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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

HUGO RENAN BOLZANI

O EFEITO DA MANUTENÇÃO E DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS


NO DESEMPENHO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

MARINGÁ

2011
i

HUGO RENAN BOLZANI

O EFEITO DA MANUTENÇÃO E DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS


NO DESEMPENHO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Urbana - Linha de
Pesquisa: Planejamento e Gestão dos Sistemas
Urbanos, da Universidade Estadual de Maringá
como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Engenharia Urbana.

Orientador: Prof. Dr. Sandro Rogério


Lautenschlager.

MARINGÁ

2011
ii

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

B694e Bolzani, Hugo Renan

O efeito da manutenção e das condições operacionais no


desempenho de estações de tratamento de esgoto / Hugo Renan
Bolzani, Maringá: [s.n.], 2011.
154 f.
Orientador: Prof. Dr. Sandro Rogério Lautenschlager

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em


Engenharia Urbana da Universidade Estadual de Maringá - Área
de Concentração: Infraestrutura e Sistemas urbanos.

1. Estação de tratamento de esgoto. 2. Condições


operacionais. 3. Parâmetros físico-químicos. 4. Eficiência de
tratamento. I. Lautenschlager, Sandro Rogério. II. Universidade
Estadual de Maringá.
CDD 22. ed. 628.3
iiiii
iv
iii

“Aquele menino trazia na testa a marca


inconfundível: pertencia àquela espécie de gente
que mergulha nas coisas às vezes sem saber por
que, não sei se na esperança de decifrá-las ou se
apenas pelo prazer de mergulhar.”

Caio Fernando Abreu


viv

À minha família, que merece todo meu carinho,


amor e respeito.
viv

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Celi e Irineu Bolzani e minhas irmãs Evelin e


Carina, pelo apoio e incentivo e paciência durante minha
trajetória acadêmica que me faz crescer a cada dia como
pessoa e profissional.

Ao restante de minha família (tios, primos e avó) que de alguma


forma colaboraram com essa conquista, desde impressão de
projeto a ajuda nas questões para entrar no Mestrado.

Ao meu orientador Sandro pela paciência, companheirismo e


conhecimentos compartilhados durante a realização da
pesquisa.

Ao Elizandro pelo companheirismo, incentivo e apoio fornecido


durante todo o Mestrado.

À Janaina pela alegria, tristeza, desespero, fins de semana,


feriados e madrugadas compartilhadas nos laboratórios e em
casa durante todo o Mestrado.

Aos colegas de laboratório, em especial Juliana e Roselene,


pelas dúvidas solucionadas, materiais fornecidos e disposição
em sempre me ajudar quando precisei.

Ao Departamento de Engenharia Química da Universidade


Estadual de Maringá, em especial a profª Célia, por
disponibilizar espaço físico e recursos necessários para a
realização do trabalho.

À SANEPAR, em especial ao Gilberto e aos operadores da ETE


Sul, Queila, Erica, Eder, Beto, Geraldo, Marcos, Cezar e Erik,
pela amizade, atenção, paciência, transporte e concessão de
dados, fundamentais no desenvolver do trabalho.

À minha antiga profª Darlene que mesmo não precisando, não


deixou de me ajudar quando necessitei.
vii
vi

R ESUMO

O trabalho avaliou a influência da manutenção e das condições operacionais no desempenho


das ETEs de Maringá/PR. Em duas ETEs foram levantados os problemas
operacionais/manutenção e aspectos ambientais, bem como realizada uma coleta de esgoto
para avaliar os tratamentos. Já em uma ETE, além desses levantamentos, realizou-se um
monitoramento de 6 meses. Após as coletas, as amostras foram submetidas a análises físico-
químicas e verificado o índice de qualidade e conformidade de esgoto. O sistema de duas
ETEs é composto por tratamento preliminar e tratamento anaeróbio. Já em outra ETE há ainda
um tratamento aeróbio e desidratação/tratamento de lodo. As ETEs estão passando por
diversos problemas, como filtros biológicos inativos, falhas na centrífuga e bombas de
recirculação de lodo e rompimento da lona de PVC dos RALFs. Algumas unidades
necessitam de manutenção imediata, pois alteram a qualidade do esgoto desde o início do
problema. Esta situação alterou a eficiência dos tratamentos, devido o acúmulo de lodo no
tratamento secundário e pós-tratamento de uma das ETEs. As análises evidenciaram que
parâmetros como DQO, DBO5, SST, NO3-, NO4-, NH4 + e PT nas amostras em todas as ETEs
estão com concentrações fora dos padrões e metas exigidos pelas legislações ambientais e
pela Sanepar. Os índices elaborados na análise da qualidade também permaneceram com
valores abaixo da faixa aceitável, o que evidencia um tratamento ineficiente nas ETEs. Foram
listados 55 impactos ambientais, sendo o meio antrópico o fator que obteve o maior número
de impactos negativos que estão ligados à oscilação da eficiência do sistema. Recomenda-se
que os empreendimentos apresentam novas alternativas e ações a serem tomadas na
ocorrência de problemas operacionais para que o desempenho não seja afetado e as ETEs se
tornem benéficas do ponto de vista social, sanitário e ambiental.

Palavras-chave: Condições operacionais; Monitoramento; Eficiência de tratamento; Estação


de tratamento de esgoto; Parâmetros físico-químicos.
viii
vii

ABSTRACT

The study evaluated the influence of maintenance and operating conditions on the
performance of the STPs in Maringá/PR. In two STPs were raised the
operational/maintenance problems and environmental aspects, as well as a sewage sampling
to evaluate the treatments. In a STP in addition to these surveys, was carried out a monitoring
of 6 months. After collections, were analyzed the physico-chemical parameters of samples
and was verified the index of quality and conformity of the sewer. The system of two STPs is
composed of primary treatment and anaerobic treatment. In a STP is still there an aerobic
treatment and dehydration/sludge treatment. The STPs are going through various problems,
like biological filters inactive until, failures in centrifugal and pumps sludge recirculation and
disruption of PVC canvas of ARFBs. Some units require immediate maintenance, because
changing the quality of sewage from the beginning of the problem. This situation changed the
effectiveness of treatments, because the accumulation of sludge in the secondary treatment
and post treatment of STP. The situation of two STPs is even more worrisome, because the
tests showed that parameters such as COD, BOD5 , TSS, NO3- NO4-, NH4+ and PT are being
released with concentrations above the a STP, that is, all the STPs are not within the standards
and targets required by environmental laws and Sanepar. Were listed 55 impacts and the
anthropic environment was the factor had the highest number of negative impacts. Most of the
observed impacts is linked to the oscillation of the system's efficiency. It is recommended that
the enterprise to have new alternatives and actions to be taken on the occurrence of
operational problems for which performance is not affected and that the STPs becomes
beneficial from the standpoint of social, sanitary and environment.

Keywords: Operating conditions; Monitoring; Treatment efficiency; Sewage treatment plant;


Physico-chemical parameters.
ix
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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. XII


LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ XIII
LISTA DE QUADROS.............................................................................................................. XV
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ...................................................................................... XVI

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 17
2 OBJETIVOS................................................................................................................... 19
2.1.1 Objetivo geral................................................................................................ 19
2.1.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 19
3 REVISÃO TEÓRICA ....................................................................................................... 20
3.1 ESGOTO SANITÁRIO ............................................................................................... 20
3.2 CARACTERÍSTICAS DO ESGOTO SANITÁRIO ........................................................... 22
3.2.1 Características físicas ................................................................................... 23
3.2.2 Características químicas............................................................................... 25
3.2.3 Características biológicas ............................................................................. 29
3.2.4 Metais pesados .............................................................................................. 29
3.3 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO ................................................................ 30
3.3.1 Tratamento preliminar ................................................................................. 32
3.3.1.1 Gradeamento ........................................................................................... 33
3.3.1.2 Desarenadores......................................................................................... 36
3.3.2 Tratamento primário .................................................................................... 38
3.3.3 Tratamento secundário................................................................................. 39
3.3.3.1 Reator anaeróbio de leito fluidizado ........................................................ 40
3.3.3.2 Filtro biológico percolador e decantadors secundário ............................. 43
3.3.4 Tratamento terciário .................................................................................... 46
3.3.5 Tratamento do lodo ...................................................................................... 46
3.3.5.1 Adensador de lodo ................................................................................... 46
3.3.5.2 Leitos de secagem .................................................................................... 47
3.3.5.3 Centrifugação e caleação ........................................................................ 48
3.4 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELAS ETES..................................................... 49
x
ix

3.5 CONTROLE OPERACIONAL E DE MANUTENÇÃO DE UMA ETE ................................ 51


3.6 PRINCIPAIS CAUSAS DE PROBLEMAS OPERACIONAIS NAS ETES............................. 52
3.7 CONFIABILIDADE DOS TRATAMENTOS DE ESGOTO ................................................ 59
3.8 PADRÕES DE LANÇAMENTO ................................................................................... 60
4 CARACTERIZAÇÃO DAS ETES...................................................................................... 61
4.1 ETE 1 .................................................................................................................... 63
4.2 ETE 2 .................................................................................................................... 66
4.3 ETE 3 .................................................................................................................... 71
5 METODOLOGIA ............................................................................................................ 75
5.1 PONTOS DE COLETA............................................................................................... 76
5.2 METODOLOGIA ANALÍTICA ................................................................................... 77
5.3 ANÁLISE DA QUALIDADE DE TRATAMENTO ............................................................ 80
5.4 CONTROLE DE MANUTENÇÃO E ESTUDO ECONÔMICO DA ETE 2 ........................... 83
5.5 AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS........................................... 84
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 85
6.1 ETE 2 .................................................................................................................... 85
6.1.1 Problemas encontrados na ETE 2 ................................................................ 85
6.1.2 Monitoramento na ETE 2 ............................................................................. 89
6.1.2.1 Precipitação pluviométrica ...................................................................... 89
6.1.2.2 Vazão ...................................................................................................... 89
6.1.2.3 Potencial hidrogeniônico ......................................................................... 90
6.1.2.4 Oxigênio dissolvido ................................................................................. 92
6.1.2.5 Relação F/M ............................................................................................ 93
6.1.2.6 Demanda bioquímica de oxigênio ............................................................ 94
6.1.2.7 Demanda química de oxigênio ................................................................. 97
6.1.2.8 Relação DBO5/DQO ................................................................................ 99
6.1.2.9 Carga orgânica ..................................................................................... 101
6.1.2.10 Sólidos totais ......................................................................................... 102
6.1.2.11 Sólidos suspensos totais ......................................................................... 104
6.1.2.12 Sólidos suspensos voláteis ..................................................................... 106
6.1.2.13 Sólidos suspensos fixos .......................................................................... 108
6.1.2.14 Sólidos dissolvidos totais ....................................................................... 110
6.1.2.15 Sólidos sedimentáveis ............................................................................ 111
6.1.2.16 Fósforo total .......................................................................................... 113
xix

6.1.2.17 Nitrogênio amoniacal ............................................................................ 115


6.1.2.18 Nitrito .................................................................................................... 118
6.1.2.19 Nitrato ................................................................................................... 119
6.1.2.20 Nitrogênio Kjeldhal total ....................................................................... 121
6.1.2.21 Metais pesados ...................................................................................... 122
6.1.3 Análise da qualidade de tratamento da ETE 2 .......................................... 124
6.1.3.1 Índice de qualidade do esgoto tratado ................................................... 124
6.1.3.2 Índice de conformidade de esgoto .......................................................... 125
6.1.3.3 Índice de confiabilidade de tratamento .................................................. 126
6.1.4 Controle de manutenção na ETE 2 ............................................................ 128
6.1.5 Recomendações operacionais para a ETE 2 .............................................. 129
6.1.6 Estudo econômico da ETE 2 ....................................................................... 130
6.2 ETE 1 E ETE 3 .................................................................................................... 132
6.2.1 Problemas encontrados na ETE 1 e ETE 3 ................................................ 132
6.2.2 Caracterização do esgoto na ETE 1 e ETE 3 ............................................. 136
6.2.3 Análise da qualidade de tratamento na ETE 1 e ETE 3 ............................ 139
6.3 LEVANTAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NAS ETES .................................... 139
6.3.1 Medidas mitigadoras .................................................................................. 143
7 CONCLUSÃO............................................................................................................... 145
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 147
xii
xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 - Gradeamento por meio de corrente transportadora............................................. 35

Figura 3.2 - Desarenador prismático quadrado com raspador mecânico ................................ 37

Figura 3.3 - Desarenador ciclônico tipo vortex ..................................................................... 38

Figura 3.4 - Perfil esquemático de um RALF ....................................................................... 41

Figura 3.5 - Esquematização de um filtro biológico .............................................................. 44

Figura 3.6 - Componentes de um decantador secundário ...................................................... 45

Figura 4.1 - Sistema de tratamento de esgoto realizado na ETE 2 ......................................... 62

Figura 4.2 - Sistema de tratamento de esgoto realizado na ETE 1 ......................................... 64

Figura 4.2 - Sistema de tratamento de esgoto realizado na ETE 2 ......................................... 69

Figura 4.3 - Tratamento preliminar: (a) gradeamento manual e mecanizado e (b)


desarenador .................................................................................................................. 69

Figura 4.4 - Tratamento secundário e pós-tratamento: (a) RALFs, (b) filtro biológico, (c)
decantador secundário e (d) câmara de contato ............................................................. 70

Figura 4.5 - Tratamento do lodo: (a) centrífuga e (b) pátio de cura ....................................... 71

Figura 5.1 - Organograma da metodologia utilizada no trabalho ........................................... 75

Figura 5.2 - Esquematização dos pontos de coleta na ETE 2................................................. 76

Figura 5.3 - Esquematização dos pontos de coleta na ETE 1 e ETE 3 ................................... 77

Figura 6.1 - Gradeamento mecanizado retirado devido problemas de manutenção ................ 85

Figura 6.2 - Resíduos sólidos do tratamento preliminar dispostos na ETE 2 ......................... 86

Figura 6.3 - Condições precárias dos filtros biológicos ......................................................... 86

Figura 6.4 - Espumas formadas pela turbulência do esgoto ................................................... 87

Figura 6.5 - Principais problemas identificados e período de ocorrência durante o


monitoramento na ETE 2.............................................................................................. 88

Figura 6.6 - Precipitação pluviométrica em Maringá/PR durante o monitoramento ............... 89

Figura 6.7 - Variação da vazão na ETE 2 durante o período de monitoramento .................... 90


xii
xiii

Figura 6.8 - Variação de pH nos pontos de coleta de esgoto ................................................. 91

Figura 6.9 - Variação de OD nos pontos de coleta ................................................................ 92

Figura 6.10 - Variação da Relação F/M no tratamento anaeróbio e aeróbio .......................... 93

Figura 6.11 - Variação de DBO5 nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos............... 95

Figura 6.12 - Variação de DQO nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos................ 98

Figura 6.13 – Variação da relação DBO5/DQO dos pontos de coleta .................................. 100

Figura 6.14 - Variação de carga orgânica dos pontos de esgoto .......................................... 101

Figura 6.15 - Variação de ST nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos ................. 103

Figura 6.16 - Variação de SST nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos ............... 105

Figura 6.17 - Variação de SSV nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos ............... 107

Figura 6.18 - Variação de SSF nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos................ 108

Figura 6.19 - Distribuição das frações de sólidos suspensos fixos e voláteis nos pontos de
coleta ......................................................................................................................... 109

Figura 6.20 - Variação de SDT nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos............... 110

Figura 6.21 - Variação de SSed nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos .............. 112

Figura 6.22 - Variação de PT nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos ................. 114

Figura 6.23 - Variação de NH4+ nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos.............. 116

Figura 6.24 - Variação de NO2- nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos .............. 118

Figura 6.25 - Variação de NO3- nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos .............. 120

Figura 6.26 - Variação de NKT nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos .............. 122

Figura 6.27 - Variação do IQET da ETE 2 durante o período de monitoramento ................ 125

Figura 6.28 - Variação do ICE da ETE 2 durante o período de monitoramento ................... 126

Figura 6.29 - Resíduos sólidos dispostos na ETE 1............................................................. 132

Figura 6.30 - Lona de PVC dos RALFs danificada ............................................................. 133

Figura 6.31 - Ausência de retirada dos resíduos sólidos das caçambas ................................ 134

Figura 6.32 - Resíduos sólidos dispostos na ETE 3............................................................. 135


xiv
xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Classificação do esgoto por meio das características físicas e químicas ............. 23
Tabela 5.1 - Parâmetros e pesos para o IQET ....................................................................... 81
Tabela 6.1 - Variação de pH nos pontos de coleta de esgoto ................................................. 91
Tabela 6.2 - Variação de OD nos pontos de coleta de esgoto ................................................ 92
Tabela 6.3 - Variação da Relação F/M no tratamento anaeróbio e aeróbio ............................ 94
Tabela 6.4 - Variação de DBO5 nos pontos de coleta de esgoto ............................................ 95
Tabela 6.5 - Variação de DQO nos pontos de coleta de esgoto ............................................. 98
Tabela 6.6 - Variação da relação DBO5/DQO nos pontos de coleta de esgoto ..................... 100
Tabela 6.7 - Variação de carga orgânica dos pontos de esgoto ............................................ 101
Tabela 6.8 - Variação de ST nos pontos de coleta de esgoto ............................................... 103
Tabela 6.9 - Variação de SST nos pontos de coleta de esgoto ............................................. 105
Tabela 6.10 - Variação de SSV nos pontos de coleta de esgoto........................................... 107
Tabela 6.11 - Variação de SSF nos pontos de coleta de esgoto ........................................... 108
Tabela 6.12 - Variação de SDT nos pontos de coleta de esgoto .......................................... 110
Tabela 6.13 - Variação de SSed nos pontos de coleta de esgoto .......................................... 112
Tabela 6.14 - Variação de PT nos pontos de coleta de esgoto ............................................. 114
Tabela 6.15 - Variação de NH4+ nos pontos de coleta de esgoto ......................................... 116
Tabela 6.16 - Variação de NO2- nos pontos de coleta de esgoto .......................................... 118
Tabela 6.17 - Variação de NO3- nos pontos de coleta de esgoto .......................................... 120
Tabela 6.18 - Variação de NKT nos pontos de coleta de esgoto .......................................... 122
Tabela 6.19 - Variação dos metais pesados nos pontos de coleta de esgoto ......................... 123
Tabela 6.20 - Concentração de óleos e graxas no esgoto bruto e tratado ............................. 124
Tabela 6.21 - ICT realizado na ETE 2 ................................................................................ 127
Tabela 6.22 - Custos operacionais da ETE 2 ....................................................................... 131
Tabela 6.23 - Caracterização do esgoto nos pontos de coleta na ETE 1 e ETE 3 ................. 137
Tabela 6.24 - Eficiência dos tratamentos na ETE 1 e ETE 3 ............................................... 138
Tabela 6.25 - Controle da qualidade na ETE 1 e ETE 3 ...................................................... 139
Tabela 6.26 - Quantificação dos impactos ambientais nas ETEs ......................................... 141
xv
xiv

LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1 - Substâncias presentes nos esgotos sanitários brutos ......................................... 21


Quadro 3.2 - Principais metais pesados observados em esgoto, principais fontes e
implicações .................................................................................................................. 30
Quadro 3.3 – Alguns dos tratamentos utilizados para remoção de poluentes em esgotos....... 32
Quadro 3.4 - Tipos de desarenadores e respectivas características ........................................ 36
Quadro 3.5 - Vantagens e desvantagens dos processos anaeróbios........................................ 40
Quadro 3.6 - Vantagens e desvantagens dos leitos de secagem ............................................. 47
Quadro 3.7 - Vantagens e desvantagens dos processos de centrifugação e caleação .............. 48
Quadro 3.8 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle em unidades diversas ...... 53
Quadro 3.9 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle no gradeamento............... 53
Quadro 3.10 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos desarenadores ......... 53
Quadro 3.11 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos RALFs .................... 54
Quadro 3.12 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos filtros biológicos ..... 55
Quadro 3.13 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos decantadores
secundários .................................................................................................................. 56
Quadro 3.14 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle na centrífuga ................. 57
Quadro 3.15 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos leitos de secagem .... 58
Quadro 4.1 - Dados gerais de projeto da ETE 1 .................................................................... 63
Quadro 4.2 - Dados de projeto dos RALFs da ETE 1 ........................................................... 63
Quadro 4.3 - Elementos componentes da ETE 1 ................................................................... 64
Quadro 4.4 - Dados gerais de projeto da ETE 2 .................................................................... 66
Quadro 4.5 - Dados gerais de projeto da ETE 2 .................................................................... 67
Quadro 4.6 - Elementos componentes da ETE 2 ................................................................... 68
Quadro 4.7 - Dados gerais de projeto da ETE 3 .................................................................... 71
Quadro 4.8 - Elementos componentes da ETE 3 ................................................................... 72
Quadro 6.1 - Aspectos encontrados em RALF com área de decantação aberta ou coberta ... 133
Quadro 6.2 - Atividades e riscos ambientais nas ETEs ....................................................... 140
Quadro 6.3 - Matriz de interação de atividades, aspectos e fatores ambientais nas ETEs .... 141
xvi
xv

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


APHA American Public Health Association
As Arsênio
AIA Avaliação de Impacto Ambiental
Ba Bário
CaO Óxido de Cálcio
Cd Cádmio
CH4 Metano
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CO2 Gás Carbônico
CV Coeficiente de Variação
COMCAP Complexo de Centrais de Apoio a Pesquisa
CONANA Conselho Nacional do Meio Ambiente
Cr Cromo
Cu Cobre
DBO5 Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
H2S Gás Sulfídrico
Hg Mercúrio
IAP Instituto Ambiental do Paraná
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICE Índice de Conformidade de Esgoto
ICT Índice de Confiabilidade de Tratamento
IQET Índice de Qualidade do Esgoto Tratado
N Nitrogênio
NH4+ Nitrogênio Amoniacal
Ni Níquel
NKT Nitrogênio Kjeldahl Total
NO2- Nitrito
xvii
xvi

NO3- Nitrato
OD Oxigênio Dissolvido
OG Óleos e Graxas
OGM Óleos e Graxas Minerais
OGV Óleos e Graxas Vegetais
Pb Chumbo
pH Potencial Hidrogênionico
PT Fósforo Total
RALF Reator Anaeróbio de Leito Fluidizado
SANEPAR Companhia de Saneamento do Estado do Paraná
SDT Sólidos Dissolvidos Totais
Se Selênio
SSed Sólidos Sedimentáveis
SSF Sólidos Suspensos Fixos
SST Sólidos Suspensos Totais
SSV Sólidos Suspensos Voláteis
ST Sólidos Totais
TRH Tempo de Retenção Hidráulica
UEM Universidade Estadual de Maringá
WEF Water Environmental Federation
Zn Zinco
Introdução 17

1 INTRODUÇÃO

O impacto do lançamento de efluentes de estações de tratamento de esgotos em corpos d’água


sempre foi um motivo de grande preocupação. Uma série de legislações ambientais procura
influir tanto nas condições de descarga quanto no nível de tratamento exigido para minimizar
os impactos ambientais negativos provocados pelo despejo.

No entanto, como comentam Johnstone e Norton (2000), definições adequadas dos padrões a
serem alcançados e vários esclarecimentos se tornam necessários, dentre os quais: (a) se o
desempenho deve ser baseado em valores absolutos ou em uma porcentagem de remoção, (b)
se os parâmetros usados como medidas de controle devem estar incluídos nas licenças para
lançamento, (c) se o regime de amostragem deve ser baseado em amostras simples ou
compostas, (d) se deve existir uma freqüência requerida de amostragens e análises, (e) qual
deve ser o período de julgamento do cumprimento (se deve ser considerada a amostra diária, a
média mensal, a média anual ou um valor percentual medido em um certo período de tempo).

As pesquisas realizadas com o intuito de avaliar o desempenho de estações de tratamento de


esgoto se mostram fundamentais no planejamento e projeto de sistemas de tratamento, uma
vez que o alcance dos padrões de lançamento esta associado com um bom desempenho na
tratabilidade do esgoto. Vários fatores podem levar a problemas e instabilidades nos processos
que ocasionará efeitos adversos no tratamento do esgoto, pois não existe apenas uma variável
responsável pela qualidade do mesmo.

Além do impacto do lançamento dos efluentes de ETEs nos corpos d’água, os impactos
ambientais provenientes das peculiaridades do sistema e das unidades operacionais também
devem ser estudados. O conhecimento prévio dos problemas associados à implantação e
operação de um empreendimento, por meio de instrumentos de avaliação de impacto e
planejamento ambientais, pode levar a adoção de medidas que evitem ou atenuem tais
impactos, reduzindo os danos ambientais e, conseqüentemente, os custos envolvidos na sua
remediação ou correção.

É importante que os processos de tratamento de esgotos sejam avaliados também em relação à


análise da qualidade que envolvem diferentes índices e indicadores, fornecendo informações
que podem subsidiar a seleção de um determinado sistema de tratamento e permitindo a
avaliação do desempenho real de uma ETE, no que se refere ao atendimento aos requisitos
legais estabelecidos ou às metas de eficiência definidas durante o projeto.
Introdução 18

Condições de funcionamento dos equipamentos, além de detalhes de projeto, construção,


operação e manutenção, devem ser analisadas de maneira conjunta, para se tentar estabelecer
e entender as relações existentes em uma ETE. Portanto, é de fundamental importância que o
funcionamento do tratamento seja acompanhado por um monitoramento que inclua aspectos
importantes à operação do sistema.

O estudo dos diversos fatores que envolvem os processos em ETEs, como problemas
mecânicos, operacionais e ambientais, bem como problemas de gestão do empreendimento é
uma ferramenta poderosa para a gestão ambiental sob vários aspectos: possibilita localizar
fontes poluidoras; possibilita identificar fatores de risco; possibilita a tomada de medidas
preventivas; e possibilita a tomada de medidas corretivas.

A análise dos processos fornece também subsídios para tomada de decisão com vistas à
melhoria na eficiência dos processos e da qualidade do esgoto final. Neste sentido, este
trabalho é de grande relevância para a área de tratamento de esgotos, uma vez que se propõe a
avaliar o comportamento de ETEs, sob diferentes interferências ambientais e operacionais,
fornecendo informações reais do desempenho dos processos unitários, em termos da
qualidade do efluente gerado e da eficiência de remoção alcançada.
Objetivos 19

2 O BJETIVOS

2.1.1 Objetivo geral

Avaliar a influência da manutenção e das condições operacionais no desempenho das três


ETEs de Maringá/PR.

2.1.2 Objetivos específicos

 Realizar um monitoramento das características físico-químicas do esgoto in natura e


tratado, bem como da eficiência dos tratamentos nas ETEs;

 Levantar os problemas operacionais e de manutenção das ETEs, avaliando a influência


dos mesmos no tratamento;

 Realizar uma análise da qualidade do tratamento das ETEs por meio de índices de
qualidade, conformidade e confiabilidade de esgoto e tratamento;

 Levantar os aspectos e impactos ambientais decorrentes dos processos de tratamento e


das condições operacionais das ETEs e propor medidas mitigatórias;

 Realizar um controle de manutenção e um estudo econômico das unidades


operacionais em uma das ETEs.
Revisão teórica 20

3 R EVISÃO TEÓRICA

3.1 ESGOTO SANITÁRIO

O termo esgoto é usado para caracterizar os efluentes gerados a partir dos diversos tipos de
uso das águas, tais como o uso doméstico, industrial, hospitalar, agrícola, entre outros
(JORDÃO; PESSÔA, 1995).

O esgoto sanitário, segundo definição da NBR 9648 (Associação Brasileira de Normas


Técnicas - ABNT, 1986) é o despejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial,
água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária. A especificidade de cada elemento
integrante dos esgotos é descrita da seguinte forma (SANEPAR, 2005a):

 O despejo doméstico provém de qualquer edificação que contenha algum dispositivo


de utilização da água para fins domésticos;

 O despejo industrial provém de qualquer utilização da água para fins industriais e,


dependendo do processo industrial, acabam adquirindo características próprias;

 A água de infiltração é aquela proveniente do subsolo, que penetra nos condutos de


esgotos através de juntas defeituosas dos tubos rompidos e das paredes dos poços de
visita;

 A contribuição pluvial parasitária é a parcela de drenagem superficial que é absorvida


pela rede coletora de esgoto sanitário (ligações clandestinas de águas pluviais através
dos orifícios dos tampões de visita).

O sistema separador absoluto, adotado pelo Brasil, faz com que as águas pluviais possuam
uma rede exclusiva para sua coleta. Com isso, os esgotos sanitários são constituídos apenas de
despejos domésticos, uma parcela de águas pluviais (ligações irregulares ou clandestinas) e
águas de infiltração (tubos, conexões, juntas e paredes de poços de visita defeituosos).

Pode existir uma parcela de despejos industriais diluídos nos esgotos sanitários desde que os
mesmos não interfiram no sistema de coleta e, principalmente, no tratamento dos mesmos.
Nesse trabalho, serão estudados somente esgotos sanitários, pois a política da Companhia de
Saneamento do Paraná (SANEPAR) é de não receber despejos industriais, em quantidade ou
qualidade, que afetem o tratamento biológico realizado em uma estação de tratamento de
esgoto (ETE).
Revisão teórica 21

As condições que indicam o estado do esgoto provêm da natureza e extensão das ações dos
microrganismos sobre os sólidos existentes no mesmo. O esgoto possui três estados
(SANEPAR, 2005a):

 Esgoto fresco: estado inicial, logo após sua geração, de cor cinza, turvo. Não tem odor
desagradável, possui pequenas quantidades de oxigênio dissolvido proveniente da
água de abastecimento;

 Esgoto séptico: já envelhecido, o esgoto não possui oxigênio dissolvido, com cor
negra e desprendendo gases fétidos de cheiro ofensivo;

 Esgoto estabilizado: possui sólidos inertes que já foram decompostos, agora com
pequenas quantidades de oxigênio, sem odor ofensivo e com pouca quantidade de
sólidos em suspensão.

A composição do esgoto sanitário é altamente variável, apresentando maior teor de impurezas


durante o dia, em horários mais utilizados para o banho e trabalhos domésticos. A matéria
orgânica, especialmente fezes humanas, confere, ao esgoto sanitário, suas principais
características, que se modificam com o tempo, sofrendo diversas alterações até completa
mineralização e estabilização (GASI et al., 1988). O Quadro 3.1 apresenta as origens de
algumas substâncias constantes nos esgotos.

Quadro 3.1 - Substâncias presentes nos esgotos sanitários brutos


Tipos de Substâncias Origem Observações
A maioria contém o nutriente
Detergentes Lavagem de louças e roupas
fósforo na forma de polifosfato.
Sabões Lavagem de louças e roupas -
Substâncias córneas, ligamentos
da carne e fibras vegetais não Fezes humanas
digeridas
Vão se constituir na porção de
Porção de amido e de protéicos Fezes humanas
matéria orgânica em
Urobilína, pigmentos hepáticos Urina humana
decomposição entrada nos
Mucos, células de descamação
Fezes humanas esgotos.
epitelial
Vermes, bactérias, vírus,
Fezes humanas
leveduras
Cloreto de sódio Cozinhas e urina humana Cada pessoa elimina 7 a 13 g/dia.
Fosfatos Detergentes e urina humana Cada pessoa elimina 1,5 g/dia.
Sulfatos Urina humana -
Carbonatos Urina humana -
Cada pessoa elimina de 4 a 14
Uréia, amoníaco e ácido úrico Urina humana
gramas de uréia por dia.
Gorduras Cozinhas e fezes humanas -
Areia: infiltrações nas redes de coleta,
Areia, plásticos, cabelos, parcela de águas pluviais, etc. Demais Areias: produções nas ETEs -
sementes, madeira, etc. substâncias são lançadas nos vasos média de 0,041 L/m3
sanitários.
Fonte: Adaptado de Nuvolari (2003).
Revisão teórica 22

Como carregam substâncias agressivas ao ambiente, os esgotos devem ser encaminhados a


um tratamento adequado. As razões que recomendam o tratamento dos esgotos podem ser
resumidas por meio dos seguintes pontos (AZEVEDO NETTO; HESPANHOL, 1977):

 Saúde pública: evitar a contaminação das águas receptoras e as conseqüências para os


abastecimentos de água situados a jusante;

 Ecológicas: manter as condições adequadas para o meio natural, evitando alterações


prejudiciais e a degradação do ambiente;

 Econômicas: relacionadas com o valor das propriedades situadas a jusante e com os


prejuízos para a pesca e para as indústrias em geral, que se abastecem com águas dos
rios receptores;

 Estéticas e de conforto: evitar o mau aspecto, desprendimento de gases, mau cheiro, a


presença de sujeira e materiais suspeitos etc. Os cursos de água muito poluídos causam
corrosão, descoloração de pinturas, alteração de metais etc;

 Razões legais: relacionadas às exigências legais, proteção ao homem, à propriedade e


aos bens materiais e aos direitos de comunidades, indústrias e proprietários marginais
prejudicados pelo lançamento de despejos.

