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H. Clark
Lição 4 – Sequências e Limites C. Vinagre
Introdução
O
Sequências de Números Reais
ÇA˜
Definição 4.1 Uma sequência ou sucessão de números reais é uma função
x definida em N e tomando valores x(n) em R. Ou seja, x : N → R tal que
n 7→ x(n) é uma função.
A
Em todas as Lições as sequências serão de números reais. Portanto,
R
por simplicidade serão chamadas apenas sequências ou sucessões.
A
Dada uma sequência x : N → R, usa-se a notação xn em lugar de
x(n) para denotar o valor de x em n ∈ N. Os valores xn são chamados os
EP
(ii) a sucessão (yn )n∈N onde yn = 1/n, n ∈ N, tem infinitos termos (1, 1/2,
1/3, . . . , 1/100, . . . , 1/n, . . . ), mas neste caso, o conjunto {1/n; n ∈ N}
tem, também, infinitos elementos.
1
Sequências e Limites
Elementos
de
Análise pode ser facilmente deduzida a partir do conhecimento de seus primeiros
Real termos, é também comum listar-se os termos da sequência até que a regra
de formação pareça evidente. Assim, a sequência dos números ı́mpares pode
ser apresentada na forma (1, 3, 5, . . . ) ou como (2n − 1)n∈N .
Uma sequência pode também ser definida especificando-se o valor de
x1 e fornecendo-se uma fórmula para xn+1 em função de xn , para n ≥ 1.
Mais geralmente, para p ∈ N dado, podem-se especificar os valores de x1 ,
x2 ,. . . , xp e fornecer-se uma fórmula para xn em função de xn−1 ,. . . , xn−p ,
para n ≥ p + 1. Nos casos em que uma sequência é definida dessa forma,
quase sempre tem-se p ≥ 3. Diz-se, nestes casos, que a sequência está
O
definida recursivamente ou indutivamente. Um exemplo disso é obtido na
definição da sequência (1/2n ) na forma
ÇA˜
1 xn
x1 = , xn+1 = para n ≥ 1.
2 2
número natural n0 = n0 (ϵ) tal que, para todo natural n > n0 (ϵ), xn satisfaz
EP
|xn − L| < ϵ.
Diz-se que uma sequência possui limite, quando existe um número real
L que é seu limite; neste caso diz-se que ela é convergente; caso contrário
PR
xn → L quando n → ∞.
EM
2
Sequências e Limites
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O
utilização.
ÇA˜
Lembre-se que para x, L, ϵ ∈ R, ϵ > 0, |x − L| < ϵ equivale a x ∈
(L−ϵ, L+ϵ). Assim, a Definição 4.2 pode ser expressa na forma: a sequência
(xn )n∈N converge para L se, e somente se, para cada ϵ > 0, existe n0 ∈ N
tal que para todo n ∈ N, se n > n0 então xn ∈ (L − ϵ, L + ϵ).
A
Em termos coloquiais, a definição de limite pode ser formulada da
R
seguinte maneira: a sequência (xn )n∈N converge para L quando para cada
ϵ > 0, cada intervalo aberto (L − ϵ, L + ϵ) contém todos os termos xn da
A
sequência a partir do ı́ndice n0 , que depende de ϵ, ou seja, xn ∈ (L − ϵ, L + ϵ)
EP
para L = 0.
1 1 1
−0 = < < ϵ.
n n n0
3
Sequências e Limites
Elementos
de
Análise Seja (ou suponha) ϵ > 0 onde ϵ ∈ R (1)
Real Pela Propriedade Arquimediana(2) , existe um natural n0 > . . . · (3)
O
para todo n ∈ N, se n > n0 então |xn − L| < ϵ.
ÇA˜
(1) Se for possı́vel provar o que se deseja para um ϵ > 0 arbitrário fixado,
o enunciado valerá para todo ϵ, como se quer. Reveja a Lição 01.
(2) Reveja a Proposição 2.5!
(3) Número relacionado com a sequência, a ser encontrado
A
num procedimento algébrico preliminar. No caso das sequências,
R
na maior parte das vezes a existência deste n0 será garantida pela
Propriedade Arquimediana.
A
Exemplo 4.2 Mostrar, por meio da definição, que a sequência (xn )n∈N
dada por xn = n/(3n + 1) converge para L = 1/3.
