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em Universidade Virtual
Matemática Dep. de Matemática
Muitas brincadeiras, jogos, curiosidades e quebra-cabeças já foram criados com os números
naturais. Também muitas perguntas sobre naturais, embora antigas, ainda não foram respon-
didas. Esta seção é um mostra do fascı́nio que estes números exercem sobre a mente humana.
Divisibilidade por 7
Apresentemos um curioso critério de divisibilidade por 7, sem nos preocuparmos com sua de-
monstração.
Dado um numeral, removemos o primeiro dı́gito da direita e subtraı́mos duas vezes o seu
valor do restante. Esse processo é aplicado em recorrência. Se esse for divisı́vel por 7
então aquele também é.
Ilustremos o critério com o número 1764. Primeiro, separando o dı́gito 4 e subtraindo o seu
dobro do restante temos
176 − 2 · 4 = 168.
Separamos o dı́gito 8 de 168 e subtraı́mos o dobro de 8 do restante,
16 − 2 · 8 = 0
Como o resto foi 0, podemos garantir que 1764 é divisı́vel por 7.
1
2
x = 10y + (10 + 1) d.
x = 10y + 21 d.
Como uma parcela desta soma, 21d, é divisı́vel por 7, podemos aplicar uma proposição já
conhecida,
Suponha que um número natural divide uma parcela de uma soma. Então ele divide a
soma se, e somente se, o número natural divide a outra parcela.
No nosso caso 7 divide 21 d. Portanto, 7 divide y se, e somente se, 7 divide x. Isto demonstra
o critério de divisibilidade apresentada na seção anterior.
1
λ, lambda, letra grega minúscula
3
Divisibilidade por 11
Apliquemos o o métdo acima para determinarmos um critério de divisibilidade por 11. Voltemos
para a igualdade anterior,
x−d
y= 10 − λd.
Tomando λ = 1, obtemos
x−d
y= 10 − d.
Explicitando o valor de x chegamos em
x = y + 11d.
Pela mesma proposição temos que 11 divide x se , e somente se, 11 divide y. Por exemplo, 11
divide 154 pois 11 divide
154 − 4
y= − 4 = 11.
10
Exercı́cio 0.0.1
Mostre que para λ = 3 obtemos um critério de divisibilidade por 31.
Mostre que para λ = 5 obtemos um critério de divisibilidade por 17.
Um número natural p é divisı́vel por 11 se, e somente se, a soma dos valores dos dı́giots
das casas decimais pares subtraidos das somas dos valores dos dı́gitos das casas decimais
ı́mpares é divisı́vel por 11.
Oc critério será mais compreensı́vel quando apresentarmos os números inteiros pois a sub-
tração citada na regra pode não fazer sentido com naturais, a resposta pode ser negativa. Neste
caso fazemos a diferença ao contrário: a soma dos dı́gitos das casas decimais ı́mpares menos a
soma dos valores dos dı́gitos das casas decimais pares. Examinemos três exemplos.
Números de Fibonacci
Antes de continuar a leitura pense no seguinte exercı́cio de
Aritmética.
Conjectura de Goldbach
Uma das mais antigas perguntas sobre números primos foi colocada por Christian Goldbach
(1690-1764) no ano de 1742. Em carta a Leohnard Euler colocou a seguinte pergunta.
Todo número ı́mpar maior que 6 pode ser representado como a soma de
três primos?
Imediatamente Euler, respondeu em carta que esse problema fica resolvido se for provado que
todo número par maior que 4 pode ser representado como a soma de dois primos! [?].
Vejamos alguns exemplos da afirmação de Euler,
4 = 2+2
6 = 3+3
8 = 3+5
10 = 5+5
etc..
Mesmo o envolvimento de muitos matemáticos em busca de uma resposta para essa questão, até
o momento não existe nada definitivo sobre ela, verdadeira ou falsa? Em 1931, o matemático
russo L. G. Schnirelmann (1905-1935) conseguiu uma primeira resposta parcial, demonstrou que
um número par pode ser escrito como a soma de no máximo 300.000 primos. Logo depois, outro
compatriota seu, I. M. Vinagradov aplicando teorias de outras áreas da Matemática, reduziu
o ”até 300.000”para até 4 primos. Precisamente, ele mostrou que a partir de um determinado
número natural N todo par maior que esse número pode ser escrito como soma de quatro
primos. Entretanto não existe estimativas para esse número natural N . O melhor resultado
até agora foi dado por Olivier Ramaré em 1995: todo número par é a soma de até seis números
primos
http://www.seara.ufc.br/especiais/matematica/problemasfamosos/
Questões envolvendo naturais são estudados em uma vasta e bela área da Matemática
chamada de Teoria dos Números. Questões simples como descrita abaixo têm fascinado muitos
matemáticos mas ainda não estão respondidas. Há uma infinidade de primos na forma n2 + 1,
6
onde n é um número natural? Para cada número natural maior que 1 sempre existe um primo
entre n2 e (n + 1)2 ?
Para finalizar, uma curiosidade. O maior número primo descoberto até hoje, enunciado em
4 de setembro de 2006, Curtis Cooper e Steven Boone é o número primo de Mersenne, isto é,
um número da forma 2p − 1,
2232.582.657−1 − 1.
