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EESC USP

PROJETO REENGE .

HiDRÁULICA BÁSICA
4ª EDIÇÃO
RODRIGO DE MELO PORTO

....
, ,
HIDRAULICA BASICA
-
4ªEDIÇAO
REVISADA

RODRIGO DE MELO PORTO


Departamento de Hidráulica e Saneamento
Escola de Engenharia de São Carlos
Universidade de São Paulo

Publicação EESC-USP
São Carlos, SP
2006
Copyright © 2006,2004,2003,2001, 2000, 1998- EESC- São Carlos-SP.

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, guardada pelo sistema "retrieval" ou transmitida de qualquer
modo ou por qualquer outro meio, seja este eletrônico, mecânico, de fotocópia, de gravação, ou outros, sem prévia au-
torização, por escrito, da EESC.

1ª Edição - tiragem: 1.000 exemplares


2a Edição- tiragem: 5.500 exemplares
3ll Edição- revisada- tiragem: 2.000 exemplares
4ll Edição- revisada e ampliada- tiragem: 2 .000 exemplares

Revisão, editoração eletrônica e fotolitos: RiMa Artes e Textos


Fone: (0xx l6) 3372-3238
Fax: (Oxx 16) 3372-3264
e-mail: paulo@rimaeditora.com.br

Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento


da Informação do Serviço de Biblioteca - EESC/USP

Porto, Rodrigo de Melo


P853h.2 Hidrául ica bási ca I Rodrigo de Melo Porto. --
4. ed. -- São Carlos : EESC-USP, 2006.
[540] p. : il.
Inclui referências bibliográficas .
Projeto REENGE.
ISBN 85-7656-084-4

1. Hidráulica. 2. Condu tos forçados.


3. Condutos livres . 4. Ensino. 5 . Aprendizado .
I . T í tulo.
Ao meu pai, Eng. Fernando de Figueiredo Porto, pelo
exemplo de caráter e por tudo aquilo que me proporcionou.

À Lú, pelo amor, dedicação e paciência.


Para Mau, Tati e Li, razão de tudo.
A

AGRADECIMENTOS

Este livro é fmto do apoio recebido da diretoria da Escola de Engenha-


ria de São Carlos, na pessoa de seu diretor, prof. Jurandyr Povinelli, e do
estímulo e incentivo dos colegas do Departamento de Hidráulica e Sanea-
mento. Deve-se ressaltar o trabalho paciente da bolsista Tatiana Gonçalves
Porto na revisão preliminar do texto, elaboração de tabelas e exercícios, o
apoio recebido do prof. Woodrow N. L. Roma como "consu ltor em in-
formática" e a colaboração do Eng. José Eduardo Mateus Évora na elabo-
ração da interface do programa REDEM.EXE.
De modo particular e especial reconhece-se o trabalho dedicado,
competente e contínuo do Sr. Valdecir Aparecido de Arruda na elaboração
dos desenhos e na arte final da versão preliminar.
Aos professores Walter H. Grafe· Mustafá S. Altinakar, da École
Polythecnique Federale de Lausanne, agradece-se a autorização do uso,
tradução e adaptação do programa ExplicM1.exe e permissão da reprodu-
ção dos Exemplos 5B e 50 do livro Hydraulique F luviale, do qual se ex-
traiu boa parte do Capítulo 14. ·
Aos professores Gilberto Queiroz da Silva e Antenor Rodrigues Bar-
bosa, da Universidade Federal de Ouro Preto, agradece-se a gentileza da
foto do Chafariz da Casa dos Contos, que compõe a capa.
Agradecimentos à prof. Luisa Fernanda Ribeiro Reis da EESC e ao
prof. Podalyro Amaral de Souza da EPUSP, pelas críticas e sugestões per-
tinentes.
E, finalmente, uma palavra de agradecimento aos alunos da discipli-
na SHS-401 Hidráulica, do curso de Engenharia Civil da EESC, que, nas
versões preliminares, se empenharam na maratona "em busca do erro per-
dido". Com certeza alguns ainda estão escondidos, e antecipadamente se
agradece a quem encontrá-los.

São Carlos, dezembro de 1998.

Rodrigo de Melo Porto1


rodrigo @se. usp. br-
A

APRESENTAÇÃO

O REENGE (Reengenharia do Ensino de Engenharia) é uma linha de


atuação do Programa de Desenvolvimento das Engenharias que tem por obje-
tivo apoiar a reformulação dos programas de ensino de engenharia como par-
te do processo de capacitação tecnológica e de modernização da sociedade
brasileira, bem como da preparação para enfrentar os desafios futuros gerados
pelos progressos técnico e científico alcançados em nível internacional.
Visando à consecução de seu objetivo, o REENGE tem oferecido apoio
e incentivo para o desenvolvimento de importantes projetos, dentre os quais se
destaca a publicação de livros didáticos para os cursos de graduação e educa-
ção continuada.
A presente publicação Hidráulica Básica, patrocinada pelo REENGE, é
um texto destinado ao apoio à disciplina Hidráulica dos cursos de Engenharia
Civil, com caráter eminentemente didático e cobrindo os principais tópicos
necessários à formação técnica do aluno nessa área.
O autor, Rodrigo de Melo Porto, engenheiro civil formado pela Esco-
la de Engenharia de São Carlos e professor doutor do Departamento de Hidráu-
lica e Saneamento desta mesma escola, foi professor de Hidráulica na Unicamp
e na Universidade Federal de São Carlos, possui vários trabalhos publicados,
tanto de cunho técnico-científico quanto didático.
A obra incorpora o resultado de um trabalho sério, dedicado e compe-
tente realizado pelo professor Rodrigo, fruto de sua experiência na docência,
constituindo-se numa valiosa contribuição ao aperfeiçoamento e melhoria das
condições de oferecimento da disciplina Hidráulica nos cursos de Engenharia
Civil no país.

Prof Dr. Jurandyr Povinelli*

* Diretor da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, coordenador do projeto REENGEIEESC, foi pre-
sidente da Comissão de Pós-graduação da EESC-USP, chefe do Departamento de Hidráulica e Saneamen-
to da EESC-USP e secretário executivo da Comissão de Especialistas do Ensino de Engenharia do
Ministério de Educação e dos Dcspm1os.
p J--------·------6
PREFÁCIO DA 2ª EDIÇÃO

Este livro é resultado do convênio firmado entre a CAPES e a Esco-


la de Engenharia de São Carlos, através do programa REENGE, para a
publicação de uma série de textos, de caráter didático, em Engenharia
Civil e Engenharia Elétrica.
A coleção de livros tem o objetivo fundamental de fornecer apoio
aos estudantes das duas especialidades, através de textos que abranjam os
principais assuntos enfocados nas diversas estruturas curriculares das es-
colas de engenharia do país, de modo claro e didático, refletindo a expe-
riência acadêmica dos autores, e com baixo custo.
No caso específico deste volume, procurou-se elaborar um texto
que concorresse para a melhoria da formação básica em Hidráulica do
estudante dos cursos de Engenharia Civil. Tal formação é absolutamente
necessária para que o Engenheiro Civil possa desempenhar seu papel no
âmbito do planejamento, projeto e gerenciamento dos mais diversos siste-
mas que tratam do uso e controle da água.
Procurou-se desenvolver os capítulos de modo a contemplar os prin-
cipais aspectos inerentes aos escoamentos em condutos forçados e livres,
dentro de uma seqüência e profundidade que se acredita condizente com
um curso de Hidráulica Geral em Engenharia Civil, e baseada na experiên-
cia de anos de ensino.
Pretendeu-se apresentar os tópicos mais fundamentais em cada as-
sunto, de forma cuidadosa e rigorosa, sem, todavia, abusar do tratamento
matemático e dando prioridade aos aspectos físicos e práticos da matéria.
A estrutura do texto é dividida em duas partes bem distintas: a pri-
meira, com seis capítulos, trata do escoamento permanente em condutos
forçados; a segunda, com oito capítulos, trata de escoamentos permanente
e variável com superfície livre. Seu conteúdo é suficiente para cobrir um
curso anual da disciplina, com carga horária de três horas por semana (au-
las práticas de laboratório a parte).
O aluno com formação básica em Mecânica dos Fluidos pode supri-
mir o primeiro capítulo sobre Conceitos Básicos. Também o último capítu-
lo, sobre Escoamento Variável em Canais, pode ser dispensado sêm perda
do essencial, em virtude da limitação de tempo.
Devido à finalidade essencialmente didática da obra, incluiu-se em
todos os capítulos uma série de exercícios resolvidos, somando ao todo
82, que espelhassem as características mais típicas dos conceitos discuti-
dos em cada assunto, além de um conjunto de 265 problemas propostos,
acompanhados das respostas, através dos quais o estudante tem a oportu-
nidade de testar os conceitos e utilizar o ferramenta! disponível em cada
tópico.
Procurou-se, em algumas aplicações, fazer uso de metodologias
computacionais como ferramenta que permite ao aluno, de modo rápido,
analisar outros aspectos e alternativas de cada problema proposto. Para
isto, no endereço eletrônico www.eesc.sc.usp.br/shs, na área Ensino de
Graduação, estão disponíveis quatro programas computacionais nas lin-
guagens Basic e Fortran e várias planilhas de cálculos para· resolução dos
exemplos numéricos.
Nesta 211 edição foram feitas pequenas correções no texto e nas res-
postas de três problemas. Foram introduzidos quatro novos problemas de
aplicação nos capítulos 3, 4, 8 e 12. Uma versão melhorada da planilha
MOODY.XLS é apresentada no diretório Bombas do endereço eletrônico
www. eesc. se. usp. brlshs.
Quer-se mais uma vez agradecer a todos que auxiliaram com críti-
cas, sugestões e apontando as falhas que passaram na ta edição, e também
ao público em geral, que fez a edição anterior deste livro esgotar-se em
pouco mais de um ano.

São Carlos, março de 2000


,-----

p XI

PREFÁCIO DA 1ª EDIÇÃO

Este livro é resultado do convênio firmado entre a CAPES e a Esco-


la de Engenharia de São Carlos, através do programa REENGE, para a
publicação de uma série de textos, de caráter didático, em Engenharia
Civil e Engenharia Elétrica.
A coleção de livros tem o objetivo fundamental de fornecer apoio
aos estudantes das duas especialidades, àtravés de textos que abranjam os
principais assuntos enfocados nas diversas estruturas curriculares das es-
colas de engenharia do país, de modo claro e didático, refletindo a expe-
riência acadêmica dos autores, e com baixo custo.
No caso específico deste volume, procurou-se elaborar um texto
que concorresse para a melhoria da formação básica em Hidráulica do
estudante dos cursos de Engenharia Civil. Tal formação é absolutamente
necessária para que o Engenheiro Civil possa desempenhar seu papel no
âmbito do planejamento, projeto e gerenciamento dos mais diversos siste-
mas que tratam do uso e controle da água.
Procurou-se desenvolver os capítulos de modo a contemplar os prin-
cipais aspectos inerentes aos escoamentos em condutos forçado s e livres,
dentro de uma seqüência e profundidade que se acredita condizente com
um curso de Hidráulica Geral em Engenharia Civil, e baseada na experiên-
cia de anos de ensino.
Pretendeu-se apresentar os tópicos mais fundamentais em cada as-
sunto, de forma cuidadosa e rigorosa, sem, todavia, abusar do tratamento
matemático e dando prioridade aos aspectos físicos e práticos da matéria.
A estrutura do texto é dividida em duas partes bem distintas: a pri-
meira, com seis capítulos, trata do escoamento permanente em condutos
forçados; a segunda, com oito capítulos, trata de escoamentos permanente
e variável com superfície livre. Seu conteúdo é suficiente para cobrir um
curso anual da disciplina, com carga horária de três horas por semana (au-
las práticas de laboratório a parte).
O aluno com formação básica em Mecânica dos Fluidos pode supri-
mir o primeiro capítulo sobre Conceitos Básicos. Também o último capítu-
lo, sobre Escoamento Variável em Canais, pode ser dispensado sem perda
do essencial, em virtude da limitação de tempo.
Devido à fin alidade essencialmente didática da obra, incluiu-se em
todos os capítulos uma série de exercícios resolvidos, somando ao todo
82, que espelhassem as características mais típicas dos conceitos discuti-
dos em cada assunto, além de um conjunto de 26 1 problemas propostos,
acompanhados das respostas, através dos quais o estudante tem a oportu-
nidade de testar os conceitos e utilizar o ferramenta! disponível em cada
tópico.
Procurou-se, em algumas aplicações, fazer uso de metodologias
computacionais como ferramenta que permite ao aluno, de modo rápido,
analisar outros aspectos e alternativas de cada problema proposto. Para
isto, no endereço eletrônico www.eesc.sc.usp.br/shs, na área Ensino de
Graduação, estão di sponíveis quatro programas computacionais nas lin-
guagens Basic e Fortran e várias planilhas de cálculos para resolução dos
exemp los numéricos.

São Carlos, dezembro de 1998


s 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 XIII

SUMÁRIO

PARTE I - ESCOAMENTO PERMANENTE EM CONDUTOS


FORÇADOS .......................................................................... .... 1

CAPÍTULO 1 -CONCEITOS BÁSICOS ........................................................ 3

1.1 Tipos e regimes dos escoamentos ............................................. 3


1.2 Equação da energia ................................................................... 4
1 .2.1 Equação do movimento sobre uma linha de corrente .................. 8
.. 1.2.2 Linha de energia e linha piezométrica ........................................ 9
1.2.3 Equação da energia em tubos de fluxo .................................... 11
1.3 Análise dimensional aplicada ao escoamento forçado .............. 13
1.4 Velocidade de atrito ................................................................. 15
1.5 Potência hidráulica de bombas e turbinas ................................ 17
1.6 Problemas ......... ................ ....... ............................................ ... 23

CAPÍTULO 2- ESCOAMENTO UNIFORME EM TUBULAÇÕES ................. 27


2.1 Tensão tangencial .................................................................... 27
2.1.1 Escoamento laminar ................................................................ 28
2.1.2 Escoamento turbulento ............................................................ 30
2.2 Comprimento de mistura de Prandtl- Distribuições
de velocidade ................... ....................................................... 32
2.2.1 Lei de distribuição universal de velocidade ............................. 34
2.3 Experiência de Nikuradse ....................................................... 36
2.4 Leis de resistência no escoamento turbulento ........................ 37
2.4.1 Tubos lisos ............................................................................... 38
2.4.2 Tubos rugosos ......................................................................... 39
2.5 Escoamento turbulento uniforme em tubos comerciais ........... 44
2.6 Fórmulas empíricas para o escoamento turbulento ......... ........ 52
~ 2.6.1 Fórmula de Hazen-Williams ..................................................... 53
2_.6.2 Comparação entre a fórmula de Hazen-Williams
e a fórmula universal .. .............................................................. 55
2.6.3 Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao ................................................ 56
2.7 Condutos de seção não circular ............................................... 58
2.8 Problemas ..................... .......................................................... 61
CAPÍTULO 3- PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS ................................. 69
3.1 Introdução ................................................................................ 69
3.2 Expressão geral das perdas localizadas .................................. 70
3.3 Valores do coeficiente K para algumas singularidades ............. 71
3.3.1 Alargamentos e estreitamentos ................................................ 71
3.3.2 Cotovelos e curvas ................................................... ................ 75
3.3.3 Registro de gaveta ................................................................... 76
3.3.4 Válvula de borboleta ................................................................. 76
3.3.5 Val9res diversos do coeficiente de perda de carga ............. ...... 77
3.4 Análise de tubulações .............................................................. 77
3.5 Influência relativa das perdas de carga localizadas ................... 78
3.6 Método dos comprimentos equivalentes ................................... 84
3. 7 Problemas ............................................................................... 88

CAPÍTULO 4- SISTEMAS HIDRÁULICOS DE TUBULAÇÕES .................. 93


r 4.1 Introdução ................................................................................ 93
• 4.2 Relação entre perda de carga unitária e declividade
da linha piezométrica .............................................................. 93
· 4.3 Influências relativas entre o traçado da tubulação e
as linhas de carga ................................................................... 94
o 4.4 Distribuição de vazão em marcha ........................................... 97
4.5 Condutos equivalentes ........................................................... 101
4.5.1 Conduto equivalente a outro .................................................. 102
4.5.2 Conduto equivalente a um sistema ........................................ 102
4.6 Sistemas ramificados ............................................................ 106
4.6. 1 Tomada d'água entre dois reservatórios ................................ 106
4.6.2 Problema dos três reservatórios ............................................ 107
4.7 Sifões ................................................................... ................. 11 o
4.8 Escoamento quase-permanente ............................................ 114
4.9 Problemas .................... :........................................................ 117

CAPÍTULO 5- SISTEMAS ELEVATÓRIOS- CAVITAÇÃO ..................... 123


5.1 Introdução .............................................................................. 123
5.2 Altura total de elevação e altura manométrica ........................ 124
5.3 Potência do conjunto elevatório .............................................. 125
5.4 Dimensionamento econômico da tubulação
de recalque ........................................................................... 125
5.4. 1 Custo de uma canalização ..................................................... 125
5.4.2 Tubulação de recalque ........................................................... 127
5.4.3 Fórmula de Bresse ................................................................. 129
Somârio B
5.5Bombas: tipos , características- Rotação específica ............. 132
5.5.1 Rotação específica ................................................ ................. 133
5.6Relações de semelhança ...................... ................................. 135
5.7Curvas características .......... .................................................. 136
5. 7.1Curva característica de uma bomba ....................................... 136
5.7.2 Curva característica de uma instalação .................................. 139
5.7.2.1 Sistemas de tubulações em série e paralelo .......................... 141
5.7.3 Associação de bombas em série e paralelo ........................... 145
5.8Escolha do conjunto motor-bomba ......................................... 148
5.8.1 Instalação, utilização e manutenção ...................................... 149
5.9Cavitação ............................ ........................................... ........ 153
5.9.1 O fenômeno .......................................... ................................. 153
5.9.2 N.P.S.H. (Net Positive Suction Head) disponível ..................... 155
5.9.3 N.P.S.H. requerido .... ............ ................................................. 156
5.9.4 Determinação da máxima altura estática de sucção .............. 157
5.9.5 Determinação da pressão atmosférica e da
pressão de vapor .................................................................. 157
5.9.6 Coeficiente de cavitação de Thoma ..................................... 158
5.9.7 Aplicabilidade dos dois critérios ............................................ 159
5.10 Problemas ............................................................................. 161'

ÇAPÍIULO 6- REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA .............................. 169

6.1 Introdução .............................................................................. 169


6.2 Tipos de redes ....................................................................... 169
6.3 Vazão de adução e distribuição .............................................. 171
6.4 Análise hidráulica de redes de abastecimento ........................ 172
6.5 Métodos de cálculo para o dimensionamento de redes .... ...... 173
6.5.1 Redes ramificadas ................................................................. 173
6.5.2 Redes malhadas - Método de Hardy Cross ........................... 178
6.6 Aplicação do método de Hardy Cross - O
programa REDEM .EXE ........................................................ . 181
6.7 Problemas ......................... .................................................... 184

APÊNDICE .............................................................................................. 189


Tabela A1 .. ............................................................................. 191
Tabela A2 ............................................................................... 203

BIBLIOGRAFIA- PARTE 1.................................................................. ...... 217


PARTE 11 - ESCOAMENTO PERMANENTE E NÃO PERMANENTE
EM CONDUTOS LIVRES ......... ....................................... :....... 219

CAPÍTULO 7- ESCOAMENTOS EM SUPERFÍCIE LIVRE ........................ 221


7.1 Introdução ........................................................................ .. .... 221
7.2 Elementos geométricos dos canais .................... ................... 222
7.3 Tipos de escoamentos ........................... ................................ 223
7.4 Distribuição de velocidade .................... ........................... ... .... 226
7.5 Distribuição de pressão .......................................................... 230
7 .5.1 Escoamento paralelo ............................................................. 232
7.5.2 Influência da declividade de fundo ........................................... 232
7.6 Problemas .................. ........................................................... 233

CAPÍTULO 8- CANAIS- ESCOAMENTO PERMANENTE


E UNIFORME .................................................................. 237
8.1 Introdução .............................................................................. 237
8.2 Equações de resistência ........................................................ 238
8.2.1 Fórmula de Manning .................................................. .......·.... . 243
8.3 Os coeficientes C e n ............................................................. 244
8.4 Cálculo de canais em regime uniforme ................................... 248
8.4.1 Determinação da altura d'água ............................................... 254
8.5 Seções de mínimo perímetro molhado ou
de máxima vazão ................................................................... 254
8.5.1 Trapézio de mínimo perímetro molhado .................................. 255
8.5.2 Retângulo de mínimo perímetro molhado ................................ 256
8.6 Elementos hidráulicos da seção circu lar ................................ 256
8.7 Canais fechados .................................................................... 258
8.7.1 Seções circulares ................................... ............................... 259
8 .7.2 Seções especiais .................................................................. 260
8.8 O programa CANAIS3.EXE ....................................... ............. 262
8.9 Problemas ................................. ............................................ 263

CAPÍTULO 9- OBSERVAÇÕES SOBRE O PROJETO


E CONSTRUÇÃO DE CANAIS ........................................ 275
9.1 Introdução .............................................................................. 275
9.2 Observações gerais .............................................. .'................ 275
9.3 Problemas ... ................ .......................................................... 283

CAPÍTULO 10- ENERGIA OU CARGA ESPECÍFICA .............................. 287


10.1 Introdução .................................. ................................. ....... .... 287
10.2 Curvas y x E para q = cte e y x q para E= cte ...................... 288
SomMo El
10.3 Escoamento crítico ............................................ .................... 290
10.4 Determinação das alturas alternadas
em canais retangulares ......................................................... 294
10.5 Velocidade crítica e celeridade ............................................. 296
10.6 Seção de controle ................................................................. 300
10.7 Aplicações da energia específica em transições .................. 301
10.7.1 Redução na largura do canal ................................................ 302
10.7.1.1 Calhas medidoras de vazão ..... ............................................. 303
1O. 7.2 Elevação no nível de fundo ................................................... 307
10.7.2.1 Vertedor retangular de parede espessa .................. .............. 308
10.8 Ocorrência da profundidade crítica .......... ............................ 311
10.9 Canais de forma qualquer ..................................................... 31 4
10.1 o Problemas típicos .................................................................. 316
1O.11 Problemas ............................................................................. 327

CAPÍTULO 11 -RESSALTO HIDRÁULICO ............................................... 335


11.1 Generalidades .................................................................... .... 335
11.2 Descrição do ressalto ............................................................ 335
11.3 Força específica ..................................................................... 336
11.4 Canais retangulares ............................................................... 339
11.5 Canais não retangulares ........................................................ 341
11.6 Perda de carga no ressalto .................................................... 344
11.7 Problemas ............................................................................. 347

CAPÍTULO 12- ORIFÍCIOS- TUBOS CURTOS- VERTEDORES .......... 351


12.1 Introdução ..................... .. ................................................... .... 351
12.2 Orifícios .................................................................... ............. 351
12.2.1 Classificação dos orifícios ...................................................... 351
12.3 Descarga livre em orifícios de parede fina ............................... 352
12.3.1 Vazão descarregada .... .. ........ ........ ........................................ 353
12.4 Perda de carga em orifícios .................................................... 356
12.5 Determinação experimental dos coeficientes de um orifício .... 357
12.6 Teoria dos grandes orifícios .................................................... 358
12.7 Orifícios afogados .................................................................. 360
12.8 Contração incompleta do jato ................................................. 361
12.9 Escoamento sob carga variável .............................................. 362
12.1 O Influência da espessura da parede ......................................... 365
12.10.1 Bocal cilíndrico externo ..................................................... ..... 365
12.10.2 Bocal cilíndrico interno ou bocal de Borda .............................. 368
12.11 Tubos curtos com descarga livre ............................................ 370
B
Hid<Moa "''''"

12.12 Comportas de fundo planas .............................. ...................... 374


12.12.1 Escoamento afogado ............................................................. 377
12.13 Vertedores ............................................................................. 381
12.13.1 Nomenclatura e classificação ................................................ 382
12. 13.2 Vertedor retangular de parede fina sem contrações ................ 383
12. 13.3 Valores do coeficiente de vazão Cd ............................................................... 386
12.13.4 Influência da contração lateral ............................... ................. 388
12.14 Vertedor triangular de parede fina ........................................... 388
12.15 Vertedor trapezoidal de parede fina ........................................ 390
12. 16 Vertedor retangular lateral ...................................................... 391
12. 16. 1 Características do escoamento .............................................. 391
12. 16.2 Equacionamento .................................................................... 392
12.16.3 Determinação do coeficiente de descarga .............................. 394
12.17 Vertedor de soleira espessa horizontal ................................... 396
12.18 Descarregadores de barragens ......................... ...................... 397
12.18.1 Geometria da soleira normal .. ................................................ 399
12.18.2 Variação do coeficiente de vazão com a carga ....................... 399
12.19 Aplicações ............................................................................. 401
12.19.1 Eclusa para navegação .......................................................... 401
12.1 9.2 Esvaziamento de um reseNatório
de abastecimento predial .................. ......... ............................ 403
12.19.3 Derivação de água em projetos de abastecimento .................. 404
12.19.4 Bacia de detenção em sistemas de controle
de cheias urbanas ................................................................. 406
12. 19.5 Defesa contra inundações .............. ........................................ 407
12.19.6 Controle de canais por comporta plana vertical ...................... 408
12.20 Problemas ............................................................ ................. 409

CAPÍTULO 13- ESCOAMENTO PERMANENTE GRADUALMENTE


VARIADO ................................................... ........ ............ 415
13.1 Generalidades .............................................................. .......... 415
13.2 Equação diferencial do escoamento permanente
gradualmente variado ........................ ..................................... 416
13.3 Classificação dos perfis ......................................................... 417
13.4 Perda de carga localizada ...................................................... 422
13.5 Singularidades ....................................................................... 423
13.6 Determinação do perfil d'água em canais prismáticos ............ 435
13.6.1 Step method ....................... ................................................... 435
13.7 Computação do perfil d'água .................................................. 437
13.7.1 Localização do ressalto hidráulico ......................................... 442
13.8 Formas da superfície da água ................................................ 444
13.9 Problemas ................................................................ ............. 446
SomMo B
CAPÍTULO 14- ESCOAMENTO VARIÁVEL EM CANAIS ......................... 455
1401 Introdução oo00 oooooooooooooo00 o00 oOoooo00ooooooo00 oooo00 oo00 o00 ooooooooo000 ooooooooooooo455
1402 Definições oo ooooooooo ooooooo ooooooooooooooOOOoooooooooo oooooooooo ooooo ooo oooooo OOO OOOooo 455
1403 Ondas de translação- Escoamento rapidamente variado 000 000 457
140301 Notação ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo457
140302 Altura e velocidade de uma onda oo00 oooooooooooo00 oooooo00 o000 ooooooo00 ooooo458
140303 Onda de translação negativa 00 o00 o00 o0000o00ooo00 o000 oooooo00 oOoo00 ooooooooooo463
14.4 Equações hidrodinâmicas oOO OOo oooooOOooo ooo ooooooooooooooooooooo ooo OOOOoo oo ooo 469
14.401 Equação da continuidade ooo0000 oooooo00 o00 oo00 oooo00 00 o00 ooo000 000 00 o00 oooooooo469
140402 Equação dinâmica oo00 0000 ooo 000 Ooo000000 0000000000 0000 0ooooooo 000000000 000000 000oo471
1405 Simplificações das Equações de Saint-Venant 0000000000 000000000000 474
140501 Onda cinemática ooooooOo00o00 o000 oooOooooooo00o00oooooo000 ooooOoo00 ooooOoooooooooooo475
1406 Propagação de cheias em rios oooooooooooo oooooooo oo oooooooooo ooo oo oooooooooo 481
140601 Método Muskingum 00oo ooooooooooooooooooo ooooo oooooooo oooooo ooo ooo oooo o0000 00000 o482
14060101 Determinação das constantes K e x 00000000 0000000 00000 0ooooooooooooooooo 485
1407 Métodos numéricos para a resolução das equações
de Saint-Venant ooooooooooooooooo 000 000000 000 00000000 00000 00000000 00000 00 00 0000000 00 o487
140701 Método das características ooo oooooo ooooo oooo oOO OOOo oo ooooooo oooooooOOOOoooooo 487
1407 02 Métodos de diferenças finitas 00 oooooooooooooo00 ooooooooo00 oooooooooooooo00oo491
140703 Esquema explícito oo oooo ooo ooooooo oo ooo oooooooo oooOOOooooo ooooooooo ooooooOOooooooo o494
1407.4 Esquema implícito oooooo oooo ooooo oooo ooooooooo oooooooooooo oooooooooooooooooooo ooooo 495
14.8 O programa ExplicM1 oEXE ooo ooooooooooo oo ooooooooooooo oo ooOo oo oooO OOOoooooo oo 497
1409 Problemas oo000 000 000 000000 000 00 00 00 0o0000000 0000000 ooo ooo ooooooooooo oo00 000000 00 000000 509

BIBLIOGRAFIA- PARTE 11 ........................................................... 513

INDICE ANALÍTICO ....................................................................... 517


PARTE I

ESCOAMENTO
PERMANENTE
EM CONDUTOS
FORÇADOS "IS Q UAE POTATUM COLE GENS PLENO ORE SENATUM,
SECURI UT SITIS NAM FACIT ILLE SITIS"

Chafariz da Casa dos Contos- 1760


Ouro Preto - Minas Gerais
-

1 3

CONCEITOS BÁSICOS

"Se tratti di acqua anteponi


l'esperienza alia teoria."

[Leonardo da Vinci]
1.1 TIPOS E REGIMES DOS ESCOAMENTOS
De modo geral, os escoamentos de fluidos estão sujeitos a determina-
das condições gerais, princípios e leis da Dinâmica e à teoria da turbulência.
No caso dos líquidos, em particular da água, a metodologia de aborda-
gem consiste em agmpar os escoamentos em determinados tipos, cada um dos
quais com suas características comuns, e estudá-los por métodos próprios.
Na classificação hidráulica, os escoamentos recebem diversas conceitua-
ções em função de suas características, tais como: laminar, turbulento, unidi-
mensional, bidimensional , rotacional, irrotacional, permanente, variável,
Os programas computacionais para a-
uni forme, variado, livre, forçado, fluvial , torrencial etc. companhamento do texto, bem como a
resolução de alguns exemplos, estão
O escoamento é c lassificado como _laminar quando as partícul as mo- disponíveis em quatro diretórios:
vem-se ao longo de trajetórias bem definidas, em lâminas ou camadas, cada • Bombas;

uma delas preservando sua identidade no meio. Neste tipo de escoamento, é • Redes;

preponderante a ação da viscosidade do fluidQ no sentido de amortecer a ten- • Canais;

~ên c i a de surgimento da turbulência. Em geral, este escoamento ocorre em • Variável ;


no seguinte endereço eletrônico:
b,aixas velocidades ~u em fluidos muito viscosos. www.eesc.sc.usp.br/shs
na área Ensino de Graduação.
Como na Hidráulica o líquido predominante é a água, cu ja viscosidade
é relativamente baixa, os escoamentos mais freqüentes são classificados como
turbulentos. Neste caso, as partículas do líquido movem-se em .trajetórias ir-
regulares, com movimento aleatório, produzindo uma transferênc ia de quan-
tidade de movimento entre regiões da massa líquida. Esta é a situação mais
comum nos problemas práticos da Engenharia.
O escoamento unidimensional é aquele em que as suas propriedades,
como pressão, velocidade, massa específica etc., são funções exclusivas de
somente uma coordenada espacial e do tempo, isto é, são representadas em
termos de valores médios da seção. Quando se admite que as partículas escoem
em planos paralelos segundo trajetórias idênticas, não havendo variação do
escoamento na direção normal aos planos, o escoamento é dito bidim.ensional.
Se as partículas do líquido, numa certa região, possuú·em rotação em re-
lação a um eixo qualquer, o escoamento será rotacional ou vorticoso; caso
contrário, será irrotacional.
ti.o caso em que as propriedades e caracte rísticas hidráulicas, em cad~
ponto do espaço, fore m invariantes no tempo, o escoamento é classificado de
~nente; caso contrá rio, é dito ser não permanente ou variável.
Escoamento uniforme é aquele no gual o vetor velocidade, em módulo,
direção e sentido, é idêntico em todos os pontos, em um instante qualquer, ou,
~atematicamente, 'dV/(Js =O, em que o te mpo é mantido constante e ds é um
deslocame nto em qualque r direção. No escoamento de um fl uido real, é co-
mum fazer uma extensão deste conceito, mesm o que, pelo princípio da ade-
rência, o vetor velocidade seja nulo nos contornos sólidos em contato com o
f luido. D e forma mais prática, o escoamento é considerado unifo rme quando
todas as seções transversais do conduto forem iguais e a velocidade média em
todas as seções, e m um determinado instante, fo r a mesma._Se o vetor velo-
cidade variar d~?_P..onto a pontQ, num instante gualC}!ler, o escoamento é dito não
uniforme ou ; ariadQ.
O escoamento é classificado em superfície livre, ou simp lesmente livre,
se, qualquer que seja a seção transversal, o líquido estiver sempre em conta-
to com a atmosfera . Esta é a situação do escoamento em rios, córregos ou
canais. Como características deste tipo de escoamento, pode-se dizer que ele
se dá necessariamente pela ação da gravidade e que qualquer perturbação em
trechos localizados pode dar lugar a modificações na seção transversal da cor-
rente em outros trechos.
O escoamento em pressão ou forçado ocorre no interior das tubu lações,
ocupando integralmente sua área geométrica, sem contato com o meio exter-
no. A pressão exercida pelo líquido sobre a parede da tubulação é diferente da
atmosférica e qualque r perturbação do regime, e m uma seção, poderá dar lu-
gar a alterações de velocidade e pressão nos diversos pontos do escoamento,
mas sem modificações na seção transversal. Tal escoamento pode ocorrer pela
ação da gravidade ou através de bombeamento.
O escoamento turbule nto livre costuma ser subdividido e m regime flu-
vial, quando a velocidade média, e m uma seção, é menor que um certo valor
críti co , e regime torrencial, quando a velocidade média, em uma seção, é
maior que um certo valor crítico.

1.2 EQUAÇÃO DA ENERGIA


Seja um volume elementar, representado por um parale logramo de base
dA e altura ds, de um líquido sujeito à ação de fo rças de campo (gravidade)
e de contato (pressão e atrito), confo rme Figura 1.1, em que se n são direções
Cap. 1

ortogonai s. Na ausência de efeitos


termodinâmicos e não havendo adição
ou extração de trabalho do exterior, pela

~- À
presença de uma bomba ou turbina, é
possível chegar à equação do mov i- n
mento pela aplicação da equação funda-
mental da Dinâmica à massa que no
instante t ocupa uma certa posição no
_Z . . ~.~.h.-~--
espaço.
A equação fundamental da Dinâ-
mica, aplicada a um elemento diferen-
cial da massa de líquido, na forma,
representa o equilíbrio dinâmico das for-
ças, tanto na direção tangencial ao es-
coamento (direção s), quanto na direção
(p+1;ds)dA
normal (direção n). O elemento de mas-
sa dm = pdVol encerra o ponto P, no
qual as propriedades e características do
escoamento são definidas por: z, cota
topográfica ou geométrica relativa a um
plano horizontal de referência; p, massa ' - (p _ _!_ gg dn)dA*
2 àn
específica; p, pressão; V, velocidade na pgdVol

direção s; e ~' tensão de cisalhamento Figura 1.1 Forças sobre o volume elementar.
devida aos efeitos de viscosidade.

Resultante das forças na direção +s.


a) Força de pressão:

(p- ]_ ap ds) dA - (p + ]_ ap ds) dA =- ap ds dA


2 as 2 as as

b) Força de superfície devido à resistência ao escoamento. Na hipótese


de a variação de velocidade nas proximidades do ponto P só ocor.rer
na direção n, isto é, não há efeito de binormalidade, a tensão trativa
ou de cisalhamento será responsável por um esforço que se opõe ao
movimento, na forma:

(~ + ]_ éh dn ) dA • -(~ -]_a~ dn)dA * =a~ dndA •


2 an 2 an an
em que dA* é a área da face do paralelogramo perpendicular à dire-
ção n.

c) Componente do peso na direção s:

az
-pgdVolcos8 = -pgdVol-
as

Para o sistema de coordenadas intrínseco, isto é, ao longo da linha de


corrente (coordenadas), o campo de velocidade é dado por V= V(s, t) e o
campo de aceleração por:

_a =nv- - =
av-ds- +av-
Dt as dt at

com o primeiro termo, do segundo membro, caracterizando a aceleração sofrida


pelo líquido ao mudar de posição (aceleração de transporte) e o segundo, a
aceleraçã,o local.
Observando que ds·dA = dn ·dA • = dVol e que dm = pdVol, a equação
fundamental da Dinâmica na direção +s toma-se L
F5 = p dVol ã, logo:
2
ih- p gaz]
ap+ - - dVol = pdVol [av
- -ds+av]
- = pdVol[a
- (V av]
[--
as an as as dt at
-)+
as 2
-
at

portanto:

1 ap 1 a't az a V 2 av
- - - + - - - g - =- ( - ) + - (1.1)
p as p an as as 2 at

No caso particular de um líquido ideal, em que não se manifestam os


efeitos da viscosidade e conseqüentes esforços cisalhantes, a Equação 1.1 tor-
na-se:

a P V2 av
- ( - + gz + - ) = - - ( 1.2)
as p 2 at

Se, além da restrição acima, considera-se o movimento permanente, isto


é, avrat =o e, portanto, a trajetória da partícula coincidente com a linha de cor-
rente, a Equação 1.2 pode ser escrita como:
Cap. 1 Coocoim Bâ•<oo D
d y2
___E_+ gdz +d(-) = O ( 1.3)
p 2

que é a equação de Euler 1 em uma dimensão. 1. Leonhard Euler, matemático suíço,


1707·1783.

A Equação 1.3 integrada entre dois pontos ao longo da trajetória fica:

2 d y2
J___E_+ gz + - =cte. (1.4)
I p 2

No caso em que as variações de pressão sofrida pelo fluido ao longo da


trajetória forem relativamente pequenas, que não afetem o valor da massa es-
pecífica, situação em que se considera o fluido incompressível., isto é, y = pg =
cte., tem-se:

H= E. + v'
z + - - = cte . ( 1.5)
y 2g

A equação acima exprime o teorema de Bernoulli, 2 para líquidos perfei- 2. Daniel Bernoulli, matemático holan·
tos e regime permanente, na qual a carga total H, por unidade de peso do lí- dês, 1700·1782.

quido, é constante ao longo de cada trajetória.

Resultante das forças na direção +n


a) Força de pressão
I dp * I dp • ·ap •
(p - - - dn)dA - (p +- - dn)dA = --dndA
2 dn 2 dn dn

b) Componente do peso na direção +n

dz
-pgdVolcos a.=-pgdVol -
dn
A equação fundamental da Dinâmica, na forma, L F11 = dm ã 11 , na qual
ãn é a aceleração normal, dirigida para o centro de curvatura da linha de cor-
rente, fica:

dp • dz V2
- - dndA - pgdVol- = - pdVol -
an dn r
2
dp dZ V
(1.6)
- +pg-= p -
an an r

Esta equação permite determinar a dis tribuição de pressão na direção


norma l à linha de corrente, desde que se con heça a distribuição da velocida-
de na mesma. Se a curvatura das linhas de corrente for desprezíve l, o efeito da
aceleração normal pode ser negligenciado (r~ oo), a equação precedente, fica:

a
- ( p + p gz) =0 (1.7)
an

portanto p + pg z = cte., ou seja, a distribuição de pressão é hidrostática na di-


reção normal. Tal propriedade é particularme nte importante nos escoamentos
li vres.

1.2.1 EQUAÇÃO DO MOVIMENTO SOBRE UMA LINHA DE


CORRENTE
Os termos da Equação 1. 1 representam forças por unidade de massa, que
d ivididos pe la aceleração da gravidade tornam-se fo rças por unidade de peso.
Reescrevendo a equação de forma mais conveniente pelo agrupamento das par-
celas, esta toma a forma:

2
a P v a -r 1 av
- - ( -+ z+ - ) + - (-) = - - ( 1.8)
as y 2g an y g at

Multiplicando os termos da equação anteri or por ds, os produtos expri-


mem os trabalhos mecânicos realizados pelas forças, por unidade peso, ao lon-
go da li nha de corrente, is to é, as ene rg ias equ ivale ntes. Integrando entre dois
pontos ao longo da linha de corre nte, vem:

2 2 2 2

I
a
as y
P
f -(-+ z + - ) ds
·
v
2g
- f-<-
I
a -r
an y
)ds =--f-
1 av
g at
I
ds ( 1.9)

O termo

2 a
-J -(~) ds
I an y
---~u
Cap. 1 Conceitos Básicos n
representa a energia gasta para vencer as forças de atrito no deslocamento entre
os pontos I e 2, e está associada, portanto, a uma perda de energia ou perda
de carga no escoamento de um fluido real e representada por llH 12 . Assim, a
integração da Equação 1.9 leva a:

( 1.1 0)

Como o tenno ()V/êJt representa a aceleração local, portanto independen-


te da direção s, a integral entre os pontos 1 e 2 da linha de corrente pode ser
efetuada, ficando:

2
V2 p V L dV
_h+ z + - 1
y I 2g
= -"(2 + z 2 + -2g2 + llH 12 +- -
g dt (1 .11)

em que L é o comprimento do arco entre os dois pontos 1 e 2.

1.2.2 LINHA DE ENERGIA E LINHA PIEZOMÉTRICA


Considere-se a Equação 1.11 no caso particular do escoamento penna-
nente, no qual o último termo é nulo .
Quais as hipóteses feitas na dedução
da Equação 1.4?

(l. l l a)

Esta equação, pelo fato de cada parcela representar energia por unida-
de de peso e ter como unidade o metro, admite uma interpretação geométri-
ca de importância prática. Tais parcelas são denominadas como:
• p/y (m) - energia ou carga de pressão;
• z (m)- carga de posição (energia potencial de posição em relação a
um plano horizontal de referência);
• V2/2g (m) - energia ou carga cinética;
• !lH (m) - perda de carga ou perda de energia.
Conhecendo-se a trajetória de um fi lete de líquido, identificada pelas co-
tas geométricas em relação a um plano horizontal de referência, pode-se repre-
sentar os valores de p/y, obtendo-se o lugar geométrico dos pontos cujas cotas
são dadas por p/y + z e designado como linha de carga efetiva ou linha piezo-
métrica. Cada valor da soma p/y + z é chamado de cota piezométrica ou car-
~~H~i~dr~á~u~lic~a~B~á~s~ic~a c~ap~.~1--------------------------------------------------------------------
__

__ ·-.·- - · - · - · - · - ·- · - - · -~- unha de energia ga piezométrica. Se acima da linha piezométrica acrescentarem-se

i-
yl212g-·- · - · - · - · - . Mi t2
- . ...... Linha
os valores da carga cinética V 2/2g, obtém-se a linha de cargas
- ----------------- · i' . piezométrica totais ou linha de energia, que designa a energia mecânica total por
Ptf'y -------- 2 12g · .._
................... ...... unidade de peso de líquido, na forma H == p/y + z + V 2/2g .
P./
2 'Y ---rTrajetória
No caso de fluidos reais em escoamento permanente, a carga
Zz total diminui ao longo da trajetória, no sentido do movimento,
como conseqüência do trabalho realizado pelas forças resistentes,
como indicado na Figura 1.2.
Figura 1.2 Linha de energia e linha piezométrica em Algumas observações sobre estes conceitos básicos são ne-
escoamento permanente.
cessárias:
a) Como, em geral, a escala de pressões adotada na prática é a escala
efetiva, isto é, em relação à pressão atmosférica, a linha piezométrica
pode coincidir com a trajetória, caso em que o escoamento é livre, ou
mesmo passar abaixo desta, indicando pressões efetivas negativas .
b) Todas as parcelas da Equação 1.11 devem ser representadas geome-
tricamente como perpendiculares ao plano horizontal de referência,
independente da curvatura da trajetória. Na Figura 1.3, a colocação
de um tubo piezométrico no ponto P, em uma seção com pressão po-
sitiva, faz com que o líquido em seu interior atinja o ponto S em con-
tato com a atmosfera, equilibrando a pressão em P. A cota do ponto
S, em relação ao plano de referência, é a cota piezométrica dada pela
soma p/y + z, como na Figura 1.3. O raciocínio pode ser estendido
acrescentando-se a carga cinética.
c) Em cada seção da tubulação, a carga de pressão disponível é a dife-
rença entre a cota piezométrica, p/y + z, e a cota geométrica ou topo-
gráfica z. Esta diferença pode ser positiva, negativa ou nula.
d) A linha de carga total, ou linha de energia, desce sempre no
sentido do escoamento, a menos que haja introdução de
energia externa, pela instalação de uma bomba.
A linha piezométrica não necessariamente segue esta pro-
priedade, como será visto adiante.
;Trajetória e) Quando se utiliza o conceito de perda de carga entre dois
~----!.
pontos da trajetória, trata-se de perda de energia total, ou
seja, H== p/y + z + V2/2g, como na Figura 1.2, e não de per-
da de carga piezométrica. Se, no entanto, no escoamento for-
Figura 1.3 Tubo piezométrico. çado em regime permanente a seção geométrica da
tubulação for constante e, conseqüentemente, a carga cinética
também, as linhas de energia e piezométrica serão paralelas,
portanto pode-se usar como referência a linha piezométrica.
C•p. 1 Coooen" "''"" D
Esta observação é importante nos escoamentos em superficies livres, em
que a linha de energia, geralmente, não é paralela à linha piezométrica, a não
ser no caso de escoamento rigorosamente permanente e uniforme. Nesta situ-
ação particular de escoamento permanente e uniforme em condutos livres, a
linha de energia é paralela à linha piezométrica, que é a própria linha d'água,
pois a pressão reinante é constante e igual à atmosférica, e é também parale-
la à linha de fundo do canal.

1.2.3 EQUAÇÃO DA ENERGIA EM TUBOS DE FLUXO Em um detennlnado escoamento sob


pressão, a cota piezométrica de uma
seção a jusante pode s er maior que a de
A Equação 1.11 foi desenvolvida ao longo de uma linha de corrente ide- urna seção a montante?
al. Em muitas aplicações da Engenharia não interessa o conhecimento das ca-
racterísticas do escoamento em determinados pontos ou mesmo em
determinada trajetória, mas sim seus valores médios em seções retas de tubos
de fluxo. Para uma veia líquida os valores de pressão, massa específica ou
carga de posição, em uma certa seção, não sofrem variações apreciáveis.
Porém devido à presença de fronteiras sólidas, existe uma distribuição
de velocidades por trajetórias, que pode se distanciar do valor médio V na
seção.
A
Desta forma a cada trajetória corresponde uma linha de energia, e inte-
ressa, do ponto de vista prático, definir uma linha de energia correspondente ~
ao escoamento na totalidade da seção, através do uso do valor médio da velo- v
cidade. Com relação ao p erfil de velocidade, através de uma área A, apresen-
tado na Figura 1.4, pode-se dizer que: Figura 1.4 Distribuição de velocidade
em uma seção.
A taxa de transferência da energia cinética (potência cinética) da mas-
sa global, tendo velocidade média V, vale:

E 1 V z -7 TEc t = 'YQV2
= -m - =-1 p AV3 (t' )
c
t
2 2g 2 (1.1 2)

3. Gustave-Gaspard Coriolis,
Para um elemento de área dA, em que a velocidade é v, a taxa de trans- engenhei ro francês, 1792-1843
ferência da energia cinética vale:

dE
c2
= -1 dmv 2 ~ dTEc2 = -1 p v3 dA -7T Ec2 =
2 2
f -21 p v dA
A
3 (")
11 (1.13)

A relação entre (ii) e (i) é chamada ''fator de correção da energia


cinética" ou coeficiente de Coriolis 3 e é dada por:
Cap. 1

(1.14)

A taxa de transferência (fluxo) da quantidade de movimento da massa


global, tendo velocidade média V, vale:

-> -> ->


Q =mV ---7T Q = p V 2 A (iii) (1.15)

Para um elemento de área dA, em que a velocidade é v, a taxa de trans-


ferência da quantidade de movimento vale:

4. Joseph Bousslnesq, matemático (1.16)


francês, 1642-1929

A relação entre (iv) e (iii) é chamada "fator de correção da quantida-


de de movimento" ou coeficiente de Boussinesq 4 , e é dada por:

(1.17)

Assim, a equação geral da energia para uma veia líquida, representada


pelas velocidades médias nas seções 1 e 2, torna-se:

12+ z +a vl2 = 12+ z, +a v; +~H , +L d(~V)


( 1.18)
Y I 2g Y - 2g L g dt

Para um escoamento laminar em um duto circular, em que o perfil de


velocidade é parabólico, o valor do coeficiente a é igual a 2,0 e do coeficiente
~igual a 4/3 (Problema. L la). Para o escoamento turbulento em uma seção cir-
cular em que a distribuição de velocidade se aproxima do valor médio, os
coeficientes de Coriolis e Boussinesq são, respectivamente, I ,06 e 1,02
(Problema.l.l b ).
Para as seções circulares, seja o escoamento laminar ou turbulento, mos-
tra-se que a relação entre o coeficiente de Coriolis e de Boussinesq é dada por:

a= 3 (~- 1) + 1 (1.19)
O coeficiente de Coriolis é particularmente mais importante nos es-
coamentos livres, nos quais a distribuição de velocidade em uma seção é me-
nos uniforme que no escoamento forçado com seção circu lar.

1.3 ANÁLISE DIMENSIONAL APLICADA AO ESCOAMENTO FORÇADO


O teorema fundamental da Análise Dimensional, conhecido como teo-
Considere o escoamento
rema de Vaschy-Buckingham ou teorema dos Tis, é o instrumento básico de bidimensional mostrado abaixo.
grande utilidade na Hidráulica experimental, e é enunciado da seguinte forma:
"Todo fenômeno físico representado por uma relação dimensional mente
homogênea de n grandezas físicas, na forma: F(G,, G2, ... Gk, ... Gn) =O, pode
ser descrito por uma relação de n - r grupos adimensionais independentes, SSi

<D(TI1, l12, ... Tin-r) =O, em que r é o número de grandezas básicas ou funda- Mostre que os fatores de correção da
energia cinética e da quantidade de
mentais necessárias para expressar dimensionalmente as variáveis G;." movimento valem, respectivamente,
o: = 2 e~= 4/3.
No caso particular da Hidráulica, o valor de r é, no máximo, 3, ou seja,
existem no máximo 3 grandezas básicas necessárias para descrever dimen-
sionalmente cada variável do fenômeno. Em geral, tais grandezas são: massa
(força), comprimento e tempo. Escolhendo como variáveis básicas (sistema
pró-básico) as grandezas Gk, G c Gm, cada grupo adimensional independente
é da forma:

n. =A- GCL'k Get2


1 1 I
Get3
m
G- 1

em que A; é um número puro, G;, uma grandeza do fenômeno diferente das


variáveis básicas e a;, expoentes a determinar, pela imposição de homoge-
neidade dimens ional na relação anterior, uma vez que 11; é um número puro.
Para melhor con sistência física da metodologia, o sistema pró-básico deve ser
constituído por uma grandeza c inemática (velocidade ou vazão), uma grande-
za dinâmica (massa específica) e uma grandeza geométrica característica
qualquer.
No fenômeno físico do escoamento de um líquido real, com velocida-
de média V, caracterizado pela sua viscosidade dinâmica ~ e massa específi-
ca p, através de uma tubulação circula r de diâmetro D, comprimento L e
coeficiente de rugosidade da parede E, a queda de pressão óp ao longo do
compri mento L pode ser tratada pelo teorema dos Tis, na forma:

óp = F (p, V, D , ~. L, E)

com n = 7 e r= 3, existem 4 grupos adimensionais independentes que descre-


vem o fenômeno na sua totalidade. Escolhendo para sistema pró-básico o temo
p, V, D, a aplicação do princípio da homogeneidade dimensional leva aos se-
guintes adimensionais:
Cap. 1

~p
0 1 = -pVz- --7 Número de Euler

pVD
s. Osborne Reynolds, engenheiro irlan-
dês, 1842-1912.
0 2 = - - --7 Número de Reynolds 5
f.!
0 3 = -f. --7 Rugosidade relativa
D
n 4 =~
D

Portanto, existe uma função adimensional na fotma:

A experiência mostra que a queda de pressão é diretamente proporcio-


nal à relação L/D, logo a expressão torna-se:

O fator de correção da energia


cinética tem a mesma unidade
da carga cinética?

A função entre parênteses pode ser levantada experimentalmente e re-


presentada pelo fator de atrito da tubulação f a ser discutido no próximo ca-
pítulo. Desta forma, a queda de pressão é dada por:

L
~P
2
= pf - V
D

e como ~p = y ~H e y = pg, vem :

L yz
~H= f--
D 2g (1.20)

em que o fator 2 foi introduzido para reproduzir a definição de carga cinética


6. Henri-Phillbert-Gaspard Darcy, enge- da equação da energia. A Equação 1.20, a ser analisada no próximo capítulo,
nheiro francês, 1803-1858, e Ludwig-
Julius Welsbach, engenheiro e pro- é a fórmula universal de perda de carga ou equação de Darcy-Weisbach, 6 de
fessor alemão, 1806-1871.
grande importância nos problemas de escoamentos. Deve-se observar que a
aplicação do teorema dos ns não fornece a expressão analítica da função
Cap. 1 CoooeHo• Básiooo [j
adimensional <I>, o que poderá ser conseguido, em cada caso particular, por teo-
ria ou experimentação.

1.4 VELOCIDADE DE ATRITO


Considere-se o escoamento de um fluido real, incompres-
sível, em regime permanente, através de uma tubulação circular
de diâmetro constante e área A. As forças que atuam sobre fluido __.,
X

são: forças de pressão, gravidade e cisalhamento devido ao atrito


com a parede da tubulação. O diagrama de forças, mostrado na
Figura 1.5, permite concluir que na condição de equilíbrio dinâ-
mico, na direção x, tem-se:
z,
(1.21 )
Figura 1.5 Equilíbrio de forças no escoamento per-
em que 'to é a tensão média de cisalhamento (tensão trativa mé- manenle.
dia ou tensão tangencial média) entre o fluido e o perímetro da
seção em contato com o fluido , P, o perímetro da seção e W, o
peso de fluido correspondente ao volume ocupado .
Como
z 2 - z1
senO=
L
e W = yAL, a Equação 1.21 fica:

(1.22)

que desenvolvida torna-se:

(1.23)

Observando, na equação anterior, que a diferença entre os dois primei-


ros termos é a perda de carga L'lH entre as seções 1 e 2 (regime permanente e
uniforme) e definindo como raio hidráulico, Rh, a relação entre a área A da
seção ocupada pelo fluido e o perímetro P da seção, em contato com o fluido,
parâmetro que reflete as dimensões e aspecto da seção reta do escoamento, vem:

(1.24)
Definindo como perda de carga unitária, J(mlm) =óH/L, a relação entre
a perda de carga .1H entre as seções I e 2 e o comprimento do trecho L , a equa-
ção precedente fica :

(1.25)

Esta expressão é válida tanto para condutos forçados quanto para con-
dutos livres, no escoamento uniforme, e tem emprego em Transporte de Sedi-
mentos e projetos de seções estáveis em canais. Em tubos de seção circular,
a tensão tangencial distribui-se uniformemente no perímetro e coincide com
o valor médio dado pela Equação 1.25. Em tubos de seção não circular e em
canais, a tensão tangencial tem distribuição não uniforme e 'to representa o seu
valor médio no perímetro molhado.
No caso particular do escoamento forçado em seção circular com diâ-
metro D, no qual a área ocupada pelo escoamento é a própria área da seção,
o raio hidráulico vale D/4. Deste modo, a Equação 1.24 leva a:

( 1.26)

que comparada com a fórmula uni versal de perda de carga, Equação 1.20, vem:

(1.27)

A Equação 1.27 pode ser escrita na forma:

(1.28)

Como o fator de atrito f é adimensional, o termo ~'t 0 /p tem dimensão


de velocidade sendo definido como velocidade de atrito ou velocidade de
cisalhamento, u. = ~'t 0 /P, e encontra aplicações e m áreas como turbulência,
distribuição de veloc idades em condutos forçados, estabilidade hidráulica de
fundo de canais etc. Deve ser observado que a velocidade de atrito engloba
somente a tensão de cisalhamento e a massa específica do fluido, e é definida
sempre pela mesma equação, independente do regime do escoamento ser
laminar ou turbulento e da parede da tubulação ser lisa ou rugosa.
Cop. 1 Coo,;too " "''"' [j
1.5 POTÊNCIA HIDRÁULICA DE BOMBAS E TURBINAS
Conforme foi dito nas observações sobre a Equação 1.11 a, a linha de
energia sempre decai no sentido do escoamento, a menos que uma fonte ex-
terna de energia seja introduzida. Turbinas e bombas são máquinas hidráuli-
cas que têm a função, respectivamente, de extrair ou fornecer e nergia ao
escoamento.
A aplicação do princfpio da conservação da energia ao escoamento per-
manente do sistema mostrado na Figura 1.6, no qual a máquina instàlada en- q__
tre as seções e (entrada) e s (saída) pode ser uma bomba ou uma turbina, resulta
em:

Hc ± emáq = Hs (1.29)
Figura 1.6 Máquina hidráulica em
uma tubulação.
em que He e Hs são energias por unidade de peso do fluido em escoamento
e emáq, a energia fornecida pela bomba (sinal +) ou consumida pela turbina
(sinal - ), dividida pela unidade de peso do fluido em escoamento.

Pela definição de potência total (fornecida ou consumida) como sendo


energia total por unidade de tempo, tem-se:

Emaq e máq · peso


Pot = -Llt- = Llt
= y Q e maq. (1 .30)

em que y Q é a vazão em peso através da máquina e Emaq, a energia total for-


necida ou consumida. Assim, a expressão geral da potência hidráulica da má-
quina é dada por:

( 1.3 1)

As cargas ou energias nas seções de entrada e saída serão a soma das


três parcelas de energia de que o fluido dispõe, isto é, H = p/y + z + a.V 2/2g.
Como a transformação de energia no processo não se dá em condições
ideais, sem perda de rendimento, a potência absorvida por uma turbina é in-
ferior à potência que ela recebe do escoamento, ao passo que a potência cedida
por uma bomba é superior à que o escoamento recebe.
Definindo como altura total de elevação da bomba a diferença de car-
gas do escoamento entre a saída e a entrada (H = Hs- He), como queda útil da
turbina a diferença de cargas entre a entrada e a saída (Hu = He- Hs) e como
11 o rendimento da transformação, nas condições do escoamento, têm-se:
·~~H~i~dr~á~ul~ic~a~B~á~si~ca~~C~a~p~.1~----------------------~----------------------------------------

• para as bombas: Pot = yQ(Hs -He) = yQH (1.32)


1l 1l

• para as turbinas: Pot=T]yQ (He -H s) = T]yQHu (1.33)

No caso particular da água, cujo peso específico é y = 9,8·10 3 N/m3, as


expressões acima, para Q(m 3/s) e H (m), tornam-se:

9,8·QH
• para as bombas: Pot = ( kW) (1.34)
1l

• para as turbinas: Pot = 9,8 ·11 Q Hu (k W) (1.35)

A unidade de potência normalmente utilizada, principalmente quando se


trata de bombas, é o cavalo-vapor, e a equivalência entre quilowatt e cavalo-
vapor é a seguinte:

1 kW = 1,36 cv
A aplicação da equação da energia aos problemas de escoamento em
geral deve ser feita sempre tendo em mente o traçado da linha de energia ou,
se for o caso, da linha piezométrica. Assim, é fundamental que se desenhe um
esquema do desenvolvimento destas linhas entre seções de interesse, principal-
mente quando no problema existe uma máquina hidráulica. Tal procedimento
pennite que não se aplique a equação da energia de forma abstrata, mas de modo
consciente, pelo acompanhamento gráfico das alterações energéticas.
No caso da existência, no sistema hi-
dráulico, que liga dois reservatótios de gran-
des dimensões e abertos para a atmosfera,
de uma bomba ou turbina, tais esquemas
gráficos são mostrados na Figura 1.7.
As relações entre as cotas dos níveis
H
d'água nos reservatórios de montante e
jusante (cotas piezométricas inicial e final),
a perda de carga total do sistema L'!H e as
T alturas características da bomba e da turbi-
na, pelo traçado das linhas de energia, são:
Figura 1.7 Instalação ele turbina (T) e bomba (B) em uma tubulação.
• para a bomba: H = Zj - Zm + ôHm + ôHj = Zj - Zm + ôH (1.36)

na qual a diferença de cotas topográficas, Zi- Zm, entre os níveis d 'água nos
reservatórios é chamada de altura geométrica de elevação.

• para a turbina : Hu = Zm - Zj - ôHm - ôHj = Zm- Zj- ôH (1.37)

em que a diferença de cotas topográficas, Zm- Zj, entre os níveis d'água nos
reservatórios é chamada de queda bruta. Em ambos os casos, ôHm e ôHi são
as perdas de carga, respectivamente, nas tubulações a montante e a jusante da
máquina.

EXEMPLO 1.1

Numa tubulação de 300 mm de diâmetro, água escoa em uma extensão


de 300 m, ligando um ponto A na cota topográfica de 90,0 m, no qual a pres-
são interna é de 275 kN/m 2, a um ponto B na cota topográfica de 75,0 m, no
qual a pressão interna é de 345 kN/m2 . Calcule a perda de carga entre A e B, o
sentido do escoamento e a tensão de cisalhamento na parede do tubo. Se a va-
zão for igual a O, 14 m 3 /s, calcule o fator de atrito da tubulação e a velocidade
de atrito.
Tendo a tubulação diâmetro constante, e sendo o escoamento permanen-
te, a carga cinética em qualquer seção será a mesma. Deste modo, a linha de
energia será paralela à linha piezométrica e a perda de carga pode ser calcula-
da como a diferença entre as cotas piezométricas das seções A e B. O sentido
do escoamento deverá ser condizente com os níveis de energia existentes nas se-
ções A e B ou, no caso em questão, com as cotas piezométricas naquelas seções.
A cota piezométrica em A vale (pA/y + ZA) e em B, (pn/y + zn), em que
p/y é a carga de pressão disponível, em metros de coluna de água, em cada
seção. Com os dados do problema, vem:

275 ·10 3 345 · 103


C.PA =( +90)=118,06m e C.P8 =( +75 )= 110,20m
9,8 .1Q·3 9,8 .JQ·3

Portanto, a perda de carga entre A e B será t.H = 11 8,06 - 110,20 =


7,86 m.
O sentido do escoamento será de A para B, pois C.PJ\ > C.Pn.
Pela Equação 1.26:
L\H = 4't 0 ~ ~ 't = 7,86 · 9,8 · 10
3
· 0,30 = ] 9 ,26 N/m2
y D o 4·300

Da definição de velocidade de atrito:

Para uma vazão Q = O, 14 m 3/s, a velocidade média é V = 1,98 m/s.


Da equação universal de perda de carga, Equação 1.20, pode-se deter-
minar o fator de atrito f, como:

L'lH = f~ ~ ~ f = 7,86 · 0,30 · 19,6 = O 039


D 2g 300 ·1,98 2 '

EXEMPLO 1.2

No estudo das bombas hidráulicas, consideram-se como principais gran-


dezas físicas que intervêm no fenômeno as seguintes:
a) massa específica do fluido: p;
b) rotação do roto r da bomba: ffi;
c) raio do rotor da bomba: R ;
d) diferença de pressões nas seções de entrada e saída : L'lp;
e) vazão pela bomba: Q;
f) potência necessária: Pot.
Determine os grupos adimensionais independentes que descrevem o fe-
nôme no físico.
Pelo teorema dos Ils, como o número de grandezas físicas envolvidas no
fenômeno é n = 6, para r = 3, existirão n - r = 3 gmpos adimensionais indepen-
dentes que descreverão o fenômeno. Escolhendo como variáveis fundamentais
(sistema pró-básico) o terno p, ro, R, os três adimensionais são da forma:
Cada uma das variáveis do fenômeno é expressa dimensionalmente, em
termos das grandezas bás icas, M, L e T, como na matriz dimensional abaixo:

p ú) R óp Q Pot
M I o o I o I
L -3 o I -1 3 2
T o -I o -2 -I -3

Os expoentes a ; , ~; e y; podem ser determinados, impondo a homoge-


neidade dimensional nas expressões dos grupos adimensionais, o que gera os
três sistemas de equações:

(coeficiente de pressão)

-o
r:~.
p,-
Q
ITz~ (Lf = (L]-~I+P3+3 . . ~2 =-1 rrz = - - 3 (coeficiente de vazão)
wR
(T]o =(Trp2-1 ~3 = -3

[M]o =[Mr'+'
rr3~ [L]o =[L]-3yl+y3+2 .. (coeficiente de potência)

Observe que o coeficiente de potência nada mais é que o produto dos


outros dois adimensionais, indicando, portanto, que os coeficientes de vazão
e pressão são os adimensionais independentes e mais importantes para o fenô-
meno. Tais resultados serão usados no Capítulo 5, que trata da utilização de
bombas hidráulicas.
B
Hid,áolloa "''''" Cop. i

EXEMPLO 1.3

Considere um sistema de bombeamento como o da Figura 1.7, no qual


uma bomba, com rendimento de 75%, recalca uma vazão de 15 1/s de água, do
reservatório de montante, com nível d'água na cota 150,00 m, para o reserva-
tório de jusante, com nível d'água na cota 200,00 m. As perdas de carga totais
na tubulação de montante (sucção) e de jusante (recalque) são, respectivamen-
te, ~Hm = 0,56 me ~Hj = 17,92 m. Os diâmetros das tubulações de sucção e
recalque são, respectivamente, O, 1.5 me O, 1Om. O eixo da bomba está na cota
geométrica 151,50 m. Determine:
a) as cotas da linha de energia nas seções de entrada e saída da bomba;
b) as cargas de pressão disponíveis no centro destas seções;
c) a altura total de elevação e a potência fornecida pela bomba.
a) Tomando como escala de pressões a pressão atmosférica (pressões re-
lativas), as energias disponíveis no iníc io e no fim da linha de ener-
gia do sistema serão os níveis d'água nos reservatórios. Pela equação
de Bernoulli aplicada à tubulação de sucção, calcula-se a cota da li-
nha de energia na entrada da bomba, como:
Zm = He + ~Hm ~ He = 150,00-0,56 = 149,44 m
Pela mesma equação aplicada à tubulação de recalque, determina-se
a cota da linha de energia na saída da bomba, como:
Hs = Zj + ~Hj ~ Hs = 200,00 + 17,92 = 217,92 m

b) Para uma vazão Q = 15 1/s, as velocidades médias nas tubulações de


sucção e de recalque valem, respectivamente, Vc= 0,85 m/s e Vs = 1,91
mls. As cargas cinéticas são, respectivamente, Ve2 /2g = 0,037 m e
2
Y5 /2g = 0,186 m. Com as energias disponíveis na entrada e na saí-
da da bomba, determinam-se as cargas de pressão disponíveis.

He =pe/Y + Zc + Ve /2g ~ 149,44 = Pe/Y+151,50 +0,037 :. Pe/Y = -2,097m


2

H. =ps/Y + Zs + Vs /2g ~ 217,92 = Ps/Y+151,50 +0,186 :. Pslr = 66,23 m


2

c) H= Hs- He = 217,92 - 149,44 = 68,48 m; e a potência fornecida


vale:

98
Pot = ' QH = 9•8 ·0,0lS· 68 •48 = 13 42 kW (18 25 cv )
'Tl 0,75 ' '
1.6 PROBLEMAS
~ Turbu lento
1.1 Determinar a relação entre a velocidade média V e a máxima Vmáx e os
.~
coeficientes de correção a de Coriolis e~ de Boussinesq, em um conduto cir-
cular em que se produz: R

a) escoamento laminar cuj a distribuição de velocidades segue a lei


parabólica: Figura 1.8 Problema 1. 1

b) escoamento tu rbulento em tubos lisos, cuja distribuição de velocida-


des segue a lei da potência 1/7 de Prandtl :

1/7 1!7
V = Vmáx ( 1- ~) Vmáx ( { )

Em ambos os casos Vmáx é a velocidade no eixo do tubo; R o raio do


mesmo; y = R - r, a distância da parede ao ponto de velocidade v.
a)[ V /vmnx = I /2 ; a = 2 ; ~ = 4/3 ]
b)[ V/vm:íx = 49/60 ; a= I ,06 ; ~ = I ,02]

/ O diâmetro de uma tubulação que transporta água em regime permanen-


te, varia gradualmente de I 50 mm , no ponto A, 6 m acima de um referencial,
para 75 mm, no ponto B, 3 m acima do refe rencial. A pressão no ponto A vale
103 kN/m 2 e a velocidade média é 3,6 m/s. Desprezando as perdas de carga,
determine a pressão Iio ponto B.
[ po = 35,2 kN/m 2 ]

-M. Um determinado líquido escoa, em regime permanente, através de uma


tubulação horizontal de O, I 5 m de diâmetro e a tensão de cisalhamento sobre
a parede é de I O N/m 2 . Calcule a queda de pressão em 30 m desta tubulação.
[ ~p = 8,0 kN/m 2 ]

1.4 Um tubo de 150 mm de diâmetro e 6 m de comprime nto é conectado a


um reservatório de grandes dimensões (nível d'água constante), inicialme nte
cheio até uma altura h =3 m e aberto para a atmosfera. Na extremidade de jusante
existe uma válvula de abe1tura rápida, fechada. Desprezando todas as perdas de carga,
detennine a vmiação temporal da velocidade na saída do tubo, V 2 (t), quando a vál-
Cap. 1

(i) N.i\ vula for instantaneamente aberta e a água escoar para a atmosfera.
:. -:::-_-_-:-_-:-:::-:-:---- Faça um gráfico de (V2 x t) nos primeiros 5 segundos do escoamen-
E
E to. Despreze a velocidade da água no reservatório, exceto na região
h=Jm
11
imediatamente a montante da entrada do tubo. Sugestão : aplique a
o Equação 1.11 entre os pontos 1 e 2 em que a pressão é atmosféri-
i
. - ... ,.·,·. ..... I w ·w ca, com <'lHt z =O .
L=6m
[V2(t) = 7,67 tgh (0,639 t), em que tgh significa tangente hiperbólica]
Figura 1.9 Problema I .4.
1.5 A vazão Q de um líquido através de um pequeno orifício em
uma tubulação depende do diâmetro do orifício d, do diâmetro da
tubulação D , da diferença de pressão <'lp entre os dois lados do
orifício, da massa específica p e da viscosidade absoluta ).1. do líquido . Mostre,
u sando o teorema dos ITs, que a vazão pode ser exp ressa por:

1.6 Um vertedor triangular é uma abertura feita em uma placa de metal ou


madeira, co locada verticalmente na seção reta de um canal aberto. A água do
canal é forçada a escoar pela a bertura do vertedor. A vazão medida pe lo
vertedor é função da elevação (carga) H da corrente a montante do vertedor,
medida acima da soleira, da aceleração da gravidade g, do ângulo de abertu-
ra do triângulo a e da velocidade de aproximação da água para o vertedor Ya;
esta última variáve l Ya, é algumas vezes desprezível. Determine, usando o
teorema dos ITs, a equação da vazão Q em função das demais variáveis.

;1/1 D etermine a tensão tangencial média sobre o fundo de uma galeria de


(A'guas pluviais de 1,O m de diâmetro, escoando uma certa vazão em regime per-
manente e un iforme, a meia seção, isto é, com altura d'água igual a 0,5 m, com
decli vidade de fundo igual a lo = 0,001 m/m. Observe que, pela definição de
raio hidráulico, a linha d'água em contato com a atmosfera não faz parte dope-
rímetro molhado e que, se o escoamento é permanente e uniforme, a perda de
carga unitária J(m/m) é igual à declividade de fundo l 0 (m/m).
[•o = 2,45 N/m2]
Cap. 1 Con"n" Bá•<o• lj
1.8 Em um ensaio em laboratório, uma tubulação de aço galvanizado com
50 mm de diâmetro possui duas tomadas de pressão situadas a 15 m de distân-
cia uma da outra e tendo uma diferença de cotas geométricas de I ,O m. Quando
a água escoa no sentido ascendente, tendo uma velocidade média de 2,1 m/s,
um manômetro diferencial ligado às duas tomadas de pressão e contendo
mercúrio acusa uma diferença manométrica de O, I 5 m. Calcule o fator de atrito
da tubulação e a velocidade de atrito. Dado: densidade do mercúrio dr = 13,6.
[f= 0,028; u.= 0,124 m/s]

1 .~ Em um canal aberto de seção reta triangular, com inclinação dos lados


~ai a 45°, escoa uma certa vazão em regime pe1manente e uniforme. A altu-
ra d'água é igual a I ,O m c a declividade de fundo, lo = 0,002 m/m. Determi-
ne a velocidade de atrito média na seção. Sugestão: relembre o conceito de raio
hidráulico.
[u. = 0,0833 m/s]

~ Quando água escoa em uma tubulação horizontal de 100 mm de diâ-


metro, a tensão de cisalhamento sobre a parede é de 16 N/m2 . Determine a per-
da de carga unitária na tubulação e a velocidade de atrito.
[J = 0,065 m/ m; u. = O, 126 m/s]

Vf Bombeiam-se O, 15 m3/s de água através de uma tubulação de 0,25 m


de diâmetro , de um reservatório aberto cujo nível d'água mantido constante
está na cota 567,00 m. A tubulação passa por um ponto alto na cota 587,00 m.
Calcule a potência necessária à bomba, com rendimento de 75%, para manter
no ponto alto da tubulação uma pressão disponível de 147 kN/m2 , sabendo que,
entre o reservatório e o ponto alto, a perda de carga é igual a 7,5 m.
[Pot = 84,23 kW (114,55 cv)]

~ Entre os dois reservatórios mantidos em níveis constantes, encontra-


se uma máquina hidráulica instalada em uma tubulação circular com área igual
a 0,01 m2 . Para uma vazão de 20 Us entre os reservatórios, um manômetro co-
locado na seção B indica uma pressão de 68,8 kN/m2 e a perda de carga entre
as seções De C é igual a 7,5 m. Dete1mine o sentido do escoamento, a perda de
carga entre as seções A e B, as cotas piezométricas em B e C, o tipo de máqui-
na (bomba ou turbina) e a potência da máquina se o rendimento é de 80%.
~~H~id~r~áu~li~ca~B~a~·s~ic~a~C~a~p~.~1--------------------------------------------------------------
[A~D; ó.HAu = 2,796 m ; CPs =7,0 m;
CPc =9,29 m; Bomba;
Pot = 0,563 kW (0,766 cv)]

Figura 1.1 O P roblema I . 12.


~ A vazão de água recalcada por uma bomba
é de 4500 1/min. Seu conduto de sucção, horizontal ,
tem diâmetro de 0,30 m e possui um manômetro
diferencial , como na Figura 1. 11. Seu conduto de saída, horizontal,
tem diâmetro de 0,20 me sobre seu eixo, situado I ,22 m acima do
precedente, um manômetro indica uma pressão de 68,6 kPa. Supondo
o rendimento da bomba igual a 80%, qual a potência necessária para
realizar este trabalho. Dado: densidade do mercúrio dr = 13,6.
[Pot = I 0,26 kW (13,95 cv)]

Figura 1.11 P roblema 1.1 3. 1.14 A Figura 1 .12 mostra o sistema de bombeamento
de água do reservatório R, para o reservatório Rz, através
de uma tubulação de diâmetro igual a 0,40 m, pela qual es-
coa uma vazão de 150 1/s com uma perda de carga unitá-
tia J = 0,0055 mim. As distâncias R ,B , e B1R2 medem,
respectivamente, 18,5 m e 1800 m . A bomba B 1 tem po-
tência igual a 50 cv e rendimento de 80%. Com os dados
OOm da Figura 1.12, determine:
a) a que distância de B , deverá ser instalada Bz para que a
carga de pressão na entrada de Bz seja igual a 2 mH2 0 ;
b) a potência da bomba Bz, se o rendimento é de 80%, e a
carga de pressão logo após a bomba. Despreze, nos dois
Figura 1.12 Problema 1. 14.
itens, a carga c inética na tu bulação.
a) [x = 527,3 m]
b) [Pot = 22,06 kW (30 cv); p2/y = 14,0 mHzO]
2 27

._

ESCOAMENTO UNIFORME EM TUBULAÇÕES

2.1 TENSÃO TANGENCIAL Grandes turbilhões têm pequenos turbilhões


Que se alimentam de sua velocidade,
O fator de a trito e ntre o líquido e a parede da tubulação, definido no E pequenos turbilhões têm
turbilhões ainda menores,
capítulo anterior, reflete o processo irreversível de transformação de parte da E assim por diante, até a viscosidade.
energia do escoame nto em calor. Este processo de conve rsão pode ocorrer [Lew is P. Ri chardson]
através de três caminhos:
1. Desenvolvime nto de te nsões cisalhantes entre camadas adjacentes de
líquido, e m um escoame nto caracterizado por valores peque nos do
número de Reynolds e definido como escoamento laminw:
2. Geração de um processo vorlicoso turbulento, no qua l parte da ene r-
gia do escoamento é utilizada para criação, desenvolvimento e colap-
so dos vó rti ces, e conseqüente diss ipação por atrito viscoso e ntre
partículas adjacentes . Tal vortic idade é resultado do contato e ntre
regiões do escoame nto com líqui do e m mov imento rápido e regiões
com líquido e m m ovime nto lento ou estagnado na camada lim ite
laminar, ou mesmo e m zonas de separação do escoamento. Tal escoa-
mento, em que a perda de carga ocorre dessa maneira, é classifica-
do como escoamento turbulento.
3. Uma combinação entre os processos laminar e turbule nto, anteriormente
de finidos, de dissipação de e nerg ia é chamada de escoomento tmnsi-
cional. Este tipo de escoamento é instável, li mi tado a uma faixa estreita ·
de baixos núme ros de Reyno lds, sem interesse prático, principalmente
em se tratando da água cuja viscosidade é baixa, o que leva a maioria
dos escoame ntos nas tubulações comuns a sere m turbule ntos.
No processo de di ssipação ele e nergia, a distri buição de velocidade em
cada seção da tubu lação é importante. Se, por hipótese, um escoamento se
desse com uma di stribui ção de velocidade rigo rosamente uniforme, não have-
ria tensões tangenc iais e ntre partículas adjacentes e, portanto, não haveria perda
de energia. Entretanto, pelo princípio da aderência, as partículas imed iatamente
adjacentes às fronteiras sólidas estão imóveis, resultando e m um diferencial de
velocidade entre elas e as viz inhas, que se propaga para toda massa fluid a em
EJ HidcáoBoa Bá;;ca Cap. 2

escoamento. E ste diferencial de velocidade cria tensões tangenciais e dissipa


energ ia por atrito de escorregamento ou geração de turbulência.
Em um conduto retilíneo, em uma seção afas tada de alguma singulari-
dade, no qual o escoamento é dito desenvolvido, isto é, em que o perfi l de
velocidade é estável, há uma relação direta entre a variação da tensão tangencial
e tal perfil, seja no escoamento laminar ou turbulento .
A análise desenvolvida no capítulo anterior, que resultou na Equa-
ção 1.26, pode ser aplicada de modo semelhante a um tubo de corrente

L~ H~ Rkl' t·---~
qualquer, de raio r concêntrico com o tubo cilíndrico, em um escoamento
permanente, como na Figura 2. I .
De sta fonna, a Equação I .26 pode ser escrita como :
L

Figura 2.1 Disttibuição de tensões em um tubo


circular.
't y~Hd = ( y~Jr (2.1 )
4L 2L

A equação precedente mostra que, independente do escoamento na tu-


bulação ser laminar ou turbulento, a tensão de cisalhamento varia linearmente
com a distância r da linha central ao ponto de interesse.
Desde que para r= R tem-se 't = 'ta, a seguinte relação pode ser deter-
minada:

(2 .2)

2.1.1 ESCOAMENTO LAMINAR


No caso do escoamento laminar, em que predominam os esforços visco-
sos, a tensão tangencial pode ser expressa pela lei de Newton da viscosidade,
válida para os líquidos nos quais há proporcionalidade entre tensão e o gradi-
ente de velocidade, que é o caso da água.

dv dv
dy
't=!J.- = -!1 -
dr (2.3)

em que v é a velocidade no ponto a uma distânc ia y da parede da tubulação ou


r da linha de centro do tubo. Igualando as Equações 2 .1 e 2.3 e fazendo a
integração entre um ponto qualquer do perfil, n o qual a velocidade é v e a
distância é r, até a parede do tubo, em que r = R e v = O, obtém-se:
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

y ôH dVJO IRy ôH y ôH 2 2
- - r = - j..l - ~ dv =- - - r dr~v = - - ( R -r ) (2.4)
2L dr v r 2Lj..L 4Lj..L

A Equação 2.4 mostra que o perfil de velocidade em um tubo circular


em que o escoamento é laminar é um parabolóide de raio R. Na linha de cen-
tro com r = O, a velocidade é máxima, assim o pe1fil pode ser representado de
forma mais conve niente por:

[~-(~)
2
_v =
R
] em que v m,lx ôH
, = y411 LR
2
(2.5)
vmáx 1-"

Como a velocidade mais representativa da seção é a velocidade média, a


relação entre a velocidade máxima Vmáx e a velocidade média V pode ser deter-
minada pela aplicação da equação da continuidade no regime petmanente:

R
Q= Jv dA = Jv2nrdr = VnR 2 (2.6)
A O

Utilizando a Equação 2.5 e desenvolvendo a integração, chega-se a:

(2.7)

Resultado importante que j á fora antecipado no Problema 1.1.


Desta forma, no regime laminar tem-se a seguinte relação entre os
parâmetros da tubulação e do líquido e a perda de carga ôH:

yôH 2
vmáx = - - R = 2V (2.8)
4j..LL

Da equação anterior, o valor da perda de carga pode ser comparado com


a fórmula universal de perda de carga, Equação 1.20, para determinar o valor
do fator de atrito f no regime laminar, como segue:

ôH = 8 j..LLV = 32 j..LLV
(2.9)
yR2 yD 2
1. Gotthilf Ludwig Hagen, engenheiro
Equação que foi obtida experimentalmente em 1839 por Hagen 1 e, um
alemão, 1797- 1884. ano mais tarde, teoricamente por Poiseuille, 2 sendo conhecida como fórmula de
Hagen-Poiseuille.
2. Jean-Louis Marie Poiseuille, fislolo-
glsla francês, 1799-1869. Assim, igualando a Equação 1.20 à Equação 2.9, vem :

f = 64!-l : . f =~ (2.1 O)
pVD Rey

Resultado importante que mostra que, no escoamento laminar, o fator de


atrito só depende do número de Reynolds, indepe ndendo da rugosidade da
tubulação, como será di scutido adiante . Esta relação, que tem sido comprova-
da experimentalmente é válida para Rey ~ 2.300.

2.1.2 ESCOAMENTO TURBULENTO


O escoamento laminar, pela própria natureza física do processo de trans-
ferência individual de moléculas entre lâminas adjacentes do es~oamento,
petmite um tratamento analítico da tensão de cisalhamento e, conseqüentemen-
te, do fator de atrito, com comprovação experimental. No escoamento turbu-
lento, são agrupamentos de moléculas animadas de velocidade de perturbação
que se transportam, de forma caótica, para camadas adjacentes do fluido , pro-
duzindo forças tangenciais de muito maior intensidade.
Pe lo princípio da aderê ncia, uma pa rtícula fluida em contato com a
parede do tubo tem velocidade nula e existe uma camada delgada de fluido,
adjacente à parede, na qual a flutuação da ve locidade não atinge os mesmos
valores que nas regiões distantes da parede. A região onde isto acontece é
chamada de subcamada limite laminar e caracteriza-se por uma variação pra-
ticamente linear da velocidade na direção principal do escoamento. A parti r da
subcamada limite laminar, desenvol ve-se uma pequena zona de transição e, a
seguir, nas regiões mais distantes da parede, o núcleo turbulento, que ocupa
praticame nte toda a área central da seção .
A teoria da camada limite mostra que a espessura oda subcamada limite
pode ser calculada por:

0
= 11,6v (2.1 I)
u.

em que u. é a velocidade de atrito e v a viscosidade cinemática do fluido.


Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

No caso em que as rugosidades da parede da tubulação E estão totalmente


cobertas pela subcamada limite laminar, tem-se:

~ ( 5 Escoamento turbulento hidraulicamenze liso


v

Para a s ituação em que as asperezas da parede afloram a subcamada


limite laminar, alcançando o núcleo turbulento e gerando fontes de turbulência,
[em-se:

u · E ) 70 Escoamento turbulento hidraulicamente rugoso


v
Na condição intermediária, e m que apenas as asperezas maiores
transpassam a subcamada limite laminar, alcançando o núcleo turbulento, fica:

Escoamento turbulento hidraulicamente misto


ou de transição No escoamento laminar através de
uma tubulação circular a variação
u. E da vazã o é inversam ente proporcio·
nal à viscosidade do l fquldo?
O termo - - é chamado de número de Reynolds de rugosidade.
v
O escoamento turbu le nto, como o que ocorre e m um jato de água, no
interior da carcaça de uma bomba hidráulica ou mesmo em grandes turbilhões
e m um rio, é caracterizado por uma constante flutuação da velocidade, devi-
do à inerente instabilidade do escoamento. Analisando-se a situação pontual da
velocidade em um escoamento turbulento, pode-se imaginar, em cada direção
x, y e z, que as velocidades instantâneas são afetadas pela existência de uma
esfera de perturbação, correspondente aos valores assumidos aleatoriamente
pela velocidade de perturbação, conforme a Figura 2.2. Figur a 2.2 Esfera de perturbação
Desta forma, a velocidade instantânea V em um escoamento turbulen-
to pode ser considerada como a soma de duas parcelas, a velocidade média
temporal e a velocidade de petturbação.

T
v = V+ v', com V constante e J v'dt = O,
o

para o intervalo de te mpo (0, T), assumido.


Daí resulta que a velocidade média temporal pode ser calculada por:
.=... 1 T -
V =- Jvdt (2.12)
T o

Em coordenadas cartesianas, têm-se:

Vx = Vx + vlx
1
Vy =Vy + V y (2.13)
Vz = Vz + vlz

v O registro pontual do componente, na direção x, da ve locidade instan-


tâne a no escoamento turbulento, utilizando téc nicas de laboratóri o c omo
anemômetro de fio que nte ou ve locimet:ria a laser, tem o aspecto apresentado
na Figura 2.3, em que n ão ex iste nenhum padrão de regul aridade , seja na
amplitude ou no pe ríodo.
Deve-se obser var que, se a velocidade médi a temporal é cons tante,
e mbora as velocidades instantâneas variem com o tempo, este escoamento é
T definido como permanente .
Figura 2.3 Flutuação da velocidade Ao contrário do escoamento laminar, no qual a tensão tangencial depende
de perturbação
de uma proptiedade do fluido, a viscosidade, no escoamento turbulento, segundo
m odelo proposto por Bou ssinesq, a tensão tangencial é dada por:

dv
't t = 11dy (2. 14)

em que 11 chamada de viscosidade de redemoinho ou viscosidade de turbulência,


é uma propriedade do escoamento e não somente do fluido, e depende, predo-
minantemente, da intensidade da ag itação turbulenta, variando de ponto a ponto
no escoamen to. Por causa da natureza aleatória do movimento das partículas
de f luido, os valores de 11 são muito maiores que IJ.. Devido à s implicidade do
modelo e sua analogia com o caso laminar, a Equação 2.14 é utilizada no estudo
da turbulência, embora não descreva satisfatoriamente a fenomenologia envol-
vida.

2.2 COMPRIMENTO DE MISTURA DE PRANDTL - DISTRIBUIÇÕES DE


VELOCIDADE
Sendo v x e v y as velocidades de perturbações das partículas flu i-
I I

das, devido à turbulência, paralela, respectivamente, à direção do escoamento mé-


Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

dio e nmmal a esta direção, para duas camadas de


y L ·-: -· - Vx'

. ~~
fluido em movimento relativo, uma sobre a outra,
como na Figura 2.4, o seguinte raciocínio pode ser
desenvolvido.
Havendo um fluxo de massa perpe ndicular
ao escoamento médio, dado por p v' Y dA , através ~'9$$1~%%)1\W.
da área eleme ntar dA, a apl icação do teorema da F igura 2.4 Tensão instantânea de cisalhamento turbulenta.
quantidade de movime nto na direção x permite
determinar a força tangencial instantânea que se
desenvolve entre as camadas, como:

e conseqüentemente a tensão instantânea de cisalhamento turbu le nta.

(2. 15)

Os termos da forma p v ,' v Y' são chamados de tensões de Reyn.olds.


Em 1925, Prandti,3 formulando a hipótese de que as velocidades de per-
3. Ludwig Prandtl, engenheiro e profes-
turbação apresentam a mesma ordem de grandeza, isto é, turbulência isotrópica, sor alemão, 1875-1953.
propôs que pequenos agregados de partículas são transportados pelo movimento
turbu le nto até uma certa di stâ nci a média e, entre reg iões com velocidades
y
diferentes. Em ana logia ao conceito de livre caminho médio molecu lar da te-
oria dos gases, Prandtl c hamou essa distância de comprimento de mistura, e
sugeriu que a variação de velocidade sofrida por uma partícula que se desloca
pelo comprimento de mistura é proporcional a edv/dy, em que v é a velocidade I
I

média no ponto e y, uma ordenada norma l a v, comumente medida a partir de ----T---~--c-~I I


I I
um contam o sólido, como na Figura 2.5 . y
I I

L_jtdv/dy
Desta hipótese, as velocidades de perturbação serão: I
I
I
I

e -dv F i gura 2.5 Comprimento médio de


v 1
::,;v 1
oc
mi stura turbulenta.
X y dy

Substituindo na Equ ação 2. 15 e incorporando em e o fato r de propor-


cionalidade, fica:

(2. 16)
No escoamento laminar a relação
' ' (dv/dy) depende do escoamento?
Cap. 2

Na equação anterior, .e é uma função desconhecida de y e, portanto, da


mesma forma que a viscosidade turbulenta 11, é função de posição.
4. Theodor von Kármán, físico húngaro-
Com base em condições de semelhança e estatística entre perfis deve-
american o, 1881-1963. locidades na turbulência, von Kármán 4 propôs a seguinte relação para o com-
primento de mistura:

(2.17)

em que K é uma constante universal (adimensional) característica de todo


movimento turbulento, com valor experimental de cerca de 0,38, para a água
limpa, e usualmente assumida como 0,40, c hamada de constante de von
Kármán. O valor desta constante pode variar consideravelmente em escoamen-
tos carregados de sedimentos.

O comprimento de mistura de Prandtl 2.2.1 LEI DE DISTRIBUIÇÃO UNIVERSAL DE VELOCIDADE


é uma constante universal?
Para deduzir matematicamente os perfis de velocidade para os escoamen-
tos turbulentos, a partir do conceito de comprimento de mistura, recone-se a
três hipóteses formuladas por Prandtl, que, embora não sejam totalmente con-
vincentes, têm demonstrado sua validade quando o resultado teótico é compa-
rado com as verificações experimentais. As hipóteses para a determinação dos
perfis de velocidade são:
a) Supõe-se que o esforço cortante na região do núcleo turbulento seja
igual ao que se desenvolve na parede do tubo.
b) O esforço cortante que predomina é o turbulento, dado pela Equação
2. 16.
c) Como nas prox imidades da parede as velocidades de perturbação
tendem a zero, há uma variação linear do comprimento de mistura
com a distância y da parede, dada por f. =Ky.
Com essas hipóteses, pode-se escrever, a partir da Equação 2. 16,

2 2 dv 2
't 1 = 't o= PK Y (-) ---)
fio
-
dv dv u. dy
= K y----) u. = KY ----) - - = dv
dy p dy dy K y

que após integrada resulta em :

v 1
- = - ln y+C (2. 18)
u. K
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações 35

A Equação 2.18 é válida tanto para escoamento turbulento bidimen-


sional, quanto para escoamento com assimetria axial em tubulações. As con-
dições de contorno para escoamento em tubulações circulares de raio R são:
• Se y = R, tem-se Vmáx;
• Se y = O, v = O; logo,

v I v 1
~= - lnR+C-7 C=~-- lnR
u. K u. K

que substituída na Equação 2.18, fica:

vmáx - v =_!_ In R (2.19)


u. K y

Para K = 0,40, a Equação 2.19 apresenta boa concordância com valores


experimentais em tubos lisos e rugosos, assim:

v
m:l>
- v
= 2,5 In -R (2.20)
u. y

A Equação 2.20 é conhecida como Lei universal de distribuição de ve-


locidade, e é válida para tubos lisos e rugosos.
Derivando-se a Equação 2.18, com K = 0,40, tem-se dv/dy = 2,5 u.ly,
o que leva aos seguintes resultados: no centro do tubo, y = R e o valor do
gradiente dv/dy deveria ser zero, pois v = Vmáx, porém a última relação forne-
ce um valor finito; para y =O, o gradiente dv/dy toma-se infinito, o que resulta
evidentemente impossível. Apesar dessas impropriedades matemáticas, a teo-
ria proposta por Prandtl não invalida as aplicações práticas da Equação 2.20.
Utilizando-se o conceito de velocidade média V em uma seção e inte-
grando-se a Equação 2. 18, tem-se:

R R
Q = V 1t R 2
=fv dA f v 2 =:= 7t r dr
o o

em que r= R - y, portanto:
R
Vn:R 2 = f(2,5u. ln ( R -r)+Cu. ]2n:rdr
o

expressão que desenvolvida leva a:

v
- = 2,5lnR + (C - 3,75) (2 .21)
u,

Equação que representa a velocidade média em uma tubulação. lisa ou


rugosa, de raio R.

2.3 EXPERIÊNCIA DE NIKURADSE


Em 1933, J. Nikuradse publicou os resultados de um trabalho experimen-
tal para a detenninação do fator de atrito em tubulações circulares. Os ensaios
foram realizados com tubos lisos cuja parede interna foi revestida com grãos
de areia, sens ivelmente esféricos, de granulometria controlada, criando assim
uma rugosidade uniforme e artificial de valor f:, correspondente ao diâmetro do
grão de areia. Desta forma, pode-se levantar, para os escoamentos turbulentos,
as relações entre o fator de atrito f, o número de Reynolds, Rey, e a rugosidade
relativa artific ial, E/D. Embora o tipo de rugosidade usado nestes ensaios seja
diferente da rugosidade encontrada em tubos comerciais, em última análise
conseqüência do processo industrial, o diâmetro do grão de are ia é facilmente
mensurável e o método serve para verificar, no fenômeno, o efeito da ru-
gos idade, da subcamada limite laminar e da tu rbu lência, representada pelo
número de Reynolds.
O gráfico da Figura 2.6, chamado Harpa de Nikuradse, representa um
resumo dos resultados dos testes, e permite uma anál ise fenomenológica das
ci nco regiões apresentadas.
a) Região I - Rey < 2300, escoamento laminar, o fato r de atrito in-
depende da rugos idade, devido ao efeito da subcamada limite laminar
e vale f = 64/Rey.
b) Região II- 2300 < Rey < 4000, região crítica onde o valor de f não
fica caracterizado.
c) Região III - curva dos tu bos hidraul icamente lisos, in fluência da
subcamada limite laminar, o fator de atrito só depende do número de
Reynolds. Escoamento turbulento hidraulicamente liso .
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

d) Região IV - transição entre o escoa- f 0,1


0,09 ZONA DE TRANSIÇAO -
ZONA COM PLETAMENTE
RUGOSA I ) RU SA V)
mento turbulento hidraulicamente liso 0,08
\ i''
e rugoso, o fator de atrito depende 0,07 ' ' .-.: :\ I
simultaneamente da rugosidade rela- 0,06 • 30
tiva e do número de Reynolds.
[\-_ i'-- ~ ' I
0,05 ... ..... 6fT
""' ·~
~ ~ ...

e) Região V - turbulência completa, es- 0,04 \ ~ -1 .. ~:....... ~· ~


I

coamento hidraulicamente rugoso, o


0,03
\d 1:11 .._..,
,QjiiJ '
TIO
I
fator de atrito só depende da rugo- 252
sidade relativa e independe do núme-
ro de Reynolds.
LAMINAR (!}- ~ """ ~
j"a,
~ ~ 504
I

I
0,02
'I>QJ ~~ foT4
Deve-se observar na figura que a série de
curvas, para cada rugos idade relativa, se des-
~
prende da curva dos tubos lisos à medida que
(li)
LISO (111) J f',

o número de Reynolds vai aumentando, ou 0,0 1 1111 - lO.


5 lO . 2 5 lO' 2 lO' 2
seja, um tu bo p ode ser hidraulicamente liso Rey
para Reynolds baixos e hidraulicamente mgo-
so para Reynolds altos. Isto se deve ao fato de Figura 2.6 Harpa de Nikuradsc.
que, à medida que o número de Reynolds c res-
ce, aumenta a turbulência e o transporte de quantidade de movimento e ntre
regiões do escoame nto, diminuindo a espessura da subcamada limite laminar
e expondo as asperezas da parede da tubulação ao núc leo turbulento do escoa-
5. Paul Rlchard Heinrich Blasius, pro·
mento. tessor alemão, 1883· 1970.

A curva limite dos tubos hidraulicamente lisos pode ser representada, na


faixa 3000 < Rey < I 0 5 , por uma expressão conhecida como fórmula de
Blasius, 5 dada por:

f= 0,316
(2.22)
Rey o.2s

A fórmula de Blasius, a despeito da simplicidade, ajusta-se bem a resul-


tados experimentais em tubos lisos, como de P.V.C., na faixa de R eynolds
considerada.

2.4 LEIS DE RESISTÊNCIA NO ESCOAMENTO TURBULENTO


Do ponto de vista prático, as leis de distribuição de velocidade, em qual-
quer tipo de regime, permitem o cálculo da resistência oferecida ao fluido pela
superfície sólida que o cerca. Tanto no escoamento forçado quanto no livre, tal
resistência se traduz em perda de energia, sendo então parâmetro fundamental nos
problemas de transporte de líquidos. O fator de atrito torna-se o e lemento bási-
co na análise dos vários tipos de problemas em escoamentos.
2.4.1 TUBOS LISOS
A Equação básica 2.20, para um tubo de raio R, pode ser escrita como:

.!.___ = Vmáx + 2,5 In]_ (2.23)


u. u. R

Multiplicando e dividindo o logaritmando por u. v e desenvolvendo, fica:

.!.___ = vmáx + 2 5 In -v-+ 2 5 In yu.


u. u. ' R u. ' v

Os ensaios de Nikuradse, em tubos lisos, mostraram que a soma dos dois


primeiros termos do lado direito da equação anterior é praticamente constante
e igual a 5,5, portanto:

.!.___ = 55 + 2 5 ln y u. (2.24)
u. ' ' v

Como, pela Equação 2.18, tem-se:

v y u. u
- = 5,5 + 2,5ln- = 2,5lny +C -7 C= 5,5 + 2,5 1n - *
u. v v

que substituída na Equação 2.21, torna-se:

:!.___ = 2,5 In u. R + 1,75 (2 .25)


u. v

equação que permite a determinação da velocidade média V em um tubo de


parede lisa, no escoamento turbulento.
Da definição de velocidade de atrito, Equação 1.28, pode-se escrever:

(2.26)

que substituída na Equação 2.25, torna-se:


Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações 39

1 u. R
-.Jf = O,884Jn -v- +O,618 (2.27)

observando que:

2 V u . R _ V D u. _ Re y ~
-u. R
- -_ - - - - - - -- - - - -
v 2V v v 2V 2 8

substituindo na Equação 2.27 e transfotmando-se em logaritmo decimal, tem-se:

Jr = 2,035 log( Rey.Jf)- 0,9 13 (2.28)

Esta equação, que no plano (1/.ff) versus Jog (Rey .ff) é representada
por uma reta, tem concordado bem com resultados experimentais de vários au-
tores, com um pequeno ajuste nos termos numéricos, na forma:

1
Jf = 2 log (Re y Jf) - 0,8 ou _1 =2lo ( Rey.ff) (2.29)
.ff g 2,5 1

u. E < 5, correspond ente a Re y Jf


para -v- E < 14, 14
0 1

2.4.2 TUBOS RUGOSOS


Na faixa de núme ros de Reynolds elevados, em que o escoamento é
hidraulicamente rugoso, o efeito do atrito é preponderantemente influenciado
pelo tamanho e a configuração da aspereza da parede da tubulação, visto que
a ruptura da subcamada limite laminar toma as tensões tangenciais viscosas
negligenciáveis. Reescrevendo a lei básica de distribuição de velocidade, Equa-
ção 2.20, pela introdução da variável E, rugosidade absoluta equivalente da
tubulação vem:

v v y v E y
- =~ + 2,5 In - = _...Jl!!!_ + 2,5 In - + 2,5 Jn- (2.30)
u. u. R u. R E
tJ HWá"Uoa Báoica Cap. 2

Os ensaios de Nikuradse demonstraram que a soma dos dois primeiros


termos do segundo membro dessa equação petmanece constante e igual a 8,48 ,
o que torna:

.:!.___= 8,48 + 2,5 ln ]_ (2.31)


u. E

Comparando-se a Equação 2.18, com K = 0,40, com a Equação 2 .3 1,


chega-se ao valor da constante de integração na forma: C = 8,48 - 2,5 In E, que
substituída na Equação 2.21 , fica:

-V = 2,5 ln -R + 4,73 (2.32)


u. E

equação esta que permite a determinação da velocidade média V no escoamento


francamente turbulento, em uma tubulação de raio R e rugosidade E.
Comparando a Equação 2.32 com a 2.26 e transformando-se em loga-
ritmo decimal, vem:

1 R
rc = 2,04 log - + 1,67 (2.33)
-vf E

Equação que, com pequenos ajustes numéricos, concorda com resulta-


dos expetimentais, e é escrita na forma:

1 D
rr = 2log - + 1,74 ou _1_ = 2 log ( 3,71D) (2.34)
vf 2E Jf E

u. E )
para .- - 70, correspondente a
ReyJf) 198
v D~

A equação anterior representa a lei de resistência para escoamentos tur-


bulentos em tubos circulares m gosos.

EXEMPLO 2.1

Um ensaio de laboratório, em uma tubulação de diâmetro igual a 0,30 m,


mostrou que a velocidade, medida com um tubo de Pitot, em um ponto situa-
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

do a 2 em da parede era de 2,5 m/s. Sendo a mgosidade absoluta da tubulação



E = 1,O mm e a viscosidade cinemática da água v = 1 6 m 2/s, determine:
a) a tensão tangencial na parede da tubulação;
b) se o escoamento é hidraulicamente mgoso;
c) a distribuição de velocidade, correspondente à máxima vazão, para a
qual a mesma tubulação pode ser considerada lisa;
d) o valor da velocidade na linha de centro da tubulação em ambos os
perfis, liso e rugoso.
a) Assumindo que o escoamento seja hidrau li camente rugoso, pode-se
uti lizar a Equação 2.31, na fo rma:

v y 2,5 2
-=8,48 + 2,5ln - : . - = 8,48 + 2,5 Jn - : . u. = 0,156 m/ s
u. E u. 0,1

Logo, como:

b) O número de Reynolds de rugosidade vale:

3
u . E=0,156· 10- =IS 6 )?0
v 610-

portanto a fronteira é hidraulicamente mgosa e o uso da Equação 2.31


é justificado, hipótese confirmada.
c) A condição limite para a qual a fronteira ainda é hidraulicamente lisa é:

u.-
- E = 5 :.u.= 5 · 10- ·mfs
1

v
Aplicando a Equação 2.24, vem:

v y-5- 10- 3
-~ 3 = 5,5 + 2,5 In :. v= 0,134 + 12,5·10-3 ln y
5 .JO- w- 6
d) Na linha de centro, y =O, 15 m e v = Vmáx, assim, para escoamento liso
e rugoso, respectivamente, fica:

vmáx = 0,134 + 12,5· 10- 3 ln 0,15 = 0,11 m I s


e, pela Equação 2.31:

0 15
- -- 8,48 +2 '5 In - • -] ..· v "''lx -- 3' 28 rn / s
- Vmáx
0,156 w--

EXEMPLO 2.2

Em um escoamento turbulento em um tubo liso de raio R, determine o


valor de y/R, em que y é a distância medida a partir da parede até o ponto onde
a velocidade se iguala à velocidade média da seção.
Das Equações 2.24 e 2.25 têm-se:

_::___ = 5 5 + 2 5 In y u•
u. ' ' v

-V = 2,5 In -
u. R
- + 1,75
u. v

Dividindo uma equação pela outra, torna-se:

v 5,5 + 2,5 ln yu ./v


- =
v 1,75 +2,5 ln u . R / v
como se quer v = V, tem-se:

5,5 +2,5 In y u . jv = 1,75 +2,5 In u . R/v

que desenvolvida resulta em:

In R = 1,5 :.1.. = e- 1•5 = 0,223


y R

Este mesmo resu ltado é encontrado se o tubo for rugoso (mostre), o que
leva a uma condição prática muito importante. Para medir a vazão em uma
tubulação de raio R, basta instalar um tubo de Pitot na posição y/R =0,223, de-
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

terminando-se a velocidade média, que multiplicada pela área da seção fome-


cerá a vazão.
Partindo-se da lei de distribuição universal de velocidades, Equação
2.20, e usando-se o conceito de velocidade de atrito e velocidade média em
uma seção, pode-se integrar o perfil de velocidade e chegar à seguinte relação
entre a velocidade méd ia V e a máxima Vmáx, em uma tubulação circular na
qual o fator de atrito é f: Veja que resultado interessante.
S ubtraia a Eq(2.25) da Eq(2.24) c a
v 1 Eq(2.32) da Eq(2.31), chega-se ao
mesmo resultado:
vmáx = 1+3,75(Jfj8) ~ =3,75+ 2,51n1.
u• R

Existe melhor concordância com resultados experimentais quando o


fator 3,75 é substituído por 4,07, assim, e usando a Equação 2.26, fica:
Corno u. = v [f
fazendo y = R ~ v= Vmu , obtém-se
a eq nação ao lado.
v 1
-- = {i"'jQ -7 V máx = V + 4,07 U*
Vmáx 1+4,07(.y f/8)

Esta equação tem caráter geral e é válida tanto para tubos lisos quanto
rugosos. Com este resultado, passa-se ao Exemplo 2.3.

EXEMPLO 2.3

Em um escoamento estabelecido num tubo de 0,10 m de diâmetro, a


velocidade na linha central é igual a 3,0 rnls e, a 15 mm da parede do tubo, é
2,6 m/s. Calcule o fator de atrito da tubulação e a vazão.
Equação 2.20:

vmax -v=
u.
2,5 ln~ :. 3•0 -
y u.
26
· = 2,5ln °•0,015
05
:. u. = 0,133m/s

Equação 1.28:

v 1 v v
Vmáx = 1+4,07(Jfj8) =V + 0,54 = 3,0
portanto: V= 2,46 m/s, daí f= 0,023 e Q = 2,46-n:-0,05 2 = 0,019 m 3/s.

EXEMPLO 2.4

Água escoa em um tubo liso com número de Reynolds igual a 25.000.


Compare os valores da relação velocidade média V e velocidade máxima Vmãx,
calculados pela relação do exemplo anterior, com o fator de atrito dado pela
fórmu la de Blasius, sendo a relação calculada pela lei da raiz sétima de Prancltl
(ver resultado do Problema 1.1 ).

0 316 0 3 16
Blasius: f= · = • =0 025 1
Re yo.2s 25000o.2s ,

daí:

1
v = = o 8 14
vn,.ix l+4,07(.Jü,0251 /8) '

v 49
Lei da raiz sétima: - - = - = 0,8 17
V máx 60

Os valores são praticamente iguais, o que mostra que a fórmula de


Blasius, de ntro da faixa 3000 < Rey < 105 , fornece bons resultados na deter-
minação do fator de atrito para tubos lisos.

2.5 ESCOAMENTO TURBULENTO UNIFORME EM TUBOS COMERCIAIS


O desenvolvimento analítico realizado nos itens anteriores, apoiado em
dados experimentais de Nikuradse, levantados em tubos com m gosidades ar-
tificiais, permitiu o estabelecimento de le is de resistê ncia para os regimes hi-
draulicamente liso e rugoso.
E m 1939, Colebrook e White apresentaram uma formulação para o fa-
tor de atrito, com particular referência à região de transição entre os escoamen-
tos hidraulicamente liso e rugoso, trabalhando com tubos comerciais de vários
materiais . Trata-se de uma engenhosa combinação dos argumentos dos loga-
ritmos das Equações 2.29 e 2.34 e que se ajusta bem aos dados experimentais
de ensaios em tubos com rugosidade natural. A fórmula de Colebrook-White
é dada por:
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

1 E 2,51
- = -2 log( - - + ) (2.35)
Jf 3,7 1D Re y.,ff

Esta equação, pmticu larmente indicada para a faixa de trans ição entre os
escoamentos turbulentos liso e rugoso, tem sua condição de aplicabilidade no
intervalo:

14,14 ( Re y.Jf ( 198


0/E

Deve-se observar que a fórmula de Colebrook-White se reduz às Equa-


ções 2.29 e 2.34, para os tubos lisos ou para os tubos rugosos, se a rugosidade
relativa tende a zero ou o número de Reynolds tende para infinito, respectiva-
mente.
Posteriormente, em 1944, Moody6 estendeu o trabalho e representou esta 6. Lewis Ferry Moody, engenheiro ame-
equação em um gráfico, na forma do diagrama de Stanton , que apresenta os ricano, 1880·1953.

eixos coordenados em graduação logarítmica, com o fator de atrito f em orde-


nadas e o número de Reynolds em abscissas, para vários valores da rugosidade
relativa, conforme Figura 2.7.
A utilização da Equação 2.35 apresenta dificuldades computacionais,
uma vez que não se pode explicitar o valor de f , mas pode ser explicitada em
relação à velocidade médi a, na fotma:

V= -2~2gD J log(- E- +
2 51
· v ) (2.36)
3,7 10 D ~2gDJ

e m que J é a perda de carga unitária e v a viscosidade cinemática.


Para sanar esta dificuldade, algumas fórmulas explíc itas e aprox imadas,
para determinação do fator de atrito, têm sido apresentadas na literatura, entre
elas a de Swamee-J ain (28).

f = [ 0,25 ]2 (2.37)
I E 5,74
og ( 3, 7 D + Re l ·9 )
D
Hid'á"n" " "''" eap. 2

No mesmo trabalho, Swamee-Jain apresentam expressões explíc itas para


o cálculo da perda de carga unitária J(rn/m), da vazão Q(m3/s) e do diâmetro
D(m) da tubulação, cobrindo assim todos os problemas relativos ao dimen-
sionamento ou verificação de escoamentos permanentes em tubos circulares,
sem necessidade de processos iterativos. As equações são as seguintes:

(2.38)
J = [l E 5,74 ]2
og ( 3,7 D + Rey 0 •9 )

Q
D 2 .jgDJ
= _ ~ log
.fi
[-E-+
3,7 D
1,78 v )
D .jgDJ
(2.39)

(2.40)

As Equações 2.37 e 2.38 foram colocadas em forma de tabelas para


alguns valores da rugosidade absoluta e diâmetros das tubulações variando de
50 a 500 mm, respectivamente, nos Apêndices AI e A2.
O uso das Tabelas A 1 e A2 apresentadas no Apêndice permite o cálcu-
lo rápido e prático dos mais diversos problemas em escoamento permanente em
condutos forçados circulares.
Recentemente, Swamee (29) apresentou uma equàção geral para o cál-
culo do fator de atrito, válida para os escoamentos, laminar, turbulento liso, de
transição e turbulento rugoso, na forma:

{(~)
8
0 125

(-E 6 16

f= + 9,s[ln + 5,74 9 ) _ (2500) ] - } • (2.41)


Re y 3, 7 D Re / · Re y

equação que foi utilizada para reproduzir o diagrama de Moody (ver Figura 2.7).
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

0 , 10
li li 111111 111
0 ,09

0 ,0 8
Lamit1ar l~ - 1-rurbu lência completa, tubos rugosos
r-- -
I ~ . 0,0 5
0,0 7 ~

----
0,04
/
0 ,0 6 0 ,0 3
/'

0 ,05
1\ '/' I\ 0 ,02

... 0 ,0 4
\ ~
~ r;:-I=
r- 0 ,01 5
~..
\ ~~r-r- .;..
.9 0 ,010

..·c.
"O
~i'-r-
~
0 ,008
0,006
<l
..
...
..
~ "~~
... 0 ,0 3 "O

..
.9
0 ,004

\ I"'- f' "O

'* r-- 0 ,002


·~
Q
0.0

c::=
~ 1--t-
0,0 2
r- r- "' 0 ,0 01

~~"
0,0008
1\ r- r- 0,0 0 06
0 ,0004
I'
~ r--
r- ~~
0,0002
Tubos lisos
t=:= r-- r-
r- r-
b-- 0,0001

0 ,01
1111 ~ 1"---- "' 0,00005

lO' 10' 10' lO' 10' 10' lO'


Númc•·o de Rey nolds
Figura 2.7 Diagrama de Moody.

O gráfico da Figura 2.7, originado da Equação 2.41, permite a determi-


nação do fator de atrito f, em função do número de Reynolds e da rugosidade
relativa para tubulações comerciais que transportem qualquer líquido.
O diagrama reproduz para os tubos de rugosidade comercial os mesmos
aspectos mostrados no gráfico de Nikuradse, Figura 2.6. A reta referente ao
regime laminar con esponde ao fator de atrito f = 64/Rey da Equação 2. I O e a
curva envoltória inferior corresponde aos tubos lisos e, para 3000 < Rey < 105 ,
coincide com a fórmula de Blasius, Equação 2.22
Para todos os tipos de escoamentos, de laminar até hidraulicamente
rugosó, discutidos na Seção 2.3 deste capítulo, o gráfico gerado a partir da
Equação 2.41 mostra uma boa concordância com o tradicional diagrama de
Moody apresentado na literatura.
Na maioria dos projetos de condução.de água, como em redes de dis-
tribuição de água, instalações hidráulico-sanitárias, sistemas de irrigação, sis-
temas de bombeamento etc., as velocidades médias comumente encontradas
estão, em geral, na faixa de 0,50 a 3,00 m/s. Admitindo-se diâmetros utiliza-
dos, nestas aplicações, na faixa de 50 a 800 mm, os valores práticos dos nú-
meros de Reynolds localizam-se no intervalo de l 0 4 a 3· 10 6, indicando, no
diagrama de Moody, que em grande número de situações práticas os regimes
são turbulentos de transição, pois, em geral, as rugosidades absolutas das tu-
bulações utilizadas não são altas. Para essa faixa de número de Reynolds, pode-
se comparar a fórmula de Colebrook-White com a fórmula de Swamee-Jain, no
cálculo do fator de atrito, em um tubo de aço galvanizado com costura, E = O, 15
mm, de 2" de diâmetro, e verificar a adequabilidade do uso de uma equação
explícita e aproximada. A comparação está na Tabela 2.1, e mostra que as
diferenças no valor de f são irrelevantes, menores que 2%.

Tabela 2.1 Comparação entre as Equações 2.35 e 2.37.

f- Eq. 2.35 f - Eq. 2.37


Réynqlds Colêbrook Swamee
White Jain
104 0,0351 0,0357
5.10 4 0,0286 0,0289
5
I0 0,0275 0,0277
5.10 5 0,0264 0,0265
I06 0,0263 0,0264
3. 10 6 0,0262 0,0262

As rugosidades absolutas equivalentes dos diversos materiais utilizados


na prática de condução de água são de difícil especificação, devido aos proces-
sos industriais e grau de acabamento da superfície, idade das tubulações etc. A
literatura apresenta tabelas de valores da rugosidade para diversos materiais,
com variações em faixas largas, além de valores diferentes, para o mesmo
material, em diferentes fontes de dados.
Sem dúvida, a especificação da rugosidade da tubulação e a previsão de
sua modificação com o tempo, devido à alteração da superfície da parede,
muitas vezes causada pela própria qualidade da água, coloca o projetista diante
do problema difícil de determinar os fatores de atrito das tubulações, exigin-
do experiência e bom senso. A Tabela 2.2, condensada de várias fontes, apre-
senta valores da rugosidade absoluta equivalente para os principais materiais
utilizados em projetos de condução de água.
Os dados da Tabela 2.2 devem ser encarados como valores médios
indicativos das rugosidades equivalentes. Evidentemente resultados de testes
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações 49

sobre determinados materiai s, em uma grande faixa de números de Reynolds,


quando disponíveis, são preferíveis.

Tabela 2.2 Valores da rugosidade absoluta equivalente .

,. -~

... .~' e (mm)


.. .
. Materjãh .. . . l{ugosidade
. ..
~. abso!Jita equi valente
Aço comercial novo 0,045
Aço laminado novo 0,04 a 0,10
Aço soldado novo 0,05 a O, lO
Aço soldado limpo, usado 0, 15 a 0,20
Aço soldado moderadamente oxidado 0,4
Aço soldado revestido de cimento centrifugado 0,10
Aço laminado revestido de asfalto 0,05
Aço rebitado novo Ia3
Aço rebitado em uso 6
Aço galvanizado, com costura 0,15 a 0,20
Aço galvanizado, sem costura 0,06 a 0,15
Ferro forjado 0,05
Ferro fundido novo 0,25 a 0,50
FetTO fundido com leve oxidação 0,30
Ferro fundido velho 3a5
Ferro fundido centrifugado 0,05
Ferro fundido em uso com cimento centrifugado 0,10
Ferro fundido com revestimento asfáltico 0,12a0,20
Ferro fundido oxidado I a 1,5
Cimento amianto novo 0,025
Concreto centrifugado novo 0,16
Concreto armado liso, vários anos de uso 0,20 a 0,30
Concreto com acabamento normal 1a3
Concreto protendido Freyssinet 0,04
Cobre, latão, aço revestido de cpoxi, PVC, plásticos 0,00 15 a 0,0 10
em geral, tubos extrudados

Ensaios de perda de carga realizados em laboratório para tubulações


metálicas, em geral, fomecem valores da rugosidade absoluta menores que os
especificados na Tabela 2.2. Entretanto, as condições em laboratório são con-
troladas e diferentes das instalações práticas, onde podem ocorrer defeitos de
alinhamento de juntas, incrustações, tipo de acabamento diferente de fabricante
para fabricante etc.
O número de Reynolds igual a 2300,
É interessante observar o valor do expoente da velocidade nas expressões
chamado Reynolds crítico, é aquele
para o qual o escoamento turbulento
da perda unitária para os três tipos de escoamentos: turbulento rugoso, laminar
muda para laminar? e turbulento liso. No primeiro, o fator de atrito para um mesmo tubo é cons-
tante e, portanto, a perda de carga unitária é proporcional ao quadrado da
velocidade e, consequentemente, ao quadrado da vazão, na f01ma:

2 2
J =I_ v = 00827 fQ (2.42)
D 2g ' D5

No escoamento laminar, a perda de carga unitária é proporcional à pri-


meira potência da velocidade, Equação 2.10, e no escoamento turbulento liso,
usando a fórmula de Blasius com 3000 < Rey < 105, tem-se:

o 316 y 2 yl .75 yl .75 Ql ,75


J = ' 025 = 0,0161 v0 ·25 125 = 0,00051-
125
= 0,00078 ~ (2.43)
Re y · D2g D · D · D ·

Portanto, no referido domínio de Reynolds, em um tubo com escoamen-


to turbulento liso, a perda de carga unitária é proporcional à potência 1,75 da
velocidade média. A Equação 2.43 será posteriormente comparada à fórmula
de Fair-Whipple-Hsiao, utilizada em projetos de instalações hidráulico-sani-
tárias.

EXEMPLO 2.5

Água flui em uma tubulação de 50 mm de diâmetro e 100 m de compri-


mento, na qual a rugosidade absoluta é igual a E = 0,05 mm. Se a queda de
pressão, ao longo deste comprimento, não pode exceder a 50 kN/m 2, qual a
máx ima velocidade média esperada.
Como:

L1p = ym -7 50·103 = 9,8·103 m -7l1H = 5,10 m -7 1 = Llli/L = 0,051 rnlm.

O problema pode ser resolvido diretamente pela Equação 2.39, na forma:

6
Q 1t 1 ( 0,05 1,78· 10- )
2
0,05 .j9,8·0,05·0,051 =- .fi og 3,7·50 + 0,05.j9,8·0,05·0,051

: . Q = 0,0029 m3/s
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações 51

então, a velocidade média V= 4·0,00291 7t·0,052 = 1,48 m/s


Também, de forma mais rápida, pela Tabela A2, entrando com D = 50
mm, E= 0,05 mm, J = 5, 1 rn/100 me interpelando, tem-se: Q = 2,891/s , V=
1,47 m/s, perfeitamente compatível com o valor anterior.

EXEMPLO 2.6

Imagine uma tubulação de 4" de diâmetro, material aço soldado novo,


rugosidade E = O, 1O mm, pela qual passa uma vazão de 11 1/s de água. Dois
pontos A e B desta tubulação, distantes 500 m um do outro, são tais que a cota
piezométrica em B é igual à cota geométrica em A. Determine a carga de pres-
são disponível no ponto A, em mH20. O sentido do escoamento é de A para B .
Como o diâmetro é constante e a vazão também, a carga cinética nas
duas seções é a mesma. Assim, a equação da energia e ntre A e B fica: ZA + PAI
'Y = zu + PBI"( +~H. Como C.P.fi = za + pol"( = ZA, tem-se: PAI"(= m , isto é, entre Quando se utiliza a fórmula unlver·
sal de perda de carga, ou equação
A e B a perda de carga é equivalente à carga de pressão disponível em A. de Darcy-Welsbach, em um escoa-
mento turbulento em um conduto
A perda de carga pode ser calculada pela fórmula universal de perda de forçado, que percentagem de erro
se comete no cálculo da vaz~o se o
carga, Equação 1.20: fator de atrito f da tubulaç~o for
subestimado em 10%?

~H = f~ V
2

D 2g

com o fator de atrito calculado pela Equação 2.37, após determinar a veloci-
dade média, V = 1,40 m/s, e o número de Reynolds, tem-se:

0 25
f = • 2 = o 0217
I ( 0,10 5,74 )] '
[ og 3, 7 · 100 + 140000°·9

Portanto:

500 1 2
h = m =o o217 ,4° =10 85 mH 2 o
y ' 0,10 2·9,8 '

O valor de f também pode ser determinado, rapidamente, pela Tabela A 1,


com D = 100 mm, c.= 0,10 mm e V= 1,40 m/s.
EXEMPLO 2.7

Um ensaio de campo em uma adutora de 6" de diâmetro, na qual a vazão


era de 26,5 1/s, para determinar as condições de rugosidade da parede, foi feito
medindo-se a pressão em dois pontos A e B, distanciados 1.017 m, com uma
diferença de cotas topográficas igual a 30m, cota de A mais baixa que B. A
pressão em A foi igual a 68,6 Nlcm 2 e, em B, 20,6 Nlcm 2 . Determine a
rugosidade média absoluta da adutora.

_ Vn015 2
Q = V A ~ 26,5 · 1O 3 = ' ~ V= 1,50 m I s ~ Re y = 2,25 · 105
4
PA = 68,6 Nlcm 2 = 68,6·104 Nlm 2 = pgHA = 103 -9,8 HA:.HA = 70,0 mH20.
ps = 20,6 Nlcm 2 = 20,6-104 Nlm2 = pgH13 = 103 -9, 8 H 8 :. H 13 = 21 ,O mH20.
C.P. A = PAIY + ZA = 70,0 + 0,0 = 70,0m e C.P.n = 21 ,O + 30 = 51 ,O m

Como a carga cinética é constante e C.P.A > C.P.s, o escoamen to ocor-


re de A para B.

70,0 =51 + f1HAB ~

2
= f~
2
1017
f1H = 19,0m V =f l,S0 :. f= O0244
~ AB D 2g 0,15 19,6 ,
Combinando a Equação 2.37 com o
resultado do Problema 2.1, neste
capftulo, mostre que, para um tubo de
aço de 0,30 m de diâmetro e ru-
gosldade absoluta e = 0,3 mm, o 0 25
~ o0244 =
, [I (
escoamento fica Independente da Equação 2.37 • 2
.·.E= 0,3mm
viscosidade do fluido para numeros
=
de Reynolds a partir de Rey 1,4.10°.
E 5,74 )]
Confirme este resultado usando o
diagrama de Moody, Figura 2.7. og 3,7·150 + 225000°·9

2.6 FÓRMULAS EMPÍRICAS PARA O ESCOAMENTO TURBULENTO


Como foi visto, a perda de carga unitária no escoamento hidraulicamente
turbulento rugoso, em que o fator de atrito não depende do número de
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

Reynolds, vmia proporcionalmente ao quadrado da velocidade média. Existem


várias fórmulas empÍiicas (equações de resistências) aplicáveis às tubulações
de seção circular, que podem, de maneira geral, ser representadas na forma:

Q"
J=K - (2.44)
om Em um ensaio em laboratório de uma
tubulação de aço soldado moderadamente
oxidado, com 4" de dh1mctro, a pressão
medida no manômetro em uma seção A vale
em que os parâmetros K, nem são inerentes a cada formulação e faixa de apli- 1,5 kgflcm2 • Sabendo que o escoamento estâ
na iminência de sor turbulento
cação, em geral com valores de K dependendo só do tipo de material da parede hldraulicamonte rugoso (turbulência
completa), determine a tensão de
do conduto. No caso de comparar a fórmula universal, Equação 2.42, que possui cisalhamento na parede da tubulação e a
embasamento teórico, com a Equação geral 2.44, os parâmetros assumem os vazão. Dado: visco sidade da água
2
v= 10.. m / s.
seguintes valores: K = 0,0827·f, n = 2 em = 5, no escoamento tw"bulento. Como
K depende de f, e este, por sua vez, depende do material e do grau de turbulên-
cia, tais fórmulas, apesar da praticidade, têm limitações de uso.
~ '
2.6.1 FORMULA DE HAZEN-WILLIAMS No escoamento de água em um trecho
horizontal de uma tubulação com
Dentre as fórmulas empíricas mais utilizadas, p1incipalmente na prática da rugosidado absoluta t. = 1,2 mm e diâmetro
O= 0,1 O m, observa·se um;~ queda de
Engenharia Sanitária americana, encontra-se a de Hazen-Williams, cuja expres- pressão AP/L = 250 NJm'. Classifique o tipo
de escoamento, determine
são é: o fator de atrito e a vadio.
o·•
Dado: v ::- 1 m 2/s

Ql,85

J = 10,65 c'·ss D4.87 (2.45)


=
em que J(rnlm) é a perda de carga unitária, Q (m3/s), a vazão, D(m), o diâme-
tro e C (m0 •367/s), o coeficiente de rugosidade que depende da natureza e estado
das paredes do tubo. A Equação 2.45 é recomendada, preliminarmente, para:
a) escoamento turbulento de transição;
b) líquido: água a 20° C, pois não leva em conta o efeito viscoso;
c) diâmetro: em géral maior ou igual a 4";
á) origem: experimental com tratamento estatístico dos dados;
e) aplicação: redes de distribuição de água, adutoras, sistemas de re-
calque.
A fórmula de Hazen-Williams pode ser tabelada, para vários diâmetros e
coeficientes de rugosidade, na forma: J = ~·Q 1 • 85 , nas unidades J(m/lOOm),
D(m) e Q(m 3/s), conforme Tabela 2.3.
Tabela 2.3 Valores da constante Pda fórmu la de Hazen-Williams.

VALORES DA CONSTANTE p P ARA-Q (m3/s) e J (m/100 m)

D D C=90 C=lOO C=llO C = 120 C= 130 C=140 C=150


pol. (m)
2 0,050 5,593x 10 5 4,602x10
5
3,858x I 0
5
3,285xl05 2,832x10 5 2,470xl05 2,174xl0 5
4
2Y2 0,060 2,30 I X 10 5 I ,894x 10 5 1,588x10 5 1,325xl05 I ,166x10 5 1,016x105 8,945x 10
4 4 4 4 4
3 0,075 7,763xl04 6,388x 10 5,356xl0 4,559x104 3,932x 10 3,428xl0 3,0 17xl0
4 4 4 4 3 3 3
4 0,100 1,912xl0 I ,574xl0 1,3 19xl0 1,123xl 0 9,686xl0 8,445xl0 7,433xl0
3 3
5 0,125 6,451 X I 0 3
5,308x l0 4,45Ixl0 3
3,789x10 3
3,267xl0 3
2,849xl0 2,507x103
3
6 0,150 2,655x10 3
2, 185x I 0 1,831 xl0 3
1,559x10 3
1,345xl0 3
l,l72xl0 3
I ,032x103
2
8 0,200 6,540xl0 2
5,382x I 0 4,5 12x 10 2
3,84Ix 10 2
3,3 12xl0 2
2,888xl0 2
2,542x102
2 2 2 2 2
10 0,250 2,206x10 1,815x10 1,522x1 0 I ,296xl0 1,1 17xl0 97,417 85,744
12 0,300 90,785 74,707 62,630 53,3 18 45,980 40,089 35,285
14 0,350 42,853 35,264 29,563 25,168 21,704 18,923 16,656
16 0,400 22,365 18,404 15,429 13,135 I 1,327 9,876 8,692
18 0,450 12,602 10,370 8,694 7,401 6,383 5,565 4,898
20 0,500 7,544 6,208 5,204 4,431 3,821 3,331 2,932

Os valores indicativos dos coeficientes de mgosidade para os materiais


mais comuns são mostrados na Tabela 2.4.

Tabela 2.4 Valores do coeficiente C- Adaptado de (4).

Aço corrugado (chapa ondulada) C=60 Aço com juntas lock-bar, tubos novos 130
Aço com juntas lock-bar, em serviço 90 Aço galvanizado 125
Aço rebitado, tubos novos 110 Aço rebitado, em uso 85
Aço soldado, tubos novos 130 Aço soldado, em uso 90
Aço soldado com revestimento especial 130 Cobre 130
Concreto, bom acabamento 130 Concreto, acabamento comum 120
Ferro fundido, novos 130 Ferro fundido, após 15-20 anos de uso 100
Ferro fundido, usados 90 Ferro fundido revestido de cimento 130
Madeiras em aduelas 120 Tubos extrudados, P.V.C. 150
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

2.6.2 COMPARAÇÃO ENTRE A FÓRMULA DE HAZEN-WILLIAMS E


A FÓRMULA UNIVERSAL
Com a finalidade de verificar a adequabilidade da fórmula prática de
Hazen-Wi lliams, na qual o coeficiente de rugosidade, a lém de não ser adi-
mensional, independe do número de Reynolds, pode-se igualar as perdas de
cargas unitárias correspondentes às duas formulações, como:

f y2
D 2g

expressão que após desenvolvida fica:

C= 43 (2.46)
f o.s4 Re l.os1 0 o.o11 Considere um escoamento turbulento
liso com vazão a. Se a vazão for
aumentada em 50%, continuando
Esta expressão foi posta em forma de gráfico, para diâmetros de 50, 100, ainda escoamento turbulento liso, que
variação sof rerá a perda de carga
150 e 200 mm, números de Reynolds na faixa de 104 a 107 e quatro tipos de unitária?

mgosidade absoluta, e =0,0 mm (rigorosamente liso), e =0,005 mm (P.V.C.),


e= 0,05 mm (aço laminado novo) e e =0,5 mm (tubo mgoso), conforme Fi-
gura 2.8.
Pode-se concluir dos gráficos da Figura 2.8 que:
a) Para tubos rigorosamente lisos, E = 0,0 mm, a fórmula de Hazen-
Williams pode se constituir de uma razoável aproximação, para valo-
res de Reynolds superiores a 5 ·1 0 6 e D ~ 150 mm, Figura 2.8a.
Evidentemente, tal tubo não existe na prática.
b) Para tubos de· P. V. C. , o valor adotado da rugos'idade e = 0,005 mm
realmente corresponde a valores de C entre 150 e 155 e mostra que,
para os diâmetros maiores, na faix a de número de Reynolds entre
5 ·105 e I 0 6, a equação prática pode ser usada. Fora disto é inadequada
(Figura 2.8b).
c) Para valores de C entre 140 e 150 e valores de Reynolds relativamen-
te baixos, 5·1 Q4 a 105 , existe uma razoável aproximação na região do
regime turbulento de transição, para D ~ 100 mm, Figura 2.8c.
d) Para valores de C inferiores a 120 e elevados números de Reynolds,
que caractetiza escoamento turbulento mgoso, Figura 2.8d, a fórmu-
la de Hazen-Williams é inadequada.
Cap. 2

165 160
c a)- E • O,Omm ..___. c b)- E •0.005mm

!!"---<~ 155
160

150

155
145

150 140

135
14 5

130
- +-0:: 50 mm -+-O~ 50 mm
140
- --o • 100m 125
...,....0• 100m
- .... o • 150 --....- O;; 150m
......... 0•200 - ><- 0 =200 m
135 +--- - - - • · · - -----+___1,..;,.==.=. 120
1E+04 1E+05 Rey 1E+06 1E+07 1E+04 1E+05 Rey 1E+06 1E+07

150 130 .

c c
120
140

110
130

100
120
90

110
80

---+-- D = 50 mm
100
---o =100m 70
_____......_ D =150m

90 ~~
~~0~·~20~0~m~~-----4----~ 60 ~~~~~+-----
1E+04 1E+05 Rey 1E+06 1E+07 1E+04 1E+05 Rcy 1E+06 1E+07

Figura 2.8 Adequabilidade da fórmula de Hazen-Williams.

Portanto, o coeficiente de rugosidade C, além de depender do diâmetro,


é afetado pelo grau de turbulência, não caracterizando uma categoria de tubos
como especificado nas tabelas que acompanham a fórmula de Hazen-Williams.
A fórmu la de Hazen-Williams, a despeito de sua popularidade entre
projetistas, deve ser vista com reservas. Em problemas de condução de água,
que pe la sua importância exija avaliação das perdas de cargas tão rigorosa
quanto possível, diante da incerteza sobre o tipo de escoamento turbulento,
deve-se utilizar a fórmula universal, com o fator de atrito determinado pela
Equação 2.35 ou 2.37.

2.6.3 FÓRMULA DE FAIR-WHIPPLE-HSIAO


Em projetos de instalações prediais de água fri a ou quente, cuja topologia
é caracterizada por trechos curtos de tubulações, variação de diâmetros (em ge-
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

ral menores que 4") e presença de grande número de conexões, é usual a uti-
lização de uma fórmula empírica, na forma:
a) Material: aço galvanizado novo conduzindo água fria

Ql,88
J = 0,002021 D 4•88 , Q(m 3/s) D(m) e J(m I m) (2.47)

b) Material: P.V.C. rígido conduzindo água fria

Ql ,75
J = 0,0008695 D 4 , 75 , Q(m 3/s) , D(m) e J( m I m) (2.48)

Deve-se observar que os expoentes da Equação 2.47 estão bem próxi-


mos dos expoentes da fórmula de Hazen-Williams, e que a Equação 2.48 para
tubo de P.V.C. (liso) é praticamente idêntica à Equação 2.43, na qual foi usa-
da a fórmula de Blasius. A fórmula de Fair-Whipple-Hsiao, para ambos os ma-
teriais, aço galvanizado e P.V.C., é recomendada pela A.B.N.T. no projeto de
água fria em instalações hidráulico-sanitárias.
Para facilitar o uso, as Equações 2.47 e 2.48 podem ser tabeladas para
os diâmetros nonnalmente utilizados em instalações prediais, na forma J = ~Qm
com J(mlm) e Q (eIs). Como para o tubo de P.V.C. o diâmetro nominal uti-
lizado pelos fabricantes é o diâmetro externo, os valores de ~ foram calcula-
dos para os diâmetros internos reais, diâmetro extemo menos duas espessuras
ela parede. Na Tabela 2.5 os coefici entes~ para P.V.C. foram cletetminados para
tubos com junta solclável (marrom) e junta roscável (branco), classe 15 e pres-
são ele serviço de 0,75 MPa. Para os tubos de P.V.C. com junta soldável, are-
lação entre o diâmetro externo e o diâmetro ele referência vale:

Tabela 2.5 Valores da constante p, da fórmula de F a ir-Whipple-Hsiao, para Q (e I s) c J (m/m)

3/4 1,162 0,41668 0,5746 2 I ,034x 10- 2 0,00561 0,00719


1 3
3,044xl0- O, 12024 0, 1653 2 1/2 3.346xlo- 0,00190 0,0020 1
I 1/4 9,125xl0- 2
0,03919 0,0431 3 I ,429x 10-3 0,00104 0,00089
I 112 3,945xi0-2 0,01358 0,0241 4 0,351xl0-3 0,00031 0,00025
Cap. 2

2.7 CONDUTOS DE SEÇÃO NÃO CIRCULAR


Nos itens anteriores, foi vista uma série de formulações que refletem as
relações entre a perda de carga, a dimensão da tubulação circular e a
característica do escoamento. No caso das seções circulares, existe uma simetria
axial do escoamento, o que resulta em uma distribuição uniforme da tensão de
cisalhamento no perímetro. No caso de condutos de geometria diversa da
circular, o efeito de forma da seção influi em tal distribuição de tensões e,
conseqüentemente, no fator de atrito. Em tais seções desenvolvem-se escoa-
mentos secundários e a distribuição de velocidade não tem simetria, de modo
que a tensão cisalhante tende a ser menor nos cantos da seção que a média em
todo o perímetro.
No·tratamento analítico de seções não circulares, admite-se que a tensão
tangencial média ao longo do perímetro molhado da seção varie de modo similar
à indicada na Equação 1.27, em que f tem o mesmo significado do fator de atri--
to nas tubulações circulares, e só diferirá daquele de uma certa proporção que
leve em conta a forma geométrica da seção.
Igualando-se as Equações 1.25 e 1.27, chega-se a:

'to =y Rh J = pfV2 : . J = - f - E. y2
8 8R 11 y

que pode ser escrita na forma:

f y2
J=---- (2.49)
4Rh 2g

A expressão anterior é idêntica à das tubulações circulares, Equação


2.42, em que unicamente aparece 4 Rh no lugar de D. Desta forma, conclui-se
que, no cálcul o de um conduto de seção qualquer, pode-se determinar um diâ-
metro equivalente ou diâmetro hidráulico de uma seção circular que tenha a
mesma perda de carga que a seção considerada. Este diâmetro equivalente é
igual a quatro vezes o raio hidráulico da seção. Como a seção circular plena
tem Rh = D/4, evidentemente, o diâmetro hidráulico desta seção é o próprio
diâmetro geométrico.
Esta aproximação geométrica é tão mais válida quanto mais o valor do
raio hidráulico da seção se aproximar da relação D/4 do seu círculo circuns-
crito.

I-
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

Assim, a fórmula universal de perda de carga pode ser generalizada,


com o conceito de diâmetro hidráulico da seção de interesse, na forma:

(2.50)

observando que o fator de atrito pode ser determinado no diagrama de Moody,


ou pela Equação 2.37, redefinindo-se o número de Reynolds e a rugosidade
relativa da tubulação, respectivamente, como:

Rey = VD 11 = V4·R 11 e ~ (2.51)


v v D 11
sendo V a velocidade média na seção original.
EXEMPLO 2.8

O sistema de abastecimento de água de uma localidade é


feito por um reservatório ptincipal, com nível d'água suposto cons-
tante na cota 8 12,00 m , e por um reservatório de sobras que
complementa a vazão de entrada na rede, nas horas de aumento de
consumo, com nível d 'água na cota 800,00 m. No ponto B, na cota
760,00 m , inicia-se a rede de distribuição. Para que valor particu-
lar da vazão de entrada na rede, Qu, a linha piezométrica no sis-
tema é a mostrada na Figura 2.9? Determine a carga de pressão
disponível em B. O material das adutoras é aço soldado novo.
Utilize a fórmula de Hazen-Williams, desprezando as cargas ci-
néticas nas duas tubulações. Figura 2.9 Exemplo 2.8.
Pela situação da linha piezométrica, pode-se concluir que o
abastecimento da rede está sendo feito somente pelo reservatório
supetior, o reservatório de sobra está sendo abastecido, pois a cota
piezométrica em B é superior a 800,00 m, e também as perdas de
carga unitárias nos dois trechos são iguais, mesma inclinação da linha pie-
zométrica. Deste modo, J1 = h= (812-800)/(650+420) = 0,0112 mim.
Pela Tabela 2.4 o valor do coeficiente de rugosidade vale C = 130, e
pode-se determinar as vazões nos dois trechos, pela Tabela 2.3, como:
Trecho AB: Dt = 6", C= 130 e J1 = 1,12 m/100 m --7 ~ = 1,345·HP, en-
tão:
Trecho BC: D2 = 4", C= 130 e J2 = 1,12 m/100 m 0 ~ = 9,686-10\ en-
considere dois tubos escoando água
sob pressão, um de seção quadrada tão:
de lado a e outro circular de diâmetro
o. Qual a relação entre a e D para que
as seções tenham o mesmo raio
hidráulico? J2 = ~ Q~· 85 :. 1,12 = 9,686·10 3 Qi ~ 5 :. Q 2 = 0,00745m 3/ s I

Portanto, a diferença está sendo consumida pela rede: Qs = 14,2 1/s.


A cota pi ezométrica e m B é igual ao NA do reservatório princ ipal,
menos a perda de carga entre A e B:

C.P. 8 = 8 12,00 - ~HA 13 = 812,00-1 1 L 1 = 812,00-0,0112·650 = 804,72m


portanto, a carga de pressão disponível em B é a diferença entre a cota piezo-
métrica e a cota geométrica no po nto.

PB = 804,72 -760,00 = 44,72 mH 2 0 ( p 8 = 438,26 kN I m 2 )


y

EXEMPLO 2.9

Determinar a perda de carga unitária em um conduto semicircular com


fundo plano, de concreto armado liso, I ,5 m de diâmetro, transportando, como
conduto forçado, água com velocidade médi a de 3,0 mls .
Parâmetros geométricos:

2
1 52
A= n:D = 1!:· • =O 884m 2 e P = D + n:D = I 5 + n:· l,5 = 3,856 m
8 8 ' 2 ' 2

R11 = A/P = 0,88413,856 = 0,229 m 0 D 11 = 4·Rh = 0,9 17 m

Concreto armado liso 0 ê = 0,25 mm :. 0,25·10-3 = 0273 ·10-3


0,917 '
V·D 11 · 3,0·0,9 17 6
Re Y = - v- = _6 = 2,75 ·I O , pela Equação 2.37, f:= 0,0 15
10

Portanto, a perda de carga unitária, vale:

f V2 0,0 153,0 2
J =-- = - - - - = O 0075 m I m
D 11 2g 0,917 19,6 '
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

2.8 PROBLEMAS

~2.1 Mostre que a condição u. E ) 70 corresponde a Re y .Jf) 198.


v D/E

~2.2 Mostre que a distribuição de velocidade em um tubo rugoso, de ra io R,


pode ser expressa por:

em que V é a velocidade média na seção, R o raio e r a distância do centro ao


ponto onde a velocidade é v.
/~
~12.3 A fim de dete1minar a tensão de atrito exercida por um fluido sobre a pa-
rede de um tubo mgoso, as velocidades Vt e v2 são medidas na região turbu-
lenta, nas distâncias y 1 e y2 ela parede do tubo. Mostre que a tensão de atrito
é dada por:

~J' 2.4 Utilizando o conceito de comprimento de mistura e e o perfil de velo-


cidade da "lei da raiz enésima":

1/ n

v:,. = ~( )

em que n é um número inteiro e R o raio da canalização, mostre que:

e= - K -n- y, em que K e' a constante de von K arman.


' ,
1- n
4)/2.5 Mostre que a Equação 2.3 1 pode ser escrita como:

29 84
.:!___ = 5,75 1og( • Y)
u. ê

2.6 E m um ensaio de laboratório sobre perda de carga em u m tubo de P.V.C.


ríg ido de 2" de diâmetro, e m que o número de Reynolds é 5· 104, qual o mai-
or erro relativo que se comete, no cálculo do fator de atri to f, us'ando a fórmula
de Swamee-Jain, com coeficiente de rugosidade ê = 0,0015 mm, ou usando a
fórmul a de Blasius, e m relação à equação teórica dos tubos lisos.
[Erro = 1,1 5%]

2.7 Água escoa em um tubo liso, E = 0,0 mm, com um número de Reynolds
igual a 10 6 . Depois de vários anos de uso, observa-se que a metade da vazão
original produz a mesma perda de carga original. Estime o valor da rugosidade
relativa do tubo deteriorado.
[ê/D = 0,0175]
2.8 Medições de velocidades feitas em u m tu bo muito rugoso levaram aos
seguintes resultados:

v/R - v(iiils)~
0,30 3,00
0,60 3,30

Determine a velocidade média e o fator de atrito:


[V = 2,87 m/s; f= 0,029]

2.9 Águ a escoa em uma tubulação de rugosidade relativa êiD = 0,002 e Rey =
10 5 . Quando a tu bulação é trocada por outra, de mesmo material, com diâme-
tro igual a 2/3 do d iâmetro original, a perda de carga unitária nas duas situ a-
ções é a mesma. Determine a velocidade média na tubulação de menor diâmetro,
em relação à velocidade média na tubulação original. Sugestão: use as Equa-
. ções 2.21 e 2.26 .
[V2 = 0,77 Vi]

2.10 Em uma tubulação circular, a medida de velocidade do escoamento, a


u ma d istância da parede igual a 0,5 R , em que R é o raio da seção, é igual a
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

90% da velocidade na li nha central (velocidade máxima). Determine a relação


entre a velocidade média V e a veloc idade central Vmáx, e a rugosidade relati-
va da tubulação. Sugestüo: uti lize o resultado do Exemplo 2.2 e as Equações
2.20 e 2.34.
[V = 0,784 Vmáx; E/D = 0,0 147]

2.11 Dado um tubo circ ular e outro não circular, ambos tendo o ·mesmo pe-
rímetro P, para um escoamento turbu lento de um líqu ido de viscosidade
cinemática v e vazão Q em ambos os tubos, mostre que :
a) o número de Reyno lds é o mesmo em ambas as situações, e dado por
Rey = 4 Q/(P v);
h) a perda de carga unitária no tubo não circular é relacionada à perda
de carga unitária no tubo circular, pela expressão:

em que os subscritos c e n indicam circul ar e não circular, f é o fator


de atrito e A, a área geométrica da seção.

2.12 Água escoa e m reg ime pe rma nente e m uma tubulação de aço galvaniza-
do, E= 0 ,15 mm , com diâmetro de I 00 mm, de modo que o número de
Reynolds vale I ,5· 105 . Determine a força de atrito na parede da tubulação, por
unidade de comprime nto.
[F= 2,06 N/m]

2.13 Uma única camada de esferas de aço é fi xada no piso de vidro de um


canal bidime nsional abe rto. Água com viscosidade cine mática igual a 9,3·10- 7
m2/s flui no canal com uma profundidade de 0,30 m, sendo a velocidade na su-
perfície igual a 0,25 m/s, mostre que para esfe ras ele 7,2 mm ele diâmetro e de
0,3 mm de diâmetro, o fundo do canal pode ser classificado como completa-
mente rugoso e li so, respec ti vamente. Assuma um perfil de velocid ade lo-
garítmico no canal.

2.14 Em relação ao esquema de tubu lações do Exemplo 2.8, a parti r de que


vazão Q8 , solicitada pela rede de distribuição de água, o reservatório secundá-
rio, de sobras, passa a ser també m abastecedor.
[Qs = 28,36 1/s]
2.15 Com que declividade constante deve ser assentada uma tubulação retilínea,
de fer ro fundido novo, E = 0,25 mm , de O, 1O m de diâmetro, para que a carga
de pressão em todos os pontos seja a mesma. Vazão de água a ser transporta-
da: 11 1/s.
[I = 0,0262 m/ m]

at{ Na tubulação da Figura 2.1 O, de diâmetro O, 15 m, a


carga de pressão disponível no ponto A vale 25 m H20. Qual
150m deve ser a vazão para que a carga de pressão disponível no
- ·- - - ...... ponto B seja de 17 mH20. A tu bu lação de aço soldado novo,
B
C = 130, está no plano vertical.

