Você está na página 1de 34

Técnicas de Demonstração

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Determine x e y:
A

y x

9 3
B C

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Teorema de Pitágoras:

Em qualquer triângulo retângulo, o quadrado do comprimento da


hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos comprimentos dos
catetos.
H 2 = C12 + C22

Por que este resultado é válido???


Porque o Teorema de Pitágoras já foi demonstrado!!

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


O que é uma demonstração?

◮ Dada uma proposição estamos interessados no seu


valor-verdade.

◮ Logo, uma demonstração é uma sequência de argumentos


formais que validam uma proposição.

◮ Assim, o objeto básico de uma demonstração é a proposição.

◮ Na ciência da computação uma demonstração pode ser


utilizada para se ter certeza de que um determinado algoritmo
funciona de acordo com sua especificação.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Dessa forma temos os seguintes conceitos:

◮ Axioma, ou Postulado, é uma proposição que não é provada


ou demonstrada.

◮ Considerada como óbvia ou como um consenso inicial


necessário para a construção ou aceitação de uma teoria;

◮ Ou seja, verdade inquestionável;

◮ Ponto de partida para dedução e inferências de outras


verdades, dependentes de teoria.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


O conjunto dos números naturais é caracterizado pelos seguintes axiomas.

Axiomas de Peano: livre de notação matemática.

A Todo número natural possui um único sucessor, que também é um


número natural.

B Números naturais diferentes possuem sucessores diferentes. Ou


números que têm o mesmo sucessor são iguais.

C Existe um único número natural que não é sucessor de nenhum


outro. Este número é representado pelo sı́mbolo 1 e chamado de
número um.

D Se um conjunto de números naturais contém o número 1 e, além


disso, contém o sucessor de cada um de seus elementos, então esse
conjunto coincide com o conjunto dos números naturais.
◮ Teorema é uma proposição que pode ser validada através de
uma demonstração, utilizando axiomas e/ou outros teoremas
já provados.
Ou seja, um teorema é uma proposição do tipo:

p → q

a qual prova-se ser verdadeira sempre (tautologia):

p ⇒ q

As proposições p e q são denominadas hipótese e tese,


respectivamente.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Teorema de Pitágoras:

Se T é um triângulo retângulo, então o quadrado do comprimento


da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos comprimentos dos
catetos.

◮ Hipótese: T é um triângulo retângulo

◮ Tese: o quadrado do comprimento da hipotenusa é igual à


soma dos quadrados dos comprimentos dos catetos.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Observação:

Na demonstração
p ⇒ q,

◮ Hipótese: informações presentes no teorema que são


assumidas verdadeiras, sobre as quais todo o raciocı́nio é
construı́do.

◮ Consequentemente, a hipótese NÃO deve ser demonstrada.

◮ Tese: é o que queremos validar, utilizando as hipóteses


presentes no teorema e outros argumentos formais
previamente conhecidos.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Em algumas circunstâncias os teoremas recebem nomes especiais:

• Lema a um teorema auxiliar que possui um resultado


importante para a prova de um outro.

• Corolário a um teorema que é consequência quase direta de


um outro já demonstrado, ou seja, cuja prova é trivial ou
imediata.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Teorema de Pitágoras: Em qualquer triângulo retângulo, o qua-
drado do comprimento da hipotenusa é igual à soma dos quadrados
dos comprimentos dos catetos.

H 2 = C12 + C22

Corolário: Em qualquer triângulo retângulo isósceles, o quadrado


do comprimento da hipotenusa é igual a 2 vezes o quadrado do
comprimento dos catetos.

H 2 = 2C 2

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Antes de iniciar qualquer demonstração, é fundamental identificar
claramente a hipótese e a tese.

Exemplo 1:

Considere o seguinte teorema:

0 é o único elemento neutro da adição em Z

podemos reescrever, identificando a hipótese e a tese:

Se 0 é elemento neutro da adição em Z,

então 0 é o único elemento neutro da adição em Z

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Para uma determinada afirmação

p → q,

existem diversas técnicas para provar que, de fato, p ⇒ q.

Assim, destacam-se as seguintes técnicas de demonstração:

1. Prova por Exaustão;


2. Prova Direta;
3. Prova por Contraposição;
4. Prova por Redução ao Absurdo;
5. Prova por Indução.

Para qualquer técnica de demonstração, especial atenção deve ser


dada aos quantificadores.
Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB
Quantificadores

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Exemplo: Dadas as proposições:
◮ n>1
◮ n! < 10
temos que:

Se n = 1, então V (n > 1) = F
Se n = 100, então V (n > 1) = V
Se n = 1, então V (n! < 10) = V
Se n = 100, então V (n! < 10) = F

Desta forma, concluı́mos que, dependendo do valor de n, uma


proposição pode ser V ou F.

Isto induz à definição de proposição sobre um conjunto de valores.

Além disso, dada uma proposição sobre um conjunto de valores, é


desejável quantificar os valores a serem considerados.
Proposição sobre um Conjunto

Definição: Seja A um conjunto, uma proposição sobre A é uma


proposição cujo valor lógico depende do elemento x ∈ A conside-
rado.

