Você está na página 1de 13

jpg_python

Cálculo III

Versão Colab

Link Colab

gif_python

Este material proporciona uma explicação sobre sequências, utilizando o ambiente de


programação em nuvem Google Colab e/ou o Software Jupyter Notebook. Todos os
códigos apresentados já foram implementados, portanto, não é necessário ter
conhecimento prévio de programação para utilizá-los. Sua base matemática é
amplamente fundamentada em [1], enquanto a parte de programação é baseada em [2].

Capítulo 5: Introdução ao Estudo de


Séries
As séries numéricas são sequências de números que podem ser somados ou subtraídos
em um padrão específico. Essas séries são estudadas na matemática como uma forma de
compreender as propriedades e comportamentos dos números. Elas podem ser finitas,
com um número específico de termos, ou infinitas, continuando indefinidamente. As
séries numéricas são amplamente aplicadas em diversos campos, como física, química,
economia e engenharia, para modelar fenômenos contínuos ou discretos. A
compreensão dessas séries é essencial para resolver problemas complexos e estabelecer
relações matemáticas importantes. Além disso, a análise de convergência e divergência
de séries numéricas é fundamental para determinar seu comportamento e estabelecer
suas propriedades.

5.1 Terminologia e Primeiros Exemplos

</div>

Observando π

Vamos começar nosso estudo sobre séries observando o famoso número


π = 3, 14159265358979323846264338327950288...

É sabido que este trata-se de um número irracional e, portanto, π não admite uma
p
representação fracionária da forma q
, p, q ∈ Z, q ≠ 0 . Contudo, podemos tomar π
como uma soma de infinitas frações:

1 4 1 5 9
π = 3 + + + + + +. . .
2 3 4 5
10
10 10 10 10

Associado à soma dada podemos tomar a sequência:

1 4 1 5 9
a1 = 3, a2 = , a3 = , a4 = , a5 = , a6 = ,...
2 3 4 5
10
10 10 10 10

Séries

A soma de termos de uma sequência (a n) dada por a 1 + a2 + a3 + … + an + … será


denotada por:

∑ an = a1 + a2 + a3 + … + an + …

n=1

Em alguns casos mais explícitos indicaremos apenas ∑ a ao invés de ∑ .



n an
n=1

Quais séries nos interessam?

De modo geral estamos interessados em séries que apresentem uma soma finita, isto é,

∑ an = a1 + a2 + a3 + … + an + … = S, − ∞ < S < ∞

n=1

Neste caso, diremos que a série é convergente. Do contrário a série será divergente.

Exemplo 1

Das aulas do ensino médio sobre progressões geométricas (PG) foi visto que:


1 1 1 1 1 1 1 1 1
∑ = + + + … + + … = + + + … + + … = 1.
n 1 2 3 n n
2 2 2 4 8 2
n=1 2 2 2
Isto é, a série ∑ converge para 1.
∞ 1
n
n=1
2

Exemplo 2

Não é difícil ver que a série:

∑n = 1 + 2 + 3 + … + n + …

n=1

apresenta soma infinita, jsto é, ∑ sendo, portanto, divergente.



n = ∞
n=1

Somas Parciais

Dada uma série infinita da forma

∑ an = a1 + a2 + a3 + … + an + …

n=1

Denotaremos por s as chamadas somas parciais:


n

s1 = a1

s2 = a1 + a2

s3 = a1 + a2 + a3

⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮

sn = a1 + a2 + … + an

Exemplo 3

Voltando às séries dos Exemplos 1 e 2, temos as seguintes somas parciais:


1 1 1 1 3 1 1 1 7
∑ ⇒ s1 = , s2 = + = , s3 = + + = ,…
n
2 2 2 4 4 2 4 8 8
n=1

∑ n ⇒ s1 = 1, s2 = 1 + 2 = 3, s3 = 1 + 2 + 3 = 6, …

n=1

Note que, ao passo que a série ∑ gera uma sequência de somas parciais s se
∞ 1
n n
n=1 2
aproximando de 1 (conforme ensino médio...) a série ∑ gera uma uma sequência

n
n=1

de somas parciais s explosiva.


n

Exemplo 4

Uma outra série não convergente é a série alternada

n n
∑(−1) = −1 + 1 − 1 + … + (−1) + …

n=1

Note que S 1 , ,
= −1 S2 = −1 + 1 = 0 S3 = −1 + 1 − 1 = −1 ,
S4 = −1 + 1 − 1 + 1 = 0 , isto é, S n = −1 se n é ímpar e S n = 0 se n é par. Sendo
assim a série não converge para valor algum.

