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Processos eletrolíticos

Fundamentos e aplicações
em matrizes ambientais
Presidente da República
Jair Messias Bolsonaro
Ministro da Educação
Milton Ribeiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC


Reitor
Prof. José Cândido Lustosa Bittencourt de Albuquerque
Vice-Reitor
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Prof. Cássio Adriano Braz de Aquino
Prof. José Carlos Siqueira de Souza
Prof. Osmar Gonçalves dos Reis Filho

* membros responsáveis pela seleção das obras de acordo com o Edital n.º 13/2019.
Ronaldo Ferreira do Nascimento
Jefferson Pereira Ribeiro
Eliezer Fares Abdala Neto
André Gadelha de Oliveira
Francisco Belmino Romero

Processos eletrolíticos
Fundamentos e aplicações
em matrizes ambientais

Fortaleza
2021
Processos eletrolíticos: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais
Copyright © 2021 by Ronaldo Ferreira do Nascimento, Jefferson Pereira Ribeiro,
Eliezer Fares Abdala Neto, André Gadelha de Oliveira, Francisco Belmino Romero
Todos os direitos reservados
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Av. da Universidade, 2932, fundos – Benfica – Fortaleza – Ceará

Coordenação editorial
Ivanaldo Maciel de Lima

Revisão de texto
Adriano Santiago

Normalização bibliográfica
Luciane Silva das Selvas

Programação visual
Sandro Vasconcellos / Thiago Nogueira

Diagramação
Sandro Vasconcellos

Capa
Heron Cruz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação


Bibliotecária Luciane Silva das Selvas CRB 3/1022

P963 Processos eletrolíticos: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais [livro eletrônico] /


Organizadores, Ronaldo Ferreira do Nascimento ... [et al.]. - Forta­ leza: Imprensa
Uni­ver­sitária, 2021.
5347 Kb : il. color. ; PDF (Estudos da Pós-Graduação)

ISBN: 978-65-88492-44-4

1. Processo eletrolítico. 2. Efluente têxtil. 3. Engenharia Química. I. Nascimento,
Ronaldo Ferreira do. II. Ribeiro, Jeferson Pereira. III. Abdala Neto, Eliezer Fares. IV.
Oliveira, André Gadelha de. V. Romero, Francisco Belmino. VI. Título.
CDD 660
PREFÁCIO

E xiste uma grande preocupação com a poluição ambiental


oriunda de indústrias com águas contaminadas por resíduos prejudiciais
à saúde e ao meio ambiente. Diversas técnicas são utilizadas no trata-
mento de efluentes e atualmente tem sido dado destaque ao processo de
degradação eletrolítica no tratamento de efluente aquoso, devido a sua
facilidade de operação, automação, grande rendimento e por ter o elé-
tron como reagente responsável pelo sistema operacional, sendo, por-
tanto, considerada um método limpo.
O livro Processos Eletrolíticos: Fundamentos e Aplicações em
Matrizes Ambientais almeja apresentar, através de uma interpretação
mais dinâmica e mecanística, aspectos importantes na aplicação dos
processos eletrolíticos em matrizes ambientais (efluentes têxteis,
efluentes da indústria de galvanoplastia e águas de abastecimento).
Nesta obra, são abordados os fundamentos e conceitos básicos sobre
processo eletrolítico, bem como estudos científicos de projetos do
grupo de pesquisa do Laboratório de Processos Oxidativos Avançados
(LabPOA), vinculado ao Departamento de Química Analítica e Físico-
Química da Universidade Federal do Ceará. Esses projetos de pesquisa
vêm sendo desenvolvidos ao longo dos últimos oito anos (2011 – 2019),
contando com a colaboração de inúmeros colegas pesquisadores, do-
centes, alunos de pós-graduação e alunos de iniciação científica.
A maior parcela dos conteúdos apresentados nesses capítulos são
oriundos de pesquisas científicas de mestrado e doutorado, desenvolvidas
no Laboratório de Processos Oxidativos Avançados (LabPOA – UFC).
No Capítulo 1 abordaremos sobre fundamentos importantes dos
processos eletrolíticos, bem como os tipos mais utilizados na comuni-
dade científica acadêmica. Já no Capítulo 2 discutiremos sobre a teoria
do processo de eletrocoagulação e eletro-oxidação. No Capítulo 3 fa-
remos uma discussão sobre a prospecção do circuito de corrente pul-
sada (CP) com ênfase nas pesquisas realizadas no Laboratório de
Processos Oxidativos Avançados (LabPOA). Os demais capítulos fo-
carão na aplicação do processo eletrolítico, usando circuito de corrente
pulsada (CP) em matrizes ambientais. Nos Capítulos 4 e 5 serão abor-
dadas aplicações da tecnologia em efluentes têxteis e de indústrias rela-
cionadas à galvanoplastia. O Capítulo 6 apresenta um estudo relacio-
nado à aplicação do processo eletrolítico no tratamento de ácidos
húmicos, que são compostos químicos presentes em águas de abasteci-
mento, que consideramos ser uma matriz de grande relevância, pois
estamos vivendo atualmente em períodos de escassez desse recurso tão
essencial para manutenção da vida. No capítulo 7 mostraremos estudos
realizados pelo grupo de pesquisa em escala piloto. Esse capítulo ver-
sará sobre a prospecção de uma Estação de Tratamento Móvel (ETA-
móvel) e uma Estação de Tratamento de Efluente (ETE) de uma indús-
tria de redes.
Uma vez que investigações de fundamentos eletrolíticos e aplica-
ções em matrizes ambientais constituem área ampla e atual de estudos,
consideramos que o conteúdo apresentado constitui obra de grande re-
levância científica para estudantes e pesquisadores, assim como para os
Departamentos de Engenharia Hidráulica e Ambiental, e Química
Analítica e Físico-Química.
A conclusão desse livro não seria possível sem a colaboração de
alguns parceiros: Lanágua, Labosan, LabPOA, Redes Isaac Ltda., assim
como de alguns professores colaboradores: Adonay Loyola, Francisco
Wagner, Rivelino Cavalcante e Bruno Bertoncini. Não podemos deixar
de citar os alunos pioneiros nos trabalhos envolvendo processos eletro-
líticos no nosso grupo de pesquisa: Jefferson Pereira, Jessica Ellen, Ari
Clecius, Liana Maia, Victor Cochrane e Eliezer Neto.
AGRADECIMENTOS

E ste projeto não seria possível sem a colaboração de vários


parceiros ao longo desses oito anos de trabalho. Foram muitas parcerias
e contribuições de professores, alunos e profissionais da área que agre-
garam conhecimento ao grupo do Laboratório de Processos Oxidativos
Avançados (LabPOA).
Aos órgãos fomentadores (CNPq, Funcap e Capes) das pesquisas
que, mediante os projetos aprovados nos editais (CHAMADA MCTI/
CNPq/CT-BIOTEC No 30/2013/ INOVAFIT 2015-PROPOSTA DE
CHAMADA FUNCAP – FASE 1 EDITAL No 14/2015/ EDITAL
FUNCAP/FINEP – PAPPE INTEGRAÇÃO No 02/2016/
PAPPE INTEGRAÇÃO FUNCAP/FINEP EDITAL ­No 06/2013), pos-
sibilitaram o desenvolvimento das pesquisas e a elaboração desta obra.
Por fim, queremos agradecer aos nossos familiares pela paci-
ência, amor, dedicação e cuidados: Tércia, Maria Tércia e Antônio
Lucas; Manoel Ribeiro, Terezinha Pereira, Cristiane Moreira e Ana Lia
Ribeiro; Regina Mendes, Danyel Abdala, Mateus Mendes e Wanessa
Abdala; Najara Miola e Sávio Gadelha; Sara e Marina Sousa.
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE


PROCESSO ELETROLÍTICO........................................................... 13
Introdução........................................................................................... 13
Descrição da célula eletrolítica........................................................... 14
Eletrólito e a teoria da condutância eletrolítica................................... 16
Conceitos básicos................................................................................ 16
Teoria da condutância eletrolítica....................................................... 21
Eletrodo............................................................................................... 24
Fatores que afetam a cinética de processos eletródicos:
polarização eletródica e equação de Tafel........................................... 24

CAPÍTULO 2 – APLICAÇÕES DOS CONCEITOS:


ELETRO-OXIDAÇÃO X ELETROCOAGULAÇÃO...................... 43
Eletro-oxidação................................................................................... 43
Eletrocoagulação................................................................................. 45
A lei de Faraday e sua importância no processo de eletrocoagulação....... 51
1a Lei de Faraday................................................................................ 51
2a Lei de Faraday................................................................................ 51
Parâmetros operacionais que afetam o tratamento por
eletrocoagulação................................................................................. 55
Material dos eletrodos......................................................................... 56
Arranjo dos eletrodos e tipo de reator................................................. 58
Densidade de corrente, distância intereletrodo................................... 63
Efeito do pH........................................................................................ 67
Parâmetros básicos de custos aplicados à eletrocoagulação............... 90
CAPÍTULO 3 – ATRIBUTOS OPERACIONAIS DE UMA
CÉLULA ELETROLÍTICA POR CORRENTE PULSADA............ 110
Introdução......................................................................................... 110
Corrente contínua pulsada aplicada no tratamento eletrolítico......... 113
Inversão de polaridade ..................................................................... 121

CAPÍTULO 4 – PROCESSO ELETROLÍTICO APLICADO


EM EFLUENTES TÊXTEIS............................................................ 130
A importância da indústria têxtil....................................................... 130
Processo produtivo do setor têxtil..................................................... 132
Corantes utilizados nas indústrias têxteis......................................... 134
Problemática dos efluentes têxteis.................................................... 137
Estudo de caso: avaliação da influência de agentes de
tingimento (surfactante) no processo de tratamento de efluentes
têxteis por eletrocoagulação.............................................................. 138
Seleção das variáveis, design experimental e obtenção das
respostas experimentais.................................................................... 141
Análise dos efeitos significativos...................................................... 146
Apresentação dos modelos quadráticos............................................ 149
Definição das faixas ótimas de cada variável independente............. 151
Estudo de caso: tratamento de efluente têxtil utilizando
corrente direta pulsada...................................................................... 159
Estudo de caso: estudo comparativo do processo de EC
utilizando eletrodos com e sem modificação da superfície.............. 176

CAPÍTULO 5 – PROCESSO ELETROLÍTICO APLICADO


EM EFLUENTES DE GALVANOPLASTIA................................... 199
Galvanoplastia: visão geral............................................................... 199
Efluente gerado pela indústria de galvanoplastia.............................. 205
Métodos de tratamento do efluente................................................... 208
Precipitação química......................................................................... 208
Eletrocoagulação............................................................................... 209
Adsorção........................................................................................... 209
Estudos aplicados ao tratamento da matriz de galvanoplastia.......... 214
Uso da eletrocoagulação no tratamento do efluente......................... 214
Obtenção de biomassa microalgal por eletrocoagulação usando
corrente pulsada................................................................................ 232
Remoção de metais de efluente de galvanoplastia usando
sistema híbrido (eletrocoagulação + biossorção).............................. 236

CAPÍTULO 6 – PROCESSO ELETROLÍTICO APLICADO


NA REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA NATURAL
DA ÁGUA......................................................................................... 248
Matéria orgânica natural (MON)...................................................... 248
Substâncias húmicas (SH)................................................................. 249
Eletrocoagulação na remoção de matéria orgânica natural............... 250
Eletro-oxidação na remoção de matéria orgânica natural................. 257
Remoção de ácido húmico de água utilizando processo
eletroquímico por corrente direta e pulsada – estudo de caso.......... 261
Efeito da densidade de corrente........................................................ 261
Efeito da concentração de NaCl........................................................ 263
Efeito do número de eletrodos.......................................................... 265

CAPÍTULO 7 – APLICAÇÃO DO PROCESSO


ELETROLÍTICO EM ESCALA PILOTO........................................ 272
Contextualização da problemática ambiental................................... 272
Importância do surgimento de novas tecnologias............................. 273
Estação de tratamento de água móvel e compacta visando
ampliar a oferta de água potável nas regiões semiáridas.................. 275
Problemática da escassez de água nos padrões de potabilidade....... 275
Importância do tratamento da água................................................... 275
Prospecção da estação de tratamento de água móvel (ETA-móvel)....... 277
Uso de tecnologias associadas aplicadas ao tratamento de
efluente têxtil para reúso e descarte.................................................. 287
Uso da água na indústria têxtil.......................................................... 287
Problemática dos efluentes têxteis.................................................... 288
Prospecção do sistema piloto de Eletrocoagulação/
Sedimentação/Ozonização................................................................ 290
Aplicação do sistema piloto de tratamento de efluente.................... 293
Eletrocoagulação-floculação/Sedimentação..................................... 293
Eletrocoagulação-floculação/Sedimentação/Ozonização(ECSO)......... 303

OS AUTORES ................................................................................. 308


Capítulo 1
FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE
PROCESSO ELETROLÍTICO

Igor Alves Martins, Francisco Belmino Romero


Luiza Maria Gomes de Sena, Othon Souto Campos
Juliene Tomé Oliveira, Jefferson Pereira Ribeiro
Eliezer Fares Abdala Neto, Ronaldo Ferreira do Nascimento

Introdução

N o Brasil, a evolução do consumo hídrico está associada ao


crescimento populacional e ao processo de urbanização e desenvolvi-
mento econômico do país. No que diz respeito ao consumo de água para
fins industriais, verificou-se um intenso crescimento dessa demanda até
meados dos anos 80, com posterior estagnação e retomada da expansão
nos anos 2000 (LIMA, 2018).
A demanda de água na indústria é reflexo do tipo de produto ou
serviço que está sendo produzido no processo industrial. Além disso, a
intensidade do uso da água depende de vários fatores, entre eles o tipo
de processo e o produto, a tecnologia empregada e boas práticas de
consumo (LIMA, 2018). Como consequência disso, uma grande quan-
tidade de efluente líquido é gerada, necessitando, assim, de tratamento
prévio antes do descarte no ecossistema aquático.
Nesse contexto, o uso de tecnologias eletroquímicas aplicadas ao
tratamento de efluentes industriais vem ganhando importância mundial
14 Estudos da Pós-Graduação

nas últimas duas décadas. As técnicas eletroquímicas mais estabele-


cidas atualmente são a eletrocoagulação, a eletroflotação, a eletrodepo-
sição e a eletro-oxidação (FU, 2017). Essas técnicas possuem como
fundamentação o uso de células eletrolíticas para o tratamento dos
efluentes de interesse. Dessa forma, o primeiro passo para conhecer e
explorar o conteúdo teórico por trás desses sistemas é compreender os
fundamentos físico-químicos básicos do processo de eletrólise e en-
tender como isso pode ser aplicado aos processos de tratamento ante-
riormente citados.

Descrição da célula eletrolítica

Um dos objetivos fundamentais da eletroquímica é o estudo de


sistemas que sofrem processos de oxirredução ao receberem trabalho
elétrico útil (eletrólise). Independentemente do tipo (galvânica ou ele-
trolítica), as células eletroquímicas vão apresentar, no mínimo, duas
estruturas básicas: os eletrodos (condutor elétrico) e um eletrólito (con-
dutor iônico) (TICIANELLI; GONZALEZ, 2013). É necessário, ainda,
que esses eletrodos estejam ligados por um circuito externo que, no
caso de células eletrolíticas, é conectado a uma fonte que aplica uma
diferença de potencial, fazendo com que uma corrente flua para o meio,
forçando a ocorrência de processos de oxirredução (Figura 1.1).
A observação da Figura 1.1 permite o estabelecimento de al-
gumas relações entre a eletroquímica básica e as tecnologias de trata-
mento de efluentes que utilizam eletroquímica. A primeira delas é
quanto aos eletrodos; eles podem ser consumíveis ou inertes. Os ele-
trodos inertes funcionam basicamente como condutores elétricos, favo-
recendo a troca de elétrons que ocorre na interfase eletrodo/solução.
Eles são mais aplicados nas técnicas de eletro-oxidação, uma vez que
são bastante úteis na degradação de compostos orgânicos, pois pro-
duzem radicais hidroxila que são capazes de reagir 106 a 1012 vezes
mais rápido com essas moléculas do que oxidantes alternativos como o
O3 (JARDIM, 2004; NASCIMENTO et al., 2017).
Com relação aos eletrodos consumíveis, eles serão a principal
fonte de material coagulante no processo de eletrocoagulação. O ânodo
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 15

irá sofrer oxidação e corrosão, enquanto o cátodo servirá de superfície


para a redução de espécies iônicas e moleculares presentes no meio
(GARCIA-SEGURA et al., 2017).

Figura 1.1 – Esquema de uma célula eletrolítica

Fonte de alimentação
1,0 A
+ –

Ânodo Cátodo

Fonte: elaborada pelos autores.

Como as células eletrolíticas funcionam por meio da passagem


de uma corrente elétrica que causa a ocorrência de reações não espon-
tâneas (ΔGº > 0), a fonte de energia externa pode fornecer corrente
contínua, pulsada ou alternada, dependendo do processo aplicado
(MORTIMER, 2008). Além disso, o efluente que deverá ser tratado as-
sume o papel do eletrólito, uma vez que ele será o meio que favorecerá,
ou não, a condução iônica dos íons.
16 Estudos da Pós-Graduação

Nesse aspecto, é importante dividir este capítulo em dois tópicos:


um para discutir os processos relacionados ao eletrodo e outro para o
eletrólito. Dessa forma, será possível compreender melhor a função
aplicada de cada um desses componentes na célula eletroquímica e no
tratamento de resíduos industriais aquosos.

Eletrólito e a teoria da condutância eletrolítica

Conceitos básicos

Como visto anteriormente, existe a necessidade de um eletrólito


para que ocorra a existência de células eletroquímicas. A compreensão
da teoria da condutância eletrolítica (ou iônica) é de suma importância
para o entendimento de processos eletroquímicos presentes no trata-
mento de efluentes, uma vez que ela trata do transporte de carga e massa
que é causado por reações eletroquímicas nesses tipos de tratamento.
Além disso, nas técnicas de tratamento eletroquímicas, a formação de
potenciais irreversíveis ou a polarização dos eletrodos provocam muitos
casos de passivação. Esse assunto será tratado no próximo tópico. A
principal consequência disso é a alteração da eficiência ou rendimento
do processo, acarretando custos adicionais.
As soluções iônicas conduzem eletricidade devido ao movimento
de íons e, simultaneamente, ao transporte de matéria oriunda das rea-
ções de oxirredução que acontecem na interface da interfase eletrodo/
eletrólito. A medida fundamental para estudar a migração desses íons
em solução é a de resistência elétrica (R), ou a de condutância (L) –
inverso da resistência de um condutor eletrolítico. A resistência elétrica
da solução é uma propriedade que independe de reações específicas em
nível do eletrodo, tal como ocorre nos potenciais de eletrodo, e ela obe-
dece à Lei de Ohm (ROMERO, 2005). A expressão analítica para o
cálculo da resistência é dada por:

1
L = __ (Eq. 1.1)
R
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 17

Onde:
L = condutância (S = Ω-1)
R = resistência (Ω)

É mais difícil medir a resistência ôhmica de um eletrólito do que


de um fio metálico, pois a variedade de processos químicos e físicos
que ocorrem na interface eletrodo/solução precisa ser separada da queda
de voltagem associada à migração dos íons no meio da solução
(SAWYER et al., 1995).
A resistência (R) de uma solução eletrolítica não pode ser medida
de forma confiável usando-se corrente contínua, pois as variações de
concentração do eletrólito e a formação de produtos de eletrólise nos
eletrodos mudam a resistência da solução e causam polarização nos ele-
trodos. Para eliminar esses efeitos, emprega-se corrente alternada de ele-
vada frequência, baixa intensidade e eletrodos de platina recobertos com
negro de platina coloidal, para aumentar a sensibilidade da medida, fun-
damental para estudar o movimento de íons e a resistência elétrica de
solução eletrolítica (LEVINE, 2002). O princípio da medida é o mesmo
da ponte de Wheatstone, conforme demonstrado no esquema a seguir.

Figura 1.2 – Esquema demonstrando como a resistência elétrica de uma solução


é medida fazendo uso do princípio da ponte de Wheatstone. R1, R2 e R3 são
resistências conhecidas, as quais tornam possível a determinação do valor de Rx,
que é a resistência da solução amostra

­­­Fonte: elaborada pelos autores.


18 Estudos da Pós-Graduação

Como a resistência de um condutor depende da geometria da


célula (Figura 1.3), isso é, da distância entre os eletrodos e da área
superficial deles, conceitua-se condutância específica (condutividade)
como o inverso da resistência específica (resistividade), conforme a
expressão a seguir.

ρ.1
R = _____ (Eq. 1.2)
A

Onde:
ρ = resistividade (Ω cm-1)
l = comprimento
A = área

Figura 1.3 – Exemplo de uma célula de


condutância

Fonte: elaborada pelos autores.


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 19

Sabe-se que:

1
___ 1 1
= ___ . ___ (Eq. 1.3)
ρ R A

Como a condutividade ( κ ) é o inverso da resistividade ( ρ ),


tem-se que a Equação 1.3 pode ser escrita da seguinte forma:

1 1
K = ___ . ___ (Eq. 1.4)
R A

l
A relação ___ é conhecida como constante da célula (K). Dessa
A
forma, a Equação 1.4 pode ser reescrita como:

l
R = ___ . K (Eq. 1.5)
R

De acordo com a Lei de Ohm, em que V é a diferença de poten-


cial elétrico e i a corrente, tem-se que:

V
___
K= (Eq. 1.6)
i
Substituindo a Equação 1.6 na Equação 1.4, é possível estabe-
lecer uma relação entre a diferença de potencial e a condutividade.
i l
K = ___ . ___ (Eq. 1.7)
V A
Ou
__i
A
K = ___ (Eq. 1.8)
V
__
l
20 Estudos da Pós-Graduação

Onde:
i
___ = corrente por unidade de área da secção transversal, também
A
conhecida por densidade de corrente ( j ).
V
___ = queda de potencial por unidade de comprimento ou gradiente
l
de potencial, ou intensidade do campo elétrico ( E ).

Assim, a condutividade pode ser considerada como a corrente


que passa através de uma secção transversal sob ação de gradiente de
potencial unitário (DENARO, 1974).
j
K = ___ (Eq. 1.9)
E
Em um processo eletrolítico de tratamento de efluente, a medida
da condutividade permite analisar a natureza e a concentração do ele-
trólito, suporte que deve ser aplicado ao processo para melhorar o ren-
dimento deste.
A passagem de eletricidade através de uma solução deve-se ao
movimento dos íons presentes nela. Dessa forma, quanto maiores forem
as concentrações dos íons e as velocidades absolutas deles, maior será
a condutividade do meio (MIRANDA-PINTO, 2008) (Figura 1.4).
Condutividade (K)

Figura 1.4 – Aumento


da condutividade da
solução com o au-
mento da concen­tração
de espécies iônicas
presentes no meio
Fonte: elaborada pelos
autores.

Concentração (C)
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 21

Assim, é conveniente levar em consideração a condutividade


por unidade de concentração dos constituintes iônicos da solução
(Equação 1.10), isso é, a condutividade molar (ATKINS, 2006). A
Tabela 1.1 mostra a mobilidade iônica de alguns íons de acordo com a
teoria de Kohlrausch.
K
Ʌ = ___ (Eq. 1.10)
C

Onde:
Λ = condutividade molar (S ∙ cm2 ∙ mol-1)

Tabela 1.1 – Condutividade iônica limite para vários íons

Cátions Λ+º Ânions Λ–º


H+ 34,96 HO– 19,91
Li+ 3,87 CH3COO– 4,09
Na+ 5,01 NO3– 7,15
Ag+ 6,19 Cl– 7,63
K+ 7,35 I– 7,68
Zn2+ 10,56 Br– 7,84
Mg2+ 10,62 SO42– 16,00
Ba2+ 12,72 Fe(CN)64– 44,2
Fonte: (ATKINS, 2006).

Teoria da condutância eletrolítica

O estudo dos íons existentes em soluções eletrolíticas originou-se


quando Arrhenius propôs a sua teoria da ionização. Ele sugeriu que, na
solução de um eletrólito, os íons estão sempre presentes em equilíbrio
com moléculas não ionizadas. Esta teoria teve limitações porque consi-
derava o grau de dissociação menor que uma unidade. Portanto, para
Arrhenius, todos os eletrólitos eram fracos. Muitos outros estudiosos
continuaram a pesquisa dele, entretanto, somente com a teoria de Debye
e Huckel, ficou esclarecida a teoria da ionização dos eletrólitos fortes,
quando o grau de dissociação é igual a uma unidade. De acordo com
22 Estudos da Pós-Graduação

essas teorias, os íons em solução encontram-se apenas dissociados, não


significando que, nessa situação, esteja havendo transporte de carga
(ROMERO, 2005).
No modelo proposto por Debye e Huckel, os íons dissociados, de
sinais opostos, encontram-se ligados por forças eletrostáticas, formando
nuvens esféricas circundadas de moléculas de solvatação ou solvólise,
o que provoca o efeito eletroforético. Esse efeito exerce acentuada im-
portância nesse fenômeno de transporte.
Considerando um processo eletrolítico, quando o circuito é fe-
chado começa a passagem de corrente elétrica. As forças eletrostáticas
criadas na interface dos eletrodos atraem os íons de sinais opostos com
intensidade maior do que a força iônica, cuja expressão é dada por:

1
fi = __
2 Ʃ C Z
i
2
i (Eq. 1.11)

Onde:
fi = força iônica
Ci = concentração
Zi = carga do íon

Como resultado disso, ocorre a deformação das nuvens, em que


elas saem da forma simétrica para a assimétrica, iniciando, assim, o
processo de transporte de carga associado ao fluxo eletrônico. O tempo
gasto para essa deformação depende da natureza e da concentração do
eletrólito, e é chamado de tempo de relaxação (Figura 1.5).
Outro fator importante nessa teoria é a temperatura. Ao contrário
do que acontece aos gases, o aumento da temperatura em um líquido
diminui a viscosidade, afastando o espaçamento entre as nuvens e faci-
litando o transporte de carga. Esse efeito pode ser explicado também
pela termodinâmica, tanto pelo fator entálpico, através do calor de li-
gação, como pelo fator entrópico, pois, com o aumento da temperatura,
há o aumento da entropia ou desordem das nuvens, diminuindo o tempo
de relaxação (ROMERO, 2005).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 23

Figura 1.5 – Esquema demonstrando a deformação da nuvem iônica


por conta da aplicação de corrente no meio

Fonte: Adaptado de (ROMERO, 2005).

É importante ressaltar que a teoria de Debye Huckel é válida


também para eletrólitos fracos, quando eles estão mais concentrados,
pois, nesse caso, apresen-
tam-se forças iônicas (con- Figura 1.6 – Condutância específica de
forme demonstrado na alguns eletrólitos
Figura 1.6). Essa teoria ex-
8
plica a condutância iônica
ser uma especificidade de 7
Condutância específica, ohm-1 cm-1

cada íon e a sua dependência


6
com algumas variáveis,
HC

como temperatura, concen-


I

5
tração, viscosidade, pressão,
KO
H

agitação e pH. 4

Com a aplicação das Na


OH
3
leis de Faraday e o entendi-
mento da teoria iônica, é 2
possível conceituar o nú-
mero de transporte ou mobi- 1

lidade como a fração de cor- 0


CH3COOH
rente elétrica transportada 0 5 10 15
por um íon sobre a corrente Concentração, gEq L-1

total da solução. A mobili- Fonte: Adaptado de (PILLA, 2010).


24 Estudos da Pós-Graduação

dade de um íon depende do campo elétrico criado pela diferença de


potencial. Analisando, de uma forma aplicada, nota-se que a con-
dutância iônica, ao conduzir corrente elétrica, exerce um grande efeito
nos processos eletroquímicos.

Eletrodo

Fatores que afetam a cinética de processos eletródicos:


polarização eletródica e equação de Tafel

Em eletroquímica, tanto os processos em equilíbrio quanto dis-


tantes do equilíbrio são amplamente estudados. Os processos de transfe-
rência de carga (ou reações eletroquímicas) também são sujeitas às leis
da termodinâmica e aos princípios da cinética química, como será mos-
trado adiante. Contudo, o estudo desses sistemas exige um conhecimento
além daqueles químicos habituais: o pesquisador em eletroquímica deve
ter em mente que o estudo desses processos altera simultaneamente a
termodinâmica e a cinética, sendo obrigatória a análise cuidadosa e rigo-
rosa de ambas as esferas da físico-química na eletroquímica.
Dizemos que a eletroquímica é influenciada pela termodinâmica
através do potencial de reação eletroquímica, enquanto que a cinética é
representada pela corrente eletroquímica dessas reações (BARD;
FAULKNER, 2000; TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013; WOLYNEC,
2013). Em termos gerais, a corrente elétrica é proporcional à velocidade
da reação eletroquímica; quando as velocidades (ou correntes) anódica
e catódica se igualam em módulo, diz-se que a reação está em equilí-
brio, supondo que as outras condições de equilíbrio sejam satisfeitas.
Tratando-se do potencial eletroquímico da reação, a natureza do
potencial da reação em equilíbrio provém de duas fontes (AGOSTINHO;
VILLAMIL; NETO, 2004; TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013):
1) Da composição do sólido em contato com o eletrólito; e
2) Da composição do eletrólito.
Como duas interfaces em interfases diferentes estão em contato,
forma-se a dupla camada elétrica, uma região volumétrica que contém
os componentes do eletrólito (solvente, cátions e ânions) distribuídos na
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 25

superfície do eletrodo, conforme a distribuição de Boltzmann


(TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013; WOLYNEC, 2013). A descrição da
dupla camada elétrica é muito extensa e deixamos, na bibliografia suge-
rida, as fontes em que o leitor pode aprofundar-se no tema (BAGOTSKY,
2005; BARD; FAULKNER, 2000; BOCKRIS; REDDY, 1970). Por en-
quanto, o modelo de Stern é-nos mais acessível para o entendimento.
A Figura 1.7 mostra como os íons e o potencial se comportam em
função da distância entre o eletrodo até uma região mais distante deste,
chamada seio da solução. Na área superficial do eletrodo, existe uma
quantidade de íons e solventes que se alinham conforme a carga do
metal que compõe o eletrodo, supostamente negativo (TICIANELLI;
GONZÁLEZ, 2013). Essa primeira camada é chamada camada interna
de Helmholtz (CIH), cuja espessura tem ordem de grandeza de poucos
angstroms. A camada imediatamente posterior à CIH é a camada ex-
terna de Helmholtz (CEH), constituída de íons mais dispersos no sol-
vente cuja ordem de grandeza é comparável ao seu raio de solvatação
(algumas dezenas de angstrom). Alguns livros-texto consideram a CIH
como sendo a camada de Stern, enquanto a CEH é chamada de camada
difusa ou de Gouy-Chapman.
Figura 1.7 – Modelo da dupla camada elétrica de Stern

+ + +
+ + – фMe n+

+ –
+
ELETRODO + –
+
+
фMe + +
+ – +
+
+
+

x1 x2 x
(CIH) (CEH)

Fonte: Adaptado de (BOCKRIS; REDDY, 1970).


26 Estudos da Pós-Graduação

O modelo de Stern mostra que a variação de potencial entre a


superfície do eletrodo e a CIH é linear, enquanto que a variação de po-
tencial na CEH é exponencial até atingir um valor de potencial caracte-
rístico, ϕs (TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013; WOLYNEC, 2013). Este
potencial, como já foi dito, é característico do metal naquele meio, uma
vez que a composição da dupla camada elétrica varia também com a
composição e a concentração do eletrólito. A medição deste potencial
será dada pela inserção de outro eletrodo, e a diferença entre os poten-
ciais característicos ϕs será a diferença de potencial da célula. Como a
dupla camada elétrica se forma nas interfases das interfaces eletrodo/
solução, a medição de potencial absoluta é impossível, sendo neces-
sário outro eletrodo para que a diferença de potencial seja enfim me-
dida. Para que os experimentos potenciométricos fossem padronizados,
convencionou-se que o Eletrodo Padrão de Hidrogênio (EPH) possui
potencial de redução igual a 0,00 V, representado pela equação a seguir
(TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013).

2H+(aq) + 2e- H2(g);Eºred = 0,00V (Eq. 1.12)

Um exemplo prático de equilíbrio e medição de potenciais-


padrão é a reação que faz parte do eletrodo de referência prata/cloreto
de prata mostrada a seguir (HARRIS, 2012).

AgCl(g) + e- Ag(s) + Cl-(aq) ; Eºred = + 0,222V versus EPH (Eq. 1.13)



Seja uma célula contendo um eletrólito de suporte (por exemplo,
KCl) na concentração de 1,0 mol L–1, e que um fio de prata esteja reco-
berto com cloreto de prata. Esta reação coloca em contato a transferência
eletrônica com cloreto de prata, sal insolúvel, desproporcionando-o em
prata sólida e ânion cloreto (TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013;
WOLYNEC, 2013). É preciso observar que tal reação possui uma quan-
tidade de carga representada pelo número de mol de elétrons, chamado
de constante de Faraday, F ≈ 96485 C mol–1. Como há uma reação ele-
troquímica ocorrendo na interface eletrodo/solução (ou seja, na cober-
tura de cloreto de prata com a solução molar de KCl), formou-se um
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 27

potencial relativo a essa interface, chamado potencial de circuito aberto,


cujo valor depende do sistema eletroquímico em estudo. Esse eletrodo
de referência possui um valor fixo de potencial, sendo possível medir o
potencial de uma célula eletroquímica em relação a esse eletrodo de re-
ferência, uma vez que o potencial do eletrodo de referência é conhecido.
Ou seja, ϕs corresponderá ao valor de potencial do eletrodo.
Como qualquer reação em equilíbrio, a equação do eletrodo de
referência Ag/AgCl possui uma energia livre de reação padrão, ∆rGo
(DENARO, 1974; MARON; PRUTTON; LANDO, 1974). Contudo,
para as reações eletroquímicas, convém representar este valor de ∆rGo
como potencial-padrão, Eo, calculado a partir da seguinte equação:

∆rGº = – nFEº (Eq. 1.14)

Convém salientar que a presença de carga elétrica na reação ele-


troquímica permite enquadrar este tipo de eletrodo como sendo ideal-
mente não polarizável, uma vez que quaisquer pequenas variações em
termos de carga (ou corrente) elétrica serão consumidas pelo próprio
equilíbrio, nos termos do princípio de Lê Chetalier (BARD;
FAULKNER, 2000; BOCKRIS; REDDY, 1970). Como este eletrodo
está em equilíbrio, diz-se que se encontra não polarizável, ou incapaz
de perder o equilíbrio.
Com efeito, o eletrodo idealmente polarizável é aquele cuja pro-
priedade é de se afastar rapidamente do equilíbrio, visto que não possui
reação eletroquímica em equilíbrio e cuja única propriedade é acumular
carga em sua região interfacial (DENARO, 1974; TICIANELLI;
GONZÁLEZ, 2013; WOLYNEC, 2013). Um exemplo prático desse
sistema é um eletrodo feito com uma chapa de aço carbono 1020 em
uma solução de KCl 1,0 mol L–1 que, apesar de atingir um potencial de
equilíbrio, a adição de uma carga elétrica à célula desloca o eletrodo do
equilíbrio, uma vez que a carga adicionada à célula mudou as proprie-
dades elétricas da superfície do eletrodo. Uma representação desse sis-
tema encontra-se na Figura 1.8.
28 Estudos da Pós-Graduação

Figura 1.8 – Representação esquemática da célula eletroquímica de


um eletrodo de referência (à esquerda de V) conectado a um eletrodo
de trabalho metálico (à direita de V) conectados a um voltímetro

Fonte: elaborada pelos autores.

A corrente elétrica é importante neste tipo de sistema, já que esta


propriedade do eletrodo idealmente polarizável permite estudar certas
reações que não ocorrem termodinamicamente. Tomamos como exemplo
uma célula eletroquímica contendo um eletrodo de aço carbono e um
eletrodo de referência, prata/cloreto de prata, imersos em KCl 1,0 mol
L–1. Para que a medição de potencial seja constante, ambos os eletrodos
devem estar em série. Considere que tanto o eletrodo de aço carbono
quanto o de referência estejam em série com o eletrólito de suporte,
sendo os eletrodos representados por capacitores e o eletrólito como re-
sistor, conforme Figura 1.9 abaixo (BARD; FAULKNER, 2000).
Figura 1.9 – Representação elétrica do sistema mostrado na Figura 1.8
Re C ER C ET

Fonte: Adaptado de (BARD; FAULKNER, 2000).


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 29

Com base na Figura 1.9, o potencial total é a soma dos potenciais


em série no circuito:

E = Ee + EER + EET (Eq. 1.15)

Em que E representa o potencial medido no circuito, Ee o poten-


cial do eletrólito de suporte, EER o potencial do eletrodo de referência e
EET o potencial do eletrodo de trabalho. Como o potencial de um capa-
citor é E = q/C e considerando a resistência do eletrólito como ôhmico,
temos que:

E = iRe +
q
____
+
CER CET
q .
____
. . E = iRe+ q ( CER+ CET
_________
CER x CET ) (Eq. 1.16)

A capacitância é uma medida elétrica em que se mede a capaci-


dade de uma determinada superfície em acumular carga elétrica em
uma determinada área superficial. A capacitância equivalente de um
sistema de capacitores em série é dominada pelo menor valor de capa-
citância; experimentalmente, a capacitância de um eletrodo de refe-
rência é muito maior. Ou seja, se CER > CET, a equação se reduz a


E = iRe + ( )
q
____
CET
(Eq. 1.17)

Sendo i = dq/dt,

E=
dq
___
R +
dt e ( )
q
____
CET
(Eq. 1.18)

Reorganizando a equação e considerando CET como Cdce, capaci-


tância da dupla camada elétrica do eletrodo,

dq _______
___ q E
+ = ___ (Eq. 1.19)
dr ReCdce Re
30 Estudos da Pós-Graduação

A equação acima é uma equação diferencial ordinária não homo-


gênea. Os detalhes da solução desta equação estão além do escopo deste
livro. A solução, considerando que em t = 0 não há carga elétrica (q = 0),
será igual a (BARD; FAULKNER, 2000):


[ (
q = ECdce 1 – exp – ______

t
ReCdce
)] (Eq.1.20)


Como estamos interessados na corrente elétrica que atravessa a
célula eletroquímica, calcularemos a derivada da equação acima. Desse
modo,

dq
___
dt
E
= i = ___
Re
[exp (– ______
RC
t
)]
e dce
Eq. 1.21)

Ou seja, a corrente elétrica de um experimento eletroquímico


decai exponencialmente após a aplicação de um potencial E, como
mostra a figura a seguir (BARD; FAULKNER, 2000; DAMASKIN,
1981; TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013).

Figura 1.10 – Perfil i versus t para aplicação de potencial

t
Fonte: Adaptado de (BARD; FAULKNER, 2000).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 31

Naturalmente, um questionamento pode surgir: como a corrente


se comporta ao variar o potencial? Essa pergunta é importante, pois a
resposta irá nos levar ao estudo de cinética eletródica (BARD;
FAULKNER, 2000; TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013). Considerando
a equação:

E=
dq
___
R +
dt e ( )
q
____
CET
(Eq. 1.22)

E
E considerando também que ʋ = ___, sob a condição de q = 0
t
quanto t = 0,

t
[
q = ʋCdce 1 – exp – ______
ReCdce
( )] (Eq.1.23)

Ou seja, quando t ≠ 0, a corrente eletroquímica irá se acumular na


superfície do eletrodo até atingir o valor máximo ʋCdce. Invertendo-se
a varredura de potencial, o valor máximo é o mesmo, mas diferente em
sinal, como mostrado na Figura 1.11. Neste caso, na presença de um
eletrólito de suporte, o eletrodo em questão (chamado de trabalho)
“sente” a variação de corrente na sua interface. Contudo, a quantidade
de corrente que atravessa uma célula de dois eletrodos, como no
exemplo anterior, pode causar a polarização do eletrodo de trabalho;
desse modo, insere-se um terceiro eletrodo que será chamado auxiliar,
pois, sendo também um eletrodo idealmente não polarizável, irá for-
necer corrente ao eletrodo de trabalho sem precisar que o eletrodo de
referência perca as suas propriedades eletroquímicas (BOCKRIS;
REDDY, 1970; TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013). Convém lembrar
que a medição de corrente é feita em série, enquanto a medição de po-
tencial é feita em paralelo.
Até o momento, foi visto como a corrente eletroquímica varia no
eletrodo de trabalho na ausência de uma espécie eletroquímica, seja
anódica, seja catodicamente ativa. Na presença dessa espécie, a res-
32 Estudos da Pós-Graduação

posta de corrente varia muito, uma vez que diversas mudanças termodi-
nâmicas e cinéticas ocorrem simultaneamente, e o leitor está convidado
a estudar a dedução das equações mostradas a seguir nos livros-texto
dedicados à eletroquímica, caso haja interesse (BARD; FAULKNER,
2000; BOCKRIS; REDDY, 1970; DAMASKIN, 1981; DENARO,
1974; OLIVEIRA-BRETT; BRETT, 1996; TICIANELLI; GONZÁLEZ,
2013; WOLYNEC, 2013).

Figura 1.11 – Perfil i versus t para uma rampa de potencial

i
v C dce

- v C dce

t
Fonte: elaborada pelos autores.

A quantidade de polarização de um eletrodo pode ser resu-


mida pelo sobrepotencial (ou sobretensão) (TICIANELLI;
GONZÁLEZ, 2013):

η = E – Eeq (Eq. 1.24)

O sobrepotencial é uma diferença de potencial em que o poten-


cial aplicado E é realizado em função de Eeq, potencial de equilíbrio.
Quando η > 0, a reação eletroquímica predominante será a anódica,
enquanto η < 0 a reação eletroquímica predominante será a catódica.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 33

Em corrosão, geralmente as reações em estudo são relativas à


oxidação de um metal, enquanto que as reações catódicas é a reação de
redução de hidrogênio em meio ácido, ou redução de oxigênio na água
(BARD; FAULKNER, 2000; DAMASKIN, 1981; GENTIL, 2011;
WOLYNEC, 2013):

M → Mn+ + ne- (Eq. 1.25)


2H+ + 2e- → H2 (Eq. 1.26)
O2 + 4H+ + 4e- → 2H2O (Eq. 1.27)

Apesar de outras reações ocorrerem, essas são as mais comu-


mente estudadas. Em termos de cinética eletródica, a quantidade de cor-
rente associada à polarização catódica ou anódica será governada pela
equação de Butler-Volmer, considerando que as reações ocorram so-
mente por transferência de carga (BARD; FAULKNER, 2000;
TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013; WOLYNEC, 2013):


i=i
º
{exp (____
αzF
RT
η) – exp[– _______ η]}
(t–α)zF
RT
(Eq.1.28)

Em que a expressão acima relaciona o comportamento da cor-


rente em função dos sobrepotenciais. É possível observar que, em
termos de transferência de carga, é possível alterar simultaneamente
parâmetros termodinâmicos (sobrepotencial) e cinéticos (corrente ele-
troquímica), dependente também de termos microscópicos como o fator
de simetria, α; e corrente de troca, io (BARD; FAULKNER, 2000;
TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013). A representação das curvas é mos-
trada na Figura 1.12.
Em termos de cinética das reações eletroquímicas, duas situações
podem ocorrer (BARD; FAULKNER, 2000; TICIANELLI;
GONZÁLEZ, 2013):
34 Estudos da Pós-Graduação

Figura 1.12 – Curvas de Butler-Volmer em um


diagrama i versus E – Eeq

Região anódica
Região catódica
Região total
i

E – E eq
Fonte: elaborada pelos autores.

1) Supondo η » 0

Nesta situação, a reação anódica se sobrepõe à catódica, e o

termo exp

(– (t–α)zF
RT
)
______ η se anula, e a equação de Butler-Volmer se

reduz a

ia = i
º
[exp (____
αzF
RT
)] (Eq. 1.29)

2) Supondo η « 0

Neste caso, a reação catódica se sobrepõe à anódica, tendo o

termo exp [–αzF ]


___ η anulado, reduzindo a equação de Butler Volmer a
RT


ic = – i exp
º [_______
(t–α)zF
RT
η) (Eq.1.30)
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 35

Em ambos os casos, a equação pode ser reduzida em termos de


logaritmo natural, considerando que ln x = 2,303 log x. Sendo assim,
surge a equação de Tafel,

i
η = ±b log ___ (Eq. 1.31)
io

Em que o sobrepotencial é linearmente dependente do logaritmo da


razão das correntes do processo eletroquímico e da corrente de troca desse
processo. Apesar dessa equação ser rigorosamente matemática, é mais
comum se apresentar da forma a seguir (TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013):

η = a ± b log i (Eq. 1.32)

Em que a é o coeficiente linear da equação de Tafel (log i o),


enquanto que ± b representa o coeficiente de Tafel da reação, e b =
RT
2,3 ____, característico de cada reação eletroquímica que obedece às
αnF
condições de ativação.
Como o eletrodo está sendo polarizado, certamente está longe
das condições de equilíbrio. Pelo princípio da conservação das cargas,
a somatória das correntes anódicas e catódicas de um determinado sis-
tema eletroquímico deve ser igual a zero (BOCKRIS; REDDY, 1970;
DAMASKIN, 1981; GENTIL, 2011). Portanto, esse sistema possui um
potencial relativo à soma dessas correntes chamado potencial de cir-
cuito aberto. Como foi dito anteriormente, as reações anódicas e cató-
dicas são, respectivamente, a reação de corrosão do eletrodo e a reação
de desprendimento de hidrogênio. A “mistura” dessas reações é repre-
sentada em um diagrama de Evans, em que o potencial é correlacionado
com o log i. Supondo um sistema com controle por ativação, as curvas
de Tafel são representadas na Figura 1.13 a seguir.
36 Estudos da Pós-Graduação

Figura 1.13 – Curvas de polarização para corrosão/


deposição do metal e redução/oxidação de hidrogênio

log i

H
+
+e
-→

ne –
_1_ H

+
n+
2

M
2

e–
icorr

H ++
M
n+

2 H2 →
+

iHo 2 / H+sobre M
ne

_1_

M

o
i M / M n+

EMo / M n+ Ecorr o
EH2 / H+ E

Fonte: elaborada pelos autores.

Como se pode observar, as reações de desprendimento/oxidação


de hidrogênio em conjunto com a corrosão e eletrodeposição do metal
são mostradas e representadas pelos seus potenciais de equilíbrio e cor-
rente de troca característicos. Como o princípio da conservação de
cargas é obedecido, a somatória das correntes anódica e catódica é igual
a zero, e as correntes anódicas e catódicas individuais serão iguais no
momento em que a curva de Tafel da dissolução anódica do metal [re-
presentado por (M → Mn++ ne-)] toca a curva de Tafel da reação de
desprendimento de hidrogênio. O valor de potencial que cruza ambas as
curvas é chamada de potencial de corrosão, Ecorr, enquanto a corrente
(ou densidade de corrente correspondente) é chamada corrente de cor-
rosão, icorr. Convém lembrar mais uma vez que o eletrodo está afastado
do equilíbrio e tais grandezas dependem da superfície e do meio estu-
dado. Da mesma maneira, a equação de Tafel é governada simultanea-
mente pela cinética (corrente eletroquímica) e termodinâmica (sobrepo-
tencial) das reações eletroquímicas (BARD; FAULKNER, 2000;
TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 37

O diagrama de Evans é particularmente útil para análise em cor-


rosão, uma vez que descreve o sistema eletroquímico em ambas situa-
ções, tanto nas reações catódicas (redução de hidrogênio, redução de
oxigênio etc.) quanto nas reações anódicas (corrosão do metal, processo
de ativação/passivação etc.) (GENTIL, 2011; WOLYNEC, 2013). Em
se considerando a equação de Tafel, existem duas regiões distintas no
gráfico: a região de corrente à esquerda do potencial de circuito aberto
(dependendo do sistema estudado, pode-se considerar o potencial de
corrosão) é chamada ramo catódico. Como o nome sugere, é uma re-
gião dominada pelas diversas reações catódicas existentes em solução.
A recíproca é verdadeira: a região à direita do potencial de circuito
aberto é chamada ramo anódico, onde os processos de corrosão e passi-
vação do eletrodo de trabalho ocorrem.

Figura 1.14 – Curva de polarização teórica para um sistema


eletro­químico convencional de três eletrodos

log i

o
log iH2 / H+ 2H + e–
+2 n+ +n
e -→ M
H2 M→

log icorr

o
log iM / M n+
RAMO CATÓDICO RAMO ANÓDICO

Ecorr E

Fonte: Adaptado de (McCAFFERTY, 2005).

Observe que o encontro das curvas de Tafel nos dá tanto o poten-


cial quanto a corrente de corrosão (McCAFFERTY, 2005). Convém
lembrar que o método de extrapolação de Tafel para obtenção de Ecorr e
icorr nas regiões lineares é para que se tenha certeza de que o controle
38 Estudos da Pós-Graduação

seja por ativação. Nem todas as curvas são simétricas ou permitem que
se aplique o método de extrapolação de Tafel. McCafferty publicou, em
2005, um trabalho intitulado “Validation of corrosion rates measured by
the Tafel extrapolation method”, publicado na revista Corrosion
Science, v. 47, ed. 12, 2005.

Na presença de um inibidor de corrosão, poderia haver duas coisas:


1) Deslocamento do potencial de corrosão para valores mais
positivos;
2) Diminuição das correntes nos ramos anódico e catódico.

A presença do inibidor afeta diretamente a termodinâmica e a


cinética da corrosão, já que as velocidades das reações eletroquímicas
são traduzidas pela corrente eletroquímica associada (DENARO, 1974;
TICIANELLI; GONZÁLEZ, 2013). A diminuição das correntes eletro-
químicas no ramo anódico traduz a diminuição na velocidade de cor-
rosão do metal, enquanto o deslocamento para valores mais positivos de
potencial traduz mais energia para que a corrosão ocorra. Isso acontece
devido à mudança na corrente de troca, corrente esta associada ao equi-
líbrio. Com a diminuição da corrente de troca, torna-se mais difícil a
reação de oxidação e, consequentemente, o potencial de corrosão é des-
locado para valores mais positivos, como mostrado na Figura 1.15.
Em termos experimentais, a curva de polarização também pode
mostrar regiões de passivação/ativação da superfície eletródica, como
mostrado na Figura 1.16. Após o potencial de corrosão, o eletrodo
pode sofrer uma pequena passivação e a corrente cair consideravel-
mente, sendo que as regiões que compõem a diminuição e estabili-
zação de corrente são chamadas de transpassivação e passivação, res-
pectivamente, como mostrado na figura a seguir (GENTIL, 2011;
WOLYNEC, 2013).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 39

Figura 1.15 – Curvas de polarização teórica mostrando a


diferença de um eletrodo na ausência (a) e na presença (b)
de inibidor de corrosão
log i
e–
n+ +n
M
M→
e–
n+ +n
M
M→

log io
(a)

log io (b)

E
Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 1.16 – Curva de polarização detalhando o potencial de


Flade, icrit , ipass e eletrodo ativado (a) e passivado (b) após o
potencial de Flade

log i
(a)

log icrit
TRAN

VA
ATI
S
PASSIV

IVO-
PASS O

REG
AÇÃO

(b)
PASSIVAÇÃO
log ipass

EF E
Fonte: Adaptado de (WOLYNEC, 2013).
40 Estudos da Pós-Graduação

Em um dado valor de potencial, a corrente começa a aumentar


até chegar a um valor máximo (região de transição passivo-ativa); o
valor máximo de corrente é chamado de corrente crítica (icrit), e o po-
tencial correlacionado é chamado de potencial de Flade, EF. Após o
potencial de Flade, duas coisas podem acontecer (GENTIL, 2011;
WOLYNEC, 2013):

1) O eletrodo será passivado através de uma camada de óxido


aderente;
2) O eletrodo será ativado, apesar da camada de óxido.

Se a situação (1) acontecer, a formação de óxido, altamente resis-


tivo, passivará o eletrodo de modo que a corrente após EF atingirá o
valor de ipass, significando que qualquer valor de potencial acima de EF
passivará o eletrodo, sendo totalmente passivo (GENTIL, 2011;
WOLYNEC, 2013). Em termos práticos, um eletrodo que faça parte de
processos oxidativos avançados, a passivação é ruim, uma vez que a
superfície do eletrodo deve estar disponível para que haja transferência
de carga e posterior oxidação da molécula a ser degradada. Por outro
lado, a eletrocoagulação também é afetada, visto que os óxidos insolú-
veis também interagem com a molécula a ser removida do meio, e a
aderência desses óxidos torna-se um impeditivo para uso em eletrocoa-
gulação. Uma alternativa para que se quebre a barreira de óxido aderido
ao eletrodo é aumentar o potencial até atingir o potencial de ruptura do
filme, mas o custo energético é muito alto. Portanto, os eletrodos devem
ser ativos após EF, pois menos energia será necessária para promoção
do processo de remoção, quer seja via degradação eletroquímica, quer
seja por eletrocoagulação.

Referências

ATKINS, P.; DE PAULA, J. Physical chemistry. 8. ed. Oxford: Oxford


University Press, 2006.
BOCKRIS, J. O.; REDDY, A. K. N. Modern Electrochemistry. Boston,
MA: Springer US, 1970.
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BARD, A. J.; FAULKNER, L. R. Electrochemical Methods: fundamentals


and applications. 2. ed. New York: John Wiley & Sons, 2000.
DAMASKIN, B. B. Fundamentos de la electroquímica teórica.
Moscou: MIR Editorial, 1981.
DENARO, A. R. Fundamentos de Eletroquímica. São Paulo: Edgard
Blucher, 1974.
FU, F.; WANG, Q. Removal of heavy metal ions from wastewaters: A
review. Journal of Environmental Management, v. 92, p. 407-418, 2011.
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Capítulo 2
APLICAÇÕES DOS CONCEITOS
Eletro-oxidação x eletrocoagulação

Igor Alves Martins, Francisco Belmino Romero


Luiza Maria Gomes de Sena, Eliezer Fares Abdala Neto
Juliene Tomé Oliveira, Álvaro Amanajás Amazonas
Jefferson Pereira Ribeiro, Ronaldo Ferreira do Nascimento

Eletro-oxidação

A ssim como em qualquer processo eletroquímico, na eletro-


-oxidação ocorrem reduções no cátodo e oxidações no ânodo e a ideia
fundamental da aplicação desse processo é a utilização das reações
redox para oxidar poluentes orgânicos e reduzir metais pesados. A oxi-
dação de poluentes orgânicos no ânodo ocorre por meio de dois meca-
nismos distintos: a oxidação anódica direta e a oxidação indireta
(MARTÍNEZ-HUITLE; BRILLAS, 2009; MOREIRA, 2017).
Na oxidação anódica direta ocorre a transferência de carga dire-
tamente entre a superfície do eletrodo e a molécula do poluente. O me-
canismo é promovido apenas por meio da troca de elétrons que são ca-
pazes de oxidar poluentes orgânicos em potenciais definidos acima do
potencial de evolução de oxigênio. Para que essa etapa ocorra, é neces-
sária a adsorção do poluente na superfície do eletrodo. Já a oxidação
indireta ocorre com a geração de espécies com alto potencial de oxi-
dação na superfície do eletrodo. Diversas espécies podem ser geradas
44 Estudos da Pós-Graduação

durante o processo de eletro-oxidação, com destaque para as espécies


reativas de oxigênio e as espécies de cloro.
A geração indireta de espécies ativas de cloro ocorre através da
oxidação do cloreto no ânodo e gera gás cloro (Equação 2.1).
Dependendo das condições do meio, ao passar da camada de difusão do
eletrodo, o cloro é rapidamente hidrolisado, convertendo-se em ácido
hipocloroso (Equação 2.2) que, em solução, encontra-se em um equilí-
brio ácido-base com o hipoclorito (Equação 2.3).

