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CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
Matemática
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Reitor
Aloisio Teixcira
Vice-Reitora
Sylvia Vargas

Coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura


Beatriz Resende

Editora UFRJ
Diretor
Carlos Nelson Coutinho
Coordenadora de Edição de Texto
Lisa Stuart
Coordenadora de Produção
Janise Duarte
Conselho Editorial
Carlos Nelson Coutinho (presidente)
Charles Pessanha
Diana Maul de Carvalho
José Luís Fiori
José Paulo Netto
Leandro Konder
Virgínia Fontes
CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL
DE FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Diomara Pinto
Maria Cândida Ferreira Morgado
Professoras do Instituto de Matemática da UFRJ

MEC/UFF/NDC Material: Livro


Preço o +3 N. Fiscal 003 33
Fornecedor Pregão 01/2010
MILARE Item G Y3
Unidade: 1CEK 2010 NE 900258

515. 33
PG5Q
3. J&ol-
0200q
34 edição / 62 reimpressão
ex-LO
Editora UFRJ
orw
Copyright © by Diomara Pinto e Maria Cândida Ferreira Morgado
Ficha catalográfica elaborada pela
Divisão de Processamento Técnico - SIBI/UFRJ

P659C Pinto, Diomara.


Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis. / Diomara
Pinto e Maria Cândida Ferreira Morgado. 3. ed. 6a. reimpr. Rio de Janei­
ro;. Editora UFRJ, 2009.
364 p.; 16 x 23 cm.
1. Cálculo diferencial. 2. Funções, 3, Variáveis. I. Título. H. Morgado,
Maria Fernanda Cândida Ferreira.
CDD 515.3

ISBN 978-85-7108-219-9

1° edição: 1997
2° edição: 1999
3a edição: 2000

Capa
Adriana Moreno
Revisão
Carlos Sepúlveda
Editoração Eletrónica
Alexandre Kogut
Maria Cândida Ferreira Morgado
Projeto Gráfico
Maria Cândida Ferreira Morgado
Desenhos
Aquiles Braga Queiroz
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Fórum de Ciência e Cultura
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CEP: 22295-902 - Rio de Janeiro, RJ
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(21)2295-1595 r. 111, 124 a 127
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Fundação Universitária
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Aos nossos filhos
Apresentação

A Sub-Reitoria de Ensino de Graduação e Corpo Discente (SR-1) planeja e


executa, desde 1995, seu Projeto Acadêmico de Graduação, de cujos objetivos
consta o programa PROEDITAR.
O entusiasmo por um projeto desta natureza surgiu quando, no âmbito do
Departamento de Métodos Matemáticos do Instituto de Matemática da UFRJ,
acompanhamos os trabalhos das professoras Diomara Pinto e Maria Cândida
Ferreira Morgado na produção do presente texto.
Nosso sentimento de que um projeto como este teria total acolhimento da
comunidade universitária foi confirmado posteriormente através de pesquisas
desenvolvidas pela Comissão de Avaliação (COOPERA) que demonstraram existir
um enorme acervo de publicações didáticas no âmbito dos cursos de graduação
da UFRJ. Com a finalidade exclusiva de facilitar os processos de ensino/
aprendizagem naqueles cursos, o presente texto é uma resposta a essa demanda
e, ao mesmo tempo, uma etapa na execução do programa PROEDITAR do qual todos
os docentes estão convidados a participar.
A publicação deste trabalho deveu-se à sua qualidade e ao nível de
excelência dos docentes envolvidos, bem como à necessidade de produzir uma
publicação embrionária com a finalidade de avaliar nossas condições operacionais
de produção e distribuição de textos didáticos, dentro e fora da UFRJ.
Esse é, portanto, um projeto-piloto, com material já desenvolvido e testado
há alguns anos, com clientela bem definida e com demanda assegurada.
A SR-1 sente-se no dever de estimular mais essa iniciativa em sua
administração, não só porque responderá a uma demanda reprimida, tanto dos
docentes quanto dos alunos, como também contribuirá para melhoria dos cursos
de graduação, afinal de contas o objetivo maior de todas as ações da Sub-Reitoria
de Ensino de Graduação e Corpo Discente.
Dos colegas, esperamos as críticas que venham a contribuir para que o
projeto PROEDITAR se constitua numa rotina cujos frutos sejam colhidos pelas
presentes e futuras gerações de alunos e professores.

Rio, junho de 1997.

Neyde Felisberto Martins Ribeiro


Sub-Reitora de Graduação e Corpo Discente
Prefácio

Este texto foi elaborado para ser utilizado num primeiro curso de cálculo
diferencial e integral de funções de duas e três variáveis reais. Ele é resultado da
nossa experiência em ministrar as disciplinas de Cálculo II e Cálculo III para
alunos do Instituto de Matemática e da Escola de Engenharia da UFRJ, desde
1974.
Consideramos que o leitor deste texto deve estar familiarizado com o
Cálculo Diferencial e Integral de funções de uma variável real e com a Geometria
Analítica do IR2.
Procuramos motivar, geométrica ou fisicamente, os resultados centrais do
texto, o que, a nosso ver, facilita a assimilação dos tópicos apresentados.
O conteúdo aqui exposto é dividido em sete capítulos eum apêndice, como
passamos a descrever.
No Capítulo 1, estudamos as funções vetoriais de uma variável real e suas
aplicações ao movimento em duas e três dimensões.
No Capítulo 2, determinamos a forma de algumas superfícies, a partir de
sua equação. Enfocamos, principalmente, os cilindros, as superfícies de revolução
e as superfícies quádricas.
No Capítulo 3, introduzimos os conceitos de limite, continuidade e
diferenciabilidade de funções de várias variáveis, dando maior ênfase às funções
de duas e três variáveis.
No Capítulo 4, determinamos os valores máximo e mínimo de funções de
duas variáveis definidas em regiões fechadas e limitadas do IR2. Analisamos,
também, a existência de valores máximo e mínimo de funções de três variáveis
sujeitas a uma ou duas restrições: o método dos Multiplicadores de Lagrange.
No Capítulo 5, calculamos integrais duplas e triplas e discutimos algumas
de suas aplicações.
No Capítulo 6, estudamos as integrais de linha, dando ênfase ao Teorema
de Green, que relaciona uma integral de linha no plano com uma integral dupla.
Caracterizamos ainda os campos vetoriais conservatives no IR2.
No Capítulo 7, abordamos as integrais de superfície, obtendo as duas
extensões importantes do Teorema de Green, a saber, os Teoremas de Stokes e
de Gauss. Caracterizamos também os campos vetoriais conservatives no IR3.
Finalmente, no Apêndice, apresentamos o Teorema da função implícita,
fornecendo várias versões e interpretações geométricas do mesmo. Como
aplicação do teorema da função implícita, obtemos uma versão do Teorema da
função inversa para funções dc IR2 em IR2, que facilita o entendimento da mudança
de variáveis na integral dupla.
Os teoremas cujas demonstrações fogem ao nível elementar do texto são
enunciados sem as respectivas demonstrações. Em tais casos, indicamos uma
bibliografia onde as mesmas podem ser encontradas.
Os exercícios propostos têm por objetivo complementar e fixar os tópicos
aqui desenvolvidos, sendo, desta forma, parte do texto.
Desejamos agradecer aos colegas do Instituto de Matemática da UFRJ
que, em diversas ocasiões, trabalharam conosco ministrando as disciplinas de
Cálculo II e Cálculo III. Em particular, ao Professor Dinamérico P. Pombo Júnior
pelas relevantes sugestões para melhor compreensão do texto e às Professoras
Ivone Alves Regal e Maria José C. Maia Monteiro pela resolução da maioria dos
exercícios propostos.
Agradecemos, também, às diversas classes de alunos que experimentaram
as versões preliminares do presente texto e, em particular, ao aluno Aquiles Braga
Queiroz, responsável pelas figuras nele contidas.

As autoras
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - FUNÇÕES COM VALORES VETORIAIS............................. 1

§1.1 . Funções vetoriais e Curvas parametrizadas ......................................................... ...

§1.2 . Exercícios............................................................................................................ ..

§1.3 . Aplicações ao movimento............. '.................................................................... ....

§1.4 . Exercícios............................................................................................................ ...

§1.5 . Comprimentodearco...............................................................................25

§1.6 . Exercícios...............................................................................................32

§1.7 . Os vetorestangenteunitário e normal principal .....................................34

§1.8 . Curvatura................................................................................................ 39

§1.9 . Exercícios............................................................................................... 44

CAPÍTULO 2 - ALGUMAS SUPERFÍCIES ESPECIAIS...............................47

§2.1 . Planos ................................................................................................................. ....

§2.2 . Cilindros e Superfícies de revolução ................................................................. ....

§2.3 . Exercícios ........................................................................................................... ....

§2.4 . Superfícies quádricas ......................................................................................... ....

§2.5 . Exercícios ........................................................................................................... 67

CAPÍTULO 3 - CÁLCULO DIFERENCIAL DE FUNÇÕES DE


VÁRIAS VARIÁVEIS......................................................................................... 69

§3.1 . Funções de várias variáveis.....................................................................................

§3.2 . Exercícios................................................................................................................

§3.3 . Limite e Continuidade......................................................................................... ....

§3.4 . Exercícios............................................................................................................. 85
§3.6 . Exercícios........................................................................................................ 102

§3.7 . Regra da cadeia e Vetor gradiente...................................................................104

§3.8 . Exercícios.............................................................................................113

§3.9 . Derivada direcional............................................................................. 116

§3.10 . Exercícios...............................................................................................120

§3.11 . Derivadas parciais de ordem superior....................................................122

§3.12 . Exercícios.............................................................................................. 126

CAPÍTULO 4 - MÁXIMOS E MÍNIMOS.......................................................128

§4.1 . Valores extremos de funções de duas variáveis................................. 128

§4.2 . Exercícios............................................................................................ 140

§4.3 . Máximos e mínimos com restrições............................................................... 141

§4.4 . Exercícios.............................................................................................152

CAPÍTULO 5 - INTEGRAIS MÚLTIPLAS................................................... 154

§5.1 . Interpretação geométrica da integral dupla......................................... 154

§5.2 . Integral dupla sobre um retângulo...................................................... 156

§5.3 . Integral dupla sobre regiões mais gerais......................................................... ...

§5.4 . Exercícios............................................................................................ 171

§5.5 . Mudança de variáveis na integral dupla..............................................173

§5.6 . Exercícios............................................................................................ 184

§5.7 . Centro de massa e momento de inércia...............................................187

§5.8 . Exercícios............................................................................................ 191

§5.9 . Integrais triplas.................................................................................... 192

§5.10 . Mudança de variáveis na integral tripla.................................................197

§5.11 . Exercícios........................................................................................................ ...


CAPÍTULO 6 - INTEGRAIS DE LINHA........................................................ 207

§6.1 . Integral de linhade função escalar.............................. 207

§6.2 . Integral de linhade campo vetorial............................ 212

§6.3 . Exercícios............................................................................................ 222

§6.4 . Teorema de Green............................................................................................. .

§6.5 . Exercícios............................................................................................ 233

§6.6 . Campos vetoriaisconservatives no plano............................................ 235

§6.7 . Exercícios.............................................................................................243

CAPÍTULO 7 - INTEGRAIS DE SUPERFÍCIE............................................. 247

§7.1 . Representação paramétrica de uma superfície.....................................................

§7.2 . Exercícios.......................................................................................................... 252

§7.3 . Área de superfícies...................................................................... 255


§7.4 . Exercícios.......................................................................................................... ...

§7.5 . Integral de superfície de função escalar...............................................................

§7.6 . Exercícios.......................................................................................................... ...

§7.7 . Integral de superfície de função vetorial..............................................................

§7.8 . Exercícios.......................................................................................................... ...

§7.9 . Teorema de Stokes...............................................................................................

§7.10 . Exercícios.......................................................................................................... ...

§7.11 . Teorema de Gauss............................................................................................. ...

§7.12 . Exercícios............................................................................................... 306

APÊNDICE - FUNÇÕES DEFINIDAS IMPLICITAMENTE .. 309

§A.1. Curvas no plano xy definidas implicitamente................................................ 309

§A.2. Superfícies definidas implicitamente................................................................314


§A.4. Teorema da função implícita (caso geral)................................................................... 320

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 325

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS................................................................... 327

ÍNDICE ALFABÉTICO.....................................................................................346
CAPÍTULO 1
FUNÇÕES COM VALORES VETORIAIS

Neste capítulo introduziremos os conceitos de limite e de derivada para

funções vetoriais de uma variável real, aplicando-os ao estudo do movimento

em duas e três dimensões.

§1.1 Funções vetoriais e Curvas parametrizadas

Definição 1.1: Uma função cujo domínio é um conjunto de números reais e


cuja imagem é um conjunto de vetores é chamada uma função vetorial.

Uma função vetorial definida em um intervalo ICI, com valores em IR3,

é denotada por

o(t)=(z(t),u(t),2(6)) , tel, (1-1)

onde x(t),y(t),z(t) são funções reais definidas em I.

O vetor o(t) é representado geometricamente pelo vetor OP, onde P =

(x(t), y(t),z(t)); ver a figura 1.1.


2 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Definição 1.2: O limite de o(t) quando t se aproxima de t1 é definido por

lim o(t) = (lim x(t) , lim yt) , lim z(t)),


t—ti t—1 t—t1 t—*tl

se lim x(t) , lim y(t) e lim zt) existem.


t—t1 t—ti t—‘1

Definição 1.3: A função o(t) é contínua emt1€I se,e somente se,

lim (t) = (t).


t-1

Segue das definições 1.2 e 1.3 que o(t) é contínua em ti se,e somente se,

x(t) , yt) e zt) são contínuas em t1-


Dizemos que a função o(t) é contínua em I se o(t) é contínua Vt € I.

Quando o(t) é contínua em I, o ponto final P do vetor o(t) = (x(t), y(t), z(t))
descreve uma curva C no IR3,ou seja,para cada t € I,obtemos um ponto

P = (x,y,2) € C, onde

x = x{t) , y = e z = z{t). (1.2)

A equação (1.1) é dita uma parametrização da curva C, as equações


(1.2) são chamadas equações paramétricas da curva Ce a variável t é o

parâmetro.

Se eliminarmos o parâmetro t nas equações (1.2) obteremos uma expressão

cartesiana da curva C.

Tendo em vista que um vetor do IR2 pode ser interpretado como um vetor

do IR3 com terceira componente nula, equações análogas às (1.1) e (1.2) podem
ser definidas para funções vetoriais com valores em IR2.
Funções com valores vetoriais 3

Exemplo 1.1: As curvas C1 e C2, no plano ry, de equações paramétricas


z = t, y = = 2 (t € IR) e x = 2, y = 4 (t€ IR), respectivamente, possuem a
mesma equação cartesiana, embora sejam curvas diferentes.

De fato, as curvas C1 e C2 têm a mema equação cartesiana y=x2 A


curva C1 está representada pela parábola y = x2 , x € IR, enquanto a curva
C2 está representada pela porção da parábola y = x2 , x > 0 (figura 1.2).

Figura 1.2

Exemplo 1.2: Seja L a reta no IR3 que passa pelo ponto Po = (xo,Y0,20) e

é paralela ao vetor V = (v1,V2,V3) % 0 (figura 1.3).


SeP= (x, y, z) € L, então OP = OPo + tV para algum t € IR,isto é,

Çx,y,z) = (xo,Vo,2o)+t(v1,V2,V3).

Logo,uma parametrização de L é

= (xo + tv^yo + ^.zo + tvs) , telR.

Portanto, suas equações paramétricas são:

x=To+tvi , y=Yo+tv2 e Z = Zo + tV3, telR.


4 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Eliminando o parâmetro t nas equações paramétricas de L, obtemos uma ex-


pressão cartesiana da reta L.

Se V1,V2e 13 são não nulos, então

ETo _ 9—90 _ 220


vi v2 V3

é uma expressão cartesiana da reta L.

Figura 1.3

Exemplo 1.3: Seja C a curva no plano ry, gráfico de uma função contínua

y = (x), T€I. Uma parametrização natural de C é

o(t)=(t,f(t)) , t€I.

A reta de equação 2x—y= 1 , por exemplo, tem uma parametrização


natural o(t) = (t, 2 -1), t€ IR. Pelo exemplo 1.2, esta reta também pode ter

parametrização dada por a(t) = (1 + t,l + 2t), t € IR, tomando P = (1,1) e


V=(1,2).
Funções com valores vetoriais 5

Exemplo 1.4: Seja C a circunferência no plano Ty de centro na origem e raio


a (figura 1.4).
É fácil ver na figura 1.4 que

T=acos@ e y=asen@, 0<0<2m,

são equações paramétricas de C.


Eliminando o parâmetro 6 nas equações paramétricas de C, obtemos a
equação x2 + 2 = 2, que é a equação cartesiana de C.

Figura 1.4

Exemplo 1.5: A curva plana C descrita por um ponto P sobre uma circun-

ferência quando esta gira ao longo de uma reta é chamada ciclóide. Suponhamos
que a circunferência tenha raio aeo eixo x seja a reta fixa sobre a qual gira a

circunferência. Consideremos o ponto P na origem quando o centro da circun-


ferência está em (0, a).A figura 1.5 mostra a circunferência depois de o ponto P
ter girado um ângulo de 0 radianos.
Na figura 1.5, vemos que

OT = comprimento do arco PT = ab , PQ =asen0 e MQ = a cos 0.


6 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Portanto,as equações paramétricas de C são

a = a(0 — sen 6) e y = a(l — cosi), 6 € R.

Figura 1.5

Um esboço da ciclóide pode ser visto na figura 1.6.

Figura 1.6
Funções com valores vetoriais 7
-----

Exemplo 1.6: Um ponto P = (x, y, z) se move em torno do eixo z mantendo


uma distância constante >0 deste eixo. Simultaneamente, ele se move pa-

ralelamente ao eixo 2 de modo que sua terceira componente é proporcional


ao ângulo de rotação com constante de proporcionalidade b0.A curva

descrita por este ponto é chamada hélice circular. Consideremos, no início


do movimento, o ponto P em (a, 0,0). A figura 1.7 mostra o ponto P após

uma rotação de 0 radianos.

Se0éo ângulo de rotação, temos

x=acos@ , y=asen@ e z = bô.

(Considerando b>0)

Figura 1.7

Quando 0 varia de0a 27,as coordenadas derey voltam ao valor inicial


e 2 varia de0a 27b.Uma parametrização da hélice é

o(0) = (acos@, a sen 6, be), 6€R.


8 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Definição 1.4: A derivada da função vetorial o(t) (t ç I) é a. função veto­

rial,denotada por o‘(t), definida por

o‘(t) = lim ot±At)—o(t)


At—,0 At

nos pontos t€I para os quais o limite acima existe.

Segue das definições 1.2 , 1.4 e da definição de derivada de uma função real

que
o‘(t) = , y\t) , z‘(t))

se x‘(t) , y‘(t) e z‘(t) existirem.


Dizemos que a função vetorial o(t) é diferenciável em I se o‘(t) existir,Vt € I.
Dizemos que a função vetorial o(t) éde classe C1 em I se o(t) é diferenciável
emIe o‘(t) é contínua em I.

Há uma interpretação geométrica para o vetor o‘(t).Seja C a curva definida

por o(t). Conforme a figura 1.8,se OP e OQ são os vetores posição correspon-


dentes a o(t) e o(t + At), respectivamente, então o vetor PQ = OQ - OP é

uma representação do vetor o(t+At)-o(t). Segue que APQ corresponde ao

vetor A(o(t + At) - o(t)) e tem a mesma direção do vetor PQ.Fazendo At


aproximar-se de zero,temos que Q tende para P,eo vetor PQ se aproxima
Ll
de um vetor que tem uma de suas representações tangente à curva C no ponto
P.Por esta razão, nos referimos a o‘(t) como vetor tangente à C em P.
10 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

O resultado deste exemplo é evidente geometricamente quando o(t) é um

vetor do IR2, pois, se ||o(t)|| é constante, então a curva C definida por o(t) é
um arco de circunferência com centro na origem.O vetor tangente a C, o‘(t).
é sempre ortogonal ao raio da circunferência, e , daí, a o(t).

Exemplo 1.8: Determine equações paramétricas da reta tangente à hélice


1 v3 a
definida por o(t) = (cost, sent, t) no ponto Po = I
2’213

Solução : O ponto Péo ponto final do vetor o(7).


0)

é tangente à

hélice em Po.

Portanto, as equações da reta tangente à hélice em Po são:

1 v3, V3 1 T
IR.
=2-2t ’ y=2+2t , z=3+t ,te

O teorema a seguir estabelece a regra da cadeia para funções vetoriais.

Teorema 1.1: Se o(u) é uma função vetorial diferenciável emI eué uma
função real diferenciável de uma variável real t cuja imagem está contida em

I, então

do(u(t)) = do (u(t)) duc). (1.3)


Demonstração: Se o(u(t)) = (x(u(t)) , y(u(t)) , z(u(t))), então

4 o(u(t)) =(4 a(u(t)) . 4 u(u(t)) . 4 z(u(t)))


Cl Y Cl Cl dl /

Pela regra da cadeia para funções de uma variável real temos


Funções com valores vetoriais 11

/dx, .du, dy, du, dz, , du,


d
dt = (du (u(t)) at() ■ £ (u(t)) at() ■ 4u (u
- (È (uç) • 1 • Ê (u(e))) dhe) "
= de (u(t)) du(e).

§1.2 Exercícios

1. Para cada um dos seguintes pares de equações paramétricas, esboce a curva


e determine sua equação cartesiana.

a) z = -1 + t , y=2-t, t € IR.
b)==-1+t2 , y=2-t2, t€R.

c)a= cos2 t , y= sen2t, t€IR.

d)a=t2 , y=t, telR.


e) x = t2 - 4. , y=l-t, t € JR.
f)x=sent , y=cos2t, te[0,2x].

g)a=cost , y = -3 + sent, te [0, 2r].

h)z=3cost , y=2sent, te[0,27].

i)i = secí , y=tgt, t€-22)

As equações de a),b) e c) representam a mesma curva?

2. Faça um esboço das curvas definidas pelas seguintes funções vetoriais:

a) a(t) = (2,1, t), te IR.

b) a(t) = (t,t,t), íe[-l,l].


c) a(t) = (2cosi,3sent,5), i e [0,27].
12 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

d) o(t) = (3,cost, sent), t € [0,7].

e) o(t) =(t2-1,2, t), t € [0, +0).

3. Dê uma parametrização para cada uma das curvas.

a) a reta 2x—3y= 6.

b) a parábola x2 = 4ay.

c) a circunferência (x - a)2 +(y— b)2 = 2.

72 92
d) a elipse -2 + 12 = 1, T20.
CO
22 92
e) o ramo da hipérbole --Y==1, r>a.
a- bz
x - 1 y + 1 2-1
I) a reta ——— == —-— == ———.
’ 2 3 2
g) o segmento de reta que liga os pontos A = (-1,0,2) eB= (2,3,3).

4. Uma haste,presa na origem do plano xy,ocupa a posição da reta x = ty.A

haste intercepta a reta y=4no ponto Se a elipse 4x2 +(y-2)2 = 4 no


ponto Q(figura 1.9).Quando t varia,o vértice P do triângulo retângulo QPS

descreve uma curva.

Figura 1.9
Funções com valores vetoriais 13

a) Escreva equações paramétricas dessa curva, em função do parâmetro t.

b) Esboce essa curva.


c) Determine sua equação cartesiana.

5. Uma haste,presa na origem do plano xy,ocupa a posição da reta que faz


um ângulo de 0 radianos com o eixo positivo dos T.A haste intercepta a reta
y = 2a no ponto Aea circunferência 22+(y - a)2 = a2 no ponto B (figura
1.10). Quando 6 varia, o vértice P do triângulo retângulo APB descreve uma
curva chamada curva de Agnesi.
a) Mostre que

o(0)=(2acotg@ , 2a sen 20), 0<0<T,

é uma parametrização da curva de Agnesi, em função do parâmetro 0.


b) Faça um esboço desta curva.

c) Determine sua equação cartesiana.

Figura 1.10

6. A involuta de uma circunferência é a curva traçada pelo ponto de ex-


tremidade de um fio quando o mesmo, mantido tenso, é desenrolado de um
14 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

carretel fixo (figura 1.11). Suponha que o centro do carretel está colocado na
origem do plano ry e seu raio éa,e que o fio começa a se desenrolar no ponto
A = (a,0). Mostre que as equações paramétricas da involuta, ao desenrolar

uma volta do fio no carretel, são:

x(0)=a(cos@+@sen@) e v(0) = a(sen@ - @cos@), 0<e<2r,

utilizando como parâmetro o ângulo AOT mostrado na figura 1.11. Faça um

esboço desta involuta.

Figura 1.11

7. Uma hipociclóide é a curva traçada por um ponto P sobre uma cir­

cunferência de raio b que gira dentro de uma circunferência fixa de raio a,


a > b.Suponha que a origem é o centro da circunferência fixa, A = (a, 0) é um

dos pontos em que o ponto P toca a circunferência fixa, Béo ponto móvel
de tangência das duas circunferências e que o parâmetro 0éo ângulo AOB

(figura 1.12). Mostre que as equações paramétricas da hipociclóide são

x=(- b) cos@ + bcos(4ge)


Funções com valores vetoriais 15

y = (a- b)sene - bsen (dm2o e),


0 < 0 < 2T.

Figura 1.12

8.Sea= 4b no exercício temos uma hipociclóide de quatro cúspides ou


astróide.(Veja um esboço da astróide na figura 1.13.)

a) Mostre que uma parametrização para a astróide é

o(0)=(acos3@,asen30) , 0<0<2T.

b) Determine a equação cartesiana da astróide a partir de suas equações


paramétricas.
16 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Figura 1.13

9. Se o‘(t) = (sen2(t),2cos2(t)) e o(x) = (0,0), encontre o(t).

10. A astróide x3+y3 = 23 tem equações paramétricas x = 2cos3t, y =

2sen3t, t € [0,27] (exercício 8 ).Escreva uma equação da reta tangente à


astróide no ponto correspondente at=T.
4

11. Seja C a curva definida por o(t) = (2 cost, 1 + 2sent). Determine uma
equação da reta normal à curva no ponto (v3,2).

12. Considere a curva definida por o (t) = (1+2 1n(1+t), 1+(1+1)2), t>-1.

a) Determine uma equação da reta tangente à curva no ponto (1,2).

b) Dê uma equação cartesiana da curva.


c) Esboce a curva.

13. Mostre que, se o(t) (t€I)é uma parametrização de uma reta , então
o"(t) é paralelo a o‘(t).
Funções com valores vetoriais 17

14 Mostre que a reta normal à ciclóide (exemplo 1.5 , seção 1.1) em um ponto
p contém o ponto de tangência no eixo x da circunferência rolante que passa

por P.

15 Seja o (t) uma função vetorial não identicamente nula e de classe C1 Suponha
que o vetor o(t) é paralelo a o‘(t). Mostre que existe um vetor constante A e
uma função real positiva f(t) tal que o(t) =Af(t), Vt.

16. Seja C uma curva parametrizada por o(t) = (x(t),y(t)), de modo que
o"(t) ==k o‘(t) para todo t€R, onde k é uma constante real.

a) Determine as possíveis formas de x(t) e y(t).

b) Que tipo de curva é C?

17. Seja C a curva parametrizada por o(t) = (cos t, sen t,1-2 sen t), O<t<

2.
a) Determine o vetor o‘(t).
b) Determine a equação da reta tangente à curva no ponto (-1,0,1).

18. Escreva equações da reta tangente à curva do IR3 parametrizada por o(t) =
=(t,1- t2, 1) no ponto (0, 1, 1).

19. Seja o a função vetorial definida por

_ (2t 1 -12 , \
0) ~ (1+2 ’ 1+2 ’ 1) ’

Mostre que o ângulo entre o(t) e o‘(t) é constante, isto é, independe de t.

20. Considere a hélice definida por o(0) = (acos@, a sen 0,b0).Mostre que a
reta tangente, em cada ponto da hélice, faz um ângulo constante com o eixo
z, e que o cosseno desse angulo é b _
va2 + 62
18 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

§1.3 Aplicações ao movimento


Suponha uma partícula se movendo no IR2 ou no IR3, de tal modo que sua
posição em cada instante t é dada pela extremidade do vetor o(t).A função o(t)
é chamada função posição do movimento.Quando t varia num intervalo de

tempo, a trajetória da partícula é a curva definida por o(t) percorrida no sen-


tido do crescimento de t.Conceitos físicos tais como vetor velocidade,velocidade

escalar e vetor aceleração podem ser definidos em termos das derivadas da

função posição.
Nesta seção assumiremos que a função posição é diferenciável tantas vezes

quanto necessário.

Definição 1.5: Considere o movimento de uma partícula descrito pela função

posição o(t).A derivada o‘(t) é chamada vetor velocidade. O comprimento

do vetor velocidade, ||o‘(t)||, é chamado velocidade escalar.A derivada se-


gunda, o"(t),é chamada vetor aceleração.

Notação: Denotamos o vetor velccidade por V(t), a velocidade escalar por

v(t), e o vetor aceleração por A(t). Então, V=o‘ , v=|VII e A = V’ = o".

Exemplo 1.9: Uma partícula se move sobre a circunferência 22+y2= a2 no


sentido anti-horário, com velocidade angular constante de uma revolução por

segundo, começando no ponto (a, 0) quando t = O.Determine:

a)uma parametrização da trajetória tendo o tempo como parâmetro;

b)V(t) ,v(t) e A(t) e mostre que A(t) é perpendicular a V(t);

c)um esboço da trajetória e as representações dos vetores velocidade e


>- 1
aceleração quando t=o.
Funções com valores vetoriais 19

Solução: a) Segue do exemplo 1.4 que

T=a cos 6 e y=a sen S

são equações paramétricas para a circunferência.Mas, neste caso,o parâmetro


0 é função do tempo t.
Como a velocidade da partícula é uma revolução por segundo, então sua
velocidade angular —é2T radianos por segundo. Portanto, 0(t) = 2xt, visto
Cl
que 0(0) = 0.Logo,uma parametrização da trajetória é

o(t) = (acos2mt , asen2rt), 0<t<1,

se a partícula percorre a circunferência apenas uma vez.

b) V(t) = o‘(t) = (-2rasen2nt , 2racos2xt),

v(t) = V(-2rasen2xt)2 + (2racos2xt)2 = 2xa

e A(t) = o"(t) = (-4r2acos2xt , -4r2asen2xt) = -4m?o(t).

Pelo exemplo 1.7 temos o(t) • o‘(t) = 0. Assim,

A{t)V(t) = (-4T2a(t))a'(t) = 0,

mostrando que A(t) e V(t) são perpendiculares.

c) v() = (-V2xa , VZra) , A() = (-22m2a , -2/2m2a), e suas


8 8
representações estão na figura 1.14.
20 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Figura 1.14

Exemplo 1.10: Suponha que um projétil,a uma altura de Yo metros do chão,

é lançado ao ar,fazendo um ângulo de a radianos com a horizontal, com ve-

locidade (escalar) inicial Vo. Desprezando a resistência do ar,podemos supor


que a única força que atua sobre o projétil é constante, para baixo, e tem

comprimento mg Newtons; assim, o vetor força éF=(0, -mg). Determine


o vetor posição do projétil em cada instante.

Solução: Se o(t) = (x(t) , y(t)) é o vetor posição, temos V(t) = (x‘(t) , y‘(t))

e A(t) = (x"(t) > y"(t)), de modo que a lei de Newton F = mA se torna

(0 , -mg) = (ma" , my”). (1.4)

Deduziremos a expressão da função posição o(t) a partir da equação veto-


rial diferencial (1.4), juntamente com a posição inicial dada o(0) = (0 , yo) e
a velocidade inicial V (0) = (vo cos a , vo sen &).
K

punções com valores vetoriais 21

A equação vetorial (1.4) significa que as componentes correspondentes são

iguais, isto é,
mx" =0 e my" = —mg.

Destas equações segue que x‘ é constante (pois sua derivada é zero) e

y‘ = -gt+cpara uma certa constante c. Vemos também que (x‘(0) , y‘(0)) =


(vocosa, vosena). Logo,

a‘(t) = vo cos & e y‘(t) = -gt + vo sen a.

Como x(0) =0 (0) = Yo ,concluímos que

í2
x{t) = («ocos a)t e y(t) = -g— + (vosena)t + Jo.

§1.4 Exercícios

Nos exercícios de1a6, o(t) denota o vetor posição de uma partícula se

movendo, em cada instante t. Em cada caso, determine:

a) o vetor velocidade V(t);

b) o vetor aceleração A(t);

c) a velocidade escalar emt=tie

d) dois vetores tangentes unitários à trajetória da partícula em t=t1.

Trace um esboço da trajetória da partícula e represente geometricamente os


vetores V(t) e A(ti).

1.o(t)=(2+cos6t,2+sen6t), t=T.
9
22 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

2. o(t) = (cos2t , -3sent), t1 = 7.

3. ot) = (e2t , t2), t = 0.

4. o(t) = (cost , sent ,2), ti = 2-

5. o(t) = (1 , t - 1 , í2 + 1), ti = 2.

6. o(t) = (3cos2t , 3sen2t , 8t), t=".


8

7. Dois carros R1 e R2 percorrem, respectivamente, as estradas BR —0le

BR - 02, tendo seus movimentos descritos por

01(t) = (lOt , 50t2) e 02(t) = (7t , 70t - 50) , t > 0.

a) No ponto P onde as estradas BR-0le BR - 02 se cruzam está situado

um posto de fiscalização de velocidades. Encontre este ponto P.

b) Os dois carros chegam juntos ao ponto P? Se não, qual deles chega

primeiro?
c) Sabendo que o limite de velocidade em qualquer estrada brasileira é de

80 km/h, qual dos dois será multado no ponto P?

8. Dois carros se movem segundo os seguintes vetores posição:

o1(t) = (1 +t, 2 + 3t) e 02(t) = (1 - t, 3 + t2), t>0.

a) Mostre que eles nunca se chocarão.


b) Esboce as estradas sobre as quais eles se movem.

c) Em que pontos elas se cruzam?


d) Em que ponto a velocidade escalar do segundo carro é mínima e qual é

esta velocidade ?
Funções com valores vetoriais 23

9 O vetor posição de uma partícula em movimento é

1 - t2 2t )
o(t) =
1+12’ 1+12)

a) Mostre que a partícula se move sobre uma circunferência de centro na

origem.
b) Em que sentido a partícula se move, quando t aumenta ?

c) Há pontos na circunferência que não são ocupados pela partícula quando


t percorre o intervalo (—o , +c) ?

10. Um objeto inicia seu movimento no ponto (0 , —4), e se move ao longo

da parábola y = 22 - 4, com velocidade horizontal d =2t-1. Encontre o


Cl
vetor posição do objeto, os vetores velocidade e aceleração no instante t = 2 e
represente-os geometricamente.

11. Dois carros se movem sobre pistas circulares concêntricas de raios 1kme
2 km, respectivamente. O primeiro com velocidade angular constante de

20 rd/h. O segundo, parte do repouso, e mantém aceleração angular constante


de 40 rd/h2. Suponha que no instante inicial os dois carros estão emparelhados.

a) Encontre os vetores posição para os dois movimentos.

b) Quanto tempo leva o segundo carro para se emparelhar novamente com


o primeiro ?

c) Ache a velocidade do segundo carro neste instante.

12. Considere uma partícula se movendo no plano ao longo da curva definida


por

o(t) = (t - sent, 1 - cost), 0<t< 2T.

Determine a velocidade máxima da partícula e o instante em que ela ocorre.


24 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

13. Um besouro parte do centro de um relógio muito grande, ao meio-dia, e


percorre o ponteiro dos minutos a uma velocidade de 1 cm/s. Suponha que a

origem das coordenadas está no centro do relógio. Dê as equações paramétricas


para a posição do besouro em função do tempo. Esboce a curva descrita pelo

besouro.

Nos exercícios 14 e 15, despreze a resistência do ar e tome g=10 m/s2.

14. Uma menina atira uma bola horizontalmente do topo de um penhasco de


80 metros de altura, com uma velocidade inicial de 50 m/s. Calcule: (a) o

tempo de trajeto da bola e (b) a distância desde a base do penhasco até o


ponto em que a bola atinge o solo.

15. Todos sabem que David matou Golias com uma pedrada, bem certeira,

arremessada por uma funda. O que nem todos sabem é que David estava a

50,4 metros de Golias no momento em que a pedra foi arremessada, e que


este corria na direção de David a 4 m/s. Determine as equações paramétricas
da trajetória da pedra de David, sabendo que ela foi lançada a 45° com a

horizontal. Qual a distância entre David e Golias quando a pedra atingiu


Golias ? (Considere desprezível a altura dos dois.)

Para resolver os exercícios 16 e 17, o aluno deve ter familiaridade com as


equações diferenciais lineares de segunda ordem com coeficientes constantes.

16. Um objeto com vetor posição o(t) = (x(t) , y(t)) se move ao longo da
parábola y=z2-4. Sabendo que a componente horizontal do vetor aceleração

em cada instante té-4 x(t), e que no instante t=0elese encontra no ponto

(0 , -4) com vetor velocidade V(0) = (4 , 0), pede-se:


a) Em que instante o objeto se encontra no ponto (2 , 0) ? E no ponto
Funções com valores vetoriais 25

(-2 , 0) ?
b)Qual o tempo necessário para o objeto voltar ao ponto inicial (0 , -4) ?
c) Esboce a trajetória do objeto.

17. Uma partícula partindo do ponto (s ’ 0) se move com vetor pOsição


o(t) = (x(t) , y(t)). Sabe-se que o vetor velocidade em cada instante t é

dado por V(t) = (-v(t) ,


a) Mostre que, em cada instante t, o vetor aceleração é paralelo ao vetor

posição.
b) Determine o vetor posição o(t).
c) Mostre que a curva descrita pela partícula é uma elipse.

d)Qual o tempo necessário para que a partícula dê uma volta na elipse ?

§1.5 Comprimento de arco

Consideremos uma curva definida por o(t), t € [a,b]. Podemos pensar que
esta curva é a trajetória descrita por uma partícula sé movendo com velocidade

v(t) = l|‘(t)||. Qual o comprimento desta curva quando t varia de a até b ?


Intuitivamente, isto nada mais é do que o espaço percorrido pela partícula no
rb
intervalo de tempo [a,b], isto é, J v(t) dt. Isto nos leva à seguinte:
Ja

Definição 1.6: Seja C uma curva definida por uma função o(t), a<t<b,

de classe C1. O comprimento da curva C é definido por

UC)=J" ||a'WII (1.5)

Esta fórmula ainda é válida se o(t) é C1 por partes*.


Uma função o(t) ,t € [a,b], é dita C1 por partes (resp. contínua por partes) se o
intervalo [a,b] pode ser subdividido num número finito de intervalos fechados de modo que
o(t) restrita a cada um desses intervalos é de classe C1 (resp. contínua).
26 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

SeCé uma curva em IR3, a fórmula (1.5) pode ser escrita na forma

L^C) = " y/x'^+y'^ + z'^t)2 dt.

Quando C é uma curva em IR2, temos

LC) = íb Vx‘(t)2+w(t)2 dt.


Ja

A fórmula (1.5) tem uma justificativa baseada no método de aproximação

por poligonais, como passamos a descrever. Tomemos uma curva C no RR3.

Seja P uma partição regular de ordem n do intervalo [a, b], isto é,

P= {to,t1,...,tn}.

onde a = to<t\<...<tn=b e At= ti+1 —ti= ------------------------------------------------------- ,

para 0 < i < n — 1.


Consideremos a linha poligonal obtida ligando-se os sucessivos pares de

pontos o (ti) , o (ti+1) , 0 < i < n - 1 ( figura 1.15).

Figura 1.15
Punções com valores vetoriais 27

Quando At é pequeno, o comprimento da linha poligonal é aproximada-

mente igual ao comprimento de C.


Mas o comprimento do segmento de reta de o(ti) até (ti+1) é

lo(4,+1)—o(t.)Il = v+ (u(t+1) - + (z(t1) -

onde o(t) = (x(t), y(t),z(t)). Aplicando o Teorema de Valor Médio às funções

z(t),y(t) e z(t) em [ti,ti+1], obtemos t , t2 , t? € (ti,ti+1) tais que

z(t1) - x{ti) = z‘(4) ft - ti)


i+1

v(t+1) - yM = y'(ti) (ti+i - ti)


z(ti+i) - z(ti) = z'(tf) (ti+1 - ti).

Logo, o comprimento total da linha poligonal é

s, =EMU1-a(M|| =
i=0

= 2 V(^'(ti))2 + (u(?))2 + (^'(t,))2 (ti+i ~ti).


i=0
Portanto, o comprimento da curva Céo limite de Sn quando n tende para

+o, se este limite existir. Como o‘(t) é contínua, tal limite existe e

lim Sn= í v(x'(t))2 + (y'(t))2 + (z'(t))2 dt.


n3ttoo Ja '

Daí,

L(C) = /‘ V(x‘(e)y2 + (w/(6))2 + 2(6)2 dt.

Exemplo 1.11: Mostre que o comprimento da circunferência de raio T é igual


a 2rr.

Solução: Consideremos a circunferência C de centro na origem e raio r.


Podemos parametrizar C por

o(t) = (r cost, r sent) , 0<t<2 ;


28 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

logo, o‘(t) = (—T sent, r cost) e ll‘(t)ll=r.

Portanto, usando (1.5), o comprimento deCé


F2m
| rdt= 2rr.
0

Podemos também calcular o comprimento de C usando a parametrização

(t) = (r cos 2?rt, r sen 2?rt) , 0<t<1.

Neste caso, ‘(t) = (—27rrsen27rt, 27rrcos27rt) = 2xo‘(2xt) e

||^(t)|| = 2ro‘(2xt)Il = 2mr. Daí,

dt=/ 2rr dt = 27r = L(C).


J0

Note que o(t) e (t) podem representar os vetores posição de duas partículas

que se movem sobre a circunferência C com velocidades diferentes. Como


acabamos de ver, tal fato não alterou o valor do comprimento da trajetória C.
Provaremos, no próximo teorema, que esta propriedade sempre se verifica.

Sejam o(t) (a < t < b) e (t) {c < t < d) duas parametrizações de


classe C1 de uma curva C. Dizemos que o(t) e (t) são parametrizações

equivalentes se existe uma função h : [c,d] — [a,b], bijetora e de classe C1

(logo crescente ou decrescente)*, tal que (t) = o(h(t)) > c<t<d.


Se o(t) e (t) são parametrizações equivalentes e representam os vetores
posição de duas partículas que se movem sobre a curva C, então a função
h relaciona as velocidades com que as partículas se movem sobre C, pois

‘(t) = h‘(t) g‘(h(t)). Além disso, sehé crescente (h‘(t) > 0), então a
partícula que percorre C com vetor posição (t) se move no mesmo sentido
Seh: [c,d] — [a,b] é bijetora e contínua, então h é uma função crescente ou decres-
cente.Ver [5],teorema 2.19.
funções com valores vetoriais 29

que a partícula que percorre C com vetor posição Se h é decrescente


(h‘(t) < 0), elas se movem sobre C em sentidos contrários.

Teorema 1.2: 0 comprimento de uma curva C independe das parametrizações


equivalentes escolhidas.
Demonstração: Sejam

a(t) = (r(), (a<t<b) e B() = (r(h(t)), (c<t<d),

duas parametrizações equivalentes de C, onde h ; [c, d] — [a, b] é bijetora e

tem derivada continua em [c, d].

Pela fómula (1.5), 0 comprimento de C é

L(CP) = /" II di=/"I h'^ । llo‘(N(e)) * =

/ h (t) lo (h(t))| dt , se h é crescente

I l|o‘(h(t))I dt , se h é decrescente,
- Jc

onde Cp é a curva C com a parametrização (t).

Fazendo a substituição u = h(t) , du = dt, e obtemos

ch(d) rb
k'W|- du= / I|g‘(u)| du = L^CO) , se h é crescente
h(c) Ja
rõW , ra
/ -||a'(u)|| du=- ||af(«)|| du = L{C^ , se h é decrescente,
n(c) Jb

onde C0 é a curva C com a parametrização

Exemplo 1.12: Cálculo do comprimento do gráfico de uma função de uma


variável real f com derivada contínua no intervalo [a, b].
30 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Solução : Uma parametrização natural para o gráfico G de y = (x) , as

x < b, é

o(t) = (tJW) , tea,b).

o correspondente o‘(t) = (1,f‘(t)) e llo‘(t)II = V1+(f‘())2.


Portanto, o comprimento do gráfico de fem [a,b] é

L(G)= /.1+(f‘())2 dt-


Ja

Exemplo 1.13: Determine o comprimento da hélice C parametrizada por

a(t) = (cos3t, sen3t, 4t) , 0<t<4m.

Solução: Como o‘(t) = (—3sen3t, 3cos3t,4), temos

llo‘(t)II = v 9 sen 23t + 9cos23t + 16 = 5;

logo, o comprimento da hélice é

4m
LÇC) = 5 dt = 207.
Jo

Comprimento de arco como parâmetro

Consideremos s(t) o comprimento de uma curva C, parametrizada por uma


função de classe C1 , o(t), desde o ponto Po correspondente at=to até um

ponto P correspondente at, t 2 to. De (1.5) temos

s(t)= Ilo‘(u)ldu.
Jto
Funções com valores vetoriais 31

A função st) é crescente e, portanto, tem uma inversa t = t(s). Isto nos

permite parametrizar a curva C em função do parâmetro s do seguinte

modo:
o(s) = o(t(s)).

t3
Exemplo 1.14: Seja C a curva parametrizada por o(t) = (t2,) . t > o.
J
Encontre equações paramétricas para C tendo s como parâmetro, onde s é o
comprimento da curva desde o ponto correspondente at=0.

Solução: Comoo‘(t) = (2,2), então llo‘(t)II = 2+4 = tvt2+4 ,t20.

Assim,
s(t) = / uy/u2 + Á du = - / 2uVu2+4du=
J0 2 J0

[1
e obtemos
2 x 2(u2+4)9]
5 Jo

s(t) = 4(2 +4)2 - 8.

Resolvendo esta equação para t em termos de s, temos

3s + 8 = (t2 + 4)5.

Conseqiientemente,
t2 + 4 = (3s + 8)5.

Como t20, obtemos

t = V (3s + 8)3 - 4.

Substituindo este valor de t na parametrização dada para C, obtemos

x{s) = (3s +8)3 - 4 e v(s) = 3((3s+8)3 -4)3


32 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Entretanto, nem sempre é possível efetuar estes cálculos.Mesmo que S =


s(t) seja conhecido explicitamente, pode ser impossível determinar a inversa
t = t(s). Felizmente, raramente há necessidade de termos o expresso explici-
tamente como função de s.

Exemplo 1.15: Um ponto se desloca com vetor posição o(t) ,t20. Seja s
o espaço percorrido ao longo da trajetória no intervalo de tempo [0,t]. Mostre
. . .. do. ...
que O vetor tangente à trajetória -- é unitário.
ds

Solução : Parametrizando a trajetória em relação a s, temos

a(s) = o(t(s)).

Por (1.3), obtemos


do
do do dtdt
ds dt ’ ds ds
dt

do
Então — = —4t— , mostrando que — é um vetor unitário.
ds do 1 ds
II dt ||

§1.6 Exercícios

1. Encontre O comprimento do caminho percorrido por uma partícula que se


move ao longo das curvas de equações dadas durante o intervalo de tempo
Funções com valores vetoriais 33

especificado em cada um dos casos abaixo:

a)o(t) = (e‘ cost , et sent) , 0 < t < 2.

b)o(t) = (a(cos t+t sen t) , a( sen t-t cos t)) 0 < t < 2x.

c)o(t) = (sent ,t,1— cost) , 0 < t < 2TT.

d)a(t) = (t, 3t2 , 6t3) , 0 < t < 2.

e)o(t) = (t , In(sect) , In(sect + tgt)) , °<t<T


4

2. Uma curva tem equação 2 = x3. Encontre o comprimento da curva do

ponto (1, -1) ao ponto (1, 1).

3. Determine o comprimento da astróide ( exercício 8 , seção 1.2 ) quando o

parâmetro varia no intervalo [0,,] -

4. Calcule o comprimento da curva definida por o(t) =(t, 1—t2, 1)do

ponto (0, 1, 1) ao ponto (1,0, 1).

5. Uma partícula se move ao longo de uma curva definida por

o(t) =(t- sent > 1 - cost) , 0<t< 2.

a) Determine os instantes t1,t2 € [0,27] onde v(t) = 1.

b) Calcule o espaço percorrido pela partícula no intervalo de tempo [t1,t2].

6. Dois pontos AeB num círculo unitário de centro na origem determinam


um setor circular AOB. Mostre que o comprimento dó arco AB é duas vezes
a área do setor AOB. MEC - UFF. NDC - DBT. Biblioteca do Aterrado
119020/403300 POLO UNIVERSITARIO DE VOLTA REDONDA
Dhasa Código da Obra i Código do Exemplar
34 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

7. Uma curva Céa união de duas curvas CieC2, onde C1 é um segmento

de reta eCzé uma porção de circunferência, conforme a figura 1.16. Pede-


se:
a) parametrize as curvas C1 e C2.
b) o comprimento total de C.

Figura 1.16

§1.7 Os vetores tangente unitário e normal principal

Considere uma partícula móvel com vetor posição o(t), vetor velocidade

V(t) e vetor aceleração A(t).Se o movimento da partícula é linear ,isto é, se

a sua trajetória é uma reta,então A(t) é paralelo a V(t) (exercício 13,seção


1.2). Para um movimento circular com velocidade angular constante, A(t) é

perpendicular a V(t) (exemplo 1.9, seção 1.3).


Nesta seção mostraremos que num movimento qualquer,o vetor A(t) é a
soma de dois vetores perpendiculares,um paralelo aV(t)eo outro perpendicu­

lar aV(t).
Funções com valores vetoriais______________________________________ 35

Com este objetivo, introduziremos um vetor tangente unitário T definido

por ,
I T6)=16-0r 0.6)
onde llo’ (t)I - 0.
Quando uma partícula se move ao longo de uma curva,o vetor correspon-

dente T(t), sendo de comprimento constante,muda somente de direção. A

variação de direção de T(t) é medida por sua derivada T‘(t) (como veremos
adiante). Como T(t) tem comprimento constante, o exemplo 1.7 da seção 1.1
nos diz que T(t) é perpendicular aT‘(t).
Se T‘(t) % 0,o vetor unitário na direção de T‘(t) é chamado normal

principal N à curva e definido por

n - OZr «1n
A figura 1.17 mostra os vetores T(t) e N(t) no ponto da curva C definida por

o(t) e o plano determinado por estes vetores.

Figura 1.17

O teorema a seguir mostra que o vetor aceleração A(t)éa soma de dois


36 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

vetores,um paralelo a T(t) e outro paralelo a T‘ (t).

Teorema 1.3: Considere uma partícula se movendo com vetor posição o(t).Se

vt) ==l o‘(t) || 0éa velocidade da partícula, então o vetor aceleração


At) é dado pela fórmula

A(t) = v,(t)T(t) + v(t)T,(t). (1.8)

Se T‘(t) 4 0 , temos

A(t) = v'(t)T(t) + v(t)\\T'(t)\\N(t). (1.9)

Demonstração: Da fórmula (1.6),temos

o‘(t) = vÇt) T(t).

Derivando este produto,encontramos

A(t) = o"(t) = v'{t) T(t) + v{t)

o que prova (1.8).Para provar (1.9), usamos (1.7) para escrever


T'(t) = ||T'(t)|| N(t).

Este teorema mostra, através de (1.9), que A(t) está sempre no plano
definido pelos vetores T(t) e N(t). Os coeficientes de T(t) e N(t) em (1.9) são

chamados, respectivamente,componentes tangencial (Ar) e normal (Ax)


da aceleração.

A taxa de variação da velocidade contribui para a componente tangencial,


enquanto a taxa de variação da direção contribui para a componente normal.
Funções com valores vetoriais 37

Este resultado, comprova o fato bem conhecido de que um motorista deve


reduzir a velocidade do carro ao fazer uma curva fechada.

Para uma curva plana, o comprimento do vetor T‘(t) é a medida


da taxa de variação do ângulo de inclinação de T(t).

Isto pode ser justificado como segue:

Visto que T é um vetor unitário,podemos escrever

T(t) = (cos a(t) , sen a(t) ),

onde a(t) denota o ângulo entre T(t) eo eixo positivo dos x, como mostra a
figura 1.18.

«(t)<0
u(+)=-N(+)

C( t) decrescendo

C(t) crescendo

Figura 1.18

A derivada deT(t) é

T‘(t) = (-a(t) sen a(t) • a‘(t) cos a(t)) = a‘(t)u(t). (1-10)

onde u(t) é o vetor unitário dado por


38 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Portanto, ||T‘(t) |l = I a‘(t) I , o que mostra que |l T‘(t) ||éa taxa de variação
do ângulo de inclinação de T(t).

Além disso,como ut) é perpendicular a T(t), temos:

Se a‘(t) 2.0 (o ângulo está crescendo) segue de (1.10) que u(t) tem o
mesmo sentido de T‘(t) e, portanto, N(t) = u(t).
Se a‘(t) <0(o ângulo está decrescendo), u(t) tem sentido oposto aT‘(t) e,
portanto, N(t) = -u(t). Isto mostra que N(t) aponta sempre para o lado
côncavo da curva.

Exemplo 1.16: Uma partícula se move ao longo da involuta de equações


paramétricas

x(t)=cost+tsent , y(t) = sen t — tcos t, t > 0.

a)Determine as componentes tangencial e normal da aceleração.

b)Faça um esboço mostrando uma porção da involuta próxima ao ponto

em que t=",e represente os vetores T(7), N(") e A(").