PR
4
Sequências e Limites
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n 1 3n − 3n − 1 −1 1 1
− = = = < (⋆)
3n + 1 3 3n + 1 9n + 3 9n + 3 9n
O
1 1
Como n > n0 > então < ϵ. Portanto, de (⋆) tem-se
ÇA˜
9ϵ 9n
n 1 1
− < < ϵ.
3n + 1 3 9n
A
Mostrou-se assim que: para todo número real ϵ > 0, existe n0 ∈ N tal para
todo n ∈ N, se n > n0 então
R
n 1
− < ϵ.
A
3n + 1 3
EP
n 1
Daı́ conclui-se, pela Definição 4.2, que lim = .
n→∞ 3n + 1 3
Entenda que o n0 encontrado depende da majoração que se faz em (⋆). Não
PR
existe uma resposta única para este n0 . Mas você deve apresentar uma justifi-
cativa de que a sua escolha está correta, assim como foi feito acima.
lim = ,
n→∞ 3n + 1 3
de modo geral, espera-se que o aluno use as chamadas propriedades operatórias
de limite. Lá, após o estudo de tais propriedades, o procedimento seria o
seguinte:
n n/n
lim = lim
n→∞ 3n + 1 n→∞ 3n/n + 1/n
1 lim 1 1 1
n→∞
= lim = = = .
n→∞ 3 + 1/n lim 3 + lim 1/n 3+0 3
n→∞ n→∞
5
Sequências e Limites
Elementos
de
Análise n2 − 1 1
Exemplo 4.3 Mostrar, por meio da definição, que lim = .
n→∞ 2n2 + 1 2
Real
Solução: 1a etapa: Procedimento algébrico para encontrar um n0 : Para
n2 − 1 1
ϵ > 0, procura-se natural n0 tal que, se n > n0 então 2
− < ϵ.
2n + 1 2
Ora,
n2 − 1 1 2n2 − 2 − 2n2 − 1 −3 3 3 3
− = = = < 2 < .
2n2 + 1 2 2(2n2 + 1) 4n2 + 2 4n2 + 2 4n 4n
E daı́
3 3
<ϵ ⇔n> .
O
4n 4ϵ
Assim, o n0 procurado é um número natural tal que n0 > 3/4ϵ. Fim do
ÇA˜
procedimento preliminar!
2a etapa: Prova formal: Seja ϵ > 0 onde ϵ ∈ R.
3
Pela Propriedade Arquimediana existe um natural n0 > . (∗)
Suponha que n ∈ N satisfaz n > n0 . A 4ϵ
(∗∗)
R
Então
n2 − 1 2n2 − 2 − 2n2 − 1 −3
A
1 3 3 3
2
− = = = 2 < 2 < .
2n + 1 2 2(2n2 + 1) 2(2n2 + 1) 4n + 2 4n 4n
EP
Logo
n2 − 1 1 3
2
− < < ϵ.
2n + 1 2 4n
Mostrou-se assim que: para todo número real ϵ > 0, existe n0 ∈ N tal para
EM
n2 − 1 1
2
− < ϵ.
2n + 1 2
n2 − 1 1
Daı́, pela definição de limite, escreve-se lim = .
n→∞ 2n2 + 1 2
√
Observação: Também se poderia ter tomado n0 > 3/4ϵ. Verifique!
A seguir, propriedades básicas de sequências, com demonstrações sim-
ples, são apresentadas. Estude-as cuidadosamente para entender os ra-
ciocı́nios e aprender as técnicas.
6
Sequências e Limites
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O
ϵ ϵ
|L1 − L2 | = |(L1 − xn ) + (xn − L2 )| ≤ |L1 − xn | + |xn − L2 | < + = ϵ.
2 2
ÇA˜
Mostrou-se assim que, para cada ϵ > 0, vale |L1 − L2 | < ϵ. O Exemplo 1.3
da Lição 01 permite concluir que |L1 − L2 | = 0, ou seja, que L1 = L2 .
(d) Seja (an )n∈N uma sequência de elementos positivos tal que lim an = 0.
PR
Se (xn )n∈N é uma sequência em R tal que para alguma contante C > 0
e algum M ∈ N se tem |xn − L| ≤ Can para todo n > M então
lim xn = L.
EM
Prova: (a) O enunciado deste item é somente uma outra maneira de re-
escrever a Definição 4.2. De fato, (xn )n∈N convergir para L equivale, pela
Definição 4.2, à afirmação
7
Sequências e Limites
Elementos
de
Análise Tome este n0 e suponha que n > n0 . Pela desigualdade triangular e por (∗),
Real tem-se ||xn | − |L|| ≤ |xn − L| < ϵ. Portanto, para cada ϵ > 0, existe n0 tal
que, para todo natural n ∈ N, se n > n0 então ||xn | − |L|| < ϵ. Logo, pela
Definição 4.2, |xn | → |L| quando n → ∞.
