Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A A FAIR
* * *
O AUTOR
* * *
Bertha Cool (Benay Venuta) e Donald Lam (Billy Pearson)
* * *
RESUMO
* * *
Um
* * *
Dois
* * *
* * *
Três
* * *
Quatro
* * *
Cinco
* * *
Seis
— Entre.
Abri a porta e a vi sentada em um pequeno toucador. Virou a cabeça
para mim e me olhou por cima do ombro nu.
— Viva, Donald! Saudou numa voz cheia de sedução. Eu tinha
certeza de que ela ensaiara aquela cena, mas garanto que valeu a pena.
Levantou-se lentamente e se aproximou de mim. O seu vestido de
noite deixava os ombros descobertos e lhe moldava com vantagem a
silhueta. Ao vê-la vestida assim, reparei que era muito bem feita e que
caminhava com graciosidade; ergueu os olhos para mim e me pousou uma
mão fina no braço:
— Donald, espero que irá me perdoar, não é?
— Perdoar o quê?
— Tê-lo tomado por um polícial de Susanville encarregado de me
perseguir até à fronteira... Sentia-me furiosa... Quando penso que armei
toda esta confusão da roupa rasgada para fazê-lo desistir!
— Pode se dizer que tirou proveito da situação. Se não fosse uma
mulher...
— Eu sei, não é justo. Mas o sexo fraco não é o único privilegiado...
Não é verdade que, neste momento, estou consigo...
— Vamos beber alguma coisa, propus.
— Claro.
Estendeu-me a estola e saímos. Bebeu dois coquetéis e instou comigo
para que eu também tomasse um. Em seguida, depois de um jantar
agradável, fomos jogar roleta, trinta e quatro, dados, numa máquina caça-
níqueis. Eu ganhei oito dólares e ela, cento e cinquenta, sem a mínima
emoção.
Por volta da uma e meia da manhã, acompanhei-a ao hotel.
— Quer entrar por cinco minutos?
— É tarde.
— De que tem medo?
— De si!
— O que quer dizer?
— Tem o hábito desagradável de rasgar a roupa.
— Oh, mas só faço isso com a roupa de usar todos os dias. Com um
vestido de noite nada tem a temer.
Entrei. Sentou-se no sofá e me indicou um lugar a seu lado.
— Muito bem, ataquei. — Vamos colocar as coisas a limpo: sei o
seu nome e a sua placa do carro. Sou detetive e posso descobrir quem é e
o que quer. Mas isso levaria tempo e dinheiro. Diga-me agora.
— Quanto a mim tenho um cartão com o seu endereço e o número
de telefone. Diga-me seriamente, Donald, é verdade que está investigando
o caso Endicott?
— Preveni-a de que não responderia. Olhou-me com ar pensativo:
— Nickerson é desonesto.
— Não é o único! Toda a cidade é!
— Susanville?
— Não, Citrus Grove.
— Donald, se está trabalhando no caso Endicott, talvez possamos
nos ajudar mutuamente.
— No meu ofício, não posso me permitir ajudar os outros; prefiro o
contrário.
— É agradável!
— Sou.
— Mas para si!
Seguiu-se um breve momento de silêncio.
— Donald, me responda: trabalha ou não no caso Endicott?
— Sem comentários.
— Talvez eu possa ajudá-lo! Numerosos fatos que não podem ser
revelados!
Abaixou os olhos por um segundo e os seus cílios se destacaram na
pele leitosa das faces. Depois ergueu-os para mim e disse bruscamente:
— Muito bem, Donald, vamos colocar as cartas na mesa. Tenho
trinta e três anos. Sou divorciada. Como mulher de negócios, vou me
desembaraçando. Por causa da morte de minha tia, eu mesma me ocupei
dos terrenos que ela me deixou em Citrus Grove. Antes disso, era
desenhista; ilustração, publicidade, enfim conhece o gênero.
Desembaraçava-me relativamente bem. Foi então que uma fábrica quis
comprar um dos meus terrenos. Simplesmente era residencial e precisava
obter uma autorização. Não podia ser mais banal, mas é preciso saber que
Citrus Grove não é uma cidade como as outras.
— Como é, então?
— É dirigida pelo presidente da Câmara, Charles Franklin Taber,
que é um sujeito honesto. Gosta muito de fazer discursos e de conceder
entrevistas à imprensa. O chefe de polícia tem bom ar. Mas há alguém por
trás de Taber cuja identidade ignoro mas que é uma pessoa com muitas
mais ideias do que ele. Seja como for, o antigo presidente da Câmara,
uma pessoa muitíssimo competente, foi vencido nas eleições. Charles
Franklin Taber ganhou e apresentou uma lista de reformas. Descobriu um
oficial de polícia pouco honesto e age como se toda a polícia fosse
corrompida. O chefe desta foi demitido e contudo era um ótimo
funcionário. O substituto veio não se sabe de onde e se declara livre de
qualquer influência política ou pressão local. Isto, entre aspas.