5m
[Q = 28,9 1/s]

-==-~:______j__
<L E::::-::::::-::=:-::=: _i
tJ:ff. Determine o diâmetro de uma adutora, por gravidade,
A de 850 m de comprimento, ligando dois reservatórios manti-
Figura 2.10 Problema 2.16. dos em níveis constantes, com diferença de cotas de 17,5 m,
para transportar u ma vazão de água de 30 1/s. Material da tu-
bulação, aço gal vani zado com costura novo, E = O, 15 mm.
[D = 0, 15 m ]

2.18 Um sistema de transporte de água entre dois reservatórios, com diferença


de nível de 12m, é feito por uma tubu lação de 1100 m de compri mento e 0,20
m de diâmetro e uma bomba para o reca lque. Observa-se que, para o fluxo
ascendente , recalque, e para o flux o descendente, escoamento por gravidade,
a vazão é a mesma. Se o rendimento da bomba é de 70%, determine sua po-
tência. Rugosidade absoluta da tubulação, E = 0,25 mm.
[Pot = 14,77 kW (20 cv)]
2.19 Detetmine a perda de carga em um conduto retangular de seção 0,50 m
x 0,20 m, de aço comercial novo, E = 0,045 m m, com 620 m de comprimento,
transportando I 1O 1/s de água. Viscosidade cinemática da água v = 1o-6 m2/s.
[L'.H = 2, 12 m]

2.20 Em uma adutora de 150 mm de diâmetro, em aço soldado novo E = 0,10


mm, enterrada, está ocorrendo um vazamento. Um ensaio de c'ampo para levan-
tamento de vazão e pressão fo i feito em dois pontos, A e B, distanciados em
500 m. No ponto A, a cota piezométrica é de 657,58 me a vazão, de 38,88 1/s,
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

e no ponto B, 643,43 me 3 I ,8 1 1/s. A que distância do ponto A deverá estar lo-


calizado o vazamento? Repita o cálculo u sando a fórmu la de Hazen-Williams.
a) [x = 355m] b)[x = 275 m]

2.21 Em uma tubulação horizontal de diâmetro igual a 150 mm, de ferro fun-
dido em uso com cimento centrifugado, foi instalada em uma seção A, uma
mangueira plástica (piezôme tro) e o nível d'água na mangue ira alcançou a
altura de 4,20 m. Em uma seção B, 120 m à jusante de A, o nível d'água em
outro piezômetro alcançou a altura de 2,40 m. D etermine a vazão.
[Q = 26,5 1 1/s]

2.22 Usando o resultado do Problema 2. 1 e a fórmula de Swamee-Jain, Equa-


ção 2.37, encontre uma re lação implícita do fator de atrito ou do número de
Reynolds, e m função da ru gosidacle relativa da tubulação E/D, e use-a para re-
solver o seguinte problema. A ligação entre dois reservatórios mantidos em ní-
veis constantes é feita por uma tubulação de 450 m de comprimento, 6" de
diâmetro e ru gosidade absoluta E= 0,9 mm. De termine o mínimo desníve l
entre os reservatórios para que o escoamento de água ainda seja francamente
turbulento rugoso.
[L'lH = 7,41 m]

2.23 A ligação entre dois reservatórios, mantidos em níveis constantes, é fe ita


por duas tubulações em paralelo. A primeira com 1500 m de comprimento, 300
mm de diâmetro, com fator de atrito f = 0,032, transporta uma vazãb de 0,056
m 3/s ele água. D etermi ne a vazão transportada pela segunda tubul ação, com
3000 m de comprimento, 600 mm de diâmetro, e fator de atrito f= 0 ,024.
[Q = 0,258 m 3/s]

2.24 Se o diâmetro de uma tubulação de aço rebitado for duplicado, que efei-
to isto provoca na vazão, para uma dada perda de carga constante, consideran-
do que ambos os escoamentos são laminares.
[Qz = I 6·Qi]

2.25 Determine qual o tempo mínimo necessário


para esvaziar a seringa, de diâmetro igual a I ,2 em, !. · ~=-;H -~~~~~~~~will,!llw~~~~~~~~~~~~ .
mostrada na Figura 2.11, de modo que o escoa- 12cm I 4 cm
mento de água no interior da agulha, de diâmetro
igual a 0,4 mm, ainda seja laminar. Dete1mine F igura 2.11 Problema 2.25.
também o valor da força F necessária para ser apli-
cada ao êmbolo da seringa. Despreze o volume ele
água dentro da agulha e o atrito entre o êmbolo e a seringa. Adote Reycrit = 2300. Vis-
cosidade cinemáti)il da água v= Io-6 m2/s.
[t = 18,78 s, F= 5,19 N]

~ Considere o escoamento permanente de água em uma tubulação retilínea de


200 m de comprimento, de um certo material, com diâmetro igual a 1/2" .
Em uma seção A, na cota 100,00 m, a altura d'água em um piezômetro é ele
3,0 me em uma seção B, na cota 100,50 m, a altura d'água em um piezômetro
é de 2,0 m. Determine:
a) o sentido do escoamen to ;
b) a vazão que escoa.
S uponha escoamento laminar e depo is ve rif ique se a h ipótese está
co rreta.
a) [Sentido A ~ B] b) [Q = 0,0 15 1/s]
2.27 Considere o escoamento de água em um conduto forçado de seção qua-
ª·
drada de lado Para uma determinada vazão, determine a relação entre o fator
de atrito f da fórmula uni versal e o coeficiente C de rugosidade da fórmula de
Hazen-Williams, para que a perda de carga unitária seja a mesma nas duas
fo rmulações. Utilize o conceito de diâmetro hidráulico nas duas equações.

0 13
[f = J28,78-a ' J
CI .S5 ·QO.I5

2.28 Um fluido de viscosidade 11 = 0,0048 Ns/m2 e densidade igual a 0,90


flu i em uma tubulação lisa de 0,30 m de diâmetro, com velocidade média de
1,5 m/s. Calcule a tensão de atrito e a velocidade a I00 mm do eixo da tubu-
lação.

['t = 3,12 N/m2 ; V1oo = 1,59 m/s]

2.29 Em um escoamento turbulento de água em um tubo de 300 mm de diâ-


metro, a tensão de cisalhamento na parede é de 5,0 N/m2 e a velocidade central
é 2,0 m/s. Determine a vazão, a perda de carga unitária e a que distância da
parede ocorre a velocidade méd ia e o gradiente de velocidade a 25 mm da li-
nha central.
Cap. 2 Escoamento Uniforme em Tubulações

[Q = O, 121 m3/s; J = 6,80- 1o·3 mim ; y = 29 mm (33,47 mm);


dV/dy = 1,41 m/s/m] ·

~ Água escoa em um tubo de 50 mm de diâmetro e ru gosidade absoluta


E = 0,8 mm. A veloc idade na linha de centro é de 3,0 m/s. Determine a perda
de carga em 3,0 m de tubo.
[~H= 0,72 m]

~Considerando o escoamento turbule nto hidraulicamente rugoso em todas


as tubulações, colocadas em um plano hori zon ta l e mostradas na F igura 2.12,
determine a vazão através dos trechos ( I ), (2) e (3), interligados no ponto A,
em fu nção da vazão de entrada Qo, sabe ndo que os tubos são feitos do mes-
mo material e têm o mesmo diâmetro. A ssuma que o fator de atrito f dos três
trechos é constante.
Figu ra 2.12 Problema 2.31.

2.32 Sabendo que o escoamento de água e m uma certa tubulação circular é


turbulento hidraulicamente rugoso, qual é o acréscimo percentual na perda de
carga unitária qu ando aumentamos a vazão e m I 0 %.
Este cálculo imediato pode ser feito se o escoamento for
turbulento hidrau li camente li so? Por quê? 554,00

[A perda de carga unitária aumenta em 21%; Não]

'~ De terminar a relação e ntre a vazão máxima e a A


-vazão mínima que pode ser retirada na derivação B, con-
forme Figura 2.1 3, impondo que o reservatório 2 nunca
seja abastecido pe lo reservatório I c que a mínima car-
ga de pressão disponível na linha seja I ,O mH20. Utili-
ze a f órmula de Hazen-Williams. Despreze as perdas
localizadas e as cargas c inéticas.
Figura 2.13 Problema 2.33.
[Qmáx/Qmín = I ,89]
~ Uma tubulação de 0,30 m de diâmetro e 3,2 km
de comprimento desce, com inclinação constante, de um reservatório cuj a
s upe rfície livre está a uma altitude de 150 m, para outro reservatóri o cuja su-
perfície livre está a uma altitude de 120 m, conectando-se aos reservatórios e m
pontos situados a I O m abaixo de suas respectivas superfíc ies li vres. A vazão
através da linha não é satisfatória e instala-se uma bomba na altitude 135 m
a fim de produz ir o au mento de vazão desejado. Supondo que o fator de atri-
to da tubulação seja constante e igual a f = 0,020 e que o rendimento da bomba
seja de 80%, determi ne:
Cap. 2

~ vazão original do sistema por gravidade.


~a potência necessária à bomba para recalcar uma vazão de 0,15 m 3/s.
c) as cargas de pressão imediatamente antes e depois da bomba, despre-
zando as perdas de carga localizadas e considerando a carga cinética
na adutora.
d) desen he as linhas de energia e piezométrica após a instalação da bom-
ba, nas condições do item anterior.
Sugestão: reveja a Equação 1.36, observando os níveis d'água de mon-
tante e jusante.
a) [Q = 0,117 m3/s]; b) [Pot = 34,93 kW (47,5 cv)]; c) [pantcsfY = 6,61 mH20 ;
d) PdcpoiJY = 25,61 rnH20I

E ~5 Na Figura 2.14 os pontos A e B estão conectados


a um reservatório mantido em níve l constante e os pon-
300m tos E e F conectados a outro reservatório também man-
c 8" D tido em nível constante e mais baixo que o primeiro. Se
a vazão no trecho AC e igual a 10 1/s de água, determi-
F nar as vazões em todas as tubulações e o desnível H entre
Figura 2.14 Problema 2.35. os reservatórios. A instalação está em um plano horizon-
tal e o coeficiente de rugosidade ela fórmu la de Hazen-
Willians, de todas as tubulações, vale C = 130. Despreze
as perdas de carga locali zadas e as cargas cinéticas nas tubula-
ções.
810.00
[Qsc = ;29,1 1/s; Qco = 39, 1 1/s; Qm; = 20,73 1/s; Qor: = 18,37 11
s; H= 6,47 ml

. . /Determinar o valor da vazão Qs, e a carga de pressão


~;onto B, sabendo que o reservatório l abastece o reserva-
tório 2 e que as perdas de carga unitárias nas duas tubulações
são iguais. Material: aço soldado revestido com cimento
centrifugado. Despreze as perdas localizadas e as cargas
cinéticas. ·
Figura 2.15 Problema 2.36.
rQa = 12,29 1/s; pt)y = 23,48 mH20 .I
3 69

-
PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS

3.1 INTRODUÇÃO
As instalações de transporte de água sob pressão, de qualquer porte, são
constituídas por tubulações montadas em seqüência, de eixo retilíneo, unidas
por acessórios de natureza diversa, como válvulas, curvas, derivações, regi s-
tros ou conexões de qualquer tipo e, eventualmente, uma máquina hidráulica
como bomba ou turbina. A topologia do sistema é a mais variada, desde uma
linha única em uma instalação de bombeamento até uma rede de distribuição
em uma instalação predial ou sistema de irrigação. Nos trechos retilíneos, de
diâmetro constante e mesmo material, a perda de carga unitária é constante,
desde que o regime seja permanente.
A presença de cada um destes acessórios, necessários para a operação
do sistema, concorre para que haja alteração de módulo ou direção da veloci-
dade média, e conseqüentemente de pressão, localmente. Isto se reflete em um
acréscimo de turbulência que produz p_erdas de carga que devem ser agrega-
das às perdas distribuídas, devido ao atrito, ao longo dos trechos retilíneos das
tubulações. Tais perdas recebem o nome de perdas de carga localizadas ou sin-
gulares.
Para a maioria dos acessórios ou conexões utilizados nas instalações
hidráulicas, não existe um tratamento analítico para o cálculo da perda de carga
desenvolvida. Trata-se de um campo eminentemente experimental, pois a ava-
liação de tais perdas depende de fatores diversos e de difícil quantificação.
A presença do acessório na tubulação altera a uniformidade do escoa-
mento e, apesar da denominação perda de carga localizada, a influência do
acessório sobre a linha de energia se faz sentir em trechos a montante e a
jusante de sua localização. A Figura 3.1 mostra uma situação esquemática da
presença de um estrangulamento (diafragma) em uma tubulação, destacando-
se dois trechos de interesse. No trecho 1-2, a montante, onde ocorre uma con-
vergência das linhas de corrente, há uma aceleração do movimento e alteração
no perfil de velocidade, contribuindo para um acréscimo na intensidade da tur-
bulência do escoamento principal. Do mesmo modo, a jusante, trecho 2-3, a
desaceleração, de forma mais efetiva, provoca a formação de
redemoinhos às expensas da energia do fluido, energia esta que
se transforma em calor quando o processo turbilhonar cessa,
após o escoamento ser novamente estabelecido. Assim, há uma
variação contínua no desenvolvimento da linha de energia entre
as seções 1 e 3; para efeito prático, convenciona-se representar
esta variação de modo concentrado na seção da singularidade
que a provoca, seção 2. O desenvolvimento da linha de energia
a montante e a jusante do acessório, trechos caracterizados por
Figura 3.1 Perda de carga localizada em um estran- um escoamento permanente e rapidamente variado, difere para
gulamento. cada tipo de geometria da singularidade.

3.2 EXPRESSÃO GERAL DAS PERDAS LOCALIZADAS


De modo geral, as perdas de carga localizadas, para cada acessório, po-
dem ser expressas por uma equação do tipo:

.y2
11h =K - (m) (3. 1)
2g

em que K é um coeficiente adimensional que depende da geometria da cone-


xão, do número de Reynolds, da rugosidade da parede e, em alguns casos, das
condições do escoamento, como a distribuição de vazão em uma ramificação. V
é uma velocidade média de referência, em geral nas peças em que há mudança
de diâmetro, tomada como a velocidade média na seção de menor diâmetro.
Em geral, o coeficiente K determinado experimentalmente para valores
do número de Reynolds suficientemente elevados, maiores que 1OS, toma-se
independente deste, assumindo-se em situações práticas um valor constante re-
tirado das tabelas e gráficos apresentados na literatura.
Deve-se observar que os valores recomendados do coeficiente K, que
serão apresentados na seqüência e extraídos de várias fontes, para alguns tipos
de s ingularidades devem ser entendidos como valores médios, uma vez que a
sua determinação experimental é afetada por diversos fatores. Para uma deter-
minada conexão de um certo diâmetro, a perda de carga depende do tipo de
acabamento intemo da conexão, existência de rebarbas ou ângulos vivos e até
das condições da instalação no ensaio, como fixação da peça flangeada ou
roscada, aperto de rosca etc. Deste modo, a mesma conexão originada de fa-
bricantes diferentes costuma apresentar nos ensaios valores diferentes do coe-
ficiente K.
A Figura 3.2 mostra o resultado do levantamen- 0,30
to do coefic iente K em um cotovelo 45°, de 1 W' de 0,29

diâmetro, ferro galvanizado, realizado no Laboratório 0,28


0,27
de Hidráulica da Escola de Engenharia de São Carlos,
0,26
para a lndustria de Fundição Thpy.
0.25
::.::
0,24
3.3 VALORES DO COEFICIENTE K PARA 0,23
ALGUMAS SINGULARIDADES 0,22
0,21
3.3.1 ALARGAMENTOS E ESTREITAMENTOS 0,20 r----+-----r--- - 1-----+--- 1- - -----4

A mudança de diâmetro em uma linha de tubula- o 20000 40000 60000 80000 100000 120000
Rey
ções pode ser feita de modo brusco ou gradual, sej a por
aumento (alargamento) ou diminuição (estreitamento) da Figura 3.2 Curva K x Reynolds para um cotovelo de 45".
seção transversal. No caso de um alargamento brusco,
como na Figura 3.3 a perda localizada ocon·e pela desa-
celeração do fluido no trecho curto entre as seções I e 2, de áreas A,
e Az, respectivamente. A determinação da perda localizada, neste
caso, permite um tratamento analítico, pela aplicação do teorema da
quantidade de movimento e da equação da energia ao fluido que
ocupa o volume de controle limitado pelas seções J e 2. Observa-se, --lli~--------- v;ng
-.,-----------\::''=
u•.
expeiimentalmente, que a pressão na áreaAB é, em média, aproxima-
damente igual à pressão na seção 1, e a flutuação se deve aos rede-
moinhos na zona morta fora do escoamento principal. vz
....
Para o volume de controle escolhido, a aplicação do teorema
da quantidade de movimento, no regime permanente e uniforme,
leva a
Figura 3.3 Alargamento brusco.
(3.2)

em que I Fx é o somatório de todas as forças que atuam sobre o líquido con-


tido no volume de controle, na direção x, p Q é a vazão em massa através das
seções I e 2 e V;, as velocidades médias do escoamento estabelecido. Aplican-
do a Equação 3.2 e desprezando o atrito entre o fluido e a parede da tubula-
ção, fica:

(3.3)

A equação da energia, Equação 1.11 a, aplicada entre as seções 1 e 2, na


qual a perda total entre as seções é somente a perda localizada devido à sin-
gularidade, torna-se:
Cap.3

(3.4)

Eliminando a diferença de pressão p 1 - p2 nas duas equações anteriores


e desenvolvendo, vem:

(3.5)

1. Jean Charles Borda, matemático e


oficial de marinha francês, 1733-1799,
Esta equação, que reproduz bem o valor da perda de carga levantada
e Lazare Carnot, engenheiro francês, experimentalmente no alargamento brusco, é conhecida como equação de Bor-
1753-1823.
da-Camot.1
Como na situação de um alargamento brusco, V 1 > V2, a seguinte desi-
gualdade é válida:

(3.6)

indicando que há uma recuperação da pressão na seção 2, à custa da dirninui-


ção da carga cinética, e que a linha piezométrica sobe no sentido do escoamen-
to, conforme comentado na Seção 1.2.2 e verificado na Figura 3.3.
No caso particular importante da passagem em aresta viva de uma ca-
nalização para um reservatório de grandes proporções, situação em que a ve-
locidade é nula no trecho de maior seção (reservatório), pois A2 --t oo, o valor
de K é igual à unidade, indicando a perda total da carga cinética, como na
Figura 3.4 Passagem de uma tubu-
Figura 3.4.
lação para um rescrvatólio.
Para uma contração brusca, o escoamento tem características semelhan-
tes à expansão, na qual, primeiro, o fluido se afasta da fronteira sólida na fonna
de uma contração do jato e, então, se expande para preencher totalmente a se-
ção de menor diâmetro a jusante. Pelo fato de a perda de carga no fluxo ace-
lerado ser bem menor que no fluxo desacelerado, a perda entre as seções 1 e
O, na Figura 3.5 pode ser desprezada de modo que a perda entre as seções O e
2 seja tomada como a perda localizada na singularidade.
Usando a Equação 3.5, vem:
(3.7)

em que V o é a velocidade média do jato na seção de menor di-


âmetro, chamada seção contraída, cuja área é usualmente expres-
sa através do conceito de coeficiente de contração Cc, na forma:

(3 .8) Figura 3.5 Contração brusca.

Utilizando-se a equação da continuidade e ntre as seções O e 2, a Equa-


ção 3.7 fica:

2 2

~h = ( c:--
1
1
) y
2 ~ = K
v ?;
2~
(3.9)

Os valores do coeficiente de perda de carga localizada em uma contra-


ção brusca são dados na Tabela 3. 1, em relação à veloc idade no trecho de
menor diâmetro.

Tabela 3.1 Valores do coeficiente K para reduções bruscas.

AiA, o 0.1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
K 0,50 0,46 0,41 0,36 0,30 0,24 0, 18 0,12 0,06 0,02 0,0

Quando a relação A2/A1 se aproxima de O, o que significa que a área de


montante é muito maior que a de jusante, caso da trans ição de um reservató-
ri o para uma tubulação de um certo diâmetro, o valor K tende para 0,50, como
na Ta bela 3. 1. A Figura 3.6 m ostra o desenvolvimento das linhas de energia e
piezomé trica e os valores de K na passagem de um reservatório para uma tu-
bulação, em função do tipo de geometri a da transição.
No caso de um alargamento ou contração g radual, conforme a Figura
3.7, a perda de carga depende, evidentemente, da geometri a da peça. O coe-
ficiente de perda de carga é função do ângulo de abertura do alargamento ou
de fechamento da contração e da relação de áreas ou diâmetros das seções ex-
tremas. Devido à grande área de contato do fluid o com a peça, o coeficiente
de pe rda de carga K e ngloba os efeitos de atrito na parede e do
turbilhonamen to de grande escala . Para um alargamento gradual com ângu lo
central de abertu ra pequeno, o coeficiente K
depende exclusivamente do atrito de superfície e,
à medida que este ângulo cresce, o efeito pre-
tl----1---:----- L. E. ponderante passa a ser o de descolamento da
tt--L..:_.:..:::!L__ _ L. p. veia e conseqüente formação de grandes turbi-
v
-+ _.v lhões . A soma destes dois efeitos é míni ma
para um ângulo de abertura central em torno de
K =0,5 6° a 7°. Os alargamentos graduais em forma de
tronco de cone são utilizados como difusores no
processo de recuperação de pressão em turbinas
hidráulicas, medidores Venturi, ejetores etc.
Deve-se observar na Figura 3.7, que na contra-
ção gradual com ângulos de fechamento peque-

...v
K=0,8
nos, até 20°, a perda de carga é desprezível, pois
as veloc idades são gradualmente crescentes,
sem formação da seção contraída e posterior ex-
pansão.
Figura 3.6 Passagem de um reservatório para uma tubulação.

0,8 ,,-

I
, t_ ----t----
Gibson
---+---1---
tniD =3,0
I
I
2,0
0,6
I
.,..... 0,6

j'
j 'L Huang

--í...... Gibson
t--
S..-3 ~:~·-v
a 1 D2 /D 1=2,1
I..--___. ~
,.
...__ - --- 0,4 .,...,
K
0,4
I
I

x< --- --- --- 1,53


'"'·L K
v 1,5
~

--
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0,2 11/
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Levin -

/_l> ~ ~
~
I-
1,2
-
,., I

b:8:=== ~ v ~

20o 40 o 60o 80° 100° 20o 40 o 60o 80 o 100°


a (X
(a) (b)

Figura 3.7 Coeficientes de perdas localizadas em (a) expansão e (b) contração, conforme (6).
De modo geral, o movimento acelerado acompanhado de um gradiente
de pressão favorável tende a estabilizar o escoamento, ao passo que, no movi-
mento desacelerado com gradiente de pressão adverso, tende a produzir sepa-
ração da veia, instabilidade, formação de redemoinhos e, conseqüentemente,
maior dissipação de energia. Observe na Figura 3.7 que, para a mesma relação
de diâmetros e mesmo ângulo a, o coeficiente de perda localizada no
estreitamento gradual é menor que no alargamento. Em ambos os casos, o co-
eficiente K é relativo à velocidade na seção de menor diâmetro.

3.3.2 COTOVELOS E CURVAS


Tais conexões, muito utilizadas nas diversas instalações de transporte de
água, produzem perdas localizadas devido à mudança de direção do escoamen-
to. Pelo efeito da inércia, os filetes tendem a conservar seu movimento retilíneo
e são imped idos pela fronteira sólida da conexão. Esta mudança de direção
provoca uma modificação substancial no perfil de velocidade e, conseqüente-
mente, na distribuição de pressão, de modo que ocorre um aumento de pres-
são na parte externa da curva com diminuição da velocidade, e o inverso na
parte interna da curva, o que gera um movimento espiralado das partí-
culas, que pers iste por uma considerável distância a jusante da curva.
Basicamente, a perda de carga depende da rugosidade da parede, do
número de Reynolds, da relação entre o raio de curvatura médio e o
diâmetro e do ângulo de curvatura, e existe uma grande disparidade de
resultados experimentais do valor do coeficiente K entre os distintos
trabalhos de investigação. Ampla informação sobre valores de K para
curvas, cotovelos ou diferentes tipos de singularidades podem ser encon-
trada nas referências Ito (12), WES (6), Idelcic ( 11), Miller (16) e Len-
castre ( 13).
F igura 3.8 Curva circul ar de raio r e
No caso específico de curvas e cotovelos, como observado nas ângulo a.
F iguras 3.8 e 3.9, respectivamente, os valores do coefi ciente K podem
ser determinados para o ângulo a, em graus, pelas Equações 3. 1O e 3. 11 .

(3. 10)

....v
K = 67,6· I0-6 ·( a ) 2 ·17 (3.1 1)
Figura 3.9 Cotovelo de ângulo a.
Cap. 3

3.3.3 REGISTRO DE GAVETA


Com freqüência, as tubulações dispõem de mecanismos que permitem re-
gular a vazão transportada, ou mesmo promover o fechamento total. Tais equi-
pamentos, comumente chamados de válvulas, podem ser de diversos tipos,
tamanhos e geometrias, tais como válvula de borboleta, regis tro de gaveta,
registro de globo, registro de ângulo, válvul a em Y etc. Quando totalmente
abertas, as válvulas não produzem alterações substanciais no escoamento,
porém, quando parcialmente fechadas, provocam perdas de carga considerá-
veis. Para o caso do registro de gaveta, de larga aplicação, cujo processo de fe-
chamento se dá através de uma lâmina vertical, como
na Figura 3.1 O, a Tabela 3.2 apresenta os valores do

Q --- -- coeficiente K em função do grau de fechamento da


válvula, sendo a perda calculada pela Equação 3. 1
com a velocidade média do escoamento na seção ple-
na da tubulação. Deve-se observar, na Tabela 3.2, que
o valor do coeficiente de perda de carga aumentara-
Figm·a 3.10 Registro de gaveta. pidamente com o grau de fech amento da válvula.

Tabela 3.2 Valores de K para registro de gaveta parcialmente fechado.

aJD o 1/4 3/8 1/2 5/8 3/4 7/8


K 0, 15 0,26 0,81 2,06 5,52 17,0 97,8

3.3.4 VÁLVULA DE BORBOLETA


As válvulas de borboleta são dispositivos usados
Q
... - --
o
- -- ·-·
em instalações hidráulicas para fazer controle de vazão.
Podem ser operadas de modo manual ou com auxílio de
dispositivos elétricos (acionadores), para fechamento
total ou fixação de um certo ângulo a de abertura, con-
Figura 3.11 Válvula de borboleta. forme a Figura 3. 11. Os valores do coeficiente de per-
da de carga são apresentados na Tabela 3.3.

Tabela 3.3 Valores de K em função do ângulo de abern1ra.

ao o 5 lO 15 20 25 30 35 40 45 50
K 0,15 0,24 0,52 0,90 1,54 2,5 1 3,9 1 6,22 10,8 18,7 32,6
Cop. 3 Pe"'" de c""' locoli""" D
3.3 .5 VALORES DIVERSOS DO COEFICIENTE DE PERDA DE CARGA
Alguns valores indicativos dos coeficientes de perda de carga para diver-
sos acessórios são apresentados na Tabela 3.4, observando que, pela natureza do
problema, tais valores não são u niversais, mesmo porque, para determ inados
acessórios o valor de K é função do próprio diâmetro.

1àbela 3.4 Valores do coeficiente K para diversos acessórios.

Acessório K Acessório K
Cotovelo de 90" raio curto 0,9 Válv ula de gaveta aberta 0,2
Cotovelo de 90" raio longo 0,6 Válvula de ângulo aberta 5
Cotovelo de 45" 0,4 Válvula de globo aberta 10
Curva 90", r/D = I 0,4 Válvula de pé com crivo lO
Curva de 45" 0,2 Válvula de retenção 3
Tê, passagem d ireta 0,9 Curva de retomo, a= 180" 2,2

["l Tê, saída lateral 2,0 V álvula de bóia 6


- ~

3.4 ANÁLISE DE TUBULAÇÕES


O problema básico do transporte de água sob pressão em uma linha de
tubulações, na qual existe trechos de diâmetros diferentes e diversos acessó-
rios, refere-se ao cálcul o da vazão, dada uma certa energia disponível pelo
sistema. O problema cons iste no cálculo das perdas de carga distribuídas ou
contínuas em cada trecho de determinado diâmetro e também na avaliação das
perdas de carga localizadas produzidas pelos acessórios. Estes dois conjuntos
de perdas deverão ser somados e feita a compatibilidade energética com aquilo
de que o sistema dispõe.
Considere a ligação de dois reservatórios abertos para a atmosfera e
mantidos em níveis constantes, conforme a Figura 3.1 2, na qual, se todos os
elementos fossem conhecidos, seria possível traçar a lin ha de energia como
uma linha contínua, correspondente às perdas de carga distribuídas e apresen-
tando em determinadas seções descontinuidades provocadas pelas perdas de
carga localizadas. Abaixo desta linha e a uma distância correspondente à car-
ga cinética de cada trecho, seria possível traçar a linha piezométrica. Desta for-
ma é possível estabelecer uma equação geral de cálculo de uma tubulação sob
pressão, sej a com escoamento por gravidade ou mesmo por bombeamento . A
análise a ser feita, segundo o esquema apresentado na Figura 3 .12, é a seguinte:
a) As superfícies livres dos reservatórios são as duas únicas seções em
que a pressão é atmosfér~ ca e representam condições energéticas li-
Cap. 3

mites a montante e a jusante. A diferença de cotas topográficas entre


tais superfícies representa, obviamente, a e nergia total de que o sis-
tema dispõe para, sujeito às condições da linha, veicular uma certa
vazão no escoamento estritamente por gravidade.
b) A adutora é constituída por vários trechos cilíndricos de comprimen-
tos Li, de diâmetros iguais ou não, e seções A,B,C,D,E,F, nas quais
singularidades provocam perdas localizadas.
c) Cada trecho retilíneo provocará uma perda de carga distribuída, dada
por Ji Li , em que Ji é a perda de carga unitária calculada pelas expres-
sões discutidas no capítulo anterior, e cada singularidade provocará
uma perda localizada dada por K V2/2g.
d) Eventualmente, no sistema adutor poderá haver elementos Ek inter-
calados que provoquem troca de energia com o fluido (bombas ou
turbinas) e que forneçam ou retirem energia equivalente, em metros
de coluna d ' água, a LlEk.
Desta forma, o balanço energético global do siste-
L6 ma da Figura 3 .1 2 é dado por: f?>ort1 1õ7r ctJ
~ ·ilJRIOiNA
D.Z !J.Z = LJiL i+ :L,j tJ.h j ± :L,~ tJ. Ek (3.12)
Z2
em que os sinais negativo e pos itivo cotTespondem, res-
pectivamente, às bombas e turbinas.
No caso particular de não haver bombas ou tu rbi-
I nas entre os do is reservatórios, a e nerg ia topográfica to-
D.E F
tal disponível !J.Z é inteiramente consumida pelas perdas
Figura 3.12 Ligação entre dois reservatórios. de carga, de modo que a Equação 3. 12, pode ser escrita
usando-se a fórmula universal de perda de carga, como:

L v" V2
!J.Z =L,. f - ' _ , +L K -' (3.13)
I I D i 2g J J 2g

A Equação 3. 12 pode ser utilizada em cada ligação entre duas seções em


que se verifique o contato com a atmosfera exterior e, associada à equação da
continuidade, resolver problemas inerentes à interligação entre três ou mais re-
servatórios, como será visto nos capítulos seguintes.

3.5 INFLUÊNCIA RELATIVA DAS PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS


B asicamente, os três principa is problemas de escoamento e m tubula-
ções, na condição de escoamento por gravidade , são: a determinação da per-
Cap.3

da de carga e variação da pressão, conhecendo-se a vazão e as características


da tubulação; o cálculo da vazão a partir das características da tubulação e da
energia que sustenta o escoamento; e o dimensionamento do diâmetro da li-
nha, necessário para que passe uma determinada vazão, compatível com a di-
ferença energética entre seções.
Algumas aplicações feitas no capítulo anterior seguiram esta linha em
situações nas quais não havia perdas locali zadas. O tratamento analítico dos
três problemas, através da equação de Bernoulli e das equações de resistência
já vistas, continuará a ser utilizado com o aumento do grau de dificuldade pela
presença de singularidades. Desta forma, é necessário ter uma idéia prévia, em
cada situação, da importância relativa das perdas localizadas, isto é, quando
elas podem ser desprezadas sem prejuízo do cálculo. Em tubulações curtas
como na sucção de uma bomba, ou em sistemas como instalações hidráulico-
sanitárias em edifícios, em que, além dos trechos serem curtos, existe um grande
número de acessórios, as perdas localizadas são absolutamente preponderantes.
Nos projetos de redes de distribuição de água, nos quais diâmetros e
comprimentos são relativamente grandes, as perdas de carga localizadas cos- Imagine o esco amento de uma certa
vazão através de um estreitamento
tumam ser desprezadas, face às perdas por atrito nos comprimentos retilíneos gradual com ângulo de 60° e relação
de diâmetros 0 2101 = 1.5.
das tubulações. Em geral , em sistemas hidráulicos nos quai s as perdas locali- Se o sentido do escoamento for
zadas não petfazem mais que 5% das perdas distribuídas podem, em princí- invertido a perda de carg a localizada
aumenta ou diminui?
pio, ser desprezadas . Como regra básica , se uma linha de tubulações tiver um
comprimento retilíneo entre os acessórios igual a I 000 vezes o diâmetro, ou
mais, as perdas de carga localizadas têm influência secundária na perda total
do sistema.
Neste sentido, considere-se a ligação entre dois re- lL(·
servatórios abertos e mantidos em níveis constantes, fei-
ta por uma tubulação de um determinado diâmetro D e
------~--------~~--------
comprimento L, na qual se instalou um registro de gave-
ta aberto, conforme Figura 3.1 3. O traçado das linhas de L. P.
energia e piezométrica é o convencional, levando-se em I J.-+
conta as perdas na entrada, no registro e na saída da linha.
Para efe ito comparati vo do val or da relação L/D e das
perdas localizadas, sobre a velocidade média na tubulação
e, conseqüentemente, sobre a vazão, fi xa-se o valor do
Figura 3.13 Infl uência das perdas localizadas.
coeficiente de atrito f = 0,025, independente do número de
Reynolds.
O balanço energético entre os reservatórios, dado pela Equação 3.1 3,
com os valores dos coeficientes de perda de carga localizada retirados dos itens
anteri ores, é calculado por:
Cap. 3

L y2 y2 L y2
~Z= f--+~ K - = ( f - +K +K + K ) - =
D 2g .L... 2g D c r s 2g

L y2
= ( 0,025- + 0,5 + 0,2 + 1,0 ) -
D 2g

A expressão anterior mostra que, quando a relação LID vai aumentan-


do, o valor numérico entre parênteses depende cada vez menos do somatório
dos coeficientes de perdas de carga localizadas, igual a 1,7. Se as perdas de
carga localizadas forem preliminarmente abandonadas, gerando uma veloci-
dade média aproximada dada por:

que, quando comparada à velocidade média real, dada por:

f2ip;i
V = -,=~~==
L
(0,025 D +1 ,7)

comete-se os seguintes erros, segundo a Tabela 3.5.

Tabela 3.5 Comparação d a influência das perdas localizadas


com o comprimento relativo da linha.

UD v.J..filZ V/..ft:Z Erro(%) = I OO*(V.-V)N


100 2,80 2,16 29,63
500 1,252 1,175 6,55
1000 0,885 0,857 3,26
1500 0,723 0,707 2,26
Cap. 3 Perdas de Carga Localizadas

Conclui-se, portanto. que, para comprimentos relativos LJD superiores


a 1000, o erro cometido no cdculo da velocidade média ou da vazão pode ser
da ordem de grandeza daquele cometido na especificaçãõ do fator de atrito ou
dos próprios coeficientes de perda localizada. Assim, a regra bhsica de desp
zar as perdas de carga localizadas quando a tubulação 15 longa, UD > 1000
bastante razoiivel. Evidentemente, dependendo da natureza do problema e do
5
grau de precisão exigi& 8 -&*< pr6prio critério.

EXEMPLO 3.1

A ligação entre dois reservatórios abertos, cujos nfveis d'água difetem


em 10 m, é feita através de uma tubulação de 0,15 m de áitimetro, em aço sol-
dado liso, coeficientede rugosidade & = 0,10 mm. O comprimento retilíneo da
tubulagão é 410 m, existindo como singularidades, que produze.m perdas lo-
calizadas, as seguintes: entrada na tubulação em aresta viva & = 0,50, dois co-
tovelos 90a raio curto, I(c = 0,80 e entrada no resewat6rio inferior Ks= 1,O.
Determine a vazão transportada em regime pemammte.
Usando a Equação geral 3.13, para um iinico diâmetro, vem:

Substituindo os valores dados e desenvolvendo, a expressão anterior


torna-se:

indicando que o problema é indeterminado, uma vez que existe somente a


equação anterior, originada da aplicação da equação de Bernoulli entre os
extremos da tubulação e duas incógnitas, a velocidade média V e o fator de
atrito f. Lembrando que o fator de atrito depende, em princípio, da rugosidade
-- absoluta E e do n ú m m de Reynolds, e c060 as duas incógnita são interliga-
das através da Equqão 2.37, podese utilizar um processo de tentativa e erro,
adotando um valor inicial para V e, conseqüentemente, calcuiando f, at6 que
a equação básica anterior seja verificada, isto é, até que a sorna das perdas
distribufda e localizada seja igual ou bem pr6xima a 10 m. Como foi comen-
tado na Seção 2.5, em aplicações práticas, as velocidades médias nas tubula-
ções>em geral, encontram-se na faixa de 0,50 a 3,O d s . Assim, adotando-se
um valor inicial para a velocidade d i a , com os valores diEmetro D = 0,15 m
e rugosidade E = 0,lO mm e o auxíiio da tabela da Equação 2.37, W l a Al, de
temina-se o valor do coeficiente & atrito f e a perda total A2 pe1aEquac;ão 3.14.
Cap. 3

O processo de convergência é garantido se, a cada passo, o novo valor da ve-


locidade V for calculado pela Equação 3 .14, usando o valor do coeficiente f do
passo anterior. Quando o valor do coeficiente de atrito f for constante, o pro-
cesso convergiu.
1. Seja V = I ,O mls ~ Tabela Al ~ f= 0,0202 ~flZ = 2,98 m * 1O
m
2. Seja f= 0,0202 ~Equação 3.14 ~v= 1,833 m/s ~ Tabela AI~
f= 0,0193
3. Seja f= 0,0193 ~Equação 3.14 ~v= 1,873 m/s ~ Tabela AI~
f= 0,0193
O valor de f não se alterou e o processo convergiu para o valor da veloci-
dade média 1,873 m/s e, conseqüentemente, a vazão será cerca de 0,033 m3/s.
Uma maneira mais rápida de atingir a convergência do método é prelimi-
narmente desprezar as perdas localizadas, de modo que a perda total do sistema
flZ = 1O m seja somente devida à perda distribuída no comprimento L= 41 O m .
Desta forma, a perda de carga unitária pode ser calculada e, com o auxílio da
tabela da Equação 2.38, Tabela A2, a primeira aproximação da velocidade pode
ser determinada como:

flZ = flH 10
J=
L
=-
410
= 0,0244 mim ~ Tabela A2 ~ V =1,95 m/s
valor bem mais próximo do correto (V = 1,873 m/s), que a tentativa inicial
V = 1,O m/s. Incluindo-se as perdas localizadas, a velocidade real será um pou-
co menor que o valor preliminar 1,95 rnls.

EXEMPLO 3.2

Uma mangueira de P.V.C., com L = 50


m de comprimento e D = 50 mm de diâmetro,
é ligada a um hidrante no qual a pressão é cons-
tante. Um bocal, segundo a forma de uma con-
tração brusca, é acoplado à extremidade de
saída para aumentar a energia cinética e propor-
cionar ao jato d'água um alcance maior. Supon-
do que o coeficiente de atrito na mangueira seja
Figura 3.14 Exemplo 3.2. constante e igual a f = 0,020 e que o coeficien-
te de perda localizada no bocal, com relação ao
trecho de menor diâmetro, segue os valores ta-
belados abaixo, determine o diâmetro d do bocal para o qual se obtém o mai-
or alcance do jato livre.
(ci!Di .. 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
K 226 47,8 17,5 7,8 3,8 1,8 0,8 0,3 0,09 o

A aplicação da equação de Bernoulli entre o hidrante, seção 1, e a saí-


da do bocal, seção 2, praticamente no mesmo nível, levando em conta todas
as perdas e o fato de que a carga cinética no hidrante pode ser desprezada, tem
a forma:

vz V2 L vz V2
RL = - 2 + MI + Llh = - 2 +f - ~+ K - 2
y 2g 2g D 2g 2g

e como pela equação da continuidade a relação entre a velocidade média na


mangueira V mg e a velocidade média no bocal V 2 é dada por V mg =V 2 ( d/0)2 ,
a equação acima fica:

Como, pela condição do problema, a pressão no hidrante é constante e


o alcance do jato deve ser máximo, isto é, a velocidade de saída V2 deve ser
máxima, o termo entre colchetes da equação anterior deve passar por um mí-
nimo. Calculando o termo entre colchetes para cada valor da relação (d/D) 2 e
do coeficiente K, dado na tabela anterior, tem-se:

(d!D)' K [I + 20 (d!D)' + K]
0,2 47,8 49,6

0,3 17,5 20,3


0,4 7,8 12,0
0,5 3,8 9,8
0,6 1,8 10,0

0,7 0,8 11,6


Cap. 3

Pela tabela anterior, verifica-se que o termo entre parênteses passa por
um mínimo para a relação (d/D? = 0,5, o que fornece o valor do diâmetro do
bocal d = 35,35 mm.

3.6 MÉTODO DOS COMPRIM ENTOS EQU IVALENTES


Entre as Equações 1.20 e 3.1, para determinação de perdas de carga
distribuída e localizada, respectivamente, existe uma analogia formal, isto é,
ambas são função direta da carga cinética. Deste modo, e por conveniência de
cálculo, as singularidades existentes nas tubulações são muitas vezes expres-
sas em termos de comprimentos equivalentes de condutos retilíneos, os quais
provocam a mesma perda de carga que aquela gerada pelo acessório, quando
a vazão em ambos é a mesma.
Impondo a igualdade entre as equações de perda de carga localizada e
de perda contínua, tem-se:

=ilH=f ~V
2 2
ilh = KV (3 .15)
2g D 2g

em que Le é chamado de comJHtillenlo eqlliJ;a/en!e, ·c orrespondente a cada


singularidade. Da equação anterior pode-se facil mente obter uma expressão
para a determinação do comprimento equ ivalente, como:

~-!_
t
t..e:.::
K:-P
(3. 16)
D f f
P01tanto, o método dos comprimentos equivalentes consiste em substi-
tuir, para simples efeito de cálculo, cada acessório da instalação por compri-
mentos de tubos retilíneos, de igual diâmetro, nos quais a perda de carga seja
igual à provocada pelo acessório, quando a vazão em ambos é a mesma. Assim,
cada comprimento equivalente é adicionado ao comprimento real da tubulação,
a fim de simplificar o cálculo, transfonnando o problema em um problema de
simples perda distribuída. Deve-se observar pela Equação 3.16 que o compri-
mento equivalente é uma função do coeficiente de atrito f, e este não é fixo para
uma determinada perda e diâmetro, mas depende do número de Reynolds e do
coeficiente de rugosidade do conduto. Também, o coeficiente K é função do nú-
mero de Reynolds, conforme visto na Seção 3.2 deste capítulo, mas para mui-
tos dos propósitos práticos a variação é pequena, sendo desconsiderada.
Este princípio de equivalência será estendido no próximo capítulo, para
tubulações e sistemas hidráulicos, na forma: uma tubulação de certo compri-
mento, diâmetro e rugosidade é equivalente a outra de características distin-
Cop. 3 P'"'"' do C"'Y' Locoll'"d"' [j
tas, desde que a perda de carga total em ambas seja a mesma, para uma mes-
ma vazão.
Para cada acessório, caracterizado pelo valor de K, pode-se tabelar a
Equação 3.16 para valores médios do fator de atrito. Nesta linha, foi feita uma
análise estatística de regressão linear nos dados dos comprimentos equivalentes
de várias peças usadas em instalações hidráulicas, apresentadas na Tabela 3.7
da referência A.B.N.T. (1), para tubos metálicos, aço galvanizado e ferro fun-
dido. Para diâmetros variando de 3/4" até 14", pode-se verificar uma boa re-
lação linear entre o comprimento equivalente e o diâmetro da peça na forma
Le = o:+ ~D, que, após transformada para LJD = a/D + ~' foi calculada a mé-
dia aritmética para a faixa de diâmetros indicada, e apresentada na Tabela 3.6.
A forma de apresentação dos comprimentos equivalentes como função de um O comprimento de um tubo com fator
determinado número de diâmetros, como na Tabela 3.6, é particularmente in- de atrito f = 0,020, expresso em núme-
ros de diâmetros, equivalente a uma
teressante em cálculos de dimensionamento, determinação do diâmetro de uma válvula de ângulo aberta, vale quanto?
certa linha, ou quando se utilizam programas de computador.
Para tubos de P.V.C. ou cobre, os valores dos comprimentos equivalentes
recomendados pela A.B.N.T. e constantes da Tabela 3.7 não permitem a aná-
li se de regressão feita anteriormente, isto é, não há linearidade entre o com-
primento equivalente e o diâmetro para cada acessório. Desta forma, a tabela
original foi simplesmente transcrita, não podendo ser transformada para apre-
sentar os comprimentos equivalentes em números de diâmetros.

EXEMPLO 3.3

Na instalação hidráulica predial mostrada na Figura 3. I 5, a tubulação é


de P.V.C. rígido, soldável com I" de diâmetro, e é percorrida por uma vazão
de 0,20 1/s de água. Os joelhos são de 90° e os registros de gaveta, abertos. No
ponto A, 2, I O m abaixo do chuveiro, a carga de pressão é igual a 3,3 mHzO.
...
--
..1""1

E
-
Determine a carga de pressão disponível imediatamente antes do chuveiro. Os o-
ó
35m
tês estão fechados em uma das saídas.
Utilizando-se a Tabela 3.7, é possível determinar os comprimentos equi-
p::..
valentes dos acessórios ex istentes entre o ponto A e o chuveiro, na forma: E
"t
~
Acessório Compr. Equiv. (m) ._ 0,2 Vs A

3 Joelhos 90° 4,5 3,0111 I


2 registros de gaveta, abertos 0,6 Figura 3.15 Exemplo 3.3.
Tê passagem direta 0,9
Tê lateral 3, 1
Comprimento real da linha 8,6
Comprimento total 17,7
Cap. 3

Tabela 3.6 Comprimentos equivalentes em número de diâmetros de


canalização para peças metálicas, ferro galvanizado e ferro fundid o.
· ·.
·• Comprimento
·Acessório ·Equação Figura equivalente (Le/D)
(n" de diâmetros)
Cotovelo 90°
raio longo
Le "' 0,068 + 20,96 D @fi 22
Cotovelo 90°
raio médio
Le "' 0, 11 4 + 26,56 D (i(9 28,5
Cotovelo 90°
raio curto
Le"' 0,189 + 30,53 D
fi-E 34

Cotovelo 45° Le "' 0,013 + 15,14 D ~ 15,4


Curva 90°
RJDo: 1,5 Le "' 0,036 + 12,15 D @ 12,8
Curva 90°
R/D o: I Le"' O, 115 + 15,53 D a 17,5

Curva 45° Le "' 0,045 + 7,08 D \) 7,8


Entrada
normal Le"'- 0,23 + 18,63 D !I= . 14,7

~-
Entrada de
Borda Le"' - 0,05 + 30,98 D 30,2

~
Registro de
_gaveta aberto Le"' 0,010 + 6,89 D 7
Registro de
globo aberto
Le = 0,01 + 340,27 D
6 342

~
Registro de
Le"' 0,05 + 170,69 D 171,5
ângulo aberto
Tê 90°
passagem direta Le = 0,054 + 20,90 D y 21,8

~
Tê 90°
Le = 0,396 + 62,32 D 69
saída lateral
Tê 90°
saída bilateral
Le = 0,396 + 62,32 D
T 69
Válvula de pé
com crivo
Saída de
Le"' 0,56 + 255,48 D
i. 265

canalização
Válvula de
Le =- 0,05 + 30,98 D
-4!:
- 30,2

retenção, leve
Le = 0,247 + 79,43 D (f] 83,6
Gap. 3 PO<d" de Cacgo Looan''"" B
Pela equação da energia, a cota piezométrica imediatamente antes do
chuveiro pode ser calculada por: C.Pch = C.PA- ilH~, em que L1H 1 é a perda de
carga total distribuída e localizada entre A e o chuveiro. Como ilHt = J L 1 a
perda unitária pode ser calculada pela equação de Fair-Whipple-Hsiao, na
forma J = ~ Q 1•75 , Equação 2.48, com auxílio da Tabela 2.5. Tomando como
referência o plano horizontal passando pelo ponto A, a cota piezométrica neste
ponto é a própria carga de pressão. Assim, a equação da energia fica:

3,3- ~ Q1•75 L 1 = C.Pch :. C.Pch = 3,3- 0,1202·0,2 1•75 ·17,7 = 3, 17 m


Portanto, a carga de pressão antes do chuveiro será a diferença entre a cota
piezométrica e a cota geométrica, ou seja, pctiY = 3, 17 - 2,10 = 1,07 mH20.

Tabela 3.7 Comprime ntos equivalentes (m), peças de P.V.C. rígido ou cobre, con forme A.B.N.T. (I).

Di.,mctro- Entrada Safda de Vál••tlla Válvula ~egi..o;;tr,, Regis1ro


Joelho Joelho Curva Tê 9t~ Tê90" Entra~ a.
externo
rtim re(
9()• 45° 90'
Curva
45° diretÜ latoru l normal
de
Borda
cnnnJi-
_z.a ·no
de- ~-e retenção cglobo gaveta
Çri.YU J~vc llbc-110 abeno
25 - 3/4 1,2 0,5 0,5 0,3 0,8 2,4 0,4 1,0 0,9 9,5 2,7 11,4 0,2
32 - I 1,5 0,7 0,6 0,4 0,9 3, 1 0,5 1,2 1,3 13,3 3,8 15,0 0,3
40- 11/4 2,0 1,0 0,7 0,5 1,5 4,6 0,6 1,8 1,4 15,5 4 ,9 22,0 0,4
50 - 11/2 3,2 1,3 1,2 0,6 2,2 7,3 1,0 2,3 3,2 18,3 6,8 35,8 0,7
60 -2 3,4 1,5 1,3 0,7 2,3 7,6 1,5 2,8 3,3 23,7 7,1 . 37,9 0,8
75 - 21/2 3,7 1,7 1,4 0,8 2,4 7,8 1,6 3,3 3,5 25,0 8,2 38,0 0,9
85-3 3,9 1,8 1,5 0,9 2,5 8,0 2,0 3,7 3,7 26,8 9,3 40,0 0,9
I 10 - 4 4,3 1,9 1,6 1,0 2,6 8,3 2,2 4,0 3,9 28,6 10,4 42,3 1,0
140 - 5 4,9 2,4 1,9 1,1 3,3 10,0 2,5 5,0 4,9 37,4 12,5 50,9 1,1
160-6 5,4 2,6 2,1 1,2 3,8 11,1 2,8 5,6 5,5 43,4 13,9 56,7 1,2

EXEMPL03.4

Na instalação hidrául ica predial mos-


trada na Figura 3 .16, as tubulações são de aço
galvanizado novo, os registros de gaveta são
abertos e os cotovelos têm raio cmto. A vazão A

que chega ao reservatório D é 38% maior que 0,3 m


1-'-
a que escoa contra a atmosfera no ponto C. D

Determine a vazão que sai do reservatório A,


desprezando as cargas cinéticas.
~~ 11/2"
1o

c
~----~6~0um
~--------~------~6~0~m~------~ I
Figura 3.16 Exemplo 3.4.
Seja X a cota piezométrica imediatamente antes do tê localizado em B.
Para os dois ramos da instalação, tem-se as seguintes perdas totais:
.1Hno = X - 3,0 e .1Hsc = X - 1 ,0, de onde se conclui que .1Hsc =
.1Hno + 2,0, portanto:
Jsc Lnc = lso Lno + 2,0 (I)
em que Lsc e Lno são os comprimentos totais dos dois trechos. Da Tabela 3.6
os comprimentos equi valentes dos dois trechos podem ser determinados como:
Trecho BC Trecho BD

Acessório ~ - Comp. equí. (m)i'2' Acessório -'7' Comp. equi. Çlll}"' -


Tê lateral (I W') 2,587 Tê lateral (I llz") 2,587
Reg. gaveta 0,175 2 cotovelos 90" 2,550
Saída canalização 0,775 Reg. gaveta 0,263
Comp. real 6,00 Saída canalização 1, 133
Comp. total 9,54 Comp. real 7,30
Comp. total 13,83

Como Qno = 1,38 Qnc, as perdas de cargas unitárias Jnc e lnD podem ser
determinadas pela equação de Fair-Whipple-Hsiao, na forma J = ~ Q 1•88, Equa-
Considere um cotovelo 90° de ralo ção 2.48, com auxílio da Tabela 2.5. Logo, pela Equação I, vem:
longo com diâmetro de O, 1O m. De
acordo com a Tabela 3.6 pode·se
afirmar que quando a vazão pelo
cotovelo for de 1 1/s, a perda de carga
localizada é igual a 2,2 m7

2,904·Q~~8 = 0,9996·Q~~8 + 2,0 ~ QIJC = 1,03 I I s ~ QIJD = 1,42 1I s

Logo, a vazão que sai do reservatório A será a soma Qsc + Qso =2,45 Vs.

3.7. PROBLEMAS

a( A instalação mostrada na Figura 3. 17 tem diâmetro de 50 mm em ferro


fundido com leve oxidação. Os coeficientes de perdas de carga localizadas são:
entrada e saída da tubulação K = 1,0, cotovelo 90° K = 0,9, curvas de 45° K =
0,2 e registro de ângulo, aberto, K = 5,0. Determine, usando a equação de
Darcy-Weisbach:
a) a vazão transportada;
b) querendo-se reduzir a vazão pa-
ra 1,96 1/s, pelo fechamento
parcial do registro, calcule qual
deve ser a perda de carga loca-
lizada no registro e seu compri-
mento equivalente.
a) [Q = 3,14· 10-3 m3/s]
b) [.1h = 3,27 m , Le =94 m]
25 o 111
Figura 3.17 Problema 3.1.

3~ A determinação experimental dos coeficien-


t?fe; e das perdas de carga localizada é feita median-
te medidas de pressão e declividades das linhas
piezométricas, em trechos de escoamento estabelecido
e de vazão. Calcule a perda de carga e o coeficiente de
perda de carga para o alargamento gradual mostrado - J5Q.l1l!!l _ --- - ~

na Figura 3.18, em relação à velocidade no tubo de 75 V15o =3 m/s


mm de diâmetro, a pmtir dos dados da figura.
I 5m 0,3 m O 6m 3Om 3 o lll

[.1h = 0,40 m ; K = 0,054] Figura 3.18 Problema 3.2.

' j Uma adutora de 500 mm de diâmetro, 460 m de comprimento, em aço


~dado revestido de cimento centrifugado, liga dois reservatórios mantidos em
níveis constantes. Determine a capacidade de vazão da adutora quando o des-
nível entre os reservatórios for de 3,50 m, nas seguintes condições:
a) desprezando as perdas de carga localizadas na entrada e na saída da
tubulação;
b) considerando tais perdas de carga localizadas, adotando os seguintes
coeficientes de perdas Ke = 0,5 e Ks = I ,0.
Faça comentários pertinentes sobre os resu lta-
dos e ncontrados, observando a relação entre o compri-
mento e o diâmetro da adutora.
a) [Q = 0,442 m 3/s] b) [Q = 0,420 m 3/s]
3.4 Em um di strito de irrigação, um sifão de 2" de
diâmetro possui as dimensões indicadas na Figura 3.19
e é colocado sobre um dique. Estime a vazão esperada
sob uma carga hidráulica de 0,50 me a carga de pres- Figura 3.19 Problema 3.4.
~r-H_id_ra_'u_lic_a~B_'a_s ic_a c_a~p-.3----------------------------------------------------------------
___

são disponível no ponto médio do trecho horizontal do sifão. Adote os seguintes


'Ver diretório Bombas no
endereço eletrônico coeficientes de perda de carga localizada: entrada Kc = 0,5, saída Ks = 1,0, curva
www.eesc.usp.br/shs
na área Ensino de Graduação. de 45° K = 0,2. Material da tubulação ferro fundido com revestimento as-
fáltico. Utilize a equação de Darcy-Weisbach .
[Q =2,9 1/s; P/y = - 0,83 mH20]

.---- 3.5 A ins talação hidráulica predial da figura é toda


I em aço galvanizado novo de I" de diâmetro, cotovelos
E
q A de raio curto, registros de gaveta, com os ramos A e B
"' I ,--,
abertos para a atmosfera. O registro do ramo A está
I I
1,5 1/s parcialmente fechado e o do ramo B totalmente aberto.
-+ I
E Determine o comprimento equi valente do registro do
I I q
E ramo A para que as vazões em A e B sej am iguais, nas se-
I I
"'
ô
.!;. guintes condições:
I Om a) a instalação está no plano horizontal;
b) a instalação está no plano vertical.
Figura 3.20 Problema 3.5.
a) [Le = 3,37 m]; b) [Le = 0,55 m]

N.A.
,---, 3.6 A tubulação que liga dois reservatórios, mantidos em
---- ------------~~--- ----------- níveis constantes, é de aço comercial novo e possui uma válvula
de regu lagem da vazão, que quando está totalmente aberta, o
coefic iente de perda de carga localizada vale Kv = 3,5.
I Ã -+I
Considerando todas as perdas de carga localizadas, determine:

l _'_D_, . :. :5~.= 0~1. ':.:'-m---1---~-D-'~"-":~'2-"1-~'n---~ a) a vazão transportada quando a válvula está totalmente
-aberta;

Figura 3.21 Problema 3.6. b) o valor do coeficiente Kv para redu zir a vazão do item
anterior em 28%.
03 m
- .
I l3 Use a planilha MOODY.XLS.*
I
2,0 1/s a)[Q=42, 11/s]; b)[Kv=27]
I
... I
03 m I
I I 3.7 A instalação hidráulica predial da figura está em um
/\ 1-t
I
I
X
plano vertical e é toda em aço galvanizado novo com diâmetro
I
E
}>! I
I de 1", e alimentada por uma vazão de 2,0 1/s de água. Os
v: I
I
I
I
cotovelos são de raio curto e os registros de gaveta. Determine
2.0 !L O Stn
qual deve ser o comprimento x para que as vazões que saem
pelas extremidades A e B sejam iguais.
Figura 3.22 Problema 3.7. [x = 1,88 m]
Cap. 3

~ Dois reservatórios, mantidos em níveis constan-


tes, são interl igados em linha reta através de uma tubu-
lação de 1O m de comprimento e diâmetro D = 50 mm,
de P.V.C. rígido, como mostra o esquema da Figura 3.23.
Admitindo que a única perda de carga localizada seja
devido à presença de um registro de gaveta parcialmen-
te fechado, cujo comprimento equivalente é Le = 20,0 m, e E
q
usando a fórmula de Hazen-Williams, adotando C= 145,
determine: Figura 3.23 Problema 3.8. (B)

a) a vazão na canalização supondo que o registro


esteja colocado no ponto A;
b) idem, supondo o registro colocado no ponto B;
c) a máxima e a mínima carga de pressão na linha, em mH20 , nos casos
a e b;
d) desenhe em escala as linhas piezométrica e de energia.
Conside re, e m ambos os casos, a carga cinética na tubulação.
a) [QA = 4,37 1/s]
b) [Qs = 4,37 1/s]
c) [(pi Y)mín =- I ,25 mH20 , (paiY)mh = 0,75 mH20 , (pt/y)mín = 0,75 mH20 ,
(ptly)máx = 2,75 mH20]

3.9 Em um e nsaio de perda de carga de uma luva de redução de 2" x I 1/2",


o comprimento equivalente da peça, em relação ao tubo de menor diâmetro
( l I /2"), foi determinado igual a 0,38 rn. Assumindo, por simplificação, que o
coeficiente de atrito f para os dois tubos seja o mesmo, determine o comprimento
equivalente da luva em relação ao diâmetro de montante (2").
[Le = I ,60 m]

3.10 Uma tubulação retilínea de 360m de comprimento e I 00 mm de diâmetro


é ligada a um reservatório aberto para a atmosfera, com nível constante, mantido
a 15 m acima da saída da tubulação. A tubulação está fechada na saída por
uma válvula, cujo comprimento equivalente é de 7,5 m de comprimento da
tubulação. Se a válvula é aberta instantaneamente, com escoamento livre,
determine o tempo necessário para que a velocidade média atinja 98% da
velocidade em condições de regime pérmanente . Assuma o fator de atrito
f = 0,020 e adote como coeficiente de perda de carga na entrada K = 0,5.
Sugestão : utili ze a Equação 1.11 e a metodologia do Proble ma I .4.
[T = li ,18 s]
~~H~id~rn~·u~lic~a~B~á~s~ic~a--~C~a~p-~3~--------------------------------------------------------------
d1 O reservatório B, prismático de área igual a 1,O m2,
possui um orifício no fundo que abre comandado pelo
manômetro, quando este acusar uma pressão de 4,9 kPa,
conforme a Figura 3.24. Qual deve ser a cota do nível
!0.2 m .()~ m d 'água no reservatório A, mantido em nível constante,
para que o orifício do reservatório B seja aberto 10 min
,___:_:: _:: :_::·--1~p ~ após a abertura do registo de gaveta da canalização de
al imentação? Os tubos são de P.VC. rígido soldável de
Figura 3.24 Problema 3.1 1. 1" de diâmetro e os joelhos de 90". No tempo t = O, o
reservatório B está vazio. Considere a carga cinética.
[N.A = 2, 14 m]

3.12 O escoamento de água através de um tê é mostrado na Figura 3.25.


Uma parte do escoamento é dirigida verticalme nte para cima através do ramal
(3); o restante continua na horizontal através do ramal (2). Sendo o tê simétrico
e todas as áreas iguais a A, obtenha uma expressão da variação de pressão
.!1p = p2- p , ao longo do tê em relação a Q,/Q 1• Faça um gráfico de .!1p/0,5 pV, 2
2 como função de Qi Q,. Sugestão: utilize o teorema da quantidade de movimento
no volume de controle que é o próprio tê.
Figura 3.25 Problema 3. 12.

3.13 Sabendo-se que as cargas de pressão disponíveis em

E=-Tt: : .=: : : : : : :-: :~20=0o~n:=:::::::4


A e B são iguais e que a diferença entre as cargas de pressão
- 200 '" em A e D é igual a 0,9 mH20 , dete rmine o comprimento
I
A 13 C 2o r - - i 3 equivalente do registro colocado na tubulação de diâmetro único,
ó
assentada com uma inclinação de 2° em relação a horizontal,
Figura 3.26. Problema 3. 13.
conforme a Figura 3.26.

[Le = 25,79 m]
4 93

'-

SISTEMAS HIDRÁULICOS DE TUBULAÇÕES

4.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo tratará da análise de vários sistemas hidráulicos em pres-
são, operando essencialmente por gravidade, de uma tubulação simples ou um
conjunto de tubulações, levando-se em conta as perdas de carga por atrito ao
longo das tubulações e também, quanqo for o caso, as perdas localizadas .
=
=

[Ziraldo]
u
As equações básicas serão a da continuidade e da energia, com as perdas
de carga calculadas pelas equações de resistência do Capítulo 2, e as aplicações
serão referidas somente aos escoamentos permanentes e quase-permanentes. O
conceito de equivalência entre sistemas será generalizado daquele comentado
no capítulo anterior.

4.2 RELAÇÃO ENTRE PERDA DE CARGA UNITÁRIA E


DECLIVIDADE DA LINHA PIEZOMÉTRICA
Na Seção 1.4, definiu-se como J, perda de carga unitária ou gradiente
piezométrico, a relação entre a perda de carga devido ao atrito e o comprimen-
to da htbulação, parâmetro importante nas aplicações feitas no Capítulo 2. Deve-
se observar, entretanto, que é inconeta a equivalência, muitas vezes considerada,
entre a perda de carga unitária e a declividade da linha de energia ou, no caso
mais comum, quando o escoamento é permanente e o diâmetro constante, a
declividade da linha piezométrica. De fato, considere-se a Figura 4.1 , na qual um
tramo de comprimento L, e diâmetro constante, da canalização
com ângulo de assentamento ~ tem o ângulo a como inclinação
da linha piezométrica em relação à horizontal.
- - J~- - - - UH
:B L. P.
''
Da Figura 4.1 pode-se extrair a seguinte relação geomé-
trica:
I

:
I:
= _J_ = J ~1 + tg2~ ~
L'lH
tga =- - = L'lH (4.1) '
I

AC Lcos~ cos~ I I

Figura 4.1 Perda de carga unitária e decli vidade da


linha piezomélrica.
Cap. 4

Esta expressão mostra que a inclinação da linha piezométrica em relação


à horizontal é sempre maior que a perda unitária J, a menos que a tubulação
esteja na horizontal, situação em que são iguais. Deste modo, ao desenhar o
petfil altimétrico de uma adutora, por exemplo, em que esta não apareça re-
tilínea por acompanhar a topografia do terreno, não se deve esperar, tampouco,
que a linha piezométrica seja retilínea. Assim, quando nos exemplos do Capí-
tulo 2 e nas aplicações que se seguirão a linha piezométrica for desenhada
como retilínea, se quer indicar somente que se sinaliza uma posição média da
mesma, não muito afastada da realidade, e obtida partindo-se do conhecimento
das duas cotas piezométricas no início e fim da adutora. Para ângulos de assen-
tamento da tubulação abaixo de ! 5°, a diferença entre a declividade da linha
piezométrica e a perda de carga unitária é desprezível.

4.3 INFLUÊNCIAS RELATIVAS ENTRE O TRAÇADO DA


TUBULAÇÃO E AS LINHAS DE CARGA
Serão analisadas, a seguir, as influências sobre o escoamento que pode
exercer o traçado de uma canalização, que liga dois reservatórios mantidos em
níveis constantes. Para uma adutora por gravidade, suficientemente longa para
que se possa desprezar as perdas localizadas, de um deter-
_____ - -- - - - _ _ __ _ _ _ ...f:C.A.
minado comprimento, material e diâmetro único, o esque-
------ I'.C.E.
ma piezométrico é representado na Figura 4.2. Como neste
------------- I. C A. tipo de transporte a velocidade média do escoamento en-
-·- --- contra-se em torno de 1 a 2 m/s, o que s ignifica que a
carga cinética se s itua entre 0,05 a 0,20 m, valores bem
menores que as outras formas de energia, para efeito de
explanação das situações encontradas serão confundidas a
linha piezométrica e a linha de energ ia ou de carga total,
Figura 4.2 Adutora por gravidade. uma vez que a carga cinética pode ser desprezada.

A situação da Figura 4.2 é aquela buscada nos projetos e considerada a


condição normal, na qual todas as seções da adutora estão submetidas a uma
carga de pressão positiva, uma vez que o seu traçado se encontra, na sua to-
talidade, abaixo da linha piezométrica. Nesta condição, a perda de carga total
é igual ao desnível topográfico, correspondente à diferença de cotas das super-
fícies livres dos reservatórios, e há uma relação direta entre a vazão transpor-
tada e os demais elementos do esquema, diâmetro, comprimento, natureza da
parede da tubulação e perda de carga ~H= Z 1 - Z2 = JL. A Figura 4.2 mos-
tra, além da linha piezométrica (linha de carga efetiva, L.C.E.), o plano de
carga efetivo P.C.E., correspondente ao nível d'água no reservatório superior,
a linha de carga absoluta L.C.A., distanciada da linha de carga efetiva do va-
lor Paly, a carga de pressão atmosférica local e o plano de carga absoluto P.C.A.
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações

Num ponto P qualquer, a carga de pressão dinâmica efetiva é dada por


PX, a carga de pressão dinâmica absoluta, por PZ e a carga de pressão hidros-
~ Para atender a propósitos de manutenção do sistema, a adutora
possui registros de controle na saída e entrada dos reservatórios. Nos pontos
baixos, registros especiais são colocados para o esvaziamento e limpeza da
linha e, nos pontos altos, com o intuito de extrair o ar desprendido da água ou
arrastado mecanicamente e que por ventura venha a se acumular, serão previs-
tas válvulas de escape chamadas ventosas. Deve-se observar que, se o regis-
tro L na entrada do reservatório inferior for fechado, a linha será submetida a
um padrão de pressões correspondente ao P.C.E., portanto a especificação da
classe dos tubos (capacidade de resistência à pressão interna) deve s~r feita a
partir das pressões estáticas PY, que são maiores que as dinâmicas PX. Even-
tualmente, as pressões máximas na linha, e conseqüentemente a classe dos
tubos, podem ser especificadas levando-se em conta os efeitos originados do
fenômeno do golpe de aríete, que é a variação de pressão que ocorre em uma
tubulação como conseqüência de mudança na velocidade média devido a uma
manobra relativamente brusca dos registros.
Outros traçados e suas re lações com as linhas de carga são apresenta-
dos nas Figuras 4.3 a 4.5, em que o traçado 2, por necessidade topográfica de
passar em um ponto alto ou mesmo por erro de traçado ou lançamento da
adutora, é possível ocorrer, enquanto as outras situações mostradas são cada
vez ma1s mcomuns.
a) Traçado 2 - A canalização passa acima da L.C.E., porém abaixo da
L.C.A. e do P.C.E. Nesta situação, estando a linha prev iamente cheia pela
abertura do registro de jusante localizado em L, o escoamento deveria acon-
tecer em condições normais, sob a carga H. Todavia, em um ponto P do tre-
cho APB, a água não estará sob pressão positiva, uma vez que, como a linha
piezométrica corta a adutora, a carga de pressão absoluta aí reinante, medida
por PM, é inferior à pressão atmosférica local de uma quantidade medida por
PO. Em virtude dessa pressão negativa, o escoamento torna-se irregular, pois,
a lém do ar desprendido que se achava dissolvido na água e que vai se acumu-
lando nos pontos altos, há tendência de entrada de ar ambiente pelas juntas.
Como nesta situação não é possível instalar ventosas, pois entraria mais ar por
elas, será necessário o emprego de bombas ou outros recursos para extrair o
ar por aspiração.
No caso da entrada de ar ser tal que a pressão em P se torne igual à at-
mosférica, a linha piezométrica no trecho NP deixará de ser CO e passará a ser
CP. Além de P, a água não encherá completamente a seção do conduto, escoan-
do-se como em canal. e só e ntrará em pressão, enchendo novamente toda a
seção, a partir do ponto X , sendo XD paralela a CP, porque, então, para o va-
Cap.4

lor da vazão no trecho NP, a linha piezométrica, interrompida no trecho PX,


readquire sua declividade.
Calculando-se a adutora para fornecer uma vazão Q ao reservatório R2,
sob carga total H, sendo a linha piezométrica CD, tem-se, pela Equação 2.42:

(4.2)

Quando, porém, a linha piezométrica em NP passar a ser CP, nas con-


dições expostas, a nova vazão OI fornecida ao reservatório R2 será menor que
a projetada, uma vez que, se a tubulação passa acima da linha piezométrica
CO, a nova linha de carga efetiva CP terá, necessariamente, menor declividade,
isto é, se:

(4.3)

Esta situação leva a dois grandes inconvenientes. O primeiro é o fato de


O golpe de aríete é um fen ômeno
originado em regiões da tubulação a vazão real transportada ser menor que aquela para a qual a adutora foi cal-
onde a pressão é alta?
culada. O segundo é que o trecho PX fica economicamente mal aproveitado,
uma vez que do ponto P em diante há uma disponibilidade grande de carga
topográfica, dada por H- H1, e como a vazão é reduzida, o trecho PX estará
ocioso, com o escoamento ocupando somente parte da seção da tubulação, sen-
do a parte restante preenchida por vapor que se desprende do líquido, e o es-
coamento não se dará de modo regular, tendo caráter pulsante.
Se as condições de projeto exigirem o traçado
--:: .. - - - - - - - -- - - - - -- - - - - P.C.A. NPL, sem contornar o ponto alto, para garantir o for-
------ - ---- --- - M necimento da vazão Q e conseguir uma solução eco-
---- P.C.E. nômica, é necessário dividir a adutora em dois trechos
------ - - -- L.C.A. de diâmetros diferentes. Assim, instala-se no ponto P
H
N
um pequeno reservatório aberto para a atmosfera cha-
mado caixa de passagem e dimensiona-se, para a va-
zão de projeto Q, o diâmetro DI do trecho NP sob
L carga H1 e o diâmetro D2 < D 1 do trecho PL sob a
Figura 4.3 Traçado 2. carga restante H - H 1•
A caixa de passagem deve ser provida de registros, na entrada e saída,
para compatibil izar a vazão nos dois trechos com as cargas disponíveis, poi s
os diâmetros calculados devem ser necessariamente comerciais.
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações 97

P.C.A.
b) Traçado 3- A canalização c orta a L.C.E . e o
P.C.E., mas fica abaixo da L.C.A. Devido à pressão pró-
--=::-c-- - --'-'
P.C.E.
pria, a água irá até o ponto G , escorvando-se (retirando-
---- - ----. L.C.A.
se o ar acumulado) o trecho GEF por meio de uma bomba;
o encanamento funcionará como um sifão. As condições N
são piores que no c aso anterior, pois o escoamento ces-
sará comple tame nte desde que entre ar no trecho GEF, R2

sendo necessário, portanto, escorvar novamente o sifão L


para permitir o func ionamento da adutora. Figura 4.4 Traçado 3.

c) Traçado 4 - A c analização corta a L.C.A., mas


fica abaixo do P.C.E. H averá escoamento, mas a vazão
Q2 fornecida será inferior à vazão Q, do traçado 2. A
linha de pressão efetiva torna-se CP no trecho NP e XD
no trecho PL, com CP p arale la a XD . No trecho PX, a
água se moverá como conduto livre, só adquirindo pres-
são no ponto X . A solução para contornar esta situação
é semelhante ao caso 2, com a instalação de uma caixa
de passagem no ponto alto e dimensionando a adutora
Figura 4.5 Traçado 4.
com dois trechos distintos, NP e PL, de diâmetros dife-
rentes.

@ DISTRIBUIÇÃO DE VAZÃO EM MARCHA ( ~w-)


HTodos os exemplos de transporte de água até aqui tratados referem-se ao
movimento permanente e uniforme, no qual há constância de vazão ao longo
do trecho . Outro tipo de escoamento de interesse prátic o é aque le em que a
vazão vai diminuindo ao longo do percurso e é classificado como w ovir&mta
.p.ean~ gr_~al_vtenteyariado. Tal situação ocmTe nos condutos de um sis-
tema de abastecimento público de água ou, mesmo, em sistemas de irrigação,
em que a água é distribuída por meio de numerosas derivaçõe§dl
Nestas situações, não há como determinar perdas de carga e vazões entre Se o controle de vazão em uma adu·
tora por gravidade, ligando dois
duas derivações sucessivas, tendo em vista que seu número é, em geral, ele- rese rvatórios, for feito por um registro
colocado a montante ou a jusante do
vado e seu funcionamento mais ou menos intermitente e variável. Para contor- trecho, quais as conseqüên cias sobre
nar o problema da variabilidade de distribuição ~spacial e tem12oral) da ág!lll a linha plezométrica em cada caso?

-~go do trecho, assume-se como hipótese básica que a totalidade da vazão


consumida no percurso é fe ita de modo uniforme ao longo da linha, como se
_i"sta fosse munida de uma fenda ao longo de seu comprimento. Isto significa
_gue, para efe ito de cálculo ~a metro linear da tubul!!ÇãO distribui uma va-
~ão unifonne g , chamada vazão uni!!J:ria de distribuição.._ expressa em 1/(sm) ou
m 3/(sm).
Cap. 4

,_:-__- ·- - - - - - - -- - --- -- ~ - -
Esta hipótese petmite um tratamento analítico do pro-
' ------- rL E equivalente
blema, usando-se as equações de resistência discutidas no
"- -- --------- Capítulo 2 para o dimensionamento do s iste ma ou verifica-
----- -- __fL.E. real 6H
Qm ção de vazões e perdas de carga.
.....
---
X .._ ' --...._ __------------,

.......... Suponha um trecho de tubulaçã.Q de diâmetro constan-


:_--~ te e rugosidade uniforme, de comprimento L , alimentado por
Qj
uma vazão Qm na extremidade de montante, sendo Q 3 ya-
..... zão residual na extremidade de jusante, conforme Figura 4.6 .
Figura 4.6 Definição de vazão equivalente.
Sendo q a vazão unitária de distribuição e x uma abscissa marcada a
partir da extremidade de montante, em gue a vazão residual é Ox, as seguin-
tes relações estão disponíveis:

vu .9."' - ~:::: Çf·L (4.4)


\
o'<'- •
~ Qx =Qm - qX W &m- &JI. -= !f- X -"7;> &t, = &h'\ - :f X- (4.5)

A Equação 2.42 aplicada ao trecho elementar dx em que a vazão é Qx,


na hipótese de assumir um coeficiente de atlito médio ao longo do trecho, fica:
..>7K
-~1

1 ,0827 f Q51· ~ J dx = KQ x dx
J =b 1 2
2
o~. ' (4.6)
-- 0

Deste modo, a perda de carga contínua ao longo do comprimento L é


calculada por: JL \ JL ' \.
~t\:: Sc -:t .:- K.&.,..c m..
L L 0 o
f
LlH = J dx = K Q m - q x ) dx f( 2
(4.7)
o o

ou

2
9 2 L2
LlH=KL(Q m - Q m qL + --) (4.8)
3

A Equação 4 .8 mostra que a perda de carga é uma função cúbica do


comprimento do trecho e que a perda de carga unitária J é uma função qua-
drática do comprimento. Assim, em uma tubulação com distribuição em mar-
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações

cha, a linha de energia é representada por uma parábola, cujas tangentes in icial
e final têm inclinações corresponde ntes aos escoamentos uniformes de vazões
Q m e Q j, conforme a Figura 4.6. Chamando de Qc~ = q L = Qm...::_Qi a vazão
t2,tal distribuída no percurso, a Equação 4.8 é aproximadamente igual a: -

(4.9)

Com o objetivo prático de facilitar os cálculos, define-se como Wl?rfo


f!jttiva!ente ou Jlazlio fictfcia. Q l'--.J.l!!!a vazão constante que, 'Percorrendo o
conduto em toda sua ex tensão, produ z a meâ.!!)a pe rda de carga verificada na
distribuição em marcha. Deste modo, 12ara o mesmo conduto, a perda de carga
SQntínua é dada por:

t.H = KLQ ~ (4. 10)

Comparando-se as Equações 4 .9 e 4. 1O, pode-se determ inar o valor da


vazão fictícia como: Q r = Qm - 0,45Qc~. Considerando a natureza do problema,
o número de elementos e m jogo e as hipóteses adotadas, para propósitos práti-
cos a vazão fictíc ia pode ser escrita de fo rma mais cômoda como:

Qr = Qm - 0,50Qct = Qm- 0 ,50qL (4. 11)

Pe la Equação 4.4, a expressão da vazão fic tícia torna-se:

\ Q, = Q, ; Qj (4. 12)

Logo, para efeito prático, QS>de-se determinar a perda de carga ao lo ngo


c,!Q__cQ!!!JJrimento L uti lizando-se uma vazão constante_g_u~12ercorra todo o_!re-
cho e cujo valor sej].JL!_né~tmé ica das v_az.ões de m ontante e jusante.
~ c aso particular importante é a s itllJ!.ÇãO em_q~oda a vazão ele
montante é consumida ao longo do compriment,Q..L, de_modo que..,na €-x tn~mida­
cle de jusante, a vazão residual ~ej_a_nul a. Neste caso,..a extremidade dç$1sante
é chamada de extremidade mor/a ou ponta .rec0_
Pe la Equação 4. 8, obser vando que, se Q =O, tem-se Qc1 = q L = Qm, daí:

= ~KLQ 2
2 2
t.H = KL q L 111
(4. 13)
3 3
Cap. 4

Portanto, comparando-se a equação anterior com a Equação 4.1 O


verifica-se que, se a vazão na extremidade de jusante for nula, a vazão
fictícia é dada por:

e a perda de carga é igual à terça parte da que ocorreria se toda a vazão de


montante Qrn fosse transportada até a extremidade de jusante, sem distribuição
em marcha.

'
v'.,
EXEMPLO 4.1 ()~<.., .

Na tubulação mostrada na Figura 4.7,

I
[o8 2 m com 6" de diâmetro e coeficiente de atrito f =
D
20 1/s_. e j 39 m ;i 2 111
0,022, a pressão em A vale 166,6 kN/m2 e
em D vale 140,2 kN/m 2 • Determine a vazão
A ] _ 120m
I mJ.J_J;:::::::::::::::::::::;::;,-,9~'----_t_ unitária de distribuição em marcha q, saben-
8 l l l l l l l l l c do que a tubulação está no plano vertical e
q=? que a vazão no trecho AB é de 20 1/s. Des-
Figura 4.7 Exemplo 4.1. preze as perdas localizadas.

As energias disponíveis nos pontos A e D, em relação a um plano


horizontal passando por BC, valem, respectivamente:

166 6 1
' · ~
3

EA = ZA +h+ v; = 1,0 + + 0,058 = 18,06 m


y 2g 9,8·10

_ Po v~ _ 140,2·10 +v~
3
=
16,31 +v~
Eo - Zo + ~ + - - 2, 0 + J
y 2g 9,8·10• 2g 2g

Portanto, a perda de carga total entre os pontos A e D é igual à dife-


rença EA - Eo e vale a soma das três parcelas 11HAs + ilHsc + ilHco. Utili-
zando o conceito de vazão fictícia, pode-se escrever :
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações

1,367 = 2875,1 0Q~+ 2 175,95 Q~

Como, pe la Equação 4.12, a vazão fictícia é a médi a entre a vazão


de montante e de jusante, vem:

Substituindo na expressão anterior:

1,367 =2875,10
o'020+Q · )1
+ 2175,95 Q~ ~ Qi = 0,015 m3/s
( 2

Logo , a vazão di stribuída ao longo dos I 20 m vale:

Qd = Qm- {2j = 5,0 1/s


Daí, a vazão unitária de distribuição será:

Qd = 5,0 = q-120 :. q = 0,0417 1/sm

4.5 CONDUTOS EQUIVALENTES


Muitas vezes há interesse prático, para efeito de cálculo, na determi-
nação das carac terísticas geométricas e de rugosidade de uma tubulação
equi valente à ou tra ou a um sistema de tubulações. O conceito de equiva-
lência é o mesmo adotado no método dos comprimentos equi valentes do
Capítulo 2, ou seja, ,1!-m conduto é equivalente a outro ou a um sistem<!._de
c.2!}9utos se a_perda de carga total e m ambos é a mesma para a mesm a
vazão tranSQOrtada A adoção do conceito de equivalênc ia torna-se vanta-
j Õsa, uma vez que se pode substituir um sistema complexo de tubulações
por ou tro mais s impl es ou mesmo por um conduto único.
Cap. 4

Duas situações poderão ser analisadas: equivalência entre dois condutos


simples e equivalência entre um conduto e um sistema.

4.5.1 CONDUTO EQUIVALENTE A OUTRO


Sejam dois condutos de comprimentos, diâmetros e rugosidades diferen-
tes. Para que haja equivalência entre ambos, é necessário que: .L1H1 = .L1H2 e
Q1 = Q2. Pela Equação 2.42, a perda de carga é dada em termos da vazão
como:

2
L1H = O 0827 fLQ (4.14)
. , 05

Para as duas tubulações, igualando as perdas de carga e simplificando


a expressão anterior, chega-se a:

5
L
2
= L 1 _!L
f
[D
D
2] (4.15)
2 I

Expressão que permite determinar o comprimento do segundo condu-


to, de diâmetro 0 2, equivalente ao primeiro, de diâmetro 01. Utilizando-se a
fórmula de Hazen-Williams, a equação correspondente à anterior será:

1,85 [ ]4,87
L = L C2 02
2 I[ cI ] D
1
(4. 16)

4.5.2 CONDUTO EQUIVALENTE A UM SISTEMA


Basicamente, a topologia de um sistema de tubulações pode pertencer a
quatro formas principais: tubulações em série, tubulações em paralelo, tubula-
ções ramificadas e redes de tubulações. As três primeiras são analisadas neste
capítulo; a quarta, posteriormente.
Existe uma analogia formal entre os sistemas hidráulicos e os sistemas
elétricos de corrente contínua; nos quais a vazão corresponde à intensidade de
corrente, a perda de carga, à queda de tensão e a resistência hidráulica da tubu-
lação, à resistência ôhmica. A resistência hidráulica da tubulação é dependente
do comprimento, diâmetro e rugosidade e a perda de carga no regime turbulento
cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações 103

tugoso é proporcional ao quadrado da vazão, enquanto, no regime laminar, é


proporcional à primeira potência da vazão, semelhante à lei de Ohm V = RI.
a) Sistema em série
A característica principal de tal sistema, assim como na associação de re-
sistências em série, é que o conduto é percorrido pela mesma vazão (corre nte
elétrica) e a perda de carga total entre as extremidades é a soma das perdas de
carga (queda de tensão) em cada tubo. O conduto equivalente, de comprimento
L, diâmetro D e coeficie nte de atrito f, a um sistema de n tubulações, pode ser
determinado como:

portanto:

~f.L.
f L _ .L. I I
(4.1 7)
1)5 - i= l D~

Fixado um certo diâmetro D, o comprimento L de uma tubulação equi-


valente a um sistema em série também pode ser determinado transformando-
se cada trecho da associação em conduto equivalente de diâmetro D , usando
a Equação 4 .1 5.
Pela fórmula de Hazen-Williams, a expressão correspondente à Equação
4. 17 é:

L " L
c1.ss D 4.s7 =L _ c1.ss ~4.87 (4. 18)
1- 1 I I

b) Sistema em paralelo
O sistema em paralelo é mais complexo que o sistema em série, uma
vez que, como na associação de resistências em paralelo, há uma redistribuição
da vazão de entrada (con ente elétrica) pelos trechos inversamente proporcio-
nal às resistênc ias hidráulicas (ôhmicas). A característica básica do esquema
é que a perda de carga (queda de tensão) é a diferença de cotas piezomé tricas
(potenciais e lé tricos) na entrada e saída do sistema (circuito), de modo que a
perda de carga é a mesma em todos os trechos e a vazão de entrada é igual à
soma das vazões nos trechos.
Cap. 4

A Figura 4.8 mostra um sistema em parale-


lo constituído por três trechos de comprimentos,
diâmetros e fatores de atrito diferentes. Sendo Q a
Q vazão de entrada, é possível substituir a associa-
--- ção em paralelo por um único conduto que lhe seja
equivalente, observando que: Q = Q 1 + Q2 + Q3 e
também f1HAa = f1H1 = f1H2 = f1H3.
Pela Equação 4.14, a vazão em um trecho
Figura 4.8 Tubulações em paralelo. qualquer tem a forma:

(4.19)

Em um sistema de tubulações em série,


pode-se afirmar que a linha piezométrica
Como o conduto equivalente, de comprimento L, diâmetro De coefi-
sempre desce no sentido do ciente de atrito f, deverá transportar a vazão total Q, sob perda de carga f1H,
escoamento? E a linha de energia?
pela equação da continuidade, vem:

f1H 1D~
----'----'- + f1H 2 D~ + f1H 3 D;
af1 L 1 af2 L 2 af3 L 3

Desenvolvendo e observando que a perda de carga é constante, chega-


se a:

(4.20)

O uso da Equação 4.20 toma-se mais prático observando-se que, se for


fixado o comprimento L entre os pontos A e B e determinado o diâmetro equi-
valente pela equação anterior, este, muito provavelmente, não será um diâme-
tro comerciaL Assim, é mais fácil aplicar a Equação 4.20 adotando-se o valor
do diâmetro D do conduto equivalente e calculando-se o correspondente
comprimento L.
Se for usada a equação de Hazen-Williams, a expressão correspondente
à Equação 4.20 será:

(4.21)
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações lOS

EXEMPLO 4.2

A ligação de doi s reservatórios manti-


dos em níveis constantes é feita pelo sistema
de tubulações mostrado na Figura 4.9. Assu-
RI
mindo um coeficiente de atrito constante para
todas as tubulações e igual a f= 0,020, despre- A
zando as perdas localizadas e as cargas ciné-
ticas, determine a vazão que chega ao R2

reservatório Rz, as vazões nos trechos de 4"e


6" e a pressão disponível no ponto B. Figura 4.9 Exemplo 4.2.

~
Como o trecho BC tem diâmetro 8", é ::~~~7,;~ 1.-~. -..JoJThf
conveniente transformar o trecho em paralelo em um conduto equivalente tam-
L /](:<C' '•"'-
bém de 8", pois assim toda a linha transformada ficará com um diâmetro úni-
.Ç -<>,o2..o
co.
Pela Equação 4.20, pode-se calcular o comprimento de uma tubulação
de 8" equivalente à associação em paralelo de 4" e 6", na forma:

82.5 62,5 42,5


-0 = - - + - - . . L := 1600m
L ·5 750°·5 600°· 5

Portanto, o problema transforma-se em outro mais simples, de uma


adutora de 2500 m de comprimento e 8" de diâmetro, sujeita a uma diferença
de cotas piezométricas de 20 m. Pela Equação 4.14, determina-se a vazão vei-
culada pelo sistema, como:

fL~
2
250
ilH = 0,0827 -7 20 = 0,0827 ·0,020· ~ ·Q 2 -7 Q = 0,0393m 3 /s
D 0,20

A cota piezométrica no ponto B pode ser calculada através da perda de


carga no trecho BC, pela relação:

900
C.P13 - ilH 8 c =573,00 -7C.P13 =0,0827 ·0,020· 5 ·0,0393 2 +
0,20

+573,00 =580,20m
Cap. 4

Pela propriedade do trecho em paralelo, as perdas de carga nos condu-


tos de 4" e de 6" de diâmetro são iguais entre si e iguais à diferença de cotas
piezométricas en tre o reservatório superior e o ponto B. Deste modo:

750 2
~ HAB:::: 593,00 - 580,20 = 0,0827·0,020· - - Q6 :. 96 = 0,028m 3/s
0,15 5

~ H AB = 593,00-580,20 = 0,0827·0,020· -600-5 Q 24 :. 94 = 0,0114m 3/s


0,10

A carga de pressão di sponível em B é igual à diferença entre a cota


piezométrica e a cota geométrica:

ps/y:::: 580,20 - 544,20 = ~ (pn = 352,80 kN/m 2).


~
4.6 SISTEMAS RAMIFICADOS
Um sistema hidráulico é dito ramificado quando em uma ou mais seções
de um conduto ocorre variação da vazão por derivação de água. A derivação de
água pode ser para um reservatório ou para consumo direto em uma rede de
distribuição. Serão analisados dois casos clássicos e s imples, como meio de de-
monstrar o tipo de raciocínio para o problema.

4.6.1 TOMADA O' ÁGUA ENTRE DOIS RESERVATÓRIOS


C onforme foi discutido no Exemplo 2.8, um tipo de sistema de abaste-
cime nto para uma rede de di stribuição de água pode ser feito através de dois
reservatórios, em cotas distintas. 9 reservatório su~rior será sempre abas~
tecedor e o reservatório jnferior, chamado reservatório de compensação, pode
f~c i on ar ÇQJlliLabastecedor ou iiãõ;aependendo da demanda na tornada
d~ água-int:ermediáfi a..

Considerem-se, como na Figura 4. JO, dois


reservatórios Rt e R2 interl igados pela tubulação
ABC, em que B é a seção de tomada d'água, e
mantidos em níveis constantes. O trecho AB tem
comprimento L t e diâme tro 0 1 e o trecho BC,
comprimento L2 e diâmetro D2. Se, em princípio,
a solicitação de vazão em B for nula, a vazão que
sai de R t chega integralmente em R2 e a linha
piezornétrica é dada por LB 1M. Nesta situação, os
do is trechos funcionam como condutos em série
Figura 4.10 Disposição das linhas piczométricas. suje itos a u ma perda de carga total igual a
-

Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações


107

L'.H =Z1 - Z2. A vazão pode ser determinada como:

:.Q = L'.H/0,0827·(f'~'+f2~2)
f D, Dz

À medida que a solicitação em B aumenta, a linha piezométrica cai pela


diminuição da cota piezométrica em B e conseqüente redução da vazão que che-
ga a R2. Este processo continua até que a cota piezométrica B3 se tome igual
ao nível d'água Z2. Neste ponto, a linha piezométrica B3M é horizontal e a
vazão no trecho 2 é nula. A vazão retirada em B, neste caso, é dada por:

(Z 1 -Z 2 )·D~
0,0827 · f 1 • L 1 (4.22)

Aumentando ainda mais a retirada de água na derivação B, a cota piezo-


métrica em B cai para B4, o reservatório R2 passa a operar também como
abastecedor e a vazão retirada é a soma das vazões nos dois trechos. Sendo B 4
a cota piezométrica em B, a vazão retirada QB é dada por:

(Z 2 - B 4 )· D ~
0,0827 ·f2 · L 2 (4.23)

Este problema tem aplicação em sistemas de distri- z


buição de água, que pela própria natureza se caracteriza
por uma razoável flutuação da demanda ao longo do dia. -------"~-------~--+-~
Rt
Durante a noite, quando o consumo cai, o reservatório R2 '

''
** * . .

' R2
armazena água para ser usada durante o dia como refor- A
'',,-::.c,.r!:,,==ti.J
ço no abastecimento nas horas de maior consumo.
''
4.6.2 PROBLEMA DOS TRÊS RESERVATÓRIOS '
'

Outro problema clássico é a situação de três reser-


R3
vatórios mantidos em níveis constantes e conhecidos, D
interligados por três tubulações de comprimentos, diâme-
tros e mgosidades definidos, conforme Figura 4.11. Figura 4.11 Problema dos três reservatórios.
Cap. 4

A questão básica é saber como as vazões são distribuídas pelos três con-
dutos na condição de regime permanente, isto é, estando o sistema em equilíbrio.
A questão fundamental para a determinação das vazões é conhecer o valor da
cota piezométrica no ponto de bifurcação, ponto B. Pela própria condição to-
pográfica do sistema, é evidente que o reservatório 1 será sempre abastecedor,
enquanto o reservatório 3 será sempre abastecido.
Seja X o valor da cota piezométrica em B. Três situações se apresentam:
a) Se X> 'Z7., a vazão descarregada do reservatório 1 será transferida parte
para o reservatório 2 e parte para o 3, isto é, R 1 abastece R2e R3.
b) Se X= Zz, a vazão no conduto 2 é nula, perda de carga nu la, e a va-
zão que sai de R, é integralmente transferida para R3.
c) Se X< Zz, o reservatório R2 passa a ser também abastecedor, po1tanto
R3 é abastecido pelos outros dois.
A dete1minação das vazões pode ser feita por um processo de tentativa
e erro, fi xando-se o valor da cota piezométrica em B, o que define as perdas
de cargas nos três trechos, e verificando a condição de continuidade das vazões
no ponto de bifurcação. Admitindo um coeficiente de atrito único para as três
tubulações, as equações que devem ser satisfeitas são:

2
Z I -X= k .!:t_
!)5 Q I
I

(4.24)

Para a resolução do problema de modo simples e relativamente rápido,


fixa-se, inicialmente, o valor da cota piezométrica em B igual ao nível d'água
do reservatório inte1mediário, X = Z 2. !)este modo, Q2 =O e pelas Equação 4.24
determinam-se Q , e Q3. Se Q, =Q3, o problema está resolvido. Se Q, > Q3, deve-
se aumentar a cota piezométrica em B, de modo a diminuir Q1 e aumentar Q3
e Q z. Se Q, < Q3, deve-se diminuir a cota piezométrica em B, de modo a au-
mentar Q, e Q2 e diminuir Q3. A variação da cota piezométrica em B, em um
sentido ou outro (aumentando ou diminuindo), prossegue até que a equação da
continuidade no ponto de bifurcação seja satisfeita, isto é, Q 1 = Q2 + Q3 ou
Q3 = Q, + Q2.
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações

Outras variantes deste problema podem ser resolvidas utilizando-se o pro-


cedimento descrito, como, por exemplo, a ligação de quatro reservatórios atra-
vés de duas junções distintas. Fixando-se a cota piezométrica na junção mais
próxima ao reservatório de cota mais elevada determinam-se as vazões dos dois
reservatórios mais próximos. Com estes valores e a equação da continuidade,
a cota piezométrica da segunda junção pode ser determinada. Se as condições
de continuidade não forem satisfeitas na segunda junção, um novo valor da cota
piezométrica na primeira junção é adotado e o processo, repetido.

EXEMPLO 4.3
30 o
Uma instalação de transporte de água compreende dois o
reservatórios A e D , abertos e mantidos em níveis constantes, e
um sistema de tubulações de ferro fundido novo, C = 130, com
A
saída livre para a atmosfera em C. No conduto BD, e logo a ?

jusante de B, está instalada uma bomba com rendimento igual


a 75%. Determine a vazão bombeada para o reservatório D .
quando o conduto BC deixa sair livremente uma vazão de 0,10 Figura 4 ·12
m3/s e ter uma distribuição de vazão em marcha com taxa (vazão unitária de
distribuição) q =0,00015 m3 /(s.m). Determine também a potência necessária à
bomba. Despreze as perdas localizadas e a carga cinética nas tubulações. ~~
Trata-se de uma aplicação conjunta dos conceitos de distribuição em mar- & <:.:. 0 o6M ~·
cha, problema dos três reservatórios e bombeamento. Como visto no item an-
terior, a questão impo1tante para a resolução do problema é a determinação da
cota piezométrica no ponto de bifurcação, ponto B. TR cc..t-\0 Bc..

Trecho BC - Distribuição em marcha: Q i =O, 1O m 3/s, a vazão de mon- ~l"fl1~ 0-•~1 =&.i + ~- L
tante e a vazão fictícia no trecho podem ser determinadas, respectivamente, / "/ 10
pelas Equações 4.4 e 4.12, como: &. 1o .... ~.fl ~~ + O, c;cot.\-·d·()o
~ 111 ;;:: &p, .c::- O , I~ t>?..Q:_
Qm = Q + qL ~ Qm = 0,10 + 0,00015 · 400 = 0,16 m 3/s

Qr = l/2(Q + Qm) =O, 13 m 3/s

A perda de carga no trecho pode ser calculada pela fórmula de Hazen-


Williams e, conseqüentemente, a cota piezométrica em B.
Para Qnc = Qr = O, 13 m3/s, Dsc = 0,30 m e C = 130, a Tabela 2.3 for-
nece:

Jsc = 45,98 · 0,13 1·85 = 1,055 m/100 m ~ ~Hsc = 4,22 m, portanto:

C.Ps = C.Pc + ~Hnc = 20,0 + 4,22 = 24,22 m


Cap. 4

Trecho AB - ~HAB = 30,0- 24,22 =5,78 m ~ JAB = 5,78 m /8 10 m =


= 0,7 14 m/1 00 m
Para DAB = 0,40 m, JAB = 0,7 14 m/ 100 m e C= 130, pela Tabela 2.3,
ve m :

0,7 14 = I I ,327 ·Q~~~ ~ Q AB = 0 ,225 m 3/s

' • ot< I
. . Q uo = 0 ,225 - O, 16 = 0,065 m 3/s ~(><Q.VIJ '

Bomba -como se está desprezando a carga cinética, a altura total de ele-


vação da bomba é igual à diferença entre as cotas piezométricas na saída e na en-
trada da bomba. Na entrada da bomba, a cota piezométrica vale C.Pu =24,22 m
e, na saída, pode ser determinada calculando-se a perda de carga no trecho BD.
Para QBo = 0,065 m3/s, DBo = 0,20 m e C = 130, pe la Tabela 2.3, vem:

J no = 3,3 12 · I0 2 · 0 ,065 1. 85 = 2, I 08 m/1 00 m ~ ~H no = 4,22 m

Pe la equação da energia: C .P, - ~HBo = 36,0 :. C.Ps = 40,22 m


Da Equação I .34:

Pot = yQ(Hs - He) = 9,8· 0,065·(40,22-24,22)


1j 0,75
13,58 kW (18,48 cv) O.K l.
-rvvo
4.7 SIFÕES
Co nforme come ntado na Seção 4. 3, quando o pl ano
c de carga e feti vo corta a tubul ação, di z-se que esta funciona
.e m sifão. Há, porém, casos em q ue o func ionamento em si-
fão é imposto de propós ito, para transfe rir água de um reser-
vató ri o ou canal para outro e m sua late ral, situado próximo e
em nível inferi or ao prime iro, mas separados por u ma zona
ma is al ta que é necessári o ultra passar. Desta maneira, parte
da tubul ação ocupa colas to pográficas superi ores ao nível
d' água no reservatóri o supe rio r, como na Fi gura 4 . 13.
Figura 4.13 Sifão.
Uma vez iniciado o processo de transferência de água pelo cscorvamento
do sifão, o escoamento se estabelece em regime permanente, sob uma carga H,
desde que a pressão no ponto C não caia abaixo de um valor limite. A míni-
ma pressão admissível no ponto alto seria igual à tensão de vapor da água, isto
é, pressão necessária para a vapori zação do líquido a uma determinada tempe-
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações lll

ratura. Para a água a 20° C, a tensão de vapor vale 2,352 kN/m2 (0,24 rnH2 0),
pressão absoluta.
Como condições operacionais, o sifão deve ter juntas herméticas para
evitar entrada de ar externo, o que cessaria o escoamento, e garantir uma ve-
locidade médi a passíve l de an astar o ar ou gases desprendidos, evitando o seu
acúmulo nos pontos altos. As condições energéticas e topográficas necessárias
ao funcionamento do sifão podem ser determinadas pela aplicação da equação
de Bernou lli aos pontos de interesse.
A velocidade média, e conseqüentemente a vazão, pode ser determina-
da pela aplicação da equação de Bernoulli aos pontos A e D, ambos sujeitos
à pressão atmosférica local, computando todas as perdas de carga existentes,
na forma:

(4.25)

(4.26)

Esta equação fornece a primeira condição para o funcionamento do si-


fão. Uma vez que V > O, tem-se:

(4.27)

A Equação 4.27 indica que a saída do sifão deve ser tão baixa quanto
maiores forem as perdas de carga.
Aplicando a equação de Bernoulli entre os pontos A e C, chega-se a:

(4.28)

em que Pn é a pressão atmosférica, leitura barométrica local, Pc. a pressão ab-


soluta em C e I ~HAc, a perda de carga total, distribuída e localizada, no ramo
ascendente do sifão. Como, evidentemente, V > O, deve-se ter:
Cap. 4

Outra condição limite de funcionamento pode ser obtida fazendo-se a


pressão no ponto alto ser igual à tensão de vapor da água Pv. e então, pela ex-
pressão anterior:

H ( Pa - Pv _
I y
L L\ H AC (4.29)

Esta condição indica que a sobreelevação do ramo ascendente do sifão


deve ser tão menor quanto maiores forem as perdas totais entre A e C. Como
se deve ter uma pressão absoluta em C bem acima da pressão de vapor, na
prática, o ponto alto da canalização não deve superar 5 a 6 m acima do nível
do reservatório.
Finalmente, a aplicação da equação da energia entre o ponto mais alto
e a saída do sifão, observando a continuidade do escoamento, leva a outra con-
dição limite de funcionamento, na forma:

Pela mesma condição da Equação 4.29, a cota de saída do s ifão em


relação à cota superior deve atender à desigualdade:

H ( Pa - Pv + ~ L\H (4.30)
o y L..J co

que, na prática, indica um valor da ordem de 8 m, no máximo.


Como o comprimento do sifão é relativamente pequeno, as perdas de
carga localizadas não são desprezíveis em relação às perdas contínuas, e pela
Equação 4.25 pode-se englobar todas as perdas numa única, escrevendo:

H =V- ( 1 + -f L + L,K) :. V = c1 ~2gH = ll ~2gH


2g D va

Sendo A a área da seção transversal do sifão, a vazão pode ser determi-


nada por:

Q = V·A = J-tA~2gH (4.31)


Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações
113

Esta expressão é conhecida como lei dos orifícios, a ser discutida pos-
teriormente, sendo Jl um coeficiente definido como coeficiente de vazão.

EXEMPLO 4.4

O sifão mostrado na Figura 4.14 conecta 5,48 m 8,37m


dois reservatórios com diferença de níveis igual
a 4,0 m e tem a forma de um arco de parábola, 7m
dado por y = 0,1 x2 . Se o diâmetro é igual a 0,10
m, fator de atrito f= 0,018 e coeficientes de per- 4m
da de carga na entrada e saída são, respectiva-
mente 0,5 e 1,0, determine:
a) a vazão descarregada;
b) as coordenadas do ponto de pressão
mínima, em relação ao referencial xy; Figura 4.14 Exemplo 4.4.
c) a pressão mínima.
Em um sifão, a pressão mínima pode não ocorrer no ponto mais alto, mas
logo à sua jusante, uma vez que as perdas por atrito e na entrada podem redu-
zir mais a pressão do que o acréscimo causado pela diminuição de cota topo-
gráfica.
O comprimento de arco de uma curva plana, entre os pontos a e b, é
dado por:

Desprezando-se todas as perdas de


carga, pode-se afirmar que a pressão
no ponto mais alto de um sifão
independa da vazão?

Para a parábola dada, dy/dx = 0,2-x, assim o comprimento total do si-


fão pode ser calculado como:

8,37 . -- -- -
Lab = J ~ 1 + 0,04 · x 2 dx = 17,8 14 m
- 5,48

Portanto, a velocidade média é calculada pela aplicação da equação da


energia entre os níveis d'água, na forma:
Cap. 4

2
4,0 = -V ( 0,5 +1,0 + -
o 018
' - ·17,814 ) ~V = 4,08 m /s ~ Q = 32,1 1/s
2g 0,10

As perdas localizadas na entrada e na saída correspondem, pela Equação


3.16, a um comprimento equivalente:

L = KD = 1,5·0,1 = 833 m
e f 0,018 '

O ponto de pressão mínima é aquele ponto do arco que está, verticalmen-


te, mais distante da linha piezométrica. Geometricamente, corresponde à dis-
tância da tangente ao arco (derivada) que seja paralela à linha piezométrica.
Portanto:

J= t:lH =
40
• =O 153 m/ m = dy = O 2·x ~ x =0 77 m
L abt 17,814 +8,33 ' dx ' '

:. y =0,059 m

Aplicando a equação da energia entre o ponto a e o ponto de pressão


mínima e calculando o comprimento do arco correspondente (x =- 5,48 a x =
0,77), de forma análoga, tem-se:

4 082 0 0 18
o= E.+ (3-0 059) + • (1 + 0 5 + • . 7 564)
y ' 196' ' 010
' '

:. E.= - 5,37 mH 20 (p= - 52,64 kN/m 2)


y

4.8 ESCOAMENTO QUASE-PERMANENTE


Grande parte das aplicações feitas nos capítulos anteriores teve como
premissa básica o escoamento permanente, isto é, suas propriedades e carac-
terísticas, em cada ponto do espaço, eram invariantes no tempo. Em problemas
como enchimento ou esvaziamento de reservatórios, nos quais a taxa de varia-
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações 115

ção da vazão é lenta e contínua com o tempo, pode-se desprezar a aceleração do


fluido e as forças responsáveis por esta acele ração. Este tipo de escoamento é
dito quase permanente, e as equações utilizadas no caso permanente podem ser
aplicadas com razoável acurácia.
Dois problemas que podem ser tratados com esta hipótese são o esvazi-
amento de um reservatório, através de uma tubulação com saída livre, e a
variação no tempo dos níveis de água e m dois reservatórios abertos e ligados
por uma tubulação.
No prime iro caso, conforme a Figura 4.1 5, uma tubu-
lação de características conhecidas, descarregando livre-
mente, permite o esvaziamento do reservatório aberto, de
geometria dada, a partir de uma condi ção inicial do nível
d '<1gua.
Como a área do reservatório Ar é muito maior que a
área da tubulação At, a variação no te mpo do nível d 'água
é le nta, e a ú nica forma de energia disponível é a potencial,
dada pe la carga de posição z. Na extremidade de saída, a
Figura 4.15 Esvaziamento de reservatório.
energia residual, em relação ao referencial passando por esta
seção, é a carga cinética.
Assim, a equação da energia aplicada aos dois pontos suje itos à pressão
atmosférica, e m um te mpo genérico t, considerando-se todas as perdas de
carga, torna-se:

V2 fL V2
z =-+(L,. K + -) · - (4.32)
2g D 2g

Deve ser observado que a aproximação realizada ao se adotar a Equa-


ção 4 .32 corresponde a desprezar o termo L/g (dV/dt) da Equação 1.11 .
Para propósitos práticos, o fator de atrito na Equação 4.32 é assumido
constante, independente da variação do número de Reynolds pela variação da
vazão. Pode-se adotar, como critério de cálculo, um valor médio de f, corres-
pondente à vazão inicial, quando z = a, e à vazão final, quando z = y.
Desenvolvendo-se a Equação 4 .32, vem:

V= 2g lz . V= A lz (4.33)
(l +L K +f L/ D ) v L • • 1-' v L
Cap. 4

A continuidade do escoamento entre a superfície do reservatório e a saída


da tubulação, de área A~, permite escrever:

r dVol dz
Q =V ·A = B-vz · A = - - = - A (z)·- (4.34)
t t dt r dt

em que o sinal negativo indica um processo de esvaziamento, isto é, quando


o tempo aumenta, o nível d'água diminui, e A,(z) é a relação entre a área e a
profundidade do reservatório na faixa a < z < y. A Equação 4.34 leva à seguinte
integral:

1 z
t= -AA JA ,(z)·z-l/2dz
t-' t a

que pode ser resolvida por processos analíticos ou métodos de integração


numérica ou gráfica, desde que se estabeleça a função A,(z).
No caso pa.tt icular em que o reservatório é prismático, a área é constante
e a integração torna-se:

(4.35)

Escoamento quase-permanente pode ocorrer


também quando dois tanques ou reservatórios são
conectados por uma tubulação, de diâmetro relativa-
mente pequeno, permitindo a transferência de água
por g ravidade entre eles, com variação dos níveis
d 'água, como na Figura 4 .16.
No tempo t =O, a diferença de níveis d'água
entre os reservatórios, supostos prismáticos, de áreas
Figura 4.16 Escoamento quase-permanente entre dois reservatórios. A1 e A2, é Ho e, em um tempo genérico, vale H. A
equação da energia aplicada entre os dois níveis
d'água leva a:

V2 fL
H= -(L_ K+ - ) (4.36)
2g D

De modo análogo à Equação 4.32, a Equação 4.36 pode ser posta na


forma:
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações 117

V= 2g fH V = afH (4.37)
(LK +fL/D)

A condição de continuidade do escoamento impõe que:


Dois rese rvatórios cujas cotas das
superfícies de água diferem de 20,5 m, são
Interligados por um conduto de 60 em de
a lu.A =-A t dzt =A dz2
2 dt
diâmetro e 3050 m de comprimento. O
-y.o. t dt (4.38) conduto atravessa um terreno elevado cujo
ponto mais alto está 9,20 m acima do nível e
300m distante do reservatório superior.
Determine a profundidade mínima que deve
ser enterrado o conduto, nesta seção, para
A relação entre a variação dos níveis d'água com o tempo é dada por: que a carga de pressão absoluta no ponto
mais alto da linha não cala abaixo de 3,0
mH20 e determine a vazão. Adote f= 0,020,
conside re a carga cinética e verifique a
= dz 1 _ dH rugosidade absoluta do conduto. Leitura
barométrica local 684 mmHg.
dt dt

que substituída na relação precedente fica:

dz 1
dt
A tubulação retilínea mostrada na figura tem
uma vazão de distribuição em marcha, ao
Substituindo-se na Equação 4.38, tem-se: longo do comprimento L, constante e igual a
q m'/(sm) e a extremidade B está fechada,
a.= o. Determine a que distância x do
reservatório R tem.se uma carga de pressão
dH igual à carga de pressão no fundo do
reservatórío, mantido em nível constante e

fi! aberto. Use uma equação de resistência na


=
forma J (m/m) K a,' em que a, é a vazão
fictícia no trecho e igual à média aritmética
das vazões a montante e a jusante. A
tubulação de comprimento L está assentada
expressão que integrada entre a condição inicial e um tempo qualquer fica: formando um ângulo<> com a horizontal.
Discuta a solução. Despreze as perdas
localizadas e a carga cinética.

(4.39)
R

4.9 P__5PBLEMAS

W Um sistema de distribuição de água é feito por uma adutora com um tre-


cho de 1500 m de comprimento e 150 mm de diâmeh·o, seguido por outro h·echo
de 900 m de comprimento e 100 mm de diâmetro, ambos com o mesmo fator de
ah·ito f= 0,028. A vazão total que entra no sistema é 0,025 m 3/s e toda água
é distribuída com uma taxa uniforme por unidade de comprimento q (vazão
de distribuição unitá ria) nos dois trechos, de modo que a vazão na extremi-
Cap. 4

dade de jusante seja nula. Determine a perda de carga total na adutora, des-
prezando as perdas localizadas ao longo da adutora.
[ôH = 19,61 m]

4.2 Por uma tubulação de 27" de diâmetro e 1500 m de comprimento, pas-


sa uma vazão de 0,28 m3/s de água. Em uma determinada seção, a tu bulação
divide-se em dois trechos iguais de 18" de diâmetro, 3000 m de comprimen-
to, descarregando livremente na atmosfera. Em um destes trechos, toda a va-
zão que entra na extremidade de montante é distribuída ao longo da tubulação,
com uma vazão por unidade de comprimento uniforme e, no outro, metade da
vazão que entra é distribuída uniformemente ao
6" 800 lll longo do trecho. Adotando para todas as tubula-
6" 4" ções um fator de atrito f = 0,024 e supondo que
A 100 lll 41,5 m B todo o sistema está em um plano horizontal, de-
D = ? 700 m
termine a diferença de carga entre as seções de
entrada e a saída. Despreze as perdas singulares.
Figura 4.17 Problema 4.3.
[ôH = 4,35 m]

4.3 Os dois sistemas hidráulicos mostrados na Figura 4. 17 são equivalen-


tes e todas as tubulações possuem o mesmo fator de atrito da equação de
Darcy-Weisbac h. Determine D.
[D = 4"]

4.4 Quando água é bombeada através de uma tubu lação A, com uma vazão
de 0,20 m 3/s, a queda de pressão é de 60 kN/m2 , e através de uma tubulação
B, com uma vazão de O, 15 m 3/s, a queda de pressão é de 50 kN/m2. Determi-
ne a queda de pressão que ocone quando O, 17 m 3/s de água são bombeados
através das duas tubulações, se elas são conectadas a) em série, b) em parale-
lo. Neste último, caso calcule as vazões em cada tubu lação. Use a fórmula de
Darcy-Weisbach.
a) [ôp = 107,6 kN/m2]
b) [ôp = I 3, 1 kN/m 2; QA = 0,0933 m3/s; Q 13 = 0,0767 m3/s]

4.5 No sistema mostrado na Figura 4.18, do ponto A é derivada uma vazão


QA = 35 1/s e, em B , é descarregada na atmosfera Qa = 50 1/s. Dados:
L , = 300m, D 1 = 225 mm, f, = 0,020, L2 =150m, D2= 125 mm, f2 = 0,028,
L3 =250m, D 3 = 150 mm, f3 = 0,022, L4 = 100m, D4 = 175 mm, f4 = 0,030.
Calcular:
a) o valor de H para satisfazer as condições anteriores;
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações 119

b) a cota piezométrica no ponto A. h~- ---- -- ---- -- - ------------------ ---------- ----. --


, .,.,.,.,. I
Despreze as perdas localizadas e a carga cinética.
a) [H = 15 m] b) [C.PA = 8,78 m] u. 0 3 11

L i. DI
4.6 Uma localidade é abastecida de água a pattir dos re- A
'----'~--..1...-------;;
B .....Qu
servatórios C e D , do s istema de adutoras mostrado na Fi- L2. D2 L• . D•
QA
gura 4.19. As máx imas vazões nas adutoras CA e DA são de
8,0 1/s e 12,0 1/s, respectivamente. Dete rmine: Figura 4.18 Problema 4.5.
a) os diâmetros dos trechos CA e DA, para vazão
máxima de 20,0 1/s na extremidade B do ramal AB,
de diâmetro igual a 0,20 m, sendo a carga
de pressão disponível e m B igual a 30
mH20;
b) a vazão que afluiria de cada reservatório ao
se produzir uma ruptura na extremidade B.
Todas as tubulações são de ferro fundido
novo, C= 130. Despreze as cargas cinéticas nas tu-
bulações. - --D = 0,20 m 159 2
1803 ll1 ---
B
a) [DcA = DoA= 0,1 O m]
b) [QcA =18,3 1/s; QoA=15,0 1/s] Figura 4.19 Problema 4.6.

4.7 O sistema de di stribuição de água mostrado na Figura 4.20 tem todas


as tubulações do mesmo material. A vazão total que sai do reservatório I é de 20
1/s. Entre os pontos B e C, existe uma distribuição em marcha com vazão por
metro linear uniforme e igual a q = 0,01 1/(s.m). As-
sumindo um fator de atrito constante para todas as
5 º-
tubul ações f = 0,020 e desprezando as perdas loca-
lizadas e a carga c inética, determine:
(jiYá cota piezométrica no ponto B;
A
b) a carga de pressão disponível no ponto C,
se a cota geométrica deste ponto é de
576,00 m ;
11
c) a vazão na tubulação de 4" de diâmetro.
D
a) [C.Pa = 586,42 m]
Figura 4.20 Problema 4.7.
b) [PciY = 5,52 mH20]
c) [Q4" = 5,2 1/s]
Cap. 4

4.8 Três reservatórios A , B e C são conectados por três tubulações que se


juntam no ponto J. O nível do reservatório B está 20m acima do nível de C e
o nível de A está 40 m acima de B. Uma válvula de controle de vazão é insta-
lada na tubulação AJ, imediatamente a montante de J. A equação de resistên-
cia de todas as tubulações e da válvula é dada por, ilH(m) = rQ2, em que r é o
coeficiente de resistência e Q, a vazão e;n m3/s. Os valores de r para <is três tu-
bulações são: ri\J = 150, r83 = 200 e rc.J = 300. Determine o
valor do coeficiente r de resistência da válvul a ilHv(m) = ·
rQ 2 para que a vazão que chega ao reservatório C sej a o
dobro da que chega ao reservatório B.
735 o [r= 50]

11 4.9 O esquema de adutoras mostrado na Figura 4.21 faz


patie de um sistema de distribuição de água em uma cidade,
cuja rede se inicia no ponto B. Quando a carga de pressão
disponível no ponto B f ot: de 20,0 mH20, determine a vazão
Figura 4.21 Problema 4.9. no trecho AB e verifique se o reservatório II é abastecido ou
abastecedor. Nesta situação, qual a vazão Q n que está indo
para a rede de distribuição? A partir de qual valor da carga
de pressão em B a rede é abastecida somente pelo reservatório
810.5 I? Material das tubulações: aço rebitado novo. Despreze
as pe rdas localizadas e as cargas cinéticas e u til ize a fór-
mula de Hazen-Williams.
[QAu = 42,93 1/.s; abastec ido;
30 1/s
.... Qu = 27,97 1/s; pn/Y ~ 15 mH20]

4.10 No sistema de abastecimento d 'água mostrado na


Figura 4.22, todas as tubulações têm fator de atrito f=
Figura 4.22 Problema 4.1 O. 0,021 e, no ponto B , há uma deri vação de 5,0 1/s. Despre-
zando as perdas de carga localizadas e as cargas cinéticas,
determine a carga de pressão disponível no ponto A e as
vazões nos trechos em paralelo.
[pAI"{ = 21,20 mH20 ; Q6.. = 8, 121/s; Qs.. = 16,88 1/s]
507 2

4.11 No sistema adutor mostrado na Figura 4.23, todas


495
as tubulações são de aço soldado com algum uso, coeficien-
te de rugosidade da equação de Hazen-Williams C= 120.
O traçado impõe a passagem da tubulação pelo ponto B ele
360111 cota geométrica S 14,40 m. O diâmetro do trecho CD é de
6" e a vazão descarregada pelo reservatório superior é de
Figura 4.23 Problema 4.11. 26 1/s. Dimensione os outros trechos, sujeito a:
Cap. 4 Sistemas Hidráulicos de Tubulações

a) a carga de pressão mínima no sistema deve ser de 2,0 mH20;


b) as vazões que chegam aos reservatórios E e D devem ser iguais.
Despreze as perdas de carga localizadas e as cargas cinéticas.
[DAB = 0,20 m; Dsc = 0,15 m; DcE = 0, 10 m]

4.12 A diferença de nível entre dois reservatórios conectados por um sifão


é 7,5 m. O diâmetro do sifão é 0,30 m, seu comprimento, 750 me o coeficiente de
atrito f = 0,026. Se ar é liberado da água quando a carga pressão abso- Um tanque cilíndrico, aberto, de 1.0 m
de diâmetro, está sendo esvaziado por
luta é menor que 1,2 mH20, qual deve ser o máximo comprimento do tramo ascen- uma tubulação de 50 mm de diâmetro e
dente do sifão para que ele escoe a seção plena, sem quebra na coluna de líquido, se 24,0 m de comprimento, com entrada
em aresta viva (k = 0,5), e
o ponto mais alto está 5,4 m acima do nível do reservatório supetior. Neste caso, qual descarregando na atmosfera, para a

é a vazão. Pressão atmosférica local igual a 92,65 kN/m2. qual o fator de atrito f, variando com o
tempo e a velocidade média, é
representado pela equação de Blaslus,
[La= 273 m; Q = 0,105 m 3/s] Eq(2.22), (tubos lisos). Determine o
Intervalo de tempo, para que a diferença
entre o nível d'água no tanque e o nrvel
da saída da tubulação, caia áe 2,0 m para
4.13 Dois reservatórios têm uma diferença de nível igual a 15 m e são 1,0m.
conectados por uma tubulação ABC, na qual o ponto mais alto B está 2 m abai-
xo do nível d'água do reservatório superior A. O trecho AB tem diâmetro de [T = 4min)

0,20 me o trecho BC, diâmetro de 0,15 m, e o fator de atrito é o mesmo para


os dois trechos. O comprimento total da tubulação é 3000 m. Detennine o
maior valor do comprimento AB para que a carga de pressão em B não seja
maior que 2 mH20 abaixo da pressão atmosférica. Despreze a carga cinética.
[LAs = 1815 m]

4.14 Um tanque cilíndrico abe1to de 1,0 m de diâmetro está sendo esvazia-do


por um tubo de 50 mm de diâmetro e 4,0 m de comprimento, com entrada em
aresta viva, K = 0,5, para o qual f= 0,025, e descarregando na atmosfera. Deter-
mine o tempo necessário para que a diferença entre o nível d'água no tanque e o
nível da saída do tubo caia de 2,0 m para 1,0 m.
[t = 140 s]

4.15 Dois reservatórios prismáticos, um de área igual a 7,4 m 2 e outro de


área igual 3,7 m 2, estão ligados por uma tubulação de 125 m de comprimen-
to e 50 mm de diâmetro, com fator de atrito f= 0,030. Determine o tempo ne-
cessário para que um volmne de 2,3 m 3 de água seja transferido do tanque
maior para o menor, se a diferença de nível inicial entre eles é de 1,5 m. Coe-
ficientes de perda de carga, na entrada K = 0,5 e na saída K = 1,0.
[t = 38,8 min]
4.16 Um reservatório alimenta uma tubulação de 200 mm de
diâmetro e 300 m de comprimento, a qual se divide em duas tu-
A bulações de 150 mm de diâmetro e 150 m de comprimento,
como na Figura 4.24. Ambos os trechos estão totalmente abertos
15 m
para a atmosfera nas suas extremidades. O trecho BD possui
saídas uniforme mente distribuídas ·ao longo de seu comprimen-
to, de maneira que metade da água que entra é descarregada ao
D
longo de seu comprimento. As extre midades dos dois trechos
estão na mesma cota geométrica e 15 m abaixo do nível d'àgua
Figura 4.24 Problema 4.16.
do reservatório. Calcule a vazão em cada trecho adotando
f = 0,024, desprezando as perdas localizadas e a carga cinética
nas tubulações.
Resolva o problema de duas maneiras: primeiro, usando no trecho BD
o conceito de vazão fictíc ia e, segundo, determinando a perda de carga distri-
buída em um elemento de comprimento dL e depois fazendo a integração de
O a L (de B até D):
[QAJJ = 0,076 m3/s; Q sc = 0,033 m 3/s; Q 130 = 0,043 m 3/s]

4.17 De uma represa mantida em nível constante sai uma


tubulação de ferro fundid o novo, de 200 mm de diâmetro
e 500 m de comprimento, que termina no fund o de um
reservató rio prism áti co de I O m2 de área e 5 m de altura,
conforme a F igura 4.25. E stando inic ialmente vazio o re-
servatório, abre-se o registro colocado em A. Calcul ar o
tempo necessário para o enchimento completo do reserva-
tóri o pri smático. Assuma que durante o enchimento do re-
servatório o fato r de atrito da tubulação seja constante, com
valor médio f = 0,020. Resolva o problema de duas manei-
ras distintas:
a) utilizando a Equ ação 4 .39 observando qu e, no caso,
Figura 4.25 Problema 4. 17. tem-se A 1 >>> A2 = 10m2.
b) utilizand o a Equação 2.42 e observando que, pela equação da
continuidade, em um tempo qualque r t, a vazão que e ntra no re-
servatório é dada por Q = - Adh/dt, e m que h é uma ordenada
marcada positiva de cima para bai xo a partir da cota 5,0 m e A a
área do reservató rio.
Despreze as perdas de carga locali zadas na tubulação.
[T :: 38 min]
5 123

SISTEMAS ELEVATÓRIOS- CAVIlAÇÃO

5.1 INTRODUÇÃO
Grande p arte do que fo i discutido nos capítulos anteriores refe riu-se
ao escoamento por gravidade, no qua l há o aproveitamento da ene rgia po-
tencial de posição para o transporte da água. Em muitos casos, entretanto,
não há esta disponibilidade de cotas topográficas, sendo necessário transfe-
ri r energia para o líquido através de um siste ma eletromecânico, conforme
fo i visto na Seção 1.5.
U m sistema de recalque ou ele vatório é o conjunto de tubulações,
acessórios, bombas e moto res necessário para transportar uma certa vazão [Maurits Comelis Escher, 1961)
de água ou qualquer outro líquido de um rese rvatório inferior R ,, na cota
z,, para outro reservatório superior R2, na cota Z2 > z,. Nos casos mais co-
muns de s istem as de abastecimento de água, ambos os reservatórios estão
abertos para a atmosfera e com níveis constantes, o que permite tratar o es-
coamento co mo permane nte .
U m s istema de recalque é composto, em geral, de três partes:
a) Tubulação de sucção, que é constituída pela canalização que liga o
reservatório inferior R, à bomba, incluindo os acessórios necessá-
rios, como válvul a de pé com crivo, registro, curvas, redução ex-
cêntrica etc .
b ) Conjunto elevatório, que é constituído por uma ou mais bombas e
respectivos mo tores elétricos ou a combustão interna.
c) Tubulação de recalque, que é constituída pela canalização que liga
a bomba ao reservatório supe rior R2, incluindo registros, válvula
de re tenção, manômetros, curvas e, e ventualme nte, equipamentos
para o controle dos efeitos do golpe de aríete.
A instalação de uma bomba em um sistema de recalque pode ser feita
de duas formas distintas :
a) Bomba afogada, quando a cota de instalação do ei xo da bomba
está abai xo da cota d o nível d 'água no reservatório inferior R ,.
b) Bomba não afogada, quando a cota de instalação do eixo da bom-
ba está acima da cota do nível d 'água no reservatório inferior R ,.
Cap. 5

5.2 ALTURA TOTAL DE ELEVAÇÃO E


ALTURA MANOMÉTRICA
_I - Na Seção 1.5 foi definida a altu-
ra total de e levação de uma bomba
hr como a difere nça entre a carga ou
{j
L Hg
~
energ ia do escoamento à saída e à en-
z Cs trada da bomba. Veremos agora outras

z
---:1:1=-T--
-, Ml~~~ definições importantes de alturas ou
cargas em sistemas e levatórios.
- fs_ - - Com referência à Figura 5.1, na
(a) (b}
qual são mostradas as linhas de energ ia e
piezométrica em dois esquemas de bom-
Z 1: cota do nível d'água no reservatório inferior R,.
Z2: cota do nível d'água no reservatório superior R2 •
beamento, bomba afogada e não afogada
7..,: cota de assentamento do eixo da bomba. de eixo horizontal, a seguinte terminolo-
Z,: cota da linha de energia relativa. na entrada da bomba. gia será adotada (ver definições abaixo
Z,: cota da linha de energia relativa, na saída da bomba.
C,: cota da linha piezométrica relativa, na entrada da bomba. da figura).
C,: cota da linha piezométrica relativa, na saída da bomba.
Z = Z 1 - Zb: altura estática de sucçcío, diferença de cotas entre o nível do eixo da bomba e
Das definições an teriores e dos
a superfície livre do reservató rio inferior, negativa no esquema a (bomba não afogada) c po- esquemas da Figura 5.1, podem-se ex-
sitiva no esquema 11 (bomba afogada). trair as seguintes relações:
L.= Z2- Zh: altura estática de recalque , diferença de cotas entre o nível em que o líquido é
abandonado ao sair da tubulação de recalque c o nível do eixo da bomba.
H ~ = Z2- z, : altura geométrica ou altura estática total. diferença entre os níveis de água dos
y2 y2
reservatórios. H = Hm +_r_- _s_ (5.1)
H, = C, - Zb: alturanwnmnétrica de sucçcío, carga de pressão relativa disponível na entrada da
bomba. em relação ao plano horizontal de cota Zb ; negativa no esquema a. e positiva no /2..
2g 2g
11, =C, - Zb: altura mo11ométrica de recalque, carga de pressão relativa disponível na saída
da bomba, em relação ao plano horizontal de cota ~-
H.,.= C,- C,= H,- H,: altura ma11ométrica total, diferencial entre as cargas de pressão re- (5.2)
lativas na saída c na entrada da bomba.
l'lH, =z, - Z.: perda de carga total, distribuída e localizada, na tubulação de sucção.
l'lH, = 4 - Z2: perda de carga total, distribuída e localizada, na tubulação de recalque. Pela Equação 5 .1 , se as tu bula-
v2 ções de recalque e sucção tiverem diâ-
-L: carga cinética na tubulação de sucção.
2g metros iguais, a altura total de elevação
v2 se confunde com a altura manométrica.
__r..: carga cmética na tubulação de recalque.
2g
Em geral, a tubu lação de sucção tem
um diâmetro comercial imediatamente
y2 superior ao da tubulação de recalque,
h,= Z, - Zb = H,+~ = Z + LI.H,: altura total de sucção.
para diminuir a ve locidade e ocorrer
v2 menores perdas de carga. A Equação
h, = Z, - z. = H, + __r.. = L + LI. H,: altura total de recalque. 5.2 fo rnece um resultado importante
2g
1-1 = Z,- Z, : altura ou carga tot al de elevação. pa ra o cálcul o da al tura total de e le-
vação e, conseqüentemente, da po-
Figura 5.1 Linhas de energia e piezométrica em uma instalação de bomba.
tência necessária à bomba.
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

A energia a ser cedida ao escoamento, expressa em metros de colu-


na do líquido, é igual ao desnível topográfico entre os reservatóri os,
acrescida de todas as perdas de carga, di stribuídas e localizadas, nas cana-
lizações de sucção e recalque.

5.3 POTÊNCIA DO CONJUNTO ELEVATÓRIO


Conforme a Equ ação 1.34 , a potência recebida pela bomba, potên-
cia esta fornecida pelo motor que aciona a bomba, é dada pela expressão:

9,8· QH 10 3 ·QH
Pot =- - - (kW) ou Pot = (cv) Q (m3/s) e H(m) (5.3)
1l 7511

em que 11 é o coefi c ie nte de re ndimento global da bomba, que depende


basicamente do porte e características do equipamento.
A potência elétrica fornecida pelo motor que aciona a bomba, sendo
11m seu re ndimento g lobal, é dada por:

8
Pot m = 9• . QH (kW ) ou Pot
10 3 · QH
= (cv) (5.4)
1l ·1lm m 75· 1l · 1lm

5.4 DIMENSIONAMENTO ECONÔMICO DA TUBULAÇÃO


DE RECALQUE

5.4.1 CUSTO DE UMA CANALIZAÇÃO


Em um proj eto hidráulico de uma adutora, por gravid ade ou bom-
beamento, deve haver um compromisso entre os requisitos técnicos de desem-
penho e segurança e o custo global do sistema.
O custo da unidade de comprimento de uma tubulação depende, ba-
sicamente, de seu peso, que é fun ção do diâmetro interno e da espessura da
parede, e também de custos indiretos, como transporte, mão-de-obra, assen-
tamento em valas etc. O diâmetro interno é uma variável que está relacio-
nada às cond ições hidráulicas para garantir o transporte de uma certa
1. Ed me Mariotte, físico francês,
vazão, enquanto a espessura deve ser fi xada em função dos esforços, de- 162().1684.

vido à pressão interna à qual o material será submetido. Para as tubulações


em que a espessura da parede e é bem menor que o diâmetro interno, e <<
O, situação e m que a tensão admissível do material na parede é assumida
como uniforme, a relação entre as variáveis é dada pe la equação de
Mariotte: 1
Cap. 5

p-D
e=-- (5.5)
2cr

em que p é a pressão interna e cr, a tensão de trabalho admissível do mate-


rial.
No caso de uma adutora por g ravidade, como comentado na Seção
4.3 o dimensionamento da espessura é feito na s ituação mais desfavorável
de pressão, que ocorre em s ituação hidrostática, isto é, com vazão nula.
Dependendo do perfil topográfico, a tubulação de diâmetro interno único
pode ter espessuras diferentes e classes diferentes de tubos, para padrões
de pressões distintas.
O peso de uma unidade de comprimento de um tubo de diâmetro
interno D, espessura e e peso específico do material Ym, é dado por:

G = Ym 1t (D +e) e (5.6)

Eliminando o valor da espessura e nas Equações 5.5 e 5.6, fica:

(5.7)

Portanto, o custo da unidade de comprimento da tubulação é igual ao


produto da expressão anterior pelo preço da unidade de peso do materiaL Para
valores constantes dos parâmetros da Equação 5.7, o custo unitário é dado por:

(5.8)

Os custos indiretos de transporte, escavação e assentamento, bem como


as peças especiais, válvulas, curvas e registros, são englobados no valor da
constante a, uma vez que estes custos são, aproximadamente, proporcionais
ao quadrado do diâmetro interno.
No caso de tubulações de ferro fundido, por razões construtivas,
deve-se dar à espessura da parede um valor mínimo e 0 , de modo que,
combinando esta condição à equação de Mariotte, a espessura possa ser
calculada como:

e =e + K pD com K ( l (5.9)
o 2cr
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavitaçã?

Deste modo, o peso da unidade de comprimento da tubulação, pela


Equação 5.6, fica:

(5.10)

O custo unitário da tubulação, como visto antes, é o produto da


equ ação anterior pelo preço da unidade de peso do material, e desenvol-
vendo a Equação 5 .I O chega-se a uma expressão para o custo unitário na
forma:

(5.11 )

em que a, b, c são coeficientes que dependem do tipo de material e da


pressão interna.
Para projetos de menor monta, com tubulações de diâmetros relati-
vamente pequenos, menores que 8", é comum usar uma expressão apro-
ximada e mais s imples que as anteriores, na qual o custo da unidade de
comprimento da tubulação é proporcional à primeira potência do diâme-
tro. Multiplicando e dividindo a Equação 5.6 pelo diâmetro D , tem-se:

G = y m 1t [ (D ~e ) e ] D (5.12)

O fator entre colchetes da equação anterior é aproximadamente


constante para di âmetros não muito grandes (até 200 mm) em tubos de
ferro fundido; assim, o custo da unidade de comprimento é o produto da
Equação 5. 12 pelo preço da unidade de peso do material, na forma:

(5.13)
2. Jacques Antoine Charles Bresse,
engenheiro e professor francês,
A Equação 5.13 será usada posteriormente para desenvolver a fór- 1822·1883.
mula de Bresse, 2 para o cálculo do diâmetro econômico de uma tubulação
de recalque.

5.4.2 TUBULAÇÃO DE RECALQUE


No projeto de um sistema elevatório, há dois aspectos importantes a
serem considerados, o diâmetro da tubulação de recalque e, em conseqüência
da tubulação de sucção, a potência necessária do conjunto motor-bomba. As
equações disponíveis são a da continuidade e uma equação de resistência
B
""''"!;"' •••,"' Cap. 5

na forma J = KQntnm. Como o único parâmetro de projeto conhecido é a


vazão Q a ser recalcada, tem-se um problema com três incógnitas, J, De
V, e duas equações, portanto um prob lema indetermi nado.
Se o diâmetro adotado for relativamente grande, resultarão perdas
de carga pequenas, portanto a altura total de elevação H = Hg + l-.H e a po-
tência do conjunto elevatório necessária serão relativamente pequenas,
com custos menores, enquanto o custo da linha adutora será alto. Se, ao
contrário, o diâmetro adotado for relativamente pequeno, a linha adutora
terá custo baixo, enquan to as perdas de carga serão altas e o conjunto
elevatório ficará mais caro por exigir uma potência maior.
Como a vazão e a altura geométrica são fixas, os custos totais da
linha adutora e do conjunto e levatório, incluindo o custo anual de energia
e létrica, dependem, de modos opostos, do diâmetro escolhido. Assim,
ex istirá um diâmetro conveniente para o qual o custo total do projeto, in-
cluindo a abertura de valas, assentamento de tubulações, consumo de
energia elétrica, unidade de reserva do grupo motor-bomba e custo eco-
nômico do capital investido (taxa de j uros e amortização), será míni mo.
Para uma adutora de comprimento L, d iâmetro D e uma taxa de en-
cargo financeiro t (juros e amortização do capital), o gasto anual global
pode ser calculado por:

Custo1 =C; L t (5.14)

em que C; é uma das equações de custo unitário, em função do diâmetro,


apresentadas n a Seção 5.4.1.
Pode-se, também, fazer uma análise econômica de custos anuais do
gasto com energia elétrica de uma instalação que funciona T horas por dia, du-
rante N dias por ano, ao custo de A por quilowatt-hora consumido, na forma:

9,8·Q·(H +1 ·L)
Custo,= s ·N·T·A (5.15)
- TJ1lm

A Equação 5.14 é diretamente proporcional ao diâmetro, enquanto


a Equação 5.15 é inversamente proporc ional ao diâmetro, pois o termo J-L
diminui com o aumento do diâmetro para uma vazão fixa.
Desta maneira, lançando-se em gráfico as duas equações, para uma
série de diâmetros, tem-se como curva dos custos da tubulação uma curva
crescente, curva 1, e como curva dos custos do conjunto elevatório uma curva
decrescente, curva 2, que tende ao valor mínimo cotTespondente ao custo ne-
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

14
cessário para vencer somente o desnível topográfico H g,
quando a pe rda de carga se torna desprezível. 12

A soma das curvas 1 e 2, que corresponde ao en- 10


cargo anual d a instalação, e o diâmetro conveniente, ou
diâmetro econômico D e, que é aquele que torna a soma
dos custos mínima, estão mostrados na Figura 5.2.

5.4.3 FÓRMULA DE BRESSE


Um tratamento simples e aproximado do problema de
dime nsionamento econômico da tubulação de recalque, em o +----+--+--+----+~-1--t--+---t--+-----l
o 0,1 o.2 o.3 0.4 °•o.s o.s 0.1 o.s o.9
instalações de potência pequena que funcionam ininterrup- Diâmetro (m)
tamente, 24 horas por dia, pode ser feito a partir das se-
Figura 5.2 Determinação do diâmetro econômico de uma
guintes hipóteses.
tubulação de recalque.
a) que o custo da linha instalada de comprimento L
seja, como na Equação 5.13, diretamente propo r-
ciona l ao diâme tro, na forma Ct = ptLD;
b) que o custo do conjunto motor-bomba seja diretamente proporcional
à unidade de potência instalada (kW), na forma C2 = pz Pot.
Sendo Pt o gasto anual de 1 m de comprimento de um conduto de J
m de diâme tro, incluindo despesas de amortização e conservação e p2, o
custo anual de operação do grupo motor-bomba, por unidade de potênc ia,
inc luindo despesas de ope ração e manutenção, o custo total do sistema é
a soma dos doi s fatores, C = p tLD + pz Pot.
Pela Equação 5.4, com H= Hg + t1Hr, vem:

fL
9,8Q(Hg + 0,0827 - 5 Q 2 )
C = Pt LD + P2 D (5.16)
'Tl'Tlm

Derivando-se a equação precedente, em relação ao diâmetro, e


igualando-se a zero, para chegar ao mínimo custo global C, fica:

dC _ L- 4,05fLQ 3 _O
d D- p, P2 D6 -
'Tl'Tl m

que leva à relação entre a vazão de recalque e o diâmetro econômico, na fmma:


D6 = 4,05 f E.l_Q 3
111lm P1

de onde, finalmente:

D (m) = K ~ Q (m 3/s) (5. 17)

Esta equação é conhecida como fórmula de Bresse, na qual a constante


K depende, entre outras coisas, dos custos de material, mão-de-obra, operação
e manutenção do sistema etc., não sendo, p01tanto, flxa, variando de local para local
e no tempo, principalmente em regimes econômicos inl'lacionários. E m geral, a
constante K assume valores na fai xa de 0,7 a 1,3.
Algumas observações sobre a fórmul a de Bresse são necessárias.
a) Trata-se de uma equação muito simp les para representar um proble-
ma complexo e com muitas variáveis econômicas, portanto deve ser
aplicada na fase de anteprojeto.
Por que, na Figura 5.2, o ponto de
mfnimo não é o correspondente ao b) E m sistemas de menor porte, com adutoras de até 6", o emprego da
ponto de cruzamento das curvas 1 e 2?
Equação 5 . J7 pode conduzir a um diâmetro aceitável.
c) Em instal ações maiores, o diâmetro gerado pela Equação 5. 17 deve
ser tomado como a primeira aproximação para uma pesquisa mais ela-
borada, segundo a metodologia descrita na Seção 5.4.2.
d) A fixação de um valor da constante K equivale a adotar uma velocidade
média de recalque, chamada velocidade econômica. Em geral, nos sis-
temas elevatórios, as velocidades variam na faixa de 0,6 a 3,0 m/s,
sendo mais comuns velocidades entre 1,5 e 2,0 m/s.
e) A fórmula de Bresse deve ser aplicada a s istemas de func ionamento
contínuo, 24 horas por dia.
Nem sempre há necessidade de o sistema funcionar continuamente, basta
que se recalque o volume necessário de reservação, para consumo diário, em
uma fração do dia. Este é o caso do abastecimento de um prédio de apartamen-
tos, em que o aporte de água para consumo e reserva de combate a incêndio
em geral é feito durante um certo número de horas por dia. Para estes casos,
o dimensionamento da tubulação de recalque é feita pela E quação 5. 18 reco-
mendada pela NBR-5626 da ABNT (1 ).

(5. 18)
Cap. 5 Sistemas Elevatórios- Cavilação 131

em que X é a fração do dia, isto é, o número de horas de funcionamento do sis-


tema dividido por 24. Em qualquer caso, o diâmetro encontrado deve ser apro-
ximado para o diâmetro comercial mais conveniente.

EXEMPLO 5.1

O projeto de um sistema elevatório para abastecimento urbano de água


deverá ser feito a partir dos seguintes dados:
Em uma certa tubulação horizontal de um
a) vazão necessária Q = 80 1/s; dado comp rim ento veicula uma determinada
vazão constante, mantida por uma bomba e

b) altura geométrica a ser vencida Hg = 48 m; o custo de capital da estação elevatória é C1


= a+ b.Pot, em que a e b são constantes e
Pot a potência hidráulica perdida na
c) comprimento da linha de recalque L= 880 m; tubulação por atrito.
Mostre que a potência fornec ida pela bomba
é dada por Pot ::: c/05 , em que c é uma
d) material da tubulação ferro fundido classe K7, rugosidade E = 0,4 constante. Se o custo de capital da
tubulação for dado por C 2 ~ m·D em que m é
2
mm; uma constante, mostre que o diãmetro D, tal
que o custo de capital total do projeto
e) número de horas de funcionamento diário T = 16 h; (C 1+C 2} seja mínimo é dado por:

f) número de dias de funcionamento no ano N = 365; ojsbc"


f"2m
g) taxa de interesse e amortização do capital 12% a.a.;
h) rendimento adotado para a bomba Yl = 70%;
i) rendimento adotado para o motor Ylm = 85%;
j) preço do quilowatt-hora A= R$ 0,031.
Uma pesquisa de preço de tubos, por unidade de comprimento, para
150 mm ::::: D ::::; 500 mm levou à seguinte relação entre diâmetro e custo:
Custo (R$/m) = 0,042 D(mm) 1.4. Determine o diâmetro econômico de
recalque.
Com auxílio da Equação 2.38 ou da Tabela A2, pode-se calcular a per-
da de carga unitária e, em seguida, a perda de carga no recalque e a altura to-
tal de elevação pela Equação 5.2, considerando somente a tubulação de recalque.
Pela Equação 5.15, determina-se o custo anual com energia elétrica, para diâ-
metros na faixa de 150 a 500 mm. O custo anual da tubulação é o produto do
custo unitário pelo comprimento da linha, multiplicado pelos encargos econô-
micos de 12% a.a.
A Tabela 5.1 apresenta os cálculos para os diâmetros escolhidos.
Tabela 5.1 Determinação do custo total anual de um sistema elevatório.
• Ver endereço eletrônico www.
eesc.sc.usp.br/shs na área Ensino
de Graduação. Diâmetro 1 H = H8 + JL Custo Custo Custo Custo
(mm) (m/m) (m) bombeamento tubulação anual total
!50 0,1790 205,50 49022,03 41139,57 4936.75 53958,77
200 0,0396 82,84 19761,75 6 I 542,33 7385,08 27146,83
250 0,0123 58,87 14042,77 84110,07 1009,21 24 I 35,98
300 0,0048 52,21 12455,09 I 0856,97 13028,16 25483,25
350 0,0022 49.90 11902,68 13471,50 16166,22 28068,90
400 0,0011 48,95 11677.55 162411,19 19489,34 31166,89
450 0,0006 48,52 11574,4 I 191526,77 22983,2 1 34557,62
500 0,0003 48,30 11522,69 22 1967,80 26636,14 38 158,83

60000 As colunas 4, 6 e 7 da tabela an-


terior foram postas em forma gráfica,
50000 indicando que o valor mínimo da soma
(custo total), coluna 4 + coluna 6, ocor-
;;; 40000 re para um diâmetro de 250 mm, con-
~
n; forme a Figura 5.3. Ver planilha EXEM
"c: 30000 (5.l)JCLS, no diretório Bombas*.
"'
E
"'
u"
20000 5.5 BOMBAS: TIPOS E
CARACTERÍSTICAS -
10000 ROTAÇÃO ESPECÍFICA
O princípio básico de transfe-
o rência da energia recebida pela bom-
100 150 200 250 300 350 400 450 500 ba, de uma fonte externa, ao fluido é
Diâmetro (mm)
a existência, no corpo ou caixa da
Figura 5.3 Determinação do diâmetro econômico.
máquina, de uma roda ou rotor que,
ao girar comunica ao fluido acelera-
ção centrífuga e conseqüente aumento
de pressão. A ação do rotor or ienta a
traj etória das partículas dentro do cor-
po da bomba, desde a seção de entra-
da até a saída. De acordo com a forma

~
da trajetória do líquido, no seu interi-
or, as bombas são classificadas como:
a) Bombas centrifugas ou de escoa-
mento radial - o líquido entra axial-
(a) (b) I (c)
mente pelo centro e sai radialmente
Figura 5.4 Tipos de rotores de bombas. pela periferia. São bombas des ti nadas
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

a vencer grandes cargas com vazões relativamente baixas, em que


o acréscimo de pressão é causado plincipalmente pela ação da for-
ça centrífuga, Figura 5.4a.
b ) Bombas de escoamento misto ou diagonal - o líquido entra axial-
mente e sai em uma direção diagonal, média entre axial e radial.
São indicadas para cargas médias, e o acréscimo de pressão é devi-
do, em parte, à força centrífuga e, em parte, à ação de sucção das
pás, Figura 5.4b.
c) Bombas de escoamento axial- o líquido entra axialmente e sai em
movimento helicoidal em direção praticamente axial, Figura 5.4c.
São indicadas para vazões altas e cargas baixas.
As bombas centrífugas e mistas podem ter rotor fechado ou aberto. O
rotor fechado é confinado por duas placas paralelas, formando com as pás
do rotor dutos por onde o líquido escoa, atingindo a seção de saída do corpo
da bomba. São destinados ao bombeamento de líquidos limpos sem mateli-
al particulado, Figura 5.4a. No rotor aberto, as pás de forma recurvada são
fixadas em um único disco, formando canais, Figura 5.4b.
Quanto ao número de rotores, as bombas são classificadas como de
estágio simples, quando há somente um rotor, ou de estágios múltiplos,
quando há dois ou mais rotores.
Em situações em que a altura total de elevação é grande, pode não ser
possível, com bom rendimento, o recalque usando um único rotor. Neste caso,
utilizam-se bombas de múltiplos estágios, em que são dispostos no mesmo
eixo vários rotores iguais em série. Esta concepção é particularmente utilizada
em bombas submersas para captação de água em poços profundos.