3.2 CARACTERÍSTICAS DO ESGOTO SANITÁRIO

O esgoto varia qualitativamente em função da composição da água de abastecimento e dos


diversos usos que são dados a essas águas. Além disso, varia em função de diversas variáveis,
desde o clima, hábitos culturais e também se modifica ao longo do tempo, tornando sua
caracterização complexa.

Grady et al. (1999) citam que os poluentes encontrados nos esgotos podem apresentar em
diferentes aspectos:

 Aspectos físicos: solúvel e insolúvel;

 Aspectos químicos: orgânico e inorgânico;

 Suscetibilidade a alteração por microrganismos: biodegradáveis e não biodegradáveis;

 Origem: biogênico e antropogênico;

 Efeitos: tóxicos e não tóxicos.


Revisão teórica 23

Segundo Von Sperling (2005) o esgoto sanitário é constituído de, aproximadamente, 99,9%
de água e 0,1% de material sólido, caso não haja contribuição significativa de lançamentos
industriais. É por essa fração de 0,1% de sólidos que há necessidade de tratar os esgotos,
devido a presença de materiais orgânicos e inorgânicos, suspensos e dissolvidos, bem como
microrganismos.

Para caracterizar o esgoto sanitário são utilizadas determinações físicas, químicas e


biológicas, cujos valores permitem conhecer o grau de poluição, dimensionar e determinar a
eficiência das ETEs. De acordo com Metcalf e Eddy (2002) por meio das características
físicas e químicas, o esgoto pode ser classificado em forte, médio e fraco, conforme mostra a
Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Classificação do esgoto por meio das características físicas e químicas
Características (mg/L) Forte Médio Fraco
Sólidos Totais 1.200 720 350
Sólidos Dissolvidos 850 500 250
Sólidos Dissolvidos Fixos 850 500 250
Sólidos Dissolvidos Voláteis 525 300 145
Sólidos em Suspensão Totais 350 220 100
Sólidos Sedimentáveis 20 10 05
DBO5 400 220 110
DQO 1.000 500 250
Nitrogênio Total - NTK 85 40 20
Nitrogênio Orgânico 35 15 08
Nitrogênio Amoniacal 50 25 12
Fósforo Total 15 08 04
Cloreto 100 50 30
Sulfato 50 30 20
Óleos e Graxas 150 100 50
Fonte: Metcalf e Eddy (2002).

3.2.1 Características físicas

As características físicas dos esgotos sanitários a serem observadas são: temperatura, cor,
turbidez, matéria sólida e odor.

 Temperatura

A temperatura dos esgotos sanitários no Brasil em geral está numa faixa de 20 a 25ºC e pode
ter importância em certos casos. De acordo com Karl e Imhoff (2002) ela influencia
tratamentos de natureza biológica, nas operações que ocorre o fenômeno da sedimentação e
na transferência de oxigênio.
Revisão teórica 24

O aumento da temperatura faz com que a velocidade dos processos de decomposição acelere,
a viscosidade diminua melhorando as condições de sedimentação e diminuindo a solubilidade
do oxigênio.

 Cor e turbidez

A cor e a turbidez indicam de imediato o estado de decomposição do esgoto, ou seja, servem


como indicadores de seu estado de septicidade (JORDÃO; PESSÔA, 1995). Um esgoto com
tonalidade branca-acizentada, acompanhada de alguma turbidez, muito provavelmente, é
esgoto fresco. Já a cor cinza-escura é típica de esgoto séptico e de uma decomposição parcial.

Deve-se distinguir entre a cor aparente e a cor verdadeira. Na primeira pode estar incluída
uma parcela devida à presença de sólidos suspensos. Quando esta é removida, obtém-se a cor
verdadeira que é atribuída aos sólidos dissolvidos.

A turbidez representa o grau de interferência com a passagem da luz através da água,


conferindo uma aparência turva à mesma. Geralmente é causada por uma grande variedade de
sólidos em suspensão. Nos esgotos mais frescos ou mais concentrados geralmente a turbidez é
maior.

De acordo com Jordão e Pessôa (1995) nos esgotos sanitários, a turbidez não é usada como
forma de caracterização do esgoto bruto, mas pode ser medida para caracterizar a eficiência
do tratamento secundário, uma vez que pode ser relacionada à concentração dos sólidos em
suspensão.

 Matéria sólida

Segundo Dacach (1991) os sólidos de esgoto classificam-se de acordo com o tamanho de suas
partículas, que podem ser minerais ou orgânicas.

A presença de sólidos, mesmo em pequenas proporções, assume grande importância sanitária


em virtude de seus efeitos nocivos sobre o ambiente. Além disso, são eles que apresentam,
dentro das características físicas, a maior importância em termos de dimensionamento e
controle de operação das unidades componentes em uma ETE, pois sua remoção determina
uma serie de operações de tratamento.

Os sólidos totais (ST) do esgoto podem ser definidos como a matéria que permanece como
resíduo após a evaporação a 103ºC. Se este resíduo é calcinado a 600ºC, as substâncias
Revisão teórica 25

orgânicas se volatizam (sólidos voláteis) e as minerais permanecem sob forma de cinza


(sólidos fixos) (JORDÃO; PESSÔA, 1995).

Os sólidos totais classificam-se também em sólidos suspensos totais (SST) e dissolvidos totais
(SDT). Dacach (1991) denomina os SST como as partículas retidas em papel de filtro que só
permita a passagem daquelas com diâmetro inferior a um milésimo de milímetro, e SDT com
diâmetro inferior a esse último limite, passando através do filtro.

Existe a fração de sólidos sedimentáveis (SSed) constituída daquele material em suspensão de


maior tamanho e de densidade maior que a água, que se deposita quando o sistema está em
repouso. O SSed é um dado importante na verificação da necessidade e no dimensionamento
de unidades de sedimentação do tratamento de esgotos. O método usualmente empregado para
a medição do resíduo sedimentável é o volumétrico do Cone de Imhoff.

 Odor

Os odores característicos dos esgotos são causados pelos gases formados no processo de
decomposição.

Em esgoto fresco há predominância de odor de mofo, razoavelmente suportável, pois os


poluentes contidos ainda não entraram em franca decomposição. Já nos esgotos sépticos, o
odor tem característica de ovo podre, devido a formação de gás sulfídrico proveniente da
decomposição do lodo (JORDÃO; PESSÔA, 1995).

3.2.2 Características químicas

A composição química é extremamente variável dos esgotos sanitários e suas características


são classificadas em dois grupos: da matéria orgânica e da matéria inorgânica. Segundo Von
Sperling (2005) os principais constituintes orgânicos são proteínas, açúcares, óleos e
gorduras, microrganismos, sais orgânicos e componentes dos produtos saneantes. Já os
principais constituintes inorgânicos são sais formados de ânions (cloretos, sulfatos, nitratos,
fosfatos) e cátions (sódio, cálcio, potássio, ferro e magnésio).

A matéria inorgânica existente nos esgotos é proveniente de águas de lavagens e mesmo


sendo um material inerte, é necessário se ater às possibilidades de entupimento e saturação de
filtros e tanques, quando há grande quantidade deste material.

A composição química dos esgotos é determinada principalmente pelos parâmetros: potencial


hidrogênionico (pH), oxigênio dissolvido (OD), demanda química de oxigênio (DQO),
Revisão teórica 26

demanda bioquímica de oxigênio (DBO5), óleos e graxas (OG), fósforo total (PT) e nitrogênio
(N) em suas diversas formas - nitrogênio Kjeldahl total (NKT), nitrogênio amoniacal (NH4+),
nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-).

 Potencial hidrogênionico

Fator determinante na eficiência de alguns sistemas de tratamento de esgotos, o pH indica o


caráter ácido e básico dos esgotos. É o logaritmo inverso da concentração de íons hidrogênio
no esgoto e varia de 0 a 14, sendo 7 o valor neutro.

Segundo Metcalf e Eddy (2002) a faixa de concentração adequada para a existência de vida é
muito estreita e crítica, tipicamente 6 a 9. Despejos com concentração inadequada do íon H+
são difíceis de serem tratados por métodos biológicos.

Na presença de microrganismos da decomposição, um esgoto geralmente envelhece com a


redução do pH. A digestão anaeróbia do lodo, em digestores, tem início na fase ácida e
termina na fase alcalina. O retorno à fase ácida é indício de anormalidade no tratamento
(DACACH, 1991).

 Oxigênio dissolvido

O oxigênio dissolvido é necessário para respiração de microrganismos aeróbios bem como


outras formas aeróbias de vida.

De acordo com Metcalf e Eddy (2002) a quantidade de oxigênio que pode estar presente no
esgoto é regulada por vários fatores, tais como: a solubilidade do gás, a pressão parcial do gás
na atmosfera, a temperatura e a concentração de impurezas.

 Determinação de matéria orgânica

Uma forma de se determinar a matéria orgânica é através das análises de DQO e DBO5, sendo
importantes para se conhecer o grau de poluição do esgoto, para se dimensionar as ETEs e
medir sua eficiência A DQO corresponde à quantidade de oxigênio necessária para oxidar a
matéria orgânica de uma amostra que seja oxidável pelo permanganato ou dicromato de
potássio em solução ácida, ou seja, por meio de uma reação com oxidantes energéticos
(JORDÃO; PESSÔA, 1995).
Revisão teórica 27

Braile e Cavalcanti (1993) citam que a quantidade da matéria orgânica obtida por meio da
DQO é sobremaneira importante, pois verifica os despejos que contêm substâncias tóxicas à
vida.

A DQO leva em consideração qualquer fonte que necessite de oxigênio, seja esta mineral ou
orgânica. A rapidez das respostas de DQO (2 horas) também pode ser citada como uma
grande vantagem com relação à DBO5 (5 dias). Como desvantagem, pode apresentar a falta de
especificação da velocidade com que a bio-oxidação possa ocorrer.

De acordo com Dacach (1991) o valor da DQO supera o da DBO, por ser oxidada pelo
dicromato tanto a matéria orgânica putrescível como a não biodegradável. Pelo teste da DBO5
é determinada a quantidade de oxigênio dissolvido consumida por microrganismos durante a
degradação da matéria orgânica, que seria extraída de um manancial superficial de água
saturado do mesmo gás, se esse manancial viesse a ser poluído pelo esgoto testado.

A DBO5 se processa em dois estágios: um primeiro, em que a matéria carbonácea é oxidada, e


um estágio subseqüente, em que ocorre uma nitrificação. Para efeito de controle de operação,
ou como parâmetro de projeto, usa-se a DBO de 5 dias. Ainda segundo os autores, além da
DBO5 requerer maior tempo de resposta que a DQO, o teste dessa última engloba não
somente a demanda de oxigênio satisfeita biologicamente (como a DBO5), mas tudo o que é
susceptível de demandas de oxigênio, em particular sais minerais oxidáveis (JORDÃO;
PESSÔA, 2005).

 Óleos e graxas

A matéria graxa e os óleos se encontram presentes nos despejos domésticos e sua origem, em
geral, se dá pelo uso de manteiga, óleos vegetais, carnes etc. Além disso, podem estar
presentes nos despejos produtos não tão comuns, como querosene e óleo lubrificante.

De acordo com Giordano (1999) essas substâncias estão presentes tendo as mais diversas
origens. É muito comum a origem nos restaurantes industriais. As oficinas mecânicas, casa de
caldeiras, equipamentos que utilizem óleo hidráulico, além de matérias primas com
composição oleosa como gordura de origem vegetal, animal e óleos minerais.

São indesejáveis em um sistema de tratamento de esgotos, pois aderem às paredes, produzem


odores desagradáveis, além de formarem uma camada de escuma que pode vir a entupir os
filtros, prejudicar a vida biológica e trazer problemas de manutenção (JORDÃO; PESSÔA,
1995).
Revisão teórica 28

 Fósforo total

O fósforo é fundamental aos processos energéticos dos seres vivos, sendo prejudicial por
excesso ou escassez, uma vez que é indispensável aos microrganismos promotores da
oxidação bioquímica do esgoto e ao mesmo tempo favorece o desenvolvimento de algas nos
corpos d’água receptores (DACACH, 1991).

De acordo com Von Sperling (2005) e Metcalf e Eddy (2002) nos esgotos, o fósforo se
apresenta nas seguintes formas:

 Ortofosfatos: são diretamente disponíveis para o metabolismo biológico, sem


necessidade de conversões a formas mais simples. As principais fontes dessa forma
são: o solo, detergentes, fertilizantes, despejos industriais e esgotos sanitários. As
formas dos ortofosfatos se apresentarem nas águas variam de acordo com o pH;

 Polifosfatos: são moléculas mais complexas com dois átomos ou mais de fósforo. Os
polifosfatos se transformam em ortofosfatos por hidrólise em solução aquosa, esta
hidrólise é geralmente lenta.

 Fósforo orgânico: é normalmente de menor importância nos esgotos sanitários típicos.


Nos sistemas de tratamento e nos corpos receptores sofre conversão em ortofosfatos.

A remoção de fósforo nas estações de tratamento, segundo Chernicharo (2001), é muito difícil
na maioria dos casos em que não se tem elevada diluição dos esgotos da ETE, mesmo com o
uso de tratamento com processos aeróbios convencionais, a não ser que sejam projetadas
especificamente para a sua remoção. Lora (2000) complementa que nos sistemas de
tratamentos, os organismos responsáveis pela remoção do fósforo são as cianobactérias, o que
possibilita a associação de dois ou mais tipos de tratamentos biológicos.

Os órgãos de controle ambiental têm-se preocupado com o fósforo apenas nos casos em que
há problemas de eutrofização dos corpos d’água.

 Nitrogênio

A química do nitrogênio é complexa, devido aos diversos estados de oxidação que o


nitrogênio pode assumir na natureza.

Segundo Von Sperling (2005) nos esgotos domésticos, o nitrogênio, é proveniente dos
próprios excrementos humanos, mas atualmente têm fontes importantes nos produtos de
limpeza domésticos e/ou industriais tais como detergentes e amaciantes de roupas.
Revisão teórica 29

No esgoto o nitrogênio apresenta-se na forma de nitrogênio orgânico, nitrogênio amoniacal,


nitrito e nitrato. De acordo com Dacach (1991) o nitrogênio orgânico das proteínas e
aminoácidos, presente no esgoto recente, acaba por converter-se durante a oxidação
bioquímica, sucessivamente, em nitrogênio amoniacal, nitritos e nitratos.

Os nitritos são muito instáveis no esgoto e se oxidam facilmente para a forma de nitratos,
portanto sua presença indica uma poluição mais antiga. Já os nitratos são a forma final de uma
estabilização, e podem ser utilizados por algas e outras plantas para a formação de proteínas,
que por sua vez, podem ser utilizados por animais para formar proteína animal (JORDÃO;
PESSÔA, 1995).

O nitrogênio, assim como todo o nutriente, pode causar problemas de superprodução de algas
nos corpos receptores de ETEs. Esta superprodução é resultado de sistemas de tratamento de
esgotos mal projetados e executados que não são capazes de retirar a quantidade necessária de
nitrato. A remoção de nitrato em excesso, nos esgotos tratados por processos biológicos, pode
ser feita por meio de um tratamento terciário.

3.2.3 Características biológicas

Para indicar a poluição de origem humana e para medir a grandeza dessa contribuição,
utilizam-se como organismos indicadores de poluição do grupo dos coliformes. As bactérias
constituem o elemento mais importante do grupo de organismos presentes nos esgotos
sanitários, pois são responsáveis pela decomposição e estabilização da matéria orgânica nas
unidades de tratamento biológico e na natureza. As principais bactérias responsáveis na
remoção da DBO são as heterotróficas.

Segundo Jordão e Pessôa (1995) as bactérias coliformes são típicas do intestino do homem e
de outros animais de sangue quente e ela sozinha não é capaz de transmitir doença, porém se
excretada por um indivíduo doente, ela virá acompanha de um organismo patogênico capaz de
trazer doenças de veiculação hídrica.

3.2.4 Metais pesados

O esgoto exclusivamente residencial apresenta baixos teores de metais pesados, aumentando


progressivamente com a contribuição industrial nas redes de coleta.

O quadro 3.2 apresenta os principais metais pesados observados nos esgotos, sua origem e
porque são problemáticos do ponto de vista sanitário e ambiental.
Revisão teórica 30

Quadro 3.2 - Principais metais pesados observados em esgoto, principais fontes e implicações
Metal Origem Implicações
Ambiente: não essencial, altamente tóxico,
Combustíveis, agrotóxicos, metalurgia,
biocida.
Arsênio (As) componentes eletrônicos, indústrias
Saúde: problemas digestivos, neurológicos,
químicas, laboratórios.
carcinogênico.
Metalurgia, indústrias químicas,
Selênio (Se) pigmentos e corantes, tintas e vernizes, Saúde: não essencial, carcinogênico.
têxtil, material fotográfico.
Bário (Ba) Água, agrotóxicos, fertilizantes. Saúde: carcinogênico
Ambiente: não essencial, altamente tóxico,
Termômetro, agrotóxicos, amalgama biocida.
Mercúrio (Hg)
dentária, tintas, lâmpadas fluorescentes. Saúde: afeta sistema nervoso e sensorial,
pulmões, carcinogênico.
Materiais odontológicos, fertilizantes, Ambiente: não essencial, altamente tóxico a
Cádmio (Cd) agrotóxicos, galvanoplastia, baterias, microrganismos.
tintas, indústria de plásticos e vidros. Saúde: problemas respiratórios e vasculares.
Ambiente: não essencial, altamente tóxico.
Baterias, pilhas, soldas, agrotóxicos,
Níquel (Ni) Saúde: afeta o fígado, rim, baço, pulmão e
fertilizantes, cabelos.
cérebro.
Baterias, tintas, combustíveis,
Chumbo (Pb) Saúde: deficiências neurológicas.
pesticidas, papel impresso.
Ambiente: não essencial.
Galvanoplastia, curtumes, componentes
Cromo (Cr) Saúde: afeta fígado, rim, sistema digestivo,
elétricos e eletrônicos.
pulmonar e circulatório. Carcinogênico.
Metalurgia, galvanoplastia, tubulações, Ambiente: essencial em baixas concentrações.
Cobre (Cu) metais, beneficiamento da madeira, Saúde: difícil de ocorrer, afeta a absorção de
componentes elétricos e eletrônicos. outros elementos.
Metalurgia, recicladores, tubulações, Ambiente: essencial em baixas concentrações.
Zinco (Zn) galvanoplastia, têxtil, hospitais, Saúde: raros. Toxidez adufa: náuseas, vômito,
material fotográfico, lavanderia. diarréia, etc.
Fonte: Sanepar (2005e)

Geralmente esses metais são lançados na rede de esgotamento sanitário de forma clandestina
pelas indústrias e, uma vez no esgoto, esses elementos naturalmente acabam concentrando no
lodo e sua remoção é inviável sob o ponto de vista econômico.

3.3 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO

Para haver o lançamento do esgoto em melhores condições de assimilação pelos corpos


receptores e também devido a existência das legislações ambientais, foram construídas as
ETEs que são definidas por La Rovere (2002) como:

Unidades ou estruturas projetadas com o objetivo de tratar os esgotos, no qual o


homem, por meio de processos físicos, químicos e/ou biológicos, simula ou
intensifica as condições de autodepuração que ocorrem na natureza, dentro de uma
área delimitada, onde supervisiona e exerce algum controle sobre os processos de
autodepuração, antes de devolver o esgoto ao ambiente.
Os processos físicos, químicos e biológicos existentes nas ETEs são descritos por Jordão e
Pessôa (1995) da seguinte forma:
Revisão teórica 31

 Processos físicos: caracteriza-se principalmente pelos processos de remoção de


substâncias fisicamente separáveis dos líquidos ou que não se encontram dissolvidas.
Basicamente tem por finalidade separar as substâncias em suspensão no esgoto.

 Processos químicos: há a utilização de produtos químicos e são raramente usados em


esgotos sanitários. O uso de produtos químicos tem sido a principal causa do pouco
emprego do processo e sua utilização é realizada quando os empregos de processos
físicos e biológicos não atendem ou não atuam eficientemente nas características que
se deseja reduzir ou remover.

 Processos biológicos: dependem da ação de microrganismos presentes nos esgotos. Os


fenômenos de nutrição são predominantes na transformação de componentes
complexos em compostos mais simples, tais como: sais minerais, gás carbônico e
outros. Estes processos procuram reproduzir os fenômenos biológicos observados na
natureza, condicionando-os em área e tempo economicamente justificáveis.

Segundo Hammer (1979) no Brasil o projeto de estações de tratamento é normatizado pela


NB-570, e as ETEs são projetadas, convencionalmente, com base na vazão e conteúdo
orgânico do esgoto bruto. O grau de tratamento necessário é determinado a partir do padrão
do corpo receptor e da qualidade exigida para o efluente. Jordão e Pessôa (1995)
complementam que haverá sempre o interesse mínimo em termos de tratamento, por razões de
ordem financeira.

Alguns requisitos importantes da NB-570 (ABNT, 1990) englobam:

 Relatório do estudo do sistema de esgotamento sanitário;

 População atendida nas diversas etapas do plano;

 Características requeridas para o efluente tratado nas diversas etapas do plano;

 Definição do ponto onde será lançado o esgoto;

 Sondagens preliminares de reconhecimento do subsolo;

 Cota máxima de enchente na área selecionada.

A localização da ETE varia de acordo com vários fatores, porém deve propiciar simplicidade,
flexibilidade e economia para a estação, harmonizando-a com a vizinhança. Dacach (1991)
afirma que o local ideal seria aquele que dispensasse recalque, sifões e travessias onerosas,
Revisão teórica 32

facilitasse a disposição do efluente e do lodo, mesmo em circunstâncias anormais, e


redundasse em perfeita compatibilidade da ETE com a paisagem existente.

Nas ETEs os processos de tratamento são utilizados de maneira combinada e direcionada ao


tipo de poluente que se deseja remover e ao nível de eficiência que se deseja obter, de maneira
que se enquadre nos parâmetros de lançamento exigidos pela legislação ambiental. O Quadro
3.3 apresenta os principais poluentes removidos nas operações e processos de cada etapa de
tratamento.

Quadro 3.3 – Alguns dos tratamentos utilizados para remoção de poluentes em esgotos
Poluente Processo ou Sistema de Tratamento
- Gradeamento
- Remoção de areia
Sólidos em suspensão
- Sedimentação
- Disposição no solo
- Lagoas de estabilização e variações
- Lodos ativados e variações
Matéria orgânica biodegradável - Filtros biológicos e variações
- Tratamento anaeróbio
- Disposição no solo
- Lagoas de maturação
- Disposição no solo
Patogênicos
- Desinfecção com produtos químicos
- Desinfecção com radiação ultravioleta
- Nitrificação e desnitrificação biológica
Nitrogênio - Disposição no solo
- Processos físico-químicos
- Remoção biológica
Fósforo
- Processos físico-químicos
Fonte: Von Sperling (2005).

A classificação dos processos por tratamento físico, químico e biológico é realizada segundo
os fundamentos teóricos nos quais se baseia a obtenção de seus parâmetros de
dimensionamento e operação. Porém na literatura também é usual a subdivisão dos processos
de tratamento em fases ou estágios, baseados na eficiência de remoção dos poluentes, que
seriam: tratamento preliminar, tratamento primário, tratamento secundário e tratamento
terciário.

3.3.1 Tratamento preliminar

O tratamento preliminar destina-se a remover, por ação física, o material grosseiro e uma
parcela das partículas maiores em suspensão no esgoto, a fim de prepará-lo para tratamentos
subseqüentes, evitando danos e prejuízos a estes. De acordo com Water Environmental
Federation (WEF, 1994), se o tratamento preliminar é mal projetado, operado ou conservado,
o processo inteiro de tratamento é afetado.
Revisão teórica 33

Segundo Azevedo Netto e Hespanhol (1977) as unidades de tratamento podem ser: grades,
peneiras ou desintegradores; caixas de areia (desarenadores), e tanques de remoção de óleos e
graxas e outros sólidos flutuantes. Além dessas estruturas, o tratamento preliminar também é
composto por bombeamento, extravasor, by pass e medidor de vazão. Hammer (1979) afirma
também que a coagulação química é, às vezes, incorporada para aumentar a remoção na
decantação primária. Entretanto, este processo é aplicado somente em caso de sobrecarga na
estação.

As ETEs estudadas nesse trabalho não possuem os tratamentos preliminares que retiram óleos
e graxas, portanto os mesmos não serão abordados no trabalho.

3.3.1.1 Gradeamento
A operação de gradeamento é realizada por meio de cestos e grades de barras dispostas de
modo a permitir a retenção e a remoção do material contido no esgoto.

Os cestos são recipientes de chapas metálicas perfuradas ou grades espaçadas, localizadas no


interior do poço de sucção das bombas nas elevatórias, presas com correntes para facilitar a
sua retirada (SANEPAR, 2005b).

As grades são dispositivos constituídos por barras metálicas paralelas, perpendiculares ou


inclinadas e igualmente espaçadas, de modo a permitir o fluxo normal dos esgotos, evitando
grandes perdas de carga (JORDÃO; PESSÔA, 1995). Segundo Hammer (1979) e Azevedo
Netto e Hespanhol (1977) as grades protegem as bombas, tubulações, válvulas, registros,
equipamentos e evitam que os sólidos de grande diâmetro passem para as etapas seguintes,
assim, são sempre colocadas a montante de todas as outras unidades.

Segundo Jordão e Pessôa (1995) as principais características de uma unidade de remoção de


sólidos grosseiros constituída de grade são:

 Espaçamento das barras: as grades de barras são classificadas em grades grosseiras,


médias e finas em função do tipo de material que se deseja reter. As grades de 2,0 a
4,0 cm de abertura são as mais comumente empregadas nas ETEs;

 Dimensões das barras: as barras deverão ser suficientemente robustas para suportar os
impactos e esforços devidos a procedimentos operacionais. As barras de grandes
dimensões geram grandes e geralmente indesejáveis perdas de cargas no sistema;

 Inclinação das barras: podem ser instaladas na vertical ou inclinadas. Geralmente as de


limpeza manual são inclinadas para facilitar esta operação. Esta inclinação varia entre
Revisão teórica 34

30º a 45º com a horizontal para grades grosseiras e de 45º a 60º para grades médias e
finas. Inclinações menores que 30º geram grandes extensões do canal da grade e
inclinações maiores que 60º são utilizadas para grades de limpeza mecanizada
contínua, pois o material retido pode se desprender da grade e voltar ao canal afluente
nos intervalos de limpeza.

Em um sistema de grades, um elemento que deve ser levado em consideração é a perda de


carga, sendo admitida para efeito de manutenção da velocidade e perfil hidráulico a obstrução
de 50% da lâmina d’água no canal da grade. O material retido nas grades deverá ser removido
rapidamente para evitar que ocorra a perda de carga, pois pode causar o acúmulo de esgoto a
montante das grades e aumento da velocidade do esgoto entre as barras, deslocando alguns
resíduos que deveriam ser retidos. Segundo Azevedo Netto e Hespanhol (1977) diversas
fórmulas foram propostas para o cálculo da perda de carga, porém a precisão das mesmas tem
pouco significado prático, pois nas instalações de tratamento de esgotos a acumulação de
materiais altera rapidamente e significativamente a resistência oferecida pelas barras limpas.

Com relação à limpeza, os dispositivos de remoção dos sólidos podem ser manuais ou
mecanizados. De acordo com Jordão e Pessôa (1995) os sistemas manuais são usados para
estações de pequeno porte ou em estações de grande porte, com espaçamento grande entre
barras, para a proteção do sistema mecanizado de limpeza a jusante, e consistem na limpeza
das grades com a utilização de um ancinho. Já os dispositivos mecanizados são utilizados em
estações de médio a grande porte ou em sistemas com espaçamento pequeno entre as barras,
que exigem uma limpeza contínua. Destaca-se para este último, o tipo corrente transportadora,
adotado por uma das ETEs avaliadas no presente trabalho (Figura 3.1).

As grades de barras curvas, presentes em duas das três ETEs avaliadas no presente trabalho,
são recomendadas somente para canais rasos, no máximo 2,5 m de profundidade. Em função
do movimento do rastelo, podem ser de um braço (sistema de operação hidráulica) ou de dois
braços diametralmente opostos (sistema de acionamento mecânico de rotação contínua
(SANEPAR, 2005b).

A limpeza contínua de um sistema mecanizado é inviável economicamente devido a pequena


quantidade de material arrastado em cada passagem do ancinho. Segundo Sanepar (2005b) o
operador da ETE pode ajustar um intervalo de tempo para que o rastelo se movimente em
uma limpeza descontínua, fazendo com que a parada seja automática no final da limpeza.
Revisão teórica 35

A quantidade de material gradeado é influenciada pelas condições locais, hábitos da


população, época do ano etc. A educação sanitária da população exerce grande importância no
processo, pois como afirmam Azevedo Netto e Hespanhol (1977) o resíduo retido no
gradeamento constitui-se principalmente de papéis, trapos e detritos de cozinha, apresentam
70 a 90% da água e pesam mais de 1,00 kg/L.

Figura 3.1 - Gradeamento por meio de corrente transportadora


Fonte: Adaptado de Wef (1994).

Os resíduos removidos podem passar por alguns processos antes de serem encaminhados ao
destino final, tais como (JORDÃO; PESSÔA, 1995):

 Lavagem: poderá ser realizada manualmente por meio de jatos d’água ou


mecanicamente por meio de transportadores, com bocais de jatos d’água;

 Secagem: elimina parte da água contida no material, reduzindo o volume e


inconvenientes ao transportá-lo úmido;

 Adição de substâncias químicas: utilizadas em casos de emissão excessiva de odores


desagradáveis ou proliferação de insetos, inibindo tais efeitos. A prática mais utilizada
é o emprego de óxido de cálcio (CaO).
Revisão teórica 36

O material removido, seco ou úmido, poderá ser encaminhado para a incineração e aterros
industriais.

3.3.1.2 Desarenadores

Os desarenadores destinam-se a remover do esgoto partículas de areia com diâmetro, via de


regra, igual ou superior a 0,20 mm e peso específico de 2,65 g/cm3. Misturadas com essa
areia, outras partículas são também removidas, a exemplo de sementes, pó de café, cinza,
argila, pedrisco e partículas orgânicas leves (DACACH,1991). Hammer (1979) menciona que
caso esses materiais não sejam removidos ocorrerá abrasão excessiva no equipamento
mecânico dos decantadores primários e nas bombas de lodo, causar entupimento de
tubulações pela deposição e poderão acumular-se nos tanques de armazenamento de lodo e
nos digestores.

O mecanismo básico de retenção da areia é o da sedimentação. Os grãos de areia devido às


suas maiores dimensões e densidade vão para o fundo do tanque, enquanto que a matéria
orgânica sujeita à sedimentação mais lenta, permanece em suspensão, seguindo para as
unidades a jusante.

Os desarenadores podem ser classificados em função de algumas características, as quais


apresentadas no Quadro 3.4.

Quadro 3.4 - Tipos de desarenadores e respectivas características


Característica Tipologia
Prismática (seção retangular ou quadrada)
De acordo com a classificação
Cilíndrica (seção circular)
Por gravidade (natural ou aerada)
De acordo com a separação sólido-líquido
Por centrifugação (vortex ou centrífuga)
Manual
Ciclone separador
De acordo com a remoção
Mecanizada (raspador, bombas centrífugas, parafuso,
air lift, caçambas transportadoras)
Plano (prismática com poço)
De acordo com o fundo Inclinado (prismática aerada)
Cônico (vortex)
Fonte: Jordão e Pessôa (1995).

Os dois tipos de desarenadores que normalmente são empregados são por gravidade e aerada.
O princípio de funcionamento dos desarenadores por gravidade baseia-se na característica de
rápida decantação da areia, e o condicionamento da velocidade do fluxo do esgoto em seu
interior (SANEPAR, 2005b). Segundo Jordão e Pessôa (1995) o material retido é acumulado
em compartimentos especificamente construídos, os quais deverão ter capacidade de retenção
Revisão teórica 37

suficiente para armazenar a quantidade de areia conduzida pelos esgotos durante o intervalo
entre cada limpeza sucessiva desse material.

Os desarenadores por gravidade podem ser do tipo canais paralelos, caixa quadrada e
ciclônico (Air Lift). O desarenador adotado em uma das ETEs estudadas no presente trabalho
é do tipo prismático quadrado com remoção mecanizada de areia e com os vertedouros de
entrada e saída situados em lados opostos (Figura 3.2). Esse tipo de desarenador remove a
areia por ação da gravidade, é geralmente mecanizado, a remoção de areia é feita por meio de
raspagem de fundo com braços duplos de movimento circular até depósito lateral e a elevação
da areia é feita por meio de rosca transportadora ou rastelo excêntrico mecânico (HAMMER,
1979).

Figura 3.2 - Desarenador prismático quadrado com raspador mecânico


Fonte: Adaptado de Wef (1994).