2 2 2 2

Solução: a) O vetor posição é o(t) = (cos t + tsen t, sen t — tcos t); logo.

V(t) =s‘(t) = (tcos t,tsen t) eA(t) = o"(t) = (-tsent+cost,tcost+sent).

Portanto, v(t) = II V(t) || = t e Ar(t) = v‘(t) = 1.

Como A(t) = Ar(t) T(t) + Ax(t) N(t), segue que

AN(t) =ViA()I2-(Ar(6))2=

= v(-t sen t + cos t)2 + (t cos t + sen t)2-1= t.

b) =P | •=)(cos
5611
1 t, * t);
3381111 = (°’ 1).
-
E

Funções com valores vetoriais 39

T‘(t)
N(t)= IIT'WH= (-sen t,cos t); assim N(Z) = (-1,0)

eA(J)=o"(J)=(-5,1).
— — —
Uma representação dos vetores e pode ser vista na figura
—— —
1.19.

Figura 1.19

§1.8 Curvatura
A curvatura de uma curva é a medida da taxa de variação de sua

direção, tomando esta variação em relação ao comprimento de arco, e não em


relação ao parâmetro. Se s representa o comprimento de arco medido a partir

de um certo ponto fixo, então a curvatura k é dada por

•-IEI c.m
Pela regra da cadeia,

T'W _ T‘(t)

ds dt ds ds v(t)
dt
40 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

se vt) * 0.
Portanto, (1.11) pode ser reduzida a

(112)
v(t)
Quando a curva é plana e tem equação cartesiana y = f(x), a equação
(1.12) se escreve

(113)

como o leitor pode verificar sem dificuldade.

Exemplo 1.17: Curvatura de uma circunferência. Determine a cur-


vatura da circunferência definida por

o(t) = (acos t, a sen t), O<t< 2T.

Solução: Temos o‘(t) = (—asen t, acos t) , v(t) = a ,

T(t) = (-sen t,cost)e T‘(t) = (-cos t, -sen t). Então obtemos I|T‘(t) II =
1, e assim k(t) =
a
Isto mostra que a circunferência tem curvatura constante. O inverso da cur-
vatura é o raio da circunferência.

Suponhamos uma curva plana Ce um ponto PE C tal que k(t) existe

e k(t) #0.O inverso de k(t) é chamado raio de curvatura de C em P e


denotado por p(t), isto é , p(t) = o círculo passando por P de raio p(t)
r(t)
e cujo centro está na semi-reta normal que contém N(t) é chamado círculo
de curvatura. Ele é tangente a C em P e tem a mesma curvatura da curva
(figura 1.20).
Funções com valores vetoriais 41

Figura 1.20

Exemplo 1.18: Se a curva C tem equação zy=2, encontre o raio de

curvatura de C no ponto (2, 1). Faça um esboço da curva e do círculo de

curvatura no ponto (2,1).


Solução: A equação cartesiana de C é y = 2. Então “=2e dV = 4.
T CT T- dx- T3
Aplicando a fórmula (1.13), temos

e, portanto,

415
*(2) =
25 '

1 25
Como o raio de curvatura ép=1, então no ponto (2, 1) temos p = —= ==
K 4v5
515
4'
O esboço pedido é mostrado na figura 1.21.
42 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

O próximo teorema relaciona a curvatura com o vetor velocidade e o vetor


aceleração.

Teorema 1.4: Se uma partícula em movimento possui vetor velocidade V(t),

velocidade vt), vetor aceleração At) e curvatura de trajetória k(t), então

A{t) = v(t) Tt) + k(t) v2(t) N(t). (1.14)

Esta fórmula, por sua vez, implica

w0-1AQ52021 a.
onde A(t) xV(t) éo produto vetorial de A(t) por V(t)

Demonstração: Para provar (1.14), reescrevemos (1.12) na forma || T‘(t) || =


k(t)v(t) e substituímos esta expressão na equação (1.9).
Funções com valores vetoriais 43

Para provar (1.15), fazemos o produto vetorial At) x V(t), usando (1.14)
para A(t) e a fórmula (t) = v(t)T(t) para a velocidade. Isto nos dá

A x V = v'vT xT + kv3 N xT = kv3N x T.

pois TxT=0.
Notando que I|NxTII = Il N II II T || sen 7=1, obtemos || A x v II = k v3 , o
L.
que prova (1.15).

Na prática é fácil calcular os vetores V (t) e A(t) ( por diferenciação do

vetor o(t)); portanto, determinar a curvatura usando a equação (1.15) é mais


simples do que usando a definição.

Exemplo 1.19: Uma partícula se move com velocidade constante de 10


x2 y2
unidades por segundo, no sentido anti-horário, ao longo da elipse — + ‘ = 1.
Ache o vetor aceleração A no instante em que a partícula passa pelo ponto

(0,3).

Solução: Por (1.14), A = v‘T+ kv2N. Como v é constante, v‘=0,e logo


A = kv2N.
x2 y2
Derivando------- +—=1 implicitamente em relação a x, obtemos
4 9

22ydy_
2 9 dx ’

de modo que

dy _ -9x
dx 4y
e

d2y _ -36y + 36z d%


dz2 16y2
44 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Assim, quando a = 0 e , = 3, temos dye d2v =3


dx dx- 4
Usando (1.13), obtemos

k= &* -3 3
4'
1+(22)21 01+0)

Quando (x,y) = (0,3), o vetor tangente T é horizontal, de modo que o


vetor normal principal N aponta para baixo (na direção da concavidade da

elipse neste ponto). Portanto, no ponto (0,3), N = (0,-1), e daí


3
A = k v2 N = 2 (10)2 (0, -1) = (0, -75).

§1.9 Exercícios
1. Mostre que a curvatura de uma curva plana descrita por o(t) = (x(t),y(t))

k(t) = a‘(t)s"(t)-v‘(t)a"(t)|
{x‘(6)12+(/(t)/2}4
Observe que esta equação se reduz à equação (1.13) quando a curva tem
equação cartesiana y = f(x).

2. Seja y=f(x)a equação de uma curva C que tem inclinação igual a1em
ex + e-x )
-----2— ), determine a curvatura de C quando
z=0.

3. Encontre a curvatura e o raio de curvatura no ponto P dado. Trace um


esboço da curva e o círculo de curvatura.
Funções com valores vetoriais 45

a)y = ex i P=(0,1).

b) = 2r ; P=(0,0).

c) = cos x ; P=Zl
’ 3'2

d)a{t) = (2e‘,2e=4) ; P=(2,2).

e)o(t)=(et+enh,et -erf) ; P=(2,0).

f)o(t) = (1 + 21nt, 1 + t2) ; P=(1,2).

4. Determine o raio de curvatura das seguintes curvas no espaço:


a)o(t) = (4 cost, 4 sent, 4 cos t).

b)o(t) = (et, e-t,v2t).

2
5. Mostre que a curvatura máxima da curva y=lnxé —75, a qual ocorre no
33

ponto

6. As equações paramétricas da trajetória de um cometa são dadas em função

do tempo por

x(t) = 200 cost e y(t)=10sent , 0Sts2m,

onde 200 e 10 são medidas expressas em unidades astronómicas (U.A.).

a) Calcule a curvatura da órbita em um ponto qualquer da mesma.

b)Encontre os pontos de máximo e mínimo para a curvatura.


Sugestão: O máximo (mínimo) da curvatura kéo mínimo (máximo) do raio
, 1
de curvatura P=—.
N

7. Seja o(t) = (2t - 2sent,2 - 2cost) , 0 < t < 2% (ver o exemplo 1.5).

Mostre que a curvatura é mínima no ponto mais alto da curva, e máxima no


46 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

ponto mais baixo.Encontre os pontos de velocidade máxima e mínima. Esboce


a curva, e os vetores velocidade e aceleração nos pontos mais alto e mais baixo
da curva.

8. O movimento de uma partícula é dado por o(t) = (3 cosi, 4 sent). Calcule


o comprimento da componente normal da aceleração no instante t=0.

9. Uma partícula se move ao longo do ramo superior da hipérbole y2-x2=


dz
9 de tal forma que é uma constante positiva. Encontre o que se pede,
Ol
quando a partícula está em (4, 5): o vetor posição, o vetor velocidade, o vetor

aceleração, o vetor tangente unitário, o vetor normal unitário, as componentes


tangencial e normal da aceleração. Ar eAN.

10. Uma partícula se move sobre a parábola y=x?da esquerda para a direita.

Quando ela passa pelo ponto (2,4), sua velocidade vé3 m/s e d vale 7 m/s2.
Ce
Ache: (a) o vetor velocidade; (b) o vetor aceleração neste ponto.

11. Uma estrada tem a configuração da parábola 120 = x2. Um caminhão

está carregado de tal modo que irá tombar se a componente normal da ace-
leração exceder 30. Que valores da velocidade garantirão uma passagem sem
desastre pelo vértice da parábola?

12. Uma partícula se move ao longo de uma curva plana com velocidade

escalar constante 5. No instante t=0ela está na origem V(0) = (0,5) e


nunca se move à esquerda do eixo y. Em cada instante t a curvatura da curva
é k(t) = 2t. Se &(t) denota o ângulo que o vetor velocidade faz com o eixo

positivo dos x em cada instante t, determine:


a) &(t) explicitamente como função de t.

b)O vetor velocidade V(t).


CAPÍTULO 2
ALGUMAS SUPERFÍCIES ESPECIAIS

Neste capítulo daremos uma pequena relação de superfícies que encon-

traremos freqiientemente e mostraremos como determinar a forma de cada

uma a partir de sua equação.

§2.1 Planos
A equação do plano que passa pelo ponto Pi = (x1,Y1,21) com vetor

normal N = (a1,22,a3) é (a1,a2,a3)-(x-T1y—91,2—Z1) = 0. Esta equação

pode ser escrita na forma

ax + by + cz + d = 0, (2.1)

onde a=a1, b=a2, =3, ed= -0121 — a2Y1 - 0321.

Reciprocamente, dada a equação (2.1) com a,bec não simultaneamente

nulos, podemos escolher números E1, Y, 21 tais que axi + by + C21 + d = 0.


Conseqúentemente, d = -ax1 -by1—C21 ,e a substituição em (2.1) dá

ax + by + cz - axi - by1 - cz1 = 0

ou, equivalentemente,

(a,b, c).(x - xity - yi,z - ZÍ) = 0.

Esta última equação é a equação do plano que passa pelo ponto (x1,Y1,21)

com vetor normal (a,b,c). Acabamos, assim, de estabelecer o seguinte resul-


tado:
48 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

O gráfico em IR3 de qualquer equação linear ax + by + cz + d = 0 éum

plano com vetor normal N = (a,b,c).

Exemplo 2.1: O gráfico em IR3 da equação z=0éo plano que contém


a origem com vetor normal N = (0,0,1). Portanto, este plano é o plano
coordenado ry. Analogamente, temos que os gráficos em IR3 das equações

x = 0 e y = 0 são os planos coordenados yz e xz, respectivamente.

Para esboçar o gráfico de uma equação linear, procuramos determinar, se


possível, o traço do gráfico em cada plano coordenado, ou seja, a reta segundo

a qual o gráfico intercepta o plano coordenado.

Exemplo 2.2: Esboce o gráfico da equação

2x+3y+4z= 12. (2.2)

Solução: Para determinar o traço no plano ry, fazemos 2=0em (2.2) e


obtemos a reta 2x+3y= 12 no plano ry. Esta reta intercepta o eixo x no
ponto (6, 0,0) e o eixo y no ponto (0, 4,0). De modo análogo, os traços nos

planos yz e xz são obtidos fazendo, em (2.2), x = 0 e y = 0, respectivamente,


obtendo assim a reta 3y++42= 12 no plano yzea reta 2x+4z= 12 no plano
xz. Estas retas interceptam o eixo z no ponto (0,0,3). A figura (2.1) mostra

uma porção do gráfico da equação (2.2).


Algumas superfícies especiais 49

(2x +3y + 4z = 12)


Figura 2.1

Definição 2.1: Dois planos com vetores normais AeB são:


(i) paralelos seAeB são paralelos;
(ii) perpendiculares seAeB são ortogonais.

Exemplo 2.3: O plano de equação r=a passa pelo ponto (a, 0,0) e tem vetor
normal N = (1,0,0). O plano coordenado yz também tem vetor normal N =

(1,0,0). Assim, o plano de equação r=aé paralelo ao plano coordenado yz.


Na figura 2.2(i) está esboçada uma porção do gráfico dex=a. Analogamente,

o gráfico de y = b é um plano paralelo ao plano xz, passando pelo ponto


(0,b,0); e o gráfico dez=cé um plano paralelo ao plano xy, passando pelo

ponto (0,0,c) (figuras 2.2 (ii) e 2.2 (iii)).


50 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Figura 2.2

Exemplo 2.4: Esboce o gráfico da equação y+32=6

Solução: Este plano tem vetor normal N = (0, 1, 3), que é ortogonal ao vetor

(1,0,0). Portanto, o plano de equação y+3z=6é perpendicular ao plano yz


e o traço de seu gráfico no plano yzéa reta y+3z=6. Note que o traço do

gráfico no plano azéa reta z=2, que é paralela ao eixo x;eo traço no plano

zyéa reta y=6, que é paralela ao eixo x. A figura 2.3 mostra uma porção
do gráfico da equação y + 3z = 6 e seus traços nos três planos coordenados.
(y+3z= 6)
Figura 2.3

Da mesma forma,os gráficos deax+by++d=0eax+cz+d=0 são planos

perpendiculares, respectivamente, aos planos ry e xz.

§2. 2 Cilindros e Superfícies de revolução

Definição 2.2: Um cilindro é uma superfície gerada por uma reta L que se
move ao longo de uma curva plana C dada, de tal modo que ela permaneça
sempre paralela a uma reta fixa não situada no plano da curva dada. A reta L é

chamada geratriz do cilindro e a curva C é chamada diretriz do cilindro.

Nos restringiremos apenas a cilindros em que a diretriz C está situada


em um dos planos coordenados e a geratriz L é paralela ao eixo coordenado

exterior ao plano.

A figura 2.4(i) mostra uma porção do cilindro circular reto cuja diretriz
é a circunferência x2 + 22 = 1 e cuja geratriz é paralela ao eixo y. A figura
52 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

2.4 (ii) mostra uma porção do cilindro cuja diretriz é a parábola y = 8x2 e cuja
geratriz é paralela ao eixo z.

Figura 2.4

Consideremos o problema de encontrar uma equação para um cilindro com


diretriz C no plano xy e geratriz paralela ao eixo z.

Suponhamos que C tem equação F(x, y) = 0, como na figura 2.5.

Figura 2.5
Algumas superfícies especiais 53

Um ponto P = (x, y, 2) pertence ao cilindro se e somente seQ= (x, y, 0)

está em C, isto 6, se e somente se as duas primciras coordenadas zeydeP


satisfazem à equação F(x, y) = 0. Segue que a equação do cilindro é F(x, y) =
0, ou seja, é a mesma equação da diretriz no plano zy.
Podemos então concluir que o gráfico no IR3 de uma equação que contém
apenas duas das três variáveis T,yezé um cilindro cuja diretriz é uma curva

no plano coordenado das duas variáveis presentes na equação e cuja geratriz

é paralela ao eixo associado à variável omitida.

Exemplo 2.5: Esboce o gráfico em IR3 das equações:


a)z= sen y ; b) z - er = 0.

Solução: a) O gráfico é um cilindro cuja diretriz no plano yz tem equação


z = sen y e geratriz paralela ao eixo x. Uma porção do gráfico se encontra na

figura 2.6(i).
b) O gráfico é um cilindro cuja diretriz no plano xz tem equação z=e®e
cuja geratriz é paralela ao eixo y. Uma porção do gráfico se encontra na figura

2.6(i).

(2 = sen y.

Figura 2.6
54 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Definição 2.3: Superfície de revolução é a superfície obtida pela rotação de uma


curva plana em torno de uma reta fixa que pertence ao mesmo plano da curva. A curva
plana é chamada curva geratriz e a reta fixa é o eixo da superfície de revolução.

A esfera é um exemplo de uma superfície de revolução, pois pode ser obtida


girando-se uma semicircunferência em torno de uma reta que contém o seu centro.
A figura 2.7(i) mostra a esfera obtida pela rotação da semicircunferência x2+22=
r2, z>0, em torno do eixo x.
Outro exemplo de superfície de revolução é um cilindro circular reto, para o qual
a curva geratriz e o eixo são retas paralelas. Se a curva geratriz é a reta x = k (k > 0)
no plano Tzeo eixo é o eixo z, obtemos o cilindro circular reto mostrado na figura
2.7(H).

Figura 2.7

A figura 2.8 mostra a superfície de revolução obtida pela rotação da curva C, no


plano y2, de equação z = f(y), em torno do eixo y.
Observe que a interseção da superfície com qualquer plano perpendicular ao seu
eixo é uma circunferência, um ponto ou o conjunto vazio.
y, z)
Para encontrar a equação desta superfície de revolução, consideremos P = (x,
um ponto qualquer na superfície. O plano perpendicular ao eixo de revolução y que
E

Algumas superfícies especiais 55

passa porP intercepta o eixo y no ponto R = (0, y,O)ea curva geratriz C no ponto
Po = (0,y, f(y)). Como PePo estão na mesma circunferência de centro em R, temos
(RP)2 = (RP) ,
ou seja,
x2+22=(f(y))2.

Figura 2.8

Concluímos que a equação da superfície de revolução obtida pela rotação, em


torno do eixo y, de uma curva no plano yz de equação z=f(y)é

22+22 = (f(v))2. (2-3)

De modo análogo, a equação da superfície de revolução obtida pela rotação, em


torno do eixo x, de uma curva num dos planos coordenados contendo este eixo é

v2+22=(()2. (2.4)

Se o eixo de revolução é o eixo zea curva geratriz está num dos planos coordenados
contendo este eixo, a equação da superfície de revolução é

x2 + v2 = (f(z))2 • (2.5)
56 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Exemplo 2.6: Encontre a equação da superfície de revolução obtida pela rotação da


parábola 2=x2 em torno do eixo z. Esboce o gráfico da superfície.
Solução: Explicitando x como função de z na equação z=x2, obtemos x = vz ou
x = —Vz. Tomando f(z) = vz ou f(z) = —vz em (2.5) temos que a equação da
superfície de revolução pedida é

x1 + y2 = z .
Esta superfície é chamada parabolóide circular. Seu gráfico é mostrado na
figura 2.9.

(z = x2 + 2)
Figura 2.9

Exemplo 2.7: Considere a superfície de revolução de equação ln(x2 + z) = -2.


a) Determine o eixo de revolução.
b) Determine a curva geratriz num dos planos coordenados que contém o eixo de
revolução.
c) Esboce o gráfico da superfície.

Solução: A equação da superfície de revolução pode ser escrita

22422 = e-2v .
algumas superfícies especiais
57

Esta equação é da forma x2+22= (f(v))2 e, assim, seu gráfico é uma superfície de
revolução que tem 0 eixo y como eixo. A curva geratriz pode ser a curva de equação

z = f(v) = e™", no plano xy, ou a curva de equação z = f(u) = e-v, no plano yz.
Um esboço do gráfico pode ser visto na figura 2.10.

(x2 +22= e-2v)


Figura 2.10

§2.3 Exercícios
Nos exercícios 1 a 6, esboce o gráfico da superfície de equação dada.
1) (a) x = -2 ; (b) y = 3 ; (c) z = 4.
2) (a) x = 5 ; (b) y = 0 ; (c) z = —2.
3) x + 2y - 6 = 0.
4) 3x - 22 - 12 = 0.
5) 1z — vy - 10 = 0.
6) 2x + y + 52 — 10 = 0.

Nos exercícios 7 a 17, faça um esboço do cilindro de equação dada.


7) 22+(-2)2 = 4
8) v2 + 22 = 16.
9) 4z2 + 922 = 36.
58 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

10) x2 = 9.

11) y = z.

12) x2 - iy = 0.

13) y2 — x2 = 16

14) z2 =

15) yz = 1.

16) z = Inx.

17) I+|2=1.

Nos exercícios 18 a 23, encontre uma equação da superfície de revolução gerada


pela rotação da curva plana dada em torno do eixo indicado. Faça um esboço da
superfície.

18) a2 = áy no plano xy, em torno do eixo y.

19) 2 = 4 + y1 no plano yz, em torno do eixo z.

20) x2 + z1 = 16 no plano xz, em torno do eixo x.

21) z = e-T no plano xz, em torno do eixo X.

22) y2z = 1 no plano yz, em torno do eixo z.

23) y = sen y no plano xy, em torno do eixo y.

Nos exercícios 24 a 28, encontre uma curva geratriz e o eixo da superfície de


revolução dada. Faça um esboço da superfície.

24) x2 + z2 — y2 = 0 , com x2+22< 4.

25 ) 22 + y2 + 422 = 16.

26) 24 — 16x2 = 16y2.

27) :2+22= Iv.

28) 22+32 = - Inz.


Algumas superfícies especiais 59
-—-------- -----------------------------------------------------------------------------------------------

§2.4 Superfícies quádricas


O gráfico no plano xy de uma equação do segundo grau

Ax2 + By? + Cry + Dr + Ey + F = 0


é uma cônica : uma parábola, uma elipse, uma circunferência, uma hipérbole, ou
alguma forma degenerada de uma dessas curvas, tal como um ponto, o conjunto vazio
ou um par de retas.
Uma equação do segundo grau nas variáveis a,yez tem a forma

Az2 + By? + C22 + Dry + Exz + Fyz +Gr+ Hy +1z+J =0, (2.6)
e o gráfico de tal equação em IR3 é chamado de superfície quádrica.
Pela rotação ou translação do sistema coordenado do IR3, é possível transformar
a equação (2.6) em certas formas padronizadas.
O objetivo desta seção é familiarizar o leitor com as superfícies quádricas mais
comuns, cuja equação aparece no forma padrão. (As superfícies quádricas que são
cilindros, cuja geratriz é paralela aos eixos coordenados, já foram analisadas na seção
2.2.)
Para visualizar, reconhecer e traçar o gráfico destas superfícies, mencionaremos,
sucintamente, algumas técnicas básicas. Estas técnicas envolvem a determinação dos
traços e das seções da superfície.
Os traços de uma superfície são as curvas de interseção da superfície com os
planos coordenados. Por exemplo, a equação do traço yz de uma superfície é obtida
fazendo =0 equação da superfície. As equações do traço xz e do traço xy são
obtidas de modo análogo.
As seções de uma superfície são as curvas de interseção da superfície com os
planos paralelos aos planos coordenados. Por exemplo, as equações das seções para-
lelas ao plano yz são obtidas fazendo x = k(constante) na equação da superfície. As
outras seções são obtidas de modo semelhante.
60 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

§2.4.1 Quádricas centrais

Uma superfície quádrica cuja equação padrão é da forma

22 ,2 22
±-±±*=1, (2.7)
a- b4 C2 '
unde a,bec são constantes positivas, é chamada quádrica central.
Uma superfície quádrica central apresenta simetria em relação a cada um dos
planos coordenados (por exemplo, a simetria em relação ao plano xz pode ser verifi-
cada, observando que a equação (2.7) não se altera quando y é substituído por —y)
e em relação à origem (a equação (2.7) não se altera se (x, y, z) é substituído por
(-x,

As superfícies quádricas centrais são classificadas do seguinte modo:


(i) Se oS três sinais do lado esquerdo da equação (2.7) são positivos, a superfície é
chamada elipsóide.
(ii) Se apenas um dos sinais do lado esquerdo da equação (2.7) é negativo, a superfície
é chamada hiperbolóide de uma folha.
(iii) Se dois sinais do lado esquerdo da equação (2.7) são negativos e o outro é positivo,
a superfície é chamada hiperbolóide de duas folhas.

O elipsóide
x2 y2 22
Os tragos do elipsóide 22 + 62 + c2 = 1 nos planos coordenados ay, 2 e y2 são

. .TY"
elipses de 3" 20 -7-,=1,
equaçoes U- z"
a- o- —9a-—C-—,b-=C-1 e " — -> == 1, respectivamente.
A seção do elipsóide no plano z=k possui equação

2242e1_k2
a2 T 62 " c2

Se |k <c,a seção é uma elipse. Se |k| =c,a seção é o ponto (0,0, k). Se |k| > c, não
existe interseção.
De modo análogo, podemos obter as outras seções do elipsóide. Um esboço do
elipsóide pode ser visto na figura 2.11.
Algumas superfícies especiais 61

; Observe que, se a, b e c forem iguais na equação de um elipsóide, este será uma


esfera e seus traços e seções serão circunferências.

(£+6+8=1)
Figura 2.11

O hiperbolóide de uma folha

Suponha que apenas o termo envolvendo z2 possua sinal negativo, de modo que
a equação (2.7) tenha a forma

22y222
' b2
Os traços da superfície são: o traço ryéa elipse x2y2
2
=1 o traço xzéa
a 62
x2 22
hipérbole —----- ,=leo traço yzéa hipérbole 7, —
y
a------ Cr O- =1
A seção da superfície no plano z=kéa elipse de equação

F2+*=1+8
2 162 T c2 '

As seções da superfície nos planos y=kez=k são hipérboles ou pares de retas.


Parte da superfície está esboçada na figura 2.12.
62 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Figura 2.12

Se a = b, o hiperbolóide de uma folha é uma superfície de revolução cujo eixo de


revolução é o eixo z.

O hiperbolóide de duas folhas

Suponha que apenas os termos envolvendo x2 e z1 possuam sinais negativos, de


modo que a equação (2.7) tem a forma
22 y2 z2
2
42-----------=
1 2
1
a - tí c
72 22
Não existe traço xz, e os traços yz e xy são as hipérboles 7-------------------------------- - = 1 e
T-2 y£ "02 c2 •
— 42 + 62 = 1 , respectivamente.
22 ,2
As seções da superfície nos planos z = k e x = k são as hipérboles —x + 1, =
, k2 y2 22 k2 db
--2 “62-------------- 2 =1172 > respectivamente.
22 22 k2
A seção da superfície no plano y = k possui equação — +—- = —2 — 1,
a c2 b2
Se k < b, a seção é vazia. Se k = b, a seção é o ponto (0, k, 0). Se |k| > b a seção é
uma elipse.

Parte da superfície está esboçada na figura 2.13.


Algumas superfícies especiais 63

Figura 2.13

Sea=c, o hiperbolóide de duas folhas é uma superfície de revolução cujo eixo de


revolução é o eixo y.

§2.4.2 Cones elípticos

Uma superfície quádrica cuja equação padrão é da forma


22 92 z2
±±‘±‘=0, (2-8)
a- b- C
onde a , & e c são constantes positivas e nem todos os sinais do lado esquerdo da
equação (2.8) são iguais, é chamada cone elíptico.
Suponha que o cone elíptico tenha equação

2174240
a2 62 c2
O traço xyéa origem. Os traços xz e yz são os pares de retas concorrentes
C C
2 = ±-x e 2 = -y, respectivamente.
a 0
A seção da superfície no plano z = k, k=0,é uma elipse. As seções nos
y2
planos c=key=k, k = 0, são as hipérboles —%, + " = — e -
z2 x2 22k2k2
0- Cr a2 + c2 62‘
a-
respectivamente.
64 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Parte da superfície está esboçada na figura 2.14.

Figura 2.14

Se a = b, a superfície é um cone circular e, portanto, uma superfície de revolução


cujo eixo é o eixo z.

§2.4.3 Parabolóides elípticos e hiperbólicos

Consideremos uma superfície quádrica cuja equação padrão possui uma das
seguintes formas:

ou
22. y2
a2 62 ±62*22=T
9222
oux2±a2±22=V
4- z2

onde a, b c c são constantes positivas.

Se os termos do lado esquerdo destas equações possuem o mesmo sinal, o gráfico


de qualquer uma destas equações é chamado parabolóide elíptico. Por outro lado,

se os termos do lado esquerdo destas equações possuem sinais opostos, o gráfico de


qualquer uma destas equações é chamado parabolóide hiperbólico.
Algumas superfícies especiais 65

O parabolóide elíptico

Suponha, por exemplo, que o parabolóide elíptico tenha equação

222
a2 62

O traço zyéa origem, Os traços xz e y2são as parábolas z =


respectivamente.
A seção da superfície no plano 2=k possui equação

x2 V-=k
a2 b2
Se k > 0, a seção é uma elipse. Se k < 0, a seção é vazia; portanto, a superfície se
encontra acima do plano ry. As seções nos planos x = k e y = k são as parábolas
k2 y2 x2 k2
2=->e2=>=9, respectivamente.
a- b- a- b-
Uma parte do parabolóide elíptico é mostrada na figura 2.15.

(£+6=2)
Figura 2.15

Se a = 6, a superfície é um parabolóide circular e, portanto, uma superfície de


revolução cujo eixo é o eixo 2.
66 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

O parabolóide hiperbólico

Suponha, por exemplo, que o parabolóide hiperbólico tenha equação

a_2.2l,
2 ‘ b2

o traço ayéo par de retas concorrentes y = +2. Os traços xz e y2 são as


Q
x2 2
parábolas 2= — ez=7, respectivamente.
a- 0-
A seção da superfície no plano z=ké uma hipérbole. Se k > 0, a hipérbole
x2 2 x2 y2
possui equação -22 + 52 = kj se k < 0, a hipérbole possue equação 22-82= k|.
As seções nos planos x = k e y = k são parábolas com concavidade para cima e para
baixo, respectivamente.
Um esboço de uma parte do parabolóide hiperbólico é mostrado na figura 2.16.
Observe que nas proximidades da origem o parabolóide hiperbólico tem o formato de
uma “sela de cavalo ".

Figura 2.16

Exemplo 2.8: Identifique e esboce a superfície quádrica de equação 22 — 9x2 - 16y2 =


144
Algumas superfícies especiais 67

Solução: A equação dada equivale a

que é da forma da equação (2.7), cujo lado esquerdo possui dois sinais negativos e um
positivo; logo, a superfície é um hiperbolóide de duas folhas.
z2 22
O traço xy é vazio, e os traços xz e yz são as hipérboles -------------------- —=le
144 16
„2 72
144 -9=1, respectivamente-

22 ,2 2
A seção da superfície no plano z = k , k > 12, é a elipse —+-= — 1.
16 9 144
Um esboço do hiperbolóide de duas folhas se encontra na figura 2.17.

(22 - 9x2 - 16y2 = 144)


Figura 2.17

§2.5 Exercícios
1. Escreva a equação e identifique- a seção de cada superfície quádrica no plano
indicado.
a) 2x2 + 3y2 +22=6 , a=1.
68 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

2,2 .2
o2-5-=0 ■ "=0
d) 3x2 + 42 =z , r=2

Nos exercícios 2 a 15: a) determine os traços; b) determine as seções; c) identifique


a superfície quádrica; d) esboce seu gráfico.

2) 22 + y2 + z2 = 1 , y < 0.
3) 9x2 + Qy2 +22 = 36.
4) 4x2 - 9y2 + 922 = 36.
5) 4x2 - Qy2 -z2 = 36.
6) x2 + 5y2 = 8z2.
7) z = 4 - 2x2 - 3y2.
8) 22+22 = 1 . 0<y<1
9) y - x2 = 1 . —2 < x < 2.
10) zi=l-2y + y2.
ll)x2+y2 + z2-2y-2x+l = 0.
12) z2 + y2 - 22 - 4y = 0.
13) x2 - y2 + z2 4- 2y + 3 = 0.

2
14) Ache a equação da superfície de pontos P = (x, y. 2) cuja distância ao eixo y é
3
da distância dePao plano xz. Identifique a superfície.

15) Escreva a equação da superfície de pontos P = (x, y, 2) tais que a distância de P


ao ponto (0,0,1) é a mesma do que a de P ao plano y = -1. Identifique a superfície.

16) Mostre que a projeção sobre o plano ry da curva de interseção das superfícies
z = 1 - a2 e z = x2 + y2 é uma elipse.
Sugestão: o que significa geometricamente eliminar 2 dessas equações?
CAPÍTULO 3
CÁLCULO DIFERENCIAL DE FUNÇÕES'
DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Neste capítulo estenderemos os principais conceitos do cálculo diferencial

de funções de uma variável às funções de várias variáveis, dando maior ênfase


às funções de duas ou três variáveis.

§3.1 Funções de várias variáveis


Definição 3.1: Uma função real f de n variáveis associa a cada n-upla
(x1,22, • ■ ■ ,Tn) € D C ST1 um único número real w = f(x1,T2,. • .,Tn). O
subconjunto D de jRn é chamado domínio da função f. Podemos denotar a

função f por
f : D C IR"
(x1, ...,%n) ।—+w=f(Z1,...,Tn).

Exemplo 3.1: A função z = —— é uma função de duas variáveis


T$
cujo domínio são todos os pontos (x, y) € IR2 tais que x y, isto é, todos os

pontos do plano xy que não estão na reta T = y.

A função w = y, z) = (x2 +y2+ 22)-2 é uma função de três variáveis


cujo domínio são todos os pontos (x, y, z) £ IR3 para os quais a2+y2+z2=0,
isto é, todos os pontos de IR3, exceto a origem.

Se f : D C IR —• IR, o gráfico de f, denotado por Gj,éo subconjunto


de R2 formado por todos os pares (x,f(x)), onde x € D (figura 3.1(i)).

No caso geral, temos a seguinte definição:


70 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Definição 3.2: Seja f:DC IR" —» IR uma função de n variáveis.


Definimos o gráfico de f, denotado por Gf, como o subconjunto de In+1

formado por todos os pontos da forma (x1,. •Tn,f(x1, • • .,Tn)) € IR+1, onde
(x1,...,Tn) € D, ou seja,

Gf = {(x1,...,En.f(21,...,%)) € m+l(x1,...,2n) e D}.

No caso n=2,0 gráfico defé uma superfície em IR3 (figura 3.1(ii)).


Quando n=3, não é possível visualizar o gráfico da f,visto que este é um

subconjunto de IR4.

gráfico de função de uma variável gráfico de função de duas variáveis

(i)
Figura 3.1

Exemplo 3.2: Determine o domínio e esboce o gráfico da função

f(x, y) = 1 - x2 - y2.
Solução: O domínio de fé o conjunto de todos os pares (x,y) € IR2 para os
quais 1 - x2 - y2 > 0, ou seja, o domínio Ddeféo disco circular x2+y2 < 1,
de raio 1 e centro na origem.
Cálculo diferencial 71

Um ponto (x, y, z) pertence ao gráfico de f se, e somente se, (x, y)€D

ez f(x,y), isto é,2= v1 - x2 - 2. A condição z = Vl-a2- y2 é


equivalente às duas condições z2 0ex2+y2+22= 1. Deste modo, o gráfico
de f consiste da porção da esfera x2 + y2 + 22 = 1 acima do plano y (figura

3.2).

(z = V1-x2-y2)
Figura 3.2

Exemplo 3.3: A temperatura em um ponto (x,y) de uma placa de metal

plana é Tx, y) = 9x2 + 4y2 graus.


(a) Encontre a temperatura no ponto (1,2).
(b) Encontre a equação da curva ao longo da qual a temperatura tem um

valor constante e igual a 36 graus.

(c) Esboce a curva do item (b).

Solução: (a) T(1, 2) = 9 + 16 = 25 graus.


x2 y2
(b) A curva tem equação T(x, y) = 36, isto é, 922+4y2 = 36, ou 4 + g = 1.
x2 y2
(c) A curva de equação 4+g =léa elipse da figura 3.3.
72 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Figura 3.3

Uma curva ao longo da qual a função z = (x, y) tem valor constante (tal
como a curva ao longo da qual a temperatura do exemplo anterior se manteve

com valor constante de 36 graus) é denominada curva de nível ou curva de


contorno da função f. A equação da curva de nível ao longo da qual a função
z=f(x,y) assume o valor constante k é

f^,y) = k.

Quando a função f representa a temperatura, as curvas de nível de f são


chamadas isotermas. Se f representa o potencial elétrico, as curvas de nível
de f são chamadas curvas eqúipotenciais.

Suponna que uma superfície Séo gráfico de uma função z = f(x, y). Se a
interseção da superfície S com o plano, paralelo ao plano ry, de equação z=k

é não vazia, então ela é uma curva cuja projeção no plano xyéa curva de nível
f(x,y) =k.A cada ponto desta curva de nível corresponue um único ponto

na superfície S que está k unidades acima do plano xy, se k for positivo, ou k


Cálculo diferencial 73
------- . npn=,, _—

unidades abaixo dele, se k for negativo. Ao considerarmos diferentes valores


para a constante k, obtemos um conjunto de curvas de nível. Este conjunto
de curvas é chamado mapa de contorno da superfície S (figura 3.4).
Tal mapa de contorno nos facilita a visualização da superfície, como se
estivéssemos sobre ela. As curvas são mostradas, em geral, para valores de z

em intervalos constantes. Quando as curvas de nível estão juntas, os valores


de z mudam mais rapidamente do que quando elas estão afastadas, ou seja,
quando as curvas de nível estão juntas a superfície é "íngreme".

Exemplo 3.4: Seja f(x,y) =4-x2-y. Faça um mapa de contorno de f,


mostrando as curvas de nível de f em 5,4,3, 2, 1,0,-1. Faça um esboço do
gráfico de f.

Solução: As curvas de nível da f são as parábolas

y = -z2 + (4 - k).
A figura 3.5 mostra um mapa de contorno de f.
74 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Figura 3.5

O gráfico deféa superfície de equação z x2 — y. O traço cy da


= 4 —

superfície é a parábola y=4-x2, o traço xzéa parábola 2 = 4 - x2 e o traço

yzéa reta 2=4-y. Um esboço da superfície z = ^-x2-yé mostrado na


figura 3.6.

(z = 4 - x2 - y)
Figura 3.6
Çálcnlo diferencial 75

Quanto às funções de três variáveis w = f(x,y,2), não podemos visu-


alizar seu gráfico. No entanto, podemos considerar as superfícies de equação

f(x,y,2) = k, quando k varia no conjunto imagem de f. Estas superfícies são


chamadas superfícies de nível para f.
Toda superfície definida por uma equação em a,yez pode ser considerada

uma superfície de nível de alguma função f de três variáveis. Por exemplo,


a superfície do exemplo 3.4 (esboçada na figura 3.6) é a superfície de nível

g(x, V<z) = 4, onde (x, y,z) = x2 + y + z.

Exemplo 3.8 : Descreva as superfícies de nível de (x, ,2) = x2 + y2 — 22.

Solução: As superfícies de nível possuem equação

„2 _ ,2 __ „2 — L

Sek>0,a superfície de nível é o hiperbolóide de uma folha (figura 2.12)


. x 2 y2 z 2 ,
de equagão k*kk=l
Sek<0,a superfície de nível é o hiperbolóide de duas folhas (figura 2.13)
22_
deenuasõOT|"i*F1
_ x2 y2

Sek=0,a superfície de nível é um cone circular de equação x2 + y2 - 22 =

0 (figura 2.14).

§3.2 Exercícios
1. Descreva o domínio das seguintes funções:

a)z= vx+y-4.
b)z= vy-1- X2.

_ 5n(z±y)_
14-22 - y1
76 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

d) Z = y/^J - x2 - 2.

2. Considere a superfície S, união de Si e S2, onde Si tem equação 2+2=4

com 0<z<2,eSzéo gráfico da função 2 = vx2+y2 definida no conjunto


D, onde D = {(x, y) €l2|4< z2 +y2< 25}.

a) Esbocea superfície S1.

b) Esbocea superfície S2.

c) Esbocea superfície S.

3. Seja S a superfície definida por 2=2+ vx2+y2.

a) Identifique a interseção de S com o plano z=k, quando k < 2, k = 2 e

k>2.

b) Identifique as interseções de S com os planos xz e yz.

c) Faça um esboço de S.

4. Dada a funçãof(x,y) = -2----------- 2 , pede-se:


TY
a) As equações das curvas de nível 2= 4,2=4€z=9.

b) A equação e o esboço da curva de nível que contém o ponto (0, 2).

c) Um esboço do gráfico da função.

5. Considere a superfície 2 = f(x, y) , onde

8-x2-y2 , x2 + 2 < 4,
f(x,y)=s Oo
4 ,x‘+y‘24.

Pede-se:

a) As interseções da superfície com os planos 2=8,2=6,2=0,T=0


ey = 0.

b) Um esboço da superfície.
. Cálculo diferencial 7

6. Seja v) = Ví0 -x- y2.


a) Represente o domínio de f no plano ry e determine a imagem de f.

b) Identifique as interseções do gráfico de f com os planos z = 0 , z = 1 ,

2=2,y=0ez=0

c) Faça um esboço do gráfico de f.

7. Nas figuras 3.7 (i) e (ii), estão representadas , respectivamente, curvas de

nível e superfícies de nível das funções f(x,y) e g(x,y, z). Escreva expressões
adequadas para feg.

Figura 3.7

8. Esboce o mapa de contorno e o gráfico das seguintes funções:

a) f(x,y) =x + y2 .

b) = V-1-2 •

c) f(x,y) = v2y - x2 -y^


78 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variávei

6-22-y2 x2+y2 < 4,


d) =
4 - V22+ y- 22+922 4.

9. Seja z = 5(z,w) = 1 24
YO
63 .
a) Determine o domínio da função f e esboce o seu gráfico.

b) Encontre a curva de nível C da função f que contém o ponto P =


(V6 3V2
(2’2
c) Dê uma parametrização para a curva C do item b).

d) Calcule o comprimento da reta tangente à curva C no ponto P com-

preendida entre os eixos coordenados.

7 - vx2 +y2 , 0 < x2 + 2 < 16,


10. Considere a função z=f(x,y) =
125 - 22 - , 16 < 22 + y2 < 25.

a) Esboce o gráfico dez= f(x,y).

b) Identifique a curva de nível que contém o ponto Po=(1, v3).

c) Dê uma equação da reta normal à curva de nível do item b) em Po.

11. A temperatura num ponto (x,y,z) é dada por T(x,y,2) = e-2-2y2+322

graus. Identifique a superfície do IR3 cujos pontos possuem temperatura igual

à temperatura do ponto (-1, -1,1).

12. Descreva o domínio e as superfícies de nível das funções abaixo.

a) f(x, y, z) = (x2 + y2 + z2)-1 .


b) y, z) = ln(x2 + y2 + 22 - 1) .

c) y, z) = x2 + y2 - (z - l)2 .

d) f(x,y,z) = x2 + z2-e2« .
Cálcio diferencial 79

§3.3 Limite e Continuidade

Um ponto variável x no eixo coordenado pode se aproximar de um ponto

fixo xo de dois modos: à direita de To ou à esquerda de To- Um ponto variável


(x y) no plano coordenado pode se aproximar de um ponto fixo (xo,yo) por
um número infinito de caminhos; veja alguns deles na figura 3.8.

Figura 3.8

Diremos que (x,y) se aproxima de (xo,Yo) se a distância entre eles tende

a zero,independentemente do percurso feito por (x,y), onde a distância entre

(x,y) e (To,Y0) é dada por

11(1,2/) - (zo,so)ll = V(r- zo)2 +(- 9o)?.

Recordemos que, para funções f de uma variável real, podemos falar do

limite de f(x), quando x tende a To, mesmo quando f não está definida em
To. E necessário apenas que f esteja definida em intervalos abertos da forma

To - T < x < To ou To < x < To + r.


Analogamente, para definir o limite de uma função f(x, y) de duas variáveis
reais, quando (x,y) tende a um ponto fixo (xo, yo), não é necessário que f(x, y)
80 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

esteja definida em (xo,yo). Exigimos apenas que (xo,Yo) seja um ponto de


acumulação do domínio D de f, isto é, que cada bola aberta de centro em

(xo,yo) e raio r>0, denotada por B,(xo,Yo), contenha pelo menos um ponto
de D distinto de(xo,Yo), onde

B,(xo,V0) = {(x,y) € IR2 ; Il(x, y) - (xo,30) || < r}.

Definição 3.3 : Sejam z = f(x,y) uma função real de duas variáveis definida

emDC IR2 e (xo,Yo) um ponto de acumulação de D. Dizemos que o limite

de f(x,y) quando (x,y) tende a (xo,Y0) é o número L, e escrevemos

lim f(x,y)^L ou U{x,y) —L se (x,y) — (xo,Y0)),


(x,y)—(xo,yo)

quando

lim If(x,y)-L|=O* (3-1)


II (x,y)—(xo,yo)l—0
(figura 3.9).

Figura 3.9
"Isto significa que para cada e>0, existe 8>0tal que para todo (x,y) pertencente ao
domínio de f que está em Bs(xu,Yo) tem-se If(x,y) -L|<e.
Cálculo diferencial 81

A definição 3.3 pode ser estendida às funções de três variáveis. Neste caso.

Br^o,yO’zo) = € IR3; II (x,y,z) - (xo,30,20)ll =

V(I-T0)2 + {y- yo)2 +(2- 20)2 < r) e

lim f(x,y, 2) = L significa que


(x,3,2)—(xo,0,zo)

ice.s.sj_lim.,.o)i_o!f(x,y,2)-1=0.

Podemos mostrar, através de argumentos semelhantes, que todas as pro-

priedades de limite de funções de uma variável se estendem às funções de várias


variáveis. Por exemplo, o limite da soma, diferença, produto ou quociente é a
soma, diferença, produto ou quociente dos limites, respectivamente, contanto
que esses limites existam e que os denominadores não se anulem.

392
Exemplo 3.9: Seja f(x,y)=2x2y--------------- ------ . Calcule • lim f(x,y).
C+3 (x,)—(-1,2)
Solução: Usando as propriedades de limite para funções de duas variáveis,

temos
lim 272, - 32 = 2(-1 )22 - 3(22), = -8.
(z,y)—(-1,2) y x + y -1 + 2
22 ,2
Exemplo 3.10: Seja f a função definida por f(x,y) = 22--------------------2.
TY
a) Calcule o limite de f(x, y) quando (x, y) tende a (0,0) ao longo de cada um

dos seguintes caminhos: (i) eixo dos x ; (ii) eixo dos y ; (iii) da reta y=T.

b)Existe lim f(x,y) ? Em caso afirmativo, qual o seu valor?


(x,y)—(0,0)
Solução:
22 - 0
a)(i) Sobre o eixo z,y=0e f(x,y) = f(x,0) = ——- = 1 , para x=0.
T40
Portanto, lim f(x,0)=1.
82 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

0 — y2
(i) Sobre o eixo 9c=0e f(,V) = f(0,9) = 0+92 = -1, para 370.
Portanto, lim f(0,y) = -1.
X2 - X 2
(iii) Sobre a reta y=x, f(x,y) = f(x,x) = ---—, = 0, para x=0
T-+T-
Portanto, lim f(x;x)= 0.

b) Visto que os limites (i); (ii) e (iii) não coincidem, ( Jimo,o) f(e,9) não
existe.

O exemplo anterior sugere que uma maneira eficiente de se mostrar que

lim f(x,y) não existe é mostrar que f(x,y) tende a limites diferentes
(x,y)—(xo,yo)
quando (x,y) tende a (xo,Yo) por dois caminhos diferentes.

x2y
Exemplo 3.11: Seja f a função definida por f(e,y) = 24492*

a) Calcule o limite de f(x, y) quando (x, y) tende a (0,0) ao longo da reta


y = mx.

b) Calcule o limite de f(x, y) quando (x, y) tende a (0,0) ao longo da parábola


y = x 2.

c) Existe lim f(x,y) ?


(x,v)—(0,0)
Solução:
mx3 mT
a) Sobre a reta y = mx, f (x, y)=f (x, mx) = —-----------------------,> = -9-------- 9, para
T* 41 m-x- T- — m
x=0. Logo, lim f(x, Vmx) = lim —------------------- = 0.
1 2-0 ’ x—0 x2 + m2
x4 1
b) a parábola y = x2, f(x,y) = f(x,x2) = para x=0.
x4+x4 2‘

Logo, lim x2) = 2 '

c)Visto que os limites dos itens a) e b) são diferentes, Jim f(a,y) não
existe.

Exemplo 3.12: Seja f(x,y) = — 2175 .242,


OT T. 13
Cálculo diferericial 83

a) Calcule o limite de f(x,y) quando (x,y) tende a (0,0) ao longo: (i) de cada

reta que passa pela origem e (ii) da parábola x=y2.

1) Existe lim f(x,y) ? Em caso afirmativo, qual o seu valor ?


P) (x,y)—(0,0)

Solução:

a)(i) Sobre o eixo y,T=0e f(x,y) = f(0,y) = 0, para y#0. Portanto,

lim f(0,3)=0.
y—0
Sobre a reta y = mr,
_ . 2mx3 2mx
= 322+3m2z2 = 3+3m2‘ para
2#0. Portanto, lim f(x, mx) = 0.
4 ——-()

25 2y3
(ii) Sobre a parábola x = y2, f(x,y) = f(y2,y) =
3y4 + 3y2 3y2 + 3’
para y#0. Portanto, lim f(u3, y) = 0.

b) Ao longo de todos os caminhos do item a) , o limite é o mesmo, zero. Isto

nos leva a suspeitar que o limite existe e é zero. Nossa suspeita é confirmada

a seguir:

2x2y 2 x2lyl
f(x,y) -0 = f(x,y)| = 322 + 3y2 3x2+y2

Como x2 < x2 + y2, obtemos

9
If(x,y)l < xM- 0-2)

Visto que lv < A-y1 = Il(x, y) - (0,0)|| = ll(x,y)||, segue de (3.2) que
2
If(x,y)| < 5 l(x,y)|l ; portanto, If(x, y)| — 0 quando ll(x,y)l — 0.
O

Definição 3.4: Sejam f uma função real de duas variáveis e (xo, Yo) um ponto

do domínio de f. Dizemos que f é contínua em (xo, yo) se

lim f(x,y) = f^yoY


(x,y)—(o.yo)
84 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Se fé uma função de três variáveis, f é contínua em (xo,Y0,Z0) se

, lim = S^Q,y0,z0').
(E,V,2)(E0:0,zo)
Dizemos que f é contínua em D se fé contínua em todos os pontos de D.

Exemplo 3.13: Seja f(x, y) = 322 + ^y2 ’ 10"1h


(0 ,se (x,y) = (0,0).
Decida se fé contínua em (0,0).
222,
Solução: Como f(0, 0) = 0 e lim ——— = 0, como foi mostrado no
(x,)—(0,0) 3x2 + 3y2
exemplo 3.12, concluímos que f é contínua em (0,0).

Exemplo 3.14: Seja f a função definida por

f(x, y) =
2 + s2 , se x2+y2s 1,
o ,se 22+92> 1.

Mostre que:

a)fé contínua nos pontos (xo, Yo) € IR2 tais que 202 + yo2 f 1.

b)fé descontínua nos pontos (xo, yo) € IR2 tais que xo2 +y?=1.

Solução: a) Considere um ponto (xo, Yo) tal que xo2 + yo2 # 1.


Se xo2 + ya2 < 1 , lim f(x,y) = xo2 + y02 = f(x0,y0).
(E,V)(To:o)
Se2o2+y2>1, lim f(.x,y) = 0 = f(xo,yo)-
(o,V)—(Fo,o)
Logo, f é contínua nos pontos (xo, Yo) tais que xo2 + yo2 - 1 .

b) Considere, agora, um ponto (xo,Yo) tal que To2 + yo2 = 1-


Então

lim f(x,y)= lim (22 + y2) = 2o2 + yo2 = 1 (3.3)


,.,, (x,3)—(ro,yo)
(x,9)*(E0,o)
(x2+y?<1)
Cálcio diferencial 85

lim (x, y) = lim 0= 0. (3.4)


(x,y)—(xo,yo)
(r,V)—(xo,o)
(x2+y2>1)

Como os limites obtidos em (3.3) e (3.4) são diferentes, concluímos que

lim f(x,y) não existe e, portanto, f não é contínua em (xo,Yo). Um


(x,y)—(xo,o)
esboço de uma porção do gráfico de f pode ser visto na figura 3.10.

Figura 3.10

A soma, diferença, produto e quociente de funções contínuas de várias

variáveis são funções contínuas. Isto é consequência das propriedades, ante-


riormente mencionadas, de limite da soma, diferença, produto e quociente de
funções de várias variáveis.

§3.4 Exercícios

1. Calcule os limites abaixo, usando as propriedades de limite.


86 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

ex+ 6^ 3 + xz2
a) lim ; b) lim , , 2 - z
(x,y)—(0,0) COST— sen?/ (x,y,z)—(0,-1,0) x + y2 + z2

2. Determine se lim f(x,y) existe nos seguintes casos:


(x,y)—(xo,yo)

_3v2 a2+y
a)f(x,y) = 21(T0,30) = (0,0) b)f(x,y) = ,(xo,V0) = (0,
x2 + y- x2 + 2
xy zy
5,(xo,Y0)
A = (0,0) d)f{x,y} = = (1,
y-2x

Para as funções a), b) e c) deste exercício, defina f(0,0) = 0. Estude a

continuidade de f em (0,0), nos três casos.

3. Mostre que lim f(x,y,z) não existe nos seguintes casos:


(x,y,2)—(0,0,0)

=2 2 2 2,2,2
a) f(x,y,2) = "—,—,
x2^y2 + z2 ; b) f(x,y,2) = \——.—-
J x6 + y6- + z6

4. Discuta a continuidade das funções abaixo:

^y
, se ^,y) / (o,o),
a)f(x, y) =1 x+lvl
0 , se (x,y) = (0,0).

z3y?
, se (x,y)/ (0,0),
x8 + y
b)f(x,y) =
0 , se (x,y) = (0,0).

