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Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do RS

Professor: Guilherme Ferreira Monteiro


E-mail: guilherme.monteiro@osorio.ifrs.edu.br

LÓGICA MATEMÁTICA

Quantificadores

Definição: chama-se sentença aberta em um conjunto A (domı́nio), uma expressão p(x) tal que

p(a) é falsa ou verdadeira para todo a ∈ A.

Exemplos: São sentenças abertas em N = {1, 2, 3, ...} as expressões: a) x + 1 > 8, b) x + 5 = 11

e c) x é divisor de 10.

Definição: o conjunto-verdade de uma sentença aberta p(x) em um conjunto A, é todo a ∈ A

tal que p(a) é uma proposição verdadeira.

Notação: Vp = {x ∈ A|p(x)} = {x ∈ A ∧ p(x) é V }

Exemplo: No item a) do exemplo anterior, Vp = {x|x ∈ N ∧ x + 1 > 8} = {8, 9, 10, ...} ⊂ N

Seja p(x) uma sentença aberta num conjunto A (A6= ∅) e seja Vp seu conjunto-verdade.

Quando Vp =A, podemos afirmar que:

i) para todo elemento x∈A, p(x) é verdadeira.

ii) qualquer que seja x de A, p(x) é verdadeira.

Notação: 1) (∀x∈A)(p(x)); 2) ∀x∈A, p(x); 3) ∀x∈A: p(x)

Observação: o domı́nio A pode ser omitido.

Vale a equivalência ∀ x∈A, p(x) ⇔ Vp =A

Dada uma sentença aberta p(x) em A, ∀ representa uma operação lógica que transforma

a sentença aberta p(x) numa proposição V ou F. A esta operação lógica dá-se o nome de

quantificação universal e ao sı́mbolo ∀ (lê-se ”para todo x”ou ”qualquer que seja x”) o de

quantificador universal.

Quando A é um conjunto finito com n elementos a1 , ..., an , a proposição ∀x∈A, p(x) equivale

à conjunção das n proposições p(a1 ),...,p(an ), isto é, ∀x∈A, p(x) ⇔ (p(a1 )∧ p(a2 )∧ ,...,∧ p(an )).

Exemplo: A proposição ∀n ∈ N, n + 3 > 7 é falsa, pois seu conjunto-verdade é

Vp = {n|n ∈ N ∧ n + 3 > 7} = {5, 6, 7...} =


6 N

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ou seja, esta proposição não é válida para todo número natural.

Quantificador Existencial

Seja p(x) uma sentença aberta em A6= ∅ e seja Vp o seu conjunto-verdade. Quando Vp 6= ∅,

então há pelo menos um elemento em A que satisfaz p(x), e podemos dizer que:

i) existe pelo menos um x∈A tal que p(x) é verdadeira.

ii) para algum x∈A, p(x) é verdadeira.

Notação: ∃x∈ A, p(x) (o domı́nio A pode ser omitido).

Vale que ∃x∈ A, p(x) ⇔ Vp 6= ∅.

Dada uma sentença p(x) em A, o sı́mbolo ∃, representa uma operação lógica que transforma

a sentença p(x) numa proposição, V ou F. A esta operação lógica dá-se o nome de quantificação

existencial e ao sı́mbolo ∃ o de quantificador existencial.

Quando A é finito e com n elementos a1 , ..., an , a proposição ∃x∈A, p(x) equivale à disjunção

das n proposições p(a1 ),...,p(an ), isto é, ∃x∈A, p(x) ⇔ (p(a1 )∨ p(a2 )∨ ,...,∨ p(an )).

Exemplo: A= {3, 4, 5} e p(x) é a sentença aberta ”x é par”. Então, ∃x∈A, p(x) ⇔ (3 é par ∨ 4

é par ∨ 5 é par)

Exemplo: a proposição: ∃n∈ N, n+5 < 3 é falsa, pois Vp = {n|n ∈ N ∧ n + 5 < 3} = ∅.

Quando há um quantificador a incidir sobre uma variável, dizemos que ela é uma variável

aparente ou muda; caso contrário, a variável diz-se livre.

Exemplo: x é variável livre na sentença aberta 3x−1 = 0, mas é variável aparente nas proposições

∀x, x+1 >x.

É frequente em Matemática o uso do Princı́pio de Substituição das Variáveis Aparentes:

Todas as vezes que uma variável aparente é substituı́da, em todos os lugares que ocupa numa

expressão, por outra variável que não figure na mesma expressão, obtém-se uma expressão

equivalente.

Exemplo: São equivalente as proposições:

(∀ Fulano)(Fulano é mortal) e (∀ x)(x é mortal)

(∃ Fulano)(Fulano é brasileiro) e (∃ x)(x é brasileiro)

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De modo geral, vale que para qualquer sentença aberta p(x) em A subsistem as equivalências:

(∀x ∈ A)(p(x)) ⇔ (∀y ∈ A)(p(y))

(∃x ∈ A)(p(x)) ⇔ (∃y ∈ A)(p(y))

Quantificador de Existência e Unicidade

Dada a sentença aberta ”x2 = 16”, temos que (4)2 = 16 = (−4)2 e 4 6= −4. Assim:

(∃x, y ∈ R)(x2 = 16 ∧ y 2 = 16 ∧ x 6= y)

Já a sentença aberta ”x3 = 27”em R gera as proposições:

i) (∃x∈ R)(x3 = 27);

ii) x3 = 27∧ y3 = 27 ⇒ x=y.

A primeira proposição diz que há pelo menos um x∈ R tal que x3 = 27; é uma proposição

de existência. A segunda proposição diz que não pode existir mais de um x∈ R tal que x3 = 27;

é uma afirmação de unicidade.

A conjunção que une estas duas proposições é denotada por ∃! e se lê: ”existe um e um só”ou

”existe um único”. Assim:

(∃!x ∈ R)(x3 = 27).

Negação de Proposições com Quantificador

A negação da proposição (∀x∈A)(p(x)) é equivalente a afirmação de que, para ao menos um

x∈A, p(x) é falsa ou ∼p(x) é verdadeira.

Vale que: ∼ [(∀x ∈ A)(p(x))] ⇔ (∃x ∈ A)(∼ p(x))

Analogamente, a negação da proposição (∃ x∈A)(p(x)) é equivalente a afirmação de que, para

todo x em A, p(x) é falsa ou ∼ p(x) é verdadeira, isto é, ∼ [(∃x ∈ A)(p(x))] ⇔ (∀x ∈ A)(∼ p(x)).

Logo, a negação transforma o quantificador universal em quantificador existencial (seguido de

negação) e vice-versa.

Exemplo: A negação de ”existe pelo menos um aluno da turma que é colorado”é a proposição

”qualquer que seja o aluno da turma, ele não é colorado”, ou seja, ”nenhum aluno da turma é

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colorado”.

Contra-exemplo

Para mostrar que uma proposição da forma (∀x∈A)(p(x)) é falsa, basta provar que sua

negação (∃x∈A)(∼p(x)) é verdadeira, isto é, que existe pelo menos um elemento x0 ∈A tal que

p(x0 ) é uma proposição falsa. x0 diz-se um contra-exemplo para a proposição (∀x∈A)(p(x)).

Exemplo: A proposição (∀n∈ N)(2n > n2 ) é falsa sendo n = 2 um contra-exemplo,já que 22 = 22 .

Os números 3 e 4 também são contra-exemplos, pois 23 < 32 e 24 = 42 . Para n = 1 e para todo

n > 4 se tem 2n > n2 .

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