Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

Departamento de Computação e Sistemas – DECSI

Disciplina: Matemática Discreta – CSI 443
Professor: Bruno Hott (brhott@ufop.edu.br)

Lista de Exercícios 09:

Indução Forte

Revisão
1. Responda formalmente as seguintes questões:
a) Defina indução forte.

A indução forte é descrita da seguinte forma: Para provar um conclusão da forma ∀n.n ∈
N → P (n). Prove que a seguinte fórmula é verdadeira:

∀n.n ∈ N → (∀k.k ∈ N ∧ k < n → P (k)) → P (n)

b) Defina o princípio da boa ordenação.

O princípio da boa ordenação nos diz que todo conjunto não vazio de números naturais
possui um elemento mínimo. Suaa prova pode ser visualizada na apostila do prof. Rodrigo
Ribeiro.

Exercícios

2. (Rosen 4.2.3) Considere P (n) como a proposição que afirma que uma postagem de n centavos pode
ser feita usando-se apenas selos de 3 e 5 centavos. Os itens deste exercício formam uma demonstração
por indução completa de que P (n) é verdadeira para ngeq8.
a) Mostre que as proposições P (8), P (9) e P (10) são veradeiras, completando o passo base da
demonstração.

P (8) é verdadeiro, porque podemos formar uma postagem de 8 centavos com um selo de 3
centavos e um selo de 5 centavos. P (9) é verdadeiro, porque podemos formar uma postagem
de 9 centavos com três selos de 3 centavos. P (10) é verdadeiro, porque podemos formar
uma postagem de 10 centavos com dois selos de 5 centavos.

b) Qual é a hipótese indutiva da demonstração?

A hipótese indutiva diz que usando somente selos de 3 e 5 centavos, conseguimos formar
postagens de j centavos para todo j no intervalo 8 ≤ j < k, onde assumimos que k ≥ 10.

c) O que você precisa para demonstrar o passo de indução?

No passo inditivo temos de mostrar, assumindo a hipótese de indução, que podemos formar
postagens de k centavos usando somente selos de 3 e 5 centavos.

d) Complete o passo de indução para k ≥ 10.

Queremos formar postagens de k centavos. Uma vez que k ≥ 10, sabemos que P (k − 3) é
verdade, isto é, sabemos que podemos formar uma postages de k − 3 centavos. Coloque um
selo de 3 centavos a mais no envelope e formamos a postagem de k centavos, como desejado.

1
 e) Explique por que esses passos mostram que esta proposição é verdadeira sempre que n ≥ 8.

Completamos o passo básico e o passo indutivo, então, pelo princípio da indução forte, o
predicado é verdadeiro para todo inteiro n maior ou igual a 8.

√
3. (Rosen 4.2.9) Use a indução completa para
√ demonstrar que 2 é um número irracional. [Dica:
Considere P (n) como a proposição de que 2 6= n/b para qualquer número inteiro positivo b.]

√
Seja P (n) o predicado√que diz que não existe b ∈ N∗ tal que 2 = n/b. Para o passo base,
P (1) é verdade pois 2 > 1 ≥ 1/b para todo b ∈ N∗ . Para o passo intutivo, assuma que
P (k) é verdadeiro para todo k < n, onde k ∈ √ N∗ é arbitrário; Precisamos provar que P (n)
é verdadeiro. Então, assuma o contrário, que 2 = n/b para algum b ∈ N∗ . Elevando ao
quadrado ambos os lados da equação, temos 2b2 = n2 . Isso nos diz que n2 é par, portanto n
é par. Portanto, podemos escrever n = 2x para algum x ∈ N. Substituindo, temos 2b2 = 4x2 ,
logo, b2 = √
2x2 . Pela mesma razão de antes, b é par, então b = 2y para algum y ∈ N. Então
temos que 2 = n/b = (2x)/(2y) = x/y. Porém, x ≤ n, o que contradiz a hipótese indutiva,
portanto nosso passo indutivo está completo.

4. (Rosen 4.2.12) Use a indução comleta para mostrar que todo número inteiro positivo n pode ser
escrito como uma soma de potências distintas de dois, ou seja, como uma soma de um subconjunto
de números inteiros 20 = 1, 21 = 2, 22 = 4, e assim por diante. [Dica: Para o passo de indução,
considere separadamente o caso em que k + 1 é par e em que ele é ímpar. Quando for par, note que
(k + 1)/2 é um número inteiro.]

Seja P (n) o predicado que diz que n ∈ N∗ pode ser escrito como uma soma de potências distintas
de dois. Para o passo base, P (1) é verdade, pois 1 = 20 . Para o passo indutivo, assuma que
P (k) é verdadeiro para todo k < n, onde k ∈ N∗ é arbitrário; Precisamos provar que P (n) é
verdadeiro.
Caso 1: n é par. Seja k = n/2 (k ∈ N, uma vez que n é par), como k < n, sabemos que P (k) é
verdade, isto é, k pode ser escrito como uma soma de potências distintas de dois. Dessa forma,
podemos gerar n como uma soma de potências distintas de dois fazendo 2 · k, como pode ser
observado:
X X X
2·k =2· 2i = 2 · 2i = 2i+1
i∈I i∈I i∈I
I⊆N I⊆N I⊆N

Caso 2: n é ímpar. Sabemos que P (n − 1) é verdade e que n − 1 é par (uma vez que n é ímpar).
Logo, n − 1 pode ser escrito como uma soma de potências distintas de dois onde 20 não está
presente (caso contrário, n − 1 seria ímpar). Dessa forma, podemos gerar n como uma soma de
potências distintas de dois fazendo n − 1 + 20 , como pode ser observado:
X X
n − 1 + 20 = 2i + 2 0 = 2i
i∈I i∈I
I⊆N∗ I⊆N

Referências
[1] Rodrigo G Ribeiro. Notas de aula de matemática discreta, 2016.
[2] Kenneth H Rosen. Matemática discreta e suas aplicações. Sexta edição, 2009.