Segundo Sanepar (2005b) os desarenadores ciclônicos tipo vortex, presentes em duas das três
ETEs estudadas no presente trabalho, são construídos com a forma cônica, com entrada
tangencial, de modo a estabelecer um movimento em espiral, sem necessidade de
equipamento para que ocorra isso. A areia é retirada pelo sistema de elevação por ejetor a ar
comprimido denominado Air Lift que significa suspensão pelo ar, ou seja, é um equipamento
usado para retirar a areia decantada de um desarenador, por meio de ar comprimido e levá-la a
uma caixa de onde depois de drenada seja colocada em caçambas (Figura 3.3).
Revisão teórica 38

Figura 3.3 - Desarenador ciclônico tipo vortex


Fonte: Adaptado de Qasim (2000).

Geralmente o que é removido pelo desarenador é predominantemente um material inerte e


relativamente seco. Entretanto, a composição do resíduo do desarenador pode ser altamente
variável, com a umidade variando de 13 a 65% e os sólidos voláteis de 1 a 56%. Resíduos do
desarenador não lavados podem conter até 50% ou mais de matéria orgânica, tendo assim um
odor desagradável e, se não forem prontamente dispostos, podem atrair insetos e roedores
(METCALF; EDDY, 2002).

Os resíduos do desarenador podem sofrer alguns tipos de tratamentos similares aos realizados
nos resíduos do gradeamento, com o objetivo de se reduzir o seu volume, controlar seus
aspectos negativos tais como exalação de odores e proliferação de moscas, facilitar seu
manuseio e destinação final. Geralmente, o destino desejável para esse tipo de resíduo é um
aterro industrial.

3.3.2 Tratamento primário

Predominam os mecanismos físicos e químicos nesta etapa (decantação, digestão, flotação,


digestão e secagem do lodo). De acordo com Ercole (2003) visa a remoção dos sólidos em
Revisão teórica 39

suspensão sedimentáveis (entre 60 a 70%) e de parte da matéria orgânica, relativa à DBO5 em


suspensão. Além disso, também remove entre 30 a 40% dos coliformes.

Nesta etapa procede-se a equalização e neutralização da carga do efluente a partir de um


tanque de equalização e adição de produtos químicos. Seguidamente, ocorre a separação de
partículas líquidas ou sólidas através de processos de floculação e sedimentação, utilizando
floculadores e decantador primário.

O processo de coagulação, ou floculação, consiste na adição de produtos químicos que


promovem a aglutinação e o agrupamento das partículas a serem removidas, tornando o peso
especifico das mesmas maior que o da água, facilitando a decantação (METCALF; EDDY,
2002).

A decantação primária consiste na separação sólido-líquido por meio da sedimentação das


partículas sólidas. Segundo Von Sperling (2005) o principal equipamento usado na
decantação primária é o tanque de decantação que pode ser circular ou retangular. O esgoto
flui vagarosamente dentro do decantador, permitindo que os sólidos em suspensão
sedimentem gradualmente no fundo, formando o lodo primário bruto, que é removido por
uma tubulação ou através de raspadores mecânicos e bombas. Materiais flutuantes, como
graxas e óleos, tendo uma menor densidade que o líquido circundante, flutuam no tanque
onde são coletados e removidos para posterior tratamento.

3.3.3 Tratamento secundário

O tratamento secundário é caracterizado por princípios da oxidação biológica que pode ser
subdividida e classificada de várias formas:

 Processos aeróbios e anaeróbios, em que essas duas modalidades associam-se, obtendo


com isso importantes vantagens técnicas e econômicas;

 Tipo de reator, que pode ser de crescimento em suspensão na massa líquida ou de


biomassa aderida;

 Retenção ou não de biomassa.

Com relação ao tratamento anaeróbio, as principais vantagens e desvantagens são mostradas


no Quadro 3.5.

Umas das vantagens da digestão anaeróbia sobre o tratamento aeróbio são relacionadas com a
produção de gás e de sólidos. Nos sistemas anaeróbios, verifica-se que a maior parte do
Revisão teórica 40

material orgânico biodegradável presente no despejo é convertida em biogás (cerca de 70 a


90%) e apenas uma pequena parcela do material orgânico é convertida em biomassa
microbiana (cerca de 5 a 15%), vindo a se constituir no lodo excedente, se apresentando mais
concentrado e com melhores características de desidratação. Já nos sistemas aeróbios ocorre
cerca de 40 a 50% de degradação biológica, com a consequente conversão em CO2. Cerca de
50 a 60% da biomassa microbiana vem a se constituir no lodo excedente do sistema
(CHERNICHARO, 2001).

Quadro 3.5 - Vantagens e desvantagens dos processos anaeróbios


Vantagens Desvantagens
Baixa produção de sólidos, cerca de 5 a 10 vezes As bactérias anaeróbias são susceptíveis à inibição por
inferior à que ocorre nos processos aeróbios; um grande número de compostos;
Baixo custo de energia, usualmente associado a uma
A partida do processo pode ser lenta, na ausência de
elevatória de chegada. Isso faz com que os sistemas
lodo de semeadura adaptado;
tenham custos operacionais muito baixos;
Alguma forma de pós-tratamento é usualmente
Baixa demanda de área;
necessária;
A bioquímica e a microbiologia da digestão anaeróbia
Baixos custos de implantação;
são complexas e ainda precisam ser mais estudadas;
Produção de metano, um gás combustível de elevador Possibilidade de geração de maus odores, porém
teor calorífico; controláveis;
Possibilidade de preservação da biomassa, sem Possibilidade de geração de efluente com aspecto
alimentação do reator, por vários meses; desagradável;
Tolerância a elevadas cargas orgânicas;
Remoção de nitrogênio, fósforo e patógenos
Aplicabilidade em pequena e grande escala;
insatisfatória.
Baixo consumo de nutrientes.
Fonte: Adaptado de Chernicharo (2001).

Porém, mesmo apresentando vantagens em relação ao tratamento aeróbio, a eficiência de


remoção da matéria orgânica da digestão anaeróbia costumam se situar na faixa de 70 a 80%,
o que, em alguns casos, pode inviabilizar o lançamento direto dos esgotos tratados no corpo
receptor, sendo necessário incluir uma etapa de pós-tratamento para este processo.

Chernicharo (2001) relata que o principal papel do pós-tratamento é o de completar a remoção


da matéria orgânica, bem como o de proporcionar a remoção de constituintes pouco afetados
no tratamento anaeróbio, como nitrogênio, fósforo e organismos patogênicos.

Em uma das ETEs estudadas, os sistemas anaeróbios e aeróbios se associam e as unidades que
compõem o tratamento secundário são: reator anaeróbio de leito fluidizado (RALF) e filtro
biológico percolador, seguido de decantador secundário e câmara de contato.

3.3.3.1 Reator anaeróbio de leito fluidizado

Os reatores anaeróbios, como os RALFs, são unidades destinadas ao tratamento anaeróbio de


esgotos sanitário, onde ocorre em seu interior a decomposição da matéria orgânica por meio
Revisão teórica 41

das reações bioquímicas, pela ação das bactérias anaeróbias do manto de lodo presente no
interior do reator. A Figura 3.4 ilustra o perfil esquemático de um RALF.

Figura 3.4 - Perfil esquemático de um RALF


Fonte: Sanepar (2005c).

De acordo com Sanepar (2005c), o RALF é um reator formado por um tronco de cone com
base menor, com pequena inclinação, e com paredes inclinadas a 45º com relação a
horizontal, encimadas por um canal periférico coletor dos esgotos tratados. Os reatores de
manta de lodo são delineados por três parâmetros básicos: taxa de aplicação volumétrica,
velocidade de líquido e altura do reator.

O esgoto sanitário é introduzido na câmara central divisora de vazão, distribuído pelos tubos
difusores sob um manto de lodo anaeróbio denso e de elevada atividade metabólica anaeróbia,
onde é filtrado biologicamente por este manto, pela ação de bactérias anaeróbias e ação de
retenção física das partículas do esgoto bruto (SECCO, 2000).

A distribuição adequada do esgoto no interior no reator é importante, pois uma boa condição
de mistura proporciona o contato ótimo, evitando caminhos preferenciais. A mistura ocorre
devido ao fluxo ascensional de líquido e às bolhas de gás.

O manto de lodo presente no reator é constituído por bactérias anaeróbias que hidrolisam e
digerem os sólidos orgânicos biodegradáveis do esgoto, convertendo-os em bolhas de biogás.

O biogás é um dos principais produtos gerados no RALF, sendo formado pela mistura de gás
metano (CH4), gás sulfídrico (H2S), gás carbônico (CO2), nitrogênio (N2) e outros gases. O
gás mais prejudicial é o sulfídrico, que além de sua toxicidade, é o grande responsável pelo
mau cheiro gerado nas ETEs.
Revisão teórica 42

Um lodo anaeróbio de boa qualidade pode ser conseguido durante o processo cuidadoso de
partida do sistema, em que haverá uma seleção prévia da biomassa. O lodo mais leve, de má
qualidade, será arrastado para fora do sistema, enquanto o lodo de boa qualidade é retido. O
lodo mais pesado normalmente se desenvolve no junto ao fundo do reator e apresenta uma
concentração de sólidos totais na ordem de 40 a 100 g ST/L (CHERNICHARO, 2001).

O lodo excedente, produzido pelas novas bactérias que se reproduziram, necessita ser
removido periodicamente. Caso isto não ocorra, os mesmos são liberados com o esgoto e a
eficiência do reator se torna menor. O lodo retirado deve ter um destino adequado, sem
prejuízo ao ambiente e/ou à saúde pública. Uma das soluções é dispor o lodo em leitos de
secagem ou centrifugá-lo e dispor em pátios de cura.

Um RALF costuma obter uma eficiência média de 65% de remoção de DQO e 70% de
remoção de DBO5. Normalmente, tratando esgotos sanitários, o efluente apresenta uma
máxima concentração de DBO inferior a 120 mg/L e de SST inferior a 80 mg/L, valores esses
influenciados pelo tempo de detenção hidráulica.

Os elementos que compõem um RALF são (SANEPAR, 2005c):

 Divisor central de vazão: divide a vazão uniformemente para alimentar os tubos


difusores;

 Tubos difusores: conduz o esgoto sanitário do topo a base do reator, distribuindo de


forma uniforme e homogênea no fundo, onde se encontra o manto de lodo;

 Manto de lodo: a espessura da camada de lodo varia de acordo com a vazão, com a
produção de bolhas de biogás, reprodução bacteriana e retenção de material sólido no
manto de lodo;

 Vertedor periférico: coleta o esgoto;

 Retentor de escuma: reter e armazenar escuma no reator (na zona de


digestão/decantação), evitando o seu arraste com o esgoto;

 Canaleta de coleta de esgoto: coleta e transporta o esgoto;

 Gasômetro: armazena o biogás no espaço livre superior interno do RALF;

 Sistema de coleta e descarte de gases: descarta os gases para a atmosfera, queima ou


reaproveita para fins energéticos.
Revisão teórica 43

Embora o RALF seja um reator que inclua amplas vantagens, principalmente no que diz
respeito a requisitos de área, simplicidade de operação, projeto e manutenção e redução média
de matéria orgânica, é importante que seja incluída uma etapa de pós-tratamento para este
processo. Em uma das ETEs estudadas, o pós-tratamento adotado é constituído de filtro
biológico percolador seguido de decantador secundário.

3.3.3.2 Filtro biológico percolador e decantadors secundário


De acordo com Jordão e Pessôa (1995) os filtros biológicos são unidades aeróbias de
tratamento constituídas de dispositivos que aplicam uniformemente os esgotos previamente
decantados em meios de cultura biológica imobilizados em sólidos inertes.

Os filtros biológicos são constituídos de três partes principais: meio filtrante, dispositivos de
distribuição de esgotos, sistema de drenagem.

Geralmente são usados como meio filtrante pedregulhos, cascalhos, pedras britadas, entre
outros. O ar circula pelos espaços vazios do enchimento, fornecendo oxigênio para respiração
dos microrganismos. O esgoto sanitário é aplicado em fluxo descendente sobre o enchimento
através de um distribuidor rotativo, que funciona por ação de deslocamento do líquido.

Segundo Da-Hin et al. (2008) os distribuidores rotativos consistem de uma tubulação


horizontal que gira em torno de um eixo vertical situado no centro do filtro biológico. O
esgoto, introduzido por esse eixo, escoa através dos dois braços perfurados, formados pela
tubulação horizontal. As perfurações são dispostas horizontalmente ao longo de cada braço,
em lados opostos. Ao escoar por esses orifícios o líquido forma um sistema de forças tipo
binário que faz a tubulação horizontal se movimentar, girando em torno do eixo central, em
um efeito idêntico ao do molinete hidráulico, dessa forma distribuindo homogeneamente o
líquido por toda a superfície da unidade.

Na Figura 3.5 pode-se observar o esquema de um filtro biológico dotado de distribuidores


rotativos, constituídos de tanques circulares cujo enchimento consiste de um meio através do
qual o líquido percola e na superfície do qual se fixam as colônias de organismos que
efetuarão o tratamento de esgotos.

O fluxo de líquido sobre o enchimento deve ser contínuo e a matéria orgânica fica retida no
biofilme para sua estabilização enquanto o líquido é drenado na parte inferior do tanque e
encaminhado para o decantador secundário.
Revisão teórica 44

Figura 3.5 - Esquematização de um filtro biológico


Fonte: Da-Hin et al. (2008).

No filtro biológico existe um sistema de drenos no fundo, após atravessar o meio percolante, o
esgoto é removido através de um sistema de drenos formado por canais cobertos com grelhas
ou por telas drenantes, assentadas no fundo da unidade. Os drenos convergem para um canal
central que escoa o líquido para fora do filtro, cujo fundo é ligeiramente inclinado no sentido
do canal central. Além disso, o sistema de drenos também é responsável pela circulação do ar
no interior do meio percolante (DA-HIN et al., 2008).

Tendo em vista que existe arraste de sólidos no filtro biológico, principalmente no de alta
taxa, é necessária a utilização de um decantador secundário para remover os sólidos
sedimentáveis.

Os decantadores secundários ocupam um papel de relevância no conjunto, uma vez que neles
se processa a decantação e retirada do lodo. Há interesse em que o lodo retorne de forma
rápida e imediata ter sedimentado para o inicio do sistema, evitando condições de septicidade.
Em decorrência disto, os decantadores de forma circular têm sido utilizados, sendo os mais
eficazes aqueles que dispõem dispositivos de aspiração do lodo sedimentado (JORDÃO;
PESSÔA, 1995).

O decantador secundário utilizado em uma das ETEs abordadas no presente trabalho é do tipo
convencional, executado em estrutura circular de concreto armado com sistema mecanizado
de raspagem de lodo do fundo e remoção superficial da escuma. Segundo Dacach (1991) caso
Revisão teórica 45

não exista decantadores primários na ETE, como é o caso das ETEs de Maringá/PR, os
decantadores secundários deverão ter cortinas de retenção de escuma e meios de removê-la,
de forma a impedir que esta saia junto com o esgoto.

De acordo com Sanepar (2005c), para a remoção do lodo e escuma, o decantador é equipado
com uma ponte rotativa e a ela são fixos: na parte inferior um sistema de lâminas para
raspagem e concentração do lodo e na parte superior lâminas para remoção de escuma e
concentração na caixa coletora de escuma.

As partes que compõem o decantador secundário podem ser visualizadas na Figura 3.6.

Figura 3.6 - Componentes de um decantador secundário


Fonte: Sanepar (2005c).

O lodo gerado pelo filtro percolador e separado por sedimentação é removido do fundo do
decantador secundário e enviado por recalque para digestão no reator. A estação elevatória de
lodo excedente possui as seguintes funções (SANEPAR, 2005c):

 Recalcar o lodo do decantador para digestão no RALF;

 Retirar o lodo continuamente. O lodo no decantador pode se tornar anaeróbio e flotar,


prejudicando a sedimentação;

 Recircular o lodo no RALF, misturado com o esgoto bruto evitando impacto na


digestão e arraste de lodo.

O lodo do decantador secundário, quando descartado diretamente nos leitos de secagem, exige
um tempo maior para secar, por isso deve-se enviá-lo ao reator continuamente.
Revisão teórica 46

3.3.4 Tratamento terciário

Segundo Ercole (2003) este nível de tratamento tem como finalidade a remoção de poluentes
específicos (usualmente tóxicos, compostos não biodegradáveis e alguns compostos
biodegradáveis) ou, ainda, a remoção complementar de poluentes não suficientemente
removidos no tratamento secundário. Os poluentes removidos são os nutrientes (nitrogênio e
fósforo), microrganismos patogênicos, compostos não biodegradados, metais pesados, sólidos
inorgânicos dissolvidos e sólidos em suspensão remanescentes.

Os processos mais utilizados são: cloração para desinfecção; ozonização para desinfecção
e/ou remoção de substâncias orgânicas complexas; filtração rápida para remoção de matéria
em suspensão; adsorção para remoção de substâncias orgânicas complexas; eletrodiálise;
osmose inversa ou troca iônica para remoção dos sólidos inorgânicos dissolvidos.

3.3.5 Tratamento do lodo

Os lodos provenientes do processo de duas das três ETEs estudadas no presente trabalho são
desaguados em leitos de secagem, enquanto que na outra ETE o lodo é adensado,
centrifugado e armazenado em um pátio de cura.

3.3.5.1 Adensador de lodo

O adensador de lodo é um equipamento destinado ao espessamento do lodo proveniente do


decantador/removedor de lodo, aumentando sua concentração através das barras espessadoras
verticais, acionamento central, passarela fixa em concreto ou aço carbono e alimentação do
efluente pela lateral, com a finalidade de melhorar o desempenho dos sistemas de
desidratação (JORDÃO; PESSÔA, 1995).

O adensamento de lodo é feito por duas formas principais: gravidade e flotação. Segundo
Chernicharo (2001) os adensadores por gravidade são semelhantes aos decantadores de seção
circular em planta, sendo alimentados com o lodo pelo centro e na parte superior, no interior
de um anteparo que o direciona para o fundo, de onde é removido após sofrer adensamento.
Enquanto isso, o líquido sobrenadante escoa pelos vertedores perimetrais posicionados à
superfície do adensador, podendo ser recirculados à entrada da ETE.

O adensamento por flotação com ar dissolvido resultam em teores de sólidos superiores aos
dos lodos adensados por gravidade e podem ser aplicadas maiores cargas de lodo por área
superficial de adensadores, resultando na necessidade de menores áreas. (METCALF; EDDY,
2002).
Revisão teórica 47

3.3.5.2 Leitos de secagem

Os leitos de secagem são a forma mais tradicional de remoção da umidade do lodo. Segundo
Sanepar (2005e) são unidades de tratamento, geralmente retangulares, projetadas e
construídas de modo a receber o lodo dos digestores, ou de unidades de oxidação total, onde
se processa a redução de umidade com a drenagem e evaporação da água liberada durante o
período de secagem.

O leito de secagem é composto de três partes: o tanque de armazenamento, camada drenante e


camada suporte (LA ROVERE, 2002):

 O tanque de armazenamento pode ser de alvenaria, concreto ou de terra (diques)

 A camada drenante é constituída de uma camada-suporte, do meio filtrante e de um


sistema de drenagem.

 A camada suporte tem como finalidade manter a espessura do lodo uniforme, evitar
que o lodo digerido se misture com a areia do meio filtrante e facilitar a remoção
manual do lodo seco.

O lodo deságua nos leitos de secagem através de dois processos: drenagem e evaporação. A
maior parte da água é removida do lodo por drenagem e infiltração através da soleira drenante
dos leitos, esta água é coletada e direcionada para o início do processo de tratamento de lodo.
Após este período a remoção de umidade é realizada através da evaporação, sofrendo
influência das condições climáticas (temperatura, precipitação e ventos) (SANEPAR, 2005e).

O lodo seco pode ser removido manual e mecanicamente e em condições normais de secagem
o lodo seco poderá ser removido do leito em um período que varia de 12 a 20 dias. As
vantagens e desvantagens dos leitos de secagem podem ser visualizadas no Quadro 3.6.

Quadro 3.6 - Vantagens e desvantagens dos leitos de secagem


Vantagens Desvantagens
Baixo valor de investimento Requer extensas áreas de implantação
Simplicidade operacional Necessidade de estabilização prévia do lodo
Influência significativa do clima no desempenho
Baixo nível de atenção exigido do operador
operacional do processo
Requer pouca qualificação da mão de obra Retirada lenta do lodo seco
Baixo ou inexistente consumo de energia elétrica Operação manual
Necessidade elevada de mão de obra para retirada do
Baixo ou inexistente consumo de produtos químicos
lodo
Baixa sensibilidade a variações nas características do Risco de liberação de odores desagradáveis e de
lodo proliferação de moscas durante o desaguamento
Torta com alto teor de sólidos (>40%) --
Fonte: Adaptado de Metcalf e Eddy (2002).
Revisão teórica 48

3.3.5.3 Centrifugação e caleação

De acordo com Da-Hin (2008) a principal característica de uma centrífuga é possuir um


elemento rotatório dotado de pás, denominado rotor, responsável pelo fornecimento da
energia cinética ao líquido. Na voluta, a energia cinética é convertida em energia de pressão.

A centrifugação é um processo de separação sólido/líquido por meio do uso da força


centrífuga, muito utilizada para separação de fases de densidades distintas, adensar e desaguar
lodos provenientes de reatores anaeróbios. Segundo a Sanepar (2005e), têm sido uma das
alternativas mais adequadas para o desaguamento de lodos, principalmente devido à
concentração de sólidos obtida no lodo desaguado (17 a 24% ST).

O lodo centrifugado necessita passar por um processo de higienização, devido o mesmo ser o
ponto de concentração de maior parte dos agentes patogênicos dispersos no esgoto sanitário.
Dentre os processos mais usuais, destaca-se a caleação que corresponde a um método de
higienização química através da adição de cal virgem ou hidratada ao lodo, em dosagens de
20 a 50% em peso da concentração de ST. A mistura de cal ao lodo provoca uma
alcalinização brusca ao meio, elevando o pH a níveis acima de 12 e liberando grande
quantidade de amônia, fatores que resultam na destruição ou inativação de maior parte dos
patógenos no lodo (SANEPAR, 2005e).

As vantagens e desvantagens dos processos de centrifugação e caleação podem ser


visualizadas no Quadro 3.7.

Quadro 3.7 - Vantagens e desvantagens dos processos de centrifugação e caleação


Centrífuga Caleação
Simplicidade operacional, comparado a processos
Processo compacto: ocupa áreas reduzidas
mais sofisticados de higienização
Vantagens

Operam sobre alta taxa de carregamento Dispensa mão de obra qualificada


A torta apresenta %ST superior a prensa (cerca
de 5%) Bons níveis de higienização
Sistema fechado (reduz problema de odor)
Acréscimo de sólidos para disposição final,
Ruído e vibrações
aumentando os custos de transporte
Odor associado principalmente a liberação de
Desgaste da rosca e componentes internos por amônia, demandando cobertura do pátio de
abrasão estocagem, e inviabilizando o processo em ETEs
Desvantagens

muito próximas a área urbana


Alto consumo de energia na partida

Exige mão de obra qualificada para operação e Necessidade de estocagem por no mínimo 30 dias,
manutenção demandando pátio impermeabilizado e coberto

Ajustes complexos e demorados de partida

Fonte: Adaptado de Sanepar (2005e).


Revisão teórica 49

3.4 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELAS ETES

De acordo com a Resolução CONAMA 01/1986 (BRASIL, 1986) impacto ambiental pode ser
definido como:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio


ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o
bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota e a qualidade
dos recursos ambientais.
Em geral, atribuem-se conotações negativas aos impactos ambientais, porém, seu verdadeiro
significado se refere às mudanças no ambiente, sejam benéficas ou prejudiciais, que se
observam ao comparar os efeitos das ações de um projeto (OKMAZABAL, 1988).

Dos instrumentos de política e gestão ambiental que tratam da questão de impacto ambiental,
a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um dos mais discutidos e adotados. No processo
de AIA, são caracterizadas todas as atividades impactantes e os fatores ambientais que podem
sofrer impactos dessas atividades, os quais podem ser agrupados nos meios físico, biótico e
antrópico, variando com as características e a fase do projeto (SILVA, 1994).

Dentre os principais métodos de AIA empregados estão listas de controle (checklists) e


matrizes de interação.

As listas de controle são listas de atributos ambientais que podem ser afetadas pelo projeto em
análise. Variam de simples listas de impactos ambientais causados pelo projeto até complexos
inventários que podem incluir escala e significância de cada impacto sobre o meio ambiente
(UNEP, 2002).

As Matrizes são como tabelas que podem ser usadas para identificar a interação entre
atividades de projeto e características ambientais. Usando a tabela, uma interação entre uma
atividade (ação-proposta) e uma dada característica ambiental (fator ambiental), pode ser
notada na célula que é comum a ambas na “rede” (MORRIS; THERIVEL, 1995; UNEP,
2002). Segundo Pastakia e Jensen (1998) os comentários nas matrizes poderão ser feitos nas
células para realçar severidade do impacto ou outras características relacionadas à natureza do
impacto, por exemplo, símbolos podem identificar o tipo de impacto (como direto ou
indireto).

Apesar do tratamento de esgotos sanitários ser de fundamental importância para a preservação


da qualidade da água no ambiente, esses tipos de unidades provocam impactos ambientais
Revisão teórica 50

consideráveis, devido à natureza dos processos de tratamento envolvidos e a elevada carga


orgânica dos esgotos e subprodutos gerados.

De modo geral, os impactos ambientais gerados em ETEs podem ser classificados em


positivos e negativos. Os positivos são resultantes do próprio objetivo das ETEs, qual seja de
proteger o ambiente ao remover ou reduzir substâncias nocivas presentes nos esgotos, como a
matéria sólida que assoreia rios e cursos d’ água; aspectos sanitários prejudiciais à saúde
humana e os de depleção da flora e da fauna aquáticas. Por outro lado toda ETE apresenta
impactos negativos, muitas vezes oriundos de falhas no processo de tratamento oi mesmo
interrupções ocasionais (LA ROVERE, 2002).

Além dos aspectos relacionados com a tratabilidade do esgoto e seu lançamento no corpo
receptor, é importante destacar os aspectos de contaminação do solo e corpos d’água por
subprodutos do tratamento de esgoto, geração de gases combustíveis explosivos, atração de
vetores, saúde ocupacional dos operadores de ETE e geração de maus odores.

Segundo Silva (2007) um dos aspectos relevante da poluição ambiental provenientes das
emanações de odores das estações de tratamento de esgotos urbanos é o incômodo olfativo, tal
incômodo é causado pelos odores liberados continuamente ou em ocasiões esporádicas. Esses
gases odorantes são a maior causa para a insatisfação do público em relação às ETEs. Por isso
o seu controle e monitoramento são de alta prioridade.

Outro grande problema em relação à emissão de gases odorantes é a falta de padrões


adequados que possam orientar as autoridades e os gestores ambientais das empresas
responsáveis pela emanação desses poluentes, quanto à caracterização do problema e ao nível
de controle necessário para a solução do incômodo.

O tratamento do esgoto resulta também uma geração de lodo, que é um resíduo que necessita
de uma adequada disposição final para não causar problemas ambientais. Entre as diversas
alternativas existentes para a disposição sob o ponto de vista ambiental, a reciclagem agrícola
do lodo de esgoto é uma das mais convenientes, propiciando também economia de energia e
reservas naturais, na medida em que diminui as necessidades de fertilização mineral.

De acordo com Bettiol e Camargo (2000) vários estudos são realizados com a finalidade de
avaliar o impacto ambiental do uso agrícola de lodo de esgoto. Estão sendo estudados os
efeitos nas comunidades de organismos, nos teores de metais pesados, na mineralização do
nitrogênio e nas propriedades físicas e químicas dos solos, entre outros. Dentre os impactos
estudados na comunidade de organismos, a ocorrência de doenças de plantas, causadas por
Revisão teórica 51

microrganismos patogênicos que habitam o solo, constitui um dos mais importantes devido
aos prejuízos que podem ocasionar aos agricultores. Por ser rico em matéria orgânica, o lodo
de esgoto pode colaborar no controle de doenças de plantas, principalmente pela capacidade
de estimular os microrganismos benéficos que também habitam o solo. Entretanto, a aplicação
do lodo tem efeitos diferentes para cada doença, podendo estimular alguns fitopatógenos.

Em geral, nas obras de saneamento básico, pela própria natureza da intervenção prevista, os
impactos ambientais esperados sobre a população são predominantemente positivos. Trazem
melhoria nas condições de saúde pública a diversas parcelas da população, principalmente na
parcela de menor poder aquisitivo, muitas vezes afastadas dos benefícios do saneamento
básico, sem condições de recorrer a meios próprios para o afastamento de esgoto (DAMATO;
MACUCO, 2002).

3.5 CONTROLE OPERACIONAL E DE MANUTENÇÃO DE UMA ETE

A qualidade e variabilidade do efluente de uma ETE dependem de variações na carga


afluente; condições ambientais; natureza do esgoto a ser tratado; presença de substâncias
tóxicas; variabilidade inerente aos processos de tratamento biológicos; falhas mecânicas e
humanas no sistema. Todos estes fatores podem levar a problemas e instabilidade nos
processos, o que ocasionará efeitos adversos na tratabilidade do esgoto (OLIVEIRA; VON
SPERLING, 2005a).

A literatura nacional é bastante precária no que se refere ao estudo dos problemas


operacionais e de manutenção de ETEs. Poucos são os artigos que tratam sobre esta questão e
a maioria trata de estudos relativos ao desempenho dos diversos processos/operações
componentes do tratamento.

Segundo Sampaio e Gonçalves (1999) as poucas informações existentes fazem com que os
profissionais que atuam nesse setor, tenham constantemente que recorrer às informações
obtidas na experiência internacional, que, muitas vezes, guardam pouca similaridade com a da
realidade local.

Um fator importante a ser considerado é que o bom desempenho operacional de qualquer


sistema de tratamento, seja ele isolado ou combinado com outros sistemas, só poderá ser
alcançado se o projeto da estação de tratamento for bem concebido, bem implantado e,
também, que a referida estação seja corretamente operada (CRUZ; LIMA, 2007).
Revisão teórica 52

De acordo com Metcalf e Eddy (2002), novas considerações devem estar presentes ao se
operar e projetar estações de tratamento de esgotos: (a) necessidade de otimização de
desempenho das estações; (b) programas que visem manutenção e controle operacional; (c)
confiabilidade de processos de tratamento e seleção de parâmetros adequados de projeto; (d)
controle de odor; (e) estratégias de controle de processo; (f) expansão da capacidade de
tratamento e (g) eficiência energética nos processos de tratamentos de esgotos.

A implantação de um serviço de manutenção requer o estabelecimento de uma estrutura


organizacional treinada e equipada para minimizar as causas das indisponibilidades de
operação no âmbito do processo produtivo, garantindo o pleno funcionamento da ETE. Além
disso, garante as condições necessárias para a segurança e o bem-estar dos operadores.

O operador de uma ETE auxilia na conservação dos equipamentos, operando-os de acordo


com os procedimentos determinados pelos fabricantes, e também identifica anormalidades em
seu funcionamento, comunicando-as aos responsáveis pelo setor de manutenção. Portanto,
para desempenhar essa função, é preciso ter conhecimentos básicos acerca do manuseio
correto e do funcionamento dos equipamentos, bem como do sistema de tratamento de esgoto
como um todo.

Segundo Da-Hin et al. (2008) do ponto de vista dos equipamentos, pode-se caracterizar
resumidamente o funcionamento de uma ETE como um conjunto de instalações elétricas,
hidráulicas e mecânicas, que proporciona os meios necessários para a operação de tratamento
de esgotos. As falhas verificadas nos equipamentos costumam ser variadas, mas de forma
genérica, pode-se identificá-las como vibração excessiva, elevação da temperatura, ruídos
anormais, corrosão e sujeira.

3.6 PRINCIPAIS CAUSAS DE PROBLEMAS OPERACIONAIS NAS ETES

O levantamento das principais causas prováveis que levam a ocorrência de problemas


operacionais nas ETEs, bem como as medidas de prevenção e controle realizadas através de
entrevistas abertas com os operadores das ETEs e também levantadas em pesquisas na
literatura (SANEPAR, 2005; JORDÃO; PESSÔA, 1995; VON SPERLING, 2005; LA
ROVERE, 2002; KARL; IMHOFF; 2002) pode ser visualizado no Quadro 3.8 ao Quadro
3.15.
Revisão teórica 53

Quadro 3.8 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle em unidades diversas

Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle


Formação  Presença de detergentes,
de sabões, etc. nos esgotos  Utilização de antiespumantes que devem ser
espumas sanitários; dosados nos pontos de sua formação na ETE.
excessivas  Relação F/M muito alta.
 Inspecionar periodicamente, as condições
operacionais dos conjuntos moto-bombas,
principalmente quando a vazamentos, ruídos e
vibrações;
 Manter o sistema dos conjuntos moto-bombas com
operação automática e contínua;
Problema  Acionar manualmente os conjuntos moto-bombas,
 Erros operacionais e falha
nas caso a operação não seja automática;
no inspecionamento;
elevatórias  Executar periodicamente a leitura no horímetro,
tensão e corrente dos conjuntos moto-bombas;
 Inspecionar periodicamente o estado de
conservação da estrutura e seus componentes,
como: corrosão da parte civil, fios elétricos,
tubulações, registros, válvulas e quadro de
comando.

