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COMPONENTES
DISCIPLINA: MA 14 - Aritmética Adailton Moura
Antônio Gomes
PROFESSORES: Guilherme e Fábio Francisco Fialho
Marcílio de M. Vieira
Wilson Fontinelli
Wyllamis M. Maranhão
Números Primos
Floriano – PI
Setembro/2023
TEOREMA FUNDAMENTAL DA ARITMÉTICA
INFORMAÇÕES IMPORTANTES
• Um número natural maior do que 1 que só possui divisores positivos 1 e ele mesmo é chamado de número
primo.
• Dados dois números primos e e um número inteiro qualquer, decorre da definição acima os seguintes fatos:
1. Se , então
Como e sendo primo, temos que ou , comoé primo, então , o que nos leva que .
2. Se , então 1
De fato, se , temos que e . De temos que ou , mas pois e, consequentemente, .
• Um número maior que 1 e que não é primo é chamado número composto.
• Se um número natural 1 é composto, existirá um divisor natural de tal que 1 e também existirá um natural tal
que
, com 1 e1 .
Do ponto de vista da estrutura multiplicativa dos naturais, os números primos são os mais simples e ao
mesmo tempo são suficientes para gerar todos os números naturais.
PROPOSIÇÃO 7.1. Lema de Euclides
Sejam ∈ Z, com p primo. Se , então ou.
Basta provar que, se e , então Mas, se , temos que (p, a) = 1, e o resultado segue-se do Teorema 5.11.
pg.82.
A propriedade dos números primos descrita na proposição acima os caracteriza totalmente.
COLORALÁRIO 7.2.
Se são números primos e, se , então para Algum
Tome números primos tais que , então ou Temos que:
• e é primo.
ou
De ou e ou
Então, ou
Tome e números primos tais que , então ou ou Temos que:
• é primo, e
ou
De ou
ou e ou e ou
Com isso verificamos que a propriedade vale para uma quantidade de termos e para o seu sucessor,
então vale para todos os
TEOREMA 7.3. Teorema fundamental da aritmética.
Todo número natural maior do que 1 ou é primo ou se escreve de modo único (a menos da
ordem dos fatores) como um produto de números primos.
Demonstração:
Usaremos a segunda forma do Princípio de Indução.
Se , o resultado é obviamente verificado. Suponhamos o resultado válido para todo número natural menor do que
n e vamos provar que vale para n.
Se o número n é primo, nada temos a demonstrar. Suponhamos, então, que n seja composto. Logo, existem
números naturaisetais que , com e . Pela hipótese de indução, temos que existem números primos e tais que e .
Portanto,
Vamos, agora, provar a unicidade da escrita. Suponha que tenhamos , onde os e os são números
primos.
Temos que:
, em particular , reordenando os elementos tal que,
Repetimos o processo ate que concluímos que r s.
Invertendo a ordem temos:
, em particular , reordenando os elementos tal que
Repetimos o processo ate que concluímos que s r.
Logo r = s e os e os são iguais aos pares.
Este resultado, porém, não explicitamente enunciado em sua totalidade, está essencialmente contido
nos Elementos de Euclides, pois ele é consequência quase que imediata de proposições que lá se encontram.
TEOREMA 7.4.
Dado um número inteiro n 0, 1, −1, existem primos < · · · < e α1, . . . , αr ∈ N, univocamente
determinados, tais que .
Quando estivermos lidando com a decomposição em fatores primos de dois, ou mais, números naturais,
usaremos o recurso de acrescentar fatores da forma onde p é um número primo qualquer. Assim, dados com e
quaisquer, podemos escrever
... e ... ,
usando o mesmo conjunto de primos, desde que permitamos que os expoentes α1, . . . , αr, β1, . . . , βs variem
em e não apenas em N.
Por exemplo, os números 2³· 3²· 7 · 11 e 2 · 5²· 13 podem ser escritos, respectivamente, 2³· 3²· · 7 · 11 · e 2 · · 5²·
· · 13.
Observe que um número natural , escrito na forma ... , como no teorema acima, é um quadrado perfeito se, e
somente se, cada expoente αi é par.
PROPOSIÇÃO 7.5.
Seja um número natural escrito na forma acima. Se é um divisor positivo de n, então
, onde 0 ≤ βi ≤ αi , para i = 1, . . . , r.
Seja um divisor positivo de e seja a potência de um primoque figura na decomposição de em fatores primos. Como ,
se divide algum por ser primo com os demais , e, consequentemente, .
Denotando por o número de divisores positivos do número natural , segue, por uma contagem fácil, que se ... , onde
são números primos e , então
EXEMPLO 7.6.
A fórmula acima nos mostra que um número natural possui uma quantidade ímpar de divisores
positivos se, e somente se, cada é par, ou seja, se, e somente seé um quadrado perfeito.
Relacionado com esta propriedade, apresentamos a seguir uma brincadeira que costuma fazer sucesso
em sala de aula.
No vestiário de uma escola com alunos, numerados de 1 a , há armários enfileirados em um corredor,
também numerados de 1 a .
