Você está na página 1de 17

Sequências e Somatórios

André Rodrigues da Cruz


andre@decom.cefetmg.br

Departamento de Computação
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Matemática Discreta

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 1 / 17


Sequências
Definição
Uma sequência é uma função de um subconjunto do conjunto dos
números inteiros para um conjunto S. A notação an indica a imagem do
número inteiro n. Chama-se an o n-ésimo termo da sequência.

Lista (estrutura) discreta ordenada pelo subscrito {an } = {a1 , a2 , . . . , an };


{an } é a notação e an é um elemento (termo) da sequência;
Pode ser finita ou infinita; e definida de forma direta ou recursiva.

Exemplos
Os seis primeiros termos da sequência:
I rn = (n + (−1)n )/2 são 0, 3/2, 1, 5/2, 2, 7/2 e 3, para n = 1, 2, 3, . . .
I tn = (−1)n são 1, −1, 1, −1, 1 e −1, para n = 0, 1, 2, . . .
A definição recursiva da sequência:
I 1, 3, 7, 15, 31, 63, . . . é sn = 2sn−1 + 1, para n > 1, com s1 = 1.
I 1, 4, 9, 16, 25, 36, . . . é sn = sn−1 + 2n − 1, para n > 1, com s1 = 1.
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 2 / 17
Progressão Aritmética

Definição
Uma Progressão Aritmética (PA) é uma sequência da forma

{a0 , a1 , a2 , . . . , an , . . .} = {a, a + d, a + 2d, . . . , a + nd, . . .}

cujo termo inicial, a0 = a, e a diferença (razão), d, são números reais.

Análogo discreto da função linear f (x) = dx + a;


A razão da progressão aritmética é d = ai − ai−1 , para todo i > 1;
O termo de ordem n é an = a + nd.

Exemplo
A PA an = −1 + 4n possui termo inicial −1 e diferença 4. Iniciando com
n = 0, tem-se a0 = −1, a1 = 3, a2 = 7, a3 = 11, . . .

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 3 / 17


Progressão Geométrica

Definição
Uma Progressão Geométrica (PG) é uma sequência da forma

{a0 , a1 , a2 , . . . , an , . . .} = {a, ar , ar 2 , . . . , ar n , . . .}

cujo termo inicial, a0 = a, e a razão, r , são números reais.

Análogo discreto da função exponencial f (x) = ar x ;


A razão da PG é r = ai /ai−1 , (ai−1 6= 0), para todo i > 1;
O termo de ordem n é an = ar n .

Exemplo
 n
1
A PG dn = 6 · , iniciando em n = 0, é a sequência d0 = 6, d1 = 2,
3
2 2
d2 = , d3 = , . . .
3 9
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 4 / 17
Identificação de Sequências

Técnicas de determinação da regra da sequência:


I Séries com valores repetidos;
I Produção de termos a partir do anterior;
I Termos gerados pela adição do mesmo valor;
I Termos gerados pela adição de algum valor que dependa da posição;
I Termos gerados pela multiplicação do mesmo valor;
I Combinação de termos antecedentes;
I Ciclos entre os termos;
I Combinação com sequências usuais.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 5 / 17


Identificação de Sequências

Exemplos
Encontre as fórmulas para as seguintes sequências:
a) 1, 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, . . .
Os denominadores são potência de 2. A sequência pode ser descrita por an = 1/2n , com n = 0, 1, 2, . . .. A sequência é
uma PG com a0 = 1 e razão r = 1/2.

b) 1, 3, 5, 7, 9, . . .
Cada termo é obtido pela adição de 2 ao termo anterior. A sequência pode ser descrita por
an = 2n + 1, com n = 0, 1, 2, . . .. A sequência é uma PA com a0 = 1 e razão d = 2.

c) 1, −1, 1, −1, 1, . . . :
Os termos alternam-se entre 1 e −1. A sequência pode ser descrita por an = (−1)n , com n = 0, 1, 2, . . .. A sequência é
uma PG com a0 = 1 e razão d = −1.

Exemplo
Defina o termo geral de uma sequência cujos primeiros termos são
5, 11, 17, 23, 29, 35, 41, 47, 53, 59.
Cada termo, a partir do segundo, é o anterior adicionando-se 6. A sequência é uma PA com primeiro elemento a1 = 5, e razão
d = 6. Logo, o n-ésimo termo an = 5 + 6(n − 1).

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 6 / 17


Identificação de Sequências

n-ésimo termo Primeiros 10 termos


n2 1, 4, 9, 16, 25, 36, 49, 64, 81, 100, . . .
n3 1, 8, 27, 64, 125, 216, 343, 512, 729, 1000, . . .
n4 1, 16, 81, 256, 625, 1296, 2401, 4096, 6561, 10000, . . .
2n 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256, 512, 1024, . . .
3n 3, 9, 27, 81, 243, 729, 2187, 6561, 19683, 59049, . . .
n! 1, 2, 6, 24, 120, 720, 5040, 40320, 362880, 3628800, . . .
Tabela: Algumas sequências usuais.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 7 / 17


Identificação de Sequências

Exemplo
Conjecture uma fórmula para an , em que os 10 primeiros termos da
sequência {an } são 1, 7, 25, 79, 241, 727, 2185, 6559, 19681, 59047.
Cada termo desta sequência é um termo da sequência {3n } menos 2:
1 = 31 − 2;
7 = 32 − 2;
25 = 33 − 2;
...
6559 = 38 − 2;
19681 = 39 − 2;
...
Logo, a sequência é an = 3n − 2, sendo n ≥ 1.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 8 / 17