No PC: Estimando o valor das séries infinitas ∑ ,∑ e


∞ 1 ∞
n
n
n=1 2 n=1
∞ n
∑ (−1)
n=1

O código a seguir apresenta as somas parciais associadas às séries ∑ ,∑ e


∞ 1 ∞
n
n
n=1 2 n=1

.

n
∑ (−1)
n=1

Código 1

In [15]: def somar_termos(n):


soma = 0

# Calcular a soma dos n primeiros termos da sequência


for i in range(1, n + 1):
a_i = a_n(i)
soma = soma + a_i

return soma

# Função que define a sequência (substitua pela sua própria sequência)


def a_n(n):
return 1/(2**n) #### Mude aqui para "n" e para "(-1)**n" para os Exemplos 2

# Número de termos a serem somados


n = 1000

# Chama a função para calcular a soma dos termos


soma = somar_termos(n)

# Imprime o resultado
print("Soma dos", n, "primeiros termos:", soma)

Soma dos 1000 primeiros termos: 1.0

Considerando a série ∑ percebemos algo bem interessante ao compilarmos o


∞ 1
n
n=1 2

código acima. Para n = 10 temos uma soma parcial


s10 = a1 + a2 + … + a10 = 0.9990234375 . Mudando para n = 50 temos
s50 = a1 + a2 + … + a50 = 0.9999999999999991

que é bem próximo do valor limite 1. Ao lançarmos 100 ou maior temos que s n≥100
= 1 .
Isto ocorre devido a erros de arredondamente. Em teroria não se pode atingir o valor 1
ao somarmos apenas uma parcela finita de termos. Sendo assim, tome bastante cuidado
ao fazer estimativas usando instrumentos computacionais.

5.2 Séries Convergentes

</div>

A terminologia apresentada na seção anterior se resume à seguinte definição:

Definição 1

Dada uma série ∑ , denote por s sua n-ésima



an = a1 + a2 + a3 + … + an + … n
n=1

soma parcial:

sn = ∑ a i = a 1 + a 2 + a 3 + … + a n .

i=1

Se a sequência (s n
) for convergente e lim n→∞
sn = s em que s é real, então a série
∑ an é chamada convergente, e escrevemos

∑ an = s

n=1

O número s é chamado a soma da série. Se a sequência (s n) é divergente, então a série


é chamada divergente.

Exemplo 5

Determine a soma de uma série ∑ na qual a soma dos seus n primeiros termos é:

an
n=1

2n
sn = a 1 + a 2 + … + a n = .
3n + 5

Solução:
Temos que

2n 2n 2 2
s = limn→∞ sn = limn→∞ = limn→∞ = limn→∞ = =
5
3n + 5 5 3 + 0
n (3 + ) 3 +
n
n

Exemplo 6

Obtenha os 3 primeiros termos da sequência associada à soma parcial s dada


2n
n =
3n+5

no Exemplo 5. Encontre uma forma simples de determinar o termo da sequência


associada a . n

Solução:

Temos que

2 ⋅ 1 2
s1 = a 1 = =
3 ⋅ 1 + 5 8

Continuando, temos

2 ⋅ 2 2 4 2 5
s2 = a 1 + a 2 ⇒ a 2 = s2 − a 1 = − = − =
3 ⋅ 2 + 5 8 11 8 44

2 ⋅ 3 2 ⋅ 2 6 4
s3 = a 1 + a 2 + a 3 = s2 + a 3 ⇒ a 3 = s3 − s2 = − = − =
3 ⋅ 3 + 5 3 ⋅ 2 + 5 14 11 7

Pode-se notar que, o termo a pode ser obtido considerando a diferença


n

an = sn − sn−1 uma vez que

sn − sn−1 = (a1 + a2 + … + an−1 + an ) − (a1 + a2 + … + an−1 )

Portanto,

2
2n 2(n − 1) 2n(3n + 2) − 2(n − 1)(3n + 5) 6n
an = sn − sn−1 = − = =
3n + 5 3(n − 1) + 5 (3n + 5)(3n + 2)

Observação 1

De modo geral é bastante complicado obtermos uma fórmula finita s a partir da soma n

a1 + a2 + … + an como a apresentada no Exemplo 5. Por outro lado, a obtenção da


sequência a a partir da soma parcial s é bastante simples bastando calcular a
n n

diferença s n
− sn−1 .

No PC: Estimando o valor limite de s por somas parciais de


2n
n =
3n+5
10
an =
(3n+5)(3n+2)

Código 2

In [9]: def somar_termos(n):


soma = 0

# Calcular a soma dos n primeiros termos da sequência


for i in range(1, n + 1):
a_i = a_n(i)
soma = soma + a_i

return soma

# Função que define a sequência (substitua pela sua própria sequência)


def a_n(n):
return 10/((3*n+5)*(3*n+2))

# Número de termos a serem somados


n = 1000

# Chama a função para calcular a soma dos termos


soma = somar_termos(n)

# Imprime o resultado
print("Soma dos", n, "primeiros termos:", soma)

Soma dos 1000 primeiros termos: 0.6655574043261224

Aplicando para n = 10, 100 e 1000, temos: s 10


= 0.5714285714285715 ,
,
s100 = 0.6557377049180337 s1000 = 0.6655574043261245 . Note que os valores se
aproximam do valor obtido no Exemplo 5, o que serve de indicativo que o limite
2

calculado "parece" correto.

