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Universidade Federal do Cariri Fundamentos de Matemática Discreta

Tópico 1: Técnicas de prova


Professor: Thiago Marcilon Seção 2.1 do livro da Judith L. Gersting 7ª ed.

obs: exercícios com ⋆ são mais difíceis!

1.1 Objetivos
Ensinar o aluno a demonstrar teoremas usando as técnicas de:

ˆ Demonstração por exaustão;

ˆ Demonstração direta;

ˆ Demonstração por contraposição; e

ˆ Demonstração por absurdo.

1.2 Denições úteis


ˆ Denotamos os conjuntos dos naturais, inteiros, racionais e reais por N, Z, Q e R respectiva-
mente;

ˆ Nesta disciplina, zero é considerado número natural;

ˆ Dizemos que um inteiro a divide um inteiro b, e denotamos por a|b, se a divisão de b por a
deixa resto 0 ou, em outras palavras, se existe um número inteiro c que, quando multiplicado
por a seja igual a b. Se a divide b, então b é divisível por a e vice-versa;

ˆ Se x deixa resto r quando dividido por d, então x = d · q + r, onde q é o quociente da divisão;

ˆ Um número é par se ele é divisível por 2 e ímpar caso contrário;

ˆ Um número natural é primo se ele possui exatamente 2 divisores, 1 e ele mesmo, e é composto
caso não seja primo e não seja 1. Note que o número 1 não é primo e nem composto, e 2 é o
único primo par;

ˆ A decomposição em primos de um natural x é o produto do tipo pe11 · pe22 · pe33 · . . . · penn ,


onde p1 , p2 , . . . , pn são todos números primos distintos, e1 , e2 , . . . , en são inteiros positivos e
x = pe11 · pe22 · pe33 · . . . · penn . Repare que se x for primo, a sua decomposição em primos consiste
apenas nele mesmo elevado a 1;

1-1
1-2

ˆ O Teorema Fundamental da Aritmética nos diz que cada natural x>1 possui exatamente
uma decomposição em primos, ou seja, não podemos escrever um número como fator de
números primos de mais de uma forma (se desconsiderarmos a ordem dos fatores). Por isso,
no item anterior, escrevemos A decomposição em primos de um natural x... e não Uma
decomposição em primos de um natural x...;

ˆ O máximo divisor comum de dois naturais x e y, denotado por mdc(x, y), é o maior número
que divide simultaneamente x e y;

ˆ O mínimo múltiplo comum de dois naturais x e y , denotado por mmc(x, y), é o menor múltiplo
simultaneamente de x e y;

ˆ O fatorial de um número, denotado por n!, é igual ao produto de todos os números de 1 até
ele mesmo, ou seja, n! = n · (n − 1) · . . . · 2 · 1;

ˆ Se Aé um conjunto nito, |A| denota a cardinalidade de A, ou seja, o número de elementos


de A.

1.3 Demonstrações
Uma proposição é uma declaração que é verdadeira ou falsa. Na matemática, muitas vezes estamos
interessados em atestar a veracidade de determinadas proposições em algum contexto. Por exemplo,
poderíamos estar interessados em mostrar que todo número primo maior que 2 é ímpar ou que todo
quadrado perfeito possui um número ímpar de divisores.

A demonstração (da veracidade) de uma proposição é um encadeamento de argumentos considerados


válidos que provam que a mesma é verdadeira para o contexto em questão e, quando uma proposição
sobre um determinado assunto é demonstrada, ela passa a ser um teorema daquele assunto. Por
exemplo, poderíamos argumentar que todo número par maior do que 2 é divisível por 1, 2 e ele
mesmo, e, assim sendo, o mesmo não pode ser primo o que implica que todo número primo maior
do que 2 é ímpar. Como provamos a proposição de que todo número primo maior do que 2 é também
ímpar, isso nos mostra que ela é um teorema.

Vale lembrar que nem toda proposição é verdadeira e, portanto, nem toda proposição pode ser
provada. De fato, quando queremos mostrar que uma proposição é falsa, basta mostrarmos a sua
negação é verdadeira. Se ela começa com Para todo... ou Todo..., então basta achar um exemplo em
que ela não se aplica para mostrar que ela é inválida. Por exemplo, para mostrar que a proposição
Todo número ímpar é primo é falsa, basta mostrarmos que existe um número ímpar que não é primo
(o 9 sendo o menor deles). O exemplo que contraria a proposição é chamado de contra-exemplo.