5.5.1 ROTAÇÃO ESPECÍFICA


No estudo e desenvolvimento de máquinas hidráulicas , como bom-
bas e turbinas, é comum fazer uso de coeficientes adimensionais que repre-
sentem, de modo global e compacto, os fenômenos físicos envolvidos.
Entre esses adimensionais, tem particular interesse a rotação especifica do
rotor da máquina, cujo valor, calculado no ponto de rendimento ótimo, ca-
racteriza a forma da máquina e serve de critério para sua classificação.
Combinando-se os fldimensionais rr I' coeficiente de pressão, e rr2,
() coeficiente de vazão, definidos no Exemplo 1.2, de modo a eliminar a vari-
.lt 1~ ável R , raio do rotor, e observando que L1p = pgH, tem-se:
-'13
~~
~ ~ "'N, = vrrJ
"" §'
li~ = m.JQ
(g H)3/4
[m (rad/s)] (5.19)
~~ I

l~·
Cap. 5

D e modo análogo, combinando-se os adimensionais n3. coeficiente de


potência, e D t, chega-se a:

oojfut
[oo (rad/s)] (5.20)
pl/2 (gH)S/4

Na prática de projetistas de máquinas hidráulicas, usando-se a mesma


denominação de rotação específica ou velocidade específica, costuma-se uti-
lizar coeficientes dimensionai s, portanto dependentes do sistema de unidades
usado, que são s im plificações das Equações 5.19 e 5.20, baseados na seguin-
te definição: rotaçüo específica corresponde à rotação (em rpm) de um rotor
de uma bomba, de uma série homóloga de bombas geometricamente seme-
lhantes, que eleva uma unidade de vazão sob uma a ltura manométrica tota l uni-
tária, o u como a rotação de um r otor de uma bomba, de uma série homóloga
de bombas geometricamente semelhantes, que desenvolve uma unidade de po-
tência sob uma altura manométrica lolal uni tária. Desla forma, as velocidades
específicas, re lativas à vazão e à potência, passam a ser adaptadas das Equa-
ções 5.19 e 5.20, respectivamente:

Nq - n jQ com n(rpm), Q(m 3/s) e H (m) (5 .2 1)


- H 3/4

n~ Pot
N
s
= H S/4
com n(rpm), Pot(cv) e H(m) (5.22)

Os valores da rotação específica para as unidades de potência, cavalo


vapor e quilowatt, guardam a seguinte relação:

N, [rpm, cv, m] = 1,17·Ns [rpm, kW, ml (5.23)

A relação entre a rotação específica Ns relativa à potência útil e a relali-


va à vazão Nq, quando o líquido bombeado fo r água com massa especírica
p = 1000 kg/m 3, é dada por (ver Problema 5.10):
--------- --
~ nJQ
Ns = 3,65 · H3/4 (5.24)
Cap. 5 Sistemas Elevatórios- Cavilação

rr:Conforme foi observado, o pa-

J ~
I 1 I I

ill
râmetro N 5 , calculado no ponto de ren- I

dime nto ótimo da máquina, caracteriza


a sua família, de modo que um conjun- dP_-~~ _jf-_ À _
to de máquinas geometricamente seme- Ns<90 90 a 130 130 a 220 220 "440 440 a 500 Ns>500
lhantes tem o mesmo valor da rotação Radial centrífuga Mtsta Semt Axtal
específica. Para uma m esma bomba, a Lenta Normal Rápida Axial
rotação específi 5fl não muda com a J:Q:.
tação nominal n1 'A Figura 5.5 mostra a Figura 5.5 Forma do roto r c tipos de bombas em f unção da rotação específica N<
forma do rotor da bomba em função do
Ns, observando-se que os menores va-
lores de Ns representam as bombas centrífugas, os valores intermediári os,
as bombas de escoamento misto e os maiores, as de escoamento axial.

5.6 RELAÇÕES DE SEMELHANÇA


No estudo e desenvolvimento de máquinas hidráulicas, utiliza-se a
teoria de semelhança para prever o desempenho de um protótipo a partir
de ensaios em modelos e m escala reduzida, ou as alterações de vazão ,
altura de elevação e potência em máquinas geometricamente semelhantes,
em função da rotação e ou da mudança do diâmetro do rotor. Parte-se da
~ Q.osição de que máquinas geometricamente semelhantes trabalham em
<2_ondições de semelh ança, desde que tenham o mesmo rendimentQ.,_
Reescre vend o os ad imens iona is do Exemplo 1.2, coefic iente de
pressão, coeficiente de vazão e coeficiente de potência, tom ando como
variável geométrica o diâmetro do rotor e com a velocidade de rotação
expressa e m rpm, tem-se:

yH gH
pn 2D 2 - n 2D 2 (5.25)

n2 = Q-
nD 3 (5.26)

(5.27)

Desde que, para todas as bombas pertencentes a uma mesma família


(tipo) e operando sob condições de semelhança dinâmica, os correspondentes
Cap. 5

coeficientes adimensionais são iguais, para pontos homólogos de suas cur-


vas características, as leis de semelhança que governam as relações entre tais
pontos homólogos podem ser estabelecidas, para p = cte., como segue:

(5.28)

-
(5.29)

(5.30)

O outro adimensional que deve permanecer invariante em duas situações


de operação, em condições de semelhança, é o rendimento da bomba, portanto:

(5.3 1)

As Equações 5.28 a 5.31 fornecem as relações entre as variáveis do


fenômeno, em dois pontos homólogos na condição de semelhança, que
são válidas se as alterações de diâmetro e ou rotação nominal forem rela-
tivamente peque nas para que o rendimento possa ser mantido constante.
No caso prático de analisar as alterações da vazão, altura de elevação e
potência de uma mesma bomba operando na mesma rotação, pela troca do
diâmetro do rotor, conclui-se que o aumento n a capacidade de vazão e
altura de elevação é seguido de um forte acréscimo na potência necessária
à bomba, uma vez que, pela Equação 5.30, a relação é diretamente pro-
porcional à quinta potência da relação de diâmetros.

5.7 CURVAS CARACTERÍSTICAS

5.7.1 CURVA CARACTERÍSTICA DE UMA BOMBA


~omina-se curva característica de uma máquina hidráulica, bom-.
_ba ou turbina a represen.ttção_gráfica ou em fonna__de tabela das fun0es gue
relacionam os diversos parâmetros envolvidos em seu funcionamento. Estare-
presentação pode ocorrer de modo adimensional através de uma reiaÇaoqiie
Cap. 5 Sistemas Elevatórios- Cavilação

envolve os dois adimensionais básicos, coeficiente de pressão e coeficiente de


·yazão, .Eguaçõe_L5.25 e 5.1&,_rla forma IT 1 =f (I12), _ou, como é mais co-
,mum, de modo dimensional. Os fabricantes de bombas apresentam, n os
catálogos, curvas dimensionai s da altura de elevação em função da vazão,
H = f(Q), da potência necessária em função da vazão, Pot = flQ)_, e do ren-
dimento em função da vazão, 1) = f(Q.L
As curvas características de uma bomba são obtidas experimentalmente em
um banco de ensaio, no qual, para cada vazão recalcada, são medidas a vazão e
a altura de elevação, com auxílio de manômetros, e o torque no eixo da má-
quina. _!:ara cada par de valores de Q e H, a potência útil ou hidráulica é dada 122!:

~t, =yQH =9,8·10 3 QH (W) 1 (5 .32)


Duas unidades de bombeamento são
homólogas se, além de geometrica·
mente semelhantes, têm o mesmo
número de Reynolds?
A medida da potência mecânica absorvida pela bomba pode ser fei-
ta medindo-se a rotação co (rad/s) e o torque no eixo T (Nm), com uso de um
torquímetro. Como a relação entre potência mecânica e torque é dada por:

Pot m = Tco (W ) (5.33)

o rendimento global da bomba, apresentado na Equação 5.3, é a relação


entre a potência útil ou hidráulica e a potência mecânica absorvida, daí:

3
Poth yQ H 9,8 ·10 QH
11 = - - = - - = - - - - - (5.34)
Pot m Tco Tco

O ensaio é repetido para outros diâmetros de rotor e os resultad.os,.


H= f(Q), Pot = f(Q) e 11 = f(Q), lançados em gráfi~
Nos catálogos dos fabricantes de bombas são apresentados, ~ ~
ral, três gráficos correspondentes a uma família de bombas. O gráf!s:.o da
fü rva característica propriamente dita, representando as curvas de ~ tura de
~ção em função da vazão e indicando também as linhas dos pontos de
!wal rendimento (isorrendimentoh, o gráfico da variável N.P.S .H. t~queri-
9o, em função da vazão, a ser discutido na Seção 5.9.3 e, finalmenJ.e.J~
.curva de potência necessária à bomba em função da vazão de recalque.
O conjunto destas três curvas, para uma determinada velocidade de
rotação, é útil na análise de desempenho, bem como no processo de esco-
lha da bomba, como será visto adiante.
Cap. 5

16
A Figura 5.6 apresenta uma farru1ia de curvas ca-
t-- ~o 45
racterísticas, diagrama em. colina, da bomba KSB-
14 ,-.... -._ 50 MEGANORM, mode lo 32- 160, na rotação de 17 50
r- -.... 'i ~ rpm, para diâmetros do roto r na faix a de I 4 8 a 176
12
........ -....!_1 •5 'Yo mm, indicando as linhas de isorrendimentos e as cur-
r- ........
H(m) -.... ~ l'.__ 1'- ........ vas de potência necessária. Para uma determinada
lO -....
r- I":::..... ........
r--.. I'- 52, vazão fixada, observe a influência do diâmetro do
r- r--.. _\ r-- -.... ........
~ I~ 16 rotor na altura de e levação e na potênc ia necessária.
,...... -- 15
........

6
--~ 14 EXEMPL05.2
o 10 12 14 16 18 20 22
Q(m 3/ h) ~ rl

1,3 Uma be>mba KSB-MEGANORM, modelo 32-


...... 17
_.... 160, com r tor de diâ metro igual a 162 mm (R = 81
1,2

1, 1 v mm) , tutl!:gtação de 1750 rpm trabalha no ponto A


69
-1-- 1-
.....- recalcando uma vazão Q = 1O m 3/h com altura de
/ ...... 62
Pot 0 ,9
....... elevação H = I 0 ,5 m (ver Figura 5.6) .
/' /
(hp) 1-1-
0,8 I/ ' /
/
/ a) Classifique o ti po da bomba.
.-""
/
0,7 - b) Trace a curva característica adimensiona1 da
/ /'
0,6
/
bomba, n,
=f (I12).
0,5
c) Qual o ponto de fun cionamento (homólogo de A )
10 12 14 16 18 20 22 de uma bomba geometricamente seme lhante a
Q(m3/h) esta, com uma rotação igual e diâmetro do ro tor
igual a 172 mm .
Figura 5.6 Curvas caracte rísticas de uma bomba.
a) O tipo da bo mba pode ser determinado calcul an-
do-se o valor da rotação específica no ponto de máxi-
mo rendimento. P ara o diâmetro de 162 mm, o ponto
de máximo rendimento (11 = 52,5%) CO!Tesponde, na curva carac-
terística, ao par Q =14m 3/h (3,89· 10·3 m 3/s) e H= 9,25 m. Pela
Equação 5 .24, ve m:

N = 3 65 1750·~3,89· 10-3 =
75 ' 1
s , 9,250,75

portanto, pela Figura 5.5, trata-se de uma bomba centrífuga lenta.


b) Tomando seis pontos na curva característica, para o diâmetro de
162 mm, pode-se montar a tabela a seguir:
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

Para os seis pontos escolhidos na curva dimen- 0,55

sional, o coeficiente de pressão e o coeficiente de ,g


Vl
0,50
Vl
vazão, dados pelo resultado do Exemplo 1.2, na for- ~ 0,45
ma adimensional, respectivamente, n, = g H/(w R? Q)
'O 0.40
e D2= Q/( w R 3), para w = 183,26 rad/s (1750 rpm), Qi
o
em que R é o raio do rotor, podem ser determina- o 0,35
dos e colocados em gráfico como na Figura 5. 7 . 0,30.
o 0,01 0,02 0,03 0.04 0,05
Esta curva é válida para todas as bombas geome-
Coef. de vazão
tricamente semelhantes à bomba em questão e tem
o mesmo aspecto da curva dimensional. Uma cur- F igura 5.7 Curva adimensional da bomba KSB-MEGA-
va análoga poderia ser traçada usando-se os coefi- NORM, modelo 32- 160.
cientes dados pelas Equações 5.25 e 5.26.
c) As relações de semelhança entre pontos homólogos são dadas pe-
las Equações 5.28 e 5.29, que, no caso particular da rotação ser
mantida, vêm:
2
BL __ (Qr_)
2
:. H 2 = 10,5 · ( -172 ) = 11,84 m
H2 D2 162
Usando os coeficientes de pressão e de
vazão, definidos pelas Equações 5.25 e
5.26, refaça o gráfico da Figura 5.7 e

~
3 3
172 mostre que, neste caso, a relação entre
= (E.!_)
D
:. Q2 = 10·( )
162
= 1197
'
3
m /h n, e n, é dada por:
Q 2 2 n,=-939,25 n~- o,o978 n,+ o.oo14

p eve-se observar que nos catálogos de bombas, na ordenada da


curv a caracte rística H = f(Q), está esc rito altura manométrica,
quando, na verdade, deveria ser altura total de elevação. Do pon-
to de vista prático, à medida que o porte da bomba aumenta, a
diferença de cargas cinéticas no recalque e sucção, veja Equação
5.1, torna-se pequena, podendo-se confundir altura mano métrica
com altura de elevação.

5.7.2 CURVA CARACTERÍSTICA DE UMA INSTALAÇÃO


Na Seção 4.5, foi desenvolvido o conceito de equivalência entre tubula-
ções e entre uma tubulação e um sistema complexo em sétie ou paralelo. O pro-
blema de uma associação de tubulações em série ou paralelo foi tratado como
uma simples tubulação equivalente, para a qual a relação entre a perda de carga
e a vazão através do sistema era dada por uma expressão na forma:

(5.35)
Esta equação é genericamente chamada de resistência do sistema, repre-
sentando as características geométricas da associação e o material das tubulações.
Para manutenção da vazão Q através do sistema de recalque, uma certa quantida-
de de energia E deve ser fornecida. No escoamento por gravidade entre dois reser-
vatórios, como foi visto, a diferença de nível tlZ (diferença de e nergia
potencial) é a responsável pela manutenção da vazão, de modo que no
equilíbrio tem-se:

tlZ =E= tlH = KQ " (5.36)

Se o escoamento deve se processar d o reservatório mai s baixo para


o mai s alto, evidente me nte uma fonte externa de energia, através de um
conjunto motor-bomba, deve ser prov idenciada. A energia necessária será
aquela corresp onde nte ao conjunto de perdas de carga que o s istema im-
põe para veicular a vazão Q , acrescida da e ne rgia equi valente ao trabalho
realizado para vencer o desnível topográfico (altura geométrica) entre os
reservatórios, tlZ = Hg. Portanto, no equilíbrio, tem-se:

E= Hg + KQ" (5.37)

Esta equação é chamada de característica do sistema e o te rmo


KQ" engloba todas as perdas de c arga, localizadas e distribuídas, nas ca-
nalizações de sucção e recalque. Observando a Equação 5.2, a altura total
de elevação da bomba é igual à som a da altura geométrica mais todas as
pe rdas de carga, a Equação 5.37 torna-se:

[~= H = ~+ 6 H, + 6 H] (5.38)

E(m) XO
A curva característica do sistema pode ser desenhada,
70
calculando-se o termo de pe rda total em função da vazão e
das caracte rísticas das tubulações (ou tubulação equivalente),
E = H1 ~ KQ
(lQ 2

50
através de uma equação de resistê ncia qualquer. A altura
40
geométrica pode assumir valores positivos (mais comum),
30
6H nulos ou até mesmo negativos, situação que ocorre quando
20
se deseja aumentar a capacidade de vazão de um s istema
por grav idade pela colocação de uma bomba.
lO
H•
o Conhecendo o diâmetro , comprimento e coeficiente
3
o 0.02 0.04 0.06 0 ,08 0, 1 0, 12 0, 14 Q(m /s) de rugosidade das tubulações ou da tubulação equi valente, a
Figura 5.8 Curva caractcrfstica de um sistema. Equação 5.37 pode ser posta em forma gráfica, com o expo-
ente n = 2 da fórmula universal, como na Figura 5.8.
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

Para a bomba, a altura total de elevação não é constante com a va-


zão recalcada, mas é função dela, diminuindo com o aumento da vazão,
segundo uma função H = f(Q) na forma das curvas da Figura
5.6. Quando uma bomba opera em conjunção com um siste-
ma de tubulações, a energia fornecida pela bomba é igual à E,H(m)
energia requerida pelo sistema, para a vazão bombeada. Por-
tanto, na condição de equilíbrio, a solução da Equação 5.38
fornece o ponto de valores H e Q, para H = E.
_Normalmente a solução é obtida por via gráfica sobre-
pondo-se a curva característica do sistema à curva característica
da bomba, fornecida nos catálogos dos fabricantes. O ponto de
cruzamento das curvas, que é chamado de ponto de operação
911.12.0nto de fun cionamento, é a solução do problema (Figura lO

0+---~~---r--~~+---r-~--~.
5.9). O ponto de opera ão deve, na medida do ossível, cor-
O 0,02 0,04 0,116 O,OX 0,1 0.12 0.14 Q (m'/s)
responder ao ponto de ótimo ren 1mento da bomba e, no que
Figura 5.9 Determinação gráfica do ponto de funcio-
·diz respeito à tubulação, ao seu custo mímmo.
namento de uma bomba.

5.7.2.1 SISTEMAS DE TUBULAÇÕES EM SÉRIE E PARALELO


Os conceitos de tubulações em série e paralelo, desenvolvidos no
Cap ítulo 4 , serão utilizados para a determinação do ponto de funciona-
mento de uma bomba acoplada a um sistema de tubulações em série ou
paralelo. No sistema em série, a vazão é a mesma e a perda de carga total
~ soma" das perdas em cada trecho, de modo que a curva característica
d.o sistema pode ser determinada, numericamente, para cada vazão, pela
Equação 5 .37, na fo rma :

N
E= Hg + L,K; Qn (5.39)
i= l

em que N é o número de trechos de características diferentes, em série. Para


cada valor de Q, o valor de E é calculado e levado ao gráfico da curva caracte-
rística da bomba. Deve-se observar que as vazões escolhidas para traçar a curva
característica do sistema devem estar dentro da faixa de vazões da curva carac-
terística da bomba.
Quando o sistema de tubulações está em paralelo, para uma única altura
geométrica ou não, é conveniente utilizar um procedimento gráfico baseado na
propriedade fundamental de tubulações em paralelo, ou seja, a perda de carga
no sistema é a mesma e as vazões se dividem de forma inversamente proporci-
onal às resistências das tubulações. Traça-se a curva característica de cada tubu-
H(m) !ação, pela Equação 5.37, e leva-se ao gráfico da curva da
bomba. Como a vazão bombeada é igual à soma das vazões
nas tubulações, e a perda de carga é a mesma, para determi-
nar a curva característica do sistema (resultante) basta somar
graficamente, para cada valor de H, as vazões nas tubula-
Curva da
ções. A Figura 5.10 mostra o procedimento para desenhar a
bomba
curva resultante de um sistema com duas tubulações, T-1 e
T-2, em paralelo e uma única altura geométrica. Para um
certo valor de H, a distância xy corTesponde à vazão veicu-
lada pela tubulação T-l, que deslocada na mesma horizontal
o e marcada a partir da vazão que passa pela tubulação T-2,
Q,
Figura 5.10 Associação de duas tubulações em paralelo. gera um ponto da curva resultante da associação. O proces-
so é repetido para outros valores de H a fim de desenhar a
curva resultante, curva do sistema. A metodologia é a mes-
ma para três ou mais tubulações em paralelo. Na Figura 5.1 O, A é o ponto de
funcionamento do sistema que con·esponde a uma vazão total recalcada qt; q1 e
q2 são as vazões que passam pelas tubulações T-1 e T-2; e evidentemente a va-
zão qt é a soma das vazões q1 e q2.
Uma outra so lução gráfica intermediária para este problema é, pri-
meiro tran sformar o sistema em paralelo em uma tubu lação equ ivalente,
de um diâmetro comercial fixado, usando a Equação 4.20 ou a Equação
4.21, e depois traçar a curva característica da tubulação equivalente no
gráfico da curva da bomba, o ponto de cruzamento das duas curvas forne-
cerá a vazão total do sistema.
Se a curva característica da bomba for dada em forma de tabela, H = f(Q)
e 11 = f(Q), a determinação das curvas características das tubulações, da curva
resultante da associação em paralelo e do ponto de funcionamento da bomba
será feita com o uso de uma planilha eletrônica, como no Exemplo 5.3 .

EXEMPLO 5.3

Uma bomba centrífuga, com rotação igual 1750 rpm e curva caracte-
rística dada pela tabela a seguir, está conectada a um sistema de e levação de
água que consta de duas tubulações em paralelo e dois reservatórios. Uma
tubulação de O, 1O m de diâmetro, comprimento de 360 m e fato r de atrito
f= 0,015 está ligada ao reservatório com nível d'água na cota 800,00 m, e
a outra, de 0,15 m de diâmetro, comprimento de 900 me fator de atrito f=
0,030, está ligada ao reservatório com nível d'água na cota 810,00 m. Ore-
servatório inferior tem nível d'água na cota 780,00 m. Assumindo que os fa-
tores de atrito sejam constantes, independentes da vazão, determine:
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

a) o ponto de funcionamento do sistema ;


b) as vazões em cada tubulação da associação;
c) a potência necessária à bomba.

Q (m3/s) o 0,006 0,012 0,018 0,024 0,030 0,036 0,042


H (m) 50,6 49,0 46,3 42,4 39,2 . 34,2 29,5 23,6
ll (%) o 40 74 86 85 70 46 8

Trata-se de um sistema de tubulações em paralelo com uma diferen-


ça de a ltura geométrica de 1 O m entre uma aduto ra e outra.
A planilha EXEM (5.3).XLS permite montar a tabela a seguir, na
qual deve ser observado que:
a ) na parte superior da planilha são determinadas as curvas caracterís-
ticas das duas tubulações com as vazões fornecidas pela curva da
bomba; são também cotadas as curvas da bomba e do rendimento;
b) como a propriedade do sistema em paralelo é ter a mesma perda de
carga para uma determinada distribuição de vazão, foram fixadas
(coluna 2) perdas de carga de O a 30 me, com is to, calculadas as
correspondentes vazões pela fórmula universal;
c) somando-se as vazões com uma diferença de 10 m, que é a dife-
rença de alturas geométricas dos reservatórios, determina-se a cur-
va característica do sistema em paralelo, coluna 5;
d ) o gráfico da Figura 5.11 é obtido selecionando-se
H (m) 11 (%)
as colunas de 5 a 9; 90 Tgo
e) um eixo secun dário é fe ito para representar a 80 I 8o
curva do rendimento.
70
De posse do gráfico, as respostas são imediatas:
60 60
a) o ponto de funcionamento, ponto A, corresponde
50
a Q = 0,030 m3/s, H = 34 me 11 = 70%.
40 40
b) a partir do ponto A, traçando-se uma horizontal, en-
contram-se as curvas características de T-1 e T-2 em 30 30

pontos de mesma altura de elevação e vazões Q1 = 20 20


0,018 m 3/s e Q 2 = 0,012 m3/s.
10 10

9 8 0 030 34
c) Pot = • · • ' = 1428 kW (1942cv) 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05 0.055
0,70 , ,
Q (m 1/s)

Figura 5.11 Resolução do Exemplo 5.3.


Cap. 5

Deve ser observado, na Figura 5. 11 , que, até uma vazão de aproximada-


mente 0,014 m3/s (linha pontilhada), o escoamento é direcionado para a adutora
T-1 que liga o reservatório mais baixo. Somente quando a altura de elevação da
bomba superar 30 m, altura geométrica do reservatório mais alto, é que ambos
os reservatórios serão abastecidos.

Planilha de Cálculo do Exemplo 5.3

L I (m) L2 (m) Hgl (m) Hg2 (m) fi f2 DI (m) D2 (m)


360 900 20 30 0,015 0,03 0,1 0,15

Vazão na Perda em Perda em Vazão na H1 = Hgl H2 = Hg2 Curvada Rendimen-


bomba T-1 T-2 bomba + t.HI + t.H2 bomba lO
(m3/s) t. HI (m) t. H2 (m) (m3/s) (m) (m) H (m) (%)

o o o o 20 30 50,6 o
0,006 1,608 1,059 0,006 21,608 31,059 49 40
0,012 6,431 4,234 0.012 26,431 34,234 46,3 74
0,018 14,469 9,527 0,0 18 34,469 39,527 42,4 86
0,024 25,723 16,937 0,024 45,723 46,937 39,2 85
0,03 40,192 26,464 0,03 60,192 56,464 34,2 70
0,036 57,877 38,108 0,036 77,877 68,108 29,2 46
0,042 78,777 51,869 0,042 98,777 81,869 23,6 8

o o 0,0000 0,0000 20
0,006 2 0,0067 0,0067 22
0,012 4 0,0095 0,0095 24
0,018 6 0,0 11 6 0,01 16 26
0,024 8 0,0134 0,0134 28
0,03 lO 0,0 150 0,0000 0,0150 30
0,036 12 0,0 164 0,0082 0,0246 32
0,042 14 0,0177 0,0 11 7 0,0294 34
16 0,0189 0,0 143 0,0332 36
18 0,0201 0,0165 0,0366 38
20 0,02 12 0,0184 0,0396 40
22 0,0222 0,0202 0,0424 42
24 0,0232 0,0218 0,0450 44
26 0,0241 0,0233 0,0475 46
28 0,0250 0,0247 0,0498 48
30 0,0259 0,026 1 0,0520 50
Vazão na Perda de Vazão em Vazão em Soma das Perda de
bomba carga T- 1 T-2 vazões carga +20
3 3
(m /s) (m) (m3/s) (m /s) (m3/s) (m)

A planilha acima foi montada no EXCEL, fixando-se na linha 2 os


valores dos comprimentos, alturas geométricas, fatores de atrito e diâme-
Cap. 5 Sistemas Elevatórios- Cavilação

tros, de modo a ser possível utilizá-la em outros exemplos somente alteran-


do os valores dessas variáveis.

5.7.3 ASSOCIAÇÃO DE BOMBAS EM SÉRIE E PARALELO


Nas várias áreas de projetos de transporte de água, como abastec~ento
urbano, rural, industrial, sistemas de irrigação, entre outras, há uma ampla va-
riabilidade da vazão e da altura total de elevação, para ser abrangida pelas
possibilidades de uma única bomba. Muitas vezes, como em projetos de
abastecimento urbano, a vazão no final do plano, quando a população atin-
gir o limite de projeto, é maior que a vazão no início de plano. Portanto,
haverá ao longo dos anos um acréscimo de demanda e seria antieconômico
dimensionar a bomba para a situação de vazão máxima. Nesta e em outras
aplicações, recorre-se à associação de duas ou mais bombas em série ou em
paralelo. A situação mais comum em projetos que envolvam associações de
bombas é aque la em que todas as bombas da associação são iguais, o que
permite uma curva final do sistema mais estável e facilita a manutenção.
Esta é a situação a ser tratada daqui para frente.
Associação em série: 1_1este esquema, a entrada da segunda bomba é
.conectada à saída da primeira bomba, de modo qu~assa
através de cada bomba, mas as alturas de elevação de cada bomba são
somadas para produzir a altura total de elevação do siste~. -
Associação em paralelo: peste esquema, cada bomba recalca a
mesma parte d a vazão total do sistema, mas a altura total de ele_yação qo
siste ma é a mesma de cada uma d as bombas.
Se duas ou mais bombas funcionam em sé.-
(je, a curva característica do sistema é d~ela H
soma das ordenadas das curvas H = f(Ql correspon-
2 bombas
dentes, para cada bomba, em uma mes ma vazão.
~duas ou mais bombas funcionam em para-
I~ a curva c~rís tica do conjunto é _obtida so-
-- -
manâõ=Se as abscissas das curvas características H =
f(Q) correspondentes, para cada bomba, em uma T-2
mesma altura totãlde elevação.
2 bombas
A Figura 5. 12 apresenta a construção das cur- r em paralelo
vas cara~terísticas de um sistema em série e em parale-
lo, para duas bombas iguais, e os pontos de interesse.
Q
Na Figura 5.12, a partir da curva característi-
ca de uma bomba, a característi ca combinada de Figura 5.12 Operação de duas bombas iguais em série c em paralelo.
duas bombas iguais em série é obtida duplicando-se, na vertical , os valores
de Hy para cada vazão, enquanto a característica da associação em paralelo
é obtida duplicando-se, na horizontal, os valores de Qx para cada altura total
de elevação.
Na associação em série. a curva característica da tubulação T-1 corta a re- .
__sultant~o ponto D, ponto de funcionamento do sistema em sé~_e cad!Lbomba
Q_a assoctação funcionará no_Q_onto E, rec~do a mesmjl vaz@ QE e fomecen-
do uma altura total de elevação igual à metade da altura de elevação do sistema.
~a associação em paralelo, a curva característica da tubulação T-2
corta a curva resultante no ponto A, ponto de funcionamento do sistema em_
paralelo. e cada bomba da associação funcionará no ponto B, recalcando
~a vazão Qn- 0.5 QA sob a mesma altura total de elevação. Quanto à~
Sõciação em paralelo, é importante observa.:_que:
a) o ponto C representa o ponto de funcionamento de uma única
bomba operando isoladamente no sistema T-2 ;
h) o ponto B representa o ponto de funcionamento de cada bomba
operando conjuntamente no sistema T-2 ;_
c) pela própria curvatura da curva característica da tubulação, tem_:;
:se sempre que QA < 2 Q_c, isto é, assoc iando-se duas bomb~s­
iguais em paralelo, não se consegue dobrar a vazão ~po n­
'élente a uma única bomba instalada no sistema;
d) se na ass~c0ção em p_aralelo uma das bombas parar de _fu!lc ionat~
a unidade que fica em .QPeração tem s~onto ~~menta
~ad~ para C, em que, a despeito da diminuiçao da altu-
.@ total de elevação, há um aumento de potência necessária p_elo
aumento na vazão. Ê no p.onto C que 'ª-Potên~ecessári a do
motor elétrLco~er calculada.
Os casos representados na Figura 5.12 para as tubulações T-1 e T-2 são
somente demonstração geral de que cada caso de associação de bombas em
série ou paralelo deve ser estudado individualmente. A resposta para a melhor
solução depende, obviamente, do aspecto da curva característica da bomba e
também da curva característica do sistema .. Por isso, em_g_er<!L__pa~ssocia­
~o de duas ou mais bombas, é recomendável..que as bombas sejam iguais.
Sempre se deve procurar uma solução em que o ponto de funcionamento de
cada bomba na associação esteja próximo ao ponto de rendimento ótimo.

EXEMPLO 5.4 ~ f.( (

As características de uma bomba centrífuga, em uma certa rotação cons-


tante, são dadas na tabela abaixo.
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

Q (1/s) o 12 18 24 30 36 42
H(m) 22,6 21,3 19,4 16,2 11 ,6 6,5 0,6
'11 (%) o 74 86 85 70 46 8

A bomba é usada para elevar água vencendo uma altura geométrica de


6,5 m, por meio de uma tubulação de O, 1O m de diâmetro, 65 m de comprimen-
to e fator de atrito f= 0,020.
a) Determine a vazão recalcada e a potência consumida pela bomba.
b) Sendo necessário aumentar a vazão pela adição de uma segunda bom-
ba idêntica à outra, investigue se a nova bomba deve ser instalada em
série ou em paralelo com a bomba original. Justifique a resposta pela
determinação do acréscimo de vazão e potência consumida por ambas
as bombas nas associações.
A pl anilha EXEM(5.4).XLS fornece o gráfico das associações e os
pontos de funcionamento para as duas associações. No gráfico da Figura
5.13 , pode-se destacar:
a) o ponto A é o ponto de fun cioname nto de uma única bomba no
s istema e tem como valores, Q = 0,027 m 3/s, H = 14 m, 11 = 78 %
e potência consumida:

Pot = 9,8QH = 9,8·0,027·14 = 4 74 kW (6 46 cv) H (m) ~(%)


11 0,78 , , J

r
90

45

b) observa-se que o acréscimo de vazão obtido associan- 40 70


do-se em série ou paralelo é praticamente o mesmo, 35
60
~
ponto B em série e ponto C em paralelo. Evidentemen- 30
. 50
te, a associação em paralelo é mais vantajosa porque 25
recalca uma vazão um pouco maior, Qc = 0,035 m3/s 40

contra Qs = 0,033 m3/s. Como cada bomba na associa-


20

15
r Paralelo 30

ção em paralelo trabalha no ponto D, cujos valores são 20


10
Q = 0,0175 m 3/s, H= 19,5 me 11 = 85%, e consome 10
uma potência de 3,93 kW, enquanto na associação em
série cada bomba trabalha no ponto E, cujos valores são 0,01 0,02 0,03 0.04 0,05 0,06 0,07 0,08 0.09
Q(m1/s)
Q = 0,033 m 3/s, H= 9,3 me 11 = 58%, consumindo ·
uma potência de 5,18 kW, a associação em paralelo é a Figura 5.13 Curvas do Exemplo 5.4.
mais conveniente.
Cap. 5

Na montagem da planilha, via EXCEL, deve ser observado que, para a as-
sociação em série, as vazões, coluna 2, são repetidas abaixo da seqüência original
e as alturas de elevação são duplicadas e deslocadas à direita para a coluna 4. Na
associação em paralelo, as vazões são duplicadas e deslocadas para baixo e as
a)turas de elevação, mantidas e deslocadas para a coluna 5. Selecionando todas as
células da planilha, o gráfico da Figura 5.13 é gerado.

Planilha de Cálculo do Exemplo 5.4

D(m) f L (m) Hg(m}


0,10 0,020 65 6,5
Q (1/s) Q (m3/s) H(m) Curva da Rendimento
tubulação (%)
Uma bomba é instalada para enviar água de
um reservatório aberto, com nível d'água na
o o 22,6 6,50 o
cota O,O m para outro com nível d'água na 12 0,012 21,3 8,05 74
c ota 90,0 m. A tubulação de sucção de 12" 18 0,018 19,4 9,98 86
de diâmetro, fator de atrito I = 0,020, tem
comprimento total incluindo os comprimen- 24 0,024 16,2 12,69 85
tos equivalentes, de 30 m e a tubulação de 30 0,03 11,6 16,18 70
recalque de 10" de diâmetro, fator de atrito
f= 0,026, tem comprimento total de 1500 m. 36 0,036 6,5 20,43 46
A cur va característica da bomba a 1200 42 0,042 0,6 25,46 8
r.p.m é definida por: H= 114- 9076 O', com
H (m) c O (m'/s). Determine:
a) a vazão recalcada pelo sistema instalan- o 45.2 Série
do uma única bomba.
b) a vazao recalcada pelo sistema Instalan-
0,012 42,6
do duas bombas iguais em série. 0,018 38,8
c) a vazão recalcada pelo sistema instalan-
0,024 32,4
do duas bombas iguais em paralelo.
Resolva numericamente, não use gráficos. 0,03 23,2
0,036 13
0,042 1,2

o 22,6 Paralelo
0,024 21,3
0,036 19,4
0,048 16,2
0,06 '11,6
0,072 6,5
0,084 0,6

5.8 ESCOLHA DO CONJUNTO MOTOR-BOMBA


A especificação de uma bomba para atender a uma certa condição de
projeto é um dos principais problemas práticos que se apresentam em vári-
os campos da Engenharia. O domínio de-aplicação dos vários tipos de bom-
bas, centrífugas, mistas e axiais, é muito abrangente, uma vez que as
variações de vazão e altura total de e levação nos diversos tipos de projetos
são muito amplas. Em grandes unidades, recorre-se à rotação específica
como um dos parâmetros para a escolha da bomba, e nouanto nos casos mais
freqüentes utilizam-se os catálogos dos fabricantes. Para os princi-
Cap. 5 Sistemas Elevatórios- Cavilação

pais tipos de bombas, fixada uma


determinada rotação, os catá- 100 ~1o=**l=*2$o~·~3of$4olts~oltt1Eoo~uf.s~.~fo~~·~3Ioo~4o~o~s~oo~fi1too~oa~2~oo~o~Joo~o=t)00
I
--;::
logos apresentam os mosaicos de
utilização, que são gráficos de
altura total de elevação contra
vazão, em uma detetminada uni-
dade (m3/h, 1/s, m 3/s), em que é
mostrada a faixa de utilização (H e
Q) de cada tipo de bomba.
A Figura 5. 14 apresenta o
mosaico de utilização das bombas
KSB-MEGANORM, centrífugas,
de um estágio, eixo horizontal, na
rotação de 1750 rpm. Cada bom-
ba da série é referenciada no mo- lO
satco por um código com dois
números, o rimeiro re resentan- Q(m'ih) 1750rpm
o o diâmetro nominal da boca
êfe recalq11e (mm) e o segundo, a Figura 5.14 Mosaico de utilização de bombas centrífugas, I<S B-MEGANORM, para
n = 1750 rpm.
t 1mília de diâmetro do rotor
(m'!}} . Em geral, os fabricantes
apresentam, para cada bomba da série, curvas características para diversos di-
âmetros de rotor, isto é, no mesmo corpo da bomba podem-se instalar rotores
de vários diâmetros a fim de adaptar, de forma conveniente, as características
da bomba às condições da instalação e funcionamento.
Considere um sistema de
Uma vez conhecida a vazão necessária de bombeamento e a altura total bombeamento cons tituído por uma
adutora e uma bomba, trabalhando no
de e levação, e escolhida a velocidade de rotação, o mosaico de uti li zação ponto A. l nstalando·se outra b omba
igual, em paralelo, o sistema funciona-
permite a pré-seleção da bomba pelo código. A escolha definitiva, com a de- rá no ponto B. Os pontos A e B são
pontos homólogos?
terminação do diâmetro do rotor, rendimento no ponto de funcionamento,
potência necessária e outros dados de inte resse, é feita pela consulta, no catá-
logo, ao diagrama em colina relativo à bomba pré-escolhida, como, por exem-
pl o, na Figura 5.6.

5.8.1 INSTALAÇÃO, UTILIZAÇÃO E MANUTENÇÃO


Alguns requisitos e detalhes de ordem prática devem ser observados
na montagem e operação de um s istema e levatóri o.
a) A ins talação do conjunto motor-bomba deve ser feita em local
seco, espaçoso, iluminado, arejado e de fác il acesso.
b) As tubulações de sucção e recalque devem ser convenientemente
apoiadas, evitando que tran smitam esforços para a bomba .
Cap. 5

c) A bomba deve estar localizada tão próximo quanto possível do líqui-


do a ser recalcado, a fim de evitar grandes alturas manométricas de
§l!ÇÇãQ. A tubulação de sucção deve ser a mais curta e direta possí-
vel, evitando-se estrangulamentos e pontos altos. Se for necessário
instalar na sucção uma curva, esta deve ser de raio longo para dimi-
nuir a perda localizada. O conjunto motor-bomba deve estar instalado
em cota fora do alcance de inundações.
Um sistema elevatório bombeia água d) A extremidade de montante da tubulação de sucção deve estar locali-
de um reservatório com N.A. na cota
0,0 m, através de uma tubulação de zada abaixo do nível rninimo de água no reservatório inferior, garan-
recalque que passa por um ponto alto
A, na cota 32,0 m . A vazão que passa tindo uma altura d'água sobre a entrada (submergência) que evite a
pela bomba é de 16 1/s, a potência formação de vórtices e conseqüente entrada de ar na bomba. Em ge-
fornecida pela bomba é de 18 c. v, seu
rendimento 65% c os diâmetros das ral, uma altura d'água maior que três vezes o diâmetro da canalização
tubulações de sucção e recalque são
Iguais a 4". Sendo a perda de carga de sucção é suficiente.
total na tubulação de sucção igual a
0,45 m c desprezando a carga cinética, e) Na tubulação de recalque, deve haver um registro de manobra para as
determine qual deve ser a taxa unifor-
me de distribuição de vazão em operações de partida e desligamento do sistema.
marcha q (V(sm)), entre a bomba e o
ponto A, de modo que se tenha no
ponto alto da adutora, ponto A, uma
f) Entre o registro de manobra e a bomba, deve-se instalar uma válvula
carga de pressão disponível Igual a de retenção ou outro dispositivo que proteja a bomba em caso de pa-
12,5 mH,O. Adote como fator de atrito
da fórmula universal f = 0,018. O rada brusca do motor.
comprimento da tubulação de
recalque, até o ponto A, é de 370m. g) Deve-se garantir que a bomba esteja escorvada, cheia de água, antes de
ser posta em funcionamento.
h.) O conjunto motor-bomba deve estar bem nivelado e alinhado, garan~
tindo um bom chumbamento das bases na fundação, a fim de evitar ru-
ídos e vibrações.
i) É conveniente, principalmente em bombas não afogadas, a instalação na
tubulação de sucção de uma válvula de pé com crivo, para evitar a en-
trada de matetiais estranhos e manter a tubulação de sucção sempre cheia
de água.
j) Havendo válvula de pé com crivo, a área útil de passagem no crivo não
deve ser inferior a três vezes a área da tubulação de sucção, e também
a velocidade através do crivo não pode exceder 0,60 m/s. Deve ser pre-
vista manutenção periódica da válvula de pé e crivo.
k) Havendo necessidade de fazer a concordância do diâmetro da tubu-
lação de sucção para o diâmetro do flange de aspiração da bomba, a
peça a ser utilizada será uma redução excêntrica, a fim de ev itar a
formação de bolsas de ar na parte superior do tubo.
l) O reservatório inferior deve ser desenhado de modo a evitar agitação
do líquido com formação de bolhas ou de vórtices, a fim de que não
haja entrada de ar na tubulação de sucção.
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

m) Em instalações com bombas em paralelo e um único reservatório


inferior, deve-se empregar tubulações de sucção inde pendentes.
n) Recomenda-se manter sempre uma unidade de reser va para qualquer
eventualidade de parada da bomba e para manutenção do sistema.
o) É conveniente que a partida e a parada d o grupo motor-bomba
seja feita com o registro da tubulação de recalque fechado.
p) É importante que se tenha um prog rama de manutenção e letrome-
cânica, de modo a garantir que o s iste ma tenha vida longa e livre de
avarias.

EXEMPLO 5.5

Um conjunto e levatório deverá ser especificado para operar nas seguintes


condições. Líquido, água a 20° C, vazão a ser recalcada Q = 15 1/s (54m3/h),
material das tubulações aço galvanizado sem costura, E = O, 15 mm, altura geo-
métrica Hg = 23 m, diâmetro da tubulação de recalque determinado pelos méto-
dos da Seção 5 .4, Dr = O, 10 m, diâmetro de sucção Ds = O, 15 m, comprimento
da tubulação de recalque igual a 432 m e de sucção, 4,20 m , rotação escolhida
para a bomba n = 1750 rpm. Nas tubulações constam os seguintes acessórios:
sucção , válvula de pé com crivo e curva 90° RID = 1,5 ; recalque, válvula de
retenção tipo leve, registro de gaveta, duas curvas de 45° e uma curva de
90° RID = 1. Dete rmine o tipo da bomba, diâmetro do rotor, rendimento no pon-
to de funcionamento, potência necessária à bomba e potência elétrica do motor.
Trata-se de uma aplicação padrão no assunto, em que, a partir do es-
tabelecimento d a vazão necessária à de manda do projeto, a adutora de
recalque é dimens ionada por um c ritério econômico e, para o diâmetro da
canali zação de sucção, em geral , é adotado o comerc ial imedi atamente su-
perior ao de recalque. A altura total de elevação da bomba é calculada pela
Equação 5.2, utilizando-se o método dos comprimentos equi valentes para o
cálculo das perdas de carga totais no recalque e sucção.
a) Cálculo das perdas de carga na sucçã o e no recalque.
Da Tabela 3.6, tiram-se os comprimentos equivalentes aos acessórios
existentes nas tubulações de sucção e recalque, apresentados na tabela a seguir.
Sucção (D. = 0,15 m) Recalque (D, = 0,10 m)

Acessório Comp. equív. Acessório Comp. equiv.


(m) (m)
Yálv. de pé e crivo 39,75 Reg. de gaveta 0,70
Curva 90" R/D = I ,5 1,92 Yálv. de retenção 8,36
Comp. real 4,20 2 curvas 45" 1,56
Comp. total 45,87 Curva 90" R/D = I 1,75
Comp. real 432,00
Comp. total 444,37

As perdas de carga unitárias na sucção e no


recalque, conhecendo a vazão, os diâmetros e a ru-
gosidade das tubulações, podem ser calculadas pela
55 Equação 2.38 ou diretamente pela Tabela A2, por-
50
40 50

I
- tf-1.1. 11 615%
tanto na sucção l s = 0,537 m/100 me no recalque l r =
45 - 1 b.. 60 4,288 m/100 m. Assim , as perdas de carga totais na
I 1'--- 2<., sucção e no recalque valem, respectivame nte:
1"-. ~7•.
40
I'- v
"'r---v"/
1'32
H(ml
35 --I
~
v 7
0,537
~
t.H 5 = J. ·Ls = ---45,87 = 0,25 m e t.Hr = J,. ·L,.=·
30 r-.. 100
K v 26

25 55 "' 4 288
lll, • ~ ~~.

i• = • ·444 37 = 19 06m
20
O IO 20 30 40 50 60 70 80 90 100
100 ' '
Q(m'lh)
b) Cálculo da altura total de elevação, tipo e carac-
F igura 5.15 Curvas características elas bombas KSB-
MEGANORM 50-315.
terís ticas da bomba.
Pela Equação 5.2, tem-se H = Hg + t.Hs + t.Hr =
=23 + 0,25 + 19,06 = 42,31 m.
Fixada a rotação, com a vazão e a altura total de elevação, escolhe-se em
um catálogo de fabricante uma bomba que satisfaça tais condições e tenha no
ponto de funcionamento um rendimento razoável. Evidentemente, a solução
não é única, pois para cada fabricante poderá existir ao menos uma bomba re-
comendável.
Utilizando-se a Figura 5.14, para Q =54m3/h e H= 42,31 m, uma solução
possível seria uma bomba KSB-MEGANORM tamanho 50-315, a 1750 rpm,
cujo diagrama em colina é mostrado na Figura 5.1 5.
P ara o ponto de funcionamento Q = 54 m3/ h e H = 42,31 m, na Fi-
gura 5. 15, uma bomba com diâmetro do rotor igual a 307 mm é suficiente
=
e o rendimento será TJ 61 %. Se o ponto cair entre duas curvas, deve-se
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavitação 153

adotar o rotor de diâmetro maior e verificar, traçando-se a curva característi-


ca do s istema de tubulações, o novo ponto de funcionamento que terá vazão
e altura de elevação ligeiramente maiores que as iniciais.
A potência necessária à bomba é dada pela Equação 5.3.

Pot = 9,8 · QH = 9,8·0,015·42,31 = 1019 kW (13 87 cv) (13 67 hp)


Yl
o' 6 1 ' ' '

O motor deve ter uma potência elétrica superior à absorvida pela bom-
Potências de alguns motores
ba, cujo acréscimo, em relação à potência da bomba, depende do tipo e tama- elétricos comerciais em hp: 1 : 1,5
nho desta. Os acréscimos na potência da bomba, recomendados em (4 ), são : 2; 3:4; 5; 6:7,5: 10 ; 12,5: 15
: 20 : 25 : 30 ; 4 0 : 50 ; 60 ; 75 : 1 DO
dados na tabela abaixo. hp

Potência da bomba Acréscimo


até 2 hp 50%
2 a 5 hp 30%
5 a 10 hp 20%
10 a 20 hp 15%
maior que 20 hp 10%
"Água mole em pedra dura tanto bate
ate que fura."
POitanto, o motor elétrico recomendável, no caso, deverá ter uma potên-
[Adágio popular]
c ia de 13,67·1,15 = 15,72 hp, não muito superior ao motor elétrico comercial
de 15 hp, que é suficiente.

5.9 CAVITAÇÃO
5.9.1 O FENÔMENO
Quando um líquido em escoamento, em uma
determinada temperatura, passa por uma região de
baixa pressão, chegando a atingir o níve l conespon-
dente à sua pressão de vapor, naquela temperatura,
formam-se bolhas de vapor q ue provocam de imedi-
ato uma diminuição da massa espec ífica do líquido .
Estas bolhas ou cavidades sendo arrastadas no seio
do escoamento atingem regiões em que a pressão
reinante é maior que a pressão existente na região
onde elas se formaram. Esta brusca variação de pres- Figura 5. 16 Efeito da cavilação sobre o rotor de uma bomba.
são provoca o colapso das bolhas por um processo de
implosão. Este processo de criação e colapso das bolhas, chamado cavilação,
é ' extremamente rápido, chegando ã ordem de centésimos de segun-
Cap. 5

do, conforme constatações efetuadas com auxílio da fotografia estrobos-


cópica.
O desaparecimento destas bolhas ocorrendo junto a uma fronteira sóli-
da, como paredes das tubulações ou partes rodantes das bombas, provoca um
processo destrutivo de erosão do material, como mostrado no rotor de uma
bomba na Figura 5.16.
Quando o colapso de uma bolha ocorTe em contato com a superfície só-
lida, uma diminuta área desta superfície é momentaneamente exposta a uma ten-
são de tração extremamente elevada. Este efeito, sendo repetido continuamente
por inúmeras bolhas, é como se a superfície metálica fosse bombardeada
por pequeníssimas bolas, provocando um processo erosivo de martelagem. O
colapso das bolhas é acompanhado de ondas acústicas, podendo o ruído ser
audível, provocando, de acordo com as dimensões das cavidades e teor de ga-
ses contido no líquido, um barulho característico.
A cavitação, uma vez estabelecida em uma instalação de recalque,
acarreta queda de rendimento da bomba, ru ídos, vibrações e erosão, o que
pode levar até ao colapso do equipamento. A cavitação provoca um desgaste
excessivo no rotor da bomba, exigindo manutenção periódica e dispendiosa.
Algumas vezes o problema fica difícil de ser sanado, pois exigiria profundas
alterações na montagem, como, por exemplo, o rebaixamento da cota de ins-
talação da bomba, diminuindo a altura estática de sucção.
Atualmente, ainda não há consenso sobre a explicação do fenômeno. Uns
pesquisadores afumam que a cavitação induz vibração às zonas mais extensas do
metal, sendo então os esforços destrutivos oriundos de um fenômeno oscilatório,
dm:ante o qual o líquido é introduzido e expulso dos poros do material, dando
origem às elevadas pressões internas. Outros acham possível o aparecimento de
uma corrosão química devida à liberação de oxigênio do líquido. Uma outra cor-
rente supõe que as bolhas de vapor e a limalha erodida da superfície do material
penetram nos poros do metal, afetando-o por vibrações e pressões oriundas do
colapso. Embora não se tenha conhecimento exato do mecanismo segundo o qual
se processa a cavitação, é possível projetar, com grande segurança, uma instalação
na qual em todos os pontos do percurso da água a pressão interna é maior que a
pressão de vapor do líquido, em uma certa temperatura.
,No caso das bombas, o ponto mais crítico, em termos de pressão bai-
.xa, ocorre na entrada do rotor. A queda._de_pressão, desde a superfície livre
9_o poço de sucção até a entrada do flange de sucção, depende da vazão, do
~iâmetro, do comprimento total da tubulação, da rugosidade do material e,
urincigalmente, da altura estática de sucção, di stância vertjcal do eixo da
.bomba até o nível d'água no poço . Estes são os elementos suscetíveis de
mudanças por parte do projetista para sanar os danosos efeitos da cavitação.
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

5.9.2 N.P.S.H. (NET POSITIVE SUCTION HEAD) DISPONÍVEL


É uma característica da instalação, definida como a ener-
gia que o líquido possui em um ponto imediatamente antes do
~nge de sucção_fia bomba ... acima de..sua pressão de vaP-or.J.
a disponibilidade de energjg_q~faz ca.m que._u.Jlin!ido c.onsiga
~càf.!.çar as pás do rotor:...... '
(I)
Em relação à Figura 5. 17, que mostra a tubulação de sucção
de uma bomba recalcando água de um reservatório aberto e man- li"
tido em nível constante, a definição do N.P.S.H.d leva a:
Figura 5.17 Tubulação de sucção de uma bomba.

(5.40)

em que PviY é a pressão de vapor da água ou ten são de saturação do va-


por, em uma determinada temperatura. O fenômeno da cavilação é causado
por pressão barométrica baixa?
Aplicando-se a equação da energia entre a superfíc ie do reservató-
rio e a e ntrada da bomba, vem:

y2 y2
1
.E!.+- 2
+z = h + - +z + ~H (5.41)
y 2g I y 2g 2 s

em que:

o .E!.=~ (pressão atmosférica, leitura barométrica local)


y y

O
vl2 -- o (nível constante)
2g

o = O (referencial)
Z1

o Z2 = Z (altura estática de sucção)

o L1Hs (somatório de todas as perdas de carga até a entrada da bomba)

Portanto, fica:

(5.42)
Cap. 5

Comparando a Equação 5.40 com a 5.42, a expressão do N.P.S.H.


disponível pela instalação torna-se:

~ N.P.S.H., __v,~ p, - Z- MI, \ (5.43)

Se a bomba estiver afogada, isto é, se seu eix~ estiver em uma cota abai-
xo do nível d' água do reservatório inferior, um desenvolvimento análogo leva a:

(5.44)

Como o N.P.S.H.d é uma energia residual disponível na insta-


lação, quando a bomba está afogada, a situação em que não ocorra
10~~--------~~~----~~~~

9 a cavitação é melhor, pois a disponibilidade energética é maior, con-


8 .. forme a Equação 5 .44.
~ 7
:i
V> 5.9.3 N.P.S.H. REQUERIDO
i 4
3 - b ma característica da bomba, fornecida pelo fabricante,
I
_definida como a energia requerida pelo líquido para chegar, a partir.
0 +-~-+~~+----+~~+-~-+--~ do flange de sucção e vencendo as perdas de carga dentro da
lO 15 20 25 30 35 P9B1~--ª-º--12Qnto Qnde ganhará energia e será recalcado.
Q (m'lh)
p N.P.S.H. requerido depende dos elementos de projeto
Figura 5.18 Gráfico do N.P.S.J-1. requerido de uma Eª bomba, diâmetro do rotor, rotação, rotação específica, sendo
bomba para dois rotores. , em geral fornecido pelo fabricante através de uma curva em fun-
~2 ~a vazão, como n~igura 5 .18, constituindo-se j unto com as
curvas H = f(Q) e Pot = f(Q) uma das curvas características da
bOmba. - --
N. I'.S.ll. (m) (fObservando-se as Equações 5.43 e 5.44, verifica-se que, para a
pressão atmosférica, pressão de vapor e altura estática de sucção fixas,
2,.N.P.S.H. disponível pela instala_ção dii:ni.nuLçom Q aumento da perda
~carga total na tubulação de sucçã~. Deste modo, para um mesmo di-
Disponível âmetro, comprimento e rugosidade do material, o N.P.S.H. disponível é
uma função decrescente com a vazão, diferentemente do N.P.S.H. re-
querido pela bomba, que é uma função crescente com a vazão'ti:Ú

Figura 5.19
Para o bom funcionamento do sistema elevatório, é neces-
Limite máximo de o peração de uma
bomba para não oconer cavilação. sário que, para a vazão recalcada, se verifique a desigualdade:
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

Í ao '>(i "'I
1N .P.S.H.d > N.P.s.H J _(5.45)

Colocando-se em um mesmo gráfico estas duas funções, pode-se deter-


minar a faixa de segurança, em termos da vazão recalcada, em que o fenôme-
no da cavitação não ocorre. Como na Figura 5.19, ~onto A representa a,
siJ;uação limite em que o N.P.S.H. ~ pel a instalação é igual ao N.ES.H.
b
reqUerido Qela bomba e esta condição deve ser_evitada. es~erda do 129ntq
!)., te~a regi ão~ ra em que há uma folga na disgonibilidade energética.
da instalaç~ ..ÇJUe sugera a necessidade ~bomba.. para efeito prático,.Jkve-
s·e ter uma fQ!ga, entre o N.P.S.H. disponível e o N.P.S.H. ~querido , de no_
mínimo 0,5 0 m_ill!ffi. a vazfuu.ecalca.dé!,.

5.9.4 DETERMINAÇÃO DA MÁXIMA ALTURA ESTÁTICA DE SUCÇÃO


Pela Equação 5.43, os dois termos em que há possibilidade de o pro-
jetista interferir para aumentar o N.P.S.H. disponível da instalação são a altura
estática de sucção, que define a cota de assentamento do grupo motor- bomba
em relação ao nível d 'água no reservatório inferior, e a perda de carga total.
Destas duas, a altura estática de sucção é a variável mais sensível, assumindo-
se como limite, para propósitos práticos, um valor não maior que 4 a 5 m. ÇQ:-
~cendo-se a curva do N.P.S.H. requerido fornecida ~lo fabricante_, para ~
vazão de recalque, a altura de sucção máxima pode ser determinada, na con:
_Qição limite, igualando-se os N.P.S.H. dispQnível e reguerid...Q_e utilizando-se
~s Equações 5.43 ~.44, na fo rma ~ · -

Zmax = ±[ N.P.S. H.r - Pa ~ Pv + L\Hs l (5.46)

em que o s inal positivo cor-responde à bomba afogada (Equação 5.44).

5.9.5 DETERMINAÇÃO DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA E DA PRESSÃO DE


VAPOR
A pressão atmosférica, leitura barométrica local, varia com a altitude e
condições climáticas. Para locais com altitude acima do nível do mar e até
2000 m, pode-se estimar a pressão atmosférica, correspondente em metros de
coluna de água, pela Equação 5.47, em que h é a altitude do local, em metros.

I
~= 136 _[760 - 0,081·h] (mH20) ) (5.47)
y , 1000
Cap. S

A_pressão de vapor da água, .co~.resp~1_d_e_n_


te_e_m
_ ::..
m;..:ec::.:
tt'""
·oc:::s.....;;d=e'--c() luna de
4gua, é função da temperatura, e dad~~l a Ta~ú2.

Tabela 5.2 Valores da pressão de vapor da ;ígua em mHp.

_T ("C) 5 lO 15 20 25 30 35 40 45 50
p/y(m) 0,09 0, 13 0,1 7_ 0,24 0,32 0,43 0,57 0,75 0,98 1,25
T ("C) 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
pJy(m) 1,61 2,03 2,56 3,20 3,96 4,86 5,93 7,18 8,62 10,33

5.9.6 COEFICIENTE DE CAVITAÇÃO DE THOMA


Um adimensional usado nos estudos de cavilação em máquinas hidráulicas
ou mesmo em estruturas hidráulicas é denominado mímem de cavitaçifo e mede
a possibilidade ou grau do fenômeno. É defin ido corno:

cr = ( p - p v)
2 (5.48)
0 /2)p V

em que p é a pressão absoluta no ponto em estudo, pv, a pressão de vapor do líquido,


p, a massa específica e V, uma velocidade de referência. O número de cavitação
tem a forma de um coeficiente de pressão ou mímero de Euler. A cavitação tem
= =
menos possibilidade de ocotTer se p >> Pvdo que se p Pv (cr 0). Dois sistemas
hidráulicos geometricamente semelhantes são igualmente prováveis de produzir
cavitação ou possuem o mesmo grau de cav itação se têm o mesmo valor de cr.
Em uma bomba de fluxo, a região de pressão mínima ocotTe, em geral, na
face convexa das pás, próximo à seção de sucção do rotor. Assumindo que nesta
seção a pressão atinja um valor crítico p,, a Equação 5.42 torna-se:
?
V; _ Pa - pc
(5.49)
2g y

e como a altura total de sucção é dada por hs = Z + ~Hs, uma forma do número de
cavitação cr , denominado cortficiente de cavitaçt7o de 777oma / é definida como:

Pa-Pe_ h
y1 y s
;.
3. Dielrich Thoma, professor alemão, cr =--' -= (5.50)
1881-1943. 2g H H
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

em que H é a altura total de elevação da bomba. Na equação anterior, o coefici-


ente de cavitação de Thoma é interpretado como a relação entre a energia dis-
ponível no ponto crítico, representada pela carga cinética, e a energia total H.
Quando Pc ~ pv, a cavitação torna-se iminente no ponto crítico, e obser-
vando que o numerador da Equação 5.50 é o N.P.S.H., o coeficiente de cavi-
tação de Thoma é dado por:

N.P.S.H.
=- - -- = y_____ _
<J ~____.:.
(5.51)
H H

O mínimo valor do coeficiente a para o qual a cavitação é incipiente é


denotado por <Jc, sigma crítico. Este valor pode ser determinado experimental-
. mente para uma dada máquina ou modelo, observando as condições de ope-
ração sob as quais há o início da cavitação, que é evidenciado pela ocorrência Se a alternativa escolhida para o
de ruídos, vibrações e queda brusca na eficiência. Duas bombas geometrica- aumento da capacidade de vazão em
um sistema elevatório for a troca do
mente semelhantes deverão ter o mesmo potencial de cavitação se seus coefi- rotor da bomba, que parâmetros
devem ser analisados e verificados?
cientes <Jc forem iguais.
O coeficiente de cavitação crítico <Jc depende do tipo da máquina e é
função da rotação específica da bomba, dada pela expressão empírica seguin-
te, produto de um grande número de ensaios .

(5.52)

expressão válida para as bombas centrífugas radiais, lentas e normais, com a


rotação específica Ns dada pela Equação 5.24. Assim, pela Equação 5.51, a
altura estática de sucção da bomba deve ser limitada a:

Z max -_ +[
- <Jc
H -
Pa -Y Pv + l'iAH s ] (5 .53)

em que o sinal positivo corresponde à bomba afogada.


Como, pela Equação 5.52, o coeficiente <Jc aumenta com a rotação
específica, as bombas de Ns elevadas exigem alturas estáticas de sucção
reduzidas, ou mesmo negativas (bomba afogada).

5.9.7 APLICABILIDADE DOS DOIS CRITÉRIOS


O eritério do N.P.S.H.,, por utilizar uma característica da bomba fomecida
pelo fabticante, é o que oferece maior segurança ao projetista. Deve ser usado na
fase final do projeto, quando já se tem especificado o tipo de equipamento e,
portanto, as curvas características completas. Já o critério do coeficiente de
cavitação 0 deve ser usado em fase de anteprojeto quando ainda não se defini-
ram as especificações. Ele fornece uma primeira indicação sobre a máxima al -
tura estática de sucção, e o único parâmetro necessário ao cálculo, além da
vazão e da altura de elevação, é a rotação em que a bomba irá operar. Este
critério é tanto mais preciso quanto mai s próximo do ponto de ótimo ren-
dimento da bomba ele for usado.

EXEMPLO 5.6

A bomba mostrada na Figura 5.20 deverá recalcar uma vazão de 30 m'lh


com uma rotação de 1750 rpm e, para esta vazão, o N.P.S.H. requerido é de 2,50
m. A instalação está na cota 834,50 m e a temperatura média da água é de 20° C.
Determinar o valor do comprimento x para que a folga entre o N.P.S.H. dispo-
nível e o requerido seja de 3,80 m. Diâmetro da tubulação 3", material da tubu-
lação P.V.C. rígido, coeficiente de rugosidade da fórmula de Hazen-Will iams C=
I 50. Na sucção, existe uma válvula de pé com crivo e um joelho 90°.
A condição do problema ex ige N.P.S .H. c~- N.P.S.H., =
3,80 m, o que leva a N .P.S.H." = 6,30 m. A pressão atmos-
0,50m férica corresponde a:
1:34.50-

833.10
~ = 13 6 ·(760 - 0,081·834,50) = 9 42 mH,O
X y ' I 000 ' -

Pela Tabela 5.2, a pressão de vapor da água a 20° C


va le pvly = 0,24 mH 20 e, pela Figura 5.20, a altura estática
de sucção é Z = 834,50- 833, I O = l ,40 m.
Figura 5.20 Exemplo 5.6.
Como:

N. P.S.H.d - Pa- Pv - z- .6.Hs


y

vem:

N.P.S.H." = 6,30 m =9,42-0,238- 1,40- .6.Hs : . .6.Hs = I ,48 m


Na condição de cavitação incipiente, o
que ac ontece com a massa especifica Logo, a soma de todas as perdas de carga na tubulação de sucção deve ser
do líquido?
igual a I,48 m. Pela Tabela 3.7, a sorna dos comprimentos equivalentes da v<'íl-
vula de pé c do joelho 90° va le 30,7 m. Para a vazão de 30m3/h (8,33· 10·3
m3/s), C= 150 e diâmetro de 3", pela Tabela 2J, a perda de carga unitária vale:
Cap. 5 Sistemas Elevatórios - Cavilação

J = 3,0 17·104 Q 1•85 = 3,017·104 · (8,33·10-3) 1•85 = 4,293 m/100 m

Como ~Hs = 1 ··Ltotal :. 1,48 = (4,293/100).(30,7 +X + 0,50) :. x = 3,27 m.

EXEMPLO 5.7

Qual é a rotação específica Ns de uma bomba centrífuga que recalca


200 1/s sob uma carga (altura total de elevação) de 37,5 ma 1760 rpm? Deter-
mine a altura total de elevação e a capacidade de vazão desta bomba operan-
do a 1480 rpm, na mesma condição de eficiência. Especifique, em cada caso, a
máxima altura total de sucção h s possível, se· o coeficiente de cavitação crítico
vale <Jc = 0,22. Assuma que a pressão atmosférica local corresponde a 9,62
Uma bomba hidráulico acoplada a um
mHzO e que a pressão de vapor da água, a 0,20 mHzO. motor elétrico com 1200 r.p.m, tem a
seguinte curva característica:
Pela Equação 5.24: Hm = 12 -0,102. Se o motor for trocado
por outro com 1800 r.p.m, qual a nova
curva característica da bomba?

Ns , 5 1760..j0,20
= 36 ·~ rapt
= 189,6 (centn1uga ' 'd)
a
0 75
37,5 .

Pelas relações de semelhança, Equações 5.28 e 5.29, tem-se:

2
37,5 = ( 1760) :. H
2
= 26 ,5 m e 0,20 = 1760
H2 1480 Q2 1480

Na condição de início de cavitação, pela Equação 5.50, tem-se:

(J c
= O 22 = 9,62 -0,20 - hsmáx h 117
, 3 7,5 :. smáx = ' m

(J = Ü 22 = 9,62 - 0,20 - h smáx h 3 59


c ' 26,5 .. smâx = ' m

5.10 PROBLEMAS

/ _.As curvas características de duas bombas, para uma detenninada rotação


constante, são mostradas na tabela a seguir. Uma dessas duas bombas deverá
ser utilizada para bombear água através de uma tubulação de 0,10 m de diâ-
metro, 21 m de comprimento, fator de atrito f= 0,020 e altura geométrica de
Cap. 5

3,2 m. Selecione a bomba mais indicada para o caso. Justifique. Para a bomba
selecionada, qual a potência requerida? Despreze as perdas localizadas.

Q (m1 /s) o 0,006 0,012 0,018 0,024 0,030 0,036


Bba A H (m) 22,6 21,9 20,3 17,7 14,2 9,7 3,9
Tl (%) o 32 74 86 85 66 28
Bba B H (m) 16,2 13,6 11 ,9 li ,6 10,7 9,0 6,4
Tl (%) o 14 34 60 80 80 60

[Bomba B ; Pot = 3,53 kW (4,80 cv)]

25
(\
'L'"'
- I
r t-/
20
c

I
15
v v
,r.'{,t. -.........
~

'l --/ v
10

5 ~ 6" _?; "

o
I _l
A
IOOOm ?;
?;.._
-w q =0 ,0051/sm
o 10 ,6 15 20
~'==~:!!!:~~ "
?) "

a (Vs)
Figura 5.21 Problema 5.2.

d Oesquema de bombeamento mostrado na Figura 5.2 1 é constituído de


~!ações de aço com coefi ciente de rugosidade da fórmula de Hazen-
Williams C= 130. Da bomba até o ponto B, existe uma distribuição de vazão
em marcha com taxa de distribuição constante e igual a q = 0,005 ll(sm). Para
a curva característica da bomba, dada na figura, dete1mine a vazão que chega
ao reservatório superior e a cota piezométrica no ponto B. Despreze as perdas
localizadas e a carga cinética.
Sugestão: revej a o conceito de vazão fictícia no Capítulo 4 e obser-
ve que os trechos AB e BC estão em "série".

[Q = 7 ,O l!s; C.Ps =13,0 m]


~ A curva característica de uma bomba, na rotação de 1750 rpm, é
~na tabe la a seguir. Quando duas bombas iguais a esta são associadas
em série ou em paralelo, a vazão através do sistema é a mesma. Determine
a vazão bombeada por uma única bomba conectada ao mesmo sis tema . A
altura geométrica é nula e utili ze a fórmula de Hazen-Williams. Observe
Cap. 5 Sistemas Elevatórios- Cavilação

que o ponto de cruzamento da curva da associação em paralelo com a curva


da associação em série, que é o ponto de funcionamento, também pertence à
curva característica da tubu.lação, que é representada pela fórmula de Hazen-
Williams.
4-J o ~
r Q Cm 1s) I
3
I I I o,u5 1 ~
0,0 I 0,04 o,o69 o,o92 o,138 1 f{>; l~~ ..1

'\
I H (m) I 5,60 I 4,90 I 4,35 I 4,03 l 3,38 l
.1"
2,42 I -O~(l--1 - -

]1- r---------
·~
)r"
[Q = 0,12 m 3/s]
:;s lo= -- ~v
r;Y.{ Deseja-se recalcar 10 1/s de água por meio de um 31 .. ~

sistema de tubulações, com as seguintes características: fun- 29


~- - \ -
cionamento contúmo 24h, coeficiente de rugosidade da fór- 27 ~- \
mula de Hazen-Williams C= 90, coeficiente da fónnula de 25
"~
~ ~·--
'> ~til
- - --

-i v
Bresse K = 1,5, diâmetro de recalque igual ao diâmetro de
sueção, comprimentos reais das tubulações de sucção e re- 5
:r:
23
-'h ~
~

i
calque, respectivamente, de 6,0 me 674,0 m, comprimen- 21
~ I I
tos equivalentes das peças existentes nas tubulações de 19

sueção e recalque, respectivamente, de 43,40 me 35,10 m, 17 1


altura geométrica de 20 m. Com a curva característica de
uma bomba, indicada na Figura 5.22, determine:
15
o
- I
6
n 10 12 14 16
Q (1/s)
(}1 Associando em paralelo duas destas bombas ,
obtém-se a vazão desejada? Figura 5.22 Problema 5.4.

tb)Em caso afirmativo, qual a vazão em cada bomba?


Ji5 Qual a vazão e a altura de elevação fornecidas por uma bomba iso-
ladamente instalada no sistema?
~ue verificações devem ser feitas antes de escolher a bomba, de acor-
do com os pontos de funcionamento obtidos?
a) [Sim] b) [Q = 5,1 l/s] c) [Q = 6,0 1/s; H= 21,6 m]
d) [Potência requerida e cavitação]

~~ 5.5 Duas bombas geometricamente semelhantes, uma com diâmetro do rotor D1


e outra com diâmetro D2, possuem a mesma velocidade tangencial (velocidade pe-
riférica). Mostre que a altura de elevação total é a mesma, enquanto as vazões e
as potências requeridas estão. entre si, assim como o quadrado dos diâmetros.

~Considere um sistema de abastecimento de água por gravidade entre dois


reservatórios mantidos em níveis constantes e iguais a 812,00 e 800,00 m, liga-
dos por uma tu bulação de 6" de diâmetro, I025 m de comprimento e fator de
atrito f= 0,025. Desejando-se aumentar a capacidade de vazão do sistema,
instalou-se, imed iatamente na saída do reservatório superior, uma bomba cen-
trífuga cuja curva característica é dada na tabela a seguir. Desprezando as per-
das de carga localizadas e a perda de carga na sucção, determine a nova vazão
recalcada, a cota piezométrica na saída ela bomba c a potência requerida. Ob-
serve que, no caso, a altura geométrica na Equação 5.38 é negativa.

Q (m3/s) o 0,006 0.012 0,01 8 0.024 0,030 0.036


H (m) 22,6 21,9 20,3 17,7 14,2 9,7 3,9
11 (%) o 32 74 86 85 66 28

{Q = 28,5 1/s; C.P = 823,00 m; Pot = 4,21 kW (5,73 cv)]

(É Uma cidade possui um sistema de abastecimento de água inaugurado em


1947, constituído por uma tubulação de O, 15 m de diâmetro, 684 m de compri-
mento c uma bomba com rotação de 1750 rpm com a curva característica dada
na tabela a segu ir. A altura geométrica é de 30m. Em 1947, o coeficiente de
rugosidade da fórmu la de Hazcn-Williams era C= 130 e hoje, devido ao enve-
lhecimento da tubulação, o coeficiente vale C = 80. Deseja-se bombear hoje a
mesma vazão que e ra recalcada em 1947, e para isto é necessário aumentar a
rotação da bomba, deslocando sua curva característica para cima. Determinar:
a) O ponto de funcionamento do sistema (Q, H e 11) em 1947 e hoje.
b) A rotação que deve ser dada à bomba hoje para recalcar a mesma
vazão recalcada em I 94 7. Observar que as condições de semel han-
ça, dadas pelas Equações 5.28 e 5.29, entre dois pontos homólogos,
leva a HdH2 = (Q1/Q2)2.
c) A potência necess<hia à bomba hoje, com a nova rotação.

Q (m.l/h) 20 40 60 80 100 120


H (m) 50 48 46 42,5 36,5 28
11 (%) 40 50 60 70 80 70

C01Q = 89 m / h, H = 40 m, 11 = 76%; Q =68 m /h, H= 45 m, 11 = 64%]


3 3

eM} [n = 1900 rpm]


c) [Pot = 18,96 kW (25,78 cv)]

Js Um siste ma de bombeamento é constituído por duas bombas iguais ins-


taladas em paralelo e com sucções independentes, com curva característica e
curva do N.P.S.H.r dadas na Figura 5.23. As tubu lações ele sucçã? e recalque
Cap. 5 Sistemas Elevatórios- Cavilação 165

têm diâmetro de 4", fator de atrito f = 0,030 e os segui ntes aces- H (m ) 24 -.........
N.P.S .H.(m)
sóri os: na sucção, de 6 ,0 m comprimento real, ex iste uma vál-
vula de pé com cri vo e uma curva 90° RID = I e no recalque, de
70,0 m de comprimento real, existe uma válvu la de retenção tipo
20

16 1--. ""' """ "\


- r- - - - - -
1---:-r--
K
12 f -
leve, um registro de g lobo e duas curvas 90° R/D = I . O nível
d'água no poço de sucção varia com o tempo, atingindo, no ve-
rão, uma cota máxima de 709,00 m e, no inverno, uma cota míni- v v 1\'\_ N.I'.S.II.,

ma de 706,00 m. O nível d 'água no reservató ri o superior é


----- \
constante na cota 7 19,00 m. A cota de instalação do eixo da 9 12 15 18 21 ~ 27 ~
Q (l/s)
bomba vale 7 10,00 m. Verifique o comportamento do sistema no
inverno e no verão, dete rminando os pontos de funcionamento Figm·a 5.23 Problema 5.8.
do sistema (Q e H), os valores do N.P.S.H. disponível nas duas
estações e o comportamento das bombas quanto à cavilação. As-
suma temperatura da água, em média, igual a 20° C.
[Inverno Q = 14,0 1/s, H = 19,0. m ; verão Q = 16,0 1/s, H = 18,0 m]
[Inverno N.P.S.H.d= 4,79 m; verão N.P.S.H.d = 7,76 m, não há risco de cavitação]

5.9 O ensaio de um modelo de uma bomba centrífuga é feito em um local


cuja pressão atmosférica corresponde a I O, 19 mH20 e a pressão de vapor ela
água, a 0,34 mH20. A altu ra total de e levação do modelo é igual a 48 ,8 m.
Uma bomba protótipo, geom etricamente semelhante ao modelo, ope ra em
um local onde a pressão atmosférica COITesponde a I 0,33 mi-hO, nível do
mar, e a pressão de vapo r da água, a 0,36 mH20. A altura total ele sucção hs
no protótipo vale 3,05 me a altura total de e levação, 67,10 m, assim qual ·o
valor da altura total de sucção no modelo?
.. .
[h,= 4,82 m]
I~
~ 5.10 Partindo da Equação 5.22 e utiliza ndo a Equação 5.3, com T) = I ,
demons tre a Equação 5.24.

~1 Qual deve ser a ro tação específica de uma bomba para recalcar


0,567 m 3/s de água através ele uma adutora de 3050 m de comprime nto, diâ-
metro de 0,60 m e fator de atrito f= 0,020, altura geométrica nu la, com ro-
tação ele 1750 rpm?
Qual eleve ser a rotação específi ca se duas bombas idê nticas e iguais a
esta são instaladas em paralelo e em série?

[Ns = 492,8; Ns = 348,4; Ns = 828,7]

5.12 Uma bomba transfere água entre dois reservatórios mantidos no mesmo
nível , altura geométrica nula. O eixo da bomba está situado I ,83 m acima do
nível d'água de ambos os reservatórios. Para uma rotação de 1200 rpm, a vazão
descarregada é de 6,82 1/s e as perdas de carga totais na sucção e no recalque
valem, respectivamente, 2,44 m e 9, I 5 m. Até que valores podem chegar a ro-
tação da bomba e a vazão recalcada, sem ocorrer cavitação, se o coeficiente de
cavitação crítico vale <Jc = 0,045? Assuma que a bomba trabalha com um rendi-
mento máximo constante e que a pressão atmosférica e a pressão de vapor da
água correspondem, respectivamente, a I 0,33 mH20 e 0,26 mH20. Que tipo de
bomba é recomendado para este trabalho? Utili ze uma equação de resistência,
para o cálculo das perdas de carga, na forma, ~H = const · Q 2 .
[Q = 0,01 14 m 3/s; n2 = 2000,6 rpm ; Ns = 57,6 (centrífuga lenta)]
\.r:L
t));~~. O siste ma de recalque mostrad o na Figu ra
5.24 possui uma bomba que desenvolve uma potên-
R2
cia de I O c v, para a vazão recalcada, com rendimento
30111 de 75%. Entre a bomba e o registro B há uma distri-
buição de vazão em marcha, constante, com taxa q =
0,01 1/sm. O registro B, parcialmente fechado, provo-
ca uma perda de carga localizada dada por ~h =
RI
0,0247Q2 , com ~h (m) e Q (1/s), para a vazão de es-
coame nto, e no ponto C existe uma deri vação de va-
Figura 5.24 Problema 5. 13. zão Qc. A vazão que chega ao reservatório R2 é de
5,0 1/s e a altura geométrica é de 30,0 m. Desprezan-
do a carga c inética e as perdas de carga localizadas,
exceto no registro, determine a v~zão derivada Qc.
Utilize a fórmula de Hazen-Williams com coefi ciente
de rugosidade C = I 00. Dados:

Tre<.:ho Comprimento (m) Diâmetro (pol)


AB 500 6
BC 200 6
CD 100 4

12 [Qc = 5,0 1/s]


:f 10
IJ'i'.S i /_
/
~ Uma bomba centrífuga está montada em uma cota topográfica

---
o 0.<:0
:g

~
"5- de 845,00 m, em uma instalação de recalque cuja tubulação ele sucção
6
"" tem 3,5 m de comprimento, 4" de diâi11etro, e m P.V.C. rígido, C = 150,
:!!
~ 4 /

---
(/)
..: / constando de uma válvula de pé com cri vo e um joelho 90°. Para um
z 2
!.---"'
/
recalque de água na temperatura de 200 C e uma curva do N.P.S.H. re-
....,...
o querido dada pela F igura 5.25, dete rmine a máxima vazão a ser re-
o 5 10 15 20 25 30
Vazao ( Vs) calcada para a cavitação incipiente. Se a vazão recalcada for igual a 15
1/s, qual a folga e ntre o N.P.S.H. disponível e o N.P.S.H. reque rido.
Figura 5.25 Probl ema 5.14.
Altura estática ele sucção igual a 2,0 m e a bomba é não afogada .
Cap. 5 Sistemas Elevatórios- Cavilação

(~)
[Qmáx = 20 1/s; Folga= 3,2 m]
\i 50
5.15 A curva característica de uma bomba centrífuga
40
é dada na Figura 5 .26. Quando duas bombas iguais a
esta são associadas em série ou e m paralelo, a vazão = :\()
r------ 1'----.
através do sistema é a mesma. Determine a vazão bom-
beada por uma única bomba quando instalada no mes-
:z:
20 ~ I
mo sistema. A altura geométrica é igual a I O me utilize lO ~
a equação de Darcy-Wei sbach.
[Q =14,5 m / h]
3
()

()
·-·-~

lO
·~ ~ 25 30 40 45
15 20
Q (m 1/h)

\5.16 No sistema de bombeamento mostrado na Figura Figura 5.26 Probl ema 5.15.
5.27a para a vazão de recalque igual a 16 1/s, a perda de
carga total na tubulação de sucção da bomba B 1 é de
1,40 m. Para esta vazão, o N.P.S .H. requerido pela bomba B2 é igual a 5,0 m.
Pretendendo-se que a folga entre o N.P.S .H. disponível e o N.P.S .H. requerido
pela bomba B2 seja igual a 3,20 m, calcule o máximo comprimento do trecho da
adutora entre as duas bombas. Toda a adutora, sucção e recalque é de P.V.C. rf-
gido C = 150, de 4" de diâmetro. Temperatura média da água de 20° C.
Dado curva característica da bomba B I· Despreze as perdas localizadas no

--
recalque.
fi()

511

411
------...
311
~
~

:z: 211

111 15 211
Q(Us)

Figura 5.27a Figura 5.27b

[L= 274m]
~
5.17 O sistema de bombeamento mostrado na Figura 5.28 tem tubulações de
sucção e recalque com diâmetros iguais a 4", em tubos metálicos (E= 0,15 mrn).
Ao longo dos 650 m da tubulação de recalque, existe uma distribuição de vazão
em marcha com uma taxa constante q = 0,0 1 1/(sm) . Um manômetro coloca-
do na saída d a bomba indica uma pressão de 400 kN/m 2 . Desprezando as
perdas de carga localizadas na tubulação de recalque, a carga ciné tica e sa-
bendo que a tubulação ele sucção com 3,50 m de comprimento possui uma
válvu la de pé com crivo e um cotovelo raio curto 90°, determine:
a) a vazão que c hega ao reser vatóri o su perior;
b) a carga de pressão disponível na e ntrada da bomba;
c) a a ltura manométri ca da bomba ;
d) a po tência necessária à bo mba, supo ndo re ndime nto de 65 %;
e) a potênc ia necessári a ao motor e létrico comerc ia l.
a) [Q = 7,85 1/s]; b) [p/y= - 2,98 mHzO]; c) [Hm = 43,80 m];
d) [Potb = 12,89 cv]; e) [Pot 111 = 15 hp]
650 lll
5.18 O siste ma de bombeamento mostrado na Figura 5.29
consiste de duas bombas iguais, instal adas em paralelo, e duas
tubulações de mesmo diâmetro, comprimento e coeficiente de
rugosidade . Usando a fórmula de Hazen-Williams e conhecen-
do a curva característica de uma bomba e a curva caracte rísti-
ca do s iste ma de tubulações, de term ine a vazão em cada
Figura 5,28 Problema 5. 17. tubulação e a cota piezomé trica na saída das bombas. Despre-
ze as perdas local izadas e as cargas c iné ticas nas tubulações.
[Q 1 = 7, I m3/h; Q 2 = 3,2 m 3/ h; C.P = 33,0 m]

H(m) 50
Sistcn n
/
>
45
/

--
40
/
35
/

~ ----
.., 111
~
30

25
v
/
/ -----
~
20
""' OOm

15

lO

5
"" ~
}
....
~ ·.·-
·----.---..

11omb
(J f--- - 1-- - f--- 1-- - - 1 -1 - --
(J 2,5 s 7,5 liJ 12,5 15 17,5 20

Q(m-'lh)

Figura 5.29 Problema 5.18.


6 169

REDES DE DISTRIBU IÇÃO DE ÁGUA

6.1 INTRODUÇÃO
Nos capítulos an terio res, trato u-se, basicamente, das aplicações das
equações fundamentais a sistemas hidráulicos com geometria s imples, como
tubulações em série, tubulações em paralelo e tubulações ramificadas. Uma
aplicação importante, dentro d o proj eto de abastecimento de água, é o di-
mensionamento ou verificação das redes de distribuição de água. " Veio uma mulher de Samaria a tirar
água. Jesus lhe disse: 'Dá-me de
beber'."
Um sistema de distribuição de água é o conjunto de tubulações, acessó-
rios, reservatórios, bombas etc., que tem a finalidade de atender, dentro de con- [João 4-7)

d ições sanitárias , de vazão e pressão convenientes, a cada um dos diversos


pontos de consumo de uma cidade ou setor de abastecimento.
Evidentemente, em função do porte do problema, o sistema de abaste-
cimento tom a-se bastante complexo, não só quanto ao dimensionamento, mas
também quanto à operação e manutenção. Trata-se, em geral, da parte mais
dispendiosa do projeto global de abastecimento, exigindo considerável aten-
ção do proj etista no que concerne aos parâmetros do sistema, hipóteses de
cálculo assumidas e metodologias, de modo a obter um projeto efic iente.

6.2 TIPOS DE REDES


A concepção geométrica do sistema de reservatórios e tubulações, que
definem uma rede de distribuição, depende do porte da cidade a ser abastecida,
bem como de características viárias e topográficas. De modo geral, qualquer
que seja o desenho da rede, esta é constituída por condutos que são classifica-
dos como: condutos principais ou condutos troncos e condutos secundários. Os
condutos principais são aqueles de maior diâmetro que têm por finalidade abas-
tecer os condutos secundários, enquanto estes, de menor diâmetro, têm a fun-
ção de abastecer diretamente os pontos de consumo do sistema.
De acordo com a disposição dos condutos principais e o sentido de es-
coamento nas tu bulações secundárias, as redes são classificadas como rede
ramificada e rede malhada.
Cap. 6

A rede é classificada como ramificada quan-


do o abastecimento se faz a partir de uma tubulação
tronco, alimentada por um reservatótio de montante
ou mesmo sob pressão de um bombeamento, e a
distribuição da água é feita diretamente para os
condutos secundários, e o sentido da vazão em
qualquer trecho da rede é conhecido. Esta concep-
ção geométtica é utilizada para o abastecimento de
Trecho
pequenas comunidades, acampamentos, granjas,
F igura 6.1 Esquema de uma rede ramificada. sistemas de irrigação por aspersão etc. A Figura 6.1
apresenta um esquema desse tipo de rede.
Conforme a Figura 6.1, os pontos de derivação de vazão e/ou de mudan-
ça de diâmetro são chamados de nós e a tubulação entre dois nós é chamada
de trecho, o sentido do escoamento se dá da tubulação tronco para as tubula-
ções secundárias, até as extremidades mortas ou pontas secas.
O padrão geométrico da rede ramificada impõe que a distribuição da
vazão fique condicionada à tubulação tronco, de modo que, se ocotTer um rom-
pimento no ponto A, toda a área ajusante ficará prejudicada.
As redes malhadas, em vez de possuírem uma única tubulação tronco, são
constituídas por tubulações tronco que formam anéis ou malhas, nos quais há
possibilidade de reversibilidade no sentido das vazões, em função das solicita-
ções de demanda. Com esta disposição, pode-se abastecer qualquer ponto do
sistema por mais de um caminho, o que permite uma maior flexibilidade em
satisfazer a demanda e na realização da manutenção da rede com o mínimo de
interrupção no fornecimento de água.
O esquema geométrico de uma rede malhada, mostrado na
Rede secundária
Figura 6.2, é o mais comum na maioria das cidades, nas quais o
sistema viário tem um desenvolvimento em várias direções (ra-
Reservatório
dial).
\ Qualquer que seja o tipo da rede, malhada ou ramificada,
o projeto deve sati sfazer algumas condições hidráulicas li-
Trecho mitantes, como pressões, velocidades e diâmetros. Quase sempre
a topografia do terreno é o fator determinante no projeto de uma
rede, e como os comprimentos das tubulações são razoáveis, as
perdas de carga distribuídas propiciam uma diminuição nas co-
Figura 6.2 Esquema de uma rede malhada com quatro tas piezométricas dos nós e, em conseqüência, nas pressões dis-
anéis ou malhas. poníveis . Como norma, o projeto deve garantir uma carga de
pressão dinâmica mínima de 15 mH20, para permitir o abasteci-
mento de um prédio de três pavimentos e uma carga de pressão estática má-
xima de 50 mH20, a fim de reduzir as perdas por vazamentos nas juntas das
tubulações. Em sistemas de porte, em que há diferenças de cotas topográficas
superiores a 60 m, é conveniente dividir a rede em zonas de pressão, de modo
a ev itar pressões excessivas nos pontos baixos da rede. O controle das pressões
mínima e máxima pode ser feito através da instalação de bombas ou válvulas
redutoras de pressão, respectivamente .
As redes malhadas são projetadas com diâmetro mínimo de 4" nos con-
dutos principais (anéis), admitindo-se 3" para núcleos urbanos com população
de projeto inferior a 5000 habitantes, e diâmetro mínimo de 2" na rede secun-
dária. Em geral, as perdas de carga unitárias nas tubulações normalmente uti-
lizadas variam entre J = O, 1 m/1 00 m a 1 m/1 00 m. Perdas unitárias desta
ordem correspondem, em média, a velocidades entre 0,60 m/s e 1,20 rnls, faixa
de velocidade que resulta mais satisfatória do ponto de vista operacional e eco-
nômico. Na Seção 6.4, serão discutidos os padrões de velocidades utilizados
nos projetos de redes.

6.3 VAZÃO DE ADUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO


Um sistema público de abastecimento de água é constituído por várias
unidades, como captação, bombeamento, adução, unidade de tratamento ,
reservação e, finalmente, a rede de distribuição. O dimensionamento de cada
unidade tem por parâmetro de cálculo a vazão de demanda, que é diretamen-
te proporcional à população a ser atendida. A vazão média anual necessária
pode ser expressa como:

p. qm ( f/ )
Qm - 3600·h S (6. 1)

em que P é a população a ser abastecida, determinada por métodos estatísti-


cos de previsão populacional, a ser atingida no horizonte do projeto, qm é a
taxa ou cota de consumo per capita média da comunidade em 1/hab/dia e h é
o número de horas de operação do sistema ou da unidade considerada.
Para levar em conta variações diárias de demanda ao longo do ano, a va-
zão média é multiplicada por um coeficiente de reforço k 1, definido como coe-
ficiente do dia de maior consumo, que assume valores usuais entre 1,25 e 1,50,
na forma :

Qa= k 1 ·Qm-
- k,·P·qm (fi)
3600 ·h S
(6.2)

A vazão Qa é denominada vazão de adução e é utilizada para o dimen-


sionamento das unidades do sistema que estão a montante dos reservatórios de
distribuição, como captação, bombeamento, adução, tratamento e reservação.
Como o consumo de água em uma cidade varia no decorrer do dia, são
previstos reservatórios de distribuição com capacidade conveniente; tais reser-
vatóri os servirão de volante para suprir as vazões necessárias nas horas de
grande consumo. Desta forma, a rede de distribuição deverá ser dimensi onada
para uma vazão denominada vazão de distribuição, dada por:

Q = k ·Q
2
= kl . k2. p . qm (i/ s)
(6.3)
d a 3600·h

em que k2 é definido como coeficiente da hora de maior consumo do dia de


maior consumo, e cuj o valor comum é k2 = 1,50.
Os valores de qm, kt e k2 adotados nos projetos variam com o pmte do pro-
jeto e as características da cidade, industrial, turística etc., e, principalmente, com
o nível sócio-econômico da população a ser atendida. Um valor usual adotado,
em cidades de médio porte, para a cota per capita é qm = 200 1/hab/dia.

6.4 ANÁLISE HIDRÁULICA DE REDES DE ABASTECIMENTO


A análise hidráulica das redes está baseada na utilização da equação da
continuidade, que estabelece, na condição de equilíbrio, ser nula a soma algé-
brica das vazões em cada nó da rede, e na aplicação de uma equação de resis-
tência na forma t1H = KQ 11 aos vários trechos. Como objetivo, deve-se
determinar as vazões nos trechos e as cotas piezométricas nos nós, a partir do
conhecimento da vazão de distribuição para o sistema. Normalmente, as cargas
cinéticas e as perdas de carga localizadas são negligenciadas no cálculo da rede.
Dois tipos de problemas podem ser analisados:
a) Problema de verificação, que consiste em determinar as vazões nos
trechos e as cotas piezométricas nos nós, para uma rede com diâme-
tros e comprimentos conhecidos. Este problema é determinado e tem
solução única.
b) Problema de determinação dos diâmetros, vazões nos trechos e co-
tas piezométricas nos nós, com condicionamentos nas velocidades e
pressões. Este problema admite várias soluções, podendo, porém,
procurar-se a solução de mínimo custo.
Em relação às velocidades máximas admissíveis nos projetos, é usual a
utilização da equação empírica.

Vmáx (m/s) = 0,60 + 1,5· D(m) e Vmáx ~ 2,0 m/s (6.4)


Cap. 6 Redes de Distribuição de Agua

Esta relagão é usada para o pré-dimensionamento dos diâmetros em re-


des ramificadas e malhadas. Em forma de tabela a Equação 6.4 fica:

%beia,6.l Velocidades e vazús máximas em redes de absbximento.

6.5 MÉTODOS DE CALCULO PARA O DIMENSIONAMENTO DE REDES


Serão abordados dois mdtodos simples e clássicos para o cálculo de
redes rarnificadas e malhadas. Todas as aplicações em redes malhadas e
ramificadas serão, na maioria dos casos, em sistemas gravitacionais, sem
pressurização por bomba e abastecidos por um único reservat6rio.

6.5.1 REDES RAMIFICADAS


No caso das redes rarnificadas, pelo fato de se conhecer o sentido da
vazão em cada um dos trechos, o processo de cálculo é determinado, poden-
do ser elaborado com o auxílio de uma planilha (ver Tabela 6.2), conforme o
Exemplo 6.1. O preenchimento da planilha obedece à seguinte seqühcia.
Coluna 1 Número do trecho - os trechos da rede ou os nós devem ser
numerados, com um critério racional, partindo do trecho
mais afastado do reservatório, que recebe o número 1.
Coluna 2 Extensão L do trecho, em metros, medido na planta topo-
gráfica ou aerofotogramétrica. -

Coluna 3 Vazão de jusante Qj,se na extremjdade de um ramal (ponta


seca) Q = O. Na extremidade de jusante de um trecho T
qualquer, Qj = Ç Q, dos trechos abastecidos por T.
B
Hld•á""" ""''"
Cap. 6

Coluna 4 Vazão em marcha igual a q-L, na qual q é vazão unitária de


distribuição em marcha (1/(s·m)) . O valor de q é constante
para todos os trechos da rede e igual à relação entre a va-
zão de distribuição, Equação 6.3, e o comprimento total da
rede, :E L ;.
Coluna 5 Vazão a montante do trecho Qm = Qj + q-L

Coluna 6 ' · Qr
- f'Ictlcia,
V:azao = Qm +Qj se Qj :;t. O ou Qr = Qm
.J3 se
2
Qj = O, isto é, se a extremidade de jusante for uma ponta
seca.
Coluna 7 Diâmetro D, determinado pela vazão de montante do tre-
cho, obedecendo aos limites da Tabela 6.1.
Coluna 8 Perda de carga unitária J(rn/1 00 m), determinada para o
diâmetro D e a vazão fictícia Qr, calculada pela equação de
resistência adotada.
Coluna 9 Perda de carga total no trecho, ilH (m) = J-L
Colunas 10 e 11 Cotas topográficas do terreno, obtidas na planta e relativas
aos nós de montante e jusante do trecho.
Colunas 12 e 13 Cotas piezométricas de montante e jusante, determinadas
a partir da cota piezométrica fixada para um ponto qual-
quer da rede, ou estabelecendo para o nível d'água no re-
servatório um valor genérico X. A partir do nível d'água X
e com os valores das perdas de carga nos trechos, todas as
cotas piezométricas dos nós podem ser calculadas em fun-
ção de X.
Colunas 14 e 15 Cargas de pressão disponíveis e m cada nó, cota piezo-
métrica menos cota do terreno, em função de X. Para o
ponto mais desfavorável, iguala-se ao valor 15 mH20, que
é a mínima carga de pressão dinâmica admitida no projeto.

EXEMPLO 6.1

Dimensionar a rede de distribuição de água de uma pequena comunida-


de, cuja planta e topografia do terreno são mostradas na Figura 6.3. Determi-
nar a cota do nível d'água no reservatório para que a mínima carga de pressão
dinâmica na rede seja 15 mH20. Determine a máxima carga de pressão está-
tica e a máxima carga de pressão dinâmica na rede. Dados:
Cap. 6 " ' ' " do Di,trib"ição do Ágoa B
a) população a ser abastecida, P = 85
2900 hab;
b) cota de consumo per capita média,
qm = 150 1/hab/dia;
c) coeficiente do dia de maior consu-
mo, k1 = 1,25;
d) coeficiente da hora de maior deman-
da, k2 = 1 ,50;
Figura 6.3 Exemplo 6. 1.
e) horas de funcionamento diário do
sistema, h = 24 h;
f) material das tubulações aço galvani zado novo, fator de atrito f=
0,026;
g) o trecho entre o reservatório e o ponto A, onde inicia a rede, não terá
distribuição em marcha.
Despreze as perdas de carga localizadas e as cargas cinéticas.
Pela Equação 6.3, a vazão de distribuição é dada por:

Q
= 1,25·1,50·2900 ·150 = 944 .e/s
d 3600 ·24 '

O comprimento total da rede, medido a pmtir do ponto A, vale 1270 m,


portanto a vazão unitária de distribuição em marcha, para todos os trechos da
rede, vale:

Q 9,44
q= _ d_ = - - = 0,0074 l /(s. m)
L rede 1270

A planilha da Tabela 6.2 é montada seguindo a seqüência de cálculos


descrita anterimmente.
A numeração dos trechos da tubulação principal foi feita em ordem cres-
cente, partindo do trecho mais afastado do reservatório .
Deve ser observado que o nó de jusante de cada trecho é o nó de mon-
tante do trecho, ou trec hos, subseqüente e que a soma algébrica das vazões
nestes nós deve ser nula. Na tabela, a menos dos erros de arredondamento, a
vazão a montante do trecho 4 (jusante de 5), Q = 9,41 1/s, é a própria vazão de
distribuição.
tJ HidoMca " ''''"
Cap. 6

Tabela 6.2 Planilha de cálculo do Exemplo 6.1.

Trec Exte Vazão (Vs) Diâm J (m/ .ó.H Cota terreno (m) Cota piezométrica (m) Carga de pressão mH20
no (m) Jusa Marc Mont Fictf (mm) 100 m) (m) Monta Jusan Montao Jusan Montan Jusan
I 200 0,0 1,49 1,49 0,86 60 0,200 0,40 95,0 85,0 X -4,32 X - 4,72 X - 99,32 X - 89,72
2-1 100 0,0 0,74 0,74 0,43 50 0,127 0, 13 95,0 95,0 X - 4,32 X - 4,45 X - 99,32 X - 99,45
2 150 2,23 1,11 3,34 2,79 100 0,165 0,25 102,5 95,0 X - 4,07 X - 4,32 X - 106,57 X - 99,32
3- 1 150 0,0 1, 11 1,11 0,64, 50 0,282 0,42 102,5 105,0 X - 4,07 X - 4,49 X - 106,57 X - 109.49
3-2 120 0,0 0,89 0,89 0,51 50 0,179 0,21 102,5 100,0 X - 4,07 X-4,28 X - 106,57 X - 104,28
3 200 5,34 1,48 6,82 6,08 125 0,260 0,52 113,0 102.5 X - 3,55 X - 4,07 X- 11 6,55 X - 106,57
4-1 150 0,0 1,11 1, 11 0,64 50 0,282 0.42 113,0 109,0 X - 3,55 X- 3,97 X - 116,55 X - 112,97
4 200 7,93 1,48 9,4 1 8,67 125 0,528 1,06 100,0 113,0 X -2,49 X- 3,55 X - 102,49 X - 116,55
5 400 9,4 1 ---- 9,41 --- 125 0,623 2,49 115,0 100,0 X X - 2,49 ---- X - 102,49
I 2 3 4 5 6 7 8 9 lO li 12 13 14 15

Pela Tabela 6.2, o ponto mais desfavorável, em termos de pressão, é o nó


a jusante do trecho 4, que na planta é o ponto mais alto. A carga de pressão dis-
ponível neste ponto vale X - 116,55, que igualada a 15 mH20 , impõe que o ní-
vel d'água no reservatório sej a X = 13 1,55 m.
A máxima carga de pressão estática na rede é a diferença de cotas en-
tre o nível d 'água no reservatório e o ponto de cota topográfica mais baixa,
85,0 m. Assim, tem-se:

Carga de pressão estática máx ima = 13 1,55 - 85,0 = 46,55 mH20

Pela Tabela 6.2, o ponto de máx ima pressão dinâmica é também o nó de


cota topográfica mais baixa, 85 m, a jusante do trecho I . Assim :
Carga de pressão dinâmica máxima= X - 89,72 = 41 ,83 mH20
Outra maneira de preencher a planilha, a partir da coluna 12, é fixar para
o ponto mais alto da rede uma carga de pressão de 15 rnH 20, portanto sua cota
piezométrica, e determinar as cotas piezométricas de todos os outros nós, sub-
traindo ou somando as perdas de carga em cada trecho, conforme se ande no
sentido ou não da vazão, e depois verificar que todos os outros nós tenham
carga de pressão acima do mínimo de 15 mH20 . Em geral, o ponto mais des-
favorável da rede é o mais alto ou o mais afastado do reservatório.
A vantagem de assumir o ponto de partida para o cálcul o das cotas
piezométricas, como o nível d'água genérico X no reservatório, é que se vai
"descendo" na linha piezométrica, no sentido da vazão, sempre subtraindo a
perda de carga em cada trecho, quando se passa de um nó para o seguinte.
EXEMPLO 6.2
G
A rede de tubulações re presentad a na
Figura 6.4 serve a um sistema de irrigação por
aspersão e a uma colônia rural. Os aspersores
conectados nos pontos G , F e E devem propi-
ciar uma vazão de 2,0 1/s, com uma carga de
pressão mínima de 1O mH20. O trecho AB,
logo após a bomba, tem distribuição em marcha
com vazão unitária q = 0,0 I O 1/(sm). A tubu- Figura 6.4 Exemplo 6.2.
lação de sucção da bomba, com 4" de diâmetro,
tem 2,5 m de comprimento, uma válvula de pé com crivo e um cotovelo raio
médio de 90°. Os pontos C, D e F estão na mesma cota geométrica. Dete rmi-
na r a potência do motor elétrico comercial, se o rendimento da bomba é de
70%. As tubulações são de mate rial metálico e assuma coeficiente de
rugosidade da equação de Hazen-Williams C = I 00. Despreze as perdas de
carga localizadas no recalque e as cargas cinéticas.
Trata-se de um problema de verificação em uma rede rami ficada, na qual
não há pontas secas (vazões constantes nas ramificações) e as pressões nos nós
são mantidas pe la pressuri zação do s iste ma pela bomba.
A vazão total recalcada pela bomba é a soma das vazões nos aspersores
mais a distribuída para a colônia, e igual a 7 ,O 1/s. Pela topografia, fica evidente
que o ponto mais desfavorável , e m termos de pressão, é o ponto G , que está
5,0 m acima do ponto mais afastado da bomba, ponto F. Assim, fixando-se uma
carga de pressão e m G igual a I O mH20, sua cota piezométri ca será C.PG=
20,0 m. Sendo X a cota piezométrica logo após a bomba, a equação da ener-
g ia entre os pontos A e G pode ser escrita como:

X- ~HAB - ~H se- ~HcG = C.Pc


Conhecendo-se e m cada trecho o diâmetro, a vazão e o coefic ie nte de
m gosidade, com o auxíl io da Tabela 2.3, pode-se montar a tabela a seguir. Ob-
serve que, no trecho AB, a perda de carga deve ser calc ulada pela vazão fictí-
cia, que é a média entre QA e Qs .
.
Trecho DfâJi"\efrÓ' (P.Pi,);,~: Vazão (1/s) J (m/100 m) A H (ln)
A- B 4 Q,. = 6,5 I ,415 I ,415
B-C 4 6,0 1,221 0,976
C-G 2 1/2" 2,0 1,924 1,155
Cap. 6

Poitanto, a cota piezométrica na saída da bomba vale:

X- 1,415-0,976- 1,155 = 20,0 :. X= 23,55 m

A cota piezométrica na entrada da bomba é detenninada pela aplicação


da equação da energia à tubulação de sucção. Desprezando a carga cinética,
vem:

4, O - Llils = C.Pantes, com L'lHs = Js-Ltotal·

As peças existentes na sucção têm comprimento equivalente, pela Tabela


3.6, igual a 29,35 m, petfazendo um comptimento total de 2,5 + 29,35 =31,85 m.
Da Tabela 2.3, para Q = 7,0 Vs, tem-se:
J 5 = 1,574 X 104 • 0,007 1•85 = 1,623 m/100 m
daí, C.Pantes =4,0- (1,623/100) · 31,85 =3,48 m.
A altura total de elevação H, no caso igual à altura manométrica total
Hm, é a diferença entre as cotas piezométricas após e antes da bomba.
H= Hn = 23,55- 3,48 = 20,07 m, portanto a potência necessária à bom-
ba vale:

Pot = 9,8·0,007 ·20,07 = 1,97 kW (2,67 cv)


0,70

Pela tabela do Exemplo 5.5, a potência do motor elétrico será:

Pot111 = 1,30·2,67 =3,47 cv

e o motor comercial mais próximo será de 4 hp.

6.5.2 REDES MALHADAS - MÉTODO DE HARDY CROSS


O cálculo do escoamento de água em uma rede malhada envolvendo um
grande número de tubulações é muito mais complexo que nos sistemas hidráu-
licos estudados até agora. Evidentemente, a solução do problema está baseada
nas mesmas equações e princípios aplicados às redes ramificadas, sistemas em
paralelo etc. Na resolução do problema de distribuição de vazões pelos trechos
de uma rede malhada e na detenninação das cotas piezométricas nos nós, uma
série de equações simultâneas pode ser estabelecida. Estas equações são escri-
tas de modo a satisfazer duas condições básicas parà o equilíbrio do sistema,
que são:
a) A soma algébrica das vazões em cada nó da rede é igual a zero.
C•p. 6 Rodo' do Diotriboição do Ágoo El
b) A soma algébrica das perdas de carga (partindó e chegando ao mes-
mo nó) em qualquer circuito fechado dentro do sistema (malhas ou
anéis) é igual a zero.
Para aplicação dessas duas condições, em geral, con- A
Q, B
venciona-se que as vazões que afluem ao nó são positivas, e QA
as que dele derivam são negativas. Para os anéis, convenciona- jQ, I~
se como sentido positivo de percurso o sentido horário, de Qd Nó
QJ j ~ Q2j
modo que as vazões e, conseqüentemente, as perdas de carga. Q4 Q2 Anel
serão positivas se forem coincidentes como sentido prefixado IQJ /Qo Qc
de percurso, e negativas, caso contrário. A Figura 6.5 mostra D Q4 c
a convenção a ser utilizada nas aplicações. J:Q ~ Q, +<à- O>- o. - Q.= o U H ~t.H , + óH> - t.H, - 6 11, ~o

No cálculo da perda de carga em cada trecho da rede Figura 6.5 Conve nções utilizadas para as equ ações
utiliza-se uma equação de resistência na forma ilH = K.Q11 • fundamentais.
Como regra geral, uma rede malhada com m anéis ou
malhas e n nós gera um total de m + (n - 1) equações independentes, e à
medida que a complexidade da rede aumenta, cresce proporcionalmente o
número de equações. Evidentemente, uma solução algébrica da rede torna-se
impraticável e então se lança mão de um método de aproximações sucessivas,
com auxílio do computador, prático e muito adequado para o problema, deno-
minado método de Hardy Cross.
O método de Hardy Cross destaca-se dentre os métodos de aproxima-
ções sucessivas para o cálculo de redes malhadas, por possibilitar o desenvol-
vimento manual dos cálculos, em sistemas simples, além de ser um método
provido de significado físico, que facilita a análise dos resultados intermediá-
rios obtidos .
O método de Hardy Cross é aplicado aos condutos principais (anéis
principais) de uma rede malhada, a partir de alguns pressupostos do projeto e
traçado da rede.
a) Uma vez lançados os anéis da rede, baseado em critérios urbanísti-
cos de distribuição de demanda, densidade populacional, vetores de
crescimento da área a ser abastecida etc., são definidos pontos fictí-
cios convenientemente localizados nas tubulações. Tais pontos, para
efeito de cálculo, substituem, do ponto de vista de demanda, uma
certa fração da área a ser abastecida, de modo a transformar vazões
por unidade de área em vazões pontuais. Imagina-se que toda a rede
seja suprida através dos anéis, em pontos fictícios de descarregamen-
to, que serão os nós da rede, para efeito de aplicação do método.
b) Conhecendo-se a topografia da área, a distância entre dois nós será
o comprimento do trecho a ser dimensionado ou, se o diâmetro já for
especificado, o trecho a ser determinada a vazão e as pressões nas ex-
tremidades.
c) Admite-se que a distribuição em marcha que ocone nos trechos que
formam os anéis seja substituída por uma vazão constante.
d) Supõem-se conhecidos os pontos de entrada e saída de água (reser-
vatórios, adutoras e os nós distribuídos nos anéis) e os valores das
respectivas vazões.
e) Atribui-se, partindo dos pontos de ali mentação, uma distribuição de
vazão hipotética Qa pelos trechos dos anéis, obedecendo em cada nó
à equação da continuidade :EQ; =O.
f) Para cada trecho de cada anel, conhecendo-se o diâmetro (que pode
ser pré-dimensionado pela condição de velocidade limite da Tabela
6.1 ), o comprimento e o fator de atrito, calcula-se o somatório das
perdas de carga em todos os anéi s. Se para todos os anéis ti vermos
:Et.H = O, a distribuição de vazões estabelecida está correta e a rede
é dita equilibrada.
g) Se, em pelo menos um dos anéis, :Et.H :F O, que é a situação mais co-
mum, a di stribuição de vazão ad mitida será corrigida, somando-se
(compensando-se) algebricamente a cada uma delas um valor t.Q, de
modo que as novas vazões em cada trecho serão:
(6.5)
de modo a se ating ir:

(6 .6)

expressão que desenvolvida pelo bin ômio de Newton torna-se:

"KQn[l
L; .,

+n ~Q + n(n- l)(~QJ2 + ...
Qa 2! Q"
l =0
(6.7)

Supondo-se que ~Q é mui to pequeno comparado a Q .. , isto é, que os va-


lores supostos para as vazões são próximos dos valores reais, pode-se desprezar
o terceiro termo da série e os seguintes, e daí:
C•p. 6 Rod" do Di'"""ição do Ág"' B
(6.8)

e finalmente:

L1Q (6.9)

Com as novas vazões obtidas em cada anel, recalculam-se as perdas de


carga e prossegue-se com o método até que se obtenham, em todos os anéis,
valores de L1Q pequenos ou nulos.
O número de aproximações sucessivas necessário depende, em grande
parte, da margem de erro das estimativas iniciais das vazões e do porte da rede.
Não é objeti;vo do cálculo chegar a um limite muito afinado, uma vez que os
resultados obtidos não podem sú mais precisos que os dados básicos, os quais
forçosamente serão com freqüência algo incertos.
Com a rede equilibrada e conhecidas as cotas piezométricas nos pontos
de alimentação, resultam imediatamente as cotas piezométricas e as pressões
disponíveis nos diversos pontos da rede. Se estas pressões forem inadequadas,
modifica-se o sistema, alterando ou a altura do reservatório ou os diâmetros de
alguns trechos.
Tanto o problema de verificação quanto, principalmente, o problema de
dimensionamento, por se utilizar de um método de aproximações sucess ivas,
são extremamente laboriosos, exigindo o auxílio de um programa compu-
tacional para agi lizar a análise de alternativas.

6.6 APLICAÇÃO DO MÉTODO DE HARDY CROSS- O PROGRAMA


REDEM .EXE* Ver diretório Redes no endereço
eletrônico www.eesc.sc.usp.br/shs na
Área Ensino de Graduação.
O programa REDEM.EXE permite o dimensionamento ou verificação,
pelo método de Hardy Cross, de uma rede de distribuição de úgua com até l 00
trechos e um ou mais reservatórios de alimentação, sistema unicamente por
grav idade.
O código matemático está em linguagem Quick Basic, e a interface in-
teligente, em Visual Basic. O programa aceita como equações de resistênc ia
a equação de Hazen-Williams ou a Fórmula Universal.
A montagem do arquivo de dados é simples, sendo necessário informar
o número de trechos, o número de anéis e o número de nós da rede, a tolerân-
Cap. 6

cia na perda de carga (erro de fechamento do plano piezométrico), a tolerân-


cia da vazão (erro de balanço na equação da continuidade), o número de
iterações necessárias (1 O é suficiente), o número do nó escolhido para fixar a
carga de pressão (nó de início do cálculo do plano piezométrico), a carga de
pressão adotada para este nó e as cotas topográficas de todos os nós.
Em outra tabela de entrada, deve-se informar os números dos trechos de
cada anel, com o sinal positivo se a vazão preestabelecida no início, naquele
trecho, estiver no sentido arbitrado (em geral percorrendo o anel no sentido
horário) e negativo, caso contrário.
Finalmente, a última tabela é preenchida com os números dos nós de
montante e jusante de cada trecho, respeitando o sentido arbitrado da vazão,
o valor da vazão em 1/s (sem sinal), o comprimento e diâmetro de cada trecho,
o coeficiente C de mgosidade da fórmula de Hazen-Williams ou a mgosidade
absoluta ê (em milímetro) do tubo.
Não é necessário informar simultaneamente o valor do C e do ê, somen-
te o correspondente à equação de resistência que se vai usar. Se todos os tu-
bos da rede tiverem a mesma mgosidade, o coeficiente pode ser digitado uma
vez na primeira célula da coluna e copiado para todos os outros trechos.
Após a montagem do arquivo de dados, tecle o campo CALCULAR e
escolha a equação de resistência que desejar. Após o cálculo, se as condições
impostas de carga de pressão mínima nos nós e velocidades nos trechos foram
respeitadas, tecle IMPRIMIR ou SALVAR, para ter a solução do problema.
Se as condições impostas de pressões e velocidades não forem atendi-
das, tecle FECHAR, voltando para a tela anterior, e altere algum dado do pro-
blema, diâmetro ou pressão no nó inicial.
O programa informa as cargas piezométricas e as cargas de pressão em
todos os nós (junções), a distribuição de vazões (com sinal), as velocidades nos
trechos, as velocidades máximas de norma, dada pela Equação 6.4, e o custo
total das tubulações, baseado em uma função de custo embutida na rotina, so-
mente para efeito de comparação entre duas ou mais soluções tecnicamente
viáveis. Observar que, se o sinal da vazão em algum trecho for negativo, isso
significa que o sentido do escoamento é invertido quanto aos nós (montante e
jusante) previamente escolhidos.
Para iniciar, entre no gerenciador de arquivos do Windows, vá ao drive
A ou B e tecle REDEM.EXE no diretório REDES. O programa REDEM.EXE
deve estar no mesmo diretório ou disquete que contém as demais bibliotecas
do Visual Basic.
O arquivo de dados pode ser salvo ou pode ser aberto, teclando o cam-
po ARQUIVO, nas formas comuns do ambiente Windows. O arquivo de resul-
tados pode ser salvo ou impresso diretamente.

EXEMPLO 6.3 i/
Qual deve ser a cota do nível d'água no reservatório de abastecimento
para que a mínima carga de pressão dinâmica na rede da Figura 6.6 seja de 15
mH20. Todas as tubulações são de P.V.C rígido classe 20, E= 0,0015 mm. As
cotas topográficas dos nós são:

Reservatório
470,8

A numeração dos anéis, nós, trechos e a distri-


buição preliminar das vazões estão indicadas na Figu-
ra 6.6. 0,15 m 10 1/s 0,125 m 81/s
1850 m CD 790 m Q) 3
Trata-se de uma aplicação a um problema de
5 1/s Q)
verificação, pois os diâmetros e os comprimentos dos 0, 10 m
trechos já estão especificados. A locação de cada nó
0,20 m
3 1/s I 700 m

e a respectiva demanda de vazão são feitas confmme -21/s


os critérios abordados na Seção 6.5.2. O programa 0,10m
REDEM.EXE foi aplicado fixando-se a carga de pres- 5 1/s 600m
são no nó 1, início da rede, até que a mínima carga de 10 1/s 4 5 1/s
pressão dinâmica nos nós seja de 15 mH20. Outra Figura 6.6 Exemplo 6.3.
forma mais rápida de equilibrar a rede é fixar a car-
ga de pressão mínima no ponto mais alto, que, em
geral, é o ponto mais desfavorável. O sentido horário de percurso dos anéis foi
convencionado como positivo. A partir do ponto de canegamento da rede, nó 1,
foi estabelecida uma distribuição preliminar de vazões em todos os trechos,
obedecendo em cada nó ~ Q =O. A rede tem 2 anéis, 8 trechos e 7 nós, em que
a ordem dos trechos em cada anel, em função do sentido da vazão adotada em
cada trecho, são 4 trechos no anel 1, (1, 6, -7, -8) e 5 trechos no anel2 (2, -3,
-4, -5, -6). Os trechos comuns a dois anéis aparecem na numeração com sinais
trocados.
Os trechos podem ter todos o mesmo coeficiente de rugosidade da fór-
mula de Hazen-Williams ou rugosidade absoluta para a fórmula universal, ou
não.
Abrindo-se o programa REDEM.EXE, pode-se criar um novo arquivo
de dados ou carregar um arquivo de dados previamente gravado.
B Hld'á"""' Bá''" c,,.6

A entrada dos dados do problema é mostrada na


Núme m de anêit;
co Tolal de hechos:
~ Figura 6.7 (ver arquivo EXEM(6.3).dat).
Núme10 de nós:
cc=J Tole1dncics nil vaz:io: (m3/s} 1.ooo1 1
Observe a numeração dos trechos e dos nós de
N úme 10 miiKimo de ilera ções:
~ T olcl.)ncics n;, perda d e co!nga: (m)
~ montante e jusante, com o sinal correspondente ao sen-
t~ó ctcolhido pora lillot a ptenão incial:
IT::=:J Ca1 g~ de Jueuão no nó c•colhido(m.c.a.t:
~ tido da vazão preestabelecida.
Carach:IÍtlicas do trecho:

No exemplo foi adotada uma tolerância na va-


zão, valor de i'lQ do método de Hardy Cross, igual a
0,0001 m 3/s e a tolerância no erro de fechamento da li-
nha piezométrica de 0,01 m, perfeitamente compatíveis
com os dados e a natureza do problema.
A saída do programa, para a rede equilibrada após
c inco iterações do método de Hardy Cross, fornece as
vazões em cada trecho, as velocidades médias em cada
trecho, as velocidades máximas da Tabela 6.1, as cotas
Figma 6.7 Entrada de dados para o Exemplo 6.3.
piezométricas nos nós e as cargas de pressão disponíveis,
e é mostrada na Figura 6.8.
Da análise dos resultados, observa-se que as car-
gas de pressão di nâmi cas variam entre 15,41 e
· ti ·'I I x! 24,46 mH20 e que somente no trecho 3 a velocidade está muito
PElA FORMUlA UNIVERSAL PARA A PERDA DE CARGA
abaixo do valor máximo relativo à tubulação de 4".
AS VAZOES E VELOCIDADES APDS 5 ITERAÇOES SÃO o
Nos trechos 3 e 6 as vazões são negativas, indicando que
estão em sentido contrári o ao anteriormente adotado.
No trecho reservatório~ nó I, com vazão de 40 1/s, diâme-
tro de 0,25 m, comprimento de 520 m e E= 0,0015 mm, a perda
de carga unitária, pela Tabela A2, vale: J = 0,2 11 m/100 m. A perda
total no trecho será L'lH = 0,2 11 · 5,2 = 1,1 O m.
Logo, o nível d 'água no reservatório será N.A. = C.P1 +
+ i'lHri = 486,2 + I, IO = 487,3 m, portanto o reservatório deverá ter
COMPRIMENTO TOTAL OA nEOE • 7270m
uma altura da ordem de 16,5 m (487,3- 470,8) para garantir uma
CUSTO DAS TUBULAÇ0ES - H$287797.7 carga de pressão dinâmica mínima de 15 mH20 na rede.

Figura 6.8 Saída dos resultados do Exemplo 6.3. 6.7 PROBLEMAS


7t
O sistema de recalque mostrado na Figura 6.9 faz parte de
um projeto de irrigação que funciona 5 horas e meia por dia. O sis-
tema possui as seguintes características:
a) tubulação de sucção com 2,5 m de compri men to, constando de uma válvula
de pé com crivo e uma curva 90° RID = I;

\
b) uma bomba que mantém uma altura to-
tal de elevação de 4 1,90 m, para a vazão
recalcada;
c) uma caixa de passagem, em nível cons-
tante, com N.A = 26,91 m;
d) vazão de distribuição e m marc ha (vazão <J = 0.02 1/sm
unitária de distribuição) constante a par-
tir do ponto A e igual a q = 0,02 1/(sm).
Determine:
(PYos diâmetros de recalque e sucção (ado- F igura 6.9 Problema 6.1.
ta r o mesm o) usando a E quação 5. 18
y er a Seção 5.4.3);
()I) a carga de pressão disponível imediatamente antes c depois da bomba;
~s diâmetros dos trechos AB e BC, sendo o ponto C u rna ponta seca,
vazão nula. Dimensione os diâmetros pelas vazões de mo ntante de
cada trecho;
cJf5 a carga de pressão d isponível no ponto B;
d a potência do motor elétrico comercial.
Dados:
a) rend imento da bomba 65%;
b) material de todas as tu bulações, ferro fund ido novo, C = 130;
c) uti lize a equação de Hazen-Williams;
d) perdas de carga localizadas no recalque, desp rezíveis.

a) [Os = Dr = 3"]; b) [(p/y)nmes =- 2,28 mHzO, (p/y)depois = 39,62


mH20];
c) [DAo = 125 mrn, Onc =75 mm]; d) [(p/
N.A.

y)o= = 9,83 mH20]; e) [Pot = 7,5 hp]


D F

L A rede de distribuição de água, represen-


tada na Figu ra 6. 1O, possui as segui ntes caracte-
60111111
50111
rísticas:
®
70m (/'!
a) os trechos BC, CE, EF, CO e EG têm 65111g_.., 50ml11 E
uma vazão ele d istribuição em marcha A IOOmrn B
constante e igual a q = 0,0 I O 1/(sm); G
b) os pontos D , F e G são pontas secas; F igura 6.10 Problema 6.2.
B Hld'á""'" Bá>ioa Cap. 6

c) as cotas topográficas dos pontos são:

Ponto
Cota (m)

De termine a cota do nível de água no reservatório, para que a mínima


carga de pressão dinâmica na rede seja de 12 mH20. Detetmine a máxima carga
de pressão estática. Material das tubulações tem C = 130.
[N.A = 23,22 m; (p/y)máx = 17,22 mH20 ]

~Na rede de distribu ição de água mostra~


8 100m
lO"
Bomba
400m
lO"
/40 1/s
A
700111
8" o 20 1/s
da na Figura 6.11, o nível médio de água no
reservatório é de 4 15,00 me a I 00 ma jusante
100 1/s
do reservatório ex isle uma bomba pressuri-
800111 800111 zadora que injeta I00 1/s na rede. Todas as tu-
6" 6" bu lações são de ferro fundido novo, C= 130.
Determine as vazões nos trechos BC e DC, a
6" c altura total de elevação c a potência necessária
30 1/s
D
700 111
-
lQ 1/s à bomba para que a mínima carga de pressão
dinâmica na rede seja igual a I 0,0 mH20. Ren-
Figura 6.11 Problema 6.3.
dimento da bomba T) = 72%. Despreze as per-
das localizadas. As cotas topográficas dos nós
são:

[QRc = 16,02 1/s; Qoc =- 6,02 1/s;


H= 33,2 m; Potb = 45,2 kW (6 1,5 cv)]
520111 16" 3
R 6.4 A rede de distribuição de água da Figura 6.12
é toda de tubu lação metá lica com coeficiente de
rugosidade da equação de Hazen-Williams C= 140.
Qual eleve ser a cota do nível d'água no reservatório
para que a mínima carga de pressão dinâmica na rede
seja de 15 mH20 . Utilize o programa REDEM.EXE
fi xando uma carga de pressão de 15 mH20 no nó 5,
ponto mais alto ela rede. Cotas elos nós:

Figura 6.12 Problema 6.4.


[N.A. = 450,44 m]
6.5 Considere uma rede simples, como na Figura 6.1 3, na qua l
~r.-----------r-----------,
A B C
todos os trechos tê m o mesmo comprimento, igual a 300 m, e o
mesmo diâmetro de 8". Na entrada da rede, ponto A, a vazão é
de I 00% e na saída, ponto O , també m. D ete rmine, usando a
equação de Hazen-Williams, a distribuição de vazões, em per-
centagem , nos trechos, observando que o resultado independe
'""F__________.E;:..______ __,J D ~
do valor do coeficiente de rugosidade C adotado . Repita o cál-
culo usando a fórmul a universal , verificando que há pequenas Figura 6.13 Problema 6.5.
alterações nas vazões quando se altera o valor do coeficiente de
m gosidade absoluta E.
(QAll = 58,0 8%; QllE = )6, 16%; Que = Qco = Qi\F = QFE =41 ,92%)
6.6 (Ad aptado de Dacach (7), pp. 368- lO
370 .) Dimensionar e analisar a rede de dis-
tribuição de água da cidade de Itororó-Ba,
mostrada na Figura 6.14, usando o programa
REDEM .EXE, observando para cada solução
pelo método de Hardy Cross que as pressões
nos nós devem ser maiores que a carga de
pressão dinâmica mínima 15 mH20 , e que as
velocidades nos trec hos devem ser menores
que as velocidades máx imas permitidas. De-
termine o nível de água no reservatório. Ve-
rifique o custo de cada alternativa . Discuta
as soluções e apresente uma alternativa de
proje to.
Dados do problema e características
da rede.
1.. Diâmetro mínimo a ser utili zado
n os três ané is principai s igual a
100 mm . 1.2 1 1/s

2 . Vazão de distribuição para a rede Figura 6.14 Problema 6.6.


(chegando ao nó I) igual a 62,5 1/s.
3. Rugosidade absoluta do material das tubulações, E = O, 15 mm.
Nó Demanda Cota topográtka Trecho Comprimento (m)
(1/s) (m)
R R-1 324
I 5,05 220,50 1- 2 124
2 1,91 215,60 2-3 184
3 3,81 210,40 3- 13 254
4 1,40 210,50 3 - 12 225
5 4,35 209,50 12-11 177
6 3,51 213,20 11 -!O 168
7 3,44 218,50 10 - 9 152
8 2,48 230,70 9- 1 166
9 3,06 21 1,50 13-14 263
lO 1,85 213,50 14- 15 133
11 2,86 205,50 15- 16 321
12 6,1 1 208,80 16 - 17 105
13 5,09 2 15,50 17-5 169
14 4,06 212,60 5-4 103
15 8,05 207,50 4 -3 206
16 4,26 219,40 5- 6 202
17 1,21 220,50 6-7 134
7-8 227
8-1 167
~

APENDICE

TABELA A1
TABELA A2

Chafariz da Casa dos Contos- 1760


Ouro Preto- Minas Gerais
191

-
TABELAA1

FATOR DE ATRITO - f Diâmetro (mm) • 50


VEL E (mm ) VAZÃO
(m's) Rey 0,0015 0 ,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 15000 0,0279 0,0298 0,0316 0,0333 0,0348 0,0362 0,0375 0,0400 0,0423 0,0444 0,0464 0,0484 0,0502 0,59
0,4 20000 0 ,0259 0,0281 0,030 1 0,03 19 0,0335 0,0350 0,0364 0,0390 0,0413 0,0435 0,0456 0,047 6 0,0494 0,79
0,5 25000 0,0245 0,0270 0,0291 0 ,03 10 0,0327 0 ,0342 0 ,0357 0,0383 0,0407 0,0430 0,0451 0,0471 0,0490 0,98
0 ,6 30000 0,0235 0,0261 0,0284 0,0303 0,0321 0,0337 0 ,0352 0,03 79 0,0403 0,0426 0,0447 0,0467 0,0486 1,18
0,7 35000 0,0226 0 ,0255 0,0278 0,0299 0,0317 0,0333 0 ,0348 0,0376 0,0400 0,0423 0,0445 0,0465 0,0484 1,37
0,8 40000 0,0220 0 ,0250 0,0274 0,0295 0,0313 0,0330 0 ,0345 0,0373 0,0398 0,0421 0,0442 0,0463 0,0482 1,57
0,9 45000 0,02 14 0,0245 0,0271 0,0292 0,0310 0 ,0327 0,0343 0,037 1 0,0396 0,0419 0,044 1 0,0461 0,0481 1,77
I 50000 0,0209 0,0242 0,0268 0,0289 0,0308 0 ,0325 0 ,0341 0,0369 0,0395 0,0418 0,0440 0 ,0460 0,0479 1,96
1,1 55000 0,0205 0,0239 0,0265 0,0287 0,0306 0 ,0324 0,0339 0,0368 0,0393 0,0417 0,0438 0,0459 0,0478 2,16
1,2 60000 0 ,0201 0,0236 0,0263 0 ,0285 0,0305 0 ,0322 0 ,0338 0,0367 0,0392 0,0416 0,0438 0,0458 0,0478 2,36
1,3 65000 0,0197 0,0234 0,026 1 0,0284 0,0303 0,0321 0,0337 0,0366 0,0391 0,0415 0,0437 0,0457 0.0477 2,55
1.4 70000 0,0194 0,0232 0,0260 0 ,0283 0,0302 0,0320 0,0336 0,0365 0,0391 0,0414 0,0436 0,0457 0,0476 2,75
1,5 75000 0,0191 0,0230 0,0258 0 ,028 1 0,030 1 0,0319 0,0335 0,0364 0,0390 0,04 14 0,0436 0,0456 0,0476 2,95
1,6 80000 0,0189 0,0228 0,0257 0,0280 0,0300 0,0318 0,0334 0,0363 0,0389 0,0413 0,0435 0,0456 0,0475 3, 14
1,7 85000 0,0187 0,0227 0,0256 0,0279 0 ,0300 0,0317 0,0334 0,0363 0,0389 0,0413 0,0435 0,0455 0,0475 3,34
1,8 90000 0 ,0184 0,0226 0,025 5 0,0279 0,0299 0,0317 0,0333 0,0362 0,038 8 0,0412 0,0434 0,0455 0,0474 3,53
1,9 95000 0,0 182 0,0225 0,0254 0,0278 0,0298 0,0316 0,0333 0,0362 0,0388 0,04 12 0,0434 0,0454 0,0474 3,73
2 100000 0,0180 0,0223 0,0253 0,0277 0,029 8 0,0316 0,0332 0,036 1 0,0388 0,041 1 0,0433 0,0454 0,0474 3,93
2,1 105000 0,0179 0,0222 0,0253 0,0277 0,0297 0,0315 0,0332 0,0361 0,0387 0,041 1 0,0433 0,0454 0,0474 4,12
2,2 110000 0,0177 0,0221 0,0252 0,0276 0,0296 0,0315 0,0331 0,0361 ' 0,0387 0,041 1 0,0433 0,0454 0,0473 4,32
2,3 115000 0,0176 0,0221 0,0251 0,0275 0,0296 0,0314 0,0331 0,0360 0,0387 0,0410 0,0433 0,0453 0,0473 4,52
2,4 120000 0,0174 0,0220 0,025 1 0,0275 0,0296 0,0314 0,0330 0,0360 0,0386 0,0410 0,0432 0,0453 0,0473 4,71
2 ,5 125000 0,0173 0,0219 0,0250 0,0274 0,0295 0,0313 0,0330 0 ,0360 0,0386 0,0410 0,0432 0,0453 0,0473 4,91
2,6 130000 0,0171 0,0218 0,0250 0,0274 0,0295 0 ,03 13 0 ,0330 0,0359 0,0386 0,0410 0,0432 0,0453 0,0472 5,1 1
2,7 135000 0,0 170 0,02 18 0,0249 0,0274 0,0294 0,0313 0,0330 0,0359 0,0386 0,0409 0,0432 0,0453 0,0472 5,30
2,8 140000 0,0169 0,0217 0.0249 0,0273 0,0294 0,03 13 0,0329 0,0359 0,0385 0,0409 0,0432 0,0452 0,0472 5,50
2,9 145000 0,0 168 0 ,02 17 0,0248 0,0273 0,0294 0,0312 0,0329 0,0359 0,0385 0,0409 0,0431 0,0452 0,0472 5,69
3 150000 0,0167 0,0216 0,0248 0,0273 0 ,0294 0,0312 0,0329 0,0359 0,0385 0,0409 0,0431 0,0452 0.0472 5,89
3,1 155000 0,0166 0,0215 0,0247 0,0272 0,0293 0,0312 0,0329 0,0358 0,0385 0,0409 0,043 1 0,0452 0,0472 6,09
3,2 160000 0,0165 0,02 15 0,0247 0 ,0272 0,0293 0,0312 0,0328 0,0358 O,Q385 0,0409 0,043 1 0,0452 0,0472 6,28
3,3 165000 0,0164 0,02 15 0,0247 0,0272 0,029 3 0,03 11 0,0328 0,0358 0,0384 0,0409 0,043 1 0,0452 0,047 1 6,48
3,4 170000 0,0163 0,02 14 0,0246 0,027 1 0,0293 0,0311 0,0328 0,0 358 0,0384 0,0408 0,043 1 0,0452 0,047 1 6,68
3,5 175000 0,0162 0,02 14 0,0246 0,0271 0,0292 0,031 1 0,0328 0,0358 0,0384 0,0408 0,0431 0,0451 0,0471 6,87
VEL
FATOR DE ATRITO - f
e (mm )
Diâmetro (mm)

VAZÃO
75

(m/s) Rey 0,0015 0,05 0,1 0, 15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 22500 0,0251 0,0267 0,0282 0,0296 0,0308 0,0320 0,0330 0,0351 0,0369 0,0386 0,0402 0,0418 0,0432 1,33
0,4 30000 0,0234 0,0253 0,0269 0,0284 0,0297 0,0309 0,032 1 0,0342 0,0361 0,0379 0,0395 0,0411 0,0426 1,77
0,5 37500 0,0222 0,0243 0,026 1 0,0276 0,0290 0,03 03 0,03 15 0,0336 0,0356 0,0374 0,0391 0,0407 0,0422 2,21
0,6 45000 0,0213 0,0236 0,0254 0,027 1 0,0285 0,0298 0,0310 0,0333 0,0353 0,0371 0,0388 0,0404 0,04 19 2,65
0,7 52500 0,0206 0,0230 0,0250 0,0266 0,0281 0,0295 0,0307 0,0330 0.0350 0,0369 0,0386 0,0402 0,0417 3,09
0,8 60000 0,0200 0,0225 0,0246 0,0263 0,0278 0,0292 0,0305 0,0328 0,0348 0,0367 0,0384 0,0400 0,0416 3,53
0.9 67500 0,0 195 0,0222 0,0243 0,026 1 0,0276 0,0290 0,0303 0,0326 0,0347 0,0365 0,0383 0,0399 0,0415 3,98
I 75000 0,0191 0,0219 0,0240 0,0258 0,0274 0,0288 0,030 1 0,0325 0,0345 0,0364 0,0382 0,0398 0,0414 4,42
1,1 82500 0,0 187 0,02 16 0,0238 0;0257 0,0273 0,0287 0,0300 0,0323 0,0344 0,0363 0,0381 0,0397 0,0413 4,86
1,2 90000 0,0184 0,02 14 0,0236 0,0255 0,0271 0,0286 0,0299 0,0322 0,0343 0,0362 0,0380 0,0396 0,0412 5,30
I ,3 97500 0,018 1 0,0212 0,0235 0.0254 0,0270 0,0285 0,0298 0,032 1 0,0343 0,0362 0,0379 0,0396 0,0411 5,74
1,4 105000 0,0178 0,0210 0,0233 0,0253 0,0269 0,0284 0,0297 0,032 1 0,0342 0,036 1 0,0379 0,0395 0,0411 6, 19
I ,5 112500 0,0176 0,0208 0,0232 0,0252 0,0268 0,0283 0,0296 0,0320 0,0341 0,0360 0,0378 0,0395 0,0411 6,63
1,6 120000 0,0173 0,0207 0,0231 0,0251 0,0267 0,0282 0,0296 0,0320 0,0341 0,0360 0,0378 0,0394 0,0410 7,07
1,7 127500 0,0171 0,0206 0,0230 0,0250 0,0267 0,0281 0,0295 0,03 19 0,0340 0,0360 0,0377 0,0394 0,0410 7,5 I
1,8 135000 0,0 169 0,0204 0,0229 0,0249 0,0266 0,0281 0.0294 0,03 19 0,0340 0,0359 0,0377 0,0394 0,0409 7,95
1,9 142500 0,0 168 0,0203 0,0228 0,0248 0,0265 0,0280 0,0294 0,03 18 0,0340 0,0359 0,0377 0,0393 0,0409 8,39
2 150000 0,0166 0,0202 0,0228 0,0248 0,0265 0,0280 0,0294 0,0318 0,0339 0,0359 0,0376 0,0393 0 ,0409 8,84
2,1 157500 0,0164 0,0202 0,0227 0,0247 0,0264 0,0279 0,0293 0,0317 0,0339 0,0358 0,0376 0,0393 0,0409 9,28
2,2 165000 0,0163 0,0201 0,0226 0,0247 0,0264 0,0279 0,0293 0,03 17 0,0339 0 ,03 58 0,0376 0,0393 0,0409 9,72
2,3 172500 0,0162 0,0200 0,0226 0,0246 0,0264 0,0279 0,0292 0,03 17 0,0338 0,0358 0,0376 0,0393 0,0408 10,16
2,4 180000 0,0 160 0,0 199 0,0225 0,0246 0,0263 0,0278 0,0292 0,03 17 0,0338 0,0358 0,0376 0,0392 0,0408 10,60
2,5 187500 0,0 159 0,0 199 0,0225 0,0245 0,0263 0,0278 0,0292 0,0316 0,0338 0,0357 0.0375 0,0392 0 ,0408 11,04
2,6 195000 0,0158 0,0198 0,0224 0,0245 0,0263 0,0278 0,0292 0,0316 0,0338 0,0357 0,0375 0,0392 0,0408 l i ,49
2,7 202500 0,0157 0,0197 0,0224 0,0245 0,0262 0,0278 0,0291 0,0316 0,0337 0,0357 0,0375 0,0392 0,0408 11,93
2,8 2 10000 0,0156 0,0 197 0,0224 0,0244 0,0262 0,0277 0,0291 0,03 16 0,0337 0,0357 0,0375 0,0392 0,0408 12 ,37
2,9 2 17 500 0,0 155 0,0 196 0,0223 0 ,0244 0 ,0262 0,027 7 0,029 1 0,0 316 0,0337 0,0357 0,0375 0,0392 0,0407 12,81
3 225000 0,0 154 0,0196 0,0223 0,0244 0,0261 0,0277 0,029 1 0,03 15 0,0337 0,0357 0,0375 0,039 1 0,0407 13,25
3, 1 232500 0,0 153 0,0 195 0,0223 0,0244 0,026 1 0,0277 0,0291 0,0315 0,0337 0,0356 0,0374 0,0391 0,0407 13,70
3,2 240000 0,0 152 0,0 195 0,0222 0,0243 0,026 1 0,0276 0,0290 0,0315 0,0337 0,0356 0,0374 0,039 1 0,0407 14,14
3,3 247500 0,0 15 1 0,0195 0,0222 0,0243 0,0261 0,0276 0,0290 0,03 15 0,0337 0,0356 0,0374 0,0391 0,0407 14,58
3.4 255000 0,0 150 0,0194 0,0 222 0,0243 0,026 1 0,0276 0,0290 0,03 15 0,0336 0,0356 0,0374 0,0391 0,0407 15,02
3,5 262500 0,0 150 0,0194 0,0221 0,0243 0,0260 0,0276 0,0290 0,03 15 0,0336 0,0356 0,0374 0,0391 0,0407 I 5.46
Tab•laA1 B
VEL
FATOR DE ATRITO - f
E (mm)
Diâmetro (mm)
• 100
VAZÃO
( nlfs) Rey 0,0015 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 30000 0,0234 0,0248 0,0261 0,0273 0,0284 0,0294 0,0303 0,0321 0,0337 0,03 52 0,0366 0,0379 0,0391 2,36
0,4 40000 0,0219 0,0235 0,0250 0,0262 0,0274 0,0285 0,0295 0,0313 0,0330 0,0345 0,0359 0,0373 0,0386 3,14
0 ,5 50000 0,0208 0,0226 0,0242 0,0255 0,0268 0,0279 0,0289 0,0308 0,0325 0.0341 0,0356 0,0369 0,0382 3,93
0,6 60000 0,0200 0,0220 0,0236 0,0250 0,0263 0,0275 0,0285 0,0305 0,0322 0,0338 0,0353 0,0367 0,0380 4.71
0,7 70000 0,0 193 0,02 14 0,0232 0,0247 0,0260 0,0272 0,0283 0,0302 0,0320 0,0336 0,035 1 0,0365 0,0378 5,50
0,8 80000 0,0188 0,0210 0,0228 0,0244 0,0257 0,0269 0,0280 0,0300 0,0318 0,0334 0,0349 0,0363 0,0377 6,28
0,9 90000 0,0183 0,0207 0,0226 0,0241 0,0255 0,0267 0,0279 0,0299 0,03 17 0,0333 0,0348 0,0362 0,0376 7,07
I 100000 0,0180 0,0204 0,0223 0,0239 0,0253 0,0266 0,0277 0,0298 0,03 16 0,0332 0,0347 0,036 1 0,037 5 7,85
1,1 110000 0,0176 0,0202 0,0221 0.0238 0,0252 0,0264 0,0276 0,0296 0,0315 0,033 1 0,0346 0,036 1 0,0374 8,64
1,2 120000 0,0 173 0,0200 0,0220 0,0236 0,0251 0,0263 0,0275 0,0296 0,0314 0,0330 0,0346 0,0360 0,0373 9,42
1,3 130000 0,0170 0,0198 0,0218 0,0235 0,0250 0,0262 0,0274 0,0295 0,0313 0,0330 0,0345 0,0359 0,0373 10,2 1
1,4 140000 0,0168 0,0 196 0,0217 0,0234 0,0249 0,0262 0,0273 0,0294 0,03 13 0,0329 0,0345 0,0359 0,0372 1 1,00
1,5 150000 0,0166 0,0195 0 ,02 16 0,0233 0,0248 0,026 1 0,0273 0,0294 0,03 12 0,0329 0,0344 0,0359 0,0372 li ,78
1,6 160000 0,0164 0,0193 0,02 15 0,0232 0,0247 0,0260 0,0272 0,0293 0,0312 0,0328 0,0344 0,0358 0,0372 12,57
1,7 170000 0,0162 0,0 192 0,02 14 0,0232 0,0246 0,0260 0,027 1 0,0293 0,0311 0,0328 0,0343 0,0358 0,0371 13,35
I ,8 180000 0,0160 0,0191 0,02 13 0,0231 0,0246 0,0259 0,0271 0,0292 0,0311 0,0328 0,0343 0,0358 0,037 1 14,14
1,9 190000 0,0158 0,0190 0,0213 0,0230 0,0245 0,0259 0,0271 0,0292 0,0310 0,0327 0,0343 0,0357 0,0371 14,92
2 200000 0,0 157 0,0 189 0,0212 0.0230 0,0245 0,0258 0,0270 0,0291 0,0310 0,0327 0,0343 0,0357 0,0371 J 5,7 1
2, 1 2 10000 0,0155 0,0 189 0,0211 0 ,0229 0,0244 0,0258 0,0270 0.0291 0,0310 0,0327 0.0342 0,0357 0,0370 16,49
2,2 220000 0,0154 0,0188 0,0211 0,0229 0,0244 0,0257 0,0270 0,0291 0 ,0310 0,0327 0,0342 0,0357 0,0370 17,28
2,3 230000 0,0153 0,0 187 0,0210 0,0228 0,0244 0,0257 0,0269 0,0291 0,0309 0,0326 0,0342 0,0356 0,0370 18,06
2,4 240000 0,0151 0,0186 0,02 10 0,0228 0,0243 0,0257 0,0269 0,0290 0,0309 0,0326 0,0342 0,0356 0,0370 18,85
2,5 250000 0,0150 0,0 186 0,0209 0,0228 0,0243 0 ,0257 0,0269 0,0290 0,0309 0 ,0326 0,0342 0,0356 0 ,0370 19,63
2,6 260000 0,0149 0,0185 0,0209 0,0227 0,0243 0,0256 0,0268 0,0290 0,0309 0,0326 0,0341 0,0356 0,0370 20,42
2,7 270000 0,0148 0,0185 0,0208 0,0227 0,0242 0,0256 0,0268 0,0290 0,0309 0,0326 0,0341 0,0356 0,0370 21,21
2,8 280000 0,0 147 0,0184 0,0208 0,0227 0,0242 0.0256 0,0268 0,0290 0,0308 0,0326 0,0341 0,0356 0.0369 21,99
2,9 290000 0,0146 0,0184 0,0208 0,0226 0,0242 0,0256 0,0268 0,0289 0,0308 0,0325 0,0341 0,0356 0,0369 22,78
3 300000 0,0145 0,0183 0,0207 0,0226 0.0242 0,0255 0,0268 0,0289 0,0308 0,0325 0,0341 0,0356 0,0369 23,56
3,1 310000 0,0145 0,0183 0,0207 0,0226 0,0241 0,0255 0,0267 0,0289 0,0308 0,0325 0,0341 0,0355 0,0369 24 ,3 5
3,2 320000 0 ,01 44 0,0182 0,0207 0,0226 0,0241 0,0255 0,0267 0,0289 0,0308 0 ,0325 0,0341 0,0355 0,0369 25, 13
3,3 330000 0,0143 0,0182 0,0207 0,0225 0,024 1 0,0255 0,0267 0,0289 0,0308 0,0325 0,034 1 0,0355 0,0369 25 ,92
3,4 340000 0,0142 0,0182 0,0206 0,0225 0,0241 0,0255 0,0267 0,0289 0,0308 0,0325 0,034 1 0,0355 0,0369 26,70
3,5 350000 0,0 142 0,0181 o·. o2o6 0 ,0225 0,0241 0 ,0255 0,0267 0 ,0289 0,0308 0,0325 0,0340 0,0355 0,0369 27,49
VEL
FATOR DE ATRITO- f
E (mm )
Diâmetro (mm)
• 125
VAZÃO
(m/s) Rey 0,00 15 0,05 0,1 0.15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 37500 0,0222 0,0235 0,0247 0,0257 0,0267 0,0276 0,0285 0,0300 0,0315 0,0328 0,034 1 0.0352 0,0363 3,68
0,4 50000 0,0208 0,0223 0,0236 0.0247 0,0258 0,0268 0,0277 0,0293 0,0308 0,0322 0,0335 0,0347 0,0358 4,91
0 ,5 62500 0,0198 0,0214 0,0229 0 ,0241 0,0252 0,0262 0,0272 0,0289 0,0304 0,0318 0,033 1 0,0344 0,0355 6,14
0 ,6 75000 0.0190 0,0208 0,0223 0,0236 0,0248 0,0258 0,0268 0,0286 0,0301 0,0316 0,0329 0,0341 0,0353 7,36
0,7 87500 0,0184 0,0204 0,0219 0,0233 0,0245 0,0256 0,0265 0,0283 0,0299 0,0314 0,0327 0,0340 0,0351 8,59
0,8 100000 0,0179 0,0200 0,0216 0,0230 0,0_242 0,0253 0,0263 0,0281 0,0298 0,0312 0,0326 0,0338 0,0350 9,82
0,9 112500 0 ,0175 0,0 197 0,0214 0,0228 0,0240 0,0252 0,0262 0,0280 0,0296 0,0311 0,0325 0,0337 0,0349 11,04
I 125000 0,0171 0,0194 0,0212 0,0226 0,0239 0,0250 0,0260 0,0279 0,0295 0,0310 0,0324 0,0336 0,0348 12,27
1,1 137500 0,0168 0,0 192 0,0210 0,0225 0,0237 0,0249 0,0259 0,0278 0,0294 0,0309 0,0323 0,0336 0,0348 13,50
I ,2 150000 0,0165 0,0190 0,0208 0,0223 0,0236 0,0248 0.0258 0,0277 0.0294 0,0309 0,0322 0,0335 0,0347 14,73
1,3 162500 0,0163 0 ,0188 0,0207 0,0222 0,0235 0.0247 0,0258 0,0276 0,0293 O,Q308 0,0322 0,0335 0.0347 15,95
1,4 175000 0,0160 0.0186 0,0206 0,022 1 0,0234 0,0246 0,0257 0,0276 0,0292 0,0307 0,0321 0,0334 0,0346 17,18
1,5 187500 0,0158 0,0185 0,0205 0,0220 0,0234 0,0245 0,0256 0,0275 0,0292 0,0307 0,0321 0,0334 0,0346 18,41
1,6 200000 0,0156 0,0184 0,0204 0,0219 0,0233 0,0245 0,0256 0,0275 0,0291 0,0307 0,0320 0,0333 0,0346 19,63
1,7 212500 0,0155 0,0183 0,0203 0,0219 0,0232 0,0244 0,0255 0,0274 0,0291 0,0306 0,0320 0,0333 0,0345 20,86
1,8 225000 0,0153 0,0182 0,0202 0,0218 0,0232 0,0244 0,0255 0,0274 0,0291 0,0306 0,0320 0,033 3 0,0345 22,09
1,9 237500 0,0 15 1 0,0181 0,0201 0,0218 0,0231 0,0243 0,0254 0,0274 0,0290 0,0306 0,0320 0,03 33 0,0345 23,32
2 250000 0.0 150 0,0 180 0 ,0201 0,0217 0,0231 0 ,0243 0,0254 0,0273 0,0290 0,0305 0,0319 0,0332 0,0345 24,54
2,1 262500 0.0 149 0,0179 0,0200 0,0217 0,0230 0,0243 0,0254 0,0273 0 ,0290 0,0305 0 ,0319 0.0332 0,0344 25,77
2.2 275000 0 ,0 147 0 ,0179 0 ,0200 0,0216 0,0230 0 ,0242 0.0253 0,0273 0,0290 0,0305 0,0319 0,0332 0,0344 27,00
2,3 287500 0,0 146 0,0178 0,0199 0,02 16 0,0230 0 ,0242 0,0253 0,0272 0,0289 0,0305 0,0319 0 ,0332 0,0344 28,23
2,4 300000 0,0145 0,0177 0,0199 0,02 15 0,0229 0,0242 0,0253 0,0272 0,0289 O,D305 0,0319 0,0332 0,0344 29,45
2,5 312500 0,0144 0,0177 0,0198 0,02 15 0,0229 0,0241 0,0253 0,0272 0,0289 0,0304 0,0318 0,0332 0,0344 30,68
2,6 325000 0,0143 0,0176 0,0 198 0,02 15 0 ,0229 0,0241 0,0252 0,0272 0,0289 0,0304 0,0318 0,0331 0,0344 3 1,91
2 ,7 337500 0,0142 0,0 176 0,01 98 0,02 14 0,0229 0,024 [ 0,0252 0,0272 0,0289 0,0304 0,0318 0,0331 0,0344 33, 13
2,8 350000 0,014 1 0,0 175 0.0197 0,0214 0,0228 0,0241 0,0252 0,027 1 0 ,0289 0,0304 0,0318 0,0331 0,0343 34,36
2,9 362500 0,0140 0.0175 0,0 197 0,0214 0 ,0228 0,0241 0,0252 0,0271 0 ,0288 0 ,0304 0,03 18 0,0331 0,0343 35,59
3 375000 0,0140 0.0174 0,0 197 0,02 14 0,0228 0,0240 0,0252 0,0271 0,0288 0,0304 0,03 18 0,0331 0 ,0343 36,82
3,1 387500 0,0 139 0.0174 0,0 196 0,0213 0 ,0228 0,0240 0.0251 0 ,027 1 0,0288 0 ,0304 0,0318 0,033 1 0 ,0343 38,04
3,2 400000 0,0 138 0,01 74 0,0196 0,0213 0,0228 0,0240 0,025 1 0,027 1 0,0288 0,0304 0,0318 0 ,033 1 0,0343 39,27
3,3 412500 0,0 137 0,0173 0 ,0 196 0,02 13 0,0227 0,0240 0,025 1 0,0271 0,0288 0,0303 0,0318 0,0331 0 ,0343 40,50
3,4 425000 0 ,0 137 0,0 173 0,0196 0,02 13 0,0227 0 ,0240 0,025 1 0,027 1 0,0288 0,0303 0,0317 0,0331 0,0343 4 1,72
3,5 437500 0,0 136 0,0 173 0,0195 0 ,02 13 0,0227 0,0240 0,025 1 0,0271 0,0288 0,0303 0,0317 0,0331 0,0343 42,95
T~laA1 B
VEL
FATORDEATRITO- f
E (mm )
Diâmetro (mm)
• 150
VAZÃO
(Us)
(m/s) Rey 0,0015 0,05 0, 1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