23
. se (x,y) / (0.0),
c)f(x,y) = . x2 + y2
0 , se {x,y) = (0,0).
Cálculo diferencial 87

§3.5 Derivadas parciais e Diferenciabilidade


Sey= (x) é uma função real de uma variável real, sua derivada é

definha por
dy f(x + Ax) - f(x)
lim ---------------------------
dx Ax—0 Ax

e pode ser interpretada como a taxa de variação de y em relação a T. No

caso de uma função z = f(x,y) de duas variáveis independentes, necessitamos


í de uma definição semelhante que determine a taxa com que z muda quando
rey variam. O procedimento é fazer com que apenas uma variável varie

de cada vez, enquanto a outra é mantida constante. Especificamente, para


| funções de várias variáveis, derivamos em relação a apenas uma variável por
| vez, considerando todas as outras como constantes.

Definição 3.5: Sejam z=f(a, y) uma função de duas variáveis reais e (xo, yo)
um ponto do domínio de f. A derivada parcial de f em relação arno

ponto (To,Yo) é definida por

a/(I0 )= lim fro+Ar,so)—f(Fo:vo)


Ox . Ax—0

se este limite existir.

As notações mais usadas para representar esta derivada parcial são: of


dx
dz
dx , fz > ^x-
Analogamente, a derivada parcial de f em relação ayno ponto (xo, Yo)
é definida por

lim f(xo,yo+Ay)—f(xo,J0)
83(zo.vo)
Ay—0 Ay

se este limite existir.


88 Cálculo diferencial e integral de funções de várias vanávej^

As notações mais usadas para representar esta derivada parcial são: --• |
.az , ôy ‘
dy ‘ y ’ 2y

Segue da definição 3.5 que para se calcular O(xo,y0) fixa-se y = y er


ox
z = fÇx,y) e calcula-se a derivada de g(x) = f(x,yo) em x = To, ou seja
— (xo, Jo) = g'(xaf Por outro lado, para se calcular A(xo,Jo), fixa-se x = z

em z = f(x, y) e calcula-se a derivada de h(jy) = f(xg,y) em y = yo, ou seja,

80(o»vo) = h'^yoY

z
Exemplo 3.15: Seja z — f(x. y) = arctg (x2 + y2). Calcule —(x, y\ e

ay(r,s).
8z , 1
- z
Solução: Para calcular —(x, y), devemos considerar y como constante e
ox
derivar z — arctg (x2 + y2) em relação a x; logo,

dz / 2x
xV) = 1+(x2+y2)2

Considerando x como constante e derivando z = arctg (x2+y2) em relação


a y, obtemos
âz 1 _ 2
dy *9 1 + (x2 + y2)2'

f 23 — 12
-24112
X 1d ’ se • (0,0),
Exemplo 3.16: Seja f(x,y) = <
0 , se {x,y) = (0,0).
Determine:

a)84(a,y).
culo diferencial 89

v806,").
Solução: a) Nos pontos (r,s) * (0,0)) temos

of, 1 3x2(x2 + y2) - 2x(x3 - y2) _ x4 + 3x22 + 2xy2


an(x,V) =(x2+y2)2 (x2 + 2)2
Para (x,y) = (0, 0), temos

/(△x,0)-/(0,0) (Ax)3
Iim ------------ -------------- = Iim ——. === 1.
Az—0 Ax Az—0 (Ax)3

Loco, 2(0,0) = 1. Portanto,


9 OT

24 + 3x2y2 + 2xy2
se (x,y) % (0,0),

se (x,y) = (0,0).

b) Nos pontos (x,y) - (0,0), temos

df. —_2y(x2 + y2) - 2y(x3 - y2) _ 2x2y(1+x)


dy{X'y) (x2+12)2 (x2+12)2
Para (x, y) = (0,0), temos

| Hm 5(0, Av) - 5(0,0) , m _


Ay—0 Ay Ay—0 4y
8f
Como lim —— não existe, concluímos que —(0,0) não existe. Segue
Ay—0 Ay ôy
. que

80(z,v)=—2G%4,35)se(z,w)+(0,0).
Funções com valores vetoriais 9

Figura 1.8

Exemplo 1.7: Seja o(t) uma função vetorial diferenciável num intervalo

I.Mostre que se o comprimento do vetor o(t) é constante em I,então o(t) •


o‘(t) =0em I.Em outras palavras, o(t) e o‘(t) são ortogonais em I.

Solução : Por hipótese,


lo(E)I2=a2,
para algum a 2 0.Fazendo o(t) = (x(t), y(t), z(t)), a última equação se escreve

22()+w()+2?(t) = a2.

Derivando implicitamente esta equação em relação a t, obtemos

2x(t)a‘(t) + 2y(t)v/(t) + 2z(t)2‘(t) = 0,

isto é.

o(t) • o‘(t) = 0.
90 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáVe.

A interpretação geométrica das derivadas parciais de uma função de dus ;

variáveis é análoga àquela para função de uma variável real. O gráfico de uma
função de duas variáveis é uma superfície de equação z=f(x, y). Seja (xo,30

um ponto no plano zyePo= (xo,yo,f(xo,yo)) o ponto correspondente na


superficie. Manter V fixo igual a Vo significa interceptar a superfície pelo plang

y = yo- A interseção é uma curva de equação z = f(x,Y0) neste plano. 0


of
número 8% (Fo, Jo) é o coeficiente angular da reta tangente a esta curva quando

T = T0. Assim, na figura 3.11, temos

of,
a,(01Vo) = tga.

Analogamente, a interseção da superfície 2 = f(x, y) com o plano x=xoé


Of
a curva de equação z = f(xo,y) e o número —(xo,Y0) é o coeficiente angular
O3
da reta tangente a esta curva quando y = yo. Na figura 3.11,

Figura 3.11
álculo diferencial 91

Agora, estendamos o conceito de derivada parcial para funções de três

iáveis reais.
Sejam w = f(x,y,2) uma função e (xo,Y0,Z0) um ponto pertencente ao
mínio de f. A derivada parcial de f em relação axno ponto (xo,Y0,Z0) é

definida por

of, x 1,yo,z ) = hm f(xo + Ax, yo, z0) - f(x0, yo, zo)


■^-(x
Ox o o
Az— Ax

se este limite existir.


Analogamente,

df, , f{x0,yc + ^y,z0')-f{xo,yo,zo')


—(To,Y0,Z0) = im--------------------------------------------
dy Ay—0 Ay

df, _ f{x0,y0,z0 + Az) - f(xo,Y0,20)


8z(F0:301zo) = imo-------------------------------- AZ---------------------

se estes limites existirem.

Exemplo 3.17: Calcule as derivadas parciais da função f(x,y,2) = xes "*

Of
Solução: Para calcular —(x, y, z), devemos considerar yez como constantes
Ox
e derivar f(x,y,2) = xet-3+2 em relação a x; logo.

21(x,y,2)=e*-y+2+ze*-v+z.
ox

Considerando rez como constantes, obtemos

87(r,v.2) =-r"

Finalmente,

Ô(x,y,z) =ze®=u+:
O%
92 Cálculo diferencial e integral de funções de várias varián

De maneira intuitiva, podemos dizer que uma função y = (x) é dife-

renciável em To se existe uma reta não vertical passando pelo ponto (xo, f(xo)
que se confunde com o gráfico de f " nas proximidades" do ponto (xo,f(xo))
Esta idéia intuitiva pode ser traduzida analiticamente como passamos .
descrever.

Uma função f -.U C ]R-^ IR é diferenciável emTo€U se, e só se, existi

uma reta de equação L(x) = f(xo) + m(x - To), m =constante real, tal que
Km f(x)-L(z) iim f(r) ~ f(ro) ~ m(r ~ xo)
=
x—x0 x - To x—xo x - XQ
= Iim f(xo + AT) - /(x0) - mAz E0
Ax—0 Az
Conseqúentemente, f é diferenciável em To se, e só se, f‘(xo) existe; nesti
caso, f‘(xo) = m.

Observe que a diferença E(x) = f(x)—L(x) é o erro cometido ao se calcula


o valor aproximado de f(x) na reta L(x). Logo, dizer que uma função y = f(x)
€. .diferenciável em To significa
. que lim ——
. E(x)
===, lim
E(xo+Az)
—-— ------------------------ - == 0,
T-‘Fo T—To Az—0 AT
ou seja, o erro na aproximação de f(x) pela reta L(x) tende a zero mais
rapidamente do que x tende a xo, quando x tende a xo.

Novamente, de modo intuitivo, podemos dizer que uma função de duas


variáveis reyé diferenciável em (xo, yo) se existe um plano não vertical con­

tendo {xo,yo,f(xo,yo)) de equação z = T(x,y) = f(.xo,yo)+a(x-xo)+b(y-yo)


que se confunde com o gráfico de f " nas proximidades " de (^xo,yo, f(.xo,yo)\
Estamos, agora, em condições de definir diferenciabilidade para funções de
duas variáveis reais.

Definição 3.6: Sejam z = f(x,y) uma função definida num conjunto aberto*
UCIR2e (xo,Y0) € U. Dizemos que f é diferenciável em (xo,Y0) se, e só
Um conjunto U C IR" é dito aberto se para todo XEU existe r>0tal que B,(X) C U
"cálculo difcrmeioi_____________________________________________________ 93

kçe. existem constantes reais aeb tais que

mim E(xo+Az,wo+Ay)Lo
(Ax,Ay)—(0,0) il(Ax,Ay)|

onde E(xo + Ax, yo + Ay) =f(To+ Ax, vo + Ay)-(f(xo, 30) + aAx + bAy) .
T(xo+Ax,0+Ay)

J O teorema a seguir mostra que, como no caso de funções de uma variável,


diferenciabilidade implica continuidade.

Teorema 3.1: Sez= f(x,y) é diferenciável em (xo,Yo), então z = f(x,y) é


contínua em (xo,Vo).
Demonstração :Sefé diferenciável em (xo,30), então existem constantes
aeb tais que
im E(To+Ax,Jo+Ay) =
(Ai,Ay)-(0,0) Il(Ax,Ay)ll
onde E(To + Ax, yo + Ay) = f(xo + Ax, 3o + Ay) - f(xo, yo) - aAx - bAy.

Como

lim E(xo + Ax, yo + Ay) =


(Az,Ay)—(0,0) ••

= lim II(Az,Ay)ETotAx,so+Ay) =0
(Az,Ay)—(0,0)" 1/711 Il(Az,Ay)Il
,e

(a6,2%oo,‘®Ar+bAv) = °'
segue que

lim f(xo + Ax, yo + Ay) =


(Az,Ay)—(0,0) 10 •

(az,dim, (o.o(f(0, vo) + aAx + b^y + E(To + Ar, vo + Ay) =vo).

Isto mostra que f é contínua em (xo,yo).


94 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Teorema 3.2: Sez= f(x,y) é diferenciável


em (xo,yo), então z = f(x,y)
possui derivadas parciais em (xo,Yo).
Demonstração: Como f é diferenciável em (xo,Yo), existem constantes a e

b tais que

lim E(zo+Az,wo+Ay) = o, (3.5)


(Az,Ay)— (0,0) || (Ax, Ay) II 1

onde E(xo + Ax, Yo + Ay) = f(xo + Ax, Yo + Ay) - f(xo, Jo) - aAx - bAy.

Segue de (3.5) que


E(xo + Ax,yo) f(xo + Ax,Yo) - f(xo,Y0) - aAx
Iim —-—-V—
Ax-0 l(Ax, 0)|| =Az—0
Iim --------------------------------- ,—i----------------------—
Ax U.

Daí,

f<,xQ + ^x,yn)- í^,ya')


Iim ------------------,---------------------- Q=U
Az—0 Ax
e, portanto,
of >
d=az(Fo,o).

2C
Analogamente, obtém-se b = —(xo,Y0).
0y
O teorema 3.2 prova que sez= f(x,y) é diferenciável em (xo,90), então
of 0 f
d = az(To1so) eb= ay(Foso) são os únicos números reais para os quais o
limite (3.5) é nulo.

Observação 3.1:

1. Segue do teorema 3.1 que sez= f(x,y) não é contínua em (xo,Y0), então
2 = f(x,y) não é diferenciável em (xo,Y0).

2. Segue do teorema 3.2 que:


cálculo diferencial____________________________ _____________ ____ 95

i) se alguma das derivadas parciais sez= f(x,y) não existir em (To,Yo),

então z = não é diferenciável em (xo,vo).


ii) para provar que uma função z = f(x,y) é diferencivel em (xo,yo), é

suficiente provar que z = f(x,y) admite derivadas parciais em (xo,Yo) e que

E(to+Az,3o+Ay)
(Ax,Ay)—(0,0) II (Ax, Ay)ll
- o, (3.6)

9c
onde E(xo + + Ay) = f(xo + Az,Vo + Ay)-f(To,vo)-97(To,vo)Az-

Ô/(zo,yo)Ay.
oy

Exemplo 3.19: Mostre que f(x,y) =x2+y2é uma função diferenciável em

todo IR2.
Solução: Devemos mostrar, primeiramente, que f(x,y) tem derivadas parci-

ais para todo (x, y)€IR2. De fato,

^(x,y) = 2r e ^-(x,y) = 2y.


Ox Oy
Agora, devemos mostrar que (3.6) é verdadeira. Como
9r 9r
E(x + Ax, y + Ay) = f(x + Ax, y + ^y) - f{x, y) - Ax - ~^y =
Ox Oy
=(r+ Ax)2 +(y+ Ay)2 -x2-y2- 2xAz - 2yAy =

= (Ax)2 + (Ay)?,

temos
96 Cálculo diferencial e integral de funções de várias vai'iaveig

lim E(r+Ax,s+Ay) = ' lim (Ax)2 + (A


(A.t,Ay-(0,0) Il(Az, Ay) (At,Ay)-(0,0) V(Ax)2 + (Ay)2

= lim V(Ax)2+(Ay)2 = 0.
(Az,Ay)—(0,0)
Isto prova que f(x,y) é diferenciável V(x,y) € IR2.

_2y
(x,y) * (0.0).
Exemplo 3.20: A função f(x,y) = ■ x4 + 2
0 (x,y) = (0.0).
é diferenciável em (0,0) ? Justifique.

Solução: No exemplo 3.11, vimos que lim f(x,y) não existe; portanto,
(x,y)—(0,0)
f(x,y) não é contínua em (0,0). Logo, f(x,y) não é diferenciável em (0,0).
Note que 2 (0,0) e 2(0,0) existem.
OT Oy

Exemplo 3.21: A função f(x,y) = xsy é diferenciável em (0,0) ?

Solução: A função f(x,y) admite derivadas parciais em (0,0), a saber:


f(Ax,0)—f(0,0)
11m ----------- ,------------- = 0,
84(0,0) Az—‘0 Ax
/(O, Ay)-/(0,0)
8700,0) Iim ------------Ly
Ay—0
,------------ = 0.

Por outro lado,

Ay) = Ay) - /(0,0) - 2/ (0.0)Az - 25(0, 0)Ay =


Ox oy
= {Ax)^Ay)k
Logo,

E(Ax,Ay) _ (Ax)3(Ay)3
II (Az, Ay) II ’ V(Ax)2+(Ay)2
Como

E(Ax,Ax) _ (Ax)3 1
lim —----- = 4C,
A™0 ll(Az, Ax)Il A™0 (2(Az)2)3 Az—0 V2|Axi
Cálculo diferencial 97

segue que (xy) não é diferenciável em (0,0) (a figura. 3.12 descreve uma
porção do gráfico de ff

Figura 3.12

O teorema a seguir prova que a continuidade das derivadas parciais de uma

função num ponto garante a diferenciabilidade da função neste ponto.

Teorema 3.3: Sejam f:UC I2 —IR,U aberto em I2, e (xo,y0) € U.


oc o.
Se — e — existem numa bola aberta B,(xo,Yo) CUe são contínuas em
Ox Oy
Po = (xo,yo), então f é diferenciável em Po = (xo,Y0).

Demonstração: Devemos mostrar que


E(xo + Ax, y0 + Ay)
lim ------------- --------- ——.------ == 0. onde
(Az.Ay)—(0,0) ll(Az,Ay)ll

E(2o + Az,vo + Av) = J(xo + Ax,yo + Ay)- J(Po)-8(Po)Az-8s(Po)Ay.

Sejam Ax e Ay tais que (xo + Ax,Yo + Ay) € B,(xo,yo). Temos


f(xo + Az, y0 + ãy) - f(To, y0) =

f(xo + Ax,Yo + Ay) - f(,x0.y0 + Ay) + f(xo.Y0 + Ay) - f^o,yof


98 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Aplicando o Teorema do Valor Médio à função G(x) = (x, Yo + Ay)


existe T entre Toexo+ Ax tal que

G(xo + Ax) - G(xo) = G ‘(x)Ax,

isto é.

2) C
f(xo + Az,yo + Ay) - f(x0,y0 + ^y) = a7(x,30 + Ay)Az.

Do mesmo modo, existe y entre Yoeyo+ Ay tal que

Of
f(T0,y0 + £^y) - f(x0,y0) = ay(ro,s)Ay.

Assim,

E(xo+ Ax,yo+ Ay) =

84(r,so + Ay)Az + 85(ro, y)ãy - 8Ã(zo.so)Az - C^xo,yo)^y,


o que fornece

E(xo + Ax,Yo+ Ay) 9C 1 Ax


{x,y0 + ^y)~ an(xo.yo))
ll(Az,Ay)ll V(Az)2+(Ay)2
Of \ Ay
(xo,s) - ay(xo,so)) V(Ax)2+(Ay)2
Portanto,
I E{x0 + Ax, y0 + ãy) Ax
ll(Ax,Ay)|l I sl8k(r,0+Ay)-8k(ro,so)
V(Ax)2 + (Ay)

Of, _ of, . Ay
+ay(Fo.s)-ay(ro,vo)_ v(Ax)2+(Ay)2
— Ax Ay
-=--====-======= S 1, obtemos
Como V(A£)2+(AJ)2 v(Ax)2 + (Ay)2
Cálculo dtferenczal 99

I E(To + Ax, y0 + |
I ll(Az,Ay)ll I-
< 21(,30+Ay) - 2(zo,v0)+25(zo.y) - 2(zo.Jo)
OX_______ Ox___ I .03_____ O3___
(*) (**)

of of
Pela continuidade das derivadas parciais 8z e 3, em (Fo:3o)1 as expressões
(*) e (**) acima tendem a zero, quando (Ax, Ay) — (0,0). Logo,

E(xo + Ax, y0 + Ay) _


1imn e - , 1 U,
(Ax,Ay)—(0,0) || (Ax, Ay) ||

provando que f é diferenciável em (xo,Y0).

Observação 3.2: A recíproca do teorema 3.3 não é verdadeira, ou seja, e-


xistem funções que são diferenciáveis num ponto sem que as derivadas parciais
sejam contínuas nesse ponto. O exercício 9 da seção 3.6 nos dá um exemplo

em que isto ocorre.

Definição 3.7: Seja z = f(x,y) uma função diferenciável no ponto (xo,Y0).

O plano de equação

9. 9c
z = T{x,y) = fÇxo,yo) + az(wo,vo)(2 - xo) + ay(xo,so)(v - yo) (3.7)

é chamado plano tangente ao gráfico da função f no ponto (xo, yo, f(xo, yo)).

A equação (3.7) pode ser escrita, em notação de produto escalar, da

seguinte forma:

%(xo, yo). 9 (xo, yo). -1) • (x - To, y -yo.z- f(xo, y0)) = o.


OT Oy /
100 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Segue daí que o plano tangente ao gráfico de f em (xo,o,f(xo,Yo)) é


perpendicular à direção do vetor

N(xo.J0) = (2(xo,90),2(20,30),—1) •
Ox Oy /

A reta que passa por (To,y0, f(xo,Yo)) e é paralela ao vetor N(xo,yo) é


chamada reta normal ao gráfico da função f em (xo, yo, f(xo, yo)), e sua
equação é dada por

(x,y, 2) = (To.vo.f(To.so))+t (8%(xo.vo),8s(zo.vo),-1) , teR. (3.8)

Observe que só definimos plano tangente ao gráfico de uma função f no

ponto (xo, Yo, f(xo, yo)) no caso em que f é diferenciável em (xo, yo). Se f não
é diferenciável em (xo, yo), mas admite derivadas parciais neste ponto, então o

plano de equação (3.7) existe, mas não é necessariamente tangente ao gráfico


( como mostra o exemplo 3.21).

Exemplo 3.22: Determine as equações do plano tangente e da reta normal

ao gráfico de f(x, y)=2- vx2+y2 no ponto Po = (3, 4, -3).

Solução: Se (x,y) - (0,0), temos

af -z af -y
Ox vT2 + y Oy v22 + 2
que são contínuas em (xo,yo) = (3,4).
Logo, pelo teorema 3.3, f é diferenciável em (3,4). A equação do plano
tangente é dada por

2=3+8£(3,4)(*-3)+25(3,4)-4),
C. O9
[Cálculo diferencial 101

isto é, ,
z=-3-2(r-3)- 2(y-4).

g
A equação da reta normal ao gráfico de f em Po é

(x,y,z) = (3,4,—3) + t (25(3,4), ^(3.4),-l') , t € SI,


‘ 0E 09 ‘

ou seja,
{x,y,z) = (3,4,-3) + t(-3,-4,-1) , t e SI.
DD

O conceito de diferenciabilidade pode ser estendido às funções de 3 variáveis,

como veremos a seguir.

Definição 3.8: Sejam f : U C IR3 —< IR, U aberto em RR5, ePo=

(zo,Y0, zo) e U. Dizemos que f é diferenciável em Po se, e só se, as derivadas


. df Õf df .
; parciais existem em Po e
OT Oy az
t
E(xo + Ax, y0 + áy, z0 + Az)
lim -------------------- —------ ----- Ta--------- == °’
(Ax,Ay,Az)—(0,0,0) l(Ax, Ay, Az) II

onde E(xo + Ax, Yo + Ay, 2o + Az) =

J(ro+A.,wo+Au,20+Az) - f(P0) - ^(P0)^x - ^(Pa)áy- ^{Po)^

Os teorema 3.1 e 3.3 podem ser estendidos às funções de 3 variáveis.

Definição 3.9: Uma função real fden variáveis reais é dita de classe C1
em Po se, e só se, f possui derivadas parciais numa bola aberta B,(Po) e tais
derivadas parciais são contínuas em Po.

Observe que toda função f de classe C1 em Po é diferenciável em Po.


1t

102 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

§3.6 Exercícios
Nos exercícios Ia6, encontre as derivadas parciais indicadas.

1- f(x,y) =3xy+6z -y2 , 8k(r,v) ■

2. f(.x,y) = "t, , ^■(x,y') .


vy-—T- ay

3. f(x,y) = e() In 22 , fy(x,y) •


y
4- = / In(sent)dt , fz(x,v)

5. f{x,y,z) = x2y - 3xy2+ 2yz , fy{x,y,z) .

6. í{x,y,z) = (x2 +y2 + 22)51 , ^^x,y,z) .

7. Encontre a inclinação da reta tangente à curva de interseção do gráfico de

com o plano y=4no ponto (3, 4, 2).

8. Verifique se as funções abaixo são diferenciáveis em (0,0).

UM , (x,y) 4 (0,0),
T- —I y-
a) f(x,y) = •
0 , (x,y) = (0,0).

b) f{x,y) =x^casy .
22
42442 , («.ri/(0,0),
c) f(x,y) = ■ • 18
0 , (x,y) = (0,0).

X3
22452 1(r,v)+(0,0),
d) f{x,y) =
0 , (x,y) = (0,0).
Cálculo diferencial 103

2437) , (z,U)#(0,0),
9. Seja =
0 , (a:,?/) = (0,0).

— . df df
a) Determine —e—.
O2 Oy

A. 9)c
b) Mostre que -e— não são contínuas em (0,0).
OT oy

c) Mostre, usando a definição, que f é diferenciável em (0,0).

d) Mostre que f é uma função diferenciável em IR2.

10. Encontre o ponto onde o plano tangente a cada uma das superfícies, de

equação abaixo, é horizontal.


a)2= 2x2 + 2xy - y2 - 5x + 3y - 2 .

b)z= x2y2 + 2(x - y) .

11. Determine a equação do plano tangente ao gráfico de f(x,y) = xy+4x+2


que é paralelo ao plano ry.

12. Considere a superfície S de equação z = 2x2 + 2y2.

a) Determine o ponto Po€Stal que o plano tangente a S em Po seja

ortogonal ao vetor v = (0,1, 1).


0
b) Escreva a equação do plano tangente referido no item a).

x2 2
13. Considere a superfície do parabolóide de equação 2=2-
3 —0
a) Encontre uma equação do plano tangente ao parabolóide no ponto Po =

(6,10,8).
b) Este parabolóide deve ser apoiado em uma viga presa ao eixo z, de tal
modo que esta fique tangente à superfície em Po. Calcule o comprimento
104 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

da viga.

14. Seja f(x,y) = vx2+y2 , (x,y) € IR2. Calcule o comprimento do seg-


mento da reta normal ao gráfico da f compreendida entre o ponto (3, -4, 5) e
o plano ry.

2 — x2 — cy + 2
15. Seja S a superfície de equação z = -------------------------------.
4
a) Determine o ponto Po € S no qual o plano tangente àSé perpendicular

à reta L de equação o(t) =(1-t, -3t, 2t + }), t e IR.


b) Escreva as equações da reta normal a S que é paralela à reta L.

§3.7 Regra da cadeia e Vetor gradiente

Na seção 1.3 provamos a regra da cadeia (teorema 1.1) para funções


vetoriais de uma variável. Nosso objetivo nesta seção é estendê-la às funções

vetoriais de várias variáveis. Inicialmente, estabeleçamos o seguinte:

Teorema 3.4: Sejam z = f(x, y) uma função definida num conjunto aberto
U C IR2 e o(t) = (x(t),v()) ,tel, tal que o(I) c U. Se o(t) é diferenciável
em to€I,e f(x,y) é diferenciável em o(to) = (xo,yo), então a função com-
posta z(t) = f(o(t)) ,tel,é diferenciável em to e

J(to) = 2(z(to),u©to)) dF(to)+25(z(to).v(to)) ^(to). (3.9)


Ct C. CU O9 CC

Demonstração: Como f é diferenciável em (xo,Yo), temos

f^-y) - f(ro.90) = 2(zo.30) (x-xo) + (y- yo)


r 3 (3.10)
+E{x.y'). ■
Cálculo diferencial 105

1 E(x,y) _ n
onde II(z,9)—(0,o)Il—0 II (x, y) - (xo, yo) II
Portanto, a função

—E(r,9)___ , * (xo, yo),


II (x, y) - (xo,yo)ll
0 , (^x,y) = (xo,y0).

é contínua em (xo,yo).
Assim, dividindo ambos os lados de (3.10) por t—to , t*to, temos

f(o(t)) - f^(to)) 8f, x(t)-x(t)8f (t)-u(to)


-------- t-to------------ - or o)) t-to * aye(o) t - to

+ootey)lo@—o(t.)1:
t—to
Observe que
||g(t) -g(t0)|| g(t) - (to) I t- fp|
t-to t-to t-to

Como lim g(c(t)) =0e como a função t—tol é limitada, temos


t—to t—to

lim g(<r(t))^-~^ = 0.
t-*to t—to

Por outro lado.

lme(t)E0to)=o‘(to)Il.
t-*to 1 t—to II
Portanto,

limg(o(t»)loc)—eto)1 - °-
t-‘to t—to
Logo,
=iimfe W)-/WW) =
dt ' • t - to

=9(o(to))“F(to)+8/(o(to))“W(to)
OT dt Oy dt
106 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

A demonstração deste teorema continua válida se substituirmos a função


f de duas variáveis por uma função fden variáveis.

Exemplo 3.23: Sejam z=f(x,y)= x3y2, x(t) =e-‘e y(t) = tsent. Calcule

Solução: Da equação (3.9) temos

dz _ Ôz da Ôz dy
dt ôx dt ' dy dt'

Como 22(z,y)
O. = 3?y?,OY
22(z,v) = drc) = -e—Ol
ed() = sent + Cl
tcost, temos

42 (t) =3e 3t42 sen2t+ 2-3 sen t( sent+t cos t).


CC

Exemplo 3.24: A temperatura de T(x,y) graus centígrados em cada ponto


(x,y) de uma chapa de metal não varia com o tempo. Um besouro atraves-

sando a chapa está em (x,y) = (2 +1,3t) no instante t. A temperatura tem

as propriedades: T(5,6) = 40, T(5,6) =4e T,(5,6) = -2. Qual a taxa de


variação desta temperatura em relação ao tempo no instante t=2?

Solução: A temperatura em cada instante é z(t) = T(x(t),y(t)), onde x(t) =


í2 + 1 e y(t) = 3t.
Logo, por (3-9),

dz(2) = Te(x(2),u(2))
Ce Ce
dF(2) +Cl T,(z(2),v(2)) dy(2) =
= 7’I(5,6)4 + Ty(5,6)3 =

= 16-6 = 10.
Exemplo 3.25: Sejam f(x, y) uma função diferenciável num conjunto aberto

U C IR2, g(x,y) e h(x,y) funções diferenciáveis num conjunto aberto VCIR2


Çtílc^l0 diferencial __________________________ _____ 107

tais que, para todo (u,v) € V, (x,y) = (g(u,v),h(u, v)) € U. Considere

F(u,v) = fÇg(u,v'),h(u,v')') , (u,v)eV.

Mostre que:
dF = 9J^d^ dfdy_
i)Bu 5 ôz ôu ôy ôu ‘
F _ afax + afay
") 8v x ôv 1ôyôv

onde ÔfeS devem ser calculadas no ponto {g(u,v),h{u,v)).


Ox Oy
Solução: F(u,v) = f(x,y), onde x = g(u,v) ey= h(u,v).
F
(i) Para calcular —, consideramos v constante; logo, rey dependem apenas
'7 Ou
da variável u. Portanto, da equação (3.9) segue que

ÔF. . df. .dx. .df. ,dy. .

onde (x,y) = (g(u,v),h(u,v)).


De modo análogo obtemos (ii), considerando agora u constante.

Exemplo 3.26: Seja F(u,v,w) = f(x(u,v,w), y(u, v,w),z(u,v, w)), onde


f(x,y,2) = = x2+y2—z , x(u,v,w) = u2v , y(u,v,w) = 2 ez(u,v,w) = e-u".
F
Calcule — de dois modos: determinando a função composta F(u, v, w) e
Ôu
derivando em relação aue usando a regra da cadeia.

Solução : Temos

F(u,v, w) = (u2v)2 + (v2)2 - e-uw = uv2 + v - e-^.

Derivando em relação a u, obtemos

—(u,v,w)=4u3v2+we "w
Ou
108 Cálculo diferencial e integral de funçôes de várias variáveis

Por outro lado, usando a regra da cadeia,

ÔF _dfdr df Õy df Ôz
ou x u 1 y ou * 82 ôu‘

o f Of o f
onde 8z‘ a, e 82 são calculadas em (z(u,v,w),y(u,v,w),z(u,v,w)) .
Logo,
dF
a, (u, ", w) = 2x(2uv) + 2y0 + lwe™"" =

= (2u2v)(2uv) + we-m,

que é o mesmo resultado obtido anteriormente.

Definição 3.10: Seja f uma função de n variáveis (x1,22,Tn), que possui


derivadas parciais no ponto Po = (x1°, ..., zn°). O vetor gradiente de f em
Po, denotado por Vf(P), é o vetor

VA(R)=(8/(n)..... 8().

Usando a definição de vetor gradiente, a equação (3.9) pode ser escrita na


forma

dt
onde Vf(o(t)) • o‘(t) é o produto escalar dos vetores V f(o(t)) e o‘(t) •

O teorema a seguir nos dá uma interpretação geométrica para o vetor


gradiente de uma função de três variáveis.

Teorema 3.5: Sejam w = f(x,y,2) uma função de classe C1 num conjunto

aberto U c IR3 eP= (xo,30,20) € U tal que Vf(P) +0. SeSéa


superfície de nível de equação f(x,y,z) =k(k= constante) que contém Po,

então Vf(Po) é normal aSem Po, ou seja, V f (Po) é perpendicular a qualquer


vetor tangente a S em Po (figura 3.13).
Cálculo diferencial 109

Interpretação geométrica do vetor gradiente

Figura 3.13

Para demonstrar o teorema 3.5 precisamos do seguinte:

Lema 3.1: Sejam z = f(x,y) uma função diferenciável em (xo,Y0) eSo


gráfico da função f(x,y). SeTé um vetor não nulo tangente a S em Po =

(xo,Yo,f(xo,Yo)), então existe uma curva o(t), contida emSe diferenciável

em to, tal que o(to) =Poe o‘(to) = T.

Demonstração: A curva de interseção de S com o plano y=Yo pode ser


Of
parametrização dada por u(t) = (t,yo, logo, u‘(xo) = (1,0, a4(Fo,Jo))

é um vetor tangente aSem Po.

Por outro lado, a curva de interseção de S com o plano T=To pode ser

parametrização dada por v(t) = (xo,t,f(xo,t)) e, então, v‘(yo) =


oc
(0, 1, —(xo,Y0)) é também um vetor tangente aSem Po.
Oy
Como os vetores u‘(xo) e v‘(yo) são linearmente independentes, eles geram o
plano tangente a S em Po. Portanto, seTéum vetor não nulo tangente aSem
110 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Po, então T = au'(xo)+bv'(yo), onde a e bsão constantes não simultaneamente


nulas.
Tomando

o(t) = (xo + a(t ~ to), o + b(t - to), f(xo + a(t - t0), yo + bÇt - to))),

temos que o(to) = Po , o(t) é diferenciável em to e o‘(to) = T.

Demonstração do Teorema 3.5: Como Vf(Po) 7 0, podemos supor que


0f
%(Po) % 0. Pelo teorema da função implícita (Apêndice, seção A.2), numa
0%
vizinhança do ponto PoSéo gráfico de uma função de classe C1, z = h(x, y),

onde Zo = h(xo,yo).
Dado T um vetor não nulo tangente a S em Po, o lema 3.1 garante a

existência de uma curva parametrizada por o(t) contida em S tal que o(to) =

Po e T = o‘(to).
Visto que o(t) está contida em S, então

f(a(t)) = k.

Derivando esta equação em relação a t, obtemos

4(F(o()))=0.
Pela regra da cadeia, ternos

4(f(o(t))) = ^f^o,yo,zo)-o\to),

isto é,

Vf(Po) ■ T = 0.

O teorema 3.5 nos permite definir plano tangente a uma superfície de nível
S, como veremos a seguir.
cálculo diferencial 111

Definição 3.11: Sejam S uma superfície de nível de equação f(x,y,z) = k


(k = constante) eP= (xo, yo, zo) um ponto de S. Se f(e, 3, 2) é de classe C1
num conjunto aberto U C IR3 tal que P€Ue VfPo) é não nulo, definimos
0 plano tangente a S em Po pela equação

Vf(xo,Yo,2o) • (x - To,y— Yo,z - ZQ) = O. (3.11)

Além disso, a reta de equação

(x,y,z) = (xo,yo,zo) + X\7f(Po) ,XelR, (3.12)

denomina-se reta normal a S em Po.

Esta definição é uma extensão da definição de plano tangente e reta normal

a uma superfície que é gráfico de uma função de duas variáveis (exercício 14,

seção 3.8).

O teorema 3.5 se aplica às funções de duas variáveis. Neste caso, temos

que: Sez= f(x,y) é de classe C1 num conjunto aberto UCIR2 que contém

o ponto Po = (xo,Y0), o vetor Vf(Po) é não nulo eCéa curva de nível


f(x,y) =k(k= constante) que contém Po, então o vetor Vf(Po) é normal à

curva C em Po " (figura 3.14).

Uma equação para a reta tangente a C em Po é

Vf(Po) • (x - To, y - yo) = 0-


112 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Interpretação geométrica do vetor gradiente

Figura 3.14

Exemplo 3.27: Determine as equações do plano tangente e da reta normal


à superfície S de equação x2 + 3y2 + 422 = 8 em (1,-1,1).

Solução: A superfície S é uma superfície de nível da função de classe C1

F(x,y,2) = = z2 + 3y2 + 422. Temos VF(x,y,z) = (2x,6y,8z); assim,

VF(1,— 1,1) = (2,—6,8). Da equação (3.11) segue que a equação do plano


tangente c

2(x - 1) - 6(y + 1) + 8(z - 1) = 0,

ou seja,

2x - 6 + 82 = 16.

Por (3.12), uma equação da reta normal é

{x,y,z} = (1,-1,1) + A(2,-6,8), A € ]R.

No exemplo a seguir obteremos uma equação para a reta tangente a uma


curva C, interseção de duas superfícies de nível num ponto Po.
Cálculo diferencial 113

Exemplo 3.28: Seja C a curva de interseção de duas superfícies Si e S2 de


equações F(x,y,2) =0 G(x,y,2) = 0, respectivamente. SeFeG são de
classe Cl num conjunto aberto U C IR3 que contém o ponto Po = (xo, yo,20) €
C, encontre uma equação para a reta tangente aC em Po-

Solução: Se N1 = VF(P) A 0 e N2 = VG(Po) 4 0, então N1 e N2 são


normais às superfícies Si e S2 em Po, respectivamente.
Como a reta tangente a C em Po está contida em cada um dos planos

tangentes às superfícies Si e S2 em Po, ela é a interseção destes aois planos


tangentes. Portanto, N1 e N2 são ortogonais à reta tangente aC em Po.
Assim, como o produto vetorial de N1 por N2, denotado por Ni x N2,é
não nulo, temos que o vetor N1 x N2 tem a mesma direção do vetor tangente

aC em Po. Logo, uma equação para a reta tangente a C em Po é dada por

(x, y, z) = (xo, y0, z) + X(VF(P) x VG(P)) ,Ael. (3.13)

§3.8 Exercícios
Nos exercícios 1e2, calcule dz de dois modos:
dt

a) usando a regra da cadeia; b) determinando a função composta z(t) e


derivando em relação at.

1.2= yes + xes , x = cos t,y= sen t.

2. z= (x2 + y2) In vx2+y2 , x ~ el , y = e-t.

zz
Nos exercícios 3e4, calcule —e—de dois modos:
Ou OU

a) usando a regra da cadeia; b) determinando a função z(u,v) e derivando em


relação aueav.
114 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

3. z= x2y , x = - , y - ue”.
0

4. z = x2 + 2 , T=u sen v,y=v cos u.

5. Seja z = ry, onde x = f(u) ey= gu). Supondo feg diferenciáveis,

5(1) = 2, 9(1) = -2, d() =le d() = 5, calcule dz().


CU CU CU

6. Suponha que z = f(x,y) é uma função de classe C1, f(1,3) = -1,


of Of
—(1,3) =4e —(1,3) = -3. Sabe-se que a curva de equação o(t) =
Ox Oy
(t2,4t - 1,z(t)) ,t€IR, está contida no gráfico da função z = f(x,y).

a) Calcule dz(t).
dt

b) Ache uma equação da reta tangente à curva o(t) no ponto (1).

c) Mostre que a reta encontrada no item b) está contida no plano tangente

ao gráfico da função z = f(x,y) em (1,3,-1).

7. Considere a função diferenciável f (x, y), onde T=g(u,v)=v cos(T +u)+

euvey= h(u,v) =22- v2. Sabendo que Of(-1, -4) =3e 9(-1, -4) = 2,
Ox Oy
F OF
determine 8n(0,2) e 8,(0,2) da função F(u,") = f(.g^u,v),hÇu,v')}.

8. Sejam f : IR3 ]R diferenciável eP= (0,0,0) tais que O(P) = 2,


df df dx
%(P) = %(Po) = 0. Defina g(u,v) = f(u - v, u2 - 1,3v - 3) e calcule
Oy 0%

%0,1) e 3001,1).
9. Este exercício nos dá um exemplo de que a regra da cadeia não se aplica

quando a função f(x,y) não é diferenciável.


Cálculo diferencial 115

Considere a função

xy2
, (x, y) 7 (0,0),
22 +y2
0 , (x,y) = (0,0).

Mostre que:

a)^(0,0) = 0 e “(0,0) = 0 .
Ox oy

b) Se g(t) = (at, bt) , a,b40, então fogé diferenciável em t = 0,

( 0 dYW = 3 52 * 0 mas vs(0, 0) • 9‘(0) = 0.

10. Determine uma equação do plano tangente e uma equação da reta normal
ao hiperbolóide de equação x2 - 22 - 422 = 10 no ponto (4,-1,1).

11. Determine o ponto, situado no primeiro octante, da superfície de equação


322
x2 + 3y2 + 12 =18no qual a reta normal é perpendicular ao plano x + y + z =

10.

12. Mostre que em todos os pontos da interseção da semiesfera de equação

x2 + 2 + 22 = 16,2 2 0, com o cone de equação z = vx2+y2, os vetores


normais a estas superfícies são ortogonais.

13. Considere o elipsóide de equação 2 + 22 + 322 = 21. Encontre as


equações dos planos tangentes a esta superfície que são paralelos ao plano

z+4y+6z= 30.

14. Seja z = f(x,y) uma função de classe C1. O gráfico de f(x,y) pode
ser considerado como uma superfície de nível de equação F(x,y,2) =z-

f(x,y) = 0. Mostre que as equações do plano tangente num ponto P obtidas


nas definições 3.6 e 3.10 coincidem.
116 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

15. Uma peça de metal, com formato de um cone de equação z2 —-— y2=
0,2 > 0, deve ser apoiada por uma haste no ponto P = (9, 4, 5), de modo que
a haste fique perpendicular à superfície do cone.

a) Determine a equação do plano tangente ao cone no ponto P.


b) Considerando o plano 2=0 como o chão, qual o comprimento da haste

desde o chão até a superfície ?

16. Considere a curva C de interseção das superfícies de equações x2 - 2x2 +


yz =3 3xy - yz = -2. Determine:
a) Um vetor tangente aCem (1, -2, 1).

b) Os pontos do hiperbolóide x2 + 2 - z2 + 12 = 0 onde o plano tangente


é perpendicular ao vetor encontrado no item a).

17. Sejam SieS2as superfícies definidas por x2 - 2 + 22 = 1 e ry + xz = 2,


respectivamente.

a) Determine a equação do plano tangente a S1 em (1, 1, 1).

b) Determine equações da reta tangente à curva de interseção de Si e S2

em (1, 1, 1).
c) Mostre que a reta tangente encontrada no item b) é tangente à superfície

de equação xyz - x2 - 6y + 6 = 0 no ponto (1, 1,1).

§3.9 Derivada direcional

Nesta seção, generalizaremos o conceito de derivada parcial para obter a


taxa de variação de uma função numa determinada direção.

Sejam f(x,y) uma função de duas variáveis, Po = (xo,Yo) um ponto do


domínio defeu um vetor não nulo no plano ry. O conjunto dos pontos
Po + tu, t € IR, é a reta L que contém Poeé paralela ao vetor u.
Cálculo diferencial 117

A derivada direcional de f(x,y) em Po na direção de u, denotada por

Ô(P), é a taxa de variação de f(x,y) em P na direção de L. Geometrica-


Ôu
of
mente. an(Po) representa a inclinação da reta tangente à curva C de equação

z = f(Po + tu) no ponto (xo,Yo,f(xo,Yo)) (figura 3.15).

Figura 3.15

Mais precisamente, temos o seguinte :

Definição 3.12: A derivada direcional de uma função z = f(x,y) em Po na


direção do vetor u é definida por

/(Po + tu)-/(Po)
2(P) = lim
Ou t—0 tlul
se este limite existir.

Segue da definição 3.12 que as derivadas parciais de f(x,y) em relação a


x e a y em Po são as derivadas direcionais nas direções dos vetores u = (1,0)
ev=(0, 1), respectivamente.

Teorema 3.6: Sez= f(x,y) é diferenciável em Po = (xo,Y0), então

84(r,) - vA(r) ■ M' (3.14)


118 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

onde Vf(Po)- I é o produto escalar deVf(Po) pelo vetor unitário na direção


lU
e sentido do vetor u.

Demonstração: A diferenciabilidade de f em Po implica que

— J(P+tu)-f(P)-Vf(P)-(tu) _ 0
—0 Iltul
o que equivale a

v_ \fÇPo +tu)-fÇP0)
110 tlu -VJ(Po) M=0.
Isto, por sua vez, equivale a

lim ^P° + tu)~ =Vf(P).",


t—0 t|ul u

o que completa a demonstração.

A definição 3.12 pode ser estendida às funções f de três variáveis x,ye


z,assim como o teorema 3.6.

Exemplo 3.29: Determine a taxa de variação de f(x,y,z) = cyz + e2r+y no


ponto Po = (-1,2, 1) na direção do vetor u = (1, 1, V2).
Solução: As derivadas parciais da função f são:

y, z) = yz +2e2x+y , 2f(x, y, z) = xz + e2x+y e ~(x,y,z) = xy.

Como f(x, y, z) é diferenciável em Po, segue de (3.12) que

82-1,2,1) =V/(-1,2,1)—i6 -
= (4.0, -2).(1,1,V2) =2-V2

Cálculo diferencial 119

Teorema 3.7: Se f é uma função diferenciável em Po tal que VfPo) — 0,

então o valor máximo de 9.(P) ocorre quando u tem a direção e o sentido

do vetor ^f (Po), sendo IVf(Po)Il o vaior máximo.

Demonstração: Segue de 3.12 que

2(P) = Vf(P) ■ " = I|VF(P)II -”cose=|Vf(Po)lcose,


OU 11 IlIZAII
onde 6éo ângulo entre os vetores Vf(Po) e u.

O(P) terá valor máximo quando 6 = 0, ou seja, quando u tem a direção


du
e o sentido do vetor Vf(Po), e seu valor máximo é | Vf(Po)| ■

zz
Exemplo 3.30: Seja f(x, y, z) = ——------- Determine:
x1 22+y2+1
a) A direção de maior variação de f e a taxa de maior variação da função

no ponto P = (1,0, -1).

b) A taxa de variação de f no ponto P = (1,0, —1) na direção do vetor

u = o'(t), onde o(t) = (t, 1 + 2t, — 1 + t).

Solução: As derivadas parciais da função f são:

df. .
—(x, y, z) =
9x
29 9 z(-x2+y2+1)
(x- +y- + 1)4
2
9ff __ ~^xyz
(22+92+ 1)2

af (x, y, z) =i —9——9—.
— z
az T- + +1

a) Como f é diferenciável em P = (1,0, -1) e V/(P) = (0,0, 5) / 0, o

teorema 3.7 garante que a direção de maior variação de f em P é a do vetor

u = (0,0, -) e a taxa de maior variação de f em P é IIVF(P)II = 5

b) Agora, u = o1(t) = (1,2,1), e usando 3.12 temos

Of(P)=v5(p).“.=(0,0,1).(1,2,1)=16
Ou" "911 >„ ‘27 16 ,2
120 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

§3.10 Exercícios
Nos exercícios 1a4, encontre a derivada direcional no ponto Po na direção do

vetor u, nos seguintes casos:

í f(x,y) = V4 - x2 - y2 , Po = (0,1) , u= (2,2).

2.5(x,v)=e=-2 , Po = (1,1) , u = (1,3).

3.f(x, y, z) = In(z2 +y2+ 22) , Po = (1,2,3) , u = (l,-l,-l).

4.f(x, y, z) = sen (xy) +cos (yz) ,Po=(1,0,-1) ,u=(— 1,2,2).

z3
(3,3) * (0,0),
5. Sejam f(x,y) = 22 +2
0 {x,y) = (0,0),

eu= (1, 1) .

a) Calcule 2 (0,0), usando a definição.


Ou
b) Calcule Vf(0,0) •
ll".
c) Justifique porque os valores encontrados em a) e b) são diferentes.

, (x,y) 7 (0,0),
6. Seja f(x, y) =
, (x,y) = (0,0).
Mostre que:

a) f(x, y) é contínua em (0,0).


b) f(x,y) não é diferenciável em (0,0).

c) f(x, y) possui derivadas direcionais em todas as direções no ponto (0,0).

7. Considere a função f(x, y) =x2+y2-2yeo ponto Po = (2, 2). Determine:


Cálci^0 diferencial 121

a) A taxa de variação de f em Po na direção do vetor (1, 1).


b) A taxa de variação de f em Po na direção do vetor tangente g‘(t) à

curva gt) = (t,t2 - t) em (3,6).


c) A direção na qual a taxa de variação de f em Po é máxima.

8. Encontre a derivada direcional de f(x,y,2) = xev"-22 em (1,2,-2) na

direção do vetor tangente o‘(t) à curva o(t) = (t,2cos(t - 1), -2e‘-1).

9 Considere as superfícies: S1 de equação x2 + y2 + (z — 2)2 = 4,2<z<


22 72
4 ,S2 de equação z=3--------------- 4------- 41 4 S x2 + y2 S 12 e S3 de equação
z=-6+ V3(x2 + y2) ,x2+y2 < 12. Sendo S a união das superfícies S1,
S2 e S3, calcule a derivada direcional da função f(x, y, z) = Ty +2z+yz no

ponto Po = (2,2, 1) na direção de um vetor normal aSem Po.

10. Uma chapa de metal aquecida está situada no plano ry de tal modo que a
temperatura em cada ponto é inversamente proporcional à distância do ponto

à origem. A temperatura em (3,4) é de 100 graus. Suponha que os eixos


positivos Ox e Oy apontam, respectivamente, para leste e norte. Um objeto se

encontra no ponto Po = (2,2).


a) Se o objeto se mover para nordeste, ele aquecerá ou esfriará? E para

sudeste? Justifique.

b) Se o objeto se mover na direção do vetor (-1,-1), ele aquecerá ou

esfriará? Com que taxa?


c) Se a velocidade com que o objeto se move na direção do item b) é de
1
m/s, calcule a taxa de variação da temperatura em relação ao tempo no
5
ponto Po.
d) Na direção e sentido de que vetores o objeto deve se mover, a partir de
Po, para que sua temperatura permaneça constante?
122 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

11. As superfícies de equações

F(x, y, z) = x2 + 2 + 22 - 3 = 0 e G(x, y, z) = x2 + 2x + 2 - 4 = 0

têm como interseção uma curva C que passa pelo ponto Po = (1, 1, 1).

a) Encontre as taxas de variação de F e G na direção de um vetor tangente


a C em Po.

b) Encontre a direção na qual a taxa de variação de GemPoé máxima.


Qual é esta taxa?

12. O Capitão Astro está outra vez em perigo perto da órbita de Mercúrio. Ele

está na posição Po = (1,1,1), e a temperatura da blindagem de sua espaçonave


num ponto (x,y,2) é dada por T(x,y,z) = -2-22-322 graus.

a) Que direção ele deve tomar para perder temperatura o mais rápido

possível?

b) Se a espaçonave viaja a e8 unidades de comprimento por segundo, com


que taxa a temperatura irá cair quando ele seguir a direção do item a)?

c) Infelizmente, a blindagem da espaçonave se danificará se a taxa de

variação da temperatura for inferior a 142 graus/s. Que conjunto de


possíveis direções ele pode tomar sem causar danos à sua espaçonave,
a partir de Po, com a velocidade do item b)?

§3.11 Derivadas parciais de ordem superior


Nesta seção introduziremos as derivadas parciais de ordem superior de
funções de duas ou três variáveis, que desempenharão papel relevante no
capítulo 4. O objetivo principal é provar o teorema que atesta a igualdade
das " derivadas parciais mistas " para funções de duas variáveis.
Cálculo diferencial 123

of of
Vimos na seção 3.5 como definir as funções —(x,y) e (x,y), sendo
OT O3
2=f(x, y) uma função de duas variáveis.
Da mesma forma, podemos agora definir as derivadas parciais das funções
ofeo, obtendo quatro novas funções que são chamadas derivadas parciais
ôx dy
de segunda ordem de f, a saber:

, X of X 9 iim &(x+Ax,s)-8(x,u)
frz(x,V)=8=2(E,9)=a= Az-o Ax

se este limite existir;

fxy(x,y)=
o2f 0
dydx^ dy
(25) ta 8(r,v+Av)n86(z,y),
Ox) ’ Ay-o Ay

se este limite existir;

82 f 2 íaf\ / x r ^(x + ^x^y')-^^^)


— I(x.y) == Iim
uz(x,v)=azoy(x,s)=8x \ôy) 10 Ax—0 Az

se este limite existir;

85(x,y+Ay)-8(x,y)
o2f x 9 ídf\ f x
=8y2(r,)=ay(oy)(T,U)=
fyy(x, y) lim —-------------- --------- •--------
Ay—0 Ly

se este limite existir;

As definições das derivadas parciais de segunda ordem de funções de três

variáveis são análogas.

Exemplo 3.31: Calcule todas as derivadas parciais de segunda ordem da


função f (x, y) = = ry — e“cos y.

Solução: As derivadas parciais de primeira ordem são:

f x e —{x,y) =
= y - exco?,y af x-Veseny.
Ox Oy

Derivando estas funções em relação arey, obtemos:


124 Cálculo diferencial e integral de funções de várias varáveis

02f 02f
8x2(r,»)==ecosy , ayoxr»)=1+efseny.

02f 02 f
aw2(x,)=e*cosy , oxoylx,v)=1+efseny.

o2f 82f
Exemplo 3.32: Calcule — e da função f(x,y,z) = ln(x2+y2+z2).
O203 O20% '

Solução: Derivando a função em relação arez, temos:

df, > 2x of . 2z
ax(r,9,2) x2 + y2 + z2 ’ 8z(,8,2) = 22+92+22*
Derivando estas funções em relação aze x,obtemos:

ô2f , -xz o2f . , -^xz


dzdx ‘ 91 2 “ (x2 + y2 + 22)2 ’ dxdz ‘ y'Z} “ (x2 + y2 + 22)2 ’

82f 82f
Notemos que, no exemplo 3.31, as derivadas parciais mistas --- e ---
OyOx dxdy
82f 82f
coincidem, assim como --- e ----- são iguais no exemplo 3.32. Este fato
02Ox OxOz
nem sempre se verifica, como mostra o exercício 5 da seção 3.12. O teorema

a seguir nos dá uma condição que garante a igualdade das derivadas parciais
mistas.