2Cl - → Cl2 + 2e- (Eq. 2.1)


Cl2 + H2O → HClO + Cl - + H+ (Eq. 2.2)
HClO ⇋ H+ + ClO - (Eq. 2.3)

A geração indireta de espécies depende da geração do radical


hidroxila adsorvido no eletrodo. Com o objetivo de produzir mais radi-
cais hidroxila adsorvidos, ânodos com maiores sobrepotenciais de evo-
lução de oxigênio devem ser usados. A influência eletrocatalítica do
material anódico no processo na mineralização dos poluentes foi e
ainda é amplamente estudada, levando a classificação dos materiais
anódicos em “ativos” e “não ativos” (GARCIA-SEGURA et al., 2017;
WEINBERG; WEINBERG, 1968).
Via de regra, quanto maior for o potencial de evolução de oxi-
gênio para o material anódico, menor será a interação do radical hidro-
xila com a superfície do eletrodo e maior será a reatividade química
para a oxidação de compostos orgânicos. Os ânodos ativos são apenas
capazes de induzir a conversão de compostos orgânicos a substâncias
mais biodegradáveis, como ácidos carboxílicos de cadeia curta. No en-
tanto, esse tipo de eletrodo não possibilita a completa mineralização do
carbono. Isso ocorre pelo fato de o potencial desse tipo de metal estar
próximo ao potencial de evolução de oxigênio (E = 1,23 V), resultando
na formação preferencial de espécies quimissorvidas. Normalmente o
potencial desses materiais não ultrapassa 1,8 V (MARTINEZ-HUITLE
et al., 2006).
Para os ânodos não ativos, os radicais hidroxila que são gerados
se encontram fisissorvidos na superfície do eletrodo, possibilitando,
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 45

assim, um maior poder oxidante para a completa remoção dos poluentes


orgânicos na forma de CO2. Vale salientar que os materiais anódicos
não são exclusivamente ativos ou não ativos. Essa classificação é reali-
zada com base no comportamento majoritário das reações de cada ma-
terial; no entanto, o mesmo eletrodo pode apresentar ambos meca-
nismos de adsorção do radical hidroxila (NASCIMENTO et al., 2017).

Eletrocoagulação

O processo de coagulação convencional, também chamado de


coagulação química, mostra-se como um grande campo aplicado ao tra-
tamento de água. Esse processo é utilizado no mecanismo de remoção
de partículas sólidas e cores persistentes nas águas por meio da adição
de agentes coagulantes.
A coagulação-floculação, resumidamente, é um processo de duas
fases que atua na remoção de partículas estáveis pela formação de
grandes quantidades de agregados que, subsequentemente, podem ser
separados da fase aquosa (HARIF; KHAI; ADIN, 2012). A primeira
fase, chamada de etapa preliminar (coagulação), representa o processo
de desestabilização das partículas por meio da redução entre as forças
repulsivas que permeiam essas espécies (HOGG, 2005). O processo de
repulsão interpartícula é ocasionado devido à interação da dupla ca-
mada elétrica que recobre a superfície externa das espécies em meio
aquoso. A adição de espécies iônicas solúveis afeta diretamente o po-
tencial da superfície (diferença de potencial elétrico entre a parte ex-
terna das partículas e a solução) de partículas coloidais por meio da
adsorção à superfície da partícula ou por compressão da dupla camada.
A gama de espécies que pode ser adsorvida à superfície externa da par-
tícula inclui cátions e ânions multivalentes, surfactantes iônicos e, par-
ticularmente, em sistemas aquosos, íons hidrogênio e hidroxila (HARIF;
KHAI; ADIN, 2012).
A segunda fase é a floculação e consiste na agregação de partí-
culas coaguladas e posterior formação de precipitados/flocos. O pro-
cesso de agregação, portanto, é dependente do grau de desestabilização
alcançado na fase de coagulação e da taxa de colisão entre as partículas
46 Estudos da Pós-Graduação

instáveis (BOUYER; LINÉ; DO-QUANG, 2004). Entretanto, o cresci-


mento de flocos ocorre durante uma etapa de mistura lenta através de
um gradiente de velocidade (VERMA; DASH; BHUNIA, 2012).
Coagulantes proeminentes utilizados no tratamento de efluentes
são sais metálicos de alumínio e ferro, sendo os mais comuns: sulfato
de alumínio Al2(SO4)3, cloreto de alumínio AlCl3, aluminato de sódio
NaAlO2, sulfato férrico Fe2(SO4)3, sulfato ferroso Fe2SO4 e cloreto fér-
rico FeCl3 (BRATBY, 2016). A partir desses sais, ambos os metais
podem formar íons multivalentes, Al3+, Fe2+, Fe3+ e vários produtos de
hidrólise (espécies mononucleares amorfas e hidróxidos polinucleares)
dependentes do pH da solução.
Para aplicações práticas em efluentes (Figura 2.1), o tratamento
por meio da coagulação química requer, portanto, a adição de reagentes
químicos para a promoção da desestabilização dos poluentes no meio
aquoso e ajuste de pH, além da otimização de processos de mistura e
crescimento dos flocos pós-coagulação.

Figura 2.1 – Ilustração simplificada do processo de coagulação química aplicado


à remoção de poluentes coloidais
Adição do Formação dos Remoção dos
coagulante flocos e poluentes via
captura dos formação de
poluentes precipitado

Poluente Flocos Lodo

Fonte: elaborada pelos autores.

O processo de eletrocoagulação se apresenta como uma evolução


do mecanismo de coagulação química convencional, como descrito ante-
riormente, desenvolvendo-se devido à necessidade de tecnologias alter-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 47

nativas de tratamento de águas residuais que possuam aplicação viável


tanto no sentido econômico quanto em eficiência de remoção de po-
luentes (GARCIA-SEGURA et al., 2017; HAKIZIMANA et al., 2017).
Em um sistema de eletrocoagulação, um número de reações
ocorre no cátodo e no ânodo (Figura 2.2); a formação do agente coagu-
lante in situ apresenta-se como o grande diferencial, seguindo a partir
das etapas:

1. Formação do coagulante por oxidação eletrolítica do eletrodo


de sacrifício (ânodo).
2. Enfraquecimento dos poluentes, suspensões de partículas e
quebra de emulsões.
3. Agregação das partículas desestabilizadas para formar flocos.

A atuação da etapa de coagulação no processo eletrolítico corres-


ponde aos seguintes mecanismos (NAJE et al., 2017):

1. Compressão da dupla camada difusa próximo às partículas do


poluente carregadas, através da interação entre os íons produ-
zidos pela oxidação do ânodo de sacrifício.
2. Balanceamento de carga das espécies carregadas (poluente) no
meio aquoso com os contraíons liberados através da disso-
lução eletroquímica do ânodo. Os contraíons tendem a dimi-
nuir a repulsão interpartícula, na medida em que a atração de
Van der Waals prevalece, resultando em coagulação.
3. O floco formado pela agregação dos coágulos produz uma
manta de lodo, que captura e une as demais espécies coloidais
em meio aquoso. Além dessa manta de lodo, são também for-
mados óxidos sólidos, hidróxidos e oxihidróxidos que pos-
suem uma superfície ativa e agem capturando os poluentes no
meio aquoso.
48 Estudos da Pós-Graduação

Figura 2.2 – Reações gerais que ocorrem durante o processo de remoção de


poluentes por eletrocoagulação

Fonte: elaborada pelos autores.

O mecanismo reacional da dissolução eletroquímica consiste em


dois processos. O primeiro corresponde à dissolução anódica do metal
durante a aplicação da corrente elétrica; e o segundo envolve a disso-
lução química devido à interação do metal com o efluente (meio
aquoso). A seguir, são apresentadas as reações mais comuns que
ocorrem durante a eletrocoagulação quando utilizados ânodos/cátodos
de alumínio e ferro (CAN et al., 2006; DEMIRCI; PEKEL; ALPBAZ,
2015a; MOLLAH et al., 2004a):
• Dissolução anódica do metal

Al(s) → Al3+
(aq)
+ 3e- (Eq. 2.4)
Fe(s) → Fe2+
(aq)
+ 2e- (Eq. 2.5)
Fe2+ 3+ -
(aq) → Fe (aq) + e (Eq. 2.6)

• Formação de hidróxidos mononucleares


Al3+
(aq)
-
+ 3OH(aq) → Al(OH)3(s) (Eq. 2.7)
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 49

Fe2+
(aq)
-
+ 2OH(aq) → Fe(OH)2(s) (Eq. 2.8)

Fe3+
(aq)
-
+ 3OH(aq) → Fe(OH)3(s) (Eq. 2.9)

4Fe(OH)2(s) + O2(aq) + 2H2O → 4Fe(OH)3(s) (Eq. 2.10)

• Interação química com a água

2Al (s) + 6H 2 O → 2Al(OH)3(s) + 3H2(aq) (Eq. 2.11)

2Al(s) - + 2[Al(OH) ]- +3H


+ 6H2O → 2OH(aq) (Eq. 2.12)
4 (aq) 2(aq)

2+ + 1
__ 3+ +2OH-
2Fe(aq) O + H2 O → 2Fe(aq) Eq. 2.13)
2 2(aq) (aq)

• Redução catódica de metais e formação de filmes metálicos/óxidos

Fe2+
(aq)
+ 2e- → Fe(s) (Eq. 2.14)
+2e- → 3FeO + 2OH(aq)
Fe3O4(s) + H2O - (Eq. 2.15)

• Oxidação/Redução da água durante a eletrólise


+ + 4e-
2H2O → O2(s) + 4H(aq) (Eq. 2.16)
+ +2e- → H
2H(aq) .
2(g) . .pH< 7 (Eq. 2.17)

2H2O + 2e- → H2(g) + 2OH-2(g) ...pH ≥ 7 (Eq. 2.18)

Tendo em vista o descrito anteriormente, os efeitos semelhantes


entre as duas técnicas são bastante significativos (BRILLAS;
MARTÍNEZ-HUITLE, 2015; CHEN, 2004). Entretanto, o processo de
eletrocoagulação conta com vantagens em relação ao tratamento físico-
-químico convencional (coagulação química) (BRILLAS; MARTÍNEZ-
HUITLE, 2015; LIN & PENG, 1994; MEUNIER et al., 2006):
• Separação mais rápida e efetiva da matéria orgânica em compa-
ração com a coagulação química.
50 Estudos da Pós-Graduação

• Não necessidade de controle de pH, com exceção de efluentes


extremos e altamente recalcitrantes.
• Coagulantes são diretamente gerados in situ, tornando desneces-
sária a adição de sais metálicos, evitando a inserção de íons,
como cloreto e sulfato, que representam ânions competitivos.
• Baixa produção de lodo em função da baixa inserção de produtos
químicos.
• Custos de operação bastante baixos quando comparado a tecno-
logias convencionais.
• Combina métodos de oxidação, coagulação e precipitação, tor-
nando-se um método de tratamento não específico em relação
aos poluentes.

Apesar das vantagens enumeradas, algumas desvantagens que


precisam ser citadas acompanham essa técnica (BOCOS et al., 2016;
MARTÍNEZ-HUITLE; BRILLAS, 2009; YANG et al., 2015):

• Possibilidade, dependendo do tipo de efluente, de passivação


anódica e/ou deposição de lodo nos eletrodos, inibindo os pro-
cessos eletrolíticos no processo de operação contínua,
(COMNINELLIS; CHEN, 2010).
• Apesar de uma quantidade menor de lodo produzida em com-
paração com a coagulação química convencional, tem-se um
lodo altamente concentrado em metais, prejudicando a libe-
ração direta no meio ambiente. Dessa forma, é necessário um
pós-tratamento para reduzir tanto a quantidade de metais dissol-
vidos quanto no precipitado, após o processo eletroquímico.
• Troca periódica dos ânodos de sacrifício que são consumidos du-
rante o processo.
• Inibição dos processos catódicos devido à deposição de metais
(em especial, efluentes que contenham cálcio e magnésio),
evitando a liberação do gás H2, implicando a utilização de cor-
rente alternada.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 51

A Lei de Faraday e sua importância no processo


de eletrocoagulação

A densidade de corrente é um parâmetro-chave no processo de


eletrocoagulação, já que se trata de um dos poucos parâmetros opera-
cionais que podem ser controlados diretamente durante o tratamento.
Esse controle promove uma influência sobre as reações anódicas e ca-
tódicas e obviamente sob a taxa de reatividade entre o íon metálico li-
berado e o poluente, representado pelo coloide em meio aquoso. A Lei
de Faraday representa a principal relação entre a densidade de corrente
e a quantidade de íons metálicos dissolvidos no processo de eletrocoa-
gulação (WALSH, 1991).
A partir de um trabalho clássico conduzido por Michael Faraday,
no século XIX, foram produzidas duas leis, publicadas nos anos de
1833 e 1834 (WALSH, 1991). De acordo com a literatura, a Lei de
Faraday representa um importante modelo matemático no campo ele-
troquímico dividido em duas expressões (XAVIER, 2019):

1a Lei de Faraday

A massa de substância liberada em um eletrodo durante um pro-


cesso eletrolítico é proporcional à quantidade de carga elétrica (me-
dida em Coulombs) que passa pelo sistema em estudo.

m = k1 . Q (Eq. 2.19)
Onde:
m = massa da substância liberada em gramas (g)
k1 = constante de proporcionalidade
Q = quantidade de carga elétrica em Coulombs (C)

2a Lei de Faraday

Empregando-se a mesma quantidade de carga elétrica em dife-


rentes eletrólitos, a massa de substância eletrolisada, em qualquer um
dos eletrodos, é diretamente proporcional ao equivalente-grama (E).
52 Estudos da Pós-Graduação

m = k2 . E (Eq. 2.20)

Onde:
m = massa da substância liberada em gramas (g)
k2 = constante de proporcionalidade
E = equivalente-grama da substância em estudo

Dois conceitos importantes foram empregados nas duas equa-


ções (2.19 - 2.20): a carga elétrica (Q) e o equivalente-grama (E). De
acordo com a definição, a carga elétrica é dada pela quantidade de elé-
trons transportados por uma determinada corrente elétrica (i) em um
intervalo de tempo (t). A equação 2.21 ilustra essa definição:

Q = i . t (Eq. 2.21)

O outro conceito empregado trata-se do equivalente-grama (E).


O equivalente-grama de um elemento químico é a razão entre sua massa
molar MM (g mol-1) e sua respectiva valência (x), sendo esta relação
expressa na equação 2.22:
MM
_____
E= (Eq. 2.22)
x
Unindo as equações 2.19 e 2.20, que representam a 1a e 2a leis de
Faraday, tem-se a seguinte expressão:

m = [k1. Q . k2 . E] ... m = [(k1 . k2) . Q . E] (Eq. 2.23)

Considerando que os valores de k1 e k2 promovem a geração de


uma nova constante de proporcionalidade K, tem-se:

m = [K . Q . E] (Eq. 2.24)

Segundo a literatura (WALSH, 1991), verifica-se, por meio ex-


perimental, que, passando por uma célula eletrolítica uma quantidade
de carga Q igual a 96.486 C, a massa eletrolisada m de uma substância
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 53

é sempre igual ao seu equivalente-grama E, não importando o tipo de


eletrólito utilizado, então:

m = E (Eq. 2.25)

Realizando a substituição de 2.25 em 2.24 e Q = 96.486 C,


obtém-se:
. 1
_______
E = K . E . 96.486 . . K = (Eq. 2.27)
96.486

Novamente substituindo as equações 2.21 e 2.22 em 2.27 tem-se


a seguinte expressão geral:

1
_______ MM
m= . _____ . i . t (Eq. 2.28)
96.486 x

A partir da determinação do valor da carga de 1 elétron


(1,602189x10-19 C) foi possível associar o valor de 1 mol de elétrons
(6,02x1023 elétrons) a determinada quantidade de carga. O produto
desses dois valores (carga de 1 elétron x 1 mol de elétrons) é igual a
96.486 C mol-1. A partir dessa constatação, definiu-se 1 Faraday (1 F)
por 96.486 C mol-1. A reorganização da equação 2.28, leva à equação
geral da eletrólise para a massa produzida:

.
MM i t .
_________
m= (Eq. 2.29)
Fx

O Faraday (F), na verdade, é uma constante definida como a quan-


tidade de eletricidade necessária para produzir 1 equivalente-grama de
uma substância em cada eletrodo durante o processo eletrolítico. Os va-
lores de referência para a equação 2.29 levam em conta a massa molar em
(g mol-1), corrente elétrica em ampere (A) e o tempo em segundos (s).
Apesar de bastante representativos, os valores de massa obtidos a
partir da equação 2.29 são teóricos e, quando comparados a valores ob-
54 Estudos da Pós-Graduação

tidos experimentalmente, podem variar em função do meio aquoso utili-


zado. Dessa forma, os valores fornecidos pela equação geral da eletró-
lise (equação 2.29) deve corresponder à quantidade máxima teórica de
íons metálicos produzidos com uma eficiência de corrente igual a 100%,
ou seja, quando isso ocorre, toda a corrente elétrica empregada no sis-
tema eletroquímico é responsável por promover a oxidação do ânodo.­­
Dados experimentais sugerem que os valores de massa despren-
didos do ânodo podem ser maiores do que o previsto pela Lei de Faraday
(HAKIZIMANA et al., 2017; PICARD et al., 2000). Esse fenômeno é
chamado de eficiência superfaradaica. Uma das proposições feitas para
explicar esse fenômeno corresponde a um processo de corrosão natural
devido à imersão prolongada no efluente, além da sequência de modifi-
cações do pH da zona próxima aos eletrodos durante o processo de
eletrocoagulação (CHEN, 2004). Um processo de dissolução catódica,
principalmente quando se utiliza alumínio, ocorre devido ao aumento
do pH (redução da água e consequente formação do íon OH-) na super-
fície do cátodo.
Outra possível explicação citada em estudos corresponde à for-
mação de corrosão localizada (pite), típicas de metais cuja proteção é
baseada em filmes de óxidos formando uma camada de passivação
(KUOKKANEN et al., 2013; KUOKKANEN, 2015). O pite representa
um ataque extremamente localizado, que produz buracos no metal ou
em uma liga, sendo uma das formas mais destrutivas de corrosão. A
severidade do ataque ao metal é controlada pelo meio ambiente, con-
centração de cloreto, acidez eletrolítica, concentração de espécies oxi-
dantes, temperatura, estrutura do metal, composição para o caso de
ligas e concentração de oxigênio dissolvido (BURSTEIN et al., 2004;
PISTORIUS; BURSTEIN, 1992).
Paralelo ao conceito da Lei de Faraday, tem-se o de eficiência de
corrente que, combinados, fornecem importantes dados no processo de
eletrocoagulação. Como descrito anteriormente, a predominância da re-
ação de oxidação do ânodo é bastante importante para a remoção por ele-
trocoagulação dos poluentes, porém dificilmente se tem a exclusividade
desse fenômeno. Reações secundárias como a oxidação da água podem se
sobrepor à oxidação do metal e prejudicar o processo de tratamento.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 55

Autores expressam a eficiência de corrente para o processo de


eletrocoagulação a partir dos valores de massa teórica e massa experi-
mental obtidos em função do desgaste do ânodo de sacrifício (GARCIA-
SEGURA et al., 2017; HAKIZIMANA et al., 2017). A seguinte ex-
pressão ilustra esse conceito:

(___________ ) ( )
Δmexperimemtal Δm
.100 ... φ = ___________ .
100 ...
experimemtal
φ=
Δm
teórico MM.i.t
_______
F.x
φ=( ) 100
Δm . F. x
_______________ .
experimemtal
(Eq. 2.30)
MM.i.t

Onde:
φ: eficiência de corrente (%)
Δmexperimental: valor de massa obtido via experimental
Δmteórico: valor de massa obtido via Lei de Faraday

De acordo com a equação 2.30, os valores de φ podem variar


em percentual para valores acima e abaixo de 100%, visto que a dis-
solução teórica leva em conta somente a oxidação eletroquímica do
metal que compõe o ânodo de sacrifício. Conforme descrito anterior-
mente, valores acima de 100% correspondem a ambientes corrosivos
em que a oxidação química favorece tanto a dissolução do ânodo
quanto do cátodo.

Parâmetros operacionais que afetam o tratamento


por eletrocoagulação

Por se tratar de um processo que envolve uma gama de vari-


áveis, vários parâmetros afetam a eficiência da eletrocoagulação na
remoção de poluentes das águas residuais. Os parâmetros gerais in-
cluem: material eletródico, arranjo dos eletrodos/tipo de reator,
densidade de corrente/distância intereletrodo/tipo de corrente e
efeito do pH.
56 Estudos da Pós-Graduação

Material dos eletrodos

Seguramente, pode-se afirmar que diferentes tipos de materiais


eletródicos fornecem distintas características eletroquímicas ao sistema
de eletrocoagulação (LINARES-HERNÁNDEZ et al., 2009). Dessa
forma, selecionar o material do eletrodo adequado é essencial para me-
lhorar a eficiência de remoção dos poluentes no processo de eletrocoa-
gulação (GOMES et al., 2010).
Eletrodos de alumínio e ferro vêm sendo utilizados com sucesso
em sistemas de eletrocoagulação, visto que o alumínio se dissolve, for-
mando o precursor Al3+, e o ferro, em concordância, os íons Fe2+e Fe3+
(KHALED et al., 2015; ROOPASHREE; LOKESH, 2013). Essas es-
pécies metálicas estão associadas ao processo de desestabilização das
partículas do poluente dissolvidas, dada a sua carga elevada e a pro-
moção de uma maior compressão da dupla camada que provoca uma
efetiva coagulação.
Uma observação geral feita em estudos utilizando o eletrodo de
alumínio corresponde a sua variação de espécies em função do pH. Em
pH < 3, a solução se mantém bastante ácida e a espécie predominante é
o cátion trivalente Al3+. Para valores de pH entre 4 - 9,5, a espécie
Al(OH)3(s) é predominante, porém a especiação desse hidróxido amorfo
promove a formação de polihidróxidos que auxiliam ainda mais no pro-
cesso de eletrocoagulação. Quando o pH se mostra acima de 10, o com-
plexo Al(OH)4- é predominante (BARRERA-DÍAZ et al., 2006;
MOUEDHEN et al., 2008).
A investigação das melhores condições para redução da demanda
química de oxigênio em efluentes, utilizando eletrodos de alumínio em
diversos estudos, chegou a conclusões acerca da relação pH – espécie
de alumínio anteriormente descrita. A faixa de pH 6 - 8 forneceu me-
lhores eficiências em função da retenção de coloides (poluentes) pro-
movida pelo Al(OH)3(s) por meio de uma varredura dos coágulos for-
mados e constante precipitação. Por outro lado, o complexo formado
em pH alcalino extremo é um coagulante bastante fraco, visto que sua
carga negativa pouco influencia na desestabilização dos coloides
(ABDELWAHAB; AMIN; EL-ASHTOUKHY, 2009; BARRERA-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 57

DÍAZ et al., 2006; KATAL; PAHLAVANZADEH, 2011; MOUEDHEN


et al., 2008; TERRAZAS et al., 2010; UĞURLU et al., 2008).
Diferente dos eletrodos de alumínio, como descrito anteriormente,
eletrodos de ferro produzem em maior predominância cátions divalentes
e, por meio da oxidação, devido ao meio aerado (O2), cátions trivalentes.
A convergência para ambas espécies corresponde ao processo de hidró-
lise que experimentam essas espécies de ferro solúveis e, dependendo do
pH da solução e potencial, ocorre a formação de polihidróxidos
(MORENO et al., 2009; PARGA et al., 2005; XU; ZHU, 2004).
Um estudo detalhado em relação à análise experimental das es-
pécies formadas durante a eletrocoagulação com diferentes faixas de
pH pode-se comparar com dados expressos na literatura. Os resultados
obtidos mostraram que a eletrólise do ferro leva à formação inicial de
Fe2+, que sofre oxidação, como já mencionado, e em pH adequado para
Fe3+, que sofre hidrólise, formando Fe(OH)3/FeOOH(s). Os íons hidró-
xidos (OH-) produzidos no cátodo elevam o pH antes de ser consumido
pelo Fe2+ gerado pela eletrodissolução, elevando ligeiramente a taxa de
oxidação do cátion divalente a trivalente. Em pH ligeiramente ácido,
tanto a hidrólise quanto a oxidação são reduzidas, resultando em um
excesso de íons ferro solúveis e insolúveis (LAKSHMANAN;
CLIFFORD; SAMANTA, 2009).
Em pH alcalino > 11, o processo de eletrocoagulação com ele-
trodos de ferro é bastante prejudicado devido à formação de Fe(OH)4- e
sua baixa ação coagulante. Em conclusão, verificou-se que, diferente do
alumínio, quando utilizado eletrodo de ferro, corresponde à faixa de 5 -
9, sendo mais favorável à produção de íons ferrosos e seus produtos in-
solúveis (GATSIOS; HAHLADAKIS; GIDARAKOS, 2015; LINARES-
HERNÁNDEZ et al., 2009; MALAKOOTIAN; MANSOORIAN;
MOOSAZADEH, 2010).
Apesar da eficiência, quando aplicado de forma isolada de
ambos os eletrodos discutidos no processo de eletrocoagulação, verifi-
ca-se que a combinação da composição do sistema por esses dois me-
tais fornece elevadas remoções de cor, demanda química de oxigênio
de efluentes com alta carga orgânica, e poluentes tóxicos como o ar-
sênio (GOMES et al., 2007; NAJE et al., 2017). Além desses dois tipos
58 Estudos da Pós-Graduação

de poluentes, em específico, a combinação dos eletrodos metálicos (Al


e Fe) fornece resultados similares para remoção de cobre, níquel e
cromo de efluentes galvanoplásticos (AKBAL; CAMCI, 2011;
HEIDMANN; CALMANO, 2010).

Arranjo dos eletrodos e tipo de reator

Junto ao material de composição do eletrodo, o modo de conexão


desses componentes da célula de eletrocoagulação afeta, de forma di-
reta, três respostas do processo: eficiência de remoção dos poluentes,
consumo de energia e custo operacional (GARCIA-SEGURA et al.,
2017; KHANDEGAR; SAROHA, 2013; KOBYA et al., 2011; KOBYA;
BAYRAMOGLU; EYVAZ, 2007). Os tipos mais relatados de conexões
são monopolar em paralelo (MP-P figura 2.3A), monopolar em série
(MP-S figura 2.3B) e bipolar em série (BP-S figura 2.3C) (KOBYA et
al., 2006; KOBYA; BAYRAMOGLU; EYVAZ, 2007; SAHU;
MAZUMDAR; CHAUDHARI, 2014; VÁZQUEZ; RODRÍGUEZ;
LÁZARO, 2012).

Figura 2.3 – Arranjos de eletrodos na célula de eletrocoagulação: (A) Eletrodos


monopolares em conexão paralela, (B) Eletrodos monopolares em conexão em
série e (C) Eletrodos bipolares em conexão em série
Fonte de tensão Fonte de tensão Fonte de tensão
+ A – + A – + A –

– +

–+–+
alimentadores
Elotrodos

Ânodo Elotrodos
monopolar

Cátodo Elotrodos de Elotrodos


sacrifício bipolar

Fonte: Adaptado de Khandegar; Saroha (2013); Naje et al. (2017).


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 59

A descrição de cada arranjo sugere as seguintes características


(HAKIZIMANA et al., 2017):
– Eletrodos monopolares em conexão paralela (MP-P): cor-
responde a um arranjo de eletrodos que consiste em ânodos e cátodos
dispostos alternadamente e ligados em mesmo potencial, respectiva-
mente. Cada um desses pares (ânodo/cátodo) corresponde a uma célula
eletroquímica individual em paralelo, onde, consequentemente, a cor-
rente da célula eletrolítica principal é aditiva. Esse tipo de ligação re-
quer uma menor diferença de potencial quando comparada às ligações
em série.
– Eletrodos monopolares em conexão em série (MP-S): esse
arranjo de eletrodos se assemelha ao anterior, porém os eletrodos
(ânodo/cátodo) interiores não têm interconexão com os dois externos
que estão ligados à fonte de tensão. Os eletrodos interiores se deno-
minam eletrodos de sacrifício e são conectados entre si; dessa forma, a
corrente elétrica que passa pelos eletrodos é a mesma, enquanto a
tensão global é resultado da soma das tensões em cada célula eletro-
química individual.
– Eletrodos bipolares em conexão em série (BP-S): esse arranjo
compreende a dois eletrodos externos conectados à fonte de tensão (for-
mando conexão monopolar) e os eletrodos internos sem conexão, em
que cada um de seus lados age simultaneamente como ânodo e cátodo,
carregados, portanto, de forma oposta (formando a ligação bipolar).
Dessa forma, a dissolução anódica ocorre do lado positivo dos eletrodos
interiores enquanto o negativo fica propenso às reações catódicas.
No tratamento de águas residuais provenientes de indústrias têx-
teis, o efeito dos três tipos de conexões descritos anteriormente (MP-P,
MP-S e BP-S) sobre a remoção de cor e turbidez, além do custo total do
processo de eletrocoagulação, mostrou uma semelhança considerada
sobre os parâmetros do resíduo; entretanto, constatou-se que a configu-
ração MP-P foi mais econômica quanto operação (DEMIRCI; PEKEL;
ALPBAZ, 2015b). Resultados semelhantes foram obtidos no trata-
mento de efluente proveniente de manufatura metálica, onde altas efici-
ências de turbidez e baixo custo de operação foram obtidos (KOBYA;
DEMIRBAS, 2015).
60 Estudos da Pós-Graduação

De modo geral, eletrodos em conexão monopolar exigem baixa


voltagem e maior corrente, ao contrário da conexão bipolar, e operam
sob altas tensões e correntes mais baixas. Dessa forma, tendo em conta
a relação custo-benefício, eletrodos em conexão MP podem ser consi-
derados muito interessantes quando aplicados a diversos poluentes, de-
vido a sua significativa eficácia de remoção de poluentes e menor con-
sumo de energia (BAYRAMOGLU; EYVAZ; KOBYA, 2007;
DEMIRCI; PEKEL; ALPBAZ, 2015b; DROGUI et al., 2008; GOLDER;
SAMANTA; RAY, 2007; WANG; CHOU; KUO, 2009). Em contrapar-
tida, o arranjo bipolar fornece menores manutenções de instalação du-
rante o uso e, em alguns casos de efluentes específicos, principalmente
com elevada condutividade, fornecem resultados eficazes de remoção
de poluentes (BAYRAMOGLU; EYVAZ; KOBYA, 2007; DEMIRCI;
PEKEL; ALPBAZ, 2015b; GHOSH; SOLANKI; PURKAIT, 2008;
GOLDER; SAMANTA; RAY, 2007; JANPOOR; TORABIAN;
KHATIBIKAMAL, 2011).
Em conjunto com o arranjo dos eletrodos tem-se a construção do
reator utilizado no processo de eletrocoagulação. O design do reator
afeta importantes etapas do processo de remoção de poluentes, in-
cluindo caminho das bolhas produzidas no cátodo que agem na flo-
tação, formação do floco pós-coagulação do poluente, regime de fluxo
do fluido (poluente) e, principalmente, as características de mistura/se-
dimentação (SAHU; MAZUMDAR; CHAUDHARI, 2014). Dessa
forma, a necessidade de projetar um reator deve levar em conta a forma
dos reagentes e produtos, além do modo de operação. A literatura apre-
senta uma divisão específica para a operação de reatores aplicados à
eletrocoagulação, de acordo com o fluxograma da Figura 2.4 (SAHU;
MAZUMDAR; CHAUDHARI, 2014; WALSH; MILLS, 1994).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 61

Figura 2.4 – Considerações no design e projeto de um reator de eletrocoagulação

TIPO DE REATOR DE ELETROCOAGULAÇÃO

Lote (Batelada) Contínuo

Parâmetros selecionados Parâmetros otimizados do modo batelada

REATOR REATOR
• Forma ou design • Forma ou design, tempo de detenção /
• Mecanismo de mistura método de mistura, escalonamento,
• Escalonamento espaço para sedimentos/espuma
• Espaço para sedmentos/espuma PROCESSO
PROCESSO • Características do efluente (real
• Eletrodo (material, geometria, arranjo e ou sintético), modo de fluxo, nível
espaçamento de toxidade e adição de químicos,
• Características do efluente (real ou recirculação/aeração
sintético) OPERAÇÃO
• Nível de toxidade • Razão aérea de eletrodo/volume de
• Presença de íons provenientes de sais efluente, densidade de corrente, tensão
em excesso da célula eletroquímica, pH inicial,
OPERAÇÃO aditivos químicos, temperatura
• Razão aérea de eletrodos/volume de • Características das bolhas
efluente, densidade de corrente, tensão • Eficiência desejada de remoção do
da célula eletroquímica, pH inicial, poluente
aditivos químicos, temperatura • Passivação e deposição de lodo/floco
• Características das bolhas sob a superfície dos eletrodos
• Eficiência de remoção do poluente em • Método de remoção de espuma/
estudo sedimento
• Passivação e deposição de lodo/floco • Sedimentação e filtrabilidade da
sob a superfície dos eletrodos suspensão de lama e lodo tratadas, além
• Dissolução anódica de cuidados com o sobrenadante
• Inversão de polaridade, eficiência de • Inversão da polaridade, eficiência de
corrente e consumo de energia corrente e consumo de energia
• Características do lodo • Manutenção dos eletrodos

Fonte: Adaptado de (HARIF; ADIN, 2011).


62 Estudos da Pós-Graduação

Os estudos de eletrocoagulação vêm utilizando unidades-pilotos


escalonadas para o ambiente laboratorial que, posteriormente, fornecem
dados de otimização e importância de parâmetros para unidades indus-
triais (GARCIA-SEGURA et al., 2017; NAJE et al., 2017). As discus-
sões principais giram em torno das especificações de cada operação.
Um sistema contínuo leva em conta o processo de operação dinâ-
mica e uma performance razoavelmente estável, em que a carga do po-
luente pode ser verificada em várias taxas de fluxo de efluente. O com-
portamento dos problemas com o eletrodo em função da deposição de
lodo/flocos no ânodo que atrapalha a eletrodissolução é mais vantajoso
na operação contínua, visto que se tem uma “renovação” constante da
carga de poluentes em contato com os eletrodos. Além do mais, além da
taxa de fluxo, pode-se verificar a passivação do eletrodo e os níveis de
corrosão em função do tempo (MAHESH et al., 2006a, 2006b).
O sistema em batelada promove uma facilidade maior nos es-
tudos dos comportamentos das diversas variáveis em função do tempo,
visto que o coagulante alimenta continuamente o reator, à medida que o
ânodo se dissolve e promove a remoção de poluentes. O resultado do
processo em batelada é uma variação das concentrações de poluentes,
coagulantes e pH que variam com o tempo. Então, se tem, portanto, um
comportamento inerente, com a interação entre processos termodinâ-
micos e cinéticos, tornando o reator que opera por meio de batelada
mais complexo que o de modo contínuo em uma possível modelagem
matemática (SAHU; MAZUMDAR; CHAUDHARI, 2014). A ilus-
tração dos dois sistemas é apresentada na Figura 2.5.
A utilização de processos contínuos em pequena escala são, em
sua maioria, uma forma de verificar o balanço energético e estabilizar
os materiais da unidade de eletrocoagulação em larga escala (FEKETE;
LENGYEL; CSERFALVI, 2016). Esses dois tipos de operação as-
sumem diversas geometrias de reator. Entre os principais tipos estão os
reatores verticais de placas altas que realizam tratamento de poluentes
em grandes escalas, necessitando da lavagem periódica com ácidos, e
de uma geração de lodo acentuada. Reatores com placas longas e hori-
zontais tornam-se mais adequados para tratamento de concentrações
bastante elevadas de poluentes, porém são mais suscetíveis a vaza-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 63

mentos de fluido e possuem uma troca de placas (eletrodos) mais com-


plicada. Os reatores de fluxo ascendente, quando comparados aos rea-
tores horizontais, proporcionam a geração de mais hidróxidos/
oxihidróxidos devido ao tempo de residência do fluxo em contato com
as placas verticais; logo, no caso de eletrocoagulação, a eficiência do
processo nesse reator é maior em alguns casos (JIANG et al., 2002a,
2002b; MILLS, 2000; MOLLAH et al., 2004, 2001).
Figura 2.5 – Diagrama esquemático de reatores de eletrocoagulação em batelada
e fluxo contínuo

Modo de operação batelada Modo de operação contínuo

5 5
+ – + –

8
3 4 3 4
9

2 7 2
10 11

6
1 1 12
13

Fonte: HARIF & ADIN (2011) – (adaptado)

Densidade de corrente, distância intereletrodo

A densidade de corrente é um parâmetro bastante importante no


processo de eletrocoagulação, pois, fixando-se o espaçamento entre o
arranjo de eletrodos e suas áreas, esse parâmetro torna-se a única via
controlável de fornecimento de corrente ao sistema de tratamento.
Dessa forma, a densidade de corrente representa a razão entre corrente
elétrica e a área de superfície do eletrodo, atuando na dosagem de coa-
gulante e taxas de geração de bolhas (ambas em função da Lei de
Faraday), influenciando na mistura reacional interna no reator, além da
64 Estudos da Pós-Graduação

transferência de massa (BRILLAS & MARTÍNEZ-HUITLE, 2015;


GARCIA-SEGURA et al., 2017).
Essa taxa da geração de bolhas formadas afeta a hidrodinâmica do
sistema, as colisões entre os poluentes, coagulantes e gases dissolvidos,
que resultarão na formação de flocos (HOLT et al., 2002). Além dos
efeitos hidrodinâmicos, espécies metálicas hidrolisadas através da va-
riação de pH são amplamente resultado das reações anódicas/catódicas
governadas pela corrente elétrica fornecida ao sistema. Dessa forma, a
corrente elétrica, isoladamente, cria um ambiente dinâmico e físico-
químico que governa os mecanismos de coagulação/floculação, favore-
cendo a migração de íons e coloides e possibilitando o tratamento dos po-
luentes no meio (HAKIZIMANA et al., 2017; HARIF; ADIN, 2007, 2011).
A tensão (U) da célula de eletrocoagulação é obtida em função da
diferença de potencial de equilíbrio (Eeq = Ecátodo - Eânodo), sobrepoten-
cial anódico e catódico (ηa, ηc), sobretensão, devido à transferência de
massa (ηMT), e potencial de queda ôhmica (ηIR), segundo a equação
2.31 (DAOUS; EL-SHAZLY, 2012; KRALJIĆ ROKOVIĆ; ČUBRIĆ;
WITTINE, 2014; LEKHLIF et al., 2014; SHREESADH; THAKUR;
CHAUHAN, 2014; VALERO et al., 2015):

U = | Ecátodo – Eânodo |+ηa + |ηc| + ηMT ηIR (Eq. 2.31)

O valor de tensão U se incorpora, segundo a equação 2.32, no


consumo de energia elétrica em função do tempo de operação
(HAKIZIMANA et al., 2017).
t

CE = ∫ U . i . dt (Eq. 2.32)
0

A equação 2.32 mostra, portanto, que o processo de eletrocoagu-


lação pode ser conduzido de dois modos, sendo o galvanostático inci-
dindo sob a variação ou controle de corrente aplicada, através dos ele-
trodos, enquanto o modo potenciostático promove os mesmos processos,
porém em relação à tensão aplicada na célula de eletrocoagulação. Em
ambos os casos essa variação influencia diretamente na quantidade de
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 65

coagulante produzida e de energia elétrica consumida. Comparando os


dois modos, raramente se utiliza o modo potenciostático ao trabalhar
com eletrodos de sacrifício (eletrocoagulação), onde se verifica maior
aplicação; desse modo, são em metodologias que aplicam eletro-oxi-
dação e eletrorredução (FAN et al., 2008; KOPARAL; ÖĞÜTVEREN,
2002; RUOTOLO; GUBULIN, 2011).
Estudos acerca da relação entre a densidade de corrente e os
flocos formados durante a eletrocoagulação sugerem que altas correntes
aplicadas podem afetar negativamente a eficiência de remoção dos po-
luentes. As reações secundárias que acompanham o processo de deses-
tabilização dos poluentes podem aumentar de forma significativa, além
de ocorrer um fenômeno de superdose de lançamentos de coagulantes,
propiciando a reversão na carga dos coloides, de forma que eles são
novamente estabilizados por forças repulsivas constantes (HARIF;
ADIN, 2011). O fluxograma descrito na Figura 2.6 apresenta uma se-
quên­cia de como a corrente elétrica pode vir a influenciar no processo
de formação dos flocos.
Figura 2.6 - Modelo conceitual de previsão da taxa de evolução e estrutura do floco
Corrente Aplicada
Alta Baixa

Regime de formação do floco Regime de formação do floco

Condição ótima Condição não ótima Condição ótima Condição não ótima

menor carga superficial maior carga superficial maior carga superficial menor carga superficial
massa elevada baixa massa baixa massa massa elevada
alta geração de bolhas alta geração de bolhas baixa geração de bolhas baixa geração de bolhas
α elevado α baixo α baixo α elevado
β elevado β elevado β baixo β baixo
evolução rápida evolução rápida de evolução lenta de evolução rápida de
de flocos formados flocos formados menos flocos formados menos flocos formados mais
mais porosos e estáveis porosos e estáveis porosos e estáveis compactos e estáveis
Fonte: HARIF & ADIN (2011) – (adaptado).

Os dados apresentados na Figura 2.6 estão descritos a partir de


um modelo em que a corrente elétrica governa a taxa, estrutura as ca-
66 Estudos da Pós-Graduação

racterísticas do floco formado, sendo α a eficiência de colisão e β a


frequência dessas colisões no processo de eletrocoagulação. Esse es-
tudo levou em conta um material (caulim – “kaolin”) que se ligava aos
produtos da hidrólise do alumínio formados a partir do eletrodo utili-
zado como ânodo, visando verificar a cinética de formação dos flocos.
Correntes elevadas se mostraram em ambas condições altas produtoras
de gás, porém o floco formado difere em porosidade e massa, apesar de
uma evolução rápida. Em baixos valores de corrente, a produção de gás
é menor, entretanto os flocos formados são mais estáveis e de evolução
mais lenta.
Outro fator importante em relação ao processo de eletrocoagu-
lação e ligado à densidade de corrente corresponde ao espaçamento entre
os eletrodos. De forma geral, a região próxima à superfície dos eletrodos
é bastante suscetível à alteração em concentração de espécies eletroa-
tivas devido ao processo reacional constante. Essa alteração promove
um excesso de potencial, em muitos casos chamado de sobrepotencial de
difusão. Isso significa que se cria uma grande variação na concentração
de espécies eletroativas entre o seio da solução e a superfície do eletrodo
que depende da velocidade de ocorrência das reações eletroquímicas e
do transporte de massa (KHALED et al., 2015; KRALJIĆ ROKOVIĆ;
ČUBRIĆ; WITTINE, 2014; MISSAOUI et al., 2013; VALERO et al.,
2015). Manter uma distância ótima intereletrodo, portanto, corresponde
a influenciar no campo eletrostático criado entre o ânodo e cátodo e,
consequentemente, interferir nas reações que ocorrem na superfície do
eletrodo, além do processo de remoção de poluentes. Uma distância mí-
nima entre as placas fornece baixos valores de remoção, em muitos
casos resultado do fato de que os produtos de hidrólise (hidróxidos e
polihidróxidos metálicos) são degradados devido à colisão (atração ele-
trostática) com moléculas semelhantes, promovendo uma baixa for-
mação de flocos (DANESHVAR; ASHASSI SORKHABI; KASIRI,
2004). A eficiência de remoção de poluentes aumenta à medida que a
distância intereletrodo se eleva, chegando a um valor ideal. Nesse caso,
esse maior espaço entre placas promove uma diminuição de efeitos ele-
trostáticos, resultando em um movimento mais lento e organizado do íon
gerado (KHANDEGAR; SAROHA, 2013).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 67

Apesar de melhores remoções em distâncias maiores, a corrente


elétrica que passa pelo sistema é afetada devido à resistência elétrica
(IR) do meio aquoso. Em valores muito elevados de distância entre
placas, a resistência criada atua no processo de transferência de massa
e mobilidade iônica, tornando-os mais lentos (SONG et al., 2017). A
expressão que representa a resistência elétrica entre eletrodos leva em
conta a área da distância entre as placas (d - cm), a área da superfície do
cátodo (A - cm2), a condutância específica da solução (K - µS cm-1), e
a corrente (I - Amperes), sendo mostrada na equação 2.33 (KRALJIĆ
ROKOVIĆ; ČUBRIĆ; WITTINE, 2014; MISSAOUI et al., 2013;
VALERO et al., 2015).

I . d
_____
ηIR = (Eq. 2.33)
A.K

A partir da expressão da equação 2.33, verifica-se que a resis-


tência elétrica pode ser modificada, alterando-se os seguintes pontos no
sistema de eletrocoagulação:
– a condutividade da solução eletrolítica;
– a distância entre dois eletrodos;
– a geometria do eletrodo.

Efeito do pH

O pH da solução desempenha um papel importante na eletroquí-


mica e nos processos de coagulação química responsáveis pela remoção
de poluentes no sistema de eletrocoagulação (GARCIA-SEGURA et al.,
2017; GUOHUA; XUEMING & LOCK, 2000; SAHU; MAZUMDAR;
CHAUDHARI, 2014). De uma forma geral, sob influência do pH, estão
a condutividade da solução, dissolução dos eletrodos, especiação de hi-
dróxidos e o ζ-potencial de espécies coloidais (potencial zeta) (NAJE
et al., 2017). O estudo da especiação, resultante da hidrólise de cátions
metálicos provenientes da dissolução do eletrodo e regidos pela termo-
dinâmica, é primordial para entender como o pH dita os mecanismos da
eletrocoagulação (CAÑIZARES et al., 2007).
68 Estudos da Pós-Graduação

A liberação do cátion metálico no ânodo promove um fenômeno


majoritário de formação de hidróxidos os quais exibem fraca solubili-
dade e prontamente iniciam a precipitação. O resultado desse processo
é a possibilidade de adsorção física ou química dos poluentes nos pre-
cipitados formados (HAKIZIMANA et al., 2017). Além desse processo
de adsorção nos precipitados metálicos formados, o tratamento por ele-
trocoagulação pode envolver os seguintes mecanismos (Figura 2.7):

Figura 2.7 – Principais mecanismos de remoção de poluentes dissolvidos por


eletrocoagulação em que o pH atua

Eletro-oxidação ou
eletrorredução

Precipitação e Adsorção nos


co-precipitação precipitados
metálicos

Adsorção no Reações químicas


eletrodo no seio da solução
Poluente solúvel

Interação física

Fonte: Adaptado de Hakizimana et al (2017).

– A interação puramente física de substâncias dissolvidas durante


a precipitação de hidróxido, adsorção e complexação. Por exemplo,
para fosfatos em efluentes, o processo de remoção ocorre por comple-
xação e/ou precipitação/adsorção com hidróxidos metálicos, enquanto
a remoção de compostos orgânicos dissolvidos pode ser atribuída à co-
precipitação e/ou complexação e/ou atração eletrostática na superfície
dos hidróxidos metálicos. Para a complexação, o poluente pode agir
como um ligante que interage com uma porção do metal hidratado. As
equações 2.34 e 2.35 apresentam esse mecanismo de complexação para
o alumínio e ferro (HAKIZIMANA et al., 2017).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 69

L – H(aq) + (OH)(OH)2Al(s) → L – (OH)2Al(s) + H2O (Eq. 2.34)

L – H(aq) + (OH)OFe(s) → L – OFe(s) + H2O (Eq. 2.35)

– O processo de eletro-oxidação no ânodo ou a eletrorredução no


cátodo de íons ou moléculas eletroativas, tais como cátion cromo (VI)
a (III), seguida pela precipitação majoritária (ZONGO et al., 2009) e a
redução de nitratos aniônicos em nitrito, amônia e gás nitrogênio
(EMAMJOMEH; SIVAKUMAR, 2009). Alguns metais pesados
também sofrem eletrorredução na superfície do cátodo durante o pro-
cesso de eletrocoagulação (AL AJI; YAVUZ; KOPARAL, 2012).
– Adsorção direta de poluentes nos eletrodos, tal como um
efluente rico em ânions fluoreto (F-) em que, devido à eletroconden-
sação, os ânions são atraídos para o ânodo por causa da força elétrica
de carga contrária (AL AJI; YAVUZ; KOPARAL, 2012; ZHU;
ZHAO; NI, 2007).
O pH, portanto, atua nos mecanismos da Figura 2.8, tornando
majoritário o tipo de processo de remoção em função do material do
eletrodo e da natureza do poluente em estudo. Dados da Tabela 2.1 es-
pecificam estudos em função da natureza do poluente:

Figura 2.8 – Principais mecanismos de remoção de partículas por eletrocoagulação


em que o pH atua

Mecanismo de remoção

Adsorção nos precipitados metálicos

Neutralização por carga


Adsorção física (remoção por
varredura)

Poluição coloidal Adsorção em flocos


Fonte: Adaptado de (HAKIZIMANA et al., 2017).
70 Estudos da Pós-Graduação

Tabela 2.1 – Reações de equilíbrio entre os hidróxidos metálicos e poluentes


solúveis na solução
Poluentes solúveis Mecanismo de remoção Referência

Ânions sulfeto (S2-) Precipitação (VEPSÄLÄINEN et al., 2011)


(DE MELLO FERREIRA;
Cátions cálcio (Ca2+) Co-precipitação MARCHESIELLO; THIVEL,
2013)
Precipitação, adsorção, (GOLDER; SAMANTA; RAY,
Ânions fosfato (PO42-)
complexação 2006; LACASA et al., 2011)
Compostos orgânicos Complexação, co-precipitação (REBHUN; LURIE, 1993)
(EMAMJOMEH;
Ânions fluoreto (F-) Complexação, precipitação SIVAKUMAR, 2009; ZHU;
ZHAO; NI, 2007)
Fonte: Adaptado de (HAKIZIMANA et al., 2017).

Em paralelo aos processos que envolvem poluentes dissolvidos,


suspensões coloidais e emulsões também são desestabilizadas em
função da especiação dos agentes coagulantes gerados a partir da disso-
lução eletroquímica, o que também torna os mecanismos de remoção
dessas substâncias pH dependentes (BARRERA-DÍAZ; BALDERAS-
HERNÁNDEZ; BILYEU, 2018; GARCIA-SEGURA et al., 2017). A
tendência de coagulação das partículas é resultado da desestabilização
das forças de atração (VAN DER WAALS) e das forças repulsivas da
dupla camada elétrica (LIANG et al., 2007), sendo o mecanismo de-
pendente do pH devido aos seguintes processos (Figura 2.9):
– A especiação do cátion metálico interfere na compressão da
dupla camada das partículas coloidais, a partir da interferência das es-
pécies iônicas geradas na diferença de potencial entre a superfície da
partícula e o seio da solução; forças de repulsão entre partículas são
reduzidas (HARIF; KHAI; ADIN, 2012).
– O processo de neutralização de carga das partículas no meio
aquoso é realizado pela adsorção de espécies resultantes da hidrólise de
cátions metálicos/íon hidrônio/ânions hidroxila ou pela precipitação de
hidróxidos sob a superfície coloidal (CAÑIZARES et al., 2008).
– Uma rede de polihidróxidos é responsável pelo processo de
varredura, em que as partículas de coloides são aprisionadas e, por ar-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 71

raste, sofrem remoção. No caso desse mecanismo, o pH influencia na


formação de hidróxidos metálicos específicos que agem nessa rede
(CAÑIZARES et al., 2008).

Figura 2.9 – Alumínio (a) frações molares das espécies


dissolvidas em equilíbrio com o hidróxido amorfo, 25 °C;
(b) concentração dos produtos de hidrólise monoméricos
de Al (III) em equilíbrio com o hidróxido amorfo, em força
iônica igual a zero e 25 °C
1.0
A
Al3+ Al(OH)4-
0.8
Fração molar α

0.6

0.4
Al(OH)2+
0.2 Al(OH)2+
Al(OH)3
0.0
0
B Al3+

-2 Al(OH)2+
Log [M]

-4
Al(OH)2+ Al(OH)4-
AlT
-6
Al(OH)3

2 4 6 8 10
pH

Fonte: adaptado de Duan (2003); Gregory (2001); Hakizimana


(2017); Harif (2012).

Em função da discussão dos mecanismos de remoção, veri­


fica-se que investigar a parte teórica acerca dessa variável no pro-
cesso de eletrocoagulação torna-se requisito-chave para entender, em
72 Estudos da Pós-Graduação

muitos casos, a variabilidade na eficiência de tratamento, depen-


dendo do tipo de poluente.
Conforme visto no tópico da composição do material do eletrodo,
alumínio e ferro são, majoritariamente, utilizados como eletrodos,
sendo assim, as espécies formadas em função do pH, a partir desses
dois metais, são de grande importância no processo de eletrocoagu-
lação. Diagramas de espécies-pH e potencial (E)-pH fornecem, a partir
de condições termodinâmicas definidas, a estabilidade de possíveis pro-
dutos que resultam dos sucessivos equilíbrios, que envolvem os cátions
metálicos, possibilitando uma visualização mais acessível da espe-
ciação que envolve o processo de eletrocoagulação.