0,3 45000 0,0213 0,0225 0,0236 0,0245 0,0254 0,0263 0,027 1 0,0285 0,0298 0,0310 0,0322 0,0333 0,0343 5,30
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0,9 135000 0,0169 0 ,0 189 0,0204 0,0218 0,0229 0,0240 0,0249 0,0266 0,028 1 0,0294 0,0307 0,0319 0 ,0330 15,90
I 150000 0,0 165 0,0186 0,0202 0,02 16 0,0228 0,0238 0,0248 0 ,0265 0,0280 0,0294 0,0306 0,0318 0,0329 17,67
1,1 165000 0,0162 0,0184 0,020 1 0,02 15 0,0226 0,0237 0,0247 0,0264 0,0279 0,0293 O,Q305 0,0317 0,0328 19,44
I ,2 180000 0,0 159 0,0 182 0,0 199 0,02 13 0 ,0225 0,0236 0 ,0246 0,0263 0,0278 0,0292 0,0305 0,0317 0,0328 21,2 1
I ,3 195000 0,0 157 0,0180 0,0198 0,0212 0 ,0224 0,0235 0,0245 0,0263 0,0278 0,0292 0,0304 0,0316 0,0327 22,97
I ,4 210000 0,0 155 0,0179 0,0197 0,02 11 0,0224 0,0235 0,0244 0,0262 0,0277 0,029 1 0,0304 0,0316 0,0327 24,74
1,5 225000 0,0153 0,0178 0,0196 0 ,02 10 0,0223 0,0234 0 ,0244 0,0261 0,0277 0,029 1 0,0303 0,0315 0,0326 26,5 1
1,6 240000 0,0 151 0,0177 0,0195 0,02 10 0,0222 0,0233 0,0243 0,0261 0,0276 0,0290 0,0303 0 ,03 15 0,0326 28,27
1,7 255000 0,0149 0,0176 0,0194 0,0209 0,0222 0 ,0233 0,0243 0,0261 0,0276 0,0290 0,0303 0,0315 0,0326 30,04
1,8 270000 0,0 148 0,0175 0,0193 0,0208 0,0221 0,0232 0 ,0242 0,0260 0,0276 0,0290 0,0303 0,0315 0,0326 31,8 1
1,9 285000 0,0 146 0,0174 0,0 193 O,Q208 0,022 1 0,0232 0,0242 0,0260 0,0275 0,0290 0,0302 O,Q3 14 0,0325 33,58
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2,1 315000 0 ,0 144 0,0172 0,0 192 0,0207 0,0220 0 ,023 1 0,024 1 0,0259 0,0275 0,0289 0,0302 0,03 14 0,0325 37, 11
2,2 330000 0,0142 0,0172 0,0 191 0,0207 0,0220 0,023 1 0 ,024 1 0,0259 0,0275 0,0289 0,0302 0,0314 0,0325 38,88
2,3 345000 0,0141 0,0171 0,0191 0,0206 0,0219 0,0231 0,0241 0,0259 0,0275 0,0289 0,0302 0,03 14 0,0325 40,64
2,4 360000 0,0140 0,0170 0,0190 0,0206 0,0219 0,0230 0,024 1 0,0259 0,0274 0,0289 0,0301 0,03 13 0,0325 42,41
2,5 375000 0,0139 0,0170 0,0190 0,0206 0,0219 0,0230 0,0240 0,0258 0,0274 0,0288 0,030 I 0,03 13 0,0325 44, 18
2,6 390000 0,0138 0,0169 0,0190 O,Q205 0,0218 0,0230 0,0240 0,0258 0,0274 0,02 88 0,030 I 0,03 13 0,0324 45,95
2.7 405000 0,0137 0,0169 0,0189 0,0205 0,02 18 0,0230 0,0240 0,0258 0,027 4 0,0288 0,030 I 0 ,03 13 0,0324 47.71
2,8 420000 0,0137 0,0 168 0,0189 0,0205 0,0218 0,0229 0,0240 0,0258 0,0274 0 ,0288 0,0301 0,0313 0,0324 49,48
2,9 435000 0,0136 0,0 168 0,0189 0,0204 0,02 18 0,0229 0,0240 0,0258 0,0274 0,0288 0,0301 0,0313 0,0324 51 ,25
3 450000 0,0135 0,0167 0,0188 0,0204 0,02 18 0 ,0229 0,0239 0,0258 0,0274 0,0288 0,030 1 0,0313 0,0324 53,01
3,1 465000 0,0134 0,0167 0,0188 0,0204 0,0217 0,0229 0,0239 0,0258 0,0273 0,0288 0,030 1 0,0313 0,0324 54,78
3,2 480000 0,0 133 0,0167 0,0188 0,0204 0,0217 0,0229 0,0239 0,0257 0,0273 0,0288 O,Q30 1 0,0313 0.0324 56,55
3,3 495000 0,0 133 0,0166 0,0 188 0,0204 0,02 17 0,0229 0,0239 0,0257 0,0273 0,0287 0.0300 0,0312 0,0324 58,32
3,4 510000 0,0 132 0,0166 0,0 187 0,0203 0,0217 0,0 228 0,0239 0,0257 0,0273 0,0287 0,0300 0.0312 0,0324 60,08
3,5 525000 0 ,0 131 0,0166 0,0187 0,0203 0,0217 0,0228 0,0239 0,0257 0,027 3 0,0287 0,0300 0,03 12 0.0324 61,85
VEL
FA TOR DE A TRITO - f
E ( mm)
Diâmetro (mm)
• 200
VAZÃO
(mls) Rcy 0,00 15 0,05 O, I 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 60000 O,Q200 0,0210 0,0220 0,0228 0,0236 0,0244 0,0250 0,0263 0,0275 0,0285 0,0295 O,Q305 0,0314 9,42
0,4 80000 0,0188 0,0200 0,0210 0,0220 0,0 228 0,0236 0,0244 0,0257 0,0269 0,0280 0,0291 0,0300 0,0309 12,57
0,5 100000 0,0179 0,0 193 0,0204 0,0214 0,0223 0,0 232 0,0239 0,0253 0,0266 0,0277 0 ,0288 0,0298 0 ,0307 15,71
0,6 120000 0,0173 0 ,0 187 0,0200 0,021 0 0,0220 0,0228 0,0236 0,0251 0 ,0263 0,0275 0,0286 0 ,0296 O.D305 18,85
0,7 140000 0,0167 0,0183 0,0 196 0,0207 0,0217 0,0226 0,0234 0,0249 0,0262 0.0273 0,0284 0,0294 0,0304 2 1,99
0 ,8 160000 0,0163 0,0180 0,0 193 O,Q205 0,0215 0,0224 0,0232 0,0247 0,0260 0,0272 0,0283 0,0293 0,0303 25,13
0,9 180000 0,0159 0,0177 0,0 191 0,0203 0,0213 0,0223 0,0231 0,0246 0,0259 0,0271 0,0282 0,0292 0,0302 28,27
I 200000 0,0156 0,0175 0,0 189 0,020 1 0,0212 0,0221 0,0230 0,0245 0,0258 0,0270 0,0281 0,0291 O,Q30 I 31,42
1,1 220000 0,0153 0,0173 0,0 188 O,Q200 0,021 1 0,0220 0,0229 0,0244 0,0257 0,0270 0,0281 0 ,0291 O,Q301 34.56
1,2 240000 0,015 1 0,0171 0,0 186 0,0 199 0,0210 0,0219 0,0228 0,024 3 0,0257 0,0269 0 ,0280 0 ,0290 0,0300 37,70
1,3 260000 0,0148 0,0169 0,0 185 0,0198 0,0209 0,0219 0,0227 0 ,0243 0,0256 0.0268 0,0280 0,0290 0,0300 40,84
1,4 280000 0 ,0146 0,0168 0 ,0 184 0,0197 0,0208 0,0218 0,0227 0,0242 0,0256 0,0268 0,0279 0 ,0290 0 ,0299 43,98
1,5 300000 0,0145 0,0167 0,0 183 0,0 196 0,0207 0,02 17 0,0226 0 ,0242 0,0255 0,0268 0,0279 0 ,0289 0 ,0299 47,12
I ,6 320000 0,0143 0,0 166 0,0182 0 ,0 196 0,0207 0,0217 0,0226 0,0241 0,0255 0,0267 0 ,0279 0 ,0289 0 ,0299 50,27
1,7 340000 0,0141 0,0165 0,0182 0,0 195 0,0206 0,0216 0,0225 0,0241 0,0255 0,0267 0,0278 0,0289 0,0299 53.41
1,8 360000 0,0140 0,0164 0,01 81 0,0 195 0,0206 0,0216 0,0225 0,0241 0 ,0254 0,0267 0,0278 0,0289 0,0298 56,55
1.9 380000 0,0 139 0,0163 0,0180 0,0 194 O,Q205 0,0215 0,0224 0,0240 0,0254 0,0267 0,0 278 0,0 288 0,0298 59,69
2 400000 0,0137 0,0 163 0,0180 0,0 194 0,0205 0,0215 0,0224 0,0 240 0,0254 0,0266 0,0278 0,0288 0,0298 62.83
2,1 420000 0,0 136 0,0162 0,0179 0,0193 0,0205 0,02 15 0 ,0224 0,0240 0,0254 0 ,0266 0,0277 0,0288 0,0298 65,97
2,2 440000 0,0 135 0,016 1 0,0179 0,0193 0,0204 0,02 15 0,0224 0,0240 0,0253 0,0266 0,0277 0,0288 0,0298 69 , 12
2,3 460000 0,0 134 0,0 16 1 0 ,0179 0,0192 0,0204 0,02 14 0,0223 0,0239 0 ,0253 0,0266 0,0277 0,0288 0,0297 72,26
2,4 480000 0 ,0 133 0,0 160 0,017 8 0,0192 0,0204 0,02 14 0,0223 0,0239 0,0253 0,0266 0,0277 0,0288 0,0297 75,40
2,5 500000 0,0 132 0,0 160 0 ,0178 0,0192 0,0204 0,0214 0,0223 0,0239 0,0253 0,0265 0,0277 0,0287 0 ,0297 78.54
2,6 520000 0,0131 0,0 159 0,0177 0,0192 0,0203 0,02 14 0,0223 0,0239 0,0253 0,0265 0,0277 0,02 87 0,0297 8 1.68
2,7 540000 0,0130 0 ,0 159 0,0 177 0,0191 0,0203 0,0 213 0,0223 0,0239 0,0253 0,0265 0 ,0277 0 ,0287 0,0297 84.82
2,8 560000 0,0130 0,0158 0,0 177 0,019 1 0,0203 0,0213 0,0222 0,0239 0,0253 0,0265 0,0277 0,0287 0,0297 87,96
2,9 580000 0,0129 0 ,0158 0,0 177 0,019 1 0,0203 0,0213 0,0222 0,0238 0,0252 0,0265 0 ,0276 0 ,0287 0,0297 91 ,11
3 600000 0,0128 0 ,0158 0,0 176 0,0 191 0,0203 0,0213 0,0222 0,0238 0,0252 0,0265 0 ,0276 0,0287 0,0297 94,25
3,1 620000 0,0127 0 ,015 7 0,0176 0,0 190 0,0202 0,0213 0,0222 0,0238 0,0252 0,0265 0,0276 0,0287 0,0297 97,39
3,2 640000 0 ,0127 0,0157 0,0176 0,0 190 0,0202 0,02 13 0,0222 0,0238 0 ,0252 0,0265 0,0276 0,0287 0,0297 100,53
3,3 660000 0,0 126 0.0 157 0,0176 0,01 90 0,0202 0,02 12 0,0222 0,0238 0,0 252 0,0265 0,0276 0,0287 0,0297 I 03,67
3,4 680000 0 ,0 125 0,01 56 0 ,0175 0,0190 0,020 2 0 ,02 12 0,0222 0,0238 0,0252 0,0265 0,0276 0,0287 0 ,0297 106,8 1
3,5 700000 0 ,0 125 0,0 156 0,0175 0,0 190 0 ,0202 0,0212 0,022 1 0,0238 0,0252 0,0264 0,0276 0.0287 0 ,0296 109,96
r'"'''A' El
VFL
FATOR DE ATRITO - f
E (mm )
Diâmetro (mm)
• 250
VAZÃO

(m/s) Rey 0,0015 0 ,05 O, I 0 ,15 0,2 0 ,25 0 ,3 0,4 0 ,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 75000 0,0 190 0,0200 0,0208 0,0 216 0,0223 0,0230 0,0236 0,024 8 0 ,025 8 0,0268 0,0277 0 ,0286 0,0294 14,73
0,4 100000 0,0 179 0,0 190 O,Q200 0,0208 0,02 16 0,0223 0,0 230 0,0242 0,025 3 0,0263 0,0273 0,028 1 0,0290 19,63
0,5 125000 0,0171 0 ,0 183 0,0194 0 ,0203 0 ,02 12 0,02 19 0,0226 0,0239 0,025 0 0 ,0260 0,0270 0 ,0279 0,0287 24,54
0,6 150000 0 ,0165 0,01 7 8 0,0190 0 ,0 199 0 ,0208 0,02 16 0 ,0 223 0,0236 0,0248 0 ,0258 0,0268 0 ,0277 0,0286 29,45
0,7 175000 0,0160 0,0174 0 ,0 186 0 ,0197 0 ,0206 0 ,0214 0,022 1 0,0234 0,0246 0 ,0257 0 ,0267 0 ,027 6 0,0284 34,36
0,8 200000 0,0156 0,0 17 1 0 ,0 184 0 ,0194 0,0204 0,0212 0 ,02 19 0,0233 0 ,0245 0,0256 0,0266 0,0275 0,0283 39,27
0.9 225000 0 ,0 152 0,0169 0 ,0 182 0 ,0193 0,0202 0,02 10 0 ,0218 0,0232 0,0244 0,0255 0 .0265 0,0274 0,0283 44, 18
I 250000 0,0149 0,0167 0,01 80 0,01 9 1 0,0201 0 ,020 9 0,02 17 0,0231 0,0243 0,0254 0,0264 0,0273 0,0282 49,09
1,1 275000 0.0147 0,0165 0 ,0 179 0,0190 O,ü200 O,ü208 0,02 16 0,0230 0,0242 0,0253 0,0263 0,0273 0,0281 54,00
1.2 300000 0,0144 0 ,0163 0,01 77 0,0189 0 ,0 199 0,0207 0,0215 0,0229 0,0242 0,0253 0 ,0263 0,0272 0,0281 58,90
1,3 325000 0 ,0142 0,0162 0 ,0 176 0,0188 0,0 198 0.0207 0 ,02 15 0,0229 0.024 1 0,0252 0.0262 0,0272 0,028 1 63,81
1,4 350000 0,0140 0,0160 0,0 175 0,0187 0,0 197 0,0206 0,02 14 0,0228 0.0241 0,0252 0,0262 0,0271 0,0280 68,72
I ,5 375000 0,0139 0,0159 0 ,0 174 0,0 186 0,0 197 0,0206 0,02 14 0,0228 0,0240 0,0252 0,0262 0,0271 0,0280 73.63
1,6 400000 0 ,0 137 0,0158 0 ,0 174 0,0186 0 ,0 196 O,ü205 0,02 13 0,0228 0,0240 0,025 1 0,026 1 0 ,027 1 0,0280 78,54
I ,7 425000 0 ,0136 0,0157 0 ,0 173 0,01 85 0,0 196 O,Q205 0,02 13 0,0227 0,0240 0,025 1 0,026 1 0 ,0271 0 ,0280 83,45
I ,8 450000 0 ,0 134 0,01 57 0 ,0 172 0,0 185 0,0 195 0 ,0204 0 ,02 12 0,0227 0,0239 0,025 1 0 ,0261 0,0270 0,0 279 88,36
1,9 475000 0,0 133 0,0156 0 ,0172 0,0 184 0,0 195 0 ,0204 0 ,02 12 0,0227 0,0239 0,0251 0,0261 0 ,0270 0,0279 93,27
2 500000 0,0 132 0,0155 0 ,0 171 0,01 84 0,0 194 0 ,0204 0 ,02 12 0,0226 0,0239 0 ,0250 0 ,026 1 0,0270 0,0279 98, 17
2,1 525000 0,0131 0,0 154 0 ,017 1 0,01 83 0 ,0 194 0 ,0203 0,02 12 0,0226 0,0239 0,0250 0 ,0260 0,0270 0,0279 103,08
2,2 550000 0,0130 0,0 154 0,01 70 0,01 83 0 ,0 194 0 ,0203 0,021 1 0,0226 0 ,0239 0,0250 0,0260 0.0270 0,0279 107,99
2,3 575000 0 ,0129 0,0 153 0 ,0170 0 ,0 183 0,0 193 0 ,0203 0 ,021 1 0,0226 0 ,0238 0 ,0250 0,0260 0,0270 0,0279 112 ,90
2,4 600000 0,0128 0,0153 0,0169 0 ,0 182 0 ,0 193 0,0203 0 ,021 1 0,0226 0 ,0238 0 ,0250 0,0260 0,0270 0,0279 11 7,8 1
2,5 625000 0,0 127 0,0 152 0,0169 0,0182 0,0193 0,0202 0,021 1 0,0225 0 ,0238 0 ,0250 0,0260 0,0269 0,0278 122,72
2,6 650000 0 ,0126 0 ,0 152 0,0169 0,0182 0 ,0 193 0,0202 0,0211 0,0225 0,0238 0 ,0249 0,0260 0,0269 0,0278 127,63
2,7 675000 0 ,0125 0,0 151 0,0 169 0,01 82 0 ,0192 0,0202 0,0210 0,0225 0 ,0238 0,0249 0,0260 0,0269 0.0278 132,54
2,8 700000 0,0125 0,0151 0,0168 0,0181 0,0 192 0,0202 0,0210 0,0225 0,0238 0,0249 0,0260 0,0269 0,0278 137,44
2,9 725000 0 ,0124 0 ,0 151 0,016 8 0,018 1 0,0192 0,0202 0,0210 0,0225 0,0238 0,0249 0,0259 0,0269 0,0278 142.35
3 750000 0,0123 0 ,0 150 0,016 8 0,0 181 0,0192 O,Q20 I 0,0210 0 ,0225 0.0238 0.0249 0,0259 0,0269 0.0278 147 ,26
3, I 775 000 0,0 122 0,0150 0,0167 0,0 18 1 0,0 192 O,Q20 I 0,02 10 0 ,0225 0,0237 0,0 249 0,0259 0,0269 0,0278 152,17
3,2 800000 0,0 122 0 ,0 150 0,0167 0,0 18 1 0,0 192 0,0201 0,02 10 0,0225 0,0237 0,0249 0,0259 0,0269 0,0278 157,08
3,3 825000 0,0 12 1 0,0149 0 ,0 167 0,0180 0,0 191 O,Q20 I 0 ,02 10 0,0224 0,0237 0,0249 0,0259 0,0269 0,0278 16 1,99
3,4 850000 0 ,0 121 0,0149 0 ,0 167 0,0 180 0,0 191 O,ü20 I 0,0209 0,0224 0,0237 0.0249 0,0259 0,0269 0,0 278 166,90
3,5 875000 0,0 120 0,0149 0 ,0167 0 ,0 180 0 ,0 191 0 ,020 1 0,0209 0,0224 0 ,0237 0,0249 0 ,0259 0,0269 0,0278 17 1,8 1
va
FATOR DE ATRITO- f
E (mm )
D iâmetro (mm)
• 300
VAZÃO
(mls) Rcy 0,0015 0,05 0,1 0, 15 0,2 0,25 0,3 0 ,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0 ,3 90000 0,0183 0,0 192 0,0200 0,0207 0,0214 0,0220 0,0226 0,0236 0,0246 0,0255 0,0263 0,0271 0.0279 21,21
0,4 120000 0,0 172 0,0 183 0 ,0 192 0,0200 0 ,0207 0,0214 0,0220 0,023 1 0,024 1 0,025 1 0 ,0259 0 ,0267 0,0275 28,27
0 ,5 150000 0,0 165 0,01 76 0 ,0 186 0,0 195 0 ,0202 0 ,0210 0,02 16 0,0228 0 ,0238 0,0248 0,0257 0 ,0265 0,0273 35,34
0,6 180000 0,0 159 0,0 171 0,0182 0,0 191 0,0 199 0,0207 0 ,02 13 0,0225 0,0236 0,0246 0 ,0255 0,0263 0,027 1 42,4 1
0,7 2 10000 0,0 154 0,0 168 0,0179 0,0 189 0 ,0197 0,0204 0,0211 0,0224 0,0235 0,0244 0,0253 0,0262 0,0270 49,48
0,8 240000 0,0 150 0,0 165 0,0 177 0,0186 0,0 195 0,0203 0,0210 0,0222 0,0233 0,0243 0,0252 0,0261 0,0269 56,55
0,9 270000 0,0 147 0,0 162 0,0 175 0,0185 0,0 193 0,0201 O,D208 0,0221 0,0232 0,0242 0,0252 0,0260 0,0268 63,62
I 300000 0,0 144 0,0160 0,0 173 0,0183 0,0 192 0,0200 0,0207 0,0220 0,0232 0,0242 0,0251 0,0260 0,0268 70,69
1,1 330000 0,0142 0,0159 0,0 172 0,0182 0,0 191 0,0199 0,0207 0,0220 0,0231 0,0241 0,0250 0,0259 0,0267 77,75
1,2 360000 0,0140 0,0 157 0,0 170 0,018 1 0,0190 0,0 198 0,0206 0 ,0219 0 ,0230 0,024 1 0 ,0250 0 ,0259 0,0267 84,82
1,3 390000 0.0 138 0,0156 0,0 169 0 ,0180 0,0 190 0,0198 O,D205 0 ,0218 0 ,0230 0,0240 0 ,0250 0 ,0258 0,0266 91,89
1,4 420 000 0,0136 0,0155 0,0 168 0,0179 0,0189 0,0197 O,ü205 0 ,0218 0 ,0229 0,0240 0,0249 0 ,0258 0,0266 98,96
1,5 450000 0,0134 0,0153 0.0167 0 ,0 179 0,0188 0,0 197 0,0204 0,0218 0,0229 0.0239 0 ,0249 0,0258 0.0266 106,03
1,6 480000 0,0133 0,0152 0,0167 0 ,0178 0,0188 0 ,0 196 0,0204 0,0217 0,0229 0,0239 0,0249 0,0257 0,0266 113,10
1,7 5 10000 0,0131 0,0152 0,0166 0 ,0178 0,0187 0,0 196 0,0203 0,0217 0,0228 0,0239 0,0248 0,0257 0,0265 120,17
1,8 540000 0,0130 0,015 1 0,0166 0,0177 0,0 187 0,0195 0,0203 0,0217 0,0228 0,0239 0,0248 0,0257 0,0265 127,23
1,9 570000 0,0129 0,0150 0,0165 0,0 177 0,0186 0,0195 0,0203 0,0216 0,0228 0,0238 0,0248 0,0257 0,0265 134,30
2 600000 0 ,0128 0,0149 0,0164 0,0 176 0,0186 0,0195 0,020 3 0,02 16 0,0228 0 ,0238 0,0248 0,0257 0,0265 14 1,37
2,1 630000 0 ,0127 0,0149 0,0164 0,0 176 0,0186 0,01 94 0,0202 0,02 16 0,0228 0,0238 0,0248 0,0257 0,0265 148,44
2,2 660000 0 ,0 126 0,0148 0 ,0 164 0,0176 0,0186 0 ,0194 0,0202 0,02 16 0,0227 0,0238 0,0248 0 ,0256 0,0265 155,5 1
2,3 690000 0,0125 0,0 148 0,0163 0,0 175 0,0185 0,0 194 0,0202 0,02 15 0,0227 0,0238 0,0247 0.0256 0,0265 162,58
2,4 720000 0,0 124 0,0 147 0,0163 0,0175 0 ,0 185 0,0 194 0,0202 0,02 15 0,0227 0,0238 0,0247 0 ,0256 0,0264 169,65
2,5 750000 0,0 123 0,0 147 0 ,0163 0,0175 0,0 185 0,0 194 0,0201 0,0215 0,0227 0,0238 0,0247 0 ,0256 0,0264 176,71
2,6 780000 0,0 122 0,0 146 0.0 162 0,0 174 0,0 185 0,0193 0,0201 0,02 15 0 ,0227 0,0237 0 ,0247 0 ,0256 0 ,0264 183,78
2,7 810000 0,0 121 0,0 146 0,01 62 0,0174 0,01 84 0,0 193 0,020 1 0 ,0215 0 ,0227 0,0237 0,0247 0,0256 0 ,0264 190,85
2,8 840000 0,0 12 1 0,0146 0,01 62 0,0174 0,01 84 0,0193 0,020 1 0,0215 0,0227 0,0237 0,0247 0,0256 0,0264 197,92
2,9 870000 0 ,0 120 0,0145 0,016 1 0,0174 0,0184 0,0 193 0,020 1 0,021 5 0,0227 0,0237 0,0247 0,0256 0,0264 204,99
3 900000 0,01 19 0,0145 0,016 1 0,0 174 0,0184 0,0193 0,020 1 0,0214 0,0226 0,0237 0,0247 0,0256 0,0264 212,06
3,1 930000 0,0119 0,0145 0,016 1 0,0 173 0,0184 0,0193 0,0201 0,02 14 0,0226 0,0237 0,0247 0,0256 0,0264 219, 13
3,2 960000 0,0118 0,0144 0,0161 0,0 173 0,0184 0,0 192 0,0200 0,02 14 0,0226 0,0237 0,0247 0,0255 0,0264 226, 19
3,3 990000 0,0 11 8 0,0 144 0,0161 0,0 173 0,0 183 0 ,0192 O,D200 0,02 14 0,0226 0,0237 0,0247 0 ,0255 0,0264 233,26
3,4 1020000 0,0 11 7 0,0 144 0,0160 0,0173 0 ,01 83 0,0 192 0,0200 0,02 140,0226 0,0237 0 ,0246 0,0255 0 .0264 240.33
3,5 1050000 0,0 116 0,0 143 0,0 160 0 ,0 173 0,0 183 0,0 192 0,0200 0 ,0214 0 ,0226 0,0237 0,0246 0,0255 0 ,0264 247,40
va
FATORDE ATRITO - f
E (mm)
Diâmetro (mm)
• 350
VAZÃO
(m/s) Rey 0,0015 0,05 0,1 0, 15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 105000 0,0177 0,0185 0,0 193 0,0200 0,0206 0,02 12 0 ,0217 0,0227 0 .0236 0,0245 0,0253 0,0260 0,0267 28,86
0,4 140 000 0,0 167 0,0177 0,01 85 0,0 193 0,0200 0 ,0206 0,02 12 0,0222 0,0232 0,024 1 0,0249 0.0256 0.0263 38,48
0.5 175000 0,0 160 0 ,017 1 0,01 80 0.0 188 0 .0 195 0 ,0202 0,0208 0,02 19 0,0229 0,0238 0 ,0246 0,0254 0,026 1 48,11
0,6 2 10000 0,0 154 0,0166 0,01 76 0,0185 0 ,0 192 0 ,0 199 0,0205 0,02 17 0,0227 0,0236 0 ,0244 0,0252 0,0260 57,73
0,7 245000 0,0150 0,0163 0,0 173 0,0182 0,0 190 0,0197 0,0204 0,02 15 0,0225 0,0235 0,0243 0,0251 0,0258 67,35
0,8 280000 0,0146 0,0160 0,0 171 0,0180 0,0 188 0 ,0195 0,0202 0,0214 0,0224 0,0234 0,0242 0,0250 0,0258 76,97
0 ,9 3 15000 0,0143 0,0157 0,0169 0,0178 0,0187 0 ,0194 0,020 1 0,0213 0,0223 0,0233 0.024 1 0,0249 0,0257 86,59
I 350000 0,0 140 0,0155 0,0167 0,0177 0,0 185 0,0193 0,0200 0,0212 0,0223 0,0232 0,024 1 0,0249 0,0256 96,2 1
1, 1 385000 0,0 138 0,0 154 0,0166 0,0176 0 ,0184 0,0192 0,0 199 0,02 11 0,0222 0,0231 0,0240 0,0248 0,0256 105,83
1,2 420 000 0,0 136 0,0 152 0,0 165 0,0 175 0 ,0184 0,0 191 0,0 198 0,02 11 0,022 1 0,0231 0 ,0240 0,024 8 0,0256 11 5,45
1,3 455000 0,0 134 0,0 15 1 0,0 164 0,0 174 0,0 183 0,0 19 1 0,0 198 0,02 10 0,0221 0 ,0231 0,0239 0,0248 0.0255 125 ,07
1,4 490000 0,0 132 0,0 150 0,0 163 0,0 173 0,0182 0,0190 0,0197 0,0210 0,0221 0 ,0230 0,0239 0,0247 0,0255 134,70
1,5 525000 0,0 130 0,0149 0,0162 0,0 173 0,0182 0,0 190 0,0197 0,0209 0,0220 0,0230 0,0239 0,0247 0,0255 144,32
1,6 560000 0,0 129 0,0148 0,0 161 0,0 172 0,0 181 0,0189 0,0196 0,0209 0,0220 0,0230 0,0239 0,0247 0,0254 153,94
1,7 595000 0,0 128 0 ,0147 0,0161 0,0 172 0,018 1 0,0189 0,0196 0,0209 0,0220 0,0229 0,0238 0,0247 0,0254 163,56
1,8 630000 0,0 126 0,0146 0 ,0160 0,0 17 1 0 .0180 0,0188 0,0 196 0,0208 0,02 19 0.0229 0,0238 0,0246 0,0254 173, 18
1,9 665000 0,0125 0,0 146 0 ,0 160 0,0 17 1 0 ,0 180 0 ,0188 0,0 195 O,ü2 08 0 ,02 19 0,0229 0,0238 0,0246 0,0254 182,80
2 700000 0,0124 0,0 145 0,0 159 0,0 170 0 ,0180 0 ,0 188 0,0195 0,0208 0,02 19 0,0229 0 ,0238 0,0246 0,0254 192,42
2, 1 735000 0,0 123 0,0144 0,0159 0,0170 0,0 179 0,0 188 0,0195 0,0208 0,02 19 0,0229 0 ,0238 0,0246 0,0254 202,04
2 ,2 770000 0,0122 0,0144 0,0 158 0,0170 0,0179 0 ,0 187 0,0195 0,0207 0,02 19 0,0228 0,0237 0,0246 0,0254 211,66
2,3 805000 0 ,0121 0.0143 0,0158 0,0169 0,0179 0,0 187 0,0194 0,0207 0,02 18 0 ,0228 0 ,0237 0,0246 0.0253 221,29
2,4 840000 0,0121 0,0143 0,0158 0,0169 0,0179 0,0187 0,0194 0,0207 0,02 18 0,0228 0,0237 0,0246 0,0253 230,91
2 .5 875000 0,0120 0.0 142 0,01 57 0,0 169 0,0 178 0,01 87 0,0194 0,0207 0,02 18 0,0228 0 ,0237 0,0245 0,0253 240,53
2,6 9 10000 0,0 11 9 0 ,0142 0,01 57 0,0169 0,0 178 0,01 86 0,0194 0,0207 0,0218 0,0228 0 ,0237 0,0245 0,0253 250, 15
2,7 945000 0,01 18 0 ,0 142 0,01 57 0,0168 0,01 78 0,01 86 0,0194 0,0207 0,02 18 0,0228 0 ,0237 0 ,0245 0,0253 259,77
2,8 980000 0,01 18 0,014 1 0,01 56 0,0168 0,0 178 0,01 86 0 ,0 194 0,0207 0,0218 0,0228 0,0237 0,0245 0,0253 269,39
2,9 1015000 0,0 11 7 0,0 14 1 0,01 56 0,0 168 0,0 178 0,0 186 0,0 193 0,0206 0 ,02 18 0 ,0228 0,0237 0,0245 0 ,0253 279,01
3 1050000 0 ,0 11 6 0,0140 0,0 156 0 ,0168 0,0 177 0,0186 0 ,0 193 0,0206 0,0218 0.0228 0 ,0237 0 ,0245 0 ,0253 288,63
r-·
3,1 1085000 0,01 16 0 ,0140 0,0 156 0 ,0168 0,0 177 0,0186 0,0 193 0,0206 0,02 18 0,0228 0 ,0237 0 ,0245 0,0253 298,25
3,2 11 20000 0,01 15 0,0140 0,0156 0 ,0 167 0,0177 0,0 186 0,01 93 0,0206 0,02 17 0,0227 0,0237 0,0245 0 ,0253 307,88
3,3 11 55000 0,0 11 4 0,0 140 0,0 155 0,01 67 0,0 177 0,0 185 0 ,01 93 0,0206 0,02 17 0,0227 0,0236 0,0245 0,0253 3 17,50
3,4 11 90000 0,0 114 0,01 39 0,0 155 0,01 67 0,0 177 0,01 85 0,0 193 0,0206 0,02 17 0 ,0227 0,0236 0,0245 0,0253 327, 12
1225000 0,0 113 0,01 39 0 ,0 155 0 ,0 167 0,0 177 0,0185 0,0193 0,0206 0,0217 0 ,0227 0,0236 0,0245
- 3,5- 0,0253 336,74
\IN..
FATORDEATRITO- f
E (mm)
Diâmetro (mm)
• 400
VAZÃO
(m's) Rey 0,0015 0,05 0,1 0, 15 0 ,2 0 ,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0 ,8 0,9 (Us)

0,3 120000 0,0172 0 ,0180 0,0 187 0,0194 0,0200 O,Q205 0,02 10 0,0220 0 ,0228 0,0236 0,0244 0,0251 0,0257 37,70
0,4 160000 0 ,0163 0 ,0 172 0,0 180 0,0187 0,0193 0,0199 O,Q205 0,02 15 0,0224 0 ,0232 0,0240 0,0247 0,0254 50,27
0,5 200000 0,0 156 0 ,01 66 0,0 175 0,0182 0,0189 0,0196 0,0201 0,02 12 0,022 1 0 ,0230 0,0238 0,0245 0,0252 62,83
0,6 240000 0,0 150 0,0162 0,0 171 0,0179 0,0186 0,0 193 0,0 199 0,02 10 0,02 19 0 ,0228 0,0236 0,0243 0,0250 75,40
0,7 280000 0 ,0 146 0 ,0158 0,0168 0 ,0177 0,0184 0,019 1 0,0197 O,Q208 0,02 18 0,0227 0,0235 0,0242 0,0249 87,96
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0,9 360000 0 .0 139 0,0153 0,0 164 0,0173 0,0181 0 ,0188 0,0 195 0,0206 0,02 16 0.0225 0,0233 0,0241 0,0248 113,10
I 400000 0,01 37 0,0151 0,0163 0,0 172 0,0180 0 ,0 187 0.0194 0,0205 0 ,021 5 0,0224 0,0232 0,0240 0,0247 125,66
1, 1 440000 0 ,0 135 0 .0150 0,0161 0,0 171 0,0179 0,0 186 0 ,0 193 0,0204 0 ,02 15 0 ,0224 0,0232 0,0240 0,0247 138 ,23
1,2 480000 0 ,0 132 0,0 148 0,0160 0,0 170 0,0 178 0,0 185 0,0 192 0,0204 0,0214 0,0223 0,023 1 0,0239 0.0246 150,80
1,3 520000 0,0131 0,01 47 0 ,0 159 0,0169 0 ,01 77 0,0185 0 ,0 192 0 ,0203 0,0214 0,0223 0 ,0231 0,0239 0,0246 163 ,36
1,4 560000 0,0 129 0.0 146 0 ,0158 0,0168 0,0177 0,0184 0,0 191 0 ,0203 0,0213 0,0222 0 ,023 1 0,0239 0,0246 175,93
1,5 600000 0,0 127 0,0145 0,0 158 0,0168 0,0176 0,0184 0,0 191 0 ,0203 0 ,02 13 0,0222 0,0231 0,0238 0 ,0246 188,50
1.6 640000 0.0126 0,0144 0,0 157 0,0 167 0,0176 0,0 183 0,0190 0,0202 0,0213 0,0222 0,0230 0,0238 0 ,0245 20 1,06
1,7 680000 0,0125 0,0143 0 ,01 56 0,0167 0,0175 0,0183 0,0190 0,0202 0 ,02 12 0 ,0222 0,0230 0 ,0238 0,0245 213,63
1,8 720000 0,0 124 0,0142 0,0 156 0 ,0166 0,0 175 0,0183 0,0190 0,0202 0,0212 0,022 1 0,0230 0,0238 0,0245 226, 19
1,9 760000 0,0122 0,0142 0 ,0 155 0 ,0 166 0,0175 0 ,0182 0,0189 0.0201 0,0212 0,022 1 0,0230 0,0238 0,0245 2 38,76
2 800000 0,012 1 0 ,0141 0,0155 0,0 165 0,0 174 0 ,0 182 0,0189 0,020 1 0 ,02 12 0,0221 0,0230 0,0237 0,0245 251 ,33
2, 1 840000 0 ,0 120 0 ,0 141 0,0154 0,0 165 0,0174 0 ,0 182 0 ,0 189 0,0201 0 ,02 11 0,0221 0,0229 0,0237 0,0245 263,89
_2,2 880000 0 ,0 119 0,0140 0 ,0 154 0,0 165 0 ,0 174 0 ,0 182 0,0 189 0,0201 0,02 11 0.022 1 0 ,0229 0 ,0237 0,0244 276,46
2,3 920000 0,0119 0,0 139 0,0154 0,0164 0,0173 0,01 8 1 0 ,0 188 0,0201 0 ,0211 0,022 1 0 ,0229 0 ,0237 0,0244 289,03
2,4 960000 0,0 1 18 0,0 139 0,0 153 0,0164 0,0 173 0,018 1 0,0 188 0 ,0200 0 ,02 11 0,0220 0,0229 0 ,0237 0 ,0244 301,59
2,5 1000000 0,0 117 0,0139 0,0 153 0,0 164 0,0173 0,01 8 1 0,0 188 O,D200 0 ,021 1 0 ,0220 0,0229 0,0237 0 ,0244 3 14,16
2,6 1040000 0,0116 0,0 138 0,0 153 0,0 164 0,0173 0,0 181 0,018 8 0,0200 0,0211 0,0220 0,0229 0 ,0237 0,0244 326,73
2.7 1080000 0,0 11 6 0,0 138 0 ,0 152 0 ,0163 0,0173 0 ,0 181 0,0188 0,0200 0.0211 0 ,0220 0,0229 0,0237 0,0244 339,29
2,8 1120000 0,0 11 5 0 ,0 137 0,0152 0.0 163 0,0 172 0 ,0 180 0,01 88 0,0200 0.02 11 0,0220 0,0229 0,0237 0,0244 351,86
2,9 1160000 0 ,0 114 0 ,0 137 0,0152 0,0 163 0,01 72 0,0 180 0 ,0 187 0,0200 0,02 10 0,0220 0,0229 0,0236 0,0244 364,42
3 1200000 0,0 114 0,0137 0 ,0152 0,0 163 0,0 172 0,0 180 0,0187 0,0200 0,0210 0,0220 0 ,0228 0 ,0236 0,0244 376,99
3, 1 1240000 0,0113 0 ,0 137 0,0151 0,0163 0 ,0 172 0,0180 0,0 187 0,0200 0,02 10 0,0220 0 ,0228 0 ,0236 0,0244 389,56
3,2 1280000 0,0 112 0,0 136 0 ,0 151 0,0 163 0,0172 0,0180 0,0 187 O,Q200 0,0210 0,0220 0,0228 0,0236 0 ,0244 402,12
3,3 1320000 0,0 112 0,0136 0 ,0 151 0,0 162 0 ,0172 0,0180 0,0 187 0,0 199 0,0210 0,0220 0 ,0228 0,0236 0,0244 4 14,69
3,4 1360000 0,0 111 0 ,0136 0,0 15 1 0 ,0 162 0,0172 0,0180 0,0 187 0,0 199 0,02 10 0 ,0220 0,0228 0,0236 0,0244 427,26
3,5 1400000 0,01 11 0 ,0136 0,015 1 0,0162 0,0 17 1 0 ,0180 0,0187 0,0199 0.02 10 0 ,0220 0,0228 0,0236 0,0244 439,82
VEL
F AT OR D E ATRITO - f
E (mm)
Diâmetro (mm)
• 450
VAZÃO
(m/s) Rey 0,0015 0,05 0, 1 0, 15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

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0,8 360000 0,0 139 0,0 152 0,0 162 0 ,0170 0,0 178 0 ,0184 0,0190 0,0201 0,0210 0,0219 0,0227 0,0234 0,0241 127,23
0,9 405000 0,0136 0,0150 0,0 160 0,0 169 0,0 176 0 ,0 183 0,0189 0,0200 0,0210 0,0218 0,0226 0,0233 0,0240 143 ,14
I 450000 0,0 134 0,0148 0,0159 0,0 167 0,0 175 0,0182 0,0188 0,0199 0,0209 0,0218 0,0225 0,0233 0,0239 159,04
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I ,2 540000 0,0 130 0,0145 0,0156 0,0166 0,0 173 0,0 181 0,0187 0,0 198 0,0208 0,0217 0.0224 0,0232 0,0239 190,85
I ,3 585000 0,0128 0,0144 0,0 155 0,0165 0,0 173 0,0180 0,0186 0,0198 0,0207 0,0216 0,0224 0,0232 0,0238 206,76
1,4 630000 0,0 126 0,0142 0,0 154 0,0164 0,0 172 0,0 179 0,0186 0,0 197 0,0207 0,0216 0,0224 0,0231 0,0238 222 ,66
I ,5 675000 0,0 125 0,0141 0,0154 0,0163 0,0 172 0,0 179 0,0185 0,0 197 0,0207 0,0216 0,0224 0,0231 0,0238 238 ,56
1,6 720000 0,0123 0,0141 0,0153 0 ,0163 0,01 71 0,0178 0,0185 0,0196 0,0206 0,0215 0,0223 0,0231 0,0238 254 ,47
I ,7 765000 0,0 122 0,0140 0,0152 0,0162 0,0 171 0,0178 0,0185 0,0 196 0,0206 0,0215 0,0223 0,0231 0,0238 270,37
I ,8 810000 0,0121 0,0139 0,0152 0,0162 0,0170 0,0178 0,0184 0,0196 0,0206 0,02 15 0,0223 0,0230 0,0237 286 ,28
I ,9 855000 0,0120 0,0138 0,0151 0,0162 0,0170 0,0177 0,0184 0,0196 0,0206 0 ,02 15 0,0223 0,0230 0,0237 302,18
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2,2 990000 0,01 17 0,0137 0,0150 0,016 1 0,0169 0,0177 0,0 183 0,0195 0,0205 0,0214 0,0222 0,0230 0,0237 349,89
2,3 1035000 0,0116 0,0136 0,01 50 0,0 160 0,01 69 0,0176 0,0183 0,0195 0,0205 0,0214 0,0222 0,0230 0,0237 365,80
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2,5 1125000 0,01 15 0,0 135 0,0 149 0,0 160 0,0 169 0,0 176 0,0183 0,0 195 0,0205 0,02 14 0,0222 0,0230 0,0237 397,61
2,6 1170000 0,0 11 4 0,0 135 0 ,0 149 0,0 160 0,0 168 0,0176 0,0 183 0,0 195 0,0205 0,02 14 0,0222 0,0229 0,0236 413,5 1
2,7 1215000 0,0 113 0,0135 0,0149 0,0159 0,0168 0,0176 0,0183 0,0194 0,0205 0,0214 0,0222 0,0229 0,0236 429,42
2,8 1260000 0,0113 0,0134 0,0148 0,0159 0,0168 0,0176 0,0 182 0,0194 0,0205 0,0214 0,0222 0,0229 0,0236 445 ,32
2,9 1305000 0,0112 0,0134 0,0148 0,0 159 0,0168 0,0175 0,0182 0,01 94 0,0204 0,0213 0,0222 0,0229 0,0236 461,23
3 1350000 0,0111 0,0134 0,0148 0,0159 0,0 168 0,0 175 0,0182 0,0 194 0,0204 0,0213 0,0222 0,0229 0,0236 477,13
3,1 1395000 0,0111 0,0133 0 ,01 48 0,0 159 0 ,0 168 0,0 175 0,0182 0,0194 0,0204 0,0213 0,0222 0,0229 0,0236 493,03
3,2 1440000 0 ,0 11 0 0,0 133 0,0 148 0,0158 0,0 167 0,0175 0,0 182 0,0 194 0,0204 0,0213 0,0221 0,0229 0,0236 508,94
3,3 1485000 0,01 10 0,0 133 0,0147 0,0158 0,0167 0,0 175 0,0 182 0,0194 0,0204 0,0213 0,0221 0,0229 0,0236 524,84
3,4 1530000 0,0109 0,0133 0,0147 0,0158 0,0 167 0,0175 0,0182 0,0 194 0,0204 0,0213 0,0221 0,0229 0,0236 540,75
3,5 1575000 0,0109 0,0 132 0,0147 0,0158 0,0 167 0,0 175 0,0182 0,0194 0,0204 0,02 13 0,0221 0,0229 0,0236 556,65
va
FATORDEATRITO- f
E (mm )
D iâmetro (mm)
• 500
VAZÃO
(m/s) Re y 0,0015 0 ,05 0,1 0,15 0,2 0 ,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 150000 0,0165 0,0172 0 ,0178 0,0184 0,0 190 0,0195 0,0 199 O,ü208 0,0216 0.0223 0,0230 0 ,0236 0,0242 58,90
0,4 200000 0,0156 0,0164 0,0171 0,0178 0,0 184 0,0189 0,0 194 0,0204 0,0212 0,0219 0,0226 0,0233 0,0239 78,54
0,5 250000 0,0149 0,0158 0,0167 0,0174 0,0 180 0,0186 0.0 191 0,0201 0,0209 0,0217 0,0224 0,0231 0,0237 98,17
0,6 300000 0,0144 0,0154 0,0163 0,0171 0,0177 0,0183 0,0 189 0,0199 0,0207 0,0215 0,0223 0,0229 0,0236 117,81
0,7 350000 0,0140 0,015 1 0,0 160 0,0 168 0,0175 0,018 1 0,0187 0,0197 .0,0206 0,0214 0 ,0222 0,0228 0,0235 137,44
0,8 400000 0,0 137 0,0149 0,0158 0,0166 0,0174 0,0 180 0,0186 0,0196 O,ü205 0,0213 0,022 1 0,0228 0,0234 157,08
0,9 450000 0,0 134 0,0146 0,0157 0,0165 0,0172 0,0 179 0,0185 0,0195 0,0204 0,0212 0,0220 0,0227 0,0233 176,7 1
I 500000 0,01 31 0,0145 0,0155 0,0 164 0 ,0171 0,0178 0,0184 0,0 194 0,0204 0,02 12 0,0219 0,0226 0,0233 196,35
1,1 550000 0,0129 0,0 143 0,0 154 0,0 163 0,0170 0,0177 0,0183 0,0 194 0,0203 0,02 11 0,0219 0,0226 0,0232 2 15,98
1,2 600000 0 ,0 127 0,0142 0,0 153 0,0162 0,0 169 0,0 176 0,0182 0,0193 0 ,02ü:"l 0,0211 0,0219 0,0226 0,0232 235,62
1,3 650 000 0 ,0 126 0,0 14 1 0,0152 0,0161 0,0169 0,0176 0,0182 0,0193 0 ,0202 0,0211 0,0218 0,0225 0,0232 255,25
1,4 700000 0,0124 0,0140 0 ,0151 0.0160 0.0 168 0 ,0175 0,0 181 0,0192 0,0202 0,0210 0,0218 0 ,0225 0,0232 274,89
1,5 750000 0,0 123 0,0139 0,0150 0,0160 0,0 168 0,0175 0,0 181 0,0192 0,0201 0,0210 0,0218 0.0225 0,0231 294,52
1,6 800000 0,012 1 0,0138 0,0 150 0.0 159 0,0167 0,0174 0,0181 0,0192 0,0201 0,0210 0,0217 0,0225 0,0231 314,16
1.7 850000 0,0120 0.0 137 0,0 149 0,0159 0,0167 0,0 174 0,0180 0,0191 0,0201 0,0209 0,0217 0,0224 0,0231 333,79
1,8 900000 0,0119 0,0136 0,0149 0,0158 0,0166 0,0 174 0,0180 0,0191 0,0201 0 ,0209 0 ,0217 0,0224 0,023 1 353,43
1,9 950000 0,0 11 8 0,0136 0,0 148 0,0 158 0,0 166 0,0173 0,0180 0,0 19 1 O,ü200 0,0209 0,02 17 0,0224 0,0231 373,06
2 1000000 0,0 117 0,0135 0.0148 0,0 158 0 ,0166 0,0 173 0,0179 0,0 19 1 0,0200 0,0209 0,0217 0,0224 0,0231 392,70
2, 1 1050000 0 ,01 16 0,0 135 0,0 147 0,0157 0,0166 0,0173 0,0179 0,0 190 O,ü200 0,0209 0,0217 0,0224 0,0230 4 12,33
2,2 1100000 0,01 15 0,0134 0,0147 0,0157 0,0 165 0 ,0 173 0,0 179 0 ,0190 O,ü200 0,0209 0,0216 0,0224 0,0230 43 1,97
2,3 1150000 0.0 114 0 ,0134 0,0147 0,0157 0,0 165 0,0172 0,0 179 0,0190 0,0200 O,ü208 0,0216 0,0224 0,0230 451,60
2,4 1200000 0,0113 0,0133 0,0146 0,0156 0,0165 0,0 172 0,0179 0,0190 0,0200 O,ü208 0,02 16 0,0223 0,0230 471,24
2,5 1250000 0,0 11 3 0,01 33 0,0146 0,0 156 0,0165 0,0 172 0,0178 0,0 190 0,0200 0,0208 0,0216 0,0223 0.0230 490,87
2,6 1300000 0,0 11 2 0,0132 0,0 146 0,0 156 0 ,0164 0,0 172 0,0178 0,0 190 0 ,0 199 O,ü208 0,0216 0,0223 0.0230 5 10,51
2,7 1350000 0 ,0 111 0,0 132 0,0 145 0,0156 0,01 64 0,0172 0,0 178 0,0190 0 ,0 199 O,ü208 0,0216 0 ,0223 0,0230 530,14
2,8 1400000 0,01 11 0 ,0 132 0 ,0 145 0,0156 0,0164 0,01 7 1 0,0 178 0,0189 0,0199 0,0208 0,02 16 0,0223 0,0230 549,78
2,9 1450000 0,0 110 0,0131 0 ,0145 0,0155 0,0 164 0 ,0171 0,0 178 0,0189 0,0199 O,Q208 0,0216 0,0223 0,0230 569.41
3 1500000 0.0110 0,013 1 0,0145 0,0155 0,0164 0,0171 0,0178 0,0189 0,0 199 O,ü208 0,02 16 0,0223 0,0230 589,05
3,1 1550000 0,0 109 0,0131 0,0145 0,0 155 0 ,0164 0,0171 0,0 178 0,0 189 0,0199 0,0208 0,0216 0,0223 0,0230 608,68
3,2 1600000 0,0 108 0,0 131 0,0 144 0,0 155 0,0 164 0,0 171 0,0178 0,0 189 0,0199 0,0208 0,02 16 0,0223 0,0230 628,32
3,3 1650000 0,0108 0,0 130 0,0 144 0,0155 0,0 163 0,0171 0,0178 0,0189 0,0199 O,Q208 0,0216 0,0223 0,0230 647,95
3,4 1700000 0,0107 0,0130 0,0 144 0,0155 0,0 163 0 ,0 17 1 0,0 177 0 ,0189 0,0199 0,0208 0,0215 0,0223 0,0230 667,59
3,5 1750000 0,0 107 0,0130 0,0 144 0,0 154 0,0 163 0,017 1 0,0 177 0 ,0189 0,0 199 O,Q208 0,02 15 0,0223 0,0229 687,22
203

TABELAA2

VEL
PERDA DE CARGA UNITÁRIA - J(m'lOOm)
E (mm)
D iâmet ro (mm)
• 50
VAZÃO
(mfs) Re y 0 ,00 15 0,0 5 0 ,1 0, 15 0,2 0 ,25 0 ,3 0,4 0 ,5 0,6 0,7 0 ,8 0,9 (Us)

0.3 15000 0,256 0.274 0,29 1 0,306 0,320 0,333 0,345 0,368 0,389 0,408 0.427 0.444 0,46 1 0.59
0 .4 20000 0,423 0,459 0,492 0,521 0,547 0 ,572 0,595 0,637 0,676 0,711 0 ,745 0,777 0,808 0,79
0,5 25000 0,626 0,689 0,743 0,79 1 0,834 0,874 0,911 0,979 1,040 1,097 1,15 1 1,201 1,250 0,98
0 ,6 30000 0,863 0,960 1,043 1, 115 1,1 80 1,239 1,293 1,393 1.483 1,566 1,644 1,717 1,787 1.18
0 ,7 35000 1,133 1,275 1.393 I ,494 1,584 1,666 1,74 1 1,879 2 ,003 2,1 17 2,224 2,325 2,42 1 1,37
0 ,8 40000 I ,435 1,63 1 1,791 1,927 2,047 2, 156 2,256 2,438 2,60 1 2,751 2,892 3,024 3, 150 1,57
0,9 45000 1,768 2,030 2 ,238 2,414 2,568 2,708 2,836 3,068 3,277 3,468 3,647 3,8 15 3,975 1,77
I 50000 2,133 2,469 2 ,734 2,955 3, 148 3,322 3 ,482 3,77 1 4,030 4,267 4,489 4,697 4,895 1,96
1,1 55000 2,527 2,950 3,278 3,549 3,786 3,999 4, 194 4,546 4,861 5,149 . 5,4 18 5,671 5,91 1 2, 16
1,2 60000 2,951 3,473 3 ,870 4, 198 4,483 4,738 4 ,9 72 5,393 5,769 6, 114 6,434 6,736 7,022 2,36
1,3 65000 3,405 4,0 36 4 ,5 11 4,900 5,237 5,539 5 ,816 6,3 12 6,7 55 7,16 1 7,538 7 ,893 8,229 2,55
1.4 70000 3,887 4,641 5 ,200 5 ,656 6,05 1 6,403 6,725 7,303 7 ,8 19 8,290 8,729 9,141 9.532 2,75
I ,S 75000 4 ,398 5,286 5 ,938 6 ,466 6,922 7 ,329 7,7 00 8,366 8 ,9 60 9,502 10,007 10,48 1 10 ,930 2,95
1,6 80000 4,937 5,973 6,723 7,330 7,852 8,3 17 8,7 4 1 9,50 1 10,179 10,797 11 ,3 72 11 ,9 12 12 ,424 3,14
1,7 85000 5,504 6,700 7,5 57 8.247 8,840 9 ,3 67 9,84 8 10,709 11,475 12, 174 12,824 13,434 14,013 3,34
I ,8 90000 6,099 7,468 8,439 9,2 18 9,886 I 0,480 11 ,020 l i ,988 12,84 8 13,634 14,363 15,048 15,698 3,53
I ,9 95000 6,721 8,277 9,3 69 10,243 10,990 11,654 12,259 13,339 14,300 15,176 15,990 16,754 17.478 3,73
2 100000 7,371 9,126 10,348 11,32 1 12, 153 12,891 13,562 14,762 15,828 16,801 17,703 18,551 19.354 3,93
2, 1 10 5000 8.047 10,0 16 11,374 12,453 13,374 14,190 14,932 16,257 17,435 18,508 19,504 20,439 21,325 4, 12
2,2 11 0000 8,75 1 10,947 12,449 13,639 14,653 15,55 1 16,367 17,825 19,119 20,298 21 ,392 22,4 19 23,392 4,32
2,3 115000 9,480 11,9 18 13,57 1 14,878 15,990 16,975 17.869 19,464 20,880 22, 170 23.367 24,490 25,554 4,52
2,4 120000 10,237 12,930 14,742 16, 17 1 17,385 18,460 19,435 21,175 22.7 19 24. 125 25,429 26.652 27.8 12 4,7!
2,5 125000 11 ,0 19 13,983 15.96 1 17,5 17 18,839 20,008 2 1.068 22,958 24,635 26, 162 27,578 28,907 30, 165 4,9 1
2,6 130000 11,828 15,076 17,228 18,917 20,351 2 1,6 18 22,766 24,8 13 26,629 28,282 29,8 14 3 1,252 32.6 14 5,1 1
2,7 1350 00 12,663 16,209 18.543 20,3 7 1 2 1,921 23,290 24,530 26.740 28,700 30,484 32, 137 33,689 35, 159 5,3 0
2,8 1400 00 13,523 17,383 19,906 2 1,878 23,549 25,024 26,360 28,740 30,849 32,769 34,548 36,2 17 37,798 5,50
2.9 145000 14,4 1o 18,597 2 1,3 17 23,439 25,235 26,820 28,255 30,8 11 33,075 35, 136 37,045 38,s:n 40,534 5,69
3 150000 15,32 1 19,852 22,776 25,0 54 26,979 28,678 30,2 16 32,954 35,379 37,585 39,630 4 1.54 8 43,365 5,89
3, 1 155000 16,259 21, 148 24,283 26,722 28,782 30,598 32,242 35, 169 37,760 40 ,1 17 42,302 44,35 1 46,291 6,09
3,2 16000 0 17,22 1 22,484 25.838 28,443 30,643 32,58 1 34,335 37,456 40,2 18 42,732 45.060 47,244 49,313 6.28
3,3 165000 18,209 23,860 27,44 1 30,2 18 32,561 34,626 36,493 39,814 42,755 45,429 47,906 50,230 52.430 6,48
3,4 170000 19,222 25,276 2 9,092 32.047 34,538 36,732 38,7 16 42,245 45,368 48,209 50,839 53,307 55,643 6,68
3,5 175000 20 ,260 26,733 30,79 1 33,929 36,574 38,90 1 4 1,006 44 ,748 48,059 5 1,071 53,859 56,475 58,951 6,87
VEL
PERDA DE CA RGA UNITÁRIA- J(m'lOOm)
E ( mm )
Diâmetro (mm)
• 75
VAZÃO
(m/s) Rey 0,0015 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0 ,9 (Us)

0,3 22500 0.154 0, 164 0,173 0,18 I 0,189 0,196 0 ,202 0,215 0,226 0,237 0,247 0,256 0,265 I ,33
0,4 30000 0,255 0,275 0,293 0,309 0,324 0,337 0,350 0,372 0,393 0,4 13 0,43 I 0,448 0,464 1,77
0 ,5 37500 0,379 0,4 I 3 0,444 0,470 0,494 0,515 0,536 0,573 0,606 0,637 0,666 0,693 0,7 I 8 2,21
0 ,6 450 00 0,523 0,577 0,623 0,663 0,699 0,73 I 0,761 0,8 15 0,864 0,909 0,95 I 0,990 I ,028 2,65
0,7 52500 0,688 0 ,767 0,833 0,889 0,939 0,984 I ,025 1,100 I ,168 1,229 I ,287 I ,34 I I ,392 3,09
0,8 60000 0,872 0,982 1,071 I ,147 1,213 1,273 I ,328 I ,428 I ,5 I 7 I ,598 1,673 1,744 I ,8 I I 3 ,53
0,9 67500 1,077 I ,223 I ,339 I ,437 I ,523 1,600 1,670 1,797 I ,9 I I 2,014 2,110 2,20 1 2,286 3.98
I 75000 1,300 I ,488 I ,636 1.759 I ,867 I ,963 2,05 1 2,209 2,350 2,479 2,598 2,7 10 2,816 4,42
1, 1 82500 1,541 1.779 I ,962 2,1 14 2,245 2,363 2,47 I 2,663 2,835 2,991 3,136 3,272 3,400 4.86
1,2 90000 I ,80 2 2.095 2,318 2,500 2,659 2,800 2,929 3,160 3,365 3,552 3,725 3,887 4,040 5,30
I ,3 97500 2,080 2,435 2,702 2,9 I 9 3,107 3,274 3,426 3,699 3 ,941 4, 160 4,364 4,554 4,734 5,74
1,4 105000 2,376 2,801 3, 1 15 3,370 3,590 3,785 3,963 4,280 4,561 4,8 I 7 5,053 5 ,275 5,484 6,19
1.5 I 12500 2,690 3.19 I 3,557 3,853 4,107 4,333 4,538 4,903 5,227 5,522 5,794 6,048 6 ,288 6,63
1,6 120000 3,02 1 3,60 6 4,028 4 ,368 4,659 4,917 5,15 I 5,569 5,938 6,274 6,584 6,874 7,148 7,07
I ,7 127500 3,370 4,046 4,529 4 ,915 5,245 5,538 5,804 6,277 6,695 7,075 7,425 7,753 8,063 7,5 I
I ,8 135000 3,736 4,510 5,058 5,494 5,867 6,196 6,495 7,027 7,497 7,923 8,317 8,685 9,032 7,95
1,9 142500 4,1 19 4,999 5,6 16 6.105 6,522 6,89 1 7,225 7,819 8,344 8,820 9,259 9,669 10,057 8,39
2 150000 4,5 I 9 5 ,5 13 6,202 6,748 7,213 7,623 7,994 8,654 9,236 9,764 10,25 1 10,707 11,136 8,84
2, 1 157500 4 ,936 6,052 6,818 7,424 7,937 8,39 I 8,80 1 9,530
10, 174 10,756 11 ,294 I 1,797 12,271 9.28
2.2 165000 5,369 6,6 15 7,463 8, 13 I 8,697 9 ,196 9,64810,449 I I ,156 I I ,797 12,388 12,940 13.460 9,72
2 ,3 172500 5,819 7,202 8, 136 8,870 9,49 I 10,038 10,533 I 1,4 1 I 12,184 12,885 13 ,532 14,135 14,705 10,16
2,4 180000 6,285 7,814 8,838 9,641 10,320 10,91 7 I 1,457 12,414 I 3,258 14,022 14 ,726 I 5.384 16,004 10,60
2,5 187500 6,767 8,45 I 9,570 I0,444 11,183 11 ,83 3 12,4 I 9 13,460 14,376 15,206 15,971 16,685 I 7,359 I 1,04
2,6 195000 7,266 9,112 10,330 I 1,279 12,080 12,785 13,421 14,548 15,540 16,438 17,266 18,039 18,768 I 1,49
2,7 20 2500 7,78 1 9,798 I 1,1 19 12, 146 13,0 13 13,774 14,46 I 15,678 16,749 I 7,718 18,6 12 I 9,446 20,233 11,93
2,8 2 10000 8,3 12 10 ,508 1 I ,936 13.045 I 3,980 14,800 15,540 16,850 18,003 19,047 20,008 20 ,906 21,7 52 12,37
2,9 217500 8,859 I 1,243 12,783 13,977 14,98 1 15,863
16,657 I 8,065 I 9,303 20,423 2 1,455 22,4 I 8 23,327 12,81
3 225000 9,422
12 ,002 13,658 14,940 16,017 16,962 17 ,8 14 19,322 20,648 21,847 22,952 23,983 24,956 13,25
3, 1 232500 10,001 12,786 14,562 15.935 17,087 18,098 19,009 20,62 1 22,038 23,3 19 24,500 25,602 26,640 13,70
3,2 240000 10,595 13,594 15,495 16,962 18, 192 19,271 20,243 21,962 23,473 24,839 26,098 27,272 28,380 14. 14
3,3 247500 1 1,205 14 ,427 I 6,457 18,021 19,332 20,481 21,5 15 23,345 24,953 26,407 27,746 28,996 30, 174 14,58
3,4 255000 I 1,83 I 15,284 I 7,448 19,1 12 20,506 2 1,727 22,827 24,77 1 26,479 28,023 29,445 30,772 32,023 15,02
3,5 262500 12,472 16,166 18,467 20,234 2 I ,714 23,010 24, 177 26,239 28,050 29 ,687 3 1,194 32,601 33,927 I 5,46
ToboloA2 B
VEL
(m/s) Rey 0,0015 0,05
PERDA DE CA RGA UNITÁRIA - J(m'l OOm)

0,1 0,15
E (mm )
0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6
D iâmetro (mm)

0 ,7 0,8 0 ,9
• 100
VAZÃO
(Us)

0,3 30000 0,108 0,1 14 0, 120 0,125 0, 130 0 ,135 0,139 0 ,147 0, 155 0, 162 0, 168 0,174 0 ,180 2,36
0,4 40000 0,179 0,192 0,204 0,2 14 0,224 0,233 0,24 1 0,256 0.269 0,282 0,294 0,30 5 0,315 3. 14
0,5 50000 0,266 0,289 0,3 09 0,326 0,342 0 ,356 0,369 0,393 0,415 0,435 0,454 0,471 0,488 3,93
0,6 60000 0,368 0,404 0,434 0,460 0,484 0,505 0,525 0,560 0,592 0,62 1 0,649 0,674 0,698 4,71
0,7 70000 0,484 0,537 0,580 0,617 0,650 0,680 0,707 0,756 0,800 0,84 1 0,878 0,913 0,946 5,50
0,8 80000 0,6 15 0,687 0,747 0,797 0,840 0,880 0,9 16 0,981 1,040 1,093 1,142 1,188 1,231 6,28
0,9 90000 0 ,759 0,856 0,933 0,998 1,055 1,106 1,152 1,236 1,310 1,378 I ,440 1,498 1,554 7,07
1 100000 0 ,917 1,042 1,141 1,222 1,293 1,357 1,415 I ,5 19 1,611 1,695 1,773 1,845 1,9 14 7,8 5
1,1 110000 1,088 1,246 1,368 1.469 1,556 1,634 I ,705 I ,832 1,944 2,046 2,140 2,228 2,311 8,64
1.2 120000 1,272 1,468 1,6 16 1,738 1,843 1,936 2,02 1 2,173 2,308 2,429 2,542 2,647 2,746 9,42
1,3 130000 1,469 1,707 1,884 2,029 2, 153 2,264 2,365 2 ,544 2,702 2,846 2 ,978 3,102 3,2 18 10,2 1
1,4 140000 1,679 1,963 2,173 2,343 2,488 2,617 2,735 2 ,944 3,128 3,295 3,449 3,592 3 ,728 11 ,00
I ,5 150000 1,902 2,237 2,482 2,678 2,847 2 ,996 3,132 3,372 3 ,585 3,777 3,954 4,119 4,275 11,78
1,6 160000 2,137 2,528 2,810 3,037 3,230 3,401 3,555 3,830 4,073 4,292 4,494 4 ,682 4 ,859 12,57
1,7 170000 2 ,385 2,837 3, 160 3,4 17 3,637 3,830 4 ,006 4,317 4,592 4,840 5,068 5,281 5,481 13,35
1,8 180000 2,644 3,163 3,529 3,820 4,067 4 ,286 4,483 4,833 5, 142 5,420 5,676 5,9 15 6,140 14,14
1,9 190000 2,9 16 3,506 3,918 4,245 4,522 4,766 4,987 5,378 5,723 6,033 6 ,319 6,586 6,837 14,92
2 200000 3 ,200 3,867 4,328 4,692 5,00 1 5,273 5,5 18 5,953 6,335 6,680 6,997 7,293 7,571 15,7 1
2.1 2 10000 3,496 4,245 4,758 5. 162 5,504 5,804 6,076 6,556 6,978 7,359 7,709 8,035 8,342 16,49
2,2 220000 3.804 4 ,640 5,208 5,654 6,030 6,361 6,660 7 ,188 7,652 8,071 8,455 8,8 14 9,151 17.28
2,3 230000 4,124 5,052 5,678 6,168 6,58 1 6,944 7,271 7,850 8,357 8,8 15 9,236 9,628 9,997 18,06
2,4 240000 4,455 5,482 6, 168 6,704 7, 156 7,552 7,909 8,540 9,093 9,593 10,052 0,479 10,881
I 18 ,8 5
2,5 250000 4,798 5,929 6,67 9 7,263 7,754 8, 186 8,574 9,259 9,861 I 0,403 10,901 11,365 11,802 19,63
2,6 260000 5, 153 6,393 7,2 10 7,844 8,377 8,844 9,265 10,00 8 10,659 11,246 11,786 12,288 12,760 20,42
2,7 270000 5,51 9 6,8 75 7,760 8,447 9,024
9,529 9,983 10,785 11 ,489 12,122 12 ,704 13,246 13,756 21,21
2,8 280000 5,896 7,373 8,33 1 9,072 10,239 10,728 11 ,592 12,349 13,03 1 13,658 14,241 14,789 21,99
9,694
2,9 290000 6,286 7,889 8,922 9 ,720 10,389 10,974 11,500 12,428 13,240 13,973 14,645 15,271 15,859 22,78
3 300000 6,686 8,422 9,534 10,390 11, 107 11,735 12,298 13,292 14,163 14,947 15,667 16,337 16,967 23,56
3,1 3 10000 7,098 8,973 10 ,165 11,082 11,850 12,52 1 13 ,124 14,186 15 ,116 15 ,954 16,724 17,440 18,113 24,35
3,2 320000 7,521 9,540 10,8 16 11,797 12,616 13,332 13,976 15, 109 16,101 16,995 17,815 18,578 19,295 25,13
3,3 330000 7,955 10, 125 11,488 12,533 13,406 14 ,169 14,854 16,06 1 17, 117 18,067 18,940 19,752 20,515 25 ,92
3,4 34 0000 8,400 10,727 12,180 13,292 14,22 1 15 ,032 15,760 17,042 18, 163 19 ,173 20, 100 20,962 2 1,773 26 ,70
3,5 350000 8,857 11 ,346 12,8 91 14,073 15,059 15,920 16,692 18,052 19,241 20,312 21,294 22,208 23,067 27,49
El " '" "' Bá,;oa

VEL
PERDA DE CA RGA UNITÁRIA - J(m' lOOm)
E ( mm )
D iâmetro (mm)
• 125
VAZÃO

(rn/s) Rey 0,0015 0 ,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0 ,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 37500 0,082 0,086 0,09 1 0,095 0,098 0,102 0, 105 0,110 0, 116 0, 121 0, 125 0, 130 0,134 3,68
0,4 50000 0, 136 0, 146 0,154 0,162 0,169 0,175 0 ,181 0, 192 0,201 0,210 0,219 0,227 0,234 4,91
0,5 62500 0,202 0,219 0 ,233 0,246 0,257 0,268 0,277 0,295 0,3 I I 0,325 0 ,338 0,35 1 0,363 6, 14
0,6 75000 0,280 0,306 0,328 0,348 0,365 0,380 0,394 0,420 0,443 0,464 0,484 0,502 0,519 7,36
0,7 87500 0,369 0,407 0,439 0,466 0,490 0,51 I 0,53 1 0,567 0,599 0,628 0,655 0,680 0,703 8,59
0,8 100000 0,469 0,522 0,565 0,602 0,634 0.662 0 ,689 0 ,736 0,778 0 ,8 16 0 ,85 1 0,884 0,915 9,82
0,9 112500 0,579 0,650 0,707 0,754 0,795 0,832 0,866 0,926 0,980 1,029 1,074 1,116 I ,155 I 1,04
I 125000 0,700 0,792 0,864 0,923 0,975 1,02 1 1,064 I ,139 1,206 I ,266 I ,322 I ,374 I ,423 12 ,27
1,1 137500 0 ,8 3 I 0,947 1,036 1,110 1,173 1,230 1,28 1 1.373 1,455 1,528 1,596 1,659 1,718 13,50
1,2 150000 0,972 1, 1 16 1,224 1,3 I 3 I ,390 I ,458 I ,519 1,630 1,727 I ,8 15 I ,895 I ,971 2,042 14,73
1,3 162500 1,124 1,297 1,428 I ,533 1,624 1,705 1,778 1,908 2,022 2, 126 2,22 1 2 ,3 10 2,393 15 ,95
1,4 175000 1,285 1,493 1,646 1,770 I ,87 6 1,97 1 2,056 2,207 2,34 1 2,461 2,572 2,675 2,772 I 7, 18
I ,5 187500 1,455 1,70 1 1,880 2,024 2.147 2,256 2 ,3 54 2,529 2,683 2,821 2,949 3,067 3, 179 18 ,41
1,6 200000 1,636 1,923 2 ,129 2,295 2,436 2,560 2,673 2 ,872 3,048 3,206 3,35 I 3,486 3,614 19,63
I ,7 2 12500 I ,826 2,157 2,394 2,583 2,743 2,884 3,012 3,238 3,436 3,6 15 3,779 3,932 4 ,076 20,86
I ,8 225000 2,025 2,406 2,674 2,887 3,068 3,227 3,37 I 3,625 3,848 4,049 4,233 4,405 4 ,566 22,09
1,9 237500 2,234 2,667 2,969 3,208 3,411 3,589 3,750 4,034 4,283 4,507 4,713 4,905 5 ,084 23,32
2 250000 2,452 2,94 1 3,280 3,547 3,772 3,970 4, 149 4,464 4,741 4,990 5,218 5,431 5,630 24,54
2,1 262500 2,679 3,229 3,606 3,902 4, 15 1 4 ,371 4,568 4 ,9 17 5,222 5,497 5,749 5 ,984 6,204 25,77
2,2 275000 2,9 15 3,530 3,947 4,273 4,549 4,790 5,008 5 ,3 9 1 5,727 6,029 6,306 6,564 6,806 27,00
2.3 287500 3,161 3,844 4,303 4 ,662 4 ,964 5,229 5,467 5,887 6,255 6,585 6,889 7.170 7,435 28,23
2,4 300000 3,4 15 4, 171 4,675 5,068 5,398 5,687 5,947 6,405 6,806 7,166 7,497 7,804 8,092 29,45
2.5 312500 3,679 4,511 5,062 5,490 5,849 6, 164 6,447 6,945 7,380 7,772 8,131 8,464 8.777 30,68
2,6 325000 3,951 4 ,864 5,464 5,929 6,319 6,660 6,967 7,506 7,978 8,402 8,790 9,151 9,490 3 1,9 1
2,7 337500 4,232 5,23 I 5 ,882 6,385 6,807 7 ,176 7,507 8,089 8,598 9,056 9,475 9,865 10,230 33,13
2,8 350000 4,523 5,6 10 6,315 6,858 7 ,313 7 ,7 10 8,067 8,694 9,242 9,735 10, 186 10,606 10,999 34,36
2,9 362500 4,822 6,003 6,763 7,348 7,837 8,264 8,647 9,321 9,9 10 10,439 10,923 11,373 11,795 35,59
3 375000 5,129 6,409 7 ,226 7,854 8,379 8,837 9,248 9,970 10,600 11 ,167 11,685 12,167 12,619 36,82
3, 1 387500 5,446 6,828 7,705 8,378 8,939 9,429 9,868 10,640 11,3 14 I 1,919 12,474 12,988 13 ,471 38,04
3 ,2 400000 5,77 1 7,260 8,199 8,918 9 ,5 17 10,040 10,509 11,332 12,051 12,696 13,287 13,836 14,350 39,27
3,3 412500 6 ,1 05 7,705 8,708 9,475 10, 114 10,671 11,1 7 0 12,046 12,81 I 13,498 14, 127 14,710 15,258 40,50
3,4 425000 6.447 8, 163 9,232 10,0 48 10,728 11,320 11 ,85 1 12,782 13,595 14,324 14.992 15,612 l6, 193 41 ,72
3,5 437500 6,798 8,634 9,772 10,639 I I ,361 11,989 12,552 13,540 14,40 1 15, 175 15,883 16,540 17,156 42,95
TaMia~ B
VEL
PERDA DE CA RGA UNITÁRIA- J(m' IOOm)
E (mm )
Diâmetro (mm)
• 150
VAZÃO
(mls) Rey 0 ,00 15 0,05 0, 1 0, 15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 45000 0,065 0,069 0 ,072 0,075 0,078 0,080 0,083 0,087 0 ,09 1 0 ,095 0,099 0,102 0,105 5,30
0,4 60000 0 ,109 0, 11 6 0 , 123 0, 129 0,134 0, 139 0,143 0,152 0,159 0 ,166 0,172 0,178 0,1 84 7,07
0,5 75000 0 ,162 0, 175 0 ,186 0, 196 0,205 0,2 13 0,220 0,233 0,245 0,256 0,267 0,276 0.285 8,84
0,6 90000 0 ,224 0,245 0 ,262 0,277 0,290 0,302 0,3 13 0,332 0,350 0 ,366 0,381 0,395 0,408 10,60
0,7 105000 0,296 0,326 0 ,350 0,371 0,389 0,406 0,421 0,449 0,473 0,495 0.5 16 0 ,535 0,553 12,37
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0,9 135000 0,465 0,520 0,564 0,600 0,632 0 ,66 1 0,687 0,733 0,775 0,8 12 0,846 0 ,878 0,909 15,90
1 150000 0,562 0,633 0,689 0,735 0,775 0,8 11 0,844 0,90 2 0,953 0,999 1,042 1,082 1,119 17,67
1,1 165000 0,668 0,758 0,827 0,884 0,933 0,977 1,0 16 1,087 1,150 1,206 1,258 1,306 1,352 19,44
1,2 180000 0,781 0,892 0,977 1,046 1, 105 1, 157 1,205 1,290 1,365 I ,432 1,494 1,552 1,606 2 1,21
1,3 195000 0,9 03 1,038 1,139 1,221 1,291 1,353 1,4 10 1,5 10 1,598 1,678 1,751 1,8 18 I ,882 22,97
1,4 2 10000 1,033 1, 194 1,3 14 1,4 10 I ,492 1,5 65 1,631 1,747 1,850 1,942 2,027 2,106 2,180 24,74
I ,5 225000 1, 170 1.36 1 1,50 0 1,6 12 1,707 1,791 1,867 2,002 2,120 2,227 2,324 2,4 15 2,500 26,51
1,6 240000 1,3 16 1,539 1,699 1,828 1,937 2,033 2, 120 2,274 2,409 2,530 2,642 2,745 2,842 28,27
I ,7 255000 1,469 1,727 I ,9 11 2,057 2, 181 2,290 2,389 2,563 2,716 2,853 2,979 3,096 3,206 30 ,04
1,8 270000 I .629 I ,925 2, 134 2,299 2,439 2,563 2,674 2,870 3,04 1 3, 196 3,337 3,469 3,592 31,81
I ,9 285000 1,797 2, 135 2,370 2,55 5 2,7 12 2,850 2,974 3,193 3,385 3,557 3,7 15 3,862 3,999 33,58
2 300000 1,973 2,354 2,6 18 2,825 3.000 3, 153 3,29 1 3,53 4 3,747 3,939 4, 114 4 .276 4,429 35,34
2,1 315000 2,156 2,585 2,878 3,1 0 8 3,301 3,471 3,624 3,893 4, 128 4 ,339 4,532 4,712 4,880 37, 1 I
2,2 330000 2,347 2 ,826 3,150 3.404 3,6 17 3,804 3,972 4 ,268 4,527 4,759 4,97 1 5,168 5 .353 38,88
2,3 345000 2 ,545 3,077 3,435 3,7 13 3,948 4, 153 4,337 4,66 1 4,944 5,198 5,430 5,646 5,848 40,64
2,4 360000 2,750 3,339 3,73 1 4,037 4,293 4 ,516 4 ,717 5,07 1 5,380 5,657 5 ,910 6, 145 6,365 42,4 1
2,5 375000 2,963 3,611 4,040 4 ,373 4,652 4 ,895 5,114 5,498 5,834 6, 134 6,410 6,665 6,904 44 ,18
2,6 390000 3, 182 3,894 4,362 4,723 5,025 5,290 5,526 5,943 6 ,306 6,632 6 ,930 7.206 7.465 45,95
2,7 405000 3,409 4 , 188 4 ,695 5,086 5,413 5,699 5,955 6,405 6,797 7, 148 7,470 7,768 8,047 47 ,71
2,8 420000 3 .644 4,492 5 ,040 5,463 5,816 6,124 6,399 6,884 7,306 7,684 8,030 8 ,3 51 8,652 49,48
2,9 435000 3 ,885 4,806 5,398 5,853 6,233 6,563 6,860 7,380 7,833 8,240 8,6 1 1 8,956 9,278 5 1,25
3 450000 4, 133 5, 131 5,768 6,257 6 ,664 7,0 19 7,336 7,894 8,379 8,8 14 9,2 12 9,581 9.926 53,01
3, 1 465000 4,389 5,467 6, 150 6,674 7, 109 7 ,489 7,829 8,425 8,943 9,408 9,834 10,228 10,597 54,78
3 ,2 480000 4,651 5,8 13 6,545 7, 104 7,569 7.974 8,337 8,973 9,526 10,022 10,475 10,895 11 ,289 56,55
3,3 49 5000 4,920 6, 169 6,95 1 7,54 8 8,044 8,47 5 8,86 1 9,538 10, 127 10,655 11, 137 11 ,584 12,0 02 58,32
3,4 5 10000 5, 197 6,536 7 ,370 8,00 5 8,532 8,99 1 9,40 I 10,12 1 10,746 11 ,307 11 ,8 19 12,294 12,738 60,08
3,5 525000 5,480 6,9 14 7 ,80 1 8,475 9,035 9.522 9,958 10,720 11,384 11,978 12,52 1 13,025 13,496 6 1,85
VEL
PERDA DE CARGA UNITÁRIA - J(rnllOOm)
E ( mm )
Diâmetro (mm)
• 200
VAZÃO

(mls) Rey 0,0015 0,05 0,1 0, 15 0,2 . 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 60000 0,046 0,048 0,050 0,052 0,054 0,056 0,058 0,060 0,063 0,0 66 0,068 0,070 0,072 9,42
0,4 80000 0,077 0,082 0,086 0,090 0,093 0,097 0 ,100 0, 105 0,11 0 0,115 0, 119 0, 123 0,126 12,57
0,5 100000 0, 11 4 0,123 0,130 0, 137 0,143 0,148 0 , 153 0,162 0,170 0, 177 0,184 0, 190 0,196 15,7 1
0,6 120000 0, 159 0,172 0,183 0 , 193 0,202 0,2 10 0 ,2 17 0,230 0,242 0,253 0,262 0,272 0,280 18,85
0,7 140000 0,209 0,229 0,245 0 ,259 0,272 0 ,283 0,293 0,3 11 0,327 0,342 0,355 0,368 0,380 2 1,99
0,8 160000 0,266 0,294 0,3 16 0.335 0,35 1 0,366 0,380 0,404 0,425 0,444 0,462 0,479 0,494 25,13
0,9 180000 0,329 0,366 0,395 0,420 0 .441 0,460 0,477 0,508 0,536 0,560 0,583 0,604 0,624 28,27
I 200000 0,398 0,446 0,483 0,514 0,541 0,565 0,587 0,625 0,659 0,690 0,7 18 0,744 0,769 31,42
1,1 220 000 0 ,473 0,534 0 ,58 0 0,6 18 0 ,65 1 0,680 0,707 0,754 0,795 0,832 0,867 0,899 0,928 34,56
1,2 240 000 0 ,55 4 0,629 0 ,6 85 0 ,73 1 0,77 1 0 ,806 0,838 0,894 0,944 0,989 1,03 0 1,067 I ,103 37,70
1,3 260000 0,64 1 0,731 0 ,799 0,854 0,901 0,943 0,980 1,047 I ,106 I , I 58 1,206 I ,25 1 I ,293 40,84
1,4 280000 0,733 0 ,841 0,922 0,986 1,041 1,090 1,134 1,212 1,280 I ,341 I ,397 1,449 I ,498 43,98
1.5 300000 0,83 1 0,95 9 1,053 1,128 1,192 1,248 1,299 1,388 I ,467 I ,537 1,602 1,662 I ,7 18 47,12
1,6 320000 0,934 1,084 1,193 I ,279 I ,352 I ,417 1,475 1,577 1,667 1,747 1,820 1,889 1,952 50,27
1,7 340000 I ,043 1,217 1,341 I ,439 1,522 1,596 I ,662 1,778 I ,879 I ,970 2,0 53 2, 130 2,202 53,41
1,8 360000 I , I 58 1,357 I ,498 1,609 I ,703 1,785 1,860 1,990 2, 104 2,206 2,3 00 2,386 2,467 56,55
1,9 380000 I ,277 I ,505 I ,663 1,788 1,893 I ,986 2 ,069 2,2 15 2,342 2,456 2,560 2,657 2,747 59,69
2 40 0000 I ,403 I ,660 I ,837 1,977 2,094 2, 197 2,289 2,45 1 2,593 2,7 19 2,835 2,942 3,042 62,83
2,1 420000 1,533 1,822 2,020 2,175 2,305 2,418 2,520 2,700 2,856 2,996 3,124 3,242 3,352 65,97
2,2 440000 1,669 1,992 2,21 1 2,382 2,525 2,651 2.763 2,960 3,132 3,286 3,426 3,556 3,678 69, 12
2,3 460000 1,8 10 2, 170 2,41 1 2,599 2,756 2,894 3,0 17 3,233 3,421 3,589 3,743 3,885 4,0 18 72,26
2,4 480000 I ,956 2,354 2,6 19 2,825 2,997 3,147 3,281 3,517 3,722 3,906 4,073 4,228 4,373 75,40
2,5 500000 2, 108 2,547 2,836 3,060 3,248 3,4 11 3,557 3,8 14 4,0 36 4,236 4,417 4,586 4,743 78 ,54
2,6 520000 2,265 2,746 3,062 3,30 5 3,509 3,686 3,844 4, 122 4,363 4,579 4,776 4,958 5, 128 8 1,68
2,7 540000 2,427 2,953 3,296 3,560 3,780 3,97 1 4, 142 4,442 4 ,70 3 4,936 5, 148 5,345 5,528 84,82
2,8 560000 2,594 3, 168 3,539 3,823 4 ,06 1 4,267 4,45 1 4,775 5,055 5,306 5,535 5,746 5,944 87,96
2,9 580000 2,766 3,390 3,790 4,096 4 ,352 4,574 4,772 5,119 5,420 5,689 5,935 6,162 6,374 91.1 I
3 600000 2,943 3,619 4,050 4,379 4,653 4,891 5,103 5,475 5,798 6,086 6,349 6,592 6,8 19 94,25
3, 1 620 000 3,125 3,856 4,318 4,67 1 4,964 5,2 18 5,446 5,843 6, 188 6,496 6,777 7,037 7,28 0 97,39
3,2 640000 3,3 13 4, 100 4,595 4,972 5,285 5,557 5,799 6,223 6,59 1 6,920 7,220 7,496 7,755 100,53
3,3 660000 3,505 4,351 4,880 5,283 5,6 16 5,906 6,164 6,6 16 7 ,007 7,357 7,67é 7,970 8,246 103,67
3,4 680000 3,703 4,6 10
··- r-·--
5, 174 5,603 5,958 6,265 6,540 7,020 7,436 7,80 7 8, 146 8,459 8,75 I 106,8 i ;
3,5 700000 3,905 4,877 5,477 5,932 6,309 6,635 6,927 7,436 7,877 8,27 1 8,630 8,962 9,272 109,96
T•b•I•A2 El
VEL
PERDA DE CARGA UNITÁRIA- J(m'lOOm)
E (mm)
Diâmetro (mm)
• 250
VAZÃO

(m/s) Rey 0,0015 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 75000 0,035 0,037 0,038 0,040 0,041 0,042 0.043 0,046 0,048 0,049 0,051 0,052 0,054 14,73
0,4 100000 0,058 0,062 0,065 0,068 0,071 0,073 0,075 0,079 0,083 0,086 0,089 0,092 0,095 19,63
0,5 125000 0,087 0,094 0,099 0,104 0,108 0,112 0, 115 0,122 0,128 0,133 0,138 0,142 0,147 24,54
0,6 150000 0,12 1 0,131 0,139 0, 147 0,153 0,159 0,1 64 0,174 0,182 0,1 90 0,197 0,204 0,210 29,45
0,7 175000 0,160 0,175 0,187 0,197 0,206 0,214 0,221 0,235 0,246 0,257 0,267 0,276 0,284 34,36
0,8 200000 0,204 0,224 0.240 0,254 0,266 0,277 0,287 0,304 0.320 0,33 4 0,347 0,359 0,370 39,27
0,9 225000 0,252 0,279 0,301 0,319 0,334 0,348 0,361 0,383 0.403 0,421 0,438 0,453 0,467 44,18
I 250000 0,305 0,340 0,368 0,390 0,41 o 0,427 0,443 0,472 0,496 0,519 0,539 0,558 0.576 49,09
1,1 275000 0,363 0,407 0,441 0,469 0,493 0,5 15 0,534 0,569 0,599 0,626 0,65 1 0,674 0,695 54.00
1,2 300000 0,425 0,480 0,521 0,555 0,584 0,6 10 0,633 0,675 0,711 0,743 0,773 0,801 0,826 58,90
I ,3 325000 0,491 0,558 0,608 0,648 0,683 0,714 0,741 0,790 0,833 0,87 1 0,906 0 ,938 0,969 63 ,81
1,4 350000 0,562 0,642 0,701 0,749 0,789 0,825 0,857 0,914 .0.964 1,008 1,049 1,0 87 1, 122 68,72
I ,5 375000 0,637 0,732 0,801 0,856 0,903 0,945 0,982 1,047 1,105 1,156 I ,203 1,246 1,287 73,63
I ,6 400000 0,7 17 0,828 0,907 0,971 1,025 . 1,072 1,115 1,190 1,255 1,314 1,367 1,'117 I ,463 78,54
I ,7 425000 0,80 1 0,929 1,020 I ,093 I ,154 1,208 I ,256 1,34 1 I ,41 5 1,481 1,542 1,598 1,650 83 ,45
1,8 450000 0,889 1,036 1,140 1,222 1,291 1,35 1 I ,406 1,501 1,585 1,659 1,727 I ,790 1,849 88 ,36
1,9 475000 0,981 1,149 1,266 I ,358 I ,435 I ,503 1,564 1,671 1,764 1,847 1,923 1,993 2,058 93,27
2 500000 1,077 I ,267 I ,398 1,501 I ,587 1,663 1,731 1,849 1,953 2,045 2,129 2,207 2 ,279 98 .17
2,1 525000 1,178 I ,391 1,537 1,651 1,747 1,831 I ,905 2,037 2 ,15 1 2,253 2 ,346 2.432 2,512 103,08
2,2 550000 1,282 1,521 1,683 1,809 1,914 2,006 2,089 2,233 2 ,359 2,471 2,573 2,667 2,755 107,99
2,3 575000 1,391 1,657 I ,835 1,974 2,089 2,190 2,281 2,439 2,576 2 ,699 2,811 2,9 14 3,010 112.90
2,4 600000 1,504 I ,798 1,994 2,145 2,272 2,382 2,481 2,653 2,803 2,937 3,059 3 ,171 3,276 I 17,81
2,5 625000 1,620 I ,945 2,159 2,324 2,462 2,582 2,689 2,877 3,040 3,185 3,318 3,440 3,554 122.72
2,6 650000 I ,74 1 2,097 2,331 2,510 2,660 2,790 2,906 3,1 10 3,286 3,443 3,587 3,719 3,842 127,63
2,7 675000 I ,866 2,255 2,509 2,703 2,865 3,006 3, 132 3,351 3,542 3,712 3,866 4,009 4,142 132,54
2,8 700000 I ,995 2,419 2,693 2,904 3,078 3,230 3,366 3,602 3,807 3,990 4,156 4,3 10 4,454 137,44
2,9 725000 2,127 2,589 2,885 3.111 3,299 3,462 3,608 3,862 4,082 4,278 4,457 4,622 4,776 142,35
3 750000 2,264 2,764 3,083 3,326 3,527 3,702 3,858 4,131 4,367 4 ,577 4,7 68 4,945 5,110 147 ,26
3,1 775000 2,404 2 ,945 3,287 3,547 3,763 3,950 4,117 4,409 4,66 1 4.885 5 ,090 5,279 5,455 152,17
3,2 800000 2,549 3,131 3,498 3,776 4,007 4,207 4,385 4,695 4,964 5,204 5,422 5,623 5,811 157,08
3,3 825000 2,697 3,323 3,715 4,012 4,258 4,471 4,660 4,991 5,278 5,533 5,765 5,979 6,178 16 1,99
3,4 850000 2,849 3,521 3,939 4,255 4,517 4,743 4,945 5,296 5,600 5,871 6,1 18 6,345 6,557 166,90
3,5 875000 3,005 3,725 4, 169 4,505 4,783 5,023 5,237 5,610 5,933 6,220 6,481 6,722 6,947 17 1,81
VFL
(m/s)
PERDA DE CARGA UNITÁRIA - J(rn/IOOm)
e (mm)
Diâmetro (mm)
• 300
VAZÃO
Rey 0,0015 0 ,05 O, I 0 , 15 0,2 0 ,25 0,3 0,4 0 ,5 0,6 0,7 0 ,8 0,9 (Us)

0,3 90000 0,028 0,029 0 ,03 1 0,032 0 ,033 0,034 0,035 0,036 0,03 8 0,039 0,040 0,042 0 ,043 2 1,2 1
0,4 120000 0,047 0.050 0,05 2 0,054 0,056 0,058 0,060 0,063 0,066 0,068 0,07 1 0.07 3 0,075 28,27
0,5 150000 0,070 0,075 0,079 0 ,083 0,086 0,089 0,092 0,097 0,1 01 0, 105 0, 109 0,113 0, 116 35 .34
0,6 180000 0,097 0,10.'\ 0 ,11 2 0, 11 7 0, 122 0,127 0 , 13 1 0 ,138 0 ,145 O,I5 I O, I 56 0 , 161 0, 166 42,4I
0,7 210000 O, I2 9 O, I40 0 ,149 O, I 57 O, I64 0,1 70 O, I 76 0,187 O,I96 0,204 0,2I I 0 ,2I8 0,225 49,48
0,8 240000 O,I64 O, I80 0, 192 0,203 0,2 12 0 ,22 I 0 ,22 8 0,242 0 ,254 0 ,265 0 ,275 0 ,284 0,293 56,55
0 ,9 270000 0,203 0,224 0,241 0,255 0,267 0 ,278 0,287 0,305 0 ,320 0 ,334 0,347 0,359 0,370 63,62
I 300000 0,246 0,273 0,294 0,3 12 0,327 0,34 1 0,353 0,3 75 0,394 0,4I I 0,427 0,442 0,455 70 ,69
I. I 330000 0,292 0 .327 0,353 0,375 0,394 0,4 I O 0,425 0,452 0 ,476 0,497 0,5 16 0,534 0,55 0 77.75
1,2 360000 0.342 0.385 0.41 7 0,444 0,466 0,486 0,50 5 0 ,537 0,565 0,590 0.6 I 3 0,634 0,654 84,82
1,3 390000 0.396 0.448 0,48 7 0 ,5 18 0,545 0,569 0,590 0,628 0,661 0 ,69 1 0,7 18 0,743 0 ,766 91,89
1,4 420000 0.453 0,5 15 0 ,56 1 0 ,599 0 ,630 0,658 0,683 0,727 0.765 0,800 0,83 1 0 ,860 0 ,888 98,96
1,5 450000 0.5 14 0,588 0 ,64 1 0,684 0,721 0,753 0 ,782 0,833 0,877 0,9 17 0,953 0,987 1,018 106,0 3
1,6 480000 0,578 0,664 0,727 0,776 0,8 18 0,855 0 ,888 0,946 0 ,997 1,042 I ,083 I ,1 22 I , I 57 113,10
I ,7 510000 0,646 0,746 0,817 0,874 0,921 0,963 1,001 1,067 1,124 I ,175 1,222 I ,265 I ,305 120,17
I ,8 540000 0 ,7 17 0,832 0,9 13 0,977 1,030 1,078 I ,120 I ,I 94 I ,259 I ,3 I6 I ,369 I ,417 1,462 I27,23
I ,9 570000 0,79 1 0 ,922 I ,O I 4 I ,085 I , l46 I ,199 I ,246 I ,329 I ,40 I I ,465 I ,524 I ,578 I ,628 I 34.30
2 600000 0 ,869 I ,017 I ,I20 1,200 I ,267 I ,326 I ,37 9 I ,47 1 I ,55 1 I ,622 I ,687 I ,7 47 1,803 14 1,37
2, 1 630000 0,950 I , I I7 I ,23 1 I ,320 I ,395 I,460 I ,5 18 I ,620 I ,7 08 I ,787 I ,859 1,925 I ,987 148 ,44
2,2 660000 I ,0 35 I ,22 I I ,348 !,446 I ,528 I ,600 1,664 I ,776 I ,873 I ,960 2,039 2,I 12 2. 180 I 55.5 1
2,3 690000 I ,I22 I ,330 I,470 I ,578 I,668 I ,747 I ,8 I7 I ,940 2,046 2,14 1 2,228 2,307 2,38 I I 62,58
2,4 720000 I ,2 14 I ,443 I ,597 1,7 15 I ,8 14 1,900 I ,976 2,1 10 2,227 2,330 2,424 2 ,5I I 2,592 169,65
2,5 750000 1,30 8 I ,56 I I ,729 I ,858 1,966 2,059 2, 143 2,288 2,4I4 2,527 2,629 2 ,724 2,8 1 I I76,7 I
2,6 780000 I ,405 I ,684 I ,8 66 2,007 2, 124 2,225 2,3 15 2,473 2,610 2,732 2,843 2,945 3,040 183,78
2,7 8 10000 I ,506 1,8 1 I 2,009 2, 16 1 2,288 2,397 2,495 2 ,666 2 ,8 13 2,945 3,064 3, 174 3,277 190,85
2,8 840000 I ,610 I ,943 2, 157 2,32 1 2,458 2,57 6 2,68 1 2,865 3,024 3, 166 3,294 3,4 13 3,523 197,92
2,9 870000 1,7 I 7 2,079 2,3 IO 2,487 2,634 2,76 1 2,874 3,0 72 3,242 3,394 3,532 3,660 3,778 204,99
3 900000 I ,828 2,219 2,469 2,659 2,8 I 6 2,952 3,074 3,286 3,468 3,63 I 3,779 3,9 I 5 4,042 2I2,06
3,1 930000 1.94I 2,365 2,632 2.836 3.004 3,150 3,280 3,507 3,702 3,876 4,034 4. 180 4,3 15 2 19,13
3.2 960000 2,058 2,5 14 2,80I 3,0 I9 3, 199 3,355 3.493 3,735 3,943 4, I 29 4,297 4,452 4,597 226,19
3,3 99 0000 2, I 78 2,669 2,975 3,207 3,399 3,5 65 3,7 13 3,970 4, 192 4 ,389 4,569 4,734 4,888 233,26
3,4 I020000 2,30 I 2,828 3, I55 3 ,402 3,606 3,782 3,939 4.2 13 4,448 4,65 8 4,849 5,024 5, 188 240,33
3,5 I050000 2,427 2,99 I 3,339 3,602 3,8 19 4,006 4, 172 4,462 4,7 I 2 4.935 5, I37 5,323 5,496 247,4 0
TabelaA2 B
PERDA DE CARGA UNITÁRIA - J(nvlOOm) Diâmetro (mm) ... 350
VEL ê (mm ) VAZÃO
(m s) Re y 0,0015 0,05 0, 1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)
0,3 105000 0,02:1 0,024 0,025 0,026 0,027 0,028 0,029 0,()30 0 ,031 0 .0:12 0,033 0,034 0,035 28,86
0,4 140000 0.039 0,041 0,043 0,045 0,047 0,048 0,049 0,052 0.054 0,056 0,058 0.060 0,061 38,48
0,5 175000 0.058 0,062 0.066 0,069 0,071 0,074 0,076 0,080 0,083 0.087 0,090 0,093 0,095 48, 11
0,6 210000 0,08 1 0 ,087 0 ,092 0,097 0, 101 0, 105 0,108 0,1 14 0 , 11 9 0,124 0, 128 0.132 0,136 57,73
0,7 245000 0,107 0, 116 0,124 0,1:10 0, 136 0, 141 0,145 0,154 0, 161 0,168 0, 174 0,179 0,185 67.35
0,8 280000 0,136 0, 149 0,159 0, 168 0, 176 0, 182 0,189 0,200 0 ,209 0,2 18 0,226 0,234 0,241 76,97
0 ,9 3 15000 0, 169 0,186 0,199 0,2 11 0,22 1 0,229 0,237 0,251 0,264 0,275 0,285 0,295 0,304 86,59
I 350000 0,205 0,227 0,244 0,258 0,27 1 0,282 0,292 0.309 0,325 0,339 0,35 1 0,363 0,374 96,21
1,1 385000 0,24:1 0,271 0,293 0 ,31 o 0,326 0,3:19 0,35 I 0.3 7:l 0.392 0 ,409 0,424 0,438 0,452 105,83
1,2 420000 0,285 o.no 0,346 0,367 0,386 0,4 02 0,417 0,442 0,465 0,485 0,504 0.521 0,537 115,45
I ,3 455000 0,330 0.372 0,404 0,429 0,45 1 0,470 0,487 0.518 0.545 0,569 0.590 0,610 0,629 125.07
1,4 490000 0,378 0,42ll 0,466 0 ,496 0.52 1 0,544 0,564 0.599 0 ,631 0 ,658 0,684 0.707 0,729 134,70
I ,5 5250 00 0,428 0,488 0,532 0,56 7 0,596 0,622 0,646 0,687 0,723 0 ,755 0,784 0,81 1 0,8:16 144,32
I ,6 560000 0,482 0,5 52 0,602 0,643 0,677 0,706 0,7:13 0,780 0,82 1 0,858 0,891 0,922 0,950 153,94
I ,7 595000 0,5:18 0,620 0,677 0,723 0,762 0,796 0,826 0,880 0,926 0,967 1,005 1,039 1,072 16:1,56
I ,8 6:10000 0,598 0,691 0,757 0,809 0 ,852 0,89 1 0,925 0,985 I,O:H 1,083 I ,125 I ,1 64 1,201 17:1, 18
I ,9 665000 0,66 0 0,766 0,84 1 0,899 0,948 0,991 1,029 1,096 1, 154 1,206 1,25:1 I ,297 I ,337 182,80
2 700000 0,725 0,845 0.929 0,994 I ,048 1,096 I ,138 I ,2 13 1,278 I ,335 I ,387 I ,436 I ,481 192,42
2. 1 735000 0,793 0,928 I ,02 1 1,093 1, 154 I ,206 1,253 1,336 1,407 1.47 1 1,529 I ,582 1,632 202,04
2,2 770000 0,863 I ,O 15 I , 118 I , 197 1,264 I ,322 1,374 I ,465 1,543 1,613 1,677 I ,7:15 1,790 211,66
2,3 805000 0,9:17 1, 105 1,219 1,30 6 1,380 1,443 1,500 I ,600 I ,686 I ,762 1,832 1,896 1,955 221.29
2,4 840000 1,013 1,200 I ,324 1.420 1,500 1,570 I ,632 1.740 1,834 1,918 I ,993 2,063 2,128 230,91
2,5 875000 1,092 1,298 1,434 1,539 1,626 1,7 02 1,769 1,887 1.989 2,080 2,162 2,238 2,309 240,53
2,6 9 10000 I, 173 I ,399 I ,548 1.662 1,757 1.839 I ,912 2,040 2,150 2,248 2,338 2,420 2,496 250, 15
2,7 945000 1,257 1,5 05 I ,666 1,790 1,892 I ,981 2,060 2, 198 2.3 18 2,424 2,520 2,608 2.691 259,77
2,8 980000 I ,344 1,6 14 1,789 1,922 2.o:n 2, 129 2,214 2,363 2,491 2,605 2,709 2,804 2,893 269,39
2,9 I O15000 1.434 1.728 1,9 16 2,060 2, 179 2,282 2,373 2.533 2.671 2,794 2,905 3,007 3 .103 279,01
3 1050000 1,526 I ,845 2,047 2,202 2,329 2,440 2,538 2,7 10 2,857 2,988 3.108 3,2 17 3,319 288,63
3,1 1085000 I ,62 1 I ,965 2.183 2,34 9 2,485 2.604 2.709 2.892 3.050 3. 190 3.3 17 3.434 3.544 298,25
3,2 1120000 1,71 9 2,090 2,323 2 ,500 2,646 2,772 2,885 3,080 3 ,248 3.398 3,534 3,659 3,775 307.88
3,3 1155000 I ,8 19 2.2 18 2 ,4 68 2,656 2,8 12 2,947 3,066 3,274 3,453 3,613 :1,757 3,890 4,014 317,50
3,4 1 190000 1,922 2,350 2,6 16 2,817 2,983 3,1 26 3,253 3,474 3 ,665 3,834 3,987 4,128 4,260 327,12
3,5 1225000 2,027 2,486 2,769 2,983 3, 159 3 ,3 11 3,446 3,680 3,882 4,061 4,224 4,374 4,513 :136.74
B
Hid,áoUoo " '''"

VEL
PERDA DECARGA UNITÁRIA - J(no' IOOm)
e ( mm )
DiânlCLro (mm) .. 400
VAZÃO
(nvs) Rcy 0,00 15 0,05 0, 1 0, 15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)

0,3 120000 0,020 0,021 0,022 0,022 0,023 0,024 0 ,024 0.025 0,026 0,027 0,028 0 ,029 0,030 37,70
0.4 160000 0,033 0,035 0,037 0,038 0,040 0,041 0,042 0,044 0,046 0,047 0,049 0,050 0,052 50,27
0,5 200000 0,050 0.05 3 0,056 0 ,058 0,060 0,062 0.064 0,068 0,07 1 0,073 0.076 0,078 0,080 62,83
0,6 240000 0,069 0.074 0 ,079 0.082 0,086 0,089 0,091 0,096 0,10 1 0. 105 0, 108 0,112 0,1 15 75,40
0,7 280000 0.091 0.099 0.105 0.1 11 0,1 15 0,119 0,123 0,130 0.136 0, 142 0,147 0.151 0,156 87,96
0,8 320000 0 ,116 0,127 0, 136 0, 143 0,149 0,155 0,160 0,169 0 , 177 0, 184 0,191 0,197 0,203 100.53
0,9 360000 0, 144 0, 15 8 0. 170 0,179 0, 187 0, 195 0,201 0,213 0,223 0.232 0,241 0,249 0,256 113,10
I 4 00000 0, 175 0 , 193 0,207 0,2 19 0,230 0,239 0,247 0,262 0.275 0,286 0,297 0,306 0,3 16 125,66
1,1 440000 0 ,208 0,23 1 0.249 0,264 0,276 0,288 0,298 0.3 16 0.331 0,345 0.358 0.370 0.381 138,23
1,2 480000 0,243 0,272 0,294 0,312 0,327 0,34 1 0,353 0,375 0.393 0,41 o 0,425 0.440 0,453 150,80
1.3 520000 0,282 0,317 0,343 0,365 0,383 0,399 0,413 0,439 0,46 1 0,481 0,499 0.515 0,531 163,36
1,4 560000 0,323 0.365 0.396 0,42 1 0.442 0,46 1 0,478 0,508 0 ,533 0 ,556 0,577 0,597 0,615 175,93
1,5 600000 0,366 0,4 16 0,452 0,482 0,506 0,5 28 0,547 0,582 0,6 11 0,638 0,662 0,684 0,705 188,50
1,6 640000 0,4 12 0,470 0,512 0,546 0,574 0,599 0,622 0,66 1 0 ,695 0,725 0,752 0,778 0,802 201,06
1.7 680000 0,460 0.528 0.576 0,615 0.647 0,675 0,700 0,745 0,783 0,81 7 0,849 0,877 0,904 213,63
1.8 720000 0.511 0.589 0,644 0,687 0.724 0,75 5 0,784 0,834 0,877 0,916 0,95 1 0,983 1,013 226,19
I ,9 760000 0.564 0,653 0,71 5 0.764 0,804 0 ,8 40 0,872 0.928 0,976 1,019 1.058 I ,095 I ,128 238,76
2 800000 0.620 0 ,720 0,790 0,844 0,890 0,929 0,965 I ,027 I ,08 1 1, 129 1.172 1.212 1,249 25 1,33
2,1 840000 0 ,678 0,791 O,S68 0,929 0,979 I ,023 1,063 I ,131 1,190 1,243 1,291 1.:n5 I ,377 263,89
2,2 880000 0,738 0 ,865 0,951 1,017 1,073 1,122 1,165 1.240 1,306 I ,364 I ,416 1.465 1,510 276,46
2,3 920000 O,SO I 0.942 1,037 1,110 1,171 1,224 1,272 1,354 I ,426 I ,490 1,547 1,600 1,650 289,()3
2,4 960000 O,S66 1,022 I ,126 I ,207 I ,274 I ,33 2 I ,383 I ,474 1.552 I ,62 1 I ,684 1.742 1.796 30 1,59
2,5 1000 000 0.934 1. 106 1,220 I ,307 1,380 I ,443 1,500 1.598 I ,683 1.758 1.826 1.889 1.948 314.16
2,6 1040000 1,003 I ,193 I ,317 1.412 1,491 1,560 I ,621 1,727 I ,8 19 1.900 1,974 2,043 2,106 326.73
2.7 1080000 I ,075 1,283 1.417 1,521 1,606 1,680 1.746 1,86 1 1.961 2,049 2,128 2,202 2,270 339.29
2,8 11 20000 1,150 1,376 1,522 1,633 1,726 1,806 1,877 2,00 1 2 ,107 2.202 2.288 2.367 2,44 1 351,86
2,9 11 60000 1,227 I ,472 1,630 I ,75 0 1,849 1,93 5 2,012 2.1 45 2.260 2,36 1 2.454 2.539 2,6 18 364,42
3 1200000 I ,306 1,572 1,742 1,87 1 1,977 2,070 2, 152 2,294 2,4 17 2,526 2,625 2,716 2,801 376,99
3,1 1240000 1,387 1,675 1,857 1,996 2, 110 2,208 2,296 2,449 2 ,580 2,696 2,802 2,899 2,990 389,56
3,2 1280000 1,470 1,78 1 1,976 2,124 2,246 2,352 2,445 2,608 2,748 2,872 2,985 3.089 3,185 402,12
3,3 1320000 I ,556 1,890 2,099 2,2 57 2,387 2.499 2,599 2,772 2,92 1 3,054 3,174 3.284 3,386 4 14,69
3,4 1360000 1,644 2,003 2,226 2,3 94 2,532 2,652 2,7 58 2,942 3,100 3,24 1 3,368 3,485 3,594 427,26
3,5 1400000 1.735 2. 119 2,356 2,535 2,682 2,808 2,921 3.116 3.284 3.433 3.568 3.692 3.808 439,82
ToboloA2 B
VEL
PERDA DE CARGA UNITÁRJA- J(rrvlOOm)
ê (mm )
Diâmetro (rnm) .. 450
VAZÃO
(ms) Re y 0,0015 0,05 0 ,1 0, 15 0,2 0,25 0.3 0,4 0,5 0 ,6 0 ,7 0,8 0,9 (Us)
0,3 135000 0,0 17 0,018 0.019 0,0 19 0,020 0,020 0,021 0,022 0,023 0,023 0.024 0,025 0,025 47,7 1
0,4 180000 0,029 O.ü:lO 0 ,0 32 o.o:n 0,034 0,()35 0.036 0.038 0,039 0,04 1 0,042 0,043 0.045 63,62
0 ,5 2250 00 0,043 0,046 0,048 0,050 0,052 0,054 0,056 0.058 0,06 1 0,063 0.065 0,067 0,069 79,52
0,6 270000 0,060 0,064 0,068 0.071 0,074 0,077 0,079 0.083 0.0 87 0.090 0.093 0,096 0.099 95,43
0,7 3150 00 0,079 0,0 86 0,091 0,096 0,100 0, 103 0,107 0 , 1 12 0, 1 18 0,122 0 ,127 0,131 0.134 11 1.:n
0,8 360000 0 , 101 0, 110 0,118 0,124 0, 129 0, 134 0,138 0 ,146 0, 153 0.159 0, 165 0,170 0,175 127.23
0,9 405000 0, 125 0, 137 0.147 0,155 0,1 62 0, 168 0,174 0 , 184 0, 193 0.200 0.208 0.214 0.22 1 143.14
I 450000 0 , 152 0,168 0,180 0 , 190 0,199 0,207 0,2 14 0.226 0.237 0.247 0.256 0.264 0.272 159.04
1,1 4950 00 0,181 0,201 0,21 6 0,228 0,239 0,249 0,257 0,273 0,286 0,298 0,309 0,319 0.328 174,95
I ,2 540000 0,2 12 0,236 0,255 0.270 0,283 0 ,295 0,305 0,324 0,340 0,35 4 0,3 67 0,379 0.390 190,85
I ,:I 5850 00 0,245 0,275 0.298 0.3 16 0,33 1 0,345 0,357 0 ,379 0,398 0,4 14 0 ,430 0,444 0,457 206,76
1,4 6300 00 0.281 0,317 0 .3 43 0,365 0,383 0 ,399 0 ,4 13 0,438 0,460 0.480 0,498 0,5 14 0,530 222,66
1,5 675000 0,3 19 0,361 0,392 0,4 17 0,438 0 ,457 0,473 0,502 0,528 0,550 0,57 1 0,590 0,607 238,56
1,6 720000 0,359 0 ,408 0,444 0,473 0,497 0 ,5 18 0,537 0,57 1 0,600 0,625 0,649 0.670 0,690 254,47
I ,7 765000 0.40 I 0,459 0.500 0.532 0,560 0,584 0,606 0,643 0,676 0,70 5 0 ,732 0,756 0.779 270,37
I ,8 8 10000 0,445 0,51 1 0,558 0,595 0,626 0 ,654 0,678 0.720 0,757 0,790 0 ,820 0.847 0,873 286,28
I ,9 8550 00 0,491 0,567 0,620 0,662 0 ,696 0 ,727 0,754 0.802 0.843 0,8 79 0 ,9 12 0.943 0.972 302,18
2 900000 0,54 0 0,626 0,685 0,731 0,770 0 ,804 0.834 0,887 0.933 0.973 1,0 10 I ,044 1,076 3 18,09
2 ,1 945000 0.590 0,687 0,753 0.805 0.848 0.885 0,919 0.977 1.0 28 1,073 1. 11 3 1, 15 1 1, 186 :rn.99
2,2 990000 0.643 0,75 1 0.825 0.882 0,929 0 ,970 1,007 1,07 1 1,127 1.176 1.22 1 1.262 1,301 349,89
2,3 1035 000 0,698 0.818 0,899 0,962 I ,0 14 1,059 I ,100 1, 170 1,231 1.285 1.334 1,379 1.421 365.80
2,4 1080000 0,755 0 ,888 0.977 1,046 I , 103 I , 152 1,196 1,273 1.339 U98 1,452 1,50 1 1,547 381.70
2,5 1125000 0,8 13 0,96 1 1,058 1,133 I , 195 I ,249 1.297 I ,38 0 1,452 1.5 16 I ,57 4 1,628 1.677 397,61
2,6 1170000 O,S74 I ,0 36 1,142 1,223 1,29 1 1,349 I ,40 I 1.492 1.570 1.639 1.702 1,760 1.8 14 4 13.5 1
2,7 12 15000 0,937 I ,11 4 1,229 1.3 18 1,391 I ,454 1,510 1,608 1.692 I ,767 I ,!D5 1,897 1,955 429,42
2,8 1260000 1,002 I ,195 I ,320 1.4 15 I ,494 I ,562 1,623 1.728 1,819 1.900 1,973 2.040 2. 102 445,32
2,9 1305 000 1,0 69 I ,279 I ,414 I ,5 16 1,601 I ,675 1,740 I ,853 I ,951 2,037 2.1 15 2, 187 2.254 46 1,23
3 1350000 1.138 I ,366 1.511 1.62 1 1.7 12 I ,79 1 1,861 1.982 2 ,086 2. 179 2,263 2.340 2.4 12 477.13
3, 1 1395000 1.209 1.455 1.6 11 1,729 1,827 1,91 1 1.986 2,1 15 2,227 2,326 2,416 2.498 2.575 493,03
3.2 1440000 1.282 1.547 I ,7 14 I ,84 1 I ,945 2.035 2, 1 14 2,253 2,372 2,478 2,573 2,66 1 2,743 508,94
3.3 1485000 I ,3 57 1,642 I ,82 1 I ,956 2.067 2, 163 2,248 2.3 95 2,522 2,634 2.7:16 2,83 0 2.9 16 524,84
3,4 15 30000 1,433 1,740 I ,93 1 2,074 2, 192 2,294 2,385 2,54 1 2,676 2,796 2,904 3,003 3 ,095 540,75
3,5 157500 0 I ,5 12 1,84 1 2.044 2, 196 2,322 2,430 2,526 2,69 2 2,835 2,962 3.076 3 ,182 3 ,279 556,65
VEL
PERDA DE CARGA UNITÁRIA -J(nv' IOOm)
e (mm)
Diâ rretro (mm) .. . 500
VAZÃO
(nvs) Rey 0,00 15 0.05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (l/s)
0,3 150000 0.015 0.016 0,016 0,0 17 0,017 0,0 18 0 ,018 0,0 19 0,020 0.02 1 0,021 0,022 0,022 58,90
0,4 200000 0,025 0,027 0,028 0,029 0,()30 0,031 0,032 0.033 0.035 0.036 o.o:n 0.038 0,039 78,54
0,5 250000 0,038 0,040 0,043 0.044 0,0 46 0,047 0,049 0,05 1 0,053 0.055 0,057 0 .059 0,06 1 98. 17
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I 500000 0,134 0,148 0,158 0,167 0,175 0,182 0,188 0,198 0,208 0,2 16 0,224 0,231 0,238 196,35
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1,2 600000 0 , 187 0,208 0,225 0,2:18 0,249 0,259 0,268 0,284 0,298 0,3 1o 0,321 0,332 0,341 235,62
1,3 650000 0 .2 17 0 .243 0,262 0,278 0,29 1 0,303 0,314 0,332 0,349 0.363 0,377 0.389 0,400 255,25
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1,9 . 950000 0,434 0.500 0,546 0,582 0 ,612 0,639 0 ,662 0.703 0,739 0.771 0 .799 0 ,826 0,850 373,06
2 1000000 0,477 0,552 0.603 0.644 0,677 0,7 07 0 ,733 0,779 (}.1!18 0 .853 0,885 0 .9 14 0,942 392,70
2,1 1050000 0,522 0,606 0,663 0,708 0,745 0,778 0 ,807 0,858 0.901 0.940 0 ,975 1.008 I ,038 4 12,33
2,2 1100000 0,569 0,662 0,726 0.776 0 ,817 0,853 0,885 0,940 0.988 1.03 1 1.070 1. 105 1.138 431.97
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2,4 1200000 0,667 0.783 0.860 0,920 0,970 1,0 12 1,05 I I, 117 I ,175 1.226 1.272 1.314 1.354 47 1,24
2.5 1250000 0,719 0,847 0.932 0,997 1.051 1,097 1, 139 1,2 1 1 I ,274 1.329 1,379 1.425 1.468 490 ,S7
2,6 1300000 0,773 0.9 14 1,006 1,077 1,13 5 1. 186 1,23 1 1.309 1.377 1.437 1.491 1.541 I ,588 51 0 ,5 1
2,7 1350000 0.829 0,9 83 I ,083 1. 159 1,223 1,278 1,326 I ,4 1 I 1.484 1,549 1,60 8 1,661 I ,7 11 530 , 14
2.8 1400000 0,886 1,0 54 1.163 1.245 1,3 14 1,373 1,426 1,5 17 1,595 I ,665 1,728 1,786 1,840 549,78
2,9 1450000 0,945 1.128 1.245 1.334 1.408 1,472 1,528 1.626 1.71 1 1,786 1,853 1,915 1,973 569,41
3 1500000 1,006 1,204 I ,331 1,426 1,505 1,574 1,634 1,739 1.830 1,910 1,983 2,049 2,111 589,05
3, 1 1550000 1.069 1.283 I ,4 19 I ,52 1 1,606 1,679 1,744 1.857 1.953 2.039 2.1 16 2,188 2,254 608,68
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3,3 1650000 I ,200 I ,448 1.604 I ,72 1 1.817 1,900 1,974 2, 102 2,2 12 2.:\09 2,397 2.478 2,553 647,95
3,4 1700000 1.268 1,53 5 1,70 0 1,825 I ,928 2,0 16 2,095 2,230 2,347 2,450 2,5 44 2,630 2,709 667,59
3,5 1750000 1,338 1,623 1,80 0 1,933 2,0 41 2,135 2,2 18 2,363 2,486 2,596 2,695 2.786 2,870 687,22
T•boi•A2 EJ
VEL
PERDA DE CARGA UNITÁRlA -J(n-v'IOOm)
ê ( mm )
Diâmetro (mm) .. 600
VAZÃO
(n-v's) Rey 0.0015 0.05 0. 1 0,15 0,2 0,25 0,3 0.4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 (Us)
0,3 I SOOOO 0,0 12 0,0 1~ 0,013 0,0 14 0,014 0,014 0,015 0,0 15 0,016 0,016 0.017 0.0 17 0,018 84,82
0,4 240000 0,020 0,022 0,022 O.OD 0,024 0,025 0,025 0 ,027 0.028 0,029 0,029 omo O.DJ I 113, lO
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I 600000 0 , 108 0, 119 0, 127 O, I ~4 0,140 0,145 0 ,150 0.158 0,166 0, 172 0,178 0, 184 0,189 282,74
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I ,2 720000 0, 151 0, 168 0.180 0.191 0,200 0,207 0.214 0.227 0,237 0.247 0.256 0.264 0.27 1 339,29
1,3 780000 0,175 0,195 0.210 0,223 0,233 0,243 0,251 0,265 0.278 0.289 0,300 0,309 0.~ 18 ?>67,57
1,4 840000 0,200 0,225 0,24~ 0,257 0,270 0 ,280 0,290 0,307 0,322 0,335 0.~47 0358 0,368 395,84
I ,5 900000 0 ,227 0,256 0,277 0,294 0,~09 0 ,32 1 0,3~2 0.~52 0,369 0,38tl 0.398 0,4 11 0.422 424,12
1,6 960000 0,256 0,290 o.~ 14 0,334 0 ,350 0,364 0,377 0.400 0,419 0,4~7 0,452 0.4<>7 0.480 452,39
I ,7 1020000 0 ,286 0.325 0 . ~53 0.376 0,394 0.4 11 0,425 0.451 0.473 0.492 0,510 0.527 0.542 480.66
I ,8 1080000 ().:l i 8 0,36~ 0,395 0,420 0 ,44 1 0,459 0,476 0 ,505 0 ,529 0,552 0.572 0.590 0.607 508,94
I ,9 11 40000 0,35 1 0,402 0,439 0,467 0,490 0,5 11 0.530 0,562 0 ,589 0,6 14 0,636 0.657 0.676 537,21
2 1200000 0 ,386 0,444 0,485 0.5 16 0 ,542 0.565 0,586 0.622 0 ,652 0 .680 0.705 0.72 7 0 .74!l 565,49
2, 1 1260000 0,422 0,488 0,533 0,568 0,597 0,623 0,645 0 .68 5 0 .719 0.749 0.776 0.801 0.825 593.76
2,2 1320000 0,460 0.533 0.58~ 0,622 0,654 0.682 0.707 0.751 0.788 0.821 0.85 2 0.879 0.905 622.04
2,3 1380000 0 ,499 0 ,5 8 1 0 ,636 0 ,679 0 ,7 14 0,7 45 0.772 0.820 0,861 0,897 0.930 0,960 o,n:lJ 650.3 I
2,4 1440000 0,539 0,630 0,691 0 ,738 0 ,7 77 0,810' 0,840 0.892 0,937 0.976 1.012 I ,045 1.076 678,58
2 ,5 1500000 0 ,582 0 ,682 0 ,7 48 0 ,799 0 ,842 0,878 0,91 I 0.967 I ,0 16 1.059 I .09!l I ,134 1,167 706.86
2 ,6 1560000 0 ,625 0 ,735 0,808 0 ,863 0 ,909 0,949 0,984 1,045 I ,098 1,145 I , 187 I ,226 1,262 735,13
2,7 1620000 0,670 0,79 I 0,870 0,930 0,979 1,022 1,06 1 I , I 27 1, 184 1.234 1.2SO I .32 1 1.360 763.4 1
2,8 1680000 0,7 I 7 0,849 0,934 0,999 I ,052 I ,099 1, 140 1.2 1 I I ,272 I ,327 1.3 76 1.42 I I .463 791.68
2,9 1740000 0 ,765 0.908 1.000 1,070 I ,128 1.178 1.222 I ,2 98 I .364 1.423 1.475 1.524 1.568 819,96
3 1800000 0,814 0,970 1,069 1,144 I ,206 1,259 I ,307 1.389 I ,459 I .522 1.578 1.630 1.678 848.23
3.1 1860000 0 ,865 1.033 I . 140 1,220 I ,286 1,344 1.394 1,482 1.558 1,624 I ,685 1.740 1.79 1 876,50
3,2 I 920000 0 ,917 I ,099 1.2 I 3 I ,299 1.:no I ,43 I I ,485 I .579 I ,659 1,730 I ,795 I ,854 I ,908 904,78
3,3 1980000 0 ,97 1 1. 166 1.288 1,380 I ,456 I ,52 1 I ,578 I .678 I ,764 1,840 I ,908 1.97 I 2,029 933,05
3,4 2040000 I .026 I ,236 1.366 I ,464 I ,544 I ,6 13 I ,675 I ,78 1 1.872 I ,952 2,025 2.092 2. I 53 96 1,33
3,5 2100000 I ,082 1.307 I ,446 I ,550 1.635 I ,709 I ,774 I ,886 I ,983 2.068 2. 145 2 .2 I 6 2.282 989 .60
VEL
PERDA DE CARGA UNITÁRIA- J(nviOOm)
E (m m )
Diâmetro (mm)
• 700
VAZÃO

(nvs) Rey 0,0015 0,05 0, 1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0.9 (U s)

0,3 21 0000 0,0 10 0,0 11 0,0 11 0 ,0 11 0,0 12 0 ,0 12 0,012 0.013 0,0 13 0.013 0,0 14 0.0 14 0,015 115,45
0,4 280000 0,0 17 0,0 18 0,0 19 0 .0 19 0,020 0 ,020 0,021 0,022 0,023 0,024 0.024 0.025 0.026 153,94
0 ,5 350000 0,026 0,02 7 0 .02 8 0.029 0,()30 0 ,031 0,0 32 0,03 4 0 ,035 0,036 0,038 0 ,039 0 ,040 192,42
0,6 420000 0 ,036 0 ,03 8 0 ,040 0,042 0,04 3 0 ,045 0,046 0,048 0,0 50 0,052 0,054 0.055 0 ,057 230,9 1
0,7 4 90000 0,047 0 ,05 1 0 ,054 0,056 0,058 0 ,060 0,062 0,065 0,0 68 0,070 0,073 0.075 0,077 269.39
0,8 560000 0,060 0,065 0 .069 0,072 0,075 0 ,078 0,080 0,085 0,0 88 0,092 0,095 0,098 0 ,100 307,88
0,9 630000 0,074 0,08 1 0 ,086 0,091 0,095 0 ,098 0, 10 1 0,107 0, 111 0,1 16 0,1 19 0,123 0,126 346,36
I 700000 0,09 0 0 ,099 0,106 0, 111 0,1 16 0 , 120 0,124 0,13 1 0, 137 0, 142 0,147 0, 152 0, 156 384,85
1, 1 770000 O, I 08 0 . 11 8 0 , 127 0. 134 0, 140 0, 145 0, 150 0, 158 0, 165 0. 172 0.178 0, 183 0 , 188 423,33
I ,2 840000 0, 126 0 . 140 0 , 150 0, 158 0, 166 0 ,172 0, 178 0 . 18 8 0 ,196 0.20 4 0,2 11 0.2 18 0 ,224 46 1,8 1
I ,3 91 0000 0,146 0 . 163 0,175 0, 185 O, 193 0 ,20 1 0.20 8 0 ,220 0,230 0,239 0,247 0.255 0 ,262 500,30
1,4 980000 0, 167 0,187 0,202 0,2 14 0 ,224 0,232 0,240 0.254 0,266 0,277 0,286 0.295 0 ,304 538,78
I ,5 1050000 0, 190 0,213 0.231 0,244 0 .256 0,266 0 ,275 0,29 1 0,305 0.3 17 0,328 0,339 0,348 577,27
1.6 1120000 0.214 0,24 1 0.261 0,277 0,290 0,302 0,313 0,33 1 0.347 0.361 0.373 0.385 0.396 615 ,75
1.7 1190000 0.239 0,27 1 0.294 0,3 12 0,327 0,340 0,352 0.373 0.391 0,40 7 0,42 1 0.434 0.447 654,24
1,8 1260000 0.265 0,302 0,328 0.3 49 0 ,366 0,38 1 0,394 0 ,417 0,438 0.455 0,472 0.486 0,500 692,72
I ,9 1330000 0,293 o.:ns 0,365 0.388 0 ,407 0 ,424 0,439 0 ,465 0,487 0,507 0 ,525 0,542 0.557 73 1.2 1
2 1400000 0.322 0.370 0.403 0,428 0 ,450 0,469 0,485 0,5 14 0,539 0.561 0 ,5 8 1 0.600 0,6 17 769,69
2. 1 1470 000 0.352 0,406 0.443 0.47 1 0 ,495 0,5 16 0,534 0,566 0.594 0.6 18 0.64 1 0,66 1 0.680 808, 17
2,2 1540 000 0,384 0,444 0,485 0 ,5 16 0.543 0,565 0,586 0,621 0,651 0,678 0 ,703 0,725 0,746 846,66
2,3 16 10000 0 ,4 17 0 ,484 0,529 0,563 0,592 0,6 17 0,640 0,678 0,7 12 0,74 1 0 .768 0,792 0,815 885.14
2,4 1680000 0,451 0.525 0.574 0,6 12 0 ,644 0,67 1 0,696 0,738 0,774 0 ,806 0,835 0.862 0,887 923,63
2,5 1750000 0.486 0,568 0,622 0,664 0,698 0,728 0,754 0 ,800 0,8 40 0,875 0 ,906 0,935 0,962 962, 11
2,6 1820000 0 ,523 0,6 12 0,672 0.7 17 0 ,754 0,786 0,8 15 0 ,865 0,908 0,945 0 ,980 1,0 11 1,040 1000,60
2,7 1890000 0,560 0,659 0 .723 0,772 0 ,812 0.847 0.878 0 ,932 0,978 1.0 19 I ,056 1.090 1,12 1 1039,08
2,8 1960000 0,599 0,707 0,776 0,829 0,873 0,9 10 0,944 I ,002 I ,0 52 1,096 I , 135 1,172 I ,205 1077,57
2,9 2030 000 0.639 0.756 0,831 0,888 0.935 0,976 1,0 12 1.074 I ,128 1.1 75 1.217 1.257 1,293 11 16,05
3 21 00000 0,68 1 0,807 0,888 0,950 1,000 I ,044 I ,082 1, 149 1.206 1.257 1.302 1.344 I ,383 11 54,54
3,1 2170000 0.723 0 ,860 0.947 1.0 13 1,067 1, 114 1. 155 1.226 1.287 1.341 1.390 1.435 I .477 1193,02
3,2 2240000 0.767 0,915 I ,0 08 1,078 I ,13 6 I ,186 1.230 1.306 1.37 I 1.429 I ,48 1 1.529 I ,573 1231,50
3,3 23 10000 0.8 12 0.97 1 1.0 7 1 1. 146 1,207 1.260 I ,30 7 1.388 I ,458 I ,5 19 I ,575 1.62 5 I ,672 1269,99
3.4 2380000 0.858 1,029 1,135 1,2 15 1.28 1 1,337 I ,387 1.473 1.547 1.6 12 1.67 1 1.725 1.775 1308,47
3,5 2450000 0.905 I ,089 1,202 1.287 I ,356 I ,41 6 I ,469 I ,56 1 I ,639 1.708 1,770 1.828 I ,881 1346,96
B ~--------------------------------------------------------~ 217

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PARTE 11

ESCOAMENTO
PERMANENTE E
NÃO PERMANENTE
EM CONDUTOS "I S QUAE POTATUM COLE GENS PLENO ORE SENATUM,
SECURI UT SITIS NAM FACIT ILLE SITIS"

LIVRES

Chafariz da Casa dos Contos - 1760


Ouro Preto - Minas Gerais
7 221

ESCOAMENTOS EM SUPERFÍCIE LIVRE


p
p L
p L u
p L u v
p L u v I
p L u v I A
F L u v I A L
F L u v I A L
F L u v I A L
F L u V I A L
F L u v I A L
7.1 INTRODUÇÃO F L u v I A L

O escoamento de água através de uma tubulação, sob condições de con-


[Augusto de Campos]
duto forçado, tem por principais características o fato de a tubulação ser fecha-
da, a seção ser plena, de atuar sobre o líquido uma pressão diferente da
atmosférica e o escoamento se estabelecer por gravidade ou por bombeamento.
Nos condutos livres ou canais, a característica principal é a presença da pres-
são atmosférica atuando sobre a superfície do líquido, em uma seção aberta,
como nos canais de irrigação e drenagem, ou fechada, como nos condutos de
esgoto e galerias de águas pluviais. Neste caso, o escoamento se processa ne-
cessariamente por gravidade.
Os canais podem ser c lassificados como ]JiJturais, que são os cursos
d'água existentes na Natureza, como as pequenas correntes, córregos, rios,
estuários etc., ou artificiqj_s, de seção aberta ou fechada, construídos pelo ho-
mem, como canais de irrigação, de navegação, aquedutos, galerias etc.
Os canais podem ser ditos prismáticos se possuírem ao longo do com-
primento seção reta e declividade de fundo constantes; caso contrário, são ditos
não prismáticos.
Os conceitos relativos às linhas de energia e piezométrica são utilizados
nos canais de forma análoga aos condutos forçados, observando que, devido
à presença da pressão atmosférica, a J inha piezométrica geralmente, mas nem
sempre. coincide com a linha d'água. Nas aplicações mais comuns em que a
linha d 'água coincide com a linha piezométrica, a carga de pressão p/y do
conduto forçado será substituída pela altura d'água y na seção considerada.
Apesar da similaridade no tratamento analítico dos dois tipos de escoa-
mentos, cabe observar que existe muito mais dificuldade de tratar os condu-
tos livres do que os condutos forçados .
Primeiramente, considerando o aspecto relativo à rugosidade das pare-
des, para as tubulações usuais em condutos forçados, se têm rugosidades bem
caracterizadas, já que os tubos decorrem de produção industrial, e a gama de
variação destes materiais é pequena (ferro fundido, aço, concreto, P.V.C. etc).
B"'"'" " Básioo C•p. 7

O mesmo não ocorre com as rugosidades dos canais, em que, além dos tipos
de materiais usados serem em maior número, é mais difícil a especificação do
valor numérico da rugosidade em revestimentos sem controle de qualidade
industrial ou, mais difícil ainda, no caso dos canais naturais.
No que concerne ao estabelecimento dos parâmetros geométricos da
seção (área, perímetro, altura d' água), é visível a mai or dificuldade para os
canais, pois, enquanto os condutos forçados têm, basicamente, seções circu-
lares, o·s canais se apresentam nas mais variadas formas geométricas, além do
que esses parâmetros geométricos podem ainda variar no espaço e no tempo.
·rrDo ponto de vista da responsabilidade técnica, os projetos em canais são
mais preocupantes, já que, se um erro de 0,30 m no plano piezométrico de uma
rede de distribuição de água não traz maiores conseqüências, uma diferença de
0,30 m no nível d'água em um projeto de sistema de esgotos ou galerias de
águas pluviais pode ser desastros~

7.2 ELEMENTOS GEOMÉTRICOS DOS CANAIS


Tanto nos canais prismáticos como n os
não prismáticos, uma série de parâmetros é ne-
cessária para descrever geometricamente a seção
e as declividades de interesse. Conforme a Figura
Hm
7.1, os principais elementos geométricos são:

a) Área molhada (A) é a área da seção


1., reta do escoamento, normal à direção
Figura 7.1 Elementos geométricos de uma seção. do fluxo.

b) Perímetro molhado (P) é o comprimento da parte da fronteira sólida


da seção do canal (fundo e paredes) em con tato com o líquido; a
superfície livre não faz parte do perímetro molhado.
c) Rai hidráulico (Rh) é a relação entre a área molhada e o erímetro
,molhado, e foi discutido no Capítul o .
d) Altura d'água ou. tirante d'água (y) é a distância vertical do ponto
mais baixo da seção do canal até a superfície livre.
e) Altura de escoamento da seção (h) é a altura do escoamento medi-
da perpendicularmente ao fundo do canal.
f) Largura de topo (B) é a largura da seção do canal na supeifície livre,
função da forma geométrica da seção e da altura d'água.
Cap. 7 Escoamentos em Superfície Livre 223

g) Altura hidráulica ou altura média (Hm) é a relação entre a área mo-


lhada e a largura da seção na superfície livre. É a altura de um retân-
gulo de área equivalente à área molhada.

(7 .1 )

h) Declividade de fundo (10 ) é a declividade longitudinal do canal. E m


geral, as decliv idades dos canais são baixas, podendo ser expressas
=
por 10 = tg ex. sen ex..
i) Declividade piezométrica ou declividade da linha d'água Cla).
j) Declividade da linha de energia (Ir) é a variação da energia da cor-
rente no sentido do escoamento.

7.3 TIPOS DE ESCOAMENTOS


Os escoamentos nos canais podem ter por parâmetros de variabilidade o es-
paço e o tempo, isto é, características hidráulicas como altura d'água, área molha-
da, raio hidráulico podem variar no espaço, de seção para seção, e no tempo.
Conforme foi definido no Capítulo 1, w mando como critério compara-
tivo o tempo, os escoamentos pode m ser permanentes e não permanente~ ou
variáveis. I
~ v c.J.le_. .;:p t.X
t:'l
c..1...112.
O escoamento ou regime é permanente se a velocidade local em um
ponto qualquer da corrente permanecer invariável no tempo, em módul o e
direção. Por conseguinte, os demai s parâmetros hidráulicos em uma mesma
seção transversal, como profundidade, vazão, área molhada etc., guardam um
valor constante e existe entre as diversas seções do canal uma "continuidade
de vazão".
Ao contrário, o escoamento ou regime é não pennanente se a velocidade
e m um certo ponto varia com o passar do te mpo . Neste caso, não existe uma
continuidade de vazão e as características do escoamento depende m, por sua
vez, das coordenadas do ponto considerado e do tempo. Este tipo de escoamen-
to ocorre, por exemplo, quando da passagem de uma onda de cheia através de
um canal. Deve-se, entretanto, observar que o fato de o escoamento ser perma-
nente ou não depende da posição do observador em relação à corrente, assim
o escoamento de um ri o em volta do pilar de uma ponte é permanente para o
observador postado sobre a ponte e não permanente para o observador em um
barco impelido pela corrente.
Tomando como critério comparativo o espaço, os escoamentos podem
~er uniformes e não uniformes ou variados. O escoamento ou regime é unifo r-
me desde que as veloc idades locais sejam paralelas entre si e constantes ao
Cap. 7

longo de uma mesma trajetória; elas podem, entretanto, diferir de uma traje-
'tória para outra. ~s trajetórias são retilíneas e paralelas, a linha d'água é pa-
ralela ao fundo, portanto a altura d'água é constante e lo= Ia= I r.
Quando as trajetórias não são paralelas entre si, o escoamento é dito não
uniforme, a declividade da linha d'água não é paralela à declividade de fun-
do e os elementos característicos do escoamento variam de uma seção para ou-
tra. Neste caso, a declividade de fundo difere da declividade da linha d'água
lo :;é Ia.
O escoamento variado pode ser permanente ou variável, acelerado ou
desacelerado, se a velocidade aumenta ou diminui no sentido do movimento.
O escoamento variado, por sua vez, é subdividido em gradualmente
variado e rapidamente variado. No primeiro caso, os elementos característi-
cos da corrente variam de forma lenta e gradual, de seção para seção, e no ~

segundo, há uma variação bmsca na altura d'água e demais parâmetros, sobre


~a distância comparativamente pequena. Os escoamentos bmscamente va-
Existirá uma forma geométrica da
seção reta de um canal no qual o raio
hidráulico é igual à altura hidráulica?
riados serão estudados como fenômenos locais, cu jos principais exemplos são
o ressalto hidráulico, 9.ue é uma elevação bmsca da superfície livre que se
produz quando uma corrente de forte
velocidade encontra uma corrente de
Queda
brusca fraca velocidade. e a queda brusca,
Remanso gue consiste em ~~~ abaixamento notá-
vel da linha d'água sobre uma distân-
cia curta.
A Figura 7.2 apresenta algu ns
tipos de escoamentos permanentes em
um canal uniforme e de declividade
constante.
Figura 7.2 Tipos de escoamentos permanentes, uniformes e vari ados.
Em resumo, os escoamentos em
canais são c lassificados como:

unifom1e
Escoamento permanente gradual
{ variado { , .
rap1do

. { uniforme (muito raro)


Escoamento não permanente . {gradual
vanado
rápido
Cap. 7 Escoamentos em Superfície Livre

Ainda do ponto de vista classificatório, pode-se distinguir, como nos


condutos forçados, dois tipos de regime, laminar e turbulento. As principais
forças que atuam sobre a massa líquida são a força de inércia, da gravidade,
de pressão e de atrito, pela ex istência de viscosidade e rugosidade, e são ex-
pressas, sendo L uma dimensão geométrica característica, como:
Força de inércia -7 F; = ma = pUV2/L = p V2U
Força da gravidade -7 Fg = mg = pU g
Força de pressão -7 Fp = pU
Força viscosa -7 F v = J.1 (/).VI /).y) A = J.1 VU I L = J.1 VL
O número de Reynolds é a relação entre a força de inércia .e a força
viscosa e, no estudo dos canais, este adimensional é expresso por:

Rey = pVL = VRh (7.2)


J.1 v
em que V é a velocidade média na seção considerada, Rh, o raio hidráulico da
seção e v, a viscosidade cinemática da água.
Como para os condutos forçados ci rculares Rh = D/4 e para Rey < 2000
caracterizava regime laminar, pela Equação 7.2, .Q_ara os canais tem-se Rey <
2.QQ_no regime laminar. A grande maioria das aplicações práticas ocorre para
números de Reynolds bém maiores que 500, caracterizando escoamentos tur-
bulentos.
Em um escoamento em canal a linha
O número de Reynolds petmite classificar os escoamentos livres em três de energia pode cruzar a linha d'água?
E a linha piezométrica pode?
tipos, como se segue:
0 Escoamento laminar Rey < 500
@ Escoamento turbulento Rey > 2000
@ Escoamento de transição 500 < Rey < 2000
Outro adimensional muito utilizado em estudos de canais é o número de 1. William Froude, engenheiro britãni·
CO, 1810·1879.
Fraude, 1 definido como a raiz quadrada da relação entre a forç"'ã de inércia e
a força de gravidade, e expresso por:

pv 2e v
Fr =
peg = ~g Lc (7.3)

em que V é a velocidade média na seção, g, a aceleração da gravidade e Lc,


uma dimensão característica do escoamento. Nos canais, é comum definir
Cap. 7

como dimensão característica a altura hidráulica da seção, de modo que o


número de Froude é apresentado como:

Fr =-~=
v (7 .4)
~g H m

O número de Froude é utilizado para classificar os escoamentos livres


que ocorre m nas aplicações práticas em três tipos, como se segue:
a) Escoamento subcrítico ou fluvial, Fr < 1.
b) ,Escoamento su percrítico ou torrencial, F r > 1.
c) §_scoamento crítico, Fr = 1.
No Capítulo 1O, este adimensional será me lhor analisado.

7.4 DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADE

I Nos capítulos que serão desenvolvidos a seguir, será feita a utilização da


velocidade média e m uma seção. Embora este conceito simples seja de gran-
de utilidade, não se deve perder de vista o fato físico de que as velocidades das
várias partícul as em um canal não estão uniformemente distribuídas na seção
reta do m esmo. E nquanto nos condutos forçados em tubulações c irculares
existe um perfil de veloc idade com simetria axial, na seção reta dos canais,
principalmente nos canais naturais, as velocidades variam acentuadamente de
O escoamento gradualmente variado é
não uniforme e permanente? um ponto a outro. A desunifo rmidade nos perfis de velocidades nos canais
depende da fo rma geométrica da seção e é devida às tensões cisalhan tes no
fundo e paredes e à presença da supe rfície livre. De modo geral, nos canais
prismáticos, a d istribuição vertical da velocidade segue uma lei aproximada-
mente parabólica, com valores decrescentes com a profundidade e a máxima
velocidade ocorrendo um pouco abaixo da superfície livre.
A Figura 7 .3 mostra, para a
y seção transversal de um canal pris-
mático, a fo rma das isotáqui as ou
Vmáx. linh as de igual velocidade e, para
Vmed
uma seção long itud inal, um perfil
de velocidades.

v A velocidade média em uma


F igura 7.3 Distribuição de velocidade em uma seção. seção long itudinal é calcu lada, na
prática, como sendo a média arit-
mética e ntre as velocidades pon-
tuais a 0,2 h e 0,8 h, e m que h é a
Cap. 7 Escoamentos em Superfície Livre 227

profundidade da seção longitudinal, ou aproximada-


mente igual à velocidade pontual a 0,4 h.
Um escoamento permanente que dependa de três
coordenadas x, y, e z para a definição de suas proprie-
dades e características é dito tridimensional. Esta situa-
ção ocorre em canais retangulares estreitos nos quais a
relação entre a largura na superfície livre e a altura
d'água é menor que 3. À medida que esta proporção
cresce, pode-se utilizar um modelo mais conveniente
para descrever o campo de velocidades, chamado bidi-
mensional, no qual v(x,y). A velocidade média na seção Figura 7.4 Velocidade média em uma seção longiLUdinal.
longitudinal de altura d'água y é dada por:

. V ~ .qv(x,y)dy Í (7.5)
\ yo .}

Os cálculos são consideravelmente simplificados com a adoção do mo-


delo unidimensional, no qual v(x), isto é, a velocidade pontual, só depende de
uma coordenada geométrica ao longo do canal, e a velocidade média na seção
reta é a velocidade única e representativa.
Devido à não uniformidade na distribuição das velocidades nas seções
dos canais, em algumas aplicações às vezes é necessário fazer uso dos coefi-
cientes de correção da energia cinética e da quantidade de movimento, coefi-
ciente de Coriolis e Boussinesq, respectivamente, discutidos na Seção 1.2.3.
As Equações 1.14 e 1.17 apresentam estes coeficientes como:

(7.6)

(7.7)

em que A é a área da seção reta, v, a velocidade pontual e V, a veloc idade


média na seção .
Se o escoamento for bidimensional como em um canal retangular lar-
go (B > I Oy), no qual A= B·y e, portanto, dA= B·dy, em que y é a distância
do fundo do canal ao ponto de velocidade v, as Equações 7.6 e 7.7 ficam:
Cap. 7

(7.8)

(7 .9)

As integrais das Equações 7.8 e 7.9 podem ser resolvidas analiticamen-


te, desde que se conheça a função v = v(y), isto é, a equação do perfil de ve-
locidade ou, numericamente, desde que se tenham medidas pontuais das
velocidades em vátias vertica is.
Devido à não uniformidade na distribuição das velocidades, a carga
cinética, que é uma das componentes da carga total em uma seção, assume um
valor maior que aquele computado por V 2/2g, em que V é a velocidade média
na seção. Quando a equação da energia é u sada, a verdadeira carga cinética
deve ser expressa por aV2/2g.
Dados experimentais indicam que o valor de a varia entre 1,03 e I ,36
para escoamento turbulento em canais prismáticos razoavelmente retilíneos. O
valor de a é geralmente maior para os canais peque nos e menor para canais
No escoamento em canais, a linha maiores com considerável altura d' água. Nas mesmas condições, os valores de
piezométrica nunca pode ser
ascendente? Bvariam de 1,01 a 1,12. Para canais retilíneos de seção reta regular, o efeito
da não uniformidade das velocidades é pequeno e, na maioria das aplicações
práticas, os coeficientes a e Bsão assumidos iguais à unidade.