Quadro 3.9 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle no gradeamento

Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle


Incrustações na  Acúmulo de resíduos sólidos na  Lançar jatos de água com mangueira
grade grade. para remover todos os detritos.
 Paralisação por falta de energia
 Acionar imediatamente a equipe de
Problemas de elétrica;
manutenção;
funcionamento  Falha mecânica do motor;
 Acionar a companhia de energia.
 Falha elétrica dos comandos.

Quadro 3.10 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos desarenadores

Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle


 Reduzir área do desarenador;
Excesso de  Regularizar vazão no vertedouro de saída;
 Velocidade muito baixa
sedimentação de  Diminuir o número de câmaras usadas;
(≤0,3 m/s), com tempo de
matéria orgânica no  Reduzir o comprimento da câmara por
retenção muito alto.
material removido meio de deslocamento do vertedor de
saída.
 Velocidade muito alta  Remover com maior freqüência a areia
Arraste da areia no
(≤0,36 m/s), com tempo de acumulada;
efluente
retenção muito baixo.  Aumentar a área do desarenador.
Entupimento do  Acúmulo de areia no fundo  Retirar a areia com auxilio de
desarenador do desarenador. equipamentos de sucção.
Falha no raspador  Falha de energia elétrica.  Acionar a companhia de energia.
Revisão teórica 54

Revisão teórica
Quadro 3.11 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos RALFs

Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle


Obstrução dos vertedouros nos  Presença de materiais que possam obstruir as
 Remoção com auxilio de rastelo ou pá.
divisores de vazão tubulações.
 Utilizar canos de PVC para fazer a desobstrução;
Presença de zonas mortas e
 Obstrução dos tubos difusores que levam o  Executar a remoção de materiais sedimentáveis do fundo
caminhos preferenciais pelo
esgoto até o fundo dos RALFs. da bacia dos RALFs aproximadamente a cada 3 meses
manto de lodo
com caminhão fossa.
Formação de “empastamento”,
 Compactação do lodo anaeróbio pela presença  Verificar deficiência de remoção de areia no desarenador.
dificultando a passagem do
excessiva de areia nos RALFs.  Realizar limpeza dos RALFs com caminhão fossa.
esgoto pela camada de lodo
 Substituição do lodo anaeróbio ativo por lodo  Verificar deficiência de remoção de areia no desarenador.
Mineralização do lodo
inerte (areia).  Realizar limpeza dos RALFs com caminhão fossa.
 Vazão afluente maior que a máxima de projeto;
Perda do manto de lodo ativo  Verificar ligações clandestinas;
 Ausência de descarte do lodo;
que tende a ser expulso para fora  Em dias de chuva, utilizar o “by-pass”;
 Rompimento da lona da zona de decantação ou
dos RALFs  Efetuar descarga de lodo.
da cortina defletora de escuma.
 Para que o processo retorne na fase metanogênica deve-
Acidificação do manto de lodo  Ausência das bactérias metanogênicas ativas,
se elevar o pH para 7,3 a 7,5 com solução de hidróxido
ativo havendo liberação do gás sulfídrico.
de sódio ou cálcio.
Formação de escuma na parte  Rompimento da lona de PVC - zona de
 Remoção periódica da escuma formada.
superior dos RALFs separação trifásica.
 Instalação de dispositivo de queima dos gases;
Liberação de gases para  Ausência de tratamento de gases;
 Inspecionar periodicamente possíveis vazamentos,
atmosfera  Vazamentos pelo concreto.
devido a corrosão.
Diminuição da taxa de  Verificar problemas nas bombas de recirculação;
 Problemas de reciclo.
recirculação de lodo  Verificar entupimento nas linhas de recirculação.

54
Revisão teórica 55

Revisão teórica
Quadro 3.12 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos filtros biológicos

Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle


 Remover a camada biológica excessiva por meio de
lavagem;
Ocorre quando os vazios do recheio de pedras são  Aplicar jatos de água com pressão na região afetada;
preenchidos com camada biológica de lodo devido à:  Parar o distribuidor rotativo sobre a camada afetada
Empoçamento do meio
 Material de preenchimento inadequado; provocando alta taxa de arraste;
filtrante
 Carga orgânica excessiva em relação à carga hidráulica;  Clorar o afluente ao filtro biológico;
 Acúmulo de folhas e galhos de árvores.  Desativar a unidade por 24 horas para ressecar a camada
biológica;
 Substituir o meio filtrante.
 Aplicação de carga hidráulica contínua (as cargas
intermenientes e baixas favorecem a proliferação de
moscas);
 As moscas de desenvolvem em ambientes úmidos e  Remover a camada biológica;
Proliferação de moscas
secos alternadamente.  Inundar o meio suporte por pelo menos 24 horas;
 Aplicar cloro no afluente ao filtro de 0,5 a 1,5 ppm
durante algumas horas;
 Lavar rigorosamente as paredes internas do filtro.
 Manter condições aeróbias do afluente do filtro mediante
 Decomposição anaeróbia do lodo da camada recirculação do efluente do decantador secundário, e/ou
Odor desagradável
biológica. injetar ar comprimido no afluente do filtro;
 Clorar o afluente do filtro biológico.
Falha no distribuidor  Verificar o sistema de lubrificação do distribuidor
 Falha na engraxadora.
rotativo rotativo.

55
Revisão teórica 56

Revisão teórica
Quadro 3.13 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos decantadores secundários

Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle


 Decomposição do lodo, provocando
Lodo flutuando arraste deste material para a  Remover o lodo com maior freqüência.
superfície do líquido.
 Reduzir a seção transversal;
 Agitar o fluxo no canal por algum meio que evite o acúmulo de sólidos;
Sedimentação excessiva no  Velocidade baixa na seção
 Inundar o meio suporte por pelo menos 24 horas;
canal afluente transversal do canal ou tubulação.
 Aplicar cloro no afluente ao filtro de 0,5 a 1,5 ppm durante algumas horas;
 Lavar rigorosamente as paredes internas do filtro.
Superfícies sujas e
 Acumulação de sólidos contidos  Escovar com freqüência a superfície em contato com os esgotos;
vertedores com sólidos de
nos esgotos.  Clorar os esgotos.
esgoto
 Ajustar a operação das bombas em função da variação da vazão;
Descargas bruscas e  Alta intermitência na operação de  Adaptar dispositivos destinados à amortecer as velocidades das descargas
interminentes recalque das bombas. afluentes e distribuir uniformemente ao longo da unidade;
 Instalar inversores de freqüência.
 Vistoriar periodicamente;
Falhas nos dispositivos de  Carga excessiva para o dispositivo  Substituir peças defeituosas e quebradas;
raspagem de raspagem.  Melhorar a eficiência da remoção do lodo;
 Remover o lodo acumulado com maior freqüência.
 Melhorar o sistema de remoção do lodo;
 Alto teor de areia ou outro material
 Diluir o material compactado;
Lodo muito denso para ser facilmente compactável;
 Reverter o fluxo na tubulação obstruída;
removido  Baixa velocidade de descarga na
 Recalcar o lodo com maior freqüência;
tubulação de transporte do lodo.
 Inspecionar as canalizações de lodo.
Aumento do manto de lodo  Elevação do nível de lodo.  Aumentar recirculação de lodo.
 Elevado manto de lodo;
 Aumentar reciclo de lodo;
 Sedimentabilidade pobre. Checar
Saída de sólidos no  Descartar lodo;
concentração;
decantador  Checar vazões;
 Sobrecarga hidráulica;
 Checar sistema de recirculação.
 Perda da taxa de reciclo.

56
Revisão teórica 57

Revisão teórica
Quadro 3.14 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle na centrífuga

Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle


 Alta taxa de alimentação;  Ajuste da vazão da bomba;
Alta umidade na torta  Baixa velocidade do tambor;  Ajuste da velocidade do tambor e da rosca;
 Dosagem incorreta de polímeros.  Dosagens maiores ou menores interferem na eficiência.
Desgaste da rosca  Abrasão.  Troca por material mais resistente.
Alta concentração de  Dosagem incorreta de polímero;  Fazer testes para determinar a dosagem ideal;
sólidos no clarificado  Taxa de alimentação alta.  Reduzir a alimentação do lodo.
 Material encrustado entre o tambor e a rosca travado;  Lavar o tambor;
Tambor não roda livre
 Suporte principal.  Troca do suporte.
 Taxa de alimentação elevada;
Sistema de rotação do  Se o sistema roda livre, reduzir alimentação;
 Diferença de velocidade entre rosca e tambor baixa;
tambor e rosca  Se travado, constatar manutenção para substituição das
 Presença excessiva de sólidos na etapa de compactação;
bloqueado peças.
 Sistema de descarte da torta quebrado.
Raspador de lodo preso  Lodo encrustado na câmara do raspador de sólidos.  Limpar o raspador com água.
 Mancal desgastado;  Contatar a manutenção para substituir mancal;
O equipamento vibra  Lodo encrustado entre a superfície dos mancais;  Limpar e lubrificar os mancais;
excessivamente  Suporte do tambor ou da rosca desgastado;  Substituir suporte;
 Partes móveis desgastadas.  Substituir peças.

57
Revisão teórica 58

Revisão teórica
Quadro 3.15 - Problemas, causas e medidas de prevenção/controle nos leitos de secagem

Problema Causa Provável Medidas de Prevenção/Controle

 Aguardar até que o lodo apresente teor de sólidos para retirada (cerca
de 35% ST), removê-lo e limpar bem o leito de secagem;
 Lâmina de lodo aplicada excessiva.
 Verificar necessidade de remontagem da camada suporte;
 Aplicar lâmina de lodo compatível com o teor de ST.
 Remover o lodo após a secagem;
Ciclo de desaguamento  Aplicação do lodo com limpeza inadequada
 Limpar adequadamente a camada suporte do leito, removendo resíduos
prolongado do leito de secagem.
de lodo e plantas quando existentes, se necessário recolocando areia.
 Checar a areia e substituir se observado problema de colmatação;
 Sistema de drenagem obstruído ou tubulações
 Remontagem da soleira de drenagem, verificando as condições e
quebradas.
substituindo se necessário as tubulações de coleta do percolado.
 Condições climáticas da região.  Proteger o leito contra as intempéries.
 Abrir totalmente as válvulas no início do descarte do lodo para limpeza
 Acúmulo e compactação de sólidos residuais
da tubulação;
Tubulação de de descartes anteriores.
 Aplicar jatos de água, se necessário.
alimentação do leito de
 Aplicar jatos de água continuamente no poço de lodo para redução da
secagem bloqueada
 Lodo muito denso. concentração de ST e bombeamento do lodo;
 Manter da aplicação até que todo o lodo seja retirado.

Odor quando o lodo é  Problemas no processo de operação e


 Estabelecer correta operação do processo de digestão.
aplicado digestão.

Surgimento de torrões e  Remover o lodo do leito quando conseguir concentração ST ente de 35


 Inadequada digestão do lodo.
pó do lodo desidratado e 50 %.

58
Revisão teórica 59

3.7 CONFIABILIDADE DOS TRATAMENTOS DE ESGOTO

A confiabilidade de um sistema pode ser definida como a probabilidade de se conseguir um


desempenho adequado por um período específico de tempo, sob determinadas condições. Em
termos de desempenho de uma ETE, a confiabilidade pode ser entendida como a porcentagem
de tempo em que se conseguem as concentrações esperadas no efluente para cumprir com os
padrões de lançamento. Assim, uma ETE será confiável se não houver violação dos limites
preconizados pelas legislações ambientais (OLIVEIRA; VON SPERLING, 2007).

De acordo com Eisenberg et al. (2001), a confiabilidade das ETEs está relacionada a dois
aspectos: a confiabilidade mecânica e a confiabilidade do processo operar em condições
satisfatórias. A confiabilidade mecânica é determinada, inicialmente, com a identificação dos
componentes mecânicos da planta, cujas falhas podem comprometer a qualidade do efluente
final e, em seguida, determina-se a probabilidade de falhas desses componentes. A
confiabilidade do processo pode ser caracterizada pela estimativa das distribuições de
probabilidades acumuladas, relativas a um contaminante específico, em cada etapa do
processo de tratamento.

Um estudo efetuado por Niku et al. (1979), avaliou a confiabilidade de processos de lodos
ativados, analisando 43 estações de tratamento em operação nos Estados Unidos. Foi
desenvolvido um coeficiente de confiabilidade, onde a concentração média do constituinte
(valor de projeto) se relaciona aos valores limites a serem cumpridos em uma análise de
probabilidade. A partir do modelo de confiabilidade obtido, os autores concluíram que é
possível a utilização da distribuição lognormal para predizer tanto a qualidade do efluente em
termos de concentrações de DBO e SST quanto à confiabilidade e ao desempenho de estações
de tratamento de esgotos.

Outro trabalho realizado por Niku et al. (1981) desenvolveu métodos e procedimentos para a
introdução de conceitos de estabilidade e confiabilidade na operação e projeto de estações de
tratamento de esgotos. Nesse estudo, a estabilidade foi definida como a capacidade de ajuste a
uma referência ou norma e o valor utilizado para análise foi a concentração média anual do
constituinte. As variações diárias foram comparadas à média anual e o desvio padrão foi
considerado como o melhor indicador de estabilidade. A conclusão obtida foi que, para atingir
o mesmo nível de estabilidade para ambos, as ETEs devem ser projetadas para produzir
concentrações efluentes de SS menores que as de DBO efluente.
Revisão teórica 60

Devido às inúmeras incertezas presentes no projeto e operação de estações de tratamento,


existem alguns riscos de falha que são inevitáveis e as ETEs devem ser projetadas com base
em uma medida aceitável de risco ou violação e também projetadas para produzir uma
concentração média efluente abaixo dos padrões de lançamento.

3.8 PADRÕES DE LANÇAMENTO

No Brasil, as legislações classificam seus corpos d’água em função dos seus usos
preponderantes e estabelecem, para cada classe de água, os padrões de qualidade a serem
obedecidos. Estes padrões de qualidade são utilizados principalmente para a proteção da
qualidade da água, de forma a assegurar os usos previstos.

Os padrões de lançamento são constituídos da mesma forma que os padrões de qualidade,


considerando um conjunto de parâmetros e os respectivos limites que devem ser atendidos
pelos efluentes lançados por qualquer fonte poluidora, direta ou indiretamente, nos corpos
d’água, para não prejudicar o seu uso (OLIVEIRA, 2006).

A Resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONANA (BRASIL,


2005) juntamente com a Resolução CONANA 397/2008 (BRASIL, 2008) foi criada com o
objetivo de assegurar os usos preponderantes previstos dos corpos d’água e nortear o controle
dos efluentes líquidos por meio de parâmetros de controle. Os órgãos ambientais estaduais,
como o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), usualmente baseiam-se nos padrões dessa
Resolução, mantendo-os, complementando-os ou aplicando padrões mais restritivos para o
lançamento dos efluentes gerados nas ETEs.
Caracterização das ETEs 61

4 C ARACTERIZAÇÃO DAS ETES

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007) a cidade de Maringá


está localizada no noroeste do estado do Paraná/Brasil e possui aproximadamente 326 mil
habitantes. O perímetro urbano de Maringá está assentado no divisor de água dos rios Ivaí e
Pirapó, caracterizando duas áreas de drenagem principais que se subdividem em 10 bacias de
drenagem.

A bacia norte, que abrange as sub-bacias 1, 3, 6 e 7, drena no sentido do rio Pirapó, com uma
área de 5.675 ha (incluindo o município de Sarandi), correspondente a 46,6% da área de
planejamento. A bacia sul, que abrange as sub-bacias 2, 4, 5, 8, 9 e 10, drena no sentido dos
ribeirões Pingüim e Bandeirantes do Sul, com uma área de 6.540 ha, correspondente a 53,4%
da área de planejamento.

A cidade de Maringá possui três pólos de tratamento: ETE 1 - Norte, ETE 2 - Sul e ETE 3 -
Norte (que serão mencionados no trabalho apenas como ETE 1, ETE 2 e ETE 3). Cada uma
das ETEs recebe o esgoto de distintas bacias de drenagem que estão distribuídas da seguinte
forma:

 ETE 1: recebe as contribuições das regiões situadas nas bacias 1 e 6;

 ETE 2: recebe as contribuições das regiões situadas nas bacias 2, 4 e 8;

 ETE 3: recebe a contribuição da região situada na bacia 3.

A região situada na bacia 5 apresenta densidade demográfica muito reduzida, sem rede
coletora existente, a região situada na bacia 7 encontra-se em sua quase totalidade no
município de Sarandi e as regiões situadas nas bacias 9 e 10 não dispõem de assentamento
urbano definido.

O sistema de esgotamento sanitário de Maringá e a localização das 3 ETEs podem ser


visualizados na Figura 4.1. Os esgotos são coletados e transportados por redes coletoras,
interceptores e emissário até chegarem às estações. As redes coletoras da cor marrom coletam
esgoto bruto encaminhado a ETE 1, as redes em azul claro encaminham esgoto para a ETE 3
e as redes em vermelho encaminham esgoto para a ETE 2.

As unidades de tratamento originalmente concebidas no projeto de implantação das ETEs são


apresentadas na cor azul e as unidades em laranja fazem parte do projeto de ampliação da
capacidade de tratamento das ETEs. Das 3 estações, somente a ETE 2 implantou as unidades
Caracterização das ETEs 62

em laranja, previstas no projeto de ampliação, com a construção de unidades de pós-


tratamento aeróbio e de tratamento de lodo.

Atualmente o índice de coleta é de aproximadamente 95% e o índice de tratamento é de 100%


do esgoto coletado, com uma população urbana total atendida de 318.306 habitantes.

Figura 4.1 - Sistema de tratamento de esgoto realizado na ETE 2


Fonte: Adaptado de Golveia da Costa (2000).
Caracterização das ETEs 63

4.1 ETE 1

A ETE 1 localiza-se na confluência do ribeirão Maringá com o córrego Mandacaru e se


encontra próxima da malha urbana, havendo moradias nas imediações. Os operários
trabalham 2 turnos de 6 horas, ficando o período da noite e parte da manhã sem nenhum
funcionário na ETE.

O ano de início de operação dessa ETE foi 1996, e recebe, aproximadamente, metade dos
esgotos coletados na bacia norte do município de Maringá. Atualmente atende uma população
com cerca de 47.200 habitantes e possui uma capacidade nominal de tratamento de 255 L/s,
representando uma carga orgânica de 4.715 kg DBO5/dia. Outros dados de projeto podem ser
visualizados no Quadro 4.1.

Quadro 4.1 - Dados gerais de projeto da ETE 1


Dados Valores
Máxima 312,30
Vazão de operação (L/s) Média 242,60
Mínima 198,70
Máxima 85,13
Grau de eficiência do tratamento (% de remoção de
Média 78,49
DBO5)
Mínima 66,67
Máxima 90
Efluente Final – DBO5 (mg/L): Média 64
Mínima 40
Sobrecarga admissível - dado de projeto (L/s): 360,00
Total estimado de esgoto tratado (m3/dia) 19.238
Total estimado de material gradeado (m3/dia) 1,154
Volume de areia retida no desarenador (m3/dia) 0,55
Área total pertencente a Sanepar (m²) 43.000
Fonte: Adaptado de Golveia da Costa (2000).

Os dados de projeto e dimensionamento dos RALFs podem ser visualizados no Quadro 4.2.

Quadro 4.2 - Dados de projeto dos RALFs da ETE 1


Dados Valores
Capacidade média (L/s) 85
Capacidade máxima (L/s) 120
Tempo de detenção hidráulica (horas) 8
Velocidade ascensional < (m/h) 2,0
Velocidade superficial < (m/h) 0,7
Volume de lodo produzido (m³/dia) 178
Volume de lodo produzido em cada RALF (m³/dia) 59

Um resumo das unidades e outros elementos que compõem a ETE 1, juntamente com o fluxo
do esgoto e lodo pela estação, podem ser visualizados no Quadro 4.3.
Caracterização das ETEs 64

Quadro 4.3 - Elementos componentes da ETE 1

Tratamento
preliminar
 Gradeamento manual;
 Gradeamento mecanizado;
 2 desarenadores tipo ciclone, com removedor e lavador de areia.

 Caixa distribuidora de fluxo 1, que recebe o esgoto dos 2 desarenadores e distribui a vazão para os
mista
Fase

3 RALFs
 3 RALFs, de capacidade nominal unitária de 85,0 L/s.
 Poços de lodo, que recebem a fase sólida dos RALFs, encaminhando para o adensador de lodo.
sólida
Fase

 Caixa de manobra, com válvulas que permitem direcionar o lodo efluente dos RALFs, para os
leitos de secagem.
 14 leitos de secagem.

O sistema de tratamento da ETE 1 é composto por tratamento preliminar, tratamento


secundário e desidratação de lodo, conforme a Figura 4.2.

Figura 4.2 - Sistema de tratamento de esgoto realizado na ETE 1


Fonte: Adaptado de Von Sperling (2002).

O tratamento preliminar é constituído de gradeamento grosso mecanizado por meio de grade


metálica de barras curvas de 10 mm de espessura e espaçamento entre barras de 20 mm e com
limpeza por meio de rastelo duplo. O armazenamento do material gradeado é realizado em
uma caçamba metálica de 2,0 m3. Há ainda antes dos desarenadores um gradeamento médio
com barras retas de 10 mm de espessura e espaçamento entre barras de 15 mm, com limpeza
manual por ancinho (Figura 4.3a). Devido a ETE ser localizada próxima a cidade, o esgoto
sanitário possui características de esgoto novo, em função disso há a aplicação constante de
cal no esgoto bruto durante os turnos para conferir a alcalinidade necessária à coagulação. A
Caracterização das ETEs 65

ETE possui dois desarenadores tipo ciclônico vortex com remoção mecanizada de areia por
meio de air lift, com disposição de resíduos separadamente em caçambas metálicas de 3,5 m3
(Figura 4.3b). Nos desarenadores há a aplicação de óxido de ferro durante os turnos para
coagulação do esgoto englobando as impurezas.

(a) (b)

Figura 4.3 - Tratamento preliminar: (a) gradeamento mecanizado e (b) desarenadores

A medição de vazão é realizada por meio de duas calhas tipo Parshall operando em paralelo,
com garganta de 30,5 cm e medição de vazão por meio de sensor de nível ultra sônico com
painel digital indicando vazão instantânea e acumulada.

O tratamento secundário é realizado por meio de três reatores anaeróbios circulares tipo
RALF e com tubulações para descarga de lodo (Figura 4.4).

Figura 4.4 - Tratamento secundário: RALFs

A desidratação do lodo é composta por 14 leitos de secagem com camadas filtrantes de


material graduado (Figura 4.5a). Além disso, a ETE apresenta também Bags, que são
utilizados para desaguamento e armazenamento de lodo adensado, com teor de umidade de
aproximadamente 12% antes de seu acondicionamento nos dispositivos (Figura 4.5b).
Caracterização das ETEs 66

(a) (b)

Figura 4.5 - Desidratação do lodo: (a) leitos de secagem e (b) bags

4.2 ETE 2

A ETE 2, localizada na confluência dos ribeirões Pingüim e Borba Gato, situa-se isolada, não
havendo qualquer tipo de ocupação urbana nas suas circunvizinhanças, porém divide espaço,
em sua maioria, com pequenas e médias propriedades rurais. Os operadores trabalham em 4
turnos de 6 horas, compreendendo 24 horas diárias.

O ano de início de operação da ETE 2 foi 2006 e os esgotos tratados são lançados no Ribeirão
Pinguim. Atualmente atende uma população com cerca de 65.000 habitantes e tem uma
capacidade nominal de tratamento de 482 L/s, o que representa uma carga orgânica de 8.398
Kg DBO /dia. Outros dados gerais da ETE 2 podem ser visualizados no Quadro 4.4.
5

Quadro 4.4 - Dados gerais de projeto da ETE 2


Dados Valores
Máxima 280
Vazão de operação (L/s) Média 246
Mínima 161
Máxima 95
Grau de eficiência do tratamento (% de remoção de
Média 88
DBO5)
Mínima 78
Máxima 52
Efluente Final – DBO5 (mg/L): Média 23
Mínima 10
Sobrecarga admissível - dado de projeto (L/s): 560
Total estimado de esgoto tratado (m3/dia) 23.076
Total estimado de material gradeado (m3/dia) 1,384
Volume de areia retida no desarenador (m3/dia) 0,65
Área total pertencente a Sanepar (m²) 73.300
Fonte: Adaptado de Golveia da Costa (2000).
Caracterização das ETEs 67

Os dados de projeto e dimensionamento dos unidades da ETE podem ser visualizados no


Quadro 4.5.

Quadro 4.5 - Dados gerais de projeto da ETE 2


Unidades Dados Valores
Capacidade média (L/s) 40
Capacidade máxima (L/s) 70
RALFs Tempo de detenção hidráulica (horas) 8
Velocidade ascensional < (m/h) 2,0
Velocidade superficial < (m/h) 0,7
Taxa máxima de aplicação superficial (m³/m².dia) 28
Taxa mínima de aplicação superficial (m³/m².dia) 8,5
Filtros
Fator de produção de sólidos (kg SST/kg DBO aplicada) 0,7
Biológicos
Carga orgânica máxima (kg DBO/m³ dia) 1,8
Carga orgânica mínima (kg DBO/m³ dia) 0,5
Decantadores Taxa média de aplicação superficial (m³/m².dia)  36
Secundários Taxa máxima de aplicação superficial (m³/m².dia)  40
Taxa de aplicação (kg SS/m².dia) 50
Tempo de detenção (horas)  24
Adensador
Fator de pico admitido 1,3
Altura útil lateral (m) 3,0
Tempo de contato (min.) ≥ 30
Vazão máxima (m³/h) 1.735
Volume da câmara (m³) 868
Câmara de
Número de canais 5
contato
Comprimento de cada canal (m) 43,4
Largura do canal (m) 2,0
Profundidade do canal (m) 2,0
Volume de torta (m³) (armazenamento max. de 2 meses) 546
Dimensões em planta (m) 21 x 30
Área da base (m²) 630
Pátio de
Altura do pátio na lateral (m) 6,0
Cura
Altura do pátio no centro (m) 7,8
Declividade da laje de fundo convergindo para o centro (%) 1,5
Declividade da canaleta longitudinal de drenagem (%) 1,5
Diâmetro (m) 10,0
Profundidade útil junto à parede lateral (m) 3,0
Altura total no centro (m) 5,52
Altura total junto à parede lateral (m) 3,80
Sistema de Área superficial (m²) 78, 5
adensamento Taxas de aplicação máxima de SS (kg SST / m².dia) 35,1
do lodo Taxa de captura do adensador (%) 85
Vazão de lodo adensado (m³/dia) 50
Quantidade de lodo recuperada nos adensadores (kg/dia) 2.578
Teor de sólidos do lodo adensado (%) 5
Peso específico do lodo adensado (kg/m³) 1.030
Cavidades
Tipo da bomba
progressivas
Capacidade de cada bomba (m³/h) 1,3 a 2,7
Sistema de
Potência das bombas (cv) 2,0
secagem do
Necessidade de polieletrólitos (kg/1.000 kg SST) 2,0 a 8,0
lodo
Teor de sólidos no "lodo seco" (%) 22
Produção estimada de "lodo seco" (kg Sólidos/dia) 2.449
Volume diário de "lodo seco" (m³/dia) 10,1
Fonte: Adaptado de Golveia da Costa (2000).
Caracterização das ETEs 68

Um resumo das unidades e outros elementos que compõem a ETE 2, juntamente com o fluxo
do esgoto e lodo pela estação, podem ser visualizados no Quadro 4.6.

Quadro 4.6 - Elementos componentes da ETE 2


Tratamento
preliminar

 Gradeamento manual;
 Gradeamento mecanizado;
 Desarenador quadrado, com removedor e lavador de areia.
Fase mista

 Caixa distribuidora de fluxo 1: recebe o esgoto do desarenador e distribui a vazão entre outras duas
caixas existentes (2 e 3);
 Caixas distribuidoras de fluxo 2 e 3: distribuem o esgoto respectivamente para os RALFs;
 8 RALFs, módulo 40.
 Caixa distribuidora de fluxo 4: recebe a fase líquida do processo, proveniente dos RALFs,
encaminhando para os filtros biológicos;
 2 filtros biológicos com diâmetro nominal igual a 32 m;
 Caixa distribuidora de fluxo 5: recebe o esgoto dos filtros biológicos conduzindo para os
decantadores secundários;
Fase líquida

 2 decantadores secundários com diâmetro nominal igual a 26 m;


 Estação elevatória de lodo dos decantadores: realiza a recirculação do lodo destes para a caixa
distribuidora de fluxo 1. Nesta mesma estrutura, existe um compartimento que recebe a fase líquida
dos decantadores secundários, encaminhando para a caixa distribuidora de fluxo 6;
 Caixa distribuidora de fluxo 6: recebe o esgoto dos decantadores secundários e a fase líquido do
adensador e da centrífuga, conduzindo para a câmara de contato. Esta caixa distribuidora de fluxo
também possui a função de poço de sucção da estação elevatória do lavador de areia;
 Câmara de contato: recebe o esgoto dos decantadores secundários e na saída desta, inicia-se o
emissário final.
 2 Poços de lodo: recebem a fase sólida do processo, proveniente dos RALFs, encaminhando para
elevatória de lodo;
 Estação elevatória de lodo: recalca o lodo oriundo dos RALFs para o adensador;
 Adensador com diâmetro nominal igual a 10 m;
Fase sólida

 Casa da centrífuga: abriga a centrífuga, sistema de preparo e dosagem de polieletrólitos e sistema de


armazenamento e mistura de cal virgem;
 Caixa distribuidora de fluxo 7: recebe o esgoto líquido do adensador e da centrífuga, encaminhando
para a elevatória de sobrenadante;
 Estação elevatória do sobrenadante: recebe o esgoto líquido do adensador, centrífuga e pátio de cura,
recalcando para a entrada do processo junto ao gradeamento;
 Pátio de cura: recebe e armazena a torta de lodo produzida pela centrífuga, para que ocorra a
aplicação de cal e se faça a sua disposição final.

O sistema de tratamento da ETE 2 é composto por tratamento preliminar, tratamento


secundário, pós-tratamento, desidratação e tratamento de lodo, conforme a Figura 4.6.
Caracterização das ETEs 69

Figura 4.6 - Sistema de tratamento de esgoto realizado na ETE 2


Fonte: Adaptado de Von Sperling (2002).

O tratamento preliminar é composto por um gradeamento grosso por meio de grade metálica
de barras retas de 10 mm de espessura e espaçamento entre barras de 30 mm, com limpeza
manual com ancinho; gradeamento mecanizado por meio de grade média com correntes e
dentes plásticos, com 3 mm de espessura e 15 mm de espaçamento entre dentes. O
armazenamento do material gradeado é realizado em uma caçamba metálica de 2 m3 (Figura
4.7a). Possui também um desarenador quadrado por gravidade com remoção de areia por
meio de raspagem de fundo com braços duplos de movimento circular até depósito lateral,
elevação da areia por meio de rastelo excêntrico mecânicoe dispositivo de lavagem de areia
incorporado (Figura 4.7b). O material é armazenamento em caçamba metálica de 3,5 m3.

(a) (b)

Figura 4.7 - Tratamento preliminar: (a) gradeamento manual e mecanizado e (b) desarenador
Caracterização das ETEs 70

A medição de vazão é feita por meio de calha tipo Parshall, com garganta de 61 cm, e
medição por meio de sensor de nível ultra sônico com painel digital indicando vazão
instantânea e acumulada.

O tratamento secundário (anaeróbio) é realizado por meio de oito RALFs circulares com
tubulações para descarga de lodo (Figura 4.8a); o pós-tratamento (aeróbio) é formado por dois
filtros biológicos percoladores aerados naturalmente, com distribuidor rotativo hidráulico e
como meio suporte, pedra britada nº 4 (Figura 4.8b); dois decantadores secundários circulares
à gravidade com raspadores mecanizados de lodo e recirculação por bombeamento para os
RALFs (Figura 4.8c), e; uma câmara de contato (Figura 4.8d).

A câmara de contato, inicialmente foi implantada com a finalidade de realizar a desinfecção


do esgoto tratado com cloro, porém não é utilizada para este fim.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 4.8 - Tratamento secundário e pós-tratamento: (a) RALFs, (b) filtro biológico, (c)
decantador secundário e (d) câmara de contato
Caracterização das ETEs 71

O tratamento de lodo é composto por um adensador de lodo circular, desidratação mecânica


por uma centrífuga de alta rotação (Figura 4.9a), com aplicação manual de cal, para
desinfecção, em um pátio de cura coberto, com capacidade de armazenamento de 546 m3
(Figura 4.9b), para estabilização do lodo e posterior utilização na agricultura.

(a) (b)

Figura 4.9 - Tratamento do lodo: (a) centrífuga e (b) pátio de cura

4.3 ETE 3

A ETE 3 localiza-se próximo ao ribeirão Morangueira e a aproximadamente 1.400 m e é a


estação que apresenta ocupação urbana mais próxima de suas instalações. Os operários dessa
ETE também trabalham 2 turnos de 6 horas.

