agora ser prometida para a mesma exibição de mérito. As razões, no entanto, da rápida
ascensão de alguns, e a decepção de outros igualmente respeitáveis, são tais que possa parecer
desagradável mencionar, e exigiriam um maior detalhe do que seria adequado para este trabalho.
[444]
Eclesiastes, cap. xxxviii. versículo 25. O capítulo inteiro pode ser lido como uma ilustração
admirável da superioridade da mente cultivada sobre os brutos e analfabetos.
[445]
Provavelmente Lord Auchinleck.
[446]
Lord Auchinleck.
[447]
David Boswell.
[448]
James Fieldhouse.
[449]
Robert Paris Taylor.
[450]
Langton.
[451]
Langton.
[452]
2ª edição. p. 53.
[453]
Página 89.
[454]
Ver História de Staffordshire de Plott, p. 88, e as autoridades citadas por ele.
[455]
Walter John Fieldhouse.
[456]
Lord Auchinleck.
[457]
Nota do T.: No original three score and ten (3 x 20 +10). Na época em que essa expressão foi
criada, a duração da vida humana era considerada setenta anos.
[458]
Disseram-me que Horácio, conde de Orford, tem uma coleção de Bon-Mots por pessoas que
nunca disseram mais que uma.
[459]
Estou informado pelo Sr. Langton, que muitos anos atrás, ele estava presente quando esta
questão foi agitada entre o Dr. Johnson e o Sr. Burke; e, para usar a expressão de Johnson, eles
“conversaram o melhor de si;” Johnson em favor de Homer, Burke em favor de Virgílio. Pode muito
bem supor-se ter sido uma das discussões mais hábeis e mais brilhantes que jamais foi exibida.
Quanto devemos nos lamentar que ela não tenha sido preservada.
[460]
Beauclerk.
[461]
O Hon Henry Hervey.
[462]
Pope menciona,’ Esticado em uma cadeira muito confortável. ‘Mas eu me recordo de um dístico
bastante pertinente ao meu assunto em Virtude, uma Epístola Ética, um belo e instrutivo poema por
um escritor anônimo em 1758; que, tratando de prazer em excesso, diz: -’ Até o langor, sofrendo na
prateleira (?) da felicidade, confessa que o homem nunca foi feito para isso. ‹
[463]
Ver anterior, p. 774.
[464]
Elegia de Gray, 68.
[465]
Topham Beauclerk, ver anterior, p. 871
[466]
Uma filha nascida dele.
[467]
Provavelmente Dr. Alexander Wood.
[468]
Ver Julgamentos de Estado, vol. xi. p. 339, e o argumento do Sr. Hargrave.
[469]
Foi uma escolha feliz de lema: - ‘Quamvis ille niger, quamvis tu candidus esses. ‘Eu não posso
deixar de mencionar uma circunstância não menos estranha que verdadeira, de que um irmão
Advogado com prática considerável, mas de quem certamente não se pode dizer, Ingenuas didicit
fideliter artes, perguntou ao Sr. Maclaurin, com uma expressão de garantia irreverente, “Estas
palavras são mesmo suas?”

Você também pode gostar