Tome este n0 e suponha que n > n0 . Então |xn | < ϵ, por (2∗). Assim, para
O
todo ϵ > 0 existe natural n0 tal que para todo natural n > n0 , tem-se que
ÇA˜
|xn − 0| = |xn | < ϵ. Logo, xn → 0 quando n → ∞.
Em particular, pelo item (a), xn → L se, e somente se, (xn − L) → 0,
que, por sua vez, vale se, e somente se, (|xn − L|) → 0.
A
(d) Por hipótese, lim an = 0 com an > 0 para todo n ∈ N e (xn )n∈N é uma
sequência que satisfaz |xn − L| < Can , para todo natural n > M , onde
R
L, C ∈ R, C > 0 e M ∈ N são constantes dadas. Seja ϵ > 0 um número
A
real arbitrariamente fixado. Como ϵ/C > 0, a primeira das hipóteses e a
Definição 4.2 garantem, para este real > 0, a existência de n01 ∈ N tal que
EP
ϵ
para todo n ∈ N, se n > n01 então |an | = an < . (3∗)
C
Tome n0 = max{M, n01 } e suponha n > n0 . Então de (3∗) e do restante
PR
( )
da hipótese, segue que |xn − L| ≤ Can < C Cϵ = ϵ.
Mostrou-se para todo ϵ > 0 que existe n0 ∈ N tal que para todo
natural n, se n > n0 então |xn − L| < ϵ. Pela Definição 4.2, fica provado
EM
que lim xn = L.
No exemplo a seguir, há alguns resultados onde as afirmações da Pro-
posição 4.1 serão utilizadas para auxiliar a demonstração da convergência
de algumas sequências, que aparecerão no decorrer deste estudo.
1
Exemplo 4.4 (a) Se a > 0 então lim = 0. De fato, tem-se que
n→∞ 1 + na
( )
1 1 1
−0 ≤ para todo n ∈ N.
1 + na a n
(b) Se 0 < b < 1 então lim bn = 0. De fato, como 0 < b < 1 então 1/b > 1,
n→∞
ou seja, 1/b = 1 + a onde a = 1/b − 1 > 0. Portanto, pode-se escrever
8
Sequências e Limites
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C. Vinagre
1 1 1
0 < bn = n
≤ < para todo n ∈ N .
(1 + a) 1 + na na
O
c1/n = 1 + dn , onde dn = c1/n − 1 > 0. Daı́ e pela desigualdade de Bernoulli
ÇA˜
c = (1 + dn )n ≥ 1 + ndn para todo n ∈ N.
Suponha, enfim, que 0 < c < 1. Então para cada n ∈ N, c1/n < 1 e
portanto, 1/c1/n > 1. Tem-se então que para cada n ∈ N, c1/n = 1/(1 + hn ),
onde hn = c−1/n − 1 > 0. De novo, a desigualdade de Bernoulli garante que
PR
1 1 1
c= n
≤ < para todo n ∈ N,
(1 + hn ) 1 + nhn nhn
EM
donde se deduz que 0 < hn < 1/nc para todo n ∈ N. Daı́ obtém-se
hn 1
0 < 1 − c1/n = < hn < para todo n ∈ N,
1 + hn nc
de modo que
( )
1 1
|c1/n
− 1| = 1 − c
1/n
< para todo n ∈ N.
c n
9
Sequências e Limites
Elementos
de
Análise Algumas propriedades básicas de limites
Real
Do que foi estudado na Lição 02, pode-se provar que: um conjunto X
é limitado se, e somente se, existe um número real c ≥ 0 tal que, para todo
x ∈ X tem-se |x| ≤ c (faça como exercı́cio).
O
Prova: Como, por hipótese, existe L ∈ R tal que lim xn = L, por definição,
ÇA˜
no caso particular de ϵ = 1, existe n0 ∈ N tal que |xn − L| < 1 para todo
n > n0 . Daı́ e da desigualdade triangular obtém-se
|xn | = |xn − L + L| ≤ |xn − L| + |L| < 1 + |L| para todo n > n0 . (⋆)
A
Portanto, de (⋆) e se M = max{|x1 |, |x2 |, . . . , |xn0 |, 1 + |L|} então |xn | ≤ M
R
para todo n ∈ N. Logo, tem-se o resultado desejado.