O ano de início de operação foi 1997, atende uma população com cerca de 26.600 habitantes e
possui uma capacidade nominal de 170 L/s, o que representa uma carga orgânica de 3.075 kg
DBO5/dia. Outros dados de projeto podem ser visualizados no Quadro 4.7.

Quadro 4.7 - Dados gerais de projeto da ETE 3


Dados Valores Médios
Vazão de operação (L/s) 228,6
Grau de eficiência do tratamento (% de remoção de DBO5) 80
Efluente Final – DBO5 (mg/L): 42
Sobrecarga admissível - dado de projeto (L/s): 240
Total estimado de esgoto tratado (m3/dia) 5.184
Total estimado de material gradeado (m3/dia) 0,311
Volume de areia retida no desarenador (m3/dia) 0,55
Área total pertencente a Sanepar (m²) 74.000
Fonte: Adaptado de Golveia da Costa (2000).

Um resumo das unidades e outros elementos que compõem a ETE 3, juntamente com o fluxo
do esgoto e lodo pela estação, podem ser visualizados no Quadro 4.8.
Caracterização das ETEs 72

A ETE 3 é a que apresenta menor número de unidades operacionais e da mesma forma que a
ETE 1, o sistema é composto por tratamento preliminar, tratamento secundário e desidratação
de lodo.

Quadro 4.8 - Elementos componentes da ETE 3


Tratamento
preliminar

 Gradeamento manual;
 Gradeamento mecanizado;
 Desarenador tipo ciclone, com removedor e lavador de areia.
Fase mista

 Caixa distribuidora de fluxo 1, que recebe o esgoto do desarenador e distribui a vazão para os 2
RALFs
 2 RALFs, de capacidade nominal unitária de 85,0 L/s.
Fase sólida

 Poço de lodo, que recebe a fase sólida dos RALFs, encaminhando para o adensador de lodo.
 Caixa de manobra, com válvulas que permitem direcionar o lodo efluente dos RALFs, para o
adensador ou para os leitos de secagem.
 10 leitos de secagem.

O tratamento preliminar é constituído de gradeamento grosso mecanizado por meio de grade


metálica de barras curvas de 10 mm de espessura e espaçamento entre barras de 20 mm e com
limpeza através de rastelo duplo; gradeamento médio com barras retas de 10 mm de espessura
e espaçamento entre barras de 15 mm. O armazenamento do material gradeado é realizado em
uma caçamba metálica de 2,0 m3 (Figura 4.10a). Possui um desarenador tipo ciclônico vortex
com remoção mecanizada de areia, com disposição de resíduos separadamente em caçambas
metálicas de 3,5 m3 (Figura 4.10b). Da mesma forma que a ETE 1 há a aplicação de cal no
esgoto bruto e de óxido de ferro no desarenador durante os turnos.

(a) (b)

Figura 4.10 - Tratamento preliminar: (a) gradeamento e (b) desarenador


Caracterização das ETEs 73

A medição de vazão é realizada por meio de uma calha tipo Parshall, com garganta de 30,5
cm e medição de vazão por meio de sensor de nível ultra sônico com painel digital indicando
vazão instantânea e acumulada.

O tratamento secundário é realizado por meio de 2 reatores anaeróbios circulares tipo RALF
com tubulações para descarga de lodo (Figura 4.11).

Figura 4.11 - Tratamento secundário: RALFs

A desidratação do lodo é composta por 10 leitos de secagem com camadas filtrantes de


material graduado (Figura 4.12a). A ETE também dispõe de bags para desaguar e armazenar o
lodo (Figura 4.12b).

(a ) (b)

Figura 4.12 - Desidratação do lodo: (a) leitos de secagem e (b) bags

No mês de novembro de 2010, houve uma denuncia para Centro de Apoio Operacional das
Promotorias de Proteção do Meio Ambiente, do Ministério Público do Paraná de que toda a
Bacia do Rio Pirapó está poluída devido o lançamento de esgoto sanitário por Estações de
Tratamento de Esgoto da SANEPAR (ETE 1 e ETE 3). Foi verificado que essas estações de
tratamento estão em desacordo com as normas ambientais vigentes e houve uma ação civil
Caracterização das ETEs 74

pública fazendo com que suspendesse a cobrança da taxa de esgoto pela SANEPAR na cidade
e a empresa deve providenciar imediata despoluição das águas contaminadas, havendo prazo
de 30 dias para o início do cumprimento das obrigações (GAZETA MARINGÁ, 2010).

Devido a essa ação pública e uma quantia de mais de R$ 2.000.000 de reais sem recebimento
pelo tratamento de esgoto, a SANEPAR começou a realizar modificações nos sistemas de
tratamento iniciando pela ETE 3. Nessa estação, 5 leitos de secagem foram desativados para
construção de decantadores secundários quadrados que irão receber o esgoto dos RALFs
(Figura 4.13).

Figura 4.13 - Decantadores secundários sendo construídos

Após a decantação, o lodo irá retornar aos reatores anaeróbios por meio de bombas elevatórias
e o esgoto tratado será lançado no corpo receptor através de uma canaleta construída ao lado
dos decantadores secundários (Figura 4.14).

Figura 4.14 - Canaleta para lançar o esgoto tratado no corpo receptor


Metodologia 75

5 METODOLOGIA

A metodologia para o desenvolvimento do trabalho foi realizada conforme o organograma


apresentado na Figura 5.1.

Figura 5.1 - Organograma da metodologia utilizada no trabalho

Na ETE 1 e ETE 3 foram realizados levantamentos dos problemas operacionais, de


manutenção e aspectos ambientais encontrados nos sistemas, bem como realizada uma coleta
para avaliar as etapas de tratamento. Já na ETE 2, por se tratar de uma estação de maior porte
e possuir outras unidades de tratamento, além dos levantamentos feitos nas outras ETEs, foi
realizado um monitoramento das unidades de tratamento em um período de 6 meses.
Metodologia 76

5.1 PONTOS DE COLETA

O monitoramento das etapas de tratamento do esgoto sanitário na ETE 2 foi realizado no


período de março a agosto de 2010. A coleta era realizada semanalmente, correspondendo a 4
coletas mensais e totalizando 24 coletas.

As coletas foram realizadas em 4 pontos, com o objetivo de avaliar a eficiência de cada etapa
de tratamento realizado na ETE, sendo eles (Figura 5.2):

 Ponto 1: Esgoto bruto (antes do gradeamento);

 Ponto 2: Saída do desarenador (tratamento preliminar);

 Ponto 3: Saída dos RALFs (tratamento anaeróbio);

 Ponto 4: Saída da câmara de contato (tratamento aeróbio/tratamento completo).

Figura 5.2 - Esquematização dos pontos de coleta na ETE 2

Na ETE 1 e ETE 3 foi realizada apenas uma coleta em 3 pontos: antes do gradeamento, saída
do desarenador e saída dos RALFs (Figura 5.3).

As coletas foram realizadas com o objetivo de formar amostras compostas, ou seja, eram
realizadas em intervalos de uma hora por um período de 5 horas em todos os pontos,
procurando sempre respeitar o tempo de retenção hidráulica (TRH) das unidades de
tratamento.
Metodologia 77

Figura 5.3 - Esquematização dos pontos de coleta na ETE 1 e ETE 3

As amostras eram coletadas com auxílio de uma garrafa coletora e acondicionadas em


garrafas PET previamente lavadas com solução de ácido clorídrico (10%) e água destilada.
Posteriormente as amostras foram transportadas ao Laboratório de Gestão, Controle e
Preservação Ambiental do Departamento de Engenharia Química da Universidade Estadual
de Maringá (UEM), onde se procedeu a caracterização físico-química.

5.2 METODOLOGIA ANALÍTICA

A escolha dos parâmetros analisados levou em consideração não apenas os dados obtidos com
as análises em laboratório, mas também aspectos operacionais envolvidos nos processos de
tratamento e também fatores climáticos. A metodologia para determinação dos parâmetros
avaliados, bem como suas metodologias são citados a seguir:

 Precipitação pluviométrica

Os dados de precipitação pluviométrica foram fornecidos pela Estação Climatológica da


Universidade Estadual de Maringá, compreendendo os meses de março a agosto de 2010.

 Vazão

A medição de vazão foi realizada por meio de sensor de nível ultra sônico com painel digital
localizado no laboratório das ETEs.
Metodologia 78

 Potencial Hidrogeniônico

A medida do pH e foi realizada in loco, após a formação das amostra compostas, pelo método
eletrométrico, com auxílio do pHmetro digital portátil modelo Digimed DM-2.

 Oxigênio dissolvido

A concentração de OD era determinada após a formação das amostras compostas, pelo


oxímetro digital portátil, marca Digimed e seguindo o método eletrométrico com membrana.

 Demanda bioquímica de oxigênio

A determinação da DBO5 foi realizada pelo método de incubação de cinco dias, conforme
descrito no Standard Methods for Examination of Water and Wastewater - APHA (2005).

 Demanda química de oxigênio

A determinação da DQO foi realizada pelo método colorimétrico conforme descrito no


Standard Methods (APHA, 2005). A digestão das amostras era realizada em um reator COD -
REACTOR HACH e a leitura em um espectrofotômetro HACH DR/2010.

 Carga orgânica

A avaliação da carga orgânica do esgoto sanitário nos pontos de coleta foi realizada seguindo
a seguinte Equação 5.1.

(Eq. 5.1)

em que:

QMD: vazão média diária.

 Fósforo total

As concentrações de PT eram determinadas por meio do método do ácido ascórbico, após


digestão com persulfato, segundo metodologia do Manual de Análises Físico-Químicas de
Águas de Abastecimento e Residuárias (SILVA; OLIVEIRA, 2001).
Metodologia 79

 Nitrogênio amoniacal

A determinação do nitrogênio amoniacal era realizada por meio do Nessler Method,


metodologia descrita pelo equipamento Portable Datalogging Spectrophotometer HACH
DR/2010, adaptada do Standard Methods (APHA, 2005).

 Nitrito

A determinação da concentração de nitrito era realizada pelo método Diazotization Method,


metodologia descrita pelo equipamento Portable Datalogging Spectrophotometer HACH
DR/2010, com precisão de ± 0,0011 mg/L-1.

 Nitrato

A determinação da concentração de nitrato era realizada pelo método Cadmium Reduction


Method, metodologia descrita pelo equipamento Portable Datalogging Spectrophotometer
HACH DR/2010, com precisão de ± 0,10 mg/L-1.

 Nitrogênio Kjeldahl total

A concentração de NKT era determinada pelo método tradicional, destilação por arraste a
vapor, utilizando destilador de nitrogênio micro Kjeldahl. Para digestão das amostras,
utilizou-se um bloco digestor.

Os resultados das análises de NKT foram contemplados no trabalho a partir da 2ª semana de


março, devido a uma falha ocorrida no aparelho de destilação no início do monitoramento.

 Sólidos

A determinação da concentração de sólidos totais, sólidos suspensos totais, sólidos suspensos


voláteis, sólidos suspensos fixos e sólidos dissolvidos totais era realizada pelo método
gravimétrico conforme descrito no Standard Methods (APHA, 2005).

 Sólidos sedimentáveis

Os sólidos sedimentáveis eram determinados na laboratório de analises químicas da ETE 2 -


Sul, por meio do método do Cone de Imhoff após 1 hora de decantação de 1000 ml de esgoto,
conforme descrito no Standard Methods (APHA, 2005).
Metodologia 80

As análises de SSed eram realizadas pela Sanepar, com coletas pontuais, nos mesmos dias das
coletas do presente trabalho. Como este parâmetro compõe o procedimento padrão de análises
diárias da empresa, o ponto 2 (após desarenador) não foi abordado, portanto não houve
análise da eficiência do tratamento preliminar. Entretanto, foram realizadas coletas do
efluente do filtro biológico e avaliado a eficiência do mesmo.

 Metais

Para determinação dos teores de contaminantes listados na Resolução CONAMA 397/2008,


as amostras foram analisadas no Complexo de Centrais de Apoio a Pesquisa da Universidade
Estadual de Maringá (CAM/COMCAP/UEM) por meio de Espectrofotômetro de Absorção
Atômica, Varian - SPECTRAA-240FS.

Não foi feito um monitoramento dos metais, apenas realizadas análises na última semana do
período amostral.

 Relação F/M

A relação Alimentação/Microrganismo (F/M) do tratamento anaeróbio e aeróbio foi obtida


seguindo a seguinte Equação 5.2 (VON SPERLING, 2002):

(Eq. 5.2)

em que:

Q: vazão afluente (m3/d);

So: concentração de DBO5 afluente (g/m3);

V: volume do reator aeróbio (m3);

Xv: concentração de SSV (g/m3).

5.3 ANÁLISE DA QUALIDADE DE TRATAMENTO

A qualidade do tratamento das ETEs foi verificada seguindo algumas avaliações e índices, os
quais são descritos a seguir.

 Eficiência das etapas de tratamento


Metodologia 81

Após as análises físico-químicas das amostras, foi avaliada a eficiência de remoção de


poluentes nas etapas de tratamento preliminar, tratamento anaeróbio, tratamento aeróbio e
tratamento completo, com base na seguinte Equação 5.3:

(Eq. 5.3)

em que:

E: eficiência (%),

C0: concentração inicial (mg/L),

Cf: concentração final (mg/L).

 Índice de qualidade do esgoto tratado

Utilizou-se o Índice de Qualidade do Esgoto Tratado - IQET (SANEPAR, 2005f). Os


parâmetros, peso e faixas para compor este índice foram definidos com base nas Licenças de
Operação emitidas pelo IAP.

Cada parâmetro considerado para o cálculo do índice possui um peso percentual de


representação que são respectivamente: DBO5, DQO, SSed, óleos e graxas (OG) e pH. Para
cada parâmetro são definidas faixas que definem o valor para o parâmetro analisado,
conforme a Tabela 5.1.

Este índice tem sua classificação assim distribuída: 0 - 40: qualidade precária; 41 - 70:
qualidade inadequada; 71 - 90: qualidade aceitável e; 90 - 100: qualidade ótima.

Tabela 5.1 - Parâmetros e pesos para o IQET


Parâmetros
Pontuação S.Sed DQO DBO5 OG
pH
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L)
100 0–1 0 – 150 0 – 60 0 – 70 5a9
75 1,1 – 2 151 – 200 61 – 80 71 – 90 -
50 2,1 – 3 201 – 250 81 – 100 91 – 110 -
25 3,1 – 5 251 – 300 101 – 180 111 – 130 -
0 >5 > 300 > 180 > 130 < 5 ou > 9
Peso 0,20 0,20 0,40 0,10 0,10
Fonte: Adaptado de Sanepar (2005f).

O IQET foi elaborado mensalmente e o cálculo foi realizado com base na seguinte Equação
5.4.
Metodologia 82

IQET = DBO5 (mg/L) . 0,40 + DQO (mg/L) . 0,20 + S.Sed (mg/L). 0,20 + OG (mg/L). 0,10 + pH . 0,10 (Eq. 5.4)

Os dados de OG foram disponibilizados pela Sanepar e os resultados são provenientes de


coletas compostas realizadas uma vez ao mês pela companhia de saneamento.

 Índice de conformidade de esgoto

Com base no resultado das análises dos pontos amostrais, foram selecionados os parâmetros
para os quais há limites de concentração a ser lançado, ou que o corpo receptor necessita
apresentar, para elaborar o Índice de Conformidade de Esgoto (ICE). Alguns parâmetros
apresentam mais de um padrão de qualidade, portanto a escolha do limite a ser seguido foi
primeiramente com base na hierarquia dos limitadores, concentração presente no esgoto
tratado, e por último concentração presente no corpo receptor:

 Prioridade 1: Limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005 para


lançamento de efluentes;

 Prioridade 2: Limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005 para corpos


d’água de classe 2;

 Prioridade 3: Limites estabelecidos pela Portaria IAP para lançamento de esgotos;

 Prioridade 4: Limites estabelecidos pela Sanepar (2010) para lançamento de esgotos.

Depois de selecionados os parâmetros, foram verificados quais apresentavam conformidade


com os limites supracitados durante o período amostral e em seguida verificado o ICE com
base na seguinte Equação 5.5:

(Eq. 5.5)

em que:

NP: número de parâmetros;

NPNC: número de parâmetros não conformes.

 Índice de confiabilidade do tratamento

O Índice de Confiabilidade do Tratamento (ICT), foi determinado adotando o modelo


proposto por Metcalf e Eddy (2002) e Niku et al. (1979). O índice é calculado em função da
Metodologia 83

média e do desvio padrão, conforme apresentado nas Equações 5.6 e 5.7. O resultado
representa a confiabilidade decorrente de todos os fatores intervenientes.

ICT = Distr.NormalPadrão(Z1-α) (Eq. 5.6)

(Eq. 5.7)

em que:

mx: média da concentração do constituinte X;

X: concentração padrão requerida para o constituinte X;

Vx: coeficiente de variação (CV) definido como o desvio padrão dividido pela média;

Z1-α: número de desvios-padrão a partir da média da distribuição normal.

Como essa metodologia visa a utilização de metas para lançamento de esgotos, os limites das
concentrações dos parâmetros seguiram a seguinte hierarquia:

 Prioridade 1: Limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005 para


lançamento de efluentes;

 Prioridade 2: Limites estabelecidos pela Portaria IAP para lançamento de esgotos;

 Prioridade 3: Limites estabelecidos pela Sanepar (2010) para lançamento de esgotos;

Essa metodologia exige uma amostra representativa para determinação do ICT. Portanto não
foi possível levantar o índice da ETE 2 e ETE 3, em função de ter sido realizada apenas uma
coleta para caracterização do esgoto bruto e tratado.

5.4 CONTROLE DE MANUTENÇÃO E ESTUDO ECONÔMICO DA ETE 2

O controle de manutenção das unidades operacionais e equipamentos da ETE 2 foi realizado


com base nos resultados do monitoramento e também valores usuais de controle de processos
citados na literatura e pela Sanepar.

O levantamento dos custos operacionais foi realizado segundo dados da Sanepar (2010).
Metodologia 84

5.5 AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

Conhecendo as unidades de tratamento, eficiência do sistema e rotina operacional das ETEs


de Maringá, elaborou-se uma lista de verificação (check-list) das atividades envolvidas,
observando in loco o funcionamento e operação das mesmas.

A ferramenta utilizada para identificação dos impactos ambientais foi a matriz de interação,
em que são relacionadas às atividades realizadas nas ETEs, seus aspectos e respectivos
impactos ambientais decorrentes das mesmas, sendo caracterizados em impacto positivos ou
negativos. Impactos positivos são aqueles que favorecem o ambiente e podem ainda sofrer
medidas potencializadoras. Já os impactos negativos devem sofrer medidas mitigadoras para
reduzir seus danos ao ambiente.
Resultados e discussão 85

6 R ESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 ETE 2

A seguir serão apresentados os problemas encontrados na ETE 2, os resultados do


monitoramento e dos índices de qualidade, conformidade e confiabilidade, o controle de
manutenção das unidades operacionais e o estudo econômico.

6.1.1 Problemas encontrados na ETE 2

No decorrer do monitoramento, pode-se observar que a ETE esta passando por diversos
problemas. Os RALFs apresentam tubulações para realizar a queima dos gases gerados pelo
tratamento anaeróbio, porém isto não ocorre devido à ausência do aparelho necessário para
esta queima. Sendo assim, os gases são dispersos na atmosfera sem nenhum tipo de
tratamento.

Próximo a ETE se encontra um empreendimento de mineração, em que constantes vibrações


devido às explosões fazem com que haja problemas no fornecimento de energia elétrica na
estação, prejudicando unidades que necessitam de eletricidade, como o gradeamento
mecânico, desarenador, decantadores secundários e centrífuga.

O gradeamento mecanizado também deixou de funcionar por um período de tempo (Figura


6.1), permitindo a passagem de sólidos grosseiros para as outras unidades de tratamento.

Figura 6.1 - Gradeamento mecanizado retirado devido problemas de manutenção

Os resíduos gerados pelos gradeamentos e desarenador não são enviados para um destino
adequado, sendo descartados em uma área na própria ETE, podendo acarretar proliferação de
vetores e contaminação do solo e água (Figura 6.2).
Resultados e discussão 86

Figura 6.2 - Resíduos sólidos do tratamento preliminar dispostos na ETE 2

Os filtros biológicos, antes mesmo da realização da pesquisa, se encontravam em condições


precárias. Em função da ação dos compostos presentes no esgoto, o distribuidor rotativo
acabou oxidando com o tempo e perdeu a função de aplicar uniformemente o líquido no meio
suporte (Figura 6.3). Devido a este problema, um filtro biológico foi desativado e o segundo
filtro foi prejudicado, fazendo com que o esgoto percorresse o meio filtrante por caminhos
preferenciais e diminuísse significativamente a eficiência do tratamento.

Figura 6.3 - Condições precárias dos filtros biológicos

No terceiro mês de monitoramento, a entrada de esgoto no filtro biológico foi bloqueada e


deixou de fazer parte do sistema de tratamento. Com isso, a velocidade de escoamento do
esgoto aumentou por se tratar de um sistema a gravidade, e elevou a formação de espumas na
entrada dos decantadores secundários (Figura 6.4). As espumas são formadas principalmente
pelos surfactantes (detergentes).
Resultados e discussão 87

Figura 6.4 - Espumas formadas pela turbulência do esgoto

A centrífuga deixou de funcionar por um período longo durante o monitoramento,


prejudicando a eficiência dos RALFs e decantadores secundários. O excesso de lodo presente
nos reatores anaeróbios se deslocou para os decantadores, havendo um acúmulo de lodo
também nessa unidade de tratamento. Segundo Campos (2000) um aspecto operacional
importante em sistemas com lodo em suspensão, como o RALF, é a descarga de lodo em
excesso. Por meio desse procedimento, procura-se minimizar a descarga de lodo junto com o
esgoto, uma vez que tal descarga aumenta a concentração de poluentes no líquido.

Os reatores anaeróbios com manto de lodo tem uma capacidade máxima de acumulação de
lodo no seu interior estimada em 31 a 37,5 kg ST/m3, segundo Bezerra et al. (1999), após esse
limite, o reator é considerado cheio e o lodo produzido será descarregado com o efluente,
deteriorando a sua qualidade e comprometendo a eficiência do processo de tratamento.

Além do problema de acúmulo de lodo, não é feita a retirada de escuma dos RALFs há cerca
de dois anos, isto provavelmente diminui o tempo de retenção devido a redução do volume
útil do reator e, consequentemente, prejudica a eficiência das unidades. Segundo Sanepar
(2005e) a remoção destes resíduos tem por finalidade evitar a aderência e entupimento das
tubulações e o acúmulo excessivo na superfície dos RALFs e de outras unidades, faz com que
a escuma se solidifique, dificultando a sua remoção, aumentando a possibilitade de geração de
odor e pressionando o biogás e a lona na câmara de digestão do reator.

Gomes et al. (2005) caracterizaram as escumas em reatores anaeróbios como materiais ricos
em materiais fibrosos, especialmente cabelos, pêlos, fios, materiais têxteis, plásticos, filtros de
cigarros, preservativos, sementes, etc., tudo misturado com um pouco de lodo anaeróbio e
Resultados e discussão 88

eventualmente com um pouco de óleos e graxas. As escumas drenam facilmente e não atraem
ou reproduzem insetos e também não exalam maus odores típicos, perceptíveis.

As bombas de recirculação do lodo dos decantadores secundários para a saída do desarenador


também apresentaram falhas no funcionamento, influenciando ainda mais o excesso de lodo
nos decantadores.

O sistema mecanizado de raspagem de lodo dos decantadores precisou ser desativado devido
à problemática do lodo, permanecendo assim até o fim do período amostral.

A esquematização dos principais problemas encontrados nas unidades de tratamento, bem


como o período de ocorrência dos mesmos durante o monitoramento podem ser visualizados
na Figura 6.5.

Legenda: 1 = 1ª semana; 2 = 2ª semana; 3 = 3ª semana; 4 = 4ª semana


Figura 6.5 - Principais problemas identificados e período de ocorrência durante o
monitoramento na ETE 2

Os problemas de manutenção e operacionais supracitados influenciaram no funcionamento do


sistema e prejudicaram as unidades de tratamento. Com isso, a qualidade do esgoto lançado
no corpo receptor se tornou inferior e não se enquadraou nos limites preconizados pela
Resultados e discussão 89

legislação ambiental como poderá ser visualizado nos resultados das análises dos diversos
parâmetros.

6.1.2 Monitoramento na ETE 2

6.1.2.1 Precipitação pluviométrica

A composição, concentração e quantidade do esgoto sanitário que entra em uma ETE sofrem
influência da precipitação pluviométrica, como poderá ser visto nos valores dos parâmetros
discutidos posteriormente. O índice de precipitação acumulada em cada semana durante o
período de monitoramento apresentou oscilações, conforme mostra a Figura 6.6.

Figura 6.6 - Precipitação pluviométrica em Maringá/PR durante o monitoramento

Os períodos chuvosos que mais se destacaram durante o monitoramento foram aqueles das
duas últimas semanas de março, obtendo juntas o índice de 120,0 mm. Também houve
destaque para a 3ª semana de maio e julho, com índices de 40,9 e 40,8 mm, respectivamente.

Observa-se que o período no qual mais se concentraram as chuvas foi nos dois primeiros
meses do período amostral, diferente do mês de agosto que obteve o menor índice
pluviométrico com 24 mm.

6.1.2.2 Vazão
O sistema de esgotamento sanitário de Maringá é o de separação absoluta, portanto a
precipitação pluviométrica não deveria interferir significativamente na vazão de entrada da
ETE. Porém, verificou-se que eventos de precipitação alteraram a vazão afluente da estação e
esta interferência pode ter ocorrido devido à contribuição pluvial parasitária (drenagem
Resultados e discussão 90

superficial que é absorvida pela rede coletora de esgoto sanitário) e também água de
infiltração que penetra nos condutos defeituosos.

Os dados de vazões apresentados são os valores observados no período da coleta,


considerando o tempo de retenção nos processo unitários do sistema. Os períodos de maiores
vazões foram aquelas da 4ª semana de março, 3ª semana de maio e julho, sendo também os
períodos que apresentaram maiores índices pluviométricos (Figura 6.7).

Figura 6.7 - Variação da vazão na ETE 2 durante o período de monitoramento

A medida realizada na 3ª semana de julho chegou a registrar uma vazão máxima de 721,51
L/s, ultrapassando a sobrecarga de projeto da ETE 2, que é de 560 L/s, o que pode ter
comprometido o funcionamento das unidades de tratamento. Os RALFs, por exemplo, quando
recebem uma vazão superior à máxima de projeto, sofrem a expulsão do manto de lodo do
reator, diminuindo significativamente a eficiência de tratamento.

Em eventos de aumento significativo de vazão, uma alternativa operacional seria utilizar a


comporta do “by-pass” para desviar o excesso de volume de esgoto, deixando a vazão em
torno de 250 a 300 L/s, embora essa solução proteja o sistema de uma sobrecarga, o esgoto
excedente é lançado no corpo receptor sem qualquer tipo de tratamento.

6.1.2.3 Potencial hidrogeniônico

A variação de pH nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura 6.8
e Tabela 6.1.

O pH é um parâmetro que influência em diversos equilíbrios e reações químicas que ocorrem


no ambiente, além de exercer influência sobre a atividade microbiana.
Resultados e discussão 91

Em todas as unidades amostrais o pH apresentou oscilações, com variações na faixa de 7,15 -


7,86 para a amostra do ponto 1; 7,14 - 7,95 para a amostra do ponto 2; 6,79 - 7,40 para a
amostra do ponto 3; e 7,07 - 7,84 para a amostra do ponto 4. O esgoto tratado lançado no
ribeirão Pinguin se encontrou dentro dos padrões preconizados pela Resolução do CONAMA
357/2005, faixa entre 5 e 9.

Legenda: FB = Filtro Biológico; DS = Decantador Secundário


Figura 6.8 - Variação de pH nos pontos de coleta de esgoto

Tabela 6.1 - Variação de pH nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima 7,9 7,9 7,4 7,8
Média 7,4 7,4 7,1 7,4
Mínima 7,1 7,1 6,8 7,0
Desvio Padrão 0,2 0,2 0,2 0,2
Coeficiente de Variação (%) 3 3 2 3
Número de Análises 24 24 24 24

Observa-se que em todas as coletas, o pH das amostras do ponto 3 decresceu em comparação


com os dois primeiros pontos, se elevando novamente após passar pelo pós-tratamento, como
pode ser observado nas amostras do ponto 4. Em digestão anaeróbia o pH varia de ácido ao
básico na etapa acidogênica e metanogênica, porém para reatores sem separação de fases o pH
deve ficar próximo da neutralidade. Segundo Van Haandel e Lettinga (1994), existe a
necessidade do estabelecimento do equilíbrio entre a metanogênese e a fermentação ácida
Resultados e discussão 92

(três primeiras etapas) no que concerne a produção de ácidos graxos voláteis e sua remoção,
de forma a garantir um meio com pH próximo ao ponto neutro. Caso aconteça uma produção
líquida de ácidos graxos voláteis, há a tendência de redução do pH, bloqueando a
metanogênese, ocorrendo o “azedamento” do meio.

Nos dois últimos meses de monitoramento, o pH no último ponto decresceu, isto se deve
possivelmente ao acúmulo de lodo nos decantadores secundários e câmara de contato, fazendo
com que o esgoto no ponto 3 e ponto 4 apresentassem características semelhantes.

6.1.2.4 Oxigênio dissolvido

A variação de OD nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura 6.9
e Tabela 6.2.

Figura 6.9 - Variação de OD nos pontos de coleta

Tabela 6.2 - Variação de OD nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 0,7 0,6 6,8 9,0
Média (mg/L) 0,4 0,4 4,9 7,7
Mínima (mg/L) 0,2 0,2 2,7 5,2
Desvio Padrão (mg/L) 0,1 0,1 1,0 1,1
Coeficiente de Variação (%) 31 23 22 14
Número de dados 24 24 24 24
Resultados e discussão 93

O OD do esgoto bruto e após passar pelo tratamento preliminar apresentou valores próximos a
zero em todas as coletas, em função da atividade microbiana no processo de degradação da
matéria orgânica altamente concentrada no esgoto. Os valores de OD medidos no ponto 3
variaram de 2,69 a 6,11 mg/L, já no ponto 4 houve um crescimento significativo com uma
variação de 5,20 a 9,00 mg/L, refletindo em uma eficiência positiva das unidades de
tratamento para este parâmetro. As concentrações de 9 mg/L apresentadas em algumas
amostras possivelmente pode ter ocorrido por uma falha na medição, pois esse valor é
encontrados em águas superficiais.

A Resolução CONAMA 357/2005 estabelece que, para rios de classe 2, a quantidade de OD


não pode ser inferior a 5 mg/L. Em análises realizadas pela Sanepar (2010a) no ribeirão
Pinguin durante alguns meses do presente monitoramento, o OD no corpo receptor não se
enquadrou à legislação, apresentando concentrações de 3,80 mg/L em março e 2,54 mg/L em
junho e 3,80 mg/L em agosto. É importante destacar que a coleta no corpo d’água foi
realizada a uma distância de 100 m a jusante do lançamento.

6.1.2.5 Relação F/M

A variação da Relação F/M no tratamento anaeróbio e aeróbio da ETE 2 pode ser visualizada
na Figura 6.10 e Tabela 6.3.

Figura 6.10 - Variação da Relação F/M no tratamento anaeróbio e aeróbio


Resultados e discussão 94

Tabela 6.3 - Variação da Relação F/M no tratamento anaeróbio e aeróbio


Elementos Tratamento anaeróbio Tratamento aeróbio
Máxima (Kg DBO5/Kg SSV.dia) 5,8 0,6
Média (Kg DBO5/Kg SSV.dia) 0,8 0,3
Mínima (Kg DBO5/Kg SSV.dia) 0,1 0,1
Desvio Padrão (Kg DBO5/Kg SSV.dia) 1,1 0,1
Coeficiente de Variação (%) 141 42
Número de dados 24 24

A relação F/M, baseia-se no fato de que a quantidade de substrato disponível por unidade de
massa dos microrganismos é relacionada com a eficiência do sistema.

Na literatura, a relação F/M em geral deve situar-se na faixa de 0,2 a 1,0 em processos
anaeróbios e 0,3 a 0,6 em processos aeróbios (VON SPERLING, 2002). Na presente pesquisa
o tratamento anaeróbio apresentou uma variação considerável de 141% durante o
monitoramento e mostrou uma relação F/M na faixa acima citada, com exceção da amostra da
2ª semana de abril que obteve um valor de 5,8, talvez por um erro na determinação.

O tratamento aeróbio permaneceu parte do monitoramento dentro da faixa e alguns períodos


fora da faixa estipulada, principalmente nos 3 últimos meses. Isso se deve ao fato das
condições precárias do filtro biológico e desativação do mesmo em maio.