Pela definição 3.9 uma função fé de classe C1 quando suas derivadas

parciais são contínuas. Se as derivadas parciais de segunda ordem de f são


contínuas, dizemos que féde classe C2.

Provaremos o teorema a seguir para funções de duas variáveis, mas a


demonstração pode ser facilmente adaptada para funções de várias variáveis.
cálculo diferencial 125

qeorema 3.8: Sez= f(x,y) é de classe C2, então suas derivadas mistas são

iguais, isto é.
82f482f
xy yz ’

Demonstração: Tomemos um ponto (xo,Y0) no domínio de f. Se fixarmos


Ay, e definirmos a função

9(x) = (x, yo + Ay) - f(x, Jo) ,

temos que 9(%o + Az) - g(xo) é igual à expressão

f(xo + Az, Jo + Ay) - Jo + Ay) - f{xo,yo + + f^o,yo)- (3.15)

Aplicando o teorema de valor médio para funções de uma variável à função

g, obtemos que g(xo + Ax) - g(xo) = g‘(T)Ax, para algum T entre To e To +

Ax.

Portanto, a expressão 3.15 é igual a

2(,J0+Ay)-2(x,J0) Ax.
LOX OT

of
Aplicando o teorema do valor médio, agora à função h(y) =

temos que

2(z,y0 +Ay) - 0(z,J0)] Az = 31$(r,y)AzAy,


L OS OS J CYO.

82f
para algum y entre Yo e yo+Ay, ou seja, a expressão 3.15 é
iguala ayax (T,v)AaAy
126 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

02f
Como --- é contínua em (xo,Yo), segue que
oydx

82. < \ r 8?f _ _

Logo,

o‘f 1
—-(xo,Y0) = lim ——— [f(xo + Ax,Yo + ^y)-
ôyôx ' (Ax,Ay)—(0,0)AzAy
(3.16)

-f{xQ + Ax, y0} - f(xo, yo + Ay) + yo)] .

De modo análogo, mostramos que o limite que aparece à direita da igual-


82 f
dade (3.16) também é igual a —--(xo, yo), o que prova o teorema.
oxoy

§3.12 Exercícios

Nos exercícios 1a4, calcule as derivadas parciais indicadas.

= (22+y2)8 a)fxr (r. y) , ^fyx{x,y).

l.f^x^y) = xcosy - yex à)fyy^-y) , ^fxy^^y).

3.f(x, y, z) = In(z2 +8y- 322) a)fxx(x,y.z) , b^fzy^y^)

4.f(x, y, z) = y2z + sen (x2z) , a)fxz(x.y,z) , b)fyzX(x,y,z)

xy3
(x,v)+(0,0).
õ.Scja f^x,y) = 22+y2
0 (x,U) = (0,0).
Cálculo diferencial 127

82f 82 f
Mostre que -.(0,0) / -(0,0) .
— OTOy OyOx

02f 02 f
6. Se y) = ln(x - y) + tg (r + y), mostre que 8x2 = 8y2 .

2 d3f d3f
7. Se f(r,V) = yes, mostre que + VQ^ = 0 •

8. Mostre que as funções

a) f(.x,y) = In(x2 + y2)


b) f(x, y, z) = (i2 + y2 + z2)-^

satisfazem às respectivas equações de Laplace:

02f02f
a) 2
= 0.
dx^ dy

02f.02f.83f = 0.
8x2 y dz2

(Uma função que satisfaz a equação de Laplace é dita harmónica .)

9. Seuev sãofunções derey, de classe C2, e satisfazem as equações


, _ du dv du dv
de Cauchy-Riemann mostre que u€v sao
Ox Oy Oy ox
harmónicas.

10. Seja u(x, y) = f(x — ay) + g(x + ay), onde a é uma constante real efe
g são funções quaisquer de uma variável real, deriváveis até a segunda ordem.

Verifique que
ô2u 2 Ô2u
8y2 d 2x2
CAPÍTULO 4
MÁXIMOS E MÍNIMOS

O cálculo dos valores máximo e mínimo de uma função real de várias

variáveis é relevante, na medida em que contribui para a compreensão do

comportamento da função.

§4.1 Valores extremos de funções de duas variáveis


Definição 4.1: Consideremos a função real z=f (x, y) definida num conjunto

D C IR2 e (xo,yo) € D. Dizemos que f(xo,Yo) é um valor máximo relativo


de f (resp. valor mínimo relativo de f) se existe uma bola aberta B =
B,(xo,yo) C D tal que

< f{xOi yo) (resp.f(z,v) > f(xo,yo)),


para todo (x,y) pertencente a B. Um valor máximo ou mínimo relativo de

f é chamado valor extremo relativo. O ponto (xo,Y0) onde f assume um


valor extremo relativo é dito ponto extremo relativo.

(i) (xo,Y0) é um ponto de mínimo relativo

(ii) (xo,Y0) é um ponto de máximo relativo


Figura 4.1
Máximos € mínimos 129

Teorema 4.1: Condição necessária para a existência de extremos relativos.


Sejam z = f(x,y) uma função definida num conjunto D C IR2 cujo
9c
interior” é não vazio, e (xo,yo) um ponto interior a D. Se —(xo,Y0) e
Od
Ôl(zo,yo) existem e f(x,y) tem um extremo relativo em (x0,30), então
dy

87(zo.so)=0 e 8(zo»so)=0.

Demonstração: Pela definição de derivada parcial.

df, _ f(xo+ ^r,y0) - f(xo,yo)


5 -------------------------------Az---------------------■

Suponha que f tem um valor máximo relativo em (xo,yo). Pela definição

4.1, existe r>0tal que

f(xo + Ax, y0) - f(To, 3o) s 0,

sempre que 0 < Ax < r. Se 0 < Ax < T, então

f(xo+Az,yo) - f(x0,y0} < 0


Ax
Of Of
Como —(xo,Y0) existe, —(xo,Yo) < 0.
O3 OT
Por outro lado, se —T < Ax < 0,

f(x0 + Ax, y0) - f(x0, Jo) > 0


Aa

Como 2(xo,y0) existe, L(xo,y0) > 0.


àx 9 dx
Portanto, —(xo,Y0) = 0.
OX
"Dizemos que X € I" é um ponto interior a um subconjunto D de R" se existe 7>0
tal que a bola aberta B,(X) está contida em D. O subconjunto de D formado pelos pontos
interiores aDé chamado interior de D.
130 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Of
De modo análogo, verifica-se que —(xo,Yo) = o.
dy
Definição 4.2: Um ponto (xo,Yo) interior ao domínio de uma função 2 =

f(x,y) é chamado ponto crítico de f se Vf(xo,yo) não existe ou Vfxo, Yo) =


(0.0).

Exemplo 4.1: Seja f(x,y) =1-x2-y2. O único ponto crítico defé (0,0)
ef(0,0) = 1. Observando que f(x,y) =1— x2 — y2<l = f(0, 0), para todos
oS valores derey, concluímos que f atinge o valor máximo 1 em (0,0) (figura
4.2 i)).

Exemplo 4.2: Seja f(x,y) = vx2+y2 . Se (x,y) 4 (0,0) ,

— — e 9(x,y) =
T- + y- Oy vT- — y-
—........ 5 ; logo, + (0,0). Por outro
2C 2C
lado, —(0,0) e —(0,0) não existem. (Verifique!) Portanto, (0,0) é o único
Ow O9
ponto crítico de f. Como /(0,0) = 0 e f(x,y) 2 0 = f(0,0) para todos os

valores derey então f atinge o valor mínimo 0 em (0,0) (figura 4.2 ii)).

Exemplo 4.3: O único ponto crítico da função f(x,y) — y2 — x2 é (0,0) e


f(0,0) = 0. No entanto, f não possui extremo relativo em (0,0) (figura 4.2

iii)).

Figura 4.2
]vínxirnos e mínimos_______________________________________ _________131

Observe na figura 4.2 iii) que algumas seções retas verticais do gráfico
de f passando por (0,0,0) têm concavidade voltada para cima e outras têm
s
concavidade voltada para baixo. Neste cas0, dizemos que 2 fungão 5 tem um
ponto de sela no ponto crítico (0,0).

Se (xo,Yo) é um ponto crítico de2= f(x,y), então as curvas de equações


g(x) = f(r,yo) (interseção do gráfico de2= f(r,9) com 0 plano =Vo)e
h(y) = f(ro J) (interseção do gráfico dez= fr, V) com 0 plano r = To) têm
um ponto crítico em x = To e y = yo, respectivamente. A natureza do ponto

crítico (xo,yo) não pode ser determinada, em geral, apenas pelo estudo das
funções 9(x) e hy). Pode ocorrer que as funções (x) = f(x,Y0) e h(y) =
f(xo,y) admitam um extremo relativo em x = To e y = Yo, respectivamente,

sem que z = f(x,y) tenha um extremo relativo em (xo,Y0), como veremos no

exemplo a seguir.

Exemplo 4.4: Seja f(x,y) = 1-x2+ 4xy - 2. O vetor Vf(x,y) =


(-2x + 4y, 4x - 2) se anula apenas em (0, 0).

As funções g(x) = f(x,0) = 1-x2e hy) = f(O,y) =1-y2 têm um


máximo relativo em x = 0 e y = 0, respectivamente. No entanto, a função
u(x) = f(x, x) = 1+2x2 (que define a curva de interseção do gráfico de f(x, y)

com plano y=x) tem um mínimo relativo em T=0. Portanto, (0,0) é um


ponto de sela de f.

Para analisar a natureza de um ponto crítico (xo,Yo) de2= f(x,y) tal


que Vf(xo,Yo) = (0, 0), usaremos o teste da derivada segunda, que será dado
no próximo teorema.

Teorema 4.2: Teste da derivada segunda.

Sejaz = f(x,y) uma função de classe C2 numa bola aberta B = Br(xo,Yo).


132 Cálculo diferencicl e integral de funções de várias variáveis

Suponhamos que (xo,y0) é um ponto crítico de f(x,y) tal que Vf(xo,Yo) =


(0,0). Denotemos por

82 02 02f
’ BFõrõy(To,Vo) e CFõvORo.so)
Se
(i) B2 — AC < 0 e A < 0, então f tem um valor máximo relativo em (xo, yo)

(ii) B2 - AC <0eA> 0,então f tem um valor mínimo relativo em (xo,Y0)

(iii) B2 - AC > 0, então f tem um ponto de sela em (xo,Y0).

Demonstração: Seja u = (cosa, sen a) um vetor unitário na direção de um


vetor que faz um ângulo &, O<a< 2T, com o eixo positivo dos T. A derivada

direcional de (x, y) na direção de u é

df df , df
bu=axcose+ayseno.

Observe que O(xo,y0) = 0, para qualquer &, 0 < & < 27.
ou

A derivada direcional de segunda ordem de f na direção deué definida

por

o2f = —d —(dfCOS&+
j df
— seno
du2 Ou V Ox oy

d2f , d2f d2 f , d 2f 2
== --Cos'Q — ------ sen CCOS Q - -------COS QsenQ 9 sen C.
Ôx2 Ôxôy OyOx Oy-

82 of
Pelo teorema 3.8, —--(x,y) = —--(x,y), para todo (x,y) € B,(xo,Yo).
OxOy dyox
Logo,

824 (x, v)=8 (z, v)cos‘a + 28%8„(z, v) sen acos a+8%(z, v) Sen2°’
'nTÍmos e mínimos 133

todo (x,y) € B„(xo,Yo).

ortanto.

02 f
8n2(xo,Jo) = Acos’a + 2B sen acos a + Csen2a.

\ssim, o estudo da natureza dos pontos críticos de f se reduz à análise do

inal da função

P(a) = Acos2a + 2B sen acos &+C sen2o , 0<a<2T.

,T
SeaFqe&7,, ,37podemos escrever
—4

P(a) = cos2a(A + 2B tga + C tg?a).

Segue que P(a) é positivo, negativo ou nulo, dependendo de o polinômio


•(D) = A+ 2BV + CV2 ser positivo, negativo ou nulo, onde v= tga.

Para demonstrar (i), suponhamos que B2 - AC < 0 e A < 0, o que acar-

eta C < 0; logo, P (2) =P — ) = C < 0. O polinômio Qv) não


—/
ossui raízes reais, visto que B2 - AC < 0; assim, Qv) tem sempre o sinal
02 f
e C que é negativo. Portanto, —9(x0,Y0) é negativa em todas as direções
Ou-

A demonstração de (ii) é análoga à de (i).

Suponhamos agora que B2 - AC >0,e demonstremos (iii).

0 polinômio Q(v) =A+ 2B + Cv2 possui raízes reais e distintas. Por-


anto, Q(v) é positivo para alguns valores deve negativo para outros. Logo,

12(To,Yo) é positiva em algumas direções e negativa em outras.

bservação 4.1: No caso em que B2 - AC =0,o ponto crítico pode ser um

onto de mínimo relativo de f, um ponto de máximo relativo de f, ou não


134 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

satisfazer nenhuma destas propriedades, como mostra o exercício 2 da seção

4.2.

Exemplo 4.5: Localize e classifique os pontos críticos da função

y) = 2x3 + y3 - 3x2 - 3y.

Solução: Tem-se

8h(z,v) = 6z2 - Gx e 8,(x,v) = 3y2 - 3.

Para encontrar os pontos críticos, resolvemos o sistema de equações

622 -6x = 0,

3y2 - 3 = 0.

Da primeira equação segue que a=0our=1,eda segunda equação obte-

mos y = ±1. Portanto, os pontos críticos são: (0, 1), (0,-1) , (1, 1) e (1, -1).
Para aplicar o teste da derivada segunda, encontramos as derivadas parciais
de segunda ordem da função f:

82 f 82 f 82 f
872(x,y)=12r-6 , 88y(x,»)=0 e 82(x,s)=6y.

Em (0, 1) temos B2 - AC =36>0.

Em (0,-1) temos B2 - AC = -36 < 0 e A = -6 < 0.


Em (1, 1) temos B2 - AC = -36 <0eA=6>0.

Em (1,-1) temos B2 - AC = 36 > 0.

Assim, concluímos que a função f assume um valor máximo relativo em


(0, -1), um valor mínimo relativo em (1, 1), e que (0, 1) e (1, -1) são pontos
de sela.
< Mnxirnos e mínimos 135

eemplo 4.6: 0 gráfico da função g(x,y) =lé uma superfície s no I3


TV
Encontre os pontos de S mais próximos da origem.

Solução: A distância de (x, y, 2) a (0, 0, 0) é dada pela fórmula

d{x, y, z) = V22+y2+22.

Se (x, y, z) € S, então d pode ser expressa pela função de duas variáveis

D(x,y) = 22+y2+,32
Observe que D(x,y) será minimizada quando f(x,y) = D2(x,y) =x2+y2+
for minimizada.
x2y2
Para encontrar os pontos críticos da função f resolvemos o sistema de
equações

%(x,y) =2-3, =0,


Ox T‘y2
Of 2
—(x,y) =^y—23 =o.
dy Tty3

Da primeira equação temos y2=aae, substituindo na segunda equação,

obtemos 1=1 Então =±ley= ±1. Portanto, os pontos críticos de f

são:(1,1), (1, -1), (-1,1) e (-1, -1). Como

I ~(x.y) = 2^^ , 6%6,6-)-3, • 6,6e-)-2428,

obtemos B2 - AC = -48 <0eA=8>0em todos os pontos críticos; logo.


todos são pontos de mínimo relativo e f assume o valor 3 nesses pontos. Assim,

os pontos de S mais próximos da origem são: (1,1,1), (1, —1, —1), (—1,1, —1)

e (-1,-1,1).
136 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Definição 4.3: Sejam z = f(x,y) uma função real de duas variáveis definida

num conjunto DCIR2e (xo,Yo) € D. Dizemos que f(xo,yo) é um valor


máximo absoluto de f (resp. valor mínimo absoluto de f) se

y) < f(xo, yo) (resp. f{x, y) > f(xo, y0)),

para todo (x, y) € D.


A função considerada na figura 4.1 ii) tem um máximo absoluto em (xo, yo),

enquanto que (xo, yo)é apenas um ponto de mínimo relativo da função con-
siderada na figura 4.1 i).

Teorema 4.3: Sez= f(x,y) é uma


função contínua num conjunto limitado*
e fechado** D C IR2, então f tem um valor máximo absoluto e um va
mínimo absoluto em D.
A demonstração é semelhante àquela para funções de uma variável, a qual
pode ser encontrada em [4], vol.I, pp. 63-64.

Note que este teorema nos garante a existência de pontos de máximo e


mínimo absolutos, mas não nos fornece um critério segundo o qual possamos

localizá-ios. Passemos, agora, a tratar desta questão.

Se (xo,Yo) é um extremo absoluto de uma função f em D (D como no


enunciado do teorema 4.3), então (xo, yo) é um ponto interior a D ou pertence

à fronteira de D. Portanto, para localizarmos os extremos absolutos de f em

"Um conjunto D C IR" é dito limitado, se existe um número real r>0e um ponto
X € IR" tal que DCB,(X).
Sejam D C IR" eX€ IR". Dizemos que X é um ponto da fronteira de D, denotada por
ôD, se para qualquer bola aberta B centrada em X tem-se BnD-0eBn (IR" —D)#0.
Dé dito fechado seDéa união (necessariamente disjunta) do conjunto dos pontos
interiores a D com os pontos da fronteira de D.
Máximos e mínimos 137

D, encontramos os pontos críticos defe comparamos os valores de 5 nestes


pontos com os valores máximo e mínimo de f na fronteira de D.

Exemplo 4.7: Encontre o máximo eo mínimo da função f(x,y) = (x-2)4y+


y2 - y definida emD= {(x,y) € R22 20,38 0ex +y<4} (figura 4.3) .

Figura 4.3

Solução: Como a função f é contínua no conjunto limitado e fechado D, o

teorema 4.3 nos garante a existência de máximo e mínimo em D.


Para localizarmos os pontos críticos, resolvemos o sistema de equações

2(z,v) =2y(x-2) =0,


OT

=(=-2)2+2y-1 =0.
Oy

1
O único ponto crítico no interior de D é
4
Vamos agora analisar o comportamento da função f na fronteira de D.

No segmento y=0,0<T<4, a função é nula.


No segmento r=0,0<y<4, a função f pode ser representada por

hy) = f(0,y)=3y+y2, O<y<4. Como esta função h é estritamente


138 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáve;

crescente, ela tem um mínimo em y = 0 e um máximo em y=4, sendo


h(0) = /(0,0) = 0 e h(4) = /(0,4) = 28.

No segmento T+y=4,0<y<4 representamos a função f por g(y) —

= y3 - 3y2 + 3y , O < y < 4. Note que g'(y) =3(y-1)2é sempre


positiva, exceto em y=1, onde ela se anula. Portanto, a função g tem
um mínimo em y=0e um máximo em y=4, com g(0) = f(4,0) = 0 e

p(4) = /(0,4) = 28.

Comparando oS valores obtidos, verificamos que a função f assume o valor


1 (1
minimo —7 em I 2, 2 e o valor máximo 28 em (0,4).
IA

Exemplo 4.8: Uma placa metálica circular com um metro de raio está colo-
cada com centro na origem do plano xyeé aquecida de modo que a tempe-

ratura num ponto (x, y) é dada por

T(x, y) = 64(3x2 - 2xy + 3y2 +2y+5) graus.

onde Tey estão em metros. Encontre a maior e a menor temperatura na


placa.

Solução: Queremos encontrar o máximo e o mínimo da função contínua


T(x,y) = 64(3x2 - 2xy + 3y2 +2y++5) definida no conjunto limitado e fechado

D = {{X,y')elR2,x2 + y2<l}.
OT OT
Desde que —(x,y) = 64(6x - 2y) e —(x,y) = 64(-2x +6y+ 2), os
OX O$
pontos críticos da função T no interior da placa circular D são encontrados

resolvendo o sistema de equações

6x - 2y = 0.
-2z + 6y + 2 =0.

/1 3
Portanto, o único ponto crítico no interior da placa é ,€
88
rázimos e ^nimos 139

(_1-3) =296.
T 8 8/
precisamos, agora, analisar os valores de T(x,y) ao longo da fronteira da

placa
circular, cuja equação éx2+y2=1.

Se fizermos

x =cos0.

y =sen0 (0<0< 27),

o ponto (x, y) percorre a fronteira da placa quando 0 varia no intervalo [0, 27].
A temperatura na fronteira da placa no ponto correspondente a6€ [0,27]

é dada por

T(6) =T(cos@,sen@)=

= 64(320 - 2cos 0 sen 0 + 3sen 20 + 2 sen 0+5) =

= 128(4 - cos 6 sen 6 + sen@).


Desse modo, OS candidatos a máximo e mínimo da função T na fronteira
dT
da placa são os pontos correspondentes a0=0e —(0)=0. Como
do

—(0) = 128(sen20 - cos20 + cos@) = 128(1 - 2cos20 + cos6),


CO
dT
as soluções de —(0) = 0 são as soluções de cos0 =lede cos8
db 2
Assim, 0 = 0, 0 = 27 ou 0 = 47.
3J
Quando 0 = 0, temos T(0) = T(1, 0) = 128 x 4 = 512.

Quando e = 27, temos T (27) =T 13) = 32(16 + 31/3).


J 0/ SS)

Quando e = 47, temos T (47) = T(-, -3) = 32(16 - 3/3).


O d/ A 4)
Logo, a menor temperatura na placa é 296 graus e a maior temperatura é

32(16 + 3v3) graus (aproximadamente 678,28 graus).


140 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

§4.2 Exercícios
1. Analise a natureza dos pontos críticos das seguintes funções:

a) f(x, y) = 4xy2 - 2x2y - x -

b) f(x^y) = xsen y •
c) í^^y) = ry-r3 -y2
11
d) f(x,y) = x2 + xy + y2
Ty
e) f(x,y) = 4y2e-(x2+u2)

2. Estude a natureza do ponto crítico das funções abaixo, mostrando que tal
ponto tem a propriedade indicada.

a)f(x,y) = (x - y)4 + (x+y + 2)2 , mínimo.


b)f(x,y) = 1 - x4 - y4- , máximo.

c)f(x,y) = x3 + (x — y)2 , nem máximo, nem mínimo.

3. Encontre o máximo e mínimo absoluto de cada uma das seguintes funções:


. 7 TT
a) f(x,y) = sen T+ sen y+ sen (x+y) O<T<, , 0 < y < - .
— A
b)f(x,y) = x3+y3- 3xy, na região triangular de vértices (0, 0) , (0, 1) e (1,0

c) f(.x,y') = e2+v2+y , x < i , ly < 1.

4. Em um laboratório foram obtidas, experimentalmente, as seguintes medi-

das:
t=0 ,v=2;
t=1 ,12=8;
t3=2 > v3=11.
Determine os coeficientes aebda função v(t) =at+bde modo a minimizar

a soma dos erros quadráticos, isto é,

e12+€22+€32, onde'Cj = v(tj) - Vj (i=1,2,3).


‘ máximos e mínimos 141

5. De uma longa folha de alumínio com 12 cm de largura, deseja-se construir


uma calha, dobrando-se os lados da folha para cima e formando duas abas de

mesmo tamanho, de modo que estas abas façam o mesmo ângulo com a hori-
zontal. Qual a largura das abas e que ângulo elas devem fazer com a horizontal,

a fim de que a capacidade da calha seja máxima?

6. Num círculo de raio R, traçam-se duas cordas paralelas, uma acima e outra
abaixo do centro, e constrói-se um trapézio isósceles. Determinar as distâncias

das duas cordas ao centro, para que a área do trapézio seja máxima.

§4.3 Máximos e mínimos com restrições


Multiplicadores de Lagrange

-
O problema de se encontrarem OS pontos extremos de uma função f(x, y) na
fronteira de uma região D do plano xy consiste em procurar os extremos da

funçãof(x, y), para (x, y) sobre uma curva no plano xy de equação g(x, y) = 0.
A condição g(x, y)=0é chamada restrição, e o problema correspondente é
um problema de extremos condicionados.

Para resolver tal problema podemos, quando possível, reduzi-lo, usando a


restrição, ao cálculo dos máximos e mínimos de uma função de uma variável

(como nos exemplos 4.7 e 4.8). Nem sempre tal procedimento é praticável e,
freqentemente, o método a seguir é mais conveniente.

Teorema 4.4: Sejam


J(x,v) e 9(x,J) funções definidas e de classe c num
Subconjunto aberto U do plano zy que contém a curva C de equação g(x, y
Se f(x,y) tem um valor máximo ou mínimo em (xo,Y0) €Ce Vg(xo,Yo) não
“ 0 vetor nulo, então existe um número real X tal que

Vf(To,yo) + XVg(xo.Yo) = 0 (4.1)

E
142 Cálculo diferencial e integral de funções de várias

O número X é chamado multiplicador de Lagrange.

Demonstração: Se Vf(xo,Yo) = 0, basta tomar X = 0.

Suponhamos então Vf(To,Yo) • 0. Visto que Vg(xo,Yo) é não nulo, o Teo.


rema da função implícita (Apêndice, seção A.1) nos garante que a equação
g(x, y)=0 define y como uma função diferenciável der ou x como uma função

diferenciável de y numa vizinhança de (xo,yo). Portanto, uma parte de C con-


tendo (xo,yo) pode ser parametrizada por o(t) = (x(t),y(t)) , a<t<b, onde

o(to) = (xo, Jo) e o vetor o‘(to) = (x‘(to),y‘(to)) é não nulo e tangente a C em

(o,so).

Como (xo,Y0) €Céum extremo de f(x,y), então a função F(t) = f(o(t)),


a<t<b, possui um extremo em to € (a,b); logo, F‘(to) = 0.
Pela regra da cadeia, obtemos

0 =F\t0)
Gl

= ■ o‘(to) =

Assim, como o vetor Vf(xo,Yo) é não nulo, ele é perpendicular ao vetor I

tangente o‘(to) e, portanto, à curva C em (xo,y0).


Como Vg(xo,yo) é também perpendicular à curva de nível C de equação
g(x,y) = 0, os dois gradientes são paralelos e obtemos a equação (4.1).

Observação 4.2:

1. Na demonstração do teorema 4.4 foi essencial que o ponto (xo,Y0) não

fosse uma extremidade da curva C e que Vg(xo, yo) - 0. Pode ocorrer que um
ponto na extremidade de C ou um ponto de C onde o gradiente degse anule
seja um ponto de máximo ou mínimo da função f sem que este satisfaça (4.1)
(ver os exemplos 4.10 e 4.11).
ázimos e mínimos 143

2. Geometricamente, segue do teorema 4.4 que se (xo,Yo) €Cé um ponto

tremo de f(x,y), então a curva de nível de equação f(x,y) = f(xo,Yo) é

tangente à curva C em (xo,Jo).

Exemplo 4.9: Encontre a menor distância da origem à hipérbole de equação

x2 + 8xy + 72 - 225 = 0.

Solução: A distância de um ponto (x, y) à origem é dada por

D(x,y) = Vx2+y2.
Portanto, devemos minimizar a função f(x, y)=x2+ y2 com a restrição

g(x, y)=x2+ 8xy + 7y2 - 225 = 0.


Note que feg são de classe C1 em I2 e Vg(x,y) = (2x + 8y, 8x + 14y)

se anula apenas em (0,0), que não satisfaz g(x, y) = 0.

Pelo teorema 4.4, devemos resolver a equação vetorial

(2x, 2y) + À(2x + 8y, 8x + 14y) = (0,0),

onde (x, y) satisfaz a equação

x2 + 8xy + 7y2 - 225 = 0.

Estas, por sua vez, dão origem ao sistema de equações

2x + A(2x + 8y) = 0,
2y + A(8x + 14y) =0, (4.2)

x2 + 8xy + 7y2 - 225 = 0.

As duas primeiras equações de (4.2) formam um sistema linear homogêneo


nas variáveis rey,a saber
144 Cálculo diferencial e integral de funções de várias narió.i

(1+A)x + 4Xy =0,


4Àx + (1+7X)a = 0.

Se este sistema possuísse apenas a solução trivial x = 0 e y = 0, esta n

satisfaria a terceira equação de (4.2). Logo, o determinante dos coeficien


de (4.3) deve ser nulo, isto é,


0 = (1 + A)(l + 7A) - 16A2 =1 + 8A-9A2,
4A 1 + 7A

o que fornece X = 1 ou X = --
J
Substituindo X=1em (4.2), concluímos que o sistema resultante não tem
solução real. Para X=l,o sistema (4.2) se transforma em
O

2x—y = 0,
(4.4
z2 + 8zy + ly2 - 225 = 0.

As soluções de (4.4) são os pontos (V5,2v5) e (- V5, - 2v5).

Como f(V5, 2v5) = f(—V5, -2v5) = 25, temos que a menor distância é 5.

Exemplo 4.10: Determine o maior e o menor valor de f(x,y) = es4+u4+s se


(x, y) pertence ao segmento de reta de equação y+T-1=0, O<T<1.

Solução: Como f(x,y) é contínua e o segmento de reta em questão é um


subconjunto fechado e limitado deIR2,o teorema 4.3 nos garante a existência

de máximo e mínimo.
Considere g(x, y) = y -'r x — 1=0, O<T< 1.
zzimos e mínimos 145

Note que fes são de classe C1, o vetor Vo(r,9) = (1, 1) nunca se anula
, = (2ize"2+v2+y, (2y + 1)e=7+*2+y).

Pelo teorema 4.4, para (r,9) pertencente a0 segmento de reta de equação


1y+ x-1=0, 0<*<1, devemos resolver o sistema de equagões

2xe=2+y2+y À = 0,

(2 + 1)e®2+y2+y X = 0, (4-5)

y T = 0.

Subtraindo a primeira equação de (4.5) da segunda equação de (4.5) obte-

mos r = 2,1, que substituído na terceira equação de (4.5) nos dáy= 4i


3 31 7
logo, z=4 Comparando os valores de f(44) = es, f(0,1) =efe
f(1,0) = e, verificamos que o valor máximo de f ocorre em (0, 1), e é igual a
31 7
f 63 e que ° valor mínimo de 5 ocorre em (7‘ 4); e vale es.

Exemplo 4.11: Encontre o ponto da curva C de equação (1 - z)3 +2=0

. (figura 4.4) mais próximo da origem.

Solução: Devemos minimizar a função f(x,y) =x2+ y2, sujeita à restrição


g(x,y) =(1- x)3 +y2=0. Note que feg são de classe C1, e o vetor

. Vg(x,y) = (-3(1 - x)2,2y) se anula no ponto (1,0) que pertence a C (pois


I g(1,0) = 0). Pelo teorema 4.4, para (x,y) € C, (x,y) # (1,0), temos que
resolver o sistema de equações

2x - 3A(l-i)2 = o,

2y + 2Ày = o, (4-6)

(l-x)3 + y2 = o.

Da segunda equação de (4.6) obtemos y = 0 ou X = -1.


146 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáve,
— ■. —

Sey=0,a terceira equação de (4.6) nos dáT=1, que não verifica a


primeira equação de (4.6) e, portanto, não é solução do sistema.

Se A = —1, a primeira equação de (4.6) não possui solução para x real e


portanto, o sistema não tem solução.

Neste caso, a solução do problema é o ponto (1,0) (pois f(1,0) =le,se


(x,y) € C, então a>1; assim f(x,y) =x2+y2> 1).

Teorema 4.5: Sejam f(x, y, z) e g(x, y, z) funções de classe C1 definidas num

subconjunto aberto U de IR3. Considere a superfície S de equação g(x,y,2) =


0 contida em U. Se f(x,y,2) tem um valor máximo ou mínimo em Po =

(xo,y0,20) pertencente aSe VgPo) não é o vetor nulo, então existe um


número real X tal que

VfP) + XV9(P) = 0. (4.7)

Demonstração: Como Vg(Po) * 0, podemos supor que 89(P) # 0. Pelo


teorema da função implícita (Apêndice, seção A.2),Séo gráfico de uma função

de classe C1z= h(x,y) numa vizinhança de Po, sendo 2o = h(xo,Yo).


^á^mos € minimos 147

Dado um vetor arbitrário e não nulo T tangente a S em Po, o lema 3.1

garante a existência de uma curva parametrizada por o(t) (a<t< b) contida

em S tal que o(to) = Po e = T.


Como (x, y, 2) tem um valor extremo em Po, a função F(t) = f(o(t)) tem
um valor extremo em t = to- Portanto,

dF
0 = —(to)
Ct = Vf(o(to)) ' o‘(to) = VfPo) • T.

Assim, se V f(Po) 7 0, ele é perpendicular a T. Como T é um vetor


tangente a S em Po, temos que Vf(Po) é perpendicular a S neste ponto.

Daí se conclui que os vetores Vg(Po) e VfPo) são paralelos, o que nos dá a

equação (4.7). Se VfPo) = 0, temos a equação (4.7) para X = 0.

Exemplo 4.12: Encontre as dimensões da caixa retangular de maior volume


x2 2
que pode ser inscrita no elipsóide de equação — + — + 22 = 1, cujas arestas

sejam paralelas aos eixos coordenados.

Solução: Se (x, y,2) éo vértice da caixa no primeiro octante, as dimensões


da caixa são 2x, 2 e 2z, e seu volume é dado por

V(x,y,2) = 8xyz.

Assim, o problema consiste em maximizar a função V(x,y,2), sujeita à


22
restrição g(x,y,2) = 94++22-1 =0. Note que o vetor Vg(x,y,2) =
2z y
(o, 5,22) não se anula no elipsóide g(x,y,2) = 0. Pelo teorema 4.5, temos
5L
que resolver o sistema de equações
148 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

22
8y + 97 =0,

À
8x + yy =0.
(4.8)
8x / + 2A2 = 0,

22
— —y2—Z
_ =1.
9 4
xyz
Multiplicando-se as três primeiras equações por 212€2 respectivamente,
obtemos

4zyz + Àa2 = 0,
3

4xyz + 22 = 0,

4xyz + Az2 = 0.

Adicionando-se estas três equações, e usando a última equação de (4-8),

temos

12xyz + X = 0, istoé, À=12xyz.

Substituindo este valor de X nas três primeiras equações de (4.8) e simpli-


ficando, obtemos

yz{3 - x2) = 0,

xz(4-3y2) =0,

zy(1-322) =0.

Como T,yez são positivos, das equações acima resulta que x =


, 213 13 T . - / 413 213
3 = 59 €2= Logo, as dimensoes da calxa sao 2V3, —9- e
33 3 3
Máximos e mínimos 149

Teorema 4.6i Selom5G.9,2), 91(r,M,2) e 92(E,V,2) fungões de classe C1


definidas num subconjunto aberto U C IR3. Considere a curva C de inte
das superfícies de equações 91 (x, 3,2) =0 e 92(x, y, z) = 0, ambas contidas em
U. Se f(x,y,2) tem um valor extremo em Po = (xo,Y0,20) pertencente aCe
o produto vetorial V gi(Po) x Vg2(Po) é não nulo, então existem números re
* • 2 th o"e

Vf(P)+A1Vgi(P)+A2V92(Po)=0. (4-9)

Demonstração: Por definição, o produto vetorial

i j k

091 091 091


V9i x ^92 =
dx dy dz
892 092 d92
x dy Qz

_ ( 0(91,92) 2(91,92) 0(91,92))


V d(y,z) ‘ d(z,x) ’ d(x,y) )
. d^Y^g^
onde -- -------— é o determinante
dÇy,z)

dgi dgi
d(9i,92) _ dy ôz
d(y,z) 292 292
dy dz

Como (Vg1 x Vg2)(Po) é não nulo, então:


(i) Os vetores Vg1 (Po) e Vg2(Po) são não nulos e, portanto, normais à curva

C em Po, visto que Vgi(Po) e Vg2(Po) são vetores normais às superfícies de

equações g1(x,y,2) =0 g2(x,y, z) = 0, respectivamente (figura 4.5).

i
150 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

(ii)Os vetores Vgi(Po) e VgPo) são linearmente independentes e, por


tanto, geram o plano normal à curva C em Po.

(iii) Um dos três determinantes, que são as componentes do vetor


Ô(9192)
(V9i x Vg2)(Po), é não nulo, por exemplo, (Po).Portanto, pelo
Teorema da função implícita (Apêndice, seção A.3), uma parte de C contendo

Po pode ser parametrizada por uma função diferenciável o(t) = (x(t), y(t),t) . a

t<b, tal que o(to) = Po, e um vetor tangente a C em PoéT= o‘(to) =

(z‘(to),y/(to),1).

Os vetores Vg1, Vg2, V f estão no plano normal aCem Po.

Figura 4.5

Se Po € C é um extremo de f(x,y, z), então a função F(t) = f(o(t)), a <


t<b, tem um valor extremo em t = to. Logo, pela regra da cadeia,

0 = —(to) = Vf(o(to)) ■ o‘(to) = ' T.

Assim, se V f(Po) - 0, ele é perpendicular à reta tangente à curva C em 1


Po. Portanto, Vf(Po) é normal à curva C em Po. Logo, Vf(Po) é combinação ,
Máximos e mínimos 151
-‘*

linear dos vetores Vgi(Po) e V92(Po), o que prova (4.9). Se Vf(Po). = 0,


temos a equação (4.9) para À1=*2= 0.

Exemplo 4.13: Encontre os pontos de máximo e mínimo de f(x,y,2) =


z+y+2, sujeita às restrições x2 + 2 = 2 e x + z = 1.

Solução: Queremos determinar os pontos extremos da função de classe C1

f(x, y,2) = =T+y+2, para (x, y, z) pertencente à curva C de interseção do


cilindro 91 (x, y, z) ==2+y2-2=0 com o plano 92(x,y,2) = x+z - 1 = 0.

Note que o vetor Vgi x Vg2 = (2y, -2x,-2y) não se anula nos pontos de
C. Pelo teorema 4.6, devemos resolver o sistema de equações

1 + 2À1% + À2 = o,

1 + 2À1y = 0,

1 + 32 = o, (4-10)

72 + v = 2,

x + z = 1.

Da terceira equação de (4.10), obtemos À2=1; assim, a primeira equação

de (4.10) torna-se 2À1T = 0, o que implica X1 = 0 ou i = 0. Da segunda

equação de (4.10), temos que X1 - 0; logo, substituindo T=0 nas duas


últimas equações de (4.10), obtemos y = ±2 ez=1. Portanto, os pontos

que satisfazem o sistema (4.10) são (0, v2, 1) e (0, -v2, 1). Comparando o
valor de f nestes pontos concluímos que (0,—V2,1) é ponto de mínimo e
(0, V2, 1)é ponto de máximo.
152 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis
. 1 ll 1. —

§4.4 Exercícios
1. Encontre o máximo e o mínimo de f(x, y)=T+ y2 na região

D={(r,y)€I2, (x-2)2+y2<1).

2. Um disco plano tem a forma da região do plano xy definida por x2+y2 S 1.


Aquece-se o disco (inclusive a fronteira, onde *2+12 = 1)de modo que a :
temperatura em cada ponto é dada por T(x, y)=x2+ 22 - x. Determine os |

pontos de maior e menor aquecimento.

2 Calcule • menor dlsuânch do ponto 00, 2) * curne de oqubgso v=32- * I

4. Mostre que a distância do ponto (xo, Yo) à reta de equação ax + by + c = 0


, axo + by0 + c
é dada por ------------.
Va2+62

5. Encontre a menor distância da elipse de equação x2 + 4y2 =là reta de

equação y - z + 10 = 0.

6. Em relação ao sistema de coordenadas cartesianas, uma pessoa está na

origem, no interior de uma praça cujo contorno tem por equação 3x2 + 4xy +
62 = 140. A que ponto a pessoa deve se dirigir, ao sair da praça, para

caminhar o menos possível?

7. Em que pontos da elipse de equação — + % = 1 a tangente a esta forma


a- O-
com os eixos coordenados um triângulo de área mínima?

8. Determine as dimensões da caixa retangular sem tampa de maior volume

que pode ser construída de modo que sua área seja 36 m2.

9. A janela de uma casa tem a forma de um retângulo com um triângulo


isósceles no topo. Se o perímetro da janela é12me esta deve coletar a maior
Máximos e mínimos 153

quantidade de energia solar possível, mostre que 0 ângulo da base do triângulo


A 7 radianos.
6
10. Determine a equação do plano que passa por (1,2,1) e determina com os

planos coordenados um tetraedro de volume máximo.

11. Encontre 0 mínimo de 5(3,9,2) = t+9+2 na superficie de equação


cyz = k, onde >0, y>0ez>0. Use o resultado para mostrar que

Jxyz <5(x+y+2) , T>0,120,220.


J

12. a) A função f(x,y,2) = In x + ln y + 3 In z tem um máximo na porção da

superfície esférica de equação x2 + 2 + z2 = 5a2, onde x > 0, y > 0, z > 0 e


a é uma constante positiva. Encontre-o.

b) Usando o resultado do item a), mostre que

£+*+2
2 2

5)
20
, 220,720,220.

13. Encontre o valor máximo de f(x, y, z) = x7 +y2 + 22, sujeita às restrições

2x - y + z = 0 e x2 + 2 + 322 = 30.

14. Determine os pontos da curva obtida pela interseção das superfícies de


equações x2 - xy + y2 - z2 = 1 e x2 +y2 = 1 mais próximos da origem.

x2 y2
15. Considere a curva C interseção do cilindro de equação 12+16=1 com o
plano 2x + y + z = 12. Determine as distâncias máxima e mínima dos pontos

deCao plano ry.


CAPÍTULO 5
INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Este capítulo é dedicado ao estudo das integrais dupla e tripla que são
extensões naturais da integral de Riemann de funções reais de uma variável

real.

§5 .1 Interpretação geométrica da integral dupla

Consideremos uma função real z=f(x, y) definida e contínua no retângulo

R = [a, b] x [c, d] = {(x,y) € IR2 I a<x<bec<y<d}.

Se f(x,y) 2 0 em R, o gráfico dez= f(x,y) é uma superfície situada acima


do retângulo R. Esta superfície, o retângulo Re os quatro planos x = a,
x = b, y — cey = d formam a fronteira de uma região W do espaço (figura

5.1).

Figura 5.1
jntegraisj^^i 155

Assumindo que a região W assim definida possui um volume (conforme a


observação 5.1 da seção 5.2), chamamos este volume de integral dupla de f

sobre Reo denotamos por

/ I f(x,y)dxdy ou / / f(x,y)dA .
R R

Exemplo 5.1: Se f(x,y) = k, onde k é uma constante real positiva, então

J /f(x, y)dxdy = k{b — a){d — c),


R

visto que esta integral é o volume de uma caixa retangular de base R =

[a,b] x[c,d]e altura k.

Exemplo 5.2: Se f(x,y) = 1 - x e R = [0, 1] x [0, 1), então

/ / f(x,y)dxdy =5,
R

pois esta integral é o volume do prisma triangular mostrado na figura 5.2.

Figura 5.2
156 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveig
.——

§5 .2 Integral dupla sobre um retângulo

Daremos agora uma definição rigorosa da integral dupla através do método


das somas de Riemann, de modo semelhante ao usado para funções de uma
variável.

Fixaremos, inicialmente, algumas notações para partições e somas.

Consideremos Pi e P2 duas partições regulares de ordem n de [a, b] e [c, d),


respectivamente, isto é,

Pi = {xo,21,"0,En} e P2 = {o, yi

, , b—a
onde a = xo < xi < ■ ■ ■ < xn — o, com Tj+1 — Tj = ------------ ,
, d-c
e c = y0 < yx < ■ ■ ■ < yn = d, com Yk+1 —Yk=-------------- .
n
O produto cartesiano PiXP2é dito uma partição regular de ordem n

do retângulo R = [a, b] x [c,d]. Esta partição decompõe o retângulo R em n2


subretângulos (figura 5.3).

Figura 5.3
Integrais múltiPlas 157

Suponhamos que z = (x, y) é uma função real limitada* em R, Rjk é o sub-

retângulo Tj,2j+1] x [Mk,Yk+1] e Cjk é um ponto qualquer de Rjk- Formemos


a soma

s.=x (Tf(c)ArAy) = x f(jD)AzAy= 2 5(c,D)AA,


k=0 \j=0 / j,k=0 j,k=0

b-a d-c A A
onde Ax = Tj+1 - Tj =------------ , = Yk+1 -yk=------------ e AA = ATAy.
T Tl

Uma soma deste tipo é chamada soma de Riemann de f sobre R.

Definição 5.1: Se a sequencia (Sn) das somas de Riemann da função f tem


limite seIR quando n tende para +0 e este limite independe da escolha

dos pontos Cjk nos subretângulos Rjk, isto é,

n-1
s = lim X f(cjk)^A,
jk=0

dizemos que f é integrável sobre R e escrevemos

/ J f(x,y)dxdy = s.
R
Teorema 5.1: Toda função contínua definida num retângulo R é integrável

sobre R.

A demonstração deste teorema requer alguns conceitos que não são vistos,

em geral, num primeiro curso de Cálculo (veja [13], apêndice B).

Observação 5.1: Seja z = f(x,y) uma função contínua e positiva num


retângulo R = [a,b] x [c,d]. Consideremos a região W do espaço, limitada

pelo gráfico de z = f(x,y), o retângulo Reos planos =a,T=b,J=C


‘Dizemos que z = f(x1,x2,--,%n) é uma função limitada em R C IR" se exis-
tir uma constante real positiva M tal que | f(x1,T2,*.*,2») |< M, qualquer que seja
(21,22, .,%) € R.
158 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáve;,

ey=d. Se tomarmos Cjk um ponto de máximo* de f(x, y) no subretângul,

Rjk, então f(cjk~)^x^y representa o volume da caixa retangular de base R;,

e altura f(Cjk). A soma

■ n-1
Sn = X /(.Cj^ãxãy
j.k=0

representa o volume do sólido circunscrito à região W (figura 5.4(i)). Analoga.

mente, se djk é um ponto de mínimo* de f(x,y) em Rjk, então a soma

n-l
Sn = X
j,k=0

representa o volume do sólido inscrito à região W (figura 5.4 (ii)).

Figura 5.4

Pelo teorema 5.1,

lim Sn = lim Sn = s,
—O n—0

"Tais Cjk e d, existem em virtude da continuidade de f(x,y) cm R (teorema 4.3).


ntegrais m^^p‘as 159

mostrando que os volumes dos sólidos circunscrito e inscrito tendem para o

mesmo valor s quando n — +co. Portanto, a região W tem volume finito e


seu valor é s.

Exemplo 5.3: Calcule / J (x2 + y2) drdy, onde R = [0,1] x [0,1). Esta
R
integral representa o volume do sólido da figura 5.5.

Solução: Como f(x,y) = x2+y2 é contínua em R, segue do teorema 1.1 que


f é integrável sobre R e

//(x2+ y2)dxdy = „lim, 2 /(.Cjk^i^-y,


k " °jk=0

sendo que este limite independe da escolha de Cjk em Rjk = [xj,Tj+1] x

YkVk+1), onde

A 1 j+1
O=To<TI=-<---< C+1 == <‘-T-=1,
n n
1 1
0A = yo <y\ = -<•■■< yk+1 =-----------------
k+1 .AA
<*Yn=1 e Ax = ãy=
n n n

(j+1 k+1\
Tomando cjk = (xj+1, yk+1) ------ ,-------- , temos
n n/

n- 1
Sn = X f(xj+1Yk+1)*=
j.k=0 "

LK=0 k=0 k=O

-1(34+5u)- j=0 k=0 )


160 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

2 3(j+1)2.
non/
9 n-1
= , 20+12=
j=O
2n(n+1)(2n+1)
3 6
2n2 + 3 + 1
32
2
O limite da sequencia (Sn) quando n — +0 é 7. Logo,
3

/ /(x2 + y2)dxdy = 3
R

Figura 5.5

Veremos, através do próximo teorema, que funções não necessariamente


contínuas num retângulo R podem ser integráveis.

Teorema 5.2: Seja z = f(x,y) uma função limitada no retângulo R =


[a, b] x[c,d]. Se o conjunto dos pontos de des continuidade de f pode ser
descrito como uma união finita de gráficos de funções contínuas, ent
integrável sobre R.
Integrais inúltiplas 161

Sua demonstração pode ser vista em Apostol, 1969, p. 365.

Da definição de integral dupla como limite de somas de Riemann e dos teo-

remas sobre limites, podemos deduzir algumas propriedades fundamentais da


integral dupla. Estas propriedades são, essencialmente, as mesmas da integral
de uma função real de uma variável real.

(i) Linearidade. Sejam feg funções integráveis num retângulo Reci,C2


constantes reais. Então cf+ C2g é integrável sobre R e

/ kcif(x,y) + C2g(x,y))dxdy = C! J / f{x,y)dxdy + C2 / g(x,y)dxdy.


R RR
(ii) Monotonicidade. Sefeg são integráveis num retângulo R e
f(x,y) > g(x,y), (x,y) € R, então

/ J f(x, y)dxdy > / / g(x,y)dxdy.


R R
(iii) Aditividade. Se o retângulo R é subdividido em n retângulos
Ry, ■ ■ ■, Rn, e se f é integrável sobre cada Ri, i = 1, • • •, n, então f é

integrável sobre R e

/ / f(x,y)dxdy =2 / / f(x,y)dxdy.
R R,
O teorema a seguir nos dá um método prático para o cálculo de algumas

integrais duplas através de duas integrações sucessivas de funções de uma


variável.

Teorema 5.3 (Teorema de Fubini): Se a função z = f(x,y) é contínua

no retângulo R = [a, b] x [c,d], então a integral dupla de f sobre R pode ser


obtida através de integrais iteradas, ou seja:
b d
rd fb
/ / f(x,y)dxdy= / / f(x,y)dy dx = j J f{x,y)dx dy. (5-1)
d
R
162 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Nota: A fórmula (5.1) ainda é válida se-f é descontínua apenas numa união
finita de gráficos de funções contínuas.

Demonstração: Vamos mostrar que

/ f{x,y)dy dx J I f{x,y)dxdy.
R
Para cada x € [a, b], definamos

F(x)=/ 5(x,v)dy.
Dividindo o intervalo [c, d] por meio de uma partição regular de ordem n,

P = {yo, •**,***, yn}, podemos escrever

n-1 /3k+1
=X f(x,y)dy.
k=oJy

Para cada x fixo, aplicando o teorema do valor médio para integrais no


intervalo [Yk, Y*+1] (k=0,1,*,n-1), obtemos

m+i
/ f(x,y)dy = f(x,Yk(x))(yk+1 -y^,
•UA

onde Yk(x) € [Vk, Yk+1].

Mostramos então que

= 2 f(x,Yk(,x)^yk+i - yk).
*=0

Pela definição de integral de funções de uma variável como limite de somas

de Riemann,
cb n-l
J F(x)dx = „lima 2 F(P)(Fa+t1 - "),

onde P = {To, •,,***, Tn} é uma partição regular de ordem n de [a, b] e


Pj é um ponto qualquer de [xj,2j+1].
Integrais múltiplas 163

Tomando cjk = ^Pj.Yk(pJ)') € Rjk = [xj,2j+1] x YkY*+1], obtemos

= X /(c^Çyk+i - yk).
k=0

portanto,

/ / 5(x, v) dydX = / F(x) dr =


n-l
= lim. X F(Pj^xí+i ~ =
j=0

T—C0 — —-yk) (xj+1-Tj)=


= lim X Xf(Cjk)(yk+1
j=0 Lk=0
=0
= / I f^.y)dxdy.
R
Analogamente, podemos mostrar que

/ / f(x,y)dxdy = / / f(x,y)dxdy.
R

O teorema de Fubini tem uma interpretação geométrica simples, ilustrada

na figura 5.6.

Figura 5.6
164 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáve;
-

Se fé contínua e não negativa num retângulo R = [a, b] X [c, d], o númer


que representa a integral / /s(x,v) dzdy é o volume do sólido w compreen.
R
dido entre a superfície de equação z=f(x,y)eo retângulo R.
Para cada y no intervalo [c, d], a integral Ay) rb
= / (x, y)déa área da
Ja
seção plana do sólido obtida como interseção do plano paralelo ao plano xz

passando por (0, y, 0) com o sólido. Pelo Princípio de Cavalieri, expressamos


o volume de w por / Au) dy. Portanto,

b
/ / /{x^'ldxdy = / / f^x,y)dx dy. (5.2
a
li

Analogamente, se considerarmos a área da seção plana obtida como in-


terseção do sólido W com o plano paralelo ao plano yz passando por (x,0,0),

obtemos

/ J f(x,y)dxdy = / / f(x,y)dy dx. (5.3)


R “Lc

Exemplo 5.4: Calcule / J{xseny — y e1) dxdy, onde R =


R
[0,7/2].

Solução: Como f(x,y) = aseny - ye é contínua no retângulo R, o

teorema de Fubini (ver equação (5.2)) fornece

/ / (x sen y - ye") dxdy / [(rseny— we")dz] dy =

x2
2seny-ye dy
Integrai múltiplas 165

Façamos agora o cálculo da integral usando a equação (5.3):

sen y — yer) dxdy

§5. 3 Integral dupla sobre regiões mais gerais

Até agora a integral dupla foi definida apenas para regiões de integração

retangulares. Entretanto, não é difícil estender o conceito a regiões mais gerais.

Definição 5.2: Sejam D um subconjunto limitado e fechado do plano xy e

R = [a,b] x [c,d] um retângulo que contém D. Seja f uma função contínua


166 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

(logo limitada)* em D. Definamos uma nova função f (limitada) em R por

, Çx,y)eD,

Kx> y) =
0 , (z, y)ER-D.