A
Definição 4.4 Dadas as sequências (xn )n∈N e (yn )n∈N , define-se as sequências
soma, diferença, produto e quociente de (xn )n∈N e (yn )n∈N por
• (xn )n∈N + (yn )n∈N = (xn + yn )n∈N ;
EM
Teorema 4.3 Sejam (xn )n∈N e (yn )n∈N sequências que convergem para L1
e L2 , respectivamente. Então
10
Sequências e Limites
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(5) lim (xn /yn ) = lim xn / lim yn = L1 /L2 desde que yn ̸= 0 para todo
n→∞ n→∞ n→∞
n ∈ N e L2 ̸= 0.
O
Daı́ e de (∗), já que n > n1 e n > n2 segue que
ÇA˜
ϵ ϵ
|(xn + yn ) − (L1 + L2 )| ≤ |xn − L1 | + |yn − L2 | <
+ = ϵ.
2 2
Assim, pode-se afirmar que |(xn + yn ) − (L1 + L2 )| < ϵ, para todo ı́ndice
n > n0 .
A
Pela arbitrariedade de ϵ > 0 provou-se então que: para todo ϵ > 0,
existe n0 ∈ N tal que, para todo n ∈ N se n > n0 então |(xn + yn ) − (L1 +
R
L2 )| < ϵ. Pela Definição 4.2, tem-se que (xn + yn )n∈N converge para L1 + L2 .
A
EP
Seja ϵ > 0. Como M > 0 então ϵ/2M ∈ R. Por hipótese e Definição 4.2,
para o real positivo ϵ/2M em particular, existem n1 ∈ N e n2 ∈ N tais que
ϵ ϵ
|xn −L1 | < para todo n > n1 e |yn −L2 | < para todo n > n2 .
2M 2M
EM
(∗)
Tome n0 = max{n1 , n2 } e seja n > n0 . Então n > n1 e n > n2 . Usando a
desigualdade triangular e propriedades de módulo obtém-se
11
Sequências e Limites
Elementos
de
Análise Provou-se então que: para todo ϵ > 0, existe n0 ∈ N tal que, para
Real todo n ∈ N, se n > n0 então |(xn yn ) − (L1 L2 )| < ϵ. Pela Definição 4.2,
tem-se que (xn yn )n∈N converge para L1 L2 .
A prova de que cxn → cL1 quando xn → L1 , segue imediatamente
do que acabou de ser provado, considerando-se o caso particular em que
(yn )n∈N é a sequência constante (c, c, c, . . . ).
O
|L2 | ϵ|L2 |2
|yn − L2 | < para todo natural n > n1 e |yn − L2 | < para todo
2 2
ÇA˜
natural n > n2 .
Tome-se o natural n0 = max{n1 , n2 } e fixe-se natural n > n0 . Logo
n > n1 e n > n2 . Ora,
L2 − yn
1
−
yn L2
1
=
L 2 yn
=
1
|yn L2 |
|yn − L2 | = A 1 1
|yn | |L2 |
|yn − L2 |. (∗)
R
|L2 |
Sendo n > n1 tem-se |L2 − yn | = |yn − L2 | < . Por propriedade de
A
2
|L2 | |L2 |
módulo, vem que |L2 | − |yn | ≤ |L2 − yn | < e daı́ segue que < |yn |.
EP
2 2
1 2
Logo, < , pois yn ̸= 0 eL2 ̸= 0. Usando isto em (∗) tem-se
|yn | |L2 |
PR
1 1 1 1 2 1 2
− = |yn − L2 | < |yn − L2 | = |yn − L2 |
yn L2 |yn | |L2 | |L2 | |L2 | |L2 |2
n>n2 2 ϵ|L2 |2
< = ϵ.
|L2 |2 2
EM
Mostrou-se então que: para todo ϵ > 0 existe ı́ndice n0 tal que, para todo
1 1
natural n, se n > n0 então − < ϵ. Pela Definição 4.2, fica provado
yn L2
1 1
que lim = .
n→∞ yn L2
(5) Considerando as hipóteses dadas, a prova de que xn /yn → L1 /L2 segue,
agora, do fato que (xn /yn )n∈N = (xn · (1/yn ))n∈N e dos itens (3) e (4), pois
(x ) [ ( 1 )] (1) ( 1 ) L
n 1
lim = lim (xn ) = lim xn lim = L1 = .
n→∞ yn n→∞ yn n→∞ n→∞ yn L2 L2
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Sequências e Limites
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O
(c) Seja (xn )n∈N uma sequência de números reais que converge para L ∈ R.