Para o alumínio, a reação de oxidação Al(s)/Al3+
(aq)fornece a es-
pécie inicial que sofre os sucessivos processos de hidrólise de acordo
com as seguintes reações ácido/base (HARIF; ADIN, 2007, 2011;
MOUEDHEN et al., 2008):

Al(s) → Al(aq) + 3e– ... Eº = +0,41V


3+
(Eq. 2.36)

Al(OH)(aq) + H2O → Al(OH)(aq) + H(aq) ... pK1= 4,95 (Eq. 2.37)


3+ 2+ +

Al(OH)(aq) + H2O → Al(OH)2(aq) + H+(aq) ... pK2= 5,6 (Eq. 2.38)


2+ +

... pK3= 6,7 (Eq. 2.39)


+ +
Al(OH)2(aq) + H2O → Al(OH)3(aq) + H(aq)

Al(OH)3(aq) + H2O → Al(OH)4(aq) + H(aq) ... pK4= 5,6 (Eq. 2.40)


– +

Al(OH)3(s) Al3+ – .
(aq) + 3OH(aq) . . pK5 = 31,5 (Eq. 2.41)

Em linhas gerais (Figura 2.9), o cátion Al3+ solúvel prevalece


quando pH é inferior a 4, enquanto ânions solúveis de aluminato preva-
lecem quando o pH é maior que 10. A forma insolúvel Al(OH)3 forma
um precipitado amorfo e inicia a formação de outras espécies polimé-
ricas, sendo as principais relatadas: Al(OH)153+, Al7(OH)174+,
Al8(OH)204+e Al13O4(OH)247+ (DUAN; GREGORY, 2003). Segundo as
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 73

reações 2.36 - 2.41, o alumínio age como um ácido de Lewis, contraba-


lanceando o pH devido à reação com o OH- formado no cátodo; o resul-
tado disso é uma indução a um efeito tampão que leva o pH final entre
7 e 8, diferindo totalmente da coagulação química convencional
(HARIF; KHAI; ADIN, 2012). Por fim, as espécies monoméricas e po-
liméricas de alumínio induzem à formação de flocos (processo de var-
redura) de Al(OH)3 com consideráveis áreas de superfície e porosidade,
visando a uma rápida adsorção de compostos orgânicos solúveis e apri-
sionamento de partículas coloidais (BAYRAMOGLU et al., 2007;
CAN; BAYRAMOGLU; KOBYA, 2003; KOBYA et al., 2006).
Em relação ao ferro, o processo se torna mais complexo, dado a
possibilidade das reações de oxidação que essa espécie pode sofrer du-
rante a eletrocoagulação. A formação dos cátions ferrosos e férricos são
precursores das reações de hidrólise (HAKIZIMANA et al., 2017;
MORENO-CASILLAS et al., 2007; MORENO C. et al., 2009):

Fe(s) → Fe2+ – .
(aq) + 2e . . Eº = + 0,41V (Eq. 2.42)

3+
Fe(s) → Fe(aq) + 3e– ... Eº = + 0,04V (Eq. 2.43)

2+ .
Fe3+ –
(s) + e(aq) → Fe(aq) . . Eº = + 0,77V (Eq. 2.44)

2–
FeO4(aq) + 3e– → Fe3+ .
(aq) + 4H2O . . Eº = + 2,20V (Eq. 2.45)

2+
Fe(aq) + H 2O Fe(OH)+(aq) + H(aq)
+
... pK = 9,397 (Eq. 2.46)

Fe2+
(aq) + 2H2O
+
Fe(OH)(aq) +
+ 2H(aq) ... pK = 20,494 (Eq. 2.47)

2+
Fe(aq) + 2H2O +
Fe(OH)2(s) + 2H(aq) ... pK = 13,564 (Eq. 2.48)

2+
Fe(aq) + 3H2O Fe(OH)-3(aq) + 3H+(aq) ... pK = 28,991 (Eq. 2.49)

3+
Fe(aq) + H 2O 2+
Fe(OH)(aq) +
+ H(aq) ... pK = 2,187 (Eq. 2.50)

3+
Fe(aq) + 2H2O Fe(OH)+ + .
2(aq) + 2H(aq) . . pK = 4,594 (Eq. 2.51)
74 Estudos da Pós-Graduação

3+
Fe(aq) +
+ 3H2O Fe(OH)3(aq) + 3H(aq) ... pK = 12,56 (Eq. 2.52)

3+
2Fe(aq) + 2H2O Fe2(OH)+2(aq)+2H+(aq) ... pK = 13,771 (Eq. 2.53)

3+
2 Fe(aq) + 4H2O Fe3(OH)5+ + .
4(aq) + 4H(aq) . . pK = 6,228 (Eq. 2.54)

+ .
Fe3+
(aq) + 4H2O
-
Fe(OH)4(aq) + 4H(aq) . . pK = 21,588 (Eq. 2.55)

O processo de hidrólise de forma semelhante ao alumínio forma


espécies poliméricas, partindo dos monômeros formados nas reações
2.46 - 2.55 (Figura 2.10), sendo que a estabilidade dessas espécies é
altamente dependente do pH e da concentração do cátion férrico. As
espécies poliméricas mais relatadas são: Fe(H2O)5(OH)2+,
Fe(H2O)4(OH)+, Fe(H2O)8(OH)24+, Fe2(H2O)6(OH)42+ (DUAN;
GREGORY, 2003; GREGORY; DUAN, 2001; HAKIZIMANA et al.,
2017). A taxa de liberação de Fe3+ é praticamente nula no processo de
eletrodissolução do ânodo; entretanto, a oxidação de Fe2+ a Fe3+ é favo-
recida em determinadas condições de pH e concentração de oxigênio
dissolvido. Em meio ácido, a conversão é bastante baixa, ao passo que
as faixas neutra e alcalina favorecem a transformação em Fe3+ na forma
de óxido/hidróxido (JIMÉNEZ et al., 2012; LAKSHMANAN;
CLIFFORD; SAMANTA, 2009; MALAKOOTIAN; MANSOORIAN;
MOOSAZADEH, 2010; SASSON; CALMANO & ADIN, 2009). As
seguintes reações ilustram essa conversão:

Fe2+ 3+ -
(aq) + O2(aq) + 2H2O → Fe(aq) + 4OH(aq) (Eq. 2.56)

2+ -
Fe(aq) + 2 OH(aq) Fe(OH)2(s) (Eq. 2.57)

4Fe(OH)2(s) + O2(aq) + 2H2O → 4Fe(OH)3(s) (Eq. 2.58)


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 75

Figura 2.10 – Ferro (a) frações molares das espécies dissolvidas


em equilíbrio com o hidróxido amorfo, 25 °C; (b) concentração
dos produtos de hidrólise monoméricos de Fe (III) em equilíbrio
com o hidróxido amorfo, em força iônica igual a zero e 25 °C

1.0
A
Fe(OH)3
0.8 Fe(OH)2+
Fe(OH)2+
Fração molar α

0.6

0.4
Fe3+ Fe(OH)4-
0.2

0.0
-2
B

-4
Log [M]

-6

-8 FeT
Fe(OH)3
Fe(OH)4-
Fe

-10
(O

Fe3+
H)

Fe(OH)2+
2 +

-12
2 4 6 8 10
pH

Fonte: adaptado de Duan (2003); Gregory (2001); Hakizimana (2017);


Harif (2012).

A consequência desse processo de oxidação de Fe2+ a Fe3+, con-


forme as equações 2.56 - 2.58, é que a dissolução do ferro, em estudos
que utilizam a eficiência de corrente, corresponde a valores entre 80%
- 100%; por outro lado, os que estimam via oxidação divalente (+2),
sem levar em conta a outra espécie, encontram valores no ferro dissol-
vido experimental bastante diferentes dos observados pela Lei de
Faraday (BAGGA; CHELLAM; CLIFFORD, 2008; GU et al., 2009;
MANSOURI et al., 2011; SASSON; CALMANO & ADIN, 2009).
76 Estudos da Pós-Graduação

Considerando meio ácido, a eficiência de corrente é superior a 100%,


mostrando comportamento semelhante ao alumínio em que ocorre a
corrosão química e localizada na presença de ânions específicos
(JIMÉNEZ et al., 2012; SASSON; CALMANO; ADIN, 2009). Em
meio alcalino, o oposto é observado; as espécies de ferro formadas são
óxidos e hidróxidos de ferro (III), dessa forma a eficiência de disso-
lução diminui em relação à Lei de Faraday, resultado do avanço de rea-
ções secundárias que exigem valores mais altos de corrente elétrica
para se atingir a mesma concentração de ferro que em meios ácidos/al-
calinos (MALAKOOTIAN; MANSOORIAN; MOOSAZADEH, 2010;
SASSON; CALMANO & ADIN, 2009). As espécies monoméricas e
poliméricas formadas transformam-se em precipitados de Fe(OH)3
amorfos que possuem superfície favorável para a adsorção de com-
postos orgânicos solúveis e captura de partículas coloidais (AKYOL,
2012; KOBYA; SENTURK; BAYRAMOGLU, 2006). O efeito tampão
ocasionado pelo processo de hidrólise é mais efetivo quando utilizado o
eletrodo de ferro em comparação ao alumínio, devido à gama maior de
subespécies que agem como ácido de Lewis, sendo que o pH final de
tratamento finaliza, geralmente, em valores próximos de 9 - 10, mesmo
iniciando o processo em valores mais ácidos (CHAFI et al., 2011;
LAKSHMANAN; CLIFFORD; SAMANTA, 2009). O aumento da ae-
ração do sistema promove a elevação da concentração de oxigênio dis-
solvido e consequente oxidação de Fe2+ a Fe3+; aliado a isso valores de
pH > 7,5 promovem essa cinética de forma mais rápida. Além disso, a
inserção de oxidantes alternativos via eletrólito suporte também pro-
movem a conversão. O cloreto é reduzido no cátodo formando gás cloro
e as subespécies (dependentes do pH), resultado da especiação, faci-
litam a conversão de Fe2+ em Fe3+(equações 2.59 - 2.61). Todos esses
processos facilitam a formação do hidróxido de ferro III amorfo, preci-
pitado que possui maior eficácia na remoção de poluentes dissolvidos e
partículas (LAKSHMANAN; CLIFFORD; SAMANTA, 2009;
SASSON; CALMANO; ADIN, 2009).


2Cl(aq) + 2e – → Cl2(aq) (Eq. 2.59)
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 77

- – +
Cl 2(aq) + H2O HOCl (aq) + Cl(aq) + H(aq) (Eq. 2.60)

2Fe2+ 3+ -
(aq) + 2HOCl → 2Fe(aq) + 2OH(aq)+ Cl2(aq) (Eq. 2.61)

Além do acompanhamento do processo de hidrólise, a impor-


tância do pH no desempenho da eletrocoagulação pode ser igualmente
ressaltado pela termodinâmica associada à eletroquímica, a partir do
equilíbrio químico ácido/base e da equação de Nernst. Esses dois dados
permitem representar o diagrama de E-pH do alumínio e ferro sobre-
posto no mesmo diagrama para água, possibilitando visualizar regiões
de espécies metálicas termodinamicamente estáveis em meio aquoso
que conferem características de imunidade, passivação e corrosão ao
meio; dessa forma, pode-se prever a estabilidade do eletrodo e sua dis-
solução em função das suas espécies formadas em dado valor de poten-
cial e pH (HAKIZIMANA et al., 2017).
De forma geral, as regiões ou conjunto de linhas no diagrama de
E-pH representam uma combinação de valores de pH/E em que uma
determinada espécie redox/ácido-base é a forma predominante da
substância representativa do diagrama. As linhas representam a combi-
nação de valores de pH/E em que há o equilíbrio entre as duas espécies
das regiões predominantes. As formas de cada linha fornecem os se-
guintes dados:
– Linhas verticais: as espécies estão relacionadas puramente por
reações ácido-base; portanto, são pH dependentes e potencial (E)
independente.
– Linhas horizontais: as espécies estão relacionadas puramente
por reações redox; portanto, são pH independentes e potencial (E)
dependentes.
– Linhas inclinadas: as espécies estão relacionadas por uma
combinação de reações redox/ácido-base; portanto, são dependentes
tanto do pH quanto do potencial.
Duas outras importantes linhas ainda são representadas no dia-
grama de E-pH que correspondem à redução e oxidação da água, sendo
que, juntas, definem o campo de estabilidade dessa espécie. A partir das
reações redox e ácido-base que envolvem a conversão entre pares (cada
78 Estudos da Pós-Graduação

linha) uma expressão matemática é obtida utilizando-se dos conceitos


de constante de equilíbrio químico (K) e equação de Nernst (E), a partir
dos valores de ΔG° reacional. Na Tabela 2.2 e Figura 2.11, estão apre-
sentadas as expressões para o diagrama de E-pH e o gráfico para o
alumínio, respectivamente, a 25 °C e concentração de espécies solúveis
(exceto H+) igual a 10-1 mol L-1.
Tabela 2.2 – Espécies, reações químicas e expressões algébricas consideradas na construção do diagrama E-pH para o
Alumínio (Al-O-H)
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais

Fonte: PESTERFIELD (2012) – (adaptado).


79
80 Estudos da Pós-Graduação

Figura 2.11 – Diagrama E-pH para as espécies de alumínio. Concentração das


espécies solúveis (exceto H+) = 10-1,0 mol L-1. Meio aquoso a 25 °C

3.0
2.5
2.0
1.5 O2(g) oxidação da água
1.0 3+
+
O2(g) + 4H(aq) + 4e- 2H2O
Al(aq) Al(OH)3(s)
0.5 [incolor] [branco gelatinoso]
0.0 Al(OH)4 Região limítrofe de
E(Volts)

+
H2O, H(aq) (aq)
[incolor] estabilidade da água
-0.5
-1.0 H2(g) + -
-1.5 2H(aq) + 2e H2(aq)
-2.0 redução da água
-2.5 Al(s)
-3.0 [prata]
-3.5
-4.0
0 2 4 6 8 10 12 14
pH

Fonte: Adaptado de SCHWEITZER (2010).

O diagrama de potencial-pH para o alumínio apresenta o


Al(OH)3(s), que tem comportamento anfotérico, mostrando-se um óxido
de alumínio com comportamento ambíguo frente a um ácido/base. O
hidróxido de alumínio III, portanto, em soluções ácidas, dissolve-se,
formando Al3+(aq), indicado pela linha vertical, a um valor de pH pró-
ximo a 4. Em solução básica, essa mesma espécie produz Al(OH)-(aq),
conforme indicado pela linha vertical entre pH 11,0 - 12,0. A redução
das três espécies de alumínio III a alumínio sólido é representada pela
linha horizontal, específica para cada transição. A linha horizontal que
começa em -1,68V que segue de pH igual a -1,0 até 4,0 representa a
redução de Al3+ a espécie Al0. A linha horizontal que segue E = -1,68V
a -2,20V e valores de pH de 4,0 até aproximadamente 11,5 representa a
redução do hidróxido anfótero Al(OH)3(s) a Al0. De forma semelhante,
a linha inclinada que segue E = -2,20V a -2,42V e valores de pH de 11,5
ao limite direito do diagrama, representa a redução do complexo de
alumínio Al(OH)-4(aq) à espécie com Al0.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 81

A região que aloca a espécie Al(s) está inserida dentro da zona de


redução da água, e o alumínio é termodinamicamente estável, dito
imune. A região em que o Al3+ está alocada apresenta o início do pro-
cesso de transição (corrosão) em que o Al(s) inicia a dissolução em meio
aquoso. As reações 2.62 - 2.64 que ocorrem em meio aquoso corres-
pondem à redução do íon H+, ou caso presente, O2(g) e oxidação do Al(s),
a ocorrência da reação catódica depende de qual região do diagrama de
E-pH da água se encontram os valores aplicados no estudo. Dessa
forma, os elétrons resultantes da oxidação do Al(s) são transferidos à
redução do íon H+ e O2.

3+
4Al(s) → 4Al(aq) + 12e– (Eq. 2.62)

12H+(aq) + 12e– 6 H2(aq) (Eq. 2.63)

3O2(g) + 12H+(aq) + 12e– 6H2O (Eq. 2.64)

O comportamento anfótero do Al(OH)3(s) confere a essa região a


característica de passividade (dependente da característica do filme). O
aspecto desse hidróxido bastante denso e gelatinoso, e de aspecto de
filme, torna o processo de conversão, quando comparado ao Al3+, lento.
A construção do diagrama leva em conta o aspecto termodinâmico, de
modo que o efeito cinético não é previsto. De modo semelhante ao Al3+,
as reações (equações 2.65 e 2.66), que representam o processo de con-
versão que ocorrem nessa região, são dependentes da região de estabi-
lidade das espécies do diagrama da água, ressaltando-se que, dados os
valores de pH verificados na Figura 2.12 para a região dessa espécie, a
reação de redução está ligada, majoritariamente, ao oxigênio em so-
lução aquosa, podendo, em casos abaixo da linha que representa a re-
dução de H+ no diagrama e pH abaixo de 7,0, ter a redução do íon hi-
drônio também ocorrido.

– +
4Al(s) + 12H2O → 4Al(OH)3(s) +12e + 12H(aq) (Eq. 2.65)
+
3O2(g) + 12H(aq) + 12 e– 6H2O (Eq. 2.66)
82 Estudos da Pós-Graduação

A espécie solúvel Al(OH)4- trata-se de um complexo; nessas con-


dições, o pH está bastante elevado e, inicialmente, ressolubiliza o hi-
dróxido amorfo Al(OH)3; dessa forma, a condição de passividade con-
verge a uma nova zona de corrosão, em que o Al(s) passa a se converter
nesse íon complexo de alumínio. Novamente ocorre a transferência de
elétrons para a redução do oxigênio. Se a solução aquosa se encontra
sem aeração, essa região necessita de potencial externo, dada a inexis-
tência de reação catódica.

– – +
4Al(s) + 16H2O → 4Al(OH)4 + 12e + 16H(aq) (Eq. 2.65)

3O2(g) + 12H+(aq) + 12 e- 6H2O (Eq. 2.68)

O diagrama E-pH para o ferro se apresenta de forma mais com-


plexa devido ao grau de hidrólise e da faixa de oxidação maiores, para
o caso do alumínio. Uma divisão em dois diagramas é necessária para
facilitar a compreensão. O primeiro apresenta as espécies sólidas, in-
cluindo hidróxidos amorfos e óxidos de ferro; já o segundo conta com
a especiação em função do par E-pH dos íons aquosos formados. As
Tabelas 2.3 e 2.4, além das Figuras 2.12 e 2.13, apresentam os dois
diagramas para espécies sólidas e íons aquosos, respectivamente.
Tabela 2.3 – Reações químicas associadas às fronteiras do diagrama de E versus pH, contendo as fases estáveis
sólidas do sistema Fe-O-H
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais

Fonte: software Geochemist’s workbench (2019).


83
84 Estudos da Pós-Graduação

Tabela 2.4 – Reações químicas associadas às fronteiras do diagrama de E versus


pH, excluindo as fases estáveis sólidas do sistema Fe-O-H

Fonte: software Geochemist’s workbench (2019).


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 85

Figura 2.12 – Diagrama de E x pH obtido para o sistema Fe-O-H,


excluindo as fases estáveis sólidas do sistema Fe-OH

1.2

Diagram Fe ++ , T = 25ºC, P = 1.013 bars, a [main] = 10-3 , a [H2O] = 1


1
Fe+++
H ++
FeO
.8
Fe(OH)+2
.6

.4 Fe(OH)3

.2
Fe++
0 Fe(OH)–4

-.2

-.4
FeOH+
-.6
Fe(OH)2
25º C Fe(OH)–2
-.8
0 2 4 6 8 10 12 14
pH

Fonte: software Geochemist’s workbench (2019).

A partir dos diagramas das Figuras 2.12 e 2.13, o mecanismo de


eletrocoagulação, descrito na literatura, pode ser associado por meio da
avaliação dos valores de pH e do potencial de oxirredução (ORP).
Verifica-se que, em função do pH, as espécies de ferro geradas a partir
da oxidação, reportadas na literatura, possuem regiões de estabilidade
no diagrama em meio aquoso (LAKSHMANAN; CLIFFORD;
SAMANTA, 2009; MORENO et al., 2009; SASSON; CALMANO;
ADIN, 2009).
86 Estudos da Pós-Graduação

Figura 2.13 – Diagrama de E x pH obtido para o sistema Fe-O-H,


considerando espécies sólidas – Hematite: Fe2O3 – Magnetite: Fe3O4

1.2

Diagram Fe ++ , T = 25ºC, P = 1.013 bars, a [main] = 10-3 , a [H2O] = 1


1
Fe+++
.8

.6

.4
Hematite
.2
Fe++
0

-.2

-.4
Magnetite
-.6 FeO(o)
25º C
-.8
0 2 4 6 8 10 12 14
pH

Fonte: software Geochemist’s workbench (2019).

– Mecanismo 1
pH > 4

0 2+
4Fe2(g) → 4Fe(aq) + 8e– (ânodo) (Eq. 2.69)

2+
4Fe(aq) + 10H2O
+ O2(aq) → 4Fe(OH)3(s) + 8H+(aq) (seio da solução) (Eq. 2.70)

+
8H(aq) + 8e– → 4H2(g) (cátodo) (Eq. 2.71)

4 < pH < 7

+
4Fe(s) + 24H2O → 4Fe(H2O)4 (OH)2(aq) + 8H(aq) + 8e– (ânodo) (Eq. 2.72)
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 87

4Fe(H2O)4
(OH)2(aq) + O2(aq) → 4Fe(H2O)4(OH)3(s)+ 2H2O (seio da solução (Eq. 2.73)

4Fe(H2O)4(OH)3(s) → 2Fe2O3(H2O)6(s) (seio da solução) (Eq. 2.74)

+
8H(aq) + 8e– → 4H2(g) (cátodo) (Eq. 2.75)

6 < pH < 9

A precipitação do hidróxido de ferro (III) continua, junto ao hi-


dróxido de ferro (II), apresentando a formação da chamada ferrugem
verde (green rust), flocos cor verde-escura.

– Mecanismo 2
pH < 4

Fe(s) → Fe2+ –
(aq) + 2e (ânodo) (Eq. 2.76)

+
2H(aq) + 2e– → H2(g) (cátodo) (Eq. 2.77)

4 < pH < 9

Fe(s)+ 6H2O +
→ Fe(H2O)4 (OH)2(aq) + 2H(aq) + 2e– (ânodo) (Eq. 2.78)

Fe(H2O)4(OH)2(aq) → Fe(H2O)4(OH)2(s) (seio da solução) (Eq. 2.79)

+
2H(aq) + 2e– → H2(g) (cátodo) (Eq. 2.80)

– Mecanismo 3
4 < pH < 9

2Fe(s)+ 12H + –
2O → 2Fe(H2O)3 (OH)3(aq) + 6H(aq) + 6e (ânodo)(Eq. 2.81)

2Fe(H2O)3(OH)3(aq) → 2Fe(H2O)3(OH)3(s) (seio da solução) (Eq. 2.82)

2Fe(H2O)3(OH)3(aq) → 2Fe2O3(H2O)6(s) + 3H2O (seio da solução)(Eq. 2.83)


88 Estudos da Pós-Graduação

+
6H(aq) + 6e– → 3H2(g) (cátodo) (Eq. 2.84)

E novamente a ação do eletrólito suporte formando o hidróxido


de ferro (III) amorfo:


2Cl(aq) → Cl2(g) + 2e– (ânodo) (Eq. 2.85)


Cl(aq) + H2O → HOCl(aq) + H+(aq) + Cl–(aq) (seio da solução) (Eq. 2.86)


Fe(H2O)4(OH)2(s) + HOCl(aq) → Fe(H2O)3(OH)3(s) + H2O + Cl(aq) (seio
da solução) (Eq. 2.87)

Os mecanismos revelam que, paralelamente aos processos


aquosos descritos, óxidos sólidos com características cristalinas e
amorfas são formados a partir dos hidróxidos de Fe (II e III). Essas espé-
cies atuam como adsorventes da mesma forma que os monômeros, pro-
movendo complexação dos poluentes ou atração eletrostática (SASSON;
CALMANO; ADIN, 2009). A Figura 2.14 demonstra o processo de con-
versão do ferro nessas subespécies sólidas de valência mista.
De acordo com a Figura 2.14, na presença de oxigênio dissolvido
(OD), o primeiro produto sólido formado em função dos cátions metá-
licos e espécies aquosas dependentes do potencial-pH é a lepidocrocita
(γ-FeOOH) que pode vir a se transformar na fase goethita (α-FeOOH).
Quando a concentração de oxigênio está muito baixa ou ausente, pro-
dutos misturados que incluem magnetita e ferrugem verde são gerados
no processo de eletrocoagulação com Fe0. Em contrapartida, se o OD se
encontra elevado no meio aquoso, magnetita é majoritariamente ge-
rada. Apesar de simples, esses mecanismos de conversão são extrema-
mente dependentes do pH e do eletrólito em estudo. Os ânions descritos
na Figura 2.14 promovem a formação de barreira física, dada a adsorção
dessas espécies nos hidróxidos simples de ferro, o que impede a for-
mação da fase magnetita (Fe3O4) (DUBRAWSKI et al., 2015; REFAIT
et al., 2014). A mesma ferrugem verde é precursora, em condições ae-
radas, na formação da lepidocrocita (γ-FeOOH), porém a conversão em
magnetita é bastante lenta, dadas as especificidades cristalinas, fazendo
Figaura 2.14 – Diagrama esquemático do processo de formação das fases de hidro(óxidos) de ferro de
valência mista geradas em função da eletrocoagulação de Fe0. A representação da conversão envolve
oxigênio dissolvido (OD) e eletrólitos suporte para formar espécies de valência mista

Produtos Produtos SONG et al., 2017).


Produtos sólidos Produtos
sólidos
aquosos secundários sólidos finais
primários

γ – FeOOH γ – FeOOH α – FeOOH


3+ de γ – FeOOH
Feaq) ça (lepidocrocita) (lepidocrocita)
sen (goethita lepidocrocita)
pre (OD)
e Fe3O4
Oxigênio ad - (magnetita) de

)
sê Fe3O4

n
n-ci O2 4
dissolvido cia -

)
au 2 e S

se
u sên O34 (magnetita)

(OD ça de
enç
(OD) aus
CO 3 a P

s
(OD a de
e
ênc

pre
r
Fe O

p
3 4
(OD ia de
2+

=10
) aus de
Fe(aq) ê pre cia (magnetita)

pH
sen
CO 2 - ncia d sên )
e Ferrugem verde PO 3ç-a de au (OD
3 eS e 4
O2-
4 Ferrugem verde
(green rust) ausência d pH
Cores dos produtos sólidos

(OD) =7
(green rust)
Aumento do estado de oxidação

Eletrodo Fe0
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais

Fonte: Adaptado de DUBRAWSKI (2015); SONG (2017).


paração com a ferrugem verde, devido a perdas de área de superfície
cruciais. A remoção via magnetita de poluentes é mais eficaz em com-
89

desses óxidos que agem como adsorventes (DUBRAWSKI et al., 2015;


com que a composição eletrolítica, pH e condições de potencial sejam
90 Estudos da Pós-Graduação

Parâmetros básicos de custos aplicados à eletrocoagulação

De acordo com Kobya et al. (2006), o consumo de energia em


um reator batelada é expresso como descrito na equação 2.88:

Cenergia = Uit / V (Eq. 2.88)

Onde:
Cenergia = consumo de energia, em W.h/m3
U = tensão elétrica aplicada no sistema, em Vi = corrente elétrica
aplicada, em A
t = tempo de aplicação da corrente, em h
V = volume de efluente tratado, em m3

Custo de operação

Segundo Kobya et al. (2006), este item inclui material, princi­


palmente do eletrodo, custo da energia elétrica, do trabalho, da
manutenção, da desidratação do lodo e disposição, além dos custos fixos.
Segundo estudos realizados por Donini et al. (1994), os custos de
energia e do material do eletrodo representam cerca de 80% dos custos de
operação. Portanto, considerando apenas estes dois fatores, a expressão
pode ser descrita conforme a equação 2.89 (KOBYA et al., 2006):

Coperação = a . Cenergia + b . Cenergia (Eq. 2.89)

Sendo:
Coperação = custo de operação, R$/m3 efluente
a = custo de energia, R$/kWh
C = consumo de energia, kW.h/ m3 energia efluente
b = custo mássico da placa, R$/kg eletrodo C = consumo do
eletrodo, kg/m3
Tabela 2.5 – Aplicação do processo de eletrocoagulação em diferentes tipos de poluentes
Densidade de
Poluente/tipo Tempo Ânodo – Remoção
corrente, corrente pHInicial Referência
de efluente (min) cátodo (%)
elétrica ou tensão
Amônia (NH4+) 16,7 mA cm-2 60 7,0 Al-Aço inox. 99,0 (MAHVI et al., 2011)
(MOUSSAVI; MAJIDI;
Cianeto (CN-) 15,0 mA cm-2 20 11,5 Fe-Fe 87,0
FARZADKIA, 2011)
5,0 mA cm-2 90 3,0 Al-Al 87,0 (AOUDJ et al., 2015)
em diferentes matrizes

(TEZCAN UN; KOPARAL;


2,0 mA cm-2 30 6,0 Al-Al, Fe-Fe 97,6 e 83,6
BAKIR OGUTVEREN, 2013)
Fluoreto (F-)
1,85 mA cm-2 30 7,0 Al-Al 94,0 (PALAHOUANE et al., 2015)
(EMAMJOMEH; SIVAKUMAR;
1,87 mA cm-2 60 4,0-6,0 Al-Al 90,0
VARYANI, 2011)
(EMAMJOMEH; SIVAKUMAR,
2,5 mA cm-2 60 9,0 Al-Al 99,0
2009)
Al-Fe, Fe-Fe,
Al-Grafite, 60,0 - 52,0
Nitrato (NO3-) Al-Al, Fe- - 50,0 - 45,0
(GOVINDAN; NOEL; MOHAN,
Aplicação do processo de eletrocoagulação

25 mA cm-2 60 7,0 Grafite, Fe-Al, - 35,0 -26,0


2015)
Grafite-Al, - 18,0 - 16,0
Grafite-Fe e - 13,8
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais

Grafite-Grafite
Fosfato (PO43-) 10 mA cm-2 15 e 60 5,0 Al-Fe 96,0 - 93,0 (KUOKKANEN et al., 2015)

3,0 mA cm-2 30 e 120 9,0 Al-Al e Fe-Fe 100 - 100 (LACASA et al., 2011)
91
(continuação Tabela 2.5)
92

Densidade de
Poluente/tipo de Tempo Ânodo –
corrente, corrente pHInicial Remoção (%) Referência
efluente (min) cátodo
elétrica ou tensão
(MURUGANANTHAN; RAJU;
Sulfato (SO42-) 62 mA cm-2 15 7,0 Fe-Fe 71,3 e 30,0
PRABHAKAR, 2004)
Antimônio (Sb3+) 22,0 mA cm-2 60 2,0 Al-Al 96,5 (ZHU et al., 2011)
2,4-4,0- Fe-Fe, Al-Al
30 mA cm-2 (AC) 60 99,6 - 97,8 - 99,6 (WAN et al., 2011)
Arsenito (III 7,0 e Fe-Al
– AsO33-)
0,14 mA cm-2 15 e 60 7,0 Fe-Fe 99,9 (WAN et al., 2011)
Arsenato (VI
– AsO43-)
4,0 mA cm-2 40 7,0 Al-Al 99,0 (HU; LO; KUAN, 2014)
(VASUDEVAN; LAKSHMI,
Cádmio (Cd2+) 2,0 (AC) e 2,0 (DC) 120 7,0 Zn-Zn 97,8 e 96,9
2011)
10,84 e 32,52 mA (GOLDER; SAMANTA; RAY,
50 3,4 Fe-Fe 81,5 e 99,9
cm-2 2007)
48,78 e 32,78 mA (GOLDER; SAMANTA; RAY,
Cromo (III) (Cr3+) 40 e 60 3,4 Fe-Fe 100
cm-2 2007a)
Estudos da Pós-Graduação

9,14 V 10,0 4,23 Al-Al 91,0 (ZAROUAL et al., 2009)

5,0 mA cm-2 90 3,0 Al-Al e Fe-Fe 25,2 e 99,8 (AOUDJ et al., 2015)
Cromo (VI) 120 e (HEIDMANN; CALMANO,
(CrO42-; Cr2O72-) 3,3 mA cm-2 5,5 Al-Al 70 - 75
150 2008)
1,0 mA cm-2 20 4,5 Fe-Fe 98,2 e 98,8 (ZEWAIL; YOUSEF, 2014)
(BHATTI; REDDY;
24 V 24 5,0 Al-Al 90,4
THUKRAL, 2009)
15,0 mA cm-2 60 5,0 Al-Al 67,3 (ZONGO et al., 2009)

(AC): corrente alternada – (DC) corrente contínua


(continuação Tabela 2.5)
Densidade de Ânodo
Poluente/tipo Tempo
corrente, corrente pHInicial – Remoção (%) Referência
de efluente (min)
elétrica ou tensão cátodo
(AL AJI; YAVUZ; KOPARAL,
25 mA cm-2 40 5,5 Fe-Fe 98,0
2012)
(HEIDMANN; CALMANO,
Cobre (Cu2+) 3,3 mA cm-2 5,7 e 15 5,5 Al-Al 100
2008)
(DERMENTZIS;
20, 40 e
40 mA cm-2 4,0 Al-Al 100 CHRISTOFORIDIS;
50
VALSAMIDOU, 2011)
Chumbo 45,75 e
3,9-7,9-11,8 mA cm-2 7,0 Al-Al 100 (EIBAND et al., 2014)
(Pb2+) 90
(AL AJI; YAVUZ; KOPARAL,
25 mA cm-2 40 5,5 Fe-Fe 76,0
Manganês 2012)
(Mn2=) 54,6 - 64,7 - 72,8
0,5 mA cm-2 100 7,0 Mg-Zn (GANESAN et al., 2013)
-82,4 - 97,2
(AL AJI; YAVUZ; KOPARAL,
25 mA cm-2 40 5,5 Fe-Fe 97,6
2012)
5,10 e (HEIDMANN; CALMANO,
3,3 mA cm-2 5,5 Al-Al 100
Níquel (Ni2+) 20 2010)
Fe-Fe,
Al-Al, 98,0 - 96,5 - 99,9
10 mA cm-2 60 3,0 (AKBAL; CAMCI, 2011)
Fe-Al e -76,3
Al-Fe
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais

(HEIDMANN; CALMANO,
Prata (Ag+) 3,3 mA cm-2 30 e 50 5,5 Al-Al 60,0 - 66,0 - 90,0
2008)
10,20 e (AL AJI; YAVUZ; KOPARAL,
25 mA cm-2 5,5 Fe-Fe 98,0
40 2012)
Zinco (Zn2+)
15 mA cm-2 35 3,0 Al-Al 98,0 - 70,5 (HANAY; HASAR, 2011)
93
94

(continuação Tabela 2.5)


Densidade de
Poluente/tipo corrente, Tempo
pHInicial Ânodo – cátodo Remoção (%) Referência
de efluente corrente elétrica (min)
ou tensão
Benzoquinona 2,0 mA cm-2 20 7,5 Al-Aço inox. 90,0 (CAN; BAYRAMOGLU, 2010)
35 e Aço inox. – Aço 10,3* e 70,0* (OLMEZ-HANCI; KARTAL;
Dimetil-ftalato 22,5 mA cm-2 6,0
180 inox. - 10,0** e 75,0** ARSLAN-ALATON, 2012)
Al-Al, Cu-Cu,
24,4 - 12,0 - 40,8 (FAJARDO; MARTINS; QUINTA-
Mistura fenólica 11,9 mA cm-2 80 3,0 Fe-Fe, Pb-Pb e
- 23,7 - 48,8* FERREIRA, 2014)
Zn-Zn
Corante 11,3 mA cm-2 5 6,0 Fe-Fe 69,0* e 98,0*** (DANESHVAR et al., 2007)
Tartrazina (Acid
50,0 - 55,0 - 58,0 (MODIRSHAHLA; BEHNAJADY;
Yellow 37) 5,8 mA cm-2 6 5,8 Fe-Fe e Al-Al
- 66,0** e 100*** KOOSHAIIAN, 2007)
(CAN; BAYRAMOGLU; KOBYA,
Corante 10,0 mA cm-2 10 6,0 Al-Al 93,0** e 93,0***
2003)
Estudos da Pós-Graduação

Remazol Red
RB133 10,0 mA cm-2 10 6,0 Al-Aço inox. 96,9** e 96,9*** (VALERO et al., 2008)
Matéria orgânica
5,8 mA cm-2 90 5,0 Al-Al 71,0** (MOHORA et al., 2012)
natural (NOM)
Fármaco
17,5 mA cm-2 15 2,0 Al-Al 99,0**** (OUAISSA et al., 2014)
tetraciclina
Surfactante
(YÜKSEL; ŞENGIL; ÖZACAR,
Dodecil sulfato 0,5 mA cm-2 10 5,0 Fe-Fe 81,6****
2009)
(SDS)
Fonte: Adaptado de GARCIA-SEGURA (2017). * DQO (Demanda Química de Oxigênio); **COD (Carbono Orgânico Dissolvido);
*** (Remoção de cor) e **** (Remoção da espécie do poluente).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 95

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Capítulo 3
ATRIBUTOS OPERACIONAIS DE UMA CÉLULA
ELETROLÍTICA POR CORRENTE PULSADA

Eliezer Fares Abdala Neto, Luiza Maria Gomes de Sena


Antônio Ferreira de Oliveira, Jefferson Pereira Ribeiro
André Gadelha de Oliveira, Ari Clecius Alves de Lima
Francisco Wagner de Sousa, Ronaldo Ferreira do Nascimento

Introdução

É difícil imaginar a vida como se apresenta nos dias de hoje


sem a eletroquímica, sobretudo quando pensamos na manutenção e fun-
cionamento dos nossos celulares, tablets, barbeadores, minivideogames
e outros tantos eletrônicos portáteis e úteis que compõem o vasto portfólio
do dia a dia dos seres humanos em pleno século XXI. E, por incrível que
possa parecer, aos de mais idade, os carros também entram nesta seleta
lista de utilitários dependentes de reações químicas para o armazena-
mento de energia e a liberação, quando for necessário.
A possibilidade dessa existência cada vez mais móvel vem das
baterias que, por sua vez, vêm da eletroquímica, ciência que trata da
interconversão entre a energia elétrica e energia química. Os efeitos
elétricos ocorrem como resultado de movimento da carga elétrica, que
pode se apresentar como um íon em solução ou como elétrons em um
condutor (BURROWS et al, 2012).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 111

O estudo sobre o uso de processos eletrolíticos concomitante,


tanto em baterias como em processos de tratamento aplicados a diversas
matrizes ambientais (água, ar e resíduos sólidos), aparecem como uma
nova alternativa promissora.
O uso de eletricidade para a remediação de resíduos líquidos foi
proposto primeiramente na Inglaterra em 1889. Em 1904, uma patente foi
depositada por Elmore relatando o uso da eletrólise para a remoção de
minerais. Especificamente, a coagulação eletrolítica (EC), utilizando ele-
trodos de alumínio e aço, foi patenteada nos EUA em 1909 (CHEN, 2004).
Um método para tratamento de água para consumo humano apli-
cando processos eletroquímicos foi feito, primeiramente, em grande
escala, nos EUA, em 1946. Este método utilizou os ânodos de alumínio
para produzir flocos de hidróxido de alumínio pela reação no eletrodo
seguida pela hidrólise. Flocos eletrogerados sedimentaram rapida-
mente, removendo a cor da água. Em 1956, Holden tratou a água de rio,
na Grã Bretanha, usando os eletrodos do ferro com um tipo similar de
sistema. Ambas as investigações, em 1946, e, em 1956, mostraram re-
sultados promissores, por exemplo, com alta qualidade da água medida
pela remoção da turbidez e da cor (MATTESON, 1995). Por causa do
investimento relativamente alto em comparação com o produto quí-
mico (HOLT et al., 2004) e do alto custo da eletricidade, tecnologias
eletroquímicas para o tratamento de água ou de água residuária não
encontraram grande aplicação no mundo.
Durante o meio século seguinte, a pesquisa extensiva nos EUA e
na URSS acumulou uma quantidade abundante de conhecimento. Com
o padrão sempre crescente para fontes de água potável e os regula-
mentos ambientais estritos a respeito da descarga de efluentes, as tecno-
logias eletroquímicas ganharam novamente sua importância no mundo
durante as duas décadas passadas (CHEN, 2004). Em anos recentes, os
processos eletroquímicos em menor escala encontraram um nicho na
indústria de tratamento de água, provando serem tecnologias de con-
fiança e eficazes, embora requerendo maior entendimento técnico para
seu potencial ser inteiramente explorado (HOLT et al., 2004).
Até o final do século XX, o tratamento eletrolítico de águas re-
siduárias foi cada vez mais usado na América do Sul e na Europa,
112 Estudos da Pós-Graduação

principalmente para efluentes industriais que continham metais. Na


América do Norte, foi utilizada primeiramente para tratar o efluente
das indústrias de papel, mineração e indústrias de processamento de
metais. Além disso, o processo eletrolítico tem sido aplicado desde
então no tratamento de efluentes de gêneros alimentícios, de efluentes
contendo óleo, corantes, partículas em suspensão, lustramento quí-
mico e mecânico, matéria orgânica da percolação de aterros, defluore-
tação da água, efluentes de detergente sintético, resíduos da mineração
e solução contendo metal pesado. Tipicamente, estudos empíricos
estão em curso feitos para definir os principais parâmetros de ope-
ração. A tecnologia tem sido otimizada para minimizar o consumo de
potência elétrica e para maximizar taxas de remoção de poluentes
(MOLLAH et al., 2001).
Atualmente, a utilização do processo eletrolítico vem emergindo
como uma alternativa promissora, principalmente pela aplicação em
uma ampla variedade de compostos, possibilitando oxidar ou reduzir
íons metálicos, íons cianeto, compostos organoclorados, hidrocarbo-
netos aromáticos e alifáticos e seus derivados. Nesse processo, o mate-
rial tratado recebe diretamente elétrons, eliminando a necessidade da
adição de substâncias redutoras ou oxidantes potencialmente tóxicas.
Sua utilização tem larga importância, pois reduz a toxicidade dos
efluentes por meio da transformação de substâncias persistentes em
substâncias facilmente biodegradáveis (BIDOIA, 2004; JIA et al.,
2007; TICIANELLI; GONZALEZ, 2013).
Recentemente, os custos de implantação, operação e manutenção
para os processos eletrolíticos se apresentam atrativos. Além disso,
esses processos podem ser mais eficientes, compactos e indispensáveis
em estações de tratamento de efluentes. A aplicação dos processos ele-
trolíticos tem sido estudada nos mais diferentes tipos de poluentes de
diferentes matrizes, tais como: efluentes têxteis, águas subterrâneas,
efluentes de indústria de petróleo, resíduo de estações de tratamento de
efluentes e agrotóxicos (CHEN, 2004; ELNENAY et al., 2017; LING
et al., 2016; MOHORA et al., 2014; PEREIRA et al., 2017; SANTOS;
DEZOTTI; DUTRA, 2013; SARDARI et al., 2018; YAVUZ;
ÖGÜTVEREN, 2018).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 113

Corrente contínua pulsada aplicada no


tratamento eletrolítico

De acordo com Ticianelli et al. (2013), é possível entender, de ma-


neira genérica, o enunciado da Lei de Faraday que diz: “A passagem de
uma corrente elétrica de um condutor metálico para um condutor eletrolí-
tico, ou vice-versa, é sempre acompanhada por uma reação eletroquímica”.
Quantitativamente, Faraday também propôs: “A magnitude do efeito quí-
mico, em equivalentes químicos, é a mesma tanto na superfície metálica
quanto na solução eletrolítica, e está determinada somente pela quantidade
de eletricidade que passa”. Isto corresponde a dizer que, se um equivalente
de elétrons flui através de uma interface, um equivalente-grama de espécie
envolvida no processo eletródico deverá ser oxidado ou reduzido. A carga
correspondente a um equivalente de elétrons é tradicionalmente conhecida
como Lei de Faraday. As reações eletroquímicas de oxidação e redução
podem ser governadas por fenômenos associados à eletrolise que, por sua
vez, dependem da diferença de potencial aplicada. Por meio de leis estabe-
lecidas por Faraday, o consumo de elétrons é associado à quantidade total
de substâncias reagentes (GIORDANO et al., 2000).
A unidade correspondente à carga elétrica (q) é o Coulomb (C).
O módulo da carga elétrica de um elétron é 1,602x10-19C. Sendo assim,
um mol de elétrons possui uma carga (1,602x10-19 C) x (6,022x10-23
mol), ou seja, 9,6487x104 C.mol-1, que é denominada constante de
Faraday (F) (HALLIDAY; RESNICK, 2017).
Para Harris (2005), uma corrente elétrica aplicada de 1A corres-
ponde a uma corrente de 1 C.s-1. A corrente vai determinar a quantidade
de espécies químicas que serão oxidadas. Uma corrente elevada pode
significar perda de potência, pois parte se dissipará como energia térmica
pela solução. Para Salvador (2017), quando a densidade de corrente apli-
cada nos eletrodos é muito alta, ou seja, maior que 27 A.m-2, ocorre a
formação de bolhas de hidrogênio em excesso as quais, próximas à super-
fície do cátodo, poderão impedir a aproximação das espécies junto à su-
perfície do eletrodo e diminuem a velocidade da redução. Isto pode ser
evitado pelo controle da corrente, pela agitação da solução ou pela in-
versão dos polos dos eletrodos.
114 Estudos da Pós-Graduação

O reduzido custo de implantação devido ao menor volume de


obras civis, a ausência de ruídos dos equipamentos de processo, a au-
sência de aerossóis e a concepção modular estimulam a utilização do
processo (WIENDL, 1998).
Nos processos eletrolíticos, os seguintes parâmetros devem ser
considerados para o dimensionamento do processo: seleção dos mate-
riais dos eletrodos; distância entre os eletrodos; diferença de potencial
aplicada; corrente elétrica específica; pH do meio; condutividade espe-
cífica; temperatura e tempo de residência (ALEGRE et al., 1993; SILVA
et al., 2005).
Os estudos apresentados neste livro mostram uma nova con-
cepção tecnológica aplicada a um processo eletrolítico, ao emprego da
corrente direta pulsada, potencializando os efeitos da eletrocoagulação,
eletro-oxidação (dependendo do tipo de liga utilizada no eletrodo) e
eletroflotação. Estes efeitos eletrolíticos se caracterizam como um
POA, tendo como princípio a capacidade de transformar a maioria dos
contaminantes orgânicos em dióxido de carbono, água e ânions inorgâ-
nicos, através de reações de degradação que envolvem espécies transi-
tórias oxidantes, principalmente os radicais hidroxila.
A corrente elétrica do tipo direta pulsada emite elétrons intermi-
tentes em uma faixa de frequência que pode variar conforme o dimensio-
namento do circuito elétrico, que tem como objetivo produzir este efeito,
já que a fonte elétrica utilizada e comercializada produz corrente con-
tínua. Vale destacar que as moléculas de água presentes no efluente a ser
eletrolisado possuem também sua faixa de frequência de vibração na-
tural, pois qualquer objeto formado por um material elástico, quando
perturbado, vibrará com seu próprio conjunto de frequências particu-
lares que, juntas, formam seu padrão de emissão. A isto se denomina de
frequência natural da materia; portanto, desde planetas a átomos pos-
suem elasticidade própria e vibram em uma ou mais frequência natural.
Desta forma, com a utilização da corrente direta pulsada como
forma de energizar os eletrodos em um processo eletrolítico, busca-se
alcançar o princípio da superposição, quando duas ou mais ondas
ocupam determinado espaço ao mesmo tempo e os deslocamentos cau-
sados por cada uma delas se adicionam em cada ponto. Assim, quando
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 115

a crista de uma onda se superpõe à crista de outra, seus efeitos indivi-


duais se somam e produzem uma onda resultante com amplitude maior
(HEWITT, 2015; SERWAY e JEWETT, 2017; HALLIDAY, D.;
RESNICK, R., 2017; TIPLER, 2009).
Tal ocorrência se caracteriza como um fenômeno de ressonância e
ocorre quando a frequência de vibração forçada, de uma determinada
matéria, se iguala à frequência natural desta. Este efeito só é alcançado
quando é empregada uma força capaz de trazer a matéria a sua posição
original e energia suficiente para mantê-lo vibrando. Segundo Feynman,
Leighton, Sands (2008), quando duas placas metálicas paralelas são sub-
metidas a uma corrente alternada de baixa frequência, à medida que a
tensão se alterna, a carga positiva atribuída a uma das placas é levada a
zero e a carga negativa surge. Enquanto isso ocorre, o campo elétrico
desaparece e depois reaparece na direção oposta. À proporção que a carga
escorre lentamente de um lado para o outro, o campo elétrico segue o
mesmo movimento. Em cada instante o campo elétrico é uniforme.
O processo eletrolítico baseado nestes princípios físicos apre-
senta uma série de vantagens em comparação com a eletrólise conven-
cional. Dentre outras, se destaca o baixo consumo de energia elétrica,
pois é promovido seguindo os aspectos inerentes ao campo elétrico uni-
forme, interferência construtiva e ressonância, avaliando a possibili-
dade de romper ligações químicas e, com os fragmentos resultantes,
não mais manter a neutralidade elétrica do meio. Portanto, as moléculas
polares de água submetidas ao campo elétrico atrativo entre as placas
polarizadas, interagindo construtivamente com padrão de onda natural
da molécula, são os grandes responsáveis pela formação de íons mole-
culares, denominados de radicais.
Neste processo, elétrons e fótons são providos diretamente do
material tratado, eliminando a necessidade da adição de substâncias re-
dutoras ou oxidantes potencialmente tóxicas. Sua utilização tem larga
importância, pois reduz a toxicidade dos efluentes através da transfor-
mação de substâncias persistentes em substâncias facilmente biodegra-
dáveis. Okuno et al. (2010) afirmam que tanto os íons atômicos como
os moleculares são entidades muito mais reativas do que átomos ou
moléculas neutros.
116 Estudos da Pós-Graduação

O campo elétrico é uma propriedade física estabelecida em todos


os pontos do espaço que estão sob a influência de uma carga elétrica
(TIPLER, 2009; BISCUOLA, 2007); nos processos eletrolíticos,
quando se utilizam de eletrodos planos, espaçados paralelamente e ele-
tricamente eletrizados por corrente direta pulsada, obtém-se, em todos
os pontos de cada semiespaço, um campo elétrico, tendo, em todos os
pontos, a mesma intensidade, direção e o mesmo sentido. O campo elé-
trico foi provocado entres placas metálicas submersas no eletrólito
(efluente a ser eletrolisado), de modo a exercer um torque nas molé-
culas polares, especificamente as da água, que tendem a girar o dipolo
para alinhá-lo com a direção do campo externo.
O processo eletrolítico continua e, nos momentos em que o po-
tencial elétrico é aplicado (corrente direta pulsada), advindo de uma
fonte elétrica externa acoplada a um circuito que converta a corrente
contínua em corrente direta pulsada, reações químicas não espontâneas
no meio aquoso são originadas, podendo oxidar ou reduzir íons metá-
licos, íons cianeto, compostos organoclorados, hidrocarbonetos aromá-
ticos e alifáticos e seus derivados. Neste processo, elétrons são providos
diretamente do material tratado, sem adição de substâncias redutoras ou
oxidantes potencialmente tóxicas, sem odores fortes, com tempos
curtos de detenção, fácil automatização, sem geração de lodos e grande
compatibilidade ambiental, pois reduz a toxicidade dos efluentes
através da transformação de substâncias persistentes em substâncias fa-
cilmente biodegradáveis (BIDOIA; NOTOYA, 2004; TICIANELLI;
GONZALEZ, 2013; JIA et al., 2007).
O maior destaque dado ao uso da corrente direta pulsada reside
na forma de como se dará o processo eletrolítico realizado, utilizan-
do-se um conversor de corrente alternada ou de corrente contínua para
corrente direta pulsada, que será então aplicada aos eletrodos metá-
licos submersos, gerando ondas eletromagnéticas provenientes de um
campo elétrico uniformemente variado, com número de onda entre 0
e 4000 cm-1 (contemplando o espectro do infravermelho). Muito pes-
quisador tem evidenciado que este mecanismo tem sido capaz de
formar radicais livres, tais como •OH, •O, H+ e H2O2, considerados
fortes oxidantes.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 117

O uso de corrente direta pulsada apresenta uma série de vanta-


gens em comparação com a eletrólise por corrente alternada e/ou cor-
rente contínua; dentre outras, se destacam: o baixo consumo de energia
elétrica, pois é promovida seguindo os aspectos inerentes ao campo
elétrico uniforme, interferência construtiva e ressonância, explorando a
possibilidade de se romperem ligações químicas e, com os fragmentos
resultantes, não mais manter a neutralidade elétrica do meio.
O efluente submetido a este campo elétrico uniformemente va-
riado (de 0 a 4000 cm-1), nas moléculas polares presentes, por apresen-
tarem padrão de onda natural, interagem construtivamente com as
ondas geradas. Desta forma, as moléculas da água serão as grandes res-
ponsáveis pela formação de íons moleculares, denominados de radicais.
Assim sendo, não há necessidade de se utilizarem insumos químicos
para a realização do tratamento proposto, o que já representa uma eco-
nomia significativa na condução de uma estação de tratamento de
efluentes baseada nestes princípios.
O fenômeno de passagem de corrente elétrica através de uma
célula eletroquímica provoca um desequilíbrio no sistema, que pode ser
de forma simplificada, caracterizado pelos seguintes fenômenos que se
manifestam no interior do sistema (TICIANELLI; GONZALEZ, 2013):

• Necessariamente ocorre um par de reações nos eletrodos (trans-


ferência de carga).
• Verifica-se a movimentação de espécies na solução eletrolítica
(condução iônica).
• Surge o fenômeno de polarização eletródica (deslocamento dos
potenciais dos eletrodos), que é consequência dos dois anteriores.

Os fenômenos elétricos associados ao processo eletrolítico se


apresentam como um resultado da corrente elétrica aplicada. Por defi-
nição, corrente elétrica pulsada é o fluxo uni ou bidirecional de partí-
culas carregadas que, periodicamente, param por um período de tempo
finito, conforme apresentado na Figura 3.1 (FUIRINI JUNIOR, 2005).
No processo de eletrocoagulação usando corrente pulsada, três parâme-
tros passam a ser controlados: altura do pulso (amplitude da corrente);
118 Estudos da Pós-Graduação

tempo do pulso (ton); tempo de relaxação (toff) (CUNHA, 2013). A


nomenclatura “ton” e “toff” se refere ao tempo em que a corrente flui e
ao tempo no qual ela deixa de fluir, respectivamente.

Figura 3.1 – Ilustração da corrente pulsada (ton: tempo do pulso; toff: tempo de
relaxação)
Corrente (mA.cm-2)

ton
amplitude do pulso

toff Tempo (s)

Fonte: CUNHA, 2013.