Geralmente, com valores baixos de F/M, tem-se menor produção de sólidos e idade de lodo
muito elevada. Entretanto, a amostra da 1ª semana de maio foi a que obteve a maior
concentração de SSV (627 mg/L) no tratamento anaeróbio durante todo período amostral e ao
mesmo tempo apresentou a menor relação F/M com 0,1 Kg DBO5/Kg SSV.dia.

6.1.2.6 Demanda bioquímica de oxigênio


A variação de DBO5 nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.11 e Tabela 6.4.

As concentrações de DBO5, juntamente com a eficiência dos tratamentos, apresentaram


oscilações significativas durante todo o monitoramento, isto se deve, possivelmente, aos
fatores climáticos e também operacionais.

Entre os dois primeiros pontos não houve diferenças de DBO5 na maioria das coletas, sendo
que as maiores concentrações foram detectadas na 2ª semana de março, com 361 mg/L no
ponto 1 e 342 mg/L no ponto 2. Isto é explicado devido a ocorrência de manutenção na rede
coletora de esgoto, aumentando significativamente a quantidade de sólidos no esgoto. Silva et
al. (1997) analisando o esgoto não tratado de Maringá, detectaram uma concentração de 320
Resultados e discussão 95

mg/L de DBO5, valor encontrado apenas em algumas coletas nos dois primeiros meses do
presente estudo.

Figura 6.11 - Variação de DBO5 nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.4 - Variação de DBO5 nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 386 358 344 118
Média (mg/L) 260 250 122 62
Mínima (mg/L) 66 114 38 31
Desvio Padrão (mg/L) 72 60 63 21
Coeficiente de Variação (%) 28 24 52 35
Número de dados 24 24 24 24

Elevadas concentrações também ocorreram nas três primeiras semanas de abril, com 371, 342
e 330 mg/L no esgoto bruto, e 314, 347 e 319 mg/L após o tratamento preliminar,
respectivamente; e 2ª semana de agosto, com 386 mg/L no esgoto bruto e 277 mg/L após o
tratamento preliminar. Neste último período supõe-se que ocorreu despejo irregular de
efluente industrial, devido a mudança da coloração do esgoto, aumentando significativamente
a DBO5.
Resultados e discussão 96

Na 4ª semana de março, a DBO5 no ponto 2 foi superior ao detectado no ponto anterior, pois
durante as coletas ocorreu a recirculação do lodo dos decantadores secundários à saída do
desarenador. Na 4ª semana de abril também ocorreu recirculação do lodo, fazendo com que os
valores de DBO5 das amostras do ponto 2 fossem superiores os valores das amostras do ponto
1. No entanto, esta semana apresentou as menores concentrações de DBO5 em todos os
pontos. Isto ocorreu devido grande parte da coleta ter ocorrido no período da manhã e ter sido
um feriado nacional, não havendo altas vazões e entrada de altas cargas orgânicas (1.148 kg
DBO5/dia).

Com relação ao ponto 3, a concentração das as amostras apresentaram uma variação de 52% e
os maiores valores foram encontrados nas amostras das duas primeiras semanas de maio (344
e 227 mg/L) e na 3ª semana de junho (186 mg/L), respectivamente. Observou-se que nos dois
primeiros meses não houve grandes concentrações de DBO5 nas amostras do ponto 3, porém
no início de maio a concentração se elevou devido ao aumento do manto de lodo no interior
dos RALFs. Segundo a Sanepar (2005e) quando não há limpeza dos RALFs, materiais inertes
como areia fina, plásticos, trapos e cabelos provocam a retenção e crescimento do manto de
lodo com o passar do tempo. Além disso, reduzem o volume útil dos reatores, prejudicando a
qualidade do esgoto.

A centrífuga estava desativada desde o início do monitoramento não removendo o lodo


anaeróbio excedente dos RALFs e diminuindo a relação F/M no mesmo em função da
ausência de seu descarte. Com isso, nos horários de vazões altas, o manto de lodo se deslocou
juntamente com o líquido, elevando a concentração de DBO5 do esgoto. Com o passar das
semanas, a concentração foi decrescendo até atingir a faixa de oscilação dos primeiros meses
do período amostral. Devido a estes problemas, a eficiência média do tratamento anaeróbio
diminuiu de 60% para 38% e nas outras coletas a eficiência foi se elevando, porém com
maiores oscilações.

Avaliando o desempenho do reator UASB da ETE Lages de Aparecida de Goiânia/GO


durante cerca de 6 meses, Vieira et al. (2005) verificaram que a unidade não apresentara
qualquer anormalidade, obtendo desempenho satisfatório com remoções médias de 65% para
DBO5. Já Santos et. al. (2007) obtiveram uma eficiência média de 70%. No projeto da ETE 2
a eficiência esperada dos RALFs é de 80%, porém o monitoramento mostrou que o
desempenho do reator está abaixo do desejado, ficando próximo da eficiência encontrada
pelos autores supracitados.
Resultados e discussão 97

A Resolução CONAMA 357/2005, juntamente com a Resolução CONAMA 397/2008 não


apresenta valores de lançamentos de esgotos para DBO5, PT, NH4+, NO2-, NO3- e SDT em
esgotos sanitários, mas estabelece valores bem restritivos aos corpos hídricos receptores,
determinando mesmo que de forma indireta, que as concentrações presentes nos esgotos
devam ser as menores possíveis. Durante todo o monitoramento as amostras do ponto 4
apresentaram uma oscilação de 30,8 - 117,7 mg/L. Análises realizadas pela Sanepar (2010a)
no corpo receptor evidenciaram que os valores de DBO5 se mostraram acima do permitido
pela Resolução CONAMA 357/2005 (valor máximo de 5 mg/L) para rios de classe 2 em
quase todo período amostral: março (10 mg/L), abril (8 mg/L), maio (14 mg/L), junho (16
mg/L), julho (58 mg/L) e agosto (35 mg/L).

As oscilações das unidades amostrais do ponto 4 mostram também que grande parte das
semanas não corresponderam ao limite de 60 mg/L de DBO5 imposto pela Portaria do IAP
(ORSSATTO, 2009) para lançamentos de efluentes.

O tratamento aeróbio apresentou uma eficiência com oscilações maiores a partir do mês de
maio, quando houve o interrompimento do fluxo de esgoto pelo filtro biológico, fazendo com
que o efluente fosse direcionado diretamente dos RALFs para os decantadores secundários e a
eficiência variasse de 0% a 57%. Já o tratamento completo apresentou uma eficiência mínima
de 53,4% e máxima de 90,5%.

A Sanepar estipula uma concentração máxima de DBO5 no esgoto tratado de 90 mg/L e o


monitoramento evidenciou que apenas as amostras da 3ª semana de maio (98,5 mg/L) e a 2ª e
4ª semana de agosto (117,7 e 91,9 mg/L) mostraram valores acima do permitido pela
companhia.

6.1.2.7 Demanda química de oxigênio


A variação de DQO nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.12 e Tabela 6.5.
As amostras do ponto 1 e ponto 2 sofreram as mesmas variações que a DBO5, com 1040 - 190
mg/L para o primeiro e 993 - 330 mg/L para o segundo ponto. Os valores de DQO do esgoto
bruto (média de 760 mg/L) permaneceram em quase todo o monitoramento dentro da faixa
usual de 500-800 mg/L adotada por Chernicharo (2001). As concentrações de DQO foram
similares aos encontrados por Silva et al. (1997) que, analisando 49 amostras de esgoto em
Maringá, chegaram a um valor médio de 687 mg/L.
Resultados e discussão 98

Figura 6.12 - Variação de DQO nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.5 - Variação de DQO nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 1.041 993 1.091 327
Média (mg/L) 760 732 353 187
Mínima (mg/L) 189 330 111 94
Desvio Padrão (mg/L) 187 154 192 59
Coeficiente de Variação (%) 25 21 54 31
Número de dados 24 24 24 24

As amostras do ponto 3 também sofreram influência com o acúmulo de lodo no interior dos
RALFs no mês de maio com um desvio padrão de 191,59 mg/L e obtendo uma máxima de
1.091 mg/L, em seguida houve o decaimento da concentração de DQO com algumas
oscilações. Todas as amostras apresentaram concentrações superiores (média de 352 mg/L)
quando comparadas com um trabalho realizado por Sousa et al. (2006) que detectou em média
220 mg/L de DQO ao passar pelo reator anaeróbio.

Na 3ª semana de julho a centrífuga voltou a operar, retirando o excesso de lodo e aumentando


a relação F/M para 0,7 e consequentemente diminuindo a concentração de DQO até chegar a
152 mg/L. Porém, na semana seguinte a centrifuga deixou de funcionar novamente, voltando
Resultados e discussão 99

a acumular lodo no reator e elevando a DQO no mês de agosto e diminuindo a relação F/M
para 0,4. A eficiência do tratamento anaeróbio, que deve possuir no mínimo 75%, ficou em
torno de 50 a 60%, com algumas quedas bruscas (7% de eficiência) devido aos fatores
operacionais supracitados.

Em um estudo realizado por Ramos (2008) em reatores anaeróbios sem descarte de lodo
programado, foi observado que a eficiência de remoção média de DQO foi na ordem de 69%,
verificando a necessidade de um tratamento complementar para remover a parcela
remanescente de matéria orgânica. Versiani et al. (2005) também avaliaram o desempenho de
reatores submetidos a diferentes condições operacionais e obtiveram resultados semelhantes,
verificando que a eficiência foi satisfatória, mesmo sem descarte de lodo, com remoções
superiores a 64%.

A Sanepar atribui para a DQO um valor limite de 225 mg/L em seu esgoto tratado, ou seja, os
meses de maio, junho e agosto apresentaram amostras com valores superiores ao desejado
pela empresa. Além disso, pode-se verificar que em quase todas as coletas as concentrações
de DQO das unidades amostrais do ponto 4 apresentaram-se acima do máximo permitido para
lançamento de efluentes determinado pela Portaria do IAP, que é de 150 mg/L (ORSSATTO,
2009). Isso mostra que a eficiência, que variava de 70 a 90% do tratamento completo, não
estava sendo suficiente para manter as concentrações de DQO dentro dos padrões exigidos
pelo órgão fiscalizador do Paraná.

As elevadas concentrações das amostras do ponto 4 (máxima de 326 mg/L) são justificadas
aparentemente pela elevada idade do lodo nas unidades de pós-tratamento. O bloqueio da
passagem do esgoto pelo filtro biológico fez com que o líquido escoasse com maior
velocidade para os decantadores secundários. Com isso, houve o arraste do excesso do lodo
presente nos RALFs para os decantadores, prejudicando até mesmo seus mecanismos de
raspagem de lodo. As bombas de recirculação do lodo para os reatores também apresentaram
falhas, consequentemente o lodo acumulou-se nas unidades finais de tratamento, fazendo com
que o esgoto lançado no corpo receptor apresentasse uma qualidade inferior à permitida.

6.1.2.8 Relação DBO5/DQO

A variação da relação DBO5/DQO nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser
visualizada na Figura 6.13 e Tabela 6.6.

As relações entre parâmetros, principalmente a relação DBO5/DQO, contribuem para melhor


entendimento de um sistema de tratamento. Esta razão é normalmente utilizada na escolha do
Resultados e discussão 100

tipo de tratamento de efluentes e segundo Rodrigues (2001) a razão DBO5/DQO tem sido

extensivamente utilizada para expressar a biodegradabilidade de efluentes de relevância


ambiental.

Figura 6.13 – Variação da relação DBO5/DQO dos pontos de coleta

Tabela 6.6 - Variação da relação DBO5/DQO nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima 0,4 0,4 0,5 0,5
Média 0,3 0,3 0,3 0,3
Mínima 0,3 0,3 0,3 0,2
Desvio Padrão 0 0 0 0
Coeficiente de Variação (%) 5 6 16 20
Número de dados 24 24 24 24

Para esgotos sanitários brutos essa relação varia de 0,6 a 1,4 e a tendência é diminuir após o
tratamento biológico, ou com o passar do tempo, indicando que a fração biodegradável
diminui e a inerte (não biodegradável) permanece constante (METCALF; EDDY, 2002). Os
valores encontrados nos esgotos brutos (ponto 1) em todo período amostral foram inferiores
aos valores mencionados pelos autores supracitados.

Um trabalho realizado em Maringá por Silva et al. (1997) mostrou que o esgoto bruto
apresentou a mesma diferença, com uma relação de 0,48, valor superior ao presente estudo,
em que a maior relação nas amostras do ponto 1 foi 0,37 na 2ª semana de março e agosto.
Resultados e discussão 101

As amostras do ponto 3 apresentaram valores entre 0,29 - 0,51. Em várias coletas a relação
DBO5/DQO das unidades amostrais do ponto 3 foi maior que as do ponto 1, principalmente
durante março e maio. A relação das amostras do ponto 4 também não foi em sua totalidade
menor que o ponto inicial, com valores mais significativos nas duas primeiras semanas de
março (0,36 e 0,55) e nas duas últimas semanas de maio (0,41 e 0,42). Isto pode ter ocorrido
devido algumas partículas inertes terem sido descartadas pelos decantadores secundários.

6.1.2.9 Carga orgânica


A variação da carga orgânica nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na
Figura 6.14 e Tabela 6.7.

Figura 6.14 - Variação de carga orgânica dos pontos de esgoto

Tabela 6.7 - Variação de carga orgânica dos pontos de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (Kg DBO /dia) 8.138 9.204 7.410 2.484
5
Média (Kg DBO /dia) 5.566 5.338 2.553 1.312
5
Mínima (Kg DBO /dia) 1.147 1.982 656 534
5
Desvio Padrão (Kg DBO /dia) 1.729 1.587 1.329 512
5
Coeficiente de Variação (%) 31 30 52 39
Número de dados 24 24 24 24
Resultados e discussão 102

Golveia da Costa (2000) apresenta um carga orgânica de 8.398 Kg DBO /dia para o esgoto
5

afluente a ETE 2. No presente trabalho verificaram-se que os valores para carga orgânica
considerando a mesma população (65.031 habitantes) foram inferiores e obteve variações
mais significativas, possivelmente, devido a fatores externos, como precipitação
pluviométrica e problemas operacionais.

Em dias chuvosos, o esgoto bruto chegou a apresentar altos valores de carga orgânica na 4ª
semana de março (7.472 Kg DBO /dia), nas duas primeiras semanas de abril (7.819 e 7.262
5

Kg DBO /dia), e na 3ª semana de julho (7.449 Kg DBO /dia).


5 5

Outros fatores que influenciaram no acréscimo de carga orgânica no esgoto foi a manutenção
ocorrida na rede de esgoto na 2ª semana de março (7.576 Kg DBO /dia), o despejo irregular
5

de esgoto industrial na rede de esgoto na 2ª semana de agosto (8.138 Kg DBO /dia) e a coleta
5

realizada no período da manhã diminuindo significativamente a concentração na 4ª semana de


abril (1.148 Kg DBO /dia).
5

As amostras do ponto 3 apresentaram uma variação de 52% e uma maior concentração na 1ª


semana de março (344 Kg DBO /dia), devido ao excesso de manto de lodo no RALF,
5

estabilizando a carga orgânica no decorrer das coletas. Os valores das amostras do ponto 4
evidenciaram que houve remoção de carga orgânica em quase todas as coletas, com exceção
da 3ª semana de julho e 2ª semana de agosto, com acréscimo de 28,6 e 12,4 Kg DBO /dia,
5

respectivamente.

6.1.2.10 Sólidos totais


A variação de ST nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.15 e Tabela 6.8.

Os resultados de ST mostraram que a eficiência do tratamento preliminar possui uma


flutuação constante. A remoção de ST nas amostras do ponto 2 mostrou os maiores
rendimentos na 2ª e 3ª semana de março, com uma redução de 1.035 e 809 mg/L,
respectivamente. Tais resultados demonstram um bom rendimento do desarenador, pois nestas
semanas ocorreu a manutenção da rede de esgotamento, elevando a quantidade de sólidos
presentes no esgoto bruto. Além disso, segundo dados fornecidos pela Sanepar, a quantidade
de sólidos retidos no desarenador foi maior no mês de março (35 m3), seguido de junho (31,5
m3), abril (24,5 m3) e maio e julho (ambos com 21 m3).
Resultados e discussão 103

Figura 6.15 - Variação de ST nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.8 - Variação de ST nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 2.034 999 1560 755
Média (mg/L) 896 795 589 492
Mínima (mg/L) 494 588 372 370
Desvio Padrão (mg/L) 311 116 226 98
Coeficiente de Variação (%) 35 15 38 20
Número de dados 24 24 24 24

A eficiência do desarenador muitas vezes mostrou-se nula, como por exemplo, nas três
primeiras semanas de agosto, ou seja, o esgoto após ter percorrido o desarenador, apresentou
uma quantidade de ST maior que no esgoto bruto. Prado (2006) afirma que é muito difícil
interpretar dados de eficiência de remoção dos desarenadores, pois, além da escassez desses
dados, o próprio material que estas unidades removem é pouco caracterizado e, por
conseguinte, as eficiências de diferentes sistemas de desarenação não podem ser comparadas.

Percebe-se que em algumas semanas que houve precipitação pluviométrica, a concentração de


ST nas amostras do ponto 2 foi maior que no primeiro ponto, como é o caso da 4ª semana de
Resultados e discussão 104

março (82,3 mm) e de abril (24 mm), mostrando que o esgoto bruto foi diluído e adquiriu
sólidos no desarenador.

Os ST das unidades amostrais do ponto 3 também apresentaram flutuações com uma maior
interferência no mês de maio devido elevado lodo nos RALFs, resultando em 1.560 mg/L de
ST e diminuindo a eficiência do tratamento anaeróbio à zero. Pode-se inferir que, a partir
dessa data, já se atingia a capacidade máxima de acumulação de lodo no interior do reator e
talvez uma elevada idade do lodo em função da baixa relação F/M, resultando em uma maior
perda de sólidos no efluente. Nas coletas seguintes, a eficiência voltou a se estabilizar em
torno de 30 a 50%, pois houve a retirada de 480 m3 de lodo em julho devido o retorno da
centrífuga. No final do mês de julho e em agosto a concentração de ST se elevou novamente
(692 e 673 mg/L, respectivamente), também em função do lodo acumulado nos RALFs, já
que a centrífuga estava danificada.

Na 2ª semana de maio, com o interrompimento da passagem do esgoto pelo filtro biológico, a


quantidade de ST nas amostras do ponto 4 se elevou em conseqüência do elevado acúmulo de
lodo, chegando à faixa de 755 mg/L de ST e algumas vezes ficando acima das amostras do
ponto 3. A eficiência do tratamento aeróbio se encontrou em torno de 0 a 20%, sendo que nas
coletas em que houve falha no funcionamento da centrífuga a eficiência do sistema foi menor.

6.1.2.11 Sólidos suspensos totais


A variação de SST nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.16 e Tabela 6.9.

A concentração de SST é um parâmetro importante de operação do sistema, o nível da


concentração mantida no reator afetará diretamente a eficiência de remoção do tratamento,
visto que altera a relação F/M.

Da mesma forma que os ST, os SST obtiveram as mesmas influências nos dois primeiros
pontos com a manutenção na rede de esgoto ocorrido na 2ª semana de março, apresentando
frações de 486 mg/L para as amostras do ponto 1 e 526 mg/L para as amostras do ponto 2.

A eficiência do tratamento preliminar é praticamente nula, pois as unidades amostrais do


ponto 2 na maior parte da série temporal obteve concentrações maiores que o ponto inicial.

As amostras do ponto 3 apresentaram um pico de 1.138 mg/L na 1ª semana de maio


possivelmente em conseqüência do crescimento do manto de lodo anaeróbio no interior dos
RALFs e aparentemente elevada idade do lodo e baixa relação F/M devido a ausência de
Resultados e discussão 105

descarte do mesmo, fazendo com que a eficiência do tratamento anaeróbio diminuísse de 60%
à zero. Além disso, foi o ponto que apresentou maior desvio padrão (213,47 mg/L) e variação
(128%). Com o passar das semanas a concentração foi diminuindo, porém com maiores
oscilações. Tais variações podem ser atribuídas à dificuldade de sedimentação dos flocos no
interior do reator devido a sobrecargas hidráulicas, principalmente em dias chuvosos, bem
como da influência do tratamento preliminar. Quando não há boa sedimentação dos sólidos,
há um acréscimo na concentração de SST no esgoto.

Figura 6.16 - Variação de SST nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.9 - Variação de SST nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 509 526 1.138 97
Média (mg/L) 297 280 166 61
Mínima (mg/L) 100 126 42 20
Desvio Padrão (mg/L) 80 73 213 26
Coeficiente de Variação (%) 27 26 128 43
Número de dados 24 24 24 24
Resultados e discussão 106

Em pesquisas realizadas por Camolese et al. (1999) foram detectadas concentrações próximas
ao do presente estudo, com média de 112 mg/L após o esgoto passar pelos reatores
anaeróbios. Eficiência semelhante também foi encontrada em trabalhos de Neder et al. (1999)
ao estudar reatores anaeróbios, obtendo uma remoção de SST em 60%. Sousa et al. (2006)
apresentou valores parecidos para o esgoto bruto de Campina Grande/PB com 280 mg/L,
porém inferiores ao passar pelo tratamento anaeróbio, com 85 mg/L.

Até o mês de abril, foi detectado concentrações baixas nas amostras do ponto 4 (máximo de
44 mg/L), entretanto, o problema decorrente da ausência de circulação do lodo dos
decantadores secundários elevou os SST de 60 a 92 mg/L, prejudicando a eficiência do
tratamento aeróbio e do sistema completo nos últimos meses.

Toledo et al. (2001) estudando um sistema composto por reator anaeróbio, filtro biológico e
decantador secundário, verificou concentrações de SST no efluente próximas ao da ETE 2, de
53 a 90 mg/L.

O limite estabelecido pela Sanepar para SST em esgoto tratado é de 60 mg/L e o tratamento
precisa apresentar uma eficiência acima de 50%. Apesar da eficiência do tratamento completo
durante o monitoramento ter permanecido acima do estabelecido pela Sanepar, o mesmo não
ocorreu nas concentrações de SST no esgoto que, a partir do mês de maio, em todas as coletas
foi detectado valores acima de 60 mg/L. Isto mostra que os SST afetaram as concentrações de
lodo nas unidades de tratamento, pois segundo Karl e Imhoff (2002) a determinação dos SST
é uma das mais importantes já que são estes que vão formar o lodo durante o tratamento de
esgoto.

6.1.2.12 Sólidos suspensos voláteis

A variação de SSV nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.17 e Tabela 6.10.

O pico evidenciado na relação F/M de 5,8 para o tratamento anaeróbio na 2ª semana de abril
pode ser explicado pela baixa concentração de SSV no período para a amostra do ponto 2 (70
mg/L).

As amostras do ponto 3 também apresentaram concentrações altas nas duas primeiras


semanas de maio com 627 e 185 mg/L, respectivamente, voltando a decrescer no decorrer do
monitoramento, porém permanecendo acima da média encontrada por Souza et al. (2006) de
70 mg/L em reatores anaeróbios. Porém o tratamento anaeróbio obteve os menores valores de
Resultados e discussão 107

relação F/M, evidenciando talvez uma idade de lodo elevada devido a ausência de seu
descarte. Ao mesmo tempo, o sistema anaeróbio do período supracitado obteve a menor
eficiência durante o monitoramento.

Figura 6.17 - Variação de SSV nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.10 - Variação de SSV nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 380 297 627 97
Média (mg/L) 246 228 112 48
Mínima (mg/L) 131 70 12 12
Desvio Padrão (mg/L) 48 54 115 22
Coeficiente de Variação (%) 19 24 103 46
Número de dados 24 24 24 24

Visualizando o período em que houve a falha nas bombas elevatórias dos decantadores
secundários, percebe-se um ligeiro aumento de SSV nas unidades amostrais do ponto 4 a
partir de maio. Este fato se deve a ausência de recirculação de lodo dos decantadores
secundários, diminuindo a relação F/M.
Resultados e discussão 108

6.1.2.13 Sólidos suspensos fixos

A variação de SSF nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.18 e Tabela 6.11.

Figura 6.18 - Variação de SSF nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.11 - Variação de SSF nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 264 274 511 31
Média (mg/L) 55 55 59 14
Mínima (mg/L) 29 25 16 3
Desvio Padrão (mg/L) 46 48 98 8
Coeficiente de Variação (%) 83 86 167 55
Número de dados 24 24 24 24

O SSF obteve uma maior concentração na 2ª semana de março com 264 mg/L na amostra do
ponto 1 e 274 mg/L na do ponto 2, em função da manutenção na rede de esgoto.

As unidades amostrais do ponto 3 manteve uma concentração média de 58,96 mg/L, com um
pico nas duas primeiras semanas de maio que apresentaram uma concentração de 511 e 126
mg/L de SSF, representando um desvio padrão de 98,47 mg/L e variação de 167%. Tal fato
Resultados e discussão 109

evidencia um alto índice de mineralização no esgoto no mês de março. A eficiência do


tratamento anaeróbio não acompanhou as concentrações de SSF nas amostras do ponto 3,
variando de 0 a 60%.

As amostras do ponto 4 nos dois primeiros meses apresentaram concentrações inferiores a dos
outros meses de monitoramento, com média de 6,4 mg/L no primeiro período e 18,1 mg/L no
último período citado. Como conseqüência, a eficiência do tratamento aeróbio e completo
foram superiores nos primeiros meses, quando comparados aos últimos.

Um dos indicadores de que o lodo precisa ser descartado é a elevada quantidade de cinzas no
lodo (SSF), indicando mineralização. A distribuição das frações de sólidos suspensos fixos e
voláteis nas amostras do ponto 3 e ponto 4 pode ser visualizada na Figura 6.19.

Figura 6.19 - Distribuição das frações de sólidos suspensos fixos e voláteis nos pontos de coleta

No sistema que é operado adequadamente a quantidade de cinzas presentes não deve exceder
a 40% do peso total do lodo. Para diminuir o índice de mineralização presente, o descarte de
lodo precisará ser aumentado a fim de permitir a produção de lodo fresco, ou seja, a relação
F/M precisará ser aumentada de maneira gradual (se subir drásticamente, a sedimentabilidade
do lodo diminui). Quando se eleva a relação F/M, indica que cada bactéria tem mais alimento
e se reproduz mais rapidamente, com o passar do tempo, a tendência é diminuir o valor de
F/M e, dessa forma, o índice de mineralização (SOARES et al., 2001).
Resultados e discussão 110

O maior índice de mineralização nas amostras do ponto 3 foi na 2ª semana de abril com 71%
de SSF contra 29% de SSV, podendo ser explicado pela elevada relação F/M de 5,8 kg
DBO5/kg SSV.dia. Em seguida, a 4ª semana de abril e as duas primeiras semanas de maio
obtiveram os maiores índices de mineralização de 41 a 45% de SSF.

Para as amostras do ponto 4, a 1ª semana de abril apresentou a maior mineralização com 40%
de SSF e também maior relação F/M do monitoramento com 0,6 kg DBO5/kg SSV.dia.

6.1.2.14 Sólidos dissolvidos totais

A variação de SDT nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.20 e Tabela 6.12.

Figura 6.20 - Variação de SDT nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.12 - Variação de SDT nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 1548 712 569 674
Média (mg/L) 596 513 421 427
Mínima (mg/L) 337 325 284 308
Desvio Padrão (mg/L) 278 108 73 94
Coeficiente de Variação (%) 47 21 17 22
Número de dados 24 24 24 24
Resultados e discussão 111

Com exceção do mês de março em que houve influência da manutenção na rede de esgoto, os
SDT foram influenciados pelos índices pluviométricos, pois em dias de chuva as amostras
apresentaram baixas concentrações. Os maiores valores encontrados nas amostras do ponto 1
foram na 2ª e 4ª semana do monitoramento, com concentrações de 1.548 e 1.296 mg/L,
respectivamente. Além disso, como nos ST, o tratamento preliminar obteve eficiência de 70%
nesse período com redução de até 1.075 mg/L e eficiência negativa em agosto, ou seja, o
desarenador acabou acrescentando SDT no esgoto.

A proporção de SDT presentes no esgoto indica a parte dos esgotos que geralmente não é
afetada pelo tratamento preliminar. Poderá aumentar, em virtude da liquefação e
decomposição do material sólido podendo também diminuir durante o tratamento secundário
do esgoto devido à oxidação ou absorção. (SANEPAR, 2005g).

As amostras do ponto 3 não foram influenciadas como os demais sólidos no mês de maio
devido a problemática do lodo, apresentando uma oscilação de 296 a 569,2 mg/L. Entretanto,
mesmo sem essa influência, as concentrações ainda foram elevadas quando comparado a
pesquisas realizadas por Aisse et al. (2001) que estudaram uma ETE em Campo Largo/PR e
observaram concentrações médias de SDT após passar pelos RALFs de 229,5 mg/L.

Na 4ª semana de abril e julho, 2ª semana de maio e 1ª semana de agosto, as amostras do ponto


4 apresentaram concentrações acima dos valores permitidos pela Resolução CONAMA
357/2005 em rios de classe 2 (máximo de 500 mg/L), com 517 mg/L. De acordo com análises
realizadas pela Sanepar (2010a) no ribeirão Pinguin na mesma época do monitoramento, o
corpo receptor não apresentou SDT acima do permitido pela legislação, mesmo quando o
esgoto tratado mostrou elevadas concentrações.

Com relação à eficiência dos tratamentos, em todas as unidades amostrais houve uma
variação elevada durante todo o monitoramento.

6.1.2.15 Sólidos sedimentáveis

A variação de SSed nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.21 e Tabela 6.13.

Os SSed nas amostras do ponto 1 apresentaram maiores concentrações na 4ª semana de abril


(13 mL/L) e 1ª e 3ª semana de maio ( 9 mL/L e 13 mL/L).

As amostras do ponto 3, como nos demais parâmetros, foi influenciada pela relação F/M nos
reatores anaeróbios atingindo a concentração de 32 mL/L na 1ª semana de maio. Porém, nas
Resultados e discussão 112

outras semanas os valores voltaram a se estabilizar com variação de 1 a 5 mL/L, mas com
concentrações maiores que nos primeiros meses.

Figura 6.21 - Variação de SSed nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.13 - Variação de SSed nos pontos de coleta de esgoto


Filtro
Elementos Ponto 1 Ponto 3 Ponto 4
Biológico
Máxima (mL/L) 13,0 32,0 17,0 1,0
Média (mL/L) 6,8 4,3 4,2 0,4
Mínima (mL/L) 3,0 0,9 0,8 0
Desvio Padrão (mL/L) 2,2 8,1 6,5 0,4
Coeficiente de Variação (%) 33 189 157 85
Número de dados 24 24 10 24

A eficiência dos RALFs até final de abril apresentava uma média de 80%, alterando o cenário
com grandes flutuações até sua estabilização novamente no ultimo mês do período amostral
(média de 70%). Resultados semelhantes foram encontrados por Aisse et al. (2001) ao
analisar a ETE de Campo largo/PR com concentrações de 2 a 12 mL/L no esgoto bruto e
máxima de 1 mL/L ao passar pelo reator anaeróbio. Já Neder et al. (1999), estudando o
mesmo tipo de reator, verificou que as concentrações sempre se situaram em torno de 3 mL/L.
Resultados e discussão 113

Ramos (2008) estudou reatores anaeróbios em períodos com e sem descarte de lodo e, da
mesma forma que o presente trabalho, verificou que o valor médio de remoção de SSed no
reator sem descarte programado foi bastante superior ao operado, com 52% contra 2%,
respectivamente.

O filtro biológico foi monitorado até a 2ª semana de maio em função da paralisação do fluxo
de esgoto pela unidade. Porém esse período foi suficiente para observar que, mesmo em
condições precárias, o efluente ao passar pelo filtro apresentava uma pequena redução de
SSed nas semanas em que não houveram influências operacionais no tratamento (cerca de 0,5
mL/L) e também nas coletas em que ocorreu influências, principalmente em maio (cerca de
15 mL/L).

A Sanepar impõe um limite máximo de 1 mL/L de SSed em seu esgoto tratado e nas amostras
do ponto 4 foram detectados valores dentro dos padrões exigidos pela empresa, variando de
0,05 a 1,0 mL/L. Porém, as maiores concentrações foram encontradas nos últimos meses
devido ao acúmulo de lodo nas unidades finais de tratamento. A eficiência dos decantadores
secundários obteve maior oscilação a partir de junho (22 a 89%), já o tratamento completo
mostrou uma linearidade durante todo o monitoramento (82 a 99%).

6.1.2.16 Fósforo total

A variação de PT nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.22 e Tabela 6.14.

A concentração de PT apresentou oscilações consideráveis durante o período amostral. Em


algumas semanas a concentração das amostras do ponto 1 e ponto 2 foram maiores que nas
amostras do ponto 3 e ponto 4, já em outras coletas ocorreu o inverso, apresentando uma
variação de 13% nas amostras do ponto 3 a 19% nas amostras do ponto 1 e ponto 2. Tal fato
confirma a afirmação de Chernicharo (2001) que os processos anaeróbios de tratamento não
apresentam capacidade de remoção de fósforo, podendo propiciar um aumento das
concentrações nos esgotos tratados. Talvez essa elevação na concentração se deva ao processo
de estabilização da matéria orgânica, que libera nutrientes em suas diversas formas.