Somatório
Definição
Dado uma sequência am , am+1 , am+2 , . . . , an , denotamos a soma dos
mesmos por
Xn
ai = am + am+1 + am+2 + . . . + an .
i=m

A variável m é denominada limite inferior do somatório, n é denominada


limite superior do somatório e i é o ı́ndice do somatório.
Pn P P
Outras notações: j=m aj , m≤j≤n aj , a∈A f (a)

Exemplos
5
X
j = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15;
j=1
P10 1
k=5 k = 15 + 16 + 17 + 18 + 91 + 10
1 = 2131 ;
2520
P
−2≤i≤1 2i = −4 − 2 + 0 + 2 = −4;

v 2 = 22 + 42 + 62 = 56.
P
v ∈{2,4,6}

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 9 / 17


Propriedades do Somatório
n
X n
X n
X
(ai + bi ) = ai + bi (Rearranjo de termos);
i=m i=m i=m
Xn n
X
(αai ) = α ai (Distribuição);
i=m i=m
Xn l
X n
X
ai = ai + ai (Separação do somatório).
i=m i=m i=l+1

Exemplos
6
X 6
X 6
X 6
X
(i 2 + i − 1) = i2 + i+ (−1);
i=1 i=1 i=1 i=1
8
X 8
X
(2k) = 2 k;
k=1 k=1
10
X 5
X 10
X
p= p+ p.
p=1 p=1 p=6

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 10 / 17


Somatório

Exemplo
4 X
X 3
Avalie o somatório duplo ij.
i=1 j=1

X 3
4 X 4
X
ij = (i + 2i + 3i)
i=1 j=1 i=1
X4
= 6i
i=1
= 6 + 12 + 18 + 24 = 60

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 11 / 17


Somatório

Teorema
Se a e r são números reais e r 6= 1, então

n  ar n+1 − a
X
j
ar = se r 6= 1
 (n r+−1)a
1
se r = 1
j=0

Demonstração:
Seja S = nj=0 ar j . Temos que S = a + ar + ar 2 + . . . + ar n .
P

Suponha r = 1. Então S = a + a + a + . . . + a = (n + 1)a, pois há n + 1 termos a.


Agora suponha r 6= 1. Segue que rS = ar + ar 2 + . . . + ar n + ar n+1 .
Ao subtrairmos S por rS teremos

S − rS = a − ar n+1 eliminam-se os termos comuns


S(1 − r ) = a − ar n+1 coloca-se S em evidência

a − ar n+1 ar n+1 − a an+1 − a0


Disto, tem-se que S = = = .
1−r r −1 r −1

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 12 / 17


Fórmulas Usuais de Somatórios

Soma Fórmula Fechada


n
X ar n+1 − a
ar k , r 6= 1
r −1
k=0
n
X (n + 1)(a + (a + nd))
a + dk
2
k=0
n
X n(n + 1)(2n + 1)
k2
6
k=1
n
X n2 (n + 1)2
k3
4
k=1

X 1
x k , |x| < 1
1−x
k=0

X 1
kx k−1 , |x| < 1
(1 − x)2
k=1

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 13 / 17


Fórmulas Usuais de Somatórios

Exemplo
100
X
Encontre k 2.
k=50
P100 P49 P100
Primeiro, note que i=1 k 2 = i=1 k 2 + i=50 k 2 .
P100 P100 P49
Assim, temos que i=50 k 2 = i=1 k 2 − i=1 k 2 .
Pn
Usando k=1 k 2 = (n(n + 1)(2n + 1))/6, temos que
P100 2 100 · 101 · 201 49 · 50 · 99
i=50 k = − = 338350 − 40425 = 297925.
6 6

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 14 / 17


Cardinalidade

Definição
Os conjuntos A e B têm a mesma cardinalidade se e somente se houver
uma bijeção de A para B.

Definição
Um conjunto que é finito ou tem a mesma cardinalidade que o conjunto
dos números inteiros positivos é chamado de contável, ou enumerável.
Um conjunto que não é contável é chamado de incontável ou não
enumerável.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 15 / 17


Cardinalidade
Exemplo
Mostre que o conjunto dos números inteiros positivos e ı́mpares é um
conjunto enumerável.
Para tal prova, devemos exibir uma bijeção entre o conjunto dos números inteiros positivos com
o conjunto dos números inteiros positivos e ı́mpares .
Seja f (n) = 2n − 1, a função de Z∗+ para o conjunto dos números inteiros positivos e ı́mpares.
Mostremos que f é uma correspondência um para um (bijeção).
Para mostrar que é uma injeção, seja m e n elementos do domı́nio de modo que f (m) = f (n).
Então, 2m − 1 = 2n − 1 e m = n.
Para mostrar que é uma sobrejeção, considere y , um elemento do contradomı́nio (inteiro positivo
e ı́mpar), que seja imagem de n no domı́nio (inteiro positivo). Assim, y = 2n − 1 = 2(n − 1) + 1.
Podemos escrever qualquer inteiro positivo ı́mpar com n inteiro positivo. Logo, todo elemento
do contradomı́nio é imagem de algum elemento do domı́nio. Portanto, f é sobrejetiva.
Conclui-se que f é uma bijeção e que o conjunto dos números inteiros positivos e ı́mpares é
enumerável.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 ...
l l l l l l l l l l l
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 ...

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 16 / 17


André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Sequências e Somatórios Matemática Discreta 17 / 17

Você também pode gostar