Se a proposição começa com Existe..., para provar que ela é falsa, temos então que mostrar que ela
não se aplica para todos os casos. Por exemplo, para mostrar que a proposição Existe um inteiro
que, quando elevado ao quadrado, é igual a 2 é falsa, teríamos que mostrar, de alguma forma, que
todo inteiro ao quadrado é diferente de 2. Claro que não teríamos como mostrar isso testando todos
os inteiros. Assim, teríamos que achar alguma outra forma de fazer isso. Veremos mais sobre isso
nas seções Seção 1.7 e Seção 1.10.
1-3

As proposições que trabalharemos na disciplina possuem essencialmente 4 tipos:

Implicação Essa proposição tem o formato Se A, então B , onde A e B são declarações. A


implicação estabelece a ideia de que sempre que A acontece, B também acontecerá. Aqui,
chamamos A de hipótese e B de tese ou conclusão e denotamos essa proposição por A =⇒ B .
Exemplo: Se x e y são números inteiros e x·y é um número par, então ou x é par ouy é par;

Equivalência Essa proposição tem o formato A se e somente se B . A equivalência estabelece


a ideia igualdade ou simultaneidade entre declarações, ou seja, sempre que A acontece, B
também acontece e vice-versa. Denotamos essa proposição por A ⇐⇒ B e ela é equivalente
à combinação das duas implicações A =⇒ B (ida) e B =⇒ A (volta). Assim sendo, para
se provar uma equivalência, temos que provar ambas as implicações (ida e volta). Exemplo:
Dois conjuntos S1 e S2 são iguais se e somente se S1 ⊆ S2 e S2 ⊆ S1 ;

Universalização Essa proposição tem o formato Para todo elemento x em S, x tem a propri-
edade P. A Universalização estabelece a ideia de que todos os elementos de um conjunto
possuem determinada propriedade. Exemplo: Para todo x no conjunto dos números reais
não-negativos, a raiz quadrada de x é real não-negativa;

Existencialização Essa proposição tem o formato Existe um elemento x em S tal que x tem a
propriedade P. A existencialização estabelece a ideia de que existem elementos de um conjunto
que possuem determinada propriedade. Ela pode indicar também que existe exatamente uma
determinada quantidade ou ainda pelo menos uma determinada quantidade. Quando não há
a indicação explícita se a existencialização está se referindo a uma quantidade exata ou a
um limite inferior, pode-se supor sempre que ela se refere a um limite inferior (pelo menos).
Exemplo 1: Existe (pelo menos) um natural x tal que x é natural, primo e menor do que 10.
x
Exemplo 2: Existem exatamente 2 inteiros x tais que
x = |x|.

No resto desta nota, serão discutidos, principalmente, quatro tipos de técnicas usadas para de-
monstração de proposições: demonstração por exaustão, demonstração direta, demonstração por
contraposição e demonstração por absurdo.

1.4 Demonstração por exaustão


Uma demonstração por exaustão é a prova de que uma proposição do tipo Para todo... é válida
mostrando que ela é verdadeira para todos os exemplos de forma individual. Claramente, isso só
pode ser feito se ela é uma proposição sobre uma coleção nita. Por exemplo, para provar que todo
número composto entre 10 e 21 é divisível por 2 ou 3, podemos testar todos os números entre 10 e
21 individualmente:

ˆ 10 = 2 · 5;

ˆ 12 = 3 · 4;

ˆ 14 = 2 · 7;
1-4

ˆ 15 = 3 · 5;

ˆ 16 = 2 · 8;

ˆ 18 = 3 · 6;

ˆ 20 = 2 · 10.

ˆ 21 = 3 · 7.

Assim, provamos que a proposição é, de fato, um teorema.

Exercício 1. Prove por demonstração por exaustão que para todo k entre 10 e 20 existem inteiros
não-negativos x e y tais que 3x + 5y = k .

1.5 Demonstração direta


Uma demonstração direta, no contexto de uma implicação, é uma demonstração em que se supõe
como verdadeira as hipóteses e, através de uma sequência de argumentos, se deduz a conclusão.