É claro que f é contínua, exceto, possivelmente, na fronteira de D (figura


5.7 ). Se a fronteira de D consiste de um número finito de gráficos de funções

contínuas, então f é integrável sobre R, pelo teorema 5.2. Definamos

/ / f(x,y)dxdy =J/ f(x, y)dxdy.

Figura 5.7

A integral / / f(x,y)dxdy independe da escolha do retângulo R que


D
contém D, como veremos no teorema 5.4.

Consideremos, primeiramente, um subconjunto D do plano xy descrito do


seguinte modo:

D = {(x,v) & m2 \ a<x <b e 1(x) < y < (2(x)},


‘Seja D C I" um subconjunto fechado e limitado. Toda função real definida e contínua
em D é limitada (ver [9], p. 44)
Integrais ‘múltiplas 167

onde ç1 e (2 são funções contínuas em [a,b] e(i £(2. Tal subconjunto


6 chamado região de tipo I. Um exemplo de uma região deste tipo pode
ser visto na figura 5.8(i). Numa região de tipo I, para cada t € [a,b] a reta
r=t intercepta D segundo um segmento de reta compreendido entre as curvas

y=çi(x) ey= (2(x). Esta região é fechada e limitada porque (i e (2 são

contínuas em [a,b].

Uma região D de tipo II é descrita por

D = {(x, y) e Ifi2 \ c<y <d e Yi(y) < x < Y2(y)},

onde YieY2são funções contínuas em [c, d] e 1 < 2. Um exemplo pode ser

visto na figura 5.8 (ii). Regiões de tipo II são também fechadas e limitadas.

VyP

(11)
Figura 5.8

Todas as regiões que consideraremos serão de tipo I, de tipo II, ou então

poderão ser divididas num número finito de subregiões, cada uma das quais é

de tipo I ou II.
168 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Teorema 5.4: Seja f uma função definida e contínua num subconjunto


limitado e fechado D C I2.
SeDé uma região de tipo I, então

çf rb (2(x)
/ f{x,y)dxdy= / f(x, y)dydx. (5.4)
•p d P1(r)
Se D é uma região de tipo II, então

r( rd r^2(y)
/ f(x,y)dxdy= / fÇx^y^dxdy. (5.5)
•> c

Demonstração: Demonstraremos apenas (5.4), pois a prova de (5.5) é


análoga.

Seja R = [a,b] x [c,d] um retângulo que contém D. Por definição,

/ / fÇx,y)dxdy = / / f(x,y)dxdy,
D R

onde f coincide com femDeé nula emR-D.

Para cada x fixo em [a, b], a função f (x, y) é limitada em [c, d] e contínua,

exceto, possivelmente, em dois pontcs. Portanto, / F(x,v)dy existe e

rd - (Pi(x) . (2(x) - rd -
/ f(x,y)dy= f(x,y)dy+ f(x,y)dy+ f(x,y)dy.
•c c Jçix) J2(x)

Como f(x, y)=0 para C<y<ç1 (x) e (P2(x) <y<d, então


rd . (2(x) . çz(x)
/ f(x,y)dy= f{x,y)dy= f^y^dy.
•c V91(x) 91(x)
Da equação (5.3), temos

/ I y) dxdy =// f(x, y) dydx =


R oc
Q2(x)
f(x, y) dydx,
‘1(x)
Integrais múltiplas 169

o que completa a demonstração.

As fórmulas (5.4) e (5.5) mostram que a integral / / dxdy inde-


D
pende da escolha do retângulo R que contém D.

Observação 5.2: Se f(x,y) = 1 para todo (x.y) € D, a integral


//1 dzdy é a área de D.
D
De fato, consideremos D uma região de tipo I, descrita por

D = {(x,y) € IR2 | a < x < b . 1(x) < y < (2(x)}.

Pela equação (5.4),

(( rb (2(x) fb
/ / dxdy= / / dydx = / (2(x) - Ç1(x)) dx =
•p a Jpi(r) d

= área de D.

Exemplo 5.5: Calcule / /(r+u) drdy, onde Déo triângulo de vértices

(-1,0), (0,1) e (1,0) ( figura 5.9).


Solução: Para cada y fixado entre 0e1, temos

Vi(y) =y-l<a<l-y= V2(y). Portanto, a região Déde tipo II.


Usando a equação (5.5), obtemos

22 1=1-
/ / + y') dxdy = 0 , (r + y)dxdy = 2 + dy^
r=y-1

= {2y- 2y2)dy = y2 -2
J0 3
Observe que esta região D pode ser dividida em duas regiões de tipo I, isto
é,D=D1UD2 onde

D1 = {(x, y) € IR2 I -1<<0, 0 < y < x + 1}


170 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

e
D2 = {(x, y) € R2 | 0 < x < 1, 0 < y < 1 - x}.

Portanto,

/ /(x + y)dxdy =/ / (z + y)dxdy +/ / (x + y)dxdy =


D
(x + y)dydx =

1
3

Figura 5.9

Exemplo 5.6: Encontre o volume do sólido limitado pelos cilindros

22 + 2 = 2 e 22 + 22 = a2.
Solução: O volume do sólido pedido é oito vezes o volume do sólido W
esboçado na figura 5.10.
Figura 5.10

A base do sólido Wéa região D do plano ry cujos pontos (x, y) satisfazem

a0<r<ae0<ys Va2-x2.

Para cada (x,y) €D,a altura do sólido W é dada por z = f(x,y) =


Va?-x3. Então o volume dewé/ J 2-22 dxdy. Usando a fórmula
D
(5.4), temos

Portanto, o volume do sólido pedido é —.

§5.4 Exercícios
1. Determine a região de integração D e troque a ordem de integração das

seguintes integrais.
172 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

a) / , f(x,y)dydx.

b) [ / ------------ f^x^dxdy.
J0 J-v1-y2

(T/2 [1
c) / / f(x,y)dydx.
J0 Jcosz

2. As integrais abaixo não podem ser calculadas exatamente, em termos de


funções elementares, com a ordem de integração dada. Inverta a ordem de

integração e faça os cálculos.

e" dxdy.

[1 [1 seny
b) / / --------------- dydx.
J0 Jx y

3. Calcule as integrais, para as regiões D indicadas.

a) / J y’sen (x2) dzdy ; D limitada por y = x1/3,y = —x1/3 e x = 8.


D
6) J J cos(u3) dxdy ; D limitada por y = vx, y = 2 e x = 0.
D

c) / J{x + 2y)dxdy ; D limitada por y = x-2,y = 1 e y = 4.


D

d) J jy-^ex'^dxdy Déo quadrado [0,1] x [1,2].


D

4. a) Transforme a soma das integrais duplas

dydx + / / ________ f{x,y)dydx


-1 J-vx+1 J0 J-V1—x
em uma única integral dupla numa região D conveniente.

b) Calcule a integral dupla em D quando f (x, y) = cy.


Integrais múltiplas 173

5. Determine a área da região limitada pelas curvas:

a) 2y = 16 - x2 e x + 2y + 4 = 0.

b) x = y, x + y = 2 e y=0.

6. Calcule o volume do sólido, no primeiro octante, limitado pelas superfícies

z = 1 - y2, x = y2 + 1 e x = -y2 + 9-

7. Calcule o volume do sólido limitado pelas superfícies y = 4 - x2 , y = 3x ,

z=x+4ez=0.

8. Determine o volume do sólido limitado pelas superfícies z = 1- y2,x-\-z = 1

ex=2 para z 2 0.

9. Determine o volume do sólido limitado pelas superfícies z = y, z = 4 - x2,

z = Q ey = —^ com z 2 0.

§5.5 Mudança de variáveis na integral dupla

Um dos objetivos da mudança de variáveis na integral dupla é facilitar

o cálculo da integral J / f(r, v) dzdy, quando o integrando foua região D


D
são tais que a integral não é simples de ser calculada diretamente.

Na integração de funções de uma variável, usamos o método da substituição


rb
para simplificar a integral | f(x)dx. Este método é baseado na fórmula
Ja

/ f(x)dx= I f((u))g‘(u)du,
Ja Jc

onde a = g(c) eb= g(d), sendo g inversível com derivada contínua em [c, d] e

f contínua em [a,b].
174 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis
. —

No caso de funções de duas variáveis, transformaremos a integral dupla


/ / f(x,y) dzdy, onde D é uma. região do plano zy, em outra integral dupla
D
/ / Fu, v) dudv, onde Q é uma região do plano uv.
Q •-
Para tal fim, consideremos as funções deuev definidas por
I

x=x(u,v)e y = y(u,v). (5.6)

Estas equações definem uma aplicação g que associa a cada ponto (u,v) do
plano uv um ponto (x, y) do plano ry, isto é,

gu, v) = (x(u, v), yu, v)).

Impondo condições apropriadas sobre x(u,v) e y(u,v), podemos determinar


uma região Q do plano uv de modo que g é contínua e injetora emQe |
g(Q) = D, como mostra a figura 5.11.

Figura 5.11

O teorema a seguir nos fornece condições sob as quais é possível mudar as


variáveis na integral dupla.
Integrais m^íl,lp^as 175

Teorema 5.5: Considere 9 uma aplicação definida por

g{u,v) = (x(u,v)),y(u,v)),

onde rey são funções de classe C1 num subconjunto aberto U C RR2.Seja


um subconjunto limitado e fechado contido em U tal que
(i) g é injetora em Q

Ôx ôx
du dv
(ii) 0 determinante Jacobiano da aplicação g. (também deno-
dy dy
du Ôv
d(x-,y)\
tado por % , nunca se anula em Q. Se f é integrável em g(Q), então
Ô(u, v) )

JJ
/ / f{x,y)dxdy= / / f(x(u,v),u(u,v)
JJ
)2.8) O(U, v)
dudv. (5.7)
g(Q) Q

O(x, y)
Nota: A fórmula (5.7) ainda é válida se
—------ . =Ooug deixa de ser injetora
O(u,V)
em subconjuntos de Q que possam ser descritos por um ponto ou pelo gráfico
de uma função contínua ou por uma união finita de conjuntos destes dois tipos.

A demonstração deste teorema pode ser vista em Rudin, W., 1976, p. 252-253.

Neste texto nos limitaremos a dar uma justificativa geométrica da fórmula

(5.7) quando f(x,y) = 1 em g(Q).

Para isto, consideremos P uma partição regular de ordem n de um retângulo


R que contém Q. A imagem por g de um segmento de reta horizontal no plano
uo (v é constante em tal segmento) é uma curva no plano xy parametrizada
176 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáv

no parâmetro u (chamada curva u). Analogamente, a imagem de um seg.


mento de reta vertical é uma curva no plano Ty parametrizada no parâmetro
v (chamada curva v). Os vetores
(dx dy\ . (dx dy\
Vi(u,v)= —e V2(u,v)=-,
\Ôu Ôu) \Ôv Ôv/
são tangentes à curva ueà curva v, respectivamente, no ponto (x(u, v), y(u, v)).
Seja Ruv um subretângulo de R de dimensões Au e Av. Se tomarmos

Au pequeno, podemos considerar Vi constante ao longo da curva u no inter-


valo [u, u + Au] e, portanto, o comprimento desta curva é aproximado por
|l Vi || Au. Do mesmo modo, para Av pequeno, o comprimento da curva v no

intervalo [v, v + Av] é aproximado por || V2 | Av.

Como Or,V) + 0, os vetores v e v, são linearmente independentes. As.


O(u,V)
sim a subregião de g(Q) imagem do subretângulo Ruu é aproximada por um

paralelogramo de lados V1Au e V2Av (figura 5.12),

cuja área é dada por

|| V1Au x V2Av ||=|l Vi x V2 || AuAv =%TAuAv.


I Ô(u, v) I
Itegrais m^tlp^as 177

— O(x,y) |. ..
Logo, a área de g(Q) é aproximada pela soma > —----------- AuAv e o limite
2 |O(u,V)

destas somas é I / 8(ç%3dudv.

§5.5.1 Casos especiais de mudança de variáveis

1) Mudança linear. Consideremos a transformação lincar 9 definida pelas

equações

x = au + bv € y=cu+ dv. (5.8)

onde a,b,ced são constantes reais. O determinante Jacobiano desta


transformação é dado por

(x,y) _ a b
d{u,v) c d
(x, y)
Se 2217 = 0, então o sistema (5.8) pode ser resolvido para uevem termos
O(u, V)
derey. Portanto, g é injetora em IR2 e a fórmula (5.7) pode ser escrita na
forma

J J f(x,y')dxdy=\ad —bc\ / / f(au + bv,cu + dv)dudv. (5.9)


g(Q) Q

Exemplo 5.7: Calcule J /ev ^y+x^ dxdy, onde D é a região triangular


rimitada
• pela reta T + y = 2 eD
OS eixos coordenados.

Solução: A presença dos termos y — xey + xno integrando sugere a

transformação linear definida por

U == Y — x v = y + x, (5.10)
178 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis
T. ——

cujo determinante Jacobiano é

Portanto, do exempló A.9, apêndice, segue que as equações (5.10) definem

uma mudança de variáveis linear para rey como funções de u e v e

a(x,v) _ _1
ô(u,v) 2

Para encontrarmos a região de integração Q do plano uv notemos que as


retas x = 0 e y = 0 são levadas nas retas u = v e u = —v, respectivamente, e

a reta x + y = 2 é levada na reta v=2. Então a nova região de integração Q


é uma região triangular, como mostra a figura 5.13.

Assim, pela fórmula (5.9), temos

I / elv—z)/Cv*e) dxdy =}/ J e"/v dudv = ^f f e"lv dudv =


D Ç 4/00 -V
1 (2
=- v(e—e)dv=e—e-1.
2 Jo

Figura 5.13
Integrais
--------- - múltiplas 179

ii) Mudança polar. Um ponto P com coordenadas retangulares (x,y)


tem coordenadas polares (r,0), onde réa distância do ponto P à origem e 6
é o ângulo formado pelo eixo positivo dos reo segmento de reta que liga a
origem a P (figura 5.14). As coordenadas retangulares e polares do ponto P

estão relacionadas por

x=rcos@ e y=rsen@ (5.11)

onde r20ef varia num intervalo da forma [90, 00 + 2T).


As equações (5.11) definem uma aplicação g do conjunto

{(r,6) € IR2 | r > 0 , 00 < & < 60 + 2}

em R2. Esta aplicação é injetora se a restringirmos ao subconjunto

{(r,@)€R2r>0, e0<e <00+2r}.

A curva no plano xy imagem de r = a é uma circunferência de raio a

centrada na origem.
A curva no plano xy imagem de 0 =constante é uma semi-reta que contém

a origem.
A figura 5.14 mostra a imagem de um retângulo do plano rO.
O determinante Jacobiano desta aplicação é

(xy) cos@ -rsen@


ô(r, 0) sen 9 rcose

Neste caso, a fórmula (5.7) se escreve

/ / f(x,y)dxdy= / J r f(rcos@, rsene)drde. (5.12)


g(Q) Q
180 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Pela nota que aparece imediatamente após o teorema 5.5, esta fórmula é
válida se Q está contido no conjunto {(r, 6) € IRr 20, 00 2 6 > 60 + 27}.

Figura 5.14

Exemplo 5.8: Calcule J / (2 + J2) dzdy, onde Déa região do primeiro


quadrante situada entre as circunferências a2+y2=lea2+y2=4.

Solução: Usando a mudança polar

a=rcos@ , y=rsen@.

temos que os primeiros quadrantes das circunferências a2+y2=lex2+y2=


4 são as imagens dos segmentos de reta r = 1 e r = 2 com 0 < 6 < 5,

respectivamente, e os segmentos de reta y=0,1<r<2ez=0,1<y<2.


7T
são as imagens de0=0,1<T<2,e0= 1STS2, respectivamente.
2‘
Portanto, a região Déa imagem do retângulo Q = {(r, 0) € IR2 |1<Ts

2,0<@s 7} (figura 5.15).


Integrais múltiplas 181

Assim, usando a fórmula (5.12), obtemos

+W)drdy = / / rln(r2)drde = / / r ln rdôdr =


Q
r2lnr-

= Z(81n2-3).

Figura 5.15

Exemplo 5.9: Calcule o volume do sólido W acima do plano ry limitado

pelo parabolóide z = x2 + 2 e pelo cilindro z2+y2= 2 (figura 5.16).

Solução: Se (x, y, z) € W, então 0 < z < x2 + 2 e (x, y) pertence à bola

fechada D definida por

O = {(x, y) € IR2 | x2 + y - 2y < 0}.

Portanto, o volume de w será / /(r2 +y2)dxdy.


D
Figura 5.16

Usando a mudança polar definida pelas equações (5.11), verificamos que a

fronteira de D cuja equação é x2 + 2 - 2 = 0 é a imagem da curva

r = sen, 0<0<T. Portanto, Déa imagem do conjunto

Q = {(r,6) € IR2 |0<r< 2sen0 ,0<6< T}.

Logo,

. _ Aa /2sen@ r [„4]=2sene rz
(x2 + y2)dxdy = r3drd0 = — d0=4 sen 0d8-
J0J0 J04 *=o J0
[3 sen 20 sen4010=T 37
8 4 32 Jo=o 2
Nos exemplos a seguir, as mudanças de variáveis utilizadas não são casos
especiais.

Exemplo 5.10: Determine a área da região D do plano xy limitada pela


curva (2x -4y+ 7)2 +(x+ 5y)2 = 14.

Solução: A equação da fronteira de D sugere a aplicação não linear definida


por
Integrais múltiplas 183

-
I
u = 2x - 4 + 7 e v=T+5y. (5.13)

como o determinante

(u, v) 2 —4
= 14 ± 0,
D(a,y) 15

as equações (5.13) definem uma mudança de variáveis para rey como


funções deuev, cujo determinante Jacobiano, pelo exemplo A.9, apêndice, é

(x,v) _ 1
(u,v) 14

A região de integração Q do plano uv é limitada pela curva u2+v2= 14.

Logo, usando a fórmula (5.7), a área pedida é

/ / dedy =1 / dudv = 1 • área deQ=l. 14- = T.


; J 14 J J 14 14
D Q

Exemplo 5.11: Calcule / /(x2+ v2)dzdy, onde Déa região no primeiro


D
quadrante limitada pelas hipérboles x2 - y2 = 1, x2 - y2 = 9, xy = 2 e

ry = 4.

Solução: As hipérboles no plano xy sugerem a aplicação definida por

O 5)
U=T — y v = xy. (5-14)

Esta aplicação é injetora emDeo determinante Jacobiano

8(u,0)=2(22412)+0.
d[x,y)

Pelo exemplo A.9, apêndice, segue que as equações (5.14) definem uma mu-
dança de variáveis para rey como funções de u e v, e

8(x,v) _ 1 _ 1
ô(u,v) 84.0) 2vu2+4v2‘
184 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

visto que (x2 + 2)2 = (x2 - 2)2 + 4x2y2 = u2 + 412.


A região de integração Q no plano uvéo retângulo

Q = {(u,v) € ní2 I 1 < u < 9,2 < v < 4} (figura 5.17).

Portanto,

/ / (x2 + y2)dxdy =// Vu2+4v2 • — dudv = dudy =


2u2+4v2 2J J
D 1 Q Q
= qárea deQ=8.

Figura 5.17

§5.6 Exercícios
1. Considere a aplicação definida por

T=uv e y=v-u.

a) Determine a imagem D no plano xy do retângulo R no plano uv de


vértices (0,1), (1,1), (1,2) e (0,2).

b) Calcule a área de D.
Integrais múltiplas 185

: 2. Considere a aplicação g definida pelas equações

C y=V—u .
9
1-1/2
a) Utilizando 9, calcule J/( 4) dady, onde Déa imagem
D
no plano ry da região Q no plano uv limitada pelas retas u = 0, v = 0 e

1+v=2.

b) Descreva e esboce a região D.

( ( (---------------
3. Calcule (cos (x — y I dxdy, onde Déa região do plano y limitada
JJ T-Y)
D
por x +y = 1, x = 0 e y = 0.
r( y+2x
4. Calcule ( ( —------------------- dxdy, onde Déa região do plano xy limitada
J J vy — 2x — 1
D
pelas retas y - 2x = 2, y + 2x = 2, y - 2x = 1 e y + 2x = 1.

5. Calcule J / (2x + 1) dzdy, onde Déa região no primeiro quadrante do


D
plano ry, limitada pelas curvas y=*2,y=x2+1,r+y=ler+y=2.

6. Calcule //r dzdy, onde Déa região do plano «y limitada pelas


D
V2
parábolas x=y2-1,z=1-y2ez=4- 4-
Sugestão: use a mudança de variáveis x = u2 - v2 , y = uv.

7. Calcule, usando mudança polar, as seguintes integrais:

•) / /a+fsyzvondeD={(r,)e/R21*9+*264).
b)// (x2 + v2) dzdy, onde D é a região no primeiro quadrante do plano
D
13
ry limitada por x2 + y2 = 1, x2 + y2 = 4, y = x e y = —x.
3
186 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

c) / / 22y dzdy, onde D = {(x,v) e I2 I (r - 1)2 + 2 < 1).


D

8. Determine a área da região D do plano ry definida por


D={(x,v)€RR2122+(J-2)2<4e 22 + J2 2 4}.

9. Determine a área da lemniscata/22í--,2\2 ,2


2 ==22—---- .
4 9) 4 9
10. Determine o volume dos sólidos W abaixo.

a)Wé limitado pelas superfícies z=x2+y2,x2+y2=4,x2+y2=9e


o plano z = 10.
b) W = {{x,y,z) e R3 112 + y2 + 22 <25 e 22 +y2 > 9}.

c)Wé limitado pelas superfícies z = 0, x2 + y2 = 2y e z = vx2+ y2.


d)Wéo sólido acima do plano xy limitado pelas superfícies z = 0,
x + y + z = l e x2 + y2 — Y.

/ / e(x+s)/(z-v)
11.Calcule / / —----- drdy, onde
JJ (T— y)”
D
D = {(x,v) € IR2 11 < (x - y)2 + (x + y)2 < 4, y < 0 e x + y 2 0}.

12. a) Calcule a integral dupla

D={(x,y)eIR2\x2 + y2<a2}.

b) Determine todos os valores de p para os quais I(p,a) tem um limite


finito quando a tende para +o.

13. Se a>0, seja I(a) = / e-udu.


J—a
Integrais mdltiplas 187

a) Mostre que

12(a) = / /ere"+»2drdy, onde D = [-a,a] x [-a,a].


D
b) Se Bi e B2 são as bolas fechadas inscrita e circunscrita a D, respecti-
vamente, mostre que

/ Jere2+s"drdysP2(a) </ /er(e2tv"drdy.


Bi ' B2
c) Calcule as integrais sobre BieB2,e use b) para mostrar que I(a)
tende para VT quando a tende para +0. Isto prova que / e“u‘du = VT
Jo 2

§5 .7 Centro de massa e momento de inércia


Muitos conceitos, tais como massa, centro de massa e momento de inércia,

podem ser definidos com o auxílio de integrais duplas. Nesta seção, faremos
uma breve discussão destes tópicos.

Se P denota um vetor no plano com origem em (0,0) e extremidade num


ponto arbitrário esen massas m1,***, mn estão localizadas nos pontos P,-.,P

respectivamente, o centro de massa do sistema é definido como sendo o ponto


C determinado pela equação

Xm,P
— k=1
C - n------------
Xme
k=1

onde o denominador X mk é chamado massa total do sistema


k=l
Se cada massa mk é transladada de um vetor dado A para um novo ponto
Qk, onde Qk = Pk + A, o centro de massa é também transladado de A, pois

^mkQk _ 2m(P + -4) TmP_


)mk Xme
188 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Isto mostra que a localização do centro de massa independe da origem, depen.


dendo apenas dos pontos P1,*,Pn e das massas.
O centro de massa pode ser pensado como o "ponto de equilíbrio” do

sistema.
Se as massas estão localizadas nos pontos de coordenadas , (In,y,

eseo centro de massa C tem coordenadas (x,g), a relação que define C pode
ser representada pelas duas equações escalares

X mkTk _ X mkYk
2Mk 2Mk

No numerador do quociente que define T, a k-ésima- parcela da soma, mkCk,


é chamada momento da massa mk com relação ao eixo y. Se a massa m
igual à massa total do sistema fosse colocada no centro de massa, seu momento

em relação ao eixo y seria igual ao momento do sistema,


n
mr = 2 mkTk.
k=l
Quando consideramos um sistema cuja massa total está distribuída numa
região do plano e não apenas num conjunto formado por um número finito de

pontos, os conceitos de massa, centro de massa e momento são definidos por


meio de integrais duplas. Por exemplo, consideremos uma lâmina fina tendo
a forma de uma região D do plano e assumamos que a massa está distribuída

sobre esta lâmina com densidade (massa por unidade de área) conhecida, isto é,

existe uma função positiva f definida em D tal que f(x,y) representa a massa

por unidade de área em (x,y). Se a lâmina é feita de material homogéneo, a


densidade é constante. Neste caso, a massa total da lâmina é o produto da
densidade pela área da lâmina.

Quando a densidade f varia de ponto para ponto efé integrável sobre D,


podemos concluir, utilizando somas de Riemann, que a massa total deDé
ntegrais m^‘‘'p^as 189

dada pela equa ão

= J J f(x,y)dxdy, (5.15)
D

eque o centro de massa C = (z, 7) da lâmina é determinado pelas equações

I’
J J y)dxdy j' J yf(x, y~)dxdy

I ‘ =—mdy—— (5.16)

Quando a densidade é constante, digamos f(x,y) =k,as equações (5.16)

tornam-se

J Jxdxdy J J ydxdy
T = _D_______ e c = _D________________ .
área(D) área(D)
Neste caso, o ponto (x,3) é chamado centróide da lâmina (ou da região D).

Exemplo 5.12: Calcule a massa e o centro de massa de um semicirculo

D de raio a e centro na origem, sabendo que a densidade no ponto P é pro-


. porcional à distância do ponto ao centro do círculo.

Solução: A densidade num ponto P de coordenadas (x, y) é dada por

f(x,y)=kyx2+y2.

onde kéa constante de proporcionalidade. Pela fórmula (5.15), a massa do


semicírculo D é dada por

m(D) =k/ / Vr2+ y2dxdy.


D
Usando mudança polar, temos

r (d 2 , kra3
mh ( / r2drdd=——
0J0 O
190 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variávei,
-------------------- - ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ -

Por (5.16), o centro de massa deDéo ponto (x,g), onde

kJJ xvx2 + y^dxdy kfJ yvx2+ y2dxdy


— = ___ D______________ e y = ---------------------- D----------------------
m(D) 1 m(D)

Como . -

/ Jrvx2+y2dzdy= / / r3cosôdddr = 0
D 010
e
/ / vV22 + y2dxdy = / / r3 send dGdr =
D
/ 44)
o centro de massa deDéo ponto (x,5)= (0,2).

Sezé uma reta no plano da lâmina D, seja B(7,J) a distância do ponto


(r,v) em P à rota L o número LL definido pola equação

Il = J / 62{x,y)f{x,y')dxdy,
D

onde f(x,y) é a densidade em cada ponto (x,y) de D, é chamado momento


de inércia da lâmina em relação à reta L. Os momentos de inércia em

relação ao eixo xeao eixo y, denotados por Iz e Iy, respectivamente, são

dados pelas integrais


Ix = / J y2f(x,y)dxdy (5.17)
D
e

Iy = J j x2f{x,y)dxdy. (5.18)
D
A soma L,+Iyé chamada momento de inércia polar em relação à
origem, denotado por Io. Logo,

Io = / /(2+ v2)5(r, y)dxdy. (5.19)


Integrais múltíplas 191

Exemplo 5.13: Uma lâmina fina com densidade constante k é limitada por
duas circunferências concêntricas de raios aeb,e centro na origem, onde
o<a<b. Calcule seu momento de inércia polar.

Solução: Por (5.19), o momento de inércia polar da lâmina D é dado por

i- Io=k/ /(x2+ y2)drdy,


D
í onde D = {(x, y) € IR2 I a2 < 22 + 2 < b2}. Usando mudança polar para
calcular a integral, obtemos

;2x cb 14 _ 4
I=k / r3drd6 = kz-------------------------- .
J0Ja 2
ria
§5.8 Exercícios

Nos exercícios 1a5, suponha que uma lâmina com densidade f ocupe a

região D do plano ry. Calcule a massa total me as coordenadas (x, y) do


centro de massa de D.
-
1. D = {(x, y) € IR2 | 0 < x < 3,0 < y s 3 - }; f(x, y) = x2 + y2.

2- D = {(x,3) e IR2 | -3 < i < 3,-3 < y < V9-22}; f(x, y) = y + ^.

3. Déa região triangular de vértices (0,0), (3,0) e (3,5) e a densidade f


em cada ponto P = (x, y) € D é igual à distância dePao eixo y.

4. D= {(x, y) € IR2 | 0 < x < 1,x < y < a+ 1} e a densidade f num

ponto PEDé igual ao produto das coordenadas do ponto P.

5. Déa região no primeiro quadrante, limitada pelas curvas

J=z+=2,y=0,ez=2; f(z,y)=
1—x
192 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis
--

Nos exercícios 6 a 10, calcule os momentos de inércia I, e Iy de uma lâmina


D no plano xy limitada por uma ou mais curvas descritas pelas equações

dadas. Em cada caso, f(x,y) denota a densidade num ponto (x,y) de D.

6. y = 1- x,x = Q,y = Q\ f{x,y) = x+ 2y.

7. y = cx,y = <x< f{x,y) = xy.


8. x2 + 2 = a2; (x, v) = k(22 + 2)3/2

9. xy = l,xy = 2,x = 2y,y = 2x,x > 0,y > 0-, f(x,y)=1.


10. y = v2x, y = 0, 0 < z < 2; f(x, y) = | x - y | .

§5.9 Integrais triplas

Definiremos integrais triplas através de somas de Riemann, de modo

análogo ao que foi feito para integrais duplas.

Seja w = f(x,y, 2) uma função real definida e limitada num paralelepípedo


(caixa) retangular R = [a,b] x [c,d] x [p,q]. Se P1,P2 e P3 são partições regu-

lares de ordem n de [a,b], [c,d] e [p,q], respectivamente, o produto cartesiano


P = Pi x P2 x P3 é chamado uma partição regular de ordem ndeR,a qual
subdivide a caixa R em 3 caixas denotadas por Rijk. Podemos então formar
a soma de Riemann Sndew= f(x, y, z),

s, - 2 2 2 f^ijk^x^y^z,
=0 =0 =0

, , ,,. b—-a d C q-p


onde Cijk é um ponto qualquer de hijk eAT=---------------- , Ly ==---------, /Z ==--------- .
• •A)M3)A

Definição 5.3: Seja w = f(x,y, z) uma função definida e limitada na caixa


retangular R. Se lim Sn é um número real s que independe da escolha de
n—++00
Integrais múltiplas 193

cijk em Rijk, chamamos este limite de integral tripla de f sobre R,eo


denotamos por

/ / / f(x,y,z)dxdydz ou / / f f{x,y,z)dV.
R R
Conforme o teorema 5.1, Toda função w = f(x,y,z) contínua emRé in-
tegrável sobre R" Além disso, funções limitadas cujos conjuntos de des
continuidades podem ser descritos como união finita de gráficos de funções

contínuas (tais como x = a(y,2), y = y(x,z) ou2= z(x,y)) são integráveis.


Isto é análogo ao teorema 5.2.

Como no caso de funções de duas variáveis, o Teorema de Fubini é válido:

; "Se f (x, y, 2) é contínua em R então

/// f{x,y,z)dV = / / / f(x,y,z)dzdydx =

R a.i C bP
= / / / f(x,y,z)dzdxdy =
Jc Ja Jp

= / / / f{x,y,z)dydxdz."
Jp Ja Jc

(É possível encontrar seis integrais iteradas para funções de três variáveis.)

Para completar a analogia com as integrais duplas, consideremos o pro-


blema de calcular integrais triplas sobre regiões fechadas e limitadas W C IR3
(tais regiões estão contidas em alguma caixa retangular R). Dada uma função

contínua w = f(x,y,2) definida em W, a estendemos a uma função f:RC

RR3—IR que coincide com f em Wese anula em R - W. Se a fronteira de


W consiste de uma união finita de gráficos de funções contínuas, então f é
integrável emRe definimos

/ / Jf(x'y'z^dV = / / I f(x,y,z)dV.
194 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáve

Como antes, esta integral independe da escolha de R.

Aqui também, restringiremos nossa atenção a três tipos especiais de regiões

do IR3.

Uma região WC IR3 é dita de tipo I se pode ser descrita por

W = {(x,y,z) 6 IR3 | (x,y) € D e fi(x,v) <z< f2(x,v)},

onde Déa região limitada e fechada, projeção de W no plano ry, e f1,f2 são
funções contínuas em D, com fi <f2.

Regiões deste tipo são limitadas por duas superfícies de equações z =

fi(x,y) ez= f2(x,y) e (talvez) por uma porção de cilindro gerada por uma

reta se movendo paralelamente ao eixo z ao longo da fronteira de D (figura


5.18). Neste caso,

/ / / J(z, y’ z^dxdydz =/ /(7 s(E, y' z)d:) dxd (5.20)

Figura 5.18
Integrais ^lt^plas 195

Uma região W C IR3 é de tipo II se pode ser descrita por

w = ((r,s,2) e IR2 | (F,2) e Deo(v,2) sus 92(,2)))

onde Déa região limitada e fechada, projeção de W no plano xz, e 91,92 são

contínuas em D, com 9i £92. Neste caso.

11 / / (,7E‘s(r,u.z)dv)
ddz. (5-21)

Finalmente, W C IR3 é de tipo III se pode ser descrita por

W = {(x,y,z) € IR3 | {y,z) € De <x< h2(y,z)},

onde Déa região limitada e fechada, projeção de W no plano y2, ehi,h2

são funções contínuas em D, com h1 < h2. Assim.

/// f^x’y'z^dxdydz = / / ( ( , f(x,y,z)dx^ dydz. (5.22)

Observação 5.3:
1. Se f(x,y,z) = 1 para todo (x,y,z) € W, então

/// drdydz = volume de W.


w
2. Se f (x, y,z)éa função que fornece a densidade (massa por unidade de
volume) em cada ponto (x, y, z) € W, então a massa M de W é dada por

M = / // f(x, y, z} dxdydz.
w
Exemplo 5.14: Calcule o volume do sólido W limitado pelas superfícies de

equações z + x2 = ^,y + z = Á, y = Qey = ^.


Solução: O sólido W é limitado superiormente pela superfície 2=9- x2 e

inferiormente pelo plano z=4-y. Portanto,


196 Cálc.ulo diferencial e integral de funções de. várias variável

IV = {(x,y, 2) € IR,3 | 4 — y s z < 9 - x2 e € D},

onde D é a projeção de W no plano xy (figura 5.19) que pode ser descrita por

D = {(x}y) € IR2 | -vy + 5 < x < Vy+5, 0 < y < 4}.

Assim, da observação 5.3.1 e da fórmula (5.20) segue que o volume de IV

9 1 2=-i/lfe
4
_ -x 3 +TV
õx dy =
- T=-vy+
■4
30+ 5)8/2 +‘2y{y + 5)1/2) dy =

L29(u+5)3/2
3 15
- 4 (u + 5)5/2+
5
3(y+5)5/2-2+
3
5)3/2 " 2 =
Jy=0
o q y=4 o
(y+5)5/2 10
=(243-25V5).
10 Jy=0

Figura 5.19
Integrais múltiplas 197

§5.10 Mudança de variáveis na integral tripla


Como veremos a seguir, a fórmula de mudança de variáveis na integral

dupla pode ser estendida às integrais triplas.


Sejag: UC IR3 — IR3 definida pelas equações

x = x(u,v,s) y = y[u,v,s) e 2=z(u, v,s).

onde x, y, z são funções com derivadas parciais contínuas no subconjunto aberto

UC IR3.
dx dx dx
u dv ds
dy dy
O determinante Jacobiano da aplicação gayé (também
ôu ôv ds
ôz 8z dz
Bu 8v as
dÇx,y,z)
denotado por —-----------
O(u,v,S)
Segé injetora num subconjunto fechado e limitado Q contido em U e
0(x,y,z) . nunca se anula em
—------- i Q, entao

O(u,U, s)

/// /(x^^'jdxdydz =
9(Q)

Af( I O(x y z)
dudvds. (5.23)
J / J f(a(u,v,8),v(u,",8),z(u,U,8))a(u,7,s)
Q

Esta fórmula ainda é válida para funções de três variáveis, sob as condições
da nota que aparece imediatamente após o teorema 5.5.
198 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis .
T■ , -—. .

§5.10.1 Casos especiais de mudanças de variáveis

1 Mudança de variáveis cilíndricas

Um ponto P de coordenadas retangulares (x, y, 2) tem coordenadas cilíndricas


(r,6,2), onde ree são as coordenadas polares da projeção de P no plano xy
(figura 5.20) As coordenadas retangulares e cilíndricas do ponto P estão

relacionadas por

S
T=rcos@ , y=rsen@ e 2=z, (5.24)

onde T20,0 varia num intervalo da forma [00, 60 + 27) e -0 <z< +c.

As equações (5.24) definem uma aplicação g: UC IR3 — IR3. Esta

aplicação é injetora quando restrita ao conjunto

{(r, 0, z) e I3 >0, 00<0<00+2m e -o<z< +o}.

A superfície no espaço xyz imagem der=aé um cilindro de raio a com


eixo coincidente com o eixo z.

A superfície imagem de 0 =constante é um semiplano que contém o eixo

A superfície imagem de z =constante é um plano paralelo ao plano xy.


A figura 5.20 mostra a imagem de uma caixa retangular no espaço rôz.
O determinante Jacobiano desta aplicação é

cos0 —rsen 6 0
Ô(x,3,2) _ rcosO = r(cos2 0 + sen2 6) = r.
sen 6 0
(r,0,2)
0 0 1
Portanto, a fórmula (5.23) se escreve

J/í f(x’y’z')dxdydz = / / / cos 6, r sen 6, z)rdrdôdz. (5.25)


g(Q) Q
Jntegrais múltiplas 199
. —------------------------------------ ---- .

Esta fórmula ainda é válida se Q está contido num conjunto da forma

{(r, 0, z) € IR3 |r>0, 00 < 0 < 00 + 27, -c <z< +c}.

Figura 5.20

Exemplo 5.15: Calcule /// zdrdydz, onde Wéo sólido limitado pelas
_W
superfícies 2 = V8-x2-y2 e2z=x2+ y2.
2 2
Solução: Se (x,y,2) € W, então 478 <z< v8 -x2- y2 e (x,y) € D,
onde Déa projeção de W no plano ry (figura 5.21).

As superfícies se interceptam segundo a curva x2 + 2 = 4 e z = 2. Portanto,


D = {(x, y) € IR2 |a2+y2 <4}. Usando mudança de variáveis cilíndricas

rr cos 0 y = rsen0 , 2=2,

observamos que Wéa imagem do conjunto

T/
Q={(r,@,2)€R3|0<r<2, 0<0<2m e —<z<V8-r2}.

200 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Figura 5.21

Portanto, da fórmula (5.25) segue que

//) zdxdydz =// rzdrdôdz rzdzdddr =


w

dGdr —

287
3

ii ) Mudança de variáveis esféricas

Um ponto P de coordenadas retangulares (x, y, z} tem coordenadas esféricas

[p, 0, ip), onde p é a distância do ponto P à origem, 6 é o ângulo formado pelo

eixo positivo dos x e o segmento de reta que liga (0,0) a(x,y),eéo ângulo

formado pelo eixo positivo dos z e o segmento de reta que liga P à origem

(figura 5.22). As coordenadas retangulares e esféricas do ponto P estão rela­

cionadas por

T = p sen qp cos 6 y = psençsen@ e z = pcosc, (5.26)


Integrais múltiplas 201

onde p20,0<p<ze@ varia num intervalo da forma [00, 0o + 27).


As equações (5.26) definem uma aplicação g: UCI’— IR3. Esta

aplicação é injetora quando restrita ao conjunto

{(p,0,) € IR3 | p > 0, 0o <0<00+2r, 0Sy<r}.

A superfície no espaço xyz imagem de p =constante é uma esfera centrada

na origem.
A superfície imagem de 6 =constante é um semiplano que contém o eixo

A superfície imagem de q =constante é um cone circular cujo eixo coincide

com o eixo z.
A figura 5.22 mostra a imagem de uma caixa retangular no espaço pôi.

Figura 5.22

O determinante Jacobiano desta aplicação é

sengcos0 - psençsen@ pcosipeos)


Ô(x,3,2) 2
sen o sen 0 psengcos@ pcosçsen@ == —P sen 9.
d{p, 9, p)
COS 9 —P sen 9
202 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Ô(x,y,2)
Como sen 920 para OS5T, então = p2 sen ç. Portanto, a
I d(.P, 6, ç)
fórmula (5.23) se escreve

III 9(Q)
(x, y, z)dxdydz =

-III Q
f (p sen ç cos 0, p sen çsen@,p cos ) p2 sen çodpdêdsp. (5.27)

Esta fórmula ainda é válida se Q está contido num conjunto da forma

{(p, 6, ) € IR3 Ip20, 00<0<0+ 27, 0<P< m}.

Exemplo 5.16: Calcule / J/er +y + ) dzdydz, onde Wéo sólido no


.w
primeiro octante limitado pela esfera a2 + y2 + z2 = 16 e os cones
___ ___ — | ~2 _192
z = V3(x2+y2) ez= 1—3— (figura 5.23).
V3
Integrais múltiplas 203

Solução: Usando a mudança de variáveis esféricas definida por (5.26),


temos que a esfera x2 + y2+22= 16 é a imagem de p = 4, e os cones
x2+y2 .
: z = 13(x2 + y2) e z = —2— sao as imagens deQ=
3 6*=3‘
respectivamente. Portanto, Wéa imagem do conjunto
7 7T
Q = {(p, 6,«) € I3 | 0 < p < 4, <7 €
~2 6 3
Assim, da fórmula (5.27), segue que

sen odpdêd =
//J e(e2+v2+22y0/drdydz = I / / p2eP
w 'Q
4,3
p’eP sen çpdpd =

T (T/3 eP 3 P=4
- sen qode =
2 Jr/6 31 Jp=o
(T/3
( sen od =
z(M4-1) J7/6

==(v3-1)(e64-1).
L4

Exemplo 5.17: Calcule J J.J V22+ y2 + z2 dxdydz, onde Wéo sólido


W
2 1
limitado superiormente pela esfera a2 + y2 =-e inferiormente
4
pelo cone z = vx2+y2 (figura 5.24).

Solução: Usando a mudança de variáveis esféricas definida por (5.26), a


21 ,. ,
esfera x2 + y2 + =qa imagem deP= cos 9e° cone 2 =

Vx2+y2 é a imagem deç= 4-

Portanto, Wéa imagem do conjunto

Q = {(p,0,) € IR3 | 0 s p s costp, 0<0<2 e 0<P<Ã}.


204 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Logo, da fórmula (5.27), temos

/// V22+y2+ z2dxdydz =/// p3sen «pdpdêdp =


w Q
(I (COS9 3
=27 J p sen dpd =

= — 7/ senpcOS*
(4 d( =4
2 J0
7 r 5 19==/4 7
=-10cos %J,=o =10 1-2

§5.11 Exercícios

1. Calcule as seguintes integrais triplas:

a) ///z dzdydz, onde Wéa região no primeiro octante limitada pelos


w
planos y=0,2=0,T+y=2,2y+a=6eo cilindro y2+22= 4.

b)/JJ xy223 dzdydz, onde Wéa região no primeiro octante limitada


w,
pela superfície z = ry e OS planos y=T,T=lez=0.
Integrais múltiplas 205

c)// / 2 drdydz, onde w é a região limitada pelas superficies 2 =


______w
vx2+y2, y = x2, z = 0 e y = 1.

d)/// ycos(r + z)drdydz, onde Wéa região limitada pelo cilindro


w
z=y2eos planos x + z= — ez = G.

2. Calcule o volume dos sólidos W descritos abaixo.

a) W é limitado pelo cone z = vx2+y2 e o parabolóide z =x2+y2.

b)Wé limitado pelas superfícies 2=8- x2 - y2 e z = x2 + 3y2.

c)Wé limitado pelas superfícies z - - x2 - y2 e z = y, está situado no

interior do cilindro x2 + y2 = 1, e z>0.

d)Wé limitado pelo cone z = vx2+y2, pelo cilindro x2+y2—vx2 + y2 =

x epelo plano 2=0.

e)W= {(x, y, z) € IR3 \ z >\,x + y + z <1, x2 y2}.

f)W= {(x,U,z) e IR3 122 + y2 + 22 s a2e22 s 22 + 2).

g)W= {(x,U,2) IR3 \ x2 + y2 + z2 < 4,22+12 s 2y).

h)W= {(x, y, 2) e IR3 |22 +v2 + 22 2 4, x2 +y2 + {z- V2)2 s 2 , z <


V3(z3+v2)).

2 /V2z—x2 ra ,------------------
3. Calcule dz) dy / z\j x2 + y2dz.

4. Calcule as integrais triplas abaixo, usando uma mudança de variáveis

conveniente.
206 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveí;

w onde
a)// /zdzdydz,
W = {(x,y,2) € IR3 | x2 + y2 + 22 < 1,2 2 0,22 + y2 2 1}.
(([ dzdydz
b)//572—’ onde Wéo sólido limitado pelas superfícies 2 =
__ w
vx2+y2, z = V1-x2- y2 ez v4-x2- y2.

c) //z dzdydz, onde w é o sólido limitado pelas superfícies z =


______ w _
vx2+y2, z = 13(x2+y2) e x2 + y2 + 22 = 4.

d)/// zyzdzdydz, onde


w
~2 ,2 z2
W = {(,x,y,z) € IR2 | 22 + ~ + 22 < 1,2 20,y > 0,z > 0}.

/ //(2 + 32 + 22)1dzdydz, onde Wéa região dada por:


w
W = {(x,y, z} € IR3 | x2 + y2 + 22 < a2}.

ii) w ={(x, y, z) G IR3 \ x2 -r y~ + z2 < z}.

f) /// 2299%922 ’ onde Wéo sólido definido por


W
W = {(x,y,2) € IR3 | x2 + y2 + 22 < 2y,z < vx2+yZ,y >rex>0}.

g)///
w
W = {(x,y,2) € IR3 | 4 < x2 + (y - 1)2 +22 < 9,2 2 0,z > 0}.

5. Sabendo que a densidade em cada ponto de um sólido W é dada por

5(x,y,2) = 23492423 determine a massa de w quando


W = {(x, y, z) € IR3|x2 +y2 + z2 <9 e x2 + y2 + z2 > 2y}.
CAPÍTULO 6
INTEGRAIS DE LINHA

A integral / f(x)dx de uma função real de uma variável real pode ser
Ja
generalizada de vários modos (um deles já visto no capítulo 5). Uma genera-

lização que possui diversas aplicações importantes, inclusive na Física, é a

integral de linha, a qual descreveremos a seguir.

§6.1 Integral de linha de função escalar


Sejam f:I—IR uma função real e C uma curva em IR3, definida pela

função
a : I = [a, 6] —IR3

t —+0(t)=(x(t),v(t),2(t)).

Para motivar a definição de integral de linha defao longo de C, vamos


supor que C representa um arame e f(x, y, 2) a densidade (massa por unidade

de comprimento) em cada ponto (x,y,2) € C. Queremos calcular a massa


total M do arame.

Para isto, dividamos o intervalo I = [a, b] por meio da partição regular


de ordem n a = to < ti <■■■< tj < ti+1 -<tn=b, obtendo assim uma

decomposição de C em curvas Ci definidas em [t,t:+1], i=0,,n-1, como


na figura 6.1.
208 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Figura 6.1

Supondo que o(t) é de classe C1, e denotando por Asi o comprimento da

curva Ci, tem-se

/ * II II dt.

Pelo teorema do valor médio para integrais, existe ui € tit:+1] tal que

As; =ll o‘(u;) o‘(u;) || At;, onde At; = t+1 - t. Quando n


Il (ti+1 - t) =ll
é grande. As; é pequeno e f(x,y,z) pode ser considerada constante em Ci e
igual a f(o(u)). Portanto, a massa total M é aproximada por

sn = 2 || o‘(u,) || At,.
i=0

A soma Sn é uma soma de Riemann da função f(o(t)) II o‘(t) || no intervalo


[a,b]. Logo, se considerarmos f(x,y,z) contínua em C, então

M = / f(o(t)) || o‘(t) || dt.


Ja
Definição 6.1: Consideremos uma curva C em IR3, parametrizada por
o(t) = (x(t),y(t),z(t)), t € [a,b], onde oéde classe C1, e f(x,3,2) uma
Integrais de linha 209

função real contínua em C. Definimos a integral de linha de f ao longo

de C por

(6-1)
/cfdS = L f(x, V' ^dS = / II II dt.

Esta fórmula ainda é válida seoéC por partes oufogé contínua


por partes. Neste caso, a integralf(x,y,z)ds é calculada dividindo-se o
C
intervalo [a, b] em um número finito de intervalos fechados onde

f(o(t)) || o‘(t) || é contínua.

No caso particular em que f(x,y,z) =1se (x,y,2) € C, obtemos, pela

fórmula (6.1),

/ ds=/ II o‘(t) II dt = comprimento da curva C.

Exemplo 6.1: Calcule /(x2+y2+22)ds, onde C é a hélice definida por


o(t) = (cost, sent,t), 0<t<2m.

Solução: o‘(t) = = (-sent,cost, 1). Portanto, oéde

classe C1 em [0,27] e II o‘(t) ll= Vsen2 t + cos21 +1 = v2. Como f é


contínua, então de (6.1) segue que

P (2% (2T
/ (x2 + y2 + z2)ds = / (cos2 t + sea21 + t2)\/2dt = \/2 (l + t2)dt =
JC J0 Jo
2V2r
(3 + 472).
3

Se pensarmos na hélice como um arame e f(x, y, z) = x2 +y2 + 22 como a


2.27
densidade de massa no arame, então a massa total do arame é —7—(3+42).
0
210 Célculo diferencial e integral de funções de várias variáve; 3

Um caso particular da integral de linha definida em (6.1) ocorre quando


a curva C é uma curva no plano xy definida por uma função de classe Cl

o(t) = (x(t),y(t)), a < t < b, e f(x,y) é uma função real contínua definida em

C.
Neste caso, a integral de linha de f ao longo de C é

L^ds = / (x, y^ds = / 5(r(t), li o‘(t) iidt- (6.2)

Quando (x, y) 2 0 em C, a fórmula (6.2) tem como interpretação geométric


a "área de uma cerca" que tem como base a curva C e altura f(x,y) em cada

(x,y) € C (figura 6.2). Deixamos a justificativa desta interpretação para o


leitor.

Figura 6.2

Exemplo 6.2: A base de uma cerca é uma curva C no plano ry definida


por x(t) = 30cos3 t, y(t) = 30 sen3 t,O<t< 27, e a altura em cada ponto

(x,y) eCé dada por f(x,y) = 1+ 18 (zeyem metros). Se para pintar


3
cada m2 um pintor cobra p reais, quanto o pintor cobrará para pintar a cerca?
Solução: A base da cerca no primeiro e segundo quadrantes é a porção de C
dada por o(t) = (30 cos31,30 sen3 t), 0 < t < T, e a altura da cerca em cada

ponto (x,y) é f(x,v) =1+5 (figura 6.3).


Visto que o‘(t) = (x‘(t),y‘(t)) = (— 90 cos2 t sent, 90 sen2 t cost), então oéde

classe C1 e

|| o‘(t) Il = V(x‘(t))2+(u‘(t))2 = V(90)2 cos41 sen21 + (90)2 sen41 cos21 =

= • (90)2 sen21 cos2t = 90 | sen t cos t | .

Figura 6.3

Como f é contínua, a fórmula (6.2) garante que a área da metade da cerca


é
ds=90 (1+10 sen3 t) | sen t cos t | dt =
Jo

= 90 sent + 10sen4 t) costdt - / (sent + 10sen4 t) costdt =


JT/2
24 sent . - 7/2
= 180 ——--- + 2 sen 5t = 180 450.
2
0
212 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis”

A área total da cerca é2x 450 m2 = 900 m2 e, portanto, o pintor cobrará


900 reais.

§6.2 Integral de linha de campo vetorial


Sejam

F:IR3 —. IR3

[x,y,z) ।—» F(x,y,2) = (F(x,y,z),F2(x,y,z), F3{x,y,z))

um campo vetorial e Cuma curva em IR3, definida por o(t) = (x(t), y(t), z(t))
t € [a, b].
Para motivar a definição de integral de linha deFao longo de C, supo-

nhamos que F representa um campo de forças e calculemos o trabalho realizado

pela força F ao deslocar uma partícula ao longo de C.

Quando C é um segmento de reta ligando o ponto A ao ponto BeFé


uma força constante, sabemos que o trabalho realizado por F ao deslocar uma

partícula ao longo deCé dado por

W=F* AB = (força na direção do deslocamento ) x (deslocamento).

Quando C não é um segmento de reta, podemos aproximá-la por uma linha

poligonal com vértices em C do seguinte modo: dividimos o intervalo I = [a, b]


por meio de uma partição regular de ordem n, a = to < ■ ■ ■ < ti < ■ ■ ■ < tn =

b, obtendo assim uma linha poligonal de vértices o(t) = (x(ti),y(ti),z(ti)),


i = 0, ■ ■ ■ ,n — 1 (figura 6.4).