A eletrocoagulação, assim como todos os outros processos de


tratamento citados, também apresenta desvantagens como a geração de
resíduo sólido, gasto de energia elétrica, necessidade de um meio
aquoso condutivo e necessidade de reposição dos eletrodos. Existem
ainda dois processos que podem interferir na eletrocoagulação: a pola-
rização dos eletrodos e a passivação do ânodo.
O tipo de polarização que prevalece na eletrocoagulação é por
transporte de massa – polarização por difusão – e alguns parâmetros
operacionais podem ser otimizados para a diminuição e/ou neutrali-
zação desse efeito, como a agitação da solução e o uso da corrente pul-
sada (KESHMIRIZADEH et al., 2011).
Existem dois mecanismos que podem estar envolvidos no trans-
porte de massa do seio da solução em direção à superfície do eletrodo:
Convecção: transporte de matéria causada pela agitação da so-
lução provocada por um agitador magnético ou mecânico.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 119

Difusão: transporte de espécies devido à ação de gradientes de con-


centração ou de potencial químico (TICIANELLI; GONZALEZ, 2013).
No início do processo de eletrocoagulação, o seio da solução –
parte distante do eletrodo – apresenta gradientes de concentração geral-
mente pequenos, e a corrente total é carreada, principalmente por mi-
gração, em que todas as espécies com carga contribuem (BARD;
FALKER, 2001).
Com o passar do tempo, a produção de íons Al3+ no ânodo, no
caso do uso de eletrodos de alumínio, e HO- no cátodo, entre várias
outras espécies, faz com que o gradiente de concentração desses íons
aumente. Entretanto, como o seio da solução está muito conturbado por
causa da formação dos coágulos, a migração das espécies é prejudicada
(Figura 3.2a). Ao cessar a passagem de corrente por um tempo finito
(toff), é fornecido tempo para que a dupla camada elétrica formada entre
o eletrodo e a solução se reorganize, os íons migrem para o seio da so-
lução e os sólidos formados sedimentem ou flotem (Figura 3.2b).
Quando a corrente volta a fluir, o sistema está bem mais organi-
zado (Figura 3.2c), favorecendo a diminuição da polarização.

Figura 3.2 – Visão microscópica do efeito da corrente pulsada nos processos que
ocorrem durante a eletrocoagulação

Fonte: elaborada pelos autores.


120 Estudos da Pós-Graduação

Como foi mostrado na reação 3.1, uma das reações que pode
ocorrer no ânodo é a oxidação da água, que diminui o pH momentane-
amente na superfície do ânodo, favorecendo a passivação do alumínio.
A passivação aumenta a resistência do alumínio à corrosão e pode
ocorrer por conta da polarização do ânodo. A presença de íons haló-
genos, como cloreto, favorece a destruição da camada de passivação,
uma vez que eles penetram na camada de óxido ou a dispersa sob forma
coloidal, aumentando sua permeabilidade (GENTIL, 2017). A dimi-
nuição da polarização do eletrodo também favorece a diminuição da
passivação do alumínio, tornando o uso da corrente pulsada muito im-
portante para esse processo.
Como citado em alguns trabalhos a respeito da aplicação da ele-
trólise, uma das desvantagens é o consumo de energia elétrica, que pode
ocasionar o aumento do custo do processo. O uso de corrente cintínua
(direta) pulsada surge como uma alternativa bastante viável para a so-
lução deste problema. Por definição, a corrente pulsada é o fluxo uni ou
bidirecional de partículas carregadas que cessam por um período de
tempo finito. A corrente pulsada é caracterizada pelo aspecto de uma
unidade elementar desse tipo de corrente chamado pulso. Um pulso
único é definido como um evento elétrico isolado separado por um
tempo finito do próximo evento. Se uma voltagem fixa for aplicada a
um circuito elétrico de resistência simples, uma corrente unidirecional
será induzida no condutor. Se o circuito for periodicamente interrom-
pido, abrindo e fechando um interruptor do circuito, o movimento de
elétrons produzido irá começar e parar em sincronia com o fechamento
e a abertura do interruptor.
A corrente produzida é intermitente e somente em uma direção, e
é referida como pulsada monofásica. De maneira semelhante, se uma
voltagem alternada for aplicada a um circuito elétrico simples e o cir-
cuito for interrompido no término de cada ciclo de voltagem alternada,
os elétrons nos condutores irão mover-se brevemente para trás e para
frente, parar e depois começar a oscilar novamente. A corrente produ-
zida é intermitente e o movimento da partícula carregada é bidirecional.
Tal corrente é chamada de corrente pulsada bifásica. (FUIRINI JUNIOR,
2005). Cunha et al. (2013) explicam que, no processo eletrolítico
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 121

usando corrente pulsada, três parâmetros passam a ser controlados: al-


tura do pulso (amplitude da corrente); tempo de pulso (ton); e tempo de
relaxação (toff) como mostrado abaixo na Figura 3.3.

Figura 3.3 – Demonstração da corrente pulsada onde ton é o tempo no qual a


corrente flui e toff o tempo em que as partículas param de fluir
Corrente (mA.cm-2)

ton
amplitude do pulso

toff Tempo (s)

Fonte: elaborada pelos autores.

O uso de corrente pulsada apresenta como grande vantagem o


menor consumo elétrico, além do mais diminui a passivação e a polari-
zação dos eletrodos (LU et al., 2015).
A aplicação da corrente pulsada ao tratamento de efluentes ainda
é timidamente estudada. Podemos encontrar trabalhos em que ela é
aplicada no processo de oxidação eletroquímica de fenóis e na remoção
de sulfeto em esgoto (LU et al., 2015 e WEI et al., 2011).

Inversão de polaridade

A passivação dos eletrodos afeta o desempenho da eletrocoagulação


por inibir a corrosão dos eletrodos, afetando a eletro-oxidação dos ânodos
e criando uma barreira para a ocorrência de reações no cátodo (HOLT et al.,
2004). Durante o tempo de experimento, a camada de passivação pode
aumentar, reduzindo ainda mais o processo de remoção de poluentes.
122 Estudos da Pós-Graduação

A formação desta camada inibidora, geralmente composta, majo-


ritariamente, pelo óxido do metal que compõe o eletrodo, na superfície
do eletrodo, impede a dissolução do metal e a transferência de elétrons
ao meio, dificultando a adição de coagulantes à solução (MAMERI
et al., 2001).
A queda de eficiência do processo ocorre primariamente por
conta do aumento da resistividade do eletrodo. Estudos recentes mos-
tram que o filme sólido não é formado apenas por óxidos, entretanto a
análise composicional desta é bastante difícil, pois esta camada é tão
fina que qualquer medida química, eletroquímica ou física poderia al-
terar sua estrutura e propriedades. Para que este efeito seja retardado é
comum fazer-se o uso da inversão periódica de polaridade, em que a
função eletroquímica dos eletrodos (cátodo e ânodo) será trocada por
um período definido de tempo, fazendo com que ambos os eletrodos
desempenhem ora papel de cátodo, ora papel de ânodo (Figura 3.4).
Com a eliminação da camada inibidora, a resistividade do sistema di-
minui e a condutividade aumenta (K=1/R), acarretando na diminuição
da tensão aplicada (U = R/i), tornando o sistema mais econômico
(FERREIRA, 2006). O aumento da vida útil dos eletrodos também é
outra vantagem da inversão de polaridade (CERQUEIRA, 2006).

Figura 3.4 – Esboço da inversão de polaridade (eletrodos ora são ânodos e ora
cátodos)

+ – – +

Tempo

Anodo Catodo Catodo Anodo

Fonte: elaborado pelo autor, 2018.


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 123

Vários trabalhos vêm sendo desenvolvidos com o intuito de com-


provar a eficácia do uso da corrente pulsada no tratamento de efluentes,
conforme se pode constatar nas informações agrupadas na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Trabalhos realizados com o uso da corrente pulsada aplicada na


remoção de diversos poluentes da água.

Parâmetros
Matriz Técnica utilizada Resultados Referência
monitorados

Percentuais de remoção
Cor, carbono
de cor acima de
Água natural Eletrocoagulação orgânico dissolvido ROCHA et
70,17% e baixos
bruta e eletro-oxidação (COD), turbidez e al., 2018
valores de consumo de
consumo de energia
energia
Remoção de DBO de
81,23%, redução da
cor, turbidez, sólidos
suspensos totais,
Demanda sulfato e sulfeto. Não
bioquímica de foi necessário aplicar
Efluente oxigênio (DBO), uma frequência de MARTINS
Eletrocoagulação
têxtil frequência de pulsos pulso muito alta para et al., 2017
e velocidade de obter uma boa remoção
agitação de DBO. Dessa forma,
o efluente tratado
poderia ser reutilizado
no próprio processo
produtivo têxtil
Comparação entre
corrente contínua e A corrente pulsada
corrente pulsada e apresentou maior
como elas remoção de cor e
Água natural Eletrocoagulação OLIVEIRA,
influenciaram nos menor consumo de
bruta e eletro-oxidação 2018
parâmetros de cor, energia (diminuição de
carbono orgânico cerca de 50% frente à
dissolvido e corrente contínua)
consumo de energia
Remoção de 69,20%
de DQO, 89,29% de
DBO, 100% de
Demanda química remoção de fósforo
Efluente de de oxigênio (DQO) total e coliformes
Eletrocoagulação/
lagoa de e bioquímica totais, permitindo que MAIA, 2014
flotação
estabilização (DBO), fósforo total o efluente fosse
e coliformes totais descartado. O uso da
corrente pulsada
favoreceu a diminuição
do custo elétrico
124 Estudos da Pós-Graduação

(continuação Tabela 3.1)


Parâmetros
Matriz Técnica utilizada Resultados Referência
monitorados
Economia de 46,35%
de energia elétrica,
Cor, pH, consumo
Água bruta Eletro-oxidação intervalos pequenos de
de energia e tempo MARTINS
com ácidos com inversão de tempo de inversão de
de inversão de et al., 2017
húmicos polaridade polaridade favoreceram
polaridade
remoções de cor acima
de 70%
Redução de 57% da
turbidez e diminuição
de cerca de 30% de
Eletro-oxidação e COT. O uso de
eletrocoagulação Carbono orgânico eletrodos de alumínio
Efluente AMAZONAS
usando um ânodo total (COT) e como cátodo favoreceu
têxtil et al., 2018
inerte e um cátodo turbidez a ocorrência do
de Al processo de
eletrocoagulação
devido ao fenômeno de
dissolução catódica

Após 10 minutos de
tratamento, 94,71% da
biomassa proveniente
das microalgas foi
removida do meio
Massa de microalga
aquoso e flotou. O
obtida após a
eletrodo que
aplicação do
Água apresentou menor
processo de MAIA et al.,
contendo Eletrocoagulação consumo de energia e
eletrocoagulação e 2018
microalgas maior percentual de
melhor eletrodo para
remoção foi o
a realização do
alumínio. Assim, a
processo eletrolítico
obtenção de biomassa
microalgal foi bastante
favorecida pela
eletrocoagulação
usando corrente
pulsada
Obtiveram-se
percentuais de remoção
Cor, carbono de cor e COT de
Eletrocoagulação/
orgânico total 87,72% e 86,27%,
Efluente flotação usando OLIVEIRA
(COT) e efeito da respectivamente. A
têxtil eletrodos et al., 2018
nitretação dos nitretação dos eletrodos
nitretados
eletrodos melhorou a eficiência
do tratamento usando
corrente pulsada

Fonte: elaborada pelos autores.


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 125

Referências

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Capítulo 4

PROCESSO ELETROLÍTICO
APLICADO EM EFLUENTES TÊXTEIS

Igor Alves Martins, Jefferson Pereira Ribeiro


Jéssica Ellen Costa, Alexandre Martins
Juliene Tomé Oliveira, Larissa Granjeiro Lucena
Mikaelly Cabral de Sousa, Eliezer Fares Abdala Neto
Ronaldo Ferreira do Nascimento

A importância da indústria têxtil

N um processo contínuo de evolução da tecnologia, o Brasil


tornou-se a maior cadeia têxtil completa do Ocidente, desde a produção
das fibras até os desfiles de moda, passando por fiações, tecelagens,
beneficiadoras, confecções e forte varejo (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO, 2018).
A indústria têxtil é de grande relevância para o contexto socioe-
conômico brasileiro. No país, esse ramo emprega diretamente 1,5 mi-
lhão de trabalhadores em sua cadeia produtiva, com mais de 8 milhões
de empregos indiretos. Suas receitas são de US$ 51,58 bilhões por ano
para uma produção média têxtil de 1,3 milhão de toneladas e 8,9 bilhões
de peças brutas. O setor têxtil brasileiro é o segundo maior fabricante de
insumos, o terceiro maior na produção de malhas e o quinto maior
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 131

parque industrial, além de referência em moda praia, jeanswear e ho-


mewear (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL E
DE CONFECÇÃO, 2018).
O Nordeste, por sua vez, tem grande participação no crescimento
do setor no Brasil. De acordo com informações do FCEM FEBRATEX
Group (2019), essa região reúne uma área têxtil considerável, englo-
bando mais de 50 municípios. Trata-se da segunda maior região em
importância, perdendo apenas para o Sudeste. Entre os 50 municípios,
20 estão situados no Ceará, que é destaque nos ramos do algodão e do
artesanato. O aumento da exportação de seus produtos e o lançamento
de criações o tornam um centro dinâmico da moda.

Tabela 4.1 – Indústrias têxteis do Ceará (associadas ao Sinditêxtil)


Indústria têxtil Ramo
Beatriz Têxtil S/A Fiação
Branyl Malhas e palmilhas
Cotece Malhas Malharia e estamparia
Delfa Bojos Bojos para underwear, fitness e beachwear
Filati Malhas Malharia
Haco Etiquetas Etiquetas, aviamentos, sacolas e embalagens
Jaguatêxtil Fiação
Jangadeiro Têxtil Malharia e estamparia
Multicor Fiação
Nova Fiação Fiação
Passamanaria
Elásticos
do Nordeste
Pemalex Entretelas e serviços de acabamento e estamparia
Santana Textiles Denim
TBM têxtil Fiação
Têxtil JM Malharia
Tramix Fiação
Unitêxtil Tecidos Planos
Vicunha Têxtil Índigos e Brins
Zanotti Elásticos
Fonte: Adaptado de Sinditêxtil 2019.

Quanto ao estado do Ceará, a importância do setor têxtil pode ser


revelada por meio de alguns dados numéricos: quinta posição na pro-
dução têxtil nacional; primeiro lugar em produção de denim e fios; 60
132 Estudos da Pós-Graduação

mil empregos, aproximadamente, são gerados de forma direta, reunindo


a cadeia produtiva local (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA
INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO, 2017). O setor no estado
é forte e diversificado, como pode ser observado na Tabela 4.1, que re-
laciona as indústrias têxteis do Ceará associadas ao Sinditêxtil.

Processo produtivo do setor têxtil

O processo produtivo do setor têxtil é composto por várias etapas


que são correlacionadas. No tocante ao setor têxtil tradicional, as prin-
cipais etapas são: fiação, beneficiamento, tecelagem e/ou malharia,
enobrecimento e confecção, cuja descrição e principais processos estão
relacionados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Descrição do processo produtivo têxtil


Etapa Descrição Principais processos

Fibras Naturais
– abertura
– carda
– passadeira
– reunideira
– penteadeira
– maçaroqueira
– filatório
Obtenção do fio a partir das fibras
– conicaleira
têxteis que pode ser enviado para o
Fiação – retorcedeira
beneficiamento ou diretamente para
– vaporizador
tecelagens e malharias
Fibras Sintéticas /
Artificiais
– chips
– extrusão
– bobinagem
– estiragem
– enrolamento
– texturização
Chamuscagem, purga/limpeza,
alvejamento, mercerização e
Preparação dos fios para seu uso final
caustificação, tingimento,
ou não, envolvendo tingimento,
estamparia, secagem,
Beneficiamento engomagem, retorção (linhas,
compactação, calandragem,
barbantes, fios especiais etc.) e
felpagem, amaciamento,
tratamentos especiais
acabamento antichama
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 133

(continuação Tabela 4.2)


Etapa Descrição Principais processos

Urdimento, engomagem,
Elaboração de tecido plano, tecidos de
Tecelagem e/ou tecimento (tecido), tecimento
malha circular ou retilínea a partir dos
Malharia (malha)
fios têxteis

Chamuscagem, desengomagem
(tecidos planos), purga/limpeza,
alvejamento, mercerização e
caustificação, efeito “seda”,
tingimento, estamparia, secagem,
Preparação, tingimento, estamparia e
sanforização, calandragem,
Enobrecimento acabamento de tecidos, malhas ou
felpagem, navalhagem,
artigos confeccionados
esmerilhagem, amaciamento,
repelência água/óleo, acabamento
antirruga, encorpamento,
acabamento antichama

Aplicação diversificada de tecnologias


Modelagem, enfesto, corte,
para os produtos têxteis, acrescida de
Confecção costura, acabamento, embalagem/
acessórios incorporados nas peças
expedição

Fonte: Adaptado de Bastian; Rocco (2009).

Desde a fabricação das fibras até a obtenção dos tecidos existe


um elevado consumo de água e insumos químicos que contribuem para
a variabilidade da composição dos efluentes. Além dos corantes e pig-
mentos, uma grande variedade de produtos químicos é utilizada nas
diversas etapas do processamento têxtil, tais como: fluidificantes, pene-
trantes, reforçadores de película, antimofos, umectantes, antiespu-
mantes, sais, ácidos, bases, agentes oxidantes, agentes redutores, se-
questrantes, dispersantes, surfactantes, agentes higroscópicos,
amaciantes, entre outros (PESSÔA, 2016).

Corantes utilizados nas indústrias têxteis

Os corantes são compostos orgânicos aromáticos usualmente


classificados quanto a sua estrutura química ou ao modo de aplicação
nas fibras. A classificação química dos corantes é feita de acordo com a
composição dos grupos cromóforos, os quais são estruturas responsá-
veis pelas cores desses compostos. As principais classes são nitro, ni-
134 Estudos da Pós-Graduação

troso, azoicos, trifenilmetanos, ftaleínas, indigoides e antraquinônicos


(ALI, 2010), retratadas e exemplificadas na Tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Classificação de corantes com base no grupo cromóforo


Classe Cromóforo Exemplo

OH

NO2
O
Nitro
N

O NO2
C.I. Acid Yellow 24

NO
ON OH
Nitroso N O
NO
Fast Green O

CH3
Azoicos (Azo) N N NaO3S N N N
CH3
Methyl Orange

NMe2

Trifenilmetano C
Me2N NMe2

C.I. Basic Violet 3


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 135

(continuação Tabela 4.3)

Classe Cromóforo Exemplo

O
C
O O
C C
Ftaleínas O
C HO OH
O Fenolftaleína

O H
H NaO3S N
O
N
Indigoides
N SO3Na
N
O
O H
H
C.I. Acid Blue 71

O NH2
SO2OH

O
O
NH
Antraquinônicos

O
SO2CH2CH2OSO2OH

C.I. Reactive Blue 19

Fonte: Ali (2010).

Outro tipo de classificação dos corantes leva em consideração o


modo de aplicação de cada um deles às fibras, como descrito na Tabela
4.4. Produtos auxiliares específicos a cada classe são aplicados aos te-
cidos em conjunto com os corantes para garantir sua fixação, consti-
tuindo o efluente final como poluentes associados, tendo em vista que a
fixação dos mesmos nos tecidos não é total (ASGHAR; RAMAN;
DAUD, 2015).
136 Estudos da Pós-Graduação

Tabela 4.4 – Classes de corantes utilizados na indústria têxtil de acordo com o


modo de aplicação e suas características
Classe de Fixação Poluentes
Descrição Tipo de Fibras
Corante Típica Associados
Corante, naftol,
formaldeído,
Azoicos* Insolúveis em água Celulósica 90 - 95
soluções básicas,
sabões
Cor, ácidos orgânicos
Compostos aniônicos e corantes não
Ácidos Lã e poliamida 80 - 93
solúveis em água fixados
Corante não fixado,
Compostos catiônicos
sal, ácidos orgânicos,
Catiônicos ou solúveis em água Acrílico e
97 - 98 retardantes,
Básicos aplicáveis em banho poliéster (alguns)
dispersantes etc
fracamente ácido
Cor, sal, corante não
Compostos aniônicos fixado, fixadores,
solúveis em água agentes catiônicos
Algodão, raion e
aplicados diretamente surfactantes,
Diretos demais fibras 70 - 95
ao tecido ou com antiespumantes,
celulósicas
mordente (metais, agentes retardantes e
cromo e cobre) igualizantes etc
Cor, ácidos
orgânicos, agente de
Poliéster, igualização, fosfatos,
Compostos não iônicos,
Dispersos acetato, outras 80 - 90 antiespumantes,
insolúveis em água
sintéticas lubrificantes,
dispersantes

Cor, sal, álcalis,


Compostos aniônicos corantes hidrolisados,
Algodão, lã,
solúveis em água. surfactantes,
Reativos outras fibras 60 - 90
Classe mais importante antirredutores
celulósicas
de corantes orgânicos,
antiespumantes etc

Mercapto corantes. Cor, sal, álcalis,


Compostos orgânicos Algodão e agentes oxidantes,
Sulfurosos (de
contendo enxofre e outras fibras 60 - 70 agentes redutores e
Enxofre)
polisulfetos em sua celulósicas corantes não fixados
formulação etc

Tipo Redox, insolúveis Algodão e Cor, álcalis, agentes


Cuba ou Tina em água. Classe mais outras fibras 80 - 95 oxidantes, agentes
"nobre" celulósicas redutores etc
* (LEÃO et al., 2002).
Fonte: Adaptado de Bastian; Rocco (2009).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 137

Problemática dos efluentes têxteis

A água, como o recurso mais precioso para a sobrevivência hu-


mana, enfrenta desafios sem precedentes. A poluição da água tem se
tornado um dos mais sérios problemas do planeta. No entanto, esta si-
tuação ainda está se agravando; uma grande quantidade de efluentes é
produzida e despejada no meio aquático todos os anos. Entre os dife-
rentes tipos de águas residuárias, os efluentes têxteis merecem des-
taque. Desde o século passado, com o contínuo desenvolvimento do
processo de industrialização, grandes volumes de corantes e outras
substâncias utilizadas no processo são liberados no meio ambiente
(ZHOU et al., 2019).
Estima-se que mais de 10.000 corantes e pigmentos diferentes
são utilizados na indústria e aproximadamente 0,7 milhão de toneladas
de corantes são sintetizados a cada ano em todo o mundo (OGUGBUE;
SAWIDIS, 2011). Estima-se também que cerca de 10 - 50% dos co-
rantes utilizados na indústria têxtil são perdidos no efluente
(KHANDEGAR; SAROHA, 2013c). Cerca de 200 litros de água são
necessários para produzir 1 kg de têxteis e cerca de 1,6 milhões de litros
de água são consumidos por uma fábrica têxtil de tamanho médio por
dia (PETCU et al., 2016).
Nesse contexto, a presença de corantes no meio ambiente acar-
reta riscos à saúde humana e inúmeros impactos ambientais. A solubili-
dade dos gases, a estética e a transparência da água são afetadas pela
presença de corantes, mesmo em pequenas concentrações
(KHANDEGAR; SAROHA, 2013c). A contaminação ambiental com
efluentes têxteis favorece a redução da penetração da luz solar na lâ-
mina d’água, prejudicando a atividade fotossintética, e induz o aumento
das concentrações de matéria orgânica nos corpos hídricos e, conse-
quentemente, a elevação da demanda de oxigênio (PESSÔA, 2016).
Além disso, compostos prejudiciais presentes nos efluentes têxteis
podem estar associados aos processos de bioacumulação e biomagnifi-
cação (SOUZA; ROSADO, 2010). Outros impactos relevantes da pre-
sença de moléculas de corantes no meio estão relacionados à toxici-
dade, mutagenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e disfunção
138 Estudos da Pós-Graduação

dos rins, fígado, cérebro, sistema reprodutivo e sistema nervoso central


(ZHOU et al., 2019).
A maioria dos corantes são quimicamente estáveis e resistentes à
degradação e, por isso, persistem no meio ambiente por muito tempo
(YAGUB et al., 2014). Diante de tais impactos e da recalcitrância desses
compostos, destaca-se a relevância da pesquisa e o desenvolvimento de
tecnologias de tratamento de efluentes têxteis.

Estudo de caso: avaliação da influência de agentes de


tingimento (surfactante) no processo de tratamento de
efluentes têxteis por eletrocoagulação

Um dos grandes problemas associados ao efluente têxtil corres-


ponde à complexidade de espécies orgânicas e inorgânicas dissolvidas
neste tipo de resíduo aquoso (KATHERESAN; KANSEDO; LAU,
2018). Processos como limpeza, tingimento, impressão, acabamento e
lavagem geram um efluente altamente recalcitrante em que álcalis,
ácidos, sais, corantes, surfactantes, alvejantes e outros aditivos tóxicos
são exemplos de macroespécies existentes (KHANDEGAR; SAROHA,
2013c). A Tabela 4.5 apresenta um resumo das substâncias resultantes
em função do processo têxtil aplicado e as características físico-quí-
micas do efluente final gerado.

Tabela 4.5 – Composição de efluentes e uso de químicos nos principais processos


nas indústrias têxteis
Processo Composição do Insumos químicos Natureza físico-
majoritário efluente final utilizados química

Carga orgânica (enzimas,


ácido acético, amido), Altos níveis de
Amido, ácidos orgânicos/
pH elevado, efeitos DBO, DQO, sólidos
Desengomagem inorgânicos, gorduras,
salinos (carbonato, totais dissolvidos e
ceras, pectina e fibras
ácidos orgânicos/ suspensos
minerais) e orgânicos
refratários
Amido, ceras,
pH elevado e efeitos carboximetil celulose,
salinos (NaOH, Na2CO3), álcool polivinílico, agentes Altos níveis de
Lavagem
carga orgânica (óleos, umectantes, hipoclorito de DBO e DQO
gorduras e ceras) sódio, NaOH, ácidos,
Na3PO4, fibras
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 139

(continuação Tabela 4.5)


Processo Composição do Insumos químicos Natureza físico-
majoritário efluente final utilizados química
Carga orgânica, NaClO,
NaClO2, efeitos salinos
(NaCl) e pH elevado, Hipoclorito de sódio, Alcalinidade
metais pesados, agentes NaOH, ácidos, fosfato de elevada e altos
Branqueamento
de redução e oxidação, sódio, solventes orgânicos, níveis de sólidos
orgânicos refratários agentes oxidantes suspensos
(solventes,
organoclorados)
Altos níveis de
sólidos dissolvidos,
Efeitos salinos (NaCl, Hipoclorito de sódio,
Mercerização DBO e pH
NaOH) e pH elevado NaOH
extremamente
alcalino
Carga orgânica
(enzimas, surfactantes,
ácido acético), cor
(corantes e impurezas
Ureia, agentes de
tóxicas), nutrientes Altos níveis de
redução, ácido acético,
(amônia, sais, fosfato DBO, sólidos
dispersantes,
de ureia baseado em dissolvidos, sólidos
Tingimento sequestrantes,
tampões e suspensos, podendo
surfactantes, corantes
sequestrantes), haver a presença de
naturais e sintéticos,
compostos de enxofre metais pesados
agentes branqueadores
(sulfato, sulfeto, ácido
sulfúrico), refratários
orgânicos, metais

Orgânicos refratários
Altos níveis de
(surfactantes e agentes
Pastas, gomas, óleos, DBO, sólidos
de tingimento
Finalização espessantes, agentes de suspensos e
sintéticos), agentes de
redução alcalinidade
redução e oxidação
levemente alterada
tóxicos
Fonte: Adaptado de KUMAR; PAVITHRA; DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e
DQO (Demanda Química de Oxigênio).

Conforme visto na Tabela 4.5, a gama de poluentes em função


da etapa do processo de manufatura têxtil é bastante elevada; dessa
forma, a aplicação do processo de eletrocoagulação deve ser dimensio-
nada, visando adequar-se à etapa ou ao processo majoritário de uma
fábrica têxtil. Um dos principais problemas abordados no efluente
têxtil corresponde aos corantes sintéticos da etapa de tingimento e sua
relação, mesmo em condições mínimas de concentração, com a colo-
ração elevada, altos níveis de DBO, DQO e carbono orgânico dissol-
140 Estudos da Pós-Graduação

vido (PAVITHRA et al., 2019). Sendo assim, a eficácia da descolo-


ração e consequente remoção dos corantes depende da efetiva
degradação ou eliminação por completo do grupamento cromóforo,
bem como dos auxocromos inseridos na estrutura do corante
(KHANDEGAR; SAROHA, 2013c).
O desafio na utilização do processo de eletrocoagulação no pro-
cesso de remoção de corantes têxteis é a seleção adequada de condições
que podem ser alcançadas sob um determinado design de experimentos
(DOE). Um levantamento (Figura 4.1) combinado das palavras electro-
coagulation e response surface methodology, realizado nas bases de
dados científicos Web of Science e Scopus, dos últimos 8 anos, revela
que a metodologia de superfície de resposta (RSM) vem emergindo
especialmente nos projetos de modelagem e otimização de projetos am-
bientais e experimentos químicos.

Figura 4.1 – Dados relativos à divisão por ano da busca nas plataformas de dados
científicos Scopus e Web of Science, no mês de fevereiro de 2019, combinando as
palavras electrocoagulation e response surface methodology (RSM) sem distinção
de tipo de trabalho no período de 2010 - 2018

80

70

60 Scopus (Elsevier)
Nº. de trabalhos publicados

Web of Science (Clarivate Analytics)


50

40

30

20

10

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Ano de publicação
Fonte: plataformas de busca científica Scopus e Web of Science.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 141

Esse tipo de metodologia de superfície de resposta (RSM) é ba-


sicamente uma coleção de métodos matemáticos (linear, funções poli-
nomiais e outros) e estatísticos útil para projetar experimentos, desen-
volvendo modelos, considerando as interações de parâmetros e
otimização de processos (BEHBAHANI; MOGHADDAM; ARAMI,
2011; KHEDMATI; KHODAII; HAGHSHENAS, 2017;
HAGHSHENAS et al., 2015). O objetivo principal da RSM é obter as
melhores condições operacionais para o sistema ou adquirir uma deter-
minada faixa (região) que satisfaça especificações previamente defi-
nidas (ARJMAND; WANG; ZHANG, 2016; PI et al., 2014).
A simulação e a otimização de processos físico-químicos, tais
como a eletrocoagulação, consiste em seis etapas consecutivas: (1)
triagem de fatores independentes e seleção das respostas desejadas, (2)
escolha do tipo de estratégia ou design experimental, (3) realização dos
experimentos previstos na etapa 2 e obtenção das respostas devidas, (4)
ajuste do modelo matemático aos dados experimentais, (5) confirmação
do modelo, utilizando gráficos e análise de variância e (6) determinação
das condições ótimas (KARIMIFARD; ALAVI MOGHADDAM, 2018).
Martins (2019) realizou um estudo em que foi avaliada a influ-
ência de surfactante (agente de tingimento) do tipo catiônico no pro-
cesso de eletrocoagulação aplicado à remoção de uma mistura de co-
rantes sintéticos, simulando efluente da etapa de tingimento, por meio
de otimização por superfície de resposta a partir das etapas subse-
quentes. O estudo desse autor foi dividido nos tópicos abaixo.

Seleção das variáveis, design experimental e obtenção


das respostas experimentais

Segundo o autor, essa etapa mostra-se como uma das mais impor-
tantes para os resultados experimentais devido à complexidade dos di-
versos processos que devem ser realizados. A triagem de variáveis deve
levar em conta os parâmetros que influenciam diretamente no processo
em que é aplicada. A eletrocoagulação aplicada à remoção de corantes
possui parâmetros-chave que podem ser utilizados em experimentos
preliminares visando fornecer respostas que tenham efeito significativo
142 Estudos da Pós-Graduação

na eficácia de eliminação dessas espécies orgânicas complexas


(MARTINS, 2019). Dessa forma, como visto anteriormente, as pes-
quisas utilizando a metodologia de superfície de respostas estão bastante
em alta, e uma revisão da literatura pode auxiliar na escolha das variá-
veis dependentes do processo de eletrocoagulação, bem como dos inter-
valos quantitativos para cada uma. A Tabela 4.6 apresenta dados recentes
da aplicação de RSM em remoção de corantes por eletrocoagulação.
A seleção do design experimental determina a quantidade de va-
riáveis com a qual se irá trabalhar durante a realização dos experi-
mentos e a organização (matriz) dos níveis experimentais. A escolha
do delineamento do composto central rotacional (DCCR) se torna uma
opção viável para verificar a influência do surfactante no processo de
remoção de corantes, pois se trata de um modelo estatístico que tra-
balha a expansão do planejamento fatorial (seleção de variáveis que
influenciam no processo), adicionando pontos extremos em cada vari-
ável escolhida. Segundo o levantamento da Tabela 4.6, majoritaria-
mente se utilizou desse tipo de modelagem com uma média de três
fatores do processo e duas respostas otimizadas. Vale ressaltar que esse
é um modelo de otimização; então, as variáveis escolhidas devem ter
uma relação estreita com o processo, visando à obtenção de respostas
experimentais significativas.
A escolha das variáveis independentes pós-levantamento e es-
tudos preliminares forneceu ao autor as seguintes conclusões para a
proposição colocada anteriormente:

– A concentração do surfactante catiônico deve entrar como vari-


ável quantitativa, visto que essa espécie orgânica possui a propriedade
de modificar importantes propriedades do sistema eletroquímico em
função da elevação do número de moléculas no meio aquoso;
– A proposição de fixar o tempo de tratamento, que foi variado
em praticamente todos os trabalhos citados na Tabela 4.6, força a in-
serção da variação da concentração dos corantes na mistura como vari-
ável, já que, no processo de eletrocoagulação, o tempo de contato entre
o agente coagulante e o poluente é crucial para uma completa remoção
(GARCIA-SEGURA et al., 2017); ­
Tabela 4.6 – Aplicação da análise por superfície de resposta utilizando DCCR para remoção de corantes têxteis utilizando
eletrocoagulação

Metodologia de superfície de resposta (RSM)

Eletrodo Corante Fatores Respostas Otimização Resposta ótima Referência

Efluente Tempo; densidade de % DQO; % COT; pH = 5,63; DC = 53,63 A m-2; %DQO = 69 %; %COT =
Fe e Al (KOBYA et al., 2014)
têxtil corrente; e pH %Turbidez Tempo: 33,92 min 68%; Turbidez = 99%
real
Tempo; C0 (corante); %Remoção do corante =
Tempo = 14 min; C0 = 125 mg
densidade de 97%; consumo do
%Remoção do L-1; DC = 185 mA cm-2;
corrente; eletrodo = 4,1 Kg/Kg de
Methyl corante; consumo espaçamento = 3,5 cm; pH =
Al espaçamento; pH; corante removido; (PI et al., 2014)
Orange de eletrodo; 7,4; condutividade = 9,4 mS
condutividade; produção de lodo = 17,2
produção de lodo cm-1; tensão = 4,4V; inversão
tensão; e inversão de Kg/Kg de corante
de polos = 15 seg
polos removido
%Remoção de cor =
Efluente Tempo; densidade de %Remoção de Tempo = 102 min; DC =
99,7%; %DQO = 94%; (MONDAL et al.,
Al têxtil corrente; pH e cor; %DQO e 19,51 mA cm-2; pH = 6,6;
custo energético = 0,011 2013)
real espaçamento custo energético espaçamento = 0,5 cm
kWh kg-1
Tempo = 12,65 min;
Tempo; densidade de %Remoção do %Remoção do corante = (TAHERI; ALAVI
Reactive densidade de corrente = 215 A
Al corrente; C0 do corante e custo 99,67% e custo energético MOGHADDAM;
Blue 19 m-2; C0 do corante = 162,15
corante; e pH energético -1 = 0,39 $ m-3 ARAMI, 2013)
mg L ; pH = 3,82
Tempo; densidade de
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais

(Fe) Tempo = 23 min; DC =


Reactive corrente; pH; e % Remoção do %Remoção do corante = (AMANI-GHADIM et
Fe 35,07 A m-2; pH = 8,54;
Red 43 concentração de corante 98,90% al., 2013)
concentração de Cl = 0,046 M
cloreto
Fonte: Adaptado de KARIMIFARD; ALAVI MOGHADDAM (2018).
143
144 Estudos da Pós-Graduação

– A densidade de corrente fornece a relação com a massa de


agente coagulante (Lei de Faraday) liberado em solução, aparecendo
com unanimidade nas variáveis dependentes nos trabalhos da Tabela
3.6 e em diversos outros trabalhos verificados na literatura.
Sendo assim, com a definição do design experimental como
sendo o DCCR e as três anteriores proposições, os fatores foram assim
definidos por Martins (2019):

a) X1: concentração dos corantes selecionados na mistura (dois


corantes reativos) (mg L-1);
b) X2: concentração do surfactante catiônico (mmol L-1);
c) X3: densidade de corrente (A m-2).

Como a carga orgânica final e a coloração do efluente são duas


variáveis dependentes do processo de eletrocoagulação, no caso de tra-
tamento de corantes, os fatores de saída, ou resposta experimental esco-
lhidas pelo autor, foram:

a) Y1: remoção percentual de carbono orgânico total (%)


b) Y2: remoção percentual de cor no λ = 588 nm (%)

Os limites de aceitabilidade foram baseados em valores obtidos


na literatura, sendo fixados em > 90% e > 70% para cor e carbono orgâ-
nico total (COT), respectivamente. O comprimento de onda especifi-
cado seguiu estudo prévio para a mistura de corantes, em função do
comprimento de onda de máxima absorbância e da influência do surfac-
tante nessa absorção no visível em solução aquosa.
A partir do sistema descrito na Figura 4.2 e da matriz experi-
mental que o autor obteve com o auxílio do software Statistica (Versão
10.0 StatSoft) contida na Tabela 4.7, foram obtidas as respostas para o
DCCR realizado.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 145

Figura 4.2 – Sistema montado em batelada: (1) Fonte de tensão;


(2) Osciloscópio; (3) Circuito modular homemade; (4) Multímetro
(medição de corrente); (5) Reator 2,5L com a inserção dos quatro
eletrodos de aço inoxidável AISI 304; (6) Mesa agitadora. Variáveis
fixas no sistema: concentração do eletrólito suporte (1000 mg L-),
tempo (60min), agitação (400 rpm), 4 placas de aço inoxidável
304, espaçamento (1 cm), frequência de pulsos do circuito (1000
Hz), volume de solução (1,8 L) e pHinicial (7 - 8)

Fonte: MARTINS, 2019.

Tabela 4.7 – Condições das variáveis independentes e respostas experimentais do


DCCR (23) empregado na avaliação da influência do surfactante no processo de
tratamento de efluentes contendo corantes utilizados na indústria têxtil
Variáveis independentes Respostas
Ensaio X1 X2 X3 Y1 Y2
Codificado Real Codificado Real Codificado Real % %
1 -1 50,0 -1 0,75 -1 115,4 48,00 87,77
2 -1 50,0 -1 0,75 1 192,3 69,52 98,03
3 -1 50,0 1 1,15 -1 115,4 30,71 74,24
4 -1 50,0 1 1,15 1 192,3 46,43 80,93
5 1 100,0 -1 0,75 -1 115,4 82,20 99,80
6 1 100,0 -1 0,75 1 192,3 85,76 99,80
7 1 100,0 1 1,15 -1 115,4 56,61 90,69
146 Estudos da Pós-Graduação

(continuação Tabela 4.7)


Variáveis independentes Respostas
Ensaio X1 X2 X3 Y1 Y2
Codificado Real Codificado Real Codificado Real % %
8 1 100,0 1 1,15 1 192,3 68,81 95,57
9 -1,68 33,0 0 0,95 0 153,8 47,91 87,09
10 1,68 117,0 0 0,95 0 153,8 89,08 99,91
11 0 75,0 -1,68 0,61 0 153,8 91,12 99,85
12 0 75,0 1,68 1,30 0 153,8 52,77 84,95
13 0 75,0 0 0,95 -1,68 89,1 54,70 86,36
14 0 75,0 0 0,95 1,68 218,5 73,46 86,36
15 0 75,0 0 0,95 0 153,8 69.43 95,72
16 0 75,0 0 0,95 0 153,8 71,67 95,38
17 0 75,0 0 0,95 0 153,8 71,57 94,44
18 0 75,0 0 0,95 0 153,8 70,81 94,96
Fonte: MARTINS (2019) – X1: Concentração dos corantes 1 e 2 na mistura (mg L-1); X2:
Concentração do surfactante catiônico (mmol L-1); Densidade de corrente (A m-2); Y1:
Remoção percentual de Carbono Orgânico Total (COT %); Remoção de cor no compri-
mento de onda = 588 nm (%).

Em se tratando deste tipo de planejamento, segundo Martins


(2019), antes de iniciar conclusões diretas sobre o efeito nas respostas
experimentais das mudanças de níveis em cada fator é importante res-
saltar que premissas precisam ser atendidas. Duas condições são exi-
gidas para gerar um modelo seguindo a análise de variância (ANOVA):
os erros de ajuste do modelo gerado devem ser independentes e normal-
mente distribuídos (RODRIGUES; IEMMA, 2009). Apesar de supri-
mido desse estudo de caso, o autor obteve a partir do software Statistica
o diagrama normal e o gráfico de dispersão dos resíduos em função de
cada experimento para as duas respostas Y1 e Y2, sugerindo o atendi-
mento à premissa anteriormente citada.

Análise dos efeitos significativos

A utilização do Diagrama de Pareto permite indicar quais os pa-


râmetros e interações têm influência significativa sobre as variáveis de-
pendentes. Dessa forma, os Diagramas de Pareto, obtidos pelo autor
para as respostas Y1 e Y2, adotando um nível de significância de α = 0,05,
estão descritos na Figura 4.3. Os efeitos que ultrapassam a linha de re-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 147

ferência são considerados como significativos sobre as respostas expe-


rimentais e, dessa forma, foram incluídos na geração dos modelos de
regressão, que serão apresentados posteriormente.

Figura 4.3 – Diagrama de Pareto em função dos efeitos


padronizados para as respostas experimentais obtidas: (a) Y1 –
Remoção percentual de Carbono Orgânico Total (COT %) e (b)
Y2 – Remoção percentual de cor no comprimento de onda de
588 nm (%)

(1)X1(L) 43,92
(2)X2(L) – 38,55
(3)X3(L) 22,08
X3(Q) -13,46
X1(Q) -8,11
-13,46
X1(L)X3(L) -7,34
X2(Q) -3,92
(a)
X2(L)X3(L) 0,97
X1(L)X2(L) -0,74

p -0,05
Efeitos padronizados (Valores absolutos)

(2)X2(L) -33,60
(1)X1(L) 32,32
X3(Q) -19,31
X1(L)X2(L) 10,99
(3)X3(L) 10,60
X1(L)X3(L) -7,66
X2(Q) -5,66
(b)
X1(Q) -3,17
X2(L)X3(L) 0,84

p -0,05
Efeitos padronizados (Valores absolutos)

Fonte: Martins (2019).


148 Estudos da Pós-Graduação

A partir dos dados da Figura 4.3, o autor verificou que a compo-


nente linear associada à concentração do surfactante catiônico X2(L)
apresenta efeito significativo nas repostas de remoção de carbono orgâ-
nico total (COT %) e remoção de cor λ = 588 nm (%), com efeito nega-
tivo em ambos os casos. Dessa forma, aumentando-se a concentração
de surfactante catiônico, dentro do intervalo escolhido no estudo de
caso (Tabela 4.7), os percentuais de remoção de carbono orgânico total
(COT) e cor diminuem. Uma das possíveis explicações para esse pro-
cesso corresponde ao caráter inibitório de certos surfactantes catiô-
nicos. A superfície do eletrodo ânodo sofre um processo de blindagem
ou inibição devido à inserção dessas espécies orgânicas complexas e de
caráter hidrossolúvel, prejudicando os mecanismos que ocorrem na su-
perfície do ânodo, incluindo a eletrodissolução (KHAMIS et al., 2014).
De forma divergente quanto ao efeito, a componente linear associada à
concentração dos corantes na mistura X1(L) e a densidade de corrente
X3(L) exerceram influência significativa nas respostas estudadas Y1 e
Y2 e, nesse caso, diferente da concentração do surfactante, o efeito foi
positivo para ambas, indicando uma maior remoção de carbono orgâ-
nico total e cor, ao passo que aumentam a concentração de cada corante
na mistura e na densidade de corrente estudadas. Conforme visto ante-
riormente, o contato entre o agente coagulante e o poluente, nesse caso
o corante, representa um importante mecanismo no processo de re-
moção por eletrocoagulação e, nesse caso, o aumento da densidade de
corrente promoveu um ganho nas respostas Y1 e Y2. De acordo com a
literatura, esse aumento de remoção se deve ao fato de o mecanismo de
eletrocoagulação seguir um processo cinético de pseudo-primeira
ordem, tendo em vista que a reação entre poluente e coagulante é estri-
tamente dependente do tempo de contato e da concentração das duas
espécies (SINGH; SRIVASTAVA; MALL, 2014).
Outro tipo de efeito bastante importante de ser observado corres-
ponde à interação entre os fatores estudados, em especial as compo-
nentes lineares do modelo. Os trabalhos mostram uma relação direta
entre a concentração inicial dos corantes estipuladas durante o pré-pla-
nejamento experimental e a densidade de corrente (ARSLAN-ALATON
et al., 2009; TAHERI; MOGHADDAM; ARAMI, 2012). Conforme
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 149

visualizado na Figura 4.3, os efeitos de interação entre as variáveis


X1(L) e X3(L) indicam que, em ambas as respostas experimentais, o
efeito de correlação entre as duas variáveis consideradas promove um
decréscimo nas respostas experimentais. A avaliação, portanto, univa-
riada de cada fator, pode desconsiderar esse efeito de influência que
uma variável tem na outra.

Apresentação dos modelos quadráticos

A obtenção dos modelos polinomiais de segunda ordem para a


remoção de carbono orgânico total (%) Y1 e remoção de cor (λ = 588
nm - %) Y2, em função das variáveis interferentes descritas anterior-
mente, está apresentada na Tabela 4.8. É importante frisar que somente
os termos considerados significativos, segundo análise do Diagrama de
Pareto e do p-valor (< 0,05), estão incluídos nos modelos reduzidos.

Tabela 4.8 – Modelos de regressão em termos das variáveis independentes (na


forma decodificada)
Resposta Modelo quadrático

Y (X) = – 81,04 + 1,48X1 + 0,13X2 + 1,18X3 – 3,8.10 –3 X1


2

Y1
– 28,47X2 – 2,6.10 X3 – 2,8.10 X1 X3
2 –3 2 –3

2
Y (X) = – 94,57 + 9,72X1– 10,11X2 + 3,20X3 – 1,56X2
Y2
2
– 5,83X3 + 4,32X1X2 – 3,01X1 X3
Fonte: MARTINS (2019) - X1: Concentração dos corantes (1 e 2) na mistura (mg L-1); X2:
Concentração do surfactante catiônico (mmol L-1); X3: Densidade de corrente (A m-2). Y1:
Remoção de carbono orgânico total (COT - %); Remoção de cor (λ = 588 nm - %).

A avaliação do modelo gerado foi feita utilizando a Análise de


Variância (ANOVA), considerando novamente os coeficientes signifi-
cativos e os devidos graus de liberdade, descritos na Tabela 4.9.
Em diversos trabalhos utilizando modelos quadráticos, o R2 as-
sociado à equação obtida é ferramenta de confirmação de ajuste, porém,
em alguns casos, isoladamente, o valor de R2 pode fornecer resultados
150 Estudos da Pós-Graduação

não adequados. Dessa forma, na Tabela 4.9, além do valor do coefi-


ciente de determinação (R2) obtido, que explica, em percentual, quanto
o modelo gerado consegue explicar os valores observados nas respostas
experimentais, apresentou-se o valor de R2 ajustado (R2aj). Dessa forma,
o modelo de regressão obtido por Martins (2019) para Y1, apresenta
95,8% dos resultados de remoção de carbono orgânico total (%) expli-
cado pelos coeficientes presentes no modelo. Analogamente, 94,3% da
remoção percentual de cor (λ = 588 nm - %) podem ser explicados
pelos termos contidos no modelo quadrático. Há de ressaltar que os
valores ajustados para R2 foram acima ou próximos de 90%, mostrando
proximidade em relação ao valor obtido a partir dos dados da tabela
ANOVA. A rigor, a significância estatística do modelo está ligada ao
valor de F. Esse valor indica que a maioria das variações nas respostas
experimentais pode ser explicada pela equação de regressão
(SEGUROLA et al., 1999). Avaliando os dados da Tabela 3, para ambos
os casos de modelos gerados em relação às respostas Y1 e Y2
(Fcalculado>Ftabelado), confirmam a adequação da equação proposta obtida.

Tabela 4.9 – Dados da análise de variância (ANOVA) para os modelos quadráticos


das respostas gerados nos experimentos DCCR em batelada
Graus
Fonte de Soma Qua-
de Fcal/
Resposta Variação do Quadrá- drados Fcal Ftab R2 R2aj
Liber- Ftab
Modelo tica Médios
dade
Regressão Linear 4462,89 7 637,56 32,68 3,14 10,41 0,958 0,928

Y1 Resíduo 195,08 10 19,51


Total corrigido 4657,97
Regressão Linear 876,25 7 125,18 23,65 3,14 7,53 0,943 0,903

Y2 Resíduo 52,93 10 5,29


Total corrigido 929,18

Fonte: MARTINS (2019) - Y1: Remoção de carbono orgânico total (COT - %); Remoção de
cor (λ = 588 nm - %).

O autor, ao comparar a metodologia utilizada com os resultados


da literatura, pode observar pontos exitosos em função das respostas es-
colhidas. KOBYA et al. (2014) investigaram, via análise de superfície de
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 151

resposta (RSM), a otimização da remoção de corantes de efluente real


têxtil, utilizando eletrocoagulação com eletrodos de ferro e alumínio,
considerando como fatores independentes o tempo de detenção da bate-
lada, a densidade de corrente e o pH inicial. Focando nos cenários apre-
sentados para o eletrodo de ferro e selecionando a resposta em comum, a
remoção nas condições otimizadas de carbono orgânico total foi de 68%.
ARSLAN-ALATON et al. (2009), por sua vez, utilizaram a metodologia
RSM, por meio do DCCR, visando à otimização da remoção do corante
Acid Blue 193 por eletrocoagulação, utilizando eletrodos de ferro.

Definição das faixas ótimas de cada variável independente

De forma a avaliar a interação por pares para cada resposta,


Martins (2019) gerou as curvas de contorno e superfície de resposta. A
terceira variável em cada par foi mantida constante no valor em que as
respostas Y1 alcançaram um percentual de remoção > 70% e Y2 > 90%.
Conforme dito anteriormente, esses valores correspondem a índices de
remoção satisfatórios que se buscavam alcançar no processo de pré-
planejamento. Os experimentos do ponto central apresentaram uma
constância maior em relação aos demais ensaios do planejamento; em
ambos os casos os índices de remoção de carbono orgânico total (%) e
cor (λ = 588 nm - %) permearam as respostas estipuladas, dessa forma,
a cada par variado a seguir, a terceira variável ficou fixa no valor cor-
respondente ao ponto central.

Concentração dos corantes na mistura (X1) e Concentração


do surfactante (X2)

A Figura 4.4 apresenta as curvas de contorno para interação entre


as variáveis da concentração dos corantes na mistura (X1) e concen-
tração do surfactante CTABr (X2), fixando a densidade de corrente em
153,8 A m-2 (ponto central) e destacando a região limite de remoção
para as respostas. A análise da área destacada na curva de contorno da
Figura 4.4 mostra uma região limítrofe menor para a resposta Y1 do que
para a Y2. Dessa forma, verifica-se que os melhores resultados, quando
152 Estudos da Pós-Graduação

fixado o valor de densidade de corrente no ponto central para a inte-


ração entre a concentração de corantes na mistura e a concentração de
surfactante, se encontram em uma região de X1 > 50 mg L-1 e X2 < 0,8
mmol L-1. Ou seja, a concentração de corantes na mistura acima de 70
mg L-1 é uma situação abaixo da concentração micelar crítica do surfac-
tante catiônico (CMC = 0,95 mmol L-1) utilizado no presente estudo.
Essas conclusões estão em concordância com a análise de efeitos em
que, quanto maior a concentração de corante na mistura, obteve-se uma
maior remoção de ambas as variáveis dependentes; em contrapartida, o
aumento da concentração do surfactante tem um decréscimo significa-
tivo de remoção em Y1 e Y2.
Figura 4.4 – Curvas de contorno em função da concentração dos corantes 1 e 2
na mistura (X1 eixo horizontal) e concentração do surfactante catiônico (X2 eixo
vertical) para as respostas: (A) Y1 remoção percentual de carbono orgânico total
(COT %); (B) Y2 remoção percentual de cor (% - λ = 588 nm)

Fonte: Martins (2019).


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 153

O gráfico da Figura 4.5 apresenta a região ótima obtida pela so-


breposição das Figuras 4.4A e B. Em coloração vermelha, contrastando
com a área em branco que não atendeu aos critérios definidos no início
deste item, as variáveis independentes estão descodificadas.

Figura 4.5 – Região ótima das variáveis concentração dos corantes na mistura (X1)
e concentração do surfactante CTABr (X2); densidade de corrente (X3) fixada em
153,8 A m-2
1,4

1,3

1,2

Y2
1,1
X2(mmol L–1)

1,0

0,9

0,8

0,7 Y1

0,6

0,5
20 30 40 50 60 70 80 90 100 100 120 130
X1(mg L–1)

Fonte: MARTINS (2019).

A região de ótimo está toda inserida dentro da superfície que


corresponde à resposta Y2 (remoção de cor % - λ=588 nm). A faixa
ideal variou para X1 de 50 mg L-1 a 130 mg L-1, e a X2 de 0,5 mmol L-1
a 1,1 mmol L-1.
154 Estudos da Pós-Graduação

Concentração dos corantes na mistura (X1) e densidade de


corrente (X3)

A Figura 4.6 apresenta as curvas de contorno e superfície de res-


posta obtidas por Martins (2019) para a interação entre as variáveis da
concentração de corantes na mistura (X1) e densidade de corrente (X3),
fixando a concentração de surfactante em 0,95 mmol L-1 (ponto central)
e destacando a região limite de remoção para as respostas.

Figura 4.6 – Curvas de contorno em função da concentração dos corantes na


mistura (X1 eixo horizontal) e densidade de corrente (X3 eixo vertical) para as
respostas: (A) Y1 remoção percentual de carbono orgânico total (COT %); (B) Y2
remoção percentual de cor (% -λ = 588 nm)

Fonte: Martins (2019).