Considere a seguinte implicação: Se temos 13 pessoas em uma sala, nós podemos garantir que pelo
menos duas fazem aniversário no mesmo mês. A hipótese a ser suposta é temos 13 pessoas em uma
sala e a conclusão é pelo menos duas fazem aniversário no mesmo mês. Em uma prova direta dessa
implicação, partiríamos da hipótese e chegaríamos na conclusão.

Uma demonstração direta, no contexto de uma universalização, é uma demonstração em que se


considera um elemento x arbitrário do conjunto em questão S e tenta-se provar então que x possui
a propriedade desejada P.
Um exemplo de universalização seria todo primo maior do que 3 deixa resto 1 ou 5 quando dividido
por 6. Nesse caso, para provar a proposição através de uma demonstração direta, podemos assumir
que x é um primo maior do que 3 arbitrário e então tentar provar que x deixa resto 1 ou 5 quando
dividido por 6. A seguinte demonstração faz exatamente isso:

Teorema 1. Todo primo maior do que 3 deixa resto 1 ou 5 quando dividido por 6.

Demonstração. Suponha que x é um número primo arbitrário maior do que 3 e seja r o resto
da sua divisão por 6. Temos que r não pode ser nem 2 nem 4, pois, caso contrário, existiria um q
inteiro tal que x = 6 · q + 2 ou x = 6 · q + 4, o que implicaria em x ser um número par e, portanto,
como x > 3, ele não poderia ser primo.

Similarmente, r não pode ser 3, pois, se assim fosse, existiria um q inteiro tal que x = 6 · q + 3, o
que faria com que x fosse um inteiro divisível por três.

Portanto, concluímos que o resto da divisão de x por 6 é 1 ou 5. Isso implica que todo primo maior
do que 3 deixa resto 1 ou 5 quando dividido por 6.
1-5

Note que, na prova acima, o fato de provarmos que x, um número primo maior do que 3, deixa resto
1 ou 5 quando dividido por 6 3 deixa resto 1 ou 5 quando
implica que todo primo maior do que
dividido por 6. Isso só acontece porque nós supomos que x é um primo maior do que 3 arbitrário.
O fato de x ser um primo arbitrário maior do que 3 implica em x representar qualquer primo maior
do que 3. Assim, quando provamos algo para x, estamos provando a mesma coisa para qualquer
primo maior do que 3.

Exercício 2. Prove por demonstração direta que o produto de quaisquer três inteiros consecutivos
sempre é divisível por 6.

Exercício 3. Prove por demonstração direta que mdc(a, b) = b se e somente se a é múltiplo de b.

Exercício 4 (⋆). Seja x um inteiro maior do que 1. Prove que x é primo se e somente se ele não é
divisível por nenhum primo menor do que ele.

1.6 Relação entre implicações e universalizações


As proposições trabalhadas nesta disciplina são quase sempre implicações ou universalizações.
Isso porque para demonstrar uma equivalência A ⇐⇒ B , precisamos sempre demonstrar as duas
implicações A =⇒ B e B =⇒ A e demonstrar existencializações quase sempre é feita usando a
demonstração direta, ou seja, determinando os elementos dos conjunto em questão S que possuem
a propriedade em questão P.
As próximas técnicas são aplicadas sempre no contexto de implicações. Isso porque podemos sempre
transformar uma universalização em uma implicação da seguinte forma: se temos a universalização
Para todo x em S, x possui a propriedade P, a seguinte implicação se x ∈ S, então x possui a
propriedade P é equivalente à universalização original.

1.7 Negações de proposições


Nas próximas técnicas, será útil saber como derivar a negação de um proposição. A negação de uma
proposição A é uma proposição, denotada por ¬A, que tem o signicado contrário de A, ou seja, se
A é verdadeiro, ¬A é falso e vice-versa. Por exemplo, a negação da proposição  x é igual a 7 é a
proposição  x é diferente de 7 e a negação da proposição  x é menor ou igual a 13 é a proposição
 x é maior do que 13.
Caso a proposição seja do tipo:

ˆ  A ou B , a sua negação é  ¬A e ¬B . Por exemplo, a negação da proposição  x = 1 ou


x < 10 é  x ̸= 1 e x ≥ 10;

ˆ  A e B , a sua negação é  ¬A ou ¬B . Por exemplo, a negação da proposição  x ≥ 7 e x < 10


é  x < 7 ou x ≥ 10;
1-6

ˆ  ∀x ∈ S , x tem a propriedade P , a sua negação é  ∃x ∈ S, x não tem a propriedade P .