— E Drude Nickerson? Inquiri.
— Era um verdadeiro motorista de táxi. Mas também primo do
presidente. Meteu-se em negócios, em grandes negócios. Telefonou-me e
fiquei sabendo que ele estava a par das minhas negociações secretas com a
fábrica e sabia exatamente quais os terrenos que eu herdara. Fiz-lhe notar
as vantagens que a fábrica representaria na cidade para o comércio e para a
construção, enfim coisas deste gênero!
— E o que ele respondeu?
— Limitou-se a rir e me aconselhou a ser menos ingênua. Se estava à
espera da lei sobre os terrenos, iria esperar muito tempo. Na opinião dele,
os negócios não se faziam com tanta facilidade.
— Que ideia era a dele?
— Obrigar-me a soltar uma boa quantia.
— E soltou?
— Sim.
— Quanto?
— Quinze mil dólares, em três vezes.
Emiti um pequeno assobio.
— Acha que ele me enganou, Donald?
— Pelo menos, alteraram a lei dos terrenos?
— Ainda não. Passaram-se apenas duas semanas depois disso.
Nickerson disse que ficaria com mil dólares para ele e que utilizaria o resto
para distribuir luvas, comprar pessoas influentes, enfim, sei lá que mais...
— E depois?
— Depois, morreu num acidente de automóvel.
— Por que razão queria ver o seu corpo?
— Não me interessava vê-lo. Queria simplesmente revistar a roupa
dele. Ele me prometera só gastar o dinheiro depois da lei votada. Por
questão de segurança, guardava consigo a chave do cofre e um bilhete em
que declarava que a importância me pertencia. Parece que tudo isso estava
na sua carteira.
— E acreditou nessa história?
— Sim, durante um certo tempo.
— Conseguiu verificar o conteúdo da sua carteira?
— Não. A polícia me caiu em cima. Mandaram-me sair
imediatamente da cidade sem atenderem aos meus protestos.
— Nesse caso, não pôde verificar se essa quantia estava ainda na
posse de Nickerson?
— Não. Nem sequer me deram tempo para explicar... Escute,
Donald, fui franca consigo. Sei que tentei lhe extorquir informações me
servindo do grande jogo da sedução. Mas esqueçamos tudo isso. Tenho
lidado durante tanto tempo com gente desonesta, que acabei por não
confiar mais em ninguém. Salvo em si, Donald. Julgo-o um tipo sério...
Em que pode se ter confiança.
— É possível, mas não posso ajudá-la.
— Mas porquê?
— Porque estou investigando um certo caso e já trabalho para um
cliente. Ainda que obtenha informações secretas, me é impossível contá-
las. Posso apenas aconselhar uma coisa...
— Que coisa?
— Não verter lágrimas pela sorte desse pobre Nickerson.
— Verter lágrimas, exclamou ela, desabridamente. — Quero saber
uma única coisa: se esse larápio conseguiu que alterassem a lei sobre
terrenos. Quanto ao resto, que vá para o diabo, não perderei o meu tempo
chorando a sua sorte... E, prosseguiu. — Não julgue que estou falando
mal dum morto, isso não se faz...
— Ora, vamos, não finja!
— O que quer dizer?
— Muito simplesmente que ele não morreu! Ela arregalou os olhos:
— Como sabe disso?
— Não sei coisa alguma, adivinho. Toda esta história me parece
apenas teatro.
Ela ficou imóvel por uns momentos, mergulhada nos seus
pensamentos. Depois ergueu os olhos:
— Oh, Donald, você é um sujeito formidável! Pode me beijar antes
de ir embora. Mas nada dum beijo puro e frio! Quero que seja um beijo
que se sinta em todo o corpo.
E depois...
— Pois bem, devo reconhecer que realmente foi um beijo
formidável!
* * *
Sete
* * *
Oito
* * *
Nove
* * *
Dez
* * *
Onze
* * *
Doze
BRAVO CONTINUE
* * *
Treze
* * *
* * *
Quinze
* * *
Dezesseis
* * *
Dezessete
* * *
Dezoito
* * *
* * *
Dezenove
* * *
Vinte
* * *
Vinte e Um
* * *
Vinte e Dois
* * *
Vinte e Três
* * *
Vinte e Quatro
* * *
Vinte e Cinco
ARA BERTHA, o caso terminou dois dias mais tarde, com o cheque
P de Mrs. Endicott: quinze mil dólares.
Porém, para mim, não terminou senão algumas semanas mais tarde,
ao receber um grande envelope pelo correio da manhã. Não tinha
remetente no verso, mas notei que a caligrafia tinha um traço amplo e
feminino. No interior encontrei um artigo de jornal:
Fim