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Para demonstrar um teorema da forma (∀x)(P(x) → Q(x)), nosso objetivo é mostrar que
P(c) → Q(c) é verdadeira, onde c é um elemento arbitrário do domínio, e então aplicar a
generalização universal. Nesta demonstração, precisamos mostrar que a sentença condicional é
verdadeira e para isto é necessário apenas mostrar que Q(c) é verdadeira se P(c) é verdadeira.
Uma demonstração é dita direta quando pressupõe verdadeira a hipótese e, a partir desta,
prova-se ser verdadeira a tese.
A prova direta baseia-se na regra de modus ponens que nos diz que se uma sentença
condicional e sua hipótese são verdadeiras, então a conclusão (tese) também deve ser
verdadeira. Simbolicamente podemos escrever: (p → q) ∧ p ⇒ q.
Exemplo
x é par (p)
Exemplo. Mostre que "Se m e n são ambos quadrados perfeitos, então m · n também é um
quadrado perfeito.
Prova:
Dados dois inteiros m e n, suponha que m e n são quadrados perfeitos. Então, pela definição,
existem inteiros k e t tais que m = k2 e n = t 2 . Queremos mostrar que m · n também é um
quadrado perfeito.
p → q ⇔∼ q →∼ p.
HIPÓTESE: x + 5 é par
TESE: x é ímpar
PROVA:
Suponha que x + 5 é par, então pela definição de par temos que x + 5 = 2k para algum k inteiro.
De x + 5 = 2k temos que x = 2k − 5. Como −5 = −6 + 1, podemos escrever x como
x = 2k − 5 = 2k − 6 + 1. Colocando 2 em evidência, temos:
x = 2k − 5 = 2k − 6 + 1 = 2(k − 3) + 1.
A ideia básica da redução ao absurdo é que uma premissa não pode ser verdadeira se ela nos
levar a uma contradição. Esta técnica baseia-se no seguinte resultado:
p → q ⇔ (p∧ ∼ q) → F.
Observação: infelizmente neste tipo de demonstração não se pode prever qual o absurdo
que encontraremos.
HIPÓTESE: x é par
PROVA:
Suponha que x + 5 é par, com x par, então pela definição de par temos que x + 5 = 2k para
algum k inteiro. De x + 5 = 2k temos que x = 2k − 5. Como −5 = −6 + 1, podemos escrever x
como x = 2k − 5 = 2k − 6 + 1. Colocando 2 em evidência, temos:
x = 2k − 5 = 2k − 6 + 1 = 2(k − 3) + 1.
Como k − 3 é um inteiro, concluímos pela definição que x é ímpar. Mas, por hipótese, x é par.
Chegamos a uma contradição. Logo, se x é par, então x + 5 é ímpar.
Note que ao assumir tanto a hipótese quanto a negação da tese como verdadeiras isso nos levou
a uma contradição, assim a negação da tese não pode ser verdadeira, ou seja, a negação da tese
é falsa. Se a negação da tese é falsa, a tese é verdadeira.
Observação: Note que podemos reescrever uma demonstração por contraposição de uma
sentença condicional como uma demonstração por contradição. Em uma demonstração
de p → q por contraposição assumimos que ∼ q é verdadeira e mostramos que ∼ p
também deve ser verdadeira. Para reescrever uma demonstração por contraposição de
p → q como uma demonstração por contradição supomos que ambas p e ∼ q são
verdadeiras e, então, usamos os passos de uma demonstração de ∼ q →∼ p para mostrar
que ∼ p é verdadeira. Isso nos leva a uma contradição p∧ ∼ p, completando a
demonstração.
√
Considere a seguinte situação: demonstre que 2 é um número irracional por meio de uma
demonstração por contradição.
Suponha que queremos demonstrar que uma sentença p é verdadeira. Suponha ainda que
podemos achar uma contradição q tal que ∼ p → q é verdadeira. Como q é falsa, mas ∼ p → q
é verdadeira, conclui-se que ∼ p é falsa, o que significa que p é verdadeira. A pergunta que
surge é: como podemos encontrar uma contradição q que possa nos ajudar a demonstrar
que p é verdadeira usando este raciocínio?
Sabemos que uma sentença do tipo r∧ ∼ r é uma contradição, qualquer que seja a proposição
r, então podemos demonstrar que p é verdadeira se pudermos mostrar que ∼ p → (r∧ ∼ r) é
verdadeira para alguma proposição r.
PROVA
√
Suponhamos que 2 é um número racional. Então, pela definição de número racional, existem
√
inteiros p e q, com q 6= 0, tais que 2 = qp . Consideremos, sem perda de generalidade, que p
q é
√ p p2
irredutível . De 2 = q , temos 2 = 2 e, daí, p2 = 2q2 (?). Logo, p2 é par.
1
q
Como se p2 é par então p também é par, temos que p = 2k, com k ∈ Z. Substituindo p por 2k
em (?), temos:
Como p e q são números pares, ambos possuem o fator 2 em comum. Mas isso contradiz o fato
√
de que qp é irredutível. Logo 2 não pode ser escrito na forma qp , com q 6= 0. Assim, nossa
√ √ √
suposição inicial de que 2 ∈ Q é falsa, ou seja, 2 ∈ / Q. Logo, 2 é um número irracional.
Como o próprio nome sugere, as demonstrações por exaustão procedem pela exaustão de todas
as possibilidades. Essas demonstrações são usadas quando apenas um número relativamente
pequeno de exemplos precisam ser examinados para comprovar um teorema.
Para mostrarmos esta proposição basta analisarmos a inequação para cada valor que n pode
assumir. Assim:
Algumas vezes não podemos comprovar um teorema usando um único argumento que
satisfaça todos os casos possíveis. Nestes casos, para comprovar que p → q é verdadeira é
conveniente usar uma disjunção p1 ∨ p2 ∨ . . . ∨ pn como hipótese em vez de p, em que
p1 ∨ p2 ∨ . . . ∨ pn e p são equivalentes.
1 Lembre-se que todo número racional pode ser escrito como uma fração irredutível.
Este tipo de demonstração baseia-se no seguinte resultado:
Ou seja, o condicional original com a hipótese formada por uma disjunção das proposições
p1 , p2 , . . . , pn pode ser comprovada verificando-se cada uma das n condicionais
pi → q, i = 1, 2, . . . , n, individualmente. Esse argumento é chamado de demonstração por
casos.
Exemplo. Mostre que |xy| = |x| · |y|, em que x e y são números reais.
a se a ≥ 0
Definição. |a| =
−a se a < 0
Para mostrar que |xy| = |x| · |y| precisamos analisar os seguintes casos: x < 0 e y < 0, x < 0 e
y ≥ 0, x ≥ 0 e y < 0 e, x ≥ 0 e y ≥ 0.
PROVA:
Quando x < 0 e y ≥ 0, temos x · y ≤ 0. Daí, da definição, temos que |xy| = −x · y = |x| · |y|.
Como |xy| = |x| · |y| para esses quatro casos e esses quatro casos são todas os possíveis,
conclui-se a demonstração.