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 155

A região limítrofe menor agora se concentra na resposta Y2. A


partir da análise da região ótima para as duas respostas, pode-se veri-
ficar que a interação entre concentração dos corantes na mistura (X1) e
densidade de corrente (X3) possui delimitações quando fixado o valor
da concentração do surfactante na CMC, nos seguintes valores: X1 > 70
mg L-1 e X3 > 160 A m-2. Conforme observado, os resultados alcançam
maiores eficiências, conforme a densidade de corrente e a concen-
tração de corantes são aumentadas, confirmando a análise de efeitos
discutida anteriormente.
A região limítrofe menor, diferente do item anterior, agora se
concentra na resposta Y2, como observado na Figura 4.6. A partir da
análise da região ótima para as duas respostas, pode-se verificar que a
interação entre concentração dos corantes na mistura (X1) e densidade
de corrente (X3) possui delimitações quando fixado o valor da concen-
tração do surfactante catiônico na CMC, nos seguintes valores: X1 >
70 mg L-1 e X3 > 160 A m-2. Conforme observado, os resultados al-
cançam maiores eficiências quando a densidade de corrente e a con-
centração de corantes são aumentadas, confirmando a análise de
efeitos discutida anteriormente.
O gráfico da Figura 4.7 apresenta a região ótima em coloração
vermelha, contrastando com a área em branco, que não atendeu os cri-
térios. As variáveis independentes estão na forma descodificada.
A partir da análise da Figura 4.7, o autor pode concluir que a
faixa ideal de concentração dos corantes na mistura (X1) variou entre 70
mg L-1 e 130 mg L-1, e a densidade de corrente (X3), por sua vez, variou
de 80 A m-2 e 215 A m-2. Conforme adiantado, o limite da região ótima
para X1 se modificou com a avaliação desse segundo par de variáveis
independentes e a densidade de corrente aparece com um intervalo bas-
tante amplo, que se combina a valores mais altos de concentração de
corantes na mistura.
156 Estudos da Pós-Graduação

Figura 4.7 – Região ótima das variáveis concentração dos corantes na mistura (X1)
e densidade de corrente (X3); concentração do surfactante catiônico (X2) fixado
em 0,95 mmol L-1

240

220

Y2
200

180
X3(mmol L–2)

160

140 Y1

120

100

80
20 30 40 50 60 70 80 90 100 100 120 130
X1(mg L–1)

Fonte: Martins (2019).

Concentração do surfactante (X2) e densidade de corrente (X3)

A Figura 4.8 apresenta as curvas de contorno e superfície de res-


posta para a interação entre as variáveis concentração do surfactante
catiônico (X2) e densidade de corrente (X3), fixando a concentração dos
corantes na mistura em 75 mg L-1 (ponto central) e destacando a região
limite de remoção para as respostas.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 157

Figura 4.8 – Curvas de contorno em função da concentração do surfactante


catiônico (X2 eixo horizontal) e densidade de corrente (X3 eixo vertical) para as
respostas: (A) Y1 remoção percentual de carbono orgânico total (COT %); (B) Y2
remoção percentual de cor (% - λ = 588 nm)

Fonte: Martins (2019).

Novamente, a região limítrofe se concentra na resposta Y2, como


observado na Figura 4.8. A partir da análise da região ótima, quando
fixada a concentração dos corantes na mistura em 75 mg L-1, pode-se
observar que as melhores eficiências de remoção para as respostas Y1 e
158 Estudos da Pós-Graduação

Y2 correspondem a X2 < 0,9 mmol L-1 e X3 > 90 A m-2. O gráfico da


Figura 4.9 apresenta a região ótima em coloração vermelha, contras-
tando com a cor branca, que não atendeu aos critérios. Ambas variáveis
independentes estão descodificadas.

Figura 4.9 – Região ótima das variáveis concentração do surfactante catiônico


(X2) e densidade de corrente (X3); concentração dos corantes na mistura (X1)
fixado em 75 mg L-1

240

220

200
Y2

180
X3(Am–2)

160

140 Y1

120

100

80
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4
X2(mmol L–1)

Fonte: Martins (2019).

Segundo a Figura 4.9, pode-se concluir que a faixa ideal de


concentração do surfactante (X2) variou entre 0,5 a 0,9 mmol L-1, e a
densidade de corrente (X3) se situou entre 100 e 238 A m-2. Finalizando
este último par de avaliação de região ótima para encontrar uma faixa
de melhor eficiência de remoção, pode-se estreitar os dados obtidos,
segundo as Figuras 9, 11 e 13. A sobreposição das curvas de contorno
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 159

avalia as duas respostas, consideradas de forma única e estreita, e as


conclusões primárias que podem não incluir o efeito da outra res-
posta e vice-versa.
A Tabela 4.10 apresenta os resultados restritos e, consequente-
mente, as faixas ótimas operacionais. Os valores considerados são: con-
centração dos corantes na mistura (50 - 130 mg L-1; 70 - 130 mg L-1),
concentração do surfactante CTABr (0,5 - 1,1 mmol L-1; 0,5 - 0,9 mmol
L-1) e densidade de corrente (80 - 215 A m-2; 100 - 238 A m-2).

Tabela 4.10 – Valores obtidos para as variáveis selecionadas por meio de RSM
Variável independente Faixa crítica
Concentração dos corantes na mistura (X1) mg L-1 70 ≤ X1 ≤ 130
Concentração do surfactante CTABr (X2) mmol L-1 0,5 ≤ X2 ≤ 0,9
Densidade de corrente (X3) A m-2 100 ≤ X3 ≤ 215
Fonte: Martins (2019).

Segundo a Tabela 4.10 e os valores ótimos para a variável X2,


motivo de principal investigação do estudo em batelada, o processo de
remoção de carbono orgânico total (COT) e cor possui maior eficiência
quando alocado em uma concentração próxima ou abaixo do valor de
concentração micelar crítica e quando considerado o surfactante catiô-
nico em estudo. Pode-se associar, portanto, o valor da faixa ótima que,
para a variável X2 (concentração do surfactante catiônica) foi próximo/
abaixo da CMC, a partir de um processo inibitório do eletrodo pelo
surfactante catiônico; o aumento na concentração dessa espécie no
meio influenciou, de forma significativa, tanto a resposta Y1 (remoção
percentual de carbono orgânico total – COT %) quanto Y2 (remoção
percentual de cor – λ = 588 nm %).

Estudo de caso: tratamento de efluente têxtil utilizando


corrente direta pulsada

Martins e colaboradores (2017) estudaram o tratamento por ele-


trocoagulação de um efluente têxtil oriundo de uma indústria fabricante
160 Estudos da Pós-Graduação

de redes, localizada em Jaguaruana, Ceará. Nesse estudo, os autores


aplicaram a Metodologia de Superfície de Resposta (MSR), utilizando
o delineamento experimental Box-Behnken (DBB). As variáveis inde-
pendentes (fatores) avaliadas foram: velocidade de agitação, frequência
de pulsos (relacionada ao tipo de corrente elétrica utilizada) e espaça-
mento entre os eletrodos. A variável dependente (variável resposta) foi
a remoção da Demanda Química de Oxigênio (DQO) (%).
Antes de expor o trabalho dos autores, iremos discutir sobre a
importância desses fatores no processo de EC. A velocidade de agi-
tação ajuda a manter condições uniformes e evitar a formação de gra-
diente de concentração na célula de eletrólise. Além disso, a agitação na
célula de eletrólise confere velocidade para o movimento dos íons ge-
rados. Com um aumento na velocidade de agitação até a velocidade
ótima, há um acréscimo na eficiência de remoção de poluentes. Isso se
deve ao fato de que, com o aumento da mobilidade dos íons gerados, os
flocos são formados muito mais cedo, resultando em um crescimento
na eficiência de remoção de poluentes para um determinado tempo de
eletrólise. Mas, com um aumento adicional na velocidade de agitação
além do valor ótimo, há uma diminuição na eficiência de remoção de
poluentes, já que os flocos são degradados por colisão entre si devido à
alta velocidade de agitação (KHANDEGAR; SAROHA, 2013a, b e c;
MORDISHAHLA et al., 2008; BAYAR et al., 2011; LEKHLIF et al.,
2014, KHALED et al., 2015; NAJE et al., 2017).
Em geral, a corrente contínua (CC) é o tipo de corrente elétrica
mais amplamente usada na EC (VASUDEVAN et al., 2011). Entretanto,
a superfície anódica pode ser isolada pela formação de camadas de
óxidos estáveis devido às reações de oxidação que promovem os fenô-
menos de corrosão, gerando efeitos de passivação (GARCIA-SEGURA
et al., 2017). A passivação causa um aumento no potencial passivo, o
que leva a um maior consumo de energia; a camada passiva também
resulta na diminuição do fluxo de corrente entre os dois eletrodos e di-
minui a eficiência da EC (EYVAZ et al., 2009; MOUSSA et al., 2017).
O uso de corrente alternada (CA) pode ser considerado como uma alter-
nativa, porque as mudanças contínuas de polaridade evitam ou reduzem
a formação de camadas de passivação e aumentam a vida operacional
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 161

dos ânodos de sacrifício (KHANDEGAR; SAROHA, 2012;


KHANDEGAR; SAROHA, 2013b, c; PI et al., 2014; GARCIA-
SEGURA et al., 2017; NAJE et al., 2017).
Alguns estudos vêm investigando a utilização de outros tipos de
corrente elétrica na EC, embora ainda em um número bastante reduzido
(ALEXANDRE, 2015). Yang et al. (2015) ressaltaram que o problema
de passivação poderia ser solucionado pela adição de uma quantidade
suficiente de íons cloreto, que quebra a camada passiva, ou pela apli-
cação de uma corrente pulsada alternada (APC), que impede a formação
de camada passiva quando eletrodos de Al ou Fe são usados. Durante o
processo EC, aplicando corrente pulsada, um tempo de trabalho curto é
seguido por uma pausa infinitesimal que acelera a taxa de migração
iônica e pode reduzir a polarização da concentração e a sobretensão dos
eletrodos (KOPARAL et al, 2008). Além disso, a tecnologia de eletro-
coagulação com a corrente pulsada tem a vantagem de menor consumo
de energia (MONENTI et al, 2015).
Dessa forma, o parâmetro frequência dos pulsos apresenta-se
como uma variável fundamental ao se estudar a aplicação de corrente
contínua pulsada (CCP), pois, segundo o princípio da superposição de
ondas, o qual foi tomado como base para a aplicação da EC com a pos-
sível geração do campo uniformemente variado, dependendo dos níveis
utilizados de frequência, poderá ocorrer a interferência construtiva ou
não (MARTINS et al., 2017).
A distância entre os eletrodos desempenha um papel significa-
tivo no processo de eletrocoagulação, porque o campo eletrostático de-
pende da distância entre o ânodo e o cátodo. A eficiência máxima de
remoção de poluentes é obtida pela manutenção de uma distância ideal
entre os eletrodos. Na distância entre eletrodos mínima, a eficiência de
remoção de poluentes é baixa; isso ocorre porque os hidróxidos metá-
licos gerados, que agem como flocos e removem o poluente pela sedi-
mentação, degradam, à medida que colidem entre si, devido à alta
atração eletrostática, afetando vários fenômenos, tais como: coagu-
lação, floculação, precipitação e eletroflotação (KHANDEGAR;
SAROHA, 2013a, b e c; VERMA; KHANDEGAR; SAROHA, 2013;
VÁZQUEZ et al., 2012; MORDISHAHLA et al., 2008). Em contraste,
162 Estudos da Pós-Graduação

uma distância excessiva entre os eletrodos diminui significativamente a


formação de flocos (GOSH; SOLANKI; PURKAIT, 2008; GOSH;
MEDHI; PURKAIT, 2008; GARCIA-SEGURA et al., 2017).
A eficiência de remoção de poluentes aumenta com o cresci-
mento da distância entre os eletrodos desde o mínimo até a distância
ideal entre eles. Isso porque o aumento adicional na distância entre os
eletrodos diminui os efeitos eletrostáticos, resultando em um movi-
mento mais lento dos íons gerados. Ele fornece mais tempo para o hi-
dróxido do metal gerado se aglomerar para formar os flocos, resultando
em um aumento na eficiência de remoção do poluente na solução
(VERMA; KHANDEGAR; SAROHA, 2013; KHALED et al., 2015).
Um aumento adicional na distância entre os eletrodos acima do valor
ótimo reduz a eficiência de remoção de poluentes. Isso ocorre porque o
tempo de migração dos íons aumenta com o crescimento da distância
entre os eletrodos. Além disso, há uma diminuição na atração eletrostá-
tica que diminui a formação de flocos necessários para coagular o po-
luente (VERMA; KHANDEGAR; SAROHA, 2013; SINGH;
RAMESH, 2014; NAJE et al, 2017).
A queda da resistência ôhmica aumenta, à medida que a distância
entre os eletrodos aumenta. Assim, o consumo de energia diminui com
a decréscimo do espaço entre os eletrodos. À medida que a distância
entre os eletrodos se torna menor, mais bolhas de gás são geradas ele-
troquimicamente, causando turbulência hidrodinâmica, levando a uma
alta transferência de massa, bem como a uma alta taxa de reação entre
as espécies coagulantes e poluentes (MARTÍNEZ-VILLAFAÑE;
MONTERO-OCAMPO; GARCÍA-LARA, 2009). Além disso, a dis-
tância entre os eletrodos define o tempo de permanência entre o ânodo
e o cátodo para um sistema contínuo e o tempo de tratamento para um
reator em batelada para atingir uma eficiência desejável na EC. Para um
arranjo de eletrodo complexo, a distância entre os eletrodos determina
também o número de eletrodos a serem colocados na célula de eletroco-
agulação, uma vez que seu volume é definido (ZHANG et al., 2013;
HAKIZIMANA et al., 2017).
Após essa breve explicação, iremos detalhar a metodologia utili-
zada bem como apresentar os resultados obtidos por Martins e colabo-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 163

radores (2017). O reator eletrolítico utilizado foi construído em for-


mato cilíndrico (Figura 4.10), em acrílico, com dimensões de 60,0 cm
de altura e 10,0 cm de diâmetro. Como condutores eletrônicos, foram
montados conjuntos de eletrodos, os quais foram compostos, cada um,
por quatro placas de aço inoxidável do tipo 304, conectadas por um
arranjo bipolar em série, cada uma medindo 5,0 x 40,0 x 0,3 cm, resul-
tando numa área superficial total de 800,0 cm2. Cada conjunto foi feito
com um espaçamento específico entre as placas, conforme necessário
para o estudo de otimização. A potência consumida pelo sistema de EC
foi monitorada por meio de um wattímetro da marca Wanf. Para os ex-
perimentos em que a agi-
Figura 4.10 – Esboço do experimento de EC
tação foi requerida, os utilizado na pesquisa
autores utilizaram um
agitador magnético fabri-
cado pela Tecnal®
TE-0851™.
O modo de alimen-
tação de energia empre-
gado neste trabalho, de
acordo com Abdala Neto 1
(2012), foi elaborado com
o intuito de provocar a ge-
ração de um campo elé-
trico uniformemente va-
riado. Para isso, foi
utilizada uma fonte de
2
tensão elétrica Hayama®
HY-1320 Plus™ 220 V -
13,8 V 20 A, conectada a
um circuito elétrico capaz
4
de gerar pulsos de cor- 3
rente, caracterizando-se + –
como uma forma de apli-
Legenda: 1. Conjunto de eletrodos; 2. Torneira de co-
cação de Corrente Con­ leta; 3. Agitador magnético; 4. Fonte de tensão.
tínua Pulsada (CCP). Esse Fonte: Adaptado de Maia (2014).
164 Estudos da Pós-Graduação

circuito elétrico foi configurado para emitir elétrons em uma faixa de


frequência regulável de 0 a 2.200 Hz aos eletrodos submersos no efluente.
Os experimentos de EC foram conduzidos utilizando 2,6 L do
efluente têxtil. A cada 10 minutos de EC até o tempo total de 60 mi-
nutos, foram retiradas alíquotas de 15 ml para a realização da análise de
DQO. Os autores realizaram também outras análises físico-químicas
com as amostras do efluente bruto e tratado com as condições operacio-
nais ótimas, visando verificar a eficiência do processo. Todas as aná-
lises foram realizadas em duplicata. Os métodos utilizados, recomen-
dados pela American Public Health Association (APHA, 2005),
apresentam-se na Tabela 4.11.

Tabela 4.11 – Parâmetros e métodos analíticos descritos no Standard Methods for


the Examination of Water and Wastewater

Parâmetro Método Analítico

pH 4500 H+ B Eletrométrico
Condutividade (mS.cm-1) 2510 B Eletrométrico
Turbidez (UNT) 2130 B Nefelométrico
5220 D Colorimétrico com Refluxo
Demanda Química de Oxigênio (mg O2 .L-1)
Fechado
-
Cloreto (mg.L-1) 4500 B Cl Argentimétrico
2540 D Sólidos Suspensos Totais 103 -
SST (mg.L-1)
105 °C
Materiais sedimentáveis (ml.L-1) 2540 F Cone Inmhoff
Cromo total (mg.L-1) 3111 B Absorção atômica
Ferro solúvel (mg.L-1) 3111 B Absorção atômica
Sulfato (mg.L-1) 4500 E SO42- Turbidimétrico
Sulfeto total (mg.L-1) 4500 E S2- Iodométrico
Fonte: Adaptado de MARTINS, et al. (2017).

Para a avaliação da descoloração foi realizada a leitura da absor-


bância, em um espectrofotômetro Shimadzu® UV-1800™, das amos-
tras do efluente bruto com diluição 1:2 e tratado no intervalo de 200 a
850 nm. Os metais ferro e cromo foram selecionados para análise por
serem os principais constituintes do material dos eletrodos utilizados
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 165

(aço inox 304), como também por constarem como parâmetros para
descarte nas legislações ambientais vigentes.
Em relação ao planejamento experimental utilizado por Martins
et al. (2017), julgamos ser importante realizar uma breve explicação,
tanto para o tipo de planejamento aplicado como para os resultados que
podem ser obtidos pela Metodologia de Superfície de Reposta (MRS).
O planejamento Box-Behnken consiste em um delineamento fatorial
incompleto (KAMMOUN; NAILI; BEJAR, 2008), o qual se baseia na
metodologia de superfícies de resposta para a otimização de processos.
Através do DBB, é possível obter como informações os efeitos princi-
pais das variáveis ou individuais e os efeitos de interações entre as va-
riáveis avaliadas duas a duas (ALEXANDRE, 2015).
Esta técnica permite eficiência no processo experimental através
do uso de métodos estatísticos na análise dos dados obtidos, resultando
em objetividade científica nas conclusões (SANTANA, 2007). Além
disso, o DBB permite a redução do número de experimentos e do tempo
de trabalho laboratorial e um consequente menor consumo de reagentes,
traduzindo-se numa diminuição dos custos associados à mão de obra
(MOTA, 2011). Desta forma, com o DBB, é possível obter um modelo
matemático apropriado para descrever certo fenômeno, utilizando o mí-
nimo possível de experimentos.
A Metodologia de Superfície de Resposta (MSR) consiste em
um conjunto de técnicas matemáticas muito úteis quando se quer ava-
liar a influência das variáveis independentes (fatores) sobre uma vari-
ável dependente (variável resposta). Esse conjunto de técnicas permite
obter curvas que ilustram o comportamento da variável resposta para
diversas combinações das variáveis independentes. A MSR é capaz de
avaliar a significância relativa de muitos fatores que são afetados por
interações complexas (MURAT, 2002; apud, ALEXANDRE, 2015).
Na Tabela 4.12, apresentam-se os valores codificados e não codifi-
cados dos níveis dos fatores (variáveis independentes) selecionados
por Martins et al (2017).
O número de experimentos necessários para o desenvolvimento
do DBB foi definido de acordo com a Equação 4.1, apresentada por
Aslan e Cebeci (2007):
166 Estudos da Pós-Graduação

N = 2K (k–1) + C0 (Eq. 4.1)

Onde:
K: número de fatores ou variáveis independentes; e
C0: número de replicatas do ponto central.

Tabela 4.12 – Fatores e níveis do planejamento fatorial Box-Behnken


Níveis
Fatores
-1 0 +1
Velocidade de agitação (rpm) 0 200 400
Frequência dos pulsos (Hz) 600 1400 2200
Espaçamento entre os eletrodos (mm) 1 5,5 10
Fonte: Adaptado de MARTINS, et al. (2017).

Dessa maneira, como foram selecionados três fatores e realizadas


quatro repetições do ponto central para o presente planejamento, o
mesmo resultou em um número total de dezesseis experimentos, sendo
que todos foram realizados em duplicata. A resposta ou variável depen-
dente (Y) foi expressa como a média simples dos valores do percentual
de remoção de DQO obtidos nas réplicas de cada experimento.
A partir dos resultados experimentais, foi possível aos autores
elaborar um modelo matemático baseado no método dos mínimos qua-
drados ordinários. Esse método é utilizado para estimar os coeficientes
(β0, β1, β2, ..., βn) do modelo usado na modelagem da resposta Y, de tal
forma que a soma dos quadrados dos resíduos seja a menor possível.
Em sequência, os autores realizaram a avaliação da validade da supo-
sição de normalidade dos resíduos, pois a análise de regressão se baseia
também no fato de que os erros seguem uma distribuição normal. De
acordo com Jacobi, Souza e Pereira (2002), a condição de normalidade
dos resíduos é fundamental para a definição de intervalos de confiança
e testes de significância.
Os gráficos de superfície de resposta foram construídos com o
intuito de ilustrar a região ótima definida pelas variáveis em função da
máxima remoção de DQO. Para isso, a modelagem foi realizada ajus-
tando-se ao modelo linear de máxima ascendência.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 167

Na Tabela 4.13 são apresentados os fatores e níveis correspon-


dentes aos 16 experimentos de EC realizados por Martins et al (2017),
bem como os valores remanescentes de DQO e os valores médios da
potência e da densidade de corrente mensurados.

Tabela 4.13 – Resultados obtidos correspondentes aos 16 experimentos de


eletrocoagulação
Densidade de DQO
X1 X2 X3 Potência
Experimento corrente média (mg O2
(rpm) (Hz) (mm) média (W)
(mA. cm-2) L-1)
1 – 600 5,5 69,10 0,393 181,36
2 400 600 5,5 66,11 0,376 172,39
3 – 2200 5,5 69,16 0,393 242,27
4 400 2200 5,5 68,83 0,391 230,34
5 – 1400 1 91,62 0,521 178,52
6 400 1400 1 91,81 0,522 167,16
7 – 1400 10 64,49 0,366 220,68
8 400 1400 10 63,78 0,362 244,55
9 200 600 1 90,15 0,512 85,91
10 200 2200 1 92,02 0,523 117,16
11 200 600 10 63,11 0,359 171,82
12 200 2200 10 64,54 0,367 166,02
13 200 1400 5,5 69,81 0,397 218,87
14 200 1400 5,5 69,97 0,398 214,32
15 200 1400 5,5 68,14 0,387 203,07
16 200 1400 5,5 68,86 0,391 205,34
Legenda: X1: velocidade de agitação; X2: frequência de pulsos; X3: espaçamento entre os
eletrodos.
Fonte: Adaptado de MARTINS, et al. (2017).

De acordo com os dados da Tabela 4.13, os autores observaram


que, a partir dos experimentos 5, 6, 9 e 10, os quais possuem em
comum o espaçamento de 1 mm, foram obtidos os maiores valores
médios de potência, como também de densidade de corrente, enquanto
que, à medida que o espaçamento entre os eletrodos foi aumentado,
esses valores diminuíram. Isso é compreensível, pois a solução possui
resistividade à passagem de corrente elétrica (CERQUEIRA, 2011;
CRESPILHO; REZENDE, 2004; WIMMER, 2007), logo, como os
conjuntos de eletrodos possuem a mesma área superficial, quanto
168 Estudos da Pós-Graduação

maior for a distância entre os eletrodos, mais dificultado será o fluxo


de elétrons entre os mesmos e a densidade de corrente obtida será
menor, diminuindo o consumo de energia. Portanto, os autores confir-
maram que a distância é proporcional à resistência elétrica da solução
oferecida à passagem de corrente.
Os autores, ao observarem o valor remanescente de DQO corres-
pondente a cada tempo de EC, verificaram que, em 60 minutos de pro-
cesso, os experimentos 1, 2, 5, 6, 9, 10, 11 e 12 atingiram uma concen-
tração de DQO abaixo de 200 mg O2 L-1 (limite exigido para lançamento
de acordo com a Resolução no 2/2017 do Conselho Estadual do Meio
Ambiente do Estado do Ceará) (CEARÁ, 2017). Em 50 minutos de EC,
ajustaram-se a esse limite exigido os experimentos 5, 6, 9 e 10 com
192,16; 187,05; 123,41 e 158,64 mg O2 L-1, respectivamente.
Completados 40 minutos de processo, apenas o experimento 9 ajus-
tou-se ao limite exigido, com 185,35 mg O2 L-1. Em vista disso, Martins
et al (2017) optaram por realizar o estudo de otimização da EC a partir
da remoção obtida com 50 minutos de processo, tempo requerido para
o enquadramento do parâmetro de DQO dentro dos padrões exigidos
pela legislação com uma margem de confiabilidade.
A Tabela 4.14 apresenta a matriz utilizada no DBB com as res-
postas obtidas em cada experimento, a partir do tempo total de 50 mi-
nutos de EC. Como é possível observar a partir da mesma tabela, os
autores obtiveram o maior percentual de remoção de DQO (84,74%) no
experimento 9 (200 rpm/600 Hz/1 mm), enquanto a menor remoção
(63,98%) foi alcançada pelo experimento 3 (0 rpm/2.200 Hz/5,5 mm).

Tabela 4.14 – Matriz com os resultados experimentais para a remoção de


demanda química de oxigênio
Variáveis independentes Resposta
Experimento
X1 (rpm) X2 (Hz) X3 (mm) Remoção de DQO (%)
1 – 600 5,5 73,45
2 400 600 5,5 75,73
3 – 2200 5,5 63,98
4 400 2200 5,5 67,67
5 – 1400 1 76,07
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 169

(continuação Tabela 4.14)


Variáveis independentes Resposta
Experimento
X1 (rpm) X2 (Hz) X3 (mm) Remoção de DQO (%)
6 400 1400 1 77,35
7 – 1400 10 66,01
8 400 1400 10 67,34
9 200 600 1 84,74
10 200 2200 1 81,60
11 200 600 10 74,83
12 200 2200 10 70,33
13 200 1400 5,5 72,46
14 200 1400 5,5 73,17
15 200 1400 5,5 73,93
16 200 1400 5,5 73,80
Legenda: X1: velocidade de agitação; X2: frequência de pulsos; X3: espaçamento entre os
eletrodos.
Fonte: Adaptado de MARTINS, et al. (2017).

Na Tabela 4.15, os autores apresentam os coeficientes do modelo


matemático estimados pelo software R (R CORE TEAM, 2014), bem
como o erro padrão dos coeficientes, os respectivos valores de t de
Student e as significâncias de cada coeficiente da regressão através do
valor p. Os coeficientes estatisticamente significativos foram destacados
em negrito. O nível de significância adotado para este estudo foi de 5%,
portanto os coeficientes que apresentaram probabilidade maior do que
0,05 (p > 0,05) não foram considerados estatisticamente significativos.

Tabela 4.15 – Coeficientes da regressão linear, desvio padrão dos coeficientes,


valores de t e probabilidade estatística p dos coeficientes do modelo referente à
remoção de DQO
Desvio
Resposta Fatores Coeficiente Valor t Valor p
padrão
Intercepto 73,3388 0,7934 92,4275 1,081x10-10
X1 1,0713 0,5611 1,9093 0,1048
X2 -3,1469 0,5611 -5,6087 0,0014
Demanda X3 -5,1569 0,5611 -9,1911 9,35x10-5
X1:X2 0,3538 0,7935 0,4458 0,6714
Química de
X1:X3 0,0138 0,7935 0,0173 0,9832
Oxigênio
X2:X3 -0,34 0,7935 -0,4285 0,6832
X1 2 -4,6581 0,7935 -5,8705 0,0011
X22 1,5256 0,7935 1,9227 0,1028
X32 3,0081 0,7935 3,7911 0,0091
Legenda: X1: velocidade de agitação; X2: frequência de pulsos; X3: espaçamento entre os
eletrodos.
Fonte: Adaptado de MARTINS, et al. (2017).
170 Estudos da Pós-Graduação

O modelo matemático obtido por Martins et al. (2017) somente


com as parcelas que foram estatisticamente significativas é apresentado
na Equação 4.2 abaixo:

Remoção de DQO (%) = 73.3388 – 3.1469X2 – 5.1569X2–


4.6581X21 + 3.0081X22 (Eq. 4.2)

Ainda, a partir da Tabela 4.16, os autores verificaram que as três


variáveis independentes foram consideradas estatisticamente significa-
tivas em termos lineares ou quadráticos para a remoção de DQO.
Porém, o espaçamento entre os eletrodos (X3), em termo linear, se des-
tacou dentre as demais variáveis como a de maior efeito, com valor
p = (9,35x10-5), influenciando de forma inversa (valor negativo do co-
eficiente), ou seja, quanto maiores os seus níveis, menor a eficiência de
remoção de DQO. Já em relação ao termo quadrático, o espaçamento
entre os eletrodos (X32) atuou positivamente sobre a remoção de DQO.
A frequência dos pulsos em termo linear (X2) e a velocidade de agitação
em termo quadrático (X12) exerceram efeito negativo sobre a remoção
de DQO, proporcionando maiores porcentagens de remoção a partir de
menores valores das mesmas.
A Figura 4.11 ilustra o gráfico Q-Q plot, o qual permitiu aos au-
tores inspecionarem a normalidade por meio da comparação entre a
frequência acumulada dos resíduos padronizados e a curva normal para
a variável resposta. De acordo com a Figura 3.10, os autores verifi-
caram indícios de que os erros são normalmente distribuídos, pois a
maioria dos pontos está localizada de forma aproximada ao longo da
reta, demonstrando a confiabilidade dos pontos experimentais obtidos.
O modelo matemático que descreve a resposta, apresentado pelos
autores na Equação 4.2, é capaz de explicar cerca de 92% (R² = 0,916) da
variação na remoção de DQO, enquanto o valor p obtido para o mesmo
foi 9,315x10-4, confirmando sua significância estatística (p < 0,05).
Para estudar as condições ótimas do processo, os autores anali-
saram simultaneamente as superfícies de resposta e os contornos. A Figura
4.12 apresenta os gráficos de superfície de resposta, correlacionando as
variáveis com o percentual de remoção de DQO obtidos por Martins et al
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 171

(2017). De acordo com a Figura 4.12A, fixou-se a frequência dos pulsos


em seu valor médio (1.400 Hz), e as variáveis velocidade de agitação e
espaçamento entre os eletrodos foram confrontadas com a região ótima
para a resposta. Nesse caso, foi possível observar que a remoção de DQO
é intensificada, à medida que o valor do espaçamento se aproxima do seu
nível mínimo (1 mm) e a agitação está na faixa de 100 a 350 rpm. Na
Figura 4.12B, o espaçamento foi mantido constante (5,5 mm) e as variá-
veis velocidade de agitação e frequência dos pulsos foram correlacionadas
com a região ótima para o percentual de remoção. Notou-se, com essas
condições, que a remoção de DQO tende a aumentar quando o valor da
frequência é reduzido ao menor nível estudado (600 Hz) e a agitação per-
manece entre 200 e 250 rpm. Já na Figura 4.12C, fixou-se o valor médio
da velocidade de agitação (200 rpm), e as variáveis frequência e espaça-
mento entre os eletrodos foram correlacionadas com a região ótima para o
aumento da eficiência de remoção. Observou-se que a diminuição dos
valores de frequência e espaçamento para os seus menores níveis estu-
dados favoreceu o aumento da eficiência de remoção de DQO.

Figura 4.11 – Gráfico de probabilidade normal dos resíduos para a variável


resposta demanda química de oxigênio

Normal Q-Q
2
10
Resultados padronizados

-1
9
-2 3

-2 -1 0 1 2

Fonte: Martins et al. 2017.


172 Estudos da Pós-Graduação

Figura 4.12 – Gráficos de superfícies de resposta: (A) remoção de DQO (%)


x agitação (A) x espaçamento (C); (B) remoção de DQO (%) x agitação (A) x
frequência (B); (C) remoção de DQO (%) x frequência (B) x espaçamento (C)

Fonte: Martins et al. 2017.

Por fim, foram calculados os valores ótimos das três variáveis


operacionais estudadas para a máxima remoção de DQO. Assim, para a
remoção de 82,01% de DQO, são requeridos velocidade de agitação de
209 rpm, frequência dos pulsos de 1129,6 Hz e espaçamento entre os
eletrodos igual a 1,27 mm.
Os autores, a partir dos resultados obtidos neste estudo de otimi-
zação, constataram que:

• A velocidade de agitação ótima (209 rpm) para a remoção de


DQO apresentou-se próxima ao ponto médio estudado. Diante
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 173

disso, inferiram que, em níveis mais baixos ou com velocidade


de agitação nula, a mobilidade dos íons dentro do reator foi
insuficiente, não favorecendo a formação dos flocos. Já nos
níveis mais altos pode ocorrer colisão entre os flocos devido à
elevada turbulência gerada, podendo disponibilizar no meio
uma quantidade maior de partículas menores suspensas e dis-
solvidas, conferindo maior teor de matéria orgânica ao efluente;

• Para o espaçamento entre as placas, o valor ideal (1,27 mm)


para a remoção de DQO foi mais próximo do nível mínimo
estudado. Já em outros trabalhos, como os de Nanseu-Njiki et
al. (2009) e Daneshvar, Sorkhabi e Kasiri (2004), a menor dis-
tância prejudicou a remoção dos poluentes ao produzir elevada
atração eletrostática, provocando, assim, a degradação dos
flocos pela colisão de um com outro. No presente trabalho, a
menor distância favoreceu o processo de EC, o que também foi
conferido por Modirshahla, Behnajady e Kooshaiian (2007) e
Mondal et al. (2013). Apesar de, teoricamente, o valor ótimo
de distância obtido ser bastante reduzido e propício para a des-
construção dos flocos, o mesmo permitiu maior facilidade para
o fluxo de elétrons, o que foi evidenciado pelos maiores va-
lores de densidade de corrente proporcionados, quando se uti-
lizaram eletrodos com espaçamento de 1 mm (Tabela 4.13),
ocasionando, provavelmente, a formação de uma maior quanti-
dade de agentes coagulantes. Portanto, se houve desconstrução
de flocos, esse efeito negativo foi irrelevante, se comparado ao
efeito positivo proporcionado pela provável maior disponibili-
zação de agentes coagulantes pelos eletrodos;

• O valor ótimo de frequência dos pulsos encontrado (1129,6


Hz) para a maior eficiência de remoção de DQO está compre-
endido entre os níveis mínimo e médio estudados. Esse valor
corresponde ao de frequência que, possivelmente, mais se
aproximou dos valores de frequência de vibração natural das
moléculas presentes na célula eletrolítica, alcançando uma in-
174 Estudos da Pós-Graduação

terferência construtiva entre ondas, na qual a soma dos seus


efeitos individuais pode ter proporcionado o estado máximo de
vibração das moléculas, facilitando o transporte de massa no
interior do reator e aumentando, assim, a probabilidade de as
substâncias suspensas serem coaguladas. Além disso, quando
esse efeito é alcançado, de acordo com Abdala Neto (2012), a
ruptura de ligações, como a ligação covalente da molécula da
água, é facilitada, o que pode ter ocorrido.

A Tabela 4.16 apresenta os parâmetros físico-químicos e os res-


pectivos resultados obtidos na caracterização do efluente antes e após o
tratamento realizado de acordo com as condições ótimas de operação da
EC. Além disso, na Tabela 4.16 encontram-se os valores dos padrões
ambientais de lançamento de acordo com a Resolução no 430/2011 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) (BRASIL, 2011) e a
Resolução no 2/2017 do Coema (CEARÁ, 2017).
Devido às limitações operacionais, os autores optaram por uti-
lizar os valores aproximados dos valores ótimos para velocidade de agi-
tação, frequência dos pulsos e espaçamento entre os eletrodos, respec-
tivamente, 200 rpm, 1.000 Hz e 1 mm.

Tabela 4.16 – Caracterização do efluente bruto e tratado com as condições


operacionais ótimas: agitação = 200 rpm; frequência de pulso = 1000 Hz;
espaçamento = 1 mm e tempo = 50 min

Valores
Efluente Efluente Remoção
Parâmetro máximos
Bruto Tratado (%)
permitidos

pH 5 a 9 a,b 6,96 9,90 NAf


Condutividade (mS.cm-1) * 12,90 13,69 NA
Turbidez (UNT) * 121 17,1 85,87

DQO (mg.O2 L-1) 200,0a 810 152,0 81,23

Cor (absorbância)c * 2,631 0,028 98,94


Cloreto (mg L-1) * 5555,8 5560,5 NA
Sólidos Suspensos
100,0a 174 94 45,98
(mg L-1)
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 175

(continuação Tabela 4.16)

Valores
Efluente Efluente Remoção
Parâmetro máximos
Bruto Tratado (%)
permitidos

Até 1,0 teste 0,8 0,3 62,5


Sólidos sedimentáveis (mg L-1)
de 1ha,b
Sulfato (mg L-1) 1000a 661 8,29 98,75
Acima de
Sulfeto total (mg L-1) 1,0a,b 2,21 Abaixo LQd
55,2
Ferro dissolvido (mg L-1) 15,0a,b 0,127 0,859 NA

Cromo total (mg L-1) 5,0a Abaixo LQe Abaixo LQe NA


a
*Não é exigido para lançamento de esgoto; padrão de lançamento de acordo com a
Resolução no 2/2017 do Coema; b padrão de lançamento de acordo com a Resolução no
430/2011 do Conama; c absorbância no ʎmax = 400 nm; d limite de quantificação de 1
mg.L-1; e limite de quantificação de 0,1205 mg.L-1; f não se aplica; LQ: limite de quantifi-
cação. Fonte: Adaptado de MARTINS, et al. (2017).

De acordo com a Tabela 4.16, é possível verificar que o valor de


pH 9,9 apresenta-se acima do padrão de lançamento que consta na
Resolução no 2/2017 do Coema (CEARÁ, 2017), como também na
Resolução no 430/2011 do Conama (BRASIL, 2011). Em vista disso, os
autores sugeriram que, para o lançamento do efluente tratado no corpo
d’água receptor, seria necessário um pequeno ajuste para o enquadra-
mento do pH na faixa de 5 a 9.
Mesmo que a turbidez não conste como parâmetro para lança-
mento de efluentes, os autores comparam o valor obtido (17,1 UNT)
com o valor exigido pela Resolução no 357/05 do Conama (BRASIL,
2005) para águas doces de classe 1 (até 40 UNT); dessa forma, foi pos-
sível para eles afirmar que esse parâmetro obteve um valor final bas-
tante satisfatório.
O valor da DQO remanescente (152 mg O2 L-1) atendeu ao pa-
drão exigido pela Resolução no 2/2017 do Coema. Além disso, o percen-
tual de remoção de DQO obtido (81,23%) foi bastante próximo ao valor
predito pelo modelo (82,01%); com isso, os autores confirmaram mais
uma vez que os dados foram bem ajustados pelo modelo construído.
Para os autores, a descoloração do efluente têxtil também foi sa-
tisfatória, alcançando percentual de 98,94%, a qual apresenta o espectro
176 Estudos da Pós-Graduação

de absorbância UV-Vis das amostras dos efluentes bruto e tratado, con-


forme as condições operacionais ótimas.
De acordo com os resultados das análises dos metais (ferro e
cromo), os autores destacam que nenhum deles, os quais eram consti-
tuintes do eletrodo, apresentou concentração final acima do valor per-
mitido para o lançamento do efluente, o que admitiu aos autores inferir
que, no final do tratamento, a maior parte dos íons metálicos estava
complexada ou adsorvida nos flocos formados.

Estudo de caso: estudo comparativo do processo de EC


utilizando eletrodos com e sem modificação da superfície

Oliveira (2017) investigou o uso de eletrodos nitretados apli-


cados à tecnologia eletrolítica, via eletrocoagulação, por corrente pul-
sada, tratando um corante têxtil. Em seu trabalho, a autora utilizou ele-
trodos de alumínio com e sem filmes depositados por nitretação a
plasma com a configuração em gaiola catódica de titânio. Antes de
expor o trabalho da autora, iremos discutir sobre a importância do ma-
terial eletródico no processo de EC, bem como os avanços no desenvol-
vimento de diferentes materiais eletródicos com enfoque na deposição
de filmes por nitretação.
O material do eletrodo define quais reações eletroquímicas
ocorrem no sistema de eletrocoagulação. A seleção ideal de material
depende do tipo de contaminantes e das características químicas do ele-
trólito. Geralmente, o alumínio é melhor que o ferro na maioria dos
casos, quando a eficácia do tratamento é o único critério (LEKHLIF
et al., 2014; NAJE et al., 2017). No entanto, o alumínio é mais caro.
Obviamente, a escolha do material do eletrodo é um dos parâmetros de
controle da EC que não apenas afeta o desempenho e a eficiência do
processo, mas também está associado ao custo.
No caso da eficiência da EC, a dissolução anódica, a porcen-
tagem de poluente removida e o coagulante requerido são parâmetros
significativos que desempenham um papel importante. Estas estão di-
retamente associadas às espécies metálicas iônicas que são liberadas.
Como consequência, os coagulantes de metais com valência de carga
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 177

mais elevada são preferidos devido à sua maior compressão da dupla


camada elétrica que aumenta a coagulação dos poluentes. Normal­
mente, os eletrodos de alumínio e ferro são usados devido
​​ às proprie-
dades de coagulação dos íons multivalentes (PEARSE, 2003). No en-
tanto, outra característica é que os sais de alumínio e cloreto de ferro
são os coagulantes mais utilizados e os mais convencionalmente
aceitos no tratamento da água de coagulação (VERMA et al., 2012).
Além disso, esses materiais também são preferidos por sua fácil dis-
ponibilidade, seu baixo custo e suas altas taxas de eletrodissolução
(GARCIA-SEGURA, et al., 2017).
Em um processo de eletrocoagulação, o material do eletrodo para
tratamento de águas residuais deve ser não tóxico para a saúde humana
e para o meio ambiente. Os materiais de eletrodos geralmente utilizados
são alumínio, ferro, aço inoxidável, aço macio e grafite, pois são ba-
ratos, prontamente disponíveis, não tóxicos e muito eficazes (MOLLAH
et al., 2001, 2004; EMAMJOMEH; SIVAKUMAR, 2009;
KHANDEGAR; SAROHA, 2013c).
Os materiais Al e Fe são mais comumente usados como
​​ materiais
de eletrodos, graças a várias vantagens: sua disponibilidade, ou seja,
abundância na terra e baixo preço; sua não toxicidade, pois os hidró-
xidos de ferro e alumínio formados pela precipitação são relativamente
não tóxicos; e sua alta valência, que leva a uma remoção eficiente de
poluentes (HAKIZIMANA et al., 2017).
A correta seleção do material eletródico é um fator crítico para
determinar a viabilidade do processo devido à influência tanto na sele-
tividade como no consumo específico de energia. Durante as últimas
décadas, tem-se registrado um grande avanço nesse campo devido ao
desenvolvimento de diferentes materiais eletródicos (metais, óxidos
metálicos, polímeros, carbono etc) adequados para a sua aplicação em
diferentes tecnologias eletroquímicas (SOUZA, 2013).
Ao longo dos anos, diversas técnicas de modificação superficial
vêm sendo reportada na literatura. Estas técnicas fazem uso de plasmas,
de lasers, de feixes de íons e de elétrons como fontes energéticas para
alteração estrutural e/ou da composição da superfície, ou ainda depo-
sição de filmes finos (ALVES JÚNIOR, 2001). Esses tratamentos vêm
178 Estudos da Pós-Graduação

sendo empregados a fim de aumentar o desempenho de propriedades


físico-químicas, morfológicas, magnéticas, térmicas, elétricas, mecâ-
nicas e tribológicas de materiais, para as mais diversas aplicações, sem a
necessidade de reprocessamento de todo o material (MOLOSSI, 2014).
A nitretação a plasma (ou nitretação iônica) é um método de mo-
dificação superficial que, utilizando íons e espécies ativas, introduz ni-
trogênio na superfície de peças do metal, para posterior difusão do
mesmo, para o interior do material (MEDEIROS, 2014).
Tomiello (2012) descreve o processo de nitretação da seguinte
forma: os componentes metálicos (peças a serem tratadas) são os cá-
todos de um circuito elétrico, enquanto a câmara de vácuo (o reator)
torna-se o ânodo (Figura 4.13). Introduzindo-se o gás nitretante (nor-
malmente misturas de N2-H2) e aplicando-se uma diferença de potencial
entre o cátodo e o ânodo, que varia de 400 - 1220 V, ocorre a geração do
plasma, a pressões na ordem de 0,01 - 0,25 x 10-2 bar, cobre o cátodo
(peça a ser nitretada) (MEDEIROS, 2014).

Figura 4.13 – Esquema básico de um equipamento para nitretação iônica

amostra blindagem
mecânica

gás

fonte de
bomba
tensão controle de
de vácuo
temperatura

Fonte: Adaptado de Alves Júnior (2001).


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 179

Desta forma, o nitrogênio é transferido ao componente e se di-


funde para o interior da peça, onde se combina formando nitretos com
cromo, alumínio, vanádio e ferro do aço, produzindo, assim, a clássica
estrutura nitretada, com ou sem uma camada de compósitos na super-
fície, e uma zona de difusão para suportá-la, gerando um gradiente de
dureza (MAHBOUBI; FATTAH, 2005).
A Figura 4.14 apresenta uma representação esquemática das
prováveis interações dos íons do plasma sob a superfície de um mate-
rial condutor.

Figura 4.14 – Representação esquemática das prováveis interações dos íons do


plasma com o substrato

Fonte: Barbosa (2011).

A gaiola catódica é uma adaptação da nitretação iônica, desen-


volvida no Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma
(LabPlasma), na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
com o intuito de diminuir os defeitos gerados pela técnica convencional.
A finalidade deste dispositivo é minimizar alguns defeitos da técnica
convencional, tais como: efeito de borda, abertura de arcos elétricos e o
efeito do cátodo oco, que ocorre em amostras com geometrias com-
plexas (SOUSA et al., 2009; LEITÃO, 2016).
Nesta nova técnica, utiliza-se uma chapa metálica furada com
diâmetro e distância entre furos devidamente definidos. A gaiola cató-
180 Estudos da Pós-Graduação

dica também se utiliza do efeito de múltiplos cátodos ocos, que é res-


ponsável pela obtenção de revestimentos e tratamentos superficiais tri-
dimensionais (ARAÚJO, 2006). De acordo com Leitão (2016), a gaiola
catódica consiste em uma chapa cilíndrica com furos devidamente divi-
didos e espaçados e uma tampa circular também com furos similares,
conforme apresentado na Figura 4.15.

Figura 4.15 – Representação esquemática em corte


do reator de nitretação iônica com configuração em
gaiola catódica, mostrando detalhe da gaiola

Fonte: Adaptado de ARAÚJO et al. (2008).

Conforme Sousa et al. (2007), nesta configuração, a gaiola fun-


ciona como cátodo, onde é aplicada uma tensão elétrica em relação às
paredes da câmara do reator (ânodo). Dessa forma, o plasma é concen-
trado na gaiola e não diretamente na amostra, a qual permanece eletri-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 181

camente isolada sob um disco de alumina. Esta técnica de deposição


apresenta como principal vantagem a formação de uma camada mais
uniforme, independentemente do tamanho ou da geometria da amostra.
A Figura 4.16 mostra o aspecto visual do plasma formado sobre
a gaiola catódica, onde é possível observar sua intensificação luminosa
em cada furo, quando é atingida uma determinada pressão de trabalho
(SOUSA, 2007). Este efeito, típico do cátodo oco, apresenta um dire-
cionamento da região luminescente para fora do dispositivo, impedindo
a presença do campo elétrico no seu interior. Assim, o sputtering dos
átomos ocorre sob a gaiola, evitando, dessa forma, que a superfície das
amostras sofra qualquer dano ou defeito superficial indesejável
(ARAÚJO, 2006).

Figura 4.16 – Aspecto visual da formação do


plasma na superfície da gaiola catódica

Fonte: elaborado pelos autores.

Essa técnica permite a obtenção de um filme mais homogêneo


devido à diminuição do efeito de borda, que pode ser comprovado por
uma dureza uniforme em toda a amostra, além de diminuir a abertura de
arcos e o efeito de cátodo oco na amostra (GALLO; DONG, 2009;
HUBBARD et al., 2010).
De acordo com Araújo (2006), os átomos arrancados da super-
fície da gaiola catódica combinam-se com o gás reativo da atmosfera do
182 Estudos da Pós-Graduação

plasma e o composto formado condensa-se na superfície da amostra.


Em virtude disso, a gaiola catódica deve ser confeccionada no material
em que se deseja depositar, e as espécies ativas do plasma podem atingir
todos os pontos da superfície da amostra, permitindo a formação de um
filme uniforme.
Nos experimentos realizados por Oliveira (2017), somente nos
eletrodos utilizados, que foram variados, a autora deixou constante a
tensão aplicada (13,6 V), a frequência de pulso (117,60 Hz), os espaça-
mentos entre as placas de eletrodos (3 mm), a velocidade de agitação
(100 rpm), o volume da solução 700 ml, a concentração do corante 100
mg L-1 e a concentração de NaCl de 190 mg L-1. Os eletrodos empre-
gados foram compostos por duas placas de alumínio com e sem depo-
sição por nitretação a plasma, com a configuração em gaiola catódica
de titânio, conectadas por um arranjo bipolar em paralelo, resultando
numa área superficial total de 23 cm2. Para homogeneização da solução
utilizada nos experimentos, utilizou-se um agitador magnético
(KASVIK 40 1820H). O corante utilizado foi o Remazol Reactive Blue
19 (DyStar) e o tempo de tratamento foi de 60 minutos.
A tensão aplicada no sistema de EC foi monitorada por meio de
um multímetro digital (CHIP SCE modelo SC830B) e a corrente apli-
cada, por meio de um multímetro de bancada (Minipa modelo MDM-
8145ª). A fonte alimentação de corrente (Hayama® HY-1320 Plus™
220 V - 13,8 V 20 A) foi conectada a um circuito elétrico home made
(corrente pulsada -50% dirty circle). A frequência do pulso utilizada foi
monitorada por um osciloscópio de banda variável (Minipa modelo
MV- DSO Series). Nas amostras coletadas, a cada 20 minutos foram
realizadas as análises de cor (espectrofotômetro UV-vis Shimadzu mo-
delo UV-1800, λmáx = 592 nm) e COT (SHIMADZU modelo TOC-L
serie). As amostras foram centrifugadas por cinco minutos a 4000 rpm,
utilizando uma centrífuga (eppendorf modelo Centrifuge 5430) e,
então, foram diluídas (1:25) em água Mili -Q.
A análise do COT tem a capacidade de identificar e integrar a quan-
tidade de átomos de carbonos presentes dentro das estruturas das diversas
e possíveis espécies orgânicas, dissolvidas e não dissolvidas, através de
um processo de oxidação catalítica a elevadas temperaturas. Este parâ-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 183

metro não fornece uma indicação qualitativa, mas, sim, quantitativa em


relação à mineralização dos compostos orgânicos presentes. Para determi-
ná-lo, as moléculas orgânicas são convertidas a CO2, uma forma mole-
cular simples, que pode ser medida quantitativamente. Os métodos para
analisar COT utilizam calor e oxigênio, irradiação ultravioleta, oxidação
química em fase líquida ou combinações desses métodos (SOUZA, 2016).
A partir desta análise, é possível estabelecer o conteúdo de ma-
téria orgânica na solução, antes e após os tratamentos, tornando pos-
sível monitorar o processo de mineralização da substância orgânica em
função do tempo de tratamento (ALVES, 2010). A Figura 4.17 apre-
senta os resultados de remoção de COT (%) obtidos por Oliveira
(2017) durante os 60 minutos de tratamento de EC, utilizando o con-
junto de eletrodos de alumínio sem deposição e com deposição de
filmes por nitretação.
Figura 4.17 – Comportamento da remoção de COT (%) durante o processo de
EC do eletrodo de alumínio sem e com deposição por nitretação a plasma com a
gaiola catódica de titânio

90

sem deposição
80 com deposição

70
Remoção COT (%)

60

50

40

30

20 30 40 50 60
Tempo (min)

Fonte: Oliveira (2017).


184 Estudos da Pós-Graduação

A partir dos resultados apresentados na Figura 4.17, é possível


observar que os valores de COT que a autora obteve decresceram ao
longo de todos os experimentos de eletrocoagulação, alcançando per-
centuais de remoção em torno de 70% nos 40 minutos de operação. Os
experimentos, utilizando os eletrodos de alumínio com a deposição por
nitretação, apresentaram maior percentual de remoção de COT (86,27%).
Segundo Oliveira (2017), o processo de EC da solução de co-
rante Remazol Reactive Blue 19 resulta em uma mineralização relati-
vamente lenta, pois somente após 40 minutos o percentual de remoção
de COT apresenta valores em torno de 70%. No entanto, ao continuar
o processo de EC, ocorre um aumento desse percentual e os valores de
remoção de COT apresentam valores acima de 80% após 60 minutos
de tratamento.
A cor é um parâmetro utilizado para avaliar a eficiência de re-
moção de qualquer processo de tratamento, principalmente quando os
efluentes a serem tratados apresentam uma coloração intensa, como é o
caso de efluentes têxteis. Vários pesquisadores utilizam a análise desse
parâmetro para avaliar a eficiência do processo de eletrocoagulação
(CHEN et al., 2011; AMANI-GHADIM et al., 2013; ZALESCHI et al.,
2014; ALEXANDRE, 2015; MBACKÉ et al., 2016).
Assim como a turbidez, a eficiência de remoção de cor está rela-
cionada à formação de coagulantes em solução, que é desencadeada
pela oxidação do metal e pela redução da molécula da água que, por
migração iônica, irão formar a espécie coagulante a qual desestabiliza o
corante, reduzindo a dupla camada difusa, ou seja, as forças atrativas
prevalecerão em relação às forças repulsivas, facilitando, assim, o con-
tato entre o coagulante e o contaminante (RIBEIRO, 2017).
A Figura 4.18 apresenta os resultados obtidos por Oliveira (2017)
sobre a (%) da remoção de cor em relação ao tempo de tratamento de
EC, utilizando o conjunto de eletrodos de alumínio sem e com depo-
sição por nitretação a plasma.
A partir dessa figura, a autora pôde constatar que, ao longo do
processo de tratamento, houve uma elevação na eficiência de remoção
de cor para os dois eletrodos estudados. Observa-se também que, para
os experimentos com os eletrodos de alumínio com deposição por nitre-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 185

tação, os valores atingidos foram acima de 80%. Assim, segundo a au-


tora, nas condições estudadas, os eletrodos de alumínio modificados
por deposição apresentaram os maiores percentuais de remoção de cor,
sugerindo, assim, que a presença do titânio nesses eletrodos favorece o
processo de oxidação, quando comparado ao alumínio.