Por exemplo, a negação da proposição  ∀x natural positivo par menor do que 26, x + 1 ou
x−1 é primo é a proposição  ∃x natural positivo par menor do que 26, x + 1 e x − 1 não
são primos;

ˆ  ∃x ∈ S , x tem a propriedade P , a sua negação é  ∀x ∈ S , x não tem a propriedade P . Por


exemplo, a negação da proposição  ∃x ∈ N, x + 1 e x − 1 são ambos primos é a proposição
 ∀x ∈ N, x + 1 ou x−1 não é primo;

1.8 Demonstração por contraposição


Uma demonstração por contraposição de uma implicação é a técnica de se demonstrar uma propo-
sição provando a sua contrapositiva.

Se temos uma implicação do tipo Se hipótese, então conclusão , a sua contrapositiva é Se não-
conclusão, então não-hipótese , onde não-hipótese é a negação (o oposto) da hipótese e não-
conclusão é a negação (o oposto) da conclusão . Uma implicação tem o mesmo signicado da sua
contrapositiva e, por isso, quando se demonstra uma, automaticamente estamos demonstrando a
outra.

Por exemplo, considere a implicação: Se x·y é par, então temos que ou x, ou y ou ambos são pares.
A hipótese é x·y é par e, assim, a sua negação é x·y é ímpar. A conclusão é ou x, ou y ou ambos
são pares e, assim, a sua negação é x e y são ímpares. Concluímos então que a contrapositiva da
proposição se x·y é par, então temos que ou x, ou y ou ambos são pares é a proposição se x e y
são ímpares, então temos que x·y é ímpar e, de fato, ambas as proposições são equivalentes.

Muitas vezes, como no caso acima, a contrapositiva de uma implicação pode ser considerada mais
fácil de se provar do que a proposição original. A seguir, vamos provar a implicação acima original
provando a sua contrapositiva.

Teorema 2. Se x·y é par, então temos que ou x, ou y ou ambos são pares.

Demonstração. Vamos provar a contrapositiva da proposição do teorema. A nossa hipótese é de


que x e y são ímpares, portanto, suponha tal. Então, temos que nenhum dos dois contém 2 como
fator primo, pois, do contrário, seriam pares. Isso implica que x·y também não contém 2 como
fator primo, pois os fatores primos de um produto x·y são a união dos fatores primos de x e y.
Portanto, como x·y também não contém 2 como fator primo, temos que x·y é ímpar.

Exercício 5. Prove por demonstração por contraposição que, se x+y é ímpar, x e y não tem a
mesma paridade, ou seja, um é par e o outro é ímpar.

Exercício 6. Seja x ̸= y . Prove por demonstração por contraposição que, se mdc(x, y) > 1, ou x
ou y ou ambos não são primos.
1-7

1.9 Demonstração por absurdo


Uma demonstração por absurdo (ou por contradição) de uma implicação é a técnica de se demonstrar
uma proposição supondo que temos a hipótese e a negação da conclusão até se concluir um absurdo.

Quando temos um absurdo, nós podemos concluir então que a nossa suposição inicial (hipótese +
não-conclusão) é falsa, porém, como sabemos que a nossa hipótese é verdadeira, pois já nos foi dada
como verdadeira, só nos resta concluir que a negação da conclusão é falsa e, portanto, a conclusão,
que é onde queremos chegar, é verdadeira.

Considere a seguinte implicação: Se x > 0 então 2x > x. Claramente, conseguiríamos provar a


proposição acima de forma direta, mas se quiséssemos provar por absurdo, primeiramente teríamos
que supor a hipótese e a negação da conclusão, ou seja, nós suporíamos que x > 0 e 2x ≤ x. Assim,
como x > 0, poderíamos dividir por x os dois lados da inequação 2x ≤ x, cando com 2 ≤ 1, o que
é um absurdo! Portanto, o que nós supomos está errado. No entanto, como sabemos que x > 0,
pois essa é a hipótese original, então o que está errada é a nossa suposição de que 2x ≤ x e, assim,
podemos concluir que 2x > x que é o que queríamos originalmente obter.