ÇA˜
Seja p um polinômio, isto é,
A
onde k ∈ N e aj ∈ R, j = 0, 1, . . . , k. Então a sequência (p(xn )) converge
para p(L).
R
Segue do Teorema 4.3. Os detalhes são deixados como exercı́cio.
A
(d) Seja (xn )n∈N uma sequência convergente para L ∈ R. Seja r uma função
EP
racional, isto é, r(t) = p(t)/q(t), onde p e q são polinômios. Suponha que
q(xn ) ̸= 0 para todo n ∈ N e q(L) ̸= 0. Então a sequência (r(xn )) converge
para r(L).
PR
(e)
5n3 − 2n + 3 5
lim = .
n→∞ 2n3 + 3n2 + 1 2
EM
5n −2n+3
3
Chamando an = 2n 3 +3n2 +1 , para poder aplicar o Teorema 4.3 é ne-
5 − 2(lim(1/n))2 + 3(lim(1/n))3 5
= = .
2 + 3 lim(1/n) + (lim(1/n))3 2
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Sequências e Limites
Elementos
de
Análise Limites e desigualdades
Real
Proposição 4.2 Se (xn )n∈N é uma sequência convergente e xn ≥ 0 para
todo n ∈ N então L = lim xn ≥ 0.
n→∞
Prova: Suponha por absurdo que L < 0. Então ϵ = −L > 0. Como (xn )n∈N
converge para L, existe um número natural n0 tal que |xn − L| < ϵ para
todo n > n0 . Isto equivale a 2L = L − ϵ < xn < L + ϵ = 0 para todo n > n0 .
Em particular, xn0 +1 < 0, o que contradiz a hipótese de que xn ≥ 0
para todo n ∈ N.
O
Corolário 4.1 Sejam (xn )n∈N e (yn )n∈N sequências convergentes. Se xn ≤
yn para todo n ∈ N então lim xn ≤ lim yn .
ÇA˜
n→∞ n→∞
n→∞
Teorema 4.4 (Teorema do Sanduı́che) Sejam (xn )n∈N , (yn )n∈N e (zn )n∈N
sequências tais que xn ≤ yn ≤ zn para todo n ∈ N, e que lim xn = lim zn .
n→∞ n→∞
Então (yn )n∈N é convergente e lim xn = lim yn = lim zn .
n→∞ n→∞ n→∞
EM
14
Sequências e Limites
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C. Vinagre
Teorema 4.5 (Teste da razão) Seja (xn ) uma sequência de termos posi-
tivos tal que R = lim (xn+1 /xn ) existe. Se R < 1 então (xn )n∈N converge
n→∞
e lim xn = 0. Por outro lado, se R > 1 então (xn )n∈N é divergente.
n→∞
O
xn+1
< R + ϵ = R + (s − R) = s para todo n > n0 .
xn
ÇA˜
Segue que xn+1 < xn s para cada n > n0 . Repetindo este processo, resulta
x +1 n+1
0 < xn+1 < xn s < xn−1 s2 < · · · < xn0 +1 sn−n0 = snn00+1 s para todo
n > n0 . Seja C0 = xn0 +1 /s n 0 +1 . Então 0 < xn+1 < C0 s n+1 para todo
n
A
n > n0 . Ou seja, 0 < xn < C0 s para todo n > n0 + 1. Como 0 < s < 1
então o Exemplo 4.4 (b) assegura que lim sn = 0. Aplicando-se então o
n→∞
R
Teorema 4.4 resulta que lim xn = 0.
n→∞
Suponha agora que R > 1. Tomando b ∈ R tal que 1 < b < R e
A
xn+1
> R − ϵ = R − (R − b) = b para todo n > n0 .
xn
Segue daı́ que xn+1 > bxn para todo n > n0 . Portanto,
PR
xn +1
xn+1 > xn b > xn−1 b2 > · · · > xn0 +1 bn−n0 = n00+1 bn+1 para todo n > n0 .
b
Seja C1 = xn0 +1 /b n 0 +1 . Do Exemplo 4.5 (b), tem-se que a sequência (bn )
não é limitada superiormente. Assim, dado M > 0 qualquer, existe n1 ∈ N
EM
tal que bn > M/C1 para todo n > n1 . Portanto, xn > M para todo
n > max{n0 + 1, n1 + 1}. Como M > 0 é arbitrário, segue que (xn )n∈N não
é limitada e, portanto, é divergente.