Figura 4.18 – Comportamento da remoção de cor (%) durante o processo de EC


do eletrodo de alumínio sem e com deposição por nitretação a plasma com a
gaiola catódica de titânio

90
sem deposição
80 com deposição
Remoção COT (%)

70

60

50

40

30
20 30 40 50 60
Tempo (min)
Fonte: Oliveira (2017).

O metal alumínio foi selecionado pela autora para análise por ser
o principal constituinte do material dos eletrodos utilizados (alumínio
sem e com deposição), como também por constarem como parâmetros
para descarte nas legislações ambientais vigentes (Resolução no 2, de 2
de fevereiro de 2017 do Coema) (CEARÁ, 2017). A utilização dos ele-
trodos de alumínio causou a liberação de íons alumínio pela dissolução
dos eletrodos durante a eletrocoagulação. Dessa forma, a autora rea-
186 Estudos da Pós-Graduação

lizou análise usando um Espectrômetro de Emissão Óptica com Plasma


Indutivamente Acoplado (ICP OES) para a determinação de íon Al3+
em solução após 60 minutos de tratamento por EC.
De acordo com os resultados da análise por ICP OES, a autora
destaca que nenhum dos experimentos apresentaram concentração final
acima do valor permitido para o lançamento do efluente, o que permitiu
a autora inferir que, no final do tratamento, a maior parte dos íons me-
tálicos estava complexada ou adsorvida nos flocos formados.
O consumo energético do reator utilizado por Oliveira (2017) foi
calculado de acordo com Kobya et al., 2006, os quais apresentaram o
consumo energético em um reator operando em batelada expresso pela
Equação 4.3:

U.i.t
______
Cenergia (kWhm–3 ) = (Eq. 4.3)
V

Onde:
Cenergia: consumo de energia (Wh m-3);
U: tensão aplicada no sistema (V);
i: corrente elétrica aplicada (A);
t: tempo de aplicação da corrente (h);
V: volume de efluente tratado (m3).

O consumo energético e seu custo para os experimentos utili-


zando os dois eletrodos, sem e com deposição por plasma, estão apre-
sentados na Tabela 4.17.

Tabela 4.17 – Consumo e custo energético dos experimentos de eletrocoagulação


para os conjuntos de eletrodos de alumínio
Consumo
Custo de energia Remoção de Remoção de COT
Eletrodo energético
(R$ m-3) cor (%) (%)
(KWh m-3)

Sem 4,56 18,17 81,9 73,95


modificação
Com
2,94 11,70 88,9 86,17
modificação
Fonte: Oliveira(2017).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 187

A partir da Tabela 4.17, é possível a autora observar uma dimi-


nuição no consumo energético ao utilizar os eletrodos com deposição
por nitretação a plasma. O menor valor foi obtido quando foram utili-
zados os eletrodos de alumínio com deposição, R$ 11,70 m-3. A partir
dos dados apresentados, a autora pode concluir que a deposição de
filmes por nitretação a plasma com a configuração de gaiola catódica de
titânio ocasionou um aumento na remoção de cor (%), como também na
remoção de COT (%), bem como uma diminuição no custo de energia
do processo de tratamento por EC, quando comparado ao eletrodo de
alumínio sem deposição.

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Capítulo 5
PROCESSO ELETROLÍTICO APLICADO EM
EFLUENTES DE GALVANOPLASTIA

Luiza Maria Gomes de Sena, Liana Geisa Conrado Maia


Igor Alves Martins, Fábio Erlan Feitosa Maia
Eliezer Fares Abdala Neto, Jefferson Pereira Ribeiro
Ronaldo Ferreira do Nascimento

Galvanoplastia: visão geral

M ateriais metálicos e não metálicos que requerem grandes


quantidades de matéria-prima e energia, em seu processo de fabricação,
formam um dos pilares sob os quais a civilização técnica é construída.
Uma enorme gama de objetos, sejam ferramentas, componentes, peças,
máquinas ou plantas industriais inteiras são fabricados por meio de uma
cadeia de materiais que, na maioria dos casos, possuem uma vida útil
limitada, dependente da ação de fatores externos e do ambiente opera-
cional ao qual são aplicados.
Boa parte desses materiais sofrem tensões e interações mecâ-
nicas, além de ataques por via química ou eletroquímica de sua su-
perfície que, em casos mais sérios, ocasionam perda de funcionali-
dade e excessivos gastos com reposição. Dessa forma, a superfície do
material pode ser considerada a principal via de entrada e iniciadora
do processo de modificação da funcionalidade dos materiais
200 Estudos da Pós-Graduação

(KANANI, 2004). Sendo assim, mecanismos que possibilitem pro-


longar a funcionalidade e a vida útil dos materiais se fazem necessá-
rios e, inseridos nesse conjunto, se encontram os processos de reves-
timento por galvanoplastia.
A galvanoplastia pode ser descrita como o processo de deposição
de diversas camadas metálicas sobre determinado material através da
aplicação de mecanismos básicos que regem o fenômeno da eletrólise,
como processos de oxidação e redução. Especificamente, todo o processo
em que metais não nobres são revestidos por outros com maior potencial
de oxidação, geralmente em função de proteção contra a corrosão ou fins
decorativos, a galvanoplastia assume uma nova definição: galvanização
ou eletrodeposição (SONG; BHADBHADE; HUANG, 2016).
A partir do processo galvânico, é possível promover a aplicação
de revestimentos em diversos tipos de indústrias de larga escala, tais
como: a aeroespacial, a automotiva, a eletrônica e a de equipamentos.
Além dessas indústrias, as aplicações não se restringem a grandes su-
perfícies; o acabamento e a estática em peças de grande circulação na
sociedade tais como, joias, utensílios de domicílio, dispositivos pes-
soais, completam uma lista variada de exemplos da utilização desse
processo de revestimento.
A divisão das etapas do processo galvânico consiste em três: pré-
-tratamento, tratamento e pós-tratamento do material ou peça a ser re-
coberta (SCHLESINGER; PAUNOVIC, 2011).
O pré-tratamento consiste na preparação da superfície a ser tra-
tada, por meio mecânico e/ou químico, para que o revestimento tenha
boa aderência, uniformidade e aparência.
– Pré-tratamento mecânico: escovação, lixamento, polimento, ja-
teamento – por meio de escovas de aço ou lixas – além de materiais
abrasivos para a remoção de sulcos, irregularidades, camadas de óxidos
e resíduos de tinta e solda.
– Pré-tratamento químico: desengraxe e decapagem. O desen-
graxe é realizado com o auxílio de solventes clorados e álcalis, tais
como: tricloroetileno, percloroetileno, carbonato de sódio, hidróxido de
sódio, fosfato, silicato, detergentes sintéticos, cianeto e complexantes
tipo EDTA e citrato de sódio. Além da utilização de insumos químicos,
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 201

a peça pode ser polarizada, via eletrólise, catodicamente, anodicamente


ou de forma alternada em um meio alcalino. A decapagem é realizada
em solução ácida, geralmente ácido sulfúrico, clorídrico ou fluorídrico,
para remoção de camadas resistentes de óxidos, hidróxidos ou outras
impurezas sólidas.
No tratamento, a peça limpa e com superfície devidamente pre-
parada é ligada ao polo negativo de uma fonte de tensão de corrente
contínua, tornando-a um cátodo, no qual a deposição irá ocorrer. Essa
etapa pode ser realizada em uma sequência de banhos visando pro-
mover melhor estética e proteção; por exemplo, a cromeação insere as
peças a serem revestidas primeiramente em banhos contendo sal de ní-
quel (niquelagem), depois recebe a cama de cromo em banhos de sais
de cromo. Já o alumínio e suas ligas sofrem um processo de oxidação
forçada, anodização, em que é formada uma camada de óxido Al2O3,
isolante e de alta dureza.
Na última etapa, o pós-tratamento, a peça que sofreu o processo
de deposição passa por uma lavagem com água a frio ou quente; se-
cagem em centrífuga, estufa ou a jatos de ar; banhos de óleo; pintura ou
envernizamento; e posterior embalagem ou expedição.
No Brasil, essa categoria industrial está alocada junto à
Associação Brasileira de Tratamento de Superfície (ABTS). A indústria
de galvanoplastia atende indústrias metalúrgicas, construção civil e ou-
tras instaladas próximas ao polo industrial. Além das indústrias de
grande porte citadas, a fabricação de folheados desponta como impor-
tante nicho, utilizando-se de peças revestidas a partir de banhos que
contêm cádmio, cobre, níquel, estanho, cromo, zinco, ouro, prata e
ródio (SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2007).
Os três principais polos desse nicho de folheados estão locali-
zados em Limeira, no estado de São Paulo (denominada a capital dos
folheados e responsável por produzir 60% das joias e folheados do
país), Guaporé, no Rio Grande do Sul, e Juazeiro do Norte, no Ceará.
Os grupos, doravante nomeados de galvanotécnica e folheados, con-
forme dados da literatura, empregam 52.481 trabalhadores em 4.577
empresas concentradas, em sua maioria, na Região Sudeste (SERVIÇO
SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2007).
202 Estudos da Pós-Graduação

O setor de joias e folheados, em Juazeiro do Norte, município


localizado ao sul do estado do Ceará, conforme dito anteriormente, se
apresenta como um importante polo industrial de galvanoplastia em po-
tencial emergente. As indústrias registradas que trabalham com o pro-
cesso de galvanização aplicada a joias representam 40 empresas for-
mais e 200 produtores informais, com cerca de 10.000 empregos
gerados devido à expansão contínua das atividades, segundo a Prefeitura
Municipal de Juazeiro do Norte (FERNANDES, 2008).
O processo de revestimento galvanoplástico foi sistematicamente
desenvolvido em termos da composição e de propriedades da (s) ca-
mada (s) requerida (s). Parâmetros específicos como a taxa de depo-
sição, a eficiência de deposição e a concentração de eletrólito são estu-
dados visando especificamente ao atendimento de especificações
exigidas (KANANI, 2004).
O processo de revestimento de joias com ouro segue, de maneira
geral, o ciclo de três etapas, anteriormente descrito, excetuando-se
alguns insumos químicos específicos. A primeira etapa corresponde à
decapagem (Figura 5.1), seguinda do recobrimento metálico, em que a
peça é submetida a uma sequência de deposições, inicianda com cobre,
seguida de níquel e ouro (Figura 5.2 - 5.4).
Faz-se necessário, nessa etapa, adicionar esses dois metais antes
de depositar o ouro propriamente dito, devido à tendência de a espécie
aquosa de ouro ser absorvida pelo latão (base da joia a ser folheada).
Assim, a camada de cobre de 2 µm de espessura promove uma inter-
rupção no processo de absorção do ouro do banho no latão. A camada
de níquel, de 8 µm de espessura (segundo banho), é utilizada devido à
possível interdifusão entre o ouro e o cobre, quando a peça é exposta ao
calor (SCHLESINGER; PAUNOVIC, 2011).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 203

Figura 5.1 – Banho de decapagem da indústria de produção de bijuterias que


forneceu o efluente para o presente estudo. Essa empresa é localizada em Juazeiro
do Norte – CE. O processo utilizava uma solução de hidróxido de sódio para
remover as impurezas presentes na superfície das peças de latão

Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 5.2 – Banho de “cobre ácido” da indústria de produção de bijuterias.


Esse banho era composto, principalmente, por sulfato de cobre, ácido sulfúrico
e ácido clorídrico. Existia, ainda, um banho de “cobre básico”, que continha
cianeto de cobre, hidróxido e cianeto de potássio

Fonte: elaborada pelos autores.


204 Estudos da Pós-Graduação

Figura 5.3 – Banho


de “níquel plus” da
indústria de produção
de bijuterias. Esse
banho continha sulfato
e cloreto de níquel,
ácido bórico e alguns
outros compostos
como abrilhantadores,
niveladores e
umectantes. Cada
banho continha uma
peça de níquel metálico
– como evidenciado
na imagem – suspensa
em solução por uma
gancheira de aço
inoxidável
Fonte: elaborada pelos
autores.

Figura 5.4 – Banho de ouro da indústria de produção de bijuterias. Esse banho


continha ouro, cobre e cianeto de potássio. Os eletrodos auxiliares utilizados
para a deposição eram de aço inox – mostrado à direita – e as peças de latão eram
os cátodos, recebendo o revestimento de ouro na espessura adequada

Fonte: elaborada pelos autores.


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 205

O cianeto de potássio (KCN) é utilizado no processo para me-


lhorar a deposição de cobre e ouro. O cianeto (CN-) forma complexos
com o cátion metálico deslocando o potencial de deposição destes cá-
tions para valores mais negativos. À medida que a complexação se pro-
cessa, segundo a reação expressa na equação 5.1, o potencial padrão é
reduzido a valores mais negativos (CHU; FEDKIW, 1993).

+ e– →► Cu(s) + nCN(aq)
(n–1) –
Cu(CN)n →► (Eq. 5.1)

O potencial padrão de redução a 25 °C da reação 5.1 é -0,430;


-0,640; -1,171; 1,282 V/EPH para n = 1, 2, 3 e 4, respectivamente
(CHU; FEDKIW, 1993). Além desse processo de redução de potencial,
banhos de cianeto básico aumentam a corrosão do ânodo (placas de
cobre), e condutividade da solução, permitindo melhor deposição
(SCHLESINGER; PAUNOVIC, 2011).
A ação do cianeto no ouro corresponde à promoção de uma maior
corrosão dos ânodos de ouro, dada a formação do complexo [Au(CN)2]-.
Aliado a isso, a ação do throwing power (habilidade de um processo de
revestimento garantir que áreas com baixa densidade de corrente terão
a mesma uniformidade de áreas com alta densidade de corrente) é ma-
ximizada (SCHLESINGER; PAUNOVIC, 2011).

Efluente gerado pela indústria de galvanoplastia

Os efluentes industriais provenientes da galvanoplastia contêm


vários tipos de substâncias tóxicas, como cianetos, agentes de limpeza
alcalinos, solventes desengordurantes e metais. Muitos metais (cobre,
níquel, cromo, prata e zinco) são danosos ao meio ambiente e não podem
ser descartados sem tratamento prévio (AKBAL; CAMCI, 2010).
A análise do impacto do descarte de efluentes em rios, lagoas,
estuários e no mar é algo de grande importância para a maioria dos paí­
­ses. Um importante ponto nesse cenário é o estabelecimento de uma
legislação adequada que proteja a qualidade dos recursos fornecedores
de água, pois este é um tema crucial para a manutenção do meio am-
biente e da saúde pública (VON SPERLING, 2002).
206 Estudos da Pós-Graduação

De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente –


Conama – na resolução no 430, de 13 de maio de 2011, para que
efluentes de qualquer fonte poluidora possam ser lançados diretamente
no corpo receptor, eles devem obedecer a algumas condições padrões
(CONAMA, 2011). A resolução do Conama é bastante generalista e
trata de efluentes de diversas fontes; entretanto, a legislação do estado
do Ceará, estabelecida pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente –
Coema –, dispõe sobre os padrões de descarte de efluentes de indústrias
específicas e sobre quais os parâmetros cujas especificações são neces-
sárias (COEMA, 2017). Os metais que devem ser monitorados nas in-
dústrias de galvanoplastia e os valores máximos permitidos (VMP)
para cada um deles encontram-se na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Metais que devem ser monitorados nos efluentes de diversos ramos
industriais que usam processos de galvanoplastia. VMP: Valor máximo permitido
VMP (mg
Metal Ramo industrial
L-1)
Indústria metalúrgica, mecânica com tratamento de superfície,
Cromo (VI) 0,1
fabricação de automóveis e de utilitários.
Indústria metalúrgica, mecânica com tratamento de superfície,
Chumbo 0,5 fabricação de automóveis, utilitários, embalagens metálicas,
componentes eletrônicos e semijoias.
Indústria metalúrgica, mecânica com tratamento de superfície,
Cádmio 0,2 fabricação de automóveis, utilitários, embalagens metálicas,
componentes eletrônicos e semijoias.
Indústria metalúrgica, mecânica com tratamento de superfície,
Cobre 1,0 fabricação de automóveis, utilitários, embalagens metálicas,
componentes eletrônicos e semijoias.
Indústria metalúrgica, mecânica com tratamento de superfície,
Níquel 2,0 fabricação de automóveis, utilitários, embalagens metálicas,
componentes eletrônicos e semijoias.
Indústria metalúrgica, mecânica com tratamento de superfície,
Ferro solúvel 15,0 fabricação de automóveis, utilitários, embalagens metálicas,
componentes eletrônicos e semijoias.
Indústria de fabricação de embalagens metálicas, componentes
Zinco 5,0
eletrônicos e semijoias.
Fonte: COEMA, 2017.

Um grande desafio no tratamento de efluentes de galvanoplastia


é que, dependendo da origem (banhos ou águas de lavagem), eles
tipo de efluente.
Tabela 5.2 – Caracterização dos efluentes reais contendo íons metálicos provenientes de indústrias de
galvanoplastia distribuídas ao redor do mundo. a: Cr3+; b: cromo total
Cu Cr Ni Zn Fe Pb
Cidade – País pH Referência
(mg L-1) (mg L-1) (mg L-1) (mg L-1) (mg L-1) (mg L-1)
Ceará – BR 1,17 55,3 – 6,73 3,72 85,75 0,23 SENA et al., 2018.
Yalova – TR 3,0 – – 266,6 228,3 – – KABDASLI et al., 2009.
Ceará – BR 2,04 200,0 – 2,29 45,5 – – COSTA et al., 2008.
Hyderabad – IN <1,0 4,0 39,0 13,5 2,36 – 5,5 BHAGAWAN et al., 2014.
Amã – JO 9,60 33,3 93,2a 57,6 20,4 – – AL-SHANNAG et al., 2015.
Bandung – ID – 33,67 2,45b 6,6 0,27 – WULAN et al., 2016.
Tessalônica – GR 6,5 – – 215,0 – – – DERMENTZIS et al., 2011.
Istambul – TR 6,5 – – – 1 477,0 1 282,0 – KOBYA et al., 2017.
Kirikkale – TR <2,0 – 358,0 8,1 149,3 – – ODEN, SARI-ERKAN, 2018.
Ceará – BR 3,21 48,0 – 4,43 35,6 – – COSTA et al., 2008.
Fonte: elaborada pelos autores.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais
207

versos locais do mundo, e evidencia o desafio, que é o tratamento desse


da concentração de efluentes reais de galvanoplastia, coletados em di-
podem ter natureza bastante distinta. A Tabela 5.2 traz um levantamento
208 Estudos da Pós-Graduação

Métodos de tratamento do efluente

Diferente de contaminantes orgânicos, os metais tóxicos (como


os encontrados nos efluentes de galvanoplastia) não são biodegradáveis
e tendem a ser acumulados no corpo dos organismos vivos. Dessa
forma, várias técnicas têm sido utilizadas na remoção de metais con-
tidos em efluentes de diversas indústrias que aplicam galvanoplastia em
algum método de produção (FU; WANG, 2011). A Tabela 5.3 mostra as
vantagens e desvantagens das principais técnicas aplicadas ao trata-
mento desses efluentes.
Tabela 5.3 – Técnicas utilizadas no tratamento de efluentes contendo metais
Técnica Vantagens Desvantagens
Grande volume de resíduo
Precipitação sólido; agentes complexantes
Simples; baixo custo.
(BLAIS et al., 2008) interferem na remoção dos
metais.
Tratamento de alta qualidade; Alto custo; a regeneração de
Adsorção
possibilidade de regeneração bioadsorventes pode ser mais
(CAI et al., 2018)
dos adsorventes. difícil.

Não é necessário adicionar Passivação dos eletrodos; ainda


coagulantes externos; menor produz resíduo sólido rico em
Eletrocoagulação
quantidade de resíduo sólido metais; os ânodos de sacrifício
(GARCIA-SEGURA, 2017)
formato; baixo custo quando precisam ser substituídos
comparado a outras técnicas. periodicamente.
Fonte: elaborada pelo autores.

Precipitação química

A precipitação química é a técnica mais aplicada no tratamento


dos efluentes de galvanoplastia e é considerada a mais econômica. Essa
técnica baseia-se na aplicação de coagulantes químicos que removem
os poluentes por co-precipitação, que é possibilitada pela neutralização
de carga e desestabilização das espécies solúveis no meio aquoso. A
remoção pode ocorrer, ainda, através de floculação por varredura, em
que as impurezas ficam presas na estrutura do floco do precipitado em
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 209

crescimento, proporcionando a remoção efetiva delas (DUAN, 2003).


Os coagulantes mais comuns são o Ca(OH)2, o NaOH (PONTE, 2012;
CHEN, 2018).
Mesmo se mostrando como uma técnica efetiva, a precipitação
química pode induzir uma poluição secundária devido à adição de subs-
tâncias químicas ao efluente (HEIDMANN, 2008). Além disso, para
uma mistura de vários íons metálicos, a faixa de pH utilizada deve pro-
porcionar uma remoção aceitavelmente alta para todos os metais em
questão, o que pode dificultar o tratamento, pois alguns hidróxidos pos-
suem comportamento anfótero, tais como os de alumínio, cromo e
zinco. Assim, o aumento do pH pode favorecer a ressolubilização do
precipitado (PONTE, 2012).

Eletrocoagulação

Assim como introduzido no capítulo 2, a eletrocoagulação é um


processo eletrolítico pautado na eletrodissolução de ânodos metálicos,
comumente alumínio ou ferro, que serão fontes para a formação de hi-
dróxidos metálicos os quais vão remover os poluentes por processos
similares aos da precipitação química (GARCIA-SEGURA, 2017).
Nessa técnica, o controle do pH somente é necessário em valores
muito extremos. Além disso, como os coagulantes são formados no
meio reacional, de forma constante, não é necessária a adição de coagu-
lantes que contenham cloreto ou sulfato, reduzindo a competição entre
os ânions, garantindo uma maior remoção dos metais.
Devido à formação do precipitado ocorrer de forma contínua, à
medida que os flocos vão crescendo, os poluentes vão sendo absor-
vidos, proporcionando uma maior remoção das impurezas (GARCIA-
SEGURA, 2017).

Adsorção

A biossorção é um processo definido pela utilização de biomassa


vegetal (ou micro-organismos) na retenção, remoção ou recuperação de
metais pesados de um ambiente líquido (VOLESKY, 2001). Esse pro-
210 Estudos da Pós-Graduação

cesso é considerado uma técnica economicamente viável na remoção


desse tipo de contaminante e, nos últimos anos, tem sido proposta como
uma das tecnologias mais promissoras para a remoção de íons de metais
pesados de águas residuais (WANG & CHEN, 2009; PARK et al., 2010).
De acordo com Michalak et al. (2013), muitos pesquisadores con-
sideram a biossorção como uma subcategoria da adsorção em que o
“biossorvente” – chamado de sorvente – é uma matriz biológica. Estudos
recentes têm mostrado que vários tipos de biomassas mortas, como
fungos, cascas, algas, partículas de conchas de caranguejo, entre outros,
têm o potencial de serem eficientes biossorventes (MISHRA, 2014).
A biossorção para remoção de metais apresenta como vantagens
baixo custo da biomassa, alta eficiência, minimização do uso de pro-
dutos químicos e de geração de lodo biológico, não havendo exigência
adicional de nutrientes no meio. Porém, uma desvantagem é a necessi-
dade de controle do crescimento populacional de alguns organismos na
forma viva e do gerenciamento dos resíduos provenientes do processo
de biossorção (FENG & ALDRICH, 2004; VOLESKY, 2007).
A biossorção é uma técnica economicamente viável em compa-
ração aos tratamentos convencionais. Além disso, ela possibilita a utili-
zação de resíduos de origem vegetal, animal ou microbiana, incluindo
os materiais procedentes de suas transformações naturais ou artificiais.
Entre os materiais que atuam como biossorventes para a remoção de
metais pesados podem-se citar (FENG; ALDRICH, 2004; CHANDRA
et al., 2003):

• Partes ou tecidos específicos de vegetais: cascas, serragem,


restos de plantações (galhos, raízes), bagaço ou sementes.
• Microrganismos: bactérias, microalgas e fungos.
• Vegetais macroscópicos: algas, gramíneas, plantas aquáticas.

No Brasil, entre as tecnologias para tratamento de esgotos, os


sistemas de lagoas de estabilização são considerados uma alternativa
viável devido ao seu baixo custo de implementação e manutenção.
Nas lagoas de estabilização, o tratamento do esgoto ocorre através de
processos naturais (fenômenos bioquímicos, biológicos e físicos)
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 211

que são regulados por uma ampla diversidade de seres vivos, os quais
são responsáveis por realizar transformações na matéria orgânica e
nos nutrientes.
As lagoas de estabilização, se configuradas de forma apropriada,
produzem efluentes com excelentes condições sanitárias; entretanto,
apesar disso, essa técnica de tratamento não apresenta redução efetiva
de nutrientes (nitrogênio e fósforo) e sólidos em suspensão (BENTO,
2005). Segundo Monteiro et al. (2012), os sistemas de lagoas de estabi-
lização ainda deixam resíduos que precisam, posteriormente, de um tra-
tamento adicional, a fim de atender aos padrões mais exigentes da legis-
lação e possibilitar o reúso da água para diferentes objetivos.
Dessa forma, a remoção de algas do efluente final de sistemas de
tratamento de esgotos é exigência frequente dos órgãos de controle am-
biental no Brasil, sobretudo nas regiões propícias à eutrofização e em
áreas urbanizadas. Por isso, diversas tecnologias de polimento desse
tipo de efluente foram desenvolvidas com o objetivo principal de re-
moção das algas (OLIVEIRA; GONÇALVES, 1999).
Carvalho Neto (2013) observou que a utilização de microalgas
diretamente de lagoas de estabilização mostrou-se como uma potencial
alternativa aos processos de obtenção de biomassa, tradicionalmente
utilizados, e, ainda, que a tecnologia de eletrocoagulação se apresentou
atrativa para todos os processos que demandem separação microalgal.
Os grupos de algas predominantes encontrados em lagoas de es-
tabilização são cianobactérias (algas verde-azuladas), algas verdes, fla-
gelados pigmentados e diatomáceas (MENDONÇA, 1990; JORDÃO;
PESSÔA, 2011). Dependendo do local e da posição na série de lagoas
(facultativas e de maturação), podem ser encontrados outros tipos de
algas dos filos Euglenophyta, Bacyllariophyta e Chrysophyta (MARA
et al., 1992).
A recuperação da biomassa microalgal produzida em lagoas de
polimento tem sido estudada atualmente com foco em sua valorização
energética através da produção de biogás, de biodiesel ou de outros
combustíveis (PARK et al., 2011; SCHENK et al., 2008). As micro-
algas também são responsáveis pela produção de pigmentos, antioxi-
dantes, produtos farmacêuticos, ração animal, tratamento de águas resi-
212 Estudos da Pós-Graduação

duais etc. (BRENNAN & OWENDE, 2009; MAITY et al., 2014;


SAMBUSITI et al., 2015; SYDNEY et al., 2011).
A separação da biomassa de microalgas do meio líquido geral-
mente requer um ou mais processos de separação sólido-líquido. A
busca por uma otimização do método de extração utilizado e pela re-
dução de custos é grande, pois a cultura ou caldo microalgal é bastante
diluída (0,5 a 4 kg m-3 de biomassa seca) e, consequentemente, grandes
volumes precisam ser manipulados para a obtenção de uma quantidade
de biomassa satisfatória. Os métodos mais comuns de extração de bio-
massa microalgal do meio de cultivo encontram-se na Tabela 5.4
(MOLINA-GRIMA, 2003).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 213

Tabela 5.4 – Principais métodos de separação de microalgas do meio líquido


Processo de
Vantagens Desvantagens Rendimento
recuperação
Muitas membranas
Dependente da
disponíveis; alta
espécie de microalga;
eficiência de
frequente obstrução
recuperação;
ou contaminação dos 1 - 6% sólidos
Filtração economicamente
filtros; lento, requer suspensos totais
viáveis; sem adição de
uso de pressão ou
produto químico; baixo
vácuo; substituição
consumo de energia;
periódica dos filtros.
reciclagem de água.

Adequado para larga Os floculantes podem


Coagulação > 95% remoção de
escala; baixo custo e ser dispendiosos e
(química) microalga
tempo de operação. causar contaminação.

Aplicável a todas as
Eletrocoagulação/ espécies de microalgas; Substituição periódica > 95% remoção de
Flotação não requer adição de dos eletrodos. microalga
químicos.
Espécies específicas
de algas; elevado
Técnica rápida e fácil;
custo operacional;
usado em grande escala; 1 - 6% sólidos
dependência com pH;
Floculação- aplicado a uma vasta suspensos totais;
a reciclagem do meio
Flotação gama de espécies; 90% remoção de
de cultura é limitada;
menores requisitos de microalga
possibilidade de
energia.
contaminação mineral
ou microbiana.
Baixo custo; alto Espécies específicas
rendimento como de algas específicas; 0,5 - 1,5% sólidos
Sedimentação
primeira fase, reduzindo pode ser lenta; baixo suspensos totais
o custo das demais. rendimento final.
Alto custo de
Aplicável à maioria das
operação e
algas com colheita
manutenção; longo
rápida; uso em pequena 95% colheita de
Centrifugação tempo de tratamento e
escala; adequada para a células
alto custo para
recuperação de
aplicação em grande
produtos de alto valor.
escala.
Fonte: MILLEDGE & HEAVEN, (2013); UDUMAN et al., (2010); ABDELAZIZ et al., (2013);
BARROS et al. (2015). (Adaptado)
214 Estudos da Pós-Graduação

Poelman et al. (1997) sugeriram o uso da técnica de eletrocoagu-


lação como uma opção para a extração das microalgas, pois essa tecno-
logia é considerada limpa, uma vez que não há a adição de espécies
químicas, e barata, sendo que o custo energético é relativamente baixo.
Como essa técnica utiliza a movimentação das partículas carregadas e
as microalgas, em geral, possuem carga elétrica negativa, elas são atra-
ídas para o polo positivo da célula eletrolítica e removidas do meio de
cultura por flotação.

Estudos aplicados ao tratamento da matriz de


galvanoplastia

Uso da eletrocoagulação no tratamento do efluente

Efeito do pH inicial do efluente

Como introduzido no início deste livro, o pH inicial do efluente


que será submetido ao tratamento por eletrocoagulação é um dos parâ-
metros-chave para o sucesso dessa técnica, principalmente quando se
tratar da remoção de metais tóxicos do meio aquoso, uma vez que esses
metais podem formar óxidos e/ou hidróxidos insolúveis que facilmente
podem ser precipitados. Por conta disso, um dos parâmetros centrais a
serem estudados, quando se deseja otimizar uma metodologia de trata-
mento por eletrocoagulação, é o pH inicial e o efeito deste sobre a re-
moção dos poluentes.
O estudo do efeito do pH inicial de um efluente sintético con-
tendo Cr (VI) na eficiência de remoção desse metal, em uma ampla
faixa de pH (3 - 8) e usando eletrodos de ferro, mostrou que, à medida
que o pH da solução diminuiu, em regiões mais ácidas, maiores per-
centuais de remoção de Cr (VI) foram alcançados. Na faixa de pH de 3
- 5, em 45 minutos de tratamento, foram obtidos percentuais de re-
moção de 100%. Entretanto, pH inicial igual a 4 foi o mais eficaz, já
que permitiu a total remoção de cromo em um menor tempo, 35 mi-
nutos (VERMA et al., 2013).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 215

Um padrão similar foi observado por Oden (2018), que estudou


o efeito do pH na remoção de zinco, cromo total e níquel de um efluente
real. Para essa mistura de metais, pH inicial igual a 5 foi o ideal e re-
moveu, em 30 minutos de tratamento, 98,9% de cromo total, 96,3% de
níquel e 99,8% de zinco, utilizando eletrodos de ferro.
O tratamento de banhos ácidos de zinco mostrou que, para a re-
moção de 99,9% desse metal, cuja concentração inicial era igual a 1477
mg L-1, o pH do efluente precisou ser ajustado para 8 e o tempo neces-
sário para realizar o tratamento foi de 60 minutos. Isso demonstrou que
nem sempre valores de pH mais baixos favorecem maiores remoções de
zinco. Esse efluente também continha uma grande concentração de
ferro (1282 mg L-1), entretanto as condições de remoção deste metal
não foram esclarecidas por Kobya (2017).
Sousa et al. (2018) estudaram a remoção de Cu (II), Ni (II) e Fe
(II) de efluentes reais e sintéticos de uma indústria produtora de joias e
folheados em ouro, usando eletrodos de alumínio e corrente pulsada, e
observaram que, em 30 minutos de tratamento, os percentuais de re-
moção de cobre e níquel em pH inicial igual a 3 e 4 era acima de 80%,
sendo esses valores próximos entre si para cada metal, como demons-
trado nas Figuras 5.5 e 5.6. Esse dado corrobora com o fato de que, nesse
tempo, esses valores de pH inicial são suficientes para uma alta remoção
dos metais em estudo. É possível notar, ainda, que, em valores de pH
mais baixos (1,0 e 2,0), o percentual de remoção de Cu e Ni é abaixo de
40%, inviabilizando o processo de tratamento nessa faixa de pH.
216 Estudos da Pós-Graduação

Figura 5.5 – Percentual de remoção de cobre para experimentos iniciando em


diferentes valores de pH, usando corrente pulsada. Para os experimentos em que
pH0 = 2,00; 3,00; 4,00 a corrente utilizada foi de 1,0 A; e para pH0 = 1,00 a
corrente utilizada foi de 2,8 A. LQCu = 0,04 mg L-1

100
90 pH=1
80 pH=2
70 pH=3
% Remoção de Cu

pH=4
60
50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (min)

Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 5.6 – Percentual de remoção de níquel para experimentos iniciando em


diferentes valores de pH, usando corrente pulsada. Para os experimentos em que
pH0 = 2,00; 3,00; 4,00, a corrente utilizada foi de 1,0 A; e para pH0 = 1,00, a
corrente utilizada foi de 2,8 A. LQNi = 0,19 mg L-1

100
90
80
70
% Remoção de Ni

60
50
40
30 pH=1
pH=2
20
pH=3
10 pH=4
0
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (min)

Fonte: elaborada pelos autores.


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 217

Já para o ferro (Figura 5.7), no tempo de 30 minutos, apenas os


experimentos iniciando em pH inicial igual a 1,0 não obtiveram êxito
na remoção, indicando que, para esse metal, o ajuste de pH do efluente
para 2 já favoreceria a obtenção de bons resultados de tratamento.

Figura 5.7 – Percentual de remoção de ferro para experimentos iniciando em


diferentes valores de pH, usando corrente pulsada. Para os experimentos em que
pH0 = 2,00; 3,00; 4,00, a corrente utilizada foi de 1,0 A; e para pH0 = 1,00, a
corrente utilizada foi de 2,8 A. LQFe = 1,45 mg L-1

100
90
80 pH=1
pH=2
70
% Remoção de Fe

pH=3
60 pH=4
50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (min)

Fonte: elaborada pelos autores.

Akbal e Camci (2011), utilizando um ânodo de alumínio e um


cátodo de ferro, também obtiveram altos percentuais de remoção de
cobre, níquel e cromo de um efluente real em pH inicial igual a 3, em
30 minutos de tratamento. Isso mostra certa tendência dos metais apre-
sentados em serem removidos do efluente, real ou sintético, em pH
inicial normalmente baixo. Observando a Tabela 5.2, é possível notar
que grande parte dos efluentes reais apresentam pH inicial baixo (< 4
unidades). Assim, como a remoção dos metais apresentados neste tó-
pico é favorecida quando o pH inicial do efluente é baixo, isso signi-
fica uma maior economia de recursos (tempo e dinheiro) com o ajuste
de pH do meio.
218 Estudos da Pós-Graduação

Efeito da densidade de corrente

Sabe-se que a corrente aplicada no processo de eletrocoagu-


lação determina a dosagem de coagulante durante o processo e
também controla a quantidade de bolhas produzidas e o tamanho delas
(DERMENTZIS, 2011; KABDASLI, 2012). Dessa forma, muitos au-
tores fazem o estudo desse parâmetro operacional com o intuito de
estabelecer o melhor valor de corrente aplicado ao tratamento do
efluente de interesse. É comum os trabalhos encontrados na literatura
fazerem referência ao estudo da densidade de corrente (j), em vez da
corrente (i) propriamente dita. A densidade de corrente é, de maneira
simplificada, a quantidade de corrente distribuída na superfície do
eletrodo e é um parâmetro mais correto justamente pelo fato de que
ele leva em conta o tamanho da superfície livre do eletrodo que é
capaz de trocar carga e provocar reações de oxidação ou redução.
Aplicar 1,0 A de corrente em um eletrodo cuja área superficial é 50
cm2 é totalmente diferente de aplicar esse mesmo valor de corrente
em um eletrodo de 100 cm2.
Kobya (2017) investigou a influência de quatro níveis de densi-
dade de corrente (20, 40, 60 e 80 A/m2) na remoção de zinco prove-
niente de banhos ácidos de galvanoplastia, utilizando eletrodos de
ferro. Observou-se que maiores valores de densidade de corrente foram
mais efetivos na remoção desse metal do meio aquoso, em concor-
dância com o esperado, uma vez que quanto maior for a corrente apli-
cada, maior será a quantidade de coagulante lançada no meio.
O estudo da remoção simultânea de Cu, Ni, Zn e Mn de um
efluente sintético, usando eletrodos de ferro, mostrou que não obriga-
toriamente maiores percentuais de remoção serão obtidos apenas com
o uso de elevadas densidades de corrente. Dos três níveis estudados
(8, 15 e 25 mA/cm2), todos apresentaram elevados percentuais de re-
moção para cobre, zinco e níquel (entre 70 e 80%), independente da
corrente aplicada. Já para o manganês, o maior valor de densidade de
corrente favoreceu uma maior remoção desse metal do meio, mos-
trando certa dependência entre a remoção dele e a corrente aplicada
no processo (AL AJI et al., 2012).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 219

De fato, o tipo de metal presente no meio faz com que a influ-


ência da corrente no processo de eletrocoagulação varie de uma forma
inesperada. Oden (2018), utilizando eletrodos de ferro, estudou a re-
moção de Ni, Cr e Zn em um efluente real, aplicando três níveis de
densidade de corrente (16, 32 e 48 mA/cm2), e observou que o uso de
32 mA/cm2 foi mais efetivo na remoção simultânea dos metais estu-
dados, sendo esses valores iguais a 98,9% para Cr, 96,3% para Ni e
99,8% para Zn, mostrando que nem sempre o maior valor de densidade
de corrente é o mais efetivo na remoção dos metais.
Vale a pena ressaltar que outro parâmetro operacional extrema-
mente relevante na eletrocoagulação é o custo do processo, que de-
pende de alguns fatores como o preço dos eletrodos e da energia elé-
trica, por exemplo. Sendo assim, nem sempre aplicar maiores valores
de corrente é vantajoso do ponto de vista econômico.
O estudo da remoção simultânea de cobre, níquel e ferro de um
efluente sintético de galvanoplastia, usando corrente pulsada, mostrou
que, em apenas 20 minutos de tratamento, os dois maiores valores de
densidade de corrente utilizados (21,43 e 35,71 mA/cm2) obtiveram
percentuais de remoção para todos os metais acima de 89% (Tabela
5.5). Para o menor valor de densidade de corrente estudado, a aplicação
de 20 minutos de tratamento favoreceu a remoção efetiva apenas de
ferro (95,62 ±1,02%) e níquel (74,61 ±1,00%); entretanto, em 30 mi-
nutos, todas as correntes utilizadas proporcionaram a remoção de mais
de 90% dos metais contidos no meio aquoso, tornando viável o uso de
qualquer uma delas no processo de eletrocoagulação.
220 Estudos da Pós-Graduação

Tabela 5.5 – Dados de rendimento de remoção obtidos após 20 e 30 minutos de


experimento em diferentes valores de corrente pulsada. pH0 = 4,00; eletrodos = Al;
área do eletrodo = 70 cm2; eletrólito suporte = 1g de NaCl; agitação = 600 rpm

j = 14,28 mA/cm2 j = 21,43 mA/cm2 j = 35,71 mA/cm2


20 minutos 20 minutos 20 minutos
Média Desvio Média Desvio Média Desvio
% Cu 53,57 3,03 % Cu 96,72 2,67 % Cu 99,49 0,09
% Ni 74,61 1,00 % Ni 89,86 5,17 % Ni 92,09 0,64
% Fe 95,62 1,02 % Fe 100,00 0,00 % Fe 100,00 0,00
30 minutos 30 minutos 30 minutos
% Cu 98,25 0,70 % Cu 99,13 0,30 % Cu 99,99 0,39
% Ni 94,68 1,07 % Ni 93,10 1,58 % Ni 97,54 1,78
% Fe 100,00 0,00 % Fe 100,00 0,00 % Fe 100,00 0,00
Fonte: elaborada pelos autores.

Assim, a escolha do melhor valor de corrente para o processo foi


pautada no consumo de energia elétrica. A Figura 5.8 mostra que, do
ponto de vista de consumo de energia elétrica, aplicar o processo de
tratamento durante 30 minutos, utilizando 14,28 mA/cm2, é quase equi-
valente a aplicar 21,43 mA/cm2 durante 20 minutos, enfatizando que
nem sempre é interessante aplicar um elevado valor de corrente para
realizar o processo.
Observou-se ainda que o aumento de corrente causou maior va-
riação de temperatura durante o processo, sendo esses valores iguais a
6,05 ºC, 10,25 ºC e 22,50 ºC para cada valor de densidade de corrente,
da menor para a maior, respectivamente. Segundo Picard (2000), as va-
riações de temperatura observadas durante o processo de eletrocoagu-
lação são atribuídas ao efeito Joule, uma vez que as placas de alumínio
são condutores que estão sendo percorridos por uma corrente elétrica.
Assim, o aquecimento das placas leva ao aquecimento da solução. O
principal efeito de corrente do aumento da temperatura da solução foi
maior turvação do meio e menor estabilização do flotado formado.
O aumento da temperatura ocasionado pelo uso de maiores va-
lores de corrente também influencia a cinética de remoção dos íons
metálicos. A cinética de remoção de cádmio de uma solução sintética,
usando eletrodos de alumínio, foi estudada em quatro valores de tempe-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 221

ratura (39,85 ºC; 49,85 ºC; 59,85 ºC e 69,85 ºC) e observou-se que o
aumento da temperatura favoreceu um aumento na energia livre de
Gibbs, mostrando que a remoção desse metal do meio se tornou mais
espontânea com o aumento da temperatura da solução. Observou-se,
ainda, que a adsorção dos íons Cd nos flocos de alumínio seguia um
modelo cinético de primeira ordem, independente dos valores de tem-
peratura estudados (VASUDEVAN, 2011).

Figura 5.8 – Consumo de energia após 20 e 30 minutos para cada experimento,


usando diferentes valores de corrente pulsada. pH0 = 4,00; eletrodos = Al; área do
eletrodo = 70 cm2; j (1,0 A) = 14,28 mA/cm2; j (1,5 A) = 21,43 mA/cm2­­; j (2,5 A)
= 35,71 mA/cm2; eletrólito suporte = 1g de NaCl; agitação = 600 rpm
0,09

0,08 1,0 A
1,5 A
0,07
2,5 A
0,06

0,05
kWh

0,04

0,03

0,02

0,01

0
20 min 30 min

Fonte: elaborada pelos autores.

Efeito da natureza dos eletrodos

A natureza dos ânodos de sacrifício está relacionada ao tipo de


material coagulante lançado no meio. Normalmente, os estudos dão en-
foque ao uso de eletrodos de alumínio ou de ferro (ou ligas, como aço e
aço inox), pois eles são os mais acessíveis do ponto de vista econômico
e os mais difundidos nos trabalhos encontrados na literatura (GARCIA-
SEGURA, 2017).
222 Estudos da Pós-Graduação

A combinação de eletrodos é um parâmetro muito importante


no tratamento de efluentes que contêm vários metais, pois, sob deter-
minadas condições, os hidróxidos de ferro podem adsorver melhor
determinados metais, enquanto os hidróxidos de alumínio adsorvem
melhor outros metais, melhorando as condições de tratamento do
efluente (XU et al., 2017). Akbal e Camci (2011) utilizaram a combi-
nação de seis placas, três de alumínio e três de ferro, e alternou o uso
delas como cátodo e ânodo. Esse estudo demonstrou que a remoção
simultânea de cobre, cromo e níquel de um efluente real foi mais fa-
vorecida quando foram utilizados ânodos de ferro e cátodos de alu-
mínio, sendo obtido quase 100% de remoção para todos os metais em
estudo, em apenas 20 minutos de tratamento. Isso foi atribuído à
maior capacidade de adsorção de metais que os óxidos de ferro pos-
suem frente aos óxidos de alumínio.
O uso de dois ânodos de naturezas distintas, um de ferro e outro
de alumínio, para a remoção de cobre, níquel e cromo de um efluente
real de galvanoplastia, foi investigado por Heidmann & Calmano
(2010). O estudo demonstrou que esse arranjo garantiu os melhores
resultados de remoção para esses metais, principalmente por conta da
formação simultânea dos óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio, es-
tando em concordância com o obtido por Akbal e Camci (2011).
Diferente do padrão observado anteriormente, XU et al. (2017) obser-
varam que a remoção de Mn2+, Zn2+ e Cd2+ de um efluente sintético
ocorreu de forma mais extensiva, utilizando apenas eletrodos de ferro
(99,5% para cádmio, 99,9% para zinco e 55,0% para manganês). A
combinação, utilizando um ânodo de ferro e um cátodo de alumínio,
apresentou bons percentuais de remoção, mas não foram os mais altos
entre os arranjos utilizados.
Existem outros tipos de materiais anódicos que podem ser utili-
zados na remoção de íons metálicos que obedecem aos mesmos princí-
pios de formação de hidróxidos, tais como zinco e magnésio. O estudo
da aplicação de ânodos de alumínio e cátodos de cobre para remover
cromo, cobre, ferro e zinco de um efluente real mostrou que essa com-
binação foi efetiva e removeu 97% de Cr, 85% de Cu, 89% de Fe e 99%
de Zn (WULAN et al. 2016).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 223

Tendo em vista que os hidróxidos formados pelo ferro são mais


eficazes na remoção de íons metálicos, o uso de eletrodos inertes de ti-
tânio (com revestimento de platina) destinados ao tratamento de um
efluente sintético contendo cobre, níquel e ferro foi investigado com o
intuito de verificar se a redução da água e a formação de hidróxido de
ferro iria causar a remoção simultânea dos metais estudados; entretanto,
observou-se que, após 60 minutos de tratamento, apenas a remoção de
ferro foi favorecida, sendo igual a 93,79 ±1,77%. A remoção de níquel
e cobre foi abaixo de 12%, inviabilizando o uso desses eletrodos para a
remoção desses dois metais (SOUSA et al. 2018).

Perda de massa dos eletrodos durante o processo

À medida que o tempo do experimento passa, a quantidade dis-


solvida do ânodo aumenta e, como consequência, ocorre o aumento da
remoção dos íons metálicos do meio. Dessa forma, para calcular o custo
do processo de eletrocoagulação também é necessário levar em conta o
desgaste das peças metálicas; assim, é necessário mensurar a quanti-
dade de massa que os eletrodos perdem durante o processo.
Al-Shannag et al. (2015) calcularam a massa teórica de ferro,
desprendida de eletrodos de aço inox, aplicados ao tratamento de um
efluente contendo cromo, cobre, níquel e zinco. Com base nesses va-
lores, eles conseguiram determinar a faixa de eficiência de remoção
máxima dos metais em estudo, que foi de 45 a 60 minutos. Nas condi-
ções ótimas de tratamento, a quantidade dissolvida dos eletrodos variou
de 1,31 kg/m3 a 1,74 kg/m3.
Não só a corrente aplicada influencia na perda de massa dos ele-
trodos. Wulan et al. (2016), ao tratarem um efluente real contendo Cr,
Cu, Fe e Zn, mostraram que o aumento gradativo da diferença de poten-
cial aplicada entre as placas conduzia ao aumento da perda de massa
dos ânodos de alumínio e causava o ganho de massa nos cátodos de
cobre (devido à formação de produtos de redução). Esses valores foram
obtidos pesando as massas antes e após o experimento e subtraindo
esses dois valores. Dessa forma, o valor de desprendimento de massa
do eletrodo calculado foi o real, e não o teórico.
224 Estudos da Pós-Graduação

É de conhecimento prévio que a perda de massa real de eletrodos


de alumínio é maior do que a teórica. Isso é atribuído à dissolução quí-
mica dos eletrodos por conta da geração dos gases O2 e H2 durante a ele-
trólise, que faz com que a solução que circunda os eletrodos fique mais
ácida ou mais básica do que o restante do meio (DERMENTZIS, 2011).
Por conta disso, os ânodos e cátodos de alumínio vão ser ata-
cados durante o processo de eletrocoagulação. A Equação 5.2 mostra
que os cátodos de alumínio são atacados pelos íons hidroxila, gerados
durante a redução da água, fazendo com que esse eletrodo perca massa
(PICARD, 1999).

2Al(s) + 6H2O–(1) + 2HO(aq) → 2Al(OH)4(aq)



+ 3H2(g) (Eq. 5.2)

Tendo em vista que ambos os eletrodos são atacados de acordo
com o pH do meio, foi realizado um estudo para analisar a influência do
pH inicial do efluente na perda de massa dos ânodos e cátodos de alu-
mínio utilizados no tratamento de um efluente de galvanoplastia sinté-
tico contendo níquel e cobre.
Teoricamente, apenas o ânodo deveria perder massa durante o
processo de eletrocoagulação. Dessa forma, o valor da perda de massa
teórica dos ânodos de alumínio calculado usando a Lei de Faraday (Eq.
2.19), foi de 23,49 mg. Observando a Figura 5.9, é possível notar que,
em todos os experimentos, a massa de alumínio desprendida do ânodo
foi superior ao valor teórico obtido, confirmando que, além de estar
sofrendo eletro-oxidação, o alumínio também estava sofrendo uma re-
ação de dissolução. Também é possível notar que o aumento do pH
inicial do efluente causou um aumento gradativo da perda de massa do
eletrodo de alumínio, mostrando que a escolha do pH em que o pro-
cesso de eletrocoagulação inicial influencia não somente nos percen-
tuais de remoção dos metais em estudo, mas também no ataque e des-
gaste dos eletrodos utilizados (SENA et al., 2018).
Com relação à perda de massa do cátodo (Figura 5.10), é possível
notar que, em pH inicial = 1, o eletrodo perdeu pouca massa, principal-
mente porque ele estava passivado devido à formação de óxidos metá-
licos (alumínio e demais metais).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 225

Figura 5.9 – Perda de massa dos ânodos de alumínio após o processo de


eletrocoagulação, usando uma solução sintética de Cu (55 mg L–1) e Ni (7 mg
L–1). Tempo de experimento de 30 min, j = 14,28 mA/cm2 e 0,14g de NaCl

50

45 Ânodo
40
Perda de massa do ânodo (mg)

35

30

25

20

15

10

0
1 2 3 4 5
pH inicial

Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 5.10 – Perda de massa dos cátodos de alumínio após o processo de


eletrocoagulação, usando uma solução sintética de Cu (55 mg L–1) e Ni (7 mg
L–1). Tempo de experimento de 30 min, j = 14,28 mA/cm2 e 0,14 g de NaCl

30
Cátodo
Perda de massa do cátodo (mg)

25

20

15

10

0
1 2 3 4 5
pH inicial
Fonte: elaborada pelos autores.
226 Estudos da Pós-Graduação

Nos demais valores de pH0, observou-se uma tendência crescente


de perda de massa do cátodo, à medida que o pH inicial aumentou, evi-
denciando que o cátodo também estava sendo atacado pelo meio. Dessa
forma, o pH inicial do processo teve influência direta no desgaste das
peças metálicas. Esse estudo mostrou que, com o passar do tempo,
ambas as placas, ânodo e cátodo, devem ser substituídas para a reali-
zação do processo (SENA et al., 2018).
As micrografias dos ânodos utilizados nos experimentos (Figura
5.11) permitiram concluir que, em pH0 = 1 (Figura 5.11 A), a corrosão
foi uniforme, procedendo-se em toda a extensão da superfície metálica e
alveolar, pois observou-se a presença de sulcos e escavações seme-
lhantes a alvéolos. A corrosão alveolar também foi observada nas micro-
grafias C (pH0 = 3), D (pH0 = 4) e E (pH0 = 5) e a principal característica
desse tipo de desgaste da peça é a presença de buracos cujos fundos são
arredondados e a profundidade deles geralmente é menor do que o seu
diâmetro. A micrografia B (pH0 = 2) apresentou características morfoló-
gicas que permitiram classificar o tipo de corrosão como pite, pois ob-
servou-se desgaste em apenas alguns pontos da peça metálica e as cavi-
dades formadas apresentaram profundidade maior do que seu diâmetro
(GENTIL, 2012). Em todos os casos, é possível notar que as placas são
extensivamente atacadas durante o processo de eletrocoagulação.
As micrografias obtidas para o conjunto de cátodos estudados
(Figura 5.12) mostrou que o tipo de corrosão que prevaleceu nas peças foi
por pite, pois elas foram atacadas em regiões específicas, com exceção da
placa utilizada em pH0 = 3, que teve a superfície bastante danificada.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 227

Figura 5.11- Micrografias dos ânodos submetidos ao processo de eletrocoagulação


antes do ensaio de perda de massa. Condições: tempo de experimento de 30min;
j = 14,28 mA/cm2, 0,14 g de NaCl e agitação 600 rpm. A: pH0 = 1; B: pH0 = 2; C:
pH0 = 3; D: pH0 = 4; E: pH0 = 5

A B C

D E

Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 5.12 - Micrografias dos cátodos submetidos ao processo de eletrocoagu-


lação antes do ensaio de perda de massa. Condições: tempo de experimento
de 30min, j = 14,28 mA/cm2, 0,14 g de NaCl e agitação 600 rpm. F: pH0 = 1;
G: pH0 = 2; H: pH0 = 3; I: pH0 = 4; J: pH0 = 5

A B C

D E

Fonte: elaborada pelos autores.