Vamos provar os dois seguintes teoremas por absurdo.

Teorema 3. Em um triângulo retângulo não degenerado, a soma dos catetos é estritamente maior
do que a hipotenusa.

Demonstração. Suponha por absurdo, que temos um triângulo retângulo não degenerado (ou seja,
com catetos de tamanho positivo) cuja soma dos catetos a e b é menor ou igual à hipotenusa c. Assim,
a+b ≤ c ⇒ (a+b)2 ≤ c2 ⇒ a2 +2ab+b2 ≤ c2 . Invocando o Teorema de Pitágoras, temos também que
a2 +b2 = c2 . Juntando as duas equações acima, temos que c2 = a2 +b2 < a2 +2ab+b2 ≤ c2 ⇒ c2 < c2 ,
o que é um absurdo. Portanto, temos que a + b > c.

Teorema 4. A quantidade de números primos é innita.

Demonstração. Suponha, por absurdo, que a quantidade de números primos é nita. Então,
existe um inteiro n que é o maior primo de todos. Sendo assim, considere o número x = n! + 1.
Temos que x não é divisível por nenhum número de 1 até n, pois, como n! é divisível por todos
os números de 1 à n, x deixa resto 1 quando dividido por qualquer desses números. Assim, como
todos os primos estão compreendidos entre 1 e n, temos que x não é divisível por nenhum primo
menor do que ele, o que implica que ele mesmo é um número primo (veja o Exercício 4), o que é
um absurdo porque n é o maior primo e x > n. Assim, concluímos que existem uma quantidade
innita de primos.

Note que, na prova acima, não há hipótese. Nesse caso, nós simplesmente assumimos a negação da
conclusão e chegamos a um absurdo, provando, assim, a conclusão.

Exercício 7. Prove por absurdo que, se A e B são conjuntos de tamanho nito, então |A ∪ B| ≤
|A| + |B|.

√ 2
Exercício 8. Prove por absurdo 2 é irracional. Você pode supor que um número racional
não-negativo diferente de 0 e 1 elevado a um irracional sempre resulta em um número irracional.
1-8

1.10 Provas de falsidade


Provar que uma determinada proposição é falsa é equivalente a provar que a sua negação é verda-
deira. Assim, se queremos provar que uma proposição do tipo:

ˆ  A =⇒ B  é falsa, basta acharmos um exemplo que faz A ser verdadeiro e B ser falso;

ˆ  A ⇐⇒ B  é falsa, basta acharmos um exemplo que faz A ser verdadeiro e B ser falso ou A
ser falso e B ser verdadeiro;

ˆ  ∀x ∈ S , x tem a propriedade P é falsa, basta acharmos um elemento de S que não possui


a propriedade P;

ˆ  ∃x ∈ S , x tem a propriedade P é falsa, basta provarmos que todos os elementos de S tem


a propriedade P;

Para provarmos que proposições dos tipos implicação, equivalência e universalização, são falsos,
precisamos encontrar exemplos que as tornam falsa. Tais exemplos são chamados de contraexemplo.

Assim, se queremos provar que a implicação se x é primo, x2 é ímpar é falsa, basta acharmos um
contraexemplo x que satisfaz a hipótese (x é primo), e torna a conclusão falsa (x2 não é ímpar). No
caso dessa
2
proposição, um contraexemplo é x = 2 que é primo e x = 4 que é par.

Se queremos provar que a universalização  ∀x ∈ N, x − 3 ∈ N é falsa, temos que achar um


contraexemplo x x − 3 não está no conjunto dos naturais.
que está no conjunto dos naturais tal que
Para essa proposição, um possível contraexemplo é x = 2, pois 2 ∈ N e 2 − 3 = −1 ∈/ N.

Exercício 9. Prove que a seguinte proposição é falsa: Para todo x ∈ N, (x + 2)! é divisível por x2 .

Exercício 10. Prove que a seguinte proposição é falsa: se n é um número primo, 2n − 1 é um


número primo.

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