Exemplo: Seja o conjunto dos números naturais, N = {1, 2, 3, . . .}.


Então, definamos as seguintes proposições sobre N:
p: n>1
q : n! < 10
r : n +1>n
s : 2n é impar

Quais proposições são verdadeiras para qualquer n ∈ N?


Desta forma, temos que uma proposição p sobre A determina dois
conjuntos:

1. Conjunto verdade de p:

x ∈ A : p(x ) é verdadeira

2. Conjunto falsidade de p:

x ∈ A : p(x ) é falsa

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Exemplo: Seja N = {1, 2, 3 . . .}. Então

1. Para a proposição p : n > 1


O conjunto verdade de p é {2, 3, 4, . . .}
O conjunto falsidade de p é {1}
2. Para a proposição q : n! < 10
O conjunto verdade de q é {1, 2, 3};
O conjunto falsidade de q é {n ∈ N : n > 3}
3. Para a proposição r : n + 1 > n
O conjunto verdade de r é N;
O conjunto falsidade de r é ∅
4. Para a proposição s : 2n é ı́mpar
O conjunto verdade de s é ∅;
O conjunto falsidade de s é N

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Assim, uma proposição p sobre A é uma:

1. tautologia se p(x ) é verdadeira para qualquer x ∈ A, ou


seja, o conjunto verdade de p é A;
2. contradição se p(x ) é falsa para qualquer x ∈ A, ou seja, o
conjunto falsidade de p é A;
3. contingência se p(x ) não é tautologia, nem contradição.

Exemplo: Suponha o conjunto universo N = {1, 2, 3 . . .}. Então

p : n > 1 é uma contingência


q : n! < 10 é uma contingência
r : n + 1 > n é uma tautologia
s : 2n é ı́mpar é uma contradição.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Quantificador

Dada uma proposição p(x ), são usados os seguintes quantificadores:

1. Quantificador universal: para todo ou para qualquer, sim-


bolizado por ∀, quando associado a uma proposição p(x ), temos:

∀ x ∈ A : p(x )

(∀ x ∈ A) (p(x )) (∀ x ∈ A) p(x ) ∀ x ∈ A, p(x )

Leitura:
◮ para qualquer x que pertence a A, p(x ), ou
◮ para todo x em A, p(x ).
2. Quantificador existencial: existe pelo menos um ou existe,
simbolizado por ∃, quando associado a uma proposição p(x ),
temos:
∃ x ∈ A : p(x )

(∃ x ∈ A) (p(x )) (∃ x ∈ A) p(x ) ∃ x ∈ A, p(x )

Leitura:
◮ existe pelo menos um x em A tal que p(x ), ou
◮ existe x que pertence a A tal que p(x ).

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Observação: Quando está claro no contexto quem é o conjunto
de valores onde a proposição esta definida, podemos omitir este
conjunto:

∀ x : p(x ) (∀ x ) (p(x )) (∀ x ) p(x ) ∀ x , p(x )

∃ x : p(x ) (∃ x ) (p(x )) (∃ x ) p(x ) ∃ x , p(x )

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Definição: Seja p(x ) uma proposição lógica sobre um conjunto A.
Então:

1. O Quantificador universal ∀ x ∈ A : p(x ) é
verdadeiro, se o conjunto verdade for igual ao conjunto A;

2. O Quantificador universal ∀x ∈ A : p(x ) é falso,
caso contrário;

3. O Quantificador existencial ∃ x ∈ A : p(x ) é
verdadeiro, se o conjunto verdade for não vazio;

4. O Quantificador existencial ∃x ∈ A : p(x ) é falso,
caso contrário.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Exemplo: Seja N = {1, 2, 3 . . .}
1. (∀ n ∈ N : n < 1) é falsa
(∃ n ∈ N : n < 1) é falsa

2. (∀ n ∈ N : n 6 1) é falsa
(∃ n ∈ N : n 6 1) é verdadeira

3. (∀ n ∈ N : n! < 10) é falsa


(∃ n ∈ N : n! < 10) é verdadeira

4. (∀ n ∈ N : n + 1 > n) é verdadeira
(∃ n ∈ N : n + 1 > n) é verdadeira

5. (∀ n ∈ N : 2n é par) é verdadeira
(∃ n ∈ N : 2n é par) é verdadeira

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


A noção de uma proposição p(x ) sobre um conjunto pode ser ge-
neralizada, resultando em uma proposição p que descreve alguma
propriedade de elementos x1 ∈ A1 , x2 ∈ A2 , . . ., xn ∈ An :

p(x1 , x2 , . . . , xn )

Portanto, cada x1 , x2 , . . . , xn pode ser individualmente quantifi-


cado.