Cuidado!!!

Vale sempre ressaltar que o software nos aponta um possível caminho. Uma vez que
estamos trabalhando em um contexto de uma soma de infinitos termos é bem possível
que erros aconteçam, como no Código 1 aplicado ao Exemplo 1 que o valor 1 foi
atingido (erroneamnte) com apenas 100 parcelas da soma . Sendo
1 1 1
+ + + …
2 4 8

assim, evite usar o software para se certificar que um valor obtido seja um limite. Ao
invés disso, use o softwares para rejeitar. Imagine que um valor de limite obtido
algebricamente seja 3. Mas ao somar muitos e muitos termos, com um software,
parecemos estar nos aproximando de 5. Neste caso é mais seguro voltarmos às contas e
verificarmos se não cometemos erros. De qualquer forma, estimativas numéricas nunca
são 100% eficazes, na verdade bem longe de 100%!!!
Dica

Atualmente muitas plataformas online contam com uma "inteligência" relativamente boa
a ponto de nos fornecerem o valor de somas para algumas séries. É o caso da
plataforma Wolfram Alpha. O print a seguir apresenta o valor da série
.
∞ 10

n=1 (3n+5)(3n+2)

jpg_python

Vale ressaltar que podemos utilizar o valor de s para estimar o valor da soma
2n
n
=
3n+5

mais diretamente. Contudo, são raros os casos que teremos acesso ao termos s . Em n

boa parte dos casos seremos forçados a estudar a convergência de uma série apenas
observando os temos da soma a 1 + a2 + a3 + … ao invés de s . O código a seguir
n

apresenta os termos de ordem 100, 1000 e 10000 associados à soma parcial s .


2n
n
=
3n+5

No PC: Estimando o valor limite da sequências s


2n
n =
3n+5

In [16]: # Soma parcial


def s_n(n):
return (2*n)/(3*n+5)

# Exibição de avaliações pontuais


print(s_n(100))
print(s_n(1000))
print(s_n(10000))

0.6557377049180327
0.6655574043261231
0.6665555740709882

Novamente, podemos usar a plataforma Wolfram Alpha diretamente em s . Neste caso n

devemos entrar somente com o limite e não com o ∑.

jpg_python

Exemplo 7

Calcule a soma da série


1
∑ .
n(n + 1)
n=1

Dica: Use a simplifcação em fração parcial

k k k
= +
(n − n0 )(n − n1 ) (n0 − n1 )(n − n0 ) (n1 − n0 )(n − n1 )
Solução:

Tomando k ,
= 1 n0 = 0 en 1 = −1 , temos que:

1 1 1 1 1
= + = − .
n(n + 1) (0 − (−1))(n − 0) (−1 − 0)(n − (−1)) n n + 1

Note que

n n
1 1 1 1 1 1 1 1 1
sn = ∑ = ∑( − ) = ( − ) + ( + ) + ( − )
i(i + 1) i i + 1 1 2 2 3 3 4
i=1 i=1

Portanto,


1 1
∑ = limn→∞ sn = limn→∞ (1 − ) = 1.
n(n + 1) n + 1
n=1

Observação 2

Podemos recorrer aos códigos anteriores para estimar a soma da série ∑ .


∞ 1

n=1
n(n+1)

Podemos fazê-lo de dois modos:

i) Usando as somas dos termos das séries;

ii) Usando a soma parcial obtida ao final do Exemplo 7.

Ambos casos são mostrados a seguir considerando n ,


= 100 n = 1000 en = 10000 .

In [36]: def somar_termos(n):


soma = 0

# Calcular a soma dos n primeiros termos da sequência


for i in range(1, n + 1):
a_i = a_n(i)
soma = soma + a_i

return soma

# Função que define a sequência (substitua pela sua própria sequência)


def a_n(n):
return 1/(n*(n+1))

# Número de termos a serem somados


n = 100

# Chama a função para calcular a soma dos termos


soma = somar_termos(n)
# Imprime o resultado
print("Soma dos", n, "primeiros termos:", soma)

Soma dos 100 primeiros termos: 0.9900990099009898

In [35]: # Soma parcial


def s_n(n):
return 1-1/(n+1)

# Exibição de avaliações pontuais


print(s_n(100))
print(s_n(1000))
print(s_n(10000))