Exemplos 4.2 (a) Seja (xn ) uma sequência convergente para L e su-
√
ponha que xn ≥ 0 para todo n ∈ N. Então a sequência ( xn )n∈N
√
converge para L. De fato, da Proposição 4.2 tem-se que L ≥ 0.
Consideram-se os dois seguintes casos:
15
Sequências e Limites
Elementos
de √ √
√
Análise Como xn + L ≥ L > 0 então
Real √ √ |xn − L| 1
| xn − L| = √ √ ≤ √ |xn − L|. (⋆)
xn + L L
√
Seja ϵ > 0. Então ϵ L > 0 e, como xn → L quando n → ∞
por hipótese, existe n0 ∈ N tal que, se n ∈ N e n > n0 então
√
|xn − L| < ϵ L. Logo, por (∗), para todo natural n > n0 , tem-se
√ √ 1 1 √
| xn − L| ≤ √ |xn − L| < √ · ϵ L = ϵ.
L L
√ √
Conclui-se que xn → L quando n → ∞.
O
ÇA˜
(b) Se r é um número racional positivo então
1
lim = 0.
n→∞ nr
De fato, primeiro considera-se o caso em que r = 1/q, q ∈ N. Dado
A
ϵ > 0, pela Propriedade Arquimediana existe um n0 ∈ N tal que n0 >
R
(1/ϵ)q . Então
( )q
A
1 1 1 1
n > n0 ⇒ n > ⇒ n1/q > ⇒ 1/q − 0 = 1/q < ϵ.
ϵ ϵ n n
EP
Logo,
1
lim = 0.
n→∞ n1/q
PR
1
lim = 0.
n→∞ nk/q
Segue que
( )( )
1 1 1 1 1
lim = lim = lim lim = 0·0 = 0.
n→∞ n(k+1)/q n→∞ nk/q n1/q n→∞ nk/q n→∞ n1/q
xn+1 10n+1 n! 10
= · = .
xn (n + 1)! 10n n+1
Portanto, lim (xn+1 /xn ) = 0. Logo, pelo Teorema 4.5 conclui-se que
n→∞
lim xn = 0.
n→∞
16
Sequências e Limites
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C. Vinagre
Exercı́cios Propostos - EP
(a) Uma sequência que tenha limite mas não seja limitada.
O
(b) Uma sequência que seja limitada mas não tenha limite.
(c) Uma sequência convergente (an )n∈N cujo conjunto de valores {an : n ∈
ÇA˜
N} seja finito.
A
(e) Uma sequência divergente cujo conjunto de valores seja finito.
(h) Uma sequência cujo conjunto de valores não seja unitário e que convirja
para um dos elementos do conjunto de valores.
(i) Duas sequências divergentes cuja soma seja uma sequência convergente.
PR
(j) Duas sequências convergentes cuja soma seja uma sequência divergente.
(k) Duas sequências divergentes cuja soma seja uma sequência divergente.
n→∞
EP4.3 Considere L ∈ R. Mostre detalhadamente pela definição que: se a
sequência (an )n∈N de números reais é tal que:
3
para todo n ∈ N com |an − L| ≤ então lim an = L.
n2 n→∞
n3 − 1
an = converge para 1/3.
3n3 + 1
17
Sequências e Limites
Elementos
de
Análise 3n + 5n2
(b) Mostre, usando a definição, que a sequência (an )n∈N , com an = ,
Real n + n2
converge para 5.
1 + 2 × 10n
(c) Mostre, usando a definição, que a sequência (an )n∈N , com an = ,
5 + 3 × 10n
2
converge para .
3
(d) Mostre a afirmação do item (c) usando propriedades operatórias de
limite, indicando todas as passagens do seu raciocı́nio.
EP4.6 Mostre, por meio da definição de limite, que a sequência (an )n∈N
definida por √
1− 3n
O
an = converge para zero.
1−n
ÇA˜
Sug.: Faça: n = 3, x = 1 e y = n na(identidade (2) do
) Exercı́cio 7 do EP1
√ √ √
para concluir que: 1 − n = (1 − n) 1 + n + n .