Como, para n grande, Ati = ti+1 - ti é pequeno, o deslocamento da

partícula de o(ti) até 0(ti+1) é aproximado pelo vetor As; = o (ti+1) — o(ti),
e F pode ser considerada constante e igual a F(o(t)) no intervalo [ti,t;+1].
Integrais de linha 213

Figura 6.4

Supondo que o‘(t) existe para todo t € [a, b], então, pela definição de

derivada, temos que

As; ~ o‘(t)A(ti).

Portanto, o trabalho realizado para deslocar uma partícula de o(ti) até


(ti+1) é aproximadamente

Assim, o trabalho W realizado pela força F para deslocar uma partícula


ao longo deCé
n-1 \
Z(F(o(t)) o‘(t))At) .

Se o‘ é contínua em [a,b] e F(x,y,2) é contínuo* em C, o limite acima


‘Um campo vetorial
F:DCI" — R"
z=(x,.,%„) — F(z)= (F(x),...,F.(z))

é contínuo em D se as funções F:DC IR" — IR são contínuas em D, i = 1, • •, n.


214 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

existe e é igual a
w=

Definição 6.2: Consideremos uma curva C em IR3 parametrizada por o(t) =

(x(t),y(t),z(t)), tie [a,b], onde oéde classe C1, e F(x,y,2) = (Fi(x, y, 2),
F2(x,y, z), Fs(x,y, z)) um campo vetorial contínuo definido em C. Definimos
a integral de linha de F ao longo de C por

/ F dr= / ■ a'^dt (6.3)


JC Ja

(no integrando acima F(o(t)) • o‘(t) denota o produto escalar de F(o(t)) por

o‘(t)).

Se a curva C é fechada, isto é, se o(b) = o(a),a integral de linha é denotada


por 4 F-dr.
Jc
Como no caso da integral de linha de uma função escalar, a fórmula (6.3)

ainda é válida se F(o(t)) - o‘(t) é contínua por partes em [a, 6).

Se usarmos as componentes de Fe de o, a equação (6.3) se escreve

LF:dr= / Fx{a{t)}x\t)dt-V F2{a{t))y\t)dt + F3{o{ty)z'(f)dt.

Por esta razão, é usual denotar-se a integral de linha por

F.dr= / F^dx + F2dy + F2dz.


JC JC

Quando C é uma curva no plano ry parametrizada por o(t) = (x(t),y(t)),


t € [a, b], a integral de linha de F(x, y) = (Fi(x,y), F2(x,y)) ao longo deCé
dada por

F-dr= F\dx + F2dy — Fj^^x'^dt + F2(a(t))i/(t)dt. (6.4)


[ {Regrais de linha 215

Exemplo 6.3: Calcule / F • dr, onde F(x,y,2) = Çx,y,z) e C é a curva

parametrizada por ot) = (sen t, cost, t), 0sts2m.

Solução: Como F é contínua em IR3 e o‘(t) = (cos t, —sent,1)é contínua


em [0,27], usando (6.3) temos

F.dr = (sen t,cos t, t) (cost,—sen t, 1)dt =


JC J0
(2m (2r
= / (sen t cos t - sent cost + t)dt = | tdt=272.
J0 J0

Exemplo 6.4: Calcule a integral de linha do campo vetorial F(x,y) =


= (x2 - 2xy,x3+y) de (0,0) a (1,1) ao longo das seguintes curvas:

a) O segmento de reta C1 de equações paramétricas x = t, y = t, 0 < t < 1.

b) A curva C2 de equações paramétricas x = t2, y = t3, 0 <t < 1.

Solução: Para a), temos o(t) = (t, t). Então o‘(t) = (1, 1) e

F(o(t)) = (—12,t3 +t). Portanto, por (6.4),

r-í3 t4
-1 5
3 4 2], 12

Para b), temos o(t) = (t2,t3). Então o‘(t) = (2t,3t2) e F(o(t)) = (t4 - 2t5,

t6 + t3). Logo, por (6.4),

K46 A+7 +9t9


[ F dr= /(265-4t6+ --4 +5 - 25
JC2 J0 o7o o"42
Este exemplo mostra que a integral de linha de um campo vetorial de um

ponto a outro depende, em geral, da curva que liga os dois pontos.

Vamos agora calcular o item b) mais uma vez, usando uma representação

paramétrica diferente para a curva C2. A curva C2 pode ser descrita pela
função

0(1) = (t,t3/2) , 0 < t < 1.


216 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáve;.

Como B‘(e) = (1, 361/2) e F(B(t)) = (t2-265/2,t3+t3/2), obtemos, por (6.4)

í1 ■ 0'(t)dt = /' (t2 - 265/2 + 347/2 + 32) dt =


0 J0

- _[563_467/2 £9/21125
6 7 13. 42

Acabamos de observar no exemplo acima que o valor da integral / P.d


JC2
é o mesmo para as duas parametrizações da curva C2. Esta é uma propriedade
importante das integrais de linha que provaremos a seguir.

Lembremos que (ver Cap.1, p.25) se o(t) (a < t < b) e (t) (c<t<d)

são duas parametrizações equivalentes da curva C, então existe uma função


h : [c,d] — [a,b], bijetora e de classe C1, tal que (t) = o(h(t)).
Se h é crescente, dizemos que h preserva a orientação, isto é, uma partícula

que percorre C com a parametrização (t) se move no mesmo sentido que a

partícula que percorre C segundo a parametrização o(t). Sehé decrescente,


dizemos que h inverte a orientação.

Teorema 6.1: Sejam o(t) (a<t<b) e (t) (c<t<d) parametrizações


C1 por partes e equivalentes.

Se h preserva a orientação, então

I F dr= í F dr
JCp Jca

Se h inverte a orientação, então

/ F dr = - [ F dr.
JCs JCe

(CB e Co denotam a curva C parametrizada por(t) e o(t), respectiva-


mente).
Integrais de linha 217

Demonstração: É suficiente provar o teorema para o(t) e (t) de classe


cl. Suponhamos que as parametrizações o(t) e (t) estão relacionadas pela

equação B(t) = o(h(t)), t € [c,d). Então,


/ F • dr = /. • 0'(t)dt - p F(a(h(t))) ■ o'(h(t))h'(t)dt.
Fazendo a substituição u= h(t), du = h‘(t)dt, obtemos
r ch(d)
( F.dre F(a(_u)) ■ a'^u'jdu =
Jce Jh(c)
( F(a(u)) ■ aÇ^du = I F.dr, se h preserva a orientação.
_Ja J Ca
F((u)) • o‘(u)du = — F ■ dr, se h inverte a orientação.
Jca
Como caso particular deste teorema temos que

/ F dr = - F dr,
onde C- é a curva C com orientação oposta, isto é, h(t) = -t.

No caso de função escalar temos que

/ fds = / fds,
JCs JCo
se (t) e o(t) são parametrizações C1 por partes e equivalentes da curva C.

Podemos ainda destacar as seguintes propriedades da integral de linha:

(i) Linearidade.

[ (aF + bG) dr = a í F dr + b í G • dr,


JC JC JC
onde aeb são constantes reais.

(ii) Aditividade. Se C admite uma decomposição num número finito de

curvas
C1, Cn, isto é, C = Cn, então
218 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Ir-d-2/P*
A prova destas propriedades segue imediatamente da definição de integra]
de linha, e a deixamos como exercício para o leitor.

Exemplo 6.5: Considere C a fronteira do quadrado no plano xy de vértices

(0,0), (1,0), (1,1). e (0,1), orientada no sentido anti-horário (figura 6.5).


Calcule a integral de linha / x2dx + xydy.
JC

Solução: A curva C é decomposta em quatro segmentos de reta que podem

ser parametrizados do seguinte modo:

(7, : o1(t) = (t,0). 0<t < 1.

C2 : o2() = (1,t), 0 < t < 1.

Ca : oa(t) =(-t,1). -1 < t < 0.

C, : o4(t) = (0-, — í), -1 < t < 0.


[ntegrais de 219

Assim,
t?dt = ].
O

/ x2dr + zydy = / tdt=l


JC2 J0 2
f 2 2 /0 1
/ x dx + xydy = / -t dt = -
JC3 J-1 3

/ x2dr + tydy = / Odt = 0.

Logo,

Em geral, a integral de linha de um campo vetorial F ao longo de uma


curva C que liga os pontos AeB depende da curva C (veja o exemplo 6.4). No

entanto, para alguns campos vetoriais, a integral depende apenas dos pontos
AeBe não da curva que os liga. Neste caso, dizemos que a integral de linha

independe do caminho que liga AaB.

Que campos vetoriais têm integrais de linha que independem do caminho?

O teorema a seguir, que é uma extensão do teorema fundamental do cálculo,


responde a esta pergunta.

Teorema 6.2: Seja F um campo vetorial contínuo definido num subconjun-

to aberto U C IR3 para o qual existe uma função real f tal que Vf=F em

U. SeCé uma curva em U com pontos inicial e final AeB,

respectivamente, parametrizada por uma função o(t), C1 por partes, então

F dr= / \tf-dr =
220 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Demonstração: Sea,b€IR são tais que o(a) =Ae o(b) = B, então

/ F-dr=/ V ■ a'^dt.

Pondo g(t) = f(o{t)), a<t<b, temos, pela regra da cadeia,

9'W = vf(o()) ' o‘(e).

Portanto, pelo teorema fundamental do cálculo,

lcFdr = Ja s‘(e)dt = - 9(a) = - 5(o(a)) = ~

O campo vetorial F do teorema 6.2 é chamado campo gradiente ou

campo conservative e a função f, uma função potencial. Uma condição

necessária e suficiente para que um campo vetorial seja um campo gradiente

será vista nos teoremas 6.4 e 7.4.

Construção de uma função potencial usando integrais indefinidas

SeF= (F1,F2, F3) é um campo vetorial gradiente de uma função potencial

f num aberto U C IR3, então

(6-5)
8=F,
Ox

(6-6)
8=F,
oy

(6-7)
Oz
Usando integrais indefinidas e integrando (6.5) em relação a x (mantendo

yez constantes), obtemos

f^,y,z)= Í-Fi(x,y,z)dx +A(y,z), (6.8)


Integrais de linha 221

onde Ay, z) é uma "constante de integração" a ser determinada. Analoga-

mente, se integrarmos (6.6) em relação aye (6.7) em relação a z, obtemos

f^.y.z^ I F2(x,y,z)dy + B(x,z) (G.9)

f{x,y,z) = j F3(x,y,z)dz + C(x,y), (6.10)

onde B(x,z) e C(x,y) são funções a serem determinadas. Para encontrar f


devemos determinar A(y,z), B(x,z) e C(x,y) de modo que as equações (6.8),

(6.9) e (6.10) tenham o mesmo lado direito.

Exemplo 6.6: Considere o campo gradiente F(x, y) = (e-V - 2x,


-xe-V — seny). Calcule / F.dr, onde C é qualquer curva C1 por partes
JC
deA= (7,0) até B = (0,7).

Solução: Pelo teorema 6.2, / F.dr= f(0,7) - f(x,0), onde f é uma


JC
função potencial de F em IR2, que será determinada usando integrais
ndefinidas. Aqui, temos

^-(x,y) = e v - 2 (6.11)
OT

Of
—(x,y) = —xeV — seny. (6.12)
dy
Integrando (6.11) em relação are (6.12) em relação a y, obtemos

f(x,y) = xe V -x2 + A{y) (6.13)

f(x,y)=xe 3 +cosy+B(x). (6.14)


222 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis"

Por inspeção, resulta que A(y) = cos y e B(x) = —x2 verificam as equações
(6.13) e (6.14). Portanto, uma função potencial é f(x,y) = re-V + cosy - 22

Logo,
. P.dr=-1-(+1-*2)==2--2.
Jc

§6.3 Exercícios

1. Calculefds, onde
JC
a) f(x, y) — x + yeCéa. fronteira do triângulo de vértices (0,0), (1,0) e

(0,1).

b) f(x, y) — x2 — y2 e C é a circunferência x2+y2= 4.

c) f (x, y) = y2 e C tem equações paramétricas r=t- sen t, y = 1 - cos t,

0<t<2m.

d) f(x,Y,2) = eVse C é definida por o(t) = (1,2, t2), 0<t<1.

e) f(x,y,z) = yz e C é o segmento de reta de extremidades (0,0,0) e

(1,3,2).

f) f(x, y,z) = x + yeCéa curva obtida como interseção do semiplano

x = y, y > 0, com o parabolóide z = x2 + y2, z < 2.

2. Um arame tem a forma da curva obtida como interseção da porção da ;

esfera x2 + y2 + 22 = 4, y 2 0, com o plano T+z= 2. Sabendo-se que a

densidade em cada ponto do arame é dada por f(x,y, 2) = xy, calcule a massa J
total do arame.

3. Deseja-se construir uma peça de zinco que tem a forma da superfície do


cilindro x2+y2 = 4, compreendida entre os planos z = 0 e x + y + z =
Integrais de linha 223

z>0. Se o metro quadrado do zinco custa M reais, calcule o preço total da


peça.

4. Calcule / F.dr, onde


JC

a) F(x, y) = (x2 - 2xy, y2 - 2xy) eCéa parábola y=x2de (-2, 4) a

(1,1).
x
b) F(x,y) = , eCéa circunferência de centro na
Vx2+y2 + y2/
origem e raio a, percorrida no sentido anti-horário.

c) F(x, y)=(y+ 3x, 2y—r)eCéa elipse 4x2 +y2=4, percorrida no

sentido anti-horário.

d) F(x, y) = (x2 + y2,x2 - y2) e C é a curva de equação y = 1 - |1 - x

de (0,0) a (2,0).

e) F(x, y, z) = (x, y, xz - y) e C é o segmento de reta de (0,0,0) a (1,2,4).

f) F(x,y,z) = (yz,xz,x(y + 1))eCéa fronteira do triângulo de vértices

(0,0,0), (1,1,1) e (-1, 1, -1), percorrida nesta ordem.

g) F(x, y, z) = (x2 - y2, z2 - x2, y2 - 22) e C é a curva de interseção da


esfera x2+y2+22 = 4 com o plano y=1, percorrida no sentido anti-horário
quando vista da origem.

h) F(x, y, 2) = (xy, x2 + z,y2 — x) e C é a curva obtida como interseção

do cone x2+y2= z2, z>0, com o cilindro x=y2de (0,0,0) a (1,1, v2).

5. Calcule o trabalho realizado pelo campo de forças F(x, y) = (x2 - y2, 2xy)

ao mover uma partícula ao longo da fronteira do quadrado limitado pelos eixos

coordenados e pelas retas x = a e y = a (a > 0) no sentido anti- horário.


224 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis
-----

6. Calcule o trabalho realizado pelo campo de forças F(x,y,2) = (y2,22,22)


ao longo da curva obtida como interseção da esfera x2 + 2 + z2 = 2 com o
cilindro x2+y‘= ax, onde z > 0 e a > 0. A curva é percorrida no sentido
anti-horário quando vista do plano zy.

7. Determine uma função potencial para cada campo gradiente F dado.

a) F(x, y) = (er sen y, er cos y).

b) F(x,v)=(2ry2-33,2r2y-3ry2+2).

c) F(x, y) = (3x2 +2y- y2es, 2x - 2yet).

d) F(x,y,z) = (y + z,x + z,x + 1^.

c) F{x, y, z) = (ev+2z, xev+2z, 2xe"+2%).

f) F(x,y,z) = (^ysen z,xsenz,xycosz).

§6.4 Teorema de Green

O teorema de Green relaciona uma integral de linha ao longo de uma curva


fechada C no plano ry com uma integral dupla sobre a região limitada por C.

Este teorema será generalizado para curvas e superfícies no IR3, no capítulo 7.

Antes de enunciar e provar o teorema de Green, faz-se necessário introduzir


as seguintes definições.

Definição 6.3: Dizemos que uma região fechada e limitada D do plano ry é


simples se D pode ser descrita como uma região de tipo Iede tipo II,

simultaneamente.
Integrais de linha 225

Definição 6.4: Dizemos que a fronteira ôD de uma região limitada D do


plano ry está orientada positivamente, se a região D fica à esquerda, ao
percorrermos a fronteira OD (figura 6.6).

Figura 6.6

Teorema 6.3 (Teorema de Green): Seja D uma região fechada e limitada

do plano xy, cuja fronteira ôD está orientada positivamente e é parametrizada


por uma função C1 por partes, de modo que ôD seja percorrida apenas uma
vez. Se F(x,y) = (Fi(x,y),F2(x,y)) é um campo vetorial de classe Cl* num

subconjunto aberto que contém D, então

L F,d=+r,aw-//(82-%n) D

Demonstração: Vamos considerar D uma região simples, ou seja, vamos


supor que D pode ser descrita simultaneamente por

D = {(x,v) € IR2 | a s x s b, u(x) <us 12(r)} (6.15)

Seja U C IR" aberto. Dizemos que F . U C IR" — IR" é um campo vetorial de


classe Cl se todas as derivadas parciais 27 das funções coordenadas de F são contínuas

em U.
1

226 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis


D={(x, y) € IR2v (y) < x < v2(y), c < y < d}, (6.16)

como mostra a figura 6.7.

Figura 6.7

Como

//(oR-on)drdy=//oRdrdu+//—ovrdy,
D DD

podemos calcular cada integral do segundo membro desta equação separad


mente.
Usando (6.15), obtemos

í [ OF1 fb [V=u2(z) OF , ,
/ / —gdxdy = / / ——-dydr =
>°V Ja Jy=u(x) oy
rb
= / [F1(x,u1(x)) - Fi(x,u2(x))]dx =
•a
Fb rb
= / Fi(x,ui(x))dx - I Fi(x,u2(x))da =
Ja Ja
Integrais de linha 227

Analogamente, usando (6.16), mostramos que

Rr
-dady= o F2dy.
Ox JaD

Se D não é simples, a decompomos como união finita de regiões simples,


digamos D=DU.U Dn, onde cada região simples Dk tem fronteira ÔDk
C1 por partes (k= 1,,n),e aplicamos o teorema de Green a cada região
Dk, obtendo

//( 21------- 2F) dzdy = $ Fdz + F^dy.


J J \ dx dy ) JdDk
D,
Conseqúen temente,

//(2-0)--
D
f f (8F2 ôFi\ _ , f í (F2 OF1\ , ,
= J J (87 - av) drdy + ■ ■ ■ + J J (az - w)dxiy =
Di Dn
= $ Fdz + Fzdy +--------------- + o Fidx + Fady.
JD J8Dn

A fronteira deDé formada por partes das curvas ÔDk. As partes de ÔDk que
não constituem a fronteira de D agem como fronteira comum a duas reg
simples. Este fato está ilustrado na figura 6.8.

Uma parte 8 de ôDk que é fronteira comum a duas regiões simples será
percorrida duas vezes em sentidos opostos. Mas, pelo teorema 6.1,

/ Fdz+ Fidy+ / Fidx + F2dy = 0.


6 s
228 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Figura 6.8

Portanto, enquanto as partes das curvas ÔDk que formam a fronteira de D

contribuem para o Fidx+ Fdy, as outras partes se cancelam, fornecendo


JaD
assim

//C62-6v)4wdy5 L nds+rfr.
Isto prova o teorema.
f 22 — 22
Exemplo 6.7: Calcule 0 ——dx + dy, onde Céa fronteira
JC 2
da região D definida por D = {(x, y) € IR2 |1<x2 +y2 < 4,% > 0,y > 0},
orientada no sentido anti-horário.

Solução: A curva C está indicada na figura 6.9. Sendo


(x2—y2 x2 \
F(x,y) = I —o, +4 um campo vetorial de classe Cl em IR2,
podemos aplicar o teorema de Green e obter

(x2-y2 r2 \
1+*)dy
fc~^dx + 4 )

0 (x2-y2)
dzdy = / J (x + y)dxdy.
dy V 2 )
D
Integrais de linha 229

Usando mudança polar, vem

/ ^(_x + y)dxdy =/ / r2(cos@+ sen e)drdb =


D
(x/2 [~312
= / (cos 0 + sen 0) — d6 =
0J0 3,

Exemplo 6.8: Calcule J es sen ydz + (e* cos y + x)dy, onde Céo arco da
circunferência x2 + y2 = 1, no primeiro quadrante, orientado no sentido

anti-horário.

Solução: O campo vetorial F(x, y) = (es sen y, ee cosy+ x) é de classe C1


em IRR2. Podemos aplicar o teorema de Green à região limitada por C,M1 e

Y2, esboçada na figura 6.10.

— OF2,----(T,Y) == CCOSy—
Como _ F (x,y) = e’cosy, segue do teorema de
1 e ----
Ôx Ôy
Green que Z = área D=// 1dxdy e
D
230 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

/ / 1dzdy= / F}dx + F^dy + F]dx + F^dy F / Fidx+Fdy.


D
As curvas 11 e 72 são parametrizadas por 01(t) = (0, —t), -1 < t < 0, e

02(t) = (t,0), 0<t<1, respectivamente. Portanto,

/ Fdz+ Fady = / -costdt = I- sen t21 = - sen 1

/ Fdz+ Fdy = / Odt = 0.


J7Y2 Jo
Assim,

/ Fdz + Fdy =1+ sen 1.


JC 4

Figura 6.10

Exemplo 6.9: Calcule a integral de linha do campo vetorial F(x,y) =


— yx\ x2 y2
—------- ——— +2x)ao longo da curva C de equação — + — = 1
x-+y-x-+y-/ 49
orientada no sentido anti-horário.
Integrais de linha 231

Solução: Como o campo vetorial F não está definido em (x,y) = (0,0), o


teorema de Green não se aplica à região limitada por C,ea integral de linha
deFao longo de C também não é simples de ser calculada diretamente. No
entanto, podemos aplicar o teorema de Green à região D limitada pela curva
Cea circunferência 1 de raio 1 e centro na origem, parametrizada por

o(t) = (cost, sen t), 0 s t < 2 (figura 6.11).

„ F2, —x2 + y2 . OF , x -x2 + y2 . ,


Como or.v) 5(a2+u2)2*2 e by(T,M)=(x2+u2)21°teoremade
Green nos dá

Fdz + Fady =// 2drdy =2x área. deD= 10r.


D

Logo,

2 Fdz+ Fady = 10r +5 Fdz+ Fady.

Esta última integral é calculada diretamente do seguinte modo:


232 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

/rdr+Fdy = / ((-sen t)(—sen t) + (cost + 2cost) costdt =

/2(1+2cos?t)dt=2t+sen2t"=4m.
0 L2J0

Assim,

P Fidr + Fzdy = 107 +47 = 14z.

Interpretação vetorial do teorema de Green

Suponhamos que D é uma região fechada e limitada do plano xy cuja


fronteira ôD é uma curva orientada no sentido anti-horário. Se OD tem uma
parametrização

o(t) = (x(t),y(t)) (a < t < ò) de classe C1, cujo vetor tangente é não nulo em

cada ponto de ôD, então denotamos os vetores tangente e normal unitário por

rã} _ o‘(t) _ (x'^ y


1 llo‘(t)II \ii^wirikzwii/
e
n(t) = (^1___________ z‘(t))

resp ectivamente.

SeF= (Fi,F2) é um campo vetorial de classe C1 definido num subcon-


junto aberto que contém D, então a integral de linha deFao longo de ôD

pode ser escrita em termos do vetor T(t) do seguinte modo:

$ Fdz+Fdy = / ■ a'(t)dt =
JOD Ja

-/(F1ot0)-16Y%%)1—t1a-
= /(F(o(t)) • T(t))llo‘(e)ldt = / (F- T)ds.
Ja JD
.Integrais
■ —————— de linha
Ui - . 233

Neste caso, o teorema de Green assume a forma

//(82-%)ay-K,"P.Ty.
D
Este resultado é um caso particular do teorema de Stokes, que veremos

mais tarde.

Agora, usando o vetor normal unitário n(t), a integral de linha do campo

vetorial G = (—F2,Fi) ao longo de ôD é dada por

$ -Fdz + Fdy = / G(o(t)) • o‘(t)dt =


JaD Ja
=/ (F(o(t))n()lo‘(O)ldt=

=$ (F. n).
JaD
Aplicando o teorema de Green ao campo G, obtemos

/ I (8R+OF)azdy=
JJOx Oy/ JaD 4 {Fn)ds.
D
Este resultado é a versão em duas dimensões do teorema de Gauss, que

veremos posteriormente.

§6.5 Exercícios
1. Calcule as seguintes integrais, ao longo das curvas C, orientadas positiva-

mente.

a) f y2dx + a3dyi Céa fronteira do quadrado D = [-1,1) * - 1,1)

b) % (372 + v)dz + 4y2dy; Céa fronteira do triângulo de vértices (o.o),

(1,0) e (0,2).
234 Cálculo diferencia! e integral de funções de várias variáveis

c) P (e" - 3y)dr + (e" - 6x)dyi Céa elipse de equação 22 + 4y2 = 1.

d) y. x le"dx + (e"lnz + 2x)dy; Céa fronteira da região limitada por


r=y+lex=2

e) % (2y - x2)dr +(r- v); Céa fronteira da região limitada por


y =22 e v = x.

f) o (x + y)dx +(y— z)dy; Céa circunferência x2+y2— 2ax = 0.


JC

g) o (2x - y3)dx — cydy; Céa fronteira da região limitada pelas curvas


JC
x2 + y2 = 4 e x2 + y2 = 9.

h) J (2x - v)dr +(r+ 3y)dy; Céa fronteira do pentágono de vértices

(0,0), (0,2), (1,3), (2,2) e (2,0).

2. Seja C uma curva fechada, orientada positivamente, limitando uma região

do plano Ty, de área A. Verifique que. se 01,02,03,^1,^2 e b3 são constantes


reais, então

o (aix + azy + a3)dx + (bi2 + b2y + b3)dy = (b1 - a2)A.


JC

3. Determine y(x2+y + 2xy3)dz + (5x + 3x2y2 + y)dy, onde Céa união das

curvas C1, C2 e C3 dadas por Ci'.x^-Vy2 - y>0; Cr-x+y + l = Q, -1<

T<0; C3: x — y—1=0, O<x<1. Especifique a orientação escolhida.

4. a) Mostre que a área de uma região fechada e limitada D do plano xy pode


ser obtida através da seguinte integral de linha:

área (D) = o ady.


JD
Integrais de Unha 235

b) Use a) para calcular a área da região limitada pelo eixo y, pelas retas

y=l,y=3,e pela curva x = y2.

5. Seja F = (Fi, F2) um campo vetorial de classe C1 no IR2, exceto em (0,0),


F2 F
tal que —(x,y) = —-(x,y) + 4 para todo (x,y) = (0,0). Sabendo que
OT Oy
g Fidr + Fady = 6, onde 9 é a circunferência x2+y2 = 1, orientada no

/ 22 72
sentido anti-horário, calcule O Fidx+ Fady, onde Céa elipse —+------------------------= 1,
Jc ' 4 25
orientada no sentido anti-horário.

6. Seja F(x, y) = ( -y, -1, + 3x)2um campo vetorial em IR2. Calcule


x"+y2 x + y2 /
a integral de linha do campo F ao longo das curvas C1 e C2, orientadas no

sentido anti-horário, onde:


a)Ciéa circunferência de equação x2+y2 =4.

b)Czéa fronteira do retângulo R = {Çx,y) E Si2\ - 'K < x < Tt, -3 <

y < 3).

§6.6 Campos vetoriais conservatives no plano


Vimos no teorema 6.2 que, se F = Vf, a integral de linha deFao longo
de uma curva C depende apenas dos pontos inicial e final. Caracterizaremos

agora OS campos vetoriais do plano que são campos gradientes.

Teorema 6.4: Seja F = (F1,F2) um campo vetorial de classe C1 definido

num domínio simplesmente conexo* U C IR2. As seguintes condições são


‘Um subconjunto aberto U C IR2 é dito um domínio se dois pontos quaisquer de U
podem ser ligados por uma poligonal totalmente contida em U.
Um subconjunto aberto UCR2é dito simplesmente conexo se, para toda curva
fechada CemU,a região limitada por C está totalmente contida em U. Intuitivamente, um
aberto U é simplesmente conexo se não tem "buracos".
236 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

equivalentes:
(i)p Fdr= 0, qualquer que seja a curva fechada C, C1 por partes,

contida em U.
(ii) A integral de linha de F do ponto A até o ponto B independe da curva |

C1 por partes, contida em U, que liga AaB.


(iii) F é um campo gradiente de alguma função potencial f emU.
. . F2 dF, ,
(iV) --Ox -- em U.
= dy

Demonstração: Vamos provar que

(i) ==> (ii) ==> (Ui) => (iv)

o que estabelecerá o teorema.


Primeiramente, mostraremos que (i) ==> (ii). Sejam Ci e C2 duas curvas

C1 por partes contidas em U, ligando o ponto A ao ponto B (figura 6.12).

Figura 6.12

Como a curva CC1UC2 é fechada e C1 por partes, então, por (i), segue

que

0 <f F ■ dr = [ P.dr-/ F.dr,


JC JCi JC2
Integrais de linha 237

provando (ii).

Provaremos agora que (ii) => (iii). Fixemos (To,yo) em U e, para cada

(X,Y) € U, definamos

r(X,Y)
f(X,Y)= FAdr + F2dy.
J(xo,yo)

Esta função está bem definida pois a integra independe do caminho que liga

- (xo,Y0) a (X,Y). Para Ax suficientemente pequeno temos que

r(X+Ax,Y) r(X,Y)
+ f{X.Y) = / Fidx + F2dy- / Fjdx + F2dy =
J(xo,o) J(xo,go)
r(X+Az,Y)
=Fidx + F2dy.
J(X,Y)

Como esta última integral independe do caminho entre (X,Y) e(X+


Ax,Y), podemos tomá-lo como sendo o segmento de reta que liga estes pontos

(figura 6.13).

(X.Ax,Y)

(x,%)

Figura 6.13

Neste segmento y é constante e, portanto, dy = 0. Assim,


1
238 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variávei.

((X+Ax,Y) ((X+Ax,Y)
J Fidx + F2dy — / Fidx.
J(X,Y) J(X,Y)
Usando o teorema do valor médio para integrais, obtemos
- /(X+Az,Y)
/ F^x = ãxFi (X + tãx, Y),
J(X,Y)

para algum 0 < t < 1.


Logo,

Ax+Ar,Y)—s(x,Y) -1 ndt+Bdy=n
Ax Ax J(x,Y)
Tomando o limite quando Ax tende a zero, temos

2/(x,Y)=F(X,Y).
OT
of
Analogamente, prova-se que —=F2.
OV
Mostremos que (iii) ==> (iv). Se F = Vf em U, então

Ox 8_r ’ 0-r, Oy

Como Féde classe C1, então féde classe C2 e, considerando suas derivadas
parciais de segunda ordem

82f dFt 82f ÕF2


ôyôx ôy Ôxôy ôx '
obtemos a igualdade

dFj dF2
ôy x '
Finalmente, provaremos que (iv) ==> (i). SeCé uma curva fechada em U,
então a região D limitada por C está contida em U, visto que U é simplesmente

conexo. Aplicando o teorema de Green, obtemos


Integrais de linha 239

fc Fdz + Fady - 1/(&r


D
“ 80) drdy = °'
A demonstração do teorema está concluída.

Observe que a hipótese de U ser simplesmente conexo só é necessária para

provar que (iv) => (i).


A demonstração da implicação (ii) ==> (iii) deste teorema fornece outro

método para se calcular uma função potencial f de um campo gradiente F.

Construção de uma função potencial usando integrais definidas

Como vimos anteriormente, a função

r(X,Y)
f(X,Y)= Fxdx + F2dy (6.17)
J(xo,yo)

(onde (xo,yo) é um ponto fixado de U) define uma função potencial. A integral

acima pode ser calculada do seguinte modo: primeiramente, integra-se de

(xo,Yo) a (X,yo) ao longo do segmento horizontal C1, e depois de (X,yo) a


(X,Y) ao longo do segmento vertical C2 (figura 6.14).

Figura 6.14
240 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáve

Parametrizando Ci por o1(t) = (t, yo), xo < t < X, e C2 por G2(t) = (X, t)

yo t obtemos

f(X,Y)= í Fdt,y0)dt+ í F2(X,t)dt. (6.18)


JTo Jyo

Pode-se também calcular a integral da equação (6.17) ao longo do caminho


pontilhado na figura 6.14. Neste caso, obtém-se

f{X,Y)= [Y F2(x0.t)dt+ ÍX Fx(t,Y)dt. (6.19)


Jyo Jxo

Exemplo 6.10: Considere a curva C parametrizada por o(t) =(el 1,


sen t) , 1 < t s 2. Calcule / F-dr, onde F(x, v) = (2x cosy, -z2 sen y).

Solução: Como Fé de classe C1 em IR2 e

O o
—(-x2 sen y) = -2x sen y = —(2xcosy),
OT Oy

o teorema 6.4 garante que a integral / Fdr independe do caminho que liga
o(1)=(1,0)as(2)=(e,1).

Usando o caminho poligonal ligando os pontos (1,0), (e,0) e (e,1), conforme


a figura 6.15, temos

r(e,1) r(e,0) , f(e,1) , ;


/ Fdr= 2x cosydx — x sen ydy + j 2x cos ydx — x- sen ydy
J(1,0) /(1,0) J(e,0)

= / 2tdt + / -2 sen tdt = e2 - 1 + e2(cos 1-1) = c2 cos 1-1.

Alternativamente, pelo teorema 6.4, também temos que F é um campo

gradiente. Portanto, pelo teorema 6.2,

r(e,1)
/ Fdr = /(e,l)-/(l,0),
4(1,0)
Integrais de linha

onde f é uma função potencial.


Como

f(X,Y)= / 2tdt+ / -X2sentdt=X2+


./0 ./0
é uma função potencial. então
= 22 cos 1—1

Figura 6.15

o 6.11: Considere o campo vetorial F(z,J) =( -y


x2 + y2
((2.1) longo da parábola y= (x— 1)2.
a) Calcule / Fdrao
(1,0)

b) Calcule 0 F - dr, onde C é uma curva fechada de classe C1 que envolve


JC
a origem, orientada no sentido anti-horário.

ão: A integral | F.dr independe do caminho em qualquer domínio


JC
smente conexo que não contenha a origem, pois F(x, y) é de classe C1
(x,y) 7 (0,0), e
242 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variát,,

OFi , OF2 __ y2 - x2
oyT") ozT.”) (2+12)2
se.(x,v) / (0,0).
r(2,1)
a) Podemos calçular f Fdrao longo da poligonal que liga OS pontos
J(1,0)
(1,0), (2,0) e (2,1), conforme a figura 6.16.

Assim,

r(2,1) f2 r1 2 1
/ F.dre Odt+ —dt = arctg = arctg
J(i,o) 7i 7o 4 + t2 2)

b) Como todo domínio simplesmente conexo que contém C também contém a

origem, o teorema 6.4 não pode ser aplicado. No entanto, podemos aplicar o

teorema de Green à região limitada por C e pela circunferência Y de equação

a2+y2= a2, orientada no sentido anti-horário (figura 6.17), obtendo

F-dr=//(82-8)drdy=
D.
0.
Integrais de ^nha 243

Logo,

r,( (27/—a sen 6 . acos0, \ _


F ■ dr = d> F ■ dr = (—02----- (-a sen 6) +------------ 42—(acos@) ) de =
(2x
= dd= 27,
J0
onde y está parametrizada por o(0)= (acos@,a sen 0), 0 < 0 < 27.

§6.7 Exercícios
1. Considere a integral de linha / (y2 - xy)dx + k(x2 - 4xy)dy.
JC

a) Determine a constante k para que esta integral seja independente do

caminho.

b) Calcule o valor da integral de A = (0,0) a B = (1, 1) para o valor de k

encontrado em a).

2. Verifique que as seguintes integrais independem do caminho e calcule seus

valores.
244 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

ydx — xdy
22 ~

3x2 , x3 ,
I —dx - -^dy.
(o.2) y y2
/(xo.o) ■ ,
c) I 2xydx + (x2 - y )dy.
J/(1,1)
((xo,o)
d) / sen yda + x cos ydy.
(0,0)
3. a) Caso exista, encontre uma função potencial para V(x,y) =

= (2xy3 - y2 cos x, 1 - 2y sen x + 3x2y2).

b) Calcule / (2xy3 - y cos x)dx +(1-2y sen x + 3z2y2)dy, onde Céo


JC
arco da parábola 2x = ry2, deP = (0, 0) a P2 = (3,1).

f yx2dx x3dy x2 2
4. Calcule o 2--------------
2 2
onde Céa curva dada pela equação--------------------- +
Jc {x^ + y ) 4
1, percorrida no sentido anti-horário.

5. Encontre todos os possíveis valores de I ------------------2—S------------ , onde C


JC C4 + y4
é uma curva fechada qualquer que não passa pela origem.

6. Mostre que as integrais P Fi (r, y)dz + Fz(x, y)dy são nulas, quaisquer que
sejam os contornos fechados C contidos no domínio das funções Fi eF2, onde:

a) Fi (x, y) = sen x + 4xy e F2(x,y) = 2x2 - cosy.

b) F(x,y) = • 2x-+y-
V- e F2(x, y) = — ,, e C não
7 22+y2
envolve a origem.

7. Sejam Fi e F2 funções com derivadas parciais contínuas no plano ry tais

que 87 = 85 em IR2, exceto nos pontos (4,0), (0,0) e (-4,0). Indique por
C1,C2, C3 e C4 as circunferências de equações:

í
Integrais de linha 245

(x - 2)2 + y = 9 , (x + 2)2 + y2 = 9 , 22 + y2 = 25 e 22+y2= 1,

respectivamente, orientadas no sentido anti-horário. Sabendo que

$ Fidx + F2dy = 11, $ F\dx + F2dy ='d e $ Fidx + F2dy = 13,


JCi JC2 JC3
calcule o Fidx + F2dy.
Jc,

8. Sejam Fi(x,y) e F2(x,y) funções reais de classe C1 em U = I2 - {A,B}


FF
(AeB como na figura 6.18), tais que = -- em U. Sendo C1,C2, C3 as
Oy Ox
curvas dadas na figura 6.18, calcule o Fida + Fzdy, supondo que
JC-.,
% F\dx + F2dy = 12 15.

Figura 6.18

9. Seja D a região do plano xy limitada pelas circunferências C1 e C2 de

equações a2+y2=1ex2+y2= 25,respectivamente.Se Fi(x,y) e F2(x,y)


OF2 OF
são de classe ClemDe — = - em D, quais os possíveis valores da
O Oy
integral o Fidx + Fdy, onde C é qualquer curva fechada contida em D, c1
Jc
por partes, sabendo-se que o Fidx+ Fady =o Fida+ Fady = 27, quando
JCi JC2
C1 e C2 estão orientadas no sentido anti-horário. Justifique sua resposta.
246 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variávei, ।

, ____ 1/ SC
10. Calcule o —----------, da + —--------, dy, onde Céa curva definida por 12 —
JC a2 +y--+y
2(x + 2), -2 < x < 2, orientada no sentido decrescente de y.
CAPÍTULO 7
INTEGRAIS DE SUPERFÍCIE

No capítulo anterior estudamos integrais de funções escalares e vetoriais

ao longo de curvas. Neste capítulo veremos integrais destas funções sobre

superfícies.

§7.1 Representação paramétrica de uma superfície


Antes de definirmos as integrais de superfície propriamente ditas, devemos

abordar as várias maneiras de se descrever uma superfície.

Já vimos anteriormente duas maneiras de se descrever uma superfície em

I3 por fórmulas matemáticas. Uma delas é a representação implícita na

qual descrevemos uma superfície como o conjunto dos pontos (x,y,2) satis-

fazendo a uma equação da forma F(x,y,z) = 0. Algumas vezes podemos

resolver esta equação para uma das variáveis em termos das outras duas,

por exemplo, z em termos deey. Quando isto é possível obtemos uma

representação explícita da superfície dada por uma ou mais equações da

forma z = f(x,y). Por exemplo, a esfera de raio 1 centrada na origem tem

representação implícita 2 + 2 + z2 - 1 =0. Quando esta equação é re-

solvida para z em termos dexey, obtemos duas soluções z = v1-x2 -y2e

2=- vl—x2-y2. A primeira dá uma representação explícita do hemisfério

superior da esfera e a segunda, uma representação explícita do hemisfério in-

ferior.

O terceiro modo de se descrever uma superfície, útil no estudo das integrais

de superfície, é a representação paramétrica, onde as coordenadas x,yez


dos pontos da superfície são expressas em termos de dois parâmetros.
248 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Definição 7.1: Consideremos uma função ip ■. D C IR? —> IR3 definida num

subconjunto D C IR2. A imagem de D por , «p(D), é dita uma superfície

parametrizada, e sua representação paramétrica é

çp(u, v) = (x, y, z) = (x(u, v),y{u,v),z{u, v)) e (u,v)€D.

A função p é diferenciável (resp. de classe C1) se x(u,v), y(u,v) e z(u,v)


são funções diferenciáveis (resp. de classe C1) (figura 7.1).

Figura 7.1

Suponhamos que uma superfície S com representação paramétrica

çp(u, v) = (x(u, v), y(u, v),z(u, v)) . (u, v) € D,

seja diferenciável em (uo,Vo) € D. Fixando u = uo, obtemos uma função

I C IR — IR3

v ।—»ç(uo,v)

que define uma curva (chamada curva v) na superfície (figura 7.2). Se o vetor

- (85010.) ’ ’ 05600,05))
Integrais de superfície 249

Oq
é não nulo, então a.(uor"o) é um vetor tangente a esta curva no ponto

q(uo,Vo).

Analogamente, fixado v=Vo, podemos considerar a curva definida pela

função

u — ç(u, vo) (chamada curva u) na superfície. Se o vetor

Ôç, x (dx dy dz
(uo,V0) , —(uo,V0) , —
bu(uo,to)=(au OU Ou
é não nulo, então ele é tangente a esta curva em ç(uo,Vo).

Quando N(uo, vo) = ((uo, vo) x 88(uo, vo) é não nulo, temos que N(uo, vo)
é normal ao plano gerado pelos vetores 2(u0,vo) e Ô2(10,v0).
Ou Ov

Figura 7.2

Definição 7.2: Seja S uma superfície parametrizada por <p : D C IR2 IR3 ■
. 0q dip
Suponhamos que — e — sejam contínuas em (u0,V0) € D. Se N(uo,Vo) =
. OUOU
O Oc
= an(uo, Vo) X 8, (uo, Vo) é não nulo, dizemos que S é regular em «(Uo, Vo) €
S. Neste caso, definimos* o plano tangente aSem ç(uo,Vo) = (To,Y0,20)
Se S é regular em (un,vo), usando o teorema da função implícita (Apêndice) é possível
mostrar que Séo gráfico de uma função diferenciável de duas variáveis numa vizinhança do
ponto ç(uo,Vo).
250 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

como sendo o plano gerado pelos vetores O (uo, v0) e 2(20. 00), cuja equacs.
O OU
é dada por

N (uo, vo) • (x - To. y - yo, z-2)= 0.

Uma superfície S = (D) é regular se é regular em todos os pontos. Intui-


tivamente, uma superfície regular não tem "bicos".

Exemplo 7.1: Superfícies com representação explícita z = f(x,y)


Uma superfície S com representação explícita z = f(x,y), (x, y) € D, pode
ser parametrizada de modo natural usando-se rey como parâmetros, ou seja,

tomando-se como representação paramétrica de S

= (x,yf(x,y)) , (x,y)eD.
Se f(x,y) é de classe C1, então S é regular pois

ijk
aqp, ap,
ax"T")*av"r")= 10
-(-6266,31.8%66,5).1)
01

é não nulo para todo (x,y) € D.


O plano tangente a S em (xo,Y0,Zo) = Çxo,yo, f(xo,yo)) é dado por
(-Z(xo.yo) , -(zo.g0) , 1) ■ (x - xo,y - yo,z~ zo) = 0.
V OT Oy /

Exemplo 7.2: Superfícies de revolução


Considere a superfície S obtida girando-se a curva C, no plano xz, em
torno do eixo z.SeC tem equações paramétricas

x = x(t) , z = z(t) , ast<b e x(t) > 0 para todo t € [a, b].


Integrais de superfície
—— ---------------------------------- -------------_
251
----- -——-------- ——

a superfície de revolução S assim gerada tem uma representação paramétrica

dada por

ço(0,t) = (x(t)cos@ , x(t) sen 6 . z(t)) , (6, t) € [0, 2] x [a,b].

Os parâmetros te6 podem ser interpretados do seguinte modo: seP=

(x, y, z) € S, então P pertence a uma circunferência de centro no eixo z e raio

igual a x(t) para algum t, a < t < b, cuja distância ao plano y é z(t). O
parâmetro 6 representa o ângulo das coordenadas polares da projeção de P

no plano ry, conforme ilustrado na figura 7.3.

Figura 7.3

Exemplo 7.3: Considere a superfície S do cone z = f(x,y) = Vx2+y2

(figura 7.4). Esta superfície pode ser representada parametricamente por

v(x, y) = (x , y , V22 +12) . (x,y) € I2,

como no exemplo 7.1.

Com esta representação paramétrica, S não é regular em (0,0,0) pois f (x, y)

não possui derivadas parciais em (x,y) = (0,0).


252 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis
1
A superfície S também pode ser parametrizada como no exemplo 7.2, visto
que S pode ser obtida girando-se a semi-reta z = x, x > 0, em torno do eixo
z. Assim S tem representação paramétrica

p(0, t) = (tcos 0 , t sen 0,t) , 20 , 0€[0, 27].

Nesta parametrização, S também não é regular em (0,0,0) pois

i jk
tsen0 tcos@ 0 = (t cos 0, t sen 0, —t)
88(e,0)x88(0,0)=
cos 6 sen 0 1

é nulo emt= 0,apesar de as funções x(0, t), y(0, t) e z(0, t) serem de classe C1.

E possível encontrar uma parametrização na qual S seja regular em (0,0,0)?


(veja exercício 3, §7.2).

Figura 7.4

§7.2 Exercícios
1. Seja S uma superfície parametrizada por

ç(u, v) = (vcosu,v sen u, 1 —v2); 0<u<2a , v>0.


Integrais de superfície 253

a) Identifique esta superfície. Esta superfície é regular?

b) Trace as curvas na superfície S, definidas por ç(uo,v) e ç(u,Vo), onde:

i)uo = 0 . ii)uo=2 , iii)vo=0 , iv)o=1.

c) Encontre um vetor tangente à curva, definida por (0,v), no ponto

((0,1).

d) Encontre um vetor tangente à curva, definida por ç(u, 1), no ponto

(0,1).

e) Encontre uma equação da reta normal e a equação do plano tangente a


S em «(0, 1).

2. a) Encontre uma parametrização para a superfície obtida girando-se o


círculo (x - a)2 + 22 = r2, 0 < r < a, em torno do eixo z. Esta superfície é
chamada toro.

b) Encontre um vetor normal a esta superfície.

c) Esta superfície é regular?

3. Considere as superfícies S1 e S2 parametrizadas por

(pi^u.v) — (u,v,0) e 2(u,v)=(u3,v3,0) , (u, v)elR2,

respectivamente.
a) Mostre que S1 e S2 são o plano ry.

b) Mostre que Si é regular e que S2 não o é. Conclua que a regularidade

de uma superfície S depende da existência de pelo menos uma parametrização

na qual S seja regular.

c) É possível encontrar uma parametrização na qual o cone da figura 7.4


254 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

seja regular em (0,0,0)?

4. Dada a esfera de raio 2, centrada na origem, encontre a equação do plano

tangente a ela no ponto (1,1,v2), considerando a esfera como:

a) Uma superfície parametrizada por

qp(p, 0) = (2 sen Ócos 0 , 2 sen d sen 6 , 2 cos Õ),0<9<7,056< 27.

b) Uma superfície de nível de F(x,y,2) =x2+y2+ 22.

c) O gráfico de g(x, y) = v4 — x2 — y2.

5. a) Encontre uma parametrização para o hiperbolóide x2 + y2 — 22 = 1.

b) Encontre um vetor normal a esta superfície.

c) Encontre a equação do plano tangente à superfície em (xo,Y0,0).

6. Considere a superfície parametrizada por

ç(r,0) = (rcos@ , T sen 6 , 6) O<r<1 , 0<6< 47.

a) Esboce esta superfície.

b) Encontre uma expressão para um vetor normal à superfície.

c) Esta superfície é regular?

No restante deste capítulo consideraremos apenas superfícies


que são imagens de funções P:DC IR2 — IR3 tais que:
(i) D é um subconjunto limitado e fechado do plano.
(ii) ç é injetora, exceto possivelmente na fronteira de D.

(iii) A superfície é regular, exceto possivelmente num núme-


ro finito de pontos.
Integrais de superfície 255

§7.3 Área de superfícies

Definição 7.3: Seja S uma superfície parametrizada por ç(u,v), (u,v) € D.

Definimos a área* A(S) de S pela fórmula

A(S)=/ /lô(u,v) X 8(u,v) dudV ’ (7.1)


D

onde O(u,v) x Ô(u,v) é a norma do vetor N = M(u,v) x


| OU OU | OU OU Ô(u,v).
SeSé decomposta como união finita de superfícies Si, sua área é a soma

das áreas das S;.

Quando S é definida explicitamente pela equação z = f(x,y), (x, y)€D,o


exemplo 7.1 garante que S pode ser parametrizada por ç(x, y) = (x, y, f(x, y)),

(=.») e D, e INI = 162 x %I - V(o2)"+(85) +1. Logo, • ““


(7.1) é escrita na forma

dxdy. (7.2)
A(S)=/ / ((8%(x.w))"+(80(x,v))"+1
D
Podemos justificar a definição 7.3 analisando a integral

/ /lâ(u,v) x dudu em termos de somas de Riemann. Por


8(u,v)
D
simplicidade, suponhamos que D é um retângulo. Consideremos uma partição
regular de ordem n de D, e seja Rij o ij-ésimo retângulo da partição com

vértices (ui,Vj), (u+1,";),(Ui,0+1) e (u;+1,1+1), i,j € {0,—,n- 1}. De-


0 o
notemos os vetores — e — em (u;,v;) por ec,. Os vetores I^Uipu,
du dv J
e Avp,, são tangentes à superfície em p(ui,Vj) = (TijYij,Zij), onde Au =
ui+1 - u; e Av = vj+1 - vj. Estes vetores formam um paralelogramo Rij

‘Quando discutirmos integrais de superfície, mostraremos (teorema 7.2) que, sob certas
condições gerais, a área independe da representação paramétrica de S.
256 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis
-------- - ---

situado no plano tangente à superfície em (figura 7.5). Para n

suficientemente grande, a área de Pij aproxima a área de (Rij). Como a área


de um paralelogramo determinado por dois vetores vi ev2é ||v1 xV2l, temos

que

A(Pij) = l|Aupru, x Avçu,ll = Il«pu, x Çv,l|AuAv.

Portanto, a área da superfície é aproximada por

An -22 Wj') = 2 2 llu, x Po, II AuAv.


i=0 j=0 i=0 j=0

Quando n — +o, a seqência (An) converge para a integral

/ / 89(u,0) x OV
JJ iOU 8(u,u)
I
dudv'
D

Intuitivamente, quanto maior o n mais An se aproxima da área de S. Logo, é

razoável definir a área de S pela fórmula (7.1).

Exemplo 7.4: Calcule a área da porção do cilindro x2+y2 = a2 compreendida


entre os planos z = 2x e z = 4x.
Integrais de superfície 257

Solução: O cilindro a2+y2= a2 é a superfície de revolução obtida girando-

se a reta x = a (a > 0) no plano xz, em torno do eixo z. Assim, uma


representação paramétrica do cilindro é dada por

çp(6,v) = (acos@ , a sen 6, v), 0 S 0 S 2 , v€RR.

Seja S a porção do cilindro compreendida entre os planos z = 2x e z = 4x

(figura 7.6). Devido à simetria de S temos que

AS) = 2A(S1),

onde Siéa porção de S acima do plano ry . S1 tem representação paramétrica

7
ç(0, v) =(acos@, a sen 0 , v) ,
<@<3
2
e 2acos0<v<4acos0.

Como

ijk
—asen0 acosb 0 = (a cos 0, a sen 0,0),
88(e,v)x8(e,v)=
0 0 1

então

2(e,v) x 2(6,v) = • a2 cos2 0+02 sen 20 = a + o.


I 00 OU II
Conseqúentemente, a superfície Si é regular em todos os pontos. Por (7.1),
temos

A(S1)= / ( advd0 = a ' 2a cos 6 d0 = 2a21 sen 0] 7= 4o2.


J-r/2J2acos@ J- '
Logo,

A(S) = 8a2.
258 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Figura 7.6

Exemplo 7.5: Calcule a área da porção da esfera x2 + y2 + 22 = a2 situada

no interior do cilindro a2+y2= ay, a>0.

Solução: A porção da esfera situada no interior do cilindro é constituída de

duas partes de áreas iguais, uma no hemisfério superior e outra no hemisfério

inferior (figura 7.7).

Chamemos de S1 a porção do hemisfério superior da esfera situada no

interior do cilindro, cuja representação explícita é dada por

2 = S(x,v) = Va2 - 22 - V2 . (x,y)eD,

onde D = {(x,y) €R2 | a2+y2< ay}.

A função z = ve a2 — x2 —y2 possui derivadas parciais contínuas em D -

{(0, a)}. Portanto, S1 não é regular apenas no ponto (0,a,0). Como ||N(x, y) =

_===, por (7.2) temos


Va- — T- — y-

ats)=//v23-8357dt0
Usando mudança polar na integral dupla, obtemos
Integrais de superfície 259

A(S1) = r r "n"—=a r [- 1Va2y2]


J0 /0 va-—r /0
rE8 sone=-T=0
=/ (- a cos0+q) de - a3 (/ (-cose+1)40+/ (cos0+1)d8

= 202 / (- cose +1)d0= 202- sen 0+0)0=5/2 = a2(r - 2):


J0
Logo.