EXEMPLO 7.1

y Considere o escoamento bidimensional em um ca- .


--:-:-:-:-:-:-:-:-:-- --~-:-:-:-:-:-:-:-:-- nal retangular largo, cujo perfil de velocidade é mostrado na
0,60 m/ s Figura 7.5. A velocidade próxima ao fundo é de 0,30 rn/s e
a 1,20 m do fundo a velocidade é máxima e igual a 0,60
l,SO m
1,20 m
m/s. O perfil de velocidade pode ser aproximado por uma
parábola, como na figura. Determine a veloc idade média
0,30 m/s
na seção e os coeficientes a e B. Verifique se o regime de
escoamento é laminar ou turbulento e também se é flu vi-
al ou torrencial. Viscosidade cinemática da água
Figura 7.5 Perfil de velocidade do Exemplo 7 .1.
v = 1o·6 m2/s.
Cap. 7 Escoamentos em Superfície Livre

Sendo a distribuição vertical da velocidade descrita por um perfil para-


bólico, é da forma v(y) = ay2 + by +c, com a, b e c parâmetros a determinar.
As condições do problema são:
a) Se y =O ~ v(y) = 0,30 mls ~ c = 0,30

Se y = 1,20 m ~ v(y) = Vmáx ~


dv(y))
-d- =o ~
(
y y=l ,2

~ 2ay + b = O ~ 2,4·a + b = O
b) Se y = 1,20 m ~ v(y) = 0,60 = 1,202 ·a + 1,20·b + 0,30
Portanto, das três equações, os valores dos parâmetros são: a=- 0,2083,
b = 0,50 e c= 0,30, e o perm é dado por: v(y) = - 0,2083· y2 + 0,50·y + 0,30.
A velocidade média é dada pela Equação 7.5, para uma abscissa x fixa.

1y 1 1,5
f
V=- v(y)dy = -
y o 1,5 o
f(
- 0,2083y 2 +0,50y+0,30)dy = 0,5 19 m/s

Pela Equação 7.8, o coeficiente a vale:

y 1,5

10
f
v dy
3

1
f(-0,2083/ + 0,50y + 0,30) dy 3

0
a= - - -3- = - = 1 08
y V 1,5 0,5 193 ..1--

Pela Equação 7.9, o coeficiente ~vale:

y 1,5

1
fv dy
2

1
f(-0,2083y 2
+ 0,50y + 0,30) 2 dy

~= y--º-y-2-= 1:5° 0,519 2 =~

Para um canal retangular largo, o raio hidráulico é aproximadamente


igual à altura d'água, pois:

Rh=A= B ·y ,comoB>>y :. R 11 :y~ Rh = 1 ,5 m,daí:


P B+ 2·y
Cap. 7

0 519 5
Rey= V·R" = • /' = 7,785·10 5 >2000 :.regime turbulento.
v 10-

Para um canal retangular, a altura hidráulica é a própria altura d'água,


pois pela Equação 7.1 :

H = A = B. y = y = 1,5 m
m B B

portanto, pela Equação 7.4, o número de Froude vale:

0 519
Fr = v
r;:u- = • = o,135 < 1 :. .
regtme fi uv1a
. 1.
vg H 111 -J9,8 ·1,5

Para uma distribuição de velocidades dada de forma discreta através de


um conjunto de pares de pontos de velocidade pontual (v) e ordenada marcada
a partir do fundo do canal (y), a determinação dos coeficientes a. e~ pode ser
feita com o uso do programa COEF.EXE. * Este programa determina a velo-
cidade média e os coeficientes a. e ~ para uma seção trapezoidaJ com largura
• Ver diretório Canais no endereço ele-
trônico www.eesc.sc.usp.br/shs na
de fundo b, altura d'água y e proporção horizontal da inclinação do talude Z
área Ensino de Graduação. (1 V:ZH), dado o perfil de velocidade, pela integração numérica das Equações
1.1 4 e 1.17. Para o escoamento bidimensional, canal retangular largo, é feita
a integração numérica das Equações 7.8 e 7.9, e o programa pode ser usado
fazendo Z =O e adotando um valor b >> y (ver Problema 7.3).

7.5 DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO


Outra componente da equação de energia é a carga de pressão p/y em
um determinado ponto do escoamento e que pode ser medida pela altura
alcançada pela água em um piezômetro colocado no ponto.
Em relação ao perfil de pressão em uma determinada seção, os escoa-
mentos em canais podem ser c lassificados como paralelo, no qual as linhas de
corrente são retas paralelas, não apresentam curvaturas e o efeito de compo-
nentes de acelerações normais à direção do fluxo, devido à força centrífuga,
é desprezível, e curvilíneo, quando o efeito centrífugo devido à curvatura das
linhas de corrente não é negligenciável.
Considere o escoamento livre de um fluido incompressfvel sobre o fim-
do côncavo de um canal, como na Figura 7.6.
Cap. 7 Escoamento em Superfície Livre 231

Conforme foi visto na Seção 1.2, a resultante das forças que atuam
sobre um e lemento de fluido na direção da normal principal +n, Equação
I .6, pode ser escrita como:

2
dp dz V
-+pg-=p- (7.1 O)
dn do r

na qual o termo do lado direi to é a aceleração normal, dirigida para o cen-


tro de curvatura (c.c) da linha de corrente. Observando que a orientação
da direção +n na Figura 7.6 é co ntrária àquela usada na Figura 1.1 , está
apontando para o centro de curvatura, a Equação 7.10, fica:
c.c
z

I'
dp dz V
2 /I
- - - pg-= p - (7 .1 I) \ ll I

dn do r

A Equação 7.11 permite dete rmin ar a distribuição de pressão na Í'-


/
\\! 'i~-. /
1\,_- -j
I
r

direção nor mal à linha de corrente, c o termo do lado direito é a aceleração a( '--<~' <:
~
y i ·--.;

i~;h··-.....----------+
I
--------·~
no rmal da massa que se desloca segundo uma linha curva de ra io r, con- I
f
forme a Figura 7. 6.
Adm itindo que todas as linhas de corrente tenham a mesma veloci-
dade c o raio de cur vatura r seja constante, a Equação 7.11 pode ser inte-
Figu n t 7.6 Escoamento sobre um run-
g rada na forma: do côncavo.

n v2
(p+yz) = - p J-dn + Ctc (7. 12)
o r

De acordo com a Fi gura 7 .6, as condições de contorno para a equação


são:
a) para n = O (z = O) ---7 p = Cte ou, no fundo do canal, pr = Cte.
b) para n = h (z = y) ---7 p = Pa = O (pressão atmosférica)

y'!.
-7Y y =- p-h + Cte A lei de dlslribuição de pressão
hidrostática em um canal, significa que
r em uma determinada seção a pressão
varia linearmente? Por que, na prática,
Porta nto , a distribuição de pressão entre a superfície livre e o fundo pode-se aplicar esta lei aos escoamentos
permanentes gradualmente variados ?
do canal é dada por:

\. y2 '\
L Pr = y y + p-.-_ h (7 . 13)

------------------~~
Cap. 7

A Equação 7.13 mostra que a distribuição


de pressão é a soma do e feito hidrostático, carga
de pressão y-y, com o efeito centrífugo devido à
aceleração normal do escoamento, que aumenta a
pressão no fundo se a curva for côncava e diminui
se for convexa, conforme Figura 7.7.

7.5.1 ESCOAMENTO PARALELO


Efeito centrífugo

Figura 7.7 Distribuição de pressão em fundo curvo.


Se o escoamento for paralelo, isto é, se as
linhas de corrente forem retas paralelas como no
I, escoamento uniforme, na Equação 7. 13 tem-se r---7oo e
a aceleração normal é nula, portanto:

pr = y y = y h cosa (7.14)

7.5.2 INFLUÊNCIA DA DECLIVIDADE


DE FUNDO
Considere as condições de escoamento em um
canal de grande declividade no qual não há aceleração
Figura 7.8 Distribuição de pressão em escoamento paralelo. normal e a velocidade é uniforme na seção e paralela ao
fundo, isto é, as linhas de corrente são paralelas ao fun-
do do canal, conforme a Figura 7.9.
Sobre o elemento de volume de espessura dx, largura unitá-
ria e altura h, as forças atuantes na direção s são a componente do
peso do elemento e a força de pressão na base. A condição de equi··
líbrio na direção s impõe:

p dx = y h dx cos a (7.1 5)

Como h = y·cosa, em que y é a altura do escoamento medi-


Figura 7.9 Canal de grande declividade. da verticalmente, vem:

(7 .16)

Observe que, apesar de o escoamento ser paralelo e a velocidade, uni-


forme, a distribuição de pressão dada pela Equação 7. 16, isto é, a carga de
pressão p/y para qualquer altura vertical é igual a esta allura multiplicada pelo
fator de correção cos 2a. Como em rios e canais a declividade de fundo, em
geral, não assume valores maiores que 0,01 rn/m, o que corresponde a cos 2 a=
0,9999, pode-se confundir a altura y, medida na vertical, com a altura h, me-
dida formando um ângulo reto com o fundo do canal.
Cap. 7

cia das forças viscosa e da gravidade avaliando os regimes do escoamento atra-


vés da determinação dos números de Reynolds e Froude. Viscosidade da água
o-
v = 1 6 m2/s.
[Rey = 3,75 · 10 5 ; Fr = 0,365; Regime turbu lento e flu vial]

7.3 A s velocidades medidas em várias alturas do escoamento em um canal


trapezo idal de largura de fundo igual a 4,0 m e inclinação dos taludes I V:2H
(Z = 2) e altura d'água de 1,20 m são listadas na tabela seguinte. Utilizando
o programa COEF.EXE, determine a velocidade média e os coeficientes a e
~da seção.
Repita o cálculo assumindo escoamento bidimensional (canal retangu-
lar largo). ·

[Trapezoidal~ V= 1,23 m/s; a= 1, 13; ~ = 1,06]

[Bidimensional~ V= 1, 17 rnls; a= 1,21; ~ = 1,10]

7.4 A d istribuição de velocidade em um rio muito largo de 3,0 m de profun- _


didade pode ser aproximada pela equação v = 0,5 + (y/3)0 •5 com v(m/s) e y(m),
em que y é a ordenada medida a partir do fundo. D etermine os coeficientes a
e~ analiticamente através das Equações 7.5, 7.8 e 7.9 e u sando o programa
COEF.EXE, adotando os valores de y a cada 0,20 m e calculando os corres-
pondentes valores de v.
[Analítico~ a= 1,12; ~ = 1,04 ; Numérico~ a = 1,13; ~ = 1,04]

7.5 Considere o escoamento em um canal retangular de grande declividade,


e
como na Figura 7.9, no qual a declividade de fundo é e a altura d'água
medida verticalmente é y. Mostre que a força devido à distribuição de pressão
sobre as paredes verticais do canal e o momento desta força em relação à base
da parede valem , respectivamente:

7.6 Considere um escoamento bidimensional em um canal com profundidade


h. Assumindo um perfil de velocidade logarítmico dado pela equação:
Cap. 7 Escoamentos em Superfície Livre

-v = 5,75log (30zJ
- (ver Problema 2.5)
u. E

na qual z é uma ordenada medida a partir do fundo do canal e v é a velocida-


de pontual, demonstre que:
a) Vmédia =
vo,4h, isto é, a velocidade média é aproximadamente a velo-
cidade a 40% da profundidade da seção, medida a partir do fundo.
b) Vmédia =112 (vo.211 + vo,sh), isto é, a velocidade média é aproximada-
mente a média aritmética entre as velocidades medidas a 20% e 80%
da profundidade.
Repita a aplicação adotando um perfil de velocidade parabólico com as
seguintes condições:
a) Se z =O ~ v =O
b) Se z = h ~ v = v máx
dv
c) Se z = h ~ - =O
dz
V
, y
~/ 7.7 Considere duas seções de canais, uma circular de I m de diâmetro es-
coando a meia seção e outra retangular com altura d'água igual à da seção cir-
cular. Se os números de Fraude dos escoamentos nas duas seções forem iguais,

-mostre que entre a veloc idade média na seção circular, V c, e a velocidade


m édia na seção retangular, Vr, existe a seguinte relação:

~: =~
/ E stude a distribuição de pressão, segundo a vertical de um escoamento
unifmme, circulando em um canal inclinado de 30° com a hmizontal. Calcule a
pressão em um ponto do líquido distante verticalmente 2 m da superfície livre.
[p = 14,70 kN/m2]
~y7.9 Considere o escoamento permanente, livre, no pé do vertedor de uma
barragem como sendo aproximado por um modelo em que as linhas de corren-
te são arcos de círculos, e que a distribuição de velocidade ao longo da linha
AO obedece ao padrão de vórtice livre ou h·rotacional, isto é, dada por: V =
CIR, em que C é uma constante e R , o raio de curvatura de uma linha de cor-
rente qualquer, conforme Figura 7.11. Sendo R1 e Ro os raios de curvatura das
linhas de corrente limites, superfície livre e fundo, e conhecendo a velocidade V 1
da linha de con·ente de raio R ,, mostre que a pressão devido ao efeito centrífu-
go na base do vertedor, segundo a Figura 7. 7, é dada por:

7.10 Em um experimento de laboratório instalou-se, na parede vertical de um


canal de 0,25 m de profundidade, 5 tomadas de pressão igualmente espaçadas na
Figura 7.11 Problema 7.9. vertical, de 5 em, a partir da superfície livre. Os valores das cargas de pressão
medidas estão na tabela abaixo, em mmH2 0. Determjne:
a) a força sobre a parede do canal por unidade de comprimento;
b) a relação entre a força determinada experimentalmente e aquela que se
obteria adotando-se uma distribuição de pressão hidrostática.

O canal parabólico cuja seção reta é a) [F= 327,56 N/m]; b) [1 ,069]


mostrada na figura transporta em regime

~
permanente e uniforme, uma vazão de 2,0
3
m /s com altura d'água Yo = 1,0 m. O
escoamento é fluvial ou torrencial?
Água escoa ocupando toda a seção de um canal semi-hexagonal re-
vestido de concreto, com largura de fundo b. A vazão é 12 m 3/s. Determi-
ne o valor de b se o número de Froude do escoamento for 0,65.
[b =2,0 m]
7.12 A distribuição bidimensional de velocidade em uma seção de um canal
largo pode ser aproximada pela equação V= V o(y/y ,l ,
na qual V é a veloci-
dade do fluxo para a altura d'água y; V o a velocidade do fluxo para a altura yo
e n uma constante. Determine a relação entre os coeficientes a de Coriolis e ~
de Boussinesq.
[a/~= (2n~ + 3n + l)/(3n + 1)]
-