0.9900990099009901
0.999000999000999
0.9999999900000001

Nota-se uma certa divergências entre os resultados obtidos, ainda que pequena.
Expressamos os resultados obtidos na tabela a seguir:

∞ 1
n ∑ sn
n=1
n(n+1)

100 0.9900990099009898 0.9900990099009901

1000 0.9990009990009997 0.999000999000999

10000 0.9999000099990007 0.9999000099990001

Qual dos resultados obtidos é o mais preciso o obtido pela soma dos termos
ou o resultado obtido por meio das sequência de somas parciais s ?
∞ 1
∑ n
n=1 n(n+1)

Obviamente, o segundo resultado é mais preciso que o primeiro pois o mesmo é


resultante de duas ou três operações enquanto o segundo provém de inúmeras
operações nas quais cada uma gera erros computacionais que são propagados. Além
disso, o resultado obtido usando s é muito mais rápido que o resultado obtido a partir
n

de ∑ . Para comprovar esta última informação teste ambos códigos para


∞ 1

n=1
n(n+1)

n = 100000000 .

Exercícios

</div>

Exercício 1

Calcule as somas das séries a seguir dadas suas somas parciais s : n

a) s b) s
n −1
n
n = 2 − 3(0.8) n =
2
4n +1

Exercício 2
Calcule os oito primeiros termos da sequência de somas parciais corretas para quatro
casas decimais. Parece que a série é convergente ou divergente?

a) ∑ b) ∑ c) ∑ d) ∑
∞ 1 ∞ 1 ∞ n ∞ 3

n=1 3 n=1 ln(n+1) n=1 n=1 n!


n 1+√n

Dica

Lembre-se que

s1 = a 1 ,
s2 = a 1 + a 2 = s1 + a 2 ,
s3 = a 1 + a 2 + a 3 = s2 + a 3

sn = sn−1 + an

Caso esteja usando uma calculadora calcule apenas 3 ou 4 termos e veja se estão
batendo com o resultado. Para calcular os 8 termos pode-se usar o Código 4 a seguir.
Edite apenas a parte a frente do **return** "1/n". Além disso,

ln(n + 1) = math.log(n+1)
√n = math.sqrt(n)
n! = math.factorial(n)

Código 7

In [ ]: import math
def somar_termos(n):
soma = 0

# Calcular a soma dos n primeiros termos da sequência


for i in range(1, n + 1):
a_i = a_n(i)
soma = soma + a_i

return soma

# Função que define a sequência (substitua pela sua própria sequência)


def a_n(n):
return 1/n # <---- Edite apenas a função

# Imprime o resultado
for n in range(1,9):
print(round(somar_termos(n),4))

Exercício 3

Considere a sequência a .
n+1
n =
2n+3

a) Determine se (a n) é convergente.

b) Determine se ∑ é convergente.

n=1
Respostas Finais

</div>

Respostas do Exercício 1

a) 2, b)
1

Respostas do Exercício 2

a) s 1
, , ,
= 1 s2 = 1.25 s3 = 1.162 s4 = 1.1777 s5 = 1.1857 s6 = 1.903 s7 = 1.1932 , , ,
es 8 = 1.1952 . A série em questão parece convergir.

b) s 1
, , ,
= 1.4427 s2 = 2.3529 s3 = 3.0743 s4 = 3.6956 s5 = 4.2537 s6 = 4.7676 , , ,
s7 = 5.2485 e 8 = 5.7036 . A série em questão parece divergir.

c) s 1 , , ,
= 0.5 s2 = 1.3284 s3 = 2.4265 s4 = 3.7598 s5 = 5.3049 s6 = 7.0443 , , ,
s7 = 8.9644 es 8
= 11.054 . A série em questão parece divergir.

d) s 1 , , ,
= 3.0 s2 = 4.5 s3 = 5.0 s4 = 5.125 s5 = 5.15 s6 = 5.1542 s7 = 5.1548 , , , e
s8 = 5.1548 . A série em questão parece convergir.

Respostas do Exercício 3

a) Sequência convergente para , b) Série divergente.


1

Vídeo Aulas

</div>

Clicando nos links a seguir você será redirecionado às aulas referentes a este capítulo.

Introdução ao Estudo de Séries Numéricas

Somas Parciais de Uma Série Numérica

Séries Convergentes - Parte 1

Séries Convergentes - Parte 2

Exemplo de Cálculo da Soma de Uma Série

Referências

</div>
[1] STEWART, James. Cálculo, Volume 2. 7ª edição. São Paulo: Cengage Learning, 2013.

[2] SOARES, Allan S. Curso Python Com Jupyter Notebook, 2023. Disponível em
https://github.com/Allanifba/Curso_Python_Com_Jupyter_Notebook

Você também pode gostar