A(S) = 2a2(m - 2).

Figura 7.7

Observe que, para calcularmos a área de todo o hemisfério superior S da

esfera x2 + y2+ z2 = a2, não podemos usar a representação explícita de S,


visto que, nesta representação, S não é regular em todos os pontos do círculo

22+y2= a2. Neste caso, é conveniente usarmos a representação paramétrica

da esfera dada por

7
(ó, 6) = (a sen ócos 6 , a sen Ó sen 0 , a cos $) 0<9<2 0 < 6 < 27.
260 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Assim,

88(0,6) x 88t6,0)
a cos 0 cos 0 a cos o sen 6 —a sen $
—a sen $ sen 0 a sen 0 cos 6

= (a2 sen 20 cos 0, a2 sen 20 sen 0,a2 sen Ócosó),

que se anula apenas quando $=0. Logo, nesta parametrização, S não é

regular apenas no ponto (0,0,a). Como

X 88(6,6) =a2sen o,
| OÇ O0188(3,6)
|
por (7.1) temos que

,2n (7/2 , jo
A(S)= / / a2 sen dddde = 2ra2l- cos $13=50 = 2ra2.

§7.4 Exercícios

1. Considere 1 o arco da parábola z = 3 - y2 no plano yz compreendido

girando-se 1 em torno do eixo z. Pede-se:

a) Uma parametrização para S.

b) A área de S.

2. Considerando que a superfície S é obtida girando a curva z = x2, 0 < x < 4,


em torno do eixo z, pede-se:

a) Uma parametrização para S.


. Integrais de superfície 261

b) A área da porção de S compreendida entre os cilindros 22+2=

22+2 = 4.

, D.ue..Lo cohsttutt uma pega de pieo qu tem . toma d supettete 4e


equação z = 1 - x2, compreendida entre os planos y = 0. 2 = 0, e o cilindro

z=l-y2,y20. Se o metro quadrado do zinco custa A reais, calcule o preço


total da peça.

4. Calcule a área das seguintes superfícies.

a) Superfície do cilindro a2+y2= 2x limitada pelo plano z=0eo cone

z = vx2+y2.

b) Superfície do cone z2 = x2+y2 situada entre os planos 2=0 x+2z = 3.

c) Superfície do sólido limitado pelo cone z2=x2+y2ea parte superior

da esfera x2 + 2 + 22 = 1.

d) Superfície da esfera x2 + 2 + z2 = 12 que não se encontra no interior

do parabolóide z = x2 + 2.

e) Parte superior da esfera x2 + y + 22 = 1 situada no interior do cilindro

(x2+v2)2=x2-2.

f) Superfície do parabolóide z=5 —%—


22 2 que se encontra no interior

do cilindro x2 + 42 = 4.

g) Superfície da esfera de raio a centrada na origem limitada por dois

paralelos e dois meridianos, sabendo-se que o ângulo entre oS meridianos é

cea distância entre os planos que contém os paralelos é h.


262 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

§7.5 Integral de superfície de função escalar


A definição de integral de superfície de uma função escalar tem uma
estreita analogia com a de integral de linha, apesar de a situação geométrica ser

diferente.

Definição 7.4: Sejam S uma superfície parametrizada por (u, v), (u,v) € D
e (x, y, 2) uma função real contínua definida em S. Definimos a integral de
superfície de f sobre S por

/ ÍfdS = / f f{x,y,z)ds = 11 80 x 8 dudv,' (7.3)


ss D
8q 0
onde —e— são definidos como na seção 7.1.
Ou Ov
SeSé decomposta como união finita de superfícies Si, i = I, - ■ ■ então

iiids
S 2=1 S,

Quando S é definida explicitamente pela equação z = g(x,y), (x,y) € D,


um raciocínio análogo àquele feito após a definição 7.3 fornece

= J Js(r,u.9(m,w))y1+(8%(x,v)) +(89(x,w))
dxdy.
s D
(7.4) .

Se f(x,y,z) = 1 sobre S, a equação (7.3) se reduz a

'Mostraremos através do teorema (7.2) que a equação (7.3) independe da representação


paramétrica de S.
Integrais de superfície 263

/ /ds=/ / 8(u,v) x 8(u, v) dudv = área s.


sd
Por esta razão, o símbolo ds pode ser interpretado como um "elemento de
área de superfície", e a integral de superfície / /fdsé chamada a integral
s
de f com respeito ao elemento de área ds, estendida sobre a superfície S.

Exemplo 7.6: Considere a superfície S do parabolóide z = x2+y2, com

z2+y2 < 4. Se a densidade (massa por unidade de área) em cada ponto

(x, y,z)€Sé igual ao quadrado da distância do ponto ao eixo de simetria de

S, calcule a massa total de S.

Solução: Como o eixo de simetria deSéo eixo z, a densidade em cada ponto

(x, y,2)€S pode ser representada pela função f(x, y, 2)=x2+ y2. Portanto,

a massa total MdeSé dada por

M=/ / f(x,y,z)ds = / ^Çx2 + y2)ds^


s s

=// (x2 + v2) V1+4x2+4y2 dzdy •


%24+w2<4
Usando mudança polar para resolver a integral dupla, obtemos

r( ____________ (27 (2 ___________________


// (x2 + y2)v1 +4x2+ 4y2dxdy =/ / r3 drd9 =
22472<4
27 [(1+4r2)5/2
16 5 0+#203]7= 60+39117).

Exemplo 7.7: Calcule / /z ds, onde Séa superfície do sólido limitado pelo
s
cilindro x2 + y2 = 1 e os planos z=lex+z=4.
Solugdoi A superficie 5 é a união das superfícies S182 e S3; onde S1éo

cilindro 22+y2=1 com 1 S z < 4 - x, S2 é o plano 2=1 com 22 +12 <1

eSzéo plano 2+z=4 com x2 + 2 < 1 (figura 7.8).

Figura 7.8

Portanto,

Jz ds = zds+ zds+J /zds.


s s, 52 53

A superfície Si é parametrizada por

ç(0,v) = (cos@, sen 0,v) , (6,v) € D,

onde D = {(6,v) €IR2 | 0 < 0 < 2T e 1 < v < 4 - cos@}. Do exemplo 7.4
temos que

Logo, por (7.3),


(2n (4—cos@ (27 v—cose
v dvde =/ v dvde = / v2
2
de =
D =1
/2m 31—
/ (15 - 8 cos 6 + cos2 6) de = -—.
/o 2
Por outro lado,

11^-1/ ds = área S2 = 7.
S., S,
/

Como S3éo gráfico da função 2 = f(x,y) =4-x, então ||N|| = v2. Assim,
por (7.4),
/ /zds=/ J V2(4 - x) dzdy.
Ss x‘+y2<1
Usando mudança polar para resolver a integral dupla, obtemos

/ / 12(4 - x) dzdy =V2/ (4 - r cos 6) drde =


x2+y2<l

-,"(-5)4-* VSr
Então

/ ^zds= 3"+t+4V2r= 7(33 + 8V2).


s

§7.6 Exercícios

1. Calcule as seguintes integrais de superfície:

a)// (x2 + v2) ds, onde Séa esfera 22 + v2 + 22 = a2.


s
266 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variávei.

b)// zyzds, onde Séo triângulo de vértices (1,0,0), (0,1,0) e (0,0,1)


s

c)// (v2 + 22) ds, onde Séa superfície do sólido limitado pela parte
s. _______
superior da esfera x2 + y2 + 22 = 1 e o cone z = vx2+y2.

2. Seja S a superfície obtida girando-se a curva plana z=1-x2,0<x<1

em torno do eixo z. Calcule J / 222 ds, onde Séa porção de s que se


Si
encontra no interior do cilindro x2+y2 =y.

3. Seja S uma superfície fechada tal que S=SiU S2, onde S1 eS2sãoas

superfícies de revolução obtidas pela rotação em torno do eixo z das curvas

C1:z=1-x, 0<x<leC2:i = 0,0<x<l, respectivamente. Se

(x, y, z) = vx2+y2 é a função que fornece a densidade (massa por unidade


de área) em cada ponto (x, y, z) € S, calcule a massa de S.

4. Sabendo-se que o centro de massa (xe, Ye, Zc) de uma superfície S é definido
por

J J xf{x,y,z)ds Jf yf(x,y,z)ds J f zf(x,y,z)ds


xe = ----- ------M----------
M ’ Vc = ------- ------ M
M---------- ez= ----------------M
,----------- ’

onde Méa massa total de Se (x, y, z)éa densidade em cada ponto (x, y, z) €
S, calcule o centro de massa das seguintes superfícies com densidade constante.

a) S tem representação paramétrica ç(u, v) = (u, v, u2 + v2) , u2 + v2 S 1.

b)Séa parte da superfície cônica z2=x2+ y2 compreendida entre os

planos z = 1 e z = 2.
tegrais de superfície 267

§7.7 Integral de superfície de função vetorial


Seja S uma superfície parametrizada por ç(u,v), (u,") € D. A esta superfície
estão associados dois campos contínuos de vetores normais unitários, a saber:

"a(ytu."))= 155615)%
|e
n2((u,v)) = -ni((u,v)).

Dizemos que S está orientada se fixarmos sobre S um tal campo de ve-

tores.
Se F : S C IR3 — IR3 é um campo vetorial contínuo enum dos campos
| n1 ou n2 definidos anteriormente, denotamos por R=Fna função escalar

que a cada ponto de S associa a componente do campo F na direção do vetor

7.

Definição 7.5: Seja F um campo vetorial contínuo definido numa superfície

orientada S parametrizada por ç(u,v), (u,v) € D. Definimos a integral de


superfície* de F sobre S por

/ JF-ds= / l{F-n)ds=: / / Fds.


s s s

Segue da definição de integral de superfície que

/ /(F -n)ds = / /(P(p(u,v))-n(p(u,v))l 82 (u,v) x S(u,v) dudo =


Ol
S D
Ç(u,v))] dudv,
=/ /[P(p(u,v))(8%(u,U)x 8
D
(7.5)

Veremos através do tcorema 7.2 que, sob certas condições gerais, a integral de superfícic
de um campo vetorial sobre uma superfície orientada independe da parametrização escolhida.
268 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáye^s

se n=n1.

Observe que esta integral muda de sinal se considerarmos n = 2.

Quando S é definida explicitamente pela equação z = f(x,y), (x,y) c

D, temos

?1 = 7 (-82,-85.1)
=====.
V(32)‘+($)*+1
Neste caso.

/ l(F-n)ds= / I \F{x,y,f(x,y')') ■ (-8É(r,v), -2(x,y), 1) 1 dxdy'


sb-
(7-6)
sen=n1.

Exemplo 7.8: Uma interpretação física da integral de superfície de


um campo vetorial.
Suponhamos que um campo vetorial contínuo F:WCI3—IR3 repre-

senta um campo de velocidade associado ao escoamento de um fluido em cada

ponto da região W. O fluxo ou taxa de escoamento por unidade de tempo

através de uma superfície S contida emWé dado pela integral de superfície

de F sobre S.

De fato, seSé plana eFé um campo constante, então o volume de fluido

que passa através de S na unidade de tempo é(F.n) área(S) (figura 7.9).

Portanto, o fluxo o é dado por

Ó=(F. n)área (S).


Integrais de superfície 269

Figura 7.9

Se Sé uma superfície (não plana) contida em W, a decompomos mediante


curvas coordenadas da forma u =constante, v =constante, e supomos que

F é constante em cada parte Sk de S assim formada. Aproximando S por


0q 0q
paralelogramos tangentes determinados pelos vetores 8u Au e 8, AU, obtemos

que o fluxo através de uma parte SkdeSé aproximadamente

•k ~ (F(p(UksUk)) ■ nk) área (Sk) &


0o\
•(uk,Vk) X %(uk,Vk)) AuAv,

como ilustrado na figura 7.10.


Quando n — +oo, a seqência das somas

" (oO\
X(F(sp(uk,U)) ■ (au(ur,U) X av(Uk,Vk)) AuAv
k=l - /
converge para o fluxo total de F através de S. Logo o fluxo 0 é dado por

o=//P((u,v))(8nx86) dudv = / / F ■ ds.


D s
Figura 7.10

Exemplo 7.9: Calcule J /(F n)ds, onde F(x,y,2) = (x,y,22z) eSéa


s
superfície do cilindro (x - 1)2 + (y - 1)2 = 1 entre os planos z = 0 e z = 4,

com vetor normal apontando para fora de S.

Solução: O cilindro S (figura 7.11) tem representação paramétrica

ç(6, u)=(1+ cos0,1 + sen 0, u) 0 < 9 < 27, 0 < u < 4.

Um campo de vetores normais que aponta para fora de S em cada ponto é

dado por

i j k
g(S,«)xg(S,«) = - sen0 cos-0 0 = (cos@, sen 6,0).

0 0 1

Logo, por (7.5),


Jntegrais de superfície 271

/ j(F n)ds =
•S
=//(+ cose, 1 + sen 0, (1 + cose)2u) • ( ose ne,02
ri ds =

-/ (cos6+ cenolidodu= / 2rdu=8r.


Jo Jo Jo

Figura 7.11

Exemplo 7.10: Calcule o fluxo do campo vetorial F(x,y,z) = (x,y,—2z)


através da superfície S do parabolóide z==2+y2,0<2<1, com vetor

normal apontando para fora de S.

Solução: A superfície S é definida por z = f(x,y) =x2+ y2, (x,y) € D,


onde D = {(x,y) €2|a2+y2< 1}. Um campo de vetores normais que

aponta para fora de S em cada ponto é dado por

N = (2L(x,y),2(,y),-1) = (2x,2y- 1).


OT O /

Logo, por (7.6),

(2x,2y,-l)
=/ ^(F n)ds =// (x,u,-2x2-2y2)
•1+4x2+4y2
s S-

= / /4(x2+32)drdy.
1
272 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis
iii 1 —

Usando mudança polar para resolver a integral dupla, obtemos

/ / 4(x2+3)drdy= / / 43 drde = 2.
b 00

Exemplo 7.11: Calcule J J(F-n}ds, onde F(x,y,2)=(x,—x,-l)eSéa


S
porção do plano x + y + z = 0 situada no interior da esfera x2 + 2 + 22 = 1
Especifique a orientação escolhida.

Solução: S é definida por 2 = f(x, y)=-T- y, (x, y) € D, onde

D = {(x,y) € IR2 2x2 + 2y2 + 2xy < 1}.

Escolhendo o campo de vetores normais a S dado por

N = (1,1,1),

obtemos

=//(z,=z,-1)0vs"]ds=//-sds=
S S S
= —Lárea (S) = —T.,
v3 ' V3‘
visto que S é um disco que contém o centro da esfera, possuindo então o
mesmo raio da esfera.

Com o intuito de calcular a integral de linha de um campo vetorial ao

longo de uma curva C1 por partes, é natural orientar as partes de classe C1


da curva de modo que o ponto final de cada parte coincida com o ponto inicial
daquela que a segue. Para integrar um campo vetorial sobre uma superfície

que é a união finita de superfícies coladas pelos bordos* comuns, precisamos


Seja S uma superfície parametrizada por ç(u,v), (u,v) €D.O bordo 8S deSca
curva de S correspondente por ç à fronteira de D.
Integrais de superfície 273

de um conceito de orientação para a superfície a partir da orientação de cada


uma de suas partes.

Definição 7.6: SeSé uma superfície orientada por um campo de vetores


normais unitários n, dizemos que o bordo ôS de S está orientado positiva-
mente se a superfície S está à esquerda de uma pessoa que caminha ao longo

de OS com o vetor n representando sua posição vertical, como na figura 7.12.

Figura 7.12

Uma superfície S que é união finita de superfícies Si coladas pelos bordos


comuns está orientada, se é possível orientar cada parte Si, de modo que,

quando os bordos de suas partes estão orientados positivamente, tenhamos


bordos comuns a duas partes sendo percorridos em sentido contrário. A figura

7.13 mostra uma superfície cilíndrica orientada fechada**. Neste caso, se F é


um campo vetorial contínuo sobre cada Si, então

/ J (F ■ n)ds = /(P.n)ds. (7.7)


s s.

**Uma su perfície S é dita fechada seSéa fronteira de uma região limitada do RR


274 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variávei

Quando não for possível orientar cada parte Si de modo que isto ocorra,

dizemos que a superfície S não é uma superfície orientável.

Um exemplo canônico de uma superfície não orientável é a faixa de Mobius,

obtida pela junção de duas faixas retangulares, uma delas com uma torção

(figura 7.14).

Figura 7.14
Integrais de superfície 275

Exemplo 7.12: Calcule J / (F:n)ds, onde F(T,y,2) = (r,y,22) eSéa


s
união dos planos y-z = 0, 0<x< 1, 0<z<l, ey + z = O, 0<x<l,

0<z51.

Solução: Séa união das superfícies Si eS2, onde Siéa porção do plano
zy cuja projeção no plano xyéo quadrado Di = [0, 1] x [0, 1], e S2 é a porção

do plano z=y cuja projeção no plano ayéo quadrado D2 = [0, 1] x [-1, 0].

Se considerarmos S1 e S2 com os campos de vetores normais

n= (0, 1,—1) en= (0,—1, —1), respectivamente, S estará ori-


V v2 v2) V v2 v2)
entada (figura 7.15). Portanto, por (7-7),

/ l(Fn)ds= / ^{F-n)ds+ / J(Fn)ds =


s Si S2

= / í ~ydxdy+ / / ydxdy=-^
J0 J0 J-1 J0 -

Figura 7.15
276 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáup^

Examinaremos agora o comportamento das integrais de superfície quando

mudamos a parametrização da superfície S.

Sejam i(u,v), (u,v) €Di,e (2(s,t), (s,t) € D2, duas parametrizações

de uma superfície orientada S. Dizemos que 91 e (2 são equivalentes se

existe uma função

G : D2 C IR2 Di CIR2
(s, t) >—, G(s, t) = (u, v) = (u(s, t), v(s, t)),

G bijetora e de classe C1, tal que 1(G(D2)) = (02(D2) = S, isto é,

(P2(.s,t) = , (s,t)€D2 (7.8)

(figura 7.16).

Figura 7.16

Teorema 7.1: SeQi(u,v) e (2(s,t) são parametrizações equivalentes de uma

superfície regular orientada, então

Ô(u, v)
N2 =Ni a(s,t) ’
Integrais de superfície 277

onde

N 4M11N 402.Ô2
= du dv e 2 = ds dt '

..
Demonstração: As derivadas parciais e -- •são
0(2 O(2
obtidas derivando-se
OS Ot
a equação (7.8) pela regra da cadeia, ou seja.

Ô,2 _ Ôç1 ôu Ôç1 Ôv


as au as + av as

Ô,2 _ Ôç1 Ou Ôç1 Ôv


at u ôt * ôv ôt

onde 01 e 21 são calculadas em (u(s, t),v(s, t)), logo


Ou ov

_ Ô2 >Ô2
N2 ~ ds x dt
Ôç1 Ôu Ôç1 Ôv) (Ôç1 Ôu Ô1 Ôv)
bus* avs)" au t T avt)

Ô1) (Ôu Ôv Ôvôu


8v)(as at as ~dt

Ôç1 Ô(u,v) _
av ) 8(s,t)

_N OM
F01 d(s,t)'

Teorema 7.2: Sejam 1 (u, v), (u,v) € D1, eç2(s,t), (s,t) € D2, parametrizações
equivalentes de uma superfície regular orientada S.
i)Sef é uma função escalar contínua definida em S, então
278 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáv^s

IJ fds=l J fds-
1(1) 2(D2)
ii) Se F é um campo vetorial contínuo definido em S, então
/ / (F-n)ds — / (F:n)ds,
i(D1) (2(D2)
se os vetores normais Nçi e N,2 (definidos no teorema 7.1) têm o mesm
sentido em cada ponto deS,e
// (F-n)ds—-^ / (F:n)ds,
i(D.)
P2(D2)
se os vetores normais N,1 e N2 têm sentidos opostos em cada ponto d
Demonstração:
i) Pela definição de integral de superfície, temos

// ^ds = J /sGpn(u,v))2KA(u,v)x
1(D)) Di
°(u,v) dudv.

Utilizando a função G proveniente da equivalência das parametrizações 91


e 92 para transformar esta integral dupla numa integral dupla sobre a região

D2 do plano st, obtemos

/ / f(pa(u,v)) °"(u,v) X B3(u,v) ' dudV =


D1
Ô1 y Ôç1 ! ô(u,v) dsdt,
j ou " Svil (s, t)
D2
O £
onde as derivadas parciais — e - na integral do lado direito são calculadas
Ou Ov
em (u(s,t),v(s,t)).
Pelo teorema 7.1, a integral dupla sobre D2 é igual a

// 2523(s,t) X 2523(s,t)] dsdt-


D2 ' •
Integrais de superfície 279

gsta integral, por sua vez, é a definição da integral de superfície / / fds.


«02(D2)
ii) Por (7.5),

j j (F-n)ds = l /F(p(u,v))-(801 (u,v) x O1(u,v)) dudo.


Ov /
1(D1)
Utilizando a mesma mudança de variáveis do caso anterior, obtemos que

a integral dupla do lado direito é igual a

dsdt.
D,
Oq 0
onde -- e - são calculadas em
Ou OU
O(u, v)
Se N.pi e N,p2 têm o mesmo sentido, então, pelo teorema 7.1, l
O.S, l)
Portanto, a integral dupla sobre D2 é igual a

/ /P(2(s,t))- (222(6.6) x ' dsdt.


D2

que é a definição da integral de superfície // (F:n) ds.

«(D2)
Se Np, e Np têm sentidos opostos, então a integral dupla sobre D2 é igual

a
//-F(p2(s,t))-(223(6,0) x 282(6,0))
dsdt.
D2
§7.8 Exercícios
Calcule J J^(F n)ds nos exercícios abaixo:
s
1. F(x,y,2) = (x,y,-2z) eSéa esfera x2+y2+22 = 4, com vetor normal

n exterior.
1
280 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis
3—

2. F(x,y,2) = (x, y, z) e S é o triângulo de vértices (1,0,0), (0,1,0) e


(0,0,1), onde o vetor normal n tem componente z não negativa.

3. F(x,y,z) = (y,2,22) eSé a superfície do sólido W, onde

W = {(x,y,z)e IR3 | i2 + y2 <z < 1}, com vetor normal n exterior.

4. F(x,y,2) = (x,y,z) e. S é a. superfície do sólido W, onde


W = {(x, y,z)€IR3 | 22 + 2 < 1 e x2 + 2 + 22 < 4}, com vetor normal

n exterior.

5. F(x, y, z) = (z2 - x, -xy, 3z)eSéa superfície do sólido limitado por

2 =4- y2,T=0,=3eo plano ry, com vetor normal n exterior.

6. F(x,y,2) = (-3xy22,2+2yz-2xz4,y23-22) e S é a união da superfície

x2+y2=1,0<z<1, com z=0,a2+y2<1, indicando a orientação

escolhida para S.

7. F(x, y, z) = (yz,az, x2 + 2) e S é a superfície de revolução obtida

girando-se o segmento de reta que liga os pontos (1,0,1) e (0,0,3) em torno

do eixo z, onde o vetor normal n tem componente z não negativa.

8. F(x, y, z) = (x2 +y2+ 22)-3/2(x, y,z)eSéa esfera 22 + y2 + 22 = a?,

com vetor normal n exterior.

§7.9 Teorema de Stokes

Uma extensão importante do teorema de Green é o teorema de Stokes, que

relaciona a integral de linha de um campo vetorial ao longo de uma curva

fechada C no IR3 com a integral sobre uma superfície S da qual Céo bordo.

Antes de provar o teorema de Stokes, faz-se necessário introduzir alguns con-

ceitos.
Integrais de superfície 281

Definiremos inicialmente o campo vetorial rotacional. Para isto, considere-


mos F = (F1,F2, F3) um campo vetorial com derivadas parciais definidas num
subconjunto aberto do IR3. O campo vetorial rotacional de P, denotado

por rot F, é definido por

9F3 ÔF2 dF} ÔF3 dF2 dFx\


(7-9)
y z ‘8z 8x‘ x y )

A equação (7.9) pode ser lembrada mais facilmente se a reescrevermos

usando a notação de "operador". Introduzamos formalmente o símbolo “V”

v£(8,0.0)
\ôx ôy ôz)

para denotar o operador que aplicado a uma função real w=f(x, y, z) nos dá

o gradiente de f, isto é,

(df_ 9/^
J \dx'dy'dz)

Denotemos por "V x"o operador que aplicado a um campo vetorial F =

(F1,F2, F3) nos dá o produto vetorial formal de V por F, ou seja,

ijk
000 ídF39F2 dFj dF3 dF2 dFi\
ôx ôy ôz 8y 82‘ z x ‘x ay)

F F F3

Portanto, VxFéo campo vetorial que já denotamos por rot F.

Teorema 7.3 (Teorema de Stokes):


Sejam S uma superfície orientada, parametrizada por çp(u,v), (u,") € D,
onde D é uma região fechada do plano uv,limitada por uma curva C1 por
282 Cálculo diferencial e integral de funções de várias varió,

partes, e ( uma função de classe C2 num subconjunto aberto de IR2 conte


D. SeF= (Fi,F2, F3) é um campo vetorial de classe C1 definido num subcon.
junto aberto de IR3 que contém S cujo bordo ôS está orientado positiva
então

/ / (rot F n)ds = J F. dr. (7-10)


s

Demonstração: Consideremos S parametrizada por

ç(u,v) = (x(u,v),y(u,v),z(u,v)') , (u,v) e D,

axa
e orientada com campo de vetores normais n == „ou-------------------------------Ov—, onde
ll&s X &

ay , açp _ ( 8(u,2) 8(z,x) (x,v))


ou ôv \dÇu,v)’ d{u,vy 0^,0) j
Por (7.5) temos que

J / (rot F • n) ds =
s
I (OFs _ ô(y,2) , ( F _ Fa) @(z,x)
ôy ôz) ô(u,v) \ ôz ôx ) d{u,v)

C dF2 dF] \ (x, y)


+axay) SMI dudu.
onde o integrando desta integral dupla é calculado em ç(u,v).

Para completar a demonstração basta verificar que

LF,dx=IJ[ D
OFiô(z,) _ ÔFiô(x,y)
z (u,v) y (u,v)
(7.11)
Integrais de superfície 283

[ r (f[ OF2O(y,2)OF2O(x,y)]1 ,
(7.12)
JdS Fidy~ J J [ dz a(u, v) + dx (u,v). dudv
D
e

/ p[[ [ ÔF3 (y, 2) _ ÔF3 (z, x) (7.13)


.Ids J J [dy d(u,v) dx d(u,v)
D

pois somando estas três equações obtemos a equação (7.10) do teorema de

Stokes. Como as três equações são análogas, provaremos apenas (7.11).

Suponhamos que h(t) = (u(t),v(t)), a < t < b, é uma parametrização da

fronteira de D, orientada de modo que (h(t)) seja uma parametrização do

bordo ôS de S, orientado positivamente. Assim,

dt =
„Fdr =L [F(p(h(t)))4(x(h(e)»)]

= / [F(p(h(e)»)(8Tcn(e))u(e) 2-
+9(h(t))v‘(t)) dt =
OU / -

f /x
= Fi(ip(u,v))[—(u,v')du +
85(u,0)4.) -
JaD VOu

= [ FíMu,v))^{u,v')du +F1^u,v))^-(u,v)dv.
JD Ou OU

Como léde classe C2, podemos aplicar o teorema de Green a esta última
integral, obtendo

JôS

- IJ ?, (F1000m,6))850.,0))
D
-2(n(ptu,on8T(m,o))]
dudv.
Mas,

0( ôx\ 0 (, Ox)
— (Fi op)— )—(F op)— =
Ou Ov) OU\ Ou/

a az — . 82z a ax — . 82z
= —(F1op).-(F109)--=--(F10).— (F1O()
Ou Ov OuOv Ov Ou OvOu
a z a ST.
= —(Fi
Ou o)— “ —(F
Ov Ou op)— =
Ou

_ (8Fr an dy 8F dz\ dx (8F dx 8nay 8n@z\oz


(ôxõuT y Ju * z õu) ôv oxovT y v * 8z0v) ôu

_ _ 8F ( 8x ay 8x y) 8F ( ax z 8x@z\ _
ôy \õuôv vu)* 8z \ôvõu õuôv)

_ _ F (x,y) F 8(z,x)
y (u,v) * z D(u,v)

Logo,
/ Fdr=//[8F8,E)-8F8Cr.")]dndv
Jôs >L02 0(u,") 0V 0(u,").
o que prova (7.11).

Observação 7.1: No caso particular em que S é uma região no plano ry e


n = (0,0, 1), a fórmula (7.10) fornece

lss^ + F,dv - J P-dr - J f^P.n)ds = /I (2 - f) drdy.


S S
Isto prova que o teorema de Stokes é uma extensão do teorema de Green.

Usando o teorema de Stokes, podemos deduzir uma interpretação para o


campo vetorial rot F que dá alguma informação acerca do próprio F. Sejam
Po um ponto de um conjunto aberto no qual Féde classe C1 e B, uma bola
fechada de raio r e centro em Po situada no plano perpendicular a no, como
indicado na figura 7.17.
Integrais de superfície 285

Figura 7.17

Aplicando o teorema de Stokes a F sobre Br e seu bordo Yr, obtemos

f F-dr= / J (rot F ■ n) ds.

O valor da integral de linha é denominado circulação deFao longo de Yr


e mede a intensidade do campo tangencial a Y. Assim, para r pequeno, a
circulação ao longo de Y mede a intensidade com que o campo F perto de Po
gira em torno do eixo determinado por no. Por outro lado, a integral de su-
perfície é, para T suficientemente pequeno, aproximadamente igual ao produto
escalar rotF(Po) • no multiplicado pela área de B,. Segue que a circulação
ao longo de Y tenderá a ser maior se no tiver o mesmo sentido de rot F(Po).
Portanto, podemos interpretar rotF(Po) como sendo o determinador do eixo
em torno do qual a circulação deFéa maior possível perto de Po.

Exemplo 7:13: Calcule % F:dr, onde F(x,y,2) = (y2+x3,2x2+3y2,y+4)


eCéa curva obtida como interseção do cilindro T2 + y2 = 1 com o plano
x + y + z = 1, orientada no sentido anti-horário.
286 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Solução: A curva Céo bordo da superfície S definida por z= 1-T-y para

(x,y) € D, onde D = {(x,y) € IR2 I 22 + y2 < 1} (figura 7.18).

Figura 7.18

O campo vetorial rotF é dado por rol F(_x,y,z) = (—x,0,z). Tomando o


campo de vetores normais unitários a S dado por n = (1, -1, temos,
V3 vi
por (7.10), que
/ / (rot F • n)ds.
c
s
Por (7.6),

/ /(rotF-n) ds= / /(-t,0,1-2-v)-(1,1,1)dzdy= / / {l-2x-y)dxdy.


S D D

Usando mudança polar para resolver esta integral dupla, obtemos

/ (1 - 2x - y) dxdy =/ , (1 - 2rcos@ - rsené)rdrde =


D 00
27 2 1 \
5 COS 6 — 5 sen 6 I do= TT.
3 3/
Portanto,
Integrais de superfície 287

F.dr=T.

Verifique este resultado calculando a integral de linha diretamente.

Exemplo 7.14: Considere S a superfície orientada da figura 7.19 e F(x,y, z) =


(u,—x,e=z). Calcule / J(TOtF-n)ds.

Solução: O bordo ôS deSéa curva definida por x2+y2 = 1ez=0,

orientada no sentido anti-horário. Por (7.10), temos

/ F-n}ds = F ■ dr =
s
=o ydx - xdy+ e“2 dz =
JdS
=O ydx — xdy.
Jx2+y2=1
Usando o teorema de Green para calcular esta última integral, obtemos

ydx — xdy = J / —2dxdy = —27.


x2+y‘<1
288 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáve

Exemplo 7.15: Calcule / F-dr, onde F(t,y,z) = (22,12, 2xy) eCéa

curva obtida como interseção da superfície 2 = 1 - 2, 2 > 0, com o plano


2x+3z= 6, orientada no sentido anti-horário.

Solução: A integral / F.dr não pode ser calculada com o auxílio do teorema
JC
de Stokes. No entanto, se considerarmos a curva fechada =CUC (figura

7.20), onde C1éa curva parametrizada por x(t) = 3, y(t) =te z(t) = 0,
2
-lsts1, então 7 é o bordo da superfície S definida por 2= f(x,y)= 2-5x,

(x,y) € D, onde

D = {(x, y) e IR2 | 3+32 <*<3 , -1 < y < 1},


L

2 3
—=,0, —= .
VÍ3 ‘V13/

Como rotF(x, y, z) = (x,0,z), a fórmula (7.10) do teorema de Stokes nos

fornece

$ F.dre/ (rotF.n)ds.
J=CUCi J .
S

Por (7.6),

/ /(rotFn) ds
s =//( T,22 —2y,2— dxdy =

dxdy = 2 IL Jhe dxdy =


3"
=3/,(1-W)dy=3 = 4.
3

Portanto,
P.dr=4- / F-dr = 4,
Jc ’ Jct
Integrais de superfície 289

pois

Figura 7.20

O teorema a seguir, que é análogo ao teorema 6.4, caracteriza os campos

vetoriais de IR3 que são campos gradientes.

Teorema 7.4: Seja


F um campo vetorial de classe C1 definido em IR3, exceto
possivelmente em um número finito de pontos. As seguintes afirmações s
equivalentes:
F.dr, qualquer que seja a curva fechada C, C1 por partes.
()%
(ii) Para quaisquer pontos AeBem IR3
,B independe da curva C
, P.dr
JA
por partes que os liga.

(iii) F é um campo gradiente de alguma função f, isto é, Vf= F.


(iv) rot F=0.
290 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Demonstração: A demonstração de (i) implica (ii) é análoga à do teorema

6.4.

Vamos provar que (ii) implica (iii).

Seja C uma curva C1 por partes ligando (0,0,0) a (X, Y, Z) (se F não é de
classe C1 em (0,0,0), o substituímos por um ponto onde F seja de classe C1).

Admitindo (ii) podemos definir

f(X,Y,Z) = JcFdr.

Escolhendo C como na figura 7.21, temos

f{X.Y,Z)= /"F(t,0,0)dt+ P F2(X,t.0)dt+ /Z F3(X,Y,t)dt.


/0 /0 J0

onde F= (F,F2,F).
of of 0f
Segue imediatamente que —=F3. Podemos mostrar que — =Fe — =
O4 OA O1
F2, escolhendo uma poligonal C como na figura 7.21. Portanto, Vf=F.

Esta prova nos dá outro método (através de integrais definidas) para o

cálculo de uma função potencial de um campo gradiente em IR3.

Figura 7.21
Integrais de superfície 291

Mostremos que (iii) implica (iv).


SeP= vf, isto significa que F=,F=eF=9f. Como F é
OT Oy 02
de classe C1 exceto possivelmente num número finito de pontos, então f é de
classe C2 exceto possivelmente num número finito de pontos. Pela definição
do rot F, temos

i j k
0 0 8
rot F = x y dz
o2f _ 32f ô2f _ o2f ô2f _ 82f
yôz zay' zôz xz ’ xy yôz
af df df
x y dz

Pela simetria das derivadas parciais mistas concluímos que rot F0.

Finalmente, verifiquemos que (iv) implica (i).

Seja C uma curva fechada e S uma superfície cujo bordo seja C, escolhida

de modo que o campo F seja de classe C1 em todos os pontos de S. Aplicando

a equação (7.10) do teorema de Stokes, temos

=// (rot F ■ n) ds = 0,
s

pois, por hipótese, rotF = 0.

Exemplo 7.16: Calcule a integral do campo vetorial F(x,y,2) = (yz +


x2,xz + 3y2,cy) ao longo da curva C obtida como interseção da superfície
-~2 ,,2$ 9
3+4*7 =1220 com o plano V=1.

Solução: Consideremos a curva C orientada no sentido de A =

B= , conforme a figura 7.22.


292 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Figura 7.22

O campo vetorial Féde classe C1 erotF=0 (verifique!). Portanto, pelo

teorema 7.4, F é um campo gradiente. Para encontrar a função potencial f,


resolvemos o sistema de equações

UT— =y2+x2,

y =T2+3V
af Ty,
dz
e obtemos

Y
f[x,y,z) = xyz + ~ + A{y,z),
J

f(x, y, z) = xyz + y3 + B(x, z),

f(x,y,z) = xyz + C{x,y).

i3
Assim, a função f(x,y,z) = xyz ++y3é uma função potencial de F.
J
Integrais de superfície 293

Utilizando o teorema 6.2, temos

I P.dr= 5(B)-$(A) = f (-3,1,0) - 5 (3,1,0) =9

§7.10 Exercícios
Nos exercícios 1a6, use o teorema de Stokes para mostrar que a integral de

linha é igual ao valor dado, indicando, em cada caso, a orientação da curva C.

1. P ydx + zdy + xdz = -27v2, onde Céa curva obtida como interseção do
plano a+y=2 com a esfera x2 + y2 + z2 = 2(x + y).

2. 4 (3y + 2)dz +(+ 4y)dy + (27 + g)dz = -3v2ma2, onde Céa curva
JC 4
obtida como interseção da esfera x2 + y2 + z2 = a2 com o plano y+z=a.

3. o 2xyda + [(1 - y) +2+ aldy ~í~ \ ez \ dz 7T y onde Céa curva


•C 2/
obtida como interseção do cilindro x2+y2 = 1,z>0, com o cone 22 =

22 + - O2-

{ 16
4. $(y+ z3x2)dx + (2z + 5x + v3)dy + (4 + zcosx)dz = -3V6T, onde c
22
é a curva obtida como interseção do parabolóide 2=+ 2y2 com o plano
J
32 + 2X = 5.

5. f(8x - 2y)dx + ydy + 3zdz = 4V3, onde Céa fronteira do triângulo


equilátero situado no plano -3x + V3z + 6 = 0 de vértices P = (2,2,0),

Q = (2,6,0) e R = (2 + V3,4,3).

6. o(y+ z)dx +(2+ x)dy +(x+ y)dz = 0, onde Céa interseção do plano
JC
J=z com o cilindro x2+y2=2y.
294 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variá

7. Seja F um campo vetorial cujo rotacional em cada ponto de IR3 é dado


por rot F(x, y, z) = (x,-2y,z). Calcule o Fdr, onde Céo contorno do
7C
semifuso esférico, de ângulo 4, indicado na figura 7.23.

8. Seja C a circunferência de raio a, no plano 2x + 2y + z = 4, centrada no


ponto (1, 2, -2). Se F(x, y, z) = (y - x, z - x, x - y), determine o valor de a
para que (O87Fdr= ——.
Jc 3

9. Calcule / /(rotF ■ n)ds, onde F(x,y,z) = (u,2.,zy2) eSéa superficie


s
lateral da pirâmide da figura 7.24 com normal n exterior a S.

10. Calcule / / (rot F • n) ds, onde F(x, y, z)=(I- 222, y23 - s2,22y - zz)
s
eSé qualquer superfície cujo bordo seja uma curva fechada no plano ry.

11. Calcule J /(rotF • n)ds, onde F(z,y,2) = (2xy,0, -z) e S é a superfície


s
x2 y2 z2
do elipsóide-
4
+*+—-
9 1b
= 1.

Figura 7.23 Figura 7.24


Integrais de superfície 295

91
12. Calcule / (2xyz + sen x)dx + (x2z y+- Cà
JC 2
curva parametrizada por o(t) = (cos3t,sen2t,(t + 1)2) , O<t<T.

13. Calcule / F ■ dr, onde FÇx,y,z) = Çe "-ze 5,e 5-rerv,e E-ye 2)


(1 + t)
eCéa curva parametrizada por o(t) = —;———,sen
ln2

14. Calcule / (4ry - 3x222)dx + 2x2dy - 2x3zdz, onde Céa interseção da


JC
x2 y2
superfície — + — + z2 = 1, z 2 0, com o plano y=1. Indique a orientação
0 4
escolhida.

15. Calcule / (2xyz + 2x)dx + x2zdy + x2ydz, onde C é a curva obtida como
C ,
interseção da superfície z = v4 — rc2 — y2 com o plano T+y=2. Especifique
a orientação escolhida.

16. Seja F(x, y, z) = (2xz + y2, 2xy + 3y2, e‘ + x2).


a) Fé um campo conservative no IR3 ? Por quê?
b) Seja C a curva obtida como interseção da superfície de equação z =

9-x2-y2 ,2>-4 com o plano y=2. Calcule / F ■ dr, especificando


a orientação escolhida.

17. Determine / Fdr, onde F(x, y, z) = (y2 +x3,22+ 3y2, xy + 4) e C é a.

curva obtida como interseção das superfícies de equações z = 5 — y2, 2 21,


ex+2=5, orientada no sentido de crescimento de y.

18. Seja F(x, y,z)=( e" sen y + 4—5, ef cos y + —Y—2 ,22). Mostre que
V T-y y/
o valor da integral do campo F ao longo de qualquer curva fechada C que não

intercepte o eixo z é zero.

19. Seja F(x, y, z) = -,z) • Mostre que o F.dr=2m, onde


I-+yx-+#-/ JC
Céa curva x2+y2=4,z=0, orientada no sentido anti-horário.
296 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variável
—.

§7.11 Teorema de Gauss (Teorema da divergência)


O teorema de Stokes expressa uma relação entre a integral sobre uma
superfície e a integral de linha sobre a curva que é o bordo desta superfície. 0

teorema de Gauss, que passamos a expor, relaciona uma integral tripla num
sólido de IR3 com a integral sobre a superfície que é fronteira deste sólido.

Seja W uma região limitada de IR3, tendo como fronteira uma superfície
W. Diremos que OW está orientada positivamente se o vetor normal em
cada ponto de OW aponta para fora de W. Por exemplo, seWéa região de

IR3 definida por

W={(x,U,2)€IR3 | 1 < 22 + 2 + 22 s 4),

sua fronteira OW é formada por duas esferas centradas na origem. OW está

orientada positivamente se os vetores normais à esfera exterior apontarem no


sentido contrário à origem, e os vetores normais à esfera interior apontarem
para a origem, como mostra a figura 7.25.

Figura 7.25

Para enunciar o teorema de Gauss, definiremos primeiramente o diver-


Integrais de superfície 297

gente de um campo vetorial F. Para isto, consideremos

F{x, y, z) = (F (x, y, z), F2{x, y, z), F3(x, y. z))

um campo vetorial com derivadas parciais definidas num subconjunto aberto


de IR3. O divergente de F, denotado por divF, é definido por

. F(x,
div — y, z)t = —OF1,
(x. y, z) \+ — (x,
! y, z)OF2,
+ \ . OF3,
(x, y. z).\
O. O1 (A

Teorema 7.5 (Teorema de Gauss):


Seja W uma região fechada e limitada de IR3 cuja fronteira Ow é uma
superfície orientada positivamente. SePé um campo vetorial de classe C1
num subconjunto aberto de IR3 que contém W, então

/ (F n)ds = J / div Fdxdydz. (7.14)


aw w
Demonstração: Suponhamos, primeiramente, que W é uma região simples,

isto é, W é uma região de tipo I, II e III simultaneamente.

SeF= (F1, F2, F3), podemos escrever o lado direito de (7.14) na forma

//) div F dxdydz =


w

- ///^ dzdya+in^ dzdyd:+/ / / Pdidydz-


W W W
Por outro lado, a integral de superfície da equação (7.14) é dada por

/ I (F- n) ds = J / ((Fi . F2. F) ■ n] ds =


aw dW
= / I [(,F},0.0)n]ds+ I I {(O.F2.O)n]ds +
ÕW ôW dW
298 Cálculo diferencial e integral de funçôes de varias variáveis

A demonstração estará concluída se provarmos as identidades

/ J I dX(iytlZ = / /((F1.0,0)nds,
w aw

/ f /^y' dxdydZ = / /I0,F.0) n] ds, (7.16)


w ' dW

/ / /^zdxdydz= / / [(0,0,F3) • n]ds- (7.17)


w aw
Para provar (7.17), descrevemos W como uma região de tipo I, ou seja,

IV = {(x,y. z) € IR3 | < z < f2(x,y) (x,y) € D}.

Esta região é limitada inferiormente por uma superfície Si de equação

2 = fi(x,y),(x,y) € D, limitada superiormente por uma superfície S2 de

equação z = f2(x,y), (x,y) €D,e (possivelmente) por uma superfície S3 que

é uma porção de cilindro gerada por uma reta paralela ao eixo z ao longo da

fronteira de D, como mostra a figura 7.26.

Figúra 7.26
Integrais de superfície 299

Temos

///8Sdzdydz=//J"aP23dzdzdy=
ii D

= / /[Fs(x,y.f2(z,w))—Fa(z,y,
D

Por outro lado,

/ / [(0,0, Fs) n|ds =


aw

= / ^[(0,0;F3)-n]ds+ I /l(0,0,Fs)-n]ds+//I(0,0,F)-n]ds.
S1 Si S3

Em S3, o campo de vetores normais unitários é paralelo ao plano Ty. Logo,


(0, 0, F3) =0e, portanto,

/ /l(0,0,F):n] ds = 0.
Sa
Em S2, o campo de vetores normais que aponta para fora de W é dado por

N2= (_Ôf2 _Ôf2 1)


V x’ dy’J
Então, por (7-6),

/ J[(0,0,F3) n] ds =

/ / (0,0,Fa(x,u./2(x,v))) (-2 -22,1)] dxdy =


dy /
D
/ / F3(T,y,f2^,y))dxdy.
b
300 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáVeis

Em S1, o campo de vetores normais que aponta para fora de W é dado por

N1 (fi Ôfi
ox‘ dy ‘

Logo, por (7-6),

/ / [(0,0, F) • n]ds =
Si
= / / (0,0,Fs(x,y.f(x,v))-(84.87.-1)] dx
= / J-F3(x,y,fi(x,y))dxdy.
D
Assim,

/ / [(0,0,F3) n]ds = / l[F3(T.y,f2(x,y))-F3(x,y,f1(x,y))]dxdy,


aw D

o que prova 7.17. A demonstração de (7.15) e (7.16) é análoga.

Quando W não é simples, podemos decompô-la como uma união finita de

regiões simples, isto é, W = W1 U • • • U Wn (a região da figura (7.25) é uma

união de oito regiões simples, uma em cada octante). Usando a fórmula (7.14)
do teorema de Gauss em cada região simples, obtemos

J/J div Fdxdydz = / J (F-n)ds-l-------------------------- +/ / (F-n)ds.


W OW1 OW,

Observando que os vetores normais exteriores à fronteira comum de duas


regiões simples são opostos, concluímos que as integrais de superfície corres-
pondentes são simétricas e, portanto, se cancelam. Assim,
Integrais de superfície 301

J j (F ■ n) ds------------- +/ J (F ■ n)ds = J j (F ■ n)ds,


aw,---------------- aw, aw
o que completa a demonstração.
Usando o teorema de Gauss, podemos dar uma interpretação para o di-
vergente de um campo vetorial F num ponto Po. Para isto, consideremos
Wr o sólido limitado pela esfera de raio r e centro no ponto Po, contido no
subconjunto aberto de IR3 no qual Féde classe C1.
Aplicando o teorema de Gauss ao campo F sobre Wr, obtemos

/// dwFdxdydz- J J (F:n)ds,


W, ôW,

onde n representa o campo de vetores normais unitários exteriores a Wr-


Pelo teorema do valor médio para integrais temos que

/ / / divFdxdydz= divF(P)V(W,), (7.18)


w

onde P‘ é um ponto conveniente em Wr e V(Wr) é o volume de Wr,0 que nos


permite escrever (7.18) na forma

/ /(F:n)ds
divF(P)= v(waw.
Fazendo o diâmetro d, de Wr tender a zero, obtemos

I (F-nlds.
ow.
ou seja, o div F(Po) nos dá o fluxo do campo F por unidade de volume em Po-
302 Cálculo diferencial e integral de funções de várias var^dveis

Exemplo 7.17: Calcule //(F •n)ds, onde F(x,y,2) = (ry2, z2y, v) est
s
a superfície do sólido limitado pelo cilindro x2 + y2 = 1 e pelos planos 2=1
ez=1, com a normal a S apontando para fora do sólido.

Solução: S é uma superfície fechada, fronteira da região

W {(x,y,z) & IR3 |a2+y2<1 -1 < z < 1}.

Usando a fórmula (7.14) do teorema de Gauss, temos

/[oFn)ds=///F drdydz. div


S W
Como div F(x, y, z) =y2+x2, então

/// div F dxdydz


=/ / /(x2 + v2) dxdydz =
W w

=2/ / (x2+32)dzdy.
22+y2<1

Fazendo mudança de coordenadas polares para resolver a integral dupla, obte­


mos

/ / (x2 + y2) dxdy = S / r3drd()=^.

Assim,

/ /(F. n) ds = t.
s
Integrais de superfície 303

Exemplo 7.18: O exercício 8 da seção 7.8 mostra que o fluxo do campo

F(x,y,2) =(x2+y2+22)-3/2(x,y,2) que sai de uma esfera Sa de raio a e


centro na origem é 47, isto é, independe do raio da esfera.
Mostre, usando o teorema de Gauss, que o fluxo de F que sai de qualquer
superfície fechada S envolvendo a origem também é 47.

Solução: Seja W a região compreendida entre Se a esfera Sa, conforme a


figura 7.27. Sua fronteira é OW =SUSa, onde S está orientada com vetor
normal apontando para fora de W e Sa com vetor normal apontando para a

Como (0,0,0) 4 W, então Féde classe C1 em W. Aplicando o teorema

de Gauss ao campo F sobre W, obtemos

/ //divF dzdydz = / I (F ■ n)ds = / /(F n)ds+ / /(F: n) ds.


W dw s s„
Um cálculo rotineiro mostra que div F=0 (verifique!). Portanto,

J l(F n)ds = -J J(F ■ n)ds = 4ir.


S S.
304 Cálculo dijerencia! e integral de funções de várias Variávei,

Observação 7.2: Se F é um campo vetorial de classe C2, então

div írot F) = 0,

isto é. o divergente de um campo rotacional é nulo.

De fato, supondo F = (F1.F2. F3), temos que

dF^ _BFi _<)F1 9Fi_ OFi)


y 82 ' z x ‘8x dy)
Logo.

.0(F3 ÔF2\0(F1 F0(ÔF2 dF}\


dv(rOtD) dx^dy dz)+dy\dz dx) dz\dx dy)-

O lado direito desta última identidade é nulo, em virtude da simetria das

derivadas parciais mistas de F1,F2 eF3.

Exemplo 7.19: Calcule / / (rot F • n) ds, onde Séa união do cilindro x2 +


s
y2=1,0<z<1, com a porção do plano 2 = 0, x2 + 2 < 1, orientada com
vetor normal exterior, e F(x, y, z) = (zx + z2y + x, z3yx + y, 24x2).

Solução: A integral / J (rol F ■ n)ds pode ser calculada com o auxllio do


s
teorema de Stokes. Neste caso, por (7.10),

/ / (rot F ■ n)ds = F dr,


sC

onde Céa circunferência x2 + 2 = 1 e z = 1, orientada no sentido horário.


Deixamos o cálculo da integral de linha para o leitor.

No entanto, a integral / / (rot F:n)ds ta.mbém pode ser resolvida uti-


s
lizando o teorema de Gauss. Para isto, considere a região W de IR3 limitada
Integrais de superfície 305

por S e pela superfície Si que é a porção do plano 2=1 com x2 +y2 < 1,

ambas orientadas com vetor normal apontando para fora de W. Então, por

(7.14),

/// div(rotF)drdydz= / / (rotFn)ds. (719)


W SUS)

Pela observação 7.2, o lado esquerdo de (7.19) é nulo. Assim,

0=// (rot Fn)ds= / /(rotFn)ds+ / J Çrot F ■ n) ds.


SUSi s Si
Logo,

(7.20)
/ /(rot F • n) ds=/ /(rot F n) ds.
s Si

Vamos agora calcular / / (rot F - n) ds.


s>
Como rot F = (-3z2yx, x + zy - 2xz4, zy -z2)eo campo de vetores normais

unitários aSién= (0,0, 1), temos

/ J (rot F n)ds = J / (y - 1) dxdy.


Si 224y2s1
Usando mudança polar para resolver esta integral dupla segue que

/ J (.y-l)dxdy 00
- r) drd® =

/2m /1
/ I - sen 0 —

Substituindo este resultado em (7.20), obtemos

/ J (rot F • n) ds = T.
s
306 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáí!eis

§7.12 Exercícios
22 • \
i. Calcule J/(F n) ds, onde F(x, y, z) = 22 + ry . -zy, 2 - ^z Sé
s
a superfície cilíndrica fechada limitada pelos planos 2 = 0 e 2 = 1, cuja base

no plano ry é limitada pelas curvas de equações: x2+(y— 1)2 = 4, y > 1:

z2+(y+1)2 =4,y< -1; (x-2)2+y2 =1,22; (x+2)2+y2 =l,rs -2,

enéa normal exterior a S.

2. Calcule / /(F:n) ds, onde F(x, y, z) = (x, -2y + et cos z, z + 22) e s é


s
definida por:

z=9- (x2 + y2) , 0<2<5

2 =5 , 1<22+2<4

2=8-3(2+y2) , 22+w2si,

com campo de vetores normais exterior a S.

82 f 82f 82f
3. Uma função f(x, y, 2) é dita harmônica se —% + —% + —% = 0 para
Ox- Oy- O24
qualquer (x,y,2) € IR3. Mostre que, seféde classe C2 e harmônica eSé

uma superfície fechada, então / J(vf n)ds= 0.


s

4. Encontre o fluxo do campo F(a, y, 2) = (c" + cos y2, -2zy + sen 22, 22 + 5
através da superfície S, orientada positivamente, união das superfícies S1 e

S2, onde Si é definida por 2=4- 2x2 -y2 , 0 < z < 2, e S2 tem equação

z=1+ x2 + 2,1 <12z < 2.