228 Estudos da Pós-Graduação

Efeito da concentração inicial dos íons metálicos e estudo


da competição entre eles

Estudar o efeito da concentração dos íons metálicos presentes em


um efluente submetido ao processo de eletrocoagulação é muito impor-
tante, principalmente porque é preciso conhecer a faixa de concentração
que o processo de tratamento é capaz de tratar o efluente. Esse estudo é
muito útil, sobretudo quando são tratados efluentes reais que, muitas
vezes, não possuem composição uniforme com o passar do tempo.
Logo, isso é uma forma de garantir que, pelo menos naquela faixa de
concentração de estudo, o método desenvolvido é eficaz.
Esses estudos vêm sendo desenvolvidos há um tempo, dada a im-
portância desse parâmetro. Adhoum et al. (2004), por exemplo, estu-
daram o efeito da concentração de Cu2+, Zn2+ e Cr6+ (faixa de concen-
tração de 50 a 400 mg L-1) no processo de eletrocoagulação e observaram
que as taxas de remoção de todos os metais seguiram o mesmo padrão,
sempre diminuindo com o passar do tempo. Em 30 minutos, o percen-
tual de remoção de zinco e cobre foi quase 100%; entretanto, foi neces-
sário aplicar o processo durante uma hora para que a maior concentração
de cromo (400 mg L-1) fosse completamente removida do meio.
Akbal e Camci (2011) estudaram a remoção simultânea de cobre,
níquel e cromo em três tipos de efluentes reais de galvanoplastia que
possuíam concentrações distintas dos íons metálicos. Para cobre, 30
minutos de tratamento foi capaz de remover completamente esse íon de
meio, que se encontrava na faixa de 45-335 mg L-1. Para cromo (faixa
de concentração de trabalho de 44,5-193 mg L-1), percentuais de quase
100% de remoção foram alcançados em apenas 20 minutos. Já para ní-
quel (faixa de concentração de trabalho de 394-526 mg L-1), a remoção
completa desse metal nos três níveis de concentração analisados ocorreu
em 40 minutos de tratamento, obedecendo a um padrão similar ao que
foi encontrado por Dermentzis (2011); entretanto, a faixa de concen-
tração desse estudo era de 75-300 mg L-1. Dessa forma, como os três
metais precisaram ser removidos simultaneamente, o processo precisou
ter duração total de 40 minutos para garantir que o efluente tratado pu-
desse ser descartado no meio ambiente.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 229

O efeito da concentração inicial dos íons metálicos na remoção


deles por eletrocoagulação também foi estudado por Heidmann &
Calmano (2008), que observaram que a remoção de cobre, níquel, zinco
e prata (faixa de concentração dos íons metálicos de 50-5000 mg L-1)
ocorreu independente da concentração inicial deles. Em contraste, a re-
moção de cromo total e a razão Cr6+/Cr­total na solução dependeram da
concentração inicial desse metal, indicando que esses metais possuem
diferentes mecanismos de remoção e suporta a hipótese de que a re-
moção de cromo se dá em duas etapas: primeiro ocorre a redução de
íons Cr6+ para Cr3+ e depois a precipitação.
Heidmann & Calmano (2008) também estudaram a interação dos
metais durante o processo de eletrocoagulação e o efeito de competição
entre eles. Como os efluentes contaminados por metais em sua maioria
possuem certa variedade de íons metálicos, o percentual de remoção de
zinco e cromo durante o processo de eletrocoagulação foi analisado
utilizando vários outros metais em diferentes razões de concentração.
Os resultados mostraram que a remoção de zinco foi reduzida com a
adição de outros metais no meio. Por outro lado, a adição de Zn, Cu, Ni
e Ag aumentou o percentual de remoção de cromo total.
Xu et al. (2017) também estudaram o efeito de competição entre
os íons metálicos durante o tratamento de eletrocoagulação. Eles esta-
beleceram uma relação entre Zn2+ e Cd2+ no processo e observaram que
a presença de zinco no meio afetou negativamente a remoção de cád­
­mio no início do processo (20 minutos de tratamento). Aumentando a
concentração de zinco no meio, o tempo para a remoção total de cádmio
aumentou de 10 para 40 minutos. Isso foi explicado pelo fato de que a
constante de solubilidade de Zn(OH)2 é menor do que a do Cd(OH)2.
Assim, os íons Zn2+ reagem mais facilmente com os íons hidroxila, fa-
zendo com que esse metal seja removido mais rápido do meio aquoso.
O efeito da presença de ferro na remoção de cobre e níquel de
um efluente de galvanoplastia usando corrente pulsada foi estudado
com o intuito de verificar se a presença de ferro no meio iria aumentar
os percentuais de remoção dos íons metálicos, uma vez que os óxidos
e hidróxidos de ferro possuem boa capacidade de adsorção de íons
metálicos. Observou-se que, em até 20 minutos de tratamento, a re-
230 Estudos da Pós-Graduação

moção de cobre e níquel foi afetada negativamente pela presença de


ferro no meio (Tabela 5.6).

Tabela 5.6 – Percentual de remoção de Cu e Ni após 20 minutos de tratamento


com corrente pulsada, usando j = 14,28 A, pH0 = 4,00, 1,0 g de NaCl, sob
presença e ausência de ferro (II). Concentração inicial dos íons metálicos: Fe2+ =
85 mg L-1; Ni2+ = 7 mg L-1; Cu2+ = 55 mg L-1
Remoção (%) – Com Ferro Remoção (%) – Sem Ferro
Cu2+ Ni2+ Cu2+ Ni2+
53,57 (±3,04) 74,61 (±0,99) 99,99 (±0,01) 98,49 (±1,05)
Fonte: elaborada pelos autores.

A maior remoção de Cu2+ e Ni2+ na ausência de ferro está relacio-


nada aos equilíbrios de precipitação, bem como com o efeito de compe-
tição entre os íons no meio. Na presença de ferro, várias espécies mono-
méricas e poliméricas solúveis podem ser formadas; entre elas se podem
citar: FeOH2+, Fe(OH)2+, Fe2(OH)24+, Fe(OH)4-, Fe(H2O)2+, Fe(H2O)5OH2+,
Fe(H2O)8(OH)24+, Fe2(H2O)6(OH)42+, as quais, finalmente, são transfor-
madas na espécie Fe(OH)3, que é insolúvel (KOBYA, 2003).
As constantes de solubilidade dos hidróxidos que podem ser for-
mados no meio encontram-se na Tabela 5.7. A espécie Fe(OH)3 é mais
insolúvel do que Cu(OH)2 e Ni(OH)2, fazendo com que o ferro fosse
removido do meio primeiro, antes que o cobre e o níquel. Dessa forma,
a presença de ferro diminuiu a eficiência do processo de remoção dos
íons metálicos estudados até 20 minutos de tratamento.
Tabela 5.7 – Constantes de produto de solubilidade (a 25 ºC) para os hidróxidos
dos metais estudados

Hidróxido Fe(OH)2 Fe(OH)3 Cu(OH)2 Ni(OH)2

Ks 7,9 ∙ 10-16 1,6 ∙ 10-39 4,8 ∙ 10-20 6,0 ∙ 10-16

Fonte: HARRIS, 2010.

No entanto, após 30 minutos de tratamento, os percentuais de


remoção atingidos foram acima de 94%. Na presença de ferro, os per-
centuais de remoção foram: Cu = 98,26 ±0,70% e Ni = 94,68 ±1,07%;
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 231

na ausência de ferro, os percentuais de remoção foram: Cu = 98,26


±0,70% e Ni = 94,68 ±1,07%. Dessa forma, a presença de ferro diminui
os percentuais de remoção dos íons metálicos apenas em um curto pe-
ríodo de tempo, não apresentando um efeito negativo a longo prazo.
Isso é interessante porque mostra que a presença de ferro não inibe a
remoção dos demais metais e muito menos a formação dos hidróxidos
metálicos (SOUSA et al., 2018).

Efeito de outros parâmetros operacionais

Vários outros parâmetros podem ser estudados na remoção de


íons metálicos de efluentes de galvanoplastia, tais como: o efeito e a
natureza do eletrólito suporte, a forma do reator utilizado no tratamento,
a distância entre os eletrodos, o arranjo dos eletrodos, a diferença de
potencial aplicada e a frequência de pulso da corrente pulsada
(GARCIA-SEGURA et al. 2017; MARTINS et al. 2017).
Bhagawan et al. (2014) estudaram a influência da distância entre
os eletrodos (4, 2 e 1 cm) na remoção de cromo, níquel, zinco, cobre e
chumbo de um efluente real de galvanoplastia e observaram que a dis-
tância de 1 cm contribuiu para a obtenção dos maiores percentuais de
remoção para todos os metais (> 96%).
Verma et al. (2013) também observaram um padrão similar, em
que a distância de 0,5 cm proporcionou a remoção de 100% de Cr6+ de
um efluente real e sintético de galvanoplastia em apenas 15 minutos de
tratamento. Eles atribuíram isso ao fato de que a redução da distância
intereletrodo aumentava o fluxo de corrente entre as placas.
Outro parâmetro importante é a voltagem aplicada nas placas.
Wulan et al. (2016) mostraram que a remoção de Cr, Cu, Fe e Zn de
um efluente real de galvanoplastia aumentou com o crescimento da
diferença de potencial aplicada entre as placas. O maior valor de vol-
tagem (40 V) removeu 97% de Cr, 85% de Cu, 89% de Fe e 99% de
Zn. Bhagawan et al. (2014), trabalhando com voltagens menores (8 V
e 4 V), também observaram um padrão similar, uma vez que a re-
moção dos íons metálicos estudados (Cr, Ni, Zn, Cu e Pb) por eles
foram acima de 96%.
232 Estudos da Pós-Graduação

Obtenção de biomassa microalgal por eletrocoagulação


usando corrente pulsada

Foi realizado o estudo do material eletródico que proporcionasse


a maior eficiência de remoção de biomassa microalgal de C. vulgaris do
meio líquido. Essa espécie de microalga de água doce (uma célula mi-
croscópica esférica de 2-10 diâmetro) foi isolada do Açude Santo
Anastácio, localizado no campus do Pici, da Universidade Federal do
Ceará – CE.
Verificar a influência do material eletródico no processo de ex-
tração é importante, porque isso reduz o tempo de aplicação do processo
eletrolítico e, consequentemente, proporciona o menor lançamento de
íons metálicos provenientes das placas para o meio aquoso, permitindo
que este seja descartado dentro dos padrões exigidos pela legislação.
Nesse estudo, fixaram-se os parâmetros pH inicial (10,22) do
meio de cultivo, condutividade do meio (654 µS cm-2), agitação (200
rpm), número (2) e espaçamento entre os eletrodos (0,5 mm), tipo de
corrente aplicada no processo (corrente direta pulsada), frequência de
pulsos (240 Hz) e volume do efluente a ser tratado (2,0 L).
A eficiência da recuperação de microalgas (ER) – parâmetro im-
portante para definir o percentual de microalga extraído – foi determi-
nada com base na redução da densidade óptica (OD) da suspensão de
microalgas na amostra, medida a 680 nm em um espectrofotômetro,
conforme sugerido por Luo et al. (2017) e mostrado na Equação 5.3.

Eficiência (%) = (1 – _____


DO
DO
) x 100
f

i
(Eq. 5.3)

Onde:
Eficiência (%): percentual de eficiência de remoção de biomassa
do meio;
DOi: densidade ótica no comprimento de onda 680 nm no tempo
inicial, antes da aplicação do processo eletrolítico;
DOf: densidade ótica no comprimento de onda 680 nm no tempo
final, após a aplicação do processo eletrolítico.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 233

Os resultados referentes à remoção de microalga obtidos para cada


conjunto de eletrodos utilizados (ânodo/cátodo) se encontram na Figura
5.13. Os conjuntos alumínio/alumínio, alumínio/inerte e inerte/alumínio
apresentam remoção de biomassa em torno de 90%, a partir de minutos
de processo, estabilizando-se em seguida. Os conjuntos, aço 304/aço 304,
e inerte/aço 304 e inerte/inerte apresentaram as menores eficiências de
remoção durante todo processo, inferior a 30%, durante 20 minutos de
processo. De acordo com Emamjomeh & Sivakumar (2009), para esse
processo, os hidróxidos de ferro são relatados como coagulantes relativa-
mente pobres em comparação com os hidróxidos de alumínio.

Figura 5.13 – Eficiência de remoção de biomassa com base na ABS680

100

80
% Remoção de biomassa

60

40

20

0
5 10 15 20
Tempo (min)
Al/Al Al/Inerte Inerte/Al Aço 304/Aço 304 Inerte/Aço 304
Aço 304/Inerte Inerte/Inerte

Fonte: elaborada pelos autores.

A eletrocoagulação mostrou-se eficiente como método de co-


lheita de biomassa microalgal de um meio líquido; no entanto, é funda-
mental avaliar a qualidade do meio líquido, visando quantificar a libe-
ração de metais desprendidos das placas dos eletrodos para avaliar a
234 Estudos da Pós-Graduação

aplicabilidade do processo no que diz respeito ao descarte ou reúso do


meio líquido.
Dessa forma, é importante avaliar se ocorreu contaminação do
meio de cultura por cátions de alumínio que foram desprendidos do
ânodo de sacrifício. O teor do metal que permaneceu solúvel ao final do
processo de eletrocoagulação/flotação encontra-se na Tabela 5.8.
Tabela 5.8 – Concentração de alumínio (mg L-1) em solução
de acordo com o tempo de aplicação do processo. I: eletrodos
inertes (Ti/Pt); Al: eletrodos de alumínio; ânodo/cátodo

Tempo Al/Al I/Al Al/I

10 min 0,0269 0,0424 0,0502


Fonte: elaborada pelos autores.

De acordo com os dados apresentados na Tabela 5.8, o conjunto


de eletrodos que apresentou a menor liberação de alumínio foi o con-
junto alumínio/alumínio. Dessa forma, aliando-se eficiência de re-
moção e menor contaminação do meio líquido, temos que o conjunto de
eletrodos de alumínio apresentou os melhores resultados, corroborando
com Baierle et al. (2015), Maleki et al. (2014) e Gao et al. (2010) que
afirmaram que o alumínio é mais eficiente do que o ferro como material
de eletrodo para a recuperação de microalgas.
De maneira a justificar o uso do conjunto alumínio/alumínio nos
testes seguintes, os autores aplicaram o teste ANOVA aos resultados de
eficiência de remoção de biomassa obtidos com os conjuntos de ele-
trodos que possuíam placas de alumínio, em um nível de significância
de 5%, e foi verificado um F calculado de 0,0162 e um F crítico de
3,5546, indicando, assim, que não houve variação significativa entre os
valores de remoção de microalga, independente do conjunto de ele-
trodos utilizado. Também se aplicou ANOVA nas concentrações de alu-
mínio mensuradas e obteve-se F calculado de 3,6877 e F crítico de
4,2564, indicando, novamente, que não houve variação significativa
entre os valores de alumínio em solução, independente do conjunto de
eletrodos utilizados. Sendo assim, a escolha do conjunto de eletrodos a
ser utilizado ficou por conta do custo do material eletródico utilizado.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 235

Uma placa de alumínio custa R$ 5,52, enquanto uma placa de


titânio revestido de platina (Ti/Pt) custa R$ 175,78. Dessa forma, op-
tou-se por utilizar o conjunto de eletrodos com placas de alumínio.
O custo energético da remoção da biomassa do meio de cultivo
por eletrocoagulação para alguns processos indica que o processo utili-
zado pelos autores possui o custo inferior aos processos, como centrifu-
gação e floculação-coagulação (Tabela 5.9), e está de acordo com
Bektas et al. 2004, pois foi de 0,88 KWh.m-3.

Tabela 5.9 – Consumo energético de alguns processos de recuperação de bio­


massa microalgal
Consumo de energia
Processo Referência
(KWh.m-3)
Sedimentação 0,10 SEMERJIAN & AVOUB, 2003

Filtração por pressão 0,88 SEMERJIAN & AVOUB, 2003

Eletrocoagulação 0,80 - 5,00 BEKTAS et al., 2004

Centrifugação 8,00 DANQUAH et al., 2009

Floculação-Flotação 10,00 - 20,00 FÉRIS et al., 2000


Fonte: elaborada pelos autores.

Santos (2013) afirmou que o estudo energético do processo de


eletrocoagulação, comparativamente aos processos mais comuns como
a centrifugação, floculação/centrifugação, demonstrou que o sistema
usado é mais vantajoso não só em termos de consumo de energia, mas
também pela mínima contaminação da biomassa colhida e a preser-
vação da qualidade desta.
Estudos realizados por Aragon, Padilha e Ursinos (1992), com-
parando a eletrocoagulação com a coagulação convencional e usando as
microalgas Scenedesmus acutus e Chlorella vulgaris, comprovaram
que a eletrólise é mais eficiente que a floculação, devido ao seu baixo
custo, menor tempo e menor contaminação da biomassa obtida. Os
mesmos autores, usando outras culturas de microalgas, também conclu-
íram que o efluente gerado pela eletrocoagulação não continha quí-
micos e possuía uma melhor qualidade que o efluente obtido da coagu-
lação convencional.
236 Estudos da Pós-Graduação

Remoção de metais de efluente de galvanoplastia usando


sistema híbrido (eletrocoagulação + biossorção)

As microalgas, em particular, exibem vários processos de incor-


poração de metais pesados envolvendo diferentes metabolismos
(AJAYAN; SELVARAJU; THIRUGNANAMOORTHY, 2011). A bios-
sorção de metais tóxicos é um fenômeno complexo; no entanto, o acú-
mulo de metais pesados por microalgas compreende um processo de
dois estágios: (i) rápida, ocorrendo na superfície celular; (ii) muito mais
lenta, que ocorre dentro da célula (MONTEIRO et al., 2012).
A remoção de cobre e níquel pelo sistema híbrido (eletrocoagu-
lação/flotação + biossorção) foi realizada utilizando uma solução sinté-
tica contendo 55 mg L-1 de Cu2+ e 6,7 mg L-1 de Ni2+, a pH = 1, a bio-
massa viva a pH 10,22 (percentual v/v variando em 10, 50, 75, 90 e
95%) da microalga Chlorella vulgares, dois eletrodos de alumínio, es-
paçamento entre placas de 5 mm, em batelada, dispondo de corrente
pulsada (frequência de pulso = 240 Hz) em 30 minutos de tratamento e
volume do efluente a ser tratado (2,0 L).
Após 15 minutos de processo, houve a remoção de praticamente
100% de biomassa (Figura 5.14), indicando que, após esse tempo, o
processo que atuou foi apenas a eletrocoagulação/floculação, pois a
microalga, que se encontrava na superfície do reator, não interagia
com o efluente para a remoção dos metais. O sistema se mostrou bas-
tante estável com relação ao pH (Figura 5.15) e à concentração de
microalgas e de metais, tendo em vista que, após 15 minutos de pro-
cesso, todos os experimentos convergiram praticamente à mesma re-
moção de microalgas.
Gao et al. (2010) afirmaram que, durante os primeiros 15 mi-
nutos, a eletrocoagulação-flotação apresentou baixa eficiência para a
remoção de microalgas, quando o pH inicial estava na faixa alcalina
8 - 10; e quando o pH inicial estava na faixa de 4 - 7, o tempo de eletro-
coagulação para a remoção completa das microalgas era de 45 minutos,
tempo em que a densidade de corrente aplicada era de 1 mA/cm2, vo-
lume de 1,0 L e densidade celular de 1,2 × 109 – 1,4 × 109 cels ∙ L-1.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 237

Figura 5.14 – Variação da ABS680, indicativa da presença de biomassa de


microalga, em 30 minutos de processo de biossorção/eletrocoagulação-flotação
0,30
95% MA
0,25 90% MA
75% MA
0,20 50% MA
X 10% MA
ABS680

0,15

0,10

0,05 X
X X
0,00
0 15 30
Tempo (min)

Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 5.15 – Variação do pH em 30 minutos de processo de biossorção/


eletrocoagulação-flotação

10

8
pH

7 X

X
6 X

5
0 15 30
Tempo (min)
95% MA 50% MA
75% MA
90% MA X 10% MA
Fonte: elaborada pelos autores.
238 Estudos da Pós-Graduação

O ensaio que continha a concentração 10% (v/v) de biomassa


microalgal apresentou uma menor eficiência de remoção dos metais
cobre e níquel (Figuras 5.16 e 5.17), não atendendo à Resolução
Conama, que determina que as indústrias respeitem o limite máximo de
1,0 mg L-1 de cobre e 2,0 mg L-1 de níquel no efluente de descarte, ou
seja, a quantidade de íons metálicos removidos é dependente da con-
centração de biomassa de microalgas (FINOCCHIO et al., 2010).
Mehta & Gaur (2001) verificaram que o aumento de cem vezes na con-
centração de biomassa da microalga C. vulgaris proporcionou signifi-
cativa remoção de níquel e cobre, porém esse experimento aplicou
apenas o processo de biossorção. Pode-se concluir, a partir dos experi-
mentos citados, que o aumento da quantidade de biomassa em solução
acarreta o aumento do número de sítios ativos para que ocorra facil-
mente a biossorção de metais na superfície das microalgas.

Figura 5.16 – Remoção de cobre em 30 minutos de processo de biossorção/


eletrocoagulação-flotação
10 X

9
% Remoção de Cu

7 X

5 X
0 15 30
Tempo (min)
95% MA 50% MA
75% MA
90% MA X 10% MA

Fonte: elaborada pelos autores.


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 239

Figura 5.17 – Remoção de níquel em 30 minutos de processo de biossorção/


eletrocoagulação-flotação

100

X
75
% Remoção de Ni

X
50

25

0
0 15 30
Tempo (min)
95% MA 50% MA
75% MA
90% MA X 10% MA

Fonte: elaborada pelos autores.

É possível notar, ainda, que a aplicação da técnica híbrida é capaz


de remover os metais em estudo em menor tempo do que somente o pro-
cesso de eletrocoagulação, mostrando uma grande vantagem no uso de
sistemas que utilizam essas duas tecnologias simultaneamente. Vale a pena
ressaltar, ainda, que a microalga utilizada pode ser proveniente de lagoas
de estabilização. Assim, outra vantagem de utilizar o sistema híbrido é a
realização do tratamento de dois efluentes (lagoa de estabilização e galva-
noplastia) ao mesmo tempo, contribuindo para a redução de resíduos.

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Capítulo 6
PROCESSO ELETROLÍTICO APLICADO
NA REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA
NATURAL DA ÁGUA

André Gadelha de Oliveira, Luewton Lemos Felício Agostinho


Álvaro Amanajás Amazonas, Luiz Thiago Vasconcelos da Silva
Jefferson Pereira Ribeiro, Eliezer Fares Abdala Neto
Ari Clecius Alves de Lima, Francisco Wagner de Sousa
Ronaldo Ferreira do Nascimento

Matéria Orgânica Natural (MON)

D efine-se MON como sendo toda a matéria orgânica (dissol-


vida ou particulada), exceto moléculas sintéticas, presente em am-
bientes aquáticos e terrestres. Em águas naturais, a MON pode ser deri-
vada microbial e antropicamente. A degradação e/ou lixiviação de
matéria orgânica a partir de plantas e solo dão origem a MON derivada.
A MON derivada microbialmente é produzida por bactérias e algas
(FILELLA, 2014; LEVCHUK; RUEDA MÁRQUEZ; SILLANPÄÄ,
2017). A quantidade e a característica da MON variam com diferentes
fontes de água, fonte de matéria orgânica, características químicas da
água, clima, geologia, temperatura, pH, e processos biológicos (PAN et
al., 2016; SO et al., 2017). MON pode ser classificada como dissolvida
e particulada, sendo separadas por uma filtração com filtro de mem-
brana de 0,45 μm (SZYMCZYCHA et al., 2017).
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 249

A MON dissolvida pode ser dividida quanto ao seu caráter hidro-


fílico e hidrofóbico. Os principais constituintes da fração hidrofóbica
são as substâncias húmicas (SH), sendo os carboidratos, proteínas e
aminoácidos os principais constituintes da fração hidrofílica
(BHATNAGAR; SILLANPÄÄ, 2017; MATILAINEN;
VEPSÄLÄINEN; SILLANPÄÄ, 2010).
A presença de MON em águas naturais gera preocupações, pois
ela causa problemas estéticos, por exemplo, conferindo cor, odor e sabor
às aguas. Em adição, são precursoras dos subprodutos da desinfecção
com cloro, tais como trihalometanos (THMs) e ácidos haloacéticos,
HAAs, (BOND et al., 2010; NIE et al., 2010). Abdala Neto e Aquino
(2012), em seus estudos, verificaram a formação dos trihalometanos clo-
rofórmio (CHCl3), dibromoclorometano (CHClBr2), bromodiclorome-
tano (CHBrCl2) e bromofórmio (CHBr3), a partir da pré-oxidação por
cloro da matéria orgânica natural de uma água bruta, e encontraram va-
lores de 0,138 mg L-1 de trihalometanos totais. Por outro lado, a pre-
sença destas pode provocar o crescimento bacteriano em sistemas de
distribuição de água (KOROTTA-GAMAGE; SATHASIVAN, 2017).

Substâncias húmicas (SH)

As SH são de alto peso molecular e estrutura heterogênea, apre-


sentando hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos com vários grupos
funcionais, incluindo grupos carboxílicos e fenólicos (WAGNER et al.,
2016). SH formam um grupo heterogêneo de moléculas orgânicas, de
médio a alto peso molecular, de coloração amarelada a amarronzada, e
que compõem de 50 a 95% do carbono orgânico dissolvido (COD)
(ESTEVES, 2011).
Existem dois principais constituintes das SH aquáticas: ácidos
húmicos (AH), os quais são solúveis em meio alcalino e insolúvel em
meio ácido (pH < 2), e ácidos fúlvicos (AF), os quais são solúveis em
qualquer faixa de pH (LOWE; HOSSAIN, 2008). Devido a sua alta
variabilidade e estrutura complexa, esses compostos são representados,
principalmente, por modelos teóricos, conforme Figura 6.1 (DUAN;
GREGORY, 2003).
250 Estudos da Pós-Graduação

Figura 6.1 – Estrutura hipotética de uma molécula de ácido húmico

OH
OH CO2H
CO2H CH
CH CO2H
HO2C CH2
Ácido
alifático
Grupo Fenol dicarboxílico
CH2 O
HO2C OH
CH
Ácido CH2
CH2
aromático CH2
OH
dicarboxílico

OCH3 CH2 CH2 CO2H

CO2H Ácido
alifático
Ácido
aromático

Fonte. Adaptada de Duan e Gregory (2003).

Eletrocoagulação na remoção de matéria orgânica natural

As eficiências de remoção de MON foram avaliadas por meio de


alguns indicadores, tais como: absorbância UV254, cor, carbono orgânico
dissolvido (COD) e demanda química de oxigênio (DQO). A remoção
de MON por processos eletrolíticos vem sendo bastante estudada. A
Tabela 6.1 mostra algumas pesquisas e suas respectivas condições de
trabalho e resultados obtidos em que podemos observar, por exemplo,
que Qi-Yan e colaboradores (2007) alcançaram uma remoção de 97,8%
de ácido húmico em amostra de água subterrânea usando eletrocoagu-
lação, aplicando uma densidade de corrente de 47,6 A m-2 e espaçamento
entre eletrodos de 1,0 cm. A eficiência de remoção razoável de substân-
cias húmicas também foi conseguida por Yildiz, Koparal e Keskinler
(2008), quando aplicaram uma tensão de 50 V em pH 5.
Tabela 6.1 – Remoção de MON por processos eletrolíticos
Eficiência de
Matriz Composto Eletrodo Melhor condição Referência
remoção
47,6 A m-2;
Água subterrânea Ácido húmico Alumínio 97,8% (QI-YAN et al., 2007)
1,0 cm
89 % UV254; 70% (MOHORA et al.,
Água subterrânea MON Alumínio 17 V; pH 5; 1,2 cm
COD; e 89% SUVA 2014)
Substâncias (YILDIZ; KOPARAL;
Amostra sintética Alumínio 50 V; pH 5 100%
húmicas KESKINLER, 2008)
pH 4; 3 mA cm-2
87% COD (ferro)
(ferro);
Amostra sintética Ácido húmico Alumínio e Ferro 87,5% COD (ULU et al., 2014)
pH 4; 1,2 mA cm-2
(alumínio)
(alumínio)
Amostra sintética Ácido húmico Alumínio 50 A m-2; pH 4 100% UV254 (HU et al., 2017)
Amostra sintética Ácido Húmico BDD 1000 mA 99% COT (TRELLU et al., 2016)
Ácido húmico (MOTHEO;
Ácido Húmico Ti/Ru0.3Ti0.7O2 40 mA cm-2 100%
extraído de turfa PINHEDO, 2000)
Efluente indústria Substâncias 0,2mA cm-2; 1 mL (KLIAUGAITE et al.,
Ferro 75% cor; 30% DQO
de papel húmicas min-1 2013)
70% (PINHEDO et al.,
Amostra sintética Ácido húmico 20 mA cm-2 25% COT
TiO2 + 30% RuO2 2005)
66,16% cor aparente;
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais

Água bruta MON Ru 44 A m-2; 2 mm 67% cor verdadeira; (ROCHA et al., 2018)
e 13,42% COD
Fonte: elaborada pelos autores.
Legenda – BDD: Diamante dopado com boro.
251

A remoção de matéria orgânica natural por processos eletrolíticos,

gias eletrolíticas utilizadas para tal fim, a eletrocoagulação (EC) de-


nos últimos anos, vem sendo amplamente estudada. Dentro das tecnolo-
252 Estudos da Pós-Graduação

monstra resultados satisfatórios na remoção de substâncias húmicas,


como foi relatado por Hasani e colaboradores (2019), que obtiveram
uma remoção de até 85% de ácido húmico (AH) de efluente sintético de
concentração inicial de 50 mg L-1 com a utilização de eletrodos de alu-
mínio e de corrente pulsada, obtendo uma média de consumo de energia
por remoção de AH (kWh/g AHremovido) de 0,17 que, quando comparados
aos mesmos experimentos feitos com corrente contínua (0,57 kWh/g
AHremovido e 90% de remoção AH), apresentaram-se como um vantagem,
pois atingiu valores próximos com um menor consumo de energia. Outra
inovação dentro deste trabalho foi a utilização de eletrodos de alumínios
perfurados que configuraram uma maior área ativa. Com esses experi-
mentos, foram atingidos os valores de 89% e 91% de remoção de AH
com um consumo de 0,18 e 0,43 kWh/g AHremovido para a corrente pul-
sada e direta, respectivamente. Portanto, foi possível perceber que a es-
colha do tipo de corrente e da estrutura do eletrodo utilizado podem ga-
rantir tratamentos eficientes com consumos de energia baixos.
A passivação dos eletrodos, que provoca uma adicional voltagem
no sistema, é um problema comum nos reatores de eletrocoagulação no
tratamento de água. No trabalho de Hasani e colaboradores (2019), foi
verificada a influência do tipo de corrente e da estrutura dos eletrodos
no processo de passivação de eletrodos de alumínio. Utilizando como
parâmetro a Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) das chapas de
eletrodo, eles notaram que, nos experimentos realizados com corrente
pulsada e eletrodos perfurados, houve uma menor formação de poros
irregulares; uma estrutura ordenada do alumínio pode ainda ser vista e
os eletrodos de alumínio foram dissolvidos uniformemente. Entretanto,
os mesmos eletrodos que passaram por corrente contínua apresentaram
numerosos poros distintos e uma acumulação de cristais na superfície,
indicando a formação de óxido de alumínio (Al2O3), responsável pela
intensificação do processo de passivação. Além disso, o MEV mostrou
que os eletrodos perfurados, comparados com os eletrodos simples, re-
sultaram em poros mais ordenados na superfície do eletrodo, portanto
mantendo a uniformidade dos eletrodos.
Para os mesmos experimentos, Hasani e colaboradores (2019)
analisaram a média de alumínio consumido por remoção de AH (kg Al/
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 253

kg HAremovido) e encontraram as médias nos processos com corrente di-


reta de 0,236 e 0,182 para os eletrodos simples e perfurados, respecti-
vamente. Nos processos com corrente pulsada, foram encontradas as
médias de 0,089 e 0,09 para os eletrodos simples e perfurados, respec-
tivamente. Portanto, eles notaram que a corrente pulsada pode atingir
valores próximos de remoção com um baixo consumo de energia, o que
leva à redução no custo do processo. Mohora e colaboradores (2014)
encontraram uma média de consumo do eletrodo de alumínio de 0,059
kg Al/m3 aplicando uma densidade de corrente de 8,86 mA cm2. Eles
utilizaram o mesmo parâmetro de alumínio consumido, porém para o
cálculo de rendimento energético, e obtiveram 17,5 kWh/kg Al.
Outra fonte de uma alta carga de MON são os efluentes de águas
residuais. Nesse sentido, Nawarkar e Salkar (2019) verificaram a viabi-
lidade da aplicação de EC para o tratamento de águas residuais.
Utilizando eletrodos de alumínio e energia fotovoltaica como fonte
energética para o sistema de EC, analisaram os efeitos dos parâmetros
operacionais como a densidade de corrente (8 - 64 A m-2) e tempo de
detenção (4 - 24min) na remoção de DQO, turbidez e Sólidos Totais
Dissolvidos (STD) e determinaram a condição ótima de operação como
40 A m-2 e 20 minutos de detenção, obtendo eficiências de remoção
para DQO (92,01%), turbidez (93,97%) e STD (49,78%). O consumo
energético do processo foi 2,27 kWh/m3 e, como a fonte de energia
usada foi a energia solar, os pesquisadores concluíram que a utilização
da proposta de eletrocoagulação com a energia fotovoltaica é susten-
tável e rentável.
O material do eletrodo é outro fator importante e bastante ava-
liado nos processos de EC. Vários trabalhos verificaram a influência do
eletrodo metálico na remoção de MON. Ulu e pesquisadores (2015)
utilizaram três combinações de eletrodos (Al-Al/ Fe-Fe/ Al-Fe) e ava-
liaram a remoção de MON de diferentes origens (fonte natural e ácido
húmico comercial) e obtiveram a remoção de 71,1%, 59,8% e 68,6%,
usando Al-Al, Fe-Fe e Al-Fe, respectivamente, em 25 minutos de re-
tenção, com uma densidade de corrente de 7,3 mA cm-2. Além disso, foi
encontrado que os eletrodos mistos (Al-Fe) foram mais efetivos na re-
moção de cor (92,4%) do que os eletrodos de alumínio (Al-Al) e ferro
254 Estudos da Pós-Graduação

(Fe-Fe). Ben-Sasson e colaboradores (2013) avaliaram em seus traba-


lhos a utilização de eletrodos de alumínio/aço inoxidável (Al-SS) e
ferro/aço inoxidável (Fe-SS) e alcançaram 79% e 81% para a remoção
de MON para Al-SS e Fe-SS, respectivamente, em 12 minutos e densi-
dade de corrente 1,4 mA cm-2. Utilizando ânodo de ferro e catódo de
platina, Dubrawski e Mohseni (2013) alcançaram, em 15 minutos de
processo, uma remoção de 70,9% de MON sob densidade de corrente
1,0 mA cm-2.
Ulu, Gengec e Kobya (2019), estudando a remoção de MON de
água de rio, alcançaram uma remoção de 63,7% para COD e 79,7%
para UV254, utilizando eletrodos de ferro. Mohora e colaboradores
(2012) aplicaram um sistema de EC com eletrodos de alumínio para o
tratamento de água subterrânea e observaram remoções de 77,0% para
UV254 e 71,0% para COD. Qu e colaboradores (2015), com seus experi-
mentos com eletrodos de alumínio e uma densidade de corrente de 5,0
mA cm-2, obtiveram remoções de 75% para COT. Mohora e pesquisa-
dores (2014) utilizaram eletrodos de alumínio em seu sistema de EC
para tratamento de água subterrânea e alcançaram a remoção de MON
para UV254, COD e SUVA de 89,0%, 70,0% e 64,0%, respectivamente.
As influências da densidade de corrente, concentração de ácido
húmico, concentração de NaCl e taxa de agitação foram estudadas por
Oliveira (2018) na remoção de ácido húmico de uma amostra sintética,
através da remoção de cor aparente, usando a técnica de eletrocoagu-
lação. Os experimentos foram realizados com quatro eletrodos (dois
ânodos e dois cátodos) de alumínio retangulares (300 mm x 50 mm x
3 mm) conectados em modo paralelo para um volume da amostra de 4,0
litros. A Figura 6.2 mostra os resultados de remoção de cor aparente
para os efeitos da densidade de corrente e concentração de NaCl. A
eficiência do processo não sofreu influência da concentração de NaCl
quando usaram a densidade de corrente de 44,5 A/m2; no entanto, para
a densidade de corrente 5,5 A/m2, a maior concentração de NaCl (300
mg/l) promoveu uma melhor remoção de cor aparente. Sabe-se que
altas concentrações de NaCl facilitam a dissolução do alumínio do ele-
trodo, promovendo uma maior geração de espécies coagulantes, o que
pode levar a uma maior remoção do poluente (DROUICHE et al., 2009;
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 255

MOUEDHEN et al., 2008). É notório, também, que a maior densidade


de corrente promoveu uma melhor remoção de cor aparente, certamente
devido à maior quantidade de coagulante gerado (HU et al., 2017).
Figura 6.2 – Remoção de cor aparente sob os efeitos da densidade de corrente
e concentração de NaCl. Condições: 12,5 mg/l AH, agitação 600 rpm, e
espaçamento entre eletrodos 4,8 mm

100,0
87,2
90,0 84,3 81,8
Remoção de cor aparente (%)

80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
1,2
0,0
5,5 A/m2 - 44,5 A/m2 - 5,5 A/m2 - 44,5 A/m2 -
100mg NaCl/L 100mg NaCl/L 300mg NaCl/L 300mg NaCl/L

Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 6.3 – Remoção de cor aparente sob os efeitos da densidade de corrente e


concentração de ácido húmico. Condições: 200 mg/l NaCl, agitação 600 rpm, e
espaçamento entre eletrodos 4,8 mm

100,0 93,0
90,0 85,8
Remoção de cor aparente (%)

80,0
70,0
60,0
50,0 42,8
40,0 33,7
30,0
20,0
10,0
0,0
5,5 A/m2 - 44,5 A/m2 - 5,5 A/m2 - 44,5 A/m2 -
5,0mg AH/L 5,0mg AH/L 20,0mg AH/L 20,0mg AH/L

Fonte: elaborada pelos autores.


256 Estudos da Pós-Graduação

Figura 6.4 – Remoção de cor aparente sob os efeitos da concentração de NaCl


e concentração de ácido húmico. Condições: 25 A/m2, agitação 600 rpm, e
espaçamento entre eletrodos 4,8 mm

100,0 92,9
90,0
90,0
Remoção de cor aparente (%)

80,0
67,6
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0 28,3

20,0
10,0
0,0
100mg NaCl/L - 300mg NaCl/L - 100mg NaCl/L - 300mg NaCl/L -
5,0mg AH/L 5,0mg AH/L 20,0mg AH/L 20,0mg AH/L

Fonte: elaborada pelos autores.

Essas melhores remoções foram obtidas por maior agitação, per-


mitindo maior contato entre as partículas (coagulante e poluente),
Figura 6.5.
Figura 6.5 – Remoção de cor aparente sob os efeitos da densidade de corrente e
taxa de agitação. Condições: 200 mg/l NaCl, 12,5 mg/l AH, e espaçamento entre
eletrodos 4,8 mm
100,0
90,0 86,5
83,5
Remoção de cor aparente (%)

80,0 77,5

70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0 9,1

0,0
5,5 A/m2 - 44,5 A/m2 - 5,5 A/m2 - 44,5 A/m2-
200 rpm 200 rpm 1000 rpm 1000 rpm

Fonte: elaborada pelos autores.


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 257

Embora a agitação promova uma melhoria no processo, isso não


foi observado para o uso de corrente contínua, que pode ser devido a
altas taxas de agitação para destruir os flocos, gerando pequenos flocos
que não são removidos (BAYAR et al., 2011).
O autor Oliveira (2018) ainda aplicou a condição corrente 25 A
m -2 , taxa de agitação 600 rpm e espaçamento de eletrodos de 4,8 mm
para a remoção de MON de uma amostra de água bruta de um reserva-
tório. A eficiência do processo foi avaliada através dos parâmetros cor
aparente e verdadeira, e COD, em que os resultados são apresentados
na Figura 6.6.
Figura 6.6 – Remoção de cor aparente, cor real e COD de amostra de água bruta.
Condições: 25 A m-2, agitação 600 rpm, e espaçamento entre eletrodos 4,8 mm

90
82,5
80,3
80
Porcentagem de remoção (%)

70
60
50
42,6
40
30
20
10
0
Cor aparente Cor real COD

Fonte: elaborada pelos autores.

Eletro-oxidação na remoção de matéria orgânica natural

O tratamento de matéria orgânica natural, mais especificamente de


substâncias húmicas, por meio do processo de eletro-oxidação, foi inicial-
mente abordado por Motheo (2000), estudando, entre outros parâmetros, a
composição da camada de revestimento do ânodo dimensionalmente es-
tável de titânio revestido com óxido de rutênio e óxido de titânio, obtendo
os melhores resultados com a razão de 30% de RuO2 e 70% de TiO2, que
proporcionou total remoção do poluente em nove horas de tratamento.
258 Estudos da Pós-Graduação

No trabalho de Tang (2014) foram investigados diferentes parâ-


metros que afetam a eficiência do processo, utilizando o eletrodo de Ti/
SnO2-Sb-Ni para a degradação de ácido húmico, e foram estudados os
efeitos da concentração de ácido húmico, densidade de corrente, pre-
sença de cálcio, presença de t-butanol e pH inicial. Os experimentos
foram conduzidos em um reator batelada operando com 470 ml do
efluente sintético por três horas. Os resultados do estudo do efeito da
concentração de ácido húmico mostraram que, para 3 mg/L, 5 mg/L, 7
mg/L e 9 mg/L, a taxa de degradação do ácido húmico foi de 70,21%,
91,09%, 88,31% e 98,7% respectivamente, mostrando que o processo
de degradação de ácido húmico é controlado por fenômenos de trans-
porte de massa, tornando a eficiência dependente da concentração. A
presença de Ca2+ reduziu consideravelmente a degradação; os autores
justificam este fenômeno com a formação de complexos entre o ácido
húmico e os íons, impedindo a adsorção da molécula na superfície anó-
dica. Segundo os autores, estes resultados demonstram que a oxidação
direta é predominante no processo com as condições estudadas. Os es-
tudos do efeito da presença de t-butanol mostraram que a taxa de degra-
dação decaiu de 96,27%, com a ausência do álcool, para 39,59% com 2
g/l de t-butanol; este teste foi realizado dada a característica do t-bu-
tanol de sequestrante de HO. Os autores, então, concluíram que os radi-
cais hidroxila possuem função imprescindível na degradação do com-
posto. Os resultados com pH 12 e densidade de corrente de 20 mA/cm2
proporcionaram as melhores taxas de degradação, sendo estas as condi-
ções ótimas obtidas durante o trabalho.
O trabalho de Manea (2014) utilizou eletrodos de diamante do-
pado com boro (BDD) para tratar efluente de estação de tratamento de
água para abastecimento público com a presença de compostos nitroge-
nados e substâncias húmicas. Os experimentos foram realizados em um
volume de 700 cm3 de amostra com eletrodos de 280 cm2 de área; a
caracterização das amostras mostrou que o carbono orgânico total
(COT) variava de 5 a 6,61 mg/L e, em uma das amostras, a concen-
tração de NO3- era de 1,49 mg/l. Os resultados de degradação destes
poluentes mostraram que o uso do eletrodo de BDD é extremamente
eficiente na mineralização dos poluentes orgânicos. Os autores propu-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 259

seram ainda processos de tratamento associados com técnicas tradicio-


nais de tratamento de água com a alocação da eletro-oxidação com
ânodos de BDD, substituindo possíveis técnicas que cumprem a mesma
função, como a desinfecção, mostrando a versatilidade do método.
O tipo de eletrólito suporte, que é extremamente influente em
processos de oxidação, foi estudado por Yagi (2014). Os eletrólitos es-
tudados foram Na2SO4 e NaCl, sendo os experimentos conduzidos em
um béquer de 200 ml contendo uma solução com 20mg/l de ácido hú-
mico e agitação de 400 rpm e ânodos de platina de 25 mm x 35 mm.
Diante dos resultados obtidos, foi possível concluir que, com os ele-
trodos de platina, os ácidos húmicos não são degradados por oxidação
ou redução direta na superfície dos eletrodos, e sim pela geração de
espécies oxidantes secundárias como S2O82-, ClO2- e ClO-. A respeito da
natureza das espécies geradas, sabe-se que o potencial de oxidação da
espécie S2O82- é maior que as espécies de cloro; no entanto, foi obser-
vada degradação mais eficiente com o sal NaCl. Segundo os autores, a
justificativa para este fenômeno está na baixa geração de espécies de
sulfato em relação às de cloreto; isto foi comprovado através do experi-
mento contendo ambos os eletrólitos no qual as espécies de cloreto
foram preferencialmente formadas. Por fim, foi constatado pelos au-
tores que eletrodos com maior atividade catalítica para formação de
espécies químicas oxidantes e maior sobrepotencial da reação de evo-
lução do oxigênio alcançariam degradação mais rápida e completa do
ácido húmico.
Trellu (2016) comparou os processos de eletro-oxidação e ele-
trofenton na remoção de ácido húmico, ambos processos eletroquí-
micos que têm como objetivo gerar radicais para degradar os po-
luentes; no entanto, diferem nos mecanismos de geração dos mesmos:
enquanto na eletro-oxidação as substâncias são geradas através da
simples oxidação da água, no processo de eletrofenton o reagente
H2O2 é gerado no cátodo e o peróxido é então convertido ao radical
hidroxila por meio da atividade catalítica causada pela presença do
cátion Fe2+. No presente, foram utilizados ânodos de Ti e BDD para a
eletro-oxidação; para eletrofenton foram utilizados cátodos de es-
ponja de carbono e de aço inoxidável. Os experimentos foram reali-
260 Estudos da Pós-Graduação

zados em uma célula eletroquímica em batelada contendo 330 ml de


solução de ácido húmico com concentração de COT de 16,2 mg/l.
Após 7 horas de tratamento, mais de 99% do COT havia sido remo-
vido utilizando o ânodo de BDD e cátodo de aço inoxidável sob a
corrente de 1000 mA, evidenciando o potencial do ânodo de BDD
para mineralizar completamente o ácido húmico.
O efeito da densidade de corrente em diversos materiais anódicos
na degradação de ácido húmico e substâncias nitrogenadas foi estudado
por Fernandes (2016). Os eletrodos de Ti/Pt/PbO2, Ti/Pt/SnO2-Sb2O4 e
BDD foram utilizados como ânodos, e aço inoxidável como cátodo,
sendo todos os eletrodos com 10cm2 de área submersa. Os resultados de
remoção de COD provaram que os eletrodos de Ti/Pt/PbO2 e Ti/Pt/
SnO2-Sb2O4 possuem grande potencial na degradação de ácido húmico,
tanto nos experimentos com efluente sintético quanto nos realizados
com efluente sanitário coletado, proporcionando remoção de COD su-
perior ao ânodo de BDD, sendo este um avanço considerável em di-
reção à viabilização dos processos de eletro-oxidação, tendo em conta
que um dos maiores obstáculos para a implementação destes métodos é
o alto custo inicial de aquisição dos ânodos BDD, e os eletrodos de Ti/
Pt/PbO2 e Ti/Pt/SnO2-Sb2O4 possuem custo ligeiramente inferior ao dos
eletrodos de BDD.
A técnica de eletro-oxidação foi usada para a remoção de MON de
uma água bruta de um reservatório de água para abastecimento público
da cidade de Fortaleza-CE (ROCHA et al., 2018). A pesquisa avaliou a
eficiência de remoção de MON, monitorando a cor aparente e real, e
COD. Os pesquisadores usaram eletrodos à base de Ru e dois modos de
corrente: corrente contínua e corrente pulsada (1000 Hz). A Figura 6.7
mostra a porcentagem de remoção dos parâmetros de avaliação da MON
quando aplicada uma densidade de corrente de 44 A/m2.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 261

Figura 6.7 – Porcentagem de remoção de cor aparente e real, e COD sob


condições de eletro-oxidação com eletrodos de Ru e 44 A/m2

Corrente contínua Corrente pulsada

80
Porcentagem de remoção (%)

70

60

50

40

30

20

10

0
Cor aparente Cor real COD

Fonte: elaborada pelos autores.

Remoção de ácido húmico de água, utilizando processo


eletroquímico por corrente direta e pulsada – estudo de caso

Oliveira (2018), em sua pesquisa, investigou o efeito da densi-


dade de corrente, concentração de NaCl e número de placas (eletrodos)
na remoção de ácido húmico de uma amostra sintética. O autor usou
eletrodos inertes baseados em Ru com as dimensões de 300 mm x 50
mm x 1 mm, sendo 2 mm de espaçamento entre eletrodos. Os experi-
mentos foram realizados durante 90 minutos. A amostra sintética tinha,
inicialmente, a seguinte condição: 20 mg/L AH, pH 7 e 25 °C.

Efeito da densidade de corrente

Em geral, observa-se que a maior densidade de corrente provoca


um aumento na quantidade de uma espécie a ser oxidada, consequente-
mente atingindo uma remoção de cor mais rápida. No entanto, a alta
densidade de corrente pode promover a polarização pelo transporte de
massa afetando a cinética da reação (EYVAZ et al., 2009). Este passo
foi feito usando quatro placas e 200 mg/L de NaCl. Em termos de per-
centagem de remoções de cor aparente, a 44 A/m2 atingiu valores de
262 Estudos da Pós-Graduação

81,22% a 83,25%; a 88 A/m2, as percentagens de remoção de cor apa-


rente foram de 86,50% a 92,71%, Figura 6.8 (A-B). Usando 111 A/m2,
os valores foram de 88,57% a 90,22%; e de 89,45% a 91,17% para 144
A/m2, Figura 6.8 (C-D). Estes resultados mostram uma melhor remoção
de cor aparente ao aumentar a densidade de corrente, principalmente
entre 44 e 88 A/m2. Em altas densidades de corrente, o processo é pos-
sivelmente controlado por transferência de massa e leva a reações se-
cundárias como a evolução de oxigênio, conforme mostrado na
Equações 6.1 e 6.2 (PANIZZA et al., 2001; LABIADH et al., 2016).

2HO  ½ O2(g) + H2O (Eq. 6.1)

2H2O  O2(g) + 4H+(aq) + 4e- (Eq. 6.2)

Os resultados mostram que, dentro de uma média, o aumento da


intensidade da corrente aumentou ligeiramente a remoção do TOC,
Figura 6.8 (A-D). As porcentagens de remoção de COT foram de
44,87% a 54,07%, de 46,00% a 58,37%, de 44,21% a 53,21% e de
49,30% a 56,04% para 44, 88, 111 e 144 A/m2, respectivamente.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 263

Figura 6.8 (A-D) – Efeito da densidade de corrente na remoção aparente de Cor


Aparente e COT: A-44, B-88, C-111, D-144 A/m2. Condições experimentais: 4
placas, 200 mg/L de NaCl, 25 °C inicial, 20 mg/L de AH e pH inicial 7
100 100
Remoção de Cor Aparente e COT(%)

Remoção de Cor Aparente e COT(%)


90 Cor aparente COT 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
A B
0 0
1 kHz 5 kHz 10kHz 20 kHz 30 kHz CC 1 kHz 5 kHz 10kHz 20 kHz 30 kHz CC

100 100
Remoção de Cor Aparente e COT(%)

Remoção de Cor Aparente e COT(%)

90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
C D
0 0
1 kHz 5 kHz 10kHz 20 kHz 30 kHz CC 1 kHz 5 kHz 10kHz 20 kHz 30 kHz CC

Fonte: elaborada pelos autores.

Efeito da concentração de NaCl

Nesta etapa, foram utilizadas três concentrações de cloreto de


sódio (100, 200 e 300 mg/L), com 88 A/m2 e quatro placas. Como
mostrado na Figura 6.8 (A-C), o aumento da concentração de cloreto
de sódio não afetou as remoções de cor aparente que foram de
87,71% a 89,14% para 100 mg/L de cloreto de sódio e de 86,91% a
89,63% para 300 mg/L de NaCl. Como bem conhecido, o cloreto
(Cl-) sofre oxidação no ânodo, gerando o cloro (Cl2), e ainda for-
mando ácido hipocloroso (HClO) e o ânion hipoclorito (ClO-), equa-
ções 6.3-6.5, que podem auxiliar na remoção de poluentes (AL-
QAIM et al., 2015; GHERNAOUT; NACEUR; AOUABED, 2011;
SCIALDONE et al., 2009):
264 Estudos da Pós-Graduação

2Cl-(aq)  Cl2(g) + 2e- (Eq. 6.3)

Cl2(g) + H2O HClO(aq) + H+(aq) + Cl-(aq) (Eq. 6.4)

HClO(aq)  H+(aq) + ClO-(aq) (Eq. 6.5)

No entanto, sabe-se que a degradação do NOM, ou seja, o ácido


húmico, pela cloração, leva à formação de subprodutos de desinfecção
(DBPs) (HUA; RECKHOW; ABUSALLOUT, 2015; SO et al., 2017;
AL-OTOUM et al., 2016; BACH et al., 2015). Nos experimentos do
presente trabalho, os resultados mostraram que talvez não houvesse for-
mações de DBPs, pois a concentração de cloreto de sódio não afetou a
remoção de cor aparente, o que certamente precisa de uma investigação
sobre a via de degradação. O aumento da concentração de cloreto de
sódio, de 100 para 200 mg/l, causou ligeiras melhores remoções de
COT, mas de 200 para 300 mg/l houve um efeito negativo na remoção
de COT, Figura 6.8 (A-C). Novamente, não há comportamento para
descrever o COT e a remoção de cor aparente sob as influências das
frequências e CC.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 265

Figura 6.8 (A-C) – Efeito da concentração de cloreto de sódio na remoção


aparente de Cor Aparente e COT: A-100, B-200, C-300 mg/L NaCl. Condições
experimentais: 4 placas, 88 A/m2, 25 °C iniciais, 20 mg/l de AH e pH inicial 7
Cor aparente TOC
100 100
Remoção de Cor Aparente e COT(%)

Remoção de Cor Aparente e COT(%)


90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
A B
0 0
1 kHz 5 kHz 10kHz 20 kHz 30 kHz CC 1 kHz 5 kHz 10kHz 20 kHz 30 kHz CC

100
Remoção de Cor Aparente e COT(%)

90
80
70
60
50
40
30
20
10
C
0
1 kHz 5 kHz 10kHz 20 kHz 30 kHz CC

Fonte: elaborada pelos autores.

Efeito do número de eletrodos

O número de eletrodos implicará a quantidade de área disponível


para transferência de elétrons. Este passo foi realizado utilizando duas,
quatro e seis placas, 88,8 A/m2 e 200 mg/l de cloreto de sódio. Os resul-
tados indicaram uma melhor eficiência de remoção aumentando o nú-
mero de placas, Figura 6.9 (A-C), e a maior diferença foi observada
entre duas e quatro placas. As porcentagens de remoção de cor aparente
foram de 71,37% a 74,33% para duas placas, e de 92,67% a 95,07%
para seis placas. Esse comportamento pode ser esperado, porque uma
maior área ativa de eletrodo estava presente no processo, bem como o
fato de que mais corrente foi aplicada; assim, ocorreram reações mais
266 Estudos da Pós-Graduação

eletrolíticas. O número de placas também influenciou na remoção de


COT, Figura 6.9 (A-C). Utilizando duas placas, o processo atingiu de
33,71% a 37,71% na remoção de COT e de 59,72% a 64,78%, utili-
zando seis placas.