3 3 3 2
18
Sequências e Limites
H. Clark
C. Vinagre
Agora que você já fez ou pelo menos tentou fazer os exercı́cios propos-
tos, eis suas resoluções e, também, serão feitas algumas obsevações visando
consolidar sua aprendizagem.
REP4.1 (a) Impossı́vel. Toda sequência convergente (isto é, que possui
limite) é limitada - veja Teorema 4.2.
(b) A sequência (an )n∈N onde an = (−1)n para cada n ∈ N, é limitada pois
O
seu conjunto de valores é {1, −1}, que é um conjunto limitado (relembre a
ÇA˜
definição). Para mostrar que a sequência é divergente, o mais fácil é usar
o estudo de subsequências que será feito na Lição 05. De fato, a sequência
admite duas subsequências a2k = (−1)2k = 1 e a2k+1 = (−1)2k+1 = −1 com
k ∈ N, que convergem para limites diferentes 1 e -1. Como |a2k − a2k+1 | = 2
para todo k ∈ N então a sequência é divergente. A
R
(c) (1, 2, 3, 4, 2, 2, 2, 2, 2, 2, . . .) é uma sequência cujo conjunto de valores é
{1, 2, 3, 4} e que é convergente, pois ela é constante a partir do termo a5 .
A
(d) A sequência (an )n∈N onde an = 1/n, para cada n ∈ N serve: ela tem
limite 0 e seu conjunto de valores é {1/n, n ∈ N}, que é infinito.
PR
(g) A sequência (an )n∈N onde an = (−1)n /n, converge para 0 (é um exercı́cio
importante mostrar isto pela definição), e tem infinitos termos positivos
(todos os termos de ordem par a2 , a4 , a6 , . . . , a2k , . . .), e infinitos termos
negativos (todos os de ordem ı́mpar a3 , a5 , a7 , . . . , a2k+1 , . . .).
(i) As sequências (an )n∈N com an = n e (bn )n∈N com bn = −n são divergen-
tes, pois não são limitadas. E a soma delas é a sequência constante nula,
que converge.
(k) As sequências (2n)n∈N e (n)n∈N são divergentes, pois não são limita-
das. E a soma delas é a sequência (3n)n∈N que sendo ilimitada, é também
divergente.
19
Sequências e Limites
Elementos
de
Análise REP4.2 Primeiramente, recorde-se a fórmula binomial
Real ( ) ( ) ( )
n n 2 n
n
(1 + h) = 1 + h+ h + ··· + hn−1 + hn ,
1 2 n−1
( )
n n!
onde = . Como n1/n > 1 para todo n > 1, pode-se escrever
k k!(n − k)!
n1/n = 1 + kn , onde kn = n1/n − 1 > 0 para cada n > 1. Pela fórmula
binomial, se n > 1 vale
1 1
n = (1 + kn )n = 1 + nkn + n(n − 1)kn2 + · · · ≥ 1 + n(n − 1)kn2 ,
2 2
O
donde segue que
1
ÇA˜
n − 1 ≥ n(n − 1)kn2 .
2
Portanto, kn2 ≤ 2/n para n > 1. Dado ϵ > 0, segue da Propriedade Arqui-
mediana de R que existe um número natural n0 tal que n0 > 2/ϵ2 . Segue
A
que se n > n0 então 2/n < ϵ2 . Isto implica que
R
0 < n1/n − 1 = kn ≤ (2/n)1/2 < ϵ.
A
Como ϵ > 0 é arbitrário, concluı́-se que lim n1/n = 1.
n→∞
EP
3
REP4.3 Por hipótese, tem-se para todo n ∈ N que |an − L| ≤ .
n2
ϵ > 0. Pela Propriedade Arquimediana, existe n0 ∈ N tal que
Seja √
n0 > 3ϵ . Seja n ∈ N tal que n > n0 . Então n2 > n20 > 3/ϵ e vale
PR
(por hip.) 3 3
|an − L| ≤ 2
< 2 < ϵ.
n n0
EM
Portanto, para todo ϵ > 0 dado, existe n0 ∈ N tal que, para todo n ∈ N, se
n > n0 então
|an − L| < ϵ .
n3 − 1 1 3n3 − 3 − 3n3 − 1 −4 4 4 4
− = = = 3 < 3 < .
3n3 + 1 3 3(3n3 + 1) 9n3 + 3 9n + 3 9n 9n
4 4
Como n > n0 > e 9ϵ > 0 então 9ϵn > 4 e daı́ < ϵ. Logo
9ϵ 9n
n3 − 1 1 4
− < < ϵ.