8 237

CANAIS- ESCOAMENTO PERMANENTE E


UNIFORME

8.1 INTRODUÇÃO
Conforme visto no capítulo anterior, o escoamento uniforme é aquele
em que há uma constância dos parâmetros hidráulicos, como área molhada, al-
tura d'água etc., para as várias seções do canal.
Obviamente, este tipo de escoamento no qual a velocidade média é
constante só ocorre em condições de equilíbrio dinâmico, isto é, quando hou-
ver um balanceamento entre a força aceleradora e a força de resistência que
tente sustar o movimento.
A força de resistência depende da velocidade média do escoamento,
portanto é necessário que esta velocidade atinja um determinado valor para que
haja equ ilíbrio entre essas forças. Também, é necessário que o canal prismático
tenha um comprimento razoável e declividade e mgosidade constantes, para
que haja possibilidade do estabelecimento do escoamento permanente e uni-
forme, fora dos trechos onde existe a influência das extremidades de montante
e jusante.
Escoamento Escoamento Escoamento
Considere o escoamento apresentado na Fi- variado unifonne variado I
gura 8.1, em que um canal prismático, de decli-
vidade e mgosidade constantes, é alimentado por ··---------- ---.......................h·.~:.................____
um reservatório mantido em nível constante e ter- .·.·.·.·.-:-- ~---

~~~~~~~~~~
mina em uma queda brusca.
Admitindo-se que o canal seja suficientemen-
te longo para que possa ser estabelecido o escoa-
mento uniforme, o desenvolvimento do fenômeno
pode ser descrito da seguinte fonna.
Figura 8.1 Escoamento uniforme e não uniforme.
A força resistiva originada por uma tensão
de cisalhamento entre a água e o perímetro mo-
lhado, que depende da viscosidade do fluido e da rugosidade do canal, é fun-
ção da velocidade média. A força aceleradora é a componente da força da
gravidade na direção do escoamento.
No trecho inicial do canal, haverá uma aceleração do escoamento neces-
sária para a velocidade passar de um valor praticamente zero no reservatório
para um valor finito . Neste trecho, há um desbalanceamento das forças, já que
a componente da força de gravidade supera a força resistiva. Com o aumento
da velocidade, cresce a força de resistência até que esta se torna, em módulo,
igual e oposta à componente da gravidade. Ao se atingir o equilíbrio, chega-se
a um movimento com velocidade constante, que é caracterizado pela constân-
cia da vazão através da seção reta e constância da altura d'água, identificando
o escoamento uniforme. Próximo à extremidade de jusante, o escoamento é in-
fluenciado pe la presença da queda livre e existe novamente o desbalancea-
mento das forças, caracterizando um escoamento acelerado no quàt a altura
d'água varia gradualmente, o que é chamado de escoamento permanente gra-
dualmente variado.
Desta maneira, pode-se verificar que, em canais curtos, as condições de
escoamento uniforme não são atingidas e que este tipo de escoamento é difí-
cil de ocorrer na pi·ática, porém a adoção deste mode lo forma a base para os
cálculos de escoamentos em canais.
Este capítulo tratará essencialmente de canais prismáticos, de baixa
declividade, com fronteira rígida (não sujeita à erosão) e altura d 'água cons-
tante Yo chamada altura normal.

8.2 EQUAÇÕES DE RESISTÊNCIA


Como nos condutos forçados, os cálculos em canais estão baseados em
equações de resistência, equações que ligam a perda de carga em um trecho à
velocidade média, ou vazão, através de parâmetros geo.m étricos e da rugo-
s idade do perímetro molhado. Para o caso do escoamento permanente e uni-
forme em canais prismáticos com declividade de fundo baixa, isto pode ser
feito a partir da condição de equilíbrio dinâmico entre as forças que atuam so-
bre a massa d'água.
Para um trecho de canal com declividade de
fundo lo, tal que se possa tomar a altura d'água me-
dida na vertical, conforme foi visto no capítulo ante-
rior, as forças que atuam sobre o volume de controle
ABCD, da Figura 8.2, são a componente da força de
·gravidade na direção do escoamento, W·sena., as for-
ças de pressão hidrostática e a força de cisalhamento
nas paredes e fundo .
Aplicando a 2 8 lei de Newton ao volume de
w controle, tem-se:
Figura 8.2 Forças que atuam sobre a massa fluida.
Cap. 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme

Já que, por hipótese, o escoamento é uniforme, YI = Y2 = Yo, e, portan-


to, F 1 = F 2, e como W = y A L, em que A é a área molhada e P, o perímetro, a
Equação 8. 1 fica:

y A Lsen a= 1: 0 PL (8.2)

e daí:

(8.3)

Como, para ângulos pequenos (a< 6°), pode ser feita a aproximação:
sen a = tg a = D.zfL = lo
fica:

(8.4)

em que 1:0 é a tensão média de cisalhamento sobre o perímetro molhado.


Observe que a Equação 8.4 é a mesma equ.ação deduzida na Seção 1.4,
Equação 1.25, para condutos forçados, trocando-se a perda de carga unitária
J pela declividade de fund o do canal lo, que no caso é igual à declividade da
linha de energia Ir.
Conforme a Equação 1.27, a tensão de cisalhamento pode ser escrita
como:

pfV 2
1: = -- (8.5)
0 8

em que f é o fator de atrito, função do número de Reynolds e da mgosidade


da parede. Assumindo que o raio hidráulico seja o parâmetro que serve para
levar em conta as diferenças de forma entre seções retas de tubos circulares e
canais prismáticos, a Equação 8.4 pode ser comparada com a Equação 8.5.

pfV 2
1:
o
= --=yRhi
8 o
(8.6)
EJ Hid<á,Uoa Básloa Cap. a

que após desenvolvida fica:

V= {8g 'RI
Vf -.j l'-hlo (8.7)

Fazendorc ~ !f} em-se finalmente:

\ V=CJR:I: J (8.8)

1. Antoine de Chézy, engenhei ro e mate·


A Equação 8.8 é conhecida como~rmula de Chézy] 1 em que C é o coe-
mático francês, 1718·1798. ficiente de resistência ou coeficiente de rugosidade de Chézy. Esta equação é
indicada p,ara os escoamentos turbulentos rugosos em canais:
Utilizando-se a equação da continuidade, a fórmula de Chézy toma-se:

l Q=CAJR:I: \ (8.9)

Esta é a equação fundamental do escoamento permanente uniforme em


canais'.
A Equação 8.8 pode ser deduzida diretamente da equação de Darcy-
Weisbach, Equação 1.20, em sua forma general izada, usando o conceito do
diâmetro hidráulico da seção. Isto fica a cargo do le itor.
Considere agora o caso mais geral, no qual
o escoamento é permanente variado, portanto a
velocidade média pode mudar na direção do es-
coamento. A Figura 8.3 mostra um volume de
controle elementar e as forças que atuam sobre a
água, como no caso anterior, gravidade, atrito e de
pressão. Como hipótese, a declividade de fundo é
pequena e a distribuição de pressão, hidrostática.
Figura 8.3 Forças que atuam sobre o volume elementar.

a) Força da gravidade
A componente do peso na direção do escoamento é dada por:

Wx = y A~xsena (8 .1 O)
Cap. 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme

como a declividade é assumida pequena, sen a.= tg a.= - dz/dx. Note que
o sinal é negativo, indicando que a cota topográfica z diminui com o aumen-
to de x. Assim:

dz
Wx = -· y A - llx (8. 11 )
dx

b) Força de pressão
Entre as seções 1 e 2, temos as seguintes variações.
A altura d'água na seção 1 é y e na seção 2 é:

A área da seção reta na seção 1 é A e na seção 2 é:

dA
A + - llx
dx

A força de pressão sobre uma superfície plana de área A, em que y é a dis-


tância vertical que vai desde a superfície livre até o centro de gravidade da
área, vale:

= yy- A + yd- (y-A) llx


dx

desprezando-se as diferenças de ordem superior. Portanto, existe entre as se-


ções 1 e 2 uma força de pressão desbalanceada igual a:

dF =- y _i_(y A)llx (8. 12)


dx

Como tanto y quanto A são função de y e este, por sua vez, é função de x,
pode-se escrever:
Cap. a

d d - dy
- Cy A)= -(y A)- (8. 13)
dx dy dx

Como a .coordenada do centro de gravidade de uma área plana, segundo a


Figura 8.3, é dada por:

f
ydA d
Yc.g. =y-y = -A- :. yA = yA-fydA ~ -dy (yA) =

= A +,dA
y - -d- yd A f
tdy dy

mas como -dyd JydA = ydA


-
dy

vem finalmente:

_i_(yA) = A (8. 14)


dy

(8.15)

Substituindo na Equação 8. 12 a resultante das forças de pressão na direção


x, fica:

dy
dF = - 'Y A -~x (8. 16)
dx

c) Força de atrito
A força de atrito que se opõe ao movimento é igual ao produto da tensão
média de cisalhamento "to pela área de contato com o perímetro molhado P.

(8.17)

A resultante das três forças na direção do escoamento é dada por:


Cap. a Canais - Escoamento Permanente e Uniforme

dz dy 't P
F
R
=W X
+ dF + F
a
= - y A l!:.x ( -dx + - +-
dx
0

yA
-)
(8.18)

Pela 211 lei de Newton, a força resultante é produto da massa do) volume de
controle pela aceleração na direção x. Como, por hipótese, o esttoamento é
permanente e a aceleração local é nula, só há aceleração de transporte ou
convectiva; deste modo, fica:

dz dy 't P y dV
FR = - y A!J.x(- + - + -0 ) =- A!J.xV- (8.19)
dx dx yA g dx

portanto

dz dy V dV
'to= -yRh(-+-+--) (8.20)
dx dx g dx

d y2
't o = - YR h - z + Y+ - )
( (8.21)
dx 2g

O termo entre parênteses é a carga total H na seção, conforme Equação


7.17, logo:

(8.22)

em que Ir =- dH/dx é a declividade da linha de energia.


A Equação 8.22 é válida para escoamentos permanentes, uniformes ou não
uniformes. Se o escoamento for uniforme, a linha de fundo é paralela à li-
nha d ' água e à linha de energia (10 =Ia= Ir), de modo que a Equação 8.4
torna-se um caso particular da Equação 8.22.
Para os canais, o conceito de velocidade de atrito discutido na Seção 1.4
fica, usando a Equação 8.22:

(8.23)

8.2.1 FÓRMULA DE MANNING


Dife rentes fórmulas de origem emQfrica sªº-.groQostas para o cálculo do
~ficiente C de Chéz}'JigallCkl=_o aQ_ raio hidráulico da seção. Uma relação
Cap. 8

simples. e atualmente a mais empregada, foi prQp...us@J2or Manning2 em 1889.


2. Robert Manning, engenheiro nor· -;_través da análise de resultados experimentais obtidos por ele e outros pesqui-
mando, 1816-1897.
sadores. A relação empírica é da forma:

(8.24)

Substituindo a Equação 8.24 na Equ-ª.Ção 8.8, vem:

~v=~n R ~3 r/
h
2
\ (8.25)

_A Equação 8.25 é d~nominada fórmula de Manning, válida 'para os es-


coamentos permsnentes, uniformes e turbulentos rugosos, com grande número
de Reynolds. Nestas condições, o coeficie~de Maunin.g.permanece cons-
tante para uma rugosidade dada, enquanto o coeficiente de Chézy é proporcio-
nal à rugosidade relativa da seção Rh/n.
Ço~b~do-~e a Equação 8.24 com a Equação S.J),_chega-se a:
"\

n Q = AR 2/3
JI; h
(8.26)

psta equação será a bª-Se_de cálculo para os_problemas sob~scoameo­


tos livres.
Deve-se observar que a fórmula de Manning, além de ter uma origem
e mpírica, carrega um coeficiente n que não é um adimensional. Os valores do
coeficiente n para vários tipos de revestimentos em canais artificiais e em
cursos d'água naturais encontram-se nas Tabelas 8.5 e 8.6.

8.3 OS COEFICIENTES C E n
De acordo com a Equação 8.7, o coeficiente C da fórmul a de Chézy
depende do fator de atrito f, que é função do número de Reynolds e da rugo-
sidade da parede. Embora o comportamento do fator de atrito em tubos circu-
lares seja bem definido, conforme foi visto no Capítulo 2, o mesmo não ocorre
com o coeficiente C nos canais. A dificuldade na especificação do fator de re-
sistência nos canais é devida à gama muito maior de revestimentos de paredes
e às formas geométricas.
Ainda tomando como modelo o escoamento em tubos circulares, fÔi mos-
trado na Seção 2.1.2. que os escoamentos turbulentos podem ser divididos em
Cap. 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme

hidraulicamente liso, de transição e hidraulicamente rugoso e que o parâmetro


número de Reynolds de rugosidade servia de base na classificação como:

5 ~ Rey* = u. €. ~70 (8 .27)


v
O escoamento é considerado turbulento liso se Rey* < 5, rugoso se
Rey* > 70 e de transição no intervalo.
O que foi discutido na Seção 2.3 sobre a influência do número de Reynolds
e da rugosidade relativa sobre o fator de atrito em tubulações circulares pode ser
estendido para os canais, de modo a caracterizar o tipo de escoamento· para o
qual os coeficientes C e n ficam constantes.
Como no diagrama de Moody, a partir de um determinado número de
Reynolds, o fator de atrito fica constante, as Equações 8.8 e 8.25 só devem ser
aplicadas quando o escoamento no canal se tornar turbulento rugoso Rey~ > 70,
pois nesta faixa os coeficientes C e n são constantes.
Como o coeficiente n da fórmu la de Manning não tem um significado
físico determinado, enquanto o parâmetro E tem base física e é relacionado
com o tamanho da mgosidade da parede e pode ser medido, é interessante ob-
servar a dependência entre os dois no escoamento turbulento rugoso. Para isso, Na fórmula de Manning, o coeficiente
basta comparar a equação empírica de Manning com uma equação de resistên- de rugosidade n é um parâmetro
adimensional como o fator de atrito f?
cia mais exata.
Utilizando o conceito do diâmetro hidráulico da seção, a Equação 2.34
desenvolvida para os condu tos rugosos pode ser escrita como:

(8.28)

Pela Equação 8.7, o valor de C pode ser posto em função de E como:

(8.29)

Assumindo que o coeficiente C seja proporcional à rugosidade relati va


Rt/E, na fo rma:
Cap . 8

100

~
C=m ( 7R )1/6 (8.30)
y
E
11
"""""
~
o ...d ~ o coeficiente de prop orcionalidade m pode ser
Q)
;p
ãl
determinado por meio do gráfico das Equações
N
a:i 8.29 e 8.30, Figura 8.4. O valor de m é aquele que
o mais aproxima as duas curvas e vale m = 25,6 .
·~
ro
:::l

~ I O - Equação 8.29
Assim, tem-se finalmente:
o !'. - Equação 8.30

10 ·- ·
C
1/6 (R)1/6
= R~ = 25,6 · - : (8.3 1)
10 100 1000

Figura 8.4 Comparação entre equações de resistência.


que resulta em:

n = 0,039· cY6 [E (m)] (8.32)

P01tanto, a fórmula de Manning, no escoamento turbulento rugoso, pode


ser posta como:

V = 25,6 R 2/3 I 112 (8.33)


1/6 h o
E

Pela Equação 8.33, visto que E está elevado à potência 1/6, um erro na
estimativa de seu valor tem efe ito bem menor no cálculo de V, quando com-
parado com aquele introduzido por um erro similar na estimativa de n.
Apesar deste detalhe , como a fórmula de Manning é a mais popular em
projetos de canais, é comum a especificação do coeficiente n retirado de tabe-
las e não da rugosidade absoluta equivalente, E. Na aplicação da fórmula de
Manning , a ser detalhada na Seção 8.4, a parte crucial é a escolha do valor do
coeficiente n e deve-se ter em mente que os valores recomendados nas Tabe-
las 8.5 e 8.6 são valores médios indicativos. A escolha do valor de n para um
canal particular exige do projetista critério e bom senso, na medida em que,
mesmo nos canais regulares, outros fatores além do revestimento podem alterar
a rugosidade, como crescimento de vegetação, processos de erosão ou sedimen-
tação e até mesmo a presença de curvas pela alteração dos perfis de velocidade.
Para cursos d 'água naturais, as fotografias apresentadas nas referênc ias Chow
(11 ) e Chaudhry (lO) auxiliam na determinação do coeficiente.
Cap. 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme

Uma metodologia para a estimativa do valor de n em um canal largo, a


partir de dados de velocidades levantados em campo, é mostrada no Exemplo 8.1.

EXEMPLO 8.1

Estime o valor do fator de atrito f, do coeficiente de rugosidade C de


Chézy e do coeficiente de rugosidade n de Manning em um canal largo de
1,50 m de profundidade, no qual as medidas de velocidades a 20% e 80% da
altura d'água foram, respectivamente, vo.2o = 0,80 rn/s e vo.so = 1,20 rn/s.
Assuma distribuição de velocidade logarítmica na vertical, escoamen-
to turbulento rugoso e que a altura d'água é igual ao raio hidráulico.
A Equação 2.31, desenvolvida a partir da hipótese de perfil logarítmico,
pode ser posta em forma mais conveniente (ver Problema 2.5) como:

84
.!.__ = 5,75 log( 29• Y)
u. c

em que y é uma ordenada medida a partir do fundo e v, a velocidade pontual.


Para y = 0,80 h e y = 0,20 h, fica:

Vo.so = S, 75 log(23,87h)
u. c

vo.2o = 5,75 log ( 5,97 h )


u. c

Fazendo X = v 0·80
vo.2o

dividindo uma equação pela outra e desenvolvendo, vem:

Jog(~) = 0,776X - 1,378


c 1- X

Usando o conceito de diâmetro hidráulico, a velocidade média é dada


pela Equação 2.32, na forma:
Cap.B

2
:!..._ = 5 75log R +4,73 = 5,75 log_!2_+4,73 = 5,75log R" +4,73 =
u* ' c 2c c

=5,75 log -h +6,46


c

Pe la Equação 2.26, que re laciona a velocidade média com o fator de


atrito, tem-se:

:!..._ = (! = 5•75 (0,776X - 1,378) + 6, 46 = 2X + 1,464


u* f[ 1- X X -1
1 20
Para X= • =I ,5, o fator de atrito vale f= 0,100 e da Equação 8.7:
Quais as hipóteses assumidas na 0,80
dedução da Equação 8.22?

c = (8g = 78,4 = 28
~f 0,100

e, finalmente, como

R 1/6
h = R11 = 1,50 m e C = _h_
n

o coeficiente de rugosidade de Manning vale n = 0,038.

8.4 CÁLCULO DE CANAIS EM REGIME UNIFORME


Os termos do lado esquerdo da equação básica para o cálculo de canais
em regime uniforme, Equ ação 8.26, são os parâmetros necessários para o
dimensionamento da seção, enquanto o lado direito é meramente geométrico.
Evidentemente, escolhida uma deteiminada forma geométrica, existirá mais de
uma combinação entre os e lementos da seção (largura de fundo, altura d'água
etc. ) que satisfaça a Equação 8.26. Deste modo, o cálculo de canais em regi-
me uniforme é predominantemente um problema geométrico.
Seja uma seção transversal de forma definida e À uma dimensão carac-
terística da seção, em função da qual são dadas as outras dimensões para que
se possa desenhar a seção. Seja A a área molhada e Rh, o raio hidráu lico cor-
respondente. É sempre possível exprimir A e R11 em função de À, na forma:
------------------------------------------------C~a~p.~S~~C~a~n=ai~s_
-~E~s=co~a~m~e~nt~o~P~e~rm~a~n~e~nt~e~e~U~n~if~
or~m~e~ 249

A = a.!.? (8.34)

Rh-- 1-'AÀ. (8.35)

em que a e ~ são chamados parâmetros de forma da seção.


Fixada a forma geométrica da seção do canal, a e p são determinados
de uma vez para sempre, e valem para uma infinidade de seções de mesma for-
ma geométrica.
Substituindo as Equações 8.34 e 8.35 na fórmula de Manning, fica:

e fazendo

R -- a 1-'A2/3 e L -- nrT
Q , fitca..
"V l o

_(L)3/s
À.- - (8.36)
R

Chamando M = L3/8 , coeficiente dinâmico, e K =R 3/S, coeficiente de


torma. a Equação 8.36 toma-se:

M
À.= - (8.37)
K

O valor do coefic iente de forma K da


seção pode ser calculado e tabelado para di-
versas formas geométricas usadas em projetos
de canais.
Para a seção trapezoidal e, por exten-
são, para a seção retangu lar e triangul ar, o Yo

coeficiente de forma pode ser determinado


como se segue.
b
Para a notação adotada na Figura 8.5, a
Figura 8.5 Elementos geométJicos da seção trapezoidal.
forma de uma seção trapezoidal pode variar
em função de dois adimens ionais ~= b/yo, chamado razão de aspect~ ~
.•c li nação do talude Z = cotg a.
Escolhendo para dimensão caracte rística da seção a altura d'água no
regime uniforme À = Yo. pode-se escrever:

1 b
A=ay 2 = -(b+b +2Z y 0 ) ·y 0 :.a =-+Z =m+ Z
o 2 Yo

portanto:

R = a ~ 213 = (m+ Z)
(m
(m +Z)2f3
+2~ 1 +Z ) / 2 23
=
[
(m
( m +Z)5/3
2 23
+2~ 1 +Z ) /
l
e finalmente:

38
K- R3/8 - (m +Z)·5/3 ] /
(8.38)
- - [ (m +2~ 1 +Z2 ) 213

Desta forma, a fórmula de Manning pode ser escrita de modo compac-


to como:

y0 = ~, em que M =( ./f ]
3/8
(8.39)

B
O coeficiente de forma K foi tabelado para vários valores de me Z e apre-
sentado na Tabela 8.2. Nesta tabela, para Z = Oe m = O têm-se, respectivamen-
te, os valores do coeficiente de forma para a seção retangular e triangular.
Para a seção circular, que é utilizada em projetos de sistema de esgotos
sanitários e galerias de águas pluviais, um desenvolvimento adimensional aná-
D
Yo logo pode ser realizado. De acordo com a notação utilizada na Figura 8.6,
pode-se expressar as seguintes relações geométricas:

A= D 2 ( 8- sen8 )
Figura 8.6 Seção circular. (8.40)
8
Cap. 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme

P=eD (8.41)
2

D (1 - sen 8/ 9)
Rh = (8.42)
4

_ D (1 - cos9/2)
Yo - (8.43)
2

8 = 2 arccos (1- 2y 0 / D) (8.44)

B = D sen9/2 (8.45)

Escolhendo como dimensão característica da seção circular Â. = D, diâ-


metro da seção, pode-se determinar os parâmetros de forma:

A=aD 2 = D2 ( 9 -sen8) :.a= (9-sen9)


8 8

Rh=~D=D(l - sen8/8) :. ~= (1- sen9/9)


4 4

portanto:

Finalmente, o coeficiente de forma da seção circular é dado por:

(8.46)

Desta fo rma, a fórmula de Manning para a seção circular, de modo


condensado, torna-se:

3/8

D =M, em que M = ( n~ ) (8.47)


fel V lo
Cap. 8

Dando-se valores à re lação yJD, lâmina d 'água relativa, peJa Equação


8.44, pode-se calcular os correspondentes valores de 8 e daí os valores de K,,
pela Equação 8.46, com os quais montou-se a Tabela 8.1.

CCU.:(fJ r,'. tiO -=::!--------~ EXEMPLO 8.2


~i:N~ , é"ltl ~~tdt r., rcr~w t~C ~ At~~~~~~ :
Determjnar a altura d'água em uma galeria de águas pluviais, de concreto
~~f:, 1~1\~·· f
'
Wn t.ct<~'- n,& 1 _t
n = 0,013, diâmetro igual a 0,80 m, declividade de fundo l o= 0,004 m/m, trans-
portando uma vazão de 600 1/s em regime permanente e uniforme.
\L.
I -1 V' !)LJ._ !<:~>~.•·~ O coeficiente dinâmico vale:
PJ_u.~. n r ,·rs h , ~ r •

hIA~ i fvf\ vl;.f4JI<Ii. I JJ~ rou..,., A .f "


M = nQ
J/8 = [ 0,01 3·0,60 J3/8= 0,
456
':,[. t"Ln;t\ /IA Állt-lr lo d\.,J,pA [ JC J --)0,004

Pela Equação 8.47,

M 0,456
D=- :. 0,80 = - - : . K 1 = 0,570
K1 K1

Na Tabela 8. 1, para K, = 0,570, determina-se o valor da lâmina d'água


relativa, isto é, a altura normal dividida pelo diâmetro.
Para K, = 0,570, tira-se yJD = 0,625, e daí Yo = 0,50 m.

EXEMPLO 8.3

Qual a relação entre as vazões transportadas, em regime permanente e


uniforme, em uma galeria de águas pluviais, com lâmina d'água igual a 2/3 do
diâmetro e a meia seção.
Na Tabela 8.1 , para lâminas d'água iguais a yJD = 0,666 e yJD = 0,50,
os coeficientes K, valem, respectivamente, 0,588 e 0,498.
Pe la Equação 8.47, fórmu la de Manning, como o diâmetro é o mesmo,
tem-se:

M M M
_ I =-2 .'._I = 1,18
K1 K1 M2

e para a mesma declividade e rugosidade fica:


Cap. 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme

3/8

(
..9.!_ ) = 1,18 ... ..9.!_ = 1,56
Q2 Q2

Tabela 8.1 Valores do coeficiente de forma K 1 para canais circulares.

y.ID K1 y.fD K• y.m K•


0,01 0,024 0,34 0,383 0,67 0,591
0,02 0,042 0,35 0,39 1 0,68 0,596
0,03 0,058 0,36 0,399 0,69 0,600
0,04 0,073 0,37 0,407 0,7 0,604
0,05 o087 0,38 0,415 o7 1 0,608
0,06 0, 101 0,39 0,422 072 0,6 12
0,07 0, 114 0,4 0,430 0,73 0,616
0,08 0, 127 0,4 1 0,437 0,74 0,620
0,09 0, 139 0,42 0,444 0,75 0,624
0,1 0, 151 0,43 0,45 1 o76 0,627
0,11 0, 163 0,44 0,458 0,77 0,63 1
0,12 0, 175 0,45 Q,465 0,78 0,634
0,13 0, 186 0,46 0,472 0,79 0,637
0,14 0, 197 0,47 0,479 0,8 0,640
0,15 0,208 0,48 0,485 0,8 1 0,643
0,16 0,2 18 0,49 0,492 0,82 0,646
0,17 0,229 0,5 o498 0,83 0,649
0,18 0,239 0,51 0,504 o84 0,651
0,1 9 0,249 0,52 o5 11 0,85 o653
0,2 o259 0,53 0,5 17 0,86 0,655
0,54 0,523 , 0,87 0,657
0,21 0,269
0,22 o279 0,55 0,528 0,88 0,659
0,23 0,288 0,56 0,534 0,89 0,660
0,24 o297 0,57 0,540 0,9 0,661
0,25 0,3 06 0,58 0,546 0,91 0,662
0,26 0,3 16 0,59 0,55 1 o92 0,663
0,27 0,324 0,6 0,556 0,93 0,664
0,28 0,333 0,6 1 0,562 0,94 0,664
0,29 0,342 0,62 0,567 0,95 0,664
0,3 0,350 0,63 0,572 0,96 0,663
0,31 0,359 0,64 0,577 0,97 0,66 1
0,32 0,367 0,65 0,582 0,98 0,659
0,33 o375 0,66 o586 0,99 0,656
8.4.1 DETERMINAÇÃO DA ALTURA D'ÁGUA
Um dos problemas mais comuns em um sistema de drenagem urbana de
águas pluviais é determinar, para uma certa seção do canal e vazão, a cota do
nível d 'água. Esta cota é importante para a fixação das cotas de fundo das
galerias que chegam ao canal, a fim de evitar o afogamento destas.
A determinação da altura d'água Yo com auxílio da Tabela 8.2 levaria a
um processo de tentativas e erros, uma vez que o valor da razão de aspecto m
é desconhecido. Para contornar esta situação, pode-se reescrever a fórmula de
Manning de modo a construir uma tabela que forneça o valor da relação 1/m =
yJb, em função das outras variáveis.
Usando as relações geométricas desenvolvidas na seção anterior, a fór-
mula de Manning, para uma seção trapezoidal (retangular), é dada por:

(8.48)

que desenvolvida e adimensionalizada fica:


Qual o valor do coeficiente de ru-
gosldade C da fórmula do Chézy
correspondente a um fator de atrito
f c 0,040?

(8.49)

Fazendo K 2 = 8/nQ
3
JI: ,
b Io

pode-se montar uma tabela na qual, para vários valores de yolb e para cada
inclinação do talude Z, tem-se os correspondentes valores de K 2 . Isto é apre-
sentado na Tabela 8.3.

8.5 SEÇÕES DE MÍNIMO PERÍMETRO MOLHADO OU DE MÁXIMA VAZÃO


No dimensionamento de canais, o projetista muitas vezes deve decidir
primeiro o estabelecimento da forma geométrica da seção e, após esta defini-
ção, quais serão suas dimensões para escoar uma determinada vazão, dados a
declividade de fundo e o coeficiente de rugosidade.
O problema de dimensionamento não leva a uma única solução, isto é,
existe mais de uma seção de forma definida que satisfaz a fórmula de Manning.
Como o canal pode ter interferência com outros elementos do local de sua
Cap. 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme

implantação, existem condições de contorno que limitam a liberdade do pro-


jetista. Entre outras condições, pode-se citar a natureza do ten·eno, a limitação
do gabarito do canal pela presença de avenidas construídas ou projetadas, li-
mitação de profundidade por questões de escavação, lençol freático, ou tipo de
revestimento a ser usado, compatível com a velocidade média esperada etc.
Assim, o dimensionamento do canal, embora simples e rápido do pon-
to de vista hidráulico, envolve fatores técnicos, constmtivos e econômicos ,
muito importantes.
Qpservando a fórmula de Manning, Equação 8.26, verifica-se que, para
declividade de fundo e rugosidade fixadas, a vazão será máxima quando o raio
A seção reta de um canal aberto tem
fil:dráulico adquirir o máximo valor possível, o que ocorre quando o períme- 6,0 m de largura na superfície livre e
tromolhado for o mínimo compatível com a área. 3,0 m de profundidade no centro. Se
sua forma geométrica puder ser
aproximada por uma parábola, com
Desta maneira, uma seção com esta propriedade de mínimo perímetro vértice no ponto mais baixo da
molhado é uma das que devem ser estudadas nos projetos, uma vez que, além seção, mostre que seu raio hidráulico
vale 1,35 m. Aelembre o conceito
de ser eficiente do ponto de vista hidráulico, é também econômica devido à matemático de comprimento de arco.
mínima superfície de revestimento, que representa, de modo geral, uma das
partes mais dispendiosas da obra.
Na prática, entretanto, nem sempre é possível projetar uma seção na
condição de mínimo perímetro molhado, pois a seção pode resultar profunda,
com o custo de escavação, rebaixamento do lençol freático etc. superando o
custo do revestimento. Outras vezes a seção resultante é tal que a largura de
fundo é pequena em relação à altura, o que pode dificultar a construção. Ain- .
da pode acontecer de a velocidade média resultante para a vazão de projeto não
ser compatível com o tipo de revestimento empregado, podendo provocar ero-
são nos taludes e fundo.
Para uma detetminada área, a figura que apresenta o menor perímetro
molhado é o círculo, porém sua construção é inexeqüível , a não ser que seja
pré-fabricada como as tubulações para sistemas de esgotos ou drenagem de
águas pluviais.

8.5.1 TRAPÉZIO DE MÍNIMO PERÍMETRO MOLHADO


Foi mostrado que a área molhada e o perímetro molhado de uma seção
trapezoidal são expressos por:

A = (m+Z)y 0 2 (8.50)

P = (m + 2 ~ 1 + Z
2
) Yo (8.51)

Combinando-se as equações anteriores, fica:


r -- -::-2 AI/2
P = (m + 2~ 1 + Z ) 1;2 (8.52)
(m + Z )

Derivando-se a E quação 8.52 em relação a m, razão de aspecto da se-


ção, igualando a zero, para área A constante, e desenvolvendo, chega-se a:

f~;<~+Z2 -z;\ (8 .53)

E sta é a condição gue deve haver entre os dois adimensionais da seç.ã.o


trapez~dal para que ela tenha o mínimo perímetro molhadÇ>.

8.5.2 RETÂNGULO DE MÍNIMO PERÍMETRO MOLHADO


O retângulo é um caso particular do trapézio quando o ângulo do talude
for 90°, isto é Z = cotg 90° =O. Substituindo esta condição na Equação 8.53, fica:

m = 2 ou m = J:_ = 2
Yo
:t =2 yo J (8 .54)

P01tanto, a seção retangular de máxima vazão é aquela na qual a largura


.é igual a duas vezes a altura d 'água. -

8.6 ELEMENTOS HIDRÁULICOS DA SEÇÃO CIRCULAR


Pode~seafirmar que o escoamento em
um canal, na condição de mínimo Em alguns tipos de problemas como, por exemplo, em projetos de sis-
perímetro molhado. é escoamento
crítico? temas de esgotos, em que as tubulações trabalham parcialmente cheias, é in-
teressante conhecer os elementos hidráulicos e geométricos para várias a lturas
d 'água. Também é necessário saber, para uma determinada lâmina d'água, qual
é a re lação entre a vazão que está escoando e aquela que escoaria se a seção
fosse plena. Estas relações podem ser fornecidas por gráficos, como na Figu-
ra 8.7, ou através de tabelas.
As relações entre o raio hidráulico, a velocidade e a vazão em uma de-
terminada lâmina, e na seção plena são obtidas a partir das expressões:

8 = 2 arccos (1-2 Yo/D )


A =D2 (8 - sen 8)
8
Cap. 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme

Rh = D (1 - sen9/ 9) 1~
4
0,9
v
0,8
Vazão~ v
r- - ·
Pela fórmula de Manning, as relações entre as velocidades e
0,7
0,6
v !J
entre as vazões, em que Vp e Qp são, respectivamente, a velocidade e 0,5
/v V'
e a vazão na seção plena, são dadas por: ~ / bf'
0,4
/ v~
0,3
v ~ /
Velocidade

-
0,2
0, 1 1/ / /
/ ·1Raio hidráulico .I
(8.55) ~
o
o 0,5 1,5
Q/Qp VNp Rh/Rhp
Como para a seção plena de um conduto circular tem-se Ap
Figura 8.7 Elementos hidráulicos da seção circular.
=1t D2/4 e R11p = D/4, as Equações 8.55 ficam:
v
- = ( 1- sen9/9) 213 (8.56)
vp

_g_ = - 1- (9 - sen 9) ( 1 - sen 9/ 9)2' 3 (8.57)


Qp 21t

Estas relações foram postas em forma gráfica, como na Figura 8.7, e na


Tabela 8.4.

EXEMPLO 8.4

Dimensione um canal trapezoidal com taludes 2H: 1V, declividade de


fundo lo = 0 ,0010 mim, revestimento dos taludes e fundo em alvenaria de
pedra argamassada em condições regulares, para transportar uma vazão Q =
6,5 m 3/s. Utilize uma razão de aspecto m = blyo = 4. Calcule a velocidade
média e verifique se a seção encontrada é de mínimo perímetro molhado.
Na Tabela 8.5, determina-se o coeficiente de rugosidade n = 0,025.
Na Tabela 8.2, determina-se o coeficiente de forma K, em função de m =
4 e Z = 2, e vale K = 1,796.
O coeficiente d inâmico vale:
= nQ 3/8 = ( 0,025 ·6,5 )3/8 = 1847
M ( rT )
1/ lo .jo' 001 ·

Pela fórmula de Manning, Equação 8.39:

= M = 1,847 = 1 03 m
Yo K 1,796 '

Então:

b
m = - = 4 :. b = 4,12 m (largura de fundo)
Yo

= (4 + 2)·1,03 2 = 6,36 m2 .
A área molhada vale: A= (m + Z) y 0 2
A velocidade média é igual a V = Q/A = 6,5/6,36 = I ,02 m/s.
Para que a seção dimensionada tenha o mínimo perímetro molhado, é
necessário que seja verificada a Equação 8.53, isto é:

m = 2 (~ 1 + Z = 2 C.JT+4- 2) = 0,47 :.é 4


2
- Z)

Conclusão, a seção não é de mínimo perímetro molhado.

8.7 CANAIS FECHADOS


Em muitos projetos é necessária a utilização de seções fechadas, como
drenagem subterrânea em estradas, cole ta de esgoto e de água pluviais. Estes
Mostre que a seção trapezoidal de condutos podem ter cobertura plana, simplesmente uma laje de cobertura, ou
mlnimo perlmetro molhado é circuns- cobertura em forma de abóbada.
crita a uma semicircunferência, cujo
diêmetro coincide com a superflcie
livre. No primeiro caso, a cobertura não exerce influência sobre as condições
de escoamento, a não ser no caso limite em que a lâmjna d'água entre em con-
tato com ela. Já no segundo caso, a forma geométrica da cobertura influi no
escoamento pela alteração gradual do perímetro molhado e, conseqüentemente,
do raio hidráulico.
Cap. 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme
259

8.7.1 SEÇÕES CIRCULARES


São as mais empregadas na maioria das obras em que são necessárias
seções fechadas.
Como pode ser visto na Figura 8.7, existe uma peculiaridade na maneira
pela qual o raio hidráulico varia em relação à lâmina líquida. À medida que a lâ-
mina líquida aumenta, há um aumento gradual da área molhada e do perimetro
molhado. Entretanto, a partir de uma certa altura, devido à conformação geo-
métrica da cobettura, um pequeno acréscimo na altura d'água provoca aumen-
to proporcionalmente maior no perímetro molhado do que na área molhada.
Portanto, o raio hidráulico aumenta até uma altura d'água em que o perímetro
molhado cresce mais lentamente que a área molhada, e decresce daí em diante.
Pode-se observar também que a curva de velocidade acusa uma dimi-
nuição no crescimento no mesmo ponto em que ocorre a diminuição do raio
hidráulico. Isto é evidente, uma vez que, pela fórmula de Manning, para n e
lo fixados, a velocidade é diretamente proporcional ao raio hidráulico. Para a
vazão, o ponto de máximo é diferente do ponto de máximo da velocidade,
como mostra a Figura 8.7, pois a vazão depende conjuntamente do raio hidráu-
lico e da área molhada, e como a área é sempre crescente, o máximo da vazão
ocorre para uma altura d'água maior.
Matematicamente, esta diferença entre os pontos de máximos pode ser
constatada a pattir do emprego da fórmula de Manning e das expressões geo-
métricas dadas pelas Equações 8.40 e 8.42. Substituindo essas expressões nas
Equações 8.25 e 8.26, chega-se a:

2/3
V = _l_D2/3 I 1; 2 l- sen e
(8.58)
2,52n o ( e )
Q = _ 1_ D8/3 I 112 (e - sen ei13 (8.59)
20,2n o e2' 3
Para n, D e lo constantes, a vazão e a velocidade só dependem do ângulo
e e, portanto, de Yo· Derivando estas equações em relação a e e igualando a
zero, chega-se a:

v= Vmáx, quando e= 257°, que COITesponde a Yo = 0,81 D.


Q = Qmáx, quando e = 302,5°, que corresponde a Yo = 0,94 D.

Isto mostra que os máximos ocorrem em alturas diferentes e que a va-


zão máxima no conduto livre circular não ocorre quando a seção é plena. Para
B Hidcãunoa " ''''" C•p. a

propósitos práticos, esta particularidade não é explorada porque a altura da lâ-


mina na seção de máxima vazão é tão próxima do diâmetro que, se houver
qualquer instabilidade no escoamento, o conduto passa a funcionar à seção
plena como conduto forçado.
Nos projetos usuais, o limite da lâmina líquida é fixado em Yo = 0,75 D.

8.7.2 SEÇÕES ESPECIAIS


Em obras de esgotamento de médio e grande porte, como interceptares
e emissários de esgoto, galerias de drenagem sob aterros rodoviários etc., são
utilizadas algumas vezes seções fechadas de formato especial. Entre elas se
destacam a seção capacete, oval normal invertido, arco de círculo alto etc., con-
forme a Figura 8.8.
São concepções interessantes do ponto de vista hidráulico porque, mes-
mo para pequenas lâminas, devido à forma do fundo, mantêm uma velocida-
de média que evita deposição de materiais e sedimentos carreados. Além disso,
a geometria propicia vantagens estruturais e construtivas, pelo uso do efeito es-
trutural do arco, que conduz quase sempre a seções transversais de pequena es-
pessura com baixa percentagem de armadura e possibilita o emprego de
formas deslizantes no processo construtivo.
O dimensionamen to hidráulico da galeria é fe ito pela fórmula de
Manning, calculando-se as condições relativas à seção plena, para a qual se co-
Por que na geometria circular a seção
molhada correspondente à máxima nhece a área e o raio hidráulico, e depois utilizando gráficos adimensionais
velocidade não é também a seção de
máxima vazão? como os da Figura 8.8, que fornecem as curvas de Q/Qp e V/Vp em função da
lâmina relativa h/H, altura d'água sobre a altura da seção. Os gráficos são
usados tanto no processo de dimensionamento da galeria quanto de verifica-
ção da capacidade de vazão.
A Figura 8.8 apresenta para cada forma geométrica os valores da área,
do perímetro e do raio hidráulico, em função de D e H, para a seção plena, isto
é, seção geométrica da galeria. Na referência Lencastre (34) são mostrados os
esquemas geométricos que permitem, a partir das grandezas geométricas H,
altura da seção e D, "diâmetro", desenhar a seção da galeria.
Os gráficos de Q/Qp e V/Vp são análogos àqueles da Figura 8.7.

EXEMPLO 8.5

Determine a capacidade de vazão de uma galeria em concreto em boas


condições, com seção capacete, funcionando com uma lâmina d'água igual a
h = 0,70 H, em que H é a altura interna da seção. "Diâmetro" da seção igual
a 1,80 m e declividade de fundo lo= 0,15%. Calcule a velocidade média.
Cap. a Canais - Escoamento Permanente e Uniforme 261

Na Tabela 8.5, tira-se o valor do coeficiente de rugosidade, n = 0,014.


Na Figura 8.8 para a seção capacete, a área molhada e o raio hidráuli-
co na seção plena valem, respectivamente:

h OVAL NORMAL INV ERTIDO


H
I Valores para a seção plena:
i
l
D = 0,667 H
1-1 = 1,5 D
A = 1,149 0 2 = 0,511 H 2
r
pr = 3,965 D = 2,643 H
Rhp = 0,289 D = 0,193 H
CAPACETE
JL
H Valores para a seção plena:
1 D = 0,88 H
H= 1,13 D
Ap = 0,847 D2 = 0,656 H2
Pp = 3,441 D = 3,028 H
R 11p = 0,246 D = 0,216 H

ARCO DE CÍRCULO
ALTO

1
.h-
Valores para a seção plena:

H D= 1,13 H
H = 0,88 D
Ap =0,734 D2 = 0,937 H2
Pp = 3,118 D = 3,523 H
Rhp = 0,235 D =0,267 H

ARCO DE CÍRCULO BAIXO


1,0
.h_
H Valores para a seção plena:

D = 1,58 H
H = 0,63 D
Ap = 0,484 D2 = I ,208 H2
--'---'4---~=-+-""""'=-:~1.:-'LLJ_J_:+JW O p p = 2,618 D = 4,136 H
Rhp = 0,185 D = 0,292 H

Figura 8.8 Gráficos para seções especiais - Lencastre (34).


Ap= 0,847 D 2 = 0,847·1,802 = 2,744 m2

Rhp = 0,246 D = 0,246·1 ,80 = 0,443 m

Da fórmula de Manning, calcula-se a vazão à seção plena:


Uma tubulação de diâmetro O escoa
uma certa vazão em regime permanen-
te e uniforme, com uma determinada
lêmina d'água. Mostre que entre o
fator de atrito f da fórmula universal e
o coeficiente n da fórmula de Manning
Q =
P
An A R
P hp
23
1 = ~ 00,014

0015
2 744·0 443 213 = 4 41 m 3/s
' ' '
existe a seguinte relação:
f = 78,4 n' R.-'".
Do gráfico da Figura 8.8 para h/H = 0,70 -7 Q/Qp = 0,90, daí Q =
3,97 m 3/s.
A velocidade à seção plena vale: Vp = Qp/Ap = 4,41/2,744 = 1,61 rn/s.
Na Figura 8.8, na curva da velocidade, para h/H= 0,70 -7V /Yp = 1,12,
a velocidade média correspondente à vazão escoada vale V= 1,80 m/s.

8.8 O PROGRAMA CANAIS3.EXE*


Os problemas relativos ao dimensioname nto (cálculo dos parâmetros
geométricos da seÇão), verificação (determinação da capacidade vazão) e de-
terminação da altura d'água ou largura de fundo em vários tipos de seções po-
dem ser resolvidos com o programa CANAIS3 .EXE. As seções que podem ser
analisadas são: trapezoidal (retangular), circular, fundo circu lar e lados inc li-
nados e seções compostas, estas últimas a serem discutidas no Capítulo 9. As
• Ver diretório Canais no endereço ele-
trônico www.eesc.sc.usp.br/shs na rugosidades dos taludes e fundo podem ser diferentes.
área Ensino de Graduação.
O programa presta-se a análises rápidas de altemativas em que qualquer
parâmetro do problema (vazão, rugosidade, incli nação do talude, razão de as-
pecto, díâmetro etc.) pode ser alterado e a solução, comparada, sem sair do am-
biente.

EXEMPLO 8.6

Utilizando o programa CANAIS3.EXE, determine a altura d' água nor-


mal em um canal trapezoidal, com taludes 2H : 1V, rugosidade de fundo e ta-
ludes n = Q,018, largura de fundo b = 4,0 m , vazão transportada Q = 6,5 m 3/s
=
e declividade de fundo lo 0,0005 mim.
Os resultados do uso do programa estão listados a seguir, e m que apa-
recem os dados de entrada do problema e os demais parâmetros de interesse.
No Capítulo 9 serão feitas aplicações do uso do programa CANAIS3.EXE.
Cap. 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme 263

P RO J ETO - EXEMPLO 8.6


1--- -- ------------ --------- -------------- ------- -------
I RESULTADOS

RUGOSIDADE n O,O I 8
DECL.TALUDE z 2,00
LÂMINA y I ,05
LARG. FUN D O B 4,00
ÁREA MOL H ADA A 6,41
LARG .SU P . T 8,20
VEL . MÉDIA VMÉD 1,0 I
VAZÃO Q 6.5 o
FR OU DE FR o ,3 7
DECL.FUNDO 0,00050

8.9 PROBLEMAS

8.VUm canal de drenagem, em terra com vegetação rasteira nos t~ludes e


%'n do, com taludes 2,5H : 1V, declividade de fundo lo = 30 cm/km , foi dimen-
sionado para uma determinada vazão de projeto Q 0 , tendo-se chegado a uma
seção com largura de fundo b = 1,75 m e altura de água Yo = 1,40 m.
~ual a vazão de projeto?
7 seção encontrada é de mínimo perímetro molhado?
?) Se o projeto deve ser refeito para uma vazão Qt =6,0 m 3/s e a seção
é retangular, em concteto, qual será a altura de água para uma largura
de fundo igual ao dobro da anterior?
a) [Q = 4,35 m3/s] b) [Não] c) [y0 = 1,57 m]
~ Uma galeria de águas pluviais de 1,0 m de diâmetro, coeficiente de
rugosidade de Manning n =0,013 e declividade de fundo lo =2,5·10-3 mim trans-
por~, e~Gndições de regime permanente uniforme, uma vazão de 1,20 m 3/s .
{/J ?etermine a altura d' água e a velocidade média.
~tensão de-cisalhamento média, no fundo, e a velocidade de atrito.
y Qual seria a capacidade de vazão da galeria, se ela funcionasse na
condição de máxima vazão?
a) [yo = 0,82 m; V = 1,74 m/s] b) ['to = 7,46 N/m 2 ; u. = 8,63· 10-2 m/s]
c) [Q = 1,29 m 3/s]
~ Um canal trapezo idal, em reboco de cimento não completamente liso,
com inclinação dos taludes 2H:1 V, está sendo projetado para transportar utna
vazão de 17 m 3/s a uma velocidade média de 1,20 rn/s. Determine a largura de
fundo, a profundidade em regime uniforme, a declividade de fundo e a velo-
cidade de atrito para a seção hidráulica de máxima eficiência.
[b = 1,13 m ; Yo = 2,39 m; lo= 0,00022 mim; u. = 5,076·10·2 m/s]

~Um canal trapezoidal deve transportar, em regime uniforme, uma vazão


de 3,25 m 3/s, com uma declividade de fundo lo = 0,0005 mim trabalhando na
seção de mínimo perímetro molhado. A incl inação dos taludes é de O,SH: 1V
e o revestimento será em alvenaria de pedra argamassada em condições regu-
lares. Determine a altura d'água, a largura de fundo e a tensão média de c isa-
lhamento no fundo do canal.
[yo = 1,56 m; b = 1,95 m; 1:0 = 3,84 N/m2]

(8.5) Dimensione um canal para irrigação, em terra, com vegetação rasteira


\rt(fundo e nos taludes, para transportar uma vazão de 0,75 m3/s, com decli-
vidade de fundo l o = 0,0005 rn/m, de modo que a velocidade média seja no
máximo igual a 0,45 m/s. Inclinação dos taludes 3H: 1V.
[Yo = 0,65 m ; b = 0,65 m ou Yo = 0,53 m; b = 1,60 m]

8.6 Dimensione um canal trapezoidal, com taludes 2H: 1V, declividade de


fundo l o =0,001 mim, com taludes e fundo em alvenaria de pedra argamassa-
da, em boas condições, para transportar em regime uniforme uma vazão de 8,0
m 3/s, sujeita às seguintes condições:
a) A máxima altura d'água deve ser de 1, I 5 m.
b) A máxima velocidade média deve ser de I ,30 m/s.
c) A máxima largura na superfíc ie livre deve ser de 8,0 m.
[Yo = 1,11 m; b = 3,33 m; B = 7,78 m]
r/-; Qual o acréscimo percentual na vazão de uma galeria circular quando a
área molhada passa da meia seção para a seção de máxima velocidade?
[~Q = 97,6%]
8.8 Um trecho de um sistema de drenagem de esgotos sanitários é constituído
por duas canalizações em série, com as seguintes características:
Cap. 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme 265

Trecho 1 - Diâmetro: D1 = 150 mm


De~l ividade: I1 = 0,060 mim
Trecho 2 - Diâmetro D2 = 200 mm
Declividade h = 0,007 m/m
Determine a máxima e a mínima vazões no trecho para que se verifi-
quem as seguintes condições de norma:
a) Máxima lâmina d'água: y = 0,75D.
b) Mínima lâmina d 'água: y = 0,20D.
c) Máxima velocidade: V = 4,0 mls.
d) Mínima velocidade: V = 0,50 mls.
Coeficiente de rugosidade de Manning, n = 0,013.
3 3
[Qmáx = 0,025 m /s; Qmín = 0,0033 m /s]

8.9 Um emissário de esgoto, de concreto em condições regulares, cuja se-


ção tem a forma de a rco de círculo baixo com altura H = 1,25 m, transporta
uma vazão de I ,70 m 3/s . Sendo a declividade de fundo lo= 0,001 mim, deter-
mine a lâmina d' água e a velocidade média.
[h = 0,88 m; V = 1,13 m/s]

8.10 De termine a mínima declividade necessária para que um canal tra-


pezoidal, taludes 4H: 1V, transporte 6 m 3/s, com uma velocidade média igual
a 0,60 mls. Coeficie nte de rugosidade, n = 0,025.
[Iornín = 3,2·1 o·4 mim]
8.11 Determine a capacidade de vazão de um canal para drenagem urbana,
com 2,0 m de base e 1,O m de altura d 'água, declividade de fundo igual à lo=
0 ,001 mim e taludes 1,5H:l V. O fundo cot-responde a canal dragado em con-
dições regulares e os taludes são de ai venaria de pedra aparelhada em boas
condições. Esta seção é de mínimo perímetro molhado? Use o programa
CANAIS3.EXE.
[Q = 3,82 m 3/s; Não]

~'(:'/ 8.12 Uma tubulação circular de diâmetro D escoa certa vazão em regime per-
V manente e uniforme com altura d'água igual a Yo = 0,70 D. Mostre que entre
o fator de atrito f da equação de Darcy-Weisbach e o coeficie nte de rugosidade
n da fórmula de Manning existe a seguinte relação:
[f = 117,64 n 2 D· 1' 3J
Cap. a

8.13 Determine a relação de vazões entre um canal trapezoidal em taludes


1H: 1V, largura de fundo igual a três vezes a altura d'água, e um canal tra-
pezoidal de mesmo ângulo de talude, mesma área molhada, mesma rugosidade
e declividade de fundo, trabalhando na seção de mínimo perímetro molhado.
[QdQ2 = 0,95]

~ 8.14 Demonstre que o raio hidráulico de um canal trapezoidal na seção de


mínimo perímetro molhado, para qualquer ângulo do talude, é igual à metade da
altura d'água.
8.15 Determine o "diâmetro" De a altura in tema da seção H de um interceptar
de esgoto com seção oval normal invertida, de concreto em más condições,
para transportar uma vazão de 2,70 m3/s com lâmina d'água igual a h= 0,60 H.
Declividade de fundo l o= 0,001 mim. Calcule a tensão média de cisalhamento
no fundo da galeria.
[D = I ,70 m; H= 2,55 m; 'to= 5,56 N/m2]

~-e; 8.16 Mostre que, em um escoamento permanente e uniforme em um canal,


a relação entre a velocidade média V e a velocidade de atrito U• é dada por:
1/6
V= u . R h , na qual n é o coeficiente de rugosidade de Manning.
nfg
8.17 Uma galeria de águas pluviais de diâmetro D transporta uma determi-
nada vazão com uma área molhada tal que Rh = D/6. Nestas condições, calcule
as relações VNp e Q/Qp.
[VIV P = 0,762; Q/Qr =O, 183]

8.18 Compare as declividades de um canal semicircular escoando cheio e


de um canal retangular de mesma largura, mesma área molhada, mesmo reves-
timento e transportando a mesma vazão em regime permanente e uniforme.
[IJ ir = 0,84]

8.19 Um trecho de coletor de esgotos de uma cidade cuja rede está sendo
remanejada tem I 00 m de comprimento e um desnível de 0,80 m. Verifique se
o diâmetro atual, de 200 mm, permite o escoamento de uma vazão de 18,6 1/s.
Em caso contrário, qual deve ser o novo diâmetro desse trecho, Determine a
lâmina líquida correspondente e a velocidade média. Material das tubulações,
Cap. 8 Canais - Escoamento Permanente e Uniforme
267

manilha cerâmica, n = 0,0 I 3 e adote como lâmina d'água máxima no coletor


y/D =0,50.
[D =250 mm ; Yo = 102 mm; V = 0,99 m/s]

8.20 No projeto de um coletor de esgotos, verificou-se que, para atender à


condição de esgotamento dos lotes adjacentes, ele deveria ter uma declividade
de 0,015 m/m. Sendo 20 1/s a vazão de esgotos no fim do plano e 10 1/s a vazão
atual (início de plano), determine:
a) o diâmetro do coletor e a velocidade de escoamento, para o final do
plano;
b) a lâmina líquida atual e a correspondente velocidade média.

Material das tubulações, manilha cerâmica, n = 0,013, e adote como


lâmina d'água máx ima no coletor y/D =0,50.

a) [D = 200 mm; V = 1,29 m/s] b) [Yo = 68 mm; V = I ,06 m/s]


8.21 Um túnel de 2000 m de comprimento liga dois grandes reservatórios
mantidos em níveis constantes . A diferença de cotas entre os níveis d'água nos
reservatórios é de 4,0 m. O primeiro trecho do túnel, de 1200 m de comprimento,
possui seção quadrada de 2,0 m de lado e é revestido em concreto, em más
condições, e o segundo trecho de seção circular, de 1,5 m de diâmetro, revestido
em concreto em boas condições. Desprezando as perdas de carga localizadas,
determine a vazão que escoa no túnel. Observe que a fórmula de Manning é
válida para condutos forçados também.
[Q =4,0 m3/s]
8.22 Determine a capacidade de vazão da galeria semicircular de diâmetro
igual a I ,O m, mostrada na Figura 8.9, com declividade de fundo lo = 0,3% e
cuj a lâmina d'água é Yo = 0,30 m. Material das paredes e fundo, reboco de
• cimento não completamente liso.
D = I,Om
[Q =0,338 m3/s]

Figura 8.9 Problema 8.22.


Cap. 8

Tabela 8.2 Cálculo de canais valores do coeficiente de forma K.

m "bly. z = 0,0 z = 0,50 z- 1,0 z- 1,25 z 1,5 z 1,75 z 2,0


o 0,000 0,530 0,771 0,859 0,935 1,001 1,06 1
0,2 0,300 0,640 0,850 0,929 0,998 1,058 1.113
0.4 0,453 0,735 0,921 0,993 1,056 1,1 12 1, 163
0,6 0,572 0,818 0,986 1,052 1,110 1,163 1,2 11
0,8 0,672 0,893 1,046 1,107 1,162 1,211 1,256
I 0,760 0,961 1,103 1,1 59 1,210 1,257 1,299
1,2 0,838 1,023 1,155 1,209 1,257 1,300 . 1..~4 1.
1,4 0,909 1,082 1,205 1,255 1,301 1,342 1,380
1,6 0,974 1,136 1,253 1,300 1,343 1,382 1,4 19
1,8 1,034 1,187 1,298 1,342 1,383 1,421 1,4 55
2 1,091 1,236 1,340 1,383 1,422 1,458 1,491
2,2 1, 143 1,282 1,382 1.422 1,459 1,494 1,526
2,4 1,193 1,326 1,42 1 1,460 1,495 1,528 1,559
2,<> 1,241 1,368 1,459 1,496 1,530 1,562 1,592
2,8 1,286 1,408 1,495 1,53 1 1,564 1,595 1,623
3 1,329 1,446 1,531 1,565 1,597 1,626 1,654
3,2 1,370 1,484 1,565 1,598 1,629 1,(>57 1,(>84
3,4 1,410 1,519 1,598 1,630 1,660 1,687 1.7 13
3,6 1,448 1,554 1,630 1,661 1,690 1,7 16 1,741
3,8 1,484 1,588 1,66 1 1,691 1,719 1,745 1,769
4 1,520 1,620 1,692 1,721 1,748 1,773 1,796
4,2 1,554 1,652 1,721 1.750 1,776 1,800 1,823
4,4 1,587 1.682 1,750 1,777 1,803 1,826 1,849
4,6 1,619 1,712 1,778 1,805 1,829 1,8 52 1.874
4,8 1,651 1,741 1,805 1,831 1,855 1,878 1,899
5 1,681 1,770 1,832 1,858 1,881 1,903 1,923
5,2 1,711 1,797 1,858 1,883 1,906 1,927 1,947
5,4 1,740 1,824 1,884 1,908 1,930 1,951 1,971
5,6 1,768 1,851 1,909 1,933 1,954 1.975 1,994
5,8 1,795 1,876 1,933 1,957 1,978 1,998 2,017
6 1,822 1,902 1,958 1,980 2,001 2,021 2,039
6,2 1,848 1,926 1,981 2,004 2,024 2,043 2,061
6,4 1,874 1,951 2,004 2,026 2,046 2,065 2,083
6,6 1,899 1,975 2,027 2,049 2,068 2,08(> 2,104
6,8 1,924 1,998 2,050 2,071 2,090 2,108 2,125
1 1,948 2,021 2,072 2,092 2, 111 2,129 2,145
7,2 1,912 2,043 2,093 2,114 2, 132 2,149 2,166
7,4 1,995 2,066 2,115 2,134 2,1 53 2,170 2,186
7,6 2,018 2,087 2,136 2,155 2,173 2,190 2,205
7,8 2,041 2,109 2,156 2,175 2,1 93 2,209 2.225
8 2,063 2,130 2,177 2,195 2,213 2,229 2,244
8,2 2,084 2,151 2,197 2,215 2,232 2,248 2,263
8,4 2,106 2, 171 2,216 2,235 2,251 2,267 2,282
8,6 2,127 2,191 2,236 2,254 2,270 2,285 2,300
8,8 2,148 2,211 2,255 2,273 2,289 2,304 2,318
9 2,168 2,231 2,274 2,291 2,307 2,322 2,336
9,2 2,1~8 2,250 2,293 2,310 2,325 2,340 2,354
9,4 2,208 2,269 2,311 2,328 2.343 2,358 2,372
9,6 2,227 2,288 2,329 2,346 2,361 2,375 2.3~9
9,8 2,247 2,306 2,347 2,364 2,379 2,393 2,406
10 2,266 2,325 2,365 2,38 1 2,396 2,410 2,423
10,2 2,284 2,343 2,383 2,399 2,4 13 2,427 2,440
10,4 2,303 2,360 2,400 2,416 2,430 2,444 2.456
10,6 2,321 2,378 2,417 2,433 2,447 2,460 2,4 73
10,8 2,339 2,395 2,434 2.449 2,464 2,477 2.4X9
li 2,357 2,413 2,451 2,466 2,480 2,493 2,505
11,2 2,375 2,430 2,467 2,482 2,496 2,509 2,521
11,4 2,392 2,446 2,484 2,499 2,512 2,525 2,537
11 ,6 2,409 2,463 2,500 2,515 2,528 2,541 2,552
11,8 2,426 2,4811 2,516 2,531 2,544 2,556 2.568
12 2,443 2,496 2,532 2,546 2,559 2,572 2,583
12,2 2,460 2,51 2 2,548 2,562 2,575 2,587 2,598
12,4 2,476 2,528 2,563 2.577 2,590 2,602 2,613
Canais - Escoamento Permanente e Uniforme

Tabela 8.2 Cálculo de canais valores do coeficiente de forma K. (continuação)


m: biYo z =2,25 z =2,50 z " 2,75 z =3,00 z =3,25 z =3,50 z " 4,0
o 1,114 1,164 1,210 1,253 1,294 1,332 1,404
0,2 1.164 1,210 1.254 1,294 1,333 1,370 1.438
0.4 1,210 1,254 1,295 1,334 1,37 1 1,406 1,472
0,6 1,255 1,297 1,336 1,373 1,408 1.442 1,505
0,8 1,298 1,337 1,375 1,4 10 1,444 1,476 1,537
I 1,339 1,376 1,412 1,446 1,478 1,509 1,568
1.2 1,378 1,414 1,448 1,481 1,512 1,542 1,598
1,4 1,416 1,451 1,483 1,514 1,544 1,573 1,628
1,6 1,453 1,486 1.517 1,547 1,576 1,604 1,657
1,8 1.488 1,520 1.550 1,579 1,607 1,634 1,685
2 1,523 1,553 1,582 1,610 1,637 1.663 1,713
2,2 1,556 1.585 1.6 13 1,640 1,666 1,691 1,740
2.4 1,588 1,616 1.643 1,669 1,695 1,719 1,766
2.6 1,620 1,647 1.673 1,698 1.723 1,746 1,792
2,8 1,650 1,677 1,702 1,726 1,750 1.773 1,818
3 1,680 1,705 1,730 1,754 1,777 1,799 1,843
3,2 1,709 1,734 1,757 1,780 1,803 1.825 1,867
3.4 1,738 1,761 1,7R4 1,807 1,829 1,850 1,89 1
3,6 1,765 1,7R8 1,8 11 1,832 1,854 1,874 1,9 15
3.8 1,792 1.815 1.837 1,858 1,878 1.899 1,938
4 1,819 1.841 1,862 1,882 1,903 1,922 1,961
4,2 1,845 1,866 1,887 1,907 1.926 1,946 1,983
4,4 1,870 1,891 1,9 11 1,931 1,950 1.969 2,005
4,6 1,895 1,915 1,935 1,954 1,973 1,991 2,027
4,8 1,919 1,939 1,958 1,977 1,995 2,013 2,048
5 1,943 1,963 1,981 2,000 2,017 2,035 2,070
5.2 1,967 1,986 2,004 2,022 2,039 2,057 2,090
5,4 1,990 2,008 2.026 2,044 2,061 2,078 2,111
5.6 2,013 2.030 2,048 2,065 2,082 2,099 2,131
5,8 2,035 2,052 2,070 2,086 2.103 2,119 2,151
6 2,057 2,074 2,091 2,107 2,123 2,139 2,17 1
6,2 2,078 2,0')5 2, 112 2.128 2,144 2,159 2,190
6.4 2.100 2,116 2.132 2.148 2,164 2,179 2,209
6,6 2, 120 2,137 2,153 2, 168 2,183 2,198 2,228
6,8 2,141 2,157 2,172 2,188 2,203 2.218 2,247
7 2,161 2,177 2,192 2,207 2,222 2,236 2,265
7,2 2,181 2.197 2,212 2,226 2,241 2,255 2.283
7,4 2,201 2,21 6 2,231 2,245 2,260 2,274 2,301
7,6 2,221 2,235 2,250 2,264 2,278 2,292 2,319
7,8 2,240 2,254 2,268 2,282 2,296 2,310 2,337
8 2,259 2,273 2,287 2,301 2,314 2,328 2,354
8,2 2,277 2.29 1 2.305 2,3 19 2,332 2,345 2,371
8,4 2,296 2,310 2,323 2,336 2,350 2,363 2,388
8,6 2.314 2,328 2,341 2,354 2,367 2,380 2,405
8,8 2,332 2,345 2,359 2.371 2,3M 2,397 2,422
9 2,350 2,363 2,376 2,389 2.401 2,4 14 2,438
9,2 2,367 2,380 2,393 2,406 2,418 2,430 2,454
9,4 2,385 2,398 2.410 2.422 2,435 2,447 2,470
9,6 2.402 2,<11 4 2,427 2,439 2.451 2,463 2,486
9,8 2.419 2.431 2,443 2.455 2,467 2,479 2.502
lO 2,436 2.448 2,460 2,472 2,483 2,495 2.518
10,2 2.452 2,464 2,476 2,488 2,499 2,511 2,533
10,4 2,469 2.481 2,492 2,504 2,5 15 2,526 2,549
10,6 2,485 2.497 2,508 2,520 2,531 2,542 2,564
10,8 2,501 2.513 2.524 2,535 2,546 2,557 2.579
11 2,517 2,528 2,540 2,551 2,562 2,573 2,594
11,2 2,533 2,544 2,555 2.566 2,577 2.588 2,609
11 ,4 2,548 2,559 2.570 2.58 1 2,592 2.603 2,623
11,6 2,564 2.575 2,586 2,596 2.607 2,617 2,638
11,8 2,579 2.590 2,601 2.611 2,622 2,632 2.652
12 2,594 2.605 2,(,16 2,626 2,636 2.647 2,667
12,2 2,609 2,(,20 2,630 2,641 2,651 2,661 2,681
12,4 2,624 2,635 2,645 2,655 2,665 2.615 2,695
Cap. 8

Tabela 8.3 Cálculo da altura d'água normal. Valores de K 2 = n Q /(b 813 r.,w).

yJb z =0,0 z = 1,0 z 1,5 Z=2,0 z =2,5 z- 3,0 z =3,5 z :4,0


0.02 0.001 0001 0,001 0,001 0001 0001 0 ,002 0,002
0 ,04 0,004 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005
0,06 0,009 0,009 0,009 0,009 0,010 0,010 0,010 0,010
0,08 o 013 0,015 0,015 0,016 0,016 0016 0,017 0,017
0, 1 0,019 0021 0,022 0,023 0023 0,024 0,025 0,025
0,12 0025 0029 0,030 0,031 0032 0,033 0.034 0035
o 14 0032 o 038 0039 0,041 0,043 0044 0046 0047
o 16 0,039 0047 0,050 0,052 0,055 0,057 0,059 0,061
0,18 0,047 0,057 0,061 0,065 0,068 0071 0,074 0,077
0,2 0,055 0,069 0.074 O,Q78 0,083 0,087 0091 0,095
0,22 o 063 0081 0,087 0,093 0,099 o 104 0,110 0,115
024 o 071 0,094 o 102 0,110 o 117 0,124 o 131 0, 137
0,26 0,080 0,108 0,118 0.127 0,136 0,145 0,153 0, 162
0,28 0,089 0,123 0,135 0,146 0,157 0,168 0.178 0,189
0,3 0098 0,138 0,153 0,167 0,180 0,193 0,205 0,218
0,32 o 108 0,155 0.173 0,189 0,204 0,220 0,235 0 ,250
034 0.117 o 172 0,193 0,212 0,231 0249 0,267 0,284
0,36 o 127 0,190 0,215 0,237 o 259 0280 0301 0,321
0,38 0,137 0,210 0,238 0,264 0,289 0,313 0.337 0,361
0,4 0,147 . 0,230 0,262 0,292 0 ,321 0 ,349 0 .376 0,404
0,42 0,157 0,251 0,288 0,322 0 ,354 0.386 0.418 0,449
0,44 o 167 0,273 0,314 0,353 0390 0,426 0.462 0,498
046 o 177. 0,296 0,342 0,386 0,428 0469 0,509 0,549
048 o 188 0319 0,372 0,421 0,468 0513 0559 0,604
0,5 0,198 0,344 0,403 0,457 0,509 0,561 0,611 0,661
0,52 0,209 0,370 0,435 0.495 0,553 0,610 0,666 0,722
0,54 0,220 0,396 0,468 0 ,535 0,600 0663 0,725 0,787
0,56 0231 0,424 0,503 0,577 0,648 0,717 0.786 0,854
o 58 0,241 0,453 0,540 0,621 o 698 0.775 0,850 0,925
06 0252 o 482 o 577 0,666 o 751 0835 0,918 1,000
0,62 0,263 0,513 0,617 0,713 0,807 0,898 0,988 1,078
0,64 0.274 0,544 0,657 0,763 0,864 0.964 1,062 1,159
066 0285 0,577 0,699 0,814 0,924 1,032 1.139 1,245
o 68 0297 0,611 0,743 0,867 0,986 1,103 1,219 1.334
0,7 0,308 0645 0,788 0,922 1,051 1,178 1,303 1,427
o 72 0319 0,681 0,835 0,979 1 119 1 255 1 390 1 523
0 ,74 0,330 0,718 0,684 1,039 1,189 1,335 1,480 1,624
0,76 0,342 0,756 0,933 1,100 1,261 1,419 1,574 1,729
0,78 0,353 0.795 0.985 1,164 1,336 1,505 1,672 1,838
08 0,365 0,835 1,038 1,229 1 414 1 595 1,773 1,950
082 0376 o 876 1 093 1,297 1,494 1 687 1 878 2,068
0,84 0,388 0,918 1,150 1.367 1,577 1,783 1,987 2,189
0,86 0,399 0 ,962 1,208 1,439 1,663 1,883 2,099 2,314
0,88 0,41 1 1,006 1,268 1,514 1,752 1,985 2,216 2,444
09 0422 1,052 1,329 1,591 1 843 2,091 2.336 2,579
0,92 0434 1,098 1,393 1,670 1,938 2,200 2,460 2,718
094 0446 1,146 1.458 1,751 2,035 2 313 2 588 2 ,861
0,96 0,457 1,196 1,524 1,835 2,135 2,429 2,720 3,009
0,98 0 ,469 1,246 1,593 1,921 2,238 2,549 2,856 3,161
1 0,481 1,297 1,664 2,010 2,344 2,672 2,997 3,319
1,02 0,493 1,350 1,736 2,101 2 ,453 2,799 3141 3,481
1,04 o 504 1,404 1,810 2,194 2,566 2 930 3,290 3,648
1,06 0516 1 459 1,886 2,290 2,681 3064 3 443 3,819
1,08 0,528 1,515 1,964 2,388 2,799 3,202 3,601 3,996
1,1 0,540 1 573 2,044 2,489 2,921 3,344 3,762 4,178
1,12 0,552 1,632 2,125 2,593 3,045 3,490 3,929 4,364
1,14 o 564 1,692 2209 2,699 3,173 3,639 4,099 4,556
1,16 0,576 1 753 2,294 2,807 3 305 3 792 4,274 4,753
1 18 o 587 1 816 2.382 2 919 3 439 3 950 4 454 4,955
1,2 0,599 1,880 2,471 3.033 3,577 4,111 4,639 5,162
1,22 0,611 1,945 2,563 3,149 3,718 4,276 4.828 5,375
1.24 0623 2,011 2 656 3,269 3,862 4,445 5,021 5,593
1,26 0635 2079 2,752 3 391 4,010 4,619 5,220 5,816
1,28 0647 2.148 2,849 3,516 4,162 4 796 5,423 6,045
1,3 0659 2 219 2 949 3,643 4 317 4 978 5 631 6,280
1,32 0,671 2,291 3,051 3 ,774 4,475 5,163 5,844 6,520
1,34 0,683 2,364 3,155 3,907 4,637 5.353 6.062 6,765
Cap. 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme

Tabela 8.3 Cálculo da altura d'água normal. Valores de K2 = n Q /(b 813 10 112) (continuação).

yJb z = 0,0 Z= 1,0 Z= 1,5 z= 2,0 Z= 2,5 Z= 3,0 z = 3,5 z = 4,0


1 36 0,695 2,439 3,260 4,043 4 802 5 548 6,285 7,016
1 38 o 707 2 514 3 369 4,182 4 971 5 746 6,513 7 273
1,4 0,719 2,592 3,479 4,324 5,144 5 949 6,746 7,536
1.42 0,732 2,670 3,591 4,468 5 320 6.157 6,984 7,805
1,44 0,744 2 751 3,706 4 616 5 500 6 368 7 227 8,079
1,46 0,756 2,832 3,822 4 767 5,684 6,585 7 475 8,359
1 48 0,768 2,915 3,941 4,920 5,871 6,805 7,729 8,646
1,5 0,780 2 999 4,063 5,077 6,063 7 031 7 988 8,938
1,52 o 792 3 085 4,186 5 237 6 258 7 260 8,252 9,236
1 54 0,804 3 172 4 312 5 400 6,456 7,495 8,522 9 54 1
1 56 0,816 3,261 4,440 5,565 6,659 7 734 8,797 9 852
1,58 0,829 3,351 4,570 5,734 6 866 7 978 9 077 10,169
16 o 841 3 443 4 702 5 906 7 076 8,226 9 363 10 492
1 62 0,853 3,536 4,837 6 082 7,291 8,479 9,655 10,821
1,64 o 865 3 630 4 975 6 260 7,509 8,737 9,952 11 157
1,66 0,877 3 727 5,114 6 441 7,732 9,000 10 254 11 500
1 68 o 890 3 824 5 256 6,626 7,958 9 268 10,563 11 848
17 0,902 3,923 5,400 6,814 8,189 9,540 10,877 12,204
1,72 0,914 4,024 5,547 7,005 8,424 9,818 11,197 12,565
1,74 0,926 4,126 5,696 7,200 8,663 10 100 11,522 12.934
1,76 0,938 4,230 5,848 7,398 8 906 10 388 11 854 13,309
1,78 o 951 4,335 6,002 7 599 9,153 10 680 12,191 13,691
1,8 0,963 4 442 6,158 7,804 9,404 10,978 12,534 14,079
1 82 0,975 4 550 6,317 8,011 9,660 11,280 12,883 14 475
1,84 0,987 4,660 6,479 8 223 9 920 11 588 13,238 14,877
1 86 1 000 4 772 6 643 8 437 10 184 11 901 13 600 15 286
1 88 1 012 4 885 6 809 8,655 10,452 12,219 13 967 15,702
1,9 1,024 5,000 6,978 8 877 10 725 12 542 14,340 16,125
1,92 1,037 5,117 7,150 9,102 11 ,002 12,87 1 14,720 16,555
1,94 1,049 5 235 7,324 9 331 11 284 13 205 15 105 16 992
1,96 1,061 5,354 7,501 9,563 11,570 13 544 15,497 17,436
1 98 1 073 5 476 7 680 9 798 11,861 13 889 15 896 17 888
2 1 086 5 599 7 862 10.037 12,156 14 ,239 16 300 18,347
2,02 1,098 5,723 8,047 10,280 12 455 14,594 16,711 18,812
2,04 1,110 5,849 8,234 10,526 12 759 14,955 17,128 19,286
2,06 1,123 5 977 8,424 10 776 13 068 15,322 17,552 19,766
2,08 1,135 6 107 8,617 11,030 13 381 15,694 17,982 20,254
2 1 1 147 6 238 8 8 12 11,287 13.699 16 071 18 419 20,750
2,12 1,160 6,371 9 010 11,548 14,021 16.455 18,862 21,252
2,14 1,172 6,506 9,211 11,813 14 349 16,843 19,312 21 763
2 16 1 184 6 643 9 414 12 081 14 681 17 238 19 768 22 281
2 18 1,1 97 6 781 9 620 12 353 15 017 17,638 20,231 22 ,806
22 1,209 6,921 9 829 12 629 15,359 18,044 20 701 23 ,340
2,22 1,221 7,063 10,041 12,909 15,705 18,456 21,178 23,881
2 24 1 234 7 206 10 255 13 192 16 056 18 873 21,661 24 429
2,26 1,246 7 35 1 10,473 13 480 16 412 19,296 22,151 24,986
2,28 1,258 7,498 10,693 13,771 16,772 19,726 22,648 25,550
2,3 1,271 7,647 10,916 14,066 17,138 20,161 23,152 26, 123
2,32 1 283 7,797 11,1 4 1 14,365 17,508 20 602 23 663 26 703
2,34 1 296 7,950 11 ,370 14,668 17 884 21,049 24 181 27 29 1
2,36 1 308 8 104 11 602 14 975 18,264 21,501 24,705 27 887
2,38 1,320 8.260 11 836 15 285 18.649 21,960 25,237 28 491
2,4 1,333 8,418 12,073 15,600 19,040 22 425 25 776 29,104
2 42 1,345 8,577 12,314 15,9•19 19 435 22 897 26 322 29,724
2,44 1,357 8,739 12 557 16 241 19 836 23 374 26,875 30,353
2 46 1 370 8,902 12 803 16 568 20,242 23,857 27 436 30,990
2,48 1,382 9,067 13,052 16 899 20,652 24,347 28,003 31,635
25 1 395 9 234 13,304 17 234 21 068 24 843 28 578 32 288
2.52 1 407 9 403 13,559 17,573 21,489 25,345 29,160 32,950
2,54 1 419 9 574 13 817 17 916 21 915 25 853 29 750 33 620
2 56 1 432 9,746 14 078 18,263 22,347 26,367 30 347 34,299
Cap. 8

Tabela 8.4 Elementos hidráulicos e geométricos da seção circular.


2
y.,/0 a = AID' ~ = R,/D Q/ Qp y.,JD a= AID ~ = R,,D Q/Qp
O, OI 0,001 0,007 0,000 0,51 0,403 0,253 0,517
0,02 0,004 0,013 0,00 1 0,52 0,413 0,256 0,534
0,03 0,007 0,020 0.002 0,53 0,423 0,259 0,551
0,04 0,011 0,026 0,003 0,54 0,433 0,262 0,568
o 05 0,015 0,033 o005 o55 0,443 0,265 0,586
0,06 0,019 0,039 0,007 0,56 0,453 0,268 0,603
o 07 0,024 0,045 0,010 0,57 o462 0,270 0,620
0,08 0,029 0,051 0,013 0,58 0.472 0,273 0,637
0,09 0,035 0,057 0,017 0,59 0482 0,275 0,655
0,1 0,041 0,064 0,021 0,6 0,492 0,278 0,672
0,11 0,047 0,070 0,025 0.61 0,502 0,280 0,689
0,12 0,053 0,075 0,031 0,62 0,512 0,282 0,706
0,13 0,060 0,081 0,036 0,63 0,521 0,284 0,723
0,14 0,067 0,087 0,042 0,64 0,531 o 286 0,740
0,15 0,074 0,093 0,049 0,65 0,540 0,288 0,756
0, 16 0,081 0,099 0,056 0,66 0,550 0,290 0,773
0, 17 0,089 0,104 0,063 0,67 0,559 0,292 0,789
0,18 0,096 0,110 0,071 0,68 0,569 0,293 0,806
0,19 0,104 0,115 0,079 0,69 0,578 0,295 0,821
0,2 o, 112 0,121 0,088 0,7 0,587 0,296 0,837
0,21 0,120 0, 126 0,097 0,71 0,596 0,298 0,853
0,22 0,128 0,131 0,106 0,72 0,605 0,299 0,868
0,23 0,136 0,136 0,116 0,73 0,614 0,300 0,883
0,24 0,145 0,142 0, 126 0,74 0,623 0,301 0,898
0,25 0,154 0,1 47 0,137 0,75 0,632 0,302 0,912
0,26 0, 162 0, 152 0, 148 0,76 0,640 0,302 0,926
0,27 0,171 0,157 0,159 0,77 0,649 0,303 0,939
0,28 0,180 0,16 1 0, 171 0,78 0,657 0,304 0,953
0,29 0, 189 0,166 0, 183 0,79 0,666 0,304 0,965
0,3 0,198 0,171 0,196 0,8 0,674 0,304 0,977
0,3 1 0,207 0,176 0,209 0,8 1 0,68 1 0,304 0,989
0,32 0,2 17 0,180 0,222 0,82 0,689 0,304 1,000
0,33 0,226 0,185 0,235 0,83 0,697 0,304 1,011
0,34 0,235 0.189 0,249 0,84 0,704 0,304 1,021
0,35 0,245 0, 193 0,263 0,85 0,712 0,303 1,030
0,36 0,255 0,198 0,277 0,86 0,719 0,303 1,039
0,37 0,264 0,202 0,292 0,87 0,725 0,302 1,047
0,38 0,274 0,206 0,307 0,88 0,732 0,301 1,054
0,39 0,284 0,210 0,322 0.89 0,738 0,299 1,060
0,4 0,293 0,214 0,337 0,9 0,745 0,298 1,066
0,41 0,303 0,218 0,353 0,91 0,750 0,296 1,070
0.42 0,313 0,222 0,368 0,92 0,756 0,294 1,073
0,43 0,323 0,226 0,384 0,93 0,761 0,292 1,075
0,44 0,333 0,229 0,400 0,94 0,766 0,289 1,076
0,45 0,343 0,233 0.4 17 0,95 0,771 0,286 1,075
0,46 0,353 0,237 0,433 0,96 0,775 0,283 1,071
0,47 0,363 0,240 0,450 0,97 0,779 0,279 1,066
0,48 0,373 0,243 0,466 0,98 0,782 0,274 1,057
0,49 0,383 0,247 0.483 0,99 0,784 0,267 1,042
0,5 0,393 0,250 0,500 I 0,785 0,250 1,000
Cap. 8 Canais- Escoamento Permanente e Uniforme

Tabela 8.5 Valores do coeficiente de rugosidade da fórmula de Manning.

Natureza das Paredes Condições


Muito Boas Regu- Más
Boas la res
T ubos de ferro fund ido sem revesti mento ........ . 0,012 0,0 13 0,0 14 0,0 15
Idem, com revestimento de alcatrão ... .... ...... .... . 0,011 0,0 12* 0,013*
T ubos de ferro ga lvan izad o .......... .. ..... ......... .. .. 0,0 13 0,0 14 0,0 15 0,017
Tubos de bronze ou de vidro ........................... . 0,009 0,0 10 0,01 1 0,013
Condu tos de barro vitrifi cado, de esgotos ........ . 0,0 11 0,0 13* 0,0 15 0,017
Condutos de barro, de drenagem .................... .. 0,0 11 0,0 12* 0,0 14* 0,017
Alvenaria de tijolos com argamassa de cimento:
cond utos de esgoto, de tijo los .......................... . 0,0 12 0,0 13 0,0 15* 0,017
Superfícies de cimento alisado ........ .. .............. . 0,0 10 0,011 0,0 12 0,013
Su perfícies de argamassa de c imento .... .... ...... .. 0,0 11 0,01 2 0,0 13* 0,015
Tu bos de concreto ................................... ........ . 0,0 12 0,01 3 0,0 15 0,0 16
Condutos e aduelas de madeira .............. ......... . 0,0 10 0,01 1 0,0 12 0,0 13
Ca lhas de prancha de m adeira aplainad a ........ .. 0,0 10 0,012* 0,0 13 0,0 14
Idem, não aplain ada ........................................ . 0,0 11 0,013* 0,0 14 0,015
Idem, com pranchões ....................................... . 0,0 12 -o,o t 5* 0,0 16
Canais com revesti mento de co ncreto .............. . 0,0 12 0,014* 0,0 16 0,0 18
Alvenaria de pedra argamassa ........................ .. 0,0 17 0,020 0,025 0,030
Alvenaria de pedra seca .................................. . 0,025 0,033 0,033 0,035
Alvenaria de pedra apare lhada ....... .... ............. . 0,0 13 0,0 14 0,0 15 0,0 17
Calhas metálicas lisas (semicirculares) ........... .. 0,0 11 0,01 2 0,0 13 0,0 15
Idem, corrugadas ............................................. . 0,023 0,025 0,028 0,03 0
Canais de terra, rctilfneos e uniformes ............ . 0,0 17 0,020 0,023 0,025
Canais abertos em rocha, lisos c uniformes ..... .. 0,025 0,030 0,033* 0,035
Canais abenos em roch a, irregu lares , ou de
paredes de pedra irregu lares e mal-arrum adas. 0,035 0,040 0,045
Canais dragados ....... ...................................... .. 0,025 0,028 0,030 0,033
Canais curvilíneos e lamosos .......................... .. 0,023 0,025* 0,028 0,030
Canais com leito pedregoso e vegetação aos
taludes .. .... ...... .... .......................... ...... .......... .. . 0,025 0,030 0,035* 0,040
Canais com fundo de terra e taludes empedra-
dos .. ................................ .............................. .. 0,028 0,030 0,033 0,035
ARROIOS E RIOS
I. Limpos, r etilíneos e un iformes ................... .. 0,025 0,028 0,030 0,033
2. Como em I, porém com vegetação e pedras. 0,030 0,033 0,035 0,040
3. Com meandros, bancos e poços pouco pro-
fun dos. limpos ................ ........................... . 0,035 0,040 0,045 0,050
4. Co mo em 3, águas baixas, decliv id ade fraca 0,040 0,045 0,050 0,055
5. Co mo em 3, co m vegetação e pedras ...... .... .. 0,033 0,035 0,040 0,045
6. Como e m 4, co m ped ras .......... ................... .. 0,045 0,05 0 0,055 0,060
7. Com margens espraiad as, pouca vegetação .. . 0,050 0,060 0,070 0,080
8. Com margens espraiad as, mu ita vegetação ... 0,075 0, 100 0, 125 0, 150
* V atores aconselh ados o ara oroietos.
Tabela 8.6 Valores de n. (extraído de Bandini: Hidráulica, vol.l ).

Nº Natureza das Paredes n

OI Canais de chapas com rebites embutidos, juntas perfeitas e águas


limpas. Tubos de cimento e de fundição em perfeitas condições .... 0,011
02 Canais de cimento muito liso, de dimensões limitadas, de madeira
aplainada e lixada, em ambos os casos; trechos retilíneos compri- 0,012
dos e curvas de grande raio e água limpa. Tubos de fundição usa-
dos ..................... ............................................................................. .
03 Canais de reboco de cimento liso, porém com curvas de raio
limitado e águas não completamente limpas; construídos com 0,013
madeira lisa, mas com curvas de raio moderado ............................. .
04 Canais com reboco de cimento não completamente liso; de
madeira como no nº 2, porém com traçado tortuoso e curvas de 0,014
pequeno raio e juntas imperfeitas ... ................ .................................
05 Canais com paredes de cimento não completamente lisas, com
curvas estreitas e águas com detritos; construídos de madeira não 0,015
aplainada de chapas rebitadas .. ....................................................... .
06 Canais com reboco de cimento não muito alisado e pequenos
depósitos no fundo; revestidos por madeira não aplainada; de 0,016
alvenaria construída com esmero; de terra, sem vegetação ............. .
07 Canais com reboco de cimento incompleto, juntas irregulares,
andamento tortuoso e depósitos no fundo; de alvenaria revestindo 0,017
taludes não bem perfilados ......................... .................................... .
08 Canais com reboco de cimento rugoso, depósitos no fundo, musgo
nas paredes e traçado tortuoso ......................................................... 0,018
09 Canais de alvenaria em más condições de manutenção c fu ndo
com barro, ou de alvenaria de pedregulhos; de terra, bem 0,020
construídos, sem vegetação e com curvas de grande raio ............... .
10 Canais de chapas rebitadas e juntas irregulares; de terra, bem
construídos com pequenos depósitos no fundo e vegetação rasteira 0,022
nos taludes ................................ .............. ......... ............................... .
11 Canais de terra, com vegetação rasteira no fundo e nos taludes ..... . 0,025
12 Canais de terra, com vegetação normal, fundo com cascalhos ou
irregular por causa de erosões; revestidos com pedregulhos e 0,030
vegetação ........................................................ ................................ .
13 Álveos naturais, cobertos de cascalhos e vegetação ....................... . 0,035
14 Álveos naturais, andamento tortuoso .... ..................... ..................... . 0 ,040
-

9 275

OBSERVAÇÕES SOBRE O PROJETO E


CONSTRUÇÃO DE CANAIS
"Do ri o que tudo arrasta se diz que ê
violento
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem."
9.1 INTRODUÇÃO [Bertolt Brecht]

Como foi visto no capítulo anterior, os processos de cálculo para dimen-


sionamento e verificação de canais pris máticos em regime uniforme são bem
simples e rápidos, seja utilizando o programa computacional ou as tabelas e
gráficos apresentados. Deste modo, para as principais formas geométricas
utilizadas em projetos, os problemas se restringem à determinação de pa-
râmetros geométricos tais que a fórmula de Manning seja satisfeita, com uma
ou outra condição hidráulica estabelecida.
Na prática o planejamento, projeto e constmção de um canal estão con-
dicionados por uma série de restrições de natureza variada. O projeto de um
canal em um sistema de drenagem urbana, por exemplo, pode depender de
condições topográficas, geotécnicas, construtivas, de influência do sistema
viário, existência de obras de arte, faixa de domínio etc. Todas estas condições
de caráter não hidráulico/hidrológico limitam a liberdade do projetista no
dimensionamento das seções. Neste tipo de projeto algumas observações são
pertinentes.

9.2 OBSERVAÇÕES GERAIS


1. As obras de retificação, alargamento ou canalização, devem ser fei-
tas, na medida do possível, de jusante para montante. Esta é a regra
básica em obras de melhorias em cursos d'água, principalmente em
bacias hidrográficas urbanas. Se a obra for executada de montante
para jusante, melhorando inicialmente as condições de drenagem na
parte alta da bacia, quando ocoiTer uma chuva, um volume maior de
água e em um tempo menor chegará às seções de jusante, agravan-
do ainda mais as condições de escoamento na parte baixa da bacia.
2. Prevendo-se o aumento da rugosidade das paredes e fundo dos canais,
pelo uso e má manutenção, recomenda-se adotar como coeficiente de
mgosidade de projeto, valores de 1O a 15% maiores do que aqueles
apresentados nas tabelas, para o revestimento usado. Em outras pa-
lavras , o projetista deve prever o "envelhecimento" do canal.
3. Deve-se, em canais abertos e principalmente em canais fechados, dei-
xar uma folga ou revanche de 20 a 30% da altura d'água, acima do
nível d'água máximo de projeto. Com isto, tem-se uma ce1ia folga na
O canal cuja seção reta é mostrada na capacidade de vazão do canal, atende-se a uma possível sobrelevação
figura , transporta em regime permanente e
uniforme uma vazão de 680 Us de água, com do nível d'água em uma curva do canal e também a uma diminuição
declividade de fundo 1. = 0,001 m/m, da seção por possíveis depósitos de material carreado, no fundo do
coeficiente de rugosidade n = 0,016 e altura
d'água Yo•1,0 m. Determine a proporção canal. Esta folga é impo1iante como fator de segurança, uma vez que
horizontal Z da inclinação do talude da parte
Inferior. a vazão de projeto é determinada por critérios hidrológicos associa-
dos a uma certa probabilidade da vazão de projeto vir a ser supera-
da e as condições de impenneabilidade da bacia podem variar ao
longo do tempo, alterando a resposta da bacia.
4. Na medida do possível, em canais urbanos, deve-se evitar grandes
profundidades, maiores que 4,0 m, por causa do custo de escavação,
da segurança de transeuntes e veículos e por questões estéticas, já que
a seção só estará totalmente ocupada pela água durante a passagem
da onda de cheia.
5. Para canais regulares com perímetros de diferentes rugosidades deve-
se usar na fórmula de Manning, uma rugosidade equivalente da se-
Mostre que em um canal trapezoldal,
simétrico. na condição de máxima eficiência ção, dada por uma das seguintes expressões, originadas dos seguintes
hidráulica, o comprimento molhado dos
taludes é igual à largura na superfície livre.
critérios de cálculo:
Seja uma seção que pode ser subdividida em N subáreas tendo cada
uma um perímetro molhado P; e coeficiente de rugosidade de
Manning constante n; (i = 1,2, ... N).
a) assumindo que em cada uma das subáreas os escoamentos parciais
Calcular a relação a,/a, entre as vazões que têm a mesma velocidade média e igual à velocidade média da se-
escoam em um canal circular fechado, em
que a, é a vazão correspondente a seção de ção total (V= v, = v2 = .... VN), a rugosidade equivalente da seção
máxima velocidade e a,a vazão é dada por:
correspondente a meia seção.

(9.1)

na qual ne é a rugosidade equivalente, P o perímetro molhado total


da seção e No número de subseções.
h) assumindo que a força total de resistência ao escoamento, originada
pelo efeito de cisalhamento junto ao perímetro P, é igual à soma das
forças de resistência em cada subárea de perúnetro P; , a rugosidade
equivalente é dada por:
Cap. 9 Observações sobre o Projeto e Construção de Canais

i=I
(9.2)
p

A Equação 9.2 foi utilizada no programa CANAIS3 .EXE para o cál-


culo da rugosidade equivalente de uma seção regular ou de geometria
composta.
6. Para canais de concreto, deve-se prever a utilização de drenas nas
paredes e fundo , com certo espaçamento longitudinal, para evitar
subpressão quando o nível do lençol freático estiver alto. Deve-se
prever também juntas de dilatação na laje de fundo.
7. Em canais urbanos para drenagem de águas pluviais, feitos com ta-
ludes de pedras argamassadas e fundo de concreto magro, o uso dos
drenas nos taludes é dispensável, pois a alvenaria de pedras permite
uma certa permeabilidade.
N.A.
8. Em canais de seção composta ou de lei-
to múltiplo (canais siameses), como na
Figura 9. 1, as equ ações de resistência
não dão bons resultados se aplicadas à
seção completa. Neste caso, para seções
com uma única rugos idade ou rugosi-
dades diferentes, estas devem ser subdi-
vididas por linhas verticais imaginárias Figura 9.1 Seção composta ou de leito múltiplo.
e, para cada subseção, deve ser utilizada
a fórmula de Manning para o cálculo da
vazão parcial. A vazão total da seção será o somatório das vazões das
seções parciais. As linhas verticais imaginárias não devem ser com-
putadas no cálculo do perímetro molhado de cada subseção.
9. Cuidados especiais devem ser tomados na retificação de canais e
córregos, principalmente em cortes de meandros devido à diminuição
do comprimento longitudinal e conseqüente aumento da declividade
da linha d 'água e velocidade média. O aumento da velocidade média
pode provocar um processo de erosão, com aumento do transporte
sólido e assoreamento a jusante. O aumento da declividade e dimi-
nuição da lâmina d'água pode prejudicar eventuais sistemas de cap-
tação de água a jusante ou interferir no nível do lençol freático,
prejudicando culturas ribeirinhas.
10. A declividade de projeto em canais deve ser tal que a velocidade
média do escoamento seja maior do que uma velocidade mínima
estabelecida para evitar deposição de lama, lodo, material em suspen-
são e crescimento de plantas aquáticas. Por outro lado, a velocidade
média deve ser menor que uma velocidade máxima estabelecida para
evitar erosão do material das paredes e fundo do canal. Os seguintes
valores são aconselháveis em função do tipo de material de revesti-
mento das paredes e fundo.

Tabela9.1

Material das Paredes do Canal Velocidade Média (m/s)

Areia muito fina 0.23 a 0.30


Areia solta-média 0,30 a 0,46
Areia grossa 0,46 a 0,61
Terreno arenoso comum 0,61 a 0,76
Te1Teno siltc-argiloso 0,76 a 0,84
Ten·eno de aluvião 0,84 a 0,91
Terreno argiloso-compacto 0,91 a 1,14
Terreno argiloso duro 1.14 a 1,22
Solo cascalhado 1,22 a 1,52
Cascalho grosso, pedregulho, piçarra I .52 a 1,83
Rochas sedimentares moles-x istos 1,83 a 2,44
Alvenaria 2,44 a 3,05
Rochas compactas 3,05 a 4,00
Concreto 4,00 a 6,00
Fome: Curso de Canais, EEUFMG, Dep. Engenharia Hidráulica, Edições Engenharia 58n2.

A adoção de uma velocidade média máxima compatível com o reves-


timento pode ser utilizada como critério de projeto para que a seção
seja estável. Em projetos de canais estáveis com fronteiras móveis,
utiliza-se o critério da máxima tensão de cisalham.ento, a partir da
Equação 8.4, que pode ser encontrado na literatura mais especializa-
da, como Chow (11), Henderson (28) e Graf (24), entre outros.
11. Outra limitação quanto à estabilidade dos canais é o estabelecimen-
to da máxima inclinação dos taludes, que deve ser menor que o ân-
gulo de repouso do material de revestimento para que o talude seja
geotecnicamente estável. Os valores médios comuns para os taludes
dos canais abettos são apresentados na Tabela 9.2.
Uma solução interessante em pequenos canais urbanos é o uso da seção
de leito múltiplo, na qual em época de estiagem a vazão fica confinada à par-
te central do canal, de geometria circular pré-fabricada, e durante as cheias o
Cap. 9 Observações sobre o Projeto e Construção de Canais

leito secundário é temporariamente ocupado. A solução é esteticamente con-


veniente e permite manutenção do leito secundário na época de seca. O Exem-
plo 9.1 trata desta seção.

Tabela 9.2 Inclinação usual dos taludes - Azevedo Netto (5).

Natureza das Paredes Z = cotg a

Canais em terra em geral, sem revestimento 2,5 a 5,0


Canais em saibro, terra porosa 2,0
Cascalho roliço 1,75
Terra compacta, sem revestimento 1,50
Terra muito compacta, paredes rochosas 1,25
Rochas estratificadas, alvenaria de pedra bruta 0,5
Rochas compactas, alvenaria acabada, em concreto 0,0

EXEMPLO 9.1

Determine a capacidade de vazão do canal N.A.


cuja seção é mostrada na Figura 9.2 . Os taludes
e as bermas são de alvenaria de pedra aparelhada,
em condições regulares, e o fundo de concreto em
boas condições. Declividade de fundo lo= 1 m/km.
Dividindo a seção em duas partes, I e II,
por linhas verticai s, tem-se:
• Parte I, seção trapezoidal, pela Tabela Figura 9.2 Exemplo 9.1.
8.5, revestimento n = 0,015 .
• Parte II, seção composta, pela Tabela
8.5, revestimento n = 0,0 14. "------~-·:l....,_._._._,_,_, [:=-~-.I--,- - - - -- ----,,;'
"j]'..
Parte I, trapezoidal, como:
!
b 2,00
m = - :. m = - - =250 l,Om
Yo 0,80 '

para Z = I e m = 2,50 na Tabela 8.2 ---7 K = 1,440. Pela fórmula de


Manning, tem-se:
3/8
M ' - M . - 0,015. QI
-?y = - .. 0,80 - - - . . M- ( J0,001 ) -- . - 3
1,152 .. Q 1 - 3,07m /s
o K 1,440 0,001

Parte II, fundo circular:

No projeto de um canal, em um siste- 1t·0,602 A


ma de drenagem urbana, de que modo A= 0,80·1,20 + = 1,53 m 2 ; P=7t ·0,60 = 1,88m e Rh=- = 0,8lm
o projetista deve se precaver quanto à 2 p
adoção de um valor para o coeficiente
de rugosldade n de Manning?
Pela fórmula de Manning:

A capacidade de vazão da seção total é igual a: Qtotal = Q1 + Qn =


6,07 m3/s.

EXEMPLO 9.2

Detetmine a capacidade de vazão de um canal para drenagem urbana,


com 2,0 m de base e 1,0 m de altura d'água, declividade de fundo igual a lo =
0,001 mim e taludes 1,5H: 1V. O fundo corresponde a canal dragado em con-
dições regulares e os taludes são de alvenaria de pedra aparelhada em boas
condições. Esta seção é de mínimo perímetro molhado?
Pela Tabela 8.5, revestimento do fundo n 1 = 0,030; revestimento dos ta-
ludes n2 = 0,014.
Da Equação 9.2, a rugosidade equivalente da seção é dada por:

2 2
ne =
2,0 · 0,030 +2 ·1,80· 0,014 = 0,021
2,0+ 2 ·1,80

Para Z = 1,5 e m= 2, na Tabela 8.2 -7 K = 1,422


Pela fórmula de Manning:

3/8
M M 0,021 ·Q 1
-7Yo= - :.1,00=- -:. M= ~ = 1,422 :. Q = 3,85m'/s
K 1,422 ( -v 0,001 )
Cap. 9 Observações sobre o Projeto e Construção de_Canais

Condição de M.P.M.:

m= 2(.,Jl-;Z2 - Z)=2(~1+1 ,5 2 -1,5)=0,605:;t:2 ~Não

EXEMPLO 9.3

Utilizando o programa CANAlS3.EXE, de-


termine a capacidade de vazão do canal cuja seção
é mostrada na Figura 9.3, sabendo que a declivi-
dade de fundo vale lo = 0,0005 mim e que o coe-
ficiente de rugosidade n do perímetro ABCD vale
0,030 e do perímetro DEF vale 0,040.
Para as seções compostas, o usuário deve es- Figura 9.3 Exemplo 9.3.
colher no menu do programa a opção seção trapez/
ret mista. A seção pode ter um ou dois leitos se-
cundários (várzea), isto é, leitos fora da caixa do canal (leito principal). No
caso da Figura 9.3, os dados de entrada para o programa são:
Leito principal:
a) largura do leito principal bo = 5 m;
b) máxima altura d'água (sem sair do Jeito principal) y 1 = 1 m;
c) inclinação do talude Z 0 = 1 (45°);
d) rugosidade no = 0,030.
Leito secundário esquerdo, não existe na Figura 9.3, mas a entrada de
dados é:
a) largura de fundo b t = O;
b) altura d'água Yt = 1,0 m (observe que é a altura que falta para com-
pletar os 2,0 m);
c) inclinação do talude Z t = 1 (igual ao leito principal);
d) rugosidade nt = 0,030 (mesmo perímetro).
Leito secundário direito:
a) largura de fundo b2 = 1O m;
b) inclinação do talude Z2 = 1 (pode ser diferente da anterior ou não)_;
c) rugosidade n2 = 0,040;
d) declividade de fundo do canal 10 = 0,0005 mim.
Saída do programa:

PROJETO - EXE MPLO 9.3


1---------------------------------------------------------- I
I R ESU LTA DOS I
1---------------------------------------------------------- I
IRUG.EQUIV. n = 0,036 I
I LÂMINA Y 2,00 I
I ÁREA MOL H A DA A = 24,00 I
ILARG.SUP. T = 19,00
I VEL. MÉDIA VMÉD = 0,74
!VAZÃO Q = 18,5 1 I
I DECL. FUNDO I 0 ,000501
1---------------------------------------------------------- I

EXEMPLO 9.4

Em um canal de concreto com rugosidade absoluta e = 3 mm, largura


de fundo b = 3,0 m, altura d 'água Yo = 0,50 m, declividade de fundo lo = 0,00 1
mim e inclinação dos taludes IH: 1V, escoa uma certa vazão em regime uni-
forme. Determine a velocidade média e verifique se a fronteira é lisa, de tran-
sição ou rugosa. Viscosidade da água v = 10·6 m2/s.
Seção trapezoidal a área vale A= (m + Z) Yo2 = (3/0,5 +1 ) 0,502 = 1,75 m2
O perímetro molhado vale:

P = b+2yo~ l +Z 2 =3+2·0,5.[2 =4,41 m

Portanto, Rh = A/P = 0,396 m.


A velocidade de atrito pode ser determinada pela Equação 8.23, com
Ir = lo.

u. = ~ g Rh10 = ~9,8 · 0,396 · 0,001 = 0,0622 m/s


O número de Reynolds de rugosidade, pela Equação 8.27, vale:

3
Rey · = u.e = 0,0622·3 ·10- __
186,9 > 70 .·. a fronteira é rugosa.
v 10-6

Nestas condições, é válida a Equação 8.32 e o coeficiente de rugosidade


da fórmula de Manning vale:
Cap. 9 Observações sobre o Projeto e Construção de Canais

n == 0,039 E
116
== 0,039 · (3 ·1 0-3 ) 116 = 0,0148

Da Equação 8.25:

1
V=_!_R 2/ 3 10 1/ 2 = 0396 2/ 3 00011/2 =115m/s
n h 0,0148 ' ' '

9.3 PROBLEMAS

9.1 Demonstre a Equação 9.1.

9.2 Considere o critério de divisão da área de uma seção

=
composta conforme a Figura 9.1. Argumente contra o incon-

~S\J: ='4~
veniente hidráulico da divisão da seção ser feita por linhas
horizontais, em vez de linhas verticais.
2~ 0,15 m :::___j 1
9.3 Determine a capacidade de vazão da canaleta de drena-
~
1 3
gem de pé de talude, em uma rodovia, revestida de concreto
em condições regulares, com declividade de fundo lo = 0,008 I 0,50 m

mim, conforme a Figura 9.4. Figura 9.4 Problema 9.3.


3
[Q = 0,138 m /s]

9.4 Uma galeria de águas pluviais de concreto, após anos de uso,


apresentou a formação de um depósito de material solidificado, como
mostra a Figura 9.5. Supondo que o nível d'água na galeria permaneça
constante e que o coeficiente de rugosidade do material solidificado
seja o mesmo do concreto, determine em que percentagem foi redu-
zida a capacidade de vazão da galeria.
Figura 9.5 Problema 9.4.
[ÔQ = 35,7%]

~h==·~"·~·=
· ======~8
9.5 Em um projeto de um sistema de drenagem
de águas pluviais, determinou-se que, para escoar
uma vazão de 12 m 3/s, era necessária uma galeria
retangular em concreto, rugosidade n = 0,018, de-
clividade de fundo lo = 0,0022 mim, com 3,0 m de
largura, conforme a Figura 9.6a. Por imposição do . .•·. ....
cálculo estrutural, foi necessário dividir a seção em I 30m [
r
I 5m I I5m I
duas células de 1,5 m de largura com um septo no
Figura 9.6a Seção original. Figura 9.6b Seção modificada.
meio, Figura 9.6b. Verifique se esta nova concepção
B Hid,áoUca Bá,ica Cap. 9

estrutural tem condições hidráulicas de escoar a vazão de projeto, em condi-


ções de escoamento livre.
[Não tem]

9.6 Uma galeria de águas pluviais de seção retangular escoa uma ce1ta va-
zão, em escoamento uniforme, com uma largura de fund o igual a 0,90 m e
altura d'água de 0,70 m. Em uma determinada seção, deverá haver uma mu-
dança na geometria, passando para uma seção circular. Determine o diâmetro
da seção circular para transpo1tar a mesma vazão, com a mesma altura d 'água,
rugosidade e declividade de fundo.
[D =1,0 m]
9.7 Projetar um canal de seção retangular com declividade de fundo lo= 0,0 I
mim para aduzir uma vazão de 5,0 m 3/s de água, de modo que a máxima ve-
locidade média seja de 2,0 m/s. Material de revestimento reboco de cimento
não muito liso. O escoamento é fluvial ou torrencial?
[y 0 =O, 15 m; b = 16,70 m; torrencial]

9.8 Qual deve ser a declividade de fundo de um canal trapezoidal com talu-
des 2H: 1V, largura de base b = 3,0 m, para transportar uma vazão de 3,0 m 3/s
com velocidade média de 0,60 rn!s. Coeficiente de rugosidade do fu ndo e ta-
ludes n = 0,01 8.
[lo = 2·1 o-4 m/m]
N.A.
9.9 Para a seção composta mostrada na Figura

~I ~"~,~~;(4
9.7, a inclinação dos taludes vale 1,SH: 1 V, o coe-
ficiente de rugos idade do leito principal é n 1 =
0,022 e do leito secundário n2 = 0,035. A decli-
vidade de fundo do canal Ia= 0,0002 mim. Deter-
mine a altura d'água y2 do leito secundário quando
a vazão escoada for igual a 90m3/se a vazão limi-
Figura 9.7 Problema 9.9. te para não haver extravasamento do leito ptinci-
pal. Utilize o programa CANAIS3.EXE.
[Qiirn =18 m /s; y2 = 1,82 m]
3

9.10 Um conduto circular de 900 mm de diâmetro e 3600 m de comprimento


está assentado com uma declividade uniforme e igual a lrn/1 500 me liga dois
reservatórios. Quando os níveis d'água nos reservatórios estão baixos, o con-
duto trabalha parcialmente cheio e verifica-se que, para uma lâmina d'água de
Cap. 9 Observações sobre o Projeto e Construção de Canais

600 mm, em regime uniforme, a vazão transportada é de 0,322 m 3/s . Despre-


zando a perda de carga na entrada e saída da tubulação, determine o coeficiente
de rugosidade n e a vazão descarregada quando a diferença de níveis d ' água
entre os reservatórios for 4,5 m e o conduto trabalhar em pressão.
[n = 0,0148; Q = 0,562 m 3/s] L

9.11 Deseja-se projetar uma canaleta para desvio de água conforme a geo-
metria mostrada na Figura 9.8. Qual deve ser a largura L para que a canaleta
transporte uma vazão Q, igualmente di stribuída entre a parte retangular e a l,Om
parte semicircular da seção?
/
[L= 1,28 m]
Figura 9.8 Problema 9.1 1.
9.12 Demonstre que um canal trapezoidal, cuja seção molhada é um semi-
hexágono regular, funciona na condição de mínimo perímetro molhado.

9.13 Determine a largura de fundo de um canal trapezoidal, com inclinação


dos taludes 1V:2H, escavado em terra, n = 0,030, para que, transportando em
regime uniforme uma vazão de 7,6 m 3/s, a altura d 'água seja Yo = 1,20 m.
Declividade de fundo lo = 0,0005 mim.
[b = 6,70 m]

9.14 Um canal trapezoidal com largura de fundo igual a 2,0 m, inclinação


de taludes 1V:3H, coeficiente de rugosidade n = 0,018 e declividade de fun-
do lo =0,0003 rn/m, escoa uma determinada vazão em regime uniforme, de
modo que, em relação a uma galeria circular, sua área molhada é 2,5 vezes
maior que a da galeria, a largura na superfície livre, 3 vezes maior e os núme-
ros de Froude dos escoamentos são iguais. Sendo a vazão transportada pela
galeria igual a 1,20 m 3/s, determine a vazão transportada pelo canal.
[Q = 2,74 m3/s]

9.15 Dimensione um canal de fundo circular e lados inclinados com taludes


1H:1 V, em um projeto de macrodrenagem urbana, com raio de 3 m, para trans-
portar uma vazão de 16,5 m3/s, com declividade de fundo lo= 0,0004 mim, re-
vestimento dos taludes grama Batatais, n = 0,02 1, e fundo de concreto magro
em condições regulares . Verifique a velocidade média. Utilize o programa
CANAlS3 .EXE.
[Yo = 2,59 m ; V = 1,30 m/s]
9.16 Determine a largura de fundo de um canal com altura d'água igual a I ,25
m dec lividade dos taludes I V:2H, dec lividade de fund o igual a lo= 0,05%,
fundo revestido de a lvenaria de pedra seca em condições regulares, taludes de
alvenaria de tijolo com argamassa de cimento em boas condições e vazão a ser
tra nsportada 6,75 mJ/s. Verifique a veloc idade média. Util ize o programa
CANAIS3.EXE.
[b =3,82 m; V =0,85 m/s]
9.17 Uma galeria de águas pluviais, retangu lar, com 2 m de largura e altura
d' água igual a 1,80 m, transporta uma certa vazão. Em um detenninado pon-
to deverá haver uma m udança de seção da g a le ria, passando para uma seção
capacete. D imensionar a seção capacete, de mesma ru gosidade, para transpor-
tar a mesma vazão, na mesma declividade e sem a lterar a lâmina d'água.
[H =2,58 m; D =2,27 m]
9.18 Os c ri té r ios de proje to de um c ana l trapezoida l co m taludes 2H: I V,
dec liv idade de fu ndo Io =0,00 15 m/m e revestimento ele terra, bem construído,
sem vegetação e com curvas de grande raio, foram os seguintes:
a) velocidade méd ia , para a vazão de projeto V = 0,76 m/s.
b) núme ro de Froude , para a vazão de projeto F r = 0,47 .
c) largura de fundo b = 0,80 m.
De termine a capac idade vazão do canal no regime permanente e uniforme.
[Q = 0,448 mJ/s]
9.19 Para o canal cuj a seção reta é mostrada na F igura 9.9, com coeficiente
de ru gosidade de M anning igual a n e declividade de fundo igual a l 0 , mostre
que a máx ima vazão veicu lada, em reg ime permanente e uniforme, sem que
haja e xtravasamento, é dada por
8/1
Qmax = 2,3252 _r-
n
- A

~ 3r

Figura 9.9 Froblcma 9.19


-

10 287

ENERGIA OU CARGA ESPECÍFICA "A torrente passou, rápida, veloz, ven-


cendo na carre ira o tapir das selvas ou a
ema do deserto... "

[O Guarani, José de Alencar]

10.1 INTRODUÇÃO
Muitos fenômenos que ocorrem em canais podem ser analisados utili-
zando-se o princípi o da energia. Conforme o que foi visto no Capítulo 7, em
particular a Equação 7.17, a energia total por unidade de peso, em uma certa
seção de um canal onde a distribuição de pressão é hidrostática, é dada por:

yz
H=Z+y+a - (10.1)
2g

Em 1912, Bakmeteff1 introduziu o conceito de energia ou carga espe-


cífica, como sendo a energia (carga) disponível em uma seção, tomando como 1. Boris Bakmeteff, engenheiro r usso,
1880-1951.
plano de referência um plano horizontal passando pelo fundo do canal, naquela
seção . Em outras palavras, a energia específica é a distância vertical entre o
fundo do canal e a linha de energia, o que corresponde a fazer Z =O na Equa-
ção 10.1.
Este conceito simples é extremamente importante para estudar os pro-
blemas de escoamentos através de singularidades em canais, como alteração
da cota de fundo , alargamentos e estreitamentos. Desta forma, a energia espe-
cífica para uma determinada seção de um canal, em escoamento retilíneo, é
dada por:

yz
E=y+a- (10.2)
2g

Portanto, a energia específica em uma seção do canal é a soma da altura


d'água com a carga cinética.
Utilizando a equação da continuidade, a equação anterior pode ser ex-
pressa por:
Q2
E= y+ a. - - ( I 0.3)
2
2g A

Logo, para uma dada seção do c anal e para uma dada vazão, a energia
específica é função só da geometria e em particular da altura d' água.

10.2 CURVAS y x E PARA q = CTE E y x q PARA E= CTE


Com a finalidade de tornar mais acessível a compreensão do conceito
de energia específica, é conveniente inic iar o estudo pe lo escoamento em um
canal retangular e supondo que o coefic iente de Coriolis seja igual à unidade;
isto simplifica as equações e ilustra melhor os fundame ntos. As propriedades
deduzidas poderão ser aplicadas aos canais de outras formas, conforme será
visto a seguir.
A hipótese de o canal ser retangular permite o uso da aproximação bi-
dimensional e a possibilidade da utilização da vazão unitária ou vazão espe-
cífica, definida como a relação entre a vazão Q e a largura do canal b, isto é:

Q
q = - = Y·y ( 10.4)
b

Desta forma, a Equação 10.3 pode ser reescrita como:

2
E = y+-q - (10.5)
2g/

Considerando agora que E varia com y, para um dado valor constante de


q, pode-se constmir um gráfico da E quação 10.5 no plano E- y.
A Equação I 0.5 pode ser imaginada como sendo a soma de duas fun-
ções,E= A+B :
A = y, que é uma reta a 45°.

2
B = ~ , que é um a curva do tipo hiperbó lico.
2g y
Como condições de contorno, te m-se:
se y ----} O, A ----} O, B ----} oo :. E =B ----} oo
se y ----} oo, B ----} O, A ----} oo :. E = A = y ----} oo
Cap. 10 Energia ou Carga Específica

Isto indica que a curva y x E tem duas assíntotas, uma ao eixo das y
abscissas E = B e outra à bissetriz dos eixos coordenados, E = y.
Assim, somando graficamente a reta a 45° e a hipérbole, chega-se
ao gráfico da Figura 10. 1.
É também de interesse prático o estudo de como a vazão un itária
q varia com a altura d'água y para uma dada energia específica constante,
E = E 0 • A Equação 10.5 pode ser escrita como:

(10.6)
E E
Aqui, também pode-se traçar um gráfico y x q, observando-se que Figura 10.1 Relação altura d'água-energia
as condições de con torno são: específi ca (vazão constant~) .

se y ~ O, q ~ O (não há água)
se y ~ E 0 , q ~ O (há água em condição estática)
Isto mostra claramente que deve haver um valor máximo de q para y
algum valor de y entre O e Eo. A curva tem o aspecto apresentado na Figu- l~hg
ra 10.2. Eo
y2 ---------------:L·----:--1-------r
- -------- ---- --- : --------:· ].

Com referência ao gráfico da Figura 10.1, pode-se observar que, para i i '{12g

cada nível de e ne rgia prefixado , existem duas possibilidades de veicu lar


uma vazão q no canal retangular. O escoamento pode se dar com uma al-
tura d'água y,, que COITesponde à rai z da Equação 10.5 que se e ncontra no
ramo inferior da curva, ou pode se dar com uma altura d'água y2, que :: : : : : , : :::L_ :--,,,
COtTesponde à raiz da mesma equação que se encontra no ramo superior da
curva. Estes do is escoamentos têm características bem difere ntes, o de al-
tura d'água y, é chamado de escoamento rápido, torrencial ou supercrítico q qnu\:< q
e o de altura d'água Y2 é chamado de escoamento lento,fluvial ou subcrílico Figura 10.2 Rel ação altura d'água- vazão
e as profundidades y 1 e y2 são chamadas de profundidades alternadas ou (energia espec ífica con s-
correspondentes. tante).

Um ponto destaca-se nos gráficos das Figuras 10.1 e 10.2, aquele re-
ferente à energia mínima ou o seu correspondente referente à vazão máxima.
Evidentemente, estes pontos são correspondentes, já que ambos os gráficos são
a representação da mesma equação. A profundidade associada a estes pontos
é denominada profundidade crítica Yc, a qua l corresponde à frontei ra entre os
dois ramos da curva, e é um dos parâmetros utilizados para a identificação do
tipo de escoamento no canal.
Sintetizando as obser vações sobre a Figura 10.1, pode-se concluir que:
1. se y > Yc ~V< V c, escoamento subcrítico;
2. se y < Yc ~ V> Vc, escoamento supercrítico;
3. se y = Yc ~V= Vc, escoamento crítico;
4. uma diminuição no nível de energia específica disponível provoca
um abaixamento na linha d'água, no escoamento fluvial e uma ele-
vação no escoamento torrencial.

10.3 ESCOAMENTO CRÍTICO


O escoamento crítico é definido como o estágio em que a energia espe-
cífica é mínima para uma dada vazão ou o estágio em que a vazão é máxima
para uma dada energia específica.
Diferenciando a Equação 10.5, tem-se:

(10.7)

Como q = Y.y, a equação anterior torna-se:


dE V2
- = 1- - ( 10 .8)
dy gy

No Capítulo 7 foi definido o grupo adimensional número de Fraude


como sendo a raiz quadrada da relação entre as forças de inércia e da gravi-
dade e cuja expressão era:

v
Fr = ,.-;::;-;- , na qual Hmé a altura hidráulica da seção.
vgHm

Como para a seção retangular a altura hidráulica é igual à altura d'água,


a expressão do número de Fraude para esta seção é dada por:

Fr =_:y__= _ q_
.JiY w (10.9)

Substituindo na Equ ação 10.8, fica:


dE= 1- Fr2 (10.10)
dy

Estudando o sinal da derivada da equação anterior, pode-se escrever:

dE dy
se dy > O :. dE > O ~ Fr < 1

dE dy
se dy < O :. dE < O ~ Fr > 1

dE dy
se dy =O : . dE = oo ~ Fr = 1

A F igura 10.3 mostra a representação gráfica da


you E
Equação 10 .5 E = f(y) e o seu rebatimento em torno da \ dE/dy < o
bissetri z, reta a 45°, cuja função é y = f(E) e os sinais e
valores das respectivas derivadas .
Analisando as desigualdades originadas do estudo
do sinal da derivada da Equação 10.1 O, pode-se concluir
que, segundo a Figura 10.3:
1. se F r < 1, a raiz da Equação I 0 .5 encontra-se no
ramo superior da curva de en ergia específica,
portanto o escoamento é subcrítico;
2. se Fr > 1, a raiz da Equação 10.5 e ncontra-se no E ou y
ramo inferior da c urva de e ne rg ia específica,
F igura 10.3 Sinal da derivada da Equação I 0.1 O.
portanto o escoamento é supercrítico;
3. se Fr = 1, as duas raízes são coincidentes e o es-
coamento é crítico.
Portanto, o número de Froude passa a ser o parâmetro adimensional im-
portante na identificação do tipo de escoame nto que está ocorrendo.
As expressões relativas ao regime crítico podem ser geradas a partir das
Equações 10.5 e 10.7, como segue:

13
-dE = 0 ~-q-
2 2) 1
= 1 : . Yc = ( .9_ (10.11)
dy gi g
Isto indica um fato de grande importânc ia: em um canal retangular a
profundidade crítica depende somente da vazão por unidade de largura.
Em continuação, a energia específica mínima ou energia específica crí-
tica pode ser calculada substituindo a Equação I 0.11 em 10.5. Isto leva a:

3 2
E c=- yc ouyc =- E c (J 0.12)
2 3

A velocidade crítica Vc pode ser calcu lada a partir da expressão dava-


zão unitária.
Como q =Vc Yc, tem-se na condição de regime crítico :

3 ) 1/2 ~
(Y ~ g = Vc Yc :. Vc = -y g Yc ( 10.13)

Será visto mais adiante que a velocidade crítica é igual à velocidade de


propagação de uma onda de pequena amplitude propagando-se sobre a super-
fície de um meio líquido de profundidade y. Isto representa uma importante ca-
racterística fís ica do escoamento crítico.
Outro parâmetro importante a ser analisado é a declividade crítica Ic,
declividade de um longo canal em que ocorre o escoamento uniforme crítico.
Para um canal retangular de grande largura, pode-se aproximar o raio hidráu-
lico pela altura d ' água, conforme mostrado no Capítulo 7.
Assim, para condições de escoame nto unifo rme crítico em um canal
retangu lar largo, a fórmula de Manning pode ser escrita como:

Como q = ~ g y~ , tem-se:

I0/3
Yc
= n 2 g y3c
I
c

e finalmente a expressão da declividade crítica para um canal retangular lar-


go, isto é, quando Rh = y, é dada por:
Cap.10 Eo.,gia'" C"ga E•p•dlica B
(10.14)

Este parâmetro também pode ser usado como indicador do tipo do es-
coamento que está se processando, pela comparação com a declividade de
fundo lo do canal. Assim:
• se 10 < Ic, o escoamento unifmme é subcrítico e o canal é dito de ''fra-
ca declividade";
• se lo > Ic, o escoamento uniforme é supercrítico e o canal é dito de
''forte declividade".
Algumas observações sobre as condições do regime crítico ainda são ne-
cessárias:
1. todas as equações desenvolvidas até agora, 10.4 a 10.6 e 10.11 a
10.14, valem única e exclusivamente para canais retangulares;
2. da Figura I 0.1, pode-se observar que, nas proximidades da altura
crítica, uma pequena variação da energia específica implica uma
considerável variação na altura d'água. Fisicamente, significa que,
uma vez que muitas profundidades podem ocorrer para praticamente
a mesma energia específica, o escoamento nas vizinhanças da pro-
fundidade crítica possuirá uma certa instabilidade, a qual se mani-
festará pela presença de ondulações na superfície do líquido. Isto
realmente ocon·e no escoamento uniforme crítico;
3. conforme a Equação 10.1 I, a profundidade crítica é crescente y
com a vazão q, portanto para vazões maiores as curvas da Figu-
ra 10.1 serão deslocadas para a direita, porém o lugar geométri-
co dos pontos de mínimo (escoamento crítico) será uma reta de
declividade 2EJ3, como na Figura 10.4;
4. o tratamento matemático desenvolvido pode ser feito partindo-se
da Equação 10.6 e chegando-se às mesmas expressões e proprie-
dades.
Para determinar a variação da vazão unitária q com a profundidade E

y, para um valor fixado da energia E, em um canal retangular, pode-se re- Figura 10.4 Lugar geométrico dos pon-
escrever a Equação 10.6 na forma: tos de mínima energia -
seção retangular.
(10.15)
A equação anterior mostra que a vazão é nula, q = O quando y = O ou
y = E. O aspecto da curva q = f(y) mostrado na Figura I 0.2 pode ser ex-
plicitado pela determinação do ponto de máximo da função, diferenciando a
Equação 10.15 em relação a y, na forma:

q dq = g y ( 2 E- 3 y) (10.16)
dy
Se a energia específica mínima possí-
vel para um escoamento em um canal
reta ngular é 1,0 m, quanto vale a
vazão por unidade de largura?
Igualando a zero a Equação 10.16 e simplificando, vem:

y(2E -3y) =O (10.17)

Esta equação admite duas raízes, y = O e y = 2/3 E; só a segunda tem


importância fís ica e é igual à altura crítica dada pela Equação 10.12. Deixa-
se a cargo do leitor demonstrar que esta raiz corresponde a um ponto de má-
ximo, isto é, que a segunda derivada da Equação 10. 15 é sempre negativa.
Então, para uma dada energia específica E, a vazão unitária q é máxima para
a altura crítica Yc· A expressão da vazão unitária máxima pode ser obtida pela
substituição da raiz y =2/3 E na Equação 10.15, que após simplificada setor-
na:

qmáx
f8 CF?
= f27"'gc (10.18)

y
E, ,__ _ Baseado nisto, curvas típicas de q =f(y), para um valor específico de E,
E r--~
podem ser desenhadas para valores E 2 >E> E,, como na F igura 10.5.

10.4 DETERMINAÇÃO DAS ALTURAS ALTERNADAS EM CANAIS


RETANGULARES
Em muitos problemas práticos é necessário determinar as raízes da
Equação 10.5, para uma dada vazão e energia específica, de modo rápido. sem
q necessidade de resolver a equação do 32 grau resultante. Para isto, pode-se
adimensionalizar a Equação 10.5 usando a Equação 10.1 1, como:
Figura 10.5 Curvas q = f(y) para E
constante - seção retan- 2 3
gular.
E= y + ~ = y + Yc2 , que dividida por Yc fica :
2gy 2y
Cap. 10 EoO<g;a'" Cacga E<podfi" B
2
_§_= _r_+ ~ ( 10.19)
O que significa declividade crítica de
um canal?
2 y2
Yc Yc

Os valores de E/yc podem ser dete r- y/yc 4


minados para diferentes valores de y/yc e 3,8 / j-
3,6 /
colocados em forma gráfica como na Figu- 3,4 /
/
ra 10.6. 3,2
/
3
/
Observe que o gráfico da Figura 10.6 2 ,8
2.6 /
tem as mesmas propriedades e característi- 2 ,4 /
cas do gráfico da Figura 10.1. 2 ,2
2
1,8
v
EXEMPLO 10.1 1,6 /
1,4 / Fluv ial f
1,2
Em um canal retangular de 3,0 m de I I I I
0.8 \. IJ I
largura, declividade de fundo 10 = 0,0005 mim, I'---
coeficiente de rugosidade n = 0,024, escoa,
0 ,6 Torrenc ial i
0,4
I I T
em regime uniforme, uma vazão de 3,0 m3/s. 0,2
I 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4 2,6 2,8 3 3.2 3,4 3 ,6 3.8 4 4.2 4.4
Determine a energia específica e o tipo de
escoamento, fluvial ou torrenc ial, e, para a E/y ,
vazão dada, a altura crítica, a energia espe- Figura 10.6 Curva adimensional da energia específica para canais retangulares .
cífica crítica e a velocidade crítica.
Pela Tabela 8 .3, determina-se a altura d' água Yo no regime uniforme .

K = nQ = 0,024·3,0 =Ol? 2
2
b 8/ 3 .JI: 3 8/ 3 ~0,0005 '

o o
~=
b O ,45 ~ y o =1 ' 35m

Daí, pela Equação 10. 9, o número de Fraude vale:


Mostre que a expressão geral da
declividade critica em um canal retan·
guiar de largura b e coeficiente de
1 rugosidade de Manning n é dada por:
Fr = = 0,20,
~9,8·1,35 3 l
[ ]"'
2 y, + b
I( =n gy(' ~

portan to Fr < 1 e o escoamento é fluvial ou subcrítico .

Da Equação 10.5:
EJ H;drnuuoa Bã•loa C.p. 10

? 1
E= y 0 + q - 2 = 1,35 + = 1,38 m
2gy 0 19,6·1,35 2
Nas condições de regime crítico pode-se usar as Equações 10.1 1 a 10.13.

y, r
~ ( ~ )'/3 ~ ( 9~8 ~ 0,47 m < y, ~ 1,35 m (Fluvial)

EC=% Yc =%. 0,47 = 0,70 m e v c = m =~ 9,8·0,47 = 2,15 m I s

EXEMPLO 10.2

Um canal retangular tem 1,20 m de largura. Quais são as duas profun-


didades nas quais é possível ter um escoamento de 3,5 m3/s de água, com uma
Escoamento com profundidade crítica energia ou carga específica de 2,86 m.
ocorre quando a energia específica é
máxima, para uma dada vazão? A altura crítica é dada pela Equação 10.11.

2)1/3 ( 2)1/3 = 0,954 m


yc =
( ~ = (3,5t,~2)
daí E/yc = 2,86/0,954 = 3,0 e, pelo gráfico da Figura 10.6, as duas alturas
adimensionais são YtiYc = 2,95 e y2/Yc = 0,45, o que fornece Yt = 2,81 m (flu-
vial) e Y2 = 0,43 m (totTencial).

10.5 VELOCIDADE CRÍTICA E CELERIDADE


Em escoamentos livres, outro parâmetro importante para caracterizar o
comportamento da corrente é a celeridade de uma onda gravitacional de pe-
quena altura ou amplitude. A celeridade c é definida como a velocidade da
onda (perturbação) que se propaga em um canal em relação ao meio, isto é,
medida em relação à corrente e não às margens.
A expressão da celeridade de uma pequena onda gravitacional em um
canal retangular, horizontal e sem atrito nas paredes e fundo pode ser es-
tabelecida utilizando-se a equação da continuidade e o teorema da quantida-
de de movimento, em um volume de controle conveniente. Seja a Figura I 0.7a,
na qual uma pequena perturbação de amplitude oy << y se propaga com ve-
locidade absoluta V w (em relação às margens) no sentido da corrente para
jusante. Como resultado da propagação, a veloc idade média do escoamento
muda de V para V + oV, portanto o escoamento é não permanente.
Para utilizar um volume de controle no regime
permanente, sobrepõe-se ao campo de ve locidade real r··--------··
um campo de velocidade dado por-V 00, isto é, no sen- I I
I iI
tido de montante, como na Figura 10 .7b. Desta forma, ! l I
i i
a aplicação das equações básicas da continuidade e do y _L__
v iv+Ov y +liy Y -+~-=_v., :v + ov - v., Y+ oy
:--
teorema da quantidade de movimento, para o regime i, lz i i
!i i2
permanente, entre as seções 1 e 2, por unidade de lar-
gura da seção, torna-se: Figura 10.7a. Figura 10..7b.
a) Continuidade

f v- dÃ=O :. (V - V00 )y = (V+ o V -V00 )(y + oy) (1 0.20)


s.c

que desenvolvida e simplificada, desprezando os termos de maior ordem, fica:

yoV = oy( V00 - V ) (10.21)

h) Teorema da quantidade de movimento


Como, por hipótese, o canal é hori zontal e não há tensão de c isalha-
mento nas paredes e fundo, a única força sobre o volume de controle é a for-
ça de pressão hidrostática nas seções 1 e 2.

portanto:

expressão que desenvolvida e simplificada, desprezando os termos de maior


ordem, fica:

(10.22)
Combinando as Equações I 0.21 e 10.22, tem-se:

ou

(1 0.23)

Pela definição de celeridade, c é a velocidade da onda em relação à água


(velocidade relativa) e, como V ro é a velocidade absolu ta, V é a velocidade de
arrastamento do sistema relativo (água), segue-se da Equação 10.23 que:

c= .fiY (1 0.24).

Deve ser notado que a Equaçao 10.24 é válida somente para ondas de
pequena amplitude, uma vez que, na dedução das-Equações 10.21 e 10.22, des-
prezou-se termos na forma 8y-8V, pois oy << y. Posteriormente, uma expres-
são mais geral para a celeridade de ondas de gravidade será desenvolvida.
No escoamento crítico, o número de Froude é igual à unidade, assim,
pelas Equações 10.9 e 10.13, a velocidade crítica vale:

(10.25)

portanto, comparando com a Equação 10.24, conclui-se que:

( 10.26)

Logo, a celeridade de uma onda de pequena amplitude no canal é igual


à velocidade média do escoamento, quando o escoamento ocon er em condições
de regime crítico. Assim, se V< Vc, .o escoamento é subcrítico, e se V> Vc, o
escoamento é supercrítico e o número de Froude _pode ser definido como:

v
Fr = - = · -
v (1 0.27)
Vc C

Para um ca~al de forma qualquer, as Equações 10.23 e 10.24 são escritas


como:
(1 0.28)

(10.29)

sendo Hm a altura média ou altura hidráulica da seção definida no Capítulo 7.


Por conseqüência, a celeridade absoluta V 00 de uma perturbação é dada por:

Voo =V± c (10.30)

Estas conclusões e relações indicam um método aproximado, simples e


prático para estabelecer se o escoamento em uma seção de um canal é subcrí-
tico ou supercrítico. Lançando na con ente uma pequena pedra ou produzindo
uma ondulação superficial por qualquer outro modo, por exemplo, colocando
na superfíc ie livre a ponta de um lápis e verificando a conformação da super-
fície da água a montante e a jusante da ponta, como na Figura 10.8. Se a per-
turbação produzida pelo lápis se propagar para montante "enrugando" a
supetf ície da água atrás, o escoamento é fluvial, Figura
10 .8a. Se a perturbação for arrastada para jusante for-
mando uma frente de onda oblíqua o escoamento é tor- /Lápis
rencial, Figura 10.8b. Três diferentes situações para a
propagação da petturbação são possíveis, em função da
magnitude relativa da velocidade média V e da cele-
ridade c. A celeridade absoluta (em relação às mar-
gens) pode assumir três valores V oo =V + c; V oo = V -
c e Voo = O, quando V = c.
Os três casos são mostrados na Figura 10.9.
V <c- Fluvial V > c - Torrencial
a) Se V < c, a onda com celeridade absoluta V oo Figuras 10.8a e b Características da superfície da água.
se propàga tanto para montante quanto para
jusante com velocidades respectivamente, V -
c e V + c, este regime é fluvial ou subcrítico.
b) Se V >c, a onda com celeridade absoluta V oo
se propaga somente para jusante com as fren-
tes de onda tendo velocidades, V - c e V + c,
este regime é torrencial ou supercrítico.
c) Se V = c, a celeridade absoluta para montante
é nula e para jusante é igual a 2V, fotmando-se
na posição inicial da origem da perturbação
uma onda estacionária em relação a um obser-
vador colocado na margem, este regime é crí- Figura 10.9 Propagação da onda.
tico.
I I
10.6 SEÇÃO DE
!! y
CONTROLE
l:
!! É importante em hi-
:I A
----~---- -_t_t.-_-_-_-_-_-_-_-_-_-:._-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_ ___-_-_-.---_-n~---_·_ ~- _____________________ _
--···:: ===: :::~::.:_-_
dráulica dos canais o conhe-
'' ''
I: -----.--- c: cimento de seções nas quais I

ri [_.1
I'
'~ .. __ ·----------------- ----- B: ! alguma característica deter-
::
v mina uma relação entre altu-
q máx A ' q ra d'água e vazão. Tais seções
são chamadas de seções de
controle, porque controlam as
profundidades do escoamento
Figura 10.10 Conceito de seção de controle. em trechos do canal a sua
montante ou a sua jusantc,
dependendo do tipo de escoa-
mento que está ocorrendo. Para o regime crítico, pode ser estabelecida uma re-
lação entre altura d'água e vazão, portanto uma seção crítica é uma seção de
controle. As maneiras como estas seções influenciam no escoamento são as
mais variadas possíveis. O concei to pode ser exemplificado através de uma
estrutura de transbordamento de um reservatório mantido em nível constante,
constituído por um vertedor de crista espessa como na Figura 10.1 O.
Considerando, para simplificar, que a esttutura seja retangular de largura
b e relativamente cmta para que a perda de carga entre a seção de entrada e a
queda livre a jusante seja desprezível , duas situações são analisadas.
a) Quando a comporta de controle a jusante estiver totalmente fechada,
não haverá escoamento e a água estará parada, com altura y = Eo
(energia específica disponível), situação correspondente ao ponto A
da curva de vazão. Abtindo-se parcialmente a comporta até a posição
B, ocorrerá uma pequena vazão e a altura d'água no vertedor cairá,
pois haverá transformação de energia potenc ial em cinética. Conti-
nuando a abrir a comporta de jusante, a vazão vai crescendo e a al-
tura d' água y, diminuindo, até que se atinja o valor da vazão máxima
dada pela Equação 10. 18, e compatível com a energia específica dis-
ponível Eo, cuja profundidade correspondente é a crítica, ponto C da
curva de vazão. A partir desta situação, a comporta não mais influi-
rá no escoamento e a vazão e a altura d'água não mais se alterarão.
b) Deixando a comporta de jusante totalmente aberta e operando outra
a montante, como indicado pontilhado na figura, quando esta estiver
totalmente fec hada, a vazão será nula (não há água na estrutura),
portanto y =O (ponto D na curva de vazão). Abrindo-se esta comporta
crescerão continuamente a vazão e a altura d' água até que se atitija,
como no caso anterior, a vazão máx ima compatível com a energia es-
pecífica disponível Eo, cuja profundidade correspondente é a crítica,
ponto C da curva de vazão.
No primeiro caso, que corresponde ao trecho AC da curva de vazão, o
elemento controlador do escoamento está a jusante da seção correspondente,
e o escoamento é fluvial. No trecho DC da curva de vazão, o elemento con-
trolador do escoamento está a montante da seção correspondente e o escoa-
mento é torrencial.
Este fato tem uma importância prática significativa. O regime subcrítico
é controlado por alguma característica colocada a sua jusante e as perturbações
originadas em determinada posição propagar-se-ão para montante. No caso do
escoamento supercrítico, este é controlado por uma característica colocada a
sua montante. Como exemplo das duas situações, tem-se a construção de uma
barragem em um rio (regime fluvial), condicionando a linha d'água a sua
montante pelo aparecimento de um remanso de elevação que se faz sentir à
grande distância da barragem, seção de controle, ver Figura 7 .2. Ainda na
Figura 7.2, a seção de controle, barragem, condicionao escoamento torrencial,
a sua jusante, pelo vertedor.
No.jargão técnico, costuma-se dizer que o escoamento torrencial "igno-
ra" o que está ocorrendo águas abaixo; por exemplo, a descarga do vertedor da
Figura 7.2 não é afetada pela existência de um ressalto hidráulico localizado
ao pé do mesmo.
Como veremos no Capítulo 13, o conceito de controle será usado no cál-
culo da linha d'água no escoamento permanente e variado, cálculo que se ini-
cia e m uma seção de altura conhecida, seção de controle, e prossegue no
sentido no qual o controle está sendo exercido, isto é, de jusante para montante,
se o escoamento for fluvial, e o contrário, se for torrencial.
No escoamento fluvial em um canal, as
pequenas perturbações propagam·se
10.7 APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECfFICA EM TRANSIÇÕES para montante e para jusante ou só
para montante?
Os conceitos de energia específica e escoamento crítico, em conjunto com
os gráficos das curvas y x E para q = cte, Figura 10.1 , e y x q para E= cte., Fi-
gura 10.2, são utilizados para analisar o comportamento da linha d'água, devi-
do à presença de uma transição curta como reduçâo de largura, elevação do nível
de fundo ou combinação dos dois efeitos. O efeito da transição pode alterar o
escoamento de várias maneiras, alterando até o regime de subcrítico para
supercrítico ou o contrário, inclusive gerando o aparecimento de um ressalto
hidráulico. As aplicações serão inicialmente feitas para a seção retangular por
simplicidade, mas as propriedades e características dos escoamentos podem ser
estendidas à seção trapezoidal, tratada mais adiante. As transições analisadas
serão curtas e de geometria suave para que se possam desprezar as perdas de
carga. Em geral, o fluxo resultante é convergente e, como discutido na Seção
3.3 .1, a perda de carga devido à aceleração é pequena.
B",,., ., . .," Cap. 10

y 10.7.1 REDUÇÃO NA LARGURA


DO CANAL
y; Cons idere, como na Figura
yl 10.11 b, um canal retangular com lar-
gura b 1 na seção 1 e largura b2 < b,
y2 na seção 2, sem variação da cota de
Y, fundo entre as seções. A vazão unitá-
Yi ria q2 na seção 2 é maior que a vazão
Yi uni tária q, na seção 1 e, confmme a
Figura 10.4, as curvas de energia es-
El E'; E
pecífica se des locam para a direita
Figura IO.lla. Figura lO.llb. quando q aumenta. Considerando o
escoamento na seção 1 fluvial, na Fi-
gura l0.1la, a altura d'água compatível com a energia disponível E,= cte. vale
y, (ponto A). A altura d'água na seção 2 é menor que y, e maior que Yc e
conesponde ao ponto B, pois E 1 = cte. Considerando o escoamento na seção 1
torrencial, na Figura 10.11 a, a altura d'água compatível com a energia disponí-
vel E, = cte. vale y, * (ponto A•). A altura d' água na seção 2 é maior que y, • e
menor que Yc e CO!Tesponde ao ponto B*.
Portanto, a altura d'água decresce se o escoamento a montante for flu-
vial e cresce se for torrencial, sem haver, em cada caso, mudança de regime.
Se a largu ra da seção 2 for reduzida ainda mais, aumentando a vazão
unitária, até que a reta E, = cte tangencie a curva da energia específica dese-
nhada para a vazão qc2, a altura d'água nesta seção será a altura crítica, inde-
pendente do tipo de escoamento na seção 1 ser fluvial (A~C) ou torrencial
(A • ~C). Trata-se, portanto, de uma situação limite na qual a energia disponí-
vel em I ai nda é suficiente para veicular a vazão. Reduzindo-se ainda mais a
largura em 2, conforme a Figura lO.lla, a reta E, = cte. não cortará a curva
da energia desenhada para q2 > qc2, portanto não há solução matemática para
o problema físico, nas condições iniciais de montante. Supondo que o escoa-
mento em I seja fluvial, as perturbações originadas pela transição propagar-
se-ão para montante e a altura d'água deverá ajustar-se por si mesma, até que
condições críticas sejam produzidas na seção 2, seção de controle. Em outras
palavras, haverá alterações nas condições de montante pelo aparecimento de
uma curva de remanso com a altura d'água na seção 1 aumentado para o va-
lor y 1+, ponto A+, até atingir uma energia, necessária para veicular a vazão uni-
tária q2 > qc2 condizente com a largura da seção 2, b+< bc. Nesta situação, o
escoamento passará de fluvial a montante da transição para crítico na transi-
ção e, na seqüência, para tonencial, retornando ao escoamento fluvial através
de um ressalto hidráulico se, a jusante, o canal for de fraca declividade. Des-
ta forma, a condição limite de largura na seção 2, para que o escoamento se pro-
cesse sem que sejam alteradas as condições de montante, é que o escoamento na
seção 2 seja crítico e não haja elevação da linha de energia a montante.
Se o escoamento na seção 1 for torrencial e a largura em 2 for menor
que a largura limite, haverá a formação de um ressalto hidráulico a montante
da transição e a perda de energia que ocorre no ressalto torna impossível ana-
li sar o problema usando somente o diagrama de energia específica y x E.

10.7.1.1 CALHAS MEDIDORAS DE VAZÃO


Como a redução de largura em um canal retangular pode produzir uma
seção na qual o escoamento é crítico, seção de controle, desde que a largura
contraída seja menor ou igual à largura limite, este fato é uti lizado para im-
plantar em canais medidores de vazão genericamente chamados de medidores
de regime crítico. Entre estes medidores destacam a calha Parshall, utilizada
em medições de vazão em estações de tratamento de água e es-
goto, e a calha venturi, utilizada em sistemas de irrigação.
Tais estruturas de medição têm convencionalmente uma
entrada suavemente afunilada, uma seção contraída (garganta)
de paredes parale las, um trecho di vergente e em geral fund o
plano, conforme Figura I 0.12c. A contração lateral produz uma ----- y3

variação da velocidade e da profundidade ao longo da calha que /

a) Calha venntri.
podem ser relac ionadas para a determinação da vazão. Duas si-
luações de escoamento podem ocorrer, com diferentes linh as
d'água. Se as condições são tais que o escoamento permanece
flu vial em toda a calha, sem atingir a altura crítica, Figura
I 0.12a, a estrutura é chamada calha venturi e tem característi- H

cas análogas aos medidores venturi usados e m tubulações.


/

Estas estruluras são robustas c permitem a passagem da b) Calha de onda estacionária.

vazão de modo fácil , dificultando que os materiais flutuantes ou


em suspensão provoquem alterações ou se depositem , exigindo
uma limitada proteção contra a erosão.
I
Nesta condição, a vazão escoada pode ser determinada -~ -
I
1--

pela aplicação da equação da energia específica entre as seções 1


I
b,= b,
I a montante e a seção 2 na garganta, na forma:
c) Planta.

F igura 10.12 Calha mcdidora de vazão.

da qual vem:
Para levar em conta a não uniformidade na distribuição de velocidade
e a pequena perda de carga na transição, a equação anterior é multiplicada por
um coeficiente de vazão Cd, com valor em tomo de 0,97, ficando:

(10.31)

Por que, no escoamento torrencial, as


Se o escoamento é fluvial em toda a calha, se diz que ela está operan-
pequenas perturbações só se propa- do afogada e muitas vezes esta situação é inevitável, por condicionamento de
gam para jusante?
jusante ou vazão alta. Esta condição de funcionamento necessita, para o cál-
culo da vazão, de duas medidas de alturas d'água y, e y2, de valores próximos,
e com o inconveniente que a superfície d'água na garganta tende a ser instá-
veL
Para que a calha se constitua em uma estmtura de medição convenien-
te e mais eficaz, é necessário estabelecer uma seção de controle, isto é, uma
relação direta entre a vazão e uma única altura d'água. Isto é possível se o grau
de contração na largura e as condições do escoamento são tais que a superfí-
cie livre passe pela altura crítica, na garganta, conforme a Figura 10.12b. Neste
caso, após a seção crítica, o escoamento é torrencial, com a formação de um res-
salto hidráulico na saída da garganta, retornando ao regime fluvial a jusante da
transição. Esta é a forma de funcionamento para a qual nonnalmente se proje-
ta uma calha medidora, e o modo de operação é dito calha de onda estacioná-
ria. A relação entre a vazão veiculada e a altura d'água no regime fluvial y,, que
se pode medir com boa precisão, é determinada, como anteriormente, pela apli-
cação da equação da energia.
Desprezando as perdas de carga entre as seções 1 e 2 e para o mesmo
nível de fundo, pode-se escrever:

H- - y, + - q,-2-
- E,- 2 -- E2- - -3 ( -q 22)1/3
- Ec -- -3 Yc2-
2gy, 2 2 g

Se a velocidade de aproximação é baixa, a carga cinética pode ser con-


siderada desprezível, E 1 =y,, o que simplifica a equação anterior e permite de-
terminar a vazão com uma precisão bem razoável, na forma:

(10.32)
Cap. 10 Energia ou Carga Esopecífica

Assim, medindo-se a altura d 'água imediatamente a montante da seção


contraída de largura b2, em uma região em que o escoamento é paralelo e,
portanto, a distribuição de pressão é hidrostática, para validade da Equação
J0.2. a vazão pode ser calculada pela Equação 10.32.

EXEMPLO 10.3

Um canal retangular com 3,0 m de largura, rugosidade n = 0,014 e


declividade de fundo lo = 0,0008 m/m tran sporta em regime permanente e
uniforme uma vazão de 6,0 m 3/s . Em uma determinada seção, a largura é re-
duzida suavemente para 2,40 m, assim qual a altura d'água nesta seção? Qual
deveria ser a largura da seção contraída para que o escoamento seja crítico,
sem alteração das condições do escoamento a montante? Despreze as perdas
na transição.
A altura d'água no regime uniforme, que será a altura d'água imedia-
tamente antes da constrição, pode ser dete1minada pela Tabela 8.3, como se-
gue:

_ nQ _ 0,014·6,0 _ Yo _ Em um medidor de vazão em regime


K2 - 813 I r - 813 ._) - 0,158 ---7 Tabela 8.3 ---7 - - critico, sempre ocorre um ressalto
b · 'V 10 3 · 0,0008 b hidráulico a jusante?

= 0,42 .. y 0 =1,26m

O número de Froude do escoamento a montante da transição vale:

. v 6,0/(3,0 ·1 ,26) .
F~r1 = ,.-::-:-:- =.J = 0,45 :. escoamento fluv1al.
;J g Yo 9,8·1,26

Pela conservação da energia específica entre uma seção do canal e a


seção contraída, tem-se:

2 02
126 + ' = 1,39 m = (I)
, 19,6 ·1,26 2
A altura crítica na seção 2 vale:

2Jl/3= ( 2•502Jl/3 = O86 m


Yc2 = (5!L
g 9,8 '

portanto a mfuima energia necessária nesta seção, para que o escoamento ocor-
ra sem alterar as condições de montante, vale:

E c2 = 23 Yc2 = 23 · 0,86 = 1,29m < E 1 = 1,39 m

assim o escoamento na seção 2 continuará fluvial.

A Equação I pode ser resolvida por tentativa e etTO, observando que a


raiz que satisfaz a condição física do problema é aquela correspondente ao
escoamento fluvial , ou utilizando o gráfico da Figura 10.6, com:

Na Figura 10.6, para E 2 = 1,61 ~ y 2 = 1,35 :. y 2 = 1,1 6m


Yc2 Yc2
Logo, houve um abaixamento da linha d'água na seção 2 de 0,10 m.
A largura limite da seção 2 para que o escoamento a montante não seja
alterado corresponde à condição E1 = 1,39 m = Ec2· Assim:

Ec2 =
3
2 Yc2 = 1,39m :. Yc2 = 0,93m = q ~
( 2)l/3 :. qc = 2,8lm 3/(sm)
2

Como, por continuidade, Q = 6,0 m3/s = q1 b1 = qc2 bc2 :. bc2 = 2,14 m.


Observe que, se a largura for contraída a menos de 2,14 m, a energia
inicial E1 = 1,39 m não será suficiente e o escoamento a montante será alte-
rado pelo estabelecimento de uma curva de remanso, elevando o nível d'água
até que a energia na seção 1 seja suficiente. Neste caso, o escoamento na se-
ção I , com mais razão, será fluvial, passando a crítico na seção contraída e, na
seqüência, a torrencial, voltando a fluvial após a transição, pois o canal é de
fraca declividade Yo > Ycl, depois de um ressalto.
Cap. 10

10.7.2 ELEVAÇÃO NO NÍVEL DE FUNDO


Considere, como na Figura 10.13b, um canal retangular de largura cons-
tante, portanto com vazão unitária q constante, no qual, em uma determinada Imagine um escoamento fluv ial em um
canal retangular, no qual em uma
seção, há uma elevação no fundo de altura 11Z. Desprezando as perdas de car- determinada seção a largura é diminui-
da. Há possibilidade de ocorrer escoa-
ga, a equação da conservação da energia entre as seções 1 e 2 é escrita como: mento crítico na seção contraída sem
alterar as condições do escoamento a
montante desta seção?
(10.33)

Deve ser observado que a energia específica E é sempre medida na se-


ção em relação ao fundo do canaL Como no caso da transição devida a uma
redução na largura, serão analisadas duas condições iniciais na seção de mon-
tante, seção 1.
Conside rando o escoamento na seção I fluvial, na Figura 10.13a, a al-
tura d 'água compatível com a energia disponível E 1 vale YI (ponto A). A altura
d'água Y2 na seção 2 é' menor que YI e maior que Yc e corresponde ao ponto
B, pois E 2 = E1 - 11Z. Considerando o escoamento na seção 1 torrencial, na
Figura 10.13a, a altura d 'água compatível com a energia disponível E1 vale YI•
(ponto A*). A altura d'água na seção 2 é maior que y1* e menor que Yc e
corresponde ao ponto B*. Portanto, a altura d'água decresce se o escoamento
for fluvial e cresce se for torrenci al, sem haver, em cada caso, mudança de
regime.
Se a altura 11Z na seção 2 for aumentada ainda mais, até que a reta E2
tangenc ie a curva da energia específica desenhada para a vazão q = cte. (11Z =
11Zc e E2 = Ec), a altura d 'água nesta seção será a altura crítica, independe nte
do tipo de escoamento na seção I ser flu vial (A-7C) ou torrencial (A • ---7C).
Trata-se, portanto, de uma situação limite na qual a energia disponível em 2
ainda é suficiente para veicular a vazão. Aumentando-se ainda mais o nível do
fundo em 2, conforme a Figura 10.13a, a reta E2 estará à esquerda da reta Ec e
não cortará a curva da energia desenhada para q =cte., portanto não há solução
matemática para o proble ma físico nas condições iniciais de montante. Supon-
do que o escoamento em I seja flu vial, as perturbações originadas pela tran-
sição propagar-se-ão para montante e a altura d ' água deverá ajustar-se por si
mesma, até que condições críticas sejam produzidas na seção 2, seção de con-
trole. Em outras palavras, haverá alterações nas condições de montante pelo
aparecimento de uma curva de remanso com a altura d 'água na seção 1 aumen-
tada para o valor y1+, ponto A+, até atingir uma energia E1+ = Ec + 11Z+, neces-
sária para veicular a vazão unitária q condizente com a altura de fundo da
seção 2, 11Z+> 11Zc. Nesta situação, o escoamento passará de fluvial a montante
da transição para crítico na tran sição e, na seqüência, para to rrencial , re-
tornando ao escoamento fluvial através de um ressalto hidráulico se, a jusante,
o canal for de fraca declividade. Desta forma, a condição limite de elevação de
fundo na seção 2, para que o escoa-
mento se processe sem que sejam al-
teradas as condições de montante, é
que o escoame nto na seção 2 seja
crítico e não haja elevação da linha
de energia a montante.
Se o escoamento na seção 1
for torrencial e I:!.Z > I:!.Zc, haverá a
formação de um ressalto hidráulico
a montante da transição e a perda de
energia que ocorre no ressalto torna
impossível analisar o problema
Figura 10.13a. Figura 10.13b. usando somente o diagrama de ener-
gia específica y x E.

10.7.2.1 VERTEDOR RETANGULAR DE PAREDE ESPESSA


Do mesmo modo que a redução na largura de um canal retangular pode
ser usada como um medidor de vazão tipo calha venturi, uma elevação do
fundo em um trecho curto pode ser utilizada com a mesma finalidade.
A Figura 10.14 mostra um medidor de vazão de nominado
vertedor retangular de parede espessa, que consiste basicamente em
uma elevação do fundo do canal, suficientemente grande para que as
condições do escoamento a montante sejam alteradas com a elevação
do nível d' água (I:!.Z > I:!.Zc). Isto, como foi visto anteriormente, pro-
2 duz em cima do degrau o escoamento crítico e pe1mite, pela aplica-
Figura 10.14 Yertedor reta ngu lar de parede ção da equação da energia, determinar a vazão. Tal vertedor deve ter
espessa. uma soleira suficientemente longa para estabelecer em algu m ponto
dela o paralelismo dos filetes (distribuição hidrostática), mas não exa-
geradamente longa para não produzir uma perda de carga por atrito
que não satisfaça as hipóteses admitidas. O escoamento a jusante, que será em
Qual a diferença básica entre uma um certo trecho torrencial, deve ser livre (não afogado) e o bordo de ataque do
calha venturi e uma calha de onda
estacionária?
vertedor, arredondado, para não haver turbulência e descolamento da lâmina.
Maiores detalhes deste tipo de vertedor serão vistos no C apítulo 12.
Aplicando a equação da energia entre a seção I , na qual a distribuição
de pressão é hidrostática, e a seção 2, de um canal retangular de largura b, para
um referencial passando em cima da soleira do vertedor, e desprezando a carga
cinética de aproximação, fica:
h= E = ~y = ~(5[_)1/3 = ~ ((Q I b)2 )1/3
c 2c 2g 2 g

Equação que desenvolvida se torna:

Q = 1,704·b·h 3/2 (10.34)

Na Equação 10.34, h é chamado de carga sobre a soleira, e como as


perdas de carga foram desprezadas, a vazão é dita vazão teórica. Observe que
a Equação 10.34 é da mesma forma que a Equação 10.32 estabelecida para o
escoamento em uma calha, indicando que os dois fenômenos são essencial-
mente semelhantes.

EXEMPLO 10.4

Em um canal retangular de 5 m de largura escoa em regime permanente


e uniforme uma vazão de 16 m 3/s, com uma declividade de fundo lo = 1 rn/km
e coeficiente de rugosidade n = 0,021. Em uma determinada seção, um degrau
de 0,20 m de altura é construído no fundo do canal e nesta mesma seção a
largura é reduzida para 4 m.
Desprezando as perdas de carga, verifique se a transição afetou as con-
dições a montante e determine a altura d 'água na seção. Se as condições do
escoamento a montante não foram afetadas, qual deverá ser a máxima altura
do degrau, sem que isto ocorra?
Trata-se de uma aplicação em que há sobre o escoamento os dois efei-
tos, redução na largura e elevação do fundo. Evidentemente, o problema pode
ser tratado de modo individualizado e o efeito total será a sobreposição dos
dois.
A altura d'água no escoamento uniforme a montante da transição pode
ser determinada pela Tabe la 8.3, como segue:

_ nQ _ 0,021·16 _ Yo _
Kz - 813 fT - tr\i\r\1 - 0,145 ---7 Tabela 8.3 ---7 - - 0,395
b '\/ 10 5 813· '\/ 0,001 b
A energia disponível antes da trans ição vale:

2 2
q, (16/5)
E 1 = y 1 + - - 2 = 1,98 + 2 = 2,113m
2gy, 19,6·1,98

A altura crítica antes da transição vale:

2)'/3 ((16 I 5)2)'/3


Yc1= ( q~ = , = 1,015m (y 1=y 0 =1,98m
98

:. escoamento fluvial.

Na seção 2 (transição), a mínima energia específica necessária para vei-


cular a vazão é dada por:

E 2
=~ =~ (.9..L2]1/3 =~ ( (1614) 2)1/3 =1766m
c 2 Yc 2 2 g 2 9,8 '

Para um referencial passando no fundo do canal, a m ínima energia na


seção 2 será, Emrn2 = I:!.Z + Ec2 = 0,20 + 1,766 = 1,966 m. Como na seção 1 a
energia disponível vale E, = 2,113 m > Emrn2, as condições a montante não
serão alteradas e o escoamento na seção contraída continuará a ser fl u vial.
A conservação da energia entre as seções 1 e 2 permite determinar a
altura d'água na transição.

2
E, = E 2 +I:!.Z ~ 2,113 = y2 + ~ + 0,20
2gy2

Como a altura d 'água crítica na seção 2 vale Yc2 = 1, 177 m, a raiz da


equação precedente, no regime fluvial , é dada pela Figura J0.6.
Na Figura 10.6, para:
O número de Froude é a relação entre
quais tipos de forças?
E2 1,91 3 2
y
- = - -= 1,63 ~ - = 1,35 :. y 2 = 1,59m
Yc2 1,1 77 Yc2

A cond ição limite para não alterar as condições a montante é que


Y2 = Yc2 e E2 Ecz. =
Portanto, E ,= Ec2 + ó.Zc :. 2,1 13 = 1,766 + ó.Zc :. ó.Zc = 0,35 m.

10.8 OCORRÊNCIA DA PROFUNDIDADE CRÍTICA


Na seção 10.7 foi mostrado que uma transição no canal seja por elevação no
fundo ou redução na largura, pode gerar o escoamento crítico e alterar o tipo de es-
coan1ento, desde que provoque a elevação da linha d'água a montante. A mudança Uma galeria de águas pluviais, circular,
trabalha a meia seção em regime
do regime de subcrítico para supercrítico ou vice-versa é feita com a passagem do permanente e uniforme, com declividad e de
fundo I. = 0.0033 m/m e coeficiente de
escoamento por condições críticas. No primeiro caso a mudança se dá de maneira rugos ldade n = 0,013. Mostre que o número
de Fra ude do escoamento é dado por:
gradual e a posição da altura crítica pode ser estabelecida com alguma facilidade.
No segundo caso devido à presença do ressalto hidráulico isto é difícil.
em que R é o raio do círculo.
A questão a ser colocada é, onde ocorre a profundidade crítica na tran-
sição gradual do escoamento fluvial para torrencial? Um desenvolvimento ma-
temático pode ser feito para analisar as condições entre a vazão, a energia
disponível e a geometria, que promovam a oconência da altura crítica. Duas
situações serão analisadas em um canal retangular, na ausência de perdas de
carga, e as conclusões podem ser estendidas para outras geometrias. O primei-
ro caso c01-responde à alimentação de um longo canal retangular de largura b,
com uma certa decli vidade de fundo, por um reservatório mantido em nível
constante; e o segundo a um canal retangular e horizontal de largura uniforme-
mente variada, como na calha venturi.
A Figura 10.15a
ilustra a ocorrência da y
profundidade crítica na
entrada de um canal de
forte declividade, lo> Ic ,
Lago
e a Figura 10.15b a ocor-
rência da profundidade
crítica nas proximidades
da saída (queda brusca), z z
em um canal de fraca
declividade, Ia< Ic. Figura 10.1Sa Forte declividade Figura 10.1Sb Fraca declividade
Supondo desprezí-
veis a perda de carga na passagem do reservatório para o canal e a carga
cinética de aproximação, o que significa dizer que a energia disponível é somen-
te a energia potencial H, o primeiro caso pode ser tratado matematicamente,
com H e q constantes, na forma:
q2
H = Z + y + - - = Z+E (10.35)
2gy2
Diferenciando esta equação com relação a x, distância medida ao longo
do canal, vem:
B
Hid<á""" s.,;oa Cap.10

dH = dZ + dE = O ou dE dy + dZ =O
dx dx dx dy dx dx

Utilizando a Equação 10.1 O, fica:

dy dZ
- (1 - Fr 2 ) + - =O (1 0.36)
dx dx

Esta equação demonstra as particularidades descritas na seção sobre tran-


sições, Seção 10.7.2, com o uso da curva y x q. Por exemplo, se o escoamento
for subcrítico (Fr < 1) e ocorrer uma elevação do fundo do canal (dZJdx > 0), a
Equação 10.36 mostra que, necessariamente, dy/dx < O, isto é, ocorrerá um
abaixamento da linha d'água sobre o degrau. O contrário ocorre se o escoa-
mento for supercrítico.
Em relação ao canal de forte declividade alimentado pelo reservatório,
com uma transição feita por uma crista de curta distância (trecho horizontal),
tem-se dZ/dx = Oe, como dy/dx :t: O, pois a água está sendo acelerada para este
ponto, a Equação 10.36 mostra que, necessariamente, Fr = 1. Isto é, o escoa-
mento na entrada do canal (ponto mais alto da crista) é crítico e a vazão uni-
tária, dada pela Equação I 0.18, é a máxima compatível com a energia
específica disponível H= E, que é a diferença de cotas entre o nível d'água no
reservatório, em uma região não perturbada pela transição, e a cota de fundo
do canal na seção de entrada. Esta característica é válida em situações análo-
gas, para seções diferentes da retangular, como será tratado posteriormente.
Após o escoamento passar pela altura clitica na entrada do canal, continua a
ser acelerado, atingindo o regime uniforme torrencial, seção 1, que perdura até
a extremidade final na queda brusca, seção 3, uma vez que o escoamento tor-
rencial ignora a presença da queda a jusante.
Para o canal de fraca declividade, tem-se, na seção 1, suficientemente
afastada da entrada, o regime uniforme fluvial. Como este regime é controla-
do por jusante, o escoamento uniforme ocorre na seção de entrada, seção 2. A
vazão escoada pode ser determinada compatibilizando-se as equações de re-
sistência e da energia específica, respectivamente:

2
Q -- JT:AR 11 213 e H = E =y + Q
--
n °
2
2gA

Estas equações permitem determinar o par de valores Q e Yo que satis-


fazem o problema.
Cap. 10

Como o escoamento uniforme é fluvial , comandado por jusante e na


saída do canal , seção 3, não existe condicionamentos que possam refletir para
montante, nesta seção o escoamento vai ocorrer com a mínima energia espe-
cífica, ou seja, em regime crítico. Na verdade, devido ao efeito da curvatura
das linhas de corrente no final do canal, a altura crítica não ocorrerá exatamen-
te na seção 3, no bordo da queda. Segundo Rouse (48), para um canal horizon-
tal ou de fraca declividade e seção retangular, a altura crítica Yc ocorre a uma
distância a montante da queda da ordem de 3 a 4·yc e a altura d' água no bordo
da queda, medida verticalmente, é aproximadamente dada por Yb = 0,715 Yc·
Portanto, uma queda vertical e m um canal retangular de declividade
fraca pode ser usada como uma estrutura de medição de vazão, em que não se
exija grande precisão, medindo-se a altura d'água no bordo da queda, calcu-
lando-se a altura crítica e a vazão unitária pela Equação 10.11.
Neste problema de um reservatório alimentando um canal, em princípio
não se sabe se o canal é de declividade forte ou fraca, pois não se conhece a
vazão escoada. Assim, inicialmente pode-se levantar a hipótese de que a de-
clividade é forte, dete1mina-se a vazão pela Equação 10.18, se a seção doca-
nal for retangular, e daí a altura crítica Yc e a altura normal Yo. pela fórmula de
Manning, e verifica-se que a hipótese é verdadeira se Yo < Yc, caso contrário
a declividade é fraca (ver Exemplo 13 .2). Todas estas propriedades e caracte-
rísticas são válidas para outras seções que não a retangular.
No caso de um canal retangular e horizontal com largura variável, isto
é, b = b(x), a energia específica em uma dada seção vale:

E= y + Qz
(10.37)
2g(y · b(x)) 2

Diferenciando a equação em relação a x, na ausência de perdas, fica:

2
dE dy Q d ( 1 ) O
dx=dx+2g dx (y· b(x)) 2 =

Desenvolvendo a derivada, observando que tanto b quanto y são funções


de x, chega-se a:

dy Q2 dy
3 2
dx g y (b(x)) dx
Pela Equação 7.4, o número de Fraude para uma seção qualquer é dado
por:

Deste modo, a expressão anterior pode ser posta na forma:

dy (1- Frz)- Frz _Y_ db(x) = O (10.38)


dx b(x) dx

Pela equação precedente, quando o escoamento for crítico, portanto


Fr = 1, necessariamente deve-se ter db(x)/dx = O, isto é, ocorrerá escoamento
crítico na seção de mínima largura. Derivando-se a Equação 10.38, pode-se
mostrar que o regime crítico não ocorre na seção de máxima largura e sim na
de mínima, pois a derivada segunda é positiva.

10.9 CANAIS DE FORMA QUALQUER


As propriedades e características desenvolvidas na análise dos escoa-
mentos na seção retangular podem ser generalizadas para canais de forma
qualquer (trapezoidal, circular, triangular, parabólica etc.), e observando que,
para seções irregulares, seguindo a definição de energia específica, o re-
ferencial deve passar no ponto mais baixo da seção e a distribuição hidrostática
de pressão deve ser preservada.
Pela Equação 10.3, para a= 1, a equação da energia específica em uma
determinada seção é dada por:

(1 0.39)

Para Q = cte., a condição de escoamento crítico é obtida como antes,


diferenciando a equação anterior em relação à altura d 'água y.

dE Q2 dA
l----- (10.40)
dy gA3 dy

A variação da área molhada A com a altura y pode ser obtida utilizan-


do-se a notação da Figura 10.16.
Sendo B a largura da seção na superfície livre, tem-se dA=
Bdy e assim :

dE
(10.41)
dy

Observe que a Equação 10.41 é a corresponde nte da Equa- Figura 10.16 Canal de forma qualquer.
ção 10.7 para a seção retangular, e que aquela passa a ser um caso
particular desta.
Nas condições de regime c rítico, dE/dy = O, portanto:

(10.42)
Em uma visita a um distrito de Irriga·
ção, você encontrou um canal retangu-
lar, relativamente liso e de baixa
declividade. com largura de 0,80 m,
equação importante cuja raiz é a profundidade crítica para a seção em questão. descarregando livremente em um
pequeno reservatório situado em cota
A relação NB foi definida como a ltura hidráulica ou altura médi a da mais baixa que o fundo do canal.
Como você procederia para estimar a
seção e, desta forma, a expressão do número de Fraude pode ser generaliza- vazão transportada. contando somente
da, em termos da vazão, na forma: com uma régua graduada?

(1 0.43)

Todas as conclusões relativas à ocorrência do escoamento crítico em ca-


nais retangulares são igualmente válidas em canais de forma qualquer, desde que
o escoamento se processe dentro da calha, sem extravasar para fora da seção.
Combinando-se as Equações 10.39 e 10.42, pode-se estabelecer a rela-
ção entre a energia mínima Ec, em um canal de forma qualquer, e a geometria
do escoamento. Na condição de regime crítico, da Equação 10.42 vem:

Ac =H
B me
c

que substituída e m 10.39 fica:

H y 2
E =y +
c c
____!!]f.
2
ou E
c
= y c + _c_
2g (10.44)
equação geral que torna a Equação 10. 12 um caso particular e mostra que a
carga cinética no regime crítico é metade da altura hidráulica da seção.

EXEMPLO 10.5

Um canal circular de raio R escoa uma determinada vazão com uma


altura d'água correspondente à meia seção, e o regime é crítico. Determine a
relação y JEc.
Na condição da lâmina d'água, Yc =R, Ac = n y/12 e Bc = 2yc e, pela
Equação 10.44, tem-se:

2
H ny n
E =y + ~ = Y + __c_ = Y (1 +-) .. L_ = 0,718
Usando a fórmula de Chézy, mostre c c 2 c 4·2yc c 8 EC
que a declividade crítica de um canal
ret angular bem largo é dada por:
I,= g!C'.

10.10 PROBLEMAS TÍPICOS


A determinação dos parâmetros do escoamento crítico, vazão, altura
d 'água, energia mínima, largura de fundo etc. é facilmente alcançada quando
a seção é retangular. Para as seções trapezoidal e circular, a complexidade geo-
métrica torna mais difícil tal determinação e, desta forma, é necessário desen-
volver gráficos para facilitar o cálculo, em vários tipos de problemas.
Os gráficos apresentados a seguir são a representação de expressões
adimensionais desenvolvidas no trabalho de Porto e Arcara (40) para a análi-
se do escoamento crítico em canais trapezoidais, sem necessidade de proces-
sos de tentativa e erro.
a) Problema 1
Dete1minação da altura crítica em um canal trapezoidal, conhecendo-se
a vazão Q, a largura de fundo b e a inclinação do talude Z, e em um canal
circular, conhecendo-se a vazão Q e o diâmetro D .
A solução deste problema é a raiz da equação geral do escoamento crí-
tico, Equação 10.42, que foi adimensionalizada e posta em forma gráfica, a
partir dos adimensionais:

'V= _h_ e -r:= QZ ~ Z


Z·yc gb5

A Figura 10.17 apresenta o gráfico da função 'V = f (-r:).


Cap. 10

De modo análogo, a Equação 10.42 foi adimensionalizada para a seção


circul ar, uti lizando-se as expressões geométricas dadas pelas Equações 8.40,
8.44 e 8.45 , e colocada em gráfico, como na Figura 10.18.

10

r----_
............
~
i'-,

"~"-
~

r--.

0.1
0,01 0,1 10

Figura 10.17 Altura crítica em canais trapezoidais.

YciD 1
)/
0,9

0,8
/
0,7
/
0,6 /
0.5

0.4
vv
1/
v
_......- v
0,3

0,2 ~

0, 1 t.--1-

o
0,01 0 ,1 10

Figura 10.18 Altura crítica em canais circulares.


b) Problema 2
Determinação da altura crítica em um canal trapezoidal, conhecendo-se
a vazão Q, a energia !TIÍnima Ec e a inclinação do talude Z.
Partindo-se da Equação 10.44 e das relações geométricas da seção
trapezoidal, foi gerada uma expressão adimensional em função de dois pa-
râmetros.

A Figura 10.19 apresenta o gráfico da função J-.l =f (cr).


Em um canal de forma geométrica
qualquer, no regime critico, mostre c) Problema 3
que a altura hidráulica relaciona-se
com a vazão e a largura na superfície
livre, na forma: Em muitos problemas práticos, como, por exemplo, a alimentação de
3 Ql um canal de forte declividade por um reservatório, Seção 10.8, um dado ini-
Hmc = - z cial importante é a energia específica mínima Ec, que na ausência de perdas na
gBc
entrada do canal e negligenciando a carga cinética de aproximação, é igual à
diferença de cotas entre o nível d'água no reservatório e o fundo do canal, na
seção de entrada. Determinação da vazão de alimentação Q de um reservató-
0,80
0,79
\
0,78
\
0,77
0,76 \
0,75 '\
w 0,74 \.

-;:;, 0,73 '\.


11
::l'
o 72
0,71

0,70
""' ' I""
0,69
0,68
""' ~
0,67
~
r- 1--
0,66
0,1 10
cr = Q
2Z J2gEcS
Figura 10.19 Resolução do Problema 2.
Cap. 10 Eoecgla oo C"ga E'P"'"" B
rio para um canal trapezoidal de forte declividade, de largura de fundo b e
inclinação do talude Z, dada a energia mínima Ec.
Foi desenvolvida uma expressão que torna explícita e imediata a deter-
minação da vazão, como uma função de dois adimensionais:

e <I> = Z Ec
b

A Figura 10.20 apresenta o gráfico da função a= f(<)>).


No caso de um canal circular de diâmetro D, conhecendo-se Ec, a vazão
em condições críticas pode ser calculada por um processo de tentativas, ado-
tando valores para Yc. usando a Equação 10.44 com o auxílio da Tabela 8.4 e
relações geométricas do círculo. Com o valor de Yc, que satisfaz a Equação
10.44, determina-se Q no gráfico da Figura 10.18.
De modo mais prático, pode-se utilizar as Equações 10.45 e 10.46, adap- Qual a vazão através de uma galeria
de águas pluviais de 1,0 m de diâme-
tadas de Henderson (28). tro, trabalhando a meia seção, se o
escoamento for crftico?

D~60 = 1,503Ec 1' 9 para O ( ~ ( 0,8 (10.45)

_g_
D
= 1,378E c 1' 5 para 08 (
'
_S_ ( 12
D '
(10.46)

d) Problema 4
Henderson (28) apresenta como um problema importante a determina-
ção da largura de fundo b, de um canal trapezoidal, dados Q, Yc e Z, e indica
que este problema só pode ser resolvido por tentativas. Porto e Arcaro (40)
desenvolveram expressões adimensionais que tornam explícita e imediata a
determinação da largura de fundo, em termos dos adimensionais:

À= Q e
z~ gyc5

A Figura 10.20 apresenta o gráfico da função À = f (\lf).


Cap . 10

lO

"
I[;f "' f'
:-..~
o=f(<jl) "- = r ('V) I
v
/
/

O'~
N
v
2
~
N
li
t> ~~---
1--
;:I
o
......
.......

............... ....._
- r-I-

0,1
0,0 1 0,1 I 10
b
,,, =-- ou "'
'f'
_ ZEc
Zyc b

Figura 10.20 Resolução dos Problemas 3 e 4.

EXEMPLO 10.6

Em um projeto de drenagem urbana precisa-se verificar se o gabarito de


uma ponte existente sobre um canal permite a passagem da vazão de projeto,
sem provocar remanso a sua montante. O canal trapezoidaJ projetado para uma
vazão de 16 m3/s tem declividade de fundo l o = 0,00 I m/m, e coeficiente de
rugosídade n =0,030, largura de fundo b =4,0 me taludes I ,5H:l,OV. A seção
da ponte tem, como gabarito retangular, largura de 4,50 me altura útil de 2,80 m.
As cotas de fundo do canal e da seção da ponte são iguais. Verifique se a seção
da ponte é suficiente para passar a vazão de projeto, sem alterar a linha d'água
a sua montante (remanso). Calcule a altura d'água na seção da ponte. Se a
seção da ponte não for suficiente, determine a altura d'água imediatamente
antes da ponte. Despreze as perdas de carga na transição das seções trapezoidal
para retangular.
Cálculo da altura d'água normal e da energia disponível antes da ponte.

_ nQ _ 0,030·16 _ Yo _
K2 - 811 IT - rr:fV\1 - 0,376 Tabela 8.3 --7 - -0,485
b ·'V 10 4,0 813 vO,OO J b
Cap. 10

:. Yo = 1,94m

~ 4,0 9 2 2
A=(m+Z)y 0 - = ( - + 1,5) 1, 4 = 13,41m -7
1,94
Q 16
-7 V= - = - - = 1,19 m /s
A 13,41

V2 1192
E
o
= Yo + -2g = I,94 + -19,6
' - = 2,0 I m

Para não ocorrer re man so a montante da ponte, a energia disponível


antes deve ser maior ou no máximo igual à mínima energia necessária para
passar a vazão de 16 m 3/s, na seção retangular do gabarito da ponte.
Na seção da ponte, a vazão unitária e a energia crítica valem:

Q 16 ( 2)1/3
q= - = - = 3,56m 3 /(sm):.y c= .9_ = (3562)1
-'- /3
bl 4,5 g 9,8

= 1,09 m

Portanto, a energia disponível antes da ponte E0 = 2,01 m é maior do que


a mín ima energia na seção da ponte, logo não haverá alteração no nível d'água
a montante , e, pela equação da ene rgia entre as seções O e I, a altura d 'água
na seção da ponte vale y 1 = 1,82 m (fluvial).

EXEMPLO 10.7

Um reservatório de grandes dimensões alimenta um canal trapezoidal de


declividade de fundo lo = 0,009 mim e coeficiente de rugosidade n = 0,0 18.
Sendo a largura de fundo do canal igual a 3,0 m, a inclinação dos taludes
2H: 1V e sabendo que o fundo do canal na seção de entrada está 1,5 m abai-
xo do nível d'água no reservatório, detetmine a vazão descarregada. Despre-
ze as perdas na transição.
Se, por hipótese, a declividade do canal for forte, lo> Ic, a profundidade
na entrada do canal será crítica e, como a perda de carga na transição é despre-
=
zível, tem-se H= 1,5 m Ec. Para Ec = 1,5 m, b = 3,0 m e Z = 2, o adimensional
<P vale:
Cap. 10

"' - -
'1'- ZEC
- --2·1,5
-- -- 1
b 3

e na Figura 10.20, cr = 0,33 = Q


2· 2~ 19,6·1,5
5

e daí, Q = 16,10 m3/s.


Verificação da hipótese do canal ser de forte declividade.
Se a declividade do canal for forte, a altura d'água normal Yo. regime
uniforme, é menor que a altura crítica Yc· Na Figura 10.19, para cr = 0,33, vem:

, = l.s_
11 = 074
,... E :. y c =111m
,
c

A altura normal é determinada na Tabela 8.3.

K = nQ =O 163-7 ~=O 295


2 bS/3 Fo = 0,018·16,10
38/3 ~ 0,009 , b ,

:. Yo= 0,89m ( Yc = 1,11 m

Logo, a hipótese foi verificada, o escoamento uniforme é torrencial e a


vazão descarregada é a calculada.

EXEMPLO 10.8

Uma galeria de águas pluviais de 1,0 m de diâmetro escoa uma deter-


minada vazão, em regime uniforme, funcionando na seção de máxima veloci-
dade. Qual deve ser a declividade de fundo para que este escoamento seja
crítico? Determine a capacidade de vazão da galeria nestas condições. Adote
n = 0,014.
A seção de máxima velocidade em um canal circular corresponde a uma
lâmina d'água relativa, yoiD = 0,81, veja a Seção 8.7.1.

na Figura 10.18 tira-se:


Cap. 10 EMcgla 00 c~ga E''""'" B
__Q_:::
Ds/2 -
2 · Q=2 O m 3/s
·· '

Pela Equação 8.47

M
D = - e na Tabela 8.1, para
K,

Yo = Yc = 0,81 tem-se K 1 = 0,643. Pela Equação 8.47:


D

EXEMPLO 10.9

Pelo canal trapezoidal mostrado na Figura I 0.21 escoa uma vazão de 3,5
m3/s, em regime permanente e uniforme com altura d'água Yo = 1,0 m. Em
uma determinada seção, existe um degrau no fundo, de
cantos arredondados, como na figura. Desprezando as

~~s · . ·. · ·· /;;.=
perdas, qual deve ser a altura flZ do degrau para que o
escoamento sobre ele seja crítico sem, contudo, haver al-
teração da linha d'água no escoamento a sua montante?
Cálculo da energia disponível a montante do de-
grau e do tipo de escoamento. 1. I,Om .1
Figura 10.21 Exemplo 10.9.

Q2 3,52
E 0 = Yo + - - 2 = 1,0 + = 1,10m
2gA 19,6 · 2,5 2

Para Q = 3,5 m 3/s, b = 1,0 me Z = 1,5, o adimensional 't da Figura 10.17


vale:
Cap. 10

1: = zQJ gbzs = 1,5·3,5 15



9,8·1,0 5
= 2,05

e daí, \jf = 0,9 = 11(1 ,5 Yc), portanto Yc =0,74 m, logo Yo = 1,O m > Yc =0 ,74 m,
regime fluvial a montante do degrau, e haverá abaixamento da linha d'água em
cima do degrau.
A equação da energia entre a seção de montante e a seção do deg rau
permite escrever, na condição limite de escoamento crítico sobre o degrau, a
relação (ver Equação 10.44):

H
Eo = t1Zc + Ec2 .'. 1 1O = flZc + Yc2 + ~
' 2

Como na seção do degrau a largura de fundo depende do valor de flZc,


já que b2 = I ,O+ 2·Z·flZc = 1,O+ 3 flZc, o problema pode ser resolvido por um
processo de te ntativas, adotando-se valores para flZc, com auxílio do gráfico
da Figura 10.20. Para cada valor de flZc determina-se Ec2 pela equação ante-
rior e, com o valor de b2, calcula-se o adimensional cr, daí o ad imensional <jl,
na Figura 10.20, e finalmente Ec2· Quando os valores da energia mínima fo-
re m iguais ou bem p róximos, o processo convergiu.

~Zc( m) b 2(m) Ec2(m) (j <jl Ec2(m)


0,20 1,60 0,90 0,34 0,90 0,96
0,25 1,75 0,85 0,395 0,75 0,875
0,26 1,78 0,84 0,407 0,70 0,83

Portanto, flZc =0,26 m.


EXEMPLO 10.10

Água é descarregada de um lago com nível d 'água constante na eleva-


ção 33,0 m, e m re lação a uma R.N., e m um canal de forte declividade e de
seção reta irregular, conforme Figura 10.22. Na saída do lago, a seção reta do
canal é dada pela tabela abaixo, relacionando largura do canal à elevação do nível
d'água. O ponto mais baixo da seção reta do canal está na elevação 30,0 rn .
Dete rmine a vazão descarregada e trace a curva da altura d 'água no canal
contra a vazão. Despreze a perda de carga na entrada do canal.

E levação (m)
Largura (m)
Cap. 10

Como a seção reta na entrada do canal é irregular, não há uma relação


explícita para a profu ndidade crítica que se esta belece na entrada do canal.
Assim, o problema pode ser resolvido via planilha eletrônica, observando que,
na ausência de perdas, a relação vazão- altura d'água, corresponde nte à Equa-
ção I 0.6, é dada por:

em que Eo é a ene rgia disponível, carga sobre a soleira na entrada do canal e


igual a 3,0 m. Como y e, conseqüentemente, A são variáveis, discretiza-se a
altura y a cada 0,3 m e monta-se a planilha E XEM(lO.l O).XLS (ver diretório
Canais) mostrad a a seguir. Na planilha, as áreas foram discretizadas e m Figura 10.22 Exemplo 10.1O.
trapézios de altu ra igual a 0,30 m e e m cada estágio calculada como:

I
A; = 2(B; + B;_1) · 0,3 + A;_1 , e m que B; é a largura da seção. Observe a Figura 10.4. Considere um
canal trapezoidal de 4,0 m de largura
de fundo e inclinação dos taludes
1H:1V. Você acha que, para esta
seção, o lugar geométrico dos pontos
de mfnima energia é uma reta? Se for
Planilha de cálculo do Exemplo 10.10 uma reta, ela terá coeficiente angular
maior ou menor que 213?

Elevação B(m) y(m) (E 0 - y) (m) V=(2g(Eo-y))"0,5 A(m2) 3


Q (m /s)

30 o o o 0,00 o 0,00
30,3 3 0,3 2,7 7,27 0,45 3,27
30,6 5 0,6 2,4 6,86 1,65 11,32
30,9 6 0,9 2,1 6,42 3,3 21,17
31,2 7 1,2 1,8 5,94 5,25 31,18
31,5 8,5 1,5 1,5 5,42 7,575 41 ,07
31,8 9,7 1,8 1,2 4 85 10,305 49,98
32 1 10, 1 2, 1 0,9 4,20 13,275 55,76
32,4 11,1 2,4 0,6 3,43 16,455 56,43
32,7 12,3 2,7 0,3 2,42 19,965 48,41

jl
0,00 o

~
3,27 0,3
11 ,32 0,6
21,17 0,9
31,18 1,2
41,07 1,5 ~1 ~
49,98
55,76
1,8
2,1
o.~
o 10 20 30
I
40
I
50
I
60
56,43 2,4
Q(m'ls)
48,41 2,7

Como o canal é de forte declividade, a vazão será a máxima compatí-


vel com a energia disponíve l e vale, pela planilha, 56,43 m 3/s.
Observe o formato do gráfico y = f(Q), na planilha de cálculo, e com-
pare com o gráfico da F igura 10.2.
B
Hid<áolloa Bá,;oa Gap. 10

EXEMPLO 10.11

Um canal trapezoidal com largura de fundo igual a 1,50 m, altura


d'água, 1,50 me inclinação dos taludes 1H:1V transporta uma vazão de 5,5
m 3/s. Em uma determinada seção, existe uma transição passando para uma
seção circular, com o mesmo nível de fundo da seção trapezoidal. Para evitar
a deposição de sedimentos, deseja-se estabelecer um escoamento tão rápido
quanto possível na seção circular, sem, contudo, afetar as condições do escoa-
mento a montante. Desprezando as perdas, determine o diâmetro necessário à
seção circular.
Energia disponível e tipo de escoamento no canal trapezoidal:

Q2 5,52
E 1= y1 + 2
= 1,5 + = 1,576 m
2gA 1 19,6·4,52

Para Q = 5,5 m 3/s, b = 1,5 m e Z = 1 o adimensional 't vale:

~ 't=ZQJ gbz 5
=5,5 ~ =0,64
v~

Na Figura 10.17:
15
'I' = 1,7 = • :. Yc = 0,88 m ( y 1 = 1,5m :. fluvial.
Yc
Para não haver alteração do escoamento a montante e o fluxo ser o mais
rápido possível, deve-se ter: E 1 = E2 = Ec = 1,576 m, pois o nível de fundo é
o mesmo nas duas seções.
Supondo que EJD < 0,8, a Equação 10.45 fornece:

Q 15 19 5,5 19
060 = , 03Ec · :. - 0 60 = 1,503·1 ,576 · :. D = 2,06 m
o· o·

1 576
Como .S..
D
= •
2,06
= 0,77 ( 0,8, a suposição é válida.
Cap. 1O Energia ou Carga Específica

10.11 PROBLEMAS

10.1 Uma galeria de água pluviais de I ,O m de diâmetro, n = 0,013, de-


clividade de fundo lo= 0,007 m/m, transporta em regime uniforme uma vazão
de 0,85 m 3/s. Determine:
a) a altura d'água;
b) a tensão de cisalhamento média no fundo;
c) o tipo de escoamento, fluvial ou torrencial;
d) a declividade de fundo para que, com a mesma vazão, o escoamen-
to uniforme seja crítico.
a) [yo = 0,455 m] ; b) ['to = 16,12 N/m2 ]; c) [Torrencial]; d) [lo= 0,0041 m/m]

10.2 Um canal trapezoidal, com largura de fundo igual a 2,0 m, taludes


3H: 1V, n = 0,018 e 10 = 0,0003 m/m, escoa uma determinada vazão, de modo
que, em relação a uma galeria circular, sua área molhada é 2,5 vezes maior que
a da galeria, a largura na superfície livre, 3 vezes maior e os números de Fraude
dos dois escoamentos são iguais. Sendo a vazão transpmtada pela galeria igual a
1,2 m3/s, determine a vazão transportada pelo canal e o tipo de escoamento.
[Q = 2,74 m3/s; fluvial]
10.3 A água está escoando com uma velocidade média de 1,O m/s e altura
d'água de 1,O m em um canal retangular de 2,0 m de largura. Determine a nova
altura d'água produzida por:
a) uma contração suave para uma largura de 1,7 m; e
b) uma expansão suave para uma largura de 2,3 m.
c) Calcule também a maior contração admissível na largura, para não
alterar as condições do escoamento a montante.
a) [y2 = 0,97 m]; b) [y2 = 1,0 1 m]; c) [bc = 1,09 m]

10.4 Um canal trapezoidal com altura d'água de 1,05 m deve transportar, em


regime uniforme, 16,70 m3/s de água sobre uma distância de 5 km. A inclina-
ção dos taludes é de 2H: 1V e a diferença total de nível d'água nos 5 km é de
8,50 m. Qual deve ser a largura de fundo do canal para que este escoamento
se faça à velocidade crítica? Qual é o coeficiente de rugosidade de Manning,
correspondente?
[b = 3,69 m; n = 0,012]
Cap. 10

10.5 Seja um canal retangular com largura igual a 1,O m, no qual há, em uma
determinada seção, uma mudança de declividade de fundo e o coeficiente de
rugosidade de Manning vale 0,010. As profundidades normais do escoamen-
to, a montante e a jusante do ponto de mudança de declividade, valem, respec-
tivamente, 0,40 me 0,20 m . A declividade de fundo a montante da seção de
mudança vale lo = 0,005 mim. Determine:
a) Há mudança do tipo de escoamento nos dois trechos? Justifique.
b) A partir de qual vazão há uma mudança do tipo de escoamento?
a) [Não]; b) [Qmín = 4,75 m3/s]

10.6 Em um canal trapezoidal de largura de fundo igual a 3,0 m, taludes


1H: 1V, n = 0,014, Q = 20 m3/s (regime unifo rme) e lo = 0,020 mim, determi-
ne a altura crítica, velocidade crítica, energia específica crítica, declividade crí-
tica e classifique o tipo de escoamento, utilizando três critérios distintos.
[Yc = 1,40 m; Vc = 3,23 m/s; Ec = 1,94 m; lc = 0,0024 mim; torrencial]

10.7 Em um canal cuja seção reta é parabólica, dada pela Equação Y = K X 2,


em que K é uma constante, mostre que a relação entre a altura crítica e a ener-
gia mínima é dada por: Yc = 0,75 Ec.

10.8 No projeto de um canal trapezoidal, em alvenaria de pedra argamassada,


em condições regulares, fixou-se o seguinte:
a) velocidade média do escoamento: V = 0,80 m/s;
b) número de Fraude do escoamento: Fr = 0,35;
c) altura d'água: Yo = 0,80 m;
d) taludes: 2H: 1V;
e) declividade de fundo: lo = 0,00 1 mim.
Determine a largura de fundo e a vazão de projeto.
[b = 1,60 m ; Q = 2,03 m3/s]
10.9 Em um canal retangular de largura de fundo igual a 5,0 me vazão de
20,5 m 3/s, a altura normal para aquela vazão é de 2,42 m. Determine:
a) Quais são o regime de escoamento e a energia específica deste canal?
b) Coloca-se no fundo do canal uma estmtura curta (degrau) de 1,0 m
de altura. Desprezando a perda de carga, verifique se o escoamento
a montante do degrau foi modificado. Justifique.
Cap. 1O Energia ou Carga Específica

c) Se foi, calcule as alturas d'água imediatamente a montante e ajusante


do degrau .
a) [Fluvial; E = 2,57 m] ; b) [Foi modificado] ; c) [Ynu = 2,676 m e Ytor = 0,63 m]

10.10 Um canal trapezoidal com largura de fundo igual a I ,O m, taludes


1.5H: 1V, n = 0 ,015 e lo = 0,001 mim transporta em regime permanente e uni-
forme uma vazão Q = 3,50 in3/s. Em uma determinada seção existe um degrau
no fundo de altura ôZ = O,15 m . Despreze as perdas na transição.
a) Determine o tipo de escoamento a montante do degrau.
b) Verifique se o degrau afetou as condições do escoamento a montan-
te. Em caso afi rmativo, determine a altura d' água imediatamente an-
tes do degrau.
c) Determine a altura d'água sobre o degrau.
a) [Fluvial]; b) [Não]; c) [y2 = 0,82 m]

10.11 No projeto do bue iro de seção circular mostrado na Figura I 0.23 , ado-
tando como critério que, para a vazão de projeto, o bue iro func ione com uma
carga na entrada igual ao diâmetro, nível de água tangenciando a geratriz su-
perior do tu bo, a saída é livre e se estabelece uma seção crítica na entrada, a
carga cinética de aproximação é des-
prezível e a perda de carga na e ntrada
é igual a 15% da carga cinética crítica,
·.·.·.·•·•· 1D
_ç__
mostre que Q = I ,3305 D 512 .

10.12 Um reservatório de grandes


dimensões alimenta um aqueduto cir- Figura 10.23 Problema 10.1 1.
cular, aberto, de 2,0 m de diâmetro, co-
eficiente de rugos idade n = 0,015 ,
declividade Io= 0,002 mim. Sabendo que o fu ndo do aqueduto na seção da sa-
ída do reservatório está 1,15 m abaixo do nível d 'água deste, e que a perda de
carga na entrada do aqueduto é cerca de 10% da energia disponível a montante,
determine a vazão. Justifique a resposta.
[Q = 2,36 m3/s]

~'
10.13 Determine a relação entre a altura crítica e a energia mínima YcfEc,
para a seção mostrada na Figura 10.24. ~I
Y. . I
[ycfEc = 0,76]

Figura 10.24 Problema I0. 13.


10.14 Se ~é o ângulo mostrado na Figura I0.25 no escoamento em um ca-
nal circular, mostre que, se o escoamento é crítico, a segui nte relação é verda-
deira.

Q2 (~- sen ~ cos ~) 3


g0 5 64sen ~

Figura 10.25 Problema I0.14. 10.15 Determine a capacidade de vazão de um canal trapezoidal, com talu-
des I ,5H: I V, de alvenaria de pedra argamassada, em cond ições regulares, e
fundo de concreto magro. A altura d'água no regime uniforme é 0,80 me a lar-
gura ele fund o I ,60 m. Verifique se esta seção é de mínimo perímetro molha-
do e calcule o número ele Froude do escoamento. Decl ividade ele fundo, Io =
0,0007 m/m.
[Q = 1,72 m3/s ; Não ; Fr = 0,328]

10.16 Um canal retangular de concreto, n =0,0 I 5, ele I ,O m de largura, trans-


porta em regime uniforme uma vazão de I ,6 m3/s, com declividade ln =
0,0043 m/m e passa através ele uma transição na qual o fundo se eleva de
O, I O m. Qual deve ser a nova largura requerida para que o nível d'água perma-
neça constante. Despreze as perdas na transição.
[b~ = I , 15 m]

10.17 Para determinar a vazão em um canal de 8,0 m de largura na su per-


Mostre que em um canal retangular fície livre e em regime fluvi al, provocou-se uma perturbação na superfície (jo-
largo, a relação entre a altura normal e
a altura crítica é dada por:
gou-se uma pedra) e mediu-se o tempo necessário para que as pequenas ondas
produzidas atingissem uma seção a 20 m do centro da perturbação. No senti-
Yo _[I
Yc v8Ç do do escoamento este tempo foi de 5 s e em sentido contrário foi de 7,5 s.
Determine a vazão.
em que f é o fator de atrito da equação
de Darcy-Weisbach e 1. a declividade
de fundo. [Q = 6,05 m3/s]

10.18 O canalete de concreto elo Laboratório ele Hidráulica da EESC possui


seção útil de 21 em de largura por 35 em ele altura. Para uma vazão ele 12 1/s,
a altura d'água no canalete é de 8 em. Determine:
a) o tipo de escoamento no canalete para aquela vazão.
b) qual a máxima altura de um verteclor retangular ele parede espessa
(degrau), a ser colocado no fundo do canalete, para que com a vazão
de 12 1/s a água não extravase para fora. Despreze as perdas.
a) [Fluvial]; b) [D.Z, = 0,248 m]
Cap. 10

10.19 Um longo canal trapezoidal, de largura de fundo igual a I ,50 m, ta-


ludes I V: I H , declividade de fundo I .. = 0,0025 mim e coeficiente de ru-
gosidade de Manning n =0,018, é alimentado por um reservatório de grandes
dimensões e termina por uma queda brusca. Na extremidade final do canal,
nas proximidades da queda brusca, a altura d'água é 0,75 m. Determine a al-
tura da superfície livre do reservatório acima da soleira de fundo na seção de
entrada do canal. Despreze as perdas de carga na entrada do canal.
[H= I ,07 m]

10.20 Um reservatório de grandes dimensões, mantido em nível constante,


descarrega em um canal retangular bastante largo, de fraca declividade e igual
a lu= 0,001 mim, coeficiente de rugosidade de Manning n = 0,020. A carga
=
específica disponível é igual a Eo 2,0 m (diferença entre o N.A. no reservatório
e o fundo do canal na seção de entrada). Assumindo que a perda de carga