A eficiência de remoção do tratamento anaeróbio apresentou-se nula em algumas amostras,


com acréscimos observados de até 12,08 mg/L. As elevações das concentrações podem
também ser originadas pelo desequilíbrio do sistema ocasionado por uma carga tóxica.
Resultados e discussão 114

Figura 6.22 - Variação de PT nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.14 - Variação de PT nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 27 26 27 25
Média (mg/L) 21 20 21 20
Mínima (mg/L) 10 7 13 10
Desvio Padrão (mg/L) 4 4 3 3
Coeficiente de Variação (%) 19 19 13 15
Número de dados 24 24 24 24

Observa-se que o PT também foi influenciado pelo acúmulo de lodo nos RALFs em maio,
chegando a uma concentração máxima de 26,84 mg/L nas amostras do ponto 3.

No período que o filtro biológico ainda estava em funcionamento, a redução da concentração


de PT nas amostras do ponto 2 ao ponto 3 em algumas coletas, como por exemplo, na 4ª
semana de março e 3ª semana de abril, apresentou decréscimos de 3,30 e 1,75 mg/L,
respectivamente. Isso sugere que mesmo em condições precárias, o filtro possuía uma
pequena influência na remoção de PT.
Resultados e discussão 115

O pós-tratamento reduziu a quantidade de PT no esgoto, porém o mês de julho mostrou que a


concentração lançada no corpo receptor aumentou após passar pelos decantadores secundários
e a câmara de contato (aumento de 10,32 a 24,60 mg/L). Concentrações distintas foram
apresentadas por Sousa et al. (2006) com 7 mg/L no esgoto bruto e 6,9 mg/L no reator
anaeróbio, porém mostrou também uma deficiência na remoção deste nutriente. Oliveira
(2006) analisando o desempenho de 208 ETEs verificou uma média na concentração de
fósforo de 6 mg/L para reatores anaeróbios e 5 mg/L com adição de pós-tratamento. No
tocante das eficiências, o autor chegou a uma média de 0% e 23%, respectivamente para cada
tratamento.

O limite imposto pela Sanepar para lançamento de PT em seus sistemas de tratamento é de 10


mg/L, o que corresponde a um valor muito inferior às concentrações encontradas nas
amostras do ponto 4 em todas as coletas, variando de 10,32 a 24,60 mg/L. De acordo com
estimativas de Chernicharo (2001), os valores detectados no último ponto podem resultar na
concentração de 1.145 a 2.730 mg/L de biomassa, o que corresponde cerca de 1.424 a 3.394
mg/L de DQO no corpo receptor.

A resolução CONAMA 357/2005 determina valores máximos de PT de 0,050 mg/L, em


ambientes intermediários. As amostras coletadas no corpo receptor, segundo análises da
Sanepar (2010a) nos meses do período amostral, obtiveram concentrações de: 1,301 mg/L em
março; 1 mg/L em abril; 1,5 mg/L em maio; 2,3 mg/L em junho; 3,2 mg/L em julho e 2,6 em
agosto. Portanto, a concentração deste nutriente no esgoto lançado durante todo o período
estudado e no corpo receptor se encontrou superior ao estabelecido pela legislação em rios de
classe 2.

6.1.2.17 Nitrogênio amoniacal


A variação de NH4+ nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.23 e Tabela 6.15.

Nos processos de transformação do NH4+ no ambiente, o nitrogênio amoniacal passa, por


conversão, da forma de amônia a NO2- e desta para NO3-. A presença de nitrogênio na forma
amoniacal e orgânica é indicativa de que o meio está em condições anaeróbias.

O NH4+ foi a forma de nitrogênio que apresentou as maiores concentrações quando


comparado ao NO2-, NO3- e NKT. Isto se deve ao tratamento anaeróbio realizado na ETE, que
não possui capacidade de remover NH4+ no esgoto. Observa-se que em parte das coletas,
houve um pequeno acréscimo nas amostras do ponto 2 após passar pelo desarenador, como
Resultados e discussão 116

por exemplo, na 2ª e 4ª semana de março, com uma elevação de 2,6 e 4,9 mg/L. Entretanto,
também houve semanas com pequenas remoções de um ponto para o outro, como na 3ª
semana de abril (18 mg/L) e julho (10 mg/L).

Figura 6.23 - Variação de NH4+ nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.15 - Variação de NH4 + nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 203 201 226 236
Média (mg/L) 145 144 181 180
Mínima (mg/L) 102 92 142 142
Desvio Padrão (mg/L) 32 31 21 21
Coeficiente de Variação (%) 22 21 11 12
Número de dados 24 24 24 24

Assim como o PT, a eficiência do tratamento anaeróbio, durante o monitoramento foi


praticamente nula. A elevação das concentrações no esgoto do ponto 2 ao ponto 3,
principalmente a partir de maio, justifica-se pelo acúmulo de lodo nas unidades de tratamento,
ou seja, elevada idade do lodo.
Resultados e discussão 117

Os maiores índices de NH4 + nas unidades amostrais do ponto 3 foram detectados


principalmente nos três últimos meses, oscilando de 169,3 a 226, 5 mg/L. A semana mais
significativa foi a 3ª de julho, onde o terceiro ponto apresentou uma concentração de 210,3
mg/L, ou seja, uma elevação de 118 mg/L. Faria et al. (2007) encontrou valores inferiores no
esgoto sanitário após passar por um reator anaeróbio, com uma variação de 18,8 a 53,6 mg/L
e remoção de cerca de 20 mg/L de NH4+ no esgoto tratado. Já os resultados da pesquisa de
Sousa et al. (2006) corroboram com as concentrações encontradas no esgoto da ETE 2,
detectando 42 mg/L no esgoto bruto e 45 mg/L após passar pelo reator anaeróbio, havendo
um acréscimo de NH4+.

Observa-se que o tratamento aeróbio também obteve eficiências próximas a zero. Em algumas
coletas, mesmo na época em que o filtro biológico não foi interrompido, o pós-tratamento não
foi suficiente para remover grandes concentrações de NH4+ e muitas vezes acrescentaram este
elemento ao esgoto tratado.

Os meses em que o esgoto estava sendo lançado com maiores concentrações foram os três
últimos, com oscilações de 142,5 a 236,5 mg/L nas amostras do ponto 4. Segundo estimativas
de Chernicharo (2001), a descarga das concentrações encontradas de NH4 + no corpo receptor
pode provocar o consumo de cerca de 570 a 946 mg/L de OD nas águas durante o processo de
nitrificação.

O CONAMA, por meio da Resolução 397/2008, eliminou a necessidade de análise de NH4+


em sistemas de tratamento de esgotos sanitários. Entretanto, a Resolução CONAMA
357/2005 determina que em rios de classe 2 as concentrações máximas de NH4+ , com base no
pH da amostra, deve apresentar valores entre 0,5 e 3,7 mg/L. Assim como o fósforo, o NH4+
também foi detectado em concentrações elevadas no ribeirão Pinguin segundo as análises
realizadas pela Sanepar (2010a) durante o período amostral. O corpo receptor possui uma
variação de pH de 7,0 a 8,5 e as concentrações de NH4+ se apresentaram muito acima do
permitido, variando de 7,73 mg/L em março e 20,83 mg/L em agosto.

A limitação de altas concentrações de NH4+ pela legislação impede sistemas anaeróbios e


filtros biológicos de alta taxa como processos únicos de tratamento. Somente seriam
permitidos sistemas depuradores aeróbios, com nitrificação, ou sistemas com nitrificação-
desnitrificação, que apresentam maior custo de implantação e operação (CHERNICHARO,
2001).
Resultados e discussão 118

O tratamento completo acompanhou a eficiência do tratamento anaeróbio, mantendo-se quase


sempre nula ou próxima a zero.

6.1.2.18 Nitrito

A variação de NO2- nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.24 e Tabela 6.16.

Figura 6.24 - Variação de NO2- nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.16 - Variação de NO2- nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 170 185 139 44
Média (mg/L) 123 121 45 31
Mínima (mg/L) 63 75 26 19
Desvio Padrão (mg/L) 20 20 23 7
Coeficiente de Variação (%) 16 16 51 23
Número de dados 24 24 24 24

O NO2-, juntamente com o NO3-, representam as duas formas oxidadas de nitrogênio, sendo
este o último o que apresentou maiores concentrações no esgoto bruto e tratado.
Resultados e discussão 119

O tratamento preliminar nos dois primeiros meses mostrou eficiência nula em quase todas as
coletas, ou seja, o esgoto adquiriu maiores concentrações de NO2- ao passar pelo desarenador.
Já o tratamento anaeróbio apresentou uma eficiência média de 70%, eliminando em até 159
mg/L de NO2- nas amostras do ponto 2 ao ponto 3. A concentração no terceiro ponto recebeu
interferência apenas em maio devido aos problemas de acúmulo de lodo, atingindo valores de
139 mg/L, maior até mesmo que esgoto bruto (123 mg/L).

Como a DQO e DBO5, o nitrito na 4ª semana de abril detectou valores baixos para todos os
pontos, pois a coleta ocorreu no período da manhã, com baixas vazões e consequentemente
baixa carga poluidora.

Os valores de NO2- detectados durante o período amostral foram maiores que em pesquisas
realizadas por Santos et al. (2007) do afluente e após passar pelo reator anaeróbio de Campina
Grande/PB, que apresentaram respectivamente, 3 mg/L e 0,2 mg/L.

Das amostras do ponto 3 ao ponto 4 não houve grande diferença de concentrações, sendo que
o último ponto apresentou variações de 19 a 44 mg/L, com um desvio padrão de 7,21 mg/L.
Tais valores mostram que a remoção no tratamento aeróbio não é significativa, principalmente
nos últimos meses devido ao problema com o lodo nas unidades de tratamento, diminuindo a
eficiência do tratamento completo em cerca de 10%.

As concentrações das unidades amostrais do ponto 4 indicam também que o NO2- presente no
esgoto tratado está muito acima do permitido pela Resolução CONAMA 357/2005 para rios
de classe 2 (1 mg/L).

6.1.2.19 Nitrato

A variação de NO3- nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.25 e Tabela 6.17.
O comportamento do NO3- durante a série amostral foi semelhante ao do NO2- nas amostras
de todos os pontos. Assim com a outra forma oxidada de nitrogênio, em algumas coletas
houve acréscimo no esgoto por parte do desarenador, como na 4ª semana de março e abril,
com elevações de 2,9 e 2,2 mg/L, respectivamente.

Nas ultimas coletas observa-se um crescimento nas concentrações das amostras do ponto 3,
quando comparado com o início do monitoramento. Como já mencionado em outros
parâmetros, as falhas nas unidades de tratamento de lodo influenciou no tratamento e
qualidade do esgoto tratado principalmente com relação ao descarte e circulação do lodo no
Resultados e discussão 120

tratamento secundário e pós-tratamento. No mês de março a concentração máxima de NO3-


para este ponto foi de 13,1 mg/L, já em agosto, a máxima foi de 19,6 mg/L, reduzindo a
eficiência do tratamento anaeróbio de 70% para 60%.

Figura 6.25 - Variação de NO3- nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.17 - Variação de NO3- nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 63 53 57 20
Média (mg/L) 38 37 14 9
Mínima (mg/L) 17 20 6 5
Desvio Padrão (mg/L) 10 8 10 4
Coeficiente de Variação (%) 26 23 70 43
Número de dados 24 24 24 24

Devido às concentrações de nitrogênio reduzido serem maiores que as de nitrogênio oxidado,


o tratamento da ETE reflete prevalência de condições anaeróbias em todo o sistema, pois a
presença de NO2- e NO3- no meio é indicativa de ambientes aeróbios, enquanto que o NH4 +
indica ambientes anaeróbios, como já mencionado.
Resultados e discussão 121

Em esgotos sanitários o NO2- e o NO3- ocorre em pequenas quantidades, representando menos


de 1% do nitrogênio total, uma vez o esgoto não apresenta quantidade de oxigênio dissolvido
suficiente à ação das bactérias nitrificantes (VON SPERLING, 2005).

Segundo Chui et al. (2000) a maior taxa de remoção de nitrogênio ocorre quando a relação
DQO/NO3- é maior ou igual a 5. No presente estudo esta relação foi de em média 27 para as
amostras do ponto 3 e 21 para as amostras do ponto 4. Portanto, pode-se observar que a
quantidade de matéria orgânica disponível foi suficiente para o bom desempenho do reator e
pós-tratamento no processo de desnitrificação.

6.1.2.20 Nitrogênio Kjeldhal total


A variação de NKT nos pontos de coleta de esgoto da ETE 2 pode ser visualizada na Figura
6.26 e Tabela 6.18.

Em esgotos sanitários, o nitrogênio está presente principalmente como nitrogênio amoniacal


(em torno de 60%) e nitrogênio orgânico (em torno de 39%) (VON SPERLING, 2005). O
NTK (soma do nitrogênio amoniacal e nitrogênio orgânico) apresentou as menores
concentrações quando comparado com as outras formas de nitrogênio.

As unidades amostrais do ponto 1 obtiveram um pico de 10,22 mg/L devido a manutenção na


rede de esgoto, o que acarretou no aumento da quantidade de matéria sólida no esgoto. Já a
menor concentração foi encontrada na 2ª semana de maio com 3,92 mg/L.

Mesmo em pequenas proporções, o esgoto tratado (ponto 4) do último mês obteve maiores
concentrações de NKT, com oscilação de 4,93 a 6,80 mg/L. A eficiência do tratamento
completo foi decaindo conforme o andamento do monitoramento, ficando próxima de zero ou
nula.

As concentrações de NKT encontrados na literatura foram superiores ao do presente trabalho.


Chao (2006) detectou valores de 59 mg/L para esgoto bruto e 20 mg/L após passar pelo
decantador secundário. Gonçalves et al. (1997) verificou uma concentração de 42,3 mg/L no
afluente e 32,7 mg/L no reator anaeróbio. Oliveira e Von Sperling (2005b) ao analisar 166
ETEs, verificaram um aumento na concentração de 43 mg/L no esgoto bruto à 48 mg/L no
esgoto após passar pelo tratamento anaeróbio. Já Sousa et al. (2006) encontrou 59 mg/L no
esgoto bruto e 45 mg/L após passar pelo reator.
Resultados e discussão 122

Figura 6.26 - Variação de NKT nos pontos de coleta e eficiência dos tratamentos

Tabela 6.18 - Variação de NKT nos pontos de coleta de esgoto


Elementos Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Máxima (mg/L) 10 10 8 7
Média (mg/L) 6 6 5 5
Mínima (mg/L) 4 5 3 2
Desvio Padrão (mg/L) 1 1 1 1
Coeficiente de Variação (%) 19 20 23 25
Número de dados 23 23 23 23

6.1.2.21 Metais pesados


A variação dos metais pesados nos pontos de coleta pode ser visualizada na Tabela 6.19.

Os metais pesados representam riscos de longo prazo, associados principalmente ao risco de


acúmulo no solo e quando presentes em quantidades excessivas causam toxidez e problemas
nutricionais que limitam o desenvolvimento vegetal e podem causar a morte de animais.

A Resolução CONAMA 397/2008 limita a concentração de certos metais no lançamento de


efluentes. Os metais que apresentaram concentrações nas amostras do ponto 4 acima do
Resultados e discussão 123

estabelecido pela legislação foram o Arsênio e Selênio, com 0,65 e 0,79 mg/L,
respectivamente. Deve-se considerar as altas concentrações de metais presentes no afluente
dos RALFs, o que pode comprometer todo o processo bioquímico, inibindo o processo
metabólico dos microrganismos presentes no reator, ou estes microrganismos podem não estar
adaptados às condições do ambiente.

Tabela 6.19 - Variação dos metais pesados nos pontos de coleta de esgoto
Metais Pesados Limite máximo
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
(mg/L) CONAMA 397/2008
Arsênio 0,47 0,49 0,60 0,65 0,50
Bário 0 0 0 0,64 5,00
Cádmio 0,16 0,03 0 0,01 0,20
Chumbo 0,02 0,03 0,03 0,03 0,50
Cobre 0,37 0,20 0,05 0,03 1,00
Cromo 0,01 0 0 0 0,50
Ferro 0,36 0,31 0,35 0,34 15,0
Manganês 0,10 0,07 0,06 0,06 1,00
Níquel 0,03 0 0 0,04 2,00
Prata 0,02 0,09 0,09 0,07 0,10
Selênio 0,72 0,72 0,61 0,79 0,30
Zinco 0,13 0,15 0,03 0,07 5,00

Embora a concentração dos demais metais esteja dentro dos limites estipulados pela
legislação, os mesmos são preocupantes por serem cumulativos ao longo da cadeia alimentar.

A ação tóxica de muitos metais ocorre por haver afinidade com o enxofre, causando a quebra
da cadeia protéica e formando ligações com o enxofre em muitas enzimas, comprometendo a
ação enzimática. O grupo carboxila (-CO2 H) e amina (-NH2), presentes em proteínas, é
também atacado por muitos metais pesados. Cádmio, cobre, chumbo e mercúrio se ligam à
membrana celular, bloqueando o transporte celular. Os metais podem precipitar biocompostos
fosforados ou participarem da catalisação dessas substâncias (SILVA et al., 2005).

As concentrações elevadas desses metais podem indicar despejo clandestino de esgoto


industrial. Além disso, tais parâmetros, juntamente com Bário, Níquel e Prata, se elevaram ao
passar pelas unidades de tratamento, principalmente nos decantadores secundários e câmara
de contato.

Deve-se considerar que, nesse caso, sendo altas as concentrações de metais presentes no lodo,
há uma eleva atuação de compostos tóxicos sobre a microfauna do lodo do reator, o que
provoca uma piora nas condições de funcionamento da ETE.
Resultados e discussão 124

6.1.3 Análise da qualidade de tratamento da ETE 2

6.1.3.1 Índice de qualidade do esgoto tratado


Para realização do IQET foi necessário utilizar os dados de OG disponibilizados pela Sanepar
(2010b) durante o período amostral (Tabela 6.20).

Tabela 6.20 - Concentração de óleos e graxas no esgoto bruto e tratado


Meses Esgoto Bruto (mg/L) Esgoto Tratado (mg/L)
Março 48 16
Abril 47 17
Maio 106 18
Junho 107 24
Julho 112 29
Agosto 79 25
Fonte: Sanepar (2010b).

Vale ressaltar que a Resolução CONAMA 357/2005 limita as concentrações em até 20 mg/L
para óleos e graxas minerais (OGM) e 50 mg/L para óleos e graxas vegetais (OGV) nos
efluentes lançados. Apesar dos resultados das análises serem positivos com relação aos limites
citados, foi virtualmente visível a presença de OG no ribeirão Pinguin segundo análises da
Sanepar (2010a) durante alguns meses do monitoramento, não obedecendo a Resolução
CONAMA 357/2005.

A evolução do IQET da ETE 2 mostra que a qualidade do esgoto tratado oscilou durante o
monitoramento (Figura 6.27). Nos dois primeiros meses foram obtidos os melhores índices,
representando uma qualidade ótima de tratamento, segundo os níveis adotados pelo índice.
Porém no mês seguinte o valor decaiu para uma qualidade aceitável.

No decorrer do monitoramento, o índice se elevou novamente para 90% em junho e 95% em


julho. Já em agosto houve o pior índice (65%) permanecendo abaixo da faixa aceitável (70%),
sendo obtido um IQET que representa qualidade inadequada. Isto pode ser explicado pela
concentração de DQO e DBO5 no mês apresentarem os maiores valores no período amostral,
com 259 mg/L e 86 mg/L, respectivamente.
Resultados e discussão 125

Figura 6.27 - Variação do IQET da ETE 2 durante o período de monitoramento

6.1.3.2 Índice de conformidade de esgoto


Na presente pesquisa, foram monitorados 15 parâmetros físico-químicos, dos quais 11
apresentam algum tipo de padrão de qualidade de lançamento ou padrão de qualidade no
corpo receptor. Além de abordar os esgotos após passar pelas etapas de tratamento, o ICE
também utilizou o esgoto bruto como comparação ao esgoto tratado (Figura 6.28).

O tratamento anaeróbio obteve uma grande variação, permanecendo na faixa de 36 a 45%. O


pico evidenciado na 4ª semana de abril é resultante da coleta realizada no período da manhã,
onde as concentrações dos parâmetros foram menores quando comparado com as outras
semanas. Já as porcentagens menores ocorreram em função da intermitência no
funcionamento da centrífuga e acúmulo do lodo nos RALFs, chegando a um ICE de 18%.

O tratamento aeróbio, mesmo em condições precárias e desativação dos filtros biológicos,


mostrou possuir a capacidade de elevar a qualidade do esgoto, quando não há interferências,
para um ICE na faixa de 64 a 73%. Da mesma forma que o tratamento anaeróbio, o pós-
tratamento apresentou baixos índices nos eventos de instabilidade decorrentes do acúmulo de
lodo nas unidades de tratamento, reduzindo o ICE para 36%.
Resultados e discussão 126

Figura 6.28 - Variação do ICE da ETE 2 durante o período de monitoramento

6.1.3.3 Índice de confiabilidade de tratamento

O resultado do ICT pode ser visualizado na Tabela 6.21 e foram abordados todas as etapas de
tratamento para comparação com o tratamento completo. Os parâmetros NH4+ e NO2- não
foram incluídos na tabela, pois apresentaram um ICT de 0% nos meses isolados e também no
monitoramento completo para todos os tratamentos.

O ICT depende também do coeficiente de variação (CV), ou seja, quanto maior a diferença
das concentrações de um elemento durante o período selecionado, menor será o resultado do
índice. Devido a tais características é importante que, durante a elaboração de projetos que
empreguem processos mecanizados, seja considerada esta variabilidade para definição da
meta de eficiência, de forma que ela possa ser alcançada em parte considerável do tempo de
operação. Com exceção do SSed (que obteve um baixo CV), todos os parâmetros
apresentaram uma queda no índice durante o mês de maio, em função da ocorrência dos
principais problemas operacionais e de manutenção nesse período.

Todos os parâmetros obtiveram um ICT abaixo de 80% durante o monitoramento completo,


evidenciando que a ETE não possui capacidade de apresentar estabilidade no desempenho.

O elemento que mais sofreu influência com os problemas operacionais ocorridos na estação
foi o SST que iniciou o monitoramento em março com um ICT de 99% e finalizou com 3%
em agosto.
Resultados e discussão 127

Tabela 6.21 - ICT realizado na ETE 2


Monitoramento
Parâmetros Tratamentos Março Abril Maio Junho Julho Agosto
Completo
Preliminar 0% 5% 1% 0% 1% 0% 2%
DBO5 Anaeróbio 24% 46% 11% 36% 64% 13% 35%
Aeróbio/Completo 82% 90% 64% 79% 84% 53% 73%
Preliminar 0% 1% 0% 0% 0% 0% 0%
DQO Anaeróbio 0% 19% 6% 10% 30% 1% 15%
Aeróbio/Completo 66% 66% 26% 17% 34% 14% 36%
Preliminar 0% 2% 0% 0% 0% 0% 0%
SST Anaeróbio 3% 41% 6% 12% 16% 1% 23%
Aeróbio/Completo 99% 86% 30% 36% 30% 3% 49%
Preliminar 50% 47% 37% 63% 51% 20% 47%
SDT Anaeróbio 76% 49% 76% 81% 67% 58% 65%
Aeróbio/Completo 79% 56% 51% 83% 61% 63% 62%
Preliminar - - - - - - -
SSed* Anaeróbio - 33% 1% 9% 22% 11% 20%
Aeróbio/Completo 99% 100% 100% 71% 67% 71% 79%
Preliminar 24% 0% 0% 0% 3% 3% 5%
PT Anaeróbio 13% 0% 2% 1% 0% 1% 3%
Aeróbio/Completo 21% 1% 0% 0% 1% 2% 5%
Preliminar 0% 1% 0% 3% 0% 0% 1%
NO3 - Anaeróbio 49% 53% 23% 37% 38% 6% 36%
Aeróbio/Completo 96% 93% 62% 51% 50% 33% 56%
* Elaboração do ICT com dados da Sanepar (2010b).

O parâmetro que apresentou o maior ICT durante o monitoramento completo foi o SSed e
DBO5, com 79 e 73%, respectivamente. Já os parâmetros mais preocupantes, além do NH4+ e
NO2- como já citados, foi o PT com 5%, DQO com 36% e SST com 49%.

Um estudo realizado por Brostel e Souza (2005) mostrou que as ETEs que empregam
processos mais mecanizados, de um modo geral, apresentaram valores de confiabilidade
operacional para remoção de DBO5 em torno de 80%. Os autores ainda comentam que
embora as ETEs mecanizadas sejam dotadas de um número maior de equipamentos, as falhas
mecânicas que por ventura ocorrem não têm influenciado no desempenho dessas estações, em
termos de tempo de alcance da eficiência do processo. Essa afirmação não condiz com o
encontrado no presente estudo, já que os parâmetros obtiveram uma confiabilidade
considerada baixa durante os períodos com problemas operacionais significativos.
Resultados e discussão 128

6.1.4 Controle de manutenção na ETE 2

Durante todo o monitoramento a ETE 2 apresentou algum tipo de problema operacional ou de


manutenção. Problemas operacionais relacionados à manutenção corresponderam, em média,
cerca de 10% dos problemas encontrados por Bertouex e Fan (1986), em pesquisa realizada
em 15 ETEs, com os dados de 4 a 5 anos de operação. O percentual de dias com perturbações
operacionais relacionadas a falhas mecânicas, obtidos por Rossman et al. (1986), foi de
aproximadamente 1%, indicando uma disponibilidade da ordem de 98%, que pode ser
considerada elevada.

O gradeamento mecânico permaneceu 9 semanas sem funcionamento e a partir do momento


em que essa unidade deixa de funcionar os RALFs são prejudicados com sólidos grosseiros
que não são retidos pelo gradeamento de barras. Segundo Aiyuk et al. (2006) a presença de
sólidos em suspensão no afluente ao reator afeta de várias maneiras o processo de digestão
anaeróbia. Ela pode limitar a atividade microbiana, reduzindo a degradação do substrato,
reduz a atividade da biomassa por fenômenos de adsorção, pode inibir a granulação do lodo,
pode levar a formação de camada de escuma e elevação na produção de lodo, aumentando a
necessidade de freqüentes descartes

Não foi avaliado o limite de tempo que o os filtros biológicos possuem ao apresentar falhas
para que ocorra a manutenção sem que o sistema de tratamento por já estarem em condições
precárias antes de realizar o monitoramento.

A centrífuga foi a unidade operacional que mais afetou o funcionamento do sistema, uma vez
que a mesma é essencial para uma boa eficiência do tratamento anaeróbio e aeróbio. A
centrífuga permaneceu 17 semanas sem operação e após funcionar por 3 semanas, voltou a
falhar por mais 3 semanas, finalizando o monitoramento sem operação.

As duas bombas de cavidades progressivas das elevatórias de lodo dos decantadores


secundários recalcam em média 212,9 m³/dia de lodo e apresentaram falhas a partir da 2ª
semana de maio, talvez em função do elevado volume de lodo descartado pelos RALFs no
período, deixando de funcionar durante 15 semanas. Na mesma semana em que as bombas
deixaram de funcionar houve interferência na qualidade do esgoto final que apresentou
concentração de SST acima do limite imposto pela Sanepar (60 mg/L) até o término do
monitoramento.

Em virtude da falha nas bombas das elevatórias de lodo dos decantadores secundários,
resultando em quantidade excessiva de lodo, os mecanismos de raspagem de lodo dos
Resultados e discussão 129

decantadores secundários tiveram que ser paralisados por 12 semanas para que não
apresentassem falhas mecânicas, finalizando o período de monitoramento inativos.

6.1.5 Recomendações operacionais para a ETE 2

Com relação ao descarte de lodo dos RALFs, para que haja a eficiência desejada o operador
deve manter um volume mínimo de lodo no reator. Para a ETE 2, a altura de lodo é cerca de
2,3 m, correspondente a um volume de 240 m³, correspondente a 20% do volume útil de cada
reator, que é igual a 1.152 m³. O volume do lodo a ser retirado do reator, não deverá exceder a
20% do volume total do reator. Von Sperling (2002) cita que a retirada deve ser realizada em
intervalos de 3 meses, ou quando o teor de SSed atingir 1,5 mL/L na saída do reator.

O monitoramento evidenciou que a partir do segundo mês sem descarte de lodo nos RALFs, a
concentração de SSed elevou drasticamente devido ao excesso de lodo nos mesmos. Da 3ª
semana de julho a 1ª semana de agosto houve a descarga de 480 m3 de lodo diminuindo a
concentração de SSed até a faixa aceitável. Entretanto, no decorrer do mês de agosto, em
função da ausência de descarte a concentração desse parâmetro voltou a se elevar aos poucos.

Com a análise dos dados verificados no controle de manutenção, pode-se afirmar que o tempo
que os RALFs da ETE 2 devem ficar sem descarte de lodo devido a falhas na centrífuga é de
2 meses. É necessário destacar também que os resultados citados anteriormente também
podem estar sendo influenciados pela ausência de limpeza de escuma dos RALFs durante 2
anos. Na ETE 2 deveria haver implantado uma segunda alternativa para descarga do lodo,
como por exemplo leitos de secagem, assim quando a centrífuga deixasse de funcionar, não
haveria acumulo de lodo no interior dos RALFs.

A descarga involuntária de lodo para as unidades de pós-tratamento (filtro biológico,


decantadores secundários e câmara de contato) devido ao excesso do mesmo deve ser evitada,
pois prejudica a qualidade do efluente, aumentando a concentração de SST e
consequentemente de matéria orgânica particulada no efluente, o que repercute na redução da
eficiência do tratamento (LOBATO et al., 2007). Van Haandel et al. (2000) complementa que
em experimento desenvolvido com reatores UASB submetidos a vários regimes de descarte
de lodo, descartes de até 50% do volume total de lodo do reator (com tempo de detenção de 8
h) não afetam seu desempenho. De outro lado, para minimizar os riscos de carreamento de
sólido, quando o reator está com a massa de lodo próxima da sua capacidade máxima de
acumulação (100%), é boa medida trabalhar com uma folga, por exemplo, de 10%. Ou seja,
definindo um limite superior de 90% de sua capacidade máxima de acumulação.
Resultados e discussão 130

No tocante dos decantadores secundários, a elevatória de descarte de lodo na ETE 2 deve


operar pelo menos uma vez a cada uma hora, sendo desejável que funcione pelo menos 10
minutos por hora, para evitar acúmulo de lodo nos decantadores, que poderá entrar em
decomposição anaeróbia, prejudicando a qualidade do esgoto final. De acordo com o
verificado no controle de manutenção, pode-se afirmar que no momento que as bombas das
elevatórias de lodo apresentarem falhas mecânicas, deve-se providenciar manutenção
imediata devido ao acúmulo de lodo não recirculado dos decantadores secundários e
deterioração da qualidade do esgoto tratado.

6.1.6 Estudo econômico da ETE 2

A ampliação da ETE 2 ocorrida no ano de 2006 teve um custo total de R$ 3.679.396, 36 reais
e abrangeu a implantação do pós-tratamento, reformas em geral, desidratação e tratamento do
lodo e retirada de antigos leitos de secagem existentes na estação (Tabela 6.22). Varias
unidades operacionais apresentaram custos elevados e não estão sendo utilizados ou são
pouco utilizados pelo sistema da ETE.

Uma centrífuga do mesmo modelo utilizada na ETE 2 (Decanter Centrifugo Série FP 600)
possui um custo de R$ 215.790,00 reais. A centrífuga da ETE esteve funcionando em apenas
4 semanas durante o monitoramento e sua manutenção possui um custo de cerca de R$
27.500,00 reais (PIERALISI, 2010). Em geral o processamento e disposição final do lodo
pode chegar a 60% dos custos de operação e 90% dos problemas operacionais de uma ETE
(WEBBER; SHAMESS, 1984).

Uma unidade importante no sistema de tratamento que poderia ser capaz de diminuir as
concentrações de nutrientes é o filtro biológico. A implantação dos dois filtros biológicos
possuiu um custo de R$ 1.009.443,39 reais e os mesmos apresentaram-se inativados durante
todo o monitoramento.

A retirada dos antigos leitos de secagem apresentou um custo de R$ 48.295,84 reais. Uma
alternativa mais viável teria sido manter tais unidades para que nos períodos em que a
centrífuga apresentar problemas operacionais, os leitos de secagem poderiam ser utilizados
como alternativa para realizar a descarga do manto de lodo acumulado nos RALFs.

A câmara de contato possuiu um custo de R$ 268.461,01 reais e não esta sendo utilizada com
o objetivo inicial. Ela poderia ser utilizada como uma unidade de desinfecção, tendo em vista
que análises de coliformes termotolerantes no riberião Pinguín realizadas pela Sanepar
(2010a) chegaram a mostrar uma quantidade de 580.000 NMP/100 mL de coliformes
Resultados e discussão 131

termotolerantes, muito acima do exigido pela Resolução CONAMA 357/2005, que atribui um
valor máximo de 1000 NMP/100 mL em rios de classe 2.