Neste caso, a ordem dos quantificadores existencial e universal pode


alterar o valor-verdade da proposição.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Exemplo: Considerando o conjunto universo N:

(∀ n, ∃m : n < m) é verdadeira

De fato, esta proposição afirma que: dado qualquer valor n, é


possı́vel encontrar pelo menos um m que satisfaz a desigualdade.
Por exemplo: m = n + 1, assim, para qualquer número natural n,
vale n < n + 1.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Exemplo: Considerando o conjunto universo N:

(∃ m, ∀n : n < m) é falsa

De fato, esta proposição afirma que: existe um número natural


maior que qualquer outro. O qual sabemos que é falso, pois N é
ilimitado.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Existe pelo menos um × existe um único
Para quantificar existencialmente de forma única, ou seja, de tal
forma que existe um elemento e este é único, será simbolizado por

∃!

Exemplo: Seja N = {1, 2, 3 . . .}

1. (∃! n ∈ N : n < 2) é verdadeira


2. (∃! n ∈ N : n! < 10) é falsa
3. (∃! n ∈ N : n + 1 > n) é falsa
4. (∃! n ∈ N : 2n é par) é falsa

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Exemplo: Seja N = {1, 2, 3 . . .}. Consideremos as seguintes proposi-
ção quantificadas:
◮ ∀n ∈ N : n < 2
◮ ∃n ∈ N : n<1
◮ ∀n ∈ N : n! < 10
◮ ∃n ∈ N : n! < 10
◮ ∀n ∈ N : n +1>n
◮ ∃n ∈ N : n +1>n
◮ ∀n ∈ N : 2n é par
◮ ∃n ∈ N : 2n é par
Determinemos a negação de cada uma delas.

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Negação de proposições quantificadas
Exemplo: Seja N = {1, 2, 3 . . .}
1. ¬ ((∀ n ∈ N : n < 2)) ⇔ (∃ n ∈ N : n > 2)
¬ ((∃ n ∈ N : n < 1)) ⇔ (∀ n ∈ N : n > 1)

2. ¬ ((∀ n ∈ N : n! < 10)) ⇔ (∃ n ∈ N : n! > 10)


¬ ((∃ n ∈ N : n! < 10)) ⇔ (∀ n ∈ N : n! > 10)

3. ¬ ((∀ n ∈ N : n + 1 > n)) ⇔ (∃ n ∈ N : n + 1 6 n)


¬ ((∃ n ∈ N : n + 1 > n)) ⇔ (∀ n ∈ N : n + 1 6 n)

4. ¬ ((∀ n ∈ N : 2n é par)) ⇔ (∃ n ∈ N : 2n não é par)


¬ ((∃ n ∈ N : 2n é par)) ⇔ (∀ n ∈ N : 2n não é par)

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Formalizando

Dada a seguinte proposição quantificada:

◮ ∀x ∈ A : p(x )

Temos que a sua negação é dada por:

∃x ∈ A : ¬p(x )

◮ ∃x ∈ A : p(x )

Temos que a sua negação é dada por:

∀x ∈ A : ¬p(x )
A noção de negação pode ser estendida para proposições que de-
pendem de n elementos:

Exemplo: Considere as seguintes proposições quantificadas:

1. (∀ n, ∃ m, n < m) é verdadeira
A sua negação:

(∃ n, ∀ m, n > m) é falsa

2. (∃ m, ∀ n, n < m) é falsa
A sua negação:

(∀ m, ∃ n, n > m) é verdadeira

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB


Bibliografia

1. Gersting, J. L.; “Fundamentos matemáticos para a Ciência da


Computação”. 7a edição, LTC, 2016.
Disponı́vel no SIGAA/Minha Biblioteca: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788521633303

2. Scheinerman, E. R.; “Matemática discreta: uma introdução”.


3a edição, Cengage Learning, 2016.
Disponı́vel no SIGAA/Biblioteca Virtual Pearson:

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522125388

3. Stein, C.; Drysdale, R.; Bogart K. “Matemática Discreta -


para Ciência da Computação”. 1a edição, Pearson, 2015.
Disponı́vel no SIGAA/Minha Biblioteca: https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/3824

4. Rosen, K. “Matemática Discreta e suas aplicações”. Editora


McGraw-Hill. 6 a edição, 2009.
Disponı́vel no SIGAA/Minha Biblioteca: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788563308399
Bibliografia Complementar

1. Menezes, P. B.; “Matemática discreta para Computação e


Informática”. 4a edição, Bookman, 2013.
Disponı́vel no SIGAA/Minha Biblioteca: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788582600252

2. Lipschutz, S., Lipson, M.; “Matemática Discreta”. 3 Edição.


Bookman. 2013.
Disponı́vel no SIGAA/Minha Biblioteca: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788565837781

3. Hunter, D.J; “Fundamentos da Matemática Discreta”. 1


Edição. LTC. 2011.
Disponı́vel no SIGAA/Minha Biblioteca: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788521635246

4. Carvalho, P.C.P., Morgado, A.C.O.; “Matemática Discreta”. 2


Edição. SBM. 2015

Matemática Discreta Profs. Kely D. Villacorta e Felipe A. Garcia DCC/CI-UFPB

Você também pode gostar