localizada na entrada do canal seja igual a 5% da energia disponível, isto é, 5%
de E,., determine a vazão unitária no canal.
[q = 3,64 m31(sm)]

10.21 Mostre que, para um canal retangular na seção de mínimo perímetro


molhado, se o escoamento uniforme for crítico, sendo n o coeficiente ele
rugosidade de Manning, a vazão e a declividade críticas são dadas por:

10.22 O trec ho final de uma galeria de águas pluviais, em concreto n = 0,0 13,
tem diâmetro ele 1,O me declividade de fundo I.,= 0,0006 mim. A galeria eles-
carrega livremente em um córrego com o nível de fundo mais alto que o ní-
vel d'água do córrego e a altura d'água na saída da galeria é igual a 0,40 m.
Determine:
a) a vazão descarregada;
b) a altura d'água no regime uniforme;
c) o número de Fraude no regime uniforme.
a) [Q = 0,5 m 31s]; b) [y.. = 0,71 m] ; c) [Fr = 0,33]

10.23 Em um canal de irrigação retangular de 6,0 m de largura, n = 0,015 e


decli vidade de fundo L= 0,00016 mim, escoa uma certa vazão em regime
uniforme e a a ltura d'água é igual a I ,O m. Uma calha venturi será instalada
no canal com o objetivo de levantar o nível d'água a sua montante. A calha de
Cap. 10

largura 3,0 m, seção retangular, deverá ter uma elevação no fundo (degrau) de
altura ó.Z, tal que a altura d'água imediatamente a sua montante eleve-se para
1,30 m. Desprezando as perdas na mudança de seção, determine:
a) a vazão no canal;
b) a sobrelevação necessária D.Z.
a) [Q = 4,17 m 3/s]; b) [ó.Z = 0,44 m]

10.24 Um canal circular de 2,0 m de diâmetro, n = 0,015 e com declividade


constante é alimentado por um reservatório de grandes dimensões. Sendo
Q = 3,0 m 3/s a vazão escoada, determine a altura d'água na seção inicial doca-
nal e a altura H da superfície livre do reservatório acima da soleira desta se-
ção, desprezando as perdas de carga na e ntrada do canal, para declividade de
fundo igual a:
a) lo = 0,030 mim
b) lo= 0,002 mim
a) [y::: 0,82 m; H= 1,16 m] ; b) y = 1,0 m; H = 1,19 m]

10.25 Um canal trapezoidal com largura de fundo igual a 1,0 m, inclinação


dos taludes 1,5H:1,0V, n = 0,015 e declividade de fundo lo= 0,001 mim, trans-
porta em regime uniforme uma vazão de 3,50 m3/s. Em uma determinada se-
ção existe uma transição suave para uma seção ainda trapezoidal, com a
mesma inclinação de taludes, porém com largura de fundo igual a b. Despre-
zando as perdas, determine:
a) o tipo de escoamento a montante da seção contraída;
b) a mínima largura b, para que as condições do escoamento a montante
da seção não sejam alteradas;
c) a altura d'água na seção contraída, na condição de largura mínima.
a) [Fluvial]; b) [bc = 0,55 m] ; c) [y = Yc = 0,85 m]

10.26 Para a galeria mostrada na Figura 10.26 o escoamento unifmme é crí-


tico com altura d'água Yc = 0,60 m. Sendo o coeficiente de rugosidade n = 0,018,
determine a vazão e a declividade de fundo.
[Q = 1,62 m3/s; lo= Ic = 0,0298 mim]
!,20m
10.27 Em uma indústria existe um reservatório com água, mantido em ní-
Figura 10.26 Problema 10.26. vel constante, que alimenta uma canaleta de forte declividade com seção tri-
angular e ângulo de abertura de 90°. O nível d'água no reservatório está a 0,35
m acima do fundo da canaleta, na sua seção de entrada. Estime a vazão, des-
Cap. 10 Energia ou Carga Específica

prezando as perdas de carga na transição do reservatório para a canaleta. Su-


gestão : utilize a Equação 10.44.
[Q = 9,18·10-2 m 3/s]

10.28 Mostre que em um canal retangular com altura d'água Y1 e regime


fluvial, a máxima elevação a ser dada no fundo do canal, sem afetar as con-
dições do escoamento a montante, isto é, sem provocar elevação Qa linha de
energia, é dada por:

Fr12
!:1Z c = yI [ I+- - 1' 5 · FrI 213 ]
2

em que Fr1 é o número de Fraude na seção 1, a montante da elevação.

10.29 Para a seção mostrada na Figura 10.27, determine:


a) a relação entre a altura crítica e a energia mínima yciEc; ~~~
~
b) se a declividade de fundo for igual à 10 (rn/m), calcule
Yc/2
a tensão média de cisalhamento no fundo, em função
de Yc e lo.
Figura 10.27 Problema I 0.29.
Dado peso específico da água y = 9 ,8x 103 N/m3 .
a) [yJEc = 0,812]; b) ['to = 3,585 Yc lo (kN/m2)]

10.30 Determine a altura crítica, para uma vazão de 2,0 m3/s, no canal de
seção quadrada mostrada na Figura 10.28.
[Yc = 0,944 m] E
o
co_

10.31 Um canal retangular de largura b transporta uma certa vazão Q e o


escoamento é crítico. Mostre que nestas condições o perímetro molhado é
mínimo se a altura d'água for igual à Yc = (3/4)-b.
Figura 10.28 Problema 10.30.
10.32 Mostre que, para um canal retangular, a relação entre a vazão uni-
tária q e a máxima vazão unitária qmáx e a altura d'água y e a correspondente
altura crítica Yc é dada por:

(-qmáx)2= 3(Yc-)2 - 2( Yc-)3


q y y
10.33 Detetmine a altura y na entrada de um longo canal trapezoidal de largu-
ra de fundo igual a 4,0 m, inclinação de taludes I H: 1V, alimentado por um gran-
de reservatório de nível constante, sendo conhecida a descarga Q = 7,0 m3/s e a
carga específica disponível Eo = 1,0 m (diferença entre o N.A. no reservatório e
o fundo do canal na seção de entrada). Despreze a perda de carga na transição.
[y =0,86 m]
10.34 Demonstre que em um canal triangular, com taludes 1V:2H, a vazão
crítica é dada pot... Q c = 4 '43y c2·5 . ·

10.35 Verificou-se que uma determinada vazão q pode escoar, em um canal


retangular, em regime fluvial com uma altura d'água igual a 2h e em regime
torrencial com um altura d'água igual a h. Determine a relação entre a altura
crítica Yc e a altura h, para aquela vazão.

[Yc = 1,39 h]

10.36 Água escoa em regime petmanente e uniforme em um canal retangular


com largura b = 1O me coeficiente de rugosidade de Manning n = 0,025.
Sendo Yo a altura d'água, lo a declividade de fundo e Fr o número de Fraude
do escoamento, mostre que:

- 4/3

10 = 0,00613Fr 2
Yo ( ~ )
5+yo

10.37 Mostre que, para um canal retangular muito largo, Rh = y, a decli-


vidade de fundo I é forte se

12,63n 2
I) 2/9 ,
q

em que n é o coeficiente de rugosidade Manning e q a vazão específica.

10.38 Qual deve ser o diâmetro D de uma galeria de águas pluviais, para que
com uma declividade de fundo 10 = 4,5 m/km e uma altura d'água y = 0,40-D,
o escoamento uniforme seja crítico. Coeficiente de rugosidade n = 0,015.
[D =1,50 m]
-

11 Cap. 11 Ressalto Hidráulico


335

-
RESSALTO HIDRÁULICO

11.1 GENERALIDADES "Ouviram uns golpes a compass o com


um certo retinir como ferro e cadeias,
O ressalto hidráulico ou salto hidráulico é o fenômeno que ocorre na que, junto ao furioso estrondo da
água, que lhes fazia acompanhamento,
transição de um escoamento torrencial ou supercrítico para um escoamento poriam pavor a quem quer que não
fluvial ou subcrítico. O escoamento é caracterizado por uma elevação brusca f ora Dom Quixote."

no nível d'água, sobre uma distância curta, acompanhada de uma instabilida- [Dom Quixote de la Mancha, Cap. XX-
1• parte - Miguel de Cervantes
de na superfície com ondulações e entrada de ar do ambiente e por uma con- Saavedra]
seqüente perda de energia em forma de g rande turbulência. O ressalto ocupa
uma posição fixa em um le ito uniforme, desde que o regime seja permanen-
te, e pode ser considerado como uma onda estacionária. Este fenômeno local
ocorre freqüentemente nas proximidades de uma comporta de regularização ou
ao pé de um vertedor de barragem. O ressalto é, principalme nte, utilizado
como dissipador de energia cinética de uma lâmina líquida que desce pelo pa-
ramento de um vertedor, evitando o aparecimento de um processo erosivo no
leito do canal de restituição. O ressalto também pode ser encontrado na entrada
de uma estação de tratamento de água, na calha Parshall, e é usado para pro-
mover uma boa mistura dos produtos químicos utilizados no processo de pu-
rificação da água.

11.2 DESCRIÇÃO DO RESSALTO


Serão estudadas as características de ressaltes que --- - L~,~~ - ---- -- ---- ---
ocorrem em canais horizontais ou de pequena declividade. c energia

A Figura 11 . I mostra o aspecto habitual de um ressalto. Há


uma diminui ção da velocidade média do escoamento, na Nível
direção do escoamento, com a presença de uma acentuada - - - criiicõ - -

turbulência. Se a elevação da linha d'água é pronunciada,


observa-se sobre a superfície criada na parte ascensional do
ressalto a formação de rolos d 'água de forma mais ou me- v,--;~~~;;~~~~;;~~;;~~~~7/~77~
Torrencial Ressalto Fluvial
nos regular e posição relativamente estável. A agitação da
massa d'água favorece a penetração de ar no escoamento F igura 11.1 Ressalto hidráulico.
com o aparecimento de bolhas de ar. A turbulência criada no
interior do ressalto e o movimento dos rolos d'água produ-
zem uma importante dissipação de energia.
O ressalto estacionário fica confinado entre duas seções, uma a montan-
te, onde o escoamento é torrencial, e outra a jusante, onde o escoamento é flu-
vial, nas quais a distribuição de pressão é hidrostática. As alturas d'água destas
seções, y 1 e yz, são as alturas ou profundidades conjugadas do ressalto. A
diferença, yz - y1, chama-se altura do ressalto e é um parâmetro importante
na caracterização do ressalto como dissipador de energia. A diferença de co-
tas na linha de energia ~E chama-se perda de carga no
ressalto.
Deve-se observar que o aspecto fís ico do ressalto
'777777777777/7/7/ '77777777777777777 varia de acordo com a velocidade na seção de montan-
a) Ressalto ondulado l < Fr, < 1.7 b) RessallO fraco I ,7 < Fr, < 2,5 te ou, mais precisamente, com o número de Froude nesta
Rolo .
seção. Distinguem-se as diferentes formas de um ressal-
rJ~SCI~C ---- to dependendo da elevação mais ou menos importante da
[
~~?:::::;'__::-

· :-:-:-·--
-..__/-
~~ ------- ~
:·:·:·:·:-· ~ ~ _.. . ._. . . --=:- - _.. ., supe1fície da água. A Figura 11.2 estabelece uma clas-
'77777/77/777/7?// . '77777/7//)//l/777 sificação do tipo de ressalto em função do número de
c) Ressallo oscilan!e 2.5 < Fr,< 4,5 d) Ressalto estacionário 4.5 <Fr,< 9,0 Fraude na seção de montante.
Figura 11.2 Tipos de ressaltas hidráulico em função do número No ressalto ondulado, a transição entre o escoa-
de Fraude a montante. mento torrencial e o fluvial ocorre de modo gradual e as
perdas de carga são essencialmente devidas ao atrito nas
paredes e fundo.
O ressalto fraco ainda tem aspecto ondular, mas com zonas de separação
na superfície líquida, e as perdas de carga são baixas . Em geral, para Fn < 2,5,
não se considera o fenômeno como ressalto propriamente dito.
Para 2,5 < Fr1 < 4,5, o ressalto já se apresenta sob seu aspecto típico.
Nesta faixa o ressalto tem a tendência de se deslocar para jusante, não guar-
dando posição junto à fonte geradora.
O aspecto apresentado na Figura 11.2d corresponde ao que se denomi-
na ressalto ordinário ou ressalto estacionário e que cobre o domínio de apli-
cação do ressalto como dissipador de energia em obras hidráulicas. Para
números de Fraude na faixa entre 4,5 e 9,0, a dissipação de energia varia en-
tre 45% e 70% de energia disponível a montante.
Para Fn > 9, que caracteriza o ressalto forte, em geral não é utilizado
nas construções hidráulicas devido a efeitos colaterais sobre as estruturas de
dissipação, como processos abrasivos ou mesmo cavitação.

11.3 FORÇA ESPECÍFICA


Como problema importante no estudo do ressalto, apresenta-se aquele
relativo ao relacionamento das alturas conjugadas, para uma dada geometria
do canal e uma dada vazão. Por ser o escoamento bruscamente variado, acom-
panhado de uma brusca mudança na força hidrostática, seu estudo deverá ser
feito a partir do teorema da quantidade de movimento, aplicado ao líquido con-
Cap. 11

finado ao volume de controle limitado pelas seções nas quais ocorrem as al-
turas conjugadas.
Para um escoamento permanente, o teorema da quantidade de movimen-
to mostra que a resultante de todas as forças que atuam sobre o volume de con-
trole é igual ao fluxo da quantidade de movimento através da superfície de
controle.
Supondo um canal de fraca declividade e observando que a componente
do peso e a força tangencial nas paredes e fundo são opostas e de pequenas
magnitudes, pode-se desprezá-las com o intuito de obter uma expressão sim-
ples. Assim, sobre o volume de controle atuarão as forças de distribuição de
pressão nas seções 1 e 2 da Figura 11.1. Desta fotma, tem-se, para escoamento
unidimensional :

:LFx= Jvx(pV·dÃ) ou (11.1 )


se

(11.2)

Da Estática dos Fluidos, a força de pressão sobre uma área plana é dada
por: F= y y A, em que, como na Seção 8.2., y é a distância vertical desde
a superfície livre até o centro de gravidade da seção molhada. Portanto:

(11.3)

(11.4)

Na equação anterior, para um dado valor de Q, os demais termos são


funções da altura d'água y.
Definindo como força específica ou, segundo outros autores, como im-
pulsão total a função:
F (y)= -
Q2-+ yA
(1 1.5)
gA

verifica-se que, no ressalto hidráulico estacionário, esta função assume o mes-


mo valor a montante e a jusante, isto é:

(11.6)

Colocando-se em gráfico a altura d'água y contra a força específica F,


para uma dada geometria do canal e vazão, obtém-se a curva de força espe-
cífica que possui as seguintes propriedades (ver Equação 11.5 e Figura 11 .3) :
a) se y ~O :. F ~ oo e a curva é assintótica ao eixo das abscissas;
b) se y ~ oo :. F~ oo e a curva estende-se indefinidamente para a di-
reita;
c) se y = Yc, F passa por um mínimo, qualquer que seja a forma do canal;
d) para um dado valor da força específica F, a curva apresenta duas al-
turas YJ e y2, que são as alturas conjugadas do ressalto.
A terceira propriedade da curva da força específica pode ser facilmen-
te deduzida observando a Figura 11 .3, diferenciando a Equação 11 .5 e igua-
lando a zero. Assim:
y

I
--- - - ,-- - d F(y) Q2 d A d
== - - -2 - - +- (y A ) =O (1 1.7)
dy gA dy dy .

Y~ c
Y_ _ _
Conforme mostrado na Equação 8 .14, a última
derivada da equação anterior é a própria área, assim:

Figura 11.3 Curva da força específica. Q2 dA


- -- -- +A =0
gA 2 d y

daí:

(1 1.8)

equação cuja raiz é y =Yc, portanto no regime crítico de escoamento a força


específica é mínima, para uma dada vazão, qualquer que seja a forma do ca-
na!. Observe que a Equação 11 .8 foi deduzida pela aplicação do teorema da
quantidade de movimento, enquanto chegou-se a este mesmo resultado no
Capítulo 10, Equação 10.42, usando a equação da energia.

11.4 CANAIS RETANGULARES


Para uma seção retangular, a Equação 11.4 pode ser escrita como:

2 2 _ q2 y2
~+2'.!.. - --+ - 2 (1 1.9)
g y, 2 g Y2 2

Como Yt-:;:. y2, tem-se:

Dividindo por y~, fica:


B" "'" " Bá•ioa Cap. 1i

-1 ± / 1+ 8 Fr~
'1.2 - ---"-'-----
YJ 2

Como para haver ressalto y2/y 1 > 1 tem-se:

(11.10)

equação esta que fornece a relação entre as alturas conjugadas em função do


número de Froude na seção de montante, em canais retangulares.
Se somente as condições de jusante, seção 2, forem conhecidas, um de-
senvolvimento análogo leva a:

(11.1 1)

Então, se a altura e a velocidade média do escoamento forem conheci-


das em um dos lados do ressalto, os correspondentes valores do outro lado
podem ser determinados usando-se a Equação 11.1 O ou 11.11.
Para que o ressalto ocorra é necessário que y2> y1, portanto:

Observe que o segundo termo do lado


~~ >1 :. ±[~1+8Fr~ -1] >1 :. ~1 +8Fr~ >3
direito da Equação 11.5, yA, é o
momento estático da seção molhada,
cuja derivada em relação a y é a
própria área. O conceito de momento
Logo: 1 + 8 Fr~ > 9 :. Fr~ > 1 :. Fr1 > 1
estático de uma seção também é
utilizado em Resistência dos Materiais.
Donde se conclui que só haverá ressalto se o escoamento a montante da
singularidade for torrencial.
É importante observar que esta condição não é necessária e suficiente,
é só necessária, isto é, se o escoamento for toiTencial e a singularidade produzir
a altura requerida y2 no regime fluvial, o ressalto se forma; se não, o escoamen-
to continua torrencial, sem a fmmação do ressalto. Isto é válido qualquer que
seja a forma da seção.
11.5 CANAIS NAO RETANGULARES
Para canais trapezoidais, circulares, triangulares ou pmbúlicos, podem
ser desenvolvidas, a partir da Equação 11.4. expressões adimensionais que re-
lacionam as alturas conjugadas com o número de Froude na seçáo em qne o
escoamento é torrencial.
Para as seções trapezoidais shétncas, com largura de fundo b e incli-
nqão dos taludes IVZH,um desenvolvimento adimensional da Equação 11.4
pode ser feito a partir das seguintes cbnbiderações geom6tricas.
A força de pressão hidrosíática em um canal de seção hapezoidal simé-
trica de altura d'figua y é dada por:

Deste modo, a expressão da força específica na se@o toma-se:

O nítmero de Froude é dado pela Equação 10.43, na forma:

A Equação 11.13 pode ser adimensionalizadaem função de uês adimen-


sionais, o número de Froude na q ã o do escoamento torrencial, Fri, a relqão
entre as alturas conjugadas, Y = ydyi, e uma espécie de razão de aspecto da
seção, M = Zy i/b. A expressão é desenvolvida, tomando-se:

A Figura 11.4 apresenta os valores de Y para cada valor de Fri e M, 0s


quais foram obt!dos como a raiz positiva da Equação 11.15.
Cap. 11

10 Na Figura 11.4, M =O corresponde à


seção retangular, enquanto M = oo corres-
ponde à seção triangular e, para Frt fixo, a
relação entre as alturas conjugadas Y de-
cresce quando M cresce.
? T-----r---~r----4-----+~---b~~~

~ 6 +------f------1----+~ -c>"---1--::o""'---7""+-----::,....,
11
EXEMPLO 11.1
>-
Um vertedor de uma barragem des-
canega em um canal retangular, suficiente-
mente longo, uma vazão unitária q = 4,0 m 3/
3 (sm). O canal tem declividade de fundo lo=
0,0001 mim, revestimento de concreto em
2
condições regulares e pode ser considerado
largo. Oconendo um ressalto hidráulico nes-
2 3 4 5 6 7 8 9 te canal, determi ne suas alturas conjugadas.
Se o canal é largo, o raio hid ráulico
é igual à a ltura d'água, e a altura normal
Figura 11.4 Relação das alturas conjugadas em função de Fr 1 eM, canais trape- pode ser de terminada pela fór mula de
7.oidais.
Manning, na fonna:

~ ~ 0,016-4,0 = ~
Fo = y o yo
2/3
~ 0,000 1 yo
5/3
yo
=305m
- '

2
Cálculo da altura crítica: Yc = (.9._) 113 ~ Yc = 1,18 m < Yo = 3,05 m
g

Portanto, o canal é de fraca declividade e o escoamento uniforme é flu-


via i.
Como o cana l é longo, e m alguma seção a jusan te do pé do vertedor
ocorre rá um ressalto hidráulico, com altura d'água conjugada no regime flu-
vial Y2 = Yo = 3,05 m. O número de Fraude no regime fluvial vale:

2
2 q 16
O ressalto hidráulico sempre ocorre Fr2 = - 3 = = 0,057 ~ F12 = 0,24
na passagem de uma profundidade gy 2 9,8·3,05 3
inferior à normal para uma superior?

Pela Equação 1 I .11 , a a ltura conjugada no regime tonencial vale:


Cap. 11 """"o Hid<á"lioo B
L = _!_ [~1 + 8 · 0,057 - 1] :. y 1 = 0,32 m
3,05 2

EXEMPLO 11.2

Um canal retangular de 3 m de largura transp01ta uma vazão de 14 m3/s


com altura d' água unif01me e igual a 0,60 m. Em uma determinada seção, a
largura é reduzida para produzir um ressalto hidráuli co. Calcular a largura da
con strição para que o ressalto se forme exatamente a montante da garganta.
Despreze as perdas após o ressalto.
Determinação do tipo de escoamento no canal :

2
Fr 2 = ~3 = (1 4 13•0 )3 = 10,29 :. Fr1 = 3,21 > I, escoamento torrencial.
I gy 9 8·0 60
I ' '

A altura conjugada no regime fluvial y2 é dada pela Equação 11.10.

h=_!_ [~1 +8Fr~ - 1] :. _)'_]_ = _!_ [~1 +8·10,29-1] :. y 2 =2,44m


Yl 2 0,60 2

Como a redução na largura alterou as condições do escoamento a mon-


tante, o regime fluvial y2 = 2,44 m passará a crítico na garganta e, na seqüên-
cia, retornará a torrencial. A energia na seção 2 vale:

q2 (14/3,0) 2
E 2 =y 2 + - -2 =2,44+ 2 = 2,63 m
2gy2 19,6·2,44

e como na garganta, seção 3, o escoamento é crítico, a equação da energia


(observe que é após o ressalto) fica:

23 yc3 = 2,63 m =1,75 m

r:.
E 2 = E c3 = :. y c3

e Yo3 = (:i 3
q 3 =7,25 m /(sm)

Pela continuidade, Q = q3 · b3 = 14 :. b3 = 1,93 m.


EXEMPLO 11.3

A altura d ' água no regime torrencial e m um canal trapezoidal com largura


de fundo igual a 3,0 m, inclinação dos taludes Z = 1,5 e vazão de 20 m 3/s vale
yr = 0 ,50 m . Determine a altura conjugada no regime fluvial.
Na seção 1, os parâmetros geométricos e hidráulicos valem:
• área A 1 = (m 1 + Z )y 12 = (3,0/0,50 + 1,5) 0,502 = 1,875 m 2 ;
• largura na superfície B 1 = b + 2·Zy 1 = 3,0 + 2·1 ,5·0,50 = 4,5 m;
• altura hidráulica H mt= A,/B, = 1,875/4,5 = 0,417 m;
• velocidade média v, = Q!A, = 2011,875 = 10,67 rn/s.

10 67
N umero
, de F rou de F r1 = ~ V, = • = 528
,
V gHml ~9,8·0,417

M = Zy 1_ = 1,5·0,50 0,25
b, 3,0

Na Figura 11.4, para Fr 1 = 5,28 eM = 0,25 vem:


Y = yzly, = 5,4 :. Y2 = 2,70 m

11.6 PERDA DE CARGA NO RESSALTO


A perda de carga no ressalto é igual à diferença de energia antes e de-
pois do salto. Desta forma:

(11. 16)

No caso particular do canal retangular, a equação anterior pode ser de-


senvolv ida, chegando-se a:

(1 1.1 7)

o que mostra que a perda de carga aumenta consideravelmente com a altura do


ressalto (y2- Yt).
Se a perda de carga no ressal- 7
to pode ser calculada a partir de f- f- 1-

uma expressão deduzida analitica- r- t- - I-


1.-- t- ..
mente, o mesmo não se dá com o 6
-

t
comprimento do ressalto, distância
entre as seções em que ocorrem as Lj ·I
5

yl~~
alturas conjugadas. A experiência
tem mostrado que, para canais re-
tangulares, o comprimento Lj de um r
4
ressalto estacionário é bem definido
e se situa normalmente entre 5 e 7
~~'-d~~1:-f~~~".:'~T __~~:s~,~~-~~~~:~
Melhor
__ t -----_________ f·-------__~=~:·~lO ~"'~"--- ____
Desempenho Bacra de dissipação
me I I dfem~en~o I aceitáv~l -j .LJ J d?l"d/ol" ç:r::I:L
vezes o valor de sua altura (y2 - YJ), 1
2 3 4 5 6 7 8 9 1O I I I 2 13 14 l 5 16 17 18 19 20
ou, segundo certos autores, o com- o.<
l'r1= V.f(gy1)
primento é da ordem de 6y2.
Figura 11.5 Comprimento do ressalto em função do número de Froude, seção retangular.
A Figura 11.5 apresenta o grá-
fico adimensional do comprimento
do ressalto, em canais retangulares, em função do número de Froude na entrada
do ressalto.
Devem ser observados na Figura 11.5 as faixas de desempenho do res-
salto em função do número de Froude e que, para 4,5 < Fr1 < I O, que é a fai-
xa nonnalmente utilizada em projetos de dissipação de energia, o comprimento
do ressalto é cerca de seis vezes o valor da altura alternada no regime fluvial.
A eficiência do ressalto é medida pela sua capacidade de dissipação da
energia mecânica do escoamento torrencial e é definida por:

(11.18)

na qual f..E é a perda de carga dada pela Equação 11 .17 e E1 é a energia espe-
cífica na seção a montante do ressalto.
Importante também é a inter-relação entre as curvas de energia específi- Em um determinado canal, desde
que se estabeleça um escoamento
ca e força específica para um ressalto. A Figura 11 .6 apresenta este relaciona- torrencial, ocorrerá um ressalto
mento, em que deve ser observado que não se deve confundir alturas alternadas hidráulico?

com alturas conjugadas.


Devido à perda de carga no ressalto, a altura Y2 é sempre menor do que
seria a altura alternada de Y1 (y2) se não houvesse o ressalto, como mostra a
Figura 11.6. O nível crítico COITesponde ao ponto de mínimo das duas curvas.
Hidráulica Básica Cap. 11
346

2
' EXEMPLO 11.4
I
y

Um canal retangular bem


longo, de 2,0 m de largura, em con-
creto em boas condi ções, possui
uma comporta plana e vertical de
mesma largura, como na Figura
11.7. Sendo a perda de carga na
comporta igual a 5% da energia
F disponível a sua montante, determi-
ne qual deve ser a declividade do
Figura 11.6 Inter-relação entre as curvas y x E e y x F. canal para que a altura conjugada
no regime torrencial, do ressalto que
se forma a jusante da comporta, seja
igual a 0,30 m . Determine também a perda de carga no ressalto, a eficiência e
seu comprimento. A altura de água na seção contraída da lâmina vale 0,25 m.
Aplicando a equação da energia entre uma seção a montante da compor-
ta e a seção contraída da lâmina, na qual a distribuição de pressão é hidrostática
(escoamento paralelo), vem: Eo =E,+ Llilol·

q2 q2 ,
Portanto: Yo + - - 2 = y 1 + - - 2 + L'.Hoi' da1
2gy 0 2gy 1

Q q2 2
1,60m 1,60 + 2 = o 25 + q +
19,6 ·1,60 ' 19,6 . 0,25 2
2
+ 0,05·(1,60+ q ) :. q=1,26 m 3 /(sm)
Figura 11.7 Exemplo 11.4. 19,6 ·1,60 2

Na seção contraída da lâmina, o número de Fraude vale:

v (1,26/ 0,25)
F r = ,..-;:-:-: = ~
.
= 3,22, portanto escoamento torrenctal.
v gy 9,8·0,25

Como o canal é longo, a altura conjugada do ressalto no regime fluvial


será a altura d 'água no regime uniforme . Pela Equação 11.1 O, a altura con-
jugada Y2 vale:
Cap. 11

y 2 ==
y1 2
2_[~1 + 8Fr 2
1 - 1] :..1l_ == 2_ [
Ü,3Ü 2
I+ 8
1·262
9,8 · Ü,3Ü)
- 1]

y2 = y = 0,90 m
0

Cálculo da decli vidade de fundo para uma altura normal y., == 0,90 m e
Q == q · b = I ,26 · 2,0=2,52 m 3/s.

Para ~
b == 0,90
, == Q
O,4.c) Tabe Ia 8 .3 ~ K 2 == b n JI: 0,01 4. 2,52
8/3 r;- =0 , 172
20 813
2,0 v 10

Logo: l u= 0 ,00 I 04 m/ m
A perda de carga é dada pe la Equação li .17.

3
.(:. .0,90 - 0,30)
. .:__ .:...._:._ = 0,20 m
4 . 0,90 . 0,30

A eficiência vale:

Llli 0,20
11 - - - = 16,7%
- E, - 0,30 + 1,262 I 19,6 · 0,30 2

v
P ara Fr1 ==--1 - == .
(1,26/ 0,30)
== 2,45 ( ressalto fraco), na Figu ra 11 .5 o
.;gy: J9,8. 0,30
comprimento Li vale: L/Y2 =4,8 : . Li = 4,32 m.

11.7 PROBLEMAS

11.1 Em um canal retangula r está ocorrendo um ressal-


to hidráulico, como na F igura 11 .8. Na impossibilidade de
medir as alturas conjugadas y, e y2, foram colocados dois
tubos de Pitot. P ara !:::.y = 0,50 m e !:::.H = 0 ,05 m, determine
as alturas conjugadas e a vazão por unidade de largura.
[y, = 0,58 m ; y2 = 1,0 8 m; q = 2,26 m 3/(sm)]
Figura 11.8 Problema 11. 1.
11.2 Um canal trapezoidal de largura de fundo igual a 1,O m e taludes
1H: 1V transporta uma vazão de 3,5 m 3/s e, em uma determinada seção A, a
altura d ' água vale 0,95 m. Verifique se uma singularidade qualquer, ajusante
desta seção, poderá produzir um ressalto hidráulico no canal entre a seção A
e a singularidade. Justifique sua resposta.
[Não há possibilidade de ocorrer o ressalto]

11.3 Partindo da equação da força específica, para as seções de montante


e jusante de um ressalto hidráulico em um canal retangular, mostre que, entre
os números de Froude nas seções, existe a relação:

+ 2Fr~ + 2Fri
Fr413 Fr4/3
I 2

11.4 Demonstre que, em um canal retangular na condição de regime críti-


co, existe a seguinte relação entre a força específica, por unidade de largura,
e a energia mínima: Fc = Yc Ec.

11.5 Em um canal no qual está ocorrendo um ressalto hidráulico, o núme-


ro de Froude na seção de escoamento torrencial é igual a 5,0. Para uma altu-
ra do ressalto igual a 1,20 m, determine a vazão unitária e a perda de carga no
ressalto.
[q = 1,56 m 3/(sm); L\E = 1,42 m]
11.6 Em um longo canal retangular de 2,5 m de largura, coeficiente de
rugosidade n = 0,016 e declividade de fundo Ia = 0,01 O mim, escoa uma va-
zão de 10,0 m 3 /s, em regime uniforme. Em uma seção existe um degrau
construído para provocar um ressalto hidráulico, a sua montante. Assumindo
escoamento crítico sobre o degrau, determine as alturas conjugadas do ressalto
e a altura do degrau.
[YI = Yo = 0,96 m; Yz = 1,43 m; L\Z = 0,062 m]

11.7 Em um longo canal trapezoidal com 1,0 m de largura de fundo, incli-


nação dos taludes 2H: 1V, coeficiente de rugosidade n = 0,015, declividade de
fundo l o = 0,0015 m/m, foi colocado um vertedor de parede espessa (degrau)
de 0,25 m de altura, provocando o aparecimento de um ressalto a sua jusante
e de um remanso de elevação a sua montan te . A altura d'água em cima do
degrau é de 0,65 m. Determinar a vazão, a altura d 'água no canal antes da co-
locação do degrau e a altura d'água imediatamente a montante do degrau.
[Q =4,54 m 3/s; Yo = 0,94 m; YI = I ,02 m]
Cap. 11 Ressalto Hidráulico

11.8 A partir da equação das alturas conjugadas de um ressalto hidráulico


em um canal retangular, demonstre que:

8Fr~
Fr 22 = -;====~--
( ~ 1 + 8 Fr~ - 1)
3

11.9 Um escoamento torrencial de 4,80 m 3/s ocorre a uma profundidade de


0,80 m em um canal aberto em forma de V (triangular), com inclinação dos ta-
ludes Z = 1,5. Calcule a profundidade imediatamente ajusante de um ressalto.
[y2 = 1,60 m]
11.10 Qual a relação entre as alturas conjugadas de um ressalto em um ca-
nal retangular, que dissipa 1/3 da energia total do escoamento de aproximação.
[yzly 1 = 4,52]

11.11 Para as condições da Figura 11 .9, calcule y, f.'...Z e yz sa-


E
bendo que o escoamento é bidimensional. Estabeleça qualquer o
"!.
hipótese necessária à resolução do problema.
[y = 0,61 m; f.'...Z = 0,64 m; y2 = I ,08 m]
Figura 11.9 Problema 11.11 .
11.12 Um vertedor de uma barragem descarrega uma vazão
unitária q = 7 ,O m 3/(sm) em uma bacia de dissipação retangu-
lar de mesma largura que o vertedor. A formação de um ressalto
hidráulico deverá ser realizada pela colocação de uma so-
leira elevada na extremidade da bacia. Assumindo esco-
amento crítico sobre a soleira, determine a altura f.'...Z
requerida pela soleira para que o ressalto se forme den-
tro da bacia de dissipação. Despreze as perdas de carga
no escoamento pelo vertedor.
[f.'...Z = 1,10 m]
Figura 11.10 Problema 11. 12.
11.13 Em um canal trapezoidal de 1,20 m de largura de
fundo, inclinação dos taludes 1V:2H, está ocoiTendo um
ressalto hidráulico com alturas conjugadas y 1 = 0,48 m e y2 = I ,44 m. Estime
a vazão.
[Q = 6,36 m 3/s]
11.14 Mostre que a relação e ntre o gan ho de energia potencial, definido pela
diferença y2 - y,, e a perda de energia ci nética, definida pela diferença:
? ? 4
v,-- Vi. no ressalto hidráu lico e m um canal retangu lar vale: y, Y2 2
2g ( Y1 + Y2 )

11.15 Um vertedor de uma barragem descarrega em um canal retangular su-


fi ciente mente longo uma vazão unitária q = 7 ,O m 3/(sm). O canal tem dec li-
vidade de fundo l o = 0,000 I m/m, revestimento de concreto em condições
regulares e pode ser considerado largo. Ocorrendo um ressalto hidráulico neste
canal, determine suas alturas conjugadas.
[y, = 0,49 m; Y2 = Yu = 4,26 m]
ll.ló Em um canal retangular escoa uma vazão unitária q = 0,5 m 3/(sm). Em
uma determinada seção há uma so leira de fundo co m altura 11Z = 0,25 m,
como na Figu ra 10.13b, e ocorre um ressa lto hidráulico imediatamente a
mo ntante da sole ira. Assumindo escoam ento c rítico em cima da soleira, deter-
mine as alturas conjugadas do ressalto. Despreze as perdas de carga após o
ressalto.
[y, = 0, 10 m; Y2 = 0,66 m]
11.17 Partindo da definição de altura do ressal to, hi = y 2 - y 1 , mostre que e m
um canal retangular, a relação entre a al tura do ressa lto e a energia específica
na e ntrada E 1 só depende elo número de Froude no escoamento ele aprox ima-
ção e vale:

h .I ~ 1+8Fr12 -3
2 + FrI2

Faça um gráfico de hj/E , versus Fr,. ( I :::; Fr, $ 14)

11.18 Em um cana l retangular, no qual está ocorrendo um ressalto hidráulico,


m ostre que a re lação entre a altura c rítica Yc e as alturas conj ugadas do ressalto
y, e Y2, é dada por:
-

12 Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores


351

ORIFÍCIOS -TUBOS CURTOS - VERTEDORES

12.1 INTRODUÇÃO
Serão analisados neste capítulo alguns tipos de escoamentos de escala " E a água corrente da fonte
e características distintas dos escoamentos em canais tratados até agora. O Corria sem responder.
E os pobres zagais do m onte
estudo dos escoamentos através de orifícios, tubos curtos e vertedores se faz Nada sabiam dizer."

com uma base teórica simples que, na maioria dos casos, não dispensa o acom- (Peregrina- Raimundo Correia)
panhamento de resultados da investigação experimental, na forma de coefici-
entes corretivos. Trata-se de um assunto de grande importância na Hidráulica
pela sua aplicação em di versas estruturas hidráulicas, como projetos de irriga-
ção, eclusas para navegação fluvial, bacias de detenção para controle de cheias
urbanas, estações de tratamento de água, medição de vazão de efluentes indus-
triais e de cursos d' água, tomadas d 'água em sistemas de abastecimento, pro-
jetos hidroelétricos etc.

12.2 ORIFÍCIOS
Define-se como orifício uma abertura de perímetro fechado, de forma
geométrica definid a (circul ar, retangular, triangular etc), realizada na parede
ou fundo de um reservatóri o ou na parede de um canal ou conduto em pres-
são, pela qual o líquido em repouso ou movimento escoa em virtude da ener-
gia potencial e/ou cinética que possui . O escoamento pelo orifício pode ser dar
para um ambiente sob pressão atmosférica ou para uma região ocupada pelo
mesmo líquido. No primeiro caso, a saída do líquido é dita ser descarga livre
e, no segundo caso, é chamada de descarga afogada ou por orifício submerso.

12.2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ORIFÍCIOS


Há vários critérios de classificação dos orifícios, segundo suas princi-
pais características. Deste modo, de acordo com a forma geométrica de seu
perímetro, podem ser circulares, retangulares, triangulares etc, e segundo a
orientação do plano do orifício em relação à supetfície livre do líquido, podem
ser verticais, horizontais ou inclinados, isto é, perpendiculares, paralelos ou
formando um certo ângulo com o plano horizontal do líquido. Sendo H a dis-
tância vertical entre o plano da superfície livre do líquido e a linha de centro
c
do orifício, de nominada carga sobre o orifício, estes podem ser c las-
s ificados como pequenos e grandes. São ditos pequenos se sua dimen-
são geométrica vertical, diâmetro ou altura, é me nor que um terço da
carga H.
Quanto à espessura da parede na qual está inserida a abertura
e a forma do j ato em contato com a superfície interna da parede, os
orifícios são classificados como de parede fina ou delgada e de pa-
rede grossa ou espessa. Os orifícios de parede fina são aqueles em que
c < 0,5 d
Parede fina Parede e5pessa a veia líquida só está em contato com a linha de contorno, perímetro
do orifício, Figura 12. 1a, e nos orifícios de parede espessa o jato adere
Figura 12.la. Figm·a 12.1b.
à parede da abertura segundo uma superfíc ie, F igura 12.1 b. Neste
último caso, a espessu ra da parede é me nor que uma vez e me ia a
menor dimensão do orifício. Se a es pessura da parede for duas a três vezes
maior que a menor dimensão da abertura, esta é c lassificada como um bocal.
O estudo dos orifíc ios de parede espessa se faz do mesmo modo que o dos
bocais.

12.3 DESCARGA LIVRE EM ORIFÍCIOS DE PAREDE FINA


A Figura 12.2 representa a seção transversal de um orifício vertical des-
carregando o líquido de um reservatório para a atmosfera. As partículas líquidas
afluem ao orifíc io de todas as direções, segundo trajetórias convergentes. Devido
à própria inércia e às componentes de velocidades parale las ao plano do orifí-
cio, as partículas não podem mudar de direção de forma brusca ao se aproxima-
rem da saída e continua m, portanto, movendo-se em trajetórias curvilíneas,
obrigando o jato a se contrair um pouco além da borda interna da abertura. Este
fenômeno é chamado de contraçüo do jato, de certa forma análogo ao que foi
discutido na Seção 3.3.1, sobre contração brusca e m mudança de seção, no es-
coamento sob pressão. A seção a-a em que esta contração, provocada pelo ori-
fício, é máxima é a seção contraída ou vena contrata, seção em que as trajetórias
das partículas são sensivelmente paralelas entre si , a distribuição de velocidade
/ Seçào contraída é uniforme, com área transversal igual a aproximadamente 60% da área geomé-
aj/ trica do orifício, e na qual a pressão é praticame nte uniforme em todos os pon-
tos e igual à pressão exterior da região em que a descarga está se dando.
Para um orifíc io circular de aresta viva e diâmetro D , a seção contraí-
da do jato situa-se a uma distânc ia aprox imada da parede interna da abertura
igual a 0,5 D .
A relação entre a área tran sversal do jato Ac. na seção contraída, e a
Figura 12.2 Seção contraída ele um jato área do orifício A é denominada coeficiente de contraçiio, Cc (ver Equação
li vre. 3.8), e pode ser determinada experimentalmente . Para orifícios c irculares de
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos- Vertedores

parede fina, o valor médio de Cc é da ordem de 0,62, variando com as dimen-


sões do orifício e com a carga H.

Ac área da seção contraída (12.1)


Cc = A= área do orifício

12.3.1 VAZÃO DESCARREGADA


Não considerando o efeito de contração do jato nem as perdas de car-
ga que ocorrem durante o escoamento do líquido através de um orifício de pe-
quenas dimensões, o problema de determinar a vazão descan·egada livremente
pode ser resolvido com a aplicação da equação de Bernoulli. Infelizmente, nas
aplicações práticas, nem as perdas de energia, nem a contração da veia podem
ser negligenciadas, uma vez que o conjunto dos dois efeitos faz com que a
vazão efetivamente descarregada seja aproximadamente 60% da vazão que teo-
ricamente passaria pelo orifício, como será visto a seguir.
Trata-se, portanto, de um assunto que, apesar de ser descrito por formu-
lações simples, não dispensa o auxílio da experimentação para o levantamento
de coeficientes que corrijam as equações teóricas. Deve-se ter em conta que es-
tes coefic ientes experimentais, apresentados na literatura, dependem do tipo e
forma da abertura e da carga sobre o orifício, entre outros fatores, com algu-
ma variação entre valores recomendados por fontes distintas. Isto implica que
a determinação da vazão nas aplicações práticas está afetada por uma certa
margem de incetteza, em geral e m torno de ± 5 %.
Considere, como na Figura 12.3, um orifício vertical, de pequenas di-
mensões, de parede delgada e área A, através do qual escoa um líquido de peso
específico y, entre duas regiões A e B. Sobre a superfície do líquido em A atua
uma pressão PA e a região B está ocupada pelo ar atmosférico, de peso espe-
cífico desprezível, e suje ita à pressão pa. Na região próxima ao orifício, a ve-
locidade média de aproximação do líquido é V m·
Considerando a linha de corrente a-b, a equação de Bernoulli para es-
coamento permanente e na ausência de perdas, aplicada entre os pontos C, no
líqu ido da região A, e D, no líquido na seção contraída, onde todas as linhas
de corrente são paralelas e a pressão é uniforme, fica:

2 2
-PA + h + -Vc +z -_ -PB +Yo
- (12.2)
y c 2g c y 2g

e por ser h = hc + zc,


N.A. ld
I p
ll
2g( h+ v~ + PA - Ps) (12.3)
2g y

G- ~
que é a expressão geral entre a velocidade teórica e a carga h em qualquer
ponto da trajetória. Tomando outra linha de corrente, ou trajetória, já que o

F igura 12.3
®
G c

Escoamento por um orifício.


®
escoamento é permanente, a velocidade dada pela Equação 12.3 variará para
cada linha de corrente, conforme o valor da carga h. Entretanto, consideran-
do o orifício de pequenas dimensões em relação à carga h, pode-se considerar
que na seção contraída c-e a velocidade é uniforme e igual àquela correspon-
dente à carga média H, distância vertical da superfície do líquido até o centro
de gravidade da seção contraída.
Aplicando a equação de Bernoulli ao tubo de corrente entre as seções
d-d e c-e, assumindo distribuição uniforme na seção d-d, coeficiente de Coriolis
a = 1 e velocidade média Vm, obtém-se o valor teórico da velocidade na seção
contraída, como:

V=
t (12.4)

Nos casos mais comuns de aplicação prática, as dimensões da região A,


em geral um reservatório, são muito maiores do que a área da seção contraí-
da e a carga cinética de aproximação pode ser desprezada. Além disso, em
geral as regiões A e B estão sujeitas à mesma pressão e igual à pressão atmos-
férica, o que simplifica a Equação 12.3, na forma:

(12.5)

A Equação 12.5, que fornece a velocidade teórica na seção contraída de


um jato através de um pequeno orifício, é uma das mais antigas leis racionais
da Hidráulica, estabelecida no século XVII e conhecida como teorema de
1. Evangelista Torricelli, físico italiano, Torricelli. 1
1608-1647.
Para propósitos práticos, a carga H da Equação 12.5 será assumida igual
à distância vertical desde a superfície livre do líquido até a linha de centro do
orifício, se este for vertical ou inclinado, ou até o plano do orifício, se este for
horizontal. Neste último caso, despreza-se a distância entre o fundo do reser-
vatório e a seção contraída da veia líquida.
Cap. 12 Orifícios- Tubos Cu rtos- Vertedores 355

Devido à existênc ia de perdas de energia no escoamento ao entrar no


orifício e durante a passagem pelo mesmo, a velocidade real na seção contraída
é ligeiramente inferior à velocidade teórica dada pela Equação 12.5. A relação
entre a velocidade real V e a velocidade teórica Vt. que teria lugar se não hou-
vesse perdas, denomina-se coeficiente de velocidade, Cv, cuja ordem de gran-
deza para orifícios circulares de parede fina é 0,98. Assim:

V velocidade reaJ
c =- = - - -- -- - (12.6)
v V1 velocidade teórica

(12.7)

A vazão real é o produto da área da seção contraída Ac pela velocidade


real V.

(12.8)

Finalmente, a vazão pelo orifício, usando a Equação 12. 1, é dada por:

(12.9)

Ao produto Cc Cv dá-se o nome de coeficiente de vazão ou de descar-


ga. Cd.
Ass im, a expressão geral para a vazão descarregada através de um ori-
fício de área A, de pequenas dimensões e parede fina, sujeito a uma carga H,
fica :

(12. 10)

A Equação 12.1Oé chamada de lei dos orifícios e é semelhante à Equa-


ção 4.31.
O coeficiente de vazão Cd tem valor médio prático igua l a 0,61, para
orifícios circulares de parede fina, variando com a forma geométrica, dimen-
sões e valor da carga. Os valores dos coeficientes de contração, velocidade e
vazão são levantados experimentalmente, e seus valores estão disponíveis em
obras como Lencastre (34), Avila (4), Balloffet et al. (7), entre outras.
A Tabela 12.1 apresenta os valores do coeficiente de vazão para orifí-
cios verticais, circulares e de parede fina, em função do diâmetro e da carga.
Tabela 12.1 Valores do coeficiente de vazão para orifícios circulares,
verticais de parede fina- Azevedo Netto (6).

Carga H (m) · Diâmetro do orifício (em)


2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,20 0,653 0,632 0,609 0,607 0,607
0,40 0,651 0,625 0,610 0,607 0,607
0,60 0,648 0,625 0,610 0,607 0,608
0,80 0,645 0,623 0,610 0,607 0,608
1,00 0,642 0,622 0,610 0,607 0,608
],50 0,638 0,622 0,610 0,607 0,608
2,00 0,636 0,622 0,610 0,607 0,608
3,00 0,634 0,621 0,611 0,607 0,608
5,00 0,634 0,621 0,611 0,607 0,608
10,00 0,634 0,621 0,611 0,607 0,609

12.4 PERDA DE CARGA EM ORIFÍCIOS


A passagem de um líquido através de um orifício se faz com um certo
consumo da energia disponível a montante da abertura. Esta perda de energia
é produto das resistências passivas devidas à viscosidade do líquido e ofere-
cida pela parede do depósito e pelo próprio ar. Portanto, nem toda energia
potencial, representada pela carga H, é transformada em energia cinética.
Considerando um fluido saindo de um orifíc io para a pressão atmosfé-
rica, sob carga total H , a velocidade real é dada por V = C v~ 2g H , portanto
a carga original vale:

1 y2
H = ~ --
(12.1 1)
C~ 2g

A velocidade real do jato através de


A energia remanescente do jato é a carga cinética correspondente à ve-
um orificio de pequenas dimensões, loc idade real V e dada por V2/2g. A perda de carga é a diferença entre a ener-
sujeito a uma carga H e escoando
livremente para a atmosfer~po de ser gia inicial e a remanescente e igual a:
maior do que J2g H?
~h= _1 Y..!._- y2 =(-1-- ]) . Y..!._ ( 12.12)
c~ 2g 2g c~ 2g

A perda de carga também pode ser expressa como um fator da carga


inicial H , relacionando-se as Equações 12.11 e 12.12, o que leva a:

(12.13)
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores

Para Cv = 0,98, a perda de carga vale ~h= 0,04·H, o que equivale dizer
que 4% da carga hidrostática é consumida por atrito.
As Equações 12.12 e 12. 13 são válidas para qualquer tipo de orifício de
pequenas dime nsões, incluindo os de parede espessa, c ujo coeficiente de ve-
locidade seja conhecido.

12.5 DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DOS COEFICIENTES DE


UM ORIFÍCIO
Em geral, do ponto de vista prático em Engenharia, o que interessa é a
descarga pelo orifício; o coeficiente Cd relativo a ela é o que tem mais valia e
este coeficiente pode ser calculado pela Equação 12. 1O, se forem determina-
das experimentalmente a descarga Q, de modo gravimétrico com auxílio de um
recipiente calibrado e um c ronômetro, a área do orifício A e a carga total H.
O coeficiente Cd em geral não é constante para um dado orifício, variando com
a carga, as condições de afluxo e a viscosidade de líquido.
A determinação experimental do coeficiente de contração Cc é feita por
meio de um calibrador de compasso instalado na seção contraída, medindo-se
o diâmetro da seção. Se a localização exata da seção contraída for difícil, co-
loca-se o calibrador a uma distância da parede do orifício igual a 0,5 D, em que
D é o diâmetro da abertura.
O coeficiente de velocidade Cv pode ser determinado por via direta, co-
locando-se um tubo de Pitot na seção contraída e dete1minando-se a velocidade
real V, que dividida pela velocidade teórica V t =~ 2g H fom ece o valor do
coeficiente. Outra maneira de determinar o coeficiente de velocidade é através
do método das coordenadas, descrito a seguir.
A Figura 12 .4 mostra um jato saindo de um orifício em parede vertical,
e passando na seção contraída, horizontalmente, com velocidade V. Devido à
presença da gravidade, o jato assume uma traj etória em f01ma parabólica, re-
sultante da composição de um movimento retilíneo e uniforme na horizontal
e de um movimento vertical uniformeme nte acelerado com acele ração g e
velocidade inicial nula. Sejam x e y as coordenadas de um ponto qualquer da
trajetória e desprezando-se a resistência ao movimento exercida pelo ar, pode-
se utilizar as equações da cinemática, nas duas direções, horizontal e vertical. Figura 12.4 Determinação do coefi-
ciente ele velocidade.
A componente hori zontal da velocidade do jato é constante e igual a V,
portanto a abscissa x em um tempo qualque r vale:

X= Vt ( 12.14)

Na vertical, o movimento é regido pela lei da queda dos corpos, portanto


no mesmo tempo t a partícula se encontra em uma ordenada:
B HldcMoa Bá•loa c,.,. 12

1 2
y= - gt (12.15)
2

Eliminando o tempo t nas duas equações, tem-se:

(12.16)
A perda de carga em um orifício de
pequenas dimensões, sendo H a carga
disponível e v, a velocidade teórica, que é a equação de uma parábola, de vértice em A, que fornece V em função
pode ser expressa por:
vz de x e y, determinados experimentalmente, e daí Cv como:
H - - ' ?
2g

(12.17)

Este método das coordenadas também é empregado, de maneira práti-


ca, na determinação da vazão pela extremidade aberta de um tubo horizontal.

12.6 TEORIA DOS GRANDES ORIFfCIOS


Se a dimensão vertical de um orifício é grande, a carga hidros-
tática que produz o fluxo é substancialmente menor no bordo supe-
rior da abertura que no bordo inferior. Então, a vazão determinada
pela Equação 12. 1O para um pequeno orifício, usando a carga H
medida em relação ao centro do orifício, não é a vazão verdadeira,
uma vez que as velocidades dos filetes líquidos diferem razoavel-
mente do topo até o fundo da abertura. O método utilizado é calcu-
lar a vazão elementar através de uma faixa horizontal de altura
infinitesimal, usando a Equação 12.1O, como na Figura 12.5, e inte-
grar do topo até o fundo da abertura para obter a vazão teórica, da
Figura 12.5 Orifício de grandes dimensões.
qual a vazão real pode ser obtida se o coeficiente de vazão for co-
nhecido.
A vazão elementar, em uma faixa horizontal de espessura dh, é dada
por:

(12.18)

Admitindo que o valor do coeficiente Cd seja praticamente o mesmo


para todas as fai xas, se obtém:
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores

h h

Q = cd f~2gh bdh = cd .j2g f../hbdh (12.19)

A integração da expressão anterior exige o conhecimento da função


que relaciona a largura b com a altura h, função que depende da fmma ge- ···-- ....
ométrica do orifício. No caso particular de um orifício retangular de largura
hl
b, altura a e área A, como na Figura 12.6, a Equação 12.19 toma-se: H
h2

I
I b
C.G.
IJ
I

I
ou Figura 12.6 Orifício retangular de gran-
des dimensões.
3/2 h 3/2
Q =3:.c A~ h 2 - I (12.20)
3 d " ...g h - h
2 I

Conforme definido na Seção 12.2, o orifício é classificado como de pe-


quenas dimensões se sua dimensão vertical é menor que um terço da carga mé-
dia H. Esta propriedade pode ser mostrada comparando-se as vazões
calculadas pela Equação 12.10 (pequenas dimensões) e pela Equação 12.20
(grandes dimensões) . Para o mesmo coeficiente de vazão, dividindo-se a Equa-
ção 12.20 pela Equação 12. 1O, tem-se o fator a dado por:

3:. c d '\f~g
-"!;;
b ( h 2 3/2 - h I 3/2 )
a= 3 (12.21)
Cd ab~ 2gH

Como pela Figura 12.6, h2 =H+ a/2 e h1 =H - a/2, vem:

3:.[< H + ..!_ )3/2 _ ( H _ ..!_ )3/2]


=3 a 2 a 2 (12.22)

~
O fator a pode ser calculado em função da re lação H/a (carga média/
altura do orifício), como na Tabela 12.2.

Tabela 12.2 Valores do fator u em função da relação carga média/altura do orifício.

H/a a
0,5 0,9428
1 0,9890
1,5 0,9953
2 0,9974
2,5 0,9983
3 0,9988

Portanto, um orifício re tangular e m que a carga sobre o centro de gra-


vidade é três vezes maior do que a dimensão vertical, a= I , pode ser consi-
de ra do como de pequenas dimensões e a vazão descar regada pode ser
calculada pela Equação 12. 1O, em vez da Equação 12.20.

12.7 ORIFÍCIOS AFOGADOS


O orifício é dito afogado ou submerso quando a cota do nível d'água a
jusante é superior à cota do topo do orifíc io. Sejam, como na Figura 12.7, dois
reservatórios de grandes dimensões, nos quais a área da seção transversal é muito
maior que a área A do orifício, de modo que a carga cinética de aproximação seja
desprezível. Sendo H a diferença de nível, no escoamento permanente, a aplica-
ção da equação de Bernoulli entre as seções a-a e b-b, esta última coincidente
com a seção contraída do jato, levando em conta a perda de carga, fica:

Figura 12.7 Orifício afogado.


hI = h 2 + -y 2 + ~h = y2
h2 + -
( I Jy2
+ - - I - (12.23)
2g 2g c~ 2g

A aplicação da equação de Bernoulli entre uma seção no reservatório de


montante e a seção b-b pressupõe que nesta última seção a distribuição de
pressão seja hidrostática, hipótese válida se h2 fo r muito maior que a dimen-
são vertical do orifício.
A Equação 12.23 torna-se:

(12.24)

A vazão é dada por uma equação análoga à Equação básica 12.1 O, na


forma:
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos- Vertedores

(12.25)

Os valores do coeficiente de vazão são praticamente os mesmos dos


orifícios com descarga livre.
Deve ser observado que, se a equação de Bernou lli fosse aplicada entre
os pontos 1 e 2, o resultado seria h 1 = h2 + t.h ~ h1 - h2 = H = t.h, portanto
a perda de carga localizada é semelhante à que ocorre na ligação entre uma
tubulação e um reservatório de grandes dimensões, dada por t.h = K V 2/2g
(veja a Seção 3.3. 1). De fato, pela Equação 12.23 resulta:

(12.26)

Para Cv = 0,98, vem K = 1,04, valor próximo àquele do coefici ente de


A relação entre a vazão real e a teórica
perda de carga localizada na entrada de uma tubulação em um reservatório. em um orifício é dada por C,C.?

12.8 CONTRAÇÃO INCOMPLETA DO JATO


Nas análises efetuadas nas seções anteriores, consideram-se orifícios de
parede fina, nos quais o jato livre possuía contração total ou completa. Supôs-
se que a região de aproximação dos fi letes líquidos não era influenciada por
nenhuma fronteira sólida, isto é, os filetes chegam ao orifício por todas as di-
reções, incluindo as paralelas à parede da abertura, sem que as laterais, ou
qualquer outra causa, altere o ângulo entre a trajetória dos filetes e o eixo do
orifício.
Há, entretanto, casos práticos em que as traj etórias das partícul as são
afetadas pela posição ou rugosidade das paredes do reservatório ou canal, re-
duzindo consideravelmente a contração do jato.
X
De modo geral, a contração incompleta e m um orifício ocorre r-
quando as paredes ou o fundo do reservatório se encontram a distâncias
inferiores a 3D (D é o diâmetro do orifício) ou a 3a (a é a menor dimen-
são em orifícios retangulares), como na Figura 12.8. X ;;. 3a
v ;;. 3a
Neste tipo de orifícios, denominados de contração incompleta ou
parcial, se aplicam todos os conceitos até aqui desenvolvidos, e para os
a! I I
quais é necessário somente corrigir o coeficiente de vazão, de um ori-
Jv
~

fício com contração completa, através de equações empíricas, na fmm a: Figura 12.8 Condição para a ocorrência da
contração completa do j ato.
C/= Cct (1 + 0,15. K ), para orifícios retangulares (12.27)
N.A .
C/ = Cd (1 + O, 13 · K), para orifícios circulares (12.28)

O coeficiente K é a relação entre a parte do perímetro em


que há supressão da contração e o perímetro total do orifício.
Conforme o exemplo da Figura 12.9, para um orifício retangu-
[a b -J ~> 3a lar de dimensões a e b, o valor do coeficiente K é dado por:

F igura 12.9 Contração incompleta do jato. b


K=--- (12.29)
2(a + b )

Para orifícios circulares a cotTeção no coeficiente de vazão é feita ado-


tando-se K =0,25, para orifícios junto a uma parede lateral ou ao fundo do re-
servatório ou canal, e K = 0,50, para orifícios junto a uma parede lateral e ao
fundo do reservatório ou canal.

EXEMPLO 12.1

Dois orifícios idênticos, verticais, de pequenas dimensões, parede fin a,


e mesmo coeficiente de velocidade, lançam j atos livres com o mesmo alcan-
ce, sob cargas diferentes, como na Figura 12 .1O. Mostre que:

Como o alcance dos dois jatos é o mesmo, pela Equação 12. 16, tem-se:

X
V/· y 1 = V2 2 · y 2 :. C}· 2g h 1 · (H - h ,) = C}· 2g h 2 · (H -h 2 )

Figura 12.10 Exemplo 12.1. daí: h2 - H- h,


h1 H -h 2

12.9 ESCOAMENTO SOB CARGA VARIÁVEL


Uma hipótese básica assumida até este ponto, para o escoamento pelos
orifícios, é que o regime é permanente. Isto implica que a carga hidráulica so-
bre o orifício é constante no tempo, portanto há uma alimentação compensadora
para o reservatório, de valor igual à vazão descatTegada pelo orifício .
Serão analisadas agora as leis que regem a descarga do líquido pelo
orifício, na situação em que a carga varia, tomando a vazão de saída função do
tempo. Estas situações estão ligadas a problemas práticos na Engenharia, como
atenuação de cheias em reservatórios naturais ou artificiais, operação de eclu-
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos- Vertedores

sas para navegação, operação de limpeza de decantadores em estações de tra-


tamento de água etc.
Uma das s ituações práticas é a determinação do tempo necessário para
que a cota da superfície livre do líquido, em um depósito de certa configura-
ção geométrica e dispondo de um orifício no fundo, passe de um valor
h 1 para h2.
Seja, como na Figura 12.11 , um reservatório no qual não há ali-
mentação compensadora, de modo que a abertura do orifício no fundo
provoca uma diminuição gradual da profundidade e, conseqüentemen-
te, da pressão sobre o orifício.
Admitindo o coeficiente de vazão Cd do orifício de área A0 , cons-
tante, isto é, independente da carga, o problema pode ser tratado pela
aplicação da equação da continuidade e usando a Equação básica 12.10.
Figura 12.11 Escoamento sob carga variável.
Para uma carga genérica h sobre o orifício, em um tempo qual-
quer t, a vazão é dada pela Equação 12.1 O. No intervalo de tempo dt, a
equação da continuidade aplicada ao volume de controle é dada por:

Q(t) =C A
d o vf2=h
L,g
ll
=_ dVol = _ A(h) dh
dt dt (12.30)

Observe que o sinal negativo na derivada indica que o volume diminui


quando o tempo aumenta. Isolando as variáveis te h, fica:

(12.3 1)

Integrando entre o tempo inicial t = O até t = T, que cotTesponde à va-


riação do nível de h1 para h2, tem-se:

(1 2.32)

A integral pode ser feita analiticamente, ou por processos numélicos ou


gráficos, desde que se conheça a função A(h).
No caso particular de um reservatório prismático A(h) = A = cte., a
Equação 12.32 toma-se:
(12.33)

equação formalmente análoga à Equação 4 .35, indicando a semelhança entre o


esvaziamento de um reservatório por um orifício e por uma tubulação de peque-
no diâmetro.
Na Equação 12.33, fazendo-se h2 = O, será obtido o tempo necessário
para o esvaziamento total do reservatório, a partir da altura h1. Neste caso, deve
ser observado que este tempo é aproximado, uma vez que, para cargas peque-
nas sobre o orifício, as condições de aproximação são alteradas, podendo ocor-
rer a formação de um vórtice, que destruiria a distribuição hidrostática de
pressão. Portanto, o coeficiente Cd só pode ser considerado praticamente cons-
tante enquanto o orifício puder ser considerado pequeno.

EXEMPLO 12.2

Os dois reservatórios prismáticos, de áreas iguais, mostrados na Figura


12.12, estão, no tempo t =O, com os níveis d' água distanciados em 6,0 m.
Determinar o tempo necessário para que a superfície livre do reservatório do
lado direito se eleve em 2,0 m. O orifício de intercomunicação tem área igual
a 0,5 m2 e coeficiente de vazão, suposto constante, igual a 0,5 . Admita mifício
de pequenas dimensões .
Figura 12.12 Exemplo 12.2. Em um tempo t qualquer a carga do lado esquerdo, sobre o orifício vale
h1 e a carga do lado direito vale h2. A condição do problema é tal que as duas
equações devem ser satisfeitas:
I . H = hI - h2 --:) dH = dh I - dh2
2. Volume que sai de 1 =-volume que entra em 2
Da segunda equação:

A dhl =-A 2 dh 2 :. dh =- dh?_ pois A1 = A2


I dt dt I

Mostre que, para uma situação seme-


lhante à da Figura 12.11, para que a
Continuidade:
superfície livre abaixe a uma velocida-
de constante, a área do reservatório
deve variar com a carga h sobre o
orifício, proporcional a Q=C" A~2g(h 1 -h 2 ) = A 2 dh 2
dt
fh
Como dH = dh 1- dh2 e dh 1 = - dh 2 ---7 dH =- 2 dh 2, daí fica:
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores

A dH A 2 H- 1/ 2 dH
C A
d
f2iJf =- - 2 -
2 dt
:. dt

Substituindo os valores numéricos: T =677,63 [ JH:- ~]


Como as áreas dos reservatórios são iguais, num certo intervalo de tem-
po o abaixamento do nível d'água à esquerda é igual à elevação do nível
d'água à direita. Deste modo, pela condição do enunciado, H 1 = 6,0 me H2 =
2,0m.
Finalmente, T = 677,63 [ .J6.0 - .J2,0] =701 ,53 s (11 min e 41 s).

12.10 INFLUÊNCIA DA ESPESSURA DA PAREDE


Quando a parede no contorno de um orifício não tem arestas afiladas,
conforme a Figura 12.1b, o orifício é de parede grossa e permite que o jato,
após passar a seção contraída, tenha espaço para se expandir e chegar a ocu-
par a totalidade da seção. Entre a seção contraída e a seção final ocotTe uma
rápida desaceleração, acompanhada de turbulência e forte perda de energia.
Quando se pretende dirigir o jato e alterar o coeficiente de vazão de um
orifício, adiciona-se ao orifício um certo comprimento de tubo, de modo
geral de mesma geometria que o orifício, como na Figura 12.13. Este dis-
positivo é chamado de bocal ou tubo adicional e é caracterizado por ter um
comprimento L variando entre 1,5D e 5,0D, em que D é o diâmetro do ori-
fício.
Os bocais podem ser classificados segundo sua geometria e posição
em relação ao reservatório. Podem ser cilíndricos ou cônicos (convergen-
tes ou divergentes) e externos ou internos.
Figura 12.13 Bocal ou tubo adicional.
12.10.1 BOCAL CILÍNDRICO EXTERNO
Seja, conforme a Figura 12.13, um bocal cilíndrico externo de com-
primento L e diâmetro D, sujeito a uma carga H, no qual há a formação da se-
ção contraída de área Ac, que se caracteriza por uma região de alta velocidade
e baixa pressão, pressão inferior àquela que contorna o jato após deixar o bo-
cal, seção S de área A.
A lei de descarga do bocal, equação equivalente à Equação básica 12.1 O,
pode ser determinada pela aplicação das equações de Bemoulli e da continui-
dade e das definições dos coeficientes dos orifícios. A equação de Bernoulli
aplicada entre a seção do nível d'água no reservatório de área Ar>> A e a seção
de saída fica:

v2
H= -+11h (12.34)
2g

na qual 11h é a perda de carga entre as seções, que se resume à perda localizada
no processo de expansão da veia dentro do bocal. Conforme foi visto na Seção
3.31, a maior parcela da perda localizada ocorre na fase de expansão do jato.
A perda de carga localizada 11h é dada pela equação de Borda-Carnot,
Equação 3.5, para a qual certos autores propõem adicionar à expressão teóri-
ca uma pequena fração k da energia cinética a jusante da contração, dada a
impossibilidade de determinar analiticamente todas as perdas de energ ia. As-
sim, a Equação 12.34 torna-se:

v2 (V-V)2 V2
H = -+ c +k- (12.35)
2g 2g 2g

Bélanger propôs o valor de k = 119, independente da relação de áreas,


enquanto Hanocq, citado por Schlag (50), propôs, de uma maneira geral , a se-
guinte relação:

k= 0,18-(:c -1) (12.36)

Pela equação da continuidade, entre as duas seções de interesse tem-se:

A V
Q = Vc A c = V A :. Vc = - V :. V = - (12.37)
Ac c Cc

Usando as Equações 12.36 e 12.37, a Equação 12.35 fica:


Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores
367

(~- vr
H= _v_2 + _c_c- - - + 0,18 ( -1- - 1)_v_2 (12.38)
2g 2g CC 2g

Expressão que após desenvolvida se torna:

1
v=-;== ==2 == == = = (12.39)

(_CCI_- 1) +0,18·(-CC1- - 1)+ 1 Um tan que de gasolina na forma de um


cilindro de 2,0 m de diâmetro e 4,0 m de
comprimento está com combustível na
metade de seu volume total e na posição
horizontal. Determine o tempo necessãrlo
para esvaziar o tanque através de um orifício
de pequenas dimensões, de 7 ,5 em de
Para um valor médio do coefi ciente de contração igual a Cc = 0,62, o dlãmetro e coeficiente de descarga cd = 0,62,
suposto constante, colocado no fundo e
coeficiente de proporcionalidade entre a velocidade real V e a carga H vale descarregando livremente na atmosfera.

0,82. Assim, a Equação 12.39 fica:

V= 0,82 ~2gH (12.40)

A jusante do bocal, o jato não mais apresenta seção contraída e Cc = 1,


portanto a vazão pelo bocal será:

Q = 0,82 A ~ 2g H (12.41)

Comparando a vazão através do bocal, dada pela Equação 12.41, com


a vazão através de um orifício de parede fina, de mesma área A e sujeito à
mesma carga H, com Cd = 0,6 1, Equação 12. 10, observa-se que, apesar da
perda de carga ilh, a instalação do bocal promove um aumento na vazão de
cerca de 34%.
Isto ocone porque na seção contraída a pressão é inferior à pressão at-
mosférica, o que se pode constatar aplicando a equação de Bernoulli entre a
superfície livre do reservatório e aquela seção, na forma.

E.n_ +H
y (12.42)

E pelas Equações 12.37 e 12.40, tem-se:


v 0,82..{2iH
vc = -c: = 0,62 (12.43)

(12.44)

Portanto, a pressão na seção contraída do jato é inferior à pressão atmos-


férica local em 3/4 da carga sobre o bocal. Este fenômeno foi observado expe-
2. Giovanni Battista Venturl, físico italia-
no, 1746-1822.
I rimentalmente por Venturi2 , que conectando através de um tubo um recipiente
aberto colocado em nível infe rior à seção contraída verificou que a água se
elevava no tubo até uma altura igual a 3/4 H.
Para ocorrer escoamento no bocal, há um limite físico da carga H, dado
pela Equação 12.44, de modo a não provocar cavitação no bocal. No caso li-
mite em que a pressão na seção contraída Pc seja igual à pressão de vapor
saturante Pv. a carga máxima é dada por:

(12.45)

Para valores de H se aproximando do valor dado pela Equação 12.45, o


escoamento se torna intermitente com quebra de continuidade da veia líquida.
Os valores do coeficie nte de vazão de um bocal cilíndrico, colocado
perpendicularmente ao plano da abertura, em função da re lação comprimen-
to L diâmetro D , são mostrados na Tabela 12.3.

Tabela 12.3 Valores do coefi ciente de vazão para bocais.

12.10.2 BOCAL CilÍNDRICO INTERNO OU BOCAL DE BORDA


A presença de um tubo adicional instalado em um orifício provoca, em
certas circunstâncias, apreciáveis variações nas condições de escoamento, tanto
no valor da vazão quanto na característica do j ato. Um tubo cilíndrico, como
na Figura 12. 14, colocado notmalmente ao plano do orifício e a sua montan-
te, e com co::nprimento entre 2 e 2,5 diâmetros da abertura, é chamado de bo-
cal de Borda.
Cap. 12 Orifícios -Tubos Curtos - Vertedores

O bocal de Borda propicia um jato líquido bem regular, com uma con-
tração na entrada do bocal maior que a observada nos orifícios, sem tocar as
paredes internas do mesmo.
Este tipo de bocal permite um tratamento analítico para determinar a
relação entre os coeficiente de contração e de velocidade.
Sendo H a carga sobre a linha média do bocal, A, sua área geométrica
e Ac. a área da seção contraída, para um reservatório de grandes dimensões, a
distribuição de pressão é hidrostáti ca na seção a-a, isto é, a carga N.A.
cinética de aproximação é desprezível. Seja o volume de controle limi-
tado pelas seções a-a e c-e, sendo que nesta última a pressão é igual à
atmosférica, a aplicação do teorema da quantidade de movimento, na di-
reção x, ao líquido dentro do volume de controle, na condição de esco-
amento permanente, fica:

L Fx = fVx(p V· d ) (12.46) Figura 12.14 Tubo adicional interno.


s.c

Na seção a-a, o esforço hidrostático dado por Fa-a = y H A não é com-


pensado pela resistência da parede na seção de abertura do bocal, provocan-
do a veloc idade do jato. A resultante das forças na direção x é somente o
esforço hidrostático e a Equação 12.46, para fluxo unidimensional, torna-se:

(12.47)

De onde se conclui que Cc = AJA = 0,50, na condição de velocidade


teórica. Considerando a velocidade real do jato V = CvVt. a Equação 12.47 fica:

( 12.48)

Portanto:

C2
v
c c = .!_2 (12.49)

Para um coeficiente de velocidade Cv = 0,98, fica Cc= 0,52 e Cd = Cc.Cv =


0,51. A vazão pelo bocal de Borda é então:

Q = 0,51 A~ 2g H (12.50)
Se o comprimento do bocal for menor que 2D, o coeficiente de vazão
aumenta, tendendo ao valor de Cd correspondente aos orifícios de parede es-
pessa. Se o comprimento do tubo for maior que 2,5D, a veia líquida, após atin-
gir a seção contraída, preenche totalmente a seção do bocal, produzindo uma
descarga análoga aos tubos adicionais cilíndricos externos.

12.11 TUBOS CURTOS COM DESCARGA LIVRE


Do ponto de vista hidráulico, o termo tubo curto significa uma estrutura
destinada a dar passagem à água, em geral com pequena carga. Embora os
problemas de dimensionamento ou verificação desse tipo de descarregador não
exijam tratamento complexo, é importante ressaltar que a simples aplicação
das formulações estabelecidas para as tubulações sob pressão (encanamentos
longos) pode levar a erros graves.
De fato, dependendo do comprimento da tubu lação, não se pode deixar
de considerar as perdas de carga na entrada e saída, além das perdas distribu-
ídas e a carga cinética residual na saída.
De maneira geral, a distinção entre os diversos casos práticos pode ser
feita em função do comprimento relativo da tubulação, isto é, da relação en-
tre o comprimento e o diâmetro, conforme a convenção a seguir:
a) Se 1,5 ~ LID ~ 5,0 ~ bocais.
b) Se 5,0< LID ~ 100 ~tubos muito cmtos.
c) Se 100 < L/D ~ 1000 ~tubu lações curtas.
d) Se LID > 1000 ~tubulações longas (ver Seção 3.5).
A classificação acima deve ser entendida como indicativa para o trata-
mento do problema, requerendo por parte do projetista cuidados exigidos pela
natureza e risco que a obra possa apresentar.
Para os tubos muito curtos, do ponto de vista prático, é mais fácil con-
tinuar a considerar o escoamento como sujeito à lei dos orifícios, em que o
coeficiente de vazão Cd traduz o efeito das perdas localizadas e distribuída no
tubo. A formulação a ser usada é a Equação básica 12.1 O,

( 12.51)

observando que a carga H é a diferença de nível entre a superfície do reserva-


tório e a linha de centro da seção de saída do tubo, pois este não necessaria-
mente estará na horizontal. A submergência, altura d'água entre a superfície
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores

livre do reservatório e a geratriz superior na entrada do tubo, deve ser no mí-


nimo igual a uma vez e meia a carga cinética, para evitar a formação de vór-
tice na entrada do tubo.
O coeficiente de descarga para os tubos curtos é dado pelas tabelas a
seguir.

Tabela 12.4 Valores de Cd para tubos de ferro fund ido de 0,30 m


de diâmetro: Manual de Hidráulica, Azevedo Netto.

Tabela 12.5 Valores de C" para condutos ci rculares de concreto com entrada arredondada:
Manual de Hidráulica, Armando Lencastre (34).

D(m) -7
0 ,15 0,30 0,45 0,60 0,75 0,90 1,05 1,20 1,50
L (m)J-
3 0,77 0,86 0,89 0,9 1 0,92 0,92 0,93 0,93 0,94
6 0,66 0,79 0,84 0,87 0,89 0,90 0,9 1 0,91 0,92
9 0,59 0,73 0,80 0,83 0,86 0,87 0,89 0,89 0,90
12 0,54 0,68 0,76 0,80 0,83 0,85 0,87 0,88 0,89
15 0,49 0,65 0,73 0,77 0,8 1 0,83 0,85 0,86 0,88
18 0,46 0,61 0,70 0,75 0,79 0,81 0,83 0,85 0,87
21 0,44 0,59 0,67 0,73 0,77 0,79 0,8 1 0,83 0,85
24 0,41 0,56 0,65 0,71 0,75 0,78 0,80 0,82 0,84
- -
27 0,39 0,54 0,63 0,69 0,73 0,76 0,78 0,80 0,83
30 0,38 0,52 0,61 0,67 0,7 1 0,74 0,77 0,79 0,82
33 0,36 0,50 0,59 0,65 0,70 0,73 0,76 0,78 0,8 1
I
36 0,35 0,49 0,58 0,64 0,68 0,7 1 0,74 0,77 0,80
39 0,34 0,47 0,5 6 0,62 0,67 0,70 0,73 0,76 0,79
42 0,33 0,46 0,55 0,61 0,66 0,69 0,72 0,75 0,78

Com a finalidade de quantificar erros inerentes ao uso de formulações


inadequadas, em um problema simples, o Exemplo 12.3 apresenta uma com-
paração da aplicação da lei dos orifícios a um tubo curto L/D = 100, com o uso
da equação de resistência de Darcy-Weisbach, com e sem perdas localizadas.
~ Hid'á"U~ Bá<io. Cop. 12

Tabela 12.6 Valores de Cd para conduto s circu lares de conc reto com entrada em aresta viva:
Manual de Hidráulica, Armando Lencastre (34).

' I
D(m)~
O,lS 0,30 0,45 0,60 0,75 0,90 1,05 1,20 1,50
L (m)J.
3 0,74 0 ,80 0,81 0,80 0,80 0 ,79 0.78 0,77 0,76
6 0,64 0,74 0,77 0,78 0,78 0 ,77 0,77 0,76 0,75
9 0,58 0,69 0,73 0,75 0,76 0,76 0,76 0,75 0,74
12 0,53 0,65 0 ,70 0,73 0,74 0,74 0,74 0,74 0 ,74
15 0,49 0,62 0,68 0,7 1 0,72 0,73 0 ,73 0 ,73 0 ,73
18 0,46 0,59 0,65 0 ,69 0,71 0,72 0,72 0,72 0 ,72
21 0,43 0,57 0,63 0 ,67 0,69 0,70 0 ,71 0,7 1 0,7 1
24 0,4 1 0,54 0,61 0,65 0,68 0,69 0.70 0,70 0,7 1
r- -
27 0,39 0,52 0,60 0 ,64 0,66 0,68 0,69 0,70 0.70
30 0 ,37 0 ,51 0,58 0 ,62 0,65 0,67 0,68 0,69 0,70
33 0,36 0,49 0,56 0,6 1 0,64 0,66 0,67 0,68 0,69
36 0 ,35 0 ,48 0 ,55 0,60 0,63 0 ,65 0,66 0,67 0,68
39 0.33 0,46 0,54 0,59 0,62 0 ,64 0,65 0,66 0 ,68
42 0.32 0,45 0,53 0,58 0,61 0,63 0 ,65 0 ,66 0.67

EXEMPLO 12.3

A tomada d'água para o abastecimento de uma indústiia


é feita em um reservatório de grandes dimensões, através de
uma tubulação de ferro fu ndido novo, m gosidade absoluta E =
0,25 mm, comprimento, 30 m, diâmetro de 0,30 m, sob carga
de 0,70 m e descarregando livremente na atmosfera, como na
Figur·a 12.15 Exemplo 12.3.
Figura 12.15.
Analise a capacidade de vazão da tubulação, seguindo
quatro procedimentos distintos:
a) tubulação longa, em que se desprezam as perdas de carga localizadas e
a carga cinética;
b) tubulação curta, considerando um coeficiente de perda de carga na en-
trada K = 0,8, sem perda de carga na saída e levando em conta a carga
cinética na saída da linha;
c) tubulação curta, considerando um comprimento equivalente na entrada
tipo Borda, sem perda na saída e desprezando a carga cinética na saída;
d) considerando um tubo curto, utilizando a lei de descarga dos orifícios,
com o coeficiente de descarga extraído da Tabela 12.4.
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos- Vertedores

Discuta a solução.
Modo (a)
A perda de carga unitária é dada por: J =~H/L= 0,70/30 = 0,0233 m/m.
Para E = 0,25 mm, D = 0,30 m e J = 2,33 m/1 OOm, a Tabela A2 forne-
ce a vazão Q = 0,188 m 3/s .
Modo (h)
Equação da energia:

V2 L V2
H = - ( K +f- + 1) = - (1,8 + 100f)= 0,70 m
2g D 2g

Resolvendo por tentativas com auxílio da Tabela Al, vem:


Por que, em igualdade de condições, a
capacidade de vazão de um bocal
1. Seja V= 2,0 m/s ~ Tabel aA l ~ f= 0,0195 ~ I:!.Z = 0,765 m -F H = cilíndrico externo é mal01 que a do
0,70 m. orifício de parede fina?

2. Seja f= 0,0195 ~Equação V= 1,91 rnls ~ TabelaAl~ f= 0,0195.


Portanto, V= 1,91 rnls ~ Q = 0,135 m3/s.
Modo (c)
Entrada de Borda ~ Tabela 3.6 ~ Le = 9,06 m ~ Lt = 39,06 m.
A perda de carga unitária é dada por:

J = !:!.H/L = 0,70/39,06 = 0,0179 mim.

Para E= 0,25 mm, D = 0,30 me J = 1,79 m/100m, a Tabela A2 forne-


ce a vazão Q = 0,164 m3/s.
M odo (d)
Le i dos orifíci os~ Q = Cd A~2gH,para LID = 100, a Tabela 12.4
fornece o valor do coeficiente de descarga cd = 0,55.

0 302
Daí: Q = 0,55 · 1t · • ,f 19,6 · 0,70 = 0,144 m3/s
4
Conclusão: O cálculo mais preciso é dado pelo procedimento (b), equa-
ção da energia na forma completa. A pior avaliação é dada pelo procedimen-
to (a), enquanto a le i dos orifícios forneceu uma vazão com somente 7% de
diferença para o valor do procedimento (b).
12.12 COMPORTAS DE FUNDO PLANAS
Um tipo de controle utilizado em canais é uma comporta pla-
na, como na Figura 12.16, a maioria das vezes vertical e de mesma
..... -········-·------------ /i;h largura que o canal (sem contrações laterais). Tal dispositivo contro-
) la as características do escoamento fluvial a montante e torrencial a
v3-/2g
sua jusante. Trata-se, basicamente, de uma placa plana móvel que,
H .-_-_- ---- .._,...
____________ ao se levantar, permite graduar a abertura do orifício e controlar a
descarga produzida. A vazão descarregada pe la comporta é função
do tirante de água a sua montante e da abertura do orifício inferior,
com o escoamento podendo ser considerado bidimensional. Depen-
- L= t,3b dendo da condição hidráulica de jusante, o escoamento após a com-
porta pode ser livre, em geral seguido de um ressalto hidráulico, e
Figura 12.16 Comporta plana vertical. submerso ou afogado, como será discutido adiante.
Na situação de uma comporta de fundo colocada em um ca-
nal retangular de fundo horizontal e mesma largura, não há contrações laterais
do jato e este pode ser tratado como bidimensional.
O escoamento pode ser tratado através da lei dos orifíc ios, observando
que a lâmina líquida descarregada pelo orifício de abertura b, a partir do ponto
A, sofre uma contração vettical até alcançar um valor Y2 =Cc b a uma distância
L = 1,3·b (seção contraída). Na seção contraída, as linhas de correntes são ho-
rizontais e têm uma distribuição de pressão hidrostática. A montante da com-
porta, a energia disponível é a soma do tirante de água Yt e da carga cinética
de aproximação V12 /2g, que se torna mais importante à medida que a relação
ytlb diminui.
A distribuição de pressão sobre a comporta e na seção do
Carga total
orifício é mostrada na Figura 12.17, juntamente com os principais
1:-la------r-- Carga de pressão parâmetros geométricos de interesse.
na comporta
v 'l2g
Carga de pressão
A determinação da vazão descarregada pode ser feita atra-
yl no fundo vés de um balanço de energia e continuidade, entre duas seções
com alturas d 'água substancialmente uniformes (distri buição
../
/ hidrostática de pressão). Considerando descarga livre e desprezan-
/
do as perdas de carga entre as seções I e 2, pode-se escrever:

Figura 12.17 Pressão e condições do escoamento bidi-


mensional sob uma comporta. (12.52)

que desenvolvida fica:


Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores

( 12.53)

Tomando como referência uma velocidade expressa por .J2iY:e ob-


servando que y2 = Cc b, a Equação 12.53 pode ser colocada na forma da lei dos
orifícios, como:

(12.54)

Fazendo

a equação anterior toma a forma da lei dos orifícios.

(12.55)

Observe que, na le i de vazão de uma comporta, a carga a


montante é o próprio tirante de água, e não a distância vertical des-
de a superfície livre até o centro de gravidade do orifício.
Os coeficientes de contração e de descarga, para uma com- Cd
porta vertical, dependem da relação ytlb e têm sido objeto de de-
terminação experimental por vários investigadores, como Henry
(29), cuj o trabalho é considerado o mais extensivo e confiável, e
cujos resultados foram confirmados por Rajaratnam e Subramanya
(43) e posteriormente reanalisados por Swamee (57).
Henry apresenta um gráfico para determinação do coeficiente
Y/b
de vazão, para escoamento livre ou submerso, em função da aber-
tura relativa y 1/b e do grau de submersão do escoamento a jusante Figura 12.18 Coeficiente de descarga de uma
y3/b, conforme a Figura 12.18. comporta plana vertical , Hcnry (29).

Para propósitos práticos, o coeficiente de contração pode ser


considerado constante, praticamente independente da relação ytlb, e igual a Cc
= 0,61. Na seção contraída de um jato sob uma
comporta plana e retangular, pode-se
assumir distribuição hidrostática de
Recentemente, Swamee (57) apresentou equações para o coeficiente de pressão?
descarga, para condições de escoamento livre ou submerso, e uma relação geo-
métrica para definir a separação entre escoamento livre e submerso, baseado
no gráfico de Henry.
As expressões, levantadas via análise de regressão, são as seguintes:
a) Descarga livre:

0,072
cd = o,611 ( Y1 - b (12.56)
y 1 + 15 b )

b) Descarga afogada:

c) Condição para existência de descarga livre (ver Figura 12.1 6):

(12.58)

EXEMPLO 12.4

Uma comporta plana e vertical descarrega uma certa vazão em um tre-


cho curto de um canal retangular, horizontal e liso. Na extremidade de jusante,
existe uma soleira com altura f...Z =0,50 m, seguida por uma queda livre, con-
forme a Figura 12. 19. Para um coeficiente de contração Cc = 0,61, determine
a vazão unitária e a altura d'água em cima da soleira. Utili ze a Equação 12.56
e despreze a perda de carga na soleira.
N.A.
O coeficiente de vazão e a vazão unitária são dados por:

0,072 ( 1 80 0 20 )0,072
1,80m c d = o,611 ( Y1 - b = o,611 ' - • = 0,565
0,20 m y 1 + 15 b ) 1,80 + 15·0,20

i
q= Cd b .J2iY: = 0,565 · 0,20 .J 19,6 · I ,80 = 0,67 m3/(sm)
Figura 12.19 Exemplo 12.4. A energia específica disponível na seção contraída vale:
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores

2
0,67 2
E =C b + q = 0,122 + 2
= 1,66 m
2
c 2g(Ccb) 2 19,6·0,122

Como o canal é curto e liso, a perda de carga entre as seções 2 e 3 é des-


prezível e, para que não haja mudança de regime, com o escoamento torren-
cial se mantendo em cima da soleira, deve-se ter E2 - D.Z > Ec = 1,5 Yc (ver
Seção 10.7 .2).
A a ltura crítica vale:

2)1/3 ( 0 67 2)1/3
Yc = (.L = •
98
= O'36 m
g '

A energia específica mínima vale Ec = 1,5·0 ,36 =0,54 m , portanto E2-


t3.Z = 1, 16 m > 0,54 m , a descarga é livre e o escoamento permanece torren-
cial.
A altura d'água em cima da soleira é dada pela raiz da equação seguinte,
correspondente ao regime torrencial.

2
q2 0,67
E3 = y3 + - -2 : . 1,66- 0,50 = y3 + .. y3 = 0,15 m
o 2gy3 o 19,6 ·y32

12.12.1 ESCOAMENTO AFOGADO


A característica do escoamento livre sob uma comporta de fundo é a
existência do regime torrencial, com um tirante d'água inferior à abertura b.
Se um condicionamento qualquer a jusante da comporta, como por exemplo,
a existência de uma soleira de fundo, como na Figura 12.19, impuser a ocor-
rência de um ressalto hidráulico, dois casos podem ser analisados.
Se a posição de equilíbrio do ressalto for afastada da comporta, o escoa-
mento se produzirá como veia livre e o nível d'água ajusante, em regime flu-
vial , não exercerá influência sobre a vazão. Se a altura d'água no regime fluvial
YJ for maior que a correspondente altura conjugada do escoamento na seção
contraída y2, o ressalto não encontrará condição de equilíbrio no canal e se
moverá para montante, até alcançar a parede do orifício e a veia líquida, afo-
gando o escoamento e produzindo uma zona de movimento turbilhonar, e a
vazão resulta influenciada pelo tirante a jusante y3, como na Figura 12.20.
Uma análise simples e aproximada do escoamento afo-
N.A. gado, em uma comporta retangular, pode ser feita a partir de
algumas hipóteses estabelecidas aos escoamentos nas seções 1,
2 e 3.
y a) Nas três seções o escoamento é assumido bidimensional.
b) Na seção 2, seção contraída, o escoamento é dividido em
duas partes, a parte inferior ocupada por água em movimen-
i
3 to direcionado e a parte superior por água estagnada, onde,
Figura 12.20 Escoamento afogado sob uma comporta. embora com grande turbulência, não há um movimento re-
sultante em qualquer direção (água morta). A vazão unitá-
ria na seção 2 é dada por q = Cc b V2.
c) A distribuição de pressão nas três seções segue a lei hidrostática.
d) A perda de carga entre as seções 1 e 2 é desprezível (escoamento con-
vergente), isto é, toda a perda se concentra no trecho em que há ex-
pansão do jato, entre as seções 2 e 3.
Aplicando a equação da energia entre as seções 1 e 2, vem:

( 12.59)

Observe que na equação anterior o termo hidrostático, na seção 2, é a


altura total y e não a altura do jato y2.
A equação do momento ou da força específica, Equação 11 .4, aplicada
às seções 2 e 3 torna-se:

( 12.60)

e aqui também o empuxo hidrostático na seção 2 é baseado na altura total y


e não em y2 .
A Equação 12.60 pode ser rearranjada na forma:

(12.61)
--------------------------------------------------~C~ap~-~12~~0~r~ilí=ci=os~-~Tu~b~o~s~C~urt~o~s--~V~e~rte~d~o~re~s~ 379

Pode se verificar pela Equação 12.61 que, para uma vazão q constante,
as alturas y e y3 variam no mesmo sentido, isto é, a diminuição de Y3 produz
uma diminuição simultânea em y, até a condição limite em que:

(12.62)

Nesta situação, a veia é livre (não afogada) e o ressalto ocorre imedia-


tamente a jusante da seção contraída. O valor de y 3 que corresponde à situa-
ção limite é, evidentemente, a altura conjugada de y =Y2 = Ccb.
As Equações 12.59 e 12.61 formam o conjunto necessátio para resolu-
ção dos problemas relativos ao escoamento afogado, nas variáveis Yt, y, y3, b
e q.

EXEMPLO 12.5

Considere uma comporta plana e vertical para a qual o tirante d'água a


montante é Yt = 2,40 m. Determine qual deve ser a abertura b para que a va-
zão unitária seja q = 2,33 m3/(sm), em condição de veia livre. Com esta mes-
ma abertura, e mantida a carga a montante Yt = 2,40 m, qual a vazão unitária
descarregada quando o tirante d'água ajusante da comporta for y3 = 1,80 m?
Adote como coeficiente de contração Cc =0,61 e despreze a carga cinética de
aproximação para a comporta.
a) Para

cd = cc :. cd = 0,61
\ 1 + Ccbf y 1 J1 + 0,254-h Quais as hipóteses feitas na dedução
da Equação 12.61?

Da Equação 12.55 -4q = Cd h .J2iY:, substituindo a relação anterior:


.J 1 + ~~;540 h b .J 19,6 · 2,40
0
2,33 = :. b =0,60 m
b) Velificação prévia da condição de escoamento livre.
Para que o escoamento seja livre, pela Equação 12058 é necessário que:
1 80 0 72
y 1 ;::: 0,81· y 3 • ( y 3 ) 0 ' 72 ;::: 0,81·1,80
o ( ' ) ' = 3,22m >y 1 = 2,40 m
o h 0,60
portanto, o escoamento é afogado.
Utilizando as Equações 12.59 e 12.61, substituindo os valores numéri-
cos e desprezando a carga cinética na seção 1, fica:
q2

I
2,40 == y + - - y == 1,467 m
2,626

y2 2
q = 1,564 m3/(sm)
3,24 - 0,444q

Uma maneira mais rápida de calcular a vazão é utilizando o gráfico da


Figura 12.18.
=
Para y 1/b = 2,40/0,60 == 4 e y)!b = (~0/0,60 = 3, do gráfico sai Cd 0,37.
Pela Equação 12.55, tem-se:

q = 0,37 ·0,60.J 19,6·2,40 = 1,523 m 3/(s m)

Observe a pequena diferença entre os resultados e o fato de que o de-


senvolvime nto teórico, Equações 12.59 e 12.61, é aproximado.

EXEMPLO 12.6

Uma comporta plana e vertical deve veicular uma vazão unitária


q = 1,O m 3/(sm), com carga a montante y 1 = 4,0 m e tirante d 'água no canal
de deságue Y3 =3,0 m. A que altura deve ser elevada a comporta? Permanecendo
a comporta com a abertura calculada anterimmente, a mesma carga y, =4,0 m
e o nível d 'água de jusante variando, qual deve ser a vazão e o tirante d'água y3,
para que a descarga comece a ocorrer sob condições de lâmina livre. Adote co-
eficiente de contração Cc = 0,61 e despreze a carga cinética de aproximação
para a comporta.
a) Se, por hipótese, a comporta estiver afogada, para Y3 = 3,0 m, as
Equações 12.59 e 12.61 ficam:

b = 0,345 m

2 = 9,0- 0,204 (3,0- 0,61· b )


y 1,83 ·b
y = 2,85m
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores

Verificação da hi pótese.
A condição limite para que a comporta funcione livre é que o tirante
d'água YJ seja igual a altura conjugada de y =Y2 =Cc b =0,21 m, para a va-
zão q = 1,O m 3/(sm) .

. d
Alturas conJuga as ---7 -
0,21
YJ- 12 [ 1+8 9,8·0,21
=- 1,02 -1] 3

:. y 3 = 0,89 m

portanto, a altura conjugada da profundidade da água na seção contraída é


menor que o tirante d' água aj usante, a comporta estará afogada e a hipótese
verificada.

b) Para a descarga livre, a vazão descarregada é dada por:

cd = ~ 0,6 1 = 0,595 ---7 q = 0,595·0,345 .J 19,6· 4,0 = 1,82 m 3f(sm)


1 + 0,61· 0,345 I 4,0

Alturas conjugadas -+-~..L=.!_[


0,2 1 2
1+ 8
1 822

9,8. 0,21 3
-1]:. y3 = 1,69 m

Portanto, a comporta com abertura b = 0,345 me carga a montante y, =


4,0 m funcionará livre, desde que o tirante d'água ajusante seja YJ < 1,69 m. Se
YJ> 1,69 m, o escoamento se dará com lâmina afogada.
Um cálculo mais rápido e aproximado do tirante d' água YJ pode ser feito
pela Equação 12.58, na forma:

Y ? O 81· y 3 · ( y
1
3 0 72
) • :. 4 O = O 8 1· y 3 · (_ll_) 0 ' 72 :. y 3 = 1,62 m
I b ' ' 0,345

12.13 VERTEDORES
Vertedor ou descarregador é o dispositivo utilizado para medir e/ou con-
trolar a vazão em escoamento por um canal. Trata-se, basicamente, de um ori-
fício de grandes dimensões no qual foi suprimida a aresta do topo, portanto a
parte superior da veia líquida, na passagem pela estrutura, se faz em contato
com a pressão atmosférica. A presença do vertedor, que é essencialmente uma
parede com abertura de determinada forma geométrica, colocada, na maioria
dos casos, perpendicularmente à corrente, eleva o nível d'água a sua montante
até que este nível atinja uma cota suficiente para produzir uma lâmina sobre
o obstáculo, compatível com a vazão descarregada. A lâmina líquida des-
carregada, adquirindo velocidade, provoca um processo de convergência ver-
tical dos filetes, situando-se, portanto, abaixo da supetfície livre da região não
perturbada de montante.
Os vertedores são estruturas relativamente simples, mas de grande im-
portância prática devido a sua utilização em numerosas construções hidráuli-
cas, como sistemas de irrigação, estações de tratamento de água e esgotos,
barragens, medição de vazão em córregos etc.

12.13.1 NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇÃO


Conforme a Figura 12.21, as principais partes constituintes de um
vertedor são:
a) Crista ou soleira é a parte superior da parede em que há contato com
a lâmina vertente. Se o contato da lâmina se limitar, como nos orifí-
cios de parede fina, a uma aresta biselada, o vertedor é de parede
delgada; já se o contato ocorrer em um comprimento apreciável da
parede, o vertedor é de parede espessa.
b) Carga sobre a soleira h é a diferença de cota entre o nível d'água a
montante, em uma região fora da curvatura da lâmina em que a dis-
tribuição de pressão é hidrostática, e o nível da soleira. Em geral, a
uma distância a montante do vertedor igual a seis vezes a carga, a
depressão da lâmina é desprezível.
c) Altura do vertedor Pé a diferença de cotas entre a soleira e o fundo
do canal de chegada.
d) Largura ou luz da soleira L é a dimensão da soleira através da qual
há o escoamento.
Os vertedores podem ser classificados de diversas
rCrista ou soleira
I L maneiras:
ril r a) Quanto à forma geométrica da abertura: retangulares,
triangulares, trapezoidais, circulares, parabólicos.
b) Quanto à altura relativa da soleira: descarga livre se P
> P' (são os mais usados) e descarga submersa se P < P',
b
isto é, se o nível d'água de saída for superior ao nível da
Figura 12.21 Vertedor de parede delgada. soleira.
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos- Vertedores

c) Quanto à natureza da parede: parede delgada se a espessura da pa-


rede for inferior a dois terços da carga, e < 2/3 h, e de parede espes-
sa caso contrário, e > 2/3 h.
d) Quanto à largura relativa da soleira: sem contrações laterais se a lar-
gura da soleira for igual à largura do canal de chegada, L = b, e com
contrações laterais se a largura da soleira for inferior à largura do
canal de chegada, L < b.
e) Quanto à natureza da lâmina: lâmina livre se a região abaixo da lâ-
mina for suficientemente arejada, de modo que a pressão reinante
seja a pressão atmosférica, lâmina depri11J.ida se a pressão abaixo da
lâmina for inferior à pressão atmosférica e lâmina aderente quando
não há bolsa de ar abaixo da lâmina e esta cola no paramento (face)
de jusante, sem, entretanto, ser afogada.
j) Quanto à inclinação do paramento da estrutura com a vertical, podem
ser: vertical ou inclinado.
g) Quanto à geometria da crista: de crista retilínea, circular e poligonal
ou em labirinto.

12.13.2 VERTEDOR RETANGULAR DE PAREDE FINA


SEM CONTRAÇÕES
Esse tipo de vertedor tem sido, ao longo dos anos, o mais exaustivamen-
te estudado. Trata-se de uma placa delgada, com soleira horizontal e biselada,
instalada perpendicularmente ao escoamento, ocupando toda a largura do ca-
3. Henri-Emile Bazin, engenheiro fra n-
cês, 1829-1917.
I
nal, portanto sem contrações laterais e com o espaço sob a lâmina vertente
ocupado com ar à pressão atmosférica. Um vertedor com estas características,
em geral utilizado para medidas de vazão com boa precisão, é denominado
descarregado r Bazin. 3
Alguns detalhes de construção e instalação são necessários para que o
vertedor se constitua em um bom dispositivo de medida de vazão.
a) A seção de instalação deve ser precedida por um trecho retilíneo e
unifmme do canal, de modo a garantir uma distribuição de velocidade
na chegada a mais uniforme possível. Em geral, um comprimento de
canal maior do que 20 Rh, em que Rh é o raio hidráulico da seção de
medição, é suficiente. Eventualmente, pode-se usar elementos tran-
qüilizadores de fluxo, a montante do vertedor, como cortinas perfu-
radas e telas.
b) Deve-se garantir a presença da pressão atmosférica por baixo da lâ-
mina, promovendo o arejamento da região pela instalação de um tubo
perfurado que conecte aquele espaço com o exterior.
c) A medida da carga deve ser feita a montante do vertedor a uma dis-
tância em torno de seis vezes a máxima carga esperada. A cota do
nível d'água para a medida da carga deve ser feita em um poço de
medição externo ao canal, para suavizar as flutuações da corrente.
d) Com o propósito de evitar que a lâmina vertente cole na parede, a
carga mínima deve ser da ordem de 2 em.
e) A largura da soleira deve ser, em geral, superior a três vezes a carga.
f) Não são recomendadas cargas altas, superiores a 50 em.
Detalhes construtivos, de instalação e operação, bem como recomenda-
ções de norma e coeficientes experimentais, deste e de outros tipos de ver-
tedores, podem ser encontrados na literatura especializada como Bos (8) e
Ackers et al (2).
A Figura 12.22 apresenta uma seção longitudinal do escoamento
sobre um vertedor retangular, de parede fina e sem contrações laterais. As-
sumindo algumas hipóteses simplificadoras, uma análise elementar pode
ser feita para a detenninação da vazão em relação aos outros elementos
hidráulicos e geométricos. Supondo que a distribuição de velocidade a

t D p
montante do vertedor seja unifotme, que a pressão em torno da seção AB
da lâmina vertente seja atmosférica, que os efeitos oriundos da viscosida-
de, tensão superficial, turbulência e escoamentos secundários possam ser
~~=====~ desprezados, a equação de Bernoulli pode ser aplicada à linha de conente
DC. O escoamento pode ser tratado como essencialmente bidimensional,
Figura 12.22 Escoamento sobre um ver-
tcdor retangular. sem efeitos de contração lateral.
Tomando como plano horizontal de referência um plano passando
em B, a equação de Bernoulli fica:

y2 y2
h +_o = (h - y) + _I
(12.63)
2g 2g

portanto:

y2
2g(y +-0) (12.64)
2g

Sendo dq =V1 dy a vazão unitária elementar em uma faixa de altu-


ra dy, a integração sobre toda a vertical permite calcular a vazão unitária q,
na forma:
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos- Vertedores

h
q = JV1 dy =
o
hA2
j2i f
o
(y+ - )dy
2g
0
(12.65)

que resulta em:

(12.66)

A Equação 12.66 é conhecida como equação de Weisbach.


Na dedução da equação anterior foram feitas hipóteses simplificadoras,
como assumir na seção AB que as velocidades tenham direção horizontal, com
distribuição parabólica dada pela Equação 12.64, efetuando a integração en-
tre os limites O e h. Isto é equivalente a admitir que na seção AB o tirante de
água tem dimensão h. Por outro lado, na aplicação da equação de Bernoulli ao
longo da linha de corrente DC, admitiu-se distribuição hidrostática de pressão,
o que implica uma di stribuição uniforme de velocidades V o e V 1, em con-
u·aposição com a distribuição parabólica dada pela Equação 12.64. Na verdade,
existe um efeito de contração vertical dos filetes, os quais passam por uma
seção contraída, onde a distribuição de pressão se afasta da hidrostática. Re-
sultados experimentais para este tipo de vertedor indicam que o ponto mais
alto alcançado pela face inferior da lâmina situa-se O, 12 h acima da crista, isto
é, 0,88 h abaixo da superfície horizontal de montante. Na vertical daquele
ponto, a carga de pressão é máxima e igual a O, 18 h, conforme Figura 12.23.
O efeito da contração vertical da veia pode ser expresso pela introdução,
na Equação 12.66, do coeficiente de contração Cc, o que resulta em:

(12.67)

A vazão unitária pode ser expressa de modo mais conveniente, para o


escoamento real sobre o vertedor, pela introdução do coeficiente de descarga
Cd, formalmente análogo ao escoamento em orifícios, çomo:

(12.68)
B Hldffi"lloa B"'Joa Cap. 12

na qual

(12.69)

A Equação 12.68 é a expressão fundamental da relação entre


Figura 12.23 Distribuição de pressão na seção vazão e carga em um vertedor retangular, e tanto o coeficiente de contra-
contraída. ção Cc quanto o termo V 0 2/2gh dependem da configuração geométrica do
escoamento, em particular da relação h/P (carga/altura do vertedor), e
conseqüentemente o coeficiente de descarga Cct também depende de h/P.
Sendo L a largura da soleira, igual à largura do canal, a vazão total
descarregada vale:

Q (12.70)

Observe que a equação anterior também pode ser obtida da lei de vazão
em um orifício retangular de grandes dimensões, Equação 12.20, fazendo-se
nesta h, =O (não há aresta superior), h2 =h e b =L.
Portanto, na Equação básica 12.70, o coeficiente de vazão Cu incorpo-
ra todas as hipóteses simplificadoras e os efeitos secundários da viscosidade,
tensão superficial, rugosidade da placa e do padrão de escoamento a montante.
Para que um vertedor retangular tipo
Bazin possa ser usado em medições de 12.13.3 VALORES DO COEFICIENTE DE VAZÃO Cd
vazões com boa precisão. o que deve
ser garantido na distribuição de veloci-
dade de chegada a sua montante? O problema da relação entre carga e vazão em um vertedor tipo Bazin é
objeto de estudos analíticos e levantamentos experimentais há mais de 100 anos.
Kolupaila (33), citado por Ackers et al. (2), apresenta uma lista de 100 referên-
cias sobre o desenvolvimento histórico de vertedores e formulações para
vertedores de parede fina, retangulares e de outras geometrias, das mais varia-
das procedências, e conclui que, "apesar de todo esforço realizado, não é pos-
sível recomendar com segurança uma detenninada formulação". A determinação
experimental do coeficiente de vazão e sua relação com a geometria e condições
do escoamento, como carga h, altura da soleira P e largura do canal b = L, fai-
xa de vazão, velocidade de aproximação etc, foi objeto de estudo de vários pes-
quisadores. Serão apresentadas somente as quatro expressões mais encontradas
na literatura. Deve-se observar nas formulações seguintes as condições e limi-
tes dos parâmetros experimentais e que, do ponto de vista prático na Engenha-
ria, é perfeitamente aceitável variação de resultados na faixa de 5%.
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos- Vertedores

a) Bazin (1 889)

(12.71)

sujeito a: 0,08 < h < 0,50 m, 0,20 < P < 2,0 m.


b) Rehbock 4 ( 1912) 4. Theodor Rehbok, engenheiro e
professor alemão, 1864-1950
h 1
cd = o,605 + o,o8 P + - - -.-h (12.72)
1000
sujeito a: 0,05 < h < 0,80 m, P > 0,30 m e h < P.
c) Rehbock ( 1929)

Cd = [ 0,6035 + 0,0813 ( h + ~0011) ][ 1 + O,O~llr2 (12.73)

sujeito a: 0,03 < h< 0,75 m, L > 0,30 m, P > 0,30 me h< P.
A equação de Rehbock fornece bons resultados quando detalhes
como boa ventilação da lâmina, soleira bem polida, dispositivos de
uniformização do campo de velocidade a montante forem considera-
dos, sendo indicada em trabalhos de laboratórios, por sua precisão. Os
valores obtidos pelas expressões de 1912 e 1929 são concordantes.
d) Francis ( 1905)

(12.74)

sujeito a: 0,25 < h < 0,80 m, P > 0,30 m e h < P.


Para P/h > 3,5, o valor da carga cinética de aproximação é pequeno
e o coeficiente médio da equação de Francis torna-se Cc~ =0,623, po-
dendo-se utilizar a fórmula prática.
Q = 1,838· L·h 3/ 2 (12.75)
A Equação 12.75, ainda que leve a valores aproximados, mas su-
ficientes para resolver muitos problemas hidráulicos, pela sua simpli-
cidade é a expressão mais utilizada na prática.
e) Kindsvater e Carter (30) ( 1957)
Baseado em cerca de 250 experimentos realizados no Georgia lns-
titute ofTechnology, em vertedores retangulares sem contrações late-
rais e contraídos, os autores propuseram uma expressão para o coefi-
ciente de vazão similar à expressão de Rehbock, na forma:
Por que a carga sobre a soleira de um
vertedor retangular de parede fina não

~)
deve ser medida exatamente na seção
de instalação do medidor? cd = ( o,602 + o,o75 (12.76)

sujeito a: 0,10 < P < 0,45 m, 0,03 <h< 0,21 me L= 0,82 m, obser-
vando que, para levar em conta efeitos de tensão superficial e visco-
sidade do líquido, a largura da soleira e a carga foram reduzidas em
1 mm, pela introdução dos conceitos de carga efetiva he e largura
efetiva Le. Deste modo, a equação básica, Equação 12.70, é escrita
como:

(12.77)

na qual Le = L- 0,001 e he =h- 0,001, ambos em metros.

O que significa, em um vertedor 12.13.4 INFLUÊNCIA DA CONTRAÇÃO LATERAL


retangular tipo Bazin, lâmina arejada?
Nas medições de vazão em campo, sejam em canais artificiais ou
córregos naturais, não se tem, evidentemente, as situações encontradas em la-
boratórios. Uma destas situações corresponde à instalação de um vertedor re-
tangular de largura L no meio de um canal de largura b > L, o que provoca o
aparecimento de contrações laterais. Com a finalidade de manter a validade das
equações discutidas e os valores do coeficiente de vazão, cons idera-se, em vez
da largura L da soleira, a largura efetivamente disponível para o escoamento.
Segundo Francis, a contração lateral em um vertedor retangular, com o bordo
vertical afastado da parede do canal mais de 4h e largura L > 3h, é igual a um
décimo da carga h. Para uma contração lateral dupla, a largura efetivamente
ocupada pelo escoamento deve ser a largura geométrica da soleira diminuída
em 2h/10.
Assim, a fótmula prática e aproximada de Francis, Equação 12.75, para
um vertedor retangular, parede fina e duas contrações laterais, é escrita como:

Q = 1,838·( L- 0,20h)·h 312 (12.78)

12.14 VERTEDOR TRIANGULAR DE PAREDE FINA


Os vertedores triangulares são particularmente recomendados para
medição de vazões abaixo dos 30 Vs, com cargas entre 0,06 e 0,50 m. É um
vertedor tão preciso quanto os retangulares na faixa de 30 a 300 1/s.
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos- Vertedores

Considerando a Figura 12.24, que mostra um vertedor triangular com


ângulo de abertura a e carga h; a relação entre vazão e carga pode ser facil-
mente determinada, desprezando a carga cinética de aproximação.
A descarga teórica elementar através da faixa de altura dy e largura 2x
vale:

dQ = .J2i,Y dA = 2 · fii,Y x dy
Como tg (a./2) = x/(h-y), a vazão elementar torna-se:
Figura 12.24 Vertedor triangu lar de parede
dQ = 2 f2i tg(a/ 2)(h- y).JY dy fina.

que integrada entre os limites O e h fica:

h 8
Q 1 = 2 .figtg(a/2)J(h -y).jY dy = -flitg(a/2)h 5/ 2
o 15

Compare este resultado com aquele obtido via Análise Dimensional, ver
o Problema 1.6, que já mostrava que a vazão era diretamente proporcional ao
produto da raiz quadrada da aceleração da gravidade pela carga elevada à po-
tência 5/2.
A vazão real é obtida multiplicando-se a vazão teórica por um coeficiente
de vazão, menor que a unidade.

Q = ~cd f2i tg(a 1 2) h 5/ 2 (12.79)


15

que 'é a equação fundamental da lei de vazão para todos os vertedores triangu-
lares de parede fina.
Dentre os vertedores triangulares, o mais usado nas medições práticas
é aquele com ângulo de abertura a= 90°, e para esta abertura as fórmulas
experimentais mais usadas são:
a) Thomson

Q = 1,40 h 5/ 2 (12.80)
sujeito a: 0,05 < h < 0,38 m, P > 3h, b > 6 h
b) Gouley e Crimp

Q = 1,32 h 2' 48 (12.8 1)

sujeito a: 0,05 <h < 0,38 m, P > 3h, b > 6 h

12.15 VERTEDOR TRAPEZOIDAL DE PAREDE FINA


Os vertedores trapezoidais não encontram tanto interesse de aplicação
como os vcrtedorcs retangulares c triangulares. Unicamente, há algwna impor-
tância no vertedor chamado Cipoletti, em forma de um trapézio isósceles, cuja
geometria é obtida de maneira que as inclinações laterais compensem a dim inui-
ção de vazão devido ao efeito da contração lateral do vertedor retangular de
mesma largura de soleira. Para que isto ocorra, a inclinação dos lados do
vcrtedor trapczoidal deve estar na proporção 1H:4V.
Esta propriedade pode ser facilmente mostrada, imaginando que a vazão
por um vertedor trapezoidal é a soma da vazão pelo vcttcdor retangular de lar-
gura da soleira L e da vazão pelo vertedor triangular correspondente às duas
inclinações.
Admitindo o critério de Francis, Equação 12.78, a diminuição que sobre
a vazão provoca as contrações laterais vale:

!:::..Q =1'838· o' 2h. h 1' 5 =o'3676 h 5/ 2


Adotando o mesmo coeficiente médio que levou à Equação 12. 78,
Cd = 0,623, para o vcrtedor triangular, Equação 12.79, a inclinação lateral vale:

!:::..Q = 0,3676 h'·. 2 = -8 0,623 f2i ' '1


2g tg (a I 2) h''-
15 '- ~

:. tg(a /2) = 0,25 = -1 (12.82)


4

Tem sido determinado experimentalmente que o coeficiente de vazão de


um vettedor Cipoletti vale Cd = 0,63 c a vazão é dctctminada pela equação:
h
Q = 1,861 L h 3/ 2 (12.83)
p

sujeito a: 0,05 <h < 0,60 m, a> 2 h, L > 3 h, P > 3 h e b (largura do canal) de 30
Figura 12.25 Ve1tcdor Cipolctti. a 60 h, conforme a Figura 12.25.
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos- Vertedores

EXEMPLO 12.7

Em um distrito de irrigação, existe um canal trapezoidal, com largura de


fundo igual a 1,20 m, declividade de fundo lo = 0,0003 mim, inclinação dos
taludes 1V:2H, revestido de cimento n = 0,020, transportando em regime uni-
forme, uma certa vazão com altura d' água igual a 0,45 m. Desejando-se, em
uma determinada seção, aumentar o tirante d'água para 0,75 m, optou-se pela
instalação de um vertedor retangular, parede fina, com duas contrações late-
rais e largura da soleira L = 1,50 m. Qual deve ser a altura da soleira P?
A vazão transportada é determinada pela fórmula de Manning, Equação
8.39, com auxílio da Tabela 8.2.
Param= b/yo = 1,20/0,45 = 2,67 e Z = 2 ---7 K = 1,603, e como:

M= (
Ji: )
J/8

= K·y 0 = 1,603·0,45 = 0,721 :. Q = 0,362 m3/s

A carga sobre a soleira do vertedor, com duas contrações laterais, é


calculada pela Equação 12.78.

Q = 1,838·(L- 0,20h)·h 312

:. 0,362 = 1,838(1,50- 0,2· h) h 3/2 :. h= 0,265 m

A altura d'água y = 0,75 m = P +h= P + 0,265 :. P = 0,485 m.

12.16 VERTEDOR RETANGULAR LATERAL


O uso mais comum dos vertedores, sejam de parede fina ou espessa, em
obras hidráulicas, é aquele em que a instalação do vertedor é feita perpendi-
cularmente ao sentido da corrente. Nesse caso, a vazão unitária sobre a solei-
ra é essencialmente constante. Entretanto, há casos em sistemas de alívio de
vazões em drenagem urbana, partição de vazões em projetos de irrigação,
controle de fluxo em estações de tratamento, que o vertedor é colocado para-
lelamemente à corrente, quando então são chamados de vertedores laterais.
Hidraulicamente, o escoamento sobre a soleira de tais vertedores não
mantém uma vazão unitária constante e é do tipo espacialmente variado.
Por que o vertedor triangular é mais
sensível, na medida da vazão, que o
12.16.1 CARACTERfSTICAS DO ESCOAMENTO retan gular?

A presença de um vertedor lateral em um canal retangular, caso mais


comum, devido à distribuição de vazão ao longo de sua largura, altera o per-
y
fi! d ' águ a ime diatamen te a sua montante e a sua jusante. Do ponto de
vi sta práti co, as alturas d ' água a mo ntante e a jusante do trecho de lo-
c alização do vertedor são assu midas com o as alturas normais correspon-
de ntes às vazõe s Q , de montante e Q 2 < Q, de jusante . A hipótese básica
p ara o desenvo lvimento analítico das condições de escoamento é que,
dad a a limitada largura da so le ira , a e nergia específica n o trecho do
vertedor permaneça cons tan te. A característica da curva altura d'águ a x
vazão para uma dada energ ia espec ífica constante Eo (ver Seção I 0 .2)
Q, Ql Q
é que a altura d 'água decresce no sent ido do fluxo, quando a vazão di-
Figura 12.26 Curva y x Q para E.,= cte. minui , se o escoamento for to rre nc ial e cresce se o escoamento for flu-
vial, confo rme a F igura 12 .26 .
A Figura 12.27 apresen ta os perfis d'água em três si-
tuações diferentes, em que P é a altura da soleira do vertedor,
- ==------- --..::::::- Qv, a vazão vertida lateralmente e Yc, a altura crítica, quando
o escoamento a montante for fluvial ou torrencial.
Ov I'
12.16.2 EQUACIONAMENTO

Aproximação: Supcrcrítico Na hi pótese da energia específica ser constante ao lon-


go da soleira, vertedor latera l retangular de altura P e com-
primento L , de soleira delgada ou espessa, canal principal
retangular de largura b e escoamento de aproximação fluvial,
caso mais comum na prática, de acordo com a Figura 12.28,
tem-se:

Q2
Energia específi ca ~E0 = y+ ? ?
Aproximação: Subcrítico - P > Yq 2g b-y-

diferenciando em relação a x, abscissa ao longo da corrente,


fi ca:

2 2
dE 0 = Ü = dy +-I-[2Q y dQ/dx -Q 2ydyjdxl
dx dx 2gb 2 y4
Aproximação: Subcrítico- P < Yl- 1

Figura 12.27 Perfis de água para diferentes condições de


aproximação.
O= dy + _l_ [ Q dQ _I -Q2 dy _ll
dx gb 2 dx / dx y 3

2
dy[l _ _ l_ Q ] = __I_ _g_ dQ
dx gb 2 y 3 gb 2 y 2 dx
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores 393

Qy dQ
(1 2.84)
dx

Esta última equação diferencial relaciona a variação do


nível d'água à variação de vazão ao longo da soleira.
Assumindo que a vazão unitária de um vertedor retangu- Corte
lar, parede fina, sem contrações laterais, em que Cd é o coefici-
ente de descarga, é dada por: Vertedor lateral

q = dQv = 3_ Cd .J2i (y- P)~ = - dQ (12.85)


dx 3 dx

e sendo a equação da energia específica, para o canal retan-


gular, Equação 10.6, dada por:
-
v,
Q,
b Canal principal b

Planta
Figura 12.28 Yertedor lateral.
substituindo na Equação 12 .84 vem:

dy - by~2g(E 0 - y) · y·2/3Cd .J2i (y - P)~


(1 2.86)
dx b 2 / 2g(E 0 -y)- gb 2 y 3

que é a equação diferencial da linha d'água, e após desenvolvida, torna-se:

= _ ~S!_[~(E 0 -y) ·(y -


3
dy P) ]
(1 2.87)
dx 3 b (2E 0 - 3y)

Esta equação foi integrada por de Marchi 5 (17) em 1932, para x = O até
x = L, largura da soleira do vertedor, resultando em: 5. Giulio de Marchi, engenheiro e proles·
sor italiano, 1890·1972.

3 b
L=- - (<1> 2 - <1> 1 ) , na qual
2 cd

"' 0 E 0-y
'+' -- 2E -3P J - E 0-y
-- - 3 arcsen J - -- (12.88)
E0 -P y-P y- P
12.16.3 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE DESCARGA
A determinação do coeficiente de descarga para um vertedor lateral de
parede fina ou espessa tem sido objeto de trabalhos experimentais, os quais
mostram a influência da presença de paredes no canal lateral sobre a trajetó-
ria das linhas de fluxo. O coeficiente de descarga é, basicamente, função do
O escoamento sobre a soleira de um
tipo de escoamento a montante do vertedor, através do número de Fraude do
vertedor lateral de forma retangular escoamento de aproximação.
tem vazão unitária q constante?
Resultados de trabalhos experimentais, para a geometria retangular,
podem ser encontrados em Hager (27), Subramanya e Awasthy (55), Ranga
Raju et ai. (44), Swamee et ai. (56) e Singh et ai. (53), entre outros.
No caso de um vertedor lateral convencional, sem estar conectado
a um canal lateral, Figura 12.29, os dados de Subramanya e Awasthy
(55) fornecem uma expressão do coeficiente de vazão, função do núme-
ro de Fraude no canal principal, a montante do vertedor, dado pela
~-~ Equação 12.89:
Q,
I;;:;- Cd = 0,622 - 0,222 Fr 1 O ~p ~ 0,60 m (12.89)
~
válida para aproximação subcrítica ou supercrítica.
Figura 12.29 Yertcdor lateral de parede fina
sem canal lateral. No caso da presença de um canal lateral, Figura 12 .30, Ranga
Raju, Prasad e Gupta (44) recomendam a Equação 12.90 para o coefi-
ciente de vazão.

~lateral~
Canal Cd =0,81 - 0,60 Fr 1 0,20 ~ P ~ 0,50 m (12.90)

:tz/• Para o caso de um vertedor de parede espessa com canal


lateral (veja a Figura 12.28), a Equação 12.90 é modificada pela
introdução de um parâmetro K, que leva em conta o efeito do
comprimento M da crista do vertedor, na forma:

(12.91)
Figura 12.30 Yertedor lateral de parede fintt com canal
lateral.
na qual

K = 1 para (y 1 - P) ~ 2 ·M
K = 0,80 + 0,10 (y 1 - P)/ Mpara (y 1 - P ) <2-M (12.92)

Recentemente, Singh, Manivannan e Satyanarayana (53), apresentaram,


para um vertedor retangular de parede fina com cana l lateral, uma expressão
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores
395

para o coeficiente de vazão Cct, em função de ambos, Fr 1 e da relação Ply t,


Equação 12.93.

Cd =0,33 - 0,18 Fr 1 + 0,49 P/yt (12.93)


0,06$P $ 0,12m e 0,10$L$0,20m

EXEMPLO 12.8

Um canal retangular de 2,0 m de largura transporta uma vazão de 0,80 m 3/s,


em regime fluvial. Um vettedor retangular de parede fina deverá ser instalado na
lateral, para desviar uma vazão de 0,20 m3/s, de modo que a altura d'água após o
vertedor seja de 0,50 m. Se a altura do ve1tedor for P =0,27 m, qual a sua largura?
Da condição do problema:

A vazio em um canal retangular varia de 40


Energia específica após o vertedor: a 120 LJs e pretende-se regular a
profundidade da água pela Instalação de
vertedores triangulares com abertura de 90°,
colocados na mesma cota, na extremidade
2 do canal. Quantos vertedores são
( 0,60 I 2,0) = O5 necessários para limitar a variação da
E2 = E0 = 0,50 + ' 18 m profundidade da água a 7,6 em? Qual será a
19,6 ·0,50 2 carga máxima sobre os vertedores? Use a
fórmula de Th omson.

Altura d'água a montante do vertedor, desprezando a perda de carga:

2
8012•0 ) - E -0 5 18
E 1 -- Yt + (0, 2 - o - • m :. Yt = 0483
, m
19,6·yl

Substituindo os valores na Equação 12.88, os parâmetros 4>; tornam-se:

th 1,036 - 0,81 0 035


'V! = 0,248 •
0,213
= - o•8827

<I> - 1,036- 0,81 0 018


2
0,248
• = - o5957
- 0,23 '

O coeficiente de vazão é dado pela Equação 12.89, na forma:


2
Fl.12 = 0,40
-7 Fr1 = 0,38 . . Cct = 0,622 - 0,222 Fr1 = 0,537
9,8·0,483 3
B
Hid•Moa Bâ<ioa Cap. 12

Finalmente, a largura da soleira, pela Equação 12.88, vale:

L =~ 32._ ( - 0,5957 + 0,8827) = 1,60 m


2 0,537

12.17 VERTEDOR DE SOLEIRA ESPESSA HORIZONTAL


Conforme di scutido na Seção 10.7 .2. 1, o vertedor retangular de parede
espessa é uma elevação no fundo do canal de uma altura P, largura b e um certo
comprimento e, sufic iente para produzir a elevação do nível d'água a sua mon-
tante. O comportamento da veia líquida é o que aparece na Figura 12.31, na
qual se observa uma depressão da veia nas proximidades do bordo de montante
e, em continuação, um escoamento praticamente paralelo à crista.
O tratamento teórico feito na Seção 10.7 .2. 1, no qual foi desprezada a per-
da de carga, levou ao estabelecimento da relação carga-vazão, dada pela Equa-
ção 10.34. Na prática, devido ao efeito da não uniformidade do escoamento de
aproximação e do atrito da água sobre a crista do vertedor, a vazão real escoa-
da é um pouco menor que o valor teórico obtido pela Equação 10.34, sendo
dada na forma:

Q = cd. 1,704. b h 312 (12.94)

O coefic iente de vazão Cd é função das relações h/P e h/e e também da


rugosidade da crista e do fato de a aresta do bordo de ataque ser em ângulo
vivo ou arredondada.
Sempre que a crista fo r suficientemente longa (e > 3· h), as linhas de
corrente serão, na maior parte de seu comprimento, aproximadamente paralelas
à superfície da crista, a distribuição de pressão será hidrostática e, nas proxi-
midades do bordo de jusante a altura d 'água será critica. Se, por outro lado, a
carga for re lativamente grande (0,4-e <h < 1,5·e), o vertedor é estreito e o pa-
drão do escoamento será predominantemente curvilíneo, não atingindo a pro-
fundidade crítica.
A determinação do coeficiente de vazão é assunto eminentemente expe-
rimental e as informações disponíveis sobre este tipo de vertedor levam a re-
sultados controversos. Isto se deve à variação de condições sobre as quais os
investigadores têm desenvolvido os diferentes trabalhos, Govinda e Mu-
ralidhar (23).
Considerável discrepância existe nos resultados de diferentes experi-
mentos, especialmente para cargas abaixo de 0,15 m. Para cargas entre 0,15 e
0,45 m , os valores do coeficiente de vaz,ão t{)rnam-se mais uniformes.
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos - Vertedores

Os dados apresentados na Tabela 12.7 foram adaptados v'l2g


- -·- -- - - _j_- - - -- ---
de King (31 ), para vertedores de soleira espessa, horizontal e
com bordo de montante em aresta viva (ângulo reto), descar-
regando livremente, sem condicionantes de jusante. A tabela v
é o resultado de um tratamento feito por interpolação gráfica
sobre vários dados experimentais de fontes distintas.
Para uma carga fixa, o valor do coeficiente diminui com
o comprimento da soleira, indicando o efeito da rugosidade
Figura 12.31 Vertedor de soleira espessa horizontal.

sobre a perda de energia.

Tabela 12.7 Valores do coeficiente de vazão C~ para vertedores retangulares de parede


espessa. Adaptado de King (31 ) .

. ~~~; 0;~5 0;2r · 0;30. ·. J6~;ti~1~bu:e~:~g~,l~i:~9~~-~;~t~·;]~~d~E-;_3;~,, ft/ 50


0,06 0,906 0,890 0,871 0,848 0,822 0,803 0,790 0,771 0,758 0,806 0,868
O, 12 0,945 0,906 0,881 0,855 0,845 0,842 0,835 0,822 0,809 0,829 0,874
0,18 0,997 0,936 0,890 0,845 0,842 0,842 0,868 0,871 0,874 0,874 0,874
0,24 1,068 0,984 0,923 0,868 0,842 0,842 0,864 0,868 0,868 0,871 0,855
0,30 1,075 1,016 0,965 0.890 0,861 0,855 0,858 0,864 0,868 0,868 0,85 1
0,36 1,075 I ,036 0,997 0,926 0,874 0,858 0,858 0,864 0,861 0,871 0,855
0,42 I ,075 I ,055 1,036 0,945 0.897 0,868 0.855 0,858 0,858 0,864 0,855
0,48 1,075 1,065 1,062 0,994 0,936 0,890 0,868 0,861 0,858 0,858 0,851
0,54 1,075 1,075 1,072 0,994 0,932 0,887 0,868 0,861 0,858 0,858 0,851
0,60 1,075 1,072 I ,068 0,981 0,923 0,894 0,881 0,868 0,858 0,858 0,85 1

Para vertedores com aresta de montante arredondada por um arco de


círculo, os valores da Tabela 12.7 devem ser acrescidos de cerca de 10%.

12.18 DESCARREGADORES DE BARRAGENS


Em obras projetadas para o controle de vazões importantes, como nos
aproveitamentos hidrelétricos, a geometria do vertedor não depende somente
de considerações hidráulicas. Com efeito, a estabilidade estrutural da obra, as
características do subsolo, a topografia e o tipo de barragem devem ser
igualmente levados em consideração.
A utilização de um descarregador com uma geometria trapezoidal
e soleira plana, como na Figura 12.32, para o porte das vazões deste tipo
de obra, é totalmente desaconselhável, uma vez que as mudanças brus-
cas de angulosidade nos paramentos de montante e jusante provocam a
separação da lâmina, criando zonas de alta turbulência, associadas a sub- Figura 12.32 Descarregador de soleira espessa
pressões importantes. trapezoidal.
Nestes casos de grandes vazões é comum o uso de vertedores~extrava­
sores, que são essencialmente grandes vertedores retangulares, projetados com
uma geometria tal que promova o perfeito assentamento da lâmina vertente
sobre toda a soleira. Isto tem por propósito, além de promover um coeficien-
te de descarga máximo para o vertedor, prevenir o aparecimento de pressões
negativas, que podem originar um processo de cavitação no concreto. Também
um perfil mal desenhado pode provocar o aparecimento de turbulência, des-
colamento e oscilação na veia vertente.
A idéia básica no projeto de uma soleira espessa que seja "hidrod i-
nâmica" é desenhá-la seguindo a forma tomada pela face inferior de uma lâ-
mina vertente que sai de um vertedor retangular, de parede delgada, sem
contrações e bem arejada. Esta forma, chamada, de soleira normal, pode ser
estudada teoricamente, desprezando-se os efeitos da viscosidade e tensão su-
perficial, através dos princípios da balística e equações da cinemática.
A soleira espessa de um descarregador é dita normal, para uma deter-
minada vazão Qd, se o seu perfil é tal que se verifica a pressão atmosférica
local ao longo da soleira, quando veiculando a vazão Qd.
__=_-~-'-.::- - - - - - - -
.....,..,
, _~
A Figura 12.33 apresenta a analogia entre a geometria da
lâmina sobre um vertedor retangular de parede fina e o descar-
regador de soleira normal. Deve ser observado que, em um ver-
p p
tedor de soleira normal, a carga hd, chamada de carga de projeto,
é medida em relação ao ponto mais alto do perfil (crista).
Pela Figura 12.23, o ponto mais alto da face inferior do
(a) (b)
jato livre, em relação à crista, no vertedor de parede fina, atin-
Figura 12.33 a) Vertedor de parede fina; c b) vertedor- ge o valor ~H = O, 12 h, que na Figura 12.33b é a distância ver-
extravasar de soleira normal. tical entre as cristas dos dois vertedores.
A lei de descarga de um vertedor-extravasor, de largura L,
segue a expressão básica, Equação 12.70, na forma:

(12.95)

O coeficiente de vazão C~, relativo à vazão Qct e, portanto, à carga de


projeto hct, relaciona-se ao coeficiente de vazão Cct de um vertedor Bazin, de
igual largura e vazão, como:

(12.96)
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos - Vertedores

Corno~= h- hd = 0,12 h, portanto hd = 0,88 h, a relação anterior fica:

c~ =1,211. cd (12.97)

Portanto, para o mesmo nível d 'água no reservatório de montante, a


despeito do maior atrito desenvolvido na estrutura de soleira espessa, ·o coe-
ficiente de vazão da soleira normal é maior que do vertedor de parede fina.

12.18.1 GEOMETRIA DA SOLEIRA NORMAL


A busca de uma forma geométrica para o perfil da soleira que,
além da eficiência hidráulica, resguardasse a estrutura do aparecimen- hd

to de pressões negativas, foi exaustivamente estudada analítica e ex- R2


X

perimentalmente, sendo desenvolvidos vários perfis, notadamente os R, ~o.s h,


petfis de Scimeni e Creager. Baseados em dados experimentais levan- p R, ~ 0.2 h,
tados pela Waterways Experiment Station (WES), este órgão propõe \
\
a - 0, 175 h,
y
um perfil padrão para um descarregador de paramento (face) de mon- ..\ b - 0,282 h,
r.
tante vertical, dado pela Equação 12.98, e parâmetros geométricos
apresentados na Figura 12.34. F igura 12.34 Perfil padrão WES, com paramen-
to de montante vertical.

1 xt.s5
Y= - - - (12.98)
2 h 0,85
d

Usando a equação da conservação da


na qual X e Y são coordenadas da soleira com origem no ponto mais alto do energia, para um vertedor de parede
perfil (crista) e hd é a carga estática de projeto (sem considerar a velocidade espessa liso, considerando a carga
cinética de aproximação, mostre que o
de aproximação) associada à vazão de projeto Qd. O trecho do perfil entre a coeficiente de vazão c,
da Equação
12.94 pode ser determinado pela
crista e o paramento de montante f ica definido por dois arcos de círculos de equação:
raios Rt e Rz, e di stâncias a e b, como na Figura 12.34. 0,1481 C! + I =C/''
(1+!)1
h
12.8.2 VARIAÇÃO DO COEFICIENTE DE VAZÃO COM A CARGA em que P é a altura do vertedor e h, a
carga estática. Faça um gráfico c, x P/h.
Na Equação 12.95, que relaciona a vazão de projeto com a carga de pro-
jeto, isto é, a carga com a qual se desenha a soleira normal, conforme a Equa-
ção 12.98, o coeficiente Co é denominado coeficiente básico de vazão. Quando
a vazão pelo extravasar varia, tanto a carga quanto o coeficiente de vazão va-
riam e este último cresce quando a carga cresce. Considerando um vertedor
Bazin, quando a vazão aumenta para Q1 > Qd, a face inferior da lâmina afas-
ta-se da crista, mas no vertedor de soleira normal ela permanece aderente à
estrutura, criando então depressões sobre a soleira normal que dão lugar ao
aumento da velocidade e conseqüente aumento do coeficiente de vazão. Nes-
ta situação em que a carga de trabalho é maior que a carga de projeto h > hd,
a soleira é dita deprimida, fu ncionando com pressão inferior à atmosférica
local. Em caso contrário, isto é, quando h < hd, a soleira é dita comprimida,
funcionando com pressão superior à atmosférica local.
Para se prevenir contra o aparecimento de efeitos indesejáveis de des-
colamento da veia e cavitação na estrutura, como norma, a máxima vazão
desviada pelo vertedor-extravasor deve ser tal que a carga correspondente seja
hmáx = 1,33·hd.
A expressão geral da vazão descarregada por um vertedor com perfil da
soleira dado pela Equação 12.98, de largura L, sem contrações laterais, em
função da carga de trabalho qualquer h é:

Q =C L h3/2 (12.99)

na qual o coeficiente de vazão C é função da relação h/hd entre a carga de tra-


balho ou efetiva e a carga de projeto.
Para os dados experimentais levantados pelo WES, relacionando h/hd e
CwEs = c;.fii' e apresentados em Abecasis ( 1), foi feito um ajuste de curva
que levou à Equação 12.1 00 .

. ( )0,148
c= 2,215 ~ (12.] 00)
hd

Pela equação desenvolvida, verifica-se que o funcionamento de uma


soleira tipo WES, para.uma carga vez e meia superior à carga de projeto (h =
No projeto de uma soleira normal em
um vertedor de uma barragem, em
uma obra hidroelétrica, para que serve
a carga estática de projeto ho? 1,5 · hd), conduz a um acréscimo de cerca de 6% no coeficiente de vazão, em
relação a Co e, portanto, na vazão descarregada.

EXEMPLO 12.9

O vertedor de uma pequena barragem com perfil padrão WES, de 10,0 m


de largura, altura P =6,0 me paramento de montante vertical, funciona com uma
carga h = 0,60 m. Sabendo que o ponto de coordenadas (X; Y) = (1 ,0; 0,373)
pertence ao perfil da soleira, determine a vazão descarregada.
Como a carga relativa é pequena, isto é, a relação P/h = 6,0/0,60 = 1O
é grande, a velocidade de aproximação é desprezível e, utilizando a equação
do perfil, Equação 12.98, vem:
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores
401

1 x1.ss 1,0 1,85


Y = - - .. 0,373 = 0,5 hJ.85 .. hd 1,17 m
2 h 0,85
d d

Pela Equação 12. I 00, o coeficiente de vazão correspondente à carga de


trabalho vale:

0,148
o 60 )o.I48
c= 2,215 ( hhd ) = 2,215 ( - ' - = 2,0 (soleira comprimida)
1,17

portanto: Q =C L h 3/ 2 = 2,0·10·0,63/2 = 9,30 m 3


Is

12.19 APLICAÇÕES
As formulações e conceitos desenvolvidos nas seções anteriores são uti-
lizados em vários tipos de projetos na Engenharia Civil, como contenção de
cheias urbanas, eclusas para navegação fluvial, captação de água em projetos
de abastecimento urbano ou industrial, instalações hidráulico-sanitárias etc.
Com o objetivo de fazer uso das formulações, algumas aplicações práticas são
desenvolvidas a seguir.

12.19.1 ECLUSA PARA NAVEGAÇÃO


A usina hidrelétrica de Ibitinga, localizada no rio Tietê, possui uma
eclusa para permitir a navegação fluvial.
O enchimento da eclusa é feito através de oito comportas planas (siste-
ma de admissão de água assumido para fazer a aplicação), comandadas eletri-
camente com velocidade de abertura constante. Com os dados fornecidos,
determine:
Há risco de cavilação no concreto de
um vertedor extravasar se o escoamen-
a) a equação da altura d'água na eclusa, em função do tempo, durante t o for tal que a soleira seja comprimida?
a abertura das comportas (de t =O até t = t1, tempo de abertura com-
pleta das comportas);
b) o nível d'água na eclusa quando terminar a abertura das comportas;
c) a equação da altura d' água na eclusa, em função do tempo, desde o
término da abertura das comportas, t = t1, até o enchimento total da
eclu sa;
d) o tempo gasto para encher a eclusa.
e) Traçe o gráfico do nível d' água na eclusa contra o tempo. Dados:
• nível d'água rio reservatório= 404,00 m;
• nível d 'água da eclusa= 379,70 m, no tempo t =O;
• comportas: oito de (I x 1) m2 ;
• coeficiente de descarga c,= 0,63;
• velocidade de abertura das comportas = O, J25 m/min;
• eclusa: comprimento = 129,00 m ;
• eclusa: largura = 1 I , IO m.

Ob,rervação: Considere o nível d '<\gua no reservatório e o coeficiente de


descarga das comportas como constantes e assuma a lei dos pequenos orifícios
durante toda a manobra. A orientação das alturas é dada na Figura 12.35.

a) Cálculo da altura h2 no final da abertura das comportas, que ocorre


para t, = 1/0, 125 = 8 min.
Como a área da comporta é fun ção do te mpo, as equações ficam:
• Comportas ~ Q = 8Cd A(t)~ 2g h
- Eclusa
1- o 379 70 • Eclusa ~ Q = dVol/dt = - S dh/dt
l Continuidade:

Figura 12.35 Aplicação 12.19.1. M::l: dh


8Cd A(t)-v "-~11 = - S- :. A(t)dt =-
s h: h - 1/?- dh (I)
dt 8Cd -v2g

Como a área de abertura das comportas varia linearmente com o tem-


po, vem: A(t) = At·t/t,, em que A 1 é a á rea da comporta totalmente
aberta e t ,, o tempo de abertura igual a 8 min .
Substituindo em I, te m-se:

2cr l - ]2
Daí~ h = Jh:- 2 A C "fii, 1
para
1
OS t S8 min (li)
[
t, s
Ao final dos 8 min , substituindo os dados, tem-se h2 = 9,36 m, por-
tanto o nível d'água na eclusa é igual a 404,00 - 9,36 = 394,64 m .
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos- Vertedores

b) A equação do N.A. x tempo, desde o final da abertura das compor-


tas até o enchimento total da eclusa, pode ser desenvolvida usando as
mesmas equações, observando que a área das comportas fica constan-
te e igual a At. Assim:

que integrada fica:

Para h = O, enchimento total, substituindo os dados, vem t = 872,23


s (14,54 min).
405
As Equações II e III representam a va-
riação do nível d'água com o tempo e foram
400
colocadas em gráfico, como na Figura 12.36. g
"'"'
:::1 395
12.19.2 ESVAZIAMENTO DE UM õ.,
RESERVATÓRIO DE "'c: 390
ABASTECIMENTO PREDIAL ..,"'&'o
No projeto de Instalações Hidráulico- 385
Sanitárias de um prédio de apartamento, um
dos aspectos a serem considerados é o tempo 380
necessário para o esvaziamento do reservató-
rio superior. Em geral, tal reservatório de for-
ma prismática, com seção reta A e altura H, é o 100 200 300 400 500 600 700 800 900
conectado, no fundo, a uma tubulação metá- Tempo (s)
lica de um certo diâmetro, como na Figura Figura 12.36 Curva de enchimento da eclusa.
12.37. A tubulação de 2,0 m de comprimento
possui um registro de gaveta aberto e um co-
tovelo 90°, raio curto. Determinar o diâmetro da tubulação para que o tempo
de esvaziamento seja, conforme a NB-92, menor que 2 h. Despreze a diferença ~ . · ~

de cotas entre o fundo do reservatório e a saída da tubulação.


Em um tempo genérico t, a carga sobre a entrada do tubo vale y. HI y

Assumindo que o problema possa ser tratado como um tubo curto des-
carregando livremente na atmosfera, o Manual de Hidráulica, Azevedo Netto,
recomenda para tubos de pequenos diâmetros os seguintes valores dos coefi-
l [tL
_r_ tD
I

cientes de vazão: Figura 12.37 Aplicação 12.1 9.2.


A equação da continuidade pode ser escrita como:

Q s = _ dVol = _ Ady = Cd A ~gy


dt dt 0 './ L.'&Y

A y 1/2 IH 2AJH
T = Cd Aofig lj2 o :. T = Cd Aofli
Durante o processo de enchimento de
uma eclusa, conceitualmente falando,
você acha que o coeficiente de vazão do
orgão alimentador fica constante? Valores para aplicação, levando em conta os comprimentos equivalentes dos
acessórios dados pela Tabela3.6:A=4 m 2, H= 1,5 m, L= 2m, D = 1", L:= 1,78 m
e, por1anto, Lt = 3,78 m.
Para L tfD = 3,78/0,025 = 151 tabela~ Cd ~ 0,42 ~ T = 10734 s (2,98
h)> 2,0 h.
Adotando D = 11/2"~Ltotal= 4,67 m ~ L 1/D = 4,67/0,038 = 123
tabela ~ cd ~ 0,45
Portanto: T = 4336 s (1,20 h) O.K.
Este problema também pode ser tratado utilizando-se a equação da ener-
gia, a equação universal de perda de carga e as perdas de carga localizadas,
como escoamento não pennanente (ver Seção 4.8).

12.19.3 DERIVAÇÃO DE ÁGUA EM PROJETOS DE


ABASTECIMENTO
Em um sistema de captação de água diretamente de um
rio, foi projetado, com o intuito de elevação do tirante de água,
um muro como o da Figura 12.38, que tem uma largura de 5 m,
igual à largura do rio, e funciona como um vertedor retangular
de parede espessa. Nas proximidades do muro, em uma seção
a montante, será construída uma obra de tomada de água, cons-
tituída por 3 comportas quadradas de 0,50 m de lado, para de-
Figura 12.38 Aplicação 12.19.3.
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores
405

rivar uma vazão de 3 m 3/s, em condições de descarga livre. Calcular o tirante de


água y necessário para efetuar a derivação, a vazão que passa sobre o muro e
a vazão total do rio.
Uma obra de derivação será realizada sobre
As comportas funcionam como oiifícios de grandes dimensões com supres- um curso d·agua a montante de uma zona
são da contração da veia na parte inferior. Para um coeficiente de vazão Cd =0,62, residencial, a fim de prevenir Inundações
nos períodos de cheia. A obra de derivação,
este é cmTigido pela Equação 12.27 como: figura 2, será constitu ída por um vertedor
tipo Creager, livre, com 3 m de largura, carga
de projeto h, = 1,0 m e soleira na cota 501,0
Cd = Cd (1 + 0,15 K), em que K = 0,5/2 = 0,25 ---7 Cd = 0,643 m, colocado sobre o canal de descarga.
Sobre o curso d 'água a Jusante a vazão será
controlada por uma queda livre (seção de
controle) de seção retangu lar com largura de
A vazão descanegada é dada pela Equação 12.20 como: 5,0 m e soleira (radler) na cota 500,0 m. Para
uma altura d·ãgua de 1,0 m sobre a soleira
da queda, determine a vazão derivada e a
vazão a montante no rio. Despreze as cargas
cinéticas de aproximação para o vertedor e a
queda e as perdas locais.

Para cada comporta fica:


Obra

312 312
1 O= 1 8978 ·O 52 (y- 0•2 ) - (y- 0 •7 ) ---7 y = 2,43 m
' ' ' 0,5
Qderivada I
A vazão sobre o muro (vertedor de soleira espessa) é dada pela Equa-
ção 12.94 e vale: Qv = Cd 1,704 L H 312 , portanto: Zona
!tcsidcncial
Figura 1
Qv = 0,868·1,704·5·(2,43 - 2,00) 1•5 = 2,09 m3/s
Montante
com Cd ti rado da Tabela 12.7. A vazão total do rio será, portanto, de 5,09 m3/s.
Vcrlcdor
Neste exemplo, partiu-se da premissa de que os orifícios eram de gran-
des dimensões, o que levou a um valor do tirante d'água y igual a 2,43 me um
valor da carga sobre os orifícios igual a H = 2,43 - 0,45 = 1,98 m, o quere-
sulta em carga maior que três vezes a dimensão vertical do orifício, podendo
este ser tratado como de pequenas dimensões. De fato, para o mesmo valor de
Jusanlc
Cd = 0,643, a lei dos pequenos orifícios, Equação 12.1O, fica:
Figura 2

Fonte: EPFL
Q = Cd A.j2g H ~ 1,0 = 0,643 · 0,5 2 .j2g(y-0,45) ~ _y = 2,42m

o que resulta, praticamente, no mesmo valor da altura d'água calculada.


12.19.4 BACIA DE DETENÇÃO EM SISTEMAS DE CONTROLE DE
CHEIAS URBANAS
Uma das estruturas utilizadas para o controle e atenuação da vazão de
pico de um hidrograma, em projetos de drenagem urbana, ou mesmo em ba-
cias rurais, é a implantação de uma bacia de detenção que propicie o arma-
zenamento temporário do volume de água que chega a uma determinada seção.
Ao projetista interessa saber o comportamento do órgão evacuador para as
várias vazões de entrada, de modo que a máxima vazão de saída da bacia de
detenção seja compatível com as condições hidráulicas do canal de jusante.
Uma dessas estruturas foi projetada para o
controle de cheias na Av. Pacaembu, na cidade de
São Paulo, constando basicamente de um reserva-
tótio, na Praça Charles Miller, de base retangular
com um volume útil de 74000 m 3 , possuindo
como descarregadores uma abertura retangular
de 1,00 x 0,50 m no fundo (mifício), um vertedor
retangular de 2,0 m de largura com soleira na
cota 742,40 m e uma soleira superior para aten-
der a excessos de vazão, na cota 744,00 m, como
na Figura 12.39.
O projeto hidrológico definiu como vazão
com período de retomo de 25 anos o valor 43 m3/
Figura 12.39 Sistema extravasar da Praça s, enquanto a capacidade máxima de vazão da
Charles Miller. galetia existente na Av. Pacaembu é de cerca de
13 m 3/s.
Nestas condições, pede-se determinar a
7 curva de vazão da estrutura de descarga entre as
cotas de 737,75 e 744,00 m.
Io 6
·c:
•O 5
Chamando de y a altura d'água no reserva-
~ tório, até a cota 742,40 m , tem-se a lei de vazão
eo" 4 dada pelo orifício inferior, tratado como de pe-
~ 3 . quenas dimensões. Adotando, conforme dado da
&\, projetista, THEMAG Engenharia Ltda, Canholi
""'
'o 2
!"! (9), um coeficiente de vazão constante Cd = 0,62,
E
:( corrigido pelo fato de o orifício estar junto ao
0~---+----~---+----r----r----r---~
fundo, na forma:
o 2 4 6 8 lO 12 14
c: =cd o+ 0,15 K) =0,62. (1 + o,I5 . 1,0/3,0) =
= 0,65
Figura 12.40 Curva de vazão da bacia de deter.ção da Praça Charles Miller.
Assim :
Cap. 12 Orifícios- Tubos Curtos- Vertedores 407

para 0,5 ~ y ~ 4,65 m.


Com o N.A acima da cota 742,40 m, à lei de vazão anterior é adiciona-
da a lei do descarregador retangular, cujo coeficiente de vazão, assumido cons-
tante, foi adotado pela projetista como C= 2,15, portanto, pela Equação 12.99:

Qv =C L h 1•5 = 2,15·2,0·hl.5 , em que h é a carga sobre a soleira, logo:

Q = Q0 + Q v =1,439.j(y- 0,25) + 4,30(y - 4,65)'- 5

para 4,65 < y ~ 6,25 m

As duas equações foram postas em forma gráfica, como na Figura


12.40, em que se destaca a mudança de comportamento da vazão quando en-
tra em operação o vettedor retangular para y = 4,65 m, evidenciando o efeito
do valor do expoente (0,50, orifício, ou 1,50, vertedor) na lei de descarga.

12.19.5 DEFESA CONTRA INUNDAÇÕES


Uma das alternativas no projeto de defesa contra inundações em nú-
cleos urbanos é a construção de barragens na parte alta da bacia
hidrográfica, no tio principal ou em seus afluentes. Um destes exemplos
encontra-se no rio Itajaí d'Oeste, a 4 km a montante da cidade de Taió, em
Santa Catarina, dentro do sistema de proteção contra cheias da cidade de 100 00
Blumenau. Tal ban·agem consta de um vertedor de superfície com lâmi-
na livre e 7 orifícios de 1,5 m de diâmetro com registro, como
_C
descarregador de fundo, com capacidade total de descarga de 1170 m3/s.
Tal concepção permite o controle das vazões através da lei dos orifícios,
aplicada ao conduto curto instalado em cota baixa, e da lei dos vertedores Figura 12.41 Aplicação 12.1 9.5.
retangulares para cotas altas da água no reservatório.
Nesta linha de aplicação, pretende-se verificar qual será o nível
d'água no reservatório quando a vazão total descarregada pela estrutura mos-
trada na Figura 12.41 for de 62 m 3/s. A estrutura é constituída por um des-
carregador retangular livre, com crista na cota 105,00 m, de 12 m de largura,
com coeficiente de vazão C = 2,1O, e três descarregadores de fundo , tipo tubo
curto, em concreto com entrada em aresta arredondada de 1,20 m de diâme-
tro e 9,0 m de comprimento, descarregando livremente.
A máxima capacidade de vazão do descarregador de fundo, antes do
vertedor começar a operar, é dada por:
Q = 3Cd A~ 2g H , em que o coeficiente Cd é dado na Tabela 12.5.

Q = 3 · 0,89 · 1t ·1 ,20
2
/4·-J 19,6 · (105 -100) = 29,88 m3/s

Assim, para a vazão de 62 m3/s o vertedor também estará operando e a


lei de descarga, da estrutura como um todo, é dada por:

Qual o objetivo da construção da


bacia de detenção na Praça Charles
Mlller, em São Paulo?
62 = 3· 0,89 · 1t ·1,20 2 /4 ·~19,6 · (N.A - 100) +2,10·12· (N. A -105) 15

o que resulta em N.A. = 106,10 m.

12.19.6 CONTROLE DE CANAIS POR COMPORTA PLANA VERTICAL


Uma comporta plana pode ser usada em um canal para controle de ní-
vel d'água a montante ou posicionamento do ressalto hidráulico a suajusante,
para uma determinada vazão constante.
A comporta plana e vertical mostrada na
_g_ Figura 12.42, de largura igual a 1,O m e abertu-
3,00 m ra, 0,50 m, tem coeficiente de contração igual a
f-'--_l·o-~ _g_ Cc = 0,61 e admite água em um canal retangu-
lar de mesma largura e declividade praticamente
900m nula. Qual deve ser o mínimo diâmetro de uma tu-
bulação cmta, horizontal, de concreto com entrada ar-
Figura 12.42 Aplicação 12.1 9.6.
redondada e saída livre, de 9,0 m de comprimento,
para que o ressalto formado não afogue a comp01ta.
a) Cálculo da vazão unitária na comporta, pelas Equações 12.55 e 12.56:

q = C b~2gy e C = 0611( y-b ) 0 ·072


d d ' y+ 15b

cd = 0,611( 3,0-0.5 )o.on = 0,551


3,0+15·0,5
daí fica:

q=0,551·0,5 ·.J19,6·3,0 = 2, 11 3m 3/(sm)


b) Condição limite para não haver afogamento da comporta de montan-
te:
YI = Ycont = Cc b ---7 YI = 0,305 m (altura conjugada do ressalto)
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos- Vertedores

Para Fr 1 = (q2/gy 13) 0•5 = 4,0, a altura conjugada no regime fluvial vale:
y2 = 1,58 m
c) Verificação da condição de afogamento.
Pela Equação 12.58, para não haver afogamento:

y ~ 0,8ly2 (11..) 0•72 ~ 2,93 m


b
como y = 3,0 m, o escoamento é livre e o coeficiente de vazão é o
calcu lado.
d) Cálculo do diâmetro da tubulação curta.

Q = Cd nD 2/4.J 2gH ~ 2, 113 = Cd nD 2/4.J19,6 · (1,58 -D/2)


Resolvendo por tentativas com auxilio da tabela 12.5 vem:

D(m) cd 0(m3/s)
0,30 0,73 0,273
0,60 0,83 1,1 75
0,75 0,86 1,846
0,80 0,86 2,079
0,90 0,87 2,604

Portanto, deveremos ter Dmrn = 0,90 m.


12.20 PROBLEMAS

12.1 Através de uma das extremidades de um tanque retangular de


0,90 m de largura, água é admitida com vazão de 57 1/s. No fundo do
y
tanque existe um pequeno orifício circular de 7 ,O em de diâmetro, esco- 571/s
1,20m
ando para a atmosfera. Na outra extremidade existe um vertedor retangu-
lar livre, de parede fina, com a ltura P = 1,20 me largura da soleira igual /

a 0,90 m. Determine a a ltura d' água Y no tanque e a vazão pelo vertedor,


Figura 12.43 Problema 12. I.
na condição de equilíbrio. Utilize a Equação 12.75.
[Y = 1,29 m ; Q = 0,0447 m 3/s]
12.2 Um vertedor triangular com ângulo de abettura de 90° descarrega água
com uma carga de 0,15 m em um tanque, que possui no fundo três orifícios
circu lares de parede delgada, com 40 mm de diâmetro. Na condição de equi-
líbrio, determine a vazão e a profundidade da água no tanque.
[Q = 0,01 22 m 3/s; y =1,44 m]
12.3 Um reservatório de barragem, com nível d'água na cota 545,00
m está em conexão com uma câmara de subida de peixes, através de um
"
··- - 02-r-
-.-.-.-.-.- 530 00 m orifício circular com diâmetro D 1 = 0,50 m. Essa câmara descarrega na
atmosfera, por outro orifício circular de diâmetro D2 = 0,70 m, com

"·t-J
centro na cota 530,00 m. Após certo tempo, cria-se um regime perma-
nente (níveis constantes). Sabendo-se que os coeficientes de contração
dos dois orifícios são iguais a Cc = 0,61 e os coeficientes de velocida-
de, iguais a Cv = 0,98, calcular qual é a vazão de regime e o nível d'água
na câmara de subida de peixes.
Figura 12.44 Problema 12.3.
[Q =1,80 m /s; N.A. =533,10 m]
3

12.4 Os dois reservatórios mostrados na Figura 12.45 estão em equi-


··-:-:-:-:-:·:·:-··
líbrio para uma vazão de entrada Q0 = 65 1/s. O reser vatório da esquer-
0,50m da possui um orifício no fundo de 1O em de diâmetro e coeficiente de
··-:-:-:-:-:-:-:-· ·
vazão cd = 0,60, descarregando na atmosfera. o da direita possui um
0,30·f~'Qz vertedor triangular de parede fina com ângulo de abertura igual a 90° .
Com os dados da Figura 12.45, determine as vazões descarregadas pelo
IQI
orifício, Q, , e pelo vertedor, Q 2 • Use a fórmula de Thomson.
Figura 12.45 Problema 12.4.
[Q 1 = 21,2 1/s; Q 2= 43,8 1/s]

12.5 A estrutura descarregadora mostrada na Figura 12.46 é


constituída por um tubo de concreto, com entrada em aresta viva,
de 0,30 m de diâmetro e 3,0 m de comprimento, e por um vertedor
o30 retangular, de parede fina, com largura da soleira igual a 0,50 m
e soleira na cota 0,80 m. A estrutura encontra-se na patte final de
I 00 um canal retangular de 1,O m de largura, junto ao fundo, e descar-
rega livremente. Determine:
Figura 12.46 Problema 12.5.
a) a máxima vazão descarregada quando o vertedor ainda não en-
trou em operação;
b) a cota do nível d'água no canal quando a vazão de c hegada for
igual a 0,30 m 3/s.
a) [Qmáx = 0,208 m 3/s]; b) [N.A. = 0,98 m]
12.6 Um reservatório de seção quadrada de 1,0 m de lado possui um orifí-
cio circular de parede fina de 2 cm2 de área, com coeficiente de velocidade Cv =
0,97 e coeficiente de contração Cc = 0,63, situado 2,0 m acima do piso, con-
forme a Figura 12.47. Inicialmente, com uma vazão de alimentação Qc cons-
tante, o nível d'água no reservatório mantém-se estável na cota 4,0 m. Nestas
condições, determine:
a) a vazão Qe;
b) a perda de carga no orifício;
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores
411

c) a distância x da vertical passando na saída do orifício até o ponto ~,


onde o jato toca o solo (alcance do jato);
- ·.--·.·.--·-~

d) interrompendo-se bruscamente a alimentação, Qe = O, no instante 2OO m
t =O, determinar o tempo necessário para o nível d'água no reser-
vatório baixar até a cota 3,0 m.
a) [Qe =0,77 1/s]; b )[.0-h =0,118 m"l; c) [x =3,88 m]; d) [t =25,52 min]
: L.09 m
12.7 Um vertedor retangular de parede fina com 1,0 m de largura, sem
contrações laterais, é colocado juntamente com um vertedor triangular de 90°
i X=? (

em uma mesma seção, de modo que o vértice do vertedor tri angular esteja F ig ura 12.47 Problema 12.6.
0,15 m abaixo da soleira do vertedor retangular. Determinar:
a) a carga no vertedor triangular quando as vazões em ambos os verte-
dores forem iguais;
b) a carga no vertedor triang ular quando a diferença de vazão entre o
vertedor retangular e triangular for máxima;
Utilizar as fórmulas de Thomson e Francis.
a) [H = 1,04 m] ; b) [H= 0,70 m]

12.8 A altura d'água em um reservatório de grandes dimensões é igual a Y.


A que distância da superfície livre da água deve ser colocado um orifício ver-
tical, de pequenas dimensões, descanegando livremente, para que o alcance do
jato seja máximo.

[H= Y/2]

12.9 Um vertedor retang ular de parede fina, sem contrações laterais, é co-
locado em um canal retangular de 0,50 m de largura. No te mpo t = O, a carga
H sobre a soleira é zero e, com o passar do tempo, varia conforme a equação
H= 0,20·t, com H (m) e t (min). Determinar o volume de água que passou pelo
vertedor após 2 minutos.

[Vol = 11,16 m3]

12.10 A comporta plana e vertical A, mostrada na Figura


u
12.48, tem coeficiente de contração igual a 0,6 1 e admite
água em um canal retangula r curto de dec lividade pratica- 3,00 111
mente nula. Qual deve ser a mínima abertura de fundo na
0,50 ~ - ::::- --~ b min. = .,
comporta B , idêntica a A, para que o ressalto não afogue a w~/&/F:/4$4444&/#////44///,
comporta A?

[b,nrn. =0,76 m] Figura 12.48 Problema 12. I O.


12.11 Um reservatório de forma cônica, cuj a área superior é S e a área do
orifício no fundo é So, tem coeficiente de descarga, suposto constante, igual a
Cc~. Qual o tempo necessário para seu esvaziamento total?

12.12 Calcule a vazão teórica pelo verteclor de parede fina mostrado na Fi-
Figura 12.49 Problema 12.11.
gura 12.50. A carga sobre a soleira é ele O, 15 m. Util ize a Equação 12.79.

[Q = 40,23 1/s]
I
~~
·::J,]""'
""' N.A.
12.13 As seguintes observações foram feitas em laboratório, durante um en-
saio em um verteclor retangular de largura L= 0,80 m.

1 0.20111 --l
Figura 12.50 Problema 12. I 2.

Se a relação de descarga é dada por Q = K L h", determine os parâmetros K


e n.

[K = I ,83 1; n = I,47]

12.14 Se a equação básica para um verteclor retangul ar, ele soleira fina, sem
contrações laterais, Equação 12.70, fo r usada para determinar a vazão por um
vertedor de soleira espessa, de igual largura, qual deve ser o coeficiente de
vazão Cd naquela equação? Despreze a carga cinética de aproximação.

12.15 Considere uma eclusa de seção reta constante Ac e desnível H, alimen-


tada por um orifício de pequenas dimensões ele área Ao e coeficiente ele vazão
C1, suposto constante. Demonstre que, se o tempo ele abertura total do orifí-
cio to for maior do que o tempo necess<hio para a equal ização dos níveis
d'água do reservatório e da eclusa e que se orifício é aberto ele modo que a área
ela seção de passagem ela água aumente linearmente com o tempo, então o tem-
po necessário para o enchimento total da eclusa vale:

T=2
Ac to JH
C,1 A 0 J2i
Cap. 12 Orifícios - Tubos Curtos - Vertedores

12.16 Deseja-se substituir 4 orifícios de diâmetro d = 2 em por apenas um


orifício equivalente, trabalhando com uma carga H = 3 m. Sabe-se que, para
uma carga de 3 m, tem-se os seguintes valores para Cd, dados na tabela abai-
xo. Determinar o diâmetro do orifício equivalente.

[d =4,10 em]
12.17 Em um recipiente de parede delgada, existe um pequeno orifício de se-
ção retangular junto ao fundo e afastado das paredes verticais. Sabendo-se que
a perda de carga no orifício é 5% da carga H, determinar a velocidade real e
o coeficiente de velocidade Cv.

[V r = 4,315 .JH; Cv = 0,975]


12.18 A captação de água para o abastecimento
de uma cidade na qual o consumo é de 250 Vs (va-
zão de demanda) é feita em um curso d 'água onde
a vazão mínima verificada (no período de estia-
gem) é de 700 Vs e a vazão máxima verificada (no Barragem
período das cheias) é de 3800 Vs. Em decorrência
de problemas de nível d 'água na linha de sucção
da estação de bombeamento, durante a época da
estiagem, construiu-se a jusante do ponto de cap- Seção da captação
tação uma pequena barragem cujo vertedor de 3m
de soleira tem a forma de um perfil padrão WES, Figura 12.51 Problema 12.18.
que foi desenhado para uma carga de projeto hd =
0,50 m. Para o bom funcionamento das bombas, o
nível mínimo de água no ponto de captação deverá estar na cota 100,00 m ,
conforme a Figura 12.51. Nestas condições, pergunta-se:
a) Em que cota estará a crista do vertedor-extravasor?
b) Durante a época das enchentes, qual será a máxima cota do nível
d'água?
a) [Ncrisra = 99,817 m]; b) [N.A.máx. = 100,459 m]
Cap. 12

12.19 Na instalação mostrada na Figura 12.52, o


vertedor é triangular com ângulo de abertura igual a
90° e o tubo de descarga é de concreto com entrada
em aresta viva. Detenninar o diâmetro do tubo de des-
carga. Usar a fórmu la de Thomson.

[D = 0,15 m]
Figura 12.52 Problema 12.19. 12.20 Um tubo descarrega uma vazão Q em um re-
servatório A, de onde passa ao reservatório B por um
bocal de bordos arredondados e finalmente escoa para
a atmosfera por um bocal ci líndrico externo, conforme a Figura 12.53. Depois
de o s istema entrar em equilíbrio, isto é, os níveis d'água ficarem constantes,
determine a diferença de nível t.h entre os reservatórios A e B e a vazão Q.
Dados: bocal de bordos arredondados: A = 0,002 m2 - Cd = 0,98
bocal ci líndrico externo: A= 0,001 m2 - Cct = 0,82

Ha.= 0, 80 m

[t.h = 0,12 m; Q = 3,0 1/s]


Figura 12.53 Problema 12.20.

N.A. 12.21 Determinar qual deve ser o diâmetro do tubo de concreto,


J com entrada em aresta viva e 15 m de comprimento, para que a
vazão seja igual à que passa pelo tubo de ferro fundido de 30 em
!,20m de diâmetro. Os tubos estão na horizontal e descarregam livremente
- ~-Q
na atmosfera.
l 6,00111
0,45 1l1
jD ; '!
[D =0,30 m]
15,00111 I
I 12.22 Um vertedor retangular de parede fina, com duas contrações
laterais c largura da soleira igual a 1,80 m, descarrega água em um
Figura 12.54 Problema 12.21. cana l retangular de 2,0 m de largura, decliv idade de fundo
lo = 0,00 1 mim, rugosidade n = 0,020, que termina, a 150m a
jusante do vertedor, em uma queda bmsca. A altura d'água imediatamente a
montante da queda brusca vale 0,20 m. Determine a carga sobre a soleira do
vertedor. O canal é de forte ou de fraca declividade? Justifique.

[h = 0,313 m; fraca declividade]


-

13 415

ESCOAMENTO PERMANENTE
GRADUALMENTE VARIADO

13.1 GENERALIDADES
" A água tinha subido, alcançado a
Conforme foi definido anteriormente, o escoamento permanente é gra- ladeira, estava com vonta de de chegar
dualmente variado quando os parâmetros hidráulicos variam de uma maneira aos juazeiros do fim do pátio."

progressiva ao longo da corrente. (Vidas Secas, Graciliano Ramos]

Assim, a construção de uma barragem em um canal de fraca decli-


vidade, por exemplo, interfere no tirante d'água criando uma sobrelevação do
nível d'água que pode ser sentida a quilômetros da barragem, a montante da
conente. A nova linha d'água originada a montante da barragem é chamada de
curva de remanso. Sendo y a altura d'água em uma determinada seção no
escoamento variado e Yo a altura d'água no escoamento uniforme, a diferen-
ça y- Yoé chamada de remanso. Dependendo das características do canal, da
vazão e das condições de extremidades, tal diferença pode ser positiva ou ne-
gativa, ficando a curva de remanso acima ou abaixo do nível normal.
Com referência à curva de remanso criada por uma barragem, a eleva-
ção do nível d'água irá provocar inundação em terrenos ribeirinhos, que deve-
rão ser desapropriados pela companhia proprietária da obra. Este tipo de
problema é comum em obras de aproveitamento hidrelétrico. No presente ca-
pítulo, será tratada somente a determinação das características do escoamen-
to gradualmente variado em canais prismáticos.
De uma maneira geral, o escoamento gradualmente variado se estende
a distâncias consideráveis da singularidade que lhe deu origem, contrastando
com o escoamento bruscamente variado que se manifesta em um trecho cur-
to do canal.
Neste capítulo será estudada a equação diferencial de tal escoamento,
suficiente para estabelecer as propriedades e características das curvas de re-
manso em canais com várias declividades, e na seqüência a metodologia nu-
mérica para a determinação da linha d'água.
13.2 EQUAÇÃO DIFERENCIAL DO ESCOAMENTO PERMANENTE
GRADUALMENTE VARIADO
A equação diferencial de tal movimento pode ser deduzida utilizando-
se algumas hipóteses simplificadoras:
a) A declividade do canal é pequena, de modo que a altura d'água me-
dida perpendicularmente ao fundo do canal pode ser confundida com
a altura medida na vertical.
b) O canal é prismático, isto é, qualque r seção é constante em forma e
dimensões .
c) A d istribuição de velocidade em uma seção é fixa, isto é, o coeficien-
te a. de Coriolis é unitário. Esta hipótese geralmente envolve peque-
no erro, particularmente no caso em que a carga cinética é pequena
quando comparada à altura d 'água, como é o caso do escoamento em
canais de fraca declividade. Isto ocorre devido ao fato de o fator de
correção da velocidade estar muito próximo da unidade. Valores deste
fator sob várias condições têm sido encontrados variando entre I ,01
e I ,12, com média em tomo de 1,05. Se a distribuição desvia-se subs-
tanc ialmente da unidade, então o fator de correção da velocidade deve
ser considerado na derivação da equação do escoamento gradualmen-
te variado.
d) A distribuição de pressão em uma seção é hidrostática, isto é, existe
um certo paralelismo entre as linhas de corrente do escoamento.
À luz destas hipóteses e utilizando-se da
Figura 13. 1, determina-se a equação, para uma
seção qualquer, como se segue:
A energia disponível, por unidade de peso
do líquido, em uma seção S, em relação a um re-
ferencial arbitrário, vale:
o
e
X

P.H.R.
y2
Seção S H =z+y+ - = z+E (13.1)
2g
Figura 13.1 Elementos do escoamento variado.

Diferenciando a equação anterior com res-


peito a x, abscissa medida ao longo do canal e orientada no sentido do escoa-
mento, tem-se:

dH dz dE
-=-+- (13.2)
dx dx dx
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

Observando que a derivada dH/dx é sempre negativa, devido à orienta-


ção de x, e que vale dH/dx = - Ir, em que Ir é a declividade da linha de ener-
gia, e que dz/dx, definida como o seno do ângulo que o fundo do canal faz com
a horizontal, também é negativa e igual a dz/dx = - lo, em que 10 é a
declividade de fundo, a Equação 13.2 torna-se:

dE
- = I 0 -Ir (13.3)
dx

De acordo com as Equações 10.41 e 10.43, tem-se:

dE _ I _ F·2
-- I (13.4)
dy

Combinando-se as equações anteriores, chega-se a:

dy _ I 0 -Ir (13.5)
dx - 1 - Fr 2

Esta equação é a equação diferencial do escoamento gradualmente va-


riado, e deve ser observado que dy/dx é a declividade da superfície livre do
líquido, referida ao fundo do canal. A sua integral y = f(x), que é a equação da
curva de remanso, não é em geral explicitamente resolúvel, porém vários
métodos numéricos têm sido desenvolvidos para sua solução.

13.3 CLASSIFICAÇÃO DOS PERFIS


Assumindo como válida uma equação de resistência qualquer, inicial-
mente destinada ao movimento uniforme, para o cálculo da declividade da linha
de energia Ir, a Equação 13.5 pode ser discutida para vários valores de lo.
Assim, adotando-se a equação de Chézy e a expressão geral do núme-
ro de Froude, a Equação 13.5 pode ser escrita como:

dy- lo- Q 2/C 2A2R"


(13.6)
dx- 1- Q 2 BjgA 3

Desta maneira, a equação mostra que, para uma dada vazão Q, os ter-
mos Ir e Fr2 variam de forma inversamente proporcional à altura d'água y, j á
que ambos têm uma forte dependência inversa com a área molhada A. Isto é
válido para todas as seções utilizadas normalmente em projetos de canais.
O escoamento gradualmente variado e
Para a discussão das propriedades e caracte rísticas das curvas de reman-
não unifor me e variável? so é necessário analisar os sinais do nume rador e denominador da Equação
13.5 e como estes sinais são afetados pela magnitude de y.
Inicialmente, deve ser observado que o numerador da equação, lo - Ir,
depende somente das grandezas relativas da altura d' água y e da altura nonnal
y0 , e que o denominador I - Fr2 depende somente dos valores relativos da al-
tura d 'água y e da altura crítica Yc· A partir da equação de Chézy é fácil ver que
Ir decresce à medida que o produto A2 · Rh cresce e, como este produ to au men-
ta com o aumento da a ltura d 'água, conclui-se que Ir deve decrescer com o au-
mento da profundidade. A variação de Fr2 com a altura d' água foi estudada no
Capítulo 10.
Desta forma, pode-se chegar facilmente às seguintes conc lusões:

se y= Yo ~ 10 = Ir (escoamento unifonne)
se y>yo~ lr< l o
se y< Yo ~ Ir> l o (13.7)

se y> Yc ~ Fr2 < 1


se y< Yc ~ Fr2 > 1
se y = Yc ~ Ft· 2 = 1 (condição crítica)

Estas re lações são fundamentais para estudar o sinal da derivada dy/dx


e as propriedades das curvas de remanso.
As curvas de remanso, para uma dada vazão, são classificadas em fun-
ção da declividade de fundo lo, podendo ser divididas em cinco classes, a se-
gmr:
lo> O canais de declividade fraca ou M oderada lo< Ic, classe M (Mild slope)
canais de declividade forte ou .Severa 10 > Ic, classe S (Steep slope)
canais de declividade c rítica lo= Ic, classe C (Criticai slope)
lo = O canais horizontais, classe H (Horizontal s lope)
l o < O canais em aclive, classe A (Ad verse slope)
Considere inicialmente um canal de declividade fraca e, portanto Yo > Yc,
representado na Figura 13.2, na qual os níveis relativos às alturas Yo e Yc di-
videm o espaço em três regiões A, B e C. Pela Equação 13.5 e Expressões 13.7,
pode-se conc luir imediatamente:
Região A y > Yo > Yc ~ Ir< 10 e Fr < 1 .'. dy/dx > O
Região B Yo> y > Yc ~ Ir > 10 e Fr < 1 :. dy/dx < O
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado
419

Região C Yo > Yc > y ---7 Ir> lo e Fr > 1 .'. dy/dx >O ~= __.:::_= +
A y>yo>Yc Mt dx -'- .
O sinal da derivada indica se a altura d'água aumenta ou lsT-==::::::::~~=~======::.:-::::--
B -==:::::::::::: llonz.
N. N
diminui ao longo da corrente, em cada região. Yo Yo>y> yc ~-M, 2 ~ dx ----=-
+ -­ -
As propriedades das três curvas de remanso podem ser des- c j·-·- -- ·- N.C
Yo> Yc>y ~·
critas como segue: Yc ..Qx =--=- = +
----- MJ dx -
Região A, curva M t
Declivida de fTaca
Quando y ---7 Yo :. lo ---7 lf e dy/dx ---7 O, isto é, a supetfície
da água é assintótica ao nível normal a m on tante. Figura 13.2 Canal de fraca decl ividade - curvas M.

Quando y ---7 oo :. Fr ---7 O e dy I dx ---7 10 , isto é, a supetfí-


cie da água é assintótica a uma horizontal ajusante (observar o sis-
tema de referênc ia utilizado).
Esse tipo de curva de remanso ocorre a montante de uma barragem.
Região B, curva Mz
Quando y ---7 Yo :. dy/dx ---7 O como antes.
Quando y ---7 Yc :. F r ---7 1 e dy/dx ---7 oo, a menos que Yo = yc; salvo em
canais com declividade crítica, a curva M2 atravessa quase perpendicularmente
o nível crítico. Nas proximidades do nível c rítico as linhas de corrente não são
mais retas e paralelas e , portanto, as hipóteses iniciais deixam de existir, por isso
esta curva, nas proximidades do nível crítico, é desenhada em linha pontilhada.
Este tipo de curva ocorre a montante de uma queda brusca.
Região C, curva M3
Quando y ---7 O, tanto I r como Fr tendem para infinito, então dy/dx ten- Escoamento t orrencial jamais pode
de para algum limite finito, de magnitude que depende da particular seção do ocorrer em um canal de fraca
declividade?
canal. Como tirantes d'água de alturas próximas a zero não têm interesse prá-
tico, este limite perde o significado. Para efeito prático, a curva M3, que é cres-
cente no sentido do escoamento, tem início em uma seção de altura finita, por
exemplo, a seção contraída de um jato sob uma comporta.
Quando y ---7 yc, a curva tende a atravessar quase perpendicularmente o
nível crítico, porém, diferentemente do que ocorre com a curva Mz, uma vez
que, sendo o escoamento referente à curva M3, torrencial, e como o canal é de
fraca declividade, poderá haver a formação de um ressalto com mudança brus-
ca da curva M 3 para o escoamento uniforme ou talvez para uma curvaM , ou
Mz. Ocorrendo a formação do ressalto, a sua altura conjugada no regime tor-
rencial será a máxima altura d'água ating ida na curva MJ e, portanto, a altu-
ra crítica não é atingida, como no caso da curva Mz.
Este tipo de curva ocon·e em certas mudanças de inc linação e a jusante
de comportas com abertura inferior à altura crítica para a vazão descarregada.
Para um canal de fo rte declividade, um procedimento
análogo ao anterior determina as propriedades e características
das curvas S, representadas na Figura 13.3.
Região A, curva S 1
A curva é convexa e crescente, a montante nasce quase
perpendicularmente ao nível crítico, em geral após um ressalto,
e a jusante tende assintoticamente para uma horizontal.
Declividade forte
Esta curva ocorre a montante de barragem descarrega-
Figura 13.3 Canal de forte declividade - curvas S. dera, de estreitamentos como pilares de pontes, e em certas
mudanças de declividades.
Região B, curva S2
A curva é côncava e decrescente, a montante nasce quase perpendicu-
lar·mente ao nível crítico e a jusante tende rápida e assintoticamente ao nível
normal.
Esta curva ocorre em um canal de forte declividade alimentado por um
reservatório, como discutido na Seção 10.8.
Região C, curva S3
A curva é convexa e crescente, a jusante tende assintoticamente para o
nível normal.
Esta curva ocorre a jusante de comportas e barragens descarregadoras.
Para um canal de declividade crítica, as curvas podem ser consideradas
como intermediárias às curvas Me S.
Região A, curva C 1
A curva é crescente, com desenvolvimento praticamente horizontal, par-
tindo do nível crítico a montante e tendendo a jusante para uma horizontal.
Região C, curva C3
A
A curva é crescente, partindo de uma altu-
ra d'água finita, e tendendo ao nível ctítico a jusan-
Yo= Yc te, com desenvolvimento praticamente horizontal.
A curva C2, que corresponderia a alturas
Declividade crítica de água compreendidas entre o regime uniforme
Figura 13.4 Canal de declividade crítica - curvas C. e o crítico, não existe, já que no caso tem-se y =
Yo = Yc·
Para canais retangulares largos, tais que
Rh = y, utilizando a equação de Chézy, pode-se mostrar através da Equação
13.6 que todos os perfis em canais com declividade crítica são linhas retas e
horizontais.
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

Para canais horizontais, a ausência da declividade não


permite a existência do regime uniforme, já que, neste tipo de
escoamento, é necessária uma transformação integral da ener- Yo= 00 y > yc
dx +
~2 il =-=-=-
A \
gia potencial em perda de carga por atrito ao longo do escoa- ~~-.--+-------------~------------ N.C

mento, para que o líquido não seja acelerado. O nível crítico, C Yc y < yc /

por só depender da geometria da seção e da vazão, subsiste. -~H3


Canal horizontal
As curvas de remanso são o caso limite das curvas M,
quando a declividade do canal tende progressivamente a zero. Figura 13.5 Canal horizontal- curvas H.
Só existem os tipos H2 e H3 e ocorrem em situações análogas
às dos tipos M2 e MJ.
..,
Em canais de aclive ou contra declividade também não
se define escoamento uniforme. Os tipos A2 e A3 correspon-
dem aos tipos H2 e H3 e ocorrem em situações semelhantes.
Yo-;::;(10 Y > Yc ~ \
il =-=-= -
dx +
-- N.C
A )
_, dy =-=- ~- +
Em cada uma das classes de curvas de remanso, os c Y < Yc dx -
Yc
respectivos tipos foram discutidos e analisados separadamen- ....------------A3
_ %
7m
te. Entretanto, em um canal com algumas seções de contro- Canal em aclive
le, o perfil d'água pode ser desenhado pela composição dos F igura 13.6 Canal em contra declividade - curvas A.
vários tipos de perfis traçados a montante e a jusante de cada
seção de controle. Assim, a Figura 13.7 mostra os tipos de
curvas de remanso que ocorrem em um canal de fraca de-
clividade alimentado por um reservatório e ter-
minando por uma queda bru sca. Deve ser
observado primeiro que as curvas são da classe
Me que o tipo MJ ocorre porque a abertura da
comporta é inferior à altura crítica. A composi-
ção dos perfis, discutida anteriormente, leva ao
esquema apresentado.
Cabe ressaltar que, se a distância entre a
comporta e a queda for suficientemente longa, Figura 13.7 Composição de perfis da linha d'água.
haverá a formação do ressalto com uma mudan-
ça brusca do perfil M3 para M2 ou mesmo para
o escoamento uniforme. A figura apresenta ainda a curva das alturas con-
jugadas, que é o lugar geométrico correspondente às alturas conjugadas de
cada uma das alturas d'água do perfil MJ. Esta curva é de interesse na deter-
minação da localização do ressalto, quando após este acontece uma curva Mt
ou M2. Se após o ressalto o escoamento for unifonne, sua localização é mais
fác il, pois a altura conjugada no regime torrencial pode ser calculada pela
Equação 11.11.
Hidráulica Básica Cap. 13
422

Finalmente, as características dos perfis que foram mostrados permite


as seguintes observações:
1. Em um canal uniforme, um observador se deslocando no sentido da
corrente vê a altura d'água diminuir, desde que a linha d'água este-
ja compreendida entre o nível normal e crítico (região B, curvas M2,
S2, H2 e A2), e aumentar, desde que a linha d'água seja exterior a este
intervalo (regiões A e C).
2. O conceito importante de seção de controle discutido na S eção 10.6
se aplica ao caso do escoamento gradualmente variado. Ass im, o es-
coamento subcrítico possui um controle de jusante, por exemplo, cur-
vas M 1 ( barragem) e M 2 (queda brusca), enquanto o escoamento
supercrítico possui um controle de montante, por exemplo, curva M3
(comporta de fundo) .

13.4 PERDA DE CARGA LOCALIZADA


Existe uma diferenciação fundamental e ntre perda de carga localizada
em um escoamento e m conduto forçado e em conduto livre. Nos condutos
forçados, a existência de uma singularidade qualquer provoca um decaimento
local da linha de energia de maneira definitiva e esta perda de energ ia é
irrecuperável. No conduto livre, existe um mecanismo de compensação entre
ganho e perda de energia, que é possível graças à deformabilidade da super-
fície livre, o que não ocorre nos escoamentos a pressão. Assim, a existência de
uma singularidade, por exemplo, uma comporta de fundo, cria curvas de re-
manso a montante e a jusante, de modo que a montante da comporta o líqui-
do gan ha a e nerg ia necessária para transpor a s ingularidade, havendo uma
compensação exata entre o ganho de energia e a perda correspondente. Este
conceito pode ser evidenciado no escoamento apresentado na Figura 13.8, uti-
lizando-se curva de energia específica.
Supondo que o canal seja de fraca decliv idade e suficie nte mente longo
para que se estabeleça regime uniforme, a montante da comporta existe, pela
formação da curvaM, , um decréscimo na velocidade com conseqüente dimi-
nuição da perda de carga, e o líquido recupera energia que será necessária para
transpor a comporta e o ressalto.
Matematicamente, isto pode ser mostrado através da Equação 13.3, da
seguinte forma.
Para o perfil M,, tem-se y > Yo e, portanto:

dE
Ir < lo, logo d; >O
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

e a energia específica aumenta na direção do t:~


escoamento.
Para o perfil M 3, tem-se y < Yo e, por-
tanto:

dE
Ir> Iu, logo <O ·l:l"
dx

e a energ ia específi ca di m inui na direção do Figura 13.8 Compensação energéti ca.


escoamento.
Desta maneira, a presença da comporta eleva o nível d'água a montélll-
te, e este acréscimo energético será gasto no trecho torrencial, curva M 3 , e prin-
cipalmente no ressalto, de modo que a j usante do ressalto o escoamento retoma
ao mesmo níve l de energia original.

13.5 SINGULARIDADES
Vários tipos de singularidades, como mudança de declividade, mudan-
ça de seção, alteração da cota de fundo , podem ocorrer em canais; tais tran-
sições provocam o aparecimento de curvas de re manso. Serão estudados três
casos, a segmr.
o) Mudança brusca de declividade, pas-
sando de uma declividade infe ri o r à
crítica para uma declividade superior
à c rítica, conforme a Figura 13.9.
Para um canal suficie nte mente longo,
em seções muito afastadas a montan-
Figura 13.9 Mudança de de<.:l ividade de l'raca para forte.
te e a jusante da seção O, ocorrerá,
respecti vamente, escoamento unifor-
me subcrítico com altura normal Yol e escoamento uniforme super-
crítico com a ltu ra d'água Yo2 < Yol· A transição e ntre estas duas
alturas no rm ais será feita por duas curvas de remanso, M2 a montante
de O e S2 a sua jusante.
No trecho do escoamento variado a montante de O, tem-se y < Yo l e Em uma curva de remanso, qual a
Ir> lo e, a jusante de O, tem-se y > Yo2 e Ir< In. caracterí stica que se verifica quando o
perfil da superfície livre se aproxima
do nivel normal?
Assim, e m algum ponto nas proximidades da seção O , tem-se lr = Iu,
e escrevendo a Equação 13.5 como:

dy ?
- ( 1-Fr-) =lo -lr =O
dx
e como:

dy ::F o
dx
já que o líquido está sendo acelerado, conclui-se que Fr = 1 e o es-
coamento é crítico.
Na verdade, a altura crítica não ocorre exatamente na seção em que
ocorre a mudança de inclinação, uma vez que nas vizinhanças desta
seção há uma convergência dos filetes e a distribu ição da pressão se
afasta da hidrostática. Na realidade, o ponto correspondente ao escoa-
mento crítico encontra-se um pouco a montante de seção O, confor-
me visto na Seção I 0.8 ; para muitas aplicações p ráticas, pode-se
considerar estas duas seções coincidentes.
b) Mudança brusca de declividade,
passando de uma declividade su-
perior à crítica para outra inferior
à crítica, conforme a Figura 13.10.
-~------"":..-

Neste caso, com o a superfície


d'água deve atravessar o nível crí-
tico, necessariamente ocorrerá um
ressalto. O resultado dependerá
dos valores d as declividades a
montante e a jusante. Sendo Yot e
Figura 13.10 Mudança de declividade de forte para fraca. Yo2 as alturas unifo rmes corres-
pondentes aos trechos rápido e