Ele tem 9.808.358 dı́gitos. Consulte http://www.mersenne.org/
Números de Fermat
Em 1640, o francês Pierre Fermat (1601-1665) imaginou que um número natural da forma
n
fn = 22 + 1 fosse primo para qualquer número natural n. Na verdade ele sabia que
f0 = 21 + 1 = 3, f3 = 28 + 1 = 257,
f1 = 22 + 1 = 5,
f2 = 24 + 1 = 17, f4 = 216 + 1 = 65.537.
são números primos e extrapolou afirmando esta propriedade ocorria para qualquer número
natural. Posteriormente, Leonhard Euler (1707-1782) descobriu que f5 não era primo, de fato
ele encontrou uma fatoração como
A partir desta descoberta a história sobre estes números passou a ser ainda mais interessante.
Aos poucos foram sendo determinadas as fatorações de vários deles. Na tabela abaixo, apre-
sentamos em ordem cronológica os matemáticos que estabeleceram explicitamente a fatoração
de alguns destes números [?].
n=5 232 + 1 fatorável 1.732 Leonhard Euler,
n=6 264 + 1 fatorável 1.880 F. Landry (aos 82 anos de idade),
n=7 2128 + 1 fatorável 1.975 Brilhart e Morrison,
n=8 2256 + 1 fatorável 1.981 Richard Brent e John Pollard.
Até o ano de 2001, foram provados, utilizando diversos métodos que
9 10 11 30
22 + 1, 22 + 1, 22 + 1, . . . , 22 + 1,
31
também não são primos. Porém, não é conhecido se f31 = 22 + 1 é ou não fatorável. Para
dar a grandeza da dificuldade da questão basta citar que o número natural f24 tem 5.050.446
7
dı́gitos. Precisarı́amos de um livro de 1200 páginas como esta para escrevê-lo. A conjectura,
hoje, é inversa: existem apenas finitos números de Fermat que são primos [?].
O maior número de Fermat fatorável foi anunciado em 2007 por Pavlos Saridis: 151 ·
258.5044 + 1 | f585.042 . Mas não é conhecida a fatoração completa.
Matemática e Arte
Ao longo da história, muitas vezes a Matemática foi utilizada para definir padrões estéticos nas
Artes.
A começar pelos Gregos antigos que utilizavam na sua Arquitetura relações proporcionais e
consideravam perfeita a proporção áurea, opinião também assumida por Leonardo da Vinci na
Renascença. Pitágoras contribuiu enormemente para a Música ao estabelecer a escala musical
satisfazendo proporsoções inteiras.
Aqui, apresentamos outro exemplo, um soneto, forma poética estabelecida por Petrarca no
inı́cio do sec XIV.
Exercı́cio Descubra quais números naturais regem a construção do seguinte soneto.
Números poligonais
Numa seção anterior falmos dos números de Fibonacci. O conjunto dos números de Fibo-
nacci ordenados em forma crescentes é chamada de uma sequência de números naturais que
usualmente denotamos por
a1 = 1, a2 = 1, a3 = 2, a4 = 3, a5 = 5, a6 = 8, etc.
Recordamos que vale a fórmula de recorrência an = an−1 + an−2 para n > 2. Apresentaremos
agora outros tipos de sequência de números números naturais construı́das utilizando polı́gonos.
Os números triangulares são os números construidos a partir de triângulos como indicados
abaixo,
Escrevendo os números naturais como uma sequência , os quatro primeiros números triangulares
são
a1 = 1, a2 = 3, a3 = 6, a4 = 9.
Estes números naturais obedecem a uma lei de recorrência. Conhecendo-se o termo an−1 da
sequência. conhecemos o termo seguinte an , pois
an = an−1 + n.
Hipátia
Hipátia da Alexandria nasceu em Alexandria, Egito, aproxima-
damente em 370 d.C. e morreu na mesma cidade em março de
415 d.C. Filha do filósofo Teon, foi a primeira mulher a fazer
uma substancial contribuição ao desenvolvimento da Matemática,
ciência que aprendeu com seu pai, um administrador com alto
cargo na Universidade de Alexandria.
Foi uma professora bastante elogiada de Filosofia e Matemática naquela mesma Univer-
sidade. Consta que além de intelectual era eloquente, bonita e modesta. Nunca se casou,
considerando-se, como afirmava, ”casada com a verdade”.
A maior parte de seus escritos se perdeu, mas no sec. XV, na biblioteca do Vaticano,
descobriu-se uma cópia de seu comentário de uma obra de Diofanto. Colaborou na revisão final
dos Elementos de Euclides, editado por seu pai.
Lı́der da escola noeplatônica, Hipátia desempenhou um papel destacado na defesa do paga-
nismo contra o cristianismo. Isto despertou a ira do novo patriarca, Cirilo de Alexandria, que
com rigor, fazia oposição a todos os ”hereges”, chegando a oprimı́-los. Prém o que mais acendia
o ódio de Cirilo era o fato de Hipátia se dedicar ao estudo de várias religiões. Um dia, quando
voltava para casa, foi arrastada para fora de sua carruagem por uma turba que lhe arrancou os
cabelos, descarnou-a com carapaças de ostras e lançou ao fogo os restos de seu corpo. Chegava
ao fim os dias criativos da célebre Universidade de Alexandria.