5. Considere a superfície S união de Si eS2, onde Si é dada por z = vx2 + y2,
0<z< 212, eSzé definida por 22 + y2 + 22 = 16 , 8s x2 +y2<16 e

220. Calcule o fluxo do campo vetorial F(x,y,2) = (y2x,22y + x,x2z - 5)


através da superfície S com campo de. vetores normais exterior a S.
Integrais de superfície

6. Calcule o fluxo do campo F(x,y,2) = através da

superfície S do sólido W definido por

W = {(x, y. 2)€IR3| 12+2+22 2 1 , x2 + y2 + (z-2)2 <4ez2 Vx2 +y2}.

com campo de vetores normais a S apontando para fora de W.

7. Sejam F(x,y,2) = (x,y,2) um campo vetorial em IR3 e W a pirâmide

de vértices O,A,B,C, onde o = (0,0,0), A = (0,1,0), B = (0,0,1) e C =

(c, 1,0) (c > 0). Calcule o valor de c sabendo que

// {F n)ds + JI (F n)ds=l,
sw SaB0

onde Sw é a superfície da pirâmide W, SABC é a face de vértices A,B, C,en


é o campo de vetores normais apontando para fora da pirâmide.

8. Calcule / /(rot F n) ds, onde F(z, y, z) = (2ry, 0, -2) eSéo elipsóide

.22 2 22
de equação —+=l
4 0 LV

9. Considere a superfície S obtida girando-se o segmento de reta que liga os

pontos (1,0,1) e (0,0,3) em torno do eixo z. Calcule / /(rotF. n) ds, onde n


s
é o campo de vetores normais exterior a S e F é um campo vetorial em IR3
3 , x3
detinido por F(x,y,2) = — +ze", V — cOSy2,y
J3

10. Seja T o tetraedro de vértices O = (0,0,0), A = (2,0,0), B = (0,6,0) e


C = (0, 0, 2). Sejam S a superfície lateral de T constituída pelas faces de T

que não estão no plano ry, e F(x, y, z) = (3 +2,T+ 4z, 2 + x) um campo


vetorial de IR3. Calcule / / (rot F ■ n) ds, com a normal exterior a S.
s
11. Calcule:
a) O fluxo de F(x, y, 2) = (x2 +y2+22) 1(x,y,z) através da superfície do

308 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis


— _—

sólido W limitado pelas esferas x2+y2+22 =a2e x2+y2+z2 =b2,a<b


orientadas com sentidos opostos (n aponta para fora do sólido W).

b) O fluxo de F(x, y, z) = (x2 +y2+ 22)-3/2(x, y, 2) através das faces do


cubo W definido por

W = {(x,y,2) €IR3| -l<r<1,-1<y<1,-1<2<1}.

12. Calcule o fluxo do campo F(x,y,z) = (2x, -z(x2 + 2 + z2) 1/2,y(x2 +


2 + 22)-1/2) através da superfície S definida pelas equações

22 222 220,
4 9 4 25

x2 y2
=1 -3<2<0,
4+9

z = -3 < 1.
4 9

13. Seja W uma região fechada e limitada de IR3, cuja fronteira, ow, é a
união de duas superfícies S1 eS2, orientadas com vetor normal exterior a W.
Considere o vetor normal a Si com terceira componente positiva. Qual o valor

de //(F:n) ds, onde F(x, y, z) = (e"2+*2, y + 2V5, -2y), sabendo que S1 c


32
uma porção do plano 2y+2= 1 com 5 unidades de área e que W possui 30
unidades de volume.
APÊNDICE
FUNÇÕES DEFINIDAS IMPLICITAMENTE

Nas seções 1,2e3 deste apêndice abordaremos casos particulares do teo-


rema da função implícita, para os quais é possível dar uma interpretação
geométrica. Na seção 4 veremos a versão geral deste teorema, cuja demons-
tração pode ser vista, por exemplo, em Rudin, W., 1976, p. 225-227.

§A.l Curvas no plano xy definidas implicitamente


Usualmente a equação de uma curva no plano ry é dada na forma y =
f(x). Pode acontecer, no entanto, que ela se apresente na forma F(x,y) = o
I2 y2
como, por exemplo, a reta ax + by + C = 0, a elipse -+-1 = 0ea
a- 04
circunferência x2+y2-2= 0. Para obtermos a equação na forma y=f(x)
devemos "resolver" a equação F(x, y)=0 para y. Impõe-se, naturalmente, a
seguinte pergunta: "Dada F(x, y), é sempre possível obter uma única função

y = f(x) ouT= g(y) satisfazendo à equação F(x,y) = 0?". A resposta é


negativa. Basta considerarmos as funções F(x,y) =x2+ y2, G(x,y) =x2+
y2+le H(x,y) =x2+y2-1. Se, por um lado, F(x,y) =0é satisfeita

apenas para 1 = ^ = 0, por outro, não há números reais que satisfaçam


G(x,y) = 0. Por sua vez, a equação H(x,y) = 0 pode ser "resolvida" por

mais de uma função y = f(x). Observe, no entanto, que se tomarmos (xo,Y0)


com yo>0 satisfazendo H(xo,Yo) = 0, então apenas y = f(x) = v1-x2
satisfaz H(x,y) =0ey= f(xo).

Portanto, dado (xo.Yo) satisfazendo F(x,y) =0,o nosso problema reside


em encontrar condições que garantam a existência de uma única função y =
f(x) que satisfaça F(x,y) =0ey= f(xo). Quando existir tal função.
310 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis
———————

diremos que ela é definida implicitamente pela equação F(x,y) = 0.

Do ponto de vista geométrico, como a equação z = F(x,y) define uma


superfície em IR3, então a equação F(x,y) = 0 representa uma curva de nível.

Logo, dado (xo,Yo) satisfazendo F(xo, yo) =0,o problema consiste em deter-
minar condições que garantam a existência de uma única função y=f(x) cujo

gráfico coincida com a curva de nível F(x, y)=0 numa vizinhança* do ponto

(xo, Jo).
Notemos que, no ponto (xo,Yo), temos duas possibilidades para o vetor
gradiente ^F^yo) = — (8F P
(30,90)1 ay(rorvo)): \

(i) O vetor VF(xo,Yo) é nulo

ou

(ii) O vetor VF(To,Yo) é não nulo.

No caso (i) podemos ver, através dos exemplos a seguir, que nenhum re-

sultado geral pode ser estabelecido.

Exemplo A.1: F(x,y) = x2 + y2 = 0 e xo = yo = 0. Nenhum outro ponto


do plano xy satisfaz esta equação.

Exemplo A.2: F(x,y) =(y- x)4 = 0 e To = Yo = 1. Esta equação define

implicitamente a função y=x.

Exemplo A.3: F(x,y) = (x2 + y2)2 - (x2 - y2) = 0 e xo = Jo = 0 (esta


equação representa uma lemniscata). Não existe uma vizinhança de (0,0) na
qual a curva F(x,y) = 0 represente o gráfico de uma função y= f(x) ou

x = 9(y).

No caso (ii) temos o seguinte teorema.

Uma vizinhança de Xo € I" é um subconjunto de IR" que contém uma bola aberta
B. (Xo) centrada em Xo e raio r, onde B-(Xo) = {x e IR" j ||X - Xoll < r}.
Funções definidas implicitamente 311

Teorema da função implícita: Seja F(x,y) uma função com derivadas


parciais 9 e 55 contínuas num subconjunto aberto U do plano zy, e seja
dF
(Fo19o) 6 U satisfazendo F(To:9o) =oetal que ay(o,so) * 0. Então
existem um intervalo aberto I centrado em To e uma única função definida em

I, que satisfaz yo = f(xo) e F(x,f(x)) = 0 qualquer que seja T€I. Além


disso, f é continuamente diferenciável em I e

8F(x,y) x € 1. (A.l)
85(x,v)
A equação (A.1) é conseq ência da derivação da identidade F(x, f(x)) = 0,
usando a regra da cadeia. É claro que o teorema anterior pode ser enunciado
dF
sob a hipótese —-(To,Y0) = 0, com as modificações pertinentes. Neste caso,
OT
3F (x, y)
a equação F(x,y) = 0 define x = g(y), com g‘(y) = —%-------------------- - •
oz(T,V)
Exemplo A.4: Verifique que a equação x3y3 —x—y + l= 0 define y como

função de x numa vizinhança de Po = (1, 1), e obtenha a derivada dey= f(x)


quando T=1.

Solução: Seja F(x,y) = x3y3 - x - y + 1 = 0. Temos F(1,1) =0,as


derivadas parciais OE(z,y) = 322,3 -le OE(x,y) = 323y2 - 1 são contínuas
Ox Oy
F
e —(1, 1)=2=0. Pelo teorema da função implícita a equação dada define
oy
y= f(x) numa vizinhança de Po = (1, 1) e

grr 25 (1,1) 1
fd)=-gan)=r1
Exemplo A.5: Seja y = f(x) uma função cuja derivada é contínua num

intervalo aberto contendo xo e tal que f‘(xo) - 0. Mostre que esta função
312 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáneig

possui uma inversa derivável g num intervalo aberto contendo f(xo) e calcule

a derivada de 9, usando o teorema da função implícita.

Solução: Podemos escrever y = f(x) na forma F(x, y)= f(x)-y= 0.

Pondo Jo = f(xo)5 temos F(xo,V0) = 0. Além disso, SE(x,y) = f‘(x) e


F T
—(x,y) = —1 são contínuas num subconjunto aberto do plano ry contendo
OY
OF
(xo,Yo). Como —(xo,Y0) = f‘(xo) % 0, pelo teorema da função implícita
O.
existe uma única função x = g(y) definida num intervalo aberto contendo

f(xo) satisfazendo F(x,y) = f(x) - y = 0 e

_ _1
=
f'W
5'
que é a fórmula da derivada da função inversa vista no Cálculo de uma variável.

dF
Geometricamente, a condição — =0no ponto Po significa que o vetor
O3
VF em Po não é paralelo ao eixo x ( figura A.1). Se, ao contrário, o vetor VF

no ponto Po = (xo,Y0) é paralelo ao eixo a, podemos afirmar que a equação

F(x, y)=0 não define y = (x) numa vizinhança de Po? A resposta é negativa
( figura A.1, pontos Q e R).

Quando o vetor VF no ponto Po = (xo,Y0) é paralelo ao eixo x, ocorre


FF
que ay (Po) =0e az(Po) * 0. Então a equação F(x,v) = 0 define x = 9(y)
numa vizinhança de Po e g‘(yo) = 0, isto é, Yo é um ponto crítico da função
T=g(y). Assim, temos as possibilidades:
(i) Yo é ponto de máximo ou mínimo da função x = g(y) e, neste caso, a

equação F(x,y) = 0 não define y = f(x) numa vizinhança de Po.


Ou

(ii) yo é ponto de inflexão da função x = (y), e então a equação F(x, y)=0


define y = f.(x) numa vizinhança de Po. Mas y‘(xo) não existe.
Funções definidas implicitamente 313

Exercícios

1. Considere a curva definida por 522 + y2x2 + 6ry = 0.


a) Verifique se esta equação define y como função de x numa vizinhança

de (1,-1).

b) Em caso afirmativo, encontre a equação da reta tangente à curva no

ponto (1, -1).

2. Seja C uma curva no plano ry definida pela equação x2 + y + y2 = 27.


a) Determine os pontos da curva C na vizinhança dos quais não podemos
definir y como função de T.

b) Encontre os pontos críticos da função y = f(x) definida implicitamente

pela curva C, para y>3.

c) Estude a natureza dos pontos críticos encontrados no item b).

3. Dê um exemplo de uma função F(x,y) tal que F(x,y) = 0 defina im­

plicitamente y como função de x numa vizinhança do ponto (xo,Yo), mas


314 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáueig

—(xo,yo) = o.
dy

4. Considere a equação (x - 2)3y + xeV 1 = 0.


a) Esta equação define y como função de x numa vizinhança do ponto

(1,1)?
b) E numa vizinhança de (0,0)?

c) E numa vizinhança de (2,1)?

5. Seja F(u,v) uma função com derivadas parciais contínuas tal que F(4, 2) =
F F
0, —(4,2) =le —(4, 2) = —3. Sabendo-se que u = x+y2 ev= y+y sen x,
OU OU
a) verifique que a equação F{u{x,y),v(x,y)') = 0 define y como função de

x numa vizinhança de (xo,Yo) = (0,2).


da
b) determine — em To = 0.
dx

6. Encontre os pontos da lemniscata de equação (x2 + 2)2 — 2a2(x2 - 2) = 0

em que as retas tangentes são horizontais.

7. Encontre os pontos do Folium de Descartes de equação x3+y3— 3axy = 0

nos quais a reta tangente é:

a) Uma reta horizontal.


b) Uma reta vertical.

§A.2 Superfícies definidas implicitamente


Uma superfície em IR3 pode ser descrita por uma equação da forma

Fx, y, 2) = 0. Algumas vezes é possível "resolver" esta equação para uma

variável em função das outras duas, por exemplo, z como função deTey.

O teorema da função implícita nos dará condições que garantam a existência

e unicidade de tal função. Neste caso, dizemos que a equação F(x, y,z)=0
Funções definidas implicitamente 315

define z implicitamente como uma função de x e y e escrevemos 2 = f(i.y),


embora nem sempre seja possível obter y) explicit amente.

Teorema da função implícita: Seja F(x,y,z) uma função com derivadas


. 9F ÔF dF , ' \ ,
parciais — e -- continuas num subconjunto aberto U de FF. e seja
1 ox oy oz
dF
(xo,Y0,Z0) € U satisfazendo F(To, Yo. ZQ) = 0 e tal que. —(o,Y0.Z0) = 0.
OZ
Então existem uma bola aberta B = Br(xo,yo) e uma única função z = f^x, y)

definida em B tal que zo = f(xo,yo} e F^x.y, f(x,y)) = 0 qualquer que seja


(x,y) 6 B. Além disso, f possui derivadas parciais contínuas em B dadas por

□ r OF
ôf_8
dx 25
e Ôfeo
dy 2E
(A.2)

As equações (A.2) são obtidas por derivação da identidade F(x, y, f (x, y)) =
0 em relação arey, respectivamente, usando a regra da cadeia.
dF
Geometricamente, a condição —— = 0 no ponto P significa que o vetor
oz
gradiente VF(P), que é perpendicular à superfície definida por F(x, y, z) = 0

em P, não é paralelo ao plano xy.

Exemplo A.6: Verifique que a equação x3 + 3y2 + 8x22 — 3z3y = 9 define z


dz
como função de x e y numa vizinhança do ponto (1,0,1), e calcule —(1, 0) e
ox

830,0).
oy

Solução: Seja F(x,Y,2) = =3+3y2+822-323y-9 = 0. Temos F(1,0,1) =


dF dF
0, as derivadas parciais — -{x.y, z) = 3x2 4- 822, — (x, y, 2) = 6y — 323 e
O oy
ÔF ÔF
~{x,y,z) = = 16x3 - 9z2y são contínuas e —(1,0,1) =16/0. Pelo
teorema da função implícita, a equação dada define z = f(x, y) numa vizi­

nhança de (1,0,1). Por (A.2),


316 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

ôz , . 3x2 + 822 z, 6y— 323


axr,U)= 16x2 - 922, e ay("V) = 16x2 - 922,
Logo,

9a-
22(1,0)
' 16
=-ll
e
8301.0) =16
Exercícios

1. a) Verifique que a equação (x2 + y2 z2)2 = -x2 + y2-z2+ 10 define z

como função de redey numa vizinhança do ponto (1,—1,1).

b) Calcule 22(1, -1), onde uéo vetor unitário na direção da reta tangente
à curva y=x2 quando T=1,no sentido dos x crescentes.

2. Considere a superfície dada por 5xz + y222 + 6ry = 0.

a) Mostre que z é definido implicitamente como função deredey próximo


2
do ponto P = (1,1, -3), e calcule C(1, 1).
Ox
b) Sejag(x,y,2) = 3x2yz+y222-16xy, onde (x,y,2) pertence à superfície
definida por 5x2 + y222 + 6xy = 0. Calcule a taxa de variação de 9 em

relação aano ponto P.

3. A equação x + z + (y + z)2 =6 define 2 implicitamente como função de z

edey numa vizinhança do ponto (5,1,1). Calcule ôz Ôz e 02 no ponto


Ox Ôy dydx
(5.-1).

4. As três equações F(u,v) = 0, u = xy e v = V22+22, definem uma

superfície em IR3.

a) Verifique que a equação F(u(x, y, z), v(x, y, z)) = 0 define z como função

de x edey numa vizinhança do ponto (1, 1, v3), sabendo que F(1,2) = 0,


Funções definidas implicitamente. 317

8r(1,2)=le 25(1,2)=2.
b) Encontre um vetor normal a esta superfície no ponto (1, 1, v3).

x2 22
5. A equação —+y‘+—-1=0 define implicitamente z = f(x,y) numa
. _____ 3
vizinhança de (1,11,2). Determine a equação do plano tangente ao gráfico

dez= f(x,y) em

§A.3 Curvas em R3 definidas implicitamente


Consideremos duas superfícies em IR3 de equações F(x, y,2) =0 G(x, y, z) =
0 que se interceptam ao longo de uma curva C. Algumas vezes é possível
"resolver" estas duas equações simultaneamente para duas variáveis em função
da terceira, por exemplo, xeyem função de z. O teorema da função implícita

nos dá condições que garantem a existência e unicidade de tais funções. Neste


caso, dizemos que as equações F(x, y,2)=0e Gx, y,z) =0 definem x e y
implicitamente como funções deze escrevemos x = x(z) ey= y(z). Portanto,

a curva C pode ser parametrizada na variável z.

Teorema da função implícita: Sejam F(x,y,2) e G(x,y,2) funções com


derivadas parciais contínuas num subconjunto aberto U de IR3, e seja (xo, Yo, Zo)

€ U satisfazendo F(xo,yo, ^o) = 0, GÇxo.yo, ZQ) =0,e tal que o determinante

OF OF
dx dy
aG dG
x dy
não se anula em (xo,Y0,20). Então existem um intervalo aberto I centrados
em 2o e um único par de funções x = x(z) ey= y(z) definidas em I, que
318 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

satisfazem a To = z(zo), yo = y(z0), F(x(z),y(z),z) = 0 e G(x(z), y(z), z) = 0


qualquer que seja Z€I. Além disso, rey são contimiamente diferenciávei
emIe

dF dF dF
az ay or 8F
dG dG OG
da oz 0y r dy x
aG
ôz
C em I.
d2 dF dF dz ar
85
(A.3)
ox oy ar

dG ac aG dG
ax ôy ôx dy

As equações (A.3) são as soluções do sistema de equações lineares

dF dx OF dy dF
Ôx dz * y dz dz'
dG dx dG dy _ _G
Ox dz * y dz z

obtido derivando-se as identidades F(x(z), y(z), z) =0e G(x(z),y(z),2) = 0


em relação a z, usando a regra da cadeia.

O determinante que aparece no teorema é chamado determinante Jaco-

biano das funções FeG com relação às variáveis rey,e denotado por

OFOF
dx
O(F,G) _ y

(x,y) OG OG
dx dy

Geometricamente, a condição
O(F.G) % 0 em Po = (xo,Y0,Z0) significa
(x,y)
que o vetor tangente à curva C em Po não é paralelo ao plano ry, visto que
Funções definidas implicitamente 319

O(F.G)
é a terceira componente do vetor VF(Po) x VG(Po) que tem a direção

da reta tangente à curva C em Po.

Exemplo A.7: As superfícies 2x2+3y2— 22 =25e x2+y2 = z2 se interceptam

ao longo de uma curva C passando pelo ponto P = (v7,3,4). Verifique se

esta curva pode ser parametrizada no parâmetro z e use essa parametrização

para determinar um vetor tangente a C em P.

Solução: Sejam F(x,y,z) = 2x2 + 3y2 - 22 - 25 = 0 e G(x,y,2) = x2 +

2 - 22 = 0. Temos F(V7,3,4) =0= G(V7,3,4), as derivadas parciais


9^, , dF, x a dF< x n dG, _
— (x,y,z) =4, ay(,9,2) -^(x,y,z) = -2z, —(x,y,z) = 22,

dG. aG _
y (F, 33 2)=2e z (P, 33 2) =22 S0o continuas, e

O(F,G) _ 4x 6
= -4xy.
ô(x,y) " 2x 2y

Portanto 0(P, G) ( 7,3,4) = -127 =0,e então podemos concluir que a


d(x,y)
curva C pode ser parametrizada por x = x(z), y = y(z), 2=z, para z
pertencente a um intervalo aberto I centrado em2=4. Um vetor tangente à

Cem Pé (^(4), ^(4), 11 onde


C% CZ /

dz— 8(5,09 (7,3,4) 8v7


dz (458Eg}(V7,3,4) 7

dya _ &(,9)(v7,3,4) _ _4
d2085g)(V7,3,4)3
320 Cálculo diferencial e integral de funções de várias vo-riáve^

Exercícios

1. Supondo que as equações r2y +2=0e xyz +1=0 definem implicitamente


rey como funções de z numa vizinhança do ponto P = (1, 1, -1), calcule &
dy . dz
e — emz=—1.
dz

2. O ponto (x,y,t) = (0,1,-1) satisfaz às equações xyt + senxyt =0e

x+y+t = 0. Elas definem rey implicitamente como funções de t numa


vizinhança de (0,1,—1)?

3. a) Verifique que a curva C obtida como interseção das superfícies x2 + y2+


22 = 4 e x2 + y2 = 2y pode ser parametrizada, no parâmetro z numa
vizinhança do ponto (1,1,v2).

b) Use esta parametrização para determinar uma equação do plano normal


à curva C no ponto (1,1, v2).

§A.4 Teorema da função implícita (caso geral)


Sejam Fi: RRn*m —IR(i= 1,*,m) funções com derivadas parciais contínuas

num subconjunto aberto U c In+m eP= (x?, -,x2,29,.1,2%) e U

tal que F(Po) = 0 para todo i € {1,—. ,m}. Se o determinante Jacobiano


OFintnnEm.
é não nulo em Po, existem uma bola aberta B de centro no
(21, - • •, zm}
ponto (x?, —*, xA) € IR e um único conjunto de funções 2; = fi(xi,- ■ ■, En)
(i = 1,*,m) com derivadas parciais contínuas em B, que satisfazem z, =

fi(x? >'' ’, z%) e F (xi , • ■ •, Tns fi (21 , • • •, xn~), ■■■ , Xn)) = 0 para todo
(x1,--. ,Tn) €Be todo i= 1, - ■ • ,m.
Funções definidas implicitamente 321
-— '______ _____ ___________

Exemplo A.8: Verifique que o sistema de equações

xu2 + v — y = 0.
(A.4)
yu - xv3 - 3 = 0,

define uev como funções de x e y numa vizinhança do ponto (x,y,u,v) =


(1,2,1,1). Calcule as derivadas parciais de u e v em relação a a no ponto

(z,s)=(1,2).

Solução: Sejam F(x, y, u, v) = xu +v-y= 0e G(x, y, u, v) = 2yu - xv3 _


3x = 0.

Temos F(1,2, 1,1) = 0 = G(1,2, 1, 1), as derivadas parciais dePeG são


contínuas, e

O(F, G) 2xu 1
= -6x2uv2 - 2y.
(u, v) 2 -3xv2

Portanto, 25,G2(1,2,1,1) = -10 #0,e podemos concluir que o sistema


O(u,v)
(A.4) define uev como funções dexede y.

Derivando as equações de (A.4) em relação a x, obtemos

, . Ou Ov
u- + 2xu— +—=0,
OT ox

2y2" -v3 - 3zu22" -3 = 0.


O2 Ox
Em particular, seP= (x,y) = (1,2), temos o sistema

(2670P+620P) -
«830p)—38:p) -4
— u, 1 8v— 6
cujas soluções sao —(P)= e — (P) =
OT 10 OT D
322 Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis

Exemplo A.9: Considere o sistema de equações

x = a(u, v),
(A.5)
y =y(u,v).

sendo x(u,v) e y(u,v) definidas num subconjunto aberto U C RR2. Este sis-
tema define uma aplicação T: U CI2—IR2, dada por T(u, v) =

(x(u,v),y(u,v)) = (x,y). Se as funções rey possuem derivadas parciais

contínuas em UeJ= O3,9) é não nulo em (10,00) € U, então existe uma


O(u,U)
bola aberta B de centro em (xo, 30) = (x(uo,Vo),y(u0,V0)) onde o sistema de
equações (A.5) pode ser resolvido de modo único, com

u =u(x,y),
(A.6)
v = v(x,y) , (x,y) € B.

Logo, a aplicação T possui uma inversa T 1 definida em B. Além disso, as

funções de (A.6) têm derivadas parciais contínuas em B dadas por

Ou& Ou 8 Sv—%ôv8
ôx J ‘ôy J‘ôx J ôy J ’

Finalmente, se escrevermos

J- = d^u.v)
d{x, y) ’

7. 1
teremos J=.
J
De fato, introduzindo as funções

F(u,v,x,y) = x(u, v) - x e GÇu,v,x,y) = y(u,v) - y,

temos
Funções definidas implicitamente 323

ôx dx
a(F,G) du ôv d(x,y)
(uo.Vo).
o(u,t) Ôy dy ô(u,v) 7
8u Dv

Pelo teorema da função implícita, o sistema de equações

F(u, v,x,y) = x(u, v) - x = 0.


(A.7)
G(u,v,a,y)=y(u,v)-y =0

define um único par de funções u = u(x,y) ev= v(x,y) numa bola aberta

B de centro em (xo.30) = (x(uo,Vo),y(uo,V0)). Além disso, estas funções têm


derivadas parciais contínuas em B, obtidas derivando-se as equações (A.7) em

relação areay, usando a regra da cadeia.

Finalmente,

ôu ôu dx
8% _8v
(u,v) xy j J _1
J
ô(e, y) 8v v dx J
ôx ôy 1 Ou
J J

Exercícios

1. É possível "resolver" o sistema de equações

xzu + yy2 = 3,
xy2 +

«3yz + 2xv - u2v2 = 2,


para u(x,y,z) e v(x,3, 2), próximo de (x, y, z,u,v) = (1,1,1, 1,1)2 Calcule

2v em (x,y,z) = (1,1,1).
Oy
324 Cálculo diferencial e integral de funções de várias Variáveis

2. As três equações

x2—y cosuv) + 22 = 0.
x2+y2- sen (uv) + 222 = 2.

ry — senucosv +2=0,

definem T,y,2 como funções deuev próximo do ponto z = y = 1, u = "


, , .. - - Ox Ox , . (T
V=0,2= O: Calcule as derivadas parciais — e — em (u,0) =-.O
Ou OU 2

3. Suponha que a função T definida por

(x,y) = T(u,v) = (x(u,v),y(u,v))

possua uma função inversa diferenciável S definida por

(u,v) = S(x,y) = (u(x,y),v(x,y)).

35 Ou
Sex(l,2) = 3, v(1,2)=4e8(,V)(1,2)= , calcule r-(3,4).
47 dy

4. Se (u,v) = F(x,y) = (e"cosy,ef sen y), para que pontos (xo,Y0) a função

F tem inversa definida numa bola aberta de centro no ponto F(xo,Y0)?


BIBLIOGRAFIA

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1984, v. 2.

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WILLIAMSON, R. E.; CROWELL R. II.; TROTTER, H. F. Cálculo de


funções vetoriais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1974, v. I e II.
RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

Exercícios 1.2

1. a)a+y=1 ; b) x + y = 1 , x 2 - 1 : c) z + y = 1 , 0 < x S 1

d) y1 = 23 ; e) i = 2 - - 3 ; f) y = 1 - 212 . -1 < r < 1 ;


42 „2
g) x2 + (y + 3)2 = 1 ; h) — + — = 1 ; i)a2-y2=1,21.

2. a) reta paralela ao eixo 2 passando pelo ponto (2,1,0).

b) segmento de reta que liga os pontos (-1, -1. -1) e (1,1,1).

c) elipse no plano z=5de centro em (0,0,5) e semi-eixos 2e3.

d) semi-circunferência no plano T=3de centro em (3,0,0) e raio 1.

e) semi-parábola, no plano y = 2, com vértice no ponto (-1,2,0).

/ +2 \
3. a) o(t) = (3t, —2 + 2t) , t € IR ; b) = I t. — I , t € IR ;

c) o(t) =(a+r cos t,b r se.r\t) , Q < t < ITT ;

d) o(t) = (a cost, bsent) , -Z <t<3 ;


L—
7 7
e) = (asect,btgt) , -2 < t < 2

ou o(t) = (acosht,bsenht) , í € K ;

f) a(t) = (1 + 2t, -1 + 3t, 1 + 2í) , t 6 IR ;

g) = (-1+ 3i,3t,2 + í) , 0 < t < 1.

4 16
4. a) x(t) = 4t ; y(t) = 44462 , t € IR ; c) = 4+22 .
328 Cálculo Diferencial de Funções de várias variáveis
------ -—

, , . 803 222
5. c) v(r) = 402+72 8. b) 11

0.000 - (5-=424-5,1+=221—r)
10. 2 - y- , we -4+ 33, en

11. -x + V3y = V3

12. a) y - x = 1 ; b) y(x) =1+ et-1 ,xel

16. a) x(t) =C1+ Czert , y(t) =£3+ c4ekt , onde C1,C2,c3e C4 são

constantes reais.

b) semi-reta

17. a) o‘(t) = (- sen t, cost, - 2 cost) ;

b) r(t) = -1 , y^í) = -t , z(t) = 1 + 2 , t € IR

18. x(t) = t , y(t) = 1 , z(t) = 1 , tel

Exercícios 1.4

1. a) V(t) = (-6 sen 6t, 6 cos6t) ; b) 4(i) = (-36cos6t,-36sen6í) ;

c)<) = 6 ; d) T^= (Y3.})e7>= -7,

2. a) V(t) = (-2sen2t, - 3cost) ; b)A(t)=(-4cos2t,3sent) ;

C)V(TT) = 3 ; d) = (0,1) eT2 = -Tx


Respostas dos exercícios 329

3. a) V (t) = (2e24,2t) ; b) A(t) = (4e24,2) i c) v(0) =2d) 7,(0) = (1,0)

e T2 = -7,

4. a) V(t) = (-sen t, cost, 0) ; b) A(t) =(- cost, -sent, 0) ;

c)v(5)=1 ; d)71(^) = (l,0,0)e72 = -71

5. a) V(t) = (0,l,2t) ; b) A(t) = (0,0,2) ; c) v(2) = 717 ;

aytacz)=(o.377.*F7)-t,—-n
6. a) V(t) = (-6 sen 2t, 6 cos 2t, 8) ; b) A(t) = (-12cos2t, _ 12 sen2t,0);

•*(5)-10a)7()-(-3.*£)-n--n
7. a)P= (10,50) ; b) Ri chega primeiro ; c) Ri será multado

„ _ (5+15 13 + 31/5) n (5 - 15 13 - 35)


80)05(222 )eR52//2/) ;
d) (1,3) e a velocidade mínima é 1

9. b) sentido anti-horário ; c) (—1,0)

10. <T(2) = (2,0) , V(2) = (3,12) e A(2) = (2,26)

11. a) o1(t) = (cos(20t + 0o), sen(20t+60)) e

02(t) = (2cos(20t2 + 00),2sen (2012 + 00)), onde 60 = ê(0) ;

b) 1 hora ; c) 80km/h

12. A velocidade máxima é2e ocorre no instante t=T


330 Cálculo Diferencial de Funções de várias variáveis

13. (t) = tsen y(t) = tcos

14. a) 4 segundos ; b) 200 metros

15. x(t) = 14t , y(t) = -52 + 14. A distância entre David e Golias era de

39,2 metros.

.. 7 37
16. a)qe b)5; c) y = x2 - 4 , - 4 < y < 0
17. b) ot) =(%3 cos(V3t), sen (V3t) J 2V3
VO d) 3T

Exercícios 1.6

1 . a) 2(2 - 1) ; b) 272a ; c) 2V27 ; d) 50 ; e)V2ln(v2+1)

2 2413013 - 8) 3.^ 4. 2 V5+1n(2+V5)


5- a) t = 7 e t2 = 57 ; b) 4/3

7. a) o1(t) = (t,t) , -2 < t < 2 e 02(t) = (2 cost, 2+2sent), 0<t< T


_ 812+5%
D)) ------------

Exercícios 1.9

22
3. a)*=Y2 e P = 2V2 ; b) k = | e p = 2 ; c) k = 47 c p = 77
Respostas dos erercícios 331

1/2 ] ./9
d)R=4 e p=2v2 ; e) k =- c p = 2 ; f) k = — e p=2V2

./(at _ .-ty2
4. a) p(í) = 2\/2(l + sen 2í)s ; b) p(t) = --------------------- -------- 2--------

_ 2000
6. a) k(t) = ---------------------------------------- ,
(4 x 104 sen 2t + 100cos2t) 2

b) (200,0) e (-200,0) são pontos de máximo , (0,10) e (0,-10) são

pontos de mínimo

7. O ponto de velocidade máxima é (27,4) e os pontos de velocidade mínima

são (0,0) e (47,0) 8. 3

9. vetor posição: (4,5) , vetor velocidade: , vetor aceleração:


dt V 5)

( — | (0, vetor tangente unitário: (—=,—==) , vetor normal


dt) \ 125/ V41 V41/
4 5A 36 /dz\2 4 941/dz\2
unitário: (-41’41) 137 = 125V41 dt ) , N-1025 \dt )

219 I
VnVi) i b) A=(173(65,46) 11. V < 3012

12. a) a(t) = 3 - 5t2 ; b) V(t) = (5 sen 5t2, 5cos5t2)


A

Exercícios 2.3

18. z2 + 22 = 4y 19. z - 4 + x2 + y2 20. x2 + y2 + 22 = 16

2\.y2 + z2 = e~2x2 22.2= 1 23.22 +22 = sen2y


• x-+y6
24.z=y, -2<y<2 ; eixo y 25. y = V16-422 ; eixo z
332 Cálculo Diferencial de Funções de várias variáveis

26. y= — ; eixo z 27. z = vly ; eixo y


4

28. z = e-y ; eixo z

Exercícios 2.5

22 y2 9
1. a) 3y2 +22=4 , elipse ; b)—— —== ’ hipérbole
3 4 L0

c) x2 = 1622 , duas retas; d)2= 4y2 + 12 , parábola

2. c) semi-esfera 3. c) elipsóide

4. c) hiperbolóide de uma folha cujo eixo é o eixo y

5. c) hiperbolóide de duas folhas cujo eixo é o eixo x

6. c) cone cujo eixo é o eixo z

7. c) parabolóide elíptico cujo eixo é o eixo z

8. c) uma porção de circular cujo eixo é o eixo y

9. c) porção de um cilindro cuja geratriz é paralela ao eixo z e cuja diretriz é

a parábola y = 1 + x2 , - 2<T<2

10. c) dois planos de equações z~y + \. — Oez + y- ]. = Q

11. c) esfera de centro em (1,1,0) e raio 1

12. c) hiperbolóide de uma folha cujo eixo é a reta y=2no plano x =

13. c) hiperbolóide de duas folhas cujo eixo é o eixo y

14. 22 + 22 - 4y2 = 0 , cone circular cujo eixo é o eixo y


O
Respostas dos exercícios 333

15. x2 + (z - 1)2 = 2 + 1 , parabolóide circular cujo eixo é a reta 2=1no

plano x = 0

Exercícios 3.2

1. a) {(x,y) € IR2 I y 2 4 - x} ; b) {(x,y) € IR2 I y 2 1 + 22} ;

c) {(x,v) 6 IR2 | y > -x e x2 + y2 <4} ; d) {(x,v) € IR2 122 + (y-l)2 < 1}

3. a) Se k < 2 é vazia, se k = 2 é o ponto (0,0,2) esek> 2 são circunferências

de centro (0, 0, k) e raio (k-2) ;

b) O traço zéo gráfico da função z(x) = 2 + x e o traço yzéo gráfico

da função z(x) = 2 + ly

4. a) As equações são: z2+y2=4, x2 + y2 =-e


4
mente ;

b)Éa circunferência de equação x2 + y2 = 4

5. a) No plano z=8éo ponto (0,0,8), no plano 2=6éa circunferência de

equação x2 + y2 = 2, no plano 2=0 vazia, no plano a=0éo gráfico da

8-y2 , ly < 2 ,
função z(y) = . no plano y=0éo gráfico da função

, ly > 2

8 - x2
z(x) =
,x>2

6. a) {(x,y) € IR2 I x < 10-12} e Imagem da f = 0.+c) ; b) Nos planos


334 Cálculo Diferencial de Funções de várias

2=0,2 = lez=2 são parábolas de equações T= 10 - y2, x = 9 - 2 e

r=6- 2, respectivamente. No plano y=0éa parábola de equação x -

10-22, 220eno plano r=0éa semi-circunferência y2 + z2 = 10 , 2 > Q

7- f(x, y) = x - ay2 , a> 0 e g(x, y,z) = 3 - x

2 2
9. a) Domínio = {(x.y) IR2 \ +
22 y2
b) A elipse de equação +=l ;
OJ
c) o(0) = (v3cos@,3sen@) ,0<0<2m ; d) 216

10. b) Circunferência de equação a2+y2=4 ; c)y= V3x

11. Cone elíptico de equação x2 + 2y2 - 3z2 = 0

12. a) Domínio =IR‘- {(0,0,0)}. As superfícies de nível têm equação x2 +

y2+22=}
e, portanto, são esferas quando k>0.

b) Domínio = IR3 - {(x,y,2) € IR3 I a2 +y2+22< 1}. As superfícies de

nível são esferas de equação x2 + y2 + z2 = 1 + ek , k € IR. ;


c) Domínio = IR3. As superfícies de nível têm equação x2+y2+(z — 1)2 = k

e, portanto, quando k>0são hiperbolóides de uma folha, quando k=0é um

cone circular de vértice em (0,0,1) e quando k<0 são hiperbolóides de duas

folhas. ;

d) Domínio = IR3. As superfícies de nível têm equação x2+z2= e2y +k


Respostas dos exercícios 335

e, portanto, são superfícies de revolução em torno do eixo y das curvas de

equação z = es, quando k = 0 e z = vk + e2y, quando k / 0.

Exercícios 3.4

1. a) 2 ; b) -1 2. a) 0 ; b) não existe ; c) 0 ; d) não existe.

As funções de a) e c) são contínuas.

4. a) f{x,y) é contínua em R2 ; b) f(x,y) é contínua em R2 — {(0,0)} ;

c) f(x, y) é contínua em R2.

Exercícios 3.6

1- —(x,y) = 3y + 6
ox

1
3- fy(x,y) = 4. fx(x,y) = -ln(senx)
y

5. fy{x, y, z) = x2 - 6ry + 22 6. ^-{x,y,z) = ~z{x2 +y2 + z2) 3

8. a) f não é diferenciável em (0,0) ; b) f não é diferenciável em (0,0) ;

c) f é diferenciável em (0,0) ; d) f não é diferenciável em (0,0)

/ 1 1
[ 2 5) , (x,y) 4 (0,0)
\x- — y-/

0 (x, y) = (0,0)
336 Cálculo Diferencial de Funções de várias variáveis

, (x, y) * (o, o)
of
dy
0 , Çx,y) = (0,0)

1 11 1\
10. a) b) 11. (0,-4, 2)
3’ 6 ’ 12/

12. a)

h) 12y - 22 - 9 = 0 13. a) 20x + 12y - 152 = 120 ; b) 1 4v2

14. 512
3
15. a) (-2,2,3 b) x(t) =2-t, = 2 - 3í , z(t) = -+2t ,t & III

Exercícios 3.8

1 .4= (cost - sen2t)ecost + (cos2t - sent)esent

2 . dz = (e2t - e-2t)(l + ln(e2t + e-2t))


CC
dz _ 3u2e" dz _ u3e"(v - 2)
õu v2 e ôv v3

z a2
4 .—=2u sen 2v — 2v2 sen ucos ue" 2u2 sen vcos v + 2vcos?u
Ou dv
5 . 12

6 .a) ã20)= 866,44-1)24+8066 41-1)4 :


b) x(t) = 1 + 2t , y^) =3+4t, z(í) = -1 - 4í , te IR.
Respostas dos exercícios 337

T8n0,2)=6 • 8v‘0.2)=11 8.8101,1)=2 • 8001,1)=-2


10. Equação do plano tangente: 2x + y - 2z = 5.

Equação da reta normal: o(t) = (4 + 2t, -1 + t, 1 - 2i) , t € IR.

11-(3,1.2) 13. x+4y+62-21 =0 e z+4y+6z+21 =0

15. a) x + 4y - 5z = 0 ; b) v42

16. a) (3,2,4) ; b) (6,4,-8) e (-6,-4,8)

17. a) x - y + z = 1 ; b) o(t) = (1 - 2t. 1 + t, 1 + 3t) , t € IR

Exercícios 3.10

1
1
_V6
6
2
2
_2110
5 33' 4v3
21 44 32
.9 /9
5. 0)4 i b)2

7126 /21
7. a) 3v2r ; b) —9- ; c) Na direção do vetor —=
15 \V5 V5/

8. _7v5 9. 10V3
5 3
10. a) Nordeste: esfriará , Sudeste: não aquecerá nem esfriará ; b) Aquecerá.

à. taxa de 125 25
—9 graus/S ; C) o graus/S ; d) Ou
6 L

11. a) zero ; b) Na direção do vetor (4,2,0). A taxa máxima é 2v5.

12. a) Na direção do vetor (1,2,3) ; b) -2/14 e2 ; )0<@<3,

onde 0éo ângulo entre 0 vetor que representa a direção a ser tomada e o

vetor VT(Po).
338 Cálculo Diferencial de Funções de várias variáveis

Exercícios 3.12

1 . 3(222 +y2) .X 3zy


1. a) fxz(x,y) = 75=—5 ; b) fyx(x,y) = —===
vT-+y2 vx2+y2

2. a) fyy(x,y) = -xcosy , b) fxy(x,y) = -seny- cx

, x 2(-22+8y-322) 48z
3-fxx(x,y^) - (3 + 8y _ 323)2 ; (73+8w — 322)2

4.a)fxz(x,y,2)=2x(cos(x22)-22zsen(x2z)) ; b) fyzx(x,y,z) = 0

Exercícios 4.2

l a)(°4) ° pontos de sela

b) (0, kz) ,k€Z pontos de sela ;

c) (0,0) ponto de sela e(l, 1) ponto de máximo relativo


6 12)

ponto de mínimo relativo

e) (0,1) e (0,—1) pontos de máximo relativo e(x,0), T€IR pontos dc

mínimo

313 (T 7\
3. a) máximo - em (7,9) ’ mínimo 0 em (0,0) :
2 \3 3/

b) máximo 1 em (0,1) e (1,0) , mínimo -5 em (3

c) máximo e3 em (1,1) e (—1, 1) , mínimo e-i em

. 95
a) a = 2 , b =-
4. 5. Largura: 4 cm . Ângulo: 3 radianos
J

. . R2
6. —istancias iguais a —2
Respostas dos exercícios 339

Exercícios 4.4

1. Máximo: — , mínimo: 1 2. Maior aquecimento:


4

, menor aquecimento:

5. -110 + 5/2 6. (2,4) ou (-2,-4)


4
aV2 bv2) (av2 bv2\ ( aV2 bv2 ( aV2 bv2
2’2/1233 2)3 2’2/1 2’ 2

8. Base quadrada de lado 213 m e altura V3 m

10. 2x + y + 2z = 6 11. 33k 12. a) ln(3v3a5)

13. 30 14. (0,1,0), (0, -1,0), (1,0,0) , (-1,0,0)

15. 20 e 4

Exercícios 5.4

(e-D
2. a) b)1— cos 1
2

. , 1—cos64 . sen8 . 50
3- a) ------------- - ------- ; b) —- c) ; d) 2(e-e*+-1
O

4. b) zero
8 896
■ a) b)2 6. 76
15
625
" 12

8.
15 15

Exercícios 5.6

senl 3
1. (b) 2 2. (a) 4 4.
' 2 4
340 Cálculo Diferencial de Funções de várias variáveis

5. 1 6. 24 7. (a) — ; (b) — ; (c) zero


5 16

8. 47 + 2/3 9. 6
O

10 .2) 35; 6) 250 , c) 22; a) 9,10 11. (e-}1n2


12. a) so p+l e rfn(l+^) se p=l :

b) p> 1.

Exercícios 5.8

0 3(37+8) )
2. m=45+ 27
, ‘4(37 + 10))
7 (5 9
4. m =
12 i 7’7)

3e4 + 1 . 3 + e2
Ix
6. = 56 I, = 3 7. I, ;
64 i y = 16

.1,=1,=*d‘r I 9. 1,=1,=%O 10. I =2435


1
r _ 148
y~ 45

Exercícios 5.11

26 11 44 )
1. a) 3 i b) 364 1 c) 105 ; (d) zero
.T 1 \ 217 —4 57 > 625
2 a) 6 i b) ; c) —6? d)3e)12;

2ra3v2 167 64 . (212 - 16/3)


3 i 8) 3 - 9 i h) -------------------6------

3.891 Q—
4- a) 2" ; b)(V2-1)2m ; c)
O
a2b2c2
id)-48
Respostas dos exercícios 341

. 4 m . (37+2)V2 657
) i) ™ i e) ii) 10 i f) —8— i 8)58 5. 107

Exercícios 6.3

1. a) 1+V2 ; b) zero ; c) — d) 2 ; e) 21/14 ; f) 1312


1ò 6
2. 4 3. (8+67)M

4. a) -- ; b) zero > c) —47


d)s
f) zero ; g) zero h) 4 +151012
5. 2a3 6. To3 4

7. a) f(x, y) = es sen y ; b) f(x,y)=x2y2-ay3+2y


c) f(x,y)=x3+2xy-y2er; d) f(x, y, z) = xy + xz + yz
e) f(x,y,2) = xes+2z ; f) f(x,y,2) = xysenz.

Exercícios 6.5

1. a) zero ; b) -1 37
2 ; e)OV
d) 16 O Ã ; f) -2ma2
. 1957
; h) io 3. 21+4, sentido anti-horário
g) —

4. b) — 5. 427 6. a) 147 ; b) 387


O

Exercícios 6.7

1- a) -5 ; b) 3
342 Cálculo Diferencial de Funções de várias variáveii

10 ..1 , y3 2
2-a) - : b) - ; c) x^yo - 49 - - ; d) xosmi)n
00 —
72
3. a) f[x, y} = x2y3 - y"senz + y ; b) 4

4. — 5. -2m ,2me0 7. 7 8. -3

9. -2r ,2me0 10. 2- - 2arctg v2.

Exercícios 7.2

1. a) parabolóide circular ; S é regular exceto no ponto (0,0, 1) ;

c) (1,0,-2) ; d) (0,1,0) ;

e) Equação da reta normal: x(t) =1-2t, y(t) =0e z(t) =-t, t€R;

Equação do plano tangente: 2x + z - 2 = 0

2. a) ç(ó, 0) = ((a+r sen $) cos @,(a+r sen $) sen 0, r cos ó), 0<6<2,

0 < e < 2- ;

b) (a+r sen Ó) (r sen 0 cos 0, r sen o sen 6, T cos 0) ;

c)Sé regular em todos os pontos.

4. a) , b) ec) x + y + \/2z = 4

5. a) ç(u,0)=(coshucos0,coshusen@,senhu), u € IR , 0 < 0 < 27

b) (cosh2ucos@,cosh2usen0,—senhucoshu) ; c) To z + Yo y = 1.

6. b) N = (sen 6, — cos@,r) ; c) sim

Exercícios 7.4

1. a) p(t,v)=(tsenv,tcosv,3-t2)., 1/2<t<1 , 0<v<2m


Respostas dos exercícios 343

b) 6
2. a) (t, v) = (tcosv, tsenv,t2) , 0<t<4, 0

(17V17 -5V5) (5v5-1)A


J. ---------
b)
6 6
( 4 — v2 )7
8 ; b) 216 1
; d) (4+V12)67
2
(5V5- 1 )
7 + 4 - 412 ; f) ; g) a a h.
3

Exercícios 7.6

. 87a4 . V3 3v2 4 7v2)


7T 2.
25v5- 11
a) 3 i b) 120 16 3 12 ) 120
(1+V2)2m 2515 + 1
3.
3
4. a) 0, 0,
10(5v5-1) 0,0,44).
Exercícios 7.8

1
1. zero 2. 3. zero 4. (8-313)4m
2
A
5. 16 6. 7 ( normal exterior a S ) 7. 8. 47.
2

Exercícios 7.10

a 3
7. 8. a = 1 9.
2
10. zero
2
LI. zero 12. 2ln(7+1) 13. 3e 1 14. zero

15. 4 ( de (0,2,0) para (2,0,0)) 16. 24 17. 32

Exercícios 7.12

817 (1024V2 - 400)7


1. 10m + 16 2. 4 4. 67 5.
5
344 Cálculo Diferencial de Funções de várias variáveis

E IQ
6. 1(890 + 3.2) 7. c=1 8. zero 9.
1
10. -12

11. a) 4m(b-a) ; b) 4r 12. 76% 13. 10

Exercícios A.l

1. b) 3x+2y- 1 = 0

2. a) (-6, 3) c (6,-3) ; b)r=-3 ; c) ponto de máximo

4. a) não ; b) sim ; c) não 5. b) 5

7. a) (aV2,av4) ; b) (aV4,aV2).

Exercícios A.2

1. b) — 2. a) -9 ; b) -7

3- 83(5,-1)=1 . 8z(5,1)=0 e ^(5,-l) = 2


Ox Oy dydx

4. b)(2,l,x/3) 5. 92+6/11y+82=36.

Exercícios A.3

1. dE(-1)=-2 e d(-1)=3 2’ sim


3. b) -/2y-z = Q
Respostas dos exercícios 345

Exercícios A.4

1. -1 2.
3. g(3,4) = -5 4. V(x, y) € R2.
ÍNDICE ALFABÉTICO

Arca de superfícies,255 Curva de Agnesi,13

Astróide.lõ Curva de nível,72

Bola aberta,80,81 Curvas definidas implicitamente,309,317

Bordo de uma superfície,272 Curvatura,39

Campo vetorial conservative,235,289 Derivada de função vetorial,8

Campo vetorial contínuo,213 Derivada direcional,116

Campo vetorial de classe C1, 225 Derivada parcial,87,91

Centro de massa,189,266 Derivada parcial de segunda ordem,123

Centróide,189 Determinante Jacobiano,175,197

Ciclóide,5 Diretriz de um cilindro,51

Cilindros,51 Divergente,297

Círculo de curvatura,40 Domínio,235

Componente normal da aceleração,36 Eixo de uma superfície de revolução,54

Componente tangencial da aceleração,36 Elipsóide,60

Comprimento de arco como parâmetro,30 Equação de Laplace,127

Comprimento de uma curva,25 Equações de Cauchy-Riemann, 127

Cone elíptico,63 Equações paramétricas de uma curva,2

Conjunto aberto,92 Equações paramétricas de uma superfície,248

Conjunto fechado,136 Fluxo,268

Conjunto limitado,136 Fronteira de um conjunto,136

Conjunto simplesmente conexo,235 Função contínua,2,83,84

Coordenadas cilíndricas,198 Função de classe C1,8,101

Coordenadas esféricas,200 Função de classe C1 por partes,25

Coordenadas polares,179 Função de classe C,124


Indice alfabético 347

Função de várias variáveis,69 Mudança de variáveis polares, 179

Função harmónica, 127 Multiplicadores de Lagrange, 141

Função limitada,157 Parabolóide, 56,65, 66

Função potencial,220,239 Parametrizações equivalentes,28,276

Função vetorial,! Partição, 156

Geratriz,51,54 Plano,47
Gráfico de função de várias variáveis,70 Plano tangente,99,111,249

Hélice circular,? Ponto crítico,130

Hiperbolóide de duas folhas,62 Ponto de sela,131

Hiperbolóide de uma folha,61 Ponto extremo relativo,128

Hipociclóide,14 Raio de curvatura,40

Integral de linha de campo vetorial,214 Região de tipo IeIIem IR‘,167

Integral de linha de função escalar,209 Região de tipo I,II e III em R‘,194,195

Integral de superfície de campo vetorial,267 Região simples,224

Integral de superfície de função escalar, 262 Regra da cadeia,10,104,107

Integral dupla sobre um retângulo, 156 Reta normal,100,111

Integral dupla sobre uma região qualquer, 165 Rotacional,281

Integral tripla,192 Soma de Riemann,157

Involuta,13 Superfície definida implicitamente,314

Limite,2,80,81 Superfície de nível,75

Massa,187,195,208,263 Superfície de revolução,54

Momento de inércia,190 Superfície orientada,267,273

Mudança de variáveis cilíndricas, 198 Superfície quádrica,59

Mudança de variáveis esféricas,200 Superfície regular,249

Mudança de variáveis lineares,177 Teorema da função implícita.311,315.317,320

Mudança de variáveis na integral dupla,173 Teorema de Fubini,161

Mudança de variáveis na integral tripla,197 Teorema de Gauss,297


-== — - wryto ut vultds variávei

Teorema de Green,225 Vetor gradiente, 108

Teorema de Stokes, Vetor normal,100,108

Teste da derivada segunda,131 Vetor normal principal,35

Trabalho,213 Vetor tangente,8

Valor máximo,128,136 Vetor tangente unitário,35

Valor mínimo, 128,136 Vetor velocidade,18

Vetor aceleração, 18 Vizinhança,310

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