Tabela 6.22 - Custos operacionais da ETE 2

Atividades Total (R$) %


Águas de Utilidades e Potável (Ser) 10.775,34 0,29%
Águas de Utilidades e Potável (Mat) 18.269,77 0,50%
Caixas Distribuidoras de Fluxo - CDFL 4 (Ser) 23.798,55 0,65%
Caixas Distribuidoras de Fluxo - CDFL 5 (Ser) 28.924,46 0,79%
Caixas Distribuidoras de Fluxo - CDFL 6 (Ser) 9.010,80 0,24%
Câmara de Contato (Ser) 227.788,32 6,19%
Câmara de Contato (Mat) 40.672,69 1,11%
Casa da Centrífuga e Adensador de Lodo - D = 10,00m (Ser) 161.266,01 4,38%
Casa da Centrífuga e Adensador de Lodo - D = 10,00m (Mat) 500.303,98 13,60%
Casa de Cloração (Ser) 68.218,92 1,85%
Casa de Cloração (Mat) 63.343,04 1,72%
Decantador Secundário - D = 26,00m - 2 ud. (Ser) 298.542,07 8,11%
Decantador Secundário - D = 26,00m - 2 ud. (Mat) 136.540,40 3,71%
EE Lodo Decantador (Ser) 51.229,03 1,39%
EE Lodo Decantador (Mat) 63.377,85 1,72%
EE Lodo RALFs (Ser) 25.341,52 0,69%
EE Lodo RALFs (Mat) 24.538,43 0,67%
EE Sobrenadante do Adensador (Ser) 17.353,81 0,47%
EE Sobrenadante do Adensador (Mat) 8.482,79 0,23%
Filtro Biológico - D = 32,00m - 2 ud. (Ser) 776.460,05 21,10%
Filtro Biológico - D = 32,00m - 2 ud. (Mat) 232.983,34 6,33%
Interligações (Ser) 63.934,48 1,74%
Interligações (Mat) 65.032,04 1,77%
Leitos de Secagem - a retirar (Ser) 48.295,84 1,31%
Pátio de Cura (Ser) 69.215,58 1,88%
Pátio de Cura (Mat) 660,72 0,02%
PVp02 - EE Lav. do Desarenador (Ser) 32.709,24 0,89%
PVp02 - EE Lav. do Desarenador (Mat) 22.273,04 0,61%
Reformas (RALFs e Desarenador - Ser) 254.163,33 6,91%
Reformas (RALFs e Desarenador - Mat) 80.887,12 2,20%
Urbanização e Drenagem (Ser) 254.511,38 6,92%
Urbanização e Drenagem (Mat) 492,42 0,01%
Total Geral 3.679.396,36 100,00%
Legenda: SER = Serviço; MAT = Materiais; EE = Estação Elevatória.
Fonte: Sanepar (2010).

Os materiais para construção da estação elevatória de lodo dos decantadores secundários,


incluindo as bombas de cavidades progressivas, possuíram um custo de R$ 24.538,43 reais.
Não foi possível obter o valor da manutenção das bombas já que não foi providenciado o
conserto das mesmas desde o período em que elas apresentaram problemas mecânicos, na 2ª
semana de maio. Vale ressaltar que a manutenção das bombas da elevatória de lodo interfere
na qualidade do tratamento de esgoto a partir do momento em que há falhas no
funcionamento, devendo ser tratada com prioridade por parte da companhia de saneamento.
Resultados e discussão 132

6.2 ETE 1 E ETE 3

A seguir será abordado os problemas encontrados na ETE 1 e ETE 3, a caracterização físico-


química do esgoto nos pontos de coleta, a eficiência dos tratamentos e o controle da qualidade
nas estações.

6.2.1 Problemas encontrados na ETE 1 e ETE 3

As outras duas ETEs, devido ao menor número de unidades automatizadas, não apresentaram
muitos problemas operacionais e de manutenção.

A ETE 1 apresenta problemas com quedas no fornecimento de energia na grade mecânica


constantemente durante a noite, tendo que ser ligada apenas quando operador chega para o
primeiro turno às 7 horas da manhã. Houve um período em que a grade mecânica permaneceu
cerca de 9 meses sem funcionamento, sobrecarregando os operadores na limpeza das grades.

Os resíduos gerados pelos gradeamentos, desarenador e RALFs são descartados em uma área
na própria ETE, podendo causar impactos ao ambiente (Figura 6.29).

Figura 6.29 - Resíduos sólidos dispostos na ETE 1

Os RALFs não possuem tubulações de queima dos gases gerados, sendo liberados sem
nenhum tipo de tratamento para atmosfera.

A lona de PVC (chamada zona de separação trifásica) é o dispositivo utilizado para auxiliar
na retenção das partículas em suspensão esta danificada principalmente no primeiro RALF.
Com isso, as partículas suspensas deixam de chocar-se com a lona devido ao fluxo ascendente
e não retornam a zona de deposição do lodo mais denso, permanecendo na parte superior dos
RALFs (área de decantação aberta) e formando uma espessa camada de escuma (Figura 6.30).
Resultados e discussão 133

Quando a lona não esta devidamente fixada na parte inferior e superior do RALF, as bolhas de
gás acabam atingindo a zona de sedimentação, prejudicando a eficiência do sistema.

Figura 6.30 - Lona de PVC dos RALFs danificada

Apesar da estética desagradável do RALF com área de decantação aberta da ETE 1, a


utilização dos mesmos possuem vantagens e desvantagens, como podem ser visualizadas no
Quadro 6.1.

Quadro 6.1 - Aspectos encontrados em RALF com área de decantação aberta ou coberta

Aberta Coberta
Possibilidade de problemas de odores Minimização de problemas de odores
Melhores condições de acesso para Necessidade de sistema de exaustão e
manutenção e limpeza tratamento de odores
Melhores condições de se checar a Necessidade de se prever pontos de
qualidade do efluente final em relação coleta de amostra do efluente de modo
à perda de sólidos a se checar a perda de sólidos
Fonte: Miki (2010).

É importante ressaltar a observação realizada por Souza et al. (2007) de que a escuma do
decantador de reatores UASB abertos tende a não acumular em grandes quantidades por
sofrer processos de amenização da progressão da acumulação, tal como chuvas fortes. No
presente estudo essa situação não foi visualizada, tendo em vista que em uma das visitas
realizadas na ETE houve precipitação volumétrica.

De acordo com Souza et al. (2006) a entrada de luz no compartimento de decantação de


reatores UASB abertos, atuando em conjunto com a disponibilidade de nutrientes propiciada
pela digestão anaeróbia, possibilitam a ploriferação de algas e outros microrganismos
fotossintetizantes, podendo contribuir para a formação de uma camada compacta de escuma,
tal como a que ocorre em águas paradas ou em lagos eutrofizados.
Resultados e discussão 134

Uma opção para não haver problemas de rompimento da lona de PVC na zona de separação
trifásica é a utilização de materiais não corrosivos, menos volumosos e alternativos, como
plástico, fibra de vidro e cimento amianto (CHERNICHARO, 2007).

Pereira et al. (2010) construíram um reator UASB em escala piloto utilizando-se material
alternativo, como meia manilha construída de concreto vibrado, com formato semicircular (φ
= 50 cm), por meio da qual o biogás produzido era coletado e conduzido por tubos PVC de
½” ao equalizador de pressão. O separador trifásico exercia também a função de defletor de
sólidos. Esse separador é considerado pelos autores uma novidade na área de tratamento de
efluentes, pois o formato da manilha é parabólico, fugindo do padrão triangular adotado nas
construções de reatores utilizados em estações de tratamento de esgoto e efluentes
agroindustriais. Obteve-se sucesso nesse experimento, o qual reteve grande quantidade de
sólidos no reator, sendo fundamental para a formação da manta de lodo, aumentando
significativamente a eficiência operacional da unidade.

Almeida et al. (2007) optaram em seu trabalho, visando o melhor aproveitamento técnico e
econômico do reator, integrar a cobertura com um separador trifásico, construída de forma
monolítica, em ferrocimento. Previu-se uma peça única, mais leve, moldada no próprio
canteiro de obras, dotada de todos os dispositivos necessários ao funcionamento, tais como:
caixa separadora de vazão, distribuidores ligados ao fundo, inspeção, saída de biogás etc.

Foram iniciadas as obras para melhorias no sistema de tratamento, em função da ação civil
pública contra a Sanepar. Entretanto, as obras foram paralisadas para serem realizadas
primeiramente na ETE 3. Com isso, o percurso que leva a área de descarte dos resíduos do
tratamento preliminar e anaeróbio foi bloqueado pelas obras, impossibilitando a retirada dos
resíduos sólidos das caçambas há cerca de 1 mês e também limpeza nos RALFs (Figura 6.31).

Figura 6.31 - Ausência de retirada dos resíduos sólidos das caçambas


Resultados e discussão 135

Em uma pesquisa realizada por Tomiello (2008) em um período de 5 meses na mesma ETE, o
volume de resíduos gerados no gradeamento apresentou uma média de 12,26 L/1000 m3, não
condizendo com os valores apresentados para o espaçamento de 15 a 20 mm por Jordão e
Pessoa (2005), de aproximadamente 38 a 50 L/1000 m3. Já os resíduos retirados no
desarenador apresentaram uma média de 85,32 L/1000 m3, permanecendo acima da faixa para
projeto de ETEs de 20 a 40 L/1000 m3, especificada pelos autores supracitados.

As grades de segurança ao redor das unidades de tratamento também estão danificadas,


enferrujadas, soltas ou quebradas, representando um perigo para os operadores. Talvez isso se
deva também a composição do biogás liberado pelos RALFs que é muito corrosivo, sendo o
gás sulfídrico o principal componente que provoca essa característica, que entre outros
materiais, ataca a cobre, latão e aço, dependendo de sua concentração.

Os desarenadores entopem constantemente em função da ausência de retirada de areia. Em


vazões altas a areia acumulada é carregada para os RALFs, prejudicando sua eficiência. A
presença de areia no esgoto ao passar para os RALFs, de acordo com Lima (1998), ocasiona
uma diminuição no tempo de retenção devido a redução do volume útil do reator, além de
haver uma dificuldade na mistura entre o afluente e a manta de lodo. Chernicharo (2007) cita
que a baixa eficiência do tratamento preliminar pode determinar o acúmulo de sólidos inertes
no reator, os quais deverão ser descartados periodicamente.

Com relação a ETE 3, a mesma também não apresenta tubulações de queima dos gases
gerados, sendo liberados sem nenhum tipo de tratamento. As lonas de PVC dos RALFs
também possuem falhas, permitindo passagem de sólidos para o corpo receptor.

Os resíduos gerados pelo tratamento preliminar e anaeróbio também são dispostos em uma
área na própria ETE, não recebendo um destino final adequado (Figura 6.32).

Figura 6.32 - Resíduos sólidos dispostos na ETE 3


Resultados e discussão 136

O desarenador também apresentou problemas de entupimento, em função da quebra de uma


peça que não foi reposta. Com isso a areia ficou acumulada e só pode ser retirada com auxilio
de um caminhão para sucção da mesma. Da mesma forma que a ETE 1, os RALFs
apresentam grande quantidade de areia oriunda do desarenador, diminuindo sua eficiência.

6.2.2 Caracterização do esgoto na ETE 1 e ETE 3

A caracterização do esgoto e a eficiência dos tratamentos realizada por meio de uma única
coleta nas duas ETEs podem ser visualizadas na Tabela 6.23 e Tabela 6.24, respectivamente.

Os parâmetros pH e OD apresentaram as mesmas condições visualizadas na ETE 2, se


enquadrando na Resolução CONAMA 357/2005.

No que tange os sólidos, a ETE 1 apresentou concentrações nas amostras do ponto 2 menores
que nas amostras do primeiro ponto, variando a eficiência do tratamento preliminar de 3,5%
para SSV a 24,2% para SDT. Já na ETE 3 a situação foi inversa, havendo uma eficiência nula
para todos os sólidos, talvez em função do entupimento e acúmulo de areia no desarenador. A
ETE 1 também apresenta problemas de acúmulo de areia nos desarenadores, porém essa
estação possui duas unidades de tratamento, talvez se a ETE 3 possuísse mais uma unidade
similar esse problema seria minimizado, pois uma unidade poderia ser paralisada para retirada
do material retido enquanto a outra unidade iria continuar operando.

A relação F/M do tratamento anaeróbio das duas ETEs apresentou valores baixos, devido ao
fato que não havia acúmulo de lodo nos RALFs.

Nenhuma das ETEs atendeu o limite máximo imposto pela Sanepar para lançamento de
esgoto com SST (60 mg/L), obtendo 110 mg/L a ETE 1 e 195 mg/L a ETE 3.

As ETEs não apresentaram capacidade de diminuir as concentrações de PT que se elevaram


ao passar pelos tratamentos, obtendo uma eficiência nula e permanecendo acima dos limites
impostos pela Resolução CONAMA 357/2005 (0,05 mg/L) e Portaria do IAP (10 mg/L).

A série de nitrogênio também seguiu os padrões visualizados no monitoramento da ETE 2. O


NH4+, da mesma forma que o PT, se elevou no tratamento anaeróbio das duas ETEs, com um
acréscimo de até 70 mg/L. O NO2- e NO3- obtiveram uma eficiência de remoção considerável
de até 53,7% na ETE 1 e 63,3% na ETE 3.
Resultados e discussão 137

Resultados e discussão
Tabela 6.23 - Caracterização do esgoto nos pontos de coleta na ETE 1 e ETE 3
ETE 1 ETE 3 Limite Limite
Limite Limite
Parâmetros CONAMA 357/2005 CONAMA 357/2005
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 IAP Sanepar
Lançamento de efluente Rios Classe 2
pH 7,21 7,48 7,24 7,34 7,55 7,09 5a9 6a9 - -
OD (mg/L) 0,34 0,38 4,60 0,23 0,21 4,00 - ≥5 - -
ST (mg/L) 864,5 722,0 360,0 926,0 968,0 675,0 - - - -
SST (mg/L) 330,0 317,0 110,0 359,0 383,0 195,0 - - - ≤ 60
SSV (mg/L) 283,0 273,0 85,0 286,0 305,0 150,0 - - - -
SSF (mg/L) 47,0 44,0 25,0 73,0 78,0 45,0 - - - -
SDT (mg/L) 534,5 405,0 250,0 567,0 585,0 480,0 - ≤ 500 - -
SSed (mg/L)* 10,0 - 1,5 15,0 - 0,9 - - - ≤1
DBO5 (mg/L) 345,0 332,1 136,7 360,0 371,5 173,9 - ≤5 ≤ 60 ≤ 90
DQO (mg/L) 909,2 894,6 349,1 974,9 1015,4 455,3 - - ≤ 150 ≤ 225
Relação
0,38 0,37 0,39 0,37 0,37 0,38 - - - -
DBO5/DQO
Carga Orgânica
3.756 3.615 1.488 3.620 3.737 1.749 - - - -
(kg DBO5/dia)
PT (mg/L) 22,07 22,49 22,94 22,16 24,70 24,44 - ≤ 0,05 - ≤ 10
NH4+ (mg/L) 155,25 156,0 196,0 168,9 163,25 238,0 - 0,5 a 3,7 - -
NO2- (mg/L) 147,0 143,0 68,0 180,0 186,0 90,0 - ≤1 - -
NO3- (mg/L) 47,2 48,2 23,2 71 67,6 26,0 - ≤ 10 - -
OGV (mg/L)* 89,2 - 28,1 97,7 - 34,3 ≤ 50 - - -
OGM (mg/L)* 5,1 - 5,0 5,0 - 5,0 ≤ 20 - - -
Relação F/M kg
(DBO5/kg SSV.d) 0,42 0,24 - - - -
Trat. Anaeróbio
*Fonte: Sanepar (2010b).

137
Resultados e discussão 138

Tabela 6.24 - Eficiência dos tratamentos na ETE 1 e ETE 3


ETE 1 ETE 3
Parâmetros
Tratamento Tratamento Tratamento Tratamento Tratamento Tratamento
(%)
Preliminar Anaeróbio Completo Preliminar Anaeróbio Completo
ST 16,5 50,1 58,4 0 30,3 27,1
SST 3,9 65,3 66,7 0 49,1 45,7
SSV 3,5 68,9 70,0 0 50,8 47,6
SSF 6,4 43,2 46,8 0 42,3 38,4
SDT 24,2 38,3 53,2 0 17,9 15,3
DBO5 3,8 58,8 60,4 0 53,2 51,7
DQO 1,6 61,0 61,6 0 55,2 53,3
PT 0 0 0 0 1,03 0
+
NH4 0 0 0 3,3 0 0
NO2- 2,7 52,4 53,7 0 51,6 50,0
NO3- 0 51,8 50,8 4,8 61,5 63,3

Von Sperling e Chernicharo (2000) analisaram os 32 processos de tratamento mais


comumente utilizados em todo o mundo e concluíram que a maioria deles é capaz de atingir
valores razoáveis de qualidade de efluente, considerando DQO, DBO5 e, algumas vezes, SST,
compatíveis com a maioria de padrões de lançamento existentes para esgotos. No entanto,
para nitrogênio amoniacal e fósforo, somente uma faixa limitada de tecnologias de tratamento
consegue gerar um efluente compatível com eventuais padrões existentes. Este levantamento
reflete a realidade do tratamento realizado pelas 3 ETEs de Maringá/PR, em que as
concentrações de diversos parâmetros, principalmente dos nutrientes, se encontram elevadas
em função das condições operacionais e não atendem as legislações pertinentes.

Verificando o monitoramento realizado na ETE 2, observa-se a diferença nas concentrações


de DQO e DBO5 que são lançadas nos corpos receptores das 3 ETEs. A ETE 2 apresentou
uma média de 186,6 mg/L de DQO e 61,6 mg/L de DBO5 nas amostras de seu último ponto,
já a ETE 1 e ETE 3 apresentaram valores bem superiores e com uma eficiência em torno de
apenas 60% para os dois parâmetros. Isso evidencia que mesmo ocorrendo diversos
problemas no pós-tratamento da ETE 2, o mesmo possui capacidade de tratamento importante
para o ambiente. Entretanto, a carga orgânica média para as 3 ETEs foram semelhantes, na
faixa de 1488 a 1749 kg DBO5/dia. Com relação aos limites máximos impostos pela
legislação, a ETE 1 e ETE 3 não atendeu a Resolução CONAMA 357/2005, Portaria do IAP e
limite da própria empresa para DQO e DBO5.

Em todos os parâmetros observou-se que a eficiência da ETE 1, mesmo com problemas na


lona de PVC dos RALFs, é maior que a da ETE 3. Talvez isso seja explicado pela unidade de
RALF a mais (os RALFs possuem as mesmas faixas de aplicação superficial e volumétrica);
Resultados e discussão 139

ou devido essa unidade da ETE 1 ter formado uma crosta firme de escuma que dificulte a
passagem de poluentes para o lançamento no corpo receptor; ou também o volume de areia no
interior dos RALFs da ETE 3 ter diminuído grande parte do volume útil do reator ou estar
dificultando a mistura entre o esgoto e a manta de lodo.

6.2.3 Análise da qualidade de tratamento na ETE 1 e ETE 3

O controle da qualidade realizado nas duas ETEs mostrou que as mesmas se encontram
abaixo do rendimento esperado (Tabela 6.25).

Tabela 6.25 - Controle da qualidade na ETE 1 e ETE 3


Parâmetros ETE 1 ETE 3 Faixa Aceitável
IQET 45% 50% 70%
ICE 52% 65% -

O IQET de ambas as ETEs permaneceram abaixo da faixa aceitável de 70%, com um índice
de 45% para a ETE 1 e 50% para a ETE 3. O ICE da ETE 1 e ETE 3 foram superiores ao
índice do tratamento anaeróbio da ETE 2 (media de 36%), mostrando que os problemas com
lodo encontrados nos RALFs da mesma afetam significativamente esse índice.

6.3 LEVANTAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NAS ETES

As principais atividades e seus respectivos riscos ambientais identificados nas ETEs,


provenientes da operação das unidades de tratamento ou dos problemas
operacionais/manutenção, podem ser visualizados no Quadro 6.2.

No Quadro 6.3 apresenta-se a matriz de interação de atividades, aspectos e fatores ambientais,


abordando o meio físico, biótico e antrópico em que se caracterizou os possíveis impactos
positivos ou negativos. Impactos positivos são aqueles que favorecem o ambiente e podem
ainda sofrer medidas potencializadoras, já os impactos negativos devem sofrer medidas
mitigadoras para reduzir seus danos ao ambiente.

A quantificação dos impactos verificados nas ETEs pode ser visualizada na Tabela 6.26.
Foram listados 64 possíveis impactos ambientais propostos pela matriz de interação, sendo o
meio antrópico o fator que apresentou o maior número de impactos, com 27, seguido do meio
físico e biótico, com 19 e 18, respectivamente.
Resultados e discussão 140

Quadro 6.2 - Atividades e riscos ambientais nas ETEs

Unidades Atividades Possíveis Riscos Ambientais


Geração de resíduos sólidos grosseiros
Gradeamento, remoção Exalação de odores
manual e mecanizada e Risco de contato do operador com os resíduos
Gradeamento
transporte para caçamba os
resíduos sólidos grosseiros Risco de contaminação do solo com os resíduos
sólidos
Proliferação de vetores
Geração de resíduos sólidos
Remoção, lavagem Exalação de odores
incorporada e transporte Risco de contaminação do solo com os resíduos
Desarenador para caçamba sólidos
Proliferação de vetores
Recirculação do lodo dos
--
decantadores secundários
Risco de contaminação do solo com os resíduos
Armazenamento de resíduos sólidos e escuma
sólidos e escuma Exalação de odores
Proliferação de vetores
Caçambas É irritante em contato com a pele e mucosas
Por ser um pó muito leve, pode se dispersar no ar com
Aplicação de cal
uma leve brisa
manualmente
Altera gravemente o pH de ambientes aquáticos
quando carreado
Liberação de gases sem tratamento
Geração de gases
Exalação de odores
Risco de contaminação do solo com a escuma
RALFs Remoção e transporte da
Exalação de odores
escuma para caixa de detrito
Proliferação de vetores
Remoção do lodo --
Empoçamento de esgoto devido a desativação da
Distribuição uniforme do
Filtro unidade
esgoto sobre o meio suporte
Biológico Exalação de odores
(inativado)
Proliferação de vetores
Decantação do lodo --
Decantador Recirculação por
Secundário bombeamento para os --
RALFs
Lançamento do esgoto
Câmara de Alteração da qualidade do corpo receptor quando não
tratado para o corpo
contato tratado suficientemente o esgoto
receptor.
Separação sólido-líquido do
Centrífuga lodo proveniente dos Ruído dos motores
RALFs
Recebimento e Risco de contaminação do solo e corpo receptor em
armazenamento do lodo caso de elevada precipitação pluviométrica
Pátio de
produzido pela centrífuga Proliferação de vetores
cura
Aplicação de cal
Risco de contato do operador com a cal
manualmente
Resultados e discussão 141

Quadro 6.3 - Matriz de interação de atividades, aspectos e fatores ambientais nas ETEs
Fatores Ambientais
Meio Meio Meio
Físico Biótico Antrópico
Flora Fauna

Paisagismo
Geração de
Atividades/Aspectos

empregos
Terrestre/

Saúde
Terrestre
Aquática

Aquática
Água
Solo

Ar

alada
Manutenção da vegetação rasteira N -- -- N -- N -- P P P
Remoção de sólidos grosseiros/areia/escuma -- P -- -- P -- P P N P
Armazenamento de sólidos
-- -- N -- -- N -- -- N N
grosseiros/areia/escuma em caçambas
Descarte impróprio dos resíduos sólidos
N N N N N N N - N N
grosseiros/areia/escuma na própria ETE
Transporte dos sólidos grosseiros/areia/escuma N -- N -- -- -- -- P N --
Produção de gases -- -- N -- -- -- -- -- N N
Secagem, armazenamento e descarte do lodo
P P N -- -- -- -- P N N
estabilizado
Diminuição da eficiência de remoção de
-- N -- -- N -- N -- N N
nutrientes
Diminuição da eficiência de remoção de matéria
-- N N -- N -- N -- N N
orgânica
Diminuição da eficiência de remoção de
-- N -- -- N -- N -- N N
patógenos
Desvio de excesso de vazão -- N N -- N -- N -- N N
Empoçamento de esgoto em unidades inoperantes -- -- N -- -- N -- -- N N
Legenda: N = Impacto negativo; P = Impacto positivo

Tabela 6.26 - Quantificação dos impactos ambientais nas ETEs


Impactos Impactos Impactos Impactos Impactos
Fatores
Ambientais Positivos Positivos Negativos Negativos
Ambientais
(nº) (nº) (%) (nº) (%)
Meio Físico 19 3 16% 16 84%
Meio Biótico 18 2 11% 16 89%
Meio Antrópico 27 7 26% 20 74%
Total 64 12 19% 52 81%

Da elaboração da matriz, prevalecem os impactos negativos sobre os positivos em todos os


meios abordados, principalmente no meio antrópico, podendo ser explicado pelo motivo de
que a maioria das atividades desenvolvidas em uma ETE, diretamente ou indiretamente, entra
em atrito com este meio. Portanto, apesar dos benefícios que pode trazer para a população, em
um âmbito local os empreendimentos vem acarretando mais impactos adversos.
Resultados e discussão 142

Os impactos positivos são permanentes com uma operação eficaz do sistema de tratamento,
ou até mesmo podem ser potencializados. Já os impactos negativos são mitigáveis com uma
manutenção adequada do sistema.

As atividades apresentadas na matriz de interação, basicamente provocam os impactos nos


seguintes aspectos:

 Paisagismo

Existe a melhoria estética do empreendimento devido à manutenção do mesmo por meio de


atividades de remoção de resíduos sólidos como escuma e lodo e limpeza do pré-tratamento.
Porém, existe também a degradação da estética do empreendimento e das áreas circunvizinhas
devido à realização inadequada de manutenção ou falta da mesma e ineficiência do
tratamento.

 Qualidade da água superficial

Devido o aumento das concentrações de matéria orgânica, nutrientes e alteração dos


parâmetros físicos. Devido o lançamento de esgoto insuficientemente tratado, como foi
verificado no monitoramento e dados coletados.

 Veiculação de organismos patogênicos

Devido o aumento da concentração de organismos patogênicos no corpo hídrico resultante do


lançamento do efluente final da ETE que se apresentam acima do exigido pela Resolução
CONAMA 357/2005, como já citado no trabalho.

 Qualidade do ar

Devido à liberação de gases tóxicos sem tratamento gerados nos RALFs e também alteração
na capacidade do ar ser inodoro, devido a liberação de gases odoríferos oriundo das diferentes
etapas que envolvem principalmente resíduos sólidos.

 Composição da flora e fauna aquática

Devido o lançamento do esgoto com altas concentrações de nutrientes com possível


ploriferação de espécies de macrófitas e outras espécies de algas no meio aquático. Também
provável alteração da estrutura populacional da micro e macrofauna aquática devido as
possíveis alterações das características físico-químicas da água.
Resultados e discussão 143

 Saúde ambiental

Exposição da vida humana ao risco de acidentes durante as operações, provável aumento da


possibilidade de contração de doenças transmitidas por vetores nas imediações do
empreendimento e de contração de doenças de veiculação hídrica nas imediações do corpo
receptor, tendo em vista o aumento da concentração de organismos patogênicos.

 Contaminação do solo

Devido o risco de contaminar o solo com os resíduos sólidos grosseiros, areia e escuma
durante o armazenamento, transporte e descarte na própria ETE.

6.3.1 Medidas mitigadoras

Alguns impactos negativos listados já são abordados pela Sanepar, como por exemplo, a
questão de riscos à saúde dentro dos empreendimentos, onde já existe implantada uma
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) para proteção dos operadores.

Para a redução dos impactos adversos e maximização dos impactos positivos recomenda-se as
seguintes medidas:

 Contaminação do solo

Os resíduos do gradeamento e escumas devem ser acondicionamento com aplicação constante


de cal hidratada para evitar a proliferação de insetos e exalação de odores. Os resíduos devem
ser encaminhados para um aterro industrial, ao invés de serem descartados em uma área na
própria ETE.

 Implantação de tratamento secundário

A implantação desta etapa diminuiria a presença de OG e materiais flutuantes no esgoto. Em


função da presença destes elementos, pode ocorrer o aumento da camada de escuma formada
no interior dos RALFs já que não são realizadas limpezas periódicas nos reatores, fazendo
com que haja uma diminuição no tempo de detenção devido a redução do volume útil do
reator, prejudicando sua eficiência.

 Manutenção das unidades

Como já exposto, a falta de manutenção das unidades de tratamento prejudicam a qualidade


do esgoto tratado. É necessário um melhor planejamento e melhorias na esfera organizacional
Resultados e discussão 144

do sistema de tratamento da estação, visando novas alternativas e ações a serem tomadas na


ocorrência de eventuais problemas operacionais.

 Lançamento do efluente no corpo receptor

Recomenda-se a realização de um estudo detalhado dos dados obtidos por meio do


monitoramento e observar a viabilidade do emprego de uma unidade de tratamento terciário
que remova nutrientes e patógenos, tendo em vista que estes dois fatores correspondem aos
pontos mais preocupantes no sistema.

 Liberação de gases

Apesar de da presença das canalizações próprias para tratamento dos gases gerados no
tratamento anaeróbio, há a ausência do dispositivo de queima dos mesmos. É necessário
implantar um dispositivo para que os RALFs não continuem liberando gases sem tratamento e
também promover estudos que verifiquem a viabilidade da aproveitamento do metano (gás
altamente combustível), sendo convertido em energia elétrica de forma a suprir parte da
energia demandada para a manutenção do sistema.

Com relação ao poder calorífico, o biogás quando purificado através de remoção do CO2, se
aproxima dos gases de alto poder calorífico. A equivalência energética, considerando 1 m3 de
biogás em relação a outros materiais combustíveis, representa 0,8 L de gasolina; 1,3 L de
álcool; 2 kg de carboneto de cálcio; 7 Kwh de eletricidade; 2,7 kg de madeira; 1,4 de carvão;
0,3 m3 de butano e 0,4 m3 de propano (SANEPAR, 2005e).
Conclusão 145

7 C ONCLUSÃO

Os dados levantados nas ETEs de Maringá/PR mostram que os sistemas enfrentam sucessivos
problemas operacionais nas unidades de tratamento e falta de manutenção nos equipamentos.

O tratamento preliminar muitas vezes não atendeu requisitos satisfatórios de desempenho e


apresentou problemas mecânicos.

O excesso do manto de lodo no interior dos RALFs da ETE 2 prejudicou significativamente o


desempenho to tratamento. Com a análise dos dados, pode-se afirmar que o tempo que esses
RALFs devem ficar sem descarte de lodo devido a falhas na centrífuga é de 2 meses.

Nas outras ETEs, o principal problema verificado nos RALFs foi com o desprendimento da
lona de PVC, formando uma camada de escuma na parte superior dos reatores.

Com a ausência do filtro biológico, a ETE 2 não apresentou capacidade regular de remoção de
nutrientes e matéria orgânica, fazendo com que as concentrações de poluentes no esgoto
aumentassem ao passar pelo tratamento anaeróbio e posteriores unidades de tratamento já
prejudicadas com o excesso de lodo. A ETE 1 e ETE 3 também não mostraram eficiência na
remoção de poluentes, apresentando concentrações de nutrientes e material orgânico
superiores no esgoto tratado se comparado ao da ETE 2.

Os índices de qualidade, conformidade e confiabilidade apresentaram grandes oscilações. A


ETE 2 obteve um baixo ICT de todos os parâmetros, evidenciando que a estação não possui
capacidade de apresentar linearidade no desempenho. Os outros índices de todas as ETEs
permaneceram com valores abaixo da faixa aceitável, o que evidencia um tratamento
ineficiente das mesmas.

O estudo econômico da ETE 2 mostrou que dos R$ 3.679.396,36 reais aplicados na ampliação
da estação, R$ 1.566.527 reais foram destinados a unidades que deixaram de funcionar, que
foram retiradas mas poderiam continuar sendo utilizadas, que não estão sendo utilizadas para
o objetivo inicial, que apresentam problemas operacionais constantes e que necessitam de
manutenções periódicas, elevando ainda mais esse custo.

Com relação aos impactos ambientais estudados nas 3 ETEs, o meio que mais foi afetado
pelos impactos negativos foi o meio antrópico seguido do meio físico. Cabe ressaltar que a
maioria dos impactos observados é indireta, ou seja, estão ligados à oscilação da eficiência do
Conclusão 146

sistema. Para os impactos negativos é necessária a realização de medidas mitigadoras cabíveis


para a consecutiva minimização dos mesmos.

Sendo assim, o trabalho evidenciou a necessidade de haver um melhor planejamento e


melhorias na esfera organizacional do sistema nas ETEs, visando novas alternativas e ações a
serem tomadas na ocorrência de eventuais problemas operacionais, fazendo com que o
desempenho das ETEs não seja afetado e que as mesmas consigam cumprir devidamente a
sua funcionalidade.
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