3n3 + 1 3 9n
20
Sequências e Limites
H. Clark
C. Vinagre
Mostrou-se assim que: para todo real ϵ > 0, existe n0 ∈ N tal para todo
n ∈ N, se n > n0 então
n3 − 1 1
− < ϵ.
3n3 + 1 3
n3 − 1 1
Daı́, pela definição de limite de sequência, escreve-se: lim
3
= .
n→∞ 3n + 1 3
√
4
Observação: Também se poderia ter tomado n0 > 3 9ϵ . Verifique!
O
ÇA˜
κn −κ |κ| |κ|
−κ = = < . (a)
n+1 n+1 n+1 n
|κ| |κ|
Como n > n0 > então < ϵ. Logo
ϵ n
κn
−κ <
|κ|
< ϵ.
A
R
n+1 n
A
κn
Assim, se n > n0 então − κ < ϵ. Mostrou-se que: para todo número
n+1
EP
κn
− κ < ϵ.
n+1
PR
3n + 5n2 −2n 2n 2n 2
2
−5 = 2
= 2
< 2 = < ϵ, (b)
n+n n+n n+n n n
2 3n + 5n2
porque n > n0 > . Assim, se n > n0 então − 5 < ϵ.
ϵ n + n2
Mostrou-se assim que: para todo número real ϵ > 0, existe n0 ∈ N tal
para todo n ∈ N, se n > n0 então
3n + 5n2
− 5 < ϵ.
n + n2
Observação: Outras majorações são possı́veis em (b).
21
Sequências e Limites
Elementos
de
Análise (c) Você deve ter mostrado no EP2 que, para todo n ∈ N tem-se que
Real 1 + 2 × 10n 2 7
− < n. (c)
5 + 3 × 10 n 3 10
Seja ϵ > 0. Pela Propriedade Arquimediana, existe n0 ∈ N tal que
( )
n0 > log10 7ϵ . Suponha n ∈ N tal que n > n0 . Então
1 + 2 × 10n 2 7
− < n <ϵ
5 + 3 × 10n 3 10
( ) ( )
7
porque n > n0 > log10 7ϵ e daı́, 10n > 10log10 ϵ = 7ϵ . Portanto, para todo
número real ϵ > 0, existe n0 ∈ N tal que, para todo n ∈ N, se n > n0 então
O
1 + 2 × 10n 2
ÇA˜
− < ϵ.
5 + 3 × 10n 3
(d) O resultado sobre quociente de limites não pode ser usado diretamente,
EP
2×10n
1 + 2 × 10n (1 + 2 × 10n ) × 1
10n
1
10n + 10n
1
10n +2
= = = .
5 + 3 × 10n (5 + 3 × 10n ) × 1
10n
5
10n + 3×10n
10n
5
10n +3
Agora que o resultado sobre quociente de limites pode ser usado, pelas pro-
EM
1
pois lim n = 0, você deve mostrar, pela definição, como exercı́cio.
n→∞ 10
REP4.6 Primeiro, seguindo a sugestão (veja a identidade (2) do Exercı́cio
7 do EP1), tem-se
( √ ) (√3
√
3
√
3
) ( √ )( √ √
3
)
1−n = 1 − 3 n 12 n0 + 11 n1 + 10 n2 = 1 − 3 n 1 + 3 n + n2 .
Daı́,
√ √
1− 3n 1− 3n 1
an = = √ ( √ √ )= √ √ . (⋆)
1−n (1 − n) 1 + n + n
3 3 3 2 3 3
1 + n + n2
22
Sequências e Limites
H. Clark
C. Vinagre
Mostrou-se assim que: para todo número real ϵ > 0, existe n0 ∈ N tal para
O
todo n ∈ N, se n > n0 então
ÇA˜
√
1− 3n
− 0 < ϵ.
1−n
A
REP4.7 Como por hipótese (an )n∈N é convergente, então por definição,
dado ϵ > 0 existem n0 ∈ N e L ∈ R tais que |an − L| < ϵ para todo n ≥ n0 .
R
Pelo Corolário 2.1 da Lição 02, tem-se |L| − |an | ≤ |an − L|. Portanto, sendo
A
|an − L| < ϵ resulta que |L| − |an | < ϵ. Daı́, |L| − ϵ < |an |. Como ϵ > 0 é um
real arbitrário positivo, escolhendo por exemplo ϵ = |L|/3 e substituindo na
EP
23