Figura 6.9 – Efeito do número de eletrodos na remoção aparente de Cor Aparente


e COT: placas A-2, B-4, C-6. Condições experimentais: 88 A/m2, 200 mg/l NaCl,
25 °C, 20 mg/l AH e pH inicial 7
Cor aparente TOC
100 100
Remoção de Cor Aparente e COT(%)

Remoção de Cor Aparente e COT(%)


90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
A B
0 0
1 kHz 5 kHz 10kHz 20 kHz 30 kHz CC 1 kHz 5 kHz 10kHz 20 kHz 30 kHz CC

100
Remoção de Cor Aparente e COT(%)

90
80
70
60
50
40
30
20
10
C
0
1 kHz 5 kHz 10kHz 20 kHz 30 kHz CC

Fonte: elaborada pelos autores.

Referências

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Capítulo 7
APLICAÇÃO DO PROCESSO ELETROLÍTICO
EM ESCALA PILOTO

Jefferson Pereira Ribeiro, Eliezer Fares Abdala Neto


André Gadelha de Oliveira, Francisco Wagner de Sousa
Ari Clecius Alves de Lima, Bruno Vieira Bertoncini
Ronaldo Ferreira do Nascimento

Contextualização da problemática ambiental

O s problemas ambientais têm se tornado cada vez mais crí-


ticos e frequentes. Na linha de frente destes impactos, pode-se apontar
como causa principal o crescimento populacional e a ampliação da pro-
dução industrial para atender a essa demanda de forma desordenada.
Neste cenário, os fatores antrópicos tomam dimensões catastróficas,
imputando consequências negativas na qualidade do solo, ar e água.
Sem dúvida, a contaminação de águas naturais tem sido um dos grandes
problemas da sociedade moderna, o que culmina na preocupação com a
preservação da natureza, visando, fundamentalmente, à proteção e me-
lhoria da qualidade das águas de origem subterrânea e superficial.
Ressalta-se, ainda, a sistemática contaminação dos mananciais
naturais, compartimentos que, por muitos anos, têm sido utilizados
como corpos receptores de uma ampla variedade de resíduos domés-
ticos e industriais. Simultaneamente a isso, as legislações têm se tor-
nado mais restritivas com projeções pessimistas referentes à qualidade
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 273

das águas, apresentando padrões de enquadramento de corpos de água,


assim como de condições e padrões para o lançamento de efluentes
(RESOLUÇÕES CONAMA 357/2005 e 430/2011).
Nas populações localizadas em regiões submetidas ao regime cli-
mático do semiárido, o drama é ampliado com a escassez de água.
Vários são os critérios que poderiam caracterizar a região semiárida,
em termos eminentemente científicos. No entanto, a noção pragmática
de semiárido tem sido a de região onde incidem as secas prolongadas.
A ideia de seca, por sua vez, vai desde a falta de precipitação, defici-
ência de umidade no solo agrícola, quebra de produção agropecuária,
até impactos sociais e econômicos negativos, em geral, ou seja, identi-
ficação de áreas de secas, em função de causas e efeitos, com diversos
níveis de abrangência.
Dentro deste contexto, principalmente industrial, a incorporação
de práticas que permitam o reúso da água se torna cada vez mais ur-
gente, não apenas para satisfazer as imposições da legislação, mas
também para reduzir o consumo de água e os custos de produção, prin-
cipalmente quando o empreendimento industrial, em face da sua locali-
zação, está submetido ao regime climático do semiárido. A seguir, será
demonstrada a importância do surgimento de novas tecnologias para a
ampliação da oferta de água no semiárido, tanto para uso doméstico
quanto industrial.

Importância do surgimento de novas tecnologias

Muitas indústrias empregam tecnologias de alta eficiência para


tratar seus resíduos, efluentes e emissões, minimizando significativa-
mente os impactos ambientais. No entanto, muitos compostos e/ou
subprodutos industriais ainda não dispõem de tratamentos específicos e
eficientes, ficando, por diversas vezes, armazenados para disposição pos-
terior que, na sua maioria, são em aterros industriais e incineradores, ele-
vando consideravelmente o passivo ambiental e, não menos importante,
o custo final do produto (PERALTA-ZAMORA e MORAIS, 2005).
Como mencionado em capítulos anteriores, existem inúmeras
tecnologias de tratamento de água e de efluentes disponíveis no mer-
274 Estudos da Pós-Graduação

cado. Quando se leva em consideração que as matrizes de interesse são


muitas vezes compostas de substâncias com alta toxicidade, transformar
o poluente, ou seja, mineralizá-lo, é muito mais interessante do que
simplesmente transferi-lo de fase. Vale ressaltar também que a combi-
nação de tecnologias proporciona a obtenção de maiores eficiências de
tratamento dos poluentes do que se usadas isoladamente. Técnicas
combinadas empregam, por exemplo, técnicas de oxidação e de flo-
tação por ar dissolvido, que resultam numa maior redução das concen-
trações de sólidos (dissolvidos, finamente divididos e sedimentáveis) e,
por consequência, numa maior eficiência do tratamento.
Tal fato reforça a necessidade de consolidação das pesquisas vi-
sando ao desenvolvimento ou aperfeiçoamento de tecnologias especí-
ficas que possam tratar, transformar os sólidos solúveis e finamente
divididos, levando-os à mineralização (CO2, H2O e outros ânions inor-
gânicos), bem como separar os sólidos sedimentáveis (flotação), possi-
bilitando o uso da água tanto para o uso industrial quanto para o domés-
tico. Alinhado aos aspectos tecnológicos, estas alternativas devem
ainda ser accessíveis às populações carentes, que sejam essencialmente
reduzidos os custos por meio do uso de tecnologias apropriadas, cuja
operação e manutenção possam ser gerenciadas e sustentadas com re-
cursos locais.
Diante desse contexto, o grupo de pesquisa associado ao “Labora­
tório de Processos Oxidativos Avançados – LabPOA” submeteu e
aprovou diversos projetos abordando a problemática do tratamento de
água e de efluentes industriais, conforme foram apresentados nos capí-
tulos anteriores deste livro, não só em escala laboratorial, mas também
em escala piloto. Esses projetos foram desenvolvidos em parceria com
empresas localizadas no estado do Ceará, através da aprovação em edi-
tais da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – Funcap. Dentre esses projetos, dois apresentaram bas-
tante destaque: foi desenvolvida uma estação móvel de tratamento de
água, através do edital INOVAFIT 1 (EDITAL No 14/2015); e uma uni-
dade piloto de tratamento de efluente têxtil, por meio do edital
PAPPE INTEGRAÇÃO FUNCAP/FINEP (EDITAL No 06/2013). A se-
guir serão apresentados resultados referentes a essas pesquisas.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 275

Estação de tratamento de água móvel e compacta, visando


ampliar a oferta de água potável nas regiões semiáridas

Problemática da escassez de água nos padrões de


potabilidade
A escassez de água que atenda aos padrões de potabilidade, tanto
para consumo humano como para consumo animal e/ou irrigação, tem
demonstrado ser o problema ambiental do terceiro milênio (ABDALA
NETO, 2006). Ultimamente, a crescente demanda por fontes de água
potável, aliada ao déficit de saneamento ambiental básico, compromete
a qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos, principalmente em
países em desenvolvimento. É fato que tais motivos têm estimulado
estudos em busca de mecanismos tecnológicos, promotores do desen-
volvimento social sustentável; em que questões associadas a técnicas
de tratamento de águas, têm sido tratadas com especial atenção por
parte de organizações governamentais a elas vinculadas.
No Brasil, diversos municípios lançam esgoto não tratado em rios,
lagos ou lagoas (30,5% do total dos municípios) e utilizam estes corpos
receptores para vários usos a jusante, como o abastecimento de água, a
recreação, a irrigação e a aquicultura. Entre estes municípios, 16% lançam
o esgoto não tratado nos corpos hídricos os quais são utilizados a jusante
para o abastecimento humano (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2011). No Ceará, a Companhia de Água
e Esgoto do Ceará (Cagece) atua em 150 municípios do estado e somente
37,23% da população possuem um sistema de esgotamento sanitário. Na
capital, o índice é de 53,60% da população que possui rede coletora de
esgoto e o interior do estado tem um índice de apenas 22,76% (CEARÁ,
2010). Portanto, o surgimento de novas tecnologias que ampliem a oferta
de água potável, em especial no semiárido, é fundamental para a perma-
nência e sobrevivência da população que habita nessas regiões.

Importância do tratamento da água


A manutenção da qualidade da água adequada para o consumo
implica adotar medidas, a fim de evitar contaminações, como a apli-
276 Estudos da Pós-Graduação

cação do tratamento de água. Um grande desafio das estações de tra-


tamento de água (ETA) é conseguir aperfeiçoar o processo de modo a
reduzir os custos e garantir um produto de melhor qualidade. Os sis-
temas alternativos de tratamento de água têm sido aplicados, nos úl-
timos anos, devido à eutrofização dos reservatórios, visto que a alta
concentração de matéria orgânica inviabiliza o tratamento por mé-
todos convencionais.
A eutrofização é o resultado do enriquecimento com nutrientes
(principalmente fósforo e nitrogênio), que são despejados, de forma dis-
solvida ou particulada, em lagos, represas e rios e são transformados em
partículas orgânicas, matéria viva vegetal, pelo metabolismo das plantas
(MOTA, 2008b). Mota (2008a) diz que um dos impactos causados por
esse fenômeno é a produção excessiva de algas e plantas aquáticas, que
causam dificuldades no tratamento de água. Ponte et al. (2013) relatam
que o alto conteúdo algal, cor e turbidez elevadas são os maiores pro-
blemas dos reservatórios que são eutrofizados. Sales (2005) destaca que
é necessário inserir a etapa de pré-oxidação em uma estação de trata-
mento de água para remover a matéria orgânica natural originada de
substâncias húmicas (ácidos húmicos e fúlvicos). Essas substâncias são
formadoras de halogênios, principalmente os trihalometanos.
Existe consenso a respeito da correlação existente entre os indi-
cadores de saneamento básico com os de saúde e desenvolvimento,
daí a importância da universalização destes serviços. A população
rural, que habita o semiárido brasileiro, encontra dificuldade para
obter água dentro dos padrões de potabilidade, principalmente por
não disporem de sistemas de tratamento de água. Dessa forma, são
buscadas alternativas de tratamento sem referencial técnico que lhes
possa garantir segurança hídrica. Portanto, a estas comunidades é es-
sencial que se amplie a oferta hídrica, sem perder de vista a qualidade
da água fornecida, adequando-as aos padrões vigentes de potabili-
dade. Não menos importante é que também sejam reduzidos os custos
dos sistemas de desinfecção e abastecimento da água, através do uso
de tecnologias apropriadas e de baixo custo, e que se instalem sis-
temas cuja operação e manutenção possam ser gerenciadas e susten-
tadas com recursos locais.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 277

Nesse contexto, surgiu o interesse no desenvolvimento de uma


estação de tratamento de água (ETA) móvel, que trouxe uma nova con-
cepção tecnológica, uma solução compacta, que apresenta mobilidade e
une tecnologias já consagradas em tratamento de água, principalmente
no semiárido cearense, como a dessalinização por osmose reversa e tec-
nologias recentemente estudadas como a tecnologia eletrolítica por cor-
rente contínua pulsada (como etapa de pré-oxidação), caracterizada
como processos oxidativos avançados (POA). A seguir serão apresen-
tados detalhes da prospecção dessa unidade de tratamento de água.

Prospecção da estação de tratamento de


água móvel (ETA móvel)

A prospecção da ETA móvel foi baseada na ampliação da oferta de


água potável, servindo diretamente como fonte de abastecimento às co-
munidades difusas do semiárido ou como meio de proporcionar o abaste-
cimento de caminhões-pipa, garantindo a segurança hídrica da água a ser
distribuída por meio do atendimento aos padrões de potabilidade estabe-
lecidos pela Portaria no 2.914, do Ministério da Saúde do Brasil (BRASIL,
2011), que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. A
Figura 7.1 exemplifica a aplicação da Estação de Tratamento de Água
Móvel e Compacta (ETA móvel) em um corpo hídrico.
O conjunto de tecnologias associadas que constitui a ETA móvel
proporciona a adequação de água de qualquer fonte aos padrões de pota-
bilidade estabelecidos na Portaria no 2.914, do Ministério da Saúde
(BRASIL, 2011), ou seja, tanto as águas salobras como as águas contendo
contaminação microbiológica e físico-química terão suas condições de
potabilidade restabelecidas após serem submetidas ao efeito da aplicação
das tecnologias associadas, que podem ser divididas em unidade, tais
como: pré-oxidação, pré-filtração, filtração por membrana e desinfecção.
A ETA móvel foi dimensionada para operar a uma vazão de até
1000 L∙h-1, pois tem como objetivo suprir, ininterruptamente, uma co-
munidade, atendendo especificamente a demanda de consumo. A Figura
7.2 apresenta uma das possibilidades de uso da ETA móvel, captando e
278 Estudos da Pós-Graduação

tratando água superficial ao longo das etapas presentes em seu escopo:


pré-oxidação, pré-filtração, filtração por membrana e desinfecção. Na
próxima seção serão apresentados detalhes de cada uma dessas etapas.

Figura 7.1 – Esboço da captação, ETA móvel e abastecimento de água no


carro-pipa

Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 7.2 – ETA móvel e compacta em uso na captação e tratamento de água


superficial (pré-oxidação, pré-filtração, filtração por membrana e desinfecção)

Fonte: elaborada pelos autores.


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 279

Etapa de pré-oxidação – processo eletrolítico por


corrente contínua pulsada

Na etapa de pré-oxidação foram utilizados reatores de processo


eletrolítico por corrente contínua pulsada, constituídos por seis con-
juntos de eletrodos, e cada conjunto é composto por quatro placas de
aço inox 316 L, medindo cada placa 600 x 50 x 3 mm, com espaça-
mento de 15 mm. Os conjuntos de eletrodos foram conectados em para-
lelo no reator de eletrocoagulação-oxidação, e receberam alimentação
elétrica de uma fonte de tensão elétrica, estabilizada, de 220 - 13,8 V,
suportando uma corrente elétrica de até 150 A. Um cooler foi acoplado
a cada fonte de alimentação para auxiliar na dissipação do calor gerado
pelos componentes eletrônicos.
As conexões da fonte elétrica aos eletrodos foram feitas por
cabos elétricos do tipo PP 2 x 4 mm2 e bocais elétricos. Na concepção
destes reatores eletrolíticos destacam-se os aspectos construtivos e o
efeito da forma geométrica do reservatório, além do material escolhido
para a construção do reator e, não menos importante, a alimentação por
corrente contínua pulsada.

Etapa de pré-filtração – filtração

A etapa de pré-filtração e filtração é composta por dois filtros de


leito granular de areia fina, todos antecedendo as etapas de adsorção por
carbono ativo, abrandamento, ozônio, e osmose reversa.

Etapa adsorção – carbono ativo

O Sistema de Filtração por Carbono Ativo é constituído por dois


cartuchos de 20 polegadas com capacidade adsortiva suficiente para
capturar impurezas que tenham carbono como base (substâncias quí-
micas orgânicas), retendo também o cloro presente na água, bem como
matéria orgânica da água responsável por coloração e odores indesejá-
veis. Muitas outras substâncias químicas não são atraídas pelo carbono
(sódio, nitratos etc), não sendo retidas pelo carvão ativado. Isso signi-
280 Estudos da Pós-Graduação

fica que um filtro de carbono ativado vai remover certas impurezas e


ignorar outras.

Abrandamento com zeólitas

O abrandamento é responsável pela redução de concentração de


sais, principalmente cálcio e magnésio, através de um processo de troca
catiônica utilizando zeólitas sódicas, sendo que as espécies de Ca e Mg
presentes na água irão adsorver na superfície das zeólitas e os íons sódio
(inofensivos) irão para a fase aquosa.

Ozonização

O ozônio é um gás incolor, com odor próprio e altamente instável


em água (meia-vida de 20min à temperatura de 20 °C). Possui um ele-
vado potencial de oxidação (2,08 V), o qual é produzido por uma uni-
dade com capacidade de geração de 10.000 mg/l com a finalidade de
remover traços de substâncias não removidas nas etapas anteriores de
tratamento. Foi instalado a montante do sistema de osmose reversa.

Microfiltração

Nessa etapa, foi usado um módulo de filtro desenvolvido para


microfiltração crossflow. Este tipo de microfiltração representa um mé-
todo de filtração moderno para a separação de partículas em suspensão
ou de líquidos emulsionados. A estrutura simétrica altamente porosa da
membrana proporciona uma alta permeabilidade. A distribuição do ta-
manho dos poros é muito estreita, possibilitando possíveis separações.

Microdosagem de solução de hipoclorito

Foi instalada uma unidade eletrolítica, aproveitando o rejeito do


dessalinizador como matéria-prima para produção do hipoclorito.
Foram instaladas bombas dosadoras de cloro na etapa de desinfecção
final. O cloro e seus derivados se caracterizam como fortes agentes
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 281

oxidantes, diminuindo sua reatividade em geral com o aumento do pH,


e sua velocidade de reação aumenta com a elevação da temperatura.
Espera-se que a reação do cloro com compostos inorgânicos redutores,
como sulfitos, sulfetos, íon ferroso e nitrito, seja muito rápida. Alguns
compostos orgânicos dissolvidos também reagem rapidamente com o
cloro, mas, em geral, são necessárias algumas horas para que a maioria
das reações do cloro com compostos orgânicos se complete; desta
forma, foi desenvolvido um tanque de reação após a etapa de desin-
fecção. A seguir será mostrado o detalhamento das etapas de construção
da unidade móvel de tratamento de água.

Construção da ETA – móvel

Inicialmente, deu-se início ao dimensionamento e construção da


unidade de reboque, conforme pode ser visualizado na Figura 7.3.
Posteriormente, foi realizado o dimensionamento e a construção
das outras unidades que compõem a ETA (captação de água; pré-oxi-
dação; pré-filtração; osmose reversa; unidade de desinfecção), como
pode ser observado na Figura 7.4.
282 Estudos da Pós-Graduação

Figura 7.3 – Etapas da construção da carroceria tipo reboque


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 283

Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 7.4 – Construção e início de instalação de algumas unidades da ETA móvel

Fonte: elaborada pelos autores.


284 Estudos da Pós-Graduação

Uma das etapas críticas da construção do protótipo foi a do acopla-


mento das unidades que compõem a ETA móvel, uma vez que foi neces-
sário reduzir as dimensões da unidade de osmose reversa para que a mesma
pudesse ser acoplada no dispositivo móvel; entretanto, esse reajuste em
nada comprometeu a qualidade da água tratada, como veremos mais à
frente. A Figura 7.5 ilustra a etapa de acoplamento das unidades da ETA.
Figura 7.5 – Etapa de acoplamento das unidades da ETA

Fonte: elaborada pelos autores.


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 285

Aplicação da estação de tratamento de


água móvel (ETA – móvel)

De modo a verificar a viabilidade da aplicação da ETA – móvel


no tratamento de água, seja ela subterrânea ou superficial, foi escolhido
um local, no estado do Ceará, que apresentasse uma água fora do pa-
drão de potabilidade da Portaria No 2914, do Ministério da Saúde
(BRASIL, 2011). O local escolhido foi a fonte de abastecimento de
água da comunidade rural de Coqueiros, no município de Caucaia, no
estado do Ceará, de modo a enquadrá-la nos padrões de potabilidade
estabelecidos pela legislação vigente no Brasil, viabilizando o seu uso
para consumo humano. A seguir serão apresentados resultados refe-
rentes a essa pesquisa.
Os resultados preliminares, obtidos com o uso da ETA móvel
usando as tecnologias associadas: pré-oxidação, pré-filtração, filtração
por membrana e desinfecção, são apresentados na Tabela 7.1, em que se
encontram os resultados obtidos no primeiro teste de operação da ETA
móvel. Foram analisados os parâmetros físico-químicos mais impor-
tantes nas amostras de água: pH, Potencial de Oxidação-Redução
(ORP), Condutividade, Sólidos Totais Dissolvidos (STD), Turbidez,
Cloreto e Oxigênio Dissolvido (OD).

Tabela 7.1 – Resultados preliminares da eficiência do tratamento da ETA móvel


%
ORP Condutividade STD Turbidez Cloreto
Amostra pH Saturação
(mV) (uS/cm) ppm (NTU) (mg/L)
OD
Água bruta
6,33 268,2 3617 1808 3,55 960 48
(Salobra)

Água pré-tratada
6,23 260 3473 1736 0,19 960 46
(pós-ozônio)

Água tratada 5,8 322 75 38 0,43 14,3 47


Rejeito 6,13 305 3670 1835 0,06 1015 42
Fonte: elaborada pelos autores.

As amostras de água bruta foram coletadas no início de cada


ensaio, ao passo que, para a água tratada, as coletas foram realizadas
286 Estudos da Pós-Graduação

em intervalos de dez minutos, após o início de cada experimento. Os


métodos analíticos usados para a quantificação dos parâmetros se-
guiram as diretrizes gerais do Standard Methods for Examination of
Water and Wastewater (APHA, 2005). As amostras destinadas às aná-
lises físico-químicas foram coletadas em frascos de plástico com capa-
cidade de 1500 ml. Após as coletas, as amostras foram identificadas,
refrigeradas e enviadas aos Laboratórios de Processos Oxidativos
Avançados e de Análises de Traços, ambos localizados na Universidade
Federal do Ceará.
Observou-se redução nos valores de todos os parâmetros anali-
sados. A Portaria No 2.914 limita o parâmetro de turbidez até 0,5 UNT.
No presente estudo, a amostra tratada atendeu ao limite exigido pela
portaria, tornando, assim, o sistema eficiente para o tratamento de
águas salobras.
Foram realizadas análises de metais e ânions presentes nas amos-
tras. Para todas as amostras analisadas, após as etapas de tratamento, o
nível de metais encontrados ficou abaixo do limite de detecção, exceto
para a amostra com o eletrodo de aço inox no qual ficou um residual de
Ni, Fe e Cr (Tabela 7.2). Apesar de estes metais serem considerados tó-
xicos, estes experimentos iniciais são apenas uma seleção inicial de vari-
áveis, um controle adequado destes parâmetros; a otimização dos experi-
mentos com eletrodo de aço inox leva a um tratamento com metais dentro
dos limites permitidos pelas normas de água para consumo humano.

Tabela 7.2 – Resultado da análise de metais realizados com amostras de água


tratada na ETA móvel
Amostras Resultados (em ppm)
Cu Zn Cd Mn Fe Ni Cr
1 – Tratada Inox LD LD LD LD 4,841 0,91 1,941
2 – Tratada Alumínio LD LD LD LD LD LD LD
3 – Tratada ETA LD LD LD LD LD LD LD
4 – Bruta com decantação LD LD LD LD LD LD LD

LD 0,1328 0,1203 0,0057 0,1746 0,0263 0,2414 0,0361


Fonte: elaborada pelos autores.
*LD – abaixo do limite de detecção do equipamento.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 287

Para a análise de ânions, todos os valores das amostras coletadas


ficaram abaixo dos limites estabelecidos pelas normas regulamenta-
doras de água para consumo humano, até para o cloreto, o qual apre-
sentou valor de 5 ppm.
Os resultados obtidos nos experimentos realizados com a ETA
móvel suportam as conclusões sobre o desempenho no uso de tecnolo-
gias associadas, visando comprovar a sua eficiência no tratamento da
água para consumo humano e animal.

Uso de tecnologias associadas aplicadas ao tratamento de


efluente têxtil para reúso e descarte
Uso da água na indústria têxtil
A água é usada na indústria têxtil como meio de transporte para os
produtos químicos que entram no processo, bem como para a remoção
do excesso daqueles produtos considerados indesejáveis para o substrato
têxtil. O uso da água numa indústria têxtil está associado de modo direto
nos processos de lavagem, tingimento e amaciamento e, de modo indi-
reto, aplicado no aquecimento ou resfriamento nos processos de benefi-
ciamento. Para Little (1975), conforme apresentado na Tabela 7.3, nem
todos os processos precisam ter a mesma exigência de qualidade.
Tabela 7.3 – Limites de tolerância da água para utilização nos processos têxteis
Substância ou
Substância ou Parâmetro
Limite (mg/l) Parâmetro de Limite (mg/l)
de qualidade
qualidade
Turbidez <5 Sulfato < 250
Sólidos Suspensos <5 Sulfito <1
Cor < 5 (Pt Co) Cloreto < 250
pH 7-9 Fosfato Sem limite
Acidez/alcalinidade < 100 como CaCO3 Oxigênio dissolvido Sem limite
Dureza < 70 como CaCO3 Dióxido de carbono < 50
Ferro < 0,3 Nitrito < 0,5
Manganês < 0,05 Cloro < 0,1
Cobre < 0,01 Amônia < 0,5
Óleos, graxas, gorduras
Metais pesados < 0,01 1
e sabões
Agentes de clareamento
Alumínio < 0,25 < 0,2
fluorescente
Sílica < 10 Sólidos Totais < 500
Fonte: Adaptado de LITTLE (1975).
288 Estudos da Pós-Graduação

O nível de atualização tecnológica pode fomentar a racionali-


zação do uso da água na indústria têxtil, em que o objetivo principal
seria a redução na utilização desse recurso natural tão escasso. Para
minimizar o consumo de água, é necessário o monitoramento dos des-
perdícios diários no processo produtivo, do mesmo modo que se pro-
cede com outros insumos como o ar comprimido, energia térmica ou
energia elétrica, visando à contenção de despesas na empresa. Para
Corrêa Júnior e Furlan (2003), o desafio é reduzir o consumo de água
sem afetar a otimização do processo, isto é, buscar a redução da cap-
tação sem afetar a rentabilidade do negócio. Eles ainda salientavam que
o tema certamente ganharia destaque, pois, em maior ou menor medida,
a escassez de água tenderia a ser um problema universal em futuro não
tão distante, fato que é observado na atualidade.
A água na indústria têxtil já está sendo avaliada como um com-
ponente a mais nas planilhas de custos das empresas e não apenas como
um veículo no processo de tingimento, como foi mencionado anterior-
mente, já que no passado esse tipo de recurso apresentava um custo ir-
risório para as empresas. Assim, este insumo passa a ser estudado para
ser reutilizado, principalmente os banhos de descarte direta ou indireta-
mente que, após o mínimo de tratamento possível, possa retornar ao
processo sem afetar a qualidade do produto final ou aumentar excessi-
vamente o custo do processo. Para que essa água retorne ao processo
produtivo é preciso realizar a caracterização desses efluentes de modo
a destiná-lo a uma etapa adequada da produção. A caracterização dos
efluentes têxteis se torna importante, pois, dependendo dos tipos de po-
luentes presentes, podem necessitar de vários métodos de tratamento,
visando ao descarte ou reúso. Na seção a seguir, será apresentada a
problemática que os efluentes têxteis podem causar, se forem descar-
tados de forma inadequada.

Problemática dos efluentes têxteis

Em geral, estima-se que 10% a 50% da carga de corantes


podem ser perdidas nas etapas de tingimento e lavagem, o que torna
evidente a necessidade de sistemas adequados de tratamento
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 289

(KHANDEGAR; SAROHA, 2013). Os corantes são insumos larga-


mente utilizados nas indústrias têxtil, gráfica, fotográfica e alimen-
tícia, e também como aditivo em derivados de petróleo (KUNZ;
PERALTA-ZAMORA, 2002).
Os efluentes líquidos produzidos pela atividade têxtil se caracte-
rizam por apresentar elevada carga orgânica, alta concentração de sais
e forte coloração; este último é, sem dúvida, o maior dos problemas
enfrentados no tratamento desses efluentes e reside na presença dos
corantes, provenientes, principalmente, das etapas de tingimento.
Segundo Cisneros et al. (2002), além dos resíduos remanescentes de
corantes, os efluentes têxteis possuem uma grande quantidade de só-
lidos suspensos, pH altamente flutuante, temperatura elevada, alta de-
manda química de oxigênio (DQO) e considerável quantidade de me-
tais pesados (cromo, níquel e cobre).
Merzouk et al. (2011) mencionaram em seu estudo que o tingi-
mento é a etapa que representa um maior risco ao meio ambiente, já que
requer altas concentrações não só de corantes orgânicos, mas também
de aditivos e sais. Khandegar e Saroha (2013) relataram que, dentre os
principais poluentes têxteis, estão os produtos químicos orgânicos e
inorgânicos utilizados no processo de acabamento, compostos clorados,
sais, substâncias corantes, fosfato total, sólidos dissolvidos, sólidos em
suspensão e sólidos totais.
A forte coloração do efluente têxtil, além da poluição visual,
pode provocar o impedimento da penetração dos raios solares, interfe-
rindo, consequentemente, na atividade fotossintética, podendo acarretar
o aumento da mortalidade dos peixes e de outros seres vivos presentes
no corpo d’água, em virtude da depleção de oxigênio dissolvido. Além
disso, alguns corantes são tóxicos, carcinogênicos e/ou mutagênicos
(CHEN et al., 2003). Estudos têm indicado que, principalmente os co-
rantes azo e seus subprodutos, podem ter caráter carcinogênico, muta-
gênico (AFTAB et al., 2011) ou paralelamente formar complexos com
outros produtos descartados no efluente. De acordo com Guaratini e
Zanoni (2000), a biotransformação dos corantes azo pode ser respon-
sável pela formação de aminas aromáticas, as quais possuem potencia-
lidade carcinogênica.
290 Estudos da Pós-Graduação

Por esses motivos, a aplicação de rotinas de tratamento que per-


mitam reduzir, de forma efetiva, os contaminantes contidos nos efluentes
têxteis, se mostra, além de importante, extremamente necessária para a
preservação dos corpos hídricos e para a saúde da população.
Em busca de contribuir dentro deste cenário, surgiu o interesse
no desenvolvimento de um sistema piloto de tratamento de efluente
têxtil, que mostrou ser um projeto desafiador para o grupo de pesquisa
do LabPOA, haja vista que essa foi a primeira pesquisa do grupo fora
da escala laboratorial, como foram abordados nos capítulos 3, 4 e 5
deste livro. A seguir serão explanados detalhes do estudo envolvendo
esse sistema piloto de tratamento de efluente têxtil.

Prospecção do sistema piloto de Eletrocoagulação/


Sedimentação/Ozonização

O sistema piloto de eletrocoagulação/sedimentação/ozonização


(ECSO) foi construído no formato cilíndrico, em acrílico, operando em
batelada, com 140 L de volume útil, o qual está apresentado na Figura
7.6. Observa-se que a unidade de tratamento piloto engloba três rea-
tores: (1) eletrocoagulação/floculação, (2) decantador primário, e (3)
tanque de polimento. Nos reatores 1 e 3, foram utilizados agitadores
mecânicos para promover a homogeneização do efluente. Para o sis-
tema de eletrocoagulação/floculação foram usadas fontes não comer-
ciais de 20,0 V de tensão e corrente de saída de até 150 A. O sistema
elétrico, inclusive os circuitos de corrente direta pulsada (CDP) dimen-
sionados para a escala piloto, podem ser visualizados na Figura 7.7.
No compartimento que compreendeu o reator de eletrocoagu-
lação/floculação, o efluente sofreu a ação dos eletrodos, promovendo a
eletrólise da água através da aplicação de um campo elétrico uniforme-
mente variado entre as placas igualmente espaçadas verticalmente e
distribuídas em formato circular no reator. Esse reator continha dez
conjuntos de eletrodos conectados em arranjo bipolar em série, sendo
sete de aço inoxidável do tipo 304 e três eletrodos de alumínio comer-
cial (99% Al). Cada conjunto de eletrodos consistia de oito placas espa-
çadas em 1,5 mm, medindo cada uma 5,0 x 40,0 x 0,3 cm.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 291

Figura 7.6 – Unidade de tratamento piloto de eletrocoagulação/sedimentação/


ozonização (ECSO)
1

2
3
Reator de eletrocoagulação-floculação
Decantador primário

Tanque de polimento

Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 7.7 – Esboço do sistema elétrico do processo de eletrocoagulação/


floculação

Painel de controle do processo

Osciloscópio Multímetro digital

Circuitos de corrente
direta pulsada

Ozonizadores

Fontes

Fonte: elaborada pelos autores.


292 Estudos da Pós-Graduação

Nesse estudo foram utilizados dois tipos de efluentes: (1) efluente


final do processo de beneficiamento dos fios de algodão e (2) efluente
que sai imediatamente após o processo de tingimento. Na composição
do efluente (1), continha o corante Reactive Blue 19; e no efluente (2),
os corantes Reactive Orange 107 e Reactive Red 198. Na Figura 7.8 é
apresentada a imagem dos tanques onde foram coletados os efluentes
utilizados nesse estudo.

Figura 7.8 – Reservatórios dos efluentes utilizados no estudo em escala sistema piloto

Beneficiamento Tingimento
geral

Fonte: elaborada pelos autores.

A caracterização das amostras brutas e tratadas foram reali-


zadas através das análises de pH, condutividade elétrica, POR (poten-
cial de oxidação-redução), temperatura e turbidez. O monitoramento
do pH, condutividade elétrica e POR foi realizado pelo método eletro-
métrico, utilizando uma sonda multiparamétrica HANNA HI9829. O
parâmetro de turbidez foi monitorado, utilizando um medidor de
campo HI 98713 HANNA. As análises de alumínio, ferro, sólidos to-
tais dissolvidos e de cor verdadeira foram realizadas no Laboratório
de Processos Oxidativos Avançados (LabPOA), situado no
Departamento de Química Analítica e Físico-Química, na Universidade
Federal do Ceará. As amostras foram coletadas em frascos de 150 ml
e transportadas sob refrigeração para preservar condições semelhantes
com as análises realizadas in loco.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 293

As análises de cor verdadeira foram realizadas no espectrofotô-


metro Shimadzu UV-1800, após o processo de centrifugação da amostra,
numa centrífuga de marca Eppendorf, modelo 5702 RH, por um pe-
ríodo de cinco minutos, sob rotação de 2500 rpm. As análises de alu-
mínio, ferro e manganês foram realizadas num colorímetro multianálise
DM-50 DIGIMED, seguindo a metodologia de análise do equipamento.
Os sólidos totais dissolvidos (STD) foram quantificados após a centri-
fugação das alíquotas. A seguir, são apresentados alguns resultados re-
ferentes à aplicação do processo eletrolítico em escala piloto.

Aplicação do sistema piloto de tratamento de efluente

Eletrocoagulação-floculação/Sedimentação

A avaliação da eficiência do sistema piloto de tratamento foi rea-


lizada mediante a utilização de dois tipos de efluentes: o do beneficia-
mento geral dos fios de algodão e o proveniente apenas da etapa de
tingimento. Embora esses efluentes sejam da mesma origem industrial
(têxtil), os mesmos apresentavam uma composição química um pouco
diferente. O efluente do beneficiamento geral apresentava uma compo-
sição química mais complexa, com a presença de sequestrantes, engo-
mantes, dispersantes, amaciantes, corantes, NaCl, peróxido de hidro-
gênio, carbonatos, dentre outras substâncias químicas. Já o efluente do
tingimento detinha, em sua composição, corantes, NaCl, NaOH, carbo-
natos e auxiliares de tingimento; entretanto, a concentração desses
compostos nesse efluente é bem mais elevada. Em seguida, será mos-
trada a avaliação dos parâmetros físico-químicos após o tratamento do
efluente com o sistema piloto.

Avaliação dos parâmetros físico-químicos

O percentual de remoção de cor dos corantes presentes no


efluente proveniente do beneficiamento geral foi de 26,84% para o co-
rante Reactive Orange 107, e de 30,13% para o corante Reactive Red
198, para 60 minutos de tratamento, como pode ser visualizado na
294 Estudos da Pós-Graduação

Figura 7.9 A. Na Figura 7.9 B, pode ser observado que a remoção de cor
do corante Reactive Blue 19, em 30 minutos de tratamento, foi de 87%,
quando foi usado o efluente proveniente do processo de tingimento. Os
percentuais de remoção de cor foram baseados nos comprimentos de
onda de absorção máxima dos corantes (409 nm, 510 nm e 596 nm). A
maior eficiência de remoção de cor do efluente, proveniente do processo
de tingimento, deve-se, possivelmente, à maior condutividade elétrica
que esse efluente apresentou em relação ao outro efluente estudado.
Sabe-se que concentrações elevadas de sais em solução potencializam a
eficiência do processo de eletrocoagulação, pois maximiza a produção
de coagulantes e, consequentemente, a remoção de contaminantes.

Figura 7.9 – Eficiência de remoção de cor no tratamento do efluente proveniente


do beneficiamento geral dos fios de algodão (A) e do tingimento (B). Condições
Experimentais: Agitação de 800 rpm e corrente direta pulsada
35,00
(A)

30,00

25,00
Remoção de cor (%)

20,00
Reactive Orange 107

15,00 Reactive Red 198

10,00

5,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (min)

Fonte: elaborada pelos autores.


PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 295

Os efluentes produzidos pelas indústrias têxteis apresentam va-


lores de pH bastante variáveis. Na indústria em estudo, o processo de
tingimento utiliza grande quantidade de hidróxido de sódio (NaOH),
portanto já era esperado que o pH do efluente não tratado tivesse si-
tuado em faixa alcalina (Figura 7.10).
O efluente proveniente do processo de beneficiamento geral dos
fios de algodão apresentou pequena variação no pH entre os seus va-
lores iniciais e finais após o processo de eletrocoagulação/floculação.
Essa estabilidade nos valores de pH pode ser atribuída à presença de
substâncias químicas que são conhecidas pela sua atividade tampo-
nante, como é o caso do carbonato de sódio (Na2CO3). O mesmo com-
portamento foi observado no tratamento do efluente proveniente do
tingimento, pois se esperava um aumento nos valores de pH após o
tratamento eletrolítico, já que nesse processo ocorre a redução da molé-
cula da água na superfície do cátodo, produzindo íons hidroxila (OH-).

Figura 7.10 – Comportamento do pH durante os experimentos em escala piloto

11,00

10,80

10,60 Efluente Tingimento

10,40 Efluente B.F.


pH

10,20

10,00

9,80

9,60
0 10 20 30 40 50 60

Tempo (min)

Fonte: elaborada pelos autores.


296 Estudos da Pós-Graduação

Como vimos em discussões anteriores, o pH é primordial para


sabermos quais as espécies químicas que estarão presentes numa so-
lução. No caso de um processo de eletrocoagulação, ocorrem vários
equilíbrios reacionais. O pH atua diretamente na especiação tanto dos
agentes coagulantes produzidos pelos ânodos de sacrifício (hidróxidos
de metais) quanto na distribuição percentual de subespécies formadas a
partir do corante utilizado. As especiações dos corantes utilizados no
efluente do beneficiamento dos fios de algodão são tamponantes. Na
Figura 7.11 é mostrada a especiação do corante Reactive Blue 19.
Observa-se que a espécie A apresenta-se como majoritária durante toda
faixa de pH.

Figura 7.11 – Curva de distribuição de espécies do corante Reactive Blue 19

A pH / concentration
Concentração das espécies (%)

80

60

40

20
B 2 C 4 6 8 10 12
pH
Fonte: www.chemicalize.org.

Segundo o diagrama de espécie do corante Reactive Blue 19,


observa-se que, para a faixa de pH (10 - 11) utilizada na batelada de
tratamento, a subespécie A foi o componente principal do sistema
aquoso. Esse fato pode ter contribuído provavelmente para uma maior
eficiência de remoção de cor desse efluente, pois se trata de uma matriz
menos complicada, que recebeu carga de águas residuais apenas da
etapa de tingimento. Desta forma, o contaminante se apresentou so-
mente em uma forma, provocando, assim, a eficácia do processo eletro-
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 297

lítico, em especial nos fenômenos de eletrocoagulação, ou seja, a


atração eletrostática que ocorre entre contaminante e coagulante.
Os resultados de condutividade elétrica, sólidos totais dissol-
vidos (STD) e temperatura para o processo de tratamento dos efluentes
do beneficiamento geral da produção fabril e do tingimento são mos-
trados na Tabela 7.4 e 7.5.

Tabela 7.4 – Medidas de condutividade elétrica, temperatura e sólidos totais


dissolvidos obtidos durante o processo de tratamento do efluente proveniente do
beneficiamento geral da produção fabril
Condutividade Temperatura (°C) STD
Tempo
elétrica (mS.cm-1) (g.L-1)
0 19,86 33,40 9,80
10 19,36 33,38 9,55
20 17,85 34,72 9,82
30 17,34 33,31 9,44
40 19,37 33,33 9,81
50 14,08 33,52 9,73
60 12,57 34,64 9,84
Fonte: elaborada pelos autores.

Tabela 7.5 – Medidas de condutividade elétrica, temperatura e sólidos totais


dissolvidos obtidos durante o processo de tratamento proveniente do tingimento

Condutividade STD
Tempo Temperatura (°C)
elétrica (mS.cm-1) (g.L-1)

0 39,8 38,24 27
5 52,74 38,91 26
10 51,71 39,72 25,3
15 51,36 39,31 25,6
20 50,73 39,33 25,5
25 52,64 39,52 24,7
30 52,31 39,64 25,6
35 52,77 39,83 26,6
40 51,91 39,95 26,00
45 52,99 40,01 26,30
Fonte: elaborada pelos autores.

Segundo os resultados apresentados nas tabelas, a condutividade


elétrica diminuiu no decorrer dos experimentos para o efluente do be-
298 Estudos da Pós-Graduação

neficiamento geral e aumentou para o efluente do tingimento. Essa di-


minuição na condutividade elétrica para o efluente do beneficiamento
se deu provavelmente pelo consumo das espécies iônicas presentes na
solução. Já para o efluente do tingimento ocorreu o inverso; a conduti-
vidade do efluente aumentou. Esse fato pode ser justificado pelo ex-
cesso de eletrólitos contidos no efluente do tingimento, que facilitou o
transporte de corrente elétrica; portanto, a massa de metal liberada do
ânodo de sacrifício, na forma de cátion metálico, contribuiu mais ainda
para o processo de aumento da condutividade.
Em relação aos parâmetros temperatura e STD, observou-se uma
pequena variação nos valores durante todo o tempo de experimentação.
Embora o aumento da temperatura tenha sido pequeno (39 - 40 °C), essa
elevação é justificada pela passagem de corrente elétrica, que provocou
o aumento da energia cinética das moléculas e da mobilidade iônica,
desencadeando a dissipação da energia na forma de calor (efeito joule).
É sábido que o processo eletrolítico utilizando eletrodos passivos
desencadeia o lançamento de íons metálicos em solução durante o tra-
tamento de um efluente. Dessa forma, é primordial, em qualquer estudo
envolvendo essa tecnologia, monitorar as concentrações desses íons
após o tratamento para que eles não sejam lançados no meio ambiente
de uma maneira inadequada. Diante disso, serão mostradas as concen-
trações residuais de alumínio e ferro durante um tratamento via pro-
cesso de eletrocoagulação.
As concentrações de alumínio e ferro durante os processos de
tratamento eletrolítico encontram-se na Tabela 7.6, para o caso do
efluente proveniente do beneficiamento têxtil geral, e, na Tabela 7.7,
para o caso do efluente proveniente do processo de tingimento.
Diante da quantificação dos elementos mostrados nas tabelas,
tem-se que as concentrações dos dois elementos foram maiores para o
processo de tratamento do efluente de beneficiamento dos fios em com-
paração aos valores de concentração obtidos nos resultados do trata-
mento do efluente proveniente do tingimento.
Inicialmente, deve-se observar, na Tabela 7.6, que o efluente sem
nenhum tratamento já apresentava uma concentração dos elementos em
solução; este fato se deve à característica da reserva de água utilizada
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 299

pela fábrica têxtil, pois era captada de poços em que se tinha um contato
direto do lençol freático com rochas que, em sua composição, podiam
ter esses elementos, dentre outros. O mesmo se repetiu na Tabela 7.7;
entretanto, o parâmetro alumínio apresentou valor zero de concentração
inicial. Como se trata de volumes grandes de água de poço, a matriz
analítica sofre uma diferenciação, podendo ter, em alguns casos, au-
sência de algum dos elementos citados.

Tabela 7.6 – Resultados das


análises via método colorimétrico
de alumínio e ferro para o efluente
proveniente do beneficiamento geral
Tempo Alumínio Ferro
(min) (mg.L-1) (mg.L-1)
0 1,52 0,32
10 0,89 0,17
20 0,85 0,08
30 1,06 0,25
40 1,09 0,14
50 1,42 0,16
60 1,75 0,12
Fonte: elaborada pelos autores.

Tabela 7.7 – Resultados das


análises via método colorimétrico
de alumínio e ferro para o efluente
proveniente do tingimento
Tempo Alumínio Ferro
(min) (mg.L-1) (mg.L-1)
0 0,00 0,27
5 0,00 0,41
10 0,07 0,34
15 0,13 0,31
20 0,14 0,16
25 0,20 0,21
30 0,23 0,16
35 0,24 0,25
40 0,26 0,24
45 0,23 0,27
Fonte: elaborada pelos autores.
300 Estudos da Pós-Graduação

Outro fator importante a ser ressaltado são as baixas concentra-


ções dos elementos após o tratamento com processo eletrolítico. Isso se
deve, provavelmente, à formação dos coagulantes com as espécies
(Al3+, Fe2+/Fe3+, dentre outros). Essas espécies são potenciais agentes
de coagulação, pois sua baixa concentração específica indica que este
deve ter sido sedimentado ou flotado (dependendo da densidade do
floco) junto ao poluente, devido aos mecanismos de adsorção e varre-
dura dos contaminantes presentes no efluente. Este fenômeno foi bas-
tante observado para o caso do efluente proveniente do tingimento, em
que a sedimentação era rápida, formando uma camada de lodo signifi-
cativa no fundo do reator.
A especiação dos agentes coagulantes, nesta etapa, garantiu dire-
tamente a eficiência na remoção dos poluentes contidos no efluente. No
caso do alumínio, o cátion metálico produzido no ânodo de sacrifício
pode atuar de várias maneiras (dependendo do pH, das propriedades
estruturais do poluente e da concentração da solução), podendo inte-
ragir diretamente com o poluente, hidrolisar para formar um complexo
hidroxi-alumínio ou formar precipitado.
Uma das problemáticas obtidas na batelada de tratamento, reali-
zada no efluente proveniente do tingimento, é justamente a cor final
obtida. Um aspecto amarelo-esverdeado marcou a coleta da última alí-
quota, como mostrado em comparação ao efluente bruto na Figura 7.12.
Segundo Cañizares et al. (2005) e Kobya et al. (2006), o efluente, du-
rante e após o tratamento, pode apresentar uma cor verde ou amarela
bastante forte, cuja coloração é proveniente dos íons Fe2+ (verde) e Fe3+
(amarelo) gerados no tratamento eletrolítico.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 301

Figura 7.12 – Representação do efluente bruto comparado


ao efluente tratado, ambos provenientes do tingimento por
eletrocoagulação durante 45 minutos

Efluente Bruto Efluente Tratado (45min)


(tingimento) (tingimento)
Fonte: elaborada pelos autores.

Os resultados de turbidez obtidos durante o processo de eletroco-


agulação são evidenciados nas Figuras 7.13A e 7.13B. As medições de
turbidez foram realizadas in situ e após a sedimentação. Observa-se,
nestas figuras, que ocorreu um acréscimo nos valores de turbidez du-
rante o processo de eletrocoagulação.
Essa elevação nos valores desse parâmetro foi ocasionada pela
formação de flocos, resultado do processo de agregação dos coloides
(corantes) pela espécie coagulante formada no processo eletrolítico. O
aumento da turbidez foi constatado pela elevação da carga de sólidos
suspensos. Para o efluente proveniente do tingimento observou-se que
a carga de sólidos suspensos e flocos formados foi bem mais elevada do
que o proveniente do beneficiamento geral da fibra. Como enfatizado
anteriormente, a condutividade elétrica afeta diretamente a produção de
coagulantes e flocos formados durante um processo de eletrocoagu-
lação que, como nesse caso foi maior, observou-se uma maior formação
de sólidos suspensos (turbidez). Após a sedimentação, os valores de
turbidez foram pequenos; isso é esperado quando se usa o processo de
eletrocoagulação no tratamento de efluentes, pois, após a agitação ser
desligada, os flocos que adquiriram peso tendem a sedimentar.
302 Estudos da Pós-Graduação

Figura 7.13 – Resultados de turbidez obtidos durante o processo de


eletrocoagulação. (A) efluente proveniente do beneficiamento geral da fibra e (B)
efluente proveniente do tingimento

250,00 (A)

200,00
Turbidez (NTU)

150,00 Turbidez com


sedimentação
Turbidez sem
100,00 sedimentação

50,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60

Tempo (min)

400,00 (B)

350,00

300,00
Turbidez (NTU)

250,00 Turbidez com


sedimentação

150,00 Turbidez sem


sedimentação

100,00

50,00

0,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
Fonte: elaborada pelos autores.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 303

Eletrocoagulação-floculação/Sedimentação/
Ozonização (ECSO)

A aplicação de ozônio combinado com o processo eletrolítico


vem sendo estudada por alguns pesquisadores (ASAITHAMBI et al.,
2012; AZIZ et al., 2016; BEHIN et al., 2015). A associação de tecnolo-
gias de tratamento proporciona o aumento da eficiência de remoção de
cor dos efluentes reais, visto que, mesmo com remoções de cor acima
de 90%, alguns efluentes ainda podem apresentar coloração, inviabili-
zando o seu reúso ou descarte.
A aplicação do ozônio (O3) foi realizada no efluente prove-
niente do tingimento, durante 15 minutos, após o mesmo ser subme-
tido ao tratamento de Eletrocoagulação-floculação/Sedimentação
(ECS), por um período de 45 minutos. Observa-se, na Figura 7.14,
que houve um aumento na eficiência de remoção de cor do corante
Reactive Blue 19 em aproximadamente 5%. Essa elevação na efici-
ência se deu pelo fato de o ozônio ser conhecido como um forte agente
oxidante, com o potencial de oxidação de 2,07 V, sendo responsável
pela quebra dos grupos cromóforos presentes na molécula do corante
que ainda ficaram remanescentes do processo eletrolítico. Behin et al.
(2015) observaram que a combinação do processo de EC/Ozonização
aumentou em aproximadamente 20% a eficiência de remoção de cor
do corante Acid Brown 214, em 30 minutos de tratamento. Na Figura
7.15 é mostrada a imagem do processo de Eletrocoagulação-flo­
culação/Sedimentação/Ozonização.
304 Estudos da Pós-Graduação

Figura 7.14 – Eficiência de remoção de cor do processo de Eletrocoagulação/


floculação/Sedimentação/Ozonização

100,00 .
90,00 ECS
80,00 ECSO
70,00
Remoção de cor (%)

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
ECS ECSO

Fonte: elaborada pelos autores.

Figura 7.15 – Eficiência de remoção de cor do processo de


Eletro­coagulação/floculação/Sedimentação/Ozonização
após 60 minutos

Fonte: elaborada pelos autores.

Referências

ABDALA NETO, E. F. Uso da Cavitação Hidrodinâmica como


Alternativa de Desinfecção de Água para Abastecimento Humano.
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 305

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SALES, M. do V. Tratamento de água eutrofizada através de dupla
filtração e oxidação. Tese (Doutorado em Engenharia Civil – Saneamento
Ambiental) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.
OS AUTORES

Ronaldo Ferreira do Nascimento


Possui graduação em Química Industrial pela Universidade
Federal do Maranhão (1991) e doutorado em Química Analítica pelo
Instituto de Química de São Carlos – USP (1997). Atualmente é pro-
fessor titular do Departamento de Química Analítica e Físico-Química
da Universidade Federal do Ceará. Tem experiência na área de Química,
com ênfase em Separação (métodos cromatográficos), Química
Ambiental (análise de traços), Adsorção (tratamento de efluente usando
biopolímeros de baixo custo) e Processos Oxidativos Avançados.

Jefferson Pereira Ribeiro


Possui graduação em Química Industrial pela Universidade
Federal do Ceará (2008). Mestre em Engenharia Civil na área de con-
centração em Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do
Ceará (2011). Doutor em Engenharia Civil na área de concentração em
Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Ceará (2017).
Atualmente é pós-doutor do Departamento de Engenharia de Transportes
da Universidade Federal do Ceará. Tem experiência na área de Química,
com ênfase em Análise de Traços e Química Ambiental, atuando, prin-
cipalmente, nos seguintes temas: corante, processos oxidativos avan-
çados, efluente industrial, adsorventes naturais, metais pesados e po-
luição atmosférica indoor e outdoor.

Eliezer Fares Abdala Neto


Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade de
Fortaleza (1992). Especialização em Administração pela Universidade
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: fundamentos e aplicações em matrizes ambientais 309

Federal do Ceará (2002). Mestrado em Engenharia Civil (Saneamento


Ambiental) pela Universidade Federal do Ceará (2006). Doutorado em
Engenharia Civil (Saneamento Ambiental) pela Universidade Federal do
Ceará (2012). Pós-doc em Engenharia Civil (Saneamento Ambiental) pela
Universidade Federal do Ceará (2019). Tem experiência na área de
Engenharia Sanitária, com ênfase em Técnicas Avançadas de Tratamento
de Águas e Efluentes, desenvolvendo tecnologias híbridas, com aplicação
de eletro-oxidação, eletroflotação, eletrocoagulação por corrente direta
pulsada, fotocatálise heterogênea, fotólise e cavitação hidrodinâmica.

André Gadelha de Oliveira


Possui graduação em Química, bacharel pela Universidade
Federal do Ceará (2007), mestrado em Engenharia Civil (Saneamento
Ambiental) pela Universidade Federal do Ceará (2011) e doutorado em
Química pela Universidade Federal do Ceará (2018), com período de
um ano na NHL University of Applied Sciences, Leeuwarden – HOL,
fomentado pela Capes, através do Programa PDSE – Programa de
Doutorado Sanduíche no Exterior. Atualmente é professor da
Universidade de Fortaleza. Professor da Pós-Graduação da Unifor em
Mestrado Profissional em Ciências da Cidade. Tem experiência na área
de Química e Saneamento Ambiental, com ênfase em Química Analítica,
tratamento de água/efluentes, processos oxidativos avançados, pro-
cessos eletrolíticos, adsorção, e qualidade de água.

Francisco Belmino Romero


Graduado em Química Industrial (1970) e em Engenharia
Química (1971) – Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestre em
Ciência dos Materiais e Engenharia Metalúrgica – Pontifícia Univer­
sidade Católica do Rio de Janeiro (1974). Livre-docente em Físico-
Química pela Universidade Federal do Ceará (2005). Professor de
Físico-Química. Pesquisador de corrosão – proteção à corrosão – e de
processos oxidativos avançados na UFC. Atualmente é professor
associado IV da Universidade Federal do Ceará.
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