Um dia, os alunos resolvem fazer a seguinte brincadeira: O primeiro aluno abre todos os armários. Em
seguida, o aluno número 2 fecha todos os armários de número par. O aluno número 3 inverte as posições das
portas dos armários de número múltiplo de 3. O aluno número 4 inverte as posições das portas dos armários de
número múltiplo de 4, e assim sucessivamente. Pergunta-se, qual será a situação de cada um dos armários após
todos os alunos terem completado a brincadeira?
Para responder à pergunta, analisemos a situação do armário de número . Com a passagem do
primeiro aluno, a porta será aberta. Em seguida, a porta só será mexida pelo aluno cujo número for o divisor
seguinte dee novamente só será mexida pelo aluno cujo número for o divisor seguinte de , e assim
sucessivamente. Portanto, a situação da porta do m-ésimo armário será: aberto, fechado, aberto, fechado, . . . ,
alternando-se a medida que forem passando em ordem crescente os divisores de . Quando o n-ésimo
aluno terminar a sua tarefa, teremos passado por todos os divisores de , pois se é um divisor de , então d ≤ m ≤ n.
Portanto, a porta do m-ésimo armário estará aberta ou fechada dependendo se o número de divisores de é ímpar
ou par. Consequentemente, a porta do m-ésimo armário estará aberta se, e somente se, for um quadrado
perfeito.
A fatoração de números naturais em primos revela toda a estrutura multiplicativa desses números,
permitindo, entre muitas outras coisas, determinar facilmente o e o de um conjunto qualquer de números.
TEOREMA 7.7
Demonstração:
( 𝑎 , 𝑏 )=22 . 3 3 . 55 .7 6
[ 𝑎 , 𝑏 ] =23 . 3 4 . 56 .7 7 .11 3
Exemplo 7.8: Vamos determinar para quais pares de números naturais a e b temos que
De acordo com o resultado do Problema 5.28 (b) que, se ou , vale a igualdade do enunciado
do exemplo.
Podemos determinar outras soluções da igualdade acima.
Sejam e . A igualdade nos diz que . Isto equivale a dizer que:
Por exemplo, se e , então e , o que mostra que a e b formam uma solução da equação , ou
seja, .
Generalizando:
A equação tem por soluções positivas pares de números e tais que, para todo i = 1,...,n,
tem-se que ou .
PROPOSIÇÃO 7.11
Demonstração
Reciprocamente, suponhamos que para todo primo p. Se , para todo primo p, então m = n = 1.
Caso contrário, pelo Teorema Fundamental da Aritmética, podemos escrever e , onde e são
dois conjuntos cada um deles composto por números primos dois a dois distintos.
PROPOSIÇÃO 7.11
Demonstração
Como e , segue-se que
{ 𝑝 1 , … 𝑝 𝑟 } = {𝑞 1 ,… 𝑞 𝑠 }
Assim, r = s e, após reordenarmos os elementos , podemos supor para i = 1,...,r. Como , para
i = 1,...,r, conclui-se que n = m.
(I)
𝐸 𝑝 ( [ 𝑎 , 𝑏 , 𝑐 ] ( 𝑎 ,𝑏 )( 𝑎 , 𝑐 ) ( 𝑏 , 𝑐 ) ) =𝐸𝑝 ( ( 𝑎 ,𝑏 , 𝑐 ) [ 𝑎, 𝑏 ] [ 𝑎 ,𝑐 ] [ 𝑏 , 𝑐 ] )
2 2
Teorema 7.13 – Existem infinitos primos.
Demonstração: Vamos supor que exista um número finito de primos.
Temos que A+1 não é primo, pois se fosse primo estaria dentro da multiplicação de A
e também A+1 é maior do que qualquer fator primo, logo não pode estar nesse
conjunto. A+1 será composto, logo poderá ser escrito como: A+1= , mas é um fator
de A (A= )
• A+1=
• +1 =
. Absurdo! (q divide n)
Logo, é primo.
Crivo de Eratóstenes
7.3. Pequeno Teorema de Fermat
Desde, pelo menos, 500 anos antes de Cristo, os chineses sabiam que, se p é um
número primo, então . Coube a Pierre de Fermat, no século XVII, generalizar este
resultado, enunciando um pequeno mas notável teorema que se constitui no
resultado central desta seção.
= 7 de fato
DEMONSTRAÇÃO.
O resultado vale trivialmente para . Portanto, podemos supor que . Neste caso,
Como , decorre que , e o resultado se segue, pois =
Como, pelo Lema 7.15 e pela hipótese de indução, o segundo membro da igualdade
acima é divisível por p, o resultado se segue.
EXEMPLO 7.17
Dado um número qualquer n ∈ N, tem-se que , quando escritos na base 10, têm o
mesmo algarismo da unidade.
Logo, pelo Pequeno Teorema de Fermat, temos que e, portanto, Tem-se, então,
que
Corolário 7.18
Se é um número primo e se é um número natural não divisível por , então divide
DEMONSTRAÇÃO
e como
Decidir qual das duas condições de divisibilidade, acima, ocorre, é, em geral, um problema difícil.
AGRADECEMOS A
TODOS PELA ATENÇÃO!