lento, respectivamente, e Yt e y2
alturas conjugadas de Yo2 e Yot,
respectivamente, a localização do
ressalto pode ser descrita como
Qual deve ser a característica da segue.
declividade de fundo de um canal,
alimentado por uma comporta de Primeiramente, deve-se observar pela Figura 11.3, gráfico da força es-
fundo, para que o escoamento torren-
cial na saída da comporta não seja pecífica, que as alturas conjugadas do ressalto variam uma em sentido in-
seguido por um ressalto hidráulico?
verso da outra, isto é, quando uma aumenta a outra diminui, e vice-versa.
Assim, se Y2 > Yo2, o escoamento ton·encial penetrará no canal de fraca
declividade, por meio de uma curva M3 (para aumentar a altura
conjugada no regime tonencial), e o ressalto localizar-se-á na seção em
que a altura d'água seja tal que sua conjugada seja y02 .
Se, por outro lado, y2 < Yo2, o ressalto ocorrerá no trecho de inclinação
forte, seguido de uma curva de remanso do tipos, (crescente), até en-
contrar Yo2.
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

Uma terceira condição, mais rara, é aquela em que Yot e y 02 são exa-
tamente as alturas conjugadas do ressalto ; neste caso não se estabe-
lecem curvas de remanso nos dois trechos e o ressalto acontece no
ponto de mudança de declividade.
c) Elevação da cota de fundo em um canal de fraca declividade.
Suponha uma mudança na cota de fundo de um canal bastante longo,
de magnitude !:{Z tal que altere as condições do escoamento a montan-
te, criando uma curva de remanso. Como o canal é de fraca decli-
vidade, escoamento uniforme subcrítico, a influência da e levação
propagar-se-á para montante através de uma curva M 1• A energia es-
pecífica aumenta até que seja suficiente para vencer o desnível e o es-
coamento será crítico nas proximidades de mudança, seguido de um
curto trecho de transição, até retornar novamente ao escoamento
uniforme.
As curvas de energia específica da Figura 13.11 esclarecem o fenô-
meno.
Deve-se observar, no esquema anterior, y
que o desenvolvimento do perfil d' água
seria completamente diferente se, em
vez de uma elevação permanente no
fund o, tivesse sido co locado, em um
trecho curto, uma soleira de fundo, um
vertedor de p arede expressa, com a
mesma altura de /1Z. Neste caso, após
a seção de c ontrole ocorre ria escoa-
mento superclitico, retornando o escoa-
mento às condições subcríticas através F igura 13.11 Elevação de fundo.
de um ressalto, conforme foi visto na
Seção 10.7 .2. Este caso deverá ser ob-
jeto do Exemplo 13.3.

Figura 13.12 Composição de perfis.


Outras composições de perfis poderão ser vistas na Figura 13 .12.

EXEMPLO 13.1

A vazão em um longo canal trapezoidal de 3,0 m de largura no fundo


e taludes 2H: I V, com declividade constante, é de 28 m 3/s. Os cálculos pela fór-
mula de Manning indicam que a altura normal para aquela vazão é de I ,8 m.
Em uma certa seção A do canal, a profundidade é de apenas I ,O m. A profun-
didade do escoamento a jusante de seção A será maior, menor ou permanece-
rá a mesma? Justifique.
Cálculo da altura critica
Para Q = 28 m 3/s, b = 3,0 m e Z = 2, o gráfico da Figura 10.17 fomece :

Existem curvas de remanso que


Yc = 1,50 m
estabelecem a passagem suave do
regime rápido a montante para o
regime lento a jusante?
Tipo de canal:
Como Yo = I ,80 m > Yc = I ,50 m, canal de fraca declividade, curvas M.
Tipo de curva de remanso:
Na seção A, y = I ,O m < Yc < Yo, escoamento superclitico ---7 curva M3.
Como a curva M3 é crescente, a profundidade aumentará para jusante.

EXEMPLO 13.2

Um canal de seção retangular, de 3,0 m de largura, declividade I= 0,001


mim, n = 0,014, escoa água de um lago cujo nível d'água está 2,80 m acima
do nível de fundo do canal, na seção de saída. Desprezando a velocidade de
aproximação e a perda de carga na entrada do canal, determine a vazão.
No problema da descarga de um lago em um canal, a declividade des-
te desempenha papel importante. Conforme a Figura 10.15, duas situações po-
dem ocorrer:
• Se o canal for de forte declividade, lo > Ic, ocorrerá escoamento crí-
tico na seção de entrada, seguindo-se uma curva de remanso S 2 que
tende rapidamente ao escoamento uniforme torrencial. Neste caso, a
seção de controle está estabelecida e a vazão pode ser calculada pe-
las equações do regime crítico.
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

• Se o canal for de fraca declividade, lo < lc, não se estabelece uma se-
ção de controle na entrada e a vazão deve ser calculada pela compa-
tibilidade das condições de energia e do escoamento uniforme.

Assim, primeiramente, supondo lo > lc, tem-se:

E = E c = 2,80 m = ~y c :. y c = 1,87 m ---7 q = ~ y~ g =


2

= ~ 1,87 3 · 9,8 = 7,98 m 3/(sm)


Pode ocorrer curva de remanso tipo
M2 em um canal de forte declividade?

Para escoar esta vazão em regime uniforme crítico, a declividade seria:

~= R 213 . 0,014-7,98 = 1 87 (3,0·1,87)2/3 . I = 00046


.JI: yc h •• .JI: , 6,74 .. c , rn/m

Conclusão: 10 = 0,00 1 m/m < Ic ---7 fraca declividade, não se estabele-


ce regi me crítico na entrada do canal.
Para um canal de fraca declividade, as equações a serem usadas são:

Q2
Energia: E= 2,80m = Yo +
2g (3·y 0 ) 2

Combinando-se as duas equações pela eliminação de Q, chega-se a:

2,80 = Yo + _ l_
o - ( 3y o )4/3
2gn 2 3 + 2y 0

Observando que 1,87 m < Yo < 2,80 m, a equação anterior pode ser re-
solvida por tentativas, fornecendo: Yo = 2,56 me daí Q = 16,7 m 3/s.
Uma resolução gráfica pode ser usada empregado-se a curva da Figura
10.2 e a fórmula de Manning. O ponto de cruzamento das duas curvas forne-
ce o valor da altura d'água, conforme Figura 13.13 a seguir.
112 EXEMPLO 13.3
"""Q -- .!2_A
n Rl/3

Em um canal retangular, suficientemente


:-:-:..:-:-:---- - longo, escoa uma vazão de 8,5 m 3/s, em regime
Lago E uniforme, com uma altura d'água Yo = 1,5 m e uma
Yc Yo largura b = 3,0 m. Em uma determinada seção do
Q canal, um degrau de 0,60 m de altura é construído
no fundo do canal e nesta mesma seção a largura é
reduzida para 2,4 m.
Figura 13.13 Solução gráfica do problema da al imentação de um canal
Sendo esta s ingu laridade curta, esquema-
de fraca declividade por um lago.
tize os perfis das curvas de remanso esperados a
montante e a jusante da singularidade, identifican-
do e calculando todas as alturas d 'água importantes. Despreze as perdas na
transição.
a) Tipo de escoamento em uma seção. antes da singularidade.

2)1/3 )1/3
5
~.~.Ot
?
Yc = (.9_ (S, = 0,94 m ( y 0 = 1,5 m ---7
g (

escoamento fluvial.
Portanto, somente curvas tipo M podem acontecer no canal.
b) Cálculo da mínima energia específica necessária na seção do degrau
para passar a vazão dada.

22 Jl/3 ( 8 5 2Jl/3
Yc2 = (~ = ( ' ~.~,4) = 1,09m
.,

3
: . E c2 =- y c2 = 1,63 m
2
c) Verificação se a singularidade afetará as condições do escoamento a
montante.
Para não haver elevação na linha de energia, é preciso que o escoa-
mento tenha na seção a montante do degrau uma energia, no mínimo,
igual a:
Um canal pode ser de declividade
fraca para uma vazão e de declividade
E = Ec2 + ().Z = 1,63 + 0,60 = 2,23 m
forte para outra?
Como:
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

q 2 = 1 50 (8,5 I 3,0)2 = 1 6
E o = y o+ - - 2 ' + 2 ' 8 m
2gy 0 19,6-1,5

Logo, Eo < E e se estabelece uma curva tipo M1 a montante da sin-


gularidade, e sobre o degrau tem-se: Y2 = Yc2 = 1,09 m (ver Figura
13.14).
d) Altura d'água imediatamente antes do degrau (regime fluvial).

q2 - (8,5 I 3,0)2 - 2 23
YJ + - - 2 - YJ + 2 - ' m
2gyl 19,6-yl

Para

.S_ = 2,23 = 2 37
Yc 0,94 '
o gráfico da Figura 10.6 fornece

1.!_ = 2,28 :. y 1 = 2,14 m


Yc
e) Altura d'água imediatamente após o degrau (regime torrencial).

+~ = + (8,5 I 3,0)2 = 2 23 m
Y3 2g Y3 2 Y3 19,6 . Y32 '

Na Figura 10.6, nas mesmas condições, tira-se:

11_ = 0,5 :. y 1 = 0,47 m


Yc .

f) O retorno às condições de escoamento subcrítico faz-se-á através de


um ressalto, que segue um perfil M 3 . como no esquema mostrado na
Figura 13.14.
·- - - - -- -- - - - --
- LE.

1,50 m
1,50m

Figura 13.14 Exemplo 13.3.


A altura y4, conjugada de Yo = I ,50 m, é calculada pela Equação
11.11.

2
y4 - 1[ I+ (8,5 I 3,0)
8
Quando, no escoamento em um canal, 1,50 2 9,8 ·1,503
o perfil da superfície livre se aproxima
do nível crítico, que tipo de movimento
ocorre? O que acontece com os filetes
líquidos?

EXEMPLO 13.4

100,00
Um canal trapezoidal, de 4,0 m de largu-
:-:-±:: ra de fundo e taludes 1H : 1V, coeficiente de
rugosidade n = 0,015 e suficientemente longo
em seus dois trechos de declividades diferen-
96,50
tes, liga dois reservatórios em níveis constan-
tes, como na Figura 13.15.
94.00 :-=-C Assumindo que o trecho inicial seja de
forte declividade, desenhe o petfil das curvas
l 2 = 0,0008 m/m
de remanso e, se ocorrer um ressalto hidráuli-
Figura 13.15 Exemplo 13.4. co, verifique se ele se localiza a montante ou a
jusante do ponto A. Despreze as perdas na en-
trada do canal.
a) Determinação da altura crítica e da vazão transportada.
Como E= Ec = 2,0 m, b = 4,0 me Z = 1,0, tem-se da Figura 10.20:

<P = ZEC = 1,0 ·2,0 = 0,50 -70' = Q =


b 4,0 2Z~ 2gE~

=0,52 :. Q = 26 m /s 3

Para 'C= ZQ Jgb·zs = 1,0 · 26 l,O


9,8. 4,0 5
= 0,26
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

na Figura I0.17 vem:

\jf = -b- = 2,8 :. yc = 1,43 m


Zyc
b) Verificando se o 1º trecho é de forte declividade.
Para o escoamento un iforme crítico, tem-se:

b 4
m =- =- = 2,80 e com Z = I , a Tabela 8.2 fornece K = 1,495
yc 1,43

Fórmula de Manning:

= =M . M = nQ
V&
= 2 138 = ( 0,015 · 26 )3/8
Yo Yc ·· ( ~fT ' fT
K Ic ) ~ Ic

:. Ic = 0,0026 rn/rn

Conclusão l 0 > Ic, o canal é de forte declividade e o cálcu lo do item


a é vál ido.
c) Cálculo das alturas normais nos dois trechos, com auxíl io da Tabela
8.3.
Trecho 1:

K - nQ = 0,015·26 -0 108---7Yoi _ 026 · y - 104 m


2 - b ~/:1 I ~~ 4,0 813 -,}0,008 - ' - b- - ' . . oi - '

Trecho 2:

K - nQ 0,0 15 · 26 = 0342 ---7 Yo2 = 0498


2 - b s;:~ v2
1o2 4,0 8' 3 .Jo,ooos ' b '

:. Yo2 =2,0 m
No primeiro trecho o escoamento é torrencial, curva S2, e no segu n-
do trecho o escoamento é flu vial, curva M1, porque a altura d'água
na entrada do segu ndo reservatório é y = 2,50 m > Yo2 = 2,0 m.
d) Localização do ressalto.
Cálculo da altura conjugada de Yol , conforme Seção I 1.5.
Para:

M = Zyol = 1,0· 1,04 = 026 e A= (m +Z)yo21 =


b 4,0 '
40
= ( ' + 1,0)1,042 = 5,24rn 2
1,04

B = ( b + 2Zy 01 ) = (4,0 +2·1,04) = 6,08 m

A
:. H 1111 = - = 0,86 m
B

V = Q =~ =4 96 m I s
I A 524 '
'
4 96
:.Fr1 = V, = • =1,7 1
~ g H ml ~ 9,8 · 0,86

Do gráfico da Figura I 1.4, tira-se:

y 2 = 1,7 :. y2 = 1,77 m
Yol

Corno a altura Y2 conjugada de Yol é menor


que Yo2, o ressalto ocorrerá a montante do ponto A,
seguido por uma curva tipos, até o nívelnom1al do
segundo trecho e daí, através de uma curvaM,, atin-
ge o nível d'água 96,50 m do reservatório infe1ior,
conforme Figura 13.1 6.
1\
EXEMPLO 13.5
Figur a 13.16 Linha d'lígua do Exemplo 13.4.
Um can al retangular de 2,50 m de largura,
coeficiente ele rugosiclade n =0,015, é alimentado
por uma comporta plana (H = I ,50 m e b = 0,30 m), de mesma largura, como na
Figura 13.17. O primeiro trecho do canal tem declividade To1 = 0,0024 m/m e o se-
gundo, l o2 = 0,006 m/rn . Ambos os trechos são sufic ientemente longos para
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado 433

que se estabeleçam condições de escoamento uniforme, e no final do canal


existe um vertedor retangular, de parede fina, com duas contrações laterais, lar-
gura da soleira 2,40 m e altura da soleira 0,30 m. Determine:
a) os tipos de curva de remanso que ocorrem no canal, esquematizando
o perfil d'água da comporta até o vertedor, indicando as alturas nor-
mais e críticas;
b) se ocorrer ressaltas no canal, calcule suas alturas conjugadas;
c) a carga sobre a soleira do vertedor.
Assuma descarga livre pela comporta e coeficiente de contração Cc = 0,61.
Cálculo da vazão de alimentação para o canal.
O coeficiente de descarga da comporta é dado pela Equação 12.56
como:

0,072 ( 1 50 0 30 )0,072
ll = 0,6 11 H- b = 0,611 • - • = 0,544
( H+ 15b ) 1,50 + 15·0,30

Q = 1J.bL.j 2gH = 0,544·0,30·2,50 .)19,6·1,50= 2,2lm 3 / s

Cálculo da altura crítica e das alturas n01mais, com o auxílio da Tabela 8.3.

y, = (:r= ((2,21~.~,50)' r= 0,43 m

Trecho 1:
Por que não pode ocorrer escoarnento
permanente uniforme em um canal de
declividade nula?
K - nQ O,OlS. 2 ' 21 = 0,059 -,
----" Yoi = 0,21 :. Yol = O•53 m
2 - b 8/3 1v 2
oi 2,58/3 .J0,0024 b

Trecho 2 :

K _ nQ 0,015·2,21 Yol
2 - b8/3 v2 = 5813
1o2 2' 006
.Jo
= 0,037 --7 - b = 0,155 :. y 02 = 0,39 m

Conclusão: O primeiro trecho é de fraca declividade, curvas M, e o se-
gundo é de forte declividade, curvas S.
Determinação do perfil d 'água.
Próximo à comporta, y =0,30 m < Yc < Yol ~ curva M3 seguida de um
ressalto.
Próximo ao vertedor, y = 0,30 + h, em que h é a carga sobre a soleira.
Equação 12.78 ~ Q = 1,838(L- 0,2h)h312 ~ 2,21 = 1,838(2,40- 0,2h)·

Portanto, h= 0,65 m e y =0,95 m > Yc > Yo ~curva S1 precedida por


um ressalto.
Esquema do perfil da linha d'água entre a comporta e o vertedor.

--- -·--
0,95m

Figura 13.17 Perfil da linha d'água do Exemplo 13.5.

Cálculo das alturas conjugadas dos dois ressaltas.


Altura conjugada de Yol = 0,53 m.
Observe que a curva de remanso imediatamente após a comporta inicia
em uma altura d'água Ycont = Cc· b = 0,61 ·0,30 = 0,18 m.

- y- = -1 [
1
0 ,53 2
1+8 (2,21 I 2,5)3
9,8. 0,53
2
l
-1 :. y1 =0,34 m >0,18m ~curva M 3

Altura conjugada de Yo2 = 0,39 m.

Y2
'
1[
039=2 1 +8
(2,2 1/2,5)
.
9,8 0,39 3
2
l
- 1 :. y 2 =0,47m<0,95m ~curva S1
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado 435

13.6 DETERMINAÇÃO DO PERFIL D'ÁGUA EM


CANAIS PRISMÁTICOS
O escoamento permanente gradualmente variado vem sendo objeto de
estudo por parte dos hidraulicistas por mais de 100 anos, o que revela sua com-
plexidade e importância. Complexidade oriunda do próprio tratamento matemá-
tico das equações que regem o movimento e também do grande número de
parâmetros hidráulicos sujeitos a sensíveis variações ao longo da corrente.
A importância do estudo é evidenciada pela interferência do perfil
d'água sobre obras de engenharia como barragens, irrigação, operação e uti-
lização de reservatórios para os mais diversos fins, drenagem urbana etc.
Assim, foram desenvolvidos os mais variados métodos para a integração
da Equação 13.5, podendo-se destacar o trabalho clássico de Bakhmeteff, que
criou as condições iniciais para a determinação do perfil d'água em canais
regulares de qualquer forma geométrica, evidentemente sob várias hipóteses
e conhecendo-se os parâmetros de geometria do canal.
A determinação do perfil d'água em canais regulares pode ser feita atra-
vés de métodos de integração gráfica, de métodos de integração direta e de
métodos de soluções numéricas passo a passo, conhecidos como "step methods ",
cada um deles com suas características, vantagens e desvantagens.
Com o advento dos computadores, o engenheiro passou a contar com
uma ferramenta que o livrou dos tediosos cálculos inerentes à maioria dos mé-
todos. Criou-se a possibilidade de aumentar a acurácia dos métodos, porém
não se deve perder de vista o fato de que a excessiva precisão teórica é despro-
porcional às hipóteses assumidas.

13.6.1 STEP METHOD


Conforme foi dito na Seção 13.1, na maioria dos casos a Equação 13.5
não admite uma solução explícita e deve-se lançar mão de métodos de in-
tegração numérica. Entre estes métodos destaca-se o chamado "direct step
method", que utilizando a equação da energia e um esquema de diferenças
finitas para a Equação 13.3 permite o levantamento da linha d'água em um
canal de seção e declividade constantes, para uma dada vazão.
Escrevendo a Equação 13.3 de forma mais apropriada, tem-se:

(13.8)

Em forma de diferenças finitas, fica:


B Hidcá,lka Bá,ioa Cap. 13

(13.9)

Na equação anterior, tanto LlE quanto Ir, para


uma determinada vazão, dependem de y.

- Q
A aplicação da Equação 13.9 a um trecho de
um canal de comprimento ~x entre duas seções con-
secutivas 1 e 2 pode ser feita na seguinte forma:

(13 .10)

F igura 13.18 Computação da distância entre seções para altura d'água


especificada. na qual E2 e E, são as energias específicas nas seções
consideradas e Ir=f(x), a declividade da linha de ener-
gia calculada pela fórmula de Manning, na seção do
trecho à qual corresponde uma altura d'água média

1
Y = 2 (y, + yz) conforme a Figura 13.1 8.

Deve-se observar que Llx pode ser positivo ou negativo conforme a


marcha de cálculo se dê ou não no sentido positivo do eixo dos x, sentido da
vazão. O cálculo deve ter início em uma seção de controle e prosseguir no sen-
tido no qual o controle está sendo exercido, isto é, de montante para jusante,
se o escoamento for supercrítico (Llx > 0), e de jusante para montante, se for
subcrítico (Llx < 0).
O cálculo de Ir é tão mais preciso quanto menor for o intervalo ~x .
O ressalto hidráulico sempre ocorre na Assumindo válido o uso de uma equação de resistência do movimento
pas sagem de uma curva S3 para u ma
curva S 1?
uniforme, para o cálculo da declividade média da linha de energia, o proces-
so de cálculo segue a seguinte sistemática: a partir da altura d'água inicial y 1
(seção de controle), arbitra-se um valor para y2 , calcula-se E , e E 2 e, portanto,
o numerador da Equação 13 .10; com o valor médio da altura d'água no trecho
l -2, calcula-se Ir pela fórmula de Manning e daí determina-se~. distância en-
tre as duas seções, pela Equação 13. 1O. A partir da seção 2, repete-se o pro-
cesso para a seção seguinte, usando-se os resultados anteriormente obtidos na
seção 2. No processo numérico pode-se fi xar em cada passo um valor constan-
te de Lly para o cálculo dos correspondentes ~x, observando que a natureza da
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

curva influi no valor adotado para !J.y. Assim, no cálculo de uma curva M 3, que
é uma curva relativamente curta, utiliza-se, para melhorar a precisão do cál-
culo, valores pequenos de !J.y, enquanto se o perfil for M 1, que é de longa ex-
tensão, as seções poderão ser mais afastadas, !J.y maior.
Os sinais do numerador e denominador da Equação 13.10 deverão ser
compatíveis com o tipo de curva de remanso e o correspondente sinal de !J.x
deve ser coerente com o sentido relativo da marcha d~ cálculo. Exemplificando
no caso de um perfil M3. Para esta curva, y < Yo ~Ir > lo, portanto o deno-
minador é negativo. O numerador é sempre negativo, uma vez que, para esta
curva, a energia decresce no sentido da corrente e, portanto decresce com y,
pois a curva é crescente (ver Seção 13.4). Desta forma, !J.x >O, o que confir-
ma que o cálculo procede de montante para jusante, isto é, no sentido em que
o controle está sendo exercido.
Outra forma de resolução numérica da Equação 13.1 O é determinar a
declividade da linha de energia no trecho !J.x, como a média aritmética das
declividades da linha de energia calculada com as alturas d'água y 1 e y 2 nas
extremidades do trecho. Assim a Equação 13.1 O pode ser escrita como:

(13.11)

Se a diferença de alturas d'água nas extremidades do trecho for muito


pequena, ambos os métodos de cálculo produzem praticamente o mesmo va-
lor de Ir . Se, no entanto, esta diferença não for pequena. os valores de Ir de-
terminados pela altura d'água média no trecho e pela média das declividades
da linha de energia são diferentes e naturalmente afetam o valor de !J.x calcu-
lado pela Equação 13.10.
Segundo Reed e Wolfkill (46), citado por Ranga Raju (45), o primeiro
método da altura d'água média é mais recomendado para o cálculo dos perfis
M 1 e S2, enquanto o segundo é preferível no caso dos perfis M2, M3, S 1 e S3.
O "direct step method" tem como desvantagens o fato de a altura d'água
y não poder ser determinada para uma localização x predeterminada e ser in-
conveniente para aplicação em canais não prismáticos.
Maiores detalhes do método poderão ser vistos pelo acompanhamento
dos exemplos numéricos a seguir.

13.7 COMPUTAÇÃO DO PERFIL D'ÁGUA


A maior ou menor precisão no cálculo da função y = f(x), independen-
te do uso de um ou outro critério para o cálculo da declividade média da linha
de energia no trecho, está na adoção do valor do incremento ou decremento 6.y.
Quanto menor for a diferença entre as alturas d'água nas extremidades do tre-
c ho, menor será o correspondente valor de 6.x e mais preciso será o procedi-
mento de cálculo.
Vários tipos de métodos numéricos para a integração da equação dife-
rencial do movimento permanente gradualmente variado são apresentados na
literatura, Chow (11), Chaudhry (10), como o método de Euler, método de
Runge-Kutta de 4ª ordem, métodos tipo preditor-corretor etc. Com o advento
das planilhas eletrônicas, a solução da Equação 13.1O pode ser realizada, via
"direct step method", de forma prática e rápida.
Para as seções trapezoidais (retangulares) e c irculares são apresentadas
• Ver diretório Canais no endereço ele· as planilhas de cálculo para a linha d 'água pelo "direct step method", respec-
trOnico www.eesc.usp.br/shs na área
Ensino de Graduação. tivamente, REMANSO.XLS e REMCIRC.XLS *. Nestes dois programas, os
parâmetros de vazão, declividade, rugosidade, inclinação do talude e largura
de fundo ou diâmetro são fixados no início da plani lha, e a altura d'água ini-
cial (seção de controle) e o incremento ou decremento 6.y adotado pelo usuá-
rio . Se houver qualquer alteração nos parâmetros fixados, a linha d 'água é
imediatamente recalculada.
O uso dos programas aparece nos exemplos seguintes.

EXEMPLO 13.6

Um canal trapezoidal, com 2,50 m de largura de fundo, inclinação dos


taludes I H: 1V, declividade de fundo 10 = 0,030 mim, coeficiente de rugosidade
n =0,018, transporta uma vazão de 5,7 m 3/s. Em uma determinada seção, exis-
te uma comporta de fundo, plana e vertical, e a altura d' água a montante da
comporta é igual a 2,40 m. O escoamento no canal é uniforme a montante da
influência da comporta. Determine o perfil d'água a montante da comporta.
A altura d'água normal Yo pode ser calculada pela Tabela 8.3.

ParaK 2 = nQ =
0 018 5 7
· ' • = 0,05 1 ~12..= 0,17
b
813
1~ 2
2,58/3 -Jo,o3o b
: . Yo = 0,43 m

A altura crítica y" pode ser calculada pela Figura I 0.17, através do
adimensional 't, na forma:
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

~
b
-r== ZQ = l· 5,7 = 0,184 --7 \11= 3,5 == - :. y == 0,7 1 m
9,8. 2 ,5·5 z yc c

Como Yc > yo, o canal é de forte declividade e somente curvas tipoS


podem ocorrer.
Como a altura d ' água junto à comporta vale y = 2,40 m > Yc > y ,, ocor-
rerá uma mudança brusca do escoamento uniforme torrencial para uma curva
de remanso tipos ,, (fluvial) através de um ressalto hidráulico.
A altura conjugada de Yo no reg ime fluvial é dada pela Figura 11.4
como:

z y0 1,0. 0,43 7 2 2,5 2 ?


M =-- = = 0,1 e A= (m+Z)y 0 = ( -- + 1,0)0,43 = 1,26m-
b 2,5 0,43

A
B == (b + 2Zy 0 ) = (2,5 +2·0,43) = 3,36 m .'. H 111 = B = 0,375 m

57
V= Q = •
I A 1,26
= 4 )52 m/s :. Fr1 = dif:
(T H ml
b
4,52
.J 9,8 . 0,375
= 2,35

Do gráfico da Figura 11.4, tira-se:

Yz
_ _;:__::__ = 2,6 :. y 2 = 1,12 m
Y1 = Yo1

O petfil do escoamento variado correspondente à curva S1 pode ser com-


putado a partir da extremidade de jusante, junto à comporta (seção de contro-
le), até a seção de altura y2 == I, 12 m após o
ressalto, como na Figura 13.19.
Para o cálculo de cada intervalo L'lx, no pro-
grama REMANSO.XLS , foram escolhidas alturas
2,40111
d'água com um decremento de 0,08 m, iniciando
em y = 2,40 m até a altura final , conforme a pla-
·:::-:-:-:-:-----
nilha de cálcu lo a seguir.
No resultado do cálculo deve ser observado
que a distância e ntre o ressalto e a comporta é de Figura 13.19 Perfil da linha d'úgu a no Exemplo 13.6.
cerca de 40 m e que os valores de L'lx são negati-
B Hidcáolioa Bá• ioa Cap. 13

vos, indicando que a marcha de cálculo é feita no sentido em que o controle


está atuando. Como o escoamento a montante da comporta é fluvial, a pertur-
bação causada propagar-se-á para montante.
Na planilha REMANSO.XLS, a curva de remanso é determinada pelo
"step method", fixando-se nas células B4 a F4 os valores dos parâmetros ge-
ralmente conhecidos para este tipo de cálculo, o coeficiente de rugosidade n,
Imagine um canal de fraca declividade
no qual existe uma comporta com a declividade de fundo 10 , a vazão Q, a largura de fundo b e a inclinação do
abertura de fundo inferior à altura
crítica, para a vazão transportada.
talude Z.
Você acha possfvel a existência de
uma curva de remanso tipo M2 a Portanto, qualquer outro exemplo é rapidamente calculado fixando-se a
montante da comporta?
altura d'água da seção de controle na célula H4 e adotando-se, na célula G4,
o incremento (decremento) !J.y.
Outro modo de utilização da planilha é quando a vazão é a incógnita e se
tem duas alturas d'água no canal e a distância entre elas (ver Problema 13.18).
Neste caso varia-se o valor da vazão na célula D4 até que o valor de x na
coluna I O seja igual à distância entre as seções de alturas d 'água conhecidas.

Planilha de cálculo do Exemplo 13.6.

. .-

n lo cffi'n1)
-. l
Q (m /s) · · b (m) .• z .ó. y (m) _ Ylniclal (m)
:-.
O,Oi ll~ O,O?.QO ; 5,70 2,5Q t OO -0,08 . 2,4"
A(úh A * Rh(2tll .
Y (m) Yn•d (m)" É (m) óEÓnJ Rh (m) lf (m'm) .ó.x (m) - x(m) y (m)
2,40 11 ,76 2,412 0,00 2,40
2,32 2,36 11, 18 2,333 -0,07873 1,250 13,31 0 ,00006 -2,63 -2,63 2,32
2,24 2,28 10 ,62 2,255 -0,07855 1,2 18 12 ,43 0,00007 -2,62 -5,25 2,24
2 ,16 2,2 10,07 2,176 -0,07834 1, 185 11 ,58 0,00008 -2,62 -7.87 2, 16
2 ,08 2, 12 9,53 2,098 -0 ,07810 1, 153 10 ,77 0,00009 -2,61 -10,48 2,08
2 ,00 2,04 9,00 2 ,020 -0,07780 1, 120 9,99 0,00011 -2,60 - 13,09 2 ,00
1,92 1,% 8,49 1,943 -0,07745 1,087 9,24 0,00012 -2,59 - 15,68 1,92
1,84 1.88 7,99 1,866 -0,07702 1,053 8,52 0,00014 -2,58 - 18,26 1,84
1,76 1,8 7,50 1,789 -0,07651 1,020 7,84 0,00017 -2,56 -20,82 1,76
1,68 1,72 7,02 1,7 14 -0,07587 0,9 86 7, 19 0,00020 -2,55 -23,37 1,68
1,60 1,64 6,56 1,639 -0,07509 0,951 6,57 0,00024 -2,52 -25,89 1,60
1,52 1,56 6,11 1,564 -0,0741 2 0,91 6 5,97 0,00029 -2,50 -28,39 1,52
1,44 1,48 5,67 1,491 -0,07290 0,88 1 5,41 0,00036 -2,46 -30,85 1,44
1,36 1,4 5,25 1,420 -0,07135 0,845 4,88 0,00044 -2,41 -33,26 1,36
1.28 1,32 4,84 1,35 1 -0,06934 0 ,809 4,38 0,00055 -2 ,35 -35,62 1,28
1,20 1,24 4,44 1,284 -0,06672 0,772 3,90 0,00069 -2 ,28 -37,89 1,20
1, 12 1, 16 4,05 1,22 1 -0,06325 0,734 3,46 0,00088 -2, 17 -40,06 1, 1?
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

EXEMPLO 13.7

Uma galeria de águas pluviais de 1,20 m de diâmetro, em concreto n =


0,014 e declividade de fundo lo = 0,003 mim, transporta em regime uniforme
uma certa vazão com altura d ' água Yo = 0,90 me termina em uma queda brus-
ca. Classifique o tipo de curva de remanso que ocorre entre a seção em que o
escoamento é uniforme e a saída da galeria, e calcule a linha d'água.
A vazão é dada pela fórmula de Manning na forma da Equação 8.47 .

M y 0,90
D=- e pela Tabela 8. 1 para - 0 = - - = 0,75 ~ K 1 = 0,624
K1 D 1,20

Portanto:

3/8

(
~
0,003 ]
3
:. Q=1 ,8 1 m /s

A altura crítica para aque la vazão é dada pelo gráfico da Figura I 0.15 .

Q - -----s12-
---st2- 1,8 1 - 1,15 Yc_060
~ - - , ... y c -- 0,72 m
o ·r 1,20 r D

Logo, como Yo> Yc. o canal é de fraca declividade e, terminando em uma


queda brusca, a altura d'água final é a altura crítica (ver Seção 10.8). Entre a
altura Yo = 0,90 me a altura final Yc = 0,72 m ocorrerá uma curva decrescen-
te tipo M2.
Utilizando-se a planilha REMCIRC.XLS chega-se ao resultado a seguir, ob-
servando que o cálculo foi realizado iniciando em uma altura d'água de 0,74 m,
pois nas proximidades da queda a curvatura dos fi letes torna a distribuição de
pressão não hidrostática, e, portanto, uma das hipóteses na dedução da equa-
ção diferencial do movimento é violada.
Observando-se as planilhas de cálculo dos Exemplos 13.6 e 13.7, pode-
se verificar as diferenças entre as características das curvas tipo S 1 e M2. No
Exemplo 13 .6, curva S 1, ocorreu uma variação total na altura d' água de I ,28 m
ao longo de cerca de 40 m, enquanto no Exemplo 13.7, curva M 2, a variação total
da altura d'água foi de somente 0,155 m em cerca de 158 m de extensão.
Planilha de cálculo do Exemplo 13.7.

0,74 3,613 0,73 1,052 0,00 0,74


0,75 0,745 3,647 0,74 1,052 0,000 0,339 0,36 0,00500 -0,15 -0,15 0,75
0,76 0.755 3,681 0,76 1,053 0,001 0,341 0,37 0,00480 -0,44 -0,59 0,76
0,77 0,765 3,716 0,77 1,054 0,001 0,343 0,37 0,00462 -0,77 - 1,36 0,77
0,78 0,775 3,751 0,78 1,056 0,002 0,345 0,38 0,00445 -1,15 -2,52 0,78
0,79 0,785 3,786 0,79 1,058 0,002 0,347 0,39 0,00429 - 1,61 -4,13 0,79
0,80 0,795 3,821 0,80 1,061 0,002 0,348 0,39 0,00414 -2,16 -6,28 0,80
0,81 0,805 3,857 0,81 1,063 0,003 0,350 0,40 0,00400 -2,82 -9,10 0,81
0,82 0,815 3,892 0,82 1,067 0,003 0,352 0,41 0,00387 -3,64 -1 2,75 0,82
0,83 0,825 3,928 0,83 1,070 0,003 0,353 0,41 0,00374 -4,69 -1 7,44 0,83
0,84 0,835 3,965 0,85 1,074 0,004 0,355 0,42 0,00362 -6,06 -23,50 0,84
0,85 0,845 4,001 0,86 1,078 0,004 0,356 0,43 0,00351 -7,94 -31 ,44 0,85
0,86 0,855 4,038 0,87 1,082 0,004 0,357 0,43 0,00341 - 10,65 -42,09 0,86
0,87 0,865 4,075 0,88 1,087 0,005 0,359 0,44 0,00331 -14,88 -56,97 0,87
0,88 0,875 4,113 0,89 1,092 0,005 0,360 0,45 0,00322 -22,42 -79,39 0,88
0,89 0,885 4,151 0,90 1,097 0,005 0,361 0,45 0,00313 -39,56 -118,95 0,89
0,895 0,8925 4,170 0,90 1,099 0,003 0,361 0,46 0,00307 -39,81 - 158,76 0,895

13.7.1 LOCALIZAÇÃO DO RESSALTO HIDRÁULICO


Confmme discutido anterimmente, as seções de controle do escoamento
em canais podem se apresentar nas mais variadas situações, como na entrada
de um canal de forte declividade, na saída de uma comporta de fundo , no ponto
de mudança de uma declividade fraca para uma forte etc. A marcha de cálcu-
lo das curvas de remanso originadas nas seções de controle é feita de montante
para jusante no escoamento torrencial (curvas M 3,
Alturas conjugadas de M 3 S2, S3 ou H 3) ou de jusante para montante no escoa-
···-··
mento fluvial (curvas M1, M 2, S 1, ou H 2) .
A presença de uma comporta em um canal,
com abertura de fundo inferior à altura crítica, per-
mite controlar o escoamento fluvial a sua montante
e o escoamento torrencial a sua jusante. A presença
de um ressalto hidráulico indica a mudança de regi-
me torrencial para fluvial.
Figura 13.20 Localização do ressalto hidráulico entre duas seções de Considere o escoamento ton·encial de uma cer-
controle. ta vazão sob a comporta mostrada na Figura 13.20,
percorrendo um canal pris mático de fraca declividade que termina em uma
queda brusca. Se o canal for suficientemente curto, o escoamento atinge a ex-
tremidade de jusante, ainda em regime torrencial, segundo uma curva tipo M 3 .
Em um canal mais longo, como a declividade é fraca, haverá a mudança ele
regime com o aparecimento de um ressalto entre as duas seções de controle,
a seção contraída da lâmi na junto à comporta e a altura crítica na extremida-
de de jusante. Neste caso, o perfil da linha d'água é constituído por uma cur-
va M, que precede o ressalto e uma curva M2 que o segue. A localização do
ressalto pode. ser feita primeiro calculando a curvaM,, a partir da seção con-
traída junto à comporta, em direção a jusante, até ficar confi rmado que a pro-
fundidade atingirá a altura crítica antes do final do canal (no interi or do
ressalto). Em seguida, calcula-se a curva de remanso M2 a partir da profundi-
dade crítica na extremidade de jusante do canal, prosseguindo o cálculo para
montante. As alturas conjugadas relativas a cada profundidade do perfil MJ são
calculadas pela Equação I I .I O e traçadas graficamente como mostrado . A
interseção da curva das alturas conjugadas com a curva M2 localiza a posição
do ressalto, a menos de seu comprimento, em geral desprezível em face da
extensão das curvas M J e M2.
O Exemplo 13.8 ilustra o procedimento de cálculo.

EXEMPLO 13.8

Considere um vertedo r de barragem com soleira normal tipo Creage r e


coeficiente de descarga C = I ,85, largura de 5,0 m, carga sobre a soleira h =
l ,20 m e que descarrega água em um canal retangular horizontal, de mesma
largura, rugosidade n = 0,020, comprime nto 120 m e que termina e m uma
queda brusca. O nível d 'água no reservatório está na cota 678,20 e o fun do do
canal na cota 671,70. Determine o perfil da linha d'água indicando as curvas
de remanso que· ocorrem e calcule a que distância do pé do vertedor se loca-
liza o ressalto. Despreze as perdas de carga do escoamento pe lo vertedor.
Cálculo da vazão descarregada; pela Equação 12.99:

A vazão unitária e a altura crítica valem:

Q 12,16
q =b =- - = 2,43 m3/(s m)
5

Yc = ( ~
? )1/' = ( ~~~- )1/3 = 0,845 m
2 ?
A altura d'água no pé do vertedor pode ser calculada usando a equação
da energia entre o nível d'água no reservatório e o fundo do canal, que na au-
sência de perdas fica:

q2 0,301
678,20 = 671,70 + y + - - 2 .·. 6,50 = y + - -
2gy /

2,5 . - -- - - -- -- - - -- ------, cuja raiz no regime torrencial vale y = 0,22 me, portanto,
o número de Froude ao pé do vertedor vale F r = 7,52.
2
Usando a planilha REMANSO.XLS, calcula-se a
Conjugadas de H,
/,? curva H3 desde a seção de profundidade y = 0,22 m até a
1.5
seção de profundidade crítica Yc = 0,845 m e verifica-se
~- ...--: , H,
-:------:.___ que esta seção está a menos de 120 m do pé do vertedor.
·· ...__
Em seguida, calcula-se a curva H2 desde a extremidade de
jusante na qual y = Yc = 0,845 m até uma abscissa da or-
0.5
dem de 100m.
0 -------,,- - ---,1-----,-- --. Para cada valor de y da curva H3 determina-se a sua
o 20 40 60 so 100 120 altura conjugada, levantando a curva tracejada da Figura
x(m) 13.21. O gráfico da Figura 13.21 é o resultado das três cur-
Figura 13.21 PerfisdoExcmplo 13.8. vas e mostra que o ponto de cruzamento do perfil H2 com
a curva das alturas conjugadas, que é a localização do res-
salto, ocorre a cerca de 40 m do pé do vertedor (ver pla-
nilha EXEM(13.8).XLS), no diretório Canais.
No caso específico de um vertedor de barragem, pretende-se que o res-
salto se forme o mais perto possível do descarregador e, para isto, estruturas
como soleiras de jusante são constmídas para fixar o ressalto dentro da bacia
Considere o esquema da Figura 13.20. de dissipação (ver Figura 11.10).
O que acontecerá ao ressalto
hidráulico se a declividade do canal
aumentar? 13.8 FORMAS DA SUPERFÍCIE DA ÁGUA
As curvas integrais do escoamento gradualmente variado, Equação 13 .6,
foram mostradas em função da declividade de fundo, para uma determinada
vazão, na Seção 13.3, e apresentam as seguintes propriedades:
a) As curvas são tangentes assintóticas à linha de profundidade normal,
=
Y Yo·
b) As curvas são ortogonais à linha de profundidade crítica y =Yc·
c) Se a profundidade cresce continuamente, y --7 oo, as curvas tendem
assintoticamente a uma linha horizontal, dy/dx --7 l 0 •
d) O escoamento a montante e a jusante da profundidade crítica não re-
úne mais as condições simplificadoras admitidas na dedução da
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

Equação 13.6, poi s o escoamento não é retilíneo e paralelo. Assim,


as partes correspondentes das curvas de remanso apresentadas em
tracejado, na Seção 13.3, são mais teóricas do que reais.
e) A Figura 13.22 mostra vários exemplos da ocorrência das curvas de
remanso, em diversas situações, juntamente com a presença elo res-
salto hieln'íulico e da indicação ela seção de controle.

---~<~.~~M~~----~~==~
-- -~~: · - . - .:~~-----
--- --- .

·-.- . :-:-:0: ~
: "-- . Comporlll :-:-:-:-:-:-·-- t:: Comporta
1
.' - I ::.:;:,_-:.:;.-:.-• ••
.1------ . ---
rV!;-- / . ll~;!!i_....... - ·.
-
7-
• - 1., =o

~;~_L_ :'-- t
. -~~~~- · - - ~ ---..___Alargamento de seção
I

• Seção de controle
---Nível critico
- · - Nível normal

Figura 13.22 Exemplos diversos de curvas de remanso.


13.9 PROBLEMAS

13.1 Mostre que, em um canal de forma qualquer, a equação diferencial do


escoamento permanente gradualmente variado, Equação 13.5, pode ser escrita
como:

13.2 Em um canal retangular e horizontal, com largura de I ,5 m, a altura


do escoamento decresce de 0,90 m para 0,60 m em uma distância de 150 m. As-
sumindo que a declividade da linha de energia é dada por Ir= 0,01· V2/(2g·y), de-
termine a vazão. Observe que a vazão unitária é dada por q = V·y = cte.
[Q = 1,66 m3/s]

13.3 Em um canal retangular de largura de fundo igual a 1,O m e vazão de


4,1 O m3/s, a altura nmmal para esta vazão é de 0,80 m. Admitindo escoamento
uniforme, dete1mine:
a) O tipo de regime e a energia específica para aquela vazão.
b) Se em uma determinada seção for colocada no fundo do canal uma
estrutura curta (degrau) de 0,50 m de altura, desprezando a perda de
carga, verifique se o escoamento a montante do degrau foi modifica-
do. Justifique. Se houve modificação, determine a altura d'água ime-
diatamente a montante do degrau.
c) Na hipótese do aparecimento de um eventual ressalto hidráulico a
montante do degrau, calcule as alturas conjugadas e o tipo de curva
de remanso que se estabelece entre o ressalto e o degrau.
a) [torrencial; E= 2, I4 m]; b) [foi modificado; y = 2,09 m] ; c) [ressalto com
Y1 = 0,80 me Y2 = 1,71 m; curva S 1]

13.4 Um canal retangular de I ,50 m de largura transporta, em regime uni-


forme, uma certa vazão com uma altura d 'água igual a 0,40 m e número de
Froude igual a 0,7 1. Em uma determinada seção existe um bueiro de concre-
to, com entrada em aresta viva, descarregando livremente, de 0,60 m de diâ-
metro e 3,0 m de comprimento. Sendo a rugos idade do canal n = O,O I 8,
determine:
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

a) a vazão transportada;
b) a declividade de fundo;
c) a altura d'água imediatamente antes do bueiro;
d) as alturas conjugadas de um eventual ressalto Uustifique a ocorrên-
cia ou não) ;
e) o perfil da linha d'água, indicando os tipos de curva de remanso, os
níveis normal e crítico.
a) [Q = 0,84 m 3/s]; b) [lo = 0,0038 rn/m]; c) [y = 1,O m]; d) [não há ressalto];
e) [curvaM , de Yo = 0,40 m até y = 1,0 m]

13.5 Em um canal retangular, bastante longo, com declividade de fundo l o =


2 m/km, mgosidade n = 0,015 e largura 3,0 m, existe uma comporta plana veiti-
cal de igual largura, cuja carga a montante é H= 1,8 m e abertma no fundo b =
0,30 m. Suficientemente afastado da comporta instalou-se um vertedor retangular
de parede fina com duas contrações laterais, largura da soleira igual L = 2,80 m
e altura p = 0,40 m . Verifique a possibilidade da ocorrência de um ressalto hi-
dráulico. Se houver, calcu le as alturas conjugadas e trace o perfil d' água en-
tre a comporta e o verted or, indicando claramente os tipos de curvas de
remanso que ocorrem , os níveis normal e crítico e a altura d'água imediata-
mente a montante do vertedor.
[Há ressalto; y, = 0,357 m; Y2 = Yo = 0,585 m ; perfil-7 curva M3, ressalto,
curvaM, de Yo = 0,585 m até y = 1,1 2 m]

13.6 Um canal retangular, suficientemente longo, de 1,O m de largura, lo =


0,001 m/m, n = 0,015, transporta em regime permanente e uniforme uma certa
vazão, com uma altura d'água igual a 0 ,50 m . Em uma determinada seção
necessita-se de uma altura d' água igual a 0,80 m e para isso instalou-se um
vertedor retangular de parede delgada, com largura igual à largura do canal.
Detennine:
a) a vazão transportada;
b) a altura p da soleira do vertedor;
c) o tipo de curva de remanso que ocorre a montante do vertedor. Justi-
fique.
a) [Q == 0,42 m 3/s] ; b) [p = 0,43 m] ; c) [curva MI]
13.7 Um reservatório é controlado por uma comporta plana e vertical, com
abertura de fundo igual a 0,40 m e carga a montante igual a 3,28 m. A água é
descarregada em um trecho de canal com declividade de fundo lo1 = 0,01 m/m
e coeficiente de rugosidade de Manning n =0,020. Este primeiro trecho é segui-
do por outro no qual a altura d'água normal é Yo2 = 1,0 m. Considerando oca-
nal bastante largo e os trechos 1 e 2 suficientemente longos para permitir a
ocorrência do regime uniforme, determine:
a) a vazão unitária;
b) a profundidade normal do trecho 1;
c) os tipos de regime nos dois trechos;
d) a linha d'água desde a comporta até a altura normal do trecho 2, indi-
cando claramente as curvas de remanso existentes e calculando as al-
turas conjugadas de um eventual ressalto.
a) [q = 1,80 m3/sm]; b) [Yol =0,54 m]; c) [trecho 1 torrencial, trecho 2 fluvial]; d)
[curva S3, ressalto com YI = 0,54 me Y2 = 0,869 m, curva S1 até Yo2 = 1,0 m]

13.8 Um longo canal retangubr de 0,5 m de largura, n = 0,018, l o= 0,0047


m/m transpor ta uma certa vazão. Colocando-se no canal um vertedor retangu-
lar de parede espessa de 0,10 m de altura, a altura d'água imediatamente an-
tes do verteclor passou a ser y = 0,25 m e após o vertedor formou-se um
ressalto. Determinar:
a) a vazão no canal;
b) As alturas conjugadas do ressalto;
c) o tipo de curva de remanso a montante do vertedor
a) [Q = 0,055 m 3/s]; b) [y1 = 0,077 me Y2 = Yo = 0,143 m]; c) [curva M1 de
Yo = 0,143 m até y = 0,25 m]

13.9 Um canal trapezoidal bastante longo,


com largura de fundo igual a I ,20 m, taludes
1V: 1H, n = 0,018 e declividade de fundo igual a
0,001 m/m, termina com uma queda brusca
em um reservatório prismático de 2,0 m ele
largura, controlado por uma comporta plana e
vertical de mesma largura, com abertura de
fundo igual a O, 15m, desc~meganclo livremente.
Figura 13.23 Problema 13.9.
Sendo a altura d'água na seção A igual a 0,30
m, determine:
a) a vazão descarregada;
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

b) o tipo de curva de remanso a montante da seção A;


c) a altura H a montante da comporta.
a) [Q = 0,71 m 3/s]; b) [curva M 2]; c) [H= 0,94 m]

13.10 Um canal retangular de 1 ,20 m de largura transporta, em regime uni-


forme, uma certa vazão com altura d'águ a igual a 0,25 me número de Froude
igual a 2,0. Em uma determinada seção existe um bueiro de concreto, com
entrada em aresta viva, de 0,60 m de diâmetro e 3,0 m de comprimento, des-
carregando livremen te. Sendo a rugos idade do canal n = 0,015, determine:
a) a vazão transportada;
b) a dec liv idade de fundo ;
c) a altura d'água imediatamente antes
do bueiro;
d) a possibilidade de oconência de um
ressalto hidráulico; se houver, calcu-
!11-- - 3,0m
le as alturas conjugadas e a perda de
carga;
e) o perfil da linha d'água, indicando
os tipos de curvas de remanso e os
níveis normal e crítico. Figura 13.24 Problema 13.1 O.
a) [Q = 0,94 m 3/s]; b) [lo = 0,022 mim];
c) [y = 1,18 m] ; d) [ressalto com y1 = Yo= 0,25 me Y2 = 0,593 m; Llli =0,07
= =
m]; e) [ressalto e c urva S 1 de y2 0,593 m até y 1,1 8 m]

13.11 Um reservatório de grandes dimen-


sões descarrega em um canal retangular largo
e longo, de declividade de fundo lo = 0 ,005
mim, n =0,020. Suficientemente afastada da 1,20m
·:~
4'-• ••'"-

saída do reservatório existe uma pequena bar-


1,20m
:.· ... . :..
.
.... ·· _
ragem de elevação, com perfil tipo Creager e
coeficiente de vazão igual a 1,95. Desprezan-
do a perda de carga na entrada do canal e com
Figura 13.25 Problema 13.1 1.
os dados da F igura 13.25, determine:
a) a vazão unitária;
b) a altura d'água próxima da barragem;
c) o perfil da linha d'água no canal, indicando os tipos de curvas de re-
manso, as alturas conjugadas de um eventual ressalto hidráulico e os
níveis normal e crítico.
a) [q = 2,24 m 31sm]; b) [y =
2,30 m]; c) [curva S2, ressalto com y, = Yo =
0,76 m e Y2 = 0,84 m , curva S , de y2 = 0,84 m até y = 2,30 m]

13.12 Um longo canal retangular de 2,0 m de largura, rugosidade n =0,015


e decli vidade de fundo lo= 0,0004 mim, possui na extremidade de jusante uma
comporta plana e vertical de mes ma largura e coefi c iente de vazão dado pela
Equação ( 12.56). Quando a abertura da comporta for b = 0 ,48 m, determine
qual deve ser a vazão no canal para qu e a m onta nte da comporta não ocorra
curva de re manso nem tipo M 1 nem tipo M 2 .

[Q = 2,62 m 31s]
13.13 Uma comporta plana e verti cal descarrega água e m um canal retan-
gular de I ,50 m de largura, suficientemente longo para que se estabe leça re-
g ime uniforme, rugosidade n = 0,0 18. A comporta te m a mes ma largura do
canal, abertura de fundo b = 0,30 m , coeficiente de contração da lâmina Cc =
0,60, carga a montante H = I ,80 m e descarrega livrem ente. D etermine:
a) a vazão descarregada no canal;
b) a energia específica disponível na seção contraída da lâmina;
c) a declividade de fund o do canal para que a altura conjugada do ressalto,
a jusante da comporta, no regime torrencial , seja igual a 0,35 m ;
d) a perda de carga no ressalto;
e) o tipo de curva de remanso que se fo rma entre a comporta e o ressalto
Uustifiq ue).
a) [Q = I ,47 m 31s] ; b) [E ::: I ,70 m]; c) [In= 3,74· 10-3 mim]; d ) [~E= 0,02 m] ;
e) [curva M J]

13.14 Em uma determin ada seção de um lo ngo canal re tang ul ar, de 2,0 m
de largura, rugosidade n = 0,020 e dec li vidade de fundo I n= 0,002 mim, a al-
tura d'água é igual a O, 18m e o número de F raude vale 3,28. Sufic iente men-
te di stante e a j usante des ta seção ex iste uma com porta plana, verti cal , de
largura igual à do canal, com abertura no fund o b = 0,25 m , descarregando li-
vre mente.
a) Verifique a possibilidade de ocorrência de um ressalto hid ráulico no
canal. Calcule, se for o caso, suas alturas conjugadas.
b) Verifique a possi bilidade de ocorrência de uma curva de remanso a
montante da comporta. Justifique q ual o tipo de curva.
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

c) Existe a possibilidade de alterar a abertura da comporta para que ela


funcione sem provocar o aparecimento de alguma curva de remanso
a sua montante?
a) [há; Yt = 0,22 m; Y2 =0,65 m]; b) [curva Mt]; c) [não há]
13.15 Um canal trapezoidal com largura de fundo igual a 1,0 m, taludes
1H:J V, transporta uma certa vazão, em regime uniforme, com altura d'água
igual a 1,O me o número de Froude do escoamento igual a 0,70. Em uma certa
seção existe uma barragem cujo descarregador é constituído por 3 tubos de
concreto com entrada em aresta viva, de 0,60 m de diâmetro, 6,0 m de com-
primento, colocados horizontalmente no fundo do canal e descarregando livre-
mente na atmosfera.
a) Determine a vazão transportada.
b) Determine a altura d'água imediatamente a montante da barragem.
c) Ocorre um ressalto hidráulico a montante da barragem? Justifique.
d) Ocorre curva de remanso no canal? Justifique qual.
a) [Q = 3,58 m 3/s]; b) [y = 1,79 m]; c) [não ocorre ressalto]; d) [curva Mt]
13.16 Em uma seção de um canal trapezoidal
de 10,0 m de largura de fundo, inclinação dos ta-
ludes 2H: 1V, declividade de fundo lo = 0,001 m/
m e coeficiente de rugosidade n =0,020, a cota de 889.50111
fundo é de 886,50 m. Para uma vazão máxima es-
perada de 60,0 m3/s, o nível d'água nesta seção al-
cança a cota de 889,50 m. Deseja-se construir
uma ponte a 1200 m a montante da seção, confor-
me a Figura 13.26, de modo a garantir uma folga
de 0,50 m entre o nível d'água no canal e o tabu-
leiro da ponte. Determine a cota mínima do tabu-
leiro da ponte. Utilize a planilha REMANSO.XLS Figura 13.26 Problema 13. 16.
adotando um decremento /1y = 0,05 m.
[Cota =890,45 m] :-:-:-:-:-:-----

13.17 Na Figura 13.27, a profundidade do escoamento imedia-


tamente a jusante da comporta é de 0,60 m e a velocidade média
na seção, de 12 m/s. Para um canal bastante largo, com rugosidade
n = 0,018, em contra declividade com I= - 0,005 mim, determi-
ne a altura d'água na extremidade de jusante, 60 m da comporta.

[y = 0,854 m] Figura 13.27 Problema 13. 17.


B H;dcá"Uoa Bá~oa Cap. 13

13.18 Em um distrito de irrigação existe um canal trapezoidal,


uniforme, com largura de fundo b = 6,0 m, inclinação dos ta-
Q
---- 1,50111

1,60111
ludes Z = 2, declividade de fundo lo = 0,0005 mim e coeficiente
de m gosidade da fórmula de Manning n = 0,018. Querendo-se
determinar a vazão, mediram-se as profundidades em duas se-
ções distantes 500 m entre si. Na seção de jusante, a altura d 'água
500111 é igual a y1 = 1,60 m e, na seção de montante, yz = 1,50 m, con-
forme a Figura 13.28. Sendo o escoamento fluvial, determine a
Figura 13.28 Problema 13 .18. vazão, usando a planilha REMANSO.XLS .

[Q = 14,76 m3/s]
13.19 Num canal trapezoidal com largura de fundo b = 2,0 m, inclinação dos
taludes Z = I ,5, declividade de fundo lo = 0,002 mim, mgosidade equivalente das
paredes e fundo c= 0,003 m (cimentado), transporta uma vazão Q = 12 m3/s.
Existindo na extremidade de jusante um reservatório cuja superfície livre está
na cota 1,60 m, sendo zero a cota de fundo do canal na saída, determine:
a) a curva de remanso que ocorre no canal;
b) a cota do nível d'água em uma seção situada a 100 m a montante da
entrada do reservatório.
a) [curva M1 ]; b) [cota= 1,632 m]

13.20 Uma co mporta p lana, vertical e de


mesma largura controla a entrada de água em
um canal retangular, de 2,0 m de largura, decli-

100.~
10030111

r--= -
c9850m

~
vidade de fundo lo = 0,002 mim, mgosidade n =
0,020, suficientemente longo, e que desemboca
em um reservatório com N .A. na cota 98,50 m,

/~
conforme a Figura 13.29 .
a) Determine vazão descarregada.
b) Determine tipo de declividade do canal, forte
Figura 13.29 Probl ema 13.20.
ou fraca. Justifique.
c) Esboce o perfil d' água da comporta até o re-
servatório de jusante, indicando claramente
as curvas de remanso existentes e as alturas
normal e crítica.
d) Ocorrendo um ressalto hidráulico determine as alturas conjugadas, a
perda de carga e o comprimento.
e) Sendo o coeficiente de contração da lâmina sob a comporta igual à Cc =
0,60, calcule a que distância da seção contraída se formará o ressalto.
Cap. 13 Escoamento Permanente Gradualmente Variado

a) [Q = 2 ,61 m 3/s]; b) [fraca Yc < Yo]; c) [curva M 3 -7 ressalto-7 c urva Mt] ;


d) [y 1= 0,294 m ; Y2 = Yo = 0,95 m; t.E = 0,253 m; Lj:: 4,6 m]; e) lx = 12,7 m]

13.21 Um reservatório descarrega água através de 2 tubos circulares de con-


creto com entrada e m aresta viva, de 3 m de comprimento e 0 ,30 m de diâme-
tro, todos horizo ntais e assentados na mesma cota, e m um canal trapezoidal de
0,60 m de largura de fundo, .taludes IH: I V, decli vidade lo = 0 ,00 I m/ m, n =
0,020, que termina 115 m a jusante da saída dos tubos, e m uma queda brus-
ca. A altura d 'água imediatame nte antes da queda brusca é igual a 0,35 m.
Determine:
a) a vazão descarregada;
b) o ti po de decl ividade elo canal , fraca ou forte;
c) a carga H sobre os tubos;
d) o tipo de curva de remanso que se forma a montante da queda brus-
ca; justifique.
a) [Q = 0,526 m 3/s]; b) [fraca declividade] ; c) [H= I, I O m] ; cl) [curva M2]

13.22 Um pequeno canal trapezoiclal com 0,5 m de largura de f1.111do, taludes


1I-1: I V, declividade de fundo lo = 0,030 m/m, coeficiente de rugos idacle n =
0,020, transporta, em regime permanente c uniforme uma vazão ele 0,30 m3/s.
E m uma determinada seção existe um vertedor trapezoidal, tipo C ipolletti, com
largura da sole ira igual a I ,O m e altura p = I ,O m.
a) De termine o tipo de declividade do canal, forte ou fraca.
b) Determine a altura d'água imediatamente antes elo vertedor.
c) Ocorre ndo um ressalto hidráulico a montante do vertedor, determine
suas alturas conjugadas.
cl) Esboce o perfil da linha d'água a montante elo verteclor, indicando
c laramente as curvas de remanso que ocorrem.
a) [forte dec lividade]; b) [y = 1,30 m] ; c) [y1 = Yo = 0, 195 m e Y2 = 0,35 m] ;
d) lYo -7 ressalto -7 curva S1 ele y = 0,35 m até y = 1,30 m]

13.23 Cons idere um canal ele g rande decli vidade, com uma seção qualque r,
conforme a Figura 13.30. A carga total H , e m uma seção, correspondente à
Equação 7.17 , no caso, é descrita como:

h Q2
H = z+--+ - - ?, na qual:
cos 8 2gA-

• h é a profundidade do canal na seção conside rada, medida perpe n-


dicul armente ao fundo do canal.
• A é a área molhada da seção transversal do canal.
• e , o ângulo fmmado entre o fundo do canal e a hmi-
-- Q' zontal.
- ---·----/-2gAi • Q, a vazão no canal, em regime permanente .
--- - ·- ·- ·- - L.E.
Para o sistema de referência zx adotado, mostre
que a equação diferencial da linha d'água para canais
de grande declividade é dada por:

dh tge- rf
em que I r = - dH é a decli vidade
dx _ 1 _ _ Fr2 dx
Figura 13.30 Problema 13.23. cose
da linha de energia.

13.24 Em alguns açudes existentes na região semi-árida do Estado do Cea-


rá, os vertedores são colocados em uma lateral do reservatório, com soleira em
cota bem especificada, com uma folga em relação à cota de coroamento da bar-
ragem, mesmo para um nível d'água no reservatório correspondente à vazão
máxima de projeto a ser descarregada. Tais estruturas são normalmente canais
retangulares curtos, com largura da ordem de grandeza do comprimento, ter-
minando em queda btusca ou transição em forte declividade . Os vertedores
têm baixas declividades, algumas vezes simplesmente abertos em rocha por
dinamitação, sem revestimento. Fator importante no projeto da estmtura glo-
bal é determinar a curva cota-descarga do vertedor, isto é, a relação entre o N.A.
no reservatório e a vazão descarregada, que geralmente tem a forma: q = a HP,
em que a e ~ são parâmetros a determinar por regressão; q, a vazão unitária; e
H, a carga sobre a soleira na entrada do vertedor, como na Figura 13.3 1. Deter-
minar a relação cota-descarga do vertedor, observando que por ser canal de fraca
declividade irá se estabelecer no vertedor uma curva de remanso tipo M2, com
altura d' água na saída igual a Yc· Variar a altura d'água na saída de 0,5 ma 1,5
m de 1O em 1O em e calcular, em cada caso, a curva de remanso pelo "step
method", variando as alturas d'água nas seções, de 1 em 1 em até o comprimento
L. Para cada valor de Yc tem-se a vazão q e pela curva de remanso, o valor de
H correspondente a uma abscissa L. Determinar
para os 1O pares de valores q e H os parâmetros
a e ~por regressão. Use uma planilha eletrônica
para desenvolver o "step method", adaptada da
planilha REMANSO.XLS.

Figura 13.31 Problema 13.24.


Dados: n = 0,040, Ia = 0,0005 mim, L = 62 m e
b (largura) = 30 m.
[q = 1,26 H 1•86]
14 455

ESCOAMENTO VARIÁVEL EM CANAIS


" Mas tenha c:uidado. A pororoca só dá
em rios e canais de pouca profundidade.
O sinhô evite águas rasas, procure
lugares fundos, com mais de 7 metros.
lntão não haverá perigo." A pororoca dá
no meio da maré enchente, quando rios e
Igarapés não agüentam a pressão da
maré, nas suas bocas e transbordam
numa onda de 1,5 a 2,5 metros, com força
e velocidade incríveis.

[Velejando o Brasil, Geraldo Tollens


14.1 INTRODUÇÃO Linck]

Nos capítulos anteriores desenvolveram-se as formulações matemáticas


para vários aspectos de escoamentos permanentes em canais. Entretanto, a
grande maioria dos escoamentos livres se dá normalmente em condições de re-
gime variado e não permanente, nos quais as características mudam em fun-
ção do tempo e do espaço.
Se as alterações sofridas pelo escoamento são de pequena magnitude e
ocorrem de modo progressivo, pode-se supor, como simplificação, que o es-
coamento seja permanente, ao menos e m intervalos curtos de tempo, aplican-
do-se as conceituações já apresentadas. Há, entretanto, situações físicas em que
esta suposição não é admissível, como, por exemplo, ondas de cheia em canais,
rios ou sistemas de drenagem, alterações de nível e vazão produzidas pela par-
tida ou parada de bombas ou turbinas hidráulicas, ondas originadas por mano-
bras de comportas em canais de irrigação, rompimentos de diques ou barragem
etc.
O tratamento matemático deste tipo de escoamento é bem mais comple-
xo, mesmo em situações mais simples corno a propagação de uma onda de
cheia em um canal prismático e retilíneo, no qual não ocorra extravasamento
da seção nem aporte lateral de vazão.

14.2 DEFINIÇÕES
Uma onda é definida como uma variação temporal e espacial da altura
do escoamento (tirante de água) e da taxa de vazão. O comprimento de onda
L é a distância entre duas ·cristas sucessivas, a amplitude a da onda é a altura
entre o nível máximo da superfície livre e o nível d 'água em repouso e a al-
tura H é a diferença de cotas entre as cristas e os cavados.
As ondas podem ser c lassificadas de várias maneiras, como ondas ca-
pilares, nas quais o fator preponderante na propagação é a tensão superficial,
e ondas de gravidade, cuja ação preponderante é a atração gravitacional. São
B" ' " " Bás;oa Cop. 14

chamadas de águas profundas se a relação entre o comprimento de onda L e


a profundidade da água y, distância entre o fundo do canal e o nível d'água
estático, for menor que 20 e de águas rasas, caso contrário. Uma onda é chama-
da de onda oscilatória se não existe transporte de massa na direção de propaga-
ção; são em geral ondas provocadas pelos ventos e importantes em Hidráulica
Marítima. Ondas de translação são aquelas que envolvem deslocamento de mas-
sas líquidas da sua posição original, como ondas de cheias em rios e canais.
As ondas de translação podem ser classificadas como onda solitária, que tem
um tramo de ascensão e outro de depleção e um único pico, e trem ou siste-
ma de ondas, que é um grupo de ondas sucessivas. Uma onda de translação que
tenha o tramo de depleção (frente de onda) de modo íngreme é chamada de surto
ou vagalhão. Em relação às ondas em canais, estas são ditas ondas positivas se
a altura d'água atrás da onda (intumescência) é maior que a altura d 'água no es-
coamento não perturbado no canal e ondas negativas se a altura d'água atrás
da onda (intumescência) é menor que a altura d'água no escoamento não per-
turbado no canal (ver Figura 14.1).
Conforme foi discutido na Seção I 0.5, a celeridade da onda c é defini-
da como a velocidade relativa de propagação em relação ao meio líquido, en-
quanto a velocidade ou celeridade absoluta da onda V ro é a velocidade medida
em relação às margens do canal. A relação entre estas duas velocidades, no es-
coamento unidimensional, é dada pela Equação 10.30, na forma:

Yro=V±c ( 14.1 )

na qual o sinal positivo é usado se a onda se propaga no sentido do escoamento


e o sinal negativo é usado se a onda se propaga no sentido contrário ao escoa-
mento.
Para ondas de gravidade de pequena amplitude, tratadas no Capítulo 1O,
negligenciando os efeitos de viscosidade e tensão superficial, a expressão da
celeridade, desenvolvida por Airy, Henderson (28), é dada por:

gL h2ny
C= -tan - -
2n L (14.2)

em que L é o comprimento de onda e y, a altura do escoamento não perturbado.


No caso de ondas de águas profundas, em que y >> L, a tangente hi-
perbólica tende ao valor I, tanh (2ny/L) ~ 1, e a celeridade toma-se :

c= {iL
~2; (14.3)
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais 457

Para ondas de águas rasas, em que L>> y, a tangente hiperbólica tende


ao valor do arco, tanh (27ty/L) -7 27ty/L, e então a celeridade de tais ondas é
expressa por:

c= -fiY (14.4)

Observe que a expressão é mesma deduzida·na Seção 10.5.


O tratamento matemático das ondas a) Onda positiva de jusante b) Onda negativa de montante
de tran slação no escoamento não perma-
nente em canais pode ser dividido em dois
grupos. No caso das ondas de cheias, em
que o escoamento é considerado como len-
tamente variável, serão utilizadas as equa-
ções deduzidas na Seção 14.4, enquanto se
o escoamento não estacionário for rapida-
mente variado, se manifestando por uma inicial 1 inicial
brusca alteração na profundidade da água, Q ' Q+t.Q Q+óQ ' Q
óQ < O t.Q <o
como, por exemplo, gerado peta fechamen-
to rápido de uma comporta, equações bem c) Onda positiva de montante d) Onda negativa de j usante
mais simples serão deduzidas na próxima
Seção.
v,
14.3 ONDAS DE TRANSLAÇÃO- .....
ESCOAMENTO RAPIDAMENTE
VARIADO ~~~~~~~~~m ~~~~~~~~~~
Intumescência Escoamento Escoamento 1 Intumescência
inicial inicial
14.3.1 NOTAÇÃO I
Q+óQ Q Q I Q+õQ
O escoamento não estacionário e ra- óQ>O L\Q > o

pidamente variado caracteriza-se por uma Figura 14.1 Geração de ondas por variação brusca ~Q de vazão.
superfície livre com uma brusca variação na
profundidade da água. A variação brusca na
linha d'água é provocada por uma variação brusca de vazão L1Q, que forma uma
descontinuidade L1y chamada de frente da onda. Após esta descontinuidade, de
comprimento desprezível, o corpo da onda se desenvolve paralelamente à super-
fície da água do escoamento estabelecido inicial (ver Figura 14.1). Como con-
seqüência, no corpo da onda a vazão é igual a Q + L1Q.
Há quatro diferentes tipos de ondas nesta condição, conforme a Figura
14.1, Favre (20), páginas 33-44, e Graf (26), página 32.
Cap. 14

a) Se a perturbação é provocada por uma variação da vazão ~Q em uma


seção situada a montante, a onda propagar-se-á no sentido da corrente
e é chamada de onda de montante.
ai) Se o transitório for produzido por um aumento na vazão, ~Q > O, a
linha d'água estará acima do nível d'água inicial, ~y >O, e a pertur-
bação é dita onda positiva de montante, ver Figura 14.1c.
a2) Se o transitório for produzido por uma diminuição na vazão, ~Q < O,
a linha d'água estará abaixo do nível d'água inicial, ~y <O, e a
perturbação é dita onda negativa de montante, ver Figura 14.1 b.
b) Se a perturbação é provocada por uma variação da vazão ~Q em uma
seção situada a jus ante, a onda propagar-se-á no sentido contrário da
corrente e é chamada de onda de jusante.
bl) Se o transitório for produzido por um aumento na vazão, ~Q >O, a
linha d'água estará acima do nível d'água inicial, ~y >O, e a pertur-
bação é dita onda positiva de jusante, ver Figura 14.1d.
b2) Se o transitório for produzido por uma diminuição na vazão, ~Q <O,
a linha d'água estará abaixo do nível d'água inicial, ~y <O, e a
perturbação é dita onda negativa de jusante, ver Figura 14.1a.
A Figura 14.2 apresenta os quatro tipos
Abc1tura da comporta rcchamcnto da compOita de onda, em u m escoamento rapidamente
Onda positiva Onda negativa
Onda negativa Onda positiva
de jusante de monlante
variado, provocados pela abertura ou fecha-
de jusantc de montante
Ycü- ·::-:-:-:-:--
mento de uma comporta plana e vertical em um
canal.

11Q>O - L\Q<O- 14.3.2 ALTURA E VELOCIDADE


DE UMA ONDA
Figura 14.2 Exemplo dos quatro tipos de ondas de translação.
Nesta Seção serão derivadas equações
que permitem a determinação da altura da onda
~y e da celeridade absoluta Vro, devido a uma súbita mudança na vazão . O
equacionamento é idêntico ao desenvolvido na Seção 10.5, para perturbações
de pequena amplitude. As hipóteses adotadas são praticamente as mesmas,
como canal horizontal sem atrito, distribuição de pressão hidrostática e distri-
buição uniforme de velocidade em ambas as seções a montante e jusante da
perturbação, descontinuidade abmpta na altura d'água, de comprimento des-
prezível e aspecto constante, e superfície da água atrás da onda paralela à li-
nha d'água não pe1iurbada.
Seja, conforme a Figura 14.3a, o escoamento não permanente rapida-
mente variado provocado pela abertura brusca de uma comporta plana sobre
um escoamento uniforme inicial de velocidade média V,. A velocidade média
V 2 da água e o aumento da profundidade ~y, a montante da descontinuidade,
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais 459

são provocados pelo aumento da


vazão ôQ . A Figura 14.3a mos- 0
tra a visão de um observador es- II
tacionário, postado na margem, !
enquanto a Figura 14.3b mostra a V1 -Vw !
visão de. um observador que se yA,y,
desloca para jus ante com veloci-
dade igual à celeridade absoluta Figura 14.3 Transformação do escoamento variável em permanente.
da onda Yoo.
A altura da onda e a sua celeridade podem ser determinadas pela apli-
cação da equação da continuidade e do teorema da quantidade de movimento ao
volume de controle da Figura 14.3b, transf01mando o escoamento variável em
escoamento pe rmanente pela sobreposição de um campo de velocidade- Yw,
à situação original da Figura 14.3a.
Na condição de escoamento permanente e fluido incompressível as
equações ficam:
a) Equação da continuidade

Iv· dà = o :. ( V2 - V(JA2 = (V, - V(J)) A, ( 14.5)


s.c

b) Teorema da quantidade de movimento


Para um canal horizontal e sem atrito, tensão de cisalhamento nula nas
paredes e fundo , as únicas forças que atuam sobre o volume de controle são
devidas às distribuições de pressão hidrostática nas seções 2 e 1, assim:

L,Fx =F2 -F1 = yy2 A 2 -yy 1 A 1 = Jvx( pY · dÃ) (14.6)


S.C

na qual I Fx é a soma das forças externas sobre o volume de controle, na di-


reção positiva x, e y a altura vertical desde a superfície livre até o centróide
da seção de escoamento.

YY2 A 2 - yy 1 A 1 =(V2 - Vw)[ - p(V2 - Vw)l A 2 + (V1 - Y00 )[p(V1 - Vw)]A 1


2
YY2 A 2 - YY 1 A 1 =- p(V2 - Vw ) A 2 + p(V1 - Vw) 2A 1

Substituindo o termo (V2 - V00) da Equação 14.5 na expressão anterior,


desenvol vendo e simplificando, fica :
Cap. 14

( 14.7)

Como no caso da Figura 14.3 trata-se de uma onda positiva de montan-


te, sua celeridade Vro é superior à velocidade do escoamento não perturbado v ,,
po is a onda se desloca para j usante. Ass im , a Eq uação 14 .7 fica:

gA2 CY2 A2 -y, A,)


( 14.8)
A 1 (A 2 -A 1)

Por comparação com a Equação 14. 1, o termo dentro da raiz na Equa-


ção 14.8 é a celeridade relativa da onda, então:

gA2(y2A2-y,A,)
c= ( 14.9)
A 1 (A 2 - A 1 )

A altura da onda !1y =Y2- y 1, provocada pela mudança brusca na vazão,


pode ser dete rminada pela seguinte relação entre alturas do escoamento e ve-
locidades nas seções 1 e 2, obtida eliminando-se o parâmetro V00 nas Equações
14.5 e 14.7, na fo rma:

(14.10)

Conhecendo-se os valo res de y, e v,, ou Q,, para uma determinada


variação na vazão passando de Q 1 para Q2, pode-se determinar os valores de
Y2 e V2 pela Equação 14. 1O e Q2 = V2 A2, através de um processo de tentativa
e erro. A celeridade absoluta Vropode ser determinada pela Equação 14.8, para
uma onda positiva de montante.
No caso pa1t icular importante do canal ser retangular, as expressões são
simplificadas como segue. Sendo b a largura do canal, A 1 =by,, Az =by2, y1 =y,/
2 e y2 = y2/2, substituindo essas relações na Equação 14.9 e simpli ficando,
vem:

c= (14.1 1)
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

Observe que para ondas de pequena amplitude, na qual y 1 ::::: y 2 = y, a


Equação 14.1 1 toma-se a Equação 14.4.
A celeridade absoluta é detetminada substituindo A, = by 1 e A2 = by2 na
Equação 14.5, e s implificando torna-se:

(14.12)

Ainda no caso da seção retangular, eliminando-se Vroentre as Equações


14.7 e 14. 12, c hega-se a:

(14.13)

Esta equação representa a relação entre as velocidades inicial e final e


as alturas d'água a montante e a jusante da onda.
Levando-se em conta que, extraindo a raiz quadrada da Equação 14.13
obtém-se duas soluções, uma para a onda positiva se propagando para montan-
te e outra para jusante, com o mesmo argumento usado para chegar à Equa-
ção 14.8, pode-se escrever:
a) Onda positiva de montante Vro = V1 + c (sentido da conente):

g(y2-y,)(y~-y~)
(14.14)
2y, Y2

b) Onda positiva de jusante Vro =V 1 -c (sentido contrário da corrente):

g(y2 -y,)(y~ -y~)


(14. 15)
2y, Y2

Para o caso de uma onda negativa, /1y <O, um desenvolvimento aná-


logo leva às seguintes relações:
a) Onda negativa de montante Vw = V 1 + c (sentido da corrente):

g(y2 -y,)(y~-y~)
(14 .16)
2y, Y2
B
Hid,áuli~ Bá,,,. cap. 14

b) Onda negativa de jusante V w =V 1 -c (sentido contrário da corrente):

g(y2 - y,)(y~ - y~)


(14.17)
2y, Y2

EXEMPLO 14.1

Um canal retangular de 2,0 m de largura transporta uma vazão de


1,60 m3/s, com altura d'água igual a I ,O m. Determinar a altura de uma onda
(vagalhão) e sua celeridade absoluta e relativa se a vazão é subitamente ele-
vada para 3,50 m3/s na extre midade de montante do canal.
Pela Figura 14.1c, para t.Q = Q 2 - Q 1 = I ,90 m 3/s a montante, trata-se
de uma onda positiva de montante.
A velocidade no escoamento não perturbado vale:

V1 -- ~ -- 1•60 ,80 m I s
- O
-
by , 2·1,0

Na seção 2 tem-se:

1 75
Q 2 = b ·Y2 ·V2 = 3,50 :. y 2 · V2 = 1,75 :. V2 = •
Y2

Substituindo na Equação 14.1 4, fica:

9,8·(y 2- 1,0)· (y~- 1 ,0 )


-----=-=---=--~____:_::-"-----'-----'- ---7 yz = 12"14
, m
2·1,0· y2

Portanto, a altura da onda vale:

t.y = Y2- y, = 1,214 - 1,0 = 0,214 m

Pela Equação 14.11 , a celeridade relativa vale:

9,8 ·1,214
c = ---'--- (1,0+1 ,214) = 3,63 m/s
2· 1,0
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

A celeridade absoluta é dada pe la Equação 14.12, ou di retamente da


Equação 14.1 com o sinal conveniente:
Vw = V1 +c= 0,80 + 3,63 = 4,43 m/s

EXEMPLO 14.2
Uma onda da translação positiva, em um
Um canal retangular de 3,0 m de largura e lâmina d'água igual a 0,90 m ca nal retan~rular com profundidade no
escoamento não perturbado yo = 1,20 m
alimenta uma estação elevatória que recalca uma vazão nominal de 2,0 m3/s. e velocidade média V= 1,90 m/s, pode
subir o canal com uma celeridade
Havendo uma interrupção súbita das bombas, qual a altura e celeridade abso- absolula de 3,80 m/s?
luta da onda de translação no canal que se propaga para montante?
Com a paralisação total das bombas, tem-se l1Q = - 2,0 m3/s, portanto
na seção de jusante Q2 =O e Vz =O. No escoamento não perturbado, tem-se:

Ql 2,0
V1 = - = - -= 0,74 m/s
byl 3·0,90

Para uma onda positiva dejusante, pela Equação 14.15 , vem:

9,8· (y2 -0,90)· (y~ -0,90


2
)
0,74 = __:.____:..:....::..._..:..__~.:..::....='---....:-~ -1 Y2 = I , 137 m
2 · 0,90·y2

Portanto, a altura da onda será l1y = y2- y 1 = I , 137- 0,90 = 0,237 m.


Pela Equação 14.1 I , a celeridade re lativa vale :

98 37 (O 90+ 1 137) = 3 55 m/s


c= • . J,I
2·0,90 ' ' '

A celeridade absoluta vale: V w =V 1 - c = 0,74 - 3,55 =- 2,81 m/s.

14.3.3 ONDA DE TRANSLAÇÃO NEGATIVA


Uma onda de translação negativa é caracterizada pelo abaixamento da
superfície líquida, em relação ao níve l do escoamento não perturbado, assu-
mindo uma forma alongada com uma gradual inclinação da linh a d' água.
Ocorre a jusante de uma comporta em uma manobra de fechamento ou a mon-
tante em uma manobra de abertura. Uma onda positiva apresenta uma frente
de onda em forma escarpada, com a parte superior da frente se propagando
mais rapidamente que a inferi or, mas se estabelece um equi líbrio entre os dois
níveis e a onda positiva guarda uma forma estável que se assemelha a um
ressalto hidráulico móveL Já na onda negativa, a parte superior da frente que
se propaga com velocidade mais alta que a parte inferior tem a tendência de
se afastar desta. A forma de uma onda negativa não permanece estável, mas va-
ria em função do tempo à medida que a onda se afasta da comporta.
Uma análise simplificada das características de uma onda negativa pode
ser feita utilizando-se a equação da continuidade e o teorema da quantidade de
movimento, assumindo a formação de uma perturbação elementar em um ca-
nal liso. A integração da equação gerada fornece o perfil da superfície líquida
como função do tempo e a velocidade de deslocamento da onda como função da
Uma onda de translação negativa de
profundidade ou como uma função da posição no canal e do tempo.
montante pode se propagar em sen ti-
do contrário à corrente?
A partir de um desenvolvimento análogo ao efetuado na Seção I 0.5,
pode-se combinar as Equações 10.21 e I 0.22 para achar a equação diferencial
que relaciona a profundidade do escoamento à velocidade média na seção. Em
forma de diferenciais totais a combinação das duas equações leva a:

dV dy
ydY = gdV (14.18)

e daí:

(14.19)

o que leva a duas soluções.

( 14.20)

A integração da Equação 14.20 fornece a relação entre a velocidade


média em uma seção e S'la profundidade, na f01ma:

V(y) = ±2fi,Y + Cte (14.21)

O sinal superior (+) COITesponde às ondas elementares negativas que se


propagam no sentido do escoamento inicial, ver Figura 14.1 b, e o sinal infe-
rior(-) corresponde às ondas em sentido contrário, ver Figura 14.1d.
Para a determinação da constan te de integração, adotando, como ante-
riormente, o índice 1 para a seção do canal ai nda não atingida pela perturba-
ção, isto é, para V= Vt e y = y 1, a constante é calculada e a Equação 14.21
toma-se:
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais 465

V(y) = V 1 ± 2.jgy + 2J"iY: (14.22)

Utilizando-se as Equações 14.1 e 14.4, obtém-se a celeridade absoluta


para as pequenas ondas, como:

(14.23)

Esta celeridade é a velocidade de propagação do elemento de altura !J.y


da intumescência.
Para o caso de onda negativa de montante, conforme a Figura 14.4, a
Equação 14.23 é escrita como:

(14.24)

Assumindo como referênc ia espacial a abscissa x =O, posição da com-


porta no tempo t = O, a posição da onda, a jusante da comporta em um tempo
t qualquer é dada por x = V ú}(y)·t, portanto:

~Fechamento da compo11a
(14.25)

A equação anterior é a expressão do lugar geomé-


trico dos pontos da superfície livre da onda, em cada
tempo t. A velocidade V(y) e m função do espaço x e do
tempo t pode ser obtida eliminando-se y nas Equações
14.24 e 14.25.
Figura 14.4 Onda negativa de montante.
V1 2 x(y) 2 ~
V(y) =-+-- - --v gy, (14.26)
3 3 t 3 I

Considerando-se uma onda negativa de jusante, ver Figura 14.1d, a


equação correspondente à Equação 14.23 fi ca sendo:

(14.27)

EXEMPLO 14.3 Adaptado de Graf (26), página 78.

Em uma instalação hidroelétrica, o canal de admissão de água para a


turbina é retangular, com largura b = 10,0 m. Para um escoamento permanen-
te e unifotme, com uma vazão Q = 40 m3/s, a altura d'água normal vale y 1 =
Yo = 1,58 m. Quando ocotTe uma redução de carga na máquina, a comporta pia-
na e vertical a montante da turbina é parcialmente fechada de modo instantâneo,
fixando a vazão de admissão em Qr = 0,5 m3/s.
a) Determine as características das ondas de montante e de jusante que
partem da seção da comporta.
b) Determine a forma da frente destas ondas.
Devido ao fechamento parcial da comporta, a situação hidráulica no ca-
nal é equivalente aquela mostrada na Figura 14.2b, c.om uma onda positiva de
jusante e outra negativa de montante.
a1) Cálculo da onda positiva de jusante
Para o escoamento não perturbado (uniforme), a velocidade v, vale:
Q , = V,·b·y 1 = 40 --7 V 1 = 40/(1,58·10) = 2,53 m/s
Na seção da comporta, a vazão é bruscamente reduzida para 0,5 m 3/s e
a equação da continuidade fica:
Qr = Q2 = V2 b·yz = 0,5 --7 Vz = 0,5/(1 O·y2) = 0,05/y2
Pela Equação 14.1 5, onda positiva de jusante, y2 > y,, vem:

(2,53- 0,05) = 9,8· ( y -1,58)· ( y; -1,58 2)


/----'-:...:....::2_
_:___:__:...:....::_ _:____;_ --7 yz = 2, 71 m
Y2 2 ·1,58 · y 2

Portanto, a altura da onda vale: fl.y = Y2- y, = 1,13 m.


A celeridade relativa da onda é dada pela Equação 14.1 1.

9 8 2 71
c= • . ' (2 71 + 158)
2·1,58 , ,
= 6,0 m/s

A celeridade absoluta é dada pela Equação


Onda positiva de jusante 14.12, ou diretamente da Equação 14.1 com o sinal
v"'= 3,47 m/s ri'>.~ _
-,-.-.·.· conveniente:
Escoamento uniforme - ·-·----· _t_:_~_::~-~~~ Vw =V ,- c = 2,53-6,0 = - 3,47 m/s
A Figura 14.5 mostra as características do escoa-
mento com a onda positiva de jusante, de altura fl.y =
Figura 14.5 Exemplo 14.3: onda positiva dejusante. 1,13 m, se propagando para montante com uma frente
escarpada e razoavelmente estável.
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

az) Cálculo da onda negativa de montante


Pela Equação 14.16, onda negativa de montante, Y2 < y 1, com as mes-
mas condições iniciais da Seção anterior, vem:

( 0,05 - 2,53) = - 9,8. (y2 -1,58). (y~ -1,58 2 )


~ Y2 = 0,78 m
Yz 2·1,58·y2

Portanto, a altura da onda vale: !J..y = y2 - y, = - 0,80 m.


A celeridade relativa da onda é dada pela Equação 14.11.

9 8 0 78
c= • . • (O 78+ I 58) = 2 39 m/s Onda negativa de montante
2·1,58 ' ' '
·--~--
V00 = 4,92 m/s Escoamento unifonne
A celeridade absoluta é dada pela Equação 14.12, ---------------- ....,..
ou diretamente da Equação 14.1, com o sinal conve- .J !J.y =- 0,80 fi'" -
Q = O5 m3/s ·.·.-.-.-.- 1 --- -- -- · ----- y = )' = 1 58 m Q = 40 m3/s
niente: r _• _ y1 == 0 ,7 8 tn 1 " • •

Vw =V ,+ c= 2,53 + 2,39 = 4,92 m/s " "


Figura 14.6 Exemplo 14.3: onda negativa de montante.
A Figura 14.6 mostra as características do escoa-
mento com a onda negativa de montante, de altura
11y =- 0,80 m, se propagando para jusante com uma frente instável e que vai
se abatendo (achatando).
bz) Determinação da forma da frente da onda negativa.
Para uma onda negativa de montante, a celeridade absoluta, em função
da profundidade, é dada pela Equação 14.24.
As celeridades para a parte superior (y = y, = 1,58 m) e o pé da frente
de onda (y = yz = 0,78 m) são determinadas pela equação anterior, como:
• para·y = y, = 1,58 m

v(J), =2,53+3-V9,8· 1,58 -2 -V 9,8·1,58 =6,47 m/s

• para y = Yz = 0,78 m

Y002 =2,53+3-V9,8·0,78 -2 -V9,8·1,58 =2,95m/s

Para profundidades intermediárias, entre y2= 0,78 me y, = 1,58 m, as


celeridades são calculadas da mesma forma, conforme Tabela 14.1. Em segui-
da, pode-se determinar a posição x, de cada profundidade y no tempo t, após
o fechamento parcial da comporta, através da Equação 14.25.
Cap. 14

Arbitrando-se os tempos t, pode-se levantar a f01m a da onda negativa de


montante, x =f(y), pela equação citada. Fixando-se três diferentes tempos t =
1O, 60 e 120 s, após o fechamento da comporta. a forma da onda é calculada
na Tabela 14. 1 através da planilha EXEM(l4.3).XLS (ver diretóiio Variável),
e mostrada na Figura 14.7.
Observe a mudança do aspecto da frente de onda (alongamento da frente)
com o passar do tempo.

1.4 v. = 6.47 mls


t = 120 s
1,2 ~
v.= 5,03 mls
Ê
;:- 0,8
0,6
v..,= 2,95 mls Y =1,22 m
0,4 y=y 1 1,58m
0,2
x = 604m

O I 00 200 300 400 500 600 700 ROO 900 I 000


Distância x (m)
Figura 14.7 Forma da fren te da onda negativa.
Uma onda de translação negativa é
uma onda positiva invertida ou uma
onda positiva movendo-se para trás?
Tabela 14.1 Determinação da forma da frente de onda negativa de montante.

Distânéiá da eómpoi-ta, x(m),


para três tempos diferentes
Profundidade y(m) :celeri!f~de vro (m/s) . t ~lf) s t =60s t = 120 s
1,58 6,47 64,7 387,9 775,8
1,52 6,24 62,4 374,3 748,6
1,46 6,0 1 60,1 360,5 720,9
1,4 5,77 57,7 346,3 692,7
1,34 5,53 55,3 33 1,9 663,8
1 28 5,29 52,9 317, 1 634,2
1,22 5,03 50,3 302,0 604,0
1,16 4,78 47,8 286,5 573,0
1,1 4,5 1 45, I 270,6 541,2
1,04 4,24 42,4 254,3 508,5
0,98 3,96 39,6 237,4 474,9
0,92 3,67 36,7 220,1 440,2
0,86 3,37 33,7 202,2 404,3
0,8 3,06 30,6 183,6 367,2
o 78 2,95 29,5 177,3 354,5
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

14.4 EQUAÇÕES HIDRODINÂMICAS


O escoamento em um canal é dito não permanente ou variável se a
profundidade da água, assim como os outros parâmetros hidráulicos, va-
riam com o tempo. O escoamento não permanente é, em geral, também
não uniforme ou variado.
As leis básicas da Mecânica, as quais servem de base para os estu-
dos relativos aos transitórios hidráulicos em escoamentos livres, são a
equação da continuidade (conservação da massa) e a equação dinâmica
(quantidade de movimento). Tais relações podem ser obtidas a partir de
um conjunto de hipóteses, algumas delas já utilizadas na Seção 8.2, como:
escoamento unidimensional, distribuição de pressão hidrostática, canal de
baixa declividade, canal prismático e de declividade constante, fluido
incompressível com vazão dada por Q = V(x,t) · A(x,t) e perda de carga no
regime variável computada por uma equação de resistência do reg1me
permanente e uniforme.

14.4.1 EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE


Considere o volume de controle elementar de comprimento dx, no
qual o escoamento se processa da seção I para a seção 2, como mostrado
na Figura 14.8. Sendo x uma abscissa medida ao longo do canal, A, a área
da seção reta, y, altura ou tirante d'água, B, largura do canal na superfície li-
vre, p, massa específica da água e V, velocidade média na seção 1, a equa-
ção da continuidade pode ser escrita, de uma maneira geral, na forma:

i pY-·dA- = - dt-af
S.C V .C
p dVol (14.28)

isto é, a vazão em massa através da superfície de controle (S .C) é


igual à diminuição por unidade de tempo da massa (p·dYol) no
interior do volume de controle (V.C).
Na hipótese do fluido ser incompressível, p = cte., a equa-
ção da conservação da massa fica reduzida à conservação do
volume, na forma: Figura 14.8 Volume de controle elementar.

-- = - -dta f dVol
i V-dA
S.C V.C.
(14.29)

Aplicando a Equação 14.29 ao volume de contro le da Figura 14.8,


observando que o produto escalar, na parte da superfície de controle corres-
pondente à seção I, é negativo e que não há aporte lateral de vazão, vem:
(14.30)

( 14.31 )

A variação de volume é o resultado de uma modificação na superfí-


cie livre 2Jy/2Jt, entre as duas seções distanciadas de dx durante o intervalo de
tempo dt, e que corresponde a:

(Bdx) 2Jy
CJt

na qual B é a largura na superfíc ie livre e 2Jy = VY representa a velocidade


CJt
com que está se movimentando verticalmente a superfície livre de água:
Portanto, a variação do volume fica sendo:

2Jy Bdx = CJA dx


2Jt 2Jt
Substituindo este resultado na E quação 14.31, a equação d a conti-
nuidade torna-se:

l_(VxA) + CJA =O :. A 2JVx + Vx CJA + CJA =O ( 14.32)


dX dt dX dX dt
Como pa ra canais de fraca decliv idade a componente V x pode ser
considerad a igual à velocidade média na seção V = Q/A, vem:

(14 .33)

Na equação anterior, A e V são variáveis depende ntes e x e t, variá-


veis independe ntes. A Equ ação 14.33 também pode ser escrita na form a:

(14.34)

e como a equação da continuidade, assume també m a form a:


Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

(14.35)

Se uma vazão lateral suplementar sai ou entra no canal, entre as duas


seções 1 e 2, a Equação 14.34 é modificada como:

àQ + àA ± q = O
ax àt f (14.36)

na qual qt é a vazão suplementar por unidade de comprimento das margens,


com o sinal negativo se for influxo (entrada) e positivo se for efluxo (saída).

14.4.2 EQUAÇÃO DINÂMICA


A aplicação do Teorema da Quantidade de Movimento ao fluido que no
instante t ocupa um volume de controle genérico é dada por:

Ll = J.s.c V (pV · dÃ) + ~ J V(pdVol)


àt v.c (1 4.37)

isto é, o somatório de todas as forças que atuam sobre o fluido contido no


volume de controle (V. C) é igual ao fluxo por unidade de tempo da quantida-
de de movimento através da superfície de controle (S.C), mais a variação por
unidade de tempo da quantidade de movimento da massa no interior do volu-
me de controle.
As forças aplicadas ao volume de controle da Figura 14.9 são: a resu l-
tante da força de pressão hidrostática nas seções I e 2, a componente da fo r-
ça gravitacional no sentido da escoamento e a força de atrito nas paredes e
fundo do canal. Estas três forças foram determi nadas na Seção 8.2 e valem,
respectivamente:

a) pressão ~ dF = -y A ày dx, no sentido contrário a x;


àx

b) gravidade~ w. = - y A~: dx = y A l 0 dx, no sentido de x;

c) atrito ~ F3 =- P dx, no sentido contrário de x, sendo P o perí-


1: 0
metro molhado da seção.
A força de atrito pode ser escrita em função de Ir, declividade da linha
de energia, assumindo válida, para o escoamento não permanente, a Equação
8.5 e a equação generali zada de Darcy-Weisbach, na forma:
pfV 2 V2 A dx V 2
F =- - - P dx = - p f - -dx = - y f - - A = - yd(.0.H)A
" 8 8 Rh 4 R h 2g

Como a declividade da linha de energia é dada por:

vem: Fa = -y Ir Adx. Portanto, a força resultante sobre o volume de controle,


no sentido do movimento, vale:

(14.38)

O lado direito da Equação 14.37 pode ser determina-


do por partes, calculando-se as duas integrais, tend o em
vista o volume de controle da Figura 14.9, observando-se
o sinal do produto escalar da primeira integral.
As integrais são determinadas como:

---
l V(pV 2 a? 2
·dA)= - pV A + pV A + - (pV- A) dx
Figura 14.9 Volume de controle.
&C OX

- - - a A) dx = pV -dx aA +2pVA-dx av
l V(pV·dA) = p -(V
S.C OX O
2 2
OX X

l V-( p V·- dA)- = p V [V-


SC
aA + 2 Aav-] dx
O O
X X
( 14.39)

af
-;- a
V(p d Vol) = -(pV A)dx =p [A-+ V -]dx av aA
at Y.C Ot Ot Ot (14.40)

Somando as Equações 14.39 e 14.40, para ter a variação to tal do


momentum, vem:

oA
pV[V-;- +2A-] dx + p[A -
av av + V-]dx
aA
ax ox ot ot
Mas pela equação da continuidade, Equação 14.33, tem-se:
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

Aav + vaA = aA
ax . ax dt

Substituindo esta expressão na anterior e operando, fica:

av av
pA[V-+-]dx (14.41)
ax dt
Finalmente, comparando com a Equação 14.38, tem-se:

ay
y A[l 0 - Ir - -]dx
av av
= pA[V- + -]dx (14.42)
dx dx dt

Dividindo todos os termos por p A dx, a expressão final fica:

(14.43)

As Equações 14.35 e 14.43, estabelecidas pela primeira vez por Saint-


1. Adémas Jean-Ciaude Barrá, conde
Venant1 em 1870, constituem um sistema de duas equações, em derivadas de Saint-Venant, engenheiro francês,
parciais, em x e t, que descrevem, sob as hipóteses fixadas, os escoamentos não 1797-1886.

permanentes em canais . A integração exata das equações de Saint-Venant é


muito complicada e sua solução analítica só é possível em casos muito espe-
ciais. Existem, entretanto, diferentes técnicas numéricas para sua resolução.
Os termos da Equação 14.43 podem ser rearranjados, de modo a se in-
dicar o significado de cada termo para um particular tipo de escoamento, na
forma:

v av 1av (14.44)
g dx g dt

Permanente uniforme~ I
Permanente não uniforme~

Não permanente não uniforme~


No caso do escoamento permanente não unifotme, em que 'dV/dt =O, a
Equação 14.44 se reduz ao resultado do Problema 13. 1, mostre.
14.5 SIMPLIFICAÇÕES DAS EQUAÇÕES DE SAINT-VENANT
As equações completas do escoamento não pennanente variado, Equações
14.35 e 14.44, requerem, para sua resolução, elaboradas técnicas numéricas bem
como uma grande quantidade de dados hidráulicos do canal, piincipalmente se
forem aplicadas aos cursos d'água naturais ou ao escoamento superficial em
uma bacia hidrográfica.
Para a dedução das equações algumas hipóteses simplificadoras foram
adotadas: fluido incompressível; escoamento unidimensional, no qual a velo-
cidade média é representativa da variação espacial na seção e o sentido predo-
minante do escoamento é longitudinal ; distribuição hidrostática de pressão na
vertical, desprezando-se eventuais efeitos de componentes de aceleração verti-
cal; vatiação gradual das seções transversais e ausência de singularidades como
contrações, pilares de ponte, soleiras de fundo etc; e, finalmente, assumindo
que a declividade da linha de energia possa ser calculada por uma equação
estabelecida para o regime permanente e uniforme, como a fórmu la de
Manning ou Chézy.
Observando-se cada um dos termos da Equação 14.44, estes podem ser
considerados como a representação de um gradiente ou declividade. O primei-
ro termo é a declividade energética que leva em conta o atrito. O segundo e
terceiro termos representam a declividade da linha d'água Ia e são termos de
gravidade e pressão. O quarto e quinto termos representam a declividade de-
vido à variação da velocidade no espaço e no tempo e são termos de inércia.
A situação hidráulica do curso d'água, como declividade, largura da
seção, existência de várzeas etc., impõe uma importância relativa a cada um
dos termos da equação dinâmica geral, Equação 14.44. Segundo Henderson
(28) para rios com declividade de fundo Ia > 0,002 mim, os dois termos de
inércia na equação são, em geral muito pequenos, podendo ser desprezados
com o objetivo de diminuir a dificuldade matemática da resolução do proble-
ma. Também, confonne Cunge et al (14) , baseados na observação de uma onda
de cheia no rio Reno, mostram que a ordem de grandeza dos termos de inér-
cia é I0-5 , enquanto que a dos termos de atrito e gravidade é I0-3. Assim, des-
prezando-se os termos devido às acelerações local e convectiva, termos de
inércia, a Equação 14.44 é simplificada como:

(14.45)

Esta equação, associada à equação da continuidade, Equação 14.34, for-


ma a base do modelo hidráulico de propagação de ondas de cheias denominado
modelo de difusão ou não inercial. Tais modelos são aplicados nos casos em
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais 475

que não há grande variação espacial e temporal da velocidade no processo de


propagação.
Se além dos termos de inércia for também desprezado o termo de pres-
são, oylox =O, a equação do momentum assume a sua forma mais simplificada
possível como:

lo= Ir (14.46)

com a declividade da linha de energia Ir sendo calculada pela fórmul a de


Man ning.
Esta equação, associada à equação da continuidade, Equação 14.34, for-
ma a base do modelo hidráulico de propagação de ondas de cheias denominado
modelo onda cinemática.
A uti lização da Equação 14.34, juntamente com a Equação 14.44 em sua
forma completa, sem desprezar nenhum termo, constitui o modelo de propa-
gação de c heia denominado modelo hidrodinâmico. Tal metodologia propicia
uma maior precisão na descrição do escoamento, à custa de uma maior difi-
cu ldade numérica de resolução das equações diferenciais e mais necessidade
de dados que os modelos de difusão e onda cinemática.

14.5.1 ONDA CINEMÁTICA


Partindo-se de uma equação de resistência válida para o escoamento
permanente e unifo rme, dada pela expressão de Chézy, a equação dinâmica,
Equação 14.44, pode ser escrita como:

v = c -[R;;~;= c R(I _ayax _ vg aaxv _.!_g aotv)


h o
( 14.47)

Para o escoamento permanente e uniforme, a equação s implifica-se na


forma:

v = c .JR:I: (14.48)

Portanto, a relação entre a velocidade média V, ou a vazão Q, e a pro-


fundidade y, ou o raio hidráulico Rh, é dada por, ver Figura 14.10:
a) relação biunívoca pe la Equação 14.48;
b) re lação não biunívoca em forma de laço pela Equação 14.47. A lar-
gu ra do laço indica a importância re lativa dos termos de inércia e de
pressão na Equação 14.47.
y
Escoamento uni forme A relação Q = f(y) é cham ada de relação cota-descarga ou
~(onda cinemática) curva chave e possui as seguintes características:
_.-:.:.:.:___ _
a) no escoamento não permanente, a mesma vazão Q ocorre para duas
,v. .. profundidades y diferentes, conforme o nível d'água esteja subin-
I do ou descendo, onda de cheia em ascensão ou depleção. Este fato
ocorre pela influência do termo de aceleração local (1/g)(êlV/êlt);
\ "---+(onda
i Escoamento variável
dinâmica) b) o nível máximo de água atingido não corresponde à máxima va-
IQ.... zão, que ocorre antes deste nível ser atingido;
Q
c) a linha tracejada intermediária cmTesponde ao escoamento unifor-
Figura 14.10 Representação de uma curva de
me, modelo onda cinemática.
descarga em laço.
O conceito de onda cinemática foi introduzido por Lighthill e
Whitham (36) como sendo uma onda na qual a vazão Q é somente
função da profundidade y, o que implica que os outros termos de declividade
na Equação 14.44 sejam desprezíveis e, como conseqüência, l o= Ir. Conside-
rando a existência de uma onda com estas características e utilizando a equa-
ção da continuidade, Equação 14.34, vem:

( 14.49)

sendo B a largura na superfície, a equação anterior pode ser reescrita como:

dQ êly + B êly = O
(14.50)
dy ax êlt

Da teoria da diferenciação parcial, pode-se escrever:

dy êly dx êly
-= - - + - (14.51)
dt êlx dt êlt

Imaginando um observador que se desloca no sentido da onda com uma


velocidade igual à celeridade da onda, do seu ponto de vista, tan to a vazão Q
quanto a profundidade y permanecem constantes. Assim a Equação 14.5 1 tor-
na-se:

(14.52)

Da comparação entre as Equações 14.50 e 14.52, conclui-se que:


Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

(14.53)

O termo CK é denominado celeridade da onda cinemática, que de acor-


do com a Equação 14.53 só admite valores positivos , diferentemente da ce-
leridade das ondas de gravidade, Voo =V ±c, que pode assumir valores positivos
(no sentido da corrente) e negativos (sentido contrário à corrente).
Como ambos, A e Q, são funções de x e t, pode-se escrever a seguinte
equação usando a regra da cadeia da derivação:

aA = -aA -aQ =aQ-dA


- (14.54)
ar aQ at at dQ
Substituindo a Equação 14.54 na Equação 14.49 e desenvolvendo fica:

(14.55)

A onda c inemática possui as seguintes


propriedades:
a) A onda cinemática propaga-se somen-
te para jusante, direção positiva de x.
b) O aspecto da onda cinemática não mu-
da ao longo do percurso, não havendo
atenuação na altura da onda, ver Figu-
ra 14. 11.
c) A velocidade da propagação é dada por: Figura 14.11 Propagação da onda cinemálica.

c - dQ - _.!._ dQ
K - dA - B dy

A Equação 14.53 também pode ser colocada na forma:

C = d(V A) = V + A oV
K dA aA (14.56)

Demonstra-se que o termo oV/oA é sempre positivo, portanto a veloci-


dade da onda c inemática é superior à velocidade média do regime uniforme.
A aplicabilidade do modelo onda cinemática, como uma aproximação
válida para a equação dinâmica completa, é dada por Woolhiser e Liggett (59),
na forma:

Kf = g L;o > 20 (14.57)


v-
na qual V(m/s) é a velocidade média no regime uniforme, lu(m/m), a de-
clividade de fundo do canal e L(m), o comprimento do trecho do canal em
estudo.

EXEMPLO 14.4

Qual a relação entre a velocidade da onda cinemática CK e a velocida-


de média V em um canal retangular, suficientemente largo, Rh = y, de de-
clividade de fundo lo e coeficiente de rugosidade de Manning n?
Para um canal retangular largo, a fórmula de Manning é escrita como:

Pela Equação 14.55, vem: CK =v + A av = v +y av


()A ()y

21
Logo, CK =V+ y -
3 n
- -JI: i 13 =V + -321-n -JI: y 23
'
2 5
=V+ - V = - V
3 3

EXEMPLO 14.5

Para um canal retangular, nas mesmas condições do exemplo anterior,


se uma onda de gravidade se propaga parajusante com velocidade Vw igual à
velocidade de uma onda cinemática CK, mostre que o número de Fraude no
escoamento não perturbado vale 1,5.

A condição do enunciado impõe que: V00 = V + c

Logo, c = {iY = -2 V e da definição de número de Fraude vem:


3
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais 479

Fr= -
v- =-
3
fiY 2

Para uma seção retangular de largura b, a expressão da celeridade da


onda cinemática, dada pela Equação 14.53, pode ser determinada, a partir da
fórmula de Manning, da seguinte forma:

Q = _"'1rro( by) ( ___!:r_ )2/3


/J._ (14.58)
n b+2y

Efetuando a derivada da vazão em relação a y e simplificando, obtém-se


uma expressão geral da celeridade da onda cinemática em canais retangulares.

(14.59)

EXEMPLO 14.6

Em um canal retangular, em concreto n = 0,015 , de largura b = 4,0 m


e declividade de fundo lo = 0,0015 mim , escoa em regime uniforme uma va-
zão de Qo = 10,23 m3/s, com altura d'água Yo = 1,20 m. Durante a passagem
de uma onda de cheia, a vazão aumenta linearmente até um valor Qp = 50 m 3/s
no tempo tp = 20 min e decresce também linearmente até o valor inicial da va-
zão, nos 60 min seguintes. Usando o modelo onda cinemática, determine o
hidrograma de cheia em uma seção a L = 2000 m de distância da seção inicial.
Como o hidrograma de cheia é triangular, as relações tempo-vazão são
dadas por funções lineares na forma:

• para t $ 20 min ~Q = Q + QP -Qo t


0
= 10,23 + 1,988 t;
tp

• para 20 < t $ 80min ~Q = QP- Qp-Qo (t- t p) =


60
=50- 0,6628 (t-20);

• para t > 80 min ~ Q = Q 0 = 10,23 m 3/s.


Utilizando a planilha CINEMÁTICA.XLS *, monta-se o hidrograma
• Ver d1retório Variável no endereço
eletrôniCO www.eesc.sc.usp.br/shs na na seção x = O pelas expressões lineares anteriores, e para cada vazão deter-
área Ensino de Graduação mina-se o parâmetro K2 = n·Q/(b813 10 112), ver Seção 8.4. 1. A planilha calcula
o valor da relação y/b, dada pela Equação 8.49, e então o valor de y. As
várias vazões do hidrograma inicial, de forma individual , são propagadas
para jusante, cada uma com sua própria celeridade calculada pela Equação
14.59, função de y. Para cada valor da celeridade CK, calcula-se o tempo de
percurso da onda ~t = LICK, o tempo de chegada da onda (vazão individual)
é a soma do tempo de partida, coluna 1, com o tempo de percurso, coluna
7, conforme a planilha a seguir.

Planilha de cálculo do Exemplo 14.6.

PROPAGAÇÃO DE.CHEIÁ ·ONDA CINEMÁTlCA ..


lo(m'm) b(m) z n L(m)
00015 4 o 0015 2000
I (S) Q(m%) nefb1er.fl l.11~ ylb y(m) CK (m's) ót(s) T(s)
(partida) Coorcurso) lcheoadal
o 1023 0098 0300 1 200 3019 66238 662
300 2017 o 194 0491 1965 3430 583 13 883
600 30 11 0289 0667 2 667 3 629 55114 11 51
900 4005 0385 0835 3340 3 746 53389 1434
1200 50 0480 0999 3 997 3 823 523 20 1723
1500 46 69 0449 0945 3 780 3 800 526 26 2026
1800 43 37 0417 0890 3 561 3 775 529 79 2330
2100 4006 0385 0835 3 341 3 746 533 87 2634
2400 3674 0353 0780 3118 3 713 53866 2939
2700 3343 0321 0724 2894 3 674 544 32 3244
3000 3012 0289 0667 2 668 3 629 551 12 3551
3300 26 8 0257 0609 2 437 3 575 559 45 3859
3600 2349 0226 0551 2 204 3 510 56981 4170
3900 2017 o 194 0491 1 965 3430 58313 4483
4200 16 86 o 162 0430 1 720 3 329 60076 4801
4500 1355 o 130 0367 1467 3 198 62535 5125
4800 1023 0098 0300 1200 3019 66238 5462
5100 10 23 0098 0300 1 200 3019 66238 5762

Na mesma planilha, coloca-se em gráfico o hidro-


50 grama original e o propagado, conforme Figura 14.12.
Observe que não há atenuação do pico de vazão do hi-
drograma propagado, há somente um des locamento no
J'!. tempo .
.s 30
o
O modelo onda cinemática, a despeito de suas limi-
20
tações, pela simplicidade, muitas vezes é incorporado a
modelos de transformação chuva- vazão em projetos de
drenagem urbana, na simulação do escoamento em canais,
0~----~-----r-----+----~------~--~ coletores pluviais ou mesmo sobre os tetTenos da bac ia.
o1000 2000 3000 4000 5000 6000

Tempo (s) Neste caso, em geral a relação biunívoca entre a vazão e a


Figura 14.12 Hidrogramas do Exemplo 14.6. altura d'água ou área molhada é dada por:

( 14.60)
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

em que ex e m são parâmetros da onda cinemática para a geometria parti-


cular do canal.
Como restrição de aplicação, o modelo onda cinemática não é reco-
mendável em situações de escoamento com influência de jusante, como
remansos provocados por estrangulamentos, lagos, barragens etc, uma vez
que o termo relativo à pressão, oylox, foi desprezado.

14.6 PROPAGAÇÃO DE CHEIAS EM RIOS


A propagação de uma onda de cheia em um curso d'água natural é
um processo muito mais complexo que em um canal prismático e
retilíneo. Mesmo que no trecho do rio em estudo não haja afluentes, a
variação espacial da geometria da calha, da declividade e do próprio coe-
fic iente de rugosidade torna a descrição do fenômeno bem mais difícil. A
aplicação das equações gerais de Saint-Venant exige um esforço matemá-
tico e de levantamento de dados que muitas vezes toma seu uso impraticá-
vel. Quais as propriedades da onda
cinemática?
Do ponto de vista prático, muitas vezes lança-se mão de métodos
aproximados, genericamente denominados modelos hidrológicos ou de
armazenamento, que não levam em conta a equação da quantidade de
movimento, Equação 14.44, desprezando, portanto, os efeitos dos termos
de pressão, inércia, atrito e gravidade. Neste tipo de modelo, somente é con-
s iderado no processo de propagação e atenuação da onda o efeito do arma-
zenamento temporário na calha principal e nas áreas de inundação.
Os modelos que usam as equações completas de Saint-Venant são
denominados modelos hidráulicos.
Os métodos hidrológicos são baseados nos conceitos de prisma de
armazenamento e cunha de armazenamento que ocorrem no trecho do canal du-
rante a passagem de uma onda de
cheia. O aspecto físico do problema
é revelado pela comparação do es- unha de armazenamento
coamento permanente e uniforme e
c
o escoamento decorrente da passa-
B
gem da onda pelo mesmo canal.
Considerando a Figura 14. 13a e
denotando por I a vazão afluente
Prisma de am1azenamento
A~~~~P~ris~m:a~de~a~n~na~z~en~ar~nc~n~to~;;D~
- o
ao trecho e por O a vazão efluente, I O 1>0 :::%E
na condição de regime permanente Escoamento permanente e uniforme Escoamento variável
e uniforme I = O, a declividade da
linha d'água é paralela ao fundo e a Figura 14.13 Passagem da onda de cheia no canal.
trecho é relativamente fácil de ser obtido por uma equação S = f(O). Por ou-
tro lado, na propagação da cheia pelo trecho, o escoamento é não uniforme,
como mostra a Figura 14. 13b, e a linha d'água tem declividade diferente da
declividade do fundo, além de se alterar se a cheia estiver na fase ascensional
ou em depleção. Na situação de escoamento não permanente, tem-se I t:. O e
AI t:.A2.

14.6.1 MÉTODO MUSKINGUM


A descrição do processo da propagação da onda de cheia pelo canal, no
método hidrológico, é baseada exclusivamente na equação da continuidade e
relações aproximadas entre o armazenamento na calha e as vazões de entra-
da I e de saída O. A equação da continuidade, em forma de diferenças finitas,
aplicada ao volume de controle da Figura 14.13b, é escrita como:

I- O= L1S (14.61 )
L1t

Como tanto I quanto O variam com o tempo, então, para um dado in-
tervalo de tempo L1t, podem ser aproximados pela média aritmética dos valores
no início e no final do intervalo. Por outro lado, a variação no mmazenamento
8.S, positiva ou negativa, pode ser expressa como a diferença dos armaze-
namentos no final e no início do intervalo. Assim, a Equação 14.6 I pode ser
discretizada como:

I; + Ii+l O; + Oi+l - Si+I - Si


2 2 L1 t (14.62)

O método Muskingum foi desenvolvido por McCmthy em 1938, a par-


tir de trabalhos e controle de cheias desenvolvidos na bacia do rio Muskingum,
nos Estados Unidos, e utiliza a equação da continuidade, Equação 14.61, e
relações entre o armazenamento S e as vazões de entrada I e de saída O no tre-
cho. O armazenamento dentro do trecho do rio, em um dado tempo, é expresso
por:

b [X Im/n +(1- x)Om/n]


s = --=--- ---=-,...---__:___....:..
am/ n (14.63)

na qual as vazões de entrada e saída são relacionadas com a·y'\ pela fórmula
de Manning, com a e n constantes. O armazenamento no trecho é relaciona-
do com b·ym, com bem constantes e y, a altura d'água. O parâmetro x é um
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
483

fator de ponderação que espelha a influência relativa de I e O na detetminação


do armazenamento no trecho.
O método Muskingum assume m/n = I e b/a = K, resultando em uma re-
lação linear simples entre armazenamento e vazões, na forma:

S = K[x I + (I - x) O] (14.64)

em que K tem unidade de te mpo e é denominada constante de tempo de trân-


sito para o trecho, representando o tempo médio de deslocamento da onda
entre o início e o fim do trecho. O fator de ponderação x varia entre O e 0,5,
com valor típico para muitas correntes naturais igual a x = 0,2.
O procedimento numérico para o cálculo da propagação é feito usando
a equação da continuidade, na forma de diferenças finitas, para cada interva-
lo de tempo ót adotado. Substituindo a Equação 14.64 na Equação 14.62 e
desenvolvendo, fica:

( 14.65)

Resolvendo a Equação 14.65 para O;+ I, obtém-se:

( 14.66)

com:

C = 0,5 t..t- Kx
° K ( I - x) + 0,5 t..t
c - 0,5 t.. t + K X (14.67)
1
- K(1-x) + 0,5t..t
C _ K(l - x) - 0,5t..t
2
- K ( 1- X) + 0,5 t..t
co + c,+ C2 = 1

Na Equação 14.66, pode ser visto que, se K, x, I ; , Ii+l e 0; são conhe-


c idos, esta pode ser fac ilmente resolvida para 0;+1· Este valor é usado como
O; no início do próximo intervalo de tempo t..t e assim sucessivamente.
Cap. 14

No processo de propagação da cheia, para que não haja possibi lida-


de da vazão estimada O; ser negativa, a relação entre os parâmetros K, x e
o interval o de tempo L.\t deve satisfaze r.

L.\t
~ (1-x) (14.68)
2K

No uso do método, os parâmetros K e L'-.t devem ter a mesma unida-


de, horas o u dias.
• Ver diretóri o Variável no endereço ele· O processo numérico do cálculo da propagação da c he ia em um trecho
Irônico www.eesc.sc.usp.br/shs na área
Ensino de Graduação do canal, conhecidos as vazões de entrada I; e os parâmetros K e x e fixado o
intervalo de tempo L.\t, torna-se bem simples com o uso de uma planilha eletrô-
nica, como o programa MUSKIN GUMI .XLS,* conforme Exemplo 14.7.
O método Mus king um, assim como o método da onda cincmática, não
leva em conta efeitos de jusantc, como remanso provocado por batTagens, obs-
truções etc. Também não há garantia de que uma cheia de maior envergadura
que a cheia medida, irá se comportar de maneira igu al, isto é, terá os mesmos
valores de K e x.

EXEMPLO 14.7
Qual a premissa básica do mêtodo
Muskingum? As vazões medidas a cada seis horas, na seção de um ri o são dadas
na tabela aba ixo. Sendo os parâmetros do método Mus kingu m, para um
trecho a jusante da seção, dados por K = 12 h e x = O, I , propague a c he ia
usando um inter valo de tempo L'-.t = 6 h e assumindo para t = O vazões
iguais no iníc io e fim do trecho.

Tempo (h)

F ixando nas células A4, B4, C4 e G4, da p lan ilha, os valores de K, x,


t.t e =11 = 28 m 3/s os coeficientes Co, C1 e C2 são calculados diretamente
0 2
pela Equação 14.67 e a planilha calc ula , pela Equação 14.66, o
hidrograma de c heia no final do trecho. O bserve que, na propagação, a
onda fo i atenuada com o p ico passando de 280 m 3/s para 197,4 1 m 3/s e
atrasado e m 12 h.
Outras s imu lações p odem ser fe itas rap idamente, al te rando-se na
p lanilha os valo res de K e x.
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
485

Planilha de cálculo do Exemplo 14.7

H'·' 'i'!RC:JRA'úA"GAQiDE CJiEI'ÁS: ~'METú9fí-. Mli!S:K'INl:rtiM I

K (h)(dia) X !::. t (h)(dia) Co c, c2 3


0 2 inicial (m /s)
12 O, I 6 0,130 0,304 0,565 28

3 3
Tempo (h) I (m /s) Co*l2 C,*J, C2*0, 0 2 (m /s)
o 28 28,00
6 57 7,43 8,52 15,83 31,78
12 212 27,65 17,35 17,96 62,96
18 --7 280 36,52 64,52 35,59 136,63
24 221 28,83 85,22 77,23 191 ,27
30 169 22,04 67,26 108, li 197,41 <E-
36 133 17,35 51,43 111,58 180,36
42 102 13,30 40,48 101,94 155,73
48 76 9,91 31,04 88,02 128,98
54 56 7.30 23,13 72,90 103,33

14.6.1.1 DETERMINAÇÃO DAS CONSTANTES K Ex


No método Muskingum, o parâmetro K é usualmente estimado pelo
tempo de trânsito de uma onda de cheia através de um trecho do rio, enquan-
to o valor do parâmetro x é escolhido, em geral, entre 0,1 e 0,3. Entretanto, se
ambos os hidrogramas na entrada e saída do trecho do rio forem conhecidos,
através do levantamento das vazões durante um episódio de cheia, melhor esti-
mativa de K e x pode ser feita por um método gráfico simples.
O volume acumulado :L;S é grafado contra a vazão ponderada, xi + (1 -
x)O, para vários valores de x, e o gráfico que mais se aproximar de uma fun-
ção linear é o que provê o melhor valor de x. O método Muskingum assume
que esta relação é uma linha reta com coeficiente angular igual a K, dado pela
resolução da Equação 14.69, na forma:

K = 0,5.6t[(I; + 1;+1) -(0; + 0;+1)]


(14.69)
x (li+! - I;) + (1 - x) (Oi+l - O;)

Normalmente, um rio deve ser dividido em vários trechos para a apli-


cação do método Muskingum, cada um deles podendo ter valores diferentes
de K ex.
A planilha MUSKINGUM2.XLS pode ser usada para a determinação
rápida dos parâmetros do método, K ex, de um trecho de um rio, conhecen-
do-se os hidrogramas da cheia em duas seções distintas, conforme o Exemplo
14 .8.
Cap. 14

EXEMPLO 14.8

O levantamento de vazões em duas seções de um rio, no intervalo de 6


horas, é mostrado na tabela abaixo. Determ ine o valor do parâmetro de trânsito
K e o parâmetro de ponderação x mais indicados para a cheia registrada.

Tempo (h}" '· o 6 12 18 24 30 36 42


l ( m3/s) , 30 120 286 41 2 373 306 246 198
O ( m ·1fs)_ 30 39 45 93 181 237 264 261
Tempo (h) _ 48 54 60 66 72 78 84 90
1
I ( m ' /s) 165 141 123 108 93 81 72 63
O ( nf /s) 246 225 202 184 174 153 135 117

Na planilha MUSKINGUM2.XLS , fo i fixado na célula A4 o valor de x


assum ido e m cada tentativa e, na célula B4, o valor do intervalo de tempo das
medições, na unidade dia ou hora, conforme o caso. O armazename nto, coluna
5, é calculado com os valores médios das vazões ele entrada e saída do trecho,
no intervalo ~t. Para cada valor de x adotado, colocando-se em gráfico as co-
lunas 4 e 6, rapidamente verifica-se a linearidade dos valores, dando um clique
com o botão direito do "mouse" colocado sobre os pontos. Abrindo o item " in-
serir linha de tendênc ia", escolhe-se o modelo linear e se tem a equação da reta
de regressão e o coefi c ie nte de determinação. O coe fi ciente angular ela reta é
o valo r da constante de trânsito K, conforme Equação 14.69. Para os três va-
lores escolhidos de x, x =O, I, x = 0,2 ex = 0,3, a Figura 14. 14 indica a melhor
linearidade para x = 0,2, coeficiente de determi nação R2 = 0,9964, portanto, pel2,
equação da reta, K = 24,64 h.

6000 6 000 6000~--------------------

5000 5000 5000

4000 4000 4000


:i
!
&:
:!!.
&:
~
:!!.
&:
';;- 3000 :... 3000 ~ 3000
:<- ~
.§. .§. i
.:1 .!'l ~

2000 2000 " 2000

1000 1000 1000

o o
o 50 100 150 200 250 300 50 100 150 200 250 300 o 300
3
X'l • (1 • X)'O (m /s) X' l • ( 1 • X)"O (m 3/s) X' I >(1 • X)"O (m 3/s)

Figura 14.14 Gráficos para a determinação de K ex.


Cap. 14 Escoamento Variável em Canais 487

A tabela a seguir mostra os cálculos para x = 0,2.


Planilha de cálculo do Exemplo 14.8

MÉIDDO MUSKINGUM- DETERMINA_C_ÃO DOS PARÂMETROS K Ex

X t.T (h) ou (dia)


0,2 6

Tempo (h) I (m'/s) O (m'/s) X*I + (1 - X)*O S = (Im- Om) 6T ES


(dia) (m'/s) jm'/s)*hJdia) (m'/s)*h (dia)

o 30 30 30,0 0,0 0,0


6 120 39 55,2 243,0 243,0
12 286 45 93,2 966,0 1209,0
18 412 93 156,8 1680,0 2889,0
24 373 18 1 219,4 1533,0 4422,0
30 306 237 250,8 783,0 5205,0
36 246 264 260,4 153,0 5358,0
42 198 261 248,4 -243,0 5115,0
48 165 246 229,8 -432,0 4683,0
54 14 1 225 208,2 -495,0 4188,0
60 123 202 186,2 -489,0 3699,0
66 108 184 168,8 -465,0 3234,0
72 93 174 157,8 -471,0 2763,0
78 81 153 138,6 -459,0 2304,0
84 72 135 122,4 -405,0 1899,0
90 63 ll7 106,2 -351 ,0 1548,0

14.7 MÉTODOS NUMÉRICOS PARA A RESOLUÇÃO DAS


EQUAÇÕES DE SAINT-VENANT
No método Muskingum, qual a dlmen·
As Equações 14.35 e 14.43 formam um conjunto de equações diferen- são do parâmetro K?
ciais parc iais do tipo hiperbólico, que, devido à presença de termos não linea-
res, só admite soluções analíticas e m proble mas muito si mplificados.
Normalmente se lança mão de métodos numéricos, de diferentes tipos, para a so-
lução das equações. As técnicas numéricas de discretização do domínio mais
comumente utilizadas são o método das características, métodos de diferen-
ças finita e método dos elementos finitos. Nesta seção, serão discutidos o mé-
todo das características e métodos de diferenças fin itas mais comumente
utilizados na simulação do escoamento variável com superfície livre.

14.7.1 MÉTODO DAS CARACTERÍSTICAS


Um dos métodos mais eficientes para o cálculo ou modelagem de um
escoamento transitório em canais é o método das características, que re lacio-
na as derivadas com as celeridades de propagação das ondas. O método está
embasado no conce ito da propagação das ondas dinâmicas, expressa pela
Cap. 14

celeridade relativa c. As equações diferenciais a derivadas parciais são trans-


formadas em um sistema de eq uações diferenciai s ordin<lri as, por meio ela as-
sociação entre as variá veis ind ependentes x e t e a cele ri dade relativa de
propagação elas ondas.
A equação da continuidade, Equação 14.35, observando que a derivada
parcial da área A em relação à variável x pode ser escrita na forma:

êJA _dAêJy -Bê)y


----- - ( 14.70)
dX dy dX dX

na qual B é a largura do canal na superfície livre, torna-se:

(14.7 1)

Uma combinação linear das Equações 14.43 e 14.71 pode ser obtida
multiplicando-se a Equação 14.7 I por um multi pl icaclor desconhecido A ::F O
e somando-se à Equação 14.43, o que resu lta em:

ay ay A av av av ay
A- +AV-+A--+V-+- + a 0 - =•r( T -1 -)
ê)L ax B CJx CJx CJt 0X b () I
que desenvolvida fi ca:

av A -a v] +A [ay oy] =g(T -Ir )


a -
-+(V+~)
[ - +(V+A-)
ot B àx êJ t A êJx o
(14 .72)

Os dois termos entre colchetes da equação anterior correspondem às


derivadas totais de dV/dt e dy/dt, as quais são:

dV av dx a v
-= - - +- ( 14.73)
dt ax dt CJ t

dy ê)y dx oy
-=--+- ( 14.74)
dt dX clt àt

Comparando as Equações 14.72, 14.73 e 14,74, ve m:


Cap. 14 Escoamento Variável em Canais 489

(14.75)

A celeridade relativa de uma onda de água rasa, em um canal de forma


qualquer, é dada pela Equação 10.29 como:

C=~ gHm = ~ g~ (14.76)

Multiplicando-se as Equações 14.75 e 14.76, obtém-se a relação entre


o multiplicador desconhecido À e a celeridade da onda c.

À= ±~ ( 14.77)
c

Substituindo a Equação 14.77 na Equação 14.75, fica:

~=V
dt (J)
= V±c (14.7 8)

Finalmente, a Equação 14.72 fica sendo:

-dV + - - = g ( I0
gdy -
I)
f
.. a
SUJetta
dt c dt }
c+
~ =v+ c
( 14.79)
dt

dV g dy
- - - - = g( I - I r) sujeita a
dt c dt o

dx (1 4 .80) p
-=v - c
dt

Portanto, as duas equações diferenciais parciais foram transformadas em


um par de equações diferencias ordinárias, nas variáveis dependentes V e y. A A c B
Equação 14.79 é chamada de característica positiva e a Equação 14.80, carac- ~--------------- - ~
X
terística negativa. Em um plano x- t, a Equação 14.79 é válida ao longo da
curva característica positiva C+, enquanto a Equação 14.80 é válida ao longo Figura 14.15 Curvas características.
da curva característica negativa c-, ver Figura 14. 15.
Deve ser observado que, enquanto as Equações de partida 14.43 e 14.7 1
são válidas para quaisquer valores de x e t, as Equações transformadas 14.79
e 14.80 são válidas somente ao longo das curvas características.
Multiplicando as Equações 14.79 e 14.80 por dt e integrando ao longo
das características AP e BP, obtém-se:

p p p

f dV + f ~ dy = g f (lo - Ir ) dt
A A C A
(14.81)

p p p

f dV -f~ dy = g f (1
A A A
0 - Ir )dt (14.82)

No cálculo das integrais, os valores de c e If ao longo das característi-


cas devem ser conhecidos, isto é, V e y ao longo das características devem ser
conhecidos, pois c e Ir são funções de V e y. Entretanto, V e y são as incógni-
tas do problema a serem determinadas, portanto algum tipo de aprox imação
deve ser utilizado para calcular as integrais. Assim, assume-se que os valores
de c e If computados usando V e y no tempo anterior, pontos A e B, são váli-
dos ao longo de toda a linha característica AP e BP, respectivamente. Com esta
aproximação, as Equações 14.8 1 e 14.82 podem ser transformadas em:

(14.83)

(14.84)

nas quai s os subscritos se referem aos pontos da grade de domínio no plano


x- t, em que as variáveis são calculadas.
A resolução simultânea das Equações 14.83 e 14.84, conhecendo-se os
valores da V e y nos pontos A e B, fornece os valores destas variáveis no ponto
P. As equações podem ser rearranjadas para o cálculo das incógnitas Vr e yp,
na forma:

Equação característica positiva --7 Vp = Cp - CA yp (14.85)


Equação característica negativa --7 Vr = Cn + CA yp (14.86)
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais 491

nas quais as quantidades conhecidas são combinadas em duas constantes Cp e


C, dadas por:

CP = VA + CA YA + g (lo - lf)A ( tp - tA)


Cn =V[) - C 13 y 13 + g(l 0 - Ir)s (tp - t 8 ) (14.87)

c= g
c

Note que Cp e Cn são constantes durante o intervalo de tempo tp - tA e


tp - ts, respectivamente, embora possam variar de um intervalo a outro.
A aplicação de qualquer método numérico para a modelação de escoa-
mento vatiável em um canal exige o conhecimento das condições iniciais, que
descrevem a altura do escoamento, velocidade ou vazão em todos os pontos do
canal no tempo t = O.
Também são necessárias as chamadas condições de fronteira ou condições
de contorno, que se referem à altura, velocidade ou vazão nas extremidades de
montante e jusante do trecho de canal, para todo tempo t > O.
Discretizando o trecho do canal em N tramos de comprimento t.x, as
equações características desenvolvidas podem ser aplicadas, em cada tempo t,
em todo o domínio do problema, desde a seção x, = t.x até XN-I = (N-l )t.x.
Há necessidade de mais uma equação característica positiva entre as se-
ções XN-I e XN, condição de contorno de jusante, e outra equação característi-
ca negativa entre as seções x 1 e x0 , condição de contorno de montante.

14.7.2 MÉTODOS DE DIFERENÇAS FINITAS


O processo numérico de resolução de equações diferenciais, ordinárias
ou parciais, consiste em substituir os termos que contenham derivadas por apro-
ximações de diferenças finitas e resolver as equações algébricas resultantes.
Considere uma função f(x) contínua, definida em um certo intervalo, e
Xoum ponto conhecido e pertencente à função. A expansão, através de série de
Taylor, da função f(x) no entorno do ponto X0 é dada por:

(14 .88)
Cap. 14

- (tlx/ f "'(x )+ O[(tlx)~] ( 14.89)


3! o

em que O[(tlx) 4] representa os termos restantes da série que contêm potências


No método das característica s, em que
condições a curva caracteristica de tlx maiores ou iguais à quarta ordem. Rcarn~ando cada equação e dividi ndo
positiva é uma linha reta? ambos os me mbros por t-.x, sendo O[(L'-.x)] os termos restantes da série que
contêm potê ncias de tlx maiores ou iguais a um, fica :

f'( ) _ f (X 0 + L'-.x)- f(x 0 ) O(


X0 - + L'-.x) (14.90)
L'-.x

( 14.9 1)

Se forem desprezados os termos relativos ao erro O(t-.x), obtém-se as se-


guintes ex pressões para as aproximações por diferenças finitas .

(14.92)

t{x) y = f(x)
(14.93)

A Equação 14.92 é chamada de d(/{! I?!II(Yljinil{{ progressiva enquanto a


Equação 14.93 é chamada de cl(jerellç:{/jim!a rel:reJ:J-iva. Ambos os esquemas são
ditos de primeira ordem, isto é, os erros inerentes em ambas as equações são de
prime ira ordem. Do ponto de vista da represen tação geométrica do con-
-r--~----~---~--~~
x. -tlx x. x. + tlx x ceito de derivada, conforme a Figura 14.16, a tangente à curva no ponto de
Fi gura 14.16 Aproximação por dife- abscissa Xo é o valor de f '(x0 ), enquanto as Equações 14.92 e 14.93 indicam, res-
renças fin itas. pectivamente, a declividade das retas que passam por PB, na diferença finita pro-
gressiva, c AP na diferença finita regressiva.
Outra possibilidade de aprox imação do valor da derivada no ponto, por
diferenças tiniras, é através da declividade da linha que passa por AB, que pode
ser determinada eliminando-se f(xo) nas Equações 14.92 e 14.93, o que leva a:

f'(x ) = f(x 11 +tlx)- f(x 0 -t-.x)


o 2tlx ( 14.94)
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

A Equação 14.94 é chamada de diferença finita centrada, e é um esque-


ma de aproximação de segunda ordem, isto é, com precisão melhor que os an-
teriores, o que pode ser verificado geometricamente na Figura 14.16.
Na aplicação da técnica de diferenças finitas a um problema físico qual-
quer, o domínio do problema (região dos valores assumidos pela variável in-
dependente geométrica) é discretizado por uma grade de pontos ou grade
computacional. Por exemplo, na modelação unidimensional do transitório em
um canal, por meio de métodos de diferenças finitas, o comprimento do canal
é dividido em tramos, normalmente de comprimento uniforme L1x, e as extre-
midades de cada tramo representa um nó da grade ou nó computacional. Se
o trecho do canal é dividido em N- 1 tramos, o primeiro nó (extremidade de
montante) tem índice 1 e o último nó (extremidade de jusante) tem índice N.
O primeiro e o último nó são chamados de nós de fronteira e os restantes de
nós interiores. O processo computacional é feito em intervalos discretos de
tempo e a diferença entre dois valores de tempo consecutivos é chamada de in-
tervalo de tempo computacional.
Para um problema hidrodinâmico unidimensional
L
em um canal, a formulação do problema é expressa pela

f::j: :j~
equação da continuidade e pela equação da quantidade de ....P. ·· - k + I
movimento, aproximadas por técnicas de discretização do
• ......~M .. - k
domínio. A Figura 14.17 mostra uma grade de pontos
cujo objetivo consiste em determinar os valores de y(xi,tk) .... j.......•...•.•.• : •.•..•.......•...j ... - k-I
e V(xi,tk) nos pontos do domínio unidimensional O::; x::; L, i /:;.x i /:;.x i
-1---~
caracterizados por Xi = 1,2, ... ,N e nos tempos tk = 1,2, ... ,M.
Neste caso, o domínio foi discretizado em intervalos de i- I i i+ I i=N-Ii=Nx
comprimento L1x e o tempo t, em intervalos L1t, de modo Figura 14.17 Grade computacional.
que Xi =(i- 1)L1x e tk = (k- l)L1t.
Conhecendo, em um tempo t qualquer, a velocidade V e a altura d'água
y, em todos os pontos da grade (horizontal), pode-se determinar seus valores
no tempo t + L1t. Quando t = O, COITesponde às condições iniciais do proble-
ma que devem ser conhecidas.
Com a finalidade de simplificar a notação das equações discretizadas,
o seguinte critério é adotado na representação das variáveis dependentes. O
subscrito denota os pontos da grade na direção de x e o sobrescrito denota os
pontos da grade na direção de t, assim Yik refere-se à velocidade média does-
coamento na i.ésima seção do canal no k.ésimo nível de tempo. O sobrescri-
to k corresponde ao nível de tempo no qual as condições do escoamento são
conhecidas e o sobrescrito k + 1, ao nível de tempo no qual as condições do
escoamento são desconhecidas.
Hidráulica Básica Cap. 14
494

Dependendo do tipo de diferença, finita, regressiva, centrada ou progres-


siva, a ser u sado na solução de determinado problema, dois diferentes esque-
mas podem ser elaborados. Se a aproximação por diferença finita da derivada
espacial, derivada parcial em relação a x, for expressa em termos de valores
das variáveis no nível de tempo conhecido, as equações resul tantes podem ser
resolvidas diretamente, para cada nó computacional em cada tempo. Este es-
quema é chamado de esquema explícito . Se, por outro lado, a aproximação por
diferença finita da derivada espacial for expressa em termos de valores das va-
riáveis no nível de tempo desconhecido, as equações algébricas do sistema in-
teiro são resolvidas simultaneamente e o esquema é dito . esquema implícito.
No esquema implícito obtém-se um sistema de equações algébricas li-
neares ou não lineares, envolvendo as variáveis V(x;,tk) e y(x;,tk), que é resol-
vido por métodos conhecidos, de e liminação de Gauss, de Gauss-Seidel,
Newton-Raphson etc.

14.7.3 ESQUEMA EXPLÍCITO


Na solução de problemas transitórios em escoamentos livres, há vários
métodos que seguem esquemas explícitos de aproximação, entre eles o esque-
ma difusivo. No esquema difusivo, as seguintes aproximações são adotadas:

-:.y yk yk
-""
0 í+l- H
~-'-'--"'--'- (14.95)
àx 2~x

àV "'! y Ik+ 1 - [a·Vk


I
+(1-a)·(Vk
I+}
+Vk
1-1
)/2]
. -
(14.96)
àt ~t

em que O ~ a ~ 1 é um parâmetro de ponderação chamado fator de relaxação.


Substituindo estas aproximações na equação da continuidade, Equação
14.71, e na equação da quantidade de movimento, Equação 14.43, tem-se:

1 k k
k+1==a·yk+ ( -a) · (yí+1+Y;-J ) ~t[Vk k k
YI I ,ÓX Í (yÍ+1 -yÍ- 1)+
2 2
k
A k k
+( B ) í (Ví+1- V H)] (14.97)
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
495

k+l Vk (1-a ). (Vi:l + Vi~l) t..t [Vk (Vk Vk )


V, = a· i +
2 2
t..x i i+l - i- 1 +

+g(y~+l - Y~- 1)] +g( Io - I r~)t..t (14.98)

A s Equações I4.97 e I 4.98 são apli cadas para produzir os valores das
variáveis dependentes somente nos nós interiores, isto é, i = 2,3 ,.. ..N - 1. Os
nós de fronteira, i = I e i = N, são dependentes das condições de contorno nas
extremidades do canal.
Um método numérico é considerado eficiente para a resolução de um
determinado sistema de equações diferenciais se ele for estável e se observar
acuracidade ao longo da solução. Um esquema numérico é dito estável se um
erro introduzido na solução não se desenvolve no processo computacional ao
longo do tempo, a ponto de perder as condições físicas impostas e comprome-
ter a solução. O esquema é dito instável se o erro é rapidamente amplificado com
o tempo, mascarando a solução em poucos intervalos de tempo. A acuracidade
é a capacidade de o método reproduzir os termos das equações diferenciais sem
introdução de tennos extras espúlios, os quais podem ser suficientemente sig-
nificativos a ponto de afetar a solução.
Estas características são obtidas discreti zando-se a malha computa-
cional , em termos de t..x e ó.t, de modo bem refinado. No esquema difusivo do
sistema numérico explícito, a condição necessária para haver estabi lidade é
dada pela relação chamada de condição de estabilidade de Courant, na forma:

t.t~ t.x (14.99)


máxCI V±cj)

em que máx(j V ±c i) é o maior valor absoluto previsto para a velocidade ab-


soluta da onda, dada por: V ± ~gHm

14.7.4 ESQUEMA IMPlÍCITO


No esquema implícito, as derivadas parciais em relação ao espaço são
substituídas por aproximações de quocientes de diferenças finitas, em termos
das variáveis no nível de tempo desconhecido. Dependendo das aproximações
por diferenças finitas e coeficientes usados, várias formulações de esquemas
implícitos são usadas na técnica de modelagem do escoamento vari ável em
canais. Um destes esquemas mais utilizados para a análise do escoamento não
permanente com superfície livre é o esquema de Preissmann, ver Ligget e
Cunge (35).
Um esquema de diferenças finitas do tipo explícito só será estável se os
passos de tempo e espaço, t.t e t.x, forem tais que, ao longo do processo nu-
mérico, satisfaçam à condição de Courant.
Isto leva, muitas vezes, à necessidade de adoção de passos de tempo
muito pequenos, como será discutido no próximo exemplo numérico. Para
fugir desta condição de estabilidade, pode-se utilizar um esquema de diferen-
ças finitas implícito.
Seja uma função f(x,t) contínua e derivável, como a velocidade média
V ou a altura d'água y. Esta função e suas derivadas são aproximadas, incor-
rendo-se em um erro de tmncamento, segundo o esquema mostrado na Figu-
ra 14. 18, por diferenças finitas, na forma:

f (X, t) ~ e ( q, f;:~l + (1 - 4J )ft+ I ] + (1 - e) ( 4J fi~l- 1 +(}- 4J) f;k]

~ ~-1-[e crk+l
CJX t.X 1+1
- fk+l) + ( 1- e)(fk - fk
I 1+1 I
)J

()f ~ _1 [ .-h(fk+l_fk )+(1- .-h)(fk+l - fk )] (14.100)


CJt t.t 'Y 1+l 1+1 'Y 1 1

em que e e 4> são fatores de ponderação no tempo e no espaço, respectivamen-


te, assumindo valores entre O e 1.
Para 4> = 0,5, as Equações I 4.100 constituem o esquema clássico de
Preissmann, o que resulta em:
t
a) se e = O, o esquema é completamente explícito;

I p b) se e = 1, o esquema é completamente implícito;


k+ I
J t
-·---·~-- rli~-~ 8) c) se e = 0,5, o esquema é implíc ito centrado a quatro pontos.
k- i Para assegurar que o esquema seja numericamente preciso e

k- J- -
11 l 7' ~ -~) estável, recomenda-se usar um valor do coeficiente de ponderação
0,55 ~ e ~ 1. Em aplicações típicas, valores de e entre 0,6 e 0,7
~ têm sido usados.
i- I i i+ I
X
Substituindo-se as aproximações das Equações 14.100, com
4> = 0,5, nas Equações 14.71 e 14.44 e simplificando, obtêm-se as
Figura 14.18 Esquema de diferenças finitas. equações:
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
497

k+l _ k + k+l _ y~+~[ S (V.k+I+ V.k +I)+(1-8)(V.k +Vk)]·


Yi+l Yo+l Y, o !1x o+l o o+l o

-recy~:i- Y~ + l) +C1- 8)Cy~+~ -y~)l+ t1x l8 C


!1t
s i+l + s
(A)k+t (A)k+l
i )+

+( I _ S)((~)k +(A)k ) ] . [8(Vi~~~ - Vik+1)+(1- 8)(Vi~l- Vt ) J=O (14. 101 )


B o+l B '

2g !1t [9(y~.:;J - y~+


1
)+(1-8)(y~+l -y;)] + Existe alguma restrição quanto ao
valor a ser adotado para o passo de
!1x tempo t.t no esquema de diferenças
finitas implícito?

+ ~ t [9(V;:~ 1 + V;k+l )+( 1- 8) (V;:1 + Vik)] ·


~X

· [9 (V;:~ 1 - V;k+l )+(1- 9)( V;:1 - V;k)] +


+(V.k+l
o+) _ y_k
o+)
)+(Vk+l
I
_ Vk)
I
=

=2g~tl 0 - g~t[9(Ir~~~ +lr~+ )+(1-9)(If~+l + I r~)]


1
(14.102)

Nas Equações 14.101 e 14.102, há quatro incógnitas no nível de tempo


k +I, que são:

y k+l yk+J yk+J e yk+J


1 ' 1 ' o+l o+l

Cada nó da grade computacional tem duas incógnitas, V e y, e escreven-


do as equações para os nós da grade i = 1,2, .... N (N = número de trechos),
forma-se um conjunto de 2N equações. As Equações 14.1 O1 e 14.102 não
podem ser escritas para o nó N + 1, uma vez que não existe o nó N + 2. Por-
tanto, há um total de 2(N + 1) incógnitas e existe a necessidade de buscar mais
duas equações para a resolução do sistema. As duas equações complementa-
res vêm das condições de fronteira nas extremidades de montante e jusante do
canal.
O sistema de equações algébricas não lineares resultante, nas variáveis
V(x; ,tk) e y(x;,tk), pode ser resolvido pelos métodos clássicos já mencionados.
• Ver diretório Variável no endereço
14.8 O PROGRAMA EXEPLICM1.EXE* ~letrõnl cowww.eesc.sc.usp.br/shs na
área Ensino de Graduação
O programa computacional para a resolução das equações completas de
~aint- Venant, aplicado ao cálcul o de uma onda de cheia em um canal pris-
mático, retangular, trapezoidal ou triangular, utilizando o esquema explícito de
diferenças finitas, é discutido no Exemplo 14.9.
Este programa, que consta da referência Graf (26), páginas 50 a 71, foi
traduzido, adaptado e utilizado conforme permissão dos autores, Prof. W. H.
Grafe Prof. M. S. Altinakar, da Escola Politécnica Federal de Lausane.
Trata-se de um programa na linguagem Fortran para a reso lução de
problemas trans itórios em canais, no caso particular em que a condição de
contorno de montante é um hidrograma de cheia conhecido, aproximado por
uma forma triangular. A condição de contorno de jusante é simplesmente uma
relação altura-vazão dada pela fórmula de Manning no regime uniforme.
O exemplo numérico desenvolvido foi reproduzido exatamente como
consta na referência citada, página 50.

EXEMPLO 14.9 Extraído de Graf (26).

E m um canal prismático retangular de 5 m de largura, em concreto,


coeficiente de rugosidade n = 0,020, o escoamento é uniforme com uma pro-
fundidade Yo = 1,20 m. Durante a passagem de uma onda de che ia, a vazão
aumenta linearmente desde o valor correspondente ao regime uniforme até
uma vazão de pico Qp = 50 m3 /s, em um tempo t' = 20 min, e decresce linear-
mente até o valor inicial em um tempo ( = 60 min . A declividade de fundo do
canal é lo= 0,001 m/m e o comprimento do trecho a ser estudado é L= 3 km.
Utilizando o programa ExeplicM I.exe, determine:
a) o hidrograma da cheia em duas estações: L 1 = 1,5 km (seção média
do trecho) e L2 = 3 km (extremidade de jusante);
b) em que tempo ocorrem as vazões máximas nas estações L, e L2;
c) qual a atenuação da profundidade máxima da água nas duas estações;
d) o tempo necessário para que as condições do escoamento voltem ao
regime permanente uniforme na estação L2.
A) Condições iniciais
No método explícito tratado na Seção 14.7.3, a profundidade e a veloci-
dade média, em cada nó da grade computacional, podem ser calculadas pelas
Equações 14.97 e 14.98, respectivamente, adotando um valor para o coeficien-
te de ponderação ex., utilizando-se os valores conhecidos no passo de tempo an-
terior. Para iniciar os cálculos é necessário conhecer o valor da profundidade
inicial Yo (variáve l HO no programa) e da velocidade média inicial V0 (variá-
vel VO no programa), em cada nó no tempo t = O, isto é, an tes do início da
cheia.
----------------------------------------------------~
C~ap~-~1~4~E=s~c~oa~m~e~n~lo~V~a~ria~
· v~e~le~m~C~a~n~a~is~ 499

Na condição de regime inicial uniforme (t = 0), a altura d'água Yo =


1,20 m é constante ao longo do eixo x (espaço) e, portanto, a velocidade
média, a vazão e o ti po de escoamento (fluv ial ou torrencial) podem ser
determinados para a geometria dada, a partir da fórmu la de Mann ing.
3/8
Pela Equação 8.39 ~ Yo = ~ e M =( .fÇJ
b 5
Para Z =Oe m=- = - = 4,167, na Tabela 8.2 ~ K = I ,548
Yo 1,20

3/8
0 020
=( 1,20 · 1,548 ~ Q = 8,245 m /s .
3
portanto, M ' 'Q
.Jo,OO I )
O que significa fator de relaxação?

. , . Q 8,245
A velocidade media vale Y0 = - = - - = 1,374 m/s
A 5 ·1,20

O número de Froude vale, Fr = ~ =~ 1 374


• = 0,40 (fluvial)
'\jgy 0 9,8·1,20
B) Discretiz.ação das equações
Para a resolução via esquema explícito, o domínio da solução no espa-
ço- tempo é representado sob forma de uma matriz de duas dimensões nas
variáveis V(xi,tk) e y(x;,tk), ou em termos das variáveis originais do programa
U(I,J) e H(l,J), em que J é o número da linha (tempo) e I, o número da colu-
na (espaço).
Segundo o esquema da grade computacional da F igura 14. 17, o trecho
do canal é dividido em I = NN estações (nós) e NN - I subtrechos. No pro-
grama o número de subtrechos é fixado em MAXDIV = I 00 e, portanto, o
número m áximo de nós (estações) é NNMAX = MAXDIV + I = I OI.
O cálculo da profundidade e da ve locidade média, a cada tempo,
nas estações internas, i = 2 a i = NN- I , pode ser feito com as Equações
14.97 e 14.98 , co m o coeficiente de ponderação adotado a = 1, o que, no
caso da seção retangul ar, transforma as equações em:
Em princípio, a necessidade de memó·
ria computacional é maior no método k+l k llt [Vk ( k k ) k (Vk Vk )]
implícito ou no método explícito?
Y; = Y; - l!lx ; Yi+J- YH +Y; i+l - i-J

V;k+l = V;k - 2~x [Vt ( V;:J- Vi~J)+g(y~+l - Y~-1 )] +g(Io - Ir~)llt

Estas equações não podem ser aplicadas ao nó i = 1 e ao nó i= NN, uma


vez que não existem os nós i =O e i = NN + I . O cálculo para estes nós de
Q (nl/s) extremidades são feitos utilizando-se as condições de contorno do proble-
50---------! ma.
C) Condição de contorno de montante

i
8,245 F-----+-------~--
Na extremidade de montante, estação i = I , conhece-se o hidrograma
de c heia, isto é, a variação da vazão com o tempo, conforme o enunciado
e a Figura 14.19.
o 20 80 T (min)
Na estação i = 1, a vazão é conhecida em cada tempo t, através dos
Figura 14.19 Condição de contorno de dois segmentos de reta da Figura 14.1 9. Conforme a Figura 14.1 7, entre os
montante.
nós 1 e 2 pode-se escrever:

e a profundidade correspondente ao ponto P é dada por:

k+l k llt k k k k k k -
Y; = Y; - !lx [V; (yi+J - Y; )+Y; (Vi+l- V; )] (seçao retangular)

Portanto, a profundidade da água no passo de tempo k+ 1 é calculada, e


a velocidade média também, pois:

k+l
Q
vk+l=_i_
I Ak+l
I

e a área A~+J depende da profundidade y~+ J e da geometria da seção do canal.


D) Condição de contorno de jusante
Na extremidade de j usante, i= NN, a situação é inversa da extre mida-
de de montante. Conforme a Figura 14.17, entre os nós NN - 1 e NN pode-se
escrever:
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais SOl

e a profundidade correspondente ao ponto P é dada por:

Y;k+l = Y;k ilt [V;k (Y;k - Y;-


- ilx - retangu1ar)
k )+Y;k (Vk; - VkH )] (seçao
1

A vazão na estação i = NN, no passo de tempo k + 1, não é conhecida,


mas admitindo-se válida a fórmul a de Manning, a velocidade pode ser calcu-
lada como:

y k+l
I
= 2_ (R h1
23
k+l ) / I 112
0
n

em que o raio hidráulico depende da profundidade e da geometria da seção do


.
canaI . A ss 1m: ; = vk+l
Qk+l
; · Ak+l
; ·
Com esta condição de contorno de jusante está admiti ndo-se, implici-
tamente, a validade da curva altura-vazão Q = f(yo), isto é, escoamento uni-
forme nesta estação.
E) Utilização do programa e análise de resultados
No diretório Variável, são apresentados o programa fonte ExeplicMl .For,
que pode ser alterado pelo usuário e depois compilado no ambiente Fortran, e
o programa executável ExeplicMl.Exe, que pode rodar diretamente em qualquer
ambiente, Windows ou DOS, com saída em DOS que pode ser lida no apli-
cati vo EDIT. O programa é dotado de uma caixa de diálogo para entrada de
dados, conforme a Tabela 14.2, e visualização dos primeiros cálculos nas con-
dições iniciais.
O primeiro ponto importante refere-se ao passo de tempo a ser especi-
ficado pelo usuário. No exemplo adotou-se um valor Dt = O, 1O s, muito me-
nor que o valor 6,242 s ditado pela condição de estabilidade de Courant,
calculada para as condições iniciais. É interessante que o usuário insira dife-
rentes combinações de Dx e Dt, para se dar conta de que os valores de Dt ne-
cessários para assegurar uma solução estável se situem sensivelmente abaixo
da condição de estabilidade de Courant inicial. A obrigação de utili zar peque-
nos passos de tempo para assegurar uma solução estável é uma desvantagem
da utilização do esquema explícito. No exemplo mostrado, um valor de Dt =
0,20 s gera, na seção média do canal, uma instabilidade nos cálculos, enquanto
para Dt = 0,25 s a condição de Courant é violada e o processamento pára.
Deve ser notado que o valor do passo de tempo, segundo a condição de
Courant, não é constante, mas varia de um te mpo a outro e de uma estação a
outra, segundo os novos valores da velocidade e da celeridade das ondas, que
é função da profundidade. A condição de Courant é continuamente verificada
para cada novo ponto calculado. Em caso de violação da condição, uma men-
sagem de erro é mostrada e o programa pára.
Outro ponto a ser observado é relativo ao resultado dos cálculos e sua
escrita em um arquivo pe saída. Evidentemente, registro das profundidades,
velocidades e vazões em todos os nós em cada passo de tempo é impraticável.
Deste modo, o usuário deve escolher três seções (estações) para os quais de-
seja conhecer a solução no tempo. No exemplo foram escolhidos os nós I, 51
e 101, que representam a seção inicial, a seção média e a seção final do tre-
cho de 3000 m. O número máximo de subtrechos adotado pelo programa é
100, e como conseqüência tem-se 101 nós (estações). O usuário deve também
fixar a freqüência de escrita dos resultados como um número inteiro de pas-
sos de tempo Dt. No exemplo fixou-se o valor 1200 e, como Dt = 0,10 s, os
resultados são escritos a cada 120 s (2 min). Outro valor a ser adotado pelo
usuário é o tempo total de processamento, que no caso foi fixado em Tmáx =
12500 S.
O arquivo de saída do programa é mostrado na Tabela 14.3, na qual os
valores máximos da vazão, altura d'água e velocidade, para as três estações
escolhidas, estão marcadas com o sinal de asterisco (*). Uma representação
gráfica dos resultados é mostrada nas Figuras 14.20 e 14.21.
Da análise dos valores da Tabela 14.3 e também dos gráficos das Figu-
ras 14.20 e 14.2i , as questões propostas no enunciado podem ser respondidas.
a) As estações com L, = 1,5 km e L2 = 3 km correspondem aos nós 51
e 101. Os hidrogramas, Q(t), para estas duas estações, e também para
a estação I que representa a extremidade de montante do canal, são
mostrados na Figura 14.20b. A evolução da profundidade e da velo-
cidade, pode ser observada nas Figuras 14.20a e c.
b) Pela Tabela 14.3, no nó 1, x = 0,0 m, a vazão máxima, QmilX =50 m3/s,
e a velocidade máxima, V máx = 2,66 rn/s, ocorrem ambas no tempo
t = 1200 s após o início da cheia, enquanto a profundidade máxima
Ymáx = 3,91 m manifesta-se 360 s mais tarde, no tempo t = 1560 s.
Para o nó 51, x = 1.500 m, observa-se que a velocidade máxima
Vmáx = 2,53 m/s ocorre no tempo t = 1440 s, antes da ocorrência da
vazão máxima Qmáx = 42,31 m3/s no tempo t = 1680 s e também da
profundidade máxima Ymáx = 3,71 m no tempo t = 2280 s.
A Figura 14.21 mostra o aspecto em forma de laço (relação não uní-
voca) da curva Q(x) = f(y), "curva chave", conforme discutido na
Seção 14.5.1 .
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

Na estação I OI, x = 3000 m, os valores máximos da vazão, Qmáx = 38,45


m3/s, da profundidade Ymáx =3,72 me velocidade Vmáx =2,07 rn/s ocor-
rem simultaneamente no tempo t = 2400 s.
Em relação à Figura 14.20c é interessante observar que no nó 1, no
tempo t = 4800 s, a velocidade decresce até V = 1,06 rn/s, valor sen-
sivelmente abaixo da velocidade inicial V = 1,375 m/s corresponden-
te ao regime uniforme.
Isto ocorre devido ao fato de que, até o estado da cheia deixar de in-
fluir no nó I , com a vazão descendo para Q = Q0 = 8,25 m3/s, a onda
continua influindo nos nós de jusante. O escoamento é de certa forma
freado, conservando uma altura d'água y = 1,55 m superior àquela re-
lativa ao escoamento uniforme. As condições de escoamento unifor-
me no nó 1 só são restabelecidas no tempo t = 8760 s.
c) A atenuação dos valores máximos da profundidade, da vazão e da ve-
locidade, de uma estação a outra, pode ser vista nas Figuras 14.20a,
b e c. Os valores numéricos podem ser lidos no arquivo de saída do
programa, e são:

Nó x(m) Ymáx (m) Qm:lx (m 3/s) Vmáx (rn/s)


1 o 3,912 50 2,66
51 1500 3,7 14 42,31 2,53
101 3000 3,719 38,45 2,07

Há uma atenuação importante entre os nós 1 e 51, 3,912 - 3,714 =


O, 198 m, na profundidade máxima, indicando uma característica
difus iva da cheia neste trecho. Já entre os nós 51 e 101, não há pra-
ticamente diferença entre as alturas máximas, indicando o caráter
cinemático da onda neste trecho.
d) O retorno ao escoamento uniforme em uma estação significa que os
valores da vazão, velocidade e profundidade tornam-se iguais aos
valores iniciais Q 0 = 8,25 m3/s, V 0 = 1,375 rn/s e Yo = 1,20 m. Na es-
tação 51, x = 1500 m, estas condições são atingidas aproximadamen-
te no tempo t = 11160 s.
Tabela 14.2 Quadro de entrada de dados para o programa ExeplicM l.exe.

Programa de cálculo para escoamentos não permanentes


sistema de unidades : métrico
Leitura dos dados relativos ao canal :
O canal pode ter uma seção trapezoidal, retangular (Z = 0) ou
ttiangular (b = 0).
Largura de fundo do canal ? b (m) =5.0
Inclinação dos taludes? Z (-) =0.0
Declividade de fundo do canal ? !f (-) =0.001
Coeficiente de Manning ? n (m"-l/3 s) =0.020
Profundidade no escoamento uniforme? hn (m)= 1.20
Comprimento total do canal? Lt (m) = 3000
Utilizando a fórmula de Manning
A vazão do escoamento uniforme vale Qo (m31s) = 8.249
Leitura dos dados relativos às condições limites (montante) :
Admite-se um hidrograma ttiangular definido por três parâmetros:
Tempo de ascensão? t'(s) = 1200
Vazão de pico ? Qmax (m31s) = 50
Tempo de depleção? t"(s) = 3600
Atenção! ...
para t > (t' + t") = 4800.000 (s), admite-se que Q = Qo
Leitura dos dados relativos ao passo de espaço, Dx:
O comprimento do canal é Lt (m) = 3000.00
Numero máximo de trechos autorizado para o programa, MAXDIV = I 00
O valor mínimo de Dx é dado por Lt I MAXD!V = 30.00(m)
(nota importante! se você tem necessidade de mais trechos, modifique
o valor do parâmetro MAXDIV no programa principal)
Você esta de acordo com este valor? responda s ler ou n
Leitura dos dados relativo ao passo de tempo, Dt :
A vazão no escoamento uniforme é, Qo (m31s) = 8.249
A velocidade media do escoamento é Uo (mls) = Q I S = 1.375
A celeridade das ondas de gravidade é Co (mls) = (g*hn)"0.5 = 3.431
A condição de estabilidade de Courant exige que Dt < (Dx I (abs(uo) +co)
O valor máximo de Dt é dado por: Dtmax= Dx I (abs(Uo) +co) : 6.242 s
Qual é o valor de Dt (s) ? =0. 1O
Qual a duração dos cálculos, Tmax (s) ? = 12500
Você tem 101 estações ao longo do canal;
Você deseja imprimir os resultados ?
Escreva os números de 3 estações em formato livre = I 51 I OI
Com que freqüên cia você quer escrever os resultados ?
(número de passos de tempo) = 1200
Nome do arquivo de saída?= RESP.DAT
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

Tabela 14.3 Arquivo de safda do programa ExeplicM 1.exe.

RESULTADO DOS CÁLCULOS DO ESCOAMENTO NAO PERMANENTE COM O METODO EXPLICITO

DADOS RE LATIVOS AO CANAL E AO ESCOAMENTO UN IFORME

LARGURA DO FUNDO DO CANAL, B (m) 5.000 COEFICIENTE DE MANNING, n (m"-1/3 s) = .0200


INCLINACAO DOS TALUDES, m (-) = .000 PROFUNDIDADE PARA ESCOA. UNIFORME, hn (m) = 1.200
DECLIVIDADE DE FUNDO DO CANAL, Jf (-) = .00 100 COM PRIMENTO TOTAL DO CANAL, LT (m ) =3000.000

VAZAO IN ICIAL, QO (m3/s) = 8.249 VELOCIDADE INICIAL, UO (m/s) = 1.375


CELERIDADE DAS ONDAS DE GRAVIDADE CO (m/s) = 3.43 1

TEMPO DE ASCENSAO, t ' (s) = 1200.00


DEFINICAO DO HIDROGRAMA TRIANGULAR: VAZAO DE PICO, QMAX (m3/s) = 50.000
TEMPO DE DEPLECAO, t" (s) = 3600.00

NUMERO DE TRECHOS, NDIV = 100 COMPRIMENTO DOS TRECHOS, DX (m) = 30.000 NUMERO DE NOS, NN= NDIV+ I= IOI
PASSO DE TEMPO, DT(s) = . I 00 DURACAO DOS CALCULOS, TMAX (s) = 12500.000 FREQUENC IA DE ESCRITA (pas) = 120U

ESTACAO l ESTACA02 ESTACAO 3


TEMPO NO NUMERO = 1 X = .000 NO NUMERO= 51 X = 1500.000 NO NUMERO =101 X =3000.000
T Q H u Q H u Q H u
(s) (m3/s) (m) (m/s) (m3/s) (m) (m/s) (m3/s) (m) ( mls)
.00 8.249 1.200 1.375 8.249 1.200 1.375 8.249 1.200 1.375
120.10 12.428 1.410 1.763 8.249 1.200 1.375 8.249 1.200 1.375
240.01 16.599 1.662 1.998 8.249 1.200 1.375 8.249 1.200 1.375
360.01 20.775 1.927 2.156 8.669 1.219 1.422 8.249 1.200 1.375
480.02 24.950 2.195 2.274 10.553 1.322 1.596 8.249 1.200 1.375
600.00 29.125 2.461 2.367 13.455 1.494 1.801 8.250 1.200 1.375
720.07 33.302 2.726 2.443 17.050 1.714 1.989 8.454 1.220 1.385
840.04 37.476 2.988 2.509 21.018 1.961 2.1 43 9.244 1.298 1.424
960.01 41.650 3.248 2.565 25.173 2.221 2.267 10.877 1.455 1.495
1080.08 45.828 3.505 2.615 29.421 2.487 2.366 13 .388 1.686 1.588
1200.05 49.999* 3.761 2.659* 33.701 2.753 2.448 16.587 1.968 1.686
1320.02 48.608 3.853 2.523 37.993 3.019 2.517 20.232 2.277 1.777
1440.10 47.215 3.898 2.423 41.010 3.247 2.526* 24.138 2.598 1.858
1560.07 45.824 3.912* 2.343 42.004 3.397 2.473 28.174 2.922 1.929
1680.04 44.433 3.905 2.276 42.309* 3.506 2.414 31.462 3.180 1.978
1800.01 43.041 3.883 2.217 42.141 3.585 2.35 1 33.895 3.370 2.012
1920.08 41.649 3.849 2.164 41.649 3.643 2.287 35.671 3.507 2.034
2040.05 40.258 3.806 2.115 40.948 3.684 2.223 36.918 3.603 2.050
2 160.06 38.866 3.756 2.070 40.178 3.707 2.168 37.743 3.666 2.059
2280.07 37.474 3.700 2.026 39.358 3.714* 2.120 38.230 3.703 2.065
2400.09 36.082 3.639 1.983 38.497 3.705 2.078 38.445* 3.7 19* 2.067*
Tabela 14.3 Arquivo de saída do programa ExeplicMI.exe. (continuação)

2520.01 34.69 1 3.574 1.94 1 37.605 3.685 2.041 38.438 3.719 2.067
2640.02 33.299 3.504 1.901 36.679 3.654 2.008 38.250 3.704 2.065
2760.04 3 1.907 3.428 1.86 1 35.714 3.613 1.977 37.9 13 3.679 2.061
2880.06 30.5 16 3.348 1.823 34.710 3.564 1.948 37.450 3.643 2.056
3000.08 29 . 124 3.263 1.785 33.67 1 3.508 1.920 36.879 3.599 2 .049
3120.09 27.732 3. 174 1.748 32.597 3.445 1.892 36.2 14 3.549 2 .041
3240.01 26.34 1 3.080 1.71 0 3 1.495 3.377 1.865 35.470 3.491 2.032
3360.03 24.949 2.983 1.673 30.366 3.304 1.838 34.657 3.429 2.022
3480.04 23.557 2.882 1.635 29.214 3.226 1.8 11 33.784 3.361 2.010
3600.06 22.165 2.778 1.596 28.044 3. 145 1.784 32.859 3.289 1.998
3720.08 20.773 2.671 1.556 26.857 3.059 1.756 31.89 1 3.214 1.985
3840. 10 19.381 2.560 1.5 14 25.657 2.971 1.727 30.885 3. 135 1.970
3960.0 1 17.991 2.446 1.471 24.447 2.880 1.698 29.848 3.054 1.955
4080.03 16.599 2.329 1.425 23.228 2.785 1.668 28.783 2.970 1.938
4200.05 15.207 2.209 1.377 22.003 2.689 1.637 27.696 2.884 1.921
4320.06 13.815 2.086 1.325 20.774 2.590 1.604 26.590 2.795 1.902
4440.08 12.423 1.958 1.269 19.544 2.489 1.571 25.471 2.706 1.883
4560.10 11.03 1 1.828 1.207 18.3 14 2.386 1.535 24.340 2.614 1.862
4680.0 1 9.641 1.692 1.139 17.089 2.28 1 1.498 23.203 2.522 1.840
4800.03 8.249 1.552 1.063 15.869 2.175 1.459 22.06 1 2.428 1.817
4920.05 8.249 1.476 1.11 8 14.658 2.067 1.419 20.918 2.334 1.792
5040.07 8.249 1.417 1. 164 13.459 1.957 1.375 19.777 2.239 1.767
5160.08 8.249 1.371 1.204 12.574 1.859 1.353 18.641 2.143 1.740
5400.02 8.249 1.307 1.263 11.401 1.699 1.342 16.459 1.957 1.682
5520.03 8.249 1.285 1.284 10.937 1.632 1.340 15.525 1.875 1.656
5640.05 8.249 1.267 1.302 10.536 1.573 1.340 14.682 1.801 1.630
5760.07 8.249 1.254 1.3 16 10. 189 1.520 1.340 13.923 1.734 1.606
5880.09 8.249 1.243 1.327 9.889 1.474 1.342 13.239 1.672 1.583
6000.00 8.249 1.235 1.336 9.63 1 1.434 1.344 12.627 1.6 17 1.562
6120.02 8.249 1.228 1.344 9.410 1.399 1.346 12.078 1.567 1.542
6240.04 8.249 1.223 1.349 9.221 1.368 1.348 11.588 1.521 1.523
6360.05 8.249 1.2 18 1.354 9.06 1 1.342 1.350 11. 151 1.481 1.506
6480.07 8.249 1.215 1.358 8.925 1.320 1.353 10.765 1.444 1.491
6600.09 8.249 1.2 12 1.361 8.811 1.30 1 1.355 10.423 1.412 1.476
6720.00 8.249 1.210 1.363 8.716 1.285 1.357 10.1 22 1.383 1.464
6840.02 8.249 1.209 1.365 8.636 1.27 1 1.359 9.858 1.358 1.452
6960.04 8.249 1.207 1.367 8.569 1.259 1.36 1 9.627 1.336 1.442
7080.06 8.249 1.206 1.368 8.514 1.249 1.363 9.426 1.316 1.432
7200.07 8.249 1.205 1.369 8.468 1.241 1.364 9.252 1.299 1.424
7320.09 8.249 1.204 1.370 8.430 1.234 1.366 9.10 1 1.284 1.417
7440.0 1 8.249 1.204 1.370 8.399 1.229 1.367 8.97 1 1.272 1.411
7560.02 8.249 1.203 1.37 1 8.373 1.224 1.368 8.860 1.261 1.406
7680.04 8.249 1.203 1.371 8.351 1.220 1.369 8.765 1.251 1.40 1
7800.06 8.249 1.203 1.372 8.333 1.2 17 1.370 8.684 1.243 1.397
7920.08 8.249 1.202 1.372 8.319 1.214 1.37 1 8.615 1.236 1.393
8040.09 8.249 1.202 1.372 8.307 1.2 11 1.371 8.556 1.231 1.390
8160.01 8.249 1.202 1.373 8.297 1.209 1.372 8.507 1.226 1.388
8280.10 8.249 1.202 1.373 8.288 1.208 1.372 8.465 1.222 1.386
8400.03 8.249 1.202 1.373 8.282 1.207 1.373 8.430 1.218 1.384
8520.05 8.249 1.202 1.373 8.276 1.205 1.373 8.400 1.215 1.383
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais

Tabela 14.3 Arquivo de saída do programa ExeplicMl.exe. (continuação)

8640.08 8.249 1.202 1.373 8.271 1.205 1.373 8.375 1.213 1.38 1
8760.01 8.249 1.201 1.373 8.267 1.204 1.374 8.354 1.211 1.380
8880.04 8.249 1.201 1.373 8.264 1.203 1.374 8.337 1.209 1.379
9000.07 8.249 1.201 1.373 8.262 1.203 1.374 8.322 1.207 1.379
9120.00 8.249 1.201 1.373 8.259 1.202 1.374 8.310 1.206 1.378
9240.03 8.249 1.201 1.373 8.258 1.202 1.374 8.300 1.205 1.377
9360.06 8.249 1.201 1.373 8.256 1.201 1.374 8.291 1.204 1.377
9480.09 8.249 1.201 1.373 8.255 1.201 1.374 8.284 1.204 1.377
9600.02 8.249 1.201 1.373 8.254 1.201 1.374 8.278 1.203 1.376
9720.05 8.249 1.201 1.373 8.253 1.201 1.375 8.274 1.202 1.376
9840.08 8.249 1.201 1.373 8.253 1.201 1.375 8.269 1.202 1.376
9960.01 8.249 1.201 1.373 8.252 1.201 1.375 8.266 1.202 1.376
10080.04 8.249 1.201 1.373 8.252 1.201 1.375 8.263 1.201 1.376
10200.07 8.249 1.201 1.373 8.252 1.200 1.375 8.261 1.201 1.375
10320.10 8.249 1.201 1.373 8.251 1.200 1.375 8.260 1.201 1.375
10440.03 8.249 1.201 1.373 8.251 1.200 1.375 8.258 1.201 1.375
10560.05 8.249 1.201 1.373 8.251 1.200 1.375 8.257 1.201 1.375
10680.08 8.249 1.201 1.373 8.251 1.200 1.375 8.255 1.201 1.375
10800.01 8.249 1.201 1.373 8.251 1.200 1.375 8.254 1.201 1.375
10920.04 8.249 1.201 1.373 8.251 1.200 1375 8.254 1.200 1.375
11040.07 8.249 1.201 1.373 8.251 1.200 1.375 8.254 1.200 1.375
11160.00 8.249 1.201 1.373 8.250 1.200 1.375 8.253 1.200 1.375
11280.03 8.249 1.201 1.373 8.250 1.200 1.375 8.253 1.200 1.375
11400.06 8.249 1.201 1.373 8.250 1.200 1.375 8.253 1.200 1.375
11520.09 8.249 1.201 1.373 8.250 1.200 1.375 8.253 1.200 1.375
11640.02 8.249 1.201 1.373 8.250 1.200 1.375 8.252 1.200 1.375
11760.05 8.249 1.201 1.373 8.250 1.200 1.375 8.252 1.200 I.:m
11 880.08 8.249 1.201 1.373 8.250 1.200 1.375 8.252 1.200 1.375
12000.01 8.249 1.201 1.373 8.250 1.200 1.375 8.252 1.200 1.375
12120.04 8.249 1.201 1.373 8.250 1.200 1.375 8.252 1.200 1.375
12240.07 8.249 1.201 1.374 8.250 1.200 1.375 8.252 1.200 1.375
12360.10 8.249 1.201 1.374 8.250 1.200 1.375 8.252 1.200 1.375
12480.03 8.249 1.201 1.374 8.250 1.200 1.375 8.2)2 1.200 1.375

FIM NORMAL DO PROGRAMA

A importância da escolha do passo de tempo, necessário para produzir


uma solução estável, é mostrada na Figura 14.22. O programa foi rodado para
Dt = 0,20 s, a condição de Courant em nenhum momento foi violada, porém
na estação 51, seção média, ocorreu osci !ação numérica, principalmente nos
valores da vazão e da velocidade.
Cap. 14

N61 , X= 0,0 m b) + +++++++++++ Nó 51 , x =1500 m c)--------------- Nó 101. x =3000 m


>Ir--------------------------------,
l.S

g 2,5

I
o 2000 .... ....
t (s)
8000 10000
.... 1000 10000
2000 .... 1000 10000
t (s) t (s)

Figura 14.20 Gráfico das relações y(x) = f(t), Q(x) = f(t) e V(x) = f(l).

4 ~--------------------------------~Y~m-b------------,
y (m)
3,5

2,5

1.5
Om••

y.= !,20m
0,5

o+-----~+-------;-------4-------4-~----~
o 10 20 30 40 3
50
Q (m /s)

Figur a 14.21 Relação Q(x) = f(y) para o nó 51, x = 1500 m.

a)--- - - Nó 1, X = 0,0 m b) +++++++++++++++ Nó 51, X= 1500 m c) -----------·--- Nó 101, x = 3000 m


~r--------------------------------, 2Ar----------------------------------,
..
.
I ..... ••
• I -·~,
I. . .;\ .
20
JI
I I
V\'-~
.._ : ·'--...
lo.,. •./ + '••+t++++++++ +-t-++++
.~-----+--~--+---~-+--~--+---~~
o 1000 2000 JOOO coao 50oo eooo 1000 aooo 11000 10000 1000 2000 lOOO 4000 5000 6000 1000 1000 toOO 10000
&000 1000 .000 toOO
1 (s) l(s) t(s)

Figur a 14.22 Gráfico das relações y(x) = f (t), Q(x) = f(t) e V(x) = f(t) com um passo de tempo t.t = 0,20 s.
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
------------------------------------------------~--------------------~ 509

14.9 PROBLEMAS

14.1 Uma comporta plana e vertical a limenta um canal retangular com uma
vazão ta l que a altura d ' água no canal é igual a I ,O me a velocidade média é
de 0,60 m/s. A descarga de água é bruscamente aumentada em 100% pela aber-
tura da comporta. Determine a vari ação ocorrida na altura do escoam ento e a
velocidade de propagação da o nda para jusante.

[L'ly = 0,147 m; V00 = 4 ,08 m/s]

14.2 A altura d'água e a veloc idade média do escoamento em um estuário


largo valem, respectivamente, 2,20 m e 0,60 m/s. Um vagal hão provocado pela
subida da maré, de I ,O m de altura, pe netra no estm1rio deslocando-se para
montante. Estime a velocidade com que a onda se des loca e a descarga líqui-
da em uma seção após a passagem da frente de onda por esta seção.

[Vro = - 5,60 m/s; q2 = 4,28 m 2/s]

14.3 A velocidade abso luta de propagação de uma frente de onda em u m ca-


nal retangu lar largo é de 5,0 m/s. A veloc idade média e a altura d'água no canal
no escoame nto não pe rturbado vale m, respectiva me nte, 0 ,80 m/s e I ,60 m.
De termine a a ltura da vaga que se desloca para mon tante.

[L'ly = 1,01 m]

14.4 As condições de escoamento em um canal retangular são mantidas por


u ma comporta parcialmente fechada na ex tre m idade de j usante. A a lt ura
d'água no canal é de I ,5 me a velocidade média, de 0,90 m/s. A comporta é
subitamente abaixada em O, 15 m . De termine a altura da onda que se propaga
para m o ntan te e sua velocidade. Assuma que o coefic ie nte de descarga da
comporta, antes e de pois da manobra, é cons tante, independe nte da carga e
vale Co = 0,56.

[L'ly:O, l 3 m;V00 = -3, 18 m/s]

14.5 Um rio escoa uma certa vazão com a ltura d'água ig ual a 2,40 m e ve-
locidade méd ia de 0,90 m/s, quando encontra uma onda de maré com um au-
mento brusco na lâmina d ' água para 3,60 m. Determine a velocidade com que
a onda se propaga para m ontante e a magnitude e a direção da velocidade da
água atrás da onda. ·

[V00 = - 5,74 m/s; V2 =- I ,3 1 m/s para mo ntante]


14.6 As condições iniciais do escoamento uniforme são iguais às do Problema
14.1. Determine a variação ocorrida na altura do escoamento e a velocidade de
propagação da onda para montante se uma comporta na extremidade de jusante
for súbita e totalmente fechada.

[i1y = 0,20 m ; Vw =- 3,0 m/s]


14.7 Mostre que, para uma seção retangular em que a largura de fundo é igual
à altura d'água, o parâmetro m da onda cinemática, Equação 14.60, é igual a
4/3, usando a fórmula de Manning, e igual a 5/4, usando a fórmula de Chézy.

14.8 Partindo da Equação 14.60, mostre que a equação da onda cinemática,


Equação 14.55, pode ser escrita como

ao + (mV) ao ::: o
ot ax

na qual V é velocidade média.

14.9 Em um projeto de drenagem urbana, a seção reta de um curso d'água


natural foi levantada topograficamente e assumida representativa de um cer-
to trecho do canal. Por análise de regressão, a relação entre o perímetro e a área
da seção foi obtida com o P = 12,77 A0 ·384 . Se a declividade do trecho vale
l o = 0,00015 mim e o coeficiente de rugosidade de Manning, estimado em n =
0,040, mostre que a Equação 14.60 é dada por Q = 0,056 A 1.41 07.

14.10 Uma chuva distribuída sobre uma bacia hidrográfica, mostrada na Fi-
gura 14.23, provoca si multaneamente, nas seções A e B, o
hidrograma mostrado na tabela abaixo. Usando o método
Muskingum de propagação de cheias, determine a máxima vazão
combinada e o te mpo de ocorrência na seção C. Para o trecho AC,
os valores do tempo de trânsito e do coeficiente de ponderação
valem K = 6 h ex= 0,22. Adote l1t = 3 h.

[Qp = 174 m3/s; tp = 18 h]


Figura 14.23 Problema 14. I O.

36
21
Cap. 14 Escoamento Variável em Canais
----------------------------------------------~~~~~~~~~~~~511

14.11 Os hidrogramas de entrada e saída de um certo trecho de um rio são


dados na tabela abaixo. Utilizando as planilhas MUSKINGUMI.XLS e
MUSKINGUM2.XLS, determine os valores ele K ex mais convenientes para
o trecho e, com estes valores, propague o hiclrograma dado na segunda tabe-
la, determinando a vazão ele pico e o tempo de ocorrência.

[K =?...,, 28 dias ' x =O , 22·' Qp = 217


- m 3/s ' tp = 6 dias]

Tempo
I 2 3 4 5 6 7 8 9 lO li 12
(dia)
3
llm /s) ·· 15 55 120 200 165 120 95 72 53 48 42 36
O ( m"J/s) 14 22 41 80 125 138 130 120 110 82 68 55

Tempo
I 2 3 4 5 6 7 8 9 lO 11 12
Úlil,l)
1 .
I ( nl"!s) 30 91 200 330 270 195 160 120 90 85 73 66

14.12 Em um canal prismático trapezoidal de 2 m de largura de fundo, em


concreto, coeficiente de rugosidade n = 0,020, inclinação dos taludes I V: I H,
o escoamento é uniforme com uma profundidade Yo = I ,40 m. Dürante a pas-
sagem de uma onda de c heia, a vazão aumenta linearmente desde o valor cor-
respondente ao regime uniforme até uma vazão de pico Qp = 40 m 3/s, em um
tempo t" = 10 min, e decresce linearmente até o valor inicial em um tempo
t.. = 30 min. A declividade de fundo do canal é lo = 0,001 mim e o comprrmen-
to elo trecho a ser estudado é L= 2 km. Utilizando o programa ExeplicM l .exe,
determine:
a) as vazões máx imas em duas estações: L 1 = I km (seção média do
trecho) e L2 = 2 km (extre midade de jusante);
b) em que tempo ocorrem as vazões máximas nas estações L1 e L2;
c) qua l a atenuação da profundidade máxima da água e ntre as estações
Lo= 0,0 km (seção inic ial) e L 1 = I km (seção média do trecho):
cl) o tempo necessário para que as condições do escoamento voltem ao
regime permanente uniforme na estação L2.
a) [Qpl = 32,40 m 3/s, Qp2 = 28,78 m 3/s]; b) [Tpl = 960 s, Tp2 = 1440 s];
c) [~y = 0, 16 m]; d) [T = 7320 s]
B 1--------------18
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I 517

ÍNDICE ANALÍTICO

A c Comportas de fundo planas, 374


Aceleração de transporte, 6 Caixa ele passagem, 96 Comprimento ele equivalente, 84
Aceleração local, 6 Cálculo de canais em regime uniforme, 248 Comprimento de mistura ele Prandtl-
Adequabilidadc da fórmula de Canais de declividade crítica, 418 distribuições de velocidade, 32
Hazen-Williams, 56 Canais ele declividade forte, 418 Comprimento de mistura, 33
Alargamentos c estreitamentos, 71 Canais de declividade fraca, 418 Comprimento do ressalto, 345
Altura d'água ou tirante d'água, 222 Canais de forma qualquer, 314 Computação elo perfil d'água, 437
Altura de escoamento da seção, 222 Canais de seção compoSta, 277 Condição ele estabilidade de Courant, 495
Allura estática de recalque, 124 Canais em aclive, 418 Condições de fronteira ou condições de
Altura estática de sucção, 124 Canais fechados, 258 contorno, 491
Altura geométrica, 124 Canais horizontais, 418 Conduto equivalente a outro, 102
AILura geométrica de elevação, 19 Canal retangular largo, 230 Conduto equivalente a um sistema, I 02
Altura hidráulica ou altura média, 223 Característica do sistema, 140 Condutos de seção não circular, 58
Altura manométrica de recalque, 124 Característica negativa, 489 Condutos equivalentes, I OI
Altura manométrica de sucção, 124 Característica positiva, 489 Condutos principais, 169
Altura manométrica total, 124 Carga de posição, 9 Condutos secundários, 169
Altura normal, 238 Carga de pressão, 221 Conjunto elevatório, 123
Altura ou carga total de elevação, 124 Carga de pressão atmosférica local, 94 Conservação ela água, 81
Altura tom! de elevação da bomba, 17 Carga de pressão d inâmica, 170 Constante de tempo ele trânsito, 483
Altura total de recalque, 124 Carga ele pressão disponível, 1O Constante de von Kármán, 34
Altura total de sucção, 124 Carga ele pressão estática, 176 Construção de canais, 275
Altmas ou profundidades conjugadas, 336 Carga de projeto, 398 Corpo da onda, 457
Análise de tubulações, 77 Carga sobre a soleira, 309 Cota de consumo per capita, 171
Análise dimensional, 13 Cavitação, 153 Cota piezométrica, 9
Anéis ou malhas, 170 Celeridade absoluta da onda, 456 Cotovelos e curvas, 75
Área molhada, 222 Celeridade da onda, 456 Cunha de armazenamento, 481
Associação ele bombas em série e Celeridade da onda cinemática, 477 Curva característica adimcnsional, 138
paralelo, 145 Coetlcicnte básico de vazão, 399 Curva característica de uma bomba, 136
Coetlciente da hora ele maior consumo do dia Curva característica de uma instalação, 139
B de maior consumo, 172 Curva de remanso, 415
Bacia de detenção, 406 Coeficiente de Boussinesq, 12, 227
Bacia de dissipação, 444 Coeficiente ele cavitação ele Thomas, 158 D
Bocal cilíndtico externo, 365 Coeficiente ele contração Cc, 73, 352 Decliviclacle ela linha ele energia, 223, 243
Bocal cilíndrico interno, 368 Coetlcicnte de Corio lis, 11, 227 Declividade de fundo, 223
Bomba afogada, 123 Coeficiente ele forma, 249 Decliviclacle ele projeto, 278
Bomba não afogada, 123 Coeficiente de potência, 21, 135 Declividade piezométrica ou declividade da
Bombas centrífugas, 132 Coeficiente de pressão, 21, 135, 139 linha d'água, 223
Bombas de escoamento axial, 133 Coeficiente de vazão, 21, 113, 135, 139, 355 Descarregador Bazin, 383
Bombas de escoamento misto, 133 Coeficiente de velocidade, 355 Descarregadores ele barragens, 397
Bombas: tipos c características- rotação Coeficiente dinâmico, 249 Detenninação elo perfil d'água em canais
específica. 132 Coeficiente do dia ele maior consumo, 171 prismáticos, 435
Diagrama de Moody, 46 variado, 4 H
Diagrama em colina, 138 variável, 4 Harpa de Nikuradse, 36
Diâmetro econômico. 129 Escoamento crítico, 226
Diâmetro equivalente, 58 Escoamento laminar, 3, 28 I
Diâmetro hidráulico, 58 Escoamento paralelo, 232 Inclinação elos taludes, 278
Diferença finita centrada, 493 Escoamento quase-pennanentc, 114 Influência relativa elas perdas ele carga
Diferença finita progressiva, 492 Escoamento sob carga vatiável, 362 localizadas, 78
Diferença finita regressiva, 492 Escoamento subcrítico ou fluvial, 226 Intervalo de tempo computacional, 493
Difusores, 74 Escoamento supercrítico ou torrencial, 226
Dimensionamento econômico da tubulação Escoamento turbulento, 30 L
de recalque, 125 Escoamento turbulento hidraulicamente Largura de topo, 222
Distribuição de pressão, 230 liso, 31 Lei da raiz sétima de Prandtl, 44
Distribuição de vazão em marcha, 97 Escoamento turbulento hidraulicamente misto Lei de distribuição universal de
Distribuição hidrostática de pressão, ou de transição, 3 I velocidade, 34
233, 374 Escoamento turbulento hidraulicamente Lei de Newton da viscosidade, 28
Distribuições de velocidade, 32 rugoso, 31 Lei dos ori fícios, 113, 355
Escoamento turbulento rugoso , 246 Lei universal de distribuição de
E Escoamentos em superfície livre, 221 velocidade, 35
Eclusa para navegação, 401 Esquema implícito, 495 Linha de carga absoluta, 94
Eficiência elo ressalto, 345 Experiência de Nikuraclse, 36 Linha de carga efetiva, 94
Elementos hidráulicos ela seção Extremidades mortas, 170 Linha de corrente, 8
circular, 256 Li nha de energia, 9, 10
Energia ou carga cinética, 9 F Linha piezométrica, 9, 221
Energia ou carga de pressão, 9 Fator de atrito da tubulação f, 14 Localização do ressalto hidráulict>, 442
Equação da energia, 4 Fator de atrito f, 47
Equação de Borda-Carnot, 72 Fator de ponderação x, 483 M
Equação ele Darcy-Weisbach, 14 Fator de relaxação, 494 Máxima tensão de cisalhamento, 278
Equação de Francis, _387 Força da gravidade, 240 Medidores Venturi, 74
Equação de Mariottc, 125 Força de atrito, 242 Método das características, 487
Equação de Weisbach, 385 Força de pressão, 241 Método dos compri mentos equivalentes, 84
Equação diferencial elo escoamento Força específica, 336 Método Muskingum, 482, 485
permanente gradual mente Fórmula de Blasius, 37, 50 Métodos de diferenças finitas, 491
variado, 416 Fórmula de Bresse, 129 Modelo de difusão ou não inercial, 474
Equação dinâmica, 471 Fórmula de Chézy, 240 Modelo hidrodinâmico, 475
Equações de resistência, 53, 238 Fórmula de Colcbrook-White, 44 Modelos hidráulicos, 481
Equações de Saint- Ycnant, 473 Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao, 56 Mosaicos de utilização, I 49
Equações hidrodinâmicas, 469 Fónnula de Hagen-Poiseuille, 30 Movimento permanente gradualmente
Escoamento, Fórmula de Hazen-Williams, 53 variado, 97
biclimensional, 3 Fórn1llla de Manning, 243, 260
em pressão, 4 Fórmula de Swamee-Jain, 48 N
em superfície livre, 4 Fórmula universal de perda ele carga, 14, 29 N.P.S.H. disponível, 155, 157
forçado, 4 Fórmulas empíricas para o escoamento N.P.S.H. requerido, 157
laminar, 3, 28 turbulento, 52 Nós de fronteira, 493
não permanente, 4 Frente ela onda, 457 Número de cavilação, 158
não uniforme, 4 Número de Euler, 14
pennanentc, 4 G Número de Froude, 225
turbulento, 3, 30 Golpe de aríete, 95 Número de Reynolds de
unidimensional, 3 Grade de pontos ou grade rugosidade, 31
uniforme, 4 computacional, 493 Número de Reynolds, I 4, 225
'"'" " '"'" B
o Rederamificada, 169 Tubulação de recalque, I 23, 127
Ocorrência da profundidade crítica, 311 Redes de distribuição de água, 79, 169 Tubulação de sucção, 123
Onda cinemática, 475 Redes malhadas - método de Hardy
Onda de jusante, 458 Cross, 178 v
Onda de montante, 458 Redes ramificadas, 173 Valores da rugosidade absoluta
Onda negati va de jusante, 462 Registro de gaveta, 76 equivalente, 49
Onda negativa de montante, 461 Relação cota-descarga ou curva chave, 476 Valores do coeficiente K, 7 1
Onda oscilatória, 456 Relações de semel hança. 135 Valo res do coeficiente K para diversos
Onda positiva dejusante, 461 Remanso, 415 acessórios, 77
Onda positiva de montante, 461 Resistência do sistema, 140 Válvula de borboleta, 76
Ondas capilares, 455 Ressalto hidráulico, 224, 335 Vazão de adução, 17 1
Ondas de gravidade, 455 Rotação específica, 133 Vazão de distri buição, 172
Ondas de translação, 456 Rotação nominal, 135 Vazão equivalente, 99
Orifícios, 35 1 Rugosidade absoluta equivalente, 246 Vazão equivalente ou vazão fictícia, 99
Orifícios afogados, 360 Rugosidade equivalente da seção, 276 Vazão fictícia, 174
Rugosidade relativa, 14 Vazão unitária de distribuição, 97
p Velocidade de atrito, 15, 16, 38, 243
Parâmetros de forma, 249 s Velocidade de cisalhamcnto, 16
Perda de carga em orifícios, 356 Seção contraída, 73 Velocidade econômica, 130
Perda de carga no ressalto, 336, 344 Seções de mínimo perímetro molhado, 254 Velocidade média temporal, 32
Perda de carga unitária, 16 Sifões, 110 Velocidades e vazões máximas em redes de
Perda de energia ou perda de carga, 9 Singularidades. 423 abastecimento, 173
Perdas de carga localizadas, 69 Sistema em paralelo, 103 Ventosas, 95
Perímetro molhado, 222 Sistema em série, I 03 Vcrtedor Cipolctti, 39 1
Plano de carga absolu to, 94 Sistema pró-básico, 13 Vcrtedor de solei ra espessa horizontal, 396
Plano de carga efetivo, 94 Sistemas elevatórios, 123 Vertedor retangular de parede espessa, 308
Ponto de operação ou ponto de Sistemas hidráulicos de tubulações, 93 Vertedor retangular lateral, 39 1
funcionamento, 141 Soleira normal, 398 Vertedores, 381
Potência do conjunto elevatório, 125 Step method, 435 Vertedores-extravasorcs, 398
Potência hidráulica, 17 Subcamada limite laminar, 30 Viscosidade de redemoinho, 32
Pressão atmosférica, 157 Submergência, 150 Viscosidade de turbulência, 32
Pressão de vapor, 157
Prisma de annazenamento, 481 T
Problema dos três reservatórios, 107 Tensão de cisalhamcnto, 28
Programa CANA IS3. EXE, 262 Tensão de trabalho admissível
Programa COEF.EXE.. 230 do material, 126
Programa EXEMPLICtyl l.EXE, 497 Tensão de vapor, I I O
Programa, REDEM.EXE, 18 1 Tensão média de cisalhamcnto, 15, 239
Propagação de cheias em rios, 481 Tensão tangcncial, 27
Tensões de Reynolds, 33
Q Teorema de Bernoulli , 7
Qued a bruta, 19 Teorema de Torricelli, 354
Queda útil da turbina, 17 Teorema dos n s, 13
Teoria dos grandes orifícios, 358
R Traçado da tubulação, 94
Raio hidráulico, 15, 222 Tubo de Pito!, 42
Razão de aspecto, 250 Tubos curtos q:>m descarga livre, 370
Razão de aspecto m, 254 Tubos lisos, 38
Rede malhada, 169 Tubos rugosos, 39

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